volume11, nº 2

Transcrição

volume11, nº 2
ABENO
Associação Brasileira de Ensino Odontológico
Copyright © Associação Brasileira de Ensino Odontológico, 2005
Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução no todo ou em parte, por qualquer meio, sem autorização
da ABENO.
Catalogação-na-publicação
(Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo)
Revista da ABENO/Associação Brasileira de Ensino Odontológico. – Vol. 1, n. 1, (jan.-dez. 2001).
– São Paulo : ABENO, 2001Semestral
ISSN# 1679-5954
A partir de 2005, vol. 5, n. 1 a publicação passa a ser semestral.
1. Odontologia (Periódicos) I. Associação Brasileira de Ensino Superior (São Paulo)
II. ABENO
CDD 617.6
BLACK D05
ABENO
Associação Brasileira de
Ensino Odontológico
Presidente Maria Celeste Morita
Rua Pernambuco, 540 - 1º andar
Clínica Odontológica da UEL
CEP: 86020-120
Centro - Londrina - PR
E-mail: [email protected]
Site: www.abeno.org.br
Apoio para esta edição:
Sumário
Publicação oficial da
Associação Brasileira de
Ensino Odontológico
DIRETORIA (2010 a 2014)
Presidente
Maria Celeste Morita
Vice-Presidente
Adair Luiz Stephanello Busato
Secretário Geral
Luiz Sérgio Carreiro
1a Secretária
Vânia Regina Camargo Fontanella
Tesoureira Geral
Elisa Emi Tanaka Carloto
1a Tesoureira
Maura Sassahara Higasi
COMISSÃO DE ENSINO
Ana Isabel Fonseca Scavuzzi
Cresus Vinícius Depes de Gouveia
Elaine Bauer Veeck
José Ranali (Presidente)
José Tadeu Pinheiro
Maria Ercília de Araújo
Mário Uriarte Neto CONSELHO FISCAL
João Humberto Antoniazzi (Presidente)
José Galba de Menezes Gomes
Léo Kriger
Lino João da Costa
Omar Zina
Revista da Abeno
Editor Científico
José Luiz Lage-Marques
Conselho Editorial
Carlos de Paula Eduardo (FO-USP)
Carlos Eduardo Francischone (FOB-USP)
Célia Marisa Rizzatti Barbosa (UNICAMP)
Cinthia Pereira M. Tabchoury (UNICAMP)
Cláudio Luiz Sendyk (FO-USP)
Daniela Lemos Carcereri (UFSC)
Eduardo Saba Chujfi (UNICASTELO)
Elaine Quedas Assis (UNICID e Uni.Guarulhos)
Elisa Emi Tanaka (UEL)
Élito Araújo (UFSC)
Euloir Passanezi (FOB-USP)
Fernando Ricardo Xavier da Silveira (FO-USP)
João Marcelo Ferreira de Medeiros (UNITAU)
Jorge Abrão (FO-USP)
José Eduardo de Oliveira Lima (FOB-USP)
José Ranali (FOP-UNICAMP)
Liliane Soares Yurgel (PUC-RS)
Lucimar Aparecida Britto Codato (UEL)
Luiz Carlos Pardini (FORP-USP)
Luiz Roberto Augusto Noro (UFRN)
Marco Antonio Bottino (UNESP-SJCampos)
Marco Antonio Campagnoni (FOAR)
Maria Ercília de Araújo (USP)
Maria Inês Barreiros Senna (UFMG)
Maura Sassahara Higasi (UEL)
Roberto Brandão Garcia (FOB-USP)
Roberto Miranda Esberard (FOAR-UNESP)
Rodney Garcia Rocha (FO-USP)
Simone Tetu Moysés (UFPar)
Sylvio Monteiro Júnior (UFSC)
Vania Ditzel Westphallen (PUC-PR)
Indexação
A Revista da ABENO - Associação Brasileira de
Ensino Odontológico está indexada nas seguintes
bases de dados:
BBO - Bibliografia Brasileira de Odontologia;
LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe
em Ciências da Saúde.
