Visão 1203

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Visão 1203
Este suplemento faz parte integrante da VISÃO nº 1203 e não pode ser vendido separadamente
24 30/3/16
VIRA
O DISCO
Da loja da editora Bloop
Recordings, em Lisboa,
ao Bop Café, no Porto,
passando pela nova série
televisiva de Martin Scorsese,
sete lugares onde o vinil continua
a tocar no gira-discos
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O QUE ANDAMOS A GOSTAR (OU NEM POR ISSO) DE DESCOBRIR POR AÍ
P OR L U Í S A O L I V E I R A [email protected]
> muitíssimo bom
DESLIGAR A SÉRIO
Vai abrir no fim de semana da Páscoa a primeira guest house portuguesa onde tecnologia não entra
(The Offline House). Está mesmo a pedi-las, isto de passar uns dias sem teclas nem ecrãs pela frente,
como um detox digital. Ainda por cima mesmo ao lado da Arrifana, no sudoeste alentejano
> bom
DIAS LOOOONGOS
A hora de verão – ouviu bem? verão! – está quase a chegar. Na madrugada
de dia 27, quando for uma da manhã, há que adiantar os relógios 60
minutos. E com isso, ganhar uma hora de luz. Que belo aperitivo para os
dias quentes que devem estar mesmo a chegar, dizemos nós, otimistas
> bonzinho
SOPAS PARA COMER COM PAUZINHOS
Segredaram-nos ao ouvido que na semana passada abriu o Koppu, um restaurante japonês ali no
Príncipe Real, em Lisboa, pois, especializado em ramen, aquelas maravilhosas sopas em caldo
com bastante conduto. Esta notícia só não está no topo deste Manifesto porque ainda não tivemos
oportunidade de ir lá prová-las. Se passarem no teste, vão deixar-nos muito felizes
> assim-assim
INOVAÇÃO A MAIS
Acaba de abrir uma nova sala de cinema com tecnologia 4DX, no
GaiaShopping. Diz que “proporciona uma experiência cinematográfica
totalmente imersiva e muldimensional.” Dá para parar de inovar? Nós por
cá gostamos de cinema. Normal. Sem óculos nem imersões
> para esquecer
ALIVE ESGOTADO?
Como pode um festival esgotar a quatro meses da sua abertura? Bem
sabemos que os estrangeiros adoram o Nos Alive e que este ano os
bilhetes se venderam a prestações. Mesmo assim, não se percebe
esta corrida ao que parece ser o ouro negro, quando na verdade os
passes de três dias – os que esgotaram – custam 119 euros
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CA PA
7 lugares onde o vinil continua
a dar música
Pouco importa se é moda, revivalismo, saudosismo ou culpa
da eletrónica. Novos e velhos, nas lojas e na nova série televisiva
de Martin Scorsese, os discos de 33 e de 45 rotações permanecem
a tocar nestes gira-discos
P o r F L O R B E L A A LV E S E S U S A N A L O P E S FA U S T I N O
[email protected]
BASTIDORES
No site www.
vinylcuts.nyc, uma
espécie de guia
semanal de Vinyl,
é possível ouvir o
testemunho de Mick
Jagger sobre os
anos 70, ver cenas
dos bastidores
das gravações,
fotografias de Nova
Iorque daquele
tempo e um mapa da
cidade com alguns
dos locais mais
emblemáticos em
1973 – da Factory,
de Andy Warhol, ao
bar Max’s Kansas
City, onde Debbie
Harry foi empregada
de mesa. E claro,
uma playlist para
ouvir em repeat
D.R.

TVSéries > seg 22h45
SÉRIE VINYL
Esteve para ser um filme que cobria 40 anos de indústria discográfica com o título The Long Play, mas a crise também teve os seus efeitos em
Hollywood. E assim a ideia de Mick Jagger, que já vinha dos anos 90 e que foi logo desde logo partilhada com o realizador Martin Scorsese, acabou na
televisão. À série, produzida pelo canal norte-americano HBO, chamou-se Vinyl. Toma como cenário a cidade de Nova Iorque nos anos 70 do século
passado. Richie Finestra é um empresário a braços com a falência anunciada da sua editora, cheia de músicos medianos de todos os géneros – e caixote
e caixotes de LP por vender. A salvação é encontrar “um novo som” e é aqui que entra Kip Stevens (James Jagger), o vocalista dos Nasty Bits, uma banda
punk a despontar em 1973, ano em que tudo parecia estar a acontecer – no Bronx, utilizavam-se pela primeira vez dois gira-discos ao mesmo tempo
(eram os primórdios do hip hop) e, em Lafayette Street, na zona de Manhattan, dançava-se o disco sound. Goste-se ou não do resultado – a série pode
ser vista no canal TV Séries e já vai para o sexto episódio de um total de dez –, certo é que Vinyl é um desfilar de boa música. Dos New York Dolls a Stevie
Wonder, passando por Lou Reed, Led Zepplin, David Bowie, Iggy Pop e os Stooges, Marvin Gaye... Pouse-se a agulha então. I.B.
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SE7E 24 março 2016
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MARCOS BORGA
LOUIE LOUIE LISBOA
N A C A F E TA R I A
O final da tarde é das alturas mais movimentadas na Louie Louie, com clientes portugueses
e estrangeiros a cruzarem-se nesta loja de discos, meio escondida no coração do Chiado, nas
escadinhas que servem de passagem entre a Rua Nova do Almada e a Rua do Crucifixo. É a Jorge
Dias, um “aficionado pela música que transformou o gosto num modo de vida”, que a Louie Louie
se deve. Jorge é um dos pioneiros dos discos em segunda mão, há 23 anos que com eles trabalha:
“Nunca desapareceram, embora os cds tenham vindo, em determinada altura, a tirar lugar ao vinil”.
Na Louie Louie, encontra-se um bocadinho de tudo, ou seja, LPs e singles dos mais diversos géneros
musicais, em várias línguas, novos e velhos. Há clientes que vêm à procura de uma banda ou género
específico enquanto outros esgravatam em busca de alguma coisa que lhes desperte o ouvido. No
entanto, esclarece, a loja é para quem gosta de música e não especificamente para colecionadores:
“Tudo o que vale a pena é editado em vinil. E o interesse tem vindo a crescer, só não foi melhor por
causa da crise”. A ver.
Na Louie Louie é possível
tomar um café e comer uma
tosta enquanto se faz uma pausa
na “caça” ao disco

R. Escadinhas do Santo Espírito
da Pedreira, 3, Lisboa
> T. 21 347 2232 > seg-sáb
15h-19h30, dom 15h-19h30
R. do Almada, 307, Porto
> T. 22 201 0384 > seg-sáb 10h3013h30, 14h30-19h
D.R.
PORTO CALLING PORTO
O nome da loja, aberta há quatro anos na Baixa do Porto, começa por prestar
homenagem ao álbum London Calling, dos The Clash (1979). Ou a uma época
em que o vinil estava bem vivo. O projeto do melómano Pedro Branco, 41 anos,
pretende divulgar música através do vinil, seja ele usado ou novo. Pedro dá o
exemplo dos Neu!, banda de rock alemã que ainda agora viu ser reeditado o seu
primeiro álbum (de 1972) em vinil. O mentor e dono da Porto Calling só lamenta
que “os discos novos estejam a ficar tão caros”. Os usados que aqui entram vêm
sobretudo da Alemanha, França ou Inglaterra. Além dos géneros musicais do
costume, a loja “aposta num tipo de música ligado a uma contracultura como o
reggae, o rock progressivo, o punk ou o ska”. A maioria dos clientes anda na casa
dos 40. Por vezes, como quando a VISÃO Se7e visitou a loja, aparecem jovens com
uma história idêntica à de Paulo Ferraz, 22 anos, que entrou à procura do álbum
Live at Wembley'86 para oferecer ao pai. Motivado pelos álbuns antigos lá de casa,
conta que comprou recentemente um gira-discos e tenta agora ter a sua própria
discografia. Saiu de mãos a abanar: o disco dos Queen voou das prateleiras há dias.
BOM ‘STOCK’
A Porto Calling
vende discos novos
e usados – sendo
que os usados
vêm sobretudo da
Alemanha, França
e Inglaterra

R. da Conceição, 80,
Porto > T. 22 094 5501
> seg-sáb 11h-19h
24 março 2016 SE7E
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CA PA
RUI DUARTE SILVA
BLOOP VINYL SHOP LISBOA
MUSAK PORTO
Aqui discos novos não entram. Na Muzak,
projeto que Francisco Afonso (Xico Ferrão,
como é conhecido) e o sócio, Rui Pimenta,
têm há mais de 15 anos, no Quarteirão
das Artes, no Porto, os milhares de
vinis alinhados nas caixas de madeira
vêm de discografias particulares ou
são encontrados em feiras de velharias
e antiguidades. Do pop/rock à música
eletrónica, da clássica ao soul/funk, há
de tudo, de todas as épocas e de todas
as tendências musicais (a maioria dos
discos custa €5 e €10). Entre a prata da
casa, o pop rock (GNR, Xutos & Pontapés e
Sétima Legião) e a música de intervenção
(Zeca Afonso, Fausto e Sérgio Godinho)
lideram a procura. Rolling Stones,
Beatles, Miles Davis, Doors e Led Zeppelin
continuam a ser as bandas estrangeiras
mais procuradas, sobretudo “pelos mais
velhos, de 40 a 60 anos”. São eles “os
colecionadores e compradores mais
assíduos, embora, muitas vezes, procurem
coisas mais específicas e raras”, comenta
Xico Ferrão, defendendo, no entanto,
“não existir um boom na procura do vinil”.
“Tem havido, isso sim, um crescimento
sustentado nos últimos anos”, adverte.
As gerações mais novas vão aparecendo
à procura dos discos que os pais ouviam
como os de Janis Joplin e Supertramp.
“Outros vêm à procura de álbuns para tirar
samples.” Xico Ferrão, que é dj nas horas
vagas (só passa vinil, claro), é adepto da
velha escola. E outra coisa nem seria de
esperar.
O som tocado por Garrine ouve-se do lado de fora da Bloop, ainda na rua, onde clientes da
loja e amigos do artista ajudam à festa que se faz do lado de dentro. A iniciativa tem o nome
de Montra Viva e é uma rubrica quinzenal que leva até esta loja de discos, no bairro lisboeta
de Santos, djs convidados, que aqui vêm passar a sua música, tocada exclusivamente em
vinil. A Bloop Vinyl Shop é uma das lojas de discos mais recentes de Lisboa. Inaugurou em
abril do ano passado e dedica-se à venda de vinil, formato que André Soares, responsável
pela loja, também conhecido por Señor Pelota, diz “ser nobre e nunca ter morrido ou
desaparecido”. Por aqui, o forte são os discos de música com as novas tendências da
eletrónica, mas nos escaparates também se encontra, escolhida a dedo, uma secção de
segunda mão. Luís Costa, o dj Magazino e um dos sócios da Bloop Recordings, editora e
produtora portuguesa de música eletrónica responsável pela abertura da loja, explica que
quando fundaram a Bloop Recordings só pensaram em editar em vinil: “Antigamente, este
mercado restringia-se aos djs, mas agora há muita gente interessada no formato e a comprar
vinil. Como clientes, não temos apenas os mais velhos, temos também os mais novos, que já
não passam pelo obsoleto cd e vêm diretamente para o vinil. Antes, dizia-se que o cd vinha
enterrar o vinil, mas a verdade é que é o vinil que está a enterrar o cd.”

