Relatório Geral - Sistema de Bibliotecas da Unicamp

Transcrição

Relatório Geral - Sistema de Bibliotecas da Unicamp
Relatório Geral
Relatório elaborado por:
Marcia Elisa de Grandi
Relatora Geral do XV SNBU
Revisão e Formatação:
Luiz Atilio Vicentini
Heloisa Maria Ceccotti
Novembro de 2008
1
XV SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
RELATÓRIO GERAL
1 INTRODUÇÃO
O XV Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias foi realizado em
São Paulo, no período de 10 a 14 de novembro de 2008, nas dependências do
Palácio de Convenções do Anhembi, tendo como tema central Empreendedorismo
e Inovação: desafios da biblioteca universitária.
A edição marcou a comemoração dos 30 anos do evento, iniciado em
1978 e sucedido por iniciativas bienais em diferentes estados brasileiros. O êxito do
evento pode ser comprovado pela longevidade e números cada vez mais
expressivos de participantes, que evidenciam a sua relevância dentro do cenário de
gestão da informação em ambientes acadêmicos. O SNBU configura-se como um
espaço de exposição, debate e reflexão sobre as tendências e desafios na área de
gestão da biblioteca universitária, permitindo a exploração de novos conceitos,
assim como o compartilhamento de experiências entre os profissionais de
biblioteconomia, ciência da informação e áreas correlatas.
O SNBU 2008 contou com a organização do Consórcio CRUESP
Bibliotecas, formado pelos Sistemas de Bibliotecas da Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual
Paulista “Julio de Mesquita Filho” (UNESP).
1.1 OBJETIVO
Promover a reflexão e debate sobre empreendedorismo e inovação, tendo
em vista a adequação das bibliotecas universitárias às demandas internas e
externas de acesso à informação científica e ao ensino de qualidade.
2
1.1.1 Objetivos específicos
• Permitir o intercâmbio de informações entre profissionais da área de
informação;
• Apresentar o estado da arte do tema central e temas paralelos e correlatos;
• Apresentar um panorama das tecnologias, produção intelectual e novidades na
área de bibliotecas universitárias.
2 EIXOS TEMÁTICOS
2.1 EMPREENDEDORISMO EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
• Empreendedorismo na gestão da informação e do conhecimento
• Desenvolvimento de serviços inovadores em bibliotecas
• Qualidade dos serviços e foco no usuário
• Biblioteconomia baseada em evidências
2.2 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA E O CONTEXTO INSTITUCIONAL
• A biblioteca universitária no contexto da Educação à Distância
• Acesso livre e repositórios institucionais: maior visibilidade da produção
científica institucional
2.3 IMPACTO
DAS
TECNOLOGIAS
DE
INFORMAÇÃO
NA
GESTÃO
DA
BIBLIOTECA
UNIVERSITÁRIA
• Dimensionamento dos impactos dos serviços digitais na Biblioteca
• Os catálogos WEB: políticas e impactos
• Uso estratégico das tecnologias em informação documentária
• Atuação do profissional da informação
• Perfil do profissional da informação
• Educação continuada de bibliotecários e auxiliares em bibliotecas universitárias
• Ambiente físico de Bibliotecas face às mudanças decorrentes do impacto das
Tecnologias
3
3 ORGANIZAÇÃO
COMITÊ ORGANIZADOR
Coordenação Geral
Luiz Atílio Vicentini – UNICAMP
Margaret Alves Antunes – UNESP
Eliana de Azevedo Marques – USP
UNICAMP
Heloísa Maria Ceccotti
Regiane Alcântara Eliel
Rita Ap. Sponchiado
Sandra Maria Moura
Valéria dos Santos Gouveia Martins
UNESP
Célia Regina Inoue
Fábio Assis Pinho
Flavia Maria Bastos
Maria Conceição G. da Silva
Maria Ferraz Souto
USP
Adriana Hypólito Nogueira
Dina Elisabete Uliana
Elisabete da Cruz Neves
Mariza Leal Meirelles Do Coutto
Teresinha das Graças Coletta
RELATORIA
Márcia Elísa Garcia de Grandi - USP
Sub Comitê Administrativo/Financeiro - SBU/UNICAMP
Edna Bombardi
Maria de Lourdes Villas Boas
4
Silvia Helena de Souza
Sueli Marques de Faria Isidoro
Responsável pelo Desenvolvimento e Manutenção do Site
Otoniel Feliciano – UNICAMP
COMITÊ CIENTÍFICO
Coordenação Geral
Profª. Dra. Mariângela Spotti Lopes Fujita, Professora Adjunta do Departamento
de Ciência da Informação UNESP - Campus Marília
Ariadne Chlöe Mary Furnival, UFSCar
Aldinar Bottentuit, UFMA
Ana Célia Rodrigues, UNESP
Asa Fujino, USP
Brígida Maria Nogueira Cervantes, UEL
Carlos Henrique Marcondes, UFF
Célia Regina Simonetti Barbalho, UFAM
Cybelle de Assumpção Fontes, FOB/USP
Daniela Pereira dos Reis de Almeida, UNESP
Dulcinea Sarmento Rosenberg, UFES
Eliane Pereira dos Santos, Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde
Ely Francina Tannuri de Oliveira, UNESP
Francisco das Chagas de Souza, UFSC
Gildenir Carolino Santos, UNICAMP
Guilherme Ataíde Dias, UFPB
Helen de Castro Silva Casarim, UNESP
Ida Regina Chitto Stumpf, UFRGS
Ivone Guerreiro Di Chiara, UEL
Jayme Robredo, UnB
João Batista de Moraes
José Augusto Chaves Guimarães, UNESP
José Fernando Modesto da Silva, USP
Jussara Pereira Santos, UFRGS
5
Leilah Santiago Bufren, UFPR
Letícia Gorri Molina, UEL
Lídia Alvarenga, UFMG
Lívia Aparecida Ferreira Lenzi, UFAL
Marcello Peixoto Bax, UFMG
Márcia Elísa Garcia de Grandi, USP
Marcos Galindo Lima, UFPE
Maria Aparecida Moura, UFMG
Maria das Graças Targino, UFPI
Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo, PUCCAMP
Maria Inês Tomael, UEL
Maria Leandra Bizello, UNESP
Maria Nélida Gonzalez de Gomes, IBICT
Maria Tereza Walter, Supremo Tribunal Federal
Marilda Ginez de Lara, USP
Marisa Bräscher Basílio Medeiros, UnB
Marta Lígia Pomim Valentim, UNESP
Miriam Figueiredo Vieira da Cunha, UFSC
Mônica Erichsen Nassif, UFMG
Nadia Aurora Vanti Vitullo, UFRN
Nádina Aparecida Morno, UEL
Nair Yumiko Kobashi, USP
Nanci Oddone, UFBA
Oswaldo Francisco de Almeida Júnior, UEL
Plácida L. V. A. da Costa Santos, UNESP
Raimunda Ramos Marinho, UFMA
Raimundo Nonato Macedo dos Santos, UFSC
Regina Aparecida Blanco Vicentini, UNICAMP
Regina Célia Baptista Belluzzo, UNESP/Bauru/FAAC-SP
Regina Maria Marteleto, FIOCRUZ
Ricardo Rodrigues Barbosa, UFMG
Rildeci Medeiros, UFRN
Rosali Fernandez de Souza, IBICT/UFF
Rosaly Favero Krzyzanowski, FAPESP
Sigrid Karin Weiss, UFSC
6
Silvana Aparecida Gregório Vidotti, UNESP
Sueli Angélica do Amaral, UnB
Sueli Bortolin, UEL
Sueli Mara Soares Pinto Ferreira, USP
Suzana Pinheiro Machado Mueller, UnB
Telma Campanha de Carvalho Madio, UNESP
Valéria Martin Valls, FESPSP / Valls & Yoshida Consultoria
Virgínia Bentes Pinto, UFCE
Waldomiro de Castro Santos Vergueiro, USP
Wanda Aparecida Machado Hoffmann, UFSCar
4 ESTRUTURA
O Seminário foi estruturado em uma Cerimônia e Palestra de Abertura, 10
Mesas Redondas, constituídas por 22 palestras, 23 Sessões de Trabalhos Livres,
Apresentação de Pôsteres no formato digital, 5 cursos, 11 Reuniões Técnicas,
Sessão de Encerramento, além de Feira de Produtos e Serviços e Lançamentos de
Livros.
5 INSCRIÇÕES
•
Total de inscritos: 1.027 (Bibliotecários, estudantes, outros profissionais)
•
Total participantes da feira produtos (expositores e convidados): 230
•
Total de participantes do XV SNBU: 1.257 (inscritos, expositores e
convidados)
7
5.1 INSCRIÇÕES POR ESTADO
Inscritos, distribuição por Estado.
