Venezuela é desmistificada durante cobertura eleitoral/Central
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Venezuela é desmistificada durante cobertura eleitoral/Central
F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu Versão k lic tr ac Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS Rua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008 Ano 22 - Nº 124 - Novembro de 2012 - Porto Alegre dos Jornalistas www.jornalistas-rs.org.br Venezuela é desmistificada durante cobertura eleitoral /Central Foto: ComunicaSul Veja: o indispensável partido neoliberal, segundo pesquisadoras /6 Eleição venezuelana reuniu jornalistas das Américas e do resto do mundo Compromissos com a categoria e o ambiente norteiam Congresso no Acre Foto: Elson Sempé Pedroso Presença de indígena na abertura do 35º Congresso chamou a atenção dos jornalistas Audálio Dantas deu aulas de bom Jornalismo Foto: Vanessa Silva Repórter lançou livro e palestrou /8 .c C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr ac Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Novembro de 2012 2 OPINIÃO HUMOR DE BIER A sustentabilidade e o papel dos jornalistas JOSÉ MARIA RODRIGUES NUNES * Dez anos após retornar à região Norte do Brasil, o Congresso Nacional dos Jornalistas deixou claro que é necessária uma reflexão maior sobre como se dá a cobertura do tema meio ambiente no país. É importante termos como convicção de que a pauta não pode estar apenas voltada as tragédias, infelizmente muito comuns nos últimos anos. Temos de colocar a questão da sustentabilidade do planeta como prioritária e mostrar como se pode conviver em harmonia com o nosso ecossistema, mas para isso precisamos também do apoio não só da sociedade como um todo, mas também de uma atitude dos nossos governantes. Ao fazer uma pequena incursão pelo estado do Acre observei um cenário que me deixou muito triste, ao verificar que nos campos onde eram florestas fechadas, nem mesmo o gado ocupa as verdes pastagens. Por centenas de quilômetros observa-se castanheiras centenárias que sozinhas na imensidão do campo estão condenadas ao desaparecimento, muitas delas já estão morrendo pela falta de outras árvores para lhes dar sustentação. Nesse ponto chamo a atenção do comprometimento do estado que deve agir imediatamente para este cenário não se transformar em realidade também nos nossos pampas, já comprometido em muitas regiões. Nesse sentido faço um apelo aos nossos congressistas para a imediata aprovação do projeto de Emenda Constitucional do deputado Pedro Wilson Guimarães, que reconhece como biomas do Brasil, não só o Pampa, mas também a Caatinga e o Cerrado, além dos já existentes a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica. Se esses três já reconhecidos na carta magna sofrem com o descaso das autoridades imagina o que ocorre com aqueles sem qualquer garantia constitucional. Essa com certeza deve ser uma pauta em defesa não só da vida, mas do planeta. Por fim quero também fazer uma denúncia no que diz respeito as pesquisas desenvolvidas no país sobre o setor, que podem cair em mãos de multinacionais, caso prossiga no Congresso Nacional o projeto de lei 222/2008 do senador Delcidio Amaral, que prevê a privatização da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Está mais do que na hora da sociedade se manifestar a respeito e ser alertada que o Brasil necessita sim de uma cobertura ambiental que garanta a sustentabilidade do planeta. É um compromisso dos jornalistas para com as gerações futuras. * Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul Filiado: NEGOCIAÇÃO COLETIVA Audiência de conciliação está marcada para 28 de novembro Foto: Marcio de Almeida Bueno Jornalistas protestaram no Centro de Porto Alegre e levaram sua situação ao conhecimento da população No dia 17 de outubro, dezenas de jornalistas se concentraram na Esquina Democrática, em Porto Alegre, para ato organizado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RIo Grande do Sul. O objetivo foi mostrar à sociedade o descaso dos donos da mídia com seus empregados jornalistas, intransigentes por ocasião da negociação coletiva. Foi distribuído pão com mortadela à população, representando os 40 centavos diários de aumento pro- Versão dos Jornalistas é uma publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul Rua dos Andradas, 1270, 13º andar, sala 133, fones/fax 51-3228-8146, 3226-1735 e 3226-0664, CEP 90020-008, Porto Alegre - RS www.jornalistasrs.org / [email protected] Diretoria Executiva Presidente: José Nunes, vice-presidente: Milton Simas, segundo vice-presidente: José Carlos Torves , primeiro secretário: Salvador Tadeo, segundo secretário: Jorge Correa , primeiro tesoureiro: Antônio Barcellos, segundo tesoureiro: Marco Antônio Chagas Suplentes: Cláudio Fachel, Vera Daisy Barcellos Conselho Fiscal: Celso Schröder, Neusa Nunes, Arfio Mazzei, Jeanice Ramos, Cleber Moreira, Thaís D’Ávila Diretoria Geral: Celso Sgorla, Ludwig Larré, César Augusto, Renato postos pela classe patronal. Dois Twittaços foram realizados, e também o Facebook foi usado como ferramenta de mobilização da categoria. Adiamentos têm trancado o desenrolar dos encontros para acordo entre Sindicato e representantes patronais. Está marcada uma nova audiência de conciliação para as 14h do dia 28 de novrembro, na sala 716 da Superintendência Regional do Trabalho no RS, no Centro da Capital. Bohusch, Mauro Saraiva