MONOGRAFIA DE CIBELE SANTOS FINAL_2
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MONOGRAFIA DE CIBELE SANTOS FINAL_2
1 UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO CIBELE SANTOS DE SOUZA ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA SÍNDROME DE BURNOUT EM MOTORISTAS DE ÔNIBUS INTERMUNICIPAIS DA BAIXADA SANTISTA MACEIÓ - AL 2013 2 CIBELE SANTOS DE SOUZA ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA SÍNDROME DE BURNOUT EM MOTORISTAS DE ÔNIBUS INTERMUNICIPAIS DA BAIXADA SANTISTA Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Dr. Liércio Pinheiro de Araújo MACEIÓ - AL 2013 3 CIBELE SANTOS DE SOUZA ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA SÍNDROME DE BURNOUT EM MOTORISTAS DE ÔNIBUS INTERMUNICIPAIS DA BAIXADA SANTISTA Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. APROVADO EM ____/____/____ __________________________________________________ PROF.DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO ORIENTADOR: __________________________________________________ PROF. DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA BANCA EXAMINADORA 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha FAMÍLIA, especialmente minha filha Sofia Santos de Souza, e a todos os meus sobrinhos, para verem que com garra e determinação tudo é possível. 5 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, quero agradecer a Deus, que me deu forças para o desenvolvimento deste trabalho. Às pessoas carinhosas que trabalham na biblioteca Dom Idílio da UniSantos, em especial à Viviane. A uma pessoa extremamente sábia e modesta, o Coordenador do Curso Prof. Dr. Manoel Ferreira do Nascimento Filho. Ao meu irmão José Denilson da Silva Santos, minha mãe Maria Cecília da Silva Santos, e meu marido André Luiz Nascimento de Souza, que me ampararam durante o desenvolvimento deste trabalho. Um agradecimento especial para Morgana Oliveira e Vitor Carlos, pelo apoio, e às minhas amigas Luciane Pinheiro, Roberta Kelly, Vanessa e Ricardo Novacoski, que me incentivaram ao longo do trabalho. 6 “O homem não é senão o seu projeto, e só existe na medida em que se realiza” (Jean Paul Sartre). 7 RESUMO Esta pesquisa estuda a ocorrência de uma doença muito confundida com o estresse, o qual vem se alastrando dentre diversos profissionais, inclusive os motoristas de ônibus. Esses profissionais que lidam diariamente com pessoas de temperamentos diversificados, estão sujeitos ao que chamamos de Esgotamento físico e mental, ou seja, a Síndrome de Burnout. Para executarem suas funções, os motoristas enfrentam situações como: mudanças climáticas, condições das vias, do trafego, humanas, sem contar com a violência urbana, enfim, essa rotina deixam os profissionais mais vulneráveis ao estresse e por consequência, ao Burnout. O objetivo principal desse trabalho é realizar uma pesquisa nos motoristas de ônibus intermunicipais da Baixada Santista, que tem como função dirigir e cobrar ao mesmo tempo, a ocorrência de sintomas que apontem para a Síndrome de Burnout. Participaram da pesquisa 15 motoristas de ônibus, sendo 1 do sexo feminino e 14 do sexo masculino, com idade entre 28 e 53 anos, escolaridade de nível médio (53%) e o restante com nível fundamental completo, trabalhando em média, 9 horas por dia. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário sócio-demográfico, contendo perguntas semi-estruturadas e do MBI (Maslasch Burnout Inventory). A análise dos resultados mostrou que aproximadamente 70% dos motoristas de ônibus avaliados apresentaram escores altos, indicando a existência de sinais de Esgotamento e Exaustão em nível elevado, 40% apresentaram reduzida Realização Profissional, demonstrando sentimentos de insatisfação, baixa autoestima e quase metade desses profissionais (45%) admitiram ter um contato frio e impessoal com os passageiros, indiferença, enfim, tiveram algumas alterações em sua personalidade, o qual é chamado de Despersonalização. O resultado desta pesquisa apresentou evidencias da Síndrome de Burnout nos motoristas, demonstrando significativo índice de Exaustão Emocional nesses profissionais tão importantes, que está realmente afetando sua saúde estando ligada diretamente com o desempenho no trabalho, com a qualidade de vida e com o bem estar psicológico, trazendo nocivas consequências para o trabalhador, tanto nas relações interpessoais quanto profissionais. Palavras-chave: Transito, Burnout, Motoristas de Ônibus e Estresse 8 ABSTRACT This research studies the occurrence of a disease very confused with stress, which has been spreading among various professionals, including bus drivers. These professionals, who deal daily with people of diversified temperaments are subject to what we call physical and mental exhaustion, namely the Burnout Syndrome. To perform its functions, drivers face situations such as: climate change, road conditions, the traffic, human, excluding urban violence, in short, this routine let the professionals most vulnerable to stress and consequently burnout. The main objective of this work is to perform a search in intercity bus drivers from the Santos Lowlands, whose function is to drive and charge at the same time, the occurrence of symptoms that point to the burnout syndrome. Participants were 15 bus drivers, 1 female and 14 males, aged between 28 and 53 years, the average level of schooling (53%) and the remainder with complete primary level, working an average of 9 hours per day . Data collection was conducted through a socio-demographic questionnaire, containing semi-structured questions and MBI (Maslasch Burnout Inventory). The results showed that approximately 70% of the bus drivers evaluated had high scores, indicating the existence of signs of depletion and exhaustion in high level, 40% had reduced Professional Achievement, showing feelings of dissatisfaction, low self esteem and almost half of these professionals (45%) admitted having a cold and impersonal contact with passengers, indifference, so that, they had some changes in their personalities, which is called depersonalization.The research result showed evidence of burnout syndrome in drivers, demonstrating significant rate of Emotional Exhaustion these professionals so important, what is really affecting your health being directly connected with the work performance, quality of life and psychological well-being, bringing harmful consequences for the worker, both in interpersonal relations and professionals. Keywords: traffic, burnout, bus drivers, stress 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1 – Distribuição de resultados referente a idade dos motoristas de onibus. . 33 Gráfico 2 – Distribuição percentual de resultados referente ao sexo dos motoristas entrevistados. ............................................................................................................ 34 Gráfico 3 – Distribuição percentual de resultados referente ao número de motoristas com filhos. ................................................................................................................. 34 Gráfico 4 – Distribuição percentual de resultados referente a escolaridade dos motoristas de ônibus ................................................................................................. 35 Gráfico 5 – Distribuição percentual de resultados referente ao tempo de profissão . 35 Gráfico 6 – Distribuição de resultados referente ao turno de trabalho dos motoristas.36 Gráfico 7 – Distribuição percentual de resultados referente a jornada de trabalho. .. 36 Gráfico 8 – Distribuição percentual de resultados referente ao estado civil. ............. 