LEITURA LITERÁRIA NAS AULAS DE LÍNGUA ESPANHOLA

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LEITURA LITERÁRIA NAS AULAS DE LÍNGUA ESPANHOLA
Anais Eletrônicos do VI ENPOLE
VI Encontro de Pós-Graduação em Letras | ISSN: 2176-4956
Universidade Federal de Sergipe, Campus São Cristóvão, 19 e 20 de Janeiro de 2015
LEITURA LITERÁRIA NAS AULAS DE LÍNGUA ESPANHOLA ATRAVÉS
DO CORDEL
Daiane Santos Rodrigues (UFS)
INTRODUÇÃO
Sabemos que, infelizmente, trabalhar com textos literários nas aulas de língua
estrangeira não é tão comum isso porque em algumas instituições de ensino os professores
não fazem uso adequado da literatura ou deixam esse gênero em segundo plano para
trabalhar apenas a estrutura do texto. Haja vista algumas lacunas no ensino de línguas
esse trabalho tem o propósito de mostrar que existem possibilidades de se trabalhar com
literatura nas aulas de espanhol, isso porque nosso material didático utilizado é a
Literatura de Cordel e tem o intuito de incentivar a leitura, mesmo em um mundo onde
os alunos estão cercados de tecnologia, faz-se necessário lançar mão de artifícios para
atrair a atenção dos alunos para a leitura, visando a necessidade de promover o
desenvolvimento pelo prazer de ler, e de uma maior aproximação e valorização cultural
através do ensino do Espanhol, usando o cordel como ponto de partida para causar
interesse pela busca de novos tipos literários, como também mostrar a sua relação cultural
entre países da América Latina.
Como esse trabalho foi desenvolvido por estudantes do curso de LetrasEspanhol, tem o objetivo de fazer com que os alunos se aproximem mais da língua
espanhola, e para que através do tema abordado, os mesmos observem e analisem a
literatura de cordel, uma vez que essa literatura faz parte da identidade da nossa região, e
é de conhecimento dos alunos. Tendo em vista, um fato muito importante que o cordel
brasileiro surgiu através dos espanhóis e que na Espanha e no México e em, outros países
hispanofalante também é tratado esse tipo de literatura. Com isso, defendemos a inclusão
da literatura de cordel nas aulas de espanhol como língua estrangeira a qual possibilita a
formação de sujeitos e discursos reveladores de identidades.
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE ESPANHOL NAS ESCOLAS
Para iniciar, vamos conhecer um pouco do processo de inclusão do ensino de
espanhol nas escolas públicas e suas vantagens. É importante esclarecer que a disciplina
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de língua estrangeira, no nosso caso espanhol, não serve apenas para “preencher” a carga
horária na escola, como alguns podem imaginar. O ensino dessa língua vai muito além,
isso porque é tido como um direito assegurado pela lei para todos estudarem pelo menos
uma língua estrangeira como está presente no regimento da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (1996) Capítulo II Artigo 26:§ 5º Na parte diversificada do currículo será
incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua
estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das
possibilidades da instituição. Como também está estabelecido para o ensino médio Artigo
36 – III do mesmo regimento acima – “será incluída uma língua estrangeira moderna,
como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em
caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição;”. Isso significa que, o ensino
de uma língua estrangeira não é por acaso.
Devido a grande utilidade da língua espanhola pelos países das Américas,
tendo uma ampla aceitação e crescimento através da firmação do Mercosul, foram alguns
dos fatores para a elaboração da lei que é obriga a oferta de tal língua nas escolas de
ensino médio. A Lei Nº 11.161, é decretada em de 5 de Agosto de 2005, que especifica
no Artigo 1o “O ensino da língua espanhola, de oferta obrigatória pela escola e de
matrícula facultativa para o aluno, será implantado, gradativamente, nos currículos plenos
do ensino médio.” Assim, obriga a inclusão do ensino de espanhol nas escolas públicas
do Brasil.
O espanhol tem um papel importante na vida escolar dos alunos, isso porque
quando se tem o contato com essa língua, o aluno desenvolve inúmeras habilidades, um
pouco diferente dos tradicionais métodos de ensino de línguas, a qual é exposta, muitas
vezes, explorando apenas conteúdos gramaticais.