Jr, Léo Nuñez, João Silvestre, Robinson Estrasulas, Cláudio Garcia, Luiz Armando Vaz, Márcia Carvalho, Márcia Martins, Pedro Luiz Osório, Elisa Pereira, Alan Bastos Comissão de Ética: Antônio Hohlfeldt, Ercy Torma, Cristiane Finger, José A. Vieira da Cunha, Flávio Porcello, Edelberto Behs, Carlos Bastos, Sandra de Deus, Marcos Santuário, Celestino Meneghini Edição: Milton Simas Assessor de Comunicação: Marcio de Almeida Bueno Impressão: Zero Hora As opiniões expostas nos textos assinados são de responsabilidade dos autores e não correspondem necessariamente à posição do jornal ou do Sindicato. .c C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Novembro de 2012 ac 3 35º CONGRESSO NACIONAL Carta de Rio Branco Os jornalistas brasileiros, reunidos em seu 35º Congresso Nacional, realizado em Rio Branco (Acre), no período de 7 a 10 de novembro, dirigem-se à Nação Brasileira para expressar suas preocupações relativas ao modelo de crescimento econômico adotado na maioria dos países do mundo, no qual o ser humano, o respeito aos demais seres vivos e a utilização responsável dos recursos naturais do planeta não são a prioridade. A categoria entende que a mais recente crise do capitalismo reforça a necessidade de a humanidade buscar novos caminhos para o efetivo desenvolvimento dos diversos povos que habitam o planeta, reunidos ou não em nações. A forma predatória de exploração do ser humano e dos recursos naturais do planeta precisa dar lugar ao desenvolvimento com sustentabilidade. Este é um salto para o qual o Jornalismo e os jornalistas profissionais têm importante contribuição a dar. O Jornalismo Ambiental deve ser difundido até que cheguemos à condição ideal de que todo o Jornalismo seja ambiental. E, para além do jornalismo especializado, o olhar sobre as questões socioambientais - pilares da sustentabilidade - tem de estar presente, transversalmente em toda a cobertura jornalística. O Jornalismo, como forma de conhecimento imediato da realidade, deve proporcionar aos cidadãos(ãs) brasileiros(as), as informações necessárias para a formação do juízo crítico em relação ao que é comumente apresentado como avanço para a Nação. Desenvolvimento medido pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, não revela os custos socioambientais que quase invariavelmente são gerados. Para cumprir seu papel social, os jornalistas precisam contar com um ambiente de real liberdade de expres- ção na Câmara dos Deputados da Pro- da profissão. Os jornalistas somam-se ao essão e de democracia nas comunica- posta de Emenda à Constituição forço de resgate da dívida histórica ções. Assim como os autonomistas (PEC), já aprovada no Senado. Neste sentido, os jornalistas re- para com aqueles que foram vítimas acreanos lutaram, no passado, para conquistar seus direitos políticos, pudiam todas as tentativas de classi- de violências praticadas pelo Estado transformando o Acre em Estado, os ficar como autoritárias as propostas de Brasileiro quando sob domínio da dijornalistas lutam pela conquista de regulamentação da profissão de jor- tadura militar e o fazem por meio da autonomia intelectual Foto: Elson Sempé Pedroso sobre seu trabalho. Esta autonomia é condição para que o Jornalismo seja meio para a liberdade de expressão dos diversos segmentos da sociedade, em especial da classe trabalhadora. A categoria, que é protagonista no debate sobre a democratização dos meios de comunicação, reitera a urgência da aprovação de um novo marco regulatório para a área das comunicações, sob a princípio do controle público dos meios, entendido como um conjunto de mecanis- Plenária final aprovou diretrizes da categoria e Alagoas como sede do próximo evento mos e espaços públicos que atuem no nalista e do setor das comunicações, criação da Comissão Memória, Verdasentido de impedir o predomínio de manipulação promovida pela mídia de e Justiça da FENAJ. Por fim, os jornalistas brasileiros interesses privados em detrimento do conservadora que, frequentemente, interesse geral da sociedade. Para isso, também atua contra os governos pro- reafirmam seu compromisso com promoção da igualdade de gênero e conclama a presidenta Dilma Rousseff gressistas da América Latina. Os jornalistas brasileiros tam- etnicorracial, entendendo que os grua levar adiante as propostas aprovadas na Conferência Nacional de Co- bém precisam de condições dignas de pos sociais historicamente discrimimunicação (Confecom), realizada em trabalho. Por isso reivindicam a apro- nados têm o direito de desfrutar do vação da lei federal que cria o Piso Na- binômio justiça e desenvolvimento. 2009. Entre estas propostas, os jorna- cional da Categoria e o respeito à jor- Reafirmam também o compromisso listas destacam a criação do Conselho nada de trabalho de 5 horas diárias e com a observância de seu Código de Nacional de Comunicação, a aprova- às demais normas estabelecidas na Ética, com a defesa das liberdades de ção de uma nova Lei de Imprensa para CLT, para por fim à crescente precari- expressão e de imprensa e do direito do cidadão (ã) à comunicação, ressalo país e a necessidade de aperfeiçoar zação das relações de trabalho. A categoria reivindica a imple- tando o papel fundamental do Jornaa regulamentação da profissão de jornalistas, tendo como base a criação do mentação de um protocolo nacional, lismo na consolidação da democracia Conselho Federal e Conselhos Regi- a ser celebrado com os empregadores, e