37 Gráfico 9 – Exaustão Emocional apresentado pelos motoristas de ònibus. .............. 37 Gráfico 10 – Realização Profissional apresentada pelos motoristas de ônibus. ...... 38 Gráfico 11 – Nível de Despersonalização apresentado pelos motoristas de ônibus.39 10 LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Descrição dos fatores de Exaustão Emocional, Realização Profissional e Despersonalização, ................................................................................................... 31 11 LISTA DE ABREVIATURAS MBI Maslasch Burnout Inventory OMS Organização Mundial de Saúde TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 14 2.1 Conceito de Trabalho ....................................................................................... 14 2.2 História do Trabalho......................................................................................... 15 2.3 Histórico dos Ônibus ....................................................................................... 16 2.4 A Saúde do Trabalhador .................................................................................. 18 2.5 A Saúde do Motorista Ônibus ......................................................................... 20 2.6 Estresse dos Motoristas de Ônibus ............................................................... 22 2.7 Síndrome de Burnout ....................................................................................... 26 3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 30 3.1 Ética ................................................................................................................... 30 3.2 Universo/Cenário .............................................................................................. 30 3.3 Amostra ............................................................................................................. 30 3.4 Instrumentos Utilizados ................................................................................... 30 3.5 Procedimento para Coleta de Dados .............................................................. 32 3.6. Procedimentos para Análise dos Dados ........................................................ 32 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 33 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 40 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42 APÊNDICE ................................................................................................................ 46 ANEXOS ................................................................................................................... 47 13 1 INTRODUÇÃO Nós vivemos em tempos em que as necessidades de acesso estão cada vez mais aumentando, pois precisamos nos locomover para trabalhar, estudar e nos propiciar momentos de lazer, e por mais que o número de veículos esteja crescendo, precisamos e muito de meios de transporte rápido, exigimos isso. No entanto, essa é uma questão que envolve alguns fatores: motoristas, pedestres, as vias e o trânsito. A partir daí, percebemos um grande problema enfrentado pelos motoristas de ônibus da Baixada Santista que é o Esgotamento Físico e Mental, a chamada Síndrome de Burnout, que é muito confundida com o Estresse. Os motoristas de ônibus para executarem sua função enfrentam situações que acabam favorecendo a Síndrome de Burnout, pois estão sujeitos às mudanças climáticas, às quais dificultam sua visibilidade, capacidade de avaliar determinadas situações, as condições das vias, condições do tráfego, condições humanas dele mesmo e das pessoas de que é responsável por encaminhá-las ao seu destino. Além disso, esses indivíduos que trabalham dia e noite onde estão sujeitos à violência urbana, pois sofrem assaltos constantemente, ataques por bandidos que incendeiam seu instrumento de trabalho, e ultimamente, as manifestações populares, que acabam gerando transtornos, atrasos, cobranças na jornada de trabalho desses profissionais. Enfim, os motoristas estão realmente sujeitos a um estresse diário onde acaba deixando-os propensos a desencadear a síndrome, que motivou a autora deste trabalho a fazer uma pesquisa do quanto está presente nos motoristas de ônibus intermunicipais da baixada santista. O estudo tem a finalidade de permitir que os motoristas percebam o que está ocorrendo e tentem buscar alternativas saudáveis p/ minimizar o que o seu trabalho, dirigir profissionalmente ônibus pode lhe causar. O objetivo primordial deste trabalho é realizar uma pesquisa nos motoristas de ônibus intermunicipais da Baixada Santista a ocorrência de sintomas que caracterizam a Síndrome de Burnout. 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Conceito de Trabalho Desde inicio dos tempos a sobrevivência se tornava difícil de ser alcançada e tudo aquilo que é difícil de conseguir é denominado de trabalhoso. Então a palavra trabalho teve uma conotação negativa ou depreciativa. A partir do século XI que a palavra trabalho passou a ser denominada a motivação da força pessoal de uma pessoa em favor da outra, o trabalho passou a fazer parte da vida do ser humano, como algo que deve ser conseguido com muito esforço, sendo ela física (alimentos, abrigo) ou a sobrevivência emocional (saúde psicológica), que na vida diária fica muito comprometida pelo bombardeio de estímulos e angústias que ele sofre. Trabalhar para se sustentar desde o princípio já era considerada uma imposição ao trabalhador, algo primordial, sem que tivesse a possibilidade de fazer a escolha entre trabalhar para conseguir uma vida digna ou mesmo para desfrutar dos prazeres que a vida tem a oferecer. (SILVA, 2000). Há inúmeros termos latinos como Tripalium, trabicula que originam a palavra trabalho e se referem ao instrumento de tortura para punir os homens. (REIS et al, 2008). Em Genesis, o trabalho é considerado o castigo no qual o homem terá que se submeter com seu suor e força conseguir o alimento para sua sobrevivência, (SILVA, 2000). No entanto, esse é um entendimento cultural-familiar que faz associação entre valores à cultura familiar e a influencia de pessoas significativas que estruturam um sentido pessoal entre a obrigação e o prazer de trabalhar. Não se imagina o homem de hoje dando sentido a vida a não ser pelo trabalho, mesmo que seja através de sofrimento, significando o trabalho uma necessidade de razão de vida. Do ponto de vista psicológico, o trabalho provoca diferentes graus de motivação e satisfação, quanto à forma e o meio no qual se desempenha a tarefa. (SILVA, 2000) Durante a Idade Média, segundo Reis et al (2008) a economia, as estruturas das sociedades foram mudando de forma que essas ideias e estes conceitos foram se tornando inadequados, atualmente o sentido da palavra trabalho tem seu valor conferido com o termo capital. 15 O significado da palavra trabalho, em uma forma atualizada de uma sociedade capitalista é um desenvolvimento que vem ocorrendo no curso da história cultural, econômica e política da sociedade, nos quais há tempos atrás, o trabalho não se configurava como um esforço penoso, rotineiro que visava o aumento da produção, mas como uma ocupação primordial do homem, que era fonte de dedicação e realizações pessoais promovendo criatividade e capacidade dos trabalhadores, pois esses eram responsáveis pela preparação e desempenho do trabalho. (VOLPATO et al, 2003) Para Silva (2000), trabalho é o local onde os cidadãos cumprem suas atividades laborais, com ou sem remuneração, onde cuja prudência baseia-se na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometem a saúde física e psíquica dos trabalhadores, independente da condição que escolham. 