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Mundo A qualquer preço Bush chama generais de Saddam para poder decretar vitória no Iraque www.thememoryhole.org A ocupação americana do Iraque entra em um período decisivo nesses dias até o final de junho prazo que o presidente George W. Bush estabeleceu para entregar o país a um governo provisório dirigido pelos próprios iraquianos. Paul Bremer, o americano chefe do atual governo de ocupação, e o conselho provisório que ele estabeleceu, seriam dispensados e uma nova administração do país seria organizada. Não seria, de fato, uma devolução do governo aos iraquianos: nos planos de Bush, as tropas americanas permanecerão no país por um tempo ainda não definido que vai pelo menos até o final de 2005, diz-se agora e, no fundo, terão a última palavra sobre a natureza da ordem política a ser estabelecida. De qualquer modo, no entanto, é uma mudança importante e o governo Bush está empenhado em realizá-la, por diversos motivos. O principal deles é a crescente impopularidade da guerra junto ao povo americano, que começa a receber os cadáveres dos soldados mortos no país (foto). As dificuldades políticas dessa operação se tornaram ainda mais complicadas com a grande resistência dos sunitas de Fallujah e dos xiitas de Najaf. Fallujah, 50 quilômetros a oeste de Bagdá, é a cidade que comemorou o 56º aniversário de Saddam Hussein, a 28 de abril, um ano atrás. A comemoração foi reprimida por tropas americanas que mataram 18 pessoas e, de algum modo, reanimaram a resistência. Há algumas semanas, quatro americanos foram mortos na cidade e seus corpos mutilados foram exibidos nas ruas. Najaf é uma cidade sagrada dos xiitas, ao sul da capital. Em Najaf estão alojadas tropas rebeldes do jovem líder religioso Moqtada al-Sadr, que divergiu da postura de colaboração dos chefes xiitas mais velhos e declarou guerra aos EUA. Para acalmar os sunitas Os ataques americanos contra as duas cidades foram de extrema violência. E a reação dos rebeldes também foi feroz. Os americanos tiveram pelo menos 124 soldados mortos, mais que o total de mortos que tiveram na operação de ocupação total do país, há um ano. A repressão violenta não diminuiu a resistência, no entanto. Líderes sunitas ampliaram seus apelos à rebelião. Mahmoud Eissawi, um místico sufi, outra das correntes religiosas com uma miríade de grupos no país, defendeu em Fallujah que os sufis deveriam interromper suas meditações e começar a lutar. Soldados, oficiais e médicos do antigo exército de Saddam aderiram aos rebeldes nas duas cidades. 6 REPORTAGEM N.56 MAIO 2004 Os americanos se viram diante da alternativa de: ou multiplicar a intervenção militar; ou combiná-la com negociações. Optaram por esse caminho mais moderado. Cercaram as duas cidades e decretaram uma espécie de trégua. Buscaram apoio dos moderados xiitas para uma solução negociada com o rebelde de Najaf. Trouxeram xiitas do Irã para negociar com ele, graças a operações diplomáticas envolvendo países europeus. Para acalmar os sunitas, os americanos fizeram um esforço de reabilitação de parte dos membros do partido baathista, o partido de Saddam, que fora posto totalmente na ilegalidade. Bremer anunciou na televisão a contratação de 80.000 soldados do antigo exército iraquiano. E a recontratação de 11.000 professores que tinham sido demitidos por serem baathistas. Mesmo oficiais superiores do partido Baath foram readmitidos. Os rebeldes cantam vitória O caso mais espetacular foi o do general Jasim Mohamed Saleh, ex-general de Saddam, que foi nomeado chefe de uma tropa de 1100 soldados iraquianos encarregada de ocupar Fallujah, em nome dos americanos. Os insurgentes passaram dois dias cantando vitória. Para os EUA, cerca de 200 ou mais estrangeiros, possivelmente ligados a grupos terroristas islâmicos como a Al Qaeda, estariam entre os insurgentes. Jassim Saleh, que é de Fallujah e se parece com Saddam, no entanto, negou que eles existissem. Atribuiu a resistência ao povo da cidade. Fallujah rejeita a presença dos EUA, disse. Os americanos acabaram colocando Jassim sob o comando de outro general, Mohammed Latif, de 67 anos, que ficou preso durante sete anos pelo regime de Saddam. A devolução de Fallujah ao controle militar iraquiano, nesses termos, mostra a pressa do Governo Bush em achar uma saída para o pântano em que meteu o país. Se não consegue montar um governo civil que segure o Iraque, será que conseguirá montar um governo militar para fazê-lo? Outro importante passo atrás dos americanos foi aceitar a oferta da ONU e atribuir ao enviado especial da organização no país, Lakhdar Brahimi, o papel de coordenador do governo de transição que substituirá o de Bremer. Brahimi planeja envolver o maior número de lideranças iraquianas moderadas no governo de transição que prepararia eleições presidenciais para o começo de 2005. Segundo a revista The Economist, ele aceitaria até seguidores de Moqtada alSadr, desde que este renuncie à luta armada. WWW.OFICINAINFORMA.COM.BR
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