Relatório Geral - Sistema de Bibliotecas da Unicamp
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Relatório Geral - Sistema de Bibliotecas da Unicamp
Relatório Geral Relatório elaborado por: Marcia Elisa de Grandi Relatora Geral do XV SNBU Revisão e Formatação: Luiz Atilio Vicentini Heloisa Maria Ceccotti Novembro de 2008 1 XV SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS RELATÓRIO GERAL 1 INTRODUÇÃO O XV Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias foi realizado em São Paulo, no período de 10 a 14 de novembro de 2008, nas dependências do Palácio de Convenções do Anhembi, tendo como tema central Empreendedorismo e Inovação: desafios da biblioteca universitária. A edição marcou a comemoração dos 30 anos do evento, iniciado em 1978 e sucedido por iniciativas bienais em diferentes estados brasileiros. O êxito do evento pode ser comprovado pela longevidade e números cada vez mais expressivos de participantes, que evidenciam a sua relevância dentro do cenário de gestão da informação em ambientes acadêmicos. O SNBU configura-se como um espaço de exposição, debate e reflexão sobre as tendências e desafios na área de gestão da biblioteca universitária, permitindo a exploração de novos conceitos, assim como o compartilhamento de experiências entre os profissionais de biblioteconomia, ciência da informação e áreas correlatas. O SNBU 2008 contou com a organização do Consórcio CRUESP Bibliotecas, formado pelos Sistemas de Bibliotecas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (UNESP). 1.1 OBJETIVO Promover a reflexão e debate sobre empreendedorismo e inovação, tendo em vista a adequação das bibliotecas universitárias às demandas internas e externas de acesso à informação científica e ao ensino de qualidade. 2 1.1.1 Objetivos específicos • Permitir o intercâmbio de informações entre profissionais da área de informação; • Apresentar o estado da arte do tema central e temas paralelos e correlatos; • Apresentar um panorama das tecnologias, produção intelectual e novidades na área de bibliotecas universitárias. 2 EIXOS TEMÁTICOS 2.1 EMPREENDEDORISMO EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS • Empreendedorismo na gestão da informação e do conhecimento • Desenvolvimento de serviços inovadores em bibliotecas • Qualidade dos serviços e foco no usuário • Biblioteconomia baseada em evidências 2.2 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA E O CONTEXTO INSTITUCIONAL • A biblioteca universitária no contexto da Educação à Distância • Acesso livre e repositórios institucionais: maior visibilidade da produção científica institucional 2.3 IMPACTO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO NA GESTÃO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA • Dimensionamento dos impactos dos serviços digitais na Biblioteca • Os catálogos WEB: políticas e impactos • Uso estratégico das tecnologias em informação documentária • Atuação do profissional da informação • Perfil do profissional da informação • Educação continuada de bibliotecários e auxiliares em bibliotecas universitárias • Ambiente físico de Bibliotecas face às mudanças decorrentes do impacto das Tecnologias 3 3 ORGANIZAÇÃO COMITÊ ORGANIZADOR Coordenação Geral Luiz Atílio Vicentini – UNICAMP Margaret Alves Antunes – UNESP Eliana de Azevedo Marques – USP UNICAMP Heloísa Maria Ceccotti Regiane Alcântara Eliel Rita Ap. Sponchiado Sandra Maria Moura Valéria dos Santos Gouveia Martins UNESP Célia Regina Inoue Fábio Assis Pinho Flavia Maria Bastos Maria Conceição G. da Silva Maria Ferraz Souto USP Adriana Hypólito Nogueira Dina Elisabete Uliana Elisabete da Cruz Neves Mariza Leal Meirelles Do Coutto Teresinha das Graças Coletta RELATORIA Márcia Elísa Garcia de Grandi - USP Sub Comitê Administrativo/Financeiro - SBU/UNICAMP Edna Bombardi Maria de Lourdes Villas Boas 4 Silvia Helena de Souza Sueli Marques de Faria Isidoro Responsável pelo Desenvolvimento e Manutenção do Site Otoniel Feliciano – UNICAMP COMITÊ CIENTÍFICO Coordenação Geral Profª. Dra. Mariângela Spotti Lopes Fujita, Professora Adjunta do Departamento de Ciência da Informação UNESP - Campus Marília Ariadne Chlöe Mary Furnival, UFSCar Aldinar Bottentuit, UFMA Ana Célia Rodrigues, UNESP Asa Fujino, USP Brígida Maria Nogueira Cervantes, UEL Carlos Henrique Marcondes, UFF Célia Regina Simonetti Barbalho, UFAM Cybelle de Assumpção Fontes, FOB/USP Daniela Pereira dos Reis de Almeida, UNESP Dulcinea Sarmento Rosenberg, UFES Eliane Pereira dos Santos, Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde Ely Francina Tannuri de Oliveira, UNESP Francisco das Chagas de Souza, UFSC Gildenir Carolino Santos, UNICAMP Guilherme Ataíde Dias, UFPB Helen de Castro Silva Casarim, UNESP Ida Regina Chitto Stumpf, UFRGS Ivone Guerreiro Di Chiara, UEL Jayme Robredo, UnB João Batista de Moraes José Augusto Chaves Guimarães, UNESP José Fernando Modesto da Silva, USP Jussara Pereira Santos, UFRGS 5 Leilah Santiago Bufren, UFPR Letícia Gorri Molina, UEL Lídia Alvarenga, UFMG Lívia Aparecida Ferreira Lenzi, UFAL Marcello Peixoto Bax, UFMG Márcia Elísa Garcia de Grandi, USP Marcos Galindo Lima, UFPE Maria Aparecida Moura, UFMG Maria das Graças Targino, UFPI Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo, PUCCAMP Maria Inês Tomael, UEL Maria Leandra Bizello, UNESP Maria Nélida Gonzalez de Gomes, IBICT Maria Tereza Walter, Supremo Tribunal Federal Marilda Ginez de Lara, USP Marisa Bräscher Basílio Medeiros, UnB Marta Lígia Pomim Valentim, UNESP Miriam Figueiredo Vieira da Cunha, UFSC Mônica Erichsen Nassif, UFMG Nadia Aurora Vanti Vitullo, UFRN Nádina Aparecida Morno, UEL Nair Yumiko Kobashi, USP Nanci Oddone, UFBA Oswaldo Francisco de Almeida Júnior, UEL Plácida L. V. A. da Costa Santos, UNESP Raimunda Ramos Marinho, UFMA Raimundo Nonato Macedo dos Santos, UFSC Regina Aparecida Blanco Vicentini, UNICAMP Regina Célia Baptista Belluzzo, UNESP/Bauru/FAAC-SP Regina Maria Marteleto, FIOCRUZ Ricardo Rodrigues Barbosa, UFMG Rildeci Medeiros, UFRN Rosali Fernandez de Souza, IBICT/UFF Rosaly Favero Krzyzanowski, FAPESP Sigrid Karin Weiss, UFSC 6 Silvana Aparecida Gregório Vidotti, UNESP Sueli Angélica do Amaral, UnB Sueli Bortolin, UEL Sueli Mara Soares Pinto Ferreira, USP Suzana Pinheiro Machado Mueller, UnB Telma Campanha de Carvalho Madio, UNESP Valéria Martin Valls, FESPSP / Valls & Yoshida Consultoria Virgínia Bentes Pinto, UFCE Waldomiro de Castro Santos Vergueiro, USP Wanda Aparecida Machado Hoffmann, UFSCar 4 ESTRUTURA O Seminário foi estruturado em uma Cerimônia e Palestra de Abertura, 10 Mesas Redondas, constituídas por 22 palestras, 23 Sessões de Trabalhos Livres, Apresentação de Pôsteres no formato digital, 5 cursos, 11 Reuniões Técnicas, Sessão de Encerramento, além de Feira de Produtos e Serviços e Lançamentos de Livros. 5 INSCRIÇÕES • Total de inscritos: 1.027 (Bibliotecários, estudantes, outros profissionais) • Total participantes da feira produtos (expositores e convidados): 230 • Total de participantes do XV SNBU: 1.257 (inscritos, expositores e convidados) 7 5.1 INSCRIÇÕES POR ESTADO Inscritos, distribuição por Estado. 569 124 47 SP 42 38 RJ MG PR SC 29 29 28 21 18 DF PE BA RN ES GO PB MA PA AM CE MS MT RO 16 13 9 9 7 7 7 6 4 1 1 1 1 PI SE TO AL 5.2 PARTICIPANTES POR REGIÃO Sul 11% Norte 3% Nordeste 10% Centro Oeste 6% Sudeste 70% 5.3 PAÍSES REPRESENTADOS Canadá, Estados Unidos, Espanha, Chile, Argentina, Peru, Portugal, Cabo Verde e Angola 8 6 REUNIÕES TÉCNICAS Durante o Seminário foram realizadas as seguintes reuniões técnicas: • VI Reunião BVS Brasil e XII Reunião da Rede Brasileira de Informação em Ciências da Saúde (BIREME); • V Simpósio de Diretores de Bibliotecas da América Latina e Caribe (CBBU); • Workshop Manifesto Internet (IFLA / FEBAB); • IFAP – Informação para Todos (IBICT); • Reunião COMUT (IBICT); • Fórum Sobre Repositórios Institucionais (IBICT); • Seminário Sobre Governança Corporativa Órgãos De Fiscalização Profissional: Responsabilidade Social (CFB/CRB8); • Encontro Comunicação e Informação para todos: parcerias para conteúdo gratuito no mundo digital (Cátedra UNESCO de Multilingüismo); • Reunião REBAE - Rede de Bibliotecas da Área de Engenharia (REBAE); • Assembléia CBBU (CBBU); • V Reunião de Rede Brasileira de Bibliotecas da Área de Psicologia (IPUSP). 7 CURSOS Os cursos foram oferecidos no dia 10 de novembro e abordaram os seguintes tópicos: Produção científica e visibilidade internacional; Gestão de Bibliotecas Digitais; Repositórios Institucionais; Acessibilidade e Acesso e Arquivos Abertos. 