Desafios Atuais para a Arquitetura na Criação das Formas e

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Desafios Atuais para a Arquitetura na Criação das Formas e
1º Encontro Diocesano de Liturgia e Arquitetura Religiosa
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
Desafios atuais para a arquitetura na
criação das formas e espaços sagrados
Arq. Maria Inês
Bolson Lunardini
"Arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o
propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e
visando a determinada intenção. E nesse processo fundamental de ordenar e
expressar-se ela se revela igualmente e não deve se confundir com arte plástica,
porquanto nos inumeráveis problemas com que se defronta o arquiteto, desde a
germinação do projeto, até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso
específico, certa margem final de opção entre os limites - máximo e mínimo determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio,
reclamados pela função ou impostos pelo programa, - cabendo então ao sentimento
individual do arquiteto, no que ele tem de artista, portanto, escolher na escala dos
valores contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a cada
pormenor em função da unidade última da obra idealizada.A intenção plástica que
semelhante escolha subentende é precisamente o que distingue a arquitetura da
simples construção."(Lúcio Costa)
Esta definição é entendida como um consenso pois ela resume praticamente toda uma
metade de século de pensamento arquitetônico: a visão de Lúcio Costa sintetiza as
várias teorias propostas por arquitetos pertencentes à arquitetura moderna. Dado que
o moderno procurou se colocar não como mais um entre vários estilos, mas como
efetivamente a arquitetura, e sua visão de mundo tornou-se predominante, ela tornouse por fim um consenso. A teorização proposta pela arquitetura moderna engloba, no
entanto, também toda a arquitetura produzida antes dela, já que ela manifesta
claramente que a arquitetura surge de um programa, incorporando as variáveis
sociais, culturais, econômicas e artísticas do momento histórico. Na medida em que os
momentos históricos são heterogêneos, a definição moderna da arquitetura não
ilegitima nenhuma outra manifestação histórica, mas ativamente combate a cópia de
outros momentos históricos no momento contemporâneo.(Wikipédia)
O grande desafio em projetar a arquitetura contemporânea nos tempos atuais
se baseia na introdução de formas em conformidade com o mundo em que vivemos. A
arquitetura religiosa ao longo dos tempos se tornou um marco de referência temporal e
significativa da sua época, definindo a relação do homem com Deus.
Na arquitetura sacra de Frank Lloyd Wright estão presentes o contraste entre
consciência da realidade e a crença religiosa. Wright cria sensações inexplicáveis pois
seu tratamento em assuntos sagrados é marcado pela simplicidade que consegue
intensificar a maneira de sentir experiências religiosas diferentes de outros períodos
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da história da arquitetura.Ele cria uma nova arte, a qual desperta o diálogo do homem
com ele mesmo na busca da religiosidade interna. Do período moderno em diante, o
homem vive em busca do autoconhecimento, e para Wright o templo era o local ideal
para esse reencontro do homem com a realidade ao seu redor e com o seu interior,
também concilia o homem e a natureza em formas simples e sensíveis. Cria um ponto
de inovação para a história da arquitetura religiosa, “a arquitetura não como
construtora de objetos, mas de ação de um sujeito”. (Muller)
Claudio Pastro
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Cláudio Pastro
Ao iniciar o processo da criação de um espaço sagrado, o arquiteto deve
interiorizar, mergulhar em si próprio para criar. É um processo complexo, temerário e
cheio de obstáculos, tropeços e tentações. O fato de ser cristão não significa que esta
tarefa será simplificada. Talvez mais complexa por todo o conhecimento e
entendimento da mistagogia do espaço.
Mistagogia é a nossa relação com o mistério de Deus, que é o mistério de
nossa própria vida e da história. Ninguém consegue ‘explicar' Deus. É impossível
reduzir a realidade de Deus a conceitos racionais. É impossível reduzir a fé à
aceitação de dogmas. É necessário que sejamos ‘iniciados' no mistério, não somente
com palavras, mas principalmente através de ações simbólicas, através de ritos. No
sentido original, são os ritos (as celebrações litúrgicas) que têm esta função
mistagógica de nos conduzir para dentro do mistério. (Ione Buyst).
