Edição de 2011 - Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória

Transcrição

Edição de 2011 - Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória
Volume 12
Número 1
Dezembro 2011
ISSN 0874-8349
Índice
Ficha Técnica
Editorial
Editores-chefes
Dra. Paula Sá Couto
Dra. Ana Povo
Paula Sá Couto
5
Editores Associados
Dr. Paulo Lemos
Dr. Silvestre Carneiro
Unidade de Cirurgia de ambulatório do Centro Hospitalar
de Vila Nova de Gaia/Espinho - três anos de evolução
7
Ana Marcos
Hernioplastia inguinal via laparoscópica em Cirurgia Ambulatória
Carlos Magalhães
Tratamento de Incontinência urinária na mulher em Regime de
Ambulatório – Experiência preliminar de um serviço de Urologia
13
19
Catarina Gameiro, Sofia Lopes, Fortunato de Barros
Avaliação pré-operatória para oftalmologia em regime de Ambulatório
Vicente Vieira, João B. Anjos, Rita Gentil, Cristina Freitas, Fernando Silva, Fernando Vaz
Otorrinolaringologia: Em regime de Ambulatório – que limites?
Helena Ribeiro, Joana Filipe, Teresa Monteiro, António Pereira, Alexandre Costa
Programa do Congresso
Normas de Publicação
25
31
Conselho Científico
Dr. Acácio Pimentel Serra
Dra. Ana Margarida Regalado
Dr. António Meireles
Dr. Artur Santos Costa
Dra. Beatriz Craveiro Lopes
Dr. Carlos Couceiro
Dr. Carlos Guinot
Dr. Carlos Santos
Eng. Dias da Silva
Prof. Estima Martins
Dr. Eurico Alves
Enf. Fátima Malafaia
Dr. Fernando Martinho
Dr. Fernando Reis Lima
Prof. Gentil Martins
Prof. João Bernardes
Enf. Jorge Rola
Prof. Jorge Tavares
Prof. José Amarante
Dr. José Soares
Dr. Luís Pisco
Dra. Manuela Lanhoso
Dra. Margarida Bentes
Dra. Maria Angélica Almeida
Dr. Ochoa de Castro
Dr. Paulo Domingues
Dr. Paulo Salgado
Dr. Rui Lemos
39
47
ISSN 0874-8349
Tiragem 1000 exemplares
Publicação periódica, propriedade e administração
da Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória
Depósito legal nº 161453/01
Manuscritos para publicação e correspondência
devem ser dirigidos a um dos editores-chefe para:
Unidade de Cirurgia Ambulatória Hospital Santo
António - Centro Hospitalar do Porto
Largo Professor Abel Salazar - 4099-001 Porto
E-mail: [email protected]
Preço avulso C5
Distribuição gratuita aos sócios da APCA
Execução gráfica: Multitema
Corpos Sociais
Direcção
Presidente
Carlos Magalhães . Cirurgia Geral . HSA . CHPorto
Tesoureiro
Artur Flores . Cirurgia Geral . Póvoa de Varzim
Filipe Guerra . Cirurgia Geral . Hospital de Faro
Paula Sá Couto . Anestesia . HSA . CHPorto
Vicente Vieira . Anestesia . Hospital São Marcos - Braga
Mesa Assembleia Geral
Presidente
Paulo Lemos . Anestesia . HSA . CHPorto
1º Secretário
Amara Ibrahimo . Cirurgia Geral . HS. Francisco Xavier - CHLO
2º Secretário
Fátima Malafaia . HSA . CHPorto
Conselho Fiscal
Presidente
Manuel Seca . Cirurgia . HSA . CHPorto
1º Vogal
Sónia Silva . Anestesia . H Matosinhos
2º Vogal
Augusto Lourenço . Cirurgia . Hospital da Guarda
Vogal suplente
Carla Pinho . Anestesia . Hospital Padre Américo - Penafiel
Paula Sá Couto - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 5
EDITORIAL
5
Paula Sá Couto*
* - Editora-chefe da revista
Caros colegas,
A Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória (APCA) tem como missão a divulgação e promoção da Cirurgia Ambulatória. Tem-no feito
em várias actividades, nomeadamente na participação activa na produção da legislação normativa das Unidades de Cirurgia Ambulatória
(relatório da CNAD), envolvendo-se no Projecto Português de Qualidade da Entidade Reguladora da Saúde- Projecto SINAS, promovendo
reuniões com a Medicina Familiar, realizando eventos científicos como o Congresso Nacional de Cirurgia Ambulatória e participando nas
reuniões científicas das várias UCAs.
Neste último ano, a APCA aposta na produção de recomendação de boas práticas clínicas. Iniciou assim, a publicação das “Recomendações
APCA” que versarão os temas mais importantes na área da Cirurgia Ambulatória. Em 2011, publicou as “Recomendações Portuguesas para
a Profilaxia e Tratamento das Náuseas e Vómitos em Cirurgia Ambulatória” e está a desenvolver recomendações na área da Analgesia para
o Pós-operatório e para a Tromboprofilaxia em Cirurgia de Ambulatório. Estes últimos dois temas serão objecto de um Simposium no VII
Congresso Nacional de Cirurgia Ambulatória e I Congresso Ibérico de Cirurgia Ambulatória, onde serão apresentados pelo grupo de trabalho,
a que se seguirá a discussão pelos participantes. Após o congresso serão também publicados em forma de Recomendações APCA.
Neste número destaca-se o envolvimento crescente das especialidades na CA, nomeadamente com artigos da area da Oftalmologia, da Urologia
e da Otorrinolaringologia. As novas técnicas serão sempre um desafio a ser partilhado entre todos, e entre estas as técnicas minimamente
invasivas como a laparoscopia têm tido uma evolução crescente. De destacar ainda o artigo de descrição da Unidade de Cirurgia Ambulatória
de CHVNG/Espinho, com 3 anos de evolução e que foi desenvolvida segundo os critérios propostos pela CNAD.
Em Maio de 2012 realizar-se-á o VII Congresso Nacional de Cirurgia Ambulatória e pela primeira vez com participação da Associacion Espanhola
de Cirugia Mayor Ambulatória. Pretende-se com esta parceria uma troca de experiências entre países próximos e uma participação activa
de palestrantes e participantes espanhóis no nosso congresso que se realiza no Minho.
Neste congresso, para além da discussão de temas actuais da CA, introduzimos também a “Discussão com peritos”(europeus, norte americanos
e portugueses) de assuntos iminentemente práticos, permitindo-nos discutir o dia a dia das dificuldades da CA e a sua resolução em diferentes
países. Apostamos na introdução de um espaço próprio para as especialidades dentro da CA. Este encontro que decorrerá entre 14 e 16 de
Maio em Braga, e é o grande fórum de encontro e discussão de todos aqueles que se dedicam à Cirurgia Ambulatória.
Até breve.
Ana Marcos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 7-11
7
Ana Marcos*
Unidade de cirurgia de
ambu-laTório Do Centro Hospitalar
de Vila Nova de Gaia/Espinho
três anos de evolução
Outpatient surgery Unit From Hospital Centre of
Vila Nova de Gaia / Espinho - three years of evolution
Resumo
A Unidade de Cirurgia de Ambulatório (UCA) do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, EPE iniciou a sua atividade em Setembro
de 2008, com obras de remodelação e adaptação da Unidade III, situada a 15 km da Unidade Central. Neste sentido, foi então criado um
programa autónomo de cirurgia de ambulatório.
Neste trabalho, escrito a convite da Direção da Revista da APCA, procedeu-se ao balanço de três anos de atividade, salientando as dificuldades
detetadas e as soluções encontradas com vista à prestação de cuidados de saúde com segurança e qualidade.
No decorrer destes três anos, assistiu-se ao crescimento da atividade cirúrgica de ambulatório, acompanhada da diferenciação dos
procedimentos, mantendo os indicadores clínicos em valores de referência e zelando pela manutenção da qualidade e da segurança dos
doentes e dos profissionais, de acordo com a “legis arte”.
Palavras Chave
Cirurgia Ambulatória; Indicadores de Qualidade.
Summary
The Ambulatory Surgery Unit (UCA) from the Centre Hospitalier de Vila Nova de Gaia / Espinho, EPE began its activity in September 2008,
with remodeling and adaptation of Unit III, located 15 km from the Central Unit. Un autonomous program of outpatient surgery was created .
this work, written at the invitation of the Director of the Journal of APCA, we proceeded to the balance of three years of activity, highlighting
the difficulties detected and the solutions for the provision of health care with safety and quality.
During these three years have seen the growth of outpatient surgical activity, accompanied by the differentiation of procedures, maintaining
the clinical indicators and benchmarks for ensuring the maintenance of quality clinical indicators in reference values and
​​
ensuring the
maintenance of quality and safety of patients and professionals, according to the “legis art”.
Keywords
Day Surgery; Quality Indicators.
* - Assistente hospitalar graduada.
Directora da Unidade de Cirurgia Ambulatória CHVNG/Espinho.
Ana Marcos
Unidade de Cirurgia Ambulatória
CHVNG/Espinho
E-mail: [email protected]
8
Ana Marcos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 7-11
INTRODUÇÃO | Enquadramento da unidade no Centro Hospitalar
Figura 1 | Fluxograma do doente para cirurgia de Ambulatório
O Centro Hospitalar dispõe de um programa autónomo de cirurgia
de ambulatório, na Unidade de Cirurgia de Ambulatório (UCA),
Cirurgia
Convencional
Consulta de Cirurgia
situada na cidade de Espinho. Esta Unidade dispõe de um espaço
físico próprio e de recursos humanos (enfermeiros, assistentes
- Critérios Cirúrgicos
- Critérios Clínicos
- Critérios Sócio-demográficos
- Consentimento informado
Cirurgia de
Ambulatório
técnicos e operacionais) alocados em exclusivo à Unidade, com um
- Pedido de Exames complementares protocolados
- Inscrição para Cirurgia de Ambulatório
circuito independente em todo o processo peri-operatório. Integra
duas salas de consulta, sala de espera, vestiários para doentes, duas
Unidade de Cirurgia de Ambulatório
Secretariado
salas operatórias, área de recobro I e II e dispõe de espaço próprio
para pernoita.
Ao longo destes três anos de funcionamento, foram conjugadas
as necessidades, equacionada a segurança e avaliados todos
os requisitos, reunindo esforços num trabalho de desenho e
implementação da UCA, que se prendia se diferenciasse pela
Confirmação telefónica
da marcação com o
doente (antecedência
mínima de 48 horas)
Validação do plano
cirúrgico com a
especialidade se
necessário
qualidade, pela humanização e pela personalização dos cuidados
Diretor de Serviço ou
Cirurgião Interlocutor
de saúde prestados.
Marcações (dia único na unidade III):
- Exames complementares
- Consulta de anestesia
- Consulta de enfermagem
- Gestão de lista de inscritos
- Gestão dos tempos cirúrgicos
- Marcação da cirurgia 10 dias antecedência
- Convocação do doente
Além deste modelo, o Centro Hospitalar dispõe ainda de um
programa partilhado/integrado de cirurgia de ambulatório, na
engrenagem e a colaboração e a coordenação de todos os
Unidade I referente à Cirurgia Oftalmológica (realiza 99% das
profissionais, são fundamentais para levar a bom termo as atividades
intervenções em regime de ambulatório) e na Unidade II referente
diárias.
à Cirurgia Ginecológica e também à Cirurgia Pediátrica.
O fluxograma do doente intervencionado na UCA foi organizado
com base nas necessidades avaliadas para as diferentes etapas: pré-
Aspectos organizativos da UCA
operatório, dia da intervenção e pós-operatório (figura 2).
Como Unidade de Apoio Técnico à prestação de cuidados, a UCA
Figura 2 | Fluxograma do doente na unidade de cirurgia de Ambulatório
promove as condições necessárias para a realização de intervenções
cirúrgicas em regime de ambulatório.
Por ser uma Unidade satélite do Centro Hospitalar, foram tidos em
- Selecção do doente
- Critérios de admissão
- Preparação pré-operatória
consideração alguns requisitos específicos, no que se refere à seleção
do doente e dos procedimentos, à preparação dos profissionais e
ao equipamento disponível, visando a prestação de cuidados de
saúde com segurança e qualidade. Estes requisitos são discutidos
- Verificação dos critérios
- Cuidados anestésicos cirúrgicos
- Protocolos clínicos de atuação
regularmente e ajustados à prática cirúrgica e às necessidades dos
doentes tratados.
Considerando os requisitos organizacionais para a prática da cirurgia
- Recuperação / alta
- Contacto disponível
- Contacto telefónico às 24 horas
- Consulta de especialidade
- Inquérito de satisfação
de ambulatório, foram criados e regularmente atualizados os folhetos
informativos, os registos efetuados de forma a melhorar a informação
fornecida ao utente, contando sempre com o apoio e as sugestões
de todos os profissionais envolvidos e dos doentes tratados.
Cada Serviço Cirúrgico é responsável pela proposta cirúrgica de
ambulatório. A UCA articula-se com os serviços cirúrgicos, através
da Direção do Serviço e/ou do interlocutor nomeado para o efeito.
Período pré-operatório
Foi criado o fluxograma de articulação com os serviços cirúrgicos,
Esta fase de preparação tem como objetivos promover a segurança
de forma a permitir a preparação adequada do doente no período
dos doentes, minimizar possíveis complicações peri-operatórias, evitar
pré-operatório. Este fluxograma de orientação do doente tem sido
cancelamentos de cirurgia de última hora, fornecer atempadamente
adaptado de acordo com as necessidades (figura 1).
informação aos doentes, esclarecer dúvidas e avaliar necessidades
específicas para o doente.
Fluxograma do doente na UCA
O algoritmo de avaliação pré-operatória inclui:
A UCA tem como base de funcionamento o princípio da utilização
- Consulta da especialidade cirúrgica;
das partes para a construção de um todo. Desta forma, a adequada
- Inquérito pré-operatório;
Ana Marcos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 7-11
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- Consulta de anestesia na UCA;
de um folheto próprio para o utente com todas as indicações
- Consulta de ensino de enfermagem na UCA;
necessárias à toma da medicação no domicílio. (figura 4).
- Visita à Unidade (admissão e recobro II);
Para o efeito, foi criada uma embalagem própria (uma embalagem/
- Realização do estudo pré-operatório protocolado no próprio
fármaco cedido), com código de barras e com a indicação da
dia das consultas;
identificação do fármaco, dose, via de administração, número de
- Informação verbal e escrita, adaptada ao grupo etário (adulto
ou pediátrico) e à intervenção cirúrgica proposta.
comprimidos por embalagem, número de referência por lote,
identificação de quem preparou e data de validade.
Figura 4 | Cedência de fármacos: embalamento e guia de prescrição
Dia da intervenção
A UCA dispõe de espaço físico próprio, com um circuito circular
e independente (figura 3). Para cada uma das fases do circuito do
doente no dia da intervenção, foram criados protocolos clínicos
de atuação:
- Realização da check-list e protocolo de preparação do doente;
- Orientações para a analgesia peri-operatória;
- Orientações para prevenção e tratamento de náuseas e vómitos
pós-operatórios;
- Cuidados pós-bloqueio subaracnoideu;
- Registos clínicos, adaptados às fases de recobro e grupo etário
(pediatria e adulto);
Cuidados após a alta
Com o objetivo de manter a qualidade de cuidados após a alta
- Critérios de alta do recobro I e II;
hospitalar, o doente e cuidador são informados no momento da alta,
- Verificação/validação dos critérios de alta para o domicílio;
por escrito e verbalmente, do que devem fazer e do que devem evitar
- Verificação da check-list de alta para o domicílio;
fazer. São alertados para sinais que aconselham recurso imediato
- Documentação necessária à alta;
aos cuidados de saúde, sendo-lhes fornecidos meios de contacto
- Cedência de fármacos para o domicílio;
direto com a equipe (telefone disponível 24 horas). É-lhes também
- Informação escrita e verbal na presença de adulto responsável,
transmitida a informação que devem ter pronta para fornecer e
adaptada à intervenção cirúrgica, técnica anestésica e grupo
quando devem contactar.
etário.
É disponibilizado um contacto telefónico direto ao utente, e
é realizado um contacto telefónico nas primeiras 24 horas pela
Figura 3 | Circuito do doente no dia da intervenção
equipa da Unidade. É enviado um inquérito de satisfação aos 30
dias pós-operatório e é realizada uma consulta pós-operatória pela
Chick-list
(enfermagem/médico)
especialidade cirúrgica. Procede-se regularmente à avaliação e
Sala de preparação
(punção venosa,
pré-medicação)
Admissão
análise dos indicadores clínicos.
