GUIA A oficina e o meio ambiente

Transcrição

GUIA A oficina e o meio ambiente
GUIA
A oficina e o
meio ambiente
Produtividade e
responsabilidade
ambiental: uma boa
combinação para
a oficina
Saiba como transformar
sua oficina em uma
“oficina verde”
Recomendações para
áreas de funilaria,
pintura e mecânica
Realização:
Revisão técnica:
INFORME PUBLICITÁRIO
A natureza pede socorro
Adotar práticas para ajudar a salvar o planeta é mais fácil
do que parece. Veja aqui como o Grupo MAPFRE já está
fazendo a sua parte
O
s desastres ambientais
cada vez mais
constantes fazem
com que a responsabilidade
que temos pela preservação
do nosso planeta seja cada
vez maior. Cada um passa a
ser responsável por pequenas
ou grandes ações que possam
contribuir com a manutenção
da biodiversidade e dos
recursos naturais. As empresas
também passaram a ser mais
cobradas pela preservação
dos recursos ambientais, de
forma a diminuir os impactos
da atividade humana sobre
o meio ambiente. Sempre há
uma maneira mais eficiente,
que gere menos desperdício
de recursos naturais e que
contribua para a formação da
cidadania. E isso é possível
no dia-a-dia de qualquer
pessoa ou nas atividades de
qualquer empresa em todos os
segmentos de negócios e deve
ser buscado por todos nós.
Nas oficinas, por exemplo, já
é possível optar pelas tintas
“verdes”, ou seja, aquelas que
são à base de água e têm baixo
teor de compostos orgânicos
voláteis, e usar o reciclador
de solventes, equipamento
que limpa o thinner utilizado,
permitindo o reaproveitamento
do material e a economia da
oficina.
O Grupo MAPFRE desenvolveu,
em 2007, o ECOMAPFRE,
conjunto de mecanismos
ecoeficientes que garante o
melhor uso de recursos naturais
no dia-a-dia das empresas do
Grupo.
Mudanças do cotidiano
Cabe a todos rever os
processos e buscar implantar
melhorias. Um exemplo de um
procedimento muito simples
que pode ser adotado em todas
as empresas e domicílios – e
que faz bem ao meio ambiente
e ao seu bolso – é a reciclagem.
Assim, vidro, plástico e metal
utilizados nas oficinas devem
ser destinados à coleta
seletiva. Outro material que
merece atenção é o óleo. Ele
pode causar um belo estrago
na rede de esgoto pública
e no encanamento do seu
estabelecimento.
A MAPFRE também se empenha
para que o seu dia-a-dia seja
menos nocivo à natureza. Parte
da frota de carros da MAPFRE
foi trocada por carros movidos
a gás natural, que é mais limpo
e menos intensivo em carbono.
Além disso, todos os papéis
e documentos descartados
são enviados para empresas
de reciclagem e todos os
computadores, quando em
condição de uso, são doados
a instituições assistenciais
e, quando apresentam más
condições, são encaminhados
a empresas de reciclagem
especializadas em receber
equipamentos que contêm
peças prejudiciais ao meio
ambiente. Outra iniciativa da
MAPFRE pelo bem-estar da
população e pela preservação
da natureza é o investimento
no “Projeto POMAR”, que está
transformando os canteiros
da Marginal do Pinheiros em
um jardim, com o plantio e
manutenção de árvores e
arbustos.
Para alcançar mudanças efetivas
na sociedade, a MAPFRE
acredita que é necessário
percorrer um caminho que
começa pela informação,
passa pela discussão e
pela reflexão até envolver
definitivamente os agentes
relevantes para a realização de
mudanças. Por isso, a MAPFRE
promove iniciativas que têm
como objetivo fomentar um
amplo fórum de discussão
técnico-empresarial sobre temas
relevantes para as empresas e
para a sociedade, contribuindo
para o desenvolvimento
econômico responsável e
seguro de toda a sociedade.
GUIA
A oficina e o meio ambiente
Editorial
Não são poucos os que consideram
o tema “preocupação ambiental”
como um possível recurso para
melhorar a imagem da empresa,
sem, no entanto, a verdadeira
intenção de levar seus conceitos
para a prática. Embora seja positivo
do ponto de vista institucional, nem
sempre é uma prioridade para as
empresas.
