RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE EVENTO

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RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE EVENTO
RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE EVENTO
Projeto Agrisus No: 726/10
Nome do Evento: 4º Encontro Latino-Americano de Ecologia e Taxonomia de Oligoquetas
(ELAETAO4)
Interessado (Coordenador do Projeto): George G. Brown
Instituição: Embrapa Florestas
Local do Evento: Universidade Positivo, Embrapa Florestas
Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$9.500,00
Vigência:
RESUMO
Realizou-se, de 4 a 29 de outubro, em Curitiba e Colombo-PR, o 4º Encontro Latino-Americano de
Ecologia e Taxonomia de Oligoquetas, visando facilitar o uso de minhocas como bioindicadoras
ambientais e sintetizar os dados sobre a diversidade morfológica e genética de oligoquetas em
diversos ecossistemas agrícolas, florestais e naturais na América Latina. Discutiu-se o papel das
minhocas nos ecossistemas terrestres, seus serviços ambientais, incluindo os impactos sobre o solo
e sua fertilidade, e a importância da conservação de sua biodiversidade. Participaram 36 pessoas de
8 países, apresentando 18 palestras e 12 pôsteres, dos quais foram publicados 28 resumos curtos ou
expandidos em CD-Rom. Realizaram-se quatro workshops. Os trabalhos do encontro serão
publicados no periódico científico Applied Soil Ecology.
RELATÓRIO DO EVENTO
1. INTRODUÇÃO
Os oligoquetas são muito úteis como bioindicadores da qualidade ambiental, estando
relacionados à fertilidade do solo e sendo susceptíveis à perturbação e contaminação do hábitat
(Paoletti, 1999). Contudo, existem ainda muitas áreas do continente que nunca foram exploradas ou
avaliadas para conhecer a diversidade de oligoquetas presentes, e os efeitos de diferentes manejos
dos ecossistemas sobre suas populações. Das >960 espécies conhecidas na América Latina, >90%
são endêmicas, e muitas podem estar ameaçadas de extinção tanto por atividades predatórias como
por perda de hábitat natural, provavelmente a maior causa da perda de espécies no neotrópico.
Como poucas espécies podem ser criadas em cativeiro, é primordial que se conservem áreas
naturais onde elas possam reproduzir-se naturalmente.
Desde 2003, já se realizaram cinco eventos técnico-científicos no país sobre oligoquetas e a
fauna do solo, visando aprimorar o conhecimento desses animais e seu uso como bioindicadores
ambientais. Além disso, têm-se realizado esforços para capacitar alunos e pesquisadores brasileiros
e estrangeiros para estudos ecológicos e a identificação de oligoquetas nativos latino-americanos,
com a realização de sete mini-cursos (um de Enchytraeidae e seis de minhocas) que treinaram mais
de 40 alunos e pesquisadores nos princípios básicos da ecologia de campo e a diferenciação de
famílias e gêneros desses oligoquetas.
Contudo, ainda existe um forte impedimento taxonômico na América Latina, especialmente para
os enquitreídeos e para minhocas das famílias Glossoscolecidae e Ocnerodrilidae, as mais
importantes e mais diversificadas no continente. Em conseqüência disso, os dados ecológicos
gerados com oligoquetas freqüentemente são sub-aproveitados e não levam ao seu uso mais amplo
como indicadores ambientais. Considerando essa dificuldade, existem técnicas moleculares que
podem auxiliar na identificação de espécies de minhocas, especialmente indivíduos pequenos e
juvenis, através da análise de diversos genes do DNA. Cada vez mais baratas estas técnicas estão
revolucionando a taxonomia e filogenia de diversos táxons, inclusive as minhocas, que fazem parte
dos organismos sendo avaliados no International Barcoding of Life Project (IBOL). Outra forma de
facilitar a taxonomia é o desenvolvimento de chaves pictóricas de identificação de espécies, algo
que já foi desenvolvido para espécies européias, mas que ainda não estão disponíveis para as
espécies brasileiras.
