oscilação do nível do mar no futuro e possíveis consequências no
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OSCILAÇÃO DO NÍVEL DO MAR NO FUTURO E POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS NO BRASIL : Pequeno Ensaio Antonio Carlos Freire Sampaio Doutorando - IGEO/UFRJ [email protected] Adriany de Ávila Melo Doutoranda - IGEO/UFRJ [email protected] Prof. Dr. Antônio Paulo de Faria Laboratório de Geomorfologia Marinha-IGEO/UFRJ [email protected] Prof. Dr. Paulo Márcio Leal de Menezes Laboratório GeoCart- IGEO/UFRJ [email protected] RESUMO A temperatura média global do planeta está subindo e, com isto, poderia provocar, entre outros problemas, o derretimento das geleiras, o que faria crescer a quantidade de água nos oceanos e a dilatação da mesma , elevando em conseqüência, o volume de águas nos mares. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo comentar o estado da arte sobre o assunto, relatando opiniões de pesquisas sobre o tema, os prognósticos de subida do nível do mar, suas conseqüências globais e, em particular, as previsões para o Brasil. ABSTRACT The global mean temperature of the planet is ascending and, with this, could provoke, among others problems, the glacier's melting in the glacial continents, that will turn to grow up the deal of water in the oceans and its dilatation, raising up the water volume in the seas.The aim of this work is to comment about the art state, reporting research opinions about the theme, the predictions of sea level ascension, its global consequences and, in particular, the previsions from Brasil. 1. INTRODUÇÃO Estudos sobre o aumento do nível do mar são verificados na época do Período Terciário (há mais de 10 milhões de anos A.P.-antes do presente). A partir daí, várias glaciações ocorreram, com o nível do mar descendo ou subindo, de acordo com o esfriamento ou aquecimento da temperatura global, até se verificar a última grande glaciação, cujo auge foi há 18.000 A.P. (Suguio,2001). O aumento do nível dos mares pode estar associado ao aumento da temperatura do planeta, o que acarretaria o degelo nos continentes (Msantunes,2002). Com isto, pesquisas levam em conta que é de se esperar que o aquecimento global deva aumentar os níveis dos mares entre 30 cm a 2 m, até 2025, o que poderá causar inundações extensivas nas regiões costeiras O nível do oceano ao longo da costa nordeste dos Estados Unidos da América já se elevou cerca de 30 cm durante o último século (FEUSP, 2002). A USEPA (United States Environmental Protection Agency - ou Agência Norte-Americana de Proteção ao Meio Ambiente) estima que os níveis dos mares possam se elevar aproximadamente 2,2 m até o ano de 2100 (FEUSP,2002). As terras costeiras mundiais são densamente povoadas e extremamente valiosas. Uma elevação relativamente pequena do nível dos oceanos poderia provocar a contaminação dos lençóis de água subterrâneas com sal, inundar planícies costeiras, construções, deixando milhões de pessoas desabrigadas. Uma elevação de 0,5 m nos níveis dos oceanos desabrigaria 16% da população do Egito. O arroz, principal gênero alimentício de produção da Ásia, é cultivado em deltas de baixas elevações e planícies alagadas. Uma elevação de 1 m nos níveis oceânicos levaria à inundação de muitas áreas de cultivo de arroz reduzindo de forma substancial a produção. Grande parte das Maldivas, uma nação de 1.196 ilhas no Oceano Ìndico, desapareceria se o nível do mar se elevar em 2 m. Tal elevação inundaria 28% de Bangladesh, juntamente com grandes porções da Louisiana e Flórida, nos Estados Unidos da América (FEUSP,2002). Brent Blackwerder, presidente da organização "Amigos da Terra" comentou: "O aquecimento global está afetando tudo o que vive e respira no planeta. Grandes tempestades, furacões, ciclones, chuvas em grande quantidade, enchentes... Algumas nações desaparecerão totalmente. Isto é o que nos acontecerá, e será pior do que imaginamos, se não começarmos a nos tornar inteligentes", ou seja, devemos começar a nos preocupar com o nosso planeta e nossa sobrevivência (Msantunes, 2002). Al Gore, ex-vice presidente dos Estados Unidos da América no Governo Bill Clinton, disse: "Fomos informados pelos cientistas que 1997 seria o ano mais quente desde que se começaram a fazer registros da temperatura. A tendência é clara, pois nos últimos dez anos registraram-se os nove anos mais quentes deste século. As conseqüências humanas e os custos econômicos de uma falha em agir são inimagináveis. Mais secas, mais doenças, enchentes recordes e pragas espalhadas por toda parte; fracasso da agricultura e fome, geleiras a derreter, tempestades cada vez maiores e os mares subindo de nível" (Msantunes, 2002). O Manual Global de Ecologia (FEUSP, 2002) cita que para se evitar a destruição de cidades importantes, as nações seriam forçadas a conter o avanço do mar com gastos exorbitantes. Cita, também, que só em Charleston, na Carolina do Sul (USA), teria que ser investido uma soma de US$ 1,5 bilhão a fim de proteger-se da elevação de 1 m no nível do mar. Na última década e como se observa dos comentários supracitados, vários outros autores fizeram projeções sobre o assunto, gerando discordâncias e antagonismos pois o tema é extremamente polêmico, demonstrando que ainda há lacunas para serem pesquisadas. Quando se discute se o aquecimento da Terra é realmente perigoso, Richard Lindzen, do MIT (Massachucetts Institute of Tecnology) discorda e Andrew Weaver, da Victory University diz que sim (Lindzen, 2002). Lindzen disse: "Não consigo encontrar base concreta para os cenários de aquecimento global que são geralmente descritos...Não penso que haja sólido acordo quanto ao homem causar o aquecimento do planeta...A causa primária do nível do mar, em qualquer local dado é a mudança no nível do solo. Superposta a isto deve haver uma pequena mudança resultante da expansão térmica do oceano. Isto pode muito bem continuar, pois vem ocorrendo há milhares de anos. Mas isto ocorre ao longo de milênios e não tem muito a ver com o ser humano. O nível dos mares está subindo desde o fim da última glaciação, um pouco mais depressa nos últimos séculos. Não vejo motivo para supor que isto vai mudar e não penso que poderia ter implicações. O clima está sempre mudando e temos de nos adaptar à mudança. O que questiono é a noção de que existe algo diferente na mudança atual, que se pensa ser capaz de identificar com a atividade humana. Mudanças normais ocorrem e sempre ocorrerão".(Lindzen 2002:3) Weaver já argumenta: "Sabemos que o nível dos mares vem subindo desde o fim do último período glacial, em cerca de 120 m, e claro que a Terra sobe e desce por razões naturais, porque placas tectônicas se deslocam e colidem ou camadas de gelo derretem. Mas o ritmo dessas mudanças é muito lento. A elevação do nível dos oceanos que estamos observando é rápida demais para estar associada só a ocorrências naturais. São muitas as evidências de que o nível dos mares continuará subindo. Os oceanos estão se aquecendo e água quente se expande. Também é provável que geleiras continuem a se derreter. Acredito que isto tem implicações para regiões como Bangladesh, que são afetadas por tempestades associadas a ciclones tropicais. Se você imaginar uma tempestade sobre o nível do mar mais elevado, terá potencial para maiores danos".(Lindzen, 2002:5). 2. AS OSCILAÇÕES DO NÍVEL DO MAR NOS ÚLTIMOS 18.000 ANOS Como já citado na Introdução, os Períodos Geológicos são da ordem de centenas de milhões de anos, mas, para este estudo, é suficiente considerar os últimos 18.000 anos A.P., já dentro do Quaternário. Dentro deste Período, com menos de 2 milhões de anos., houveram oscilações do nível do mar em comparação com o nível atual, mas foi, em 18.000 anos A.P., o auge do último período glacial onde o nível do mar chegou a 130 metros abaixo do atual, segundo Fairbridge (1962) e Milliman & Emery (1968). E de onde vem tanto gelo? Ele vem dos oceanos com a evaporação de suas águas. Há a precipitação em forma de neve. Devido a temperatura, o degelo é menor do que a evaporação e a quantidade de neve/gelo aumenta. (Faria, 2002b) Segundo Oeschger & Mintzer (1992), em 18.000A.P. a temperatura média global caiu cerca de 5,6o C. As geleiras se expandiram, descendo mais de 1.000 metros do ponto que se vê hoje. As linhas de costa recuaram muito. Em alguns lugares do Brasil houve recuo de 90 km. A foz do rio Amazonas recuou 300 km. Em várias outras áreas a regressão marinha chegou a centenas de km. A Antártida tinha um volume de gelo 2/3 maior que o atual. O Canadá e a Escandinávia apresentavam geleiras com mais de 2 km de espessura. A figura 1 ilustra uma a situação do nível do mar ao longo dos períodos, onde se verificam várias oscilações de nível, se destacando o menor nível correspondente à última grande glaciação (18.000 A.P.). - 130 m FIGURA 2: Oscilação Aproximada do Nível dos Mares nos últimos 18 000 anos. Fonte:Faria(2002b) FIGURA 1: Subdivisão do Tempo Geológico e as Oscilações do Nível do Mar. Fonte: Suguio (2001:24). Entre 10.000 e 8.000 anos A.P. o nível do mar subiu porque a temperatura global aumentou. Era o final da última “Era Glacial”. Este evento é conhecido como Transgressão Flandriana de acordo com Fairbridge (1962) & McElroy(1992). O nível do mar subiu 15 metros. Ainda por volta de 8.000 anos A.P., a taxa máxima de degelo foi de 2,2 cm por ano. Nesta época a transgressão marinha na Alemanha chegou, segundo Streif (1989), da ordem de 250 km sobre o continente. Em 7.000 anos A.P. o nível do mar chegou na marca do nível atual. Entre 6.000 e 4.000 anos A.P. a temperatura média global aumentou na ordem de 0,5oC, muitas geleiras desapareceram e o nível do mar subiu cerca de 4,5 metros acima do atual. Houve, ao longo do tempo, nova descida do nível do mar seguida de nova subida até que, por volta de 4.800 A.P. verificou-se que o nível do mar chegou a 3 metros acima do atual. Seguiram-se descidas e subidas de modo que nos últimos 2.000 anos o nível do mar desceu cerca de 3 metros. A figura 2 ilustra um esquema da oscilação do nível do mar de 18.000 A.P. até os dias de hoje. No Brasil, em 18.000 A.P., devido a pouca inclinação do fundo do mar que é da ordem de 1o, a regressão marinha foi de 300 km na foz do rio Amazonas, 20 km em Natal, RN, 8 km em Ilhéus, BA, 200 km no norte do ES, 160 km nas praias do PR e entre 75 km e 112 km no RJ (Faria, 2002b). A partir do século XV a temperatura média global caiu 0,5o C. Segundo Thompson et al. (1989) e McElroy (1992), foi o suficiente para se iniciar um novo período frio denominado Pequena Idade do Gelo. Nos Andes, as geleiras desceram 300 metros de seu nível, obrigando os povos que alí viviam a migrarem para outros lugares. O auge desta pequena glaciação foi por volta de 1750. A partir daí começou um "re-aquecimento" global (Faria, 2002b). Na Figura 3, Pirazzoli(1991) ilustra um estudo, através da datação de rádiocarbono, da oscilação do nível do mar em 8 regiões da costa brasileira, nos últimos 7.000 anos, a saber: Salvador, BA, Ilhéus, BA, Caravelas, BA, Angra dos Reis, RJ, Santos, SP, Cananéia, SP, Paranaguá, PR e Itajaí, SC. Da Figura 3, pode-se observar que as variações concluídas são semelhantes nas diversas regiões. Por exemplo, o nível máximo observado em todas as regiões é por volta de 5.000 A.P. e apresenta grandezas parecidas, em torno de 5 m. As variações continuam semelhantes, até se chegar nos dias de hoje 3. AS OSCILAÇÕES DO NÍVEL DO MAR NO PERÍODO ATUAL Para efeitos deste estudo, será considerado o período atual aquele ocorrido desde 1900 até os dias de hoje, e serão feitas observações do estado da arte atual no mundo e no Brasil. a. No Mundo O Programa Mundial de Monitoramento do Nível Médio do Mar é conhecido como Programa GLOSS (Global Sea Level Observing Systems). É destinado a determinar o nível médio da superfície do mar. Baseia-se em uma rede internacional de estações de medição do nível do mar coordenada pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) (Gloss, 2002). O Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC)1 concluiu, nas reuniões realizadas em 1990 e 2001, que: 1. O derretimento de gelo vem mais: • Das geleiras alpinas; • Dos campos de gelo das regiões temperadas e subpolares; • Do gelo flutuante do Mar Ártico (Faria, 2002a). 2.O gelo sobre o Oceano Ártico, entre 1940 e 1990, teve sua área diminuída em 40% , de acordo com análise de fotografias e mapas feitos durante a Segunda Guerra Mundial e comparados com as imagens de satélites atuais. Desta forma, especula-se que, com esta taxa, até 2050, praticamente todo gelo do Oceano Ártico, inclusive no Pólo Norte, deverá derreter; 3.A temperatura média global durante o século XX subiu 0,6o C, sendo que 0,5o C foi entre 1900 e 1961. Neste período, o derretimento das geleiras contribuiu com 2,8 cm para o aumento do nível do mar. Se durante a Pequena Idade de Gelo (século XV) as geleiras tiveram grandes avanços por causa de uma diminuição global da temperatura em apenas 0,5o C, é de se esperar que o aumento de 0,6o C ocasione grandes mudanças na configuração das geleiras atuais. 4.Dados extraídos de imagens de satélite indicam que a área coberta, anualmente, pela neve e gelo no Hemisfério Norte (parte dela alimenta as geleiras) teve redução de 10% a 15% desde a década de 50; FIGURA 3: Curva da oscilação do nível do mar, nos últimos 7.000 anos, em várias regiões da costa brasileira. Fonte: Pirazzoli (1991: 178) Conforme se pode verificar na Figura 4, a rede é composta de dezenas de pontos espalhados pelo mundo com o maior número de estações existentes no Hemisfério Norte, e poucas estações no Hemisfério Sul. FIGURA 4: Rede Mundial de Monitoramento do Nível do Mar Fonte: Gloss, 2002 Este aumento da temperatura média global, no século XX, de 0,6o C e o aumento do nível do mar entre 100 mm e 200 mm corrobora com Gornitz & Lebedeff (1987) que indicam que o nível do mar subiu entre 150 mm e 170 mm entre 1890 e 1990. Porém, em áreas do Hemisfério Sul, especialmente sobre os oceanos e a Antártica, não tem ocorrido grandes mudanças. Por exemplo, desde de 1978 nenhuma alteração significativa tem ocorrido no manto de gelo (Faria, 2002a). Isto