Evolução da Actividade assistencial
Sala
Operatória
Domicílio
No decorrer destes últimos três anos, tem-se verificado um crescente
aumento e diversificação dos tempos operatórios e das especialidades
Gabinete
de alta
Fase
recuperação I
cirúrgicas presentes na UCA. Atualmente, a UCA dispõe de 17 tempos
operatórios ocupados, distribuídos pelas seguintes especialidades
Critérios
de alta
Fase
recuperação II
Critérios
de alta
cirúrgicas: Urologia, Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Cirurgia Plástica,
Cirurgia Pediátrica, Neurocirurgia, Ortopedia, Otorrinolaringologia e
Estomatologia.
A cedência de fármacos para o domicílio iniciou-se em Setembro
Como já foi referido anteriormente, o Centro Hospitalar tem
de 2009. Em colaboração dos Serviços Farmacêuticos e do Serviço
atividade cirúrgica de ambulatório nas três Unidades, apresentando
de Informática, foi possível implementar a prescrição eletrónica na
uma taxa crescente de doentes intervencionados em regime de
UCA, criando para o efeito uma interface entre o sistema informático
ambulatório (gráfico 1). Só no ano de 2011 foram intervencionados
de apoio ao médico (SAM), o sistema de enfermagem e a farmácia
em ambulatório 55,6% dos doentes intervencionados em todo o
hospitalar, permitindo assim a prescrição, cedência e reposição
Centro Hospitalar.
automática das embalagens dispensadas, bem como a impressão
10
Ana Marcos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 7-11
Gráfico 1 | Evolução da cirurgia de ambulatório no Centro Hospitalar
Quadro II | Consulta
Consulta
2009
2010
2011
% 2011
vs 2010
Nº de doentes operados no CHVNG/E
1.317
2.235
2.632
17,8%
Nº de doentes operados na UCA
1.359
1.480
2.338
58,0%
Tem-se verificado um aumento do número de inscritos para cirurgia
de ambulatório nas várias especialidades, fruto do recente início da
atividade cirúrgica em ambulatório de algumas especialidades e da
diferenciação de procedimentos que têm vindo a ser realizados na
UCA. O tempo médio de espera, no final de 2011, era de 2,9 meses,
ligeiramente superior ao tempo médio de espera verificado em
Dezembro de 2010 (2,6 meses).
Indicadores clínicos de qualidade na cirurgia de ambulatório na UCA
Os Indicadores clínicos de qualidade em cirurgia de ambulatório
A atividade cirúrgica realizada na UCA tem contribuído para a
são uma ferramenta essencial para a avaliação do processo e dos
crescente taxa de ambulatorização do Centro Hospitalar, tendo em
resultados de um programa de cirurgia de ambulatório.
2011 apresentado um crescimento de 10,5% de atividade face a 2010.
Estes são avaliados regularmente desde o início de atividade da UCA
e discutidos internamente de forma a corrigir eventuais desvios.
Quadro I | Atividade cirúrgica em ambulatório
Quadro III | Indicadores clínicos
Atividade cirúrgica em ambulatório
2009
2010
2011
% 2011
vs 2010
Nº de doentes operados no CHVNG/E
7.466
8.355
8.505
1,8%
Indicadores clínicos
2010
2011
Nº de doentes operados na UCA
2.250
2.844
3.143
10,5%
Taxa de cancelamento de cirurgias
7,8%
5,3%
Taxa de internamentos imprevistos
0,5%
0,8%
A UCA dispõe de um espaço próprio para pernoita, com 8 camas,
Taxa de readmissão nas primeiras 24 horas
0,14%
0,04%
que neste período apenas é utilizado um dia por semana, para
Taxa de reintervenções nas primeiras 24 horas
0,04%
0,09%
cirurgia major, realizada no período da tarde pela especialidade
Taxa de mortalidade
0%
0%
de cirurgia geral. A necessidade de alocar recursos humanos e os
custos inerentes à pernoita têm sido devidamente avaliados, de
O contacto telefónico ao utente é sistematicamente realizado às 24
forma a obter uma maior rentabilização do espaço. No ano de 2011,
horas de pós-operatório e os resultados são avaliados e discutidos
pernoitaram na UCA 273 doentes, submetidos principalmente a
tendo em conta o grupo etário, a intervenção cirúrgica e a técnica
colecistectomias laparoscópicas, cirurgia da tiroide, hérnias bilaterais
anestésica. Procedeu-se a alterações dos procedimentos, que foram
ou situações em qua a patologia associada do doente requeria um
detetados desvios. Foi ainda proposta a realização de um contacto
tempo de vigilância superior. O objetivo da equipa de trabalho foi
às 72 horas, para todas as situações em que se verifique alguma
sempre obter a máxima rentabilização das salas cirúrgicas no período
intercorrência às 24 horas.
da tarde, usando a pernoita apenas quando justificado, evitando-a
assim em procedimentos passiveis de alta até às 20 horas.
Quadro IV | Contacto telefónico às 24 horas
Contacto telefónico às 24 horas
2010
2011
As consultas de anestesia e de enfermagem mantiveram a sua
Taxa de contactos conseguidos
85,0%
86,1%
atividade regular desde o início de atividade da UCA, nos períodos
Viagem sem problemas
99,7%
99,3%
da tarde de segunda a sexta-feira. Atualmente, 96% dos doentes
Noite sem problemas
97,3 %
99,1%
intervencionados na UCA com intervenção de anestesiologia, são
Sem dor ou dor ligeira
96,7%
96,2%
avaliados na consulta de anestesia. Esta consulta é realizada por
Náuseas (moderado a intenso)
1,1 %
0,4%
anestesistas que regularmente têm atividade assistencial na Unidade.
Vómitos (moderado a intenso)
0,1 %
0,2%
A atividade referente à pequena cirurgia realizada na UCA aumentou
Cefaleias (moderada a intensa)
0,07 %
0,04%
progressivamente, tendo atualmente 6 tempos disponíveis por
Hemorragia/penso repassado
0,6 %
0,7%
semana.
Recurso aos serviços de saúde
0,3 %
0,5%
Medicação analgésica suficiente
97,7%
99,8%
Informação pós-operatória (boa ou excelente)
99,4%
99,9%
Ana Marcos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 7-11
11
O inquérito de satisfação é enviado ao utente aos 30 dias de pós-
Consideramos negativos alguns aspetos relacionados com a
operatório com envelope RSF, garantindo desta forma que as
localização satélite, com algumas condicionantes e especificidades,
respostas se referem exatamente ao período que se pretende avaliar.
como o aumento dos custos em equipamento e em recursos, a
Temos constatado um aumento da taxa de resposta ao inquérito
duplicação das áreas cirúrgicas e a insegurança inerente ao
devido à sensibilização que os profissionais fazem junto dos utentes.
distanciamento físico da Unidade Central.
Como aspetos positivos de funcionamento da UCA poderão ser
Quadro V | Inquérito de satisfação aos 30 dias pós-operatório
apontados a colaboração e disponibilidade de todos os profissionais,
2011
(até Nov.)
a excelente relação e colaboração interprofissionais, a existência de
43,9%
49,3%
espaço físico exclusivo para a cirurgia de ambulatório e a alocação de
98,4%
99,4%
recursos humanos exclusivos (enfermagem, assistentes operacionais
Retoma total da atividade?
63,2%
60,2%
e técnicos), proporcionando uma maior entrega, dedicação e
Voltaria a ser operado na UCA?
99,4 %
98,9%
empenho nas atividades, contribuindo para uma maior humanização
Inquérito de satisfação aos 30 dias pós-operatório
2010
Taxa de inquéritos devolvidos
Satisfação global (satisfeitos e muito satisfeitos)
dos cuidados prestados e também para um melhor desempenho e
Comentário final
celeridade do processo.
Da análise crítica deste período de atividade, detetamos alguns
Os indicadores clínicos, os resultados do inquérito de satisfação e
aspetos que necessitam ainda de algum ajuste. É nosso objetivo um
o contacto telefónico às 24 horas, traduzem a dedicação, empenho
agendamento cirúrgico com maior antecedência, proporcionando
e motivação dos profissionais, no desenvolvimento e crescimento
assim uma melhor coordenação para a preparação adequada do
da cirurgia de ambulatório.
doente; um aumento da referenciação à consulta de anestesia; uma
Pretende-se uma metodologia de trabalho baseada no diálogo /
otimização do estudo pré-operatório e um maior envolvimento de
partilha / colaboração inter e multidisciplinar, na avaliação contínua
algumas especialidades cirúrgicas em todo o processo cirúrgico
dos cuidados e na avaliação crítica dos resultados, com recurso a
de ambulatório.
auditorias internas e externas, visando sempre a excelência dos
cuidados a prestar.
Carlos Magalhães - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 13-17
HERNIOPLASTIA INGUINAL VIA
LAPAROSCÓPICA EM CIRURGIA
AMBULATÓRIA
13
Carlos Magalhães
LAPAROSCOPIC INGUINAL HERNIOPLASTY IN DAY SURGERY
Resumo
O tratamento cirúrgico da Hérnia Inguinal é dos procedimentos mais frequentes a nível Mundial. O desenvolvimento das técnicas sem tensão
e massificação da utilização das próteses, veio possibilitar a melhoria quantitativa e qualitativa dos índices de avaliação deste procedimento.
As técnicas laparoscópicas permitiram a expressão das vantagens da cirurgia mininvasiva possibilitando a sua aplicabilidade na cirurgia
realizada em regime de ambulatório.
Este estudo apresenta a experiência da Unidade de Cirurgia Ambulatório (UCA) do Hospital Santo António – Centro Hospitalar do Porto, no
tratamento da Hérnia Inguinal, utilizando a abordagem laparoscópica. No período de Janeiro de 2007 a Dezembro de 2011 foram submetidos
a tratamento cirúrgico 152 pacientes, correspondendo a um total de 263 Hérnias e sendo 15,8 % Hérnias recidivadas. A técnica utilizada
teve a seguinte distribuição: TEP – 137 pacientes (90%), / TAPP – 15 pacientes (10%) em que em 4 deles (2%) o procedimento foi associado
a colecistectomia laparoscópica.
Na avaliação de pós-operatório 8 % dos pacientes registaram algum tipo de intercorrência e todos tiveram alta até às 19 horas do dia da
cirurgia, após verificados os critérios de alta da UCA (PADSS). Todos os pacientes foram avaliados como previsto na 1ª semana, ao mês e aos
6 meses de pós-operatório.
A toma de analgésico foi em média de 2 dias, a taxa de morbilidade foi de 9,8% e a taxa de recidiva global foi de 3% (8 casos). A demora
média para retorno às actividades diárias habituais foi de 4 dias e a média para retorno à actividade laboral, foi de 10 dias. No inquérito
telefónico realizado ao final de um ano de pós-operatório não foram registados complicações major, todos os pacientes classificaram a sua
dor como ausente ou ligeira e 98 % dos pacientes, revelaram estar satisfeitos com o procedimento laparoscópico a que foram submetidos.
Conclusão: A abordagem laparoscópica da Hérnia inguinal em regime de ambulatório (Day Surgery) é um procedimento a ser considerado
nas opções cirúrgicas das diferentes UCA a nível nacional, desde que reunidas as condições para a sua aplicabilidade.
Palavras Chave
Hérnia Inguinal, Tratamento via Laparoscópica, Cirurgia de Ambulatório
Summary
Inguinal hernia repair is the most frequently performed operation in general surgery. The improvement and widespread use of the tensionfree mesh, contributed to the better quality of outcomes oh hernia surgery.
Laparoscopic hernia repairs have several advantages over the conventional open methods and permitted the benefits of minimal invasive
surgery techniques and its applicability in Day Surgery Units.
This paper presents the experience of Unidade de Cirurgia Ambulatório (UCA) - Hospital Santo António – Centro Hospitalar do Porto, in the
treatment of Laparoscopic Hernia repair. In the period January 2007 and December 2011, it were submitted to surgery 152 patients, in a
total of 263 Hernias, from wich 15,8% were recurrent hernias. The distribution of the laparoscopic treatment was: TEP – 137 patients (90%), /
TAPP – 15 patients (10%) in wich was also performed in 4 patients (2%) a laparoscopic cholecistectomy.
In the post operative period, 8% of the patients registered some kind of minor complication and all of them left hospital until 7 p.m of the
same day of surgery, after it were guaranteed the discharge criteria from UCA (PADSS). All patients were evaluated in 1st week, 1st month
and 6th month.
The medium needs of analgesia was 2 days, the morbidity rate was 9,8% and recurrence was 3% (8 cases). The medium recovery for normal
day activities was 4 days and for labour activities was 10 days. The results for the telephone inquiry after one year of post operative didn’t
registered major complications, all patients classified its pain as absent or medium and 98 % of them were satisfied with the surgical intervention.
Carlos Magalhães
Unidade Cirurgia Geral de Ambulatório,
CICA – HSAntónio – CHPorto
E-mail: [email protected]
Telemóvel: 919 336 190
14
Carlos Magalhães - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 13-17
Conclusion: The laparoscopic treatment of Inguinal Hernia in Day Surgery, is a procedure that must be considered in the surgical indications
of the different Ambulatory Surgical Units in Portugal, since there are created the best conditions for its applicability.
Keywords
Inguinal Hernia, Laparoscopic Repair, Day Surgery
Introdução | A patologia Herniária da parede abdominal apresenta
Tendo iniciado a sua actividade em 1991, a UCA existe com Unidade
elevada prevalência, sendo cerca de 90 % localizadas à região
autónoma desde 1998, tendo inaugurado em Março de 2011, o
inguino-crural e representando a nível Mundial, o procedimento
Centro Integrado de Cirurgia Ambulatória (CICA).
cirúrgico mais realizado na área da Cirurgia Geral.1, 2
No período de 2001 a 2011, a UCA realizou 2185 procedimentos
O tema do tratamento da patologia herniária da parede abdominal
sobre hérnias da parede abdominal, sendo 1857 (85%) sobre hérnia
tem sofrido grandes desenvolvimentos desde que Eduardo Bassini,
inguinais. A opção cirúrgica preferencial corresponde à técnica de
na Universidade de Padóva em Itália, descreveu o seu método de
Lichtenstein, utilizada em 1671 intervenções (90%).
reparação no manuscrito de 1887 – “Sulla cura radicle dell’erinea
A abordagem laparoscópica da Hérnia Inguinal iniciou-se em
inguinale”.
Outubro de 2006, com 2 intervenções, reiniciando-se de forma
3
O facto de nas últimas décadas terem sido já descritos numerosas
programada em Janeiro de 2007.
técnicas para o tratamento da Hérnia Inguinal, comprova que
Todos os procedimentos cirúrgicos registados até Março de 2011,
nenhuma delas se conseguiu sobrepor em relação às restantes.
foram realizados em regime de ambulatório sem pernoita e com
A utilização das técnicas sem tensão com utilização de material
alta até às 19 horas do mesmo dia da cirurgia. Desde Março de
protésico, permitiu a redução de taxas de complicação no pós
2011, o CICA assumindo o novo conceito de regime de ambulatório,
operatório, menor morbilidade, menor grau de dor, menores taxas
disponibiliza a possibilidade de pernoita em regime de cirurgia com
de recidiva e recuperação mais rápida, sendo aceites universalmente
internamento inferior a 24h.
como as técnicas gold-standard a nível da comunidade científica
A técnica laparoscópica utilizada preferencialmente foi a abordagem
e cirúrgica.4,5,6,7,8
totalmente extraperitoneal (TEP), sendo utilizados sempre que
No inicio dos anos 90 a abordagem por via laparoscópica no
aplicável materiais reutilizáveis.
tratamento da Hérnia Inguinal, iniciou os seus primeiros passos e
Na experiência inicial foi utilizada a técnica de dissecção do espaço
após 2 décadas de experiência, esta técnica conseguiu reunir algum
préperitoneal utilizando um balão (15 primeiras intervenções),
consenso internacional sendo considerada como técnica de primeira
com um trocar de 10 mm periumbilical e 2 trocars de 5 mm em
escolha em muitos centros de referência, sendo considerada com
posição lateral. Após esta aprendizagem inicial a técnica utilizada
opção válida pela Sociedade Europeia da Hérnia.9,10,11,12,13,14,15,16, 17, 18, 19, 20
foi a da dissecção do espaço utilizando a óptica introduzida no
A abordagem laparoscópica apresenta numerosas vantagens
trocar periumbilical e a colocação dos 2 trocars de 5 mm, ao nível
comparativamente às técnicas clássicas, demonstradas em muitos
da linha média.
estudos prospectivos randomizados comparando as duas técnicas.