Os Encontros Latino Americanos de Ecologia e Taxonomia de Oligoquetas (ELAETAO),
realizados desde 2003, com o apoio da Embrapa, Universidade Positivo, CNPq e Agrisus, têm se
tornado o único fórum onde os pesquisadores da área podem se reunir, apresentar e discutir os
temas relacionados à ecologia e taxonomia de oligoquetas na região neotropical, a mais biodiversa
do planeta. No ELAETAO1, realizado em dezembro de 2003 em Londrina, sintetizou-se o
conhecimento (na época) da ecologia e biodiversidade de minhocas na América Latina, gerando um
livro sobre o assunto (Minhocas na América Latina). No ELAETAO2 em San Juan, Puerto Rico,
em novembro de 2005, sintetizou-se o conhecimento das minhocas como espécies invasoras em
diversos ecossistemas do continente, resultando numa publicação especial do periódico científico
Caribbean Journal of Science. No ELAETAO3, realizado em Curitiba, em dezembro de 2007,
apresentaram-se diversos estudos de caso do uso das minhocas como bioindicadoras ambientais na
América Latina, resultando numa publicação especial no periódico científico Acta Zoológica
Mexicana (nueva série).
No ELAETAO4 se apresentam e se discutiram formas de facilitar a identificação de oligoquetas
e seu uso como bioindicadores ambientais. O encontro uniu pesquisadores, alunos e técnicos
visando sintetizar a informação disponível e capacitar pesquisadores e alunos na distinção entre
espécies nativas e exóticas de oligoquetas, melhorando, assim, seu uso como bioindicadores
ambientais. Para tal, se apresentaram palestras e pôsteres sobre pesquisas em andamento na
América Latina, e se realizaram quatro workshops para discutir os avanços atuais e as necessidades
futuras para o desenvolvimento da pesquisa na área. Antes e depois do ELAETAO4 se realizaram
três cursos para treinar alunos e pesquisadores para a realização de estudos ecológicos e a
identificação de Enchytraeidae e minhocas, e o uso de técnicas de genética molecular para a
identificação de oligoquetas.
Com essas atividades, se buscou apoiar as pesquisas sendo realizadas na América Latina no uso
das minhocas como bioindicadoras ambientais, sintetizar os dados sobre a diversidade morfológica
e genética desses organismos na América Latina, e capacitar alunos e pesquisadores para a análise
genética molecular de oligoquetas, aumentando significativamente a capacidade para realizar
pesquisa no assunto.
2. PROGRAMA DO EVENTO
O ELAETAO4 teve duração de três dias, e foi precedido por um mini-curso de ecologia e
taxonomia de Enchytraeidae (4-8/10) e seguido de dois cursos: um de ecologia e taxonomia de
minhocas (18-22/10) e outro de técnicas de genética molecular aplicadas aos oligoquetas (2529/10). Houve apenas duas mudanças na programação do encontro, sendo que a Dra. Grizelle
González não pode participar e apresentar sua palestra, e a palestra do Dr. George Brown não foi
realizada, pois o tema foi incorporado ao workshop 1.
4 a 8 de outubro, 2010
Mini-curso de ecologia e taxonomia de Enchytraeidae
Local: Embrapa Florestas
Horário: 8:30 a 17:30
Professores: Rudiger Schmelz e Cíntia C. Niva
13 a 15 de outubro, 2010
4º Encontro Latino Americano de Ecologia e Taxonomia de Oligoquetas
(ELAETAO4)
Local: Universidade Positivo
Dia 1. Quarta-feira, 13 de outubro
9:00–9:30
Abertura
9:00–9:15
Bem vinda e apresentação: representantes do CNPF, UP, UEL e UFPR
9:15–9:30
Introdução ao ELAETAO4: Diversidade de oligoquetas na América Latina:
dos genes ao ecossistema. George G. Brown* (Embrapa Florestas)
9:30–10:00
Coffee Break
10:00–11:30
Sessão 1: Diversidade morfológica e genética de oligoquetas na América
Latina. Moderador: George Brown
10:00–10:30
Earthworm biodiversity and phylogeny in Latin America: present and future
trends. Samuel W. James (University of Kansas Biodiversity Institute)
10:30–10:50
Diversity of neotropical Enchytraeidae (Oligochaeta): a first approximation.
Rudiger Schmelz (Universidad de A Coruña)
10:50–11:10
Diminuindo a lacuna no conhecimento da oligochaetofauna nordestina
brasileira. Emerson Bezerra (Universidade Estadual da Paraíba)
11:10–11:30
Aspectos culturais da minhoca: sua etimologia e o mito do minhocão.
