Faça AGORA! - Arquidiocese de Vitória
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vitória Ano X • Nº 124 • Dezembro de 2015 Revista da Arquidiocese de Vitória - ES O passado brilha de novo: uma nova Catedral TAM BORES / Lu ci o s Ro l a m e n to s M ANCAIS | w w w . l u c i o s . c o m | ( 2 7 ) 3 2 3 2 - 4 24 2 Belo Horizonte - MG | Cachoeiro de Itapemirim - ES | Matriz Vitória - ES | São Paulo - SP Ip a t in g a - MG | J o ã o M o nl ev a d e - MG | R i o d e J a n e iro - RJ | S ã o Luí s - M A editorial A porta da catedral restaurada será Porta da Misericórdia E Maria da Luz Fernandes Editora ste final de ano apresenta-se com perspectivas difíceis, mas também com alegrias. Assistimos ao desastre ecológico no Rio Doce e às dificuldades de cidades inteiras para lidarem com a falta de água, mas também à solidariedade imensurável das pessoas para tentarem amenizar os sofrimentos de outros. Não temos capacidade de interferir nessa realidade, resta-nos potencializar ‘o bom’ que se manifesta. Por outro lado iniciamos o Ano da Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco com o objetivo de proporcionar experiências e vivências pessoais e comunitárias de “deixar-se abraçar pela misericórdia de Deus e comprometer-se a ser misericordioso com o outro como o Pai é conosco”. A proposta de um Ano da Misericórdia é um sinal de esperança em um mundo desesperançoso. Entrar pela Porta da Misericórdia na Arquidiocese de Vitória é, também, passar pela porta da catedral restaurada e mergulhar na beleza deste templo que apresentamos nesta edição. Boa leitura! n fale com a gente @arquivix arquivix mitraaves www.aves.org.br Envie suas opiniões e sugestões de pauta para [email protected] anuncie Associe a marca de sua empresa ao projeto desta Revista e seja visto pelas lideranças das comunidades. Ligue para (27) 3198-0850 ou [email protected] ASSINATURA Faça a assinatura anual da Revista e receba com toda tranquilidade. Ligue para (27) 3198-0850 vitória Revista da Arquidiocese de Vitória - ES Ano X – Edição 124 – Dezembro/2015 Publicação da Arquidiocese de Vitória 08 05 Atualidade retrospectiva 17 Festa da Penha chegada da imagem à Prainha, na Romaria das Mulheres, em abril 18 26 espiritualidade diálogos O bom combate Sinos de Natal Economia Política 28 Comunicação 42 Pergunte a quem sabe 46 acontece Viver bem A arte de viver o presente 24 03 14 20 editorial ideias Nos longínquos destinos seguindo os rastros de Deus caminhos da bíblia A benção da criação e o cuidado do homem 34 Mundo Litúrgico Natal, festa da reconciliação 44 Ensinamentos O Sacramento para os fisicamente debilitados 13 Especial 30 entrevista 33 sugestões O Carisma dos Jesuítas e o Ano da Misericórdia O imaginário do Papai Noel carrega os sentimentos o Natal Em clima de fim de ano 23 36 41 carismas religiosos Irmãs da Consolação reportagem Igreja, cultura e economia crescem juntos em Araguaia cultura capixaba O modo de ser capixaba Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispo auxiliar: Dom Rubens Sevilha • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Gilliard Zuque, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Raquel Tonini, Pe. Andherson Franklin • Revisão: de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850 Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 33199062 Ilustradores: Richelmy Lorencini • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica e Editora GSA - (27) 3232-1266 Atualidade Maria da Luz Fernandes Marcus Tullius Raquel Tonini R. Schneider O passado brilha de novo: uma nova Catedral O alerta veio com pequenos sinais: água de chuva entrando no presbitério e um pedaço de vitral no chão. Acenderam-se as luzes e começou a corrida para conseguir aprovações e verbas que permitissem restaurar a catedral de Vitória. Diversos problemas estruturais surgiram e a avaliação das neces- sidades foi se construindo: fiação, piso, pintura, vitrais, presbitério, iluminação, tudo precisava ser avaliado e assim se construiu um grande projeto em diversas etapas. Em 2008 o projeto foi enviado ao Ministério da Cultura e em 2010 iniciaram-se as obras começando com a troca do telhado e das calhas. A construção da catedral, em estilo neogótico, foi iniciada por Dom Benedito Paulo Alves de Souza, 3º bispo do Espírito Santo que demoliu a antiga catedral Nossa Senhora da Vitória, construída em estilo colonial jesuítico, considerada pequena e transferiu o serviço litúrgico durante 14 anos para a Igreja São Gonçalo. Em 1933 revista vitória I Dezembro/2015 5 com a missa do Galo foi inaugurada a nova catedral. Durante estes 82 anos, a catedral passou por pequenas reformas e aos poucos algumas modificações alteraram suas origens. O restauro atual fez também um resgate histórico e ajustou algumas alterações realizadas. Para os visitantes e os fiéis grande parte do trabalho do restauro não ficará visível por estar escondido nas paredes como fios e tubulações necessárias à segurança, mas muitas novi- Atualidade dades realçam a beleza para quem busca arte e ambiente de oração para aqueles que querem um lugar para rezar. Refletores de LED foram colocados na parte externa para valorizar a verticalidade da construção; a cor original das paredes foi resgatada com raspagem das camadas de tinta; as cruzes espalhadas nos dois lados da nave foram banhadas a ouro retoman- do sua cor original; nas molduras as folhas de acanto foram realçadas com nova pintura; acima da porta principal de entrada o símbolo mariano e a coroa foram destacados com douramento; três novos vitrais foram coloca- dos ao fundo do altar, em substituição aos elementos vazados existentes; a iluminação interna traz refletores direcionados para as abóbadas que criam um clima favorável à liturgia e à oração; o piso original foi totalmente recuperado e o portal interno, também conhecido como Portal do Arcanjo por ter em uma das abas o arcanjo Gabriel, voltou à cor original de douramento em bronze; a sonorização foi adequada não só para a liturgia, mas também para atender concertos de grande porte que venham a colocar a catedral de Vitória nos circuitos culturais nacionais e internacionais. Presbitério Dois grandes destaques surgem deste restauro contemplando as tendências artísticas contemporâneas que valorizam o sentido da arte sacra de conduzir o ser humano à oração seguindo um caminho místico: o presbitério (altar, ambão, revista vitória I Dezembro/2015 6 imagem de Nossa Senhora e brasão do arcebispo) e as salas do batismo e da reconciliação. O novo altar foi construído em pedra natural maciça, do Norte do Espírito Santo, com acabamento escovado e vai destacar a centralidade do espaço celebrativo. Sua forma traz a base em cruz que se abre como uma flor para formar o tampo de dois metros e meio em bloco único evocando as linhas curvas ogivais do estilo gótico. O altar existente assim como o ambão serão transferidos para a cripta. O ambão foi construído com a mesma pedra e acabamento do altar e ficará mais próximo do povo. Sua forma em quatro peças recorda a unicidade do Evangelho narrado por São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João. salas de batismo e reconciliação As salas de batismo e reconciliação são uma recuperação dos espaços não originais existentes na lateral esquerda da catedral. Esses espaços foram identificados pelos vitrais (batismo e reconciliação) que os circundam indicando que essa teria sido a ideia da extensão lateral da construção. A sala do batismo tem forma octogonal que nos recorda o oitavo dia, o dia da Ressurreição e, a nova fonte batismal, de pedra maciça também de oito lados acompanha o conceito formal do altar. Dela brota água corrente como de uma fonte tornando-se sinal mais expressivo do sacramento do batismo. O mosaico do pavimento de forma circular apresenta as linhas que remetem às águas do batismo e nele a presença de oito peixes recordam a nova criação e a aliança definitiva. Na sala da Reconciliação as curvas do piso lembram nosso próprio caminho. Os mosaicos e o mobiliário não foram contemplados nesta etapa, mas seguirão a mesma linha dos espaços concluídos. Este lugar, antes utilizado para atendimento da pastoral da saúde, continuará sendo espaço de renovação e cura. Itinerário espiritual O projeto de adequação litúrgico propôs à equipe de restauro, a abertura de uma porta que liga as salas do batismo e reconciliação com a assembleia. Assim, temos um itinerário espiritual que pode ser repetido pelo revista vitória I Dezembro/2015 7 fiel frequentemente: entrar pela sala de Batismo (renovar suas promessas batismais), passar pela sala da Reconciliação (arrepender-se dos pecados), unir-se à assembleia, escutar a Palavra de Deus e participar da Eucaristia. Além dos mosaicos na sala da Reconciliação, a cripta e a capela do Santíssimo serão restaurados na próxima etapa. n ectiva p s o r t Re 2015 Abertura da Campanha da Fraternidade no Convento da Penha, em fevereiro va specti o r t e R 2015 Treinamento da Campanha do Dízimo, em março va specti o r t e R 2015 Festa da Penha chegada da imagem à Prainha, na Romaria das Mulheres, em abril ectiva p s o r t Re 2015 Bispos reunidos no Muticom, no Centro de Convenções de Vitória, em julho ectiva p s o r t Re 2015 Lançamento do livro de Dom Luiz Mancilha - ‘Conversando com a mãe aflita’, no Encontro das Mães que oram pelos filhos, em outubro especial O Carisma dos Jesuítas e o Ano da Misericórdia Q uem faz os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola sabe muito bem que a etapa chave para desenvolver bem seus exercícios é a chamada “1ª Semana” ou Semana da Misericórdia quando o exercitante é chamado a meditar não tanto