Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa

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Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa
Boletim Científico do
Instituto de Ensino e Pesquisa
ISSN 2238-3042
EDIÇÃO 34
ANO 06
ABRIL 2015
NORMAS DE PUBLICAÇÃO
1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revi-
A responsabilidade pelos dados e conteúdo dos artigos é exclusiva
de seus autores. Permitida reprodução total ou parcial dos artigos,
desde que mencionada a fonte.
são de literatura, relato de experiência, relato de caso e estudo reflexivo.
2 • Para cada estudo, a metodologia segue nos seguintes padrões:
Pesquisa qualitativa: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, trajetória metodológica, construção dos resultados, considerações
finais e referências.
Pesquisa quantitativa: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo,
metodologia, material e método, resultado e discussão, conclusão e referências.
• Revisão de literatura: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo,
metodologia, revisão de literatura, considerações finais e referências.
Sociedade Beneficente São Camilo
Presidente: João Batista Gomes de Lima
Vice-Presidente: Anísio Baldessin
1º tesoureiro: Mateus Locatelli
2º tesoureiro: Zaqueu Geraldo Pinto
1º secretário: Niversindo Antônio Cherubin
2º secretário: Marcelo Valentim De Oliveira
Superintendente: Justino Scatolin
• Relato de Experiência: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, descrição do relato de experiência, considerações finais e
referências.
Hospitais São Camilo de São Paulo
Superintendente: Antônio Mendes Freitas
• Relato de caso: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, descrição de caso, considerações finais e referências.
• Estudo reflexivo: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, descrição de reflexão, considerações finais e referências.
3 • Para apresentação dos trabalhos usar fonte Times New Roman, justificado,
numeração desde a primeira página, com no máximo 12 páginas, no programa
Word, com espaçamentos entre linhas de 1,5 cm, margem superior de 3 cm,
Redação e Administração
Os manuscritos deverão ser encaminhados para:
IEP - Hospital São Camilo
Rua Tavares Bastos, 651 - Pompeia - CEP 05012-020 - São Paulo - SP
ou enviados para os e-mails: [email protected] ou
[email protected]
margem inferior de 2 cm, margens laterais de 2 cm e tamanho de fonte 12.
4 • Siglas, abreviaturas, unidades de medidas, nomes de genes e símbolos
devem ser usados utilizando o modelo padrão internacional e de conhecimento
geral. Quando for a primeira vez que citar a sigla, deve ser acompanhada do
significado por extenso.
5 • Citações e referências devem seguir as normas de Vancouver.
6 • Caberá à diretoria científica julgar o excesso de ilustrações, suprimindo
redundâncias. A ela caberá também a adaptação dos títulos e subtítulos dos
trabalhos, bem como a preparação do texto, com a finalidade de uniformizar
a produção editorial.
02 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
Diretor Editorial: Dr. Fábio Luís Peterlini
Diretora Científica: Profa. Dra. Ariadne da Silva Fonseca
Coordenação Editorial: Amanda Ilkiu
Produção Editorial: Amanda Ilkiu
Jornalista Responsável: Vanessa Spada MTb 32.479
Editor de Arte: Felipe Massari
Produção Gráfica: Type Brasil
Tiragem: 1000 exemplares
Diagramação: Ei Viu! Design e Comunicação
Expediente
CONSELHO EDITORIAL
Adriano Francisco Cardoso Pinto • Ana Lucia das Graças Gomes
• Angelica Cristina Saes • Ariadne da Silva Fonseca • Carlos
Augusto Dias • Carlos Gorios • Daniela Akemi Costa • Emanuel
Salvador Toscano • Fábio Luís Peterlini • Jair Rodrigues Cremonin
Junior • José Antonio Pinto • José Ribamar Carvalho Branco Filho
• Leonardo Hiroki Kawasaki • Lucia de Lourdes Leite de Souza
Campinas • Lucia Milito Eid • Marcelo Alvarenga Calil • Luiz Carlos
Bordim • Marcelo Ricardo de Andrade Sartori • Marco Aurélio
Silvério Neves • Renato José Vieira • Vânia Ronghetti
Sumário
Editorial
4
Atenção ao puerpério precoce: Opinião de um grupo de mulheres
quanto à realização da consulta de Enfermagem na primeira
semana puerperal.
6
Attention to early puerperium: The view of a group of women about
consulting a nurse in the first puerperal week.
Atención al puerperio prematuro: Opinión de un grupo de mujeres en cuanto
a la realización de la consulta de Enfermería en la primera semana puerperal.
Gisleine Barroso da Costa
Maria Lucilene Ferreira Maciel
Daniela Aparecida Silva Gomes
Rita de Cassia da Silva Vieira Janicas
Conscientização dos Enfermeiros para o Correto Preenchimento
do Plano Educacional do Paciente e Acompanhante.
MISSÃO
Nursing Awareness to Correctly Complete the Educational Plan of The
Patient and Companion.
O Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa é uma
publicação da Rede de Hospitais São Camilo com periodicidade bimestral, destinado à divulgação de conhecimento científico da área de saúde e tem como finalidade contribuir para a
construção do conhecimento através do acesso científico dos
diferentes campos do saber.
Concientización de los Enfermeros para el Correcto Completado del Plan
Educacional del Paciente y Acompañante.
18
Andrea Cristina Marchesoni Zani1
Andressa Yuri Arakaki Gelmetti2
Ciclo PDCA Usado Para Elaboração do Relatório Gerencial no
Serviço de Controle de Infecção Hospitalar.
24
El uso del Ciclo PDCA Para la Preparación del Informe Sobre la Gestión
Servicio de Control de la Infección Hospitalaria.
PDCA Cycle Used For Preparing the Management Report on the Hospital
Infection Control Service.
Patrícia Mitsue Saruhashi Shimabukuro
Cleber Nunes da Rocha
Liliane Bauer Feldman
Oncologia Pediátrica: Assistência de Enfermagem
no Controle da Dor.
31
Pediatric Oncology: Nursing Care in Pain Control.
Oncología Pediátrica: Cuidados de Enfermería en el Control del Dolor.
Simone Alves dos Santos
Giane Elis de Carvalho Sanino
O Processo de Transplante de Órgãos.
The Process of Organs Transplantation.
El Processo de Transplante de Órganos.
Ana Claudia Coelho Lopes
Rosadélia Malheiros Carboni
39
Editorial
Aprimoramento Profissional como foco da
Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo
Ariadne da Silva Fonseca
Coordenadora de Publicações do Instituto de Ensino e Pesquisa
O Instituto de Ensino e Pesquisa juntamente com a diretoria, gerentes, coordenadores e
profissionais de renome estão organizando o 4º Congresso Internacional de Urgências, Emergências e Segurança do Paciente, que este ano engloba 4 outros Congressos em parceria com
o Centro Universitário São Camilo, sendo eles: 1º Congresso de Gerenciamento de Risco, 1º
Congresso de Hotelaria, 1º Congresso de Gestão Hospitalar e o 1º Congresso de Nutrição,
que ocorrerão no período de 23 a 25 de novembro de 2015.
O evento será realizado no Hotel Maksoud Plaza, na cidade de São Paulo e está sendo
organizado pensando em workshops, conferências, mesas redondas, talk shows, simpósios-satélite, apresentação de trabalhos científicos e feira tecnológica. Os workshops serão realizados no dia 23 de novembro, tanto no Centro de Simulação da Rede de Hospitais São Camilo
como no hotel Maksoud. Esperamos contar com aproximadamente 500 participantes das
diferentes regiões do país.
Este evento tem como foco principal a assistência ao cliente e família na urgência e emergência visando a segurança, o gerenciamento de risco, a gestão, os aspectos nutricionais e os
avanços na área de hotelaria. Nesse norte, estamos construindo um programa que permita
a reflexão, a discussão e a aquisição de conhecimento dos profissionais e alunos segundo os
padrões de excelência preconizados pelo mundo atual.
A preocupação com a construção de conhecimento é sustentada pela participação de convidados internacionais e nacionais que com certeza vão trazer as suas experiências e abrilhantar este evento.
Convidamos a todos a inscreverem seus trabalhos científicos, para tanto, a Coordenação de
Publicação está disposição para auxiliar na construção dos resumos.
Esperamos contar com a participação de todos.
04 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
The São Camilo Hospital Network of São Paulo
Targets Professional Improvement
The Education and Research Institute joined the board of directors, managers, coordinators and renowned professionals to organize
the 4th International Congress of Patient Urgencies, Emergencies and Security, which will include this year another four other Congresses in association with the São Camilo University Center. They are: the 1st Risk Management Congress, the 1st Hotel Trade Congress,
the 1st Hospital Management Congress and the 1st Nutrition Congress scheduled for November 23-25, 2015.
The event will take place at the Hotel Maksoud Plaza, São Paulo, SP, and is being organized by including workshops, conferences,
round tables, talk shows, symposiums via satellite, presentation of scientific works and technological fair. The workshops will be held
on November 23, both at the São Camilo Hospital Network Simulation Center and at the Maksoud. We hope that some 500 participants
from several Brazilian regions will show up.
The main focus of the event is to assist the client and his/her family in urgencies and emergencies by taking into consideration safety,
risk management, management, nutritional aspects and the advances in the hotel trade area. Towards this end, we are building a program that will open the way to pondering, discussion and acquisition of knowledge from professionals and students, according to the
excellence standards searched for in today’s world.
The concern over building knowledge is backed through the participation of international and national guests who will talk about
their experiences, showcasing the event.
We are inviting you to enter your scientific works through the Publication Coordination, who will be available to help put together
roundups and scientific works.
We are looking forward to your participation.
Perfeccionamiento Profesional como foco de la
Red de Hospitales São Camilo de São Paulo
El Instituto de Enseñanza e Investigación junto con el directorio, gerentes, coordinadores y profesionales renombrados están organizando el 4º Congreso Internacional de Urgencias, Emergencias y Seguridad del Paciente, que este año engloba 4 otros Congresos en
asociación con el Centro Universitario São Camilo, los cuales son: 1er Congreso de Gestión de Riesgo, 1er Congreso de Hotelería, 1er
Congreso de Gestión Hospitalaria y el 1er Congreso de Nutrición, que ocurrirán en el período de 23 a 25 de noviembre de 2015.
El evento será realizado en el Hotel Maksoud Plaza, en la ciudad de São Paulo y está siendo organizado pensando en workshops,
conferencias, mesas redondas, talk shows, simposios-satélite, presentación de trabajos científicos y feria tecnológica. Los workshops
se realizarán el día 23 de noviembre, tanto en el Centro de Simulación de la Red de Hospitales São Camilo como en el hotel Maksoud.
Esperamos contar con aproximadamente 500 participantes de las distintas regiones del país.
Este evento tiene como principal foco la asistencia al cliente y familia en la urgencia y emergencia, teniendo en vista la seguridad, la
gestión de riesgo, la gestión, los aspectos nutricionales y los avances en el área de hotelería. En ese sentido, estamos construyendo un
programa que permita la reflexión, la discusión y la adquisición de conocimiento de los profesionales y alumnos según los estándares
de excelencia preconizados por el mundo actual.
La preocupación con la construcción de conocimiento está sustentada por la participación de invitados internacionales y nacionales
que, con toda seguridad traerán sus experiencias y abrillantarán este evento.
Invitamos a todos a inscribir sus trabajos científicos, para ello, la Coordinación de Publicación está a disposición para auxiliar en la
construcción de los resúmenes y trabajos científicos.
Esperamos contar con la participación de todos.
05
Atenção ao puerpério precoce: Opinião de um grupo
de mulheres quanto à realização da consulta de
Enfermagem na primeira semana puerperal
Attention to early puerperium: The view of a group of women about
consulting a nurse in the first puerperal week
Gisleine Barroso da Costa
Maria Lucilene Ferreira Maciel
Daniela Aparecida Silva Gomes
Rita de Cassia da Silva Vieira Janicas
Atención al puerperio prematuro: Opinión de un grupo de mujeres
en cuanto a la realización de la consulta de Enfermería en la
primera semana puerperal
RESUMO
A realização desse estudo se baseou nas atuais recomendações da consulta puerperal na primeira semana pós-parto. Trata-se de um estudo descritivo,
exploratório, de análise quantitativa. Teve por objetivo investigar a opinião de um grupo de mulheres quanto a realização da consulta de enfermagem na primeira
semana puerperal. Participaram da pesquisa 61 mulheres no período de até 180 dias pós-parto, vinculadas a uma unidade básica de saúde no Município de
São Paulo. A coleta de dados foi realizada através de um formulário com questões abertas e fechadas pré-formuladas, aplicado no período de Abril a Maio de
2014. Os resultados mostraram que as puérperas participantes apresentaram dificuldades relacionadas ao autocuidado, cuidados com o recém-nascido e
amamentação no puerpério. Apesar das mães referirem valorizar a consulta puerperal, a maioria não a realizou na primeira semana pós-parto, pois desconheciam
essa recomendação.
PALAVRAS-CHAVE
Saúde da Mulher; Consulta Puerperal; Assistência de Enfermagem
ABSTRACT
This study was based on current recommendations regarding puerperal consultation in the first week following delivery. It was a descriptive, exploratory study of
quantitative analysis. Its goal was to check on the view of a group of women regarding a nursing consultation in the first puerperal week. The survey included 61
women for a period of 180 days following delivery in a primary health care unit in the City of São Paulo. The data were obtained through a form with previously
drafted, open and closed questions from April to May 2014. The results showed that the participating puerperal mothers faced difficulties regarding caring for
themselves and the newborn, as well as lactation during that period. Although the mothers said they valued the puerperal consultation, most of them did not show
up in the first week following delivery, as they did not know about this recommendation.
KEYWORDS
Women’s Health; Puerperal Consultation; Nursing Assistance
RESÚMEN
La realización de este estudio se basó en las actuales recomendaciones de la consulta puerperal en la primera semana post-parto. Se trata de un estudio
descriptivo, exploratorio, de análisis cuantitativo. Tuvo por objetivo investigar la opinión de un grupo de mujeres en cuanto a la realización de la consulta de
enfermería en la primera semana puerperal. Participaron de la investigaciones 61 mujeres en el período de hasta 180 días post-parto, vinculadas a una unidad
básica de salud en el Municipio de São Paulo. La recolección de datos fue realizada por medio de un formulario con cuestiones abiertas y cerradas pre-formuladas,
aplicado en el período de Abril a Mayo de 2014. Los resultados mostraron que, las puérperas participantes presentaron dificultades relacionadas al autocuidado,
cuidados con el recién-nascido y amamantamiento en el puerperio. A pesar de las madres mencionar valorar la consulta puerperal, la mayoría no la realizó en la
primera semana post-parto, pues desconocían esa recomendación.
PALABRAS-CLAVE
Salud de la Mujer; Consulta Puerperal; Asistencia de Enfermería
GISLEINE BARROSO DA COSTA, MARIA LUCILENE FERREIRA MACIEL, DANIELA APARECIDA SILVA GOMES • Graduadas
em enfermagem pela universidade Anhembi Morumbi em 2014
RITA DE CASSIA DA SILVA VIEIRA JANICAS • Enfa. Obstetra; Profa. do Curso de Graduação em Enfermagem , Escolas de
Ciências da Saúde - Universidade Anhembi Morumbi.
06 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
I • INTRODUÇÃO
A saúde da mulher é hoje um dos principais temas dos muitos programas governamentais de promoção e atenção à saúde. O interesse pelo tema se deu durante os estágios do Curso de graduação em
Enfermagem em que se observou a complexidade envolvida nas ações de atenção à Saúde da Mulher,
especialmente durante o período pré-natal e puerpério.
Nas Unidades Básicas de Saúde – UBS, as equipes de saúde mobilizam-se no sentido de efetivar as
ações previstas nos programas de atenção básica à mulher no período gestacional e puerpério, mas
apesar dos esforços, constatou-se que ainda há muito para se fazer em relação a assistência obstétrica
diante do desequilíbrio entre a grande demanda nas UBS e a quantidade insuficiente de profissionais para
atende-las.
Classicamente, considera-se que o período puerperal inicia com a dequitação da placenta, porém seu
término é impreciso e varia de uma mulher para outra1. Pode-se dizer que “o puerpério é dividido em
imediato com o inicio após o término da dequitação e se estende entre 1,5 e 2 horas após o parto, o mediato que vai do final da fase imediata até 10°dia e o tardio que segue do 11° dia até o reinicio dos ciclos
menstruais nas que não amamentam e até a 8° semana nas lactantes”1. Classificações mais recentes
referem que pode ser dividido em “imediato que vai do 1° ao 10° dia, tardio do 10° até o 45° dia e remoto
que vai além do 45° dia”2.