Esta situação já mudou em
alguns setores. As evidências do
desequilíbrio ambiental em todo
o planeta, com efeitos que já
estão prejudicando a economia
mundial, têm feito com que
os países criem legislações que
exigem a implantação de processos
de trabalho ecologicamente
responsáveis. E o segmento
automotivo está entre os que mais
receberam restrições e orientações
nos últimos anos, por estar entre
os mais poluentes. Os carros agora
têm dispositivos para reduzir a
emissão de poluentes na atmosfera,
as engenharias das montadoras
buscam tecnologias mais avançadas,
os governos buscam alternativas
de combustíveis que agridam
menos a atmosfera. E quando este
carro chega à oficina de funilaria
e pintura? Esta preocupação se
estende à reparação?
Infelizmente, ainda não. Muitos
empresários entendem a
preocupação ambiental apenas como
uma obrigação, deixando de explorar
as oportunidades de visibilidade
diante do cliente e de economia
proporcionadas pelas atividades
ecologicamente corretas.
Analise as recomendações desse guia
e veja o que pode ser implantado
agora mesmo na sua oficina.
Divulgue ao seu cliente que a sua
oficina é diferenciada, que ele está
deixando seu carro numa empresa
que zela pelo nosso meio ambiente,
demonstre que o futuro já chegou
na sua oficina.
A adoção desses processos, cedo ou
tarde, passarão a ser obrigatórios,
tanto por exigência do consumidor,
cada vez mais consciente, quanto
pela legislação, cada vez mais severa
contra as práticas nocivas à natureza.
CESVI BRASIL
Expediente
Conselho editorial:
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Eduardo Augusto dos Santos, Eduardo Magrini
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Redatora:
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e Grupo MAPFRE.
Fotos:
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Martins Xavier.
Direção de arte:
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Colaboração:
Eduardo Fernandes (oficina CESVI), Emerson
Feliciano (Pesquisa & Desenvolvimento).
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GUIA
A oficina e o meio ambiente
Saltando aos olhos
do cliente
Se a responsabilidade
ambiental e a consciência quanto ao
seu papel no mundo não bastarem
para que o reparador opte por
processos recomendáveis do ponto
de vista ecológico, um outro lado
desta questão deverá influenciá-lo
neste sentido. Hoje, mais do que
nunca, o consumidor dá preferência
a empresas que demonstram
preocupação com o meio ambiente.
A classificação de oficinas
desenvolvida pelo CESVI já chama a
atenção dos gestores das empresas
de reparação, desde 2000, para o
cuidado com os processos nãoagressivos ao meio. Por enquanto,
são apenas recomendações. Mas,
para 2008, a classificação já visa a
tornar a preocupação ecológica um
dos critérios exigidos para uma boa
classificação, além de diferenciar as
oficinas ecologicamente responsáveis
de forma a lhes dar maior visibilidade
diante dos proprietários de veículos.
Será a criação de um “selo verde”
para as oficinas, que já está em
estudo na área de Certificação do
CESVI BRASIL.
A preocupação com as questões ambientais nunca esteve tão em primeiro plano
quanto neste começo de novo século. A
principal razão é a proximidade que as
previsões têm dado às conseqüências de
nossas ações. Não se fala mais em “daqui
a cem anos...”. A previsão para a escassez de água potável, para ficar num dos
exemplos mais alarmantes, é para daqui
duas décadas. Ou seja, fala de um futuro
próximo, do qual seremos testemunhas e
vítimas.
E de onde vêm os destratos com o
planeta? Vêm dos escapamentos dos
nossos carros, de seus aparelhos de
ar-condicionado, seus carburadores, do
descarte impróprio de insumos químicos,
da relutância em reciclar materiais. O que
isso tem a ver com o setor automotivo?
Os exemplos falam por si. Tudo.
Por isso, os países do Primeiro Mundo finalmente tomaram a iniciativa de
criar legislações severas contra o crime
ambiental, regulamentando também a
emissão de poluentes e alertando para a
necessidade do descarte responsável e da
reciclagem de materiais. O meio automotivo é um dos mais visados, e as montadoras já se dedicam a produzir modelos
cada vez mais ecologicamente corretos.
