políticas arquivísticas para implantação de um sistema de arquivos

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políticas arquivísticas para implantação de um sistema de arquivos
POLÍTICAS ARQUIVÍSTICAS PARA IMPLANTAÇÃO DE UM
SISTEMA DE ARQUIVOS E GESTÃO DOCUMENTAL NA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RIO GRANDE (FURG)
Rita de Cássia Portela da Silva1
Andrea Gonçalves dos Santos2
Tatiane Vedoin Viero3
A Universidade Federal do Rio Grande (FURG), fundada em 1969, destaca-se entre
as demais instituições brasileiras de ensino superior pela produção, organização e
disseminação do conhecimento relacionado ao Ecossistema Costeiro. Atualmente, a
Universidade busca consolidar sua imagem nos cenários nacional e internacional
através da qualificação de seus servidores e do fortalecimento das atividades de
ensino, pesquisa e extensão. Concomitantemente, atua em benefício do
desenvolvimento da região, por meio da adoção de medidas que contemplem as
necessidades da comunidade local como a criação de novos cursos de formação
e/ou atualização profissional. A criação do Curso de Arquivologia da Furg, cujo
primeiro vestibular ocorreu em 2008, é uma ação que evidencia traços desta visão
institucional e constitui-se em incentivo para o desenvolvimento de políticas com o
propósito de implantar um sistema de arquivos e gestão documental. O
estabelecimento de políticas arquivísticas na FURG visam tanto à concretização dos
objetivos institucionais que dizem respeito à modernização administrativa e
otimização de recursos, quanto aos que estão vinculados à preservação da memória
organizacional. Do ponto de vista das normas e diretrizes arquivísticas nacionais,
trabalha-se com as diretrizes estabelecidas pelo Arquivo Nacional no Sistema de
Gestão de Documentos de Arquivo – SIGA. Diante do exposto, o presente trabalho
aborda os desafios e oportunidades identificadas no processo de projeção das
políticas arquivísticas da FURG, relatando as estratégias adotadas e as ações
realizadas até o presente momento.
Palavras-chave: sistema de arquivo, gestão documental, arquivo universitário.
1
Docente do Instituto de Ciências Humanas e da Informação (ICHI) da Universidade Federal do Rio
Grande (FURG).
2
Arquivista da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
3
Arquivista da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
INTRODUÇÃO
Acredita-se que todo movimento, da projeção à implementação de sistemas
de arquivo e gestão documental, deve ser concebido em seu contexto político, além
do entendimento orgânico e funcional da realidade em que o conjunto documental
está inserido.
Partindo-se deste princípio, apresenta-se um breve histórico da organização e
funcionamento da FURG, seguido da contextualização das políticas públicas de
arquivo para os órgãos da administração pública federal. For fim, apresenta-se um
relato dos primeiros passos do trabalho realizado na Universidade, acompanhado
das considerações finais.
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE (FURG)
Em 1953 foi instituída a Fundação Cidade do Rio Grande, visando dinamizar
o projeto de criação da primeira instituição de ensino superior da cidade, a Escola de
Engenharia do Rio Grande devido ao elevado número de profissionais na área e
pelo parque industrial que existia na época. Até o ano de 1961, a Escola teve seu
funcionamento autorizado, reconhecido e federalizado. A Fundação Cidade do Rio
Grande adquiriu o terreno e realizou a construção do prédio próprio para esta
escola, no local onde atualmente está instalado o Campus Cidade. A partir disto,
