Ler/Baixar - Convenção Batista Fluminense
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SUMÁRIO 05 LIÇÕES Primeiras Palavras O melhor investimento do mundo 08 28 Graça e paz: o caminho a ser percorrido 32 Um modelo de liderança para a igreja 36 40 O acorde básico da vida cristã 44 Imitadores do Senhor (modelos de fé) data data Palavras do redator BÍBLIA – A palavra de Deus 12 data A transmissão do Evangelho (poder e convicção) data data Família Casamento e felicidade 48 data 52 15 A razão da segurança dos salvos Esforços vãos e esforços válidos na pregação data Missões História de Nossas Vidas 56 60 A igreja sob os olhares externos data Desafios de um ministério local – Parte 1 data 64 18 Desafios de um ministério local – Parte 2 data Atualidade Vicios Internéticos 68 72 Importa agradar a Deus! data Preparados para a vinda do Senhor data 26 Apresentação Palavra e vida 4T14.indd 1 76 Sob a bênção divina data 15/9/2014 14:29:08 Olá queridos, meu nome é Quézia Ribeiro Almeida, sou membro da Igreja Batista Centenário em Pilar, Duque de Caxias-RJ. Aprendo muito com as lições da EBD produzidas pela Palavra & Vida, mas esperava que fosse contemplado no currículo 2014, ao menos no 3° trimestre, algumas reflexões sobre o papel político(não partidário) e social da Igreja, uma vez que estamos em ano eleitoral e a Educação Religiosa na Igreja precisa ajustar-se à realidade do educando. Gostaria também de agradecer pela iniciativa de divulgarem o Projeto Casados e Felizes na revista. Estamos realizando o curso e trazendo para a Associação Batista Norte Caxiense. Totalmente inovador e dentro da realidade brasileira. Obrigada. No amor de Cristo, Quézia. Gostaria de agradecer a Deus pela vida de todos os envolvidos com a educação batista fluminense. A revista Palavra & Vida possui um ótimo formato, muitas informações e conteúdos relevantes. Mas neste trimestre o tema foi um pouco complicado. Tratar de emoções da família, de maneira geral, não é fácil, ainda mais numa classe que pode ser de jovens, adultos, etc. Se não bastasse a dificuldade do tema, já estamos no mês de maio e acreditei que teríamos o recurso didático disponível. Sou professor de jovens e confesso minha dificuldade de preparar as aulas. Tenho vontade de chamar um psicólogo para ajudar, mas usá-lo durante todo o trimestre é complicado. A lição que fala sobre perdas, por exemplo, não se fala em procurar ajuda de um especialista, nos remete sempre a buscar por Deus. Não temos dúvida de que isso é melhor, mas algumas pessoas precisam, além da paz espiritual, de atendimento clínico. Em alguns casos de depressão, a oração faz efeito, mas remédio também ajuda. As lições estão superficiais e alguns professores passam o trivial, não se arriscam em aprofundar o assunto. Na minha classe, 95% dos jovens não são casados, e algumas lições que falam de família não fazem sentido para os filhos. Mesmo o professor alertando que um dia eles terão as suas, parece sempre algo muito distante e percebemos claramente o desinteresse. Sabemos que as igrejas têm autonomia para escolher outra 2 Palavra e vida 4T14.indd 2 15/9/2014 14:29:12 literatura, mas a preparada por nossa Convenção é muito boa e por isso não haveria necessidade de buscarmos outras. Uma vez que os assuntos são elaborados e depois distribuídos às igrejas, o recurso didático é de extrema importância para auxiliar o professor, que já recebe o assunto determinado e julgado necessário e oportuno para nossas igrejas. Sem mais, agradeço a atenção e coloco-me à disposição. Em Cristo, Bruno Souza, professor de Jovens PIB de São Pedro da Aldeia - RJ. É com muita alegria que escrevo, pela primeira vez, à revista Palavra e Vida. Desde que me converti, em 2010, tenho acompanhado todas as lições e procuro ser assíduo na EBD da minha igreja. Vejo com muito carinho todos os assuntos, mas sentia que, muitas vezes, os assuntos ficavam inacabados ou incompletos, talvez pelo pouco espaço ou pela limitação da lição, para que não se estenda muito. Estava enganado, pois isso suscita em mim uma vontade de buscar mais sobre o assunto e provoca a leitura da Bíblia Sagrada, a pesquisa e o manuseio dela.Agora sei que Deus tem seus planos perfeitos para nos aproximar dEle. Agradeço a Deus pelas lições, que tem me feito crescer muito e quero elogiar as lições do 1º trimestre deste ano, principalmente a primeira, que clareou meu entendimento e me deu a certeza de que Deus prepara os seus escolhidos. Que o amor de Deus, o nosso Pai, a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, a comunhão e as doces consolações do Espírito Santo estejam com todos da Palavra e Vida. Bruno Duarte Defanti Velasco 2ª Igreja Batista em Cambuci – RJ Prezados irmãos, Estava na expectativa da chegada da revista Palavra e Vida do 2º Trimestre. de 2014 com lições preciosas sobre família. Comecei a série de lições lendo a apresentação “Entendendo a Importância do Tema”, que resume de forma atraente o conteúdo de todo o trimestre. Estudei a primeira lição com oração e entusiasmo, pensando no ganho que teremos como família cristã. Dei uma olhada nas lições seguintes, e vi que cada lição abordará aspectos importantes das nossas emoções, que muito nos ajudará, como bem disse o autor na apresentação, a identificar os 3 Palavra e vida 4T14.indd 3 15/9/2014 14:55:03 problemas e nos livrarmos deles. Que assim seja! Obrigada, “equipe Palavra e Vida”!Obrigada, Pr. Nataniel Sabino, por nos ajudarem a “Tratar as emoções da família”. Marlene de Rezende Francisco. Congregação da Segunda Igreja Batista de Barra do Piraí, em Ipiabas. Graça e Paz em Cristo Jesus! Parabenizo à redação e equipe de colaboração, por tão abençoadas lições nesse 2ºTrimestre 2014. Tem sido excelente para minha saúde espiritual e valorização familiar. Através das lições, concluí que grandes perigos nos rondam silenciosamente no âmbito familiar. E muitas vezes fechamos os olhos, dando pouca ou nenhuma importância para tais situações. Como cristãos, corremos sempre o risco de negligenciar a família, porque é mais fácil colocarmos a culpa no inimigo de nossas almas quando, na verdade, é nossa responsabilidade observarmos as necessidades de nossos familiares, para termos uma vida cristã saudável. Agradeço ao Senhor dos céus, por tão maravilhosas lições dessa revista, que me proporcionou visão em muitas áreas que hão de frutificar para a glória de Deus em meu lar. Termino aqui, com “eu e minha casa serviremos ao Senhor”, porque Deus é amor e justiça, n’Ele o meu coração descansa. Paz!!! Zenilda Silva, Igreja Batista em Ururaí, Campos dos Goytacazes. Olá! Quero parabenizar toda equipe da revista que tem realizado um grande trabalho no Reino de Deus, publicando assuntos e estudos que têm sido de grande crescimento intelectual e espiritual em nossas vidas. Quero sugerir que escrevam um trimestre com estudos sobre o Livro de Apocalipse, pois este livro precisa de uma grande atenção. Que Deus abençoe a todos! Vilcimar Guimarães da Rocha Santos Quarta Igreja Batista de Italva Italva - RJ Escreva para nossa redação. [email protected] Mande suas sugestões, críticas e observações. 4 Palavra e vida 4T14.indd 4 15/9/2014 14:55:03 Primei O melhor investimento do mundo N este último trimestre, quero refletir sobre a ênfase adotada pela Convenção Batista Brasileira neste ano, por considerar que tratamos do “Grande Investimento”. Se desejarmos fazer algum projeto, precisamos seguir a orientação bíblica, buscando conselho com pessoas mais experientes. Por exemplo, se fosse fazer um investimento em algum empreendimento econômico, talvez procurasse observar a vida de Bill Gates como referencial, pois ele ocupou a posição de homem mais rico do mundo, sendo um empreendedor de grande sucesso e o maior investidor em filantropia social na atualidade, detentor de um patrimônio avaliado em 76 bilhões de dólares. Bill Gates é um referencial sim, mas não para o melhor investimento do mundo, pois SE VOCÊ BUSCA O MELHOR INVESTIMENTO DO MUNDO, EU SUGIRO: INVISTA NAS SUAS RELAÇÕES FAMILIARES, POIS FAMÍLIA É O “IDEAL DE DEUS PARA O SER HUMANO”. A Bíblia Sagrada afirma que: “se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que um incrédulo” (1Tm 5.8). Cuide de sua família, considerando-a como seu maior capital. Se você, em vez de investir um grande capital, dá apenas algumas gorjetas (“merrecas”) como investimento, como terá os resultados e a prosperidade que espera? 5 Palavra e vida 4T14.indd 5 15/9/2014 14:29:17 A Bíblia ainda ensina: "Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará" (2Co 9.6). Temos em nossas mãos um tesouro de estratégias de investimento para cultivar nossas relações familiares. Como palavra de Deus, em forma escrita, a Bíblia contém preciosos princípios, que orientam as relações familiares com incontáveis bênçãos. Se aprendermos esses princípios e os praticarmos, teremos um relacionamento familiar muito rico e próspero. Pensando em investimentos, sugiro: ENTENDA UM AO OUTRO. Quantos de nós possuímos um aparelho eletrônico e não sabemos como usá-lo? Há uma diferença grande entre possuir algo e entender como funciona. Há pessoas que falam o mesmo idioma, moram juntas, mas não se entendem. Existe um grande abismo entre elas, porque ainda não aprenderam a entender um ao outro. E isso começa pelo aprendizado no ouvir. A palavra de Deus ensina: “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tg 1.19). O que esse texto ensina é que devemos ser rápidos para escutar, prudentes e menos rápidos no falar e mais lentos ainda para ficar chateado, assim estaremos desenvolvendo um espírito compreensivo: gastaremos tempo para conhecer um ao outro, faremos questão de escutar um ao outro. Se você me perguntasse o que significa entender outra pessoa, eu diria: “faça o que é importante para ela. Como você deseja que ela faça o que é relevante para você, assim também faça, pois ela é importante para você”. Por exemplo, um pai que não gostava de esportes teve um filho que gostava muito de futebol. Assim, por muitos anos ele levou o filho a tantos jogos de futebol quanto ele pôde. Com isso, gastou dinheiro e tempo, mas provou ser uma experiência que os uniu fortemente. Um dos amigos lhe perguntou no meio do campo de futebol: “você gosta muito de futebol, hein?” E ele disse: “Não, eu não gosto de futebol, mas eu gosto muito do meu filho, eu amo meu filho!” Um amor sincero e desinteressado, inevitavelmente, refletirá a dedicação e esforço para entender, apoiar e aceitar o outro, a despeito de aprovar, ou até mesmo gostar das mesmas coisas. Que Deus abençoe muito seu maior investimento, que Ele abençoe muito a sua família! Pr. Amilton Vargas Diretor Executivo da Convenção Batista Fluminense 6 Palavra e vida 4T14.indd 6 15/9/2014 14:29:19 Palavra e vida 4T14.indd 7 15/9/2014 14:29:20 BÍBLIA – A palavra de Deus "Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia!". (Sl 119.97) Louvo a Deus por termos acesso às Escrituras, através da qual o Senhor fala conosco, nos ensina, nos exorta, nos instrui e nos fortalece. “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm 3.16). “Escondi a Tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti” (Sl 119.11). O Salmo 119, além de ser o maior capítulo da Bíblia, está exatamente no centro dela e todo o capítulo, os 176 versículos, são dedicados à Palavra de Deus, que ora é chamada de Palavra, ora de preceitos, ora de estatutos, mas sempre se referindo à esta Palavra tão maravilhosa. No segundo domingo do mês de dezembro, é comemorado nacionalmente “O Dia da Bíblia”. Descrevo aqui um pouquinho da história deste dia, mediante a Sociedade Bíblica do Brasil. “Celebrado no segundo domingo de dezembro, o Dia da Bíblia foi criado em 1549, na Grã-Bretanha pelo Bispo Cranmer, que incluiu a data no livro de orações do Rei Eduardo VI. O Dia da Bíblia é um dia especial, e foi criado para que a população intercedesse em favor da leitura da Bíblia. No Brasil a data começou a ser celebrada em 1850, quando chegaram da Europa e EUA os primeiros missionários evangélicos. Porém, a primeira manifestação pública aconteceu quando foi fundada a Sociedade Bíblica do Brasil, em 1948, no Monumento do Ipiranga, em São Paulo (SP). 8 Palavra e vida 4T14.indd 8 15/9/2014 14:29:23 E, graças ao trabalho de divulgação das Escrituras Sagradas, desempenhado pela entidade, o Dia da Bíblia passou a ser comemorado não só no segundo domingo de dezembro, mas também ao longo de toda a semana que antecede a data. Desde dezembro de 2001, essa comemoração tão especial passou a integrar o calendário oficial do país, graças à Lei Federal 10.335, que instituiu a celebração do Dia da Bíblia em todo o território nacional. Hoje, as celebrações se intensificaram e diversificaram. Realização de cultos, carreatas, shows, maratonas de leitura bíblica, exposições, construção de monumentos à Bíblia e distribuição maciça das Escrituras são algumas das formas que os cristãos encontraram de agradecer a Deus por esse alimento para a vida”.1 Frases notáveis a respeito da Bíblia Abraão Lincoln: “Creio que a Bíblia é o melhor presente que Deus já deu ao homem. Todo o bem, da parte do Salvador do mundo, nos é transmitido mediante este livro”. W. E. Gladstone: “Dos grandes homens do mundo, meus contemporâneos, tenho conhecido noventa e cinco, e destes, oitenta e sete foram seguidores da Bíblia. A Bíblia assinala-se por uma 1 História do Dia da Bíblia - Dia da Bíblia 2012 | Sociedade Bíblica do Brasil peculiaridade de Origem. Uma distância imensurável separa-a de todos os outros livros”. George Washington: “Impossível é governar bem o mundo sem Deus e sem a Bíblia”. Daniel Webster: “Se existe algo nos meus pensamentos ou no meu estilo que se possa elogiar, devo-o aos meus pais que instilaram em mim, desde cedo, o amor pelas Escrituras. Se nos ativermos aos princípios ensinados na Bíblia, nosso País continuará prosperando sempre. Mas se nós e nossa posteridade negligenciarmos suas instruções e sua autoridade, ninguém poderá prever a catástrofe súbita que nos poderá sobrevir, para sepultar toda a nossa glória em profunda obscuridade”. Thomas Carlyle: “A Bíblia é a expressão mais verdadeira que, em letras do alfabeto, saiu da alma do homem, mediante a qual, como através de uma janela divinamente aberta, todos podem fitar a quietude da eternidade, e vislumbrar seu lar longínquo, há muito esquecido”. John Ruskin: “Qualquer que seja o mérito de alguma coisa escrita por mim, deve-se tão só ao fato de que, quando eu era menino, minha mãe lia todos os dias para mim um trecho da Bíblia, e cada dia fazia-me decorar uma parte dessa leitura”. Charles A. Dana: “O grandioso velho Livro ainda permanece; e este mundo velho, quanto mais tiver suas folhas volvidas e examinadas com 9 Palavra e vida 4T14.indd 9 15/9/2014 14:29:23 atenção, tanto mais apoiará e ilustrará as páginas da Palavra Sagrada”. Thomas Huxley: “A Bíblia tem sido a Carta Magna dos pobres e oprimidos. A raça humana não está em condições de dispensá-la”. Patrick Henry: “A Bíblia vale a soma de todos os outros livros que já se imprimiram”. U. S. Grant: “A Bíblia é a âncoramestra de nossas liberdades”. Robert E. Lee: “Em todas as minhas perplexidades e angústias a Bíblia nunca deixou de me fornecer luz e vigor”. Horace Greeley: “É impossível escravizar mental ou socialmente um povo que lê a Bíblia. Os princípios bíblicos são os fundamentos da liberdade humana”. John Quincy Adams: “Tão grande é a minha veneração pela Bíblia que, quanto mais cedo meus filhos começam a lê-la, tanto mais confiado espero que eles serão cidadãos úteis à pátria e membros respeitáveis da sociedade. Há muitos anos que adoto o costume de ler a Bíblia toda, uma vez por ano”. Immanuel Kant: “A existência da Bíblia, como livro para o povo, é o maior benefício que a raça humana já experimentou. Todo esforço por depreciá-la é um crime contra a humanidade”. Charles Dickens: “O Novo Testamento é mesmo o melhor livro que já se conheceu ou que se há de conhecer no mundo”. William Herschel: “Todas as descobertas humanas parecem ter sido feitas com o propósito único de confirmar cada vez mais fortemente as verdades contidas nas Sagradas Escrituras”. Isaac Newton: “Há mais indícios seguros de autenticidade na Bíblia do que em qualquer história profana”. Goethe: “Continue avançando a cultura intelectual; progridam as ciências naturais sempre mais em extensão e profundidade; expandase o espírito humano tanto quanto queira; além da elevação e da cultura moral do cristianismo, como ele resplandece nos Evangelhos, é que não irão”.2 Por isso, realize uma programação no segundo domingo de dezembro comemorando o Dia da Bíblia, para incentivar a leitura e o estudo da Palavra de Deus na sua igreja. A revista Palavra e Vida tem sido uma ferramenta importantíssima para a Escola Bíblica Dominical, levando o aluno ao estudo da Palavra de Deus. Todas as lições são escritas com base na Palavra de Deus, colocando os textos básicos, como também as referências para serem pesquisadas, dando base bíblica para todos os argumentos dos escritores. Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda Diretor de Educação Religiosa Redator da Revista 2 Manual Bíblico de Halley – Pg.22 e 23 10 Palavra e vida 4T14.indd 10 15/9/2014 14:29:24 Palavra e vida 4T14.indd 11 15/9/2014 14:29:24 Casamento e felicidade Já faz muito tempo que deixei de acreditar nas fábulas contadas sobre amores, e casais felizes! (Andy) A felicidade conjugal é o alvo dos que sobem ao altar para dizer “Sim”. A expectativa de uma “vida a dois”, diferente de tudo o que já se viu, soube ou viveu, embala os corações dos noivos, impulsionando-os com energia ao momento do tão esperado: “Aceito”. Casa-se na expectativa da felicidade. Porém, a triste e lamentável estatística dá conta de que tais esperanças são duramente golpeadas e a tão sonhada felicidade conjugal, frustrada. Mais da metade dos casamentos, hoje, no Brasil, termina em separação. Além disso, é assustadoramente grande a quantidade de casais que permanecem casados, mas infelizes. Separações conjugais e casamentos tristes predominam entre nós. Diante do observado e pesquisado, podemos afirmar que o Brasil sofre uma epidemia de maus casamentos. Penso que o maior fator de contribuição para esta triste realidade é a falta da consciência de dois importantes pontos. Primeiro: falta a consciência de que felicidade conjugal não é um acontecimento casual, mas um resultado intencional. Diante desse primeiro ponto, muitos estão no aguardo de viver um casamento emocionante e cheio 12 Palavra e vida 4T14.indd 12 15/9/2014 14:29:26 de graça, mas só veem as coisas piorarem, pois sem investimento na relação, não há resultados satisfatórios. Segundo: falta a consciência de que nenhum casamento está garantido pelo tempo. Há casamentos de décadas se acabando (com os cônjuges se separando ou não), porque muitos acreditam que o tempo, por si só, fará um bom trabalho no fortalecimento e na qualidade da vida conjugal. É lamentável constatar que nossas igrejas hospedam muitos casais tristes. Enquanto casais não crentes se divorciam sem sentir a tristeza do pecado, os crentes “empurram com a barriga” relacionamentos “doentes”, no aguardo de um sopro milagroso do Criador, ou por medo do peso da mão do mesmo Criador, ou ainda, temendo a reprovação da irmandade. É tempo de olhar para a vida conjugal de maneira a glorificar o inventor do casamento; é hora de colocar em prática o investimento na família que é defendido nos discursos, textos e sermões; é hora de pensar primeiro no cônjuge, depois nos filhos, e finalmente, na igreja (a inversão desta ordem é a causa de muitos crentes fracassados na vida conjugal); é hora de voltar o olhar para o casamento de forma privilegiada, dando a ele a atenção prioritária que ele sempre merece; é hora de consertar o que não estiver bom e seguir com o mesmo casamento, e não ficar fazendo trocas de parceiros na busca da felicidade conjugal. Mesmo que pareça tarde, Deus ainda está chamando nossa atenção para a família e se colocando ao nosso lado para nos ajudar a sermos casados e felizes. A harmonia conjugal é algo que precisa ser construído, não vem no “pacote” conjugal. Não é fácil construí-la, não fica pronta da “noite para o dia”, mas é possível chegar a ela e esta é a única maneira de se experimentar o que Deus pensou quando inventou o casamento. Ter um casamento duradouro e prazeroso é a melhor porção para o homem nesta terra: “Enquanto você viver neste mundo de ilusões, aproveite a vida com a mulher que você ama. Pois isso é tudo o que você vai receber pelos seus trabalhos nesta vida dura que Deus lhe deu”. (Ec 9.9 NTLH) Quem se casou pensando em encontrar a felicidade estava certo, mas viver achando que ela virá sozinha é um grande erro. Um grande abraço e que Deus abençoe a todos os casais! Pr Nataniel Sabino Terapeuta de Casais Autor do Projeto “Casados e Felizes”. 