pode ser reforçado com o Quadro 1 abaixo onde Flint (1971) mostra a grandeza da Antártica em relação às outras áreas cobertas por geleiras, ou seja, se na Antártica não está ocorrendo grandes mudanças e ela é muito maior que as outras 4 áreas, a 1 IPCC é uma instituição que representa o consenso da comunidade científica internacional sobre a ciência das mudanças climáticas e reconhecida como a mais confiável fonte de informações acerca das mudanças globais e suas causas (PORTAL BRASIL, 2002 contribuição do derretimento do gelo para o aumento do nível do mar pode não ser tão significativo. QUADRO 1: Áreas cobertas por geleiras e volume de gelo Área (km2) Volume (km3) 12.588.000 28.500.000 Antártica 1.726.400 3.700.000 Groelândia 230.000 46.000 Geleiras Alpinas 114.000 1.500 Ártico 76.880 23.100 Gelo Cont. Amér. Norte Fonte: Flint(1971). Organizado por Faria(2002a:3.) Os trabalhos concluídos pelo IPCC indicam que o aumento do nível do mar durante o século XX foi de 10 cm a 20 cm, incluindo a contribuição da água de gelo e expansão térmica dos oceanos. Do Quadro 1, vê-se que o maior peso de gelo vem da Antártica, que se mantém aparentemente estável, ou seja, a Antártica, por ter maior volume de gelo, deveria preocupar mais com a quantidade de água de um possível degelo. Estudos mostram que as geleiras estão se expandindo porque precipita mais neve do que derrete (Faria, 2002a); Outras observações sobre as situações que envolvem a subida/descida do nível do mar e dos continentes foram resumidas por Faria(2002A) • Espessas geleiras que cobriam o Canadá permitiram que parte desta área subisse 5 mm/ano (afloramento), processo que está ativo até o presente ; • Algumas áreas ao norte da Suécia, que ficarão livres do gelo, estão subindo 9 mm / ano. Porém ao sul, grandes áreas estão afundando em até 3 mm / ano (subsidência); • Cada geleira tem um comportamento próprio que pode ser função de: temperatura ambiente, volume de gelo retido e declividade do terreno; • A Oeste da Antártica, numa área aproximadamente igual ao México, as bases das geleiras estão abaixo do nível do mar e podem se tornar instáveis. Se derretesse, o gelo desta área elevaria o nível dos mares em quase 3 m; • Veneza, na Itália, está submergindo; • A Escócia está subindo 3 mm / ano e a Inglaterra está descendo 2 mm / ano. Se a taxa de elevação global do nível do mar for de 2 mm / ano, daria a falsa impressão de que na Inglaterra a taxa de elevação do nível do mar seria de 4 mm / ano e na Escócia a taxa de regressão marinha seria de 1 mm / ano. Em contrapartida, Trabanco et al. (2001) observa que o desprendimento de grandes placas de gelo da Antártica, a partir de janeiro de 1995, fez as mesmas se desintegrarem repentinamente e que, desde que existem registros de temperatura na Antártica, há 45 anos, houve aumento da temperatura em 2,5o C, o que deveria estar causando degelo. E, também, na costa de Portugal, Reis (2002) comenta que a subida do nível médio do mar, agravada durante o final do século XX devido ao "efeito estufa", apresentou um taxa média de aumento de 1,5 mm / ano. Esta taxa, embora aparentemente muito pequena, tem sido suficiente para contrariar a força de vazante na foz dos rios, promovendo o aumento da sedimentação no interior dos estuários e reduzindo, simultaneamente, as exportações de materiais para o oceano, favorecendo, deste modo, a erosão crescente manifestada na faixa costeira ocidental do país. b. O Efeito Estufa Segundo Trabanco et al. (2001) um dos fatores responsáveis pelo aumento dos nível dos mares é o "efeito estufa". O efeito estufa, que é o aquecimento global pelo qual o planeta vem passando nos últimos anos, tem despertado grande interesse nas pesquisas de monitoramento do nível médio dos mares. Alguns gases da atmosfera, principalmente o dióxido de carbono (CO2), funcionam como uma capa protetora que impede que o calor absorvido da radiação solar escape para o espaço exterior, mantendo uma situação de equilíbrio térmico sobre o planeta, tanto durante o dia como durante a noite. Sem o carbono na atmosfera a superfície da Terra seria coberta de gelo. A importância do efeito estufa pode ser melhor compreendida quando se observa as condições reinantes da Lua. Lá não há atmosfera, e portanto nenhum efeito estufa; por isso as temperaturas variam de 100o C durante o dia a -150o C durante a noite. A ação do ser humano na natureza tem feito aumentar a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, através de uma queima intensa e descontrolada de combustíveis fósseis e do desflorestamento. A derrubada de árvores provoca o aumento da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera pela queima e também pela decomposição natural. Além