569
124
47
SP
42
38
RJ MG PR SC
29
29
28
21
18
DF
PE BA
RN
ES GO PB MA PA AM CE MS MT RO
16
13
9
9
7
7
7
6
4
1
1
1
1
PI
SE TO AL
5.2 PARTICIPANTES POR REGIÃO
Sul
11%
Norte
3%
Nordeste
10%
Centro Oeste
6%
Sudeste
70%
5.3 PAÍSES REPRESENTADOS
Canadá, Estados Unidos, Espanha, Chile, Argentina, Peru, Portugal, Cabo
Verde e Angola
8
6 REUNIÕES TÉCNICAS
Durante o Seminário foram realizadas as seguintes reuniões técnicas:
• VI Reunião BVS Brasil e XII Reunião da Rede Brasileira de Informação
em Ciências da Saúde (BIREME);
• V Simpósio de Diretores de Bibliotecas da América Latina e Caribe
(CBBU);
• Workshop Manifesto Internet (IFLA / FEBAB);
• IFAP – Informação para Todos (IBICT);
• Reunião COMUT (IBICT);
• Fórum Sobre Repositórios Institucionais (IBICT);
• Seminário Sobre Governança Corporativa Órgãos De Fiscalização
Profissional: Responsabilidade Social (CFB/CRB8);
• Encontro Comunicação e Informação para todos: parcerias para
conteúdo
gratuito
no
mundo
digital
(Cátedra
UNESCO
de
Multilingüismo);
• Reunião REBAE - Rede de Bibliotecas da Área de Engenharia
(REBAE);
• Assembléia CBBU (CBBU);
• V Reunião de Rede Brasileira de Bibliotecas da Área de Psicologia
(IPUSP).
7 CURSOS
Os cursos foram oferecidos no dia 10 de novembro e abordaram os
seguintes tópicos: Produção científica e visibilidade internacional; Gestão de
Bibliotecas Digitais; Repositórios Institucionais; Acessibilidade e Acesso e Arquivos
Abertos.
9
7.1
PRODUÇÃO
CIENTÍFICA
E
VISIBILIDADE
INTERNACIONAL:
INSTRUMENTOS
DE
DIVULGAÇÃO, METODOLOGIAS E TÉCNICAS
O curso foi ministrado por Atilio Antonio Bustos González, do SCImago
Research Group e Pontificia Universidad Católica de Valparaíso – Chile. Teve como
objetivos compreender a forma como se valoriza a ciência e a investigação
científica; incrementar a capacidade competitiva de pesquisadores; identificar
estratégias para melhorar a visibilidade dos resultados das pesquisas científicas;
apresentar instrumentos de indexação da produção científica. O programa cobriu
tópicos como: cienciometria e evolução da investigação; a ciência corrente frente à
ciência periférica: o caso da América Latina e problemas da comunicação científica e
visibilidade internacional.
7.2 GESTÃO DE BIBLIOTECAS DIGITAIS
Com
a
coordenação
Ana
Maria
Beltran
Pavani,
da
Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, o curso apresentou os principais pontos a
serem considerados na implantação e na gestão de bibliotecas digitais de teses e
dissertações,
relativos
a
características
técnicas,
decisões
administrativas,
problemas, ações e decisões nos níveis locais, regionais/nacionais e internacional.
Os tópicos abordados foram: as ETDs no mundo e no Brasil; interoperabilidade
como condição de inserção nos cenários nacional e internacional; modelos de
metadados (DCMES – Dublin Core Metadata Element Set, ETD-ms – An
Interoperability Metadata Standard for Electronic Theses and Dissertations e MTD-Br
– Modelo Brasileiro de Metadados para Teses e Dissertações, protocolo OAI-PMH Open Archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting), qualidade dos metadados
e qualidade da operação; metadados de ETDs como instrumentos geração de
informações para o mapeamento da produção científica; propriedade intelectual e o
Acesso Aberto (Open Access); acessibilidade aos sistemas e aos conteúdos; novos
formatos de ETDs e desafios da preservação digital e identificação persistente.
10
7.3 DIRETRIZES
PARA A CONSTRUÇÃO DE REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS DE ACESSO
ABERTO À INFORMAÇÃO CIENTÍFICA
Fernando César Lima Leite, Consultor do IBICT, com vinculação à
Universidade de Brasília e Embrapa Informação Tecnológica, coordenou o curso,
que teve como objetivo apresentar informações sistematizadas sobre questões
pertinentes à criação de repositórios, especialmente acerca do planejamento,
implementação e adoção/uso de repositórios institucionais de acesso aberto à
informação científica. O programa compreendeu: acesso aberto à informação e ao
conhecimento científico; repositórios institucionais e o sistema de comunicação
científica; visão geral do atual estágio de desenvolvimento do acesso aberto à
informação científica no Brasil e no mundo; desenvolvimento de repositórios
institucionais em bibliotecas; iniciativas bem sucedidas; provedores de serviços;
estatísticas de uso; funcionalidades e fontes de informação.
7.4 ACESSIBILIDADE NO ENSINO SUPERIOR: O PAPEL FUNDAMENTAL DAS BIBLIOTECAS
O curso foi ministrado por membros do Grupo de Pesquisas Todos Nós
e do Laboratório de Acessibilidade da Biblioteca Central Cesar Lattes da
Unicamp, Amanda Meincke Melo, Deise Tallarico Pupo, Fabiana Fator Gouvea
Bonilha, Janaína Speglich de Amorim Carrico, João Vilhete, Silvia Helena Rodrigues
de Carvalho e Sofia Pérez Ferrés. Apresentou os conceitos e práticas de bibliotecas
universitárias acessíveis, a partir da experiência obtida com a implantação do
Laboratório de Acessibilidade, em espaço da Biblioteca Central Cesar Lattes, com
ênfase no apoio humano, uso das tecnologias da informação e comunicação - TIC’s
e do grupo "Todos Nós-Unicamp Acessível". O curso pretendeu conscientizar sobre
a importância de mudanças de atitude na interação com os usuários que requeiram
atendimento educacional especializado e quanto às ferramentas de apoio via
tecnologias assistivas para recuperação, disseminação e uso da informação com
autonomia.
11
7.5 A
REPERCUSSÃO DAS TECNOLOGIAS E PROPOSTA ADVINDA DOS
MOVIMENTOS
DO
“ACESSO ABERTO” E DOS “ARQUIVOS ABERTOS” NA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA
O curso, ministrado pela Profa. Dra. Sueli Mara Soares Pinto Ferreira, da
Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, apresentou como
objetivos: discutir o conceito de comunicação científica frente aos movimentos –
Open Archives Initiative e Open Access, explorando os impactos nos processos de
produção científica; oferecer uma visão geral sobre os vários conceitos, tecnologias,
serviços e produtos disponíveis atualmente para integração pública e aberta de
recursos informacionais eletrônicos, evidenciando os valores que agrega às
atividades de gestão de repositórios, bibliotecas e sistemas digitais de informação. A
ementa foi constituída pelos seguintes temas: comunicação científica: de onde veio
e para onde está indo!; Movimentos do Open Archives Initiative (OAI) e do Open
Access: histórico, característica, filosofia, produtos e stakeholders; indicação de
ferramentas e aplicativos tecnológicos e/ou serviços digitais existentes para o
desenvolvimento de atividades de informação compatíveis com o mundo open.
8 CERIMÔNIA DE ABERTURA
A Cerimônia de Abertura ocorreu em 10 de novembro, sob a presidência
do Professor Marcos Macari, Reitor da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” e Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais
Paulistas (CRUESP). Contou com a presença das seguintes autoridades: Margaret
Alves Antunes, Coordenadora Geral de Bibliotecas da Unesp, representando o
Cruesp Bibliotecas, Luiz Atílio Vicentini, coordenador do Sistema de Bibliotecas da
Unicamp, Eliana de Azevedo Marques, representando a Reitora da Universidade de
São Paulo, Carlos dos Anjos, chefe de gabinete adjunto da Unicamp, representando
no ato o Reitor da Unicamp, Adriana Cybele Ferrari, representando o Secretário de
Estado da Cultura do Estado de São Paulo, Rosaly Favero Krzyzanowski,
representando o Presidente da FAPESP, Sigrid Weiss Dutra, presidente da
Federação de Associações de Bibliotecas Brasil, Nêmora Arlindo Rodrigues,
presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Regina Celi de Sousa,
presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia - 8ª Região, Helio Kuramoto,
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coordenador Geral de Projetos Especiais do IBICT, Lúcia Marengo, presidente da
Comissão Brasileira de Bibliotecas Universitárias.
Os integrantes da mesa deram boas-vindas aos participantes, destacando
a importância do XV SNBU e o papel da biblioteca universitária na promoção da
cultura de inovação e empreendedorismo, temas centrais do evento.