R. de Santos-o-Velho, 58, Lisboa > seg-sáb 15h-19h
EM PRIMEIRA MÃO
Uma vez por semana chega uma caixa
cheia de novidades musicais à Bloop
– que também consegue ter primeiro
que outras lojas discos de editoras
independentes nacionais

R. do Rosário, 274, Porto > T. 93 629 6196
> seg-sáb 15h-20h
O LP Quarteto 1111, lançado pela
banda portuguesa em 1970,
foi vendido há dias pela Musak por “umas
centenas de euros”
6
MARCOS BORGA
MEMÓRIAS
SE7E 24 março 2016
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COLEÇÃO PESSOAL
LUCÍLIA MONTEIRO
Ver a coleção pessoal de vinis, tão
arduamente reunida ao longo de vários
anos, a passar agora de mãos em
mãos, não foi fácil, reconhece Filipe
Ribeiro, um dos dos sócios do Bop Café.
“Se tinha discos altamente, porque é
que haveriam de ficar só para mim?”
CARBONO LISBOA
Muitos dos funcionários do Bop Café não tinham
experiência no ramo da restauração. Para fazer
render a coleção de 3500 vinis que os sócios
Filipe Ribeiro e João Brandão disponibilizaram
para livre fruição na casa (e que, no fundo, é
a alma deste negócio), era mais importante
escolher pessoas que percebessem de música.
O resto viria com o tempo. “O que roda no giradiscos reflete o gosto de quem está a trabalhar
no momento”, conta Filipe. Na montra do café,
fica exposta a capa do disco a tocar, para
chamar a atenção de quem passa.
Os clientes podem ainda recorrer aos três
pontos de escuta privados do Bop Café.
Através do site ou do tablet do Bop Café,
conseguem pesquisar a listagem dos discos
disponíveis da coleção, desde a música
africana ao rock e funk (onde se encontram,
por exemplo, os primeiros álbuns do Quarteto
1111 e do angolano Bonga). E também podem
trazer os seus discos de casa. A editora
Lovers & Lollypops tem ainda ali à venda todo
o seu catálogo em vinil. No que diz respeito à
comida, é como se de um dinner americano se
tratasse, fruto dos cinco anos de férias que os
proprietários fizeram nos Estados Unidos. J.L.
Foi a primeira loja de discos usados a
aparecer no País. Uma ideia que João
Moreira trouxe das suas viagens de
InterRail, “quando em Portugal ainda não
havia nada disto”, conforme explica.
A funcionar desde 2004 na Rua do Telhal,
depois de 11 anos instalada no Centro
Comercial Portugália, onde abriu portas
em 1993, a Carbono continua a ser
poiso de colecionadores, melómanos e
apreciadores de música e de vinil – que
aqui passam horas a mexer e remexer
nas prateleiras e caixas à procura de
verdadeiros achados. “Isto dos discos é um
bocado moda, o vinil nunca desapareceu”,
diz João Moreira. Encontram-se discos
por todo o lado, novos e em segunda mão,
uns mais bem tratados que outros – e
isso reflete-se no preço que começa nos
€5 euros e pode chegar às centenas se
estivermos a falar, por exemplo, de uma
caixa de vinis dos The White Stripes. Jazz,
rock, pop, africana, brasileira, portuguesa...
Há de tudo e para todos os gostos, não
precisa de comprar sem ouvir, para isso
estão lá alguns gira-discos onde os vinis
são postos a tocar. O stock vai rodando, há
sempre material novo a chegar. Daqui já
saiu um carregamento de alguns milhares
de discos direitinhos para a coleção do
empresário brasileiro Zero Freitas, dono da
maior coleção de vinis do mundo.

R. da Firmeza, 575, Porto > T. 22 200 1732 > segqui 9h30-01h, sex 9h30-02h, sáb 10h30-02h, dom
10h30-01h
MARCOS BORGA
BOP CAFÉ PORTO
C O M S O TA Q U E
A loja possui uma grande
variedade de vinil dedicado
ao tropicalismo brasileiro
e à música africana

R. do Telhal, 6B, Lisboa
> T. 21 342 3757 > seg-sáb
11h-19h
24 março 2016 SE7E
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REMIX
Posto de escuta
Continua a haver vinil nos objetos para a casa e nos gira-discos
portáteis – estes têm um ar vintage, mas incluem funções modernas,
como entrada USB, colunas estéreo e baterias recarregáveis
Relógio
de parede
Bairro Arte
€43
Gira-discos GPO
Ambassador
www.rastilho.com
€159,90
Gira-discos
GPO
Bermuda
www.rastilho.com
€219,90
8
SE7E 24 março 2016
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Base para
copos
This & That
€4
Gira-discos
Crosley
Cruiser
This & That
€160
24 março 2016 SE7E
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7 FACTOS SOBRE…
‘A Sagrada Família’, de Josefa de Óbidos
O quadro foi comprado num leilão da Sotheby's, em Nova Iorque,
podendo agora ser visto pelo público no Museu da Misericórdia do Porto
P o r S U S A N A S I L V A O L I V E I R A [email protected]
1|
Uma artista do barroco
Muito popular junto dos
colecionadores, Josefa de
Ayla Figueira, mais conhecida por
Josefa de Óbidos, nasceu em Sevilha,
em 1630, mas foi em Portugal, em
Óbidos, que viveu desde os quatro
anos. Cedo mostrou aptidão artística,
em particular para a pintura, uma
raridade no século XVII, mais
ainda tratando-se de uma mulher.
Conhecida sobretudo pelas suas
naturezas-mortas, morreu em 1684,
aos 54 anos.
2|
A inspiração religiosa
Exemplar dos princípios
do barroco português,
datado de 1678, A Sagrada Família
com São João Batista, Santa Isabel
e Anjos destaca-se pela expressão
simbólica, pelas vestes de cores
vivas e fortes.
3|
O leilão da Sotheby's
A obra foi adquirida pelo
Museu da Misericórdia do
Porto, num leilão da Sotheby's, em Nova
Iorque, a 29 de janeiro deste ano, pelo
preço de 228 mil euros. Desde a semana
passada que se encontra em exposição
no museu portuense.
4|
Uma miniaturista
De dimensões reduzidas
(32,2 cm de altura por 43,1
cm de largura), o quadro exigiu da
pintora “uma invulgar perícia técnica
própria de miniaturistas de eleição”,
sublinha Francisco Ribeiro da Silva.
“A expressão das personagens, a
sinfonia alegre das cores, bem como
a simplicidade e candura são uma
combinação feliz e justificam a fama
do quadro”, continua o mesário do
Culto e Cultura, da Misericórdia do
Porto.
10
5|
Razões da compra
A qualidade artística,
a antiguidade e o nome
da autora ditaram a aquisição,
que contou com a intervenção
de Filipe Mendes, um galerista
lusodescendente que, já em
janeiro de 2015, tinha comprado
Maria Madalena Confortada
pelos Anjos, um outro quadro
de Josefa de Óbidos oferecido,
depois, ao Museu do Louvre.
6|
Um valor para a cidade
“A promoção cultural é
uma forma moderna de
praticar as obras de Misericórdia”,
explica Francisco Ribeiro da
Silva, justificando deste modo
a compra do quadro de Josefa
de Óbidos que, no seu entender,
é um novo atrativo para quem
visita a cidade do Porto.
7|
A Sala da Memória
Primeiro, e durante os
próximos dois meses,
o quadro de Josefa de Óbidos
ficará exposto na Sala da
Memória. Depois, integrará a
coleção permanente do Museu
da Misericórdia do Porto, na sala
dedicada à pintura, onde já se
encontra A Sagrada Família, de
António Vieira, e Aparição, de
Fernão Gomes.
SE7E 24 março 2016
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O G OSTO DOS OUTROS
Cláudio
Garrudo
Galeria das Salgadeiras Lisboa
“É como se fosse a minha segunda casa”,
assim descreve Cláudio Garrudo a Galeria
das Salgadeiras, dirigida por Ana Saramago
Matos. Artista residente da galeria, o
fotógrafo elogia-a assim: “Acolhe tanto
artistas emergentes como consagrados, e
tem uma boa energia.”
Os lugares que captam
a atenção do fotógrafo
e produtor cultural, que
inaugura agora uma nova
exposição, Poster
P OR S Í L V I A S O U T O C U N H A
[email protected]
Bar Snob Lisboa
A cumprir 51 anos de existência, o barrestaurante Snob é conhecido por ser poiso de
políticos, de jornalistas e da família Garrudo.
“Um clássico. A primeira vez que lá fui foi na
companhia do meu pai e, agora, vou lá com
a minha filha de oito anos. Sou sempre bem
recebido, é um hábito adquirido. Ah, e como
sempre o bife da casa. Mal passado.”
Petiscar em Cacilhas Almada
Cláudio Garrudo recomenda o passeio a
todo e qualquer turista que encontra pela
cidade: “Apanhar o barco no Cais do Sodré e ir
comer bons petiscos aos vários restaurantes
que existem em Cacilhas, como o velhinho
Cabrinha. É uma das melhores vistas de
Lisboa.” E há um bónus acrescido à paisagem:
“Não tenho que pegar no carro para lá chegar.”
Biblioteca da Imprensa Nacional/
Casa da Moeda Visita a biblioteca,
“belíssima”, também pelo programa
cultural, de acesso gratuito, que ela
costuma ter
Chiado-Príncipe Real-Bica Lisboa
Loja das Revistas “Fechou portas,
e é pena. Era um bom exemplo da
proximidade lisboeta: o sr. Luís, um dos
donos, conhecia toda a gente, indicavanos revistas novas... O edificio da Rua do
Loreto, onde estava, foi vendido para se
transformar num hotel...”
Nasceu aí, é aí que acontece a iniciativa
Bairro das Artes, de que Cláudio Garrudo
é coorganizador. No eixo Chiado-Príncipe
Real-Bica, “encontra-se tudo”.
“É cosmopolita, mas tem também a tradição
bairrista: como a mercearia da dona Augusta
ou o quiosque do sr. Oliveira, onde, se for
necessário, deixo a chave de casa.”
24 março 2016 SE7E
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CO MER E BEBER
Porto Sentido Porto
O bom filho à casa torna
LUCÍLIA MONTEIRO
O chefe José Cordeiro acaba de inaugurar um restaurante na cidade onde vive com a família.
No qual servirá, conforme diz, cozinha portuguesa “com apontamentos internacionais”
“Para mim, a
cozinha parte
do produto. Sou
muito ligado às
raízes e ao que
possamos trazer
do meio rural para
a cidade”, afirma
José Cordeiro
12
O nome não podia ser outro: Porto
Sentido. “Tem a ver com a música do
Rui [Veloso], com o Porto, a homenagem
à cidade”, diz-nos José Cordeiro, o chefe
de cozinha com raízes transmontanas,
enquanto nos conduz pelo restaurante
que acaba de abrir na cidade onde vive. Faz todo o
sentido, acrescentamos nós. Mantém o restaurante
em Lisboa, mas está “feliz por regressar ao Porto” – e
o sorriso denuncia-o. Com duas salas e um terraço,
no edifício da Ordem dos Engenheiros – Região
Norte, no Porto Sentido sobressaem as madeiras e o
vermelho cor de vinho, numa arquitetura a cargo de
Miguel Melo. O que aqui nos traz, em primeira
instância, será “a cozinha portuguesa, claro, com
apontamentos internacionais”.
O arroz malandro de tamboril com gambas,
coentros e limão, bacalhau à Brás e o ossobuco
como que o “perseguem”. Idem no que diz respeito
às tripas à moda do Porto, à caldeirada de samos
de bacalhau e camarão, à posta de vitela na grelha
(“durante uns meses com carne mirandesa, depois há
de ser maronesa e barrosã, para ajudar a promover
os produtos portugueses”), ao costeletão de boi
na brasa (um quilo para partilhar), à coxa de pato
confitada com espuma de feijão encarnado ou ao
peito de frango recheado com manteiga e alho de
que “as senhoras gostam muito”. A carta é variada
e inclui risotto (de lima e erva príncipe com bife
tamboril e açafrão das Índias), wrap de salmão
fumado com mousse de queijo ou massa noodle com
camarão, sopa e pimentos.
Diariamente há um menu executivo diferente
(€7,90 a €12,50), onde tanto é possível encontrar
açorda de bacalhau, xarém de milho algarvia com
torresmos de porco em vinha d'alhos, feijoada de
carnes, papas de sarrabulho à moda do Minho e,
até, cozido à portuguesa (estes dois últimos pratos
aos sábados e domingos). Nas sobremesas, o mítico
leite-creme partilhará a mesa com novidades como
o folhado crocante com mousseline e frutos do
bosque. “Para mim, a cozinha parte do produto. Sou
muito ligado às raízes e ao que possamos trazer do
meio rural para a cidade”, comenta enquanto nos
conta que, há dias, se surpreendeu com uma morcela
com arroz de sarrabulho feita em Ponte de Lima,
que irá entrar no seu arroz malandro de grelos.
José Cordeiro está entusiasmado. Para a abril, está
a preparar a abertura do Blini, o seu restaurante
em Vila Nova de Gaia que será dedicado aos peixes
e mariscos. “Para que nenhuma cidade fique
ciumenta”, brinca. Florbela Alves

