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AESABESP Associação dos Engenheiros da Sabesp Ano IX - Edição 29 - Abril/Maio/Junho 2008 Entrevista Everton de Oliveira, presidente da ABAS, afirma que todos nós bebemos água subterrânea, mesmo que sem conhecimento. XIX Encontro Técnico AESabesp Fenasan 2008 O maior evento técnico e mercadológico do setor de saneamento teve sua área aumentada em 20%. Águas subterrâneas Uma alternativa de abastecimento abaixo da superfície da Terra Opinião Lançamento A era da água Regulação | 2008dos Serviços Abril | maio | junho de Água e Esgoto “Causos” Do Saneamento A história da coruja E mais... Artigos| técnicos Saneas 1 Visão de mercado 2 | Saneas Abril | maio | junho | 2008 Abril | maio | junho | 2008 Saneas | 3 Índice expediente Saneas é uma publicação técnica bimestral da Associação dos Engenheiros da Sabesp DIRETORIA EXECUTIVA Presidente - Luiz Yukishigue Narimatsu Vice-Presidente - Pérsio Faulim de Menezes 1º Secretário - Nizar Qbar 2º Secretário - Ivo Nicolielo Antunes Junior 1º Tesoureiro - Luciomar Santos Werneck 2º Tesoureiro - Nélson Luiz Stábile DIRETORIA ADJUNTA Diretor de Marketing - Carlos Alberto de Carvalho Diretor Cultural - Olavo Alberto Prates Sachs Diretor de Esportes - Gilberto Margarido Bonifácio Diretor de Pólos - José Carlos Vilela Diretora Social - Cecília Takahashi Votta Diretor Técnico - Choji Ohara papel essencial das 6 Oáguas subterrâneas matéria tema Entrevista 18 Everton de Oliveira Opinião 20 A era da água Especial 21 Fenasan se destaca como o maior evento do mercado de saneamento em 2008 Artigos técnicos 29 Otimização da exploração de poços no aquífero fissurado de Lins 33 Desafios do abastecimento 35 Terrenos calcários: áreas de risco geológico para a engenharia e para o meio ambiente CONSELHO DELIBERATIVO Aram Kemechian, Carlos Alberto de Carvalho, Choji Ohara, Gert Wolgang Kaminski, Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, José Carlos Vilela, Ivan Norberto Borghi, Luis Américo Magri, Marcos Clébio de Paula, Nélson César Menetti, Olavo Alberto Prates Sachs, Ovanir Marchenta Filho, Sérgio Eduardo Nadur e Valter Katsume Hiraichi CONSELHO FISCAL José Marcio Carioca, Gilberto Alves Martins e Paulo Eugênio de Carvalho Corrêa Pólos da Região Metropolitana de São Paulo - RMSP Coordenador - Aram Kemechian Costa Carvalho e Centro - Maria Aparecida S.P. dos Santos Leste - Luis Eduardo Pires Regadas Norte - Oswaldo de Oliveira Vieira Oeste - Evandro Nunes de Oliveira Ponte Pequena - Mercedino Carneiro Filho Sul - Paulo Ivan Morelli Fransceschi Pólos AESABESP Regionais Coordenador - Helieder Rosa Zanelli Baixada Santista - Ovanir Marchenta Filho Botucatu - Osvaldo Ribeiro Júnior Franca - Marcos Marcelino de Andrade Cason Itapetininga - Rubens Calazans Filho Lins - Marco Aurélio Saraiva Chakur Presidente Prudente - Robinson José de Oliveira Patricio Vale do Paraíba - José Galvão F. Rangel de Carvalho CONSELHO EDITORIAL - Jornal AESabesp Sonia Regina Rodrigues (Coordenadora) FUNDO EDITORIAL Silvana de Almeida Nogueira (Coordenadora) Antonio Soares Pereto, Dione Mari Morita, Eliana Kitahara, Francisca Adalgisa da Silva, Jairo Tardelli Filho, José Antonio de Oliveira Jesus, Luiz Narimatsu, Maria Lúcia da Silva Andrade, Milton Tsutiya, Miriam Moreira Bocchiglieri e Sonia Maria Nogueira e Silva. Coordenador do site: Luis Américo Magri Visão de mercado JORNALISTA RESPONSÁVEL Maria Lúcia da Silva Andrade - MTb.16081 Lançamento PROJETO VISUAL GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Neopix Design [email protected] www.neopixdesign.com.br 38 O Saneamento através de Indicadores 40 Regulação dos Serviços de Água e Esgoto “Causos” Do Saneamento 41 A história da coruja Associação dos Engenheiros da Sabesp Rua 13 de maio, 1642, casa 1 Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/SP Fone: (11) 3284 6420 - 3263 0484 AESABESP Fax: (11) 3141 90 41 [email protected] www.aesabesp.com.br Associação dos Engenheiros da Sabesp Palavra de amigo 42 O gaúcho que se “apaulistou” 4 | Saneas Abril | maio | junho | 2008 editorial AESabesp sempre presente no universo das águas Água é um bem precioso para todo o Planeta, mas sobretudo para todos os profissionais que atuam no setor de saneamento. Esta edição da Revista Saneas contempla o universo das águas subterrâneas, um recurso hídrico muito importante para o abastecimento de grande parte do território nacional, onde não existe a opção da captação de águas superficiais. É um segmento que luta por uma política para disciplinar a utilização/exploração destes mananciais, conforme pronunciamento do nosso colega geólogo Everton de Oliveira, presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas - ABAS, em seu pronunciamento na nossa seção “Ponto de Vista”. Ainda para ressaltar o papel essencial dos mananciais subterrâneos no atual sistema de abastecimento e até como uma garantia de abastecimento futuro, face às preocupações com a escassez de água, consultamos vários especialistas da área, que nos forneceram dados, tanto para compor a extensa matéria de capa, sobre o tema proposto, bem como interessantes trabalhos técnicos, voltados para esse vertente , como podemos verificar lendo os trabalhos do geólogo Paulo Guimarães da empresa Águas do Amazonas e dos nossos colegas sabespianos os geólogos Fernando Wili Bastos Franco Filho e César Bianchi Neto. Por falar em geólogo sabespiano, aproveitamos esta edição para uma justa homenagem ao nosso ex-colega, aposentado e excelente cantor de karaokê, o geólogo João Carlos Simanke de Souza, mais conhecido como Souza, num texto elaborado pelo nosso também colega Carlos Eduardo Quaglia Giampá, mais conhecido como Giampá. Na oportunidade, apresentamos nessa edição novos membros do Fundo Editorial da AESabesp, responsável pela Revista Saneas, coordenado do Eng. Silvana de Almeida Nogueira e composto por profissionais de saneamento de reconhecida competência e conhecimento no setor, como a Prof. Dione Mari Morita (Escola Politécnica da USP), Prof. Milton Tsutiya (USP e ABES) e Eng. Miriam Moreira Bocchiglieri (Sabesp), além dos componentes do Fundo da gestão anterior. Mas os Abril | maio | junho | 2008 nomes citados já fizeram a sua 1ª reunião de equipe, realizada em 7 de agosto, na qual estabeleceram, como meta, resgatar para esta Revista um caráter de informação técnica, essencial e atualizada, que atenda o interesse de todos os que atuam no universo do saneamento. Uma das novidades que os membros do Fundo Editorial preparou para a Revista SANEAS é a seção “ Crônicas do Saneamento” onde teremos a oportunidade de apresentar “ causos” , historias do setor vivenciado e contado por nossos colegas que dará uma pitadinha do humor nas nossas edições e quem sabe não descobrimos novos Luiz Fernando Veríssimo ou José Simão. Aqueles que tiverem uma boa história para contar por favor enviem suas contribuições. Nem que tenham que constranger algum amigo, afinal é melhor aproveitar o momento para contar uma boa historia e perder um amigo, não é? Esta edição também estará sendo distribuída na realização do nosso XIX Encontro Técnico – Fenasan 2008. Estamos no “Ano Internacional do Saneamento”, instituído pela Unesco, portanto, motivos não faltam para comemorar esta data. E como uma entidade representativa e atuante do setor de saneamento ambiental, a Associação dos Engenheiros da Sabesp sente-se orgu-lhosa em promover um evento dessa envergadura, nesse momento tão propício. Uma conjunção de fatores mostra que o crescimento do setor é uma realidade inequívoca, que tende a ficar ainda maior para atender a população nas suas necessidades mais vitais, contando com água de qualidade e esgotamento sanitário. Prova disso é mostrada pelos números da Fenasan 2008 – que teve que aumentar a sua área em mais de 20%, para atender, até o momento, a instalação de 146 expositores. Em caráter simultâneo à Fenasan, a AESabesp também realizará nos auditórios do Expo Center Norte, o seu XIX Encontro Técnico, que consiste na criação de Fóruns de Tecnologia, com a apresentação de diversas palestras técnicas, mesas redondas, com a participação de profissionais reconhecidos nas esferas de políticas públicas e acadêmicas e também no mercado empresarial. Estaremos selecionando os melhores trabalhos apresentados no Encontro Técnico deste ano e iremos publicá-los nas próximas edições desta Revista. Contamos com a presença de todos e agradecemos a confiança creditada à Associação dos Engenheiros da Sabesp. Eng. Luiz Narimatsu Presidente da AESabesp Saneas | 5 matéria tema su 6 | Saneas as s e s l e e nci p a a p O d a s á g u as l rrâne e t b Abril | maio | junho | 2008 Conheça mais sobre esse valioso recurso natural matéria tema | Águas subterrâneas Água subterrânea é toda a água que ocorre abaixo da superfície da Terra, preenchendo os poros ou vazios intergranulares das rochas sedimentares, ou as fraturas, falhas e fissuras das rochas compactas, e que sendo submetida a duas forças (de adesão e de gravidade) desempenha um papel essencial na manutenção da umidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos. As águas subterrâneas cumprem uma fase do ciclo hidrológico, uma vez que constituem uma parcela da água precipitada. Após a precipitação, parte das águas que atinge o solo se infiltra e percola no interior do subsolo, durante períodos de tempo extremamente variáveis, decorrentes de muitos fatores: - porosidade do subsolo: a presença de argila no solo diminui sua permeabilidade, não permitindo uma grande infiltração; - cobertura vegetal: um solo coberto por vegetação é mais permeável do que um solo desmatado; - inclinação do terreno: em declividades acentuadas a água corre mais rapidamente, diminuindo a possibilidade de infiltração; - tipo de chuva: chuvas intensas saturam rapidamente o solo, ao passo que chuvas finas e demoradas têm mais tempo para se infiltrarem. Durante a infiltração, uma parcela da água sob a ação da força de adesão ou de capilaridade fica retida nas regiões mais próximas da superfície do solo, constituindo a zona não saturada. Outra parcela, sob a ação da gravidade, atinge as zonas mais profundas do subsolo, constituindo a zona saturada. Zona não saturada: também chamada de zona de aeração ou vadosa, é a parte do solo que está parcialmente preenchida por água. Nesta zona, pequenas quantidades de água distribuem-se uniformemente, sendo que as suas moléculas se aderem às superfícies dos grãos do solo. Nesta zona ocorre o fenômeno da transpiração pelas raízes das plantas, de filtração e de autodepuração da água. Dentro desta zona encontra-se: - Zona de umidade do solo: é a parte mais superficial, onde a perda de água de adesão para a atmosfera é intensa. Em alguns casos é muito grande a quantidade de sais que se precipitam na superfície do solo após a evaporação dessa água, dando origem a solos salinizados ou a crostas ferruginosas (lateríticas). Esta zona serve de suporte fundamental da biomassa vegetal natural ou cultivada da Terra e da interface atmosfera / litosfera. - Zona intermediária: região compreendida entre a zona de umidade do solo e da franja capilar, com umidade menor do que nesta última e maior do que a da zona superficial do solo. Em áreas onde o nível freático está próximo da superfície, a zona intermediária pode não existir, pois a franja capilar atinge a superfície do solo. São brejos e alagadiços, onde há uma intensa evaporação da água subterrânea. - Franja de capilaridade: é a região mais próxima ao nível d’água do lençol freático, onde a umidade é maior devido à presença da zona saturada logo abaixo. Zona saturada: é a região abaixo da zona não saturada onde os poros ou fraturas da rocha estão totalmente preenchidos por água. As águas atingem esta zona por gravidade, através dos poros ou fraturas até alcançar uma profundidade limite, onde as rochas estão tão saturadas que a água não pode penetrar mais. Para que haja infiltração até a zona saturada, é necessário primeiro satisfazer as necessidades da força de adesão na zona não saturada. Nesta zona, a água corresponde ao excedente de água da zona não saturada que se move em velocidades muito lentas (em/ dia), formando o manancial subterrâneo propriamente dito. Uma parcela dessa água irá desaguar na superfície dos terrenos, formando as fontes, olhos de água. A outra parcela desse fluxo subterrâneo forma o caudal basal que deságua nos rios, perenizando-os durante os períodos de estiagem, com uma contribuição multianual média da ordem de 13.000 km3/ano (PEIXOTO e OORT, 1990, citado por REBOUÇAS, 1996), ou desagua diretamente nos lagos e oceanos. A superfície que separa a zona saturada da zona de aeração é chamada de nível freático, ou seja, este nível corresponde ao topo da zona saturada (IGM, 2001). Dependendo das características climatológicas da região ou do volume de precipitação e escoamento da água, esse nível pode permanecer permanentemente a grandes profundidades, ou se aproximar da superfície horizontal do terreno, originando as zonas encharcadas ou pantanosas, ou convertendo-se em mananciais (nascentes) quando se aproxima da superfície através de um corte no terreno. Caracterização esquemática das zonas não saturada e saturada no subsolo Fonte: Boscardin Borghetti et al. (2004) Abril | maio | junho | 2008 Saneas | 7 matéria tema | Águas subterrâneas Ocorrência e Volume das Águas Subterrâneas Assim como a distribuição das águas superficiais é muito variável, a das águas subterrâneas também é, uma vez que elas se inter-relacionam no ciclo hidrológico e dependem das condições climatológicas. Entretanto, as águas subterrâneas (10.360.230 km3) são aproximadamente 100 vezes mais abundantes que as águas superficiais dos rios e lagos (92.168 km3). Embora elas encontrem-se armazenadas nos poros e fissuras milimétricas das rochas, estas ocorrem em grandes extensões, gerando grandes volumes de águas subterrâneas na ordem de, aproximadamente, 23.400 km3, distribuídas em uma área aproximada de 134,8 milhões de km2 (SHIKWMANOV, 1998), constituindose em importantes reservas de água doce. Alguns especialistas indicam que a quantidade de água subterrânea pode chegar até 60 milhões de km3, mas a sua ocorrência em grandes profundidades pode impossibilitar seu uso. Por essa razão, a quantidade passível de ser captada estaria a menos de 4.000 metros de profundidade, compreendendo cerca de 8 e 10 milhões de km3 (CEPIS, 2000), que, segundo Rebouças et al. (2002), estaria assim distribuída: 65.000 km3 constituindo a umidade do solo; 4,2 milhões de km3 desde a zona não-saturada até 750 m de profundidade, e 5,3 milhões de km3 de 750 m até 4.000 m de profundidade, constituindo o manancial subterrâneo. Além disso, a quantidade de água capaz de ser armazenada pelas rochas e pelos materiais não consolidados em geral depende da porosidade dessas rochas, que pode ser de até 45% (IGM, 2001), da comunicação desses poros entre si ou da quantidade e tamanho das aberturas de fraturas existentes. No Brasil, as reservas de água subterrânea são estimadas em 112.000 km3 (112 trilhões de m3) e a contribuição multianual média à descarga dos rios é da ordem de 2.400 km3 /ano (REBOUÇAS, 1988 citado em MMA, 2003). Nem todas as formações geológicas possuem características hidrodinâmicas que possibilitem a extração econômica de água subterrânea para atendimento de médias e grandes vazões pontuais. As vazões já obtidas por poços variam, no Brasil, desde menos de 1 m3/h até mais de 1.000 m3/h (FUNDAJ, 2003). Na Argentina, a contribuição multianual média à descarga dos rios é da ordem de 128 km3/ano, no Paraguai, de 41 km3/ano e no Uruguai, de 23 km3/ano (FAO,2000). Qualidade das Águas Subterrâneas Durante o percurso no qual a água percola entre os 8 | Saneas poros do subsolo e das rochas, ocorre a depuração da mesma através de uma série de processos físico-químicos (troca iônica, decaimento radioativo, remoção de sólidos em suspensão, neutralização de pH em meio poroso, entre outros) e bacteriológicos (eliminação de microorganismos devido à ausência de nutrientes e oxigênio que os viabilizem) que agindo sobre a água, modificam as suas características adquiridas anteriormente, tornando-a particularmente mais adequada ao consumo humano (SILVA, 2003). Sendo assim, a composição química