o processo de resiliência: um etudo observacional do
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O PROCESSO DE RESILIÊNCIA: UM ETUDO OBSERVACIONAL DO FILME FORREST GUMP Autoria: Caroline Aparecida Bueno Tavares, Daphne Storópoli Tzortzis, Nildes Raimunda Pitombo Leite, Alessandra Demite Gonçalves Freita RESUMO A presente pesquisa, buscando também aprofundamento na estratégia de análise fílmica, inserida na abordagem qualitativa e em projetos educacionais, apresenta um estudo sobre a resiliência no campo da Administração. O caso selecionado como unidade de análise foi o filme “Forrest Gump”, dirigido por Robert Zemeckis (1994). Buscando-se responder às questões de pesquisa verificou-se a contribuição da discussão dos resultados dessa análise para os projetos educacionais de ensino, aprendizagem e pesquisa, tanto para os pesquisadores mais experientes, quanto para os iniciantes, uma vez que o tempo total de observações e análises ocorreu no período de um ano consecutivo. Para a academia, registra-se o potencial de manutenção de uma agenda de pesquisas envolvendo a análise fílmica e formando novos pesquisadores em Administração. Para a organização pode-se vislumbrar a exposição da análise para elucidar comportamentos não percebidos dos integrantes das equipes, discuti-los e encaminhá-los para os processos pertinentes, pois o filme serve como simulação de processos organizacionais. Neste estudo, os discursos dos personagens, os silêncios discursivos, as ações por trás dos discursos e silêncios, puderam ser explorados com rigor e profundidade, usufruindo-se as vantagens oriundas dessa escolha metodológica, não obstante as limitações inerentes à mesma escolha. Palavras-chave: Resiliência. Convivencialidade. Análise Fílmica. ABSTRACT This research also seeking deepening in film analysis strategy inserted in qualitative research and educational projects, presents a study of resilience in the field of Administration. The case selected as the unit of analysis was the movie "Forrest Gump", directed by Robert Zemeckis (1994). Seeking to answer the research questions verified the contribution of the discussion outcome of that analysis to the educational projects of teaching, learning and research, both for more experienced researchers as well as for beginners, since the total time of observations and analysis occurred within one year running. To the academy, registers itself the potential maintenance of a research schedule involving film analysis and training new researchers in Administration. For the organization one could envisage the exposure of the analysis to elucidate behaviors not perceived the team members, discuss them and direct them to relevant processes, because the movie serves as simulation of organizations processes. In this study, the speeches of the personages, the discursive silences, actions behind the speeches and silences, could be explored with rigor and depth, enjoying the advantages derived from this methodological choice, despite the limitations inherent to the same choice. Keywords: Resilience. Convivencialidade. Filmic Analysis. _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 1/17 1 Introdução Conforme afirmou Infante (2005), o constructo resiliência começou a despertar o interesse dos pesquisadores devido à descoberta de sua relação com o conceito de risco. Tal conceito envolve: a noção de adversidade, trauma, ameaça ao desenvolvimento humano; a adaptação positiva ou superação da adversidade; o processo que considera a dinâmica entre mecanismos emocionais, cognitivos e socioculturais, que influem no desenvolvimento humano. No sentido etimológico, Noronha, Cardoso, Moraes & Centa (2009, p. 498) trouxeram a definição de resiliência apresentada no dicionário de língua inglesa Longman Dictionary of Contemporary English como a “[...] habilidade de voltar rapidamente para o seu usual estado de saúde ou de espírito depois de passar por doenças e dificuldades”. Nesse mesmo sentido, essa palavra, originária do latim, resilio, que significa retornar a um estado anterior, ser elástico, é utilizada na Engenharia e na Física, para definir a capacidade de um corpo físico que volta ao seu estado normal, após ter sofrido uma pressão sobre si. Relembrado por Barlach, França & Malvezzi (2008), inicialmente, nos trabalhos sobre resiliência, esse termo era associado à invencibilidade ou invulnerabilidade e relacionava o fato de que algumas crianças, quando submetidas a momentos de adversidades ou stress psicológico, demonstravam saúde emocional e alta competência. Entretanto, esses resultados tiveram como contraponto, outro estudo em que a resiliência foi vista sem a pressuposição de invencibilidade ou de ausência de vulnerabilidade. Do mesmo modo, estudos que associavam o termo ao traço pessoal do individuo encontraram oposição com os outros que entendiam a participação do contexto na produção da resiliência, incluindo o amor recebido pelo indivíduo como base para o êxito no desenvolvimento desse indivíduo. A presente pesquisa, buscando também aprofundamento na estratégia de análise fílmica, inserida em projetos educacionais, apresenta um estudo sobre a resiliência no campo da Administração. Nesse contexto, buscou-se responder às seguintes questões de pesquisa: Como o processo de resiliência é mostrado no filme Forrest Gump? Como esse processo contribui para os projetos educacionais de ensino, aprendizagem e pesquisa em Administração? Investigar o processo de resiliência no filme Forrest Gump e analisar a contribuição desse processo para ensino, aprendizagem e pesquisa em Administração, foram os principais objetivos desta pesquisa. Os objetivos específicos que serviram de aporte para a consecução dos primeiro objetivo geral foram: a) observar o processo de resiliência no filme Forrest Gump; b) analisar o processo de resiliência observado; c) discutir os resultados da análise no campo da Administração. Os