Essas classificações norteiam a atenção profissional para os principais riscos que a puérpera estará
exposta durante cada fase puerperal. No entanto, deve-se concordar que além de conhecer a importância
dos aspectos físicos, o Enfermeiro deve compreender que esse período tende a ser um momento muito
especial para a mulher, pois ela está recebendo o filho que tanto aguarda. Entretanto, apesar da puérpera
precisar de um cuidado diferenciado, observa-se que, diante da atenção voltada quase que exclusivamente para o recém-nascido, a assistência puerperal na maioria das vezes é negligenciada.
Embora as mulheres no puerpério vivenciem uma condição especial do seu processo de saúde, elas
não estão doentes. Em contrapartida, a possibilidade de intercorrências clínicas como anemias, hemorragias e infecções, assim como as altas taxas de morte materna em nosso país, faz com que o puerpério
seja considerado um período de risco para a saúde das mulheres3.
O “puerpério é o período do ciclo grávido em que as modificações locais e sistêmicas, imprimidas pela a
gestação no organismo materno, retornam ao estado pré-gravídico”1. É considerado como um momento
de fragilidade materna em que a puérpera estará mais ou menos vulnerável a apresentar intercorrência
dependendo da presença de fatores de risco e da assistência recebida.
As modificações puerperais incluem alterações emocionais e até mesmo transtornos mentais decorrentes das alterações hormonais impostas pela gravidez. Segundo o Ministério da Saúde: “no final da gravidez e nas primeiras semanas após o nascimento, a maioria das mulheres entra em um estado especial,
de sensibilidade exacerbada”. É nesse período que os profissionais que acompanham a puérpera devem
ter uma atenção especial para identificar e intervir em qualquer alteração física e ou mental, pois a atuação
preventiva no puerpério deve proporcionar à mãe o apoio de que ela necessita para enfrentar os eventuais
episódios de depressão ou outras formas de sofrimento psíquico4.
Cabe ressaltar que as alterações emocionais, bem como as complicações físicas de diversas ordens
podem comprometer a saúde da puérpera e evoluir para intercorrências por vezes graves, elevando os
índices de morbidade e mortalidade materna, especialmente na primeira semana após o parto.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a Morte Materna é definida como a morte de todas
as mulheres em decorrência de complicações ligadas à gestação ou complicações de alguma doença
pré-existente ou ainda de alguma doença que se instala durante a gestação ou puerpério agravada pelos
efeitos fisiológicos da gravidez, sendo consideradas todas as fases, desde o início da gravidez incluindo o
acompanhamento da mulher no ciclo grávido-puerperal5.
No Brasil, por ordem de ocorrência, as três principais causas de morte materna são: hipertensão, hemorragia e infecção agravadas muitas vezes pelas as próprias condições de vida de puérpera, seja por
07
Atenção ao puerpério precoce: Opinião de um grupo de mulheres quanto
à realização da consulta de Enfermagem na primeira semana puerperal
alimentação ou até mesmo pelo autocuidado inadequado bem como pela assistência obstétrica recebida.
O óbito materno pode ocorrer em qualquer fase do ciclo gravídico, inclusive no puerpério, especialmente
na primeira semana pós-parto6.
Para identificar a real estimativa de morte materna no Brasil, utiliza-se a Razão de Morte Materna (RMM)
que é um fator de correção para aproximar os dados estimados para o indicador aos valores reais. Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde o numero de óbitos é de 68,2 para cada 100 mil nascidos
vivos, apresentando diferenças importantes entre as várias regiões do Brasil. Esse resultado encontra-se
muito acima dos níveis aceitáveis pela OMS7.
Cabe ressaltar que cerca de 90% dos casos de morte materna poderiam ser evitáveis com a implementação de medidas simples de prevenção que vão desde o planejamento familiar até os cuidados com o
pós-parto, abrangendo todo o período gestacional. Portanto acredita-se que os índices de morte materna
no Brasil ferem o direito a vida à essas mulheres e tem sido considerado como um desperdício de vida
com grande impacto na estrutura familiar8.
Em 2004 foi criado o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal e tem por
objetivo articular ações sociais, mobilizadas em torno da melhora da qualidade de vida de mulheres e
crianças, na luta contra os elevados índices de mortalidade materna e neonatal no Brasil. A partir do Pacto Nacional foi instituído a Primeira Semana de Saúde Integral que objetiva intensificar o cuidado com o
recém-nascido e a puérpera na primeira semana após o parto, período em que se concentram os óbitos.
Foram desenvolvidas, na unidade básica de saúde com o objetivo de melhorar a cobertura e reforçar a
vinculação da mulher e do recém-nascido as seguintes ações: avaliação da mulher e do recém-nascido,
atentar à saúde mental da puérpera, orientação e apoio ao aleitamento materno, vacinas da puérpera e
do recém-nascido, teste do pezinho, orientação para contracepção e o agendamento da consulta de
puericultura e de puerpério8.
A fim de viabilizar essas recomendações foi preconizado que a maternidade, no momento da alta, avise
à equipe de atenção básica à qual a mulher e seu bebê estão vinculados, que estes estão retornando para
casa, com o objetivo de que a equipe se prepare para realizar a visita domiciliar, de modo que esta ocorra
no tempo oportuno, e seja dentro da primeira semana após o parto, e, ainda, que os retornos da mulher
e do recém-nascido ao serviço de saúde aconteçam em até 10 dias após o parto9.
Essas recomendações visam prevenir intercorrências puerperais, melhorando os indicadores para essa
fase. No entanto, observa-se na prática, que na maioria das vezes quem informa a UBS sobre o nascimento do recém-nascido são os agentes comunitários de saúde (ACS), e que a puérpera, geralmente
só procura a UBS para consulta com o ginecologista após 30 dias pós-parto ou quando surge alguma
complicação grave como hemorragia e infecção.
A realidade vivenciada pelas pesquisadoras não difere da realidade relatada pelas pesquisas. Desse
modo, objetivando atender as demandas maternas e considerando as especificidades da mulher como
sujeito do processo de cuidado, o Programa de Humanização de Pré-Natal e Nascimento – PHPN estabeleceu a Consulta Puerperal como sendo indispensável ao conjunto da assistência, desvinculando a saúde
da mãe da saúde do recém-nascido10.
Outrossim, o protocolo de assistência puerperal recomenda que esse atendimento deve ser o mais
criterioso possível no âmbito hospitalar e na avaliação posterior, na unidade de saúde deve ser qualificado
e embasado cientificamente para ajudar a mulher a recuperar-se da melhor forma possível. Nesta ocasião,
ela também deverá receber informações específicas sobre os cuidados que deve tomar consigo mesma e
com o bebê e orientações pertinentes à amamentação à vida reprodutiva e à sexualidade.
De acordo com a portaria 570 do Ministério da Saúde, a consulta puerperal realizada pelo o Enfermeiro
consiste no atendimento a puérpera, no período de ate quarenta e dois dias apos o parto, com a finalidade
de conclusão da assistência obstétrica, o que a torna um instrumento de grande importância na identificação de intercorrências próprias do puerpério11.
A consulta puerperal realizada pelo o Enfermeiro deve-se seguir um roteiro, objetivando avaliar o estado
08 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
de saúde da mulher e do recém-nascido, bem como seu o retorno às condições pré-gravídicas, apoiando o aleitamento materno e orientando o planejamento familiar. Além de identificar situações de risco ou
intercorrências e conduzi-las adequadamente, é importante também avaliar a interação da mãe com o
recém-nascido complementando as ações não executadas no pré-natal6.
O conhecimento sobre as alterações fisiológicas e sobre as etapas da consulta de enfermagem no
puerpério irão garantir que o profissional tenha as informações pertinentes à realização de uma consulta
de forma completa e para que a orientação seja direcionada as necessidades desta nova mãe tornam-se
necessário que profissional seja qualificado e comprometido com a assistência à mulher de forma que
esta seja realizada com respeito, ética e dignidade6.
A partir dessas dificuldades optou-se por desenvolver esse estudo em uma UBS da região metropolitana de São Paulo com o intuito de identificar a realização da consulta de enfermagem na primeira semana
puerperal, na opinião de um grupo de mulheres. Acredita- se que o relato das puérperas possa contribuir
para aumentar a efetividade das ações voltadas a maior cobertura da Primeira Semana de Saúde Integral.
II • OBJETIVOS
2.1 - Geral
• Identificar a opinião de um grupo de mulheres quanto à realização da consulta de enfermagem na
primeira semana puerperal.
2.2 - Específicos:
• Caracterizar as participantes do estudo quanto aos aspectos sócios demográficos e obstétricos.
• Identificar a realização da consulta puerperal.
• Identificar a opinião materna quanto à realização da consulta de enfermagem na primeira semana
puerperal.
III • CASUÍSTICA E MÉTODO
Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, de análise quantitativa que investigou a opinião de
um grupo de mulheres quanto a realização da consulta de enfermagem na primeira semana puerperal.
Os dados desta pesquisa foram coletados em uma unidade básica de saúde, localizada na região sudeste do município de São Paulo. O horário de funcionamento é de segunda a sexta feira das 7h às 19 h.
A unidade de saúde atende no regime de unidade de saúde mista, ou seja, atende os pacientes através
da Unidade Básica de Saúde (UBS) e a partir de 2010 foi implantada a Estratégia de Saúde da Família
(ESF), que compreende 6 equipes de saúde. Cada equipe é composta por um médico, uma enfermeira e
seis agentes comunitários de saúde.
O atendimento à comunidade abrange os programas de pré-natal, hipertensão, diabetes, consultas
ginecológica, pediátrica e clinica médica e mais recentemente foi implantado o programa de saúde bucal,
ainda faz a vigilância epidemiológica com a notificação compulsória da região. No atendimento à gestante
a enfermeira faz desde o diagnóstico da gravidez, consultas de enfermagem de baixo risco, coleta de
exames laboratoriais e planejamento familiar, além das visitas domiciliares.
Participaram do estudo 61 mulheres com até 180 dias pós-parto, que atenderam aos critérios de serem
vinculadas à UBS.
Os dados foram coletados após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. A coleta
de dados foi feita através de formulários com questões abertas e fechadas pré-formuladas, abordando
desde o pré-natal até o puerpério. A entrevista foi realizada na própria UBS com usuárias integrantes do
programa ESF e que estão vinculadas a mesma.
O projeto de pesquisa foi encaminhado ao do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da prefeitura do
município de São Paulo o qual emitiu parecer favorável para que a mesma fosse realizada. Também foi
A hipertensão arterial
é um dos agravos mais
importantes na gestação de
alto risco, sendo a principal
causa de morte materna no
Brasil.
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Atenção ao puerpério precoce: Opinião de um grupo de mulheres quanto
à realização da consulta de Enfermagem na primeira semana puerperal
aprovado pelo CEP da universidade Anhembi Morumbi e atendeu as normas éticas vigentes para pesquisas com seres humanos.
Os dados coletados foram tabulados em planilha eletrônica, analisados e transferidos para gráficos
para comparação e porcentagem dos resultados encontrados, utilizando o programa Excel.
IV • RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 - Caracterização dos sujeitos
Os dados foram coletados no período de abril a maio de 2014. Participaram do estudo 61 mulheres
escolhidas aleatoriamente que se encontravam dentro da unidade básica de saúde na espera de consulta
para ela ou para o bebê ou ainda na sala de vacinação, com no máximo 180 dias pós-parto, que concordaram em participar do estudo.
Os dados obtidos a partir das respostas demonstraram que metade das participantes (50%) se considerava pardas, 35% brancas, 12% da raça amarela e 3% negras.
Os resultados demonstraram que a maior parte (36%) se tratava de mulheres jovens, pertencentes da
faixa etária entre 22 e 27 anos. Em seguida 23% com idade entre 28 e 33 anos. Nota-se que 20% das participantes referiu idade inferior a 21 anos, demonstrando significativa incidência precoce para esse grupo.
Segundo dados de uma pesquisa feita em 2006 pela PNDS, a taxa de fecundidade em 1996 era de 2,5
filhos por mulher, em contraste com 1,8 registrados no ano da pesquisa. No gráfico observa-se que 21%
das pesquisadas tinham mais que 34 anos isso porque na medida em que aumenta a idade da mulher
ao nascimento do filho, cresce a proporção de não desejados, chegando a 40% para aquelas acima dos
35 anos11.
Quanto ao grau de escolaridade observa-se que 34% encontravam-se no ensino fundamental, 59% no
ensino médio, seguido de 7% que referiram possuir o ensino superior. Esses dados podem ser correlacionados e confirmados através de dados apontados onde indica, que no Brasil, 36,9% das mulheres em
idade reprodutiva possuem entre 9 e 11 anos de estudos, representando o ensino médio; 29,7% de 5 a 8
anos (ensino fundamental) e somente 12,5% o ensino superior que significa 12 ou mais anos de estudos.
Com relação a vida conjugal observa-se que 79% referiram viver maritalmente (36% casadas e 43% em
união estável); e 21% das pesquisadas não conviviam com os parceiros.
Segundo o IBGE, Os dados sobre o estado civil da mulher brasileira do Registro Civil apontaram, em
1984, que a idade média da mulher ao casar era 24,1 anos. O número de casamentos registrados, em
cartório, no período de 1984 a 1994, atingiu o máximo de 1 007 474 em 1986. A partir daí, os matrimônios
legais declinaram atingindo, em 1994, apenas 763 129 mil. (BRASIL, 2014). Já a PNDS relata em pesquisa
em 2006 que o número de casamentos legais ainda são maiores (36,7%) que o de uniões consensuais
(27,3%)11.
O resultado demonstra que 61% das mulheres participantes da pesquisa trabalhavam fora de suas casas, em um emprego formal. Já 34% se classificavam como sendo do lar, onde faziam apenas os afazeres
domésticos, 6% eram estudantes que provavelmente se enquadram na categoria de faixa etária de 18 à
21 anos. E por fim, apenas 2% referiram possuir um emprego informal.
Ao investigar a renda familiar mensal, quase a metade (49%) referiram receber 1 ou 2 salários mínimos, que se classificado de acordo com a Associação Brasileira De Empresas de Pesquisas, 2008, são
pertencentes das Classe C1, 40% referiram receber de 2 a 4 salários, 5% recebem de 4 a 6 salários. Do
total 6% recebem menos que 1 ou nenhum salário, pertencendo assim, à classe D e E respectivamente11.
Analisando as características obstétricas, observou-se que quase a metade das mulheres participantes
(49%) eram primíparas, 26% eram mãe pela segunda vez, 8% eram tercíparas e 17% relataram quatro
ou mais filhos.
No que tange o número de consultas de pré-natal realizadas pelas participantes, observa-se que a
maioria (84%) realizou seis consultas ou mais durante a sua gestação, 13% realizou cinco consultas ou
10 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
menos e 3% não realizou o pré-natal.
Quando uma mulher descobre que esta grávida, especialmente quando é a primeira gestação, há um
misto de felicidades e incertezas, onde a mulher está envolta de muitas dúvidas que começam com o
diagnóstico de gravidez, passam pelas alterações fisiológicas e persistem pelo resto da vida. Esse dado
reforça a importância de uma assistência obstétrica completa desde o pré-natal até o puerpério para um
fechamento adequado desse ciclo e assim se iniciar o próximo, com mais segurança.
Segundo o Ministério da Saúde o objetivo do acompanhamento do pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas. A assistência
de enfermagem à mulher começa no pré-natal com a confirmação da gestação e se estende até o período
puerperal sendo recomendadas consultas mensais até a 28° semana e depois quinzenais até 36° semana
11
Atenção ao puerpério precoce: Opinião de um grupo de mulheres quanto
à realização da consulta de Enfermagem na primeira semana puerperal
e assim segue semanalmente até o parto. De acordo com os resultados obtidos, esta assistência está
sendo efetiva dentro da UBS e corresponde aos resultados esperados9.
De todas as pesquisadas, a maioria (72%) referiu gestação de baixo risco e 26% responderam que tiveram sua gestação considerada de risco. Das puérperas (26%) que tiveram gestação considerada de risco,
os agravos associados mais citados foram a hipertensão na gestação, referida por 31% das participantes,
seguido por dores abdominais (13% ) e por 12% com doenças cardiovasculares.
A hipertensão arterial é um dos agravos mais importantes na gestação de alto risco, sendo a principal
causa de morte materna no Brasil. É um importante agravo que pode afetar a saúde materna e viabilidade fetal. Quando não adequadamente tratada, pode resultar em quadros graves como a eclampsia
ou síndrome HELLP (síndrome da hemólise das enzimas hepáticas e baixa contagem de plaquetas). A
hipertensão deve ser diagnosticada precocemente, sendo as gestantes de risco monitoradas, tratadas e
seguidas durantes todo o ciclo gravídico-puerperal12.
A partir da pesquisa observou-se que 89% dos partos foram realizados em hospitais públicos e ainda
do total de mulheres pesquisadas, 70% tiveram partos normais.
Estes dados demonstram o incentivo ao parto normal de baixo risco nos hospitais públicos, contribuindo para uma recuperação mais rápida e diminuindo o risco de intercorrências no puerpério.