13 Palavra e vida 4T14.indd 13 15/9/2014 14:29:27 Palavra e vida 4T14.indd 14 15/9/2014 14:29:27 História de Nossas Vidas E m 1609, refugiados ingleses chegaram a Amsterdã. Dentre eles, estavam John Smyth e Thomas Helwys que fugiam da Inglaterra e da severa perseguição imposta pela Igreja Anglicana. O êxodo levou-os a várias partes do mundo inclusive às colônias da América do Norte, o então chamado CNovo Mundo”. Buscavam a liberdade religiosa perdida. A prioridade não só deles, mas da comunidade local, era organizar uma igreja em solo holandês, o que aconteceu por volta de 1612. Nascia então a “Igrejamãe” de todas as igrejas batistas atuais. Em 1791 o mundo experimentou grande expansão missionária Batista, o jovem pastor inglês William Carey, sob forte compaixão pelos pagãos da Índia, e com apoio de muitos pastores orquestrou o movimento missionário naquela parte dos “confins da terra”. Foi criada a Sociedade de Missões no Estrangeiro, com forte participação na expansão missionária batista na Ásia e África, além do Brasil, é claro. Em 1882 organizou-se a Primeira Igreja Batista, com vocação para evangelização do Brasil, outras duas organizadas por imigrantes norte americanos já existiam no interior paulista. Os missionários Willian Buck Bagby e Anne Luther Bagby; e também Zacharias C. Taylor e Kate S. C. Taylor, auxiliados por Antonio Teixeira de Albuquerque (ex-padre), fruto do trabalho iniciado no interior paulista, iniciaram a missão em Salvador, no fim de agosto de 1882. Em 15 de outubro do mesmo ano, organizaram a Primeira Igreja Batista no Brasil com cinco membros, justamente os missionários citados acima e o ex-padre. A história nos lembra de cumprir o princípio que Jesus nos deixou: “...assim como tu me enviaste ao mundo, eu os enviarei” (Jo 17.18). Lembra-nos também que não devemos negligenciar a nossa missão. Que devemos compartilhar as Boas Novas de Jesus Cristo e entender que se trata de um privilégio, como retrata o apóstolo Paulo: “...e Deus nos deu o privilégio de insistir com todos...” (2Co 18b e 19b). Lembra-nos ainda que devemos amar missões em todos os formatos possíveis: Mundiais, Nacionais e Estaduais. A obra de Deus carece da Igreja de Deus para avançar rumo aos 15 Palavra e vida 4T14.indd 15 15/9/2014 14:29:28 campos que já se encontram brancos, há algum tempo. Como podemos avançar? 1. Ampliando o campo de atuação: “... a seara, na verdade, é grande...” (Mt 9.37). Palavras do Senhor Jesus, o Senhor da seara. 2. Sendo Relevantes: O Evangelho de Mateus termina da mesma forma que devemos começar: “Ide, portanto, fazei discípulo em todo o mundo” (Mt 28.19). Só iremos impactar o mundo sendo relevantes, o mundo só entenderá a mensagem do Cristo se eu mostrar o que ELE fez em minha vida. O projeto de Deus para a evangelização do mundo só terá efeito, quando a igreja conseguir mostrar a sua história vitoriosa, a cooperação possível e produtiva. Você deseja ser relevante? 3. Aumente a motivação: Que tal usar o critério motivacional de Jesus Cristo? Ele enviou seus discípulos “dois a dois” (Mc 6.7). A solidão é prima-irmã do desânimo. 4. Aumentando os recursos: Não podemos esperar resultados diferentes fazendo as coisas sempre da mesma forma. O meu investimento em oração, meditação na Palavra de Deus e recursos financeiros precisa ser eficaz e planejado. Fazendo missões conforme Deus planejou, obterei os resultados que Deus deseja. Jesus nos ensina em Lucas 14.28, que o planejamento deve ser a principal estratégia de missões. 5. Aprimorando a avaliação: O nosso mote deve ser sempre o melhor para Deus. O Deus que chama e capacita, merece o melhor. Devemos nos aprimorar para servir ao nosso Senhor com o melhor. Façamos como Neemias: ele avaliou antes, durante e depois da obra (Ne 2-12). Quando a parceria entre as igrejas tem como objetivo o fim comum, ou seja, um só objetivo, a obra será abrangente, duradoura e eficaz. Existe na indústria um processo chamado retrabalho, que é uma situação indesejável, pois onera o custo final da obra. A nossa missão deve nos conduzir a um processo que nos leve ao objetivo esperado por nosso Deus. Não iremos e nem queremos consertar, mas agregar informações que nos leve à nossa missão: PLANTAÇÂO de uma ou mais igrejas. Após o exposto, qual será a sua resposta? Sugestão: “... o importante é que eu complete a minha missão e termine o trabalho que o Senhor Jesus me deu para fazer. E a minha missão é esta: Anunciar a Boa Notícia da Graça de Deus.” (At 20.24). Pastor Bruno Festas Diretor de Missões Estaduais 16 Palavra e vida 4T14.indd 16 15/9/2014 14:29:28 Palavra e vida 4T14.indd 17 15/9/2014 17:48:07 Vicios Internéticos A Coréia do Sul é o segundo país do mundo em acesso à Internet. É totalmente informatizado. Lá, os livros de papel estão em extinção, porque as salas de aulas são todas informatizadas. Cada aluno tem um tablet de alta resolução. Os quadros são multimídias, onde os professores podem se utilizar de tecnologias mundiais para apresentarem suas aulas. As grandes empresas de informática do mudo todo usam componentes de tecnologia coreana. Pesquisas realizadas informam que, em cada 10 adolescentes coreanos, 10 são viciados em Internet. Já se tornaram dependentes da tecnologia. Eles passam, em média, entre 4 e 5 horas diariamente, sete dias por semana, diante dos vídeos. Diante dessa catástrofe, e preocupado com essa febre internética que acarreta danos mentais irreparáveis, há apenas dois anos foi inaugurado na capital, Seul, um hospital para dependentes da Internet. Os coreanos são recordistas mundiais de acessos à Internet. Por lá, milhões de jovens já não conversam, não têm amigos físicos, não saem em grupos e não sabem mais falar em público. O jornalista americano, Harry Wallop, intrigado com esse fenômeno, decidiu pesquisar essa doença recente e altamente contagiosa, principalmente para quem ainda não chegou aos 20 anos. Com base em entrevistas com 200 especialistas, ele apontou 10 sinais que são indicadores de que uma 18 Palavra e vida 4T14.indd 18 15/9/2014 14:29:29 pessoa apresenta vício em mídias sociais. 1º) Ao acordar, a primeira ação é checar o seu telefone (sempre ao lado da sua cama, ou debaixo do travesseiro) e verificar quantas vezes seu comentário espirituoso da noite anterior foi comentado. 2º) Seus filhos surpreendem você tentando postar atualizações no Facebook, ao ler suas histórias para dormir. E mais, as histórias contadas, por vezes, mudam de rumo aleatoriamente. Claro, você está mais conectado no “face” do que em seus filhos. 3º) Você, ao cumprimentar seus amigos em uma festa, usa mais o seu apelido do face, em vez de usar o seu próprio nome. É muito ruim, depois de praticar muitas vezes esse comportamento tão danoso, você constatar que está perdendo a sua identidade. Segundo Harry, você esqueceu seu verdadeiro nome. 4º) Você não pode ir ao banheiro, mesmo por alguns minutos, sem checar ou investigar quantas pessoas gostaram da sua foto ou texto postado. Além disso, ainda tem o trabalho de comentar cada uma das postagens. E não satisfeito, ainda replica comentários... 5º) Você “curte” suas próprias atualizações no Facebook. Você mesmo clica no “favorito” em seus Tweets. Ao postar suas próprias fotos no Instagram, você ainda estimula: “Vai, escreve aí, qualquer coisa serve...” 6º) Você está sempre checando seu celular ou tablet em conduções, a caminho para o trabalho. E como se não bastasse, também na hora do lanche, nos intervalos para o cafezinho ou na fila para registrar a sua saída do trabalho... A dependência é de tal intensidade que você percebe que deu tanta atenção ao telefone ou tablet que esqueceu as chaves de casa no trabalho... E terá que fazer todo o percurso de volta. 7º) A primeira coisa que você faz quando sabe que alguém famoso ou importante morreu é acessar a Wikipédia para saber detalhes de sua carreira e encontrar comentários que você pode utilizar, quando encontrar pessoas falando sobre a tal pessoa. É grande a possibilidade de você postar uma atualização. Por exemplo, “é tão triste saber que ‘fulano’ morreu tão precocemente! E o seu maior feito foi escrever o excelente romance ou publicar grandes reportagens sobre a ecologia”. 8º) Alguém conta uma piada, e em vez de você rir em voz alta, usa a frase “tá na rede”. E acrescenta: “já tem uma versão mais recente e que foi postada pelo humorista fulano de tal”. E, então, você ri de sua própria inteligência. 19 Palavra e vida 4T14.indd 19 15/9/2014 14:29:30 Segundo o jornalista Harry Wallop, esses são os principais indícios de que uma pessoa está viciada, a ponto de ser candidata a uma internação em um hospital nos moldes daquele inaugurado em Seul, na Coréia do Sul. Então você pergunta: “O que tem isso a ver conosco, os cristãos? Quais as implicações para a fé cristã?”. Certamente, são muitas as interferências. E a gravidade começa quando o celular se torna mais importante que a Bíblia. A Bíblia de papel está em extinção em nossos templos. Mas você também pode dizer: “Mas, pastor, para que levar a Bíblia de papel se eu tenho todas as versões em mídia eletrônica no celular?” Eu sempre digo: “Ótimo! Você é uma pessoa mais que atualizada! Você pode trazer seu celular para a igreja, sim! Mas promete que durante as orações, hinos, informações pastorais, você não cairá na tentação de ‘checar’ se um colega enviou uma mensagem pelo ‘WhatsApp’? Promete não enviar um comentário sobre a postagem daquela linda foto do grupo? Promete não ‘twettar’ aos colegas que estão lhe provocando? Promete?” Telefone celular na igreja é uma tentação digital. E como todos têm excelentes aplicativos e definições de imagens, não precisam ser vistos de perto. Ali, sobre as pernas, pode-se ler ou mesmo enviar comentários. É sempre uma irresistível atração. Certamente, as ofertas “internéticas” são muito mais atraentes do que a mensagem bíblica pregada. As músicas ouvidas no YouTube não podem ser comparadas com aquelas que são tocadas na igreja. E, por vezes, os pregadores “internéticos”, são mais carismáticos do que o seu pastor... Eles têm mais recursos visuais e os cenários são quase hipnóticos. Percebeu como o inimigo lança seus longos tentáculos sobre as “mentes indefesas”? Percebeu como há multiformes atrações para desviar uma pessoa, impedindo-a de se concentrar na mensagem bíblica? Em nossas igrejas, estamos vivendo em meio a pessoas que sabem tudo de Internet e de aplicativos para celulares e muito pouco sobre Bíblia. E a minha oração é que o Senhor liberte a nossa gente desse “vício internético” e ajude-as a ter uma mente de Cristo. E só se pode ter a mente de Cristo, meditando dia e noite na Sua Palavra. Noélio Nascimento Duarte Teólogo, fonoaudiólogo, Neurolinguista, Radiojornalista, Escritor, Poeta, Cronista, Pastor da Primeira Igreja Batista em Caramujo – Niterói, RJ 20 Palavra e vida 4T14.indd 20 15/9/2014 14:29:30 Palavra e vida 4T14.indd 21 15/9/2014 14:29:31 Palavra e vida 4T14.indd 22 15/9/2014 14:29:32 Palavra e vida 4T14.indd 23 15/9/2014 14:29:33 Palavra e vida 4T14.indd 24 15/9/2014 14:29:34 Palavra e vida 4T14.indd 25 15/9/2014 14:29:34 Reflexões sobre como viver e divulgar a fé F oi a leitura “The convert as a social type”1, de David Snow e Richard Machalek, que chamou minha atenção para a realidade sociológica do imperativo no cristianismo que os convertidos se tornem um modelo de fé. É isso que chamamos de ressocialização, quando as crenças, os valores e mesmo o comportamento do convertido demonstra uma mudança radical em relação ao passado, à luz do novo conceito de vida adotado – a fé cristã. Muitas vezes, pensamos que esse atributo pertence, quase exclusivamente, à liderança da igreja. Ainda que nossos líderes devam assumir uma postura exemplar, Paulo desfaz esse pensamento equivocado em suas 1 In: R Collins (ed.) Sociological Theory. San Francisco: Jossey-Bass Publishing Co, 1983. NOTA DO REDATOR: O estudo anunciado durante o ano para o 4º trimestre de 2014 era “O que todo Crente Precisa Saber? - Parte 2”, mas, por dificuldades de saúde do escritor, este estudo ficará para o 2º trimestre de 2015. Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda cartas, principalmente, nesta que pretendemos comentar aqui: aos tessalonicenses. Muito se tem disputado sobre a autoria paulina de 2Tessalonicenses. Mas a primeira carta, por sua vez, é tida como genuinamente paulina, por quase todos os especialistas. 1Tessalonicenses é um dos textos primórdios do cristianismo, o primeiro dirigido a comunidades cristãs na Europa. 26 Palavra e vida 4T14.indd 26 15/9/2014 14:29:35 A ressocialização efetiva do convertido em seu ambiente natural idólatra, como o encontrado em Tessalônica, na metade do primeiro século, leva-o a demonstrar firme resistência aos apelos do mundo e permite que ele viva de modo a agradar a Deus. Caso consiga chegar a esse patamar, no que se refere à estrutura psíquica de sua nova natureza, o cristão alcançará real felicidade no mundo. Nosso escritor, o apóstolo Paulo, deixa um exemplo vívido de seu esforço para oferecer um excelente padrão moral, quando afirma, em 1Tessalonicences 2.11: “...vos tratávamos, a cada um de vós, como um pai a seus filhos”. Pais deixam exemplos para seus filhos e, geralmente, filhos copiam gestos e comportamentos de seus pais, desde a infância. Gerar “filhos espirituais” é um compromisso que requer a criação de laços interpessoais afetivos. Traços dessa relação estão por toda a Primeira Carta de Paulo aos Tessalonicenses. Esperamos que este texto possibilite o desenvolvimento espiritual do leitor, à medida que retoma os argumentos e os refaz no sentido prático. Pr Davi Freitas de Carvalho Quem escreveu? Davi Freitas de Carvalho – 48 anos, casado com Maria Celeste Ferreira de Carvalho e pai de dois filhos: Arthur Davis (21) e Kariny Davis (20). Formado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, RJ, exerce o pastorado há 22 anos. Em 2001, foi convidado para integrar o corpo de editores da Coordenação Editorial da JUERP, a quem prestou serviço até o ano de 2011, sendo responsável pela revisão de revistas da EBD e do Jornal EBD (encarte da Revista do Educador) e foi o autor do comentário aos Gálatas (Palavra e Vida, 2T2013). Tem servido a Deus como palestrante, em treinamentos e congressos ligados à Escola Bíblica Dominical, a serviço do Centro de Juventude e Cultura Cristã. Atualmente, pastoreia a Igreja Batista em Vila Jaguaribe, Piabetá, Magé, RJ e é o Coordenador de Educação da Associação Batista Mageense. 27 Palavra e vida 4T14.indd 27 15/9/2014 14:29:36 Data do Estudo Licao 1 Texto Bíblico: 1Tessalonicenses 1.1 Graça e paz: o caminho a ser percorrido N este estudo, abordaremos a saudação paulina que ocorre no início da Primeira Carta aos Tessalonicenses. À época da produção dessa carta, a população da cidade de Tessalônica era, prioritariamente, de gentios, mas contava, também, com uma comunidade judaica bem zelosa da tradição mosaica e que possuía uma sinagoga (At 17.1). Paulo tinha por costume pregar nas sinagogas judaicas por onde passava. Em Tessalônica, os que se converteram formaram o núcleo da igreja cristã (At 17.1-13). Precisamos encontrar, em nosso interior, o mesmo prazer que Paulo tinha em comunicar o Evangelho. Isso significa aproveitar as oportunidades conforme elas se nos apresentam. Significa, também, fazer amizades e nutri-las com palavras de encorajamento e de esperança. Na minha época de seminarista, lá pelos anos 80, isso se chamava “paixão pelas almas”. O contexto histórico A breve passagem de Paulo por Tessalônica está relatada em Atos 17, durante a segunda viagem missionária do apóstolo (por volta de 49 a 28 Palavra e vida 4T14.indd 28 15/9/2014 14:29:36 52d.C). O trabalho ali trouxe muitos frutos. O macedônio Aristarco (do grego “o melhor líder”), habitante de Tessalônica, uma vez convertido, tornou-se amigo fiel de Paulo. Ele o acompanhou em viagem para Éfeso (At 19.29), pela Ásia (At 20.4,6) e chegou a ser preso juntamente com Paulo, por pregar o Evangelho (Cl 4.10; Fm 1.24). Tessalônica era a capital da província romana de Macedônia. James Denney1 afirma que a cidade era, naquela época, um importante centro cultural com uma população mista de gregos, romanos e judeus. Silvério Zedda2 destaca a importância comercial da cidade, graças ao seu porto e suas vias de comunicação. Ela ficava na rota da Via Ignácia, que ligava a província romana da Itália ao Oriente. Atualmente, é chamada Salônica ou Tessalônica e fica no interior do golfo de Salônica. É a segunda cidade da Grécia em concentração demográfica, perdendo apenas para Atenas. Sua população religiosa é de judeus, cristãos e muçulmanos. No decorrer da Idade Média, pertenceu à República de Veneza e, no século XV, ao império otomano. Atualmente, podem-se ver escavações antigas da Ágora (praça) romana nessa importante cidade grega. 1 DENNEY, James. The Epistles of the Tessalonians. London: Hodder and Straugh. 