novas necessidades já impulsionavam o surgimento de outras unidades de ensino
superior.
A Fundação Universidade do Rio Grande – Furg foi criada pelo Decreto n°
774, de 20/08/1969, entidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,
mantenedora da Universidade do Rio Grande – URG. Na década de 1970 foram
criados os cursos de Oceanologia, Medicina e Engenharia Civil. A estrutura
organizacional da Universidade foi modificada, passando a existir cinco centros:
Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, Centro de Ciências Humanas e Sociais,
Centro de Letras e Artes, Centro de Ciências do Mar e Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde. Também foi implantado o Projeto Atlântico, cujo principal
objetivo era o desenvolvimento da pesquisa tecnológica na região oceânica sul-
brasileira. Na época, a Furg recebeu da Fundação Cidade do Rio Grande o Museu
Oceanográfico.
No final da década de 70, por meio de nova re-estruturação foram extintos os
centros e criados departamentos ligados diretamente à Sub-Reitoria de Ensino e
Pesquisa. Também foram inaugurados os primeiros prédios da Base Oceanográfica
Atlântica e implementados os cursos de Engenharia de Alimentos e o Mestrado em
Oceanografia Biológica, primeiro curso de pós-graduação stricto sensu da
instituição.
A década de 80 foi marcada pela implantação de cursos na cidade de Santa
Vitória do Palmar; pelo reconhecimento da condição de Fundação Púbica da FURG
(com seu funcionamento custeado por recursos da União Federal) e pela
inauguração da Rádio Universidade do Rio Grande, a FM Educativa.
Na década de 90, foram concluídas as obras referentes à construção de salas
de aula no Campus Carreiros e de diversos departamentos (Física, Matemática,
Letras e Artes, Matemática, Biologia, Química Engenharia Civil e Engenharia
Mecânica). Foi instalada a UTI Pediátrica e a UTI Cirúrgica do Hospital Universitário,
e criado o Ambulatório Geral (na periferia, em convênio com o Hospital Espírita
Guaíba Rache). Neste processo de crescimento foi implementado o Curso de
Doutorado em Oceanografia Biológica (primeiro curso de doutorado da instituição),
foi concluído o Centro de Educação e Formação Ambiental Marinha (CEFAM) junto
ao prédio do Museu Oceanográfico, e também foram inaugurados o Centro de
Atendimento Integral à Criança e ao Adolescente e a área acadêmica do Hospital
Universitário, melhorando significativamente as condições dos cursos de graduação
de Medicina e Enfermagem.
Em 1997 foi reestruturada a administração superior, com a criação das PróReitorias de: Graduação (PROGRAD), Assuntos Comunitários e Estudantis
(PROACE), Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESP), de Administração (PROAD) e,
de Planejamento e Desenvolvimento (PROPLAN). Em 20 de agosto é inaugurada a
TV FURG, operando o canal universitário na rede de TV a cabo. Até o final da
década começam a ser oferecidos cursos seqüenciais.
No ano 2000 o crescimento da Furg foi evidenciado pela ampliação
significativa do número de vagas oferecidas no vestibular. A instituição aprovou seu
novo estatuto e passa a denominar-se Fundação Universidade Federal do Rio
Grande, através da Portaria nº. 783/99 do Ministério da Educação e Cultura. foram
criados cursos de graduação e novos programas de mestrado e doutorado. Também
passaram a ser oferecidos cursos na modalidade de “ensino a distancia”.
Atualmente, a Universidade passa por nova re-estruturação. A Portaria n°
1469 de 13 de agosto de 2008, criou 13 Unidades Acadêmicas:

Escola de Química e Alimentos;

Instituto de Letras e Artes;

Instituto de Oceanografia;

Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis;

Instituto de Educação;

Instituto de Ciências Biológicas;

Instituto de Ciências Humanas e da Informação;

Instituto de Matemática, Estatística e Física;

Escola de Engenharia;

Faculdade de Medicina;

Centro de Ciências Computacionais;

Escola de Enfermagem;

Faculdade de Direito.
A organização da Reitoria também foi modificada a partir da promulgação da
Resolução n° 35 do Conselho Universitário, e passou a ser constituída pelas PróReitorias de:

Graduação (PROGRAD);

Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESP);

Extensão e Cultura (PROEXC);

Assuntos Estudantis (PRAE);

Infra-estrutura (PROINFRA);

Planejamento e Administração (PROPLAD);

Gestão e Desenvolvimento de Pessoas (PROGEP).
2. POLÍTICAS ARQUIVÍSTICAS PARA SISTEMAS DE ARQUIVO E
GESTÃO DOCUMENTAL NOS ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA DO BRASIL
A informação é um elemento de extremo valor para as organizações, cujo
acesso, por seus usuários internos e/ou externos, pode ser requerido em curto,
médio e longo prazo, motivado pelas mais variadas razões. É considerada como
recurso estratégico
... tão vital para a empresa como os recursos humanos, materiais ou
financeiros sem os quais ela não conseguiria viver. Como qualquer outro
recurso, a informação deve ser gerida eficazmente, o que necessita, como
corolário, de um reconhecimento oficial da empresa, e até de uma
formalização estrutural que vá tão longe quanto a que é geralmente
concedida aos outros recursos. (ROUSSEAU E COUTURE, 1998, p. 63).
Esta premissa também se aplica as informações registradas nos conjuntos
documentais arquivísticos produzidos pelos órgãos da administração pública federal
brasileira onde a gestão eficiente além de um ponto estratégico, está diretamente
relacionada à comprovação da idoneidade dos administrativos4 e a cidadania.
Mais precisamente, em se tratando de cidadania, o acesso à informação é um
direito assegurado ao cidadão Brasileiro pela Constituição Federativa do Brasil,
segundo a qual “Cabe à administração pública, na forma da lei, a gestão da
documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a
quantos dela necessitem” (BRASIL, Constituição, 1988, Art. 216, § 2º).
Nesta perspectiva, o Arquivo Nacional e o Conarq constituem-se nas
instituições oficialmente reconhecidas e incumbidas de idealizar e implantar a
política nacional de arquivos garantindo, desta forma, a preservação e o acesso às
informações arquivísticas da administração pública federal.
A criação do Arquivo Nacional, prevista na Constituição de 1824, ocorreu de
fato em 1838, dezesseis anos após o processo de independência do Brasil de
Portugal, oficialmente reconhecida em sete de setembro de 1822.
Quando fundado, denominava-se Arquivo Público do Império e tinha a
responsabilidade de guardar os documentos públicos organizados nas seções
Administrativa (em responsável pelos documentos dos poderes Executivo e
Moderador), Legislativa (incumbida da guarda dos documentos produzidos pelo
Poder Legislativo) e Histórica.
Em sua trajetória5 mudou de nome duas vezes. A primeira, em 1893, quatro
anos após a proclamação e instauração do regime republicano no país. Neste ano,
passou também por uma reorganização, passando a se constituir das seções
Legislativa e Administrativa e, Judiciária e Histórica. Em 1911, além de passar a
4
Neste ponto, convém a leitura de obra “Transparência e opacidade do estado no Brasil: usos e
desusos da informação governamental” de José Maria Jardim.
5
No site do Arquivo Nacional, disponível no em http://www.arquivonacional.gov.br, na seção
Histórico, encontram-se informações detalhadas sobre mudanças relacionadas a organização e
funcionamento do Arquivo Nacional e do CONARQ.
denominar-se Arquivo Nacional, o novo regulamento interno define, novamente, três
seções: Administrativa, Histórica, e Legislativa e Judiciária.
Atualmente o Arquivo Nacional faz parte da Casa Civil da Presidência da
República e está diretamente subordinado à Secretaria-Executiva, e responsável por
implementar e acompanhar a política nacional de arquivos, definida pelo
Conselho Nacional de Arquivos - Conarq, por meio da gestão, do
recolhimento, do tratamento técnico, da preservação e da divulgação do
patrimônio documental do País, garantindo pleno acesso à informação,
visando apoiar as decisões governamentais de caráter políticoadministrativo, o cidadão na defesa de seus direitos e de incentivar a
produção de conhecimento científico e cultural (Arquivo Nacional,
www.arquivonacional.gov.br, acesso em 09 jul. 2009)
De acordo com JARDIM (1995)6 o Arquivo Nacional vivenciou três tentativas
de projetos de sistema de arquivos ao longo dos últimos 47. A primeira, em 1962,
não chegou a se consolidar legalmente. A segunda instituiu o Sistema Nacional de
Arquivos (SINAR), mas também não foi viabilizada. A terceira vigente até hoje, foi
instituída em 1994.
Pode-se afirmar que a configuração atual do SINAR tem suas raízes firmadas
na Lei 81597, mais precisamente, no artigo 26 onde “fica criado o Conselho Nacional
de Arquivos (CONARQ), órgão vinculado ao Arquivo Nacional, que definirá a política
nacional de arquivos, como órgão central de um Sistema Nacional de Arquivos
(Sinar)”. A Lei 8.159 foi regulamentada pelo Decreto 4.703, que entre outras
definições, estabelece a organização, estrutura e competências do CONARQ e as
finalidades do SINAR.
O Decreto 4.915 regulamenta as diretrizes do Sistema de Gestão de
Documentos de Arquivo (SIGA) da administração pública federal, estruturando os
mecanismos necessários para gestão e recolhimento (ao Arquivo Nacional) e
acesso (pela administração pública e demais usuários externos) dos documentos
produzidos e recebidos pelo Poder Executivo Federal.
Diante do exposto, o cenário atual para tratamento dos documentos
arquivísticos em âmbito federal (FIGURA 1) é constituído pelo CONARQ, órgão
central do SINAR, que define a política nacional de arquivos e; o Arquivo Nacional,
órgão central do SIGA, responsável por implementar e acompanhar as políticas
estabelecidas pelo CONARQ.
6
Na obra “Sistemas e políticas públicas de arquivos no Brasil” encontra-se uma análise detalhada dos
três projetos.
7
Também conhecida como “Lei dos Arquivos”, foi promulgada em 8 de janeiro de 1991, e dispõe
sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências.
CONARQ