Agora, chegou a vez do setor de reparação. Estamos falando numa atividade que
envolve uma série de materiais e insumos
que poluem tanto o ar quanto a água e
o solo: tintas, solventes, peças plásticas,
baterias, etc. Está na hora do setor se
conscientizar quanto à forma de lidar
com esses diversos elementos, desenvolvendo suas atividades sem agredir o meio
ambiente. Além disso, as reparadoras
precisam descobrir como a opção pelo
trabalho ecologicamente responsável
também é economicamente interessante.
4
ACS
Por Alexandre Carvalho dos Santos
Editor
Processo
ecológico terá
destaque no
critério da
classificação
de oficinas do
CESVI
Você sabia?
Brasil está entre os que mais reciclam
Você sabia?
Desmanche legal
O CESVI BRASIL já trouxe ao mercado uma sugestão de “desmanche legal” que, entre seus muitos
benefícios, tem a preocupação
ecológica como alicerce. Trata-se
da criação de um centro de tratamento de veículos fora de uso,
como existem modelos semelhantes na Espanha e na Argentina.
Com o reaproveitamento de peças
ção dos técnicos ou especiais, cuja
combinação, de composições especiais, inviabiliza o processo.
O Brasil é um dos países que mais
se destacam quando o assunto é
reciclagem. Temos índices de 72%
para o papelão e 78% para latinhas
de alumínio.
Ao diminuir o descarte dos mais diversos materiais, a reciclagem também ajuda a diminuir o problema
das áreas contaminadas pela disposição inadequada de produtos. De
um modo geral, a descontaminação dessas áreas é extremamente
custosa. O registro pela Companhia
de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) de áreas contaminadas vem sendo constantemente
atualizado.
Para se ter uma idéia do quanto isto pesa nos nossos bolsos, os
custos ecológicos relacionados a
problemas no solo
da Alemanha foram
calculados recentemente em cerca de
US$ 50 bilhões.
Uma das atividades mais defendidas pelas entidades relacionadas
à proteção do meio ambiente é a
reciclagem. Com ela, reduzimos a
quantidade de material descartado, reduzimos o consumo de novos
materiais retirados da natureza e
também estimulamos a economia e
a geração de empregos. Trata-se de
uma atividade que, diferentemente
de outras voltadas em prol da natureza, tem seu valor econômico
já devidamente reconhecido. Ainda assim, é atitude que precisa ser
mais estimulada tanto nas oficinas
quanto em nossas próprias casas.
Para se ter uma idéia da força desta
atividade, o setor de reciclagem é
o segundo maior do mercado ambiental brasileiro, com faturamento
anual estimado na ordem de US$
1 bilhão. Só na área de excedentes
industriais perigosos, o País faturou
em 2000 cerca de US$ 240 milhões
com os trabalhos de tratamento,
disposição final e consultoria sobre
reciclagem. Os metais são praticamente 100% recicláveis, com exce-
Divulgação
Preocupação ambiental
chega às oficinas
em bom estado, provenientes de
veículos que não poderão mais
circular, diminui-se o descarte de
peças. Neste centro, as peças que
não podem ser reutilizadas vão
para a reciclagem. Todas as peças
passam por postos de descontaminação, onde são retirados elementos como combustíveis, óleos,
baterias e catalisadores.
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GUIA
A oficina e o meio ambiente
Produtos & Processos verdes
Processo de soldagem
Mig/Mag
A funilaria é a parte da oficina cujos
processos têm menores chances de
agredir o meio ambiente. O maior risco
está ligado à soldagem e ao descarte
de peças.
No que se refere à soldagem, caso
a atividade seja realizada em uma
superfície impregnada de graxa
ou solvente, é possível que sejam
produzidos vapores tóxicos. Para evitar,
então, que a soldagem seja prejudicial
tanto à natureza quanto à saúde do
funileiro, basta que o profissional limpe
bem a chapa que será soldada.