R. Rodrigues Sampaio, 133, Porto > T. 22 318 9946 > ter-qui 12h-14h30,
19h-22h30; sex-sáb 12h-15h, 19h-23h30, dom-seg 12h-15h
SE7E 24 março 2016
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Duque Brewpub Lisboa
Leves, encorpadas e assim-assim
Um novo bar com produção própria de cervejas artesanais
portuguesas
Beber uma cerveja acabada de ser feita e dar dois dedos de
conversa enquanto se petisca uma linguiça assada é o
mínimo que pode fazer-se no Duque Brewpub.
Especializado em cervejas artesanais e aberto em finais de
fevereiro, em Lisboa, já é ponto de passagem para muitos
turistas que ali circulam, ora a caminho do Rossio, ora do
Chiado. Bebem e cantam, pois.
Por detrás do balcão (e do projeto), estão quatro amigos: Miguel
Nozolino (engenheiro de som), Tiago Castel-Branco (técnico de
comunicação), Pedro Lima (biólogo) e Vítor Faria (investigador).
Após se terem encontrado num festival de cerveja, decidiram abrir
o Duque Brewpub em apenas 365 dias. Estão ocupados a servir e
a produzir cerveja na pequena fábrica, junto ao balcão. Pedir uma
cerveja não é, de resto, uma missão fácil – há para todos os gostos,
com mais ou menos álcool e com diferentes sabores. O cliente
pode escolher desde a encorpada e alcoólica Aroeira (Taborda é a
variedade feita na casa), passando pela mais leve e aromática Dois
Corvos Matiné e terminando numa preta Oitava Colina Zé Arnaldo,
com aroma a café e a chocolate negro. Em relação às sugestões
engarrafadas, contam-se mais de 40 rótulos, correspondendo a
12 marcas portuguesas e das quais se destaca a Maldita (Aveiro) e
a Mean Sardine (Ericeira). Para quem prefere experimentar várias,
o melhor é optar pelo conjunto tasting tray (€9) e escolher cinco
cervejas à pressão que chegam à mesa em copos pequenos. “Até
ao momento, já fizemos mais de 40 receitas, algumas delas são
melhoramentos de receitas anteriores, que não tinham ficado no
ponto desejado. Para as aperfeiçoar, mudámos os cereais, os lúpulos
e a levedura”, diz Tiago Castel-Branco. Para acompanhar, há petiscos,
preferencialmente, queijos e enchidos. Sandra Pinto

Cç. do Duque, 51, Lisboa > T. 21 346 9947 > dom-qua 12h-24h, qui-sáb 12h-1h
Três sushimen dão as boas-vindas
no restaurante Wasabi Sushi Bar, que
agora renovou totalmente a sua ementa,
tornando-a mais sofisticada. “A carta ficou
mais reduzida, mas muito mais trabalhosa.
Optámos por ser mais puristas e apresentar
uma cozinha japonesa mais autêntica,
fugindo aos rolinhos de sushi”, diz Rui
Santos, o chefe de cozinha do Wasabi Sushi
Bar, um projeto que começou por ser uma
temakeria móvel na praia de São João, na
Costa da Caparica.
Os novos pratos mostram-se logo na
entrada Usuzukuri. À primeira vista, não
se percebe se as lâminas de salmão com
lima estão em cima de uma pedra de gelo
ou de sal gigante. Mas o sabor salgado e a
temperatura ambiente denunciam a segunda
hipótese. Passando às sugestões do sushi
bar, aconselha-se o ponzu no pregado maki
em cama de arroz e nori com cebola roxa,
lima, coentros e panzu. Para o comer, é
preciso pegar nas pontas da alga e levar à
boca numa só dentada. Da cozinha, assim se
chama a outra parte da ementa, encontrase o Yakiniku, uma espécie de pica-pau
do lombo à japonesa com ponzu (molho
asiático, feito à base de cítricos) e o Sukiyaki,
um “cozido” que reúne, no mesmo prato,
novilho, cogumelos shitake, couve chinesa,
tofu e cebola. Há mais para experimentar no
Wasabi Sushi Bar, por exemplo, os Especiais
Wasabi, que encerram as sugestões na
nova lista. “São peças que crio no momento.
Nestas criações junto o que quiser. É isto
que me dá gozo”, afirma Rui Santos. Para
acompanhar a refeição, pode pedir cerveja,
sakê, whisky e gin, de origem japonesa (pois,
claro). S.P.
D.R.
D.R.
Wasabi Sushi Bar Lisboa

R. Azedo Gneco, 74B, Lisboa > T. 21 099 7186 >
seg-dom 13h-15h, 20h-24h
24 março 2016 SE7E
13
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CO MER E BEBER
António Leça da Palmeira
Nome a reter
É uma referência gastronómica desta terra de pescadores.
Sem mar à vista, mas com estacionamento privativo e cozinha excelente
POR
MANUEL
G O N ÇA LV E S
D A S I LVA
LUCÍLIA MONTEIRO
comer&[email protected]
Em vez da grelha, o
António privilegia a
comida de tacho – e
assim se distingue
dos restantes
restaurantes de
Leça da Palmeira
14
A cozinha é tradicional portuguesa,
com base no peixe, como sucede em
quase todos os restaurantes de Leça
da Palmeira, que é terra de pescadores.
Mas o António diferencia-se por estar
um pouco afastado e por privilegiar a
comida de tacho, em vez da grelha. Tem acesso
fácil e espaço amplo com parque de
estacionamento privativo, esplanada e duas salas
confortáveis, decoradas com sobriedade e bomgosto (o ecrã de televisão na sala de não fumadores
destoa, mas dizem ser indispensável nos dias de
grandes jogos de futebol, únicos em que é ligado).
Os anfitriões, Maria de Fátima e António Araújo,
sabem receber, sendo mérito dela a qualidade
culinária.
O capítulo dos peixes domina a ementa mas,
curiosamente, as sugestões do dia, que figuram
entre os pratos mais pedidos, são de carne, exceto
segunda-feira, em que há bacalhau com natas.
Seguem: terça, tripas à moda do Porto; quarta,
cozido à portuguesa; quinta, vitela assada no forno;
sexta, rojões à moda da casa; sexta ao jantar e
sábado: cabrito assado no forno. Todos justificam a
preferência, embora as alternativas do lado piscícola
pareçam imbatíveis, em especial o polvo assado no
forno com batatas assadas e um arroz de forno seco,
escuro (do polvo e dos temperos), que é delicioso;
a caldeirada de peixe (só peixe sem escama: raia,
tamboril, cação, congro, lulas), perfumada e
saborosa; os linguadinhos com arroz de grelos; os
filetes de pescada (obviamente fresca) com arroz
ou farinha de pau; o bacalhau à António (cozinhado
em azeite com cebola e batatas às rodelas, simples
e saboroso); o bacalhau assado no forno; e, no tema
das carnes propriamente dito, os bifes de carne
barrosã, sempre tenra e suculenta. Seria injusto
esquecer as entradas, porque são um conjunto
de bons petiscos: pataniscas de bacalhau (como
devem ser, sem restrições na qualidade nem na
quantidade de bacalhau), petingas fritas, calamares,
rissóis, chamuças, saladas de polvo e de bacalhau,
amêijoas à Bulhão Pato ou, talvez melhor ainda,
uma excelente sopa de peixe. Boas sobremesas
tradicionais de que são exemplos o leite-creme, o
pudim Abade de Priscos, o pão de ló de Ovar, a tarte
de amêndoa e a maçã assada. Garrafeira adequada.
Serviço eficiente e simpático.

