Frecuencia Latinoamérica

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Frecuencia Latinoamérica
Ano 9 - Nº 66 - Maio 2005
Edição em PORTUGUÊS
Latinoamérica
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EXCLUSIVO
Tudo pela
LIDERANÇA
Movistar antecipa os
PLANOS DE ATUAÇÃO
ROAMING
Concorrência obriga operadoras CDMA a
discutirem a questão do roaming na América
Latina. Tema é polêmico e sem solução à vista
ISSN 1555-855X
Frecuencia
COMUNICAÇÃO SEM FIO NA AMÉRICA LATINA
EDITORIAL
Latinoamérica
Nº 66 Maio 2005
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distribuída às empresas e executivos do mercado de
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publicação sem prévia autorização da direção. As opiniões contidas
na revista Frecuencia Latinoamérica refletem a posição dos autores e
não necessariamente a da ITP Editorial.
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O
tão esperado duelo entre a gigante espanhola Telefônica
Móviles e a titã mexicana América Móvil começou. Num
movimento estratégico surpreendente, a Telefônica decidiu integrar todas as operações na América Latina, com exceção
da brasileira Vivo, sob a marca Movistar. A ação é um recado claro
aos oponentes: a segunda maior operadora de telefonia celular
no mundo quer ter uma única “cara” nos países onde atua com
controle 100% espanhol.
Frecuencia Latinoamérica não poderia perder a oportunidade
e, nessa edição de maio, preparou uma surpresa para os leitores.
Numa entrevista exclusiva, Juan José Berganza, diretor Geral de
Comunicação da Movistar, marca lançada oficialmente no último
dia 06 de abril pela Telefônica Móviles, antecipa os planos da
carrier. Eles prometem agitar, e muito, os bastidores do mundo da
telefonia móvel celular. Na Argentina e no Chile, por exemplo, os
novos assinantes serão levados para a infra-estrutura GSM.
Os usuários CDMA nesses países serão alvo de promoções para
a migração gradativa para o GSM. Até lá, no entanto, a operadora
assegura que todos os investimentos necessários serão feitos na
infra-estrutura CDMA. A postura da Movistar terá um peso significativo para os fornecedores CDMA. Na Venezuela, por exemplo, o
projeto de evolução da rede CDMA 1xRTT para EV-DO foi temporariamente suspenso. Será que a porta para a Terceira Geração
começa a ser aberta na região? A resposta é incerta. Até porque os
investimentos em CDMA e GSM ainda não estão pagos.
FRECUENCIA LATINOAMÉRICA retrata também uma questão
crucial para a rentabilidade das operadoras móveis: o roaming. Por
que as operadoras CDMA têm menor agilidade do que as de GSM na
área? O tema é polêmico, divergente e, mais uma vez, termina no
calcanhar de Aquiles das operadoras: interconexão de rede e repartição de receita na entrada e saída das chamadas. Para completar,
uma novidade. A partir dessa edição o nosso leitor terá sempre uma
matéria voltada para uma área, considerada uma “mina de ouro”: o
entretenimento. Em maio, mostramos o mercado de games. Os jogos
na telinha do celular começam a virar febre, para alegria dos gestores
econômicos das teles. Boa leitura e até a próxima!
Maio 2005
é
ÍNDICE
NOTÍCIAS
NOTÍCIAS
CAPA
6
ARGENTINA
Telmex escolhe o País para implementar o
Centro de Atendimento ao Cliente na América Latina.
A unidade ficará em Buenos Aires
8
URUGUAI
URSEC prevê que as linhas móveis irão superar a
marca de um milhão de assinantes, até 2006
10
EQUADOR
Superintendência de Telecomunicações proibiu os
cibercafés de oferecer serviços de telefonia IP
PERFIL
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Há dois anos, o argentino Raul
Salvado comanda as operações
da Centennial Dominicana.
Economista, o executivo sempre
atuou no mercado latinoamericano de telecomunicação
móvel. Em entrevista exclusiva à
Frecuencia Latinoamérica,
Salvado reforça a necessidade do
roaming no Caribe e torce por
uma redução dos preços nos
terminais dual mode
A jóia da
COROA
Em entrevista exclusiva à FRECUENCIA
LATINOAMÉRICA, o diretor Geral de
Comunicação da Movistar, Juan José Berganza,
antecipa os principais planos da operadora
para a América Latina. O executivo confirma:
na Argentina e no Chile, os novos assinantes
serão incorporados à rede GSM. Ainda assim,
Berganza garante que a Movistar não vai
abandonar o CDMA
PÁGINA
12
ROAMING
16
Dispostas a ampliar a rentabilidade por assinante, as
operadoras CDMA tentam encontrar uma solução para agilizar
o roaming na região. Questão está além da tecnologia.
Esbarra em problemas políticos e financeiros dos países
GAMES
22
PRÓXIMA EDIÇÃO
GSM MERCOSUL
A tecnologia GSM ganhou a liderança na América Latina. As
operadoras, agora, investem na oferta de novos serviços e
apostam no futuro para acirrar ainda mais a disputa com o mundo
CDMA. FRECUENCIA LATINOAMÉRICA revela os investimentos na
tecnologia, os planos de migração para Terceira Geração e as
campanhas para conquistar novos assinantes na região
Apontados nas cartilhas de
marketing como os maiores
consumidores dos jogos na
telinha do celular, os adolescentes
geram uma receita que não é brincadeira
para as operadoras. Até o final do ano,
o mercado de jogos vai gerar um
faturamento mundial de US$ 1 bilhão
CASE
24
No Chile, o Grupo Santander implementou o Quality Assurance
para validar as operações bancárias realizadas via Internet
CONVERGÊNCIA
ESPECIAL ENTRETENIMENTO MÓVEL
Segmento ganha cada vez mais atenção das operadoras móveis,
interessadas em ampliar a receita com os serviços de dados.
FRECUENCIA LATINOAMÉRICA apresentará as estratégias das
principais operadoras da região para essa movimentada e, rentável,
unidade de negócios. Também apresentará quem são os principais
desenvolvedores na AL, os projetos em desenvolvimento e a
integração dos latino-americanos aos negócios globais
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FRECUENCIA Latinoamérica
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28
É inegável que a convergência de serviços de telecom
ajuda as corporações a ampliarem a produtividade,
reduzir custos e a explorar melhor a infra-estrutura
REGIONAL / VENEZUELA
31
Órgãos responsáveis pelo mercado de telecomunicações
descartam a hipótese de a Telecom Itália vender as
operações da Digitel para a CANTV
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NOTÍCIAS
NOTÍCIAS
Infovia digital
no e os meios de comuniA construção de uma
cação. Queremos uma porede nacional de inforlítica unificada de inclumação em prol da inclusão digital e social”, revesão digital movimenta os
lou o presidente da Cobastidores políticos da
missão, José Vargas.
República Dominicana.
Em abril, o Presidente
A Comissão Nacional
LEONEL FERNÁNDEZ, Presidente
da República Dominicana,
para a Sociedade da Inde la República Dominicana
Leonel Fernández, noformação e Conhecimenmeou a Comissão Nacional para a Soto do País está promovendo enconciedade da Informação e Conhecimentros setoriais com o intuito de amto como a entidade responsável pela
pliar a participação das áreas mais
formulação das políticas e estratégias
representativas da economia do País.
governamentais ligadas ao fomento de
“Os encontros vão ajudar na deserviços de Informação, entre eles o
finição de um plano de Ação Nacioacesso à Internet e telefonia, para a
nal. Por isso estamos reunindo as
população mais carente do País.
empresas, a sociedade civil, o gover-
Governo exige
redução de tarifa
Como principal acionista e cliente da Cable
& Wireless Panamá, o governo federal reinvindica uma queda nos preços dos serviços de
telecomunicações. O Poder Executivo detém
49% das ações da operadora e quer fazer valer o poder de pressão – é um dos maiores
geradores de tráfego para a Cable & Wireless
– para obter uma redução de custos.
Os serviços de telecomunicações pesam no orçamento anual do governo. Segundo dados oficiais, o gasto na área fica em torno de US$ 6
milhões e a intenção é obter uma redução de 50% nos preços. Tanto
que oficialmente sugeriu que as chamadas de telefones fixos para móveis tenham o custo por minuto reduzido de US$ 0,29 pra US$ 0,09.
Nas chamadas de longa distância, o governo sugere uma tarifa de
US$ 0,06. A Cable & Wireless Panamá admite negociar uma redução
de preços, mas não confirma a adoção das tarifas sugeridas pelo Poder Executivo panamenho.
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FRECUENCIA Latinoamérica
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Gol de placa
Responsável nos últimos três anos por investimentos de US$ 200 milhões na área de
telecomunicações no País, a Telmex vai implantar ali seu Centro de Atendimento ao Cliente
na América Latina. A unidade, que será instalada em Buenos Aires, será responsável pela
administração de todos os serviços de voz,
dados e vídeos dos clientes da gigante mexicana na Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Estados Unidos, México, Peru e Uruguai.
Os investimentos no novo Centro de Atendimento estão orçados em US$ 25 milhões. Nele
os clientes vão contar com suporte em três idiomas – inglês, espanhol e português. No total, a
unidade contará com 50 posições. “A decisão
de montar o centro na Argentina não foi baseada tão somente em custo”, destacou o diretor
comercial da Telmex, Isidoro Ambe Attar.
“Escolhemos o País por causa da excelente
formação profissional existente. Foi uma decisão baseada na qualidade da mão-de-obra, a
melhor da região. Foi a vitória da preparação”,
complementou o executivo da Telmex. O grupo
mexicano atua em duas áreas na Argentina:
celular, com CTI Móvil, e no segmento
corporativo, onde tem grande presença em função das recentes aquisições das operações da
AT&T e da Metrored. Em 2004, a gigante mexicana faturou US$ 76 milhões no País.
Acima da média
A brasileira TIM, que no final de março,
alcançou a marca de 14,7 milhões de assinantes, foi apontada como uma das razões
para o bom desempenho financeiro da Telecom Itália no primeiro trimestre de 2005.
A gigante italiana obteve um crescimento
de 10% na receita, somando um faturamento de US$ 841 milhões.