v. 11, n. 2, julho/dezembro - 2011
Editorial
Formação acadêmica, produção de conhecimento e exercício
profissional com relevância social
Ana Estela Haddad e Maria Celeste Morita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Anais da 46ª Reunião Anual - 2011
(Continuação do conteúdo publicado na edição volume 11, número 1,
janeiro/junho de 2011)
I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde,
PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia
Artigos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Resumos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Trabalhos selecionados para apresentação
Pôsteres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Resumos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
Artigos
Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e
multiprofissional para gestantes
Health education – strategy of integral and multiprofessional care for
pregnant women
Maria Luiza Alves Araújo, Ariany Paula Medeiros, Sara Zuculin,
Evelin Gonçalves Souza, Paula Ferreira Barros, Talita Boaventura,
Patricia Helena Costa Mendes, Ana Paula Ferreira Maciel,
Mariano Fagundes Neto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Geração Y: a motivação para construção do conhecimento
Generation Y: motivation for the construction of knowledge
João Paulo Menck Sangiorgio, Mariana Gabriel, Fernanda Santos Moreira,
Elisa Emi Tanaka . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como
indutor de inovações pedagógicas: a experiência do Curso de
Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia
The Education Program through Health Work as an inducer of
pedagogical innovations: the Dentistry Course experience at the State
University of Feira de Santana, Bahia
Graciela Soares Fonsêca, Ana Áurea Alécio de Oliveira Rodrigues. . . . . . . . . . . 19
O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino
em odontologia: a experiência da Universidade Federal
do Espírito Santo
“PET-Saúde” as an instrument to provide dentistry teaching
with new guidelines: the experience of the Federal University of
Espírito Santo
Caroline Marinho Gonçalves, Karina Tonini dos Santos,
Raquel Baroni de Carvalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Revista da ABENO • 11(2):3-4
3
Atendimento odontológico a adolescentes infratores: abordagem
qualitativa em clínica de graduação
Dental care for delinquent adolescents: qualitative approach in an
undergraduate dental clinic
Publicação oficial da
Associação Brasileira de
Ensino Odontológico
Altair Soares de Moura, Gustavo Igor Barbosa Pereira, Neilor Mateus
Antunes Braga, Raquel Conceição Ferreira, Manoel Brito-Júnior. . . . . . . . . . . . 34
Saúde do trabalhador: uma experiência de educação em saúde
vivenciada pelo PET-Saúde Independência III - Montes Claros/MG
Occupational health: a health education experience undergone by
“Independência III PET-Saúde” - Montes Claros, MG
Ana Cecília Versiani Duarte Pinto, Iram Alkmim Cerqueira, Felipe
Ribeiro Néri, Marisa Carvalho Martins, Patrícia Helena Costa Mendes,
Ana Paula Ferreira Maciel, Mariano Fagundes Neto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
A vivência dos estudantes de odontologia nas atividades de ensinopesquisa-extensão do PET-Saúde
The Experience of Dentistry Students in “PET-Saúde” teaching-researchextension activities
Carlos Alberto Quintão Rodrigues, Simone de Melo Costa, Maisa Tavares
de Souza Leite, Danilo Cangussu Mendes, João Felício Rodrigues Neto. . . . . . 45
PET-Saúde: formando discentes multiplicadores - relato
de experiência
Pet-Health: preparing college student facilitators - report of
an experience
Késsia Nara Andrade Sales, Fabiana Angélica de Paula, Mirtes Ribeiro,
Liliane da Consolação Campos Ribeiro, Sylvana Mara Canuto . . . . . . . . . . . . . . 51
Análise discente da contribuição do preceptor e do estágio na
formação do aluno de graduação da FO UERJ
Student assessment of the contribution of the instructor and
internship to the training of undergraduate students at FO UERJ
Maria Isabel de Castro de Souza, Katlin Darlen Maia, Renata Rocha Jorge,
Teresa Berlink, Maria Eliza Barbosa Ramos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de
Odontologia da UFRGS
Curriculum internships in SUS: experiences of the School of Dentistry of UFRGS
Cristine Maria Warmling, Eloá Rossoni, Fernando Neves Hugo,
Ramona Fernanda Ceriotti Toassi, Vânia Aita de Lemos,
Sonia Maria Blauth de Slavutzki, Solange Bercht, Ângela Antunes Nunes,
Arisson Rocha da Rosa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
ApêndiceS
Índice de artigos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
Índice de resumos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
4
Revista da ABENO • 11(2):3-4
EDITORIAL
Publicação oficial da
Associação Brasileira de
Ensino Odontológico
Formação acadêmica, produção de
conhecimento e exercício profissional
com relevância social
É
com grande satisfação que apresentamos aos leitores da Revista da
ABENO este segundo número temático, constituído de um conjunto
de trabalhos elaborados a partir da experiência do Programa de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde e do Programa de
Educação pelo Trabalho em Saúde – PET-Saúde.
