volume11, nº 2
Transcrição
volume11, nº 2
ABENO Associação Brasileira de Ensino Odontológico Copyright © Associação Brasileira de Ensino Odontológico, 2005 Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução no todo ou em parte, por qualquer meio, sem autorização da ABENO. Catalogação-na-publicação (Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo) Revista da ABENO/Associação Brasileira de Ensino Odontológico. – Vol. 1, n. 1, (jan.-dez. 2001). – São Paulo : ABENO, 2001Semestral ISSN# 1679-5954 A partir de 2005, vol. 5, n. 1 a publicação passa a ser semestral. 1. Odontologia (Periódicos) I. Associação Brasileira de Ensino Superior (São Paulo) II. ABENO CDD 617.6 BLACK D05 ABENO Associação Brasileira de Ensino Odontológico Presidente Maria Celeste Morita Rua Pernambuco, 540 - 1º andar Clínica Odontológica da UEL CEP: 86020-120 Centro - Londrina - PR E-mail: [email protected] Site: www.abeno.org.br Apoio para esta edição: Sumário Publicação oficial da Associação Brasileira de Ensino Odontológico DIRETORIA (2010 a 2014) Presidente Maria Celeste Morita Vice-Presidente Adair Luiz Stephanello Busato Secretário Geral Luiz Sérgio Carreiro 1a Secretária Vânia Regina Camargo Fontanella Tesoureira Geral Elisa Emi Tanaka Carloto 1a Tesoureira Maura Sassahara Higasi COMISSÃO DE ENSINO Ana Isabel Fonseca Scavuzzi Cresus Vinícius Depes de Gouveia Elaine Bauer Veeck José Ranali (Presidente) José Tadeu Pinheiro Maria Ercília de Araújo Mário Uriarte Neto CONSELHO FISCAL João Humberto Antoniazzi (Presidente) José Galba de Menezes Gomes Léo Kriger Lino João da Costa Omar Zina Revista da Abeno Editor Científico José Luiz Lage-Marques Conselho Editorial Carlos de Paula Eduardo (FO-USP) Carlos Eduardo Francischone (FOB-USP) Célia Marisa Rizzatti Barbosa (UNICAMP) Cinthia Pereira M. Tabchoury (UNICAMP) Cláudio Luiz Sendyk (FO-USP) Daniela Lemos Carcereri (UFSC) Eduardo Saba Chujfi (UNICASTELO) Elaine Quedas Assis (UNICID e Uni.Guarulhos) Elisa Emi Tanaka (UEL) Élito Araújo (UFSC) Euloir Passanezi (FOB-USP) Fernando Ricardo Xavier da Silveira (FO-USP) João Marcelo Ferreira de Medeiros (UNITAU) Jorge Abrão (FO-USP) José Eduardo de Oliveira Lima (FOB-USP) José Ranali (FOP-UNICAMP) Liliane Soares Yurgel (PUC-RS) Lucimar Aparecida Britto Codato (UEL) Luiz Carlos Pardini (FORP-USP) Luiz Roberto Augusto Noro (UFRN) Marco Antonio Bottino (UNESP-SJCampos) Marco Antonio Campagnoni (FOAR) Maria Ercília de Araújo (USP) Maria Inês Barreiros Senna (UFMG) Maura Sassahara Higasi (UEL) Roberto Brandão Garcia (FOB-USP) Roberto Miranda Esberard (FOAR-UNESP) Rodney Garcia Rocha (FO-USP) Simone Tetu Moysés (UFPar) Sylvio Monteiro Júnior (UFSC) Vania Ditzel Westphallen (PUC-PR) Indexação A Revista da ABENO - Associação Brasileira de Ensino Odontológico está indexada nas seguintes bases de dados: BBO - Bibliografia Brasileira de Odontologia; LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde. v. 11, n. 2, julho/dezembro - 2011 Editorial Formação acadêmica, produção de conhecimento e exercício profissional com relevância social Ana Estela Haddad e Maria Celeste Morita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Anais da 46ª Reunião Anual - 2011 (Continuação do conteúdo publicado na edição volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia Artigos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Resumos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Trabalhos selecionados para apresentação Pôsteres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Resumos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155 Artigos Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes Health education – strategy of integral and multiprofessional care for pregnant women Maria Luiza Alves Araújo, Ariany Paula Medeiros, Sara Zuculin, Evelin Gonçalves Souza, Paula Ferreira Barros, Talita Boaventura, Patricia Helena Costa Mendes, Ana Paula Ferreira Maciel, Mariano Fagundes Neto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Geração Y: a motivação para construção do conhecimento Generation Y: motivation for the construction of knowledge João Paulo Menck Sangiorgio, Mariana Gabriel, Fernanda Santos Moreira, Elisa Emi Tanaka . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia The Education Program through Health Work as an inducer of pedagogical innovations: the Dentistry Course experience at the State University of Feira de Santana, Bahia Graciela Soares Fonsêca, Ana Áurea Alécio de Oliveira Rodrigues. . . . . . . . . . . 19 O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em odontologia: a experiência da Universidade Federal do Espírito Santo “PET-Saúde” as an instrument to provide dentistry teaching with new guidelines: the experience of the Federal University of Espírito Santo Caroline Marinho Gonçalves, Karina Tonini dos Santos, Raquel Baroni de Carvalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Revista da ABENO • 11(2):3-4 3 Atendimento odontológico a adolescentes infratores: abordagem qualitativa em clínica de graduação Dental care for delinquent adolescents: qualitative approach in an undergraduate dental clinic Publicação oficial da Associação Brasileira de Ensino Odontológico Altair Soares de Moura, Gustavo Igor Barbosa Pereira, Neilor Mateus Antunes Braga, Raquel Conceição Ferreira, Manoel Brito-Júnior. . . . . . . . . . . . 34 Saúde do trabalhador: uma experiência de educação em saúde vivenciada pelo PET-Saúde Independência III - Montes Claros/MG Occupational health: a health education experience undergone by “Independência III PET-Saúde” - Montes Claros, MG Ana Cecília Versiani Duarte Pinto, Iram Alkmim Cerqueira, Felipe Ribeiro Néri, Marisa Carvalho Martins, Patrícia Helena Costa Mendes, Ana Paula Ferreira Maciel, Mariano Fagundes Neto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 A vivência dos estudantes de odontologia nas atividades de ensinopesquisa-extensão do PET-Saúde The Experience of Dentistry Students in “PET-Saúde” teaching-researchextension activities Carlos Alberto Quintão Rodrigues, Simone de Melo Costa, Maisa Tavares de Souza Leite, Danilo Cangussu Mendes, João Felício Rodrigues Neto. . . . . . 45 PET-Saúde: formando discentes multiplicadores - relato de experiência Pet-Health: preparing college student facilitators - report of an experience Késsia Nara Andrade Sales, Fabiana Angélica de Paula, Mirtes Ribeiro, Liliane da Consolação Campos Ribeiro, Sylvana Mara Canuto . . . . . . . . . . . . . . 51 Análise discente da contribuição do preceptor e do estágio na formação do aluno de graduação da FO UERJ Student assessment of the contribution of the instructor and internship to the training of undergraduate students at FO UERJ Maria Isabel de Castro de Souza, Katlin Darlen Maia, Renata Rocha Jorge, Teresa Berlink, Maria Eliza Barbosa Ramos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS Curriculum internships in SUS: experiences of the School of Dentistry of UFRGS Cristine Maria Warmling, Eloá Rossoni, Fernando Neves Hugo, Ramona Fernanda Ceriotti Toassi, Vânia Aita de Lemos, Sonia Maria Blauth de Slavutzki, Solange Bercht, Ângela Antunes Nunes, Arisson Rocha da Rosa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 ApêndiceS Índice de artigos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165 Índice de resumos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166 4 Revista da ABENO • 11(2):3-4 EDITORIAL Publicação oficial da Associação Brasileira de Ensino Odontológico Formação acadêmica, produção de conhecimento e exercício profissional com relevância social É com grande satisfação que apresentamos aos leitores da Revista da ABENO este segundo número temático, constituído de um conjunto de trabalhos elaborados a partir da experiência do Programa de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde e do Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde – PET-Saúde. O Pró-Saúde e o PET-Saúde são iniciativas do Ministério da Saúde com a parceria do Ministério da Educação, de amplo alcance e capilaridade, implementados a partir de 2006, em aproximadamente 1.000 cursos de graduação da área da saúde, em parceria com as secretarias de saúde, funcionando dentro dos serviços do SUS, em mais de 1000 Unidades Básicas de Saúde, e envolvendo mais recentemente também os demais serviços do SUS. A relevância destes programas no âmbito da política de formação dos profissionais de saúde e do planejamento da força de trabalho em saúde foi referenciada no artigo de Almeida-Filho (2011) sobre a Educação Superior na área de saúde no Brasil, no número especial da Revista Lancet, com uma série de artigos sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), destacado como exemplo de sistema de saúde universal. Iniciativa semelhante, de seleção de artigos com publicação de número especial sobre o Pró-Saúde e o PET-Saúde foi também realizada pela Revista Brasileira de Educação Médica, ocasião em que foram submetidos à análise 186 trabalhos sobre o tema. Neste contexto, torna-se relevante refletir sobre como as profundas mudanças em curso, relacionadas à consolidação do SUS, à política nacional de saúde e de educação e à implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação na área da saúde estão repercutindo na Odontologia, seja na formação, na produção de conhecimento ou no exercício profissional. Qual o impacto da participação nestes programas para os atuais egressos dos cursos de graduação em Odontologia, em comparação aos formandos de períodos anteriores? No Brasil, a relação entre o ensino de Odontologia e as políticas públicas de saúde leva à percepção sobre a crescente participação dos dentistas nos programas públicos e a pertinência e adequação dos cursos de graduação a essa nova realidade. Na busca pela redução das desigualdades sociais, pelo direito à saúde e pelo acesso aos serviços, os investimentos em saúde bucal no SUS foram consideravelmente aumentados na última década. A participação da Odontologia no PET-Saúde da Família passou de 38 cursos de graduação em 2009 para 53 cursos em 2010. No PET Vigilância em Saúde a Odontologia é a quarta colocada, entre as 14 profissões da saúde participantes em todo o país, com 26 cursos inseridos. A Odontologia ainda integra o PET-Saúde Mental com 18 cursos de graduação. Isso Revista da ABENO • 11(2):5-6 5 Publicação oficial da Associação Brasileira de Ensino Odontológico mostra que a partir do PET-Saúde a Odontologia vem ampliando o escopo de sua atuação nos serviços de saúde para áreas que até então não se incluíam ou que estavam marginalmente presentes nos seus currículos de graduação. A vivência nos novos cenários da atenção à saúde, envolvendo linhas de cuidado até então não consideradas pela profissão, sem dúvida geram impacto no lugar ocupado pelo cirurgião-dentista na equipe de saúde. Mudanças estas refletidas tanto no processo de trabalho como na formação e conformação do trabalho multiprofissional na saúde. Cumpre ressaltar o papel protagonista e fundamental ao longo de sua história, particularmente agora, que é desempenhado pela Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO), apoiando, capacitando, refletindo e percorrendo junto com os cursos de Odontologia brasileiros, uma trajetória repleta de desafios e complexidade, mas que já mostra, como pode ser comprovado nesta e nas inúmeras publicações já feitas sobre o tema, que a excelência técnica e científica pode sim estar ao alcance de mais saúde para todos. A Odontologia brasileira, já consagrada pela sua qualidade e excelência, tanto na clínica como na pesquisa, ganha a dimensão que faltava, a da relevância social. Ana Estela Haddad Profa. Associada do Depto. de Ortodontia e Odontopediatria da FOUSP Maria Celeste Morita Profa. Associada do Depto. de Medicina Oral e Odontologia Infantil da UEL e Presidente da ABENO 6 Revista da ABENO • 11(2):5-6 I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia* Florianópolis - SC - 10 e 11 de agosto de 2011 Comissão de Avaliadores Daniela Lemos Carcereri (UFSC) Elaine Quedas Assis (UNICID e Uni. Guarulhos) Elisa Emi Tanaka (UEL) Lucimar Aparecida Britto Codato (UEL) Luiz Roberto Augusto Noro (UFRN) Maria Ercília de Araújo (USP) Maria Inês Barreiros Senna (UFMG) Maura Sassahara Higasi (UEL) Apoio * Continuação do conteúdo publicado na edição volume 11, número 1 (janeiro/junho de 2011) da Revista da Abeno. A r ti g * Acadêmicas do PET-Saúde e do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes ** Acadêmicas do PET-Saúde e do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes *** Acadêmica do PET-Saúde e do Curso de Educação Física da Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes **** Preceptora do PET-Saúde da Unimontes e Cirurgiã-dentista de Família da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais ***** Preceptora do PET-Saúde da Unimontes e Enfermeira de Família da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais ******Preceptor do PET-Saúde da Unimontes e Médico de Família da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais Resumo O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) objetiva iniciar os estudantes das graduações em saúde no trabalho da Estratégia Saúde da Família, oportunizando a vivência das ações desenvolvidas na atenção básica à saúde. Dentre estas atividades, destaca-se a educação em saúde que integra o saber científico com o popular. Um dos grupos prioritários que deve ser alvo da atividade de educação em saúde na Estratégia Saúde da Família é o grupo de gestantes, por se tratar de um período em que a mulher está mais susceptível a receber informações e modificar o comportamento. O objetivo deste trabalho é expor uma experiência de cuidado integral e multiprofissional, utilizando-se a educação em saúde como ferramenta para a adoção de novos hábitos em saúde por parte de um grupo de gestantes assistidas por uma equipe da Estratégia Saúde da Família. O projeto foi realizado no mês de janeiro de 2011 na Equipe de Saúde da Família Independência III, localizado no município de Montes Claros/MG, tendo como agentes facilitadores os acadêmicos da área da saúde da Universidade Estadual de Montes Claros, participantes do PET-Saúde, bem como os profissio8 nais de saúde, que integram a equipe, sendo também preceptores do programa. O curso foi estruturado em sete oficinas, abordando temas chaves para as gestantes. Esse projeto foi de grande importância tanto para as gestantes, que avaliaram de forma positiva a atividade, quanto para os acadêmicos, que puderam adquirir conhecimentos de forma crítica e multidisciplinar. Descritores Gestantes. Educação em saúde. Atenção primária à saúde. O Ministério da Saúde e da Educação tem incentivado a aproximação das universidades e dos serviços de saúde prestados à população, através da implantação de projetos como o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), instituído pela Portaria Interministerial MEC-MS nº 1.802, de 26 de agosto de 2008 dos Ministérios da Educação e da Saúde. Este programa destina-se a fomentar grupos de aprendizagem tutorial na Estratégia Saúde da Família, visando o fortalecimento da atenção básica em saúde, de acordo com os princípios e as necessi- Revista da ABENO • 11(2)8-13 s Maria Luiza Alves Araújo*, Ariany Paula Medeiros*, Sara Zuculin**, Evelin Gonçalves Souza**, Paula Ferreira Barros**, Talita Boaventura***, Patrícia Helena Costa Mendes****, Ana Paula Ferreira Maciel*****, Mariano Fagundes Neto****** o Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes • Araújo MLA, Medeiros AP, Zuculin S, Souza EG, Barros PF, Boaventura T, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M dades do Sistema Único de Saúde (SUS).3,10 O PET-Saúde tem como fio condutor a integração ensino-serviço-comunidade, caracterizando-se como instrumento para qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho e vivências dirigidos aos estudantes das graduações em saúde. Desta forma, o PET-Saúde estimula a formação de profissionais de saúde com perfil adequado às necessidades e às políticas públicas de saúde do país e, consequentemente, almeja a satisfação dos usuários do SUS.10 A atenção básica, cujo eixo reorientador é a Estratégia Saúde da Família, percebe a prática sanitária como uma combinação de ações de promoção de saúde, prevenção das doenças e enfermidades e atenção curativa. Além disso, preconiza o cuidado integral ao indivíduo, à família e à comunidade na perspectiva interdisciplinar e multiprofissional.2 No que diz respeito à organização dos serviços e das práticas de saúde, a integralidade caracteriza-se pela assimilação das práticas preventivas e das práticas assistenciais por um mesmo serviço. De acordo com o princípio da integralidade, a abordagem do profissional de saúde não deve se restringir à assistência curativa, buscando dimensionar fatores de risco à saúde e, por conseguinte, a execução de ações preventivas, a exemplo da educação para a saúde.1 A educação em saúde é o campo de prática e conhecimento do setor saúde que tem se ocupado mais diretamente com a criação de vínculos entre a ação médica e o pensar e fazer cotidiano da população. Constitui-se em um processo de trocas de saberes e experiências entre a população como um todo, incluindo usuários, profissionais e gestores de saúde.14 Esta prática visa à prevenção de doenças, promove a autonomia dos sujeitos envolvidos, tornando-os sujeitos ativos e transformadores de sua própria vida ou até mesmo da sua sociedade.16 A integralidade no cuidado de pessoas, grupos e coletividade entende o usuário como sujeito histórico, social e político, articulado ao seu contexto familiar, ao meio ambiente e à sociedade na qual se insere. Neste cenário, evidencia-se a importância das ações de educação em saúde como estratégia integradora de um saber coletivo que traduza no indivíduo sua autonomia e emancipação.6,13 Educar para a saúde implica dar prioridade a intervenções preventivas e promocionais, em espaços coletivos, como por exemplo, os grupos educativos. Um dos grupos prioritários que deve ser alvo da atividade de educação em saúde na Estratégia Saú- de da Família é o grupo de gestantes. A gestação caracteriza-se por um período em que a mulher está mais susceptível a receber informações e modificar o comportamento. A gestação representa um momento especial na vida da mulher, no qual a sensação de tornar-se mãe confunde-se muitas vezes com incertezas, medos e inseguranças. É um evento biossocial, pois está cercado de valores culturais, sociais e emocionais.5 A carência de informações ou informações inadequadas sobre o parto, o medo do desconhecido, bem como os cuidados a serem prestados ao recém-nascido nos primeiros dias são fatores comuns de tensão da gestante, que influenciam negativamente durante todo o processo. É de competência da equipe de saúde acolher a gestante e a família desde o primeiro contato com a unidade de saúde.11 Contudo, o que se pode notar, atualmente, em várias rotinas de serviços de saúde da atenção básica é a pouca prática de atividades de educação em saúde voltadas ao coletivo, dando-se prioridade, por diversos motivos, aos atendimentos individuais, limitados ao espaço físico de uma sala de atendimento.12 No âmbito da assistência pré-natal, o processo educativo restringe-se ao fornecimento de informações sobre alguns aspectos relacionados à gravidez, parto e cuidados com o bebê durante a consulta realizada pelo profissional de saúde. É imprescindível, assim, que todas as categorias de profissionais de saúde que atuam na Estratégia Saúde da Família considerem a gestação como um momento ímpar para a realização de ações educativas coletivas. O objetivo deste trabalho é, a partir da descrição de um relato de experiência, apresentar um projeto de educação em saúde direcionado às gestantes de uma comunidade norte-mineira desenvolvido por acadêmicos integrantes do PET-Saúde dos cursos de Odontologia, Medicina, Enfermagem e Educação Física da Universidade Estadual de Montes Claros e por profissionais médico, enfermeira, e cirurgiã-dentista da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros/MG, que atuam como preceptores do programa. Este estudo procura expor uma experiência de cuidado integral e multiprofissional, utilizando-se a educação em saúde como ferramenta para a adoção de novos hábitos e condutas em saúde por parte de um grupo de gestantes assistidas por uma equipe da Estratégia Saúde da Família. MATERIAL E MÉTODOS Utilizando-se a ideologia da Educação Popular proposta por Paulo Freire, foi realizado no mês de Revista da ABENO • 11(2)8-13 9 Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes • Araújo MLA, Medeiros AP, Zuculin S, Souza EG, Barros PF, Boaventura T, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M janeiro de 2011 na Equipe de Saúde da Família Independência IIII no bairro Independência, localizado no município de Montes Claros/MG, o “I Curso para Gestantes” tendo como agentes facilitadores os acadêmicos de Odontologia, Medicina, Enfermagem e Educação Física da Universidade Estadual de Montes Claros, todos participantes do PET-Saúde, bem como os profissionais de saúde médico, enfermeira e cirurgiã-dentista, que integram a equipe, sendo também preceptores do programa. A Educação Popular em Saúde realiza ações que envolvem as dimensões do diálogo, do respeito e da valorização do saber popular, sendo considerada um instrumento de construção para uma saúde mais integral e adequada à vida da população, representando uma prática de saúde onde não há domínio de um saber sobre outro.8 O curso para gestantes foi organizado em encontros semanais, realizados as terças e quintas-feiras à tarde na unidade de saúde da família. O curso foi estruturado em sete oficinas, com tempo de duração previsto de cinquenta minutos cada, não excedendo o limite de vinte participantes. Para o desenvolvimento deste projeto, houve a participação ativa das mulheres, valorizando o diálogo, favorecendo o reconhecimento das usuárias enquanto sujeitos portadores de saberes sobre o processo saúde-doença-cuidado, evitando-se o monólogo de palestras em que se busca apenas transferir conhecimentos. Para cumprir com o objetivo proposto, as oficinas abordaram os seguintes temas, conforme mostra a Tabela 1. Na primeira oficina, houve a apresentação dos temas pré-selecionados, estruturados de acordo com a Linha do Cuidado à Gestante, Puérpera e ao ReTabela 1 - Temas das oficinas do curso de gestantes. Oficina 01 Apresentação do curso, expectativas,varal de idéias e discussão sobre direitos e deveres durante a pré-concepção, pré-natal, parto e puerpério Oficina 02 Cuidados alimentares durante a gestação Oficina 03 Cuidados com as mamas e importância da amamentação Oficina 04 Sinais de parto Oficina 05 Saúde bucal na gestação, cuidados com o recém-nascido e acompanhamento da criança Oficina 06 Sexualidade e planejamento familiar Oficina 07 Técnicas de relaxamento para gestantes e confraternização de encerramento 10 cém-Nascido da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais, enfatizando a importância do conhecimento destes para um bom transcurso da gravidez. Realizou-se também um Varal de Idéias em que as gestantes propuseram temas para serem abordados. Posteriormente, foi realizada uma dinâmica visando à integração do grupo. Nesse momento, as gestantes expuseram suas expectativas relacionadas ao curso, que incluíram adquirir conhecimentos sobre uma gestação saudável, tipos de parto e cuidados com o recém-nascido. A abordagem dos direitos e deveres da gestante durante a pré-concepção, o pré-natal, o parto e o puerpério estimularam discussões relacionadas ao parto humanizado com direito à acompanhante na sala de parto e direito trabalhistas relacionados à maternidade. A oficina 02, que abordou o tema alimentação e ganho de peso na gestação, foi bastante dinâmica havendo grande participação das presentes. Foram unânimes dúvidas quanto à dieta ideal de uma grávida. Assim, cada participante relatou suas experiências com hábitos alimentares, expondo sinais e sintomas percebidos com cada alimento e alterações ao longo desse período. A oficina 03 teve como foco os cuidados com as mamas durante e após a gestação. Foi enfatizada a importância da amamentação para o recém-nascido, o tempo ideal de duração do aleitamento materno e a maneira correta de a criança sugar as mamas maternas. Foi exibido um vídeo a fim de demonstrar como deve ser feita a “pega” correta pela criança. Durante a oficina 04, as participantes foram questionadas quanto aos principais temores sobre o parto, principalmente, sobre o parto normal. Além disso, foi indagado às grávidas, que já eram mães, como havia sido os partos anteriores e se havia ocorrido alguma intercorrência. Depois do relato das experiências e receios das mesmas, discutiu-se sobre as vantagens do parto normal e sobre os sinais indicativos do trabalho de parto. Na oficina 05, inicialmente, as acadêmicas de odontologia falaram sobre os cuidados com a saúde bucal do recém-nascido e da criança em seus primeiros anos de vida, usando cartazes explicativos e esclareceram sobre os mitos relacionados ao tratamento odontológico durante a gravidez. Percebeu-se que muitas gestantes ainda temiam o uso do anestésico local e da tomada de radiografias dentárias. Posteriormente, foram abordados os principais cuidados com o recém-nascido, ressaltando a maneira correta de dar banho no mesmo através da exibição de um vídeo. Revista da ABENO • 11(2)8-13 Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes • Araújo MLA, Medeiros AP, Zuculin S, Souza EG, Barros PF, Boaventura T, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M Além desse tópico, discutiu-se também sobre cuidados com o cordão umbilical, icterícia neonatal fisiológica, vacinas, cólicas, aparência e consistência das fezes do recém-nascido e o teste do pezinho. Depois, houve a distribuição de folders com o resumo dos principais cuidados abordados. Na oficina 06, utilizando-se desenhos ilustrativos, abordou-se a sexualidade durante a gravidez, com demonstração de posições que permitem a realização de relação sexual sem incômodo em cada fase da gestação. Observou-se bastante curiosidade acerca do assunto. Posteriormente, foi abordado o planejamento familiar com a explicação dos métodos contraceptivos. Para efeito didático, foram usados cartazes ilustrativos e apresentação de alguns dos métodos abordados. Durante a sétima e última oficina, foi abordado, pela acadêmica de educação física, técnicas de relaxamento corporal utilizando bolinhas de borracha. As gestantes ficaram satisfeitas com a facilidade das técnicas e com a possibilidade de realização em casa. Posteriormente, foi realizado um bingo que teve como brinde uma cesta com produtos para o futuro recém-nascido e, ao final, houve a entrega para cada participante de um certificado com os dizeres “Pronta para ser Mãe”. RESULTADOS E DISCUSSÃO A atenção pré-natal e puerperal qualificada e humanizada acontece por meio da incorporação de condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias, de fácil acesso aos serviços de saúde de qualidade, com ações que integrem todos os níveis da atenção: • promoção, • prevenção e • assistência à saúde da gestante e do recém-nascido.17 Dentre estas ações, a realização de ações educativas no decorrer de todas as etapas do ciclo grávidopuerperal faz-se muito importante.7 Para isso, os profissionais de saúde devem assumir a postura de educadores que compartilham saberes, buscando devolver à mulher sua autoconfiança para viver a gestação, o parto e o puerpério.11 Para que o curso de gestantes obtivesse êxito, foi preciso conhecer e ouvir cada participante, pois, a partir de suas necessidades e vivências, foi possível avaliar as dificuldades e encontrar a potencialidade do grupo. Portanto, saber ouvir representa habilidade fundamental nos processos de educação em saúde. As ações educativas em saúde possibilitam um mo- mento de intenso aprendizado e mediante as atividades grupais podem-se constituir um método efetivo e simples de se intervir a favor da melhoria da qualidade de vida durante a gestação e no puerpério. O grupo de gestantes é um meio de promover a educação em saúde, com o objetivo de preparar a mulher e sua família para o processo gestacional, expressando o que sentem e sanando suas dúvidas relativas ao momento que estão vivenciando.15 Assim, entende-se que o contexto grupal desenvolve naturalmente um espaço para o movimento da promoção da saúde através de um processo de ensinar-aprender. Informações sobre as diferentes vivências foram trocadas entre as mulheres, estudantes e os profissionais de saúde. Essa possibilidade de intercâmbio de experiências e conhecimentos foi considerada a melhor forma de promover a compreensão de vários aspectos relacionados ao processo de gestação. A partir da horizontalizarão da relação existente entre profissional de saúde e usuário, o que facilita a expressão individual e coletiva das necessidades e expectativas, pode-se definir os principais temas a serem discutidos: • direitos e deveres durante pré-concepção, prénatal, parto e puerpério; • alimentação na gestação; • saúde bucal na gestação; • cuidados com as mamas e importância da amamentação; • sinais de parto; • cuidados com o recém-nascido e acompanhamento da criança; • planejamento familiar e sexualidade. Sentindo-se pertencentes a um grupo de pessoas que vivenciavam o mesmo fenômeno: a gravidez, as gestantes puderam esclarecer as suas dúvidas, falar sobre os medos e dificuldades e adquirir novos conhecimentos acerca do cuidado com a sua saúde e do recém-nascido. Assim, é possível compreender que a educação em saúde está intimamente relacionada às ações cuidadoras. Isso remete à dupla identidade dos profissionais de saúde – a de educador e a de trabalhador de saúde. Essa duplicidade mostra que a educação ocupa lugar central no trabalho em saúde e, muitas vezes, é o que o torna viável. “Não é possível pensar a saúde sem, simultaneamente, pensar a educação e as relações existentes entre ambas”.9 Revista da ABENO • 11(2)8-13 11 Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes • Araújo MLA, Medeiros AP, Zuculin S, Souza EG, Barros PF, Boaventura T, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M Destaca-se, ainda, a importância da abordagem multiprofissional à gestante. A gama de situações vivenciadas nessa fase evidencia a necessidade de uma atuação em diversos aspectos como: • a história pessoal, • os antecedentes ginecológicos e obstétricos, • o momento histórico da gravidez, • as características sociais, culturais e econômicas vigentes • e qualidade da assistência. A assistência integral deve ser capaz de proporcionar à mulher e ao concepto um período satisfatório de bem-estar, visando o fortalecimento do vínculo mãe-feto.4 A iniciação ao trabalho na Estratégia Saúde da Família proposta pelo PET-Saúde propõe unir os conhecimentos e experiências de todas as categorias profissionais e assim compreender o processo saúde/ doença, conhecer as causas e consequências e encontrar os caminhos para resolução dos problemas identificados. Certamente, o trabalho interdisciplinar realizado no PET-Saúde encontra caminhos alternativos para intervir e modificar, enfrentar novas situações, novas formas de entender e de ver nossa realidade concreta. O curso de gestantes desenvolvido pelas acadêmicas da Universidade Estadual de Montes Claros foi produtivo, uma vez que o período gestacional despertou nas participantes interesse maior acerca dos assuntos abordados. A participação ativa das gestantes contribuiu para uma troca de aprendizados, possibilitando o bom resultado dessa iniciativa de educação em saúde. As gestantes avaliaram de forma positiva a atividade, pois a partir das informações recebidas e das metodologias aplicadas, sentiram-se mais seguras e confiantes para desempenhar seu papel de mãe. Para as acadêmicas participantes do PET-Saúde, essa atividade foi enriquecedora, pois contribuiu para a aquisição do conhecimento de forma crítica, a partir da vivência de uma experiência de trabalho em equipe, percebendo a integração e os limites de atuação de cada categoria profissional, valorizando as especificidades de cada profissão. CONCLUSÕES O curso de gestantes construiu um espaço de trocas de experiências, saberes e vivências que levaram à construção e à reconstrução do conhecimento a partir de um processo de identificação entre os atores envol12 vidos. Pode-se afirmar que houve, nesse processo, uma construção de conhecimento compartilhado, que leva as mulheres a fazerem escolhas conscientes sobre suas condutas em relação à gestação e cuidados com o recém-nascido. Acredita-se que estratégias como esta auxiliam na melhoria da qualidade da assistência prestada à mulher durante o período gestacional. A experiência de uma atividade educativa elaborada na perspectiva do cuidado integral e multiprofissional contribuiu para a formação dos acadêmicos da Universidade Estadual de Montes Claros, integrantes do PET-Saúde, uma vez que vivenciaram e superaram os desafios do trabalho em equipe, apoderandose da dinâmica de trabalho da Estratégia Saúde da Família. Abstract Health education – strategy of integral and multiprofessional care for pregnant women The Education Program through Health Work (“PET-Saúde”) aims at initiating undergraduate students of health into Family Health Strategy work, allowing them to experience the actions conducted in primary care. Among these activities, there is health education that combines scientific with popular knowledge. One of the priority groups that should be targeted for health education activities in the Family Health Strategy is that of pregnant women, considering that this is a period in which a woman is more likely to receive information and to modify her behavior. The objective of this study was to present an experience of integral and multiprofessional care, using health education as a tool for adopting new health habits by a group of pregnant women assisted by a team from the Family Health Strategy. The project was conducted in January 2011 by the Independence III Family Health Team, located in Montes Claros, MG. The team included students from the health field at the State University of Montes Claros as facilitators, participants in the “PET-Saúde” Program, and health professionals, who were also instructors of the program. The course was structured around seven workshops, and addressed key issues for pregnant women. This project was of great importance not only for the pregnant women, who evaluated the activity positively, but also for the students, who were able to acquire critical and multidisciplinary knowledge. Descriptors Pregnant women. Health education. Primary health care. § Revista da ABENO • 11(2)8-13 Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes • Araújo MLA, Medeiros AP, Zuculin S, Souza EG, Barros PF, Boaventura T, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M Referências saude.gov.br/sgtes/petsaude > . 1 Alves VS. Um modelo de educação em saúde para o Programa 11 Rios CTF, Vieira NFC. Ações educativas no pré-natal: reflexão Saúde da Família: pela integralidade da atenção e reorientação sobre a consulta de enfermagem como um espaço para educa- do modelo assistencial. Interface – Comunic Saúde Educ. 2005; ção em saúde. Ciênc. Saúde Coletiva. 2007; 12(2):477-486. 12 Rolim M, Moreira T, Viana G. Course for pregnant mothers: 9(16):39-52. 2 Brasil. Governo do Estado de São Paulo. Manual para operacionalização das ações educativas no SUS. São Paulo. 2001. 3 Datasus [homepage]. Brasília, DF: Ministério da Saúde [acessado em 09 fev. 2011]. [3 telas]. Disponível em: < http://www. datasus.gov.br/cns > . 4 Falcone, VM et al. Atuação multiprofissional e a saúde mental das gestantes. Rev Saúde Pública 2005; 39(4):612-8. 5 Ferreira ANS. Parto cesariano: opinião de mulheres. Textura. 2008;3(2):82-95. 6 Machado MFAS et al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS - uma revisão conceitual. Ciênc Saúde Coletiva. 2007;12(2):335-342. 7 Moura ERF, Rodrigues MSP. Comunicação e informação em saúde no pré-natal. Interface. 2003;7(13):109-118. 8 Neto PJl, Batista PSS. Projeto educação em saúde na atenção a gestantes e puérperas. Anais X Encontro de Extensão. 2008. 9p. Paraíba. Brasil. 9 Penna CMM, Santos RV. A educação em saúde como estratégia para o cuidado à gestante, puérpera e ao recém-nascido. Tex- educational action from co-responsibility standpoint. A descriptive study. Online Braz J Nursing. [acesso 10 Fev 2011]. 2006. Disponível em: < http://www.objnursing.uff.br/index. php/nursing/article/view/595/140 > . 13 Santana MCCP. Aleitamento materno em prematuros: atuação fonoaudiológica baseada nos pressupostos da educação para promoção da saúde. Ciênc. Saúde Coletiva. 2010;15(2):411417. 14 Schall VT, Struchiner M. Educação em saúde: novas perspectivas. Cad. Saúde Pública. 1999;15(2):4-6. 15 Silveira IP et al. Ação educativa à gestante fundamentada na promoção da saúde: uma reflexão. Esc. Anna Nery Ver Enferm. 2005; 9(3):451-458. 16 Vasconcelos EM. Educação popular: de uma prática alternativa a uma estratégia de gestão participativa das políticas de saúde. Physis: Rev. Saúde Coletiva. 2004;14(1):67- 83. 17 Zampieri MFM et al. Processo educativo com gestantes e casais grávidos: possibilidade para transformação e reflexão da realidade. Texto Contexto - Enferm. 2010; 19(4):719-727. to Contexto Enferm. 2009;18(4): 652-60. 10 Portal Saúde [homepage]. Brasília, DF: Ministério da Saúde Recebido em 07/07/2011 [acessado em 09 fev. 2011]. [2 telas]. Disponível em: < www. Aceito em 25/07/2011 Revista da ABENO • 11(2)8-13 13 Geração Y: a motivação para construção do conhecimento João Paulo Menck Sangiorgio*, Mariana Gabriel*, Fernanda Santos Moreira**, Elisa Emi Tanaka*** *Pós-graduandos do Programa de Mestrado em Clínica Odontológica da Universidade Estadual de Londrina **Cirurgiã-dentista formada pela Universidade Estadual de Londrina ***Coordenadora do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina RESUMO A construção do conhecimento em saúde ocorre quando o indivíduo toma consciência da aplicação prática do conceito. Práticas de ensino unidirecionais muitas vezes não permitem isso, não motivando a busca de informações que possibilitarão a resolução de problemas. O estudante, atualmente, possui um perfil diferenciado, são jovens pertencentes à geração Y, que cresceram em uma sociedade em transformação pela tecnologia e, agora se encontram nas universidades. Esses jovens não respondem significativamente aos modelos educativos tradicionais, sendo necessárias estratégias de ensino diferenciadas, que buscam a motivação para o desenvolvimento do aprendizado, com uma prática mais participativa e dinâmica. Nesse sentido, o Pró-saúde, concebido para dar suporte à reorientação da formação profissional em saúde, permite abordagens coerentes com essa geração, estabelecendo ações que estimulam a assimilação de conhecimentos críticos no processo de formação profissional. Frente a esses conceitos, elaborou-se um questionário temático sobre a Gripe A, epidêmica em 2009, para motivação no aprendizado de fatores etiológicos e práticas necessárias para a proteção e enfrentamento individual e da sociedade, em uma situação emergencial na saúde. Logo após a aplicação dos questionários foram entregues gabaritos comentados visando o imediato esclarecimento. Observouse então, o interesse dos estudantes em relacionar as suas dúvidas e dificuldades com as respostas corretas, realizando a proposta de motivação no ensino. Dessa forma, verificou-se que essa estratégia, baseada em um instrumento de autoavaliação, permitiu ao aluno progredir em seus conhecimentos baseando-se em seus erros. 14 Descritores Educação em saúde. Motivação. Avaliação educacional. O ensino em saúde deve ser entendido como a combinação de teorias e práticas educativas visando à promoção da saúde da população.1 Para que seja possível a construção do conhecimento, o indivíduo deve tomar consciência de suas necessidades e dificuldades. Com isso, a motivação orienta a busca de informações que possibilitarão a resolução dos problemas encontrados. Deste modo, a educação deve estar baseada no diálogo e na troca de informações. No entanto, observa-se que boa parte dos programas educacionais utilizam estratégias baseadas em práticas de ensino unidirecionais, não havendo interação efetiva dos alunos. Com isso, o estudante não consegue identificar os fatores que justificam o seu aprendizado e, consequentemente, não se sente motivado a buscar informações que possibilitem a resolução dos problemas. Os estudantes que frequentam as universidades atualmente são, em sua maioria, nascidos nas décadas de 1980 e 1990. Essas gerações são peculiares pelo fato de terem crescido em uma sociedade em transformação tecnológica. Isso quer dizer que, essas gerações se desenvolveram em um mundo conectado pela internet, utilizando jogos on-line e redes sociais, como Facebook, Orkut, e Twitter; produzindo e compartilhando conteúdos digitais, experiências e conhecimentos pelos seus blogs, fotologs, vlogs e youtube. Não frequentaram cursos de informática, pois seu aprendizado tecnológico ocorreu de forma lúdica, por ensaio e erro, produzindo, compartilhando e Revista da ABENO • 11(2):14-8 Geração Y: a motivação para construção do conhecimento • Sangiorgio JPM, Gabriel M, Moreira FS, Tanaka EE aprendendo por meio de experiências on-line. Esta é a chamada “Geração Y” ou “Geração C” – a geração da conectividade, do conteúdo, do compartilhamento e do conhecimento – mas também do consumo. “Geração Y” é um termo oriundo da Sociologia, para designar a geração nascida a partir da década de 1980. Também chamada de Geração Millenials.2 A geração Y não responde significativamente a modelos educativos centrados no professor, em estratégias convencionais ou modelos de palestras; são necessárias diferentes abordagens que permitam a comunicação do educador-aluno, pois essa é a geração da comunicação.3 Ser apenas ouvinte é desmotivante para o estudante desta geração, pois todas as informações estão a um clique de distância, basta conexão. Estes jovens conhecem uma educação diferente, pois trazem isso já da infância. A conexão é constante, a forma de construção do conhecimento é dinâmica. É necessário uma metodologia de motivação que permita a construção de conhecimento de diferentes maneiras.4 Para que essa dinâmica seja possível, é indispensável conhecer os participantes desse processo, saber quais são suas motivações para facilitar essa nova abordagem e contextualizar com as mudanças curriculares que estamos vivenciando. O Pró-Saúde – Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – foi elaborado com o objetivo de reorientar os processos de formação, integrando a escola ao serviço público de saúde e oferecendo respostas às necessidades concretas da população brasileira na formação de recursos humanos, na produção de conhecimentos e na prestação de serviços, contemplando ações coletivas que estimulem os estudantes a assimilação crítica de novos conceitos, que facilitem o processo de formação.5 Dessa maneira, utilizar temas atuais e de grande repercussão na saúde pública pode auxiliar esse processo. Nesse sentido, observou-se em 2009, a descoberta do vírus da Influenza A H1N1 na população do México e dos Estados Unidos, seguida pela rápida disseminação em todo o mundo. Os sintomas da doença eram similares ao da gripe comum, porém, mais exacerbados e podiam levar a morte. A contaminação ocorria por via aérea, de pessoa para pessoa, principalmente por meio de tosse ou espirro e de contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas, e em locais fechados.6 Uma vez identificado a necessidade de um aprendizado rápido frente a uma situação emergencial na saúde, este trabalho, busca relatar uma estratégia de ensino-aprendizagem visando à motivação de estudantes da 4º e 5º séries do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), analisando o comportamento dos jovens frente à aplicação de um questionário temático sobre a gripe H1N1, como meio de se obter motivação para fixação de um conteúdo importante frente a uma situação crítica na saúde mundial, integrando a escola à questões de saúde pública. METODOLOGIA Com base nos materiais de divulgação oficiais do Ministério da Saúde, formulou-se um questionário autoaplicável referente à gripe A H1N1, que durante o ano de 2009 foi um tema significativo, muito discutido e presente em todos os veículos de comunicação. O questionário foi desenvolvido tanto com questões de múltipla escolha, quanto discursivas, relacionadas à epidemia da Gripe A, que estava ocorrendo no momento. Trazia itens como a autoclassificação dos conhecimentos sobre a Gripe, se estava apto a transmitir esse conhecimento aos pacientes, e questões técnicas como o significado da sigla, formas de transmissão, de prevenção, e de tratamento. O instrumento foi utilizado na tentativa de diagnosticar o conhecimento prévio dos graduandos, e demonstrar a eles, por meio de um processo de autoavaliação, os déficits de aprendizagem no assunto. Participaram da experiência 91 estudantes que assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. E, ao termino da aplicação, as respostas foram apresentadas para as questões técnicas em forma de um gabarito comentado. RESULTADOS E DISCUSSÃO A epidemia de Gripe A H1N1, durante o ano de 2009, teve grande repercussão mundial, devido à capacidade de transmissão da doença, sua sintomatologia exacerbada e a possibilidade de levar a morte.6 A odontologia é considerada uma profissão que oferece grande risco ocupacional para o profissional. Não divergentes, os acadêmicos de odontologia estão tão ou mais propensos a esse risco.7 Durante a epidemia, a Gripe A passou a fazer parte das doenças de risco para esses estudantes, isso devido principalmente ao grande fluxo de pacientes nas faculdades de odontologia. Devido à importância do conhecimento sobre esse novo vírus, como suas formas de transmissão e, principalmente, de prevenção, utilizou-se de uma Revista da ABENO • 11(2):14-8 15 Geração Y: a motivação para construção do conhecimento • Sangiorgio JPM, Gabriel M, Moreira FS, Tanaka EE metodologia diferenciada para motivação dos estudantes. Por meio de perguntas, os acadêmicos foram estimulados a detectar o seu grau de conhecimento e suas deficiências sobre a epidemia, e dessa forma, estavam motivados a aprender. Durante a aplicação do instrumento, observou-se que muitos apresentaram dúvidas em diversas questões respondendo-as com certo receio ou deixandoas sem resposta. Após a entrega do gabarito comentado, foi observado o interesse dos estudantes em relacionar as suas dúvidas e dificuldades com as respostas corretas e a importância prática do conhecimento adquirido. Este trabalho é um exemplo da aplicação dos princípios das Diretrizes Curriculares embutidos nos objetivos das reformas curriculares e do Pró-Saúde na UEL. Os conhecimentos adquiridos pelos estudantes de fontes científicas permitiram que a escola atuasse como um centro de proliferação de conhecimentos, pois, a partir da orientação dos acadêmicos, a disseminação da informação para os pacientes atendidos e a prática realizada diariamente nas disciplinas clínicas, foram alteradas de acordo com a necessidade dos serviços de saúde pública frente a uma epidemia. Portanto todos foram estimulados a raciocinar sobre os mecanismos de atuação viral, formas de combate, prevenção e tratamento. Com o recebimento do gabarito com as respostas comentadas, puderam sanar todas as dúvidas o que significou aprendizado, utilizando de um tema da atualidade para discutir suas implicações na Odontologia, compreender mecanismos de atuação dos vírus e seu tratamento. Observou-se, desse modo, que a avaliação, quando utilizada como problematização, tornou-se um método de ensino simples e eficaz, pois curiosidades e dúvidas em relação ao tema proposto surgiram e incentivaram o estudante a saná-las e desenvolver raciocínio lógico frente a problemas. Assim, como observado na literatura, nota-se que a forma como a geração Y lida com a informação é diferente.8 Por exemplo, gerações anteriores, frente ao avanço tecnológico, realizavam cursos para desenvolvimento de habilidades, e de certa forma, não desenvolviam a agilidade, presente nos jovens. Isso porque, a geração Y aprende diferente. Seu aprendizado é baseado na tentativa-erro, geralmente na forma lúdica, o que permite a ela, maior desenvolvimento das capacidades de resposta frente a um novo problema ou incerteza. Dessa forma, o aprendizado dessa geração ocorre baseado na experiência. O erro, ocasionado pela falta de informação frente a uma situação 16 crítica, como foi à necessidade de prevenção na clínica odontológica, leva a formação de teorias que permitem buscar e alcançar a resolução do problema. Ao verificar a presença do erro, o jovem observa a necessidade da informação correta e busca imediatamente a obtenção daquela informação. Atualmente, diversos meios de comunicação permitem uma rápida circulação de informação, de forma que inúmeros acontecimentos, processos, mudanças não são realmente assimilados, pois a quantidade de informações é imensa, e a qualidade, muitas vezes, duvidosa. O exemplo da gripe H1N1, que apesar de altamente divulgado na mídia e de fazer parte do cotidiano dos estudantes, quando examinadas as respostas no questionário aplicado, se constatou a falta de conhecimento científico dos estudantes, mesmo quando respondiam que consideravam seus conceitos sobre a gripe – bons ou regulares. Ao identificarem seus erros e, consequentemente, seus déficits de conhecimento no gabarito entregue, aprendiam o que não sabiam, devido ao erro inicial, e dessa forma, aumentavam a absorção da informação. As instituições educacionais têm a responsabilidade e a obrigação de fornecer aos alunos ferramentas que simulem ambientes de aprendizagem do mundo real, como por exemplo, a diversidade dos cenários de prática, entre eles, a atuação nas Unidades Básicas de Saúde e ambientes hospitalares; o processo de territorialização; e as pesquisas epidemiológicas de campo. Todos esses cenários, tem como um dos pontos positivos, a capacidade de estimular o estudante com o novo de forma prática, saindo da rotina teórica da Universidade e apresentando as diversas realidades da população ao futuro profissional da saúde. Hoje, a dificuldade no ensino é trabalhar com jovens cada vez mais envolvidos com novas tecnologias, influenciados pela mídia, fascinados pela internet e pelas provocações propostas pelos jogos de videogame, sempre em busca de um novo desafio. Esses jovens cresceram em um mundo relativamente estável, sob grande influência dos mecanismos tecnológicos. Ganharam autoestima e não se sujeitam a atividades que não fazem sentido em longo prazo. Sabem trabalhar em rede e lidam com autoridades como se elas fossem colegas de turma. Possuem muita informação, mas poucos conseguem transformar essas informações em conhecimento.3 Estimular a pesquisa nessa geração é uma maneira de orientar esse aprendizado, usar esse conhecimento em prol da Saúde Publica, por meio de estudos que possam auxiliar ações coletivas. Revista da ABENO • 11(2):14-8 Geração Y: a motivação para construção do conhecimento • Sangiorgio JPM, Gabriel M, Moreira FS, Tanaka EE Frente a essa situação, o modelo pedagógico atual não pode ter o professor como centro do processo. Ele já não é mais o detentor de todas as informações, pois estas estão disponíveis a todos que acessam a internet. Existe agora a necessidade de repensar as práticas e metodologias utilizadas, modificando assim a função do educador, pois agora assume a função de orientador, direcionando o aluno como buscar e utilizar a informação, e também transformá-la em conhecimento, possibilitando a construção da autonomia dos estudantes. É necessário, então, estabelecer um elo entre estudantes e educadores para que a aprendizagem possa de fato acontecer. Para esse novo perfil de estudante, é indispensável que sejam colocados desafios para que superem o desinteresse pela aprendizagem. A necessidade de construir boas alternativas na solução dos problemas, de pensar e agir criativamente são fundamentos essenciais que superam a superficialidade das informações recebidas, para uma reflexão crítica. Pois o mercado de trabalho necessita de profissionais que consigam articular esses conceitos de maneira eficaz e a Universidade tem de assumir essa responsabilidade e reorientar seu processo de formação transformado esse perfil de estudante em um perfil profissional competente para lidar com novos desafios. Para Freire9 (2002), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as pos- diferenciadas capazes de relacionar conhecimentos dos alunos, se possível, fazendo uso das ferramentas tecnológicas conhecidas, integrando problemas de saúde prevalentes, e de necessidade de resolução imediata para a solução do déficit de conhecimento dos indivíduos mais afetados. Para tanto, é necessário o aperfeiçoamento da tomada de decisão, o que por meio deste estudo se tornou uma aplicação prática de todos os conhecimentos básicos associados à prática clínica, com integração da escola e serviço público de saúde passando por todos os níveis de atenção (básica, vigilâncias, gestão). CONSIDERAÇÕES FINAIS A estratégia de motivação, baseada num instrumento de autoavaliação pode ajudar o aluno a progredir, e o professor a aperfeiçoar sua prática pedagógica. E, isso é influenciado principalmente pela forma de abordagem do professor, pois apenar ler as questões e dar a resposta pura e simples não motiva o aprendizado, mas a discussão do conteúdo e a sua importância na vivência prática despertam a atenção e fixação do assunto. O professor tem, portanto, um papel fundamental de orientador da aprendizagem, para que o estudante tenha foco e motivação para aprender e aplicar. As Universidades devem acompanhar o perfil do estudante, aperfeiçoando suas metodologias para que ensino-serviço-população se beneficie dos avanços tecnológicos e individuais dos profissionais. sibilidades para a sua própria produção ou construção.” Assim, é necessário permitir que esses jovens, ávidos pela informação, possam consegui-la, e passem a utilizá-la como ferramenta para o desenvolvimento de conhecimentos de relevância prática. Deste modo, observa-se que o simples fato de se realizar a discussão de questões de prova, ou de entregar um gabarito comentado, permite que o instrumento aplicado se torne um método de ensino e aprendizagem, pois o jovem é incentivado a buscar o conhecimento dos seus erros. Neste processo o estudante que antes era passivo a receber informações já prontas, passa a ser ativo e dinâmico na construção do seu conhecimento. A avaliação torna-se assim uma orientação ao aluno, permitindo que este fique ciente de suas dificuldades e de seus avanços. Confirmando, assim, o processo de aprendizagem relacional, pelo estabelecimento do vínculo da teoria com a aplicação prática do conhecimento. O educador pode e deve utilizar metodologias ABSTRACT Generation Y: motivation for the construction of knowledge The construction of knowledge concerning health occurs when the individual becomes aware of the practical application of a concept. Unidirectional teaching practices often do not allow this, because they do not motivate the search for the information that will allow the resolution of problems. Students today now have a different profile. They are young adults who belong to Generation Y, and grew up in a society being transformed by technology, and now find themselves in college. These young people do not respond significantly to traditional educational models, and require a different teaching strategy that seeks motivation to develop learning, with a more participatory and dynamic form of practice. In this sense, the “Pro-Saúde” (Pro-Health) project was conceived to lend support to redirecting professional health training, and allows different approaches con- Revista da ABENO • 11(2):14-8 17 Geração Y: a motivação para construção do conhecimento • Sangiorgio JPM, Gabriel M, Moreira FS, Tanaka EE sistent with this generation, establishing actions that encourage the assimilation of critical knowledge for the process of professional training. In view of these concepts, a focused questionnaire was drawn up on Influenza A – epidemic in 2009 – to aid motivation in learning the etiological factors and practices necessary to protect individuals and society and help them cope in a health emergency situation. Right after applying the questionnaires, templates with comments were handed out to provide an on-the-spot explanation. It was observed that the students showed interest in relating their doubts and difficulties with the correct answers, thus driving the teaching motivation. Accordingly, it was found that this strategy, based on a self-evaluation tool, allowed students to progress in their knowledge, based on their mistakes. go, Chile, 2010. Acesso em 15/06/2011. Disponível em: http:// www.ie2010.cl/posters/IE2010-23.pdf. 3. Castanha D, Castro MB. A necessidade de refletir sobre as estratégias pedagógicas para atender à aprendizagem da Geração Y. Revista de Educação do Cogeime. 2010; 19(36): 27-38. 4. Santos E, Franco ES. Os professores e os desafios pedagógicos diante das novas gerações: considerações sobre o presente e o futuro. Revista de Educação do Cogeime. 2010; 19(36): 9-25. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Pró-Saúde - Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde. Acesso em 10/06/2011. Disponível em: www.prosaude.org 6. Brasil, Ministério da Saúde. Influenza: Aprender e cuidar sem banalizar nem superestimar. Acesso em 26/04/2010. Disponível em: http://www.influenza.lcc.ufmg.br. 7. Ribeiro PHV, Moriya TM. Acidentes com Material Biológico Potencialmente Contaminado em Alunos de um Curso de Odontologia no Interior do Paraná. [Dissertação]. Ribeirão Descriptors Health education. Motivation. Educational measurement. § rEFERÊNCIAS Preto: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2005. 8. Prensky M. Digital natives, digital immigrants. MCB University Press. 2001; 9(5). Acesso em 10/06/2011. Disponível em http://www.marcprensky.com/writing. 1. Candeias NMF. Conceitos de educação e de promoção em saúde: mudanças individuais e mudanças organizacionais. Re- 9. Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25ª ed. São Paulo: Paz e Terra; 2002. vista de Saúde Pública. 1997; 31(2): 209-213. 2. Lara RC, Quartiero EM. Educação para uma geração pós-in- 18 ternet: olhares a partir da formação inicial de professores. Recebido em 09/03/2010 Congresso Iberoamericano de Informática Educativa, Santia- Aceito em 15/06/2010 Revista da ABENO • 11(2):14-8 O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia Graciela Soares Fonsêca*, Ana Áurea Alécio de Oliveira Rodrigues** *Mestranda do Programa de Ciências Odontológicas - área de concentração Odontologia Social da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) **Mestre em Saúde Coletiva/Professa Assistente da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) RESUMO A evolução das práticas odontológicas e as novas concepções sobre a efetividade da atenção em saúde bucal exigem profissionais críticos, capazes de trabalhar em equipe e de levar em conta a realidade social. A proposta é conceber cirurgiões-dentistas com perfil generalista, com sólida formação técnico-científica, humanística e ética, orientada para a promoção de saúde. Nesse propósito, mudanças estão sendo instituídas no ensino superior, buscando a integração com os serviços de saúde e com a comunidade, para favorecer o processo de ensino-aprendizagem. Cita-se o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde, o PET-Saúde, como forte indutor de inovação pedagógica. O presente trabalho relata a experiência da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, salientando as mudanças geradas no Curso de Odontologia, no intuito de oferecer subsídios para que o programa seja implementado e aperfeiçoado em outras localidades do país. Observa-se que foram alcançados resultados significativos com a incorporação do PET-Saúde, evidenciando o potencial transformador, o que coopera para sua consolidação e expansão. Descritores Ensino superior. Serviços de saúde. Odontologia. 1 A Odontologia praticada no serviço público, no Brasil, se caracterizou, durante um longo período, por serviços prestados de maneira assistemática e pela livre demanda de pacientes,1 marcado por procedimentos mutiladores, baseados na queixa-conduta e caracterizados como não resolutivos. Como reflexo dessa forma de organizar a assistência, a formação em Odontologia, por anos, entendeu a saúde como resultado do processo biológico, fundada em princípios flexnerianos1 e distante do contexto social. Os conceitos que significaram grandes evoluções na compreensão do processo saúde-doença, entendendo a saúde como um bem socialmente determinado, tardaram a atingir o ensino de Odontologia. Por conseqüência, o modelo de formação visava uma atenção odontológica elitizada, desvinculada da noção de bem-estar e de qualidade de vida, dirigida a uma necessidade de saúde ressentida por todos, mas acessível apenas a elite financeira da população. Assim, relegou-se ao ensino da odontologia o desenvolvimento técnico, sendo por muito tempo denominado de arte dentária, onde se aproximam os termos arte e técnica.2 Aponta-se esse fator como um dos responsáveis pela precariedade das condições de saúde bucal da população brasileira,3 em que a mutilação dentária Modelo baseado em um paradigma fundamentalmente biológico e mecanicista para interpretação dos fenômenos vitais, com culto à doença e não à saúde, e devoção à tecnologia, sob a presunção de que seria o centro da atividade científica e de assistência à saúde. Revista da ABENO • 11(2)19-26 19 O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO marca fortemente adultos e idosos, retratando as necessidades acumuladas e não priorizadas4. O início do século XXI foi marcado pela redefinição da Política Nacional de Saúde Bucal,4 pressupondo um compromisso com a qualificação da Atenção Básica, através do trabalho da Equipe de Saúde Bucal (ESB) nas Unidades de Saúde da Família (USF).5 Entretanto, o profissional que tem composto estas equipes ainda vem sendo formado, em partes, segundo um modelo que privilegia o tratamento de doenças,6 trabalha de forma autônoma, não tem experiência de trabalho em equipe e tem pouca familiaridade com as instâncias do Sistema Único de Saúde (SUS),7 reproduzindo um trabalho antagônico às práticas preconizadas pela Estratégia Saúde da Família (ESF). Em 1996, foi sancionada a Lei no. 9.394, estabelecendo as Diretrizes e Bases da Educação Nacional que, em síntese, propõe as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN).8 Especificamente para o curso de graduação em Odontologia, as DCN encontram-se em vigência desde 2002 e sinalizam para uma mudança paradigmática na formação, buscando materializar um profissional crítico, capaz de, dentre outros critérios, trabalhar em equipe e de levar em conta a realidade social. Propõem um cirurgião-dentista com perfil generalista, com sólida formação técnico-científica, humanística e ética, orientada para a promoção de saúde.9 Mais do que a re-orientação de projetos pedagógicos, as DCN apontam para uma nova fase da relação entre o ensino e os serviços de saúde. Entretanto, esta relação é complexa e exige esforços intersetoriais para consolidá-la. Nesse sentido, desponta-se a necessidade de desenvolver instrumentos que possam aprimorar a formação do futuro trabalhador em saúde.10 Entretanto, investir somente na graduação não é suficiente para formar o profissional que a sociedade precisa e que o sistema de saúde requer, ou seja, o Ministério da Saúde e da Educação precisam aproximar-se não somente através de políticas e projetos pontuais, mas de um diálogo que enfrente poderes instituídos em distintas esferas e instituições políticas, acadêmicas e dos serviços de saúde. É inerente a necessidade de buscar o engendramento de novas relações de responsabilidade e compromisso entre as instituições de ensino e o SUS, de modo que possibilite a co-gestão dos processos, para que realmente tenhamos mudanças significativas na formação em saúde.11 Dentro dessa arquitetura de reconstrução, foi pro20 posto o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) uma das ações intersetoriais direcionadas à condução da interação ensino-serviçocomunidade, eixo básico para reorientar a educação na área da saúde. O programa surgiu em 2009, através de uma parceria entre a Secretaria de Gestão do Trabalho (SGTES), a Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), o Ministério da Saúde, a Secretaria de Educação Superior (Sesu) e o Ministério da Educação.12 Caracteriza-se como uma das ações do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), criado em 2005, tendo como perspectiva a aproximação da formação de graduação no país às necessidades da Atenção Básica, que se traduzem no Brasil, essencialmente pela ESF.13 O PET-Saúde traz como objetivo geral fomentar a formação de grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da ESF, denotando um instrumento para a qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem como para a iniciação ao trabalho e vivências dirigidos aos estudantes dos cursos de graduação na área da saúde, de acordo com as necessidades do SUS, com a perspectiva da inserção das necessidades dos serviços como fonte de produção de conhecimentos e pesquisa nas instituições de ensino.14 Esse manuscrito pretende relatar a experiência de inovação pedagógica, ocorrida com a implementação do PET-Saúde, ao longo dos seus dois anos de existência na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Bahia. O curso de graduação em Odontologia é salientado e busca-se oferecer subsídios para que o programa seja executado e aperfeiçoado em outras localidades do país. ANSEIOS DE MUDANÇA NA FORMAÇÃO EM ODONTOLOGIA: O SUS COMO CENÁRIO DE APRENDIZAGEM O Curso de Graduação em Odontologia da UEFS, foi concebido em 1986 e, ao longo de sua evolução passou a almejar um profissional para atuar efetivamente na sociedade, com flexibilidade intelectual e capacidade analítica crítica, apto a interpretar a realidade social, política e cultural da região e capaz de transformá-la. No início do ano corrente, a grade curricular foi substituída por uma estrutura de currículo adequada para atender os princípios das DCN para o Curso de Odontologia. A área de Odontologia Preventiva e Social, presente na antiga grade curricular que se encontra em processo de substituição, organiza-se de forma a articular a teoria à prática, viabilizando experiências con- Revista da ABENO • 11(2)19-26 O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO cretas de atividades pertinentes à formação do Cirurgião-Dentista. Em 2007, a disciplina iniciou uma articulação com a ESF, tomando as USF como cenário para aprendizagem. Não obstante, apesar de retratar um avanço significativo na condução de integração do processo de ensino-aprendizagem da graduação à rede de serviços públicos de saúde, as práticas pedagógicas desenvolvidas pelas disciplinas de Odontologia Preventiva e Social se chocam com obstáculos que diminuem a sustentabilidade, limitando a inovação pedagógica desejada. Um caminho para transformação seria o estabelecimento de vínculos mais explícitos entre o aprendizado no trabalho, na comunidade e o aprendizado nas salas de aula15. Nesse intento, atendendo ao convite dos Ministérios da Saúde e da Educação para a apresentação de propostas com vistas à seleção dos projetos que participariam do PET-Saúde, a UEFS e a Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana lograram êxito, obtendo a aprovação do PET-Saúde UEFS. Foram contemplados os cursos de graduação em Enfermagem, Medicina, Odontologia, Educação Física e Ciências Farmacêuticas, com o estabelecimento de grupos de aprendizagem tutorial vinculados à ESF. Os atores envolvidos pressentiam o PET-Saúde como uma potência para qualificar a formação profissional, reorientar práticas e provocar mudanças de concepções e atitudes com o propósito de qualificar a Atenção Básica no nível local. O TRILHAR DO PET-SAÚDE UEFS: DESCOBERTAS, TROPEÇOS E CONQUISTAS O PET-Saúde UEFS vem sendo implementado desde abril de 2009, quando foram iniciadas as atividades com os grupos de aprendizagem tutorial na Rede de Saúde da Família de Feira de Santana. Atualmente, o programa se encontra devidamente institucionalizado pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da UEFS. Além disso, a UEFS é uma das instituições de ensino superior do Estado que integra a Rede Pró-Saúde Bahia, articulada pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB), através da Superintendência de Recursos Humanos e da Escola Estadual de Saúde Pública (EESP) por meio da Coordenação de Integração da Educação e Trabalho na Saúde (CIET). Dessa forma, o PET-Saúde UEFS tem mantido estreita articulação com a Comissão Gestora Local do Pró-Saúde II UEFS cujos membros integram também o referido Programa. No primeiro ano, foram formados 07 grupos de aprendizagem tutorial com um total de 07 tutores, 42 preceptores, 84 alunos bolsistas e 37 monitores. Dentre eles, 34 eram Cirurgiões-Dentistas ou graduandos em Odontologia. No ano seguinte, com a denominação de PET-Saúde da Família, o número de grupos foi elevado, passando para 10 e somando 219 atores envolvidos. No intuito de atingir os objetivos propostos no projeto PET-Saúde UEFS, representantes das diferentes instâncias envolvidas participaram do “I Seminário Nacional do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde II”, realizado em Brasília no início de 2009. Em seguida foi realizada a “I Oficina de Mobilização para a implementação do PET-Saúde na UEFS”, novamente contando com a colaboração dos diversos atores. De forma análoga, para operacionalização do programa foi implantado o Núcleo de Excelência Clínica Aplicada à Atenção Básica (NECAAB), instalado no âmbito do Departamento de Saúde da UEFS, tendo como responsabilidades principais: • produzir projetos de mudanças curriculares que promovam a inserção dos alunos na rede da Atenção Básica, em estreita articulação com a Comissão Gestora Local do Pró-Saúde UEFS; • desenvolver ações para a capacitação dos preceptores dos serviços vinculados à ESF; • incentivar e produzir pesquisa voltada para a qualificação da Atenção Básica; e • coordenar a revisão de diretrizes clínicas da Atenção Básica, em consonância com as necessidades do SUS. Visando favorecer o processo de inovação metodológica e incorporar novas práticas pedagógicas nos cursos articulados ao PET-Saúde, se aposta na incorporação de ações como a execução do portfólio reflexivo, instrumento construído com base em seis princípios: • a construção pelo próprio aluno, possibilitando que ele faça escolhas e tome decisões; • a reflexão sobre suas produções; • a criatividade, porque o aluno escolhe a maneira de organizar o portfólio e busca formas diferentes de aprender; • a auto-avaliação pelo aluno, porque ele está permanentemente avaliando o seu progresso; • a parceria tutor-preceptor-aluno e entre alunos, eliminando-se ações e atitudes verticalizadas e centralizadoras; e por fim, • a autonomia do aluno perante o trabalho. Revista da ABENO • 11(2)19-26 21 O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO Outrossim, no mesmo intento, criou-se recursos de conectividade, como as listas de discussão virtual e o e-mail de acesso para todos os envolvidos, além da organização de eventos para o debate sobre a educação superior na área da saúde. As atividades propostas e desenvolvidas pelo PETSaúde UEFS, ao longo do seu biênio de existência, priorizaram os reais problemas de saúde (situação de saúde e organização do serviço) identificados no contexto das USF, para gerar contribuições na reorientação das práticas de saúde e de gestão. Dentre elas, estão as situadas no campo da Promoção de Saúde, entendendo-as como uma estratégia de articulação transversal que visa promover qualidade de vida e reduzir vulnerabilidades e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes. Realizou-se, nesse nível, abordagens direcionadas à saúde bucal, à atividade físicas, além da discussão de temas diversos na sala de espera, de feiras de saúde, de ações de impacto, de encontros de saúde e de oficinas educativas. Ações referentes ao cuidado em saúde, como visitas domiciliares e acompanhamento da rotina das unidades, também fizeram parte do elenco de atividades desenvolvidas. As reflexões críticas sobre o trabalho em ato e as necessidades apresentadas nos processos de trabalho favoreceram a educação permanente dos profissionais e dos graduandos. Foram trabalhadas ações de vigilância em saúde, atividades gerenciais e atividades de planejamento em saúde. Além disso, pretendendo fortalecer o controle social no SUS, os grupos efetuaram um trabalho para a mobilização da comunidade. As ações executadas estão sintetizadas no Quadro I. A despeito do curto período de existência, é pos- Quadro I - Síntese das atividades desenvolvidas pelos grupos PET-Saúde UEFS no período de 2009 a 2010 [continua na próxima página]. Tipo de abordagem Saúde bucal Atividade física e prática corporal • “Dia da Escovação” com crianças das áreas de abrangência de várias USF • “Dia do Sorriso” com crianças matriculadas em uma escola municipal • Distribuição de kits odontológicos em diversos espaços sociais • Palestras sobre doença cárie, métodos de prevenção, alimentação saudável e desenvolvimento do sistema estomatognático, envolvendo escolares e professores • Escovação supervisionada em escolas e creches • Orientação sobre higiene bucal de bebês e crianças • “Tarde animada das crianças” com atividades lúdicas • Aplicação de inquérito clínico odontológico no grupo da terceira idade • Atividade física e prática corporal com grupos de hipertensos, diabéticos e idosos • Práticas recreativas e alongamentos com idosos • Orientação sobre atividade física às gestantes • “Caminhada da Saúde” • Dança e ginástica • Criação da horta comunitária • “Forró dos idosos” Sala de espera • Atividades educativas envolvendo, além das abordagens já mencionadas, doenças como dengue, tuberculose, meningite, gripe influenza A H1N1, DST/AIDS, doenças respiratórias, gravidez e parto, saúde da mulher, uso inadequado de medicamentos, SUS, ESF e controle social no SUS Feiras de saúde • 1a Feira de Saúde do HIPERDIA (programa direcionado aos hipertensos) • Feira de Saúde do Feira X-V • Feira de Saúde do George Américo • Feira de Saúde do Campo Limpo I, II e IV Encontros de saúde 22 Principais atividades desenvolvidas • II Encontro de Saúde sobre Depressão • I HIPERDIA da USF Feira X II • Encontros em Fábricas dos bairros para discussão sobre EPI • Encontro com a “Associação do Amendoim” • Encontro com adolescentes - mostra de vídeo sobre gravidez na adolescência e planejamento familiar • Encontro com Idosos • “Roda de Terapia Comunitária” com grupos de hipertensos, diabéticos e adolescentes • Encontro sobre vacinação Revista da ABENO • 11(2)19-26 O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO Quadro I-[Continuação]. Tipo de abordagem Oficinas Principais atividades desenvolvidas • Apresentação do PET-Saúde • Apresentação do Núcleo de Apoio ao Saúde da Família (NASF) • Conselho Local de Saúde • Pré-Conferência Municipal de Saúde • Um SUS pra valer e pra todos nós • Uso de contraceptivos orais e gravidez na adolescência • Levantamento de problemas com a comunidade e Agentes Comunitários de Saúde (ACS) • Atenção à Saúde do bebê • Asma brônquica • Câncer de próstata • Prevenção do câncer de mama e do colo do útero • Uso de plantas medicinais • 20 anos do SUS • Cinema com pipoca para adolescentes • Lixo: uma responsabilidade de todos Elaboração de material educativo • Álbum seriado sobre cuidados com gestantes • Cartilha do hipertenso • Folder sobre cuidados com os pés (prevenção “do pé diabético”) • Folder sobre atividade física para gestante • Folder sobre saúde bucal • Folder sobre direitos e deveres dos usuários das USF • Folder sobre o SUS • Folder sobre VDRL • Folder sobre Métodos Contraceptivos • Folder sobre Meningite • Cartaz sobre saúde bucal da gestante e do bebê • Cartaz sobre tuberculose, hanseníase e gripe A H1N1 • Cartilha de cuidados com recém nascidos • Cartilha sobre ESF e rotina da unidade Cuidado em saúde • Visitas e consultas domiciliares • Acompanhamento dos ACS nas visitas domiciliares • Participação em consultas clínicas na USF • Acompanhamento na coleta de material para exame preventivo • Aferição de pressão arterial • Dispensa de medicamentos • Realização de curativos • Administração de vacinas • Pós-consulta com os pacientes do HIPERDIA • Pré-consultas de enfermagem • Teste do pesinho • Remoção de sutura Planejamento em saúde Atividades gerenciais (continua) • Discussão com preceptores e bolsistas • Territorialização das áreas das USF • Diagnóstico das necessidades da comunidade • Levantamento de dados das Fichas A • Análise dados do SIAB • Confecção de “Parede de situação” • Avaliação da satisfação do usuário • Aplicação do instrumento de supervisão dos ACS • Elaboração das programações mensais com as equipes das USF • Planejamento de ações com ACS • Reorganização das farmácias das USF Revista da ABENO • 11(2)19-26 23 O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO Quadro I-[Continuação]. Tipo de abordagem Principais atividades desenvolvidas Atividades gerenciais (continuação) • Preenchimento do mapa de solicitação de medicamentos • Organização dos arquivos e documentos das USF • Preenchimentos das fichas do SIAB e das fichas de referência e contra-referência • Supervisão de ACS e técnicos de enfermagem • Consolidação dos dados das USF • Formalização de protocolos de rotinas das USF • Reunião para avaliação trimestral do PET-Saúde, envolvendo todos os atores • Visitas técnicas ao Hospital Geral Clériston Andrade, à Policlínicas e ao Centro Municipal de Referência em Hipertensão e Diabetes Vigilância em saúde • Investigação de casos notificados de dengue • Investigação de óbito neonatal • Busca dos idosos faltosos da campanha de vacinação contra gripe A H1N1 Estudo e discussão em grupo • SUS: Histórico e evolução das Políticas de Saúde • Política Nacional de Atenção Básica • ESF; Organização e funcionamento das USF • O processo de territorialização • Vigilância em Saúde • Planejamento e Programação em Saúde • Trabalho em equipe multiprofissional • Processo de Trabalho em Saúde • Saúde do Trabalhador • Visitas domiciliares • Tecnologias leves em educação e em saúde • Uso do portfólio • Busca bibliográfica através das principais de bases de dados • Elaboração de projetos de pesquisa • Portaria 154/2008 – NASF sível descrever alguns avanços oriundos da atuação do PET-Saúde. Dentre eles, menciona-se a notória produção científica que vem sendo divulgada a nível local, regional, nacional e internacional, representando um incremento significativo nas pesquisas relacionadas à Saúde Coletiva. Diversos projetos envolvendo parcerias do PET-Saúde com componentes curriculares, núcleos de pesquisa e projetos de extensão foram ou estão sendo desenvolvidos. Uma avaliação processual revela indicativos de impactos sobre os problemas de saúde identificados. Eles serão expostos minuciosamente em uma avaliação de resultados que será realizada futuramente pelos integrantes do PET-Saúde. No decorrer do processo de implantação, os envolvidos se depararam com limites para o estabelecimento pleno das diretrizes de funcionamento do programa devido ao seu pioneirismo. Majoritariamente, esses limites estão ligados à preceptoria que demonstra dificuldade em compatibilizar os horários entre os estudantes; falta de experiência com a condução de projetos de pesquisa; perfil inadequado 24 para o trabalho na ESF e dificuldade de orientação quando havia o envolvimento de áreas do conhecimento distintas entre preceptor e graduando. Além disso, um complicador significativo na condução das atividades correspondeu à infra-estrutura deficiente das USF e a resistência por parte de alguns integrantes das equipes de saúde com relação ao trabalho do PET-Saúde. CONCLUSÕES Realizando uma retrospectiva dos dois anos de existência do PET-Saúde UEFS, observa-se que as atividades desenvolvidas trazem expressiva relevância para a formação e a qualificação profissional dos participantes nos aspectos teóricos e práticos. Percebe-se a aquisição de habilidades importantes direcionadas ao efetivo labor na ESF e o aumento da experiência com a elaboração de projetos de pesquisa. É evidente que o estabelecimento do PET-Saúde como uma das alternativas de consolidação do SUS requer a participação ativa de atores sociais comprometidos ética e politicamente com a (re)construção Revista da ABENO • 11(2)19-26 O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO coletiva de saberes e práticas, e também com a superação de problemas conjunturais que envolvem a institucionalização e a consolidação de um programa novo e inovador que está sendo construído por sujeitos sociais que optaram por uma proposta dinâmica de formação através do trabalho em saúde, usando como ferramenta a educação permanente, onde se crê que reside toda capacidade de transformação de antigos paradigmas desta área em posturas e atitudes mais coerentes com as propostas do SUS, alimentando o desejo de construir um sistema público de saúde mais efetivo, rompendo inclusive com padrões históricos e tradicionais do “processo ensino-aprendizagem”. Nesse sentido, é perceptível que as atividades desenvolvidas pelo PET-Saúde UEFS priorizam formar profissionais mais decisivos e desenvoltos, com conhecimentos e atividades que os tornem competentes para atuar no SUS, com amadurecimento profissional e elevada formação científica, tecnológica e humanística. É indiscutível que o PET-Saúde constitui uma excelente proposta de integração entre o trabalho em saúde e a educação, propiciando a articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão na área de saúde coletiva, com foco na Atenção Básica/ESF. Os significativos resultados obtidos e os movimentos articulados pelo programa nos seus primeiros anos de atuação, demonstram que o PET-Saúde UEFS/ SMS-FS encontra-se devidamente implementado com suporte operacional e apoio político-institucional (UEFS/SMS/CMS/SESAB/MS), fatores que o qualificam para a sua tão almejada expansão. sidered a strong inducer of pedagogical innovation. This paper describes the experience of the State University of Feira de Santana, Bahia, highlighting the changes made in the dentistry course, in order to provide input for supporting the implementation and improvement of the program in other parts of the country. It could be observed that significant results were achieved by incorporating the Education Program through Health Work, showing its transformational potential, which promotes its consolidation and expansion. Descriptors Higher education. Health services. Dentistry. § Referências 1. Pinto VG. A Odontologia brasileira às vésperas do ano 2000: diagnóstico e caminhos a seguir. São Paulo: Santos; 1993. 189p. 2. Haddad AE, Morita MC. O Ensino de Odontologia e as Políticas de Saúde e de Educação. In: Perri de Carvalho AC, Kriger L, editores. Educação Odontológica. São Paulo: Artes Médicas; 2006. p.105-17. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Projeto SB 2003: Condições de Saúde Bucal da população brasileira 2002-2003: resultados principais. Brasília 2004. 4. Narvai PC, Frazão P. Políticas de Saúde Bucal no Brasil. In: Moysés ST, Kriger L, Moysés SJ. Saúde Bucal das Famílias: Trabalhando com evidências. São Paulo: Arte Médicas; 2008, p.0120. 5. Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal. Brasília 2004. 6. Rodrigues AAAO, Fonsêca GS, Siqueira DVS, Assis MMA, Nascimento MAA. Práticas da Equipe de Saúde Bucal na Estratégia ABSTRACT The Education Program through Health Work as an inducer of pedagogical innovations: the Dentistry Course experience at the State University of Feira de Santana, Bahia The development of dental practices and the new concepts regarding the effectiveness of oral healthcare require professionals to be critical, able to work in teams and able to assimilate the social reality. What is proposed is to train dentists with a generalist profile, with solid technical and scientific skills, who are humanistic and ethical, and also focused on promoting health. With this in mind, changes are being implemented in higher education, seeking integration with health services and the community, in order to promote the teaching-learning process. In this context, the Education Program through Health Work is con- Saúde da Família e a construção (des)construção da integralidade em Feira de Santana – BA. Rev APS. 2011,13:(4):476-85. 7. Morita MC, Kriger L. Mudanças nos cursos de Odontologia e a interação com o SUS. Revista da ABENO. 2004, 4:(1):17-21. 8. Brasil. Ministério da Saúde. Lei n. 9.394, 20 dezembro de 1996. Institui a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília,1996. 9. Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional da Educação. Câmara da Educação Superior. Resolução CNE-CES n. 3. Instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Brasília 2002. 10. Tavares DMS, Simões ALA, Poggetto MTD, Silva SR. Interface ensino, pesquisa, extensão nos cursos de graduação da saúde na Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Rev Lat Am Enfermagem. 2007,15(6):1080-5. 11. Garcia RA, Carvalho SR. Navegando no entre das Instituições de Ensino e Serviços de Saúde: Uma carta náutica dos (des) Revista da ABENO • 11(2)19-26 25 O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO encontros. In: Carvalho SR, Ferigato S, Barros ME, editores. ção da Formação Profissional em Saúde: Pró-Saúde. Brasília 2005. Conexões: Saúde Coletiva e Políticas de Subjetividade. São 14. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação.Portaria Interministerial n. 1.802, 26 de agosto 2008. Institui o Progra- Paulo:Hucitec; 2009. p. 220-39. 12. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria Conjunta n. 3. Homologa o resultado do processo de seleção dos Projetos que se candidataram ao Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde: PET-Saúde. Brasília 2009. 13. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Secretaria ma de Educação pelo Trabalho para a Saúde: PET-Saúde. Brasília 2008. 15. Young MFD. O currículo do futuro: da “nova sociologia da educação” a uma teoria crítica do aprendizado. Campinas: Papirus; 2000. 288 p. de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Secretaria de 26 Educação Superior. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Recebido em 07/07/2011 Educacionais Anísio Teixeira. Programa Nacional de Reorienta- Aceito em 25/07/2011 Revista da ABENO • 11(2)19-26 O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em Odontologia: a experiência da Universidade Federal do Espírito Santo Caroline Marinho Gonçalves*, Karina Tonini dos Santos**, Raquel Baroni de Carvalho*** *Graduada em Odontologia pela Ufes, Vitória - ES; ex-estagiária do PET-Saúde **Doutora em Odontologia Preventiva e Social; Professora Adjunta do Departamento de Medicina Social, Ufes, Vitória - ES; tutora do PET-Saúde ***Doutora em Odontologia; Professora Adjunta do Departamento de Medicina Social, Ufes, Vitória - ES; tutora do PET-Saúde RESUMO As Diretrizes Curriculares Nacionais e a consolidação do SUS levaram as instituições de ensino superior em saúde no Brasil a reformular seus currículos, deixando de formar profissionais apenas tecnicistas para preparar profissionais voltados também para a realidade social, econômica, política e cultural do Brasil. O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre o processo de reorientação do ensino em saúde/Odontologia, relatando a experiência do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PETSaúde), iniciado na Ufes em 2010. O PET-Saúde foi criado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação, dando oportunidade aos acadêmicos de vivenciar o trabalho multidisciplinar dentro das unidades de saúde. As atividades extramuros propiciam um maior conhecimento por parte dos alunos que experimentam a estrutura dos serviços públicos de saúde, a participação no atendimento à população, a compreensão das políticas de saúde/ saúde bucal, o papel do cirurgião-dentista no serviço público, bem como o contexto social no qual futuramente o acadêmico poderá se inserir. O PET-Saúde oferece também um espaço de reflexão por meio das trocas de abordagens e experiências entre a realidade vivenciada pelos profissionais e os conhecimentos trazidos pelos alunos nos moldes acadêmicos. Conclui que, para a efetivação do SUS, os alunos dos cursos de saúde precisam de uma formação mais ampla, em ambientes diferenciados, com experiências inovadoras, atividades coletivas e não somente com a prática tradicional realizada em clínica de ensino de especialidades. DESCRITORES Educação superior. Educação em odontologia. Currículo. Estágio clínico. D esde a década de 1940, o currículo do Curso de Odontologia esteve baseado nas recomendações de Flexner. Esse modelo de ensino caracteriza-se pela formação em ciências básicas nos primeiros anos de curso, diminuta ênfase aos aspectos de prevenção e promoção da saúde, atenção individualizada e aprendizagem enfocada para o ambiente clínico.11 As mudanças sociais ocorridas no Brasil e no mundo levaram à crise do modelo flexneriano tradicional e tecnocrata.15 No Brasil, o destaque à atenção primária ocorreu após a Reforma Sanitária Brasileira, que foi o ponto de partida para a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), o que levou as Instituições de Ensino em Saúde a avaliar a necessidade de desenvolver atividades extramuros, procurando articulação e integração com os serviços de saúde fora do campo universitário.1 De acordo com Garbin et al.13 (2006), o SUS resultou, em boa medida, da acumulação política e técnica propiciada pelas experiências da Medicina Comunitária e pela integração docente-assistencial (IDA), da década de 80, definida por Marsiglia17 (1995) como união de esforços em um processo de crescente articulação entre instituições de educação Revista da ABENO • 11(2)27-33 27 O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em Odontologia: a experiência da Universidade Federal do Espírito Santo • Gonçalves CM, Santos KT, Carvalho RB e serviços de saúde adequados às reais necessidades da população, à produção de conhecimento e à formação de recursos humanos necessários em um determinado contexto da prática de serviços de saúde e de ensino. O conceito de saúde explicitado na Constituição e os princípios que regeram a criação e implantação do SUS foram elementos fundamentais na definição das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN),2 em 2002, propostas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), o que garantiu uma integração efetiva entre o ensino e os serviços. As DCNs sinalizam uma mudança na formação profissional do Curso de Graduação em Odontologia, na qual o aluno deve ser crítico, capaz de aprender a aprender, de trabalhar em equipe, de levar em conta a realidade social e, ainda, estipulam que 20% da carga horária plena do curso devem se caracterizar com estágio supervisionado.2 As atividades extramuros propiciam um maior conhecimento, por parte dos alunos, das estruturas dos serviços públicos de saúde, participação no atendimento à população, compreensão das políticas de saúde bucal, do papel do cirurgião-dentista (CD) e do contexto social no qual futuramente o acadêmico irá ingressar.20 Portanto, percebe-se a necessidade da formação do CD com um perfil voltado para a realidade social, econômica, política e cultural do Brasil. Dessa forma, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) aderiu ao Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), regulamentado pela Portaria Interministerial nº 421, de 3 de março de 2010, inspirado no Programa de Educação Tutorial (PET), do Ministério da Educação, dando a oportunidade aos acadêmicos dos Cursos de Odontologia, Medicina, Enfermagem e Farmácia de vivenciar o trabalho multidisciplinar dentro das unidades de Saúde do SUS. O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre o processo de reorientação do ensino em saúde/Odontologia, relatando a experiência do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PETSaúde), iniciado na Ufes em 2010. cal seja integrada no novo contexto de ação interdisciplinar e multiprofissional.22 A maioria dos currículos de Odontologia está baseada em uma prática tecnicista, organizada em disciplinas isoladas, o que leva à formação de um profissional individualista, incapaz de interagir com a sociedade e solucionar seus problemas de saúde, dificultando sua inserção no mercado de trabalho.8 A Política de Educação e Desenvolvimento para o SUS também ressalta que [...] a formação tradicional em saúde, baseada na organização disciplinar e nas especialidades, conduz ao estudo fragmentado dos problemas de saúde das pessoas e das sociedades, levando à formação de especialistas que não conseguem mais lidar com as totalidades ou com realidades complexas.16 Pressionados pelas DCNs e pelo debate sobre qualidade e avaliação que se coloca em âmbito internacional, os Cursos de Odontologia começaram a buscar caminhos para a construção do projeto pedagógico, mudanças curriculares e profissionalização do trabalho docente.25 As DCNs assumem um papel estratégico no aperfeiçoamento do SUS, garantindo uma efetiva integração entre os conceitos de saúde e educação.22 As Diretrizes Curriculares para o Curso de Odontologia estabelecem o perfil do formando egresso como um profissional: [...] capacitado ao exercício de atividades referente à saúde bucal da população, pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da sociedade. As diretrizes definem a realização de estágios supervisionados e programa de extensão, visto ser necessária a inserção do acadêmico no contexto social e a sua capacitação para “[...] atuar com qualidade, eficiência e resolutividade, no Sistema Único de Saúde (SUS), considerando o processo REVISÃO DE LITERATURA Atualmente, têm ocorrido significativos movimentos que criticam os modelos de formação profissional na área da saúde, principalmente na Medicina e na Enfermagem. Em relação à Odontologia, existe um atraso histórico desses movimentos de mudança, o que exige um grande esforço para que a saúde bu28 da Reforma Sanitária Brasileira”.2 Diversos documentos apontam para a importância e necessidade do estabelecimento de estágios e convênios entre as instituições de ensino e os serviços de saúde como ferramenta imprescindível para a formação de recursos humanos.2,3 A Constituição Fede- Revista da ABENO • 11(2)27-33 O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em Odontologia: a experiência da Universidade Federal do Espírito Santo • Gonçalves CM, Santos KT, Carvalho RB ral estabelece, em seu artigo 200, que: “[...] ao Sistema Único de Saúde compete: III- ordenar a formação de recursos na área da saúde”.3 Para uma maior compreensão da rede de serviços como um espaço privilegiado de ensino, é preciso partir de um conceito ampliado de saúde na qual os cenários de aprendizagem são diversificados, agregando-se ao processo, além dos equipamentos de saúde, os equipamentos educacionais e comunitários. Portanto, é preciso sair das práticas profissionalizantes realizadas em clínicas de ensino de especialidades para as práticas de ensino em clínicas integradas e atividades extramurais em unidades do SUS.22 Dessa forma, as instituições de ensino superior vêm desenvolvendo atividades extramurais como parte integrante de seus cursos de graduação em saúde. Diversos estudos têm mostrado a efetividade dessas atividades, trazendo grandes perspectivas de inovação e concretização no que se refere à integração docente-assistencial.21 As atividades extramuros têm como base as ações de prevenção e promoção de saúde, sendo essa uma característica importante de sua filosofia de trabalho.7 É importante ressaltar que as ações de saúde não podem ser vistas dissociadas das questões referentes à habitação, saneamento básico, alimentação, meio ambiente, acesso a bens e serviços e situação econômica, como mostra a vivência proporcionada pelo estágio extramuro do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Pará. Nesse espaço, a vivência dos acadêmicos consiste em conhecer a estrutura física, organização e planejamento de todas as atividades realizadas pela equipe de saúde na Casa da Família, bem como identificar, no espaço familiar, toda influência social e ambiental que envolve o processo saúde/doença na comunidade. Essa forma de estágio visa exatamente à formação de profissionais compromissados com a realidade e capazes de atender às necessidades da população em todos os níveis de atenção, influenciando na melhoria da saúde da comunidade em interação com as comunidades de acordo com os princípios do SUS.10 As normas do Conselho Federal de Odontologia (2005)6 estabelecem que as atividades do estágio curricular deveriam ser realizadas sob a responsabilidade e coordenação direta de cirurgião-dentista, professor da instituição de ensino em que esteja o aluno matriculado. Entretanto, as recomendações da Abeno (2002)9 indicam a possibilidade de o aluno desempe- nhar todas as atividades pertinentes a um profissional de saúde, com supervisão docente direta ou indireta, podendo haver preceptoria externa. A grande maioria dos ex-alunos da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (FOA/Unesp) afirmou que o serviço extramuro odontológico (Semo) desenvolvido nessa universidade foi um importante aprendizado, contribuindo para a sua formação profissional, além de ter sido uma forma de entrar em contato com o serviço público fora do ambiente da universidade.19 Santa Rosa23 (2005) investigou a influência da disciplina Estágio Supervisionado na formação de estudantes do último período do Curso de Odontologia da UFMG. Os alunos relataram como uma das grandes vantagens do internato (e do serviço público) a oportunidade de trabalharem em equipe. Referiramse, ainda, à importância da interação com outras áreas, como uma oportunidade de aumentar conhecimentos, trocar experiências e crescer profissionalmente, permitindo um atendimento mais humano e integral ao paciente. Os alunos se surpreenderam com a constatação de que o serviço público funciona, apesar de suas limitações. As atividades extramuros têm sido utilizadas com sucesso entre os graduandos dos cursos da saúde (Odontologia, Nutrição, Enfermagem, Farmácia e Fisioterapia) da Universidade Paulista, Campus Vargas de Ribeirão Preto, por meio do exercício de práticas educativas e preventivas na comunidade, em parcerias públicas e privadas. Nessa experiência, observouse uma grande interação entre os alunos, em que um respeitava e se interessava pelo trabalho do outro. Os alunos de Farmácia queriam aprender a melhor técnica para escovar os dentes; os alunos da Enfermagem solicitaram uma tabela de calorias; os alunos de Odontologia estavam preocupados com a postura.12 Mendes et al.18 (2006) mostraram que, pelo convênio firmado entre a Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a Prefeitura Municipal de Teresina, foi oportunizada aos estudantes do estágio supervisionado a inserção em atividades desenvolvidas por equipes de saúde bucal do PSF. Essa experiência familiarizou e capacitou os estudantes a trabalharem na realidade que enfrentarão no mercado de trabalho. Além disso, os atendimentos extramurais dão abertura a novos campos para o desenvolvimento de pesquisas e ao ensino que ali se constroem, por meio de trocas de abordagens e experiências entre os profissionais que atuam no serviço público e os alunos que trazem o conhecimento nos moldes acadêmicos. Revista da ABENO • 11(2)27-33 29 O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em Odontologia: a experiência da Universidade Federal do Espírito Santo • Gonçalves CM, Santos KT, Carvalho RB RELATO DA EXPERIÊNCIA: PET-SAÚDE – UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (Ufes) Apenas recentemente, o Ministério da Saúde tem se preocupado em orientar o processo de formação dos recursos humanos da área, estabelecendo para tanto parceria com o Ministério da Educação.22 Dessa parceria surgiu o PET-Saúde, um programa destinado a viabilizar o aperfeiçoamento e a especialização em serviço, bem como a iniciação ao trabalho, estágios e vivências, dirigidos, respectivamente, aos profissionais e estudantes da área da saúde, conforme as necessidades do SUS. A Ufes, de acordo com a Portaria Interministerial do MS/MEC nº 18, de 16 de setembro de 2009, disponibilizou, inicialmente, 72 vagas para a participação de seus estudantes no referido projeto como monitores. As vagas foram distribuídas para quatro cursos de graduação: • 24 vagas para Enfermagem, • 12 para Farmácia, • 24 para Medicina e • 12 para Odontologia. Posteriormente, foi incluída no Programa mais uma equipe do Curso de Odontologia. Assim, seus componentes são: a)dois tutores constituídos por docentes odontólogas do Departamento de Medicina Social da UFES; b)doze preceptores constituídos por odontólogos das equipes das Unidades de Saúde da Família: Michel Minassa (Maruípe), Dr. Gilson Santos (Bairro da Penha), Luiz Cláudio Passos (Andorinhas), Benedito Gomes da Silva (Santa Marta) e Maria Rangel dos Santos (Consolação); c) vinte e quatro estudantes monitores escolhidos entre aqueles que estavam entre o quinto e o oitavo período do curso, os quais apresentam inserção de oito horas por semana nas atividades do Programa; d)trinta e seis estudantes do sexto e sétimo período do curso, que estejam inseridos nas Equipes de Saúde da Família desenvolvendo prática supervisionada ou estágio curricular regular. Esses estudantes devem cumprir carga horária mínima de cinco horas diárias nas equipes de Saúde da Família das Unidades Básicas de Saúde. Os alunos foram selecionados por meio de prova escrita, entrevista e análise do histórico escolar (como critério de desempate). O programa tem como objetivos específicos: estabelecer o processo de aprendizagem dos estudantes dos cursos supracitados da Universidade Federal do Espírito Santo em um cenário de práticas, no âmbito da Estratégia de Saúde da Família, nas Unidades de Saúde da Região de Maruípe, no município de Vitória; promover o desenvolvimento de pesquisa aplicada no campo de abrangência da Estratégia de Saúde da Família, integrando o corpo técnico da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) e o corpo docente da Ufes; fomentar a aprendizagem no contexto da multidisciplinaridade, da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade no cenário de práticas representado pelas Unidades de Saúde da Região de Maruípe, no município de Vitória; fomentar a estruturação do Núcleo de Excelência Clínica Aplicada à Atenção Básica no município de Vitória. Os acadêmicos foram distribuídos em grupos multidisciplinares para atuar nas seguintes Unidades de Saúde da Família de Vitória: • Thomaz Tommasi (Bonfim), • Michel Minassa (Maruípe), • Benedito Gomes da Silva (Santa Marta), • Luiz Cláudio Passos (Andorinhas), • Maria Rangel dos Santos (Consolação) e • Dr. Gilson Santos (Bairro da Penha). Todos os estudantes estão integrados às equipes, participando das atividades de atenção primária. Adquirem vivência em visitas domiciliares, atendimento básico em Odontologia, ações educativas, e em acolhimento e reuniões de equipe. Além disso, os estudantes monitores são responsáveis, em conjunto com os de Medicina, os de Farmácia e os de Enfermagem, pela condução longitudinal do Plano de Pesquisa, com a participação dos estudantes em prática supervisionada ou estágio curricular. Assim, a supervisão do estágio se dá em diferentes níveis. O docente/tutor tem como função principal a orientação do aluno no planejamento, execução e avaliação pessoal e de desempenho, incentivando-o e abrindo-lhe horizontes nas formas de aplicação dos conhecimentos adquiridos em sala de aula. Os docentes responsáveis pela supervisão não estão, necessariamente, em todos os locais do estágio, mas sempre devem estar disponíveis para os alunos. Os preceptores acompanham o trabalho diário rotineiro desenvolvido pelos alunos, visando ao esclarecimento de dúvidas e aplicação de conhecimentos teórico-práticos, de acordo com o campo do estágio. Eles devem possibilitar a atuação do aluno, assumindo com a Universidade a responsabilidade pelo processo de ensino-aprendizagem, em um trabalho de parceria. Os resultados das ações em saúde são avaliados com os participantes, mediante a discussão das ativi- 30 Revista da ABENO • 11(2)27-33 O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em Odontologia: a experiência da Universidade Federal do Espírito Santo • Gonçalves CM, Santos KT, Carvalho RB dades desenvolvidas. Os acadêmicos são avaliados mensalmente, em função de seu envolvimento em todas as atividades propostas. É fundamental a participação em eventos científicos, divulgando os resultados do projeto. O Plano de Pesquisa, que apresenta como tema “Padrão de comportamento relacionado à saúde de adolescentes residentes na região de Maruípe em Vitória, Espírito Santo”, tem caráter multidisciplinar, com inserção de todos os cursos simultaneamente. Dessa forma, a pesquisa tem como objetivo conhecer o padrão de comportamento e as necessidades de saúde dos adolescentes de 15 a 19 anos, residentes nos bairros da região de Maruípe, a fim de elaborar estratégias de prevenção e assistência direcionadas a essa população. A amostra da pesquisa foi obtida por meio do cadastro, feito pela ESF, de todos os adolescentes nessa faixa etária, residentes na região citada. Foi realizada uma seleção aleatória simples dos adolescentes que participarão do estudo. O tamanho da amostra foi determinado com base na estimação da prevalência de DST (Chlamydia trachomatis) em adolescentes de 15 a 19 anos. No estudo anterior, a prevalência observada foi de 11,4% entre as adolescentes sexualmente ativas. Considerando-se uma variação de 3%, a amostra a ser estudada seria de 357 adolescentes. Tendo em vista que se estima que, aproximadamente, 30% dos adolescentes, nessa faixa etária, não têm atividade sexual,5 o tamanho final da amostra está sendo calculado em 464 adolescentes. O questionário utilizado foi baseado no questionário da Analyse des Comportements Sexuels des Jeunes (ACSJ)14 e validado no estudo piloto. Foi aplicado pelos estudantes treinados para tal e contém: • dados sociodemográficos (idade, escolaridade, religião, profissão, estado civil e dados sobre a família); • dados clínicos (sintomas DST, contracepção, gravidez e abortos); • sexuais (carícias, beijos, relações não sexuais, primeira relação sexual); • sobre comportamentos de risco (uso de preservativos, número de parceiros sexuais, prostituição, uso de álcool e drogas, transfusão de sangue) para infecção pelo HIV e outras DSTs; • conhecimentos sobre contracepção e • autopercepção sobre a saúde bucal. Além do referido Plano de Pesquisa, os monitores, em conjunto com os preceptores e tutores, têm a oportunidade de realizar, na unidade onde atuam, pesquisas sobre diversos temas relativos à Atenção Primária. DISCUSSÃO É visível que mudanças estão ocorrendo no ensino superior do Brasil, pois a rigidez dos currículos mínimos deixou de existir, dando espaço aos currículos flexíveis, de acordo com a realidade.24 Essas mudanças se devem à consolidação do SUS e, principalmente, à expansão do PSF, os quais levaram muitas instituições de ensino superior a repensar os seus currículos, a fim de formar profissionais que atendam às necessidades do país e, assim, melhorar os índices de saúde.15 O aluno, em contato com comunidades carentes, além de aprendizado, exerce cidadania, tornando-se um profissional mais humano.12 De acordo com Morita e Kriger (2003),22 o SUS constitui um significativo mercado de trabalho para os profissionais da Odontologia, principalmente com a inserção da saúde bucal na Estratégia de Saúde da Família. O PET-Saúde na UfeS proporciona aos acadêmicos vivenciar as atividades desenvolvidas pelos profissionais inseridos na ESF, oportunizando que eles relacionem a teoria com prática e conheçam, de perto, como é o trabalho na rede pública de saúde. Além disso, a ESF é uma oportunidade única de resgatar uma prática mais humanista, em que o profissional cria um vínculo de responsabilidade com o paciente. O estágio no PET-Saúde propicia aos alunos de Odontologia da Ufes o conhecimento das estruturas organizacional, administrativa, gerencial e funcional dos serviços públicos de saúde. Possibilita sua participação no atendimento à população, a compreensão das políticas de saúde bucal e do papel do cirurgiãodentista, o conhecimento das bases epidemiológicas do método clínico e de suas aplicações práticas nos programas de saúde bucal. Também oferece o conhecimento dos parâmetros e/ou instrumentos de planejamento utilizados nos projetos de saúde e programas de saúde bucal.26 A função da universidade deve ser a de identificar corretamente os problemas de saúde de cada município ou região e dizer como resolvê-los. Assim, o ensino e a pesquisa devem ser direcionados para ações de impactos sociais que possibilitem melhores condições de vida para a população.13 É exatamente essa proposta que o plano de pesquisa do PET-Saúde está desenvolvendo. O objetivo é conhecer como os adolescentes do município de Maruípe se comportam e quais são as suas necessidades, para, então, serem elaboradas estratégias de prevenção e assistência direcionadas e Revista da ABENO • 11(2)27-33 31 O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em Odontologia: a experiência da Universidade Federal do Espírito Santo • Gonçalves CM, Santos KT, Carvalho RB essa faixa etária. Vale ressaltar que essa demanda surgiu após muita discussão com os representantes da Secretaria Municipal de Saúde de Vitória. Sabe-se que muitas são as dificuldades a serem vencidas para que o PET-Saúde realmente alcance seus objetivos, dentre elas: • Por parte dos alunos –– o significado do SUS pode não ser claro; –– a falta de conhecimento sobre o significado e a importância do trabalho multidisciplinar; –– o não cumprimento de todas as atividades exigidas mensalmente; • Por parte dos docentes –– pouco conhecimento e falta de conscientização de alguns professores do Curso de Odontologia sobre o SUS, não valorizando, às vezes, a importância do projeto; –– desconhecimento dos docentes da possibilidade de realização de pesquisas no SUS; • Por parte dos usuários –– falta de colaboração dos pais dos adolescentes para que autorizem seus filhos a participar da pesquisa; –– pouco interesse dos adolescentes na pesquisa para que respondam de forma sincera ao extenso questionário. O desafio que está posto é muito grande, porém espera-se que não faltem empenho e esforços dos docentes e dos alunos da Ufes, a fim de se garantir uma melhor qualificação, pois, como ocorreu nas experiências relatadas, o estágio supervisionado ocasionará bons resultados na formação profissional não só do ponto de vista técnico-científico, mas, acima de tudo, do ser humano e do cidadão socialmente comprometido. A interação ativa do aluno com a população e profissionais de saúde deve ocorrer desde o início do processo de formação, trabalhando com problemas reais e assumindo responsabilidades com grau de complexidades crescentes. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após relatar a experiência, é possível considerar que: a)os alunos que, durante a graduação, participam de atividades extramuros, estarão, com certeza, mais bem preparados para atuar na comunidade, sobretudo em serviços de saúde, por terem a oportunidade do convívio e da concepção de uma consciência social, conhecendo as diferenças 32 econômicas e culturais da população; b)quando atividades extramuros são realizadas, contando com a participação de estudantes de outros cursos da saúde, o espírito de equipe e a capacidade de troca de informações com diferentes indivíduos ocasionam uma atenção integral mais humanizada do paciente e reforçam o que preconizam as Diretrizes Curriculares Nacionais; c) para a efetivação do SUS, os alunos dos cursos de saúde precisam de uma formação mais ampla, em ambientes diferenciados, com experiências inovadoras, atividades coletivas e não somente a prática tradicional realizada em clínica de ensino de especialidades. ABSTRACT “PET-Saúde” as an instrument to provide dentistry teaching with new guidelines: the experience of the Federal University of Espírito Santo The National Curricular Guidelines and the consolidation of the Unified Health System (SUS) have led higher education health institutions in Brazil to restructure their curriculum with the objective of preparing professionals not only technically but also to meet Brazil’s social, economic, political and cultural challenges. The aim of the present study was to discuss the process of providing health/dentistry teaching with new guidelines, by reporting an experience gained in the “Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde” (Education Program through Health Work), launched at Ufes in 2010. “PET-Saúde” was created by the Ministry of Health in partnership with the Ministry of Education and gives students the opportunity of experiencing the multidisciplinary work conducted in Health Centers. The extramural activities give students broader knowledge of how public health services are structured, hands-on experience in treating the population, and a better understanding of the health/oral health policies, of the role of the dentist in public services, and of the social context in which the student will eventually be involved. “PETSaúde” also encourages reflection through the exchange of approaches and experiences between the real-world practice experienced by professionals and the knowledge brought by students from the academic world. In conclusion, in order for SUS to be put into place effectively, students of health courses need broader preparation and training in wide-ranging environments, and not only the experience of traditional practice offered by clinics teaching specialties, but also innovative experiences and collective activities. Revista da ABENO • 11(2)27-33 O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em Odontologia: a experiência da Universidade Federal do Espírito Santo • Gonçalves CM, Santos KT, Carvalho RB DESCRIPTORS Education, higher. Education, dental. Curriculum. Clinical clerkship. § REFERÊNCIAS 14. Lagrange H, Lhomond B. L’entrée dans la sexualité: lé comportement des jeunes dans lé contexte du SIDA. Paris: La Découvert (Recherches), 1997. 431 p. 15. Lazzarin HC, Nakama L, Júnior LC. O papel do professor na percepção dos alunos de odontologia. Saúde e Sociedade, 1. Botti, MRV. Aprender fazendo: os caminhos da extensão universitária [Tese]. Santa Maria: Curso de Odontologia da Uni- 2007; 16(1): 90-101. 16. Markert, Werner. Novos paradigmas do conhecimento e modernos conceitos de produção: implicações para um nova di- versidade Federal de Santa Maria; 1993. 2. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Resolução no CNE/CES 3/2002. Diário Oficial da União, Brasília, dática na formação profissional. Educação e Sociedade, 2000; 21(72): 177-96. 17. Marsiglia RMG, Relação ensino/serviços: dez anos de integração docente assistencial (IDA) no Brasil. São Paulo: Editora 4 mar. 2002. Seção 1, p. 10. 3. Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. 12. São Hucitec; 1995. 124 p. 18. Mendes RF, Moura MS, Prado Júnior RR, Moura LFAD, Lages Paulo: Rideel; 2006. 341 p. 4. Brasil. Ministério da Saúde/Secretaria de Gestão do Trabalho GP, Gonçalves MPR. Contribuição do Estágio Supervisionado e da Educação na Saúde. Caminhos para as mudanças da for- da UFPI para formação humanística, social e integrada. Revis- mação e desenvolvimento dos profissionais de saúde: diretrizes ta da ABENO, 2006; 6(1): 61-5. para a ação política para assegurar educação permanente no 19. Moimaz SAS, Saliba NA, Arcieri RM, Garbin CAS, Saliba O, Zina LG. Percepção de ex-alunos sobre a contribuição do Ser- SUS. Brasília, maio 2003. (mimeografado) 5. CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Comportamento sexual da população brasileira e percepções sobre HIV e AIDS. Brasília: Ministério da Saúde, SPS/PN/DST/ viço Extramuro Odontológico (SEMO) da FOA-UNESP na formação profissional. Cienc Exten 2004; 1(2): 149-62. 20. Moimaz SAS, Saliba NA, Garbin CAS, Zina LG, Furtado JF, Amorim JA. Serviço Extramuro Odontológico: impacto na for- AIDS, 2000. 248 p. 6. Conselho Federal de Odontologia (CFO). Consolidação das normas para procedimentos nos Conselhos de Odontologia. mação profissional. Pesq. Bras. Odontopediatria Clín. Integr. 2004; 4(1): 53-7. 21. Moimaz SAS, Saliba NA, Garbin CAS, Zina LG. Atividades ex- Resolução 63/2005 de 2005 7. Costa ICC, Unfer B, Oliveira AGRC, Arcieri RM, Saliba NA. Integração universidade-comunidade: análise de atividades extramurais em odontologia nas universidades brasileiras. Rev Cons Reg Odontol Minas Gerais 2000; 3(6): 146-53. tramuros na ótica de egressos do Curso de Graduação em Odontologia. Revista da ABENO, 2008; 8(1): 23-9. 22. Morita MC, Kriger L. Mudanças nos cursos de Odontologia e a interação com o SUS. Revista da ABENO, 2004; 4(1): 17-21. 8. Dias MC, Presta AA, Gava-Simioni L, Souza PB, Saliba NA. 23. Santa Rosa, Talhita Tryrza de Almeida. A influência do Estágio Currículo inovador em odontologia: considerações gerais. Saú- Supervisionado na formação de estudantes do Curso de Odon- de em Debate, Rio de Janeiro, 2005; 29(69): 72-7. tologia da UFMG. [Dissertação de Mestrado]. Minas Gerais: 9. Diretrizes da Associação Brasileira de Ensino Odontológica Faculdade de Odontologia da UFMG; 2005. (ABENO) para definição do estágio supervisionado nos Cursos 24. Santana JP, Campos FE, Sena RR. Formação profissional em de Odontologia. In: Reunião paralela ao 20º Congresso Inter- saúde: desafios para a universidade. Texto de apoio elaborado nacional de São Paulo, APCD, São Paulo, 29/01/02. especialmente para o Curso de Especialização em Desenvolvi- 10. Emmi DT, Cardoso DG, Araújo IC, Araújo MVA. Estágio Extra- mento de Recursos Humanos de Saúde – CDRHU 1999 [cita- mural do Curso de Odontologia da UFPA nas Unidades de do 2010 set 17]. Disponível em: URL: HTTP://www.opas.org. Saúde do município de Belém-Pará. Medcenter, 2007. br/rh/publicacoes/textos_apoio/ACF2114.pdf 11. Feuerwerker L, Marsiglia R. Estratégias para mudanças na for- 25. Secco LG, Pereira MLT. A profissionalização docente e os de- mação de RHs com base nas experiências IDA/UNI. Divulga- safios político-estruturais dos formadores em odontologia. ção em Saúde Para Debate, Rio de Janeiro, 1996;(12):24-8. Revista da ABENO, 2004; 4(1): 22-8. 12. Galassi MAS, Barbin EL, Spanó JCE, Melo JAJ, Tortamano N, 26. Segura MEC, Soares MS, Jorge WA. Programas extramuros nas Perri de Carvalho AC. Atividades extramuros como estratégia instituições de ensino de odontologia na América Latina e nos viável no processo ensino-aprendizagem. Revista da ABENO, Estados Unidos da América: contribuição ao estudo. Educaci- 2006;6(1):66-9. ón Médica y Salud, Washington, 1995; 29(2): 218-27. 13. Garbin CAS, Saliba NA, Moimaz SAS, Santos KT. O papel das universidades na formação de profissionais na área de saúde. Revista da ABENO, 2006; 6(1): 6-10. Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 Revista da ABENO • 11(2)27-33 33 Atendimento odontológico a adolescentes infratores: abordagem qualitativa em clínica de graduação Altair Soares de Moura*, Gustavo Igor Barbosa Pereira**, Neilor Mateus Antunes Braga***, Raquel Conceição Ferreira****, Manoel Brito-Júnior***** * Mestre em Clinica Odontológica, Faculdades Unidas do Norte de Minas - Funorte e Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes ** Graduando em Odontologia, Faculdades Unidas do Norte de Minas - Funorte *** Doutora em Clinica Odontológica, Faculdades Unidas do Norte de Minas - Funorte e Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes **** Doutora em Clinica Odontológica, Faculdades Unidas do Norte de Minas - Funorte e Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes *****Mestre em Bioengenharia, Faculdades Unidas do Norte de Minas Funorte e Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes Resumo Esse estudo avaliou a percepção de adolescentes infratores sobre a convivência familiar e dentro da instituição, sobre a saúde geral e bucal. Foi adotada abordagem qualitativa, com a participação de adolescentes infratores (13 a 17 anos) em processo de ressocialização. Esses adolescentes estavam sendo atendidos em clínica odontológica por alunos de graduação, sob supervisão docente. Após assinatura do termo de consentimento, os adolescentes foram entrevistados, sendo suas falas gravadas, transcritas e submetidas à análise de conteúdo. Para a maioria dos adolescentes, a família foi definida como um espaço de conflitos e distante das suas vidas diárias. Na instituição, eles relataram múltiplas e variadas atividades, esportivas, de arte e educação, que devem ser cumpridas em horários rígidos. Todos falaram, em algum momento da entrevista, sobre a recompensa com diferentes “benefícios”, pelo bom comportamento dentro da instituição, sendo a liberdade o mais desejado por todos. A saúde foi definida como: emprego, acesso a programas educativos, acesso a cuidados médicos e de enfermagem e participação nos cursos oferecidos na instituição. Aspectos pessoais de autocuidado, como uma boa alimentação, a prática de esportes e a higiene do cor34 po foram também citados como determinantes da saúde. Para alguns deles, saúde é liberdade, abandono das drogas e do crime. A saúde bucal foi definida como higiene bucal por todos os adolescentes. Descritores Adolescente infrator. Auto-imagem. Saúde. Saúde bucal. Pesquisa qualitativa. A prática da infração juvenil geralmente está associada, entre outros fatores, à desigualdade econômica e social, à carência de políticas públicas sociais preventivas e em decorrência da violência e desajustes psicológicos e familiares.11,14,20 Essas condições geralmente aumentam a revolta e dificultam a construção de identidade do adolescente que seria essencial para sua formação.5 A família é um dos contextos mais importantes da realidade de um adolescente, pois é por meio dela que o adolescente é apresentado ao mundo ao seu redor.3 É importante ressaltar que os pais exercem um papel fundamental na promoção e manutenção da saúde de seus filhos como observado em estudo realizado em uma comunidade de baixa renda que identificou a mãe como a grande responsável pela saúde da família.3,8 Revista da ABENO • 11(2)34-9 Atendimento odontológico a adolescentes infratores: abordagem qualitativa em clínica de graduação • Moura AS, Pereira GIB, Braga NMA, Ferreira RC, Brito-Júnior M Os principais fatores de motivação dos adolescentes para cuidar da sua saúde são em ordem de importância: • a aparência pessoal, • a sexualidade, • o emprego e • a saúde de um modo geral.4 Em relação à saúde bucal, o contexto social desfavorável vivenciado por adolescentes infratores pode propiciar impacto negativo sobre o comportamento, as percepções e os conhecimentos destes adolescentes, uma vez que estes fatores são influenciados pela coletividade a que estes indivíduos pertencem e por suas vivências pessoais.4 Para a compreensão desta realidade torna-se importante identificar a maneira como os adolescentes infratores identificam, explicam e elaboram os acontecimentos. Estas condutas e comunicações sociais podem ser orientadas e organizadas a partir da abordagem qualitativa, que é definida como aquela que privilegia a análise de microprocessos, através do estudo das ações sociais individuais e grupais, realizando um exame intensivo dos dados.13 Nesta perspectiva, a pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão a partir de um grupo social, de uma organização.13 No Brasil, a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sancionado pela Lei nº 8.069, de 1990, foram asseguradas medidas sócio-educativas para reintegração social do adolescente autor de ato infracional.1 Essa natureza pedagógica de medidas sócio-educativas prevista no ECA tem sido adotada por políticas governamentais. Em Montes Claros, Minas Gerais, o Centro Sócio-educativo Nossa Senhora Aparecida (CSENSA) é uma das 26 unidades sob gestão da subsecretaria de atendimento às medidas sócioeducativas (Suase) da Secretaria de Defesa Civil do estado.1 O CSENSA tem sido encarregado de atuar no processo de reeducação do adolescente infrator com regime de liberdade assistida e outras medidas que visam ao acompanhamento do infrator na família, escola, comunidade e serviços de saúde.12 A partir da pactuação de um convênio, menores infratores institucionalizados no CSENSA Montes Claros recebem tratamento odontológico na clínica do Curso de Odontologia das Faculdades Unidas Norte de Minas (Funorte). Assim, o presente estudo apresenta dados relativos à percepção dos menores infratores em processo de ressocialização atendidos na referida clínica odontológica de graduação sobre a convivência familiar, o espaço de convivência dentro da instituição, à saúde geral e à saúde bucal. Metodologia Esse trabalho é um recorte do estudo “Representações Sociais de Saúde Bucal entre adolescentes infratores atendidos na Clínica Odontológica da Funorte” que foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Funorte para apreciação. Foi aprovado (parecer nº 0110/10) atendendo à resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Para o desenvolvimento do estudo foi adotada uma metodologia qualitativa, empregando a técnica de entrevista semi-estruturada individual.9 Participaram da pesquisa adolescentes infratores em processo de ressocialização no CSENSA, com idade variando 13 a 17 anos, que estavam sendo atendidos na clínica odontológica da Funorte por alunos de graduação sob supervisão docente. Para as entrevistas, foram empregadas questões norteadoras referentes às seguintes variáveis: • convivência familiar, • convivência dentro da instituição e • percepções sobre a saúde geral e bucal. O critério de saturação das respostas foi empregado para determinar a interrupção das entrevistas. Os depoimentos foram registrados em um gravador digital (Panasonic, modelo RR-US360) e posteriormente foram transcritos. As entrevistas foram realizadas em uma sala, separada da clínica, mas no mesmo ambiente. O material obtido foi submetido à análise de conteúdo.9 A apresentação dos depoimentos transcritos respeitou a grafia e a sintaxe utilizada pelos entrevistados. Todas as entrevistas foram realizadas, gravadas e transcritas pelo mesmo pesquisador. Resultados e Discussão O material obtido das entrevistas foi organizado em torno de três temas: • família: conflitos e distanciamento, • vida institucional: rotinas de atividades e expectativa de liberdade e outras recompensas por comportamento adequado, • conceito amplo de saúde, saúde bucal: autocuidado. Família: conflitos e distanciamento Os adolescentes relataram com frequência a presença de conflitos ou problemas com os membros da família, tais como: Revista da ABENO • 11(2)34-9 35 Atendimento odontológico a adolescentes infratores: abordagem qualitativa em clínica de graduação • Moura AS, Pereira GIB, Braga NMA, Ferreira RC, Brito-Júnior M • falta de relacionamento, de convivência ou relacionamento ruim com os pais, • desconhecimento do pai e • uso de drogas pelos pais. “eu não convivi com meu pai, nem cheguei a conhecer.” “convivência com minha mãe não é muito boa não, ela usa droga, meu pai também usa droga”. “com minha mãe brigava direto, com meu pai também”. As falas sugerem existir um distanciamento dos adolescentes de sua família, pois muitos deles relataram que visitas ocorrem com baixa frequência. ai volto, aí janto, depois faz as atividades, a noite depois vou dormir moço....cada dia tem uma atividade”. A maioria dos adolescentes reconhece aspectos positivos na realização das atividades e de eventos na instituição: coragem, aprendizado de uma profissão, ocupação do tempo, sentimento de utilidade na vida e relacionamento com os outros, permitindo o desenvolvimento de novas amizades. “ajuda na timidez, cria mais coragem...” “tá ensinando agente a correr atrás de alguma coisa melhor pra gente sair dessa vida...”. “...tá fazendo algumas decorações pra vender, tem o pano “só tive duas visitas até hoje em seis meses, uma vez veio de prato, tem lá altas coisas interessantes”. minha vó e outra minha tia”. No entanto, dois adolescentes manifestaram insatisfação, pois consideraram as atividades rotineiras. “pessoal vem de vez em quando me visitar”. “É tudo a mesma coisa, faz artesanato, de vez em quando “minha visita custa a vim, né”. joga bola, vai pra escola, de manhã faz artesanato, fica uma A família desempenha um papel fundamental na formação do indivíduo, especialmente no seu papel de educador, que é creditado com grande responsabilidade para a saúde dos filhos, uma responsabilidade que também inclui a saúde de uma forma geral. A estrutura familiar é importante, pois busca também reinserir os adolescentes à vida social sem o estigma do cárcere e com atitudes e comportamentos desvinculados da criminalidade, contribuindo também para a diminuição dos índices de reincidência. Por meio, principalmente, do trabalho e do estudo, abrem-se maiores possibilidades de reinserção familiar e social.2 Vida institucional Atividades cotidianas: Os adolescentes relataram que realizam múltiplas e variadas atividades durante todo o dia, dentro de um cronograma rígido de horários. Tais atividades variam entre os dias úteis e no final de semana. hora e meia lá e depois vai pro alojamento”. “sempre a mesma rotina, acorda aí daqui a pouco tem a atividade...”. Quanto à alimentação, os adolescentes também reconheceram a rigidez dos horários, sendo considerada pela maioria de boa qualidade e variada. O momento da refeição apareceu como oportunidade de encontro com outros internos e estabelecimento de novas amizades, porém alguns relataram o surgimento de brigas e conflitos durante tais momentos. “alimentação lá é boa, cinco refeição por dia, tem de tudo um pouco, arroz, feijão, legumes”. “lá tem cinco refeições por dia, tem primeiro que é o café da manhã que é 7:00 horas e tem segundo, que é o almoço que vem as 11:00 horas da manhã, aí terceiro tem o café da tarde que vem às 3:00 horas, aí quarto tem o jantar que “nós joga futebol, joga peteca, até mesmo vôlei, joga vídeo são as 6:00 horas da tarde e tem as 8:00 horas da noite tem game, tem a natação e tem vários esporte...”. o café da noite”. “eu faço arte e faço esporte....e tem a escola, nós joga bola, “tem nem como nós fala, a comida lá é massa, eu gosto é peteca”. de doce...tem dia que é doce”. “nós acorda de manhã, toma café, igual eu estudo a tarde, faço as atividade de manhã, ai de tarde eu vou pra escola, 36 Expectativa de liberdade e outras recompensas por comportamentos “adequados”: Todos os entrevis- Revista da ABENO • 11(2)34-9 Atendimento odontológico a adolescentes infratores: abordagem qualitativa em clínica de graduação • Moura AS, Pereira GIB, Braga NMA, Ferreira RC, Brito-Júnior M tados relataram que o comportamento adequado, dentro da instituição, determina “benefícios” ou punições, sendo diariamente registrado em um “relatório”, que parece ser uma medida de controle e inibição adotada pela instituição. A avaliação do relatório determinaria o tempo que o adolescente permanecerá detido. Portanto, o principal benefício é a expectativa da liberdade. Os benefícios também se materializam na forma de: • possibilidade de participação em oficinas, curso, etc; • participação de monitorias, “saidão” (saída da instituição em feriados, finais de semana). Os internos atribuem o papel de avaliadores de comportamento a “eles”, que ora aparece no papel da juíza, ora de coordenadores, que ficam “lá em cima”, evidenciando um distanciamento entre esses atores. “eles escolhem né quem participa, lá é tudo comportamen- o qual é prejudicial a todo o sistema prisional e à sociedade, contribuindo assim para a melhora da sua auto-estima e do seu bem estar físico e mental.7 Saúde geral A saúde foi definida como: emprego, acesso a programas educativos (Se liga, Prevenção da aids, Liberdade assistida), acesso a cuidados médicos e de enfermagem e participação nos cursos oferecidos na instituição e obtenção de um certificado (curso de padaria, 10 emprego, teatro, etc). Para alguns deles, saúde é liberdade, abandono das drogas e do crime. Aspectos pessoais de autocuidado, como uma boa alimentação, a prática de esportes e a higiene do corpo foram também citados como determinantes da saúde. A definição de saúde possui implicações legais, sociais e econômicas dos estados de saúde e doença; sem dúvida, a definição mais difundida é a encontrada no preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde: to, quem é comportado tem os benefícios”. “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental “até pra ir embora, né, se tiver bagunçando, quem faz o e social, e não apenas a ausência de doenças.” tempo lá né é eles, lá agente faz o tempo, se cê tiver comportado cê vai embora”. “Ter uma boa alimentação e praticar esporte” “tudo que nós faz o povo fala que vai pro relatório”. “eu acho o emprego” “padaria é tipo um benefício, tipo o cara ficar sossegado, “Eu, tipo, cuido, né, uai, meus trem, eu lavo, não ando né, arruma benefício pra ele...os benefícios depende da descalço, tipo as frutas tem que lavar, né.” pessoa, o cara tem que ficar sossegado...se tiver bagunçando não ganha nada, tem a monitoria, monitoria é tipo um “É parar de usar droga....cuidar, né”. exemplo”. “Eu acho que eles me soltando eu ficava bom...ah, isso aí “tem uns que tem rixa, tem uns que não tem, esses trem é embaçado de falar moço, tá osso”. de facção dele, lá de vez em quando dá briga lá, briga um com o outro no refeitório, aí os guarda chega e algema e “é parar de usar droga, largar o crime prá viver bem, tem separa, deixa dentro da sela separado, isso vai pro relatório, que largar o crime, senão, não dá”. é feito de 6 em 6 meses”. A grande transformação se dá muitas vezes de forma lenta, mas consciente. É a persistência dos educadores que compensa e fortalece o processo de ressocialização. Durante a internação, a (re)educação é fundamental e deverá ser feita através da implantação de frentes de trabalho e atividades educacionais, cujo objetivo não se resume a retirar a pessoa presa da ociosidade, mas também a abrir perspectivas de sua inserção futura na sociedade, por meio da profissionalização e da perspectiva de emprego digno. O trabalho e a educação retiram os condenados do ócio, Saúde bucal - autocuidado A saúde bucal foi relacionada por todos os adolescentes à limpeza dos dentes, por meio da escovação diária, uso de pastas de dentes e fio dental, citando frequência e os momentos que fazem a higiene bucal. Eles afirmaram ter acesso somente à escova e pasta, e não ao fio dental. Nas falas, foi verificada uma preocupação em cumprir adequadamente a higienização, pois ela é avaliada e registrada no “relatório”. Nos depoimentos surgiu a relação entre saúde bucal e acesso a um dentista. Revista da ABENO • 11(2)34-9 37 Atendimento odontológico a adolescentes infratores: abordagem qualitativa em clínica de graduação • Moura AS, Pereira GIB, Braga NMA, Ferreira RC, Brito-Júnior M “escovar os dentes sempre, né...após a refeição para que evite varias bactérias, de vez em quando usa fio dental, num tem no alojamento...” “eu escovo os dentes 5 vezes por dia, uso o fio dental umas 4 vezes por dia”. “se num tiver uma boa higiene é avaliado, tudo lá é avaliado, educação, tudo vai pro relatório”. “Ah, lá eles leva agente no dentista...os dentista fala com nós como escova direito, vai falando o que tem que melhorar, eu escovo meus dentes”. “escovo os dentes, uai...uma vez por mês tem o dentista lá pra fazer limpeza nos dentes, creme dental e escova entrega lá no CSENSA, fio dental tem que trazer de fora”. A percepção da condição bucal é um importante indicador de saúde. Os valores, as crenças e as práticas de saúde bucal são elementos culturais determinantes do comportamento das pessoas em relação à saúde bucal. No Brasil, o estado de saúde bucal tem sido descrito como precário. Este quadro de precariedade tem repercussões importantes, incluindo efeitos sobre a percepção da saúde. Além disso, estudos recentes indicam que a inter-relação entre saúde bucal e saúde geral é pronunciada na população. Assim, uma saúde bucal precária pode aumentar os riscos para saúde geral e/ou resultar em decréscimos na percepção e na satisfação com a saúde, bem como na capacidade de comer e mastigar e na percepção destas.6 adolescents toward family, the correctional institution they attended, and oral and general health. We adopted a qualitative approach with the participation of adolescents (age 13–17) in the process of re-socialization. The adolescents were being treated in a dental clinic by undergraduate students under supervision. After signing a consent form, the adolescents were interviewed and their statements were recorded, transcribed and submitted to content analysis. For most adolescents, family was defined as an area of conflict and remote from their daily lives. As for their correctional institution, they reported that it offered several different activities, sports, art and education, all of which had to be completed according to a rigorous schedule. At some point in the interview, all mentioned the reward gained from different “benefits” for good behavior within the institution, and the greater freedom desired by all. Health was defined as employment, access to educational programs, access to medical care and nursing, and participation in courses offered at the institution. Personal aspects of self-care, such as a good food, sports practice and body hygiene, were also mentioned as determinants of health. To some, health meant freedom, abandonment of drugs and of crime. Oral health was defined by all adolescents as oral hygiene. Descriptors Delinquent adolescent. Self-image. Health. Oral health. Qualitative research. § Referências 1. Brasil. Lei Art.4º da Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. Esta- Considerações finais O presente trabalho evidenciou a importância da família, vida institucional, e do conceito amplo de saúde, na ressocialização dos adolescentes infratores, para que eles possam voltar a viver em sociedade com respeito. Também, que tais métodos possam contribuir para a diminuição da reincidência criminal, causada principalmente pela exclusão social e pelo preconceito, pelo despreparo educacional e profissional, e pela falta de oportunidade de trabalho. A utilização da metodologia qualitativa foi efetiva em identificar fatores sociais que permitem melhor compreensão da mentalidade dos adolescentes infratores. tuto da criança e do adolescente. Brasília. 2005. 2. Carvalho A. A priorização da família na agenda política social. Família Brasileira a base de tudo. UNICEF. 2001; 4(2):62-79. 3. Couto CMM, Rio LMSP, Martins RC, Martins CC, Paiva SM. A percepção de mães pertencentes a diferentes níveis socioeconômicos sobre a saúde bucal dos seus filhos bebês. Arq. Odontol. 2001;37(2):121-32. 4. Elias MS, Cano MAT, Mestriner Jr W, Ferriani MGC. A importância da saúde bucal para adolescentes de diferentes estratos sociais do município de Ribeirão Preto. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2001;9(1):88-95. 5. Feijó MC, Assis SG. O contexto de exclusão social e de vulnerabilidades de jovens infratores e de suas famílias. Estud psicol. 2004;9(1):157-66. Abstract Dental care for delinquent adolescents: qualitative approach in an undergraduate dental clinic This study evaluated the perception of delinquent 38 6. Gazzinelli MF. Educação em saúde: conhecimentos, representações sociais e experiências da doença. Cad Saude Publica. 2005;27(1):200-6. 7. Guimarães MCTV. Las Representaciones Sociales: Herramien- Revista da ABENO • 11(2)34-9 Atendimento odontológico a adolescentes infratores: abordagem qualitativa em clínica de graduação • Moura AS, Pereira GIB, Braga NMA, Ferreira RC, Brito-Júnior M tas para el Diagnóstico de Necesidades de Salud. Avances en Enfermería. 1997;15(1-2): 115-23. 12. Suase - Subsecretaria de atendimento às medidas socioeducativas [cited 2011 Jul 11]. Available from: https://www.seds. 8. Martin VB, Ângelo M. A organização familiar para o cuidado dos filhos: percepção das mães em uma comunidade de baixa renda. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 1999;7(4):89-95. 9. Minayo MCS. O desafio do conhecimento. São Paulo: Hucitec; 2006. mg.gov.br. 13. Turato ER. Métodos qualitativos e quantitativos na área da saúde: definições, diferenças e seus objetos de pesquisa. Rev Saude Publica. 2005;39(3):507-14. 14. Vermeiren R. Psychopathology and delinquency in adoles- 10. Pacheco JTB, Hutz CS. Variáveis familiares preditoras do comportamento anti-social em adolescentes autores de atos infra- cents: a descriptive and developmental perspective Clin Psychol Rev. 2003;23(2):277-318. cionais. Psic.: Teor. e Pesq. 2009;25(2):213-19. 11. Priuli RMA, Moraes MS. Adolescentes em conflito com a lei. Cien Saude Colet. 2007;12(5):1185-92. Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 Revista da ABENO • 11(2)34-9 39 Saúde do trabalhador: uma experiência de educação em saúde vivenciada pelo PET-Saúde Independência III - Montes Claros/MG Ana Cecília Versiani Duarte Pinto*, Iram Alkmim Cerqueira*, Felipe Ribeiro Néri*, Marisa Carvalho Martins**, Patrícia Helena Costa Mendes***, Ana Paula Ferreira Maciel****, Mariano Fagundes Neto***** * Acadêmicos do PET-Saúde e do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes ** Acadêmica do PET-Saúde e do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes *** Preceptora do PET-Saúde da Unimontes e Cirurgiã-dentista de Família da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais **** Preceptora do PET-Saúde da Unimontes e Enfermeira de Família da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais *****Preceptor do PET-Saúde da Unimontes e Médico de Família da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais Resumo Atualmente, o Ministério da Saúde desenvolve políticas públicas e incentiva ações em saúde voltadas para grupos vulneráveis, dentre estes o gênero masculino e os trabalhadores. Tais grupos procuram pouco as unidades de atenção primária à saúde ficando mais predispostos a agravos de doenças possivelmente evitáveis. Nesse sentido, uma importante ferramenta utilizada na estratégia saúde da família é a educação em saúde, uma vez que a compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença oferece subsídios para a adoção de hábitos saudáveis. O presente trabalho tem por objetivo descrever, através de um relato de experiência, uma atividade de educação em saúde, relacionada às Doenças Sexualmente Transmissíveis, voltada para um grupo de homens trabalhadores de uma empresa de construção civil. A ação foi realizada por acadêmicos e preceptores do PET-Saúde da Estratégia Saúde da Família Independência III do município de Montes Claros/MG. A atividade de educação em saúde foi avaliada satisfatoriamente tanto pelos trabalhadores, que destacaram positivamente o fato de a ação ter sido desenvolvida em ambiente de trabalho, como pelos acadêmicos, que tiveram a 40 oportunidade de vivenciar o trabalho em equipe e intersetorial. Pode-se concluir que a atenção à saúde do trabalhador é uma importante estratégia para atingir a população masculina em idade produtiva, prevenindo doenças e melhorando a qualidade de vida. Além disso, iniciativas como o PET-Saúde estão em consonância com a integralidade da assistência proposta pelo SUS, através de ações multidisciplinares que buscam a efetividade da atenção primária. Descritores Educação em saúde. Saúde do trabalhador. Atenção primária à saúde. O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) é regulamentado pela Portaria Interministerial nº 421, de 03 de março de 2010 e tem como fios condutores a integração ensino-serviço-comunidade e a multidisciplinaridade. O PETSaúde representa uma parceria entre a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde - SGTES, Secretaria de Atenção à Saúde - SAS e Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS, do Ministério da Saúde, a Secretaria de Educação Superior - SESu, do Ministé- Revista da ABENO • 11(2)40-4 Saúde do trabalhador: uma experiência de educação em saúde vivenciada pelo PET-Saúde Independência III Montes Claros/MG • Pinto ACVD, Cerqueira IA, Néri FR, Martins MC, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M rio da Educação e a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Objetiva iniciar os acadêmicos no trabalho da estratégia saúde da família, desenvolvendo ações de promoção da saúde, prevenção das doenças e atendimento curativo-reabilitador.8 Dentre as ações desenvolvidas na estratégia saúde da família, a educação em saúde é um recurso por meio do qual o conhecimento científico, por intermédio dos profissionais de saúde, atinge o cotidiano das pessoas. Este recurso é importante, uma vez que a compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença oferece subsídios para a adoção de novos hábitos e condutas de saúde.1 Assim, a educação em saúde é um processo que abrange a participação de toda a população e não apenas das pessoas sob o risco de adoecer. Uma educação em saúde ampliada inclui políticas públicas, ambientes apropriados e reorientação dos serviços de saúde para além dos tratamentos clínicos e curativos. Assim, propõe propostas pedagógicas libertadoras, comprometidas com o desenvolvimento da solidariedade e da cidadania, orientando-se para ações cujas essências estão na melhoria da qualidade de vida e na “promoção e valorização do homem”.9 Nesse contexto, o Ministério da Saúde desenvolveu políticas públicas voltadas para grupos vulneráveis, dentre estes destacam o gênero masculino e os trabalhadores. O investimento em Saúde do Homem e Saúde do Trabalhador visa qualificar a atenção primária para atender as demandas específicas destes grupos, resguardando a integralidade da assistência. A Política Nacional de Saúde do Homem ressalta que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas e que morrem mais precocemente que as mulheres. Além disso, eles não buscam os serviços de atenção primária, adentrando o sistema de saúde pela atenção ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade. As principais justificativas para a não adesão do homem ao serviço de saúde são agrupadas em barreiras sócioculturais e barreiras institucionais.3,7 As barreiras sócio-culturais são exemplificadas pelo estereótipo de gênero, segundo o qual o homem se julga invulnerável e a doença é um sinal de fragilidade, que não faz parte do universo masculino.3 Braz (2005)4 evidenciou, a partir de dados de morbimortalidade, que há um desfavorecimento significativo em termos de saúde em relação aos homens. Eles morrem mais cedo do que as mulheres e recorrem menos às consultas. Internam-se mais gravemente e procuram a emergência quando já não suportam mais a doença. Há uma relação também com a formação da subjetividade masculina que é complexa e árdua, pois é baseada em contraposição a não ser mulher, homossexual ou criança. O homem na formação de sua personalidade é colocado em uma posição vulnerável, uma vez que ainda menino é educado a superar seus medos, ser forte e se proteger para adquirir condições futuras de patriarca. Tal vulnerabilidade nessa composição de personalidade impregna repercussões psíquicas e físicas. Assim, o sentimento cultivado de relutância excessiva de ser frágil e adoecer faz com que o homem fique mais predisposto aos agravos de doenças possivelmente evitáveis. Além disso, os serviços e as estratégias de comunicação privilegiam as ações de saúde voltadas para a criança, o adolescente, a mulher e o idoso.4,5 Laurenti (2005)6 realizou um estudo em que observou a sobremortalidade masculina por causas externas. Dentre essas causas, o tipo de violência mais importante é o homicídio, vindo a seguir os acidentes de transporte. São também atribuídos à sobremortalidade: • transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool e de outras substâncias psicoativas, significativamente associados ao homem, • mortes por doenças do aparelho digestivo, com destaque para a cirrose hepática, informada ou não com associação ao alcoolismo. O estudo sugeriu certa fragilidade do gênero masculino e a necessidade de intervenção política para amenizar a questão. Em relação às barreiras institucionais, muitos homens apontam a condição de provedor como justificativa para não procurarem a atenção primária. Isto porque o horário do funcionamento do serviço coincide com a carga horária do trabalho e, muitas vezes, perde-se um dia inteiro em filas para marcação de consultas, sem que necessariamente tenham suas demandas resolvidas em uma única consulta. Não se pode negar que na preocupação masculina a atividade laboral tem um lugar de destaque, sobretudo em pessoas de baixa condição social, o que reforça o papel historicamente atribuído ao homem d ser responsável pelo sustento da família.3 Nessa perspectiva, a Atenção à Saúde do Trabalhador é uma importante estratégia para atingir a população masculina em idade produtiva, prevenindo doenças e melhorando a qualidade de vida. A saúde enquanto patrimônio máximo do trabalhador é condição essencial e fundamental para o exercício de qualquer atividade e para o convívio so- Revista da ABENO • 11(2)40-4 41 Saúde do trabalhador: uma experiência de educação em saúde vivenciada pelo PET-Saúde Independência III Montes Claros/MG • Pinto ACVD, Cerqueira IA, Néri FR, Martins MC, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M cial. É indissociável do trabalho e é ferramenta primeira no desenvolvimento das relações de produção.2 A Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador - PNSST considera como trabalhadores todos os homens e mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus dependentes, qualquer que seja sua forma de inserção no mercado de trabalho, no setor formal ou informal da economia. Esta política tem como principais diretrizes a ampliação das ações, visando à inclusão de todos os trabalhadores brasileiros no sistema de promoção e proteção da saúde e a harmonização das normas e articulação das ações de promoção, proteção e reparação da saúde do trabalhador.2 Observa-se que o incentivo à saúde do trabalhador é crescente no Brasil e envolve não somente medidas governamentais, mas também ações de promoção de saúde pela atenção primária em conjunto com as empresas. Estas, atualmente, não se preocupam apenas em reduzir os riscos de acidentes ocupacionais, pois reconhecem que a saúde faz parte do ambiente em que o trabalhador se insere. Assim, atuar nos determinantes do processo saúde-doença com medidas de educação em saúde aumenta a capacidade laborativa do trabalhador, a produtividade e diminui o ônus causado pelo adoecimento, tanto para o empregado quanto para o empregador. Baseado neste contexto, este trabalho tem por objetivo, descrever, através de um relato de experiência, uma atividade de educação em saúde voltada para homens trabalhadores de uma empresa do ramo de construção civil, desenvolvida por acadêmicos dos cursos de odontologia, medicina e enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros, integrantes do PET-Saúde. MATERIAIS E MÉTODOS O PET-Saúde na Equipe de Saúde da Família (ESF) Independência III, Montes Claros/MG, foi estruturado no ano de 2011 com um cronograma de grandes temas norteadores do trabalho ao longo dos meses. O tema selecionado para Maio, Junho, Julho e Agosto/2011 foi Saúde do Trabalhador. A ação em saúde desenvolvida no presente trabalho constituiu-se de uma parceria dos acadêmicos do PET-Saúde e profissionais de saúde médico, enfermeira e cirurgiã-dentista da ESF – preceptores do programa – com uma empresa de construção civil, que gerencia uma obra para construção de casas populares dentro da área de abrangência da ESF. O tema acordado entre a técnica de segurança do 42 trabalho responsável pela obra e a equipe do PETSaúde foi Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s). Este tema foi escolhido por constituir um importante determinante da saúde do homem em idade produtiva, que é negligenciado pelas concepções de gênero da sociedade e pela tendência dos homens de assumir comportamentos de risco. A empreiteira emprega cerca de 120 trabalhadores e dentre estes a maioria é residente na área de abrangência da ESF Independência III. Foram realizadas no dia 20/06/2011, no próprio local da obra, três oficinas com duração média de trinta minutos cada, com três grupos diferentes, divididos por zona de trabalho. No total, 87 trabalhadores participaram da atividade dirigida por duas acadêmicas do curso de odontologia, uma acadêmica de enfermagem e uma acadêmica de medicina e pelos preceptores do PET-Saúde. Foram utilizados cartazes, álbuns seriados e perguntas problematizadoras para envolver os participantes, enfocando a transmissão, os sinais e sintomas das principais DST’s no homem, bem como as formas de prevenção. As oficinas iniciaram com uma dinâmica em que os trabalhadores deveriam anotar em um papel dúvidas sobre o tema e colocá-las em uma caixa. Ao final da oficina, as dúvidas eram lidas anonimamente e, aquelas que não haviam sido contempladas durante a discussão, eram respondidas junto com os participantes. Após a dinâmica, foram abordadas as formas de transmissão das DST’s, bem como outras formas de interação pessoal que não transmitem essas doenças. Em um terceiro momento, foram utilizados cartazes com fotos dos principais sintomas das DST’s no homem e um álbum seriado. O material dividia as doenças em categorias: 1) doenças causadoras de feridas: herpes, sífilis, cancro mole; 2) doenças causadoras de corrimento: gonorréia, clamídia, tricomoníase; 3) verrugas: HPV e 4) HIV/AIDS. Em cada exposição os trabalhadores eram motivados a perguntar e a responder questões sobre essas enfermidades, como por exemplo: • qual o agente causador, • quais as manifestações clínicas, • qual modo de transmissão e • quais as formas de tratamento. Revista da ABENO • 11(2)40-4 Saúde do trabalhador: uma experiência de educação em saúde vivenciada pelo PET-Saúde Independência III Montes Claros/MG • Pinto ACVD, Cerqueira IA, Néri FR, Martins MC, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M Por fim, foram distribuídos preservativos masculinos e panfletos que condensavam as principais informações da oficina e continham telefone e endereço do centro de testagem e aconselhamento de Montes Claros - Minas Gerais. Além disso, os trabalhadores foram orientados quanto ao uso correto do preservativo masculino e feminino e estimulados a comparecer à unidade de saúde caso tivessem algum sintoma ou desejassem sanar outras dúvidas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Este trabalho de ação em saúde voltou-se para o fornecimento de informações acerca das DST’s, suas formas de transmissão e prevenção para um grupo que procura pouco o serviço de saúde. Como os trabalhadores possuíram um papel ativo na construção das oficinas, mesmo com a manutenção da temática e do roteiro, cada uma apresentou singularidades: • No grupo 1, os trabalhadores eram mais expansivos, tinham muitas dúvidas e não mantiveram a discussão em uma única doença. • O grupo 2 teve o maior número de participantes, debateram muito sobre as formas de prevenção e os comportamentos de risco em relação as DST’s e apresentaram interesse particular pelas doenças que causam corrimento. • O grupo 3 era o que continha o menor número de participantes. Nesta, houve interesse particular em relação às formas de manifestação da sífilis e da AIDS. Alguns pontos foram comuns entre os três grupos: • destaque às vias de transmissão e não transmissão das DSTs, • dúvidas sobre o acometimento ocular da gonorréia, • o significado das lesões do “cancro mole”, que muitos relacionaram essa doença à impotência e • o uso correto do preservativo. A atividade de educação em saúde foi avaliada de forma positiva pelos trabalhadores destacando a execução da mesma no próprio ambiente de trabalho. Além disso, destacaram a metodologia problematizadora utilizada nas oficinas como uma estratégia facilitadora da aprendizagem. Para os acadêmicos participantes do PET-Saúde essa atividade foi considerada satisfatória, pois vivenciaram, a partir de uma experiência de trabalho em equipe, o processo de integração ensino-serviço-co- munidade e a multidisciplinaridade, principais eixos norteadores do programa. CONCLUSÕES As ações multidisciplinares em saúde para serem efetivas requerem planejamento estratégico e incentivo desde a graduação até a atuação profissional. Desta forma, iniciativas como o PET-Saúde estão em consonância com este objetivo e com a integralidade da assistência proposta pelo SUS. A Saúde do Homem e a Saúde do Trabalhador são exemplos de áreas de atuação em expansão e que requerem metodologias ativas de intervenção adequadas à realidade vivida por estes grupos. A experiência com oficinas problematizadoras dentro do local de trabalho rompe com justificativas seculares de incompatibilidade da jornada com o funcionamento dos serviços de saúde e ainda reacende a importância de prevenir a doença, reconhecê-la e tratá-la. Conclui-se assim que a promoção de saúde e a educação em saúde são princípios desejáveis para a atuação em Saúde do Trabalhador, pois engloba o conceito amplo de saúde, que prevê bem-estar físico, social e emocional e não apenas a ausência de doença. Abstract Occupational health: a health education experience undergone by “Independência III PET-Saúde” Montes Claros, MG The Ministry of Health is currently developing public policies and encouraging health-related measures targeting vulnerable groups that include males and workers. These groups rarely seek primary healthcare units, and this makes them more prone to an exacerbation of a potentially preventable disease. With this in mind, an important tool used in the Family Health Strategy is health education, since the understanding of the determinants of the health-disease process helps adopting healthy habits. This paper aims to describe a health education activity related to sexually transmitted diseases, through an experience report. It is focused on a group of male workers of a construction company. The action was taken by students and instructors of the “PET-Saúde of Independência III” Family Health Strategy Program. The activity of health education was evaluated satisfactorily both by workers, who highlighted the fact that action was taken in the workplace, and by students, who had the opportunity to experience the teamwork Revista da ABENO • 11(2)40-4 43 Saúde do trabalhador: uma experiência de educação em saúde vivenciada pelo PET-Saúde Independência III Montes Claros/MG • Pinto ACVD, Cerqueira IA, Néri FR, Martins MC, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M and inter-area work. It can be concluded that heightening awareness to occupational health is an important strategy for reaching the male population of working age, thus preventing disease and improving quality of life. In addition, initiatives like “PET-Saúde” are consistent with the integral care offered by SUS, through multidisciplinary actions seeking primary care effectiveness. Descriptors Health education. Occupational health. Primary health care. § 4. Braz M. A construção da subjetividade masculina e seu impacto sobre a saúde do homem: reflexão bioética sobre justiça distributiva. Ciência & Saúde Coletiva. 2005;10(1): 97-104. 5. Gomes R, Nascimento EF, Araújo FC. Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres? A explicação de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior. Cad. Saúde Pública. 2007;23(3):565-574. 6. Laurenti R, Jorge MHPM, Gotlieb SLD. Perfil epidemiológico de morbi mortalidade masculina. Ciência & Saúde Coletiva. 2005;10(1):35-46. 7. Lourenço RA. Lins RG. Saúde do Homem: aspectos demográficos e epidemiológicos do envelhecimento masculino. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto. 2010;9(1):12-19. Referências 1. Alves VS. Um modelo de educação em saúde para o Programa Saúde da Família: pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface – Comunic Saúde Educ. 2005; 9(16):39-52. 2. Brasil, Ministério do Trabalho. Política Nacional de Segurança 8. Portal Saúde [homepage]. Brasília, DF: Ministério da Saúde [acessado em 12 jun. 2011]. [2 telas]. Disponível em: < www. saude.gov.br/sgtes/petsaude > . 9. Schall VT, Struchiner M. Educação em saúde: novas perspectivas. Cad. Saúde Pública. 1999;15(2):4-6. e Saúde do Trabalhador. Brasília, 2004. 3. Brasil, Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem. Brasília, 2008. 44 Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 Revista da ABENO • 11(2)40-4 A vivência dos estudantes de odontologia nas atividades de ensinopesquisa-extensão do PET-Saúde Carlos Alberto Quintão Rodrigues*, Simone de Melo Costa**, Maisa Tavares de Souza Leite***, Danilo Cangussu Mendes****, João Felício Rodrigues Neto***** * Coordenador do PET-Saúde/Saúde da Família e da Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes ** Doutoranda em Odontologia. Tutora do PET-Saúde da Unimontes *** Doutora em Ciências. Tutora do PET-Saúde da Unimontes **** Doutorando em Ciências da Saúde - Unimontes. Cirurgião-dentista Preceptor do PET-Saúde da Unimontes *****Doutor em Ciências. Tutor do PET-Saúde da Unimontes RESUMO Trata-se de um estudo de caso, descritivo, de base documental, que analisa a participação estudantil nas atividades de ensino-pesquisa-extensão propostas pelo PET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde) da Universidade Estadual de Montes Claros e Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros - MG, no período de 2009-2011. A coleta de dados envolveu análise de documentos de participação em eventos científicos e relatórios gerados na condução do PET-Saúde. As atividades científicas analisadas foram aquelas propostas pelo PET-Saúde sob acompanhamento tutorial por professores da Unimontes, preceptores profissionais do serviço vinculado à Estratégia Saúde da Família e acadêmicos da área da saúde: Odontologia, Medicina, Enfermagem, Ciências Biológicas e Educação Física. Destacam-se os benefícios dos projetos para a formação em saúde dos estudantes, educação permanente dos preceptores, integração ensino serviço tendo em vista a consolidação do Sistema Único de Saúde. DESCRITORES Educação superior. Sistema Único de Saúde. Saúde da Família. O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde é regulamentado pela Portaria Interministerial nº 421, de 3 de março de 2010, envolvendo a participação de tutores (profissionais da saúde com vínculo universitário), preceptores (profissionais dos serviços de saúde) e estudantes de graduação da área da saúde. Esse Programa surgiu como estratégia para fortalecer o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, o PRÓ-SAÚDE, em implementação no Brasil desde 2005. O PET-Saúde tem como pressuposto a educação pelo trabalho e tem como fio condutor a integração ensino-serviço-comunidade.8 Os novos cenários de ensino e aprendizagem, aqueles que rompem os muros universitários, envolvem diferentes aspectos, tais como, local onde são realizadas as práticas, sujeitos envolvidos no processo, natureza do conteúdo, inter-relações entre métodos pedagógicos, práticas e vivências, tecnologias e também as habilidades cognitivas e psicomotoras.14 A diversificação dos cenários de prática e de aprendizagem surgiu a partir da integração ensino e serviço. Essa integração permitiu a incorporação do trabalho coletivo de diferentes atores sociais, estudantes, professores, profissionais da saúde, usuários e gestores dos serviços públicos em saúde. Nessa perspectiva, a interação ensino e serviço traz possibilidades e desafios aos sujeitos envolvidos. Ela contribui para re-significação do papel dos profissionais co-protagonistas na construção do sistema de saúde. Além do mais, o processo educativo que se constrói no ambiente de trabalho propicia espaços coletivos de educação permanente, num constante aprender a aprender.9 Revista da ABENO • 11(2)45-50 45 A vivência dos estudantes de odontologia nas atividades de ensino-pesquisa-extensão do PET-Saúde • Rodrigues CAQ, Costa SM, Leite MTS, Mendes DC, Rodrigues Neto JF Desse modo, os novos cenários de prática oportunizam a construção de novos conhecimentos, atitudes e valores, contribuindo para a formação de um profissional mais crítico, participativo e que responda as verdadeiras necessidades do Sistema Único de Saúde - SUS. Ademais, as ações são consolidadas na perspectiva de um contexto que integra os diferentes segmentos da sociedade, respeitando os princípios democráticos propostos no país. Sendo assim, a ação coletiva direcionada pela integração ensino-serviço-comunidade contribui para efetivação das políticas de saúde. O SUS, sendo um processo em construção, precisa avançar na formação de recursos humanos, uma vez que, a sua força de trabalho ainda conta com uma parcela de profissionais não qualificados e descomprometidos com o sistema público de saúde. Nesse sentido, o governo federal tem buscado medidas para aproximar o ensino universitário e os serviços de saúde no Brasil.1 Em conformidade com o exposto, as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Odontologia,5 Enfermagem3 e Medicina4 afirmam que o profissional a ser formado precisa se integrar a uma equipe de saúde e desenvolver ações programáticas inseridas na estratégia de intervenção populacional com vistas à efetivação do SUS. As Diretrizes também contemplam a pesquisa, quando sinalizam que o estudante da saúde deverá desenvolver e participar de estudos científicos e outras formas de produção de conhecimento que possam qualificar a prática profissional. Ao iniciar o estudante de saúde na arte de pesquisar forma-se o pesquisador, que deve se reconhecer como aprendiz permanente. O uso da metodologia científica permite o amadurecimento e a autonomia dos estudantes, além de suscitar neles a percepção da necessidade permanente de atualização, de superar desafios, ser sujeito crítico e estar aberto para os novos conhecimentos.11 Assim, a qualificação para o método científico permite desenvolver um olhar mais crítico sobre o contexto social e as reais demandas do sistema de saúde público. Este trabalho trata-se de um estudo de caso, de base documental, que tem como objetivo relatar a participação dos estudantes de Odontologia nas atividades de iniciação ao trabalho e de pesquisa propostas pelo PET-Saúde / Saúde da Família da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil, no período de 2009 a 2011. Os dados foram coletados a partir de Anais de eventos 46 científicos e registros documentados em relatórios dos estudantes, preceptores, tutores e coordenação do PET-Saúde/Saúde da Família. VIVÊNCIAS NO PET-SAÚDE UNIMONTES A Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes por meio do seu Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS tem favorecido a formação de profissionais qualificados para a prática profissional no âmbito do SUS e da Estratégia de Saúde da Família - ESF. Esta experiência é abrangente, na medida em que transita nos níveis de graduação e pós-graduação, como a Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Residência em Medicina de Família e Comunidade, formando Cirurgiões-dentistas, Enfermeiros e Médicos para o trabalho no campo dos cuidados primários em saúde, principalmente na ESF. No âmbito da graduação, há a inserção dos estudantes nas atividades curriculares de estágio supervisionado em Saúde da Família e a participação nas ações do PET-Saúde / Saúde da Família. Constituído por um coordenador, três tutores,18 preceptores e 90 acadêmicos dos cursos de graduação (Odontologia, Enfermagem, Medicina, Ciências Biológicas e Educação Física) do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (Tabela 1), o PET-Saúde / Saúde da Família da Unimontes é desenvolvido em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros. A participação do estudante de Odontologia representa 20% do total de participantes. As ações do Programa são desenvolvidas em seis Equipes de Saúde da Família da zona urbana de Montes Claros, Minas Gerais. De todos os acadêmicos participantes do PETSaúde/Saúde da Família, 36 (40%) são bolsistas. Esse dado é importante uma vez que o número de estudantes não bolsistas (54 estudantes - 60%) é expressivo, o que demonstra a busca ativa do acadêmico na participação de atividades propostas, pelo Programa, Tabela 1 - Distribuição dos estudantes, participantes do PET-Saúde/Saúde da Família, por curso de graduação. Unimontes, 2010/2011. Curso n % Odontologia 18 20,00 Enfermagem 20 22,22 Medicina 42 46,67 4 4,44 Ciências Biológicas Educação Física Total Revista da ABENO • 11(2)45-50 6 6,67 90 100,00 A vivência dos estudantes de odontologia nas atividades de ensino-pesquisa-extensão do PET-Saúde • Rodrigues CAQ, Costa SM, Leite MTS, Mendes DC, Rodrigues Neto JF junto à ESF. Isso sugere uma mudança na concepção de formação profissional, na perspectiva do estudante. Formação essa, que atende aos requisitos propostos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para formação em saúde.3-5 Na iniciação ao trabalho na comunidade, os estudantes participam do diagnóstico de saúde da população, identificando as doenças individuais e os problemas de saúde coletiva mais frequentes, desenvolvem atividades de prevenção e promoção em saúde e são acompanhados em todas estas atividades pelos preceptores e tutores do Programa. As ações de saúde realizadas, tanto preventivas e promocionais quanto curativas, foram direcionadas aos ciclos de vida, abrangendo o recém-nascido, a criança, o adolescente, o adulto, a mulher e o idoso em um contexto familiar. Os membros da equipe multiprofissional, numa perspectiva interdisciplinar, articulam suas práticas e saberes no enfrentamento de cada situação identificada, visando uma solução conjunta e intervenção adequada na integralidade do cuidado. O PET-Saúde propicia diversos benefícios aos seus participantes, uma vez que ocorre um aprendizado mútuo entre acadêmicos, preceptores e tutores no que se refere ao processo de trabalho da Estratégia Saúde da Família. Este Programa se constitui numa forma de contrapartida importante aos preceptores de estudantes e em importante fator para maior aproximação das instituições de ensino e de serviço. ATIVIDADES DE PESQUISA DESENVOLVIDAS PELOS ESTUDANTES Em cumprimento às diretrizes técnico-administrativas do PET-Saúde, institui-se na Unimontes, em 2010, o Núcleo de Excelência Clínica Aplicada à Atenção Básica (NECAAB), para o desenvolvimento de pesquisas no contexto da Atenção Primária à Saúde, com enfoque nos aspectos epidemiológicos, metodológicos e clínicos, promovendo a interação ensino, serviço e comunidade. O Núcleo de pesquisa agrega profissionais das áreas de Odontologia, Enfermagem, Medicina, Educação Física e Ciências Biológicas – professores, acadêmicos e profissionais da ESF – no que tange as linhas de pesquisa na área da Atenção Primária à Saúde. Destacam-se a seguir os projetos de pesquisa propostos pelo PET-Saúde/Saúde da Família de 2009-2010 e que foram incorporados no NECAAB conforme linha de pesquisa. A Linha Saúde da Família desenvolveu os projetos: • Diagnóstico das condições de vida dos hipertensos e diabéticos nas famílias de alto-risco: uma abordagem multiprofissional; • Desvelando a violência doméstica e suas implicações na Estratégia de Saúde da Família; • Qualidade de vida dos idosos cadastrados em uma equipe de Saúde da Família diante das condições adversas; • Avaliação do risco cardiovascular de hipertensos da área de abrangência de uma equipe de Saúde da Família em Montes Claros - MG; • O perfil e sobrecarga dos cuidadores de idosos domiciliares na área de abrangência de uma Equipe de Saúde da Família em Montes Claros - MG. A Linha de pesquisa Atenção Primária à Saúde desenvolveu os projetos: • Abordagem multiprofissional ao portador de sofrimento mental na Atenção Primária à Saúde: um desafio; • Percepção da doença periodontal por diabéticos cadastrados em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde. A Linha de Pesquisa Avaliação de Políticas e Serviços de Saúde elencou os projetos: • O perfil dos adolescentes usuários e não usuários de drogas em uma escola pública no município de Montes Claros - MG; • Avaliação multiprofissional: abordagem do fumante na Atenção Primária à Saúde; • Avaliação multiprofissional do alto índice de adolescentes grávidas em uma Estratégia de Saúde da Família. E por fim, a Linha de Pesquisa Educação na Formação e Atenção à Saúde propôs o projeto: • Avaliação multiprofissional: abordagem do fumante na atenção primária à saúde. Para as ações do PET-Saúde 2010/2011, o NECAAB incorporou mais três novos projetos de pesquisa envolvendo a participação acadêmica. Todos os projetos foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unimontes em consonância com a Resolução 196/962. Em todas as vertentes dos projetos, os acadêmicos foram atuantes, participando desde o planejamento, trabalho de campo até a análise dos resultados. A vivência nessas atividades serviu como laboratório de aprendizagem, permitindo um conhecimento global e consciente das diferentes etapas da investigação científica. O desenvolvimento de proje- Revista da ABENO • 11(2)45-50 47 A vivência dos estudantes de odontologia nas atividades de ensino-pesquisa-extensão do PET-Saúde • Rodrigues CAQ, Costa SM, Leite MTS, Mendes DC, Rodrigues Neto JF tos de pesquisa tem proporcionado o estreitamento do vínculo dos acadêmicos e docentes, os serviços de saúde e usuários do SUS. Para melhor desempenho nas atividades de pesquisa os acadêmicos foram capacitados, para os diversos passos da pesquisa científica, por meio de oficinas de Trabalho científico, envolvendo também, a participação dos profissionais das equipes da ESF. As oficinas foram conduzidas pelos tutores e coordenador como o objetivo de instrumentalizar os estudantes para a elaboração e condução da pesquisa cientifica. Os temas contemplados nas oficinas foram: • elaboração do projeto de pesquisa, • leitura crítica de artigo científico, • fichamento de artigos científicos, • iniciação ao uso de programas estatísticos, • preparo de pôsteres, • construção de gráficos e tabelas, e • redação do artigo científico. O processo ensino-pesquisa-extensão amplia a inserção do estudante no contexto social. Isso é importante uma vez que, a reforma do setor saúde torna a capacitação de recursos humanos um desafio mediante a transitoriedade do saber e das mudanças no mundo do trabalho. Nesse sentido, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ressalta o desafio de formar profissionais da saúde com competência técnica e política para o SUS.12 O trabalho junto ao SUS envolve ações de promoção e vigilância em saúde, prevenção, educação sanitária, e ações que garantam a assistência à saúde de forma integral.13 Essas ações requeridas no setor público de saúde poderão ser melhor planejadas por meio do trabalho investigativo no contexto do SUS. Além do mais, o estudante ao ser inserido no serviço e produzir conhecimento, por meio de pesquisas, se aproxima de um dos desafios propostos na formação em saúde, aprender a aprender. Resultados parciais dos estudos científicos e relatos de experiências das atividades multiprofissionais realizadas na Estratégia Saúde da Família foram divulgados em eventos acadêmicos, como Mostras, Jornadas, Encontros Científicos e Congressos. Os trabalhos apresentados, no biênio 2010/2011, foram publicados em Anais, na forma de resumos simples e expandidos (Tabela 2). A forma de apresentação dos resumos científicos foi tanto na modalidade de pôster como na forma de apresentação oral. Artigos científicos estão sendo elaborados a partir dos resultados das pesquisas e dos relatos de experi48 Tabela 2 - Publicação de trabalhos em eventos científicos pelos estudantes participantes do PET-Saúde/Saúde da Família. Unimontes, 2010/2011. Publicação de resumos em anais n % Resultados parciais de pesquisa 27 43,55 Relatos de experiência no SUS 35 56,45 Total 62 100,00 ências vivenciadas junto ao SUS (32), sendo a maioria dos artigos produtos das pesquisas científicas (94,34%). Cabe aqui ressaltar, que dois dos artigos estão sendo elaborados para trabalho de conclusão de curso. Quanto à publicação/aceite de artigos científicos em periódicos já somam três artigos, sendo duas publicações provenientes de pesquisa e uma de relato de experiência. A participação de estudantes em atividades de pesquisa junto à ESF é um processo importante. Isso foi reforçado pelo Ministério da Saúde que ampliou a atenção para a formação a partir do processo de trabalho. A formação na saúde deveria objetivar a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho. Nesse sentido, a formação deveria estruturar-se a partir da problematização do processo de trabalho e sua capacidade de acolher e cuidar das várias dimensões e necessidades em saúde dos indivíduos e das populações.6 Com relação aos temas contemplados nos resumos/artigos científicos, pode-se destacar: • agenda em saúde; • perfil dos profissionais da ESF; • elaboração da Ficha A; • sexualidade; • educação em saúde; • ações coletivas dos profissionais da saúde de nível superior; • referencia e contra referencia na ESF; • ações dos agentes comunitários de saúde; • conhecimento da condição de saúde e doença no território da ESF; • currículo das profissões de saúde; • grupos prioritários de atendimento na ESF como idosos, hipertensos e diabéticos. A proposta de estimular o estudante a buscar um maior conhecimento das temáticas e questões reais do SUS vem ao encontro das novas Diretrizes Curriculares na área da saúde. Essas explicitam a necessidade de uma metodologia de ensino-aprendizagem que favoreça a formação crítica e reflexiva e a respon- Revista da ABENO • 11(2)45-50 A vivência dos estudantes de odontologia nas atividades de ensino-pesquisa-extensão do PET-Saúde • Rodrigues CAQ, Costa SM, Leite MTS, Mendes DC, Rodrigues Neto JF sabilidade compartilhada professor e estudante. Nesse sentido, também, o Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação retoma a integração ensino serviço como vetor importante no processo de ensino-aprendizagem pelo Pró-Saúde.12 Assim, o desenvolvimento de trabalhos científicos com temáticas envolvendo as diversas situações encontradas na ESF contribui para formação reflexiva e crítica dos estudantes, e para a busca de soluções a partir do melhor conhecimento do problema, por meio do método científico. Além dos artigos científicos e dos resumos publicados em Anais de eventos, os estudantes, participantes do PET-Saúde, elaboraram material científico para atividades de educação em saúde. O material foi elaborado (pôsteres temáticos) a partir do levantamento dos principais problemas de saúde nos territórios das ESF participantes do Programa. Nesse sentido, foram confeccionados materiais didáticos educativos em Saúde bucal, além de outros temas, como Hipertensão, Diabetes, Atividade Física, Câncer de Mama e de Colo Uterino. Todo o material educativo foi elaborado a partir de informações baseadas em evidências científicas e com intenção de esclarecer e quebrar mitos sobre os diversos temas de saúde abordados. Desse modo, o estágio apresenta-se como uma estratégia pedagógica que precisa ir além da relação professor-aluno. Para sua efetivação faz-se necessário ampliar as relações humanas, envolver outros atores no mundo do trabalho. A vivência junto ao SUS tem um significado especial na formação do profissional em saúde, permitindo o exercício da autonomia ao lidar diretamente com a realidade de saúde da população e do mundo do trabalho. Essa interação do ensino no serviço possibilita o desenvolvimento pessoal e profissional, e intensifica a relação entre teoria e prática.10 Nesse sentido, o PET-Saúde/Saúde da Família tem propiciado a aproximação do ensino da Odontologia ao serviço público de saúde, além de qualificar os estudantes para o trabalho junto ao SUS. O PET-Saúde possibilita a construção de uma nova alternativa de educação e extensão, quebrando o modelo tradicional de ensino. A inserção no serviço desenvolve nos estudantes habilidades para o trabalho em equipe e relações interpessoais. Além do mais, o Programa oferece oportunidades para vivenciar experiências, que são facilitadas pela inserção das atividades no campo de trabalho.15 CONSIDERAÇÕES FINAIS Constatou-se uma atuação participativa dos aca- dêmicos nas atividades científicas, com demonstração de grande interesse na condução dos trabalhos e na divulgação dos mesmos em eventos científicos. Desse modo, a academia cumpre o seu papel social de buscar por meio dos trabalhos científicos, divulgados, subsídios para o planejamento de ações que possam dar apoio à comunidade e melhorar os serviços de saúde oferecidos pela ESF. A inserção do estudante de Odontologia, como sujeito ativo nas atividades científicas, permitiu a vivência na realidade do serviço público de saúde. Isso pode ter permitido o estímulo do senso crítico, das habilidades cognitivas, além da capacidade de resolução dos problemas. Ademais, a experiência PETSaúde serviu como aprendizagem em pesquisa, fazendo-se ciência a partir da vivência no SUS. Os resultados das pesquisas poderão nortear a tomada de decisões relativas aos serviços de saúde na Estratégia Saúde da Família - ESF. Nesse sentido, espera-se que os resultados dos estudos científicos conduzidos pelo PET-Saúde/Saúde da Família possam ser fonte de crítica para uma prática mais adequada à realidade do Norte de Minas Gerais, Brasil. A participação do estudante de Odontologia nas atividades do PET-Saúde contribui para a qualificação dos estudantes na perspectiva do SUS, ao introduzir os novos cenários de prática e permitir a vivência no contexto social e real. Neste sentido, a integração ensino pesquisa extensão poderá contribuir para o fortalecimento e consolidação das políticas públicas de saúde. ABSTRACT The experience of dentistry students in “PETSaúde” teaching-research-extension activities This is a descriptive and documental case study that analyzes the participation of students in teachingresearch-extension activities proposed by the “PETSaúde” Program (Education Program through Health Work) at the State University of Montes Claros, Unimontes, for the period of 2010 to 2011. Data collection involved a documental analysis by program participants in scientific events and reports produced during the conducting of the “PET-Saúde” program. The scientific activities analyzed were those proposed by “PET-Saúde” under tutorial monitoring by Unimontes lecturers, professional instructors connected to the Family Health Strategy Project and academics in the following fields: dentistry, medicine, nursing, biologic sciences and physical education. Highlights of the program include project benefits to the students’ training in the field of health, continuing edu- Revista da ABENO • 11(2)45-50 49 A vivência dos estudantes de odontologia nas atividades de ensino-pesquisa-extensão do PET-Saúde • Rodrigues CAQ, Costa SM, Leite MTS, Mendes DC, Rodrigues Neto JF cation for instructors, and learning-health-service integration aimed at consolidating the Unified Health System. de bolsas de iniciação ao trabalho, tutoria acadêmica e preceptoria para a execução do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde, instituído no âmbito do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação. Diário Oficial da União; DESCRIPTORS Education, higher. Unified health system. Family health. § rEFERÊNCIAS 20 de Abril de 2010; Seção 1. 