objetivos específicos que ajudaram para a consecução do segundo objetivo geral foram: a) observar os procedimentos de microanálise; b) analisar a contribuição desses procedimentos no campo da Administração; c) discutir os resultados dessa análise para os projetos educacionais de ensino, aprendizagem e pesquisa. Destaca-se a justificativa deste estudo no que se refere à simulação, por meio de análise fílmica, pela crescente produção nesse campo, a exemplo, das publicações de Merleau-Ponty (1983); Xavier (1983); Vanoye & Goliot-Létè (1994); Aumont et al (1995); Leite & Leite (2007); Davel, Vergara & Ghadiri (2007); Wood Jr. (2007); Saraiva (2007); Barros (2007); Fleury & Sarsur (2007); Baêta (2007); Ipiranga (2007); Freitas (2007); Machado (2009); Leite & Leite (2010); Leite, Leite, Nishimura & Cherez (2010); Leite, _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 2/17 Nishimura & Leite (2010); Tavares, Ferreira, Silva & Leite (2012), Leite, Amaral, Freitas & Alvarenga (2012). 2 Fundamentação Teórica Diversos autores afirmaram que chegar a um consenso sobre a definição sobre o que significa resiliência é um grande desafio (Richman & Bowen, 1997; Masten & Coatswort, 1998; Luthar, Cicchetti & Becker, 2000; Waller, 2001). Em termos gerais, pode-se definir a resiliência, simplesmente, como a adaptação positiva de um indivíduo em resposta às adversidades, embora também haja um consenso de que nenhuma pessoa consegue ser resiliente o tempo todo. Observado por Infante (2005), o termo “adversidade”, também usado como sinônimo de risco pode designar uma constelação de muitos fatores de risco ou uma situação de vida específica. Para Taboada, Legal e Machado (2006, p. 107) “a resiliência se caracteriza por ser uma habilidade social que pode (e deve) ser aprendida e estimulada”. Outros fatores foram considerados importantes e apontados por Waller (2001, p. 290), quando definiu a resiliência como “um produto – multideterminado e sempre mutável – de forças que interagem em determinado contexto ecossistêmico”: a) determinadas condições de estresse são inevitáveis, o que alerta para o fato de que nem sempre é o indivíduo que apresenta carência de vulnerabilidade; b) a resiliência não é uma qualidade da personalidade individual devido ao fato de existir uma relação entre a pessoa e o espaço em que convivem, ou seja, o indivíduo influencia o ambiente e é influenciado por ele; c) a resiliência não é estática, pois em situações diferentes o individuo pode reagir de maneira diferente ou semelhante aos agentes estressores. A definição de resiliência requer o entendimento de que o indivíduo tenha uma adaptação positiva, apesar de estar, ou haver estado, exposto a uma situação de adversidade conforme Kaplan (1999). Os autores Masten & Coatswort (1998) alertaram que a resiliência tem constituído um alicerce em um histórico de casos observáveis, para atender as principais expectativas de um cenário. Tais expectativas estão relacionadas ao desenvolvimento do individuo, critérios de competência e ou expectativas de vida. Considera-se, na Engenharia, que a resiliência está relacionada ao grau de elasticidade que um material suporta sem se alterar, ou seja, é a capacidade que um material possui de absorver energia sem sofrer deformação plástica ou permanente, tendo sido incorporado no cenário científico moderno do vocabulário da Física e da Engenharia, em 1807, pelo cientista inglês Thomas Young (Barlach, França & Malvezzi, 2008; Noronha, et al., 2009). Do ponto de vista da saúde, o termo é definido como a habilidade de o indivíduo lidar com as exigências cotidianas e enfrentar as adversidades ao longo de seu ciclo de vida de forma positiva, sendo resultante da interação entre o indivíduo, ambiente familiar, social e cultural. Nesse sentido, é considerado fundamental para a prevenção e promoção da saúde das populações, porém ainda cercado de dúvidas. No campo de estudo médico-psico-social, a utilização do conceito de resiliência, inicialmente não levou em conta a complexidade inerente ao desenvolvimento do ser humano, sendo os indivíduos resilientes considerados hábeis a enfrentar situações de estresse sem comprometer sua saúde emocional e competência cognitiva. Porém, recentemente foram incluídas nessa definição, dimensões relacionadas às condições sociais, em meio a discussões e debates, sem a existência de um consenso em relação à sua definição (Noronha, et al., 2009). _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 3/17 Em se tratando da Psicologia, a resiliência foi definida como a habilidade de um indivíduo ou grupo de indivíduos de reerguer-se, mesmo diante de adversidades (Barlach, França & Malvezzi, 2008). Esses autores ressaltaram a importância do estudo realizado por Werner e Smith, em 1992, na ilha de Kauai (Hawai). Considerados precursores na utilização do conceito de resiliência no campo da Psicologia Social, Werner e Smith, por trinta e dois anos, envolveram aproximadamente 500 pessoas em situação de extrema miséria. Nesse estudo de Werner e Smith os autores Barlach, França & Malvezzi (2008, p. 102) relataram que pelo menos um terço da população sofreu situações de estresse, dissolução do vínculo parental, alcoolismo e abuso, dentre outros, mas “apesar da situação de risco a que estavam expostas as crianças, elas conseguiam superar as adversidades e construir-se como pessoas”. Anteriormente acreditava-se ser a resiliência uma característica inata do indivíduo, de acordo com Noronha et al. (2009, p. 499). Entretanto, a partir da década de 1990, quando os estudos sobre o tema foram aprofundados, a resiliência passou a ser reconhecida como um elemento que pode estar presente no desenvolvimento de qualquer indivíduo, em certos momentos e de acordo com as circunstâncias. Os autores relataram, contudo, ser necessária a relativização, de acordo com o indivíduo e seu contexto, do significado de superação das adversidades em algumas das definições dadas a esse termo, já que a superação não corresponde à eliminação, mas a “uma ressignificação do problema”. Dessa forma, a resiliência passou a ser vista como uma “estratégia, habilidade válida e competência para se enfrentar as adversidades da vida e, assim, ser capaz de superá-las, adaptar-se, recuperar-se [...]”