Mistagogia significa introduzir no mistério, não
compreender o mistério mas vamos nos aproximar, adentrar.
significa
que
vamos
Além do processo de interiorização com a compreensão da mistagogia do
espaço de celebração, é necessário que haja uma convivência entre a comunidade e o
arquiteto que projeta.
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No que tange ao espaço, a arquitetura deve buscar ser, por obra do arquiteto, a
revelação da imagem da igreja, tornando-se o sinal desta igreja. É importante que o
espaço litúrgico permita a celebração da liturgia em todos os seus atos. Não devemos
“congelar” a evolução da liturgia. Entendemos, então, que a centralidade da criação de
um espaço de celebração é a união do humano ao divino – uma visão complexa da
comunhão de Deus com o homem.
O templo não é somente a casa de Deus, é o Corpo de Cristo que em conjunto
com os fiéis formam o Corpo Místico – a Igreja. O lugar, no seu tempo, a liturgia e o
mistério da comunhão de Deus com o homem conduzirão a criação da forma
adequada para o local e para o seu tempo, guiada de forma misteriosa na alma do
arquiteto.
Os espaços litúrgicos serviam a comunidade dos filhos de Deus como lugar do
seu próprio desenvolvimento, de encontro com Cristo, de encontro com os outros. A
estes espaços compete a tarefa de ter um efeito de proteção, de abrigo, de alívio, de
libertação, de satisfação, de ser espaço para o “jogo sagrado” (Romano Guardini) em
Deus: espaço que pretende continuamente e de maneira sempre nova ser
interpretado, preenchido, repleto de vida. (Linhas orientadoras para a construção e
organização de espaços litúrgicos - Subsídios da Comissão de Liturgia da Conferência
Episcopal Alemã)
Uma citação de Louis Bouyer: “A maneira como construiremos as nossas
igrejas constituirá a manifestação por excelência da qualidade da nossa vida eclesial,
da nossa vida de comunhão no corpo de Cristo”.
A Igreja é o lugar do encontro, do diálogo e da comunhão.
“Uma válida e concreta interpretação das relações interior-exterior e edifíciocontexto constitui uma das aquisições mais importantes da consciência crítica da
arquitetura contemporânea. A relação entre igreja e bairro tem valor qualificante
relativamente a um ambiente urbano, não raras vezes, anônimo, que adquire
fisionomia (e, frequentemente também, denominação), mediante esta presença, capaz
de orientar e organizar os espaços externos circunstantes e de ser sinal da instância
divina no meio dos homens. Isto significa que o complexo paroquial deve ser posto em
relação e entrar em diálogo com o resto do território, deve mesmo enriquecê-lo”,
Comissão Episcopal para a Liturgia de Itália, Progettazione di nuove
chiese,Roma,18deFevereirode1993.”
O edifício-igreja tem grande importância no desenvolvimento do sítio urbano.
Torna-se um ponto de referência da comunidade e da cidade, sendo um sinal de Deus
em meio ao cotidiano humano.
Hoje vivemos uma realidade onde a urgência nos é imposta pela máquina que
foi fabricada para nos auxiliar e pelo contrário nos escraviza.
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A busca pela praticidade e o imediatismo, influencia na arquitetura, pois a
mesma é um reflexo do modo de vida de um povo em determinado momento. O
homem, e a emoção que as formas podem causar-lhe, tem sido o fim primordial que
move os arquitetos da atualidade, a partir de recursos figurativos muito próprios.