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NOTÍCIAS
Ursec prevê um
milhão de assinantes
O órgão regulador do País estima que as linhas móveis irão
superar a marca de um milhão de usuários até o final de 2006.
Atualmente, o País conta com 600 mil assinantes do serviço celular, mas com o desembarque das gigantes América Móvil e Movistar,
o setor ganhou uma movimentação surpreendente.
Em função do interesse, a Ursec prevê que até o final do ano
que vem as linhas móveis vão superar as fixas em número de
clientes. Para Juan Piaggio, presidente do órgão regulador uruguaio, o País adere a uma tendência mundial. “Não tínhamos
concorrência. Agora temos. A mobilidade é um desejo de todos”,
destacou o executivo. De acordo com dados oficiais da Ursec, as
operadoras móveis quadruplicaram os investimentos no País nos
últimos seis meses. O resultado já é sentido pelo cidadão uruguaio, já que há uma maior oferta de produtos e uma melhor
cobertura nacional para o serviço celular.
Satisfeito com o incremento das ofertas móveis, o órgão regulador destina atenção especial às fixas. Em fevereiro, a Ursec determinou um novo plano de numeração com oito dígitos, que deverá estar em vigor a partir de julho. A medida desagradou as empresas de telecomunicações, que alegam a necessidade de investimentos extras. Com relação aos serviços IP, a Agência admite que a
regulamentação da oferta de telefonia não faz parte da agenda
imediata. A idéia é estudar um pouco mais a repercussão do produto junto aos assinantes, antes de se definir um marco regulatório.
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Primeiro lugar
A cidade colombiana de Telebucaramanga, terceira maior
do País, será a primeira na América Latina a possuir uma cobertura total baseada na tecnologia WiMAX. A empresa de Telecomunicações Telebucaramanga, operadora do serviço de telefonia fixa com 800 mil assinantes, anunciou oficialmente a disposição de ativar, no próximo dia 17 de junho, a oferta comercial
dos serviços de banda larga sem fio baseado em WiMAX. Os
serviços serão integrados à rede ADSL 2, com maior poder de
velocidade, para conjugar a oferta de produtos de voz, dados e
televisão através da linha telefônica tradicional.
SALVE O IP
Estudo recém-divulgado pelo Yankee Group
prevê que, em 2008, o mundo TERÁ 1,78
BILHÕES DE USUÁRIOS DOS SERVIÇOS
MÓVEIS CELULARES. ISSO SIGNIFICA
QUE 27% DA POPULAÇÃO DO PLANETA
IRÁ POSSUIR UM TERMINAL CELULAR.
O instituto prevê ainda que 325 milhões de
assinantes terão acesso à Internet banda
larga. A tecnologia IP dominará a oferta de
serviços de voz. DE ACORDO COM O YANKEE,
75% DAS CHAMADAS TELEFÔNICAS SERÃO
REALIZADAS A PARTIR DO IP.
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NOTÍCIAS
América Móvil promete US$ 200 milhões
O diretor geral da gigante mexicana, Daniel Hajj, deixou
claro que os planos da operadora para o País são ousados.
Para acelerar a operação comercial, a operadora anunciou
aporte de US$ 200 milhões. A maior parte dos recursos será
destinada para a construção de uma infra-estrutura nacional baseada na tecnologia GSM. No final de março, através
da subsidiária Sercotel, a América Móvil comprou uma licença para atuar na oferta de serviços móveis celulares no país.
O investimento na aquisição da licença foi de US$ 21,1 milhões. A entrada da gigante mexicana foi facilitada pelo governo peruano, preocupado com o domínio absoluto da Telefônica na oferta de serviços de telecomunicações.
PRODUTO
Mão forte
Interconexão de rede também é problema sério no País. Sem consenso, as
operadoras Telemar, Vivo, Embratel, Claro, TIM e Intelig pleiteiam a rápida intervenção da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
As regras do órgão regulador brasileiro previam uma livre negociação entre as teles para o estabelecimento dos
novos valores de interconexão a serem
pagos, a partir de fevereiro deste ano, pelas fixas pelo uso da
rede das móveis. Só
que a iniciativa não
trouxe resultados.
Diante do impasse e para forçar
um acordo, a Anatel decidiu que as
teles só poderão
aplicar o índice de
7,99% de reajuste
de tarifas entre as ligações de fixo para celular
para o consumidor quando chegarem a
um consenso com relação ao preço da
interconexão. Nem essa medida extrema funcionou. As operadoras não se
entendem. Agora, preocupadas com a
defasagem das tarifas, exigem a intervenção do órgão regulador.
10
FRECUENCIA Latinoamérica
PERFORMANCE
Especializada em soluções de
mediação e testes, a Acterna incorpora
um novo produto ao portfólio. Tratase do HST-3000, criado para ampliar a eficiência de aplicações
como VOIP e IP-TV nas redes em
tradicionais ou de última geração.
Um dos segmentos interessados
em testar o produto é o das operadoras que apostam no triple play,
ou seja, na oferta convergente de
voz, dados e imagens. O HST-3000
amplia a performance das redes e
acelera o fluxo das informações.
Cibercafés: Suptel proíbe IP
Polêmica à vista. A Superintendência de Telecomunicações do Equador
(Suptel) proibiu os cibercafés de oferecer serviços de telefonia através da
rede IP. Os infratores estão passíveis
de punição judicial. Os responsáveis
pelos cibercafés foram informados da
decisão através de um comunicado oficial distribuído pelo órgão regulador.
De acordo com a Suptel, como o
Equador ainda não possui uma legislaMaio 2005
ção específica para a oferta dos serviços IP, as operadoras tradicionais reclamaram da perda de tráfego em função da oferta irregular dos produtos
de telefonia IP. Com a decisão, os
cibercafés terão ainda de entregar um
relatório semestral ao órgão regulador,
detalhando o tráfego IP das redes. A
medida é uma forma objetiva de controlar o possível tráfego de voz nas
infra-estruturas gratuitas.
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CAPA
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A jóia da
COROA
Ana Paula Lobo
São Paulo, Brasil
No último dia 6 de abril, a Telefônica Móviles anunciou a
maior estratégia da empresa na disputa pela hegemonia continental: a unificação das operações, sob a marca Movistar,
em 12 países da América Latina – México, Argentina,
Venezuela, Colômbia, Chile, Peru, Equador, Panamá,
Guatemala, El Salvador, Uruguai, Nicarágua – e na Espanha.
Num ambiente de competitividade acirrada, uma forçatarefa foi recrutada para assegurar o êxito da operação. A
gigante espanhola investiu US$ 100 milhões no lançamento
da Movistar. Em entrevista exclusiva à FRECUENCIA LATINOAMÉRICA, o diretor Geral de Comunicação da Telefônica Móviles, Juan José Berganza, antecipa os principais pontos de
atuação da operadora, a líder de mercado na América Latina,
após a aquisição das operações da BellSouth. A Movistar nasce
com 80 milhões de assinantes e sendo a segunda operadora
no ranking mundial da telefonia móvel celular.
Pela primeira vez, oficialmente, a operadora admite: na
Argentina e no Chile, os novos assinantes serão encaminhados para a rede GSM, opção preferencial da Movistar. Juan
José Berganza confirmou ainda que os planos de evolução da
rede CDMA na AL estão em processo de avaliação pelo comando da operadora. Até que haja uma definição, com exceção da Vivo no Brasil – que mantém os planos – não haverá
qualquer movimento em direção à tecnologia EV-DO na AL.
O diretor Geral de Comunicação da Telefônica Móviles, no
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FRECUENCIA Latinoamérica
Maio 2005
entanto, assegurou a manutenção dos investimentos na rede
CDMA e CDMA 1xRTT para garantir a qualidade do serviço
prestado aos assinantes da tecnologia. Com relação à concorrência, Juan José Berganza admite que
a retirada da Telecom Itália de alguns países da América Latina, favorece a Movistar e a sua maior rival, a
mexicana América Móvil.
Questionado sobre o impacto de um
possível duopólio no continente latinoamericano, o diretor de Comunicação da gigante espanhola descartou a hipótese de prejuízos ao assinante. Segundo ele, a disputa pela
liderança obrigará as gigantes rivais a estarem preparadas para lançar novas promoções e campanhas voltadas para a manutenção da base de clientes. Evitar o churn
(troca de operadoras) é prioridade absoluta. Berganza contesta também a teoria dos analistas de que a Movistar terá
dificuldades para conduzir a integração das operações da
Telefônica com a BellSouth. “Não há problemas culturais ou
de resistência dos funcionários. O processo de fusão acontece nos padrões de mercado”, rebate.
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FRECUENCIA LATINOAMÉRICA - Por que Movistar?
JUAN JOSÉ BERGANZA – A Telefónica Móviles possuía marcas
diferentes em diversos países, como Movistar, na
Espanha e no México e a Movicom, na Argentina. Com a aprovação da compra das 10
operações da BellSouth na América Latina, passamos a incorporar novos nomes, entre eles, o da Unifon, na Argentina. Lidar com diferenciadas
marcas não fazia parte da nossa
estratégia. Optou-se, então, por
fazer um estudo rigoroso para a
escolha de um único nome. Mais
de 1000 possibilidades foram
apresentadas a um grupo de
3000 mil entrevistados na América Latina e na Espanha.
A intenção foi a de selecionar
um nome que estivesse adequado ao
espírito da Telefônica. Não se queria
simplesmente uma mudança de marca. A idéia era revolucionar. Movistar
foi a mais bem recebida pelos assinantes. Ela se tornou o símbolo de uma nova
era na Telefônica. Apenas no Brasil, onde
a Telefônica possui 50% das operações da
Vivo, maior operadora móvel celular do
País, e no Marracos (Meditel), onde também há gestão compartilhada, a marca
Movistar não foi adotada. Assim, a Telefônica Móviles fica com três operações agora –
Movistar, Vivo e Meditel.
Como a Movistar vai trabalhar
para alcançar a sinergia desejada
nas operações latino-americanas?