2 ZEDDA, Silvério. Introdução à Bíblia. Cap. 1: O mundo greco-romano no tempo dos apóstolos. p. 30. • Você consegue identificar a região bíblica desta Carta no mapa-múndi atual? Faça a experiência e relate na classe as suas descobertas. Três sábados, um auditório e coragem Afirma-se em Atos 17 que Paulo e Silas pregaram na sinagoga judaica por três sábados consecutivos e muitos gentios se converteram. Três sábados, um auditório que procurava respostas para os dilemas da vida e coragem foi tudo o que Paulo precisou para alcançar a conversão de gentios idólatras para adorarem ao verdadeiro Deus. O nascimento da igreja em Tessalônica nos ensina que o Evangelho é eficaz, não apenas em médio e longo prazo, pois há poder imediato no ato da fé (Rm 1.16). Às vezes, falta-nos simplesmente coragem para nos comprometermos em curto prazo com alguém que necessita da Palavra de Deus. Desse modo, não deixaríamos de fazer algo em prol do reino por achar que não há tempo suficiente para que o pecador venha a se arrepender. Nessas horas, o segredo é confiar em Deus e também nas pessoas, no caso de delegarmos responsabilidades. Paulo agiu assim, como podemos ler na abertura da carta, assinada de modo tríplice: “Paulo, Silvano e Timóteo...”. Ainda que nossa confiança não garanta o resultado esperado, principalmente se formos pessoas perfeccionistas, 29 Palavra e vida 4T14.indd 29 15/9/2014 14:29:38 permanece o fato de que “...nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1Co 3.7). • Aponte algumas oportunidades de evangelização que são descartadas no cotidiano, mas que poderiam resultar em frutos para o Reino de Deus. O “imperfeito” ajuntamento solene A carta foi escrita “à igreja dos tessalonicenses” (1Ts 1.1c). Ao usar a palavra grega “ekklesia” (igreja, congregação), cujo significado básico é a reunião de cidadãos gregos para discutir seus negócios, Paulo lhe dá um significado original: refere-se aos cidadãos de Tessalônica que, ouvindo a pregação do Evangelho, creram e, assim, foram unidos a Deus por Jesus Cristo. O primeiro versículo de Paulo aos Tessalonicenses nos ensina sobre a igreja como lugar de reunião, mas uma reunião solene. A igreja é uma organização singular, de caráter espiritual, por sua união com Deus pela mediação de Jesus. No entanto, lemos aqui e acolá no Novo Testamento que essa áurea de respeito e dignidade é perpassada por relatos novelescos de desafetos entre cristãos, principalmente, numa mesma comunidade de adoração. São relatos de acusações mútuas, desrespeito, indisciplina e, principalmente, desamor (1Co 1; Gl 2.11-14; Jd 1). Esses tristes acontecimentos atestam que convivemos com a natureza pecaminosa, mesmo em meio à vida eclesiástica. Ser igreja é o mesmo que estar em Jesus, ou seja, viver pela fé nele. Isso torna a vida na comunidade cristã um prazer (Gl 2.20; 1Pe 4.7-10). Assim, não deve nos preocupar o fato de não sermos perfeitos. Ser igreja de Cristo nada tem a ver com perfeição, mas com a atitude de amar como um estilo de vida. Pena que a maioria dos crentes desaprendeu esse conceito. O modelo do amor que é repetido pela comunidade é o do próprio Cristo em sua missão salvadora, que exigiu renúncia e sacrifício. A igreja será modelo se nEle estiver firmada em amor (Ef 3.17; Cl 2.7). Logo, a comunhão do Filho de Deus em amor é o alvo da igreja (1Co 1.9). • Você consegue identificar nas Escrituras o apelo divino para a busca da perfeição? O que essas passagens comunicam a esse respeito? Graça e paz: o caminho a ser percorrido A palavra grega charein (saudação) era a forma usual de abertura das cartas naquele período. Paulo usa charis (graça, favor imerecido) e eirene (paz) para saudar os cristãos. Gundry3 observa que Paulo 3 Panorama do Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, p. 300 30 Palavra e vida 4T14.indd 30 15/9/2014 14:29:39 Para pensar e agir A saudação paulina nos ensina a direção a seguir: 1. Temos um “papai querido” (aram. ‘abba’ - Gl 4.6) que não abre mão de cuidar da gente. 2. Ter Deus como Pai é fundamental, pois ele é Pai, primeiramente, do Filho Jesus Cristo, o Salvador. Mas não se pode ter filiação com Deus sem primeiro encontrar o Filho, pela fé, abrindo mão deste mundo pecaminoso. João adverte do perigo: “Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1Jo 2.15b). 3. A graça nos ensina a confiar e depender exclusivamente do “Pai das misericórdias e Deus de toda consolação” (2Co 1.3). 4. A paz de Cristo nos isenta da culpa e da dor e reconstrói o mosaico da nossa vida, fragmentado pelo pecado, peça por peça, até formar uma figura completa, inteira, sã, harmônica, a despeito de todas as tribulações e aflições. Você já entregou sua vida ao Senhor Jesus, aceitando o presente gracioso da salvação? Somente assim a experiência da paz (reconciliação) com Deus se torna possível! Evite ficar aguardando algo acontecer. Faça acontecer: creia! Leituras Diárias combinou a típica saudação grega, em forma cristã modificada (graça) com a típica saudação israelita (paz). Com isso, destacava a inclinação do favor divino de salvá-los por meio de Jesus Cristo (graça) e, também, afirmava a condição de reconciliação com Deus por eles alcançada (paz). Graça e paz nos vêm da parte de Deus e do “kurios” (do grego, Senhor) Jesus (1Ts 1.1e). É uma benção superabundante (1Tm 1.14). Convém destacar que é uma declaração corajosa de Paulo chamar Jesus de Senhor, numa época em que um império se achava dono do mundo, e cujo líder máximo também se intitulava “kurios”. Sua mensagem soava como um ato de traição. Era o mesmo que afirmar que Cristo está acima de todo o principado, potestade, poder e domínio – por exemplo, o do império romano. Por essa razão, eram frequentes as ameaças de morte ao apóstolo, pelos cidadãos locais nas províncias romanas onde pregava o Evangelho. Mas era essa a intenção de Paulo! Ele queria atestar a soberania e o status divino do Messias. Essa também deve ser a nossa intenção hoje! Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Atos 15.22-41 Atos 16.9-13 Atos 17.1-14 Efésios 4.1-16 1Timóteo 3.1-16 2Timóteo 2.24-26 2Pedro 3.13-18 31 Palavra e vida 4T14.indd 31 15/9/2014 14:29:39 Data do Estudo Licao 2 Texto Bíblico: 1Tessalonicenses 1.2,5; 2.1-2,7-8 Um modelo de liderança para a igreja A igreja experimenta uma crise de liderança em nossos dias? Uma resposta honesta, pela vivência no meio eclesiástico, há de pender para um “sim”. Na sua cultura organizacional, a igreja opera sob forte influência das estratégias empresariais. Não poderia ser diferente, se ela deseja acompanhar o ritmo da “aldeia global”. Ainda assim, nossa crise continua, pois carecemos de líderes que compreendam e pratiquem os princípios do Evangelho, que é mais importante do que apenas serem excelentes estrategistas ou gestores. Neste estudo, focalizaremos a liderança de Paulo, que foi um líder exemplar diante da igreja em Tessalônica e de todas as comunidades formadas a partir do seu testemunho. Sua vida ressalta uma grande verdade: servir é um esforço conjunto, um dividir de tarefas e de responsabilidades. Junto com Paulo, atuaram líderes como Silas e Timóteo, dentre vários outros discípulos de Cristo. Busquemos, então, na experiência do apóstolo Paulo, os princípios para uma liderança sadia e exemplar, a qual apresenta as seguintes características, dentre tantas outras possibilidades: 1) A liderança exemplar: atitude motivada pela vocação A liderança da igreja primitiva foi formada por discípulos vocacionados, isto é, chamados para testemunhar. Na carta aos 32 Palavra e vida 4T14.indd 32 15/9/2014 14:29:39 Tessalonicenses, encontramos Paulo e seus companheiros na missão de evangelizar a região da Acaia. Eles o fizeram com certeza e convicção, a partir da decisão efetivada no Concílio de Jerusalém (At 15). Acerca desse testemunho, Paulo diz: “...porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza...” (1Ts 1.5a). Silas, que se faz presente na vida de Paulo nas campanhas missionárias, foi descrito pelo evangelista Lucas como “profeta” e homem “influente entre os irmãos em Jerusalém” (At 15.22,32). Além de acompanhar de perto a trajetória da missão cristã como pregador, foi partícipe das prisões e tribulações do apóstolo. Mas nem só de homens dependia a atuante liderança da igreja em Tessalônica. Nas entrelinhas das duas cartas aos Tessalonicenses, lemos sobre mulheres de posição que compunham a comunidade e, com certeza, muito a influenciavam, uma vez que o mundo gentílico via a mulher de modo diferente do mundo judaico (At 17.1-4). À medida que o Evangelho avançava, pelas mãos operosas de Paulo e seus companheiros, a mulher foi recebendo de Deus oportunidades iguais de serviço e atuação. • Liste algumas oportunidades do exercício da liderança a partir desta vocação geral para o testemunho do evangelho por homens e mulheres e discuta com a classe. 2) A liderança exemplar: atitude orientada para a gratidão A segunda característica de uma liderança-modelo é saber agradecer. Tal exemplo pode ser encontrado em 1Tessalonicenses 1.2a, onde se lê: “Damos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações”. Nessa afirmação, Paulo usa uma palavra grega especial, “eucharistoumen”, que traduz a ideia de “gratidão”. Em orações que faz para agradecer, o apóstolo dos gentios tem a preocupação de mencionar as pessoas que, durante suas campanhas missionárias, converteram-se a Deus. Assim, todos os convertidos eram por ele lembrados, incessantemente, pois se constituíam uma prova viva de que o trabalho em Tessalônica frutificou no poder do Espírito (1Ts 1.3a). Um coração agradecido é uma das mais poderosas forças de divulgação da fé, pois tal expressão de fé é um “tributo” a Deus (1Ts 3.9). Essa palavra grega sugere a ideia de “recompensa, devolução”. Essa é uma proposição interessante, principalmente, nesses dias em que a mentalidade religiosa evangélica prega o receber de Deus, em vez de o retribuir a Ele. • Paulo tinha um coração agradecido e orientava a igreja 33 Palavra e vida 4T14.indd 33 15/9/2014 14:29:42 a agir assim (1Ts 5.18). E nós? Temos agradecido a Deus pelas oportunidades de realizar sua obra? Experimente. 3) A liderança exemplar: atitude vinculada à orientação A terceira característica de uma liderança-modelo é sua capacidade para orientar. Paulo fazia isso por meio de palavras, nos momentos iniciais, e por meio de cartas, à distância. Nos três séculos que se seguiram à formação da igreja, pouco a pouco, as cartas apostólicas foram unidas aos Evangelhos, ao livro de Atos e ao Apocalipse, para formar o Cânon do Novo Testamento. Dentre os critérios de seleção, estão a autoria apostólica (ou a de um companheiro direto de um apóstolo), a centralidade da Pessoa e da obra redentora de Cristo, e a inspiração divina da Palavra de Deus. As cartas paulinas tinham impacto imediato na vivência religiosa das igrejas. Era por meio desses escritos que os convertidos eram guiados em relação à sua fé e ao seu comportamento. As cartas do Novo Testamento permanecem como orientações para os nossos dias, mas com o cuidado interpretativo de entender seu contexto de produção e seus objetivos específicos. • Outras literaturas têm servido como elemento de orientação da igreja, porém, não estão em pé de igualdade com as orientações bíblicas das Cartas neotestamentárias. Por quê? O que isto nos ensina, no que se refere ao processo de estudo bíblico dominical? 4) A liderança exemplar: atitude renovada pela emoção Você já ouviu falar em mnemônica? É uma técnica de memorização por associação de imagens, que utiliza a vivência, a associação e o repasse de informações1. É do poder da memória que Paulo fala no início de 1Tessalonicenses 1.3: “Lembrando-nos sem cessar...” O advérbio grego “adialeiptos” (sem cessar, ininterruptamente) aparece em 1Tessalonicenses 1.3; 2.13 e 5.17. Nesse primeiro versículo, indica uma memória costumeira, habitual. Esta é a quarta característica de uma liderançamodelo: a inteligência emocional. Paulo faz questão de trazer à memória fatos vividos por ele naquela cidade. Com certeza, à medida que escrevia a carta, as lembranças e emoções do apóstolo vinham à tona. Uma delas transparece no capítulo 2, versículo 2, quando diz: “...tivemos a confiança em nosso Deus para vos falar o evangelho de Deus em meio de grande combate”. O apóstolo se referia às perseguições sofridas em Filipos, cidade vizinha de Tessalônica, 1 In: http://www.universia.com.br/ universitario/materia.jsp?materia=6948 34 Palavra e vida 4T14.indd 34 15/9/2014 14:29:42 a primeira parada de Paulo na evangelização da Europa (At 16). De fato, quando há emoção envolvida, dificilmente esquecemos alguma coisa. Seria muito edificante para a igreja promover encontros nos quais pudéssemos recordar ensinamentos recebidos e também as emoções prazerosas dos retiros e congressos espirituais de que participamos. Isso concorre para que o cristão continue animado e firme no propósito inicial da fé. o perfil masculino da liderança na igreja primitiva. Precisamos superar esse modelo para que a Igreja de Cristo continue avançando contra as trevas. Paulo nos ensina, em Tessalonicenses, que a missão do líder é orientar, pela exortação (aconselhamento), num engajamento emocional direcionado para a simpatia e não para a antipatia; para a empatia e não para a apatia (1Ts 2.7-8,11-12). Temos feito a nossa parte? • Pergunta circular: – Você consegue citar três momentos importantes da história da igreja da qual faz parte? Quais? Compartilhe com o restante da classe. Para pensar e agir Fomos chamados por Deus para liderar? Então, entendamos de uma vez por todas que o sucesso nessa empreitada depende da “cooperação”. Não há lugar para disputas internas, ou para inveja dos dons e habilidades do outro, nem receio de não sermos o centro das atenções. Outro aprendizado deste estudo é que Deus não vê o desempenho da mulher com restrições, no que se refere à sua obra, inclusive a atuação na liderança. Esse pensamento é um resquício da mentalidade androcêntrica da cultura judaica, a qual serve como pano de fundo para Leituras Diárias Conclusão • Paulo demonstrou todo o cuidado para não ser uma liderança “pesada” à igreja em Tessalônica, ainda que pudesse exercer esse direito, dada a condição de apóstolo de Cristo (1Ts 2.6,9). Ao agir assim, descreveu a liderança branda: “Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, justa e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes” (1Ts 2.10). São esses os nossos verdadeiros motivos para liderar na obra de Deus? Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Atos 6.1-8 Atos 14.20-23 Atos 20.17-24 Tito 1.1-9 1Timóteo 5.17-22 1Pedro 5.1-4 1Tessalonicenses 1.2,5; 2.1-2,7-8 35 Palavra e vida 4T14.indd 35 15/9/2014 14:29:43 Data do Estudo Licao 3 Texto Bíblico: 1Tessalonicenses 1.3 O acorde básico da vida cristã N os estudos musicais iniciais, aprende-se que o acorde mais básico é chamado de tríade, ou seja, um acorde composto por três notas separadas por intervalos de uma terça. O acorde da vida cristã é, também, uma tríade composta das seguintes notas: fé, esperança e amor. É com essas palavras que Paulo descreve, em suas cartas, a dinâmica da igreja em Tessalônica. Neste estudo, identificaremos os elementos da tríade cristã, a fim de estabelecer parâmetros para uma prática salutar na experiência religiosa do corpo de Cristo, no dia a dia da igreja local. A tríade cristã (1Ts 1.3) O texto áureo da tríade cristã é 1Coríntios 13.13, onde se lê: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor”. Esse raciocínio encontrase presente no texto bíblico deste estudo, com uma ligeira diferença: Paulo modifica a ordem da tríade: fé, amor e esperança. Harmonia de uma prática cristã salutar: a obra da fé A primeira nota musical de uma existência saudável na igreja é “a obra de fé”, que significa, em outras palavras, a fé colocada em ação ou a fé aperfeiçoada pela ação (Tg 2.22). Algumas versões traduzem a expressão “obra” como “operosidade”. Na Segunda Carta aos Tessalonicenses, Paulo ora com esta finalidade, pedindo-lhe que “cumpra... toda a obra de fé em poder” (2Ts 1.11b). O que é fé? Hebreus 11.1 afirma que fé é a convicção, a certeza que alguém possui de viver ao alcance de Deus e de sua redenção. Essa realidade produtiva da fé revela, dentre as inúmeras possibilidades, uma característica memorial. Um memorial é a forma como alguém quer ser lembrado1. 1 Definição do Pastor Ariovaldo Ramos, numa de suas palestras. 36 Palavra e vida 4T14.indd 36 15/9/2014 14:29:43 Assim, a “obra da fé” é a lembrança viva da presença e do estímulo contínuo de Deus em nós, os salvos, e não um memorial de nossas conquistas e realizações pessoais (Mt 5.16; Ap 15.3). Um texto bíblico que deixa pistas desse marco memorial divino na história é Romanos 9.4, que fala da adoção, da glória, dos pactos, da lei, do culto e das promessas, tudo apontando para o Salvador Jesus. Um erro comum é pensar que a obra da fé conduz à salvação. É o contrário! No ensino bíblico, a causa da obra é a salvação realizada (Tt 3.4-7). Ou seja, Deus comunica sua disposição favorável (graça) para salvar e nós cremos. Graça, salvação e fé, eis a nova ordem proposta. Portanto, não trabalhamos por nós mesmos nem para nós mesmos. Somos chamados à ação e capacitados para a ação por Deus, em quem cremos. Um exemplo muito evidente, tirado da experiência do povo de Deus no Antigo Testamento, pode ser encontrado no Salmo 68. Deus é o provedor do fiel. As vitórias do fiel são, em última instância, vitórias de Deus. • Você consegue identificar, tanto na Bíblia como no contexto religioso atual, sistemas de crença que acreditam em salvação por obras? Quais? Que diz a Bíblia a esse respeito? Harmonia de uma prática cristã salutar: o trabalho do amor A segunda nota musical de uma existência saudável na igreja é “o trabalho de amor”. Paulo usa o grego kopos (trabalho), termo que indica o engajamento em um esforço árduo, laborioso. A versão Almeida Revista e Atualizada traduz “abnegação”. Gundry entende que são “feitos de gentileza e misericórdia.”2 Você conhece o mandamento do desamor? Para amar verdadeiramente, do jeito que Deus orienta, precisamos aprender a desamar algumas coisas: • desamar as trevas espirituais (Jo 3.19); • desamar a glória dos homens (Jo 12.43); • desamar o presente século e seu padrão de moralidade dúbio (2Tm 4.10; Tg 4.4; 1Jo 2.15). Quando tivermos aprendido a desamar, estaremos prontos para obedecer a instrução divina para amar, a qual compreende ações específicas, a saber: • Sacrifício e entrega total (grego agapao – exemplificado pelo amor de Deus, ao oferecer seu Filho, na cruz (Jo 3.16). O amor sacrificial é demandado por Deus no Novo Testamento, nos exemplos seguintes, dentre outras possibilidades: • A mordomia cristã da entrega pessoal ao Senhor – Mateus 6.24; • O resumo da lei: amar a Deus e ao próximo – Marcos 12.33; 1João 4.11; 2 GUNDRY, Robert. Panorama do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, p. 300. 