“Tornar a arquitetura mais humana significa criar uma arquitetura melhor, o que
por sua vez, implica um funcionalismo muito mais amplo do que aquele com bases
exclusivamente técnicas. Esse objetivo só pode ser alcançado por métodos
arquitetônicos – pela criação e combinação de coisas técnicas diferentes, de tal modo
que elas possam oferecer ao ser humano uma vida extremamente harmoniosa.”Alvar
Aalto
A arquitetura da Igreja como espaço e funcionalidade não deve ser uma
imitação de uma forma passada, ela deve representar a cosmovisão de um tempo, do
seu povo, na sua realidade.
Paulo VI – “Nós não somos imitadores, somos criadores.”
A arquitetura tem por finalidade a forma e a função. Estética com
funcionalidade. Sagrado com simbologia. A arquitetura deve representar o seu tempo.
Anexos:
Paróquia da Santíssima Trindade Anglicana – São Paulo
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Imagem Fonte: Fundação Alvares Penteado
FAAP
O templo da Paróquia Santíssima Trindade é considerado um dos primeiros
templos de arquitetura moderna de São Paulo. Foi idealizada pelo arquiteto e
professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Dr. Jacob Maurício
Ruchti, em 1950. “Para quem gosta de apreciar, a estrutura de concreto armado
concebida é ao mesmo tempo simples e bela. Entende-se facilmente sua lógica
estrutural; suas proporções e elevação conduzem à espiritualidade, lembrando duas
mãos juntas em atitude de oração” Histórico da Paróquia da SS.Trindade.
Destacamos na obra de Ruchti, os 6 lustres de influência da Escola Bauhaus:
"A Staatliches Bauhaus (casa estatal de construção, mais conhecida simplesmente por
Bauhus) foi uma escola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda que
funcionou entre 1919 e 1933 na Alemanha. A Bauhaus foi uma das maiores e mais
importantes expressões do que é chamado Modernismo no design e na arquitetura,
sendo uma das primeiras escolas de design do mundo"
Imagem Fonte: Fundação Alvares Penteado
FAAP
Ainda sobre o templo há dois jardins internos que integram o espaço
religioso com a natureza. A beleza é tão importante para nós anglicanos que um de
nossos teólogos já chegou a expressar: “Nossas igrejas pretendem ser obras de arte,
e fazemos todo esforço para assegurar que as artes sejam usadas nas igrejas da
melhor qualidade. Artistas sempre se sentiram em casa em nossas congregações e
desempenharam papel significativo em nossa adoração e vida comunitária” Jonh H.
Westerhoff, Temperamento Anglicano
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A Paróquia também foi contemplada com dos dois grandes vitrais (6m X
8m e 4m X 6m) desenhados especialmente pela artista plástica Maria
Leontina, em 1966. Durante o dia o templo é tomado pelas cores quentes que
tornam um espaço alegre e receptivo. À noite a iluminação possibilita outras
impressões dos vitrais e colunas tornando ainda mais impressionante a beleza do
espaço.
Fonte: site da Paróquia Santíssima Trindade – São Paulo
João Filgueiras Lima, Lelé
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Igreja Centro Administrativo da Bahia
Igreja Centro Administrativo da Bahia
No projeto da Igreja do Centro Administrativo da Bahia, 1975, o critério adotado por
Lelé, foi o de respeitar o relevo e a vegetação do local, no ponto mais alto da colina.
Este projeto se desenvolve em forma espiral, tendo na cobertura vãos para entrada da
iluminação zenital. Os materiais utilizados foram pedra, madeira, vidros e concreto
armado.
Convento de Brotas: Maquete
Dentre as várias necessidades do programa para o projeto do Convento de Brotas, a
Igreja, 1980, foi o ponto de interesse deste estudo. Nela estão presentes abóbodas
inclinadas na nave e no altar há empenas usando tijolos furados dispostos de maneira a
não permitir a entrada de água das chuvas, mas sim filtrando a iluminação e ventilação
zenital.