. Com base na análise da literatura sobre “sobreviventes” de situações extremas Job (2003, p. 173) procurou identificar inúmeros fatores geradores de resiliência, tais como: “[...] vontade de viver; autoestima; amor-próprio; respeito-próprio; esperança; crença; autonomia; iniciativa pessoal; autodeterminação; busca de significado para a vida; autoafirmação; preservação da identidade; sorte; boa saúde; curiosidade; capacidade de estabelecer bons relacionamentos”. Esse autor ainda afirmou que tais fatores geradores de resiliência podem ser classificados em quatro categorias que estão inter-relacionadas ou sobrepostas umas às outras, a saber: padrões disposicionais, padrões relacionais, padrões situacionais e padrões filosóficos ou religiosos. Confirmando a abordagem de que a genética e a biologia determinam os limites do que é possível, Manciaux (2001, p. 103) declarou existir ainda um grande grau de liberdade e espaço para a intervenção de recursos pessoais e profissionais. Esse mesmo autor salientou que a flexibilidade, característica da resiliência “[...] é uma das competências requeridas pela dinâmica da modernidade do trabalho nas organizações, capaz de explicar a administração da própria subjetividade diante das inúmeras situações de tensão, pressão e ruptura presentes nesse contexto.” Conforme ressaltado por Manciaux (2001) há uma afinidade entre a literatura predominante sobre resiliência na possível associação entre tal fenômeno e o sofrimento criativo, apresentado por Dejours (1986). Tanto Frankl (1997), quanto Waller (2001) salientaram que não é na ausência da adversidade que ocorre o processo de resiliência, e sim, no enfrentamento dessa situação adversa. Nesse contexto, ocorre o crescimento psicológico do indivíduo e, em consequência, auxilia na promoção da saúde mental. No campo das ciências sociais aplicadas, especificamente na área da Administração, o termo resiliência tem sido estudado no contexto do trabalho nas organizações. Tal constructo está relacionado à construção ou à existência de recursos adaptativos, de forma a preservar a relação saudável entre o ser humano e seu trabalho em um ambiente em transformação, permeado por inúmeras formas de rupturas (Barlach, França & Malvezzi, 2008). Coutu (2002) _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 4/17 apontou três características da pessoa ou da organização resiliente: 1) a aceitação incondicional da realidade; 2) a crença profunda, em geral apoiada por valores fortemente arraigados, de que a vida é significativa; 3) uma capacidade singular para improvisar. Essa informação pode ser corroborada pelas afirmações feitas por Walsh (2004), de que o corpo e a alma da resiliência encontram-se no sistema de crenças pessoal e familiar, e desse sistema faz parte a atitude de dar sentido à adversidade, ou seja, considerar a crise um desafio significativo, compreensivo e manejável (Silveira & Mahfoud, 2008, p. 573). Em complemento, esses mesmos autores destacaram que, “se a principal força motivadora do ser humano é a busca do sentido da vida, conforme trabalhos de Viktor Frankl (1997) no período de 1948 a 1993, é a busca desse sentido a raiz da motivação para a pessoa construir resiliência.” Tais afirmações encontram ressonância no que destacou Carneiro (2002, p. 150), para quem os indivíduos se orientam por valores e conhecimentos de mundo acumulados por suas histórias de vida. O indivíduo sempre vai ter como desafio, a conquista do ‘outro’, para que sejam aceitas suas ‘intromissões’. Se tal convencimento for recíproco, estabelece-se o que é chamado de consenso que, “tradicionalmente, refere-se a uma síntese de posições heterogêneas ou contrárias, obtida por meio do diálogo”. Do mesmo modo, as afirmações feitas por Vanistendael e Lecomte (2004), de que em situações extremas de pressão, a busca de um sentido de vida é tida como um fator de proteção ao indivíduo, considerando-se o risco à saúde mental, o trabalho assume um importante significado. E, nesse contexto, os acontecimentos históricos são caracterizados por rápidas e frequentes transformações tecnológicas e de equacionamento econômico, o que mobiliza recursos para mudanças nos indivíduos e nas organizações (Hutton & Giddens, 2004). Como meio de ajustamento a essas novas contingências, o indivíduo passou a ser cobrado para apresentar habilidades de flexibilidade de ação e de estrutura de vida pessoal. Nessas condições, o desempenho profissional sujeita esse indivíduo a administrar sua vida profissional, uma vez que, suas referências, a partir das quais ele atribui sentido e valor para si mesmo, estão em constante alteração (Barlach, França & Malvezzi, 2008). A flexibilidade inerente à resiliência é uma das competências requeridas pela dinâmica do trabalho moderno, capaz de explicar a administração da própria subjetividade diante das inúmeras situações de tensão e pressão presentes nesse contexto. De acordo com Barlach, França & Malvezzi (2008), o termo ‘resiliência’ empregado nas organizações, refere-se à existência de recursos adaptativos que permitam e promovam a preservação de uma relação saudável entre o ser humano e seu trabalho. Embora esses autores considerem que a literatura referente à temática da resiliência no contexto do trabalho seja incipiente, em sua tese, Job (2003) analisou a dimensão da centralidade do trabalho na vida humana e os significados que pode assumir, mesmo quando associado à doença e ao sofrimento. Sob essas perspectivas, a organização e as condições de trabalho são consideradas fatores de risco ao sofrimento patológico (Dejours, 1986) e às doenças