Além disso, a língua espanhola
facilitará a compreensão entre as outras áreas do currículo, pois o espanhol pode ser
considerado uma disciplina interdisciplinar e ajuda na construção de valores dos cidadãos.
Através do ensino/aprendizagem do espanhol, é possível abordar temas que
fazem parte da realidade dos alunos, proporcionando assim uma aproximação cultural e
aprendizagem do outro na língua estrangeira. Ressaltamos ainda a importância do
compromisso de quebra de estereótipos de reducionismos, instigando assim a curiosidade
e o desejo de conhecer um pouco mais sobre a língua estrangeira e sobre a sua própria
língua materna, comparando os pontos convergentes e divergentes no contexto cultural.
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A LEITURA LITERÁRIA NAS AULAS DE LÍNGUA ESPANHOLA
É comum escutar que nas aulas de língua estrangeira não se trabalha com
textos literários, pois grande maioria dos professores trabalham a língua pela língua, ou
seja, conteúdos gramaticais e etc... descartando assim a literatura de suas aulas. A aula de
espanhol possibilita um leque de conhecimentos, isto é, como o ensino de espanhol está
crescendo no Brasil, há inúmeras possibilidades de se trabalhar com a língua meta, mais
o nosso foco nesse trabalho é a leitura de textos literários. Sendo assim, de acordo com
Todorov (2009) “os alunos são interrogados sobre o papel de tal personagem, (...) mas
não sobre a própria significação dessa busca.” (TODOROV, 2009, p.29), ou seja, as
leituras realizadas em sala de aula, não buscam o verdadeiro sentido do texto, apenas está
preocupada com a estrutura e forma textual. Sem deixar com que os alunos façam uma
discussão sobre o verdadeiro sentido/mensagem que o escritor quer passar para o leitor.
É de grande relevância que os conteúdos trabalhados nas aulas de Espanhol
como língua estrangeira (ELE) proporcionem a sensatez sobre a própria identidade, sobre
a importância e o papel da língua estrangeira na construção de novos conhecimentos.
Assim, é importante despertar no aluno a curiosidade e a percepção de linguagem do meio
de expressão e comunicação que o estudante perceba que a linguagem é constituída de
significados, aspectos culturais e valores. Dessa forma, preconizamos que o ensino do
espanhol e a leitura colabore para a formação de cidadãos críticos. Podemos observar com
mais clareza nos documentos que regem a educação brasileira:
[...] a língua estrangeira não é simplesmente matéria escolar a ser
aprendida, mas tem função educacional, e um dos seus papéis mais
importantes, o de expor os alunos a outra língua a partir de uma óptica
menos instrumental, poderá ajudar, entre outras coisas, a interferir
positivamente na relação que os estudantes brasileiros guardam com a
própria língua, em especial com a escrita. (BRASIL, 2006, p. 133)
Dessa forma, a literatura na língua estrangeira contribui na criticidade do
aluno na sala de aula, e a formação de cidadão crítico, pois os textos literários possibilitam
interpretações proveitosas e o envolvimento do aluno com o texto proporciona uma aula
mais dialógica entre os alunos e não com enfoque apenas aos conteúdos gramaticais.
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Apresentar textos que valorizem a realidade dentro do contexto cultural dos
alunos é fundamental para que haja uma aproximação e aquisição de novos
conhecimentos na língua estudada. González, (1995) retrata que:
Ha de trabajarse siempre sobre textos auténticos, es decir, textos que
constituyan parte de la vida de los nativos de la lengua que se estudia.
No deben rechazarse textos que a primera vista puedan parecer
demasiado difí- ciles; los resultados pueden demostrar al final que dan
mejores frutos que los más fáciles, sobre todo con alumnos
acostumbrados a motivarse con retos. La simplificación llegará
después, al sustituir algunas estructuras, al redactar de nuevo alguna
parte del texto con recursos más llanos, o haciendo un resumen con los
medios propios del alumno. Sucede a menudo que lo que resulta
verdaderamente difícil no es el texto en sí sino las actividades que sobre
el mismo se les impone después (GONZÁLEZ, 1995, p. 122)
Contudo é válido considerar que a literatura no ensino do espanhol é
importante para o desenvolvimento intelectual dos estudantes, os quais irão aprender a
conhecer outra língua não apenas para “saber falar uma língua estrangeira”, mas sim para
conhecer o outro como forma de aquisição de um produto cultural como também aprender
através das leituras na língua alvo a desenvolverem opiniões críticas e aprimorar os
conhecimentos culturais, possibilitando um reconhecimento de identidades e valorização
cultural. Sem contar que, a literatura na sala de ELE, possibilita não só a formação crítica
do aluno, mas na sua inclusão na cultura letrada da língua meta.