O Pró-Saúde e o PET-Saúde são iniciativas do Ministério da Saúde com
a parceria do Ministério da Educação, de amplo alcance e capilaridade,
implementados a partir de 2006, em aproximadamente 1.000 cursos de
graduação da área da saúde, em parceria com as secretarias de saúde,
funcionando dentro dos serviços do SUS, em mais de 1000 Unidades
Básicas de Saúde, e envolvendo mais recentemente também os demais
serviços do SUS.
A relevância destes programas no âmbito da política de formação dos
profissionais de saúde e do planejamento da força de trabalho em saúde
foi referenciada no artigo de Almeida-Filho (2011) sobre a Educação
Superior na área de saúde no Brasil, no número especial da Revista Lancet, com uma série de artigos sobre o Sistema Único de Saúde (SUS),
destacado como exemplo de sistema de saúde universal.
Iniciativa semelhante, de seleção de artigos com publicação de número especial sobre o Pró-Saúde e o PET-Saúde foi também realizada pela
Revista Brasileira de Educação Médica, ocasião em que foram submetidos
à análise 186 trabalhos sobre o tema.
Neste contexto, torna-se relevante refletir sobre como as profundas
mudanças em curso, relacionadas à consolidação do SUS, à política nacional de saúde e de educação e à implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação na área da saúde estão repercutindo na Odontologia, seja na formação, na produção de
conhecimento ou no exercício profissional. Qual o impacto da participação nestes programas para os atuais egressos dos cursos de graduação em
Odontologia, em comparação aos formandos de períodos anteriores?
No Brasil, a relação entre o ensino de Odontologia e as políticas públicas de saúde leva à percepção sobre a crescente participação dos dentistas nos programas públicos e a pertinência e adequação dos cursos de
graduação a essa nova realidade. Na busca pela redução das desigualdades
sociais, pelo direito à saúde e pelo acesso aos serviços, os investimentos
em saúde bucal no SUS foram consideravelmente aumentados na última
década.
A participação da Odontologia no PET-Saúde da Família passou de 38
cursos de graduação em 2009 para 53 cursos em 2010. No PET Vigilância
em Saúde a Odontologia é a quarta colocada, entre as 14 profissões da
saúde participantes em todo o país, com 26 cursos inseridos. A Odontologia ainda integra o PET-Saúde Mental com 18 cursos de graduação. Isso
Revista da ABENO • 11(2):5-6
5
Publicação oficial da
Associação Brasileira de
Ensino Odontológico
mostra que a partir do PET-Saúde a Odontologia vem ampliando o escopo de sua atuação nos serviços de saúde para áreas que até então não se
incluíam ou que estavam marginalmente presentes nos seus currículos de
graduação. A vivência nos novos cenários da atenção à saúde, envolvendo
linhas de cuidado até então não consideradas pela profissão, sem dúvida
geram impacto no lugar ocupado pelo cirurgião-dentista na equipe de
saúde. Mudanças estas refletidas tanto no processo de trabalho como na
formação e conformação do trabalho multiprofissional na saúde.
Cumpre ressaltar o papel protagonista e fundamental ao longo de sua
história, particularmente agora, que é desempenhado pela Associação
Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO), apoiando, capacitando,
refletindo e percorrendo junto com os cursos de Odontologia brasileiros,
uma trajetória repleta de desafios e complexidade, mas que já mostra,
como pode ser comprovado nesta e nas inúmeras publicações já feitas
sobre o tema, que a excelência técnica e científica pode sim estar ao alcance de mais saúde para todos. A Odontologia brasileira, já consagrada
pela sua qualidade e excelência, tanto na clínica como na pesquisa, ganha
a dimensão que faltava, a da relevância social.