da água subterrânea é o resultado combinado da composição da água que adentra o solo e da evolução química influenciada diretamente pelas litologias atravessadas, sendo que o teor de substâncias dissolvidas nas águas subterrâneas vai aumentando à medida que prossegue no seu movimento (SMA, 2003). As águas subterrâneas apresentam algumas propriedades que tornam o seu uso mais vantajoso em relação ao das águas dos rios: são filtradas e purificadas naturalmente através da percolação, determinando excelente qualidade e dispensando tratamentos prévios; não ocupam espaço em superfície; sofrem menor influência nas variações climáticas; são passíveis de extração perto do local de uso; possuem temperatura constante; têm maior quantidade de reservas; necessitam de custos menores como fonte de água; as suas reservas e captações não ocupam área superficial; apresentam grande proteção contra agentes poluidores; o uso do recurso aumenta a reserva e melhora a qualidade; possibilitam a implantação de projetos de abastecimento à medida da necessidade (WREGE,1997). uso das Águas Subterrâneas Segundo Leal (1999), a exploração de água subterrânea está condicionada a fatores quantitativos, qualitativos e econômicos: - Quantidade: intimamente ligada à condutividade hidráulica e ao coeficiente de armazenamento dos terrenos. Os aqüíferos têm diferentes taxas de recarga, alguns deles se recuperam lentamente e em outros a recuperação é mais regular; - Qualidade: influenciada pela composição das rochas e condições climáticas e de renovação das águas; - Econômico: depende da profundidade do aqüífero e das condições de bombeamento. Contudo, o aproveitamento das águas subterrâneas data de tempos antigos e sua evolução tem acompanhado a própria evolução da humanidade, Abril | maio | junho | 2008 matéria tema | Águas subterrâneas furados no mundo nas três últimas décadas (UNESCO, sendo que o seu crescente uso se deve ao melho1992 citado por REBOUÇAS et al., 2002), 100 milhões ramento das técnicas de construção de poços e dos dos quais nos Estados Unidos, onde são perfurados métodos de bombeamento, permitindo a extração de cerca de 400 mil poços por ano, com uma extração água em volumes e profundidades cada vez maiores e de mais de 120 bilhões de m3/ano, atendendo mais de possibilitando o suprimento de água a cidades, indústrias, projetos de irrigação, etc. 70% do abastecimento público e das indústrias. A relação, em termos de demanda quanto ao uso, Na África do Norte, China, Índia, Estados Unidos varia entre os países, e nestes, de região para região, e Arábia Saudita, cerca de 160 bilhões de toneladas constituindo o abastecimento público, de modo geral, de água são retirados por ano e não se renovam. Essa a maior demanda individual (PROASNE, 2003). água daria para produzir comida suficiente para 480 Segundo Leal (1999), praticamente todos os países milhões de pessoas por ano (RODRIGUES, 2000). do mundo, desenvolvidos ou não, utilizam água subA expansão das terras agrícolas vem provocando terrânea para suprir suas necessidades. Países como a também o uso intensivo das águas subterrâneas, além Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Holando uso habitual das fontes superficiais. Existem diverda, Hungria, Itália, Marrocos, Rússia e Suíça sos exemplos no mundo de esgotamento atendem de 70 a 90% da demanda para o Alguns de aqüíferos por sobrexploração para abastecimento público (OECD, 1989 citado especialistas uso em irrigação (CEPIS, 2000). Avalia-se por REBOUÇAS et al., 2002). Outros uti- indicam que a que existam no mundo 270 milhões de lizam a água subterrânea no atendimento quantidade de hectares irrigados com água subterrânea, total (Dinamarca, Arábia Saudita, Malta) água subterrânea 13 milhões desses nos Estados Unidos e ou apenas como suplementação do abas- pode chegar até 60 31 milhões na Índia (PROASNE, 2003). tecimento público e de atividades como milhões de km3 Vários núcleos urbanos no Brairrigação, produção de energia, turismo, sil abastecem-se de água subterrânea indústria, etc. (PIMENTEL, 1999). Na Austrália, 60% do de forma exclusiva ou complementar, constituindo país depende totalmente do manancial subterrâneo o recurso mais importante de água doce. Indústrias, e em mais de 20% o seu uso é preponderante (HARpropriedades rurais, escolas, hospitais e outros estaBERMEHL, 1985 citado por REBOUÇAS et al., 2002). A belecimentos utilizam, com freqüência, água de poços cidade do México atende cerca de 80% da demanda profundos. O maior volume de água ainda é, todavia, dos quase 20 milhões de habitantes (GARDUÑO e destinado ao abastecimento público. Importantes ciARREGUIN-CORTES, 1994 citado por REBOUÇAS et dades do país dependem integral ou parcialmente al., 2002). da água subterrânea para abastecimento, como, por A UNESCO estimava, em 1992, que mais de 50% exemplo: Ribeirão Preto (SP), Mossoró e Natal (RN), da população mundial poderia estar sendo abastecida Maceió (AL), Região Metropolitana de Recife (PE) e pelo manancial subterrâneo (REBOUÇAS et al., 2002). Barreiras (BA). No Maranhão, mais de 70% das cidades Regiões áridas e semi-áridas (Nordeste do Brasil e a são abastecidas por águas subterrâneas, e em São Austrália), e certas ilhas, têm a água subterrânea como Paulo e no Piauí esse percentual alcança 80%. As águas o único recurso hídrico disponível para uso humano. subterrâneas termais estimulam o turismo em cidades Até regiões desérticas, como a Líbia, têm a demanda como Caldas Novas em Goiás, Araxá e Poços de Calde água em cidades e na irrigação atendida por poços das em Minas Gerais. Além disso, atualmente, a água tubulares perfurados em pleno deserto do Saara. mineral é amplamente usada pelas populações dos Estima-se em 300 milhões o número de poços percentros urbanos, por sua qualidade (MMA, 2003). a composição química da água subterrânea é o resultado combinado da composição da água que adentra o solo e da evolução química influenciada diretamente pelas litologias atravessadas, sendo que o teor de substâncias dissolvidas nas águas subterrâneas vai aumentando à medida que prossegue no seu movimento. Abril | maio | junho | 2008 Saneas | 9 matéria tema Mesmo em casos de elevado teor salino, como nas áreas de ocorrência dos sistemas aqüíferos fissurados do semi-árido nordestino, as águas subterrâneas constituem, não raro, a única fonte de suprimento permanente (LEAL, 1999). Segundo o Censo de 2000 (IBGE, 2003), aproximadamente 61% da população brasileira é abastecida, para fins domésticos, com água subterrânea, sendo que 6% se autoabastece das águas de poços rasos, 12% de nascentes ou fontes e 43% de poços profundos. Portanto, o número de poços tubulares em operação no Brasil está estimado em cerca de 300.000, com um número anual de perfurações de aproximadamente 10.000, o que pode ser considerado irrisório diante das necessidades de água potável das populações e se comparado com outros países (MMA, 2003). Os estados com maior número de poços perfurados são: São Paulo (40.000), Bahia, Rio Grande do Sul, Ceará e Piauí (LEAL, 1999). Aqüíferos Aqüífero é uma formação geológica do subsolo, constituída por rochas permeáveis, que armazena água em seus poros ou fraturas. Outro conceito refere-se a aqüífero como sendo, somente, o material geológico capaz de servir de depositório e de transmissor da água aí armazenada. Assim, uma litologia só será aqüífera se, além de ter seus poros saturados (cheios) de água, permitir a fácil transmissão da água armazenada. Um aqüífero pode ter extensão de poucos quilômetros quadrados a milhares de quilômetros quadrados, ou pode, também, apresentar espessuras de poucos metros a centenas de metros (REBOUÇAS et al., 2002). Etimologicamente, aqüífero significa: aqui = água; fero = transfere; ou do grego, suporte de água (HEINEN et al., 2003). Os aqüíferos mais importantes do mundo, seja por extensão ou pela transnacionalidade, são: o Guarani - Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai (1,2 milhões de km2); o Arenito Núbia-Líbia, Egito, Chade, Sudão (2 milhões de km2); o Kalaharij Karoo -Namíbia, Bostwana, África do Sul (135 mil 10 | Saneas Tipos de Aqüíferos Aqüífero poroso ou sedimentar - é aquele formado por rochas sedimentares consolidadas, sedimentos inconsolidados ou solos arenosos, onde a circulação da água se faz nos poros formados entre os grãos de areia, silte e argila de granulação variada. Constituem os mais importantes aqüíferos, pelo grande volume de água que armazenam, e por sua ocorrência em grandes áreas. Esses aqüíferos ocorrem nas bacias sedimentares e em todas as várzeas onde se acumularam sedimentos arenosos. Uma particularidade desse tipo de aqüífero é sua porosidade quase sempre homogeneamente distribuída, permitindo que a água flua para qualquer direção, em função tão somente dos diferenciais de pressão hidrostática ali existente. Essa propriedade é conhecida como isotropia. Aqüífero fraturado ou fissural - formado por rochas ígneas, metamórficas ou cristalinas, duras e maciças, onde a circulação da água se faz nas fraturas, fendas e falhas, abertas devido ao movimento tectônico. Ex.: basalto, granitos, gabros, filões de quartzo, etc. (SMA, 2003). A capacidade dessas rochas de acumularem água está relacionada à quantidade de fraturas, suas aberturas e intercomunicação, permitindo a infiltração e fluxo da água. Poços perfurados nessas rochas fornecem poucos metros cúbicos de água por hora, sendo que a possibilidade de se ter um poço produtivo dependerá, tão somente, desse poço interceptar fraturas capazes de conduzir a água. Nesses aqüíferos, a água só pode fluir onde houverem fraturas, que, quase sempre, tendem a ter orientações preferenciais. São ditos, portanto, aqüíferos anisotrópicos. Um caso particular de aqüífero fraturado é representado pelos derrames de rochas vulcânicas basálticas, das grandes bacias sedimentares brasileiras. Aqüífero cárstico (Karst) - formado em rochas calcáreas ou carbonáticas, onde a circulação da água se faz nas fraturas e outras descontinuidades (diáclases) que resultaram da dissolução do carbonato pela água. Essas aberturas podem atingir grandes dimensões, criando, nesse caso, verdadeiros rios subterrâneos. São aqüíferos heterogêneos, descontínuos, com águas duras, com fluxo em canais. As rochas são os calcários, dolomitos e mármores. Abril | maio | junho | 2008 matéria tema | Águas subterrâneas km2); o Digitalwaterway vechte - Alemanha, Holanda (7,5 mil km2); o Slovak-Karst-Aggtelek-República Eslováquia e Hungria); o Praded - República Checa e Polônia (3,3 mil km2) (UNESCO, 2001); a Grande Bacia Artesiana (1,7 milhões km2) e a Bacia Murray (297 mil km2), ambos na Austrália. Em um recente levantamento, a UNECE da Europa constatou que existem mais de 100 aqüíferos transnacionais naquele continente (ALMASSY e BUZAS, 1999 citado em UNESCO, 2001). Tipos de Aqüíferos A litologia do aqüífero, ou seja, a sua constituição geológica (porosidade/permeabilidade intergranular ou de fissuras) é que irá determinar a velocidade da água em seu meio, a qualidade da água e a sua qualidade como reservatório. Essa litologia é decorrente da sua origem geológica, que pode ser fluvial, lacustre, eólica, glacial e aluvial (rochas sedimentares), vulcânica (rochas fraturadas) e metamórfica (rochas calcáreas), determinando os diferentes tipos de aqüíferos. Quanto à superfície superior (segundo a pressão da água), os aqüíferos podem ser de dois tipos: Aqüífero livre ou freático - é aquele constituído por uma formação geológica permeável e superficial, totalmente aflorante em toda a sua extensão, e limitado na base por uma camada impermeável. A superfície superior da zona saturada está em equilíbrio com a pressão atmosférica, com a qual se comunica livremente. Os aqüíferos livres têm a chamada recarga direta. Em aqüíferos livres o nível da água varia segundo a quantidade de chuva. São os aqüíferos mais comuns e mais explorados pela população. São também os que apresentam maiores problemas de contaminação. Abril | maio | junho | 2008 Aqüífero confinado ou artesiano - é aquele constituído por uma formação geológica permeável, confinada entre duas camadas impermeáveis ou semipermeáveis. A pressão da água no topo da zona saturada é maior do que a pressão atmosférica naquele ponto, o que faz com que a água ascenda no poço para além da zona aqüífera. O seu reabastecimento ou recarga, através das chuvas, dá-se preferencialmente nos locais onde a formação aflora à superfície. Neles, o nível da água encontra-se sob pressão, podendo causar artesianismo nos poços que captam suas águas. Os aqüíferos confinados têm a chamada recarga indireta e quase sempre estão em locais onde ocorrem rochas sedimentares profundas (bacias sedimentares). O aqüífero semi-confinado que é aquele que se encontra limitado na base, no topo, ou em ambos, por camadas cuja permeabilidade é menor do que a do aqüífero em si. O fluxo preferencial da água se dá ao longo da camada aqüífera. Secundariamente, esse fluxo se dá através das camadas semi-confinantes, à medida que haja uma diferença de pressão hidrostática entre a camada aqüífera e as camadas subjacentes ou sobrejacentes. Em certas circunstâncias, um aqüífero livre poderá ser abastecido por água oriunda de camadas semi¬confinadas subjacentes, ou vice-versa. Zonas de fraturas ou falhas geológicas poderão, também, constituir-se em pontos de fuga ou recarga da água da camada confinada. Em uma perfuração de um aqüífero confinado, a água subirá acima do teto do aqüífero, devido à pressão exercida pelo peso das camadas confinantes sobrejacentes. A altura a que a água sobe chama-se nível potenciométrico e o furo é artesiano. Numa perfuração de um aqüífero livre, o nível da água não varia porque corresponde ao nível da água no aqüífero, isto é, a água está à mesma pressão que a pressão atmosférica. O nível da água é designado então de nível freático. Saneas | 11 matéria tema | Águas subterrâneas Áreas de Reabastecimento e Funções dos Aqüíferos Descarga do Aqüífero Além de suprir água suficiente para manter os curUm aqüífero apresenta uma reserva permanente sos de águas superficiais estáveis (função de produção), de água e uma reserva ativa ou reguladora que são os aqüíferos também ajudam a evitar seu transbordacontinuamente abastecidas através da infiltração da mento, absorvendo o excesso da água da chuva inchuva e de outras fontes subterrâneas. As reservas tensa (função de regularização). Na Ásia tropical, onde reguladoras ou ativas correspondem ao escoamento a estação quente pode durar até 9 meses e onde as de base dos rios. chuvas de monção podem ser bastante A área por onde ocorre o abasteci- A constituição intensas, esse duplo serviço hidrológico é mento do aqüífero é chamada zona de geológica do crucial (SAMPAT,2001). recarga, que pode ser direta ou indireta. O aqüífero é que Segundo o mesmo autor, os aqüíferos escoamento de parte da água do aqüífero irá determinar também proporcionam uma forma de ocorre na zona de descarga (ANA, 2001). armazenar água doce sem muita perda a velocidade da Zona de recarga direta: é aquela água em seu meio, a pela evaporação - outro serviço particuonde as águas da chuva se infiltram dire- qualidade da água larmente valioso em regiões quentes, protamente no aqüífero, através de suas áreas e a sua qualidade pensas à seca, onde essas perdas podem de afloramento e fissuras de rochas sobre- como reservatório ser extremamente altas. Na África, por jacentes. Sendo assim, a recarga sempre é exemplo, em média, um terço da água exdireta nos aqüíferos livres, ocorrendo em toda a sutraída de reservatórios todo ano perde-se pela evapoperfície acima do lençol freático. Nos aqüíferos conração. Os pântanos, habitats importantes para as aves, finados, o reabastecimento ocorre preferencialmente peixes e outras formas de vida silvestre, nutrem-se, nos locais onde a formação portadora de água aflora normalmente, de água subterrânea, onde o lençol à superfície. freático aflora à superfície em ritmo constante. Onde Zona de recarga indireta: são aquelas onde o há muita exaustão de água subterrânea, o resultado reabastecimento do aqüífero se dá a partir da drenaé, freqüentemente, leitos secos de rios e pântanos gem (filtração vertical) superficial das águas e do fluxo