sobre seus pecados, mas sobre a misericórdia de Deus que nos dá Jesus Cristo Crucificado, o grande sinal da misericórdia do Pai, a certeza de seu imenso amor por todos e cada um de nós. Também na “3ª Semana”, chamada Semana da Paixão, contempla-se não tanto os sofrimentos de Cristo, mas o porquê deles, sua entrega ao Pai e sua misericórdia para conosco, os pecadores. Somos convidados a nos unirmos ao Cristo padecente que vai à paixão por nossa causa, por nossos pecados. E tudo mais nos Exercícios nos fala da Misericórdia, desde a encarnação onde o Verbo se faz homem para nos salvar, passando pela vida pública, pela paixão e também pela ressurreição, à Misericórdia que está ao fundo de tudo, dando sentido a tudo. Portanto para um jesuíta, celebrar o Ano Santo da Misericórdia é ter a oportuni- “para um jesuíta, celebrar o Ano Santo da Misericórdia é ter a oportunidade de celebrar mais intensamente, durante um ano, o Cristo do alto da cruz dizendo ‘tudo está consumado’ e entregando sua alma ao Pai, após haver redimido todos nós”. dade de celebrar mais intensamente, durante um ano, o Cristo do alto da cruz dizendo “tudo está consumado” e entregando sua alma ao Pai, após haver redimido todos nós. O Papa Francisco, filho espiritual de Inácio de Loyola, imbuído dessa espiritualidade, apresenta a toda Igreja a oportunidade de desfrutar da misericórdia de Deus e por causa dela se tornar mais próximo do Pai. É a espiritualidade do Coração de Jesus, manso e misericordioso! São José de Anchieta, o jesuíta canonizado pelo Papa no ano passado, escreveu falando da chaga do Coração de Jesus: “Quem feriu o Coração não foi a lança do soldado, mas a misericórdia de seu coração.” Poderíamos declinar uma multidão de nomes de jesuítas que tiveram devoção especial à misericórdia de Deus, como Cláudio de La Colombière e a devoção ao Coração de Jesus, São Roque de Santa Cruz e tantos e tantos! revista vitória I Dezembro/2015 13 Também a permanente disposição do jesuíta em ouvir confissões e o hábito de haver em nossas igrejas horários para atender confissões fazem parte do modo de ser inaciano. O Santuário Nacional de São José de Anchieta acolheu de braços abertos a missão de ter em seu templo uma “Porta da Misericórdia”. Assim, os romeiros vindos em peregrinação à ”Cela de Anchieta”, para venerar parte da tíbia do Apóstolo do Brasil e o local de sua “páscoa”, também poderão ganhar as indulgências próprias do Jubileu Extraordinário, atravessando a Porta Santa e tendo confessado, comungado e rezado nas intenções do Santo Padre. Companhia de Jesus, o nome da Ordem dos Jesuítas, significa Companhia do Jesus Padecente, daquele que, por misericórdia, abraçou a cruz e, com ela, redimiu a Humanidade. n Padre César Augusto dos Santos Sacerdote jesuíta e reitor do Santuário Nacional São José de Anchieta ideias Nos longínquos destinos seguindo os rastros de Deus O cosmo nos plasmou nos longínquos destinos seguindo os rastros de Deus. Ele somou faíscas, poesias e partículas em bilhões e bilhões de anos, numa álgebra complexa e infindável, e compôs mundos e mundos em números para além de qualquer possibilidade de se imaginar. E dentre tantos – não entre os primeiros, nem entre os últimos – formou uma planeta azul, lindo como ele só. Cheio de graça e beleza... Fez-se a Terra. revista vitória I Dezembro/2015 14 Mas os rastros de Deus tênues e discretos seguiam adiante, e o cosmo procurava-os em tentativas de compor novos arranjos naquele planeta pendurado ali nas franjas de uma galáxia tão semelhante a tantas outras. Ali os pesos e as levezas, as gravidades e os fluxos celestes, as águas e a lua, as lavas e as brisas definiram num agito de muitos componentes e ritmos o surgimento de organismos... Fez-se a vida. O universo então se alongou por distâncias desmedidas arrastando o mundo em suas tentativas de ganhar tempo para que nas entranhas daquele planeta onde surgira a vida novos acontecimentos se dessem. E a vida, incipiente e frágil se dobrou e desdobrou em infinitas combinações nos vales e campinas, nas florestas e cavernas, nas montanhas e pradarias, nos rios e desertos até que uma de suas criações se ergueu distinta... Fez-se o homem. Até então bilhões de anos tinham se sucedido em bilhões de eventos luminosos, sóis se tinham acendido e se apagado, mundos se tinham formado e se acabado... mas o universo seguia cego, cego. Foi no olhar assustado do ser humano, num encanto de luz e consciência, que o universo curou-se de sua cegueira e viu-se a si mesmo... Fez-se a lucidez. Mas a lucidez tem um preço. O universo começou a se perceber. Começou a se avaliar em busca de entendimentos sobre si próprio. Não sem demora se viu portador de infindáveis luzeiros, mas também de densas, densas e extensas e frias escuridões... E o universo se assustou consigo mesmo... Fez-se o medo. Novos rastros de Deus precisavam ser encontrados e o cosmo todo passou a gemer e se contorcer na inquietação de não ter ainda parido o que devia parir, e se voltou para o ser bípede em esperanças de nele ver nascer algo novo que desse sentido a todas as coisas, e que fosse a ligação com a origem de tudo. O universo percebeu que das durezas da vida, pelas suas lutas por comida e abrigo o pequeno ser bípede descobria em si uma força sutil e poderosa, a força da compaixão. Ele aprendia a condoer-se dos seus pares, dava-se em solidariedade aos que padeciam as mesmas dificuldades... O Universo respirou... feliz... Fez-se o amor. revista vitória I Dezembro/2015 15 No entanto o universo intuiu que no fundo do coração daquele ser humano coabitavam o medo e o amor, luzes e escuridões frias, tal qual em suas próprias imensidões; e que o medo fazia surgir outra força, quase tão poderosa quanto o amor. No desejo de posse e de garantir egoisticamente a segurança e bem-estar surgiam as disputas violentas, as guerras... Fez-se o ódio. Então o cosmo todo se arregimentou em buscas por novos rastros de Deus, outro passo precisaria ser encontrado. O universo definiu que seus astros todos estivessem atentos às pistas que Deus deixara. Homens, feras e astros buscaram um sinal. Esta empreitada também foi longa e demorada. Mas enfim... Enfim... Um pequeno cometa traçou um caminho no céu. E coube a ele, a uns magos, a uns pastores e a uns animais a honra de testemunharem o acontecimento desde sempre esperado: glória a Deus nas imensidões do cosmo e paz na terra aos que se guiam pelo amor... E nasceu Jesus. n Dauri Batisti Economia Política Bons ventos B ons ventos os que trouxeram à crise política pela qual passa o Brasil, a nota emitida no final de outubro pelo Conselho Permanente da CNBB que trata da realidade sociopolítica brasileira, suas dificuldades e oportunidade. Oportuna diante do debate enviesado fomentado por ações políticas menores e ampliadas pelo noticiário de parte dos meios de comunicação, inclusive as redes sociais. A nota alerta contra o pessimismo que contamina e que leva muitos à conclusão equivocada de que o Brasil se encontra em um beco sem saída. Indica que esse pessimismo pode levar à sensação de derrota que transforma – como indica o Papa Francisco – muitos em pessoas lamurientas e desencantadas com cara de vinagre. Reconhece a crise de governabilidade e indica que ela deve ser buscada com apoio que oportunismos e soluções fáceis precisam ser evitadas e que o bem comum deve ser buscado. A fala do Papa Francisco no Congresso americano é lembrada: “uma sociedade política dura no tempo quando, como uma vocação, se esforça por satisfazer as carências comuns, estimulando o crescimento de todos os seus membros, especialmente aqueles que estão em situação de maior vulnerabilidade ou risco.” Convoca a sociedade civil a exigir que os governantes do executivo, legislativo e judiciário recusem terminantemente mecanismos políticos que, disfarçados de solução, aprofundam a exclusão social e alimentam a violência. Dentre esses, as tentativas de redução da maioridade penal, a flexibilização ou revogação do Estatuto do Desarmamento e a transferência da demarcação de terras indígenas para o Congresso Nacional indicam a necessidade de construção de pontes que favoreçam “uma sociedade política dura no tempo quando, como uma o diálogo amplo envolvendo segmentos que legitimamente vocação, se esforça por satisfazer as carências comuns, representam a sociedade. estimulando o crescimento de todos os seus Cita o Papa Francisco quando membros, especialmente aqueles que estão em fala de corrupção - “praga da situação de maior vulnerabilidade ou risco.” sociedade” - que acomete insPapa Francisco tituições privadas e públicas. ampliado e através do funcionamento adequado Lembra que ao Estado cabe cumprir com rigor dos três poderes. Enfatiza a necessidade do País e imparcialidade a sua função de punir igualbuscar o crescimento sustentável; a diminuição mente corruptores e corruptos, de acordo com das desigualdades; a transformação na saúde os ditames da lei e as exigências de justiça. e na educação. Indica a necessidade de am Assim seja! n pliação da infra-estrutura e de políticas sociais que cuidem das populações mais vulneráveis. Arlindo Vilaschi Reconhece que respostas a essas necessidades Professor de Economia na Universidade Federal do Espírito Santo têm que se dar através da consciência de todos revista vitória I Dezembro/2015 17 espiritualidade O bom combate C reio que toda pessoa pergunta-se em algum momento da vida: Vale a pena se esforçar para ser bom, enquanto a maioria das pessoas está despreocupada com isso e o mal parece triunfar sobre o bem? Em algumas situações trágicas surge espontaneamente a dúvida: Por que certas pessoas boas sofrem tanto e