psicossomáticas. Job (2003, p. 168) denominou de resiliência, os fatores de proteção necessários à superação do sofrimento no trabalho. A “pressão e responsabilidade do trabalho, a incapacidade de aceitar as próprias falhas, a falta de tempo para a família, a falta de apoio dos pares e/ou superiores, a falta de reconhecimento, a frustração e a falta de domínio sobre o futuro” são considerados fatores geradores de sofrimento no trabalho. Dentre os fatores de proteção, destacam-se: autonomia; autoestima; autodeterminação; respeito; reconhecimento, participação da _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 5/17 família, amigos, esperança e fé. A resiliência está associada à autoestima, busca de significado para a vida, esperança, preservação da identidade; autoafirmação e as crenças individuais. Assim, conforme declararam Barlach, França & Malvezzi (2008) a resiliência está relacionada aos recursos de que os trabalhadores dispõem para o enfrentamento das tensões e adversidade presentes em seu campo de trabalho e em outros aspectos de suas vidas. Essas interfaces constituem um contexto de conflitos e adaptações que são característicos do trabalho humano nas organizações modernas. Waller (2001) afirmou que atualmente, poucos autores insistem na classificação da resiliência como um traço pessoal, inerente ao indivíduo. A visão que predomina, trata do fenômeno como processo dinâmico, multidimensional ou ecossistêmico, visão essa liderada por Luthar, Cicchetti e Becker (2000), Masten (2001) e Waller (2001), sendo Waller um dos mais importantes representantes desta abordagem. Adicionalmente, de acordo com Carneiro (2002, p. 150), todo indivíduo é constituído de papeis e o sentido desses papeis é produzido pelo reconhecimento do outro, a partir da conversa e da negociação, o que justifica a importância do diálogo. Esse mecanismo pode ser chamado de convivencialidade e sua constituição efetiva-se pelo estabelecimento de “acordos, pela orientação de regras mutuamente reconhecidas”. A convivencialidade efetiva-se também pela identificação do sujeito na perspectiva do desempenho de sua ação. A convivencialidade é conceituada por Agostinho (2002), como uma alternância saudável entre o indivíduo e o outro e expressa um padrão de atitude em relação ao outro. Levar essa ‘filosofia’ às organizações é algo relevante, uma vez que a constante competição oriunda do mercado de trabalho é favorável ao surgimento de situações adversas, propícias à observação da resiliência do indivíduo. Pinheiro (2004) salientou que os diversos autores e pesquisas acerca da resiliência parecem conduzir à conclusão que a capacidade de amar, trabalhar, ter expectativas e projeto de vida e, em decorrência, de dar um sentido à existência, denota ser a base em que as habilidades humanas se apóiam para serem utilizadas diante das adversidades da vida 3 Aspectos Metodológicos da Pesquisa No que tange ao objetivo do estudo, com o intuito de descrever as características do fenômeno da resiliência que ocorre com o personagem Forrest Gump, as circunstâncias em que ela aparece e a contribuição desse processo para os projetos educacionais de ensino, aprendizagem e pesquisa em Administração, a presente pesquisa caracterizou-se por um estudo exploratório com vistas a gerar questões para futuras pesquisas. De acordo com Gil (2007), a pesquisa de natureza exploratória proporciona ao pesquisador maior familiaridade com o problema investigado e permite o aprimoramento de ideias, justamente por ser flexível e permitir a consideração de diversos e variados aspectos relacionados ao fato estudado. No entanto, na maioria dos casos, assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso. Utilizou-se da abordagem qualitativa que, conforme Godoi & Balsini (2010), ajuda ao pesquisador compreender e explicar o fenômeno social com um mínimo afastamento do ambiente natural, buscando-se não as regularidades e sim, a compreensão dos agentes e do que os levaram a agir da maneira como agiram. Trata-se de uma compreensão da lógica utilizada pelos agentes no momento da ação. Destarte, Silva (2010) afirmou que há várias propostas e formas de se planejar uma pesquisa, principalmente de se escolher um método. Esta pesquisa está apoiada no método fenomenológico, utilizado para compreender o mundo como ele é vivido pelas pessoas, com _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 6/17 vistas ao esclarecimento de aspectos referentes à natureza da experiência. Nesse processo o pesquisador é orientado para o fenômeno que está sendo investigado. Quanto à estratégia de pesquisa, trata-se de um estudo de caso, o qual contemplou as recomendações de Yin (2010) no que se refere às recomendações de escolha, a saber: as questões propostas começam com a palavra “como”; o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos; o foco está sobre um fenômeno contemporâneo da vida real. Esse mesmo autor reforçou ainda que, o estudo de caso é usado em diversas situações com o intuito de contribuir no entendimento dos fenômenos individuais, grupais, organizacionais, sociais e políticos. O caso selecionado, considerado como unidade de análise, nesta pesquisa específica, foi o filme “Forrest Gump”, dirigido por Robert Zemeckis, produzido em 1994. No que se refere à estratégia de coleta de dados foi realizado um estudo observacional indireto e não participante e o registro de informações foi feito em um protocolo de observação, com base em Denzin (1989); Flick (2004); Leite & Leite (2010). O tempo utilizado para as observações foi composto de: 2 horas e 22 minutos de projeção inicial para o filme ser visto como um todo; 40 horas e vinte e cinco minutos utilizadas para a realização das microanálises, registradas pelas pesquisadoras/observadoras; 2 horas e 22 minutos de projeção final para depuração do entendimento das microanálises. No que diz respeito à estratégia de análise dos dados, contextualiza-se