Nova Olinda
Alumínio
Vidro
incolor
Vidro
colorido
Plástico
rígido
PET
Plástico
filme
Longa
vida
350PL
200PL
2.700PL
-
-
550PL
600PL
400PL
-
220PL
180PL
150PL
3.000Pl
-
-
700L
800PL
500PL
-
180PL
140PL
200PL
3.000PL
-
-
350L
500PL
350PL
100PL
310PL
380L
210L
3.400PL
40
40
850L
750PL
600L
220PL
350PL
450PL
180PL
3.000PL
130PL
110PL
560PL
1.200PL
500PL
170PL
Caçapava
300PL
150PL
300PL
3.100PL
-
80
110PL
800PL
200PL
50PL
S. B. do
Campo
540PL
530PL
330PL
3.300PL
120
90
800P
1.050P
600P
300P
540P
500P
330
3.500
220
100
900P
1.100PL
600P
280P
540PL
250PL
280PL
3.300PL
120
100
300PL
1.000PL
1.000PL
300PL
300
470
340
3.300
150
90
450
800
-
200
Mato Grosso do Sul
Barsilândia
Paraná
Londrina
Rio de Janeiro
Rio de
Janeiro
São Paulo
SP/Coopere
SP/Granja
Julieta
SP/São
Mateus
P=prensado L=limpo I=inteiro Un=unidade / *preço da tonelada em real / Fonte: Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem). Data: 02/04/2008.
Estes preços de venda dos recicláveis são praticados por programas de coleta seletiva, sendo a informação de sua inteira responsabilidade.
Alexandre Xavier
Reparo de pára-brisa
Coleta das sobras
6
Latas
de aço
170PL
Guarapari
Sucatas metálicas não contaminadas,
vidros, plásticos... Todos esses materiais
podem ser enviados para a reciclagem,
proporcionando receita para a
concessionária e evitando o descarte
impróprio.
Quando se trata de resíduos
não recuperáveis, a medida mais
ecologicamente correta a tomar é
contar com empresas especializadas
na coleta desses materiais e posterior
aproveitamento ou descarte
responsável.
Papel
branco
Espírito Santo
Descarte responsável
A possibilidade do reparo de pára-brisa
também é um processo ecologicamente
responsável, pois minimiza a
substituição da peça, economizando
vidro e gerando economia também
para o cliente, já que um pára-brisa
novo custa muito mais que o processo
de reparo. No caso da substituição ser
necessária, vale a informação de que
vidro laminado não é material reciclável.
Papelão
Ceará
O preço médio, no Brasil, cobrado pela coleta é de R$ 500. Algumas
empresas cobram valor semelhante de forma fixa, independentemente
da quantidade a ser recolhida. Por isso, vale a pena esperar o acúmulo
de uma quantidade maior ou fazer acordos com oficinas próximas, para
juntar os resíduos de todas e dividir o pagamento.
Luís Porto
Funilaria
Preço do material reciclável*
Soldagem Mig/Mag: é fácil evitar a produção de gases tóxicos no processo
Processo
Certo
Errado
Processo de soldagem MIG/MAG.
Limpar bem a chapa a ser soldada para
evitar vapores tóxicos.
Realizar a soldagem em superfície impregnada de graxa ou solvente.
Descarte de materiais não contaminados
(metal, plástico, vidros).
Envio à reciclagem.
Descarte impróprio.
Solvente utilizado na repintura.
Reciclagem com o uso do reciclador de
solventes.
Descarte do solvente contaminado
diretamente na rede de esgotos ou meio
ambiente.
Lavagem de pistolas de pintura.
Utilização de um lavador de pistolas.
Lançar os resíduos diretamente na rede
comum de esgotos.
Aplicação de fundos e tintas.
Utilização da cabine de pintura e plano
aspirante com filtros adequados.
Não utilização de cabine e plano aspirante, acarretando a emissão de material
particulado.
Lixamento.
Lixamento a seco.
Lixamento a água.
Remoção do sistema de ar-condicionado
(condensador).
Utilização de um reciclador de gás.
Abertura da válvula de escape do gás até
que ele se esgote.
Lavagem de peças.
Utilização da máquina lavadora de peças.
Lavagem das peças, descartando os resíduos na rede de esgotos.
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GUIA
A oficina e o meio ambiente
Reciclador de solventes
É um equipamento utilizado para
limpar (reciclar) o thinner utilizado
na área de repintura da oficina,
permitindo o reaproveitamento do
material, a economia da oficina e a
diminuição da poluição ambiental
causada pelos restos de tinta.
Com o reciclador, é possível
reaproveitar até 85% do líquido.