da cidadania. Rio Branco, 10 de novembro de onais de Jornalistas (CFJ) e, ainda, a contemplando o Piso Nacional, o resretomada da exigência da formação de peito aos direitos de autor dos jorna- 2012. Plenária Final do 35º Congresnível superior em Jornalismo para o listas e medidas para garantir a seguexercício da profissão, com a aprova- rança dos trabalhadores no exercício so Nacional dos Jornalistas .c C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Novembro de 2012 PD W N O y bu Democracia e liberdade de Imprensa MARCIO SCHENATTO Tem 8 mil jornalistas na Venezuela. E a maior parte deles está aqui para dar a seguinte notícia: Hugo Chávez perde a eleição. Com essa frase, Rodrigo Cabezas, um dos líderes da campanha de Chávez deu a ideia de como estava o clima durante as eleições venezuelanas de 2012. A maior parte da imprensa internacional dava como certa a derrota do presidente e candidato à reeleição. Apenas a agência de notícias Reuters havia credenciado 15 jornalistas. A Fox News anunciava Capriles como vencedor do pleito. O ABC da Espanha dizia que houve fraude, mesmo depois da própria oposição já ter reconhecido a derrota. As notícias que eram veiculadas fora da Venezuela eram de instabilidade, possibilidade de fraude na votação e uma possível guerra civil. Até a previsão do tempo de um site norte-americano apontava dias chuvosos todo o período eleitoral. Responsável pela organização das eleições do dia 7 de outubro, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela desfruta de uma soberania igual ao do Judiciário, Executivo e Legislativo. É considerado um poder independente do Judiciário, diferente do que ocorre no Brasil. Considerado um dos sistemas mais moderno, seguro e democrático do mundo o CNE garantiu o processo reunindo mais de 18 milhões de eleitores, que cumpriram uma série de cinco etapas em sua zona eleitoral, entre 6 e 18 horas. Em primeiro lugar, a identificação biométrica liberava para o voto na urna eletrônica. Após escolher seu candida- k lic tr to, o cidadão recebia um comprovante, que deveria ser depositado em uma ‘caixa de resguardo’. Além da identificação biométrica, o eleitor ainda assinava uma lista e colocava sua impressão digital. Ao sair, manchava os dedos com tinta indelével, inviabilizando uma segunda votação. Um fato muito peculiar é a divulgação dos resultados. O CNE só anunciou o vencedor quando não havia mais possibilidades matemáticas de alteração. Ou seja, quando o Conselho Eleitoral se pronunciou pela primeira vez, já tinha o vencedor do pleito. Não existe divulgação urna após urna como acontece no Brasil. Além de denunciar a suposta possibilidade de fraude, a oposição venezuelana criticava a biometria, que poderia facilitar a violação do sigilo do voto. Para a vice-presidente do CNE, a suspeita é infundada e faz parte da disputa política. “Na Venezuela, se pretende fazer bandeira política da questão sobre o segredo do voto. Aqui, o voto será sempre garantido. O segredo não está em questionamento”, declara Sandra Oblitas. Em setembro, o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, cujo instituto monitora eleições no mundo, afirmou que o sistema venezuelano é um dos mais seguros que já conheceu. Socialismo bolivariano E apesar de todos os ataques da grande mídia, com 54,42% dos votos, o presidente Hugo Chávez Frías foi reeleito para o período de 2013 a 2019. O candidato da oposição, Henrique Capriles, obteve 44,97% e ganhou em apenas dois estados dos 24 que Fotos: ComunicaSul Venezuelanos enfrentam fila para ingressar na seção eleitoral formam a Venezuela. Em uma verdadeira festa cívica, 81% dos eleitores foram às urnas, apesar de o voto não ser obrigatório. Mesmo com a expectativa de que o candidato da oposição pudesse não reconhecer o resultado das urnas, Capriles admitiu sua derrota e rejeitou a ação de setores radicais. Em seu pronunciamento o oposicionista fez questão de acalmar a população, “que nosso povo não se sinta perdedor. Quem foi derrotado fui eu”, afirmou. E agradeceu aos mais de seis milhões de venezuelanos que votaram nele. Diante de dezenas de milhares de manifestantes que tomaram as imediações do Palácio de Miraflores na noite de 7 de outubro, o presidente Hugo Chávez agradeceu aos mais de oito milhões de venezuelanos que lhe garantiram um novo mandato. Acompanhado pela família e por lideranças no balcão presidencial, o líder bolivariano ressaltou que o povo “optou pela revolução, pelo socialismo e pela grandeza da Venezuela”. ac .c C om k lic .c re . . k e r- s o ft w a w w C ww ww ac to to bu y N O W VENEZUELA tr 5 F -X C h a n ge ! F -X C h a n ge ! PD om 4 k e r- s o ft w a re A Venezuela sem pré-conceitos O delegado regional de Caxias do Sul, Márcio Schenatto que esteve no país caribenho acompanhando o processo eleitoral faz um relato sem pré-conceitos sobre o país. Saí do Brasil com um certo receio no dia 29 de setembro. Durante 11 dias fiquei em Caracas com mais 6 jornalistas brasileiros dispostos a conhecer a nal e também a venezuelana de oposição afirmavam que Chávez havia obrigado servidores públicos para irem ao comício. Nunca vi tanto funcionário público em só lugar. Alguns estavam desde às 5 horas aguardando o discurso que estava programado para as 16 horas. E choveu muito quando Chávez subiu no palco. O único dia e hora em que choveu nos 10 dias em que estive lá. E ninguém da multidão vermelha foi embora antes de terminar