R. Óscar da Silva, 2681, Perafita, Leça da Palmeira > T. 22 996
0741/22 996 7507 > 12h-15h30; 19h30-23h > €30 (preço médio)
SE7E 24 março 2016
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PROVA CEGA
O Apuradinho Lisboa
Discretamente instalado no
início da subida da Rua de
Campolide, O Apuradinho é
um restaurante tradicional
que não vai em modas nem faz
concessões, mantendo-se fiel
aos produtos, ao receituário
e aos sabores da cozinha
portuguesa desde o dia em que
abriu ao público, há 33 anos,
numa linha de sobriedade e
de coerência exemplares. Os
proprietários, Bé e Albano,
ocupam-se da cozinha e da sala,
respetivamente, com o desvelo
de quem recebe em casa. Uma
casa de fumadores, convém
esclarecer. A ementa muda
todos os dias, porque há um
número significativo de clientes
regulares aos quais não se pode
oferecer sempre o mesmo. Mas
há coisas que permanecem,
como os ovos com farinheira,
o mexilhão à Apuradinho,
o cocktail de camarão, os
escargots, ou a rescendente
sopa rica de peixe, nas entradas;
os bacalhaus à Brás e à Gomes
de Sá, ambos respeitadores das
receitas originais, os pastéis de
bacalhau, também feitos como
devem ser, os pastéis de massa
tenra, os choquinhos à algarvia,
o cozido à portuguesa, único
prato com dia fixo, na primeira e
na terceira quinta-feira de cada
mês, o cabrito assado no forno,
que merece aplauso e aparece
com frequência ou quando
se encomenda. Também por
encomenda há sempre caça civet de lebre, perdiz estufada
ou em vol-au-vent, galinhola e,
na época, boa lampreia. Doçaria
feita na casa com muito saber,
destacando-se a encharcada, o
bolo rançoso e o pudim francês.
Garrafeira interessante, mas
sem copos à altura, o que é
pena, porque a cozinha merece
melhor serviço de vinhos, de que
os copos fazem parte.
Churchill Estates
Douro Tinto 2012
Churchill’s
Tradição e modernidade
JOSÉ CARIA
Criada em 1981, a Churchill’s afirmou-se como
produtora de vinhos do Porto e Douro de qualidade
superior

R. de Campolide, 209-A, Lisboa >
T. 21 388 0510 > seg-sex 12h-22h;
sáb 12h-15h > €25 (preço médio)
A história do vinho do Porto escreve-se, em
boa parte, com nomes de famílias inglesas
(curiosamente, nome de família é a
tradução de family name, que corresponde
ao português apelido e ao brasileiro
sobrenome), de mercadores que se
estabeleceram na cidade, nos séculos XVII e XVIII,
contribuindo decisivamente, primeiro para a
exportação e, depois, também para a produção dos
grandes vinhos do Douro. Radicaram-se, deixaram
descendência e deram origem a grandes casas de vinho
do Porto que ainda hoje são protagonistas do setor.
O caso da Churchill’s é diferente, apesar do nome inglês
e do papel destacado na produção e na comercialização
de vinhos do Porto e do Douro, porque o seu passado é
muito recente: tem só 35 anos e resulta da iniciativa de
John Graham, que deu à empresa o nome da sua
mulher, Caroline Churchill.
O objetivo da Churchill’s, segundo John, é a
“produção de vinhos de categorias premium com
identidade muito própria”, aos quais imprime o seu
estilo. E este caracteriza-se pela elegância, pois, como
diz a propósito do vinho do Porto, “tem que ter um bom
ataque, peso relativo, estrutura, fruta, pureza e acidez”.
Outro tanto poderia dizer dos seus vinhos de mesa, que
apresentam um equilíbrio notável, pautado pela acidez,
que lhes dá elegância e frescura. Comercializados sob as
marcas Churchill’s e Quinta da Gricha, estes vinhos são
indispensáveis em qualquer garrafeira
Feito de uvas das castas
Touriga Nacional,
Touriga Franca e
Tinta Roriz, este vinho
estagiou, uma parte em
barricas de carvalho
francês, que lhe deram
complexidade, outra
em cubas de inox, que
acentuaram a frescura
e a fruta. Bonita cor
violeta, aroma sugestivo
com notas frutadas,
florais e balsâmicas,
paladar elegante. Óbvia
aptidão gastronómica.
Boa companhia para
qualquer refeição. €12
Churchill’s Estates
Grande Reserva
2009
Para este vinho foram
selecionadas uvas de
vinhas com mais de 50
anos das Quintas da
Churchill’s. Estagiou
em cascos novos de
carvalho francês. Tem
grande concentração de
cor, aroma complexo,
paladar cheio com os
taninos presentes,
mas bem envolvidos,
tudo bem estruturado.
Bom potencial de
envelhecimento, mas
pronto para beber.
Decantar antes de
servir. €25
Churchill’s 20 Years
Old Tawny Port
Começa por seduzir
com a cor acastanhada
com laivos vermelhos e
dourados; depois, com o
aroma complexo, limpo,
muito fino, em que se
evidenciam as notas de
frutos secos; a seguir,
com o paladar muito
rico e equilibrado que
provoca uma infinidade
de sensações; e, por
último, com o final longo
e elegante. Para beber
com frutos secos, com
queijos curados, ou só, a
temperatura próxima de
15º C, mas não superior.
€35
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CO MER E BEBER
RUI DUARTE SILVA
Ateliê – Coffee Shop
Porto
Alma D' Eça Braga
Comida com alma
Neste novo restaurante do centro histórico da cidade, cruzam-se
os sabores do Oriente com os da cozinha mediterrânica
Numa das ruas do centro histórico de Braga, ao lado da Sé,
voltado para o jardim de Santa Bárbara, encontramos o
Alma D' Eça. Aberto em dezembro último, o restaurante,
que surgiu quase por graça de uma conversa de amigos, já
se tornou coisa séria. Nuno Peixoto, o chefe, Miguel
Marques e Vítor Sousa, os sócios, convidam o cliente a viajar
rumo a outras latitudes, de inspiração oriental, deixando de lado a
gastronomia regional. “Queremos levar o sushi a um outro nível, mais
elaborado e com pouca fusão”, explicam. Na opinião de Nuno Peixoto,
quem aprecia a comida japonesa gosta da diferença – e daí optar por
legumes, por cogumelos frescos e por diversificar o mais possível o
peixe (badejo, bacalhau fresco, robalo, salmão, garoupa e pregado),
quase sempre pescado à linha. Se se optar pelo freestyle da casa, o chefe
vai surpreender na conjugação de sabores e texturas, bem como na
apresentação.
Como alternativa, o Alma D' Eça também abre a ementa à comida
de inspiração mediterrânica, servindo pasta e risotto em combinações
invulgares, alguns pratos portugueses de toque contemporâneo e bifes
Wellington e foie gras. Da lista consta ainda carré de borrego com ervas
finas e joelho de porco confitado. Ao almoço, está disponível um menu
executivo mediterrânico, que inclui couvert, sopa, prato quente, bebida
e café (€8,50), e um menu de sushi, exceto ao fim de semana, com
entradas e um freestyle de 12 peças, bebida e café (€13,50). Com três
áreas distintas, divididas entre dois pisos, de linhas minimalistas e tons
suaves, o Alma D' Eça foi desenvolvido segundo o projeto do arquiteto
Nuno Capela. S.S.O.
A oferta é simples,
mas eficaz, se tivermos
em conta o corrupio
diário à volta do
Jardim do Carregal,
no Porto. “Temos
pouca coisa, mas o
que temos é sempre
do dia”, contam Miguel
Meirinhos e Raquel
Simões, proprietários
do Ateliê Coffee Shop.
Sugestões ligeiras,
como as tostas em
pão saloio, as tostadas
e as sanduíches
com combinações
apetitosas (dois
exemplos: cavala com
pimentos agridoce ou
espinafres salteados
com mozzarella e
sementes de sésamo).
Destacam-se ainda
as bebidas quentes,
do capuccino ao
latte macchiato com
diferentes sabores.
Há sempre menus de
almoço, com quiches
ou sanduíches, sopa
(um dos êxitos da
casa) e sobremesa
caseira (€5 e €7).
Raquel Simões dá
largas às suas mãos de
doceira (os red velvet
muffins e o crumble
de frutos vermelhos
voam) e, ao lanche,
há sempre scones
fresquinhos e bolachas.
A loja, pequena e
airosa, preservou
as características
originais do edifício do
século XIX, como o teto
trabalhado em estuque.
Como existem poucas
mesas, é possível obtar
pelo take-away.

R. Clemente Menéres, 20,
Porto > T. 22 099 6771 >
seg-sex 08h-19h

R. Eça de Queirós, 28, Braga > T. 253 251 081 > seg 12h30-15h, ter-sáb 12h30-15h30,
20h-23h30
16
SE7E 24 março 2016
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S AIR
A Volta ao Mundo em 24 Músicas Porto
Canções de todos os tempos
Chaos In The CBD Porto
D.R.
Trupe Sons em Cena estreia musical para famílias
no Museu Futebol Clube do Porto
Um musical
divertido e
pedagógico que
nos leva numa
viagem pelos cinco
continentes ao som
de composições de
bandas e músicos
famosos
Do Brasil à Síria, de Portugal à Índia, com passagem por
Angola, Jamaica, México, Estados Unidos, China, Inglaterra
e Tibet. É assim A Volta ao Mundo em 24 Músicas, a viagem
que vai levar Raquel, a protagonista deste espetáculo, a
visitar onze países. Em pouco mais de sessenta minutos,
duas personagens imaginárias – o Grilo (falante e maestro)
e a Fada (cantora e diva) – ajudam a realizar o sonho daquela criança,
que conhecerá histórias e tradições musicais dos cinco continentes, mas
também o mundo de hoje e sem fechar os olhos à guerra e ao drama dos
refugiados. Uma perspetiva realista numa produção musical pensada
para a primeira infância (4 a 10 anos) e que quis juntar “episódios de
humanidade, paz e igualdade”. “Fazer o bem, pode tornar tudo melhor”,
acredita Indy Paiva, diretor da Trupe Sons em Cena, certo de que se
todos ajudarem, o mundo será muito diferente.
Com uma cenografia simples e dinâmica, a apelar à imaginação do
público, A Volta ao Mundo em 24 Músicas é um musical minimalista
que prende a atenção de crianças e adultos com as cantigas tocadas ao
vivo pela banda, bem como com a representação dos atores que cantam
e dançam. Sem recurso a músicas infantis, no alinhamento desfilam
composições de bandas como Beatles, ABBA, Queen, Xutos & Pontapés
ou de músicos como Bob Marley e Tom Jobim. “Será mais fácil aos pais
reconhecerem as canções”, admite Indy Paiva. Com músicas de escala
melódica simples, o desejo é que se saia dali a trauteá-las e se leve o
espetáculo para casa, para cantar em família. Susana Silva Oliveira
Influenciados pela
house music, os Chaos
In The CBD, dupla
formada pelos irmãos
neozelandeses Ben e
Louis Hekkier-Hales,
percorrem grandes
clássicos da música de
dança nos seus sets.
A viver em Londres
desde 2012, aterram em
Portugal, pela primeira
vez, esta sexta, 25, e
ocupam a Sala Cubo
do Plano B, no Porto.
Tendo em conta o gosto
pela produção e mistura
sonora, deverão deitar
mão aos últimos discos
editados por produtoras
como a ClekClekBoom,
Amadeus, Needwant
e Hot Haus Records,
como No Signal
Found, Constraints of
Time Travel ou Digital
Harmony. Apresentados
pelo Plano B como
uma dupla à margem
dos seus pares e a
ter em conta na cena
underground, os
Chaos In The CBD
não costumam deixar
ninguém ficar parado a
ver – foi assim, dizem,
no mix apresentado na
Abandon Silence, em
Liverpool, e também
no Chalet, em Berlim.
Ao lado, o Palco do
Plano B estará ocupado
pela animação dos
portugueses Kazoo
Collective, enquanto
a Galeria recebe soul,
funk e disco ao melhor
estilo rhythm & blues de
Mojo Hannah. S.S.O