outras que são maldosas e desonestas estão numa vida boa? A Bíblia reporta esses questionamentos inúmeras vezes e sempre dá a devida resposta: “De novo vereis a distância que há entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus e o que não serve” (Mal 3, 18) e o Salmo 1 canta: “Ele (o justo) é semelhante a uma árvore que está plantada na beira do rio... Eis que tudo o que ele faz vai prosperar. Mas bem outra é a sorte dos perversos, são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos mal- vados leva à morte”. Resumindo: o mal não compensa nunca. O bem sempre triunfará. Porém, hoje é grande a tentação de desanimar do bem e, na minha modesta opinião, a internet está contribuindo para isso. As desgraças e notícias chocantes são oferecidas “ao vivo” como alimento para um público de péssimo paladar e que gosta de comida ruim. Como sou otimista e acredito que a humanidade aos poucos vai se reeducando, espero que ela logo se enjoe desse excesso de comida ruim. Assim sendo, todos os meios de comunicação passarão a oferecer aos seus educados e exigentes consumidores, notícias e informações mais saudáveis e balanceadas. O problema não está na maravilhosa instantaneidade da comunicação atual. O problema, a meu ver, está no péssimo gosto do consumidor de notícia que ainda na sua maioria gosta de lixo. A Igreja é depositária de alimento saudável e encarregada por Deus para distribuir o Pão da Vida, que é o próprio Cristo. É missão da Igreja levar as ovelhas para a fonte de água viva. Desse modo, os filhos de Deus alimentados e saciados terão ânimo e força para percorrer o caminho longo e difícil que conduz à Vida Eterna. Assim seja. n A Igreja é depositária de alimento saudável e encarregada por Deus para distribuir o Pão da Vida, que é o próprio Cristo. Dom Rubens Sevilha, ocd Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória revista vitória I Dezembro/2015 18 revista vitória I Dezembro/2015 19 caminhos da bíblia A bênção da e o cuidado do homem T oda a criação é vista, na Bíblia, como uma bênção. O dom da terra e de toda a sua fecundidade é a afirmação plena desta bênção que atinge toda a criação. Nela Deus se revela e se mostra como a única e verdadeira potência que abraça todas as coisas, colocando, por meio da liberdade soberana do seu amor, os fundamentos para tudo o que existe. Todavia, quando o homem se distancia desta intenção amorosa de Deus ele se torna um perigo para si mesmo e para a própria natureza. - homem e mulher - à sua imagem e semelhança e os convida à comunhão com Ele e, também, com toda a criação. Na bênção divina dirigida ao homem e à mulher em Gn 1,28, está expressa a sua vocação: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a, dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a terra”. Ao receber de Deus a indicação de submeter toda a terra, a humanidade é convidada a tomar posse da mesma e reconhecê-la como dom a ser partilhado igualmente. O convi“O consumismo de nosso tempo e a te do domínio sobre todos os animais repreocupação com o lucro desmedido fazem vela o compromisso com que a natureza não seja vista em sua de todo homem com globalidade, em sua dimensão profunda de dom divino.” o criador, ser aquele Deus cria por meio de sua palavra. O que garante a propagação da bênção, o que “falar” de Deus é, em si mesmo, um ato acompanha e dirige, o que cuida e é pastor de criador, uma palavra viva e eficaz, que se toda a criação. Todavia, o relato da criação desdobra, fazendo surgir a imensa bioditambém alerta para o perigo da negligência, versidade presente nos primeiros versículos da violência e da perda do sentido profundo da Bíblia. No final do primeiro capítulo do deste cuidado com a criação, algo que se livro do Gênesis, Deus cria a humanidade manifesta, quando a humanidade esquece a revista vitória I Dezembro/2015 20 criação sua vocação de “pastor do criado” e se desvia do chamado de Deus de ser portador da bênção (Gn 6,11-12). O consumismo de nosso tempo e a preocupação com o lucro desmedido fazem com que a natureza não seja vista em sua globalidade, em sua dimensão profunda de dom divino. O nosso mundo corre o grande risco de dissolver-se na valorização desmedida do presente, considerando-o como único valor, perdendo assim a sua ligação fundamental seja com as suas raízes, seja com o sentido profundo do projeto divino para a criação, como lugar da manifestação da bênção divina para todas as gerações. A criação sofre e junto a ela toda a humanidade padece à causa do descaso e descuido, promovidos pela inconsciência e a despreocupação com um crescimento ecologicamente sustentável. Ao mais profundo de bênção para todos, despertando-nos assim para a necessidade de defesa e o cuidado com toda a natureza, como um compromisso e responsabilidade de cada cristão e cristã. Mas para que isso aconteça é preciso recuperar o valor “A criação sofre e junto a ela toda a humanidade padece à causa do descaso e descuido, promovidos pela inconsciência e a despreocupação com um crescimento ecologicamente sustentável.” esquecer a sua missão junto à criação, o homem expõe ao risco todas as coisas e a si mesmo, afastando-se do seu papel de defensor e promotor da bênção divina, rompendo com a comunhão com Deus e com toda a criação. A renovação de cada homem e mulher unidos a Cristo deve refletir diretamente numa compreensão mais ampla da vida em todas as suas dimensões. Neste caso, é necessário recuperar o valor da criação e seu sentido da contemplação, do estupor pela descoberta da racionalidade, que governa tudo e remete a razão divina por excelência (Sl 8; 138; 148). Só quem é ainda capaz de reconhecer e contemplar pode ainda amar, preservar e cuidar. Sendo assim, a questão ecológica não é incompatível com a fé, mas lhe está diretamente vinculada, já que toda a criação, enquanto dom divino, pede de nós uma constante e diligente acolhida, uma promoção, uma valorização e um cuidado comprometido. n Pe. Andherson Franklin, professor de Sagrada Escritura no IFTAV e doutor em Sagrada Escritura revista vitória I Dezembro/2015 21 carismas religiosos Marcus Tullius Durante este ano, por ocasião do Ano da Vida Consagrada que segue até fevereiro de 2016, conhecemos um pouco da diversidade de congregações presentes na Arquidiocese de Vitória e a forma como os seus fundadores inspiraram os religiosos a viverem a mensagem do Evangelho. Nesta última edição, conheceremos quatro congregações que desenvolvem seus trabalhos na dimensão social. Irmãs Dimesse Missionárias de Nossa Senhora de Fátima Irmãs da Consolação Congregação das Irmãs Dimesse Filhas de Maria Imaculada. Este é o nome da congregação fundada pelo franciscano Fr. Antônio Pagani, no ano 1579 na Itália. O nome Dimesse é um convite ao despojamento, ao esvaziamento. O carisma da congregação está baseado no capítulo 2 da carta aos Filipenses. Cada irmã é chamada à conformidade a Jesus Cristo Crucificado e Ressuscitado. Estão presentes na Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Cobilândia, onde atuam nas atividades pastorais e conduzem a Fraternidade Leiga Fr. Antônio Pagani. O nome da congregação já indica o carisma iniciado por Maria Rosa Molas em 1857. As religiosas buscam evangelizar como instrumentos da Misericórdia e Consolação, entre os que sofrem qualquer necessidade, anunciando Jesus Cristo e estendendo o seu Reino. Dentre as atividades realizadas na Arquidiocese, está o trabalho desenvolvido no Centro Social Santa Mônica, em Guarapari. Com o lema “abraçadas à cruz, servir ao Senhor na alegria”, as Irmãs Missionárias de Nossa Senhora de Fátima tem como carisma a tarefa missionária difundindo a mensagem de Fátima. É uma congregação iniciada no Brasil, em 26 de julho de 1964 pelo Pe.Menceslau Valiukevicius. A presença das religiosas em Guarapari é voltada para o Recanto dos Idosos. Scalabrinianas Uma congregação com carisma de acolher e cuidar dos migrantes, o “dom de amar o conterrâneo no estrangeiro e o estrangeiro, na nossa pátria”. Isso foi o que propôs o fundador Beato João Batista Scalabrini para a Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu, juntamente com Padre José Marchetti e Madre Assunta Marchetti. O carisma é vivenciado em nossa Arquidiocese no acompanhamento da Pastoral do Migrante e junto as demais pastorais sociais. n revista vitória I Dezembro/2015 23 viver bem A arte de viver o presente revista vitória I Dezembro/2015 24 F azemos parte de um presente, mas nem sempre estamos nele. Por isso mesmo, não foram poucos os místicos, poetas e sábios que nos vários momentos da história humana chamaram a atenção para a importância da insuspeita e difícil arte de viver o presente. Preocupados com as inúmeras demandas do dia a dia, vemos o presente passar velozmente, sem que tenhamos tempo de saboreá-lo e experimentá-lo enquanto dádiva. Ele, e tudo que o envolve, acaba entrando no número das estatísticas, ou das datas, que vamos fixando em nossas caminhadas. Levados pela ansiedade e pela correria de um mundo agitado, perdemos a dimensão de eternidade que poderá ser encontrada nos gestos e atos que realizamos. Tudo se torna coisa que chega e passa, sem que dela tenhamos qualquer intimidade, e assim, entramos no mundo das mesmices, em um cotidiano, que se arrasta sem novidade, espanto ou encantamento, pois tudo isto depende de nós e nossa capacidade afetiva e criativa. Viramos coisas entre coisas. O outro, o próximo, também se torna coisa mensurável e quantificável, perde o seu mistério, e com isto também nos perdemos. O mundo da rotina nos engole. Meio caminho para as experiências depressivas. Horácio, conhecido poeta e filósofo da Roma Antiga, em um dos seus