ressecados. subterrâneo indireto, ao longo do pacote confinante Portanto, os aqüíferos podem cumprir as seguintes sobrejacente, nas áreas onde a carga potenciométrica funções (REBOUÇAS et al., 2002): favorece os fluxos descendentes. - Função de produção: corresponde à sua função Zona de descarga: é aquela por onde as águas mais tradicional de produção de água para o consumo emergem do sistema, alimentando rios e jorrando com humano, industrial ou irrigação. pressão por poços artesianos. - Função de estocagem e regularização: utilizaAs maiores taxas de recarga ocorrem nas regiões ção do aqüífero para estocar excedentes de água que planas, bem arborizadas, e nos aqüíferos livres. Nas ocorrem durante as enchentes dos rios, correspondenregiões de relevo acidentado, sem cobertura vegetal, tes à capacidade máxima das estações de tratamento sujeitas a práticas de uso e ocupação que favorecem durante os períodos de demanda baixa, ou referentes as enxurradas, a recarga ocorre mais lentamente e de ao reuso de efluentes domésticos e/ ou industriais. maneira limitada (REBOUÇAS et al., 2002). - Função de filtro: corresponde à utilização da caSob condições naturais, apenas uma parcela dessas pacidade filtrante e de depuração bio-geoquímica do reservas reguladoras é passível de exploração, consmaciço natural permeável. Para isso, são implantados tituindo o potencial ou reserva explotáveL Em geral, poços a distâncias adequadas de rios perenes, lagoas, esta parcela é calculada entre 25% e 50% das reservas lagos ou reservatórios, para extrair água naturalmente reguladoras (REBOUÇAS, 1992 citado em ANA, 2001). clarificada e purificada, reduzindo substancialmente Esse volume de explotação pode aumentar em função os custos dos processos convencionais de tratamento. das condições de ocorrência e recarga, bem como dos - Função ambiental: a hidrogeologia evoluiu de meios técnicos e financeiros disponíveis, considerando enfoque naturalista tradicional (década de 40) para que a soma das extrações com as descargas naturais hidráulico quantitativo até a década de 60. A partir do aqüífero para rios e oceano, não pode ser superior daí, desenvolveu-se a hidroquímica, em razão da utià recarga natural do aqüífero. lização intensa de insumos químicos nas áreas urbanas, 12 | Saneas Abril | maio | junho | 2008 matéria tema | Águas subterrâneas Representação esquemática das províncias hidrogeológicas do Brasil Fonte: Adaptado de ONPMICPRM (1983), citado em MMA (2003) indústrias e nas atividades agrícolas. Na década de 80 surgiu a necessidade de uma abordagem multidisciplinar integrada da geohidrologia ambiental. - Função transporte: o aqüífero é utilizado como um sistema de transporte de água entre zonas de recarga artificial ou natural e áreas de extração excessiva. - Função estratégica: a água contida em um aqüífero foi acumulada durante muitos anos ou até séculos e é uma reserva estratégica para épocas de pouca ou nenhuma chuva. O gerenciamento integrado das águas superficiais e subterrâneas de áreas metropolitanas, inclusive mediante práticas de recarga artificial com excedentes da capacidade das estações de tratamento, os quais ocorrem durante os períodos de menor consumo, com infiltração de águas pluviais e esgotos tratados, originam grandes volumes hídricos. Esses poderão ser bombeados para atender o consumo essencial nos picos sazonais de demanda, nos períodos de escassez relativa e em situações de emergência resultantes de acidentes naturais, como avalanches, enchentes e outros tipos de acidentes que Abril | maio | junho | 2008 reduzem a capacidade do sistema básico de água da metrópole em questão. - Função energética: utilização de água subterrânea aqueci da pelo gradiente geotermal como fonte de energia elétrica ou termal. - Função mantenedora: mantém o fluxo de base dos rios (WREGE,1997). Ocorrências no Brasil A combinação das estruturas geológicas com fatores geomorfológicos e climáticos do Brasil resultou na configuração de 10 províncias hidrogeológicas, que são regiões com sistemas aqüíferos com condições semelhantes de armazenamento, circulação e qualidade de água (MMA, 2003). Essas províncias podem estar divididas em subprovíncias. Sendo assim, as águas subterrâneas no Brasil ocupam diferentes tipos de reservatórios, desde as zonas fraturadas do embasamento cristalino (escudo) até os depósitos sedimentares cenozóicos (bacias sedimentares), reunindo-se em três sistemas aqüíferos: porosos, fissurados e cársticos.. Os escudos são formados por rochas magmáticas e metamórficas e correspondem aos primeiros núcleos de rochas emersas que afloraram desde o início da formação da crosta terrestre. As bacias sedimentares são depressões preenchidas, ao longo do tempo, por detritos ou sedimentos provenientes de áreas próximas ou distantes que normalmente estão dispostas de forma horizontal (COELHO, 1996). Os sistemas aqüíferos brasileiros armazenam os importantes excedentes hídricos, que alimentam uma das mais extensas redes de rios perenes do mundo, com exceção dos rios temporários, que nascem nos domínios das rochas do embasamento geológico subaflorante do semi-árido da região Nordeste (REBOUÇAS et al., 2002), e desempenham, ainda, importante papel socioeconômico, devido à sua potencialidade hídrica (MMA,2003). Sistemas porosos: formados por rochas sedimentares que ocupam 42% (3,6 milhões de km2) da área total do país e compreendem cinco províncias hidrogeológicas (bacias sedimentares): Amazonas, Paraná, Parnaíba-Maranhão, Centro-Oeste e Costeira. A estruturação geológica, com alternância de camadas permeáveis e impermeáveis, assegura lhes condição de artesianismo. As Bacias do Paraná, Amazonas, Parnaíba e a Subprovíncia Potiguar-Recife destacam-se pela extensão e potencialidade (ABAS, 2003). Saneas | 13 matéria tema | Águas subterrâneas Representação esquemática dos principais aqüíferos brasileiros Fonte: Adaptado de MMA (2003) As Províncias Amazonas e Parnaíba posicionam-se como a segunda e terceira do Brasil, respectivamente, em volume de água armazenado. A pouca evaporação da Província Amazonas, motivada pela elevada umidade do ar e a cobertura florestal, contribui também para uma maior absorção das águas superficiais pelas suas rochas. A Província Centro-Oeste compreende as Subprovíncias Ilha do Bananal, Alto Xingu, Chapada dos Parecis e Alto Paraguai, localizadas na região Centro-Oeste do país, cujos principais aqüíferos são o Aquidauana, Parecis e Botucatu. A Província Costeira abrange praticamente toda zona costeira do Brasil, excetuando-se as porções dos Estados do Paraná, São Paulo, sul do Rio de Janeiro, norte do Pará, Ilha de Marajó e sudeste do Amapá. Essa província apresenta-se bastante diversifica da, por abranger várias bacias sedimentares costeiras, de diferentes constituições e idades geológicas. As suas subprovíncias são: Alagoas/Sergipe; Amapá; Barreirinhas; Ceará/Piauí; Pernambuco; Potiguar; Recôncavo; Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Os aqüíferos mais importantes são os arenitos cretáceos e terciários nas Bacias Potiguar, Alagoas e Sergipe. Os sistemas aqüíferos Dunas e Barreiras são utilizados para abastecimento humano nos Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande 14 | Saneas do Norte. O Aqüífero Açu é intensamente explotado para atender ao abastecimento público, industrial e em projetos de irrigação (fruticultura), na região de Mossoró (RN). O Aqüífero Beberibe é explotado na Região Metropolitana do Recife, por meio de 2.000 poços que atendem condomínios residenciais, hospitais e escolas. A Província São Francisco participa desse sistema com a parte granular-arenítica das Formações UrucuiaAreado. A Bacia Sedimentar do Paraná constitui, sem dúvida, a mais importante província hidrogeológica do Brasil, com cerca de 45% das reservas de água subterrânea do território nacional, em função da sua aptidão em armazenar e liberar grandes quantidades de água e pelo fato de se encontrar nas proximidades das regiões relativamente mais povoadas e economicamente mais desenvolvidas do país, além de possuir o maior volume de água doce em sub-superfície, com reserva estimada de 50.400 km3 de água. Localizada no centro-leste da América do Sul, com uma superfície total de aproximadamente 1.600.000 km2 é considerada também a segunda bacia mais importante da América do Sul, constituindo-se em uma fossa muito profunda, que alcança de 6.000 a 7.000 m, ao longo do seu eixo central que se encontra abaixo do Rio Paraná. Está composta por uma impressionante seqüência de rochas sedimentares, que vão desde o Paleozóico até o Cenozóico (triássicas-jurássicas-cretáceas) (DELGADO e ANTÓN, 2002). A porção que se encontra em território brasileiro perfaz 1.000.000 km2 e tem uma espessura máxima de 6.000 m. As formações paleozóicas apresentam baixa permeabilidade e representam sistemas aqüíferos pouco produtivos, não sendo muito satisfatórios com respeito à qualidade de suas águas. Entre os aqüíferos paleozóicos mais importantes encontram-se os arenitos Furnas, Aquiduana, Itararé e Rio Bonito. Muito mais importantes são as formações triássicas-jurássicas que se encontram separadas por um pacote basáltico de grande extensão lateral, formando um aqüífero de dimensões continentais, o Guarani, composto pelas Formações Botucatu e Pirambóia, e que constitui um dos principais sistemas aqüíferos da mesma. A cobertura de basaltos constitui-se num aqüífero fraturado - Formação Serra Geral (com mais de 1.500 m de espessura) - que cobre o Aqüífero Guarani, de forma a reduzir sua área de exposição a apenas 10% da área total de distribuição geográfica sub-superficial. A sua extensão original estimada em 4.000.000 Abril | maio | junho | 2008 matéria tema | Águas subterrâneas km2 acha-se reduzida a 1.000.000 km2, aflorando de forma praticamente contínua, sobre cerca de 56% dessa área, e, no restante, sendo recoberta pelos sedimentos dos Grupos Bauru/Caiuá (o primeiro localizado no Estado de São Paulo e o segundo, no Estado do Paraná). A grande importância econômica dos basaltos advém da reconhecida fertilidade dos solos, base de intensa exploração agropecuária característica da região e dos condicionamentos favoráveis (topográficos e geotécnicos) a implantação de hidrelétricas. A sua importância hidrogeológica decorre da relativa explorabilidade das suas zonas aqüíferas pelos meios técnicos e financeiros disponíveis. Em termos de potabilidade, as águas dos basaltos revelam uma forte tendência alcalina (pH= 5.5 e 6.5) e mineralização total inferior a 300 mg/L. Os Grupos Bauru/Caiuá, arenitos que cobrem cerca de 315.000 km2 da Formação Serra Geral, apresentam uma espessura média de 100 m, que contêm água geralmente de boa qualidade. Devido ao baixo custo de captação, esses dois aqüíferos são intensamente explorados. Em 1999 já existiam mais de 16.000 poços tubulares, 2/3 dos quais captando o Aqüífero Bauru (LEAL, 1999), de modo a garantir o abastecimento doméstico e parte das demandas de pequenas indústrias da região. Essa condição advém do fato de ser um sistema livre, local e ocasionalmente freático e é submetido a uma abundante recarga. Contudo, essa condição faz com que esse manancial seja potencialmente muito vulnerável aos agentes polui dores provenientes das atividades agro-industriais, principalmente. As seqüências arenosas e argilosas alternadas do Grupo Bauru no Brasil, depositadas sobre o pacote de rochas vulcânicas (basaltos) durante o cretáceo superior correspondem às Formações Quebrada Monardes na Argentina; Acaray no Paraguai e Mercedes-Ascencio no Uruguai, (ARAÚJO et aI., 1999 citado por REBOUÇAS et al., 2002a). Outros importantes aqüíferos da Província do A Bacia Sedimentar do Paraná tem uma reserva estimada de 50.400 km3 de água Paraná são: Marizal, São Sebastião (com espessura de mais de 3.000 m) e Ilhas (2.500 m). Sistemas fraturados ou fissurados: ocupam uma área de cerca de 4,6 milhões de km2, correspondente a 53,8% do território nacional. Compreendem as Províncias Hidrogeológicas dos Escudos Setentrional, Central, Oriental e Meridional. As duas primeiras províncias com rochas fraturadas do embasamento apresentam razoáveis possibilidades hídricas, devido aos altos índices pluviométricos da área. A Província Oriental está dividida em duas sub-províncias (Nordeste e Sudeste). A Província Meridional, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul é de substrato alterado. Os altos índices pluviométricos da região asseguram a perenização dos rios e contribuem para a recarga dos aqüíferos, cujas reservas são, em parte, restituídas à rede hidrográfica (MMA,2003). Esse sistema apresenta reservas de águas subterrâneas da ordem de 10.080 km3 (REBOUÇAS, 1988 citado por LEAL, 1999). As águas são de boa qualidade química, podendo ocorrer localmente teores de ferro acima do permitido. No domínio do embasamento cristalino subaflorante, como na Província Hidrogeológica Escudo Oriental do Nordeste onde está localizada a região semi-árida - há pequena disponibilidade hídrica, devido à formação de rochas cristalinas. É freqüente observar teor elevado de sais nas águas dessa região, o que restringe ou impossibilita seu uso (MMA, 2003). Nesse domínio subaflorante é que nascem os rios temporários. Sistemas cársticos: formados pelo sistema cárstico-fissural da Província Hidrogeológica do São Francisco, e pela Formação Jandaíra (subprovíncia Potiguar). Inclui os domínios do calcário do Grupo Bambuí com mais de 350.000 km2 nos Estados da Bahia, Goiás e Minas Gerais e a Formação Caatinga. As profundi- A Bacia Sedimentar do Paraná constitui a mais importante província hidrogeológica do Brasil, com cerca de 45% das reservas de água subterrânea do território nacional, em função da sua aptidão em armazenar e liberar grandes quantidades de água e pelo fato de se encontrar nas proximidades das regiões relativamente mais povoadas e economicamente mais desenvolvidas do país. Abril | maio | junho | 2008 Saneas | 15 matéria tema | Águas subterrâneas dades do desenvolvimento cárstico são muito variáveis, com média em torno de 150 m. Enquanto o Bambuí pode fornecer vazões superiores a 200 m3jh, o Jandaíra, apresenta vazões muito baixas (geralmente inferiores a 3,5 m3jh). Outro importante aqüífero cárstico é o Pirabas com profundidade média de 220 m e vazão de 135 m3jh (MMA, 2003) e a Formação Capiru do Grupo Açungui, com vazão média 180 m3jh e profundidade média de 60 m. Impactos Ambientais sobre os Aqüíferos O manancial subterrâneo acha-se relativamente melhor protegido dos agentes de contaminação que afetam rapidamente a qualidade das águas dos rios, na medida em que ocorre sob uma zona não saturada (aqüífero livre), ou está protegido por uma camada relativamente pouco permeável (aqüífero confinado) (REBOUÇAS, 1996). Mesmo assim, está sujeito a impactos ambientais (CPRM, 2002), tais como: Contaminação: a vulnerabilidade de um aqüífero refere-se ao seu grau de proteção natural às possíveis ameaças de contaminação potencial, e depende das características litológicas e hidrogeológicas dos estratos que o separam da fonte de contaminação (geralmente superficial), e dos gradientes hidráulicos que determinam os fluxos e o transporte das substâncias contaminantes através dos sucessivos estratos e dentro do aqüífero (CALCAGNO, 2001). A contaminação ocorre pela ocupação inadequada de uma área que não considera a sua vulnerabilidade, ou seja, a capacidade do solo em degradar as substâncias tóxicas introduzidas no ambiente, principalmente na zona de recarga dos aqüíferos. A contaminação pode se dar por fossas sépticas e negras; infiltração de efluentes industriais; fugas da rede de esgoto e galerias de águas pluviais; vazamentos de postos de serviços; por aterros sanitários e lixões; uso indevido de fertilizantes nitrogenados; depósitos de lixo próximos dos poços mal construídos ou abandonados. Entretanto, a mais perigosa, é a contaminação provoca da por produtos químicos, que acarretam danos muitas vezes irreversíveis, causando enormes prejuízos, à medida que impossibilita o uso das águas subterrâneas em grandes áreas (MUSEU DO UNA, 2003). Mapa geológico simplificado da Bacia do Paraná Fonte:Modificado de Paulipetro (1981) Superexplotação ou superexploração (sobreexplotação ou sobreexploração) de