Na seqüência, o Prof. João Furtado (FAPESP) proferiu a palestra
inaugural, onde destacou a importância do fazer do profissional bibliotecário na
qualificação da informação disponível e na promoção da seletividade da informação.
Discorreu sobre as diferentes conotações atribuídas aos termos inovação e
empreendedorismo, alertando para os reducionismos existentes em relação ao
empreendedorismo como a capacidade de estabelecer uma empresa. Inovação e
empreendedorismo em ambientes organizacionais implicam mudança de status quo,
revisão e quebra de certas regras e, principalmente, fazer o que se faz com
qualidade, independente da recompensa ou mesmo reconhecimento. Concluiu que
inovar e empreender não são coisas abstratas, mas trabalhos bem feitos,
cuidadosos e permanentes e que isto vale para a vida de todos, incluindo as
bibliotecas.
Após a palestra ocorreu a inauguração da Feira e coquetel de
confraternização, acompanhados de apresentação musical.
9 MESAS REDONDAS
9.1 PROGRAMAÇÃO DE 11 DE NOVEMBRO DE 2008
9.1.1 A inovação na universidade: a atuação das Agências de Inovação
Coordenadora: Sigrid Karin W. Dutra (FEBAB)
Relatora: Priscila Carreira Bitencourt Vicentini (UNESP)
A Mesa iniciou com a palestra NIT - UNESP: oportunidades e desafios a
serem enfrentados, proferida por Fabíola de Moraes Spiandorello Bueno, da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Destacou-se o papel da
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universidade no processo de inovação, derivado da interação entre a universidade, a
empresa e o governo, que resulta em patentes, projetos de pesquisa e
desenvolvimento, prestação de serviços específicos e criação de empresas
incubadoras. A palestrante apresentou o aumento crescente do número de patentes
no Brasil desde 1990, com a participação de 0,78% depositadas pelas
universidades, de acordo com censo de 2004. Apresentou detalhes sobre a Lei
Federal de Inovação: 10.973, de 02 de dezembro de 2004, complementada pela Lei
Paulista de Inovação: lei complementar 1.049 de 19 de junho de 2008. Fez um relato
sobre o NIT – Núcleo de Inovação Tecnológico da UNESP, criado em julho de 2007,
cuja missão é gerir a política de proteção e inovação das criações intelectuais da
UNESP. O NIT tem como atribuições fortalecer a cultura de inovação dentro da
universidade; zelar pelos processos de proteção à propriedade intelectual e
industrial; cuidar dos processos de transferência de tecnologia, entre outras.
Destacou o panorama atual da propriedade industrial na UNESP e os desafios
enfrentados pelo NIT quanto à estrutura descentralizada da universidade, empresas
despreparadas para interagir com a universidade, valoração das tecnologias
protegidas e concepção de estrutura que permita a coordenação eficaz das ações
de inovação. Concluiu que os desafios podem ser encarados como oportunidades,
facilitando a interação, geração local de riqueza e implementação de spin-offs locais.
O segundo palestrante, Prof. Oswaldo Massambani, da Universidade de
São Paulo, desenvolveu o tema Promovendo a inovação e o empreendedorismo
na USP, ressaltando que a capacidade de inovar é o fator determinante para o
crescimento sócio-econômico, para a qualidade de vida e para o sucesso nos
mercados locais e globais. Fez uma retrospectiva sobre os principais marcos do
movimento de inovação no pais, desde 2001, apontando, também, a missão da
universidade pública, que consiste em formar profissionais em nível superior da
melhor qualidade; promover o avanço da ciência e transferir conhecimento para a
sociedade. Salientou a pouca interação entre a universidade e a empresa e a
necessidade do estabelecimento de mecanismos explícitos para o desenvolvimento
de estrutura de coordenação dos processos de inovação na universidade, que
fundamentou a criação da Agência USP de Inovação, em 2005. Apresentou a
evolução dos registros de patentes na USP, ressaltando a importância da patente
como externalização do conhecimento e vetor do desenvolvimento a partir da
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apropriação pelo setor produtivo. Ressaltou, ainda, que não basta patentear, é
necessário alcançar o mercado. Para consolidação da cultura de inovação e
estímulo à criação de patentes, apontou a necessidade da divulgação e uso de
bases e bancos de patentes, ações que devem ser promovidas em parceria com as
bibliotecas e serviços de informação.
Na palestra A experiência da Unicamp no incentivo à inovação no
ambiente acadêmico, Roberto de Alencar Lotufo, da Universidade Estadual de
Campinas, destacou a contribuição da interação universidade-empresa para a
Universidade, traduzida pela melhoria do ensino e da pesquisa, incorporação dos
desafios trazidos pela sociedade, influência sobre as ementas, disciplinas e linhas
de pesquisa e experiência dos alunos. O palestrante apresentou o conceito de
patente, como uma concessão conferida pelo Estado, que garante ao seu titular a
propriedade de explorar comercialmente a sua criação; em contrapartida, é
disponibilizado acesso ao público sobre o conhecimento dos pontos essenciais e as
reivindicações que caracterizam o invento. A inovação ocorre, então, a partir da
apropriação social do novo.
Recomenda-se patentear quando se tratar de solução ou tecnologia que
exige recursos substanciais para concretizar a inovação, podendo atrair o interesse
do mercado e gerar benefícios para a sociedade. Apontou a importância da parceria
entre os núcleos de inovação tecnológica (NIT) e as bibliotecas universitárias na
orientação aos pesquisadores em bases de patentes, divulgação das atividades do
NIT, capacitação dos colaboradores do NIT, contribuição para a divulgação da
cultura de inovação. Apresentou o histórico da implementação da Agência Inova, na
Unicamp, desde 2003, que revela o alinhamento da universidade à visão recente
que incorpora a inovação e o empreendedorismo como atividades inerentes ao
contexto acadêmico e em consonância com a missão educacional da instituição.
Ressaltou a correlação entre a excelência acadêmica e científica e a geração de
patentes, propondo uma ação conjunta entre as agências de inovação das três
universidades estaduais paulistas e fortalecimento das parcerias estratégicas entre
os NITs e as bibliotecas universitárias.
15
9.1.2 A inovação na universidade: da geração a propriedade de patentes
Coordenadora: Aasa Fujino (USP)
Relatora: Eliana Marciela Marquettis (UNICAMP)
O Prof. Luiz Otávio Pimentel, da Universidade Federal de Sant Catarina,
proferiu a palestra A inovação na universidade: da invenção à propriedade
industrial de patentes, mencionando a importância do bibliotecário e suas
atividades nas questões sobre propriedade industrial. O palestrante abordou
questões sobre a origem, evolução e transferência de tecnologia, concorrência,
exclusividade no uso de uma tecnologia como vantagem competitiva, o papel da
inovação e o impacto na sociedade e na economia. Apresentou dados estatísticos
sobre empresas registradas no país, o ciclo por que passa a inovação e a questão
da propriedade intelectual que abrange a propriedade industrial, onde se requer a
patente, o sigilo, e os direitos autorais. Para a patente existe a proteção, onde o
produto não pode ser fabricado, utilizado, fornecido, distribuído ou vendido
comercialmente sem autorização do titular, com um período de sigilo de 18 meses.
Ressaltou que na fase da pesquisa é importante levantar o que existe patenteado
sobre o assunto. Discutiu o marco jurídico da patente, explicitado pelo ordenamento
jurídico dos direitos de propriedade intelectual, títulos de propriedades (patentes,
registros, certificado) e propriedade intelectual. Destacou que há, no Brasil, pouco
conhecimento sobre o tema em empresas e centros de pesquisa, gerando gastos
desnecessários na aquisição de tecnologias externas que estão em domínio público,
pouco aproveitamento do potencial inventivo nas entidades nacionais, pouca
utilização dos documentos de patentes como fonte de informação tecnológica,
defasagem entre desenvolvimento científico e número de patentes. Foi abordada a
legislação brasileira sobre propriedade intelectual, os acordos da Organização
Mundial do Comércio e os tratados da Organização Mundial da Propriedade
Intelectual, com referência sobre as atividades de gestão de propriedade intelectual.
O palestrante encerrou discorrendo novamente sobre o papel do bibliotecário que é
apoiar as atividades da biblioteca do NIT (Núcleo de Inovação Tecnológica), na
busca e guarda de bibliografias e documentos para gerar inovações incrementais e
radicais na Universidade.