Ao longo desta casuística foram utilizados diferentes tipos de
As maiores vantagens são a redução da dor no pós operatório, mais
próteses (polipropileno, semiabsorvível, auto aderente e anatómica
rápida recuperação para as actividades diárias e laboral, melhores
préformada) que foram na sua maioria fixadas utilizando “tackers”.
resultados cosméticos e como tendo efectividade de custos.16,17, 21, 22
Todos os pacientes foram incluídos no esquema habitual de
As técnicas laparoscópicas mais difundidas são a abordagem
avaliação pré operatória da UCA.
totalmente extraperitoneal (TEP) e a técnica transabdominal pré
No seguimento de pós-operatório, os pacientes foram submetidos
peritoneal (TAPP).
a inquérito telefónico às 24 h, consulta de avaliação ao 7º dia e mês
A abordagem laparoscópica da hérnia inguinal é uma excelente
e ainda a uma consulta adicional ao 6º mês. Após follow up de um
aplicação da conjugação da cirurgia mini invasiva e da cirurgia
ano, os pacientes foram submetidos a inquérito telefónico.
realizada em regime de ambulatório, que permitirá maximizar todos
os benefícios e vantagens destes dois conceitos. 21, 22
Resultados | No Período de Janeiro de 2007 a Dezembro de 2011
foram submetidos a tratamento cirúrgico de Hérnia Inguinal por
Material e Métodos | O presente artigo representa a
abordagem laparoscópica, um total de 152 doentes.
experiência e registo prospectivo do Serviço/Unidade de Cirurgia
A distribuição por sexo foi de 148 (97,3%) do sexo masculino e 4
de Ambulatório, do Hospital de Santo António – Centro Hospitalar
(2,7%) do sexo feminino.
do Porto (UCA), no tratamento da Hérnia Inguinal utilizando a
A média de idade foi de 48 anos, com um mínimo de 18 e máximo
abordagem Laparoscópica.
de 76, sendo a maioria residente no distrito do Porto (75%).
Carlos Magalhães - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 13-17
A distribuição por classificação ASA foi a seguinte: ASA I – 78, ASA
II – 67, ASA III – 7. [Gráfico 1]
Gráfico 3 | Tratamento de Hérnias Recidivadas
25
Gráfico 1 | ClassificaçãoClassificação
ASA
ASA
ASA I
15
ASA II
ASA III
20
15
10
5%
5
0
44%
Abordagem Anterior
51%
Abordagem TEP
TEP
TAPP
Gráfico 3
inicial da casuística (primeiros 20 pacientes).
Os motivos de conversão foram 1 caso de hemorragia com origem
O tempo de sintomatologia a nível da região Inguinal variou
nos vasos epigástricos e 2 casos por dificuldades técnicas.
entre 2 meses e vários anos e 22 % dos pacientes apresentavam
Registou-se ainda uma conversão de TAPP (hérnia birecidivada) para
antecedentes cirúrgicos da parede abdominal.
via clássica, por não tolerância do paciente ao pneumoperitoneu.
Na avaliação dos pacientes, um total de 111 (73%) apresentavam
Não foram verificadas
outras complicações intraoperatórias, tendo-se
4
Hérnia Inguinal
bilateral e Inguinal
41 (37%)Laparoscópica
Hérnia Inguinal Unilateral,
Hernioplastia
registado um tempo médio de Cirurgia de 55 minutos, com limites
TAP
correspondendo esta casuística5%
ao tratamento de um total de 263
de 25 e 145 minutos.
Hérnias Inguinais.
2
Na avaliação de pós operatório
(Fase I 2e Fase II) 8 % dos pacientes
Do total de pacientes, 128 (84,2%) foram submetidos a tratamento
registaram algum tipo de intercorrência.
44% e 24 (15,8%) representaram
51%
primário da Hérnia Inguinal
tratamento
Todos os pacientes tiveram alta até às 19 horas do dia da cirurgia,
de Hérnias recidivadas.
após verificados os critérios de alta da UCA (PADSS).
O tempo médio de espera para a intervenção cirúrgica foi de 2,5 meses.
Técnica
Técnica TEP
TAPP
Não se verificou
nenhum
caso deTécnica
reintervenção
cirúrgica.
Todos os pacientes foram submetidos
a anestesia geral.
TEP
Na 1ª semana de pós operatório, 4 casos recorreram a assistência
Classificação ASA
ASA I
ASA II
ASA III
2%
98%
Lichtenstein
A técnica utilizada teve a seguinte distribuição:
Gráfico 4
no
Serviço de Urgência (1 por hematoma, 1 por Febre associada a
25
- TEP – 137 pacientes (90%)
Infeção Respiratória e 2 por seroma da incisão periumbilical).
- TAPP – 15 pacientes (10%) em que em 4 deles (2%) o procedimento
Todos os pacientes foram avaliados como previsto na 1ª semana, ao
foi associado a colecistectomia laparoscópica. [Gráfico 2]
15
mês
e aos 6 meses de pós operatório.
Gráfico 2 | Hernioplastia Hinguinal Laparoscópica
Hernioplastia Inguinal Laparoscópica
TAP
2%
20
A10toma de analgésico foi em média de 2 dias (Clonixina e Ibuprofeno).
A taxa
de morbilidade foi de 9,8% , apresentando a seguinte distribuição:
5
- Hematoma – 6 casos
0
Abordagem
Anterior principalmente
Abordagem TEP
- Seroma
(localizado
à região periumbilical) – 9 casos
TEP TAPP
Todos estes casos foram tratados
conservadoramente.
A
taxa3de recidiva global foi de 3% (8 casos) [Gráfico 4]
Gráfico
- 4 casos reoperados por técnica Lichtenstein
- 2 casos reoperados por TAPP
TEP
98%
- 2 casos reoperados por TEP
Gráfico 4 | Tratamento de Hérnias Recidivadas TEP
Dos 24 pacientes operados por hérnia recidivada, a técnica cirúrgica
4
utilizada foi a seguinte: [Gráfico 3]
- 20 pacientes com abordagem primária com técnica anterior –
2
tratados 8 por técnica TAPP e 12 por TEP
2
- 4 pacientes com recidiva de técnica prévia de TEP – 2 tratados por
TAPP e 2 tratados por TEP
Verificou-se uma taxa de conversão de 3 casos, submetidos a
Técnica
Lichtenstein
intervenção primária de TEP: 2 convertidos para via clássica anterior
(Lichtenstein) e 1 convertido para TAPP. Estes casos surgiram na fase
Gráfico 4
Técnica TEP
Técnica TAPP
16
Carlos Magalhães - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 13-17
Foram registados 12 casos de dor ou sensação de corpo estranho
ambulation and return to work; A preliminary report. Calif Med.
a nível da região inguinal, tendo sido reintervencionado 1 paciente
1964;100:106–9.
para remoção de um tacker responsável por situação de dor intensa
no pós operatório.
5. Sarr MG. The tension-free hernioplasty. Am J Surg. 1990;160:139–
41.[PubMed]
A demora média para retorno às actividades diárias habituais foi
6. Wantz G. Preperitoneal hernioplasty with unilateral giant
de 4 dias e a média para retorno à actividade laboral, foi de 10 dias.
prosthetic reinforcement of the visceral sac. Contemp Surg.
No inquérito telefónico realizado ao final de um ano de pós
1994;44:83–9.
operatório não foram registados complicações major, todos os
pacientes classificaram a sua dor como ausente ou ligeira e 98
% dos pacientes, revelaram estar satisfeitos com o procedimento
laparoscópico a que foram submetidos.
7. Fitzgibbons RJ, Camps J, Cornet DA (1995) Laparoscopic inguinal
herrnioraphy: results of a multicenter trail. Ann Surg221:3-133.
8. Lichtenstein IL, Shulman AG, Amid PK, Montllor MM. (1989) The
tension-freehernioplasty. Am J Surg 157;188-935.
9 . Bittner R, Sauerland S, Schmedt CG. Comparison of endoscopic
Conclusões | A abordagem cirúrgica da Hérnia Inguinal por via
techniques vs Shouldice and other open nonmesh techniques
laparoscópica em regime de ambulatório é uma opção que garante
for inguinal hernia repair: A meta-analysis of randomized
altos níveis de qualidade e segurança, apresentando segundo as mais
controlled trials. Surg Endosc. 2005;19:605–15.
recentes publicações resultados sobreponíveis às técnicas clássicas.
10. Schmedt CG, Sauerland S, Bittner R. Comparison of endoscopic
De acordo com as principais séries internacionais de abordagem
procedures vs Lichtenstein and other open mesh techniques for
laparoscópica da hérnia inguinal, confirmadas pela nossa experiência,
inguinal hernia repair: a meta-analysis of randomized controlled
este procedimento poderá ser utilizado em todas as hérnias
trials. Surg Endosc. 2005;19:188–99.
inguinais, desde que sob a responsabilidade de equipas formadas
e experientes.1
A opção pela técnica TEP parece-nos mais adequada, pelo facto de o
11. Neumayer L, Giobbie-Hurder A, Jonasson O, Fitzgibbons R,
Dunlop D, Gibbs J, et al. Open mesh versus laparoscopic mesh
repair of inguinal hernia. N Engl J Med. 2004;350:1819–27.
espaço pré- peritoneal ser a localização anatómica mais favorável à
12. Wake BL, McCormack K, Fraser C, Vale L, Perez J, Grant AM.
colocação da prótese e tratamento do defeito da parede abdominal,
Transabdominal pre-peritoneal (TAPP) vs totally extraperitoneal
sendo ainda possível evitar as complicações associadas à invasão
(TEP) laparoscopic techniques for inguinal hernia repair.
da cavidade abdominal.
The Cochrane Database of Systematic Reviews. 2005;(Issue 1) doi:
A aquisição de experiência acumulada permitiu que os custos/
10.1002/14651858.CD004703.pub2.CD004703.pub2]
efectividade da técnica laparoscópica fossem comparáveis aos
13. McCormack K, Wake B, Perez J, Fraser C, Cook J, McIntosh E, et
das técnicas por via aberta, pela aposta em estratégias de redução
al. Laparoscopic surgery for inguinal hernia repair: Systematic
de custos associados à diminuição da curva de aprendizagem,
review of effectiveness and economic evaluation. Health Technol
diminuição dos tempos operatórios, diminuição de complicações
Assess. 2005;9:1–203.
intraoperatórias e diminuição de material necessário para a realização
das intervenções.
Na nossa Unidade a abordagem laparoscópica das Hérnia Inguinais
14. Vogt DM, Curet MJ, Pitcher DE, et al. (1995) Preliminary results of a
prospective randomized trial of laparoscopic versusconventional
inguinal herniorrhaphy. Am J Surg169:84-96.
encontra-se ainda algo limitada por diferentes recursos, estando
15. Bringman S, Ramel S, Heikkinen TJ, ET AL. (2003) Tension-free
a ser utilizada nas Hérnias Inguinais Uni ou Bilaterais, nas Hérnias
inguinal hernia repair: TEP versus mesh-plug versus Licht-enstein
recidivadas e nos pacientes jovens com necessidade de regresso
– A prospective randomized controlled trail. Ann Surg 237:142-
rápido à sua actividade laboral.
1477.
16. Heikkinen TJ, Haukipuro K, Koivukangas P, et al. (1998) A
BIBLIOGRAFIA
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extra-peritoneal endoscopic hernioplasty versus Lichtenstein
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Ahmad, Md. Revista Sociedade Portuguesa Cirurgia. 2007:29:32
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2. Rutkow IM (1998) Epidemiology, economic and sociologic
17. Lal Pawanindra, Kajla RK, Chander J, et al. (2003) Randomized
aspects of hernia surgery in the United States in the 1990s.
controlled study of laparoscopic total extra-peritoneal ver-sus
SurgClin North Am 73:413-4262.
open Lichtenstein inguinal hernia repair. Surg Endosc 17:850-
3. Bassini E. Sulla cura radicle dell’erinea inguinale. (1887) Arch Soc
Ital Chir 4:380
4. Lichtenstein IL. Local Anaesthesia for hernioplasty: Immediate
8569. Barrat C, Surlin V, Bordia A, et al. (2003)
18. Management of recurrent inguinal hernias: a prospective study
of 163 cases. Her-nia 7:125-910. Sayad P, Ferzli G. (1999)
Carlos Magalhães - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 13-17
19. Laparoscopic preperitoneal repair of recurrent inguinal hernias.
J Laparoendosc Adv Surg Tech A 127-3011. Camps J, Nguyen N,
Annabali R, et al. (1995)
20. Laparoscopic inguinal herrnioraphy: transabdominal techniques.
Int Surg80:18-2512. Felix EL, Michas CA, Gonzalez MHJ (1995)
Laparoscopic herrnioplasty. Surg Endosc 9:984-98913.
21. Day surgery for laparoscopic repair of abdominal wall hernias Our experience in 300 patients, A. Moreno-Egea, J. Castillo Bustos
and J. Aguayo, Hernia. Volume 6, Number 1, 21-25
22.Outpatient Endoscopic Totally Extraperitoneal Inguinal
Hernioplasty. Hung Lau. Journal of Laparoendoscopic &
Advanced Surgical Techniques. April 2004, 14(2): 93-96.
17
Catarina Gameiro - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 19-23
Tratamento de Incontinência
Urinária na Mulher em Regime
de Ambulatório – Experiência
Preliminar de um Serviço de
Urologia
19
Catarina Gameiro *
Sofia Lopes **
Fortunato de Barros ***
Ambulatory Surgery for the Treatment of Female Urinary
Incontinence - A Urology Department’s Preliminary Experience
Resumo
Introdução e Objectivos: A actividade cirúrgica ambulatória em Urologia no Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) teve início em Janeiro
de 2009 em regime de ambulatório com pernoita e posteriormente como ambulatório com permanência máxima de 12 horas. A incontinência
urinária feminina é das patologias mais frequentemente tratadas neste regime, a par da patologia do escroto e pénis. Pretendeu-se avaliar
retrospectivamente o grau de satisfação e resultados cirúrgicos preliminares de doentes operadas por incontinência urinária no serviço de
Urologia desde o início da actividade ambulatória.
Material e Métodos: Foram intervencionadas 73 doentes do sexo feminino para tratamento de incontinência urinária de esforço (IUE), de
urgência (IUU) ou mista, usando-se técnicas de injecção transuretral de bulking agents (18 doentes) ou de toxina botulínica (18 doentes),
e colocação de slings sub-uretrais para tratamento de IUE (37 casos, sete com pernoita). Foram revistos os processos para avaliação dos
resultados e fez-se um inquérito telefónico para avaliação do processo de cirurgia em ambulatório, eventual recomendação deste regime a
outras doentes; satisfação com o resultado cirúrgico.
Discussão e Conclusões: A satisfação pessoal global, bem como os resultados cirúrgicos dos procedimentos são muito satisfatórios, com
baixa taxa de complicações, e nenhum internamento após alta. Os resultados são favoráveis ao tratamento desta patologia em ambulatório
pelas técnicas indicadas, sem detrimento do efeito terapêutico que se pretende para as doentes, e com menores custos sociais e hospitalares.
Palavras Chave
Incontinência urinária, Cirurgia ambulatória, Satisfação pessoal
Summary
Introduction and Objectives: The outpatient surgical activity in Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) began in January 2009 as
ambulatory with twenty-three hours hospital stay, and later on as regular outpatient procedures (12 hours maximum stay). Female urinary
incontinence is one of the entities most frequently treated as outpatient surgery, along with andrological penile and scrotal diseases. We aimed
to evaluate the degree of satisfaction and preliminary surgical results of all patients treated since the beginning of the ambulatory activity.
Materials and Methods: 73 female patients were treated for stress urinary incontinence (SUI), urgency urinary incontinence or mixed symptoms,
using transurethral injection of bulking agents (18 patients) or botulinum toxin (18 patients), and sling procedures for the treatment of SUI
(37 patients). The medical files were reviewed and an individual telephone questionnaire was made aiming to evaluate the whole outpatient
surgery experience; if they would recommend this regime to other patients; satisfaction with the surgical result.
Discussion and Conclusions: Personal global satisfaction as well as surgical results were very satisfactory, with a low rate of complications
and no readmissions after release from the hospital. The results favour the treatment of this type of diseases as ambulatory procedures using
the techniques mentioned, without compromising the therapeutic effect intended, and with lower social and hospital costs.