Houve a decisão de dividir
o continente em quatro regiões:
Norte, que inclui México, El Salvador, Guatemala e Panamá;
Andina, que reúne as operações
no Equador, Colômbia, Peru e
Venezuela; Brasil, onde está a
Vivo, e por fim, Cone Sul, reswww.frecuenciaonline.com
ponsável pela gerência
das atividades na Argentina, Chile e Uruguai. Cada uma dessas
regiões terá um comando: no Cone Sul, está
Eduardo Caride, no
Brasil, Francisco Padinha (nota da redação
– em fim de mandato);
no Norte, José Moles, e
na região Andina não
havia, até o fechamento dessa edição, um
executivo selecionado.
Essas gestões serão
cruciais para o sucesso
da estratégia Movistar. Elas estarão atuando em total sinergia.
Por isso haverá direções mais descentralizadas. São países de
grandes diferenças e necessidades diversas.
Os analistas afirmam que o processo de integração de
operações não será tarefa fácil para a Movistar.
A operadora enfrenta dificuldades operacionais e de
adaptação neste sentido?
Todo processo de aquisição e fusão tem componentes de
dificuldades. Unir diferentes modelos de gestão é uma missão
nada simples. Os exemplos mundiais existem para comprovar
essa tese. No caso da Movistar, houve um grande trabalho para
que no dia seis de abril, data do lançamento da marca, boa parte
da operação já estivesse integrada. Na região Norte, por exemplo, os sistemas internos e externos de controle de rede já estão
sendo gerenciados através do México. Isso traz melhor qualidade de serviço e, é claro, redução de custos. Até o final desse ano,
a maior parte dos sistemas na América Latina estará com a
unificação concluída. Seremos uma operadora única no continente latino-americano. As possíveis resistências serão superadas com trabalho e transparência nas ações.
Qual será o caminho tecnológico da Movistar?
Ela manterá as operações CDMA na AL?
Na Telefônica Móviles não há uma “guerra” entre CDMA e
GSM. Somos usuários das duas tecnologias. Na Europa, por
exemplo, o GSM foi o nosso caminho. No México, temos uma
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FRECUENCIA Latinoamérica
13
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CAPA
rede CDMA e estamos montando uma cobertura nacional em
GSM. No Brasil, temos a maior cobertura CDMA e não há investimentos em GSM. Sempre avaliamos o melhor modelo de
negócios para a Movistar. No caso dos paises onde compramos
as operações da BellSouth – todas CDMA – se decidiu que
onde havia rede BellSouth sem a presença da Telefônica –
Venezuela, Colômbia, Equador e Panamá – a infra-estrutura
será mantida e os investimentos serão centralizados na evolução das redes existentes, até que se chegue a um consenso em
relação ao uso da Terceira Geração.
Já nos países onde houve superposição de redes – Argentina
e Chile – a postura determinada foi a de associar os novos assinantes à infra-estrutura GSM. O novo cliente só irá para a rede
CDMA se o quiser e pedir. Os assinantes incorporados na operação da BellSouth serão incentivados a migrar para o GSM. Saliento, no entanto, que a Movistar não está abandonando o CDMA.
Os clientes que quiserem permanecer na tecnologia não sofrerão
qualquer prejuízo na qualidade do serviço. Mas a opção na Argentina e no Chile é a de prosseguir com os investimentos em
GSM. Vamos brigar para colocar novos assinantes no GSM.
Os projetos de evolução do CDMA 1xRTT para EV-DO, como
havia na Telcel, Venezuela, estão suspensos?
O nosso objetivo nesse momento é o de ampliar a cobertura
CDMA no CDMA 1xRTT. Onde há CDMA essa é a estratégia.
Melhorar a cobertura no 1xRTT. Os projetos de EV-DO estão
mantidos no Brasil. Na Vivo, não haverá qualquer modificação de
uso da tecnologia. Nos demais países da região, ainda está sendo
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efetuado um estudo para identificar a viabilidade dos investimentos. Se for constatada demanda por parte dos assinantes,
vamos investir. Mas precisamos estruturar planos de ações.
O mercado diz que para a Movistar a melhor solução seria
evoluir mais rapidamente para a Terceira Geração.
O senhor concorda com essa tese?
As operadoras investiram muitos recursos financeiros
nas infra-estruturas GSM/CDMA. Ainda não houve tempo
para encontrar o melhor equilíbrio financeiro. Terceira Geração é um tema que, para mim, parece distante ainda da
América Latina. Na Europa, já somos a maior rede UMTS.
Só que foi preciso construir uma nova infra-estrutura. Na
América Latina, temos que seguir os passos naturais. GSM,
GPRS, EDGE. Incorporar novos assinantes e aumentar a
rentabilidade média por usuário (ARPU) são metas mais
imediatas. Na região, o pré-pago é o sistema dominante. E
nessa competição acirrada, os subsídios de terminais são
ainda determinantes e cruciais. 3G não me parece uma necessidade imediata do assinante latino-americano.
A Movistar se tornou a líder do mercado na América Latina,
mas tem a mexicana América Móvil bem próxima e disposta
a recuperar a liderança perdida. Quais são as estratégias
imediatas da Movistar para assegurar os clientes atuais e
conquistar novos assinantes?
A América Móvil, sem dúvida, será a nossa grande con-
NA MIRA DA
CONCORRÊNCIA
A gigante espanhola não
terá dias fáceis na AL.
Os "adversários" prometem
lutar, e muito, para manter a
base de assinantes. Mais do
que isso: já estão desenhando
promoções para atrair os
usuários da BellSouth,
incorporados à carteira
da Movistar. Os usuários
têm tudo para serem os
maiores beneficiados dessa
"guerra de poder"
14
"Os clientes Bellsouth que estão na
Movistar não optaram por essa operadora.
Eles foram obrigados a aceitá-la.
Acreditamos que nessa estratégia, há
oportunidades de conquistarmos novos
assinantes. A Entel PCS brigará pelos
usuários com maior poder aquisitivo.
Esse é o nosso diferencial em relação
à Telefônica Móviles"
"Nossa operadora busca os clientes
mais exigentes, dispostos a pagarem
pela qualidade de serviço. É uma
estratégia diferente da Movistar e
dos demais concorrentes. Eles
direcionam seus esforços para os
clientes de massa, com a oferta de
promoções inadequadas para a
rentabilidade de uma operadora"
José Luis Poch, gerente de Marketing e Desenvolvimentos
de Negócios da chilena Entel PCS
Carlos Calderón, vice-Presidente de Vendas
da Alegro PCS (Equador)
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corrente na América Latina. A disputa promete lances arrojados. Os preços dos terminais e dos serviços vão cair. O
assinante será o maior beneficiado, pois terá o direito da escolha. A provável permanência da Telecom Itália apenas no
Brasil e na Argentina acirra ainda mais essa disputa. É um
jogador importante fora do jogo. A situação dos pequenos
operadores nos países onde há atuação da Movistar e das
teles ligadas à América Móvil é delicada, porque são dois
gigantes com força para conseguir preços melhores dos
fornecedores de terminais e de infra-estrutura. Ainda assim acredito que há espaços para crescimento para qualquer operadora que souber conduzir um bom modelo de
negócio na AL. O índice de penetração da telefonia móvel
é muito baixo no continente latino-americano. Temos muito que crescer. Na Movistar, por exemplo, queremos passar dos 15% atuais na região Andina, para 25%, em 2008.
No Cone Sul, a proposta é crescer de 11% para 15%. Já na
região Norte, o objetivo é atingir a casa dos 17%, em 2008.
Hoje, a Movistar está com 13% do market share.
A Movistar vai utilizar a força da marca para renegociar
pacotes com forne-cedores de terminais GSM e CDMA?
Com certeza. Estamos trabalhando para isso. Os terminais CDMA precisam cair de preço. Já houve uma redução,
mas eles ainda estão acima do desejado. É claro que vamos
usar o poder da operação unificada para negociar melhores
preços. Esse é o valor agregado que temos para dar ao nosso
assinante. Para esse ano, por exemplo, queremos uma redu-
"O assinante não tem noção do
subsídio pago pelas operadoras
num terminal. Essa batalha de
preço não agrega nenhum valor e
põe em risco o negócio. A nossa
prioridade é ampliar o market
share. Não vamos adotar políticas
suicidas e que destruam o valor
econômico da operadora"
ção de 10 a 15% nos custos dos aparelhos CDMA. E vamos
conseguir.
A Telefônica poderia ser uma das compradoras do terminal
de US$ 40, negociado pela associação GSM na Europa e
fornecido, até o momento, pela Motorola?
Todas as possibilidades de redução de preço são avaliadas pela Movistar. O terminal de US$ 40 é um aparelho
desenvolvido sob medida pela Motorola para um consórcio de sete operadoras do Leste Europeu. Eles compraram
um volume alto de terminais (nota da redação – mais de
cinco milhões). É claro que são terminais sem alguns recursos e direcionados para o serviço de voz e SMS simples. Como na América Latina, há ainda um grande mercado para esse tipo de assinante, é claro, que estamos incorporando a compra centralizada de aparelhos celulares.
Reduzir subsídio é garantia de maior rentabilidade em
qualquer operação de telefonia.
Está suspenso o período de compras na Movistar?
Nunca podemos responder sim ou não para essa questão. Ela é o pilar de toda a estratégia de crescimento de uma
operadora. Se houver a necessidade de investir para manter a liderança, com certeza a opção será estudada pela
direção da Telefônica Móviles. Compras e fusões são temas
que estão sempre na pauta das grandes companhias mundiais, sejam elas de telefonia ou não.
"A Movistar não terá nenhum
impacto na participação
de mercado da CANTV
em 2005. Somos líderes
e permaneceremos no
primeiro lugar"
Armando Yañes, vice-Presidente
de Finanças da Venezuelana
Cantv (Movilnet)
Guglielmo Noya, Diretor Geral da
Personal Argentina
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Maio 2005
"A CTI chegou para ser
protagonista. Vamos brigar
para ampliar o market share.
Se para realizarmos nossos
objetivos, os subsídios são
necessários, continuaremos a
aplicá-los. É questão de
sobrevivência"
Carlos Zenteno, Diretor Geral da
Argentina CTI Móvil (América Móvil)
FRECUENCIA Latinoamérica
15
ROAMING
Dispostas a ampliar a
rentabilidade por assinante,
AS OPERADORAS CDMA
TENTAM, SEM GRANDE
SUCESSO, ENCONTRAR UMA
SOLUÇÃO PARA AGILIZAR
O ROAMING NA REGIÃO.