Segundo as evidências científicas, o tipo de parto apresenta uma relação direta com as taxas de morbimortalidade maternas. A adoção de medidas que incentivem o parto normal, propiciando a participação
ativa da parturiente e de sua família, tornando o parto um evento fisiológico e o menos medicalizado
possível, contribuirá para a redução das taxas de cesárea. Portanto, as indicações de um parto cirúrgico
devem ser pautadas por critérios estritamente clínicos e obstétricos13.
Ainda pode-se dizer que há muitas politicas públicas relacionadas com o incentivo do parto normal, um
dos programas instituídos a nível nacional é a Rede Cegonha que visa acompanhar a mulher em todas as
fases de sua gestação, desde o planejamento da mesma, até o segundo ano da criança.
Trata-se de um modelo que garante às mulheres e às crianças uma assistência humanizada e de qualidade, que lhes permitem vivenciar a experiência da gravidez, do parto e do nascimento com segurança,
dignidade e beleza. Não se pode esquecer jamais que dar à luz não é uma doença ou um processo
patológico, mas uma função fisiológica e natural que constitui uma experiência única para a mulher e seu
parceiro7.
Investigou-se o recebimento de orientações durante o pré-natal para o retorno à consulta puerperal.
Os resultados demonstraram que 36% foram orientadas quanto ao retorno em até 30 dias, seguido de
17% em até 10 dias e de 12% para após 30dias, além de 35% que referiram não ter recebido nenhuma
orientação quanto ao retorno.
Nota-se que apesar da maioria (65%) ter recebido orientações quanto à consulta de retorno pós-parto,
apenas 17% delas referiu a importância dessa avaliação em até dez dias. Os resultados mostram que as
orientações encontram-se de forma não padronizada, com várias propostas de agenda, o que pode gerar
na gestante insegurança quanto ao melhor momento de retornar ou até mesmo a não valorização dessa
prática. Outro ponto que merece destaque para o objeto investigado é o de que 35% das participantes
não recebeu nenhuma orientação nesse sentido.
A assistência puerperal na atenção primária está instituída no programa Rede Cegonha como “Primeira
Semana de Saúde Integral” (PSSI). Trata-se de uma estratégia de promoção à saúde, na qual são realizadas atividades às puérperas e recém-nascidos (RN). Acredita-se na importância da sensibilização dos
profissionais em valorizar a prática baseada em evidências, que em relação à assistência materna qualificada, tem apontado a consulta puerperal na primeira semana pós-parto como fundamental para impactar
positivamente os atuais indicadores de morbimortalidade materna. Melhorar a adesão das puérperas a
consulta puerperal precoce, passa também pela valorização dessa prática, que pode ser influenciada
pelas orientações profissionais recebidas e da própria vivência materna7.
No que se refere a assistência na primeira semana pós-parto, verifica-se que a grande maioria (72%)
12 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
referiu não ter recebido nenhum tipo de assistência no referido período. Das 28% que receberam assistência, 12% identificaram como sendo o Enfermeiro o profissional que a realizou 8% referiu a visita médica
e 5% das ACSs, seguido de 3% que não souberam informar.
Os resultados demonstram a insatisfatória cobertura na consulta puerperal precoce para o grupo pesquisado. Observa-se que esses dados encontram-se compatíveis com os apontados, em que afirmam
que os cuidados de enfermagem são precários nesse período, distanciando-se do que é preconizado
pelos organismos oficiais. A qualidade da assistência à mulher, no período puerperal, sofre influência da
formação profissional nas escolas médicas e de enfermagem que orientadas pelo modelo biomédico fazem da clínica o sentido da atenção. Assim, apesar da crescente preocupação com a humanização dos
cuidados à saúde da mulher em todas as fases do ciclo vital, é visível a pouca valorização que é dada
as demandas que emergem da vivência da mulher no período puerperal, especialmente as relativas à
subjetividade feminina, que se alteram com a chegada de um filho, segundo o contexto sócio cultural e
emocional em que se inserem a gravidez, o parto e o pós-parto14.
A visita domiciliária da puérpera deverá ser realizada assim que ela chegar ao domicílio e até o 10º dia
após o parto, visando acolher e garantir toda assistência de enfermagem. Caso não seja possível a realização da visita, deve- se optar pela consulta na unidade incluindo a criança e o companheiro7.
Essa consulta consiste em avaliar as condições da puérpera, realizar o exame físico e esclarecer suas
duvidas referente a ela e o RN, e é de suma importância especialmente para as mulheres que tiveram
alguma intercorrência durante a gestação ou no parto e ainda para esclarecer duvidas sobre o cuidado
com o RN e sobre a amamentação.
Foi possível observar neste estudo que a maioria das mulheres (67%) não apresentou dificuldades na
primeira semana puerperal. Em contrapartida, observou-se que 33% referiu que consideraram a primeira
semana puerperal difícil.
Das mulheres que apresentaram dificuldades, a maioria (55%) estava relacionada com o RN, principalmente com a amamentação e também por não saber lidar com o bebê nos primeiros dias. Das mulheres
que apresentaram alguma intercorrência pós-parto (45%), a predominância de problemas foi relacionada
com a incisão cirúrgica (67%), seja por rompimento dos pontos ou por inflamação local.
Observa-se que os resultados estão condizentes com a literatura, com um grupo pesquisado composto por mulheres com gestação de baixo risco, que realizaram consultas pré-natais adequadas, que
tiveram como desfecho o parto normal e um puerpério sem intercorrências.
Em contrapartida, há que se destacar que em 33% das mães, houve a necessidade de apoio capacitado no puerpério. Fato compreensível, especialmente considerando-se que a maioria delas eram mulheres
jovens e no primeiro ou segundo filho (84%), reiterando a importância da consulta puerperal para atender
as demandas de cuidados à puérpera e ao recém-nascido, mesmo os com baixo risco.
FIGURA 1 - Distribuição da amostra segundo o relato de intercorrências com o recém-nascido. São
Paulo, 2014.
Não se pode esquecer jamais
INTERCORRÊNCIA COM O RN
que dar à luz não é uma
doença ou um processo
21%
patológico, mas uma função
SIM
79%
NÃO
fisiológica e natural que
constitui uma experiência
única para a mulher e seu
parceiro.
13
Atenção ao puerpério precoce: Opinião de um grupo de mulheres quanto
à realização da consulta de Enfermagem na primeira semana puerperal
A figura 1 demostra que a maioria dos recém-nascidos (79%), não apresentou nenhuma intercorrência,
porém dos 21% que apresentaram alguma intercorrência, as principais foram: icterícia (23%), desconforto
respiratório (23%) e prematuridade (15%).
Essas intercorrências com o RN estão condizentes com a literatura, embora a maioria das gestantes
pesquisadas serem jovens, de baixo risco e terem optado pelo parto normal, os RN precisam de uma
atenção diferenciada devido estarem em processo de amadurecimento do organismo.
A maioria das intercorrências é descoberta na maternidade ou no domicilio, em geral na primeira semana de vida. Por isso há a necessidade de um olhar atento da equipe de saúde no qual essa família está
vinculada, pois quanto mais precoce a descoberta de qualquer anormalidade com o RN, menor o dano
em seu desenvolvimento.
O RN é um ser vulnerável à infecções e patologias, pois seu sistema está se adaptando ao novo meio,
é exatamente nesta fase que ocorre o maior índice de mortalidade e morbidade infantil, e é graças ao
avanço científico e a assistência primária efetiva que esse índice vem diminuindo15.
FIGURA 2 - Distribuição da amostra segundo relato de intercorrências com a amamentação. São
Paulo, 2014.
PROBLEMAS COM AMAMENTAÇÃO
7%
3%
62%
8%
20%
Não
Sim, dificuldades com
amamentação
Sim, traumas mamilares
Alteração anatômica
Não tinha leite
Ao investigar entre as participantes, a ocorrência de problemas relacionados à amamentação, observou-se que 62% não apresentaram dificuldades, porém 38% delas referiram ter apresentado problemas.
Das entrevistadas que tiveram algum tipo de problema com a amamentação, 20 % estavam relacionados com posição e pega, 8% apresentaram traumas mamilares, 7% alegaram que tinham parado de
amamentar por baixa produção de leite e, ainda, 3% referiu dificuldades por alteração anatômica mamilar.
A amamentação é um importante tema no cenário de assistência perinatal. Sua prática exclusiva é capaz de evitar várias causas de óbito neonatal. Entretanto, trata-se de um ato voluntario em que a mulher
precisa reconhecer os benefícios, optar e aprender o manejo do aleitamento materno. Para tanto, acredita-se que a promoção e o incentivo da amamentação deve começar desde o pré-natal, esclarecendo
possíveis dúvidas que a gestante venha a ter, a pratica da amamentação precoce deve ser apoiada nos
primeiros dias durante o estabelecimento da técnica, no contexto intra e extra-hospitalar.
Muitos problemas que as puérperas apresentam podem ser prevenidos com o apoio profissional capacitado e oportuno. Dificuldades relacionadas ao ingurgitamento mamário, posicionamento inadequado
tanto dela quanto do RN, ou de pega correta, acabam acarretando fissuras mamilares, ou ainda uma
sucção deficiente por parte do RN causando a introdução precoce de alimentos que não são adequados
para o bebe, tendo como consequência o desmame precoce.
Considera-se de extrema importância a assistência dos profissionais de saúde no período de apojadura
(descida do leite maduro) que ocorre por volta de 72 horas após o parto, pois é nessa época que muitas
14 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
puérperas acreditam que seu leite “não irá sustentar seu filho” e começam a introduzir outros tipos de
alimentos, causando confusão de bicos e antecipação do desmame.
Ter experiências satisfatórias de amamentação encoraja as mães a prosseguirem amamentando seus
futuros filhos com autonomia cada vez maior. A maioria do grupo investigado recebeu assistência pré-natal adequada, teve parto normal e relato de sucesso na amamentação. No entanto, acredita-se que
parte expressiva dessas mulheres e recém-nascidos (38%) poderiam ter sido beneficiados se tivessem
recebido apoio profissional capacitado, durante a primeira semana puerperal.
Segundo o Ministério da Saúde, conhecer os aspectos relacionados à prática do aleitamento materno
é fator fundamental, no sentido de colaborar para que a mãe e filho possam vivenciar a amamentação de
forma efetiva e tranquila, recebendo do profissional as orientações necessárias e adequadas para o seu
êxito. Levando-se em conta que a mulher passa por longo período de gestação até que possa concretamente amamentar seu filho, entende-se que o preparo para a amamentação deva ser iniciado ainda no
período de gravidez. O sucesso do aleitamento materno está relacionado ao adequado conhecimento
quanto à posição da mãe e a pega do bebê na região mamilo areolar9.
FIGURA 3 - Distribuição da amostra segundo a opinião materna sobre a importância da consulta puerperal na primeira semana pós-parto. São Paulo, 2014
CONSIDERA IMPORTANTE A CONSULTA NA 1ª SEMANA PÓS PARTO
Não
2%
23%
42%
Sim, para receber orientações sobre
o que pode fazer
Sim, para orientações sobre
o cuidado com o bebê
18%
15%
Sim, para ver como está o retorno
do organismo ao estado pré gravidico
Sim, outras
Na figura 3, ao investigar a opinião materna quanto a importância que as mesmas atribuem à consulta
puerperal, observou-se que quase todas as entrevistadas (98%) considera a consulta puerperal na primeira semana importante por diversas razões, dentre elas 42% considera a consulta importante para receber
orientações sobre o autocuidado no período pós-parto. Outras indagações referem-se aos cuidados com
o RN ou mesmo sobre as alterações corporais.
As mulheres pesquisadas referiram certo desamparo no momento de retornarem para casa, pois junto
com ele vieram muitas dúvidas sobre como cuidar de um ser tão frágil e que está sob total responsabilidade dela, bem como as dúvidas sobre o que ela pode ou não fazer em casa, em relação às tarefas diárias
ou ainda elas gostariam de poder contar com alguém no caso de haver algum problema, principalmente
em se tratando do primeiro filho.
Segundo estudo realizado sobre a percepção das puérperas quanto aos cuidados prestados pela equipe de saúde no puerpério, as principais experiências referentes a esta fase são os desconfortos físicos e
as mudanças emocionais, expressando um período de vulnerabilidade física e emocional. No pós-parto,
a mulher é tomada por uma grande ansiedade associada às expectativas quanto à integridade física
do bebê e, principalmente à amamentação, relacionada à descida e à qualidade do leite16. No entanto,
essas necessidades maternas poderiam ser supridas com a implementação da assistência puerperal
recomendada. Nota-se nessa investigação, que o grupo pesquisado valoriza a consulta puerperal, e que
a realização da mesma poderia ter contribuído para prevenir ou minimizar as intercorrências enfrentadas
15
Atenção ao puerpério precoce: Opinião de um grupo de mulheres quanto
à realização da consulta de Enfermagem na primeira semana puerperal
pelas participantes deste estudo.
Acredita-se que a excelência desta assistência poderia ser alcançada se a mesma ocorresse de forma
efetiva com a mulher desde o pré-natal, envolvendo, desta forma os aspectos técnicos e interpessoais
na relação paciente-cuidador com empatia, tolerância, disponibilidade, autenticidade, confiança, diálogo
e preservação da individualidade. Contudo, a realidade transporta a uma experiência ineficaz, na qual a
mulher depara-se, muitas vezes, com a negligência da assistência ao período puerperal, estando muitos
dos cuidados do puerpério totalmente direcionados apenas ao recém-nascido, ficando a mercê de leigos
ou do autocuidado empírico, o que favorece a incidência de intercorrências patológicas preveníveis no
período puerperal.
V • CONCLUSÃO
Diante do contexto apresentado, constatou-se que a consulta puerperal precoce assume grande importância na assistência obstétrica, porém apesar de todos os benefícios descritos, observou-se que a
realização da mesma ainda é de baixa frequência na UBS, campo desse estudo.
O estudo mostrou atenção adequada voltada à assistência pré-natal, com reflexos positivos ao parto
demonstrando capacitação e empenho da equipe frente a essa assistência. Entretanto os manuais de
atenção básica ressaltem a importância da continuidade da assistência no puerpério, os resultados apontam que ainda há deficiências na execução desse cuidado. As mulheres pesquisadas relataram que foram
informadas da consulta puerperal de 30 dias, mas não tinham nenhum conhecimento acerca da consulta
de Enfermagem que deveria ser realizada em até 10 dias pós-parto com o Enfermeiro da unidade.
Há que se reconhecer as dificuldades relacionadas à sobrecarga de trabalho do Enfermeiro dentro de
uma unidade de atenção básica, pois suas atribuições englobam todo o ciclo vital. No entanto, assistir a
mulher nesse momento deve ser uma de suas prioridades. De acordo com essa problemática, fica visível
a necessidade de um esforço conjunto, para a melhoria da qualidade da assistência na atenção básica à
mulher no puerpério precoce.
Acredita-se que, de maneira geral, fatores culturais e a não valorização da consulta puerperal possam
contribuir para direcionar a atenção quase que exclusivamente para o RN, fazendo com que a puérpera
enfrente esse momento de incertezas de maneira solitária e vulnerável. Essa realidade somada às evidências de benefícios reforça, a importância da consulta de Enfermagem nesse momento, pois ela é direcionada à mãe e às suas adaptações fisiológicas caracterizadas pelos fenômenos próprios do pós parto.
Os resultados desse estudo sugere a necessidade de realização de pesquisa frente aos profissionais
que realizam a assistência perinatal no sentido de ampliar a investigação obtendo variáveis que possibilitem maior compreensão desse fenômeno.
16 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
REFERÊNCIAS
1 • Neme, B. Obstetrícia básica. Sarvier.,2000.
2 • Rezende Filho J, Montenegro CB. Obstetrícia Fundamental. 12ª edição. Guanabara Koogan. Rio
de Janeiro. 2011.
3 • Cabral F, Oliveira D. Vulnerabilidade de puérperas na visão de equipes de saúde da família: ênfase
em aspectos geracionais e adolescência. Revista Escola Enfermagem USP 2010; 2 (3):368-375.
4 • Brasil, Ministério da Saúde, Manual prático para implementação da rede cegonha. Brasília, 2012.
5 • Brasil, Ministério da Saúde. Manual dos Comitês de mortalidade materna. Brasília 2007.
6 • Brasil, Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica do Óbito Materno. Brasilia, 2009.
7 • Brasil, Ministério da Saúde . Boletim 1/2012 - Mortalidade materna no Brasil. Brasília. 2012.
8 • Brasil, Ministério da Saúde. Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal.
Brasilia, 2004.
9 • Brasil, Ministério da Saúde. Caderno de atenção básica. atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília, 2012.
10 • Serruya SJ. A experiência do programa de humanização no pré-natal e nascimento (PHPN) do
Ministério da saúde no Brasil, Unicamp, Campinas 2003.
