46 califórnia

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46 califórnia
Fotos: divulgação e Shutterstock
CALIFÓRNIA
California
46
Por Carolina Maia e Cristiane Sinatura
dreAminG
Los Angeles, São Diego e San Francisco: uma é glamourosa, a outra é de bem
com a vida e a última é eclética. Eis a
combinação de ouro da Califórnia, o Golden State da costa oeste americana. E o
melhor de tudo: o caminho entre elas é
uma delícia, principalmente a mítica Highway 1, sonho de road trip mundo afora.
A vantagem de começar a viagem por Los
Angeles são os voos diretos, que ganharam
força com as novas frequências operadas
pela American Airlines desde dezembro.
Alugue um carro logo que chegar – você
vai precisar dele para se locomover pela
cidade. De lá até São Francisco, são 730
quilômetros, mas você vai querer mais que
as nove horas que o trajeto direto costuma
levar – e ainda vai querer esticar outros
230 quilômetros até San Diego. Preparamos um roteiro ideal de 14 dias, que cobre
as atrações imperdíveis de cada cidade e
ainda inclui pit stops e pernoites sensacionais à beira do Pacífico, como Santa
Monica, Malibu, Santa Barbara, Carmel e
Monterey. E, se ainda não for o bastante,
trazemos uma seleção de dicas para curtir
as vinícolas de Nappa Valley.
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CALIFÓRNIA
Dia 1
ogo cedo, uma pequena passeata
de japoneses empunha placas com
dizeres cristãos, pregando palavras fervorosas. Alguém vestido de
Chewbacca, o alienígena peludo de
Star Wars, vem se juntar ao coro, acenando e
dançando. Enquanto isso, o Batman troca uma
ideia com o Homem de Ferro, pisando sem remorso sobre a estrela estampada com o nome
de Britney Spears e posando para as câmeras
dos turistas. Esta é a Hollywood Boulevard,
um dos lugares mais glamourosos e infames de
Los Angeles, onde tudo pode acontecer e todo
tipo de gente pode aparecer – e, portanto, um
ótimo ponto para começar o roteiro.
A avenida é o centro nervoso e turístico de
Hollywood, o distrito pop que fica a 20 minutos do centro da cidade. Nela corre, por seis
quilômetros, a icônica Calçada da Fama, que
reúne 2 mil estrelas com nomes de personali-
para a piscina – onde, diz a lenda, seu fantasma ainda aparece de vez em quando...
Nesse miolinho da Hollywood Boulevard
ainda fica o museu de cera Madame Tussauds, com réplicas em tamanho real de
celebridades e personagens, e o museu de
bizarrices Ripley’s Believe It Or Not.
Dali vale caminhar pela Sunset Boulevard, outra avenida bastante popular que
vem desde a Highway 1 até o centro de Los
Angeles. O trecho próximo à Hollywood
Boulevard é a meca dos amantes de música,
que fazem a festa na incrível loja de discos
Amoeba e na supercompleta Guitar Center,
especializada em instrumentos e dona de
sua própria calçada da fama.
A parte mais movimentada é a Sunset
Strip, já em West Hollywood, com uma
profusão de casas noturnas, restaurantes e
bares. Um dos mais célebres é o Rainbow,
frequentado por roqueiros e cenário do primeiro encontro entre Marylin Monroe e
dades, de Steven Spielberg a Frank
Sinatra. Caçá-las pode ser um passatempo para horas e horas. Mais
interessante é o chão em frente ao
TLC Chinese Theatre, com os pés, as
mãos e as assinaturas das celebridades gravados em cimento. O teatro é, por si só, uma
bela atração, construída em estilo chinês em
1927 para sediar estreias de filmes e eventos
– inclusive três cerimônias do Oscar. Desde
2002, essa função pertence oficialmente à
casa vizinha, o Dolby Theatre (antigo Kodak),
que pode ser visitado em tours guiados.
Mas foi do outro lado da rua, no Roosevelt Hotel, que aconteceu a primeiríssima entrega de prêmios da Academia, em
1929. O hotel é até hoje uma instituição
de Hollywood, recebendo celebridades
em suas suítes, seu bar, sua piscina, seus
restaurantes e seu night club. Era um dos
lugares favoritos de Marylin Monroe, que
chegou a morar em um quarto de frente
seu segundo marido, Joe DiMaggio. Quem quiser curtir a
noite por ali encontra opções badaladas, como o The Viper Room e o bar
Marmont, no hotel de mesmo nome, com
direto a encontrar celebridades (ou, como
dizem os angelenos, celebrity spotting).
Depois de rodar pela Strip, um bom jeito de encerrar a programação é o Griffith
Park, um dos maiores parques urbanos da
América do Norte. A enorme área foi doada à cidade em 1896 pelo magnata Griffith
J. Griffith, com a condição de que se tornasse um espaço público. Hoje, tem anfiteatro,
zoológico, santuário de pássaros e um interessante observatório com planetário. Também há muitas trilhas que, subindo as montanhas áridas, permitem ver as diferentes
regiões de Los Angeles, dos arranha-céus de
Downtown às mansões em bairros reclusos.
Reluzente lá no alto, eis o inconfundível
letreiro de Hollywood, cujas letras brancas
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Fotos: Prayitino/flickr e Shutterstock
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rodeo driVe – beVerlY Hills
CALIFÓRNIA
obserVAtÓrio GriFFitH
chegam a 15 metros de altura. Ele foi erguido nos anos 1920 como propaganda de
um empreendimento residencial chamado
Hollywood Land. A repercussão foi tanta
que, em 1949, as últimas quatro letras foram removidas para se tornar um símbolo de
Hollywood como um todo. Não é permitido
chegar perto das letras, mas empresas como
a Bikes and Hikes LA (bikesandhikesla.com)
promovem caminhadas guiadas, a pé ou de
bicicleta, que revelam de longe alguns “segredinhos” por trás das letras e apontam cenários de filmes, como De Volta Para o Futuro e Uma Cilada para Roger Rabbit.
Dia 2
o mundo se encontrA em lA
É injusto que o brilho de Hollywood e de
Beverly Hills ofusque o potencial de Downtown, a região em que Los Angeles mostra
sua vocação para metrópole, tal qual uma
versão californiana de Nova York. Ali, ao contrário do horizonte sempre à vista e das avenidas largas que caracterizam o restante da
cidade, os prédios se projetam para cima e
se apertam nas ruas sombreadas. Passando
por uma intensa revitalização, a área começa,
pouco a pouco, a entrar na mira dos turistas,
seja em caminhadas a esmo, seja nos roteiros
dos ônibus de sightseeing (starlinetours.com).