Plano B > R. Cândido dos
Reis, Porto > T. 22 201
2500 > 25 mar, sex 01h
> €5

Museu Futebol Clube do Porto > Estádio do Dragão, Via Futebol Clube do Porto > T. 22
557 0410 > 25-26 mar, sáb-dom 16h > €5
24 março 2016 SE7E
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S AIR
PORTO
INSÓLITO
P o r G E R M A N O S I LVA
YARA KONO
A Senhora da Silva
Primavera na Cidade Lisboa
Sair à rua depois do frio
Celebrar com música a chegada da primavera
e interagindo com várias comunidades da cidade
O Grupo Vocal
Olisipo, o Coro de
Câmara Lisboa
Cantat e o Coro
da Câmara e
a Orquestra
Académica da
Universidade de
Lisboa vão atuar
em três igrejas
de Lisboa na
primeira edição
da Primavera na
Cidade, cujo cartaz
foi desenhado pela
ilustradora Yara
Kono
É com o Holi – Festival das Cores que a Índia
comemora a chegada da primavera. E, este ano,
será assim também em Lisboa, que recebe a nova
estação com o Feliz Holi, no sábado, 26, no
Jardim Mahatma Gandhi. A comunidade Hindu
lisboeta recriará vários costumes da festa indiana
através de gastronomia, dança, música e jogos tradicionais.
A iniciativa está inserida na programação da Primavera na
Cdade, organizada pela EGEAC, e cuja primeira edição se
prolongará até domingo, 3 de abril.
No Centro Ismaili de Lisboa, A Sombra e a Luz nas
Canções promoverá o encontro entre fado e jazz, com a
voz de Ricardo Ribeiro a juntar-se ao piano de João Paulo
Esteves da Silva, na terça, 29. O espetáculo, baseado no
repertório e na vida dos músicos, promete criar uma relação
de cumplicidade com os jardins deste espaço da comunidade
muçulmana. A programação da Primavera na Cidade
estende-se ainda à Igreja de Santa Catarina, à Igreja da Graça
e à Igreja do Sagrado Coração de Jesus, com concertos de
música clássica, na quinta, na sexta e no sábado, dias 31 de
março, 1 e 2 de abril. Para o encerramento, no domingo, 3,
está previsto um espetáculo, ao ar livre, com a portuguesa
Carolina Deslandes, o cabo-verdiano DinoD’Santiago e a
brasileira Maria Emília Reis, no Jardim Arco do Cego.
“Após tanto tempo em casa e com frio, achamos que é a
altura propícia para as pessoas voltarem a explorar Lisboa.
Com a Primavera na Cidade celebramos a Páscoa através de
uma programação nas igrejas, mas fomos também à procura
da diversidade cultural em Lisboa. Queremos assumir essas
outras celebrações da primavera como festejos da cidade,
para que os lisboetas conheçam outros espaços e possam
usufruir deles”, resume Joana Gomes Cardoso, presidente da
EGEAC. Vanessa Queiroga

Vários locais de Lisboa > 26 mar-3 abr > grátis
18
Conta uma velha lenda
que, andando-se, no
século XII, no tempo de
D. Afonso Henriques, a
construir a catedral do
Porto, ao abrirem-se os
caboucos para a obra,
apareceu, no meio de um
silvado, uma imagem da
Virgem a que, logo ali, foi
dado o apropriado nome
de Nossa Senhora da
Silva. A grande protetora
das obras da Sé e que as
acompanhava amiúde, era,
como toda a gente sabe,
a rainha D. Mafalda, a
mulher do nosso primeiro
rei que, ao saber do insólito
achado, se tornou na
primeira grande devota
da milagrosa imagem. Era
tão elevada essa devoção
que levou a rainha a
deixar, em testamento, à
Senhora da Silva, “todos
os vestidos e louçainhas
[trajes muita ataviados]
que em seu guarda-roupa
se achassem à sua
morte”. Todo o portuense
conhece (imaginamos nós)
a imagem da Senhora da
Silva existente num altar
colocado no transepto da
Sé. O que nos parece que
pouca gente sabe é que
naquele curioso oratório
envidraçado, ao nível do
primeiro andar, na fachada
de um edifício da Rua dos
Caldeireiros, está outra
imagem da Senhora da
Silva e que, nesse edifício,
funciona há quatro séculos
a Confraria de Nossa
Senhora da Silva – uma
das mais antigas do Porto
ainda em atividade. Mais:
houve tempos em que
nessa confraria estiveram
reunidos três grandes
hospitais-albergarias: os de
S. Tiago e Santa Catarina; e
o de S. João Baptista.
SE7E 24 março 2016
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CO MP RAR
H&M Loves Coachella
Unidos pela moda
D.R.
O que é que o festival de música, no estado americano da Califórnia, tem em comum com a marca
de roupa sueca H&M? Tudo – e, literalmente, mais um par de botas
Tal como o festival,
que acontece
em dois fins de
semana, a coleção
H&M Loves
Coachella vai ser
posta à venda em
duas fases.
A primeira leva
de roupa chega às
lojas já no dia 31, a
segunda só a partir
de 14 de abril
Houve um tempo em que o festival
Coachella atraía multidões a Indio, no
deserto da Califórnia, por causa da
música. Hoje, 16 anos passados da
primeira edição, é sobretudo um
grande acontecimento onde todos
querem estar. Elas de flores na cabeça, calções
curtos e botas pelo tornozelo, eles com o seu ar
cool – na sua grande maioria, a rondar os 20 anos
e sem grandes problemas de dinheiro (só para se
ter ideia, um passe para o festival que decorre em
dois fins-de-semana em abril custa 400 dólares).
E o que é que a H&M tem a ver com isto? Tudo.
Primeiro, porque a marca sueca de roupa é um dos
(poucos) patrocinadores – algo raro no mercado
americano, diga-se, e bem diferente do que se
passa em Portugal, onde tudo o que é nome de
festival vem com uma marca associada. Depois,
porque desta ligação nasceu, no ano passado, uma
parceria inédita com vista a criar uma coleção de
roupa e acessórios.
Este ano, e repetindo a “fórmula”, a H&M
prepara-se para lançar uma segunda coleção.
Já esta semana nos Estados Unidos, a partir de
dia 31 nos restantes países – Portugal incluído
–, mas só nas lojas que têm secção jovem.
Composta por cerca de 50 peças, e preços a
variar entre os €3,99 (uma bolsa pequena) e
os €39,99 (um blusão de ganga sem mangas).
Para as raparigas, há blusas de estilo folk, tops
bordados com franjas, macacos estampados,
calções de ganga desgastada, botas rasas, colares
e chapéus. Já os rapazes querem-se vestidos
com camisas estampadas, t-shirts, bermudas e
calções de ganga. Bem ao estilo de Coachella,
portanto. Inês Belo
24 março 2016 SE7E
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VER
Bossarenova Trio Lisboa
Música transatlântica
Tiago Sousa Lisboa
O trio liderado pela brasileira Paula Morelenbaum
celebra 50 anos de bossa nova
D.R.
Dono de uma
linguagem sonora
única, que vagueia
algures entre as
margens do rock e do
jazz, o pianista Tiago
Sousa apresenta
pela primeira vez o
novo disco Um Piano
nas Barricadas, que
sucede ao aclamado
Samsara. Neste
novo trabalho, volta
a alargar horizontes,
acrescentando ao
piano as sonoridades
da harpa de Angélica
V Salvi, do clarinete de
Ricardo Ribeiro e da
percussão de Baltazar
Molina, que também os
acompanharão neste
espetáculo.
Para além
de Lisboa, o
Bossarenova
Trio atua
também no
Auditório do
Conservatório
de Música,
em Coimbra
(31 de março),
na Casa das
Artes (1 de
abril), em
Vila Nova de
Famalicão,
e no Teatro
Micaelense,
em Ponta
Delgada (2 de
abril).
Tendo como ponto de partida a bossa nova, a cantora
brasileira Paula Morelenbaum embarcou numa viagem
sonora pelas tradições musicais brasileira e europeia,
juntando-se a dois dos mais aclamados músicos alemães da
atualidade. São eles Joo Kraus, atualmente considerado um
dos melhores trompetistas do jazz europeu, e o pianista de
formação clássica Ralf Schmid, colaborador de nomes como Ivan Lins,
Diane Warwick, Natalie Cole ou Herbie Hancock.
Nome de referência da bossa nova, Paula Morelenbaum trabalhou
durante dez anos com Tom Jobim, a cujo legado dedicou grande
parte da sua carreira, ganhando o reconhecimento do público
internacional em grupos como o Quarteto Jobim/Morelenbaum ou o
Trio Morelenbaum 2/Sakamoto (ambos em parceria com o marido,
Jaques Morelenbaum) e também a solo, com os discos Berimbaum e
Telecoteco, nomeado em 2009 para os Grammy latinos, na categoria
de melhor produção. Foi nesse mesmo ano, por ocasião dos 50 anos
de bossa nova, que deu início a este projeto, no qual recria a obra de
compositores tão diferentes como Schubert, Schumann ou Villa Lobos,
juntando a música erudita ao jazz e aos ritmos brasileiros, numa ponte
transatlântica que conquistou a crítica e os levou a algumas das mais
célebres salas e festivais internacionais. É este espetáculo, baseado no
disco Samba Prelúdio, editado em 2013, que agora apresentam nesta
minidigressão por Portugal. Miguel Judas

CCB > Pç. do Império, Lisboa > T. 21 361 2400 > 29 mar, ter 21h > €22,5

ZDB > R. da Barroca, 59,
Lisboa > T. 21 343 0205 >
24 mar, qui 22h > €8
Gabriel Ferrandini
Lisboa
Considerado um dos
meninos-prodígio
do jazz português,
o baterista está de
regresso à ZDB,
onde irá manter este
ano uma residência
artística, apresentada
pelo próprio como um
momento de encontro
entre o jazz clássico e a
improvisação.
O objetivo é compor
temas originais para um
trio, completado pelo
contrabaixista Hernâni
Faustino e o saxofonista
Pedro Sousa, que
se apresentará
periodicamente neste
palco

ZDB > R. da Barroca, 59,
Lisboa > T. 21 343 0205 >
30 mar, qua 22h > €4
20
SE7E 24 março 2016
© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19)
Orquestra Metropolitana de Lisboa e Voces Caelestes
Lisboa
A anteceder o fim de semana da Páscoa, a Orquestra
Metropolitana de Lisboa junta-se às vozes do coro Voces
Caelestes e de quatro cantores líricos portugueses
para interpretar uma cantata e a Oratória de Páscoa, de
Johann Sebastian Bach. Depois da Oratória de Natal, em
dezembro, prossegue assim a interpretação da integral
das oratórias litúrgicas do compositor alemão, seguindose a Oratória de Ascensão, agendada para 5 de maio.
STEPHEN BOOTH