conhecidos poemas, chamava a atenção para o essencial em duas palavras: Carpe Diem. A expressão latina poderia ser traduzida, como “colha o dia”, “viva o presente”. Ele não faz apologia dos simples prazeres fugazes e passageiros, mas indica uma experiência contemplativa, que torna grande as pequenas coisas. Para isso, temos que ter disponibilidade interior, sensibilidade para apreciar de maneira solene as coisas que nos envolvem, com um olhar novo. Assim tudo passa a ter sabor, sentido, e ganha vida. O que implica em uma reeducação da nossa sensibilidade, dos nossos olhos, para a beleza que nos cerca. Mas para enxergar a beleza de fora é preciso que antes ela nos habite. Como nos lembra Rubem Alves, é preciso acordar a beleza que está adormecida em nós. Assim poderemos aprender a ver o essencial que mora nas coisas mais simples, que muitas vezes não vemos, por encontrarmos distantes da arte de amar, o que impede uma vida transbordante. Conferir importância e significado ao momento presente, com a grandeza de alma que ele requer, não pressupõe negação do passado, ou mesmo, do futuro. Enquanto seres históricos, trazemos muitas marcas: alegrias, tristezas, conquistas, traumas etc. que muitas vezes nos impedem de viver bem o presente. Como nos diz as Sagradas Escrituras, a mulher de Ló virou estátua de sal, petrificou-se quando ficou a olhar para trás. Por outro lado, somos também pessoas que sonham. Somos pessoas de esperanças. Estamos sempre a buscar o que não temos e desejamos. O desejo ou amor nos movem. Vivemos em uma tensão entre o passado e o futuro, mas quando vivemos bem o presente conseguimos integrar estes dois aspectos da vida e com eles realizamos em plenitude as nossas possibilidades. É preciso, no presente, o sonho de quem sonha acordado, assim como, a recuperação de uma memória que nos permita estar reconciliado com o passado. Desta forma nos tornamos livres para a vida, e a vida livre para nós. n Antônio Vidal Nunes revista vitória I Dezembro/2015 25 diálogos Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES Sinos de Natal I niciamos o mês de Dezembro com sentimentos de alegria. Em muitos cartões de Natal, revistas religiosas e mesmo em lojas comerciais vemos, entre os diversos símbolos de Natal, os sinos. É festa! Os sinos tocam nas catedrais, igrejas paroquiais, mosteiros. Os cristãos, de modo geral, sentem-se motivados e sensibilizados a viver este tempo com espírito de alegria e paz. A expressão popular e religiosa de tocar os sinos provoca ou faz nascer uma curiosidade: Por que os sinos, há séculos, vêm marcando presença nos diversos aspectos da vida humana e, principalmente, como expressão natalina? Se formos olhar a história da humanidade, constataremos que o sino, antes de tudo, é um instrumento de comunicação interpessoal ou comunitário. O som do sino chama atenção do destinatário de que há algo a comunicar, algum fato que precisa da atenção dele. Historicamente, o sino é um instrumento que convoca para a reflexão, o luto, a alegria e a festa. Em muitas cidades pequenas o tocar do sino é sinal de preparar-se para a celebração ou o anúncio de morte na comunidade. A criatividade das diversas culturas sobre este instrumento é notória. Cada povo em cada país sabe usar, com arte, o sino, seja por razões religiosas ou patrióticas. A música assumiu o sino na sua gama instrumental e usando-o na sua expressão melódica deu-lhe perpetuidade, pois, ao soar o sino ou os sinos, o compositor ou o músico assinala notas musicais que não só agradam o ouvido humano como elevam os sentimentos do coração. As notas musicais produzidas pelos sinos fazem as pessoas erguerem a cabeça, colocarem brilho nos olhos e unirem os corações ao Criador e Pai de toda a humanidade. Deixe o Sino de Belém, Sino de Natal, soar nos ouvidos de seu coração e o Amor que vem do Alto o transformará! A Igreja Católica, cuja espiritualidade se expressa e é vivida em símbolos e sinais, vem usando, através da história, o sino como um convite à mística, à oração, à solidariedade e tantos outros sentimentos que surgem das criatividades e iniciarevista vitória I Dezembro/2015 26 tivas religiosas. Ora são os monges a se deixarem guiar nos momentos de parada para o silêncio orante ou a oração comunitária; ora são as catedrais e igrejas a convocarem os fiéis para a Celebração dos Santos Mistérios; ora a comunidade a expressar sua alegria pelo nascimento de novos cristãos; ora como recurso de convocação em ocasiões de sofrimento onde é necessário ser solidário ou compadecer-se em torno da dor humana, sem perder a esperança cristã. Lembro-me, neste momento, do lindo poema de Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho, Os Sinos: Sino de Belém, Sino da Paixão... Sino da Paixão, pelo meu irmão... Sino da Paixão, Sino do Bonfim... Sino do Bonfim, ai de mim, por mim! Sino de Belém, que graça ele tem!... O Natal aproxima-se. Repiquem os sinos das catedrais e de todas as igrejas! Um grande evento se deu na história da humanidade: o Verbo de Deus fez-se Homem! O Verbo de Deus fez-se Humanidade Nova para que todos os humanos se renovem! Sinos de Belém, que graça ele tem! Feliz Natal! Deixe o Sino de Belém, Sino de Natal, soar nos ouvidos de seu coração e o Amor que vem do Alto o transformará! n revista vitória I Dezembro/2015 27 Comunicação Maria da Luz Fernandes Imitação da Q vida e ficção que a vida real não lhe permitiria. Ao ver a vida retratada e ficcionada na tela, o telespectador deixa de perceber os limites entre o real e a ficção e passa a incluir os personagens da novela no âmbito familiar, ou ainda, confunde o ator com o personagem interpretado e transfere para ele os sentimentos de empatia ou repulsa. A proximidade e, ao mesmo tempo, a identificação de afinidades fizeram das novelas brasileiras uma verdadeira extensão da vida, tornando-se o assunto nas rodas de conversa, na mesa de jantar ou mesmo nas filas de ônibus e supermercados. Importante para quem assiste novela é considerar que os temas abordados e a forma de abordá-los dependem da visão, da vivência e do incômodo que os temas sugeridos causam ou provocam no autor. É essa visão, juntamente com a interpretação do ator ou atriz, que é mostrada para o “Quando se estabelece a dúvida sobre a novela imitar a vida telespectador. Para tornar atrativos os ou a vida imitar a novela é possível que a melhor resposta desejos e pensaseja o título deste artigo. A novela é uma imitação mentos, todos os envolvidos preda vida, inspira-se nos costumes e histórias cisam ‘exagerar’ reais, mas ao mesmo tempo, os ficciona”. as interpretações, criar textos e imagens de impacto e compor que trabalhavam os dramas da vida cotidiaas cenas com imagens e cores que provoquem na, os conflitos, as falas do povo nas ruas, o os afetos de quem assiste. Assim, o telespectajeito e o humor brasileiro que foi criando sua dor tende a envolver-se com essas formas de identidade e se afastando da teatralidade para comunicação e tem dificuldade de distanciaradotar o naturalismo, onde o povo facilmente -se e separar o “real” da “ficção” criada para se identifica. A identificação acontece pelos envolvê-lo. A novela é uma ficção que trabalha enredos traçados para as novelas, que estão com histórias da realidade cotidiana, cabe, por constantemente ligados àqueles vividos por isso, ao telespectador a decisão de esforçar-se qualquer cidadão comum: problemas familiares, para criar as devidas distâncias e criar a sua violência, romance, dilemas existenciais, etc. própria opinião sobre o que assiste, sem deixar Na prática, a novela dá novos significados de apreciar a arte dos folhetins e a interpretação à vida e “permite” o público que assiste expedos personagens. n rimentar sensações, adotar palavras e estilos uando se estabelece a dúvida sobre a novela imitar a vida ou a vida imitar a novela é possível que a melhor resposta seja o título deste artigo. A novela é uma imitação da vida, inspira-se nos costumes e histórias reais, mas ao mesmo tempo, os ficciona. Se resgatarmos o surgimento e um pouco da história da novela no Brasil, ‘Sua vida me pertence’, primeira novela; ‘2-5499 Ocupado’, a primeira com transmissão diária e, a ainda lembrada e citada hoje, ‘O direito de nascer’, podemos citar Élide Fogolari no livro ‘O visível e o invisível no ver e no olhar a telenovela’, que se refere à novela “como narrativa ficcional que aproxima a história narrada ao mundo vivido dos indivíduos”. Inicialmente as novelas foram traduzidas de produções argentinas e cubanas e, aos poucos, substituídas por produções brasileiras revista vitória I Dezembro/2015 28 Não deixe seu Natal passar em branco Neste Natal, nas compras acima de R$ 50,00 ganhe um livro para colorir.