2.2 História do Trabalho O sistema capitalista trouxe uma mudança visível no conceito sobre o trabalho observando-se que o trabalho tem uma imensa importância na vida das pessoas, mediante ao único meio digno de se ganhar a vida, quanto mais se trabalha maior será o sucesso financeiro e econômico. Porém o que se entende e que um trabalho no qual se pode produzir a própria condição humana e nesta concepção analisar o trabalho sob o capitalismo criticando sua negociação, elevando características como a, monotonia, repetição, embrutecimento, submissão, humilhação e exploração, (REIS et al, 2008). No sec. XIX, os operários eram vistos como objetos que poderiam ser rapidamente substituídos. As pessoas acabavam morrendo antes do tempo de tanto trabalhar. Mas com muita luta se conseguiu por fim a exploração no trabalho, produzindo ambientes em que os trabalhadores podiam esperar alguma bonificação em sua atividade. Atualmente não é tão diferente, não há preocupação com o ser humano, não existem empresas preocupadas em capacitar seus funcionários para a realização de suas conquistas, ao invés disso as pessoas renunciam suas vidas e seus desejos pelo bem da empresa, tornando-se o trabalho não um recurso, mas algo que se está obrigado a fazer. (LEITER e MASLACH, 1999) 16 A concepção implícita de trabalho nesse modelo atribuía uma centralidade relativamente menor, o consumo ganhava importância e o trabalho sendo uma mercadoria, era importante porque se constituía em um meio de garantia de consumo. (REIS, FERNANDES, RODRIGUES, 2008 apud BORGES & YAMAMOTO, 2004) A conquista do sucesso econômico passou a ser explicada de maneira mais complicada, sendo o esforço um dos aspectos importantes. Estabelecia-se uma troca entre trabalho sem conteúdo, portanto era estimulado pelo poder socioeconômico. Sendo que, de certa maneira, esses entendimentos ainda continuam. Um exemplo no Brasil, às desigualdades de desenvolvimento dentro dos setores econômicos, regiões e organizações se devem ao fato de conviverem com esse ponto de vista. A história do trabalho é também uma narrativa da resistência dos indivíduos para sua reprodução social, frente as condições estabelecidas. O homem planeja sua vida para o trabalho e com isso reconhece sua condição ontológica, realiza e expressa sua dependência e poder sobre a natureza, produzindo os recursos materiais, culturais e institucionais que constituem seu ambiente, seguindo seu padrão de qualidade de vida, e assim se realizando como pessoa. Diversas formas de trabalho entre as sociedades mostram o impacto que o processo do trabalho produz no ser humano e que pode trazer sérios prejuízos para as pessoas e para a sociedade. Surge então à psicologia organizacional e do trabalho, que estuda as condições de trabalho sobre a vida humana e a saúde do trabalhador (ZANELI, et al,2004) O mundo do trabalho passa por um processo de renovação produtiva, no fim da década de 70, em decorrência do avanço das modernas tecnologias associadas à informação e de um conjunto de ideias que ficaram conhecidas como neoliberais, que traziam à convicção de que o individuo, é o único responsável por sua própria sorte. Ocorre então, uma mudança no modelo de desenvolvimento que pode ser definido por seus princípios de atuação pelo seu paradigma tecnológico central. (SOUZA, et. al. 2009) 2.3 Histórico dos Ônibus No Brasil, os primeiros motoristas surgiram no final do século XIX, o primeiro veículo que não era puxado por animais e que tinha motor chegou ao País, pelas 17 mãos de Francisco Antônio Pereira Rocha, em 1871, em Salvador, na Bahia. Era um motor a vapor e ele foi considerado o primeiro motorista do País. À medida que as cidades vão crescendo, fruto da maior industrialização que foi facilitada pela ferrovia, a necessidade de ir e vir se tornou maior ainda. Os deslocamentos que eram curtos, dentro das propriedades rurais, davam lugar às pessoas que saíam de suas casas irem para fábricas, comércios e atividades industriais mais intensas, que se fixavam inicialmente ao longo das linhas de trem. Mas as regiões por onde passavam os trens não podiam abrigar todos que queria aproveitar do momento de crescimento urbano. Assim, áreas mais distantes eram loteadas. Essas pessoas precisavam se dirigir aos locais de trabalho, surgia assim, no final do século XIX, os serviços de ônibus. Inicialmente, os ônibus eram carruagens, chamadas OMNIBUS, que quer dizer “Para todos” puxadas por cavalos. O primeiro ônibus motorizado no Brasil, que se tem notícia foi um veículo francês da marca Panhard Levassor, importado em 1.900 pela Companhia de Transporte de Goiânia, uma das mais importantes de Pernambuco, Goiânia era uma cidade de Pernambuco, apesar do mesmo nome, não tinha relação com a hoje Capital de Goiás. E ligando esta cidade do Pernambuco até Olinda surgia o primeiro condutor oficial de ônibus motorizado, o veículo era movido a gasolina, com 12 cavalos de potência, 3,3 litros com 4 cilindros. Mas foi no ano de 1908 que surgia o serviço de ônibus motorizado urbano o fato ocorreria de forma independente em duas cidades: Porto Alegre e Rio de Janeiro. Mas no Rio de Janeiro, foi desenhado o perfil do motorista de ônibus da época que durou até os anos de 1950 em muitas cidades: o motorista era o dono do próprio ônibus. Neste ano, o Rio realizou uma grande Exposição Nacional de produtos e manifestações culturais de várias regiões em comemoração aos 100 anos da chegada da Família Real Portuguesa, mesmo o Brasil já vivendo na República desde 1889. Prevendo maior demanda de pessoas por causa do evento e também acompanhando o crescimento do Rio de Janeiro. O ônibus movido a gasolina fazia a ligação entre a Praça Mauá e o Passeio Público e viagens extras entre a Avenida Central e a Praia Vermelha para atender à Exposição Nacional. Mesmo com o bonde, pela flexibilidade de ir onde os trilhos não chegavam, o ônibus foi um sucesso. Para se ter uma idéia, a primeira empresa de ônibus regular do Brasil foi a Empresa Auto Avenida, do Rio de Janeiro, de Octávio da Rocha 18 Miranda, ligando de forma definitiva a Rua do Hospício até a Praia Vermelha. Eram 25 ônibus franceses Schneider Crousot, 9 alemães Dailmler, 5 da marca Dietrich e 3 Berliet. Isso é prova de que os ônibus se expandiam com o crescimento das cidades e como se tornava importante o trabalho do motorista. Em São Paulo, em 1910, era iniciado um serviço de ônibus entre a região central, parte da zona Oeste e a Avenida Paulista, mas sem itinerários, pontos de parada e horários fixos. A primeira empresa na cidade foi a Companhia de Transportes Auto Paulista no Paraná, os primeiros ônibus a circularem regularmente foram da Companhia Força e Luz Paraná, em Curitiba. Com o crescimento populacional e das atividades econômicas do Estado, empreendedores particulares começaram a comprar ônibus e eles mesmos dirigirem os veículos. Muitos acompanharam o crescimento, superaram desafios, dirigiram em locais difíceis, com lama, terra, atoleiros e conseguiam aumentar o negócio, comprando mais veículos e contratando auxiliares motoristas. 