o discurso. Entrevistei algumas pessoas que estavam na primeira fila. Um homem de aproximadamente 30 anos tomou o microfone da minha mão visivelmente emocionado. Tudo o que ele queria dizer era que com Chávez o povo tinha voz pela primeira vez e que a Venezuela estava dando uma aula de democracia para o mundo. “Antes da primeira eleição de Chávez, a Venezuela era um país onde as pessoas se sentiam invisíveis, não se identificavam com seu processo político. Agora é um país onde elas pensam, Liberdade de Imprensa criticam, debatem, participam”. A afirmação é da jornalista, escritora, advogada e pesquisadora Em menos de 10 dias, o presivenezuelano-americana Eva Golinger. dente da República convocou duas No discurso de seu último comício, Chacoletivas de imprensa. Participaram ves defendeu a soberania do país e o uso do diveículos comerciais, públicos, comu- Simpatizantes de Capriles mostravam confiança na vitória do candidato nheiro do petróleo para o financiamento de nitários, alternativos, sindical e dos movimentos so- realidade do país. Era verdade tudo que chegava pela obras sociais. ciais. Assim como representantes internacionais. O grande mídia brasileira sobre esse país? Miséria, fal“Temos a maior reserva do mundo, podemos processo de radicalização política que vive a ta de liberdade e um ditador que estava querendo fi- viver ainda 200 anos com o consumo atual. Os EUA Venezuela, fruto do avanço da revolução bolivariana, car por mais seis anos no poder fechando duas déca- gostariam que voltasse a relação anterior, quando o reflete-se na cobertura da mídia, que deixa explícita das de ditadura? Durante esse período na Venezuela, petróleo era vendido com desconto para os americasuas posições - seja a favor do projeto político ou con- com o grupo ComunicaSul, compartilhamos uma rica nos”. tra. experiência, infelizmente desconhecida da maior parDados da Comissão Nacional de Telecomunica- te dos brasileiros. Nunca imaginei que iria encontrar Imprensa ções, mostram que em 1998 existiam 40 concessões um povo apaixonado por política, que dá aula de dede televisão na Venezuela. No início de 2012 esse nú- mocracia e um governo que é exemplo em liberdade Antes de Chávez não existiam meios comunitámero sobe para 150 canais, sendo 75 na TV aberta e de imprensa. rios, alternativos. Para ver como funciona uma TV 75 a cabo. Dos canais com sinal aberto, apenas quaNo primeiro dia em Caracas participei da cami- Comunitária participei de uma reunião na Catia TVe, tro têm alcance nacional, outros 71 são emissoras re- nhada e do comício do candidato Henrique Caprilles. a mais conhecida do país, junto com jornalistas gionais privadas, estatais ou comunitárias. “Dizem Uma multidão começou a passar em frente ao hotel venezuelanos, brasileiros e argentinos que estavam que aqui não há liberdade de expressão. Isso é uma onde estava. Segui aquelas pessoas e percebi que vi- trabalhando na organização da cobertura das eleições. mentira que faz parte desta campanha contra a nham de outras ruas também todas rumo à rua “A comunicação também é um fator de seguranVenezuela. Temos um verdadeiro latifúndio midiá- Bolívar. Perto de um milhão. Nunca tinha visto tan- ça e garantia frente ao que a oposição possa estar platico privado, com 80% das televisões nas mãos dos ta gente na rua envolvida em uma eleição. E todas nejando”, disse Jesus Suarez, presidente da comumeios comerciais, que gozam de plena liberdade para muito empolgadas, cantando músicas, usando bo- nitária Catia TVe. A Cátia TVe é a emissora comunidizer o que querem. Hoje mais de 400 rádios comu- nés, camisetas e acompanhando até o final o discur- tária mais consolidada, entre as 40 existentes em todo nitárias e 27 TVs ocupam uma pequena banda que so do candidato. Pensei: o Chavez vai perder! Falei o país, algumas ainda em processo. O ‘e’ no seu nome, não lhes permite maior alcance de sinal. Por isso é com simpatizantes de Caprilles e todos argumenta- segundo Jesus, quer dizer que “a TV te vê e você se uma tarefa fundamental fortalecer os meios comu- vam muito bem sua escolha. vê na TV”, fundamentando a proximidade com a conitários e públicos. É preciso garantir as condições O comício de Caprilles aconteceu no domingo. munidade. Foi a única fechada durante o golpe de para que o povo possa fazer a sua própria comunica- O de Chávez na quinta-feira. E a multidão que havia 2002. Situada no bairro com o mesmo nome, hoção”, afirma Blanca Eckhout, deputada e ex-Minis- tomado as ruas no domingo no mínimo duplicou para menagem a um indígena, o veículo vem sendo tra das Comunicações da Venezuela. ver o candidato à reeleição. A imprensa internacio- construído desde os anos 90, a partir de uma Casa de Cultura. Além das televisões, existem 243 rádios comunitárias e 466 privadas. Há um regulamento para o funcionamento das comunitárias, mas o seu desenvolvimento é bastante variado. Elas podem receber publicidade institucional, como também de pequenas e médias empresas, mas tudo depende da capacidade de captação de cada emissora. Também é possível ter os equipamentos necessários como comodato do Ministério da Comunicação. Os conteúdos produzidos são de livre acesso, podendo ser reproduzidos. Habitação A Venezuela retratada na imprensa brasileira e mundial é uma ficção. Se lá existe miséria, o que vi nas ruas de Caracas não foi diferente ou menor do que se vê em São Paulo, Porto Alegre ou Fortaleza. O socialismo