9 7.1 PRODUÇÃO CIENTÍFICA E VISIBILIDADE INTERNACIONAL: INSTRUMENTOS DE DIVULGAÇÃO, METODOLOGIAS E TÉCNICAS O curso foi ministrado por Atilio Antonio Bustos González, do SCImago Research Group e Pontificia Universidad Católica de Valparaíso – Chile. Teve como objetivos compreender a forma como se valoriza a ciência e a investigação científica; incrementar a capacidade competitiva de pesquisadores; identificar estratégias para melhorar a visibilidade dos resultados das pesquisas científicas; apresentar instrumentos de indexação da produção científica. O programa cobriu tópicos como: cienciometria e evolução da investigação; a ciência corrente frente à ciência periférica: o caso da América Latina e problemas da comunicação científica e visibilidade internacional. 7.2 GESTÃO DE BIBLIOTECAS DIGITAIS Com a coordenação Ana Maria Beltran Pavani, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, o curso apresentou os principais pontos a serem considerados na implantação e na gestão de bibliotecas digitais de teses e dissertações, relativos a características técnicas, decisões administrativas, problemas, ações e decisões nos níveis locais, regionais/nacionais e internacional. Os tópicos abordados foram: as ETDs no mundo e no Brasil; interoperabilidade como condição de inserção nos cenários nacional e internacional; modelos de metadados (DCMES – Dublin Core Metadata Element Set, ETD-ms – An Interoperability Metadata Standard for Electronic Theses and Dissertations e MTD-Br – Modelo Brasileiro de Metadados para Teses e Dissertações, protocolo OAI-PMH Open Archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting), qualidade dos metadados e qualidade da operação; metadados de ETDs como instrumentos geração de informações para o mapeamento da produção científica; propriedade intelectual e o Acesso Aberto (Open Access); acessibilidade aos sistemas e aos conteúdos; novos formatos de ETDs e desafios da preservação digital e identificação persistente. 10 7.3 DIRETRIZES PARA A CONSTRUÇÃO DE REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS DE ACESSO ABERTO À INFORMAÇÃO CIENTÍFICA Fernando César Lima Leite, Consultor do IBICT, com vinculação à Universidade de Brasília e Embrapa Informação Tecnológica, coordenou o curso, que teve como objetivo apresentar informações sistematizadas sobre questões pertinentes à criação de repositórios, especialmente acerca do planejamento, implementação e adoção/uso de repositórios institucionais de acesso aberto à informação científica. O programa compreendeu: acesso aberto à informação e ao conhecimento científico; repositórios institucionais e o sistema de comunicação científica; visão geral do atual estágio de desenvolvimento do acesso aberto à informação científica no Brasil e no mundo; desenvolvimento de repositórios institucionais em bibliotecas; iniciativas bem sucedidas; provedores de serviços; estatísticas de uso; funcionalidades e fontes de informação. 7.4 ACESSIBILIDADE NO ENSINO SUPERIOR: O PAPEL FUNDAMENTAL DAS BIBLIOTECAS O curso foi ministrado por membros do Grupo de Pesquisas Todos Nós e do Laboratório de Acessibilidade da Biblioteca Central Cesar Lattes da Unicamp, Amanda Meincke Melo, Deise Tallarico Pupo, Fabiana Fator Gouvea Bonilha, Janaína Speglich de Amorim Carrico, João Vilhete, Silvia Helena Rodrigues de Carvalho e Sofia Pérez Ferrés. Apresentou os conceitos e práticas de bibliotecas universitárias acessíveis, a partir da experiência obtida com a implantação do Laboratório de Acessibilidade, em espaço da Biblioteca Central Cesar Lattes, com ênfase no apoio humano, uso das tecnologias da informação e comunicação - TIC’s e do grupo "Todos Nós-Unicamp Acessível". O curso pretendeu conscientizar sobre a importância de mudanças de atitude na interação com os usuários que requeiram atendimento educacional especializado e quanto às ferramentas de apoio via tecnologias assistivas para recuperação, disseminação e uso da informação com autonomia. 11 7.5 A REPERCUSSÃO DAS TECNOLOGIAS E PROPOSTA ADVINDA DOS MOVIMENTOS DO “ACESSO ABERTO” E DOS “ARQUIVOS ABERTOS” NA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA O curso, ministrado pela Profa. Dra. Sueli Mara Soares Pinto Ferreira, da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, apresentou como objetivos: discutir o conceito de comunicação científica frente aos movimentos – Open Archives Initiative e Open Access, explorando os impactos nos processos de produção científica; oferecer uma visão geral sobre os vários conceitos, tecnologias, serviços e produtos disponíveis atualmente para integração pública e aberta de recursos informacionais eletrônicos, evidenciando os valores que agrega às atividades de gestão de repositórios, bibliotecas e sistemas digitais de informação. A ementa foi constituída pelos seguintes temas: comunicação científica: de onde veio e para onde está indo!; Movimentos do Open Archives Initiative (OAI) e do Open Access: histórico, característica, filosofia, produtos e stakeholders; indicação de ferramentas e aplicativos tecnológicos e/ou serviços digitais existentes para o desenvolvimento de atividades de informação compatíveis com o mundo open. 8 CERIMÔNIA DE ABERTURA A Cerimônia de Abertura ocorreu em 10 de novembro, sob a presidência do Professor Marcos Macari, Reitor da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” e Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (CRUESP). Contou com a presença das seguintes autoridades: Margaret Alves Antunes, Coordenadora Geral de Bibliotecas da Unesp, representando o Cruesp Bibliotecas, Luiz Atílio Vicentini, coordenador do Sistema de Bibliotecas da Unicamp, Eliana de Azevedo Marques, representando a Reitora da Universidade de São Paulo, Carlos dos Anjos, chefe de gabinete adjunto da Unicamp, representando no ato o Reitor da Unicamp, Adriana Cybele Ferrari, representando o Secretário de Estado da Cultura do Estado de São Paulo, Rosaly Favero Krzyzanowski, representando o Presidente da FAPESP, Sigrid Weiss Dutra, presidente da Federação de Associações de Bibliotecas Brasil, Nêmora Arlindo Rodrigues, presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Regina Celi de Sousa, presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia - 8ª Região, Helio Kuramoto, 12 coordenador Geral de Projetos Especiais do IBICT, Lúcia Marengo, presidente da Comissão Brasileira de Bibliotecas Universitárias. Os integrantes da mesa deram boas-vindas aos participantes, destacando a importância do XV SNBU e o papel da biblioteca universitária na promoção da cultura de inovação e empreendedorismo, temas centrais do evento. Na seqüência, o Prof. João Furtado (FAPESP) proferiu a palestra inaugural, onde destacou a importância do fazer do profissional bibliotecário na qualificação da informação disponível e na promoção da seletividade da informação. Discorreu sobre as diferentes conotações atribuídas aos termos inovação e empreendedorismo, alertando para os reducionismos existentes em relação ao empreendedorismo como a capacidade de estabelecer uma empresa. Inovação e empreendedorismo em ambientes organizacionais implicam mudança de status quo, revisão e quebra de certas regras e, principalmente, fazer o que se faz com qualidade, independente da recompensa ou mesmo reconhecimento. Concluiu que inovar e empreender não são coisas abstratas, mas trabalhos bem feitos, cuidadosos e permanentes e que isto vale para a vida de todos, incluindo as bibliotecas. Após a palestra ocorreu a inauguração da Feira e coquetel de confraternização, acompanhados de apresentação musical. 