SINAR
Arquivo
Nacional

SIGA
FIGURA 1: A política nacional de arquivos brasileiros
O SIGA é dirigido pela Comissão de Coordenação Central que propõe
políticas, diretrizes e normas relativas à gestão de documentos de arquivo; sugere
alterações ou adaptações necessárias ao aperfeiçoamento dos mecanismos de
gestão de documentos de arquivo e; avalia os resultados obtidos com a aplicação
das normas propondo, quando necessário ajustamentos.
As Subcomissões de Coordenação, instituídas nos Ministérios e órgão
equivalentes, atuam na identificação de necessidades e no alinhamento das
proposições à Comissão de Coordenação Central. A FURG, instituição pública
federal de ensino está vinculada à Subcomissão do Ministério de Educação (MEC),
conhecida como SIGA MEC.
É neste cenário que o Arquivo Nacional, juntamente com o Conarq, realiza a
gestão, o recolhimento, e o tratamento técnico, possibilitando a preservação e a
divulgação do patrimônio documental do País. Com isto garante-se apoio às
decisões governamentais de caráter político-administrativo, os direitos dos cidadãos
de acesso à informação, e o incentivo a produção de conhecimento científico e
cultural.
3. POLÍTICAS ARQUIVÍSTICAS DA FURG
Ao longo de seus 55 anos8 a FURG não contou com políticas arquivísticas
que contemplassem o conjunto de ações e procedimentos necessários ao
tratamento de seus documentos.
A partir de 2008, com a criação e implantação do Curso de Arquivologia e
contratação de arquivistas para o quadro de servidores da instituição, esta realidade
começou a mudar, dando-se inicio aos primeiros movimentos para a estruturação do
8
Considerando-se desde a origem da Universidade com a criação da Fundação Cidade do Rio
Grande (1953), passando pela criação da Fundação Universidade do Rio Grande – Furg (1969) e sua
transformação em Fundação Universidade Federal do Rio Grande (1999) por meio da Portaria nº
783/99 do Ministério da Educação e Cultura.
sistema de arquivos e gestão documental da FURG, alinhado com a política nacional
de arquivos, alicerçado nas teorias, princípios e métodos arquivísticos e pautado
pela realização de um diagnóstico minimalista (FIGURA 2).
POLÍTICA NACIONAL DE ARQUIVOS
SISTEMA DE
ARQUIVOS
SISTEMA DE GESTÃO
DOCUMENTAL
“Conjunto de arquivos que,
independentemente da posição
que ocupam nas respectivas
estruturas
administrativas,
funcionam
de
modo
integrado e articulado na
persecução
de
objetivos
comuns”
“Conjunto de procedimentos e
operações
técnicas
cuja
interação permite a eficiência
e a eficácia na produção,
tramitação, uso, avaliação,
arquivamento e destinação de
documentos”.
POLÍTICAS ARQUIVÍSTICAS DA FURG
SINAR
SIGA
DIAGNÓSTICO MINIMALISTA
TEORIAS, PRINCÍPIOS E MÉTODOS ARQUIVÍSTICOS
Figura 2: Políticas arquivísticas para a estruturação de um
sistema de arquivos e gestão documental na FURG
O diagnóstico é essencial ao trabalho arquivístico. Segundo PAES (1986;
2004) a organização dos arquivos prevê a operacionalização de quatro fazes: coleta
de dados, diagnóstico, planejamento e implantação e acompanhamento. Neste
artigo, o método sugerido pela autora é complementado pelas proposições de
LOPES (1997) e as reflexões de SANTOS (1997).
Segundo LOPES (1997, p. 33) o diagnóstico minimalista possibilita a analise
de uma situação por meio da “observação dos problemas arquivísticos das
organizações, no estudo de caso e na procura de se constituírem objetos de
pesquisa e se proporem soluções para os problemas detectados”. Segundo o autor,
o diagnóstico pressupõe a realização de uma pesquisa organizacional9, baseada em
métodos científicos, cujos resultados permitirão a análise criteriosa dos problemas
enfrentados no tratamento da informação orgânica. Esta análise, quando submetida
ao produtor de documentos constitui-se em importante subsidio para o diálogo e a
proposta de mudanças.
9
Equivalente ao que PAES (1986; 2004) denomina coleta de dados.
SANTOS (2007), por sua vez, caracteriza o levantamento de dados e sua
análise como uma importante atividade de apoio à gestão do conhecimento pois
o diagnóstico resultante apresenta a matriz hierárquica da instituição e
suas inter-relações internas e externas, incluindo sua evolução histórica,
identificação e descrição de seus objetivos, funções, atividades e tarefas
subordinadas – seja no âmbito formal, seja na execução informal – e das
responsabilidades pela realização de cada uma delas, bem como os
processos principais envolvidos, além da relação contextual entre os
documentos produzidos e as atividades de competência da instituição.
(SANTOS et al, 2007, p. 204)
Partindo-se destes pressupostos, as primeiras iniciativas para estruturação de
um sistema de arquivos e gestão documental constituíram-se no desenvolvimento
de um formulário para levantamento de dados (ANEXO A), fortemente inspirado no
trabalho desenvolvido pelo Arquivo Nacional, presente “manual de identificação de
acervos documentais para transferência e/ou recolhimento aos arquivos públicos”.
O formulário foi concebido de tal forma que sua aplicação auxilie a realização
de entrevistas nas diferentes unidades que compõe a estrutura organizacional da
FURG. Os questionamentos foram dispostos em três blocos:

contexto de produção documental: questões relacionadas ao histórico,
trajetória, organização, funções e atividades, e instrumentos legais da
unidade em estudo;

serviços de arquivo: questões relacionadas aos critérios de arquivamento,
hábitos relacionados ao descarte de documentos, estado de conservação
e dificuldades enfrentadas;

produção documental: questões relacionadas ao volume, usos e
características dos documentos.
O registro de informações relevantes e não contempladas pelo formulário,
originadas na entrevista ou pela observação pessoal in loco, podem ser registradas
no espaço destinado as observações. A realização de entrevistas é complementada
pelo levantamento fotográfico das unidades e seus respectivos setores.
Paralelo à realização de entrevistas, utiliza-se da técnica de pesquisa
documental para complementar o levantamento de informações. Neste ponto,
enfrenta-se um desafio: a desatualização de documentos constitutivos (estatuto,
regulamento e organograma) em virtude da re-estruturação organizacional recente
da Universidade.
A realização das entrevistas pode ser acompanhada no ANEXO B. Vale
destacar que o organograma apresentado não é oficial, constitui-se na percepção
das arquivistas e atende a necessidade de controle desta fase do trabalho.
Uma vez concluído, o levantamento fornecerá subsídios para a análise da
situação dos arquivos, identificação dos problemas enfrentados, indicação de
soluções e definição de prioridades. Porém, desde já as informações obtidas
revelam a existência de arquivos setoriais congestionados e massas documentais
acumuladas (ANEXO C) sem qualquer monitoramento.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A criação de sistemas de arquivos e de gestão documental é fundamental
para a racionalização da produção documental e uso imediato e mediado das
informações contidas no acervo.
O levantamento ainda não foi concluído, mas possivelmente o diagnóstico
resultará em apontamentos relacionados à:

identificação dos fundos documentais e sua ordenação interna,

elaboração de instrumentos de gestão para os documentos (plano de
classificação e tabela de temporalidade);

construção de manuais, procedimentos e instruções de trabalho;