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Essa segunda opção cobre, em duas horas,
alguns destaques, com direito a descer e subir novamente em qualquer ponto.
Já quem prefere caminhar pode começar no Grand Central Market, uma fusão
deliciosa de algumas etnias que compõem
a população de Los Angeles, a maior dos
EUA, com 10 milhões de pessoas. Desde
1917, o “mercadão” reúne tendas de comida mexicana, alemã, chinesa, tailandesa, japonesa... Vale degustar os queijos da DTLA
Cheese, os tacos da Ana Maria, o criativo
menu à base de ovos da Egg Slut e os sucos
funcionais da Press Brothers Juicery.
Perto do mercado fica a The Last Bookstore, uma livraria nostálgica que ocupa o
prédio de um banco construído em 1914.
Entre CDs, vinis, livros e HQs (novos e usados, muitos na seção de US$ 1), o tempo
ali voa. O antigo cofre guarda um estranho
acervo de publicações sobre crime, direito,
terror e bizarrices. Saindo da livraria, uma
caminhada pela Broadway leva até o recém-inaugurado Hotel Ace, que já figura na lista
de melhores lugares para o celebrity spotting.
O prédio foi construído como sede da companhia de cinema United Artists e, depois
de uma fase de abandono, entrou na onda
da “renovação” que invadiu Downtown de
uns anos para cá. Bem do lado fica o prédio
to, os encanamentos e as portas de ferro
da antiga fábrica que o ocupava. No menu,
brilham especialidades como a focaccina, o
nhoque com javali e o fusilli à matriciana,
preparadas pelo chef Angelo Auriana.
Dia 3
Arte, cinemA e comprAs!
Los Angeles é glamourosa, é cosmopolita
e é também descolada. Essa faceta fica clara
na Melrose Avenue, onde começa o roteiro
do dia. Correndo entre Hollywood e Beverly
Hills, ela é uma mescla das duas: descontraída e sofisticada ao mesmo tempo. Foi com
o seriado dos anos 1990 Melrose Place que
a região ganhou fama. Perto da via secundária que dá nome ao programa, estão lojas
de perfil jovem, como Alexander McQueen,
Marc Jacobs, Vera Wang, Vivienne Westwood e Carolina Herrera. Já o trecho entre
as avenidas Fairfax e Highland é mais alternativo, considerado o berço do movimento
punk de Los Angeles, reunindo brechós e
Arts district
Fotos: divulgação
azul-reluzente, quase kitsch, onde, dizem,
Johnny Depp teria comprado uma cobertura
de 2 milhões de dólares. No estacionamento em frente, a parede exibe um grafite de
Banksy, um dos principais nomes da street
art internacional – arte de rua, você vai ver,
é uma constante em LA. O miolinho ainda
concentra antigos teatros, como o Tower e o
Orpheum. Reformado e com a fachada original preservada, o Rialto deu lugar, este ano,
a uma loja da moderninha Urban Outfitters.
A próxima parada é o LA Live, um complexo de entretenimento ao lado da arena
Staples Center, casa do time de basquete
Los Angeles Lakers. Restaurantes (como o
badalado Wolfgang Puck), cinemas, bares,
lojas e hotéis (como JW Marriott e Ritz-Carlton) se concentram ao redor da Nokia Plaza. Um dos destaques da área é o Grammy
Museum, com exibições interativas sobre
um dos mais reconhecidos prêmios da música e seus vencedores – cujos nomes marcam a calçada em frente ao prédio.
De metrô desde o LA Live, chega-se ao
Gaylord Apartments, uma antiga pensão para
homens que hospedou gente como Richard
Nixon. Política à parte, o endereço é ponto
de partida para o food tour da agência Urban
Adventures, que, a partir das 14h, leva os turistas para percorrer bairros étnicos em busca
de comidas típicas. Ao longo de quatro horas,
o grupo caminha e se esbalda em Koreatown,
Little Armenia e Thai Town. Um teaser só para
abrir o apetite: costelinhas de porco no Ham
Ji Park, kafta no Carousel (até Beyoncé e as
Kardashians aprovam!), massa recheada tipo
esfiha no Sauson e sopa de frango com leite
de coco ultra-apimentada no Spicy BBQ. O
passeio ainda inclui supermercados abarrotados de produtos coreanos e tailandeses.
O dia pode terminar no Arts District,
antiga zona industrial na porção leste de
Downtown. Os velhos galpões estão sendo
convertidos em lojas, restaurantes, galerias
e estúdios, conferindo ares hipsters à região.
As ruas de aspecto sujinho ganham vida
com os grafites coloridos que se espalham
pelos quarteirões – sair andando em busca
dos desenhos, tal qual na Calçada da Fama,
é uma tarefa divertida. Aproveite para tomar
um espresso na Handsome, uma cafeteria
moderninha onde açúcar não tem vez. Ou,
se ainda houver espaço sobrando depois da
esbórnia do food tour, escolha uma massa
italiana no restaurante Factory Kitchen,
cujo prédio mantém as paredes de concre-
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CALIFÓRNIA
marcas independentes. Aqui ficam também
os estúdios da Paramount Pictures, uma das
principais companhias cinematográficas do
mundo. Um tour guiado de duas horas leva
para ver cenários de produções que estão
sendo rodadas no momento, como o seriado Glee, e de filmes clássicos, como Forrest
Gump (o famoso banco está lá!).
Na próxima parada do roteiro, a cinco quilômetros de distância, sai a sétima arte, entram
nomes como Pablo Picasso, Alberto Giacometti, Joan Miró e Diego Rivera. É o Los Angeles
County Museum of Art (Lacma), fundado em
1910 e dono de um acervo de 120 mil peças,
que cobre da Antiguidade à arte contemporânea. Tem ala greco-romana, latina e asiática,
além de design, fotografia e filmes.
Atravessando a rua, o shopping a céu aberto The Grove reúne lojas como Zara, Topshop,
Nike Running, GAP, M.A.C, Forever 21, Apple,
Nordstrom, Barnes & Nobles e World Market.
Mais do que um centro de compras, é um esVenice beAcH
paço de lazer, com praça que sedia shows no
verão e fonte com águas “dançantes” – projetada pela mesma empresa que desenhou as fontes do hotel-cassino Bellagio, em Las Vegas.