Os resíduos, também chamados
de borras, devem ser entregues a
empresas especializadas.
Dicas para o uso do thinner
reciclado:
• Mantenha separadas as sobras de
tinta do resíduo de thinner.
• O thinner reciclado só deve
ser utilizado para limpeza dos
utensílios; não deve ser utilizado
para diluição de tinta ou outra
atividade.
• Não recicle thinner com resíduo
de wash-primer. Como o ativador
de wash-primer tem base de ácido
fosfórico, o solvente se tornará
mais agressivo nos casos de
contato com o produtivo.
• O thinner pode se tornar mais
ácido a cada reciclagem e,
conseqüentemente, mais agressivo
para a pele. Uso de luvas, óculos
e máscara com filtro de carvão
ativado é fundamental.
gravidade proporciona, e também
pela maior produtividade obtida.
Esta pistola faz o mesmo trabalho
da convencional com metade da
tinta necessária. Além disso, o fato
da HVLP possuir um maior índice de
transferência (superior a 65%) faz com
que a pintura gere uma névoa menor
e, conseqüentemente, uma menor
poluição ambiental. Também aumenta
a vida útil dos filtros da cabine.
Pintura à base de água
Este moderno processo de pintura
vem crescendo dentro das montadoras
e também na área de reparação,
justamente pela preocupação
relacionada à preservação do meio
ambiente. Produtos à base de
água foram desenvolvidos para
que estivessem de acordo com os
requisitos estabelecidos pelos comitês
de controle de emissões na Europa e
nos Estados Unidos. As tintas à base
de água têm baixo teor de VOC, que
são compostos orgânicos voláteis,
solventes orgânicos. Isto porque
possui água desmineralizada em sua
composição, em substituição a uma
boa parte de solventes de uma tinta
convencional. Segundo a Glasurit, que
produz uma linha de tinta à base de
água, esta opção reduz em até 90% a
emissão de VOC na repintura.
Cabine de pintura
e plano aspirante
Desde que bem utilizados, contando
com manutenção periódica de
seus filtros, a cabine de pintura e o
plano aspirante evitam a emissão
de material particulado para a
atmosfera. O uso de filtro de carvão
ativado na cabine de pintura já é
exigido pela Cetesb (Companhia
de Tecnologia de Saneamento
Ambiental).
Lixamento a seco
Sendo realizado em área apropriada,
o lixamento a seco reduz a
contaminação do ambiente de
trabalho, pois elimina a sujeira
freqüentemente observada no
processo de lixamento a água.
Também evita que água com
resíduos chegue aos esgotos da
rede pública, sendo assim um
processo que, além de produtivo
para a oficina, é ecologicamente
recomendado. E, é claro, economiza
água. Um processo de lixamento
a água para um único carro chega
a consumir até 30 litros de água.
Uma oficina de porte médio que
repare cerca de 100 carros por mês,
trabalhando com o lixamento a seco,
evita o desperdício de 3 mil litros de
água.
Alexandre Xavier
Repintura
Lavador de pistolas
Trata-se de um equipamento que
retém os resíduos do processo
de pintura, impedindo que sejam
lançados na rede comum de esgotos.
Além de ecologicamente correto,
este equipamento reduz o tempo
de limpeza em comparação com o
processo manual, trazendo maior
produtividade à oficina.
Utilização de pistola HVLP
Este modelo de pistola já é
recomendado pela área de
Certificação do CESVI BRASIL, em
sua classificação de oficinas, pela
economia de tinta que o sistema por
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Lixamento a seco: economia de água, maior limpeza, rapidez e qualidade
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GUIA
A oficina e o meio ambiente
Mecânica
Analisador de gases
Uma forma de exercer controle sobre
os gases lançados na atmosfera é
contar com um analisador de gases.
Trata-se de um equipamento utilizado
para a verificação e regulagem
dos gases emitidos na queima do
combustível de motores a gasolina, a
álcool ou diesel, utilizado para garantir
que o veículo volte às ruas em plenas
condições.
Reciclador de gás
do ar-condicionado
De maneira geral, no momento
de remover o condensador para a
realização de um reparo, as oficinas
costumam abrir a válvula de escape
do ar até que ele se esgote. Trata-se
de um ar contaminado, que agride
o meio ambiente. Contando com
o reciclador, é possível evitar esta
contaminação, além da economia de
gás, já que uma carga de gás custa
entre R$ 100,00 e R$ 150,00 (dados
de agosto de 2007).