A QUESTÃO ESTÁ ALÉM DA
TECNOLOGIA. A FALTA DE
INTEGRAÇÃO ESBARRA EM
PROBLEMAS POLÍTICOS E
FINANCEIROS DOS PAÍSES
QUERO
FALAR
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FRECUENCIA Latinoamérica
Maio 2005
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mostrou disposta a financiar um projeto internacional para
agilizar os acordos internacionais no CDMA.
Na teoria, as teles usuárias da tecnologia garantem a
promoção de todos os esforços possíveis para consumarem os acordos de roaming. Na prática, reconhece o diretor Regional do CDG para a América Latina, Celedônio
Von Wuthenau, o processo precisa ser aperfeiçoado. O
executivo admite que a presença maior das operadoras
GSM se tornou um fator “saudável” para a agilização
dos processos de roaming.
Ana Paula Lobo *
São Paulo, Brasil
Atire a primeira pedra quem nunca passou por essa
situação: a mudez absoluta do terminal celular de última
geração nas viagens internacionais. Quando se consegue
falar, o preço salgado demais e dói no bolso do assinante.
No mundo CDMA, o problema é crítico. Os acordos de
roaming são costurados de forma lenta e, muitas vezes,
não atendem às expectativas dos consumidores.
Como nunca tantos aparelhos celulares foram vendidos como agora, o tema desperta ainda mais atenção. Os
principais atores do serviço – fornecedores, operadoras e
Governo – não disfarçam os pontos de conflitos. Não à toa,
no último CDMA Latin América, evento realizado no Rio de
Janeiro, de 18 a 20 de abril, roaming foi o centro das atenções. Principal fomentadora da tecnologia, a Qualcomm se
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VALOR AGREGADO
“Com a concorrência batendo à porta, as teles se mostram mais interessadas em fechar os acordos de roaming.
É questão de garantir receita”, observa Von Wuthenau.
Segundo ele, o problema é mundial, mas atinge especialmente as operadoras latino-americanas. O executivo lembra que as teles móveis dos Estados Unidos e da Ásia
detectaram a necessidade de promover o roaming e, hoje,
estão muito à frente dos demais mercados.
Diante da lentidão do processo, o CDG estabeleceu uma
meta para ser alcançada até o final deste ano: fechar cinco
acordos de roaming para voz e outros cinco para a área de
dados. A entidade, no entanto, está ciente que na América
Latina, os acordos esbarram na resistência das próprias
operadoras, pouco dispostas a abrirem mão de uma receita
certa com interconexão de entrada e saída de chamadas.
O temor é justificável. NO CDG Latin América, o diretor de Longa Distância e de roaming da mexicana Unefón,
Omar Flores, foi categórico. Segundo ele, o custo da implementação da facilidade é muito alto e o resultado financeiro dele não é atrativo para nenhuma operadora
latino-americana. Até porque, na região, os sistemas prépagos são dominantes – 85% – e apenas 20% desses assinantes estão dispostos a pagar pelo roaming.
O executivo mexicano admite que o roaming é uma exigência objetiva nos serviços de voz e deverá ser consumado
o quanto antes. Já para dados, Flores é mais reticente. O
diretor da Unefón estipula um prazo mínimo de cinco anos
para a operação comercial de roaming nos aplicativos móveis.
Raul Salvado, presidente da Centennial Dominicana,
operadora da América Central com 2,7 milhões de assinantes (leia reportagem na seção Perfil) admitiu que para a operadora, roaming é questão de ordem. Segundo ele, os países
do Caribe recebem tradicionalmente uma enorme leva de
turistas europeus durante o verão (julho/agosto). Esse ano,
em função do Tsunami asiático, o incremento deverá ser
Maio 2005
FRECUENCIA Latinoamérica
17
ROAMING
ainda maior. O problema é que os europeus são usuários
GSM. E não há roaming com CDMA. “Os terminais Worldphone são muito caros. Os prejuízos são grandes para nós.
Como não há interfaces técnicas entre GSM e CDMA, nós
operadoras acumulamos prejuízos”, disparou o executivo.
A maior operadora CDMA da América Latina, a Vivo,
joint venture entre a Telefônica Móviles e a Portugal Telecom, diz que os acordos de roaming são costurados sob
medida, e conforme a demanda reclamada pelos usuários. Ainda assim, a carrier já possui interconexão com
as principais operadoras dos Estados Unidos, Ásia e
China. Na América Latina, a operadora admite que o
processo anda de forma mais lenta – em muitos países o
roaming é tratado como questão de Estado – mas os
contratos começam a ser assinados.
O grande problema é na Europa. Para esses países,
admite a carrier, o Worldphone tem sido a única saída. “Do
ponto de vista técnico é impossível um acordo de roaming
entre GSM e CDMA”, reconheceu Hilton Mendes, diretor
de Inovação em terminais e plataformas da Vivo. “Temos
que encontrar a melhor saída para os usuários que exigem
preços mais baixos e uma remuneração saudável para as
operadoras envolvidas”, completa o executivo.
Nos Estados Unidos, as operadoras estão mais adiantadas nas negociações de roaming por uma pressão dos consumidores, esclareceu o gerente de Programa Internacional
da Sprint, Witte Kind. “O usuário quis. Tivemos que encontrar saídas favoráveis”, revelou. A própria operadora possui
roaming de saída (chamadas originadas nos Estados Unidos
e transferidas para outros lugares) com 42 países.
Esse número cai um pouco nos acordos de roaming
de entrada (operadoras de fora dos Estados Unidos recebendo chamadas originadas no País) – 40 países. Até o
final deste ano, a Sprint quer cumprir um desafio: estabelecer contratos de roaming em CDMA 1xRTT com o
maior número possível de países.
* Com colaboração de Clara
Persand, Miami, Estados Unidos
À ESPERA DOS FORNECEDORES
Operadoras admitem depender da boa vontade dos fabricantes de celulares
PARA REDUZIR PREÇO DE TERMINAL DUAL MODE (GSM E CDMA) E DOS
APARELHOS CAPAZES DE ATUAR EM 800 MHZ, 850 MHZ, 1.8 MHZ E 1.9 MHZ
Segunda maior operadora da China, com mais de 100 milhões de assinantes distribuídos nas infraestruturas GSM e CDMA, a China Unicom adotou o worldphone (telefone global) para permitir que os
usuários da empresa possam fazer roaming quando deixam o País. O gerente geral de Vendas e Marketing da
China Unicom, William Li, reconhece possuir uma situação bastante favorável diante dos fornecedores.
“Temos um grande poder de pressão sob os fabricantes por causa dos nossos volumes de compra.
Tanto que o preço do terminal dual mode ficou acessível para o usuário de maior poder aquisitivo”,
informou o gerente de Vendas e Marketing da gigante chinesa. William Li disse ainda que um aparelho
dual mode tem um custo médio atual de US$ 400.
Nos Estados Unidos, a Sprint lançou, em março, o aparelho Worldphone. O custo do terminal foi
fixado em US$ 549,99. O handset – que funciona em quatro bandas de freqüência – permite fazer e
receber chamadas CDMA e GSM, em mais de 130 países. Para os países com infra-estrutura GSM, o
custo do minuto sai a US$ 1,50 por minuto. Já para os países CDMA e ainda com redes AMPS
(analógica), a tarifa é de US$ 0,50 a US$ 0,99 por minuto, além do custo da ligação de longa
distância, variável de operadora para operadora por causa dos contratos de interconexão de redes.
Na América Latina, em função do alto custo do terminal, nenhuma operadora CDMA investiu na venda comercial do
Worldphone. Os executivos das teles usuárias da tecnologia admitem que o custo final do serviço ainda é muito elevado,
mesmo para os clientes com maior poder aquisitivo. Elas aguardam uma redução de preço – impulsionada pela demanda nos
Estados Unidos, China e Índia – para criarem novos serviços comerciais.
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FRECUENCIA Latinoamérica
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ROAMING
VONTADE
POLÍTICA
TRIBUTAÇÃO EXCESSIVA POR PARTE DOS
GOVERNOS É APONTADA COMO FATOR-CHAVE
PARA A QUASE INEXISTÊNCIA DE ROAMING
NA AL. Brasil lidera iniciativa para agilizar
os acordos de interconexão no continente
Luiz Queiroz
Brasília, Brasil
Os Governos têm grande parcela de responsabilidade pela pouca oferta de roaming no continente latino-americano. Há uma cobrança excessiva de impostos e, até o momento, poucos se
mostraram dispostos a sentar e conversar sobre
o tema. Para tentar modificar esse cenário, o Ministério das Comunicações do Brasil trabalha para liderar
um movimento regional em prol das ações de roaming.
“Na verdade, o roaming na América Latina é muito ruim.
Basicamente tenho concentrado meus esforços na América
do Sul”, afirmou a diretora da Secretaria de Telecomunicações e do Departamento de Universalização das Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Regina Maria de
Felice Souza. Ela é a executiva responsável pela condução da
iniciativa brasileira de liderar ações mais práticas e imediatas junto aos Poderes Executivos da região.
No Brasil, informa Regina Maria Felice Souza, o Ministério das Comunicações receberá ainda neste semestre, um estudo detalhado sobre o mercado de telefonia
móvel, elaborado pela Associação Nacional dos
Prestadores de Serviço Móvel Celular (Acel). O levantamento servirá para definir a melhor estratégia a ser
conduzida pelo Governo brasileiro na área de roaming.
Nas discussões preliminares entre o Governo brasileiro e a entidade representativa das operadoras se consta-
20
FRECUENCIA Latinoamérica
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tou que o maior entrave para a expansão do roaming na
região latino-americana é a bitributação inerente no modelo de negócio. Para acessar o serviço, o usuário tem que
estar disposto a pagar caro. Isso porque as operadoras
móveis dos países envolvidos na ligação cobram impostos
na origem e no recebimento da chamada. Os valores, claro, são repassados para o preço final da chamada.
Regina Maria de Felice Souza demonstra grande preocupação com os preços atuais praticados na região. “Há
exemplos de ligações do exterior para o Brasil com custo
médio por minuto de R$ 15,00 para o usuário. É uma
verdadeira fortuna. Os preços precisam ficar compatíveis”, destaca a executiva do Minicom. “Se houver boa
vontade, todos ganham, já que haverá mais ligações e mais tráfego nas redes”, complementa.
