Entrevista - Marcos Baô Anúncios A CULPA É SEMPRE DO
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Entrevista - Marcos Baô Anúncios A CULPA É SEMPRE DO
Entrevista - Marcos Baô seu papel, você sai sempre melhor. É muito agradável trabalhar lá. Para você ter uma ideia, o que a Record me paga é três vezes mais o que me paga a Globo, mas não se compara. O know-how que a Globo tem em teledramaturgia é muito diferente. Quando você sai de uma gravação na Globo você se sente aprimorado, é uma de escola. Além disso, o fato de você gravar com o que há de melhor você se aprimora muito. Eu comecei lá fazendo “A Diarista”, meu último trabalho foi “Além do Horizonte”. Fiz também “Salve Jorge” que foi uma produção para uma novela da Glória Peres e foi bem bacana de se fazer. Nela, eu fui um gay traficado. O lado gay é o lado humorístico do Baô? Pois é, desde o tempo da escola eu me achava um ator dramático. Tanto que a primeira vez que eu fiz uma apresentação interpretei Hamlet, e a professora me chamou e disse: “Marcos, calma, é só um estudo, você não é Hamlet”. Eu sempre achei que me enveredaria para o lado dramático, mas aí na primeira montagem da escola, Macunaíma, minha primeira cena foi a de um gay português, que chegava ao Brasil para colonizar e se apaixonava por um índio. O público veio abaixo. Tudo que era do cômico sobrava para mim. Na oportunidade do “Salve Jorge” foi curioso, eu sugeri que fosse um gay traficado e isso acabou ocorrendo. Na sequência, quando o meu personagem descobre que foi traficado, ele se revolta e então eu vivi um drama e o fim todos sabem qual foi: eu apanhei do personagem russo e fui socorrido pelas companheiras, também traficadas. Daí para a frente foram só cenas dramáticas. Achei legal da Glória Peres ter me dado a oportunidade. Na ocasião, você achava que faria muitas aparições em “Salve Jorge”? Na verdade eu fiz uma primeira cena dançando funk na praia, quando meu 6 REVISTA ACIMM - Edição 227 Anúncios personagem foi aliciado, então eu perguntei para o produtor de elenco, Marco Antonio Rocha: Mas eu vou voltar? Ele me respondeu que eu não apareceria mais. Então está bom. Cinco dias depois esse mesmo amigo me liga dizendo que eu continuaria no papel. Na ocasião ele me disse: “não sei para que santo você rezou”, e eu disse: “São Jorge, é claro...” (risos). Naquele personagem foi possível fazer um pouco de comédia e quebrar para o drama. Na ocasião, eu até recebi elogios do diretor da novela, o Marcos Scatman. Eu espero que meu próximo trabalho na televisão tenha uma pegada de drama, para, da mesma forma que eu venho aprendendo desde 2005 a fazer comédia, que agora eu aprenda também a fazer drama, porque é outro registro. “ ... A CULPA É SEMPRE DO ELEITOR, O POLÍTICO É UM CIDADÃO QUE REFLETE A SOCIEDADE”... Deixando o lado artístico de lado, gostaria que falasse sobre essa veia política, afinal você já disputou uma eleição na cidade do Rio de Janeiro? Verdade, eu disputei uma eleição para deputado estadual pelo Partido Verde. Eu entre pelo fato de não entender nada de política. Eu sempre fui alheio a discussões; eu mais observo do que discuto, pois eu sou mais da prática, eu não sou muito de blá blá blá. Se eu não faço melhor eu fico na minha. Daí eu pensei: para se entrar na política não precisa de escola. Como eu sempre tive essa preocupação com o meio ambiente e a preservação do mundo. Então me interessei pelo Partido Verde, me filiei, comecei a participar das reuniões e perguntei qual é o procedimento para ser candidato e acabou culminando com a candidatura. Como você vê o cenário da política nacional? Como eu não entendo muito bem de política, eu não sei se sou o mais indicado para avaliar. Eu não sou petista, sou filiado ao PV. Talvez, se não tivesse o PV eu não me filiaria a partido algum. O que eu vejo é uma birra contra o PT. Acho que se o problema fosse o asco pela corrupção os paneleiros ainda estariam nas ruas, não teriam parado, não. Isso, eu confesso que me desapontou um pouco. Acho ainda que se esse pessoal estivesse com todo esse engajamento agora, mais que nunca, iriam para as ruas. O que aconteceu com a presidente, eu acho que houve excesso, que não era o caso dela ser cassada. Já que ela está afastada, que faça sua defesa e que se não se defender à altura, que tudo seja feito legalmente. Acho que o governo interino desaponta, afinal tudo que ele está fazendo (projeto de governo), pelo voto popular, ele jamais conseguiria fazer. Confesso que estou bem desanimado e torço para que essa fase passe depressa, pois a impressão que dá é que o país está em stand-by. Quem deve mudar: os políticos ou o modo dos eleitores escolherem os políticos? A culpa é sempre do eleitor. O político é um cidadão e o que a gente vê ali (Congresso) é um reflexo da sociedade. Então, essa reclamação é aquela velha história da pessoa que fura fila, do cara que não para no semáforo, do condutor que dá dinheiro para o guarda não multar. A desonestidade e a pilantragem estão no seio dos lares brasileiros. Por isso, a culpa não é dos políticos e sim do cidadão. Falta de educação é o nome disso. ACIMM - ligue: 19 3814.5760 7