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Luciana Goulart de Oliveira, do INPI, apresentou a palestra A inovação
na universidade: da geração à propriedade de patentes, com dados sobre o
sistema de propriedade intelectual no Brasil, estruturado em propriedade industrial
(concessão de patentes, registro de marcas, de desenhos industriais, indicações
geográficas), direitos de autor (música, obras de artes e literárias, programas de
computador) e outros mecanismos como: cultivares, circuitos integrados, célulastronco, transgênicos, conhecimentos tradicionais. Discorreu sobre os problemas e
conflitos encontrados nas universidades em relação à propriedade industrial (PI), tais
como: desconhecimento sobre PI, falta de política específica para tratar os temas de
PI, infra-estrutura deficiente, sigilo x divulgação e outros. A seguir, apresentou
alguns elementos sobre propriedade intelectual para reflexão e discussão na
academia, que incluem a criação de um ambiente favorável à difusão dos novos
conhecimentos à sociedade, sem perder de vista a proteção dos DPI; a
sensibilização de estudantes e pesquisadores para a realidade industrial, dando
condições à geração de novas empresas; a integração da educação em engenharias
com o sistema produtivo, com revisão de currículos, inclusive dos cursos de
biblioteconomia, visando atualizar o profissional bibliotecário e a garantia de
repartição equânime das vantagens pecuniárias advindas da comercialização da
tecnologia desenvolvida. A palestrante encerrou dizendo que a biblioteca é elemento
preponderante para a discussão e reflexão sobre propriedade industrial na
universidade.
9.1.3 Acesso e preservação de conteúdos digitais e aspectos legais
Coordenadora: Neire do Rossio Martins (UNICAMP)
Relatora: Maria CIrani Coito (UNESP).
Norma Cianflone Cassares (Associação Brasileira de Encadernação e
Restauro – ABER) iniciou a sessão com a palestra Preservação, conservação
preventiva e encadernação, com foco no processo de digitalização. Afirmou que
projetos de digitalização devem ser planejados com a participação de especialistas
em restauração, sendo necessário considerar as condições físicas da obra a ser
digitalizada (fungos, manchas, estado de conservação, sensibilidade e tipo de
encadernação), a pertinência do suporte selecionado, acondicionamento e
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higienização. Destacou que cabe também ao restaurador a indicação do tipo de
equipamentos necessários para a digitalização e a avaliação do stress da obra no
processo. Ressaltou que a decisão da digitalização deve estar condicionada à
preservação da integridade física do documento.
Marcos Sfair Sunyê, da Universidade Federal do Paraná, discorreu sobre
Preservação de baixo custo, destacando o aumento do conteúdo digital de
interesse científico, cultural e político que precisa ser mantido ao longo do tempo e
com grande confiabilidade e os novos desafios para a Ciência da Computação em
relação à memória digital. Reportou sobre novas propostas para se construir
ambientes escaláveis de alta confiabilidade e de baixo custo operacional sem a
necessidade de aquisição de equipamentos especializados. Fez menção de novos
problemas sobre a informação em meio digital ressaltando sobre a disponibilidade
em disco on-line, controle de acesso, a segurança, o formato compatível e acessível
considerando-se a constante atualização das versões dos equipamentos como
hardware e periféricos. Chamou a atenção para a confiabilidade da informação e a
integridade do disco, que pode ser corrompido pelo acesso contínuo. Embora a
conversão de formatos para leitura em equipamentos em várias versões possa
comprometer a legibilidade da informação, é necessário fazer backup multiplicando
o número de cópias como forma de preservação dos dados digitais. Sugere o uso de
Redes cooperativas como OAI (Open Archives Initiative) e o Projeto LOCKSS (Lots
of Copies Keep Stuff Safe), da Universidade de Stanford, para preservação de
publicações digitais, citando a cooperação, a compatibilidade e o compartilhamento
entre Bibliotecas Digitais. Alertou para o alto custo da preservação digital, que
requer infra-estrutura não convencional. Como proposta de solução a baixo custo
para pequenas instituições, indica o OAI/P2P (Open Archives Initiative/Peer to Peer),
tecnologia open source de implementação fácil, que permite a preservação de
metadados e identidade, maior disponibilidade com melhoria do desempenho,
controle do conteúdo, agrupamento da informação e busca global.
Na seqüência, a palestra Direitos Autorais, de Maria Luiza de Freitas
Valle Egea, da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, deu destaque aos
aspectos legais da digitalização, mencionando o alinhamento da legislação brasileira
à Convenção de Berna. Dentro desta perspectivas, são consideradas duas
vertentes: a patrimonial e a moral. A primeira refere-se à garantia do ganho e da
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subsistência do autor com sua obra e a segunda diz respeito à autoria propriamente
dita, que inclui o direito de não interferência ou alteração da obra por terceiros. A Lei
9.610 de 20 de junho de 1998 regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta
denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos. Segundo a Lei, os
direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1° de janeiro
do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei
civil. Será de setenta anos o prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre as
obras anônimas ou pseudônimas, contado de 1° de janeiro do ano imediatamente
posterior ao da primeira publicação. Ressaltou que, até o momento, a mudança de
formato é interpretada como reprodução pela legislação vigente, o que exige a
autorização expressa do autor ou seus herdeiros, sem a qual fica configurada uma
violação dos direitos autorais. Encerrou a palestra destacando proposta de
modificação da lei de forma a autorizar bibliotecas, arquivos e outras instituições a
reproduzirem obras do acervo sem finalidade de lucro ou comercialização.
9.2 PROGRAMAÇÃO DE 12 DE NOVEMBRO DE 2008
9.2.1 Informação baseada em evidências
Coordenadora: Ângela Maria Belloni Cuenca (USP)
Relatora: Joana D'Arc da Silva Pereira (UNICAMP)
Atílio Antonio Bustos Gonzáles, da Pontifícia Universidad Católica de
Valpariso (Chile), discorreu sobre El apoyo de la cienciometria a la gestión de
bibliotecas
universitárias
modernas.
Destacou
a
inserção
da
biblioteca
universitária na gestão da aprendizagem e na gestão do conhecimento, com
apresentação de novas formas de gestão advindas da aplicação da cienciometria,
que permite a introdução de critérios objetivos de análise, planejamento e execução.
A cienciometria possibilita a adoção de novas formas de planejamento e
desenvolvimento de coleções, avaliação da informação recuperada, visibilidade do
conhecimento científico e certificação da investigação. Destacou o importante papel
do profissional atuante em bibliotecas universitárias na avaliação da produção
científica de sua instituição, universidade, e área do conhecimento, entre outras.
Cabe à biblioteca facilitar a publicação e divulgação da produção da comunidade
19
científica, por meio da orientação de seus pesquisadores sobre onde publicar, do
apoio na normalização de trabalhos, assim como na indicação de serviços de
tradução. Pode, também, oferecer suporte aos editores de revistas científicas nas
suas decisões a partir das avaliações do comportamento da literatura e seus fatores
de impacto.
A palestrante Édina Mariko Koga da Silva, da Biblioteca Cochrane,
apresentou o tema Saúde baseada em evidências, definida como o uso
consciente, explícito e criterioso da melhor evidência científica disponível na tomada
de decisões sobre o cuidado de um paciente e em integração com a habilidade
clínica e a preferência do paciente. O enfoque exige o desenvolvimento de novas
habilidades do profissional, compreendidas pela definição precisa do problema a ser
investigado, busca eficiente da literatura médica, avaliação crítica e seleção da
informação recuperada, determinação de sua validade/qualidade e da aplicabilidade
ao contexto. Apontou a importância do conhecimento de fontes de informação
específicas para a área de saúde, com ênfase na revisão sistemática, metanálise e
protocolos, assim como a atuação do Centro Cochrane na sistematização e
disponibilização da informação relevante para a área da saúde. Foi destacada a
importância do ensino, capacitação e aprendizado ao longo da vida de qualquer
profissional e do papel do bibliotecário, pois há grande desconhecimento pelo
usuário dos recursos informacionais disponíveis.
Verônica Abdala, da BIREME, reuniu em sua palestra os conceitos de
Medicina Baseada em Evidências / Biblioteconomia Baseada em Evidências /
Decisões Baseadas em Evidências, ressaltando o denominador comum que é a
melhor certeza científica ou a melhor informação disponível para o processo de
tomada de decisão. Enfatizou a importância do estabelecimento da Biblioteconomia
Baseada em Evidências, a partir da adoção dos preceitos metodológicos
desenvolvidos na área da saúde. Foi salientada a possibilidade de utilização da
Abordagem Baseada em Evidências na Biblioteconomia a partir dos seguintes
passos: definição do problema; busca de evidências (a melhor disponível); avaliação
das evidências (análise crítica); implementação dos resultados; avaliação do impacto
(resultados de ação/intervenção) e redefinição do problema. A aplicação da
metodologia na área de bibliotecas e serviços de informação pode ocorrer nos
seguintes domínios: referência, capacitação de usuários, desenvolvimento de
20
coleções, administração, acesso e recuperação de informação, marketing/promoção,
entre outros. As bibliotecas serão altamente beneficiadas com a aplicação dessa
abordagem, pois poderão re-alinhar os serviços de informação, fazer parte do
processo de tomada de decisão e também aperfeiçoar a descrição bibliográfica dos
estudos, por meio da ampliação da terminologia adotada na indexação de
documentos.