CCB > Pç. do Império, Lisboa > T. 21 361 2400 > 24 mar, qui 21h
> €10 a €30
The Black Mountain Lisboa e Porto
O rock como ele é
A banda canadiana apresenta-se pela primeira vez
em Portugal
Já serão poucas as bandas com o estatuto dos
Black Mountain que ainda não tocaram em
Portugal, razão pela qual a estreia destes
canadianos assume contornos de acontecimento.
Surgidos em 2004, deram-se a conhecer no ano
seguinte, com o álbum de estreia homónimo, que
de imediato os elevou ao estatuto de superestrelas para os fãs
das sonoridades rock mais alternativas, recuperando, à luz
dos novos tempos, o legado de nomes tão diferentes como
Led Zeppelin, The Doors, Jimi Hendrix, Pink Floyd ou Black
Sabbath. “Uma música antiga”, como os próprios a definem,
“que não poderia ter sido tocada antes”, que os tornou nos
porta-estandartes de toda uma nova geração de bandas
space-rockers e voltam agora explorar até ao limite no novo
IV, já considerado por muitos como um dos seus melhores
trabalhos até à data. É este álbum épico no qual se voltam
reinventar, entre riffs de guitarra a apelar ao headbanging,
mas sem nunca perder o norte do formato canção, que agora
apresentam, finalmente, em Portugal, numa das estreias mais
aguardadas dos últimos anos em palcos nacionais. M.J.
Sílvia Pérez Cruz Lisboa
Uma das mais aclamadas vozes espanholas da
atualidade, a cantora catalã apresenta em Lisboa o
álbum de estreia a solo, 11 de Novembre. Cantado em
catalão, castelhano, português e galego, o disco é uma
homenagem não só à sua família (o título é o dia de
aniversário do seu pai) como à própria cultura ibérica,
percorrendo vários estilos musicais do cancioneiro
peninsular e derivados, como fado, flamenco, bolero ou
samba.

Fundação Calouste Gulbenkian > Av. de Berna, 45 A, Lisboa >
T. 217823700 > 30 mar, qua 21h > €18

Hard Club > Pç. Infante D. Henrique, Porto > T. 22 010 1186 > 26 mar, sáb 21h
> 18€
Musicbox > R. Nova do Carvalho, 24, Lisboa > T. 21 347 3188 > 28 mar, seg
21h30 > €18
24 março 2016 SE7E
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VER
MARIA MANUEL
Os Justos Lisboa
Águas Profundas+Terminal de Aeroporto Porto
Ficar ou partir?
Duas peças do dramaturgo britânico Simon Stephens,
ambas nas imediações do aeroporto de Heathrow, aterram no palco
do Teatro Nacional São João
As duas
peças têm
cenografias,
figurinos
e música
distintos. A
cenografia é
dividida entre
Pedro Tudela
e Catarina
Braga Araújo,
os figurinos
entre Helena
Guerreiro
e Nuno
Baltazar e
a música
entre Marco
Pereira,
Miguel
Pereira e
Noiserv.
Há uma decisão a marcar o destino das personagens das
peças do dramaturgo britânico Simon Stephens. Sem
dramas, o público depara-se com situações em que alguém
chega, espera ou parte, confrontando-se com os seus
medos e as suas imperfeições. Um mergulho naquilo que
cada um tem de mais obscuro, sem julgamentos morais.
“A escrita do autor é surpreendente, propõe um dispositivo que nos leva
a criar uma expetativa e, mais tarde, tira-nos o tapete, porque nada é
aquilo que parece”, sublinha o encenador Nuno M. Cardoso.
A primeira peça, Águas Profundas (Wastwater no original, nome do
lago mais profundo de Inglaterra), é um tríptico que cruza habilmente
as histórias de três pares. Irene (interpretada por Maria João Luís) é
a mãe de acolhimento de Henrique (Pedro Almendra), um jovem que
teve uma adolescência conturbada e que está prestes a emigrar para o
Canadá e a alcançar a redenção. Na segunda parte, relata-se o encontro
fortuito entre Marco e Isabel (Albano Jerónimo e Olinda Favas), num
quarto de hotel, próximo do aeroporto, e a forma como ambos expõem
em absoluto a sua intimidade. Por último, o diálogo atroz entre João
(António Durães) e Ana (Íris Cayatte), a partir de um caso de tráfico de
crianças que, mais uma vez, joga com a imprevisibilidade.
Na segunda peça, Terminal de Aeroporto, a atriz Rita Brütt interpreta
uma mulher que, após ter testemunhado o homicídio de um jovem de
16 anos, decide fugir à sua rotina de mãe de família. Numa viagem de
metro a caminho do aeroporto, interroga-se sobre o grau de terror
deste episódio e sobre a sua própria existência. No terminal, a dúvida
ataca: ficar ou partir? Joana Loureiro

Teatro Nacional São João > Pç. da Batalha, Porto > T. 22 340 1910 > 24-27 mar, qui-sáb
21h, dom 16h > €7,50 a €16
22
O Teatro da Cidade
apresenta a sua primeira
criação coletiva, Os
Justos, de Albert Camus,
na Cornucópia, com
quem tem colaborado.
Em palco estarão André
Pardal, Bernardo Souto,
Guilherme Gomes (o
Hamlet recentemente
dirigido por Luís Miguel
Cintra), João Reixa,
Nídia Roque, Ricardo
Alas e Rita Cabaço:
“Servindo-nos das
questões que Camus
atribuiu a este grupo de
revolucionários russos
no início do século XX,
espelhamos em corpos
e vozes contemporâneos
preocupações iminentes
que não se limitam a um
lugar ou uma data.”

Teatro do Bairro Alto > R.
Tenente Raul Cascais, 1A,
Lisboa > T. 21 396 1515 >
30 mar-10 abr, ter-sáb 21h,
dom 16h
Gentileza de um Gigante
Lisboa
No palco, uma mulher,
um homem e uma mesa
onde nascem cenários
em miniatura, criados
por aqueles dois corpos
nus. Como o brasileiro
Gustavo Ciríaco descreve, a sua performance
é um “constante e
paradoxal confronto
entre um mundo feito à
medida do homem e um
mundo que corre para
além de si e dos seus
poderes orquestradores,
onde a paisagem tange
o indizível, o inefável, o
sublime”.

Negócio > R. de O Século,
9, Lisboa > 30 mar-2 abr,
qua-sáb 21h30 > €7,50
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Breviário do Quotidiano #8 - Lisboa, 2016 Lisboa
‘Mi casa es su casa’
A casa verdadeira de Ana Pérez-Quiroga é uma instalação, agora partilhada fora de portas
D.R.

Arquivo Muncipal de
Lisboa/Fotográfico
> R. da Palma, 246,
Lisboa > T. 21 884
4060 > até 28 mai, segsáb 10h-19h
Todos fazem parte desta prática
artística: os objetos roubados (mantas
de avião...), os objets trouvés, os
souvenirs afetivos (dez pacotes de
açúcar podem ritualizar encontros).
“É como se eu congelasse a memória”,
explica Ana Pérez-Quiroga. Conta: “Em 2010,
apercebi-me que as escolhas a que submeto os
objetos são idênticas às que faço quando produzo
arte, partilham o mesmo protocolo artístico.”
Criando registos fotográficos desses objetos –
livros, loiça, jarras de flores, tudo – e catalogandoos, assim mapeando o quotidiano, o projeto
Breviário do Quotidiano consuma-se na sua casa
– contemplável via site (www.
anaperezquirogahpme.com), ou possível de viver
(alugada por duas noites). Um processo de fusão
entre arte e vida de uma assumida herdeira
duchampiana: “Quando se vai a um museu,
percebemos que uma obra tem uma moldura dada
pela instituição, e apercebida pelo público. Aqui,
quem legitima a obra de arte sou eu. Duchamp não
seria tão esteticizado, mas eu tenho essa dimensão.
Se não, estaria a fazer antropologia”, defende. No
Arquivo Municipal de Lisboa, revela 1388
fotografias de seis mil objetos, a que se juntam uma
chaise-longe, uma mesa e um candeeiro, feitos de
propósito “para criar a ideia de habitat, de lar doce
lar”. Uma casa de substituição, um deslocamento
conceptual, que sublinha a “performance da vida” e
“a importância de viver o momento”. S.S.C.
24 março 2016 SE7E
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VER
Residências artísticas Porto
O lado B da cidade
Uma exposição no AV. Espaço Montepio revela o resultado
do trabalho que foi desenvolvido por quatro grupos de
artistas ao longo de um mês
A dupla Pedro
Ferreira e Assunta
Alegiani assina
três instalações
audiovisuais
sobre a paisagem
urbana do Porto,
explorando a
transição entre o
velho e o novo
Depois do Edifício AXA e da Locomotiva, a
estratégia de ocupação temporária de espaços
devolutos na cidade, desenvolvida pela Porto
Lazer, prossegue no AV. Espaço Montepio.
A primeira exposição das Residências Artísticas
inaugura este sábado, 26, numa mostra de quatro
projetos, que foram selecionados a partir das 65 candidaturas
apresentadas, no início deste ano. Durante um mês, Carlos
Mensil, Alexandra Rafael e as duplas Pedro Ferreira e Assunta
Allegiani, Catarina Azevedo e Karen Lacroix ocuparam a
antiga dependência do Banco Montepio, na Avenida dos
Aliados, no Porto, sempre numa lógica de diálogo criativo
que – envolvendo ilustração, vídeo, instalação, pintura,
escultura, multimédia e gravura – agora se torna pública.
A poucos dias da abertura, era ainda grande a azáfama no
átrio, nas salas do rés do chão e da cave. Há fios soltos, papéis
pelo chão, estruturas a ganhar corpo, experiências de luz, ao
ritmo de conversas partilhadas. Enquanto Catarina Azevedo
e Karen Lacroix procuram montar uma biblioteca portátil,
dando forma a livros inspirados em narrativas visuais
escondidas em ilhas, que encontraram em lugares como a
muralha fernandina e o Silo Auto. “São fragmentos de lugares
esquecidos, mas que já foram vividos”, realçam. É também à
margem de lugares turísticos que Pedro Ferreira e Assunta
Alegiani compõem três instalações audiovisuais de reflexão
sobre a paisagem urbana, explorando a transição do velho
para o novo. Sempre curiosa, Alexandra Rafael procurou
texturas em papéis e objetos para, através da gravura, contar
segredos do Espaço Montepio. Descemos a sala escura da
cave, ao cofre, onde Carlos Mensil propõe uma analogia entre
o tangran e o dinheiro. Segundo o artista, a intervenção surge
de um jogo de relações entre as peças criadas e espaço do
próprio banco. S.S.O.