2.4 A Saúde do Trabalhador O conceito de saúde tem sido tema de muitas discussões na literatura cientifica, tendo em vista sua complexidade e a dificuldade de se chegar num consenso. A OMS (Organização Mundial de Saúde) define saúde como “um status de completo bem- estar físico e mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade” (OMS, 1946 apud FLECK, 2008). Porem, o termo “completo bem – estar” pode se colocar em desacordo com a natureza humana que conforme estudos de Freud (1920) é marcada pela insatisfação já que sofre a interferência permanente do principio do prazer, estando sempre em busca de obter mais prazer. A OMS não aceita a saúde como um “estado estável”, permitindo, assim, que a compreensão de saúde tenha um alto grau de determinação histórica. Então, o fato de dar importância a ter mais ou menos saúde dependerá do referencial e dos valores atribuídos em uma localidade por pessoas determinadas, a uma dada situação, enfim do momento. Desta forma, difíceis mecanismos determinam as condições de vida dos indivíduos e a maneira como nascem, vivem e morrem, bem como suas vivencias em relação à saúde e às doenças. Segundo a OMS, entre os fatores determinantes das condições de saúde, estão: 19 1 – as variáveis biológicas caracterizadas como idade, sexo, características pessoais eventualmente determinadas pela herança genética; 2 – o meio físico, abrangendo condições geográficas, características da ocupação humana, fontes de água para consumo, disponibilidade e qualidade dos alimentos, condições de habitação e, também; 3– o meio socioeconômico e cultural, expressando os níveis de ocupação e renda, o acesso à educação formal e ao lazer, os graus de liberdade, hábitos e formas de relacionamento interpessoal, a possibilidade de acesso aos serviços voltados para a promoção e recuperação da saúde e a qualidade da atenção por eles prestada. Conforme descrito acima, a definição de saúde proposta pela OMS torna-se complicada pela sua composição de múltiplos fatores, refletindo, na definição de saúde mental, mais especificamente na saúde mental do trabalhador. (RÊGO,2008) Partindo do fato de que o ser humano deve ser produtivo e trabalhar com qualidade, é necessário que ele seja saudável, mas na maioria das vezes as empresas atuam de forma a errada, levando-o a estado de doenças, de insatisfação e desmotivação. Dentre estes se encontra a fadiga, distúrbios do sono, alcoolismo, estresse a síndromes, e consequentemente a Síndrome de Burnout. (SILVA, 2000). Segundo SILVA (2000), pode-se observar que em função da forma com a qual o individuo dirige sua vida, este pode vivenciar suas próprias experiências no trabalho. As diferenças individuais são um ponto importante que atuam de uma forma ou de outra no trabalho. Pode-se notar que nem sempre existe o ajuste entre pessoa, local de trabalho e empresa, sendo assim, o indivíduo percebe que já não dispõe de energia suficiente para enfrentar, surgindo assim o estado de estresse. Essas experiências são negativas tendo consequências graves e muitas vezes irreparáveis tanto para a saúde e bem estar físico, social, quanto psicológico. Conforme historiadores da medicina a saúde do trabalhador teve origem no tempo de Hipócrates (460 anos a.C.), passando, na Idade Média, por Georgius Agrícola. Porém, o momento mais forte das necessidades do trabalhador ter sua condição física preservada aparece após a revolução industrial sucedida na Inglaterra, França e Alemanha. Ocorreram protestos sociais forçando os legisladores e políticos a melhorar as condições de trabalho, com medidas legais. Já no Brasil, um país colônia por mais de três séculos, não existia preocupação com sua mão-deobra, por essa ser conseguida com facilidade através do tráfico de escravos e 20 aprisionamento dos índios. As preocupações ocorriam quando graves epidemias aconteciam, pois elas causavam prejuízos devido ao alto índice de mortalidade dos escravos. (DORNELAS, 2006) Por influência do modelo de Medicina Social europeu (no Século XIX) caracterizado pelo fortalecimento do Estado, proteção da cidade e a atenção aos pobres- a força laboral passara a ter valor, começando a surgir preocupações por parte de determinadas instituições, como hospitais, fábricas e outros, visando minimizar os riscos devido a sua localização desordenada. Neste período também se começou a falar em planejamento urbano, bem como se iniciam os trabalhos que associam certas patologias com a função exercida pelo indivíduo. (DORNELAS, 2006) Os problemas respiratórios, que geralmente aconteciam mais severamente aos mineradores, são exemplos disso. Logo depois, as doenças e outros acontecimentos passariam a ter relação com “doenças do trabalho” sendo mais adiante equivalentes aos “acidentes de trabalho”. A partir destes fatos, ao longo dos anos, foram tomadas medidas no sentido de prevenir essas manifestações, passou a tomar grande importância, sendo ponto de pauta conquistado no interesse dos profissionais, provocando nos trabalhadores o desejo de exigir melhores condições de trabalho. (DORNELAS, 2006) Isso fez com que a área médica e a área de enfermagem desenvolvessem projetos para os trabalhadores com o objetivo de promover a melhor qualidade de saúde a eles. A metodologia adotada na enfermagem, dentro da saúde do trabalhador, reflete em promoção de cuidados e proteção aos trabalhadores, tornando-os consciente dos riscos a que estão expostos, fazendo com que isso desperte neles a necessidade de se cuidar. 2.5 A Saúde do Motorista Ônibus O trabalho dos motoristas de ônibus é cansativo, apresentando condições de trabalho inadequadas, com jornadas excessivas, acarretando em muitas noites mal dormidas e consequentemente desencadeando distúrbios do sono, estando exposto também a violência urbana. Observa se que os profissionais que trabalham no trânsito são os que mais sofrem pressões, afinal trabalham com uma rotina de deslocamento continuo de diferentes e inúmeros tipos de pessoas e atuam em um amplo ambiente de trabalho que é o trânsito, através de um pequeno local de 21 trabalho que é o automóvel. Estes profissionais estão sujeitos a sofrerem constantemente diferentes variáveis onde estão expostos a fatores que podem interferir no rendimento do trabalho e principalmente em sua saúde. Há distinção entre pressões externas e internas. As pressões externas abrangem as exigências do trânsito, o respeito ao sistema de normas e códigos, os limites do trabalho (semáforos, congestionamentos, acidentes), o clima e as condições do asfalto. As pressões internas abrangem a ergonomia do veículo, os ruídos, as vibrações e o comportamento dos passageiros que contribui para o estresse. (IGNACIO, 2009) O trabalho de motorista de ônibus submete a esses trabalhadores inúmeras situações adversas, tais como a permanência por varias horas na mesma posição e a exposição ao calor, vibração, barulho e gases tóxicos provenientes da exaustão de combustíveis. Adicionando isso ao ambiente de trabalho, que exige que o trabalhador se mantenha em constante atenção e exposto a situações estressantes, longas jornadas de trabalho e trabalho noturno ou em turno. (VIEIRA, 2009) Norman publicou um artigo, em 1958, que descrevia o estado de saúde dos motoristas de ônibus da cidade de Londres, onde era possível entender a preocupação com exposição dos trabalhadores às condições adversas descritas no parágrafo acima. O autor enfatiza que há uma diferença no perfil de morbidade (que possui a propensão ou a capacidade para ocasionar doenças) dos motoristas, era diferente dos outros trabalhadores do setor de transporte, como os cobradores, podendo ser à maneira de organização do trabalho, uma consequência disso. É importante chamar atenção ao fato do numero de licenças medicas devido a problemas gástricos que era maior entre os motoristas quando comparado a funcionários administrativos. Isso se deve porque os condutores trabalham com mais frequência em turnos alternados. (VIEIRA, 2009) O motorista profissional ligado ao setor de transporte urbano está sujeito a um grande numero de riscos no trabalho, que o torna mais exposto a ocorrência de acidentes do trabalho. Essa classe de trabalhadores exercem suas atividades profissionais no espaço da rua, sujeitos a violência e aos riscos de responsabilidade ao seu posto de trabalho. Alguns dos problemas enfrentados pelos motoristas de ônibus são as condições do ambiente de trabalho, sofrendo os inconvenientes do vento, frio, calor, barulho, reflexos da luminosidade, vibrações e a postura, o tempo todo na mesma posição. Outro problema cada vez mais comum, especialmente nas 22 grandes cidades, é a desordem e confusão propostas por passageiros causadores de tumulto, além do risco constante de assaltos e agressões físicas tudo isso relacionado ao horário de pico, pois o numero de ônibus deveria atingir a 3 a cada 20 minutos dando assim um alivio a população que utiliza esse meio de transporte e ao motorista que não precisaria sofrer com mais um problema devido as reclamações de que o ônibus esta cheio que não se deve parar em nenhum ponto pois não cabe mas ninguém dentro do transporte. 