9.2.2 Atuação e perfil do profissional da informação
Coordenadora: Maria Carmen Romcy de Carvalho (Universidade Católica de
Brasília)
Relatora: Danielle Dantas de Sousa (UNICAMP)
Inicialmente, a palestrante Regina Célia Baptista Beluzzo, da Unesp,
abordou o tema As competências do profissional da informação nas
organizações contemporâneas, estabelecendo reflexões referentes a pontos
fundamentais do perfil deste profissional, que se apóia nos avanços tecnológicos e
vive uma nova cultura informacional. Estes avanços influenciam as estruturas
organizacionais
e
colaboram
também
com
os
processos
institucionais.
Consequentemente, pode-se afirmar que não é mais suficiente gerenciar de forma
eficiente e eficaz um serviço de informação; é preciso ir além e se tornar um
elemento fundamental para colaborar com a transformação e adequação desses
ambientes a fim de atender às expectativas da sociedade contemporânea. Foi
enfatizado, também, que o “trabalhador do conhecimento” precisa fazer o que seu
usuário quer e precisa e não o que ele quer, sendo receptivo às questões das
mudanças, atuando como sujeito ativo nas organizações e alinhado às novas formas
de organização do trabalho, com base nos conceitos da qualidade, trabalho em
equipe e em rede. Ao considerar o impacto das TIC nos modos de produção,
produtos e serviços, apontou a necessidade de avaliação do desempenho destes
profissionais, mediante a utilização de critérios mais amplos, indo além daqueles que
envolvem apenas uma base de determinados conhecimentos. As competências são
definidas como o conjunto de disposições, capacidades e personalidade do
profissional da informação, expressas pelo saber, querer fazer e saber fazer, aliados
à visão crítica no desempenho das atividades. Com base nestas reflexões, foram
21
expostos vários cenários, nacionais e internacionais, no período de 1991 a 2006,
das diferentes concepções e definições do profissional da informação, que
inviabilizam a adoção de um perfil único, mas que permitem a identificação de um
denominador comum - a capacidade para aprender a querer ser, conhecer e fazer.
A segunda palestra intitulou-se Profissional da Informação: formação e
mercado de trabalho, proferida por Dinah Aguiar Población, da Escola de
Comunicações e Artes/USP, que, na qualidade de coordenadora do Grupo de
Estudos Curriculares de Biblioteconomia e Ciência da Informação (GECBiCIn),
apresentou alguns resultados do projeto, cujo objetivo é identificar as expectativas
que os formandos de 2008 têm para se incorporarem ao mercado de trabalho, quem
é o profissional da informação, quais as diferente nomenclaturas dos cursos, e sua
atuação no mercado de trabalho. Dos dez cursos de graduação credenciados no
estado de São Paulo, oito participam da pesquisa, realizada por meio de
questionários. Nos resultados preliminares foram identificados: alunos matriculados
no último semestre de graduação, por período e localização geográfica; distribuição
por sexo e faixa etária; expectativa e motivação na entrada do curso; capacitação ou
estimulação para trabalhar em diferentes serviços e bibliotecas; importância
atribuída à formação global recebida durante o curso em relação ao conhecimento,
habilidade e atitude. Apresentou os novos projetos do GECBiCIn, em parceria com a
ABEIN e Universidade Carlos III de Madrid, com foco na identificação, análise e
comparação da bibliografia e ementa de disciplinas de graduação e pós-graduação,
de acordo com indicadores bibliométricos.
Felix Moya Anegon, do Consejo Superior de Investigaciones Científicos,
Espanha foi o responsável pela palestra El futuro de las bibliotecas, de los
profesionales y su formación, que propôs uma reflexão a todos os profissionais da
informação sobre as preocupações com o futuro, de forma a garantir que as
mudanças não ocorram somente na academia, mas no contexto das bibliotecas e
serviços de informação. Observou que o profissional da informação tem como
responsabilidade formar hábitos inovadores nas comunidades, preocupando-se com
as inovações tecnológicas, com atuação ativa diante deste novo cenário, onde
freqüentemente atende usuários com mais conhecimentos das TIC do que ele
mesmo. Os bibliotecários devem ser atores das convergências, caracterizadas pela
inovação tecnológica, desenvolvimento e aplicação de padrões de dados e formatos
22
de conteúdos, mudanças dos processos de integração dos produtos (Open source e
Open Access), gestão de direitos digitais e edição pessoal (blogs). O palestrante fez
uma provocação relatando que, se os profissionais da informação continuarem
tímidos diante das inovações tecnológicas, e não buscarem conhecimento destas
tecnologias, ocorrerá uma distância cada vez maior entre estes dois mundos: o dos
usuários e o dos profissionais da informação. São necessários reformulações tanto
em suas formações como em suas atuações. Para ele há quatro tipos de
bibliotecários / trabalhadores do conhecimento: publicadores, guias, colaboradores e
geradores. Concluiu que os bibliotecários precisam ter incorporados em sua
formação um alinhamento estratégico com a concepção dos novos conhecimentos
e, principalmente, das tecnologias de forma a garantir a atuação positiva frente aos
riscos e exigências do mercado.
9.2.3 Gestão e qualidade dos serviços de informação
Coordenadora: Maria Helena Di Francisco (USP)
Relatora: Regina Aparecida Blanco Vicentini (UNICAMP)
Carlos Sebastião Andriani, da Fundação Getúlio Vargas, apontou para a
importância estratégica da qualidade da escolha da informação para a tomada de
decisão, destacando que a percepção da demanda de informação é extremamente
importante para a qualidade da informação. Analisando a gestão da qualidade nos
serviço de informação, destacou alguns componentes como fontes de informação,
fontes de escolhas e o acesso interno e externo. Aponta para a necessidade de se
manter o foco na área da eficácia, que diz respeito à política, enquanto a eficiência
está ligada aos objetivos estabelecidos. Discorreu sobre os componentes do sistema
de gestão, compreendidos pela missão, visão, valores, cenários, pontos fortes e
pontos fracos, políticas, objetivos, metas, produtos, aprendizagem, processos, itens
de controle e itens de verificação. Ressaltou a importância da missão como o ponto
central a ser observado pela organização e dos valores, que devem nortear o fazer e
o ser. Destacou o processo de aprendizagem e equipe, os modelos mentais da visão
compartilhada e o domínio pessoal. Entende que só aprendemos quando inovamos
e criamos e que a criatividade do ser humano depende da motivação.
23
Paulo Daniel Barreto Lima, consultor da área de Desenvolvimento
Industrial, introduziu o conceito de gestão como a condução de um serviço de forma
correta, já na primeira vez, com excelência do atendimento e tendo como vértices a
eficácia, eficiência e efetividade. A efetividade deve ser entendida como um impacto,
sendo necessário parar de dizer o que foi feito e destacar o que foi feito e que
realmente gerou um efeito benéfico para o usuário. A gestão pela qualidade conta
com os seguintes critérios: foco no cidadão, pensamento sistêmico e parcerias,
aprendizagem organizacional, cultura de inovação, orientação para processos
essenciais, liderança, visão de futuro, valorização das pessoas, responsabilidade
social, gestão participativa, processos e controle. Apontou que a gestão pela
qualidade deve fazer diferença para o usuário cidadão, ressaltando a importância da
liderança forte para mobilizar as pessoas, alterar as formas vigentes de pensar e
agir e gerar resultados para o indivíduo e a sociedade.
9.3 PROGRAMAÇÃO DE 13 DE NOVEMBRO DE 2008
9.3.1 Acesso à informação científica: um caminho para a inovação
Coordenadora: Rosaly Favero Krzyzanowski (FAPESP)
Relatora: Flávia Maria Bastos (UNESP)
Emídio Cantídio de Oliveira Filho (CAPES) apresentou dados sobre o
Portal de periódicos da Capes, considerado o maior do mundo, detalhando a
estratégia
de
implantação,
objetivos,
instituições
participantes,
estrutura
administrativa. Destacou que o Portal proporciona a democratização do acesso à
informação científica, auxiliando as bibliotecas que não possuem condições para
adquirir os materiais. Atualmente, participam do Portal 194 instituições de ensino e
pesquisa no país, que têm acesso a 126 bases referenciais e 12.365 títulos com
texto completo. Apresentou estatísticas sobre o crescimento do uso do Portal, assim
como dificuldades operacionais existentes, tais como a falta de infra-estrutura de
algumas instituições, divulgação junto aos usuários, barreiras do idioma, treinamento
em bases que não possuem representação no país. Entre os novos projetos,
destacou o apoio a novas adesões ao Portal e a formação de alunos de pósgraduação para serem multiplicadores no programa de treinamento e divulgação.