AV. Espaço Montepio > Av. dos Aliados, 90, Porto > T. 22 619 9860 >
26 mar-26 abr, seg-ter e dom 11h-19h, qua-qui 11h-23h, sex-sáb 11h-24h > grátis
24
À primeira vista, as criações
de Bruno Cidra (1982) geram
desconcertos: há peças avulsas
dispersas pelo chão, mas há
também linhas que se alongam,
dobrando ângulos das paredes.
Por vezes, essas mesmas
linhas sobem, eretas, no espaço
vazio, ou formam precários
quadrados – ou serão quadros?
Finalista do Prémio EDP Novos
Artistas 2009, ele tem criado
um singular léxico conceptual.
A sua produção está ancorada
numa prática da escultura que
parece sonhar com o desenho.
Interessa-lhe questionar
o espaço e a arquitetura
da galeria, e dos espaçosdentro-do-espaço. Mexicano
amplia o trabalho realizado na
residência artística, feita em São
Paulo durante 2013, e revela
igualmente obras novas. Ponto
de entrada? Nada de mapas
reconhecíveis. Cidra mostra
uma instalação constituída por
cerca de uma centena de peças
e elementos, que compõem
um cenário de ruína, para que
são transpostos as mesmas
tensões e diálogos encontrados
em qualquer edificação. Isto
é, a exploração entre visível
e invisível, entre presenças e
ausências.
A estas dicotomias, juntam-se
outras: resistência e fragilidade,
peso e leveza, eternidade e
efemeridade, evocadas, aqui,
pela manipulação de materiais
antagónicos, como o papel e
o ferro. Num jogo de imitação
e de confronto, e de ocupação
espacial, as afinidades entre
o desenho e a escultura são
novamente testadas. S.S.C.
D.R.
D.R.
Mexicano Lisboa

Galeria Baginski > R. Capitão
Leitão, 51-53, Lisboa > T. 21 397
0719 > 30 mar-7 mai, ter-sáb
14h-20h
SE7E 24 março 2016
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Freeheld – Amor e Justiça
Um tiro contra a discriminação
8 1/2 Festa do Cinema Italiano
Lisboa
D.R.
A luta pela igualdade da comunidade gay americana, num “filme de atrizes”
em que contracenam Julianne Moore e Ellen Page
O filme tem como protagonista uma agente da polícia, mas está longe
de ser um policial. Esta é uma das grandes originalidades e pontos de
interesse de Freeheld – Amor e Justiça, um filme “de atrizes” que
passou ao lado dos Oscars e agora chega às salas portuguesas. Toda a
intriga de crime e suspense (sem grande mistério) passa em pano de
fundo, enquanto o foco se centra na vida privada da detetive Larel
Hester (Julianne Moore). Há assim, antes de mais, uma humanização da profissão
de polícia, fora das descargas de adrenalina e dos clichés de género: em vez de
espetaculares perseguições de automóveis, encontramos dilemas interiores; e, em
vez de arriscadas detenções de barões do crime, deparamo-nos com uma luta
contra a homofobia, por uma sociedade mais justa, com igualdade de direitos.
E também, diga-se, uma grande história de amor.
Freeheld baseia-se na história verídica de Larek Haster, uma agente da polícia
de Nova Jersey. De início ela esconde a sua orientação sexual na convicção de que
tal lhe poderá dificultar a ascensão na carreira. Quando se apaixona e estabelece
uma relação duradoura com Stacie Andree (Ellen Page), aos poucos vai assumindo
a sua relação. Mas tal só se torna importante quando recebe a notícia que padece
de um cancro em estado avançado. Passa então a disputar um batalha legal para
que, em caso de morte, a pensão de viuvez seja entregue à sua companheira.
O filme acaba então por se transformar, na sua essência, num filme ativista, que
mistura uma história de vida com um mais ou menos empolgante caso jurídico e
político, que na prática serviu também para dinamizar a campanha pela legalização
do casamento gay no estado de Nova Jersey. Trata-se, portanto, de um filme
militante, que leva ao grande ecrã uma história emblemática da luta pelos direitos
dos casais homossexuais. Um boa interpretação de Ellen Page, nos antípodas de
Juno. E uma Julianne Moore ao seu melhor nível, num papel muitíssimo exigente,
que ela interpreta com sensibilidade e contenção. Manuel Halpern
Não há melhor forma de assinalar
a nona edição da 8 1/2 Festa
do Cinema Italiano do que
homenageando o seu patrono:
8 1/2, o clássico de Federico
Fellini, vai ser exibido em cópia
restaurada, em El Corte Inglés, no
próximo dia 31, com a presença
de Gianfranco Angelucci, um dos
mais próximos colaboradores do
realizador, que esteve diretamente
envolvido no filme. A homenagem
completa-se com uma pequena
exposição de fotos de rodagem.
A festa, que começa em Lisboa e
depois entra em digressão pelo
País (Cascais, Coimbra, Porto,
Elvas, Loulé, Caldas da Rainha...),
inicia-se com Conto dos Contos, de
Matteo Garrone, a partir da obra
do escritor setecentista napolitano
Gianbattista Basile, presente no
último festival de Cannes. No
capítulo das antestreias destaca-se
igualmente Suburra, de Stefano
Sollima, que mergulha nas ligações
entre a máfia, o Estado e a Igreja,
a propósito de um gigante projeto
imobiliário. E também Quo Vado?,
de Gennaro Nunziante, êxito ímpar
de bilheteira em Itália; Mergulho
Profundo, de Luca Gudagnino;
A Espera, de Piero Messina;
Estrada 47, de Vicente Ferraz;
Anna, de Giuseppe Guandino;
ou Lo Chiamavano Jeeg Robot,
de Gabriele Mainetti (estes
dois últimos com a presença
dos realizadores). E ainda uma
homenagem a Ettore Scola, um
retrato de Marcelo Mastroianni,
uma nova cópia de A Vida é Bela,
de Roberto Benigni, sessões
competitivas, sessões infantis e
muito mais.

El Corte Inglés, Cinemateca
Portuguesa, Cinema São Jorge e
Instituto Italiano de Lisboa > 30
mar-7 abr > bilhetes a partir de €3; €25
(passe festival)

De Peter Sollett, com Julianne Moore, Ellen Page, Steve Carell e Michael Shannon > 103 min
24 março 2016 SE7E
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REUTERS/DENIS BALIBOUSE
LIVRO S E DISCOS
Post Pop Depression Iggy Pop
E depois do adeus?
Aos 68 anos, o pai do punk-rock assina, a meias com Josh Homme,
um verdadeiro monumento rock, pleno de ironia e nostalgia
Post Pop
Depression,
épico e
confessional ao
mesmo tempo,
já é um dos
acontecimentos
musicais do
ano. Iggy Pop
vai tocar as
canções novas
em Lisboa no
festival Super
Bock Super
Rock, em julho
26
Quando, em meados dos anos 70, a carreira de Iggy Pop estava
num beco sem saída, sobretudo devido ao abuso de drogas, foi
David Bowie o anjo salvador que o resgatou do abismo. Sob a
capa protetora do amigo, gravou em Berlim os discos The Idiot
e Lust for Life, que o reencaminharam, depois da desilusão dos
Stooges, para uma carreira sem paralelo na história da cultura
popular. Pela música, pela imagem icónica e, acima de tudo, pela capacidade
de se reinventar, Iggy Pop é hoje uma das últimas divindades vivas do rock.
Mas até os deuses têm os seus momentos de dúvida e Iggy Pop viveu-a
intensamente nestes últimos tempos. Tal como há 40 anos, foi de novo num
amigo que encontrou refúgio para, mais uma vez, se reerguer. Neste caso,
em Josh Homme, mentor de bandas como os Queens of the Stone Age ou
Eagles of Death Metal, com quem criou a meias este Post Pop Depression.
Quase em segredo, trancaram-se no rancho de La Luna, no interior do
deserto californiano, onde Josh tem o seu já mítico estúdio e, em conjunto,
criaram aquele que é um dos melhores álbuns rock dos últimos anos.
À dupla juntaram-se, depois, o guitarrista Dean Fertita (Queens of the
Stone Age) e o baterista Matt Helders (Arctic Monkeys) que ajudaram a criar
um manifesto rock, pleno de ironia e nostalgia, que funciona ao mesmo
tempo como uma profunda e assumida reflexão pessoal de Iggy sobre o seu
legado. Ao longo de nove músicas, discorre sobre a vida, a morte, o sexo e o
amor, num ambiente entre o pós-punk e o rock de garagem, sublinhado
pela guitarra de Josh, que assenta que nem uma luva à voz e às palavras de
Iggy. Se, como o próprio já deu a entender, este é mesmo o álbum da
despedida, o músico sai em grande, com um trabalho tão épico quanto
confessional, apenas à altura dos génios. Como sussurra a dada altura, “I’ve
got nothing but my name, i’am nothing but my name”. No caso de Iggy
Pop, isso é muito. É tudo. M.J.
Woody Allen – O Último
Génio Natalio Grueso
O título não engana,
esta é uma biografia
hagiográfica,
elegantemente
escrita mas assente
no fascínio. Amigo
do realizador há 20
anos, produtor do seu
filme Vicky, Cristina,
Barcelona. Grueso
declina indiscrições
ou quebras de
endeusamento em
Woody Allen (Objetiva,
208 págs., €17,70).
Polémicas? Lê-se
que Woody, aos 20
anos e no pós-guerra
dos anos 50, ganhava
40 vezes mais do
que o salário médio
de um trabalhador.
Sobre Mia Farrow,
ex-companheira que
acusou Allen de abusos
sexuais sobre os filhos,
há uma linha: “[Uma
relação] que lhe causou
uma dor profunda e
extremamente injusta.”
Dividido em 12 temas
(stand up comedy,
psicanálise, jazz...), o
livro percorre carreira,
citações, umas histórias
de celebridades (Susan
Sontag, Pavarotti,
Norman Mailer...),
gostos (um livro favorito
é Memórias de Brás
Cubas, de Machado de
Assis), pontuados por
“revelações”: o passeio
ao bairro de infância
onde existiam “25
cinemas”, uma carta de
Groucho Marx, a nota de
que Woody adora chuva
e teme túneis... Um
tributo lido com prazer.
S.S.C.
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TV
DAN JOSEPH
Convite Para a Morte
Houdini & Doyle AXN
Parceiros improváveis
Nesta nova série, o maior ilusionista de sempre e o escritor que criou
Sherlock Holmes colaboram nas investigações da Scotland Yard
Com argumento
e produção de
David Shore
(criador de House),
esta coprodução
canadiana e
britânica teve a
sua antestreia,
em Portugal, no
passado dia 18.
Agora, a emissão
de um episódio
duplo adianta-se
à transmissão
na televisão
americana
Uma forte amizade unia Harry Houdini (1874-1926) e
Arthur Conan Doyle (1859-1930), que viveram entre finais
do século XIX e princípio do século XX. É precisamente
nessa época, em Londres, que a ação desta nova série,
Houdini & Doyle, se desenrola. Houdini, o maior mágico e
ilusionista de todos os tempos, considerado o mestre do
escapismo, e sir Arthur Conan Doyle, escritor e médico britânico célebre
por ter criado a personagem de Sherlock Holmes, vão ajudar a Scotland
Yard na investigação de crimes inexplicáveis, ainda por resolver, de cariz
sobrenatural. Tanto pode ser o homicídio de uma freira num asilo
célebre de Madalena ou a morte misteriosa de uma pessoa num
espetáculo de um curandeiro de fé.
Para Michael Weston, ator americano que interpreta Harry Houdini,
a amizade entre esta dupla era verdadeira, daquelas que andam sempre
às turras. “Tanto eram amigos como inimigos filosóficos. Em todas as
oportunidades, Houdini desmentia a crença em fantasmas do Doyle.
Ao mesmo tempo, Doyle queria provar a existência do sobrenatural
a partir de um ponto de vista científico.” Ao longo dos dez episódios,
a personagem da atriz canadiana Rebecca Liddiard, a agente Adelaide
Stratton, primeira mulher a liderar a polícia metropolitana de Londres,
vai evoluindo. “No início, ela é só jovem, mas é como uma mulher
poderosa em desenvolvimento. Aprende como ser uma boa polícia
e como navegar no meio de um mundo dominado por homens.”
Desengane-se quem pensava que Conan Doyle era um homem fechado.
Para o ator inglês Stephen Mangan, o mais fascinante eram os diferentes
elementos desta personagem. “Jogava futebol no Portsmouth e críquete
no MCC. Com a sua mulher em coma, estava profundamente perturbado.
A propósito, pela primeira vez, a minha mulher no ecrã foi representada
pela minha mulher na vida real”, conta Mangan. Sónia Calheiros
Minissérie de três
episódios para ver nos
serões destes dias
de Páscoa. Inspirada
na obra de Agatha
Christie, intitulada Ten
Little Niggers ou And
Then There Were None,
nos Estados Unidos, a
história passa-se em
1939, com a Europa a
um passo de entrar em
guerra. Uma dezena
de desconhecidos
são chamados a
comparecer em
Soldier Island, um
rochedo isolado, no
sul de Inglaterra, onde
são recebidos pelo
casal Owen. Entre
eles, encontra-se um
assassino.