2.6 Estresse dos Motoristas de Ônibus De acordo com Maslach (1999) a crise atual que estamos vivenciando nos recintos de trabalho, o quanto o trabalhador tem se desgastados fisicamente e emocionalmente por conta da falta de envolvimento que cita algo complicado, haja vista que nos seres humanos ficamos ate mais tempo com os colegas de trabalho do que com a nossa própria família. O desgaste físico e emocional vem ocorrendo com maior frequência por conta de alguns fatores desequilíbrio entre o individuo e o emprego, o fato das pessoas se sentirem sobrecarregadas talvez por: o excesso do acumulo de trabalho, falta de recursos para os mesmos, pressões sofridas; falta de controle sobre o trabalho, pouco espaço para inovação, o individuo precisa ser alienado aqueles determinados padrões; falta de recompensa ou seja o individuo tem a sensação de que não tem valor nenhum, tanto em forma de recompensa humana quanto financeiro; a falta de união que no ambiente de trabalho atrapalha pois pode gerar conflitos e o avanço da tecnologia gera um certo distanciamento entre as pessoas (colega de trabalho). Atualmente os aparelhos celulares que estão sempre á mão, computadores, tabletes entre outros intensificam essa distancia; falta equidade infelizmente - a uma falta de respeito entre as pessoas dentro de seu âmbito de trabalho principalmente no que se refere a posição hierarquia, acaba ocorrendo abuso de poder, entre as relações, injustiças seja financeira como de reconhecimento profissional; Conflito de valores a falta de ética na qual funcionários de determinadas empresas são submetidos a se envolverem a omissões em mentiras contra sua vontade em prol da empresa ,gerando com isso mas conflito interno. Quanto às dimensões dos desgastes físico e emocional Maslach (1999) ressalta três itens importantes; 1- exaustão, que e o primeiro sinal que o corpo está 23 reagindo ao estresse; o individuo se sente sobrecarregado do esgotamento físico e mental; 2-Ceticismo: é uma maneira de se proteger da exaustão está relacionado a descrença das pessoas em relação aos colegas e ao trabalho, onde uma sensação de indiferença como forma de segurança para si mesma, ou seja e melhor ficar alheio a situações e aos outros para se sentir mas seguro; 3- Ineficiência : e a sensação de falta de capacidade, confiança no que faz. Pensando nos fatores de desequilíbrio e nas dimensões de desgastes físico citados por Christina Maslach e possível entender o que realmente provoca esse desgaste físico e emocional, na pesquisa realizada por ela segundo a sabedoria isso ocorre por um problema ou falhas individuais e para resolve ló e necessário fazer uma mudança ou eliminar o problema, ou seja, as pessoas. Porem a pesquisa aborda outro aspecto e enfatiza que o desgaste físico e emocional se da devido ao ambiente social que as pessoas trabalham pelo fato das empresas “imporem” uma postura que adequem a elas independente de como as pessoas agem no seu dia a dia, dentro da empresa e às vezes exigem que ate fora dela os trabalhadores tenham determinada postura, aumentado com isso esse desgaste. Infelizmente o estresse esta tomando conta da população em geral, em especial dos motoristas de ônibus, pois e uma das principais causas de afastamento de trabalho atualmente. Segundo França e Rodrigues (2002) o estresse prejudica tanto no desempenho dos trabalhadores quanto na saúde tanto física quanto emocional (BAKER e KARASEK, 2000 apud FRANÇA e RODRIGUES 2002) citaram alguns componentes estressores, como por exemplo, exigência de tempo no qual o motorista se vê obrigado a fazer horas extras por conta da quantidade de viagem que eles devem cumprir por conta do transito lento do qual não podem fugir; estrutura temporal, que envolve os turnos de trabalho que acabam deixando o organismo fora de orbita, extremamente desregulado. O trabalhador se vê ate excluído de certa forma do seu circulo de amizades, de sua família por conta dos horários que o consomem; estrutura das tarefas; o fato de dirigirem e cobrarem ao mesmo tempo acabam demostrando bem a falta de controle das tarefas que o motorista de circulares, por exemplo: precisa enfrentar e quando não tem mais troco? Será que da pra imaginar a situação dos trabalhadores em seu dia a dia? E pra finalizar o autor expõe as condições físicas que favorecem o estresse e junto com isso chama atenção para um fator que ocorre com frequência com os 24 motoristas da Baixada Santista que são os riscos físicos psicológicos e ergonômicos a que estão submetidos, haja a vista a quantidade de assaltos registrados a ônibus e as queixas de dores nas costas que os trabalhadores estão expostos. Em relação asa consequências que os motoristas sofrem em seu trabalho, do ponto de vista psicológico os mais comuns são: aumento da pressão arterial em curto prazo; hipertensão, doenças cardíacas, úlceras, asma, a longo prazo. Do ponto de vista psicológico, ansiedade, insatisfação em curto prazo; depressão, distúrbios mentais, Burnout em longo prazo. Já do ponto de vista comportamental, nota se alterações na produtividade e participação no trabalho, diminuição das amizades, abuso de cigarros, álcool e drogas em geral. França e Rodrigues (2002) analisaram um estudo realizado por Cooper e colaboradores que visa fazer uma junção das diversas colaborações sobre o estresse no ambiente de trabalho. Com isso consegue perceber que Cooper se baseia que o ser humano tem limites para se mante em equilíbrio emocional e fisicamente falando. Quando a um desequilíbrio seja ele físico ou emocional o individuo sai da sua “zona de conforto” e sente a necessidade de tomar uma atitude frente ao que o desestabilizou, resultando com isso o estresse. Para Baleroni et al (2012) a alguns problemas na saúde desses profissionais entre eles, destaca se a perda auditiva distúrbios do sono, câimbra, tensão nos membros superiores, pressão, angustia, ansiedade, visão e audição deficiente, tensões emocionais, distúrbios de atenção, irritabilidade, estresse ,dentre outros. Atualmente o estresse tem sido a doença mais comum abordada nas relações entre o ambiente psicológico do trabalho e saúde dos trabalhadores ao pesquisar as influencias dos aspectos físicos e sociais sobre o desempenho e saúde dos motoristas comumente o termo estresse ocupacional e utilizado. Pode entender o estresse ocupacional como consequência das relações entre: condições externas ao trabalho, características do trabalhador e as próprias condições de trabalho. (BALERONI, et al, 2002). De acordo com Presa (2010) o transito vem sendo objeto de estudo de áreas multidisciplinares como Arquitetura, Engenharia, Direito, Medicina e Psicologia. Isso tem sido necessário para que seja desenvolvido com intuito de minimizar os acidentes de transito, já que o