aqüíferos: é a extração de água subterrânea que ultrapassa os limi-tes de produção das reservas reguladoras ou ativas do aqüífero, iniciando um processo de rebaixamento do nível potenciométrico que irá provocar danos ao meio ambiente ou para o próprio recurso. Portanto, a água subterrânea pode ser retirada de forma permanente e em volumes constantes, por muitos anos, desde que esteja condi- Calcula-se que a extração anual dos aqüíferos é de 160 bilhões de metros cúbicos (160 trilhões de litros) no mundo 16 | Saneas Abril | maio | junho | 2008 matéria tema | Águas subterrâneas cionada a estudos prévios do volume armazenado no subsolo e das condições climáticas e geológicas de reposição (DRM, 2003). Além da exaustão do aqüífero, a superexplotação pode provocar: - indução de água contaminada causada pelo deslocamento da pluma de poluição para locais do aqüífero; - subsidência de solos, definida como “movimento para baixo ou afundamento do solo causado pela perda de suporte subjacente”, provocando uma compactação diferenciada do terreno que leva ao colapso das construções civis; - avanço da cunha salina definida como o avanço da água do mar em subsuperfície sobre a água doce, salinizando o aqüífero, em áreas litorâneas (MELO et aL, 1996, citado em CPRM, 2002). Sem dúvida, a maioria dos aqüíferos costeiros são suscetíveis à intrusão salina, que geralmente resulta da sobreexplotação em poços muito próximos do mar. Algumas das cidades que tiveram problemas de salinização de seus poços são, entre outras: Lima (Peru); Santa Marta (Colombia); Coro (Venezuela); Rio Grande e Natal (Brasil) e Mar deI Plata (Argentina). No caso de Buenos Aires-La Plata, o problema de salinização se deve ao conteúdo de sais de uma formação costeira (DELGADO e ANTÓN, 2002). O crescimento desordenado do número de poços tem provocado significativos rebaixamentos do nível de água e problemas de intrusão salina em Boa Viagem, no Recife (MMA,2003). O desenvolvimento de poderosas bombas elétricas e a diesel permitiu a capacidade de extrair água dos aqüíferos com maior rapidez do que é substituída pela chuva, sem considerar, ainda, que os aqüíferos têm diferentes taxas de recarga, alguns com recuperação mais lenta que outros (CEPIS, 2000). Calcula-se que a extração anual dos aqüíferos é de 160 bilhões de metros cúbicos (160 trilhões de litros) no mundo (POSTEL, 1999 citado por BROWN, 2003). Em quase todos os continentes, muitos dos principais aqüíferos estão sendo exauridos com uma rapidez maior do que sua taxa natural de recarga. A mais severa exaustão de água subterrânea ocorre na Índia, China, Estados Unidos, Norte da África e Oriente Médio, causando um déficit hídrico mundial de cerca de 200 bilhões de metros cúbicos por ano (SAMPAT,2001). Existem diversos exemplos no mundo de esgotamento de aqüíferos por superexplotação para uso em irrigação. O esgotamento das águas subterrâneas já provocou o afundamento dos solos situados sobre os Abril | maio | junho | 2008 aqüíferos na cidade do México e na Califórnia, Estados Unidos, assim como em outros países (CEPIS, 2000). No Brasil, como não há legislação específica que discipline o uso das águas subterrâneas e coíba a abertura de novos poços, essa franquia de ordem legal tem contribuído para problemas de superexplotação (BROWN, 2003). Outro fator que está provocando o comprometimento da qualidade e disponibilidade hídrica dos aqüíferos reside na ocupação inadequada de suas áreas de recarga (CAVALCANTE e SABADIA, 1992, citado em CPRM, 2002). Nos Estados Unidos, segundo um estudo da BBC Mundo (2003), verificou-se que o maior aqüífero desse país, o Ogallala, está empobrecendo a uma taxa de 12 bilhões de m3 ao ano. A redução total chega a uns 325 bilhões de m3, um volume que iguala o fluxo anual dos 18 rios do estado do Colorado. O Ogallala se estende do Texas a Dakota do Sul e suas águas alimentam um quinto das terras irrigadas dos Estados Unidos. Muitos fazendeiros nas pradarias altas estão abandonando a agricultura irrigada ao se conscientizarem das conseqüências de um bombeamento excessivo e de que a água não é um recurso inesgotável. A utilização de poços, fontes e vertentes deve ter a orientação de um profissional habilitado nessa área, de modo que o seu uso não comprometa o uso futuro desses recursos (seja por uma possível contaminação ou a exploração de uma vazão superior à admissível), e nem exponha a saúde da população abastecida a possíveis doenças de origem ou veiculação hídrica, devido à utilização de mananciais inadequados ou contaminados. Em suma, a compatibilização do uso dessa importante alternativa estratégica de abastecimento com as leis naturais que governam a sua ocorrência e reposição, além de proteger as áreas de recarga de possíveis contaminações poderá garantir a sua preservação e uso potencial pelas gerações futuras (SILVA, 2003). Além disso, conhecer a disponibilidade dos sistemas aqüíferos e a qualidade de suas águas é primordial ao estabelecimento de política de gestão das águas subterrâneas (LEAL, 1999). Fonte: Livro “O Aqüífero Guarani” de autoria de Nádia Rita Boscardin Borguetti, José Roberto Borghetti e Ernani Francisco da Rosa Filho website: www.oaquiferoguarani.com.br (*) Dados fornecidos pela ABAS - Associação Brasileira de Águas Subterrâneas Saneas | 17 entrevista Everton de oliveira “ Você, eu e praticamente toda a população bebemos água subterrânea” Saneas: Como as águas subterrâneas são conceituadas no universo das águas indicadas para abastecimento de consumo? Everton: Você, eu e praticamente toda a população já bebemos água subterrânea, seja por meio da ingestão de uma água mineral engarrafada ou distribuída por uma Companhia Estadual de Saneamento Básico, como a Sabesp. Elas representam 97% da água disponível para consumo no Planeta. Portanto, é um produto muito comum, necessário para suprir o abastecimento de várias regiões brasileiras e, como tal, utilizado em grande escala. Saneas: Assim como toda a população consome, também todo mundo pode abrir seu poço? Everton: A rigor, pode. Trata-se de um recurso hídrico absolutamente democrático, que está sendo usado em moradias individuais, em condomínios, em empresas e nos mais diversos complexos de consumo, porém existe uma legislação de outorga, para o acesso ao mesmo dentro de uma legislação, estudo de sua quantidade e análise da sua qualidade. Geólogo de formação, com doutorado no Canadá, Everton de Oliveira é presidente da ABAS (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas) e diretor da Hidroplan, uma empresa especializada em Hidrogeologia e Planejamento Ambiental, situada em Cotia, cidade que faz parte do entorno da Grande São Paulo. Pela característica visual da empresa que dirige, dá para se perceber um despojamento estudado, semelhante ao da sua personalidade, que tenta, com êxito, abordar temas complexos, com a máxima simplicidade possível. Foi na área externa da Hidroplan, onde obviamente tem um poço e o verde predomina, que nosso entrevistado, a pedidos, posou para a foto e também discorreu parte dessa entrevista, iniciada em sua sala de trabalho. 18 | Saneas Saneas: Como pode-se avaliar a eficácia da legislação brasileira em termos de quantidade, qualidade e consumo desse recurso? E quais são os órgãos competentes para o exercício da mesma? Everton: No Brasil, pela própria extensão de seu território, se tem uma legislação muito pulverizada. São Paulo é o estado mais bem legislado, no qual as outorgas são de competência do DAEE (Departamento de Abril | maio | junho | 2008 Águas e Energia Elétrica) e a qualidade da água extraída de poços é avaliada pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental). Já em âmbito nacional, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem o poder de fechar um poço e a Saúde Pública o de autuar o responsável pela operação. A ANA (Agência Nacional de Águas), dentro do Plano Nacional de Recursos Hídricos, desenvolveu um termo de cooperação com a ABAS no sentido de se homogeneizar a legislação nacional e capacitar os estados para sua aplicação. Saneas: As águas subterrâneas, no Brasil, são consideradas uma solução futura para escassez de água nas bacias hidrográficas? Everton: Elas já são uma solução para o presente, inclusive com um trabalho reconhecido pela ANA (Agência Nacional de Águas), que por meio da ABAS já deu andamento para efetivação de vários termos de cooperação e convênios, nas áreas de capacitação. Saneas: Como é a estrutura, qual é o objetivo e como é o funcionamento da ABAS, entidade que o senhor preside? Everton: A ABAS é uma entidade com sede central em São Paulo, fundada em 1978, que congrega milhares Abril | maio | junho | 2008 de associados em todo o Brasil. O nosso objetivo é a exploração racional das águas subterrâneas, um recurso que tem o seu valor renovado a cada dia. Promover um intercâmbio de estudo, pesquisa, aplicação de tecnologia e disseminar a preservação e desenvolvimento das águas subterrâneas são os mandamentos que seguimos em nossa estrutura de trabalho, razão pela qual realizamos congressos, simpósios, seminários e conferências, voltados a esse setor. Também é de nossa competência estudar e propor procedimentos, normas, padronizações, regulamentos e legislação de interesse do setor, aos órgãos apropriados. Saneas: Existe alguma qualificação adotada pela ABAS em relação às empresas e profissionais inseridos na exploração das águas subeterrâneas? Everton: Existe. A Abas, inclusive, iniciou um movimento de conscientização e informação para a sociedade, sobre as vantagens do recentemente criado “Sistema de Qualificação das Empresas com Atividades em Hidrogeologia e Águas Subterrâneas”. Por meio dele, os organismos serão certificados quanto as suas condições de atuar tecnicamente dentro das normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e receberão um Selo de Qualidade da Abas. Saneas | 19 opinião Everton de oliveira A era da água Geólogo de formação, Everton de Oliveira é presidente da ABAS (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas) e diretor da Hidroplan, uma empresa especializada em Hidrogeologia e Planejamento Ambiental, situada em Cotia, cidade que faz parte do entorno da Grande São Paulo. Água hoje em dia é assunto. Há até conjecturas sobre possíveis guerras futuras para o acesso à água. Hoje água é pauta para várias discussões. E 97% da água disponível para consumo humano no planeta é subterrânea. Logo, a pauta deverá inexoravelmente caminhar para o entendimento desta como parte de nosso dia a dia. Todos nós vimos um poço um dia em nossas vidas, mas poucos de nós parou para pensar em como a água chega ao seu interior, se sua quantidade varia com o passar do tempo, se a qualidade também varia com o passar do tempo. As respostas simples para estas questões indicam permitem-nos organizar nossas ações visando a preservação da água subterrânea e, por extensão, das águas como um todo. Por serem subterrâneas, esses 97% nos são praticamente invisíveis, somente aparecendo em nascentes e lembradas quando vemos um poço. Em primeiro lugar, as águas subterrâneas são armazenadas nos poros do material geológico que compõe os chamados aqüíferos, cuja etimologia remete a um material com capacidade de armazenar e transmitir água em quantidades apreciáveis. As águas de chuva, ao atingirem a superfície do solo dividem-se em uma parte que escoa superficialmente, indo alimentar diretamente os rios e lagos e outra parte que se infiltra, indo alimentar os aqüíferos. Esse fenômeno chama-se recarga e é o responsável pela realimentação da água que aparece nos poços e, em grande parte, das águas que fluem nos rios e drenagens superficiais. Muitos rios do nordeste do Brasil são alimentados quase que exclusivamente por água subterrânea. Logo, a quantidade de água de um poço depende de sua recarga. Longos períodos de estiagem irão corresponder a uma menor disponibilidade hídrica subterrânea. Por outro lado, a qualidade da água subterrânea depende, em princípio, da interação com o material geológico que compõe o aqüífero e de possíveis alterações causadas pela introdução de compostos estranhos à sua composição: poluição. Ao contrário de rios e lagos, onde a poluição é imediata pois o acesso à água é direto, nos aqüíferos a poluição é muito mais lenta, pois o fluxo das águas subterrâneas também é lento, tipicamente variando entre 1 metro por dia a 1 metro por ano. Nos aqüíferos, a água encontra-se mais abrigada tanto da evaporação quanto de potencial contaminação. Logo os aqüíferos são mais protegidos, mas não são imunes a contaminações e devem ser remediados (termo técnico) quando tiverem sua qualidade alterada. Inúmeras são as possibilidades de se poluir as águas em geral, e as águas subterrâneas em particular, mas o elemento poluidor mais onipresente é o esgoto doméstico. Como somos um país ainda mal servido pela coleta de esgotos, este infiltra-se no solo, indo eventualmente parar nos aqüíferos. Uma fossa nada mais é do que um sistema de infiltração. Preocupante, não? Devemos nos lembrar 20 | Saneas que o problema água hoje é pauta mais por estarmos sujando a água que posteriormente iremos utilizar, do que pela sua escassez, uma vez que a quantidade de água do planeta é praticamente invariável. Esgoto doméstico é um vilão, sem dúvida. No Brasil temos uma tradição muito forte de uso de águas superficiais. Quando se fala em água, sempre são mencionados os mananciais de superfície: represas, lagos, rios, córregos. Entretanto, para surpresa de muitos, no Estado de São Paulo, o mais desenvolvido da federação, apro-ximadamente 50% dos municípios são abastecidos exclusivamente por águas subterrâneas. Sim, água de poço. Além disso, outros 25% são parcialmente abastecidos por águas subterrâneas. Somente 25% do total são abastecidos exclusivamente por águas superficiais. Parece paradoxal a água subterrânea ser sempre mencionada como fonte alternativa. Mesmo regiões áridas, como o nordeste brasileiro, dispõe de recursos hídricos subterrâneos que podem e devem ser utilizados. As águas nesses reservatórios podem apresentar uma maior dificuldade relativa para serem explotadas, afinal é preciso construir um poço. Entretanto isso é um pro-blema menor quando se compara com a qualidade superior da água, que vai requerer menor tratamento, quando isso for necessário. Ou ainda se considerarmos a distribuição de água subterrânea, muito mais otimizada, uma vez que os poços são localizados próximos aos consumidores. Temos na região Sudeste do Brasil o maior sistema aqüífero do mundo, o Sistema Aqüífero Guarani, que armazena um total de 45.000 km3 como reserva permanente, isto é, reserva que pode ser utilizada e que é recomposta pela infiltração das águas de chuva. Se lembrarmos que um cidadão precisa de 200 litros por dia, e que 1 km3 corresponde a 1 bilhão de litros. Bons poços no Guarani produzem mais de 400 milhões de litros por hora. Números fantásticos e animadores. Claro que nem todo aqüífero é o Guarani, assim como nem toda água superficial é um rio Amazonas. Mas há abundância no país e a gestão integrada dos recursos hídricos deve orientar o uso racional desta imensidão de recursos que o país dispõe. Nosso país deve orientar-se claramente pelo uso da água subterrânea em toda sua potencialidade. Os estados precisam estar equipados com leis adequadas para permitirem que técnicas corretas de perfuração de poços, de explotação de quantidades que não superem a capacidade de reposição de água pela recarga, enfim, de gestão correta do uso deste recurso, além de se equiparem para sua preservação, uma vez que o esgoto doméstico é o principal poluente potencial de nossos aqüíferos e é função do estado de fazer sua coleta. Água vai continuar a ser assunto, e as águas subterrâneas virão cada vez mais à superfície das discussões em torno do uso racional dos recursos hídricos. Abril | maio | junho | 2008 especial Fenasan se destaca como o maior evento do mercado de saneamento em 2008 Na edição deste ano, o evento promovido pela AESABESP cresce e se consolida como um dos eventos mais importantes do setor de saneamento ambiental do Brasil e do exterior. Veja a programação completa do xix encontro técnico aesabesp Promovida há 19 anos consecutivos pela Associação dos Engenheiros da