Ana Estela Haddad
Profa. Associada do Depto. de Ortodontia
e Odontopediatria da FOUSP
Maria Celeste Morita
Profa. Associada do Depto. de Medicina Oral
e Odontologia Infantil da UEL
e Presidente da ABENO
6
Revista da ABENO • 11(2):5-6
I Mostra de Experiências Exitosas
dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e
Telessaúde da área de Odontologia*
Florianópolis - SC - 10 e 11 de agosto de 2011
Comissão de Avaliadores
Daniela Lemos Carcereri (UFSC)
Elaine Quedas Assis (UNICID e Uni. Guarulhos)
Elisa Emi Tanaka (UEL)
Lucimar Aparecida Britto Codato (UEL)
Luiz Roberto Augusto Noro (UFRN)
Maria Ercília de Araújo (USP)
Maria Inês Barreiros Senna (UFMG)
Maura Sassahara Higasi (UEL)
Apoio
*
Continuação do conteúdo publicado na edição volume 11, número 1 (janeiro/junho de 2011) da Revista da Abeno.
A
r
ti
g
* Acadêmicas do PET-Saúde e do Curso de Odontologia da
Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes
** Acadêmicas do PET-Saúde e do Curso de Medicina da Universidade
Estadual de Montes Claros, Unimontes
*** Acadêmica do PET-Saúde e do Curso de Educação Física da
Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes
**** Preceptora do PET-Saúde da Unimontes e Cirurgiã-dentista de
Família da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas
Gerais
***** Preceptora do PET-Saúde da Unimontes e Enfermeira de Família da
Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais
******Preceptor do PET-Saúde da Unimontes e Médico de Família da
Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais
Resumo
O Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde (PET-Saúde) objetiva iniciar os estudantes das
graduações em saúde no trabalho da Estratégia Saúde
da Família, oportunizando a vivência das ações desenvolvidas na atenção básica à saúde. Dentre estas atividades, destaca-se a educação em saúde que integra o
saber científico com o popular. Um dos grupos prioritários que deve ser alvo da atividade de educação
em saúde na Estratégia Saúde da Família é o grupo
de gestantes, por se tratar de um período em que a
mulher está mais susceptível a receber informações e
modificar o comportamento. O objetivo deste trabalho é expor uma experiência de cuidado integral e
multiprofissional, utilizando-se a educação em saúde
como ferramenta para a adoção de novos hábitos em
saúde por parte de um grupo de gestantes assistidas
por uma equipe da Estratégia Saúde da Família. O
projeto foi realizado no mês de janeiro de 2011 na
Equipe de Saúde da Família Independência III, localizado no município de Montes Claros/MG, tendo
como agentes facilitadores os acadêmicos da área da
saúde da Universidade Estadual de Montes Claros,
participantes do PET-Saúde, bem como os profissio8
nais de saúde, que integram a equipe, sendo também
preceptores do programa. O curso foi estruturado em
sete oficinas, abordando temas chaves para as gestantes. Esse projeto foi de grande importância tanto para
as gestantes, que avaliaram de forma positiva a atividade, quanto para os acadêmicos, que puderam adquirir conhecimentos de forma crítica e multidisciplinar.
Descritores
Gestantes. Educação em saúde. Atenção primária
à saúde.