37 Palavra e vida 4T14.indd 37 15/9/2014 14:29:47 • O amor próprio, que demanda prudência no falar – 1Pedro 3.10; • O amor do esposo pela esposa (e vice-versa) – Efésios 5.25,28; Colossenses 3.19. De fato, amar é um exercício árduo. Implica em renúncia. Por mais que amemos, ainda há espaço para o amor crescer e “enriquecer”, que é o sentido da palavra “abundar”, usada por Paulo sobre a arte de amar (1Ts 3.12). • Fraternidade e amizade (grego phileo – exemplificado no apelo divino ao amor mútuo, entre os irmãos, na igreja). O amor fraternal rege as relações sociais e promove toda a sorte de esforços pelo bem comum. Essa atitude é ordenada por Deus nos exemplos seguintes: • na cordialidade – Romanos 12.10; • no modo franco e afável de tratar as pessoas – 1Pedro 1.22; • na amizade genuína – 1Pedro 3.8,9. Na primeira Carta aos Tessalonicenses, Paulo coloca ambas as acepções de amor num mesmo versículo: “No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros” (1Ts 4.9). Mais para o final da carta, amor e fé estão lado a lado, compondo uma metáfora interessante, a “couraça” (1Ts 5.8), que era uma peça da armadura dos soldados, cobrindo o peito, as costas e os ombros.3 Assim, Paulo dá a entender que o amor cristão tem essa capacidade de assegurar uma condição estável para o enfrentamento das batalhas da fé. • Cite exemplos bíblicos do imperativo divino ao amor. Ordena-se o amor sacrificial, o amor fraternal ou ambos? Harmonia de uma prática cristã salutar: a firmeza da esperança Enfim, a última nota musical de uma existência saudável na igreja é “a firmeza de esperança” direcionada para a vinda do Senhor Jesus Cristo. Ambas as cartas aos tessalonicenses têm esse conteúdo escatológico. Paulo os instrui acerca do consolo trazido pela certeza de que o Senhor a todos abrigará, no fim de tudo. “Firmeza” é a tradução do grego hypomone, uma referência à capacidade de aguentar a pressão, de suportar a provação. Algumas versões traduzem como “paciência”. A frase tem relação acentuada com a descrição de Hebreus 12.1,2a: “...corramos com perseverança [hypomone] a carreira que nos está proposta, fitando os olhos em Jesus.” Aprendo com Paulo que a salvação a mim prometida já irrompeu na 3 DAVIS, John. Dicionário da Bíblia. São Paulo: Hagnos. p. 53 38 Palavra e vida 4T14.indd 38 15/9/2014 14:29:47 • Leia 1Pedro 3.15. Qual é a sua resposta a esse pedido? Conclusão A descrição que Paulo faz da igreja em Tessalônica deve nos servir de alerta. A obra de fé, o trabalho de amor e a paciente esperança formam a trindade das virtudes e fornecem os parâmetros para a saúde da igreja enquanto corpo de Cristo. Precisamos ser mais do que uma agremiação, instituição ou agregação social. Os agregados são indivíduos caracterizados pela proximidade física. Não participam da distribuição de funções nem de qualquer outra forma de estruturação. Comunicam-se apenas pontualmente, aqui e acolá. Agregados são aqueles que entram e saem sem modificar seu estilo de vida e sua posição social. A igreja de Cristo não é uma simples agregação de pessoas, mas um memorial vivo da graça, da salvação e da fé no Senhor Jesus, o Filho de Deus. Precisamos engrandecê-lo com nossa vida, com o nosso testemunho (Fp 1.20). Para pensar e agir Antes de refletir sobre as nossas descobertas neste estudo, leia João 8. Qual é a opinião de Jesus em relação à lei que condena à morte por apedrejamento a mulher flagrada em ato de adultério (Jo 8.5)? Aquela que apresenta o entendimento de que a fé é aperfeiçoada pelo amor e direcionada para a esperança. Eis os ensinamentos deste estudo: • A igreja não pode ser indiferente ao pecado, mas deve crer que o Filho de Deus tem poder para perdoar pecados (1Jo 1.9); • A igreja não pode atacar no outro aquilo que dói em si mesma (o pecado), que é a função da pedra, no ritual da lei, mas confiar na justiça de Deus, que recupera o pecador (Mt 7.1-5); • Enfim, a igreja precisa aprender a desamar o mundo para exercer a compaixão, que é o fogo que aquece o serviço cristão (Mc 8.2). Você tem assumido o sentimento compassivo de Jesus? Leituras Diárias história (e na minha história pessoal). Dada como uma certeza para mim, ela me impulsiona. Nas muitas crenças que existem, falta esse sentido de consolação e liberdade do medo da morte. Só para aqueles a quem a vida foi oferecida como dádiva, em Cristo, a esperança é real. Ela é real para você? Espero que sim. Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Hebreus 11.1-16 Hebreus 11.17-31 Hebreus 11.32-40 Salmos 62.1-8 1Coríntios 13.1-12 2Coríntios 4.5-18 1Coríntios 13.13 39 Palavra e vida 4T14.indd 39 15/9/2014 14:29:48 Data do Estudo Licao 4 Texto Bíblico: 1Tessalonicenses 1.4,5 A transmissão do Evangelho (poder e convicção) É muito comum, nos momentos que antecedem a pregação, ouvir a seguinte oração: “Que as palavras deste pregador não sejam dele, mas venham de Ti, ó Senhor”. Ela reflete o desejo de que o ouvinte seja instruído por Deus, mas esconde uma realidade bem mais complexa do que se imagina. O discurso do Evangelho não passa por nós como a energia passa pelos cabos elétricos. Nossa cultura, nossa educação, nossa espiritualidade e mesmo nosso entendimento subjetivo servem de filtros, na hora de pregar. Portanto, podemos dizer que a pregação é um discurso divinohumano. Por isso que Paulo usa expressões como “nosso evangelho” (1Ts 1.5) ou “meu evangelho" (2Tm 2.8) não para se referir a uma apropriação da mensagem, mas para designar a relação íntima e verdadeira que o mensageiro tem com a mensagem cristã que proclama. Neste estudo, entenderemos que o “poder” da pregação compete a Deus, enquanto que a “convicção” da veracidade da mensagem compete ao mensageiro, pois ele é alguém “aprovado por Deus” para transmitir a mensagem de salvação (1Ts 2.4). A natureza da mensagem a ser pregada Em sua descrição da natureza do Evangelho a ser proclamado (a boa nova da salvação, em Cristo Jesus), Paulo utiliza alguns complementos importantes: 40 Palavra e vida 4T14.indd 40 15/9/2014 14:29:48 Quando Paulo quer falar da origem do Evangelho, seus complementos prediletos são: evangelho “de Deus, de seu Filho, de Cristo” (Rm 1.19: 1Co 9.18). Ao falar do propósito do Evangelho, descreve-o como “de paz ou reconciliação” (Rm 10.15; Ef 6.15) e “da salvação” (Ef 1.13). E quando fala do direcionamento do Evangelho, na sua missão, descreve-o como “da incircuncisão”, ou seja, dirigido ao mundo gentílico (Gl 2.7). O difícil contexto social da pregação No primeiro século da era cristã, a transmissão do Evangelho era feita com muita dificuldade. Paulo descreve, em 1Tessalonicenses, que precisou superar muitos obstáculos e ter muita coragem para pregar o Evangelho naquela cidade idólatra. Sua viagem pela província romana da Macedônia deu seu primeiro fruto na cidade de Filipos. A narrativa de Atos 16 fala de sua prisão por causa da exposição do Evangelho. A acusação foi a de propagar “...costumes ilícitos aos romanos” (16.21). Desse modo, entendemos que pregar a conversão ao “Senhor” Jesus Cristo era uma afronta direta ao regime romano, cujo elemento principal, naquela época, era o imperador Cláudio. Em 1Tessalonicenses 2.2, Paulo afirma que ele e Silas foram “agravados em Filipos”, mas, ainda assim, não recuaram diante da batalha que estava por enfrentar: “...tornamo- nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus com grande combate” – ele diz. Em Atos, o evangelista Lucas descreve, com detalhes, a missão apostólica na Macedônia: cidadãos de Filipos rasgaram as vestes do apóstolo e deram-lhe chicotadas, antes de o colocarem na prisão (At 16.22,23). Na ocasião, um terremoto aconteceu na região em que Paulo e Silas estavam, de modo que as estruturas da prisão foram abaladas. Então, Deus usou Paulo e Silas para pregarem ao carcereiro, trazendo a salvação para ele e sua família. Os magistrados locais ficaram receosos de represálias por terem aprisionado cidadãos romanos e foram obrigados a soltar Paulo e Silas, os quais viajaram cerca de 150km em direção sudeste, até Tessalônica, onde enfrentaram também a perseguição dos judeus helenistas. Não há como discordar que o enfrentamento das perseguições movidas pelos ímpios contra o Evangelho é mais fácil na companhia de amigos e irmãos na fé. Assim, é possível entender que a expressão “nosso evangelho” (1Ts 1.5) indica esse esforço conjunto e de cooperação. Entre os tessalonicenses, Paulo não trabalhou sozinho: “E enviamos Timóteo, nosso irmão, e ministro de Deus, e nosso cooperador no evangelho de Cristo” (1Ts 3.2). • Pregar, hoje, é tão difícil quanto era àquela época? Por quê? Qual 41 Palavra e vida 4T14.indd 41 15/9/2014 14:29:51 o valor de uma companhia, nesse momento? Pregação: palavra de poder, acompanhada do testemunho pessoal Algumas bicicletas antigas tinham uma espécie de farol no guidão, que era alimentado por um dínamo que ficava na roda dianteira. Esse dínamo é um gerador de eletricidade, um aparelho que transforma energia mecânica em energia elétrica. Ele é constituído por um ímã fixo em um eixo móvel, ao redor deste eixo existe uma bobina (fio condutor enrolado, constituindo um conjunto de espiras). Quanto maior a velocidade da bicicleta, maior era a luminosidade produzida na estrada. Naquela época, em que não havia iluminação pública em todas as ruas, o farol era essencial para enxergar o caminho. No texto áureo sobre o Evangelho, Romanos 1.16, ele é chamado de o “dínamo” (palavra grega traduzida por “poder”) de Deus, e significa a eficácia de Deus em salvar, por meio da obra de Cristo. Essa ideia é retomada, aqui, na afirmação paulina de 1Tessalonicenses 1.5. Logo, chegamos à conclusão de que ao discurso religioso não pode faltar o “poder” que advém do Espírito de Deus, o qual é a vida e obra de Cristo Jesus (1Co 1.24). A poderosa mensagem do Evangelho comunica a vontade divina ao pregador e aos ouvintes, com vistas à sua salvação. O pregador do Evangelho discursa “em poder, e no Espírito Santo” (1Ts 1.5b). Em outras palavras, Deus discursa através de nós, usando-nos, como vasos de barro: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não da nossa parte” (2Co 4.7). • O que Romanos 15.3,19 tem a nos ensinar sobre o poder da mensagem que produz a fé? A plena convicção do pregador: atestado da veracidade da mensagem Paulo ensina que àquele que transmite o evangelho da salvação não pode faltar “plena convicção” (do grego pleroforia, “convicção”, “certeza absoluta”). Tal certeza envolve três aspectos, a saber: 1) A convicção de ter sido chamado por Deus para a tarefa a ser realizada, e a competência para fazê-la (2Ts 1.11,12). 2) A certeza de que a mensagem a ser apresentada é a verdade sobre a pessoa e a obra do Salvador (2Pe 1.16,17). 3) A convicção plena de que Deus é poderoso para cumprir cabalmente suas promessas (Ef 1.17-21; 3.20,21). Em 1Tessalonicenses 2.7, Paulo fala da transmissão do Evangelho com “brandura”1, ou seja, sem 1 Algumas versões trazem a palavra grega nepioi, traduzindo: “tornei-me criança no meio de vós”, mas brandura, do grego epioi, harmoniza melhor com o contexto. 42 Palavra e vida 4T14.indd 42 15/9/2014 14:29:52 • A afirmação divina a Paulo, “a minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Co 2.19) sugere que o poder e a convicção ministerial superam os limites da condição humana? Em que sentido? Quais as consequências disso? Conclusão Paulo nos deixou uma lição preciosa para que saibamos enfrentar os obstáculos à pregação do verdadeiro Evangelho: a pregação é um discurso divino (de onde provém o poder) e humano (de onde provém a convicção). Nesse sentido, podemos pensar em três maneiras de transmitir o Evangelho: primeiro, sejamos companheiros dos que pelejam pelo Evangelho, e isso significa apoiar física, emocional e espiritualmente; segundo, preguemos para encorajar e consolar, oferecendo com o ensino evangélico alívio para a alma consumida pelo pecado; e, por fim, com ternura e plena convicção do poder de Deus, preguemos para transformar o pecador, pela fé no Cristo de Deus (Lc 9.20). Para pensar e agir • De que maneira poderíamos ressignificar a oração que ilustra o primeiro parágrafo deste estudo? • Primeiro, pedindo a Deus que ilumine o entendimento do pregador para que ele não vá além do que diz a Palavra e acabe, assim, adulterando-a (2Co 4.2). • Segundo, pedindo a Deus que o pregador discurse sobre o Evangelho com coragem e ousadia (2Tm 1.7). • Por fim, que a mensagem tenha guarida nos corações, sendo aceita pela fé e praticada no dia a dia. Leituras Diárias aterrorizar nem forçar o pecador. Tudo indica que Paulo usava da conversação coloquial e da intimidade familiar. Indica, também, sabedoria para apresentar o Evangelho num ambiente de oposição. No versículo 8, Paulo faz um comentário interessante. Junto com o Evangelho que pregava, desejava comunicar sua alma: “Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade desejávamos comunicar-vos não somente o evangelho de Deus, mas ainda as nossas próprias almas”. Isso mostra claramente a conexão profunda entre a mensagem pregada e a mensagem vivida. Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Isaías 61.1-11 Romanos 1.8-16 Romanos 15.15-21 1Coríntios 2.1-13 Filemom 1.1-6 3João 1.1-8 1Tessalonicenses 1.4,5 43 Palavra e vida 4T14.indd 43 15/9/2014 14:29:52 Data do Estudo Licao 5 Texto Bíblico: 1Tessalonicenses 1.7-9 Imitadores do Senhor (modelos de fé) “V ocê é a cara de seu pai!” – Foi a frase que ouvi, orgulhoso, alguém dizer para meu filho Arthur Davis. Ainda que o olhar daquela pessoa dirigiase apenas para a aparência exterior, meu filho é bastante parecido comigo também nas atitudes. É sobre isso que Paulo fala em 1Tessalonicenses 1.6,7: o conceito de mímesis, do grego “miméomai” – imitar, seguir o exemplo de outrem. O exemplo maior dos cristãos é Jesus. Imitá-lo acarreta mudanças profundas na vida do salvo. Tais comportamentos serão o alvo da análise desta lição, em busca da igrejamodelo, à luz de 1Tessalonicenses 1.7-9. Uma igreja-modelo, mas não de beleza física Em 1Tessalonicenses, Paulo inicia o versículo 7 apresentando uma relação de consequência com o versículo anterior, ao usar a expressão grega “hoste” - “De sorte que...”, a qual poderia ser traduzida por “a ponto de” ou “de modo que”. Assim, ele destaca que por causa da proximidade daqueles cristãos com o exemplo de vida e ministério tanto de Paulo como de Jesus (v. 6), eles acabaram por se tornar também exemplos, modelos de fé diante do sofrimento (cf. 1Ts 2.14). A palavra grega, “typos”, traduz a ideia de uma marca, impressão, imagem, esquema, padrão moral, exemplo. Na Bíblia, algumas ocorrências da palavra “modelo” são esclarecedoras: • É a mesma palavra usada por Tomé, diante dos discípulos, pedindo para ver e tocar o “sinal” dos cravos no Cristo ressurreto (Jo 20.25). • Também, é a que traduz o “modelo”, o “esquema” dado por Deus a Moisés para a construção do tabernáculo (At 7.44). 44 Palavra e vida 4T14.indd 44 15/9/2014 14:29:52 • Em Romanos 6.17, Paulo a usa para traduzir a “forma” de doutrina ou ensino que corresponde à mensagem de salvação. • Ela também é usada para falar de seu próprio “exemplo” de vida deixado para os crentes de Filipos (Fp 3.17). • E, na segunda carta aos tessalonicenses, repete este argumento para os crentes dessa igreja: “...para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes” (2Ts 3.9). Desse modo, o apóstolo argumenta que imitar o Senhor Jesus é o resultado prático de quem recebeu, com alegria, a palavra da verdade do Evangelho. Tal atitude tem consequências positivas para o testemunho cristão. Ou seja, não se pode receber Jesus e agir da mesma maneira que antes, pois quem imita Cristo acaba por tornar-se modelo de fé (1Co 11.1; Hb 6.12). • Você consegue identificar algumas atitudes exemplares que embelezam o testemunho cristão em sua igreja? • Que lições podem ser tiradas da atitude dos discípulos imitarem o Mestre dos mestres, Jesus? Uma igreja-modelo, mas de impacto sociocultural Quem são aqueles a quem Paulo se refere na frase “...para todos os crentes na Macedônia e na Acaia”? Macedônia e Acaia (Grécia) formavam juntas uma província imperial (de 15 a.C. a 44 d.C). À época de Paulo, ambas eram províncias senatoriais. No ano 67 d.C, o imperador Nero declarou a Acaia livre. Aos habitantes dessas importantes regiões do império, os cristãos de Tessalônica ofereceram um testemunho modelar de fé. No texto da carta pastoral a Tito, Paulo desenvolve melhor a ideia de oferecer um “modelo” de vida, ao orientar seu discípulo e líder eclesiástico: “Em tudo te dá por exemplo de boas obras...” (Tt 2.7). É o mesmo que “colocar-se numa situação”, oferecer-se como um exemplo para os demais. Obras realizadas em nome de Jesus oferecem sólido testemunho (Mt 5.16), sendo da natureza do salvo agir assim. Cada cristão deve assumir esse compromisso pessoal diante dos homens (Ef 2.10; Tt 3.8). De acordo com a descrição de Paulo no versículo 8, o modelo oferecido pelos crentes é evangelizatório. Ele afirma que o Evangelho “ecoou para fora” (do grego “exekhetai”), ou seja, espalhou-se para além daquelas províncias. Paulo falava da divulgação da Palavra de Deus, mas, também, da repercussão da vida deles como forma de testemunho ao mundo romano: a vossa fé para com Deus se divulgou (aqui, também, exekhetai) “de tal maneira que já 45 Palavra e vida 4T14.indd 45 15/9/2014 14:29:55 dela não temos necessidade de falar coisa alguma” (v. 8c). O povo batista é amplamente conhecido pelo zelo missionário, o desejo de alcançar o mundo com a mensagem de salvação. Mas para realizar missões, o modo batista é o de apelar para a consciência pessoal de cada crente. São esses indivíduos autoconscientes e automotivados que promovem o avanço da igreja, coletivamente, com suas orações, ofertas e vidas. Se você é assim, tenha certeza de que motiva e incentiva muitos outros seguidores de Jesus a serem fiéis e produtivos no Reino. • Você consegue identificar exemplos do impacto social do evangelho em seu bairro ou associação? • Em 1Coríntios 1.30, Paulo afirma que Cristo é exemplo de sabedoria, justiça, santificação e redenção. De que maneira essas palavras são usadas para promover o comportamento cristão na sociedade, a fim de transformá-la? Uma igreja-modelo, mas de verdadeira conversão Paulo traz, em Tessalonicenses, uma palavra definitiva acerca da fé em Deus: crer em Deus é abandonar o mundo, renunciando o pecado como escolha de vida e se voltar para o Senhor. A fé verdadeira ocorre pela conversão: “vos convertestes a Deus” (v. 9). A palavra grega “epestrepsate” – convertestes – traduz “virar-se para”, “retornar”, “voltar”. Essa ruptura com o mundo pecaminoso tem caráter permanente, por causa da ação de Deus em guardar o crente na sua fé. É o que afirma o autor da epístola aos Hebreus. A carta aos Hebreus diz, acerca dos salvos, comparando seu comportamento com o dos apóstatas: “Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma” (Hb 10.39). Pedro também afirma a segurança do salvo, nas poderosas mãos do Senhor: “...sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo” (1Pe 1.5). Vez ou outra, por não saberem lidar com as tensões trazidas pela conversão, que exige renúncia, alguns cristãos tornam-se tendenciosos a dar às costas ao Evangelho da graça de Deus. Agiram assim alguns dentre os gálatas, por exemplo, como podemos ler em Gálatas 5.7-9. Nessas horas, vale muito o aconselhamento e uma atitude de acolhimento (Jd 1.22,23). Certamente, aquele que é verdadeiramente convertido sabe, melhor do que ninguém, de que não há melhor lugar para estar, durante a aflição, se não no centro da vontade de Deus: “Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos 46 Palavra e vida 4T14.indd 46 15/9/2014 14:29:56 • Você consegue dar mais exemplos bíblicos da segurança dos salvos? Conclusão É da natureza humana o ato de imitar, culturalmente, reproduzindo modelos que aparecem no dia a dia, principalmente nos tempos modernos, com a exposição na mídia. Bordões (frases inventadas por humoristas), gestos, vestimentas e estilos compõem o arsenal da imitação. Será que temos imitado pessoas dignas? Por outro lado, nós, filhos de Deus, temos oferecido ao mundo um exemplo de fé semelhante ao dos discípulos de Cristo? A igreja em Tessalônica o fez. Ela alcançou sucesso no que se refere a oferecer ao mundo um exemplo digno de conduta cristã. Para pensar e agir Algumas demonstrações de fé capazes de produzir imitação, no sentido positivo, são: • Firmeza doutrinária, diante do ceticismo natural deste século; • Confiança inabalável na providência divina, diante das aflições, aliada com a convicção de que o Senhor deseja e fará o melhor para os seus filhos; • Demonstrações de amor direcionadas aos inimigos, como o perdão, a oração e a benevolência; • Esforço missionário constante para levar a semente do Evangelho do Reino até os confins da terra. Deveríamos nos perguntar, constantemente, se precisamos de “muletas” para crer ou se nossa fé está firmemente enraizada numa disposição especial para com Deus: “vos convertestes... para servirdes ao Deus vivo e verdadeiro” (v. 9). Somente essa disposição para o serviço pode fazer com que nossa fé seja permanente. Ociosidade e fé não são palavras enunciadas numa mesma frase. Leituras Diárias sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” (Jd 1.20,21). Precisamos ajudar os fracos na fé a se levantarem em vez de prostraremse para reclamar. Além disso, precisamos ajudá-los a reconhecer suas faltas, o que lhes trará de volta o ânimo. Por fim, precisamos ajudá-los a assumir as responsabilidades e os compromissos espirituais dos salvos (ver Hebreus 12.5-13). Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo João 13.3-15 Filipenses 3.13-17 2Tessalonicenses 3.6-9 Tito 2.7,8 1Pedro 2.21-25 1Timóteo 1.16,17 1Tessalonicenses 1.6-8; 2.14 47 Palavra e vida 4T14.indd 47 15/9/2014 14:29:56 Data do Estudo Licao 6 Texto Bíblico: 1Tessalonicenses 1.9,10 A razão da segurança dos salvos N as primeiras décadas do cristianismo, as perseguições a discípulos de Cristo por governo e sociedade romanos e o antagonismo intencional do judaísmo testaram o caráter dos salvos. Em nossos dias, essa luta interior entre retroceder na fé ou perseverar pacientemente se deve às expectativas e motivações internas equivocadas em relação a Deus e sua vontade. Neste estudo, poderemos reavaliar nossa condição espiritual, com vistas a reafirmar o caráter permanente e qualitativo da salvação para nós conquistada por Cristo, “...a esperança da glória...” A leitura atenta dos versículos finais do primeiro capítulo de 1Tessalonicenses fortalece esse conceito teológico da segurança dos salvos. Aprendamos, pois, sobre as motivações internas do salvo em relação aos desdobramentos dos últimos tempos, com a volta de Cristo. Quem são os salvos? 1) Pessoas verdadeiramente convertidas O mundo do Novo Testamento transitava na religiosidade grecoromana e era sustentado pelo politeísmo – adoração a vários deuses (At 17.16). Esse sistema religioso de tendência idólatra foi adotado pelos habitantes de Tessalônica (1Ts 1.9). Paulo vê nesse comportamento o reflexo da ignorância, no sentido de desconhecimento (At 17.30), 48 Palavra e vida 4T14.indd 48 15/9/2014 14:29:56 e da pecaminosidade – produtos da inimizade entre o pecador e o verdadeiro Deus. A idolatria ocorre sob a influência da natureza carnal (Gl 5.17-21) e das hostes espirituais da maldade (Ef 6.12). A decisão de abandonar os ídolos e voltar-se para Deus era um grande desafio para os crentes de Tessalônica. Sua conversão significava, em termos práticos, a marginalidade. Por esta razão, Paulo descreve a conversão dos crentes de Tessalônica a Cristo como alguém bastante impressionado (1Ts 1.9,10). Tal conversão ou mudança de mentalidade resulta em expectativas presentes e futuras (Ef 5.5). James Denney1 afirma que essa conversão tem duas partes ou estágios: primeiro, o abandono da adoração aos ídolos, que significa dar as costas para toda a estrutura sócio-político-cultural de sua época; segundo, a pessoa convertida a Cristo adota uma atitude de esperança em relação à volta de seu Senhor. Gordon Fee2 prefere destacar três aspectos do evento: primeiro, o contraste entre o antes e o depois; segundo, a percepção que o salvo vive entre esta era e a vindoura, quando a salvação será efetivamente concluída; e terceiro, que o único responsável pela conversão do salvo é o Filho de Deus, ressurreto dentre os mortos. 1 DENNEY, James. The epistles to the tessalonians, London: Hodder and Stoughton, p. 53. 2 FEE, Gordon. Christology in the Thessalonian Correspondence, p. 39. A Palavra de Deus orienta o salvo para ir além da conversão-ato, a qual inclui o arrependimento e a regeneração. Deus deseja que os salvos vivam uma conversão-processo, ou seja, contínua (Rm 12.1,2). Infelizmente, a maioria dos crentes parece responder com atitudes secularizadas e se adequar à forma de viver do mundo. Não é à toa que se ouve muito, hoje em dia, sobre a necessidade de verdadeira conversão nas igrejas. Na verdade, fala-se do processo e não do ato em si. • Você está preparado para uma ruptura desse porte, ideológica e prática, no tocante à idolatria que reina no mundo? • Os “fã-clubes” de cantores e de pastores evangélicos são uma manifestação de idolatria? Por quê? 2) Pessoas continuamente esperançosas O sentimento da salvação não se restringe ao ato da conversão. Quem é salvo demonstra uma atitude esperançosa diante do mundo. Esse é um tema recorrente nos escritos de Paulo. Algum tempo depois da produção desta Carta aos Tessalonicenses, ele escreveu aos coríntios esclarecendo essa questão: “Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima” (1Co 15.19). O sentimento de infelicidade e desencanto diante da vida e do futuro, 49 Palavra e vida 4T14.indd 49 15/9/2014 14:29:59 característica dos tempos modernos, ao qual Paulo chama de “lástima”, torna a existência humana um pesado fardo. Isso é muito significativo, pois aponta para uma realidade um tanto paradoxal: as pessoas podem ter experiências agradáveis no âmbito do lazer, ser satisfeitos em suas necessidades e expectativas naturais, mas, ainda assim, sentirem-se incompletas. O motivo: falta-lhes a experiência com Deus, aquela que somente a fé em Cristo pode oferecer (Hb 11.6). A falta de expectativas presentes e futuras leva o homem ao desespero. E existe um desequilíbrio interno muito particular, no qual Paulo está interessado: o medo em relação ao destino eterno. Para o apóstolo, ter fé em Jesus é acreditar que ele “nos livra da ira vindoura” (1Ts 1.10c). Uma expectativa de condenação no juízo final tem produzido muitas respostas erradas na humanidade, como por exemplo, as religiões que ensinam a autojustificação e a “reencarnação”. Essas distorções do conceito bíblico de salvação pregam uma esperança enganosa. Segundo ensina a Palavra de Deus, o homem salvo está em paz e é caracterizado por uma esperança em seu futuro eterno, a partir da certeza da salvação recebida do próprio Deus, quando da fé em Cristo, esperança dos homens (1Pe 1.5-9). • Você já creu assim, como ensina a Palavra de Deus? • Você se sente confiante para aguardar o Senhor, no sentido de estar preparado para o dia do julgamento? 3) Pessoas marcantemente espirituais Em 2000, no livro QS – Inteligência Espiritual, Danah Zohar e o Dr. Ian Marshall demonstraram como funciona no cérebro este tipo de inteligência, cuja função é integrar a razão e a emoção. A inteligência espiritual aborda e soluciona problemas de sentido e valor, as questões acerca do bem e do mal, a compaixão e as mudanças de paradigmas. Paulo, por outro lado, é bem mais específico ao escrever sobre a experiência religiosa. Para ele, a fé que precisamos ter não se trata de “qualquer experiência de fé” ou de uma fé dirigida para um “deus de todas as religiões”. Trata-se da fé dirigida para a pessoa de Jesus Cristo ressuscitado, que vive em poder e glória, aguardando o momento de retornar para julgar o mundo. O apóstolo João corrobora com esta visão (1Jo 2.28). Uma importante marca da espiritualidade do salvo é o serviço consciente e voluntário a Cristo, enquanto aguarda sua volta (Tg 5.8). Paulo explica que ter fé em Deus é servi-lo em adoração (1Ts 5.23). Ora, nem gregos nem romanos poderiam sequer pensar na hipótese de “servirem” a Deus como indivíduos 50 Palavra e vida 4T14.indd 50 15/9/2014 14:29:59 • Você consegue perceber a diferença entre religião e espiritualidade? • Qual é a manifestação de espiritualidade que Deus espera do salvo? Conclusão Nesse estudo, vimos que o encontro eficaz com o Senhor Jesus, que salva o pecador, é o norte de todas as nossas ações como crentes e líderes de crentes, hoje. Também, reafirmamos uma certeza: não seremos desapontados em nossa esperança! São três as razões para a segurança do salvo: sua conversão à verdade, que o liberta da ignorância expressa na incapacidade de reconhecer o Filho de Deus (Jo 17.3; 8.32); sua viva esperança da salvação, pois não há possibilidade de perceber o sentido da vida sem dar-lhe a direção para a eternidade (Rm 5.5; Rm 8.21); e, por fim, sua espiritualidade na graça de Deus, na qual o salvo encontra perdão diário, consolo contínuo e paz, na pessoa de seu Filho Jesus Cristo. Para pensar e agir • Você tem procurado atuar, de modo firme e esperançoso, para que os outros tenham esperança de viver eternamente com Deus? Se sua resposta é positiva, sua fé tem sido eficaz para testemunhar a salvação recebida. • Aos olhos de Deus, somos todos sacerdotes, adoradores, prestandolhe a exclusiva adoração que só Ele merece. Infelizmente, nossa sociedade acompanha essa tendência idolátrica, inclusive, de personalidades religiosas mediadoras de graças especiais. Corremos o perigo de assumir antigos papéis equivocados, como os sacerdotes de mediação. Fica o alerta: ser salvo é ter Jesus como Mediador da paz, da esperança vital, da comunhão com o Pai, pois Ele é Deus. Ir a Ele é ir a Deus, diretamente (Hb 9.11-15). Você está fazendo a sua parte? Leituras Diárias comuns. Havia sacerdotes e profetisas cultuais para mediar essa relação com a divindade escolhida. Por isso, Paulo precisa pregar sobre Deus numa visão evidentemente judaica, chamando-o de “vivo e verdadeiro” (1Ts 1.9b), diferençando-o de todas as demais criaturas e seres existentes, como o único para o qual as criaturas podem dirigir sua fé, ou seja, servi-lo enquanto “esperam dos céus o seu Filho” (1Ts 1.10a). Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Joel 2.12,13 Efésios 2.1-10 Romanos 5.1-5 Romanos 8.1-14 Romanos 10.9-13 1Pedro 1.3-9 1Tessalonicenses 1.9,10 51 Palavra e vida 4T14.indd 51 15/9/2014 14:29:59 Data do Estudo Licao 7 Texto Bíblico: 1Tessalonicenses 2.1-9 Esforços vãos e esforços válidos na pregação E m que sentido a mensagem divina difere dos discursos religiosos em geral? Dia desses, assistindo ao replay de uma pregação religiosa na TV, assustei-me. Na preleção, o palestrante dizia ser “inaceitável” que Jesus tenha feito, em seu primeiro milagre, a transformação da água em vinho. Ao questionar o prodígio do Salvador, o pregador afirmava que Jesus deveria ter transformado as pessoas que ali estavam. Àquela altura, eu já sabia o que estava por vir... Ele ostentou que faria o que Jesus “não foi capaz” de fazer. Convidando as pessoas para virem até ele, disse que o milagre que faria não seria a prosperidade material dos ouvintes, mas a operação da transformação de suas “vidas miseráveis”. Soa megalomaníaco o discurso religioso atual. Em tempos do “templo de Salomão”, é inegável perceber duas coisas, em relação à transmissão do Evangelho: primeiro, os discursos religiosos sobre Deus e sua Igreja apelam para o materialismo, para a superstição e para a ostentação; segundo, a deturpação da mensagem evangélica torna vã a pregação. Exemplos não faltam! Portanto, aguçar a percepção dos cristãos para essas formas errôneas de transmissão da mensagem é primordial. A mensagem apostólica em xeque No jogo de xadrez, quando a peça principal do adversário, o Rei, é atacada, o jogador que faz o ataque deve dizer: “xeque” (do árabe sheikh, com origem no persa sha-h, significando rei ou soberano). O termo indica uma ameaça imediata de captura ao rei adversário. Quando 52 Palavra e vida 4T14.indd 52 15/9/2014 14:30:00 não há casa de escape ao rei, temos a situação final de xeque-mate para um dos oponentes. Em 1Tessalonicenses 2, Paulo desenvolve os argumentos em prol da seriedade da transmissão do Evangelho, o qual está sendo atacado por reconstruções equivocadas da mensagem apostólica. O Evangelho do Rei Jesus estava em xeque, corria o risco de ser deturpado. Pessoas com autoridade estavam projetando os próprios desejos nos seus ensinos e, assim, atrapalhando o crescimento espiritual e o conhecimento de Deus em Tessalônica. Ainda corremos esse risco, pois, como afirma Edgar Morin1 não há conhecimento que não esteja em algum modo marcado pelo erro e pela ilusão, por causa da multiplicidade de meios para perceber e conhecer um fenômeno. • Você consegue identificar pregações atuais que colocam em xeque a natureza e a veracidade do Evangelho? Quais? Compartilhe com a classe. Em busca de pregar o verdadeiro Evangelho O capítulo 2 de 1Tessalonicenses apresenta uma denúncia ao discurso religioso. Paulo era recém-chegado da cidade macedônica de Filipos. Ali havia encontrado uma jovem escrava, que 1 MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, Brasília, DF: UNESCO. 2003. tinha espírito de adivinhação, e que dava grande lucro aos seus senhores (At 16.17,18). Quando ela foi liberta pela mensagem cristã, deixando os negociantes da fé sem expectativas de lucro, os problemas do apóstolo se multiplicaram. Com certeza, numa cidade idólatra como Tessalônica, aquela situação se repetia. Pregadores aproveitavam-se da superstição dos tessalonicenses em troca de interesses econômicos. Vejamos como o contexto da missão apostólica de Paulo na Europa pode nos ajudar nessa apreensão de sentido sobre a pregação do verdadeiro Evangelho: Que nossos esforços não sejam vãos! Paulo diz que sua abordagem e aproximação da igreja em Tessalônica “não foi vã” (1Ts 2.1), ou seja, infrutífera, vazia de propósito e sentido. Por outro lado, podemos aferir que esta palavra caracteriza todas as reconstruções equivocadas do Evangelho que eram propostas pelos opositores do apóstolo Paulo. Paulo define um ensino vão ou infrutífero enumerando seis atitudes, depois de receber as informações do relatório de Timóteo acerca daquela congregação, no seguinte contexto (v.3-6): • Primeiro, é vã a pregação que tem origem em erro (do grego planes), isto é, na mentira e na falsidade. • Segundo, é vã a pregação que tem motivos impuros (do grego 53 Palavra e vida 4T14.indd 53 15/9/2014 14:30:09 • • • • akatharsia), isto é, se for motivada por uma intenção maldosa, maliciosa, geradora de uma vida de imoralidade e luxúria. Terceiro, é vã a pregação que se baseia no dolo ou fraude (do grego dolos). É a mesma palavra usada para descrever a acusação falsa a Jesus, com a finalidade de prendê-lo (Mt 26.4; Mc 14.1). Quarto, é vã a pregação que usa palavras que estão a serviço dos homens e não de Deus. Em Gálatas 2.5, Paulo explica que essas palavras são “lisonjeiras” (do grego kolakeias), isto é, têm a intenção de bajular os ouvintes. Paulo ressalta, em outra epístola, o perigo dessa situação de agradar aos homens: “Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1.10). Quinto, é vã a pregação que serve de pretexto (do grego prophasis) para saciar o apetite ganancioso e avaro (do grego, pleonexia). Por fim, é vã a pregação que busca a glória (do grego doxa) dos homens, isto é, honra, glamour, fama. Ao agir assim, fomenta-se a idolatria. • Pesquise exemplos dos esforços vãos identificados neste tópico e traga para compartilhar com a classe. Que nossos esforços sejam válidos! No versículo 3, Paulo define a pregação válida: ela serve como “exortação” (do grego paraklesis): “palavra de encorajamento, consolo”, mas, também, apelo à salvação, tal qual fazem os pregadores, hoje, no fim de suas mensagens. A pregação evangélica é uma exortação verdadeira “em Cristo”. Em Filipenses 2.1a, a expressão é traduzida como “conforto” (ARC). Em 1Tessalonicenses 2.7, Paulo fala da transmissão do Evangelho com “brandura”2, ou seja, sem aterrorizar nem forçar o pecador. Tudo indica que Paulo usava da conversação coloquial e da intimidade familiar. Indica, também, sabedoria para apresentar o Evangelho num ambiente de oposição. No versículo 8, Paulo faz um comentário interessante: junto com o Evangelho que pregava, desejava comunicar sua alma. Isso mostra, claramente, a conexão profunda entre a mensagem pregada e a mensagem vivida. Penso que está aí expressa a essência do trabalho pastoral de aconselhamento: comunicação de vida. Paulo não tem nenhum interesse obscuro ou oculto em sua pregação. Pelo contrário, ele apela para o testemunho de Deus, no tocante ao desinteresse econômico de sua pregação. Ele fez questão de ganhar seu próprio sustento, durante o mês em que ficou entre os tessalonicenses: 2 Algumas versões trazem a palavra grega nepioi, traduzindo: “tornei-me criança no meio de vós”, mas brandura, do grego epioi, harmoniza melhor com o contexto. 