Sabesp, a Fenasan 2008 - Feira Nacional de Materiais e Equipamentos para Saneamento, que será realizada em 19, 20 e 21 de agosto, no Expo Center Norte , em São Paulo, se destaca como o maior evento do mercado de saneamento em 2008. Tal constatação é demonstrada pelos números da Feira que com mais de 110 expositores de diversos segmentos: sistemas de captação, adução, tratamento e distribuição da água; sistemas de coleta, afastamento e tratamento de esgotos; gestão ambiental; manutenção e energia; água de reúso; resíduos sólidos; recursos hídricos; desenvolvimento de produtos e de materiais, além de alguns estreantes como laboratórios e fabricantes de estruturas metálicas. Haverá ainda cenários demarcados como as empresas que compõem a Ilha Sindesam (Sindicato Nacional das Indústrias de Equipamentos para Saneamento Básico), um núcleo setorial da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos). Outra ilha também será formada por 20 empresas filiadas em duas entidades do setor, que estão pela primeira vez na Fenasan: a Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente) e Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva). Na edição da Fenasan 2008, 60% das empresas são conhecidas e expositoras de edições passadas, mas 40% são novas e atraídas pelos grandes investimentos públicos e de grupos privados internacionais. Para se ter uma idéia, só em São Paulo, já está assegurado o aporte de R$ 7 bilhões, até 2010, para se manter a universalização no fornecimento de água tratada e chegar a 84% na coleta e esgoto, nos 367 municípios atendidos pela Sabesp. Tema central: Regulação do Saneamento Nova Era, Novos Horizontes • Gestão de Perdas • Água e Reuso • Automação de Sistemas de Saneamento • Gestão Ambiental • Meio Ambiente • Resíduos Sólidos • Águas Subterrâneas • Inovações Tecnológicas • Sistemas de Abastecimento de Água • Sistemas de Coleta e Tratamento de Efluentes • Manutenção e Energia • Saúde Pública • Recursos Hídricos • Desenvolvimento de Produtos e Materiais • Aplicações de Softwares no Saneamento e Meio Ambiente • Legislação do Setor de Saneamento e Meio Ambiente Encontro Técnico AESABESP Programação 19 de agosto de 2008 - manhã Programação sujeita a alterações 9h00 Credenciamento de congressistas Encontro Técnico AESABESP 10h00 Auditório principal - Solenidade de abertura 11h00 Palestra: “DESPERTE O GIGANTE QUE EXISTE EM VOCÊ” Profa. Maria de Lourdes Ferreira Machado – “Lurdinha” 13h00 Abertura oficial da XIX FENASAN Feira Nacional de Materiais e Equipamentos para Saneamento | Saneas 22 | 22 Saneas | maio | junho Abril | maio Abril| junho 2008 | 2008 19 de agosto de 2008 - Tarde Auditório 1 Mesas redondas Auditório 2 Mesas redondas 13h30 14h10 Regulação do saneamento Moderador Umberto Cidade Semeghini SABESP 14h50 Participantes Dilma Seli Pena Secretaria de Estado de Saneamento e Energia Rodolfo Costa e Silva Deputado Estadual 15h30 Marfisa Ximenes Conselheira Diretora da ARCE Luiz Augusto de Lima Pontes AIDIS 16h10 Parcerias de Interesse Público: O papel das OSCIPs na promoção do desenvolvimento sustentável Moderador Ivan Norberto Borghi DAEE Participantes Ricardo Falcão RFalcão Cons. e Planejamento João Quimio Nojiri Instituto Navega São Paulo Dra. Juliana Amaral Toledo Figueiredo, Lopes, Golfieri, Toledo e Storto Advogados Associados Leno F. Silva LENOorb Comunicação Sergio Pinto Parreira ABES - SP Relator Antonio Lívio Abraços AA Engenharia / Consórcio ETEP / ENGER / MAUBERTEC Mario Mantovani SOS Mata Atlântica 16h50 | junho | maio || 2008 Abril | maio Abril junho | 2008 Relator Walter Orsatti SABESP Auditório 3 Palestras técnicas Auditório 4 Palestras técnicas Auditório 5 Palestras técnicas Mapeamento dos núcleos habitacionais subnormais como ferramenta no controle de perda aparente Rogério Welsel e equipe SABESP ICMS ecológico como instrumento econômico para o desenvolvimento sustentável de bacias hidrográficas Priscila Mariaca e equipe - SABESP Tratamento e reúso direto do efluente de uma empresa da indústria têxtil - relato de uma experiência Flávia Cavaleiro Costa e equipe GEOPLAN Recuperação de perdas aparentes por medição de vazão de volume de esgoto na UN-Norte José Ribamar Moraes e equipe SABESP Proposta de gestão de riscos operacionais (GRO) para o processo de distribuição de água Ana Maria Ribeiro SABESP Sistema de tratamento para remoção de ferro e manganês (meio filtrante à base de zeólito) Sueli Cristina Gomes e equipe- SABESP Readequação do subsetor de abastecimento Vila Baiana utilizandose modelagem matemática hidráulica Fernando Martins e equipe SABESP A conversão dos gases de efeito estufa em créditos de carbono e a sua negociação Pedro José da Silva e equipe FAAP Utilização de geoprocessamento como ferramenta para gestão de mananciais: projeto sistemas produtores alto Tietê e Rio Claro Sérgio Lourenço Correa e equipe SABESP Sistema informatizado para apuração e controle de custos de projetos Alexandre Flor Mesquita e equipe SABESP Medida de ompensação ambiental - plantio de árvores isoladas em áreas urbanas estudo de caso Clenia Gomes Alves e equipe SABESP Sonda Zaia de alta precisão para medidas de vazão G. Vitor Zaia e equipe POLI USP São Paulo Balanço hídrico e ferramenta para o combate das perdas reais Marcia Maria Marques e equipe Restor Implementação da gestão institucional de recursos hídricos na Sabesp Vania Lucia Rodrigues e equipe SABESP Espectometria on-line da água potável ao esgoto Dimitrius Anastase Tzortzis e Doron Grull JOB Engenharia Teste para Projeto de recuperação determinação ambiental de do fator de condição Vila Machado: da infra-estrutura gestão territorial - FCI e pesquisa de compartilhada aliada vazamentos não ao monitoramento visíveis em redes e para a ação e a eficácia ramais, utilizando Dilmara Souza/Márcia gás hidrógeno Alves/Carlos Dardis/ Sirley Olimpio Michele Maria Borba e equipe SABESP SABESP Plano de lubrificação dos componentes mecânicos das bombas da EEAB Biritiba Wagner Almeida e equipe SABESP | 23 | 23 Saneas Saneas 20 de agosto de 2008 - manhã Auditório 1 Mesas redondas Medidor Woltmann de alto desempenho Fabrício Mardegan Sensus Metering Systems 9h00 9h40 Auditório 2 Palestras técnicas Ano Internacional do Saneamento e a Metrópole paulista: tratamento de esgoto sanitário Adensamento, desidratação e secagem de lodo José Maria e Luis Ramos Pieralisi do Brasil Moderador Marcelo Morgado SABESP 10h20 Nova tecnologia em válvulas reguladoras de pressão: maior proteção para redes de água José R. Martins Filho e Moshe Cohen Pedro Alem Sobrinho Invel Comércio Indústria USP Participações Jaime Pinto Ortiz USP Participantes Eduardo Pacheco Jordão UFRJ Wanderley Paganini SABESP 11h00 Relator Carlos Massuyama APECS 11h40 | Saneas 24 | 24 Saneas Reúso de água Antonio Sérgio Hilsdorf Degrémont Tratamento de Águas Gerenciamento de dados em plantas de saneamento com visualização e relatórios em tempo real Paulo Pironti e Christian Vieira GE Fanuc do Brasil Auditório 3 Auditório 4 Palestras técnicas Palestras técnicas Elaboração de diag. operac. de perdas reais Programa de e perdas aparentes educação de água ambiental na e elaboração de micro-bacia balanço hídrico do Córrego anual da LWA nos Itaim setores de abastec. Magali Bittencourt da Unidade de e equipe SABESP Negócio Leste Pedro Luis Rocha e equipe - SABESP Plano de redução de Ação mútua de perdas na cidade de prevenção em prod. Campo Grande: a perigosos no transp. terrestre com risco de associação do impacto aos mananciais método MASPP I com gestão de pessoas e de captação de água para abastec. público tecnologia Guilherme Francisco apropriável Gomes da Silva Mário Augusto Baggio e equipe e equipe SABESP Hoperações Consult. Programa de recuper. Os impactos das ações ambiental da baixada nos hidrômetros sobre santista: soluções o indicador de perda integradas em aparente de um setor de saneamento para as abastecimento cidades litorâneas do Cícero Ferreira Batista Estado de SP e equipe Reynaldo Eduardo SABESP Young Ribeiro e equipe - SABESP Perdas físicas - estudo Fatores educacionais de caso: Projeto Piloto e de paisagismo - redução do índice de em estações de perdas em uma zona tratamento de abastec. VIIIA, do de esgotos Jardim Aeroporto na o caso de cidade de Franca - ações Jales - SP operacionais João Sergio Cordeiro Antonio Carlos Gianotti e equipe e equipe UFSCAR SABESP Perdas físicas - estudo de caso: Projeto Piloto Sistema gerencial dos - redução do índice de planos integrados perdas em uma zona regionais “SIGPIR” da de abastec. VIIIA, do Diretoria Metropolitana Jardim Aeroporto na da Sabesp cidade de Franca - ações Helio Hasegawa operacionais e equipe Welton de Araujo Cintra Sanebras Engenharia Junior e equipe SABESP Auditório 5 Palestras técnicas Sistema de tecnologia da informação para gestão de empreendimentos da Sabesp Silvio Leifert e equipe SABESP Integração de tecnologia, processos e pessoas na nova era da gestão dos serviços de manutenção de campo Ernani Roic e equipe SABESP Laboratório móvel de verificação metrológica de hidrômetros no campo José Yazo Gondo e equipe SABESP Energia solar para dosagem de produtos químicos Mauro Massaru Inoue e equipe SABESP Especificação de software SIG para a integração entre o cadastro de redes de água e consumidores com o software EPANET, utilizando software livre TERRALIB José Maria Villac Pinheiro e equipe Min. das Cidaddes | maio | junho Abril | maio Abril| junho 2008 | 2008 20 de agosto de 2008 - Tarde Auditório 1 Mesas redondas 13h30 14h10 14h50 15h30 16h10 16h50 Auditório 2 Auditório 3 Palestras técnicas Palestras técnicas Programa de redução das Perdas físicas - Estudo perdas globais e avaliade caso: ações de caçação da sua eficiência e fraudes na cidade de viabilidade econômica Franca - ações dentro do âmbito do comerciais projeto de despoluição Welton de Araujo Cintra do Tietê Junior e equipe Hugo Chisca Junior SABESP BBL Engenharia ConCertificação strução e Comércio profissional no Operação de estações Kemira - FilamentEx saneamento elevatórias de água a mais nova contribuição para tratada com inversores tecnologia para qualificação dos de frequência, com foco controle de serviços e redução na redução de perdas filamentosas em de perdas de água e consumo de sistemas de energia elétrica - caso tratamento Moderador EEAT Suzano de esgotos Osvaldo I Niida Alexandre Domingues Juan Gonzales SABESP Marques e equipe Kemwater Brasil SABESP Participantes Eficiência e viabilidade Marcelo Neris econômica na redução ABENDE Métodos para agilizar a de perdas do setor de rotina microbiológica abastec. de água PasJoaquim José Elisa Uemura sagem Funda - zona leste dos Santos Interlab Distribuidora de do munic. de SP Petrobras Produtos Científicos Noemi Cristina de Souza Carrera e equipe Paulo S. Padilha SABESP SABESP MASPP II aplicado no atingimento de metas de Margareth A telemetria como redução de perdas d’água Burguer ferramenta de gestão e de fatur. na Sabesp SANEPAR Renato Cunha e - Unidade de Negócio Fausto Pardini Metropolitana Oeste-MO João Augusto S. ADTS - Soluções em Mário Augusto Baggio Alves Automação e Engenharia e equipe Opertec Hoperações Consultoria Método de detecção de Rubem da Costa Adequação da ETE de n-fugas em tubulações Restor Marines com sistema através da análise das Aqwise para remoção reflexões de pulsos de Relator de nutrientes alta freqüência Jairo Tardelli Guy Gadot e José Correa Juliana Barbosa Palhares SABESP Centroprojekt do Brasil Vivaldi e equipe Unicamp Desenvolvimentos Controle de Perdas recentes de Os índices mundiais de equipamentos e perdas e as mais recentes controle operacional tecnologias de medição e de redes hidráulicas controle Edmundo Koelle Daniel Duarte e Glass Ind. e Com. de Andrés Forghieri Bombas e Equipamentos Digitrol | junho | maio || 2008 Abril | maio Abril junho | 2008 Auditório 4 Palestras técnicas Redução de Perdas reais João Thomaz Pereira Junior Hydrax Saneamento de Tubulações Auditório 5 Palestras técnicas Otimização dos processos de manobra com o apoio do sistema de inform. geográficas no saneamento - Signos, na área de Diretoria Metrop. da Sabesp Nagip Abrahão e equipe SABESP Interface baseada em rede de dados para telemetria e telecomando em sistemas inteligentes de abastec. de água Rafael Vieira de Sousa e equipe - Getesi Indústria Eletrônica / CNPq Os procedimentos de outorga no âmbito da Sanepar e estudo de caso: ETE Atuba Sul Candice Schauffert Garcia e equipe SANEPAR Diretrizes para definição da cota de assente de estruturas de saneamento visando a sua proteção a inundações Soraia Giordani e equipe SANEPAR Instrumentos legais de proteção ambiental dos sistemas produtores da RMSP Célia Maria Machado Ambrozio e equipe SABESP Controle da floração de cianobactérias e a redução de incidências de gosto e odor na água tratada do sistema produtor Alto Tietê Adilson Macedo e equipe - SABESP Eficiência hidráulica e redução do consumo de energia elétrica o estudo de caso do extremo norte da RMSP Alex Orellana e equipe - SABESP Avaliação da qualidade ambiental como subsídio a projetos de saneamento ambiental na bacia do rio Cotia, SP Sandra Eliza Beu e equipe - FMU Sistema de acompanhamento de núcleos de baixa renda Gustavo José Rosário e equipe SABESP A várzea do rio Taiaçupeba Guaçu e a eficiência na redução de cianobactérias que afluem à represa Taiaçupeba Adilson Macedo e equipe SABESP Redução do nível médio do reservatório do setor Brasilândia de água tratada e avaliação do volume de água macromedido disponibilizado Robson Oliveira e equipe SABESP | 25 | 25 Saneas Saneas 21 de agosto de 2008 - manhã Auditório 1 Mesas redondas Auditório 2 Mesas redondas 9h00 Créditos de carbono: quantificação, pagamento e bolsa no mundo 9h40 Moderador Marcelo Salles Holanda de Freitas SABESP Participantes Francisco Maciel Iniciativa Verde 10h20 Oscar Bahia ESALQ-USP Fernando Adhemar Costa SABESP Maurik Jehee Banco Real 11h00 Marco Antonio Fujihara Sustain Capital Relatora Maria Aparecida de Paula Santos SABESP 11h40 | Saneas 26 | 26 Saneas Nova visão da Engenharia segundo a resolução 1010/2005 do CONFEA Moderador João Carlos Bibbo SEESP Participantes Celso Atienza Vice-Presidente da SEESP Newton Guenaga Filho Coord. da Câmara Especializada de Engenharia de Segurança do Trabalho Auditório 3 Palestras técnicas O combate às perdas reais - áreas de controle e recorrências de vazamentos nas redes de distribuição Robson Fontes da Costa e equipe SABESP Balanço hídrico em gestão de controle de perdas Robson Fontes da Costa e equipe SABESP Ações de combate às perdas no setor de abastecimento Salesópolis João Dojcsar e equipe SABESP Ações para redução de perdas reais com a utilização de sistema de informações geográficas Relator (SIG) e metodologia José Roberto Guimarães MASP no setor de de Almeida abastecimento Santana APAEST Cesar Ridolpho e equipe SABESP Luiz Antonio Moreira Salata Composição do volume utilizado através do mapeamento de incremento das ações comerciais Jean Mineiro Ribeiro e equipe SABESP Auditório 4 Palestras técnicas Auditório 5 Palestras técnicas Desinfecção de água Sistema de controle bruta utilizando filtração de protocolos granular e oxidação de efluentes catalítica com não domésticos peróxido de Protend da Unidade hidrogênio de Negócio Centro Niege Madeira Soares Sonia Regina Rodrigues Barbosa e equipe e equipe UFSC SABESP Saneamento básico o pioneirismo de Theodoro Sampaio Marcos Almir Oliveira e equipe SABESP Uso de tubos de geotêxtil para desidratação de lodo gerado em estação de tratamento de esgoto por processo de lodos ativados - ETE Limoeiro Léo Cesar Queiroz Cavalcante Melo e equipe Allonda Geossintéticos Ambientais Recuperação estrutural e impermeabilização de O mecanismo de reservatórios de concreto desenvolvimento limpo armado na Unidade aplicado no tratamento Oeste da Sabesp, com de resíduos líquidos de a utilização de fazendas de bovinos novos produtos Pedro José da Silva Renato Hochgred Frazão e equipe e equipe FAAP SABESP Materiais de tubulações utilizadas na coleta e transporte de esgotos Nelson Bevilacqua e equipe SABESP Lagoa facultativa aerada superficialmente: um conceito de baixo custo para aumento de eficiência. Estudo de caso distrito de Rechã - SP Marcelo Pohlmann e equipe Brasworld Consultoria