9. Colliselli L, Tombini LHT, Leba ME, Reibnitz KS. Estágio curricular supervisionado: diversificando cenários e fortalecendo a interação ensino-serviço. Rev. bras. enferm. [online]. 2009;62(6):932-7. Cited 2011 June 11. Disponível em: http:// 1. Almeida-Filho Naomar. Ensino superior e os serviços de saúde www.scielo.br/pdf/reben/v62n6/a23v62n6.pdf. no Brasil. The Lancet: Saúde no Brasil. 2011;1:6-7. [online]. 10. Costa LM, Germano RM. Estágio curricular supervisionado na Acesso: 2011 Junho 16. Disponível em: http://www.abc.org. Graduação em Enfermagem: revisitando a história. Rev Bras br/IMG/pdf/doc-574.pdf. Enferm 2007; 60(6): 706-10. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Re- 11. Erdmann AL, Leite JL, Nascimento KC, Lanzoni GMM. Vis- solução 196, de 16/10/96. Diretrizes e Normas Regulamenta- lumbrando o significado da iniciação científica a partir do doras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos. Disponível graduando de Enfermagem. Esc. Anna Nery [online]. em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.htm. 2010;14(1):1-2. Cited 2011 June 14. Disponível em: http:// www.scielo.br/pdf/ean/v14n1/v14n1a05.pdf. Acesso 15 jun 2011. 3. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação superior. Resolução CNE/CES Nº 3, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Brasília: CNE/CES; 2001a. 4. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação superior. Resolução CNE/CES Nº 4, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina. Brasília: CNE/CES; 2001b. 5. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação superior. Resolução CNE/CES Nº 3, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Brasil: CNE/CES; 2002. 6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde. Aprender SUS: o SUS e as mudanças na graduação. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. 7. Brasil. Ministério da Educação. Ministério da Saúde. Portaria Interministerial n 1.802 de 26 de agosto de 2008. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PETSaúde. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília; 26 ago, 2008. Seção 1: 1677-7042. 12. Moimaz SAS, Saliba NA, Zina LG, Saliba O, Garbin CAS. Práticas de ensino-aprendizagem com base em cenários reais. Interface (Botucatu) [online]. 2010;14(32):69-79. Citado 2011 June 11. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/icse/ v14n32/06.pdf. 13. Paim J, Travassos C, Almeida C, Bahia L, Macinko J. O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios. The Lancet: Saúde no Brasil. 2011;1:11-31. [online]. Acesso: 2011 Junho 16. Disponível em: http://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc574.pdf. 14. Rede Unida. Portal Rede Unida Diversificação de cenários de ensino e trabalho sobre necessidades/ problemas da comunidade. Londrina: Rede Unida; 2006. Citado 12 dez 2008. Disponível em: http://www.redeunida.org.br/produção/div_diversif.asp 15. Tavares DMS, Simões ALA, Poggetto MT, Silva SR. The interface of teaching, research and extension in undergraduate courses in health. Rev. Latino-Am. Enfermagem [online]. 2007;15(6):1080-5. Citado 2011 June 11. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v15n6/03.pdf. 8. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho 50 e da Educação na Saúde- SGTES. Portaria n. 4, de 29 de Março Recebido em 07/07/2011 de 2010. Estabelece orientações e diretrizes para a concessão Aceito em 25/07/2011 Revista da ABENO • 11(2)45-50 PET-Saúde: formando discentes multiplicadores - relato de experiência Késsia Nara Andrade Sales*, Fabiana Angélica de Paula**, Mirtes Ribeiro***, Liliane da Consolação Campos Ribeiro****, Sylvana Mara Canuto***** * Discente do curso de Graduação em Odontologia da UFVJM. Bolsistas do PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/UFVJM ** Professora Auxiliar I do Departamento de Enfermagem da UFVJM. Mestranda do PRPPG/UFVJM. Tutora do PET-Saúde/Saúde Mental/UFVJM *** Professora Assistente do Departamento de Enfermagem da UFVJM. Doutoranda do Programa Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG. Coordenadora dos PET-Saúde/ Saúde Mental e Vigilância à Saúde/UFVJM **** Professora Assistente do Departamento de Enfermagem da UFVJM. Doutoranda do Programa Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG. Tutora do PET-Saúde/VS ***** Psicóloga do Centro de Assistência e Promoção Social/Diamantina. Preceptora do PET-Saúde/Saúde Mental/UFVJM Resumo A interação dos profissionais da saúde ainda na graduação, torna-se possível por meio de iniciativas como o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), o qual se constitui em um instrumento que viabiliza a inserção dos estudantes no Sistema Único de Saúde - SUS, visando à iniciação ao trabalho científico, estágios e vivências do cotidiano do serviço, contribuindo para a formação de profissionais mais comprometidos com a realidade de saúde e sua transformação. O presente trabalho trata-se de um relato de experiência de caráter descritivo, com o objetivo de relatar a experiência de uma aluna de graduação em Odontologia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), participante do PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/ UFVJM e ex-participante do PET-Saúde/Vigilância em Saúde/UFVJM. O PET-Saúde/Vigilância a Saúde da UFVJM, é composto por dois grupos tutoriais sendo que o grupo do qual a acadêmica participou visava ampliar o acesso á testagem para diagnóstico de contaminação pelo vírus HIV, utilizando testes-rápidos. O PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/UFVJM tem como proposta, dentre outros objetivos, qualificar acadêmicos técnicamente, científicamente e tec- nologicamente na área da saúde mental, com abordagem a álcool e outras drogas. Além disso, o programa PET-Saúde/UFVJM estimula o aluno a desenvolver atividades de pesquisa com propostas de mudança efetivas em sua realidade. Desta forma, percebe-se que a integração ensino-serviço-comunidade pode ser utilizada como um instrumento valioso na promoção social e no exercício da cidadania, tornando-se fundamental na diminuição das problemáticas sociais existentes. Descritores AIDS. Drogas. PET-Saúde/UFVJM. Odontologia. Relato de experiência. A interação dos profissionais da saúde torna-se possível por meio de iniciativas como o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), o qual se constitui em um instrumento que viabiliza a inserção dos estudantes no Sistema Único de Saúde - SUS ainda na graduação, visando à iniciação ao trabalho científico, estágios e vivências na realidade do serviço. Promove uma articulação entre ensinoserviço-comunidade por meio da formação de uma equipe interdisciplinar, composta por acadêmicos e Revista da ABENO • 11(2)51-6 51 PET-Saúde: formando discentes multiplicadores - relato de experiência • Sales KNA, Paula FA, Ribeiro M, Ribeiro LCC, Canuto SM profissionais da saúde, caracterizando-se como instrumento para qualificação em serviço, enriquecendo o conhecimento acadêmico e contribuindo para a formação de profissionais mais comprometidos com a realidade de saúde e sua transformação.2 O PET-Saúde/Vigilância a Saúde (PET-Saúde/ VS) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) têm como objetivos proporcionar a formação de profissionais capacitados e engajados com os serviços de atenção á saúde, com foco na vigilância à saúde, pautados no senso crítico, na cidadania e na função social da educação, por meio das atividades de ensino, pesquisa e extensão e proporcionar a melhoria da qualidade dos serviços de vigilância á saúde prestados á população, por meio da permuta de metodologias e tecnologias oriundas dos serviços de Vigilância a Saúde e da Instituição de Educação Superior. Para a implementação desta proposta inicialmente foram constituídos dois grupos tutoriais, um cuja meta é a Vigilância das Doenças Diarréicas Agudas e das Doenças Transmitidas por Alimentos e outro cuja proposta era de ampliar o acesso á testagem para diagnóstico de contaminação pelo vírus HIV, utilizando testes-rápidos. Ambos tendo com cenários de práticas os 34 municípios da jurisdição da Superintendência Regional de Saúde de Diamantina - MG. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é, atualmente, uma epidemia que tem avançado progressivamente em todo o mundo, ultrapassando barreiras geopolíticas, sendo assim o diagnóstico precoce do HIV/AIDS é fator importante para assegurar maior qualidade de vida às pessoas infectadas. Sendo assim, existe no mercado um sistema de teste Rápido HIV que utiliza antígenos fixados para a detecção de anticorpos para o HIV em soro, plasma ou sangue.9 O Teste Rápido é um teste imunocromatográfico rápido de simples execução, além de seguro e seu resultado confiável e sigiloso. Justifica-se então a existência de iniciativas como PETSaúde/VS-HIV/AIDS na perspectiva de promover ações de prevenção e promoção da saúde, bem como o diagnóstico e tratamento precoce da infecção pelo vírus HIV. O PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/UFVJM tem como proposta, dentre outros objetivos, qualificar acadêmicos técnicamente, científicamente e tecnológicamente na área da saúde mental, com abordagem a álcool e outras drogas. A dependência de drogas é um problema de destaque social. É considerada um distúrbio, e por isso 52 deve receber um enfoque mais amplo, envolvendo cuidados especiais por parte dos profissionais de saúde. O uso de substâncias químicas vem aumentando gradativamente, fragilizando a família e o próprio indivíduo, que soma para si uma série de alterações físicas, químicas e emocionais. A pertinência deste relato está no imenso conhecimento adquirido pelos integrantes do grupo, por meio das pesquisas e das interações profissionais, complementando a formação acadêmica-profissional por meio da interdisciplinaridade, visto que o profissional interdisciplinar deve estar disposto a vivenciar uma prática de constante mudança, não tendo como objetivo único uma meta pré-estabelecida. Objetiva-se com este, relatar a experiência de uma aluna de graduação em Odontologia da UFVJM, participante do PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/ UFVJM e ex-participante do PET-Saúde/Vigilância em Saúde/UFVJM. Descrição da experiência O presente trabalho trata-se de um relato de experiência de caráter descritivo. A duração da experiência foi de aproximadamente um ano. A metodologia de trabalho utilizada em ambos os PET-Saúde, trata-se da Técnica de Metodologia ativa do Processo de Ensino Aprendizado, composta das seguintes fases: • vivência da prática; • reflexão da prática vivenciada; • investigação qualificada de informações e • reflexão da prática com a intenção de transformá-la. Já quanto ao envolvimento de outros profissionais e instituições, são seguidas as seguintes etapas: • sensibilização e envolvimento das instituições, • fortalecimento da ideia de um novo modelo de vigilância e promoção à saúde, • fortalecimento e desenvolvimento dos profissionais envolvidos nas ações e por fim, • construção e aplicação do saber aprendido. Enquanto membro da equipe PET-Saúde/VS, foram desenvolvidas atividades de pesquisa e extensão com enfoque na prevenção e diagnóstico precoce do HIV/AIDS, juntamente com outros discentes dos cursos de Farmácia, Odontologia, Educação Física, Ciências Biológicas e Enfermagem, sob orientação de profissionais (tutores e preceptores) da enfermagem, da odontologia e da fisioterapia. Foram realizadas diversas capacitações que abordavam a epidemiologia Revista da ABENO • 11(2)51-6 PET-Saúde: formando discentes multiplicadores - relato de experiência • Sales KNA, Paula FA, Ribeiro M, Ribeiro LCC, Canuto SM do HIV/AIDS, bem como os grupos vulneráveis, sintomas, métodos de prevenção e tratamento, mecânica de realização do teste - rápido. Os acadêmicos puderam conhecer a realidade do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da cidade de Diamantina. Foi possível ainda desenvolver atividades de extensão como palestras sobre HIV/AIDS para diferentes públicos, caminhadas de conscientização, distribuição de preservativos e material informativo sobre o tema. O PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/UFVJM é composto por acadêmicos dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Farmácia e Odontologia, orientados por profissionais (preceptores e tutores) das áreas de enfermagem, psicologia e assistência social. Neste houve cursos de capacitação, dividido em dois módulos, sendo que no Módulo I abordou assuntos a cerca da saúde mental e suas complexidades, reforma psiquiátrica, organização dos serviços de saúde mental. No Módulo II foram discorridos temas como: • transtornos decorrentes do uso de drogas e álcool, • abordagem e tratamento, • a dependência química, • legislação da política nacional de combate ao uso de álcool/drogas e saúde mental/dependência química. A fim de cumprir os objetivos propostos pelo projeto, a equipe foi dividida em três grupos, cada qual com uma meta distinta: • construção do Diagnóstico Administrativo e Situacional do Centro de Assistência e Promoção Social (CAPS) Renascer/Diamantina; • capacitar os dispositivos comunitários de álcool e drogas existentes na cidade e • capacitar os profissionais das ESFs (Estratégia Saúde da família) a cerca do tema saúde mental e drogas. Sendo proposto aos acadêmicos mudarem de grupo periodicamente e desenvolver continuadamente o trabalho iniciado pelos colegas, oportunizando a estes a vivencia enquanto acadêmicos para a aquisição de habilidades necessárias as experiências para o bom andamento do serviço de saúde, apesar da grande rotatividade profissional. Resultados e discussão A interdisciplinaridade implica uma consciência dos limites e das potencialidades de cada campo de saber para que possa haver uma abertura em direção de um fazer coletivo. O trabalho em equipe tem como compromisso a geração de dispositivos renovados para o trabalho, sendo necessário que cada profissional se familiarize com as outras áreas, de modo legitimado e em relações horizontais.6 Por ser composto por uma equipe multi e interdisciplinar, o PET-Saúde possibilita ao discente conhecer melhor a dinâmica de funcionamento do trabalho em equipe dos serviços de saúde pública, entendendo a interdependência positiva que existe entre os diferentes profissionais bem como a aproximação com o contexto social da população a ser assistida, além de realizar uma articulação entre os diversos profissionais de saúde que compõe a rede de assistência. O programa estimula o aluno a desenvolver atividades de pesquisa, investigação científica, coleta, tabulação de dados e análises críticas com propostas de mudança efetivas em uma determinada realidade. Para atingir tal proposta são realizadas capacitações sobre os portais de pesquisa, programas estatísticos, geoprocessamento, revisão integrativa, dentre outros. A fim de discutir a ampliação do acesso ao diagnóstico da infecção pelo HIV, em atendimento aos princípios da equidade e da integralidade da assistência, bem como da universalidade de acesso aos serviços de saúde do SUS, o grupo PET-Saúde/VS-HIV/ AIDS em parceria com a Coordenação Regional de DST/HIV/AIDS e o Programa Municipal de DST/ HIV/AIDS de Diamantina realizou um encontro intitulado “Estratégias para sensibilização quanto à necessidade de testagem para detecção de portadores do HIV na região do Vale do Jequitinhonha”. Foi abordado no encontro temas como a utilização do teste rápido, a importância do aconselhamento pré e pós-teste e a realização do mesmo, além de propor atividades de mobilização da comunidade e a presença do CTA Itinerante nos municípios participantes e que se manifestarem interesse por tal. Foram elaborados também planos para a identificação da população vulnerável dos municípios e estratégias para concientizá-las a cerca da prevenção da contaminação pelo vírus HIV/AIDS bem como a importância do diagnóstico precoce. Teve duração de 16 horas e contou com a participação de profissionais ligados à epidemiologia dos municípios da macrorregional de Diamantina. Foi muito valiosa a experiência adquirida pelos petianos em tal evento, uma vez lhes possibilitou conhecer a realidade de vários municípios do Vale Jequitinho- Revista da ABENO • 11(2)51-6 53 PET-Saúde: formando discentes multiplicadores - relato de experiência • Sales KNA, Paula FA, Ribeiro M, Ribeiro LCC, Canuto SM nha, e também a troca de vivências entre vários profissionais da saúde participantes do mesmo. O dia 1º de dezembro é marcado pelo Dia Mundial de Luta Contra a AIDS. Para lembrar a data, a prefeitura de Diamantina realizou diversas ações voltadas para o combate à discriminação e o preconceito, tal como uma caminhada pela vida nas ruas da cidade, evento do qual o grupo PET-Saúde/VS participou como convidado e também contribuiu na distribuição de preservativos e material informativo. A campanha nacional do referido ano (2010) teve como foco principal a conscientização de homens e mulheres com idade entre 14 e 24 anos, diante do preconceito. Tinha proposta de dar maior visibilidade às questões de viver com HIV/AIDS, além de combater o estigma e a discriminação, enfatizando a proximidade da doença com o universo jovem. A fim de atingir este público alvo a caminhada teve como encerramento com um show com uma banda local, a Batcaverna, no qual os vocalistas da banda falavam sobre o tema durante a sua apresentação. O evento reuniu aproximadamente 8 mil pessoas. Previamente à campanha foi realizada uma oficina intitulada “BAT-papo” com a participação dos integrantes da banda, a fim de os tornarem multiplicadores e cidadãos parceiros das ações de educação em saúde, já que são admirados e vistos como referência para a juventude. Discutiu-se temas como o uso da camisinha, a campanha ministerial “Fique Sabendo” e os termos vulnerabilidade e comportamentos de risco, num clima informal e descontraído. Devido ao aumento do índice de pessoas contaminadas pelo vírus HIV, percebe-se a necessidade de campanhas que conscientizem sobre o uso de preservativos e sobre a importância dos testes rápidos para detecção precoce do vírus. Com o objetivo de abordar realidade dentro da UFVJM, foi realizada a Campanha “Universidade - Fique Sabendo”, uma inciativa do PET-Saúde/VS/UFVJM em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES/MG) e a Superintendência Regional de Saúde de Diamantina (SRS-D). A campanha aconteceu em dois dias nos diferentes campus da universidade e teve como foco a divulgação do teste rápido para a sorologia do HIV/AIDS e da rede de serviços disponíveis, bem como campanhas de prevenção e conscientização, e ainda encaminhar as pessoas diagnosticadas com HIV aos serviços especializados. Foram distribuídos preservativos e materiais informativos sobre HIV/AIDS, realizados aconselhamentos pré-teste de forma coletiva, testagem dos universitários e funcionários interessados, 54 utilizando testes rápidos para o HIV, e aconselhamento individual pós-teste, possibilitando o esclarecimento de dúvidas em relação ao teste e à doença. A campanha teve muito sucesso, uma vez que o número de acadêmicos atingidos superou as expectativas, sendo que estes relatarem se sentir muito mais “à vontade” conversar sobre um assunto tão polêmico que é o HIV/AIDS com pessoas que vivem a mesma realidade que eles, também por atingir o objetivo de ampliar o acesso à testagem dos universitários da UFVJM, para diagnóstico de contaminação pelo vírus HIV, utilizando testes-rápidos de forma gratuita e sigilosa. No decorrer do projeto, petianos e a tutora ministraram uma palestra com o tema “DST e AIDS” na “I Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho- SIPAT”. O público alvo foi de aproximadamente 70 trabalhadores da Construtora responsável pela ampliação do Campus da Universidade, sendo estes do sexo masculino, na faixa etária de 18 a 60 anos de idade. Foi um desafio para as acadêmicas, mas também foi bastante exitoso, pois apesar das dificuldades de 2 alunas falarem de um tema tão polêmico para um público composto apenas de homens de uma faixa etária tão ampla, conseguiram desenvolve-lo com habilidade. Com os conhecimentos adquiridos no PET-Saúde/VS foi possível também orientar colegas de curso a cerca de uma conduta correta após acidentes com material biológico na clinica odontológica, bem como uma conscientização em relação à postura de trabalho na prevenção da contaminação ocupacional e também a contaminação cruzada. A experiência adquirida com o PET-Saúde/Vigilância em Saúde possibilita enquanto graduanda em odontologia uma formação diferenciada, habilitando-a ao trato de pacientes com doenças infecto-contagiosas. O odontólogo tem um papel relevante frente ao diagnostico precoce da contaminação pelo HIV, uma vez que 90% dos pacientes infectados pelo vírus apresentam, a qualquer momento durante o curso da infecção, manifestações bucais, podendo ser ele ainda o primeiro a detectar e diagnosticar lesões indicadoras da Aids.3,7 Embora a microbiota de um portador de HIV/ AIDS seja semelhante à aquela encontrada em soronegativos, ela pode ser acrescida por microrganismos oportunistas.7 Para tanto, o profissional deve estar treinado e capacitado sobre as intercorrências dessas patologias, sabendo diagnosticá-las e tratá-las a contento, e também estar preparado a orientar o seu Revista da ABENO • 11(2)51-6 PET-Saúde: formando discentes multiplicadores - relato de experiência • Sales KNA, Paula FA, Ribeiro M, Ribeiro LCC, Canuto SM paciente para a necessidade imediata de uma avaliação médica, contribuindo assim para uma intervenção precoce. O PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/UFVJM possibilita ao acadêmico a conhecer o funcionamento do CAPS e dos dispositivos de proteção contra álcool e outras drogas (alcoólicos anônimos, narcóticos anônimos, dentre outros). É crescente o número de indivíduos dependentes químicos, bem como a falta de aprofundamento nesse assunto por parte da Odontologia. No entanto muitas vezes os profissionais dessa área são os primeiros a terem a oportunidade de diagnosticar o aparecimento de possíveis alterações surgidas em virtude do consumo de cigarro, álcool ou drogas ilícitas.4,8 O drogadito apresenta uma perda da auto-estima, levando a um descuido com a saúde geral e bucal. A droga pode ser fator etiológico de inúmeras lesões bucais, pois pode acarretar uma diminuição no fluxo salivar, desgaste dental, perda óssea, aumento do CPOD (dentes cariados, perdidos e obturados), problemas periodontais, xerostomia, bruxismo, estomatites, hipoestesia e dor, além da ocorrência de leucoplasias e carcinomas.4,5,8 O consumo excessivo de drogas promove mudanças efetivas em células da mucosa bucal, facilitando a penetração de carcinógenos.1 Algumas drogas, como por exemplo, a maconha, afetam a produção de células de defesa, levando a um quadro de imunossupressão, deixando o indivíduo mais vulnerável a infecções oportunistas, tais como a candidíase. Pode ocorrer também necrose tecidual devido ao déficit de suprimento sanguíneo ocasionado pelo poder vasoconstritor de drogas como a cocaína.4 Logo, os conhecimentos adquiridos no PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas possibilita a formação de um profissional diferenciado, capaz de reconhecer e entender as alterações que o álcool e outras drogas causam na cavidade bucal. Ele se torna apto em tratar não só a patologia, mas também entender o paciente, informar, de maneira clara e objetiva, todos os prejuízos causados pela droga, na boca e na saúde geral, e motivar ao abandono do vício, fornecendo ferramentas de ajuda para tal. O embasamento teórico-prático torna-o capaz de orientar os pacientes sobre os dispositivos comunitários e a procura de serviços de saúde, tais como o CAPS álcool e drogas. Conclusão A relevância da experiência se dá pelo fato da in- serção do estudante no cenário vivo de aprendizado ser de grande significado para os processos formadores dos cursos de graduação em saúde, em especial no curso de Odontologia, que muitas vezes não oferece este espaço no currículo oficial. A possibilidade de troca de saberes entre os integrantes das equipes é outro fator que contribui para a formação dos acadêmicos envolvidos. Contudo percebe-se que a integração ensino-serviço-comunidade pode ser utilizada como um instrumento valioso na promoção social e no exercício da cidadania, tornando-se fundamental na diminuição das problemáticas sociais existentes. A Odontologia, além de aliviar a dor, pode contribuir para a reabilitação desses pacientes, auxiliando no desenvolvimento da auto-estima e ampliando a interação social, já que a recuperação implica o resgatar do ser humano em todos os aspectos, seja eliminando o significado psicológico das drogas ou por estar apto a realizar o acolhimento e aconselhamento do soropositivo, bem como orientá-los na busca de serviços especializados, dando ênfase às ações de prevenção e promoção da saúde a fim de proporcioná-lo condições necessárias para manter sua qualidade de vida. Abstract Pet-Health: preparing college student facilitators - report of an experience The interaction of health professionals still pursuing undergraduate studies is made possible through initiatives like the Education Program through Health Work (PET-Health). This program acts as an instrument through which students may be included in the Unified Health System (SUS), an inclusion that aims at introducing them to scientific work, internships and daily experience in extending professional services. All this contributes to the training of professionals committed to the reality of the healthcare area and to changing this reality. The present study reports an experience by an undergraduate dental student from the Federal University of the Jequitinhonha and Mucuri Valleys (UFVJM). Said student also participates in the PET / Mental Health-Drugs / UFVJM, and has participated in PET-Health / Health Surveillance / UFVJM. The PET-Health / Health Surveillance of UFVJM consists of two tutorial groups, in that the group in which the student participated aimed at gaining greater access to testing for the diagnosis of HIV infection through a rapid-testing technique. Among other goals, the PET-Health / Mental Health- Revista da ABENO • 11(2)51-6 55 PET-Saúde: formando discentes multiplicadores - relato de experiência • Sales KNA, Paula FA, Ribeiro M, Ribeiro LCC, Canuto SM Drugs / UFVJM has the purpose of qualifying students technically, scientifically and technologically in the area of mental health, through an approach focusing on alcohol and other drugs. In addition, the PETHealth / UFVJM program encourages students to develop research activities that propose effective changes in his reality. Thus, it can be concluded that the integration of teaching and community service can be used as a valuable tool in social promotion and exercise of citizenship, and that it is instrumental in reducing the existing social problems. 4. Colodel EV; Silva ELFM; Zielak, JC; Zaitter, W;Crosato EM; Pizzatto E. Alterações bucais presentes em dependentes químicos. Revista Sul-Brasileira de Odontologia. 2009;6(1):44-48. 5. Fernandes JP, Brandão VSG, Lima AAS. Prevalência de lesões cancerizáveis bucais em indivíduos portadores de alcoolismo. Revista Brasileira de Cancerologia. 2008;54(3):239-244 6. Garcia MAA, Pinto ATBCS, Odoni APC, Longhi BS, Machado LI, Linek MDS, Costa NA. Interdisciplinaridade e integralidade no ensino em saúde. Rev. Ciênc. Méd. 2006;15(6):473-485 7. Gasparin AB, Ferreira FV, Danesi CC, Sassi RAM, Silveira J, Martinez AMB, Zhang L, Cesar J. Prevalência e fatores associados às manifestações bucais em pacientes HIV positivos aten- DescriPTORs AIDS. Drugs. PET-Saúde/UFVJM. Dentistry. Report of experience. § Referências didos em cidade sul-brasileira. Cad. Saúde Pública. 2009; 25(6):1307-1315 8. Ribeiro EDP, Oliveira JA, Zambolin AP, Lauris JRP, Tomita NE. Abordagem integrada da saúde bucal de droga-dependentes em processo de recuperação. Pesqui. Odontol. Bras. 1. Batista AB, Ferreira FM, Ignácio SA, Machado MAN, Lima AAS. 2002;16(3):239-245. Efeito do tabagismo na mucosa bucal de indivíduos jovens: 9. Silva JAS, Val LF, Nichiata LYI. A estratégia saúde da família e análise citomorfométrica. Rev Bras Cancerol. 2008;54(1):5-10. a vulnerabilidade programática na atenção ao HIV/AIDS: uma 2. Brasil. Portal da Saúde. Programa de Educação pelo Trabalho revisão da literatura. O Mundo da Saúde, São Paulo: para a Saúde (PET-Saúde). Brasília: Ministério da Saúde; 2011. 2010;34(1):103-108. 3. Cavassani VGS, Sobrinho JA, Homem MGN, Rapoport. A. Candidíase oral como marcador de prognóstico em pacientes portadores do HIV. Rev Bras Otorrinolaringol. 2002;68(5):630-4. 56 Revista da ABENO • 11(2)51-6 Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 Análise discente da contribuição do preceptor e do estágio na formação do aluno de graduação da FO UERJ Maria Isabel de Castro de Souza*, Katlin Darlen Maia**, Renata Rocha Jorge***, Teresa Berlink****, Maria Eliza Barbosa Ramos***** *Vice-Diretora da FO-UERJ **Professora Adjunta das Disciplinas de Saúde Bucal Coletiva - UERJ ***Professora Adjunta das Disciplinas de Saúde Bucal Coletiva - UERJ ****Coordenadora Adjunta de Ensino de Graduação da FO-UERJ *****Coordenadora de Ensino de Graduação da FO-UERJ Resumo O objetivo deste estudo foi analisar o impacto da contribuição do preceptor e do estágio na rede pública na formação dos alunos de graduação da Faculdade de Odontologia da UERJ, através do programa Pró-Saúde. Foram analisados 95 questionários de avaliação que são distribuídos aos alunos ao final do período no qual constam as avaliações da contribuição do preceptor durante a formação do aluno, a contribuição do estágio em serviço na formação do aluno, os pontos positivos, pontos negativos e sugestões. Através das respostas obtidas podemos concluir que a realização do estágio com o suporte do preceptor aparece como recurso que contribui para ampliar a experiência e vivência do aluno, oportunizando uma aproximação significativa entre os alunos e o Sistema Único de Saúde, assim como é importante o estabelecimento da integração entre academia e serviço para o desenvolvimento de mecanismos de capacitação dos profissionais da rede através dos projetos públicos vigentes. Descritores Preceptor. Educação em saúde. Prática de ensinoaprendizagem. A s últimas décadas foram marcadas por mudanças significativas dentro das Instituições de Ensino Superior (IES), principalmente no que se refere ao ensino de graduação da área da Saúde. As políticas públicas promovidas, conjuntamente, pelo Ministério da Saúde (MS) e Ministério da Educação (ME), têm demonstrado uma especial preocupação na re- formulação e re-condução da formação dos profissionais que, todo ano, ingressam no mercado de trabalho, encontrando, muitas das vezes, realidades diferentes daquelas vividas dentro da faculdade que cursou. Com o intuito de fortalecer o compromisso social das IES e preparar os novos profissionais para a realidade da demanda populacional o MS e ME desenvolveram diferentes projetos como, por exemplo, PROMED, Telessaúde, PET Saúde, UNA-SUS e PróSaúde, bem como a consolidação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN’s), em articulação com as entidades de ensino das áreas da saúde.1,4 O objetivo principal das DCN’s é o de estabelecer novas formas de organização curricular, articular ensino e rede, redimensionando o status do processo educativo e prática em saúde. Na Odontologia, as diretrizes determinam que o perfil deste novo profissional deverá ser generalista, com visão humanista, crítica e reflexiva, capacitado a atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico, bem como ser capacitado ao exercício de atividades referentes à saúde bucal da população, pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefícios da sociedade.2,3 Com a determinação de incentivar mudanças na formação profissional, não mais em uma lógica de informações fragmentadas e sim através de um processo de conhecimento investigativo e do contato com o real na perspectiva da mudança social, o MS e ME lançaram edital público em dezembro de 2007 Revista da ABENO • 11(2)57-62 57 Análise discente da contribuição do preceptor e do estágio na formação do aluno de graduação da FO UERJ • Souza MIC, Maia KD, Jorge RR, Berlink T, Ramos MEB (Pró-Saúde) que tinha como estratégia de implementação a proposta de uma maior articulação entre as Instituições de Ensino Superior e o serviço público de Saúde. Os processos de reorientação da formação no Pró-Saúde estruturam-se em três eixos de transformação: 1. Orientação teórica; 2. Cenários de Prática e; 3. Orientação Pedagógica.1,4 Neste aspecto, um dos eixos do processo de reorientação se tornou primordial na formação dos novos profissionais e na articulação entre academia e serviço: a diversificação dos cenários de prática e, sendo assim, o preceptor apresenta um papel de destaque. Na prática, não é a simples alocação do horário do aluno em local específico dentro da rede pública que determinará uma melhoria da capacitação profissional e atendimento ao usuário, mas sim a integração do conhecimento aliado a capacidade de problematização, e sua transposição para o ambiente de prática do aluno. Além disso, o aluno é apresentado ao serviço sem que o preceptor tenha sido capacitado também para exercer tal função, o que leva a um choque de informações e exposições de ambas as partes (academia e serviço).5 Este trabalho teve como objetivo fazer uma análise qualitativa do papel do preceptor e do estágio na rede, pela ótica do aluno, sobre a formação de alunos do último período de graduação da Faculdade de Odontologia da UERJ através do Pró-Saúde. Materiais e Métodos Foram utilizados para este estudo um total de 95 questionários, respondidos por alunos de graduação que cursaram o último período curricular (8o período), nos anos de 2008 (24 alunos, segundo semestre), 2009 (23 alunos, primeiro semestre, e 19 alunos, segundo semestre) e 2010 (29 alunos, primeiro semestre). Todo início de semestre os alunos recebem, duran- te aula inaugural da Disciplina de Saúde Bucal Coletiva III, informações sobre as atividades que exercerão nos diferentes cenários de prática, bem como orientações sobre os itens que constarão na avaliação final do estágio. Esta avaliação é uma atividade obrigatória curricular, onde os alunos respondem ao questionário denominado Roteiro de Avaliação Final do Estágio do Aluno. Os cenários utilizados estão inseridos na CAP 2.2, área geográfica onde se encontra a FOUERJ e foram os seguintes: • PAM Helio Pellegrino, • PAM Heitor Beltrão, • Hospital Municipal Jesus, • CMS Maria Augusta Estrella e • IOC. Com o intuito de se realizar a avaliação para o presente estudo, foram selecionadas as seguintes questões abertas do Roteiro de Avaliação utilizado pela Disciplina de Saúde Bucal Coletiva III: 1. Avalie a contribuição do preceptor durante sua formação 2. Avalie a contribuição do estágio em serviço à sua formação 3. Pontos positivos do estágio 4. Pontos negativos do estágio 5. Sugestões A análise temática foi empregada neste trabalho por permitir descobrir os núcleos dos sentidos que compõem uma comunicação, cuja freqüência signifique alguma coisa para o objeto analítico visado. Estes temas denotam os valores de referência e os modelos de comportamento presentes nos discursos. Para análise dos dados, todas as respostas abertas foram analisadas agrupando-se as opiniões em categorias mencionadas pelos respondentes. Resultados Vejam os resultados nas Tabelas de 1 a 5: Tabela 1 - Compilação das respostas dos alunos da questão sobre contribuição do preceptor durante sua formação. 2008/2 • Relevante • Rica troca de informações • Fundamental na inserção do aluno • Oportunizou o atendimento aos pacientes 58 2009/1 2009/2 • Relevante • Ampliação na capacidade de propostas de tratamento • Auxilio na resolução de problemas do cotidiano • Demonstração da rotina de atendimento e tratamento que leva em consideração o contexto do paciente • Conhecimento de outras técnicas Revista da ABENO • 11(2)57-62 2010/1 • Observação sobre as condutas negativas do preceptor • Novos conhecimentos Análise discente da contribuição do preceptor e do estágio na formação do aluno de graduação da FO UERJ • Souza MIC, Maia KD, Jorge RR, Berlink T, Ramos MEB Tabela 2 - Compilação das respostas dos alunos da questão sobre contribuição do estágio durante sua formação. 2008/2 2009/1 2009/2 2010/1 • Proporciona experiências diferentes da faculdade • Vivência no setor público • Visão maior sobre a odontologia fora da faculdade • Agilidade em atendimento clínico • Contato com pacientes diferentes • Vivência no acolhimento • Entender e poder resolver o problema de cada paciente • Aprender como funciona o serviço público em nosso país • Observar as necessidades da população em termos de assistência básica e saúde bucal • Prática clínica • Será agente facilitador se quiser ingressar na rede • Entendimento de uma unidade básica de saúde e vivência clínica constatando haver um serviço de qualidade • Aplicação da teoria da faculdade na prática clínica • Visualização do sistema de saúde • Experiências não vivenciadas na faculdade • Observação das demandas da população em relação a saúde bucal • Prática clínica • Considerou um local bom para trabalhar futuramente • Aprender a trabalhar com sala de espera e trabalhar em equipe • Contato com desafios clínicos (muito enriquecedor) • Aprender a interagir com diferentes pacientes e a importância de trabalharmos com promoção de saúde • Trabalhar com mais confiança • Despertar da responsabilidade social • Formação mais completa • Aprender a lidar com a realidade de materiais e pacientes fora da faculdade • Enriquecedor • Contato com a realidade do serviço • Visão mais realista do serviço • Maior responsabilidade com a profissão e com o paciente • Atendimento a vários tipos de pacientes • Percepção real do mercado de trabalho Tabela 3 - Compilação das respostas dos alunos da questão sobre os pontos positivos do estágio. 2008/2 • Boa relação com preceptor • Experiência • Ganho na prática • Conhecimento da rede • Contato com o usuário 2009/1 • Conhecimento da rede • Envolvimento com a sociedade • Experiência clínica • Experiência em possível local de trabalho • Agilidade • Aperfeiçoamento profissional • Aprimoramento de técnicas • Conhecimento do sistema de referência e contrareferência 2009/2 • Conhecimento sobre atenção básica • Maior agilidade de atendimento • Convívio com outros profissionais • Experiência em trabalhar na rede 2010/1 • Prática clínica, • Saber mais sobre a demanda da população • Mais agilidade • ampliou conhecimento • Ter acesso a outras opiniões científicas • Tomada de decisão Tabela 4 - Compilação das respostas dos alunos da questão sobre os pontos negativos do estágio. 2008/2 • Dificuldade de locomoção entre os estágios • Burocracia de regulamentação do estágio • Horário • Falta de material adequado • Atualização dos profissionais da rede • Qualidade do material utilizado • Concentração de profissionais em um mesmo dia • Baixa quantidade de pacientes • Ausência Rx no consultório 2009/1 • Não atende a demanda da população • Poucas horas na semana • Número de professores no local reduzido • Falta de material • Visão do profissional da rede em relação ao aluno 2009/2 • Ausência do preceptor, • Atraso dos profissionais no atendimento dos pacientes • Conflito entre chefias e profissionais • Falta de material Revista da ABENO • 11(2)57-62 2010/1 • Falta de tempo do preceptor para atender ao aluno • Dificuldade de comunicação com os preceptores • Preceptores não receptivos • Falta de material • Falta de comprometimento do profissional da rede com o usuário 59 Análise discente da contribuição do preceptor e do estágio na formação do aluno de graduação da FO UERJ • Souza MIC, Maia KD, Jorge RR, Berlink T, Ramos MEB Tabela 5 - Compilação das respostas dos alunos da questão sobre as sugestões. 2008/2 2009/1 • Todos os alunos devem passar por esta experiência • Discutir a entrada dos alunos no serviço com os dentistas da rede • Colocar estágios nos CEO’s • adequação dos horários entre posto e faculdade • Presença dos professores no campo de estágio • Atuação dos alunos desde períodos mais precoces • Melhorias no acolhimento do usuário • Aparelho de Rx na atenção básica • Capacitação para os profissionais • Melhorias estruturais das unidades • Contratação de profissionais técnicos (TSB e ASB) para auxiliar e melhorar o atendimento clínico Discussão As perguntas abertas permitem aos participantes explanarem livremente sobre os temas propostos, e constitui um momento de muito aprendizado e, muitas vezes, até de desabafo. O que tornou as interpretações algo mais familiar foi o fato das pesquisadoras serem parte integrante do processo. Tal fato permitiu pensar, à luz da experiência, de estar no campo e presenciar o desenrolar dos eventos, em oposição a uma concepção de pesquisa em que se relata ou analisa situações das quais os autores desconheçam. Esta percepção tornou o produto final mais aproximado da realidade. A grande maioria dos alunos determinou ser muito importante o papel e contribuição do preceptor em sua formação profissional, muito embora uma das sugestões mais apontadas tenha sido a capacitação dos mesmos, tanto no acolhimento dos alunos quanto a questão técnica e conhecimento científico. Isto pode indicar que a utilização das políticas públicas de capacitação para estes profissionais como o Telessaúde e UNA-SUS bem como, a aproximação da academia ao serviço (Pró-Saúde), deverão promover um impacto profundo na transformação deste cenário. Sob este aspecto podemos destacar o Eixo 1 (Orientação Teórica) do Pró-Saúde que aponta como exemplo de objetivos a atenção especial à educação permanente, não restrita à pós-graduação especializada e a orientação sobre melhores práticas gerenciais que facilitem o relacionamento. Alguns autores na literatura descrevem que é essencial para a mudança na orientação pedagógica capacitar docentes em novas metodologias de ensinoaprendizagem, criar a figura do preceptor e ampliar laboratórios de práticas profissionais. Todas essas ações visam à integração entre os ciclos básico e clí60 2009/2 • Capacitação dos profissionais da rede • Estágio em unidades hospitalares • Iniciar o estágio mais cedo na faculdade • Aumento do tempo de estagio • Aquisição de aparelho de Rx 2010/1 • Maior número de locais para melhor dividir os alunos • Capacitação dos preceptores • Mais tempo para o estágio • Fazer seleção de preceptores nico, redirecionando o foco para a Atenção Primária à Saúde e para as estratégias de Educação Permanente como formas de preparar o pessoal docente e dos serviços que recebem os estudantes.6-8 Outros autores descrevem ainda que o preceptor tem papel importante na formação do aluno porque realiza uma atividade de ensino, mas que como tal não é considerada. Não existe capacitação específica para relação profissional-aluno que aí se constrói, nem compromisso formal com a formação. Além disso, os estudos sobre este assunto ainda são muito tímidos, propondo uma formulação e implementação de processos educativos na formação destes profissionais de saúde. Os alunos ficam “jogados” nos serviços e, sem uma adequada preceptoria, acabam expostos à má prática, são desatendidos, acabam “desaprendendo” e aumentando ainda mais a desilusão quanto ao trabalho na saúde pública e à realização das diretrizes do SUS. Sua função de mediador dos diferentes níveis de conhecimento aponta a necessidade de estabelecer relações pedagógicas, ou seja, relações que conduzem a aprendizagem prática do aluno, o “ser profissional da área de saúde”.9-12 O principal papel das IES deve ser o de reconhecer e capacitar o profissional interessado na atividade de preceptoria para que ele desempenhe com segurança e competência o que, na sua própria visão, faz parte de suas atribuições. E isso precisa ser discutido no âmbito dos serviços de saúde e nas IES: [...] os profissionais dos serviços valorizam, de forma geral, os estímulos com os alunos e os professores. Estes, quando realizam práticas nos novos cenários, também valorizam as experiências adquiridas como meios de adequação dos conteúdos curriculares, propiciados pela incorporação de Revista da ABENO • 11(2)57-62 Análise discente da contribuição do preceptor e do estágio na formação do aluno de graduação da FO UERJ • Souza MIC, Maia KD, Jorge RR, Berlink T, Ramos MEB temas/problemas com maior relevância. 13 Ao analisarmos as respostas sobre a contribuição do estágio na formação profissional dos alunos, pontos positivos e pontos negativos, novamente, a relevância desta experiência é destacada. Neste caso, podemos observar que os três eixos de transformação na reorientação profissional são contemplados: • observação dos determinantes de saúde (biológicos e sociais da doença); • avaliação crítica do processo de Atenção Básica; • aprender fazendo e com sentido crítico na análise da prática clínica; • o eixo do aprendizado deve ser a própria atividade dos serviços; • ênfase no aprendizado baseado na solução de problemas, avaliação formativa e somativa; • diversificação de cenários; • trabalho com o sistema de referência e contrareferência; • interação entre comunidade e alunos, e • importância do trabalho conjunto das equipes multiprofissionais.14-16 Além disso, tais pressupostos indicam uma mudança significativa nos conceitos destes profissionais, que ingressarão no mercado de trabalho, sobre a importância do serviço público, seu impacto sobre a população e, sua responsabilidade não só profissional como também social. Sob esta ótica podemos destacar observação de Stella (1999), concluindo em seu trabalho que os profissionais formados não atendem as necessidades de saúde no Brasil. As escolas possuem currículos e carga teórica extensa e, não preparam os alunos para atuarem na atenção primária e secundária, com um leque não aprofundado de conhecimentos das especialidades.16,17 Uma resposta em especial chamou atenção quando o discente respondeu: “Pude conhecer melhor a realidade do que é o SUS. Um sistema ótimo mas que para que funcione as partes precisam estar comprometidas diferente de ter um compromisso.” Muitos alunos ainda descreveram como ponto importante às condições de infra-estrutura, que também precisam ser adequadas para o acolhimento do estudante. O reduzido espaço e as precárias condições físicas foram apontados tanto na pergunta sobre as dificuldades quanto nos pontos negativos. Apesar de existirem muitas correções a serem fei- tas nesta ferramenta utilizada no processo de formação profissional, pode-se observar que a grande maioria dos alunos não só descreveu a experiência do estágio como um divisor de águas em sua capacitação como também sugeriu o aumento da carga horária empregada bem como a inserção desta experiência em outros períodos do currículo.18 Conclusão Após a análise qualitativa das respostas podemos concluir neste estudo que: 1. A realização do estágio com o suporte do preceptor, aparece como recurso que contribui para ampliar a experiência e vivência do aluno, oportunizando a aquisição de novos conhecimentos, que terão aplicabilidade na prática diária do futuro profissional. 2. Percebe-se que esta atividade gerou uma aproximação significativa entre os alunos e o Sistema Único de Saúde, podendo, tal fato, contribuir para melhor compreensão do mesmo e atuação mais eficiente. 3. É dever das IES estabelecer uma interlocução positiva entre o serviço e os futuros profissionais de saúde bem como desenvolver mecanismos de capacitação/atualização dos preceptores, utilizando os projetos públicos vigentes (PROMED, PróSaúde, UNA-SUS, PET Saúde). Abstract Student assessment of the contribution of the instructor and internship to the training of undergraduate students at FO UERJ The aim of this study was to analyze how the instructor and internship in the public healthcare system contribute to impacting the academic training of undergraduate students from the School of Dentistry, State University of Rio de Janeiro, through the “PróSaude” program. An analysis was made of 95 evaluation questionnaires usually distributed to undergraduate students at the end of their academic term. These questionnaires evaluate the contribution of the instructor and of the service-providing internship to the student’s undergraduate training, both positive and negative aspects of the experience, and also garner suggestions. According to the replies obtained, we can conclude that the internship given with the support of the instructor was rated as a resource that contributes to broadening the student’s experience. Moreover, this internship offers students a greater opportunity to develop a closer relationship with the Revista da ABENO • 11(2)57-62 61 Análise discente da contribuição do preceptor e do estágio na formação do aluno de graduação da FO UERJ • Souza MIC, Maia KD, Jorge RR, Berlink T, Ramos MEB SUS (Brazilian Unified Healthcare System), and to establish greater integration between academia and service-rendering to foster the development of training mechanisms for public healthcare professionals through the public projects currently in place. movimento de mudança. São Paulo: Hucitec/ Buenos Aires: Lugar Editorial/ Londrina:Editora UEL; 1999. 8 Cunha MI. Inovações pedagógicas: tempos de silêncios e possibilidades de mudanças. Interface Comun Saúde Educ 2003;7(13):149-52. 9 Sambunjak D, Straus SE, Marusic A. Mentoring in academic Descriptors Instructor. Health education. Teaching-learning practice. § medicine – a systematic review. JAMA 2006; 296(9):1103-1115. 10 Tsai JC, Lee PP, Chasteen S, Taylor RJ, Brennan MW, Schmidt GE. Resident physician mentoring program in ophthalmology: the Tennessee experience. Arch Ophthalmol 2006;124: 264- Referências 267. 1 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 198/GM/MS. Diário Ofi- 11 Wullaume SM, Batista NA. O Preceptor na residência médica cial da União nº 32/2004, Secção I. Brasil. Ministério da Saúde. em Pediatria: principais atributos. Jornal de Pediatria 2000; 76 Pró-saúde: programa nacional de reorientação da formação (5):333-338. profissional em saúde /Ministério da Saúde, Ministério da 12 Souza AM de A, Galvão E de A, Santos I dos, Roschke MAC. Educação. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. 77 p. (Série C. Processo educativo nos serviços de saúde. Brasília (DF): OPAS; Projetos, Programas e Relatórios). 1991. [Série Desenvolvimento de Recursos Humanos, 1] 2 Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educa- 13 Trajman A, Assunção N, Venturi M, Tobias D, Toschi W, Brant ção. Resolução CNE/CES nº 4, de 07/11/2001. Diretrizes V.A preceptoria na rede da Secretaria Municipal de Saúde do Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina. Rio de Janeiro: opinião dos profissionais de Saúde. Rev Brás Brasília: Câmara de Educação Superior; 2001. Educ Méd. 2009; 33 (1): 24 – 32. 3 Bagnato M. Inovações Pedagógicas na Educação Superior em Saúde: algumas reflexões. 2005. Disponível < [email protected] > PRAESA-Laboratório de Estudos e Pesquisas em Práticas de Educação e Saúde. Acesso em: 13 out. 2008. 4 Brasil. Ministério da Saúde. Pró-saúde: programa nacional de reorientação da formação profissional em saúde /Ministério da Saúde, Ministério da Educação. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. 77 p. (Série C. Projetos, Programas e Relatórios). 5 Botti SHO, Rego S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais são seus papéis? Revista Brasileira de Educação Médica. 32 (3):363-373;2008. 6 Missakal, H, Ribeiro VMB. Preceptoria na formação médica: subsídios para integrar teoria e prática na formação profissional – o que dizem os trabalhos nos congressos. VII Enpec – Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 8 14 Batista N et al. Problem-solving approach in the training of healthcare Professional. Rev Saúde Pública 2005; 39(2) 1-7. 15 Colliver JA. Effectiveness of problem-based learning curricula: research and theory. Acad Med 2000;75:259-66. 16 Abreu Neto, I. P. et al.. Percepção dos Professores sobre o Novo Currículo de Graduação da Faculdade de Medicina da UFG Implantado em 2003. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 30, n. 3, p. 154–160,maio/ago.,2006. (http:// www.scielo.br/pdf/rbem/v30n3/05.pdf) 17 Araujo MNT. ARTICULAÇÃO COM A REDE BÁSICA DO SUS: CONSTRUÇÃO DE PARCERIA. Revista Brasileira de Educação Médica 2008; 32 (3):440, jul./set. 18 Stella R. O ensino médico precisa ser reformulado. Jornal MEDICINA, Brasília, CFM, 1999. de novembro de 2009. 7 Almeida M, Feurwerker L, Llanos M. A educação dos profis- Recebido em 07/07/2011 sionais de saúde na América Latina: teoria e prática de um Aceito em 25/07/2011 62 Revista da ABENO • 11(2)57-62 Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS Cristine Maria Warmling*, Eloá Rossoni*, Fernando Neves Hugo**, Ramona Fernanda Ceriotti Toassi***, Vânia Aita de Lemos****, Sonia Maria Blauth de Slavutzki*****, Solange Bercht*****, Ângela Antunes Nunes******, Arisson Rocha da Rosa******* * Doutora em Educação, Docente FO/UFRGS ** Doutor em Saúde Coletiva, Docente FO/UFRGS *** Doutora em Educação, Docente FO/UFRGS ***** Mestre em Odontologia, Docente Licenciada FO/UFRGS ****** Doutora em Odontologia, Docente FO/UFRGS **** Doutora em Saúde Coletiva, Docente FO/UFRGS ******* Especialista em Odontologia em Saúde Coletiva, Docente FO/UFRGS Resumo Um dos objetivos principais das propostas de mudança de paradigma no ensino odontológico do país tem sido o de conformar o perfil profissional do cirurgião-dentista de modo a torná-lo mais ajustado às exigências ditadas pelo Sistema Único de Saúde. Mas esse é um modelo de formação incipiente e que ainda carece de consensos em torno do modo como formar esses profissionais. O objetivo deste artigo é descrever e avaliar processos pedagógicos, técnicos e políticos produzidos no percurso de implantação dos estágios curriculares de odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apontando aspectos envolvidos nas experiências de reorientação da formação do cirurgião-dentista para sua atuação no Sistema Único de Saúde. Foram analisadas produções escritas e depoimentos de docentes, documentos e relatórios institucionais e pesquisas escolares. As redes de atenção e ensino em saúde bucal encontram-se em processo de estruturação, desafios precisam ser superados: expansão limitada da atenção primária à saúde e, consequentemente, dos campos de estágios; necessidade de avanços nas discussões sobre o papel, atribuições e institucionalizações do preceptor/trabalhador e do tutor/docente; as incompreensões, ainda persistentes, a respeito dos estágios, tanto na instituição de ensino superior como na gestão e nos serviços do SUS; questões de financiamento; discurso hegemônico da clínica liberal-privatista e seus reflexos no embate constante entre tutores/preceptores e discentes; limites impostos pelo desenho fragmentado da rede de atenção em saúde. Descritores Ensino. Educação. Estágio. Atenção primária à saúde. Saúde bucal. Extensão comunitária. A III Conferência Nacional de Saúde Bucal (III CNSB), em 2004, apresentou o seguinte diagnóstico sobre a formação de trabalhadores para a área da odontologia: • há dissociação entre ensino e realidade brasileira, e também, • falta de debate social sobre características políticas e técnicas dos profissionais formados. A superação desses problemas, na opinião dos conferencistas, passa por redefinir o modelo de formação, integrar docência serviço e pesquisa, estimular parcerias entre Instituições de Ensino Superior (IES) e Secretarias Estaduais (SES) e Municipais de Saúde (SMS), estabelecer novos mecanismos de avaliação dos cursos e realizar capacitação dos profissionais de saúde.6 Um dos objetivos principais das propostas de mudança de paradigma no ensino odontológico do país tem sido o de conformar o perfil profissional do ci- Revista da ABENO • 11(2)63-70 63 Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM, Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR rurgião-dentista de modo a torná-lo mais ajustado às exigências ditadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).4 As novas experiências curriculares dos cursos de odontologia devem proporcionar aos acadêmicos atuar nos serviços de saúde do SUS. Para isso, nos municípios e também nos estados as redes de instituições de ensino e de serviço se integram através da operacionalização de ações de integração ensinoserviço-comunidade.29 A experiência vivenciada pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FO/UFRGS) é um exemplo a ser estudado quando se quer compreender de que modo essas transformações tem ocorrido. Essa instituição pública tem pautado seu projeto político pedagógico baseando-se no panorama político nacional. Procurou reorganizar seu currículo para, dentre outros objetivos, integrar atividades acadêmicas com o mundo do trabalho no SUS. Os estágios curriculares supervisionados recebem papel de destaque neste sentido. Nas novas proposições curriculares houve aumento substancial de carga horária para a realização dos estágios nos SUS. Desde o ano de 2006, os estágios têm sido implantados de forma progressiva, buscando propiciar aos estudantes do curso a inserção nos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) através da atuação em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e de Estratégia de Saúde da Família (USF/ESF), assim como, em serviços de Gestão e Atenção Especializada na Saúde Bucal.1,15 A implantação das mudanças curriculares da FO/ UFRGS, que ocorre desde 2005, e especialmente dos estágios curriculares, tem sido objeto de debate e avaliação em diferentes momentos institucionais, incluindo pesquisas. Resultam desse processo documentos e relatórios. Recentemente, por exemplo, se realizou uma oficina de avaliação curricular com a participação de gestores, usuários, controle social, preceptores, tutores, docentes e discentes. Durante a oficina os inúmeros desafios cotidianos que acompanham as mudanças curriculares e a realização dos estágios curriculares foram discutidos, analisados e relatados.26 Nesse contexto, o objetivo deste artigo é descrever e avaliar processos pedagógicos, técnicos e políticos produzidos no percurso de implantação dos estágios curriculares de odontologia da FO/UFRGS, apontando aspectos envolvidos nas experiências de reorientação da formação do cirurgião-dentista para sua atuação no SUS. Para isso foram analisadas produções escritas e depoimentos de docentes, docu64 mentos, relatórios institucionais e resultados de pesquisas acadêmicas. Estágios curriculares no SUS: intermediação entre mundo do trabalho e mundo acadêmico Os novos percursos curriculares da graduação em odontologia devem dar conta de formar perfis profissionais predominantemente generalistas, mas esse é um modelo de formação incipiente e que ainda carece de consensos em torno do modo como formar esses profissionais. Em sua trajetória histórica desde a sua emergência enquanto ensino autônomo da medicina, inúmeras reformulações curriculares tem sido realizadas com divergentes objetivos de acordo com os contextos sociais.18,28 Para se construir, portanto, referenciais teóricos que possibilitem análises das mudanças na formação do cirurgião-dentista na atualidade, é preciso, antes de tudo, perguntar-se, lembra Bercht (2008): Qual a natureza da sociedade atual? E, como é que o trabalho do cirurgião-dentista deve se estabelecer em relação a ela? Há uma nítida crise no mundo do trabalho, a palavra crise entendida aqui, como uma séria mudança que se manifesta em inúmeros aspectos: • o desemprego estrutural, • o trabalho morto (feito por máquinas), • a contratação temporária e • a precarização das condições de trabalho, Enfim, a perda de garantias, ou seja, do próprio “direito” ao trabalho como uma forma de inserção social. A crise do trabalho, da morfologia do trabalho, é também a crise da sociedade e do capitalismo contemporâneos, mostrando suas interfaces de insuficiências e inadequações.1 As mudanças mundiais do trabalho ocorridas no último século – sociais, políticas, econômicas, culturais e tecnológicas – afetam o cotidiano da prática odontológica e produzem desafios para a educação nesse campo. Diante da inadequação dos saberes fragmentados, frente a realidades de trabalho cada vez mais complexas e globais, emerge a necessidade de maior articulação entre conhecimentos e práticas. A hiperespecialização impede de ver o global, pois o fragmenta em parcelas. Segundo Montaigne, mais vale uma cabeça bem-feita que bem cheia. Cabeça bem-feita exige aptidão para colocar e tratar problemas, capacidade de ligar os saberes e lhes dar sentido. Reformar o ensino é reformar pensamentos.16 Revista da ABENO • 11(2)63-70 Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM, Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR A questão que se impõe para a odontologia é, então, como produzir cabeças bem feitas? Quais as competências e habilidades necessárias ao novo perfil profissional do cirurgião-dentista generalista, e principalmente, como desenvolvê-las nos cursos de graduação em odontologia? O estágio pode constituir-se em um lócus privilegiado de aprendizado e de transformação na interface trabalho e mundo do saber? O texto constitucional da Resolução CNE/CES N. 3, de 19 de fevereiro de 2002, contém a política curricular atual para os cursos de graduação em odontologia. Estabelece que a formação do cirurgião-dentista deve contemplar o sistema de saúde vigente no país, a atenção integral da saúde num sistema regionalizado e hierarquizado de referência e contra-referência e o trabalho em equipe.4 Conectado com as políticas no campo da educação e da saúde o projeto político-pedagógico da FO/ UFRGS identificou a necessidade de constituição de novos paradigmas de ensino-aprendizagem para compor os diferentes momentos do percurso de formação dos alunos. Orientou a formação de um perfil profissiográfico mais ajustado ao que propõem as novas diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em odontologia.20 No percurso da operacionalização da aproximação entre o ensino de graduação na área da saúde e o SUS destacam-se dois programas nacionais: • Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) e • Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pet-Saúde).8,9 Esses programas têm por finalidade estimular os processos de reformulação dos cursos da área da saúde enfatizando a inserção das ações de formação desses cursos nos serviços do SUS. Expressam uma operacionalização dos princípios contidos nas políticas mais gerais do ensino e da saúde. A FO/UFRGS obteve financiamento para o desenvolvimento desses dois projetos que estimulam a integração ensinoserviço-comunidade no curso. No resumo do projeto do Pró-saúde da FO/UFRGS está a intenção de direcionar a reformulação curricular para a aproximação da formação que se desenvolve na faculdade de odontologia com o SUS. O Pró-Saúde da FO/UFRGS foi estruturado a partir de um diagnóstico da inserção da Faculdade no SUS, tanto na perspectiva histórica, como a partir do novo projeto político pedagógico. Uma nova matriz curri- cular foi estabelecida atendendo as Diretrizes Curriculares para os cursos de Odontologia. Tanto os objetivos do curso como a sua estrutura didático-pedagógica voltaram-se para aproximar a formação profissional dos serviços.23 As duas Cartas Acordo estabelecidas entre a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS) e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/ OMS) estabelecem os termos de aproximação entre a Faculdade de Odontologia e o SUS, definindo três eixos de orientação. • Teórico: promover um Núcleo de Educação Permanente, consolidar um conceito de processo saúde-doença, resgatar o Centro de Pesquisa em Odontologia Social, criar banco de dados de base populacional, realizar avaliação sistemática, ampliar e diversificar a pós-graduação em direção ao SUS, constituir-se em ferramenta de disseminação de conhecimento. • Prático: proporcionar condições de contextualização do SUS e capacidade crítica para mudanças, integrar-se aos serviços do SUS em todos os níveis de complexidade, oportunizar aprendizado no método clínico e de gestão. • Pedagógico: organizar espaço multiprofissional sobre atenção primária, ter a Estratégia Saúde da Família como referencial prático, capacitar corpo docente, organizar espaços de encontro e de formação ético-político-pedagógica aos docentes e profissionais de saúde envolvidos no curso.21,22 De acordo com a nova matriz curricular o envolvimento com a rede de serviços deve ocorrer já no primeiro semestre do curso, este comprometimento é gradativo, sendo que o maior número de créditos planejados se dá nos dois últimos semestres quando os estágios forem desenvolvidos como principal atividade formativa discente.23 O propósito dos estágios curriculares da FO/UFRGS é constituir experiências de educação no trabalho através das quais os estudantes compreendam as conformações das redes de atenção à saúde que compõem o SUS.19 Para cumprir este objetivo os estágios são realizados no último ano do curso de odontologia (nono e décimo semestre) possuindo 465 horas de duração cada um deles. Em cinco turnos da semana os estudantes dispersam-se nas unidades de saúde e em serviços de atenção especializada do SUS municipal, sempre acompanhados por um preceptor cirurgião-dentista trabalhador. Em um turno semanal Revista da ABENO • 11(2)63-70 65 Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM, Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR concentram-se na FO/UFRGS quando sob a orientação de docentes/tutores realizam atividades curriculares programadas tais como: • debates temáticos com palestrantes convidados e docentes; • apresentação de seminários; • discussão de projetos terapêuticos singulares; • relatos e discussão de situações vivenciadas; • oficinas integração ensino-serviço; • apresentação e discussão de relatórios do estágio. Há ainda o turno dedicado a tutoria quando grupos menores focam-se em refletir e discutir com os seus respectivos tutores situações da realidade em que estão inseridos.24,27 Quando a academia se aproxima do mundo do trabalho para ensinar saúde pública, deve fazê-lo de forma construtiva, para auxiliar na busca de soluções cientificamente viáveis e eticamente comprometidas com o humano. O ensinar no SUS não pode ser reduzido ou entendido como uma tentativa de sanar as precariedades do sistema, quanto a recursos humanos, por exemplo, ou, por que “lá não tem ninguém para atender as pessoas”. Educação permanente e a formação do cirurgião-dentista Esse contexto de transformação e aproximação do ensino ao SUS trouxe consigo, portanto, a necessidade de construir processos de discussão que visem ampliar a compreensão dos serviços sobre o ensino e vice versa. A educação permanente é um processo construído pelo setor saúde para efetuar essas relações orgânicas entre o ensino e as ações e serviços e entre docência e a atenção à saúde, com o intuito de superar programas de capacitações e atualizações para os trabalhadores da saúde. O desafio da educação permanente está em reduzir a distância entre escolas, serviços e comunidades.1,12,13 Percebendo a responsabilidade da instituição de ensino na educação permanente dos trabalhadores/ preceptores que atuam nos estágios, a FO/UFRGS tem desenvolvido projetos com este objetivo. Um exemplo foi uma ação de extensão universitária realizada em 2010 com o objetivo de oportunizar ainda mais a integração entre a FO/UFRGS e o SUS municipal. Os trabalhos se desenvolveram através de oficinas e debates em que participaram trabalhadores de nível superior, médio e fundamental da atenção básica, usuários, líderes comunitários, estudantes da graduação e da pós-graduação e docentes. Os objeti66 vos e a dinâmica de funcionamento do estágio estiveram articulados com a ação de extensão em educação permanente realizada.29 Os cenários de aprendizado no SUS problematizados nas oficinas e debates da FO/UFRGS foram as redes de atenção à saúde do município de Porto Alegre. Organizou-se um cronograma para os encontros e a escolha das temáticas abordadas foi realizada pelo grupo de docentes condutores da ação priorizando-se pautas da PNSB: • SUS, • políticas de saúde bucal, • resiliência e trabalho com famílias, • vigilância e educação na saúde bucal, • participação comunitária e controle social. Estes temas serviram como mote para a problematização das práticas de atenção primária à saúde. Conduzindo os debates estavam gestores da saúde bucal das três esferas governamentais, docentes e trabalhadores com experiência nas temáticas discutidas e representantes do conselho municipal de saúde.29 Com o intuito de avaliar essa ação foi enviado via correio eletrônico aos preceptores a seguinte pergunta: “Como as oficinas realizadas contribuíram com os serviços e preceptoria?” A análise temática das respostas dos preceptores apontou que as atividades da educação permanente serviram para: • trocar informações e experiências, • fortificar conhecimentos, • refletir sobre a realidade, • promover ideias para projetos, • partilhar experiências, • saber como os outros serviços executam as normas editadas pela SMS, • integrar a academia e o serviço, • aproximar e valorizar os profissionais da rede, • ampliar nossos conhecimentos, • conectar mais efetivamente a teoria e a realidade dos serviços e espaço de reflexão.25 A ação de educação permanente foi realizada por meio de problematizações do cotidiano dos serviços de saúde e permitiu a construção e reconstrução reflexiva das práticas em saúde. Os resultados das discussões propiciaram uma visão de como está ocorrendo a formação no serviço, suas potencialidades e desafios de transformação da realidade e ofereceram subsídios para se refletir sobre estratégias técnicas, pedagógicas e políticas mais ajustadas.25 Revista da ABENO • 11(2)63-70 Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM, Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR Maquinarias de produção de autoria: diários de campo Os desafios que se impõem ao ensino no trabalho poderiam ser apresentados como apenas teóricometodológicos, porém, tornam-se éticos na medida em que os espaços de trabalho/ensino envolvem elementos que servem de instrumento para as escolhas morais e éticas dos sujeitos. Nesta perspectiva, o uso dos diários de campo permite um acompanhamento processual do envolvimento do aluno com seu campo de estágio. É espaço de registro de realidade, de descrição de relações interpessoais no mundo do trabalho, de interpretação de acontecimentos e enfrentamentos a partir da análise do referencial teórico dado em aula e, finalmente, de reflexão e expressão subjetivas. Sistematicamente se cria outras ideias, compartilhadas e discutidas com o grupo de colegas, tutores e preceptores. Essa busca expande o espaço do trabalho tornando o diário de campo obra particular do aluno. Esse jogo de constituição de autoria permite também enfrentar possibilidades e dificuldades do percurso ético, teórico e metodológico travado pelo aluno. É a tentativa de uma subjetivação diferente, muito necessária no ensino no trabalho. Os diários de campo, territórios de vivências tanto do discente quanto do docente, proporcionam a confecção de cartografias que criam possibilidades de novos olhares e análises. Em conjunto com outras atividades desenvolvidas nos estágios visam uma apropriação do eu em relação com os outros e com o mundo propiciando oportunidades de construção de racionalidades éticas. A autonomia é entendida como certa medida de possibilidades de ação que permitam escolhas e responsabilidades, como algo que se assume gradativamente em virtude da apropriação de sua parte nos acontecimentos e ligado intrinsecamente à noção que se adquire de si e de suas possibilidades de escolha. Trabalhar com a confecção de diários de campo não é fácil, pois quanto mais esta técnica pedagógica é bem sucedida mais autoria possui o aluno exigindo um processo intenso de discussão com o professor e com o grupo. A quantidade de material elencado e a qualidade de sua análise aumenta gradativamente, gerando uma riqueza de conteúdos que pode dificultar a apreciação, exigindo tempo e concentração na análise das obras, cabendo reconhecer que o sucesso está ligado ao fato do crescimento do aluno escapar às possibilidades de sua avaliação. O que extravasa ao controle e a condução, enfim, a possibilidade de ir além do exigido e de surpreender é que possibilitam aos alunos a autonomia necessária à gestão do seu processo de aprendizado e a negociação com o processo de aprendizado dos seus colegas. A reflexão ética com esta proposta teórico-metodológica compõe um cenário onde são permitidos que os elementos identidários e de alteridade se encontrem e negociem entre si. A tensão entre os mundos do ensino e do trabalho passa a constituir um foco de análise. Antes, o diário íntimo não passava de algo relativo à personalidade, agora, as relações da posição do pesquisador-estagiário passam a ser constituídas na interação vida-ciência. Projetos terapêuticos singulares: cultivo do cuidado clínico. As mudanças curriculares que vem sendo realizadas nos cursos de formação dos cirurgiões-dentistas brasileiros nos últimos anos procuram imprimir renovação à prática odontológica. Essa produção de novas práticas cuidadoras em saúde bucal exige o agenciamento de novos saberes e métodos.17 Campos (2008) destaca a necessidade de se reformarem saberes e práticas com o intuito de aproximar a clínica da saúde coletiva. Esta ampliação da clínica deve ser entendida enquanto transformação da atenção individual e coletiva, de forma que se possibilite que outros aspectos do sujeito, e não apenas o biológico, possam ser compreendidos e trabalhados pelos profissionais. Os objetivos da clínica ampliada visam à produção de saúde e o aumento do grau de autonomia do usuário, família e da comunidade.11 Os estágios motivam integrações entre os campos da clínica e da saúde coletiva. Assim, na educação no trabalho, como na vida, integram-se conhecimentos técnicos ou clínicos e uma gama de temas e discussões que se referem ao campo da saúde coletiva, tal como no conceito de clínica ampliada. Compreende-se clínica ampliada como uma clínica humanizada e compromissada, que não se limita ao que ocorre no consultório, pois considera aspectos sociais e culturais. Usa critérios mais subjetivos e éticos, pratica a escuta e a integração, levando em conta angústias, aflições, medos, preocupações e anseios dos pacientes. A contemporaneidade tem cobrado uma maior humanização das práticas odontológicas e os estágios trabalham nesta perspectiva ao desenvolverem o conceito de clínica ampliada com os alunos. Junto a este contexto emerge a necessidade do uso e criação de novos processos de ensino-aprendizagem que possam dar conta dos desafios das trans- Revista da ABENO • 11(2)63-70 67 Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM, Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR formações curriculares hoje vivenciadas nos cursos de odontologia. A possibilidade de construção de projetos terapêuticos singulares, por exemplo, assume um papel importante neste sentido. O objetivo é permitir a sistematização de experiências entrelaçando histórias de situações de saúde e doença bucal vivenciadas por comunidades, famílias e/ou indivíduos e diferentes possibilidades de gestão da clínica odontológica. As histórias se desenvolvem de maneira a permitir que os discentes possam exercitar o enfretamento de situações de saúde e doença bucal compreendendo a interação entre questões sociais, políticas e culturais mais abrangentes com o planejamento e execução de projetos terapêuticos singulares em saúde bucal inseridos nas redes de atenção à saúde. Uma clínica que se torna ampliada, portanto, também a partir da incorporação dos sujeitos do cuidado (e de suas singularidades) como atores/ agentes das propostas terapêuticas construídas. Os estágios, mesmo quando se dispõe sobre atenção especializada, produzem novos sentidos e outras formas de pensar o trabalho, avançando em muitos aspectos nas proposições da Política Nacional de Saúde Bucal. Um dos intuitos é estimular movimentos de integração entre temas ministrados nas disciplinas dos semestres iniciais dos cursos de odontologia com os estágios curriculares supervisionados realizados nos semestres finais. Compreende-se o projeto terapêutico singular como um “conjunto de propostas e de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão coletiva”. Didaticamente os seguintes momentos são vivenciados: • Diagnóstico: avaliação das condições de vida e de saúde e doença dos indivíduos possibilitando a identificação da sua situação de vulnerabilidade. Procurando sempre captar se contexto: o trabalho, a cultura, a família e a rede social. • Definição de propostas e metas: construção de propostas de curto, médio e longo prazo, e negociação com o indivíduo. Definição de tarefas e responsabilidade. • Reavaliação: acompanhamento e discussão sobre a evolução da situação e as devidas correções de rota.7 A criação dos projetos terapêuticos singulares em saúde bucal obedece aos princípios e diretrizes do processo de trabalho em saúde bucal contidos na política nacional de saúde bucal, assim como, as carac68 terísticas da organização da atenção da saúde bucal segundo os ciclos de vida.5 Desafios dos estágios no SUS Se o estágio pautar-se pelo senso comum de “na prática a teoria é outra”, de lócus privilegiado de aprendizado ele se transforma em lócus privilegiado da construção esquizofrênica do cuidador. O mundo da vida, das relações, das representações, dos afetos, das hierarquias, o sistema de signos, símbolos, a historicidade da instituição, necessariamente, a definem enquanto local de estágio. A circulação da palavra, o grau de democracia, o tipo de gestão, inclusive a gestão do sofrimento no trabalho são questões que deverão ser discutidas. As redes de subjetividades, a autodeterminação, as podencialidades e os limites da instituição, dos sujeitos e atores sociais. A presença e o manejo dos conflitos laborais. Deve-se ter a noção que a instituição é o lugar de movimento e não de cristalização. O campo de estágio deve propiciar a vivência da alteridade enquanto questão sócio-política, portanto, potencializadora do humano. Considerando que as redes de atenção e ensino em saúde bucal ainda encontram-se em processo de estruturação, as experiências de estágios no SUS vivenciadas pela FO/UFRGS apresentam desafios a serem superados. Alguns deles podem ser assim delineados: • a expansão limitada da APS e, consequentemente, dos campos de estágios; • a necessidade de avanços nas discussões sobre o papel, atribuições e institucionalizações do preceptor/trabalhador e do tutor/docente; • as incompreensões, ainda persistentes, a respeito dos estágios, tanto na IES como na gestão e nos serviços do SUS; • as questões de financiamento; • o discurso hegemônico da clínica liberal-privatista e seus reflexos num embate constante entre tutores/preceptores e discentes; • os limites impostos pelo desenho fragmentado da rede de atenção em saúde. A integração do ensino no serviço é eixo fundamental dos processos de mudanças que vem ocorrendo tanto no ensino superior como nos modelos e práticas públicos. Porém para que isso seja possível torna-se necessário a análise e divulgação de como essas experiências vêm sendo desenvolvidas, seus embates e suas conquistas. Revista da ABENO • 11(2)63-70 Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM, Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR Abstract Curriculum internships in SUS: experiences of the School of Dentistry of UFRGS One of the main objectives of the proposed paradigmatic shift in dental education in the country has been to shape the professional profile of the dentist in order to make it more suited to the needs dictated by the Brazilian Public Health System (SUS). However, this dental education model is still being shaped and there is no consensus in respect to how these professionals should be trained. The aim of this article was to describe and evaluate the pedagogical, technical and policy processes created over the course of implementing the new curricular dental internships at the School of Dentistry of the Federal University of Rio Grande do Sul. The paper also discusses the aspects involved in redirecting dental professional training towards SUS operations. Written and oral works of the teaching staff, documents and institutional reports, as well as school research were all analyzed. Professional education / health service integration is the fundamental axis of the changes in the processes taking place both in higher education and public health service actions. However, in order for such processes to take place in effect, it is necessary to analyze and disseminate how these experiences have developed, examining the struggles and the achievements encountered along the way. ço de 2002. Seção 1, p. 10. Disponível em: < http://portal.mec. gov.br/cne/arquivos/pdf/CES032002.pdf > . Acesso em: 1 nov. 2010. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal. Brasília; 2004. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/ bvs/publicacoes/politica_nacional_brasil_sorridente.pdf > . Acesso em: 1 nov. de 2010. 6. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Relatório Final da III Conferência Nacional de Saúde Bucal. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. Disponível em: < http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/Relatorios/saude_bucal. pdf > . Acesso em: 1 nov. 2010. 7. Brasil. Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Clínica ampliada, equipe de referência e Projeto terapêutico singular. 2.ª ed. Série B. Textos Básicos de Saúde Brasília − DF; 2007. 8. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial. Brasília: Ministério da Saúde; 2007. Disponível em: < http://www.prosaude.org > . Acesso 5 jan. 2011. 9. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET-SAÚDE. 2009a. Disponível em: < http:// www.prosaude.org/not/prosaude-maio2009/resumoPETSAUDE-29-04-09.pdf > . Acesso em: 2 jun. 2010. 10. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria/GM/MS no1.966, de 20 de agosto de 2007. Dispõe sobre as diretrizes para a implemen- Descriptors Education. Training. Primary health. Oral health. Community outreach. § tação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília; 2007. 11. Campos GWS. Clínica e saúde coletiva compartilhadas: teoria Referências Paidéia e reformulação ampliada do trabalho em saúde. In: 1. Antunes, R (org.). Riqueza e miséria do trabalho no Brasil. São Campos GWS, Minayo MCS, Akerman M, Júnior MD,Carvalho Paulo: Editora Boitempo. Coleção Mundo do Trabalho. 2006. YM. Tratado de Saúde Coletiva. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 2008. 2. Bercht, S. Contribuições para o estágio extra-muros da Facul- Cap. 2, p. 41-80. dade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande 12. Ceccim RB. Onde se lê Recursos Humanos da Saúde, leia-se do Sul. Texto mimeografado. Departamento de Odontologia Coletivos Organizados de Produção da Saúde: Desafios Para a Preventiva e Social. Faculdade de Odontologia Universidade Educação. In: Pinheiro R, Mattos RA. (Orgs.) Construção So- Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2008. cial da Demanda. Rio de Janeiro: CEPESC/UERJ: ABRASCO, 3. Brasil. Ministério da Saúde. Lei nº 8.080, de 19 de setembro 2005. p.161-80. de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção 13. Lampert JB. Avaliação do processo de mudança na formação e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos médica. In: Marins JJN. e outros (Orgs.). Educação médica em serviços correspondentes e dá outras providencias. Diário Ofi- transformação: instrumentos para a construção de novas rea- cial [da] República Federativa do Brasil, Brasília; 20 set. 1990. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ lidades. São Paulo: Hucitec, 2004. p.245-66. 14. Lemos VMA. Disciplina Estágio de Saúde Pública II. Apresentação Oral Oficina ABCD. Porto Alegre; 2009. L8080.htm > . Acesso em: 1 nov. 2010. 4. Brasil. Ministério da Educação e do Desporto CNE. Resolução 15. Lemos VMA, Nunes AA, Rosa RA, Rossoni E, Slavutzky SMB, CNE/CES 3/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 4 de mar- Toassi RFC, Warmling M. Integração ensino-serviço-comuni- Revista da ABENO • 11(2)63-70 69 Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM, Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR dade no estágio da atenção básica da FOUFRGS: desafios e perspectivas. In. ABENO. Anais 45ª Reunião da Associação Brasileira de Ensino Odontológico. Disponível em: < http:// Disponível em: http://www.ufrgs.br/odonto/ Acesso em junho de 2011. 23. Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de =com_ Odontologia. Resumo do pró-saúde faculdade de odontologia content&view=article&id= 97:resumos-dos-trabalhos- da Ufrgs. 2009. Disponível em: http://www.prosaude.org/ apresentados&catid= 42:avisos > . Acesso em: 20 jan. 2011. odo/resumo/UFRGS_ODO.pdf Acesso em: 01 novembro de w w w. a b e n o . o r g . b r / i n d e x . p h p ? o p t i o n 16. Morin E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Trad. JACOBINA, E. 8 ed. Rio de Janeiro:Bertrand 2010. 24. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Odontologia. Departamento de Odontologia Social e Preven- Brasil; 2003. 17. Narvai PC. Saúde bucal coletiva: um conceito. Odontologia e tiva. Estágio Curricular Supervisionado I da Odontologia. Plano de Ensino Estágio Curricular Supervisionado I da Odonto- Sociedade, São Paulo. 2001, 3 (1/2): 47-52. 18. Toassi RFC. O embate do processo de implantação de um cur- logia 2010/01. Porto Alegre; 2010a. rículo modular na Educação Superior: o curso de Odontologia 25. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de da UNIPLAC, Lages – SC. 2008. 188 f. Tese (Doutorado em Odontologia. Departamento de Odontologia Social e Preven- Educação) – Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade tiva. Estágio Curricular Supervisionado I da Odontologia. Re- Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; 2008. sultados avaliação preceptores 2010.01. Porto Alegre; 2010. 19. Toassi RFC et al.. Integração ensino-serviço-comunidade: o 26. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de estágio na atenção básica à saúde na graduação em odontolo- Odontologia. Relatórios Oficina de Integração ensino e servi- gia. Apresentação Oral. Salão de Ensino UFRGS. Porto Alegre; ço 2010. Porto Alegre; 2010. Disponível: < http://www.ufrgs. 2010. br/odonto/ > . Acesso em: 10 mar. 2011. 20. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Odontologia. Projeto Político Pedagógico. Porto Alegre; 2005. Disponível em < http//www.ufrgs.br/odonto/projeto_político.pdf > . Acesso em 16 jun. 2011. 21. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Odontologia. I Carta Acordo estabelecida entre a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS) e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS). Porto Alegre; 2007. Disponível em: < http://www.ufrgs.br/odonto > . Acesso em: 5 jun. 2011. 22. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Odontologia. II Carta Acordo estabelecida entre a Fundação 27. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Odontologia. Departamento de Odontologia Social e Preventiva. Estágio Curricular Supervisionado II da Odontologia. Plano de Ensino Estágio Curricular Supervisionado II da Odontologia 2011/01. Porto Alegre; 2011. 28. Warmling CM. Da autonomia da boca: práticas curriculares e identidade profissional na emergência do ensino da odontologia brasileiro. Revista História Ciência e Saúde Manguinhos (no prelo) Rio de Janeiro; 2011. 29. Warmling CM, Lemos VMA, Rossoni E, Toassi RF, Slavutzsky SB, Rosa AR, Nunes AA. Educação permanente através da extensão universitária: oficinas e debates na FO/UFRGS. Texto mimeografado. Escola de Saúde Pública. Porto Alegre; 2010. de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 70 (FAURGS) e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organi- Recebido em 07/07/2011 zação Mundial da Saúde (OPAS/OMS). Porto Alegre; 2009. Aceito em 25/07/2011 Revista da ABENO • 11(2)63-70 Resumos A inserção do acadêmico de odontologia no PET-Saúde / Vigilância em Saúde: relato de experiência Autores: Adriano de Aguiar Filgueira, Lívia Cordeiro Portela Frota, José Renato Rodrigues Alves, Sandra Maria Carneiro Flor, Raimundo Vieira Dias, Cibely Aliny Siqueira Lima Freitas, Maria Socorro Carneiro Linhares, Ana Karine Macedo Texeira Instituição: Universidade Federal do Ceará V igilância em saúde foi definida por Waldman (1998) como a observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças mediante a coleta sistemática, consolidação e avaliação de informes de morbidade e mortalidade, assim como de outros dados relevantes, e a regular disseminação dessas informações a todos os que necessitam dela. O município de Sobral está localizado na região noroeste do estado do Ceará e conta com uma população estimada de 182.430 habitantes, vem organizando o serviço de vigilância em saúde de forma integrada com a atenção básica e sua estrutura abrange ações na área da vigilância epidemiológica, vigilância sanitária, vigilância nutricional, vigilância de saúde do trabalhador, vigilância em saúde ambiental, vigilância dos fatores biológicos de risco e a análise da situação de saúde. Em 2010, o município de Sobral foi contemplado com o PET-Saúde / Vigilância em Saúde (VS), onde juntamente com a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) inseriram os 4 acadêmicos de medicina, 8 de enfermagem e 4 de odontologia no serviço de vigilância em saúde, além de 4 preceptores do serviço e 2 tutores. Com o Pet-Saúde/VS surge o desafio de se trabalhar de forma interdisciplinar, possibilitando a integração ensino-serviço e a integração do serviço de vigilância em saúde com a atenção básica. Autores apontam, que quanto maiores os índices de interdisciplinaridade e maiores as pactuações interinstitucionais, quanto mais diversificados os cenários de aprendizagem, maior a instauração de possibilidades à integralidade das práticas em saúde, já que a interdisciplinaridade é uma exigência para a integralidade (Feuerwerker; Sena, 1999; Feuerwerker, 2003; Garcia et al., 2007). Experiências de colabora- ção interprofissional apontam como resultados o entusiasmo dos estudantes e a possibilidade dessas práticas serem instrumentos de mudanças no setor saúde (Barreto et al., 2011). O objetivo desse trabalho é relatar a inserção dos acadêmicos de odontologia no PET-Saúde/VS no município de Sobral - CE. Os relatos apresentados são resultados das vivências dos acadêmicos de odontologia em um ano do PET-Saúde/ VS. O processo de trabalho no PET-Saúde/VS estruturou-se em três eixos: • vivências teórico-conceituais, • vivências no serviço e • vivências de pesquisa. Um dos objetivos desse projeto é estimular o raciocínio e a sensibilidade dos alunos a utilizarem-se do conjunto de ferramentas e ações disponibilizadas pela Vigilância em Saúde em suas rotinas, principalmente de atenção à saúde coletiva. Nos primeiros meses de vigência do projeto, optou-se por realizar uma imersão dos integrantes no serviço de vigilância em saúde local, com o objetivo de conhecer e de se apropriar do processo de trabalho dos profissionais que ali atuam, além de reconhecer a importância da vigilância no processo saúde-doença de uma população, além disso, foram propiciados momentos formativos para que os diferentes saberes fossem re-significados e potencializados para um campo comum. Os acadêmicos se apropriaram das ferramentas para a vigilância em saúde como os principais sistemas de informação e os indicadores do pacto pela vida. A partir de uma análise epidemiológica, foram identificados problemas e agravos de importância epidemiológica para o município de Sobral - CE e prioritários no Pacto pela Saúde, para serem trabalhados no PET-Saúde/VS durante toda a vigência do projeto, de modo que os acadêmicos pudessem contribuir para a melhoria dos indicadores de saúde. Os problemas e agravos trabalhados pelos acadêmicos de odontologia de forma interdisciplinar com os demais estudantes e profissionais foram: • AIDS, • sífilis, • hanseníase, • tracoma, • dengue, • doença de chagas e • mortalidade infantil. Revista da ABENO • 11(2)71-87 71 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Com a escolha do tema a ser trabalhado o processo de trabalho seguiu o seguinte fluxo: • análise de situação do agravo por meio do estudo dos bancos de dados dos sistemas de informação, de relatórios da vigilância epidemiológica do município e • investigação direta nas unidades de saúde. Em seguida, ocorreu a busca de referencial teórico, seja manuais, documentos ou normas técnicas que permitisse um embasamento teórico para a operacionalização da vigilância dos problemas selecionados. Depois, os acadêmicos foram a campo e vivenciaram a realidade das ações de vigilância em saúde no município, desde a investigação e inquéritos epidemiológicos até o processamento de dados, além da realização de pesquisas, nesse momento foi possível identificar algumas falhas no serviço, que serviu de base para os acadêmicos elaborarem um projeto de intervenção e operacionalizarem-no, visando transformar a realidade local e melhorar a qualidade das ações de vigilância em saúde e com isso a obtenção de indicadores de saúde mais confiáveis que realmente expressem a realidade das condições de saúde da população, capaz de subsidiar o planejamento em saúde e o desenvolvimento de políticas públicas de saúde. A inserção do cirurgião-dentista na área de vigilância em saúde ainda é incipiente e ainda vinculada a ações voltada para a saúde bucal, como o heterocontrole da fluoretação das águas de abastecimento público ou a vigilância dos fatores de risco dos serviços odontológicos. Até mesmo a realização de levantamentos epidemiológicos em saúde bucal se estrutura ainda de forma desconectada do serviço de vigilância em saúde ficando a cargo das coordenações de saúde bucal, além disso, os próprios indicadores de avaliação dos serviços de saúde bucais ainda são muito frágeis, o que confere pouca ligação do dentista com a vigilância em saúde. Esse fato é decorrente da inserção tardia da equipe de saúde bucal na Estratégia de Saúde da Família somente em 2001, enquanto que a construção do Sistema de Vigilância em Saúde do Brasil é um processo que acompanha o projeto da Reforma Sanitária e a estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS), como também decorrente de uma formação tecnicista e biologicista características dos cursos de odontologia. É possível observar com inserção dos estudantes de odontologia no PET-Saúde/VS, o desenvolvimento de determinadas habilidades e competências tais como: a apropriação dos sistemas de informação, capacidade de coleta e análise de in- 72 dicadores de saúde, conhecimento do fluxograma de notificação de agravos, experiência de inquérito epidemiológico, em especial do tracoma, capacidade de avaliação de programa de controle de determinado agravo, como por exemplo, da doença de chagas, realizações de capacitação de agentes de endemias, compreensão de uma pesquisa entomológica, vivência na vigilância da mortalidade infantil, compreensão do fluxo de atendimento de pacientes com hanseníase, percebendo a importância de se investigar os contatos, entre outras. O PET-Saúde/VS tem contribuído para ampliar os conhecimentos dos acadêmicos de odontologia, tonando-os aptos exercerem funções de modo interdisciplinar dentro do serviço de vigilância em saúde, bem como contribuir para uma aproximação da saúde bucal com esse serviço. Descritores Vigilância em saúde. Interdisciplinaridade. Ensino-serviço. Referências 1. Barreto, M.C.H.C. et al. O desenvolvimento da prática de colaboração interprofissional na graduação em saúde: estudo do caso da Liga de Saúde da Família em Fortaleza (Ceará, Brasil). Interface - Comunic., Saude, Educ., v.15, n.36, p.199-211, jan./ mar. 2011. 2. Feuerwerker, LCM; SENA, RR. A construção de novos modelos acadêmicos, de atenção à saúde e de participação social. In: Feuerwerker L; Almeida M; Llanos CM, (org). A educação dos profissionais de saúde na América Latina: teoria e prática de um movimento de mudança. Tomo 1– Um olhar analítico. São Paulo: Editora Hucitec. Buenos Aires: Lugar Editorial/Londrina: EditoraUEL; 1999. p. 47-81. 3. Feuerwerker, LCM. Reflexões sobre as experiências de mudança na formação dos profissionais de saúde. Olho Mágico 2003; 10:21-6. 4. Garcia, MAA et al. A interdisciplinaridade necessária à Educação Médica. RBEM. 31 (2):147 – 155; 2007. 5. Waldman, E.A. A vigilância como instrumento de saúde pública. Vigilância e Saúde Pública. São Paulo, v. 7, 1998. (Série: Saúde & Cidadania). Os 40 anos da experiência de integração docente-assistencial e o Pró-Saúde da FOP-UNICAMP Autores: Antonio Carlos Pereira, Marcelo de Castro Meneghim, Fábio Luiz Mialhe, Maria da Luz Rosário de Sousa Instituição: FOP-Unicamp Introdução As Faculdades de Odontologia têm como compromisso junto aos futuros cirurgiões-dentistas, não somente prepará-los tecnicamente para o mercado de Revista da ABENO • 11(2)71-87 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) trabalho, mas também contribuir para que sejam instrumentos competentes de formação de opinião, de tal modo que a Odontologia, como ciência, seja reconhecida como uma das forças sociais que defendem a vida, a dignidade e a cidadania. A Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da UNICAMP, vem propondo a formação de um cirurgião-dentista capaz de aplicar princípios biológicos, técnicos e éticos para solucionar os problemas de saúde bucal mais prevalentes na população. Para isso valoriza o desenvolvimento de programas de integração docente assistencial como uma oportunidade para a formação de um profissional experiente e com capacidade de gestão. Desde o primeiro ano da graduação, os alunos já começam a ter contato com a rede municipal de saúde e com alguns tipos de serviço oferecidos pelo município os quais abrangem a Atenção Básica, entre elas, Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Saúde da Família (USFs). Além disso, conhecem o sistema de Atenção Secundária, composto pelos Pronto-Atendimentos (PA) e Centro de Especialidades (CE). No último ano do curso, os alunos fazem seu estágio supervisionado em uma das sete USFs do município que compõem o Programa de Estágio Extramuro. Objetivo Apresentar a experiência como exemplo e referencial de discussão, contribuindo para a formação de profissionais capazes de desempenhar adequadamente seu papel no âmbito do SUS e integradas às estruturas acadêmicas. Metodologia A experiência iniciou-se com a assinatura, em 1969, de um convênio com a Prefeitura Municipal de Piracicaba/SP, para atendimento odontológico da zona rural. A rede pública de saúde do município de Piracicaba é composta por 57 unidades básicas de saúde, sendo 34 Unidades de Saúde da Família e 23 Unidades Básicas de Saúde, 01 Centro de Especialidades Médicas, 02 Centros de Especialidades Odontológicas, 04 Unidades de Pronto Atendimento Médico e 01 Unidade de Pronto Atendimento Odontológico, 01 Pronto Atendimento de Ortopedia, 01 Policlínica e 02 Hospitais Públicos. O serviço odontológico no município esta inserido em 13 Unidades de Saúde da Família módulo I e em 17 Unidades Básicas de Saúde. O Centro de Especialidades Odontológicas conta com 9 consultórios, atendendo as especialidades de endodontia, periodontia, cirurgia buco-maxilo, pacientes espe- ciais, odontopediatria e dentística, além de um serviço direcionado ao atendimento de bebês de 0 a 4 anos. Programa é desenvolvido de forma integral (8 horas/dia) e quatro dias da semana (terça a sexta-feira), por 07 alunos de graduação, em 30 semanas no ano (960 horas no total), num total de 128 horas de estágio/aluno. A supervisão clínica dos alunos é realizada por 04 cirurgiões-dentistas, funcionários públicos municipais, com experiência em saúde coletiva. O processo de trabalho busca otimizar as ações da seguinte forma: a)trabalho em equipe com o cirurgião-dentista(CD), técnico de saúde bucal (TSB) e auxiliar de saúde bucal (ASB); b)levantamento epidemiológico da população envolvida, determinando os fatores de risco envolvidos para a cárie dentária; c)seleção para o atendimento na clínica às crianças que necessitam de tratamento restaurador, ficando na escola aquelas que necessitam de cuidados de educação para a saúde e/ou medidas de fluorterapia intensiva, segundo o grau de risco individual. Os alunos atendem a crianças provenientes de escolas públicas de Piracicaba, sempre orientados e supervisionados por professores e profissionais do setor público do município. Além da responsabilidade pelo atendimento curativo, os alunos também vão às escolas e realizam levantamento epidemiológico, classificando as crianças de acordo com o risco e a necessidade de tratamento (Nyvad et al., 1999). Nas Unidades de Saúde da Família são realizadas atividades diversificadas, de acordo com o planejamento local de cada uma delas. Na USF o aluno de graduação (4º ano) da FOP-UNICAMP atua durante uma semana por semestre, além das atividades no antigo prédio da Faculdade de Odontologia de Piracicaba. Na visita às USF, realiza-se um encontro de suma importância, porque os acadêmicos, docentes e funcionários da Unidade, numa roda de conversa, interagem com a equipe de trabalho da Unidade (enfermeira, auxiliar de enfermagem, ACS, dentista, auxiliar e médico. Após esse primeiro momento, os alunos coletam dados da USF/bairro para realizarem o diagnóstico sociodemográfico da população adscrita. Programa Pró-Saúde da FOP/Unicamp pretende abordar a avaliação em seus diversos aspectos e, para isso, utiliza o método de Avaliação 360º adaptado. Revista da ABENO • 11(2)71-87 73 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Resultados Assim, integrada a essa portaria, a primeira ação concreta relativa ao projeto foi a análise institucional para o planejamento das adequações necessárias, como se mostra a seguir. Vetor 1 • inserir o discente no contexto de atuação das Equipes de Saúde da Família (ESF); • diminuir a prevalência de problemas da cavidade bucal com a utilização de RH vinculado ao convênio IES/gestores do SUS; • capacitar o graduando de Odontologia para o planejamento das ações de organização da prática odontológica, com base epidemiológica e com utilização de critérios de risco para os agravos em saúde bucal da sua população adscrita; • capacitar o graduando de Odontologia nos conceitos relativos à humanização e ao acolhimento do paciente; • capacitar o graduando de Odontologia nos conceitos relativos ao atendimento domiciliar em saúde bucal, de forma a identificar os casos que efetivamente necessitem de assistência domiciliar de acordo com o grau de incapacidade funcional e com os limites de atuação no domicílio. Vetor 2 • Cursos de capacitação para os CDs dos órgãos gestores do SUS de Piracicaba e região, inserindo alguns desses profissionais em cursos de pós-graduação (preferencialmente o Mestrado Profissional) para melhorar-lhes o perfil crítico em relação ao planejamento e às políticas de saúde. Vetor 3 • A IES ter um vínculo mais estreito com os órgãos gestores do SUS, buscando capacitar recursos humanos de uma forma mais compatível com os fundamentos que norteiam o SUS. Vetor 4 • Organizar o serviço frente a essa nova realidade social, demográfica e epidemiológica, segundo as diretrizes do SUS. Vetor 5 • Desenvolvimento de estágio clínico na rede de atenção básica do SUS, com graus de complexidade da atenção básica à terciária, entendendo o planejamento, segundo as necessidades do SUS. Vetor 6 • Integrar ainda mais o serviço da IES com o SUS, principalmente no desenvolvimento dos mecanismos de referência e contrarreferência com a rede do SUS. 74 Vetor 7 • Maior participação do aluno nessas atividades, tornando-o apto a fazer a análise crítica do serviço, visando ao aperfeiçoamento dos discentes. Vetor 8 • Aperfeiçoamento do método orientador da integração, acrescentando, a um maior número de disciplinas, a utilização da problematização, como estratégia de aprendizagem. Vetor 9 • Desenvolvimento de ensino com base na problematização e em atividades realizadas em pequenos grupos. Observou-se uma grande interação entre os alunos, os profissionais das ESF e a comunidade durante as atividades práticas. Ao final delas, os alunos apresentaram os dados das visitas por meio de relatórios e seminários em sala de aula da IES. As equipes das USF visitadas foram convidadas a participar das apresentações, a fim de avaliarem e discutirem, juntamente com os alunos, as impressões levantadas. Esse encontro contribuiu muito para a formação dos alunos. Avaliando as atividades práticas realizadas, os próprios acadêmicos relataram o grande impacto que tiveram na sua percepção sobre o funcionamento do Sistema Único de Saúde e na quebra de muitos preconceitos sobre o SUS. Conclusão A formação de recursos humanos adequadamente preparados para trabalhar nesse mercado de trabalho faz-se necessária e, uma mudança qualitativa no ensino de graduação em que se contemplem as necessidades de atuação no SUS, ou seja, um modelo que extrapole a simples “odontotécnica” (Aerts et al., 2004). Contudo, observa-se que o grande obstáculo a ser superado pelo “Pró-Saúde” se encontra dentro da própria universidade, onde o modelo biomédico de prática, resistente à capacidade de abstração, discussão, crítica e aprendizado de novos conceitos para a prática clínica dos graduandos ainda é muito enraizado (Pereira, 2008). Descritores Integração docente-assistencial. Ensino de graduação. Organização do serviço. Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial/Ministério da Saúde, Ministério da Educação. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. Revista da ABENO • 11(2)71-87 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) 2. Pereira AC, Meneghim Mc, Bíscaro Mrg, Basting Rt, Pinelli C, Da Silva FRB. Índice de Necessidade de tratamento em Odontologia – Um novo conceito em planejamento de serviços. Rev Fac Odontol Lins 1999a; 11(2):16-22 3. Pereira AC. Operatória Dentária. In: Carlos Botazzo e Maria Aparecida de Oliveira. (Org.). Atenção básica no Sistema Único de Saúde: abordagem interdisciplinar para os serviços de saúde bucal. 1 ed. São Paulo: Páginas & Letras Editora e Gráfica Ltda, 2008, v. 1, p. 173-180. Experiências multiprofissionais desenvolvidas pelo PET-Saúde – Unidade de Saúde da Família Cintra II em Montes Claros - MG Autores: Diego dos Santos Dias, Karla Dias Castro, Karla Nayara Oliveira Santana, Daniela de Mattos Lemos, Brunna Librelon Costa, Hisabella Simões Porto, Danilo Cangussu Mendes Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes INTRODUÇÃO O perfil do cirurgião-dentista brasileiro tem atravessado mudanças significativas com o aumento dos postos de trabalho de serviços de Odontologia na rede pública. A participação dos profissionais em saúde bucal na Estratégia Saúde da Família (ESF) desempenha importante papel nessas transformações. Diante disso, é fundamental o desenvolvimento de um modelo de formação de profissionais com foco no trabalho em equipe multiprofissional. O Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde, instituído pela Portaria Interministerial nº 2.101 de 3 de novembro de 2005, tem como uma das suas estratégias o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PETSaúde que contribui para a consolidação do processo formativo direcionado à multiprofissionalidade. O PET-Saúde, instituído pela Portaria Interministerial nº 1.802, de 26 de agosto de 2008, é composto por grupos de aprendizagem tutorial de natureza coletiva e interdisciplinar, correspondendo às atuais modificações da prática odontológica e demais exercícios em saúde pública no Brasil. De acordo com os pressupostos do Pró-Saúde, objetiva-se proporcionar à sociedade uma multiplicidade de profissionais capazes de atender às necessidades da população, além de assegurar a operacionalização do Sistema Único de Saúde - SUS. Nesse contexto, o presente trabalho se estabelece como um estudo descritivo do tipo relato de experi- ência que discorre acerca de atividades multiprofissionais exitosas desempenhadas pelo PET-Saúde em uma Unidade de Saúde da Família no município de Montes Claros - MG. Objetiva ainda apresentar a contribuição da multiprofissionalidade no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) na formação dos cirurgiões-dentistas e demais profissionais de saúde, suas implicações no serviço público, na transformação social e no aprimoramento do ensino. Compõem a equipe do PET-Saúde Unimontes, o coordenador, tutores, preceptores e acadêmicos de odontologia, medicina, enfermagem, educação física e ciências biológicas. A multidisciplinaridade nas atividades desenvolvidas Sob o enfoque multiprofissional e interdisciplinar, destacam-se diferentes experiências bem-sucedidas: • Programa Saúde Escolar, • Mutirão da Saúde, • ações de educação em saúde, • capacitações da equipe multiprofissional, • atividades de pesquisa, • educação ambiental e ações de integração, • motivação e lazer. O Programa Saúde Escolar, baseado no programa nacional “Saúde na Escola” (PSE), instituído pelo Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, tem por intuito superar as dificuldades encontradas no desenvolvimento de crianças, jovens e adultos da rede pública de ensino através de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde. Conta com a atuação de acadêmicos de áreas distintas que trabalham de maneira integrada, a fim de colher informações sobre as condições de vida dos alunos e dos funcionários da escola. Essas informações dizem respeito não somente às condições de saúde dos escolares e professores, mas também às condições psicológicas e sociais que envolvem os conflitos de cada individuo. Baseado nesse perfil escolar identificado são propostas atividades que vão de encontro com as necessidades dos alunos e professores. Atividades educacionais, preventivas e promocionais são realizadas no próprio ambiente escolar com o envolvimento das várias categorias profissionais, estando a odontologia inserida como um dos pilares temáticos. Os Mutirões da Saúde, eventos comunitários realizados em regiões estratégicas, têm por finalidade desempenhar atendimentos clínicos na área médica e odontológica, além de campanhas de vacinação, Revista da ABENO • 11(2)71-87 75 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) prevenção do câncer bucal e orientações de higiene bucal. São disponibilizados diversos serviços à população, como escovação supervisionada em crianças, tratamento restaurador atraumático (TRA), exames de glicemia, aferição de pressão arterial, entre outras ações como atividades de recreação infantil e práticas esportivas conduzidas por educadores físicos. Realizase também, palestras de caráter informativo acerca de doenças crônicas e enfermidades infecto-contagiosas, nas quais a população é esclarecida sobre os principais sinais e sintomas, tratamento e medidas profiláticas. Os mutirões da saúde têm como foco a aproximação entre serviço e comunidade por meio de atividades multiprofissionais ocorrendo de forma coordenada e articulada entre Secretaria Municipal de Saúde, Equipes de Atenção Primária (Equipes de Saúde da Família e Centros de Saúde) PET-Saúde, centro de controle de zoonoses e Serviço Social do Comércio (SESC). As ações de educação em saúde são executadas através de palestras, oficinas e visitas domiciliares. São instituídos grupos específicos como de pacientes hipertensos, diabéticos e gestantes, tendo em vista as suas particularidades e desafios. Por meio desses grupos, objetiva-se definir ações nas quais proporciona-se à população a oportunidade de discutir e expor suas dúvidas sobre os assuntos abordados, de maneira a ampliar seus conhecimentos e contribuir para mudança de hábitos. As capacitações da equipe multiprofissional ocorrem por meio de cursos, como introdução a software estatístico, e seminários sobre temáticas atuais, como tabagismo e combate a dengue. De tal modo, é proporcionado o enriquecimento teórico e prático do grupo por meio de informações atualizadas e relacionadas aos eventos cotidianos. As atividades de pesquisa são direcionadas, sobretudo, ao estudo das redes de atenção à saúde, a exemplo das perspectivas dos sistemas de governança e sistemas logísticos em atenção primária. São formados subgrupos entre os acadêmicos participantes do PET-Saúde com objetivo de realizar diferentes tipos de produções científicas, como artigos e resumos. A educação ambiental aborda a conscientização da comunidade a respeito da sustentabilidade e preservação do meio-ambiente, envolvendo palestras e distribuição de mudas de plantas frutíferas. As ações de integração, motivação e lazer são programações fundamentais inseridas no cronograma de atividades na Unidade Básica de Saúde do referido território. Como exemplo, tem-se destaque para gi- 76 nástica laboral, apresentações musicais, lanche coletivo e confraternizações em datas comemorativas. Participam dessas ações os acadêmicos do PET-Saúde, profissionais da ESF e toda a comunidade local. Todas essas experiências constituem importantes medidas que cooperam para a formação de recursos humanos aptos a atender as demandas do serviço público de saúde brasileiro. CONCLUSÃO Torna-se perceptível que o trabalho interdisciplinar e multiprofissional promove integração, aprendizado e desenvolvimento de importantes valores aos participantes do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde. Os benefícios das equipes multiprofissionais são bidirecionais, isto é, tanto para aqueles que trabalham ou ensinam, quanto para a população que é atendida. O paciente passa a ser analisado como um ser biopsicossocial. Os acadêmicos, futuros profissionais de saúde, são orientados em um cenário com diversas e distintas visões acerca das estratégias de promoção de saúde. Isso proporciona uma formação profissional com elevada qualificação técnica e científica. Além disso, exercita-se o aprimoramento das suas devidas funções sociais, pautadas no princípio da indissociabilidade entre ensino, serviço e comunidade. A prática odontológica requer, cada vez mais, profissionais diferenciados que não se restrinjam apenas aos cuidados em saúde bucal, mas que estejam atentos a saúde integral dos indivíduos. Desse modo, assegura-se um tratamento holístico dos usuários dos serviços públicos de saúde, assim como a cobertura das diferentes necessidades inerentes à atenção primária desempenhada na conjuntura da Estratégia Saúde da Família. Consolidando as premissas do Sistema Único de Saúde, o PET-Saúde se desponta como um importante veículo de transformação social, atuando diretamente na promoção da saúde e na formação de profissionais de excelência. Descritores Multiprofissionalidade. Odontologia. PET-Saúde. Referências 1. Morita, Maria Celeste; Haddad, Ana Estela; Araújo, Maria Ercília. Perfil atual e tendências do cirurgião-dentista brasileiro. Maringá: Dental Press, 2010. 2. Brasil. Ministério da Saúde e Ministério da Educação. Portaria Interministerial nº 2.101 de 3 de novembro de 2005. Institui o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde - para os cursos de graduação em Medicina, Enfermagem e Odontologia. 3. Brasil. Ministério da Saúde e Ministério da Educação. Portaria Revista da ABENO • 11(2)71-87 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Interministerial nº 1.802, de 26 de agosto de 2008. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET -Saúde. 4. Brasil. Ministério da Saúde e Ministério da Educação. Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007. Institui o Programa Saúde na Escola - PSE, e dá outras providências. Integração ensino-serviçocomunidade no PET-Saúde da Equipe de Saúde da Família Cintra II - Montes Claros - MG Autores: Gabriel Lima de Oliveira, Fernando Talma Rameta Gonçalves Barbosa, Ingrid de Oliveira Jorge, Luis Fernando de Souza Vieira, Danilo Cangussu Mendes INTRODUÇÃO Desde o seu advento, no final dos anos 80, e consolidação, com a criação do Programa Saúde da Família, em 1994, o Sistema Único de Saúde brasileiro (SUS) teve como fundamento redirecionar o modelo sanitarista, tradicionalmente técnico-assistencial, para uma abordagem focada no indivíduo, tendo a atenção básica como porta de entrada. A consolidação do SUS no Brasil incita questões relevantes diante da necessidade de oferecer uma assistência à saúde de qualidade. Nesse contexto, surge o debate sobre a formação profissional, já que há um descompasso entre o perfil dos trabalhadores, as orientações do sistema de saúde e a necessidade do usuário. É consenso geral a idéia de que a referida mudança do modelo assistencial, agora voltada para ações integrais de promoção, prevenção e recuperação da saúde, tem de ser acompanhada pela mudança e implementação no enfoque da formação profissional. Mudança na concepção ainda difundida do profissional da saúde como ponto central das ações em saúde, e implementação do ensino de forma a, ainda na academia, oferecer aos estudantes subsídios para o desenvolvimento de ações em saúde individuais ou coletivas centradas na comunidade. Buscando qualificar a formação discente e melhorar a assistência prestada aos usuários do SUS, programas específicos tem sido implementados. Um exemplo é o Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) do Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação, que tem por objetivo favorecer a integração ensino-serviço-comunidade no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS). O programa busca promover a formação do acadêmico vinculada ao exercício profissional na Estratégia Saúde da Família sob orientação de profissionais da atenção básica exercendo a função de tutores e preceptores. Desta forma, busca-se facilitar a inserção do acadêmico no cotidiano de trabalho da atenção primária, estimulando tanto as atividades pedagógicas e de geração de conhecimento, juntamente com os profissionais que ali trabalham, quanto a melhoria na qualidade dos serviços oferecidos à comunidade. Além disso, o programa tem por objetivo promover a interdisciplinaridade entre os profissionais e acadêmicos das diversas áreas no campo da saúde como medicina, enfermagem, odontologia, ciências biológicas, educação física, dentre outras, promovendo um enriquecimento para a formação acadêmica, além de uma maior integralidade nas ações individuais e coletivas ofertadas à comunidade. Neste contexto, a odontologia insere-se como parte fundamental da Estratégia Saúde da Família, uma vez que, diante de uma visão integral do indivíduo, torna-se impossível separar a saúde bucal da saúde sistêmica. A partir disso, a inserção dos acadêmicos de odontologia no PET-Saúde é de notável importância, uma vez que o programa se propõe à construção de um perfil acadêmico habilitado a atuar de maneira satisfatória e resolutiva na atenção primária do SUS, através de ações que correlacionem aprendizado, serviço e interação com a comunidade. Diante disso, o presente trabalho se inscreve numa perspectiva de relato de experiência sobre a integração ensino-serviço-comunidade, sob a ótica da Odontologia, vivenciada pelos participantes do PET-Saúde Unimontes. Objetiva ainda descrever o cenário de aprendizado propiciado pela inserção do estudante de odontologia na atenção primária através do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde, as atividades desenvolvidas em parceria com os profissionais da ESF e acadêmicos dos demais cursos participantes do PET-Saúde (Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Medicina), além de altercar sobre a realidade da formação profissional em saúde e sua contribuição para a solidificação do SUS, fortalecimento da APS e melhoria da qualidade de vida da comunidade. Atividades desenvolvidas no PET-Saúde As atividades aqui descritas tiveram como cenário as áreas de abrangência e influência da Equipe de Saúde da Família (ESF) Cintra II, localizado na região central da cidade de Montes Claros/MG. Envolveram os acadêmicos participantes do PET-Saúde dos cursos de Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Medicina e Odontologia orientados por precep- Revista da ABENO • 11(2)71-87 77 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) tores e uma tutora. Tais atividades contaram ainda com a participação ativa dos profissionais que não possuem vínculo com o PET-Saúde, mas que atuam na Equipe de Saúde da Família do Cintra II. Para a realização das mesmas, utilizaram-se metodologias ativas, com vistas a uma maior participação dos atores envolvidos na prática de saúde na atenção primária. Todo material didático utilizado durante as ações educativas para a população, como pôsteres e cartilhas, foram confeccionados pelos próprios acadêmicos do PET-Saúde. Foram desenvolvidos grupos de estudo no intuito de capacitar o acadêmico na abordagem e prestação de serviço à população. Grupos de educação em saúde envolvendo, dentre a população coberta pelo ESF Cintra II, os que apresentavam alguma condição de merecida atenção como idosos, cujo foco foi a prevenção e diagnóstico precoce do câncer bucal; gestantes, onde abordou-se a importância da higiene oral da grávida e da criança além de mitos e verdades sobre o atendimento odontológico durante a gestação; hipertensos e a prevenção da agudização do quadro; diabéticos, com os quais foram discutidas as manifestações orais e sistêmicas da doença, bem como a prevenção de acidentes e seqüelas advindos das mesmas; e adolescentes, com os quais se trabalhou, além de assuntos relacionados à saúde bucal, temas de importância fundamental para a idade, como sexualidade, prevenção de DSTs e planejamento familiar. Foram realizadas ainda atividades de lazer com a comunidade, ginástica laboral, atividades clínicas, pesagem de crianças, participação no exame do CD (Crescimento e Desenvolvimento), visitas domiciliares, territorialização e restauração de espaço físico. Destaca-se ainda a participação ativa dos acadêmicos em ações e mutirões de saúde realizados tanto na área de abrangência e influência da ESF, quanto em outros pontos da cidade, mas que contaram com a presença da equipe do Cintra II. Houve ainda produção científica, apropriação dos dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) da ESF Cintra II, capacitação para utilização do programa estatístico SPSS® (Statistical Package for the Social Sciences), participação nos programas estratégicos, planejamento das atividades da equipe e confecção de material didático-informativo. para sedimentar nos acadêmicos o conceito de integração ensino-serviço-comunidade. Pôde-se experimentar a realidade da saúde pública e atenção primária brasileira e constatar que a qualidade do serviço oferecido está mais ligada à dedicação dos atores envolvidos neste processo do que na disponibilidade de recursos ou na gestão em si. Para muitos dos acadêmicos envolvidos, o trabalho no PET-Saúde foi o primeiro contato com o serviço de saúde pública, sendo de fundamental importância para quebra de antigos paradigmas e conceitos pré-estabelecidos sobre a realidade em questão. Para os acadêmicos de odontologia tais atividades tiveram ainda o adicional de propiciar ao estudante, acostumado ao ambiente de consultório, uma visão e abordagem prática do conceito de pró-atividade, fundamental para o exercício da integralidade na promoção de saúde. Ao final, observou-se: • profissionais/estudantes com maior capacidade crítica e reflexiva sobre a realidade do sistema de saúde, dotados de responsabilidade social e compromisso com a cidadania; • valorização dos princípios da APS; • interação ativa do discente com a população e profissionais de saúde, de forma a proporcionarlhe a oportunidade de vivenciar a realidade local; • assistência mais acessível, contemplando as reais necessidades da população atendida, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida. Descritores PET-Saúde. Integração. APS. Referências 1. Saliba NA et al. Integração ensino-serviço e impacto social em cinqüenta anos de história da saúde pública na Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Rev Gaúcha de Odontologia. 2009 v.57 n.4: 459 – 465. 2. Assega ML et al. A interdisciplinaridade vivenciada no Petsaúde. Ver Ciência &Saúde. 2010, v. 3 n 1, p. 29 a 33. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria Interministerial nº 1.802, de 26 de agosto de 2008. Institui o Programa de Educação pelo Trabalhador para a Saúde – PETSaúde. Diário Oficial da União. Brasília, 27 ago. 2008; Seção 1, p.27. CONCLUSÃO 4. Brasil. Ministério da Educação. Resolução n° CNE/CES 3/2002 de 19 de fevereiro de 2002. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Farmácia e Odontologia. Diário Oficial da União, Brasília (DF); 2002 mar 4; Seção1:10. A vivência no ambiente da ESF Cintra II proporcionada pelo PET-Saúde foi de suma importância 5. Morita MC, Kriger L. Mudanças nos cursos de odontologia e a interação com o SUS. Rev Abeno. 2004;4(1):17-21. 78 Revista da ABENO • 11(2)71-87 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) PET-Saúde / Saúde da Família: experiência da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Amazonas Autores: Janete Maria Rebelo Vieira, Kaliny Souza Farias, Fabíola Alves de Araújo, Maria Augusta Bessa Rebelo lizando programas de aper feiçoamento e especialização em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho e vivências, dirigidos aos estudantes da área, de acordo com as necessidades do SUS”. Desta forma, foi elaborado um projeto envolvendo os cursos de Enfermagem, Farmácia, Medicina e Odontologia, tendo como parceira a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus. Introdução Objetivo O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde é uma das estratégias do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, o Pró-Saúde, em implementação no país desde 2005, sendo uma parceria entre a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde - SGTES, Secretaria de Atenção à Saúde - SAS e Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS, do Ministério da Saúde, a Secretaria de Educação Superior - SESu, do Ministério da Educação, e a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD/GSI/PR). Sua regulamentação se deu pela publicação da Portaria Interministerial n. 421, de 03 de março de 2010, tendo como pressuposto a educação pelo trabalho, disponibilizando bolsas para tutores, preceptores (profissionais dos serviços) e estudantes de graduação da área da saúde, visando à integração ensino-serviço-comunidade. Cada grupo PET-Saúde / Saúde da Família é formado por um tutor acadêmico, 30 estudantes (sendo 12 estudantes monitores, que efetivamente recebem bolsas e 18 não-bolsistas) e seis preceptores. Segundo dados do Ministério da Saúde, para o PET-Saúde / Saúde da Família em 2011, foram selecionados 111 projetos, sendo 484 grupos, o que representa, considerando a formação completa desses grupos, 9.196 bolsas/mês, além da participação de 8.712 estudantes não bolsistas, totalizando 17.908 participantes/mês. O PET-Saúde / Saúde da Família está presente nas cinco regiões brasileiras e em diversas instituições de ensino e secretarias municipais de saúde. Tendo como base as diferenças regionais, os diversos currículos dos cursos de graduação em saúde, bem como o contexto político das secretarias, tornam-se importante as experiências vividas pelos diferentes atores envolvidos no programa em questão. Em 2009, a UFAM participou do edital n. 18/2009 para o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde, tendo como objetivo geral “fomentar a formação de grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da Estratégia Saúde da Família, viabi- Descrever a experiência de integração ensinoserviço-comunidade do grupo PET-Saúde / Saúde da Família do curso de Odontologia da UFAM. Metodologia O trabalho em questão é um relato de experiência da tutora de um grupo PET-Saúde / Saúde da Família inserida em duas UBSF do município de Manaus - AM. O período descrito é de abril de 2010 a abril de 2011 com uma carga horária de 8 h semanais. Os alunos monitores e não-bolsistas realizaram atividades individuais (realização de procedimentos odontológicos) e coletivas (promoção, educação em saúde e prevenção de doenças), em conjunto com os preceptores, bem como foi construído projeto de pesquisa intitulado “A saúde de mulheres em idade fértil de unidades da estratégia Saúde da Família”, com o objetivo de avaliar as condições de saúde dessas mulheres nas UBSF selecionadas, tendo sido aprovado no Comitê de Ética da Universidade Federal do Amazonas - CEP/UFAM. Caracterização do Curso de Odontologia No curso de Odontologia ingressam, atualmente, 42 alunos por ano, em um currículo com duração de cinco anos, totalizando uma carga horária de 4.830 h em 10 semestres, sendo 4.680 h em disciplinas obrigatórias e 150 h em disciplinas optativas. O ingresso dos alunos até 2009 era por meio de vestibular, 30 vagas, e PSC (Processo Seletivo Contínuo) com 12 vagas. A partir de 2010, o ingresso dos alunos passou a ser PSC e pelo resultado do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), sendo 21 vagas para cada tipo de ingresso. Em 2011, foi aprovado um novo currículo no curso de Odontologia para ser implantado no primeiro semestre de 2012. O mesmo foi construído tendo como base as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) em vigor desde 2002. Sua construção teve início em 2009 com a realização de discussões com a comunidade acadêmica, por meio de semanas pedagógicas e encontros com professores da Associação Brasileira de Ensino Odontológico - ABENO. A participação no PET-Saúde passou a ser considerada Revista da ABENO • 11(2)71-87 79 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) como Atividade Complementar de Ensino (60 h). Resultados O projeto apresentado foi aprovado com três grupos e houve uma sinalização para que permanecessem os cursos de Enfermagem, Medicina e Odontologia, com a justificativa de que na estratégia Saúde da Família não tem a presença do farmacêutico. Tal fato gerou bastante discussão, entendendo-se que o farmacêutico não está fisicamente na estratégia saúde da família, mas algumas ações de sua competência estão presentes. Um dos desdobramentos das discussões foi o curso de Odontologia ceder 15 vagas para o curso de Farmácia. Inicialmente, a SEMSA programou encontros com apresentação de temas pertinentes ao PET-Saúde como SUS, estratégia Saúde da Família, discussão sobre pesquisa entre academia e serviço e a interação ensino-serviço-comunidade. A etapa seguinte foi divisão dos grupos por UBSF para o conhecimento da realidade local. A tutora do curso de odontologia ficou responsável por duas Unidades Básicas Saúde da Família (UBSF), uma no Distrito de Saúde Norte e outra no Distrito de Saúde Leste, compostas cada uma de três preceptores (profissionais de saúde da rede: cirurgião-dentista, enfermeiro e médico) e 15 alunos monitores e não bolsistas (acadêmicos de enfermagem, medicina e odontologia). As duas unidades selecionadas embora estejam alocadas em distritos de saúde distintos, apresentam características semelhantes como, por exemplo, grupo populacional advindo de ocupação. As atividades do grupo começaram a ser desenvolvidas em espaços sociais da comunidade como a própria estrutura física da UBSF, escolas (municipais e estaduais), creches (filantrópica), igrejas (católica e evangélica), centro comunitário e até casas de comunitários. Para cada atividade foram utilizados recursos materiais como banners, macromodelos (boca, escova, estágios das doenças cárie e periodontal) e cartazes, buscando sempre a interação / troca de informações entre alunos / profissionais de saúde / comunidade. Os temas abordados foram cárie dentária, doença periodontal, má oclusão, fissuras labiopalatais câncer de boca, uso de prótese dentária, traumatismo dentoalveolar, dengue, hipertensão, diabetes, alimentos saudáveis, fatores de risco comum para prevenção de doenças, entre outros, buscando atingir os diferentes ciclos de vida e condições específicas em que se encontram os comunitários. 80 Em relação ao projeto de pesquisa sobre as condições de saúde de mulheres em idade fértil cadastradas nas respectivas UBSF, encontra-se em fase de coleta de dados. Conclusão O caminho seguido até o momento sugere ser uma experiência bem sucedida, uma vez que possibilita a inserção de ações concretas na formação de profissionais de saúde e institucionalização da integração ensino-serviço-comunidade. dESCRITORES Educação em saúde. Saúde coletiva. Saúde bucal Referências 1. Brasil. Ministério da Educação. Resolução CNE/CES 3, 19 de fevereiro de 2002. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Diário Oficial da União, Brasília, 2002. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria Interministerial n. 1.802, de 26 de agosto de 2008. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria Interministerial n. 421, de 03 de março de 2010. 4. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde: Pró Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial. Brasília: MS/MEC, 2007. A formação em odontologia na perspectiva do PET-Saúde: a experiência da UFF/FMS-Niterói Autores: Marcos Antônio Albuquerque de Senna, Mônica Vilela Gouvêa, Andréa Neiva da Silva, Ellen Lameck Instituição: Universidade Federal Fluminense O PET-Saúde prevê grupos de alunos, docentes e profissionais do SUS atuando em prática/pesquisa na atenção primária em saúde. Em 2010 a UFF e o município de Niterói formaram oito grupos multiprofissionais envolvendo os cursos de Odontologia, Enfermagem, Nutrição, Educação Física, Farmácia e Medicina. O objetivo desse estudo é avaliar a percepção dos alunos-PET de Odontologia sobre o papel do programa em sua formação. Os dados foram colhidos através de questionários aplicados aos alunos ao final de um ano de programa. Todos avaliaram positivamente seu acolhimento na unidade e o relacionamento com os profissionais, bem como o espaço físico disponível para as discussões. Os subprojetos construídos foram: • hipertensão e diabetes, • saúde do idoso, Revista da ABENO • 11(2)71-87 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) • DST e gravidez na adolescência, • atividade física e saúde do homem. As atividades comuns aos grupos foram: • levantamento e analise de dados secundários, • entrevistas com usuários, • participação em atividades educativas e em grupos de estudos e • confecção de artigo. Os alunos relataram que a maior dificuldade foi conciliar horários (pesquisa) e a violência urbana (prática). Na relação profissional/usuários o que mais impressionou aos acadêmicos foi o acolhimento e escuta qualificada. Os participantes do estudo consideraram o período no PET importante para sua formação profissional, principalmente no aprendizado relativo à humanização, facilitado pela aproximação com a realidade da população. Os alunos relataram maior compreensão do SUS e mudança na visão do trabalho em saúde, especialmente com relação à atuação multidisciplinar. Apoio Financeiro Lacerda, Mariana de Andrade Ferreira, Mariana Leão Domiciano, Marília de Oliveira Martins Instituição: Universidade Federal Goiás INTRODUÇÃO A Atenção Básica (AB) desenvolve-se a partir de ações que envolvem “a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde” atuando – individual e coletivamente – sendo estabelecida por meio de práticas gerenciais e sanitárias em equipe, voltadas a populações residentes em áreas geográficas delimitadas. Sendo o contato preferencial dos usuários com o Sistema Único de Saúde, a AB tem na Saúde da Família (ESF) a estratégia prioritária para sua organização, sendo a saúde da criança uma das áreas de maior importância para atuação. Orienta-se “pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social” (BRASIL, 2006). PIBIC/UFF Descritores Atenção Primária à Saúde. Saúde Bucal. Aprendizagem. Referências 1. Carvalho, Y.M & Ceccin, R.B. Formação e educação em saúde: aprendizados com a saúde coletiva. In: Campos, G.W.S., Minayo, M.C.S., Akerman, M., Drumond Júnior, M., Carvalho, Y.M. Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Ed Fiocruz, 2006, p. 149-182. 2. Akerman, M., Feuerwerker, L. Estou me formando (ou me formei) e quero trabalhar: que oportunidades o sistema de saúde me oferece na saúde coletiva? Onde posso atuar e que competências preciso desenvolver? In: Campos, G.W.S., Minayo, M.C.S., Akerman, M., Drumond Júnior, M., Carvalho, Y.M. Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Ed Fiocruz, 2006, p. 183-200. 3. Abrahão, A., Senna, M.A.A. Gouvêa, M.V. et. al. A pesquisa como dispositivo para o exercício no PETSaúde UFF/FMS Niterói. Revista Brasileira de Educação Médica (no prelo). Atuação do grupo PET-Saúde/ SF – Parque Atheneu no CMEI Atheneu Dom Bosco em Goiânia: a promoção da saúde no contexto multiprofissional Autores: Newillames Gonçalves Nery, Maria Goretti Queiroz, Beatriz Teles Ferreira Bastos, Aline Lemes Paixão, Bruno Rafaelle Alves Visando à construção coletiva de um modelo de atenção à saúde integral, humanizado, direcionado à promoção da saúde e à equidade no SUS, é desenvolvido um projeto coletivo entre os cursos de graduação da área da saúde da Universidade Federal de Goiás (UFG), que participam do Pró-Saúde (Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde) em parceria com Secretaria Municipal de Saúde: o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde / Saúde da Família), que estimula o desenvolvimento de grupos de aprendizagem tutorial na ESF, por meio da integração de atividades envolvendo o ensino, o serviço e a comunidade. (BRASIL, 2010) Neste contexto, um dos grupos tutoriais do PETSaúde/SF no município de Goiânia atua no bairro Parque Atheneu, junto às equipes da ESF da Unidade de Atenção Básica à Saúde da Família (UABSF) - Unidade 201 desenvolvendo atividades de promoção da saúde voltadas à comunidade assistida. O grupo envolve, além da tutora – professora da Faculdade de Odontologia da UFG – e dos preceptores – profissionais atuantes da ESF (2 cirurgiões-dentistas, 2 enfermeiras e 1 médica) – 12 estagiários, alunos dos cursos de Odontologia, Enfermagem, Medicina, Nutrição, Farmácia e Educação Física da UFG. Um dos campos de atuação específico deste grupo, dentro da lógica Revista da ABENO • 11(2)71-87 81 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) da intersetorialidade na Promoção da Saúde, são os Equipamentos Sociais da região, dentre eles, os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), que acolhem crianças na faixa-etária de 0 a 5 anos, beneficiando as populações sócio-economicamente mais carentes. Para o Ministério da Saúde, em publicação institucional recente, a escola tem como principal função desenvolver processos de ensino-aprendizagem, caracterizando-se como um espaço de relações diversas, e se propõe a contribuir no desenvolvimento de valores pessoais, bem como formas de conhecer a realidade, sendo importante na produção social da saúde. Nela interagem diferentes sujeitos, com histórias e papéis diversos – professores, alunos, familiares, entre outros –, que produzem maneiras de refletir e agir sobre si e sobre o mundo e que devem ser consideradas pelos profissionais atuantes na ESF em suas estratégias de ação. Constitui-se, desta forma, aliada a muitos outros espaços sociais, em um elemento importante na formação dos estudantes, na construção da cidadania, bem como no acesso a políticas públicas, podendo se tornar o local ideal de realização de ações de promoção da saúde voltadas para as crianças (BRASIL, 2009). De forma análoga, Rizzetti, Fabbrin e Trevisan (2009) acreditam que também o CMEI pode ser considerado como um espaço favorável à realização de ações de Promoção da Saúde infantil, sendo um facilitador para o desenvolvimento deste tipo de atividade, por ser um ambiente onde várias crianças são mantidas juntas por um longo período. OBJETIVO Relatar a experiência de parte do Grupo Tutorial PET-Saúde/SF Parque Atheneu, relativa a atividades de Promoção da Saúde realizadas no período de junho de 2010 a junho de 2011 no CMEI Atheneu Dom Bosco. MATERIAL E MÉTODOS A necessidade de ações voltadas à saúde da criança foi detectada por meio de um processo de diagnóstico da realidade iniciado em julho de 2010, no qual foram realizadas, entre outras ações, uma Oficina de Integração do grupo PET-Saúde/SF Parque Atheneu com os profissionais da UABSF Parque Atheneu, além de entrevistas (individuais e coletivas) com a comunidade local. Os servidores e usuários levantaram prioridades diante das necessidades e problemas enfrentados no bairro. Pelas respostas obtidas a partir dos questionários aplicados, as sugestões de temas e atividades mais citados incluía, entre outros o cuidado 82 com as crianças, a saúde bucal e a educação nutricional. Diante do proposto foi observada a necessidade de realizar atividades com as crianças no CMEI Atheneu Dom Bosco, local onde frequenta diariamente crianças moradoras do bairro (aproximadamente 60 crianças), facilitando as ações do grupo PET-Saúde por poder trabalhar com uma quantidade maior de crianças em espaço favorável. RESULTADOS A execução das atividades de Promoção da Saúde planejadas foi iniciada no dia 12 de novembro de 2010, por meio de uma reunião com os pais em que foram abordados os temas Ambiente Seguro para a Criança, Prevenção e Cuidados Quanto ao Traumatismo Dental e Prevenção e Cuidados Quanto a Intoxicações por Medicamentos. Utilizou-se exposição dialogada de cartazes e discussão a partir de panfletos e modelos demonstrativos, identificando o conhecimento e vivência dos pais a respeito, procurando sanar dúvidas, informando-lhes aspectos importantes sobre a prevenção e primeiros cuidados em acidentes domésticos envolvendo as crianças. Sendo a primeira atividade do grupo no CMEI, percebeu-se uma boa aceitação dos pais quanto à esta atuação ao sugerir temas para atividades futuras. Dessa forma, após outros momentos de planejamento específicos, elaboração de materiais educativos e seleção de metodologias a utilizar, iniciaram-se em 2011, diretamente com as crianças, as atividades abordando os seguintes temas: • Saúde Bucal; • Higiene Corporal; • Higiene das Mãos; • A Importância do uso do Vaso Sanitário; • Respeito ao Próximo e • Alimentação Saudável. Estes temas foram identificados a partir do reconhecimento da realidade em que foram consideradas as opiniões dos educadores e dos pais. Cada atividade foi planejada na semana anterior à sua realização, para que fosse possível a preparação dos recursos a serem utilizados. Várias foram as metodologias e recursos utilizados – exposição dialogada de vídeos educativos, brincadeiras, fantoches, estórias contadas, atividades manuais de pintura e colagem, demonstração de atividades (banho, preparo de alimentos etc), degustação de alimentos (vitamina de fruta), músicas que abordavam as temáticas, rodas de conversa, entre outros. As ativi- Revista da ABENO • 11(2)71-87 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) dades aconteciam no período vespertino em datas pré-agendadas, com a participação das educadoras do CMEI. Foram bastante proveitosas as trocas de informações com as educadoras, as quais sugeriram a utilização de metodologias, recursos e linguagem atrativos e adequados à faixa etária, em consonância com o trabalho educativo já desenvolvido na instituição. Teleodontologia: estratégia de compreensão e envolvimento de professores CONCLUSÃO Introdução Por meio de um processo avaliativo constante que tem envolvido, em momentos diferentes, diversos atores (tutora, preceptor, estagiários, educadores do CMEI, crianças e familiares) percebe-se que esta atuação tem gerado inúmeros benefícios no contexto da Promoção da Saúde. As ações realizadas têm proporcionado conhecimento e adoção de hábitos saudáveis por parte das crianças, troca de saberes, e ampliação dos conhecimentos, por parte dos educadores e grupo tutorial, maior vivência e conhecimentos por parte dos estagiários a respeito do SUS, da ESF, do trabalho em equipe e da atuação comunitária intersetorial. Para o serviço a experiência proporciona inovação das ações e maior integração intra e inter equipes, além de reforçar o elo ensino-serviço-comunidade. Os momentos de avaliação têm sido bastante úteis, por também, identificar limitações, necessidades e incorreções no desenvolvimento das ações, a partir da valorização das opiniões dos atores envolvidos, permitindo a recondução de estratégias para o alcance dos objetivos propostos. Descritores Promoção de saúde. Crianças. Educação em saúde. Saúde da Família. Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 60p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_ nacional_atencao_basica_2006.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2011. 2. Brasil. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Portaria Conjunta No- 2, De 3 De Março De 2010. Brasília, 2010. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/portaria_pet_2_2010.pdf>. Acesso em: 27 ago 2010. 3. Rizzetti, D. A.; Fabbrin, A. P. A.; Trevisan, C. M. Políticas públicas de saúde para a criança em Santa Maria – RS. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Fortaleza, v. 22, n. 4, p. 225-232. 2009. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/ pdf/408/40812462004.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2011. 4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde na escola. (Série B. Textos Básicos de Saúde) (Cadernos de Atenção Básica ; n. 24) Brasília : Ministério da Saúde, 2009. 96 p. Disponível em: < http://dab.saude.gov.br/docs/publicacoes/cadernos_ab/ abcad24.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2011. Autores: Mary Caroline Skelton-Macedo, Ana Estela Haddad, João Humberto Antoniazzi Instituição: FOUSP A FOUSP foi desafiada a criar um Núcleo de Teleodontologia como parte dos trabalhos do Núcleo São Paulo do Programa Telessaúde Brasil no ano de 2007. A Faculdade estava começando a dar os primeiros passos no conhecimento e aplicação do ensino mediado por tecnologias, com experiências pontuais no uso dos sistemas CoL (Cursos on-line - USP) e Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) em disciplinas de Graduação e de PósGraduação. Atualmente a Faculdade provê suporte para 99 cursos em Moodle, com projetos aprovados para a constituição de um Centro de Referência na Produção de Material Educacional, com sala de defesa com professores a distância, estúdio de produção e ilha de edição, sala de aula apropriada para as NTIC (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação) e sala de reuniões. Outros projetos envolveram o Ministério da Saúde e a CAPES, este com parceria junto à FMUSP, além da construção e ministração de um curso inédito de Ensino mediado por Tecnologias para Professores, em parceria com a FUNDECTO (Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia). Relato da Experiência da FOUSP1 Mudar paradigmas na Educação Odontológica implica em compreender um novo somatório de competências a serem agregadas, além de integrar mecanismos de comprometimento e envolvimento dos atores. Mudanças devem ser acompanhadas da preservação de estruturas, quer sejam físicas ou organizacionais, de forma a permitir que não se perca características próprias, os atores se sintam suportados e ainda seja possível adquirir novas dimensões com parcimônia, compreensão e envolvimento crescente dos que são estimulados no processo. A Saúde foi uma das áreas que mais resistiu às NTIC por crer que a aprendizagem das habilidades psico-motoras não possa ser realizada com distanciamento do professor e, por associação, nem as atividades cognitivas e atitudinais. Os professores da Odontologia manifestavam seu descontentamento com a modalidade de Ensino que se renovou com as NTIC e não se interessavam em sequer estudar as possibilidades apresentadas. Em Revista da ABENO • 11(2)71-87 83 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) 2007 o Ministério da Saúde lançou o Projeto Piloto Telessaúde Brasil2, que veio a se tornar Programa de Governo em 2010 com uma experiência de somatório das iniciativas em Telemedicina. Os estados envolvidos atualmente são 11: AM, GO, MG, CE, PE, RJ, SP, SC, RS, TO e MS. A compreensão do princípio da integralidade da atenção à saúde introduziu a possibilidade de outras profissões de Saúde aderirem ao programa e começarem uma nova história integradora, constituindo um mecanismo de aprimoramento da Atenção Primária à Saúde, sob suporte à decisão profissional mediada pelas tecnologias de comunicação. Foi proposto aos estados a constituição de um Núcleo Universitário, sediado em uma universidade pública, com a incumbência de selecionar municípios com menos de 100.000 habitantes, baixo IDH e com 50% de cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF)3. Em princípio seriam selecionados 100 pontos em Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) com conectividade para que os profissionais/técnicos fossem suportados pelos especialistas nas Universidades, proporcionando apoio à decisão clínica, com possibilidade de envio de imagens e vídeos dos casos. Há inúmeros enfrentamentos que envolvem conhecimento odontológico, por exemplo, o alto índice de câncer de pele e bucal na região norte. Este fato exige profissionais dispostos a emitir pareceres sobre os pedidos de Segunda Opinião, assim como capacitados na produção de material educacional apropriado para capacitar os profissionais/técnicos em atendimento na área. Na FOUSP, o Núcleo de Teleodontologia1 iniciou suas atividades empenhando-se em estabelecer uma estratégia de compreensão e envolvimento dos professores a partir dos alunos de pós-graduação. O Programa de Ciências Odontológicas tem como uma das Disciplinas iniciais obrigatórias a de Metodologia do Ensino Odontológico, palco das primeiras atividades envolvendo ferramentas eletrônicas. Os alunos foram aos poucos expostos a metodologias ativas sob mediação tecnológica (fóruns, salas de bate-papo, aplicação educacional de Redes Sociais) e foram disseminando as experiências em suas disciplinas de concentração, compartilhando com entusiasmo as atividades e o quanto foram importantes em sua formação. Em 2011 esse fato levou a FUNDECTO4 a pedir ao Núcleo um curso voltado à capacitação dos professores na mediação do ensino por tecnologias, o que foi prontamente atendido, sendo ofertado aos professores da faculdade na modalidade a distância. As Disciplinas de Metodologia do Ensino Odon- 84 tológico e de Pesquisa Odontológica, pioneiras que foram em utilizar plataformas educacionais livres na FOUSP, no ano de 2011 vivenciaram a primeira aplicação de mediação via Rede Social (Facebook), com acolhimento pelos alunos de pós-graduação, que começaram a participar da leitura dos conteúdos uma semana antes do início da Disciplina, pela abertura do grupo e convite à integração. A área que ainda necessita atenção é a da Teleassistência, mas alguns professores têm procurado se informar melhor a respeito e dessa maneira se propõem a realizar um trabalho conjunto de significância da área no quadro odontológico e empenho para seu crescimento como opção de apoio à tomada de decisão pelo profissional da rede pública. Conclusão A estratégia adotada pelo Núcleo de Teleodontologia da FOUSP mostrou-se eficaz em divulgar o que é a Teleodontologia e como pode ser incorporada no dia-a-dia da vida acadêmica, tanto na formação de novos profissionais (Teleducação), quanto no viés de Teleassistência, assumindo um caminho de aprendizagem e aplicação das novas ferramentas e estratégias. Atualmente a Faculdade provê suporte para 99 cursos em Moodle, com projetos aprovados para a constituição de um Centro de Referência na Produção de Material Educacional, com sala de defesa com professores a distância, estúdio de produção e ilha de edição, sala de aula apropriada para as NTIC (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação) e sala de reuniões com suporte para vídeo e webconferência. Outros projetos do Núcleo de Teleodontologia da FOUSP envolveram o Ministério da Saúde e a CAPES, este com parceria junto à FMUSP, além da construção e ministração de um curso inédito de Ensino mediado por Tecnologias para Professores da Odontologia, em parceria com a FUNDECTO (Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia). O Núcleo fez suas primeiras contratações em 2010, integrando um analista de sistemas e um professor doutor. Além das Disciplinas de Metodologia do Ensino Odontológico e de Pesquisa Odontológica são também ministradas disciplinas optativas de Teleodontologia para graduandos e pós-graduandos e uma Disciplina de Produção de Material Educacional para ensino presencial e telepresencial. Seu quadro inclui 13 colaboradores entre profissionais, professores e pós-graduandos. Foram defendidas duas teses com construção de material educacional em modelagem 3D e têm sido Revista da ABENO • 11(2)71-87 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) desenvolvidos trabalhos significativos na área, com diversas premiações. O envolvimento dos professores da faculdade permitirá que se trabalhe com mais propriedade e significância o conceito de teleassistência como extensão de possibilidades dentro da Teleodontologia. Descritores Teleodontologia. Teleducação. Telessaúde. Referências 1. Núcleo de Teleodontologia da FOUSP, disponível em www. teleodonto.fo.usp.br/nucleo, acesso em junho de 2011. 2. Telessaúde Brasil, disponível em www.telessaudebrasil.org.br, acesso em junho de 2011. 3. Programa de Saúde da Família – PSF, disponível em http:// dab.saude.gov.br, acesso em junho de 2011. 4. FUNDECTO, disponível em www.fundecto.com.br, acesso em junho de 2011. Plano de ensino do Curso de Odontologia da FO-UERJ: olhar discente Autores: Messias Aragão Gondim, Joyce Cristina Chevi da Rocha, Maria Isabel de Castro de Souza, Teresa Cristina Ávila Berlinck, Maria Eliza Barbosa Ramos Instiuição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro O Ministério da Saúde (MS) em conjunto com o Ministério da Educação (ME) desenvolveram diferentes projetos (Telessaúde, PET-Saúde, UNASUS e Pró-Saúde) com intuito de dar apoio as Instituições de Ensino Superior, para que as mesmas assumam um compromisso científico/social com os alunos e a população, objetivando um suporte à realidade da demanda populacional. Também as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) que têm por objetivo estabelecer novas formas de organização curricular, articular ensino e rede, redimensionando o status do processo educativo e práticas em saúde participam deste processo. As Diretrizes direcionadas para Odontologia determinam que o perfil deste novo profissional deva ser generalista, com visão humanista, crítica e reflexiva, capacitado a atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico, bem como ser capacitado ao exercício de atividades referentes à saúde bucal da população, pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefícios da sociedade. Então a avaliação institucional como processo de transformação imprime uma nova visão de “saber” em lugar de “poder”, postura antiga dos processos de avaliação. Sob este novo paradigma a abordagem apresentada, por exemplo, para as Instituições de Ensino, recebe o respaldo e legitimação através do documento básico de avaliação das Universidades Brasileiras do MEC, que define a Avaliação institucional com a Missão de “fazer saber”, reeditando a Avaliação institucional como um processo contínuo de aperfeiçoamento do desempenho acadêmico, uma ferramenta para o planejamento e gestão universitária e um processo sistemático de prestação de contas a sociedade. Hoje a nova proposta rompe com a visão que permeava a antiga avaliação e tem por objetivo principal a aprendizagem, onde esta acontece de forma significativa e funcional, fazendo com que os conhecimentos que foram assimilados sejam aplicados em diferentes contextos. Hoje, somos bombardeados por informações, e o desafio que temos perante estas não é produzi-las, armazená-las ou transmiti-las, mas sim, reconhecer quais destas são importantes. Por isso há a necessidade de avaliações que possam ser úteis, viáveis, éticas e precisas. Para que isto ocorra é preciso considerar valores e preocupações daqueles que tem interesse em relação ao objeto avaliativo o que dará credibilidade ao objeto. A avaliação deve objetivar o reforço das potencialidades e sucesso, sem eliminar o que foi negativo, mas de forma que não super valorize as dificuldades e fracassos, devendo assim ressaltar os aspectos positivos e o que deverá ser corrigido da maneira mais coerente e ética. As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na realização comportamental e profissional de um indivíduo. Desta forma, a análise dos relacionamentos entre professor/aluno envolve interesses e intenções, sendo esta interação o expoente das conseqüências, pois a educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros da espécie humana. Neste sentido, a interação estabelecida caracteriza-se pela seleção de conteúdos, organização, sistematização didática para facilitar o aprendizado dos alunos e exposição onde o professor demonstrará seus conteúdos. Foi objetivo deste estudo avaliar a opinião dos alunos que cursam a Faculdade de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - FO-UERJ, a respeito das disciplinas cursadas, com intuito de obter respostas sobre a relação professor-aluno. As questões Revista da ABENO • 11(2)71-87 85 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) abordadas foram: 1.“Ao iniciar a Disciplina o Docente apresentou o plano de ensino, contendo objetivos, metodologia, critérios de avaliação, cronograma e bibliografia?” 2.“Houve coerência entre o conteúdo das aulas e os objetivos propostos no plano de ensino?” A amostra foi composta por cento e cinqüenta alunos (150) do 2o ao 8o período. Os critérios de exclusão foram: as Disciplinas do oitavo período, que não foram analisadas, pois os alunos já tinham se formado e os alunos do primeiro período, pois não havia possibilidade de avaliar o período anterior, já que estavam no primeiro ano do curso. No semestre avaliado (2010-1) a FO-UERJ apresentava duzentos e doze alunos ativos. Do segundo ao oitavo período, cento e oitenta e dois alunos (182) cursavam a Faculdade de Odontologia. Foi realizado um questionário quantitativo e qualitativo no Laboratório de Informática, com perguntas fechadas, só podendo marcar uma opção nas respostas e espaços para exprimir sua opinião em relação ao questionamento. Os alunos avaliaram as disciplinas do período anterior ao que estavam cursando. As disciplinas avaliadas foram as seguintes: • Primeiro período: Anatomia I, Bioquímica, Bioestatística aplicada à Odontologia, Genética, Histologia e Embriologia e Biologia Celular. • Segundo período: Anatomia II, Materiais Dentários I, Saúde Bucal Coletiva I, Metodologia Científica, Patologia Geral, Ciência Sociais, Microbiologia e Imunologia e Fisiologia. • Terceiro período: Radiologia I, Materiais Dentários II, Psicologia da Conduta Normal e Patológica, Patologia Bucal I, Farmacologia, Anatomia e Escultura Dental I. • Quarto período: Dentística I, Cirurgia I, Estomatologia I, Prótese de Laboratório, Radiologia II e Oclusão I. • Quinto período: Anatomia e Escultura Dental II, Cirurgia II, Dentística II, Materiais Dentários III, Estomatologia II, Endodontia I e Periodontia I. • Sexto período: Dentística III, Endodontia II, Ortodontia I, Periodontia II, Prótese Fixa I e Prótese Removível I. • Sétimo período: Clínica Integrada I, Oclusão II, Odontopediatria I, Ortodontia II, Prótese Removível II e Prótese Fixa II. As disciplinas eletivas não foram avaliadas. 86 Os resultados demonstraram que o professor mantém o aluno informado sobre o que vai acontecer durante o decorrer do curso e que a maioria do corpo discente está satisfeito com apresentação da disciplina e todas as atividades, assim como, objetivo, metodologia, critérios de avaliação, cronograma e bibliografia. A relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Houve uma aprovação de oitenta e um por cento (81%) no geral, onde o maior índice de noventa e oito por cento (98%) foi evidenciado no primeiro período e o menor índice de sessenta e cinco por cento (65%) no sétimo período, nesta questão as possibilidades de respostas eram de “Sim” ou “Não”. Responderam que não houve um planejamento ou apresentação do plano de curso cerca de dezenove por cento (19%). Em relação ao cumprimento ou não, os resultados demonstraram que sessenta e sete por cento (67%) responderam que “sempre” houve coerência entre plano de curso e o que realmente aconteceu durante o decorrer do semestre, além disso, vinte e dois por cento (22%) responderam que isso aconteceu “freqüentemente”. As possibilidades de respostas eram de “sempre”, “freqüentemente”, “esporadicamente” e “nunca”. Somando os dois, temos oitenta e nove por cento (89%) de cumprimento do conteúdo do programa com respostas sempre (67%) e freqüentemente (22%). É um resultado satisfatório, pois mostra que não só houve a apresentação do plano de ensino, mas também o cumprimento de todo o plano de curso ou pelo menos grande parte dele. Os dados obtidos possuem algumas discrepâncias em alguns períodos que merecem uma análise mais crítica. Isto ocorreu nas seguintes Disciplinas: • Metodologia Científica e Ciências Sociais no 2º período (29% e 38%), • Anatomia e Escultura Dental I no 3º período (5%), • Dentística I no 4º período (0%), • Prótese Removível I no 6º período (0%), • Oclusão II no 7º período (21%) e • Clínica Integrada I no 7º período (0%). Pode-se concluir que a maioria dos alunos (81%) está satisfeita em relação a distribuição das regras adotadas pelas Disciplinas. Isso é muito importante, pois o professor ao iniciar a Disciplina já cria laços e, além Revista da ABENO • 11(2)71-87 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) disso, passa uma imagem de organização e preocupação. Indica também, que o professor, educador, deve orientar para as mudanças, para a autonomia, para ética e para a liberdade possível, numa abordagem global. Trabalhando o lado positivo dos alunos e para a formação de um cidadão consciente de seus deveres e de suas responsabilidades sociais. Descritores Odontologia. Educação em saúde. Prática de ensino-aprendizagem. Referências 1 Bagnato M. Inovações Pedagógicas na Educação Superior em Saúde: algumas reflexões. 2005. Disponível <mbagnato@uni- camp.br> PRAESA-Laboratório de Estudos e Pesquisas em Práticas de Educação e Saúde. Acesso em: 13 out. 2008. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Pró-saúde: programa nacional de reorientação da formação profissional em saúde /Ministério da Saúde, Ministério da Educação. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. 77 p. (Série C. Projetos, Programas e Relatórios). 