Mas legal mesmo é o Farmers Market, uma
feira que acontece diariamente há 75 anos,
com produtores locais vendendo tudo muito
fresco. As tendas de comida são o grande atrativo, com opções que vão do crepe à pizza, do
sanduíche de pastrami aos tacos, dos pratos
brasileiros (disputadíssimos!) aos combos de
sushi. Especialidades gregas, tailandesas, coreanas, francesas e espanholas também têm vez.
Dia 4
do luXo À prAiA
Quer coisa melhor do que começar o dia
caminhando pela finérrima Rodeo Drive,
uma das ruas de compras mais famosas do
mundo? Não que você vá sair de sacolas
cheias, mas o passeio permite ver um retrato
típico da aura glamourosa da região. Cercada
los AnGeles countY museum oF Art
FArmers mArKet
stAples center
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CALIFORNIA FOR FUN
Fotos: Davvi/flickr e divulgação
por palmeiras e vitrines de luxo, a via é símbolo de Beverly Hills, cidade que fica colada a
Los Angeles. Entre seus 35 mil habitantes, há
muitas personalidades, como Winona Ryder,
Bruce Willis, Taylor Swift e Jennifer Aniston.
Mesmo para quem não tem o cacife de
uma estrela ou de uma “patricinha”, ir a Beverly Hills é garantia de pelo menos ver carrões
como Ferrari, Porsche e Rolls-Royce e namorar vitrines como as da Chanel, Gucci, Tiffany,
Dior, Prada, Versace... É tanta exclusividade
que algumas lojas só atendem com hora marcada – e os clientes ainda devem gastar quantias mínimas (tipo 20 mil dólares). Em uma
das pontas da Rodeo Drive, está o hotel Beverly Wilshire, da rede Four Seasons, célebre por
ter sido cenário do filme Uma Linda Mulher.
Na vida real, Elvis Presley e John Lennon passaram temporadas hospedados ali.
Quem curte essa temática de “celebridades & luxo”, aliás, pode fazer um tour de
van, que leva para ver as casas de famosos
como Katy Perry, Tom Cruise, Al Pacino e
Sandra Bullock em Beverly Hills, Los Angeles e Bel-Air, passando por outros pontos de destaque (da Rodeo Drive à Calçada
da Fama). Mas não espere ver as estrelas
regando as plantas no jardim ou fazendo
jogging na rua de casa: você vai é dar de cara
com portões altos e guaritas de segurança.
Depois da elegância de Beverly Hills,
é hora de passar para o lado hype de Venice
Beach, distrito de Los Angeles que reúne em
sua orla surfistas, hippies, skatistas e artistas
de rua. A ensolarada Venice é dona, dizem, de
uma das praias mais bonitas da Califórnia. De
quebra, os canais que irradiam da marina lhe
conferem um toque de Veneza – daí o nome.
Aqui não tem muito segredo: alugar uma bicicleta para sair pedalando pela ciclovia no meio
da areia ou estender a canga perto do Pacífico
gelado, a escolha é sua. Se quiser um programa que é a cara de Venice e não tão conhecido dos turistas, vale passear por Abbot Kinney,
considerado um dos quarteirões mais cool dos
EUA. Está cheio de lojas charmosas, como a
papelaria Urbanic Paper Boutique, a de roupas femininas Heavenly Couture (descolada e
baratinha!), e a Tom’s, de óculos e sapatos. Ali,
faça um pit stop na Intelligentsia, uma cafeteria superpop com fila o dia inteiro, ou então
programe-se para jantar no disputado Gjelina,
com menu sazonal de ingredientes frescos e
toque mediterrâneo. E, assim, com o roteiro
em Los Angeles devidamente cumprido, é hora
de tomar a estrada rumo ao sul, até San Diego.
Todo mundo sempre associa os parques da Disney e da Universal
a Orlando, na Flórida. Mas a Califórnia também tem os seus – e eles
podem render programação para um dia inteiro! A Disneyland é, aliás, o primeiro parque da franquia, inaugurado em 1955 em Anaheim,
cidade a 40 minutos de carro desde Los Angeles. Ela pode até ser
uma versão reduzida do parque de Orlando, mas também é menos
lotada, o que garante acesso mais rápido aos brinquedos.
São cerca de 60 atrações para todas as idades, inspiradas em clássicos como Alice no País das Maravilhas, Toy Story, Dumbo, Procurando
Nemo, Piratas do Caribe e Tarzan. Entre as montanhas-russas mais radicais, estão a Space Mountain, a Splash Mountain e Indiana Jones Adventure. Cartão-postal, o Castelo da Bela Adormecida pode ser visitado por
dentro e tem atração interativa sobre o conto de Aurora e Malévola.
Bem do lado, o outro parque, Disney California Adventure Park, tem
uma área temática inspirada na animação Carros, além da montanha-russa California Screamin’ e a roda-gigante do Mickey.
O Universal Studios Hollywood, por sua vez, fica no coração de Los
Angeles e é mais que um parque de diversões, já que um dos grandes
atrativos são os estúdios onde são gravados filmes, séries, programas
de TV e videoclipes. Um tour em tram, com 40 minutos de duração,
percorre uma cidade cinematográfica que recria trechos de Nova York,
da Europa, do velho México e do faroeste americano. É possível ver os
cenários dos filmes O Grinch, A Guerra dos Mundos, Psicose, Tubarão
e De Volta Para o Futuro. E ainda tem uma atração 3D do King Kong,
produzida por Peter Jackson, diretor de O Senhor dos Anéis. Se estiver rolando alguma gravação no dia, você tem a chance de ver algum
ator famoso em ação. Já as atrações do parque consistem, basicamente, em simuladores 4D inspirados em Transformers, Os Simpsons,
A Múmia, Jurassic Park e Meu Malvado Favorito.
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cAsA GuAdAlAjArA
CALIFÓRNIA
bAlboA pArK
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memoriAl em Frente Ao uss midWAY museum
Fotos: divulgação e Shutterstock
San Diego
Fotos: divulgação e Shutterstock
L
Dia 5
oÁsis urbAno
os Angeles e São Francisco já garantiram lugar cativo no roteiro
de quem viaja pela Califórnia.
Pouco a pouco, San Diego também vem ganhando lugar ao sol.
Uma das dez maiores cidades dos Estados
Unidos, ela conta com 112 quilômetros de
costa e clima sempre ensolarado. Ainda está
cheia de passeios ao ar livre, em meio à natureza, e tem um pezinho no México – depois
da fronteira, Tijuana é logo ali! Por isso, vai
bem reservar, no mínimo, dois dias para explorar esta joia do sul da Califórnia.