está dando certo. E um dos melhores exemplos é o projeto Gran Missión Vivienda: a menina dos olhos do socialismo bolivariano. Até o final do ano serão entregues 350 mil moradias, de 60 a 100 metros quadrados, subsidiadas e até 100% financiadas. Para Chávez, a questão da habitação é essencial em seu projeto bolivariano: “apenas no socialismo é possível solucionar o drama da moradia”. E o que chama a atenção em Caracas é que ao invés de construir moradias nas periferias ou nos cinturões, o projeto ergue edifícios em áreas centrais e nobres da cidade. Não se exclui quem tem menos. E sim, há um processo de inclusão de verdade com muito mais do que apenas oferecer moradia digna. O povo venezuelano está apreendendo na prática como construir seu futuro e sua dignidade. Por meio de um convênio com o Irã, estão sendo construídas 4.032 casas, uma verdadeira cidade no Estado de Lara, no noroeste do país. Cidade porque a infraestrutura conta com creches, escolas, biblioteca, centro cultural, quadras poliesportivas, consultório médico, guarda policial, centro comunitário, parques, locais sócio-produtivos. Dentro do Missión Vivienda, o processo mais socialista é feito pelo ‘movimiento pobladores’ e ‘campamento de pioneros’ que tem uma proposta de construção por auto-gestão. Estão fazendo casas com qualidade arquitetônica e complexidade construtiva e não casinhas isoladas, mas grandes edifícios. * Equipe do ComunicaSul: Caio Teixeira, Daniel Cassol, Leonardo Severo, Marcio Schenatto, Renata Mielli, Terezinha Vicente, Vanessa Silva - comunicasul.blogspot.com.br F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr 6 ac Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Novembro de 2012 COMUNICAÇÃO Pesquisadoras avaliam a Veja MARCIO DE ALMEIDA BUENO Todas as semanas, um milhão de exemplares da revista Veja são distribuídos por todo o país, muitas vezes norteando as opiniões sobre fatos de repercussão. A publicação vale-se de sua posição hegemônica para influrenciar corações e mentes? A Veja manda e desmanda? Essas e outras questões foram tratadas no debate ‘Mídia como protagonista político: um sujeito chamado Veja’, ocorrido na tarde de 29 de outubro no Santander Cultural, em Porto Alegre. A mediação foi do historiador Luiz Antonio Timm Grassi, que iniciou afirmando que a Imprensa tem mesmo um papel político, “muitas vezes de forma velada, e que muitas vezes faz denúncia de forma rasa, frouxa”. Para ele, o encontro serviu para discutir o papel que a mídia impressa tem desempenhado nos últimos anos, “colocado em um nível de seriedade que é a marca desses dois trabalhos”, apontou Grassi, referindo-se aos livros lançados pelas pesquisadoras convidadas. Carla Luciana Silva é pós-doutora em História, professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, na cidade de Marechal Cândido Rondon, onde desenvolve pesquisa dentro do Projeto HAM - Historia e Análise Midiática. Também integra o grupo de trabalho ‘Estado, meios de Comunicação e movimentos sociais’. Na 58ª Feira do Livro de Porto Alegre, lançava sua mais recente obra, ‘Veja: o indispensável partido neoliberal’. “A revista Veja se apresenta como um sujeito indispensável para mudar a História do Brasil, colocar o leitor no centro do mundo - frases retiradas das próprias propagandas. Ela só circula porque existem relações sociais que a fundamentam e a sustentam”, explicou Carla, que analisou 715 exemplares da revista, de 1989 a 2002. A pulbicação está dentro do Programa Educar Para Crescer, da editora Abril, que vincula-se ao processo de concentração da mídia vivido nos anos 2000, que a fez adquirir duas das maiores editoras de livros didáticos do país. “Durante a ditadura, a Abril era responsável pelos livros do Mobral, então segue nessa linha de relação política com os governos brasileiros”, advertiu. A pesquisadora falou da Tânia Almeida transnacionalização, da alta concentração midiática oligopolista, “com a importância de pautar o neoliberalismo, aquele momento do capitalismo onde a Veja está inserida”. Ela apresentou dados sobre a editora Abril, que começou os anos 2000 com uma dívida de 926 milhões de reais, e encer- rou 2011 com uma receita líquida de 3,15 bilhões. ganizadoras do livro que compilou artigos de pes“O neoliberalismo foi um gande negócio”, ironizou quisadores que realizaram análise de revistas, inCarla. A editora Abril foi o primeiro grande grupo cluindo ela própria, que avaliou as capas de Veja brasileiro a abrir seu capital a investidores estran- de 2002 a 2006. Segundo ela, são oito milhões de geiros - “30% de suas ações foram vendidas para leitores, variando entre a terceira e quarta posição entre as maiores revistas de informação do um grupo que financiara o apartheid na África”. “Mais do que notícias, por Veja a gente apren- mundo. “A missão dela é ser a maior e mais resde como a direita se organiza e cria seus instrumen- peitada revista do Brasil, ser a principal publicatos de produção do consenso. Ela se cria como su- ção em todos os sentidos, não apenas em circulaFotos: Marcio de Almeida Bueno ção, mas faturamento pujeito, ‘Veja te oferece’, ‘Veja blicitário, qualidade, comgosta’, ‘Veja propõe’. Como petência jornalística. Sua se fosse uma pessoa. Na criinsistência na necessidade se do impeachment, ela foi de consertar, reformular, impelida a publicar matérirepensar e reformar o Braas, entrevista com Pedro sil”, narrou a estudiosa. Collor, pois no