A RELAÇÃO DO CORDEL COM A LÍNGUA ESPANHOLA
A literatura de cordel é reconhecida como uma das formas reveladoras da
cultura nordestina brasileira, por isso os textos produzidos podem ser grandes aliados nas
estratégias de leitura, pois abordam temas do cotidiano dos alunos fazendo com que eles
reconheçam a própria realidade, facilitando assim debates e discussões proveitosas.
Vale ressaltar que, essa literatura foi difundida nos países hispanoamericanos, e pode ser encontrada com outros nomes: corridos e hojas ou pliegos sueltos.
Na Espanha e nos países de língua espanhola da América Latina, os
folhetos de cordel são conhecidos como "pliegos sueltos" e também são
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chamados de "hojas" e "corridos". Especialmente na Argentina,
México, Nicarágua e Peru, usando temas semelhantes aos da literatura
de cordel nordestina. (MORENO, 2007)
Com essa difusão pode ser encontrado cordéis que abordem temas históricos
da região, político, ecológico e social na língua espanhola isso porque essa expressão
literária consistia na apresentação de narrativas, versos de histórias tradicionais e de fatos
circunstanciais, justamente como a literatura de cordel brasileira. Podemos encontrar
também no texto de Ana Pizarro (2004), a comparação entre culturas semelhantes dos
países hispanos com o Brasil:
Es posible conformar otra subárea latinoamericana que no tiene unidad
geográfica, pero sí una estructura cultural similar: se trata de la cultura
de las grandes planicies: el páramo mexicano, el sertón brasileño, la
sabana venezolana, la pampa Argentina se han constituido en zonas de
cultura popular tradicional, frecuentemente oral, a veces escrita, como
en el caso de la literatura de cordel brasileña actual, la mexicana o la
chilena de comienzos de siglo, a veces incorporada, como en el caso de
la gauchesca de Argentina y Brasil en el siglo XIX, a la literatura
ilustrada de los sectores medios, como un primer fenómeno en el
continente de cultura de masas. (PIZARRO, 2004, p. 182)
Para alguns estudiosos, o cordel pode ser considerado uma herança deixada
pelos colonizadores, à medida que eles se instalavam em diferentes terras brasileiras, mais
que com o passar dos anos essa expressão literária foi se tornando autônoma e com “um
toque brasileiro” tornando-se o cordel que podemos encontrar na nossa região, seja em
feiras, livrarias, bancas de revistas ou vendidas pelos próprios autores cordelistas.
A LEITURA DE CORDEL NAS AULAS DE ELE
Não é fácil trabalhar com textos literários nas escolas, visto que, há uma certa
desmotivação por parte dos alunos quando se trata de fazer uma leitura. Mas, como
estamos vivenciado uma transformação de comportamento mundial que atinge o ensino
de línguas, deixando de lado o modelo tradicional que abordava apenas a estrutura da
língua e exaltando não apenas para a comunicação básica, mas para o aperfeiçoamento
da leitura. Através desta, “[...] desenvolver o espírito crítico e preparar os alunos para
compreender discursos de diversas mídias e culturas, tendo em conta as finalidades e
intencionalidades presentes nos mais diversos textos que circulam na sociedade.”
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(BAPTISTA, 2010, p. 119). Levar textos em cordéis escritos o traduzidos para a língua
espanhola, é uma das possibilidades de trabalhar com a literatura para que os alunos
tenham um contato efetivo com esse gênero.