O
Ministério da Saúde e da Educação tem incentivado a aproximação das universidades e dos
serviços de saúde prestados à população, através da
implantação de projetos como o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), instituído pela Portaria Interministerial MEC-MS nº 1.802,
de 26 de agosto de 2008 dos Ministérios da Educação
e da Saúde. Este programa destina-se a fomentar grupos de aprendizagem tutorial na Estratégia Saúde da
Família, visando o fortalecimento da atenção básica
em saúde, de acordo com os princípios e as necessi-
Revista da ABENO • 11(2)8-13
s
Maria Luiza Alves Araújo*, Ariany Paula Medeiros*, Sara Zuculin**, Evelin Gonçalves
Souza**, Paula Ferreira Barros**, Talita Boaventura***, Patrícia Helena Costa Mendes****,
Ana Paula Ferreira Maciel*****, Mariano Fagundes Neto******
o
Educação em saúde – estratégia de
cuidado integral e multiprofissional
para gestantes
Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes • Araújo MLA, Medeiros AP,
Zuculin S, Souza EG, Barros PF, Boaventura T, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M
dades do Sistema Único de Saúde (SUS).3,10
O PET-Saúde tem como fio condutor a integração
ensino-serviço-comunidade, caracterizando-se como
instrumento para qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho
e vivências dirigidos aos estudantes das graduações
em saúde. Desta forma, o PET-Saúde estimula a formação de profissionais de saúde com perfil adequado
às necessidades e às políticas públicas de saúde do
país e, consequentemente, almeja a satisfação dos
usuários do SUS.10
A atenção básica, cujo eixo reorientador é a Estratégia Saúde da Família, percebe a prática sanitária
como uma combinação de ações de promoção de
saúde, prevenção das doenças e enfermidades e atenção curativa. Além disso, preconiza o cuidado integral
ao indivíduo, à família e à comunidade na perspectiva interdisciplinar e multiprofissional.2
No que diz respeito à organização dos serviços e
das práticas de saúde, a integralidade caracteriza-se
pela assimilação das práticas preventivas e das práticas
assistenciais por um mesmo serviço. De acordo com
o princípio da integralidade, a abordagem do profissional de saúde não deve se restringir à assistência
curativa, buscando dimensionar fatores de risco à saúde e, por conseguinte, a execução de ações preventivas, a exemplo da educação para a saúde.1
A educação em saúde é o campo de prática e conhecimento do setor saúde que tem se ocupado mais
diretamente com a criação de vínculos entre a ação
médica e o pensar e fazer cotidiano da população.
Constitui-se em um processo de trocas de saberes e
experiências entre a população como um todo, incluindo usuários, profissionais e gestores de saúde.14
Esta prática visa à prevenção de doenças, promove a
autonomia dos sujeitos envolvidos, tornando-os sujeitos ativos e transformadores de sua própria vida ou
até mesmo da sua sociedade.16
A integralidade no cuidado de pessoas, grupos e
coletividade entende o usuário como sujeito histórico, social e político, articulado ao seu contexto familiar, ao meio ambiente e à sociedade na qual se insere.
Neste cenário, evidencia-se a importância das ações
de educação em saúde como estratégia integradora
de um saber coletivo que traduza no indivíduo sua
autonomia e emancipação.6,13
Educar para a saúde implica dar prioridade a intervenções preventivas e promocionais, em espaços
coletivos, como por exemplo, os grupos educativos.
Um dos grupos prioritários que deve ser alvo da
atividade de educação em saúde na Estratégia Saú-
de da Família é o grupo de gestantes. A gestação
caracteriza-se por um período em que a mulher está
mais susceptível a receber informações e modificar
o comportamento. A gestação representa um momento especial na vida da mulher, no qual a sensação de tornar-se mãe confunde-se muitas vezes com
incertezas, medos e inseguranças. É um evento biossocial, pois está cercado de valores culturais, sociais
e emocionais.5
A carência de informações ou informações inadequadas sobre o parto, o medo do desconhecido, bem
como os cuidados a serem prestados ao recém-nascido nos primeiros dias são fatores comuns de tensão
da gestante, que influenciam negativamente durante
todo o processo. É de competência da equipe de saúde acolher a gestante e a família desde o primeiro
contato com a unidade de saúde.11
Contudo, o que se pode notar, atualmente, em
várias rotinas de serviços de saúde da atenção básica
é a pouca prática de atividades de educação em saúde
voltadas ao coletivo, dando-se prioridade, por diversos motivos, aos atendimentos individuais, limitados
ao espaço físico de uma sala de atendimento.12 No
âmbito da assistência pré-natal, o processo educativo
restringe-se ao fornecimento de informações sobre
alguns aspectos relacionados à gravidez, parto e cuidados com o bebê durante a consulta realizada pelo
profissional de saúde. É imprescindível, assim, que
todas as categorias de profissionais de saúde que atuam na Estratégia Saúde da Família considerem a gestação como um momento ímpar para a realização de
ações educativas coletivas.
O objetivo deste trabalho é, a partir da descrição de
um relato de experiência, apresentar um projeto de
educação em saúde direcionado às gestantes de uma
comunidade norte-mineira desenvolvido por acadêmicos integrantes do PET-Saúde dos cursos de Odontologia, Medicina, Enfermagem e Educação Física da Universidade Estadual de Montes Claros e por profissionais
médico, enfermeira, e cirurgiã-dentista da Secretaria
Municipal de Saúde de Montes Claros/MG, que atuam
como preceptores do programa. Este estudo procura
expor uma experiência de cuidado integral e multiprofissional, utilizando-se a educação em saúde como ferramenta para a adoção de novos hábitos e condutas em
saúde por parte de um grupo de gestantes assistidas por
uma equipe da Estratégia Saúde da Família.