disso, as árvores aspiram dióxido de carbono e produzem oxigênio. Uma menor quantidade de árvores significa também menos dióxido de carbono sendo absorvido. Segundo Msantunes (2002), em 1850 a quantidade de CO2 na atmosfera era de 270 ppm (partes por milhão). Hoje é de aproximadamente 360 ppm, um aumento de 33%. Na primeira metade do século XX este tipo de poluição era até considerado benéfico. Havia a esperança de se desfrutar épocas com climas melhores e mais estáveis, sobretudo nas regiões mais frias da Terra, que o clima melhoraria e fertilizaria as terras cultiváveis Só que o efeito da maior concentração de CO2 na atmosfera é uma exacerbação do originalmente benéfico efeito estufa, isto é, o planeta tende a se aquecer mais do que o normal; em outra palavras, a temperatura média da Terra tende a subir e, por sua vez, o nível dos mares também. (Msantunes,2002) c. No Brasil Uma das maneiras de se monitorar o nível do mar é através do uso de marégrafos distribuídos ao longo da costa. Como estes marégrafos só medem o movimento relativo do mar, sem levarem em conta os movimentos verticais da crosta (a "flutuação" da crosta no magma), é necessário associar aos marégrafos técnicas que permitam monitorar possíveis movimentos da crosta e, consequentemente, a determinação do movimento absoluto da variação do nível do mar. Trabanco et al. (2001) realizaram um trabalho de implantação de estações GPS (Global Positioning System) de alta precisão em marégrafos da costa brasileira (Cananéia e Ubatuba, em SP) para apoio ao monitoramento do nível do mar. Citam que: "Na costa brasileira e em toda região litorânea o avanço do mar assusta a população". Na cidade litorânea de Caiçara do Norte, Estado do Rio Grande do Norte, o mar avançou 50 m nos últimos 10 anos; 80 casas sumiram e seus moradores foram forçados a abandonar a cidade.(Trabanco et al.2001) Trabanco et al. (2001) realizaram, também, 3 campanhas de rastreamento GPS e nivelamento geométrico nas estações de Cananéia e Ubatuba, ambas no litoral de São Paulo. Notaram uma variação de altitude do nível do mar em torno de 2 cm, o que acharam acima do esperado. Concluíram que, apesar do pequeno período de registros maregráficos disponível no Brasil, puderam notar um aumento do nível médio do mar e observaram a necessidade de esforços no sentido de um maior monitoramento ao longo da costa brasileira. Faria(2002a) realizou um estudo de monitoramento do nível do mar em 19 praias brasileiras considerando 2 épocas distintas. Para a primeira época, realizou medidas das praias sobre fotografias aéreas de anos anteriores (variando desde 1959 até 1970). Para a segunda época, realizou, em 2000 e 2001, medidas no campo com trena, para as mesmas praias. A única exceção foi a praia de Peruíbe, onde ambas as medidas foram feitas sobre fotografias aéreas. O Quadro 2 mostra a comparação destas praias em 4 décadas, considerando um ponto de referência de onde partiu a medição, a época e a distância em metros para a linha d'água nas fotografias aéreas, a época e a distância em metros para a linha d'água na medição à trena e os anos de diferença e as alterações, em metros, observadas. As praias estudadas se situam em condições geomorfológicas diferentes, ou seja, a composição, textura e outras características variam. O objetivo seria mostrar que se o nível do mar estivesse subindo, todas estas praias deveriam estar sendo erodidas continuamente. Faria (2002a) observou, também, que não ocorreram mudanças significativas nas praias observadas durante o período analisado (foto aérea antiga e medida de campo atual) conforme descrito abaixo: • 9 praias apresentaram a mesma extensão; • 6 praias foram reduzidas em até 5 m; • 4 praias cresceram até 35 m. Cabe ressaltar que outros fatores, como os abaixo descritos, podem causar erosão e deslocar sedimentos que podem retornar e reconstituir a praia podendo, com isto, variar em várias dezenas de metros (Muehe, 1998): • a "dança das marés" (que podem proporcionar recuo e avanço de até 20 m nas praias observadas); • a estação do ano (primavera, verão, etc); • a energia das ondas; • a direção das correntes que transportam sedimentos; • ressacas. Segundo Muehe (1994) o perfil de uma praia sofre oscilações cíclicas. Mas as situações atípicas podem ocorrer como, por exemplo, as tempestades que podem aparecer mais num tempo e isto pode aumentar a erosão acima do normal. Isto pode, também, acarretar um tempo maior para a praia retornar à condição anterior. Segundo Addad (1997), ações antrópicas também vem fazendo com que muitas praias do litoral brasileiro sofram erosões graves, tais como: • obras de enrocamento sobre o perfil da praia; • retirada de areia (normalmente clandestina); • construção