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Capela de São José do Ribamar Altar
Para a realização de grandes eventos religiosos, a Capela de São José do Ribamar, 1997,
foi projetada próxima a área da Igreja, levando em consideração as tradições locais. A
capela está voltada para a Igreja existente, a praça que as liga tem oito patamares
escalonados correspondendo a cada estação da Via Sacra de São José. A capela e o
campanário foram executados em estrutura metálica.
Maquete da Implantação da Capela de São José do Ribamar
Oscar Niemeyer
A partir da fundação da nova capital do Brasil, com os projetos de Oscar Niemeyer se
firmou a arquitetura moderna. Em Brasília estão os projetos de maior relevância da
arquitetura moderna religiosa, como: Igreja Nossa Senhora de Fátima, Catedral
Metropolitana Nossa Senhora Aparecida (Catedral de Brasília)Catedral Santa Maria dos
Militares e a Capela do Palácio da Alvorada.
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Igreja Nossa Senhora de Fátima: Fachada Frontal
O projeto arquitetônico da Igreja Nossa Senhora de Fátima confere originalidade em
seu desenho, sendo o primeiro templo de alvenaria construído em Brasília e a primeira
igreja do setor residencial. Foi construída em cem dias e inaugurada em 28 de junho de
1958. Em 1982 a Igreja foi recuperada para impedir a descaracterização original.
Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida
A Catedral de Brasília foi construída em homenagem à Padroeira de Brasília e do Brasil –
Nossa Senhora Aparecida, e representa um dos marcos da arquitetura moderna, foi
sagrada e inaugurada em 31de maio de 1971.
Catedral Santa Maria dos Militares
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Com formato original de uma barraca de campanha, remetendo aos abrigos militares, a
Catedral Santa Maria dos Militares, Rainha da Paz, teve sua pedra fundamental
abençoada em 1991 quando o então papa João Paulo II visitou Brasília pela primeira vez,
sendo concluída em 1994.
Capela do Palácio da Alvorada
Recentemente restaurada, a Catedral do Palácio da Alvorada, projeto cuja fonte de
inspiração notadamente foi a Capela Ronchamp de Le Corbusier, dá Niemeyer total
importância à forma plástica, onde o olhar se desenrola pelas curvas fechadas como um
caracol. A Capela está ligada ao Palácio da Alvorada por uma passagem subterrânea. Esta
capela é revestida internamente o com lambris de madeira folhados de dourado,
remetendo a decoração das igrejas barrocas brasileiras do século XVIII.
Em todos esses projetos são utilizados o concreto resultando em formas leves e puras.
Outros
Igreja São Domingos, São Paulo – Franz Heep, 1953.
Igreja São Domingos
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Projeto de Franz Heep , a Igreja São Domingos, localizada no bairro de Perdizes em São
Paulo. Heep foi convidado pelos frades dominicanos a elaborar o desenho da igreja. Após
pedido do frei Domingos ao arcebispo de São Paulo, o projeto foi aprovado em 1953.
Catedral Nossa Senhora da Glória, Maringá.
Catedral Nossa Senhora da Glória, Maringá – José Augusto Balucci, 1972. A Catedral
de Maringá é o décimo monumento mais alto de mundo e o primeiro da América Latina,
tendo forma cônica de 50 metros de diâmetro e 124 metros de altura, se tornou símbolo
da cidade. Com capacidade para abrigar 4.500 pessoas, a inspiração da catedral gera em
torno do peregrino que se afastado mundo para ficar mais perto de Deus.
O acesso interno a Catedral se faz por meio de rampas, onde estão sob elas, espelhos
d’agua e fontes luminosas com chafariz que jorram suas águas a cinco metros de altura.
Os vitrais são em linhas abstratas de cores exuberantes.
Templo da Boa Vontade – Brasília.
Templo da Boa Vontade, Brasília – R.R. Roberto, 1994.