Keywords
Urinary incontinence, Ambulatory surgery, Personal satisfaction
* - Interno do Internato Médico de Urologia;
** - Assistente Hospitalar de Urologia;
*** - Assistente Hospitalar Graduado de Urologia.
Serviço de Urologia, Centro Hospitalar de Lisboa Central
Director: Dr. VH Vaz Santos
Catarina Diogo Gameiro
E-mail: [email protected]
Morada:
Serviço de Urologia,
Centro Hospitalar de Lisboa Central
Rua José António Serrano, 1150-199 Lisboa
20
Catarina Gameiro - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 19-23
estrutura hospitalar do CHLC inclui quatro hospitais (São José,
Assim, foram nossos objectivos avaliar: satisfação das doentes quanto
Santo António dos Capuchos, Santa Marta e Dona Estefânia) que
ao funcionamento da Unidade e do Serviço; opinião das doentes
funcionam em sinergia, partilhando serviços que se apoiam no
sobre a opção pela cirurgia em ambulatório por comparação com
tratamento dos doentes. O Serviço de Urologia, e quase toda a
regimes de cirurgia em internamento5; resultados clínicos globais
actividade clínica que produz, está sediado no Hospital de São José; a
deste tipo de cirurgia em ambulatório, em relação com a satisfação
Unidade de Cirurgia Ambulatória (UCA), que iniciou a sua actividade
das doentes; taxa de complicações.
em Janeiro de 2009, funciona no Hospital de Santo António dos
Capunhos, onde são operados doentes de Cirurgia Geral, Cirurgia
material e métodos | Foi feita a revisão de todos os processos
Vascular, Neurocirurgia e Urologia.
clínicos das doentes operadas em ambulatório entre Janeiro de
A actividade cirúrgica ambulatória em Urologia no CHLC teve início
2009 e Março de 2010, para tratamento de incontinência urinária.
em Janeiro de 2009, realizada sob anestesia local, loco-regional ou
Foram intervencionadas em regime de ambulatório 73 doentes do
geral.
sexo feminino para tratamento de incontinência urinária de esforço
Como a crescente experiência das unidades de ambulatório, têm-se
(IUE), urgência (IUU) ou mista.
concretizado e evidenciado os propósitos de redução da estadia
As técnicas utilizadas foram:
hospitalar com consequente redução dos custos, maior conforto
a) injecção transuretral de bulking agents (colagénio) em 18 casos
dos doentes, rápido reinício da actividade laboral ou escolar e com
(cinco em regime de ambulatório com pernoita);
baixo número de complicações , e também no CHLC se pretendeu
b) injecção vesical de toxina botulínica em 18 casos (dez em regime
a melhoria da prestação de cuidados cirúrgicos aos doentes.
de ambulatório com pernoita);
Os diferentes procedimentos cirúrgicos que hoje mais se aplicam
c) colocação de slings sub-uretrais para tratamento de IUE em 37
no tratamento da incontinência urinária na mulher são de execução
doentes, sete com pernoita.
rápida, têm baixa taxa de complicações imediatas e exigem poucos
Todas as doentes estiveram algaliadas nas primeiras horas de pós-
cuidados pós-operatórios diferenciados, pelo são ideais para
operatório, sendo retirado o catéter vesical cerca de duas horas
1
realização em regime de ambulatório .
antes da alta. Foram reavaliadas em consulta pós-operatória duas a
Até Junho de 2009, quando foi iniciada a actividade cirúrgica
quatro semanas depois.
urológica regular na UCA, este tipo de cirurgia decorria sempre
Foram revistos os processos das doentes para avaliação dos
em regime de ambulatório com pernoita no serviço de Urologia
resultados das intervenções e foi também feito um inquérito
(Hospital de São José). Desde aquela data a cirurgia ambulatória é
telefónico padronizado, por um único investigador, incluindo as
quase integralmente realizada na UCA, onde o serviço dispõe de
perguntas descritas na Figura 1.
2,3
um total de seis períodos mensais de sete horas (8-15h). Dos 198
doentes operados em 15 meses de actividade, em ambos regimes,
Figura 1 | Modelo do inquérito telefónico
83 foram casos de tratamento de incontinência urinária na mulher,
constituindo 41,9% do total de cirurgias em ambulatório naquele
Inquérito telefónico às doentes operadas em Ambulatório
período.
1) Como classifica, na generalidade, o seu processo de cirurgia em ambulatório (muito
Desde Outubro de 2010 foi disponibilizado na UCA equipamento
bom; bom; nem bom nem mau; mau; muito mau)?
para cirurgia endoscópica, o que possibilitou a execução de injecção
2) Podendo optar, o que preferiria hoje (para procedimentos passíveis de executar em
vesical de toxina botulínica e de bulking agents, ampliando o espectro
ambulatório): cirurgia de ambulatório ou em regime de internamento?
de procedimentos em ambulatório para esta patologia .
3) Recomendaria este regime de tratamento a outras doentes?
3,4
No serviço de Urologia do CHLC foi possível converter um volume
4) A terapêutica analgésica prescrita foi eficaz no tratamento da dor, se significativa?
importante de actividade cirúrgica em ambulatório num período
muito breve. De 2008 para 2009 houve um crescimento de 9,5% da
actividade, valor que aumentou em 2010, quando quase 25% da
Registou-se para cada doente o tipo de incontinência, protocolo
actividade cirúrgica electiva foi realizada em regime de ambulatório.
operatório (tipo de cirurgia) e resultados clínicos avaliados na
Posteriormente ao tratamento estatístico da população operada,
primeira consulta de seguimento, bem como complicações
pretendeu-se avaliar retrospectivamente o grau de satisfação e
associadas ao procedimento.
resultados cirúrgicos preliminares nas doentes operadas pela equipa
Das 83 cirurgias efectuadas, foram excluídas sete situações por
de Urologia para tratamento de incontinência urinária em regime de
impossibilidade no fornecimento e consulta dos processos, e três
ambulatório, entre Outubro de 2009 e Março de 2010 (nove meses)
casos de reoperação em ambulatório, no período em estudo. O
na UCA do CHLC, e também no serviço de Urologia entre Janeiro de
estudo refere-se a 73 doentes.
2009 e Março de 2010 (quinze meses).
Catarina Gameiro - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 19-23
21
RESULTADOS e discussão | As 73 doentes do sexo feminino
Satisfação Pessoal e Global
operadas no período em estudo (Janeiro de 2009 a Março de 2010),
Para avaliação da satisfação global relativamente ao serviço de
tinham idades compreendidas entre os 25 e os 91 anos (média
ambulatório, a indicação dada às doentes foi no sentido de avaliar
63,7 anos). Todas as doentes eram residentes no distrito de Lisboa,
todo o serviço, considerando aspectos como o espaço físico, apoio
exceptuando-se três, que foram operadas em regime de ambulatório
médico e de enfermagem, funcionamento dos aspectos burocráticos
com pernoita. Todas cumpriam critérios para cirurgia ambulatória.
e seguimento pós-operatório. Nenhuma doente o considerou mau
Relativamente às patologias tratadas, 31 doentes tinham
ou muito mau; a opinião distribuiu-se pelas classificações de muito
incontinência urinária de esforço pura (IUE), 14 doentes tinham
bom (46; 63%), bom (21; 28,8%) ou nem bom nem mau (seis; 8,2%).
incontinência urinária por urgência ou imperiosidade (IUU), e 28
doentes tinham incontinência urinária mista (IUM).
Foram feitos 37 procedimentos por via vaginal (colocação de sling
sub-uretral) e trinta e seis (36) procedimentos endoscópicos, dos
Figura 3 | Avaliação da experiência de cirurgia em ambulatório
pelas doentes
25
quais 18 foram injecções de toxina botulínica para tratamento de
IUU e em 18 casos tratou-se de injecções uretrais de bulking agents
22
20
para tratamento de insuficiência intrínseca do esfíncter urertral,
16
15
conforme descrito na Figura 2.
15
Figura 2 | Distribuição dos procedimentos por tipo de regime
ambulatório (com ou sem pernoita)
10
13
Bulking agents
Toxina botulínica
Sling sub-uretral
5
3
30
2
1
30
0
1
0
0
0
0
Curada
Melhorada
Igual
Pior
25
20
15
Um dado que assinalamos é a relação entre a opinião favorável das
13
Ambulatório
Ambulatório com Pernoita
10
cirurgia que foi feito. Assim, 29 dos casos em que foi colocado sling
8
10
doentes relativamente à unidade em que foram operadas e o tipo de
7
5
sub-uretral classificaram o serviço como muito bom (78,4% destas) e
cinco (13,5%) consideraram-no bom. No caso das injecções de bulking
5
agents as opiniões favoráveis dividem-se equitativamente entre bom
0
Bulking agents
Toxina botulínica
Sling uretral
(9 doentes, 45%) e muito bom (9 doentes), o mesmo ocorrendo com
as doentes tratadas por injecção de toxina botulínica, por quem foi
Os procedimentos realizados em regime de ambulatório com
atribuída a classificação de muito bom ou bom em 42,1% (oito) e
pernoita (Serviço de Urologia) decorreram na sua maioria no início
36,8% (sete) dos casos, respectivamente.
do período do estudo, antes da abertura da UCA, e totalizaram 22
Admite-se que pode haver enviesamento dos resultados nas doentes
casos: colocação de sling sub-uretral em sete (7); injecção de toxina
com IUE e colocação de fita sub-uretral, uma vez que foi nestas que
botulínica em dez (10); injecção uretral de bulking agents em cinco (5).
melhores resultados terapêuticos foram conseguidos, podendo haver
Nos casos de cirurgia executada em regime de ambulatório com
compromisso da análise crítica individual perante a melhoria das suas
pernoita, a opção justificou-se por ausência de critérios clínicos ou
queixas e do estado geral de saúde.
condições logísticas para realização da cirurgia: em 11 casos tratou-se
de cirurgia endoscópica realizada antes de Outubro de 2010, quando
o equipamento necessário ainda não existia na UCA e em dois outros
Figura 4 | Avaliação da cirurgia ambulatória de acordo com o tipo
de procedimento efectuado
a UCA ainda não entrara em funcionamento; três doentes tinham
morada distante do hospital; em três doentes, apesar de se tratar de
6
procedimentos simples, optou-se pelo regime de pernoita devido
à existência de co-morbilidades graves; o término tardio da cirurgia
por demora no cumprimento do programa cirúrgico, determinou
a opção por pernoita em três doentes.
21
46
Muito mau
Mau
Nem bom nem mau
Bom
Muito bom
22
Catarina Gameiro - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 19-23
Quando inquiridas acerca da sua preferência entre cirurgia em regime
de bulking agents (1,4%), quatro casos de cistite aguda (5,5%) e quatro
de internamento ou ambulatório, para o mesmo procedimento ou
casos (5,5%) de dor moderada com má resposta à terapêutica (estes
outros similares em termos de exigências cirúrgicas (tipo e duração
dois tipos de complicações deram-se, num caso após colocação de
do procedimento, tipo de anestesia) e de cuidados, apenas 14 das
sling sub-uretral, e em três doentes após injecção de toxina botulínica).
73 doentes (19,2%) prefeririam fazer a cirurgia em internamento, de
As complicações tardias foram, na sua maioria, as inerentes ao tipo
entre as quais 12 tinham tido um internamento prévio para cirurgia
de procedimento. Duas de 34 doentes (5,9%) tiveram recorrência
(qualquer especialidade ou intervenção) e duas nunca haviam sido
das queixas após colocação de sling sub-uretral para tratamento das
operadas. Os motivos apontados pelas doentes para a preferência
perdas por esforços, e em seis doentes operadas por esta técnica
pelo regime de internamento foram: a possibilidade de fazer repouso
(17,6%) registaram-se queixas de imperiosidade de novo, o que se
ou menos esforços no pós-operatório (sete doentes), o maior apoio
sabe que ocorre em 2 a 50% dos casos após colocação de fita, por
que teriam no pós-operatório (cinco doentes), e maior segurança no
mecanismos não completamente esclarecidos, mas que se julga estar
resultado terapêutico (duas doentes).
em relação com hiperactividade vesical mascarada nalguns casos, e
Figura 5 | Regime preferido pelas doentes para procedimentos
(ambulatório ou internamento), em função de prévias experiências
de cirurgia com internamento
35
que é frequentemente transitória.
Figura 7 | Complicações precoces e tardias das cirurgias efectuadas
27
30
31
25
30
20
15
25
14
Internamento
15
20
Bulking agents
Ambulatório
10
Toxina botulínica
15
Sling uretral
7
5
5
5
0
10
8
8
6
Bulking agents
8
Toxina botulínica
Sling uretral
6
4
5
2
0
0
0
0
0
Muito mau
0
0
Mau
Nem bom nem
mau
Toxina botulínica (5 doentes)
2 operadas em ambulatório
3 ambulatório 23h
Bulking agents (5 doentes)
2 operadas em ambulatório
3 ambulatório 23h
0
Bom
Sling sub-uretral (7 doentes)
3 operadas em ambulatório
4 ambulatório 23h
Muito bom
Figura 6 | Preferência pelo regime de internamento, de acordo com
tipo de procedimento efectuado
Figura 8 |
TOT/TVT-O
Bulking agents
Toxina Botulínica
0
1
0
Retenção urinária
aguda
50
49
Cistite
1
0
3
Dor com má
resposta à
terapêutica
1
0
3
Recidiva/
recorrência
2 (6*)
7
5
40
30
Internamento
Ambulatório
20
Precoces
Tardias
12
10
2
8
0
Doente com cirurgia anterior
(internamento)
Doente sem cirurgia anterior
Entre as setenta e três intervenções, houve 12,3% de complicações,
na sua maioria tratáveis com medicação adequada (antibiótico nos
casos de cistite e analgésicos de toma oral nos casos de dor). O caso
Complicações
de retenção urinária aguda foi resolvido com algaliação durante
Relativamente às complicações registadas, assinala-se a taxa nula de
alguns dias, período após o qual a doente foi desalgaliada e retomou
internamento pós-operatório ou pós-alta.
micções espontâneas.
O tipo e número de complicações não foram superiores às habituais
Assinala-se ainda que doze doentes tiveram recorrência das queixas
e previsíveis neste tipo de cirurgia, de acordo com os resultados
de imperiosidade e incontinência por imperiosidade, vários meses
publicados que se conhecem.
após a cirurgia, cinco doentes após injecção de toxina botulínica
Assim, como complicações imediatas (primeira semana pós-
e sete doentes após injecção peri-uretral de bulking agents (doze
operatório) houve um caso de retenção urinária aguda após injecção
doentes, 35,3%), conforme ocorre habitualmente com estas
Catarina Gameiro - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 19-23
23
abordagens terapêuticas, não podendo efectivamente classificar-
referências
se a recorrência das queixas como complicação.
1. Paez A, Redondo E, Linares A, Rios E et al. Adverse Events and
Readmissions after Day-Case Urological Surgery. IntBraz J Urol.
CONCLUSões | O tratamento de incontinência urinária na mulher
por injecção uretral de bulking agents, injecção vesical de toxina
botulínica ou colocação de slings sub-uretrais é um tipo de cirurgia
com ampla aplicação no campo da cirurgia ambulatória.
2007. 33 (3): 330-338.
2. Schröder A, Abrams P, Andersson K-E et al. Guidelines on Urinary
Incontinence European Association of Urology. 2010.
3. Abrams P, Cardozo L, Khoury S, Wein A. Committee 14, Surgery
Trata-se de procedimentos de execução pouco demorada, que
for Urinary Incontinence in Women. In: Incontinence - 4th
podem ser realizados sob anestesia geral, loco-regional ou local
International Consultation in Incontinence. Health Publication,
(no caso das injecções, embora pouco utilizada).
2009; 1191-1272.
A baixa taxa de complicações registadas na nossa série (na sua maioria
4. Abrams P, Cardozo L, Khoury S, Wein A. Committee 8,
sem gravidade e com resolução simples com terapêutica oral) de
Pharmacological Treatment of Urinary Incontinence. In:
onde se destaca a taxa de reinternamentos nula, é mais um dado
Incontinence - 4th International Consultation in Incontinence.
que favorece a nossa opinião de que são procedimentos seguros, e
Health Publication, 2009; 631-700.
com resultados terapêuticos que se mostraram sobreponíveis aos
5. Audenet F, Cornu JN, Maillet M, Lukacs B, Sèbe P, Peyrat L, Tligui
obtidos com cirurgia em internamento.
M, Traxer O, Haab FProg Urol. Evaluation of urologic activity in
A boa aceitação destes métodos pelas doentes, globalmente
ambulatory surgery: A single centre experience. 2011;21(5):354-359.
satisfeitas ou muito satisfeitas, capazes de recomendar este tipo de
intervenção em regime de ambulatório, e que reconhecem nele
vantagens (frequentemente por iniciativa própria), de acordo com
a informação recolhida por inquérito telefónico, significa, como
conclusão que poderemos manter, fomentar e melhorar a oferta
cirúrgica ambulatória às doentes com incontinência urinária.