O dia começa cheio. Tesouros culturais,
arquitetura imponente, paisagens e jardins
exuberantes, tudo em um só lugar. Onde?
No Balboa Park. Composto por 19 jardins e
estufas, 17 museus, nove áreas artísticas (incluindo teatros, balé e sinfônica) e um zoológico incrível, este é um bom ponto de partida
o parque dá uma ideia melhor da dimensão do
lugar. Para facilitar e agilizar a vida dos visitantes, há esteiras rolantes e ônibus internos, que
passam pelos principais percursos.
Chegando bem na parte central do Balboa
Park, você vai dar de cara com a rua de pedestres El Padro, a alameda dos museus, na qual
a maioria deles se localiza. Os maiores e mais
procurados são o Museu de História Natural,
o San Diego Museum of Art (com coleções
de Picasso e Miró) e o Air & Space Museum.
Se não der tempo de ir a todos, escolha um
ou outro para conhecer melhor. Vale dar uma
conferida no site do parque para ver quais exposições estão acontecendo.
Um dos principais destaques do Balboa
Park são os jardins. Dos oito, não deixe de ir
ao Botanical Garden Foundation, que tem
entrada gratuita e conta com 2.100 espécies
de plantas, assim como o Japanese Friendship
Garden, que custa US$ 6 (crianças até 6 anos
não pagam) e tem uma área dedicada a bon-
cidAde
multiFAcetAdA
para explorar San Diego. Conhecido como
o Smithsonian do oeste (em referência ao
complexo de Washington, DC), o Balboa é
o maior parque urbano cultural do país, superando em tamanho até mesmo o Central
Park de Nova York! É inevitável não perder a
noção do tempo ao curtir todos os cantos do
local. A maioria dos edifícios lembra muito a
arquitetura colonial espanhola, o que faz parecer que se está na Europa, e não nos EUA.
O ideal é, logo cedo, ir direto ao San Diego
Zoo para evitar filas e ainda pegar a maioria
dos animais acordando. Engana-se quem pensa que zoológico é programa para crianças ou
para quando já se esgotaram todas as possibilidades turísticas de uma cidade. Não é o caso
aqui: trata-se de um dos maiores e melhores
do planeta. É o único lugar fora da China
onde é possível ver pandas gigantes. Também
tem centenas de animais de diversas partes do
mundo, incluindo espécies em extinção, como
os ursos polares. Um teleférico que cruza todo
sais e outra às belas cerejeiras, símbolo do Japão. Aos finais de semana oferece, inclusive,
curso de como preparar sushi. À noite, entre
as boas pedidas está o Gaslamp Quarter, um
quarteirão repleto de restaurantes, bares,
pubs, baladas e lojas. Alternativas não faltam!
Dia 6
o mAr e o mÉXico
Outra atração legal na cidade e que dá
para fazer pela manhã é o USS Midway
Museum, um museu militar dentro de um
porta-aviões. Construído para a Segunda
Guerra Mundial, foi “aposentado” em 2004
nas águas de San Diego. São diversas exposições e 25 aeronaves e helicópteros restaurados. De quebra, a parte superior tem
uma linda vista da baía! Após a visita, vale
uma caminhada pelas redondezas, passando
pelo simpático Seaport Village, uma espécie
de shopping ao ar livre com muitas opções
de restaurantes e lojinhas. E, por falar em
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CALIFÓRNIA
compras, a dica é o outlet Las Americas
Premium, quase na fronteira com o México, com marcas conhecidas como Adidas, Calvin Klein, Forever 21, Gap, Guess,
Levi’s, Nautica, Nike, Oakley, Ralph Lauren,
Puma, Tommy Hilfiger, Old Navy e Michael
Kors. Por conta da localização (a 20 minutos
do centro), possui preços mais competitivos.
No quesito praia, opções não faltam: é só
escolher uma e aproveitar. Uma dica é curtir a tarde em La Jolla, uma das mais bonitas
e descoladas. A cerca de 20 quilômetros do
centro, mescla uma linda paisagem com uma
gama de restaurantes, lojas e galerias. Uma
boa surpresa são os leões marinhos, que permanecem por ali praticamente o ano todo.
Para uma “paradinha estratégica”, o restaurante George’s at the Cove tem um terraço
com um lindo panorama da região. E, apesar
de a área ser um pouco cara, os preços do cardápio não chegam a ser exorbitantes. Assistir
ao pôr do sol em La Jolla é também um dos
seAport VillAGe
old toWn
prAiA lA jollA
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GAslAmp quArter
sAn dieGo zoo
SEAWORLD: 50 ANOS
DE DIVERSÃO
Fotos: divulgação, John Bahu e gibffe/flickr
passeios clássicos em San Diego. E quem estiver na cidade de dezembro a abril pode passear de barco para ver a migração das baleias.
Menos de 30 quilômetros separam San
Diego do México, país ao qual a cidade
pertenceu de 1821 até 1848. A influência
latina permanece viva em Old Town, onde
tudo começou – é como se você tivesse
atravessado a fronteira. No Bazar Del Mundo, o comércio é bem voltado para turistas,
com muito artesanato, tecidos coloridos e
produtos típicos. Mas o destaque mesmo
fica por conta dos restaurantes de comida
mexicana, como o Casa Guadalajara, um
dos mais tradicionais e bem recomendados.
Espere encontrar pratos de sabor marcante,
bons drinques à base de tequila e mariachis.
Missão San Diego completa, a próxima
etapa é pegar a estrada rumo a São Francisco,
que fica 900 quilômetros ao norte, passando
novamente por Los Angeles. Os próximos quatro dias serão cheios de pit stops memoráveis.
Uma das atrações mais populares de San Diego é o SeaWorld.
O parque temático da famosa baleia Shamu comemora seu cinquentenário cheio de surpresas. Instalado em Mission Bay Park, é
atração para a família toda e para um dia inteiro. Entre os shows,
o principal é mesmo o das orcas, símbolos do parque. Para os
fãs de adrenalina, as pedidas são a montanha-russa Manta, que,
diferente da de Orlando, leva os “passageiros” sentados, e não
deitados. Divertidos também são o Splash Journey to Atlantis,
que termina em uma queda livre de 18 metros de altura, e o Wild
Artic Ride, que simula um voo de helicóptero pelo Ártico. E, claro,
tem a interação com os animais, marca registrada do parque, que
pode ser conferida também no recém-inaugurado Explorer’s Reef,
ambiente com diversos peixes em quatro piscinas.
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cicloViA de soutH bAY
CALIFÓRNIA
mAlibu
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pÍer de sAntA monicA
Fotos: divulgação, micadew/flickr e Shutterstock
Na estrada...