24
Na seqüência, Cecília Mabragaña (CONICT, Argentina) apresentou a
palestra Acceso a la información científica: la innovación y el cambio, tendo
como foco a Biblioteca Eletrônica de Ciência e Tecnologia do Mincyt. O portal,
financiado pelo Estado, oferece acesso a textos completos e bases de dados
referenciais nas diversas áreas do conhecimento, resultando em igualdade de
condições a instituições e pesquisadores, democratização do acesso à literatura
científica atualizada e benefícios econômicos pelo grande poder de negociação junto
a editores e agentes. O projeto permitiu que as bibliotecas pudessem dar
continuidade às coleções existentes, com controle de duplicações e, ao mesmo
tempo, adquirir itens que atendam às necessidades específicas. Apontou as
vantagens advindas do contrato “País”: maiores benefícios econômicos, diminuição
do custo por instituição, ampliação dos títulos disponíveis, obtenção de melhores
condições de licenciamento, maior público atingido e poder de negociação.
Estatísticas sobre uso do portal, documentos baixados e fontes de informação
disponíveis foram apresentadas, mostrando um crescimento contínuo. Ressaltou os
novos
cenários
e
desafios
impostos
às
bibliotecas,
determinados
pela
multidisciplinaridade das fontes de informação, coleções federadas, padrões de
metadados, ontologias integradas e a necessidade de capacitação específica do
profissional da informação.
Na palestra Infraestrutura Nacional de Acesso à Informação Científica
Eletrônica, Soledad Bravo, da Secretaria Executiva da CINCEL (Chile) fez um
relato sobre o consórcio CINCEL, uma corporação privada sem fins lucrativos,
composta por 25 universidades do Conselho de Reitores, o Instituto Antártico
Chileno e o Conicyt. Apresentou as diretrizes políticas do consórcio, a estrutura,
perspectivas de oportunidade, recursos disponibilizados na biblioteca eletrônica de
informação científica (BEIC), análise de uso, com destaque para a nova forma de
negociação. Adotou-se um novo conceito de uso, medido pelo que é efetivamente
citado na produção científica nacional ao invés dos parâmetros estabelecidos pelos
editores, como downloads, sessões e tráfego. Foram apontados os avanços obtidos
no processo de negociação, que é estabelecida por meio de benchmarking e com
garantia de igualdade de condições. Entre eles figuram a mudança de fórum,
contratos em castelhano, nova definição de FTE e adoção do conceito de green
Publisher. Apresentou o modelo de negócio, que inclui questões como direito de
25
uso, acesso vs. assinatura, fórmulas de distribuição de custos, acesso perpétuo,
política de descontos e contratos plurianuais. Finalizou com a avaliação da
experiência, apresentando as dificuldades derivadas da heterogeneidade das
instituições do CINCEL, o ineditismo da proposta, a necessidade de estabelecimento
de indicadores do impacto na produtividade científica e mecanismos de divulgação e
treinamento.
9.3.2 Acesso livre e repositórios institucionais: maior visibilidade da produção
científica
Coordenação: Hélio Kuramoto (IBICT)
Relatora: Juliana de Souza Moraes (USP)
A Mesa iniciou com a apresentação do palestrante Jean Claude Guedon,
da Universidade de Montreal, Canadá, que explanou sobre os repositórios
institucionais e o acesso aberto, enfocando o movimento, suas conseqüências e
questionamentos sobre os aspectos de ensino e pesquisa nas universidades.
Mencionou a Declaração de Budapeste e os esforços para trazer as revistas
científicas para o ambiente aberto. Pontuou a questão dos custos de publicação das
revistas científicas, comentando sobre o início do acesso aberto com os próprios
docentes, também impulsionados pelos problemas de custo enfrentados pelas
bibliotecas na manutenção das suas coleções. Definiu dois caminhos na questão:
criação de revistas com acesso aberto ou migração delas para esse ambiente, e o
depósito de artigos pelo autor, em um único local e com acesso aberto. Apresentou
uma cronologia do movimento de acesso aberto e dos repositórios institucionais,
comentando sobre o ceticismo das pessoas sobre o auto-arquivamento e as
possibilidades de criação dos repositórios institucionais, diferentemente das revistas
científicas que pareciam mais viáveis. Nesse contexto, tratou da criação dos
repositórios institucionais, dos problemas que seguiram para os pesquisadores no
que se refere ao como e quanto arquivar, da transformação na obrigatoriedade do
arquivamento nos repositórios institucionais e o estímulo dado pelas agências de
fomento à pesquisa para o arquivamento. Citou a experiência do Scielo, ilustrando a
questão da divulgação da pesquisa custeada com recursos financeiros públicos, o
pioneirismo do Brasil como o primeiro país a legislar sobre os repositórios
26
institucionais e a coexistência entre repositórios institucionais e revistas científicas
em ambiente aberto. Apontou os problemas brasileiros com o acesso aberto, como o
excesso de revistas científicas nas universidades, frisando a necessidade de serem
melhoradas e de ganharem efetivamente o sentido de julgamento pelos pares,
abrangendo não só as comunidades locais. Tratou, também, de mudanças no
processo editorial, nos modelos dos repositórios institucionais e na forma como as
pesquisas devem ser vistas, citando os repositórios como possíveis elementos de
mudança no processo de divulgação do conhecimento acadêmico. Finalizou com a
necessidade de rever a individualidade do pesquisador, tendo em vista que são
pessoas trabalhando e agindo conjuntamente, como uma grande rede, filosofia e
visão que devem ser seguidas pelos repositórios institucionais, a partir dos preceitos
de troca, compartilhamento e colaboração.
A segunda palestra foi proferida por Sueli Mara Pinto Ferreira, da Escola
de Comunicação e Artes da USP, tendo como proposta contribuir com a mesa e com
o tema por meio de inquietações e reflexões sobre o uso dos repositórios
institucionais nas diferentes áreas do conhecimento e sobre como a comunidade
participa do processo de publicação em ambiente aberto. Fez um relato de pesquisa,
realizada com pesquisadores na área de Comunicação, no período de 2004 a 2005,
cujo objetivo foi observar o comportamento desses pesquisadores com as alterações
ocorridas no processo da comunicação científica. A exposição contextualizou os
movimentos OAI e OA e como esses alteraram a maneira de produzir, medir e
compartilhar a produção científica, detendo-se sobre os fatores de motivação e de
dificuldade de publicar em revistas abertas e as razões para publicar e para não
publicar nesse ambiente. No estudo exploratório e quantitativo, vários elementos
relacionados à publicação desses pesquisadores foram investigados, como veículos
e formatos mais utilizados para a comunicação da produção científica, motivação
para publicar em revistas abertas, dificuldade em publicar em revistas abertas, entre
outras questões. Citou as razões apontadas para publicar, exemplificando o apoio
ao movimento do acesso aberto, a nova forma de publicar, os direitos autorais e a
exigência das agências de fomento. Entre as razões para o não publicar, foram
destacadas a questão da falta de políticas para os repositórios institucionais, a falta
de conhecimento sobre os repositórios institucionais, embora haja apoio ao
movimento do acesso aberto. Nas considerações finais, apresentou a questão do
27
como trabalharemos nas diversas áreas do conhecimento após a consolidação
desses novos modelos de comunicação científica.
9.3.3 Redes de bibliotecas digitais integradas: tendências e inovações
Coordenadora: Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti (UNESP)
Relatora: Glaucia Maria Saia Cristianini (USP)
Simone Bastos Vieira, da Biblioteca do Senado Federal e Professora
Adjunta da Universidade de Brasília, apresentou a palestra Biblioteca Digital do
Senado Federal: informação para todos. Foram expostos os objetivos da
Biblioteca do Senado, com menção ao Manifesto da IFLA sobre a Internet que
destaca primordialmente o livre acesso à informação. Discorreu sobre o Manifesto
IFLA-UNESCO para bibliotecas digitais, enfatizando a necessidade de legislação
específica, apoio financeiro junto aos governos e a questão da interoperabilidade e
sustentabilidade, fatores essenciais para o intercâmbio de dados entre bibliotecas
digitais, as quais devem estar em conformidade com os padrões e protocolos em
nível mundial. Com o intuito de melhor atender os objetivos do Senado Federal foi
criada a Biblioteca Digital do Senado Federal, com utilização do software livre
DSpace. O acervo digital é constituído de texto, som e imagem digitais de interesse
para o poder legislativo - que sejam de domínio público ou tenham a permissão dos
autores para publicação -, obras publicadas pelo Conselho Editorial e outros órgãos
do Senado Federal, coleção dos artigos de revistas da Casa, a produção dos
senadores e os programas elaborados pela Rádio, TV e Agência e, ainda, o acervo
de Obras raras do acervo digitalizadas, em fase de licitação. Apresentou o Projeto
Bibliolegis, em parceria com o PRODASEN, e por fim destacou a importância da
questão da acessibilidade, atendida pela adoção do DAISY: Digital Acessible
Information System, um padrão técnico para a produção de materiais multimídia
acessíveis e navegáveis. Em seguida passou a palavra para Adelaide Soares Veiga,
Chefe do Serviço de Biblioteca Digital, que fez uma breve apresentação da página
da Biblioteca Digital do Senado, suas diversas coleções, estatísticas crescentes e a
interface da Revista de Informação Legislativa.