FOX Crime > 25-27 mar,
sex-dom 21h30
Mentes Criminosas:
Sem Fronteiras
No primeiro episódio,
o spin-off de Mentes
Criminosas viaja
até Banguecoque,
na Tailândia,
para investigar o
desaparecimento
de três voluntários
americanos. A nova
série acompanha
uma equipa de elite
de agentes do FBI na
resolução de casos
relacionados com
cidadãos americanos
em território
internacional. Gary
Sinise (C.S.I. Nova
Iorque) assume o papel
principal ao interpretar
o chefe de unidade
Jack Garrett.

AXN > 30 mar, qua 22h15

Estreia 29 mar, ter 22h15
28
SE7E 24 março 2016
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ESCA PAR
Casas da Alta Coimbra
Tudo afinado
São Rafael Atlântico
Albufeira
Com vista para o património histórico da cidade, estes apartamentos
pertencem a André Sardet. Que, conforme diz, vai buscar à música
“o lado estético” para construir a arquitetura dos espaços
LUCÍLIA MONTEIRO
Pertencente ao grupo
Nau, o hotel de cinco
estrelas, situado na
falésia da praia de
São Rafael, tem um
programa de duas
noites para o fim de
semana de Páscoa, que
inclui um workshop
de confeção de um
folar, tratamento vip
no quarto, livre acesso
ao circuito do Atlântico
Spa, cocktail e música
ao vivo. Tem ainda um
brunch disponível (por
€25/pessoa).
No Casas
da Alta, o
pequenoalmoço inclui
scones,
iogurte e
granola,
fruta e sumo
natural (€8).
Existe ainda
uma carta
de petiscos
como tábuas
de queijos
e enchidos
nacionais,
bruschettas
e cogumelos
salteados.
Subimos as escadas de madeira deste edifício dos anos 30 e
os nossos olhos detêm-se nas palavras Saudade, Fado,
Pedro e Inês, Doutores, espalhadas pela parede, aqui e acolá.
“É a nossa forma de ir contando a história da cidade aos
nossos hóspedes”, diz-nos Mafalda, a nossa cicerone. Mas é
muito mais do que isso. Pelo menos é o que pretendem os
mentores do Casas da Alta, o cantor e músico André Sardet e a mulher,
a engenheira civil Catarina Dutra, para este projeto aberto há dois anos
e que, em 2017, terá continuidade num outro edifício bem maior, com
22 apartamentos: o Casas da Alta University.
Todos os apartamentos têm cozinha equipada, sala de estar e
varanda. Um deles tem mesmo um terraço com uma vista soberba sobre
o património histórico da cidade. À chegada, o hóspede é recebido
com um cálice de vinho do Porto e um pastel de nata, dois sabores
bem portugueses que se juntam, por exemplo, às compotas, granola
e bolachas caseiras Amêndoa Maria, cuja receita foi encontrada num
armário, durante a recuperação do prédio. O jardim exterior é outra
preciosidade do Casas da Alta. “Por vezes, é quando estão no jardim, ao
fim da tarde, que nos perguntam se podem ficar mais uma noite”, conta
André Sardet. Nos cinco apartamentos sobressaem o verde água e o
cinza, numa decoração sóbria da autoria do próprio casal. “Temos muito
gozo em criar zonas acolhedoras. O objetivo é dar muito conforto num
sítio humanizado”, diz o músico, natural de Coimbra e que assinala, em
2016, 20 anos de carreira. Talvez seja, acrescenta André Sardet, “o lado
estético e criativo da música” que contribui para o prazer que sente na
arquitetura dos espaços. Florbela Alves

Sesmarias > T. 289 599
420 > 25-28 mar > a partir
de €245 por pessoa
Quinta de Casaldronho
Lamego
O wine hotel Quinta
do Casaldronho,
situado na margem
sul do Douro, a meio
caminho entre a Régua
e Lamego, propõe um
programa de três dias/
duas noites que inclui
uma visita ao Museu
do Douro, à adega
da quinta, prova de
vinhos e um jantar no
restaurante D. Ilda
(onde não faltará o
tradicional cabrito
assado).

Valdigem > T. 254 318 331
> 25-27 mar > €219 por
pessoa

R. Dr. António José de Almeida, 110, Celas, Coimbra > T. 239 150 586 > apartamentos (4 T1
e 1 T2 premier) a partir €65
30
SE7E 24 março 2016
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1194957
JO G OS
Palavras cruzadas
>> Q U I Z >> 1. B. // 2. A // 3. A // 4. C // 5. C // 6. A // 7. C // 8. A // 9. C // 10. C
>> HORIZONTAIS >> 1. Islâmico, Se // 2. Lei, Aspar // 3. Em, Adir, Aio // 4. Sic, Agraz // 5. As, Uivar // 6. Dietas, Dei // 7. Ni, Gal, Pada // 8.
Engulhar, Et // 9. Utar, Alia // 10. Menos, Gozei // 11. Ala, Azarola. >> VERTICAIS >> 1. Ileso, Neuma // 2. Semi, Dintel // 3. Li, Cai, Gana //
4. Seguro // 5. Muda, Tal, SA // 6. Igualha // 7. Carris, Alga // 8. Os, Av, Prior // 9. Pazada, Azo // 10. Sai, Rede, El // 11. Eros, Iatria.
SOLUÇÕES
>> HORIZONTAIS >> 1. A menina que fintou o Estado (...) – Farida Khalaf foi raptada e
vendida como escrava sexual – aguentou quatro meses num acampamento militar às
mãos da brutalidade destes homens, até que conseguiu fugir – numa conversa exclusiva
com a VISÃO, recorda os tempos no inferno. A si mesmo // 2. Preceito ou conjunto de
preceitos obrigatórios que emanam da autoridade soberana de uma sociedade, do poder
legislativo. Meter entre aspas // 3. Indica lugar, tempo, modo, causa, fim e outras relações
(prep.). Agregar. Escudeiro // 4. Assim, tal e qual. Fruta verde // 5. Aquelas. Ulular // 6.
Deixar de lado o prazer da comida só para emagrecer está out, tal como as (...) radicais – o
caminho agora faz-se através da alimentação saudável e da prática de exercício físico.
Alienei // 7. Níquel (s.q.). Galicismo (abrev.). Pequeno pão de farinha ordinária // 8. Sentir
náusea, nojo. Extraterrestre (abrev.) // 9. Joeirar. Coliga // 10. Em menor quantidade.
Desfrutei // 11. Fileira. Pequena árvore da família das rosáceas também conhecida por
azaroleira ou azaroleiro. >> VERTICAIS >> 1. Incólume. Gesto de recusa ou assentimento
// 2. Prefixo de origem latina que significa metade, meio ou quase. Cada um dos degraus
laterais em que assentam as prateleiras da estante // 3. Medida itinerária chinesa.
Tomba. Grande desejo, ânsia // 4. Esteve na política desde a adolescência até se tornar
cinquentão – e nunca soube fazer mais nada – hoje nem quer ouvir falar dela, tornouse empreendedor, dá aulas, vai lançar um livro e abriu uma startup – António José (...)
voltou... diferente // 5. Substituição. Um certo. Sociedade Anónima (abrev.) // 6. Identidade
de posição social // 7. Renegociar a convenção sobre rios internacionais com Espanha,
regresso da (...) à Câmara de Lisboa, concessão dos Transportes Coletivos do Porto a seis
municípios da área metropolitana – estas são algumas das novidades na entrevista de
João Matos Fernandes, ministro do Ambiente. Planta criptogâmica aquática // 8. Aqueles.
Avenida (abrev.). Pároco de certas freguesias // 9. Pancada com a pá. Ensejo // 10.
Desloca-se para fora. Tecido de arame. Artigo antigo // 11. Entre os Gregos, na mitologia,
era o filho de Vénus e deus do Amor. Método de curar doenças.
Sudoku
DIFÍCIL
Quiz
POR PEDRO DIAS DE ALMEIDA
1. Quem cantava em português
a canção do genérico da série de
animação Abelha Maia?
A. Carlos Paião
B. Ágata
C. Maria Armanda
2. Em que ano saiu As 20 Mil Léguas
Submarinas, de Júlio Verne?
A. 1870
B. 1880
C. 1890
3. Qual destes filmes não ganhou o
Oscar para melhor filme?
A. Os Amigos de Alex
B. Amadeus
C. África Minha
4. Em que país terminou o jogador de
futebol Matateu a sua carreira?
A. Suécia
B. Holanda
C. Canadá
DÊ-NOS NOTÍCIAS > T.21 469 8101 > T. 22 043 7025
> [email protected]
5. Em 1965 um anúncio televisivo
começava assim: “Um gato é um
gato. Um cão é um cão”. O que
anunciava?
A. Omo
B. Citroën 2CV
C. Sumol
6. De que marca era o computador ZX
Spectrum?
A. Sinclair
B. IBM
C. Atari
7. Em que ano começou o jogo de
apostas Totobola?
A. 1939
B. 1950
C. 1961
8. Misha, a mascote dos Jogos
Olímpicos de Moscovo, em 1980,
era...
A. Um urso
B. Um alce
C. Um cão
9. Qual destas figuras não aparece
representada na capa do disco Sgt.
Peppers Lonely Hearts Club Band,
dos Beatles?
A. Fred Astaire
B. Karl Marx
C. Mahatma Gandhi
10. Em que país foi fabricado, em
2003, o último VW Carocha?
A. Alemanha
B. Brasil
C. México
24 março 2016 SE7E
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