9 MESAS REDONDAS 9.1 PROGRAMAÇÃO DE 11 DE NOVEMBRO DE 2008 9.1.1 A inovação na universidade: a atuação das Agências de Inovação Coordenadora: Sigrid Karin W. Dutra (FEBAB) Relatora: Priscila Carreira Bitencourt Vicentini (UNESP) A Mesa iniciou com a palestra NIT - UNESP: oportunidades e desafios a serem enfrentados, proferida por Fabíola de Moraes Spiandorello Bueno, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Destacou-se o papel da 13 universidade no processo de inovação, derivado da interação entre a universidade, a empresa e o governo, que resulta em patentes, projetos de pesquisa e desenvolvimento, prestação de serviços específicos e criação de empresas incubadoras. A palestrante apresentou o aumento crescente do número de patentes no Brasil desde 1990, com a participação de 0,78% depositadas pelas universidades, de acordo com censo de 2004. Apresentou detalhes sobre a Lei Federal de Inovação: 10.973, de 02 de dezembro de 2004, complementada pela Lei Paulista de Inovação: lei complementar 1.049 de 19 de junho de 2008. Fez um relato sobre o NIT – Núcleo de Inovação Tecnológico da UNESP, criado em julho de 2007, cuja missão é gerir a política de proteção e inovação das criações intelectuais da UNESP. O NIT tem como atribuições fortalecer a cultura de inovação dentro da universidade; zelar pelos processos de proteção à propriedade intelectual e industrial; cuidar dos processos de transferência de tecnologia, entre outras. Destacou o panorama atual da propriedade industrial na UNESP e os desafios enfrentados pelo NIT quanto à estrutura descentralizada da universidade, empresas despreparadas para interagir com a universidade, valoração das tecnologias protegidas e concepção de estrutura que permita a coordenação eficaz das ações de inovação. Concluiu que os desafios podem ser encarados como oportunidades, facilitando a interação, geração local de riqueza e implementação de spin-offs locais. O segundo palestrante, Prof. Oswaldo Massambani, da Universidade de São Paulo, desenvolveu o tema Promovendo a inovação e o empreendedorismo na USP, ressaltando que a capacidade de inovar é o fator determinante para o crescimento sócio-econômico, para a qualidade de vida e para o sucesso nos mercados locais e globais. Fez uma retrospectiva sobre os principais marcos do movimento de inovação no pais, desde 2001, apontando, também, a missão da universidade pública, que consiste em formar profissionais em nível superior da melhor qualidade; promover o avanço da ciência e transferir conhecimento para a sociedade. Salientou a pouca interação entre a universidade e a empresa e a necessidade do estabelecimento de mecanismos explícitos para o desenvolvimento de estrutura de coordenação dos processos de inovação na universidade, que fundamentou a criação da Agência USP de Inovação, em 2005. Apresentou a evolução dos registros de patentes na USP, ressaltando a importância da patente como externalização do conhecimento e vetor do desenvolvimento a partir da 14 apropriação pelo setor produtivo. Ressaltou, ainda, que não basta patentear, é necessário alcançar o mercado. Para consolidação da cultura de inovação e estímulo à criação de patentes, apontou a necessidade da divulgação e uso de bases e bancos de patentes, ações que devem ser promovidas em parceria com as bibliotecas e serviços de informação. Na palestra A experiência da Unicamp no incentivo à inovação no ambiente acadêmico, Roberto de Alencar Lotufo, da Universidade Estadual de Campinas, destacou a contribuição da interação universidade-empresa para a Universidade, traduzida pela melhoria do ensino e da pesquisa, incorporação dos desafios trazidos pela sociedade, influência sobre as ementas, disciplinas e linhas de pesquisa e experiência dos alunos. O palestrante apresentou o conceito de patente, como uma concessão conferida pelo Estado, que garante ao seu titular a propriedade de explorar comercialmente a sua criação; em contrapartida, é disponibilizado acesso ao público sobre o conhecimento dos pontos essenciais e as reivindicações que caracterizam o invento. A inovação ocorre, então, a partir da apropriação social do novo. Recomenda-se patentear quando se tratar de solução ou tecnologia que exige recursos substanciais para concretizar a inovação, podendo atrair o interesse do mercado e gerar benefícios para a sociedade. Apontou a importância da parceria entre os núcleos de inovação tecnológica (NIT) e as bibliotecas universitárias na orientação aos pesquisadores em bases de patentes, divulgação das atividades do NIT, capacitação dos colaboradores do NIT, contribuição para a divulgação da cultura de inovação. Apresentou o histórico da implementação da Agência Inova, na Unicamp, desde 2003, que revela o alinhamento da universidade à visão recente que incorpora a inovação e o empreendedorismo como atividades inerentes ao contexto acadêmico e em consonância com a missão educacional da instituição. Ressaltou a correlação entre a excelência acadêmica e científica e a geração de patentes, propondo uma ação conjunta entre as agências de inovação das três universidades estaduais paulistas e fortalecimento das parcerias estratégicas entre os NITs e as bibliotecas universitárias. 15 9.1.2 A inovação na universidade: da geração a propriedade de patentes Coordenadora: Aasa Fujino (USP) Relatora: Eliana Marciela Marquettis (UNICAMP) O Prof. Luiz Otávio Pimentel, da Universidade Federal de Sant Catarina, proferiu a palestra A inovação na universidade: da invenção à propriedade industrial de patentes, mencionando a importância do bibliotecário e suas atividades nas questões sobre propriedade industrial. O palestrante abordou questões sobre a origem, evolução e transferência de tecnologia, concorrência, exclusividade no uso de uma tecnologia como vantagem competitiva, o papel da inovação e o impacto na sociedade e na economia. Apresentou dados estatísticos sobre empresas registradas no país, o ciclo por que passa a inovação e a questão da propriedade intelectual que abrange a propriedade industrial, onde se requer a patente, o sigilo, e os direitos autorais. Para a patente existe a proteção, onde o produto não pode ser fabricado, utilizado, fornecido, distribuído ou vendido comercialmente sem autorização do titular, com um período de sigilo de 18 meses. Ressaltou que na fase da pesquisa é importante levantar o que existe patenteado sobre o assunto. Discutiu o marco jurídico da patente, explicitado pelo ordenamento jurídico dos direitos de propriedade intelectual, títulos de propriedades (patentes, registros, certificado) e propriedade intelectual. Destacou que há, no Brasil, pouco conhecimento sobre o tema em empresas e centros de pesquisa, gerando gastos desnecessários na aquisição de tecnologias externas que estão em domínio público, pouco aproveitamento do potencial inventivo nas entidades nacionais, pouca utilização dos documentos de patentes como fonte de informação tecnológica, defasagem entre desenvolvimento científico e número de patentes. Foi abordada a legislação brasileira sobre propriedade intelectual, os acordos da Organização Mundial do Comércio e os tratados da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, com referência sobre as atividades de gestão de propriedade intelectual. O palestrante encerrou discorrendo novamente sobre o papel do bibliotecário que é apoiar as atividades da biblioteca do NIT (Núcleo de Inovação Tecnológica), na busca e guarda de bibliografias e documentos para gerar inovações incrementais e radicais na Universidade. 16 Luciana Goulart de Oliveira, do INPI, apresentou a palestra A inovação na universidade: da geração à propriedade de patentes, com dados sobre o sistema de propriedade intelectual no Brasil, estruturado em propriedade industrial (concessão de patentes, registro de marcas, de desenhos industriais, indicações geográficas), direitos de autor (música, obras de artes e literárias, programas de computador) e outros mecanismos como: cultivares, circuitos integrados, célulastronco, transgênicos, conhecimentos tradicionais. Discorreu sobre os problemas e conflitos encontrados nas universidades em relação à propriedade industrial (PI), tais como: desconhecimento sobre PI, falta de política específica para tratar os temas de PI, infra-estrutura deficiente, sigilo x divulgação e outros. A seguir, apresentou alguns elementos sobre propriedade intelectual para reflexão e discussão na academia, que incluem a criação de um ambiente favorável à difusão dos novos conhecimentos à sociedade, sem perder de vista a proteção dos DPI; a sensibilização de estudantes e pesquisadores para a realidade industrial, dando condições à geração de novas empresas; a integração da educação em engenharias com o sistema produtivo, com revisão de currículos, inclusive dos cursos de biblioteconomia, visando atualizar o profissional bibliotecário e a garantia de repartição equânime das vantagens pecuniárias advindas da comercialização da tecnologia desenvolvida. A palestrante encerrou dizendo que a biblioteca é elemento preponderante para a discussão e reflexão sobre propriedade industrial na universidade. 