O cordel além de fazer parte da realidade dos alunos faz uso de uma narrativa
com um fundo melódico o qual enriquece muito mais o texto e sempre instiga o aluno a
querer saber como vai suceder o final da história. Sendo assim, o cordel pode ser
considerado como um recurso de grande relevância para a interação do aluno com a
sociedade. A importância de trabalhar toda a riqueza do cordel, em sala de aula é
fundamental, porém não se pode deixar a gramática de lado, mais sim trabalha-la de
maneira contextualizada.
Outro fator importante é criatividade do professor de levar a literatura popular
brasileira e não trabalhar apenas com a estrutura textual e algumas perguntas de
interpretação de texto, as quais as respostas já estão visíveis dentro do próprio texto. É
fundamental que o docente tenha um pouco de criatividade e saiba fazer uso de estratégias
para se trabalhar com a literatura de maneira indutiva, causando assim uma motivação e
apreço nos estudantes.
Existe por tanto la necesidad de encontrar estrategias para hacer que la
literatura forme una parte más significativa de los programas de
enseñanza de lenguas a extranjeros y de aprovechar la riqueza que los
textos literarios ofrecen como input de lengua para desarrollar las cuatro
destrezas lingüísticas fundamentales en la adquisición de una lengua:
comprensión lectora, comprensión auditiva, expresión oral y expresión
escrita, dentro de un contexto cultural significativo. (ALBALADEJO,
2007, p. 04)
A maneira como o professor escolhe um texto literário para ser trabalhado
com seus alunos, ele deve saber que através daquele texto não será trabalhado apenas a
questão da leitura. Juntamente com a leitura o aluno se torna capaz de desenvolver as
outras habilidades, que são importantes para o crescimento e desenvolvimento intelectual
do estudante. A utilização do cordel no ensino de línguas estrangeiras beneficia o
entendimento e abrange o conhecimento de outras culturas e valores que convergem e
divergem.
A OFICINA
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Para explicação de tal teoria, exporemos agora o resulta do um trabalho
realizado durante os anos de 2013 e 2014 no grupo de pesquisa denominado “Ensinoaprendizagem do espanhol em Sergipe e o espaço intercultural da América Latina”
desenvolvido por 10 alunos de graduação dos cursos de Letras Espanhol e Letras
Português/Espanhol, sob coordenação da profª Msc. Acassia dos Anjos Santos do
departamento de letras estrangeiras de UFS.
O objetivo do grupo era que os alunos escolhessem uma área da América
Latina e desenvolvessem atividades de leitura que ressaltassem a interculturalidade entre
os países do continente americano. Os alunos deveriam procurar valorizar os aspectos
culturais, sem reforçar os estereótipos conhecidos dos países hispânicos, como por
exemplo: na Argentina se dança tango, no México se comemora o dia dos mortos com
festa... Mas sim, aproximar os países.
Nesse trabalho elaboramos uma oficina a qual foi aplicada em duas escolas
estaduais da região, no primeiro momento aplicamos a oficina em uma escola do interior
sergipano situada na cidade de Lagarto - SE, Escola Estadual Monsenhor Juarez Santos
Prata (imagem 1), onde os alunos do 8º ano tiveram contato pela primeira vez com a
língua espanhola.
Imagem 1
Imagens da aplicação da oficina dia 30 de Outubro de 2014, na escola
Estadual Monsenhor Juarez Santos Prata, na turma do 8º ano da Escola
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No segundo momento aplicamos a oficina em uma escola na capital sergipana
Colégio Estadual Tobias Barreto (imagem 2), aplicada na turma do 2º ano, porém
diferente da outra escola esses alunos já tem o contato efetivo com a língua espanhola.
Imagem 2
Imagens da aplicação da oficina dia 09 de Janeiro de 2015, no Colégio
Estadual Tobias Barreto, aplicada na turma do 2º ano.
Em ambas as oficinas trabalhamos com leituras de cordéis. Porém, antes de
iniciarmos apresentamos alguns objetos que retratam a nossa região objetos esses em
miniaturas, os cordéis apresentados foram: um original do México que foi o cordel que
retrata a história de La Adelita. E um cordel Una Aventura en el Amazonas do escritor
brasileiro Marcos Mairton, porém traduzido para o espanhol por Pedro Arenas. Para
incentivar a leitura do cordel, utilizamos uma estratégia a qual recortamos o texto e
colamos junto a pequenos saquinhos com guloseimas e distribuímos entre os alunos.