11 • Brasil, Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher
(PNDS). Dimensões do Processo Reprodutivo e da Saúde da Criança. cap 2, 3, e 7. Brasília, 2006;
48,60, 146.
12 • São Paulo, Secretária da saúde do estado de São Paulo. Manual de enfermagem - saúde da mulher. São Paulo, 2012.
13 • São Paulo, Secretária Municipal de Saúde de São Paulo. Encarte Técnico Assistência Obstétrica e
Perinatal, São Paulo, 2007.
14 • Almeida MS, Silva IA. Necessidades de mulheres do puerpério imediato em uma maternidade
pública de Salvador, Bahia, Brasil. São Paulo: Revista. Esc. Enfermagem. USP, 2008; 42(2): 56-62.
15 • Fonseca AS, Janicas RCSV. Saúde materna e neonatal. São Paulo: Martinari, 2014.
16 • Oliveira JFB, Quirino GS, Rodrigues DP. Percepção das puérperas quanto aos cuidados prestados
pela equipe de saúde no puerpério Revista Rene. 2012; 13(1): 74-84.
GISLEINE BARROSO DA COSTA - [email protected]
17
Conscientização dos Enfermeiros para o
Correto Preenchimento do Plano Educacional
do Paciente e Acompanhante
Nursing Awareness to Correctly Complete the Educational
Plan of The Patient and Companion
Andrea Cristina Marchesoni Zani
Andressa Yuri Arakaki Gelmetti
Concientización de los Enfermeros para el Correcto Completado
del Plan Educacional del Paciente y Acompañante
RESUMO
Registros ou anotações de enfermagem consistem na forma de comunicação escrita de informações pertinentes ao cliente e aos seus cuidados. Entende-se que
os registros são elementos imprescindíveis no processo de cuidado humano visto que, quando redigidos de maneira que retratam a realidade a ser documentada,
possibilitam à comunicação permanente, podendo destinar-se a diversos fins como pesquisas, auditorias, processos jurídicos e planejamento. Por esse motivo o
presente estudo teve como objetivo implantar um programa de treinamento para conscientizar os enfermeiros da importância do registro dos assuntos abordados
com pacientes e acompanhantes através do plano educacional. Caracterizou-se por um estudo em PDCA realizado com 26 enfermeiros da unidade de clínica
médica e cirúrgica de um hospital privado da Zona Sul da cidade de São Paulo, no período de julho a setembro de 2014. Por meio do treinamento aplicado com
os enfermeiros das unidades obtivemos um aumento da adesão ao plano educacional conscientizando-os da importância do preenchimento do documento.
PALAVRAS-CHAVE
Comunicação. Registro de enfermagem. Hospitalização. Acompanhantes de paciente. Humanização.
ABSTRACT
Records and nursing notes consists of the written form of communication relevant to the customer and to their care information. It is understood that the records
are essential elements in the human care process because when written in a way that portrays the reality being documented, to enable ongoing communication
and may be intended for various purposes such as research, audit, legal and planning processes. Therefore this study aimed to establish a training program to
educate nurses about the importance of the registration of the topics discussed with patients and caregivers through educational plan. Was characterized by a
PDCA study conducted with 26 nurses from the medical unit and surgical unit of a private hospital in the south of the city of São Paulo, in the period from July to
September 2014. Through the training of nurses applied units obtained an increased adherence to the educational plan making them aware of the importance of
completing the document.
KEYWORDS
Communication. Registration nursing. Hospitalization. Escorts patient. Humanization.
RESÚMEN
Registros o anotaciones de enfermería consisten en la manera de comunicación escrita de informaciones pertinentes al cliente y a sus cuidados. Se entiende
que los registros son elementos imprescindibles en el proceso de cuidado humano, ya que cuando son redactados de manera que retratan la realidad a ser
documentada, posibilitan la comunicación permanente, pudiendo destinarse a distintos fines como investigaciones, auditorías, procesos jurídicos y planificación.
Por ese motivo el presente estudio tuvo como objetivo implantar un programa de entrenamiento para concientizar a los enfermeros de la importancia del registro
de los asuntos abordados con pacientes y acompañantes por medio del plan educacional. Se caracterizó por un estudio en PDCA realizado con 26 enfermeros de
la unidad de clínica médica y quirúrgica de un hospital privado de la Zona Sur de la ciudad de São Paulo, en el período de julio a septiembre de 2014. Por medio
del entrenamiento aplicado con los enfermeros de las unidades obtuvimos un incremento de la adhesión al plan educacional concientizándolos de la importancia
del completado del documento.
PALABRAS-CLAVE
Comunicación. Registro de enfermería. Hospitalización. Acompañantes de paciente. Humanización.
ANDREA CRISTINA MARCHESONI ZANI • Enfermeira Junior da Rede de Hospitais São Camilo, formada no Centro
Universitário São Camilo
ANDRESSA YURI ARAKAKI GELMETTI • Enfermeira Junior da Rede de Hospitais São Camilo, formada na Universidade
Anhembi Morumbi
18 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
I • INTRODUÇÃO
Registros ou anotações de enfermagem consistem na forma de comunicação escrita de informações
pertinentes ao cliente e aos seus cuidados. Entende-se que os registros são elementos imprescindíveis
no processo de cuidado humano visto que, quando redigidos de maneira que retratam a realidade a ser
documentada, possibilitam a comunicação permanente, podendo destinar-se a diversos fins (pesquisas,
auditorias, processos jurídicos, planejamento e outros)1.
A enfermagem, em seu cotidiano de trabalho no cenário hospitalar, presta cuidados aos indivíduos com
doenças geradoras de incapacidades crônicas que dificultam, por vezes, o processo de comunicação e
interação entre o doente e a equipe. Essa situação pode ser facilitada pela presença do familiar acompanhante, auxiliando na superação de possíveis barreiras que impedem esse processo2.
O evento da internação hospitalar é um acontecimento importante na vida das pessoas e que requer a
presença de um acompanhante para que, muitas vezes, sua desospitalização seja mais rápida. O acompanhante é um elemento que pouco aparece nas investigações em enfermagem, desta forma, relegando
a um segundo plano, quando falamos em cuidado, assistência integral e outros discursos comuns em
nosso meio. A interação da família com a equipe de enfermagem é aspecto relevante para todos, pois a
valorização dessa interação está alicerçada na sua participação do plano de cuidados e na recuperação
do paciente3.
A enfermagem atualmente está diretamente ancorada ao humanismo, a ética, a prevenção, redução de
danos e riscos com a saúde4.
De acordo com a Política Nacional de Humanização, acompanhante é o “representante da rede social
da pessoa internada que a acompanha durante toda sua permanência nos ambientes de assistência à
saúde”. A sua inserção no processo de internação é de suma importância para captar melhor os dados do
contexto de vida do doente e ajudar na identificação das suas necessidades, para incluí-lo nos cuidados
com a pessoa doente, para permitir a integração das mudanças provocadas pelo motivo da internação e
para fortalecer a confiança da pessoa internada5.
Para que ocorra uma aproximação entre profissionais de enfermagem e a família no cenário hospitalar,
é necessário que o enfermeiro procure incentivar a interação, através da comunicação, da equipe com
o familiar acompanhante, no qual ambos se respeitem, troquem experiências e aprendam mutuamente5.
Estabelecer uma comunicação eficaz na equipe de trabalho constitui a essência do trabalho do enfermeiro líder. A comunicação interpessoal é necessária para garantir a continuidade e a produtividade da
equipe de enfermagem6.
A comunicação é um dos mais importantes aspectos do cuidado de enfermagem que vislumbra uma
melhor assistência ao cliente e à sua família que estão vivenciando ansiedade e estresse decorrentes do
processo de hospitalização7.
A dificuldade de comunicação faz com que a necessidade de cuidados seja aumentada. O paciente ao
enfrentar a situação de não poder comunicar-se, necessita de auxílio e atenção redobrados da equipe no
seu cuidado. Alguns fatores como a ansiedade, o desconforto e a insegurança podem ser maximizados
para aqueles cuja capacidade de comunicação se encontra limitada8.
Percebe-se a educação como um processo dinâmico e contínuo de construção do conhecimento, ao
relacionar essa concepção com a profissão de enfermagem, considerada também como prática social,
compreende-se que, em todas as ações de enfermagem, estão inseridas ações educativas. Assim sendo,
há necessidade de promover efetivas oportunidades de ensino, fundamentadas na conscientização do
valor da educação como meio de crescimento dos profissionais da enfermagem, bem como o reconhecimento deles pela função educativa no desenvolvimento do processo de trabalho, pois para estes o
conhecimento é um valor necessário do agir cotidiano e este embasa as suas ações9.
Para a equipe de enfermagem atuar dentro de um sistema de gestão de qualidade, é necessário que
esteja capacitada para assegurar que seus procedimentos estejam em conformidade com as necessidades dos clientes, indo ao encontro das suas demandas, aumentando seu grau de satisfação e registrando
Trata-se de um documento
elaborado para facilitar e
reforçar todas as orientações
prestadas ao paciente e
acompanhante...que deverá
ser preenchido diariamente,
pelo enfermeiro responsável
pela realização da
Sistematização da Assistência
de Enfermagem, e por toda
equipe multiprofissional.
19
Conscientização dos Enfermeiros para o Correto Preenchimento do Plano Educacional do Paciente e Acompanhante
20 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
em documento legal todas as ações realizadas10.
Assim, considera-se relevante que a equipe de enfermagem incorpore em sua prática de cuidar o apoio
à família, na medida em que ela se sinta segura e amparada para participar e atuar com a equipe de profissionais de saúde na busca do bem-estar do doente. A comunicação efetiva contribui para a excelência
da prática da enfermagem e cria oportunidades de aprendizagem para o paciente e acompanhante, podendo despertar o sentimento de confiança entre paciente e enfermeiro, permitindo que ele experimente
a sensação de segurança e satisfação11.
II • OBJETIVO
Implantar um programa de treinamento para conscientizar os enfermeiros da importância do registro
dos assuntos abordados com pacientes e acompanhantes através do plano educacional.
III • METODOLOGIA
O presente trabalho é de caráter de PDCA no qual foi definido o objetivo juntamente com os gestores
das unidades de clínica médica e cirúrgica de um hospital privado da Zona Sul da Cidade de São Paulo.
Para iniciarmos o estudo foi realizada, na terceira semana do mês de julho de 2014, uma auditoria com
100 prontuários das unidades que comprovou apenas 60% de conformidade no correto preenchimento
do plano educacional. Frente a esta necessidade foi elaborado um treinamento on the job para 26 enfermeiros destas unidades. Foram necessários 3 dias para treinamento da equipe realizados no mês de
agosto de 2014. Não foi possível o treinamento de todos os enfermeiros que atuam nesta área devido a
férias e folgas no período de realização do estudo.
IV • DESCRIÇÃO
Primeiramente foi definido o assunto conforme a necessidade que os gestores da unidade de clínica
médica e cirúrgica evidenciaram de implantar um treinamento para conscientização dos enfermeiros da
importância do preenchimento correto e dos registros realizados no plano educacional do paciente e
acompanhante.
Trata-se de um documento elaborado para facilitar e reforçar todas as orientações prestadas ao paciente e acompanhante. Este impresso localiza-se no sistema MV PEP, ferramenta utilizada para realização
dos documentos institucionais, sendo impresso na admissão do paciente na unidade, sendo que deverá
ser preenchido diariamente, pelo enfermeiro responsável pela realização da Sistematização da Assistência de Enfermagem, e por toda equipe multiprofissional quando abordado quaisquer orientações. Após
as orientações, o impresso deve ser carimbado pela profissional responsável contendo data e hora que
aquela informação foi transmitida. Deve-se observar o entendimento das informações passadas por parte
do paciente ou acompanhante e qual técnica foi utilizada para transmissão da mensagem, sendo elas:
verbal, por impresso ou demonstração.
Devem-se evitar informações excessivas para que o paciente não fique confuso, além disso, é de extrema importância reservar um espaço de tempo para que no momento das orientações tenha tempo suficiente para abordagem dos assuntos e esclarecimento das possíveis dúvidas, lembrando-se de escolher
um local adequado para a conversa proporcionando privacidade ao paciente e seu familiar.
O uso de termos técnicos deve-se ser evitado, pois dificulta a comunicação, resultando em constrangimento por parte do paciente por não entender a informação e muitas vezes causando-lhe vergonha em
perguntar novamente o que foi dito.
Antes de iniciar o treinamento da equipe para conscientização, foi realizada na terceira semana do
mês de julho de 2014 uma auditoria com 100 prontuários da clínica médica e cirúrgica que comprovou
apenas 60% de conformidade no correto preenchimento do plano educacional, este levantamento teve
como foco prontuários de pacientes com permanência de mais de dois dias de internação, pois assim
conseguiríamos validar o preenchimento diário do documento.
Percebe-se que é de extrema
importância reforçar
constantemente a necessidade
do correto preenchimento do
plano educacional sabendose que é um respaldo para a
equipe multiprofissional de
todo o cuidado e orientação
prestada ao paciente e
acompanhante.
21
Conscientização dos Enfermeiros para o Correto Preenchimento do Plano Educacional do Paciente e Acompanhante
Para melhorar a adesão ao documento foi elaborado um treinamento on the job para enfermeiros destas unidades através de slides (Apêndice 1). O método on the job foi escolhido para que não diminuísse
a presença dos profissionais em outro treinamento que estava sendo ministrado no mesmo período.
Foram abordados 26 enfermeiros sendo 10 do período da manhã, 10 do período da tarde e 6 do período
noturno. Não foi possível abordar a equipe completa de enfermeiros da clínica devido às folgas, férias
e remanejamento de enfermeiros para outros setores. No período matutino e vespertino o treinamento
aconteceu no início do plantão no próprio posto de enfermagem e no noturno ocorreu após passagem de
plantão deles no próprio posto de enfermagem. O treinamento teve a duração de 15 minutos reservando
os 5 minutos finais para esclarecimento de dúvidas e foi ministrado durante três dias seguidos durante a
primeira semana do mês de agosto de 2014. Os slides não foram disponibilizados para os enfermeiros,
pois o protocolo encontra-se na pasta do Àgiles, um programa desenvolvido para armazenar todos os
protocolos institucionais localizam-se na área de trabalho dos computadores das unidades.
Na semana seguinte do treinamento foi realizada nova uditoria utilizando a mesma quantidade de prontuários das clínicas obtendo um resultado de 85% de conformidade no preenchimento correto do plano
educacional do paciente e acompanhante, enfatizando que os 15% de não conformidade se deu em dias
em que o enfermeiro da unidade encontrava-se assumindo plantão sozinho como único enfermeiro do
setor com 27 leitos em sua responsabilidade. Geralmente a rotina da instituição é que se assuma este
setor em dois enfermeiros para evitar sobrecarga de tarefas. Observamos que quando sozinhos acabam
priorizando outras tarefas, deixando este documento em segundo plano.
IV • CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo realizado aponta para resultados satisfatórios conforme mostra os dados da auditoria, porém
ainda pode ser melhorado com a conscientização total da equipe da importância do documento.
Percebeu-se que é de extrema importância reforçar constantemente a necessidade do correto preenchimento do plano educacional sabendo que é um respaldo para a equipe multiprofissional de todo
o cuidado e orientação prestada ao paciente e acompanhante. Observou-se que após um treinamento
recente, os enfermeiros praticam corretamente em sua rotina o protocolo abordado, mas após certo tempo a informação acaba sendo esquecida em meio a tantos protocolos, necessitando de uma reciclagem
constante. Deve-se ressaltar também, que nenhum dos enfermeiros abordados conhecia na íntegra o
protocolo do plano de educação do paciente e acompanhante o que demonstra que culturalmente as
pessoas não apresentam o costume da leitura dos documentos na íntegra.
A sobrecarga de trabalho deve ser lembrada como um problema para não adesão do uso de alguns
documentos de preenchimento diário como o plano educacional, sendo um alerta para os gestores no
dimensionamento pessoal.
Percebe-se que a comunicação efetiva é uma ferramenta fundamental para que o enfermeiro possa
promover a saúde de forma integral e humanizada. Sendo assim, o profissional deve adotar meios que favoreçam uma comunicação eficaz com o paciente, criando e renovando meio de canais de comunicação
e registrando todas as informações, orientações prestadas ao paciente e acompanhante.
Concluímos que comunicar-se é um dever e direito de qualquer pessoa. Encontramos na comunicação
um meio de conforto, facilitando o tratamento e sendo ferramenta fundamental no cuidado de enfermagem.
Por sua vez, se a comunicação for efetiva e houver domínio da comunicação como instrumento facilitador da assistência, as necessidades dos pacientes serão mais observadas, compreendidas e atendidas
pelos profissionais de saúde.
22 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
REFERÊNCIAS
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Paulo: Gente; 1996; 133p.
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4 • Bernardinelli MML; Santos CSLM. Repensando a interdisciplinaridade e o ensino de enfermagem.
Revista Eletrônica de Enfermagem; 2005; 14(3): 50.