* *Promoção válida de 26 de novembro a 26 de dezembro de 2015 ou até o final do estoque dos brindes, prevalecendo o que ocorrer primeiro. PAULUS Livraria de Vitória – ES Rua Duque de Caxias, 121 Centro – CEP.: 29010-120 Tel.: (27) 3323.0116 [email protected] paulus.com.br entrevista Maria da Luz Fernandes O imaginário do Papai Noel carrega os sentimentos do Natal Se você quando olha a figura de Papai Noel pensa que está vendo apenas os olhos dele saiba que ele também está olhando os seus. O olhar das pessoas é o que marca o Papai Noel profissional. Sabíamos que entrevistar Papai Noel poderia ser uma surpresa e foi. Quem começou a entrevista foi ele: “atendendo o pedido de vocês é um prazer muito grande estar aqui, é um privilégio. Deus abençoe a senhora e todas as nossas famílias. Se Deus me escolheu para fazer esse papel não é por acaso, porque o Natal sem Cristo não é Natal”. vitória - O senhor conversa com as crianças? PN - Converso um pouquinho com cada um. Eu pergunto às crianças o que nós comemoramos no dia de Natal e eles respondem que é o nascimento de Jesus Cristo. Alguns empresários não gostam muito, mas eu acho que é um dever colocar na cabecinha das crianças e dos adultos também que o Natal é Jesus. vitória - Como é a reação delas? PN - Um dos casos mais bonitos nem aconteceu comigo, foi com outro Papai Noel na inauguração de um shopping na Serra, era a minha primeira vez como Papai Noel profissional. Uma criança com cerca de 9 anos chegou para ele e perguntou: “oi Papai Noel tudo bem?”, ele respondeu que sim e perguntou o nome e o que queria ganhar de presente. Ela respondeu: “Papai Noel eu não quero presente, eu quero que meu pai e minha mãe deixem de brigar em casa”. Numa hora dessas cadê o Papai Noel? Ele chorou, se emocionou. Isso marca a gente. Outra história aconteceu comigo. O menino chegou e disse: “Papai Noel revista vitória I Dezembro/2015 30 eu só quero uma bicicleta e um pai”. Ele tinha perdido o pai fazia 10 dias. Tudo é muito comovente, a criança chega para te abraçar e diz emocionada: “Papai Noel eu te amo”. Então como cortar essa alegria e fantasia da criança? E tem adulto também, aconteceu comigo há 3 anos, chegou um casal irradiando tanta alegria que quem passava percebia o quanto eles estavam felizes. Um deles disse: “eu nunca tirei uma fotografia com Papai Noel, você permite?”, eu disse que não tinha problema, então ele sentou num braço da cadeira e a esposa do outro lado. Curioso, eu perguntei o porquê de tanta alegria e o marido respondeu: “nós estamos comemorando 50 anos de casados”. vitória - A barba e o bigode do senhor são naturais? Sim, tudo natural. Se não fosse eu não iria. Nem se me pagasse uma fortuna eu botava aquele negócio. Uma vez eu fui colocar, quando vi na foto aquilo tudo esquisito, fora do lugar, falei que não queria saber daquilo. PN - se abraçava, um momento de muita paz. O Natal foi feito para tudo isso e é muito importante esse clima. Por mim Natal seria todo o dia. vitória - E profissionalmente como começou? PN - Parece até fantasia ou que a gente inventa, mas foi interessante. Com a barba já comprida para fazer os festejos da família eu estava num banco aqui em Vila Velha. Passou um camarada com uma barba bonita mais baixa que a minha e eu disse assim: “oi Papai Noel, tudo bem?”, ele olhou para mim e disse: “você também é Papai Noel?”, eu falei que não, fazia apenas em casa. Ele perguntou: “você não quer trabalhar no shopping? A minha empresária está ali”. Fomos conversar e ela que já estava no mercado há mais de 20 anos deu-me todas as coordenadas, os cuidados de não beijar as crianças, apenas deixar que elas beijem, tratar com disciplina, com decência. E assim eu comecei. ano todo? PN - Não. Quando chega o dia 25 eu tiro a barba, corto bastante o cabelo e fico uma pessoa normal (risos). A partir de abril começa a barba a crescer e o cabelo. vitória - O senhor também faz o papel de Papai Noel nas famílias? PN - Sim, muitas famílias convidam a gente para entregar presentes, às vezes também os condomínios, clubes, Igrejas, a gente deixa uma cota para a firma, porque a indumentária não é nossa, e a gente faz. vitória - Quando começou a fazer vitória - Tem criança que tem vitória - O senhor fica assim o o Papai Noel? PN - Na família eu sempre fazia. Depois do culto, o agradecimento a Deus pelo ano, às vezes algum estava aborrecido com o outro e chegava aquele momento era comovente, todo mundo medo de Papai Noel? PN - Tem. vitória - O senhor tenta conven- cer? PN - Não, eu deixo, fico quieto, fico revista vitória I Dezembro/2015 31 esperando a reação dos pais, porque realmente tem criança que tem medo e eu tenho história triste para contar a respeito disso. Uma senhora uma vez viu um caso de criança com medo e chegou para mim e disse para eu não ficar triste, pois algumas pessoas intimidam as crianças, dizendo que se não fizer o que mandam vai chamar o velho de barba branca e saco nas costas para pegá-las. Então a criança passa para outra e nesses casos a criança chora desesperada. A partir de 3 anos a criança vai vendo fotografias e outras propagandas e vai se acostumando. Eu tenho neto pequeno, com 5 anos sei como é, e tenho com 16 anos também. vitória - E o caçula o que ele faz com o Papai Noel? PN - Ele quando era menor, subia no sofá, mexia no meu cabelo, ria, enfiava o dedo na barba e eu deixava ele à vontade e brincava com ele. vitória - E nas ruas as pessoas chamam o senhor de Papai Noel? PN - Sim. Já acostumei, se me chama de Papai Noel eu faço ho...ho...ho. vitória - O que mais marcou o senhor nesse tempo todo? PN - O que marca é o brilho no olhar das pessoas, é a coisa mais gratificante. A pessoa olha com admiração: Poxa, Papai Noel! Outros olham meio desconfiados e isso marca a gente: o olhar, o sorriso, a conversação, a solidariedade, a gratificação é sempre superior à crítica. vitória - A família do senhor apoia? entrevista clima de alegria e só traz paz, o Papai Noel ajuda a trazer o clima natalino. As pessoas olham para você com um olhar cativante, com surpresa, alegres, sorridentes, algumas mais assustadas. vitória - E quando chega dia Todo mundo gosta. Eles colocam no facebook e vai para os Estados Unidos, Alemanha. Não tem como você entrar em dificuldades quando você tem Jesus no coração. O salmista já dizia ‘o Senhor é meu pastor e nada me faltará’. Eu não durmo sem cantar este salmo, não consigo. PN - vitória - O espírito de festa de Natal acompanha o senhor durante todo o ano? PN - O espírito do Natal sempre foi motivo de muita alegria e de exemplo também, esse clima me acompanha também durante o ano. Isso é muito importante e Natal sem a alegria do Senhor Jesus não é Natal. Esse negócio de bebedeira, de fumo, de ir não sei para onde e corre daqui, corre de lá, você observa que o pessoal não faz esse tipo de congraçamento, de solidariedade, quer ir para a farra, para o botequim beber. vitória - Ao olhar para Papai Noel você acha que a pessoa lembra dessas atitudes? PN - A figura do Papai Noel é um 25 e o senhor se olha no espelho sem barba, cabelo cortado, qual a sua reação? PN - Aí é o descanso da barba, da pele. Porque tem que ter muito cuidado com a barba, muito shampoo, muito creme e na hora de comer tem que cuidar bem para não sujar. Então nesse tempo é preciso cuidar bem. vitória - Mas quando você olha no espelho sem barba tem a impressão de não ser você? PN - Eu penso, bom agora por alguns meses eu vou ficar sem a barba, tranquilo, é um descanso, eu volto a ser normal. vitória - Quais são as coisas materiais que as pessoas mais pedem? PN - As meninas gostam de pedir boneca, os meninos bola, carrinho de mão. Mas teve um rapaz com mais ou menos 22 anos, ele sentou na minha perna e deu uma carta que escreveu para mim que ele estava querendo uma guitarra e disse: “eu acredito em você Papai Noel, por favor eu preciso de uma guitarra”. Eu falei: “você vai ganhar sua guitarra, agora não sei quando vai chegar na sua mão, mas precisa ver se você realmente merece”. A figura de Papai Noel é presentear, revista vitória I Dezembro/2015 32 ajudar, trocar ideias. Ele recebe os presentes quando a pessoa chega e entrega escondidinho e a criança sente aquela sensação de que é mesmo o Papai Noel que está dando. Agora estão pedindo muito celular, smartphone, computador. O depósito lá do Papai Noel é muito grande, tem muitos presentes (risos), mas eu sempre pergunto à criança se ela é obediente, se estuda, se tira notas boas. Digo que ela precisa fazer tudo bem feitinho para merecer o presente que ela está querendo. vitória - Já aconteceu da criança pedir e depois voltar agradecer o senhor? PN - Já. Acontece muito isso. Elas chegam e agradecem o presente que pediram e receberam. Os pais ajudam dizendo para elas pedirem a Papai Noel. vitória - E o senhor acredita em Papai Noel? PN - Realmente Papai Noel é uma figura decorativa, uma figura que passa, mas como ela é influente nessa época de Natal, naquele momento Papai Noel é útil, porque ele cativa, contagia, leva alegria, leva solidariedade e sobretudo transmite o amor. Então, por esses momentos eu acredito. vitória - E o nome do senhor de onde vem? PN - Meu pai era Leon, mas tem uma coincidência com o Natal. Leia meu nome de trás para a frente (Leon - NOEL). Mas isso é só uma coincidência mesmo. n Música Vitória em Cena So lid ar ied ad e sugestões Depois de receber grandes nomes da música brasileira, o Centro Cultural Sesc Glória é palco para o show solo de Paula Toller, por meio do projeto Vitória em Cena. A apresentação de seu disco ‘Transbordada’ será no dia 12 de dezembro. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do Teatro ou pelo site do Blueticket. Em clima de fim de ano Mais um ano chega ao fim e que tal deixar o espírito natalino agir, nesta época em que se fortalece a solidariedade, a promoção do bem comum e a fraternidade na esperança de uma sociedade mais justa. Essa é uma oportunidade de desacumular aquilo que você já não utiliza mais e doar para quem esteja precisando – roupas, calçados e brinquedos para as crianças, são sempre bem-vindos! Muitas paróquias e comunidades arrecadam alimentos para tornar a ceia de algumas famílias mais feliz e você também pode contribuir. Estabeleça um gesto concreto para este Natal e ajude um irmão a ter um fim de ano mais completo! Cultura Natal Som e Luz Orquestra A nova Catedral O Atualidade já antecipou todas as mudanças e curiosidades da Catedral Metropolitana após o restauro. Se você não conseguir participar da cerimônia de abertura, no dia 08 de dezembro, não se preocupe! Outras oportunidades já estão agendadas para o público visitar esse importante patrimônio capixaba. Confira: Pegando carona com a reportagem da Revista que subiu a região serrana capixaba, deixamos como dica a programação cultural Natal Som e Luz de Alfredo Chaves, que neste ano realiza-se de 20 a 23 de dezembro no Centro da Cidade. Haverá praça de alimentação e feira com artesanato do município. Neste período, também acontecem todas as noites apresentações culturais na Praça Colombo Guardia, além da bela decoração natalina na praça e prédios da cidade. Dia 11 de dezembro, às 20h – apresentação da Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo. Dia 13 de dezembro, às 10h – abertura da Porta Santa com Celebração Eucarística do Jubileu da Misericórdia. Dia 18 de dezembro, às 20h – apresentação da Orquestra Baccarelli – Natal Petrobras Dia 19 de dezembro, às 20h – apresentação da Orquestra David Machado - Natal Petrobras Mundo Litúrgico Natal, festa da reconciliação No século IV foi introduzida a festa do Natal de Jesus. A finalidade foi reviver, liturgicamente, a encarnação do Verbo como manifestação à humanidade, sem o objetivo de celebrar a data histórica do nascimento de Jesus Cristo, a qual é desconhecida. Escolheuse 25 de dezembro na intenção de suplantar a festa pagã do “Natalis solis invicti” (culto do sol) e afastar os cristãos dessa idolatria. Mais que o sol, Cristo é a verdadeira luz que ilumina a humanidade e as nações. A vivência do Natal como um Tempo do Ano Litúrgico acontece desde as vésperas de 24 de dezembro até a celebração do Batismo do Senhor, em janeiro, e possibilita a renovação da fé dos cristãos no mistério da encarnação do Senhor e sua repercussão na vida humana: em Cristo toda a vida foi recapitulada, ou seja, pela sua encarnação Ele restitui à humanidade decaída, a comunhão com Deus e, assim, torna-se o único mediador e intercessor das criaturas perante o Criador; assumiu os seres humanos para dar-lhes o que é seu, regenerando-os como filhos de Deus. Para este ciclo da história humana, seja acolhida a graça e a alegria da encarnação, e tudo seja renovado em lucidez, sanidade e integração de vida plena para todos, na benignidade daquele que faz novas todas as coisas (cf. Ap 21,5). Fr. José Moacyr Cadenassi, OFMCap revista vitória I Dezembro/2015 34 Espiritualidade do Advento O Tempo do Advento é período que inaugura o novo Ano litúrgico e prepara o povo de Deus para o Natal. No decorrer das quatro semanas, a liturgia faz a memória da primeira vinda de Jesus Cristo e, também, “por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos” (Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário, 39). Não é um tempo de tristeza, mas é marcado por piedosa e alegre expectativa da salvação. Este desejo é acentuado, principalmente, de 17 a 24 de dezembro, dias que antecedem ao Natal e que se reza as “Antífonas do Ó”. São pequenas orações dirigidas a Cristo e entoadas na aclamação ao Evangelho. Elas expressam a admiração da Igreja diante do mistério da Encarnação. Advento é tempo de esperança, é o tempo do caminho. “Este caminho não está nunca concluído. Como na vida de cada um de nós, há sempre necessidade de começar de novo, de levantar-se, de reencontrar o sentido da meta da própria existência, assim, para a grande família humana é necessário renovar sempre o horizonte comum rumo ao qual somos encaminhados. O horizonte da esperança! Este é o horizonte para fazer um bom caminho.” (Papa Francisco) Marcus Tullius Comissão Arquidiocesana de Liturgia O lugar do Sacramento da Reconciliação Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. O mistério da fé cristã parece encontrar nestas palavras a sua síntese. Tal misericórdia tornou-se viva, visível e atingiu o seu clímax em Jesus de Nazaré. (...) Na “plenitude do tempo” (Gl 4, 4), quando tudo estava pronto segundo o seu plano de salvação, mandou o seu Filho, nascido da Virgem Maria, para nos revelar, de modo definitivo, o seu amor. Quem O vê, vê o Pai (cf. Jo 14, 9). Com a sua palavra, os seus gestos e toda a sua pessoa, Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus. C om e s t a s p a l av r a s o Papa Francisco dá início à Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, Misericordiae Vultus, cujo Ano Santo abrir-se-á neste dia 08 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição. Misericordiosos como o Pai é o “lema” do Ano Santo, que entre tantas outras propostas, nos convida a uma maior aproximação do sacramento da Reconciliação. Assim, movidos pelas orientações do Concílio Vaticano II, que celebra seus 50 anos de encerramento nesta mesma data, o projeto de adaptação litúrgica e restauro da Catedral de Vitória resgatou o Lugar da Reconciliação, propondo em linha contemporânea dois confessionários para atendimento aos fiéis. A iconografia já presente neste espaço, através dos vitrais, nos garante a autenticidade da intervenção e recupera a função original do acréscimo lateral do edifício. Unido à Capela Batismal e agora com abertura para o transepto, permite um caminho que nos recorda aquele da nossa própria vida, em convite permanente a viver e praticar a misericórdia. n revista vitória I Dezembro/2015 35 Raquel Tonini R. Schneider Comissão Arte Sacra e Bens Culturais da Arquidiocese de Vitória, Setor Espaço Celebrativo - CNBB Reportagem Letícia Bazet Igreja, cultura e economia crescem juntos em Araguaia U m lugar onde se escuta o canto dos pássaros, o balançar das árvores e o movimento do vento. Foi nesse cenário aparentemente pacato que a Revista Vitória produziu a reportagem deste mês de dezembro: Araguaia, distrito de Marechal Floriano, na região serrana do Estado. A tranquilidade do local não reflete necessariamente o ritmo de vida de seus moradores. Agricultores e pequenos empresários trabalham, e muito, para manter suas famílias e também fazer girar a economia da região. O Gorete na fábrica de pão carro chefe da produção local é o café, - a tradicional ‘Festa do Café’ chegou a sua 22ª edição este ano - e a população, em sua maioria, é católica, é o que afirma o site da Prefeitura de Marechal Floriano e também o padre Josemar Stein, pároco há um ano na paróquia São Miguel Arcanjo, ponto de partida para a nossa matéria. Nessa região, a religiosidade mistura-se com as manifestações culturais, tradições familiares, respeito à natureza e desenvolvimento econômico. A primeira parada foi lá no meio dos cafezais, mas o produto era outro. Depois de um pequeno percurso por estrada de chão encontramos Gorete atarefada para dar conta da produção de sua pequena fábrica de pães. Ela vem para Vitória duas vezes na semana e abastece duas feiras tirando delas o sustento familiar. De segunda a sexta-feira, a rotina de Gorete é pesada: “Nos dias que faço feira - quarta-feira em Santo Antônio e sábado em Jardim da Penha -, revista vitória I Dezembro/2015 36 levanto às 5h venho pra fábrica, fico aqui até por volta de 19h, chego em casa e durmo até 1h, arrumo as coisas e saio para a feira. Retorno por volta de 16h e assim vai seguindo. Sábado, após chegar de Jardim da Penha, Matheus Modolo e domingo eu abandono tudo e é o meu descanso, faço apenas a rotina de casa mesmo”. Gorete é uma mulher batalhadora, ela mesmo produz os pães, arruma o seu pequeno caminhão com os produtos e dirige até Vitória, e afirma que “eu e meus irmãos fomos criados assim, somos acostumados com esse pique puxado mesmo. Minha mãe já fazia feira, construiu a casa ali embaixo com dinheiro que ganhou na feira”. Na despedida agradeceu o padre pela presença e disse que depois da bênção seu trabalho está indo muito bem. Ela também lembrou da celebração que deseja realizar em seu local de trabalho, reunindo a família e a comunidade. Na região, outras famílias também se dedicam à fabricação de doces e pães, mas não existe concorrência, pois cada um vai descobrindo novos mercados. E de mercado o povo da região entende. Alguns fortalecem a agricultura, outros lutam pela fidelidade ao café, e entre estes, encontramos a família Modolo. No início da conversa, Marinete já toma a iniciativa e afirma que sua prática na igreja desde os 13 anos ajuda no cuidado com que auxilia seu marido Mauro a cuidar do café com paixão. “Mesmo com as dificuldades por causa da escassez de água, o café continua sendo a nossa melhor alternativa, porque desistir é a saída dos fracos, o forte é aquele que insiste. Além disso, há o gosto, a paixão em plantar o café. Precisamos pensar em preservar tudo isso para o futuro da nossa família”. Além da preservação das plantações de café, a família Modolo tem mais motivos para se orgulhar. O pequeno Matheus, filho de Marinete e Mauro, que cursa o 6° ano, na Escola Estadual Victório Bravim, mostra com orgulho as medalhas conquistadas pelo bom desempenho escolar. “O que ele não ganhou medalha, ganhou certificado. Agora está esperando o resultado da Olímpiada Brasileira de Matemática”, contou orgulhosa a mãe. Agricultura, pequenos negócios, cultura, religião e outro aspecto relevante da vida em Araguaia é a educação. A escola onde Matheus estuda se destacou nos últimos anos em programas de avaliação, nas revista vitória I Dezembro/2015 37 Família Modolo competições esportivas e também de matemática e português. Continuando o percurso pelas estradas de terra, a mata preservada em muitos pontos do local perde espaço, em alguns momentos, para as várias plantações de eucalipto, áreas tomadas de troncos empilhados e os caminhões que transportam o material para abastecer as grandes empresas de papel e celulose do Estado. Cruzando esses caminhos, chegamos a LP Ferramentas Reportagem Agrícolas, empresa com mais de 100 anos de história, que tem como