PÉ NO CHÃO
A ACEL assumiu o compromisso
de encaminhar ao Ministério das
Comunicações um estudo relativo à carga tributária incidente no
Brasil. Também fará um comparativo com os demais países da América do Sul e do Grupo Andino. O Brasil é
um exemplo negativo de alta tributação
na área de telecomunicações. O imposto, repassado para as esferas Municipal, Estadual e
Federal, representa quase 50% do valor pago pelo
assinante. Ciente do problema, Regina Maria Felice
Souza planeja liderar uma proposta a ser encaminhada ao Conselho de Política Fazendária (Confaz) para se
tentar uma redução de impostos, nos futuros acordos
internacionais de roaming. “Será um grande incentivo.
Telefonia não é mais um luxo de poucos. O roaming é
essencial principalemnte para o mercado corporativo,
grande gerador de tráfego”, preconiza a executiva do
Ministério das Comunicações.
Internamente, o Brasil possui um elevado índice de
roaming na planta nacional de telefonia móvel, mas com
os países vizinhos, os acordos ainda são incipientes. No
Mercosul, por exemplo, até o momento, houve acerto apenas com a Argentina e o Uruguai, e tão somente na plataforma CDMA. Fora do circuito Mercosul, o País assinou
acordos com o Peru e a Bolívia. A questão tecnológica,
apesar de demandar conversações técnicas, não pode ser
considerada um fator impeditivo para a integração das
redes no Cone Sul ou na América Latina.
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GAMES
Quer
JOGAR
comigo?
Apontados nas cartilhas de
marketing como os maiores
consumidores dos jogos na
telinha do celular, os
adolescentes geram uma
receita que não é mais
brincadeira na contabilidade
das operadoras. ATÉ O FINAL
DO ANO, O MERCADO DE JOGOS
VAI GERAR UM FATURAMENTO
MUNDIAL DE US$ 1 BILHÃO. NA
AMÉRICA LATINA, O NEGÓCIO
AINDA ENGATINHA, MAS JÁ
APRESENTA BONS RESULTADOS
Fonte: Screen Digest
dos mais de dois bilhões de handsets nas mãos dos usuáDefinitivamente o mercado de mobile gaming não é
rios em todo o mundo, cerca de 450 milhões estão habimais uma mera atração das operadoras para se aproxilitados para games. Coréia do Sul e o Japão, como não
mar do público jovem. A brincadeira virou um negócio
poderia deixar de ser, representam 64% do total das
muito sério. Os jogos na telinha do celular asseguram
receitas geradas por jogos em celular. Somente o mercauma rentabilidade invejável. Relatório do Wireless World
do japonês, sinaliza o estudo do W2F, contabiliza mais da
Fórum (W2F), divulgado em janeiro, adianta que o segmetade da receita internacional do segmento.
mento deverá arrecadar US$ 2,1 bilhões mundialmente
em 2006. O dobro do previsto para esse ano, que é uma
ATRASO
receita de US$ 1 bilhão.
A agressividade das operadoras japonesas NTT
A evolução financeira é significativa, especialmente, se
DoCoMo, KDDI e Vodafone em conquistar um novo púcomparada aos números da trajetória da indústria de jogos
blico é apontada como uma das causas do sucesso do
eletrônicos, que levou 20 anos para alcançar um faturamobile gaming. Reunidas, as teles faturaram mais de
mento de US$ 26 bilhões. Com números tão expressivos,
US$ 500 milhões com o download de games em 2004.
as operadoras móveis focam cada vez mais os Serviços de
Na América Latina, os números ainda são modestos. Pela
Valor Agregado (SVA). Nos últimos dois anos, aponta um
conta do W2F, se o Japão e a Coréia do Sul ficarem com
estudo do Strategy Analytics, eles têm sido uma precioquase US$ 650 milhões do
sa fonte de rentabilidade.
mercado mundial, sobram
Em 2004, o segmento reFaturamento mundial com
cerca de US$ 350 milhões do
gistrou um boom com a oferta
download de jogos móveis
total
de um bilhão de dólares
comercial do download de jo1.200
Faturamento (milhões de dólares)
de receita prevista para 2005.
gos. Para 2008, a estimativa é
1.000
Isso significa que os países
ainda melhor. Apenas essa
800
latino-americanos brigarão por
área deverá ser responsável
uma fatia deste bolo de US$
por um faturamento mundial
600
350 milhões com todos os dede US$ 7 bilhões. Além disso,
400
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200
0
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2002
2003
2004
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mais mercados mundiais, tão emergentes
quanto os da região na área de desenvolvimento de jogos para celulares. O momento
é de correr atrás para não perder mercaA estratégia das operadoras é oferecer na tela do
do, alerta o diretor da ABRAGAMES, enticelular os jogos com títulos fortes, apelo gráfico e de
dade brasileira representativa do setor de
fácil manuseio no pequeno teclado do aparelho, diz André
jogos eletrônicos, Marcelo Nunes de Carde Andrade, gerente de VAS Varejo e Internet da Claro,
valho, também diretor da Devworks, deterceira maior operadora do Brasil e controlada pela
senvolvedora brasileira de jogos móveis.
gigante América Móvil. No Brasil, as quatro principais
Durante o seminário Tela Viva Móvel,
operadoras móveis conduzem a unidade games como
realizado em abril na capital paulista, e que
estratégica no mundo de dados. Todas possuem jogos
contou com a presença dos principais depara download às dezenas, e para diversos aparelhos,
senvolvedores da área de mobile gaming
gostos, bolsos e modalidades.
no Brasil e na América Latina, o executivo
A Vivo, empresa líder do mercado brasileiro com
deixou claro que a maioria dos associados
quase 27 milhões de assinantes, reúne quase 150 jogos
da entidade ainda não vislumbrou o potencial de desenno portfólio. É um leque de opções tão abrangente que o usuário se
volvimento de jogos para a área móvel. A prioridade persente numa verdadeira loja de games. As demais operadoras, no
manece na produção dos jogos para os PCs.
entanto, não ficam atrás. Apesar de TIM, Claro e Oi não terem um
“É um erro agir assim. É inevitável que os desenvolcardápio tão variado quanto o da concorrente, é crescente a opção
vedores migrem para a plataforma celular. Quem não
de download de jogos de cada uma delas. Os preços dos jogos comeevoluir, morrerá”, sentenciou Nunes Carvalho. O exeçam na casa do R$ 1,90 e podem chegar a R$ 13,99, dependendo
cutivo acredita que os jogos móveis acabarão por influda complexidade e da fama do game.
enciar na fabricação de aparelhos celulares, assim como
Nessa disputa pelo assinante, os desenvolvedores têm tudo
aconteceu com os PCs. No Brasil, o desenvolvimento de
para alcançar a fama. Empresas especializadas na produção de
plataformas móveis foi alinhada à Política Industrial
jogos como a Takenet, a IN2, a Meantime, o Cesar, a nTime, a
traçada pelo governo Lula.
Compera e a Wiz Technologies já emplacam seus games no Brasil,
Tanto é assim que um grupo de universidades e emna América Latina e na Ásia. Os estrangeiros também reconhecem
presas, entre elas a Universidade Estadual de Campinas
o mercado brasileiro e latino-americano. Esse é o caso, por exeme a Intel, recebeu um financiamento da
plo, da holandesa Móbile Fun,
FINEP (Financiadora de Estudos de Profornecedora de games para a
Base instalada mundial de dispositivos
jetos), entidade ligada ao Ministério da
Claro. A prova maior da movimóveis habilitados para jogos
Ciência e Tecnologia, para a condução de
mentação na área é da mi500
um projeto na área. Batizado de
neira Takenet. Em abril, a
Base instalada (milhões)
Quickframe, ele tem como objetivo faciliempresa teve 100% do seu
400
tar a produção de aplicativos de software
capital vendido para a japo300
para telefones móveis. Uma das atividanesa Faith Inc., uma das fordes previstas é a criação de jogos baseanecedoras de conteúdo da
200
dos em Linux e capazes de rodar em qualgigante NTT DoCoMo. A
100
quer plataforma tecnológica. O grupo tem
Takenet tem escritórios nos
24 meses para apresentar resultados conEUA, no México e no Chile.
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2004
cretos ao governo brasileiro.
Fonte: Screen Digest
DIVERSIDADE
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CASE STUDY
Referência de
QUALIDADE
A satisfação do correntista é hoje o foco
das grandes instituições financeiras, que
apostam nas tecnologias de Quality
Assurance para medir a performance dos
serviços antes que sejam oferecidos ao
cliente. NO CHILE, O GRUPO SANTANDER
IMPLEMENTOU O PROCESSO PARA VALIDAR
AS OPERAÇÕES BANCÁRIAS VIA INTERNET
médio dessa operação ficava em US$ 1, muito alto para um
ambiente disputado. Para a boa gestão do negócio-fim da
instituição, baixar o valor do custo da transação era imperativo”, acrescenta o executivo. Para criar novas oportunidades, o Santander apostou nas soluções de Quality
Assurance, capazes de através de testes, assegurar que os
aplicativos desenvolvidos vão atender às demandas definidas para os sistemas de Informação.
A unidade de negócios chefiada por Palma Aguirre assumiu a responsabilidade de aprovar cada tecnologia a ser
utilizada pelo Santander. “O mais importante não é o que
Antonio Alvarado
Santiago, Chile
oferecemos, mas o que cumprimos sem nos deixar vencer
pela demanda”, estabelece o chefe do Departamento de
Num ambiente de competição acirrada e globalizaGestão e mudanças de produção. As aplicações Internet,
da, as instituições financeiras são as maiores consumilembra Aguirre, foram determinantes para o uso do prodoras das inovações proporcionadas pela Tecnologia da
cesso de Quality Assurance na instituição financeira.