transito das grandes cidades tem altos índices do nível de estresse físico e emocional um exemplo típico do estresse físico ocorre pelo fato do motorista dirigir por inúmeras horas sem parada e por muitas vezes com 25 fome e sono. Para exemplificar o estresse emocional o engarrafamento e uma situação do transito que causa aborrecimentos ao motorista. Estudo sobre o estresse vem sendo realizados pelo autor medindo a predisposição ao estresse e as reações dos motoristas no enfrentamento dos congestionamentos, além de afirmar que o estresse em dirige constantemente nos grandes centros urbano vem crescendo. Mediante o estudo descrito pelos autores acima e possível perceber que além do congestionamento, do transito lento que já provocam estresse no motorista, existem também outros motivos como o ato de provocar dos pedestres e dos motoristas com o uso abusivo da buzina, farol alto, ofensas morais e palavras de baixo calão acabam provocando emoções como raiva, fúria e irritação neste profissional. O significado da palavra “estress” surgiu no meio cientifico por volta dos anos 1.100 e 1.500, de origem francesa, foi assimilada também pela língua inglesa, é derivada da palavra “distress” que significa “ser colocado sob aperto ou pressão” (SILVA, 2000). Robert Hooke, no século XII desenvolveu conceito de estresse reportando se ao campo da física, sendo que este termo foi designado ao se referir a uma pesada carga que afeta uma determinada estrutura física. (Souza et al ,2009).No entanto Benevides – Pereira (2010) declara que o termo estresse deriva do latim e foi empregado popularmente nos século XVII que significa, cansaço, fadiga. Posteriormente nos séculos XVIII e XIX o termo estresse foi relacionado a força, tensão e esforço. Segundo Souza et al (2009); Caçoila et al (1993) referem que q primeira definição de estresse foi realizada pelo medico canadense Hans Selye em 1926 que relacionou o estresse a resposta orgânica representada por conjunto de defesa sanguíneas contra qualquer estimulo prejudicial e psicológico originário do ambiente O estresse se manifesta há muito tempo estando presente em todas as sociedades seja ela primitiva ou não, sempre que o homem encontra com um evento novo surge o estresse, ou seja, trata se de uma reação bioquímica e comportamental que origina se na resposta de “luta ou fuga” uma expressão instintiva que já podia ser observado desde a época dos homens das cavernas que ao comparar uma situação de risco de vida respondia fugindo ou lutando contra o perigo. Atualmente e raro o homem ser confrontado com a necessidade de lutar ou 26 fugir, uma vez que os perigos experimentados não são ameaças físicas que necessitem de reações imediatas as pessoas se apresentam com frequência, com desafios psicológicos repetitivos que necessitam de pouca ou nenhuma ação imediata, porem a resposta de luta e fuga e desencadeada, sendo essa uma reação primitiva. (NASCIMENTO e PASQUALETO, 2002). Segundo Silva (2000) o que pode contribuir para auto – realização do individuo e para seu bem estar e o prazer e a satisfação advindos do trabalho por meio das perspectivas de desenvolvimento pessoal e desafiadoras de progresso. Assegura ainda que a saúde do trabalhador esta condicionada com a satisfação no trabalho o teor do trabalho e a fonte de satisfação para o ser humano, o trabalho gratificante realizado com capricho demanda energia capacidade de raciocínio e concentração, provoca desgaste físico e mental refletindo em sua qualidade de vida. Por outro lado o trabalho que não representa sentido nenhum para a pessoa acaba provocando sentimentos de inutilidade desqualificação provocando o cansaço desistência, sentimento de fadiga, agressividade, angustia, insatisfação medo e frustação. Biehl (2009) faz uma associação do estresse entre a pessoa, o ambiente e as circunstancias na qual esta exposto em que a demanda e maior que as habilidades e recursos que o trabalhador possui não sendo capaz de avaliar e enfrentar os estressores, o que favorece a propagação do estresse e do estresse ocupacional em que o trabalhador determina como ameaçador causando com isso um desequilíbrio na sua saúde física e mental, pois os desejos ligados à realização pessoal e profissional ficaram intimidados. 2.7 Síndrome de Burnout Em 1953 o termo Burnout foi utilizado pela primeira vez numa publicação de estudo de caso de Schwartz e Will, famoso por “Miss Jones”, descrevendo o problema de uma enfermeira psiquiátrica que encontra - se desesperançado com seu trabalho já em 1960 foi publicado outro trabalho por Graham Greene chamado “A Burn Out Case” onde descreve o caso de um arquiteto que abandonou a carreia por conta do desanimo que sentia. Os sintomas relatados são conhecidos atualmente como Burnout (CARLOTO e CÂMARA, 2008). 27 Já para Benevides- Pereira e Garcia, (2003); Carloto e Câmara, (2008) a palavra Burnout provem de uma expressão inglesa para determinar aquilo que deixou de funcionar por exaustão de energia e foi utilizada inicialmente por Brandley (1969), tornando se mundialmente conhecida por meio dos artigos de Freudenberger a partir de 1974. Uma das definições, mas recentes do termo Burnout foi citada Willenburg e Klein (2009) que tem origem inglesa composta por duas palavras Burn que quer dizer “queimar” e Out que significa “fora”, “exterior”, ou seja, o significado do termo e “queimar para fora” ou “consumir se de dentro pra fora” então todo esse processo tem inicio com os aspectos psicológicos atingindo o ponto mais alto com problemas físicos, o que compromete o desempenho dos indivíduos. Observou se que profissionais mais atingidos com a síndrome de Burnout eram os Professores, Médicos e Enfermeiros, já que trabalham diretamente com as pessoas, cuidando delas. Atualmente esta doença estendeu-se para outras categorias profissionais por estarem ligados aos fatores adversos ocorridos do trabalho. Ou seja, quando não existe mais sentido da relação do individuo com o trabalho, nada, mas lhe importa, não há vontade, tudo lhe parece desnecessário. Entretanto os motoristas de ônibus estão suscetíveis a esta síndrome tanto quanto os profissionais de saúde, educação, agentes penitenciários, policias entre outros. Segundo França e Rodrigues (2002), os autores precursores da síndrome de Burnout foram Cristina Maslach, Psicóloga e também criadora do MBI (Maslach Burnout Inventory) e do Psicanalista Herbert J. Freudenberger, que conceituaram o Burnout como “Uma resposta emocional a situações de stress crônico em função das relações intensas- em situações de trabalho”, (FRANÇA e RODRIGUES, pag. 50), ou seja, os motoristas chegam a um alto nível de exaustam emocional, despersonalização e redução da realização pessoal e profissional, pois se dedicam tanto a profissão e acabam criando muitas expectativas que não são supridas, ocasionando com isso a síndrome de Burnout; o afastamento do trabalhador, a queda desempenho, e o aumento na ingestão de medicamentos; o que e muito comum na Baixada Santista entre os motoristas. A síndrome de Burnout tem três características importantes a serem descritas, conforme foi citado anteriormente, que merecem bastante atenção; Exaustão emocional, onde o motorista se sente um baixo nível de energia para o trabalho, intolerância não só com as pessoas relacionadas ao seu trabalho, no caso 28 os passageiros, mas acaba levando para sua casa comportamento como irritações frequentes distanciamento das pessoas com quem convive, enfim o profissional sente se realmente esgotado. Na despersonalização o individuo adquire uma postura insensível e desumana nas relações interpessoais, e com isso acaba tratando seu semelhante