que foi utilizada a análise de discurso, conforme recomendações de Godoi (2010), Bardin (2010), Orlandi (2012) e Vergara (2005). No entanto, Godoi (2010, p. 378) alertou que o discurso não pode ser analisado fora de um contexto, por ser inerente à vida social. Por sua vez, nos últimos anos, o discurso no cenário organizacional vem sendo tomado como objeto de estudo. No entanto, sua prática não pode ser reduzida a uma série de passos e procedimentos técnicos, aplicados mecanicamente, pois é ampla e transdisciplinar e apresenta uma “inexistência de regras sistemáticas de condução e a desvinculação, tanto da fixação do sentido quando da arbitrariedade da interpretação.” No que concerne ao ambiente de pesquisa, destaca-se que, a base é a simulação, ou seja, réplica de um sistema ou processo. Flick (2004) chamou atenção para a maneira como as imagens apresentadas nos filmes e na televisão influenciam as realidades e como esses veículos podem interferir, ou mesmo contribuir com a construção social da realidade. A combinação da imagem, som e movimento permite que o filme seja um meio útil que oferece significados para a experiência cognitiva, afetiva e efetiva, conforme salientou Ipiranga (2007). 4 O contexto do estudo No filme “Forrest Gump – O Contador de Histórias”, Robert Zemeckis (1994) abordou quarenta anos da história dos Estados Unidos, narrados por Forrest Gump (Tom Hanks), um rapaz com QI abaixo da média e uma gama de valores humanos autênticos. Forrest era considerado ‘idiota’ por algumas pessoas que o cercavam, por seu jeito ingênuo que o fazia ver o mundo de uma forma diferente, sem jamais ter feito nada que pudesse ser considerado como ‘idiotice’. Por alguma razão, ele fez parte de alguns dos momentos mais importantes do país, como a Guerra do Vietnã e o caso Watergate. Seus pensamentos sempre o levavam ao amor incondicional de infância, adolescência e o único de toda sua vida, Jenny Curran (Robin Wright), sobre a qual exercia uma influência de pureza e afeto e da qual recebia respeito e consideração. Nessa trajetória de vida, Forrest enfrentou situações adversas sem constrangimento, arrependimento ou demonstração de falta de expectativa. Sua _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 7/17 capacidade de focar no que se fazia necessário o conduziu a atingir as metas com doçura e humanidade, superando e/ou ressignificando as dificuldades. 5 Apresentação e análise dos dados e discussões dos resultados Neste artigo, o filme estudado foi tomado como base para apresentação e análise dos dados, para posterior discussão dos resultados, buscando-se cada um dos objetivos específicos que serviram de aporte para a consecução dos objetivos principais: observar o processo de resiliência no filme Forrest Gump; analisar o processo de resiliência observado; discutir os resultados da análise no campo da Administração; observar os procedimentos de microanálise; analisar a contribuição desses procedimentos no campo da Administração; discutir os resultados dessa análise para os projetos educacionais de ensino, aprendizagem e pesquisa. Reitera-se que os filmes podem apresentar diversos significados que permitem diferentes interpretações, conforme ressaltado por Flick (2004). Observa-se que, para Denzin (1989) há uma distinção entre leituras realistas e leituras subversivas. A primeira entende o filme como uma descrição verídica de um fenômeno e a segunda, em contrapartida, entende que as ideias do autor sobre a realidade influenciam o filme. Os Quadros 1 e 2 apresentam os dados empíricos divididos com base em dois constructos: resiliência e convivencialidade, sob as perspectivas dessas duas leituras. Quadro 1 – Apresentação dos Dados Constructo: Resiliência Fundamentação Empírica (Cenas) Suporte Teórico Cena 03: Forrest conta que: “Mamãe sempre me explicava tudo de um jeito que eu entendia”. Sua mãe lhe dizia: “Lembre-se do que eu disse você não é diferente dos outros. Você é igual a todo mundo”. “Nunca deixe ninguém dizer que é melhor do que você”. Cena 10: Forrest e Jenny se tornaram grandes amigos. Forrest observa que Jenny, por alguma razão, não quer voltar para casa. Noronha, et al. (2009, p. 499) afirmaram que a resiliência traz resultados positivos àqueles que se encontram no contexto de fortes ameaças em seu desenvolvimento “quando há união familiar, qualidade no relacionamento de pais e filhos, em práticas educativas envolvendo afetos, reciprocidade e equilíbrio de poder”. Taboada, Legal e Machado (2006, p. 106) salientaram que “essa capacidade seria fruto tanto de características pessoais dos indivíduos quanto do estabelecimento de vínculos afetivos e de confiança deles com o meio”. As cenas que se inserem nesses dois suportes teóricos são: 03 e 29. Cena 11: Forrest e Jenny caminham pela rua. Meninos atiram pedras em Forrest e Jenny pede para que ele corra. Ele corre até que os aparelhos soltam de suas pernas. Taboada, Legal e Machado (2006, p. 106) ressaltaram que “o sujeito é caracterizado por um conjunto de qualidades, ora resultantes do processo resiliente, ora propiciadores desse processo”. A cena que se insere nesse suporte é a 10. Cena 14: Na adolescência, Forrest e Jenny caminham pela rua e outros adolescentes o apedrejam. Do mesmo modo que na cena 11 Jenny lhe diz para ele correr. Forrest corre e entra no campo de futebol americano. O técnico se interessa por ele, por sua velocidade. Para Vanistendael e Lecomte (2004), a busca de um sentido de vida é considerada um dos mais importantes fatores de proteção diante do risco à saúde mental, em situações extremas de pressão. Taboada, Legal e Machado (2006, p. 107) consideraram que “a resiliência se caracteriza por ser uma habilidade social que pode (e deve) ser aprendida e estimulada” As cenas que se inserem nesse suporte são: 11 e 14. Cena 28: Forrest e Jenny caminham pela rua. Jenny diz para Forrest que ele não pode ficar protegendo-a todo o tempo. Ele