Após alterações no projeto inicial, o Templo da Boa Vontade, se transformou em mais do
que um local para meditação, agora é um complexo cultural, artístico e religioso. Por ser
Brasília uma cidade de linhas modernas, o engenheiro R. R. Roberto, não poderia mudar
drasticamente a linguagem arquitetônica.
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Igreja Sant’Anna, Jundiaí
Igreja Sant’Anna, Jundiaí – Emílio Faroldi e Maria Pilar Vittori, 1995.
O projeto da Igreja de Sant’Anna, tem a geometria como elemento marcante, os
volumes foram criados a partir de uma rígida modulação e da forma do desenho de uma
cruz.
Capela na Fazenda Veneza, Valinhos-SP. Capela na Fazenda Veneza, Valinhos-SP.
Capela na Fazenda Veneza, Valinhos – Décio Tozzi, 2001.
Num espaço de comunhão entre a arquitetura e a natureza, surge a capela projetada por
Décio Tozzi. Repousando sobre quadro apoios, a forma curva, representa os desenhos da
natureza. Totalmente vazada, o santuário possui muros laterais que não tocam a
abóboda, tem em sua proposta uma relação mais intima entre o celebrante e a
comunidade, quando esta se senta acima do altar.
Templo da Paz – Curitiba.
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Templo Ecumênico da Paz, Curitiba – Manoel Coelho, 2002.
Este templo se encontra inserido no Centro Universitário Positivo. Está apoiado sobre
fundações em balsas, parece flutuar no lago, tendo acesso por passarela metálica
vazada, que permite se ver a água sob os pés. Também metálica é sua estrutura, fechada
por vidros e protegida do sol por brises de alumínio, gerando a forte sensação de leveza
da obra. O objetivo do templo é atrair alunos, funcionários e professores, não
importando sua religião para este local de tranqüilidade.
Internacionais
Richard Meyer
Igreja do Jubileu e Centro Comunitário, Roma. 2003
Igreja do Jubileu e Centro Comunitário, Roma. 2003
A Igreja do Jubileu em Roma, projetada pelo norte-americano Richard Meyer, foi
resultado de um concurso fechado. A obra foi inaugurada em 2003 e está localizada na
periferia de Roma, fazendo limite com um parque público e edifícios de apartamentos. O
terreno onde está inserida tem forma triangular, onde também são realizados ritos ao ar
livre e procissões. Neste projeto, a forma distingue as funções. A área sacra esta voltada
para o sul, abrigando em curvas de concreto protendido moldadas in loco e revestidas
com mármore travertino, as capelas, nave principal, confessionários e altares, dentre
outros. Ao norte, em linhas retas, está a área destinada ao centro comunitário e a
residência do pároco. As três curvas representam a Santíssima Trindade, segundo Richard
Meyer. A passagem da luz natural é permitida entre as conchas, através dos vidros.
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No subsolo estão locadas as salas de reunião e auditório que se abrem para um pátio. Um
ponto de relevância que não se deve deixar de mencionar, é que este projeto católico foi
concebido por um judeu, e entre os seis outros participantes do concurso também
estavam presentes mais três judeus e um budista, marcando uma atualidade ecumênica,
onde é possível o entendimento e a comunhão das religiões.
Alvar Aalto
Alvar Aalto, é um dos poucos arquitetos modernos que projetou um grande número de
construção e reformas de igrejas.
Igreja do Parish de Riola. 1951.
Igreja do Parish de Riola, 1951
Igreja e Comunidade Paroquial do Espírito Santo, Wolfsburg –
Alemanha, 1962
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Igreja de Lakeuden Risti, Cruz da planície e Centro Paroquial, Seinajoki, 1966
Outro exemplo da arquitetura religiosa de Aalto, foi o da Igreja do Parish de Riola, a
nova igreja foi uma das primeiras depois da reforma da liturgia católica romana, onde se
poderia construir igrejas com expressão arquitetural, o alvo era fornecer um
relacionamento próximo entre o altar, o coro o órgão e o batistério. A forma da igreja é
de uma basílica assimétrica, assimétricas também são as abóbodas, as quais permitem a
entrada da luz dirigida especialmente para o altar.