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizando-se a ideologia da Educação Popular
proposta por Paulo Freire, foi realizado no mês de
Revista da ABENO • 11(2)8-13
9
Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes • Araújo MLA, Medeiros AP,
Zuculin S, Souza EG, Barros PF, Boaventura T, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M
janeiro de 2011 na Equipe de Saúde da Família Independência IIII no bairro Independência, localizado
no município de Montes Claros/MG, o “I Curso para
Gestantes” tendo como agentes facilitadores os acadêmicos de Odontologia, Medicina, Enfermagem e
Educação Física da Universidade Estadual de Montes
Claros, todos participantes do PET-Saúde, bem como
os profissionais de saúde médico, enfermeira e cirurgiã-dentista, que integram a equipe, sendo também
preceptores do programa.
A Educação Popular em Saúde realiza ações que
envolvem as dimensões do diálogo, do respeito e da
valorização do saber popular, sendo considerada um
instrumento de construção para uma saúde mais integral e adequada à vida da população, representando
uma prática de saúde onde não há domínio de um
saber sobre outro.8
O curso para gestantes foi organizado em encontros semanais, realizados as terças e quintas-feiras à
tarde na unidade de saúde da família. O curso foi
estruturado em sete oficinas, com tempo de duração
previsto de cinquenta minutos cada, não excedendo
o limite de vinte participantes.
Para o desenvolvimento deste projeto, houve a
participação ativa das mulheres, valorizando o diálogo, favorecendo o reconhecimento das usuárias enquanto sujeitos portadores de saberes sobre o processo saúde-doença-cuidado, evitando-se o monólogo de
palestras em que se busca apenas transferir conhecimentos.
Para cumprir com o objetivo proposto, as oficinas
abordaram os seguintes temas, conforme mostra a
Tabela 1.
Na primeira oficina, houve a apresentação dos
temas pré-selecionados, estruturados de acordo com
a Linha do Cuidado à Gestante, Puérpera e ao ReTabela 1 - Temas das oficinas do curso de gestantes.
Oficina 01
Apresentação do curso, expectativas,varal de
idéias e discussão sobre direitos e deveres
durante a pré-concepção, pré-natal, parto e
puerpério
Oficina 02
Cuidados alimentares durante a gestação
Oficina 03
Cuidados com as mamas e importância da
amamentação
Oficina 04
Sinais de parto
Oficina 05
Saúde bucal na gestação, cuidados com o
recém-nascido e acompanhamento da criança
Oficina 06
Sexualidade e planejamento familiar
Oficina 07
Técnicas de relaxamento para gestantes e
confraternização de encerramento
10
cém-Nascido da Secretaria Estadual de Saúde de
Minas Gerais, enfatizando a importância do conhecimento destes para um bom transcurso da gravidez.
Realizou-se também um Varal de Idéias em que as
gestantes propuseram temas para serem abordados.
Posteriormente, foi realizada uma dinâmica visando
à integração do grupo. Nesse momento, as gestantes
expuseram suas expectativas relacionadas ao curso,
que incluíram adquirir conhecimentos sobre uma
gestação saudável, tipos de parto e cuidados com o
recém-nascido. A abordagem dos direitos e deveres
da gestante durante a pré-concepção, o pré-natal, o
parto e o puerpério estimularam discussões relacionadas ao parto humanizado com direito à acompanhante na sala de parto e direito trabalhistas relacionados à maternidade.
A oficina 02, que abordou o tema alimentação e
ganho de peso na gestação, foi bastante dinâmica
havendo grande participação das presentes. Foram
unânimes dúvidas quanto à dieta ideal de uma grávida. Assim, cada participante relatou suas experiências
com hábitos alimentares, expondo sinais e sintomas
percebidos com cada alimento e alterações ao longo
desse período.
A oficina 03 teve como foco os cuidados com as
mamas durante e após a gestação. Foi enfatizada a
importância da amamentação para o recém-nascido,
o tempo ideal de duração do aleitamento materno e
a maneira correta de a criança sugar as mamas maternas. Foi exibido um vídeo a fim de demonstrar como
deve ser feita a “pega” correta pela criança.