carro-chefe a produção de foices e facões. Passada de geração em geração, hoje é administrada por Leandro e seus dois irmãos. Ao falar sobre o negócio e a história de sua família, os seus olhos brilham e é possível notar a admiração em preservar as tradições. Leandro conta que ele e seus irmãos largaram os estudos e decidiram se dedicar integralmente para fazerem a empresa crescer. Ele conta que a LP é a empresa em Araguaia que mais gera emprego. “Os clientes confiam em nosso produto e isso é o grande fator do nosso crescimento”. E com essa confiança, a família resolveu investir em outro ramo: o de calçados. Oferecer emprego às mulheres foi um dos motivos para essa decisão, disse Leandro “e aqui entrou outro fator muito importante, pois aqui em Araguaia temos dificuldade de serviços para mulheres, e por isso elas se sujeitam ao serviço da ‘panha’ de café. Se você acompanhar um dia nessa atividade vai ver o quanto é difícil e que até muitos homens rejeitam”. Leandro afirma que na nova empresa as mulheres são a maioria, tanto pela oportunidade de empregá-las, quanto pelo capricho que elas colocam na atividade. “Quando abrimos a fábrica não demos conta de tanta mulher que apareceu querendo emprego”, contou. Os traços familiares e o aprendizado com seu pai destacam-se na conversa com Leandro. Ele se orgulha de ter aprendido a generosidade e o senso de justiça. “Há funcionários que começaram e se aposentaram aqui. Outros se aposentaram e querem continuar trabalhando Produção dos facões da LP revista vitória I Dezembro/2015 38 conosco, por causa dessa relação de patrão e empregado. Aqui todos têm a liberdade de vir falar comigo, porque estou sempre presente”. À pergunta se a sua vivência na Igreja influencia na relação com os funcionários, Leandro faz uma reflexão interessante: “Meu pai sempre teve o funcionário como o parceiro principal do negócio dele, e não porque temos que bajular o funcionário, mas dar Leandro o reconhecimento. A igreja me ensinou a valorizar mais a família, irmãos, pai, mãe e hoje eu já consigo ser um apaziguador, ser o cara que faz a oração nos momentos que estamos juntos. Socialmente eu posso dizer que mudei bastante meu jeito por causa da Igreja. Mas os ensinamentos do meu pai já faziam com que eu agisse dentro da empresa como um verdadeiro cristão”. Leandro afirma que a empresa estar localizada em Araguaia não traz dificuldades para os negócios. A mão de obra é toda local, os funcionários são valorizados e respeitados e as mulheres também ganharam espaço em uma profissão. Para encontrarmos essas pessoas precisamos de um guia que sabia chegar na casa delas e também nas fábricas, reconhecia cada um e sabia o nome, tinha número de telefone e era, por sua vez, reconhecido e tratado com familiaridade. Aparentemente tudo parecia harmonioso e fraterno, mas tanto o nosso guia, padre Josemar, pároco, quanto os entrevistados sabem que a criação da paróquia não foi fácil e ainda tem desafios. A paróquia São Miguel Arcanjo foi criada juntando comunidades antes pertencentes à paróquia Nossa Senhora da Conceição de Alfredo Chaves e Sant’Ana de Marechal Floriano. No começo houve muita resistência, as comunidades tinham laços estabelecidos e um sentido de pertença tanto com a paróquia como com o município e, por isso, não está sendo fácil criar a nova identidade. Da comunidade Santa Maria, Odete afirmou que “no começo a gente não queria a criação da paróquia, mas agora a presença do padre, as celebrações e as orientações que ele dá estão sendo muito boas. Ele determinou que uma vez na semana estará aqui fazendo atendimentos, ouvindo as pessoas. No mês de novembro tivemos nove missas na nossa comunidade e isso é um fato histórico!”. O padre Josemar confirmou o que ouvimos da comunidade: “Os quatro meses iniciais foram bem difíceis, mas hoje é outra situação, o pessoal abraçou a causa e eu digo que agora está revista vitória I Dezembro/2015 39 bem tranquilo. No início foi difícil a compreensão, mas com muita conversa fomos nos entendendo”. Marinete também contou que algumas comunidades apresentaram mais resistência do que outras, “mas hoje eu percebo que essas pessoas estão muito satisfeitas com o padre Josemar e o trabalho que ele tem realizado aqui. Muitos acreditaram que Araguaia não teria condições, estrutura para abrigar uma nova paróquia”. Padre Josemar respeita os tempos de cada grupo, mas não deixa de fazer propostas que favoreçam a unidade e afirma que “a Igreja não tem limites geográficos”. Neste sentido, Odete elogiou a preparação para a festa do padroeiro. “A Quaresma de São Miguel foi Reportagem um momento muito bom para as comunidades. Cada comunidade levava a imagem do padroeiro na outra comunidade e a nossa, (Santa Maria), que é a maior da paróquia, levou para uma comunidade bem pequena. Isso fez a gente se aproximar”. A preparação da festa, a visita à comunidade, uma formação ou reunião em comunidades diferentes, aliado à presença do padre mais frequente vai aos poucos aliviando os sofrimentos da separação, deixando sobressair o lado positivo de ter uma assistência religiosa mais presente e uma proximidade com a matriz que permite receber orientações mais precisas e de maneira mais rápida. A comunidade de Santa Maria elogia muito a presença do padre em ocasiões que antes não eram possíveis por causa das distâncias. “Nunca havíamos feito a procissão do encontro e neste ano a gente realizou e foi maravilhoso. Corpus Christi ele estava sempre aqui também, e isso para nós foi algo muito novo, porque não era assim que acontecia antes, embora tivéssemos um relacionamento muito bom com nossos padres anteriores”, disse Odete. Na parte da cultura, Araguaia destaca-se por possuir o maior acervo cultural do Estado, material e imaterial. É o que afirma Rogéria Guimarães, funcionária da prefeitura, responsável pelo Centro Cultural do distrito. Colonizado por imigrantes, principalmente, italianos, o local abriga museus, uma estação ferroviária e as tradições são preservadas e lembradas pelos grupos de dança e corais. Mas Rogéria afirma que a preservação desses patrimônios de Araguaia depende do empenho da população. “Nós precisamos da cultura, pois um povo que não tem cultura não tem história. E a comunidade contribui muito, tudo o que é doado nós tratamos com o maior carinho”. As manifestações culturais de Araguaia estão bastante ligadas à religião, com a aproximação do resgate dos traços da imigração que povoou a região. Os grupos de dança e os corais, expressões da cultura local, destacam-se, principalmente na Festa do Padroeiro São Miguel Arcanjo e também na tradicional Festa da Cultura Italiana. “O padre Josemar inclusive rezou uma missa belíssima na última festa toda em italiano, foi um momento único e marcante”, conta Rogéria. O Natal também é uma época rica em Araguaia. “Toda a comunidade se reúne de forma voluntária e prorevista vitória I Dezembro/2015 40 duz todos os materiais utilizados na decoração, deixando o Centro lindo, todo iluminado. A abertura é feita pelo Coral e a noite fica muito bonito”, diz. A integração que percebemos o tempo todo é de que a vida familiar, o trabalho e a religião caminham juntas e muito bem. O convívio social e a cultura estão completamente integrados seja nos eventos que nos foram descritos seja nos diálogos que participamos. Se tem desafios para integrar uma paróquia com comunidades de dois municípios, não podemos esquecer que ali as raízes culturais e sociais têm a fé como sustento. A pequena Araguaia é grande porque faz da região pacata, do canto dos pássaros e do balançar do vento a melodia perfeita para preservar tradições, alimentar a fé e prosperar nas relações e nos negócios de maneira integrada e feliz n cultura capixaba ca pi xaba O modo de ser Todo capixaba tem um segredo de espuma Uma conversa de duna Um disse me disse Todo capixaba é chique Todo capixaba tem um pouco de beija flor no bico Uma panela de barro no peito Uma orquídea no gesto Um cafezinho no jeito Elisa Lucinda S egundo os estudiosos do assunto a palavra Capixaba significa “roça, roçado, terra limpa para plantação”. Nesse caso, capixaba era como os indígenas chamavam as grandes plantações de milho feitas pelos colonizadores na ilha Vitória, mais precisamente na região que compreende hoje o início da Avenida Jeronimo Monteiro (Centro de Vitória) onde podemos encontrar o Chafariz e o Mercado da Capixaba. Primeiro a expressão foi usada para todos os habitantes nascidos na ilha de Vitória, posteriormente, o termo foi estendido aos moradores do estado do Espírito Santo e o vitoriense passou a ser “capixaba da gema”. Certo é que assim como reconhecemos um típico australiano, francês ou israelense pelas suas características únicas, assim também podemos diferenciar um típico capixaba de um paulista, pernambucano ou gaúcho. Viver entre o mar e a montanha. Espremido entre o território de mineiros, cariocas e baianos fez do Espírito Santo um local bom para se viver, por possuir uma pitada das características de cada um. O modo de ser capixaba pode ser resumido como um caldeirão de misturas de sons e sabores. Daí a explicação de que capixaba não tem sotaque. Misturamos todos eles! n Diovani Favoreto Historiadora revista vitória I Dezembro/2015 41 Pergunte a quem sabe Economia Tem dúvidas? Então pergunte para quem sabe. Envie sua pergunta para [email protected] Vitor Noronha Economista e seminarista da Arquidiocese de Vitória O que são as pedaladas fiscais? “Pedaladas fiscais” ou “contabilidade criativa” são apelidos dados às práticas de manipulação da contabilidade fiscal em que o Tesouro Nacional atrasa o repasse de recursos aos Bancos Públicos (Caixa, Banco do Brasil e BNDES) para apresentar contas públicas mais equilibradas. Entretanto, por sua vez, os Bancos Públicos não transferem o atraso aos beneficiários, adiantam com recursos próprios os pagamentos e cobram juros ao Tesouro Nacional. Tal prática se iniciou no governo Fernando Henrique Cardoso, em 2001, se estendendo por todos os governos subsequentes, de Lula e de Dilma Rousseff. No caso atual, as cifras chegam a R$ 40 bilhões, compreendendo o seguro-desemprego, o programa Minha Casa, Minha Vida, o Bolsa Família, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e o crédito agrícola. saúde -se acompanhamento com psicólogo que dará o suporte necessário para a superação dessa fase repleta de desafios. Doutora Lourdes Landeiro Psicóloga e sexóloga pela USP No período em que a mulher deixa de produzir os hormônios, quais são os cuidados necessários? Esse é um período de transformações fisiológicas, reprodutivas, emocionais e sociais. Nessa fase é importante que a mulher procure outros profissionais além do seu ginecologista habitual. Devido a redução do metabolismo, pode haver ganho de peso, aumento do nível do colesterol e pressão arterial. Portanto recomenda-se uma visita ao cardiologista. Trata-se de uma fase onde a autoestima costuma ficar baixa e, com muita frequência, o surgimento ou agravamento da depressão. Para evitar sofrimentos maiores recomenda- Todas as mulheres precisam de reposição hormonal? Cada caso deverá ser estudado com cuidado. A reposição hormonal melhora diversos sintomas como calor, dor de cabeça, contribui para melhorar a diminuição da libido e alterações de humor, beneficia o cabelo, melhora a elasticidade da pele e da mucosa. O uso de hormônios pode trazer grandes benefícios, mas a aplicação em cada paciente deve ser cuidadosamente estudada pelo ginecologista para avaliação de riscos. Quando não há fator de risco, como histórico familiar ou pessoal de câncer de mama, a reposição hormonal pode ser uma boa opção. Lembrando que essa opção só deve ser feita quando riscos e benefícios forem bem calculados. revista vitória I Dezembro/2015 42 Psicologia Religião Professor Dr. Alexandre C. Aranzedo Coordenador do curso de Psicologia da Faculdade Católica Salesiana do ES Como os pais devem lidar com a descoberta da sexualidade dos filhos na adolescência? Quem deve tomar a iniciativa para conversar sobre o assunto: o pai ou a mãe? Precisamos ressaltar que sexualidade não é sinônimo de ato sexual. Vários autores da Psicologia ponderam que a sexualidade é algo mais abrangente que engloba vários aspectos da vida humana, permeados por cada cultura, tais como a afetividade, satisfação, prazer, sentimentos, etc. No que diz respeito aos adolescentes, considera-se como um segmento etário cujo desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial potencializa as buscas pela formação da identidade e da consciência da sexualidade. Isto pode gerar reflexões, questionamentos por parte dos filhos e discussões no âmbito familiar em torno das descobertas da sexualidade, que devem ser tratados pelos pais com bastante naturalidade. O diálogo sobre a sexualidade é fundamental para o desenvolvimento humano, e deve ser tratado como um tema importante para os adolescentes e suas famílias, principalmente porque tal assunto é comumente discutido entre os grupos de pares e amplamente explorado pela mídia. A iniciativa da conversa pode ser dos adolescentes, do pai, da mãe, etc. Em muitos casos, os diálogos podem ser estimulados a partir de situações cotidianas: notícias de jornais, filmes, situações vividas por outras pessoas. Ressalta-se que o conteúdo das conversas deve ser amplo e objetivo, tratando de aspectos da afetividade, cuidados com o corpo, limites, vida reprodutiva, higiene e saúde. Padre Hugo Scheer Diretor do Instituto de Teologia e Filosofia da Arquidiocese de Vitória (IFTAV) Por que os evangélicos falam orar e os católicos rezar? Ambas as palavras derivam do latim. Não quero apresentar uma monografia sobre a oração cristã, mas somente recordar alguns elementos fundamentais. Rezar, do latim recitare (recitatio) = declamar, recitar = pronunciar um texto já pronto; assim os cristãos recitam os salmos do Antigo Testa- mento ou o Pai Nosso do Novo Testamento ensinado aos discípulos pelo próprio Senhor. Orar, do latim orare (oratio) = falar, expressar, exprimir = elaborar um texto com as próprias palavras, falar livremente. Não importa se usamos no diálogo orante com Deus palavras já elaboradas como os Salmos ou o Pai-nosso e/ou se falamos com Deus através das nossas palavras pessoais, o que importa é que nós sabemos que o centro da oração cristã está sempre em orar no próprio mistério de Deus. Quando rezamos “Pai nosso...” Jesus nos pede para entrarmos no mistério da nossa filiação divina e para habitarmos n’Ele no Espírito, pelo Filho; como filhos e filhas amados, no mistério do Pai. n revista vitória I Dezembro/2015 43 ensinamentos O Sacramento para os fisicamente É fundamental que os católicos compreendam a finalidade do Sacramento da Unção dos Enfermos, denominado Sacramento de Cura, para evitar equívocos como o descrédito ou as visões supersticiosas, pois não é uma fórmula mágica. São Tiago (Tg 5, 14-15) sintetiza o sentido profundo da Unção dos Enfermos: “Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo no nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o levantará. E se tiver cometido pecados, receberá o perdão”. Pela Unção dos Enfermos e pela oração dos sacerdotes (padres e bispos – somente eles são os ministros desse sacramento), a Igreja confia os doentes aos cuidados do próprio Cristo sofredor e glorificado, para que sejam salvos e os seus sofrimentos sejam aliviados. O Papa João Paulo II deu atenção revista vitória I Dezembro/2015 44 debilitados especial a essa questão na Carta Apostólica Salvifici doloris, refletindo sobre o sentido salvífico do sofrimento na perspectiva cristã. Nossos sofrimentos associados ao sofrimento de Cristo são oportunidades de conversão e de intensa oração em favor de toda a Igreja. A Unção dos Enfermos não se destina somente a quem está morrendo, mas aos doentes, debilitados fisicamente e idosos; inclusive a quem vai ser submetido à cirurgia de alto risco. A Unção dos Enfermos pode ser recebida sempre que for necessária. O rito essencial consiste na unção da testa e das mãos do doente (no rito católico romano), acompanhada da oração do sacerdote, pedindo a graça especial concedida por Deus. O sacramento da Unção dos Enfermos promove a união do paciente com a paixão de Cristo, para seu bem e o bem de toda a Igreja; o reconforto, a paz e a coragem para suportar cristãmente os sofrimentos da doença ou da velhice; o perdão dos pecados, se o doente não pode obtê-lo pelo sacramento da Penitência; o restabelecimento da saúde, se isso convier à salvação espiritual e a preparação para a passagem à vida eterna. Toda a comunidade cristã é chamada a dar atendimento especial aos doentes, acompanhando-os com orações e atenções fraternas, além da catequese sobre o sentido e os benefícios desse Sacramento de Cura. Esse serviço vem sendo desenvolvido pelos ministros extraordinários da Sagrada Comunhão em parceria com a Pastoral da Saúde. A Arquidiocese de Vitória recomenda a Celebração de Missas específicas para o atendimento de doentes e idosos, nas quais seja ministrada a Unção dos Enfermos, observando-se para que não ocorram desvios do significado desse sacramento. n Vitor Nunes Rosa Professor de Filosofia na Faesa revista vitória I Dezembro/2015 45 Acontece Abertura do Ano Santo da Misericórdia De 8 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016, a Igreja Católica vivencia o Ano da Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco. 13 de dezembro w Solenidade na Arquidiocese de Vitória a partir das 10h30 na Igreja São Gonçalo seguindo para a Catedral com abertura das portas e missa presidida pelo Arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela. w19h abertura Solene da Porta do Santuário Nacional de Anchieta. 18 de dezembro w18h abertura da porta da Matriz antiga Nossa Senhora da Conceição em Guarapari. 20 de dezembro w10h na Matriz Nossa Senhora da Conceição em Serra Sede. 27 de dezembro w08h da Igreja Matriz da Paróquia São Sebastião Afonso Cláudio. 29 de dezembro abertura da Igreja Matriz em Santa Isabel, Domingos Martins. w19h Posse do novo bispo de São Mateus A ordenação episcopal do novo bispo da Diocese de São Mateus, Dom Paulo Bosi Dal’Bó acontece no dia 12 de dezembro, às 17h, no ginásio da Arca, em Aracruz. Já a sua posse canônica será no dia 26 de dezembro, às 17 horas, na Catedral de São Mateus. Corradi Foi em uma lojinha localizada no Bairro Aeroporto onde funcionava um armarinho que o casal Narcizo Severgnine e Maria das Neves Mozer com os filhos Carlinhos, Adriana e Alessandra começaram uma trajetória de sucesso. Com fé em Deus, muito trabalho, união da família, diálogo com os colaboradores, sintonia com as comunidades, uma boa comunicação e respeito com os clientes; a família transformou a lojinha numa rede de lojas que atualmente comemora 30 anos de história. Matriz: Aeroporto Filial I: Muquiçaba Filial II: Centro Filial III: Alfredo Chaves "Ocupar um espaço na memória do consumidor e receber este premio diante de tantas opções de produtos e serviços oferecidos no mercado é ao mesmo tempo um tremendo desafio e uma grande conquista que toda família celebra com muita alegria e gratidão. É o reconhecimento do trabalho e da dedicação diária com cada consumidor. Este prêmio queremos compartilhar com todos os colaboradores, fornecedores e clientes". Vitor Maioli - Diretor