Gustavo Schiedeck (Embrapa Clima Temperado)
11:30–15:10
Sessão 2. Biodiversidade de oligoquetos na América Latina: aspectos
metodológicos. Moderador: Cíntia Niva
11:30–11:50
El potencial de los barcodes de DNA en los estudios taxonómicos y
ecológicos con lombrices de tierra. Thibaud Decaëns (Université de Rouen)
11:50–13:30
Almoço
13:30–13:50
O minhocuçu Rhinodrilus alatus (Righi 1971): aspectos genéticopopulacionais. Maria Raquel Carvalho (Universidade Federal de Minas
Gerais)
13:50–14:10
Selección sexual en las lombrices de tierra. Jorge Domínguez (Universidad
de Vigo)
14:10–14:30
Biodiversidade de minhocas em plantios florestais e floresta ombrófila mista:
o uso de formol vs. coleta manual. Odair de Lima (Universidade Federal do
Paraná)
14:30–14:50
Biodiversidade de oligoquetas na América Latina: proposta de métodos
comuns de avaliação e bases de dados. George G. Brown (Embrapa
Florestas)
14:50–17:30
Workshop 1. Prioridades metodológicas e taxonômicas na avaliação da
biodiversidade de oligoquetas: microdrilos e megadrilos
16:10–16:30
Coffee Break
17:30–18:30
Sessão de Pôsteres e coquetel de bem vinda
Dia 2. Quinta-feira, 14 de outubro
9:00–12:20
Sessão 3. Diversidade de oligoquetas como bioindicadores ambientais.
Moderador: Amarildo Pasini
9:00–9:20
Exotic earthworms as friend and foe: Are they indicators of soil quality and
health, or of soil damage and disturbance? Mac Callaham Jr. (USDA-FS)
9:20–9:40
Uso de las lombrices de tierra como bioindicadoras ambientales en Puerto
Rico. Grizelle González** (International Institute of Tropical Forestry)
9:40–10:00
Uso de las lombrices de tierra como bioindicadoras de la calidad de los
suelos: La experiencia en México. Esperanza Huerta (El Colégio de la
Frontera Sur)
10:00–10:20
Coffee Break
10:20–10:40
Uso de las lombrices de tierra como bioindicadoras de la calidad de los
suelos yucatecos. Francisco Bautista (Universidad Nacional Autónoma de
México)
10:40–11:00
Minhocas como bioindicadores de qualidade do sistema plantio direto na
palha. Marie Bartz (Universidade Estadual de Londrina)
11:00–11:20
Percepção de agricultores sobre o potencial da minhoca na avaliação da
qualidade do solo em agroecossistemas. Ana Cláudia Lima (Universidade
Federal de Pelotas)
11:20–11:50
Microdrilos aquáticos como indicadores de perturbação. Roberto Gama
(Universidade Federal de Juiz de Fora) e Alice Takeda (Universidade
Estadual de Maringá)
11:50–13:00
Almoço
13:00–14:00
Sessão 4. Ecologia aplicada de oligoquetas. Moderador: Klaus Sautter
13:00–13:30
Por que estudar enquitreídeos no Brasil? Cíntia Niva (Embrapa Florestas)
13:30–13:45
Vermicompostagem na disponibilização de nutriente do gnaisse. Maria
Eunice de Souza (Universidade Federal de Viçosa)
13:45–14:00
Minhocultura como tecnologia social em assentamentos rurais no Território
Sul de Sergipe. Joézio dos Anjos (Embrapa Tabuleiros Costeiros)
14:00–16:00
Workshop 2. Prioridades de pesquisa no uso de oligoquetas como
indicadores ambientais
16:00–16:20
Coffee Break
16:20–17:30
Relatórios dos grupos dos workshops 1 e 2 e discussão geral
20:00–23:00
Jantar de confraternização
Dia 3. Sexta-feira, 15 de outubro
9:00–16:00
Workshop 3. Importância das minhocas para a fertilidade do solo e
como bioindicadoras ambientais
9:00–12:00
Workshop 4. Ecologia e taxonomia de microdrilos
18-22 de outubro de 2010
Mini-curso de ecologia e taxonomia de minhocas
Local: Universidade Positivo
Horário: 9:00 a 18:00
Professores: Samuel W. James, Alexander Feijoo, Marie Bartz e George Brown
25-29 de outubro de 2010
Mini-curso de técnicas de genética molecular aplicada aos oligoquetas
Local: Embrapa Florestas
Horário: 8:30 a 17:30
Professores: Samuel W. James e Maria Raquel Carvalho
3. RESUMOS DAS PALESTRAS
No CD-Rom do ELAETAO4 (enviado junto com este relatório) foram publicados 28 resumos
expandidos.