Durante a oficina 04, as participantes foram questionadas quanto aos principais temores sobre o parto,
principalmente, sobre o parto normal. Além disso, foi
indagado às grávidas, que já eram mães, como havia
sido os partos anteriores e se havia ocorrido alguma
intercorrência. Depois do relato das experiências e
receios das mesmas, discutiu-se sobre as vantagens do
parto normal e sobre os sinais indicativos do trabalho
de parto.
Na oficina 05, inicialmente, as acadêmicas de
odontologia falaram sobre os cuidados com a saúde
bucal do recém-nascido e da criança em seus primeiros anos de vida, usando cartazes explicativos e esclareceram sobre os mitos relacionados ao tratamento
odontológico durante a gravidez. Percebeu-se que
muitas gestantes ainda temiam o uso do anestésico
local e da tomada de radiografias dentárias. Posteriormente, foram abordados os principais cuidados com
o recém-nascido, ressaltando a maneira correta de
dar banho no mesmo através da exibição de um vídeo.
Revista da ABENO • 11(2)8-13
Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes • Araújo MLA, Medeiros AP,
Zuculin S, Souza EG, Barros PF, Boaventura T, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M
Além desse tópico, discutiu-se também sobre cuidados com o cordão umbilical, icterícia neonatal fisiológica, vacinas, cólicas, aparência e consistência das
fezes do recém-nascido e o teste do pezinho. Depois,
houve a distribuição de folders com o resumo dos
principais cuidados abordados.
Na oficina 06, utilizando-se desenhos ilustrativos,
abordou-se a sexualidade durante a gravidez, com demonstração de posições que permitem a realização de
relação sexual sem incômodo em cada fase da gestação. Observou-se bastante curiosidade acerca do assunto. Posteriormente, foi abordado o planejamento
familiar com a explicação dos métodos contraceptivos.
Para efeito didático, foram usados cartazes ilustrativos
e apresentação de alguns dos métodos abordados.
Durante a sétima e última oficina, foi abordado,
pela acadêmica de educação física, técnicas de relaxamento corporal utilizando bolinhas de borracha.
As gestantes ficaram satisfeitas com a facilidade das
técnicas e com a possibilidade de realização em casa.
Posteriormente, foi realizado um bingo que teve
como brinde uma cesta com produtos para o futuro
recém-nascido e, ao final, houve a entrega para cada
participante de um certificado com os dizeres “Pronta para ser Mãe”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A atenção pré-natal e puerperal qualificada e humanizada acontece por meio da incorporação de
condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias, de fácil acesso aos serviços de saúde de qualidade, com ações que integrem todos os níveis da
atenção:
• promoção,
• prevenção e
• assistência à saúde da gestante e do recém-nascido.17
Dentre estas ações, a realização de ações educativas no decorrer de todas as etapas do ciclo grávidopuerperal faz-se muito importante.7 Para isso, os profissionais de saúde devem assumir a postura de
educadores que compartilham saberes, buscando devolver à mulher sua autoconfiança para viver a gestação, o parto e o puerpério.11
Para que o curso de gestantes obtivesse êxito, foi
preciso conhecer e ouvir cada participante, pois, a
partir de suas necessidades e vivências, foi possível
avaliar as dificuldades e encontrar a potencialidade
do grupo. Portanto, saber ouvir representa habilidade fundamental nos processos de educação em saúde.
As ações educativas em saúde possibilitam um mo-
mento de intenso aprendizado e mediante as atividades grupais podem-se constituir um método efetivo e
simples de se intervir a favor da melhoria da qualidade de vida durante a gestação e no puerpério. O grupo de gestantes é um meio de promover a educação
em saúde, com o objetivo de preparar a mulher e sua
família para o processo gestacional, expressando o
que sentem e sanando suas dúvidas relativas ao momento que estão vivenciando.15 Assim, entende-se que
o contexto grupal desenvolve naturalmente um espaço para o movimento da promoção da saúde através
de um processo de ensinar-aprender.