Fotos: divulgação, micadew/flickr e Shutterstock
Q
Dia 7
de boA em sAntA monicA
uando aparece uma praia em
filmes que se passam em Los
Angeles, pode apostar: há
muita chance de ser Santa
Monica. O balneário preferido dos angelenos – e primeira
parada da nossa road trip – fica
a apenas 25 quilômetros desde Downtown,
mas é o suficiente para que o cenário mude
completamente. O Pacífico se escancara, as
palmeiras se tornam vigorosas e o pessoal no
calçadão se mostra mais atlético. A neblina
que vem do mar ocupa as primeiras horas da
manhã, mas logo tudo se abre em um sol ardido. É a Califórnia em seu mais fiel clichê.
Programe-se para sair cedo de San Diego,
que está a 215 quilômetros ao sul. O ideal
é passar um dia e uma noite em Santa Monica, justamente para curtir esse clima gostoso de praia. Hospedar-se com vista para o
Forever 21, GAP, Guess, Old Navy, Sephora e Victoria’s Secret. Se quiser aproveitar
a praia, os arredores do píer dão conta do
recado. Ou então, um pouco mais adiante, a
Annenberg Community Beach House é uma
espécie de clube de praia, com piscina, restaurante e programação recreativa, que ocupa uma antiga mansão dos anos 1920, então
propriedade da atriz Marion Davies.
Dirigindo no sentido de Malibu, eis uma
opção para arrematar o quesito cultural:
o Getty Villa. O museu é uma iniciativa de
Jean Paul Getty, empresário do setor petrolífero que, em 1966, foi considerado o cidadão
mais rico do mundo pelo Guinness Book. Para
abrigar sua coleção de 44 mil itens gregos, romanos e etruscos, ele mandou erguer uma
autêntica villa romana repleta de galerias e
jardins, ao lado de sua casa de campo nas
colinas à beira-mar. No acervo, há de joias
a múmias. Outra empreitada do magnata é
o Getty Center, em Los Angeles, que, com
ViAGem
dos sonHos
mar é sempre uma boa ideia: do refinado The
Shore ao econômico Bayside Hotel, opções
não faltam. Tanto em um como em outro,
você estará bem perto do cartão-postal: o Píer
de Santa Monica, onde todo mundo quer estar, principalmente no fim da tarde. Ali um
parque de diversões reina à moda antiga, com
uma montanha-russa leve e a primeira roda-gigante movida a energia solar no mundo. Ao
longo do píer, há restaurantes, como o turístico Bubba Gump e outros especializados em
comida italiana, americana e mexicana. Boa
escolha para o jantar, na boca do píer, o The
Lobster serve lagostas e frutos do mar frescos.
Para preencher o dia, Santa Monica também oferece opções bem bacanas. Um dos
passeios clássicos é alugar uma bicicleta e
pedalar pela ciclovia de South Bay, que percorre 35 quilômetros de orla. Com menos
disposição, você explora toda a Third Street
Promenade, calçadão de pedestres que reúne lojas como Adidas, American Apparel,
arquitetura moderna, reúne arte europeia e
americana, da Idade Média até os dias atuais,
além de ter uma ala dedicada à fotografia.
Dia 8
estrAdA cÊnicA
A partir de Santa Monica, a Highway 1
finalmente dá as caras tal qual a vemos nos
filmes: uma via equilibrada sobre falésias
altas à beira do oceano. Mas é bom lembrar
que nem sempre o mar vai correr lado a lado
com a estrada, que, no total, tem mais de
mil quilômetros de extensão. Às vezes, ela
segue por trás das montanhas, junto com a
rodovia 101 – quem faz o caminho oposto,
de São Francisco a Los Angeles, tem chance de ver mais nacos de azul. Bom saber
também que o GPS, normalmente, insiste
em traçar rotas internas, que são mais rápidas, mas, obviamente, menos bonitas.
Malibu, balneário de ricos e famosos que
ganhou fama no seriado Baywatch, é um bom
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biG sur
CALIFÓRNIA
restAurAnte nobu
lone cYpress
começo. Pamela Anderson já não corre toda
solta de maiô vermelho naquelas areias, mas
ainda assim vale dar uma paradinha na praia
(Zuma Beach é a mais popular). Um pouco antes de chegar, há uma boa opção para
quem quiser almoçar com o pé na areia sem
perder o estilo: o badalado restaurante Nobu,
que faz uma fusão entre as cozinhas japonesa
e peruana, com vistas matadoras.
Depois, a viagem segue rumo a Santa Barbara, 120 quilômetros adiante. Ela é
conhecida como a Riviera americana, não à
toa: o clima descontraído, totalmente praiano, tem um quê mediterrâneo, intensificado
pelo padrão de casas brancas com telhado
avermelhado. Daria para passar tranquilamente um punhado de dias só relaxando,
mas uma tarde e um pernoite podem cumprir o básico. Para além da orla, um dos lugares mais visitados é a Old Mission, que remonta o passado católico da cidade, quando
padres espanhóis mandaram erguer complexos religiosos para catequizar os índios americanos. Considerada a “rainha das missões”,
a missão de Santa Barbara foi fundada em
60
1786 e até hoje mantém preservados a igreja, o cemitério, os dormitórios e os jardins.
A turma do vinho fica feliz em saber que,
em Santa Barbara, dá para fazer um tour de
degustação a pé. Ainda que as regiões vinícolas mais famosas da Califórnia sejam
Nappa Valley e Sonoma, os arredores de Santa Barbara também fazem por merecer. Com
a Urban Wine Trail (urbanwinetrailsb.com), é
possível explorar umas 25 vinícolas bem perto
da praia e do centro da cidade. Nem precisa
pegar no volante depois: é só voltar andando
para uma boa noite de sono no hotel.
Dia 9
dA dinAmArcA Às VinÍcolAs
O dia começa com um pequeno desvio
de rota continente adentro: a 40 minutos de
Santa Barbara, a pequena Solvang é conhecida como a “capital americana da Dinamarca”. Fundada em 1911 como uma colônia
de imigrantes dinamarqueses, ela transborda
influências nórdicas, expressas na arquitetura dos moinhos de vento e dos chalés. Comidas e produtos tradicionais podem ser en-
contrados em lojinhas, mercados, padarias
e restaurantes. Nessa última categoria, um
dos mais emblemáticos é o Bit O’Denmark,
que pode ser parada de almoço depois de um
giro pela cidade. A casa serve especialidades
dinamarquesas com toques americanos,
como o pato assado e os crepes de maçã.