de forma fria como se fosse objetos, acarretando lhe na perda da capacidade de identificação e empatia, sendo esta ultima uma característica importante que envolve o Burnout. Segundo Sandrin (2006) a empatia ou tentativa de defesa de um comportamento empático e um forte indicador do Burnout, ou seja, ter empatia significa ter uma sintonia cognitiva e emocional com o outro, a busca do outro como ele realmente e, e justamente o que não ocorre na despersonalização, com o profissional que esta sofrendo com o Burnout. No que se refere s redução da realização pessoal e profissional, o individuo sente uma diminuição em sua autoestima é totalmente decepcionado e frustrado com aquilo que idealizou para sua vida, podendo com isso acarretar numa depressão (FRANÇA e RODRIGUES, 2002). De acordo com Sandrin (2006) muitos estudiosos sobre o comportamento pró social definiram o termo como o ato de ajudar o outro voluntariamente. Já o comportamento altruísta ocorre quando o individuo ajuda o outro sem segundas intenções, somente para o beneficio de quem esta realmente precisando daquela ajuda naquele momento. Este autor partindo de estudo descreve a síndrome de Burnout como estresse profissional, ou seja, um esgotamento “emotivo e profissional” (SANDRIN 2006, pag59), mas encontrado em profissionais que trabalham ajudando pessoas. A definição do Burnout para SANDRIN (2006): “É um tipo de esgotamento que pode envolver toda a pessoa em modos e graus diversos: físico, emotivo, intelectual, social e espiritual, aquilo que se faz (e a própria vida) perde aos poucos significa do e direção” No entanto o individuo vive se questionando quanto ao valor das relações humanas seus ideais, de uma forma fria ou ate mesmo com certo cinismo entrando em conflito consigo mesmo. Podemos verificar que infelizmente o que ocorre com quem adquire a síndrome de Burnout e uma sobrecarga emocional tão intensa que o individuo acaba 29 perdendo sua personalidade por conta das exigências constantes do trabalho, que na verdade estão fora de alcance porque o mesmo já “perdeu” suas forças, acarretando com isso pouca originalidade e o individuo acaba banalizando suas relações interpessoais (SANDRIN 2006). 30 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Ética Transporte metropolitano de Santos e São Vicente. Assim como, faz referencia ao sigilo e a quantidade de pessoas que participariam da pesquisa. Antes da aplicação do MBI (Maslach Burnout Inventory) foi apresentado e assinado pelos participantes, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) no qual estava incluído o significado do termo, o que seria abordado na pesquisa, qual instituição estava vinculada e o nome do orientador. 3.2 Universo/Cenário A pesquisa foi realizada na Cidade de São Vicente, com motoristas de ônibus metropolitano, na Clinica IMEP onde são realizadas avaliações psicológicas para o DETRAN. 3.3 Amostra A amostra foi composta por 15 motoristas de ônibus, sendo 14 homens e 1 mulher, com idade média de 43 anos, escolaridade de nível médio completo e com mais de 03 (três) anos de atuação na profissão de motorista de ônibus. 3.4 Instrumentos Utilizados A coleta de dados foi realizada através de um questionário sócio demográfico contendo perguntas semi- estruturadas e do MBI (Maslach Burnout Inventory) que é um instrumento de avaliação do Burnout mais utilizado mundialmente nos estudos sobre Burnout. Trata-se de questionário de auto-informe (auto-preenchimento) contendo 22 afirmações que devem ser respondidas através de uma escala do tipo Likert, indo de “0” como “nunca”, até “6” como “todos os dias”. Esta é composta por 03 (três) fatores que são: Exaustão Emocional, Realização Profissional e Despersonalização conforme descritos na tabela 01: 31 Tabela 01 - Descrição dos fatores de Exaustão Emocional, Realização Profissional e Despersonalização, Fatores Questões Eu me sinto esgotado ao final de um dia de trabalho Eu me sinto como se estivesse no meu limite Eu me sinto emocionalmente exausto pelo meu trabalho Eu me sinto frustrado com meu trabalho Exaustão Emocional Trabalhar diretamente com pessoas me deixa muito estressado Eu me sinto esgotado com meu trabalho Eu sinto que estou trabalhando demais no meu emprego Eu me sinto cansado quando me levanto de manhã e tenho que encarar outro dia de trabalho Trabalhar com pessoas o dia inteiro é realmente um grande esforço para mim Eu me sinto muito cheio de energia Eu me sinto estimulado depois de trabalhar lado a lado com a minha clientela No meu trabalho, eu lido com os problemas emocionais com muita calma Eu posso criar facilmente um ambiente tranquilo com a minha clientela Realização Eu sinto que estou influenciando positivamente a vida de Profissional outras pessoas através do meu trabalho Eu trato de forma adequada os problemas da minha clientela Eu posso entender facilmente o que sente a minha clientela acerca das coisas Eu tenho realizado muitas coisas importantes neste trabalho Eu sinto que os clientes me culpam por alguns dos seus problemas Eu sinto que eu trato alguns dos meus clientes como se eles fossem objetos 32 Despersonalização Eu acho que me tornei mais insensível com as pessoas desde que comecei este trabalho Eu acho que este trabalho está me endurecendo emocionalmente Eu não me importo realmente com o que acontece com alguns dos meus clientes Fonte: (CODO e VASQUES-MENEZES, 1999) 3.5 Procedimento para Coleta de Dados Os dados foram coletados no mês de julho de 2013 na clínica em questão. Num primeiro momento, foi solicitada uma autorização junto à Clínica a fim de ser realizada a pesquisa. Após isso, a Clínica cedeu as fichas dos candidatos que havia realizado Avaliação Psicológica e destes foram escolhidos pela profissão – motoristas de ônibus de Transporte coletivo intermunicipal. Á partir de então, os candidatos foram contatados pela pesquisadora por telefone local e convidados a participarem do estudo, sendo esclarecido sobre os objetivos do mesmo. 3.6. Procedimentos para Análise dos Dados Os dados foram tabulados e analisados em Planilha do Excel, onde foi realizada análise de frequência percentual dos fatores de ocorrência da Síndrome de Burnout. 33 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A primeira questão do questionário sócio demográfico buscou saber a idade dos entrevistados, através do gráfico 1 fica visível que os motoristas que participaram da entrevista tem entre 28 a 53 anos, sendo que, os motoristas com 43 anos representam a maior parcela nesta entrevista. Gráfico 1 – Distribuição de resultados referente a idade dos motoristas de onibus. 3 2,5 2 1,5 Quantidade de Motoristas 1 0,5 0 28 30 35 36 38 40 anos anos anos anos anos 41 42 43 44 53 Fonte: Dados da Pesquisa. Cidade de São Vicente /SP. 2013 Quanto ao sexo dos entrevistados, dos 15 motoristas que participaram da pesquisa verifica- se no gráfico 2 que 93% são do sexo masculino e 7% são do sexo feminino, demonstrando uma predominância masculina na profissão exercida por motoristas de ônibus. 