Máquina lavadora de peças
Este equipamento, utilizado para a
lavagem de peças em geral, permite
a reutilização do solvente por diversas
vezes. Desta forma, gera economia
para a oficina e diminui a quantidade
de solvente a ser descartado, além de
contribuir para evitar o descarte no
esgoto.
Descarte de
embalagens plásticas
O uso racional dos materiais utilizados
no trabalho de reparação passa,
necessariamente, pelo cuidado com
as embalagens. De modo geral, nas
oficinas brasileiras, as embalagens
plásticas são descartadas no lixo
comum, contendo óleo residual ou
outros tipos de aditivos. Segundo a
norma 10.004 da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), a
respeito da classificação de resíduos
sólidos, embalagens plásticas e
baldes contendo resíduos de óleo
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Veja a economia real
Confira um exemplo do quanto sua
oficina pode economizar por mês
adotando procedimentos ecologicamente responsáveis (volume médio de 50 veículos):
• O reciclador de solventes recicla em
média 85% do solvente utilizado.
A oficina gasta em torno de
R$ 600,00 com a compra de
solventes. Com a utilização do
reciclador, a oficina terá uma
economia de aproximadamente
R$ 480,00/mês.
• A cada veículo reparado com
lixamento a água, a oficina gasta em média 50 litros de água.
Com este processo gastará
em torno de 2.500 litros de
água ou 2,5 m³, além de uma
hora para limpeza e secagem.
lubrificante são elementos perigosos
por sua toxicidade. O que aponta para
um correto gerenciamento desses
resíduos.
O local de armazenamento das
embalagens plásticas deve ter piso
impermeável, isento de materiais
combustíveis e com dique de
contenção para o caso de vazamento.
Numa eventualidade de vazamento,
este óleo não deve ser direcionado
para sistemas de drenagem pública,
mas encaminhado para sistemas de
tratamento água-óleo.
Obs.: O gerenciamento adequado
dos resíduos compreende a correta
segregação, acondicionamento,
armazenamento temporário,
transporte externo, tratamento/destino
final e treinamento.
Caixa de retenção
de areia e óleo
O Sindirepa-SP faz recomendações
sobre o tratamento de efluentes na
oficina, com destaque para a retenção
de areia e óleo. Por efluente líquido,
entende-se a água usada para a
lavagem de peças contaminadas com
graxa, óleo ou querosene.
A tarifa por m³ cobrado pela
Sabesp é igual a R$ 9,31/m³.
Custo do lixamento a água =
R$ 9,31 x 2,5 = R$ 24,00.
• Uma oficina que repara 50 carros por mês, em seu processo
de pintura, gasta em média
R$ 12.000,00 com wash primer, primer, tinta e verniz.
Partindo de que a utilização de
pistola HVLP garante uma economia de 20% com relação à
pistola convencional por sucção,
podemos chegar a um valor em
reais de R$ 2.400,00/mês.
Pelas estimativas acima, com a utilização destes três itens, a economia mensal chega a R$ 2.904,00
(R$ 34.848,00 por ano).
O processo se baseia no recebimento
da água contaminada com
hidrocarbonetos e materiais sólidos
que, por meio de uma tubulação,
chegam a uma caixa de retenção.
Num primeiro estágio, o material
sólido (areia, por exemplo) precipita e
fica retido no fundo.
Num segundo estágio, a água entra
contaminada com hidrocarbonetos
(óleo, solvente, etc.) que, por sua
densidade mais leve, permanecem na
superfície. Sugere-se um desnível de
10 centímetros entre a entrada e a
saída da água, o que faz com que o
óleo na superfície seja desviado para
uma caixa de retenção, podendo ser
vendido para um novo processo de
refinamento.
A água precisa passar por uma
abertura de 20 centímetros por baixo
de uma placa de cimento que divide o
segundo estágio. Assim, mesmo que
um pouco de hidrocarboneto consiga
passar, ficará retido na superfície, e a
água irá para a rede de esgotos por
meio de um sifão mergulhado a uma
profundidade de 30 centímetros,
ficando portando isenta de
contaminantes.