Também a partir de Solvang é possível
fazer uma imersão nos vinhos californianos.
Pela 101, chega-se ao Santa Ynez Valley, que
concentra boas vinícolas ao longo de um
trajeto de 50 quilômetros. Se quiser ir com
foco, a Firestone ou a Brander são boas apostas – chardonnays e merlots são a especialidade da primeira; sauvignon blancs brilham
na segunda. O pernoite fica para a pequena
cidade universitária de San Luis Obispo, a
pouco mais de uma hora de distância.
Desde Solvang, uma alternativa para os
que não são tão chegados em vinho é seguir
direto para Morro Bay, a 170 quilômetros,
tomando novamente a Highway One. Nessa cidade, que pode ser parada de pernoite,
o passeio de barco The Sub Sea Tour leva
para observar focas, lontras, leões-marinhos
e aves. O interessante é observar a vida debaixo d’água pelas janelas no casco do barco.
e restaurante aberto ao público todas as noites. Curiosamente, Carmel não tem serviços
públicos de transporte, iluminação e telefonia
– à noite, a luz vem das vitrines das lojas e
das casas. Tudo aqui gira ao redor da Ocean
Avenue, com muitas butiques e antiquários.
Imperdível conhecer a Cottage of Sweet,
considerada uma das melhores lojas de doce
dos EUA. Para almoçar, experimente o menu
mediterrâneo do Dametra Café, que serve de
espaguete com frutos do mar a kebab turco.
Explorada Carmel, a viagem segue por dez
minutos rumo a Monterey pela 17-Mile Drive,
mais um trecho muito cênico, cheio de curvas,
que passa pela praia de Pebble, campos de golfe e o mirante de Lone Cypress. Para circular
por ela, é preciso pagar uma taxa de pedágio
que dá direito a um mapa. Em Monterey, a
maior atração é o aquário, que ocupa uma antiga indústria de sardinhas, com 35 mil plantas
e mais de 600 espécies animais, como lontras,
tubarões, polvos, tartarugas e pássaros. Depois
de quatro dias de estrada, São Francisco está
logo ali, 190 quilômetros à frente. Depois de
quatro dias de estrada, São Francisco está logo
ali, 190 quilômetros à frente.
Hearst Castle
Dia 10
Prepare-se para o dia mais bonito da viagem, que já começa bem: cinquenta quilômetros depois de Morro Bay, surge o castelo que inspirou o filme Cidadão Kane. É o
Hearst Castle, construído como resort particular pelo magnata da imprensa William Randolph. O palacete de 165 cômodos com afrescos
renascentistas, jardins e piscinas já recebeu
hóspedes ilustres, como Charles Chaplin e
Walt Disney. Hoje é possível conhecer a propriedade em tours guiados a partir de U$ 25.
Depois, é hora de adentrar o Big Sur,
provavelmente o trecho mais cênico de toda
a jornada. A paisagem ao redor da estrada
passa a ser uma combinação de praias rochosas com mar azul turquesa e florestas
com sequoias milenares – que pode ser admirada a partir de mirantes incríveis.
Uma das paradas mais charmosas vem
150 quilômetros depois: Carmel-by-the-Sea.
A cidade, supergracinha, é como uma versão
miniatura da Europa, com chalés suíços e
casas de campo inglesas. Nos anos 1980, ela
teve como prefeito o cineasta Clint Eastwood,
que até hoje mantém uma propriedade nos
arredores, o Mission Ranch, com piano-bar
Fotos: divulgação, Jamie in Bytown/flickr, photoverulam/flickr e Eric C Bryan/flickr
A cereja do bolo
61
CALIFÓRNIA
O
Dia 11
tudo Ao redor dA ponte
bondinho, o Pacífico, o vento
gelado, as ladeiras, a cultura
hippie, a diversidade: São Francisco costuma ser unanimidade quando o assunto é “lugares
onde gostaríamos de morar”. Com menos de
um milhão de habitantes, ela sabe ser eclética
sem intimidar, mantendo sempre aquele ar de
“sinta-se à vontade”, típico de cidade pequena. Ao contrário de Los Angeles, muita coisa
se faz a pé por aqui ou com os icônicos cable
cars – ainda que eles sejam mais turísticos do
que realmente eficientes, já que restam apenas três das linhas originais e a lotação parece
sempre exceder a capacidade máxima.
Apresentações devidamente feitas, nada
mais apropriado que começar a explorar São
Francisco a partir de seu cartão-postal: a Golden Gate. A ponte alaranjada, de quase três
quilômetros de extensão, foi construída em
Na hora de voltar, quem não quiser atravessar a ponte novamente pode tomar o barco que leva até o terminal de balsas de São
Francisco. De volta ao continente, aproveite
para fazer um tour por Embarcadero, antiga
zona portuária revitalizada. Um dos pontos
altos é o antigo Ferry Building, um prédio
centenário coroado pela Torre do Relógio e
convertido em uma espécie de “mercadão”,
com lojas gourmet, cafeterias e restaurantes.
No Píer 15 está o Exploratorium, um museu de ciências interativo que aborda temas
como astronomia, cultura, natureza e corpo
humano. Para ver arranha-céus e edifícios
históricos, pode-se esticar até o Financial
District, onde ficam a Transamerica Pyramid
(o edifício mais alto de San Fran, com 256
metros), a Millenium Tower, o Pacific Telephone Buiding e o antigo prédio da Bolsa.
Já quem volta de Sausalito pela própria
ponte pode emendar com um passeio pelo
Golden Gate Park. A enorme área verde está
São Francisco
62
repleta de boas atrações, como o Conservatório de Flores, com belos exemplares de
plantas tropicais e subtropicais, e o Japanese
Tea Garden, que serve chás entre magnólias,
camélias e bambus. De quebra, o parque
tem trilhas, área para piqueniques, lagos,
campo de golfe e carrossel. Outra opção é ficar à toa nas areias de Baker Beach, aproveitando a vista do Pacífico e da Golden Gate.
Nadar não é muito recomendável, mas tem
área para fazer churrasco e piquenique.
Dia 12
combinAÇÃo inFAlÍVel
O dia seguinte começa com outro clássico
são franciscano (e totalmente imperdível): a
prisão de Alcatraz. Do Píer 33 saem os ferrys
que, em 15 minutos, levam até a ilha onde
fica o icônico presídio de segurança máxima.