A segunda palestrante, Angela Maria Monteiro Bettencourt, da
Biblioteca Nacional discorreu sobre Redes de bibliotecas digitais integradas:
28
tendências e inovação, com apresentação dos três projetos de redes integradas de
bibliotecas digitais que a Biblioteca Nacional participa no momento: a Biblioteca
Digital Mundial (World Digital Library), o Portal França-Brasil e a Rede da Memória
Virtual Brasileira. A Biblioteca Digital Mundial é uma iniciativa da UNESCO e da
Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e atualmente conta com a participação
de 22 instituições. Mostrou com detalhes a interface da página, o modelo de
interoperabilidade e o funcionamento do processo para a disponibilização das
informações. Em seguida apresentou o Projeto Portal França-Brasil, que será
lançado em outubro de 2009 e prevê pesquisas no acervo da BNF e da BNB.
Discorreu sobre o modelo de interoperabilidade do portal, apresentou sua página
inicial e demonstrou como será o processo para a disponibilização da informação. O
terceiro projeto apresentado foi o da Rede da Memória Virtual Brasileira, idealizado
pela Profa. Célia Zaher, que visa a criação de uma rede nacional de conteúdos
digitais objetivando a universalização do acesso à diversidade cultural brasileira.
Demonstrou as características das páginas da Rede da Memória Virtual Brasileira e
as parcerias que tornaram possível esse projeto. Esclareceu sobre o modelo de
interoperabilidade seguido pela Rede, que é uma síntese dos dois modelos
anteriores, variando de acordo com o tipo de parceiro e enfatizando três pontos
fundamentais: compatibilidade na descrição e identificação, compatibilidade no
acesso e compatibilidade na busca e recuperação.
Célia Ribeiro Zaher, Coordenadora de Ensino e Pesquisa em Ciência e
Tecnologia da Informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia IBICT, foi responsável pela palestra Rede Brasileira Digital Integrada:
projeto ou utopia? Relatou as iniciativas de redes internacionais e citou a France in
America, concebida em parceria com a Biblioteca do Congresso, La France en
Amérique e também a Europeana: connecting cultural heritage, o conceito de rede
integrada da herança cultural européia. Apresentou os objetivos da Europeana, seu
público alvo, características, recursos para digitalização e os principais problemas
identificados, citando especificamente o problema do direito autoral e o
multilinguismo. Mencionou os projetos nacionais e destacou que as iniciativas de
bibliotecas digitais são bem numerosas e dispersas e são poucos os esforços para
minimizar custos e adotar padrões, que possibilitem o intercâmbio de dados
utilizando um formato único para metadados. Esclareceu que as bibliotecas digitais
29
existentes tratam os documentos por tema, assunto ou por coleções institucionais,
com exceção de projetos conjuntos como: Portal CRUESP (USP, UNICAMP e
UNESP), a Rede da Memória Virtual Brasileira e a Biblioteca Digital de Teses e
Dissertações - BDTD. Fez uma breve apresentação das três iniciativas mencionadas
e propôs que as Bibliotecas Universitárias participassem mais do Projeto BDTD. Em
seguida fez um relato sobre as estratégias para cooperação de rede, ressaltando
que os fundamentos básicos de interoperabilidade pressupõem plataforma, software
e formatos compatíveis e objetivos idênticos. Sobre os repositórios digitais,
demonstrou sua preocupação com relação à preservação dos repositórios digitais e
afirmou que a obsolescência tecnológica é considerada como o desafio principal na
garantia do acesso permanente aos objetos digitais. Adiantou que o IBICT está
finalizando um manual em português, que será lançado até o fim de 2008, sugerindo
gestão e políticas de informação para a criação de repositórios digitais intitulado:
Manual de Construção de Repositórios Digitais Institucionais. Discorreu sobre o
modelo funcional do OAIS – Open Archival Information System e abordou as
perspectivas e desafios da Rede Brasileira Digital Integrada. Mencionou a
necessidade de colaboração entre as bibliotecas digitais nas universidades, que
permita projetos integrados em rede com plataformas, formatos e padronizações,
que possibilitem a interoperabilidade entre sistemas. Propôs a criação de uma
Comissão de Bibliotecas Digitais dentro do SNBU, em parceria com a Biblioteca
Nacional e o IBICT, para estudar aspectos políticos administrativos e técnicos
relacionados à gestão das bibliotecas digitais, com vistas a ações conjuntas, a
exemplo de países como os Estados Unidos e a Inglaterra, e agora a Europa como
um todo. Apresentou termos de referência, como proposta para essa comissão e
sugeriu que um projeto de pesquisas paralelo ao Centro de Altos Estudos em
Ciência da Informação e Inovação (CENACIN), da Coordenadoria de Ensino e
Pesquisa em Ciência e Tecnologia da Informação do IBICT, para pesquisar o
desenvolvimento de repertórios e bibliotecas digitais identificando plataformas e
estabelecendo padrões.
30
9.4 PROGRAMAÇÃO DE 14 DE NOVEMBRO DE 2008
9.4.1 Ambiente físico de bibliotecas face às mudanças decorrentes do impacto
das tecnologias
Coordenadora: Eliana de Azevedo Marques (SIBI/USP)
Relatora: Maria Isabel Santoro (Universidade Cruzeiro do Sul)
O arquiteto Mário Figueroa (Universidade Mackenzie) apresentou o tema
Bibliotecas para um novo século. Ao destacar projetos de diferentes partes do
mundo (Dublin, Yale, Aveiro, Zurich) falou sobre a questão dos prédios que sempre
se preocupavam com a capacidade de armazenar grandes quantidades de livros e
hoje, com as novas tecnologias. Lembrou ser possível guardar bibliotecas inteiras
num pen-drive de 4GB. Chamou a atenção para a valorização do espaço, não só
para armazenar as coleções de livros e demais documentos, como também para o
conforto do usuário. Assim, aspectos como: luminosidade, cor e a própria
localização física da biblioteca no Campus recebem atenção especial dos arquitetos
autores dos projetos citados. Apresentou também outros dois projetos, um da
Universidade Católica do Chile e outro da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, destacando a não interferência dos projetos no patrimônio das instituições.
Encerrou com a imagem da Biblioteca do Mackenzie, edifício que é alma da
Universidade, com toda a sua imponência e posicionando o respeito e a dignidade
de uma instituição em relação ao seu patrimônio.
Hugo Segawa, da FAU/USP, falou sobre os Desafios da Biblioteca
Contemporânea, com destaque para importantes projetos internacionais, com
soluções adequadas à valorização da Biblioteca frente ao espaço e à paisagem
urbana: a Biblioteca da Universidade Tecnológica de Delft (Holanda), a de Utrecht e
a Biblioteca Pública de Bogotá. A primeira com soluções muito inteligentes criando
um edifício discreto, como uma continuação do gramado sem interferir na paisagem
apesar da torre. Com um cone externo, que funciona como um refletor de luz (forro
metálico), o arquiteto preservou a iluminação natural das áreas de leitura. O
segundo projeto apresenta a Biblioteca como um centro social onde o espaço é
franqueado a todos, funcionando também como um centro de convivência, com
preocupação de ser um espaço atrativo. Os destaques são para os aspectos
31
arquitetônicos que possam garantir um domínio visual do espaço, sem barulho, com
diversidade de ambientes e planos, lugares mais reservados outros nem tanto, para
que as diferenças entre os usuários sejam respeitadas. O projeto de Bogotá é
relevante pelo seu aspecto paisagístico e o fato de estar dentro de um Parque
(Simon Bolívar), numa área central, constituindo-se em um símbolo, com outra
dimensão social. É um projeto que, pela forma como os espaços foram trabalhados
e desenhados, é qualificado do ponto de vista da inserção social. Destacou a
preocupação pela articulação dos espaços frente à responsabilidade social das
bibliotecas e o respeito que o arquiteto deve ter para atender às necessidades dos
diferentes tipos de usuários.