Informação. No Chile, considerado um mercado pequeCom o crescente uso da Web, surgiu um novo modelo
no, mas exigente e referência para a América Latina, o
de negócios onde a inexperiência dos chefes de projetos,
Grupo Santander adquiriu, em 2003, os ativos do Banco
aliada a imaturidade de muitas tecnologias, trouxe perSantiago. A fusão proporcionou ao banco um significatidas em função da má qualidade das
vo aumento na carteira de clientes.
aplicações apresentadas aos consumiUma das maiores preocupações
“A solução de Quality
dores. Como os aplicativos não cumdos gestores do Santander foi a de
Assurance foi crucial
priam o prometido – havia muitas faassegurar a qualidade e a satisfação
para ampliarmos o uso da
lhas – os usuários perderam a confidesses usuários sem, no entanto, deiInternet. Hoje, com os
ança e deixaram de utilizar o canal
xar de lado a necessidade de reduzir
virtual para transações.
custos. Uma das prioridades estabeaplicativos testados antes
Foi neste momento que o Banco
lecidas foi a de incentivar os clientes
de serem oferecidos
Santander instaurou as provas de
a trocarem a ida às agências bancáriaos consumidores,
Quality Assurance, fornecidas pela
as físicas pelos canais eletrônicos,
conseguimos que mais
Mainsoft, e responsáveis pela avaliação
entre eles caixas automáticos, call
de
qualquer nova aplicação antes de ela
centers e a própria Internet.
de 60% das transações
ser oferecida ao mercado. “Desta maO chefe do Departamento de Gesdo Banco Santander
neira, já este ano atendemos – especifitão e ambientes e mudanças de proaconteçam via Web”
camente pela Internet – mais de 60%
dução do Banco Santander no Chile,
Hugo Palma Aguirre Jefe del
das transações do banco no Chile, com
Hugo Palma Aguirre, lembra que mais
Departamento de Gestión de Entornos
a segurança de que nunca falharemos
de 60% das transações bancárias
y Cambios de Producción
com o cliente”, conclui Palma.
eram feitas nas agências. “O custo
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REGULAMENTAÇÃO
Alta PRESSÃO
Evento realizado em São Paulo discute a
implementação da PORTABILIDADE NUMÉRICA,
UMA PROMESSA AINDA NÃO CUMPRIDA PELAS
AUTORIDADES DO SETOR. Caso superem as
pressões políticas e de mercado, EQUADOR,
PERU E BRASIL PODEM SER OS PRIMEIROS DA
AL A ADOTAREM A FACILIDADE
Jackeline Carvalho
São Paulo, Brasil
A maioria dos países latino-americanos reconhece a
necessidade de entregar ao consumidor a facilidade de
trocar de operadora sem a perda do número telefônico –
recurso conhecido como portabilidade numérica – mas a
modalidade não consegue sair do papel e se tornar um
serviço de valor agregado para o assinante, constata levantamento realizado pelo Yankee Group em seis países
da América Latina. O estudo foi apresentado no evento
"Portabilidade de Números Telefônicos: Impactos para o
Mercado", promovido pela Associação Brasileira das
Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TelComp), em abril, em São Paulo.
A dificuldade de implementação,constata o levantamento do Yankee Group, reside no fato de que boa parte
dos países viveu uma situação de monopólio ou teve no
máximo duas operadoras competindo entre si. “A pressão política muitas vezes impede que algumas regras
caminhem com mais facilidade”, avalia Patrícia Volpi,
gerente do instituto de pesquisa para a AL.
A maior competitividade no setor obriga a prestadora de serviço dominante a investir num sistema
que permita a portabilidade numérica, custo considerado elevado demais pelas operadoras, uma vez que a
facilidade amplia a possibilidade de o assinante trocar
de operadora. Ao longo da adoção da medida – Cingapura foi o primeiro País a adotar a portabilidade numérica, em 1997 – o chamado churn (troca de operadoras) foi um fato. Na Finlândia, por exemplo, a modali-
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dade desencadeou um forte movimento de migração
na telefonia móvel.
“As operadoras finlandesas não cobram taxa para
migração, além de existir uma proliferação de
prestadores de serviços. Por isso houve tantas mudanças”, explica Patrícia Volpi, do Yankee Group. Em outros países, no entanto, o impacto da portabilidade praticamente não foi sentido. Na Austrália, usuária da modalidade desde 2001, o churn ficou bem abaixo do esperado. Isso porque, explica a gerente do Yankee Group,
as teles criaram produtos para desmotivar os assinantes a trocar de provedor. Uma das práticas de sucesso
foi a consolidação da oferta de contratos de longa duração – com vantagens claras, do ponto de vista financeiro e de serviços, para os usuários.
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STATUS
ARGENTINA
Fonte: Yankee Group
Possui pré-seleção obrigatória por operadora, mas é preciso que os consumidores se
cadastrem em pacotes das operadoras de longa distância e permaneçam neles por 60 dias.
A legislação estabelece três casos de portabilidade numérica para telefonia móvel
BRASIL
Portabilidade numérica está na agenda da Anatel. Poderá será decidida
ainda esse ano para vigorar a partir de 2006. O grande x da questão é que o
órgão regulador planeja iniciar a medida apenas nas operadoras móveis.
Decisão é bastante criticada pelas teles
CHILE
Tem um sistema multioperadora lançado em 1994, para permitir que o
usuário escolha a prestadora nacional e internacional
COLÔMBIA
Em junho de 2004 a CRT – Comissão de Regulamentação de Telecom
(agência local) – lançou uma consulta pública para avaliar a portabilidade
tanto no serviço fixo quanto no móvel. Até agora não houve uma decisão final
EQUADOR
Com 1,612 milhão de telefones fixos e 3,544 milhões de celulares, sendo 87,1% no
sistema pré-pago, o País deverá ser o primeiro da região a estabelecer a portabilidade
numérica, caso cumpra a promessa de ativar o recurso ainda este ano. A grave crise
política nacional poderá atrapalhar os planos
MÉXICO
Examina desde 2004 os custos da implementação da facilidade e acompanha o resultado operacional
nos países onde a portabilidade foi implementada. As autoridades querem evitar que os custos
de comunicação aumentem caso a portabilidade se torne obrigatória. Sem solução à vista
PERU
Em dezembro de 2004 publicou proposta com regras para implementação de portabilidade
numérica. Permite a seleção de operadora de longa distância desde novembro de 1999 e
tem um sistema de multioperadora aprovado em novembro de 2001
VENEZUELA
Em junho 2003 definiu que a portabilidade deve valer para telefones fixos e móveis, mas
ainda desenvolve o modelo de migração. O mecanismo e o cronograma para
implementação serão definidos para os dois serviços (fixo e móvel), porém não foi iniciado
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27
CONVERGÊNCIA
Saber COMO
e POR QUÊ
É inegável que a convergência de serviços de
telecom ajuda as corporações a ampliarem a
produtividade, reduzir custos e a explorar
melhor a infra-estrutura, MAS OS GESTORES
SABEM QUE É PRECISO DEFINIR UMA ESTRATÉGIA
DE EXECUÇÃO PARA TIRAR O MELHOR PROVEITO
DOS RECURSOS DA TECNOLOGIA
Ciudad de México, México
maior performance
das operações. Juan
Fernández, analista
de telecomunicações do
Gartner para a América Latina, no entanto, alerta: a adoção de
tecnologias convergentes dentro das empresas requer uma análise objetiva. Os
gestores precisam identificar os objetivos da empresa com a convergência e adequarem os processos,
para que as mudanças tecnológicas não venham a interferir no negócio-fim da corporação.
Há mais de três anos, os mercados de Telecomunicações e de Tecnologia da Informação direcionam suas soluções para a convergência de serviços. A disseminação
do conceito é uma realidade. As corporações já entendem qual é o fim destas tecnologias e ferramentas: permitir acesso a serviços de voz, dados e imagens através
de uma única rede ou infra-estrutura.
Levantamento do Gartner aponta o México como o
líder latino-americano na adoção de tecnologias convergentes dentro das corporações, mesmo que muito atrás
dos Estados Unidos e dos países da Europa. No México,
diz o estudo, o setor empresarial utiliza sistemas que
consolidam os serviços tradicionais de voz com mensagens, assim como, algumas aplicações de dados. As iniciativas, no entanto, são ainda muito aquém do possível a
ser alcançado a partir da convergência.
Na prática, a convergência ambiciona unificar todos
os ambientes, sejam eles de voz, dados ou multimídia.
Exatamente por isso sua adoção determina uma transformação significativa no âmbito corporativo. A convergência, se bem aplicada, agrega produtividade e eficiência, que podem ser traduzidas em redução de custos e
MODISMO OU BENEFÍCIO?
“As companhias devem entender qual é a maior vantagem da convergência e levarem em conta que novas
tecnologias também alteram as políticas corporativas”,
diz Fernández. “Ao integrar duas tecnologias diferentes,
pode haver um choque entre as gerências de voz e dados. Assim, o importante é realizar os ajustes nos sistemas e políticas, garantindo que a integração de sistemas
ocorra de forma prudente para os negócios”, orienta o
analista do Gartner.
Para Fernández, as tecnologias convergentes ajudam
a alinhar os processos e esquemas de negócio com a
própria tecnologia. Só que essa integração exige um conhecimento profundo do negócio. O analista acrescenta
ainda que os custos de implementação dos sistemas convergentes variam de empresa para empresa, mas a unificação de tecnologias pode trazer ganhos de 20% a 30%,
especialmente na área de mão-de-obra qualificada.
Os fornecedores de sistemas já detectaram o movimento corporativo em direção à convergência e apresentam suas diretrizes de negócios. O diretor Geral da
Fabiola V. González
28
FRECUENCIA Latinoamérica
Maio 2005
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HORA DE MUDAR
A convergência não é exclusiva das tecnologias e serviços, alerta o
diretor geral da Bea Systems do México, Mauro Giannini. Para ele, esse
é o momento ideal para as organizações transformarem os negócios, a
partir das demandas do mercado. Um exemplo dessa nova realidade
parte das próprias operadoras de telefonia, em pleno processo de alteração dos modelos de gestão. Na busca pela sobrevivência, as teles
deixam de ser apenas fornecedoras de infra-estrutura para se converterem em provedores de serviços de dados, como correio eletrônico, calendário, jogos e conteúdos digitais.