de barragens que retém areia nos rios; • formação de moles hidráulicos nas desembocaduras dos rios por causa do excesso de sedimentos fluviais. Faria (2002a) comenta que outras praias no RJ, PR, SC e RS vem sendo erodidas sem a ação do homem, mas por causas naturais das mais diversas. Na região NE do Brasil é fácil de se verificar a transgressão marinha porque se vê as falésias recuando constantemente (erosão contínua), como se verifica em: Praia da Pipa, RN, Ponta Grossa, CE, Carro Quebrado, AL e Tambaba, PB. Faria (2002a) cita, também, que as previsões de subida do nível do mar ainda não se manifestaram no Brasil. As estimativas, se baseadas em marégrafos, não são confiáveis por causa do número reduzido de postos de medição e das mudanças destes postos. QUADRO 2: Comparação de Praias Brasileiras em Épocas Diferentes (1959 – 2001) Praia Ponto de Distância 1 * Referência (mês / ano) m Guarda (SC) Rocha (? / 66) ± 150 Farinha (SC) Escarpa (? / 66) ± 37 Pinheira (SC) Tômbolo (? / 66) ± 175 Peruíbe (SP) Rio (? / 59) ± 225 B. Tijuca (RJ) Estrada (05 / 66) ± 70 Joatinga (RJ) Costão (05 / 66) ± 20 São Conrado (RJ) Costão (05 / 66) ± 5 Dentro (RJ Muro (08 / 61) ± 20 Fora (RJ) Muro (08 / 61) ± 25 Urca (RJ) Rua (08 / 61) ± 60 Grumari (RJ) Estrada (11 / 64) ± 65 Prainha (RJ) Blocos (11 / 64) ± 35 Perigosinho (RJ) Escarpa (11 / 64) ± 60 Castanheira (ES) Rua (03 / 70) ± 25 Do Riacho (ES) Casa (03 / 70) ± 75 Ens. Azul (ES) Rua (03 / 70) ± 45 Padres (ES) Encosta (03 / 70) ± 25 Gorda (ES) Encosta (03 / 70) ± 25 Itaóca (ES) Lage (03 / 70) ± 25 (*) distância medida na fotografia aérea (**)distância medida no campo com trena Fonte: Faria, 2002a – Modificado pelos autores. 4. AS OSCILAÇÕES DO NÍVEL DO MAR NO FUTURO Ainda nas conclusões tiradas das reuniões do IPCC (IPCC,1990/2001), o mesmo trabalha com 3 cenários de subida do nível do mar para os próximos 100 anos: • Otimista: 30 cm; • Realista: 60 cm; • Pessimista: 94 cm. Qualquer uma causará efeitos devastadores sobre as áreas costeiras no mundo, ou seja, a transgressão marinha pode ser de: • Otimista: 60 m ou 0,6 m / ano; • Realista: 120 m ou 1,2 m / ano; • Pessimista: 200 m ou 2 m / ano. Se o nível do mar aumentar 60 cm nos próximos 100 anos, é o suficiente para inundar grandes áreas. Faria (2002a), Jelgersma (1992) e Pirazzoli et al. (1989) entendem que o assunto é controverso e discordam da aceitação dos diagnósticos de taxas globais de subida do nível do mar, considerando os argumentos abaixo: • a entrada de dados nos modelos estudados são incertas e difíceis de serem quantificadas; • a falta de conhecimento adequado sobre o ciclo hidrológico e a dinâmica dos oceanos e calotas polares que levam às previsões de mudanças globais do nível do mar envolvem consideráveis extrapolação e especulação; Distância 2 ** (mês / ano) m (02 / 00) = 150 (02 / 00) = 35 (02 / 00) = 175 (? / 94) = 225 (01 / 01) = 85 (02 / 00) = 35 (11 / 01) = 40 (11 / 01) = 20 (11 / 01) = 25 (11 / 01) = 60 (11 / 01) = 60 (11 / 01) = 33 (11 / 01) = 60 (10 / 01) = 20 (10 / 01) = 74 (10 / 01) = 40 (10 / 01) = 26 (10 / 01) = 25 (10 / 01) = 25 Alterações Anos / m 34 / 0 34 / -2 34 / 0 45 / 0 35 / +15 34 / +15 35 / +35 40 / 0 40 / 0 40 / 0 37 / -5 37 / -2 36 / 0 31 / -5 31 / -1 31 / -5 31 / +1 31 / 0 31 / 0 • a dificuldade de aceitar estes diagnósticos de taxas globais de subida do nível do mar para os últimos 100 anos e também os prognósticos para o futuro, são devido a estes dados serem mascarados pela tectônica, pela glácio eustasia(derretimento das geleiras), pelos movimentos de circulação dos oceanos e pelos efeitos antropogenéticos e atmosféricos. O Sr. Koloa Talake, Primeiro Ministro de Tuvalu, um país existente em uma pequena ilha no Oceano Pacífico anunciou, em 5 de março de 2002, sua preocupação com sua nação que, com o aquecimento global, seu povo corria perigo: "É aterrador, ilhas que são nosso terreno de jogo, estão desaparecendo. Alguns cientistas dizem que não há aumento do nível do mar mas as marés crescem. Temos visto com nossos próprios olhos". No ano passado, o governo de Tuvalu foi centro da atenção mundial quando declarou que começaria a evacuar cidadãos em função da mudança do clima e do aumento do nível do mar. Tuvalu concluiu um acordo com a Nova Zelândia pelo qual esta se compromete a acolher, a cada ano, um número determinado de cidadãos de Tuvalu na qualidade de verdadeiros "refugiados ambientais" (SIMMS, 2002). E para este povo, sua terra, que está desaparecendo sob as águas, é de extrema importância. Uma habitante antiga da ilha disse: "Não podemos ir para outro país sem mais nem menos. Me encantaria ir para Fiji mas alí não tenho terras. Alí não sou ninguém" (SIMMS, 2002). 