disse que iria para o Vietnã. Jenny pediu-lhe que, quando estivesse em perigo, corresse Werner e Smith (1992) assinalaram a presença do apoio irrestrito de um adulto significativo – fosse ele um familiar ou não. Considerou o amor recebido pelas crianças como a base do desenvolvimento exitoso. Pinheiro (2004) elencou _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 8/17 independente do que acontecesse. Cena 29: Na casa de Forrest, sua mãe o abraça e pede-lhe para que volte são e salvo do Vietnã. Cena 33: Ainda a serviço no Exército, Forrest é ensinado por uma a jogar pig pong e ouve que o único segredo é não tirar os olhos da bola. Forrest tornou-se excelente jogador. Cena 39: Forrest entrega a Jenny a medalha que recebeu do presidente Johnson, dizendolhe que a ganhou porque fez o que ela mandou: correu. Cena 42: Forrest encontra o Tenente Dan na rua e fica feliz. O Tenente lhe diz que deram a um imbecil bobo a medalha de mérito. Cena 47: Forrest pensa: “Acho que o Tenente Dan percebeu que certas coisas não mudam, ele não queria ser chamado de aleijado e nem eu de idiota”. Cena 62: No ponto de ônibus, Forrest conta a um senhor que comprou 12 barcos “Bubba Gump”. O homem não acreditou e satirizou Forrest. Uma senhora, também sentada no ponto de ônibus, diz que Forrest conta a história com amor. Ele pergunta se ela queria ver a foto do Tenente Dan. A senhora olha com espanto a foto dos dois na revista. Cena 65: Forrest corre para sua casa. Encontra sua mãe deitada e lhe pergunta o que ela tem. Ela respondeu que estava morrendo, que sua hora havia chegado, pediulhe para não ter medo. A mãe de Forrest tinha câncer e morreu em uma terça-feira. Cena 68: Jenny voltou. Todos os dias, Forrest colhia flores bonitas e enfeitava seu quarto. Jenny o presenteou com um par de tênis Nike dizendo-lhe que eram bons para correr. À noite, eles dançavam e agiam como se fossem uma família. características definidas como fatores de proteção relacionados às condições do próprio indivíduo, às condições familiares e às redes de apoio do ambiente. (Noronha, Cardoso, Moraes, Centa, p. 499) consideraram que “a resiliência pode ser observada quando há união familiar, qualidade no relacionamento de pais e filhos, em práticas educativas envolvendo afetos, reciprocidade e equilíbrio de poder” As cenas que se inserem nesses suportes são: 28 e 29. Waller (2001, p. 291) relembrou que “o termo resiliência foi resultado de traços típicos ou modelos de enfretamento, que se assemelhava a conduta de algumas crianças a prosperar mesmo em um fluxo prosaico [...], mesmo enfrentando uma desventura considerável”. Waller (2001, p. 292-293) ressaltou que determinadas condições de estresses são inevitáveis e tardias como as suas consequências, tais como aspectos psicológicos, familiares ou sociais, e que a resiliência não é a carência de vulnerabilidade [...] A resiliência não é estática, pois em situações diferentes o individuo pode reagir de maneira diferente ou semelhante ao estressor. As cenas que se inserem nesses suportes são: 33, 39, 42 e 47. Manciaux (2001, p. 103) salientou que a flexibilidade, característica da resiliência “[...] é uma das competências requeridas pela dinâmica da modernidade do trabalho nas organizações, capaz de explicar a administração da própria subjetividade diante das inúmeras situações de tensão, pressão e ruptura presentes nesse contexto.” A cena que se insere nesse suporte é: 62. Kaplan (1999) ponderou que a definição do conceito de resiliência requer que o indivíduo obtenha uma adaptação positiva, apesar de estar, ou haver estado, exposto a uma situação de adversidade. Infante (2005, p. 26) ressaltou que o termo “adversidade (também usado como sinônimo de risco) pode designar uma constelação de muitos fatores de risco (como viver na pobreza) ou uma situação de vida específica (a morte de um familiar)”. A cena que se insere nesse suporte é: 65. Masten (2001, p. 233-234) relembrou que “[...] pessoas resilientes inserem sua vida em um contexto mais harmonioso [...] resiliência é um processo de adaptação [...]”. As cenas que se inserem nesse suporte são: 68, 74 e 76. Cena 74: Forrest chega à casa de Jenny. Uma mulher chega levando um menino. Forrest pergunta-lhe se ela é mamãe. Ela diz: “Ele se chama Forrest e tem o nome do pai”. Forrest pergunta: “O pai dele chama Forrest?” Jenny diz: “Você é o pai dele Forrest”. Ele fica em silêncio por um _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 9/17 instante e diz: “É a coisa mais linda que eu já vi [...] mas ele é inteligente, ou [...]”. Jenny o interrompe dizendo: “É muito inteligente, é um dos melhores da classe”. Forrest aproxima-se para conversar com o menino, que assiste TV. Cena 76: Forrest e Jenny preparam-se para casar-se. O Tenente Dan chega à festa com “pernas novas” e apresenta sua noiva ao casal. Forrest e Jenny se casam, sob o testemunho de um seleto grupo. Fonte: Elaborado pelas autoras Na fundamentação teórica deste artigo viu-se ressaltado por Manciaux (2001) que há uma afinidade entre a literatura predominante sobre resiliência na possível associação entre tal fenômeno e o sofrimento criativo, apresentado por Dejours (1986). Tanto Frankl (1997), quanto Waller (2001) salientaram que não é na ausência da adversidade que ocorre o processo de resiliência, e sim, no enfrentamento dessa situação adversa. Nesse contexto, ocorre o crescimento psicológico do indivíduo e, em consequência, auxilia na promoção da saúde mental. No filme, além das cenas mostradas no Quadro 1, outras cenas ilustram o crescimento psicológico de Forrest, o que implica promoção de sua saúde mental. Na cena 06, enquanto sua mãe lê uma história para ele, Forrest a indaga sobre o significado de “férias”, ao que ela responde: “é quando você vai para algum lugar e nunca volta”, referindo-se à ausência do pai. Noronha, et al. (2009, p. 499) sugeriram que as famílias devem ser incentivadas “a se reconhecerem