5 • Szareski C. O familiar acompanhante no cuidado ao adulto hospitalizado na perspectiva da equipe
de enfermagem [dissertação de mestrado]. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria.
Curso de Enfermagem; 2009.
6 • Marquis LB; Huston JC. Administração e liderança em enfermagem, teoria e aplicação. 2ª ed. Porto
Alegre: Artes Médicas Sul Ltda; 1999.
7 • Saraiva PMA. O doente inconsciente e a efetividade da comunicação através do toque. Nursing;
1999; 134: 36-40.
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pacientes e enfermeiros. [dissertação] São Paulo (SP): Escola de Enfermagem da USP; 1984.
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11 • Stefanelli MC. Comunicação com o paciente: teoria e ensino. 2ª ed. São Paulo: Robe; 1993.
ANDRESSA YURI ARAKAKI GELMETTI - [email protected]
23
Ciclo PDCA Usado Para Elaboração do
Relatório Gerencial no Serviço de Controle
de Infecção Hospitalar
PDCA Cycle Used For Preparing the Management Report
on the Hospital Infection Control Service
Patrícia Mitsue Saruhashi Shimabukuro
Cleber Nunes da Rocha
Liliane Bauer Feldman
El uso del Ciclo PDCA Para la Preparación del Informe Sobre
la Gestión Servicio de Control de la Infección Hospitalaria
RESUMO
O uso de ferramentas tem por princípio tornar mais claros e ágeis os processos de execução na gestão da qualidade. Assim, este relato de experiência objetiva
apresentar o uso da ferramenta PDCA (Plan, Do, Check, Act) planejar, fazer, checar e agir, no contexto do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, como
modelo de relatório gerencial das atividades e resultados. O modelo de relatório foi desenvolvido durante implantação do serviço num hospital geral em São Paulo,
caracterizado como medicina de grupo. Os dados retrospectivos como problemas, fragilidades ou processos organizacionais não conformes, foram estratificados
por categorias de acordo com a apresentação pelo enfermeiro gestor à presidência da instituição e analisados pelo método de Pareto para aprimoramento e
resolução das situações. Evidenciou-se a melhoria dos processos, dados comprobatórios e demonstrativos por meio da linguagem estatística qualitativa e
quantitativa dos resultados setoriais e organizacionais, além do melhor desempenho na atuação do enfermeiro na visita de auditoria.
PALAVRAS-CHAVE
Instrumentos para a Gestão da atividade Científica, Qualidade da Assistência à Saúde, Serviços de Controle de Infecção Hospitalar, Pesquisa em Administração
de Enfermagem.
ABSTRACT
The use of tools is beginning to clarify and agile implementation procedures in quality management. Thus, this report aims to present experience using the tool
PDCA - plan, do, check and act in the context of Hospital Infection Control Service, as of model management report of activities and results. The report template
was developed during implementation of the service in a general hospital in São Paulo, characterized as managed care. The back data as problems, weaknesses
or non-compliant business processes, were stratified by categories according to the presentation by the nurse manager for the presidency of the institution and
analyzed by Pareto method for improvement and resolution of situations. It was evident the improvement of processes, supporting data and statements through
qualitative and quantitative statistical language organizational and sectoral results, but the best performance in the nurse's performance in the audit visit.
KEYWORDS
Instruments for Management of Scientific Activity, Quality of Health Care, Infection Control Services, Hospital, Nursing Administration Research.
RESÚMEN
El uso de herramientas está empezando a aclarar y procedimientos de implementación ágiles en la gestión de la calidad. Por lo tanto, este informe tiene como
objetivo presentar la experiencia con la herramienta PDCA (Plan, Do, Check, Act) planificar, hacer, verificar y actuar en el contexto de la infección nosocomial
Servicio de control, a partir del informe de gestión de modelos de las actividades y resultados. La plantilla de informe fue desarrollado durante la implementación
del servicio en un hospital general de São Paulo, caracterizada como la atención médica administrada. Los datos retrospectivos como problemas, debilidades
o procesos comerciales no conformes, fueron estratificados por categorías de acuerdo a la presentación por parte del jefe de enfermería para la presidencia
de la institución y se analizaron por el método de Pareto para la mejora y resolución de situaciones. Era evidente la mejora de los procesos, datos de apoyo y
declaraciones a través del lenguaje estadístico resultados organizativos y sectoriales cualitativos y cuantitativos, pero el mejor rendimiento en el desempeño de la
enfermera en la visita de auditoría.
PALABRAS-CLAVE
Instrumentos para la Gestión de la Actividad Científica, Calidad de la Atención de Salud , Servicios de Control de Infección Hospitalaria, Investigación en
Administración de Enfermería.
PATRÍCIA MITSUE SARUHASHI SHIMABUKURO • Enfermeira, Licenciatura em Enfermagem pela UNICAMP, MBA em Serviços de
Saúde e Controle de Infecção Hospitalar pela Faculdade INESP, Docente do curso de pós graduação MBA em Serviços de Saúde
e Controle de Infecção pelas Faculdades INESP e FAMESP. Enfermeira do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital
Sancta Maggiore – Itaim Bibi – Rede Prevent Senior.
CLEBER NUNES DA ROCHA • Médico, Residência em Infectologia pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, MBA em Serviços de
Saúde e Controle de Infecção pela Faculdade INESP, MBA em Qualidade de vida pelo Centro Universitário São Camilo, Médico do
Hospital Sancta Maggiore Rede Prevent Senior.
LILIANE BAUER FELDMAN • Enfermeira. Doutora em Ciências pela UNIFESP. Membro do grupo de estudo e pesquisa em
administração dos serviços de saúde e gerenciamento de enfermagem GEPAG e grupo de estudo e pesquisa em avaliação do serviço
de saúde e enfermagem GEPAV-SE da Universidade Federal de São Paulo. Membro da REBRAENSP. Consultora, Instrutora e Docente
da Fundação Vanzolini, Centro Universitário São Camilo, Universidade Aberta Brasil – Ensino a Distancia – UaB /EaD na UNIFESP.
24 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
I • INTRODUÇÃO
Nos tempos atuais, o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) é parte fundamental da assistência à saúde do paciente e é muito requisitado dentro dos processos de acreditação hospitalar.
O uso de metodologias que possibilitem analisar o impacto dos serviços, bem como as dificuldades
na operacionalização de planos de ação, quer seja pela tecnologia disponível ou pelas necessidades dos
usuários, tem sido um desafio para a lapidação dos sistemas de saúde1,2.
A avaliação dos serviços de saúde requer a utilização de instrumentos e ferramentas analíticas. Para
isso, um dos mais utilizados nas empresas ou nas áreas é o PDCA, que significa em inglês e português
plan (planejar), do (fazer), check (checar) e act (agir).
O ciclo PDCA é uma ferramenta de análise da gestão para melhoria de um serviço, que foi criado por
Walter Shewhart na década de 20 e foi disseminado para o mundo por Eduard Deming. Esta importante
ferramenta é usada para a análise e melhoria dos sistemas organizacionais e para demonstrar a eficácia
do serviço. Trata-se de uma estratégia de controle e melhoria de processos a ser desenvolvido junto à
equipe de trabalho de uma organização3.
A aplicação do ciclo PDCA melhorou o nível de desempenho geral da instituição e reduziram-se as
causas dos problemas dentro do setor, o que propiciou o gerenciamento do processo na implantação de
um novo software4.
Outra ferramenta comumente utilizada é o 5W2H que complementa o PDCA para especificar detalhes
sobre o procedimento, e significa no idioma inglês e traduzido ao português: what (o que), where (onde),
who (quem), when (quando), why (por que) e how (como), how much (quanto custa) e pode ser aplicada
para a prevenção de surtos hospitalares bem como para melhoria do serviço da instituição3.
Para a analise das causas do problema pode-se usar outra ferramenta denominada Método de Análise
de Pareto, que permite:
1 - Dividir o problema em vários outros problemas menores, sendo estes mais simples de serem resolvidos com o envolvimento das pessoas da empresa;
2 - Priorizar projetos a partir do momento em que se baseia em fatos e dados; e
3 - Estabelecer metas concretas e atingíveis5.
O diagrama de Pareto é elaborado a partir de uma coleta de dados realizada previamente e para isso
usa-se o 5W2H conforme o Quadro 1 a seguir. Uma das características fundamentais desse diagrama é
a identificação das causas que realmente são impactantes no problema e desta maneira, inicialmente é
preciso estratifica-las. “A estratificação é uma análise de processo, pois é um método para ir à busca da
origem do problema”5.
É consenso de que o PDCA tem por princípio tornar mais claros e ágeis os processos envolvidos na
execução da gestão da qualidade6.
Destaca-se que o método foi aperfeiçoado quando incorporou outras etapas e reformulou sua apresentação gráfica, ou seja, de uma forma retilínea e aberta, passou a ser cíclica e fechada elencando em cada
uma das etapas a possibilidade do desenvolvimento da fase seguinte. “O PDCA constitui um processo
científico dinâmico de aquisição de conhecimento”5.
Assim, este estudo pretende demonstrar a importância da ferramenta de gestão da qualidade na elaboração de relatório gerencial do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) pelo Enfermeiro,
realizado em um hospital privado localizado no município de São Paulo.
Justifica-se esta pesquisa como possibilidade de recurso usado por meio de um modelo de relatório de
gestão sobre as atividades e os resultados obtidos dentro do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar.
Esta proposta pode otimizar o planejamento da implantação de novos serviços e contribuir no avanço das
ações de qualidade e segurança no hospital.
O Serviço de Controle de
Infecção Hospitalar (SCIH)
é parte fundamental da
assistência à saúde do
paciente e é muito requisitado
dentro dos processos de
acreditação hospitalar.
25
Ciclo PDCA Usado Para Elaboração do Relatório Gerencial no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar
II • OBJETIVO
Apresentar o uso da ferramenta de gestão da qualidade PDCA no contexto do Serviço de Controle de
Infecção Hospitalar, como modelo de relatório gerencial das atividades e resultados.
III • PERCURSO METODOLÓGICO
Este estudo foi descritivo de relato de experiência que se refere às descrições de experiências de assistência, ensino, pesquisa e extensão para divulgar aspectos inéditos e originais envolvidos3,6.
O cenário do estudo pertence à rede privada hospitalar geral de São Paulo, com capacidade para 70
leitos, sendo que a população atendida possui plano de saúde caracterizado como medicina de grupo.
O modelo de relatório gerencial foi desenvolvido no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH)
durante sua implantação.
Esta pesquisa contou com a busca dos dados retrospectivos identificados nas atividades realizadas
dentro do SCIH durante o período de implantação do serviço. Estas atividades compunham o relatório
gerencial apresentado periodicamente pelo enfermeiro gestor à presidência da instituição de saúde.
Os dados coletados que se referiram aos problemas, fragilidades ou processos organizacionais considerados como “não conformidade”, foram identificados e estratificados por categorias de grupos.
Esta categorização foi realizada conforme preconiza a ferramenta analise pelo método de Pareto, e em
seguida foram aplicadas as ferramentas PDCA e 5W2H para aprimoramento e resolução das situações.
Os resultados foram descritos e destacados no relatório gerencial da instituição.
IV • APRESENTAÇÃO DA FERRAMENTA E DAS FASES DE DESENVOLVIMENTO DO
MODELO DE RELATÓRIO GERENCIAL
4.1 - O ciclo PDCA
O ciclo PDCA é uma ferramenta de avaliação utilizada no nível gerencial para a tomada de decisões
e para garantir o alcance das metas necessárias à sobrevivência de uma organização, sendo composto
pelas seguintes etapas:
1 - PLAN (Planejar) - inclui a definição das metas a serem alcançadas e o método para o alcance destas
metas;
2- DO (Executar) - é a execução das tarefas exatamente como foi proposto e previsto na etapa do planejamento, coletando os dados que serão utilizados na próxima etapa de verificação do processo. Nesta
fase se inclui a capacitação e o treinamento do trabalho que foi planejado;
3 - CHECK (Verificar, checar) - realizar a verificação do que foi executado de acordo com o planejamento, ou seja, se a meta foi alcançada segundo o contexto inicial e identificar os desvios acarretados na meta
ou no método;
4 - ACT (Agir corretamente) - esta fase se aplica quando são identificados desvios, o que exige a definição e implementação das soluções que eliminem suas causas. Caso não se identifique desvios da meta
ou método, é possível realizar um trabalho preventivo neste momento.
4.2 Fases do desenvolvimento do modelo de relatório gerencial
Neste contexto, para a implantação e desenvolvimento do SCIH na instituição foram realizados os
seguintes passos:
• Elaboração de impressos próprios para realização de notificação de infecção hospitalar, notificação
compulsória interna, comunicação do SCIH para a instituição de informações sobre precaução de contato
aos pacientes que possuem germes multirresistentes;
• Elaboração do Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH);
• Elaboração do manual de normas e rotinas do SCIH7;
• Realização de treinamentos referente aos assuntos abordados no manual do SCIH;
26 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
• Elaboração de materiais educativos para distribuição aos colaboradores durante a realização de treinamentos;
• Realização de visita técnica para diagnóstico, conhecimento situacional e panorama da instituição;
• Elaboração de relatório de visita técnica utilizando a estratégia do Plano de Ação;
• Elaboração de relatórios mensais com divulgação a toda equipe sobre as taxas de infecção hospitalar;
• Realização de busca ativa das infecções de sítio cirúrgico em cirurgia limpa, através de contato telefônico com o paciente;
• Realização de busca ativa dos casos de infecção hospitalar, de acordo com a metodologia National
Nosocomial Infection Survillence System (NNISS);
• Elaboração de um modelo de relatório gerencial mensurando as atividades realizadas pelo SCIH durante
o ano de 2008.
4.3. Aplicação da ferramenta PDCA no desenvolvimento do SCIH
Na fase do Plan: realizou-se a elaboração do programa de controle de infecção hospitalar (PCIH) conforme a exigência da ANVISA (2000) através da RDC nº 48 que envolveu a elaboração de impressos próprios do serviço, elaboração das normas e rotinas, treinamentos a serem realizados aos colaboradores, e
a programação das visitas técnicas em toda instituição.
Na fase Do: Ocorreu a realização da busca e coleta de dados dos casos de infecção hospitalar, e dos
casos de infecção de sítio cirúrgico em cirurgia limpa, a realização das visitas técnicas e os treinamentos
obrigatórios pela RDC nº48 e a Portaria nº 2616/98. Os treinamentos foram feitos com apresentação
oral e recurso audiovisual em slides, evidenciados pela lista de presença confirmando a participação dos
colaboradores.
Na fase Check: o SCIH avaliou mensalmente os casos de infecção hospitalar e concomitantemente
realizou as intervenções; quando necessário recebeu colaboração da coordenação de enfermagem a
fim de maximizar os resultados alcançados. As divulgações foram feitas mensalmente em reunião com a
administração e coordenação de enfermagem.
Na fase Act: o SCIH atuou de maneira corretiva para que fosse evitado aumento das taxas de infecção
hospitalar, bem como sugeriu por meio das visitas técnicas um plano de ação das não conformidades
encontradas. Estas ações possibilitaram a padronização, a melhoria dos procedimentos e a realização
dos processos sistêmicos e sistemáticos neste serviço de saúde.
A utilização de ferramentas de análise da gestão durante a implantação e desenvolvimento do serviço
de controle de infecção hospitalar contribuiu para explicitar os dados coletados e facilitou a apresentação
dos avanços alcançados.
Com a aplicação metodológica da ferramenta PDCA pôde-se verificar que foi significativa a oscilação
da taxa de infecção hospitalar. Este fato coincidiu com os meses em que se realizaram os treinamentos.
Esta é uma demonstração que a correta utilização do ciclo PDCA pode revelar uma diminuição nas taxas
e índices de infecção em saúde, aprimorar a competência individual e coletiva das equipes, e promover
ajustes organizacionais a tempo mesmo considerando os meses em que há elevado nível de pacientes
com doenças crônicas no hospital.
A organização do serviço, a sistematização dos processos, e o trabalho dos profissionais realizado de
maneira sistêmica proporciona a melhor convivência dos pacientes e usuários com a acreditação. Neste
sentido percebem mais entrosamento, melhor comunicação, elo entre as áreas e mais empenho das
pessoas que procuram surpreende-los8. Eventualmente os pacientes retribuem satisfeitos pelo serviço
recebido por meio da avaliação interna, bilhetes escritos, presentes aos profissionais e ou aos setores em
que estiveram internados.
Notou-se que com a implantação da cultura de vigilância, pontualmente aos pacientes provenientes
de outros serviços de saúde, promoveu um impacto positivo na taxa de infecção hospitalar. Isto ocorreu
devido à aderência correta da precaução de contato pelos profissionais, até a saída do resultado das cul-
É consenso de que o PDCA
tem por princípio tornar mais
claros e ágeis os processos
envolvidos na execução da
gestão da qualidade.