5. CONSEQUÊNCIAS PARA O BRASIL Considerando os 3 cenários de previsão de subida do nível do mar (Otimista, Realista e Pessimista) observados nas conclusões das 2 reuniões do IPCC em 1990 e 2001 (Faria, 2002a), é de se esperar que estas projeções possam não se concretizar no Brasil da mesma forma com que são esperados para o Hemisfério Norte. O litoral brasileiro é muito extenso, com centenas de praias onde cada uma possui comportamento distinto e dinâmico devido a vários fatores como: • declividade da plataforma continental e das áreas adjacentes; • disponibilidade e tamanho dos sedimentos; • comportamento das ondas; • características dos ventos; • exposição da praia às direções predominantes dos ventos e das ondas; • exposição da praia às ondas de tempestades. Por conta disto, as situações com relação ao nível do mar são as mais diversas como: • praias erosivas, que dão a impressão que o nível do mar está aumentando; • praias que se mantém; • praias que cresceram;. Além disso, existem lugares em que a variação da maré (alta e baixa) é bastante grande, o que pode confundir no estudo do aumento do nível do mar. Por exemplo, há regiões no Maranhão onde a diferença entre a maré alta e baixa chega a quase 7 metros e, em Alagoas, esta diferença acarreta um recuo de cerca de 2 km na praia (Menezes, 2002). Faria (2002a) diz que há autores que relacionam a erosão em algumas praias com a subida do nível do mar, mas que aceitar esta projeção é precipitado porque pode não ser verdadeira. Esta observação pode ser verificada em seu trabalho nas 19 praias estudadas e contidas no Quadro 2, onde ele verificou que elas praticamente se mantiveram durante 4 décadas. As praias brasileiras tem, na sua plataforma continental, uma declividade baixa. Se acontecesse um aumento de 1 m no nível do mar, causaria uma transgressão marinha de centenas de metros em terrenos arenosos do Norte. Se o mar subisse, por exemplo, 60 cm em 100 anos ( 0,6 cm / ano), proporcionaria uma transgressão de 0,6 m / ano no Sudeste e 5,5 m / ano no Norte. Mas este efeito já deveria ser observado, se o mar estivesse verdadeiramente subindo. Se isto ocorresse, todas as praias deveriam estar diminuindo e as ruas próximas já deveriam estar abaixo do nível do mar. (Faria, 2002a) Atualmente a faixa litorânea brasileira encontra-se, de forma geral degradada pela destruição da vegetação e construção de edificações, o que "intervém no transporte sedimentar, tanto eólicos, quanto marinho, provocando desequilíbrios no balanço sedimentar e consequentemente na estabilidade da linha de costa" (Muehe,2001:36) A preocupação de Muehe(2001) está em estabelecer uma faixa de proteção costeira levando em consideração: a tendência erosiva; aspectos estéticos-paisagísticos; e a retrogradação prevista por efeito de elevação do nível do mar (o que nos interessa em particular). "Análise das características geomorfológicas e morfodinâmicas do litoral indicam que o baixo gradiente do fundo marinho, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, representa uma vulnerabilidade elevada a uma elevação do nível do mar que, entretanto, é absorvida pela ocorrência de falésias de sedimentos consolidados e por recifes de arenito de praia" As regiões Norte e Nordeste tendem a apresentar maior amplitude de resposta erosiva a uma elevação do nível do mar, devido o baixo gradiente de sua plataforma continental, uma variável a ser considerada no estabelecimento do limite terrestre da orla por constituir uma possibilidade real, haja visto o incremento do descongelamento de geleiras durante a década 90, e a tendência histórica de elevação da temperatura atmosférica" (Muehe,2001:36) A resposta da Linha de Costa a uma Elevação do Nível do Mar, vai depender de suas características geomorfológicas. Segundo Muehe (2001), mesmo adotando o cenário mais pessimista elaborado pelo IPCC(1990/2001), que é o de uma elevação de aproximadamente 1m, até o ano de 2.100, os efeitos poderão "variar entre nenhum (costão rochoso), erosão ( praias arenosas, falésias sedimentares) e inundação (áreas baixas freqüentemente ocupadas por manguezais ou marismas" (p.38) Existem "costões e falésias formadas em rochas duras do embasamento e que não respondem em termos de erosão, a uma elevação do nível do mar..." (Muehe,2001:40) Uma das restrições que Muehe (2001) coloca sobre os limites submarino e terrestres da orla é com relação à "construção de imóveis sobre substrato sedimentar como cordões litorâneos, ilhas barreira ou pontais com largura inferior a 150 m deve ser evitada devido ao risco de erosão e transposição pelas ondas já que esta largura é insuficiente para estabelecimento de uma faixa de proteção capaz de absorver os efeitos de uma elevação do nível do mar relativo