Vicente Vieira - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 25-30
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA
PARA OFTALMOLOGIA EM
REGIME DE AMBULATÓRIO
25
Vicente Vieira *
João B. Anjos **
Rita Gentil ***
Cristina Freitas ***
Fernando Silva ****
Fernando Vaz *****
Preoperative assessment for ophtalmology
ambulatory surgery
Resumo
Introdução: a maioria das intervenções cirúrgicas dos doentes de Oftalmologia é realizada em regime de ambulatório, o que exige uma
avaliação pré-operatória ajustada, de forma a facilitar o circuito interno dos doentes e dos profissionais envolvidos.
Material e Métodos: este estudo pretendeu avaliar o novo protocolo clínico estabelecido entre o Serviço de Anestesiologia e o Serviço de
Oftalmologia do Hospital de Braga entre os meses de Setembro e Dezembro de 2010, em 1590 doentes e o seu impacto na simplificação da
observação clínica, na redução dos exames pré-operatórios realizados e no cancelamento de cirurgias na Unidade de Cirurgia de Ambulatório.
Resultados: o protocolo reduziu em mais de 95% o número de consultas efectuadas pelo Anestesiologista e o número de Exames
Complementares de Diagnóstico e Terapêutica pedidos por rotina pré-operatória, com reflexo nos custos respectivos traduzidos numa
poupança de 50 066,4 euros.
Conclusões: o novo protocolo conseguiu uma melhoria da qualidade, da segurança e da eficiência nos doentes de Oftalmologia. Poderá ser
alargado a outras especialidades cirúrgicas com impacto semelhante.
Palavras Chave
Cirurgia de Ambulatório, avaliação pré-operatória, Oftalmologia, Anestesiologia
Summary
Introduction: the vast majority of surgical procedures in Ophthalmology are performed Ambulatory setting. The large volume of patients
requires a preoperative assessment designed to facilitate the internal circuit of patients and professionals involved in this process.
Material and Methods: the aim of this study was to evaluate the new clinical protocol established between the Services of Anesthesia and
Ophthalmology in the Hospital de Braga between September and December 2010. It was applied in 1590 patients and the impact on the
number of clinical observations, the reduction of preoperative tests performed and the cancellation of surgeries was analyzed.
Results: the protocol reduced by more than 95% the number of clinical observations made by
​​ the anesthesiologist and the number of
diagnostic and therapeutic exams that were performed for routine previously, and it reflected cost savings up to 50 066,4 euros.
Conclusions: The new protocol achieved an improvement of quality, safety and efficiency in patients of Ophthalmology. It can also be applied
to other surgical specialties with similar impact.
Keywords
ambulatory surgery, preoperative evaluation, Ophthalmology, Anesthesia
Introdução | A avaliação pré-operatória de um doente é um passo
lente intra-ocular é o procedimento mais realizado e, por norma, sob
de extrema importância para o sucesso da cirurgia, pois permite uma
anestesia loco-regional. Trata-se de uma cirurgia com indiscutíveis
completa avaliação e optimização das suas eventuais patologias
vantagens para os milhares de doentes que a aguardam em Lista
por parte do Anestesiologista. Cada especialidade cirúrgica deve ter
de Espera e é uma intervenção que melhora substancialmente a
um apoio e avaliação pré-operatória dos seus doentes adequada à
sua qualidade de vida.
intervenção em questão.
O protocolo de avaliação pré-operatória dos doentes de Oftalmologia,
A catarata senil é a patologia cirúrgica mais prevalente na
em análise neste estudo, surgiu numa altura em que o movimento
Oftalmologia. A facoemulsificação do cristalino com a colocação de
assistencial na Unidade de Cirurgia do Ambulatório (UCA) do Hospital
*
- Assistente de Anestesiologia do Hospital de Braga;
** - Chefe de Serviço de Cirurgia Geral e Coordenador da Unidade de Cirurgia do Ambulatório do Hospital de Braga;
*** - Interna de Formação Específica de Oftalmologia do Hospital de Braga;
**** - Assistente de Oftalmologia do Hospital de Braga;
***** - Director do Serviço de Oftalmologia do Hospital de Braga
Endereço para correspondência:
Vicente Vieira
Rua Amândio César nº 19 3º andar
4715-404 Braga
[email protected]
Telemóvel: 915 303 828
26
Vicente Vieira - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 25-30
de Braga (HB) sofreu um enorme incremento, nomeadamente após
avaliação e as instruções da Equipa de Enfermagem e que incluíam
o início do Projecto One day surgery em Janeiro de 2010.
aspectos como a recapitulação da data e hora da cirurgia e do tempo
A preparação pré-operatória dos doentes de Oftalmologia até à data
de permanência hospitalar previsto.
da implementação deste protocolo era um processo demorado
Neste contexto, entendeu-se por patologia sistémica descompensada
e consumidor de muitos recursos, com custos avultados para os
toda a doença que afectava mais de um órgão ou sistema de órgãos
Serviços, mas também para os doentes.
e que tinha impacto na vida diária normal do doente, necessitando
Este facto assumiu particular relevância, uma vez que a Evidência
de terapêutica medicamentosa e vigilância médica regular.
Científica tem vindo a demonstrar que algumas destas rotinas
Assim, todos os doentes com Diabetes mellitus (DM) ou Hipertensão
pré-operatórias não acrescentam qualquer vantagem clínica
arterial (HTA) mal controlados, com patologia cardíaca isquémica não
para a maioria dos doentes, nomeadamente o recurso a exames
controlada e Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) moderada
laboratoriais, à radiografia torácica (Rx), ao electrocardiograma (ECG)
a grave, foram encaminhados para a Consulta de Anestesiologia, de
e à Consulta de Anestesiologia.
forma a optimizar o doente para a cirurgia, mesmo quando se previa
Este Protocolo visou a identificação dos sub-grupos de doentes
efectuar a mesma sob anestesia tópica.
que efectivamente beneficiavam de um estudo pré-operatório mais
Quando o doente tinha critérios para a Consulta de Anestesiologia, foi
detalhado e de uma avaliação mais minuciosa. A simplificação do
preenchido um impresso próprio (Anexo 2), onde estava mencionada
circuito para a maioria dos doentes e a poupança efectiva de recursos
a data da cirurgia, o tempo operatório e o nome do Oftalmologista
materiais e humanos, sem nunca colocar em causa a sua segurança,
responsável. Sempre que possível, a Consulta de Anestesiologia,
foram os indicadores avaliados.
a Entrevista de Enfermagem e os Meios Complementares de
Esta simplificação de procedimentos teve também como objectivo
Diagnóstico e Terapêutica (MCDTs) considerados relevantes pelo
libertar a equipa médica envolvida para outras actividades clínicas
Anestesiologista (a quem competia o pedido dos mesmos) para
e assistenciais, com claros benefícios sobre a produtividade global
cada doente foram realizados no mesmo dia em que o doente foi
dos respectivos Serviços e da própria UCA, uma vez que o Serviço
orientado para a Consulta. Caso esta não pudesse ser efectuada
de Oftalmologia foi responsável por 40% (2521 dos 6200 doentes
no mesmo dia, os doentes eram agendados para um período de
operados em 2010) dos doentes operados em regime de ambulatório.
consulta respeitando um intervalo mínimo de três dias antes da
Este protocolo assumiu particular importância, tendo em
cirurgia.
consideração que no ano de 2010, os 2521 doentes de Oftalmologia
Todos os doentes tomaram a sua medicação habitual no dia da
operados na UCA corresponderam a 96,4% do total de doentes
cirurgia, (excepto os anti-diabéticos orais que eram suspensos no
operados pelo Serviço de Oftalmologia (2610). O incremento
dia da cirurgia), e completaram um período de jejum de 6 horas
significativo da produtividade cirúrgica deste Serviço motivou a
para sólidos e de 2 horas para líquidos claros. A terapêutica anti-
elaboração e a activação deste protocolo.
coagulante regeu-se por um protocolo específico já existente com
o Serviço de Imuno-hemoterapia.
material e métodos | Trata-se de um estudo descritivo e
A UCA funcionou numa sala estrategicamente colocada no Hospital,
retrospectivo, onde foram avaliados 1590 doentes de Oftalmologia
próxima das consultas dos Serviços em que um número significativo
propostos para cirurgia de Ambulatório entre 1 de Setembro de
sua cirurgia era realizada em regime de ambulatório, como a
2010 e 31 de Dezembro de 2010.
Oftalmologia, a Otorrinolaringologia e a Estomatologia.
A nível metodológico, a avaliação pré-operatória teve início na
A metodologia usada está resumida no fluxograma da Figura 1.
consulta de Oftalmologia. Durante esta observação médica, os
doentes com indicação cirúrgica (na sua maioria devido a catarata
resultados | Os quadros seguintes apresentam os resultados
senil) foram também avaliados relativamente à sua patologia
obtidos entre 1 de Setembro de 2010 (altura em que o protocolo
sistémica, à sua capacidade de colaboração durante o acto cirúrgico
teve início efectivo) e 31 de Dezembro de 2010 (altura em que foi
e ao apoio familiar que possuíam. Também nesta consulta foi
concluído este trabalho), pretendendo servir apenas como uma
agendada a cirurgia, segundo a disponibilidade do doente e dos
forma de avaliar precocemente os efeitos da sua aplicação.
tempos operatórios existentes para as intervenções de Oftalmologia
em regime de ambulatório.
Quadro I | Impacto da aplicação do protocolo no nº de doentes operados
e no Índice de Cancelamento
Segundo o protocolo em análise, os doentes sem contra-indicação
JUL / AGO 2010 SET / OUT 2010 NOV / DEZ 2010
para anestesia local/tópica (Anexo 1) e que não possuíam patologia
sistémica descompensada não necessitaram de estudo analítico, ECG
Doentes Operados
460
743
ou Radiografia do tórax. Esses doentes foram encaminhados para
Doentes Cancelados
26
40
43
a Unidade de Cirurgia de Ambulatório (UCA) a fim de receberem a
Índice de Cancelamentos
0,057
0,054
0,048
847
Vicente Vieira - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 25-30
27
Figura 1 | Fluxograma
CONSULTA DE OFTALMOLOGIA
Dte para AG ou ALR (a tomar ACO ou AAP)
Dte sem CI para ALR
Dte sem patologia
sistémica
descompensada
Dte com patologia
sistémica
descompensada
Dte com patologia
sistémica
descompensada
Dte sem patologia
sistémica
descompensada
Preencher o ANEXO 2
Preencher o ANEXO 2
Consulta de
ANESTESIOLOGIA
para CA
UCA (enfermagem)
LEGENDA
CI – Contra-indicação
ALR – Anestesia Loco-regional
AG – Anestesia Geral
ACO – Anti-coagulantes Orais
AAP – Anti-agregantes Plaquetares
UCA – Unidade de Cirurgia Ambulatória
Antes da aplicação deste protocolo, o médico Oftalmologista pedia
ou tópica, pelo que esta seria a percentagem mínima estimada
uma avaliação que se designava de “Rotina pré-operatória” e que
de doentes cuja avaliação pré-operatória seria simplificada. Seria
incluía um estudo analítico (Hemograma, Ionograma, Função renal e
também esta a percentagem de ECG, de RX tórax e de estudos
Glicemia) a todos os doentes independentemente do sexo e idade;
analíticos que seria reduzida após a implementação deste protocolo.
um ECG (a homens com mais de 50 e mulheres com mais de 55
Legenda:
anos
de idade ou com idade inferior se história de doença cardíaca
Com este protocolo, é importante referir que o pedido de MCDTs
prévia) e um RX tórax (a todos os doentes com mais de 50 anos de
são pedidos no caso de efectivamente acrescentarem valor clínico
idade ou com idade inferior se doença pulmonar prévia). No quadro
à preparação do doente e não por mera rotina pré-operatória.
seguinte,
estão os valores correspondentes ao número estimado
CI – Contra-indicação
Sempre que da análise dos questionários (Anexos I e II) não resulte
de consultas e MCDTs que teriam sido pedidos na Consulta de
qualquer dúvida da estabilidade clínica do doente, este é dispensado
ALR – Anestesia
Oftalmologia
a todosLoco-regional
os doentes propostos para cirurgia caso a
“rotina pré-operatória” se tivesse mantido em vigor.
Quadro II | Impacto da aplicação do protocolo na Consulta de Aneste-
– Anti-coagulantes
siologia e MCDTs Orais
SET / DEZ 2010 SET / DEZ 2010
AAP – Anti-agregantes Plaquetares
Nº Total de Avaliações
1590
UCA – Unidade de Cirurgia1590
Ambulatória
de enfermagem
Nº total de Consultas com Avaliação presencial do Anestesista
Nº de ECGs pedidos
da Avaliação Anestésica Posterior, realizada pelo Anestesiologista. Ao
seleccionar para a Consulta de Anestesiologia (Avaliação Anestésica
AG – Anestesia Geral
ACO
passa a ser da competência do Anestesiologista e, desta forma, só
Posterior) apenas os doentes que efectivamente necessitem de
uma avaliação detalhada e minuciosa, por apresentarem a sua
patologia sistémica descompensada, dispõe-se de mais tempo por
SET / DEZ 2010
0
1590
72
95,2
1425
25
98,4
Consulta e, como tal, de uma melhor avaliação. E, por isso, o índice
de cancelamentos no dia da cirurgia, por estudo pré-operatório
insuficiente, não deveria ser superior a 2%, valor desejável para um
programa de Cirurgia de Ambulatório.
Da análise dos quadros anteriores, concluímos facilmente que
a aplicação do protocolo tem permitido melhorar o Índice de
Nº de Rx de Tórax pedidos
1506
2
99,8
Cancelamentos de 5,7 para 4,8%, mesmo com um número de doentes
operados consideravelmente superior aos 2 meses anteriores à
Nº de pedidos de análises
de sangue
1590
16
99
aplicação do protocolo (460 versus 847 doentes operados, ou seja um
aumento de 84,1% no número de doentes operados). Apesar desta
melhoria se encontrar ainda muito aquém dos 2% (considerado
discussão | Cerca de 90% dos doentes operados por Oftalmologia
como o objectivo a atingir), há que referir que a tendência é a descida
em regime de ambulatório são submetidos apenas a anestesia local
e contamos introduzir algumas melhorias no circuito descrito, uma
28
Vicente Vieira - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 25-30
vez que a grande maioria dos cancelamentos se ficou a dever à falta
conclusões | Atendendo aos resultados que acabámos de
do doente e não por este não estar em condições clínicas adequadas.
apresentar, entendemos que este trabalho poderá servir de modelo
Ao reduzir o número de Consultas de Anestesiologia (Avaliações
a aplicar nas outras especialidades cirúrgicas utilizadoras do modelo
Anestésicas presenciais) de 1590 para 72 (redução de 1518
de ambulatório, pelo impacto na criação de mais valor para a nossa
consultas), o tempo destinado a cada consulta pôde ser aumentado,
UCA, para os Serviços envolvidos e para o Hospital de Braga, no que
levando a uma observação mais criteriosa e cuidadosa dos doentes
respeita a qualquer dos seguintes aspectos:
seleccionados/triados, com menor tempo de espera, facto para o
a) Melhoria da Qualidade – menor índice de cancelamento no dia
qual também contribuiu a realização de menos MCDTs.
da cirurgia; menos tempo dispendido pelo utente no Hospital; maior
A diminuição de MCDTs pedidos também leva a um menor dispêndio
simplificação e maior fluidez no circuito do doente.
económico, senão vejamos:
b) Melhoria da Segurança – mais tempo por consulta e MCDTs mais
-Cada ECG simples de 12 derivações custa (segundo a tabela
dirigidos para esclarecimento da condição física do utente que
publicada no nº 147-31 de Julho de 2009 do Diário da República)
efectivamente necessita de uma avaliação cuidadosa e não apenas
7,50 Euros, pelo que teremos poupado 7,5 x (1425-25) =
por mera rotina.
10 500 Euros.
c) Melhoria da Eficiência – melhor orientação dos recursos humanos
-Cada RX tórax (uma incidência) custa, segundo a mesma tabela,
para áreas mais diferenciadas onde esses recursos contribuam para
10,40 Euros, pelo que teremos poupado 10,4 x (1506-2) =
melhorar a produtividade dos Serviços. No nosso protocolo, o médico
15 641,6 Euros.
Oftalmologista já não ocupa uma parte considerável do seu tempo
-Cada estudo analítico (Ionograma-1,60; Glicose-1,20;
útil a pedir MCDTs, ficando com mais tempo disponível para efectuar
Creatinina-1,30; Hemograma-6,40 ; Estudo da coagulação-4,70)
consultas ou cirurgias e o Anestesiologista só consome tempo de
custa 15,2 Euros, pelo que teremos poupado 15,2 x (1590-16) =
Consulta para ver aqueles doentes que efectivamente justificam a
23 924,8 Euros.
sua avaliação. Esta redução indirecta de custos, pode inclusivamente
ser superior à sua redução directa.