27
Ciclo PDCA Usado Para Elaboração do Relatório Gerencial no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar
28 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
turas de vigilância (swab nasal, retal e axilar, se necessário hemocultura e urocultura) do paciente dentro
da instituição.
Além dos objetivos alcançados com a racionalização do uso de antibióticos e o percentual diminuído
de infecções hospitalares, os resultados financeiros também foram significativos para a empresa. Houve
impacto financeiro com economia positiva, especificamente na questão do uso de antimicrobianos.
No tocante a esta racionalização, percebeu-se que os meses de maior pico nas taxas de IH coincidiram
com a permanência de pacientes crônicos, o que gerou um consumo elevado de antimicrobianos, ainda
assim a gestão e o uso do PDCA fez a instituição economizar.
4.1. Modelo de Relatório do SCIH Com Uso do PDCA e 5W2H
O modelo de relatório do SCIH usado para apresentação à diretoria pode conter uma ou mais ferramentas, como consta o impresso Figura 1, a seguir.
FIGURA 1 – Componentes do relatório parcial do SCIH para a diretoria do hospital.
São Paulo (SP), 2014.
RELATÓRIO PARCIAL DO SCIH PARA A DIRETORIA
META
PROBLEMA
P
D
C
A
5W
2H
what
how
STATUS
why
who
how much
when
where
V • CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste contexto, evidencia-se que o ciclo PDCA ajudou a melhorar o SCIH e a direcionar a atuação do
gestor sobre os dados de infecção hospitalar, possibilitando um diálogo com o administrador hospitalar
mais claro e comprobatório ao demonstrar por meio da linguagem estatística qualitativa e quantitativa, os
resultados organizacionais.
A utilização da ferramenta 5W2H propiciou a melhoria dos processos em cada fase, a obtenção dos
resultados setoriais e organizacionais averiguados na visita técnica que o SCIH realiza para atender a
legislação vigente, além de ter contribuído no desempenho da atuação do gestor e do profissional controlador de infecção hospitalar.
...a correta utilização do
ciclo PDCA pode revelar
uma diminuição nas taxas e
índices de infecção em saúde,
aprimorar a competência
individual e coletiva das
equipes, e promover ajustes
organizacionais...
29
Ciclo PDCA Usado Para Elaboração do Relatório Gerencial no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar
REFERÊNCIAS
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7 • Fernandes AT. E cols. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. Atheneu, São Paulo,
2000. 1780 p.
8 • Feldman LB. (org) Gestão de risco e segurança hospitalar. 2ª ed. São Paulo (SP): Martinari, 2009.
PATRÍCIA MITSUE SARUHASHI SHIMABUKURO - [email protected]
30 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
Oncologia Pediátrica: Assistência de Enfermagem
no Controle da Dor
Pediatric Oncology: Nursing Care in Pain Control
Simone Alves dos Santos
Giane Elis de Carvalho Sanino
Oncología Pediátrica: Cuidados de Enfermería
en el Control del Dolor
RESUMO
Este estudo tem como objetivo descrever qual a assistência de enfermagem no controle da dor na oncologia pediátrica. A presente pesquisa foi do tipo revisão
integrativa da literatura, os dados foram analisados através de 20 pesquisas nas quais foram encontradas as seguintes categorias temáticas: suporte emocional,
manejo da escala de dor, medidas não farmacológicas e manejo da medicação e procedimentos invasivos. Os resultados demonstraram que a avaliação da
dor é complexa, devido à variedade de aspectos que compõe o quadro álgico, sendo a base para a formulação diagnóstica, a proposição terapêutica e a
apreciação dos resultados obtidos. Cabe ao Enfermeiro ter conhecimento sobre a fisiopatologia dos diferentes tipos de câncer e suas opções de tratamento,
bem como compreender o processo de crescimento e desenvolvimento normal da criança, para que seja competente ao assisti-la e poder discutir junto à equipe
multidisciplinar as diferentes abordagens no tratamento. Constatou-se que a dor, apesar dos muitos estudos que tentam classifica-la, é subjetiva para além de um
conceito e que a avaliação é ainda desafiadora, considerando o quadro clínico ou o estágio da doença, a incapacidade do doente em se comunicar e a urgência
iminente.
PALAVRAS-CHAVE
Dor, criança, enfermagem, oncologia, pediátrica.
ABSTRACT
This study is aimed at describing which should be the nursing assistance in controlling pediatric oncologic pain. This study was of the integrative-revision type in
the literature, and its data were analyzed through another 20 surveys in which the following thematic categories were found: emotional support, pain scale handling,
non-pharmacologic measures and medication handling and invasive procedures. The results have shown that assessing pain is a complex task due to the variety
of aspects making up the pain condition, the basis for the diagnostic formulation being the therapeutic proposal and the evaluation of the results achieved. It is
up to the Nurse to know the physiopathology of the different types of cancer and their treatment options, as well as to understand a child’s normal growth and
development process, so that he/she can treat his/her little patients and discuss with the multidisciplinary team the treatment’s several approaches. It was found
that pain, despite the many studies that tried to pinpoint it, is subjective and goes beyond a single concept, and that evaluating it is a challenge, considering the
clinical condition or stage of the disease, the incapacity of the patient to communicate and the imminent urgency.
KEYWORDS
Pain; child; nursing; oncology; pediatrics.
RESÚMEN
Este estudio tiene como objetivo describir cuál es la asistencia de enfermería en el control del dolor en la oncología pediátrica. La presente investigación fue del tipo
revisión integrativa de la literatura, los datos fueron analizados por medio de 20 investigaciones en la cual fueron encontradas las siguientes categorías temáticas:
soporte emocional, manejo de la escala de dolor, medidas no farmacológicas y manejo de la medicación y procedimientos invasivos. Los resultados demostraron
que, la evaluación del dolor es compleja, en virtud de la variedad de aspectos que componen el cuadro de dolores, siendo la base para la formulación diagnóstica,
la proposición terapéutica y la apreciación de los resultados obtenidos. Corresponde al Enfermero tener conocimiento sobre la fisiopatología de los distintos
tipos de cáncer y sus opciones de tratamiento, como también comprender el proceso de crecimiento y desarrollo normal del niño para que sea competente al
asistirlo y poder discutir junto al equipo multidisciplinario los distintos abordajes en el tratamiento. Se constató que el dolor, a pesar de los muchos estudios que
tratan de clasificarlo es subjetivo, más allá de un concepto y que la evaluación aun es desafiadora, considerando el cuadro clínico o la etapa de la enfermedad, la
incapacidad del enfermo en comunicarse y la urgencia inminente.
PALABRAS-CLAVE
Dolor, niño, enfermería, oncología, pediátrica.
SIMONE ALVES DOS SANTOS • Enfermeira, Psicóloga, Pós-Graduanda em Formação de Professores para Ensino Superior na UNIP.
Professora Técnica do curso para Técnicos de Enfermagem-Pronatec.
GIANE ELIS DE CARVALHO SANINO • Enfermeira Doutora em Educação, Especialista em Nefrologia, Especialista em Educação
Profissional na Área da Saúde, Aprimoramento em Pediatria , Professora Adjunta do Curso de Graduação em Enfermagem, Fisioterapia,
Educação Física e Nutrição da UNIP, Professora Líder das disciplinas de Políticas de Saúde e Prevenção de Infecção Relacionadas a
Assistência do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIP, Coordenadora pedagógica do curso de pós-graduação de formação
do professor da Educação Profissional do Centro Universitário SENAC. Professora convidada da Pós-Graduação em Enfermagem
Pediátrica e Neonatal da FEHIAE e, do curso de pós-graduação em Gestão dos Serviços de Enfermagem da FMU.
31
Oncologia Pediátrica: Assistência de Enfermagem no Controle da Dor
I • INTRODUÇÃO
O câncer infantil corresponde a um grupo de várias doenças que tem em comum a proliferação
descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer lugar do organismo. As neoplasias mais frequentes na infância são as leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas.
Também acometem crianças o neuroblastoma, frequentemente de localização abdominal, tumor de
Wilms (renal), retinoblastoma, tumor germinativo (tumor das células que vão dar origem às gônadas),
osteossarcoma, sarcomas (tumores de partes moles)1.
Desde 1970, vem-se observando um aumento linear das taxas de cura dos tumores na infância,
estando estas, atualmente, variando entre 70% e 90% dos casos, nos Estados Unidos. No Brasil,
as crianças e jovens com leucemia linfática aguda (LLA) curam-se em 70% a 80% dos casos. Paralelamente, tem-se verificado um aumento progressivo, e também linear, das taxas de incidência dos
tumores da criança, sobretudo a LLA, os tumores do Sistema Nervoso Central (SNC), os linfomas não
Hodgkin e o tumor de Wilms e outros tumores renais. Por exemplo, de dez a quinze casos de câncer,
entre indivíduos com menos de 15 anos de idade, no Brasil, quatro são de LLA2.
A enfermagem é, sem dúvida, a equipe de maior contato com o paciente em ambiente hospitalar,
já que possui uma posição estratégica, pois, é a equipe que atua junto à criança, participando das
rotinas e procedimentos 24 horas por dia, experimentando junto a ela e seus familiares às dores e o
sofrimento, contribuindo para o conforto e alívio dessas situações. Para ser eficaz no manejo da dor,
o Enfermeiro deve: ter conhecimento dos fatores que causam dor, ser capaz de aliviar a dor de forma
holística, entender que a dor deve ser abordada de forma multidisciplinar e ser capaz de oferecer
apoio emocional3.
A enfermagem atua inúmeras vezes com a criança com dor, percebendo assim que o aumento da
ansiedade e do desconforto compromete ainda mais o seu estado geral. A dor do câncer é descrita
como “dor total”, pois é uma síndrome que, além da nocicepção e que inclui outros fatores físicos,
emocionais, sociais e espirituais que influem na gênese e na expressão da queixa. Nesse sentido, a
responsabilidade de promover o alívio da dor e o conforto do paciente exige uma precisa avaliação
dos aspectos fisiológicos, emocionais, comportamentais e ambientais, que desencadeiam ou exacerbam o quadro álgico na criança4.
Os Enfermeiros devem ter competências e habilidades para avaliar a dor, implementar estratégias
de alívio da mesma e monitorar a eficácia dessas intervenções. Em virtude do caráter subjetivo da dor,
métodos multidimensionais de avaliação (escalas) devem ser mais utilizados, pois, dessa forma, consegue-se obter o máximo de informações a respeito das respostas individuais à dor e suas interações
com o ambiente. As escalas de dor podem fornecer uma medida quantitativa do auto relato de dor5.
Segundo a Sociedade Brasileira para o estudo da dor (SBED), a sensação dolorosa foi conceituada, em 1986, pela associação internacional para o estudo da dor como: “uma experiência sensorial
e emocional desagradável que é associada a lesões reais ou potenciais”. Cada indivíduo aprende a
utilizar este termo através de suas experiências. É no momento de dor que se procuram cuidados de
saúde, tendo em vista que ela é considerada uma das causas mais comuns de desconforto e tem o
poder de incapacitar e angustiar mais as pessoas do que uma doença isolada6.
No caso da criança com câncer, a dor é ainda mais significativa, pois, em seu tratamento, possui diversos fatores capazes de causar situações dolorosas, acarretando grande desgaste físico e
emocional e tendo o poder de incapacita-la. Segundo o Conselho Nacional dos Direitos da Criança
e do Adolescente (CONANDA), toda criança tem “o direito de não sentir dor, quando existem meio
de evita-la”7.
Para a equipe de enfermagem avaliar e quantificar a dor na criança é importante para a compreensão das características de desenvolvimento e comportamento infantil. Aconselha-se então, sempre
acreditar na criança, já que ela é quem melhor descreve suas sensações, e assessorar-se da família,
por melhor conhecer a criança, pelo convívio1,8.
32 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
A escolha de um método apropriado para a aferição da dor deve ser baseada na fase de desenvolvimento comportamental da criança e também no tipo de dor ou condição médica para a qual o
método será usado. Assim à enfermagem cabe, à medida que tem capacidade de avaliar a dor, minimizar a sensação dolorosa, é fundamental conseguir identificar e avaliar as necessidades específicas
da criança1,7.
O interesse sobre o tema surgiu a partir da minha vivência pessoal como familiar de paciente oncológico e, de dados obtidos durante a graduação de enfermagem em que tem se verificado um aumento progressivo de câncer em crianças e qual a assistência de enfermagem prestada para o controle
da dor na oncologia pediátrica. Dessa forma, acreditamos que essa pesquisa possa contribuir para
aprimorar a assistência de enfermagem junto ao paciente na oncologia pediátrica.
II • OBJETIVO GERAL
Descrever a assistência de enfermagem no controle da dor na oncologia pediátrica.
III • MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo apresentou como método de pesquisa a revisão integrativa da literatura realizada a
partir do levantamento bibliográfico disponível sobre o tema de interesse.
Diante disso, o estudo proposto apresentou como questão norteadora: Qual é assistência de enfermagem prestada para o controle da dor em oncologia pediátrica?
A coleta de dados para a pesquisa foi realizada na internet no período de março a novembro de
2013, nas bases de dados do Scientific Eletronic Library Online (Scielo), artigos publicados nas revistas, Ciências Cuidado e Saúde, Dor São Paulo, Sociedade Brasileira de Enfermagem Pediátrica
(SOBEP), Saúde e Pesquisa, Organizacion of Scientific Commuinicat (Reciis-Fiocruz), Rev. Brasileira
de Cancerologia, Temas em Psicologia: Dor em Oncologia, Hospital Universitário Pedro Ernesto, além
dos manuais sobre o câncer do Ministério da Saúde.
Os artigos foram pesquisados em concordância com os seguintes descritores em ciências da saúde: dor, criança, enfermagem, oncologia, pediátrica. Através da utilização dos descritores citados,
a amostra foi composta por 20 pesquisas, sendo, 16 artigos e 4 cadernos do Ministério da Saúde
sobre particularidades do câncer infantil, epidemiologia dos tumores da criança e do adolescente,
estimativa 2012 e cuidados paliativos oncológicos no controle da dor.
Foram definidos para a seleção do levantamento bibliográfico: artigos publicados em português,
português (Portugal); artigos disponibilizados na íntegra sobre a temática estudada, nas bases de
dados escolhidas para a pesquisa, artigos publicados entre o ano de 2008 a 2013 e que atendessem
ao objetivo do estudo. Os critérios de exclusão utilizados foram pesquisas que não abordassem o
tema a ser estudado, eletronicamente indisponíveis na íntegra e com data inferior a 2008.
Primeiramente realizou-se uma leitura exploratória, criteriosa, analítica e interpretativa dos trabalhos científicos relacionados à temática para selecionar a amostra. E na sequência, para melhor
análise dos resultados, procedeu-se com um fichamento do material bibliográfico selecionado. A primeira abordagem a ser apresentada sobre os dados da amostragem foi quantitativa, descrevendo os
dados da publicação, seguindo de uma análise qualitativa, através da síntese e da comparação das
informações extraídas dos artigos científicos buscando transmitir as principais categorias temáticas
levantadas.
IV • RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir do agrupamento dos artigos e do comparativo entre eles foram encontradas quatro categorias temáticas para análise que responderam a questão norteadora do estudo: suporte emocional,
manejo na escala de dor, medidas não farmacológicas e manejo da medicação e procedimentos
invasivos conforme a figura a seguir.
O enfermeiro deve: ter
conhecimento dos fatores
que causam dor, ser capaz
de aliviar a dor de forma
holística, entender que a dor
deve ser abordada de forma
multidisciplinar e ser capaz
de oferecer apoio emocional.
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Oncologia Pediátrica: Assistência de Enfermagem no Controle da Dor
FIGURA 1 - Categorias Temáticas de Análise. São Paulo, 2013
RELATÓRIO PARCIAL DO SCIH PARA A DIRETORIA
SUPORTE
EMOCIONAL
MANEJO DA
ESCALA DE DOR
MEDIDAS NAO
FARMALÓGICAS
MANEJO DA MEDICAÇÃO E
PROCEDIMENTOS INVASIVOS
O câncer na criança e no adolescente (de 0 a 19 anos) corresponde entre 1% e 3% de todos os
tumores malignos na maioria das populações. É uma doença considerada rara quando comparada às
neoplasias que afetam aos adultos. Em geral a incidência total de tumores malignos na infância é maior
no sexo masculino. As últimas informações disponíveis para mortalidade mostraram que, no ano de 2009,
os óbitos por neoplasias, para a faixa de 1 a 19 anos, encontravam-se entre as dez primeiras causas
de morte no Brasil. A partir dos 5 anos, a morte por câncer corresponde à primeira causa de morte por
doença em meninos e meninas9.
Por apresentar características muito específicas e origens histopatológicas próprias, o câncer que acomete crianças e adolescentes deve ser estudado separadamente daqueles que acometem os adultos.