uso adequado de ferramentas de Tecnologia da Informação (TI) para
tratamento das informações.
Paralelamente ao levantamento, trabalha-se no entendimento das definições
estabelecidas pela Subcomissão do MEC (SIGA-MEC), onde se observam inúmeras
discussões que suscitam reflexões, desencadeiam estudos e, provavelmente, a
comunicações de trabalhos.
Futuramente, estabelecidas as diretrizes para tratamento dos acervos em
sua, será possível estabelecer políticas que privilegiem o usuário externo.
REFERÊNCIAS
ARQUIVO NACIONAL (BRASIL). Manual de identificação de acervos documentais para
transferência e/ ou recolhimento aos arquivos públicos / Arquivo Nacional. Rio de Janeiro :
Arquivo Nacional, 1985.
ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística.
Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005 (Publicações técnicas, 51).
BRASIL. Constituição Federativa do Brasil, 1988. São Paulo: Saraiva, 2007.
BRASIL. Arquivo Nacional. Conarq. Disponível em <www.arquivonacional. gov.br/conarq>. Acesso em: 10 fev. 2007.
BRASIL. Arquivo Nacional. Conarq. Disponível em <www.arquivonacional. gov.br/conarq>. Acesso em: 10 fev. 2007.
BRASIL. Diário Oficial da União. Decreto Lei n 774, de 20/08/1969 que autoriza o funcionamento da
Universidade do Rio Grande, RS, e dá outras
providências. Disponível
em:
http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=119177 Acesso em 30 de jul de
2009.
BRASIL. Lei n. 8.159, de 8 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e
privados
e
dá
outras
providências.
Disponível
em
http://www.siga.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=83&sid=49, acesso em 09
jul 2009.
BRASIL. Decreto n. 4.073, de 3 de janeiro de 2002. regulamenta a Lei 8.159, de 8 de janeiro de 1991,
que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados. Disponível em
http://www.siga.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=55&sid=50, acesso em
acesso em 09 jul 2009.
BRASIL. Decreto n. 4.915 de 12 de dezembro de 2003. Dispõe sobre o Sistema de Gestão de
Documentos de Arquivo - SIGA, da administração pública federal, e dá outras providências.
Disponível em http://www.siga.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm, acensso em em
BRASIL. Constituição Federativa do Brasil, 1988. São Paulo: Saraiva, 2007.
CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Legislação brasileira de arquivos. Rio de Janeiro.
JARDIM, José Maria. Sistemas e políticas públicas de arquivos no Brasil.
Niterói: EDUFF, 1995.
JARDIM, José Maria. Transparência e opacidade do estado no Brasil: usos e desusos da informação governamental. Niterói: EdUFF,
1999.
LOPES, Luís Carlos. A gestão da informação: as organizações, os arquivos e a informática aplicada. Rio de Janeiro : Arquivo
Público do Rio de Janeiro, 1997.
PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. Rio de Janeiro : Editora FGV, 2004.
ROUSSEAU, Jean-Yves; COUTU RE, Carol. Os fundamentos da disciplina arquivística. Lisboa, Portugal: Nova Enciclopédia, 1998.
SANTOS, V. B; INNARELLI, H. C; SOUSA, R. T. B. Arquivística: temas contemporâneos. Brasília :
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG. Portaria n 1469, de 13 de agosto de 2008.
Disponível em: http://www.conselho.furg.br/index.php?id=portarias/2008/agosto/index.html# Acesso
em 30 de jul de 2009.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG. Resolução n 35 do Conselho Universitário
que Dispõe sobre as alterações na estrutura organizacional da Reitoria. Disponível em:
http://www.conselho.furg.br/index.php?id=delibera/consun/index.html# Acesso em 30 de jul de 2009.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG. Estatuto. Disponível em:
http://www.conselho.furg.br/converte.php?arquivo=estatuto/estatuto.html Acesso em 30 de jul de
2009.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG. Histórico. Disponível em: http://www.furg.br/
Acesso em 30 de jul de 2009
ANEXO A
Formulário para coleta de dados
ANEXO B
Levantamento de dados – realização das entrevistas
ANEXO C
Coleta de dados: levantamento fotográfico – massa documental acumulada
Documentos em container
Documentos em container - infestação de insetos
Acervo pertencente à Divisão de Registro e Controle Acadêmico (DRA)
Acervo pertencente à Pró-Reitoria de Planejamento e Administração da FURG

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