seu editorial “Goste ou não de Veja, ela seguia favorável à manunos agenda. Agenda as contenção do presidente. Deversas, agenda os outros pois vai se construiu como veículos de informação, en‘Veja, a revista que ajudou tão tem um papel de fora derrubar presidentes cormação de opinião no país”, ruptos’. Depois, cria o risco constatou. Lula, e se colocava como árTânia fez análise do bitro”, relata. “A revista ditexto escrito e visual nas tava o que deveria fazer a capas da revista Veja, com sociedade, como porta-voz, apoio de um projetor, indi‘a sociedade brasileira quer’, cando as estratégias da ‘o rumo a ser seguido é este construção das capas. “Ela e não aquele’. Na véspera da Carla Silva pergunta, mas ela já reseleição de FHC, publica capa com ‘O que o eleitor quer? Ordem, continui- ponde. Ela diz sem dizer, ou diz pela boca de oudade, prudência’, em oposição ao outro candidato”. tro. Ela assume um tom didático, porque tem essa “É importante falar do poder da grande mídia, missão de formar, de nos fazer entender o mundesses sujeitos que se criam, o do, não é? Trabalha com tom de revelação e jornal se construindo para cri- desvendamento, ela ‘vai revelar algo a seu leitor’, ar essa relação de proximidade “vai desvendar o mistério’, principalmente no pecom as pessoas. Esses poderes ríodo dos escândalos. ‘O PT deixou o Brasil mais são históricos no Brasil, e a gen- burro?’ - ela já vai te responder”, exemplificou. te precisa tratar disso agregan- As edições mais vendidas da revista trazem na do a questão da concentração capa saúde e comportamento, seguido de escânda mídia, porque isso só piora a dalos na política. situação. Os interesses das emPosições muito mais conservadoras presas de comunicação se ampliam com alianças e acordos Carla Silva foi questionada pela secretária que aparecem estampados nas bancas de revistas como sim- de Comunicação e Inclusão Digital do Estado do ples capas. Chegamos na ban- Rio Grande do Sul, Vera Spolidoro, que assistia ca e vemos uma imagem que ao evento. “Com a perda de poder das mídias tramistura realidade com fantasia, dicionais, esse poder estaria se deslocando para pois em um dia é um politico na as digitais?”, perguntou a jornalista e ex-presicapa, no outro é um persona- dente do Sindicato. Carla disse que na internet as gem da novela, ou alguém do opiniões são mais explícitas. “O site da Veja traz blogs de seus colunistas, e ali eles conseguem ter Big Brother”, pontuou. posições mais conservadoras e reacionárias, de forma mais aberta do que na impressa. Isso meVeja: capa & espada rece ser cuidado, pois há os comentários dos leiTânia Almeida é diretora de Relações Públi- tores, sendo a blogosfera um espaço para esse tipo cas da Secretaria de Comunicação e Inclusão Digi- de manifestação, e em alguns casos posições natal do Estado do Rio Grande do Sul, professora da zistas, inclusive, de uma maneira perigosa”, Unisinos e professora da Univates. Foi uma das or- alertou a pós-doutora Carla Silva. .c C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Novembro de 2012 ac 7 MERCADO Jornal do Comércio abre comemorações dos 80 anos Foto: Marcio de Almeida Bueno MARCIO DE ALMEIDA BUENO Na tarde de 29 de outubro, um bate-papo de jornalistas tratou dos 80 anos do Jornal do Comércio, a ser comemorado em maio de 2013. Pedro Maciel, editor-chefe do veículo, Luiz Guimarães, editor de Economia, e Cristiano Vieira, editor de Cultura, estiveram no Memorial do Rio Grande do Sul relatando as atividades do veículo, em evento que abriu as comemorações das oito décadas de fundação do diário. Maciel falou da atuação do impresso no segmento econômico e cultural. “O JC começou como um boletim mimeografado trazendo informações sobre os produtos que entravam pelo porto da Capital, geralmente produtos coloniais, que vinham abastecer lojas e atacados da cidade. Porto Alegre era pequena, tinha 300 mil habitantes”, explicou. Um telão exibia a evolução da publi- cação, diferentes formatos, apresentações e até mesmo o nome. Em 1933, era ‘Consultor do Comércio’. Guimarães pegou uma cadeira da plateia e ali colocou uma garrafa de Coca-Cola, “a rainha festa”. O jornalista relembrou sua época de professor universitário, fez um parelelo entre o refrigerante e os tipos de cobertura que a Imprensa pode fazer na Economia. “Olharmos este produto e vermos que tem algo por dentro, algo por fora, que foi algo antes e se tornou algo depois. Estamos fazendo Jornalismo especializado”, resumiu. Cristiano Vieira apresentou seu trabalho à frente do caderno cultural do Jornal do Comércio, com pautas que fogem do clichê. “Não vamos fazer fofoca de novela, mas se o Antonio Fagundes vier a Porto Alegre com uma peça, teremos uma entrevista”, apontou. Colunas fixas de crítica cinematrográfica e teatral são um diferen- Maciel, Guimarães e Vieira conversaram sobre o JC durante a Feira do Livro cial em relação à concorrência. Segundo ele, as pessoas consideram que a cultura é cara, “mas esses dias havia show da Maria Bethânia a R$ 20, e há programações gratuitas em diversos locais. Há uma certa preguiça”, opinou. A atividade encerrou com perguntas do público. Prêmio Press bate recorde de indicações O Prêmio Press 2012 encerrou sua fase de votação no dia 11 de novembro com 658 mil indicações, quase o triplo do ano passado. “É o maior e mais concorrido prêmio do Jornalismo brasileiro”, comemora Julio Ribeiro, diretor-geral da revista Press, a