Principalmente no que diz respeito ao comportamento clínico. Esse grupo de neoplasias apresenta, em
sua maioria, curtos períodos de latência, é mais agressivo, cresce rapidamente, porém responde melhor
ao tratamento e é considerado de bom prognóstico. Desse modo, as classificações utilizadas para os
tumores pediátricos são diferentes daquelas utilizadas para os tumores nos adultos, sendo a morfologia
a principal característica observada9.
O câncer infantil não deve ser considerado como uma simples doença, mas sim como um leque de
diferentes malignidades. O tipo de câncer varia de acordo com o tipo histológico, localização primária do
tumor, etnia, sexo e idade.
O cuidado preventivo no campo da pediatria oncológica pode ser desenvolvido por ações antes do
nascimento da criança e durante a infância. Antes do nascimento, o aconselhamento genético aos pais
vem se mostrando como possibilidade de prevenção. Durante a infância, com orientações acerca de hábitos de vida saudável, como: alimentação, atividade física e cuidados com o meio ambiente. No entanto,
a associação entre câncer em crianças e fatores de risco ainda não está totalmente estabelecida10.
FIGURA 2 - Escala de intensidade da dor: Faces, numérica e descritiva simples
ESCALA DE INTENSIDSADE DE DOR
ESCALA DE FACES
ESCALA NUMÉRICA
0
1
2
3
4
5
6
7
Dor nenhuma
8
9
10
Dor pior que existe
ESCALA DESCRITIVA SIMPLES
SEM DOR
DOR LEVE
34 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
DOR MODERADA
DOR FORTE
DOR PIOR
QUE EXISTE
4.1 Suporte emocional
O cuidar de alguém com dor não significa apenas realizar técnicas para deixá-lo “confortável”, mas,
também, mostrar na relação profissional/paciente interesse, compaixão, afetividade, consideração que
tem o intuito de aliviar, confortar, apoiar, ajudar, favorecer, promover, restabelecer e torna-lo satisfeito com
seu viver, acentuando a capacidade do profissional em estimular o bem estar do mesmo8.
O processo de alivio da dor e a atenção dada aos aspectos sociais da doença devem estar inseridos
na atenção integral que a criança doente deve receber 11.
Observou-se que, considerar a pessoa não meramente um corpo biológico, pura e simplesmente é um
desafio, sendo que a equipe de enfermagem teme pela própria integridade emocional. A dor psíquica, ou
sofrimento, pode determinar um papel importante na qualidade de vida do paciente. Ignorar esse tipo de
dor é tão perigoso quanto ignorar a dor somática visto que, a dor física e a dor somática estão intimamente relacionadas.
Uma equipe bem orientada é fundamental no cuidar em pediatria oncológica. Os cuidados e orientações devem começar na admissão, onde se expõe à família estratégias do processo de cuidar, apresentando as características da unidade e demonstrando a importância de determinadas rotinas para o bem
estar da criança. O Enfermeiro prepara a equipe para o cuidar de forma integral durante a hospitalização,
objetivando a promoção do conforto, alívio de sintomas e atenção às dimensões psicossociais de pacientes e familiares, estabelecendo um forte vínculo entre profissional da saúde, paciente e família. É importante que se tenha uma visão holística, multidisciplinar do ser humano.
O processo do adoecer envolve não somente a criança, o Enfermeiro deve dirigir seu olhar também à
família que esta sofrendo e assumir a vulnerabilidade de seu paciente, tratá-la com empatia e competência.
4.2 Manejo da escala de dor
Quando a avaliação da dor não é realizada de forma sistematizada, a dor pode ser subestimada e fatores importantes que podem ser ignorados. A avaliação inadequada da dor e o desconhecimento sobre
as estratégias disponíveis para o seu controle são fatores que podem dificultar o manejo desse sintoma,
o que reforça a necessidade de que os profissionais de enfermagem saibam reconhecer os sinais de dor
para buscarem intervir corretamente no seu alívio8.
O Enfermeiro deve explorar a queixa de dor, coletar dados sobre fatores agravantes, atenuantes e
concomitantes; antecedentes pessoais e familiares, explorar indicativos de desconforto causado pela dor
e utilizar-se de instrumentos que podem auxiliar na sua mensuração e avaliação bem como na qualidade
da analgesia12.
A avaliação da dor do paciente oncológico exige uma abordagem quantitativa, utilizando escalas adequadas ao perfil do paciente atendido e, uma abordagem qualitativa, com enfoque de aspetos descritivos
da dor e o seu impacto nas funções e atividades da vida diária. A implantação do uso de uma escala para
avaliação oncológica proporciona a possibilidade de tratar a dor mais adequadamente 4.
A identificação dos fatores que intensificam e aqueles que diminuem a dor são muitas vezes esquecidos, alguns autores argumentaram que a dor, não é corretamente tratada e documentada devido à
inadequada avaliação inicial. A avaliação acurada, completa, e sistemática da dor do câncer são cruciais
para identificar a etiologia subjacente e para desenvolver um plano de tratamento.
Na escolha dos instrumentos para mensuração de dor, deve-se atentar para as suas qualidades psicométricas, para que sejam atendidos os parâmetros de validade, fidedignidade, sensibilidade, especificidade e aplicabilidade clínica.
Observou-se que a avaliação da dor possibilita reflexões acerca de um melhor planejamento da assistência de enfermagem, minimizando o sofrimento e tornando o atendimento mais humanizado e atento
às necessidades.
Apesar da existência de inúmeras escalas de avaliação de dor validadas, deve-se ressaltar que a queixa
de dor referida pela criança é o melhor indicador que deve ser avaliado e que, muitas vezes, alterações
O processo de alivio da dor e
a atenção dada aos aspectos
sociais da doença devem
estar inseridos na atenção
integral que a criança doente
deve receber.
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Oncologia Pediátrica: Assistência de Enfermagem no Controle da Dor
de comportamento como choro, irritabilidade, isolamento social, distúrbios do sono e da alimentação são
indicativos de um quadro álgico.
4.3 Medidas não farmacológicas para o controle da dor
Uma das técnicas muito importante para todas as crianças, mais em particular para as crianças menores, é o toque terapêutico, porque estas crianças conhecem o mundo através do tocar e do olhar. Ainda
para este grupo de crianças, outras estratégias não farmacológicas são a sucção não nutritiva e a água
com açúcar. O uso da chupeta inibe a hiperatividade e modula o desconforto, e a solução glicosada diminui o tempo de choro e atenua a mímica facial de dor, através da liberação de endorfinas endógenas 6.
É necessário que o Enfermeiro faça uso de intervenções múltiplas que possibilitem melhor resposta analgésica interferindo simultaneamente na diminuição da geração do impulso nociceptivo, alterando os processos de transmissão e interpretação do fenômeno doloroso e estimulando o sistema supressor da dor.
Dentre os métodos não medicamentosos existe o brinquedo terapêutico, que é uma técnica que pode
ser usada por qualquer Enfermeiro para qualquer criança hospitalizada, com o objetivo de permitir ao
Enfermeiro alguma compreensão das necessidades e sentimentos da criança. Ele permite estabelecer um
relacionamento com a criança, de maneira que ela sinta-se segura e permita a realização de procedimentos, e a obtenção de informações relativas a conceitos e sentimentos da criança sobre sua doença, a fim
de estabelecer metas para a assistência de enfermagem 5.
Segundo os autores ludoterapia, arteterapia e a musicoterapia são técnicas que tem diminuído muito
o estresse e a tensão induzindo ao relaxamento da criança porque ativa a produção de endorfinas endógenas. Através de brincadeiras, jogos e artes as crianças expressam seus sentimentos e emoções
promovendo também a melhora da autoestima.
A estimulação cutânea (massagem) tem o propósito de aliviar a dor por promover relaxamento e distração, além de ativar mecanismos inibitórios da dor. A aplicação de calor, frio e a estimulação elétrica
transcutânea, são outras formas de estimulação cutânea, o calor superficial (compressas, hidroterapia,
bolsas térmicas), de acordo com o tempo de aplicação e sua intensidade, produz efeitos a nível local,
regional ou geral.
4.4 Manejo da medicação e procedimentos invasivos
A criança com câncer passa por momentos difíceis e vivencia situações que variam, desde procedimentos como punção lombar e coleta de sangue, até grandes cirurgias e respectivos períodos pós-operatórios. Certos procedimentos são invasivos, agressivos e dolorosos, embora não possam ser evitados, podem ser suavizados pela sensibilidade da assistência. Dentre estes, a punção venosa periférica
é reconhecida pelas crianças e suas famílias, como um procedimento doloroso e capaz de causar ou
aumentar sua ansiedade.
Em alguns hospitais há uma prática no uso de alguns anestésicos tópicos para todos os procedimentos que envolvam agulha. Estes produtos promovem o alívio da dor durante a inserção da agulha e são
relativamente de baixo custo e fáceis de usar5.
Há uma carência de estudos formais para muitos dos medicamentos usados no manejo da dor, especialmente em crianças menores de 12 anos. Todavia o uso repetido e o conhecimento da fisiologia
pediátrica tem possibilitado o estabelecimento de protocolos para muitos medicamentos. Desta forma os
medicamentos devem ser utilizados pela via mais simples sendo que a administração não deve causar
dor adicional6.
Autores descreveram que, mesmo que os profissionais empenhem-se em orientar a criança, explicando-lhe o procedimento em linguagem simples, o medo do desconhecido pode permanecer e que, a
ausência de informações sobre os procedimentos, ao invés de poupar ou proteger a criança dificulta e/ou
impede a sua organização pessoal frente à doença.
É imprescindível que o profissional de saúde esteja atento aos recursos disponíveis ao manejo da dor,
36 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
na medida em que esta experiência constitui um potencial redutor da qualidade de vida.
Como foi descrito, os autores destacaram que a busca pelo manejo e controle da dor constitui um tema
de extrema relevância social e científica, podendo ser realizado por meio de tratamentos protocolares,
com prescrição medicamentosa de analgésicos e por meio de terapias não convencionais.
V • CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste estudo apontou as seguintes temáticas: suporte emocional, manejo da escala de
dor, medidas não farmacológicas e manejo da medicação e procedimentos invasivos.
O cuidar em enfermagem pressupõe estar atento às queixas subjetivas dos pacientes pediátricos, de
modo a intervir no curso do sintoma, possibilitando conforto e bem estar. Na medida em que se mensura
a dor têm-se parâmetros para estabelecer um bom plano de cuidados, considerando que o cuidado terapêutico deve estar condicionado à intensidade da dor.
Durante a pesquisa de revisão integrativa para o presente estudo constatou-se que, apesar do avanço
científico na compreensão do fenômeno da dor, os profissionais envolvidos têm dificuldades de incorporar
na prática a avaliação e o manejo da dor de forma sistematizada e contínua. Identificou-se que a assistência de enfermagem no controle da dor em oncologia pediátrica é contemporânea e tem seu corpo de
conhecimento e prática em processo de construção.
Constatou-se a importância do afeto, da compreensão, além das estratégias utilizadas pelo Enfermeiro
no manejo da dor. Os profissionais de saúde, em especial os Enfermeiros, deparam-se com situações
que requerem ações e decisões, que por vezes, exigem respostas para além do conhecimento científico,
valendo-se de conhecimentos advindos de suas próprias experiências. Estar atento à dor, à verbalização
da criança e ao sofrimento da família, converge para o sucesso ser e fazer em Enfermagem.
Sendo a dor considerada o quinto sinal vital, percebeu-se através deste estudo a necessidade de reflexão sobre a importância da sistematização do cuidado, numa lógica que alia organização do tempo e
satisfação das necessidades. Refletir sobre o saber e fazer em saúde propicia a mobilização e construção
de ações de cuidado eficientes e eficazes, buscando minimizar o sofrimento da criança com câncer.
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Oncologia Pediátrica: Assistência de Enfermagem no Controle da Dor
REFERÊNCIAS
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infantil. (Online). Disponível em: <www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=349>. Acesso em:
07/04/2013.
2 • BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer – INCA. Epidemiologia dos tumores da
criança e do adolescente. (Online). Disponível em: www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=349.
Acesso em: 07/04/2013.
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vital. Rev.Ciec. Cuid. Saúde. Curitiba (PR), 2008; 6(suplem.2):481-487.
4 • Morete M.C; Minson F.P. Instrumentos para a avaliação da dor em pacientes ontológicos. Rev. Dor.
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5 • Melo,L.R; Pettengill,M. A.M. Dor na infância: atualização quanto à avaliação e tratamento. Rev. Soc.
Bras. Enf. Ped. São Paulo (SP), 2010;10(2). (Online). Disponível em: <www.sobep.org.br/revista/
component/zine/article/133-dor-na-infncia-atualizao-quanto-avaliao-e-tratamento-html> Acesso
em: 29/03/2013.
6 • Lemos S; Ambiel C.R. Dor em pediatria: Fisiopatologia, avaliação e tratamento. Rev. Saúde e Pesquisa 2010; Maringá (MG) 2010;3(3):371-378. (Online). Disponível em: <www.cesumar.br/pesquisa/
periodicos/index.php/saudepesq/index > Acesso em: 31/03/2013.
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Rio de Janeiro(RJ), 2008;2(1):87-96. (Online). Disponível em: <www.reciis.cict.fiocruz.br/index.php/
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8 • Alves VS; Santos TS; Trezza MCSF; Santos RM; Monteiro FS. A Enfermagem Frente à Dor Oncológica. Rev. Brasileira de cancerologia. Maceió (AL), 2011;57(2):199-206.
9 • BRASIL .Ministério da Saúde.Instituto Nacional do Câncer – INCA.Estimativa 2012. (Online). Disponível em: <www.inca.gov.br/estimativa/2012/index.asp?ID=5> Acesso em: 20/04/2012.
10 • Mutti CF; Paula CC; Souto MD. A assistência à saúde da criança com câncer na produção científica
brasileira. Rev. Brasileira de cancerologia. Santa Maria (RS),2010;56(1):71-83.
11 • Diefenbach G.D.F. Dor em Oncologia: Percepção da família da criança Hospitalizada. Rev. Repositório digital UFRGS. (Online). Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/31127> Acesso em:
20/04/2013.
12 • Rangel O; Telles C. Tratamento da dor oncológica em cuidados paliativos. Rev. Hospital Universitário Pedro Ernesto. Rio de Janeiro (RJ) abr/jun-2012. (Online). Disponível em <revista.hupe.uerj.br/
detalhe_artigo.asp?id=324> Acesso em: 28/04/2013.
GIANE ELIS DE CARVALHO SANINO - [email protected]
SIMONE ALVES DOS SANTOS - [email protected]
38 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
O Processo de Transplante de Órgãos
The Process of Organs Transplantation
El Processo de Transplante de Órganos
Ana Claudia Coelho Lopes
Rosadélia Malheiros Carboni
RESUMO
O transplante de órgãos é constituído como a retirada de órgãos de doador em comprovação de morte encefálica, quando consentida por familiar atestada
em documento ou por doador vivo quando a retirada do órgão não traz danos a este, sendo um conjunto de ações e procedimentos que transformam um
doador potencial em efetivo. É uma terapia segura e eficaz que envolve processos complexos. A Enfermagem atua em todas as equipes, tendo como dever
promover, prevenir, recuperar e reabilitar a saúde. Foram realizados estudos em pesquisas bibliográficas, referentes a participação da Enfermagem no processo
de transplante de órgãos. Segundo a Lei, é função do Enfermeiro planejar, executar, coordenar, supervisionar e avaliar os procedimentos de Enfermagem. A
Enfermagem cabe o cuidado contínuo ao paciente desde a entrevista ao familiar até o cuidado pós-operatório destinado ao receptor.
PALAVRAS-CHAVE
Enfermagem; Transplante de órgãos; morte encefálica.
ABSTRACT
The transplantation of organs is constituted as the withdrawal of components of donor in proof of brain death, when consented by family members attested in
document or by living donor when the withdrawal of component does not damage respective, being a set of actions and procedures that turn into a huge one donor
potential in effective. It is a safe therapy and effective that involves complex processes. Nursing operates in all teams having as duty promote, prevent, recover and
rehabilitate the health. Studies were performed in bibliographical searches regarding the participation of nursing in the process of organs transplantion. According
to the law, it is the role of the nurse plan, execute, coordinate, supervise and evaluate the nursing procedures. It is the nursing care continuous to the patient since
the interview with the family until the careful after the surgery intended for the receptor.
KEYWORDS
Nursing, The transplantations of organs, brain death.
RESÚMEN
El trasplante de órganos se constituye como la retirada de donantes de órganos en la confirmación de la muerte cerebral, cuando accedió por la familia atestiguado
en un documento o de un donante vivo, cuando la extracción del órgano no acarree ningún daño a este, con un conjunto de acciones y procedimientos que
transforman un donante potencial en efectivo. Es una terapia segura y eficaz que implica procesos complejos. Enfermería opera en todos los equipos, con el deber
de promover, prevenir, recuperar y rehabilitar la salud. Se han realizado estudios búsquedas en la literatura, sobre la participación de la enfermería en el proceso
de trasplante de órganos. De acuerdo con la Ley, es una función de la enfermera para planificar, ejecutar, coordinar, supervisar y evaluar los procedimientos de
enfermería. La enfermería es responsable por el cuidado continuo del paciente de la entrevista con la familia hasta los cuidados postoperatorios para el receptor.