Ambiental Medidor proporcional de intercepto zero Carlos Eduardo Méier e equipe Medidores Meier & Giacaglia Reúso da água de processo (PRED) no laboratório de meio ambiente da PUC-Campinas Juliana Barbosa Palhares Vivaldi e equipe PUC-CAMPINAS | maio | junho Abril | maio Abril| junho 2008 | 2008 21 de agosto de 2008 - Tarde Auditório 1 Mesas redondas Reposicionamento estratégico das empresas de saneamento no Século XXI Moderador Paulo Massato SABESP Participantes Gesner Oliveira SABESP 14h50 Claudio di Mauro Agência Nacional de Águas - ANA Yves Besse Presidente ABCON José Lucio Machado Águas do Amazonas 15h30 16h10 Auditório 3 Palestras técnicas Regulação do Estudo de ações para saneamento: nova redução de vazamentos conceituação de direitos em adutoras de água e deveres - informação José do Carmo de Souza e transparência Júnior e equipe Luis Carlos Aversa SABESP SEESP 13h30 14h10 Auditório 2 Palestras técnicas Relator José Carlos Karabolad Secretaria de Estado de Saneamento e Energia O objetivo almejado pelo Projeto Eficaz JICA Masahiro Shimomura Ação de redução e controle de perdas com aplicação de gestão de projetos no setor Itaim Paulista Marcos dos Santos Jorge e equipe SABESP Aumento da Recuperação de adutora confiabilidade de de água potável com bombas de alta pressão instalação de na ETE ABC anel de vedação e ETE Suzano Nuno Barbosa utilizando o TPM e equipe Aristeu Massao Newsan Matsumoto Saneamento ETE Suzano - SABESP Melhoria da produção de lodo aplicando a metodologia TPM na ETE São Miguel e ETE Franca Marcos Marcelino de Andrade Cason ETE Franca - SABESP Regulação do saneamento, uma realidade na central de atendimento telefônico Maria José da Silva Verdile e equipe SABESP Redução de perdas com a implantação do TPM no extintor de cal da ETA Rio Grande e da ETE Parque Novo Mundo José Carlos Ortega ETA Rio Grande Marco Antonio Wanderlei Castro ETE Pq. Novo Mundo SABESP Sistema de adensamento e desidratação da lama gerada no processo de tratamento de água da unidade de negócios refinaria Gabriel Passos Fernanda Gualberto e equipe AQUAMEC 16h50 | junho | maio || 2008 Abril | maio Abril junho | 2008 Auditório 4 Auditório 5 Palestras técnicas Palestras técnicas Aplicação do sistema de desaguamento, condicionamento e Otimização de bacias de destinação final de esgotamento - piloto lodo na estação de da bacia TA-13 tratamento de esgoto Cambuci II no município Itaberá - Marcelo Renato da Silva Estado de São Paulo Andrade e equipe SABESP Jorge Narciso de Matos Júnior e equipe SABESP Empresas de saneamento básico operando sistemas Hidrômetros de de aterros sanitários. Oscilação Fluídica Uma proposta em SmartMeter conformidade com a Dr. David Smith Lei 11.445/2007 Gamma Cobra Benigno José Souza Neto e equipe - SABESP O Isolamento Compostagem através de aqüíferos de leiras revolvidas potencialmente da ETE Limoeiro/ produtores de flúor já Presidente Prudente no processo construtivo como alternativa de de perfuração tratamento do lodo tubular profunda Marcelo Miki Jose Paulo Godoy e equipe Martins Neto e equipe SABESP Maxiágua Produção de óleo Válvulas de essencial em parcelas Fluxo Anular de Eucalyptus Apresentação e Citriodora adubadas Aplicações do Produto com lodo de esgoto Saint-Gobain plantadas em diferentes Canalização espaçamentos André Marques Alexandre Ferraz Saint-Gobain e equipe - USP Canalização Identidade da manutenção Roberto Santos e equipe SABESP Desafios da Automação em Saneamento Case Sanepar Tânia Mara SANEPAR Palestra de Encerramento Cerimônia de Entrega do Prêmio Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa | 27 | 27 Saneas Saneas Painel Tecnologias para Saneamento Básico 2008 No dia 12 de novembro, paralelamente à FEIPLAR COMPOSITES & FEIPUR 2008, Fotos Tecniplas será realizado um evento focado a profissionais das companhias de água e esgoto O painel tem o objetivo de apresentar as inovações em composites/plástico reforçado e poliuretano e será composto por cinco palestras técnicas, que serão apresentadas por renomados especialistas do mercado Inscreva-se: Local: &YQP$FOUFS/PSUF 1BWJMIÍP7FSNFMIP Horário:II EVENTO GRATUITO www.feiplar.com.br PVUFM DPN5BCBUIB O maior evento de tecnologia em composites/plástico reforçado e poliuretano da América Latina %FBEFOPWFNCSPEFtII(exposição) 1BWJMIÍP7FSNFMIPt&YQP$FOUFS/PSUFt4ÍP1BVMP Apoio: .FHBQBUSPDJOBEPSFT: Realização: artigo técnico Otimização da Exploração de Poços no Aquífero Fissurado de Lins Fernando Wili Bastos Franco Filho César Bianchi Neto O sistema de abastecimento de água do município de Lins – SP, operado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP, é constituído exclusivamente por captação de água subterrânea, através de 15 poços tubulares profundos. Perfurados nos aqüíferos sedimentares da Formação Adamantina, aflorante, pertencente ao grupo Bauru, o Sistema Aqüífero Guarani (SAG), constituído pelas Formações Botucatu e Pirambóia, mais profundo e o fissural, constituído pelos Basaltos da Formação Serra Geral. O volume mensal total de 509.901 m3 (dado de janeiro de 2006) atende 100% da população. Os dois poços no sistema aqüífero Guarani, o PPJ2 e o PPS 10, correspondem a aproximadamente 68% do volume mensal produzido, mas os teores de fluoretos, acima do padrão estabelecido pela OMS, presente na água, limitam a sua exploração. Para utilização desta água aos padrões exigidos, a SABESP utiliza o método da diluição, através dos poços perfurados nos demais aqüíferos (Formação Serra Geral e Formação Adamantina). Os 10 poços perfurados no aqüífero fissural vem apresentando interferências entre si, dificultando o ge-renciamento operacional. OBJETIVO Estudar o comportamento hidrogeológico dos poços, através de monitoramento de precisão, visando a otimização da exploração sem que haja danos ao aqüífero. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A área em estudo está localizada na porção noroeste do Estado de São Paulo, pertencendo a Bacia Hidrográfica dos rios Tietê/Batalha, entre as coordenadas (U.T.M): 7601 - 7605 N e 627 - 632 E. A região encontra-se na porção nordeste da Bacia Paleozóica do Paraná, sobre sedimentos cretáceos pertencentes à Formação Adamantina. Abril | maio | junho | 2008 MAPA DE LOCALIZAÇÃO REFERÊNCIA: FOLHA TOPOGRÁFICA – IBGE: Nº136 (LINS) e SF- 22-XC-VI-2, e Nº135 (Promissão) SF-22-X-C-VI-1 - ESCALA: 1:50.000 LEGENDA Poços no aqüífero cristalino (com monitoramento de vazão) Poços no aqüífero cristalino (com monitoramento de vazão e nível) METODOLOGIA UTILIZADA Levantamento dos dados operacionais dos poços do aqüífero fissural no período de 2000 a 2005. Posteriormente, foi selecionado o P.3 que apresenta características hidrogeológicas e construtivas adequadas à execução de monitoramento de vazão e nível correspondente, utilizando-se registradores/acumuladores de dados, para posterior análise. Como este poço dispõe de medidores eletromagnéticos de vazão, foi instalado registrador/acumuladores tipo DATALOGGER, diretamente no medidor eletromagnético. As medições de níveis foram executadas com a utilização de sondas (DIVER), conectada a um datalogger, que registra os dados. A partir dos dados levantados, foram elaborados gráficos em planilha Excel, relativo ao período completo de medições e posteriormente, após análise destes, foram selecionados intervalos diários para uma melhor avaliação. Saneas | 29 artigo técnico DADOS OPERACIONAIS DOS POÇOS Estas informações foram tratadas e foram definidos como: 1. Volume produzido (m3/mês) – corresponde ao volume de água obtido em um período entre 29 a 31 dias, através da diferença entre a leitura do 1o e último dia do período, de um totalizador de volume (hidrômetro, medidor eletromagnético, etc.). 2. Regime de bombeamento médio (h/dia).mês - é a Volume Mensal (m3/mês): Ano 2000 17.000 Mínimo 29.000 Máximo 23.000 Médio razão entre o horário de funcionamento mensal do poço, pelos dias do mês. O tempo de funcionamento é medido em um período entre 29 a 31 dias, através da diferença entre a leitura do 1o e último dia do período, de um totalizador de horas (horímetro). 3. Vazão média (m3/h)X mês - É o quociente entre o volume mensal produzido pelo poço pelo horário de funcionamento no mês. Com base nos dados de analisados dos poços durante 5 anos: 2001 21.000 2002 16.000 2003 8.000 2004 10.000 2005 15.000 27.000 24.000 17.000 18.000 17.000 24.000 20.000 13.000 14.000 16.000 Tempo de funcionamento (h/dia/mês): Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Mínimo 12 15 18 15 16 16,5 Máximo 19,5 20 20 20 19 18 Médio 15,75 17,5 19 17,5 17,5 17,25 2001 2002 2003 2004 2005 40 28 18 20 29 48 41 30 35 32 44 34,4 24 27,5 30,5 Vazão média (m3/h.mês) Ano 2000 Mínima 40 Máxima 50 Média 45 ANÁLISE: Volume produzido (m3/mês): Este apresentou variação de 13,5 a 20 mil m3/mês, mantendo-se constante nos anos de 2000 e 2001, e queda de aproximadamente 20% em 2002, com o maior tempo de bombeamento no período (19 h/dia), de 45% em 2003, 40% em 2004 e 32% em 2005, com regime de bombeamento médio de 18 h/dia. Regime de operação: praticamente constante em 17:30 h, Vazão média: variação acentuada em torno de 45%, em função do volume produzido. 30 | Saneas Abril | maio | junho | 2008 artigo técnico DADOS OBTIDOS DURANTE MONITORAMENTO EXECUTADO GRÁFICO VAZÃO X NÍVEL DE 26/12/2006 A 4/1/2007 – PERÍODO COMPLETO ELEMENTOS OBSERVADOS: Vazão máxima no período: 26,95 m3/h, Capacidade específica: 3,58 m3/h.m, Vazão mínima: 24,00 m33/h, Nível máximo no período: 74,84 m, Nível mínimo: 67,33 m Rebaixamento máximo no período: 7,51 m ANÁLISE: Foram identificados 3 padrões de funcionamento distintos, um no dia 29 de dezembro de 2006, outro no dia 1 e outro no dia 3 de janeiro de 2007. GRÁFICO VAZÃO X NÍVEL DINÂMICO 29 DE DEZEMBRO DE 2006 ANÁLISE: Observa-se dois padrões cíclicos de operação: intermitência com grande número de paralisações do bombeamento produzindo oscilações de nível e vazão (das 00:00 ás 8:18 h) e (18:00 às 21:00) e contínuo (8:30 às 18:00). Durante a operação contínua, nota-se uma tendência a estabilização de nível e vazão. GRÁFICO VAZÃO X NÍVEL DINÂMICO 1 DE JANEIRO DE 2007 ANÁLISE: Funcionamento descontínuo (das 00:00 às 9:30 h), com várias paralisações, e contínuo (das 9:30 às 13:20 h), por 3:40 h, e intermitente com algumas paralisações das 13:21 h às 00:00 h. A vazão apresentou uma tendência à estabilização, e o nível dinâmico para esta vazão não apresentou esta tendência. GRÁFICO - VAZÃO X NÍVEL 30 DE DEZEMBRO 2006 ANÁLISE: Foi selecionado um dia de operação contínua para a verificação da estabilização da vazão e nível dinâmico. Neste dia o poço operou 20 h ininterruptas, tendo sido verificado que o nível estabilizou em 73,55 m, com uma vazão de 24 m3/h, Abril | maio | junho | 2008 Saneas | 31 artigo técnico CONCLUSÕES Analisando-se os dados operacionais deste poço, podemos diagnosticar os seguintes aspectos: A metodologia empregada mostrou-se eficaz e possibilitou a definição do perfil de funcionamento do poço, ferramenta fundamental para realização de uma operação otimizada deste, visando à obtenção de um maior volume explorado de forma sustentável. O acompanhamento contínuo de vazões e níveis possibilitou verificar que a operação atualmente em curso mostra-se inadequada, com sub-exploração da potencialidade real do poço, com maior custo do m3 extraído. O sistema de automação atual de operação privilegia somente quando o reservatório “pede” água, minimizando a real potencialidade do poço. RECOMENDAÇÕES Com base na análise dos dados operacionais levantados e o monitoramento executado podemos recomendar o seguinte: • Promover uma automação que privilegie uma constância na vazão extraída do poço durante todo o período de funcionamento, e reduzir as paralisações deste, visando um melhor aproveitamento da sua capacidade produtiva, • Após teste de vazão e medidas de interferência, verificar a possibilidade de aumento de produção, visto que foi verificado, durante o monitoramento executado, um rebaixamento pouco expressivo, • Executar uma inspeção ótica no poço, com vista a executar um programa de manutenção neste, visando prolongar a vida útil deste. • O regime diário de bombeamento não deve exceder 18h/dia. 32 | Saneas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica, Manual de Operação e Manutenção de Poços - DAEE, São Paulo, 1982, 2ª ed., 90p. 2. HANTUSH, M.S. 1956. Analysis of data from pumping tests in leaky aquifers. Am. Geophysics. Union Transactions, Washington, 37:702-714. 3. IPT - Mapa Geológico do Estado de São Paulo. Escala 1:500.000. Volume 1. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. São Paulo. 1981. 126p. 4. Martins Netto, J.P.; Diniz, H.N., 2002. Franco F., F.W.B., Bianchi N., C., Desincrustação Química Em Poços Tubulares Profundos A Partir da Utilização de Ortofosfatos Ácidos – Estudo De Um Caso Em Presidente Prudente, SP - XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, Florianópolis, ABAS/DNPM/UFSCPPGEA, - 2002, CD-ROM 5. Subterrâneas, Florianópolis, ABAS/DNPM/UFSC-PPGEA, - 2002, CD-ROM 6. SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Arquivo técnico de poços, 7. SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sistemas de Produção na R, Fernando Wili Bastos Franco Filho, [email protected] Geólogo da SABESP – formado 1975, pela UNESP – Rio Claro, Especializado em Engenharia de Saneamento Básico pela Faculdade de Saúde Pública – USP, responsável pela elaboração de projetos e acompanhamento de um grande número de obras de perfuração e recuperação de poços; Cursos ministrados e Assessoria a Órgãos Estaduais e Prefeituras na área de poços, geologia e hidrogeologia. César Bianchi Neto, [email protected] Geólogo da SABESP – formado 1983, pela UNESP – Rio Claro, Especializado em Engenharia de Saneamento Básico pela Faculdade de Saúde Pública – USP, responsável pela elaboração de projetos e acompanhamento de um grande número de obras de perfuração e recuperação de poços; Cursos ministrados e Assessoria a Órgãos Estaduais e Prefeituras na área de poços, geologia e hidrogeologia. Endereço: Av. do Estado, 561, São Paulo - SP – Brasil Fone: (11) 3388-7366 Abril | maio | junho | 2008 artigo técnico Desafios do abastecimento Paulo Guimarães Breve Histórico Águas do Amazonas instalou-se em Manaus, no dia 04 de Julho de 2.000, com um contrato de concessão de 30 anos pelos serviços de água e esgoto, após arrematar a Manaus Saneamento, em Junho do mesmo ano, em um leilão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Manaus, a capital, é uma metrópole com, aproximadamente, 1,8 milhão de habitantes e está situada às margens do Rio Negro que, junto com o Rio Solimões, encontram suas águas para abraçar a cidade e depois levar o caudaloso rio Amazonas até o mar. Este é o ambiente da Águas do Amazonas, primeira privatização do setor de saneamento de uma capital brasileira, onde a diversidade da natureza amazônica se harmoniza ao contexto urbano de uma grande cidade, gerando na empresa o compromisso cada vez maior de integração com a comunidade, sua história, cultura e, sobretudo, com a responsabilidade de prestar um serviço eficiente. Apesar da grande disponibilidade de água superficial os Poços correspondem hoje por 20% da água distribuída pela Empresa, representando um volume médio de 3.500.000 m3/mês com a produção de 136 poços. Os poços estão distribuídos nas Zonas Leste e Norte da Cidade, áreas mais distantes do ponto de captação e tratamento da água superficial. Geologia Local A Cidade de Manaus está assentada sobre a Formação Altér do Chão. A formação sedimentar encontrase representada por arenitos e pelitos de coloração avermelhada, relacionados a um sistema deposicional continental ao longo do período do cretáceo superior. Essa formação tem espessura que varia em torno dos 200 a 250 metros de profundidade e aparece assentada discordantemente sobre calcários da Formação Olinda. As características das rochas que constituem a Formação Altér do Chão, formam aqüíferos semiconfinados, proporcionando condições adequadas para a exploração de água subterrânea. Em função das características das rochas que cons-tituem a Formação Olinda, os poços são construídos com o objetivo de captar água somente dos aqüíferos da Formação Altér do Chão, com profundidade entre os 200 a 250 