3. Senna, M.I.B., Lima, M.L.R., Diretrizes curriculares nacionais para o ensino de graduação em odontologia: uma análise dos artigos publicados na revista da ABENO, 2002-2006., Arquivos em Odontologia, Volume 45, número 01, Janeiro/Março de 2009 4. Souza AM de A, Galvão E de A, Santos I dos, Roschke MAC. Processo educativo nos serviços de saúde. Brasília (DF): OPAS; 1991. [Série Desenvolvimento de Recursos Humanos, 1] Revista da ABENO • 11(2)71-87 87 46a Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico* Tema central: A Formação Odontológica e o Mundo do Trabalho Florianópolis - SC - 10 a 13 de agosto de 2011 Comissão Organizadora local Coordenador: Comissão Científica Cleo Nunes de Sousa Daniela Lemos Carcereri (Presidente) Lúcia Schaefer Ferreira de Mello Calvino Reibnitz Júnior Cláudio José Amante Inês Beatriz da Silva Rath Mirelle Finkler Secretaria Maria Helena Pozzobon Maria Inês Meurer Tesoureiro Mauro Amaral Caldeira de Andrada * Continuação do conteúdo publicado na edição volume 11, número 1 (janeiro/junho de 2011) da Revista da Abeno. Pôsteres Atividades desenvolvidas no projeto “A Universidade a Serviço da Saúde” Apresentador: Helena Maria Antunes Paiano Autores: Denise Vizzotto, Eliane Ramin, Helena Maria Antunes Paiano, Luiz Carlos Miguel A UNIVILLE em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Joinville aprovou o projeto “A Universidade a Serviço da Saúde” pelo Pró-Saúde II em 2008. Este projeto foi elaborado por uma equipe de professores dos cursos de Odontologia e Farmácia, visando a integração dos cursos no processo de formação dos acadêmicos. O Projeto é realizado no bairro Jardim Paraíso, localizado próximo ao Campus da Universidade da Região de Joinville. O objetivo do projeto é incentivar a transformação do processo de formação, geração de conhecimento e prestação de serviços à população para abordagem integral do processo saúde-doença. O eixo central é a integração ensino-serviço, com a conseqüente inserção dos estudantes no cenário real de práticas, a Rede do Sistema Único de Saúde (SUS). As atividades são desenvolvidas junto às unidades básicas de saúde do Jardim Paraíso I e II contemplando uma comunidade com aproximadamente 10 mil pessoas. Essas duas unidades representam a sede da articulação ensino-serviço e nucleia as ações do Pró-Saúde II com abrangência no bairro. As ações realizadas nestes primeiros três anos de projeto: • criação da Comissão Gestora Local e discussão sobre todas as ações de saúde desenvolvidas no bairro e reforma da unidade; • conhecimento da área de abrangência das unidades de saúde do Jardim Paraíso I e II, identificando os determinantes sócio-econômicos do processo saúde-doença; • planejamento das atividades de intervenção na comunidade com os profissionais das unidades básicas de saúde; • realização de visitas domiciliares à famílias em risco de adoecer; • promoção de atividades educativas nas escolas do bairro; • atendimento odontológico para a comunidade. Como resultado pretende-se instrumentalizar os profissionais para a abordagem dos determinantes do processo saúde-doença na comunidade e a formação de cidadãos-profissionais, na área da saúde bucal, críticos e reflexivos capacitados a desenvolver suas práticas voltadas para a promoção e manutenção da saúde no SUS. O lúdico no projeto “A Universidade a Serviço da Saúde” Apresentador: Eliane Ramin Autores: Denise Vizzotto, Eliane Ramin, Helena Maria Antunes Paiano, Luiz Carlos Miguel O objetivo do projeto é proporcionar à sociedade profissionais habilitados para responder às necessidades da população brasileira e à operacionalização do Sistema Único de Saúde. Enfatizar a educação em saúde capacitando a equipe de profissionais das unidades de saúde do Jardim Paraíso I e II, professores e alunos do curso de Odontologia a utilizar técnicas educacionais alternativas mais eficazes. Para atingir este objetivo torna-se necessário integrar a educação e a participação comunitária de forma dinâmica, mediante estratégias ligadas ao teatro, música, feiras, dias da saúde e dinâmica de grupo. As atividades de promoção e educação em saúde são desenvolvidas através dos jogos educativos elaborados pelos alunos nas oficinas de capacitação profissional, supervisionados pelos professores da disciplina de Odontologia Coletiva da UNIVILLE. Os acadêmicos aplicam e testam a efetividade do conhecimento adquirido pela comunidade antes e após participarem de campanhas de educação em saúde. Os indivíduos são abordados de forma alternativa e lúdica, proporcionando uma ampliação de seu conhecimento em conceitos de saúde. Estas atividades são desenvolvidas junto às Unidades de Saúde do Jardim Paraíso I e II contemplando aproximadamente 10 mil pessoas. Essas duas unidades representam a sede da articulação ensino-serviço e nucleia as ações do projeto Pró-Saúde II. O resultado obtido é a formação de cidadãos-profissionais, na área da saúde bucal, críticos e reflexivos capacitados a desenvolver na práxis a promoção e manutenção da saúde, constituindo-se em agentes promotores de saúde. Profissionais com posturas criativas de construção do conhecimento, tendo como referência as necessidades Revista da ABENO • 11(2)89-164 89 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) dos usuários, que são extremamente dinâmicas. É fundamental que a aprendizagem em saúde signifique mais do que uma retenção de informações. O exercício da prática de educação popular em saúde pressupõe abertura, disponibilidade para ouvir o outro, pois, o ato participativo é humanizante. O essencial é ajudar o ser humano a ajudar-se, é fazê-lo agente de sua transformação. Inovação do ensino da endodontia na Universidade Federal do Amazonas Apresentador: Emílio Carlos Sponchiado Jr Autores: Emílio Carlos Sponchiado Jr O ensino da Endodontia por muitos anos no Brasil tinha como base transmitir aos acadêmicos o diagnóstico e tratamento das doenças pulpares e periapicais por meio das técnicas de cirurgia de acesso, instrumentação com limas de aço inox e obturação pela técnica da condensação lateral. A área de Endodontia mudou muito no quesito tecnologia nestes últimos 10 anos, hoje é possível realizar um tratamento endodôntico mais eficaz com microscópio operatório, ultrassom, limas de NiTi, odontometria eletrônica e obturações tridimensionais. A Endodontia da Universidade Federal do Amazonas implantou em 2009 algumas destas tecnologias nas aulas de graduação, como o sistema de odontometria eletrônica e a microscopia operatória nas aulas ambulatoriais. Porém a principal mudança foi a introdução das limas manuais de NiTi do sistema Protaper Universal para se realizar o preparo químico mecânico dos dentes molares, pois percebia-se as limitações e dificuldades da utilização das limas de aço inox nos tratamentos destes dentes. Para isto, foi feita uma pesquisa de mercado para averiguar qual o impacto do custo destas limas na lista de materiais dos alunos e foram feitas 4 encontros dos professores da disciplina com apoio pedagógico para verificar as mudanças necessárias para implementar este sistema já nas aulas pré-clínicas. Foi verificada que esta nova opção aumentaria em até 20% o valor real da lista de materiais e que a técnica deveria ser realizada já no primeiro contato do discente com a Endodontia, pois as técnicas tinham o mesmo conceito, somente mudariam a liga metálica dos instrumentos e a sequencia de utilização. Os acadêmicos a partir da disciplina de Endodontia I do ano de 2009 realizaram os treinamentos laboratoriais para instrumentação de molares com limas 90 manuais do sistema Protaper e a obturação com o sistema de termocompactação da guta-percha. Nos semestres seguintes (Endodontia Clínica, Clínica Integrada e Estágio Supervisionado) os treinamentos foram realizados em ambulatório durante o atendimento convencional da comunidade. Hoje é observada uma maior facilidade dos discentes na instrumentação dos dentes molares, principalmente no que diz respeito a diminuição do tempo de trabalho, menores acidentes por desvios e facilidade na etapa de obturação, aumentando assim a autoestima dos discentes, pois puderam perceber que o tratamento endodôntico de molares quando feito na graduação também pode ser prazeroso para o operador e com qualidade para o paciente. Avaliação curricular: reflexões a partir da perspectiva dos estudantes Apresentador: Ramona Fernanda Ceriotti Toassi Autores: Ramona Fernanda Ceriotti Toassi, Juliana Maciel de Souza, Cassiano Kuchenbecker Rosing, Evanise Berggrav, Lilian Bottaro Purper O processo de reestruturação curricular na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FO/UFRGS) deu-se a partir de 2005, prevendo um ensino mais integrado às demandas sociais. De 2005 a 2010, três turmas já foram formadas a partir dessa proposta curricular e nenhuma avaliação havia sido realizada. Diante dessa necessidade, este estudo pretendeu avaliar o processo de reestruturação curricular na FO/UFRGS, na perspectiva dos estudantes. O método de investigação foi predominantemente qualitativo, utilizando a estratégia do estudo de caso. Foram convidados a participar do estudo todos os estudantes da graduação em Odontologia, do 1º ao 10º semestre que tiveram interesse e disponibilidade. A coleta de dados envolveu a análise de documentos (Projeto Pedagógico / Planos de Ensino) e a aplicação de questionários semiestruturados. Os dados de identificação e as respostas referentes às questões fechadas do questionário foram analisados por meio do software IBM SPSS Statistics. Já os dados qualitativos foram analisados utilizando-se a análise de conteúdo. O projeto foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade (sob nº 20297). Participaram do estudo, 360 estudantes (88,5%), sendo 69,2% mulhe- Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) res e 30,8% homens. As mulheres predominaram em todos os semestres do curso e a idade variou de 17 a 33 anos. A maior parte dos estudantes é do estado do Rio grande do Sul (95,5%), da cidade de Porto Alegre (51,4%), solteiros (96,1%), não tem filhos (98,3%) e nunca trabalharam (71,4%). Quando optaram pelo curso, 45,8% dos estudantes estavam absolutamente decididas e 85,3% acreditam estar recebendo uma sólida formação para atuar no mercado de trabalho. Após a graduação, 50,3% das estudantes pretendem trabalhar no setor público e privado e 97,5% querem se especializar, sendo que 26,4% planejam iniciar a especialização até 1 ano após o término do curso. As áreas de especialidade mais relatadas foram a prótese/implante, a cirurgia e a ortodontia. Os estudantes apontam fragilidades na integração entre as disciplinas e nas clínicas integradas e em relação ao processo avaliativo. Como potencialidades, os estudantes assinalam o atual currículo que enfatiza a humanização da saúde e destacam a qualidade da formação dos professores. Sugerem que o currículo seja avaliado continuamente, permitindo a transformação/reconstrução no curso de seu desenvolvimento. Descritores Avaliação curricular. Currículo. Ensino odontológico. Saúde e educação. Caracterização socioeconômica e do mercado de trabalho: conhecendo os acadêmicos de odontologia da UFMS Apresentador: Rosana Mara Giordano de Barros Autores: Rosana Mara Giordano de Barros, Alessandro Diogo de Carli, Cibele Bonfim de Rezende Zárate, Edílson José Zafalon, Paulo Zárate-Pereira, Valéria Rodrigues de Lacerda O crescente número de cirurgiões-dentistas no mercado de trabalho anualmente tem despertado interesse entre os educadores da área odontológica. Esse crescimento da profissão levará, em médio ou curto prazo, a uma regulação do mercado, onde o próprio interesse do jovem em cursar a Odontologia será preterido por outras profissões menos competitivas. Na perspectiva da lei de oferta e procura, a Odontologia tem apresentado um quadro crítico para a profissão. Isso se deve em parte, pelo crescimento exagerado de faculdades e por outro, pelo baixo poder aquisitivo da população para con- sumir os serviços oferecidos pelos profissionais egressos das faculdades. Para tanto, é importante considerar que a escolha da profissão é um passo de grande importância na vida do indivíduo e proporciona e determina muito do ambiente físico e social em que vive. Portanto, o presente estudo tem por objetivo identificar o perfil atual do acadêmico de Odontologia e conhecer sua expectativa em relação ao Mercado de Trabalho. Realizou-se uma pesquisa com os acadêmicos dos 3°, 5° e 7° semestres da Faculdade de Odontologia “Prof. Albino Coimbra Filho” no ano de 2010, durante o período de pré-matrícula. Utilizouse questionário on line para identificação socioeconômica dos mesmos. A amostra final foi constituída por 120 alunos e os dados foram tabulados por software próprio. Como resultados, verificou-se que as famílias são constituídas, em sua maioria, por 4 pessoas e possuem renda acima de 10 salários mínimos. A formação acadêmica está voltada ao mercado de trabalho, condição percebida pelos acadêmicos e que a maior motivação pela escolha do curso de Odontologia foi a aptidão pessoal. Assim, concluímos que os acadêmicos têm boa condição econômica para cursar a faculdade escolhida, expectativa favorável à formação e ao mercado de trabalho, bem como as possibilidades salariais. Percepção acadêmica sobre articulação ensino-serviço: experiência da FAODO-UFMS Apresentador: Valéria Rodrigues de Lacerda Autores: Valéria Rodrigues de Lacerda, Alessandro Diogo de Carli, Cibele Bonfim de Rezende Zárate, Edílson José Zafalon, Paulo Zárate-Pereira, Rosana Mara Giordano de Barros Objetivo Conhecer a percepção dos acadêmicos deOdontologia da UFMS sobre sua intenção de trabalhar no sistema público de saúde e a articulação ensino-serviço proporcionada pelo Estágio Obrigatório de Odontologia em Saúde Coletiva I (EOOSC I). MÉTODO Questionários estruturados e semiestruturados foram aplicados a 46 alunos do 6º semestre da Faculdade de Odontologia Prof. Albino Coimbra Filho UFMS, em dezembro de 2010. Os dados foram tabulados e submetidos à estatística descritiva. Revista da ABENO • 11(2)89-164 91 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) RESULTADOS Destacou-se a opinião de que a disciplina de EOOSC I melhorou a percepção dos acadêmicos sobre o trabalho na Estratégia Saúde da Família e favoreceu o conhecimento da realidade, para além da teoria. Destes, 96% gostariam de exercer atividades profissionais no sistema público de saúde. CONCLUSÕES Dentre os participantes, prevaleceu a pretensão de trabalho em serviço público e a percepção de que a proposta da disciplina de EOOSC I aproxima sua formação da prática na ESF. A equipe multiprofissional e o profissional de Odontologia Apresentador: Luiz Carlos Machado Miguel Autores: Luiz Carlos Machado Miguel, Kesly Mary Ribeiro Andrades, Lúcia Fátima de Castro Ávila, Constanza Marin de Los Rios Odebrecht A s Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) preconizam que o perfil do egresso do Curso de Odontologia tenha uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico. A inserção do profissional de Odontologia na equipe multiprofissional de atenção á saúde, nos mais variados níveis, deve ser pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da sociedade. A presença do profissional de Odontologia na equipe de saúde que trata dos pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC) configura bem esta realidade. Cada vez mais a abordagem dos pacientes com IRC deve ter uma visão ampliada de tratamento que extrapola os problemas renais e exige, dos profissionais envolvidos, uma visão sistêmica dos problemas relacionados a estes pacientes. A saúde integral do paciente, não apenas restrita a monitorização das funções renais, deve ser um objetivo a ser alcançado por todos os profissionais envolvidos no cuidado com esta parcela da população. O comprometimento psicológico causado pela amplitude da doença, faz com que estes pacientes necessitem de tratamentos que extrapolem a alta tecnologia empregada. Os profissionais de saúde envolvidos devem humanizar as relações com estes doentes. Neste complexo quadro, a cavidade bucal também sofre 92 alterações relevantes. O diagnóstico e um plano de tratamento odontológico devem seguir um protocolo que se leve em consideração a condição sistêmica deste paciente, o momento da terapia renal substitutiva e a possibilidade do transplante renal. O tratamento deve ser realizado de uma forma multidisciplinar, onde a comunicação entre o médico nefrologista e o cirurgião dentista contribua para que o tratamento seja bem sucedido e a saúde bucal restabelecida. O controle da saúde bucal traz implicações diretas no quadro nefrológico e deve ser parte integrante do cuidado geral do paciente. Um quadro infeccioso na cavidade bucal torna-se um fator de risco à rejeição do transplante renal, solução terapêutica para pacientes com IRC. Redução de fluxo salivar, alterações no índice de cpod, desaparecimento da lamina dura em dentes hígidos, formação de cálculos, perdas dentárias e candidose são alterações bucais importantes observadas, decorrentes da IRC e que necessitam de cuidados especializados. Deve-se tratar o paciente, na sua integralidade, e não a doença em particular. Os pacientes portadores de IRC, em hemodiálise, apesar de possuírem a mesma doença devem ser tratados de forma diferente, respeitando as suas particularidades, procurando sua estabilização e preparando as condições ideais para o transplante, quando necessário. Diante do exposto, conclui-se que existe a necessidade de uma linguagem comum facilitadora entre os variados profissionais envolvidos nesta terapia e de um protocolo de atendimento odontológico que alimente de informações e gerem um fluxo constante de dados que possam promover a melhoria do estado geral deste paciente. Estratégia de Saúde da Família: realidade na Odontologia da Univille Apresentador: Maria Dalva de Souza Schroeder Autores: Maria Dalva de Souza Schroeder, Constanza Marin de Los Rios Odebrecht, Franciele Colatusso Introdução A disciplina de Estágios Extra-Muros do curso de graduação em Odontologia da Univille (SC) visa desenvolver nos alunos do 5o ano uma capacidade de aprendizado interdisciplinar, associando o o conhecimento com a prática, tendo como foco a comunidade. Neste módulo há uma interação com a equipe multiprofissional da Estratégia de Saúde da Família Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) (ESF). A integração da Academia com equipe responsável pelo delineamento epidemiológico da UBSF, amplia o conhecimento dos alunos ao mesmo tempo em que proporciona um aprendizado com responsabilidade social, despertando no aluno o “eu” coletivo capaz de produzir uma visão real da saúde pública. Objetivo Proporcionar aos estudantes de Odontologia um conhecimento voltado à realidade social local, capacitando-os a desenvolver seus potenciais críticos e reflexivos para diagnosticar e tratar os pacientes de acordo com suas condições socioeconômicas locais. Metodologia Este trabalho é um relato da experiência dos alunos do módulo descritos nos relatórios de atividades durante cada bimestre. Os atendimentos prestados pelos alunos do 5o ano são divididos em 04 (quatro) módulos, respectivos a cada bimestre. Semanalmente os alunos escrevem um relatório das atividades desenvolvidas no dia do atendimento na Unidade de Saúde do Jardim Sofia - Joinville (SC), e elaboram um relatório descritivo destas atividades, onde cada aluno descreve seus procedimentos realizados naquele dia na Unidade de Saúde e entrega ao professor orientador da disciplina (Univille) para a avaliação e esclarecimentos de dúvidas sobre as atividades desenvolvidas. O atendimento é realizado através de consultas pré-agendadas pela dentista da ESF, priorizando as famílias de maior risco social. A promoção de saúde e as visitas domiciliares são realizadas de acordo com o delineamento epidemiológico feito pela equipe de ESF da Unidade e pelos agentes comunitários de saúde (ACS). Resultados Desenvolveram-se técnicas periodontais mais simples; fomentou-se o convívio social e o desenvolvimento de trabalhos na comunidade. O atendimento às famílias mais susceptíveis promoveu a humanização, de acordo com os princípios do SUS. O convívio com uma equipe multiprofissional desenvolveu nos estudantes um aprendizado consciente, baseado na realidade local da área de abrangência da equipe de saúde. Conclusão Este trabalho contribuiu para despertar nos graduandos o convívio coletivo, de acordo com a realidade socioeconômica da comunidade local, aumentando o senso de reflexão e aprendizado com relação à profissão e, principalmente, despertando o “eu” coletivo através de um atendimento mais humanizado. Quando a cola interessa à aprendizagem Apresentador: Mary Caroline Skelton Macedo Autores: Mary Caroline Skelton Macedo, Rielson José Alves Cardoso, João Humberto Antoniazzi U ma turma de 53 alunos do curso noturno de Endodontia da FOUSP (1o semestre de 2011) foi incentivada a realizar uma das avaliações cognitivas por meio de uma prova disponibilizada eletronicamente na plataforma Moodle. A prova ficou disponível durante 1 semana para acesso dos alunos no momento em que lhes fosse oportuno e estes foram incentivados a discutir os conteúdos com os colegas, professores, pesquisar nos livros e na Internet. Os alunos poderiam preencher a prova por duas vezes durante a semana em que ficou disponibilizada. A prova somou 12 perguntas de múltipla escolha e valia nota 10,0 (dez). Após o período proposto, as notas foram computadas e a média da turma ficou em 6,21 (seis e vinte e um), com a nota mais alta de 8,33 (oito e trinta e três) e a mais baixa de 2,5 (dois e meio). A maior parte da turma (48 alunos) alcançou entre as notas 5,0 (cinco) e 9,17 (nove e dezessete). Os alunos que tiraram notas abaixo de 5,0 (cinco) foram incentivados a realizarem a prova novamente, com mais uma semana de chance de estudar e garantir maior nota. O tempo despedido no preenchimento do questionário da prova somou 1546 horas. Os alunos foram incentivados (não obrigatoriamente) a responder um levantamento de suas impressões sobre a estratégia e os que responderam foram unânimes em observar que foi uma forma de discutirem o assunto e buscarem respostas nos livros. A estratégia viabiliza ao aluno trocar informações com colegas e professores e também consultar livros e informações que estejam na internet no intuito de estudar e se deparar com dúvidas e questionamentos que devem ser discutidos para que sejam resolvidos. Desta maneira, aquilo que se considerava cola passa a constituir um instrumento de aprendizagem, desde que o instrumento de avaliação seja bem construído, no intuito de fazer com que o aluno reflita e se disponha a buscar a informação apropriada. Nenhuma estratégia atinge semelhantemente todos os alunos envolvidos, mas aquela que permitir maior contato e reflexão sobre os conteúdos, utilizando o trabalho colaborativo de significativo ao aprendizado andragógico, certamente alcançará maior aprendizagem por parte dos atores envolvidos e a cola pode ser uma ferramenta que Revista da ABENO • 11(2)89-164 93 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) permita esta reflexão, desde que utilizada sem a conotação de ludibriar os docentes. Ouvir o corpo discente: função de educador (experiência no pósgraduação) Apresentador: João Humberto Antoniazzi Autores: Mary Caroline Skelton Macedo, Rielson José Alves Cardoso, João Humberto Antoniazzi A s NTIC trouxeram inúmeras ferramentas de interesse educacional para a educação superior, ampliando a possibilidade de formação heutagógica sob ensino continuado com acesso amplo à informação. Observa-se que muitas têm sido utilizadas no ensino fundamental e médio, mas o superior não se tem valido de sua funcionalidade na aprendizagem. Algumas faculdades têm iniciado sua experiência na utilização de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), porém vinculando-se às expectativas do docente, sem ouvir ou permitir interferências por parte do corpo discente. No intuito de compreender o que os alunos percebem e como participam das atividades Didáticas, a Disciplina de Metodologia do Ensino Odontológico da FOUSP tem utilizado o Moodle como AVA de escolha para o processo e ensino-aprendizagem e tem incentivado os professores da FOUSP a utilizá-lo em suas disciplinas, tanto de graduação quanto de pós-graduação. Muitas observações foram ouvidas, todas voluntárias: • os professores têm se interessado pelo trabalho na plataforma, mas ainda não a conhecem o suficiente para torná-la menos árida na comunicação entre os atores; • os alunos percebem que o ambiente é árido e pouco atrativo, pela falta de conhecimento dos professores e adequação à nova mídia de comunicação. Queixam-se principalmente de ter que entrar em novo ambiente, inserindo uma nova senha, apenas para coletar artigos ou textos que poderiam ser enviados por e-mail. A partir das reclamações coletadas e observando-se o fato de que a maior parte dos alunos possuírem perfis na Rede Social Facebook, foi proposto à turma do 1o semestre de 2011 de Metodologia de Pesquisa Odontológica realizar o didático utilizando-se esta Rede como plataforma educacional, já que possui as mesmas ferramentas utilizadas 94 no Moodle, o qual é empregado nesta mesma disciplina há 5 anos consecutivos. Como a faixa etária na pós-graduação é mais alta, quatro alunos dos 20 alunos não tinham perfil registrado no Facebook e foram incentivados a fazê-lo. O grupo do curso Metod. Pesq.Odont. na Facebook foi aberto com uma semana de antecedência à data do início do curso e os alunos com perfil na Rede Social foram imediatamente incluídos, iniciando o fórum independente de ativação dos professores. Postados os conteúdos, todos realizaram as leituras e participaram do fórum geral com contribuições pessoais (textos e documentos de Internet) e comentários sobre os conteúdos, fato que não ocorreria se essas leituras fossem exigidas para uma aula presencial, ainda que dialogada. Conclui-se que as Redes Sociais, desde que ofereçam oportunidade de abertura de grupos privados e com ferramentas que interessem ao processo de ensinoaprendizagem, podem vir a ser ambiente bastante interessante à aprendizagem colaborativa andragógica e heutagógica. Vídeo institucional de divulgação das atividades do Pró-Saúde Odontologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Apresentador: Cynthia Junqueira Rigolon Autores: Cynthia Junqueira Rigolon, Luiz Fernando Lolli, Mirian Marubayashi Hidalgo, Hélio Terada, Adilson Luiz Ramos, Maria Gisette Arias Provenzano O Programa Pró-saúde tem sido uma referência para o Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá no sentido de fornecer um “norte” para a idealização de ações no âmbito do Sistema Único de Saúde, principalmente no que tange à percepção de docentes e discentes quanto às peculiaridades do sistema. O advento da parceria no ano de 2006 permitiu que várias ações fossem desenvolvidas nos 3 eixos norteadores do programa, Orientação teórica, cenários de prática e orientação pedagógica. Diante das inúmeras ações realizadas, a equipe executora do “Pró-Saúde Odontologia UEM” optou pela criação de um vídeo institucional objetivando divulgar o trabalho desenvolvido. Os cenários de filmagens incluíram a Clínica Odontológica da UEM, Unidades de Saúde dos municípios de Marialva e Maringá, onde os acadêmicos de odontologia realizam atendimentos clínicos, os ambientes terri- Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) torializados para ações de promoção de saúde e reuniu relatos acadêmicos (docentes e discentes) e da população assistida. Educação lúdica em saúde: fantoches e macro modelos Apresentador: Jaime A Cerveira Autores: Jaime A Cerveira, Aparecida Mabtum, Lelia MA Carneiro, Carmen L Cardoso O processo educativo é, sobretudo, uma relação entre seres humanos. A metodologia pedagógica é uma escolha que pode promover transformação social. Neste contexto, se insere a proposta de uma educação libertadora e emancipatória, que busca promover “empowerment”, mediante a conscientização de direitos e deveres do cidadão. No contexto de transformações os desafios são permanentes tanto para estudantes, professores e profissionais da área de saúde. O alvo precípuo é integralizar o aprendizado pela análise da realidade, a fim de buscar por soluções e propor formas de atuação que possam gerar transformação social. Esse tem sido o método de educação em saúde que se busca empregar, ainda que de forma inicial, nas diversas atividades de educação em saúde da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Paiva, como os grupos de gestante, clínica de bebês, atividades com pré-escolares e escolares, os grupos de artesanato, entre outros. O convênio PRO-Saúde forneceu: • seis fantoches grandes; • quatro fantoches médios; • quatro macro modelos; • quatro escovas grande; e • quatro espelho inquebrável, que auxiliam em orientações em relação à saúde bucal, como: ––técnica de escovação, ––evolução da cárie, ––doença periodontal, ––alimentação adequada, entre outras. São utilizados em trabalhos voltados á promoção de saúde bucal, nas escolas do bairro, atingindo alunos desde a pré-escola até o ensino médio, além de atividades educativas na própria unidade de saúde. Têm se mostrado um facilitador no processo ensinoaprendizagem, uma vez que através do lúdico, se conseguiu envolver as crianças, jovens e adultos despertando a atenção para o cuidado com a saúde bucal. Objetivo Relatar a introdução de material lúdico fornecidos pelo convênio PRO-Saúde em trabalhos de educação em saúde na UBS do Jardim Paiva como meio de fortalecer o processo ensino aprendizagem. A participação em redes grupais e a possibilidade de perceber os múltiplos olhares são competências necessárias na formação de profissionais de saúde, como pessoas capazes de reconhecer ativa e criticamente a realidade em que atuam e exercer ações criativas e transformadoras que incluam o trabalho em grupo, a construção coletiva de conhecimento e que tal parceria contribua no desafio formar cidadãos solidários, participativos e comprometidos com as mudanças pessoais, institucionais e sociais que a realidade demanda. Na perspectiva da educação problematizadora a inclusão de fantoches e macro modelos fornecidos pelo convênio Pro-Saúde contribuiu com a participação mais efetivas de todos os atores sociais envolvidos na atenção básica, a saber: • profissionais de saúde, • alunos/estagiários, • comunidade, • alunos de pré-escola e escolas, • agentes comunitários de saúde, servindo, muitas vezes, como um facilitador do processo de ensino aprendizagem. PET-Saúde: percepção de alunos bolsistas e identificação com as tendências para a formação Apresentador: Marcia de Freitas Oliveira Autores: Marcia de Freitas Oliveira, João Luiz Gurgel Calvet da Silveira Introdução O campo da prática odontológica e o processo de formação do cirurgião dentista apresentam uma evolução histórica originada em sua fase primitiva, caracterizada por uma “ocupação indiferenciada”, até os tempos modernos onde a profissão apresentase a partir de sua “etapa avançada do profissionalismo” como formação de nível superior, concentrando uma grande quantidade de conhecimento científico e tecnológico, que inicialmente apresentavam-se quase que exclusivamente focados nos avanços da biomedicina. A partir das décadas de 60 e 70 a profissão e conseqüentemente a formação organizam-se pelo reconhecimento da necessidade de adequar os odondólogos à realidade social para responder às necessidades de saúde bucal da população (Queluz, Revista da ABENO • 11(2)89-164 95 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) 2003). Nessa perspectiva o ensino de odontologia no Brasil, seguindo a tendência da América Latina, pode ser caracterizado por três fases marcantes, sendo estas: • a artesanal com forte valorização das habilidades manuais e foco nos procedimentos cirúrgicorestauradores, principalmente com apelo estético de forma empírica, seguida pela • etapa acadêmica quando o conhecimento científico do campo das ciências biológicas e o desenvolvimento tecnológico da profissão adquirem maior importância e finalmente • a etapa humanística, considerada recente no contexto da profissão, porém em sintonia com a tendência das profissões da área da saúde. (Carvalho, 2006). O princípio de integralidade do cuidado concorre para uma mudança no campo da formação e do cuidado na área da saúde, podendo ser compreendido como um conjunto de idéias e práticas caracterizadas por: • escuta, • diálogo, • abertura, • interesse, • acolhimento, • tradução de linguagens, • negociação, • interação e vínculo entre profissionais e pacientes. Esta forma de compreender as práticas de saúde representa um grande desafio acadêmico para a formação em saúde, demandando novas relações entre os trabalhadores da saúde e a sociedade, baseada na reflexão do papel social dos profissionais da saúde, sua inserção no mercado e a revisão dos processos de trabalho nesse campo. No Brasil a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Odontologia (Brasil, 2002) pode ser considerada uma mudança paradigmática na formação odontológica. Este documento responde a uma política de formação que determina como perfil para o formando egresso um profissional cirurgião-dentista com formação generalista, humanística, crítica e reflexiva, destacando-se a necessidade do desenvolvimento das seguintes competências e habilidades: • atenção à saúde, • tomada de decisões, • capacidade de comunicação, 96 • liderança e educação permanente. Essas recomendações determinaram mudanças curriculares significativas no currículo das profissões da área da saúde, ainda em processo no Brasil, cujos resultados começam a ser identificados nas práticas profissionais, especialmente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), configurado atualmente como o maior empregador na área odontológica, considerando a presença do dentista na equipe mínima da Estratégia de Saúde da Família (ESF), cujo processo de trabalho em equipe multiprofissional exige uma formação diferenciada da tradicional, configurando um processo de mudança histórico onde formação e mercado profissional se determinam mutuamente, com aspectos contraditórios e recorrentes. No cenário internacional da educação podem-se destacar quatro pilares relevantes, estabelecidos pela Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI através do Relatório Delors, sendo estes: • aprender a conhecer; • aprender a fazer; • aprender a conviver; e • aprender a ser. (Moysés; Kriger; Moysés, 2006). Objetivo Este trabalho tem o objetivo de descrever a percepção dos alunos bolsistas do curso de odontologia e de outros cursos da área da saúde a partir de suas experiências em atividades integradas nos projetos PET-Saúde Mental e PET-Saúde da Família. Pretende ainda estabelecer o potencial da proposta para o desenvolvimento de habilidades, valores e significados relevantes para a formação em saúde na perspectiva da integralidade do cuidado atendendo às tendências da formação em saúde no cenário nacional e internacional. Materiais e Métodos Participaram desse trabalho seis alunos bolsistas dos projetos PET-Saúde desenvolvidos pela FURB em parceria com a SEMUS de Blumenau - SC. Os alunos foram convidados a participar de forma espontânea senso quarto do curso de odontologia, uma do curso de psicologia e uma do curso de Fisioterapia. Como técnica para coleta de dados foi realizado um grupo focal com a participação de dois professores do curso de odontologia sendo um como moderador e outro como anotador. Foi utilizado um roteiro pré-estabelecido de forma semiestruturada com nove questões geradoras relacionadas aos objetivos do trabalho. O grupo teve a duração de sessenta minutos. As falas Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) dos alunos foram gravadas em um gravador e posteriormente transcritas e digitadas. Para análise de conteúdo o material transcrito foi lido e relido, marcando-se os trechos relacionados aos objetivos. Em seguida foram identificadas categorias de análise, sendo as expressões contabilizadas nas respectivas categorias. mação do cir urg ião - dent ist a respondendo positivamente às recomendações das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Odontologia e no panorama internacional identifica-se sua proposta metodológica com as recomendações do Relatório Delors. Resultados Aprendizagem. Habilidade. Odontologia comunitária. A participação dos alunos foi equilibrada com demonstração de interesse sobre o tema por todos os participantes de forma semelhante. As falas apresentaram argumentos convergentes. Temas abordados no grupo focal e categorias segundo as repostas dos participantes: 1. Expectativas iniciais e motivação para adesão ao PET-Saúde: a) Contato com pessoas; b) Vivência na prática; c) Interesse pelo conhecimento de outras áreas; 2. Pontos positivos da proposta do PET-Saúde: a) Aprendizagem como processo prático; b) Saber ouvir o paciente e se comunicar; c) Diferencial da autonomia na formação; d) Conhecimento interdisciplinar; 3. Desafios percebidos na prática: a) Conciliar horários com o currículo do curso; b) Pesquisar e aplicar o conhecimento de forma autônoma; c) Lidar com a resistência; d) Contato com outras áreas; e) Conflito interinstitucional entre teoria e prática; 4. Características necessárias ao bolsista: a) Interesse; b) Comprometimento; b) Determinação; 5. Relação entre saúde bucal e saúde mental: a) Reconhecem e valorizam na perspectiva da integralidade do cuidado. Conclusão A valorização da formação humanística aparece com forte representação nas falas dos alunos bolsistas, demonstrando interesse pelo contato com pessoas e com outras áreas do conhecimento, valorizando ainda a aprendizagem autônoma e a atuação na perspectiva da integralidade do cuidado. A interdisciplinaridade e a autonomia dos alunos possibilitadas nas atividades do PET-Saúde aparecem como um diferencial em relação ao ensino tradicional, sendo apontada como um valor e ao mesmo tempo um desafio necessário a ser superado pelos alunos. No cenário nacional o PETSaúde representa um grande potencial para a for- Descritores Referências 1. Brasil, Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Resolução CNE/CES 3 de 19/02/2002. Disponível em: http://portal. mec.gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=12991. Acesso em: 20 de maio de 2011. 2. Carvalho, A.C.P. Ensino de Odontologia no Brasil. In: Carvalho, A.C.P.; Kriger,L. (Org.). Educação Odontológica. São Paulo: Artes Médicas, 2006. p. 05-15. 3. Moysés, S.T.; Kriger, L.; Moysés, S.J. Humanização como conceito-experiência para a odontologia. In: Carvalho, A.C.P.; Kriger,L. (Org.). Educação Odontológica. São Paulo: Artes Médicas, 2006. p. 257-264. 4. Queluz, D.P. Recursos humanos na área odontológica. In: Pereira, A.C. (Org.). Odontologia em saúde coletiva: planejando ações e promovendo saúde. Porto Alegre: Artmed, 2003. p. 1140-159. 5. Silveira, J.L.G.C.; Santa Halena, E.T.; Rodrigues, K.F.; Arcoverde, T.L. PET-Saúde: FURB e SEMUS e a relevância da educação tutorial nos cenários de prática de Blummenau. In: Andrade, M.R.S.; Silva, C.R.L.D; Silva, A.; Finco,M. (Org.). Formação em saúde: experiências e pesquisas nos cenários de prática, orientação teórica e pedagógica. Blumenau: Edifurb. 2011. p. 11-20. Curso de Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Pernambuco – perfil de egressos Apresentador: Claudio Heliomar Vicente da Silva Autores: Claudio Heliomar Vicente da Silva, Lúcia Carneiro de Souza Beatrice, Paulo Correia de Melo Júnior O objetivo deste estudo foi traçar um perfil dos egressos do curso de graduação em Odontologia da Universidade Federal de Pernambuco - Brasil, formados dentro do modelo curricular vigente até o ano de 2009, denominado 6404. Uma amostra de conveniência de 233 Cirurgiões-Dentistas gra- Revista da ABENO • 11(2)89-164 97 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) duados de 2003 a 2008 foi entrevistada individualmente com uso de formulário específico. Os dados obtidos foram tabulados e sofreram análise estatística descritiva e inferencial (teste de x 2 de Pearson ou teste Exato de Fisher) (a = 5%). Verificou-se que 30,9% dos egressos atuavam apenas como profissionais liberais, 15% apenas em cargo público e que 40,8% associavam o exercício liberal à docência, cargo público e/ou empresa privada. O grau de satisfação com a profissão mostrou-se diretamente ligado à renda e não à classificação dos conhecimentos adquiridos, sendo aquela influenciada pelo tipo de exercício profissional, apresentando-se menor quando se é apenas docente. Conclui-se que os egressos possuem o perfil de um profissional preocupado com uma educação continuada e que geralmente associam a atividade liberal a outro exercício laboral no âmbito da odontologia. Este profissional, à medida que apresenta um maior tempo de formado, melhora sua renda bruta mensal, mas exibe uma menor confiança na melhoria do mercado de trabalho. Perfil dos ingressos nos cursos de graduação do Centro de Ciências da Saúde UFPE Apresentador: Claudio Heliomar Vicente da Silva Autores: Claudio Heliomar Vicente da Silva, Lúcia Carneiro de Souza Beatrice, Ludmila Galindo França Gurgel A realização de levantamentos, buscando conhecer as características e a opinião dos estudantes do nível superior, pode fornecer importantes subsídios para o planejamento e reorganização do desenvolvimento acadêmico. Com o intuito de traçar o perfil do aluno do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco (CCS/UFPE), foram distribuídos formulários aos acadêmicos do segundo período, contendo perguntas referentes aos aspectos sócioeconômicos e pessoais, ao grau de satisfação com o curso, e às expectativas após formados. O perfil dos estudantes do CCS/UFPE (n = 210) caracterizou-se por um predomínio do gênero feminino, na faixa etária entre 19 e 21 anos, provenientes de escolas privadas e classes sociais economicamente mais favorecidas, que receberam grande influência do núcleo familiar na escolha da profissão. A maioria dos estudantes não estava matriculada nos cursos de primeira opção, porém possuía alta expectativa com 98 relação ao curso, e considerou o curso correspondente às suas expectativas. Após o término do curso a maioria pretende: • realizar algum curso de pós-graduação e • trabalhar no serviço público. Conclui-se que o perfil encontrado é homogêneo para os cursos do CCS/UFPE. Persiste um problema relativo à escolha da profissão, regulada pela condição socioeconômica e influência familiar. Integração “ensino-serviço” nos cursos de graduação em odontologia brasileiros Apresentador: Mirelle Finkler Autores: Mirelle Finkler, João Carlos Caetano, Flávia Regina Souza Ramos E ste estudo buscou compreender a valorização que os cursos de Odontologia brasileiros têm atribuído à integração ensino-serviço (IES) como uma estratégia capaz de potencializar mudanças na formação profissional, bem como identificar como esta integração tem sido realizada, encaminhando reflexões que buscam cooperar com os atuais desafios à formação de um novo perfil profissional. Para tanto, tomaram-se os dados coletados em um estudo de caso do qual participaram 15 cursos, selecionados de modo a compor uma amostra da distribuição nacional, em termos de proporção entre cursos públicos e privados, e de localização, por regiões geográficas. A coleta de dados foi iniciada com a aplicação de questionários a todos os coordenadores dos cursos selecionados. Os dados obtidos permitiram a seleção de dois cursos para o aprofundamento do estudo que se valeu de análise documental e, posteriormente, de entrevistas, observações e grupos focais. Os achados foram articulados a um referencial teórico para análise das mudanças na graduação, no qual a integração “ensino-serviço” é concebida de forma ampliada como “ensino, gestão, atenção e controle social”. Apenas três cursos demonstraram indícios de alguma IES, sendo que os demais se referiram ao vínculo criado entre os cursos e os serviços por conta de convênios para o ressarcimento de atendimentos, de parcerias para campos de estágios, da presença de docentes que também são funcionários públicos, e de profissionais dos serviços que trabalham na escola. Porém, estes vínculos com o SUS não são indicativos de que o ensino-aprendizado esteja sendo de- Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) senvolvido sob suas diretrizes, em cenários reais de prática e conjuntamente com os profissionais dos serviços, gestores e usuários, co-partícipes tanto do ensino quanto do planejamento, execução e avaliação dos serviços. Percebe-se uma confusão conceitual no meio acadêmico e o uso indiscriminado de termos como IES, estágio docente-assistencial, estágio curricular supervisionado, estágio intra e extramuros, internatos, entre outros, de modo que novos nomes podem ser atribuídos a práticas já tradicionais, numa apenas aparente adequação às DCNs. O aprofundamento do estudo evidenciou a praticamente inexistente integração ensino - atenção - gestão controle social, havendo no máximo, um processo incipiente e em construção, com lacunas na articulação com a gestão dos serviços e com o controle social. Estes resultados, levantados no momento imediatamente anterior ao lançamento do PET-Saúde, referendam o investimento de recursos e esforços no fomento desta integração que se revela promissora uma vez que nossas mudanças curriculares serão socialmente tão relevantes quanto forem os nossos avanços no processo de integração ensino - gestão atenção - controle social. Conclui-se que os cursos precisam avançar em muito nas alianças e ações estratégicas com base na educação permanente em saúde, a fim de que as novas mudanças curriculares sejam efetivamente capazes de colaborar com o aperfeiçoamento do SUS. Perfil e nível de ansiedade de alunos de odontologia – FFOE/UFC, 2010 Apresentador: Andrea Silvia Walter de Aguiar Autores: Andrea Silvia Walter de Aguiar, Nayane Cavalcante Ferreira, Isabelle da Costa Goes, Juliana Borges Gomes, Bruno Rocha da Silva A ansiedade pode ser entendida como um estado emocional que une fatores fisiológicos e psicológicos em resposta à uma situação de perigo ou naquela em que o objeto de ameaça não foi previamente identificado. O presente trabalho teve por objetivo avaliar o perfil sóciodemográfico de alunos do 1º ao 10º semestre do curso de Odontologia da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, da Universidade Federal do Ceará e sua relação com os níveis de ansiedade, no período de maio a junho de 2010, através do Inventário de Ansiedade Traço-Estado, aplicado em 207 alunos. O Comitê de Ética em Pesquisa da UFC (COMEPE) aprovou a pesquisa mediante o protocolo no. 102/2010. Os dados obtidos foram digitados e processados no Statistical Package for Social Science versão 17.0. Dentre os resultados encontrados destacam-se que a maioria dos estudantes é do gênero feminino (57,5%), com idades de 17 a 29 anos, possuem uma carga horária semanal de até 40 horas, e que realizavam, além das atividades da graduação, no mínimo, duas atividades complementares. A maioria dos estudantes apresentavam-se com médio nível de ansiedade referentes a medida de ansiedade-estado (53,1%) e ao traço ansioso (81,6%). Quando categorizados por gênero, os homens apresentaram médio nível de ansiedade (65,5%) e as mulheres baixos níveis (54,6%) referentes a medida de ansiedade-estado, em relação ao traço ansioso, ambos estavam com médio nível de ansiedade. Ao realizar teste estatístico de “Qui Quadrado” bi-caudal, observou-se que havia forte associação entre IDATE e a carga horária semanal assim como as atividades acadêmicas exercidas pelos alunos, em especial, as extracurriculares de pesquisa, monitoria, extensão e estágios, com valor de p < 0,000. Pode-se concluir que há alteração nos níveis de ansiedade de alunos do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Ceará. Promoção da saúde: concepções e práticas de acadêmicos de Odontologia Apresentador: Luciane Campos Autores: Luciane Campos, Gregory Hacke Azambuja, Ricardo Carniel, Elisabete Rabaldo Bottan E sta investigação teve como objetivo identificar concepções e práticas relacionadas à promoção da saúde de acadêmicos dos cursos de odontologia do Estado de Santa Catarina. Foi um estudo descritivo, mediante levantamento de dados primários, através da aplicação de um questionário. A população-alvo foi composta pelos discentes dos primeiros e últimos períodos de cursos de odontologia no Estado de Santa Catarina, no segundo semestre de 2009. Participaram desta pesquisa os cursos de odontologia das seguintes universidades: • Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), • Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Revista da ABENO • 11(2)89-164 99 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) • Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC), • Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), • Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), • Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) e • Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC). Destaca-se que este é o total de cursos de odontologia integrantes do Sistema ACAFE, que estavam em pleno funcionamento, com turmas ingressantes e concluintes, à época da coleta de dados. A amostra foi obtida de maneira não probabilística, por conveniência, isto é, composta por todos os discentes que, voluntariamente, aceitaram participar da pesquisa. Dentre os 271 acadêmicos ingressantes e 228 concluintes, houve a participação de 148 (54,6%) ingressantes e 122 (53,5%) concluintes. Como instrumento da coleta de dados aplicou-se um questionário semi-estruturado composto por três questões abertas. A análise foi baseada nos princípios da Análise de Conteúdo. O marco teórico conceitual para análise e discussão dos dados obtidos foi a Carta de Ottawa. O projeto foi previamente submetido à Comissão de Ética em Pesquisa da UNIVALI tendo sido aprovado pelo parecer número 163/09. As concepções de promoção à saúde, mais evidenciadas pelos ingressantes foram o autocuidado (20,2%) e a educação em saúde (13,8%). No grupo dos concluintes, a concepção mais citada foi a educação em saúde (28,8%). Com relação às práticas de promoção em saúde, a categoria mais citada, tanto por ingressantes como pelos concluintes, foi educação em saúde com 33,2% e 46,5%, respectivamente. Consideramos importante destacar o fato de que 9,1% e 7,0% dos acadêmicos ingressantes, bem como 14,3% e 9,1% dos acadêmicos concluintes citam como concepção de promoção de saúde a prevenção e o tratamento, respectivamente. Estas concepções apresentaram reflexo nas práticas dos acadêmicos participantes que apontaram com frequência a prevenção e o tratamento de doenças como exemplos de sua prática para a promoção da saúde. Conclui-se que uma parcela dos sujeitos da pesquisa tem concepções e práticas de promoção à saúde, ligadas à atuação curativo-preventiva o que representa um equívoco. Contudo, uma parcela significativa dos entrevistados citou concepções e práticas mais coerentes com a promoção o que pode indicar um momento de transição no qual o modelo biomédico vai sendo 100 gradualmente substituído pelo modelo da promoção à saúde. É importante continuar estimulando políticas de formação profissional nos cursos de graduação na área da saúde que tenham por objetivo capacitar os futuros profissionais da odontologia para que se apropriem da promoção à saúde como filosofia norteadora de suas ações. Fonte Financiadora Programa de iniciação científica artigo 170/Governo do Estado de Santa Catarina/Pró-reitoria de pesquisa, pós-graduação, extensão e cultura da Universidade do Vale do Itajaí. Descritores Promoção da saúde. Educação em saúde. Recursos humanos em saúde. Concepção de um bom professor: estudo com acadêmicos de odontologia Apresentador: Luciane Campos Autores: Luciane Campos, Rossiny Valério Orsi, Elisabete Rabaldo Bottan, Mario Uriarte Neto E ste estudo foi delineado com objetivo de conhecer as características de um professor ideal na concepção dos acadêmicos do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Foi um estudo exploratório delineado segundo os norteadores da pesquisa qualitativa. Participaram da pesquisa 225 acadêmicos matriculados do primeiro ao último período do curso. A coleta de dados foi estruturada com base nos princípios do Teste de Associação Livre de Palavras, tendo como estímulo indutor a expressão “o professor ideal para mim é”. O participante, a partir do estímulo indutor deveria relacionar até oito (8) palavras que, em sua concepção, definiriam um bom professor. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI, tendo sido aprovada pelo parecer 76/10. Para a análise dos dados foram definidas cinco categorias, de acordo com as características apontadas pelos participantes. Para cada categoria, foi calculada a frequência relativa. Para os alunos, os principais atributos de um professor ideal são: • habilidades sociais e interpessoais (37,9%), • habilidades pedagógicas (25,9%), • habilidades cognitivas (14,7%), • habilidades organizacionais (14,1%) e • a ética (7,5%). Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) É importante notar que os aspectos relativos às habilidades cognitivas, inerentes ao objeto de cada disciplina, associados às habilidades pedagógicas e às organizacionais alcançaram uma frequência de 54,7%. Em contrapartida, as habilidades sociais e interpessoais juntamente com os aspectos referentes à ética atingiram 45,3%. A aproximação das frequências das categorias que caracterizam um professor ideal revela a importância que os acadêmicos atribuem a um professor que seja competente do ponto de vista técnico, mas, também, social e eticamente comprometido. A partir dos resultados obtidos infere-se que o que faz um bom professor não é uma ou outra característica isoladamente, mas um conjunto de atributos dos quais podem ser destacadas a habilidade social e interpessoal, bem como a habilidade pedagógica. Acreditamos que é fundamental estabelecer uma nova relação entre professor e aluno na qual o docente seja capaz de: • refletir sobre a sua importância na aprendizagem dos alunos; • buscar caminhos para aperfeiçoar sua prática educativa; • avaliar constantemente o fazer pedagógico; e • despertar uma consciência crítica no aluno, tornando-o sujeito de sua aprendizagem. É necessária a democratização e a humanização da relação professor-aluno com a participação de todos os envolvidos. Deve existir a participação efetiva de todos os sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, através da discussão e argumentação para que juntos, professor e aluno, possam construir uma relação que estimule a construção do conhecimento, a criação cultural, o desenvolvimento do espírito cientifico e pensamento reflexivo além do comprometimento ético e social como apontam as Diretrizes Curriculares Nacionais. Fonte Financiadora Programa de iniciação científica artigo 170/Governo do Estado de Santa Catarina / Pró-reitoria de pesquisa, pós-graduação, extensão e cultura da Universidade do Vale do Itajaí Descritores Docentes. Educação em Odontologia. Educação Superior. Metodologias ativas e a formação de pós-graduandos baseada em competências: relato de experiência Apresentador: Raquel Sano Suga Terada Autores: Raquel Sano Suga Terada, Mitsue Fujimaki Hayacibara O objetivo deste trabalho é relatar a experiência sobre utilização de metodologias ativas de ensino/aprendizagem, adotada como estratégia de construção de competências em duas disciplinas de um Programa de Pós-Graduação em Odontologia Integrada, em nível de mestrado. Para tanto, foram consultados os termos de referência, as ementas e os programas das disciplinas Introdução à Saúde Coletiva (ISC) e Currículo Integrado e Relações Multiprofissionais (CRM), no período de 2008 a 2011. Como fonte de dados, também foram analisados os portifólios dos estudantes. Observou-se que a carga horária de cada disciplina compreendeu 30 horas, as quais foram trabalhadas durante 5 dias consecutivos, de forma modular. Utilizou-se metodologias ativas de ensino/aprendizagem e a proposta pedagógica incluiu a construção de competências. Na disciplina ISC, os eixos principais para a construção das competências constituiam o quadrilátero da formação para a área da saúde proposto por Ceccim & Feuwerker (2004): • ensino, • gestão, • atenção e • controle social. Na disciplina CRM, os eixos foram educação, cuidado e gestão. As principais competências a serem desenvolvidas pelos estudantes em cada disciplina e transversalmente em todos os eixos incluíram: • trabalho em equipe, • liderança, • comunicação, • tomada de decisão, • administração e • educação permanente. O método de avaliação formativa empregado baseou-se na adoção de portifólios críticos. A proposta pedagógica incluia momentos de estudo dirigido para busca da resolução das questões de aprendizagem levantadas de situações-problema criadas tanto Revista da ABENO • 11(2)89-164 101 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) pelo corpo docente quanto por vivências na prática, sessões de portifólio e apresentações de seminários. Cada grupo contava com a participação de 10 alunos em média e um tutor e um co-tutor. Concluiu-se que o trabalho em grupo/equipe tende a potencializar a construção de competências de forma positiva. A utilização de metodologias ativas em nível de pós-graduação é viável, sem a necessidade de alterações estruturais relacionadas ao programa, recursos humanos e físicos do curso, além de ampliar a visão dos estudantes sobre o objeto das Diretrizes Curriculares Nacionais; o Sistema Único de Saúde. Disciplinas de Odontologia coletiva da Faculdade de odontologia da UFG Apresentador: Tatiana Oliveira Novais Autores: Tatiana Oliveira Novais, Marcela di Moura Barbosa, Maria Goretti Queiroz, Maria de Fátima Nunes, Maria do Carmo Matias Freire, Vânia Cristina Marcelo, Cláudio Rodrigues Leles E m 1996, com a aprovação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (BRASIL, 1996), ocorreu a elaboração de Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) baseadas em competências necessárias para os profissionais de saúde atuarem frente aos desafios do Sistema Único de Saúde (SUS). Esta reforma visa responder às demandas decorrentes das transformações do mundo atual seja nas relações de trabalho e nas relações sociais mais amplas, visando aproximar de um perfil com as seguintes características: • autonomia, • responsabilidade, • trabalho em equipe, • transdisciplinaridade, • formação autônoma, participativa, ética, cívica, cultural, • espírito de solidariedade e de serviço à sociedade. O presente trabalho tem como objetivo geral descrever e analisar as Disciplinas de Odontologia Coletiva da FOUFG de acordo com o Pró-Saúde, pelo “Vetor 9: mudança metodológica” do Pró-Saúde, nos estágios 1 (Ensino centrado no professor, com ênfase em aulas expositivas), Estágio 2 (com inovações pedagógicas, restrita a certas disciplinas e a pequeno grupo de alunos), Estágio 3 (Ensino baseado na pro- 102 blematização, diversificação de ambientes. Atividades relacionadas a partir da necessidade da população). É um estudo descritivo e transversal, ancorado na pesquisa qualitativa, com base na análise documental. As disciplinas são divididas em aulas teóricas e práticas, sendo que nas aulas teóricas a turma de 60 alunos é dividida turma A e B, com 30 alunos cada. Assim, as disciplinas de Odontologia Coletiva com a leitura atual do conceito de liberdade de idéias e de pleno desenvolvimento do educando que as metodologias ativas de ensino ganharam destaque no cenário atual. E estas disciplinas, com a dosagem de metodologias tradicionais e ativas, tentam buscar na educação libertadora por incentivar o pensamento individual de capacitar cada aluno para a construção de seu próprio conhecimento, as metodologias ativas podem assumir diversos formatos dentre eles: • seminários; • discussões em grupo; • teatros; • roda de conversa; • vivências extraclasses; • Incentivo a participação da organização de eventos na área de saúde coletiva e muitas outras. Estas disciplinas transitam entre os estágios 2 e 3 do vetor mudanças metodológicas preconizadas pelo Pró-Saúde, pois de acordo com o Estágio 2 buscam inovações pedagógicas, restrita a certas disciplinas e a pequeno grupo de alunos e com o Estágio 3, promove muitas vezes um Ensino baseado na problematização, diversificação de ambientes, com atividades relacionadas a partir da necessidade da população. Assim, estas disciplinas transitam entre os estágios 2 e 3 do vetor mudanças metodológicas preconizadas pelo Pró-Saúde, pois de acordo com o Estágio 2 busca inovações pedagógicas, restrita a certas disciplinas e a pequeno grupo de alunos e com o Estágio 3, promove muitas vezes um Ensino baseado na problematização, diversificação de ambientes com atividades relacionadas a partir da necessidade da população. Assim, na ótica unilateral das Mudanças Curriculares em vigor e das diretrizes do Pró-Saúde estas disciplinas atendem a estas propostas. Mas há ainda a necessidade premente de avaliar estas mudanças na ótica dos seus atores (docentes, estudantes, preceptores). Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Solar: ambiente virtual de aprendizagem e seu uso na odontologia Apresentador: Maria Eneide Leitão de Almeida Autores: Maria Eneide Leitão de Almeida, Francisco Lucas Vasconcelos Mendes, Carlos Henrique Alencar, Léa Maria Bezerra de Menezes, Lidiane da Silva Jorge, Wellington Wagner Ferreira Sarmento O SOLAR é um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) desenvolvido em 2002 pelo Instituto UFC Virtual da Universidade Federal do Ceará e utilizado em 2010 no Curso de Odontologia/FFOE nas disciplinas presenciais de Metodologia Científica Aplicada a Odontologia I e Saúde Coletiva II. O AVA apresenta várias ferramentas de interação, como fórum, chat, e-mail e webconferência; ferramentas de apoio e publicação de material didático como bibliografia, material de apoio, espaço destinado ao repositório de aulas; ferramentas de portfólios individuais e de grupo, para compartilhamento de informações. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo transversal cujo objetivo geral foi avaliar e analisar o SOLAR e suas ferramentas no ensino da odontologia. Foram pesquisados os alunos matriculados no 1ª e 6º semestre letivo das disciplinas acima relacionadas, totalizando 57 alunos e 4 professores-tutores. Foi aplicado um questionário eletrônico via e-mail para obtenção dos dados que posteriormente foram organizados e analisados no programa estatístico Epi-info 6.0. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa - COMEPE/UFC com o nº 170/10 e financiado pela FUNCAP com uma bolsa de iniciação à pesquisa. A partir desta aplicação pode-se constatar que cerca de 74,10% dos alunos consideraram que as atividades realizadas a distância foram suficientes em termo de matéria trabalhada na disciplina e 25,90% foram insuficientes. Ainda se constatou que 96,20% dos alunos sentiram-se apoiados pelos seus tutores na execução das atividades e 3,80% não se sentiram apoiados. As ferramentas de interação, fórum e chat, foram avaliados sendo consideradas boas por 45,5%, regular por 45,5% e ótima por 7,3% dos alunos. Em relação aos professores, 66,7% consideram boa e 33,7% consideram regular a utilização das ferramentas fórum e chat. Quanto à freqüência de utilização do SOLAR, 75% dos professores afirmaram que acessam uma vez por semana o ambiente e 25% duas vezes por semana. Quanto aos alunos, 71,90% afir- maram que acessam uma vez por semana, 24,60% duas vezes por semana e 3,5% três ou mais vezes por semana. Todos os professores afirmaram que o rendimento das aulas é maior com o SOLAR e 96,50% dos alunos também relataram maior rendimento. Concluiu-se que a utilização do SOLAR no ensino odontológico facilitou o processo de aprendizagem dos alunos por torná-lo mais atrativo e ter criado um ambiente mais colaborativo, transcendendo os limites da sala de aula física, proporcionando maior interação entre professores e alunos, além de ter estimulado a pesquisa e a inclusão digital, apresentando possibilidades de ampliação para seu uso em outras disciplinas do referido curso. Impacto da aplicação das TICs através de um curso b-learning na disciplina de odontopediatria da FOUSP Apresentador: Cássio José Fornazari Alencar Autores: Cássio José Fornazari Alencar, Lucila Basto Camargo, Mary Caroline SkeltonMacedo, Marcelo Bonecker, Ana Estela Haddad A s Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) têm produzido grande impacto na sociedade, alterando relações de tempo e espaço na educação. Compreender o aluno que vive essa nova realidade, suas necessidades e especificidades, inseridas em um contexto socioeconômico e cultural, e assim atendê-lo e formá-lo adequadamente e eficazmente, é um grande desafio da universidade contemporânea. Este trabalho analisa a flexibilização do processo de ensino-aprendizado dos alunos de graduação da FOUSP na disciplina de Odontopediatria, durante os anos de 2008, 2009 e 2010, através de um curso hibrido (blended learning). Utilizou-se a plataforma MOODLE para a criação de um curso complementar à grade curricular, onde os graduandos tinham atividades assíncronas a serem realizadas (aulas interativas, exercícios, avaliações, leituras complementares, vídeos, fórum e chats) e os tutores (alunos da pós-graduação), previamente capacitados, davam uma nota pela participação e desempenho nos conteúdos e atividades. Quando comparou-se a nota da primeira avaliação (P1), antes da disponibilidade do curso e-learning, com as demais notas (P2,P3 e P4), observou-se que houve um aumento na média (ANova) com valor significante (p > 0,05). Mas quando Revista da ABENO • 11(2)89-164 103 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) avaliamos a participação e empenho nas atividades on-line com o acréscimo na nota não observou-se significância. Pode-se concluir que a utilização das TICs no processo ensino-aprendizagem na graduação beneficia os alunos, estimula a participação e interação mas não necessariamente aumenta a nota final do graduando. Estudo comparativo entre métodos de ensino em emergências médicas em Odontologia ensino de manobras de emergências médicas nas faculdades de odontologia não tem atingido a formação adequada do profissional. O tema pode ser desenvolvido como parte programática de disciplinas, mais comumente ligadas aos departamentos de cirurgia, ou, em casos menos freqüentes, em disciplinas com pequena carga horária e pouca prática. A metodologia de ensino pode refletir em maior ou menor aprendizado por parte dos alunos. Nesse trabalho, procuramos comparar os conhecimentos adquiridos em situações de emergências médicas na prática odontológica entre a metodologia tradicional baseada em aulas teóricas formais e a metodologia ativa através de estudos em pequenos grupos focando o desenvolvimento do aluno através de suas próprias reflexões com forte aplicação da prática, através do desenvolvimento de breves seminários, discussão de temas aplicados e de casos clínicos, assim como aulas simuladas em clínicas. Para esse fim utilizamos formulário especialmente desenvolvido para esse fim com questões que abrangiam o tema para alunos cujo ensino foi pelo método tradicional não específico e o ativo que busca reflexões por parte do aluno. Os resultados demonstraram que a metodologia ativa com pequenos grupos teve assimilação dos conhecimentos do tema significativamente maior. Concluímos que, ao menos em emergências médicas na prática odontológica, a metodologia ativa produz melhores resultados para o aprendizado dos alunos. 104 Apresentador: Priscila Thiemi Saito Autores: Nathalia Paiva de Andrade, Priscila Thiemi Saito, Rosemary A Fracolly, Oswaldo Crivello-Junior B Apresentador: Cintia Saori Saihara Autores: Cintia Saori Saihara, Priscila Thiemi Saito, Oswaldo Crivello-Junior O Avaliação dos procedimentos teóricos e procedimentais dos alunos de graduação em odontologia referentes à biossegurança iossegurança em Odontologia necessita de inúmeras pesquisas que atualizem os profissionais, visto ser um campo muito dinâmico, novos procedimentos técnicos, agentes químicos e contaminantes estão sempre surgindo. O controle de infecção é de interesse para todos que freqüentam ambientes clínicos. O conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades clínicas deve ser muito bem informado aos alunos que adentram pela primeira vez a esse ambiente. É imperativa a necessidade de uma atenção pedagógica especial ao ensino da biossegurança. Nosso objetivo foi, através de um estudo transversal, analisar a real assimilação do conteúdo teórico ministrado aos alunos e a sua aplicação em ambientes críticos. O ensino da biossegurança é uma discussão atual e que deve ser embasada em pesquisas sobre os procedimentos preconizados e os realmente realizados pelos alunos. Ainda que exista especial ensinamento em relação a esses procedimentos não há a garantia que eles sejam seguidos adequadamente, o que resultaria em uma discussão pedagógica do como e quando se ensinam estes conteúdos. Nosso objetivo nesse trabalho foi averiguar se a forma atual de exposição destes conhecimentos para o aluno de Odontologia está sendo apreendida dentro do contexto atual de ensino e se o aluno realmente cria o hábito da ação de biossegurança. Aqui visamos explorar se os conhecimentos teóricos sobre o tema dos alunos de graduação em Odontologia que freqüentam a clínica odontológica, necessários para a execução de procedimentos críticos e permanência em ambientes críticos, são coerentes com as práticas efetuadas, analisando a assimilação do conteúdo teórico adquirido na graduação. O estudo realizado para alcançar nossas metas foi de caráter observacionaldescritivo e transversal com alunos que estavam cursando a graduação em Odontologia através da observação de seus procedimentos em relação aos dados coletados. A análise do comportamento em ambien- Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) tes críticos foi realizada na Clínica Odontológica da Faculdade de Odontologia da USP, através de um roteiro especialmente elaborado com referência às normas que se encontram no site da faculdade. Pudemos observar que os alunos muitas vezes conhecem o procedimento correto a ser realizado, entretanto devido ao pouco tempo entre os pacientes e a pressa para conseguir terminar no tempo certo o atendimento, acabam negligenciando algumas ações de biossegurança. Outro motivo que leva os acadêmicos a cometerem erros é pensar que tal atitude imprudente não causará consequências graves, muitos subestimam a validade de alguns cuidados. Poucos alunos realmente não conheciam a forma ideal de se realizar os procedimentos, na maioria das vezes sabiam o que estava sendo realizado de forma errada, mas apresentavam alguma “desculpa”. No geral os alunos demonstraram saber adequadamente as condutas ideais de biossegurança, mas na hora de colocálas em prática negligenciam por pressa, desconforto, falta de costume ou pelo fato de repetir atos observados pelo corpo docente. É plausível supor que esse comportamento será perpetuado na sua vida profissional. Território: espaço de debate da APS na formação em saúde Apresentador: Alex Elias Lamas Autores: Alex Elias Lamas, Josimari Telino de Lacerda, Manoela de Leon Nobrega Reses, Bruna Pauli Schmitt Em continuidade às competências estabelecidas nos semestres iniciais, é foco das atividades da IV fase a territorialização de 8 micro-áreas de saúde específicas e o contato inicial com a população adstrita das unidades correspondentes no município de Florianópolis - SC. Os grupos constituem um roteiro de investigação contemplando a coleta de dados nos Sistemas de Informação; entrevista aos usuários e profissionais, bem como a observação no campo. No geo-referenciamento destes dados, estabelecem um diagnóstico de comunidade e elencam problemas locais específicos, deflagrando estratégias que retroalimentem os serviços. Resultados A reforma curricular induzida pelo PROSAÚDE amplia a necessidade de uma pedagogia problematizadora tendo por base a concretude do território. O exercício de diagnóstico e planejamento tem sido instituído como forma de inserção dos alunos de odontologia na rede de atenção desde 2007. Envolveu 8 turmas, em 16 incursões a 22 micro-áreas de doze unidades de saúde distintas até o ano de 2011. Este reconhecimento do território, instituições e sociedade, pressupõe a formação de indivíduos em diálogo com a realidade, capazes de identificar os avanços e impasses da atenção primária. Na construção deste processo vislumbra-se uma proposta pedagógica onde a dimensão ético-política seja estabelecida em consonância com o desenvolvimento técnico-científico dos graduandos. Apoio Bolsa CAPES e Bolsa PIBIC. Introdução O Ensino Superior Brasileiro na área de saúde busca redefinir a formação profissional na perspectiva de uma prática voltada ao Sistema Único de Saúde. Nesta trajetória, o difícil encontro do aluno com a realidade dos serviços – não raro distantes das prerrogativas da Atenção Primária em Saúde (APS) – tem desafiado as propostas pedagógicas dos cursos de graduação. Metodologias avaliativas no processo de ensino aprendizado em saúde Objetivos Introdução Este relato resgata a experiência da Disciplina de Interação Comunitária do Centro de Ciências da Saúde da UFSC e problematiza a utilização do território como objeto de aprendizagem sobre os princípios da APS. Metodologia Na integração dos graduandos em odontologia com a rede de saúde ocorre o debate sobre os princípios da APS na implementação da rede de serviços. Apresentador: Alex Elias Lamas Autores: Alex Elias Lamas, Danilo Wincler, Danielli Aline Giacomini, Graziele Denega Souza A integração ensino-serviço é uma das estratégias centrais na formação de profissionais para o Sistema Único de Saúde. A qualificação deste encontro ocorre por propostas pedagógicas que considerem: • a complexidade das realidades locais; • os anseios dos graduandos em relação a profissão e • as demandas imediatas dos serviços que recebem estes alunos. Revista da ABENO • 11(2)89-164 105 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Técnicas de ensino que percebam estes desafios devem compor esta integração. Propostas amplamente enquanto ferramentas de gestão em saúde, as metodologias avaliativas preconizam a transversalidade de saberes em torno do objeto estudado. Este relato de experiência explora as potencialidades destas metodologias no ensino de conteúdos relativos à rede de atenção em saúde. Objetivos Problematizar a utilização de metodologias avaliativas dentro do processo de ensino-aprendizado em saúde. Discutir a elaboração de matrizes avaliativas no acesso inicial de graduandos aos temas de Políticas Públicas e Sistemas de Informação em Saúde. Metodologia Na inserção dos graduandos do Curso de Medicina em Unidades de Saúde de Florianópolis são debatidas as diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Propõe-se que sejam identificados, nesta temática, problemas da realidade local. Com base nas ações dos serviços; fatores ambientais elencados pelos graduandos em três oficinas; entrevistas com profissionais e usuários adstritos da Unidade de Saúde definiram-se as dimensões do Modelo Teórico Lógico da Atenção à Saúde da Mulher. Resultados Como produto inicial desta experiência foi obtido Modelo Teórico Lógico que descreve a compreensão do processo saúde-doença na realidade local. A Matriz avaliativa subsequente comporta três dimensões para a Atenção à Saúde da Mulher: • Dimensão ambiental e social; • Dimensão de acesso e qualidade dos serviços de saúde e • Dimensão de fatores individuais e do núcleo familiar. Dez indicadores foram propostos: • indicadores de renda; • mobilização social; • lazer e cultura; • auto-percepção de saúde; • acesso ao atendimento clínico e cobertura vacinal; • assistência farmacêutica a de planejamento familiar; • qualidade do pré-natal; • condição nutricional; 106 • exposição a situações de violência e • escolaridade e empregabilidade. Estes indicadores terão como fonte de dados o registro de produção da unidade e da morbi-mortalidade registrados nos Sistemas de Informação em Saúde. Propomos as metodologias avaliativas como estratégia – quase lúdica – na abordagem de temas tão amplos como as Políticas de Saúde; para que se aprofunde o debate sobre a realidade local; para que seja assimilada a importância do registro nos Sistemas de Informação e, finalmente, se estabeleça contribuição e comunicação efetiva entre a academia e os serviços dos campos de estágio curricular. É perspectiva futura a ampliação do estudo possibilitando análises comparativas e séries históricas em diversas áreas de cobertura dos serviços municipais. Observamos fundamentalmente a capacidade de redirecionar expectativas frequentemente clínico-centradas, explorando atividades relativas à gestão, planejamento e programação dos serviços nos cursos de graduação em saúde. Apoio Bolsa CAPES. Pró-Saúde: instrumento potencializador das mudanças na formação profissional em odontologia Apresentador: Franklin Delano Soares Forte Autores: Cláudia Helena Soares de Morais Freitas, Franklin Delano Soares Forte, Rosângela Marques Duarte, Francineide Almeida Pereira Martins, Talitha Rodrigues Ribeiro Fernandes Pessoa A s políticas de integração entre as instituições de ensino superior e os serviços de saúde visam proporcionar formação reorientada para as práticas de atenção, o processo de trabalho e a construção do conhecimento observando as necessidades do serviço para fortalecimento da implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais e a integração ensino-serviço. Este trabalho tem como objetivo refletir sobre as ações desenvolvidas no primeiro e segundo ano de execução do Pró-Saúde Odontologia da UFPB considerando os três eixos orientadores do programa. As ações foram desenvolvidas no período de 20062010, uma parceria do curso de Odontologia da UFPB e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) João Pessoa / PB. Foi desenvolvida uma metodologia que favorecesse o diálogo e a integração entre todos os participantes, sendo composta por: • rodas de conversa, • oficinas de trabalho, • encontros, • cursos, • seminários. O planejamento das ações era realizado com a participação de todos os atores envolvidos na proposta. O projeto é gerenciado pelas duas instituições, com a representação dos diversos atores se constituindo em mais um momento de integração. No eixo de Orientação teórica foram realizadas reuniões, discussões sobre a orientação teórica, e para estimular a realização de pesquisas de acordo com as necessidades dos serviços e organização dos estágios na rede de serviços, contribuindo para a implementação do Projeto Pedagógico. Ainda neste eixo destaca-se a realização de Encontro Anual da Rede Escola (SMS de João Pessoa e UFPB). No eixo Cenários de Práticas a diversificação destes espaços para aprendizagem dos estudantes se constituiu o foco. A inserção dos estudantes se dá a partir dos estágios e da disciplina de Saúde Coletiva. Uma questão fundamental para a prática nos serviços de saúde foi a adequação das Unidades Básicas de Saúde que são cenários de prática: aquisição de equipamentos e material de consumo para o desenvolvimento de atividades na atenção básica e nos Centros de Especialidades Odontológica, com recursos do Pró-Saúde e também da gestão municipal, que em sua política vem priorizando a reestruturação da rede de serviços para proporcionar o cuidado integral. Destacamos também neste eixo a realização da Oficina sobre a prática da escuta, acolhimento e identificação das necessidades dos usuários do SUS, articulando os três cursos: • Odontologia; • Medicina e • Enfermagem. Destacamos a integração do Pró-Saúde em parceria com o PET-Saúde/Vigilância em Saúde, na realização de oficina para capacitação dos tutores, preceptores e estudantes de graduação objetivando qualificar os atores envolvidos, instrumentalizandoos para o trabalho com Sistemas de Informação em Saúde, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde. Considerando a necessidade de mudança na implementação de metodologias de ensino voltadas a uma postura reflexiva, no eixo de orientação pedagógica destacamos o curso de capacitação pedagógica (96 horas) para os docentes distribuídos da seguinte forma: • Avaliação do processo ensino aprendizagem; • Metodologia de ensino; • Planejamento do Ensino aprendizagem; • Fundamentos teórico-práticos do processo ensino-aprendizagem. O curso de Odontologia da UFPB em parceria com a SMS de João Pessoa vem desenvolvendo atividades que tem impactado na formação de cirurgiõesdentistas e o Pró-Saúde é um instrumento facilitador deste processo de reorientação da formação. Uso de metodologia ativa em estágios supervisionados da saúde coletiva ufpb: percepção de estudantes Apresentador: Franklin Delano Soares Forte Autores: Forte, FDS; Costa, CHM; Freitas, CHSMF; Pessoa, TRRF; Sousa, AB; Morais, MB O s estágios supervisionados da saúde coletiva do curso de odontologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) tem como objetivo inserir o estudante nos cenários de práticas de unidade de saúde da família de João Pessoa - PB e nos equipamentos sociais a ela adscritos. As vivências procuram desenvolver habilidades no campo do saber ser, saber conhecer e saber fazer, com base nas diretrizes curriculares nacionais para o curso de odontologia, política nacional da atenção primária, de humanização e de saúde bucal, utilizando como estratégia pedagógica as metodologias ativas de ensino. Os temas são trabalhados a partir de situações problemas, relatos de práticas, mapas falantes, filmes, curtas metragens, mapas conceituais, painel integrado, teatralização procurando a reflexão e crítica sobre o trabalho em saúde. O objetivo da pesquisa foi compreender a percepção de estudantes do curso de graduação em odontologia da UFPB sobre as metodologias ativas utilizadas nos estágios supervisionados da saúde coletiva. Os dados foram coletados por meio de grupo focal com a participação de 16 estudantes. A análise dos dados foi realizada por meio da técnica de análise de conteúdo. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo CEP HULW, nº 368/09. Os estudantes Revista da ABENO • 11(2)89-164 107 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) se percebem participantes ativos do processo de formação, onde as opiniões pessoais são valorizadas, assim como as experiências vividas. Foi verificado entre os estudantes que as metodologias ativas de aprendizagem vieram com intuito de trabalhar a autonomia do estudante, desenvolvimento de responsabilidade e compromisso com as atividades de campo. Segundo os estudantes as vivências trouxeram habilidades para o trabalho em equipe, ajudaram a planejar, elaborar e executar melhor as atividades no território, inclusive na preparação para os imprevistos do dia a dia. A avaliação pelo portfólio foi compreendida como uma forma de estimular a não comparação entre estudantes, o estimulo a produção individual a reflexão e crítica e a necessidade do feedback individual do professor. Dessa forma, percebeu-se uma boa aceitação por parte dos estudantes na opção das metodologias ativas para condução do processo ensino-aprendizagem dos estágios supervisionados da saúde coletiva. Competências e habilidades requeridas na formação do cirurgião-dentista Apresentador: Márcia Martins Galetto Autores: Márcia Martins Galetto, Beatriz Unfer, Cristiane Freitas Cabral Q uando se avalia os aspectos que envolvem o setor saúde, a formação dos recursos humanos tem sido objeto de grande interesse, sobre o qual emergem inúmeras discussões. Nesse contexto, tratando especificamente da Odontologia, debate-se o papel dos cursos de graduação na formação dos profissionais em saúde bucal e sua inserção no mercado de trabalho. Para compreender mais a fundo esta relação, foi realizado um estudo de caso exploratório descritivo, de abordagem quali-quantitativa, com o objetivo de conhecer, avaliar e discutir o processo de implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais no curso de Odontologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM - RS). Foi utilizado, como instrumento para coleta de dados, um questionário com 30 perguntas fechadas, tendo como base as competências e habilidades requeridas para a formação do profissional de saúde bucal. Também foi constituído um grupo focal para a parte qualitativa. Participaram da pesquisa professores e acadêmicos do 9° e 10° períodos do curso. É importante salientar, do ponto de vista ético, que esta pesquisa obteve parecer de 108 aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFSM sob o nº: 0245.0.243.000.09. Os dados oriundos da pesquisa foram analisados descritivamente e para o grupo focal foi utilizada a Análise de Conteúdo. Os resultados sugeriram que os alunos se sentem mais bem preparados do que os professores os consideram, tanto em competências e habilidades técnicas quanto nas áreas com especificidades em saúde coletiva. Tanto alunos quanto professores destacam, como melhor preparo, a competência e habilidade que trata do cumprimento de investigações básicas e procedimentos operatórios, e o pior preparo foi considerado o planejamento e administração de serviços de saúde comunitária. De acordo com os resultados obtidos, foi possível concluir que o preparo do aluno de Odontologia da UFSM demonstra estar comprometido quanto ao perfil de egresso do cirurgiãodentista, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, conforme preconizam as Diretrizes Curriculares Nacionais. Pró-Saúde: atividade de prevenção no colégio João XXIII/ UFJF Apresentador: Antônio Márcio Resende do Carmo Autores: Antônio Márcio Resende do Carmo, Carla de Souza Oliveira, Rafael Almeida Rocha, Silvania Aparecida Vicentini Pinto, Luiz Eduardo de Almeida P ró-saúde: atividade de prevenção no colégio joão XXIII/UFJF. Esta atividade teve como objetivo a promoção de saúde bucal por meio de informação e incentivo a hábitos saudáveis de higienização e alimentação, para escolares do ensino fundamental. O público alvo constituiu-se por alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental, do Colégio de Aplicação João XXIII/UFJF. A atividade foi baseada em encontros, nos quais foram realizadas exposições com a utilização de mídias, como slides e apresentação de vídeos educativos, através de um projetor multimídia, sobre o tema Cárie. Ao final do encontro foi distribuído uma avaliação com uma escala visual, por meio da qual buscou-se observar a impressão dos alunos a respeito da atividade realizada. A primeira questão teve por intuito saber qual a opinião dos alunos sobre o tema apresentado. A segunda questão objetivou saber se entenderam o que foi explicado nos slides. E a terceira questão procurou conhecer o Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) que eles acharam dos filmes apresentados. Houve também a distribuição de kits contendo uma escova e um creme dental com flúor, fornecido pelo Prósaúde, a todas as crianças presentes. Pôde ser observado das 146 avaliações respondidas que: • a opinião dos alunos sobre o assunto da atividade, 130 alunos consideraram ótimo, 5 marcaram bom, 1 regular e 5 avaliaram como ruim; • a respeito do entendimento das crianças com relação ao que foi explicado, 117 tiveram ótimo entendimento, 18 bom, 1 regular, 4 marcaram ter tido um ruim entendimento do assunto abordado e 1 aluno deixou em branco; • quanto à opinião dos alunos sobre os filmes apresentados, 132 consideraram ótimos, 5 bons, 2 regulares, 1 achou os filmes ruins e 1 aluno deixou em branco. A partir das avaliações podemos perceber que a atividade gerou uma boa repercussão para os alunos envolvidos, uma vez que a maioria demonstrou um bom índice de satisfação. E uma vez que, atividades baseadas no conceito de “Promoção de Saúde” com o enfoque em “Educação em Saúde”, buscam formar indivíduos capazes de cuidar e manter sua saúde, além de espalhar informação e gerar novos agentes de saúde, espera-se que o público alvo tenha incorporado os conceitos abordados, tornando-se agentes multiplicadores em promoção de saúde e possam ser corresponsáveis em relação a sua saúde bucal. A avaliação deste evento gerou novas perspectivas e demandas do ponto de vista científico, tento também contribuído para o desenvolvimento de uma Dissertação de Mestrado do Programa de Pós Graduação Mestrado em Clínica Odontológica da Faculdade de Odontologia/UFJF. Educação em saúde oral: projeto de extensão UESPI ODONTO Apresentador: Maria Ângela Arêa Leão Ferraz Autores: Maria Ângela Arêa Leão Ferraz, Thalisson Saymo de Oliveira Silva A educação em saúde oral é o processo pelo qual as pessoas ganham conhecimento, se conscientizam e desenvolvem habilidades necessárias para alcançar a saúde bucal. Ciente do papel formador e da responsabilidade social das instituições de ensino superior junto às comunidades locais desenvolveu-se o projeto de extensão UESPI ODONTO da Universi- dade Estadual do Piauí - UESPI, que, por meio de medidas odontológicas preventivas e curativas, busca integrar os estudantes de Odontologia, promovendo e desenvolvendo a relação teoria versus prática do ensino Odontológico, visando o reconhecimento da realidade social brasileira e a consciência de cidadania. O presente trabalho tem como finalidade descrever a experiência dos acadêmicos de Odontologia na creche Coração de Maria, integrante do projeto social da Diocese de Parnaíba - PI. Foi realizada uma programação voltada para promoção da saúde oral e prevenção da cárie dentária, através de palestras, evidenciação de placa, escovação supervisionada, aplicação tópica de flúor, anamnese com os pais/ responsáveis, dinâmicas de grupo, dentre outras atividades lúdicas. A experiência de participação no projeto é considerada positiva, pois as atividades realizadas obtiveram o resultado esperado por parte das crianças, no entanto, concluiu-se a necessidade de atuar mais diretamente com os pais/responsáveis para que os mesmos auxiliem o acompanhamento destas. Projeto acompanhamento acadêmico do aluno na PUCCampinas Apresentador: José Inácio Toledo Junior Autores: José Inácio Toledo Junior, Solimar Maria Ganzarolli Splendore O Projeto Acompanhamento Acadêmico do Aluno (PAAA) foi implantado na Pontifícia Universidade Católica de Campinas em 2005. Este projeto é dividido em duas fases, sendo que a primeira fase se subdivide em duas etapas. Cada momento do projeto tem seu objetivo: A primeira etapa, que ocorre no primeiro semestre do curso, visa de forma geral, acolher o aluno na fase inicial de sua vida universitária e acompanhar o desenvolvimento acadêmico e o processo de aprendizagem, e tem como objetivos específicos: • discutir o papel do aluno na perspectiva do Projeto Pedagógico do curso; • discutir o papel do docente no processo de formação e a relação professor- aluno no processo de ensino e aprendizagem além de • discutir o papel do curso e da Universidade. A segunda etapa acontece no quarto semestre do curso e tem como foco o “Aprender a aprender”, onde Revista da ABENO • 11(2)89-164 109 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) o aluno deve refletir sobre o seu desempenho acadêmico até o momento. Os objetivos desta etapa são: • promover e desenvolver dinâmicas para a reflexão sobre os processos de aprendizagem; • detectar eventuais dificuldades do grupo; • desenvolver ações para superação das dificuldades; • elaborar instrumentos para avaliar o desempenho do grupo; • orientar os alunos para organizar planos de estudo, organizar a vida acadêmica e • conhecer métodos de estudo. A segunda fase, oferecida no sexto semestre, visa contribuir através de um trabalho integrado, com a preparação do aluno para a sua inserção no mundo do trabalho e para a educação continuada. Com isso, o aluno é estimulado a refletir sobre a questão da empregabilidade de jovens recém-formados; além do contato com profissionais de áreas específicas para um diálogo com os alunos, indicando possibilidades e dificuldades das áreas e do campo do trabalho; manter uma relação com os órgãos reguladores profissionais, com vistas ao acompanhamento das discussões e ações dos mesmos; compreender o que é empreendedorismo social: • perspectivas e desafios; • elaborar um projeto de empreendedorismo social para apresentação e discussão em aula; • conhecer um caso real de conquista profissional através do empreendedorismo social; • compreender as possíveis alterações decorrentes desta nova etapa de vida, que podem gerar momentos de ansiedade e angústia. Sendo assim, pode-se concluir que desde sua implantação, o PAAA se tornou um programa de acolhimento e orientação ao aluno, essencial ao envolvimento entre alunos, Universidade e mundo do trabalho. Este fato se comprova com os números: em 2005, o projeto começou com seis Faculdades, envolvendo 485 alunos. No primeiro semestre de 2011, participaram 37 cursos, atendendo mais de 3.500 alunos. Desde seu início, até o primeiro semestre de 2011, 23.040 discentes passaram pelo Projeto, o que comprova sua evolução e sucesso. 110 Projeto acompanhamento acadêmico do aluno: Faculdade de Odontologia PUC-Campinas Apresentador: Solimar Maria Ganzarolli Splendore Autores: Solimar Maria Ganzarolli Splendore, José Inácio Toledo Junior O Projeto Acompanhamento Acadêmico do Aluno (PAAA) teve seu início em 2007 na Faculdade de Odontologia da PUC-Campinas. Este projeto é dividido em duas etapas. A primeira etapa ocorre no primeiro semestre do curso e tem como objetivos gerais: • criar condições para que o aluno desenvolva uma relação afetiva com seu curso e com a Universidade e supere a relação consumista que, no geral, costuma ter, em especial, o aluno de escola particular; • preparar o aluno por meio de estratégias participativas, no sentido de que ele se responsabilize, também, pelo seu processo de formação; • acompanhar a vida acadêmica do aluno, seu desempenho no curso, suas necessidade e expectativas. De forma mais específica, pretende discutir o papel do aluno na perspectiva do Projeto Pedagógico do curso; • discutir o papel do docente no processo de formação e a relação professor-aluno no processo de ensino e aprendizagem; • discutir o papel do curso e da Universidade. A segunda etapa, oferecida no quarto semestre do curso, tem como tema “aprender a aprender” e visa: • promover e desenvolver dinâmicas para a reflexão sobre os processos de aprendizagem; • detectar eventuais dificuldades do grupo; • desenvolver ações para superação das dificuldades; • elaborar instrumentos para avaliar o desempenho do grupo; • orientar os alunos para organizar planos de estudo, organizar a vida acadêmica e conhecer métodos de estudo. O PAAA é uma Prática de Formação, ministrado em dezessete horas aula em cada etapa. São seis encontros de duas ou três horas aula onde os temas propostos são discutidos e abordados através de aplicação de dinâmicas, socialização de idéias por meio de textos impressos ou vídeos. Os alunos também Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) saem pelo Campus ou até visitam Instituições sociais, para o desenvolvimento das atividades. Pode-se concluir, pelo relato dos alunos que passaram pelo Projeto, que após a prática, eles se sentiram mais envolvidos com o curso, a Faculdade e a profissão, compreenderam o Projeto Pedagógico do Curso, o que facilita a aceitação pelas disciplinas básicas, oferecidas no primeiro semestre, além de relatarem uma melhoria na relação professor-aluno. A maioria dos alunos da segunda etapa relata que após o PAAA aderiram ao uso da agenda, conseguiram organizar melhor seus horários e modificaram sua metodologia de estudo. O relato destes alunos mostra a importância do Projeto e como este colabora com a qualidade de formação dos alunos. Expectativas dos discentes sobre o estágio supervisionado em saúde pública Apresentador: Diele Carine Barreto Arantes Autores: Diele Carine Barreto Arantes, Santuza Maria Souza de Mendonça, Cinthia Mara da Fonseca Pacheco, Cynthia Almeida dos Santos, Cleunice Leão de Sousa O Ministério da Saúde (MS) e o Ministério da Educação (MEC) têm enfatizado a importância da reformulação do ensino superior brasileiro, visando adequá-lo às necessidades do país. Preconiza-se um perfil de profissional da saúde que esteja preparado para atender às demandas do Sistema Único de Saúde (SUS). Desta forma, o Estágio Supervisionado em Saúde Pública tem grande responsabilidade na formação dos egressos, pois seu principal objetivo é a inserção do discente no SUS, colocando-o em contato direto com a comunidade e viabilizando uma prática integrada em consonância com as políticas públicas de saúde. É no estágio que os docentes podem observar a adequação dos alunos ao serviço, sendo um momento oportuno para identificação de fragilidades dos currículos, o que justifica possíveis reformas curriculares. A pouca ênfase dada às Ciências Sociais e ao serviço público de saúde na graduação tem sido considerada causa da difícil inserção dos estudantes no serviço público durante o estágio. Neste sentido, é importante investigar as expectativas que os mesmos têm com relação à disciplina e se estas estão de acordo com os objetivos da disciplina e das diretrizes propostas pelo MEC. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a expectativa dos estudan- tes do último ano de graduação dos cursos de Odontologia de duas diferentes IES, uma pública e outra privada, a respeito do Estágio Supervisionado em Saúde Pública. Utilizou-se um questionário semi estruturado, composto, em sua maioria, por questões de múltipla escolha (escala de Likert) e uma questão descritiva. As perguntas procuraram avaliar as expectativas dos estudantes quanto aos seguintes aspectos: • uso articulado do conhecimento adquirido, • trabalho interdisciplinar, • interação com a comunidade e suas necessidades, • vivência das práticas do SUS, • autonomia e segurança na realização dos procedimentos, • crescimento pessoal, • infraestrutura dos locais de serviço e qualidade do material oferecido, além de • expectativas sobre execução de procedimentos não realizados durante a graduação. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com o CAEE 0025.0273.00-09/CEP 135. Um total de 69 alunos respondeu ao questionário sendo 23 da IES privada e 46 da IES pública. Nas duas IES a maioria dos discentes manifesta a expectativa de aplicar de forma articulada os conhecimentos adquiridos, mas a minoria se sente preparada para atuar profissionalmente. Foi relevante o fato dos alunos de ambas IES perceberem a possibilidade de aprender a trabalhar de acordo com políticas públicas de saúde, vivenciar na prática os princípios, objetivos e diretrizes do SUS e ter a oportunidade de trabalhar com profissionais de outras áreas durante o estágio. A maioria espera realizar procedimentos não executados nas IES e enfrentar o desafio de lidar com materiais de baixa qualidade e em quantidade insuficiente para a demanda de pacientes. Desorganização, desinteresse dos funcionários, filas e falta de recursos também são esperados por quase metade dos discentes. Conclui-se que os alunos identificam no estágio a possibilidade de aprendizagem de conteúdos em saúde pública e de suprirem alguma deficiência técnica do curso, em contra partida possuem expectativas negativas quanto às condições de trabalho e qualidade da assistência oferecida pelo SUS. Revista da ABENO • 11(2)89-164 111 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) A visita domiciliar como estratégia de aproximação à realidade social Apresentador: Luiz Roberto Augusto Noro Autores: Luiz Roberto Augusto Noro, Sara Melo Torquato U m dos pressupostos da Estratégia Saúde da Família é favorecer o estabelecimento de vínculos e a compreensão de aspectos importantes da dinâmica das relações familiares. Para isto, a visita domiciliar configura-se como importante tecnologia de interação no cuidado à saúde, considerada instrumento privilegiado para alcance de tal objetivo. A atenção às famílias e à comunidade é o objetivo central da visita domiciliar, uma vez que são entendidas como entidades influenciadoras no processo de adoecer dos indivíduos, os quais são regidos pelas relações que estabelecem nos contextos em que estão inseridos. O objetivo deste estudo foi compreender o envolvimento com a comunidade durante as atividades do Estágio Extra-mural por meio das visitas domiciliares a partir da percepção e envolvimento dos alunos. Na análise da importância das visitas à comunidade na visão do aluno relativa à sua formação, 36,2% indicaram que contribui para o reconhecimento da realidade social, ao mesmo tempo em que 10,5% dos alunos apontam o interesse em desenvolver a humanização na relação com o próximo. Em relação ao benefício para a comunidade 19,2% dos alunos acreditam ser o aprendizado advindo das ações de educação em saúde. Entretanto, 36,2% dos alunos não reconheceram nas visitas domiciliares qualquer tipo de aspecto importante para sua formação enquanto 53,2% apontam que estas atividades têm pouca contribuição para os moradores da comunidade. Ainda em relação aos benefícios para a comunidade, 10,5% dos entrevistados perceberam nas visitas apenas a maior oportunidade de acesso destes moradores ao Curso de Odontologia para tratamento odontológico, numa visão eminentemente “odontocêntrica”. As visitas domiciliares devem prover atividades que extrapolem a coleta de dados, permitindo que o vínculo do aluno com a família se desenvolva na lógica da humanização do atendimento. O desafio de fazer o profissional de nível superior entender que sua presença no domicílio é fundamental no estabelecimento do vínculo com o paciente, extrapolando a perspectiva do atendimento clínico domiciliar, deve ser colocado no centro da discussão do controle social, 112 uma vez que permite uma reaproximação da perspectiva da atuação deste profissional voltada para fazer o bem, origem de sua existência. A consolidação do Sistema Único de Saúde passa por uma permanente articulação entre instituições de ensino, serviços de saúde e população. Esta reflexão deve estimular professores, alunos e gestores a buscar novas estratégias que vinculem estas visitas a conquistas facilmente perceptíveis pela população assim como valorizem o aprendizado com base em aspectos relacionados à integralidade da atenção e ao cuidado humano. Projeto COPAME: Formação profissional com responsabilidade social Apresentador: Gladis Benjamina Grazziotin Autores: Gladis Benjamina Grazziotin, Beatriz Baldo Marques, Renita Baldo Moraes, Magda de Souza Reis A s Diretrizes Curriculares Nacionais exigem mudanças na formação do cirurgião-dentista propondo novos cenários de estudo. Para tanto, os projetos pedagógicos devem contemplar a busca pela formação integral e adequada do acadêmico, por meio da articulação entre o ensino, a pesquisa e extensão. Precisa ainda despertar no acadêmico a consciência global, crítica, reflexiva e integradora, visando fortalecer seu entendimento sobre a necessidade de uma atuação conjunta com outras áreas de conhecimento e com a própria comunidade, colaborando assim para a transformação social e do meio em que vive. Assim sendo, ciente do papel formador e de sua responsabilidade social, a UNISC, através do Núcleo de Ação Comunitária desenvolve desde agosto de 2010 o Projeto COPAME (Associação Comunitária Pró Amparo do Menor). Trata-se de um local que abriga menores de 12 anos de idade que foram afastados do convívio familiar por meio de medida protetiva de abrigamento, em função de abandono ou cujas famílias ou responsáveis se encontram temporariamente impossibilitados de cumprirem sua função de cuidar e proteger. Esta instituição funciona em regime de abrigo, mantido financeiramente por associados, bem como de doações da comunidade, de outros países e de algumas prefeituras da região. O número de crianças é incerto, ficando sempre em torno de quarenta. O tempo de permanência é variável, mas não excede dois anos, salvo casos especiais. Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Os encaminhamentos são feitos pelo Conselho Tutelar e Juizado da Infância e Adolescência. Este projeto propõe um trabalho interdisciplinar que no momento conta com a participação de docentes e bolsistas dos cursos de Psicologia, Odontologia, Ciências Contábeis e Educação Física. A Pró-Reitoria de Extensão e Relações Comunitárias, proporciona previamente, uma capacitação aos bolsistas visando aprofundar o conhecimento sobre “Extensão”. A Odontologia participa das atividades de integração da equipe e tem como proposta a educação em saúde, através de atividades lúdicas e a prevenção, por meio da prática da escovação dentária e uso do fio dental realizada pela bolsista uma vez ao mês, em cada uma das crianças, na sede da instituição. Nos demais dias da semana a higiene bucal fica a cargo dos cuidadores que foram capacitados para atuarem como agentes multiplicadores de saúde, ampliando suas percepções de saúde bucal. Uma parceria com o curso de odontologia da UNISC possibilita que todas as crianças sejam encaminhadas para avaliação das condições de saúde bucal e tratamento, articulando assim o ensino e a extensão. Este trabalho além dos benefícios proporcionados às crianças, contribui na formação profissional através de experiências em um cenário de prática diferenciado, permitindo o desenvolvimento social e à universidade, possibilidades de práticas de responsabilidade social. O ensino de odontologia: foco centrado na aprendizagem Apresentador: Carlos Alberto Monteiro Falcão Autores: Carlos Alberto Monteiro Falcao A política de ensino da Faculdade Novafapi tem como objetivo a formação profissional decorrente das demandas sociais e das necessidades do mercado de trabalho, promovendo a articulação entre as dimensões social, ética, cultural, ecológica, tecnológica, profissional, mercadológica e de cidadania. A flexibilidade do currículo, das atividades acadêmicas e da oferta, articuladas à autonomia e mediadas por um processo de avaliação e de atendimento às diferenças abrem espaços para que sejam criadas e desenvolvidas novas estratégias de aprendizagens teórico-práticas. Dentre estas estratégias, a aplicação componentes curriculares inovadores no processo de produção e construção do conhecimento, permitem que o aluno tenha uma formação integrada, voltada para a aprendizagem através do desenvolvimento de atividades de forma assistida e orientada. A disciplina “Práticas Interdisciplinares” tem como objetivos acompanhar e avaliar os alunos em todas as atividades programadas pelos docentes das disciplinas do semestre, além da orientação para elaboração de um trabalho integrador que englobe todos os conhecimentos sobre as disciplinas do período. A Atividade discente é utilizada como ferramenta para a complementação e aprofundamento dos conteúdos através do ambiente virtual “portal acadêmico” onde o aluno será estimulado a continuar o processo de aprendizagem além dos limites da sala de aula, de forma assistida, sob orientação discente. Cenários de prática e de estágios curriculares noturnos: odontologia Apresentador: Izabella Barison Matos Autores: Izabella Barison Matos, Clarrisa Brasil, Thiago Rodrigues, Debora Grando Introdução Projeto de extensão-ensino articulado ao Plano de Desenvolvimento Institucional da (PDI-UFRGS) e sintonizado com o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). Grupo de estudantes dos cursos de graduação noturnos – Odontologia, Análise de Políticas e de Sistemas de Saúde (APSS) - Bacharelado Saúde Coletiva, Psicologia, Serviço Social – com tutoria de docente da Saúde Coletiva e participação de docentes/convidados realiza, desde dezembro de 2010, atividades multiprofissionais e interdisciplinares (ensino, extensão e de pesquisa). O tema contempla o debate contemporâneo, no qual a construção de novas práticas acadêmicas é incentivada pelo Ministério da Educação, tal qual a internalização de novas posturas profissionais aspirada pelo Ministério da Saúde; bem como a intenção da UFRGS na busca de outras maneiras de “formar”. Objetivo Ampliar protagonismo dos estudantes de Odontologia no processo de construção do conhecimento na graduação e, em breve, mapear possíveis cenários de prática e de estágios curriculares noturnos e de finais de semana a fim de garantir inserção durante todo o processo de ensino-aprendizagem. Metodologia Orientado pela tutora, o grupo segue semana típica de atividades: • Ciclos de Aprendizagem; • Estudos Auto-Dirigidos e, na seqüência; Revista da ABENO • 11(2)89-164 113 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) • Intervenções nos Cenários de Prática. Cada etapa é avaliada por meio de portfólio individual. Resultados parciais A atividade em pauta – Apropriação do Projeto Pedagógico do Curso (PPC) Odontologia Noturno, das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e das competências e habilidades gerais e específicas – se encontra em realização por meio de: • leitura e fichamento de artigos científicos, de documentos e da legislação; • discussão sobre o conhecimento obtido, por meio de estratégias diversas (seminários, uso de metodologias ativas de aprendizagem, dentre outros). Análise No que tange aos resultados da atividade citada, podemos dizer que já foram levantadas possibilidades de alinhamento dos PPC aos interesses dos alunos noturnos; mapeadas inovações na formação a partir dos documentos legais da UFRGS – como a proposição de disciplinas em período letivo especial (PLES) para os cursos noturnos. Também apontamos o envolvimento de docentes e das COMGRAD, técnicos educacionais que participam das atividades. Da mesma forma registre-se a participação dos alunos do grupo – da Odontologia, da Psicologia e do Serviço Social – em atividades promovidas pelo curso APSS. Podemos dizer que já foram levantadas possibilidades de alinhamento do PPC aos interesses dos alunos noturnos da Odontologia; identificadas inovações na formação a partir dos documentos legais da UFRGS – como a proposição de disciplinas em período letivo especial (PLES); também, apontamos o envolvimento de docentes e das COMGRAD, técnicos educacionais que participam das atividades. Da mesma forma registre-se a participação dos alunos do grupo – da Odontologia, da Psicologia e do Serviço Social – em atividades comuns. Conclusão Espera-se com essa atividade, e outras que foram planejadas, contribuir para formação de um cirurgião-dentista demandado, em concordância com as políticas públicas de educação e de saúde, melhorando a resposta pública. 114 Reorientação na formação dos profissionais da saúde da Universidade Sagrado Coração Apresentador: Claudia de Almeida Prado Piccino Sgavioli Autores: Claudia de Almeida Prado Piccino Sgavioli, Leila Maria Vieira, Eliane Maria Ravasi Stefano Simionato, Evete Polidoro Alquati, Maria Amélia Ximenes Correia Lima, Maricê TCD Heubel, Marta Helena Souza de Conti, Rita Cristina Chaim, Sandra de Oliveira Saes A integração entre ensino e serviço proporciona melhor capacitação do docente, do estudante e do profissional do serviço de saúde, conseqüentemente garante ações e serviços de qualidade à população, por meio de reorientação da atenção básica e do modelo de atenção à saúde no sistema nacional de saúde vigente. A necessidade de promover a integração entre as diversas instituições pode ser concretizada por intermédio de recursos de tecnologias de informação, que dão suporte a atividades de Telessaúde, capazes de desenvolver ações de Saúde e contribuir para ampliação da capacitação de todos os atores envolvidos. O presente projeto teve como objetivo a reorientação da formação dos profissionais dos cursos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Sagrado Coração, Bauru, SP. Para tanto foram reorganizadas as matrizes curriculares dos cursos de Biologia, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição, Odontologia e Terapia Ocupacional incluindo a adequação do ensino às demandas sociais, às do mercado de trabalho e a incorporação de novas tecnologias educacionais ao currículo, visando melhorar o rendimento dos estudantes e a qualidade do trabalho docente. A partir da nova proposta os profissionais formados estarão qualificados para atender e integrar-se aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), comprometendo-se com a consolidação deste sistema. Os cursos comprometem-se com uma formação dinâmica, interdisciplinar e articulada durante todos os anos, possibilitando ao estudante a prática nos diferentes cenários de promoção da saúde e prevenção e reabilitação das doenças. Para consolidar tal proposta buscou-se incrementar a integração entre IES e Secretaria da Saúde do Município, proporcionando aos docentes e discentes a participação em todos os programas e instâncias dos serviços prestados. Em contrapartida, os profissio- Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) nais da rede municipal contam com serviço de capacitação e orientação, voltados às necessidades do município; além de um canal direto esclarecimentos de dúvidas, o qual oferece tutoria. Para os usuários, além da melhoria dos serviços prestados, foram estabelecidas estratégias e materiais educativos (nas diferentes opções midiáticas), os quais são desenvolvidos pela IES e aplicados pelos discentes, devidamente supervisionados e em conjunto com os servidores. Outra estratégia proposta foi um canal aberto de informações para os usuários, o qual foi viabilizado por meio da informatização das Unidades Básicas de Saúde e capacitação dos servidores. Por meio de tal projeto adequou-se o currículo dos cursos da área de saúde, formando o profissional com competência para atuar como gestor e multiplicador dos princípios do SUS; proporcionou o incremento no processo de capacitação do profissional em serviço, assim como a promoção do trabalho multiprofissional em todos os níveis do sistema. Para os usuários os resultados revertem-se em melhoria da qualidade dos serviços recebidos; além de oportunizar a busca de informações em fontes seguras e de fácil acesso. Vídeoeducação: avaliação de atividade de ensino-aprendizagem ativa na educação odontológica Apresentador: João Luiz Gurgel Calvet da Silveira Autores: João Luiz Gurgel Calvet da Silveira, Maria Urânia Alves Introdução A aprendizagem ativa e significativa pode contribuir para a formação do profissional crítico, exigindo esforços de superação do ensino tradicional baseado na memorização e reprodução exclusiva de conceitos. Os conteúdos e fundamentos da Saúde Coletiva são historicamente rejeitados e pouco compreendidos ou valorizados pelos alunos de odontologia. A tecnologia da produção de vídeos apresenta como vantagens: a)boa identificação dessa linguagem entre jovens; b)tecnologia de produção e edição acessíveis, podendo ser usados celulares e programas livres de edição; c)trabalho em equipe; d)valorização da criatividade; e)possibilidade de aprendizagem significativa sobre o tema ou conteúdo; f) pode ser utilizada como método de ensino e avaliação; g)aproveitamento do material produzido em eventos acadêmicos e aulas; h)associação com metodologias complementares como aulas expositivas, pesquisa e discussão de artigos científicos; i) apresenta relação com o referencial da metodologia cinemeducation. Etapas da atividade: a)organização de grupos de trabalho e determinação das funções, tarefas e prazos; b)definição do tema do vídeo a partir das unidades de ensino trabalhadas ou pesquisadas; c)pesquisa bibliográfica; d)concepção e roteirização pelos alunos com orientação dos docentes; e)produção e filmagem com câmeras ou celulares; f) apresentação para a turma e docentes. Características do vídeo: a)duração de 15 a 20 minutos; b)transcrição, com citação, dos conceitos principais abordados na tela; c)livre escolha do estilo: documentário, linguagem simbólica, história narrada ou diálogos. Objetivo Avaliar uma atividade de ensino-apresndizagem ativa baseada na produção de vídeos por 45 alunos da primeira e oitava fases do curso de odontologia da FURB. Metodologia Avaliação da atividade através de questionário respondido pelos alunos, contendo duas perguntas fechadas e quatro abertas. Análise dos dados através da criação de categorias e contagem da freqüência das respostas, considerando a dimensão afetiva e cognitiva sobre o tema trabalhado na atividade de produção do vídeo. Resultados a)98% consideraram que a atividade deve ser mantida; b)93% acharam plenamente satisfatória como metodologia de aprendizagem e avaliação, valorizando: ––a interatividade entre estudantes; ––a possibilidade de exercer a criatividade; ––a aplicação dos conceitos em um contexto criado por alunas e ––o “prazer” em realizar a atividade; c)sobre o conceito abordado no vídeo: 59% relataram corretamente; d)sobre a principal mensagem do vídeo: 71% argumentam coerentemente. Discussão Os alunos mostraram-se receptivos para inova- Revista da ABENO • 11(2)89-164 115 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) ções no ensino e na avaliação. Revelam dificuldade em elaborar de forma escrita o conhecimento apreendido, embora no vídeo tenham sido capazes de aplicar o conceito. Percebe-se a efetividade dessa metodologia para a formação humanística de profissionais de saúde. Conclusão A metodologia proposta apresenta potencial pedagógico para desenvolver as dimensões afetiva através da ressignificação pelos alunos dos conceitos, e cognitiva potencializando a apreensão do conhecimento, devendo preferencialmente esta segunda ser complementada por outras metodologias. Descritores Aprendizagem ativa. Aprendizagem significativa. Formação odontológica. Percepções sobre o projeto pedagógico do Curso de Odontologia / UEPG Apresentador: Márcia Helena Baldani Pinto Autores: Márcia Helena Baldani Pinto, Cristina Berger Fadel O atual projeto didático-pedagógico do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) - PR foi elaborado em conformidade com as atuais Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e implantado no ano de 2005. Este estudo teve por objetivo avaliar a percepção de acadêmicos formandos do curso de Odontologia quanto ao novo projeto pedagógico, como subsídio complementar ao processo de avaliação institucional desenvolvido pela Comissão Interna de Avaliação (CPA) da UEPG. Participaram do estudo 91 acadêmicos, de um total de 103, formandos nos anos de 2010 e 1011. Estes responderam a um questionário estruturado aplicado em sala de aula, elaborado considerando-se o perfil profissional proposto nas DCN, o qual foi submetido à pré-teste realizado com a turma de formandos de 2009. As informações coletadas foram analisadas e os resultados expressos por meio de valores descritivos, relativos e absolutos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPG (parecer COEP nº 76/2009). Os resultados revelam que menos da metade dos formandos (44%) afirmam conhecer o projeto pedagógico do curso. Corroborando os resultados obtidos pela avaliação da CPA, a grande maioria dos acadêmicos demonstra uma percepção positiva quanto ao projeto pedagógico, identificando 116 que o mesmo contempla as características das DCN quanto ao perfil do profissional egresso, formado com competência técnica e científica, ética e humanista, apto a atuar em todos os níveis de atenção e segundo o sistema de saúde vigente no país. Dentre as competências e habilidades expressas nas DCN e proporcionadas pelo curso, aquelas que os formandos se consideram mais aptos a aplicar são: a)desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde (94%), b)disposição ao aprendizado contínuo (66%), c)tomar decisões (60%), e d)atuar em equipes multiprofissionais (56%). No entanto, apenas 11% dos formandos se consideram aptos a administrar e gerenciar serviços de saúde. Quanto à estrutura curricular do curso, grande parte dos alunos indica que existe duplicação de conteúdos entre as disciplinas e dificuldades em oferecer atenção integral aos pacientes, o que poderia ser atribuído ao fato do currículo não ser integrado. Apesar disso, a maioria dos alunos identifica a integração entre teoria e prática como ideal ou satisfatória, e 59% deles entendem que a metodologia pedagógica utilizada na maioria das disciplinas é a da construção do conhecimento, baseada em experiências, realidade e vivências dos alunos. Os resultados deste estudo, somados à avaliação institucional, demonstram que, apesar da percepção positiva da comunidade acadêmica, existem algumas fragilidades no atual projeto pedagógico do curso, que apontam para a necessidade de se avançar na construção de um currículo integrado. Atendimento odontológico de portadores de HIV/AIDS em clínica de graduação Apresentador: Raquel Conceiçao Ferreira Autores: Raquel Conceição Ferreira, Manoel BritoJúnior, Edwaldo de Souza Barbosa-Júnior, Andréa Maria Eleutério de Barros Lima Martins, Carla Cristina Camilo, Mania Quadros Coelho O s cirurgiões-dentistas têm a obrigação humana e profissional de tratar pessoas que vivem com HIV/aids. No entanto, o desconhecimento inicial da doença e o preconceito têm causado limitações no tratamento odontológico dos portadores do HIV/ aids. Assim, torna-se fundamental a formação de profissionais conscientes de suas obrigações legais e éti- Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) cas, com disposição e atitude positivas no atendimento a esses pacientes. Adicionalmente, os primeiros sinais clínicos da imunodeficiência associados ao HIV aparecem com frequência na cavidade bucal, conferindo ao cirurgião-dentista papel importante no diagnóstico precoce e tratamento da infecção. Desde agosto de 2001, o curso de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes desenvolve o projeto de extensão “Atendimento odontológico ao portador do HIV/aids” juntamente com as atividades curriculares da disciplina Clínica Integrada IV. Os graduandos realizam, semestralmente, atendimento clínico odontológico integral e atividades de promoção de saúde em aproximadamente 20 pacientes oriundos de dois centros de referência ao atendimento ao portador do HIV/aids de Montes Claros/MG. Para conhecer o perfil e a prevalência de manifestações bucais foi desenvolvido um estudo entre os pacientes atendidos na clínica de graduação desde a implantação do projeto de extensão (CEP: 1516/2009). Foram incluídos prontuários de 144 pacientes, com média de idade de 39,5 anos (±11,10; 6–67 anos), maioria com 30 a 49 anos (71,6%), distribuídos homogeneamente quanto ao sexo (feminino = 50,7%); ocupação mais frequente foi Do lar (21,9%), 12,5% eram desempregados; 27,8% fumantes, 18,1% etilistas e 3,5% usuários de droga. As doenças sistêmicas mais frequentes foram pneumonia (42,1%) e anemia (42,4%); 53,5% apresentaram perda de peso. Candidíase, Leucoplasia e Queilite angular foram identificadas em 14,8%, 7,8% e 6,2%, respectivamente. A diversidade do perfil epidemiológico e a complexidade sistêmica contribuem para a formação integral do acadêmico, permitindo ainda a atuação multidisciplinar junto aos médicos infectologistas desses pacientes. Ao final de cada semestre, os acadêmicos fazem uma auto-avaliação podendo ser verificado alguns relatos. “...proporcionou a superação de barreiras pessoais e profissionais preconcebidas, tal superação gerou um olhar mais humano sobre a realidade. Exercer a odontologia para pessoas tão necessitadas e tão subjugadas nos proporcionou um crescimento pessoal. Superando nossos preconceitos e medos a fim de encarar a realidade de forma madura e profissional.” (A1); “...o contato direto com o paciente HIV positivo permitiu que eu exercitasse toda minha ética, preponderando sempre o bem estar do paciente. Sei que a grande lição já está consolidada em mim.”(A2); “Fiquei muito surpreendida comigo, pois pensei que fosse ter algum tipo de impacto com o paciente portador da aids/HIV. Graças a Deus isso não ocorreu” (A3); “...consegui superar alguns preconceitos que até mesmo eu achava que seriam impossíveis de ser vencidos. Atendi todos os meus pacientes de forma humanizada e segura” (A4); “A proposta é surpreendente ao lidar com as peculiaridades de cada paciente e nos passa uma condição que permite encarar as diversas doenças auxiliando em um tratamento diferenciado e específico”.(A5). Assim, esse projeto de extensão favorece a formação humanística e ética dos futuros profissionais da Odontologia, além de propiciar efetiva integração do ensino e serviço junto à comunidade. Extensão através Pró-Saúde I: contribuições na formação profissional Apresentador: Beatriz Baldo Marques Autores: Beatriz Baldo Marques, Dayelen Jurinic Micheli Chabat, Daiane Kuczynski, Tássia Silvana Borges, Gladis Grazziotin, Magda de Souza Reis, Renita Baldo Moraes A odontologia tem estabelecido novos caminhos na busca da promoção de saúde bucal, com informações sobre a odontologia intra-uterina e o atendimento a bebes. A gestação é uma fase de mudanças fisiológicas complexas na saúde da mulher, inclusive na sua saúde bucal. Por falta de informações a gestante passa por problemas bucais sem saber o que fazer, acreditando no mito de “um dente perdido por cada filho” e, depois do parto, possivelmente alimentando seu bebê com leite, sucos ou chás adoçados, na hora de dormir, sem entender muito bem, o porquê das cáries de acometimento precoce. É por acreditar que a saúde começa pela boca e por saber que a gravidez provoca alterações no organismo da mulher, inclusive na cavidade bucal, que o Projeto Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente - PASCA - Atenção à Saúde da Gestante, da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), atua com gestantes moradoras dos bairros beneficiados pelo Projeto Pró-Saúde, através do trabalho em equipe com a Estratégia da Saúde e Família. Os objetivos do projeto são proporcionar condições adequadas de promoção de saúde através Revista da ABENO • 11(2)89-164 117 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) de ações educativas, preventivas e de adequação do meio bucal. As ações de Atenção à Saúde da Gestante fazem parte do PASCA, e aprovadas pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Santa Cruz do Sul, número do Protocolo 2782/11. Inicialmente foi realizado contato com as enfermeiras responsáveis pelas ESFs dos bairros de abrangência do Prósaúde, conhecendo desta maneira a equipe e as atividades desenvolvidas por estas no tocante as gestantes. Assim planejaram-se as visitas domiciliares com as gestantes juntamente com a equipe de saúde. Na visita foi aplicado um questionário com diversas questões sobre saúde bucal e geral, além de questões sobre condições socioeconômicas para melhor conhecer a realidade das gestantes, além da avaliação de saúde bucal. As gestantes foram agendadas para a atividade de educação em saúde e consultas de adequação de meio bucal e encaminhamentos. Em um ano de atendimento pode-se observar grande participação da equipe de saúde, sendo de grande valia a interação que os acadêmicos de Odontologia conquistaram através do Pró-Saúde. A participação das gestantes se deu intensamente, demonstrando o interesse das mesmas por um atendimento integral e humanizado, sendo parte deste resultado devido às visitas domiciliares realizadas ou pela equipe. Dentro do projeto ocorreu a integração das bolsistas da odontologia com os demais acadêmicos dos cursos da área da saúde da UNISC, que também realizaram atividades com as gestantes. Percebeu-se reconhecimento da comunidade através dos elogios advindos em cada atendimento. A participação das bolsistas no projeto foi importante tanto com o conhecimento adquirido durante os atendimentos as gestantes como parte do ensino, quanto à extensão e pesquisa desenvolvida durante o mesmo. A experiência de participar como bolsista do Pró-Saúde I enriqueceu a forma de pensar e agir como profissional da saúde, demonstrando que o trabalho deve continuar buscando a integração dos profissionais além de uma preparação para atuar no Sistema Único de Saúde. Equipe auxiliar em odontologia: necessidade de ampliação Apresentador: Ana Claudia Baladelli Silva Cimardi Autor: Ana Claudia Baladelli Silva Cimardi N a atual política Nacional de Saúde Bucal “Brasil Sorridente” (2001), baseada nos princípios do SUS, a Equipe de Saúde Bucal (ESB), esta inserida 118 na Estratégia Saúde da Família (ESF) de 1994 ampliando assim a oferta de serviço odontológico no setor público. O Ministério da Saúde pela ESF só permite o cadastramento e repasse do financiamento para as equipes de saúde bucal com a equipe odontológica completa, ou seja, na modalidade I, 1 Cirurgião-Dentista (CD) e 1 Auxiliar em Saúde Bucal (ASB) e, modalidade II, 1CD, 1 Técnico em Saúde Bucal (TSB) e 1 ASB. O objetivo deste trabalho é discutir a importância da ampliação quantitativa da formação de pessoal auxiliar e ainda sugerir as Instituições de Ensino Superior (IES) em Odontologia uma aproximação do seu acadêmico com o pessoal auxiliar em odontologia. A metodologia utilizada foi análise documental, revisão da literatura e avaliação quantitativa da formação profissional odontológica. Os dados nacionais apontam que cadastradas há 31.981 ESF, 20.010 ESB modalidade I e 1.938 ESB modalidade II, em Santa Catarina são 802 modalidade I e 37 modalidade II. Cada ESF é responsável por até 4.500 pessoas em sua área de cobertura, a literatura aponta que para cada ESF tenha uma ESB, com objetivo de uma melhor cobertura e acesso da população para o serviço de saúde pública. O Brasil é o maior formador em termos quantitativo de CD mundial, sendo que a formação de pessoal auxiliar não segue a mesma velocidade de formação, sendo que em 2011 inscritos no Conselho Federal de Odontologia há 237.201 CD, 12.039 TSB e 85.782 ASB. a Política Nacional de Atenção Básica na portaria no. 648/ GM de 28/03/2006, aponta que para constituição de uma Equipe de Saúde Bucal deverá ser composta na modalidade I por 1 CD e 1 ASB e na modalidade II por 1 CD, 1 TSB e 1 ASB, se quisermos equiparar com a quantidade de ESF já inscritas no Ministério da Saúde, deveremos ampliar a formação de pessoal auxiliar, tendo em vista somente o setor público. Em Santa Catarina a proporção destes profissionais é menor ainda chegando ter inscritos 9.107 CD, 570 TSB e 2.113 ASB. Verificando estes números percebemos a necessidade da ampliação de vagas da formação do ASB e TSB, para uma possível equiparação de ESF e ESB, ampliando assim o acesso a população a atenção odontológica no serviço público. Dentro da Política Nacional de Atenção Básica, há atribuições específicas para o CD, ASB e TSB, e ainda salienta a necessidade do trabalho integrado entre estes profissionais, mas na prática no processo de formação do CD, o trabalho em equipe com o TSB e ASB não é muito comum. Sendo assim sugerimos para as IES que o processo de ensino aprendizagem Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) destes profissionais seja aproximado para que estes consigam ainda dentro da academia trabalhar em equipe. Desenvolvimento de um aplicativo auxiliar no ensino da odontologia Apresentador: Alessandra Martins Ferreira Warmling Autores: Alessandra Martins Ferreira Warmling, Ana Lúcia Ferreira de Mello, Cláudio José Amante Objetivo Desenvolver um aplicativo para identificação dos determinantes do processo saúde-doença da cárie dentária com potencial de auxiliar no ensino de graduação em Odontologia. Metodologia O aplicativo foi desenvolvido através de um trabalho de pesquisa interdisciplinar, conjugando profissionais das áreas de Odontologia, Sistemas de Informação e Design e Animação Gráfica. O aplicativo está teoricamente fundamentado nos determinantes do processo saúde-doença da cárie dentária identificados por uma ampla revisão da literatura científica. Estes constituíram elementos passíveis de serem investigados no momento da anamnese, por serem auto-referidos. Os profissionais das áreas de Sistemas de Informação e de Design e Animação Gráfica desenvolveram e implementaram o sistema utilizando as tecnologias apropriadas. Resultados e Discussão O estudo resultou na criação do aplicativo que permite identificar os determinantes do processo saúde-doença da cárie dentária em um indivíduo, bem como em grupos de indivíduos, gerando informações que apresentam os determinantes que mais se sobre-saem em cada grupo, além de permitir comparações entre grupos. Outras características do aplicativo que merecem destaque são: • o acesso facilitado, uma vez que está disponível on line e pode ser utilizado facilmente por qualquer meio de comunicação com acesso à internet; • ser capaz de gerar mapas interativos; • possuir ferramenta chat de texto para suporte e esclarecimentos de dúvidas; • além de atuar como um banco de dados e de poder gerar informações para análises estatísticas. Considerações finais O aplicativo torna-se útil nos processos de identi- ficação dos determinantes do processo saúde-doença da cárie dentária e no planejamento de estratégias voltadas à prevenção e controle da doença. Tem alto potencial de aplicação no âmbito dos serviços odontológicos e, principalmente, no ensino em Odontologia, uma vez que é capaz de atuar como uma ferramenta no processo de ensino-aprendizagem tanto no ambiente dos cursos de graduação, quanto nos diferentes cenários de ensino-aprendizagem fora deles. Dessa forma, auxilia de forma inovadora na formação de profissionais com habilidades de compreender criticamente a distribuição e fatores determinantes da doença bucal mais prevalente, no âmbito individual e coletivo, bem como planejar ações e serviços que incorporam preceitos de vigilância em saúde e gestão da clínica ampliada. Programa institucional “Sorria Vila da Glória” – oportunizando ensino, pesquisa e extensão Apresentador: Célia Maria Condeixa de França Lopes Autores: Célia Maria Condeixa de França Lopes, Edward Werner Schubert Introdução O curso de odontologia da UNIVILLE caracteriza-se pela metodologia de ensino que integra diferentes especialidades em clínicas de baixa, média e alta complexidade, fundamentando este ensino no aspecto social da odontologia. Para oportunizar atividades pertinentes à Odontologia Social, os alunos realizam atendimentos fora do Campus Universitário. Dentre estas ações, destaca-se o Programa Institucional “Sorria Vila da Glória”, onde os acadêmicos são levados a uma comunidade parcialmente isolada, com perfil econômico restrito e elevadas carências na atenção à saúde. O Programa, criado a 8 anos, para abrigar um módulo da disciplina de Estágios Extra-Muros, tem como objetivo oferecer atendimento odontológico integral à população de 0 a 12 anos, do Distrito do Saí (Vila da Glória, São Francisco do Sul, SC). Atualmente pretende-se ampliar este atendimento à população adulta. Esta ação facilita o desenvolvimento de estudos odontológicos tanto de atuação clínica, desenvolvimento de materiais restauradores, como de levantamento epidemiológico. Objetivo Inserir o acadêmico de odontologia em uma comunidade com atendimento odontológico restrito, oferecendo a eles uma realidade de carência odonto- Revista da ABENO • 11(2)89-164 119 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) lógica, associada a uma realidade sócio-cultural diferenciada. do a saúde bucal e formando melhores cirurgiões dentistas. Metodologia O programa abriga diferentes projetos, que prestam atendimento a diferentes grupos de moradores, formados a partir de suas necessidades assemelhadas. Os projetos atualmente realizados são: • Projeto de Atendimento Odontológico aos Bebes, • Projeto de Atendimento Clínico Restaurador, • Projeto de Promoção de Saúde Bucal em Escolares, • Projeto de Atendimento de Alta Complexidade (Mutirão), e ainda • Projeto de Atendimento e Promoção de Saúde Bucal em Adultos. Para este ano, ainda está previsto o início das atividades do Projeto de Reabilitação com Próteses Móveis. As ações desenvolvidas nas escolas, além de motivar e orientar os alunos à saúde oral – usando como ferramentas as palestras, teatros, dramatizações, músicas, e ainda a própria higienização bucal – transforma os professores, tradicionais “formadores de opinião” da comunidade, em “incentivadores e orientadores da saúde bucal”. Nestas ações, identificam-se os indivíduos com necessidades do tratamento restaurador, que são conduzidos ao consultório mantido pela Universidade e pela Associação de Moradores da localidade; aqueles indivíduos com maiores necessidades são encaminhados ao atendimento odontológico nos “Mutirões”, dentro das clínicas odontológicas da Univille. Este atendimento ocorre bimestralmente, sendo desenvolvido pelos mesmos alunos envolvidos no Programa, além de alunos voluntários, e realiza procedimentos curativos de maior complexidade. O projeto destinado aos bebes é desenvolvido em visitações aos domicílios, sempre na companhia da Agente Comunitária de Saúde, realizando orientação de higiene e dieta à mãe ou cuidadores, além de realizar a higienização bucal e a aplicação tópica de flúor nos bebes. Resultados Os participantes do programa conseguiram estabelecer uma ótima parceria com a comunidade, sendo reconhecidos como responsáveis pela melhora da qualidade de vida desta população. Com envolvimento dos professores e o comprometimento dos alunos com a saúde bucal observou-se também uma mudança nos hábitos desta população. Conclusão A parceria entre a comunidade local e a acadêmica favorece o desenvolvimento de ambas, melhoran120 Metodologia ativa no processo ensino-aprendizagem: trabalho de conclusão de período Apresentador: Manoel Brito-Júnior Autores: Manoel Brito-Júnior, Carla Cristina Camilo, Maria Cleonice Oliveira Nobre, Jussara Melo, Cássia Pérola dos Anjos Braga Pires, Simone de Melo Costa O Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) busca formar profissionais com conhecimentos e habilidades que permitam decidir e atuar com segurança na promoção da saúde. Busca-se desenvolver no graduando o interesse e capacidade de atualização, valendo-se de metodologias ativas no processo ensino-aprendizagem, desenvolvendo habilidades para auto-aprendizagem, pensamento crítico e iniciativa para solução de problemas. Desse modo, o Curso procura atender as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para formação profissional em Odontologia, ao compreender o acadêmico como sujeito de aprendizagem e o professor como facilitador desse processo. Nesse contexto, descreve-se o Trabalho de Conclusão de Período (TCP) que constitui um instrumento proposto pelo Curso de Odontologia da Unimontes para conclusão de disciplinas ao final de cada período letivo. O TCP objetiva: • desenvolver trabalhos científicos baseados em metodologia com critérios bem delineados; • incentivar as atividades de iniciação científica estimulando o pensamento crítico dos discentes; • favorecer a integração dos diversos períodos do curso valorizando a construção interdisciplinar do saber científico; • propiciar ao discente a oportunidade de apresentação de trabalhos científicos aprimorando sua capacidade de comunicação; • estimular a participação discente em seminários científicos e eventos afins na Unimontes e em outras Instituições de Ensino. A metodologia ativa adotada pelo TCP tem como estratégia desenvolver trabalhos científicos, semestrais, orientados por professores das disciplinas do 4º ao 9º períodos. O TCP é elaborado por grupos de quatro a cinco acadêmicos e pode ser apresentado Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) sob forma de relato de caso clínico, revisão de literatura, projetos e/ou resultados de pesquisa. Nas categorias “Revisão de literatura” e “Pesquisa” geralmente são abordados temas atuais ou que geram divergência de opiniões entre os pesquisadores. Na categoria “Caso Clínico” são apresentados casos documentados nas clínicas da Unimontes ou aqueles sugeridos pelo professor orientador. Essas situações clínicas devem apresentar certa originalidade com embasamento cientifico na literatura pertinente. A apresentação oral dos TCPs ocorre em Seminário Interdisciplinar com participação de acadêmicos e professores da Odontologia, sendo essas ações incorporadas no Projeto Político Pedagógico do Curso. A estratégia permite ao acadêmico elaborar e apresentar seis trabalhos científicos ao longo de sua graduação, além do trabalho do Internato Regional Integrado no 10º período, e não apenas um único trabalho no final do Curso, que muitas vezes é protelado e construído nos últimos dias da graduação. Concluise que o TCP contribui para aprendizagem significativa, uma vez que a escolha dos temas é feita com os acadêmicos, podendo partir da problematização da realidade. Além disso, propicia o conhecimento de métodos e técnicas de investigação e elaboração de trabalhos científicos propostos nas DCN para Odontologia. Projeto abrindo sorrisos: Odontologia como elo entre educação e saúde Apresentador: Santuza Maria Souza de Mendonça Autores: Santuza Maria Souza de Mendonça, Camilla Aparecida Silva de Oliveira, Cinthia Mara da Fonseca Pacheco, Leonardo Monteiro O Estágio Supervisionado em Saúde Pública do Curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva (CUNP) possibilita aos discentes do nono período conhecer a estrutura organizacional, administrativa, gerencial e funcional dos serviços públicos de saúde. Dentro desta perspectiva, também permite que o aluno trabalhe na Estratégia de Saúde da Família (ESF), modelo de assistência que propicia melhor atuação do profissional da saúde a partir do contato deste com a comunidade e suas famílias. Neste contexto, cabe aos estagiários avaliar o processo saúde-doença e planejar ações de saúde destinadas à população da área de abrangência da Unidade Bási- ca de Saúde (UBS) em que estagiam. O objetivo desse trabalho é descrever um programa de saúde bucal planejado e executado por alunos durante estágio na UBS São Jorge localizada na Regional Oeste da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). O Programa Abrindo Sorrisos iniciou-se no primeiro semestre de 2011 com público de 120 escolares de 6 a 9 anos que participavam do Programa Escola Integrada da PBH. O Programa Escola Integrada visa melhorar a aprendizagem por meio da ampliação da jornada educativa nas escolas municipais de Belo Horizonte. Entendese que a escola é um ambiente adequado para desenvolvimento de atividades em saúde bucal, por reunir crianças em idade propícia à adoção de medidas de educação e prevenção da saúde. Foram desenvolvidas diversas atividades lúdico pedagógicas com objetivo valorizar as práticas de higiene e de saúde na busca por melhor qualidade de vida. Procurou-se atingir o núcleo familiar através das crianças, acreditando que poderiam ser “vetores” dos bons hábitos. As atividades tinham como eixo principal a saúde bucal, ao mesmo tempo em que utilizavam outros setores como arte, cultura e educação, respeitando as habilidades e competências esperadas para a faixa etária trabalhada. Todas as atividades tiveram como base a educação problematizadora de Paulo Freire fundamentada na criatividade e no estímulo da reflexão sobre ações reais, bem como na capacidade de solucionar problemas em vez de armazenar conhecimentos. Dentre as atividades realizadas destacam-se oficinas, brincadeiras, exercícios, filmes, contação de histórias, concurso de desenhos, sendo que as crianças chegaram a construir de maneira coletiva um livro. O programa já apresenta resultados positivos. Percebe-se que as crianças demonstram curiosidade sobre a representação da boca em seu sentido físico, funcional e social, fazendo conexões deste órgão com o corpo e identificando sua importância para a saúde. As crianças atuaram como multiplicadores da informação adquirida dentro de seus núcleos familiares. A escola foi local de acolhimento, estabelecimento de vínculo e de atenção às necessidades básicas em saúde. O programa também favoreceu a parceria escola/UBS. Para os discentes graduandos, o Abrindo Sorrisos mostrou que a odontologia não deve atuar apenas através de atendimentos clínicos, é preciso ousar, entrar em contato íntimo e amplo com a população, buscando realizar uma saúde publica de qualidade. Revista da ABENO • 11(2)89-164 121 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Ensinar e aprender: metodologia Syllabus na odontologia Universidade Sagrado Coração Apresentador: Graziela de Almeida Prado Piccino Marafiotti Autores: Graziela de Almeida Prado e Piccino Marafiotti, Ilda Basso, Carolina Nunes Pegoraro, Claudia de Almeida Prado Piccino Sgavioli, Leila Maria Vieira, Marisa Aparecida Pereira Santos, Sara Nader Marta O trabalho apresenta o relato da analise realizada pelo grupo de pesquisa composto por professores do Curso de Odontologia e Coordenação Pedagógica dos Cursos de Graduação da Universidade do Sagrado Coração, Bauru/SP que acompanham o desenvolvido do Modelo Pedagógico Syllabus que, desde 2008, é aplicado com os estudantes ingressantes na graduação.O modelo está amparado à nova política de gestão escolar da Universidade e, o enfoque voltado para o planejamento e avaliação da disciplina e da aula, ocorrendo, concomitantemente, com o comprometimento de propostas sistematizadas em plano de ensino e de aula.O Plano de ensino prevê as atividades a serem realizadas pela disciplina e serve de roteiro dos conteúdos, objetivos, metodologia e avaliação para professores e estudantes no desenvolvimento dessas atividades. Esse documento é disponibilizado numa plataforma de ensino na web com acesso livre ao estudante e acompanhado o seu desenvolvimento pelo Coordenador do curso e pela Coordenação do Modelo Pedagógico Syllabus. O Plano de Aula efetiva o planejamento da aula e deve estar ajustado com os objetivos do Plano de Ensino. É oferecido previamente na plataforma de ensino com no mínimo três dias de antecedência da aula, a fim de que o estudante tenha percepção de como foi projetado o inicio, meio e o fim da aula. Além disso, contém orientações para um estudo dirigido, que será cobrado na aula rapidamente em forma de “quiz”, abordando o conteúdo para atingir os objetivos propostos. A estratégia da metodologia Syllabus é fazer com que o docente elabore seu planejamento visando estimular os estudantes a desenvolverem o hábito de preparar sua participação em cada aula, compreendendo e relacionando os conceitos básicos nela disponibilizados pelo professor. Visa também estimular as leituras individuais e desenvolvimento de habilidades para compreensão de textos, desenvolvimento da capacidade de pensar de uma manei122 ra reflexiva e crítica, contribuindo com suas opiniões e conclusões. A metodologia Syllabus também fomenta e incrementa a publicação de Material Didático pedagógico pelo corpo Docente da Universidade. Estações odontológicas: proposta informatizada de avaliação nas clínicas articuladas Apresentador: José Flávio Batista Gabrich Giovannini Autores: José Flávio Batista Gabrich Giovannini, Diele Carine Barreto Arantes, Geraldo Magela Pereira, Júnia Noronha Carvalhais Amorim, Santuza Maria Souza Mendonça A avaliação da competência dos estudantes em atividades desenvolvidas nas clínicas odontológicas representa um tópico crítico devido à dificuldade em mensurar o desempenho clínico dos mesmos. Para isso, é necessário o desenvolvimento de um sistema capaz de fornecer, de forma integrada, informações adequadas sobre as atitudes, habilidades e destrezas adquiridas pelos estudantes durante a aprendizagem em aulas clínicas. Como a competência clínica relaciona-se diretamente com a qualidade do atendimento prestado aos pacientes, as instituições de ensino têm a responsabilidade de avaliar adequadamente os discentes, de modo a graduar aqueles que demonstram habilidades e competências para praticar a Odontologia. Apesar da importância do processo avaliativo na formação profissional, a literatura sobre os aspectos metodológicos da avaliação dos discentes nos cursos de Odontologia é escassa. Este trabalho propõe um novo modelo de avaliação clínica dos discentes do curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva, baseado em um sistema de estações de avaliação. Em concordância com o projeto pedagógico do curso, foram desenvolvidas dez estações de avaliação que compreendem as habilidades relativas a cada período do curso. As estações definidas são: • exame clínico; • diagnóstico e planejamento integrais; • procedimentos preventivos; • procedimentos restauradores diretos; • procedimentos restauradores indiretos; • cirurgia bucal; • procedimentos ortodônticos; • tratamentos endodônticos; • prótese parcial fixa; Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) • prótese parcial removível; • prótese total. Em cada uma dessas estações são listados os critérios gerais e específicos a serem avaliados pelos docentes, que terão a seu dispor um sistema informatizado para lançamento imediato dos dados, permitindo a realização da avaliação em todas as clínicas. Os resultados ficarão disponíveis para os discentes para o monitoramento informatizado do seu desempenho e sua evolução, possibilitando os ajustes necessários para garantir um aprimoramento constante, em consonância com o perfil da geração Y. Esta proposta se enquadra dentro do modelo denominado avaliação contínua, uma prática que traz benefícios também para os docentes, que podem acompanhar o desenvolvimento dos discentes e do ensino ao longo do processo. Ferramenta diagnóstica do processo ensino-aprendizagem: uma estratégia de gestão educacional Apresentador: Geraldo Magela Pereira Autores: Geraldo Magela Pereira, Diele Carine Barreto Arantes, José Flávio Batista Gabrich Giovannini, Júnia Noronha Carvalhais Amorim, Santuza Maria Souza Mendonça D e acordo com as diretrizes curriculares preconizadas pelo MEC para os cursos de graduação em Odontologia, preconiza-se a formação de um cirurgião dentista com uma visão generalista, humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis de atenção à saúde. Idealmente, o curso de graduação em Odontologia deverá utilizar metodologias e critérios para acompanhamento e avaliação do processo ensino aprendizagem e do próprio curso, em consonância com o sistema de avaliação e a dinâmica curricular definidos pela IES a qual pertence. A articulação dos conteúdos e sua avaliação processual são de extrema importância. A maneira pela qual o curso poderia avaliar se o mesmo cumpre com essas metas é a criação de ferramentas que possibilitem o diagnóstico da eficácia de aplicação do seu projeto pedagógico. Para tal, a Comissão de Avaliação do Curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva, integrante do Núcleo Docente Estruturante, elaborou um instrumento para avaliação da evolução do desempenho dos discentes, de acordo com o perfil do projeto pedagógico do curso. Durante o processo de elaboração da ferramenta, os docentes foram mobilizados de forma a garantir a articulação dos diferentes conteúdos e níveis de complexidade nas questões. A ferramenta elaborada foi aplicada a todos os acadêmicos do curso. Essa ferramenta procurou abranger os diferentes momentos do curso, contemplando conteúdos de conhecimentos básicos, técnicos e articulados, através de questões que proporcionem memorização, análise de dados, elaboração de raciocínios, questões articuladas e outras. As questões foram elaboradas de forma a avaliar a evolução do desempenho dos discentes ao longo do curso, propiciando a percepção das fragilidades e potencialidades dos conteúdos trabalhados dentro da dinâmica curricular. Os resultados obtidos pela ferramenta elaborada pela Comissão de Avaliação foram apresentados aos docentes do curso, para reflexão sobre as potencialidades e fragilidades do processo ensinoa prendizagem. Através da análise dos resultados dessa ferramenta, observou-se uma apropriação gradativa e crescente dos conteúdos programáticos pelos discentes. Foi possível observar também que os conteúdos articulados trabalhados de forma contínua pelas disciplinas do curso estão sendo adequadamente apropriados pelos discentes. Os conteúdos trabalhados de forma isolada nas diferentes disciplinas apresentam-se como um ponto de fragilidade na estrutura curricular. Concluiu-se que a presente ferramenta possibilitou a construção de subsídios para o aperfeiçoamento do projeto pedagógico do curso, pretendendo-se aplicá-la anualmente aos acadêmicos do Curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva. Pretende-se que o Núcleo Docente Estruturante possa sugerir melhorias da dinâmica curricular, a serem normatizadas pelo Colegiado do curso. Disciplina de estágio extramuros – relevância para acadêmicos e comunidades Apresentador: Edward Werner Schubert Autores: Edward Werner Schubert, Celso Alfredo Schramm, Constanza Marín de Los Rios Odebrecht, Denise Vizzotto, Maria Dalva de Souza Schroeder, Nilza Cristina Valor Goncalves Wilhelmsem Introdução A “Disciplina de Estágio Extramuros” oportuniza Revista da ABENO • 11(2)89-164 123 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) aos alunos o conhecimento das dimensões dos serviços públicos e a compreensão das políticas de saúde bucal, bem como apresenta aos acadêmicos diferentes áreas de inserção do egresso do curso de Odontologia. A Disciplina de Estágios Extramuros do curso de graduação em Odontologia da UNIVILLE (Joinville, SC) divide-se em seis (6) módulos distintos: • Módulo “Ancionato Bethesda” (atenção aos idosos residentes e hospitalizados); • Módulo “Atenção Básica” (promoção de saúde bucal de alunos e adultos da comunidade do Jardim Paraíso); • Módulo “Centrinho” (atenção aos fissurados lábios-palatais no contexto multidisciplinar); • Módulo “Estratégia de Saúde da Família” (atenção a comunidade local e rural, reconhecendo dificuldades e promovendo saúde bucal para grupos com características específicas); • Módulo “Hospital Infantil” (atenção de promoção de saúde a crianças e adolescentes com internação prolongada e seus pais/cuidadores); • Módulo “Vila da Glória” (promoção de saúde bucal em bebês, escolares e adultos de uma comunidade isolada). Esta disciplina proporciona aos alunos uma experiência interdisciplinar tendo como foco o convívio do aluno com a comunidade, apresentando seis diferentes possibilidades de atuação do Cirurgião Dentista, além de prestar atendimento preventivo e curativo às comunidades envolvidas. Objetivo Sensibilizar e proporcionar aos estudantes critérios sobre a realidade socioeconômica que envolve o cuidado e a assistência as necessidades de saúde bucal de pacientes com diferentes características étnicas, culturais e sócio-econômicas, desenvolvendo assim potenciais reflexivos que os conduzam ao diagnóstico e tratamento de acordo com a realidade local encontrada. Estimular o interesse dos estudantes pelos problemas de saúde das comunidades e motivá-los para saúde pública, em diferenciadas formas de atuação. Metodologia Este é um relato, baseado nas atividades desenvolvidas pelos acadêmicos em cada módulo. Os atendimentos são planejados de acordo com as características específicas da comunidade onde o módulo atua, e são realizados por uma equipe de alunos. A cada bimestre, estas equipes atuam em um diferente 124 módulo. As atividades realizadas são de promoção de saúde bucal, visitas domiciliares, reconhecimento das necessidades odontológicas, atendimento restaurador e protético. Trata-se ainda de um ambiente propício ao desenvolvimento de estudos odontológicos pelo acompanhamento dos resultados da atuação odontológica, permitindo trabalhos de levantamento epidemiológico, comportamento odontológico de comunidades específicas e ainda de observação do desempenho clínico de materiais restauradores. Todas as atividades desta disciplina estão baseadas na prestação de serviços odontológicos às comunidades, na sua localidade de origem, ambientados pelos problemas socioeconômicos e a realidade local. Resultados As atividades desta disciplina atuam como um fator modificador das comunidades onde os módulos estão inseridos, aumentando o convívio social, humano, e efetivamente melhorando a saúde bucal do grupo assistido. Aos alunos oferece uma visão diferenciada da odontologia, mesclando o espírito de atendimento humanitário com a realidade da saúde pública brasileira, apresentando diferentes vieses da atuação do Cirurgião Dentista. Conclusão A vivência da odontologia fora do campus universitário, despertou nos acadêmicos um compromisso com a saúde bucal coletiva, capacitando-os no atendimento às reais necessidades da comunidade, contribuindo assim nas ações promotoras e recuperadoras da saúde bucal, no nível social e humano das populações. Formar para o mundo do trabalho: a Odontologia da USS Apresentador: Frederico dos Reis Goyatá Autores: Frederico dos Reis Goyatá, Marcos Alex Mendes da Silva, Maria Cristina Almeida de Souza, Sileno Correa Brum O objetivo deste trabalho foi relatar os avanços da experiência vivenciada pelo curso de Odontologia da USS, ao reelaborar sua matriz curricular, incentivada pelas reflexões trazidas pelas propostas do Programa Nacional de Reorientação Profissional em Saúde (Pró-saúde), que privilegiam a formação em serviço e a aproximação contínua do acadêmico com mundo do trabalho. O curso promoveu uma readequação curricular em sua matriz, no sentido de valorizar a interdisciplinaridade no processo forma- Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) tivo e a atenção primária à saúde (APS), como norteador da formação acadêmica. Na nova matriz curricular os conteúdos foram diluídos conforme o seguinte desenho operacional: • Os alunos ingressantes trabalharam o conteúdo sobre a evolução do processo saúde/doença e os modelos explicativos, com visita às unidades de saúde da família (USF) - 1º período; • Os alunos do 2º período trabalharam o conteúdo relacionado à bioética e sua aplicabilidade no contexto dos serviços de saúde; • Os alunos do 3º período trabalharam o conteúdo de promoção e educação em saúde bucal desenvolvido nos grupos operativos adscritos às USF; • Os alunos do 4º período trabalharam a epidemiologia das doenças bucais na identificação dos problemas mais prevalentes, orientando o planejamento local em saúde bucal nos mesmos espaços; • Os alunos do 5º período trabalharam com o conteúdo das políticas públicas de saúde e a organização gerencial de rede de serviços local, a partir do diagnóstico elaborado no período anterior. A partir do 5º período (incluindo 6º, 7º e 8º) os alunos vivenciaram na Estratégia Saúde da Família os conteúdos apreendidos nos módulos anteriores (do 1º ao 5º), de forma interligada e com as práticas interdisciplinares em equipe multiprofissionais, no formato de estágio supervisionado. Verificou-se grande aproveitamento na rede de serviços públicos dos egressos das primeiras turmas que tiveram sua formação balizada pela distribuição ininterrupta da APS durante o período de formação, conferindo ainda melhora na qualidade desses serviços. O conteúdo de APS perpassando toda a formação levou a um maior envolvimento dos acadêmicos com os serviços de saúde e destes com a própria instituição de ensino no diagnóstico, planejamento, execução e monitoramento das ações de saúde bucal. Concluiu-se que o incentivo do Pró-saúde na readequação curricular melhorou a qualidade da formação acadêmica, tornando os egressos do curso mais preparados para enfrentar os desafios da prática profissional no SUS e impactando a qualidade das ações prestadas à população. Perfil profissional dos cirurgiõesdentistas formados pela FOAUNESP Apresentador: Rosana Leal do Prado Autores: Suzely Adas Saliba Moimaz, Tânia Adas Saliba Rovida, Cléa Adas Saliba Garbin, Rosana Leal do Prado, Nemre Adas Saliba Objetivo Traçar o perfil do cirurgião-dentista, com base em dados sociodemográficos, formação pós-graduação e verificar sua inserção no mercado de trabalho. Metodologia Esta pesquisa contou com a participação de profissionais formados na Faculdade de Odontologia de Araçatuba (FOA/UNESP), no período entre os anos de 2000 a 2010. Foi adaptado um instrumento já testado, contendo 36 questões abertas e fechadas cujas variáveis foram: • idade, • gênero, • estado civil, • formação pós-graduação, • inserção profissional e • renda declarada. Foram enviados pelo correio e/ou email questionários para 1047 cirurgiões-dentistas egressos da Instituição de Ensino Superior. Tanto os endereços residenciais como eletrônicos foram obtidos junto a Divisão Técnica Acadêmica. Os dados coletados foram processados com o uso do aplicativo EPI INFO 3.5.2. Resultados Retornaram 189 dos 1047 questionários enviados. Em relação ao gênero 65,6% eram mulheres e 28% eram homens. A média de idade foi de 29,1 anos, variando entre 22 e 41 anos, sendo que 68,6% declararam-se solteiros. Em relação à formação pós-graduação, 58,3% realizaram curso latu sensu, sendo ortodontia o mais frequente (35,2%), porém, 72,1% dos especialistas declararam não atender exclusivamente em sua especialidade. Em relação à formação stricto sensu, 20,9% dos egressos cursaram mestrado, enquanto que 12,1% doutorado. Quando considerado o porte populacional da cidade em que atuam, 70,4% relataram trabalhar em cidades com mais de cem mil habitantes. Do total de respondentes, 31,2% declararam renda entre 1000 e 2000 reais, 34,1% entre 2001 e 4000 e 15,9% entre 4001 e 6000 reais, havendo relatos de profissionais “pagando para tra- Revista da ABENO • 11(2)89-164 125 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) balhar”; 37,7% responderam não ter conseguido comprar qualquer bem móvel ou imóvel com proventos advindos no exercício da odontologia; 54,3% declararam-se pouco satisfeitos quanto a remuneração alcançada. Quanto ao número de horas semanais despendidas com o exercício da odontologia a média foi de 35,25, sendo o limite superior de 75 horas por semana. Em relação à modalidade em que estão desempenhando a profissão, 57,7% declararam-se autônomos, 32,3% trabalhando por porcentagem, 15,9% dentistas do serviço público e 30,7% declararam dedicar-se a mais de uma modalidade. Quando questionados se atendiam algum convênio, 53% afirmaram que atendem e destes 93,1% demonstraramse insatisfeitos quanto ao valor pago por estes. Conclusão Houve predomínio do gênero feminino e estado civil solteiro no número de cirurgiões dentistas formados pela FOA-UNESP. Grande parte dos profissionais tem buscado realizar formação complementar, especializando-se em alguma área, porém mesmo tornando-se especialistas, continuam a atuar em outras áreas da odontologia que não a sua. Parcela considerável dos profissionais declararam pouca satisfação com a renda alcançada. Continua havendo concentração de profissionais em cidades de médio/ grande porte e predomínio de atuação na modalidade autônomo. Comitê de ética: 2007-02463. Experiências do Estágio Curricular I: uma aproximação da realidade local Apresentador: Janete Maria Rebelo Vieira Autores: Janete Maria Rebelo Vieira, Ary de Oliveira Alves Filho, Janaína Silva Martins Humberto, José Eduardo Gomes Domingues, Nilza Regina Rebelo Padilha, Pollyanna Oliveira Medina, Maria Augusta Bessa Rebelo A disciplina Estágio Curricular I da Faculdade de Odontologia - FAO da Universidade Federal do Amazonas - UFAM busca desenvolver práticas de promoção de saúde e prevenção de doenças bucais junto à população urbana e rural do Estado Amazonas em diferentes contextos. No primeiro semestre do ano, os acadêmicos matriculados na disciplina são divididos entre módulos, a saber: • municípios do estado do Amazonas (Benjamin Constant, Parintins, Itacoatiara), 126 • Unidades Básicas Saúde da Família em Manaus, • comunidade da periferia de Manaus, • ambulatório da FAO, • Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas - HEMOAM e • Hospital Universitário Francisca Mendes - HUFM. A seleção dos locais segue a lógica de ter convênios, parcerias e a presença de Campi da UFAM nos municípios. A cada 28 dias, os acadêmicos trocam de módulo, tendo a oportunidade de passar por todas as experiências. Nos municípios do Amazonas são desenvolvidas atividades de palestras nas diversas unidades de saúde e atendimentos ambulatoriais para os diferentes segmentos da população, bem como realizam escovação supervisionada e aplicação tópica de flúor em crianças. Nas unidades de Saúde da Família acompanham as Equipes de Saúde Bucal - ESB nas visitas as famílias, realizam palestras em diversos espaços sociais da comunidade, atendimento ambulatorial nos diferentes ciclos de vida, escovação supervisionada e aplicação tópica de flúor. Nos lugares que não havia ESB, os alunos acompanham os Agentes Comunitários de Saúde - ACS, bem como trocam informações com esses agentes sobre saúde bucal, já que os mesmos são multiplicadores de ações primárias/básicas para a população. Na comunidade (periferia da zona Norte do município de Manaus) trabalha-se com crianças até 14 anos de idade (espaço igreja católica), desenvolvendo atividades como: • palestras, • atividades lúdicas, • escovação supervisionada e • aplicação tópica de flúor em crianças com atividade de cárie. As crianças com outras necessidades odontológicas são encaminhadas a Casa de Saúde Nossa Senhora do Carmo, mantida por meio de projetos de extensão da FAO e voluntariado. No ambulatório da FAO os acadêmicos desenvolvem atividades de monitores em diversas disciplinas clínicas (cariologia, clínica integrada, odontopediatria, endodontia e cirurgia bucal) e atendimento de urgência. No HEMOAM e HUFM têm atendimento clínico, visita a enfermaria e apresentação de seminário sobre os temas pertinentes a área de hematologia e pacientes portadores de cardiopatias. A proposta de levar os acadêmicos para vivenciar a realidade local em diferentes contextos leva-os a refletir sobre os diversos fatores que interferem no processo saúde-doença e do processo de Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) trabalho que irão vivenciar após a conclusão da graduação, estimulando-os a compreender as diversidades culturais e peculiares de cada localidade. Percepção de estudantes acerca dos estágios supervisionados no curso de odontologia Apresentador: Franklin Delano Soares Forte Autores: Talitha Rodrigues Ribeiro Fernandes Pessoa, Ricardo Dias de Castro, Cláudia Helena Morais Soares de Freitas, Franklin Delano Soares Forte, Sirlei Vaz de Freitas, Gabriela Lacet S Ferreira O s estágios supervisionados no curso de Odontologia são componentes curriculares preconizados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais indispensáveis para a formação do prof issional generalista, humanista, crítico e reflexivo e que tenha capacidade de tomada de decisão e ação de acordo com as necessidades da população. Muitos desafios são postos na estruturação dos estágios supervisionados, tais como a integração ensino-serviço, os campos de atuação, a organização e interação dos estágios com os demais componentes curriculares. Sendo o estágio supervisionado um componente curricular estrutural e transversal em todos os períodos do curso de Odontologia da Universidade Federal da Paraíba, o presente trabalho objetivou avaliar a percepção de estudantes sobre a importância dos estágios para a formação e para o serviço. Foi utilizada a abordagem qualitativa a partir da técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin. Para a obtenção do material para análise, foram realizadas entrevistas utilizando questionários semi-estruturados com 20 estudantes sortedos aleatoriamente do segundo ao décimo períodos do curso, sendo pelo menos dois estudantes de cada período. As entrevistas foram gravadas e transcritas e a análise do conteúdo realizada em três etapas: • pré análise, • exploração do material (codificação e categorização) e • inferência e interpretação dos resultados. Os principais resultados apontam que a contribuição dos estágios para a formação se dá principalmente pelo contato e vínculo com a população e pelo conhecimento e vivência no SUS. Os estudantes acreditam que a inserção do estágio supervisionado pro- porciona novas estratégias para o serviço de saúde e potencializa a educação permanente dos profissionais. As principais sugestões de mudança foram de ordem organizacional, de desenvolvimento de competências e habilidades em campo e de realização de avaliação do impacto das atividades. Portanto, os estágios supervisionados em Odontologia são compreendidos por estudantes de forma a contribuir significativamente com a sua formação, com a população, com a educação permanente dos profissionais do serviço e com o SUS. A importância do outro na formação profissional em Odontologia Apresentador: Patricia Valeria Bastos Faria Pecoraro Autores: Pecoraro pvbf, Silva Mam, Mendes CAJ A interdisciplinaridade emerge na formação em saúde como estratégia que agrupa diferentes campos do conhecimento na solução e resposta às múltiplas necessidades apontadas pela população e confere aos acadêmicos a possibilidade de interação com outras realidades formativas. Seguindo as Diretrizes Curriculares Nacionais, a Faculdade de Odontologia de Valença, do Centro de Ensino Superior de Valença/FAA, em um processo de diversificação de cenário de aprendizagem, idealiza e implanta um Programa de Atenção Integral à Saúde Bucal para Escolares no município e com a participação dos acadêmicos do curso de Medicina, que de forma conjunta, busca conhecer os fatores intervenientes que comprometem a saúde do educando, e consequentemente a aprendizagem escolar. Os alunos dos dois cursos acompanham os 240 alunos matriculados na escola municipal Fernando de Oliveira Castro, com exames clínicos para diagnóstico e plano de tratamento; em seguida os tratamentos são realizados com a utilização da unidade móvel da mantenedora dos cursos, supervisionados pelos professores das respectivas áreas, e encaminhados, quando necessário para as clínicas da Faculdade de Odontologia e para os ambulatórios médico e odontológico do Hospital Escola Luiz Gioseffi Jannuzzi - HELGJ, onde os acadêmicos acompanham os alunos do ensino fundamental durante todo seu tratamento. Os resultados apontam a formação de alunos aptos a atuarem em rede, com reflexões conjuntas sobre os diferentes saberes que a interdisciplinaridade proporciona, com maior qualidade para Revista da ABENO • 11(2)89-164 127 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) atenção à saúde prestada ao núcleo escolar. Conclui-se que o compromisso com a formação profissional em Odontologia atualmente envolve construir coletiva e interdisciplinarmente os conhecimentos, o que permite ao acadêmico compreender seus pacientes em suas múltiplas necessidades e atendê-los na complexidade de suas demandas. Utilização de vídeo na composição do portfólio reflexivo Apresentador: Sileno Corrêa Brum Autores: Sileno Correa Brum, Rodrigo Simões de Oliveira, Elaine de Sá Chaves, Carla Cristina Neves Barbosa A s Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia apontam para a formação de profissionais com habilidades e competências ampliadas onde a necessidade de adoção de estratégias diferenciadas no processo ensino aprendizagem se faz presente. A inserção de acadêmicos do curso de odontologia da USS, na rede de serviço municipal de saúde vem sendo intensificada de forma a permitir total apreensão e vivencia da dinâmica das unidades de saúde. O curso de odontologia tem como estratégia de acompanhamento, intervenção e avaliação, a utilização do portfólio reflexivo, onde os registros da vivência experimentada a cada semana tornam-se fonte de dados relevante e necessária ao redirecionamento constante das ações e atividades. Com o objetivo de inserir outros componentes na forma de registro das experiências, foi planejada para os acadêmicos da disciplina de estágio supervisionado II, sexto período, atividade denominada “Minha unidade em cinco minutos”, onde cada grupo, com no máximo quatro integrantes recebeu como tarefa, a produção de um vídeo, com roteiro livre onde fosse retratada a unidade de saúde em que estão atuando no semestre. Os recursos técnicos foram simplificados de forma que os registros de imagem foram obtidos por meio de câmeras fotográficas digitais, com função vídeo, e o envolvimento dos preceptores e auxiliares foi espontâneo sem que houvesse determinação da forma de participação de cada integrante. No prazo indicado a tarefa foi recebida como parte das avaliações, cada grupo entregou um cd com o material produzido e o mesmo foi analisado pela disciplina, como um dos componentes da avaliação periódica. A produção dos alunos surpreendeu, principalmente pela recepção um tanto refra- 128 tária inicialmente, revelando-se em excelente forma de trabalho. A união do material escrito com o vídeo proporcionou maior riqueza de detalhes e compreensão da integração e afetividade, do acadêmico com sua unidade de estágio. A associação de emoção às palavras utilizadas nos relatos imprimiu maior possibilidade de análise ampliada, onde os sentidos, que fazem parte da vivência e experiência tomam forma. Concluiu-se que a inclusão da produção de vídeo como forma de registro de experiência é favorável e a sua utilização em outros conteúdos além do estágio supervisionado pode contribuir para a reflexão conjunta discente/docente quanto às atividades desenvolvidas e seu formato. Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade UNIPLAC: a preceptoria da saúde bucal Apresentador: Mirian Kuhnen Autores: Mirian Kuhnen, Igor Fonseca dos Santos, Tatiane Muniz Barbosa A Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade - UNIPLAC iniciou em 2009 e encerrou suas atividades em março de 2011. Teve como objetivo geral formar profissionais da saúde capacitados para desempenhar práticas assistenciais, de gestão e de cuidados baseadas no modelo sanitário brasileiro, o Sistema Único de Saúde, a partir da integração ensino-serviços, atuando de forma interdisciplinar e multiprofissional na Estratégia da Saúde da Família, em parceria com a Secretaria de Saúde Municipal de Lages, SC. Objetivo Descrever as potencialidades e fragilidades da experiência vivida na preceptoria dos residentes cirurgiões-dentistas. Metodologia Relato de caso e análise documental dos relatórios. Resultados a inserção dos preceptores de saúde bucal aconteceu na semana típica (ciclos gerais e específicos), nos estágios, na educação permanente e orientação de trabalho de conclusão de curso. Questões de aprendizagem foram problematizadas pelo grupo a partir da vivência no serviço. Eixos temáticos trabalhados: • saúde coletiva, relativo ao SUS, Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) • práticas profissionais, • gestão e • organização do trabalho e pesquisa. Percebe-se que saúde bucal ainda apresenta resistências enquanto espaço de discussão multiprofissional, quanto a formação de recursos humanos a maior fragilidade é na gestão do serviço, na efetivação de uma proposta de levantamento epidemiológico e, ainda no predomínio do modelo biomédico quanto a dependência do consultório odontológico para atuar. A contribuição da acadêmia para a pesquisa é um ponto forte, com contribuição para gestão local na organização dos serviços por possibilitar repensar a prática do serviço; ações de promoção e prevenção em saúde bucal ampliadas, bem como a educação em saúde conquistada através do vínculo com a comunidade. O entendimento do SUS baseado no método ação-reflexa-ação é a maior contribuição da residência na formação dos profissionais em saúde bucal. o papel social de uma Instituição de Ensino. Os alunos vivenciam a possibilidade de tratamento à maioria dos pacientes a nível ambulatorial, sem a necessidade de encaminhá-los para procedimentos sob anestesia geral. Quando esta necessidade se faz presente existe a oportunidade de acompanharem através de extensão, a equipe de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, no Hospital Escola Luiz Gioseffi Jannuzzi. Foi também desenvolvido pelos alunos um manual de orientação aos cuidadores sobre facilitadores para a realização da higiene oral e ao término do período letivo se mobilizam para uma confraternização com todos os atores envolvidos. Desta maneira, a FOV tem preparado seus acadêmicos para a humanização do atendimento odontológico em consonância com a Política Nacional de Humanização nos Serviços de Saúde (PNH) e com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), estando aptos a pensarem em saúde bucal que seja acessível a qualquer paciente. Ensinando a cuidar de pacientes em necessidades especiais: uma experiência da FOV Avaliação longitudinal das atividades do Pró-Saúde pelo estágio extramuro FOP-UNICAMP Apresentador: Monique Ferreira e Silva Autores: Silva Mf, Maia Mpc, Pecoraro Pvbf, Condé Sap Apresentador: Luísa Helena do Nascimento Tôrres Autores: Luísa Helena do Nascimento Tôrres, Rosana Prada Semeghini, Cristina Gibilini, Fábio Luiz Mialhe, Antonio Carlos Pereira, Marcelo de Castro Meneghim, Maria da Luz Rosário de Sousa Conclusões O atendimento a pacientes em necessidades especiais ainda é um desafio para grande parte dos cirurgiões dentistas, existindo a preocupação em preparar o aluno de Odontologia para esta especialidade. A Faculdade de Odontologia de Valença - RJ, há 22 anos desenvolve a abordagem a esse atendimento, através do ensino, pesquisa e extensão, com finalidade de promover, recuperar e manter a saúde bucal desses pacientes. No ano de 2007 foi instituída na grade curricular a disciplina de Clínica Integrada em Pacientes Especiais, antes oferecida como parte integrante da disciplina de Clínica Integrada da Criança e do Adolescente. Isso possibilitou a ampliação dos conteúdos teórico/prático, através de atividades preventivas e clínicas aos pacientes e responsáveis/cuidadores. Os anos de experiência a esse tipo de atendimento revela grande receptividade e envolvimento dos discentes e dos pacientes com todas as atividades propostas, num atendimento integrado a pacientes de várias idades, com diferentes condições especiais, de Instituições como CIMEE e APAE da cidade de Valença e oriundos das regiões vizinhas, cumprindo O objetivo deste estudo foi verificar o impacto dos procedimentos desenvolvidos pelos alunos de Odontologia no estágio extramuros da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP-UNICAMP) quanto à experiência de cárie de escolares do município de Piracicaba entre 2008 a 2010. O estágio extramuro realizado pelos formandos em odontologia compreende atividades educativas/preventivas e curativas que são realizadas em dois momentos visando o desenvolvimento de habilidades através do trabalho em diferentes cenários. Um corresponde ao acompanhamento e participação em atividades das Unidades de Saúde da Família do município e o outro ao atendimento clínico de escolares de 1ª a 4ª série matriculados em escolas municipais de ensino fundamental de Piracicaba atendidos através do Projeto Sempre Sorrindo, parceria entre a Prefeitura do Município de Piracicaba, uma empresa do ramo siderúrgico e Revista da ABENO • 11(2)89-164 129 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) a FOP. No início de cada ano é realizado um levantamento epidemiológico para a identificação das crianças acometidas pela cárie dentária em dez colégios municipais, utilizando-se os índices de cárie (ceod para dentição decídua e CPOD para dentição permanente). Após a identificação das crianças com necessidade de tratamento, através da integração entre as instituições e planejamento das atividades escolares e odontológicas, faz-se um agendamento onde as mesmas são atendidas pelos graduandos da FOP que realizam procedimentos clínicos com supervisão de profissionais da rede pública de saúde com vasta experiência em Atenção Básica. Os procedimentos incluem tratamento restaurador, endodôntico, periodontal, cirúrgico, fluorterapia, e aplicação de selante, sendo que há o incentivo às discussões dos casos clínicos. Para este estudo, aprovado pelo Comitê de Ética da FOP-Unicamp (077/2010), utilizou-se dados de escolares de três escolas do município entre os anos de 2008 a 2010. Ao total 82 escolares foram atendidos na clínica do estágio extramuros sendo que destas 12 vieram por três anos consecutivos e 70 foram atendidos em dois dos três anos avaliados. Em 2008 a média do CPOD foi de 0,25, em 2009 de 0,38 e em 2010 de 0,36 e do ceod de 2,74, 1,86 e 2,56 respectivamente. Considerando os escolares que foram atendidos os três anos seguidos (n = 12), a experiência de cárie na dentição decídua reduziu 44,73%, sendo que houve aumento na da dentição permanente. Durante os três anos, dos 82 escolares atendidos 79 dentes foram retratados, o que inclui tratamento endodôntico, nova restauração ou exodontia e entre as 12 crianças que retornaram nos três anos seguidos, 25 dentes foram retratados. O aumento do CPOD e a diminuição do ceod de 2008 a 2010 revela que novas medidas de atenção à saúde devam ser planejadas em conjunto não só com as escolas mas também com as famílias. A grande quantidade de dentes refeitos pelos alunos da FOP sugere a necessidade de serem revistos alguns itens relacionados à técnica, indicação/diagnóstico e/ou material. O fato de 12 escolares apresentarem necessidade de tratamento durante três anos seguidos e aumento do CPOD mesmo na presença de atividades educativas/preventivas pode sugerir que estes representam o grupo que concentra as maiores necessidades e medidas específicas devem ser traçadas para este grupo. Apoio Pró-Saúde 130 O cirurgião-dentista egresso da Residência Multiprofissonal em Saúde da Unimontes Apresentador: Carlos Alberto Quintão Rodrigues Autores: Carlos Alberto Quintão Rodrigues, Fabrícia Vieira de Matos, Marília Borborema Rodrigues Cerqueira, Anderson Wesley Medeiros Silva, Júlia de Castro Vieira Veloso A Residência Multiprofissional em Saúde constitui-se como modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu destinada às profissões da saúde, sob a forma de curso de especialização caracterizado por ensino em serviço. Trata-se da formação de profissionais qualificados para a assistência à saúde da população e para a reorganização do processo de trabalho em saúde na direção dos princípios e diretrizes constitucionais do Sistema Único de Saúde SUS. O Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família (PRMSF) do Hospital Universitário Clemente de Faria, da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, oferta vagas para Cirurgiões-dentistas há seis anos. O presente estudo, que foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Unimontes sob o parecer Nº 1.959, propõe apresentar o perfil e a inserção no mercado de trabalho do Cirurgião-dentista egresso do PRMSF da Unimontes. Os participantes responderam ao estudo através de um questionário disponibilizado no sítio eletrônico da Estação de Pesquisa da Unimontes durante os meses de fevereiro e março de 2011. O acesso ao questionário se deu através de códigos identificadores enviados para o correio eletrônico de cada egresso da Residência. Dos 35 Cirurgiões-dentistas egressos, 33 aceitaram participar do estudo, sendo estes: • 66,7% do sexo feminino; • 81,8% com até 34 anos de idade; • 90,9% com domicílio no município de Montes Claros, onde realizaram a Residência; • 72,7% atuam na Estratégia Saúde da Família deste município; • 78,8% estão vinculados ao emprego por contrato de prestação de serviço; • 54,5% recebem até seis salários mínimos como remuneração; • 66,7% relataram aumento nos rendimentos após o término do curso; • 27,3% atuam em docência na área de saúde; • 51,5% continuaram os estudos após a conclusão da Residência, dos quais 29,4% cursaram o Mes- Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) trado Profissional em Cuidados Primários em Saúde; • 97% consideram como importante ou muito importante o conhecimento adquirido na Residência; • 91% avaliaram como bom, ótimo ou excelente o nível de satisfação com o Programa; • 84,8% informaram que a sua prática profissional é muito ou totalmente influenciada pela formação adquirida no curso; e • 87,9% relataram não apresentar dificuldade no desempenho profissional após terem finalizado a Residência. Conclui-se que a maioria dos Cirurgiões-dentistas egressos deste Programa continua atuando junto à Estratégia Saúde da Família, apresentou aumento nos rendimentos após o término do curso, considerou importante o conhecimento adquirido na Residência, ficou satisfeita com o Programa cursado, tem a prática profissional influenciada pela formação adquirida e não apresenta dificuldade no desempenho profissional. Assim, o PRMSF do Hospital Universitário Clemente de Faria, da Unimontes, possui um papel importante na formação de recursos humanos especializados na área de Atenção Básica / Saúde da Família do Município de Montes Claros e região Norte de Minas Gerais. Apoio para o estudo Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde - ROREHS; Ministério da Saúde; e Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS. Especialização em Saúde da Familia unasus/unifesp – experiência de ensino à distância multiprofissional Apresentador: Ricardo S Navarro Autores: Ricardo S Navarro, Denise C Abranches, Ricardo N Fonoff, Giuliano SI Cossolin, Lais H Ramos, Monica P Ramos, Alberto Cebukin, Daniel Almeida, Gisele Garbe, Rita M L Tarcia, Ana Estela Haddad, Eleonora Menicucci de Oliveira O objetivo do presente trabalho será mostrar o modelo pedagógico do Curso de Pós-graduação Lato sensu - Especialização em Saúde da Família da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP e Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde - UNA- SUS. O curso é oferecido na modalidade à distância, a partir de uma cooperação entre o Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde e a UNIFESP, para profissionais das equipes do Programa de Saúde da Família: médicos, enfermeiros e dentistas. O curso tem duração anual e será ministrado para três turmas, totalizando 4000 profissionais, dentro de um ambiente virtual (plataforma moodle) utilizando de objetos de aprendizagem em EaD, sob a orientação de tutores das áreas profissionais envolvidas com experiência das práticas da realidade da Estratégia da Saúde da Família. O modelo pedagógico utilizado no curso apresenta caráter inovador e exclusivo na universidade, devido à amplitude da proposta, com valorização da atenção primária, uso de tecnologias da informação e comunicação, modalidade à distância, integração multiprofissional. No desenho pedagógico são utilizadas situações de aprendizagem ou casos complexos da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade (SBMFC), que foram adaptados e reestruturados pela coordenação Odontológica com a inserção de conteúdos da realidade Odontológica dentro da Estratégia de Saúde da Família (ESF). A partir dos casos complexos é desenvolvido material didático por autores conteudistas, profissionais que aliam o conhecimento acadêmico com as práticas da ESF. A organização didática dos casos complexos é dividida em: • Descrição do caso ou problemática, • Referencial teórico ou detalhamento do conteúdo, • Atividades ou tarefas, • Fórum de discussão para tomada de decisão ou dúvidas específicas e material complementar. O material é sempre finalizado por um integrador que tem o papel de sintetizar o tema principal e manter o caráter multiprofissional de cada situação de aprendizagem proposta, para posteriormente ser preparado por equipe de web designers com os diferentes recursos tecnológicos, sempre sob a supervisão da equipe pedagógica e coordenação. Por ser um curso que esta ocorrendo em todo o país, simultaneamente em diferentes Universidades Federais, há uma troca de experiências, material didático, vídeos, dentro da realidade da ESF de cada região brasileira, tendo como suporte aos objetos de aprendizagem a rede da Telessaúde Brasil e Plataforma Arouca. O modelo proposto visa o desenvolvimento de competências para uma atuação multiprofissional dentro da filosofia da ESF, tornando o profissional cirur- Revista da ABENO • 11(2)89-164 131 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) gião-dentista capaz de trabalhar em equipe e permitir de forma efetiva e embasada uma tomada de decisão dentro de uma visão integrada e sistêmica do individuo na atenção básica e saúde da família. Estudo longitudinal de 5 anos de trabalhos de conclusão do curso de Odontologia da UNIME Apresentador: Viviane Maia Barreto de Oliveira Autores: Viviane Maia Barreto de Oliveira, Ana Isabel Fonseca Scavuzzi, Ana Carla Ferreira Carneiro Rios, Carolina Baptista Miranda O s Trabalhos de Conclusão do Curso de Odontologia (TCC) fazem parte das exigências das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Odontologia. No artigo 12 da Resolução CNE/CES 03 de 2002 lê-se: “para a conclusão do Curso de Graduação o aluno deverá elaborar um trabalho sob orientação do docente”, entretanto a resolução não deixa claro como deverão ser elaborados estes trabalhos bem como o tipo de trabalho apresentado. Desta forma, o Curso de Odontologia da UNIME optou pela escrita na forma de artigo científico nas mais diversas áreas da Odontologia, sendo possível elaborar um artigo original, uma revisão de literatura ou um relato de caso. Após 5 anos de trabalho, o objetivo deste estudo foi avaliar a produção dos TCCs do Curso de Odontologia da UNIME, avaliando o perfil dos trabalhos elaborados entre os anos de 2007 a 2011. Todos os trabalhos apresentados neste período foram tabulados e classificados em Pesquisa, Revisão ou Relato e as áreas das especialidades foram verificadas de acordo com o tema de cada trabalho. Foram apresentados 248 trabalhos, sendo 28 (11,29%) pesquisas, 96 revisões (38,7%) e 121 relatos de caso (48,79%). As especialidades de Cirurgia/Estomatologia e Dentística foram as mais frequentes na escolha do aluno para a elaboração de trabalhos. Pode-se perceber, a partir destes dados que a apresentação de trabalhos originais representa um percentual ainda pequeno na Instituição, possivelmente pela dificuldade de obtenção de auxílio pesquisa na região Nordeste e da falta de equipamentos que possibilitem a elaboração destes estudos e que as disciplinas práticas em contato mais inicial durante o Curso são selecionadas com mais frequência. 