promotora do certame. “Todo ano temos surpresas. Houve até campanhas pelo Facebook e Twitter para pedir votos, mobilizou gente no Rio Grande do Sul inteiro”, avalia. Uma das novidades de 2012 é a inclusão da categoria Estagiário de Jornalismo do Ano. “É uma forma de estímulo ao futuro profissional, dentro das cotas estabelecidas junto ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS”, explica. Jornalistas e radialistas profissionais, e também a sociedade, votaram pelo revistapress.com.br, e no dia 12 de novembro foram divulgados os finalistas. A listagem passa pelo crivo de 30 personalidades convidadas pela Press. Os envelopes ficam fechados até 3 de dezembro, quando serão abertos e anunciados em solenidade no teatro Dante Barone. A estrela da noite será Tânia Carvalho, que recebe o Troféu Sistema Fiergs - Homenagem Especial, além de Lizemara Prates com o Troféu de Comunicação em Agrobusiness, e Maria Isabel Hammes com o Troféu Comunicação em Economia. Finalistas Estagiário de Jornalismo: Daiane Pomatti - TVE, Diego Mandarino - ABC 900 AM, Laura Azevedo - TV Com, Rodrigo Morel - Band AM, Tauana Gonçalves - SBT. Repórter de Rádio do Ano: Cid Martins - Gaúcha, Lourenço Freitas - Grenal, Rodrigo Oliveira - Guaíba, Rafael Pfeiffer Grenal, Wagner Martins - Band AM. Repórter de Televisão: Cláudio Andrade - Band, Gabriela Duarte - TV Com, Leandro Olegário - TVE, Priscilla Casagrande - Record, Simone Feltes - TVE. Repórter de Jornal/Revista: Christiane Matos - Diário Gaúcho, Fábio Iasnogrodski - Jornal do Comércio, Luiz Henrique Benfica ZH, Maicon Bock - Metro, Willian Lampert - Correio do Povo. Colunista de Jornal/Revista - Troféu Fernando Albrecht: Adão Oliveira - JC, David Coimbra - ZH, Flávio Pereira - O Sul, Rosane Oliveira - ZH, Wianey Carlet - ZH. Comentarista de TV: Cláudio Brito - TV Com, João Garcia - Band, Lasier Martins - RBS, Luiz Carlos Reche - Record, Maurício Saraiva - TV Com. Comentarista de Rádio - Troféu Ruy Carlos Ostermann: Adroaldo Guerra Filho - Gaúcha, Carlos Guimarães - Band, Farid Germano Filho - Grenal, Lauro Quadros - Gaúcha, Vinicius Sinott - Guaiba. Apresentador de TV: Alexandre Mota - Record, Alice Bastos Neves - RBS, Carla Fachin - RBS, Lucia Mattos - Band, Maria Helena Ruduit - TVE. Apresentador de Rádio: André Machado - Gaúcha, Felipe Vieira - Guaiba, Milton Cardoso - Band AM, Rodrigo Giacomet - ABC, Thiago Suman - Grenal. Web: Eduardo Pires - onzefutebol.blogspot.com.br, Filipe Duarte - alupanogramado.blogspot .com, Previdi - previdi.com.br, Paulo Gilvane - radioweb.com.br, Ricardo Orlandini - ricardoorlandini.net. Re- pórter Fotográfico: Diego Vara - ZH, Gabriela di Bella - Metro, João Mattos - JC, Lucas Uebel - O Sul, Wilson dos Santos Cardoso - Brigada Militar. Locutor / Apresentador de Notícias Troféu Milton Jung: Marcela Panke Rádio Guaíba, Matheus Schuch Band News, Rafael Colling - Gaúcha, Sergio Stock - Band TV, Vinicius Carvalho - TVE. Jornalista Destaque do Interior: Acácio Silva - Rádio Uirapuru/Passo Fundo, Anelise Nicodi - RBS TV/Cruz Alta, Juliana Bevilaqua - Folha de Caxias, Lucas Cidade - Rádio Planalto/Passo Fundo, Martin Behrend - Rádio ABC /Novo Hamburgo. Programa de Rádio: ABC Trânsito - ABC, Band Repórter - Band AM, Boteco - Grenal, Cantos do Sul da Terra - FM Cultura, Gaúcha Atualidade - Gaúcha. Programa de TV: Balanço Geral - Record, Brasil Urgente Band, Jornal da TVE - TVE, SBT Rio Grande - SBT, Tele Domingo - RBS. Jornalista: André Machado - Gaúcha, Fabiano Baldasso - Band AM, Milton Cardoso - Band AM, Roberto Brenol Andrade - Jornal do Comércio. .c C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr 8 ac Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Novembro de 2012 JORNALISMO Um mestre da reportagem minha turma", contou Audálio Dantas, para uma plateia de estudantes e professores de Jornalismo MARCIO DE ALMEIDA BUENO na Unisinos, no dia 5 de novembro. "Na Globo, o Caco Barcelos faz um trabalho didático, além do Audálio Dantas é um jornalista laureado pela ponto de vista jornalístico, porque ele envolve os Organização das Nações Unidas, com o Prêmio de estudantes de Jornalismo de maneira inteligente. Defesa dos Direitos Humanos da ONU. Foi presiAcho que uma das exceções, além do Zé Hamilton, dente da Federação Nacional dos Jornalistas, deé o Caco Barcelos. Quando não, a TV Globo faz o putado federal pelo MDB no final dos anos setenta que fez agora, na véspera da eleição, com uma ree presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissiportagem de 23 minutos dentro do Jornal Nacioonais de São Paulo. Durante seu mandato, Vladinal, sobre um 'espetáculo'. Porque o que se busca, mir Herzog é morto em uma cela do DOI-CODI, sob muitas vezes, na televisão, e também no impresso, tortura. Sobre esse caso, veio lançar em primeira ao invés da informação, é o espetáculo, que com mão, na Feira do Livro de Porto Alegre, seu novo Foto: Vanessa Silva certeza teve influência sobre algumas cabeças livro 'As duas guerras de Vlado Herzog', a conna hora da eleição. O espetáculo do julgamento vite do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do mensalão", ironizou o jornalista. do Rio Grande do Sul. No dia seguinte, palestrou Para ele, o Jornalismo impresso comete para alunos de Jornalismo da Universidade do um erro ao tentar assumir o formato da InterVale do Rio dos Sinos, em São Leopoldo, dennet. "Muitos jornais fazem um verdadeiro picatro da programação