Ele fechou as portas em 1963, reabrindo dez
anos mais tarde como atração turística. Os
Fotos: divulgação
1937 em estilo Art Déco e hoje recebe, por
ano, cerca de 10 milhões de turistas. Atravessá-la (a pé, de bicicleta, ônibus turístico ou
carro) é um programa clássico. Mas, antes de
dar início à travessia, vale fazer um pit stop
no Fort Point – que, de fortificação militar erguida em 1853, transformou-se em um dos
melhores mirantes para fotografar a ponte.
Uma das opções mais bacanas para percorrê-la é de bicicleta, que pode ser alugada em várias agências especializadas. A ponte conta com
ciclovia – e algumas das melhores vistas da
Baía de São Francisco (prepare-se, porém, para
uma boa pedalada!). Mas a graça do programa não está em, unicamente, cruzar a Golden
Gate. Do outro lado, eis Sausalito, uma vila ultracharmosa cujo centrinho é tomado por restaurantes, cafés, bares, sorveterias e lojinhas. É
um bom lugar para descansar e almoçar à beira
do Pacífico. Com píer que avança sobre a água,
o restaurante Scoma’s serve especialidades à
base de peixes e frutos do mar fresquinhos.
bondinHo
trAnsAmericA pYrAmid
Fotos: divulgação
terrA
de todos
prAto tÍpico
63
mAiden lAne, ruA prÓXimA À union squAre
pier 39
cHinAtoWn
Golden GAte
union squAre
Fotos: Dawn Endico/flickr e Shutterstock
CALIFÓRNIA
visitantes vêm atiçados pela curiosidade de
explorar suas celas e seus corredores, que, em
meio às águas traiçoeiras do Pacífico, encarceraram gente como o mafioso Al Capone.
Dizem que fugir de Alcatraz era uma
missão praticamente impossível – daí o apelido de “A Rocha”. Trinta e seis prisioneiros
tentaram: 23 foram pegos, seis abatidos por
policiais e quatro se afogaram. Entre os casos mais emblemáticos estão Frank Morris
e os irmãos Anglin, que fugiram de jangada
juntos e nunca mais foram vistos. Esses e
outros casos são contados durante o tour
com audioguia (tem versão em português),
que inclui narração dramática gravada por
ex-detentos e funcionários da prisão. Vale
passar também pelo centro de informações,
onde há livraria, exposições e uma mostra
multimídia. O passeio pode ser feito durante o dia ou à noite – em qualquer caso, é
bom comprar o ingresso com antecedência
pela internet. O ideal é reservar umas três
horas para explorar a ilha com calma.
Completando a outra metade do dia,
a pedida é o famoso Fisherman’s Wharf,
o antigo distrito pesqueiro convertido em
uma área de entretenimento à beira d’água,
com restaurantes, museus e hotéis espalha64
dos em píeres. O mais famoso é o Píer 39,
que concentra carrossel, labirinto de espelhos, trampolim e o Aquarium of the Bay.
Ali há tanques com 20 mil espécies, como
arraias, tubarões e estrelas-do-mar. Os visitantes ainda podem caminhar por túneis
submersos, ver exposições interativas e curtir o cinema 3D. Mas o verdadeiro símbolo
do píer não está no aquário: são os leões-marinhos, que, desde o início dos anos
1990, resolveram “montar acampamento”
nas plataformas de madeira a céu aberto.
Eles podem ser vistos esparramados por ali,
principalmente nos meses mais frios.
Na hora de comer, também há várias
opções, como o Bubba Gump (especializado em camarões), o Chowders (que serve
a tradicional clam chowder, sopa cremosa
de mariscos e batata), o Hard Rock Café e
a Crab House (que capricha no menu de
caranguejo). Nos arredores, o restaurante
Gary Danko é bem avaliado pelo frescor e
pelo capricho dos seus pratos de frutos do
mar. O chef que dá nome à casa está entre
os mais reconhecidos dos EUA.
Ao longo da orla de Fisherman’s Wharf,
você ainda vai encontrar o shopping Cannery,
uma filial do museu Ripley’s Believe It Or
USs Pampanito
Alamo Square
Alcatraz
Fotos: divulgação e Christopher Neugebauer/flickr
Leões-marinhos
Not, um museu de cera e o submarino USS
Pampanito, no Píer 45. Ele atuou durante a
Segunda Guerra Mundial, afundando seis
navios japoneses, e hoje, bem conservado,
pode ser visitado por dentro. Mais uma atração militar de destaque no mesmo píer é o SS
Jeremiah O’Brien, navio da Segunda Guerra
que atuou no Dia D, na região francesa da
Normandia. Atualmente, ele funciona como
museu e os visitantes podem ver os dormitórios, a cozinha, o refeitório e a sala de máquinas – usada como cenário no filme Titanic.
Todos os anos, a embarcação faz um cruzeiro de uma noite pela baía. Perto dali, o San
Francisco National Marine Park aprofunda a
história náutica da região, com uma coleção
de navios históricos dos séculos 19 e 20.
DIA 13
Comprando e andando
O movimento é grande ao redor da Union
Square, versão californiana da Times Square
de Nova York. A região concentra bons hotéis,
como Four Seasons, Grand Hyatt, Marriott e
W. E há lojas, muitas lojas – portanto, o dia
hoje começa com compras! Você vai encontrar lojas como Victoria’s Secret, Old Navy,
North Face, Zara, Apple, Banana Republic,
Disney Store, Saks, Forever 21 e H&M. Grifes também têm vez: Polo Ralph Lauren, Chanel, Christian Dior, Giorgio Armani e Prada,
por exemplo. E ainda tem as gigantes de departamento, como Macy’s e Bloomingdale’s.
Depois das compras, aproveite para explorar a maior Chinatown fora da Ásia. Milhares de chineses vieram para São Francisco na
época da Corrida do Ouro e se concentraram
nos arredores da Grant Avenue. O portão
com arcos, leões e dragões anuncia o bairro chinês, repleto de construções em estilo
pagode, barraquinhas de dim sum (bolinhos
no vapor), lojas típicas e restaurantes autênticos. Considere almoçar no Z & Y, onde até
o presidente Obama já apareceu para provar
o menu genuinamente chinês. Quem quiser
fazer uma real imersão nesse mundo ainda
pode optar por um tour guiado com moradores locais (chinatownalleywaytours.org).