132 Prática interdisciplinar na graduação da USP - Ribeirão Preto: possibilidades Apresentador: Mariana Silva e Souza Autores: Mariana Silva e Souza, Larissa Gabrielle Ramos, Marlívia Gonçalves de Carvalho Watanabe, Janete Cinira Bregagnolo, Maria da Gloria Chiarello de Mattos, Silvia Matumoto, Maria José Bistafa Pereira, Vânia dos Santos, Regina Yoneko Dakuzaku Carretta, Carmen Lucia Cardoso, Maria do Carmo Gullaci Guimarães Caccia-Bava A abordagem interdisciplinar e o trabalho em equipe multiprofissional raramente são explorados pelas instituições de graduação, o que resulta, nas equipes de saúde, em ações isoladas de cada profissional, com sobreposição e fragmentação do cuidado. A interdisciplinaridade, que respeita o território de cada campo de conhecimento, cria condições para o cuidado integrado por meio de uma abordagem que questiona as certezas e estimula a permanente comunicação horizontal entre os profissionais. A proposta de trabalho em equipe presente nas diretrizes curriculares para formação profissional em saúde, nas diretrizes do Sistema Único de Saúde - SUS e nas políticas públicas de saúde e educação, como o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde e o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde, destina-se a elevar a qualidade do trabalho e da formação de recursos humanos. Em 2008, a USP - Campus Ribeirão Preto e a Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto - SMS-RP iniciaram sua participação no PET-Saúde, com um projeto envolvendo os cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição, Odontologia e Terapia Ocupacional. A primeira versão do projeto contou com cinco grupos tutoriais, sendo que em 2010 esse número aumentou para sete, incluindo, no total, duzentas e cinqüenta e nove pessoas, entre docentes, profissionais e estudantes, distribuídos em cinco unidades de ensino superior e treze unidades de saúde. O objetivo deste trabalho é verificar a possibilidade de desenvolvimento de práticas interdisciplinares nos cursos de graduação em saúde do Campus da USP em Ribeirão Preto. Neste contexto, fez-se o levantamento dos horários das disciplinas dos cursos de graduação em saúde da Universidade de São Paulo - Campus de Ribeirão Preto, integrantes do Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) PET-Saúde - SMS/RP - USP/RP. Estes horários foram cruzados e analisados em busca de uma intersecção que possibilite práticas interdisciplinares entre diferentes cursos. Foram encontrados poucos horários disponíveis para a realização dessas atividades, principalmente envolvendo mais de 3 cursos. Observouse que os processos de mudança orientados de acordo com os princípios acima defendidos ainda são incipientes. Seriam oportunas a discussão e a construção de um currículo integrado, com a elaboração e desenvolvimento de projetos articulados à prática, com intervenção no processo formativo para que os programas de graduação possam deslocar o eixo da formação centrada na assistência individual, para um processo de formação que instrumentalize os profissionais frente às necessidades do sistema de saúde e do modelo de atenção integral. Apoio financeiro PET-Saúde (USP/SMS-RP/MEC/MS) Contribuições do Pró-Saúde no processo de trabalho em Florianópolis/SC: a percepção do serviço Apresentador: Monica de Souza Netto Mello Autores: Mônica de Souza Netto Mello, Candice Boppré Besen, Deisi Lúcia Vieira O Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) tem como eixo central a integração ensino-serviço e a consequente inserção dos estudantes no cenário real de práticas – rede SUS – com ênfase na atenção básica. Essa integração visa fortalecer o SUS, pois cumpre a constituição na questão da formação de recursos humanos em saúde. A Constituição Federal, artigo 200, traz um marco regulatório: a sua competência em ordenar a formação de recursos humanos da área da saúde, bem como o incremento, na sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico. A Lei 8080/90 confirma este preceito constitucional no artigo 14º ao determinar a criação de comissões permanentes de integração serviços de saúde e instituições de ensino superior (IES). Essa parceria tem revelado importante potencial transformador nos processos de trabalho da equipe e na prestação de serviços à comunidade. A nova proposta político-pedagógica das Diretrizes Curriculares Nacionais de 1996 para os cursos da área da saúde e implantação do Pró-Saúde está centrada nas ativida- des em grupo e no planejamento conjunto entre professores, estudantes e trabalhadores. Nesse sentido, percebe-se um crescente papel pró-ativo do estudante assim como maior qualificação dos trabalhadores em serviço. A troca de vivências entre os mesmos promovem um importante crescimento de todos os atores envolvidos nesse processo, quer seja pela educação permanente em serviço e aquisição de novos conhecimentos advindos da IES, quer seja pela práxis transformadora nos cenários de prática. Incentiva-se a construção de uma cultura de integração – espaço de intervenção de sujeitos coletivos – e a transformação das Unidades de Saúde em espaços vivos de aprendizagem para a produção do cuidado em saúde e impacto positivo na saúde das comunidades. Por meio dessa parceria ensino-serviço, as equipes de saúde passam a ser envolvidas e valorizadas como atores no processo de aprendizagem. Outro aspecto a considerar diz respeito a certas atividades antes pouco ou não executadas em espaços como creches, escolas ou grupos pelo eventual número reduzido de recursos humanos que, por meio da participação dos estudantes, tornam-se muitas vezes mais viáveis. Como exemplos, citam-se a coleta de dados e levantamentos epidemiológicos desenvolvidas pelos estudantes, o que possibilita a abertura de novos campos para o desenvolvimento de pesquisas que possam auxiliar nos processos de trabalho das equipes. Por outro lado, percebem-se, também, algumas fragilidades como a dificuldade de aproximação entre os diferentes cursos da área da saúde presentes no serviço (odontologia, enfermagem, medicina e outros). Certamente essa maior aproximação poderia enriquecer ainda mais o desenvolvimento de habilidades e competências em campo multiprofissional e interdisciplinar, desenvolver maior pluralidade e flexibilidade à pesquisa, ao ensino e serviço através de trocas de abordagens e experiências entre profissionais que atuam no serviço público e os estudantes que trazem diferentes conhecimentos nos moldes acadêmicos. Enfim, muito ainda há de se fortalecer nas parcerias ensino-serviço, contudo os bons resultados já são visíveis: melhor preparo crescente de todos os atores engajados na direção de uma assistência mais humanizada, de qualidade e que vai ao encontro das reais necessidades da população brasileira. Revista da ABENO • 11(2)89-164 133 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) A interdisciplinaridade indutora da formação odontológica contemporãnea Apresentador: Frederico dos Reis Goyatá Autores: Frederico dos Reis Goyatá, Marcos Alex Mendes da Silva, Efigênia Ferreira e Ferreira, Sebastião Jorge da Cunha Gonçalves, Rafaela Chaves, Bernardo Nogueira Pieroni O objetivo deste trabalho foi relatar a experiência do curso de Odontologia da Universidade Severino Sombra ao incorporar em seus cenários de aprendizagem uma atividade comunitária interdisciplinar com o curso de Medicina, em contraposição à formação profissional na área de saúde, que privilegiou durante muitos anos estratégias pedagógicas que valorizavam o conhecimento, sem contudo, considerar as necessidades da aprendizagem discente. A dimensão interdisciplinar de abordagem do processo saúde/doença induz a formação de um profissional promotor da qualidade de vida da população, comprometido com a aprendizagem coletiva e com o trabalho em equipe. A referida instituição de ensino, que agrega entre outros, os cursos de Medicina e Odontologia, ao realinhar o currículo de seus cursos à proposta das Diretrizes Curriculares Nacionais, valorizando a atenção à saúde, impulsionou os alunos dos referidos cursos para uma prática interdisciplinar no bairro Ipiranga, na periferia do município de Vassouras, estado do Rio de Janeiro. Em reuniões prévias com alunos e professores, foi feito um planejamento de atuação, a partir dos dados secundários da comunidade, disponibilizados pelo sistema nacional de informação em saúde, e dos primários, coletados a cada semana de atividade, onde cada dupla de alunos do curso de Medicina responsabiliza-se por uma família em parceria com um acadêmico de Odontologia para que, juntos, identifiquem e controlem os agravos á saúde do núcleo familiar, e experimentem uma prática interdisciplinar. Dentre os principais resultados, observa-se uma melhora na qualidade de vida das pessoas visitadas, bem como a restauração da relação profissional-paciente e o aprimoramento da formação desses estudantes com conteúdos complementares e interdisciplinares. Observa-se ainda, que a centralidade das ações em saúde se deslocam da doença, para o indivíduo como um todo, em sua fragilidade e no contexto de seus problemas, reafirmando que a saúde não se resume a 134 apenas a um componente orgânico, e é construída sob o prisma de diferentes atores. Concluiu-se que na formação acadêmica, ao graduando não cabe apenas tratar, ele tem que compreender tudo que envolve a família e o seu entorno, que ultrapassa a assistência curativa. Neste sentido, a interdisciplinaridade contribui com a mudança paradigmática ao trazer novos cenários e estratégias pedagógicas inovadoras de compartilhamento do conhecimento, sem fragmentá-lo em microáreas do saber. Serviço de atendimento terapêutico em prótese oral: estágio curricular Apresentador: Maria da Gloria Chiarello de Mattos Autores: Fernando Silveira, Marlívia Gonçalves de Carvalho Watanabe, Janete Cinira Bregagnolo, Wilson Mestriner Júnior, Soraya Fernandes Mestriner, Maria da Gloria Chiarello de Mattos D e acordo com as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal, a produção do cuidado deve ser estruturada de forma a humanizar as ações e os serviços de saúde, levando em consideração a realidade de cada localidade. Um dos graves problemas de saúde bucal a ser enfrentado no Sistema Único de Saúde - SUS é o edentulismo da população adulta e idosa, agravado pelo acesso ainda restrito aos serviços de reabilitação bucal. Com a implantação de nova estrutura curricular em 2004, a FORP/USP visava, entre outras ações, aproximar a formação profissional de Odontologia da realidade social e dos serviços do SUS. Foram, então, implantadas disciplinas de complexidade crescente, finalizadas com 120 horas de estágio desenvolvido em 4 semanas consecutivas pelos estudantes do último ano do curso. Diante de um panorama de uma população edêntula, foi criado o Serviço de Atendimento Terapêutico em Prótese Oral - SATEMPO, que propõe oferecer próteses provisórias parciais removíveis e totais confeccionadas pelos alunos, enquanto desenvolvem estágio junto a serviços da Estratégia Saúde da Família. Essas próteses destinam-se a suprir as necessidades estéticas e funcionais do usuário do serviço, durante o tempo de espera para a confecção das próteses parciais e totais nos serviços odontológicos de média complexidade. Para tal, é necessário que o paciente tenha recebido atenção básica odontológica completa, com bom controle do biofilme dental e exame radiográ- Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) fico panorâmico e que tenha sido encaminhado para os serviços de referência. Os pacientes são agendados para atendimento junto ao SATEMPO por meio de um formulário contendo informações gerais e número de dentes ausentes, dentes indicados para remoção após confecção das próteses, breve descrição do caso e da percepção/expectativa do paciente com relação à prótese provisória. É realizada uma classificação de prioridade para o atendimento, segundo os seguintes critérios: • dor, • estética (ausência de dentes anteriores), • função, • reparos em próteses, • doenças sistêmicas. Essa experiência de minimizar a dor, restabelecer a função e devolver a estética, mesmo que parcialmente, atende a maioria das expectativas do paciente, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos usuários, bem como a vivência do estudante de uma prática de saúde mais humanizada. Articulação ensino/serviço: vivência de estágio articulada à extensão universitária Apresentador: Maria Bernadete Cavalcanti Bené Barbosa Autores: Maria Bernadete Cavalcanti Bené Barbosa, Gabriella Bené Barbosa, Jamilly de Oliveira Musse, Ana Áurea Aleccio de Oliveira Rodrigues A s ações/atividades de Extensão Universitária, desenvolvidas pelo Programa Laboratório de Comunidade (PROLAC), Resolução CONSEPE Nº. 093/2009 de 11/08/2009, com a finalidade de estimular a criatividade, o interesse e as habilidades dos graduandos na produção de trabalhos científicos e informativos de apoio didático nas linhas de estudo Políticas de Saúde, Linhas do Cuidado, Gestão em Saúde e Ciências Forenses estão vinculadas ao Ensino de graduação na Área de Odontologia Social do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, atendendo às Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Odontologia, na formação de um profissional ético, generalista, agente transformador da realidade, através da vivência do Estágio Curricular dos Componentes Curriculares Odontologia Preventiva e Social I e II, sob orien- tação docente, tendo como cenário de prática a Unidade de Saúde da Família do Bairro Feira VI. Objetivo Estabelecer a integração interdisciplinar de conteúdos curriculares possibilitando aos graduandos de Odontologia e de Enfermagem uma aproximação efetiva da realidade; vivência da rotina e prática do serviço; realizar ações de promoção de saúde, com abordagem sobre os fatores de risco e proteção para as doenças da cavidade bucal e outros agravos; visitas domiciliares. Metodologia Palestras e oficinas sobre educação em saúde para a formar agentes multiplicadores do conhecimento envolvendo as Equipes de Saúde da Família, Saúde Bucal e comunidade, através da problematização e planejamento das ações/atividades articuladas ao ensino/serviço na produção do cuidado (acolher, ouvir e cuidar) possibilitando ao usuário a auto responsabilização por sua saúde. Proceder ao levantamento epidemiológico das condições de saúde bucal por micro área junto ao Agente Comunitário de Saúde local, referenciando as necessidades urgentes à USF e assegurando a contrareferência. Apresentar relatório final produzido pelos alunos à Área de Odontologia Social e à Secretaria Municipal de Saúde. Resultados Elaborados e apresentados pelos alunos de odontologia como atividade prática do conteúdo programático de epidemiologia e bioestatística através de representação tabular e gráfica e aplicação dos Programas Estatísticos EPIBUCO e SPSS. Conclusão As ações/atividades de Extensão vinculadas ao Ensino de graduação contribuem para a formação do perfil profissional diferenciado apto para atuar no serviço público, privado, ou seguir carreira na academia. Indissociabilidade entre ensino/ pesquisa/extensão: uma experiência de articulação de saberes Apresentador: Gabriella Bené Barbosa Autores: Gabriella Bené Barbosa, Maria Bernadete Cavalcanti Bené Barbosa, Tereza Cristina Costa Dantas Revista da ABENO • 11(2)89-164 135 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão é um princípio norteador da qualidade da produção universitária, porque reafirma a necessidade da tridimensionalidade do fazer universitário ético, competente e autônomo. Considerando as particularidades que caracterizam cada uma das três funções universitárias, entendemos a indissociabilidade como um catalisador de conhecimentos que permite a inserção da universidade na comunidade e a inserção desta na universidade. Partindo destes conceitos, este trabalho tem como objetivo descrever as atividades de extensão vivenciadas pelas docentes e discentes dos cursos de graduação de Enfermagem e Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, no período de março a julho de 2010. Metodologia Trata-se de um relato de experiência das ações realizadas na área de abrangência da Unidade de Saúde da Família (USF) do bairro Feira VI, em Feira de Santana, envolvendo a articulação dos alunos e professores na produção de práticas educativas na comunidade. Resultados A vivência de extensão permitiu uma troca entre os conhecimentos universitários e os comunitários, diante das necessidades, anseios e aspirações sociais. A extensão apresentou-se como um espaço estratégico para promover práticas integradas entre as várias áreas do conhecimento. Para isso foi necessário criar mecanismos que permitissem a aproximação de diferentes sujeitos, favorecendo a multi e interdisciplinaridade. Durante o período foi realizado: • 34 exposições dialogadas na sala de espera da USF, com a participação de 436 pessoas; • 11 palestras em escolas envolvendo 354 alunos; • eventos na comunidade, com a participação de 154 pessoas, assim distribuídos: ––encontro com gestantes, ––oficina com pais e mães, ––roda de conversa sobre saúde com adultos, ––festa junina e ––feira de saúde. Conclusão As ações desenvolvidas potencializaram a formação de sujeitos de mudança, capazes de se colocar no mundo com uma postura mais ativa e crítica. A indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão propiciou, para os alunos, professores e comunidade, uma oportunidade de articulação de saberes; tornando-se espaço para a contextualização, estabelecimento de 136 vínculos, reflexão, mudanças e construção coletiva de novas práticas. Conhecimento materno sobre saúde bucal no primeiro ano de vida Apresentador: Renita Baldo Moraes Autores: Renita Baldo Moraes, Andressa Kist, Gladis Benjamina Grazziotin, Suziane Maria Marques Raupp A prevenção e a recuperação da saúde das pessoas cada vez mais necessitam de políticas de saúde adequadas, organizações de saúde eficientes e práticas de atendimento estratégicas, que valorizem saberes e habilidades tanto populares quanto profissionais. Considerando esse aspecto, a Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC desenvolve o projeto de extensão “Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente”, com a participação de acadêmicos e professores dos cursos de Educação Física, Enfermagem, Medicina, Nutrição e Odontologia. Este projeto tem como objetivo, desenvolver ações multiprofissionais e interdisciplinares de atenção à saúde das gestantes, puérperas, crianças e adolescentes por meio da otimização da qualidade técnico-profissional e adoção de políticas de parceria interinstitucional, através de atividades de promoção, prevenção e recuperação da saúde que visem qualificar os serviços, o ensino e o cuidado aos usuários. Como as ações desenvolvidas pelo Curso de Odontologia têm enfoque educativo desde a gestação e nascimento, este estudo avaliou o conhecimento e as atitudes maternas quanto aos cuidados com a saúde bucal e alimentação do bebê, identificando o papel dos profissionais da área da saúde neste processo e as possíveis falhas de informação, desde o período gestacional até a idade de um ano. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC, parecer 2567/10. Foram entrevistadas 41 mães de bebês com idade entre 0 e 12 meses que frequentaram os grupos de puericultura de duas Estratégias de Saúde da Família (ESF) em Santa Cruz do Sul/ RS, de julho a outubro de 2010. As mães foram questionadas quanto aos métodos de higiene bucal utilizados; a manutenção da amamentação e hábitos alimentares do bebê; sobre quem as orientou quanto à higiene bucal de seu filho e sua alimentação; e a importância da dentição decídua. A maioria das mães tinha renda familiar entre 1 e 2 salários mínimos e ensino fundamental incompleto. Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Os resultados obtidos revelaram que, em sua maioria, as mães receberam orientações dos profissionais da área da saúde sobre aleitamento materno, alimentação complementar e cuidados com a saúde bucal no primeiro ano de vida, no entanto, essas orientações tiveram pouca repercussão na prática do dia-a-dia. Os cirurgiões-dentistas tiveram uma pequena participação neste processo. Quanto à higiene bucal, 58,5% das mães relataram ter recebido algum tipo de orientação, sendo a maioria através de enfermeiras. Todas as mães foram orientadas quanto ao período ideal de aleitamento materno exclusivo, entretanto 42,9% dos bebês iniciaram a ingestão de líquidos adoçados no primeiro mês de vida e 33,3% das mães ofereceu mamadeira desde o nascimento. A maioria das mães (51,2%) relatou não ter conhecimento sobre a importância da dentição decídua. Esses resultados reforçam a necessidade de inserção de profissionais da área da Odontologia em equipes multidisciplinares em ESFs e hospitais, para obtenção de melhores resultados na promoção de saúde. Atividades lúdicas no processo ensino-aprendizagem odontológico para crianças Apresentador: Camila Redin Pasin Autores: Anna Paula Brancher, Camila Redin Pasin, Luiz Fernando Monteiro Silveira, Thaisa Cabrine Delinski, Ana Claudia Baladelli Cimardi A ções educativas em saúde bucal são preconizadas pelo Ministério da Saúde desde 2006 e é recomendado abordar assuntos como as principais doenças bucais, sua manifestação e prevenção, a importância do auto-cuidado e da higiene bucal e orientações gerais sobre alimentação. Praticar ações de Promoção de Saúde, ainda segundo o Ministério, significa construir políticas públicas saudáveis, desenvolvendo estratégias direcionadas a todas as pessoas da comunidade, como políticas que gerem oportunidades de acesso à água tratada, incentivem a fluoretação das águas, o uso de dentifrício fluoretado e assegurem a disponibilidade de cuidados odontológicos básicos apropriados. Jogos e brincadeiras, nos processos educativos tornam-se estratégias úteis para incentivar a participação da criança nas atividades desejadas, renovando e incentivando o interesse em praticar corretamente hábitos saudáveis de higiene. O “brincar” é estimulante, envolve o pensar, o sentir e o agir, possibilitando ao mesmo tempo a aprendizagem atitudinal, procedimental e conceitual. Com base nesse contexto, o trabalho desenvolvido no bairro Tapera na cidade de Florianópolis/SC teve como objetivo atingir, de forma interativa, as crianças que estudam nas instituições do local e, através de brincadeiras, fazê-las pensar e discutir sobre saúde geral, higiene e doenças bucais. Para que fosse possível atingir o objetivo proposto, foram confeccionados três jogos. Um deles foi um Jogo da Memória, em que as figuras eram de objetos relacionados à alimentação, higiene e saúde bucal e cárie. Neste, as crianças achavam os pares e assim discutiam qual a função ou significado da figura. No mesmo esquema, também foi feito o Jogo do Mico, em que o objetivo era formar os pares das figuras, pegando uma carta do colega da esquerda e verificando se tinha a carta correspondente. Para o ponto valer, as crianças tinham que acertar a utilidade ou significado da figura em questão. O terceiro jogo foi em forma de tabuleiro. Neste, havia 64 casas, distribuídas aleatoriamente em três cores: • verde, que significava algo bom relacionado à saúde bucal (“você escovou os dentes antes de dormir”, “você foi ao dentista”) e concedia ao jogador um benefício (“ jogue outra vez”, “avance três casas”); • amarela (neutra); • vermelha, correspondente a algo ruim à saúde bucal, que conferia uma penalidade (“fique uma rodada sem jogar”, “volte duas casas”). As atividades eram realizadas em grupos de até cinco crianças e com um organizador, neste caso um acadêmico de Odontologia. Com essas práticas foi possível ter uma adesão maior das crianças, uma vez que elas queriam participar e, inconscientemente, estavam adquirindo e gravando os conhecimentos relacionados aos temas discutidos. Em tais práticas pedagógicas, sempre se procurou respeitar a individualidade, contextualizando os assuntos à realidade da comunidade e das crianças, respeitando a cultura local e a linguagem popular. Levou-se em consideração, também, a auto-percepção de saúde bucal por parte dos alunos e trabalhou-se com base no conhecimento que elas já possuíam. Revista da ABENO • 11(2)89-164 137 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Fortalecimento do ensino odontológico pela integração com serviço e comunidade Apresentador: Cássia Pérola dos Anjos Braga Pires Autores: Cássia Pérola dos Anjos Braga Pires, Renata Francine Rodrigues Oliveira, Jairo Evangelista Nascimento, José Mendes Silva, Gislaine Conceição Teixeira Pereira Maia, Carlos Alberto Quintão Rodrigues A integração entre ensino, serviço e comunidade, fortalecida pelas ações do Pró-Saúde no contexto da graduação em Odontologia na Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, tem proporcionado expressivos resultados na qualidade da formação em saúde e na atenção à saúde individual e coletiva. Propõe-se apresentar as ações desenvolvidas com a inserção do estudante de Odontologia da Unimontes no serviço de Atenção Básica à Saúde e apoiadas pelo Pró-Saúde. Os dados foram consolidados a partir dos relatórios dos estudantes durante os estágios. A vivência no âmbito dos serviços municipais de saúde acontece através das disciplinas de estágios curriculares oferecidas no 7º e 10º períodos da graduação, sob a modalidade de estágios supervisionados com a inserção dos acadêmicos nas equipes da estratégia Saúde da Família. No 7º período, a disciplina de Estágio em Saúde da Família consiste de 200 horas-aula, das quais 120 são de prática com a realização de atividades de promoção e prevenção à saúde, sendo que no 1º semestre de 2011 foram realizadas 515 atividades com 7.369 pessoas beneficiadas. No 10º período a disciplina de Estágio Supervisionado: Internato Regional Integrado consiste de 500 horasaula, das quais 400 são de prática e, além das atividades de promoção e prevenção, são também realizados procedimentos clínicos, sendo que no 1º semestre de 2011 foram realizadas 883 atividades de promoção e prevenção com 12.805 pessoas beneficiadas e 6.445 procedimentos clínicos individuais com 1.460 pessoas beneficiadas. A vivência direta da realidade experimentada pelos estagiários proporciona uma construção acadêmica mais rica e diferenciada. A aquisição de habilidades excepcionais ligadas à autonomia, senso critico, gestão e abordagem comunitária é somada ao conhecimento prévio adquirido nos semestres anteriores visando proporcionar transformações na sociedade em que estão inseridos. A maturidade cognitiva e pessoal do estudante é uma exigência para que este seja inserido no contexto real 138 do serviço de saúde pública, razão pela qual somente a partir do 7º período se destina grande parte da carga horária do curso nos estágios que integram serviço e comunidade onde, até então, ações pontuais eram realizadas. O Pró-Saúde presta importante contribuição às disciplinas de estágio uma vez que seu investimento na infra estrutura do serviço melhoraram os cenários de prática para os estudantes e conseqüentemente mais conforto e acessibilidade à comunidade que usa o serviço. Conclui-se que a integração do ensino com o serviço e a comunidade constitui-se como estratégia importante e eficiente na formação de profissionais mais aptos e preparados para atuarem nos diversos seguimentos da Odontologia. Avaliação de um programa multimidia como método de ensino-aprendizagem para o estudo de dissociação radiográfica Apresentador: Andre Wiltgen Autores: Wiltgen A, Rebouças AG, Mahl CRW, Fontanella VRC O uso de recursos mediados pela informática pode contribuir significativamente para atender as transformações que envolvem o ensino e auxiliar o estudo individual pela possibilidade de acessar o material independente da presença do professor, promovendo motivação e maior retenção do conteúdo para o aluno. O objetivo dessa pesquisa foi avaliar um programa multimídia desenvolvido para o estudo da técnica de dissociação radiográfica, contendo tópicos de estudo, incluindo exercícios práticos de interpretação, como método de ensinoaprendizagem. O programa foi desenvolvido no formato Macromedia Flash, para que pudesse ser executado em qualquer navegador e sistema operacional. Trinta e sete alunos da disciplina de Radiologia Odontológica e Imaginologia do terceiro semestre do Curso de Odontologia da ULBRA - Canoas, participaram de uma aula tradicional sobre o tema. A aula tradicional, expositiva, consistiu da apresentação da técnica radiográfica de dissociação horizontal e vertical utilizando recursos de um computador, projetor e Microsoft PowerPoint. Após a aula, foi aplicada uma prova (G1) com 10 questões. Após, foi apresentado o programa e estudaram com apoio desse programa e foi aplicada uma nova prova (G2) Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) para medir a retenção do conhecimento. A média de acertos de G1 foi 207 (56%) questões corretas; grupo G2 obteve média de 218 (59%) questões corretas. A análise estatística indicou que os resultados são equivalentes, com leve superioridade de G2 (3%). O uso do programa de computador não obteve diferença estatisticamente significante quanto aos acertos, mas para os acadêmicos, os sistemas multimídia constituem uma opção dinâmica e moderna para o ensino e o aprendizado na área de Radiologia e Imaginologia Odontológica. Grupo tutorial de odontologia da Universidade de Brasília (UnB) Apresentador: Regina Cardoso de Moura Autores: Regina Cardoso de Moura, Luiz Antônio Machado, Tiago Araújo Coelho de Souza, Marcelle Cristina Simioni Chupel, Rodrigo Mendes Fernandes, Juliana Fiuza Franco, Marina Meirelles Bogalho Moita, Mírian da Silva Oliveira Introdução Em março de 2010 foi criado um grupo tutorial (PET Odontologia) composto de discentes e docentes do curso de Odontologia da Universidade de Brasília (UnB), além de profissionais da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. O grupo PET Odontologia da UnB visa produzir conhecimento científico pautado no tripé ensino-pesquisa-extensão e no desenvolvimento de práticas inovadoras de atenção em saúde bucal que contribuam para a reorientação da formação profissional em saúde (Pró-Saúde). Objetivo Apresentar os avanços e desafios vivenciados pelos alunos do grupo PET Odontologia da UnB junto ao cenário de prática da Regional de Saúde do Paranoá-DF. Metodologia São apresentados sob a forma de relato de experiência as três linhas de pesquisa desenvolvidas pelo grupo tutorial da UnB: a)perfil epidemiológico em saúde bucal; b)representações sociais acerca do cuidado em saúde bucal e c)protocolo de visitas domiciliares. Resultados Foi delineado o perfil epidemiológico em saúde bucal da população assistida pelo grupo tutorial, bem como suas representações sociais de autocuidado bucal. O grupo PET Odontologia da UnB desenvolveu também um protocolo de sistematização da rotina preventivo-educacional das visitas domiciliares. Conclusão O PET-Saúde oportunizou aos discentes integralizar seus conhecimentos obtidos na universidade dentro de um contexto social, e aprender a desenvolver atividades técnico-científicas e preventivo-promocionais em um “cenário vivo”. As atividades realizadas são fundamentais para o desenvolvimento de novas práticas de atenção e experiências pedagógicas, concorrendo para a plena integração ensinoserviço-comunidade e para o fortalecimento da atenção básica de acordo com os princípios e necessidades do SUS. Apoio Financeiro Ministério da Saúde. Comparação da conduta farmacológica entre cirurgiõesdentistas e graduandos UNISC/2008 Apresentador: Igor Fonseca dos Santos Autores: Igor Fonseca dos Santos, Mahmud Hamid, Mirian Kuhnen A especialidade de farmacologia está presente no dia a dia da odontologia, suas implicações influenciam diretamente na clínica nos diversos procedimentos em que estão presentes. Em inúmeras especialidades odontológicas se faz necessário a utilização de prescrições ou condutas terapêuticas medicamentosas, e dentre elas podemos citar: • cirurgia, • endodontia, • periodontia, entre outras. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a conduta em farmacologia dos cirurgiões-dentistas de Santa Cruz do Sul e graduandos em odontologia UNISC/2008, sobre o emprego de fármacos frente a determinados procedimentos odontológicos especificados. A pesquisa foi caracterizada como observacional descritiva transversal, realizada através de um questionário elaborado pelos pesquisadores, com sete perguntas objetivas, englobando uma amostra de 70 profissionais e 48 graduandos baseadas em cálculos estatísticos. O dimensionamento do tamanho da amostra pela análise estatística foi realizado objetivando construir o intervalo de confiança de uma proporção e teste de diferença entre duas pro- Revista da ABENO • 11(2)89-164 139 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) porções. Os dados enviados foram entregues e avaliados por um profissional da área de estatística, que, para análise dos dados do questionário, foi utilizada a conversão em porcentagem, o nível de significância testado foi a = 0,05, o intervalo de confiança de 95% e apresentados em forma de tabelas e gráficos utilizando o programa Microsoft Excel. A partir dessas análises realizou-se comparações entre profissionais e formandos. Foi preservada a identidade pessoal seguindo sempre os preceitos éticos e morais, e foi aprovado pelo comitê de ética da instituição sob número CEP-UNISC 2040/08. Os resultados deste trabalho são descritos em relação aos números de acertos das questões dirigidas aos cirurgiões-dentistas e graduandos UNISC/2008. Através dos resultados obtidos verificou-se que os cirurgiões-dentistas apresentaram 74,9% e os graduandos 83,3% de acertos referentes a média total das questões do questionário apresentado. Concluiu-se com o estudo que o índice de acertos dos graduandos foi maior em relação aos profissionais mas que esta diferença entre as proporções foi não significativa e que os resultados obtidos foram considerado satisfatórios para uma pratica clinica adequada de dentistas e graduandos. Sugere-se também para efeito de comparação que novos estudos sejam realizados. Descritores Prescrição. Odontologia. Farmacologia. Complementação do ensino de odontogeriatria por meio de um projeto de extensão Apresentador: Kléryson Martins Soares Francisco Autores: Kléryson Martins Soares Francisco, Cezar Augusto Casotti, Douglas Leonardo Gomes Filho, Tatiana Freitas Uemura A Odontologia necessita de reestruturação no sentido de adequar a formação do profissional às necessidades da atualidade. A disciplina de Odontogeriatria apresenta-se muito discretamente inserida nas matrizes curriculares dos cursos de Odontologia brasileiros, enquanto que em outros países pode ser vista como matéria curricular. Dessa forma aliado ao envelhecimento populacional, à precariedade da saúde bucal dos idosos e à necessidade de se formar profissionais com formação em Odontogeriatria, o presente estudo tem como objetivo relatar a experiência do projeto de extensão “Odontoidoso: Mão Amiga” da Universidade Estadual do Sudoeste da 140 Bahia (UESB). Este projeto visa a atuação dos alunos do curso de Odontologia, junto a uma Instituição Asilar da cidade de Jequié - BA (Fundação Leur Brito), com a finalidade de proporcionar a integração entre Universidade e Comunidade, tendo como resultado a geração de conhecimentos sobre conteúdos de Odontogeriatria, os quais não são abordados na matriz curricular do curso de Odontologia, além de possibilitar o desenvolvimento de pesquisas sobre a terceira idade. As atividades são desenvolvidas em dois locais distintos, nas instalações da Fundação Leur Brito e nas instalações do NEPO/UESB (Núcleo de Extensão e Pesquisa em Odontologia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia). Na Fundação Leur Brito são realizadas: • Atividades de educação em saúde e prevenção das doenças bucais; • Capacitação dos cuidadores sobre o envelhecimento e saúde bucal (abrangendo aspectos éticos, legais e técnicos); • Atividades lúdico-educativas como gincanas, atividade teatral, jogos, música e fantoches para geração de vínculo e sedimentação de conceitos em saúde; • Levantamento epidemiológico das condições bucais dos idosos para posterior classificação de prioridades de atendimento odontológico; • Acompanhamento e supervisão de higienização bucal; • Capacitação dos cuidadores. Nas dependências do NEPO/UESB é realizado o atendimento clínico integral, incluindo a reabilitação bucal. Além disso, foi organizado um grupo de estudos o qual aborda conteúdos sobre Odontogeriatria, contribuindo para a troca de experiências entre docentes e discentes no desenvolvimento de pesquisas. As reuniões compreendem a apresentação de seminários com posterior discussão e palestras ministrados por profissionais de diferentes áreas. São abordados temas como: • Odontologia Geriátrica e novo Século; • Nutrição na terceira idade; • Aspectos psicológicos no atendimento ao idoso; • Distúrbios bucais na terceira idade; • Atendimento específico para o idoso dependente; • Melhoria na qualidade de vida pela integração dos profissionais de saúde; • Efeitos bucais das drogas: Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) ––Cuidados na terceira idade; ––Prótese dentária na terceira idade; ––Higienização do idoso com reabilitações bucais; ––Plano de tratamento integrado a Odontogeriatria; ––Política Nacional de Atenção ao Idoso; ––Estatuto do Idoso. Diante disso, a aproximação dos acadêmicos com a realidade profissional, torna possível a ampliação dos conhecimentos teóricos e práticos relacionados à Odontogeriatria, o que vem complementar a ausência de tal disciplina na matriz curricular do curso de Odontologia da UESB. “Action learning” e outras metodologias de aprendizagem ativa na saúde Apresentador: Marcio Nakayama Miura Autores: Marcio Nakayama Miura, Cristina Sayuri Nishimura Miura, Daniela de Cássia Fagliani Boleta Ceranto, Wagner Baseggio D iversas metodologias de ensino-aprendizagem têm sido utilizadas nas instituições de ensino e nas organizações. Os métodos tradicionais como aulas, seminários, conferências, treinamentos e mesmo eventos organizados especificamente para determinados fins nem sempre resolvem os problemas específicos de forma continuada. As metodologias ativas de ensino-aprendizagem têm sido apresentadas como inovações na problemática do ensino-aprendizagem na área da saúde em relação à necessidade de aprendizagem constante e da resolutividade dos problemas do paciente ou da comunidade. Tanto na academia quanto nas organizações, os processos de ensino-aprendizagem são desafiados pela intensa especialização do conhecimento associada à necessidade de resolução dos problemas do paciente ou da comunidade que se apresentam. É também importante que o conceito de Educação Permanente se internalize em todos, de forma que a aprendizagem seja constante e contínua, preferencialmente de forma sistematizada. A globalização, o grande volume de conhecimento publicado diariamente em ambiente virtual, os investimentos em pesquisas e em tecnologia fazem com que as informações se desatualizem repentinamente, não permitindo que os modelos conservadores de ensino atinjam o objetivo de preparar profissionais dentro do perfil desta “nova” so- ciedade. Em vista da existência de diversos métodos ativos de ensino-aprendizagem e do entendimento e utilização equivocado de algumas delas, o objetivo deste trabalho é apresentar de forma sistemática os conceitos e aplicações de um método pouco estudado no Brasil, o Action Learning e das demais metodologias de aprendizagem ativa já propostas. As metodologias ativas de ensino-aprendizagem tornam o aprendiz protagonista de seu próprio processo de aprendizado, buscando ativamente a informação, seja ela gerada a partir de sua realidade ou indicada pelo seu tutor. Este tutor indica caminhos, problematiza e direciona a discussão. Dentre as Metodologias Ativas de Ensino-Aprendizagem destacam-se: • Desenhos ou Protótipos, • Estudos de Casos, • Inventos, • Investigações ou Pesquisas, • Jogos, • Laboratórios, • Projetos, • PBL - Problem Based Learning ou Aprendizagem Baseada em Problemas, • Resolução de Problemas, • Dinâmicas, • Metodologia da Problematização e outros. Um método consolidado em outros países e incipiente no Brasil, o Action Learning criado por Reginald Revans constitui-se num método mais centrado em questionamentos que em respostas. Dividido em etapas onde o primeiro passo constitui-se na reflexão individual de algum ponto problemático em seu contexto profissional. No segundo passo os problemas são compartilhados no grupo, ou comunidade, desde que tenham um objetivo final comum, onde se discutem os problemas, pontos de vista sobre este determinado problema, realizam-se Brainstorm e idéias sobre o plano de ação. O terceiro passo constitui-se na ação propriamente dita, onde os membros experimentam as idéias propostas pelo grupo culminando no quarto passo de aprendizagem chamado de Feedback, onde o grupo é realimentado sobre os resultados dos esforços de mudança da equipe. O “Action Learning” possibilita tanto a aprendizagem profissional, o desenvolvimento da comunidade, a liderança e a mudança social. Revista da ABENO • 11(2)89-164 141 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Serviço de diagnóstico por imagem: um espaço interdisciplinar através da prática extensionista Apresentador: Kilian Christmann Autores: Kilian Christmann, Michel Cartana Prolla, Fernando Mathias Teixera Velho, Sergio Augusto Quevedo Miguens Jr, Célia Regina Winck Mahl O Serviço de Diagnóstico por Imagem do Curso de Odontologia da ULBRA, o qual esta inserido na proposta do Plano Nacional de Extensão e Rede Nacional de Extensão (RENEX), teve seu inicio no ano de 2005 com participação de acadêmicos, níveis graduação e pós-graduação, tendo como objetivo atender as necessidades das clínicas do Curso, nos diferentes níveis de ensino, além disso, ampliar a prestação de serviços à comunidade inserida no seu distrito geo-educacional. A existência desse serviço tem caráter auto-sustentável, pois também presta atendimento à comunidade externa. Os acadêmicos participam com carga horária semanal e as atividades são a execução de técnicas radiográficas intra e extrabucais, bem como a interpretação das imagens radiográficas. Os pacientes, nas diferentes faixas etárias, são encaminhados pelas diferentes clínicas do Curso, assim como da comunidade de Canoas/RS. Os acadêmicos de pós-graduação, num processo de verticalização do ensino, também participam na forma de estágio curricular. Os objetivos e metas do projeto são avaliados semestralmente através de relatórios desenvolvidos pelos acadêmicos. Na avaliação destes, o Serviço é entendido como um espaço de aprendizado que oportuniza e complementa sua formação, além de ser um diferencial para o aperfeiçoamento na prática clínica. Portanto, os diferentes relatos demonstram que a prática extensionista promove maior segurança na relação com os pacientes e capacita o aluno a interagir com a comunidade desenvolvendo um perfil profissional comprometido socialmente. Anatomia viva no ensino odontológico O ensino da anatomia humana prepara os estudantes para a atuação profissional na clínica e isso implica em promover a integração curricular horizontal e vertical, articulando conteúdos de diversas disciplinas do Curso, na perspectiva do estudo do desenvolvimento morfofuncional do sistema estomatognático. Nesse contexto, as mudanças curriculares vêm exigindo a modernização das instituições de ensino superior, bem como a superação do desafio de utilizarem novos recursos de aprendizagem que motivem seus estudantes. O estudo tradicional da anatomia com cadáveres humanos vem enfrentando dificuldades em se manter devido a problemas éticos, bem como em relação à aquisição de peças as quais são manuseadas exaustivamente em aulas práticas, sofrendo um desgaste natural, podendo ocorrer alterações de suas características. Fato importante a considerar é a dificuldade de repor as referidas peças de cadáveres, pois as instituições de ensino em saúde têm enfrentado uma redução importante no número dos mesmos cedidos para o ensino e a pesquisa acadêmica nos últimos anos. Diante disso, este trabalho tem como objetivo apresentar a experiência da Universidade Potiguar, que seguindo uma tendência mundial, está utilizando recursos didáticos da Anatomia Viva, tais como body painting, body projecting, anatomia palpatória, softwares de dissecação virtual e modelos artificiais, aplicados em metodologias ativas de ensino-aprendizagem, como o ensino baseado em problemas. Os recursos da Anatomia Viva são disponibilizados em estações de aprendizagem, no Laboratório de Estrutura e Função, bem como na própria clínica odontológica, onde os alunos estudam as estruturas anatômicas, utilizando inclusive tecnologias de informática. A experiência vem proporcionando resultados relacionados a um maior envolvimento dos discentes, bem como a ampliação da integração básico-clínica, envolvendo e motivando a equipe de docentes de anatomia, embriologia, histologia, fisiologia, imaginologia e cirurgia bucomaxilofacial. Conclui-se que os novos recursos da Anatomia Viva estão contribuindo para as mudanças curriculares relacionadas, principalmente, à interdisciplinaridade e ao uso de metodologias inovadoras de ensino aprendizagem. Apresentador: Maria Alice Pimentel Fuscella Autores: Maria Alice Pimentel Fuscella, Sérgio Rodrigo Pereira Trindade, Francisco Barros da Câmara, Hanieri Gustavo de Oliveira, Alberto Costa Gurgel 142 Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Mudança de paradigmas no ensino de dentística restauradora da FOUSP Apresentador: Luciana Cardoso Espejo Trung Autores: Luciana Cardoso Espejo-Trung, Marcia Martins Marques, Maria Ângela Pita Sobral, Mary Caroline Skelton Macedo, Narciso Garone-Netto, Maria Aparecida Alves de Cerqueira Luz A Disciplina de Dentística Restauradora I (DRI) da FOUSP vem buscando adequar a sua ação pedagógica à nova realidade do processo de ensinoaprendizagem, que visa centrar a produção do conhecimento no sujeito, desenvolvendo sua autonomia, espírito investigativo e colaborativo e estimulando a sua análise crítica. Paralelo a isso, a Legislação Educacional vigente estabelece que os cursos de graduação devem formar profissionais de acordo com um modelo baseado em competências, condizentes com as necessidades contemporâneas. Para se adequar a esta nova realidade, a DRI passou a substituir, desde 2003, parte das suas aulas teóricas expositivas por aulas no formato de seminários, estimulando o estudo prévio do assunto e a discussão do tema em sala de aula, fazendo com que o estudante se torne mais responsável pelo seu próprio aprendizado. As discussões acontecem com a turma dividida em grupos, cada qual com o seu professor, e o fechamento do debate é feito com a turma toda por uma aula expositiva de 30 minutos, que tem o intuito de ilustrar o assunto com imagens, vídeos e com casos clínicos, quando pertinente. Em 2008, após a adequação do conteúdo teórico da disciplina para a sua disponibilização numa plataforma via web, foi implantada a plataforma Moodle para o reforço do conteúdo das aulas teóricas. Esta iniciativa supriu a necessidade de inserir as novas tecnologias de informação no processo educativo para torná-lo mais estimulante para esta geração de estudantes, acostumada a utilizar a tecnologia no seu dia-a-dia. No Moodle foram disponibilizados questionários, chats, o calendário da disciplina e textos de leitura complementar. Em 2011, optou-se por realizar a prova final online. Todos os alunos (n = 45) do primeiro semestre de 2011 (1sem/11), responderam à prova composta de duas questões dissertativas. O tempo disponível para a postagem das respostas foi de uma semana, para que os alunos pudessem debater o assunto, pesquisar o material de apoio e consultar o prontuário dos seus pacientes. Durante este período, também foi realizado um chat com os professores para a elucidação de dúvidas. Encerrado o prazo, os professores acessaram as provas e, além de corrigi-las, enviaram aos alunos comentários sobre as suas respostas. Os alunos do 1sem/11 acessaram a plataforma 32 vezes durante o semestre e realizaram 61 atividades, em média. O pico de acessos se deu no último dia em que a prova estava disponível (27/06/2011) e contabilizou cerca de 1280 visitas. A nota máxima obtida na prova foi dez (dez) e a mínima 4,0 (quatro). Estas mudanças na didática do conteúdo teórico da DRI colocaram a avaliação como mera ferramenta reguladora do sistema de aprendizagem, já que os alunos são avaliados continuamente, e transferiu uma maior responsabilidade ao aluno pelo seu próprio aprendizado. Estágio de vivência do SUS em três municípios da Bahia Apresentador: Ana Paula Eufrázio do Nascimento Autores: Poliana Cíntia de Oliveira Duarte, Ana Paula Eufrázio, Amanda Alves Coelho, Gabriella Bené Barbosa, Maria Bernadete Cavalcanti Bené Barbosa Objetivo Mostrar a importância da participação de estudantes de vários cursos da área de saúde de Instituições pública e privada através da interdisciplinaridade e das análises resultantes da observação sobre a organização dos serviços de saúde prestados nas cidades de Ibotirama, Amargosa e Salvador, Bahia, um Estágio de Vivência no SUS (EVSUS), cenário de prática que permitiu a aproximação dos graduandos com a gestão em saúde, sua estrutura e funcionamento, no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). Estratégia metodológica: pautou-se no processo educativo teórico-prático através da participação em reuniões com gestores e visitas aos PSF, CAPS, CEO, Hospital Regional, Conselhos de Saúde, Central de Regulação, somadas às discussões em grupo, sobre as experiências vivenciadas e reflexões sobre o posicionamento dos profissionais quanto à qualidade e a humanização do atendimento à população permitindo a análise de como a saúde tem sido organizada e se está condizente com as Políticas de Saúde, os Modelos de Atenção, a Formação em Saúde, o Controle Social e a Participação popular. Resultados Percebe-se que nem todos os PSF visitados contam com serviços médicos, odontológicos, psicossociais, Revista da ABENO • 11(2)89-164 143 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) nutricional e fonoaudiológico; apenas uma das equipes conseguiu implantar e desenvolver os subprogramas de atendimento às linhas de cuidado da Unidade de Saúde da Família (USF), promovendo a integralidade das ações a partir do agendamento para a assistência aos pacientes em um único dia, com o acompanhamento de todas as áreas necessárias. No último dia os estagiários apresentaram relatos da experiência vivenciada quanto às conquistas, desafios e estratégias analisadas podendo apontar sugestões para a promoção de melhores rumos na concretização da efetivação da integralidade da saúde nos municípios. Conclusão A participação no EVSUS foi um momento de reflexão e despertar para uma aproximação com a realidade interferindo de forma marcante na formação do profissional da saúde, oportunidade ímpar e facilitadora para o futuro profissional diferenciado, crítico e reflexivo. Avaliação do serviço de diagnóstico por imagem como instrumento no ensino da Radiologia Apresentador: Pâmela de Mello Autores: Mello P, Reck Mk, Erthal G, Miguens Saq, Mahl Crw O Serviço de Diagnóstico por Imagens faz parte do Programa de Extensão do Curso de Odontologia da ULBRA e tem como proposta ser um espaço acadêmico interdisciplinar na capacitação do aluno e no desenvolvimento de pesquisa. Neste programa os acadêmicos têm a oportunidade de praticar e ampliar seus conhecimentos de técnica e interpretação radiográfica, importantes para o correto diagnóstico em Odontologia. O objetivo deste estudo do tipo observacional transversal foi avaliar os registros de pacientes e exames por imagem realizados no Serviço de março a junho de 2011. Os dados analisados foram: • número de pacientes, • tipos de exames radiográficos realizados, • erros de técnica e/ou processamento radiográfico e • achados radiográficos. Foram obtidos os seguintes resultados: • 201 pacientes atendidos, • 216 radiografias realizadas, sendo dessas: 144 ––73,61% do tipo panorâmicas, ––16,67% periapicais, ––5,56% interproximais, ––24% oclusais e ––0,93% de telerradiografias. O número de erros registrados foi de 36 (16,6%), sendo o principal erro o posicionamento do paciente (30,55%). Durante a avaliação dos exames houve registro de 13 (6,01%) achados radiográficos, sendo a imagem de osteoesclerose periapical idiopática (2,3%) a mais verificada. Pretende-se através desses dados, melhorar as condições de treinamento e formação de recursos humanos como também buscar a adequação do Serviço às novas tecnologias, permitindo ao aluno não somente o atendimento e a percepção da demanda por tratamento, mas consolidar seus conhecimentos na área. Atividades extramuros no Curso de Odontologia da Uniplac Apresentador: Claudia de Abreu Busato Autores: Claudia de Abreu Busato, Alexandre Sabatini Cavazzola, Isabela França de Almeida Santos Ramos A partir das Diretrizes Curriculares Nacional, o curso de odontologia da Uniplac passou por uma reestruturação buscando adequar-se a nova proposta. Dentro deste contexto de um profissional generalista, humanista e integrado a realidade social da sua região, o novo currículo proporciona ao aluno várias atividades obrigatórias extramuros. A diversificação de cenários e práticas visa integrar o aluno com as diferentes realidades que o mesmo pode se deparar na sua vida profissional. Este trabalho objetiva relatar as atividades extramuros realizadas no curso de odontologia da Uniplac. A carga horária destinada às atividades extramuros vai aumentando gradativamente durante o curso. Os alunos já no primeiro semestre fazem atividades de reconhecimento e abordagem da comunidade, no segundo semestre conhecem as UBS, terceiro e quarto semestre fazem levantamentos epidemiológicos e planejam atividades educativas e preventivas, no quinto semestre executam atividades de educação e prevenção das principais doenças bucais, principalmente nos CEIM e escolas, também organizam atividades educativas para grupos de idosos, gestantes e pacientes com necessidades especiais, no sexto semestre realizam ati- Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) vidades educativas, preventivas e curativas através da ART em escolas onde já foram diagnosticados indivíduos com as necessidades. A partir do sétimo semestre e se estendendo até o nono os alunos desenvolvem atividade nas UBS, realizando atendimento clínico, visitas domiciliares e atividades educativas, ainda no nono semestre no módulo de traumatologia bucomaxilofacial os alunos podem acompanhar um professor em atendimento hospitalar. Além destas atividades obrigatórias os alunos podem participar de atividades de extensão aumentando assim sua carga horária extramuros. O resultado destas ações extramuros em diferentes cenários de aprendizagem favorece o aluno a desenvolver habilidades necessárias ao atual mercado de trabalho, ou seja, ser ético, atuar dentro do rigor técnico-científico independente do local que estará atuando, respeitando as diferenças entre os indivíduos e profissionais que tem contato, aprendendo, sobretudo a trabalhar em equipe, respeitando as experiências alheias. Conclui-se que as atividades extramuros são enriquecedoras para todos os envolvidos, por se tratar de situações dinâmicas e muitas vezes inesperadas, faz com que alunos, docentes estejam sempre em busca de soluções para novos problemas. Tratamento restaurador atraumático: estratégia de ensino no curso de odontologia Apresentador: Isabela França de Almeida Santos Ramos Autores: Isabela França de Almeida Santos Ramos, Claudia de Abreu Busato, Alexandre Sabatini Cavazzola A utilização de atividades de educação e prevenção em odontologia no currículo integrado visa a aproximação dos alunos com a comunidade, entretanto fora da esfera da universidade e da unidade básica de saúde. Na Uniplac o currículo integrado foi implantado em 2007 e desde o primeiro semestre os alunos tiveram sua inserção na comunidade através dos módulos de saúde coletiva. O objetivo deste trabalho foi relatar a experiência da interação entre a Universidade e a comunidade durante os dois anos de estágio supervisionado extramuros do 6º semestre. Neste semestre são realizadas ações de promoção de saúde bucal incluindo atividades educativas (palestras a pais e professores, com as crianças: jogos, pinturas, teatros, vídeos, jogo de dúvidas, mini gin- canas) e preventivas (escovação supervisionada semanal, aplicação tópica de flúor em grupos de risco) e a realização da técnica restauradora atraumática. Estas atividades são realizadas em centros de educação infantil e escolas de educação básicas municipais e estaduais. O foco das atividades é a realização da técnica restauradora atraumática. A opção pela realização da TRA é devido à facilidade de execução da técnica, seu baixo custo e fácil acesso as crianças das escolas que já estão dentro do programa de educação em saúde bucal. São beneficiadas tanto as crianças quanto os acadêmicos, as crianças estão no seu ambiente escolar aceitando facilmente o procedimento e os acadêmicos tem a experiência de atender em outro cenário que não o consultório dentro da Universidade. Outra vantagem é a diminuição de atendimentos tanto na Universidade como na UBS, deixando o tempo de atendimento clínico para procedimentos mais complexos como endodontia e exodontia. Os alunos de graduação ao final do semestre confirmaram a extrema importância deste tipo de atividade desenvolvida durante a graduação. O relato dos educadores que atuam nas escolas reflete a importância e a satisfação que a comunidade teve em receber as ações propostas pelo curso de Odontologia da Uniplac. Com isso pode-se concluir que a experiência da realização da técnica restauradora atraumática além de melhor as condições de saúde bucal das crianças, proporcionou aos acadêmicos exercitar além da prática clínica situações de cidadania junto a escola e as família das crianças atendidas. Experiência do curso de Odontologia da Uniplac nas UBS Apresentador: Alexandre Sabatini Cavazzola Autores: Alexandre Sabatini Cavazzola, Claudia de Abreu Busato, Isabela França de Almeida Santos Ramos U m dos objetivos do curso de odontologia da Uniplac é fazer com que alunos tenham uma visão integral do processo saúde-doença com ênfase na atenção básica. Para este objetivo ser atingido é necessário que o aluno vivencie o cotidiano das atividades desenvolvidas dentro do contexto do SUS, especificamente nas Equipes de Saúde bucal (ESB). Sendo assim, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência do curso com a inserção do aluno nas UBS, estagiando junto às equipes de saúde bucal no contexto Estratégia Saúde da Família. O curso ofere- Revista da ABENO • 11(2)89-164 145 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) ce os módulos de estágio curricular obrigatório nas UBS nos 7º, 8º e 9º semestre, a carga horária total é de 270 horas sendo 90 em cada semestre. As atividades acontecem através de convênio da Universidade com a Secretaria Municipal de Saúde do município de Lages, onde estão inseridos todos os cursos da área da Saúde. As atividades são orientadas por docentes do curso de odontologia, onde cada professor é responsável por grupos de até seis acadêmicos. No início foram disponibilizadas cinco UBS pela Secretaria Municipal de Saúde, sendo que atualmente contamos com 13 grupos atuando em 13 UBS estagiando nas ESB. Cada grupo freqüenta em um dia específico da semana, um período na UBS durante todo semestre, realizando neste período atendimentos no consultório sob a supervisão do professor, atividades de visitas domiciliares e atividades coletivas juntamente com a Equipe de Saúde Bucal. Neste contexto tivemos muitos pontos positivos e alguns que precisam ser melhorados, destacando como favoráveis, a possibilidade do acadêmico conhecer o cotidiano de uma UBS, principalmente das atividades desenvolvidas pelo CD, como o agendamento de pacientes, tempo de consulta, entender o que é atenção básica, resolutividade, referência e contra-referência, temas que são trabalhados teoricamente e que através da prática tornam-se compreensíveis e reais. Conhecer a realidade em que vivem as famílias que utilizam o serviço, e, participar da rotina das escolas e CEIM, que também são fundamentais neste processo. Dentro do que precisa ser revisto está à questão do planejamento conjunto com as UBS que por razões administrativas deixa pouco tempo para organizar as atividades que serão desenvolvidas. Ao final de cada semestre, alunos e professores da mesma fase, das diferentes unidades se reúnem para debater como foram as atividades, pontos positivos e as dificuldades encontradas por cada grupo em cada UBS. Estes últimos três semestres de estágio foram fundamentais para fortalecer ainda mais a integração Universidade e serviço público, o trabalhar com pequenos grupos de alunos favorece a troca de experiências, incrementando as discussões sobre o funcionamento das ESB valendo-se principalmente das experiências vividas pelos alunos e docentes na realidade do serviço do município de Lages. 146 Introdução precoce de alunos em atividades clínicas – relato de experiência Apresentador: Wagner Baseggio Autores: Wagner Baseggio, Flávia Pardo Salata Nahsan, Daniela de Cássia Faglioni Boleta Ceranto, Laerte Luiz Bremm N os currículos tradicionais, o ensino das disciplinas denominadas “pré-clínicas” foi tradicionalmente pautado por atividades exclusivamente laboratoriais, em manequins simuladores, para somente iniciar as atividades clínicas nas disciplinas correspondentes no ano subseqüente. Embora focadas no preparo cognitivo e desenvolvimento psicomotor do aluno, preparando-o para os atendimentos com pacientes, tornam-se pouco interessante aos olhos dos alunos, uma vez que nos manequins são contemplados aspectos puramente técnicos, algumas vezes distantes da realidade clínica apresentada, levando-se em consideração a riqueza de detalhes do organismo em plena atividade funcional. Desta maneira, estes mesmos alunos deparam-se, ao iniciarem os procedimentos clínicos, com um aumento repentino do nível de dificuldade. Um exemplo na Dentística corresponde ao isolamento absoluto do campo operatório. Embora treinados e executando rapidamente o procedimento em manequim, os alunos sentem dificuldades nos primeiros isolamentos clínicos, atrasando de forma significativa o início do preparo cavitário. Já na Periodontia, a repetição do procedimento de raspagem e alisamento radicular torna o processo enfadonho e pouco produtivo. Tendo observado melhorias no interesse e motivação para o aprendizado inserindo precocemente o aluno em atividades clínicas, o curso foi gradualmente intercalando estas atividades às laboratoriais. Na Dentística, após ministradas as aulas teóricas referentes ao procedimento de isolamento e alcançado o desenvolvimento motor por meio do treinamento em manequim, os alunos executam-no em clínica entre si. Na Periodontia, após o ensino do instrumental, instrumentação e posicionamento para raspagem no manequim, iniciassem as atividades clínicas com conteúdos organizados de forma a atender uma ordem lógica e sequencial com a realização dos Índices de O’Leary e CPI e periograma entre os alunos, seguido do atendimento de pacientes para tratamento periodontal básico de casos leves a moderados, que são epidemiologicamente mais prevalentes. Foi observado que se as pri- Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) meiras experiências clínicas são realizadas entre alunos, os cuidados para com o paciente são maiores, contemplando, portanto, o item “humanização” das Diretrizes Curriculares Nacionais, no sentido de ouvir com atenção, comunicar-se bem, não ferir física ou afetivo-emocionalmente o próximo e de colocarse no lugar do outro. O aprendizado, desta forma, não necessariamente precisa ser pautado sobre uma estrutura linear e sequencial do tipo (1) teoria, (2) laboratório e (3) clínica. A introdução precoce não supervaloriza a atividade clínica, pois na disciplina clínica do ano seguinte o aluno é orientado a levar sempre seus manequins das áreas correspondentes, de forma que o reforço das técnicas em laboratório seja realizado sempre que houver necessidade, ou como atividade supervisionada, na falta do paciente. Os resultados observados nesta experiência induzem o aluno à autonomia do saber, uma vez que seus conhecimentos são desafiados frente às dificuldades da prática clínica, proporcionando reflexões pessoais sobre suas limitações, a complexidade dos tratamentos clínicos e a necessidade de conhecimento e estudo constantes, traduzindo-se em motivação para a superação de suas deficiências cognitivas vivenciadas. A introdução precoce do aluno em clínica representa um método de ensino-aprendizagem que leva o aluno à conscientização da necessidade de estudo e aprimoramento técnico, face à vivência como operador, conduzindo o laboratório com mais seriedade e proveito. Atividades educativas do Cs Coloninha: um relato de experiência na perspectiva de metodologias ativas Apresentador: Anne da Luz Ribeiro Souza Autores: Mônica de Souza Netto Mello, Deisi Lúcia Vieira, Anne da Luz Ribeiro Souza D esde o ano de 2009, o Centro de Saúde Coloninha, situado na porção continental do município de Florianópolis/SC, vem tornando-se campo de estágio do Pró-Saúde dos cursos de Odontologia, Enfermagem, Medicina e mais recentemente da Psicologia vinculados à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O Pró-Saúde tem como eixo central a integração ensino-serviço e a conseqüente inserção dos estudantes no cenário real de práticasrede SUS. Sua nova proposta político-pedagógica está centrada nas atividades em grupo e no planeja- mento conjunto entre professores, estudantes e trabalhadores sob a ótica das metodologias ativas com ênfase na Estratégia Saúde da Família (ESF). Na ESF, entendida como um modelo inovador, fundamentado em uma ética social e cultural, os estudantes podem exercitar o ideário da promoção da saúde, especialmente nos grupos educativos do centro de saúde, na perspectiva da qualidade de vida e empoderamento das comunidades. Os estudantes de Odontologia são inseridos nos grupos educativos realizados no próprio centro de saúde, entre eles, grupo de gestantes, grupo de tabagismo, grupo de crianças, Hora de Comer, grupo de diabéticos; além do conselho local de saúde, visitas domiciliares, reuniões de equipe e demais espaços coletivos como creches e escolas da área. Entende-se que os grupos educativos são campos nos quais os estudantes podem desenvolver parcerias intersetoriais, articulando ações interdisciplinares de assistência, prevenção e promoção da saúde. Nessa direcionalidade, tanto os grupos de educação em saúde, quanto o conselho local de saúde da Coloninha são ambos ferramentas importantes para o desenvolvimento de metodologias ativas onde os estudantes podem trabalhar o incentivo ao autocuidado e o empoderamento das famílias. Entre outros, são espaços de exercício de práticas democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas à comunidade na qual o estudante também passa a assumir a co-responsabilidade com o cuidado em saúde bucal. Metodologias ativas de ensinoaprendizagem centradas na demanda dos serviços em saúde apresentam aspectos diversos dos aprendidos somente em sala de aula, o que proporciona um melhor conhecimento das necessidades das famílias e usuários, possibilita a atuação junto a outros profissionais e vivência das complexidades nos problemas de saúde. Com base nas novas diretrizes curriculares, a participação do estudante de Odontologia precisa ser significativa e ativa, deve ser estimulado a buscar e a produzir novos conhecimentos, num processo em que professor e preceptor têm papel de facilitadores. Nesse sentido, espera-se que as metodologias ativas propostas por meio da inserção dos estudantes do Centro de Saúde da Coloninha em seus espaços coletivos contribuam como campos na construção de um perfil acadêmico e profissional com competências, habilidades e conteúdos contemporâneos. Assim como, contribua à formação geral, crítica e humanística do futuro profissional, sob a perspectiva da multiprofissionalidade, transdisciplinaridade e do conceito de clínica ampliada de saúde. Revista da ABENO • 11(2)89-164 147 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Fórum pedagógico – estímulo ao pensamento reflexivo e a participação ativa do acadêmico Apresentador: Cristina Sayuri Nishimura Miura Autores: Cristina Sayuri Nishimura Miura, Flávia Pardo Salata Nahsan, Daniela de Cássia Faglioni Boleta Ceranto, Laerte Luiz Bremm A imaturidade do jovem acadêmico do curso de odontologia, o baixo grau de responsabilidades, o desejo de obter informações prontas por parte do aluno, a falta de hábito de estudar diariamente são queixas comuns. Associa-se a esta, a falta de interesse pela politização no que se refere ao conhecimento do Plano de Desenvolvimento Institucional, Projeto Político Pedagógico do Curso onde estão inseridos e não raro, desconhecimento da própria matriz curricular e planos de ensino a que estão vinculados diariamente. Com o objetivo de incentivar os alunos à participação ativa na organização do Curso, de forma a atender suas expectativas ao mesmo que atendam as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) vigentes, o colegiado dos cursos de odontologia da UNIPAR - Umuarama e Cascavel desenvolveram o Fórum Pedagógico aplicando uma metodologia que leva os alunos a compreender a organização política do Curso para que possam ser instrumentalizados a participar ativamente do Projeto Político Pedagógico do ano subseqüente. A discussão foi conduzida de forma a compartilhar as responsabilidades do bom andamento do curso. Quando levantada alguma crítica de algum aspecto do curso, outra pergunta é retornada sobre “o que cada aluno, ou os alunos poderiam fazer sobre esta questão.” ex: atrasos do inicio das aulas. Chegar cedo e cobrar do professor. Notas baixas práticas: relatórios diários do procedimento planejado, material completo, pontualidade, apresentação antecipada da discussão do caso para o professor. Não saber por que tiraram a nota prática: feedbacks do professor tutor por escrito. Falta do paciente e baixa nota pratica de produtividade: atividade laboratorial em clinica: endodontia, periodontia ou dentística. As discussões foram realizadas de forma a conscientizar o aluno quanto a parte que lhe cabe, ou que pode caber no processo de ensino-aprendizagem, como uma via de mão dupla. Esta ferramenta permite o entendimento por parte de todo corpo social que a Universidade é construída de forma coletiva, que as críticas sempre são bem vindas desde que todos os segmentos assumam suas as responsabilidades no pro- 148 cesso e não apenas apontem os fracassos e os insucessos colocando-se sempre como vítimas de cada uma das situações/problemas. Sempre que cada um dos segmentos tem a possibilidade de participação ativa reduzem as chances de erro, pois quem participa das discussões naturalmente assume responsabilidades sobre os resultados. Projeto Saúde Bucal Brasil 2010 – visão de uma acadêmica Apresentador: Paulo André de Almeida Autores: Priscila Máximo Barreto, Paulo André de Almeida Junior A Política Nacional de Saúde Bucal traduz em seus pressupostos operacionais os princípios do Sistema Único de Saúde. Dentre eles, destaca-se “a utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática”. Assim, torna-se fundamental a realização de levantamentos epidemiológicos, de base nacional, a fim de identificar e localizar a ocorrência e prevalência dos problemas de saúde bucal da população. Os resultados obtidos devem servir de subsídio para o planejamento e a organização das ações a serem desenvolvidas, para melhor enfrentamento dos problemas detectados. Em 2010 foi realizado, o Projeto Saúde Bucal Brasil 2010, levantamento epidemiológico em saúde bucal. Este trabalho teve como objetivo relatar a percepção de uma aluna do segundo período de graduação sobre o Projeto SBBrasil 2010, convidada a participar como estagiária, além de documentar sua experiência no projeto e captar as opiniões das equipes participantes no componente municipal do Rio de Janeiro. Assim, houve a possibilidade de conhecer a proposta e a metodologia do projeto, observar o processo de calibração das equipes, participar da distribuição do material a ser utilizado no trabalho de campo, acompanhar e entender a coleta de dados, perceber o nível de aceitação da população pesquisada, além de auxiliar no processo de consolidação e tabulação dos dados municipais. Enfim, possibilitar o entendimento amplo do levantamento epidemiológico, auxiliando o coordenador municipal do Rio de Janeiro, que também era seu professor de graduação, tendo em vista a utilização do SUS não apenas como campo de prática para o ensino e a pesquisa, mas Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) também SUS como um interlocutor das escolas na formulação e implementação dos projetos pedagógicos de formação profissional. A metodologia utilizada foi um relato de experiência da participação de uma acadêmica nas várias etapas do Projeto SBBrasil 2010, além da realização de entrevistas com as equipes participantes, com perguntas abertas, a fim de captar as expectativas iniciais, percepções e experiências vivenciadas no processo de trabalho. Como resultados, este trabalho proporcionou um enriquecimento na formação da acadêmica em múltiplos aspectos, apresentando um conteúdo contemporâneo, desenvolvendo um perfil profissional com competências e habilidades para atuação no SUS. Outrossim, ocorreu a possibilidade do desenvolvimento de um pensamento crítico, de uma atuação e interação em equipe, de tomar decisões e de planejar estrategicamente para as contínuas mudanças decorrentes do processo de trabalho. Possibilitou também uma maior compreensão da realidade socioeconômica da população, acrescentando na construção de um profissional com sensibilidade social e com consciência de sua atuação para impactar positivamente nessa realidade. Quanto às opiniões das equipes, foi possível perceber a motivação dos profissionais e a compreensão sobre a grandiosidade do projeto, além da percepção sobre as dificuldades encontradas no campo, principalmente pela metodologia utilizada na coleta dos dados. O projeto foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa, sob o número CAAE - 0224.0.314.010-10. Percepção discente dos estágios supervisionados na Odontologia UEPB: frutos colhidos Apresentador: Rilva Suely de Castro Cardoso Lucas Autores: Rilva Suely de Castro Cardoso Lucas, Carmen Lucia Soares Gomes de Medeiros, Denise Nóbrega Diniz, Ana Flávia Granville-Garcia, Renally Cristine Cardoso Lucas Introdução Os Estágios Supervisionados no currículo do Curso de Odontologia da UEPB são oferecidos em nível de complexidade crescente, do primeiro ao quinto ano do curso. Nos três primeiros anos, o aluno é contemplado com conteúdos e práticas comunitárias e no sistema de saúde do município de Campina Grande, PB. Os dois últimos anos se organizam no âmbito das clínicas do departamento de odontologia e culminan com um estágio multidisciplinar em seis municípios do estado, que mantém convênio com a UEPB. Objetivo Socializar a experiência dos estágios supervisionados dos alunos do curso de Odontologia da UEPB, nas unidades básicas e de referência da atenção secundária e terciária no município de Campina Grande, bem como os estágios intramuros e em outros municípios paraibanos. Metodologia Após a fundamentação teórica relacionando temas de políticas de saúde, promoção de saúde, atenção primária e atenção básica no Brasil, vigilância à saúde, políticas de saúde bucal no Brasil, programação, planejamento e avaliação dos serviços de saúde, os alunos desenvolvem atividades de dispersão para assimilação do processo de atenção à saúde no município. Em seguida, os alunos têm oportunidade de realizar estágios de vivência na atenção básica durante um semestre no segundo ano, visitas com acompanhamento docente em unidades do sistema de referência em saúde do município de Campina Grande como, Centros de saúde, Centros da atenção especializadas em Odontologia (CEOs), Saúde Mental (CAPS), Pacientes com Necessidades Especiais, (imunossuprimidos, renais crônicos, idosos, crianças) e atenção a pacientes oncológicos. No último ano além da clínica intramuros os alunos se deslocam, em equipes multidisciplinares, com colegas de cada um dos sete cursos da área de saúde, para um dos municípios conveniados com a UEPB. Resultados Após cada experiência, são realizadas socializações das vivências, discussões e observações conjuntas entre docentes e discentes na perspectiva da dinâmica do processo de trabalho das diversas categorias profissionais, importância do papel social de cada equipamento de saúde para a população e contextualização da temática estudada com a realidade observada. Conclusão A experiência tem sido avaliada como bastante positiva causando um impacto relevante no aprendizado dos alunos. O Pró-Saúde unisc, a formação e o mundo do trabalho Apresentador: Magda de Sousa Reis, Autores: Magda de Souza Reis, Carmen Lucia Santanna de Piazza, Gladis Grazziotin, Revista da ABENO • 11(2)89-164 149 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Denise Henriqson, Renita Baldo Moraes, Beatriz Baldo Marques O objetivo deste trabalho é apresentar a inserção diferenciada dos estágios supervisionados da UNISC (ESI, ESII, ESIII, ES Odontopediátrico I e II e ES de Saúde Coletiva em Odontologia) no PRÓSAÚDE. A metodologia de trabalho foi elaborada após discussão entre as Coordenações do projeto, do Curso, dos Estágios Supervisionados e dos professores que neles atuam. Definido o formato de trabalho, o desafio foi aceito por alguns professores. Para contextualizar, explica-se que a denominação PRO-SAÚDE é feita ao anexo à casa de Saúde Ignêz Moraes, onde através dos editais ao Pró-saúde I e II, reorganizaram-se os serviços de saúde prestados à população de cinco bairros, localizados em Santa Cruz do Sul, através de duas Estratégias de Saúde da Família, porém, sem Equipe de Saúde Bucal. Assim, em 2010/2 e 2011/1, iniciaram-se as atividades dos estágios curriculares naquele local, cuja dinâmica foi estabelecida em parceria com os estudantes de cada estágio: a)grupo de trabalho composto por docente e estudantes permanecendo os mesmos ao longo do semestre (ESII e ESIII); b)grupo com revezamento do docente após um número específico de orientações (ES Odontopediátrico I e II); c)grupo onde o professor orientador manteve-se o mesmo ao longo do semestre, havendo o rodízio dos estudantes após três ou quatro semanas (ESI). Uma grade de horários foi elaborada para utilização do local, com cinco consultórios totalmente equipados, incluindo central de lavagem e esterilização de instrumentais. Conforme acordado com o município, coube a este, a contratação ou remanejamento de funcionários para as atividades de auxiliar de serviços bucais (ASB), secretária para atendimento aos pacientes, auxiliar para limpeza geral, bem como a presença de agentes de segurança naquele ambiente. Para realizar o transporte dos estudantes e professor orientador da UNISC/PRÓ-SAÚDE/ UNISC utilizou-se serviços de condução coletiva, contratado para esta finalidade. O resultado deste trabalho vem sendo apontado positivamente em diversas avaliações, com estudantes, professores, coordenadores e membros da comissão gestora local. Entre os aspectos citados estão: • vivência interdisciplinar propiciada na formação do futuro profissional, • visão ampliada no atendimento do paciente como 150 um todo, • maior possibilidade de atendimentos vinculados às reais necessidades da população, se comparados aos atendimentos realizados na UNISC, • proximidade com a população em seu ambiente de vida. Além disso, o ambiente de trabalho é citado como sendo acolhedor e simulando espaços desejados, a todos os ambientes de atendimento público. A falta da Equipe de Saúde Bucal naquela estratégia foi ressaltada como ponto negativo. Sua conquista possibilitará uma experiência ampliada na vivência do diaa-dia de uma verdadeira ESB. O principal desafio a ser transposto é a necessidade de desenvolvimento de atividades conjuntas com outros cursos/áreas na atenção aos pacientes que naquele local são atendidos. Esse envolvimento propiciará uma formação e capacitação voltada aos desafios atuais do mundo do trabalho. Além disso, todos, estudantes, professores e comunidade envolvida no processo, poderão usufruir deste aprendizado interdisciplinar, aplicando-o ao longo de sua vida. Prender a aprender utilizando mapas conceituais Apresentador: Sofia Takeda Uemura Autores: Sofia Takeda Uemura, Elza Maria Sá Ferreira, Giselle Rodrigues Sant’anna M apas conceituais são representações gráficas que indicam relações entre os conceitos ligados por palavras. São propostos como uma estratégia facilitadora de uma aprendizagem significativa, com aplicabilidade na área acadêmica e educacional, sendo útil na assimilação e no registro de conhecimentos. O objetivo do trabalho é apresentar uma nova proposta de aprender, aprendendo através de mapas conceituais. O estudo foi realizado numa turma de graduação do 7° semestre do curso de Odontologia da Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL). Inicialmente foi ministrada uma aula de terapia endodôntica em dentes decíduos. Ao final da aula os alunos foram divididos em 29 duplas e, sem nenhuma explanação prévia, solicitou-se que utilizassem oito palavras chaves (cárie, ciclo biológico, traumatismo, polpa, diagnóstico, sangramento, necropulpectomia e biopulpectomia) de forma esquemática, apresentando os conceitos abordados na aula. Após devolução e avaliação dos trabalhos foi possível concluir que Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) os mapas conceituais podem ser usados tanto na análise e organização do conteúdo, como no ensino e avaliação da aprendizagem e que os conceitos advindos da aula teórica tiveram ligação com a aplicabilidade clínica e prática dos mesmos. Estudo sobre o pet-saúde da Família no perfil dos alunos dos cursos de graduação da área da saúde Apresentador: Fernanda Baretta Autores: Baretta F, Weigert K, Arruda BS, Madruga BP, Dominguez EE, Luz FR, Silva JQA, Debiasi L, Godoy MC, Rocha MG, Eberhardt MS, Azevedo RAS, Almeida R, Moroni TG, Bellini MIB O s programas de educação pelo trabalho tem por princípio a inserção dos alunos dos cursos da área da saúde na rede de atenção primária e vieram compor as mudanças curriculares definidas pelo Conselho Nacional de Educação em 2002. Este movimento intensifica-se com o estímulo dos alunos nas atividades vinculadas à atenção primária, especialmente nas unidades que trabalham na lógica da Estratégia de Saúde da Família. O Curso de Odontologia, portanto, passa a compreender a necessidade de apropriar-se de conhecimentos de outras áreas, percebendo que o trabalho interdisciplinar e intersetorial é fundamental para promover saúde nas comunidades nas quais está inserido. Na construção desta rede de conhecimento e alinhamento dos conceitos, o grupo multiprofissional do PET-Saúde da Família tem como objetivo refletir sobre a importância da incorporação de saberes diferentes de sua área de atuação formando profissionais capazes de compreender-se como sujeito transdisciplinar. A pesquisa utilizou uma metodologia descritiva/analítica. A obtenção dos dados foi através de entrevista de grupo espontânea. A amostra foi composta de 14 alunos de um grupo multiprofissional do PET-Saúde da Família da Pontifícia Universidade Católica do RS, o qual é composto pelos cursos de Psicologia, Serviço Social, Nutrição, Odontologia, Medicina, Farmácia, Enfermagem. Foram realizadas entrevistas abertas com a pergunta: O que este grupo acrescentou a sua experiência profissional? Todos os bolsistas responderam à pergunta. As respostas foram transcritas e foi realizada a análise de conteúdo a partir de categorias analíticas e empíricas. Os resultados encontrados na questão respondida pelos bolsistas foram: • a percepção da mudança de paradigma, • a incorporação do conceito de atenção integral ao paciente e • a apropriação de novas práticas. Ao final do estudo pode-se concluir que os grupos multidisciplinares formados pelos bolsistas do PETSaúde da Família favorecem as mudanças nos conceitos sobre saúde, sobre o paciente e sobre o profissional que atua no setor público, tornando a visão do aluno mais integral. Além disso, há uma percepção da co-participação de todas as áreas para do diagnóstico e tratamento dos pacientes, inclusive do próprio paciente. Também se conclui que os programas financiados pelos Ministérios da Saúde e Educação fomentam as modificações no perfil dos profissionais de saúde que atuarão na atenção primária a partir das novas diretrizes curriculares para a graduação, especialmente para os cursos que sustentavam suas práticas na prática de serviços privados, como ocorria com o Curso de Odontologia. Este trabalho faz parte de uma pesquisa intitulada Estudo sobre a contribuição dos programas de Ensino em Serviço na inovação/mudança curricular dos cursos de graduação da área da Saúde e conta com o apoio financeiro através do PIBIC/CNPq e foi aprovado pelo CEP-PUCRS através do protocolo número 11/5374. Reflexão de acadêmicos sobre prevenção das violências no Rio de Janeiro Apresentador: Paulo André de Almeida Junior Autores: Paulo André de Almeida Junior, Priscila Máximo Barreto A violência é um problema de saúde coletiva, amplo, complexo e com forte impacto na morbimortalidade da população, durante diferentes períodos ou por toda a vida das pessoas. Podem ser consideradas violências todas as ações realizadas por indivíduos, grupos, classes, nações que ocasionam danos físicos, emocionais e espirituais a si próprios e aos outros. Elas representam a terceira causa de morte na população geral e são as principais responsáveis pela morte dos brasileiros de um até 39 anos de idade. Diante da gravidade do quadro e de que a violência é um problema previnível e evitável, o Ministério da Saúde desenvolve uma série de ações que contem- Revista da ABENO • 11(2)89-164 151 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) plam a vigilância e a promoção da saúde, a prevenção de violências e acidentes e a assistência às vítimas dessas práticas. Além disso, também torna-se relevante a implementação de legislação específica, avaliação das políticas e programas existentes, bem como a sensibilização dos recursos humanos vinculados ao tema. A Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências e a Política Nacional de Promoção da Saúde são dois importantes marcos referenciais sobre o tema no país. A primeira apresenta como diretrizes a promoção de comportamentos e de ambientes seguros e saudáveis, a vigilância e o monitoramento de violências e acidentes, a atenção integral às vítimas de violências e acidentes, o apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas e a capacitação de recursos humanos. Quanto à violência, a Política Nacional de Promoção da Saúde objetiva estimular a adoção de modos de viver não-violentos e o desenvolvimento de uma cultura de paz no país. Dentro desse contexto, o Programa de Saúde e Cidadania Dentescola, da Prefeitura do Rio de Janeiro, trabalha o tema com os acadêmicos bolsistas, como forma de estimular a reflexão. O município possui um Núcleo sobre o assunto, com o desafio de reduzir a morbi-mortalidade por violências, ampliar a rede de proteção às populações vulneráveis e promover relações solidárias e atitudes cidadãs. Objetivo Relatar a importância da participação de futuros profissionais nos debates sobre o tema, percebendo a realidade, a fim de intervir positivamente na situação dentro do cotidiano escolar municipal. Método Participação efetiva de acadêmicos bolsistas e de um assessor da coordenação municipal de saúde bucal articulando e apoiando as propostas e ações do núcleo, além de trabalhar na sensibilização da comunidade sobre o tema. Resultados Participação de profissionais de saúde bucal em seminários municipais sobre o tema; reuniões locais com assessores de saúde bucal das áreas programáticas do município, treinamento sobre a ficha SINAN NET, para notificação e o adequado registro dos casos de violência. Conclusão O acadêmico bolsista percebe seu papel como figura importante na detecção de casos de violência, pelo contato direto com a com a comunidade escolar. Ele começa a ser instrumentalizado para uma atua- 152 ção mais efetiva na percepção, detecção e entendimento sobre a necessidade de uma rede de proteção às vítimas de violências, comungando com as propostas e o trabalho do Núcleo de Promoção da Solidariedade e Prevenção da Violência no Município do Rio de Janeiro. Desenvolvimento de um espaço específico para realização de atividades educativas e preventivas – relato de experiência Apresentador: Flávia Emi Razera Baldasso Autores: Baldasso FER, Baretta F, Moroni TG, Weigert KL, Ely HC, Retore L, Souza SLC P ara a otimização da saúde integral da criança e do adolescente, percebe-se a necessidade de um esforço articulado de diferentes setores e serviços da comunidade, entre eles o setor da saúde e da educação. Objetivou-se desenvolver e potencializar ações educativas e preventivas, junto ao espaço escolar, bem como orientar quanto ao acesso para atendimento na unidade de saúde. Os bolsistas do grupo PET-Saúde da Família do Curso de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do RS, juntamente com os profissionais da Unidade Básica de Saúde Bom Jesus, refletiram sobre a necessidade de um espaço específico para a realização dessas atividades. Idealizou-se, então, a elaboração de uma sala com diversos temas (saúde bucal, higiene corporal, meio ambiente, alimentação), onde os alunos pudessem ser motivados a mudar seus hábitos e terem melhorias na sua qualidade de vida através da informação e conscientização. Destaca-se a característica de multidisciplinaridade e de intersetorialidade obtida na sala. A metodologia do projeto consistiu na utilização de uma sala da Escola Estadual de Ensino Fundamental Antão de Faria do município de Porto Alegre cedida pela direção. Três bolsistas foram responsáveis pelo planejamento e organização, incluindo atividades como pintura da sala, confecção de banners e confecção de ferramentas lúdicas. Além disso, realizaram-se atividades educativas e preventivas sobre saúde bucal. Trabalhou-se com 98 alunos de 6 a 10 anos de idade, através de cartazes interativos e atividades lúdicas, e também foi realizada escovação supervisionada com o intuito de que os alunos colocassem em prática as informações teóricas que foram passadas. A avaliação da efetividade do trabalho foi através de figuras, nas quais as Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) crianças selecionavam as que julgassem aspectos positivos e negativos relacionados à saúde bucal. É importante ressaltar que a criação de um ambiente específico para as atividades motivou de forma considerável os alunos. Além disso, o vínculo, a participação e o entusiasmo dos jovens nas atividades permitiram o êxito do trabalho. Através do método de avaliação utilizado, observou-se que todas as crianças foram capazes de compreender a informação recebida. A satisfação expressa nos depoimentos espontâneos confirmou a impressão positiva dos bolsistas. Conclui-se que atividades educativas e preventivas, num ambiente próprio, estimulam de maneira significativa o aprendizado, podendo motivar ainda mais a incorporação de hábitos saudáveis no cotidiano. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS. linhas de trabalho do PET-Saúde em Campina Grande - PB se direciona à Promoção da Saúde na atenção básica. Foi realizado o mapeamento do território identificando seus recursos, equipamentos sociais e população adscrita, com uma importante colaboração dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). A comunidade foi convidada a participar de uma roda de conversa onde seriam discutidos os principais problemas que a afligia, visando à determinação dos temas a serem trabalhados pelas equipes formadas por discentes e docentes dos cursos de saúde da UFCG e UEPB e preceptores da SMS. Assim se formaram seis grupo de atuação, liderados pro preceptores dos serviço e técnicos da Secretaria Municipal de Saúde, tutores das Universidades envolvidas e alunos dos diversos cursos da saúde das duas universidades. Resultados Experiência interdisciplinar do PET – Promoção de Saúde: relato de vivência Apresentador: Renally Cristine Cardoso Lucas Autores: Renally Cristine Cardoso Lucas, Yêska Paola Costa Aguiar, Anne Gomes Carneiro, Severina Silvana Soares, Rilva Suely de Castro Cardoso Lucas Introdução A interdiscilinaridade é uma demanda das diretrizes curriculares dos cursos superiores na área da saúde. Neste sentido, o PET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde) vem se aderir nesta proposta, na integração do ensino superior/ serviço de saúde na reconstrução de práticas interdisciplinares junto às Equipes de Saúde da Família, possibilitando novas perspectivas de crescimento acadêmico através de experiências concretas dos discentes com as equipes de saúde da atenção básica, consolidando a nobre missão da universidade de fortalecimento do tripé ensino-pesquisa-extensão. Objetivo Relatar a experiência de um grupo PET Promoção de Saúde em um bairro do Município de campina Grande - PB. Metodologia No município de Campina Grande, a adesão ao PET se consolidou inicialmente com uma parceria entre as Universidades Federal de Campina Grande (UFCG), Estadual da Paraíba (UEPB) e Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Na proposta, uma das Vários projetos de pesquisa e extensão foram desenvolvidos pelos grupos, nas áreas de escolas promotoras de saúde, alimentação saudável, atividade física, saúde do idoso, puericultura e sexualidade na adolescente, na Unidade de saúde, escolas da área de abrangência da USF, em equipamentos sociais existentes na comunidade. Conclusão A percepção da integração ocorrida entre a comunidade, profissionais do serviço de saúde e acadêmicos envolvidos no Grupo PET, tem sido extremamente estimulante do ponto de vista da construção, atuação e enfrentamento dos nós críticos que têm surgido no desenvolvimento do projeto. A oportunidade de reflexão, busca de novos conhecimentos e desafios, tem sido muito gratificante para todos. Desta forma o grupo acredita que trabalhar na perspectiva da promoção de saúde proporcionará ganhos inestimáveis, tanto para os atores singulares, como os plurais, envolvidos no processo Práticas integrativas e complementares na odontologia: os agentes universitários sabem que elas existem? Apresentador: Cruz, RA Autores: Cruz RA, Reck MK, Erthal G, Alencastro CS, Mahl CRW A s Práticas Integrativas Complementares são um conjunto de áreas de atuação que visam o tratamento do ser humano como um todo. Em 2008, o Revista da ABENO • 11(2)89-164 153 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Conselho Federal de Odontologia publica a Resolução CFO-82/2008, regulamentando o uso pelo Cirurgião-dentista destas Práticas. Embora reconhecidas, são pouco ensinadas nas universidades. Esta pesquisa objetivou verificar o conhecimento e expectativa dos alunos de graduação do Curso de Odontologia da ULBRA/Canoas em relação a estas práticas. Os dados foram coletados no mês de junho de 2011 através de um questionário, voluntário, aplicado no início das aulas para todos os alunos do curso. Os participantes foram esclarecidos sobre os objetivos e a metodologia, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O questionário continha 11 perguntas. A amostra foi composta por 203 indivíduos, que retornaram o questionário em um universo de 435 alunos. A média de idade foi 23,2 anos com uma variação (desvio-padrão) de 5,1 anos. 25,6% dos alunos eram do sexo masculino e 73,4% do feminino. O número de alunos por semestre variou de 13 no oitavo semestre (6.4%) a 31 (15,3%) no primeiro semestre. Os dados foram analisados estatisticamente e os resultados mostraram que: • 39,4% dos alunos sabiam o que significavam as Práticas Integrativas e Complementares à Saúde Bucal, enquanto a grande maioria (60,6%) não sabiam ou não tinham certeza. • A maioria dos alunos conhecia pouco ou nada de cada uma das Práticas reconhecidas: ––acupuntura (60,6%), ––Fitoterapia (62,1%), ––Hipnose (80,8%), ––Homeopatia (52,7%), ––Terapia Floral (57,1%) e a 154 ––laserterapia (67,5%). • Os valores percentuais menores eram relativos a mediano ou muito conhecimento. • A acupuntura foi a área que mais acreditaram ser reconhecida pelo CFO (50,7%) e 30,5% acreditavam que nenhuma das Práticas fora reconhecida pela entidade. • As áreas reconhecidas como úteis e aplicáveis na odontologia foram a acupuntura (58,1%), seguida da laserterapia (47,3%). • As áreas que foram mais consideradas com fundamentação científica foram acupuntura (64,0%), seguida pela laserterapia (53,2%). • 70,0% acreditam que alguma das práticas deveria ser inserida na grade curricular, com 66,9% sugerindo a acupuntura, seguida da laserterapia com 51,4%. • 77,5% respondeu que deveria ser como disciplina opcial. • A acupuntura (72,6%) e a laser terapia (58,0) foram as mais sugeridas para os Projetos de Extensão (77,3%, concordaram a inserção), sendo como aperfeiçoamento ou especialização, 85,4% para a acupuntura e 65% para a laserterapia. • O conhecimento em relação às Práticas foi crescendo à medida que os alunos iam evoluindo no curso. Com esta pesquisa foi possível concluir que os alunos da graduação ainda desconhecem as Práticas Integrativas e Complementares, mas acreditam serem úteis e aplicáveis na odontologia, devendo ser inseridas tanto na graduação como nos cursos de extensão, em especial a acupuntura e a laserterapia. Revista da ABENO • 11(2)89-164 Resumos Levantamento de necessidades em saúde bucal dos alunos da Escola Estadual Bolivar de Freitas, Belo Horizonte - MG Apresentador: Esdras Guedes Fonseca Autores: Esdras Guedes Fonseca, Lorena Olegário Leite, Pollyana Mendes Lacerda, Viviane Rodrigues Morinelli, Cleide Zille Pereira, Andrea Clemente Palmier, Mara Vasconcelos Introdução Atualmente, é fundamental reconhecer a importância do processo de formação dos profissionais da área de saúde; sob a ótica de um ensino que englobe modelos de atenção, que trabalhem a educação em saúde que tenha como foco ampliar a autonomia e a capacidade de intervenção das pessoas sobre suas próprias vidas, com a experimentação de alteridade com os usuários, produção de habilidades científicas, como também técnicas e, por fim, propiciar o adequado conhecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo assim, processos de reforma do Estado e o desenvolvimento de ações para continuar os avanços do movimento pela Reforma Sanitária, bem como para a concretização do SUS são fundamentais (Ceccim e Feurwerker., 2004). Por isso, deve-se ressaltar a importância da dinâmica interação entre as instituições educadoras e os serviços de saúde, destacando que cabe ao SUS e às entidades formadoras; colet a r, si stemat i z a r, a na l i s a r e i nter pret a r permanentemente informações da realidade, para problematizar o trabalho e, consequentemente, construir significados e práticas com orientação social, que resultem da participação ativa dos gestores setoriais, formadores, usuários e estudantes (Ferreira et al., 2010). Entretanto, para associar instituições formadoras e o serviço de saúde é necessário inovar a prática educacional, para que esta se torne caracterizada pelo enriquecimento de ambientes de aprendizagem e valorize ainda mais a integração e a diversidade de saberes (Nevado., 2001). Pensando na estratégia da parceria ensino-serviço os Ministérios da Educação e da Saúde instituíram, em 2008, o Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET-Saúde). Este visa fomentar grupos de aprendizagem tutorial na Estratégia de Saúde da Família e construir um espaço social unificado que expresse o atendimento de futuros profissionais para atuar no SUS. São objetivos específicos do PET-Saúde - UFMG-SMSA/PBH: • estimular a iniciação à prática profissional dos estudantes desde os primeiros períodos dos cursos de graduação na Área da Saúde da UFMG; • induzir a inserção na Atenção Básica de cursos/ departamentos da UFMG que ainda não utilizam este cenário de ensino-aprendizagem na graduação; • fortalecer as práticas de integração ensino-serviço dos cursos da Área da Saúde que já apresentam inserção na Atenção Primária do município; • induzir o trabalho multiprofissional e interdisciplinar; • estimular o desenvolvimento de ações de promoção da saúde e prevenção de agravos no âmbito da Atenção Primária à Saúde; • contribuir com os processos de desenvolvimento curricular em andamento nos cursos da Área da Saúde da UFMG; • estimular a produção acadêmica voltada para as necessidades do SUS; • estimular a formação profissional em serviço, visando o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde do município; • propiciar a aproximação dos cursos de graduação na Área da Saúde e da Residência em Medicina de Família e Comunidade; • além de instituir, desenvolver e manter o Núcleo de Excelência em Pesquisa Aplicada na Atenção Básica da UFMG (Portaria Interministerial nº 1802, de 26 de agosto de 2008). Desta forma, seguindo os princípios que norteiam o PET-Saúde, a Faculdade de Odontologia UFMG, através da equipe PET-Saúde 2010 e com o apoio dos profissionais da rede pública de saúde (dentistas e auxiliares de saúde bucal), realizou o presente estudo, entre os dias 30 de agosto a 02 de setembro de 2010, na Escola Estadual Bolivar de Freitas, única escola de ensino fundamental que não está incluída no Programa de Saúde Regional e que se encontra localizada na área de abrangência do Centro de Saúde Jardim Guanabara, Belo Horizonte, Minas Gerais. Objetivos Os objetivos principais, que nortearam este projeto, foram identificar as necessidades bucais dos Revista da ABENO • 11(2)89-164 155 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) alunos, do Ensino Fundamental ao Médio; no contexto em que estão inseridos, além de orientá-los por meio do processo de promoção de saúde e, consequentemente, propiciar a aproximação do curso de graduação com a comunidade, a partir da integração ensino-serviço. Materiais e Métodos Os métodos e estratégias utilizadas incluíram conversa educativa, inquérito de necessidade em saúde bucal em todos os alunos matriculados, totalizando 803 estudantes, que aceitaram ser examinados; distribuição de kits, contendo escovas e cremes dentais, escovação supervisionada, aplicação tópica de flúor e encaminhamento dos alunos com necessidade para a realização de tratamento odontológico no Centro de Saúde de sua área de abrangência. Entretanto, deve-se salientar que estas ações são caracterizadas como atividades de rotina do Centro de Saúde Jardim Guanabara, já que o Protocolo para Atenção Primária em Saúde Bucal preconiza a identificação e visitas às instituições presentes na área de abrangência, com o objetivo de estabelecer compromissos para a realização das ações de promoção e cuidado em saúde bucal. É importante compreender que a determinação profissional da necessidade de saúde bucal é denominada necessidade normativa ou prescritiva, sendo expressa como: • procedimentos que uma população necessita; • tempo de tratamento total a ser gasto pelos profissionais; • número de profissionais necessários para oferecer cuidados odontológicos em um determinado período; e • custo total dos cuidados considerados necessários. Desta forma, o levantamento das necessidades individuais e coletivas orienta a coleta de dados para a posterior análise e tomada de decisões no planejamento da assistência individual. Sendo assim, este processo constitui um importante instrumento de vigilância epidemiológica e deve ser utilizado com a finalidade de planejamento das ações em odontologia, mediando o agendamento para o atendimento individual (Emo., 2005). Os inquéritos podem ser realizados no próprio serviço, em escolas ou creches, nos domicílios dos usuários, dentre outros. Além do mais, nos inquéritos são produzidos dados considerados necessários para se saber o tipo de serviço a ser disponibilizado. O levantamento de necessidades, realizado na 156 Escola Estadual Bolivar de Freitas, utilizou-se da codificação vigente (SMSA BH/GEAS/Coordenação de Saúde Bucal) e buscou identificar o estado de saúde bucal dos indivíduos, servindo como meio de diagnosticar a polarização da doença. Desta forma, para a realização desta atividade os alunos foram chamados isoladamente, examinados e codificados segundo os critérios preconizados na PBH. Os alunos diagnosticados com lesões cariosas receberam uma carta, para informação dos pais, relatando-os sobre a constatação de cárie e orientando-os para que procure o seu Centro de Saúde de referência, devido à necessidade da realização de tratamento odontológico. Resultados Os resultados das avaliações foram bastante positivos, 604 alunos (75,2%), não apresentaram cárie dentária, apesar da constatação de diferenças significativas no estado de saúde bucal entre os alunos que estudam no turno da manhã e a tarde. As educadoras demonstraram consciência, empenho e boa vontade em relação à implementação das práticas de higiene bucal na rotina dos alunos. Conclusão Portanto, concluiu-se que este trabalho deve ser continuado, através da interação Escola-Centro de Saúde-Universidade, já que foi possível observar o sucesso desta parceria que além de estimular a iniciação à prática profissional dos estudantes, os induz no cumprimento de uma formação acadêmica científica, ética e humanística. Descritores Levantamento de necessidades bucais Educação em saúde. Promoção de saúde. Referências 1. Ceccim RB, Feurwerker LCM. O quadrilátero da formação para a área da saúde: ensino, gestão, atenção e controle social. Physis, vol. 14, n. 1. 2004. 2. Ferreira MLSM, Cotta RMM, Lugarinho R, Oliveira MS. Construção de espaço social unificado para formação de profissionais da saúde no contexto do Sistema Único de Saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, vol. 34, n. 2. 2010. 3. Nevado RA. Espaços Interativos de Construção de Possíveis: uma nova modalidade de formação de professores. Porto Alegre; Doutorado [Tese] — Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2001. 4. Ministério da Saúde. Resolução CNS nº 287 de 08 de outubro de 1998. Dispõe sobre as categorias profissionais de saúde de nível superior. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 7 maio 1999. (Portaria Interministerial nº 1802, de 26 de agosto de 2008). Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) 5. Emo S. O inquérito de necessidades em saúde bucal. In: Guia Curricular do curso de Técnico em Higiene Dental. Belo Horizonte: Escola de Saúde Pública de Minas Gerais, p. 65-67. 2005. Saúde e qualidade de vida do cirurgião dentista Apresentador: Tânia Adas Saliba Rovida Autores: Tânia Adas Saliba Rovida, Suzely Adas Saliba Moimaz, Cléa Adas Saliba Garbin, Rosana Leal do Prado, Nemre Adas Saliba Objetivo Verificar a qualidade de vida dos cirurgiões-dentistas, queixas de saúde, prática de atividade física e satisfação em relação à profissão. Metodologia A população alvo deste estudo foi composta por profissionais formados em uma instituição de Ensino Superior Pública paulista entre os anos de 2000 a 2010. Aos sujeitos da pesquisa foi enviado um questionário, testado em estudo anterior, contendo questões abertas e fechadas. O envio deu-se via correio e/ ou email para todos os egressos no período do estudo e seus endereços residenciais e eletrônicos foram obtidos junto a Divisão Técnica Acadêmica. Os dados coletados foram processados com o uso do aplicativo EPI INFO 3.5.2. Resultados Regressaram 189 questionários dos 1046 enviados, onde 65,6% dos respondentes declararam-se do gênero feminino e 28% masculino, sendo que a média de idade foi de 29,1 anos. Declararam remuneração entre 1000 e 2000 reais 34,1%, 2001 e 4000 34,1% e 4001 e 6000 reais, 15,9%. Quanto ao número de horas semanais despendidas com o exercício da odontologia a média foi de 35,25 horas, havendo profissionais que relataram trabalhar 75 horas semanais. Do total de respondentes, 42,3% afirmaram não trabalhar com a ajuda de pessoal auxiliar. Em relação ao uso de equipamentos de proteção individual, 97,2% relataram não utilizar protetor auricular e 17,7% não utilizavam óculos. Quanto a queixas de saúde relacionadas à profissão, 64,5% pessoas relataram alguma, sendo a mais freqüente, dor nas costas (33,6%) seguida por sua combinação com dor muscular (27%) e também combinada com LER/DORT (5,7%). Apresentaram queixas de dois ou mais sintomas/patologias simultâneos, 53,8% dos respondentes. Quando questionados em relação a manifestações dolorosas nos últimos doze meses, as regiões do corpo mais mencionadas foram coluna lombar (54%), pescoço (51,3%) e ombros (42,3%). Do total de participantes da pesquisa, 60,3% relataram apresentar estresse, apontando como maior motivo, excesso de atividades e como principais sintomas, irritabilidade excessiva (37%) e cansaço constante (28,6%). Em relação a satisfação quanto a remuneração alcançada, 54,3% disseram-se pouco satisfeitos, bem como em relação a jornada de trabalho, onde 46,7% declaram-se da mesma maneira. Já em relação ao seu desempenho profissional no cotidiano, 75,7% dos respondentes, disseram-se muito satisfeitos. Pretendem retirar-se parcialmente da profissão, 37,1%. Praticavam alguma atividade física, 60% dos participantes. Conclusão Os cirurgiões dentistas apresentaram queixas em relação ao estresse e problemas de saúde, mesmo entre os que praticam alguma atividade física. Demonstraram pouca satisfação com a remuneração alcançada e jornada de trabalho, fato inverso ao que ocorreu em relação ao desempenho profissional. Comitê de ética: 2007-02463. Projeto de Extensão Criança Sorridente: atividades realizadas Apresentador: Soraya Mameluque Autores: Soraya Mameluque, Gislaine Conceição Teixeira Pereira Maia, Tânia Coelho Rocha Caldeira, Cássia Pérola dos Anjos Braga Pires, Renata Francine Rodrigues Oliveira, Jairo Evangelista Nascimento, A prevenção da cárie dentária é de suma importância na Odontologia, considerando a manutenção da saúde bucal e não apenas o tratamento de sinais e sintomas. A terapia restauradora menos invasiva da atualidade, sustentada por base científica é o Tratamento Restaurador Atraumático (ART), desenvolvido em meados dos anos 80, dentro de um programa de atenção à saúde bucal. É uma técnica odontológica de mínima intervenção que faz parte de uma estratégia de promoção de saúde pela adoção de medidas contextualizadas para controlar os fatores de risco relacionados a doença cárie, sendo reconhecida e recomendada pela Organização Mundial de Saúde. Consiste na remoção da lesão cariosa com instrumentos manuais e preenchimento da cavidade com cimento de ionômero de vidro. Apresenta como vantagens: • simplicidade, • rapidez, • tecnologia simplificada e Revista da ABENO • 11(2)89-164 157 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) • mínima intervenção. O Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, em parceria com a Prefeitura Municipal de Montes Claros - MG, oferece o ART aos escolares da rede pública através do Projeto de Extensão “Criança Sorridente”. O objetivo deste trabalho é apresentar as atividades realizadas desde o início do projeto em novembro de 2005 até abril de 2010. Através da avaliação dos dados registrados nas fichas de produtividade do projeto, neste período foram realizadas 30 palestras de orientação para pais, professores e escolares, 15 apresentações de teatros, 2.500 escovações supervisionadas e 438 restaurações com cimento de ionômero de vidro (ART), beneficiando um público de aproximadamente 4000 pessoas. Estas ações são realizadas por acadêmicos do 7º ao 9º período sob supervisão dos professores responsáveis pelo projeto. Os casos que requerem o uso de equipamentos odontológicos são encaminhados para as clínicas de atendimento infantil da Unimontes. Os resultados obtidos têm mostrado que a técnica representa uma abordagem viável e biológica podendo ser utilizada na manutenção da saúde bucal bem como no resgate da mesma em comunidades que estão à margem do tratamento odontológico convencional. CEO de pacientes especiais da Faculdade asces - Caruaru/ pe. Importância da assistência humanizada Apresentador: Rossana Barbosa Leal Autores: Rossana Barbosa Leal, Valdenice Aparecida de Menezes, Renata Lúcia Cruz Cabral, Leógenes Maia Santiago, Angélica Leite, Petrônio Martelli A assistência humanizada na saúde é o atendimento ético do profissional científicamente preparado e comprometido com o ser humano no contexto psicossocial. O objetivo deste trabalho está baseado na apresentação do CEO de Pacientes Especiais da Faculdade ASCES no que se refere a importância do atendimento comprometido com a asssistência humanizada. Os CEOs desta Instituição são considerados “escola”, funcionam como serviço público a população do município e de todo agreste, o de Pacientes Especiais funciona nas quartas e quintasfeiras pela manhã, em média com 18 atendimentos 158 diários, com toda infraestrutura de alta complexidade. O paciente é chamado pelo nome na sala de espera, pela dupla de aluno que fará o atendimento (supervisionado pelo preceptor-professor da Faculdade). O paciente deve estar acompanhado. O atendimento é iniciado com a apresentação da dupla atendente e do professor ao paciente e seus responsáveis, momento em que é perguntado o nome que o paciente atende melhor; é explicada a política de atendimento na clínica, pergunta-se se ficaram dúvidas e que podem ser tiradas a medida que se processa esse primeiro momento, que não é obrigatório o paciente estar posicionado na cadeira odontológica; a ficha começa a ser preenchida com dados pregressos e atuais; é verificada a pressão arterial e realizado o exame clínico com preenchimento do odontograma, e passado o diagnóstico e tipo de tratamento a ser realizado, com uma média de visitas, e pedido de exames de saúde geral. Em seguida são passadas informações humanizadas aos acompanhantes sobre “o ser especial”, maneira de tratamento domiciliar no contexto psicológico, de higiene e social. Os resultados são positivos, o paciente e responsável demonstram satisfação pelo atendimento e o retorno é certeza, com o paciente cada vez mais condicionado e todos os envolvidos a cada dia comprometida com o restabelecimento bucal e geral do paciente. A conclusão é a de que, com uma assistência odontológica informada e humanizada é possível tornar famíliaprofissional-paciente-serviço envolvidos com o ser humano e com um tratamento eficiente. Instituições de longa permanência para idosos: experiência da FOV/CESVA/FAA Apresentador: Antônio Sérgio Netto Valladão Autores: Valladão ASN, Condé SAP, Pecoraro PVBF, Pinheiro AHN O aumento da expectativa de vida nos países em desenvolvimento tem provocado preocupação com a qualidade de vida e o bem-estar desses indivíduos. O Brasil tem sofrido o fenômeno de envelhecimento populacional e estima-se que 18 milhões de pessoas terão 65 anos ou mais no ano de 2020, cerca de 9% da população brasileira. Essa realidade leva a um aumento de doenças crônico-degenerativas em detrimento das infecto-contagiosas, resultando no crescimento da demanda dessa população por serviços de saúde. Dentre os quais, a saúde bucal merece Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) atenção especial pelo fato de que, historicamente, os serviços odontológicos não possuem prioridade de atenção a este grupo populacional, com altos níveis de edentulismo e elevada prevalência de cárie e de doenças periodontais. Muitos problemas odontológicos encontrados no idoso são, na realidade, complicações de processos patológicos acumulados durante toda a vida do indivíduo, devido à higiene bucal deficiente, iatrogenia, falta de orientação e de interesse em saúde bucal e ao não-acesso aos serviços de assistência odontológica. As instituições de longa permanência para idosos (ILPI) são estabelecimentos voltados para o atendimento integral institucional e vem crescendo de forma significativa nos últimos tempos. Daí a necessidade de se oferecer um atendimento multidisciplinar, envolvendo inclusive a odontologia. A Faculdade de Odontologia de Valença/RJ oferece em sua grade curricular a disciplina teórico/prática de Odontogeriatria aos acadêmicos de 7º e 8º períodos, que se estende em atividades extra-muro em casas de repouso geriátrico. O objetivo desse trabalho é demonstrar essa atuação que tem como prioridades oportunizar a atuação de acadêmicos junto à comunidade; capacitá-los no planejamento de atividades de educação em saúde com base em modelos teóricos; criar uma visão mais humanitária da relação paciente/profissional e avaliar o estado de saúde bucal dos indivíduos institucionalizados, abordando aspectos de promoção de saúde, prevenção e reabilitação, contribuindo com a redução de comprometimentos bucais nessa população. Perfil do cirurgião-dentista ideal na visão do cirurgião-dentista Apresentador: Luciane Campos Autores: Luciane Campos, Giara Honorata Busarello, Ângelo Nicássio Simon Júnior, Elisabete Rabaldo Bottan A tualmente, a reflexão sobre os rumos da educação superior, especialmente quanto à formação de profissionais em saúde, tem ocupado lugar importante na agenda estatal. A criação de mecanismos regulatórios e avaliativos das instituições de ensino superior (IES) e a definição de Diretrizes Curriculares para os cursos da saúde, somadas às múltiplas iniciativas de indução de mudança propostas pelo Ministério da Saúde, algumas em parceria com o Ministério da Educação, têm significado a introdução de novas questões e desafios para os centros formadores no Brasil. As reflexões sobre o perfil profissional dos recursos humanos para os diferentes campos da saúde, decorrentes da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), vêm exercendo influência na orientação dos currículos dos cursos de graduação. Assim, optou-se por desenvolver esta pesquisa com o objetivo de conhecer como cirurgiões-dentistas em atuação em Itajaí e Balneário Camboriú (Santa Catarina) descrevem um dentista ideal. Esta pesquisa se caracterizou como um estudo descritivo com abordagem qualitativa. A população-alvo foi composta por 142 cirurgiões-dentistas (CDs) inscritos nas regionais da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) de Itajaí e de Balneário Camboriú (Santa Catarina). A amostra foi do tipo não probabilística, por conveniência, composta por 88 CDs que consentiram em participar do estudo, o que representou 61,9% da população alvo. O instrumento de coleta de dados foi uma entrevista semi estruturada com a seguinte questão indutora: No seu entender, quais são as características de um dentista ideal?. A análise dos dados foi feita a partir do Teste de Associação Livre de Palavras. A pesquisa foi submetida ao comitê de ética em pesquisa da Universidade do Vale do Itajaí, tendo sido aprovada pelo parecer número 88/10. Para os participantes, os principais atributos de um cirurgiãodentista ideal estão vinculados à formação profissional (41,5%), habilidades sociais e interpessoais (29,9%), ética (28,5%) e visão integral do paciente (5,8%). Tendo em vista os resultados obtidos, conclui-se que para o grupo de CDs participantes, a concepção do dentista ideal ainda está vinculada a formação profissional. Contudo características vinculadas às habilidades sociais e interpessoais juntamente com os aspectos referentes à ética e à visão integral do paciente foram vastamente citadas. Este dado revela que apesar da formação profissional ainda ser muito valorizada a dimensão humanística também é enfatizada o que está em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais. Fonte Financiadora Programa de bolsas de iniciação científica/Próreitoria de pesquisa, pós-graduação, extensão e cultura da Universidade do Vale do Itajaí. Descritores Condutas na prática dos dentistas. Relações dentista-paciente. Recursos humanos em odontologia. Revista da ABENO • 11(2)89-164 159 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Perfil do estudante do Curso Noturno de Odontologia da FOUFRGS perfil do estudante do curso noturno de odontologia, bem como da implementação do curso como um todo. Apresentador: Juliana Maciel de Souza Autores: Juliana Maciel de Souza, Ramona Fernanda Ceriotti Toassi, Lilian Bottaro Purper, Evanise Berggrav Perfil profissional. Estudante de odontologia. Ensino odontológico. Educação superior em odontologia. A presente pesquisa teve como objetivo estudar o perfil dos estudantes que ingressaram nas duas primeiras turmas do curso noturno da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FO/UFRGS). Sendo esta uma proposta diferenciada da modalidade do curso diurno, com currículo e projeto pedagógico próprios, e projetado para pessoas que exercem suas atividades profissionais durante o dia, surgiu a necessidade de realização desse estudo. A intenção foi conhecer este grupo de estudantes, além de poder servir como base para o desenvolvimento de ações voltadas para o planejamento e organização do curso. Foram incluídos no estudo os estudantes que se matricularam no primeiro semestre do curso noturno de Odontologia em 2010 e 2011. A coleta de dados aconteceu por meio da aplicação de um questionário semi-estruturado, dividido em dois blocos: • o primeiro com questões referentes à caracterização do estudante e • o segundo voltado ao seu ingresso na faculdade e às expectativas do estudante em relação ao curso de noturno de Odontologia. Os dados foram digitados e analisados no programa SPSS. Os resultados mostraram que a maioria dos estudantes são mulheres (69,7%), jovens (idade média entre 23 e 24 anos), residem em Porto Alegre (51,8%) com os pais (62,5%) e estão no primeiro curso de graduação (56,6%). Sobre a inserção no mercado de trabalho, mais de 50% dos estudantes trabalham, tendo renda pessoal de até 2 salários mínimos (68,7%) e cerca de 70% dos que trabalham também recebem ajuda da família para seu sustento. Sobre o sentimento em relação à escolha pelo curso de Odontologia, 85,8% afirmaram estar seguros ou completamente seguros, sendo o curso de preferência para 82,1% dos estudantes. O motivo para a escolha do curso concentra-se na realização pessoal e profissional. Quanto ao conhecimento do projeto pedagógico, antes de ingressarem no curso, 57,1% dos estudantes af irmaram não conhecer o projeto. Recomenda-se, portanto, o acompanhamento do 160 Palavras-chave O Projeto Rondon e a saúde bucal: atividades desenvolvidas durante a Operação Mamoré, Vale do Anari, Rondônia, 2010 Apresentador: Lauren Oliveira Lima Bohner Autores: Lauren Oliveira Lima Bohner, Tanny Oliveira Lima Bohner, Graziela de Luca Canto O Projeto Rondon é uma ação do Governo Federal, coordenada pelo Ministério da Defesa, e tem como objetivo viabilizar a participação do estudante universitário na busca de soluções para o processo de desenvolvimento local sustentável de comunidades carentes. Além da assistência às comunidades, a ação incorpora o estudante universitário nas desigualdades sociais, construindo um papel de cidadania no acadêmico, e, consequentemente, resultando em uma formação compromissada com as necessidades brasileiras. No Projeto Rondon 2010, a Operação Mamoré ocorreu no Vale do Anari, em Rondônia. O presente estudo tem como objetivo relatar as atividades desenvolvidas no município, na área da saúde bucal. A Universidade Federal de Santa Catarina, juntamente com a Universidade São José do Rio de Janeiro, realizou atividades nas áreas de saúde, educação, meio ambiente, informática e lazer. Dentre as ações realizadas, na área de saúde bucal destacou-se o curso para Auxiliar de Consultório Odontológico, com duração de 400 horas envolvendo aulas teóricas e estágios, e com certificado emitido pela Universidade de São José. Além disso, também foram realizados procedimentos de ART em crianças de até 16 anos, programas de escovação, palestras sobre saúde bucal e programas para idosos sobre câncer bucal e diabetes, entre outros. A população participou ativamente das atividades desenvolvidas pelos estudantes, destacando-se a grande quantidade de pessoas presentes nas oficinas, cursos e atividades recreativas realizadas. As ações realizadas durante o Projeto Rondon contribuíram não só para o desenvolvimento do município, mas também para fortalecer o conceito de cidadania Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) entre os rondonistas. O município Vale do Anari possui problemas de relevância social, entre eles, a falta de incentivo por parte do governo para melhoria da saúde bucal da população. Além dos tratamentos dentários curativos que foram realizados, a Operação Mamoré procurou desenvolver ações que promovessem a saúde do indivíduo como um todo, atingindo o bem-estar físico, mental e social do indivíduo. Além disso, com a capacitação de agentes multiplicadores, espera-se que sejam realizados projetos contínuos, necessários para o crescimento do município e melhoria da qualidade de vida da população. Odontologia e cirurgiõesdentistas no sus: estudo na Serra Catarinense Apresentador: Izabella Barison Matos Autores: Izabella Barison Matos, Antenor Amâncio Filho, Paulo de Tarso Nunes Objetivo Contextualizar criação da Graduação em Odontologia em Lages identificando reflexos desta iniciativa. Método Pesquisa documental, bibliográfica e entrevista foram os instrumentos utilizados. A abordagem qualitativa deu-se na perspectiva teórico-metodológica proposta pela hermenêutica-dialética. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UNIPLAC sob protocolo nº 280726; contou com recursos financeiros desta universidade. Resultados O curso de graduação em Odontologia, dez anos após os primeiros movimentos conduzidos pela Universidade do Estado de Santa Catarina, foi implantado por universidade comunitária. A partir daí (1998) novos cursos de pós-graduação (lato sensu) foram ofertados tornando Lages centro de qualificação e atualização odontológica. Além deste, outros reflexos podem ser apontados: proporcionou aos cirurgiões-dentistas ampliação de inserção profissional (docência), ao mesmo tempo em que oportunizou maior qualificação, com o estímulo institucional (bolsas de estudo) à titulação de mestrado e doutorado. No entanto, paradoxalmente, identificam-se dificuldades na inserção de cirurgiões-dentistas e estudantes na rede pública de serviços de saúde. Análise/Discussão A Odontologia, muito recentemente, vem sendo contemplada por políticas públicas que têm exigido o envolvimento de profissionais de saúde bucal de vários níveis de ensino. Ao mesmo tempo, percebe-se que as respostas às demandas esbarram na falta de interesse dos profissionais com qualificação específica e dispostos a atuar em odontologia coletiva/saúde bucal coletiva, que parece refletir entre estudantes. Provavelmente tal postura pode ser entendida pelo possível descrédito nas políticas governamentais; seja pelo desprestígio que esta opção se constitui, seja pela exposição perante os colegas, cujo projeto profissional liberal, distancia-se da vinculação ao serviço público. A UNIPLAC tem oferecido um elenco de cursos no lato sensu em especialidades como: • ortodontia, • endodontia, • dores faciais, • dentística, • implantodontia. Esta oferta reflete o modelo característico da profissão odontológica, voltado para as especializações consagradas e mais valorizadas. Sobre a criação do curso de graduação em Odontologia, em Lages, implantado após mais de uma década de mobilização de setores da população, de instituições políticas e da categoria odontológica – inicialmente proposto por uma universidade pública estadual – sua implantação se deu por uma Universidade comunitária, em 1998. Autorizado pelo Conselho Estadual de Educação, em 1999 e reconhecido em 2004. Conclusões A polêmica criação da graduação em Odontologia proporcionou aos cirurgiões-dentistas ampliação de inserção profissional (docência) e maior qualificação, com o estímulo institucional à titulação (lato e stricto sensu). Para a população, além de contar com novos cirurgiões-dentistas, a oferta de atendimento em Clínicas Odontológicas da UNIPLAC expandiu a possibilidade de acesso, embora restrito às atividades pedagógicas de disciplinas que necessitam de pacientes para aulas práticas. No setor privado a região apresenta invejável oferta de serviços especializados; porém, no setor público percebe-se o desprestígio da vinculação como opção profissional, quer pelo baixo retorno financeiro, quer pelo descrédito nas políticas públicas da área. A partir de tais considerações sugere-se a continuidade de estudos a respeito, principalmente dos desdobramentos e dos impactos sentidos pela criação do referido curso. Revista da ABENO • 11(2)89-164 161 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) Sistema de cotas: análise de desempenho em faculdade de odontologia Apresentador: Maria Alves Garcia Silva Autores: Maria Alves Garcia Silva, Alervi Alves Ferreira-Netto, Gabriella Tavares Ferreira, João Batista de Souza, Marilene de Mendonça Rossi Bueno, Érica Miranda de Torres D urante a Conferência Internacional de Durban, África do Sul, contra a discriminação racial, patrocinada pela ONU em 2001, a delegação brasileira levou, dentre outras propostas, a criação de cotas para o ingresso de negros nas universidades públicas. Em 2008, o Conselho Universitário da Universidade Federal de Goiás (UFG) aprovou o Programa UFGInclui, que visa implementar ações afirmativas para facilitar o acesso e permanência de estudantes oriundos de escola pública, negros, indígenas, negros quilombolas e deficientes auditivos na universidade. O presente trabalho teve objetivo de avaliar o desempenho dos estudantes ingressos na faculdade de Odontologia da UFG (FOUFG) pelo Programa UFGInclui e pelo Sistema Universal (vestibular convencional) nos anos de 2009 e 2010, bem como verificar as percepções dos docentes e discentes sobre este processo de inclusão. Foram utilizados dados secundários obtidos junto à Coordenadoria de Graduação da FOUFG. Na análise quantitativa, foram consideradas as médias por disciplinas e a média global dos estudantes, comparadas estatisticamente pelo teste Mann-Whitney (a = 0,05). A análise qualitativa incluiu dados provenientes de: 1)aplicação de questionário aos professores; 2)discussão com grupos focais de estudantes UFGInclui e Sistema Universal separadamente. O questionário contemplava os seguintes aspectos quanto aos estudantes cotistas: • participação nas aulas teóricas, • desempenho nas aulas práticas, • relação interpessoal, • avaliação atitudinal. Participaram dos grupos focais todos os acadêmicos ingressos pelo Programa UFGInclui, no total de 37, e um número igual (37) de estudantes do Sistema Universal, selecionados de forma aleatória. Foi feito um levantamento de problemas, seguido de discussão sobre desempenho acadêmico, dificuldades fi- 162 nanceiras, pedagógicas e/ou no relacionamento interpessoal. Em geral, não foram verificadas diferenças estatísticas no desempenho entre os estudantes por disciplinas, embora os estudantes do Sistema Universal tenham apresentado desempenho superior nas disciplinas: • Diagnóstico Bucal I, • Patologia Geral e • Farmacologia. Diferenças estatísticas significantes não foram observadas entre os grupos Sistema Universal e UFGInclui quanto a média global (p = 0,122), nem quando comparadas as médias globais dos ingressos em 2009 e 2010 (p = 0,350). De acordo com os questionários, a maioria dos ingressos pelo UFGInclui possui participação passiva nas aulas teóricas, desempenho bom nas aulas práticas, relação interpessoal amigável, e atitude colaboradora. Os discentes do Sistema Universal relataram que os cotistas são estudiosos, entretanto falta-lhes conhecimento básico. Já os estudantes UFGInclui ressaltaram que há ótima aceitação dos professores e colegas, e afirmaram a necessidade de ações facilitadoras, como monitorias e aulas extras. As principais dificuldades foram relacionadas às matérias básicas, especialmente pela deficiência em física, química e biologia, dificuldades com inglês e português, assim como restrições financeiras. Conclui-se que a aceitação e integração do Programa UFGInclui na FOUFG pode ser considerada positiva, entretanto o conhecimento básico desses estudantes é deficiente e os mesmos apresentam dificuldades financeiras. São necessárias ações de apoio acadêmico e financeiro aos mesmos, bem como apoio pedagógico junto aos docentes para melhor capacitá-los a lidar com estas dificuldades. Cabe ainda à Universidade apoiar e alertar os órgãos competentes para a necessidade de melhorias no ensino fundamental e médio. Número do Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UFG: 277/11 Força de trabalho em Odontologia: o que mudou? Apresentador: Suzely Adas Saliba Moimaz Autores: Suzely Adas Saliba Moimaz, Tânia Adas Saliba Rovida, Rosana Leal do Prado, Cléa Adas Saliba Garbin, Nemre Adas Saliba Objetivo Comparar o perfil da força de trabalho de cirur- Revista da ABENO • 11(2)89-164 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) giões-dentistas em dois momentos distintos, em 2000 e 2010. Metodologia Foram analisados dados de uma pesquisa realizada em 2000 com os egressos de 1989 a 1999 de uma Instituição de Ensino Superior Pública do estado de São Paulo, a FOA-UNESP, e comparados com os dados coletados em pesquisa semelhante, realizada com egressos de 2000 a 2010. As seguintes variáveis foram analisadas: • gênero, • renda declarada, • formação pós-graduação, • modalidade em que desempenham a profissão, • número de horas despendidas com o exercício da odontologia, • porte populacional da cidade em que atuam, • aquisição de bens móveis ou imóveis, • ajuda de pessoal auxiliar, dentre outras. Resultados Responderam ao questionário 207 cirurgiõesdentistas em 2000 e 189 em 2010. Em relação ao gênero, entre os participantes da pesquisa, no período de 89 a 99, 42% eram do sexo masculino e 58% do feminino, enquanto que no período entre 2000 a 2010, 70,1% eram do gênero feminino e 29,1% do masculino. Para 48,6% dos egressos da pesquisa de 2000 a renda declarada era de até 10 salários mínimos, enquanto que para os formados entre 2000 e 2010, 39,8% dos respondentes declararam renda de até 3,66 salários mínimos, considerando para ambas as análises o valor do salário vigente na época de cada pesquisa. A formação pós-graduação lato sensu foi relatada por 41% dos graduados entre 89–99, enquanto entre os formados entre 2000–2010 foi citada por 58,3% dos participantes. A especialidade mais procurada pelo primeiro grupo foi prótese dentária (20%), enquanto que pelo segundo, ortodontia apareceu em 35,2% das respostas. No primeiro grupo atuavam exclusivamente como autônomos, 45%, 8,3% relataram trabalhar por porcentagem e 2,4% dedicavam-se exclusivamente ao serviço público. No segundo grupo, estes valores foram respectivamente 37,2%, 17,5% e 6%. Em relação ao trabalho no serviço público, mesmo quando combinado com outra modalidade, estes valores foram de 22% (2000) e 15,1% (2010). O grupo formado entre 1989-99 em sua maior parte (47,2%) dedicava-se mais de 40 horas semanais ao exercício da odontologia. A maior parcela do segundo grupo (37,9%) relatou dedicar entre 20 e 40 horas e 37,4% dos respondentes, mais de 40 horas semanais ao exercício da odontologia. Trabalhavam em cidade com mais de 100 mil habitantes, 65,6% dos egressos na década de 90, e 70,4% dos formados nos anos 2000. Não conseguiram adquirir bens móveis ou imóveis com exercício da odontologia 27% dos componentes do primeiro grupo, subindo este valor para 37,7% no segundo. Pretendiam retirar-se parcialmente da profissão 38% dos graduados entre 1989-1999, enquanto que entre os graduados durante os anos 2000–2010 este valor foi de 37,1%. Conclusão Perdurou nos períodos estudados tendência de feminilização e migração para os grandes centros de profissionais cirurgiões-dentistas. Pôde-se observar uma maior busca por especialização latu sensu dos graduados entre 2000–2010. Houve também diminuição da renda dos cirurgiões-dentistas ao longo do período estudado, além de menor percentual de profissionais no serviço público atrelado a outras modalidades no segundo momento do estudo. Comitê de ética: 2007-02463. Gestão contábil: uma avaliação externa da realidade dos alunos de odontologia Apresentador: Rafael Luiz Schneider Autores: Rafael Luiz Schneider, Márcia Covaciuc Kounrouzan, Wagner Baseggio, Cristina Sayuri Nishimura Miura A tualmente, os profissionais da área da saúde, em especial cirurgiões-dentistas, são formados objetivando o desenvolvimento técnico-operacional, com um enfoque altamente tecnológico, tecnicista e especializado, sem formação na área de gestão contábil e finanças do consultório. Neste contexto, deparam-se ao final da vida acadêmica, início da vida profissional, com a dificuldade de agregar características de gestor e estabelecer o preço dos procedimentos, tendo geralmente como base a tabela da associação de classe, muitas vezes não condizente com a realidade do local onde trabalha, ou mesmo de forma arbitrária, pelo simples desconhecimento do custo de cada procedimento. O estabelecimento de um valor ou preço para cada serviço proporcionado deve respeitar duas situações distintas: 1)o atendimento particular, caracterizado por um grande valor agregado à titulação do profissional 2)o atendimento a planos de saúde, que limitam os preços dos procedimentos. Revista da ABENO • 11(2)89-164 163 Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011) As modificações sofridas pela profissão impõem ao profissional a necessidade de gestão estratégica de sua atividade, conduzindo o consultório como uma empresa inserida num contexto altamente competitivo, abrindo espaço para a inclusão no conteúdo curricular de disciplinas correlacionadas com o ensino dos conteúdos contábeis e financeiros, contemplando as Diretrizes Curriculares Nacionais na formação de um profissional apto a tomar iniciativas, promover o gerenciamento e administração tanto da força de trabalho, dos recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos a serem empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças nas equipes de saúde. Seriam egressos com qualificações que abrangessem conhecimentos integrados dos aspectos técnicos, psicológicos, sociais, humanísticos e financeiros. Desta maneira, torna-se fundamental que o cirurgião-dentista saiba como calcular o seu custo para poder gerenciar seu consultório de forma a contemplar os lucros desejados para cada situação de atendimento, até mes- 164 mo para contestar valores pagos pelos convênios. O objetivo deste trabalho é expor as diferentes estratégias disponíveis para o gerenciamento contábil do consultório, dentre as quais destacam-se o Custo Alvo (Target Costing) e Custeio Baseado em Atividade (ABC - Activity Based Costing), por meio do relato de experiência do ensino dos métodos de custeio para acadêmicos de odontologia, e o impacto na percepção dos alunos no gerenciamento financeiro do consultório. Com os recursos oferecidos pelas áreas de Contabilidade e Finanças, o profissional pode aprimorar a gestão da atividade profissional por meio de planejamento e controle, podendo manter um bom desempenho apesar do aumento da concorrência, tornando o profissional proativo, incluindo a gestão do seu negócio como parte integrante de sua formação, utilizando método de custeio para o planejamento, organização, direção, distribuição e controle de suas ações, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais. Revista da ABENO • 11(2)89-164 Índice de artigos v. 11, n. 2, julho/dezembro - 2011 Autores Araújo, Maria Luiza Alves. . . . . . . . . . . . . 8 Barros, Paula Ferreira. . . . . . . . . . . . . . . . 8 Bercht, Solange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Berlink, Teresa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Boaventura, Talita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Braga, Neilor Mateus Antunes . . . . . . . . 34 Brito-Júnior, Manoel . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Canuto, Sylvana Mara . . . . . . . . . . . . . . . 51 Carvalho, Raquel Baroni de . . . . . . . . . . 27 Cerqueira, Iram Alkmim. . . . . . . . . . . . . 40 Costa, Simone de Melo. . . . . . . . . . . . . . 45 Fagundes Neto, Mariano. . . . . . . . . . . 8, 40 Ferreira, Raquel Conceição. . . . . . . . . . . 34 Fonsêca, Graciela Soares. . . . . . . . . . . . . 19 Gabriel, Mariana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Gonçalves, Caroline Marinho . . . . . . . . 27 Hugo, Fernando Neves. . . . . . . . . . . . . . 63 Jorge, Renata Rocha . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Leite, Maisa Tavares de Souza. . . . . . . . . 45 Lemos, Vânia Aita de. . . . . . . . . . . . . . . . 63 Maciel, Ana Paula Ferreira . . . . . . . . . 8, 40 Maia, Katlin Darlen. . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Martins, Marisa Carvalho. . . . . . . . . . . . . 40 Medeiros, Ariany Paula. . . . . . . . . . . . . . . 8 Mendes, Danilo Cangussu. . . . . . . . . . . . 45 Mendes, Patrícia Helena Costa. . . . . . 8, 40 Moreira, Fernanda Santos. . . . . . . . . . . . 14 Moura, Altair Soares de. . . . . . . . . . . . . . 34 Néri, Felipe Ribeiro. . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Nunes, Ângela Antunes. . . . . . . . . . . . . . 63 Paula, Fabiana Angélica de. . . . . . . . . . . 51 Pereira, Gustavo Igor Barbosa. . . . . . . . . 34 Pinto, Ana Cecília Versiani Duarte. . . . . 40 Ramos, Maria Eliza Barbosa . . . . . . . . . . 57 Ribeiro, Liliane da Consolação Campos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Ribeiro, Mirtes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Rodrigues Neto, João Felício. . . . . . . . . .45 Rodrigues, Ana Áurea Alécio de Oliveira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Rodrigues, Carlos Alberto Quintão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Rosa, Arisson Rocha da. . . . . . . . . . . . . . 63 Rossoni, Eloá . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Sales, Késsia Nara Andrade. . . . . . . . . . . 51 Sangiorgio, João Paulo Menck . . . . . . . . 14 Santos, Karina Tonini dos. . . . . . . . . . . . 27 Slavutzki, Sonia Maria Blauth de . . . . . . 63 Souza, Evelin Gonçalves . . . . . . . . . . . . . . 8 Souza, Maria Isabel de Castro de . . . . . . 57 Tanaka, Elisa Emi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Toassi, Ramona Fernanda Ceriotti. . . . . 63 Warmling, Cristine Maria . . . . . . . . . . . . 63 Zuculin, Sara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Educação superior. . . . . . . . . . . . . . . 27, 45 Ensino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Ensino superior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Estágio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Estágio clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Extensão comunitária . . . . . . . . . . . . . . . 63 Gestantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Motivação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Odontologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19, 51 Pesquisa qualitativa . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 PET-Saúde/UFVJM . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Prática de ensino-aprendizagem. . . . . . . 57 Preceptor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Relato de experiência . . . . . . . . . . . . . . . 51 Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Saúde bucal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34, 63 Saúde da Família. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Saúde do trabalhador . . . . . . . . . . . . . . . 40 Serviços de saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Sistema Único de Saúde . . . . . . . . . . . . . 45 Educational measurement . . . . . . . . . . . 14 Family health. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Health. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Health education. . . . . . . . . . . 8, 14, 40, 57 Health services. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Higher education. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Instructor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Motivation . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Occupational health . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Oral health. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34, 63 PET-Saúde/UFVJM . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Pregnant women . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Primary health. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Primary health care. . . . . . . . . . . . . . . 8, 40 Qualitative research. . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Report of experience. . . . . . . . . . . . . . . . 51 Self-image. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Teaching-learning practice. . . . . . . . . . . 57 Training . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Unified health system . . . . . . . . . . . . . . . 45 Descritores Adolescente infrator . . . . . . . . . . . . . . . . 34 AIDS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Atenção primária à saúde. . . . . . . 8, 40, 63 Auto-imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Avaliação educacional. . . . . . . . . . . . . . . 14 Currículo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Drogas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Educação em odontologia. . . . . . . . . . . . 27 Educação em saúde. . . . . . . . . 8, 14, 40, 57 Descriptors AIDS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Clinical clerkship. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Community outreach. . . . . . . . . . . . . . . . 63 Curriculum. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Delinquent adolescent. . . . . . . . . . . . . . . 34 Dentistry. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19, 51 Drugs. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51 Education. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Education, dental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Education, higher . . . . . . . . . . . . . . . 27, 45 Revista da ABENO • 11(2):165 165 Índice de resumos v. 11, n. 2, julho/dezembro - 2011 Autores A Abranches, Denise C. . . . . . . . . . . . . . . 131 Aguiar, Andrea Silvia Walter de . . . . . . . 99 Aguiar, Yêska Paola Costa . . . . . . . . . . . 153 Alencar, Carlos Henrique . . . . . . . . . . . 103 Alencar, Cássio José Fornazari. . . . . . . . 103 Alencastro, CS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 Almeida Junior, Paulo André de. . 148, 151 Almeida, Daniel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 Almeida, Luiz Eduardo de . . . . . . . . . . 108 Almeida, Maria Eneide Leitão de. . . . . 103 Almeida, R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Alquati, Evete Polidoro. . . . . . . . . . . . . 114 Alves Filho, Ary de Oliveira. . . . . . . . . . 126 Alves, José Renato Rodrigues . . . . . . . . . 71 Alves, Maria Urânia. . . . . . . . . . . . . . . . 115 Amâncio Filho, Antenor. . . . . . . . . . . . 161 Amante, Cláudio José . . . . . . . . . . . . . . 119 Amorim, Júnia Noronha Carvalhais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122, 123 Andrade, Nathalia Paiva de. . . . . . . . . . 104 Andrades, Kesly Mary Ribeiro. . . . . . . . . 92 Antoniazzi, João Humberto. . . . . 83, 93, 94 Arantes, Diele Carine Barreto . . . . . . . . . . . . . . . . 111, 122, 123 Araújo, Fabíola Alves de . . . . . . . . . . . . . 79 Arruda, BS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Ávila, Lúcia Fátima de Castro. . . . . . . . . 92 Azambuja, Gregory Hacke. . . . . . . . . . . . 99 Azevedo, RAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 B Baldasso, FER. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 Barbosa, Carla Cristina Neves. . . . . . . . 128 Barbosa, Fernando Talma Rameta Gonçalves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 Barbosa, Gabriella Bené . . . . . . . . 135, 143 Barbosa, Marcela di Moura. . . . . . . . . . 102 Barbosa, Maria Bernadete Cavalcanti Bené . . . . . . . . . . . . . 135, 143 Barbosa, Tatiane Muniz. . . . . . . . . . . . . 128 Barbosa-Júnior, Edwaldo de Souza. . . . 116 Baretta, F . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151, 152 Barreto, Priscila Máximo. . . . . . . . 148, 151 Barros, Rosana Mara Giordano de. . . . . 91 Baseggio, Wagner. . . . . . . . . . 141, 146, 163 Basso, Ilda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 Bastos, Beatriz Teles Ferreira . . . . . . . . . 81 Beatrice, Lúcia Carneiro de Souza. . 97, 98 Bellini, MIB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Berggrav, Evanise. . . . . . . . . . . . . . . 90, 160 166 Berlinck, Teresa Cristina Ávila . . . . . . . . 85 Besen, Candice Boppré. . . . . . . . . . . . . 133 Bohner, Lauren Oliveira Lima . . . . . . . 160 Bohner, Tanny Oliveira Lima . . . . . . . . 160 Bonecker, Marcelo. . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Borges, Tássia Silvana. . . . . . . . . . . . . . . 117 Bottan, Elisabete Rabaldo. . . . 99, 100, 159 Brancher, Anna Paula . . . . . . . . . . . . . . 137 Brasil, Clarrisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 Bregagnolo, Janete Cinira. . . . . . . 132, 134 Bremm, Laerte Luiz. . . . . . . . . . . . 146, 148 Brito-Júnior, Manoel . . . . . . . . . . . 116, 120 Brum, Sileno Correa. . . . . . . . . . . 124, 128 Bueno, Marilene de Mendonça Rossi. . 162 Busarello, Giara Honorata . . . . . . . . . . 159 Busato, Claudia de Abreu. . . . . . . 144, 145 C Cabral, Cristiane Freitas . . . . . . . . . . . . 108 Cabral, Renata Lúcia Cruz . . . . . . . . . . 158 Caccia-Bava, Maria do Carmo Gullaci Guimarães. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 Caetano, João Carlos. . . . . . . . . . . . . . . . 98 Caldeira, Tânia Coelho Rocha . . . . . . . 157 Câmara, Francisco Barros da. . . . . . . . . 142 Camargo, Lucila Basto. . . . . . . . . . . . . . 103 Camilo, Carla Cristina. . . . . . . . . . 116, 120 Campos, Luciane. . . . . . . . . . . 99, 100, 159 Canto, Graziela de Luca . . . . . . . . . . . . 160 Cardoso, Carmen L. . . . . . . . . . . . . . . . . 95 Cardoso, Carmen Lucia. . . . . . . . . . . . . 132 Cardoso, Rielson José Alves. . . . . . . . 93, 94 Carli, Alessandro Diogo de. . . . . . . . . . . 91 Carmo, Antônio Márcio Resende do . . 108 Carneiro, Anne Gomes. . . . . . . . . . . . . 153 Carneiro, Lelia MA . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 Carniel, Ricardo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 Carretta, Regina Yoneko Dakuzaku . . . 132 Casotti, Cezar Augusto. . . . . . . . . . . . . . 140 Castro, Karla Dias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Castro, Ricardo Dias de. . . . . . . . . . . . . 127 Cavazzola, Alexandre Sabatini . . . 144, 145 Cebukin, Alberto. . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 Ceranto, Daniela de Cassia Fagliani Boleta . . . . . . . . . . . . . . . . . 141, 146, 148 Cerqueira, Marília Borborema Rodrigues . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Cerveira, Jaime A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 Chabat, Micheli. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Chaim, Rita Cristina. . . . . . . . . . . . . . . . 114 Chaves, Elaine de Sá . . . . . . . . . . . . . . . 128 Chaves, Rafaela. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134 Revista da ABENO • 11(2):166-8 Christmann, Kilian. . . . . . . . . . . . . . . . . 142 Chupel, Marcelle Cristina Simioni. . . . 139 Cimardi, Ana Claudia Baladelli. . . . . . . 137 Cimardi, Ana Claudia Baladelli Silva . . 118 Coelho, Amanda Alves. . . . . . . . . . . . . . 143 Coelho, Mania Quadros . . . . . . . . . . . . 116 Colatusso, Franciele. . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Condé, SAP. . . . . . . . . . . . . . . . . . .129, 158 Conti, Marta Helena Souza de . . . . . . . 114 Cossolin, Giuliano SI. . . . . . . . . . . . . . . 131 Costa, Brunna Librelon. . . . . . . . . . . . . . 75 Costa, CHM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Costa, Simone de Melo. . . . . . . . . . . . . 120 Crivello-Junior, Oswaldo . . . . . . . . . . . . 104 Cruz, RA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 D Dantas, Tereza Cristina Costa. . . . . . . . 135 Debiasi, L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Delinski, Thaisa Cabrine. . . . . . . . . . . . 137 Dias, Diego dos Santos. . . . . . . . . . . . . . . 75 Dias, Raimundo Vieira. . . . . . . . . . . . . . . 71 Diniz, Denise Nóbrega. . . . . . . . . . . . . . 149 Domiciano, Mariana Leão. . . . . . . . . . . . 81 Domingues, José Eduardo Gomes . . . . 126 Dominguez, EE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Duarte, Poliana Cíntia de Oliveira. . . . 143 Duarte, Rosângela Marques . . . . . . . . . 106 E Eberhardt, MS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Ely, HC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 Erthal, G. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144, 153 Espejo-Trung, Luciana Cardoso. . . . . . 143 Eufrázio, Ana Paula. . . . . . . . . . . . . . . . 143 F Fadel, Cristina Berger . . . . . . . . . . . . . . 116 Falcão, Carlos Alberto Monteiro. . . . . . 113 Farias, Kaliny Souza. . . . . . . . . . . . . . . . . 79 Fernandes, Rodrigo Mendes. . . . . . . . . 139 Ferraz, Maria Ângela Arêa Leão. . . . . . 109 Ferreira, Efigênia Ferreira e. . . . . . . . . 134 Ferreira, Elza Maria Sá. . . . . . . . . . . . . . 150 Ferreira, Gabriela Lacet S. . . . . . . . . . . 127 Ferreira, Gabriella Tavares . . . . . . . . . . 162 Ferreira, Mariana de Andrade . . . . . . . . 81 Ferreira, Nayane Cavalcante. . . . . . . . . . 99 Ferreira, Raquel Conceição. . . . . . . . . . 116 Ferreira-Netto, Alervi Alves. . . . . . . . . . 162 Filgueira, Adriano de Aguiar. . . . . . . . . . 71 Finkler, Mirelle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 Flor, Sandra Maria Carneiro. . . . . . . . . . 71 Fonoff, Ricardo N . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 Fonseca, Esdras Guedes. . . . . . . . . . . . 155 Fontanella, VRC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 Forte, FDS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Forte, Franklin Delano Soares . . . 106, 127 Fracolly, Rosemary A. . . . . . . . . . . . . . . 104 Francisco, Kléryson Martins Soares . . . 140 Franco, Juliana Fiuza . . . . . . . . . . . . . . 139 Freire, Maria do Carmo Matias. . . . . . . 102 Freitas, CHSMF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Freitas, Cibely Aliny Siqueira Lima. . . . . 71 Freitas, Cláudia Helena Morais Soares de. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127 Freitas, Cláudia Helena Soares de Morais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 Freitas, Sirlei Vaz de. . . . . . . . . . . . . . . . 127 Frota, Lívia Cordeiro Portela . . . . . . . . . 71 Fuscella, Maria Alice Pimentel . . . . . . . 142 G Galetto, Márcia Martins. . . . . . . . . . . . . 108 Garbe, Gisele . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 Garbin, Cléa Adas Saliba. . . . 125, 157, 162 Garone-Netto, Narciso. . . . . . . . . . . . . . 143 Giacomini, Danielli Aline. . . . . . . . . . . 105 Gibilini, Cristina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 Giovannini, José Flávio Batista Gabrich. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122, 123 Godoy, MC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Goes, Isabelle da Costa . . . . . . . . . . . . . . 99 Gomes Filho, Douglas Leonardo . . . . . 140 Gomes, Juliana Borges. . . . . . . . . . . . . . . 99 Gonçalves, Sebastião Jorge da Cunha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134 Gondim, Messias Aragão. . . . . . . . . . . . . 85 Gouvêa, Mônica Vilela. . . . . . . . . . . . . . . 80 Goyatá, Frederico dos Reis . . . . . . 124, 134 Grando, Debora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 Granville-Garcia, Ana Flávia . . . . . . . . . 149 Grazziotin, Gladis. . . . . . . . . . . . . . 117, 149 Grazziotin, Gladis Benjamina. . . . 112, 136 Gurgel, Alberto Costa . . . . . . . . . . . . . . 142 Gurgel, Ludmila Galindo França. . . . . . 98 H Haddad, Ana Estela. . . . . . . . . 83, 103, 131 Hamid, Mahmud. . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 Hayacibara, Mitsue Fujimaki. . . . . . . . . 101 Henriqson, Denise. . . . . . . . . . . . . . . . . 149 Heubel, Maricê TCD. . . . . . . . . . . . . . . 114 Hidalgo, Mirian Marubayashi. . . . . . . . . 94 Humberto, Janaína Silva Martins. . . . . 126 J Jorge, Ingrid de Oliveira. . . . . . . . . . . . . 77 Jorge, Lidiane da Silva. . . . . . . . . . . . . . 103 Jurinic, Dayelen. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 K Kist, Andressa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 Kounrouzan, Márcia Covaciuc . . . . . . . 163 Kuczynski, Daiane . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Kuhnen, Mirian. . . . . . . . . . . . . . . 128, 139 L Lacerda, Bruno Rafaelle Alves . . . . . . . . 81 Lacerda, Josimari Telino de . . . . . . . . . 105 Lacerda, Pollyana Mendes. . . . . . . . . . . 155 Lacerda, Valéria Rodrigues de . . . . . . . . 91 Lamas, Alex Elias. . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Lameck, Ellen. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .80 Leal, Rossana Barbosa. . . . . . . . . . . . . . 158 Leite, Angélica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158 Leite, Lorena Olegário . . . . . . . . . . . . . 155 Leles, Cláudio Rodrigues. . . . . . . . . . . .102 Lemos, Daniela de Mattos. . . . . . . . . . . . 75 Lima, Maria Amélia Ximenes Correia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 Linhares, Maria Socorro Carneiro. . . . . 71 Lolli, Luiz Fernando . . . . . . . . . . . . . . . . 94 Lopes, Célia Maria Condeixa de França. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 Lucas, Renally Cristine Cardoso. . 149, 153 Lucas, Rilva Suely de Castro Cardoso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149, 153 Luz, FR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Luz, Maria Aparecida Alves de Cerqueira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 M Mabtum, Aparecida. . . . . . . . . . . . . . . . . 95 Macedo, Mary Caroline Skelton . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93, 94, 143 Machado, Luiz Antônio. . . . . . . . . . . . . 139 Madruga, BP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Mahl, Célia Regina Winck. . . . . . . . . . . 142 Mahl, CRW. . . . . . . . . . . . . . . 138, 144, 153 Maia, Gislaine Conceição Teixeira Pereira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138, 157 Maia, MPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 Mameluque, Soraya. . . . . . . . . . . . . . . . 157 Marafiotti, Graziela de Almeida Prado e Piccino. . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 Marcelo, Vânia Cristina. . . . . . . . . . . . . 102 Marques, Beatriz Baldo. . . . . 112, 117, 149 Marques, Marcia Martins. . . . . . . . . . . . 143 Marta, Sara Nader . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 Martelli, Petrônio. . . . . . . . . . . . . . . . . . 158 Martins, Andréa Maria Eleutério de Barros Lima. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 Martins, Francineide Almeida Pereira. . 106 Martins, Marília de Oliveira . . . . . . . . . . 81 Matos, Fabrícia Vieira de. . . . . . . . . . . . 130 Matos, Izabella Barison. . . . . . . . . 113, 161 Mattos, Maria da Gloria Chiarello de . . . . . . . . . . . . . . . . 132, 134 Matumoto, Silvia . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 Revista da ABENO • 11(2):166-8 Medeiros, Carmen Lucia Soares Gomes de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 Medina, Pollyanna Oliveira. . . . . . . . . . 126 Mello, Ana Lúcia Ferreira de . . . . . . . . 119 Mello, Mônica de Souza Netto . . . 133, 147 Mello, P. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144 Melo Júnior, Paulo Correia de . . . . . . . . 97 Melo, Jussara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 Mendes, CAJ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127 Mendes, Danilo Cangussu. . . . . . . . . 75, 77 Mendes, Francisco Lucas Vasconcelos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Mendonça, Santuza Maria Souza. . . . . . . . . . . . . . 111, 121, 122, 123 Meneghim, Marcelo de Castro. . . . 72, 129 Menezes, Léa Maria Bezerra de . . . . . . 103 Menezes, Valdenice Aparecida de. . . . .158 Mestriner Júnior, Wilson. . . . . . . . . . . . 134 Mestriner, Soraya Fernandes. . . . . . . . . 134 Mialhe, Fábio Luiz. . . . . . . . . . . . . . 72, 129 Miguel, Luiz Carlos . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Miguel, Luiz Carlos Machado. . . . . . . . . 92 Miguens Jr, Sergio Augusto Quevedo. . 142 Miguens, SAQ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144 Miranda, Carolina Baptista. . . . . . . . . . 132 Miura, Cristina Sayuri Nishimura. . . . . . . . . . . . . . 141, 148, 163 Miura, Marcio Nakayama . . . . . . . . . . . 141 Moimaz, Suzely Adas Saliba. . 125, 157, 162 Moita, Marina Meirelles Bogalho. . . . . 139 Monteiro, Leonardo . . . . . . . . . . . . . . . 121 Moraes, Renita Baldo. . . 112, 117, 136, 149 Morais, MB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Morinelli, Viviane Rodrigues. . . . . . . . .155 Moroni, TG. . . . . . . . . . . . . . . . . . .151, 152 Moura, Regina Cardoso de. . . . . . . . . . 139 Musse, Jamilly de Oliveira. . . . . . . . . . . 135 N Nahsan, Flávia Pardo Salata. . . . . .146, 148 Nascimento, Jairo Evangelista. . . . 138, 157 Navarro, Ricardo S. . . . . . . . . . . . . . . . . 131 Nery, Newillames Gonçalves. . . . . . . . . . 81 Nobre, Maria Cleonice Oliveira . . . . . . 120 Noro, Luiz Roberto Augusto. . . . . . . . . 112 Novais, Tatiana Oliveira. . . . . . . . . . . . . 102 Nunes, Maria de Fátima. . . . . . . . . . . . .102 Nunes, Paulo de Tarso. . . . . . . . . . . . . . 161 O Odebrecht, Constanza Marin de Los Rios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92, 123 Oliveira, Camilla Aparecida Silva de. . . 121 Oliveira, Carla de Souza . . . . . . . . . . . . 108 Oliveira, Eleonora Menicucci de . . . . . 131 Oliveira, Gabriel Lima de . . . . . . . . . . . . 77 Oliveira, Hanieri Gustavo de. . . . . . . . . 142 Oliveira, Marcia de Freitas. . . . . . . . . . . .95 Oliveira, Mírian da Silva . . . . . . . . . . . . 139 167 Oliveira, Renata Francine Rodrigues . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138, 157 Oliveira, Rodrigo Simões de. . . . . . . . . 128 Oliveira, Viviane Maia Barreto de. . . . . 132 Orsi, Rossiny Valério . . . . . . . . . . . . . . . 100 P Pacheco, Cinthia Mara da Fonseca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111, 121 Padilha, Nilza Regina Rebelo . . . . . . . . 126 Paiano, Helena Maria Antunes. . . . . . . . 89 Paixão, Aline Lemes. . . . . . . . . . . . . . . . .81 Palmier, Andrea Clemente . . . . . . . . . . 155 Pasin, Camila Redin. . . . . . . . . . . . . . . . 137 Pecoraro, PVBF . . . . . . . . . . . 127, 129, 158 Pegoraro, Carolina Nunes. . . . . . . . . . . 122 Pereira, Antonio Carlos. . . . . . . . . . 72, 129 Pereira, Cleide Zille. . . . . . . . . . . . . . . . 155 Pereira, Geraldo Magela. . . . . . . . 122, 123 Pereira, Maria José Bistafa. . . . . . . . . . . 132 Pessoa, Talitha Rodrigues Ribeiro Fernandes. . . . . . . . . . . . . . . . . . 106, 127 Pessoa, TRRF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Piazza, Carmen Lucia Santanna de. . . . 149 Pieroni, Bernardo Nogueira. . . . . . . . . 134 Pinheiro, AHN. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158 Pinto, Márcia Helena Baldani. . . . . . . . 116 Pinto, Silvania Aparecida Vicentini . . . 108 Pires, Cássia Pérola dos Anjos Braga. . . . . . . . . . . . . . . . . . 120, 138, 157 Porto, Hisabella Simões. . . . . . . . . . . . . . 75 Prado, Rosana Leal do. . . . . . 125, 157, 162 Prolla, Michel Cartana. . . . . . . . . . . . . . 142 Provenzano, Maria Gisette Arias. . . . . . . 94 Purper, Lilian Bottaro. . . . . . . . . . . 90, 160 Q Queiroz, Maria Goretti . . . . . . . . . . 81, 102 R Ramin, Eliane. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Ramos, Adilson Luiz . . . . . . . . . . . . . . . . 94 Ramos, Flávia Regina Souza . . . . . . . . . . 98 Ramos, Isabela França de Almeida Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144, 145 Ramos, Lais H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 Ramos, Larissa Gabrielle. . . . . . . . . . . . 132 Ramos, Maria Eliza Barbosa . . . . . . . . . . 85 Ramos, Monica P. . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 Raupp, Suziane Maria Marques . . . . . . 136 Rebelo, Maria Augusta Bessa. . . . . . 79, 126 Rebouças, AG. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 Reck, MK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144, 153 Reis, Magda de Souza . . . . . . 112, 117, 149 Reses, Manoela de Leon Nobrega . . . . 105 Retore, L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 Rigolon, Cynthia Junqueira. . . . . . . . . . . 94 Rios, Ana Carla Ferreira Carneiro . . . . 132 Rocha, Joyce Cristina Chevi da. . . . . . . . 85 168 Rocha, MG. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Rocha, Rafael Almeida . . . . . . . . . . . . . 108 Rodrigues, Ana Áurea Aleccio de Oliveira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 Rodrigues, Carlos Alberto Quintão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130, 138 Rodrigues, Thiago. . . . . . . . . . . . . . . . . 113 Rosing, Cassiano Kuchenbecker. . . . . . . 90 Rovida, Tânia Adas Saliba. . . 125, 157, 162 S Saes, Sandra de Oliveira . . . . . . . . . . . . 114 Saihara, Cintia Saori . . . . . . . . . . . . . . . 104 Saito, Priscila Thiemi. . . . . . . . . . . . . . . 104 Saliba, Nemre Adas . . . . . . . . 125, 157, 162 Sant’anna, Giselle Rodrigues . . . . . . . . 150 Santana, Karla Nayara Oliveira. . . . . . . . 75 Santiago, Leógenes Maia. . . . . . . . . . . . 158 Santos, Cynthia Almeida dos. . . . . . . . . 111 Santos, Igor Fonseca dos. . . . . . . . 128, 139 Santos, Marisa Aparecida Pereira. . . . . 122 Santos, Vânia dos. . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 Sarmento, Wellington Wagner Ferreira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Scavuzzi, Ana Isabel Fonseca. . . . . . . . . 132 Schmitt, Bruna Pauli. . . . . . . . . . . . . . . 105 Schneider, Rafael Luiz. . . . . . . . . . . . . . 163 Schramm, Celso Alfredo. . . . . . . . . . . . 123 Schroeder, Maria Dalva de Souza. . 92, 123 Schubert, Edward Werner. . . . . . . 119, 123 Semeghini, Rosana Prada. . . . . . . . . . . 129 Senna, Marcos Antônio Albuquerque de. . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 Sgavioli, Claudia de Almeida Prado Piccino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114, 122 Silva, Anderson Wesley Medeiros. . . . . 130 Silva, Andréa Neiva da. . . . . . . . . . . . . . . 80 Silva, Bruno Rocha da. . . . . . . . . . . . . . . 99 Silva, Claudio Heliomar Vicente da. . 97, 98 Silva, José Mendes . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 Silva, JQA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Silva, MAM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127 Silva, Marcos Alex Mendes da. . . . 124, 134 Silva, Maria Alves Garcia. . . . . . . . . . . . 162 Silva, MF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 Silva, Thalisson Saymo de Oliveira. . . . 109 Silveira, Fernando . . . . . . . . . . . . . . . . . 134 Silveira, João Luiz Gurgel Calvet da. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95, 115 Silveira, Luiz Fernando Monteiro. . . . . 137 Simionato, Eliane Maria Ravasi Stefano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 Simon Júnior, Ângelo Nicássio. . . . . . . 159 Skelton-Macedo, Mary Caroline. . . 83, 103 Soares, Severina Silvana. . . . . . . . . . . . . 153 Sobral, Maria Ângela Pita . . . . . . . . . . . 143 Sousa, AB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Sousa, Cleunice Leão de. . . . . . . . . . . . 111 Sousa, Maria da Luz Rosário de . . . 72, 129 Souza, Anne da Luz Ribeiro. . . . . . . . . 147 Revista da ABENO • 11(2):166-8 Souza, Graziele Denega. . . . . . . . . . . . . 105 Souza, João Batista de . . . . . . . . . . . . . . 162 Souza, Juliana Maciel de. . . . . . . . . 90, 160 Souza, Maria Cristina Almeida de. . . . . 124 Souza, Maria Isabel de Castro de . . . . . . 85 Souza, Mariana Silva e. . . . . . . . . . . . . . 132 Souza, SLC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 Souza, Tiago Araújo Coelho de . . . . . . 139 Splendore, Solimar Maria Ganzarolli. . . . . . . . . . . . . . . . . . 109, 110 Sponchiado Jr, Emílio Carlos . . . . . . . . . 90 T Tarcia, Rita M L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 Terada, Hélio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 Terada, Raquel Sano Suga. . . . . . . . . . . 101 Texeira, Ana Karine Macedo. . . . . . . . . . 71 Toassi, Ramona Fernanda Ceriotti. . 90, 160 Toledo Junior, José Inácio. . . . . . . 109, 110 Torquato, Sara Melo . . . . . . . . . . . . . . . 112 Torres, Érica Miranda de. . . . . . . . . . . . 162 Tôrres, Luísa Helena Do Nascimento. . 129 Trindade, Sérgio Rodrigo Pereira. . . . . 142 U Uemura, Sofia Takeda. . . . . . . . . . . . . . 150 Uemura, Tatiana Freitas . . . . . . . . . . . . 140 Unfer, Beatriz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 Uriarte Neto, Mario. . . . . . . . . . . . . . . . 100 V Valladão, ASN. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158 Vasconcelos, Mara. . . . . . . . . . . . . . . . . 155 Velho, Fernando Mathias Teixera. . . . . 142 Veloso, Júlia de Castro Vieira . . . . . . . . 130 Vieira, Deisi Lúcia . . . . . . . . . . . . . 133, 147 Vieira, Janete Maria Rebelo. . . . . . . 79, 126 Vieira, Leila Maria. . . . . . . . . . . . . 114, 122 Vieira, Luis Fernando de Souza . . . . . . . 77 Vizzotto, Denise. . . . . . . . . . . . . . . . 89, 123 W Warmling, Alessandra Martins Ferreira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 Watanabe, Marlívia Gonçalves de Carvalho. . . . . . . . . . . . . . . . . 132, 134 Weigert, K. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Weigert, KL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 Wilhelmsem, Nilza Cristina Valor Goncalves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 Wiltgen, A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 Wincler, Danilo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Z Zafalon, Edílson José. . . . . . . . . . . . . . . . 91 Zárate, Cibele Bonfim de Rezende. . . . . 91 Zárate-Pereira, Paulo. . . . . . . . . . . . . . . . 91