A convergência de linhas tradicionais, sem fio, cabo, satélite e das
tecnologias Internet, salienta o diretor Geral da Bea Systems, acelera a
concorrência, eleva a expectativa dos clientes e cria novas oportunidades. Nesse ambiente, os preços dos serviços tradicionais de voz apresentam forte redução de preços. “Os provedores de serviços, num modelo de
acirrada competição, são obrigados a melhorar a integração e a racionalização dos sistemas de suporte operacional e de negócios para serem
mais eficientes”, complementa Giannini.
Mônica Navarro, diretora de Novos Negócios da Alcatel América Latina, confirma que o desenvolvimento de aplicações é uma das maiores
oportunidades de negócios oriundas da convergência de serviços. Entre
os novos produtos se destacam o de mensagens unificadas, centros de
chamadas multimídia e assistência pessoal. “O processo de criação de
aplicativos ficou mais simples. Os equipamentos de infra-estrutura permitem a migração da telefonia tradicional para a telefonia IP”, conforme
as necessidades da corporação “, finaliza a executiva da Alcatel.
BEA Systems no México, Mauro Giannini, lembra que o
ambiente corporativo de consolidação de sistemas e a
necessidade de contar com disponibilidade em tempo
integral obrigam as companhias a montarem uma infraestrutura capaz de aproveitar a melhor performance
das aplicações e dos ativos existentes. Essa rede terá
ainda a missão de fomentar a criação, a entrega e a administração de serviços emergentes de nova geração,
com a necessária interoperabilidade de padrões. “No
fundo, ela será o sistema nervoso do ambiente de negócios”, informa o executivo da Bea Systems do México.
Na visão de Mônica Navarro, diretora de mercado
da Alcatel para a América Latina, as comunicações convergentes exploraram a infra-estrutura de forma mais
adequada e eficiente para as corporações. Isto porque os
recursos são compartilhados e se tem acesso à informação corporativa, independente da localização da pessoa
www.frecuenciaonline.com
ou do dispositivo que ela utilize. O acesso é, precisamente, um dos facilitadores deste novo esquema, uma vez
que a globalização força as empresas a habilitarem soluções – que vão de aplicações customizadas para o cliente
e softwares corporativos vitais até processos de serviços
de administração – em plataformas escaláveis, consolidadas e que outorguem um alto grau de acessibilidade,
capazes de modificar a infra-estrutura de missão crítica
das organizações em prol da melhoria dos processos.
As convergências de redes e de serviços não só favorecem a redução de custos globais e gastos operacionais derivados da integração das infra-estruturas corporativas numa
única rede, como também refletem no desenvolvimento de
aplicações sob medida. Elas são capazes de tornar os serviços mais eficientes, assim como, aprimoram o processo de
atendimento aos clientes. Esse ciclo produtivo termina por
gerar novas oportunidades de negócios.
Maio 2005
FRECUENCIA Latinoamérica
29
SEGURANÇA
DIA SEGUINTE
Fabiola V. González
Cidade do México, México
No ambiente móvel celular, a segurança pode ser dividida em dois grandes grupos:
os serviços tradicionais de voz e a oferta de serviços de dados, que passam pelo envio mensagens curtas de texto (SMS) até a conexão com redes corporativas
por meio de dispositivos mais sofisticados como, por
exemplo, o Blackberry, produto que permite a visualização
de arquivos no formato Word, Excell, PowerPoint e PDF.
Nessa era, na qual a mobilidade é cada vez mais uma
necessidade, tomar as medidas necessárias para conseguir o máximo possível de segurança é uma obrigação
imposta às empresas, fornecedores de soluções e fabricantes de dispositivos interessados em disseminar o uso
da comunicação móvel. Embutir ferramentas de proteção nas soluções tem sido a opção dos fornecedores.
Neste caso, está a RSA, especializada na área. A empresa oferece soluções móveis de comércio eletrônico,
em produtos com certificação digital, uma identificação
virtual equivalente a uma carteira de identidade no
mundo convencional. Os usuários do smartphone Nokia
9210 Communicator também contam com ferramentas
de segurança. Através de uma chave de acesso,
disponibilizada pelas corporações e embutida no pró-
RISCO CALCULADO
As crescentes ameaças
sobre os produtos de
dados ofertados pelas
redes sem fio obrigam
as empresas e os
desenvolvedores de
soluções a traçar UMA
OPERAÇÃO DE GUERRA PARA
GARANTIR A MÁXIMA
SEGURANÇA DAS APLICAÇÕES
prio terminal, o assinante poderá consultar correio eletrônico, Intranet e Extranet corporativas.
Conforme os fabricantes produzem telefones celulares, PDAs e PCs portáteis com funções sem fio cada vez
mais complexas, esses equipamentos se tornam objeto
de cobiça dos hackers, reforça o diretor de Administração de produtos sem fio da Symantec Corp., Jayson
Conyard. Até porque, explica o executivo, significativas
partes das comunicações pessoais e de negócios começam a ser transferidas para as LANs sem fio.
Cuidados básicos devem ser repassados para os usuários. Numa rede convencional, a invasão só acontece se o
hacker se conectar fisicamente à infra-estrutura. Já numa
rede sem fio, o invasor não precisa se expor. Ele pode,
exemplificam os fornecedores, estar sentado num aeroporto junto a um executivo falando ao celular. Nesse momento, o hacker tem duas opções: interceptar a chamada
ou prestar atenção no que está sendo falado.
de 2004, do SymbOS.Cabir, um vírus que se replicou inicialmente nos telefones da série 60 da Nokia e, por meio de
Quando se trata de chamadas de voz, a fraude também
não é novidade e está presente desde o primeiro dia de sua
Bluetooth, passou a atingir qualquer dispositivo ao seu alcance, incluindo impressoras.
utilização. Ainda assim, os atuais fraudadores se tornam cada
Tratar a segurança como um processo de negócio, e não
vez mais complexos. Segundo a Associação de Controle de
mais como um produto a ser oferecido ao assinante da rede, é
Fraudes, as perdas globais causadas por fraude ficam entre
inevitável nos dias atuais quando a convergência das redes fi-
US$ 35 bilhões e US$ 45 bilhões ao ano, com um crescimen-
xas e móveis fica muito próxima. A Internet e as comunicações
to que vai de 11% a 25% ao ano.
sem fio (celular, Pager, Wi-Fi etc.) são tecnologias criadas a
À medida que surgem novas tecnologias sem fio, os
partir da necessidade do mundo moderno de estar conectado
hackers dedicam mais e mais tempo a descobrir e explorar
em tempo real à informação, mas apresentam vulnerabilidades
novas vulnerabilidades, assim como aconteceu no mundo das
características da inovação tecnológica. Qualquer deslize, po-
redes tradicionais. Um claro exemplo foi a criação, em junho
derá significar prejuízos incalculáveis para as empresas.
30
FRECUENCIA Latinoamérica
Maio 2005
www.frecuenciaonline.com
REGIONAL VENEZUELA
NÃO
ao DUOPÓLIO
Evitar que os consumidores fiquem restritos às ofertas de apenas duas gigantes no setor de telefonia móvel
celular. Essa foi a principal razão para a negativa dada
pela Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) e
pela Superintendência para a Promoção e Proteção da
Livre Competição (Procompetência) para barrar o pedido
de compra da Digitel pela CANTV.
O negócio, estimado em US$ 450 milhões, daria à
CANTV, controladora da Movilnet, mais da metade do mercado móvel venezuelano, explicou ato oficial das entidades regulatórias. A fusão, completou o comunicado, reforçaria a posição dominante da CANTV na terminação
de chamadas fixas e móveis em todo o País.
“Há uma discussão muito forte sobre o valor da interconexão de rede. Esse custo pesa no preço final ao assinante. Com uma única empresa controlando o negócio, as
chances de o usuário ser beneficiado ficariam muito reduzidas”, disse Alvin Lenzama, Superintendente da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel).
Na telefonia móvel, o impacto na concorrência também seria bastante prejudicial ao consumidor, explicou
Milton Ladera, Superintendente da Procompetência. A
Cantv é controladora da Movilnet, responsável por 34%
do mercado celular no País. A Digitel possui 20%. Juntas, as empresas ficariam com mais da metade dos negócios no segmento.
Em segundo lugar viria a Movistar, que recém-adquiriu
as ações da Telcel. A gigante espanhola conta com 45% do
mercado. “Qual empresa investiria no País para brigar por
um mercado estimado em 1%?”, indagou Ladera aos jornalistas venezuelanos durante o anúncio da decisão oficial,
ocorrido no último dia 05 de maio. “O País ficaria extremamente dependente da vontade de dois grandes grupos”,
completou o responsável pela Procompetência.
www.frecuenciaonline.com
Órgãos responsáveis
pelo mercado de
Telecomunicações no País
DESCARTAM A HIPÓTESE DE
A TELECOM ITÁLIA VENDER
AS OPERAÇÕES DA DIGITEL
PARA A CANTV. Decisão
surpreende e altera planos
da gigante italiana
HISTÓRICO
01/12/04 CANTV e Telecom Itália comunicam a oferta
de compra das ações da gigante italiana na
Digitel pela maior operadora de telefonia
fixa da Venezuela
13/01/05 Digitel oficializa a proposta de aquisição
das ações pela CANTV à Conatel –
Comissão Nacional de Telecomunicações
20/01/05 Procompetência e Conatel começam a
estudar o negócio
05/05/05 Órgãos regulatórios negam o pedido de
compra sob alegação da formação
de duopólio na telefonia móvel
celular na Venezuela
E AGORA?
A decisão dos órgãos reguladores poderá obrigar uma revisão
dos planos da gigante Telecom Itália na América Latina. Oficialmente, a operadora reportou que mantém interesse de atuar apenas nos mercados brasileiro e argentino. A TIM já vendeu as
ações que tinha na chilena Entel PCS para o Grupo local
Almendral e negocia a venda das operações na Bolívia.
Fontes do mercado acreditam que a rejeição da venda das
ações da Digitel para a CANTV foi a forma encontrada pelo governo para viabilizar a vinda da mexicana América Móvil para o País.
Caso a TIM mantenha a disposição de vender as ações da Digitel,
a operadora de Carlos Slim poderá vir a ser a maior interessada,
uma vez que trava uma batalha particular com a arqui-rival
Movistar pelo domínio do mercado na AL.