como importantes no cotidiano de seus integrantes, [...] e valorizar o diálogo como ferramenta para exercitar a tolerância e respeitar as diferenças existentes entre seus integrantes”. Na cena 12 Forrest conta a história da família de Jenny e diz que “seu pai era gentil porque a abraçava e beijava”. Vê-se Jenny fugindo puxando Forrest pela floresta enquanto seu pai está atrás dela. Ela reza para que Deus a transforme em um pássaro, para que possa voar. Forrest conta que Jenny “não voou como um pássaro, mas foi morar com sua avó. Infante (2005) considerou que o constructo resiliência tem relação com o conceito de risco, que envolve, dentre outros fatores: trauma, ameaça ao desenvolvimento humano, o processo que considera a dinâmica entre mecanismos emocionais, cognitivos e socioculturais, que influem no desenvolvimento humano. Em ambas as cenas pode ser associada a ideia de que resiliência pode ser utilizada no sentido de fortalecer pessoas que enfrentam situações de adversidade, sofrimento emocional e exclusão social. Masten (2001, p. 235) defendeu a premissa de que “a resiliência é adaptativa e não se crê na ideia de que surge de um processo insignificante”. Como visto na fundamentação teórica, no campo das ciências sociais aplicadas, especificamente na área da Administração, o constructo resiliência está relacionado à construção ou à existência de recursos adaptativos, de forma a preservar a relação saudável entre o ser humano e seu trabalho em um ambiente em transformação, permeado por inúmeras formas de rupturas (Barlach, França & Malvezzi, 2008). As cenas mostradas no Quadro 1 mostram a construção de recursos adaptativos, preservando a relação saudável, em ambientes em transformação e permeados por diversificadas formas de ruptura. _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 10/17 Na cena 33, o poder de concentração no foco permite que Forrest aprenda com facilidade a jogar ping pong pelo exército, após sua estada no Vietnã. O Tenente Dan Taylor não se conforma pelo fato de Forrest ter salvado sua vida, pois acredita que o seu destino era morrer no campo, com honra, entre seus homens. Pergunta a Forrest se ele sabe o que é não poder usar as pernas. Com o foco no tenente e observando a literatura, percebe-se o afirmado por Waller (2001, p.290) que não obstante a dificuldade de “[...] entender o que faz as pessoas se frustrarem, é admirável abranger a contribuição dos resultados positivos diante das desventuras [...]”. A cena 42 ainda mostra a revolta do Tenente Dan pela deficiência física, ao tempo em que mostra a percepção de Forrest de que a provocação não é verdadeira. A resiliência é percebida na ação de Forrest, ao ajudar com a cadeira de rodas, o que, na cena 47 ajuda o tenente a superar sua condição. A indignação do tenente mostra a defesa da dignidade de Forrest. Tomando-se por base Coutu (2002) consideram-se as três características apontadas, da pessoa ou da organização resiliente: 1) a aceitação incondicional da realidade; 2) a crença profunda, em geral apoiada por valores fortemente arraigados, de que a vida é significativa; 3) uma capacidade singular para improvisar. Essas características puderam ser observadas no crescimento da relação de amizade e trabalho entre Forrest e o Tenente Dan. Na cena 76, no reencontro entre Forrest e Dan, observa-se o tenente agradecendo com o olhar, como uma espécie de constatação de superação das desventuras. As cenas subsequentes estão alinhadas às afirmações feitas por Walsh (2004), de que o corpo e a alma da resiliência encontram-se no sistema de crenças pessoal e familiar, e, desse sistema faz parte a atitude de dar sentido à adversidade, ou seja, considerar a crise um desafio significativo, compreensivo e manejável (Silveira & Mahfoud, 2008, p. 573). Na cena 39 Forrest e Jenny mostram a ausência de cobrança na relação de amizade permeada por crenças e valores arraigados desde a infância. Na cena 62, Forrest, ao não se ofender com o senhor e com a senhora que o escutavam no ponto de ônibus, denota segurança em sua realização de dar sentido à adversidade. Tal segurança é reforçada na cena 65, diante da serenidade com que sua mãe lhe diz que está morrendo. Até a morte, a mãe de Forrest reforça-lhe o sistema de crenças para a condição de resiliência. Na cena 68 Forrest vive cada momento (característica da resiliência), em completa ausência de questionamento. Na cena 74, Forrest recebeu e doou cuidado e zelo amoroso, valores que se tronaram responsáveis por sua trajetória resiliente. O Quadro 2 apresenta os dados empíricos com base no constructo convivencialidade. Quadro 2 – Apresentação dos Dados Constructo: Convivencialidade Fundamentação Empírica (Cenas) Suporte Teórico Cena 07: Na casa de Forrest, um dos hóspedes (Elvis Presley) aprende passos de dança com ele. Cena 09: Forrest entra no ônibus escolar pela primeira vez. Ao procurar um lugar, ninguém o deixa sentar-se até que Jenny oferece um assento ao seu lado. Jenny pergunta-lhe o que tinha na perna. Forrest pensa: “ninguém falava comigo ou me fazia perguntas, além da mamãe”. Jenny pergunta: “Você é idiota?”. Forrest responde: “Idiota é quem faz idiotice”. Cena 10: Forrest e Jenny se tornaram excelentes amigos. Agostinho (2002, p. 15) destacou que o conceito de convivencialidade é tomado de uma saudável alternância entre o indivíduo e o outro, “aquele breve instante em que ambos somos um”. As cenas que se inserem nesse conceito são: 07, 10, 13 e 19. Barlach, França e Malvezzi, p. 102 afirmaram que “O desenvolvimento é um processo contínuo de adaptação (assimilação e acomodação) entre indivíduos e seus ambientes [...]”