4. PARTICIPANTES
No ELAETAO4 participaram 37 pessoas, sendo 27 do Brasil e 10 estrangeiras, de 8 países (ver
tabela abaixo). No curso de Ecologia e Taxonomia de Enquitreídeos participaram 12 pessoas de 3
países (EUA e Brasil) e 9 instituições. No curso de Ecologia e Taxonomia de Minhocas
participaram 24 pessoas, de 7 países e 19 instituições. No curso de Genética Molecular Aplicada
aos Oligoquetas participaram 11 pessoas de 8 insituições e 3 países. No total dos cursos e do
ELAETAO4 foram 48 participantes de 32 instituições e 8 países.
5. CONCLUSÕES
Como resultado do evento, pode-se avaliar a problemática da identificação de oligoquetas e
algumas possíveis soluções, incluindo o uso do código de barras do DNA e outras técnicas de
genética molecular. Apresentaram-se diversos estudos de caso, demonstrando a utilidade das
minhocas como bioindicadoras ambientais em diferentes ecossistemas (agrícolas, florestais,
naturais). Também se discutiram os métodos melhores para coleta de oligoquetas e avaliação de sua
diversidade em diferentes ecossistemas, e do efeito de práticas antrópicas sobre suas populações.
Nos workshops pode-se discutir os avanços nas diferentes áreas da taxonomia usando técnicas
moleculares, e a necessidade de facilitar a taxonomia usando chaves e manuais de identificação.
Para os enquitreídeos, a chave e o manual foi disponibilizado no curso e será publicado em 2011.
Para as minhocas, espera-se terminar um manual em 2011. Em ambos os cursos de taxonomia,
promoveu-se a capacidade de alunos e pesquisadores para identificar espécies exóticas e realizar
estudos ecológicos com minhocas e enquitreídeos. No curso de genética molecular foram treinados
diversos alunos de pós-graduação e um de graduação, nas técnicas de identificação de minhocas e
estudos filogenéticos com oligoquetas, usando DNA.
Durante o ELAETAO4 se lançou o No. Especial de Acta Zoológica Mexicana (nueva série),
Vol. 26 (2010), resultado do ELAETAO3. Em dezembro de 2011 se publicarão diversos artigos
apresentados no ELAETAO4, numa seção especial da revista internacional Applied Soil Ecology
com título: “Progress and Priorities in Latin American Oligochaete Research”. Além disso,
pretende-se também publicar um manual de análise estatística para identificação de indicadores da
qualidade do solo, e um manual para a criação de minhocas em cativeiro (minhocultura e
laboratório).
Finalmente, escreveu-se uma declaração (abaixo), que será enviada às autoridades
competentes de diversos órgãos públicos de apoio à pesquisa e de gestão da biodiversidade e de
recursos naturais, agrícolas e florestais:
Declaração
A oito anos pesquisadores de diversas Instituições e localidades da América Latina, do Norte e
Europa se reúnem no Brasil para discutirem a Ecologia e Taxonomia de Oligochaeta. Como
resultados foram estabelecidos diversos grupos para capacitação na identificação das espécies,
ampliando o conhecimento sobre a biodiversidade e ao mesmo tempo, estabelecendo o papel que
desempenham no ambiente.
No último encontro realizado em outubro de 2010, que coincide com o ano Internacional da
Biodiversidade, foi evidente o avanço já alcançado em termos de conhecimento e a importância
de ações efetivas para conservação dos serviços ecossistêmicos prestados pelas minhocas.
Ao mesmo tempo, percebe-se a necessidade de compartilhar essas descobertas para que haja
sintonia entre as políticas públicas e ações que considerem também a biodiversidade das
minhocas e os seus serviços prestados.
Para tanto, o grupo abaixo assinado recomenda que as minhocas sejam incluídas como
biondicadoras da qualidade do solo, no que se refere a discussões relativas à qualidade,
conservação e pagamento por serviços ambientais.
6. COMPENSAÇÕES OFERECIDAS À FUNDAÇÃO AGRISUS
•
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•
•
•
Folders colocados em pastas de todos os participantes;
Colocação de banner da Agrisus no hall do encontro;
Colocação de banner do evento incluindo o logo da Agrisus;
Agradecimento em plenário pelo apoio da Agrisus no início e final do evento;
Lista dos participantes com instituições e e-mails (ver tabela acima).
DATA E NOME DO COORDENADOR
Curitiba, 15 de dezembro de 2010,
George Gardner Brown

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