metros. Abril | maio | junho | 2008 Características dos Poços Águas do Amazonas iniciou seus trabalhos operando cerca de 75 poços profundos, os quais foram construídos pela antiga Concessionária – Cosama. Mas os mesmos já apresentavam acentuada queda de vazão em função da falta de manutenção preventiva e colmatações das seções filtrantes. Para superar a queda de vazão e atender o crescimento populacional, o número de poços construídos e absorvidos foi aumentando a cada ano, chegando a 130 poços até o inicio de 2007. A metodologia e os preços praticados para a construção dos poços eram definidos por um único fornecedor local, onde reinava o monopólio e o resultado tanto na questão de qualidade técnica como na vazão de exploração do poço não atendia a expectativa da empresa. No inicio de 2007, com a repactuação do Contrato de Concessão, a Águas do Amazonas junto com a Poço Japiim – Vazão 250m3/h Prefeitura de Manaus (Poder Concedente) definiu um Plano de Expansão do abastecimento de água, no qual contemplava a construção de 33 poços. A necessidade de construir essa quantidade de poços e alcançar os resultados desejados, tanto na qualidade dos serviços como na redução dos custos e na eficiência da produção de cada poço, fez com que a empresa buscasse qualificar a gestão completa dos trabalhos e o acompanhamento do dia a dia da operação dos poços já existentes. Para a construção dos novos poços foram criteriosamente avaliados os locais a serem perfurados, de forma a eliminar a interferências entre os poços já existentes e manter a proximidade dos setores que seriam atendidos. Também foi realizado um trabalho de levantamento dos materiais necessários, com definição dos fabricantes, das especificações técnicas e quantidades a serem utilizadas no projeto. Saneas | 33 artigo técnico Em virtude da qualidade da água subterrânea da região apresentar um pH ácido (em torno dos 5 – 5,5) foi definido que os poços seriam revestidos com tubos em PVC geomecânico reforçados, a fim de evitar a agressão química da água. Definidas as locações dos poços e materiais necessários para aplicação, foram convidadas as principais empresas do país para concorrerem na prestação dos serviços de mão de obra para a construção dos poços. Na forma de contratação a Águas do Amazonas forneceria todos os materiais a serem aplicados e a empresa perfuradora faria a execução do furo, aplicação dos materiais, desenvolvimento e teste de vazão de cada poço. Pela quantidade de poços a serem construídos, foi então fechado contrato com quatro empresas, sendo três delas da região Sudeste e uma empresa local. Com poço. O projeto previa uma média de vazão em torno dos 50m3/h e os resultados obtidos após a construção de 10, dos 33 poços, já apresentava uma media de vazão de 80m3/h. Com esse resultado pode-se reavaliar o projeto, possibilitando definir melhor a necessidade de cada bairro pelo volume até então disponível e consegui-se uma redução no número de poços a ser construídos, reduzindo de 33 para 21 poços. Desses 21 poços construídos, cinco já entraram em operação e estão contribuindo para melhoria do abastecimento local e até o final de julho todos os outros já estarão em pleno funcionamento. Preocupação Sócio-Ambiental Na implantação dos novos poços a preocupação da sustentabilidade sócio-ambiental sempre esteve presente. Os novos poços foram posicionados em área que evitasse a interferência com Projetos dos Poços outros poços, tempo de operação de cada Poço com profundidade de 200m, revestido em PVC Geomecânico, 8”. Incluso poço limitado ao máximo em 20horas/dia urbanização civil, subestação elétrica, painel de comando equipado com de funcionamento e vazão de exploração soft-start e equipamento de bombeamento. obedecendo aos valores abaixo do “Ponto Crítico” da curva de rebaixamento do Custo R$ poço. R$ 340.000,00 Até 2007 Novo projeto Economia por poço Economia total no novo projeto R$ 250.000,00 R$ 90.000,00 R$ 2.970.000,00 isso quebrou-se o monopólio e abriu-se a concorrência dos trabalhos de uma forma justa e profissionalizada. Os materiais para aplicação foram todos de primeira linha, adquiridos direto dos fabricantes, até mesmo o pré-filtro, que são seixos de areia bem selecionada, tipo pérola, que foi negociada com o fornecedor de São Paulo. Como o volume de materiais a serem utilizados nos 33 poços seria grande, também foi possível realizar satisfatórias negociações com os fornecedores, possibilitando uma larga margem na redução dos custos. Outra característica importante desse projeto foi o objetivo de investigar toda a espessura da Formação Altér do Chão, aonde alguns poços chegaram a ter 250m de profundidade. Com os estudos realizados foi possível receber a contribuição de águas que ficam armazenadas na camada arenosa que constitui a base dessa formação. Com a metodologia definida e um acompanhamento direto das operações realizadas, consegui-se superar as expectativas de vazão de produção de cada 34 | Saneas Desenvolvendo Fornecedores Outra dificuldade superada pela Empresa, que conta hoje com 136 poços em operação, foi na contratação de serviços para realização das manutenções corretivas e preventivas dos poços em operação. A falta de empresas capacitadas fazia com que a Águas do Amazonas pagasse um valor cerca de oito vezes maior que a média do mercado para um trabalho de substituição de equipamento em um poço. Foram avaliados fornecedores locais e o escolhido recebeu toda orientação técnica para aquisição de equipamentos e ferramental necessário a realização dos trabalhos, além disso todo quadro de funcionários recebeu orientações e treinamentos de capacitação na execução dos trabalhos, de forma que pudesse atender a necessidade da Águas do Amazonas. Com o desenvolvimento e capacitação desse fornecedor, consegui-se uma redução no tempo em que o poço fica parado para realização de manutenções e também uma significativa redução nos custos das intervenções para substituição de equipamentos, chegando a uma redução de 70% no valor que era pago antes. Abril | maio | junho | 2008 artigo técnico TERRENOS CALCÁRIOS: ÁREAS DE RISCO GEOLÓGICO PARA A ENGENHARIA E PARA O MEIO AMBIENTE Álvaro Rodrigues dos Santos Em 1981, na cidade de Mairinque - SP, várias edificações apresentaram trincas e afundamentos de piso. Em 12 de agosto de 1986, o bairro Lavrinhas, em Cajamar, município integrante da Região Metropolitana de São Paulo, foi afetado por fenômenos de colapso e subsidência de grandes proporções, especialmente impactantes por ocorrerem em plena área urbana. Cerca de 60 dias após os primeiros sinais, na principal área atingida três casas haviam sido tragadas em uma cratera de cerca de 30 metros de diâmetro e 15 metros de profundidade, enquanto recalques e trincas afetaram dezenas de outros imóveis até distâncias de 400 metros do local. Em março de 1988, no município de Sete Lagoas, Região Metropolitana de Belo Horizonte, um afundamento de cerca de 20 metros de diâmetro e 5 de profundidade tragou parte da arquibancadas do Estádio Municipal, muros e paredes de edificações próximas, sendo que sinais de movimentação foram observados em edificações situadas em um raio de 40 metros. Em meados de 1992, no município de Almirante Tamandaré, Região Metropolitana de Curitiba, foram observados vários pequenos afundamentos de ter- Afundamento em Teresina (PI) Abril | maio | junho | 2008 reno, trincas de edificações, inclinações de edificações, descolamento entre alvenaria e peças estruturais, rebaixamento do nível d’água em poços, cacimbas e pequenos lagos. Em 28 de dezembro de 1999, à Rua Simplício Mendes, região central da cidade de Teresina - PI, verificouse grande afundamento com comprometimento total de várias edificações. Em 1999, no município de Cajamar - SP, parte das edificações da moderna fábrica da Natura (Cosméticos) sofreu danos estruturais advindos de afundamentos em suas fundações. Em meados de junho de 2007, no município de Almirante Tamandaré, Região Metropolitana de Curitiba, ocorreu um dos maiores afundamentos de que se tem notícia na região, com forma elipsoidal, 50 metros de comprimento, 40 metros de largura e cerca de 30 metros de profundidade. Em 14 de agosto de 2007, também no Paraná, no Bairro de Campininha do Capivari, Município de Bocaiuva do Sul, um outro colapso com uma cratera de 5 metros de diâmetro e 5 metros de profundidade. Muitos outros eventos similares de afundamentos Afundamento em Cajamar (SP) Saneas | 35 artigo técnico O principal fenômeno cárstico de interesse da ende terrenos já aconteceram por todo o país, e que, por genharia é o afundamento, brusco ou lento, de ternão terem causado danos maiores, não obtiveram rerenos. Esses afundamentos, que podem destruir por percussão de mídia e a devida atenção de especialistas completo edificações de superfície, colocando em para sua análise e registro técnicos. risco patrimônios e vidas humanas, são decorrentes Dois fatos em comum em todos esses eventos: do colapso de um teto de caverna (que pode estar a foram no passado precedidos de eventos semelhantes dezenas de metros de profundidade) ou da contínua em suas regiões e todos eles aconteceram em terrenos migração de solo para o interior de fendas ou cavernas calcários. subterrâneas, o que, com o tempo, vai também deterEsse último traço comum expressa ainda uma esminar um afundamento em superfície. Em boa parte pecificidade: terrenos calcários com feições cársticas, do território brasileiro, por decorrência de seu clima ou seja, rochas calcárias que apresentam feições sutropical úmido, as rochas calcárias cársticas estão coperficiais (cavernas, lapas, drenagens intermitentes, bertas por uma camada de solos de espessura variada, sumidouros e ressurgências, dolinas - depressões os chamados carstes cobertos, o que torna muito code relevo circunscritas, vales secos) e subterrâneas mum o abatimento decorrente da migração de solo (cavernas, fendas, vazios e canais subterrâneos interpara o interior de fendas e cavernas. comunicantes) originadas de processos lentos de disQuase sempre a aceleração de um processo de solução química da rocha calcária. afundamento de terreno em regiões cársticas está asAs regiões de Cajamar e Mairinque afetadas pelos sociada a algum tipo de abatimentos estão situainterferência humana no das em rochas calcárias do lençol freático, especialGrupo São Roque, as de mente a um seu rebaixaSete Lagoas em calcários mento mais intenso decodo Grupo Bambuí, as de rrente de uma excessiva Almirante Tamandaré exploração de água subem calcários do Grupo terrânea através de poços Açungui e as de Teresina, profundos. provavelmente em bancos Um outro grande risco calcários da Bacia Sediadvindo da ocupação de mentar do Parnaíba (para terrenos cársticos está esse caso em particular, relacionado à construção faltam ainda estudos mais de grandes reservatórios conclusivos). de água (barragens para As rochas calcárias são Afundamento em Almirante Tamandaré (PR) produção de energia ou rochas carbonáticas, em abastecimento). As águas que predominam os cardo reservatório podem migrar em grande vazão para os bonatos de cálcio (CaCO3) e magnésio (MgCO3), que as vazios da rocha calcária, não só impedindo o completo compõem em diferentes proporções, formando então enchimento do lago, como provocando variações de os calcários calcíferos (mais ricos em carbonato de cálnível, fluxo e pressões no lençol subterrâneo, o que, de cio) e os calcários dolomíticos (mais ricos em carbonsua parte, coloca em risco a própria obra da barragem, ato de magnésio). As águas de chuva (H2O) interagem como também outras edificações próximas. com o gás carbônico (CO2) do ar produzindo um ácido Do ponto de vista ambiental, os terrenos cársticos, fraco, o ácido carbônico (H2CO3). Essas águas assim pela franca e rápida drenagem com que podem propilevemente acidificadas, ao encontrar um maciço calciar a comunicação entre águas superficiais e águas cário fraturado, penetram por essas descontinuidades subterrâneas, obrigam um redobrado cuidado para e vão lentamente, através do tempo geológico, dissolque se evite a contaminação do lençol freático por povendo a rocha e produzindo vazios que podem evoluir luentes urbanos, industriais ou rurais de superfície. para grandes fendas, cavernas e canais por onde fluem Depreende-se que os terrenos calcários, pela possias águas interiores. A maior parte das famosas e bebilidade de apresentar feições cársticas, devem ser enlas cavernas brasileiras, com suas estalactites e estatendidos como típicas áreas de risco para a ocupação lagmites, são feições originadas desse fenômeno de humana por obras de engenharia: cidades, barragens, dissolução de rochas calcárias. 36 | Saneas Abril | maio | junho | 2008 artigo técnico termoelétricas, instalações industriais, estradas, linhas de transmissão, etc., sugerindo, portanto, cuidadosa investigação preliminar a qualquer decisão de engenharia. De tal forma que, detectadas feições cársticas, ou o empreendimento humano em questão possa ser deslocado para situações geologicamente mais seguras ou, impedido ou desaconselhado esse deslocamento, possa-se adotar as medidas necessárias para que acidentes e futuros problemas venham a ser evitados. Uma das medidas que comumente é cogitada para o tratamento de terrenos cársticos é a injeção de calda de cimento, com o que se procuraria obturar os vazios subterrâneos. A experiência tem mostrado que essa medida raramente traz algum sucesso, uma vez que os volumes necessários para se conseguir a desejada obturação são exageradamente grandes e de quase impossível quantificação anterior exata. Um outro aspecto que recomenda muita ponderação para se decidir pela alternativa de injeção de calda de cimento é a possibilidade de se interferir negativamente no escoamento da água subterrânea da região, implicando em reflexos que podem ser muito problemáticos para áreas próximas. No Brasil são abundantes os terrenos calcários, e nesses terrenos são abundantes as feições cársticas. A identificação dessas feições, pelo levantamento do histórico regional e por exame superficial dos terrenos, é um procedimento fácil e corriqueiro para a geologia. Como também são conhecidas e eficientes as técnicas geológicas diretas (sondagens mecânicas) e indiretas (sondagens geofísicas elétricas) para o mapeamento das condições subterrâneas dos maciços calcários, identificando a existência ou não de vazios, sua distribuição, seu comportamento hidrogeológico, etc. No entanto, falta ainda que esses procedimentos sejam definitivamente incorporados como uma providência normal e corriqueira aos estudos preliminares de obras de engenharia, como também aos planos de gestão urbana de cidades já instaladas sobre esse tipo de terreno. De modo que, nesse último caso, esses planos de gestão incorporem, por sua vez, ações de monitoramento permanente e de cuidados preventivos (por exemplo, a não exploração da água subterrânea, ou ao menos sua exploração em condições controladas e limitadas), assim como planos contingenciais de Defesa Civil e um Código de Obras limitante, por exemplo, da construção de edificações com mais de dois pavimentos na região afetada. Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos ([email protected]) • Ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT • Ex-Diretor da Divisão de Geologia do IPT • Pesquisador Sênior V pelo IPT • Autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do Mar”, “Cubatão” e “Diálogos Geológicos” • Consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente • Criador da técnica Cal-Jet de proteção de solos contra a erosão Abril | maio | junho | 2008 Saneas | 37 visão de mercado thelma harumi chira Economista e Consultora da Pezco Pesquisa e Consultoria Ltda. O Saneamento através de Indicadores Devido às importantes conseqüências de natureza econômico-financeira, este assunto é muito polêmico. O impacto da complexidade dos objetivos e da forma como um indicador de desempenho deve se apresentar é claramente traduzida nas diferentes maneiras de mensuração e comparação da eficiência. Marques (2007) resenha aplicações da chamada regulação por comparação (benchmaking regulation) e conclui que esta apresenta-se de forma díspar, podendo ser uma simples publicação do desempenho (regulação sunshine) ou ainda ter formas mais determinantes nos processos dos sistemas tarifários (regulação por pricecap, na qual o fator “X” é determinado com base nos resultados das outras entidades gestoras). Assim, através de indicadores de desempenho é possível uma verificação de necessidades do sistema para que os serviços gerem benefícios de maneira amplificada. No Brasil, o setor de saneamento pode contar com duas fontes de dados: SNIS (Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento – Ministério das Cidades) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Estatística: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico). De forma geral, ambos consideram a abrangência terÍndice de perdas de faturamento (%) ritorial como classificação das informações disponibilizadas. 