9.1.3 Acesso e preservação de conteúdos digitais e aspectos legais Coordenadora: Neire do Rossio Martins (UNICAMP) Relatora: Maria CIrani Coito (UNESP). Norma Cianflone Cassares (Associação Brasileira de Encadernação e Restauro – ABER) iniciou a sessão com a palestra Preservação, conservação preventiva e encadernação, com foco no processo de digitalização. Afirmou que projetos de digitalização devem ser planejados com a participação de especialistas em restauração, sendo necessário considerar as condições físicas da obra a ser digitalizada (fungos, manchas, estado de conservação, sensibilidade e tipo de encadernação), a pertinência do suporte selecionado, acondicionamento e 17 higienização. Destacou que cabe também ao restaurador a indicação do tipo de equipamentos necessários para a digitalização e a avaliação do stress da obra no processo. Ressaltou que a decisão da digitalização deve estar condicionada à preservação da integridade física do documento. Marcos Sfair Sunyê, da Universidade Federal do Paraná, discorreu sobre Preservação de baixo custo, destacando o aumento do conteúdo digital de interesse científico, cultural e político que precisa ser mantido ao longo do tempo e com grande confiabilidade e os novos desafios para a Ciência da Computação em relação à memória digital. Reportou sobre novas propostas para se construir ambientes escaláveis de alta confiabilidade e de baixo custo operacional sem a necessidade de aquisição de equipamentos especializados. Fez menção de novos problemas sobre a informação em meio digital ressaltando sobre a disponibilidade em disco on-line, controle de acesso, a segurança, o formato compatível e acessível considerando-se a constante atualização das versões dos equipamentos como hardware e periféricos. Chamou a atenção para a confiabilidade da informação e a integridade do disco, que pode ser corrompido pelo acesso contínuo. Embora a conversão de formatos para leitura em equipamentos em várias versões possa comprometer a legibilidade da informação, é necessário fazer backup multiplicando o número de cópias como forma de preservação dos dados digitais. Sugere o uso de Redes cooperativas como OAI (Open Archives Initiative) e o Projeto LOCKSS (Lots of Copies Keep Stuff Safe), da Universidade de Stanford, para preservação de publicações digitais, citando a cooperação, a compatibilidade e o compartilhamento entre Bibliotecas Digitais. Alertou para o alto custo da preservação digital, que requer infra-estrutura não convencional. Como proposta de solução a baixo custo para pequenas instituições, indica o OAI/P2P (Open Archives Initiative/Peer to Peer), tecnologia open source de implementação fácil, que permite a preservação de metadados e identidade, maior disponibilidade com melhoria do desempenho, controle do conteúdo, agrupamento da informação e busca global. Na seqüência, a palestra Direitos Autorais, de Maria Luiza de Freitas Valle Egea, da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, deu destaque aos aspectos legais da digitalização, mencionando o alinhamento da legislação brasileira à Convenção de Berna. Dentro desta perspectivas, são consideradas duas vertentes: a patrimonial e a moral. A primeira refere-se à garantia do ganho e da 18 subsistência do autor com sua obra e a segunda diz respeito à autoria propriamente dita, que inclui o direito de não interferência ou alteração da obra por terceiros. A Lei 9.610 de 20 de junho de 1998 regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos. Segundo a Lei, os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1° de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil. Será de setenta anos o prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre as obras anônimas ou pseudônimas, contado de 1° de janeiro do ano imediatamente posterior ao da primeira publicação. Ressaltou que, até o momento, a mudança de formato é interpretada como reprodução pela legislação vigente, o que exige a autorização expressa do autor ou seus herdeiros, sem a qual fica configurada uma violação dos direitos autorais. Encerrou a palestra destacando proposta de modificação da lei de forma a autorizar bibliotecas, arquivos e outras instituições a reproduzirem obras do acervo sem finalidade de lucro ou comercialização. 9.2 PROGRAMAÇÃO DE 12 DE NOVEMBRO DE 2008 9.2.1 Informação baseada em evidências Coordenadora: Ângela Maria Belloni Cuenca (USP) Relatora: Joana D'Arc da Silva Pereira (UNICAMP) Atílio Antonio Bustos Gonzáles, da Pontifícia Universidad Católica de Valpariso (Chile), discorreu sobre El apoyo de la cienciometria a la gestión de bibliotecas universitárias modernas. Destacou a inserção da biblioteca universitária na gestão da aprendizagem e na gestão do conhecimento, com apresentação de novas formas de gestão advindas da aplicação da cienciometria, que permite a introdução de critérios objetivos de análise, planejamento e execução. A cienciometria possibilita a adoção de novas formas de planejamento e desenvolvimento de coleções, avaliação da informação recuperada, visibilidade do conhecimento científico e certificação da investigação. Destacou o importante papel do profissional atuante em bibliotecas universitárias na avaliação da produção científica de sua instituição, universidade, e área do conhecimento, entre outras. Cabe à biblioteca facilitar a publicação e divulgação da produção da comunidade 19 científica, por meio da orientação de seus pesquisadores sobre onde publicar, do apoio na normalização de trabalhos, assim como na indicação de serviços de tradução. Pode, também, oferecer suporte aos editores de revistas científicas nas suas decisões a partir das avaliações do comportamento da literatura e seus fatores de impacto. A palestrante Édina Mariko Koga da Silva, da Biblioteca Cochrane, apresentou o tema Saúde baseada em evidências, definida como o uso consciente, explícito e criterioso da melhor evidência científica disponível na tomada de decisões sobre o cuidado de um paciente e em integração com a habilidade clínica e a preferência do paciente. O enfoque exige o desenvolvimento de novas habilidades do profissional, compreendidas pela definição precisa do problema a ser investigado, busca eficiente da literatura médica, avaliação crítica e seleção da informação recuperada, determinação de sua validade/qualidade e da aplicabilidade ao contexto. Apontou a importância do conhecimento de fontes de informação específicas para a área de saúde, com ênfase na revisão sistemática, metanálise e protocolos, assim como a atuação do Centro Cochrane na sistematização e disponibilização da informação relevante para a área da saúde. Foi destacada a importância do ensino, capacitação e aprendizado ao longo da vida de qualquer profissional e do papel do bibliotecário, pois há grande desconhecimento pelo usuário dos recursos informacionais disponíveis. Verônica Abdala, da BIREME, reuniu em sua palestra os conceitos de Medicina Baseada em Evidências / Biblioteconomia Baseada em Evidências / Decisões Baseadas em Evidências, ressaltando o denominador comum que é a melhor certeza científica ou a melhor informação disponível para o processo de tomada de decisão. Enfatizou a importância do estabelecimento da Biblioteconomia Baseada em Evidências, a partir da adoção dos preceitos metodológicos desenvolvidos na área da saúde. Foi salientada a possibilidade de utilização da Abordagem Baseada em Evidências na Biblioteconomia a partir dos seguintes passos: definição do problema; busca de evidências (a melhor disponível); avaliação das evidências (análise crítica); implementação dos resultados; avaliação do impacto (resultados de ação/intervenção) e redefinição do problema. A aplicação da metodologia na área de bibliotecas e serviços de informação pode ocorrer nos seguintes domínios: referência, capacitação de usuários, desenvolvimento de 20 coleções, administração, acesso e recuperação de informação, marketing/promoção, entre outros. As bibliotecas serão altamente beneficiadas com a aplicação dessa abordagem, pois poderão re-alinhar os serviços de informação, fazer parte do processo de tomada de decisão e também aperfeiçoar a descrição bibliográfica dos estudos, por meio da ampliação da terminologia adotada na indexação de documentos. 