. As cenas que se inserem nesse suporte são: 09, 15, 16 e 24. _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 11/17 Cena 13: Forrest conta que Jenny fugia no meio da noite e ia para sua casa, porque ela tinha medo (Forrest pensava que o medo era do cachorro de sua avó). Cena 15: Forrest entra na Universidade, pelo contexto desportivo e não pelo intelectual. Ele joga futebol americano e contribui para a vitória. O técnico do time comenta: “deve ser o filho da mãe mais idiota que já existiu”. Carneiro (2002, p. 150) salientou que a constituição da convivencialidade se efetiva pelo estabelecimento de “acordos, pela orientação de regras mutuamente reconhecidas”. As cenas que se inserem nesse suporte são: 07, 09 e 24. Cena 16: Com o burburinho da entrada de negros na Universidade, Forrest, diferente de todos ajudou, entregando o livro que a menina negra tinha deixado cair. Cena 19: Forrest vai visitar Jenny na faculdade em que ela estuda e a protege do que imaginou ser uma agressão do namorado dela. Jenny pede para ele parar e Forrest entrega-lhe chocolates. Cena 24: Ao entrar no ônibus do exército Forrest se apresenta ao motorista, que grita com ele. Similar ao contexto da cena 09, ao buscar um lugar ninguém o deixa sentar, até que Bubba lhe oferece um lugar ao seu lado. Eles se apresentam e Bubba conta sobre sua família e sobre historias de camarão e diz que vai entrar para o negócio de camarões quando terminar o exército. Fonte: Elaborado pelas autoras com base nos dados da pesquisa Com base no Quadro 2 e de acordo com Carneiro (2002) ao enfatizar que todo indivíduo é constituído de papeis e o sentido desses papeis é produzido pelo reconhecimento do outro, a partir da conversa e da negociação, observam-se no filme analisado os acordos e os sentidos de papeis: entre Forrest e Jenny; e entre Forrest e Bubba em seus contextos de convivencialidade, quer pela inocência, pela troca ou pela força da amizade. Voltando à fundamentação teórica e aos Quadros 1 e 2 relembra-se: que o filme também deixa ver a alternância saudável entre esses indivíduos, conforme elemento constituinte da conceituação de Agostinho (2002) para a convivencialidade; o que destacou Carneiro (2002, p. 150), para quem os indivíduos se orientam por valores e conhecimentos de mundo, acumulados por suas histórias de vida. O indivíduo sempre vai ter como desafio, a conquista do ‘outro’, para que sejam aceitas suas ‘intromissões’. A confiança existente nas relações de Forrest e Jenny, de Forrest e Bubba e de Forrest e Tenente Dan mostrou, nos discursos desses personagens, a aceitação das ‘intromissões’; o que Masten (2001, p. 233) salientou acerca de “pessoas resilientes possuem três características: a aceitação incondicional da realidade, uma crença profunda, muitas vezes sustentada por valores fortemente arraigados, que a vida é significativa, e uma incrível capacidade de improvisar”. Relembra-se, sobretudo, o que foi abordado por: Infante (2005), acerca da contribuição dos resultados das pesquisas em resiliência, que partiram de um modelo de risco, baseado nas necessidades e na doença e alcançaram um modelo de prevenção e promoção, baseado nas potencialidades e recursos que o ser humano tem em si mesmo e ao seu redor; Job (2003) que destacou como fatores de proteção: autonomia; autoestima; autodeterminação; respeito; reconhecimento, participação da família, amigos, esperança e fé. A resiliência está associada à autoestima, busca de significado para a vida, esperança, preservação da _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 12/17 identidade; autoafirmação e as crenças individuais; Pinheiro (2004), acerca da condução à conclusão que a capacidade de amar, trabalhar, ter expectativas e projeto de vida e, em decorrência, de dar um sentido à existência, denota ser a base em que as habilidades humanas se apóiam para serem utilizadas diante das adversidades da vida. 6 Considerações finais Ao trazer o filme Forrest Gump para ser analisado à luz da Administração, pelos constructos resiliência e convivencialidade, buscou-se responder às seguintes questões de pesquisa: como o processo de resiliência é mostrado no filme Forrest Gump? Como esse processo contribui para os projetos educacionais de ensino, aprendizagem e pesquisa em Administração? No que tange à primeira questão, o processo de resiliência mostrado no filme traz questões para reflexão nos níveis do indivíduo, do grupo e da organização. Registra-se como nota de cautela a necessidade de investigação, em cada organização que venha a ser estudada, à luz desse filme, do seguinte aspecto: a resiliência tem o respaldo organizacional para a construção ou para a manutenção de recursos adaptativos já existentes na organização, de forma a preservar a relação saudável entre o indivíduo e seu trabalho? No que diz respeito à segunda questão, vale indagar: a análise do processo observado no filme pode ser utilizada em analogia com a organização? Neste estudo foi verificada a contribuição da discussão dos resultados dessa análise para os projetos educacionais de ensino, aprendizagem e pesquisa, tanto para os pesquisadores mais experientes, quanto para os iniciantes, uma vez que o tempo total de observações e análises ocorreu no período de um ano consecutivo. As limitações deste estudo são inerentes à escolha metodológica. Todavia, as vantagens oriundas dessa escolha favoreceram a clarificação das contribuições, não só para o grupo desses pesquisadores, mas para o campo da Administração, quer na academia, quer na organização. Na academia, registra-se o potencial de manutenção da agenda de pesquisas envolvendo a análise fílmica, formando novos pesquisadores. Os discursos dos personagens, os silêncios discursivos, as ações por trás dos discursos e silêncios, puderam ser explorados com rigor e profundidade. Para a organização pode-se vislumbrar a exposição da análise para elucidar comportamentos não percebidos dos integrantes das equipes, discuti-los e encaminhá-los para os processos pertinentes, pois o filme serve como simulação dos processos organizacionais. _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 13/17 Referências Agostinho, M. E. 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