ou de efeitos decorrentes de um balanço sedimentar negativo." (p.41) 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O nível do mar está subindo? É difícil de afirmar. Falar em aumento do nível do mar de forma global é extremamente complexo e controvertido devido à dinâmica dos oceanos e a irregularidade de sua superfície. Tratar de forma regional ou localizada pode-se verificar resultados diferenciados para cada lugar, como os exemplos abaixo relacionados e tratados no corpo deste trabalho: - no Brasil não se observa mudanças significativas no nível do mar. O que ocorre são as erosões terra a dentro; - Tuvalu, no Pacífico, está submergindo pelas águas do mar, que pode não ser pelo aumento do nível do mar, e sim por deslocamento de areia ou movimento da crosta terrestre; - Escócia está subindo 3 mm / ano e a Inglaterra está descendo 2 mm / ano, devido às tectônicas, dando a falsa impressão que o nível do mar está se alterando; - o continente Antártico, com uma grande massa de gelo, mantém, aparentemente, sua estrutura glacial; - no Continente Ártico está ocorrendo degelo, como é visto nas placas verificadas no Alaska, que marcam os anos de onde estava o nível de gelo. Com relação a taxa de mistura das águas nos oceanos feitas pelas correntes de superfície e de fundo, têm-se que as de superfície são rápidas e deslocam grandes volumes de água mas se movem em círculo (Ackerman, 2000). Por exemplo, a corrente Circumpolar Antártica leva 8 anos para completar um ciclo em volta do continente. As correntes de fundo são muito lentas. Para um volume de água em profundidade transitar entre 900 de Latitude pode levar mais de 600 anos. O tempo que um certo volume de água passa sem se misturar, entre o Norte e o Sul, é de pouco mais de 1000 anos (1030) no Pacífico e de quase 500 anos (460) no Atlântico (Tolmazian, 1985). Além do mais, sabe-se que as praias oscilam. "Engordam" e "emagrecem" devido às marés e às ressacas. Aumentam de um lado e encurtam de outro. Braatz & Aubrey (1987) citam que dados de marégrafos não são confiáveis para observação de elevação / descida do nível do mar porque: • nível do mar não mantém elevação constante; • os continentes se ajustam isostáticamente; • há a subsidência de terrenos por causa da remoção de água do lençol freático. Ao longo de várias eras geológicas, o mar, ora subiu de nível, submergindo continentes, ora recuou deixando a descoberto o que antes se encontrava submerso. A elevação do nível médio das águas do mar tem decorrido a um ritmo tão lento que se tem tornado quase imperceptível detectar qualquer variação do mesmo à escala de algumas décadas. Esta variação, contudo, com reflexos visíveis à uma escala secular, tem como causas principais o aumento do volume da água oceânica devido ao aquecimento global e ao derretimento das geleiras. Mas cabe ressaltar, também, os movimentos da crosta terrestre variáveis de região para região devido à "dança" da crosta sobre o magma e que podem causar alterações visíveis, inicialmente, nas áreas de faixa litorânea. No Brasil, as praias observadas por Faria (2002a) não apresentaram mudanças representativas, de forma que é precipitado afirmar que o nível do mar está subindo na costa brasileira. Trabanco et al. (2001) concluíram que o nível do mar está subindo no Brasil mas, convém ressaltar que, o trabalho foi de curta duração e não foi associado às observações de gravimetria, para se verificar o movimento da crosta. No Brasil ocorre, atualmente, 3 situações que não vislumbram mudanças radicais no futuro: - praias sofrendo erosão devido à ação do homem, causas naturais ou ambas, dando a impressão de que o nível do mar está aumentando; - praias estáveis em sua forma; - praias crescendo. Se o nível do mar estivesse subindo de forma global, todas as praias deveriam estar sumindo ou "andando" para dentro dos continentes devido à transgressão marinha. Mas isto não acontece globalmente. Os efeitos de um possível aumento do nível do mar se faz sentir de forma diferenciada, de região para região, mas de forma tão pequena que nada se pode afirmar com relação ao futuro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ackerman, J., (2000), New Eyes on the Oceans. National Geographic, October, pp. 86-115. Addad, J., (1997), Alterações Fluviais e Erosão Costeira. A Água em Revista. Vol.5, Nº8. pp. 58-63. Braatz, B.V., Aubrey, D.G., (1987), Recent Relative Sea-Level in Eastern North America, In D. Nummedal et al. (Eds), Sea-Level Fluctuation and Coastal Evolution. Oklahoma, USA, Soc. Econ. Paleont. And Mineral, pp. 29-46. Fairbridge, R.W., (1962), World Sea-levels and Climatic Changes. Quaternária. Nº6. pp.111-134. Faria, A. 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