9.2.2 Atuação e perfil do profissional da informação Coordenadora: Maria Carmen Romcy de Carvalho (Universidade Católica de Brasília) Relatora: Danielle Dantas de Sousa (UNICAMP) Inicialmente, a palestrante Regina Célia Baptista Beluzzo, da Unesp, abordou o tema As competências do profissional da informação nas organizações contemporâneas, estabelecendo reflexões referentes a pontos fundamentais do perfil deste profissional, que se apóia nos avanços tecnológicos e vive uma nova cultura informacional. Estes avanços influenciam as estruturas organizacionais e colaboram também com os processos institucionais. Consequentemente, pode-se afirmar que não é mais suficiente gerenciar de forma eficiente e eficaz um serviço de informação; é preciso ir além e se tornar um elemento fundamental para colaborar com a transformação e adequação desses ambientes a fim de atender às expectativas da sociedade contemporânea. Foi enfatizado, também, que o “trabalhador do conhecimento” precisa fazer o que seu usuário quer e precisa e não o que ele quer, sendo receptivo às questões das mudanças, atuando como sujeito ativo nas organizações e alinhado às novas formas de organização do trabalho, com base nos conceitos da qualidade, trabalho em equipe e em rede. Ao considerar o impacto das TIC nos modos de produção, produtos e serviços, apontou a necessidade de avaliação do desempenho destes profissionais, mediante a utilização de critérios mais amplos, indo além daqueles que envolvem apenas uma base de determinados conhecimentos. As competências são definidas como o conjunto de disposições, capacidades e personalidade do profissional da informação, expressas pelo saber, querer fazer e saber fazer, aliados à visão crítica no desempenho das atividades. Com base nestas reflexões, foram 21 expostos vários cenários, nacionais e internacionais, no período de 1991 a 2006, das diferentes concepções e definições do profissional da informação, que inviabilizam a adoção de um perfil único, mas que permitem a identificação de um denominador comum - a capacidade para aprender a querer ser, conhecer e fazer. A segunda palestra intitulou-se Profissional da Informação: formação e mercado de trabalho, proferida por Dinah Aguiar Población, da Escola de Comunicações e Artes/USP, que, na qualidade de coordenadora do Grupo de Estudos Curriculares de Biblioteconomia e Ciência da Informação (GECBiCIn), apresentou alguns resultados do projeto, cujo objetivo é identificar as expectativas que os formandos de 2008 têm para se incorporarem ao mercado de trabalho, quem é o profissional da informação, quais as diferente nomenclaturas dos cursos, e sua atuação no mercado de trabalho. Dos dez cursos de graduação credenciados no estado de São Paulo, oito participam da pesquisa, realizada por meio de questionários. Nos resultados preliminares foram identificados: alunos matriculados no último semestre de graduação, por período e localização geográfica; distribuição por sexo e faixa etária; expectativa e motivação na entrada do curso; capacitação ou estimulação para trabalhar em diferentes serviços e bibliotecas; importância atribuída à formação global recebida durante o curso em relação ao conhecimento, habilidade e atitude. Apresentou os novos projetos do GECBiCIn, em parceria com a ABEIN e Universidade Carlos III de Madrid, com foco na identificação, análise e comparação da bibliografia e ementa de disciplinas de graduação e pós-graduação, de acordo com indicadores bibliométricos. Felix Moya Anegon, do Consejo Superior de Investigaciones Científicos, Espanha foi o responsável pela palestra El futuro de las bibliotecas, de los profesionales y su formación, que propôs uma reflexão a todos os profissionais da informação sobre as preocupações com o futuro, de forma a garantir que as mudanças não ocorram somente na academia, mas no contexto das bibliotecas e serviços de informação. Observou que o profissional da informação tem como responsabilidade formar hábitos inovadores nas comunidades, preocupando-se com as inovações tecnológicas, com atuação ativa diante deste novo cenário, onde freqüentemente atende usuários com mais conhecimentos das TIC do que ele mesmo. Os bibliotecários devem ser atores das convergências, caracterizadas pela inovação tecnológica, desenvolvimento e aplicação de padrões de dados e formatos 22 de conteúdos, mudanças dos processos de integração dos produtos (Open source e Open Access), gestão de direitos digitais e edição pessoal (blogs). O palestrante fez uma provocação relatando que, se os profissionais da informação continuarem tímidos diante das inovações tecnológicas, e não buscarem conhecimento destas tecnologias, ocorrerá uma distância cada vez maior entre estes dois mundos: o dos usuários e o dos profissionais da informação. São necessários reformulações tanto em suas formações como em suas atuações. Para ele há quatro tipos de bibliotecários / trabalhadores do conhecimento: publicadores, guias, colaboradores e geradores. Concluiu que os bibliotecários precisam ter incorporados em sua formação um alinhamento estratégico com a concepção dos novos conhecimentos e, principalmente, das tecnologias de forma a garantir a atuação positiva frente aos riscos e exigências do mercado. 9.2.3 Gestão e qualidade dos serviços de informação Coordenadora: Maria Helena Di Francisco (USP) Relatora: Regina Aparecida Blanco Vicentini (UNICAMP) Carlos Sebastião Andriani, da Fundação Getúlio Vargas, apontou para a importância estratégica da qualidade da escolha da informação para a tomada de decisão, destacando que a percepção da demanda de informação é extremamente importante para a qualidade da informação. Analisando a gestão da qualidade nos serviço de informação, destacou alguns componentes como fontes de informação, fontes de escolhas e o acesso interno e externo. Aponta para a necessidade de se manter o foco na área da eficácia, que diz respeito à política, enquanto a eficiência está ligada aos objetivos estabelecidos. Discorreu sobre os componentes do sistema de gestão, compreendidos pela missão, visão, valores, cenários, pontos fortes e pontos fracos, políticas, objetivos, metas, produtos, aprendizagem, processos, itens de controle e itens de verificação. Ressaltou a importância da missão como o ponto central a ser observado pela organização e dos valores, que devem nortear o fazer e o ser. Destacou o processo de aprendizagem e equipe, os modelos mentais da visão compartilhada e o domínio pessoal. Entende que só aprendemos quando inovamos e criamos e que a criatividade do ser humano depende da motivação. 23 Paulo Daniel Barreto Lima, consultor da área de Desenvolvimento Industrial, introduziu o conceito de gestão como a condução de um serviço de forma correta, já na primeira vez, com excelência do atendimento e tendo como vértices a eficácia, eficiência e efetividade. A efetividade deve ser entendida como um impacto, sendo necessário parar de dizer o que foi feito e destacar o que foi feito e que realmente gerou um efeito benéfico para o usuário. A gestão pela qualidade conta com os seguintes critérios: foco no cidadão, pensamento sistêmico e parcerias, aprendizagem organizacional, cultura de inovação, orientação para processos essenciais, liderança, visão de futuro, valorização das pessoas, responsabilidade social, gestão participativa, processos e controle. Apontou que a gestão pela qualidade deve fazer diferença para o usuário cidadão, ressaltando a importância da liderança forte para mobilizar as pessoas, alterar as formas vigentes de pensar e agir e gerar resultados para o indivíduo e a sociedade. 9.3 PROGRAMAÇÃO DE 13 DE NOVEMBRO DE 2008 9.3.1 Acesso à informação científica: um caminho para a inovação Coordenadora: Rosaly Favero Krzyzanowski (FAPESP) Relatora: Flávia Maria Bastos (UNESP) Emídio Cantídio de Oliveira Filho (CAPES) apresentou dados sobre o Portal de periódicos da Capes, considerado o maior do mundo, detalhando a estratégia de implantação, objetivos, instituições participantes, estrutura administrativa. Destacou que o Portal proporciona a democratização do acesso à informação científica, auxiliando as bibliotecas que não possuem condições para adquirir os materiais. Atualmente, participam do Portal 194 instituições de ensino e pesquisa no país, que têm acesso a 126 bases referenciais e 12.365 títulos com texto completo. Apresentou estatísticas sobre o crescimento do uso do Portal, assim como dificuldades operacionais existentes, tais como a falta de infra-estrutura de algumas instituições, divulgação junto aos usuários, barreiras do idioma, treinamento em bases que não possuem representação no país. Entre os novos projetos, destacou o apoio a novas adesões ao Portal e a formação de alunos de pósgraduação para serem multiplicadores no programa de treinamento e divulgação. 