PALABRAS-CLAVE
Enfermería; trasplante de órganos; muerte cerebral.
ANA CLAUDIA COELHO LOPES • Graduanda de Enfermagem- Uninove Santo Amaro
ROSADÉLIA MALHEIROS CARBONI • Mestre Professora Orientadora - Uninove
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O Processo de Transplante de Órgãos
I • INTRODUÇÃO
O processo de transplante de órgãos é definido como o conjunto de ações e procedimentos que
transformam um potencial doador em doador efetivo e são inúmeros os fatores apontados como
causas da não efetivação da doação. É um tema complexo e extenso¹.
A principal etapa para continuar o processo é a entrevista familiar. A obtenção de órgãos e tecidos
requer a execução e o processo adequado de doação em cada etapa pelos profissionais da saúde.
O transplante de órgãos constitui-se da retirada do órgão necessitado de doador falecido ou dependendo do órgão, de doador vivo, é um processo cirúrgico, consiste na reposição de um órgão doente
por outro normal, salvando ou melhorando a qualidade de vida de muitas pessoas².
É considerado potencial doador, o paciente com o primeiro teste clínico de morte encefálica, no
qual tenham sido descartadas contraindicações clínicas que representem riscos aos receptores dos
órgãos e, doador efetivo, qualquer potencial doador, do qual, pelo menos, um órgão tenha sido removido com finalidade de transplante. Os transplantes de órgãos têm importância no tratamento e cura
de doenças crônico-terminais, resultando em sobrevida a pacientes que precisam desta intervenção³.
Muitos fatores apontam a não efetivação da doação, desde o contato com o familiar do possível
doador, a transmissão da informação até o trabalho da captação, transporte e o processo do transplante no receptor4.
O processo de transplante de órgãos tem início com a doação e trata-se de uma terapia segura e
eficaz no tratamento de diversas doenças que causam insuficiências ou falências de alguns órgãos5.
A ação do profissional de saúde é relevante na obtenção de órgãos. A Enfermagem, neste processo, tem característica de profissional do cuidado contínuo e vem conquistando novas perspectivas,
desde a busca de potenciais doadores, passando pela entrevista, captação até o momento do processo cirúrgico de retirada e recolocação do órgão6.
Ou seja, o trabalho e a missão do profissional de Enfermagem no processo de doação de órgãos
iniciam-se quando detectada a morte encefálica de um paciente, competindo a esse profissional a
realização da entrevista com o familiar7.
O processo de transplante de órgãos tem início com a doação e trata-se de uma terapia segura e
eficaz no tratamento de diversas doenças que causam insuficiências ou falências de alguns órgãos8.
Este é um tema complexo e polêmico, pois envolve um conjunto de ações e procedimentos, baseado em uma lei e regulamentado no Sistema Nacional de Transplante, que dispõe sobre a remoção
de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de tratamentos terapêuticos das diversas patologias que causam insuficiência ou falência de órgãos, quando diagnosticado a morte encefálica9.
Demanda a tomada de decisões pelos familiares, num período curto de tempo, num momento
dramático referente ao possível doador. Mediante as considerações, houve o questionamento: qual e
como é a participação do Enfermeiro no processo de doação de órgãos desde a detecção da morte
encefálica?10
II • OBJETIVO
Ressaltar a participação do enfermeiro no processo de doação de órgão desde a declaração da
morte encefálica.
III • MÉTODO
O estudo em pesquisa é bibliográfico, que terá como proposta elaborar teorias em relação ao corpo em nossa sociedade e à doação de órgãos¹ e possibilitar a compreensão da essência do processo
de doação de órgãos vivenciado na realização da entrevista familiar².
Os artigos bibliográficos foram obtidos nas bases de dados Scientific Eletronic Library Online
(Scielo) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), no período de 2008 a 2013.
O estudo é constituído por 20 artigos bibliográficos, relacionados com a história, morte encefálica,
40 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
o corpo humano em nossa sociedade, a família do doador no processo de transplante de órgãos,
ressaltando a participação do Enfermeiro.
IV • HISTÓRIA
A história dos transplantes teve início há muitos séculos. Segundo a mitologia de São Cosme e
Damião, após amputação da perna de um ancião, ocorreu o primeiro transplante com a doação da
perna de um soldado falecido no mesmo dia. As primeiras experiências relacionavam-se principalmente a realizar reparos de mutilações como enxertos de tecidos, utilização de retalhos de pele em
lesões da face e em outras partes do corpo11.
A partir da década de 40 foram descobertas os problemas referentes à rejeição, pois depois da
primeira possibilidade de transplante, muitos foram realizados sem sucesso e, com a elevação no
conhecimento e estudo da medicina e o avanço da farmacologia, o problema amenizou em partes,
sendo ainda um grande problema11.
O transplante de órgãos é um conjunto de ações e procedimentos que transformam um doador
potencial em efetivo, sendo uma terapia segura e eficaz, mesmo envolvendo processos complexos12.
V • O PROCESSO DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
O processo inicia-se com a doação de órgãos humanos de doador falecido (confirmado morte
encefálica) ou de doador vivo, para o tratamento de doenças geradas por insuficiência ou falência de
órgãos ou tecidos, os quais os órgãos substituem os ineficientes de pessoas receptoras, indivíduos
portadores de doenças crônico-degenerativas, trazendo benefícios na qualidade e perspectiva de
vida de pessoas acometidas por tais doenças13.
Os órgãos que são passíveis de doação por indivíduo falecido são coração, rins, fígado, pulmões,
medula óssea e pâncreas. Os tecidos favoráveis à doação pelo mesmo são córnea, pele, vasos sanguíneos e alguns ossos e cartilagens, esse processo acontece enquanto o coração mantem-se em
trabalho, é o que ocorre na maioria dos casos. Entretanto, transplantes renais, hepáticos, pulmonares
e pancreáticos são passíveis de obter de doadores vivos, mas são menos frequentes14.
Os tipos de transplante são:
• Autólogo: indivíduo é seu próprio doador. Este tipo de transplante é indicado para algumas
doenças como Mieloma Múltiplo, Linfomas, Leucemia Mieloide Aguda e Tumores Germinativos. O
transplante ocorre de um local do corpo para a outra região que necessita;
• Homólogo: é a doação entre seres da mesma espécie, sendo em indivíduos geneticamente diferentes;
• Isogênico: é a doação entre seres geneticamente idênticos;
• Heterólogo: é o transplante entre animais de espécies diferentes15.
VI • MORTE ENCEFÁLICA
O diagnóstico de morte encefálica para doação de órgãos implica em relações filosóficas, religiosas e sociais, na preocupação de um consenso em assumir questões referentes ao processo. Os
pacientes em morte encefálica devem receber cuidados especiais, inclusive os doadores relatados16.
A comprovação da morte encefálica dá-se após diagnósticos clínicos e exames complementares
realizados, como o exame neurológico e o teste de apneia, os quais são fatores clínicos favoráveis em
pacientes potencialmente doadores. O teste de apneia é um determinante de distúrbios cardiovasculares, havendo aumento da morbidade/mortalidade ainda que não diagnosticado a morte encefálica.
Deve-se observar a ocorrência de Diabetes Insipidus, o qual provoca hipernatremia, causando lesões
neurológicas letais17.
Distúrbios hidroeletrolíticos são um critério de comprovação quando realizados o teste de apneia e
confirmado coma irreversível ou lesão incompatível com a vida, para assim, não haver relação do dis-
O processo de transplante
de órgãos tem início com a
doação e trata-se de uma
terapia segura e eficaz no
tratamento de diversas
doenças que causam
insuficiências ou falências
de alguns órgãos.
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O Processo de Transplante de Órgãos
42 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
túrbio com a etiologia da piora do estado de coma. Hipotermia é um fator desnecessário, conseguinte, durante a realização de exames clínicos e complementares, deve-se manter temperatura de 36ºC4.
A morte encefálica ocorre quando confirmada a irreversibilidade da situação clínica, ausência de
resposta motora a estimulação dolorosa em pares cranianos quando em estado de coma, ausência
de respiração espontânea, ausência de toda atividade reflexa a nível cerebral e ausência de hipotermia, estabilidade hemodinâmica, alterações metabólicas levando ao estado de coma, apresentação
de atonia muscular6.
Uma vez confirmada à morte encefálica, profissionais da saúde relacionados ao caso, devem garantir a manutenção da vida. A confirmação é realizada por dois conjuntos (mínimo) de provas, adequando situação clínica à idade conforme intervalo entre cada exame. Os procedimentos são executados por dois especialistas médicos independentes entre equipes de transplantes e um especialista
não pertencente à unidade de internação9.
Comunicar a família sobre morte de um ente é uma etapa que envolve o processo de transplante,
desencadeando assim, a captação de órgãos e tecidos ou não. A entrevista é definida como uma
reunião entre familiares e um ou mais profissionais capacitados da equipe de captação de órgãos,
com a finalidade de obter o consentimento da doação7.
O respeito à família é essencial para que a tomada de decisão desta seja com liberdade e autonomia, pois a doação de órgãos é decisória num curto espaço de tempo, no difícil momento de
enfrentamento da morte, devido à necessidade de liberação para a remoção de órgãos e tecidos do
corpo relativo7.
O consentimento da família à doação dos órgãos, tecidos e partes do corpo do ente é de responsabilidade do cônjuge ou parente que seja maior de idade, firmada em documento com assinatura de
duas testemunhas presentes no momento da verificação da morte7-8.
Cabe a Enfermagem, a execução da abordagem a família para a autorização e remoção de órgãos e
tecidos num contexto multiprofissional estratégico, com bases científicas e viabilidade operacional16.
Há a necessidade de documentar todas as etapas do cuidado de Enfermagem nesse processo.
Os fatores que favorecem a entrevista são:
• Assistência aos familiares e ao potencial doador;
• Esclarecimento da morte encefálica a família;
• Linguagem clara, honesta e adequada;
• Estado emocional dos familiares;
• Desejo do potencial doador;
• Ambiente calmo e confortável16.
O respeito à família é
essencial para que a tomada
VII • DURAÇÃO DOS ÓRGÃOS
Quanto maior for o tempo do órgão fora do corpo, menor será qualidade do órgão, devido à deterioração deste por ser mantido, enquanto fora do corpo, em líquido de pressuração.
No transplante entre vivos, a realização dos procedimentos é imediata e a qualidade é a melhor
para todos os órgãos adequados nesse processo1.
O máximo de tempo que cada órgão suporta fora do corpo é relativo ao seu funcionamento sendo:
• Rins de 24 a 48 horas;
• Fígado de 12 a 24 horas;
• Pâncreas de 12 a 24 horas;
• Coração de 4 a 6 horas;
• Pulmão de 4 a 6 horas;
• Córneas podem ser armazenadas por até 7(sete) dias;
• Medula pode ser armazenada em nitrogênio por até 5(cinco) anos17.
de decisão desta seja com
liberdade e autonomia,
pois a doação de órgãos é
decisória num curto espaço
de tempo, no difícil momento
de enfrentamento da morte,
devido à necessidade de
liberação para a remoção
de órgãos e tecidos do corpo
relativo.
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O Processo de Transplante de Órgãos
O processo de tempo inicia-se no clampeio (fechamento da circulação sanguínea ao órgão) no
doador, quando libera a circulação e termina na recolocação no receptor que dura em torno de 2 a 3
horas, levando 1 (uma) hora aproximadamente para a retirada e o transporte4.
VIII • A ENFERMAGEM
A inserção da Enfermagem
no processo de transplante
de órgãos é peça fundamental,
pois é a conexão entre
paciente, médico e equipe
multidisciplinar, tendo
atuação em todas as equipes,
independente de doação
ou não.
A Enfermagem atua de forma a promover, prevenir, recuperar e reabilitar a saúde, com autonomia,
conforme preceitos éticos e legais, sendo proibido colaborar no descumprimento da legislação referente ao transplante de órgãos e tecidos, segundo a Resolução 311/2007 do Conselho Federal de
Enfermagem18.
A inserção da Enfermagem no processo de transplante de órgãos é peça fundamental, pois é
a conexão entre paciente, médico e equipe multidisciplinar, tendo atuação em todas as equipes,
independente de doação ou não. Cabendo a esse profissional garantir o controle rígido dos termos
de doação e recepção, controlar e atualizar a lista de receptores, promover controle rigoroso na
captação e nos resultados de exames laboratoriais, notificar as Centrais de Captação e Distribuição
de Órgãos, entrevista familiar, aplicar a Sistematização da Assistência de Enfermagem ao receptor19.
Segundo artigo 1º da Resolução 292/2004 é de função do Enfermeiro planejar, executar, coordenar, supervisionar e avaliar os procedimentos de Enfermagem ao doador. No Capítulo III Artigo 4º
cabe ao Enfermeiro, proceder nas fases de doação e transplante de órgãos e tecidos, desde a família
ao receptor20.
“A morte encefálica deverá ser consequência de processo irreversível e de causa desconhecida.”
Artigo 3º da Resolução CFM nº1480/199720.
44 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
REFERÊNCIAS
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relação com o corpo em nossa sociedade. Revista Acta Paul Enferm. 2010; 23(3):417-22.
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para Enfermeiros que trabalham no processo de doação de órgãos para transplante. Cienc
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7 • Santos MJ, Massarollo MCKB, Moraes EL. Entrevista familiar no processo de doação de órgãos e tecidos para transplante. Revista Acta Paul Enferm. 2012 dez; 25(5):788-94.
8 • Guido LA, Linch GFC, Andolhe R, Conegatto C, Tonini CC. Factores de estrés em la assistência
de enfermeía al potencildonador de órganos. Rev Latino-am Enfermagem 2009 nov/dez; 17(6).
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o seu conhecimento? RevEscEnferm USP 2013; 47(1):258-64.
10 • Ferreira GC, Sena CA, Alves MS, Salimena AMO, Ferreira GC, Arreguy CS, Alves MS, Salimena
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11 • Moura MLMTH, Kiefer EL, Boni RC, Afonso RC, Neto BHF. Análise Crítica dos 10 anos de regulamentação da Lei de Transplante nº9434. Artigo Original 2010 jan; 10:13.
12 • Polari RS, Matos MYC, Diniz MFFM, Almeida RN, Costa SFG. II Encontro Nacional de Bioética
e Biodireito. Anais 2009 out; 109-131.
13 • Morais TR, Morais MR. Doação de órgãos: é preciso educar para avançar. Saúde em Debate
2012 out/dez; p633-639.
14 • Araújo FNA, Silva LMS, Borges MCLA. Transplante de órgãos e tecidos: análise da atuação
do enfermeiro no processo de doação e captação. Revista de Pesquisa Unirio 2011 jan/mar;
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16 • Gonçalves AA, Castilhos BCS, Rabelo JR. O Enfermeiro frente ao processo de captação de
órgãos e tecidos junto a família do potencial doador. Revista de Enfermagem UFPE online 2012
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18 • Guido LA, Linch GFC, Andolhe R, Conegatto CC, Toni CC. Estressores na assistência de Enfermagem ao potencial doador de órgãos. Red de Revistas Científicas da América Latina 2009
nov/dez; 17(6).
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20 • FEEDS Coren. Portal do Conselho Federal de Enfermagem 2011 abr; 4328.
ANA CLAUDIA COELHO LOPES - [email protected]
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Premiações do IEP
RESULTADO 2014/2015
NOME
RANKING
CATEGORIA
Leonardo Marques Gomes
1
Ouro
Milena Nathalia Shingu Funai
2
Ouro
José Antônio Pinto
3
Prata
Fabiola Esteves Garcia Caldas
4
Prata
André Freitas Cavallini da Silva
5
Prata
Laila Puranem Mourão Martins
6
Prata
Heloisa dos Santos Sobreira Nunes
7
Prata
Adma R. Y. Zaianela
8
Prata
Lina Ana Medeiros Hirsch
9
Prata
Gabriel S. Freitas
10
Prata
Antonio Abel Pierre Paupério
11
Prata
Rodrigo Kohler
12
Prata
Mariana Carneiro Barbosa de Brito
13
Prata
Larissa S. Barrero
14
Prata
Janaína Johnsson
15
Prata
Natália Sacchi Campozana
16
Prata
Renan Rocha da Nóbrega
17
Bronze
Lara Marinho Reis
18
Bronze
Luiz Eduardo Barreto
19
Bronze
Marcio Luis Duarte
20
Bronze
André de Queiroz Pereira da Silva
21
Bronze
Luiz Carlos Donoso Scoppetta
22
Bronze
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