Posto isto, fazendo o somatório dos valores, chegamos à conclusão
Se os princípios deste protocolo forem alargados a outros Serviços
que nestes 4 meses em que o protocolo foi aplicado contribuímos
cirúrgicos, a melhoria destes parâmetros pode ser significativa e
para uma poupança de 50 066,4 Euros.
importante no contexto actual do país e, em particular, do Serviço
Estimamos, ao fim de um ano de aplicação do protocolo, só em
Nacional de Saúde.
custos directos com MCDTs poder poupar cerca de 150 000 Euros.
Vicente Vieira - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 25-30
Anexo I
ANEXO 1
Contra-indicações para Cirurgia Oftalmológica sob Anestesia Loco-regional
O doente não consegue comunicar com o pessoal médico.
Pretende-se que o paciente seja capaz de falar com o pessoal médico e cumprir ordens tais como
“olhe para o tecto” ou “mantenha-se quieto agora”. Não é imperativo que o paciente seja fluente
em português, mas é importante que se consiga exprimir e indicar se ocorreu algum problema.
O doente não consegue manter-se em decúbito dorsal por
45min.
Este é um ponto essencial, uma vez que o paciente necessita de se manter deitado com pouco ou
nenhum apoio. Muitos doentes têm patologia respiratória crónica. É importante assegurar que o
doente se encontrar capaz de manter o decúbito sem desconforto.
O doente tem limitação da mobilidade cervical.
Avaliar se o doente sofre de alguma patologia osteoarticular que impeça o correcto
posicionamento da cabeça durante a cirurgia.
O doente sofre de Refluxo Gastro-esofágico.
É relevante estudar se o paciente tem DRGE que possa causar desconforto durante a cirurgia. Se
o doente fizer qualquer medicação é importante reforçar que deve manter o esquema
terapêutico.
O doente tem patologia psiquiátrica.
Este ponto visa, sobretudo, avaliar se o doente sofre de alguma patologia psiquiátrica que impeça
a comunicação, tal como a demência, ou cause ansiedade no paciente, como a claustrofobia.
O doente sofre de tremor.
Aqui visa avaliar o tremor específico da cabeça e pescoço que podem dificultar ou impossibilitar a
cirurgia. O tremor das extremidades não é contra-indicativo da cirurgia.
O doente sofre de tosse crónica.
Tal como o tremor, a tosse pode dificultar a cirurgia. Muitos doentes têm tosse crónica. É
importante assegurar que são capazes de sustentar períodos consideráveis sem tossir, ou que
não tiveram infecções respiratórias recentemente.
O doente não compreende ou não aceita a ALR.
É importante que o doente compreenda a natureza da ALR e aceite que uma ou duas picadas
serão feitas junto ao olho, bem como o carácter temporário da anestesia. Nos doentes
hipocoagulados ou a fazer anti-agregantes a anestesia tópica é a opção preferencial. O paciente
deve ser informado que irá sentir noutras áreas da face pois isso poderá ser perturbador.
O doente não compreende que vai ficar acordado.
O paciente deve compreender que irá estar acordado durante a cirurgia embora possa ser
administrada alguma medicação ansiolítica ou sedação.
29
30
Vicente Vieira - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 25-30
Anexo II
ANEXO 2
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA PARA OFTALMOLOGIA EM AMBULATÓRIO
DIAGNÓSTICO: ……………………………………………………………………………………..
PROCEDIMENTO PROPOSTO: ……………………………………………………………….
DATA PROPOSTA PARA A CIRURGIA: ……../……../………..
…….º Tempo
OFTALMOLOGISTA RESPONSÁVEL: ………………………………… Mec.:...………….
QUESTIONÁRIO ( a preencher pelo Oftalmologista )
1. O doente apresenta alguma contra-indicação para a anestesia local/tópica?........S / N
2. O doente sofre de doença cardíaca isquémica ou HTA mal controlada? ……….S / N
3. O doente sofre de asma ou DPOC moderada a grave? ……………………….…S / N
4. O doente sofre de diabetes mal controlada? ………………….…………………S / N
5. O doente tem alguma outra doença que considere relevante? …………………..S / N
Qual? ………………………………………………………………………………….
MÉDICO AVALIADOR: ……………………. Mec.: ……….. DATA: ……/……/……
AVALIAÇÃO BIOMÉTRICA ( a preencher pela enfermeira da UCA):
Peso: ……Kg
Altura: ………cm
Tensão Arterial: ……../…….. Pulso: …….bpm
MEDICAÇÃO HABITUAL:
1………………………………………………7…..……………………………………...
2………………………………………………8..………………………………………...
3………………………………………………9..………………………………………...
4……………………………………………..10……………………………………….....
5……………………………………………..11……………………………………..…...
6……………………………………………..12……………………………………….....
ENFERMEIRA DA UCA: …………………… Mec.: ……….. DATA: ……/……/……
AVALIAÇÃO ANESTÉSICA POSTERIOR (a preencher pelo Anestesista)
NÃO
SIM Agendar até 3 dias úteis antes da cirurgia
ANESTESISTA: ……………………………....... Nº da OM: ……….................. DATA: ……/……/……
Helena Ribeiro - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 31-38
OTORRINOLARINGOLOGIA:
EM REGIME DE AMBULATÓRIO
QUE LIMITES?
31
Helena Ribeiro *
Joana Filipe *
Teresa Monteiro *
António Pereira **
Alexandre Costa *
ent ambulatory surgery
what are the limits?
Resumo
Objectivo: Apresentar uma avaliação casuística do Serviço de Otorrinolaringologia II do Hospital Pulido Valente - CHLN com um estudo
retrospectivo sobre a sua experiência na cirurgia de ambulatório, no período de Março de 2004 a Dezembro de 2009.
Material e Métodos: Avaliação do processo clínico, do protocolo terapêutico, da evolução e das eventuais complicações. Análise comparativa
com os resultados e a realidade de outros serviços, com condições análogas, para obter uma perspectiva verdadeira e actual.
Resultados e Discussão: Foram incluídos neste estudo os 2380 doentes submetidos a cirurgia de ambulatório na especialidade de
otorrinolaringologia. A população apresenta um predomínio ligeiro do sexo masculino (53.7%) com 75.5% da população operada até aos
12 anos. A patologia da orofaringe predominou com 63.2%, sendo que a hipertrofia adenoamigdalina foi a causa mais frequente, constituindo
61.5% desta população. No que se refere aos procedimentos cirúrgicos 67% das cirurgias foram da área da orofaringe, com preponderância
da adenoamigdalectomia (49.3%). No follow-up a taxa média de readmissão entre 2008 e 2009 foi de 1.8%. Nas primeiras 24 horas a queixa
mais frequente foi a dor, entre o grau 1 a 3, numa escala de 1 a 10.
Conclusão: A cirurgia de ambulatório permite a redução da lista de doentes inscritos para cirurgia, reduz as despesas hospitalares, várias
intervenções cirúrgicas são possíveis, com a idêntica segurança e qualidade levando à satisfação do doente.
Palavras Chave
Cirurgia de Ambulatório;Otorrinolaringologia
Summary
Objective: To present a case study of the Otorhinolaryngology II Department at Hospital Pulido Valente-CHLN with a retrospective analysis
of its experience in ambulatory surgery, between March 2004 and December 2009.
Material and Methods: Cases, treatment options, evolution and eventual complications are reviewed. In this context, a comparative analysis
is made with the results and the reality of other departments, with similar settings, to obtain an accurate and current perspective.
Results and Discussion: Included in the study were 2380 patients who underwent ambulatory surgery in the area of otorhinolaryngology.
About 75.5% of the population was 12 years old or younger with a slight male predominance (53.7%). Oropharyngeal pathology predominated
with 63.2%, being that adenotonsillar hypertrophy was the most frequent cause, constituting 61.5% of this population. With respect to
surgical procedures 67% were in the area of the oropharynx, with adenotonsillectomy (49.3%) being the most common. During follow-up,
the average rate of readmission between 2008 and 2009 was 1.8%. In the first 24 hours, the most common complaint was pain, scoring 1 to
3 on a scale of 10.
Conclusion: Ambulatory surgery allows the reduction of patient waiting lists for surgery, reduces hospital spending, multiple surgical
interventions are possible, with the same security and quality leading to patient satisfaction.
Keywords
*
**
ENT;Ambulatory Surgery
- Serviço de Otorrinolaringologia II, Hospital Pulido Valente – CHLN;
- Serviço de Anestesiologia, Hospital Pulido Valente – CHLN.
Endereço para correspondência:
Helena Ribeiro
Serviço de Otorrinolaringologia II
Hospital Pulido Valente – Centro Hospitalar Lisboa Norte
Alameda das Linhas de Torres, 117 - 1769-001 Lisboa
Tlf: 217 548 266
E-mail: [email protected]
32
Helena Ribeiro - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 31-38
Introdução | A crescente procura da cirurgia em ambulatório,
de uma estrutura que desenvolvesse e divulgasse o conceito de
que resulta da melhoria sucessiva da prática médica, bem como de
Ambulatório em Portugal. É membro do International Association for
factores culturais e económicos, mudou verdadeiramente a gestão
Ambulatory Surgery que desde 1995 tem como objectivo promover
da hospitalização do doente. O aperfeiçoamento da capacidade
o desenvolvimento e crescimento de cirurgia ambulatória de alta
organizacional e profissional da equipa de saúde é essencial para
qualidade mundialmente. Com este fim, incentiva um intercâmbio
esta conduta, que permite reduzir o tempo de internamento médio.
internacional de ideias e estimula programas educativos, investigação
Dentro de alguns temas, fala-se sobre a população abrangida, as
e controlo.
técnicas cirúrgicas realizadas e as complicações observadas. Neste
O Hospital Pulido Valente iniciou a sua actividade de Cirurgia de
âmbito faz-se uma análise comparativa com os resultados e a
Ambulatório em 2004 seguindo os critérios e guidelines definidos
realidade de outros serviços, com condições similares, de modo a
por estas entidades responsáveis. Os pré-requisitos para a cirurgia de
obter uma perspectiva verdadeira e actual.
ambulatório encontram-se na Tabela 1. A informação pré-operatória
consiste em obter os dados referenciados na Figura 1.
MATERIAL E MÉTODOS | Os dados clínicos remetem-se ao período
de 1 de Março de 2004 a 31 de Dezembro de 2009 e referem-se ao
Tabela I | Pré-requisitos para a cirurgia de ambulatório
Serviço de Otorrinolaringologia II do Hospital Pulido Valente.
Pré-requisitos para a cirurgia de ambulatório
Foi efectuada a avaliação dos processos clínicos da população
1. Idade;
constituída pelos doentes submetidos a cirurgia de ambulatório,
2. ASA - Grau I e II; Grau III e IV;
averiguando: 1) total de cirurgias (electiva e ambulatório); 2) dados
3. Intervenção cirúrgica
demográficos; 3) diagnósticos pré-operatórios; 4) procedimentos
4. Domicílio fixo
5. Contacto telefónico
cirúrgicos realizados; 5) número de intervenções cirúrgicas realizadas;
6. Presença de acompanhante
e 6) follow up nas primeiras 24h.
7. Acompanhamento por adulto nas primeiras 24h de pós-operatório
Por último, faz-se uma análise comparativa com os resultados e a
8. Residência – tempo máximo de deslocação de 60min.
realidade de outros países, alguns com condições análogas, para
obter uma perspectiva verdadeira e actual.
9. Unidade Hospitalar com SU perto do local de residência
Figura 1 | Informação pré-operatória.
RESULTADOS e discussão | Desenvolvimentos na anestesia e
Data e hora de
admissão
hospitalar
cirurgia têm permitido um crescimento mundial significativo no
âmbito da cirurgia de ambulatório na última década. A cirurgia
de ambulatório tem o potencial de melhorar a qualidade dos
Contactar UCA se
febre, tosse,
expectoração,
vómitos ou
outros sintomas
cuidados, apresentando baixa morbilidade. Para além da enorme
mais valia que representa numa sociedade mais exigente onde os
custos têm um papel importante. Tem o potencial de ser a chave ao
Última ingestão
de alimentos ou
bebidas
Informação
Préoperatória
proporcionar cirurgias eficientes. Todavia, tem que ser igualmente
Aconselhamento
de medicação pré
operatória
seguro, com a mesma qualidade ou melhor que na cirurgia electiva.
Última refeição
facilmente
digerível
Em nenhuma altura deve a qualidade dos cuidados sucumbir aos
constrangimentos económicos [1].
Assim, tem como objectivos questões económicas, sanitárias e
sociais. Economicamente tem efeito directo na redução dos custos
Em 2004 a cirurgia de ambulatório constituiu 23.7% (n=168) das
hospitalares e indirecto diminuindo a morbilidade e uma integração
cirurgias efectuadas, enquanto no fim de 2009 essa percentagem
sócio – profissional mais rápida. Na área sanitária, clinicamente
subiu para 36.7% (n=541), tendo atingido a sua maior percentagem
diminui a incidência de infecções hospitalares e as complicações
em 2005 com 44.8% (n=401). Em média, por ano, a cirurgia de
pós-operatórias. Em termos organizativos aumenta a eficiência e
ambulatório constituiu 37.8% (n=408) do total de cirurgias (Figura
reduz as listas de espera cirúrgicas. Em relação à vertente social,
2-A e B).
existe uma menor ruptura sócio – familiar, uma integração sócio
O número de cirurgias efectuadas em ambulatório em 2004
– profissional mais eficaz e uma maior humanização. Tendo como
encontra-se significativamente abaixo do número médio de cirurgias
finalidade, idêntica segurança e qualidade e maior satisfação dos
em ambulatório efectuadas nos anos subsequentes uma vez que
doentes [2].
foi só em Março de 2004 que se iniciou a cirurgia de ambulatório.
Em Portugal, a Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória
De notar também que em Maio 2005 foi inaugurada a Unidade de
(APCA) foi criada em Setembro 1998 como resultado da necessidade
Cirurgia de Ambulatório e com isso o aumento do tempo operatório
Helena Ribeiro - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 31-38
Figura 2 A | Contabilização do total de cirurgias
33
plano que estabelecia como objectivo 75% da actividade cirúrgica
ser cirurgia de ambulatório. Em 2009, foi publicado um estudo
efectuado num hospital distrital na Inglaterra verificando que 73.6%
das suas cirurgias eram em regime de ambulatório. Não se verifica os
mesmos dados no nosso estudo, nem engloba o mesmo período de
avaliação, mas constata-se mesmo assim um aumento. [4]
A população total, 2380 doentes, apresenta um predomínio ligeiro do
sexo masculino 53.7% (n=1279), com o sexo feminino a representar
46.3% (n=1101). O grupo etário até os 12 anos inclusive, constituiu
75.5% (n=1797) da população, seguido pelo grupo dos 12 aos 40
anos de idade com 15.3% (n=364).
Em estudos publicados não se verifica uma predominância sugestiva.
No entanto no mesmo estudo já mencionado verifica-se que dos
73.6% de cirurgia em ambulatório, 44.8% é na idade adulta e 28.8%
na idade pediátrica [4]. Não tendo a confirmação do limite de idade
considerada pediátrica no estudo, se consideramos a idade limite
aos 15 anos no nosso estudo, cerca de 75.8% encontravam-se abaixo
dos 15 anos inclusive e 18.3% acima dos 15 anos de idade. Dados
muito diferentes dos publicados. Mais ainda ao considerar que
por rotina não se opera crianças com idades inferiores a 3 anos. A
predominância do grupo etário jovem pode ser devido à grande
afluência de crianças à consulta de ORL, e pelo facto de mais adultos
terem outras patologias do foro ORL associadas e/ou antecedentes
pessoais, necessitando de cirurgias mais extensas e/ou de cuidados
mais prolongados.
Considerando um total de 2380 doentes, a patologia da orofaringe
Figura 2 B | Cirurgia de ambulatório (%)
com 63.2% (n=1503) seguida pelas patologias otológicas com
16.8% (n=401) dominam as causas para a cirurgia de ambulatório. A
patologia nasal e laríngea apresentam valores semelhantes com 4.6%
(n=110) e 5.9% (n=141) respectivamente. Os outros diagnósticos
foram agrupados constituindo 9.5% (n=225) do total (figura 3-A).
Figura 3 A | Total dos diagnósticos
direccionado para este tipo de cirurgia, justificando a diferença
acentuada, tendo estabilizado com o decorrer do tempo. Verifica-se
também uma evolução crescente das cirurgias convencionais pelo
aumento dos tempos operatórios também para a cirurgia electiva.