24 Na seqüência, Cecília Mabragaña (CONICT, Argentina) apresentou a palestra Acceso a la información científica: la innovación y el cambio, tendo como foco a Biblioteca Eletrônica de Ciência e Tecnologia do Mincyt. O portal, financiado pelo Estado, oferece acesso a textos completos e bases de dados referenciais nas diversas áreas do conhecimento, resultando em igualdade de condições a instituições e pesquisadores, democratização do acesso à literatura científica atualizada e benefícios econômicos pelo grande poder de negociação junto a editores e agentes. O projeto permitiu que as bibliotecas pudessem dar continuidade às coleções existentes, com controle de duplicações e, ao mesmo tempo, adquirir itens que atendam às necessidades específicas. Apontou as vantagens advindas do contrato “País”: maiores benefícios econômicos, diminuição do custo por instituição, ampliação dos títulos disponíveis, obtenção de melhores condições de licenciamento, maior público atingido e poder de negociação. Estatísticas sobre uso do portal, documentos baixados e fontes de informação disponíveis foram apresentadas, mostrando um crescimento contínuo. Ressaltou os novos cenários e desafios impostos às bibliotecas, determinados pela multidisciplinaridade das fontes de informação, coleções federadas, padrões de metadados, ontologias integradas e a necessidade de capacitação específica do profissional da informação. Na palestra Infraestrutura Nacional de Acesso à Informação Científica Eletrônica, Soledad Bravo, da Secretaria Executiva da CINCEL (Chile) fez um relato sobre o consórcio CINCEL, uma corporação privada sem fins lucrativos, composta por 25 universidades do Conselho de Reitores, o Instituto Antártico Chileno e o Conicyt. Apresentou as diretrizes políticas do consórcio, a estrutura, perspectivas de oportunidade, recursos disponibilizados na biblioteca eletrônica de informação científica (BEIC), análise de uso, com destaque para a nova forma de negociação. Adotou-se um novo conceito de uso, medido pelo que é efetivamente citado na produção científica nacional ao invés dos parâmetros estabelecidos pelos editores, como downloads, sessões e tráfego. Foram apontados os avanços obtidos no processo de negociação, que é estabelecida por meio de benchmarking e com garantia de igualdade de condições. Entre eles figuram a mudança de fórum, contratos em castelhano, nova definição de FTE e adoção do conceito de green Publisher. Apresentou o modelo de negócio, que inclui questões como direito de 25 uso, acesso vs. assinatura, fórmulas de distribuição de custos, acesso perpétuo, política de descontos e contratos plurianuais. Finalizou com a avaliação da experiência, apresentando as dificuldades derivadas da heterogeneidade das instituições do CINCEL, o ineditismo da proposta, a necessidade de estabelecimento de indicadores do impacto na produtividade científica e mecanismos de divulgação e treinamento. 9.3.2 Acesso livre e repositórios institucionais: maior visibilidade da produção científica Coordenação: Hélio Kuramoto (IBICT) Relatora: Juliana de Souza Moraes (USP) A Mesa iniciou com a apresentação do palestrante Jean Claude Guedon, da Universidade de Montreal, Canadá, que explanou sobre os repositórios institucionais e o acesso aberto, enfocando o movimento, suas conseqüências e questionamentos sobre os aspectos de ensino e pesquisa nas universidades. Mencionou a Declaração de Budapeste e os esforços para trazer as revistas científicas para o ambiente aberto. Pontuou a questão dos custos de publicação das revistas científicas, comentando sobre o início do acesso aberto com os próprios docentes, também impulsionados pelos problemas de custo enfrentados pelas bibliotecas na manutenção das suas coleções. Definiu dois caminhos na questão: criação de revistas com acesso aberto ou migração delas para esse ambiente, e o depósito de artigos pelo autor, em um único local e com acesso aberto. Apresentou uma cronologia do movimento de acesso aberto e dos repositórios institucionais, comentando sobre o ceticismo das pessoas sobre o auto-arquivamento e as possibilidades de criação dos repositórios institucionais, diferentemente das revistas científicas que pareciam mais viáveis. Nesse contexto, tratou da criação dos repositórios institucionais, dos problemas que seguiram para os pesquisadores no que se refere ao como e quanto arquivar, da transformação na obrigatoriedade do arquivamento nos repositórios institucionais e o estímulo dado pelas agências de fomento à pesquisa para o arquivamento. Citou a experiência do Scielo, ilustrando a questão da divulgação da pesquisa custeada com recursos financeiros públicos, o pioneirismo do Brasil como o primeiro país a legislar sobre os repositórios 26 institucionais e a coexistência entre repositórios institucionais e revistas científicas em ambiente aberto. Apontou os problemas brasileiros com o acesso aberto, como o excesso de revistas científicas nas universidades, frisando a necessidade de serem melhoradas e de ganharem efetivamente o sentido de julgamento pelos pares, abrangendo não só as comunidades locais. Tratou, também, de mudanças no processo editorial, nos modelos dos repositórios institucionais e na forma como as pesquisas devem ser vistas, citando os repositórios como possíveis elementos de mudança no processo de divulgação do conhecimento acadêmico. Finalizou com a necessidade de rever a individualidade do pesquisador, tendo em vista que são pessoas trabalhando e agindo conjuntamente, como uma grande rede, filosofia e visão que devem ser seguidas pelos repositórios institucionais, a partir dos preceitos de troca, compartilhamento e colaboração. A segunda palestra foi proferida por Sueli Mara Pinto Ferreira, da Escola de Comunicação e Artes da USP, tendo como proposta contribuir com a mesa e com o tema por meio de inquietações e reflexões sobre o uso dos repositórios institucionais nas diferentes áreas do conhecimento e sobre como a comunidade participa do processo de publicação em ambiente aberto. Fez um relato de pesquisa, realizada com pesquisadores na área de Comunicação, no período de 2004 a 2005, cujo objetivo foi observar o comportamento desses pesquisadores com as alterações ocorridas no processo da comunicação científica. A exposição contextualizou os movimentos OAI e OA e como esses alteraram a maneira de produzir, medir e compartilhar a produção científica, detendo-se sobre os fatores de motivação e de dificuldade de publicar em revistas abertas e as razões para publicar e para não publicar nesse ambiente. No estudo exploratório e quantitativo, vários elementos relacionados à publicação desses pesquisadores foram investigados, como veículos e formatos mais utilizados para a comunicação da produção científica, motivação para publicar em revistas abertas, dificuldade em publicar em revistas abertas, entre outras questões. Citou as razões apontadas para publicar, exemplificando o apoio ao movimento do acesso aberto, a nova forma de publicar, os direitos autorais e a exigência das agências de fomento. Entre as razões para o não publicar, foram destacadas a questão da falta de políticas para os repositórios institucionais, a falta de conhecimento sobre os repositórios institucionais, embora haja apoio ao movimento do acesso aberto. Nas considerações finais, apresentou a questão do 27 como trabalharemos nas diversas áreas do conhecimento após a consolidação desses novos modelos de comunicação científica. 