O Prof. Júlio Roberto Katinsky, da FAU/USP, desenvolveu o tema A
perspectiva das próximas bibliotecas. Fez um relato da sua experiência como
usuário de biblioteca, que se inicia na sua adolescência já freqüentando bibliotecas
públicas. Comentou visitas realizadas em importantes bibliotecas, como as
Bibliotecas Nacionais de Florença e de Paris, a de Barcelona e a de Santiago de
Compostela. Nestas bibliotecas valorizou a questão da informatização, mas
principalmente chamou a atenção da conservação e recuperação de documentos
antigos, onde vislumbra uma importante área de especialização dos bibliotecários.
Destacou os diferentes tipos de documentos necessários a uma biblioteca da área
de arquitetura, como por exemplo, gravuras originais e não só o documento em
formato eletrônico, que não conserva a delicadeza e os detalhes do traço. Ainda
comentou o projeto da Biblioteca da FAU/USP, de 1961, e as violências sofridas ao
longo do tempo para ampliar espaços e, mais recentemente, as adequações do
mesmo projeto para recuperar o projeto original. Concluiu que a biblioteca do futuro
deve conservar o conceito de centro de pesquisa, respeitar a questão da
preservação e conservação de documentos além de incorporar, em seus edifícios,
as áreas de lazer.
32
10 TRABALHOS ORAIS E PÔSTERES
Foram submetidos à avaliação do Comitê Científico 299 trabalhos, dos
quais 231 receberam aprovação, num total de 179 apresentações orais e 53
pôsteres, assim distribuídos dentro dos eixos temáticos:
Eixo Temático
Trabalhos
aprovados
%
Qualidade dos serviços e foco no usuário
41
19 %
Uso estratégico das tecnologias em informação
35
15 %
Desenvolvimento de produtos inovadores
30
13 %
Empreendedorismo na gestão
24
10 %
Acesso livre e repositórios institucionais
23
10 %
Dimensionamento dos impactos dos serviços digitais na biblioteca
19
8%
Perfil do profissional da informação
12
5%
Ambiente físico de bibliotecas face às mudanças decorrentes do
impacto das tecnologias
11
5%
Atuação do profissional da informação
8
3%
Biblioteconomia baseada em evidências / A biblioteca universitária
no contexto da Educação a Distância / Os catálogos web: políticas
e impactos/ Educação continuada de bibliotecários e auxiliares em
bibliotecas universitárias
7
3%
As apresentações orais transcorreram em sessões paralelas às Mesas
Redondas, agrupadas pelos eixos temáticos específicos. Os pôsteres foram
apresentados no formato digital e exibidos em televisões distribuídas no hall do
evento. Os trabalhos orais e pôsteres expostos permitiram o delineamento do estado
da arte da pesquisa e prática na área de bibliotecas universitárias.
Deixaram de ser apresentados 13 trabalhos orais, devido à ausência de
seus autores. Quanto aos pôsteres, 3 foram exibidos sem a presença dos autores
para explanações.
33
11 FEIRA DE PRODUTOS E SERVIÇOS
A feira de serviços e produtos teve 63 estandes alocados para 45
empresas, instituições e organizações, nacionais e internacionais, em diversos
segmentos para área de Bibliotecas Universitárias, entre editoras, livrarias, mobiliário
para bibliotecas, softwares e equipamentos. A seguir apresentam-se os participantes
da Feira:
3M DO BRASIL
ACAIACA
ACCUCCOMS
ALEXANDRIA
ARCHES LIBS
BERKELEY
BICCATECA
BIREME/OPAS
C3/PORTAL BIBLIOTECÁRIO
CAPES
CBBU - Comissão Brasileira de Bibliotecas Universitárias
CENGAGE
CFB - Conselho Federal de Biblioteconomia
COLLEXIS
COMTEMPORY
CONCEITO EDITORIAL
CRB – Conselho Regional de Biblioteconomia 8ª Região - SP
DATACOOP
DOTLIB
EBSCO
ECCEN
EDITORA DA UNESP
EDITORA DA USP
EDITORA GUANABARA
ELSEVIER
EX LIBRIS
EXITO
34
FEBAB - Federação Brasileira de Associações de Bibliotecas
FUNDAÇÃO DORINA NOWILL PARA CEGOS
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em C&T
LARAMARA
MAGENTA
MULTISYSTEMS
NATURE
PEARSON EDUCATION
PERGAMUM
PERIODICALS
PRIMASOFT
PROQUEST
PTI
RAMA LIVROS
RFID Brasil
SBS
SYSTEMLINK
VERTICE BOOKS
A realização do evento por conta do Consórcio CRUESP Bibliotecas,
apoiado institucionalmente pelas suas Universidades UNICAMP, USP e UNESP,
teve como patrocinador oficial a empresa DOTLIB, e os apoios de: EBSCO,
THOMSOM REUTERS, ELSEVIER, CBBU, CAPES e FAPESP.
12 LANÇAMENTO DE LIVROS
Durante o evento foram lançados os seguintes livros:
• MARC 21: formato bibliográfico, da Divisão de Bibliotecas e
Documentação da PUC-RJ;
• Como usar e aplicar a CDD, 22. Ed., de Maura Duarte Moreira Guarido;
• Ensino e pesquisa em Biblioteconomia no Brasil: a emergência de um
novo olhar, de José Augusto Chaves Guimarães e Mariângela Spotti
Lopes Fujita;
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• Aspectos jurídicos e éticos da informação digital, de José Augusto
Chaves Guimarães e Juan Carlos Fernandez Molina;
• Acessibilidade: discurso e prática no cotidiando das bibliotecas, de
Deise Tallarico Pupo, Amanda Meincke Melo e Sofia Pérez Férrez;
• Mais sobre revistas científicas: em foco a gestão, de Sueli Mara P.
Ferreira e Maria das Graças Targino.
13 AVALIAÇÃO DO EVENTO
Foram coletados e tabulados 181 questionários, nos quais foram avaliados
os seguintes aspectos referentes ao evento: instalações, estrutura, organização,
objetivos, atendimento e pessoal. O resumo dos resultados permitiu a formulação do
gráfico abaixo:
Avaliação Participantes
R ui m
5%
N ão R esp .
3%
Ót i mo
2 5%
R eg ular
2 1%
Bom
46%
Figura 1 – Avaliação geral
A análise do gráfico revelou que 71% dos participantes consideraram o XV
SNBU “Ótimo” ou “Bom”.
A análise dos comentários e sugestões permitiu a verificação de alguns
pontos relevantes a serem considerados nas novas edições do SNBU:
• número apontado como excessivo de trabalhos livres;
• ocorrência de sessões simultâneas de palestras e apresentações orais
e pôsteres;
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• adequação do tempo de apresentação dos trabalhos livres.
Foi realizada, também, avaliação entre os expositores, cujos resultados
são demonstrados a seguir:
Figura 2 – Avaliação dos expositores
Pode-se verificar que 85% dos expositores avaliaram o evento com
pontuações “Ótimo” e “Bom”.
14 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No intuito de marcar os 30 anos do Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias, o Consórcio CRUESP Bibliotecas apresentou em 2006, durante o XIV
SNBU, realizado na cidade de Salvador-BA, a proposta da realização do XV SNBU
na cidade de São Paulo.
A cidade de São Paulo nunca havia sediado um SNBU ao longo dos 30
anos e os gestores do Consórcio na época entenderam que o XV SNBU, pelo seu
porte, poderia ser realizado na maior cidade do país, com a característica de que,
pela primeira vez, a tarefa seria empreendida por um consórcio de Bibliotecas
Universitárias, o CRUESP Bibliotecas.
Independente de todas a dificuldades encontradas para realização de um
evento do porte do SNBU e as questões relativas a cidade de São Paulo, o XV
SNBU contou com o maior número de participantes de todas as suas edições.
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Ao se observar as diversas recomendações recebidas por meio do
questionário de avaliação, é possível verificar que alguns aspectos devem ser
revistos na organização dos próximos SNBUs, como:
- formato do evento, com reuniões e apresentações de trabalhos em
paralelo com as palestras;
- quantidade de trabalhos apresentados;
- localização;
- horários do início e fim da programação diária;
- facilidades de transportes;
- custos para participação.
Constatou-se, também, que durante a plenária final do evento, na
cerimônia de encerramento, após a leitura da versão sucinta desse relatório, não
ocorreu nenhuma manifestação quanto a recomendações. Entretanto, pode-se
observar na leitura dos questionários de avaliações e na descrição ainda que sucinta
das palestras, muitas indicações do futuro da Biblioteca Universitárias, e quais serão
os possíveis caminhos que estas bibliotecas terão de traçar ao longo dos próximos
anos.
Finalizando, a organização proposta em 2006, para que o SNBU 2008
fosse organizado por um consórcio, talvez tenha sido o maior exemplo de Inovação
e Empreendedorismo. Que pese todas as dificuldades encontradas, nota-se que a
realização de eventos do porte do SNBU deve ser conduzida em parceria de
instituições, como ocorreu neste ano.