Em 1998 foi efectuado um estudo comparativo pelo Royal College of
Dos 1503 doentes que apresentavam patologia orofaringea (figura
Surgeons em Inglaterra onde verificou que a cirurgia de ambulatório
3-B) a mais frequente foi a hipertrofia adenoamigdalina com 61.5%
apresentava uma média de 31% de todas as cirurgias efectuadas [3].
(n=925) seguida pela hipertrofia de adenóides 21.9% (n=329). A
Em 2000 o National Health System em Inglaterra apresentou um
amigdalite crónica, adenoamigdalite crónica, hipertrofia amigdalina
34
Helena Ribeiro - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 31-38
Figura 3 B | Patologia da Oro-faringe
estabelecer, mas sabe-se que ambos englobam os diagnósticos de
lesões suspeitas, edema de Reinke, quistos ou nódulos das cordas
vocais. Outros diagnósticos incluem complicações de traqueostomia
e paralisia das cordas vocais.
Em relação aos procedimentos cirúrgicos, 67% são da orofaringe,
22.6% do ouvido, 6.2% da laringe, 3% do nariz e/ou seios perinasais
e 1.2% outros. A adenoamigdalectomia foi o procedimento mais
frequente com 49.3% (n=1173) seguido por adenoidectomia 23.7%
(n=565), e a miringotomia com colocação de tubo transtimpânico
unilateral 15.9% (n=379) (figura 4-A).
Existem estudos que referenciam que os procedimentos otológicos
constituem 91% das cirurgias de ambulatório [4] e que 15.5% das
cirurgias naso-sinusais ocorrerem em regime de ambulatório [5]. As
diferenças podem vir do facto de que ainda existem alguns cirurgiões
com pouca receptividade para efectuar cirurgia da orofaringe em
e a adenoidite crónica seguiram com uma percentagem menor.
regime de ambulatório devido às suas complicações [4]. Em relação
Em 96% (n=385) dos casos os doentes apresentavam otite média
às intervenções otológicas optamos sempre por fazer uma prova
crónica simples uni ou bilateral. Os restantes 4% (n=16) apresentavam
terapêutica antes de propor a cirurgia. Na reavaliação do caso, na
otite média crónica simples recorrente, surdez de condução, corpo
maioria dos casos, só se opta por colocar tubos transtimpânicos se
estranho no canal auditivo ou perfuração da membrana timpânica.
apresentar um timpanograma sugestivo. A patologia nasosinusal
Em relação à patologia nasal, os diagnósticos de rinite crónica e a
mais extensa é habitualmente efectuada em regime de cirurgia
hipertrofia dos cornetos inferiores prevaleceram com 38.2% (n=42)
electiva.
e 29.1% (n=32), respectivamente. Por seu turno, os pólipos nasais
Por vezes um procedimento cirúrgico consiste em mais do que uma
representaram 15.5% (n=17) e o desvio do septo nasal 11.8% (n=13).
intervenção (Figura 4-B). Em média, o número de intervenções é o
No que diz respeito à patologia da laringe, 48.9% (n=69)
dobro dos procedimentos (55.2%).
apresentavam pólipos das cordas vocais. As doenças da laringe
O follow-up destes doentes começou a ser registado a partir de
e das cordas vocais englobavam 27.7% (n=39) e 20.6% (n=29)
2008. No total houve a necessidade de readmitir 18 doentes (1.8%)
respectivamente. A diferença entre o diagnóstico de doenças da
entre 2008 e 2009, não tendo tido alta no mesmo dia devido a causas
laringe e o diagnóstico de doenças das cordas vocais foi difícil de
relacionadas com perdas hemáticas, dificuldade respiratória, dor,
Figura 4 A | Procedimentos cirúrgicos 2004-2009
Helena Ribeiro - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 31-38
35
Figura 4 B | N.º de procedimentos vs. n.º de intervenções cirúrgicas
Figura 6 | Escala numérica de dor
ou intolerância alimentar. Estes doentes readmitidos haviam sido
Um levantamento foi efectuado no Sheffield Children’s Hospital
submetidos a: adenoamigdalectomia (n=7, 38.9%), amigdalectomia
Foundation Trust ao verificar que um número significativo de doentes
(n=4, 22.2%), microcirurgia da laringe (n=4, 22.2%) e septoplastia com
pediátricos tinham dor no domicílio. Após o ensino verbal e escrito
turbinoplastia (n=3, 16.7%). A taxa de readmissão foi 2.2% e 1.5%
dos pais sobre o controlo da dor 62% deram analgesia de forma
em 2008 e 2009 respectivamente (figura 5). Estudos indicam taxas
regular, sendo que cerca de 83% utilizaram as doses correctas tendo
de readmissão na ordem de 0.79% [4] sendo a amigdalectomia o
em conta o peso e a idade. No geral, 64% referiram dor ligeira ou
procedimento de causa mais comum.
ausência de dor, enquanto 4% referiram dor severa. Dos que referiram
No follow-up 24h após a cirurgia, dos doentes que se conseguiu
dor moderada, administraram a analgesia só quando acharam que
contactar, 370 doentes apresentavam queixas de dor, náuseas,
necessitavam, não seguindo os conselhos verbais e escritos, e
vómitos, vómitos e náuseas ou febre. Destes doentes com queixas,
foram estes casos que referiram queixas de dor mais acentuadas.
93.5% (n=346) referiram dor. A segunda queixa mais frequente foi
Em comparação com o nosso estudo verifica-se que houve poucos
vómitos e náuseas em 3.2% (n=13). Fazendo referência à dor, a escala
doentes a referir dor moderada a severa, mesmo assim salienta-se
numérica de dor pode se ver na figura 6, onde se observa que a
a necessidade de averiguar a necessidade de reavaliar o processo
maioria apresentava queixas de dor de grau 1 a 3 numa escala de
de ensino aos pais/doentes e o cumprimento destes para melhor
1 a 10.
caracterizar esta queixa. [6]
Figura 5 | Internamentos
Em 2008, no follow-up telefónico 24 horas após a cirurgia, em 64.8%
(n=296) não se obteve nenhuma resposta. Em 2009, o número
reduziu para 58% (n=314), mas mantém-se substancialmente acima
do valor desejável.
Para permitir uma perspectiva real e actual tentou-se fazer uma
análise comparativa com outros serviços. Foi difícil obter dados
publicados para poder comparar estabelecimentos com condições
análogas com o objectivo de alcançar uma perspectiva correcta. A
informação que se conseguiu são dados internacionais apresentados
pelo Claus Toftgaard no “8th IAAS Congress, Brisbane – Australia, July
2009” utilizando informação do IAAS International Survey de 2005
(Figura 7-A e 7-B).
Verifica-se na Figura 7-A que a miringotomia em cirurgia de
ambulatório é realizado com uma frequência muito significativa
em alguns países, nomeadamente nos Estados Unidos da América,
Holanda e Finlândia chegando aos 98%. A França, a Bélgica, e a
36
Helena Ribeiro - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 31-38
Figura 7 A | Percentagem de miringotomia em cirurgia de ambulatório. Toftgaard C. 2008 IAAS International Survey. Presented during the 8th
IAAS Congress, Brisbane – Australia, July 2009 (com excepção de dados referente a CHLN-HPV)
USA
USA
Sweden
Sweden
Scotland
Scotland
Portugal
Portugal
CHLN-HPV
CHLN-HPV
Norway
Norway
Netherlands
Netherlands
Veneto reg
Veneto reg
Italy
Italy
Hungary
Hungary
Hong Kong
Hong Kong
Germany
Germany
France
France
Finland
Finland
England
England
Denmark
Denmark
Belgium
Belgium
Australia
Australia
36
36
0
0
20
20
40
40
60
60
80
80
100
100
120
120
Figura 7 B | Percentagem de amigdalectomia em cirurgia de ambulatório. Toftgaard C. 2008 IAAS International Survey. Presented during the
8th IAAS Congress, Brisbane – Australia, July 2009 (com excepção de dados referente a CHLN-HPV)
USA
USA
Sweden
Sweden
Scotland
Scotland
Portugal
Portugal
CHLN-HPV
CHLN-HPV
Norway
Norway
Netherlands
Netherlands
Veneto reg
Veneto reg
Italy
Italy
Hungary
Hungary
Hong Kong
Hong Kong
Germany
Germany
France
France
Finland
Finland
England
England
Denmark
Denmark
Belgium
Belgium
Australia
Australia
0
0
10
10
20
20
30
30
40
40
50
50
60
60
70
70
80
80
90
90
100
100
Suécia apontam para dados acima dos 90%. Excluindo Portugal, o
apresentam valores de cerca 90%, sendo os valores mais baixos do
valor mais baixo é o da Dinamarca com 78%. Portugal apresenta
Hong Kong (3%), Escócia (10%), França (19%), Inglaterra (23%) e
uma percentagem de 36%, tendo o Hospital Pulido Valente - CHLN,
Suécia (26%). O valor médio é de 42.6% estando Portugal abaixo da
o mesmo valor.
média com 19%, mas o Hospital Pulido Valente - CHLN encontra-se
No entanto, avaliando os dados relativos à amigdalectomia efectuada
bem acima da média com 61%.
em cirurgia de ambulatório, os Estados Unidos da América e a Bélgica
Existem grandes variações nos procedimentos nos vários países [7]:
Helena Ribeiro - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 31-38
37
diferenças no mesmo país, nas diferentes regiões, nos diferentes
referências |
hospitais nas mesmas regiões, entre departamentos e médicos nos
1. Lemos P, Jarrett P, Phillip B: Foreword. Day Surgery - Development
mesmos hospitais. Existem várias razões, sendo algumas possíveis:
and Practice. International Association for Ambulatory Surgery
1) preferência médica individual para cirurgia electiva e resistência
(IAAS); 2006: 13.
à mudança; 2) a organização hospitalar e as suas instalações; 3)
2. Toftgaard C, Parmentier G: International Terminology in
regulamentos e incentivos de cada país; e 4) incentivos aos hospitais
Ambulatory Surgery and its Worldwide Practice. Lemos P, Jarrett
e aos profissionais de saúde. O que se verifica é que cada país está
P, Phillip B: Day Surgery-Development and Practice. International
a experienciar um aumento significativo na taxa de cirurgia de
Association for Ambulatory Surgery (IAAS); 2006: 35-59.
ambulatório nos últimos 10 anos [7].
3. Brown PM, Fowlers S, Ryan R, Rivron R: ENT day surgery in England
and Wales-an audit by the Royal College of Surgeons (Eng.).
CONCLUSÃO | A cirurgia em ambulatória continua em crescimento e
J Laryngol Otol 112 (2): 161-5 (1998).
a prioridade neste momento é a recolha de dados precisos sobre as taxas
4. Pézier T, Stimpson P, Kanegaonkar RG, Bowdler DA: Ear, nose and
e resultados da cirurgia em ambulatório para poder avaliar o impacto
throat day-case surgery at a district general hospital. Ann R Coll
dos regulamentos e incentivos e monitorizar a qualidade dos cuidados.
Surg Engl 91 (2): 147-51 (2009).
Cada vez mais percebe-se que a cirurgia de ambulatório é a cirurgia
5. Hopkins C, Browne J, Slack R, Brown P: Variation in day-case
do futuro. Tem a tendência para tomar a posição de liderança,
nasal surgery-why cannot we improve our day-case rates? Clin
hoje ocupada pela cirurgia electiva. Devido a procedimentos
Otolaryngol 32 (1): 8-12 (2007).
cirúrgicos menos invasivos, a anestesia mais eficiente e avanços
6. Walters ME, Sanderson J, Short JA. Fewer Tears at Home-Improving
na gestão e cuidados pós-operatórios, podemos esperar que este
pain relief after paediatric day surgery (Presented at the 20th
desenvolvimento continue no futuro.
Annual Scientific Meeting Southport in June 2009). The Jornal
of One-Day Surgery 19 (2009).
7. Castoro C: Ambulatory Surgery: Current Status and Future Trends
bioline.org.br.
9. Cirurgia de Ambulatório-Recomendações para o seu
desenvolvimento. Ministério da Saúde- Direcção geral da Saúde.
10. Toftgaard C. 2008 IAAS International Survey.
11. Aylin P, Williams S, Jarman B and Bottle A: Trends in day surgery
rates. BMJ 331: 803 (2005).
12. Edwards N, Wyatt S and McKee M: Configuring the hospital in
the 21st century. (Policy Brief no. 5). Copenhagen: WHO Regional
Office for Europe, on behalf of the European Observatory on
Health Systems and Policies.
13. Fletcher J, Dawes M, McWilliam J et al.: Day surgery and
Community Health Services Work Load: a Descriptive Study. Brit
J Gen Pract 46: 477–478 (1996).
14. Koch C: How to recruit and train great staff. J Fed Amb Surg Assoc
22: 31–35 (2005).
15. Lemos P, Jarrett PEM and Philip B (eds): Day surgery – development
and practice. London: International Association for Ambulatory
Surgery (2006).
16. Mayor S: Day surgery facilities in England are underused. BMJ
331: 130 (2005).
17. McKee M and Healy J (2002). Hospitals in a changing Europe.
(Policy Brief no. 1). Copenhagen: WHO Regional Office for Europe,
on behalf of the European Observatory on Health Systems and
Policies.
18. Roberts L: Day surgery – national and international. From the
past tothe future. J Amb Surg 12: 143–145 (2006).
19. Royal College of Surgeons of England: Guidelines for day case
38
Helena Ribeiro - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 31-38
surgery. London: Royal College of Surgeons of England (1992).
20. Schraag J: The nuts and bolts of ASC management. Today’s
Surgicenter 4: 16–22 (2005).
surgery patients. Anaesthesia 56: 481–484.
26. Jarrett PEM and Staniszewski A (2006). The development of
ambulatory surgery and future challenges. In: Lemos P, Jarrett
21. Castoro C, Bertinato L, Baccaglini U, Drace CA, McKee M: Day
PEM, Philip B (eds). Day surgery – development and practice.
Surgery-Making it Happen. Lemos P, Jarret PEM, Philip B: Day
London: International Association for Ambulatory Surgery:
Surgery –Development and Practice. International Association for
89–124.
Ambulatory Surgery (IAAS); 2007: pages.
27. Lemos P and Regalado A (2006). Patient outcomes and clinical
22. Castoro C, Drace C and Baccaglini U: Patient information,
indicators for ambulatory surgery. In: Lemos P, Jarrett PEM,
assessment and preparation of day cases. Lemos P, Jarrett
Philip B (eds). Day surgery – development and practice. London:
PEM, Philip B: Day surgery – development and practice. London:
International Association for Ambulatory Surgery: 257–280.
International Association for Ambulatory Surgery; 2006: 157–184.
28. McHugh GA and Thoms GM (2002). The management of pain
23. Cheng CJC, Smith I and Watson BJ (2002). A multicentre
following day-case surgery. Anaesthesia 57(3): 270–275.
telephone survey of compliance with postoperative instructions.
29. Mezei G and Chung F (1999). Return hospital visits and hospital
Anaesthesia 57: 805–811. Coe RC (1981). Changing methods: best
readmissions after ambulatory surgery. Ann Surg 230: 721–727.
way to cut costs. Amer Med News 24: 5.
24. Coley KC, Williams BA, DaPos SV et al. (2002). Retrospective
30. Toftgaard C (2003). World wide day surgery activity 2003. The IAAS
survey on ambulatory surgery. London: IAAS.
evaluation of unanticipated admissions and readmissions after
31. Toftgaard C and Parmentier G (2006). International terminology
same day surgery and associated costs. J Clin Anesth 14: 349–353.
in ambulatory surgery and its worldwide practice. In: Lemos P,
25. Correa R, Menezes RB and Wong J (2001). Compliance with
Jarrett PEM, Philip B (eds). Day surgery – development and practice.
postoperative instructions: a telephone survery of 750 day
London: International Association for Ambulatory Surgery: 35–60.
PROGRAMA CIENTÍFICO | SCIENTIFIC PROGRAMME
14 | 15 | 16 | MAIO | 2012 | HOTEL MELIÃ | BRAGA | PORTUGAL
www.apca.com.pt
PROGRAMA CIENTÍFICO | SCIENTIFIC PROGRAMME
SEGUNDA-FEIRA 14 MAIO
SALA MINHO
MONDAY 14 MAY
MINHO ROOM
08h30
Abertura do Secretariado | Registration Opening
09h00
Simposium - Cirurgia Bariátrica em CA | Simposyum - New insigths in Bariatric Ambulatory Surgery
Moderadores | Chairperson: Carlos Nogueira | Porto , Jorge Orfão | Porto
1 | Qual a melhor opção e em que doentes em CA
Best option for day surgery patients - Who and How? - John Preto | Porto
2 | Complicações e tratamento pós-operatorio
Complications and postoperative treatments - Maia da Costa | Braga
3 | Doente com Apneia Obstrutiva do Sono
Obstrutive Sleep Apnea Patient - SAOS - Should they stay or should they leave?