9.3.3 Redes de bibliotecas digitais integradas: tendências e inovações Coordenadora: Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti (UNESP) Relatora: Glaucia Maria Saia Cristianini (USP) Simone Bastos Vieira, da Biblioteca do Senado Federal e Professora Adjunta da Universidade de Brasília, apresentou a palestra Biblioteca Digital do Senado Federal: informação para todos. Foram expostos os objetivos da Biblioteca do Senado, com menção ao Manifesto da IFLA sobre a Internet que destaca primordialmente o livre acesso à informação. Discorreu sobre o Manifesto IFLA-UNESCO para bibliotecas digitais, enfatizando a necessidade de legislação específica, apoio financeiro junto aos governos e a questão da interoperabilidade e sustentabilidade, fatores essenciais para o intercâmbio de dados entre bibliotecas digitais, as quais devem estar em conformidade com os padrões e protocolos em nível mundial. Com o intuito de melhor atender os objetivos do Senado Federal foi criada a Biblioteca Digital do Senado Federal, com utilização do software livre DSpace. O acervo digital é constituído de texto, som e imagem digitais de interesse para o poder legislativo - que sejam de domínio público ou tenham a permissão dos autores para publicação -, obras publicadas pelo Conselho Editorial e outros órgãos do Senado Federal, coleção dos artigos de revistas da Casa, a produção dos senadores e os programas elaborados pela Rádio, TV e Agência e, ainda, o acervo de Obras raras do acervo digitalizadas, em fase de licitação. Apresentou o Projeto Bibliolegis, em parceria com o PRODASEN, e por fim destacou a importância da questão da acessibilidade, atendida pela adoção do DAISY: Digital Acessible Information System, um padrão técnico para a produção de materiais multimídia acessíveis e navegáveis. Em seguida passou a palavra para Adelaide Soares Veiga, Chefe do Serviço de Biblioteca Digital, que fez uma breve apresentação da página da Biblioteca Digital do Senado, suas diversas coleções, estatísticas crescentes e a interface da Revista de Informação Legislativa. A segunda palestrante, Angela Maria Monteiro Bettencourt, da Biblioteca Nacional discorreu sobre Redes de bibliotecas digitais integradas: 28 tendências e inovação, com apresentação dos três projetos de redes integradas de bibliotecas digitais que a Biblioteca Nacional participa no momento: a Biblioteca Digital Mundial (World Digital Library), o Portal França-Brasil e a Rede da Memória Virtual Brasileira. A Biblioteca Digital Mundial é uma iniciativa da UNESCO e da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e atualmente conta com a participação de 22 instituições. Mostrou com detalhes a interface da página, o modelo de interoperabilidade e o funcionamento do processo para a disponibilização das informações. Em seguida apresentou o Projeto Portal França-Brasil, que será lançado em outubro de 2009 e prevê pesquisas no acervo da BNF e da BNB. Discorreu sobre o modelo de interoperabilidade do portal, apresentou sua página inicial e demonstrou como será o processo para a disponibilização da informação. O terceiro projeto apresentado foi o da Rede da Memória Virtual Brasileira, idealizado pela Profa. Célia Zaher, que visa a criação de uma rede nacional de conteúdos digitais objetivando a universalização do acesso à diversidade cultural brasileira. Demonstrou as características das páginas da Rede da Memória Virtual Brasileira e as parcerias que tornaram possível esse projeto. Esclareceu sobre o modelo de interoperabilidade seguido pela Rede, que é uma síntese dos dois modelos anteriores, variando de acordo com o tipo de parceiro e enfatizando três pontos fundamentais: compatibilidade na descrição e identificação, compatibilidade no acesso e compatibilidade na busca e recuperação. Célia Ribeiro Zaher, Coordenadora de Ensino e Pesquisa em Ciência e Tecnologia da Informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia IBICT, foi responsável pela palestra Rede Brasileira Digital Integrada: projeto ou utopia? Relatou as iniciativas de redes internacionais e citou a France in America, concebida em parceria com a Biblioteca do Congresso, La France en Amérique e também a Europeana: connecting cultural heritage, o conceito de rede integrada da herança cultural européia. Apresentou os objetivos da Europeana, seu público alvo, características, recursos para digitalização e os principais problemas identificados, citando especificamente o problema do direito autoral e o multilinguismo. Mencionou os projetos nacionais e destacou que as iniciativas de bibliotecas digitais são bem numerosas e dispersas e são poucos os esforços para minimizar custos e adotar padrões, que possibilitem o intercâmbio de dados utilizando um formato único para metadados. Esclareceu que as bibliotecas digitais 29 existentes tratam os documentos por tema, assunto ou por coleções institucionais, com exceção de projetos conjuntos como: Portal CRUESP (USP, UNICAMP e UNESP), a Rede da Memória Virtual Brasileira e a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - BDTD. Fez uma breve apresentação das três iniciativas mencionadas e propôs que as Bibliotecas Universitárias participassem mais do Projeto BDTD. Em seguida fez um relato sobre as estratégias para cooperação de rede, ressaltando que os fundamentos básicos de interoperabilidade pressupõem plataforma, software e formatos compatíveis e objetivos idênticos. Sobre os repositórios digitais, demonstrou sua preocupação com relação à preservação dos repositórios digitais e afirmou que a obsolescência tecnológica é considerada como o desafio principal na garantia do acesso permanente aos objetos digitais. Adiantou que o IBICT está finalizando um manual em português, que será lançado até o fim de 2008, sugerindo gestão e políticas de informação para a criação de repositórios digitais intitulado: Manual de Construção de Repositórios Digitais Institucionais. Discorreu sobre o modelo funcional do OAIS – Open Archival Information System e abordou as perspectivas e desafios da Rede Brasileira Digital Integrada. Mencionou a necessidade de colaboração entre as bibliotecas digitais nas universidades, que permita projetos integrados em rede com plataformas, formatos e padronizações, que possibilitem a interoperabilidade entre sistemas. Propôs a criação de uma Comissão de Bibliotecas Digitais dentro do SNBU, em parceria com a Biblioteca Nacional e o IBICT, para estudar aspectos políticos administrativos e técnicos relacionados à gestão das bibliotecas digitais, com vistas a ações conjuntas, a exemplo de países como os Estados Unidos e a Inglaterra, e agora a Europa como um todo. Apresentou termos de referência, como proposta para essa comissão e sugeriu que um projeto de pesquisas paralelo ao Centro de Altos Estudos em Ciência da Informação e Inovação (CENACIN), da Coordenadoria de Ensino e Pesquisa em Ciência e Tecnologia da Informação do IBICT, para pesquisar o desenvolvimento de repertórios e bibliotecas digitais identificando plataformas e estabelecendo padrões. 30 9.4 PROGRAMAÇÃO DE 14 DE NOVEMBRO DE 2008 9.4.1 Ambiente físico de bibliotecas face às mudanças decorrentes do impacto das tecnologias Coordenadora: Eliana de Azevedo Marques (SIBI/USP) Relatora: Maria Isabel Santoro (Universidade Cruzeiro do Sul) O arquiteto Mário Figueroa (Universidade Mackenzie) apresentou o tema Bibliotecas para um novo século. Ao destacar projetos de diferentes partes do mundo (Dublin, Yale, Aveiro, Zurich) falou sobre a questão dos prédios que sempre se preocupavam com a capacidade de armazenar grandes quantidades de livros e hoje, com as novas tecnologias. Lembrou ser possível guardar bibliotecas inteiras num pen-drive de 4GB. Chamou a atenção para a valorização do espaço, não só para armazenar as coleções de livros e demais documentos, como também para o conforto do usuário. Assim, aspectos como: luminosidade, cor e a própria localização física da biblioteca no Campus recebem atenção especial dos arquitetos autores dos projetos citados. Apresentou também outros dois projetos, um da Universidade Católica do Chile e outro da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, destacando a não interferência dos projetos no patrimônio das instituições. Encerrou com a imagem da Biblioteca do Mackenzie, edifício que é alma da Universidade, com toda a sua imponência e posicionando o respeito e a dignidade de uma instituição em relação ao seu patrimônio. Hugo Segawa, da FAU/USP, falou sobre os Desafios da Biblioteca Contemporânea, com destaque para importantes projetos internacionais, com soluções adequadas à valorização da Biblioteca frente ao espaço e à paisagem urbana: a Biblioteca da Universidade Tecnológica de Delft (Holanda), a de Utrecht e a Biblioteca Pública de Bogotá. A primeira com soluções muito inteligentes criando um edifício discreto, como uma continuação do gramado sem interferir na paisagem apesar da torre. Com um cone externo, que funciona como um refletor de luz (forro metálico), o arquiteto preservou a iluminação natural das áreas de leitura. O segundo projeto apresenta a Biblioteca como um centro social onde o espaço é franqueado a todos, funcionando também como um centro de convivência, com preocupação de ser um espaço atrativo. Os destaques são para os aspectos 31 arquitetônicos que possam garantir um domínio visual do espaço, sem barulho, com diversidade de ambientes e planos, lugares mais reservados outros nem tanto, para que as diferenças entre os usuários sejam respeitadas. O projeto de Bogotá é relevante pelo seu aspecto paisagístico e o fato de estar dentro de