Bem perto de Chinatown fica a icônica
Lombard Street, mais um cartão-postal de
San Fran. Formada por oito curvas em ziguezague, a rua é bastante íngreme – carros só
conseguem descer a 8 km/h, enquanto pedestres usam as escadas. Não à toa, é considerada a rua mais tortuosa do mundo. Como
moldura, canteiros explodem com flores colo65
Fotos: divulgação e torbakhopper/flickr
CALIFÓRNIA
cAstro
ridas na primavera e no verão. Como é uma
rua residencial, não tem muito o que fazer
por ali: a graça é mesmo tirar fotos e bisbilhotar algumas das casas mais caras da cidade.
Caminhando, a parada seguinte é a Ghirardelli Square, de volta à região de Fisherman’s
Wharf. Aqui ficava a fábrica de chocolate de
mesmo nome, convertida em centro de compras e restaurantes. O espaço ainda preserva
a torre do relógio e o maquinário original da
fábrica – sem falar na chocolateria da marca,
que serve cupcakes, trufas, cookies, brownies e
sorvetes (destaque para a banana split!).
E, para quem gosta de musicais, a Union
Square é o lugar certo para voltar à noite (pegue o bonde da linha Powell-Hyde). As casas
de show do vizinho Theater District apresentam produções da Broadway, como Chicago,
Kinky Boots, Newsies, Matilda, Motown e O
Fantasma da Ópera (programe-se em san-francisco-theater.com). Assim a noite está feita.
Dia 14
pAz, Amor e liberdAde
Alguma coisa acontece no encontro das
ruas Haight e Ashbury. Esse é, afinal, o berço
do movimento hippie, que floresceu no lendário verão de 1967. Jovens se reuniam para
protestar contra a Guerra do Vietnã e personalidades da estirpe de Janis Joplin e Jimi
66
Hendrix viveram por ali. Antes disso, a geração beat, representada por escritores como
Jack Kerouac e Allen Ginsberg, já vinha bater
ponto, pregando liberdade social e sexual.
Tudo bem que a icônica esquina seja, atualmente, só uma sorveteria Ben & Jerry. O que
importa é que a essência continua lá. Basta
uma caminhada sem compromisso para evocar os símbolos máximos da contracultura naquela época: os incensos, o Flower Power, as
roupas tie-dye, os cigarrinhos despudorados,
os pôsteres psicodélicos, as batas indianas e os
grafites coloridos. Brechós, antiquários, livrarias e cafés ainda são a alma do bairro. Um dos
pontos mais efervescentes da cultura hippie
foi o Red Victorian, hotel que ainda hoje sedia uma série de debates e exposições de arte.
Tours guiados percorrem, a pé, trajetos temáticos pelo bairro, com parada no Psychedelic
History Museum (haightashburytour.com).
Para almoçar, o Magnolia é um gastropub
bem gostosinho, com sanduíches, fish ‘n’
chips, carnes e embutidos. Tudo para harmonizar com a caprichada carta de cervejas artesanais, produzidas pela casa.
Ainda na região, a Alamo Square está
entre as atrações mais fotografadas de São
Francisco. O conjunto de casas vitorianas,
erguido em 1895 no topo de uma colina, ficou conhecido como Painted Ladies ou Six
Sisters. As fachadas coloridas dão de frente
para um parque gramado, de onde se tem
uma bela vista da cidade – muita gente vai
até lá no fim da tarde para ver o sol se pôr.
O roteiro fica bem amarrado com uma passadinha no Castro, antigo bairro de imigrantes
europeus que se tornou reduto gay e símbolo da luta contra o preconceito. Harvey Milk,
primeiro político americano assumidamente
homossexual, fez história na região – levada às
telas de cinema na pele de Sean Penn.
Por ali, explore as ruelas sem rumo definido. O Castro Theatre, construído nos
anos 1920, em plena era de ouro do cinema
americano, segue exibindo filmes clássicos,
enquanto o icônico bar Twin Peaks continua
a todo vapor. Um ótimo lugar para tomar um
drinque olhando o movimento pelos janelões – esse foi, dizem, o primeiro bar gay do
mundo a ter vista para a rua. São Francisco,
afinal, sempre esteve na vanguarda.
Cristiane Sinatura viajou a convite do Los Angeles
Tourism & Convention Board e da American Airlines. Carolina Maia viajou a convite do SeaWorld
Parks & Entertainment. Seguro VitalCard.
A
100 quilômetros de São
Francisco, Napa Valley ganhou fama como
a terra dos bons vinhos
californianos – e pode
render uma bela esticada. As principais cidades
vinícolas da região são
American Canyon, Calistoga, Santa Helena,
ROBERT
MONDaVi
WiNERY
A primeira vinícola de
Napa Valley oferece
tour que leva para ver
a produção e degustação de vinhos e azeites.
Aberta diariamente das
10h às 17h, tem diferentes opções de visitas, e os preços variam
entre US$ 20 e US$ 55
por pessoa. robertmondaviwinery.com
JOSEPH
PHELPS
ViNEYaRDS
Além das degustações,
a casa mantém um programa de wine education, com seminários
para quem quiser entender mais sobre o mundo
dos vinhos. O preço
das visitas guiadas com
degustação varia entre
US$ 75 a US$ 150.
josephphelps.com
Um brinde a Napa Valley!
Napa e Yountville, onde
predominam variedades
como cabernet sauvignon, chardonnay, merlot
e pinot noir. Quem visita a região pela primeira
vez não pode deixar de
ir a vinícolas históricas,
como Christian Brothers
e Beringer. Já quem não
é marinheiro de primeira
viagem deve experimentar
a rota Silverado Trail, que
abriga vinícolas de alto
padrão. Outra boa pedida é o Napa Valley Wine
Train
(winetrain.com),
que faz um passeio de três
horas a partir de Napa.
Listamos cinco vinícolas
para conhecer o melhor
de Napa Valley.
CHiMNEY
ROCK WiNERY
DOMaiNE
CaRNEROS
Muito conhecida pelos suas misturas de
cabernet sauvignon e
elevage, a vinícola oferece diferentes tipos e
horários de tours. Os
preços variam entre
US$ 55 e US$ 130.
chimneyrock.com
Fundada pela mesma
família do renomado
Champagne Taittinger
em 1987, a produtora é
conhecida por seus espumantes. A degustação
é acompanhada de caviar e queijos artesanais .
Há tours diários às 11h,
13h e 15h, e o preço é
de US$ 40 por pessoa.
domainecarneros.com
aRTESa
ViNEYaRDS
& WiNERY
Especializada em chardonnay e pinot noir, a
vinícola ainda tem como
cenário as belas colinas
Carneros. Diariamente,
há diferentes tipos de
experiência, com preços
que variam entrem US$
30 e US$ 80 por pessoa.
artesawinery.com
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