Danielle Ludwin, Columbia University, NY
10h30
Café | Coffee Break
Visita Exposição | Industrial Exhibition
Visita Posters | Posters Exhibition
11h00
Conferência - Qualidade em Ambulatório | Quality in Ambulatory
Moderadores | Chairperson: Ana Marcos | VN Gaia, José Aníbal | Beja
Avaliação das unidades de cirurgia ambulatória: O que devemos medir?
Quality evaluation in day surgery: what should we measure? - Paulo Lemos | Porto
Apresentação do projecto SINAS - Cirurgia Ambulatória em Portugal
Portuguese Quality Project - Eurico Castro Alves | ERS | Porto
12h30
Cerimónia de Abertura | Opening Ceremony
1 |CA em Espanha | Day Surgery in Spain - Miguel Pratts Maeso - Presidente ASECMA | Mataró
2 |CA na Europa | Day Surgery in Europe - Carlo Castoro - Presidente IAAS | Itália
3 |CA em Portugal - Realidade Portugal? Situação pós-CNADCA
Day surgery in Portugal - Carlos Magalhães - Presidente APCA | Porto
13h30
Almoço | Lunch
15h00
Mesa redonda - Recomendações e Consensos em CA | Consensus in Day Surgery
Moderadores | Chairperson: Paula Sá Couto | Porto, Marta Gonçalves | Braga
1 |Doente com patologia cardíaca | Cardiac patient - António C. Costa | Porto
2 |Avaliação e exames préoperatórios - Devemos minimizar?
Preoperative assessment of patients and Preoperative tests - Beverly Philip | Boston
3 |Doente diabético | Diabetic Patient - Maria Isabel Garcia Vega | Madrid
16h30
Café | Coffee Break
Visita Exposição | Industrial Exhibition
Visita Posters | Posters Exhibition
17h00
Conferência - Encontros com o perito - Doente em hemodiálise, jejum pré-operatório, reinicio
alimentação, alta e limites de idades
Meet the experts - Guided questions about Dialises patient, Fasting guidelines , new rules for
homedischarge, age limits
Moderadores | Chairperson: Madalena Almeida | Matosinhos, Rui Guimarães | Braga
Palestrantes | Speakers: Vicente Vieira | Braga, Matilde Zaballos | Madrid, Beverly Philip | Boston
PROGRAMA CIENTÍFICO | SCIENTIFIC PROGRAMME
SEGUNDA-FEIRA 14 MAIO
SALAS A | B | C
09h00
MONDAY 14 MAY
A | B | C ROOMS
SALA A | Simposium | UROLOGIA - Responsável: António Pedro Carvalho | Braga
SALA B | Simposium | OFTALMOLOGIA - Responsável: Fernando Vaz | Braga
SALA C | Simposium | Tromboprofilaxia em Cirurgia Ambulatória | Tromboprophilaxis in day surgery
Grupo Trabalho APCA | Manuela Ramos, Ana Povo e Sérgio Teixeira | Porto - APCA
Apoio: SANOFI
10h30
Café | Coffee Break
Visita Exposição | Industrial Exhibition
11h00
SALA A | Simposium | UROLOGIA (continuação)
Visita Posters | Posters Exhibition
SALA B | Simposium | OFTALMOLOGIA (continuação)
SALA C | Indústria | Comunicações livres
13h30
Almoço | Lunch
15h00
SALA A | Simposium | CIRURGIA PEDIÁTRICA - Responsável: Jorge Correia Pinto | Braga
SALA B | Workshop | Terapia Não Farmacológica (inscrição obrigatória)
SALA C | Workshop Enfermagem | Instrumentação em Artroscopia (1ª sessão)(inscrição obrigatória)
Responsável: Enf. Célia Castanheira | Porto
16h30
Café | Coffee Break
Visita Exposição | Industrial Exhibition
17h00
SALA A | Comunicações livres
Visita Posters | Posters Exhibition
SALA B | Workshop | Terapia Não Farmacológica (continuação)
SALA C | Workshop Enfermagem | Instrumentação em Artroscopia (2ª sessão)(inscrição obrigatória)
Responsável: Enf. Célia Castanheira | Porto
PROGRAMA CIENTÍFICO | SCIENTIFIC PROGRAMME
TERÇA-FEIRA 15 MAIO
SALA MINHO
09h00
TUESDAY 15 MAY
MINHO ROOM
Simposium - Proctologia em Ambulatório | Symposium - Proctology in Day Sugery
Moderadores | Chairperson: Ana Povo | Porto, Mesquita Rodrigues | Braga
1 | Anestesia Geral Vs. Anestesia Locoregional
General Anaesthesia Vs. Regional Anaesthesia - Silva Pinto | Lisboa
2 | A perspectiva do Gastroenterologista
Gastroenterology Perspective - Miguel Mascarenhas Saraiva - S.P. Coloproctologia | Porto
3 | Tratamento das Fistulas Perianais complexas
Treatment of Complex Fistulas - José Roig Vila | Valência
4 |Técnicas de Hemorroidectomia em CA
Day Surgery Hemorroidectomy - Eva Barbosa | Matosinhos
11h00
Café | Coffee Break
Visita Exposição | Industrial Exhibition
Visita Posters | Posters Exhibition
11h30
Conferência - Bloqueios nervosos periféricos em CA. Que tipos e quais as principais indicações?
Which nerves blocks are feasable and useful in ambulatory surgery setting?
Moderador | Chairperson: Carlos Correia | Guimarães
Palestrante | Speaker: Danielle Ludwin | Columbia University , NY
12h00
Simposium - “Pesadelos” em Cirurgia Ambulatória | Casos clínicos
Symposium - “Nightmares” in day surgery | Clinical cases
Moderadores | Chairperson: Ana Margarida | Porto, António Freitas | Cascais, Enf. Alexandra Costa | Beja
Miguel Paiva | Porto | Anestesia
Fernando Docobo | Sevilha | Cirurgia
Nélson Coimbra | Porto | Enfermagem
13h15
Almoço | Lunch
14h30
Simposium - Invasão Mínima e Ambulatório?
Symposium - Minimal Invasive Surgery in Ambulatory Surgery?
Moderadores | Chairperson: Jaime Vilaça - SPCMIN | Penafiel, Miguel S. Hernandez | Salamanca
1 | Cirurgia Endoscópica - Quanto evoluímos?
Endoscopic Surgery - How far we are? - Jorge Correia Pinto | Braga
2 | Técnicas cirúrgicas “fast track” | Fast track surgical techniques - Manuel Planells Roig | Valência
3 | Técnicas Anestésicas “Fast track”| Fast track anaesthesia techniques - Beverly Philip | Boston
16h00
Café | Coffee Break
Visita Exposição | Industrial Exhibition
Visita Posters | Posters Exhibition
16h30
Conferência - Encontro com os peritos - Indicações para 23 h, critérios de alta, recursos humanos
nas diferentes UCA | Meet the experts - Guided questions about: 23h surgery, Home discharge,
Humans resources in different kinds of AUS
Moderadores | Chairperson: Maria Isabel Garcia Vega | Madrid, Vicente Vieira | Braga
Paula Tavares | Lisboa, Filadelfo Bustos | Toledo, Carlo Castoro | Itália
18h00
Assembleia-Geral APCA | APCA General-Assembly
21h00
Jantar Oficial | Official Dinner
VII REUNIÃO NACIONAL DE ENFERMAGEM EM CIRURGIA AMBULATÓRIA
PROGRAMA CIENTÍFICO | SCIENTIFIC PROGRAMME
TERÇA-FEIRA 15 MAIO
SALA BRAGA
TUESDAY 15 MAY
BRAGA ROOM
09h00
Cerimónia de Abertura | Opening Cerimony
09h30
Mesa-Redonda
Terapias Não Farmacológicas: Que benefícios na prática actual em contexto de Ambulatório
Moderador: Francisca Soares | Hospital de Braga
1 |Musicoterapia - Jorge Peixoto, Unidade de Diálise Fresenius Medical Care | Braga
2 |Toque Terapêutico - Helena Martins | Hospital de Braga
3 |Acupuntura - Helena Salgado | Hospital de Braga
4 |O Cuidar dos Profissionais do Bloco Operatório - Ângela Escada, Psicóloga | Braga
10h30
Café | Coffee Break
Visita Exposição | Industrial Exhibition
Visita Posters | Posters Exhibition
11h30
MELHORES COMUNICAÇÕES LIVRES ÁREA ENFERMAGEM
BEST FREE COMMUNICATIONS - NURSING TYPE
Moderadores: Rosário Caetano Pereira |Centro Hospitalar do Porto , Manuela Veloso | Hospital de
Braga, Carmen Cereijo Garea - ASECMA | La Coruna
13h15
Almoço | Lunch
14h30
Mesa-Redonda - Gestão de Cuidados de Enfermagem em Cirurgia Ambulatória
Moderador: Sofia Rodrigues | Hospital de Braga
1 |Dotações Seguras em Cirurgia Ambulatória - Graça Miguel | IPO do Porto
2 |Recomendações Internacionais em Cirurgia Ambulatória - Jorge Rôla | Hospital Distrital de
Santarém
3 |Uniformização de Protocolos para melhor Gestão dos Cuidados em Cirurgia Ambulatória
Daniel Cunha - Centro Integrado de Cirurgia Ambulatória | HSAntónio - CH Porto
4 |Experiência do Centro Hospitalar Universitário (Hospital Abente y Lago), La Coruña
Carmen Cereijo Garea - Centro Hospitalario Universitário (Hospital Abente y Lago) | La Coruña
16h00
Café | Coffee Break
Visita Exposição | Industrial Exhibition
Visita Posters | Posters Exhibition
16h30
Mesa-Redonda - Novas Técnicas e Novos Procedimentos em Contexto de Ambulatório
Moderador: Alexandra Costa | Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo
1 |Novas Técnicas Anestésicas em Cirurgia Ambulatória
Fernando Rosado | UCA dos Hospitais Universitários de Coimbra
2 |Novos Procedimentos Cirúrgicos em Cirurgia Ambulatória
Helena Fernanda Ribeiro | UCA do Hospital S. Bernardo - Centro Hospitalar de Setúbal
21h00
Jantar Oficial | Official Dinner
PROGRAMA CIENTÍFICO | SCIENTIFIC PROGRAMME
QUARTA-FEIRA 16 MAIO
SALA MINHO
09h00
WEDNESDAY 16 MAY
MINHO ROOM
Simposium - Novos desafios em CA | Symposium - New challenges in Ambulatory Surgery
Moderadores | Chairperson: Alberto Roxo | Santarém, Emanuel Guerreiro | Matosinhos
1 |Procedimentos de urgência em Cirurgia de Ambulatório
Introducing emergency cases into our Day Surgery Units - Alfredo Jimenez Bernadó | Zaragoza
2 |Mascara Laringea em decúbito ventral | LMA in prone position - Jose Manuel Cordero | Sevilla
3 |Tiroidectomia Total em CA | Total Thyroidectomy in AS - Teixeira Gomes | Porto
10h15
Café | Coffee Break
Visita Exposição | Industrial Exhibition
Visita Posters | Posters Exhibition
10h45
Conferência - Encontro com o perito | Meet the Experts
Moderadores | Chairperson: Fernando Docobo| Sevilha, Braga dos Anjos | Braga
Qual a técnica ideal de Hernioplastia Inguinal
Best technique for inguinal hernia repair
Artur Flores | Póvoa Varzim
Complicações pós Hernioplastia Inguinal - Como as evitar
Complications after inguinal hernia repair - How to avoid them
Francisco Barreiro Morandeira | Santiago Compostela
11h30
Conferência - Financiamento em CA | Financing in Day Surgery
Moderadores | Chairperson:
Carlos Magalhães | Presidente APCA, João Carvalho das Neves | Presidente ACSS - Lisboa
Financiamento em CA - Uma visão internacional
Financing in day Surgery - International data
Paulo Lemos | Porto
Codificação em CA
ICD in Day Surgery
Fernando José Oliveira | AMACC
Comentadores:
Carlo Castoro | Presidente IAAS, Castanheira Nunes | Presidente ARS Norte (a confirmar), Luis
Porto Gomes | Porto
12h45
Cerimónia de encerramento e entrega de prémios | Closing Ceremony and Best Abstracts Awords
PROGRAMA CIENTÍFICO | SCIENTIFIC PROGRAMME
QUARTA-FEIRA 16 MAIO
SALAS A | B | C
09h00
WEDNESDAY 16 MAY
A | B | C ROOMS
SALA A | Analgesia em CA | Day surgery Analgesia
Grupo de trabalho para as recomendações da APCA
Coordenadora: Paula Sarmento | Sta. Mª da Feira
Ana Marcos | Gaia, Cristina Carmona | Amadora Sintra, Cristiana Fonseca | Guimarães
Manuela Marques | Vila do Conde, Paulo Lemos | Porto
Apoio: PFIZER
SALA B | Melhores Comunicações Livres | Best Free Papers
SALA C | Workshop - Como Gerir uma Unidade Cirurgia Ambulatória (inscrição obrigatória)
Responsável: Carlos Magalhães / Sílvia Pereira
10h15
Café | Coffee Break
Visita Exposição | Industrial Exhibition
10h45
SALA A | Comunicações Livres | Free Papers
Visita Posters | Posters Exhibition
SALA B | Comunicações Livres | Free Papers
SALA C | Workshop - Como Gerir uma Unidade Cirurgia Ambulatória
Responsável: Carlos Magalhães / Sílvia Pereira
Normas de Publicação - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2011; 12: 47
47
REVISTA PORTUGUESA DE CIRURGIA AMBULATÓRIA
NORMAS DE PUBLICAÇÃO
A REVISTA PORTUGUESA DE CIRURGIA AMBULATÓRIA, orgão oficial da
de todos os autores, seguido do título do trabalho na língua original, nome
Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória (APCA), funcionará
abreviado da revista, ano, volume e nº de páginas inicial e final.
como um fórum para todos os profissionais envolvidos na cirurgia
Se a citação bibliográfica for proveniente de um livro, deverá ser indicado
ambulatória. Considerará para publicação artigos sobre diversos
o nome(s) do(s) autor(es), título do capítulo, nome dos editores, título do
temas: (1) investigação básica e clínica nas áreas da anestesia, cirurgia
livro, nº do volume, cidade e nome da casa editora, ano de publicação
e enfermagem; (2) cuidados perioperatórios (protocolos, estudos
e nº da 1ª e última páginas do capítulo.
sócioprofissionais); (3) aspectos organizativos, de gestão, de formação,
Exemplos para referências:
planeamento arquitectónico, legais, avaliação de qualidade, etc.
a) Revistas – Lemos P. Selecção de doentes e tipos de intervenções para
Fundamentalmente a revista terá as seguintes secções: editorial, artigos
cirurgia ambulatória. Anestesia 2000, 1997; 1:3-13.
originais, artigos de revisão, casos clínicos, cartas ao director, notícias, etc.
b) Livros – Martin S. B. – Establishing a training program in anesthesia
for ambulatory surgery – in White P. F. (ed), Outpatient Anesthesia. New
APRESENTAÇÃO E ESTRUTURA GRÁFICA DOS TRABALHOS | Para
York: Churchill-Livingstone, 1997;pp 124-129.
todos os trabalhos deve ser solicitado ao editor-chefe pelo primeiro
autor, a revisão dos mesmos através do envio de um e-mail.
CASOS CLÍNICOS | O caso clínico deverá ter estruturação semelhante a um
“original”,incluindo resumo em língua portuguesa e inglesa, apresentar uma
Os trabalhos devem também ser enviados por e-mail para o correio
descrição o mais clara e sucinta possível, e incluir discussão e conclusão.
electrónico da APCA- [email protected]
Poderá incluir quadros, figuras e referências bibliográficas.
TRABALHOS ORIGINAIS | Não haverá restrição na extensão, no que diz
CARTAS AO DIRECTOR | Trabalhos de opinião, comentários referidos ou
respeito a texto, quadros e figuras. O texto deve ser conciso e explícito.
não a outros trabalhos publicados na revista, que pela sua concepção
Os trabalhos devem apresentar-se da seguinte forma:
não possam ser considerados como “originais”,podem ser aceites como
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cartas ao director. Deverão ter no máximo 2 páginas, podendo incluir
O nome e apelido de cada autor, com referência aos organismos,
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Categoria Hospitalar
Especialidade
Local de Trabalho
Morada
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Código Postal
Distrito
Telefones
Data
Fax
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/
Assinatura
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s/ Banco
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JÓIA = e 25,00 + Quota para triénio de 2007-2009 = e 30,00

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