54 Palavra e vida 4T14.indd 54 15/9/2014 14:30:10 “Porque, vos recordais, irmãos, do nosso labor e fadiga; e de como, noite e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos proclamamos o evangelho de Deus” (2Ts 2.9). vida pessoal. Durante o tempo que passou ali, umas poucas semanas, o servo de Deus comissionado para pregar aos gentios não mediu esforços para levar avante a obra missionária. • Você consegue identificar exemplos de exortação e conforto espiritual na Bíblia? Compartilhe com a classe. Ainda hoje temos esses dois perigos para a transmissão do Evangelho: a lisonja e a ganância (1Ts 2.5). Lisonja, do grego kolakeias, é bajular, adular com baixeza. Ganância, do grego pleonexia, é a avareza e, também, o impor determinados tipos de comportamento espiritual, como o ato forçado de ofertar. Evitemos, portanto, que o discurso evangélico por nós produzido sirva ao infame processo de manipulação religiosa. Assim, nossa mensagem será útil ao Reino de Deus. O exemplo de Paulo deve nos servir de estímulo, principalmente se nossa labuta ministerial for caracterizada pelo amor e pela renúncia, pelo desejo de agradar àquele que nos convocou para a obra. Paulo esperava isso dos tessalonicenses, mas deixava seu exemplo de vida à disposição (1Ts 4.1). Façamos o mesmo! Uma das perdas mais comuns em relação aos esforços evangelísticos vãos é a imediata ausência de comunhão e consenso na igreja. Gundry3 informa que Paulo escreveu esta carta da cidade de Corinto, cuja igreja seria evidente exemplo de discórdia e divisões internas. Na carta que escreveu àqueles cristãos, Paulo foi taxativo em apelar para a concórdia e unidade na igreja. Viver fora dessa situação de unidade é viver na ilusão e no erro. Ao dizer que seu trabalho “não foi em vão”, Paulo insiste no poder agregador do Evangelho, que produz uma pequena comunidade de homens e mulheres regidos pela lei do amor, cujos corações são preenchidos pelo fervor religioso, pela presença da esperança, pela liberdade espiritual e fraternidade. Foi gratificante para o apóstolo que os cristãos de Tessalônica tenham reagido tão bem à sua pregação e 3 GUNDRY, Robert. Panorama do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, p. 300. Leituras Diárias Conclusão Para pensar e agir Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo 2Reis 17.13-15 Salmos 15.1-5 Atos 28.30,31 1Coríntios 9.24-27 Tito 1.10-14 2Coríntios 13.5-8 1Tessalonicenses 2.1-9 55 Palavra e vida 4T14.indd 55 15/9/2014 14:30:10 Data do Estudo Licao 8 Texto Bíblico: 1Tessalonicenses 2.10-12 A igreja sob os olhares externos D e um modo ou de outro, estamos sempre sob os olhares do mundo externo. Nem sempre nos damos conta desse “estado de vigilância social” e, por conta disso, às vezes agimos irrefletidamente. Dessa forma, com um mau testemunho, perdemos a oportunidade de expressar o verdadeiro significado do Evangelho que pregamos. Você sabia que o testemunho cristão é um dos traços que definem a missão da Igreja no mundo? Paulo sempre se mostrou atento à situação de estar sendo observado pelos novos crentes. Acerca de seu ministério, diz: “Vós e Deus sois testemunhas...” (1Ts 2.10a). Neste estudo, buscaremos compreender como podemos dar conta do “testemunho” cristão perante os olhares constantes de toda a sociedade. O “martírio” diário A palavra grega marturia (testemunho) e seus derivados são mais usadas nos escritos do apóstolo João e por Lucas, no livro de Atos1. Nas poucas vezes que 1 Conferir o artigo “Testemunha, testemunho” em BROWN, Colin (Ed.) O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, Vol. IV, p. 610-623. Paulo faz uso dela, relembra um evento específico e apela para o sentido jurídico do ato de dar testemunho. Eis alguns usos interessantes dessa expressão pelo apóstolo dos gentios: • Em Romanos 1.9, Filipenses 1.8 e 1Tessalonicenses 2.5, Paulo apela para Deus como “testemunha” (do grego, “martus”) da verdade de sua pregação, ao se defender das acusações de pregar por interesses escusos. • Paulo usa o verbo grego “marturo” (dou testemunho) em 2Coríntios 8.3, Gálatas 4.15 e Colossenses 4.13, no sentido de se oferecer como evidência da veracidade e confiabilidade das igrejas cristãs às quais pregou. • Paulo destaca a necessidade do “testemunho de boas obras” como pré-requisito para a inscrição de viúvas na ação social da igreja (1Tm 5.9,10) e, também, para exercício do pastorado (1Tm 3.7). Quando estamos certos de estar fazendo a vontade de Deus, permanecemos com a consciência tranquila de termos cumprido a missão recebida (2Co 1.12). Veremos, a seguir, 56 Palavra e vida 4T14.indd 56 15/9/2014 14:30:10 como se dá esse bom testemunho na sociedade. • Compartilhe com os demais alunos da classe algumas possibilidades diárias de testemunho cristão. O “martírio” da santidade Perante os olhares externos, a boa consciência de Paulo lhe diz que agiu de forma “...santa” (1Ts 2.10b). Entre os gregos, essa palavra representava aquilo que estava de acordo com a direção e providência divinas, com dois sentidos básicos, a saber: a. A descrição de uma pessoa no sentido de “piedosa”, “religiosa”. b. A descrição qualitativa de algumas ações, como é o caso de Paulo, neste versículo: agir de modo “puro”, “limpo” (vida santa, moral e espiritualmente). Em Tessalônica e na cultura grega em geral, reinava um comportamento de impureza moral e religiosa, por causa do paganismo e da idolatria. Quando chegou em Tessalônica, o apóstolo pregou a necessidade do afastamento dos ídolos e do serviço ao Deus Vivo e Verdadeiro, que é santo (1Ts 1.9). O fator que diferenciava Paulo dos pregadores de seu tempo é que estes não passavam pelo teste da vida piedosa. • Compartilhe com a classe suas descobertas acerca de duas declarações de Paulo aos Coríntios, no que se refere à condição do salvo (1Co 1.2; 6.11). O “martírio” da retidão Perante os olhares externos, a boa consciência de Paulo lhe diz que agiu de forma “...justa” (1Ts 2.10b). Segundo o costume grego, justiça era a palavra usada para significar “um modo civilizado de vida”2. Paulo também apela para o testemunho de justiça, ou seja, uma vida de retidão. Dessa forma, o testemunho da fé cristã alcança, também, uma dimensão política. Mas, no escopo de sua pregação, esta atitude está relacionada ao conhecimento de Deus, que é “justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3.25b). Na lição 11, aprofundaremos os aspectos da retidão que são implicados no comportamento “justo” citado por Paulo. • Comente a dimensão política do testemunho evangélico na declaração: “O evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens”. [Pacto de Lausanne] O “martírio” das relações sociais honestas e irrepreensíveis Perante os olhares externos, a boa consciência de Paulo lhe diz que agiu “... irrepreensivelmente” entre aqueles que evangelizou (1Ts 2.10c). É interessante notar que esse comportamento paulino antecede até 2 Conferir o artigo “Justiça” em BROWN, Colin (Ed.) O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, Vol IV, p. 527. 57 Palavra e vida 4T14.indd 57 15/9/2014 14:30:18 mesmo a sua conversão. Escrevendo aos filipenses, Paulo descreveu seu farisaísmo como “irrepreensível” no que se refere à justiça que está na Lei (Fp 3.6). Isso significa que Paulo era alguém fiel às suas crenças, aos ensinamentos que recebeu, desde a infância. Após sua conversão, o que mudou? Mudou sua perspectiva. Paulo não mais agia de acordo com um código escrito, com uma série de leis e normas religiosas de conduta. Tornouse seguidor fiel e irrepreensível de uma pessoa, o Salvador Jesus. Na Carta aos Tessalonicenses, Paulo expressou seu desejo de que os cristãos em Tessalônica fossem, também, “discípulos” irrepreensíveis. Ele usa a expressão em 1Tessalonicenses 3.13 e 5.23, com referência à condição inculpável do salvo, diante de Cristo, na sua volta. O termo equivale a dizer que palavras, gestos e atitudes cristãs não devem se contradizer. • Como podemos dar um testemunho irrepreensível na sociedade? Uma forma amorosa de ser 1) A forma amorosa com que Paulo orientava a igreja se expressa pela exortação (1Ts 2.12a). O termo parakaleo (exortar) significa “rogar”, “apelar insistentemente” e, também, aparece traduzida como “consolar” em 1Tessalonicenses 4.18. Exortar alguém com o consolo de Deus, isto é, das Escrituras e com a orientação do Santo Espírito, é uma poderosa forma de testemunho. Deus é o modelo do apóstolo. Escrevendo aos coríntios, ele bendiz ao Senhor, reconhecendo isso (2Co 1.3a,4). 2) A forma amorosa com que Paulo orientava a igreja se expressa pelo encorajamento (1Ts 2.12b). Em nossas versões da Bíblia, paramuthia é traduzida como “consolação”. Um exemplo bíblico do uso deste verbo pode ser encontrado em João 11.31, que relata os pêsames trazidos pelos judeus às irmãs do falecido Lázaro. Em Tessalonicenses, somos orientados a encorajar os desanimados (1Ts 5.14). Em termos médicos, podemos pensar em várias causas para o desânimo ou canseira: anemia, diabetes, distúrbios de tireoide, doenças cardíacas, entre outras. Mas Paulo fala aqui de uma apatia espiritual, que precisa ser tratada espiritualmente, por meio do encorajamento. Também podemos pensar em três causas muito comuns do desânimo espiritual: • comportamento pecaminoso continuado; • perseguição religiosa (1Ts 2.14; 2Ts 1.4); • estados depressivos da alma (que também podem ser casos de tratamento médico). O maior encorajamento que podemos oferecer aos desanimados é uma fé convicta, que demonstra firmeza no Senhor. Fé, nesse sentido, apresenta um componente relacional. 58 Palavra e vida 4T14.indd 58 15/9/2014 14:30:18 Conclusão No testemunho de Paulo, que estudamos aqui, destaca-se a forma carinhosa e paternal com que ele orientava os cristãos de Tessalônica: “vos tratávamos a cada um de vós, como um pai a seus filhos” (1Ts 2.11). Ele ensinou os primeiros líderes da igreja a fazerem o mesmo, pois a verdadeira essência do pastoreio é o convívio, a comunhão e o contato que demonstra apreço e consideração. O testemunho cristão é a forma mais eficiente de pregação do Evangelho. Agir em conformidade com o amor, a santidade e a justiça de Deus faz do crente uma pessoa produtiva, socialmente (1Tm 6.12). Precisamos agir de forma mais construtiva, encorajando os nossos familiares e amigos a conhecerem a única verdade que tem poder de libertar e transformar, rumo à felicidade: Jesus Cristo, nosso Senhor. Para pensar e agir Graças ao poder do Espírito de Deus, a mensagem cristã da santidade e da justiça recebe a aceitação do pecador. Transformado em discípulo, o cristão passa a adotar uma vida piedosa e devotada a Deus, pois essa é a característica da pessoa que se tornou uma nova criatura em Cristo (Ef 4.24). Você tem se esforçado por viver nesses padrões? O Evangelho nos oferece uma ética de princípios exigentes e abençoadores, que devemos segui-los fielmente. O testemunho do discípulo se resume na afirmação de que existe um modo digno de agir, em acordo com a vontade de Deus. Num mundo que relativiza a verdade, nenhuma afirmação é tão contundente quanto a finalidade de nos conduzirmos dignamente para com Deus, que nos chama para o seu Reino e glória (1Ts 2.12). Desse modo, o mundo verá Jesus em nosso viver! Você já ofereceu seu ombro amigo como apoio a alguém que estava necessitado, ou realizou um gesto de amor? Tem se preocupado com a santidade e a justiça de Deus? É assim que damos um testemunho evangélico de verdadeiro impacto! É assim que, quando olharem para nós, os homens glorificarão a Deus! (Mt 5.16; At 4.21). Leituras Diárias O próprio Paulo foi reanimado pela notícia de que os cristãos de Tessalônica mantiveram-se firmes no Senhor, apesar das perseguições sofridas (1Ts 3.7,8). O cristão convicto ora mais, com objetividade e maior intensidade (1Ts 3.10; 5.17,25). Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Salmos 1.1-6 Isaías 43.10-21 Atos 1.1-8 Colossenses 4.5,6 Hebreus 12.1-4 1Timóteo 6.11-16 1Tessalonicenses 2.10-12 59 Palavra e vida 4T14.indd 59 15/9/2014 14:30:19 Data do Estudo Licao 9 Texto Bíblico: 1Tessalonicenses 3.1-13 Desafios de um ministério local – Parte 1 T odas as igrejas surgidas da missão apostólica de Paulo no mundo gentílico enfrentaram muitos desafios, por causa do ambiente religioso externo, predominantemente pagão, e dos conflitos políticos e sociais que a nova fé trazia consigo. Paulo e seus cooperadores fazem das cartas instrumentos de orientação para essas novas comunidades. Essa característica particular dos escritos paulinos ressalta a importância das orientações bíblicas às igrejas, pois em muitos lugares do mundo, as comunidades cristãs ainda enfrentam desafios parecidos. Esta lição analisa o capítulo três de 1Tessalonicenses, buscando tornar o texto de Paulo significativo para os dias de hoje. Interessa-nos, também, aprender com a experiência do apóstolo naquela comunidade cristã, em particular. O contexto No relato de Atos 17.13-15, lemos que Paulo foi enviado a Atenas, quando pregava o Evangelho na região de Bereia, para fugir da perseguição movida pelos judeus de Tessalônica. Separando-se de Timóteo e Silas, Paulo deixou a instrução para que ambos se reunissem com ele em Atenas, o mais breve possível. Certamente, Timóteo cumpriu essa orientação, pois em 1Tessalonicenses 3.1,2 há o relato de que Paulo o enviou para saber notícias dos cristãos de Tessalônica e para trazer-lhe um relatório. A carta relata a revitalização da alegria do apóstolo por receber boas notícias (1Ts 3.6). O relatório dos desafios Os desafios enfrentados e vencidos pela Igreja de Tessalônica são de quatro ordens, a saber: o cuidado das ovelhas, o tratado de cooperação ministerial, a firmeza da fé diante das lutas espirituais e a natureza qualitativa do crescimento esperado por Cristo. Neste estudo, focalizaremos o cuidado das ovelhas, ou seja, a 60 Palavra e vida 4T14.indd 60 15/9/2014 14:30:19 atividade do pastoreio e mentoria espiritual. pastor e guia de nossas almas, Jesus (Mt 2.6; Jo 10.16; Hb 13.20). 1) Pastoreio e mentoria, sem celebrar a “menoridade” espiritual • Cite algumas expressões de cuidado e preocupação pastoral com as ovelhas, em ordem de importância. Motiva-nos profundamente ler sobre a preocupação de Paulo acerca da comunidade cristã de Tessalônica (1Ts 3.1,2). A esse cuidado, a Versão Almeida Revista e Atualizada (ARA) chama “pastoreio”. Nos dias atuais, têm-se usado a expressão “mentoria”, cujo significado básico é: “Uma experiência relacional na qual uma pessoa (mentor) investe em outra (pupilo) compartilhando os recursos dados por Deus”1. A existência do pastoreio e da mentoria na igreja é uma meta orientada por Jesus na iminência de sua crucificação, ao ordenar a Pedro: “Pastoreia as minhas ovelhas” (ARA - Jo 21.16). No livro de Atos, lemos sobre o pastoreio pelos líderes das igrejas: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue”(ARA – At 20.28). Essa atividade deve ser realizada sob uma perspectiva representativa. Logo, ao pastor/mentor não cabe “ter rebanho”, o qual pertence ao sumo 1 http://community.elevatorup.com/ yfci/youngleaders/assets/Mentoring_ Portuguese_2-6.pdf 2) Pastoreio e mentoria como tarefa de todos Há um fato, sobre o cuidado de um rebanho espiritual, que não se pode discutir: é impossível que uma pessoa (o pastor) consiga realizar sozinho uma tarefa tão complexa. Paulo sabia disso e, por isso, tinha cooperadores (Rm 16.3; Fp 4.3; Fm 1.24). Todavia, a grandiosidade da seara impõe a necessidade do pastoreio, pois as multidões continuam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor; os obreiros continuam sendo necessários à continuidade da obra (Mt 9.36-38). Dessa forma, deve a igreja tornar-se uma agência de pastoreio e mentoria. Nos dias atuais, ela tem feito isso com os esforços evangelísticos do discipulado, da implantação de pequenos grupos com ênfase nos relacionamentos saudáveis, da capelania, dos centros de recuperação e aconselhamento, dos grupos de pastoreio a famílias, das redes ministeriais, etc. • De que maneira os demais cristãos podem ajudar o pastor da igreja na tarefa do pastoreio? 61 Palavra e vida 4T14.indd 61 15/9/2014 14:31:24 3) Pastoreio e mentoria, sem coação e ditadura espiritual pastores de si mesmos e não do rebanho de Cristo (Jd 1.12). Um cuidado que se deve ter, no que se refere à mentoria espiritual, é a síndrome de dependência de uma “autoridade espiritual” humana, seja ela quem for. Refiro-me, com isso, ao apelo à maioridade espiritual de cada cristão que está expresso nos Princípios Batistas2 acerca do indivíduo, seu valor, sua competência e sua liberdade: • Cada indivíduo foi criado à imagem de Deus e, portanto, merece respeito e consideração como uma pessoa de valor e dignidade infinita. • Cada pessoa é competente e responsável perante Deus, nas próprias decisões e questões morais e religiosas. • Cada pessoa é livre perante Deus em todas as questões de consciência e tem o direito de abraçar ou rejeitar a religião, bem como de testemunhar sua fé religiosa, respeitando os direitos dos outros. Pastores e mentores que não respeitam esses princípios atuam por coação, movidos por ganância e interesses escusos: “pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade;” (ARA - 1Pe 5.2). São • Leia 1Timóteo 1 e responda: Você consegue identificar formas de coação e de ditadura espiritual em nossos dias? Quais? 2 http://www.batistas.com/index. php?option=com_content&view=article&id=16&Ite mid=16&limitsta 4) Pastoreio e mentoria das novas gerações Tanto pelo critério etário como pelo critério sociocultural, a definição de “jovem” coincide com “um ser em transição”, alguém marcadamente influenciado pela era atual, chamada pós-moderna, alguém buscando adaptar-se aos apelos impostos pela cultura dominante. Normalmente, devem os jovens “amadurecer”. Jovens que se tornaram “cristãos” não são etária e culturalmente diferentes dos demais. Vivem uma fase de transição, recebem a mesma pressão social e estão diante das mesmas dificuldades de adaptação e amadurecimento. O que difere um jovem cristão de um jovem não cristão é sua capacidade de discernir as coisas espirituais (1Co 2.15). Essa competência é uma capacidade alinhada com a eficácia da Palavra de Deus na vida de cada indivíduo (Hb 5.12-14). Assim, quaisquer passos para deixar a “meninice” espiritual têm a ver com o manuseio da Palavra de Deus pelo jovem cristão. 62 Palavra e vida 4T14.indd 62 15/9/2014 14:31:24 O pastoreio das novas gerações deve ser predominantemente marcado pelo manuseio das Escrituras, pela exortação (aconselhamento, conforto), de modo a tornar jovens em cristãos maduros o suficiente para ensinar a outros. • Identifique meios de a juventude cristã envolver-se com a Palavra de Deus de modo a amadurecer espiritualmente e compartilhe sua descoberta com demais participantes. Conclusão No site oficial de Missões Portas Abertas3, lemos: “Atualmente, mais de 100 milhões de cristãos são perseguidos por causa de sua fé em Jesus. Aqueles que seguem a Cristo enfrentam a oposição de seus governos, sociedades e até parentes em, pelo menos, 60 nações. Isso faz com que os cristãos sejam o grupo religioso mais perseguido do mundo. Em média, 100 indivíduos cristãos perdem sua vida a cada mês 3 https://www.portasabertas.org.br/main/1184196/ Classificacao2014_PortasAbertas_A4 em razão de sua fé em Jesus Cristo”. A frase mostra que os salvos por Cristo precisam de apoio espiritual para enfrentar suas lutas e tribulações diárias. Desse modo, entendemos que um ministério local é continuamente desafiado a ser efetivamente terapêutico, ou seja, cuidar do pastoreio atentando para o fato de que o crescimento espiritual é um processo contínuo que precisa de acompanhamento. Uma vez que a tarefa do pastoreio é impossível a um único homem, devem os cristãos cuidar uns dos outros, por meio do ensino, da exortação e da admoestação na Palavra do Senhor (1Co 12.25; Gl 6.2; Jd 1.20-23). Para pensar e agir Mentores efetivos são intencionais, relacionais, objetivos, honestos, exemplares, confiáveis, capacitadores e supridores. Como você se autoavalia, segundo esses critérios? Você consegue identificar formas de a igreja promover o ambiente de comunhão e edificação mútua que é proposto pelo pastoreio e pela mentoria espiritual? Quais? Leituras Diárias Paulo, escrevendo a Timóteo (1Tm 4.13), sugere àquele jovem três passos para a maturidade: 1. Aplica-te à leitura (da Palavra de Deus); 2. Aplica-te à exortação (na Palavra de Deus); 3. Aplica-te ao ensino (da Palavra de Deus). Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Deuteronômio 6.1-7 João 21.15-19 Mateus 9.35-38 Atos 16.1,2 1Timóteo 4.1-16 Judas 1.20-25 1Tessalonicenses 3.1-11 63 Palavra e vida 4T14.indd 63 15/9/2014 14:31:24 Data do Estudo Licao 10 Texto Bíblico: 1Tessalonicenses 3.1-13 Desafios de um ministério local – Parte 2 N esta lição, continuaremos a estudar os demais desafios enfrentados e vencidos pela Igreja em Tessalônica, os quais são: o espírito de cooperação ministerial, a firmeza da fé diante das lutas espirituais e a natureza qualitativa do crescimento esperado por Cristo. O relatório dos desafios – parte 2 1) Espírito de colaboração ministerial Paulo mostra todo o seu espírito de cooperação e humildade, ao enviar Timóteo para Tessalônica (1Ts 3.2a), pois ele estava longe dos crentes daquela cidade quando lhes escreveu. Sua carta mostra que ansiava pelo dia em que pudesse revê-los e orava por isso (1Ts 3.10,11), mas nem sua ausência física atrapalhou o avanço da obra missionária. Com efeito, trabalho algum subsiste quando um líder faz tudo sozinho. A obra na Província Romana da Macedônia cresceu por causa de cooperadores como Timóteo, e porque aqueles cristãos resolveram também cooperar (1Ts 3.8; 2Ts 3.4). Timóteo, nosso irmão Em primeiro lugar, Paulo descreve Timóteo como “nosso irmão...” (1Ts 3.2b), ou seja, tanto dele como dos amados tessalonicenses. Trata-se aqui da irmandade da fé e da labuta missionária. É dessa maneira que devemos encarar todos os que conosco se juntam na batalha espiritual (Jd 1.3). Dentre as características ideais dessa irmandade na comunidade cristã, podemos citar: o saber administrar aos outros os dons recebidos, conforme a multiforme graça de Deus (1Pe 4.10); o demonstrar a identidade fidedigna dos valores do Evangelho (1Co 4.1,2); e o agir movido pelo interesse comum (At 2.44). Timóteo, ministro/cooperador de Deus Em segundo lugar, Paulo descreve Timóteo como “...ministro de Deus, 64 Palavra e vida 4T14.indd 64 15/9/2014 14:31:25 e... cooperador no evangelho de Cristo” (1Ts 3.2c - ARC). Este jovem pastor se destaca numa longa lista de cooperadores do apóstolo, tais como Tíquico, Onésimo, Aristarco, Marcos, Justo, Demas, Lucas, Urbano, Epafrodito, Tito e Filemom (Cl 4.7-11; Fm 1.1,24; Rm 16.9; Fp 2.25; 2Co 8.23). Em 1Tessalonicences 3.2 (ARC), Paulo usa dois termos gregos importantes nessa descrição: diakonon (servo, o que executa um serviço comissionado; ministro ou pregador do Evangelho) e sunergon (companheiro de trabalho, associado, coadjutor)1. Para haver colaboração ministerial, são necessários, dentre outras realidades, as seguintes: • Sinergia Sinergia é somar forças, buscar integração entre as parte envolventes de uma organização, fazendo com que todos foquem no mesmo objetivo. Um cavalo Bretão mestiço chega a puxar, num implemento sem rodas, 700Kg sozinho. Um Bretão puro puxa cerca de 1.500kg e, num implemento com rodas, 1.000Kg e 4.000Kg. Mas dois deles juntos puxam mais do que a soma de cada um. Juntos, eles não somam, multiplicam! Que lições podem ser extraídas desse exemplo? Sua sinergia – o poder extra que resulta quando se trabalha 1 MOULTON, Harold K. (Ed.) The Analytical Greek Lexicon Revised, Michigan: Regency, p. 91, 388. junto; poder além do total do que cada indivíduo poderia contribuir. Um exemplo vivo no Novo Testamento é a família de Estéfanas e o casal Priscila e Áquila (1Co 16.15; Rm 16.3). • Delegação de responsabilidades A confiança que Paulo tinha em Timóteo era tanta, que ele fez uma referência elogiosa a respeito da integridade do amigo, quando escreveu aos Filipenses: “...Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado... bem sabeis qual a sua experiência, e que serviu comigo no evangelho, como filho ao pai” (Fp 2.20,22 – ARC). A fim de concretizar “o sonho de evangelizar e discipular cada pessoa em nosso país”2 e de bem usar as estratégias de crescimento da denominação para os próximos anos, precisaremos de ministérios locais compostos de cooperadores como Timóteo, de homens e mulheres que cuidem dos interesses do Reino e que repartam as responsabilidades da pregação, do ensino da Palavra de Deus, do discipulado e do amor cristão (Mt 28.18-20). • Parceria de propósito e de interesses Por incrível que possa parecer, a cooperação na obra de Deus não é o resultado da reunião de pessoas que 2 Revista “A Pátria para Cristo”, n° 263, p. 1, nas palavras do Diretor Executivo da Junta, Pr. Fernando Brandão. 65 Palavra e vida 4T14.indd 65 15/9/2014 14:31:26 adoram a Deus de uma mesma forma, nem dos que oram de uma maneira particular, nem daquelas pessoas que possuem uma visão doutrinária comum. A cooperação surge em torno de indivíduos que trabalham movidos por um mesmo interesse e propósito: servir, na frente de batalha, àquele que os arregimentou, Jesus Cristo (2Co 8.23). • Liste 3 (três) formas de cooperação ministerial e compartilhe com a classe. 2) Fé inabalável diante das lutas Outro desafio vencido pelos irmãos tessalonicenses foi a manutenção de uma fé firme diante das artimanhas do inimigo (1Ts 3.5). A principal preocupação de Paulo, ao enviar Timóteo, era a de não permitir que os cristãos em Tessalônica desanimassem diante das notícias graves – porém inevitáveis e previsíveis – das tribulações vividas pelo apóstolo (1Ts 3.3,4). Para realizar tal feito, ele orienta Timóteo a assumir diante da igreja duas atitudes ministeriais, que devem estar conjugadas com a ação do próprio Deus: • Confirmar (estabelecer, fortificar) os cristãos em toda a boa obra e boa palavra (Rm 16.25-27; At 18.23; 2Ts 2.17b; 3.3); • Consolar (animar, encorajar) os cristãos diante das duras provas da fé (2Ts 2.17a; 2Co 1.4) ou redobrar- lhes o ânimo depois de que os mesmos, tendo cometido um erro, venham a arrepender-se (2Co 2.7). A boa notícia dos campos missionários sempre renova o ânimo dos cooperadores de Deus (1Ts 3.6). Por isso, quando recebe o relatório de Timóteo, Paulo chega a dizer: “...ficamos consolados acerca de vós... pela vossa fé.” E, também: “Agora vivemos, se estais firmes no Senhor.” (1Ts 3.7,8). Portanto, se essas duas atitudes – confirmação e consolo na fé – forem promovidas pelos que conduzem o rebanho, certamente elas passarão a fomentar a edificação mútua na igreja: “Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente...” (1Ts 5.11a). • Compartilhe com a classe um momento em que você foi consolado e confirmado na fé, por causa do trabalho de amor de um(a) servo(a) de Deus. 3) Crescimento qualitativo Os tessalonicenses superaram também o desafio de adotar uma estratégia de crescimento numérico sincronizado com o crescimento e amadurecimento da comunidade, enquanto comunidade em si (1Ts 3.12). Sempre há espaço para o crescimento qualitativo do discípulo fiel. Por isso, Paulo deseja tanto reencontrar aqueles cristãos 66 Palavra e vida 4T14.indd 66 15/9/2014 14:31:26 Ministérios locais que evidenciam o crescimento qualitativo vão além da busca pela conversão dos perdidos a Cristo. Preocupam-se, também, com a contínua comunicação do Evangelho da graça de Deus, nos aspectos que clamam por mudança de vida (Fp 1.27; 2Tm 1.10) e por uma vivência de paz e alegria, no Espírito Santo (Rm 15.29; Ef 1.13). Ministérios locais que evidenciam o crescimento qualitativo fazem isso por meio do estudo sistemático e indutivo da Palavra, de forma contextualizada e com aplicação prática para o cotidiano de cada participante (1Co 4.17; Rm 12.7; 15.4; Tg 1.22). Entretanto, nesse tempo de revoluções tecnológicas e informacionais, vivemos uma grande alteração dos modos básicos de se interagir, relacionar, negociar e educar. Para resistir a este mundo, somente com uma visão clara de quem Deus é, de quem nós somos nEle, por meio da obra de nosso Senhor Jesus Cristo, e do que precisamos fazer para agradá-lo (Rm 12.1,2). • Você consegue pensar em outras formas de sincronizar o crescimento qualitativo do corpo de Cristo com o crescimento numérico? Quais? Para pensar e agir • Em tempos de individualismo e de isolamento social, o grande desafio da igreja local é persistir no sentimento de comunidade. Você se sente unido aos demais irmãos assim, comprometendo-se com o crescimento e o bem estar deles? • Ao ler Colossenses 3.16, somos ensinados a reclamar e murmurar do trabalho desenvolvido na igreja ou a compartilhar com os demais irmãos os aspectos positivos e consoladores do ministério? • Você costuma agradecer a Deus em oração pelos avanços alcançados? Ao agirmos assim, somos inundados pela certeza de sua provisão, além de testemunharmos ao mundo o seu amor gracioso. Leituras Diárias para suprir-lhes o que falta à sua fé (1Ts 3.10b). São propostas de crescimento qualitativo para a igreja em Tessalônica, particularmente: a. O crescimento em amor uns para com os outros como o grande propósito da vida eclesiástica e evangelística (1Ts 3.12). b. A santificação progressiva que fortalece a esperança diante da vinda do Salvador (1Ts 3.13). Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Mateus 28.18-20 2Timóteo 2.1-11 Romanos 16.1-12 Filipenses 2.20-22 2Pedro 1.1-8 Romanos 12.1,2 1Tessalonicenses 3.12,13 67 Palavra e vida 4T14.indd 67 15/9/2014 14:31:26 Data do Estudo Licao 11 Texto Bíblico: 1Tessalonicenses 4.1-12 Importa agradar a Deus! C erta vez fui procurado por um jovem que tinha uma dúvida muito intrigante. Ao se aproximar de mim, um tanto afoito, fez-me a seguinte pergunta: – Pastor, como é que eu posso saber a diferença entre o que é necessário e o que supérfluo, no que se refere à minha atuação no Reino de Deus? A preocupação do rapaz, naquele momento, era não perder tempo e não dispender energia inutilmente. O texto que me veio à mente foi “...Mais importa (é necessário!) obedecer a Deus do que aos homens.” (At 5.29b). Então, sugeri três tarefas de pesquisa àquele jovem: 1) que procurasse numa concordância (chave) bíblica a palavra “importa” (é necessário!); 2) que fizesse o arranjo das alternativas do comportamento esperado, eliminando as repetições; 3) e que me trouxesse o resultado. Passadas umas duas semanas, com um enorme sorriso, ele apresentou o fruto do seu labor intelectual: • “Importa que o evangelho seja pregado” (Mc 13.10) – uma orientação de Jesus aos discípulos sobre os últimos tempos. • “Importa que em mim se cumpra aquilo que está escrito” (Lc 22.37) – uma explicação de Jesus sobre a obra da cruz que estava por vir. • “...importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24). – um apelo à verdadeira adoração a Deus. • “...importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações...” (1Pe 1.6) – uma lembrança do papel didático da prova da fé. Àquela altura, era eu quem sorria abertamente. Então, disse-lhe: – Hoje, você me mostrou que não perde tempo e não dispende energias inutilmente, fazendo o que agrada a Deus. Você é um jovem bemaventurado. No capítulo 4 da Primeira Carta aos Tessalonicenses, Paulo faz essa mesma proposta àqueles cristãos. Diz-lhes, abertamente: “Importa que 68 Palavra e vida 4T14.indd 68 15/9/2014 14:31:27 vocês agradem a Deus!” (paráfrase do versículo 1). A exortação à vida santa ocorre em oposição ao paganismo idólatra em torno do qual viviam as comunidades cristãs gentílicas na Macedônia (Filipos e Tessalônica, por exemplo) e na Acaia (Corinto). Assim, neste estudo, abordaremos os conselhos paulinos acerca do que é necessário e do que é imprescindível fazer para alegrar o coração de Deus. A recomendação da abertura, em 1Tessalonicenses 4, sugere um tom de urgência. O cristão que deseja progredir em sua vida espiritual precisa aperfeiçoar-se a cada dia. Tal aperfeiçoamento trata especificamente de um dever sagrado: a santificação pessoal. 1. Santificação, a celebração da diferença O Aperfeiçoamento na santidade • Você passou pela experiência do novo nascimento? Que diferenças são notórias em seu viver e que testificam a mudança da sua nova criação em Cristo? Compartilhe sua resposta com a classe. A santidade é um atributo moral absoluto da perfeição de Deus, que Ele compartilha conosco, e que deve ocorrer no ato da adoração (Êx 15.11,13; 1Cr 16.29; Sl 96.9). Também, em virtude de sua perfeição, o Deus Santo aborrece o pecado e exige pureza moral de suas criaturas (Lv 20.7; Js 3.5). No Novo Testamento, o aperfeiçoamento produzido pelo Espírito Santo de Deus nos salvos é chamado de santificação (Rm 6.22; 2Co 7.1) Mas o que é santificação e como ocorre? Podemos pensar numa dupla definição que pode ajudar na compreensão de como o Deus Santo nos aperfeiçoa. Em primeiro lugar, convém destacar que a santificação revela um resultado já ocorrido na vida do cristão. Assim, lemos sobre os cristãos de Corinto, que são descritos por Paulo como “santificados em Cristo Jesus” (1Co 1.2), isto é, gente diferente, que foi “lavada, santificada e justificada em nome do Senhor” (1Co 6.11). Esse novo estado de ser, que o Novo Testamento chama de “nova criatura”, “novo homem” torna a santificação não apenas um ato possível, mas uma contínua celebração a Deus que reflete o caráter da salvação em si (2Co 5.17; Ef 4.24). 2. Santificação, a celebração da vontade de Deus (v.2-7) Em segundo lugar, a santificação tem um caráter presente, imperativo e progressivo. Neste sentido, santificação é a celebração da vontade de Deus sobre a nossa própria vontade (Ef 6.6). Em 1Tessalonicenses 4.3, Paulo instrui a igreja sobre a vontade de Deus. Sabe qual é? “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa 69 Palavra e vida 4T14.indd 69 15/9/2014 14:31:28 santificação...” Nosso Senhor e Salvador Jesus, em sua oração intercessória (Jo 17), identifica este processo como o andar na verdade expressa pela Palavra de Deus (v.17). Paulo corrobora, ao dizer: “...vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado da parte do Senhor Jesus” (1Ts 4.2). Deviam, agora, persistir na fé (1Ts 1.9; 4.1). • Paulo diz que fomos chamados para a santificação e que não buscar esse aperfeiçoamento é o mesmo que desprezar a Deus (1Ts 4.8). Você concorda? Por quê? Paulo escreveu aos Romanos: “Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” (8.8). A palavra “carne” sugere o apetite da natureza humana para pecar, desobedecer a Deus, ou seja, o desviar-se propositadamente de sua vontade santa. Em 1Tessalonicences 4, Paulo repele a antítese do viver santo, que é a prostituição (do grego porneia: imoralidade). Refere-se à licenciosidade e ao comportamento sexual promíscuo que os gentios idólatras consideravam como algo natural. Essa lembrança vale para nós, que vivemos num mundo perverso e impuro (1Jo 5.19). Paulo faz uma aplicação prática da doutrina: a questão do autocontrole na conduta sexual, seja na vida daquele que é solteiro, seja na vida de quem é casado. Podemos pensar em dois aspectos da santificação progressiva, de acordo com o texto de 1Tessalonicenses 4, a saber: 2.1. Em relação à pureza na adoração O culto ao Senhor deve ser santo. Portanto, quem deseja agradar a Deus deve buscar adorá-lo em santidade e honra, pois Ele abomina o culto impuro e não suporta que os que o adoram o façam com iniquidade associada ao ajuntamento solene (2Tm 2.21; Is 1.13). Uma característica dessa falsa adoração é o desvio doutrinário, pois a adoração deve ser verdadeira e refletir o conhecimento do Salvador (Jr 26.2; Mt 15.9; Jo 4.22-24). A igreja em Tessalônica passou nesse teste, com louvor. A idolatria que acompanhava os rituais pagãos foi deixada para trás, corajosamente. • Você consegue identificar, no culto, formas e comportamentos que desobedecem ao apelo à santidade na adoração? Quais? Compartilhe com a classe. 2.2. Em relação à pureza moral Diga “não” à concupiscência O controle dos desejos carnais é a base para a pureza sexual dos não casados e para a santidade do casamento (Rm 6.12,13). 70 Palavra e vida 4T14.indd 70 15/9/2014 14:31:28 No caso de uma pessoa solteira, a orientação que cabe é “não andar na paixão da concupiscência”. A força destrutiva do desejo lascivo escraviza o intelecto, os sentimentos e a vontade (Jo 8.34). Muitos sãos os jovens, cristãos e não cristãos, que estão viciados em pornografia e que desonram seus corpos vivendo em dissolução e impureza (2Pe 2.10). Não cabe ao jovem cristão esse comportamento pecaminoso, e sim o viver puro e casto, aguardando o casamento para consumar suas relações sexuais (1Pe 2.11; 4.2; Tt 2.12). No caso de uma pessoa casada, “possuir o seu vaso com santificação e honra” é o apelo bíblico de Hebreus 13.4: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.” E também, a mensagem de Tiago 4.4. • Compartilhe com a classe algumas sugestões de como incentivar a santidade do corpo por uma pessoa solteira e algumas formas de santificar o casamento. O aperfeiçoamento na santificação resulta numa maior qualidade de vida, onde o amor mútuo cresce exponencialmente e a maturidade espiritual se evidencia a cada dia (1Ts 4.9,10; ). O resultado final do esforço de santificação é a glorificação do salvo, na eternidade, pois “...tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo 2.16,17). Para pensar e agir • Temos agradado a Deus com nossa conduta? • Demonstramos que somos de Cristo, pelo ato contínuo de crucificarmos a carne com as suas paixões e concupiscências? • Façamos da oração a Deus um hábito, pedindo-lhe que confirme a cada dia em nossos corações a fé em Cristo, para que, naquele dia sejamos achados irrepreensíveis em santidade, diante dele (1Ts 3.13). Deus espera que possamos progredir no caráter cristão. Essa santificação é o revestimento de Cristo, a nova roupagem do salvo, na qual este exerce o autocontrole da carne e suas concupiscências (Rm 13.14). Leituras Diárias Conclusão Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Levítico 11.44,45 Isaías 6.1-8 Salmos 40.8-10 João 4.22-24 Colossenses 3.5-11 Hebreus 13.20,21 1Tessalonicenses 4.1-12 71 Palavra e vida 4T14.indd 71 15/9/2014 14:31:29 Data do Estudo Licao 12 Texto Bíblico: 1Tessalonicenses 4.13-5.10 Preparados para a vinda do Senhor N esta seção da epístola, Paulo escreve sobre a “parousia”, isto é, a vinda salvífica de Jesus ou sua “segunda vinda”. O assunto pertence à categoria dos temas escatológicos, relativos ao fim dos tempos. A dúvida daqueles cristãos é razoável, por causa da imensa diferença de significado que o termo possui nas culturas grega e judaica. No helenismo, o termo “parousia” designava a chegada e presença solene de um governante, um exército ou uma divindade. Na comunidade judaica, por sua vez, as ideias acerca da “vinda de Deus” e do “Dia do Senhor” são comuns na literatura apocalíptica, com a expectativa da intervenção na história, com o intuito de julgar e criar novo céu e nova terra (ver, por exemplo, Daniel 7.27).1 1 1 - WALDENFELS, Hans (Ed.) Léxico das Religiões. Petrópolis: Vozes, 1998, p. 418,419. O que acontece com os que morrem? Como será no retorno de Cristo? Que papéis a igreja e os anjos irão desempenhar? Essas e outras questões serão abordadas neste estudo, que trata da confiança que o cristão deve ter diante da iminência do fim dos tempos e das épocas. Uma questão vital Os discípulos de Jesus, o apóstolo Paulo e todas as comunidades cristãs do primeiro século viviam na crença da iminente vinda do Senhor (Rm 13.11; 1Co 16.22b; Ap 22.12). Os sinais dos tempos estavam à sua volta (Lc 21.9-11,28). Essa expectativa