34 Gráfico 2 – Distribuição percentual de resultados referente ao sexo dos motoristas entrevistados. Feminino 7% Masculino 93% Feminino Masculino Fonte: Dados da Pesquisa. Cidade de São Vicente /SP. 2013 . Em relação aos motoristas que tem uma família constituída com filhos, gráfico 3, percebemos que 93% são pais de família, sendo somente 7% que não possuem filhos. Com isso, podemos perceber que a maioria possui um alto nível de responsabilidade. Gráfico 3 – Distribuição percentual de resultados referente ao número de motoristas com filhos. NÃO 7% SIM 93% SIM NÃO Fonte: Dados da Pesquisa. Cidade de São Vicente /SP. 2013 35 Podemos observar, no gráfico 4, que 60% possuem um nível de escolaridade de Ensino Médio completo, 13% Ensino Médio incompleto, e 27% dos motoristas com Ensino Fundamental completo. Gráfico 4 – Distribuição percentual de resultados referente a escolaridade dos motoristas de ônibus Ensino Fundamental Completo 27% Ensino Medio Incompleto 13% Ensino Medio Completo 60% Ensino Medio Completo Ensino Medio Incompleto Fonte: Dados da Pesquisa. Cidade de São Vicente /SP. 2013 Ensino Fundamental Completo Na questão tempo de profissão, gráfico 5, verifica-se que entre os motoristas varia muito, de 02 a 20 anos de profissão, porém, a maior parte possui um considerável tempo de experiência na profissão. Gráfico 5 – Distribuição percentual de resultados referente ao tempo de profissão Fonte: Dados da Pesquisa. Cidade de São Vicente /SP. 2013 36 A questão que aborda qual o turno de trabalho que os profissionais entrevistados exercem em sua jornada, gráfico 6,, demonstra-se que 9 entre os 15 motoristas trabalham no turno da manhã, 07 à tarde, e 3 motoristas trabalham no turno da noite, onde ficam ainda mais expostos aos fatores de risco, tais como violência urbana, por exemplo. Gráfico 6 – Distribuição de resultados referente ao turno de trabalho dos motoristas. 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Manha Tarde Noite Manha Tarde Noite Fonte: Dados da Pesquisa. Cidade de São Vicente /SP. 2013 Ao analisar os dados apresentados no gráfico 7, constata-se que os motoristas acabam excedendo a jornada diária exigida por lei, ou seja, grande parte desses profissionais trabalham em média 9 horas por dia, sendo que 4 dos entrevistados acabam estendendo para 10 horas diárias. Gráfico 7 – Distribuição percentual de resultados referente a jornada de trabalho. Fonte: Dados da Pesquisa. Cidade de São Vicente /SP. 2013 37 Em relação ao Estado civil dos motoristas entrevistado, gráfico 8, verifica-se que apenas 7% dos entrevistados são divorciados, e 93% são casados, tendo menor disponibilidade de tempo para a família, pois sua jornada de trabalho é extensa. Gráfico 8 – Distribuição percentual de resultados referente ao estado civil. Divorciado 7% Casados 93% Casados Divorciado Fonte: Dados da Pesquisa. Cidade de São Vicente /SP. 2013 Em relação aos três fatores avaliados no MBI, podemos perceber no gráfico 9, que se refere ao nível de Exaustão emocional, o qual confirma se o indivíduo está emocionalmente esgotado e exausto no trabalho, enfim, se tem a sensação de esgotamento físico e mental, e o sentimento de não dispor mais de energia para absolutamente nada. Notamos que aproximadamente 66% dos motoristas de ônibus avaliados, apresentaram escores alto, indicando assim a existência de sinais de esgotamento e exaustão em nível elevado para a atividade exercida. Gráfico 9 – Exaustão Emocional apresentado pelos motoristas de ònibus. Exaustão Emocional (EE) Fonte: Dados da Pesquisa Cidade de São Vicente/SP.2013 38 No gráfico 10 percebemos que mais da metade dos motoristas – 60% apresentam um alto índice de realização profissional, ou seja, conforme a tabela da páginas 29 e 30, sentem que influenciam pessoas de forma positiva, tratam de forma adequada sua clientela, entre outros, enfim, o sentimento de insatisfação com as atividades laborais, de insuficiência, baixa auto estima, desmotivação, não estão presentes pelo fato desses profissionais terem atribuído notas 5 e 6 neste quesito. Em contrapartida, 40% dos motoristas de ônibus apresentam reduzida Realização Profissional, sendo que 18% deles atribuíram notas 0 e 1 e 22% notas 2 e 3, demonstrando com isso os sentimentos de insatisfação, baixa auto estima, já citados acima. Gráfico 10 – Realização Profissional apresentada pelos motoristas de ônibus . Realização Profissional 18% Baixo Medio 60% 22% Alto Fonte: Dados da Pesquisa. Cidade de São Vicente /SP. 2013 Podemos verificar no gráfico 11, o qual avalia o nível de Despersonalização, onde o motorista vem sofrendo alterações em sua personalidade, chegando a ter um contato frio e impessoal com os passageiros, agindo com cinismo, ironia, e indiferença em relação as pessoas que utilizam o transporte, se estendendo aos seus familiares e amigos, que quase a metade (45%) apresentaram essas alterações em sua personalidade, demonstrando com isso uma propensão à Sindrome de Burnout. 39 Gráfico 11 – Nível de Despersonalização apresentado pelos motoristas de ônibus. Despersonalizacão (DE) 45% 55% Fonte: Dados da Pesquisa Cidade de São Vicente/SP. 2013 Baixo Alto 40 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O resultado da presente pesquisa ampliou a hipótese realizada no inicio deste trabalho. Apresentou evidências da Síndrome de Burnout nos motoristas de ônibus intermunicipais da baixada santista, demonstrando significativo índice de exaustão emocional nesses profissionais tão importantes, que está realmente afetando sua saúde, e está ligada diretamente com o desempenho no trabalho, com a qualidade de vida e com o bem estar psicológico trazendo nocivas consequências para o trabalhador, tanto nas relações interpessoais quanto profissionais. Em relação aos efeitos prejudiciais do Burnout, podemos constatar com os resultados obtidos que afetam os profissionais em três escalas: individual (físico, mental e social), profissional (atendimento negligente e lento ao cliente, contato impessoal com colegas de trabalho e clientes) e organizacional (rotatividade, absenteísmo, diminuição da qualidade dos serviços). Além disso, nos três fatores do MBI, que são Exaustão Emocional, Realização Profissional e Despersonalização, que são os modelos do desenvolvimento do processo do Burnout, os motoristas apresentaram nos resultados a predominância de altos índices de exaustão emocional, conforme citado acima, despersonalização, e um nível um pouco mais equilibrado no que se refere à Realização Profissional, o que não significa que os motoristas não estão predispostos a Síndrome, pois não há concordância da insatisfação no trabalho ser a causa ou efeito do Burnout. Existe uma correlação inversa entre Burnout e satisfação nas atividades ocupacionais desempenhadas. (BENEVIDES PEREIRA, 2010 apud CARLOTTO, 2001) Tendo em vista o objetivo da realização da pesquisa nos motoristas, podemos notar a ocorrência da Síndrome de Burnout nos mesmos, haja vista seu ambiente de trabalho, tão exaustivo, que envolve a segurança não só dele, mas de passageiros e pedestres que envolvem o trânsito, pois exercem suas atividades sujeitos às alterações climáticas, de trafego e às condições das vias (buracos, enchentes, protestos, desvios, entre outros). Para finalizar, julgamos pertinente a divulgação para se obter mais acesso a informação em relação à Síndrome de Burnout para os profissionais que trabalham no trânsito em geral, pois com isso, podemos tentar minimizar as consequências e buscar uma qualidade de vida para que o estresse do dia a dia que estamos sujeitos 41 não se desvirtue para essa síndrome, tão confundida com estresse ocupacional, pelo teor de sua gravidade atingindo um grande numero de pessoas atualmente. 42 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Nemésio Dario Vieira de. Contemporaneidade X trânsito reflexão psicossocial do trabalho dos motoristas de coletivo urbano, Psicologia: Ciência e Profissão, v. 22 n. 3 Brasília, set. 2002. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?>. Acesso em 11 de janeiro de 2013. AREIAS, M. E. A.; COMANDULE, A. Q. Qualidade de Vida, Estresse no Trabalho e Síndrome de Burnout, Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 14, n. 2, São Paulo 2009. 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