38 Apesar da defasagem, o SNIS 34 apresenta um maior detalhamento das informações, com 27 desagregações importantes 17 para que investidores, gestores 21 e sociedade criem indicadores e acompanhem o desempenho 26 do sistema. A avaliação do desempenho de organizações assume um protagonismo crescente nas sociedades contemporâneas. Os indicadores expressam o nível do desempenho efetivamente atingido, tornando direta e transparente a comparação entre objetivos de gestão e resultados obtidos, simplificando uma situação que, se analisada de outra forma, seria complexa. Indicadores devem ser utilizados como instrumentos para uniformização da informação e avaliação de desempenho com base em definições claras e uma linguagem comum. A questão em cheque está diretamente relacionada a definição do objetivo a ser alcançado em uma mensuração de desempenho, ou seja, a eficiência. Conceitualmente, a mensuração de eficiência pode ser definida como o resultado máximo obtido de acordo com os fatores empregados. Ou ainda como a capacidade de a empresa utilizar os fatores de produção em proporção ótima, minimizando os custos de produção. Essas duas definições coexistem e compõem a chamada eficiência econômica. De forma clara: é mais eficiente quem consegue produzir mais com menos. TABELA 1 - Índices médios por regiões Índice de produção de pessoal total (ligações/empregados) Norte 193 Nordeste 470 Centro-Oeste 279 Sudeste 454 Sul 410 Brasil 410 1 MARQUES, R. C. Uso de benchmarking na regulação de serviços públicos. V Congresso Brasileiro de Regulação da ABAR. Recife/PE. 06 a 09 de maio de 2007 38 | Saneas Abril | maio | junho | 2008 Visão de mercado De acordo com a maneira como é selecionado pelo pesquisador, pode apresentar resultados diferenciados. Por exemplo, a consideração direta dos indicadores do SNIS neste quesito pode levar a resultados que dependem de atenção em sua interpretação. A Tabela 1 mostra os indicadores: Índice de Produção de Pessoal Total e Índice de Perdas de Faturamento, média por regiões em 2005. Porém, não se pode extrair conclusão direta sem uma análise minuciosa de vários aspectos subjacentes, assim como de variáveis de controle que devem ser necessariamente consideradas. Note-se que a análise também pode ser realizada por municípios, conforme as Figuras 1 e 2. É importante ressaltar que, além de considerar a hipótese a ser pesquisada, as informações serem autodeclarativas e defasadas, existem características não controláveis, como o nível de adensamento do sistema, dado que poderia haver ganho de escala regional, elencando locais de maior ou menor eficiência. A análise de indicadores é fundamental para o acompanhamento e gestão eficiente do sistema, assim como as considerações não tão facilmente tangíveis em números, para que variáveis e classificação sejam adequados à realidade. Abril | maio | junho | 2008 Figura 1 - Índice de Produção de Pessoal Total (lig/empreg), por municípios Fonte: SNIS (2005) Figura 2 - Índice de Perdas de Faturamento (%), por municípios Fonte: SNIS (2005) Saneas | 39 lançamento Regulação dos Serviços de Água e Esgoto Marfisa Maria de Aguiar Ferreira Ximenes, arquiteta, ConselheiraDiretora da Agência Reguladora do Ceará (ARCE) e Coordenadora da Câmara Técnica de Saneamento da Associação Brasileira de Agencias de Regulação (ABAR). Passados mais de um ano e meio da promulgação da Lei 11.445/2007, a praxe tem demonstrado que a construção da regulação no país será uma tarefa árdua para o setor de saneamento. Há vários problemas que dificultam o desenvolvimento dessa atividade. A principal delas continua sendo a definição da titularidade dos serviços, pelo Supremo Tribunal Federal, ainda pendente. Além disso, não se conseguiu estabelecer uma agenda mínima para discussão institucional do setor. Até mesmo as iniciativas pontuais, conduzidas pelo Programa de Modernização do Setor de Saneamento – PMSS, estão sendo finalizadas sem que o governo federal aponte solução de continuidade para o referido programa. No que se refere às agências reguladoras, embora se constate alguns avanços, ainda há muito a fazer em termos de regulação efetiva do setor. Podem ser destacados avanços, em estados como o Rio Grande do Sul e São Paulo, tais como a delegação da regulação de quase 50 municípios do Rio Grande do Sul à Agência Estadual – AGERGS e de mais de 100 contratos de programa assinados em São Paulo, que delegaram a regulação dos serviços a ARSESP, além da consolidação dessa atividade nos Estados do Ceará, Pernambuco, Goiás e Distrito Federal. Nesse contexto, também vem se demonstrando que a regulação por consórcios é inviável nos termos da Lei 11.445/2007, pois até o presente momento os defensores deste formato sequer conseguiram construir um modelo teórico para esse tipo de modelagem institucional. Apesar dessas dificuldades, a Associação Brasileira de Agências de Regulação - ABAR, por intermédio de sua Câmara Técnica de Saneamento, vem empreendendo algumas ações para capacitação e organização do setor, no sentido de contribuir para a melhoria da governança regulatória. Uma dessas iniciativas é o CD Saneamento Básico 2008, lançado neste XIX Encontro Técnico da Associação dos Engenheiros da Sabesp, o qual traz a coletânea de toda a produção legal, técnica e científica das agências reguladoras de saneamento. Esse instrumento disponibilizará leis, decretos, notas técnicas, termos de referência, entre outros, além de apresentar levantamento nacional sobre 40 | Saneas as características de gestão e de operação de todas as agências do setor. A consulta ao CD permitirá otimizar recursos quando da elaboração de novos instrumentos de regulação, seja pelas agências reguladoras, seja pelos prestadores de serviço. Encarte do cd-rom Outra ação realizada pela Câmara Técnica é a edição do livro sobre “Normatização da Prestação dos Serviços de Água e Esgoto” prevista para outubro deste ano. Definida como competência das agências reguladoras, conforme o artigo 23 da Lei 11.445/07, a normatização exigirá toda uma mudança cultural na gestão dos serviços. Aspectos como transparência, notadamente em relação a tarifas e custos dos serviços, serão elementos obrigatórios nessa nova regulamentação. Assim, para coletar subsídios do setor no sentido de aprimorar as normas de referência, que farão parte desse livro, a ABAR realizou consulta pública nacional nos meses de julho e agosto, tendo recebido inúmeras contribuições. Considerando que a maioria das agências ainda não dispõe de normas estabelecidas, essas resoluções de referência poderão significar o marco inicial para estabelecimento das novas regras do setor. Ademais, a possibilidade de adoção de regras com base técnica semelhante permitirá, no futuro, a adoção de parâmetros comuns para utilização em modelos de benchmarking. Por fim, é necessário avançar na discussão e na construção da regulação do setor. Iniciativas como o Encontro Técnico da AESABESP, que traz como tema a “Regulação do Saneamento: nova era, novos horizontes”, são fundamentais, pois a regulação exige, além de melhoria na forma da gestão dos serviços, mudança cultural na forma de agir e pensar o setor. Abril | maio | junho | 2008 “Causos” Do Saneamento Atendendo ao convite do Presidente da AESabesp, Luiz Narimatsu, vamos iniciar esta seção, denominada “Causos” Do Saneamento. Convidamos você, associado, que tem “causos”, estórias e histórias do dia a dia do seu trabalho, que sejam interessantes, pitorescas ou engraçadas, que participe desse espaço, nos enviando o seu relato. Vamos ao “causo” de estréia: A história da coruja Por João Carlos Herrera Na época desse acontecimento eu estava trabalhando como Engenheiro de Apoio no Setor Técnico de Lins. Além dos serviços normais de manutenção de redes adutoras e áreas operacionais, eu também dava apoio à área de atendimento ao cliente. Certa vez a atendente me chamou pelo ramal interno, dizendo que atendia um cliente ao telefone, que estava muito bravo com a Sabesp por um motivo que ela não conseguia entender e não havia meios de acalmá-lo ou mesmo resolver o problema. Ela havia informado ao cliente que estava transferindo a ligação para um ENGENHEIRO, estabelecendo-se assim o seguinte diálogo: - Pois não, boa tarde! Disse eu com voz moderada, demonstrando prestatividade e atenção. O Cliente, então, muito alterado, perguntou em voz muito alta e grave: - O senhor é mesmo Engenheiro? - Sou sim e estou às suas ordens – respondi. O cliente então já foi logo dizendo: - Bom “Doutor” eu acho um absurdo a Sabesp deixar acontecer uma coisa dessas. - Mas o que aconteceu meu AMIGO? - O senhor fique sabendo que aconteceu o maior absurdo aqui na minha casa: fui pegar água na torneira e vi que saiu uma pena grande de passarinho. Foi então que resolvi subir na caixa d’água, aqui de casa, e quando tirei a tampa, vi que havia uma CORUJA morta lá dentro . Como é que pode a Sabesp deixar que aconteça isso? Mandar uma coruja junto com a água aqui pra casa? Logo perguntei: - Mas a caixa d’água tem tampa e está colocada direitinho? E ele já foi respondendo de modo áspero: - Nem me fale de tampa, já vi “tudinho” e não tem nada errado. Tendo ouvido atentamente, fiquei pensando em uma resposta que convencesse o nosso cliente da impossibilidade de que tal fato pudesse ter ocorrido daquela forma. Foi então que tive uma idéia e coloquei em prática dizendo ao cliente o seguinte: - Para responder a vossa pergunta eu preciso que o senhor faça aquele sinal de “POSITIVO” com o polegar da mão que está livre, e olhe bem para ele. Abril | maio | junho | 2008 Diz o Cliente: - O senhor não está de brincadeira comigo não “né”? - Não, de jeito nenhum. - Já fiz o sinal que o senhor pediu, disse o meu interlocutor. - Então, o que eu quero dizer para o senhor é que a “grossura”(diâmetro) do cano que liga a rede principal de distribuição de água até a vossa caixa é idêntica à “grossura” do seu dedo polegar, então, eu gostaria que o senhor me dissesse como que uma coruja pode passar por um cano tão estreito assim? Perguntei. A partir desse momento estabeleceu-se um longo silêncio... Preocupado, falei: - Meu senhor ...! Mais uns instantes e ele responde: - Desculpe doutor – disse o cliente – é que eu fiquei aqui pensando no que o senhor falou, então eu vou subir lá na caixa d’água de novo e vou ver direito, e telefono para o senhor já, já. Quando fui falar, ele já havia desligado. Instantes depois, a atendente, agora sorridente me passa o cliente que novamente estava ao telefone e queria falar comigo. Então num tom bastante amistoso ele já foi falando: - Eh! Eh! Doutor, o senhor é sabido mesmo hein? O senhor sabe – continuou ele – que quando vi a coruja lá na caixa eu nem pensei e nem vi direito como estava aquela tampa, mas agora com mais calma eu pude ver que havia um cantinho da tampa da caixa que estava quebrada, e ficou um buraco assim do tamanho de uma mão fechada, e deu pra ver que tinha até uns “cocozinhos” dos passarinhos ali nesse canto. Ainda sorridente com tom de bom amigo emendou: - Sabe doutor eu falei tanta besteira para o senhor, mas o senhor foi sempre muito educado comigo, e eu estou muito agradecido, e dia desses eu passo por aí para conhecer o senhor. Passados uns 15 dias apareceu o Sr. Antonio (nome fictício) com uma garrafa de cachaça com Jurubeba com a seguinte frase: “Tomando uma não tem erro, você acerta aonde a CORUJA faz o ninho”. Fim Saneas | 41 Palavra de amigo O gaúcho que se “apaulistou” Por Carlos Eduardo Quaglia Giampá João Carlos Simanke de Souza, natural de Porto Alegre – RS, graduou-se em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – URGS, em 1.974 e iniciou sua vida profissional atuando na área de Hidrogeologia e Perfuração de Poços Tubulares na “Companhia T. Janer”, em Porto Alegre e posteriormente em Curitiba. Mudou-se para São Paulo em 1.978, atuando na empresa “Air Lift” até o início de 1.979, quando fui o responsável por levá-lo para atuar na incipiente área de Águas Subterrâneas da Sabesp. Atuamos juntos até agosto de 1.986, período de muitas realizações, consolidações e transformações, ocasionadas tanto nas atividades de Águas Subterrâneas quanto no desenvolvimento tecnológico da Construção de Poços Tubulares Profundos. Pioneiramente, junto com os Programas de Perdas realizados pela Companhia de Saneamento Básico do estado de São Paulo, realizamos as primeiras ações visando a adequação operacional dos Sistemas de Poços. O processo de “Instalação de Sistemas de Medições e Monitoramento de seus Parâmetros Hidrodinâmicos” foi implantado e, desde aquela época, vem permitindo a avaliação da eficiência dos mesmos. 42 | Saneas Nesse período, também sua participação na consolidação da ABAS – Associação Brasileira de Águas Subterrâneas foi de singular importânCarlos Eduardo cia, resultando na Quaglia Giampá e sua participação João Carlos Simanke em vários cargos de Souza na Diretoria da Entidade, até culminar com a Presidência, cuja gestão ocorreu entre 1999 e 2000. A publicação de inúmeros trabalhos que vieram contribuir para o conhecimento e desenvolvimento das Águas Subterrâneas em São Paulo e no Brasil, bem como a participação em eventos que discutiram e implantaram os diversos Planos, Projetos e Regulamentações de Leis dessa área, foram algumas de suas atividades que se perpetuarão na história do cenário deste setor. As realizações dos cursos de Pós - graduação e o Doutorado em Hidrogeologia pela USP coroaram a sua carreira profissional, encerrada na Sabesp em 2.007, com sua aposentadoria. Nesse ínterim, nosso amigo João Carlos Simanke de Souza atuou, por duas gestões, como Presidente da Câmara Técnica de Água Subterrâneas – CTAS do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, participando ativamente das alterações e modernizações necessárias para a modernização desse segmento. Porém, apesar de perder o hábito do “chimarrão”, não perdeu o gosto pela Geologia e por São Paulo, assumindo em 2.007 a presidência da APG - Associação Paulista de Geólogos Atualmente reside em Peruíbe, no litoral paulista e presta eventuais consultorias. Abril | maio | junho | 2008 C M Y CM MY CY CMY K MAKING MODERN LIVING POSSIBLE Economizar até 30% em energia elétrica, sem abrir mão do bem-estar das pessoas. Para o maior aeroporto do Brasil, isto é possível. Um projeto que teve início em 2004, significou uma nova alternativa de economia de energia em Guarulhos, o maior aeroporto do Brasil, o que representou a redução nos gastos com refrigeração em até 30%. A iniciativa partiu da Infraero, sendo implantado por meio de duas etapas: a primeira parte do projeto foi a substituição das unidades resfriadoras de líquido. Em seguida, a implantação de conversores de freqüência Danfoss e válvulas de balanceamento, como também automação do sistema. O resultado: uma economia de R$ 1,5 milhão ao ano no consumo de energia elétrica e maior conforto para o público. Os conversores de freqüência VLT® Danfoss representaram um terço desta economia. Reduzir o consumo de energia é fazer uso consciente dos recursos hídricos, preservando o meio ambiente. Uma prática que a Danfoss aplica no mundo e no Brasil. Isto é EnVisioneering. Abril | maio | junho | 2008 EnVisioneering. O jeito de pensar e agir da Danfoss em parceria com os seus clientes. Saiba mais: www.envisioneering.danfoss.com.br ENGINEERING + ENERGY EFFICIENCY + ENVIRONMENT = ENVISIONEERING Saneas | 43 44 | Saneas Abril | maio | junho | 2008
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