de comemoração dos 40 dinho. Usam ilustração cheia de infográficos e anos dos cursos de Comunicação da Unisinos e acham que com isso estão sintetizando a infor70 anos do SINDJORS. Em cada um dos enconmação. A Internet é a plataforma onde se faz o tros, a sabedoria de um homem de 80 anos. Jornalismo instantâneo, então deveriam se diferenciar com a reportagem aprofundada, de "Eu tinha que contar essa história" análise, um texto de qualidade que atraia o leitor", avaliou. No dia 4 de novembro, Audálio Dantas foi "A grande diferenciação dos portais de ino palestrante da mesa-redonda sobre seu mais formação é que os impressos continuam tendo novo livro, em evento no Santander Cultural, tempo limitado, e os portais não têm, pois não dentro da 58ª Feira do Livro de Porto Alegre. investem na busca, na pesquisa. Alguns Disse que a obra 'As duas guerras de Vlado blogueiros, sem compromisso com a informaHerzog' lhe custou muito, porque a decisão de ção, publicaram que a cidade de New Jersey tiescrevê-lo só foi tomada 30 anos após o assasnha sido invadida por tubarões", debochou, resinato do jornalista no DOI-CODI de São Pauferindo-se ao furacão Sandy. "O investimento lo. "Essa vítima terminou sendo o símbolo da em reportagem é uma decisão econômica, a mairesistência à ditadura no país, porque foi a parJornalista veio ao RS a convite do Sindicato e da Unisinos oria não quer investir. Na revista Realidade, eu tir desse caso que a ditadura começou a cair. Foi o primeiro caso em que a vítima não foi sepultada tinha depoimentos de funcionários da entidade que passava dois meses buscando informações, e isso em silêncio. Houve um culto ecumênico na Cate- tinham visto marcas de tortura no corpo, e se con- custa dinheiro. O New York Times passou por uma dral da Sé, em São Paulo, com oito mil pessoas. Eu venceram de que tinha sido morte sob tortura", crise grande, empregava mil jornalistas, enquanto o site The Huffington Post, o mais acessado dos apontou. tinha que contar essa história", recordou. Também participaram do evento o vice-presi- EUA, empregava 50. Porque não tinham o comproComo presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de SP, Audálio Dantas vivia momen- dente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do misso de buscar a informação. Vai fazer uma infortos complicados naquela época, porque um pouco Rio Grande do Sul, Milton Simas, o coordenador mação de terceira ou quarta categoria. Se faz no joantes da morte de Herzog houve uma caçada a jor- do curso de Comunicação da Unisinos, Edelberto elho ou nas coxas, como se diz popularmente", brinnalistas, com sequestro e prisão de onze profissio- Behs, e a diretora da Associação Brasileira de Jor- cou. "Ao tratar de um assunto, sempre procurei me nais. Em cada caso, o Sindicato emitira uma nota nalismo Investigativo, Luciana Kraemer, professode protesto, em um tempo em que o silêncio era o ra da Unisinos e do IPA, além de Elmar Bones, do aproximar das pessoas envolvidas, muitas vezes padrão. "Isso gerou uma situação de grande ira en- Já. Após o debate, Audálio Dantas fez sessão de sem dizer que eu estava escrevendo uma reportagem. Antes me preparei, buscando informação. tre os militares que trabalhavam no DOI-CODI de autógrafos de sua obra na Feira do Livro. Senão você vai perguntar mal", alertou. O repórter São Paulo, tentando derrubar o projeto de abertuconfessou que raramente usa gravador, e que em Zé, Caco e a grande reportagem ra política preconizado pelo general Geisel", narrou alguns casos até se arrependeu de ter usado. "BuDantas. "A Imprensa estaria infiltrada, todas as re"Curiosamente, um dos espaços que sobraram rocratiza, fica uma coisa maquinal, automática. dações estariam tomadas pelos comunistas, era o argumento. E uma dessas redações era a da TV para a grande reportagem está na televisão, em al- Uma vez o Lula me recebeu no Palácio, e era um Cultura, cuja direção de Jornalismo fora assumida guns poucos programas. O Globo Repórter só faz gravador digital, sendo que eu estava acostumado pelo Vlado em setembro - em 25 de outubro seria matérias de auto-ajuda, mas se você tiver tempo, a usar aqueles de fita. Foi a primeira vez que usei, e veja as reportagens do Zé Hamilton Ribeiro, no Glo- quando fui ver no final não tinha gravado nada. Mas assassinato", comentou. Se sabia bem o que acontecia nos porões do bo Rural. A reportagem de análise, de aprofunda- tive uma sorte danada porque é praxe da Presidênsegundo Exército. “Quiseram mostrar que manda- mento, de busca de fatos mais significativos, sem cia da República de que todas as visitas sejam gravam e carregaram demais na tortura do Herzog, que ser a mera informação imediata, começou com essa vadas, aí recebi um CD com ótima qualidade de graera uma pessoa frágil, psicologicamente e fisicamente, que não resistiu e morreu", lamentou Audálio Dantas. O incidente deflagrou um processo de luta interna no regime militar. Um dos pontos cruciais e mais um dos elementos de convicção para que não se acreditasse na versão do suicídio de Vladimir Herzog refere-se a um preceito judaico. A regra reza que um suicida não pode ser enterrado no centro do cemitério, e sim à margem. “Um jovem rabino chamado Herny Soebel, por telefone, determinou à organização funerária judaica que o enterrase lá dentro, porque .c C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re
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