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E STA D O D E M I N A S
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S E G U N D A - F E I R A ,
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CULTURA
ARTES CÊNICAS
Festival Internacional de Teatro de Bonecos, que acontece em junho, em Belo Horizonte, traz
companhias da Alemanha, Canadá e Espanha, que se apresentam ao lado de grupos brasileiros
Entre luzes e sombras
YVES DUBE
JANAINA CUNHA MELO
A 7ª edição do Festival Internacional de Teatro de Bonecos promete espetáculos líricos e poéticos na programação que movimenta a cidade de 1º a 8 de junho.
São 18 apresentações em diferentes técnicas de teatro de animação, executadas por companhias
da Alemanha, Canadá e Espanha,
além dos grupos do Rio Grande
do Sul (Cia. A Caixa do Elefante),
Rio de Janeiro (Pequod), São Paulo
(Morpheus Teatro) e Minas Gerais
(Giramundo, que encena A bela
adormecida). A venda antecipada
de ingressos começa amanhã,
com preços promocionais, no
posto do Sinparc no Parque Municipal, até o dia 31.
Idealizador e coordenador do
festival, Lelo Silva adianta que é
enorme a expectativa para a
chegada das companhias. Entre
as produções deste ano, nove
são de espetáculos inéditos para o público mineiro. “Temos
montagens descomplicadas, fáceis de operacionalizar, e outras
mais complexas, que exigem
uma produção bastante antecipada”, comenta o organizador,
que participa regularmente de
festivais no exterior e em outras capitais brasileiras para selecionar as atrações.
Entre as que traz para o evento
deste ano estão a Cie Le Deux
Mondes, do Canadá, que vai apresentar Contos de Teeka. A peça,
em técnica mista, conta a história de um menino camponês que
sofre maus tratos do pai e tem
um ganso como cúmplice. A
amizade com o animal faz a
criança escapar do ambiente de
bras, com projeção de
imagens e pintura,
com trilha sonora ao
vivo, para abordar os
sentimentos que as
cores podem provocar. Mas Lelo Silva adverte que não existem
destaques na programação. Todos os números estão pensados
para oferecer de maneira ampla e diversificada as diferentes
possibilidades do gênero. Todas as companhias participantes
são conceituadas e, de
acordo com Lelo, mostram produções de
ponta.
Este ano, o festival
acontece de forma reduzida. Não oferece
programação de rua
nem oficinas, contrariando o formato das
realizações anteriores.
Lelo Silva explica que
houve atraso na aprovação do projeto pela
Lei Rouanet. O imprevisto reduziu a captação de recursos de R$
380 mil para R$ 230
mil e impediu outras
‘Contos de Teeka’, do Canadá, é uma das mais grandiosas produções do gênero
atividades. “Esse tipo
de situação compromete demais o nosso
violência, segundo o relato que um mês de trâmites com a alfân- trabalho. A programação de rua e
envolve atores, bonecos e ima- dega”, conta Lelo.
o espaço de formação possibilitagens. “Essa é uma das maiores
A rainha das cores, da Alema- do pelas oficinas são fundamenproduções que já vi para o gêne- nha, também gera expectativas. tais. Mas estamos nos preparanro. Foram muitas as exigências, Há três anos a produção espera a do já para a próxima edição”, afirincluindo o deslocamento de disponibilidade de agenda do ma. A estimativa da organização
uma carga enorme, que tem que grupo, que vai mostrar no festi- é de que pelo menos 10 mil pesser trazida por navio, e mais de val a técnica de teatro de som- soas participem do evento.
LANÇAMENTO
Educação brasileira em crise
DIVULGAÇÃO
CARLOS HERCULANO LOPES
Tania Zagury ouviu mais de 1,2 mil
professores para escrever seu livro
Para tentar entender como
anda a realidade da educação no
Brasil, aquela que vai da primeira série do ensino fundamental
ao terceiro ano do ensino médio, a educadora Tania Zagury
foi à luta. Rodou todo o país, entrou em dezenas de salas de aulas, conversou com alunos e, pacientemente, ouviu cerca de 1,2
mil professores. O resultado
dessa maratona, durante a qual
constatou que a situação não
vai nada bem, está no livro O
professor refém, que ela lança
hoje em Belo Horizonte. “Estamos vivendo uma crise no ensino e uma queda acentuada no
rendimento dos alunos. As coisas não vão bem”, afirma a educadora. Para ela, o problema pode ser computado, desde à má
qualidade do próprio ensino, a
uma série de outros fatores, que
vão da estrutura social às relações familiares, passando pelo
sistema educacional. No seu trabalho, no qual mostra ainda como as mudanças no ensino no
país – sobretudo as ocorridas as
partir de 1970 – não foram
acompanhadas das condições
necessárias à sua execução, ela
aponta também as maiores dificuldades que atualmente são
enfrentadas pelos professores
no desempenho de sua missão.
“A mais grave de todas está relacionada à falta de disciplina e
agressividade por parte dos alunos. Esse problema foi apontado
por 22% dos professores entrevistados. Em seguida veio a desmotivação e a falta de vontade dos
alunos em aprender. E o terceiro
problema tem a ver com o sistema de avaliação, que não é feito
como os professores gostariam
ou acham que deveria ser”, diz Tania Zagury. Para ela, um outro dilema relacionado ao sistema educacional brasileiro tem a ver com
a falta de continuidade de determinados programas. “Às vezes
uma coisa está indo bem, dando
resultados positivos, e aí chega
um governo novo e interrompe
o processo, sem a menor sensibilidade”, diz. No seu entendimento, os professores, no caso de se
fazerem mudanças, também deveriam ser ouvidos, pois são eles
que, melhor do que ninguém,
“conhecem a realidade de uma
sala de aula”.
FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE BONECOS
PROGRAMAÇÃO
DIAS 1º E 2 DE JUNHO
20h – O princípio do espanto, Morpheus Teatro (SP),
Teatro Santa Dorotéia
DIA 3
11h e 16h – Inzôonia (RS), Teatro Santa Dorotéia
16h – A bela adormecida, Giramundo (MG),
Teatro Francisco Nunes
20h – L’Avar, Tabola Rassa (Espanha),
Espaço Cultural Imaculada
20h – Las aventuras de la extraña pasajera en: de una
habitación a otra, Cia. La Cònica/Lacònica (Espanha),
Teatro Alterosa
DIA 4
11h e 16h – Encantadores de histórias, Cia.
A Caixa do Elefante (RS),
Teatro Santa Dorotéia
16h – A bela adormecida, Teatro Francisco Nunes
20h – L’Avar, Espaço Cultural Imaculada
20h – Las aventuras de la extraña pasajera en: de una
habitación a otra, Cia., Teatro Alterosa
DIA 5
20h – O velho da horta, Pequod
(RJ), Teatro Alterosa
DIA 6
20h – Die Königin
der Farben
(A rainha
das coresfoto),
Erfreuliches
Theater
Erfurt
(Alemanha),
Espaço Cultural
Imaculada
20h – O velho da horta,
Teatro Alterosa
M. BARTELS
DIA 7
11h – Lançamento da revista Móin-Móin, Teatro Alterosa
20h – L’histoire de l’Oie (Contos de Teeka), Les deux mondes
(Canadá), Teatro Alterosa
20h – Die königin der farben (A rainha das cores), Espaço
Cultural Imaculada
DIA 8
20h – L’histoire de l’Oie, Teatro Alterosa
A Exposição Catibrum 15 Anos acontece todos os dias, das 13h
às 21h, no Teatro Alterosa, com entrada franca.
ENDEREÇOS
■ Espaço Cultural Imaculada, Rua Aimorés, 1.600, Lourdes,
(31) 3335-1900
■ Teatro Alterosa, Av. Assis Chateubriand, 499, Floresta,
(31) 3237-6611
O PROFESSOR REFÉM
Lançamento do livro de Tania Zagury,
hoje, a partir das 19h30, no Espaço de
Arte Pitágoras/MAP, Rua Madalena Sofia,
25, Cidade Jardim, dentro do Projeto
Sempre um Papo, com patrocínio do
Estado de Minas e Usiminas. Entrada
franca. Informações: (31) 3261-1501.
■ Teatro Francisco Nunes, Av. Afonso Pena, s/nº,
Parque Municipal, Centro, (31) 3224-4546
■ Teatro Santa Dorotéia, Rua Chicago, 240, Sion, (31) 3285-1687
INGRESSOS
■ R$ 9, cada, no posto Sinparc do Mercado das Flores (Av.
Afonso Pena com Rua da Bahia), de amanhã a dia 31 deste
mês. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada para
estudantes, menores de 21 anos e maiores de 60) na
bilheteria dos teatros, a partir de 1º de junho.
VÍDEO
■ Informações: (31) 3224-4949 ou pelo site
Histórias para ver e ouvir
MARIANA PEIXOTO
Quinze vídeos realizados entre
1998 e 2006 integram a mostra Espirrada de sangue, retrospectiva do
realizador Carlos Magno que integra a programação do projeto Curta Circuito, hoje, no Cine Humberto Mauro. A antologia foi dividida
em três blocos: Vídeos de escutar
(feitos em VHS); Experimentos
não-lineares (vídeos digitais feitos
com baixa resolução); e Ex-machines (realizados em mini-DV).
Todos os trabalhos têm um ca-
ráter autobiográfico – boa parte é
experimental. “Faço meus vídeos
com amigos e parentes. A última
série (Ex-machines), por exemplo,
venho realizando desde 2001 com
meu filho”, comenta Carlos Magno.
Há trabalhos realizados em parceria com outros videomakers, caso
do mais recente, Kalashnicov, sobre realidades aparentes, feito com
Chico de Paula. “Os vídeos são provocadores, muitos tratam sobre
uma violência simbólica.”
Graduado em Cinema na Escola
de Belas Artes da UFMG, Carlos
Magno atualmente está produzindo seu primeiro trabalho em
35mm. O curta Igreja revolucionária dos corações amargurados
também segue a linha documental, em que o realizador interfere
diretamente no assunto tratado.
“Filmei, no Alto Vera Cruz, uma história sobre religião e imaginário
popular”, conta Carlos Magno. Junto com sua equipe, ele criou para o
público da comunidade um ritual
de uma suposta igreja pentecostal
que simulou até sacrifício de animais. “Foi uma encenação e as pes-
soas sabiam disso. Mas teve gente
que chamou a polícia, que chegou
sem saber o que estava acontecendo.” Houve certa truculência por
parte das pessoas, que acabaram
misturando realidade e ficção, nos
moldes de um reality show. O lançamento deve ser ainda esse ano.
CURTA CIRCUITO
Retrospectiva Espirrada de sangue, do
realizador Carlos Magno. Hoje, às 19h, no
Cine Humberto Mauro (Avenida Afonso
Pena, 1.537, Centro, (31) 3237-7399).
Entrada franca.
www.festivaldebonecos.com.br