A Igreja e Comunidade Paroquial do Espírito Santo, Alemanha, está inserida em um
contexto de quatro edifícios, cada um cumprindo uma função separada: a igreja, salão
paroquial, sacristia e escola de enfemagem. A igreja e o salão paroquial estão dispostos
em torno de um quadrado e constituem assim uma área interna do pátio. Os edifícios da
igreja estão situados no meio de uma área residencial, ladeada por uma estrada, de onde
é possível a vista do campanário.
Igreja de Lakeuden Risti, Cruz da planície e Centro Paroquial, Seinajoki, 1966:
Campanário.
Em 1951, ocorreu uma competição para o projeto da igreja de Seinäjoki, mas a
construção não ocorreu até 1960. Igreja de Lakeuden Risti e Centro Paroquial foram
projetados por Aalto. A igreja acomoda 1200 pessoas, a galeria adicional 124 e a pequena
capela 50. Todo o interior inclue texturas e vitrais projetados por Alvar Aalto. Na base da
torre do sino há uma escultura também projetada por Aalto, a “ At the Well of Life".
Outros
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Igreja Luterana Central
Igreja Luterana Central , Portland – Pietro Belluschi, 1951.
O equilíbrio das linhas verticais e horizontais, curvas e retangulares, resultam no projeto
suave e delicado da Igreja Luterana Central de Pietro Belluschi. A torre do sino aberta
nos dois lados ganha força sem volume. A luz natural entra na igreja pelas aberturas
estreitas laterais.
Primeira Igreja Cristã, Indiana
Primeira Igreja Cristã , Indiana – Eliel Saarinen, 1942.
A equipe de pai de filho, Eliel Saarinen e Eero Saarinen, contribuiu em alguns dos mais
belos exemplos da arquitetura religiosa da década de 50. O edifício da Igreja Cristã é
composto por uma série de blocos retangulares em torno de um pátio central. A planta da
igreja é um retângulo assimétrico simples. A luz natural admitida pelas janelas verticais.
Abadia de São João, Collegeville.
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Abadia de São João , Collegeville– Marcel Breuer, 1961.
O projeto para esta comunidade beneditina, substitui gradualmente os 22 edifícios.
A igreja e o sino são as estruturas dominantes da Abadia de São João. A planta do piso
principal reflete os conceitos básicos da liturgia cristã. Segundo o arquiteto Marcel
Breuer, neste projeto, as cores podem ser ouvidas, os sons vistos e o vácuo tocado, e ao
mesmo tempo sentir a fragrância das dimensões.
Igreja de Marco de Canaveses ,Portugal.
Igreja de Marco de Canaveses , Portugal – Álvaro Siza, 1989.
A fachada nordeste é mais dócil do que a fachada principal de Marco de Canaveses,
devido as suas formas curvas e as diferentes alturas dos volumes. As cinco janelas
destacadas na fachada noroeste, deixam entrar a luz do sol, esta luz é filtrada pela sua
orientação, evitando assim a inundação em excesso. A o se deparar com a igreja o
visitante se depara com acesso alto, nobre e pesado, já no seu interior, a caixa cheia de
luz destaca o parede curvilínea.
Igreja da Luz, Osaka
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Igreja da Luz , Osaka – Tadao Ando,1989.
Localizada em uma vizinhança residencial no subúrbio de Osaka, a igreja da Luz é feita
em concreto liso. As paredes autônomas consistem em dois volumes retangulares
cortados em ângulos. O espaço da capela é definido pela luz que entra atrás do altar,
através de um corte na parede na forma de uma cruz, contrastando com a escuridão do
mobiliário e do piso em madeira. A cruz parece flutuar na parede de concreto.
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