os sustentava nas tribulações, nas aflições e nas perseguições que eram movidas contra eles, tanto pela comunidade judaica como pelo governo romano (Lc 21.12; 1Pe 1.6,7). Também, os cristãos que aguardavam o Salvador eram continuamente encorajados e 72 Palavra e vida 4T14.indd 72 15/9/2014 14:31:29 revigorados em seu espírito (Ap 22.16,17). O problema ao qual Paulo se reportava foi agravado diante da demora no cumprimento da “parousia”. Os cristãos em Tessalônica estavam vivendo uma crise cronológica. De fato, imediatismo não combina com fé. Alguns deles tinham até deixado de trabalhar, pensando que a iminência da volta de Cristo os dispensaria de tal atividade produtiva (1Ts 4.11). Em nosso entender, a expectativa escatológica tem duas vertentes importantes, de acordo com a instrução de Paulo: forçar o estado de vigilância e de sobriedade e apurar os sentidos espirituais para a melhor leitura dos acontecimentos mundiais. É isso que a imagem do “ladrão de noite” sugere (1Ts 5.2,6). Além disso, a demora do Salvador em vir corresponde à oportunidade de salvação que o Senhor vai dando aos pecadores, pois é agora o tempo favorável! (2Co 6.2). Será essa uma questão vital para a Igreja hoje? É uma pergunta difícil de responder... Parece que estamos “confortáveis” demais em vez de “confortados” pela convicção de que o Salvador voltará para nos buscar e para proceder ao julgamento final. Portanto, enquanto isso não ocorre, devemos assumir a nossa missão no mundo (Jo 3.34; At 4.20). • Qual é, em sua opinião, a tendência geral em relação à volta de Cristo? Indiferença? Medo? Confiança? Urgência? Compartilhe sua resposta. A ordem dos eventos Na segunda Carta que escreveu aos Tessalonicenses, Paulo afirma uma ordem geral dos eventos do fim. Primeiro, ele fala da manifestação do Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder. Depois, o apóstolo evoca o julgamento divino e fala da “vingança do nosso Deus” contra os incrédulos, que serão castigados no estado de perdição eterna. Por fim, Paulo fala de Jesus, o Messias, glorificado nos seus santos (2Ts 1.7-10). Essa projeção não apresenta maiores dificuldades, como é o caso de outros temas mais debatidos, tais como: 1) a questão do milênio, que, de acordo com o apóstolo João, seguir-se-á à vinda do Messias e precederá a ressurreição dos ímpios (Ap 20.4-6); 2) o aparato da apostasia pairando sobre os inconstantes, colocando-os em perigo, e a identificação das figuras iníquas que surgem em busca de assumir o lugar de Deus (2Ts 2.3,4). Esses e tantos outros elementos escatológicos presentes nos escritos do Novo Testamento, como a figura do anticristo e do falso profeta, a batalha final, o aprisionamento de Satanás, etc., alimentam muita discussão, mas fogem ao escopo deste estudo, pois não nos cabe aqui apresentar todas 73 Palavra e vida 4T14.indd 73 15/9/2014 14:31:30 as teorias acerca dessa área teológica cercada de muita complexidade. Ao nos reportarmos à Primeira Carta aos Tessalonicenses, focalizamos Paulo falando sobre o fim, específica e sequencialmente, mas acerca dos salvos: 1) ele afirma a futura ressurreição daqueles que morreram em Cristo, ou seja, crendo nele (1Ts 4.16); 2) descreve o arrebatamento dos que estiverem vivos durante a vinda de Cristo, pela instrumentalidade dos anjos, depois da ressurreição, para se encontrarem com o Senhor nas nuvens (1Ts 4.17a); 3) por fim, destaca o estado final e eterno da bênção de morar com o Senhor (1Ts 4.17b). Em ambos os textos, Paulo preocupava-se em apresentar garantias divinas para os tempos penosos do fim. Ao afirmar a certeza da ressurreição, ao apelar para a firmeza da identidade cristã que resulta dessa esperança, ele preparava as igrejas para o advento do retorno de Cristo. • Você se sente preparado para enfrentar o juízo que segue a vinda do Salvador? Por quê? Compartilhe sua resposta. A esperançosa mensagem da ressurreição A ressurreição é um dos temas cruciais da pregação evangélica (Jo 11.25,26; At 4.33; 1Pe 1.3,21). É do interesse de Paulo ressaltar aos cristãos de Tessalônica que Deus não é Deus de mortos, mas de vivos. Logo, é pela ressurreição que Cristo assenhoreia-se da morte e antecipa a certeza de nossa ressurreição com Ele, na sua vinda (1Ts 4.14; Cl 1.18; Rm 6.5). Daniel 12.2 explica que o estado dessa ressurreição é corpóreo, tanto para ímpios como para justos, mas afirma a Escritura também que esse corpo ressurreto será imortal e incorruptível (1Co 15.42; Lc 20.36). A finalidade da ressurreição é enfrentar o juízo divino. Assim, ela tanto pode ser ressurreição da (para a) vida, como ressurreição da (para a) condenação, dependendo da escolha que o homem faz no presente, entre crer e descrer no Salvador (Jo 11.25). • Leia Tito 2.13 e responda à seguinte reflexão: “Vivemos em esperança por causa da fé que aponta para a vida eterna”. Quais os resultados práticos dessa certeza em seu viver? Nossa identidade na luz, à luz de Cristo Paulo afirma aos cristãos de Tessalônica: os que “dormiram em Cristo” não estão perdidos! Nessa frase, encontramos conforto, afinal, nós não esperamos em Cristo apenas para esta vida. Não estamos em trevas nem seremos surpreendidos durante a sua vinda. Naquele grande dia, nossa identidade espiritual nos distinguirá: 74 Palavra e vida 4T14.indd 74 15/9/2014 14:31:31 • Quais as marcas que identificam o cristão como um “filho da luz” e um “filho do dia”? Compartilhe sua resposta. Conclusão A seção final do capítulo 4 e os primeiros onze versículos do capítulo 5 não podem ser separados. Ambos tratam de uma questão vital acerca “dos que já dormem” (ou seja, morreram) e sobre o fim dos tempos. Ambos buscam consolar aqueles irmãos ora abatidos em sua esperança, ora duvidosos do destino seguro daqueles que morreram em Cristo (1Ts 4.13; 5.1). Fato é que a vinda de Cristo transformará o mundo definitivamente. Nesse tempo, que somente Deus conhece e cuja duração somente a Ele pertence, será consumada a obra da salvação de uma vez por todas. Pela ressurreição, que já é certeza para aqueles que conhecem o Filho de Deus e o seu poder, seremos conformados com Ele (Fp 3.10; 2Tm 2.18). Os que estiverem vivos durante a vinda de Cristo serão conduzidos pelos anjos para o encontro com Ele nos ares (arrebatamento). Será um momento glorioso e de muita alegria. Para pensar e agir Dois conselhos úteis, em relação à vinda de Cristo: a. Não devemos perder nenhuma oportunidade de proclamar a salvação, pois é por meio da missão da Igreja que o Senhor mostra sua longanimidade e seu amor compassivo. Deus quer salvar todos os homens. Façamos nossa parte enquanto aguardamos dos céus o nosso Senhor e Salvador Jesus. b. Demonstremos confiança diante da vinda do Senhor, entendendo que a iminência desse evento, demonstrada pelos sinais dos tempos, não é necessariamente um futuro imediatista. Assim, “vistamonos da couraça da fé e do amor, tendo por capacete a esperança da salvação”, estando preparados para aquele grande dia (1Ts 5.8). Leituras Diárias “porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia” (1Ts 5.5a). Enquanto esperamos fielmente pelo nosso Salvador, devemos demonstrar sobriedade. Falamos não apenas da abstinência do álcool, que leva à embriaguez e à dependência química, mas do desafio da temperança e da introspecção diante das ofertas mundanas que tentam nos afastar do nosso Senhor. Não nos deixemos embriagar (figurativamente) por nada! Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Mateus 24.3-27 2Tessalonicenses 1.7-10 2Tessalonicenses 2.1-12 1Coríntios 15.12-26 2Pedro 3.7-10 1Tessalonicenses 4.13-18 1Tessalonicenses 5.1-10 75 Palavra e vida 4T14.indd 75 15/9/2014 14:31:31 Data do Estudo Licao 13 Texto Bíblico: 1Tessalonicenses 5.11-28 Sob a bênção divina N a minha adolescência, lá pela década de 80, fiz uma pesquisa escolar sobre a cidade paulista de Cubatão que, àquela época, era apontada pela ONU como a cidade mais poluída do mundo, o “Vale da Morte”. Dados da CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo) revelam que, a cada mês, 30 mil toneladas de poluentes eram lançadas no ar da cidade. Por causa da poluição, peixes e pássaros sumiram de Cubatão, pois não havia condições naturais para sobreviverem e nem para se reproduzirem. Na década seguinte, durante a Eco 92, por ter seguido um planejamento rigoroso para se recuperar daquela catástrofe ambiental, Cubatão foi apontada pela ONU como símbolo de recuperação do meio ambiente, tendo 98% do nível dos poluentes controlados. Hoje, pode-se dizer que a cidade está livre da poluição.1 O exemplo acima ilustra bem o que é viver alheio à bênção divina, 1 http://www.pensamentoverde.com.br/atitude/ historia-poluicao-cubatao-cidade-deixou-vale-morte/ pois quando a “poluição” do pecado fica sem o controle da disciplina espiritual, há consequências graves para o ambiente sócio-religioso da igreja. Entretanto, sob a graça divina, os pecadores são recuperados e o Espírito Santo passa a planejar com eles o passo a passo dessa nova condição. Neste estudo, abordaremos esse passo a passo, ao estudarmos as exortações práticas finais de 1Tessalonicenses, esse documento cristão que é considerado um dos primeiros escritos do Novo Testamento dirigidos à Igreja. Nele, Paulo orienta que o seu conteúdo “seja lido” diante de todos (1Ts 5.27). Assim, cada um dos cristãos poderia pautar sua vida pela ética da vontade divina, tanto nos relacionamentos espirituais verticais (com o Sagrado) como nos horizontais (com as demais pessoas). Sem dúvida, os estudos deste trimestre revelam que os cristãos de Tessalônica foram abençoados por sua obediência, pois Paulo considerou aquela igreja sua glória e gozo no trabalho ministerial (1Ts 2.20). 76 Palavra e vida 4T14.indd 76 15/9/2014 14:59:55 Quem pode viver sob a bênção divina? A vida sob a bênção divina apresenta as seguintes realidades, dispostas no texto em tom imperativo: 1) A igreja que manifesta um espírito de amor e cooperação entre líder e liderados (1Ts 5.12,13a) No capítulo 5, Paulo usa a figura de uma construção, a “edificação” (v. 11). Para ele, o começo dessa casa viva, que é a Igreja, depende da relação sadia entre os que presidem (governam, atuam na liderança) “em Cristo” e os que “em Cristo” são por estes instruídos. “Em Cristo” é a chave da bênção. Assim, a Igreja sob a bênção “sabe” (identifica, reconhece) facilmente quando um líder age à semelhança de Paulo: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.” (1Co 2.2). O resultado desse reconhecimento é a grande estima e o amor dedicado por ela aos que atuam na liderança da obra de Deus. • Como você tem tratado aqueles que Deus colocou na liderança de sua igreja? 2) A igreja que promove um ambiente de harmonia e paz (1Ts 5.13b) Outra ordem de Paulo à igreja sob a bênção é “Vivei em paz uns com os outros” (v. 13b). Este é um resultado natural, pois o abençoador é o “Deus de amor e de paz” (2Co 13.11). A paz compõe o fruto do Espírito (Gl 5.22) e atua como guardiã da saúde emocional da Igreja (Fp 4.7). O Evangelho de Marcos relaciona esse estado de harmonia com o dever cristão de salgar o mundo (Mc 9.50). Logo, reconciliação e perdão mútuos seguem a proposta da paz. Uma figura interessante dessa tarefa espiritual é a de uma semeadura: “Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.” (Tg 3.18). • Identifique os “frutos de justiça” trazidos pela semeadura da paz de Cristo. Compartilhe suas descobertas com a classe. 3) A igreja que exerce a disciplina cristã do amor (1Ts 5.14,15) A igreja sob a bênção divina há de ser menos “religiosa” e mais “graciosa”. Referimo-nos, evidentemente, ao exercício da disciplina com as orientações de 1Tessalonicenses 5.14: • Admoestar os que estão “fora da ordem”; • Consolar os desanimados; • Sustentar os fracos na fé: • Ser longânimes e pacientes. A meta é atacar a fonte desses problemas e não simplesmente operar “cirurgicamente” (a exclusão). O ambiente abençoador celebra a recuperação e a segunda chance; e é lindo de ver Deus agindo assim, como fez com o notável apóstolo dos 77 Palavra e vida 4T14.indd 77 15/9/2014 15:00:13 gentios. De fato, Paulo escrevia com conhecimento de causa (Ef 3.7,8). • Você conhece alguém que foi recuperado para o convívio da Igreja por causa de uma disposição mais graciosa e menos legalista? Compartilhe essa história. 4) A igreja que emana a alegria de Deus (1Ts 5.16) ministeriais alegres vividas por você, que resultaram no seu fortalecimento espiritual. 5) A igreja que ora incessantemente (1Ts 5.17,18) Kierkegaard disse: “A função da oração não é influenciar Deus, mas especialmente mudar a natureza daquele que ora”. Oração é, então, diálogo transformador, não um monólogo interesseiro. Uma igreja que vive sob a bênção divina deve fazer da oração um hábito coletivo, com as propostas seguintes, dentre outras: • Orar para agradecer pela vida recebida do Pai (Sl 100.4); • Orar para interceder por outras pessoas e pelo trabalho ministerial (1Ts 3.10; Cl 1.3; 4.3); • Orar para pedir a Deus que nos encha “do conhecimento de sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual” (Cl 1.9; 1Co 14.15). Um versículo muito conhecido que fala sobre a alegria de consagrar a vida a Deus é Neemias 8.10b: “...este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a alegria do SENHOR é a vossa força.” O salmista nos diz que o Senhor nos alegra com a sua lei (Sl 119.92), portanto, obedecer a Deus traz sobre nós a bênção da alegria. Em suas cartas, Paulo demonstra que no convívio alegre dos laços ministeriais ele refazia suas forças (Rm 15.32; 2Co 7.13). Também afirma que essa alegria produz voluntariedade na obra (2Co 9.7). Mas a melhor figura para ilustrar o efeito da alegria na igreja é “a unção” do Filho de Deus para salvar: “Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria...” (Hb 1.9b). Desse modo, salvos por Cristo, somos guardados por Deus para ser apresentados irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória (Jd 1.24,25). 6) A igreja que mantém viva a chama do Espírito, pela voz profética da pregação (1Ts 5.19,20) • Compartilhe com os demais alunos da classe algumas experiências Foi um testemunho inicial na Primeira carta aos Tessalonicenses, que o trabalho missionário ali chegou • Para reflexão: Quantas são e quais são as experiências coletivas de oração propostas pelo trabalho cristão em sua igreja? São suficientes? São bem frequentadas? Trazem resultados? 78 Palavra e vida 4T14.indd 78 15/9/2014 15:00:13 • Temos proclamado com o rigor do Evangelho a Cristo como Senhor, e a nós mesmos como servos na igreja? Conclusão Em 1Tessalonicenses 5.11-28, somos levados a entender de que maneira a Igreja pode viver sob a bênção divina. Lamentavelmente, o dia a dia eclesiástico leva-nos à conclusão de que os vocábulos “bênção”, “abençoar” e “abençoado” são usados de forma reducionista, sempre no âmbito de dádivas materiais. A partir de Jesus, entretanto, a palavra traz um significado muito mais amplo: é o efeito benéfico da presença de Cristo na Igreja, em que ele compartilha conosco o poder de sua bênção (Rm 15.29). Assim, quando cooperamos com a atividade redentora de Deus, levando o Evangelho aos confins da terra, “somos” bênçãos em palavras e atos (Mt 28.18-20). Esperamos, de coração, que tenhamos aprendido essa grande verdade durante este trimestre. Para pensar e agir • Diz-se, erradamente, por aí, que “Deus é fiel a mim...” Na verdade, a fidelidade de Deus tem a ver com sua própria natureza justa, santa e perfeita e não com os pecadores (Dt 7.9). Assim, Deus é e sempre será “fiel à sua própria natureza, a si mesmo” (2Tm 2.13). Seus desígnios foram e ainda são sempre realizados. Ele promete abençoar com vida, paz, justiça, alegria, etc. e cumpre sua promessa (1Rs 8.56; Lc 1.37). • Temos vantagens em ser cristãos? Certamente! • Isso nos faz melhores do que as demais pessoas? Jamais! • Se “judeu é aquele que crê” (Rm 2.28,29), o cristão é bênção hoje por ser “instrumento divino para a salvação do pecador”, o que é o nosso maior privilégio! Leituras Diárias não apenas em palavras, “mas também em poder, e no Espírito Santo...” (1.5). E que essa pregação resultou em cristãos que passaram a imitar o viver sacrificial de Jesus (1.6; 2.13). A essa altura, Paulo pede-lhes o cuidado de não deixar extinguir-se a chama purificadora da proclamação do Evangelho – a profecia, no Novo Testamento (1Ts 5.19). A vida sob a bênção divina impõe a necessidade da pregação: “e, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus” (Mt 10.7). Pelo Evangelho, a Igreja apreende a mensagem da bênção de viver a serviço do Rei Jesus, que é o combustível da metáfora do fogo espiritual contínuo (2Co 4.5). Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Gênesis 12.1-3 Deuteronômio 11.22-28 Salmos 24.1-6 Salmo 133.1-3 Isaías 44.1-4 Romanos 15.29-33 1Tessalonicenses 5.11-28 79 Palavra e vida 4T14.indd 79 15/9/2014 15:00:13 Currículo 2015 CONVENÇÃO BATISTA FLUMINENSE Primeiro Trimestre A Armadura de Deus - As peças da Armadura e o reforço para a vitória do cristão Pastor Noélio Nascimento Duarte Segundo Trimestre O que todo Crente Precisa Saber? Parte 2 Pastor Vanderlei Batista Marins Revista da Convenção Batista Fluminense Ano 11 - nº43 - Outubro/Novembro/Dezembro de 2014 Diretor Executivo: Pr. Dr. Amilton Ribeiro Vargas Diretoria da Convenção Batista Fluminense: Presidente - Pr. Vanderlei Batista Marins Primeiro Vice-Presidente - Pr. Elildes Junio Macharete Fonseca Segundo Vice-Presidente - Pr. Éber Silva Terceiro Vice-Presidente - Pr. Levi de Azevedo da Costa Primeiro Secretário - Pr. Ronem Rodrigues do Amaral Segundo Secretário - Pr. Samuel Mury de Aquino Terceira Secretária - Ana Lúcia Regghin da Silva Santos Quarto Secretário - Pr. Antônio Vieira de Souza Junior Diretor de Educação Religiosa: Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda Redação: Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda Terceiro Trimestre Revisão Bíblico-Doutrinária: Pr. Francisco Nicodemos Sanches Pr. Paulo Pancote Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob Profetas menores A mensagem para hoje Revisão Geral: Edilene Oliveira Quarto Trimestre O tempo está próximo Apocalipse Pastor Antonio de Moraes Regly Seja mordomo Algumas Igrejas poderão estar recebendo mais revistas que o número de jovens e adultos matriculados na EBD ou em outro grupo de estudo bíblico. Por favor, avise a Convenção se for este o seu caso. Queremos investir seu dízimo também em outros projetos. Produção Editorial: oliverartelucas Direção de Arte: Rogério de Oliveira Projeto Gráfico: Vitor Coelho Diagramação: Andréa Menezes Distribuição: Telecarga Express Transporte Rodoviário Ltda Convenção Batista Fluminense Rua Visconde de Morais, 231 - Ingá - Niterói / RJ CEP 24210-145 Tel.: (21) 2620-1515 E-mail: [email protected] Esta revista foi elaborada pela Convenção Batista Fluminense, com o dízimo dos crentes batistas, com a participação de sua igreja no Plano Cooperativo e com a contribuição das Associações Regionais. A distribuição desta revista é gratuita. Veja no novo site: sugestões didáticas Palavra e vida 4T14.indd 80 15/9/2014 14:31:50