um Parque (Simon Bolívar), numa área central, constituindo-se em um símbolo, com outra dimensão social. É um projeto que, pela forma como os espaços foram trabalhados e desenhados, é qualificado do ponto de vista da inserção social. Destacou a preocupação pela articulação dos espaços frente à responsabilidade social das bibliotecas e o respeito que o arquiteto deve ter para atender às necessidades dos diferentes tipos de usuários. O Prof. Júlio Roberto Katinsky, da FAU/USP, desenvolveu o tema A perspectiva das próximas bibliotecas. Fez um relato da sua experiência como usuário de biblioteca, que se inicia na sua adolescência já freqüentando bibliotecas públicas. Comentou visitas realizadas em importantes bibliotecas, como as Bibliotecas Nacionais de Florença e de Paris, a de Barcelona e a de Santiago de Compostela. Nestas bibliotecas valorizou a questão da informatização, mas principalmente chamou a atenção da conservação e recuperação de documentos antigos, onde vislumbra uma importante área de especialização dos bibliotecários. Destacou os diferentes tipos de documentos necessários a uma biblioteca da área de arquitetura, como por exemplo, gravuras originais e não só o documento em formato eletrônico, que não conserva a delicadeza e os detalhes do traço. Ainda comentou o projeto da Biblioteca da FAU/USP, de 1961, e as violências sofridas ao longo do tempo para ampliar espaços e, mais recentemente, as adequações do mesmo projeto para recuperar o projeto original. Concluiu que a biblioteca do futuro deve conservar o conceito de centro de pesquisa, respeitar a questão da preservação e conservação de documentos além de incorporar, em seus edifícios, as áreas de lazer. 32 10 TRABALHOS ORAIS E PÔSTERES Foram submetidos à avaliação do Comitê Científico 299 trabalhos, dos quais 231 receberam aprovação, num total de 179 apresentações orais e 53 pôsteres, assim distribuídos dentro dos eixos temáticos: Eixo Temático Trabalhos aprovados % Qualidade dos serviços e foco no usuário 41 19 % Uso estratégico das tecnologias em informação 35 15 % Desenvolvimento de produtos inovadores 30 13 % Empreendedorismo na gestão 24 10 % Acesso livre e repositórios institucionais 23 10 % Dimensionamento dos impactos dos serviços digitais na biblioteca 19 8% Perfil do profissional da informação 12 5% Ambiente físico de bibliotecas face às mudanças decorrentes do impacto das tecnologias 11 5% Atuação do profissional da informação 8 3% Biblioteconomia baseada em evidências / A biblioteca universitária no contexto da Educação a Distância / Os catálogos web: políticas e impactos/ Educação continuada de bibliotecários e auxiliares em bibliotecas universitárias 7 3% As apresentações orais transcorreram em sessões paralelas às Mesas Redondas, agrupadas pelos eixos temáticos específicos. Os pôsteres foram apresentados no formato digital e exibidos em televisões distribuídas no hall do evento. Os trabalhos orais e pôsteres expostos permitiram o delineamento do estado da arte da pesquisa e prática na área de bibliotecas universitárias. Deixaram de ser apresentados 13 trabalhos orais, devido à ausência de seus autores. Quanto aos pôsteres, 3 foram exibidos sem a presença dos autores para explanações. 33 11 FEIRA DE PRODUTOS E SERVIÇOS A feira de serviços e produtos teve 63 estandes alocados para 45 empresas, instituições e organizações, nacionais e internacionais, em diversos segmentos para área de Bibliotecas Universitárias, entre editoras, livrarias, mobiliário para bibliotecas, softwares e equipamentos. A seguir apresentam-se os participantes da Feira: 3M DO BRASIL ACAIACA ACCUCCOMS ALEXANDRIA ARCHES LIBS BERKELEY BICCATECA BIREME/OPAS C3/PORTAL BIBLIOTECÁRIO CAPES CBBU - Comissão Brasileira de Bibliotecas Universitárias CENGAGE CFB - Conselho Federal de Biblioteconomia COLLEXIS COMTEMPORY CONCEITO EDITORIAL CRB – Conselho Regional de Biblioteconomia 8ª Região - SP DATACOOP DOTLIB EBSCO ECCEN EDITORA DA UNESP EDITORA DA USP EDITORA GUANABARA ELSEVIER EX LIBRIS EXITO 34 FEBAB - Federação Brasileira de Associações de Bibliotecas FUNDAÇÃO DORINA NOWILL PARA CEGOS IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em C&T LARAMARA MAGENTA MULTISYSTEMS NATURE PEARSON EDUCATION PERGAMUM PERIODICALS PRIMASOFT PROQUEST PTI RAMA LIVROS RFID Brasil SBS SYSTEMLINK VERTICE BOOKS A realização do evento por conta do Consórcio CRUESP Bibliotecas, apoiado institucionalmente pelas suas Universidades UNICAMP, USP e UNESP, teve como patrocinador oficial a empresa DOTLIB, e os apoios de: EBSCO, THOMSOM REUTERS, ELSEVIER, CBBU, CAPES e FAPESP. 12 LANÇAMENTO DE LIVROS Durante o evento foram lançados os seguintes livros: • MARC 21: formato bibliográfico, da Divisão de Bibliotecas e Documentação da PUC-RJ; • Como usar e aplicar a CDD, 22. Ed., de Maura Duarte Moreira Guarido; • Ensino e pesquisa em Biblioteconomia no Brasil: a emergência de um novo olhar, de José Augusto Chaves Guimarães e Mariângela Spotti Lopes Fujita; 35 • Aspectos jurídicos e éticos da informação digital, de José Augusto Chaves Guimarães e Juan Carlos Fernandez Molina; • Acessibilidade: discurso e prática no cotidiando das bibliotecas, de Deise Tallarico Pupo, Amanda Meincke Melo e Sofia Pérez Férrez; • Mais sobre revistas científicas: em foco a gestão, de Sueli Mara P. Ferreira e Maria das Graças Targino. 13 AVALIAÇÃO DO EVENTO Foram coletados e tabulados 181 questionários, nos quais foram avaliados os seguintes aspectos referentes ao evento: instalações, estrutura, organização, objetivos, atendimento e pessoal. O resumo dos resultados permitiu a formulação do gráfico abaixo: Avaliação Participantes R ui m 5% N ão R esp . 3% Ót i mo 2 5% R eg ular 2 1% Bom 46% Figura 1 – Avaliação geral A análise do gráfico revelou que 71% dos participantes consideraram o XV SNBU “Ótimo” ou “Bom”. A análise dos comentários e sugestões permitiu a verificação de alguns pontos relevantes a serem considerados nas novas edições do SNBU: • número apontado como excessivo de trabalhos livres; • ocorrência de sessões simultâneas de palestras e apresentações orais e pôsteres; 36 • adequação do tempo de apresentação dos trabalhos livres. Foi realizada, também, avaliação entre os expositores, cujos resultados são demonstrados a seguir: Figura 2 – Avaliação dos expositores Pode-se verificar que 85% dos expositores avaliaram o evento com pontuações “Ótimo” e “Bom”. 14 CONSIDERAÇÕES FINAIS No intuito de marcar os 30 anos do Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias, o Consórcio CRUESP Bibliotecas apresentou em 2006, durante o XIV SNBU, realizado na cidade de Salvador-BA, a proposta da realização do XV SNBU na cidade de São Paulo. A cidade de São Paulo nunca havia sediado um SNBU ao longo dos 30 anos e os gestores do Consórcio na época entenderam que o XV SNBU, pelo seu porte, poderia ser realizado na maior cidade do país, com a característica de que, pela primeira vez, a tarefa seria empreendida por um consórcio de Bibliotecas Universitárias, o CRUESP Bibliotecas. Independente de todas a dificuldades encontradas para realização de um evento do porte do SNBU e as questões relativas a cidade de São Paulo, o XV SNBU contou com o maior número de participantes de todas as suas edições. 37 Ao se observar as diversas recomendações recebidas por meio do questionário de avaliação, é possível verificar que alguns aspectos devem ser revistos na organização dos próximos SNBUs, como: - formato do evento, com reuniões e apresentações de trabalhos em paralelo com as palestras; - quantidade de trabalhos apresentados; - localização; - horários do início e fim da programação diária; - facilidades de transportes; - custos para participação. Constatou-se, também, que durante a plenária final do evento, na cerimônia de encerramento, após a leitura da versão sucinta desse relatório, não ocorreu nenhuma manifestação quanto a recomendações. Entretanto, pode-se observar na leitura dos questionários de avaliações e na descrição ainda que sucinta das palestras, muitas indicações do futuro da Biblioteca Universitárias, e quais serão os possíveis caminhos que estas bibliotecas terão de traçar ao longo dos próximos anos. Finalizando, a organização proposta em 2006, para que o SNBU 2008 fosse organizado por um consórcio, talvez tenha sido o maior exemplo de Inovação e Empreendedorismo. Que pese todas as dificuldades encontradas, nota-se que a realização de eventos do porte do SNBU deve ser conduzida em parceria de instituições, como ocorreu neste ano.