(imagem 3)
Imagem 3
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Na imagem acima o cordel Una Aventura en el Amazonas
Além da leitura dos cordéis supracitados, os alunos tiveram a oportunidade
de escutar o cordel de La Adelita que estava em forma de vídeo clipe onde retratava todo
o cordel por uma banda Calaveras de Azúcar, essa experiência foi fundamental, porque
além de compreender a temática, ficaram imaginando as cenas, depois perceberam qual
o tipo de texto era com a qual história da nossa região parecia, assim, e foram se
interessando pela oficina e as atividades de leituras. Também realizamos debates e os
alunos participaram contando que conheciam o cordel, mais não sabia dessa relação que
há em outros países hispano falantes, ainda nesse momento acharam muito semelhante à
história contada no cordel “LA ADELITA”, com a história de Maria Bonita, tão
conhecida na nossa região.
Ficou evidente a identificação dos alunos com tal tema. Participaram
ativamente e conseguiam interagir respondendo às perguntas. A língua espanhola também
foi ressaltada, pois no momento da leitura tiramos dúvidas em relação a vocabulário e
fizemos um jogo com os nomes de alguns animais, já que apareciam no momento da
leitura do cordel. Dessa maneira, trabalhamos a língua espanhola em contato real com a
realidade dos nossos alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, a inserção da literatura de cordel nas aulas de espanhol,
propicia uma ligação entre a região do nordeste brasileiro e outras regiões hispanoApoio
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falantes que também fazem uso desse gênero textual, assim possibilitando inúmeros
cordéis autênticos oriundos da língua espanhola. É imprescindível que os professores
tenham uma visão intercultural para se trabalhar com elementos que especifique uma
comparação da realidade do aluno com a realidade do outro.
Através dos desafios didáticos pedagógicos encontrados, buscamos textos de
fácil compreensão, para despertar nos alunos o gosto pela leitura, de um gênero textual
bastante conhecido por muitos e que podem ser encontrados no cotidiano dos estudantes.
O intuito é que os alunos ao terem contato com essa leitura sintam entusiasmo e busquem
outras literaturas, seja na língua espanhola ou na língua portuguesa.
Dentro de um processo mais abrangente e responsável, a realização da leitura
literária, torna-se aliada na construção social e consciente dos alunos, pois desenvolve a
capacidade de reconhecer as semelhanças, diferenças, valores e conceitos culturais da
língua estrangeira aprendida através da ligação intercultural. Consideramos assim que, o
conhecimento de línguas estrangeiras é essencial para o engajamento do indivíduo na
sociedade global.
Para nós graduandos, realizar esse trabalho significou e proporcionou uma
grande relevância na nossa vida acadêmica, pois a elaboração e realização agregou
conhecimentos importantes, percebemos que é possível realizar um bom trabalho que
contemple as habilidades linguísticas, mas ao mesmo tempo valorize os aspectos culturais
dos países hispânicos, favorecendo a construção de identidades e prática de cidadania
pelos alunos das escolas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBALADEJO GARCÍA, María Dolores. Cómo llevar la literatura al aula de ELE: de
la teoría a la práctica. MarcoELE: Revista de didáctica, Nº. 5, 2007. Disponível em:
<http://www.marcoele.com/num/5/02e3c099fc0b38904/albaladejo.pdf >. Acesso em: 14
jan. 2015.
BAPTISTA, L. M. T. R. Traçando caminhos: letramento, letramento crítico e ensino de
espanhol. In: COSTA, E. G. M e BARROS, C. S. Coleção explorando o ensino. Brasília:
Ministério da Educação, 2010.
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espanhola. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 8 ago.
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2009.
Disponível
em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20042006/2005/Lei/L11161.htm>. Acesso em: 08 ago. 2013.
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FREIRE, Paulo. A Importancia do ato de Ler. São Paulo: Cortez, 1985.
KLEIMAN, Angela B. Modelos de Letramento e as práticas de alfabetização na escola .
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PIZARRO, Ana. El sur y los trópicos (ensayos de cultura latinoamericana). Pról. de José
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