Maio 2005
FRECUENCIA Latinoamérica
31
PERFIL
Grande contraste
Ana Paula Lobo
São Paulo, Brasil
O senhor está à frente da Centennial
Dominicana, uma operadora com poder significativo no Caribe. Como o
senhor analisa o duelo entre Movistar
e América Móvil pelo domínio na AL?
Definitivamente veremos muitos
rounds no mercado de operação móvel.
Tanto a Movistar como a América Móvil vão
travar combates importantes pela liderança regional, inclusive nos países onde temos atuação. Mas elas terão que identificar
as necessidades dos clientes. No caso do
Caribe, por exemplo, há contrastes importantes. O mercado é dominado pelo prépago, mas há usuários de maior poder aquisitivo, interessados em comprar serviços de
última geração. Lidar com esses extremos
requer cuidado e conhecimento do mercado local. As gigantes terão que aprender
essa lição. E claro, nós vamos ter que nos
preparar ainda mais para não perder a base.
O senhor observa os contrastes do
Caribe. Como a Centennial Dominicana estabelece a estratégia de atuação?
Houve a decisão de buscar o usuário
com maior poder aquisitivo. Estamos investindo na evolução da rede CDMA. Nesse semestre, teremos uma cobertura nacional – República Dominicana, Porto Rico
e Jamaica, além é claro, dos Estados Unidos, com que temos uma relação muito
estreita – em CDMA 1xRTT. Para o segundo semestre, começaremos a operação comercial do EV-DO, em áreas préselecionadas. Vamos reforçar a oferta de
serviços sofisticados. Eles são a melhor fonte para ampliar a rentabilidade. Mas é claro que não podemos dispensar o usuário
pré-pago. Ele responde por 90% do mer-
32
FRECUENCIA Latinoamérica
Há dois anos, O ARGENTINO RAUL SALVADO COMANDA AS OPERAÇÕES
DA CENTENNIAL DOMINICANA, OPERADORA COM 2,7 MILHÕES DE
ASSINANTES NA JAMAICA, PORTO RICO E REPÚBLICA DOMINICANA.
Economista, Salvado sempre atuou no mercado latino-americano
de telecomunicação móvel. Antes de dirigir a Centennial
Dominicana, ele conduziu os negócios da Millicom na região.
EM ENTREVISTA EXCLUSIVA À FRECUENCIA LATINOAMÉRICA, RAUL
SALVADO REFORÇA A NECESSIDADE DO ROAMING NO CARIBE E TORCE POR
UMA REDUÇÃO DOS PREÇOS DOS TERMINAIS DUAL MODE AINDA EM 2005
ser reduzidos e, na verdade, torcemos
muito para que isso aconteça. Nesta hora,
o poder da Telefônica Móviles é importante. Ela tem força para baixar os preços.
Seria ótimo não subsidiar mais terminais
e os fabricantes CDMA sabem disso. O
GSM decola com incrível rapidez na região, mesmo não sendo a tecnologia mais
preparada para a Terceira Geração, exatamente por causa do preço. Ele é atrativo. Aqui na Centennial Dominicana, a opção pelo CDMA é irreversível. Ela é a tecnologia do futuro, que nos permitirá a oferta convergente de voz, dados e imagens.
cado. O nosso grande objetivo é facilitar a
adesão desse assinante aos serviços póspagos. Estamos com uma série de produtos desenhados para atrair esse usuário.
A Centennial Dominicana é usuária CDMA,
tecnologia reconhecida como mais cara
do que a concorrente GSM. Até que ponto
os custos dos terminais impactam na conquista de novos assinantes?
Realmente os terminais CDMA são
mais caros. Acredito que os custos podem
Maio 2005
O Caribe é um mercado que mantém
características próprias, até em função
da proximidade com os Estados Unidos. Como o senhor analisa os próximos passos na região?
Os assinantes nos cobram serviços
equivalentes aos ofertados nos Estados
Unidos. Isso nos obriga a ampliar os investimentos em infra-estrutura. Também
recebemos uma grande leva de turistas.
Por isso, o tema roaming (veja matéria
nas páginas 16 a 20) é tão crucial. Torço
para que se tenha uma redução do custo
dos terminais dual mode ainda esse ano.
Eles são a forma de tecnologias divergentes se comunicarem.
www.frecuenciaonline.com
EVENTOS
ANUNCIANTES
COMPANHIA
WEBSITE
PÁGINA
Qualcomm
www.qualcomm.com
Siemens Mobile
www.siemensmobile.com
Página 5
GSM México
www.frecuenciaonline.com
Página 7
Pyramid
www.pyramidresearch.com
Página 8
Frecuencia Online
www.frecuenciaonline.com
Página 9
Evistel
www.evistel.com
Página 11
ITU Americas 2005
www.itu.int/americas2005/
Página 19
WCA
www.wcai.com
Página 21
Expocomm Argentina
www.expocomm.com.ar
Página 25
Convergys
www.convergys.com
Capa 3
Sabre Communications
www.sabrecom.com
Capa 4
Capa 2
MAIO
V Foro de Regulación
Cartagena de Indias, Colombia
10 th Annual ICT Americas Conference
Miami, EUA
Telecoms Access Brazil
Maio 18-19
Rio de Janeiro, Brasil
JUNHO
GSM Argentina
Junho 3-4
Buenos Aires, Argentina
Supercomm 2005
Junho 6-9
Chicago, EUA
Networkers Solutions Forum
Junho 6-9
Buenos Aires, Argentina
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V Encontro Cidades Digitais
Junho 9-11
Florianópolis, Brasil
Fórum Internet Ahciet 2005
Junho 13-15
San José, Costa Rica
Capacity USA 2005
Junho 14-15
New York, EUA
GSM Brasil
Junho 23-24
Rio de Janeiro, Brasil
Convención Global Anual de WCA
Junho, 28 - Julho, 1
Washington, EUA
JULHO
VIII Cumbre de Reguladores y Operadores
Julho 11-12
Assunção, Paraguai
www.ahciet.net
SETEMBRO
CDMA Americas Congress
Setembro 12-14
Miami, EUA
www.cdg.org
Expo Comm Argentina
Setembro 27-30
Buenos Aires, Argentina
Maio 2005
FRECUENCIA Latinoamérica
33
OPINIÃO
As antenas celulares e o
desenvolvimento tecnológico
É provável que toda
evolução apresente
conseqüências negativas
para o ser humano.
A GRANDE LIÇÃO IMPOSTA
AO HOMEM É SABER LIDAR
COM AS ADVERSIDADES,
CORRIGINDO AS POSSÍVEIS
FALHAS ANTES QUE
HAJA QUALQUER
PREJUÍZO À SAÚDE
Por Sapjha Hamad
Nicaragua
Uma discussão bastante interessante surgiu nos últimos dias em relação às
antenas celulares e aos possíveis males
causados por elas. O foco é a oposição
de determinados setores à instalação
destes equipamentos, sob a argumentação de que as antenas móveis seriam
prejudiciais à saúde de usuários e habitantes podendo causar graves enfermidades, inclusive câncer. Apesar da oposição, todas as evidências científicas comprovadas até aqui não indicam qualquer
efeito danoso à saúde.
A OMS (Organização Mundial da Saúde), por exemplo, reconhece que as investigações científicas feitas pelos mais diversos órgãos não comprovam os argumentos divulgados pelos opositores das antenas, que não são poucos. As principais alegações são que a exposição à radiofreqüência encurta a vida das pessoas, produz
câncer e que os níveis de exposição
radioelétrica nas áreas públicas ao redor
34
FRECUENCIA Latinoamérica
das estações celulares estariam subindo,
isto em razão dos equipamentos estarem
instalados abaixo dos limites estabelecidos
por normas sanitárias internacionais.
Estas normas recomendam que as antenas devem ser instaladas a uma distância mínima de dez metros do nível do solo.
De acordo com especialistas em comunicação sem fio, a regra é cumprida à risca
pelos provedores de serviços, que realizam estudos técnicos antes de decidir aonde instalar suas antenas. Ao mesmo tempo, a área de epidemiologia do Ministério da Saúde da entidade assegura que estudos recentes realizados em laboratórios dos Estados Unidos também não demonstraram que as radiações produzidas por estas antenas possam originar algum tipo de enfermidade.
É verdade, porém, que outros
estudos apontam que a radiofreqüência pode superaquecer os tecidos humanos, pelo tipo de radiação que emite, mas isso não tem se
comprovado com as antenas celulares.
Estes mesmos estudos afirmam que toda
tecnologia tem seus efeitos e que os danos
que podem causar às pessoas depende do
nível de consciência existente em sua utilização. É provável que toda evolução tecnológica traga consigo algumas conseqüências negativas para o ser humano. De
todo modo, não se trata de eliminá-las ou
atacá-las, mas de saber compreendê-las e
aprender a viver com o desenvolvimento
tecnológico, corrigindo-o e administrandoo, caso demonstre efeitos nocivos.
Vale ressaltar que estudos científicos
afirmam que os raios X, as radiações dos
tubos de TV e monitores de computadores, os próprios telefones celulares ou as
radiações das antenas de radiodifusão
podem danificar a saúde, caso não sejam
tomadas as precauções necessárias. Do
mesmo modo, como as emissões veiculares, os alimentos enlatados, as frituras, o
álcool, o cigarro e as bebidas gasosas também são prejudiciais à saúde.
A Comissão de Saúde da Assembléia
Nacional, que recentemente aprovou uma
Os raios-X, as radiações dos
tubos de TV e monitores de
computadores, os próprios
telefones celulares ou as
radiações das antenas de
radiodifusão podem danificar a
saúde, caso não sejam tomadas
as precauções necessárias
Maio 2005
lei que regula a instalação e a operação das
antenas de telefonia celular, deveria buscar um consenso, reunindo operadoras de
telecomunicações, organizações de defesa dos consumidores, especialistas e médicos. O objetivo seria aprovar uma lei que
proteja os direitos dos usuários e habitantes, sem impor obstáculos ao desenvolvimento das telecomunicações, que hoje representa um dos setores mais dinâmicos e
importantes para o crescimento do País.
Sapjha Hamad, diretora de Imprensa e Relações
Públicas da Telcor, operadora da Nicarágua
[email protected]
www.frecuenciaonline.com

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