Informações sobre as diferentes vivências foram
trocadas entre as mulheres, estudantes e os profissionais de saúde. Essa possibilidade de intercâmbio de
experiências e conhecimentos foi considerada a melhor forma de promover a compreensão de vários
aspectos relacionados ao processo de gestação.
A partir da horizontalizarão da relação existente
entre profissional de saúde e usuário, o que facilita a
expressão individual e coletiva das necessidades e expectativas, pode-se definir os principais temas a serem
discutidos:
• direitos e deveres durante pré-concepção, prénatal, parto e puerpério;
• alimentação na gestação;
• saúde bucal na gestação;
• cuidados com as mamas e importância da amamentação;
• sinais de parto;
• cuidados com o recém-nascido e acompanhamento da criança;
• planejamento familiar e sexualidade.
Sentindo-se pertencentes a um grupo de pessoas
que vivenciavam o mesmo fenômeno: a gravidez, as
gestantes puderam esclarecer as suas dúvidas, falar
sobre os medos e dificuldades e adquirir novos conhecimentos acerca do cuidado com a sua saúde e do
recém-nascido.
Assim, é possível compreender que a educação em
saúde está intimamente relacionada às ações cuidadoras. Isso remete à dupla identidade dos profissionais de saúde – a de educador e a de trabalhador de
saúde. Essa duplicidade mostra que a educação ocupa
lugar central no trabalho em saúde e, muitas vezes, é
o que o torna viável.
“Não é possível pensar a saúde sem, simultaneamente,
pensar a educação e as relações existentes entre ambas”.9
Revista da ABENO • 11(2)8-13
11
Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes • Araújo MLA, Medeiros AP,
Zuculin S, Souza EG, Barros PF, Boaventura T, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M
Destaca-se, ainda, a importância da abordagem
multiprofissional à gestante. A gama de situações vivenciadas nessa fase evidencia a necessidade de uma
atuação em diversos aspectos como:
• a história pessoal,
• os antecedentes ginecológicos e obstétricos,
• o momento histórico da gravidez,
• as características sociais, culturais e econômicas
vigentes
• e qualidade da assistência.
A assistência integral deve ser capaz de proporcionar à mulher e ao concepto um período satisfatório
de bem-estar, visando o fortalecimento do vínculo
mãe-feto.4
A iniciação ao trabalho na Estratégia Saúde da
Família proposta pelo PET-Saúde propõe unir os conhecimentos e experiências de todas as categorias
profissionais e assim compreender o processo saúde/
doença, conhecer as causas e consequências e encontrar os caminhos para resolução dos problemas identificados. Certamente, o trabalho interdisciplinar
realizado no PET-Saúde encontra caminhos alternativos para intervir e modificar, enfrentar novas situações, novas formas de entender e de ver nossa realidade concreta.
O curso de gestantes desenvolvido pelas acadêmicas da Universidade Estadual de Montes Claros foi
produtivo, uma vez que o período gestacional despertou nas participantes interesse maior acerca dos assuntos abordados. A participação ativa das gestantes
contribuiu para uma troca de aprendizados, possibilitando o bom resultado dessa iniciativa de educação
em saúde.
As gestantes avaliaram de forma positiva a atividade, pois a partir das informações recebidas e das metodologias aplicadas, sentiram-se mais seguras e confiantes para desempenhar seu papel de mãe.
Para as acadêmicas participantes do PET-Saúde,
essa atividade foi enriquecedora, pois contribuiu para
a aquisição do conhecimento de forma crítica, a partir da vivência de uma experiência de trabalho em
equipe, percebendo a integração e os limites de atuação de cada categoria profissional, valorizando as
especificidades de cada profissão.
CONCLUSÕES
O curso de gestantes construiu um espaço de trocas de experiências, saberes e vivências que levaram à
construção e à reconstrução do conhecimento a partir
de um processo de identificação entre os atores envol12
vidos. Pode-se afirmar que houve, nesse processo, uma
construção de conhecimento compartilhado, que leva
as mulheres a fazerem escolhas conscientes sobre suas
condutas em relação à gestação e cuidados com o recém-nascido. Acredita-se que estratégias como esta
auxiliam na melhoria da qualidade da assistência prestada à mulher durante o período gestacional.
A experiência de uma atividade educativa elaborada na perspectiva do cuidado integral e multiprofissional contribuiu para a formação dos acadêmicos
da Universidade Estadual de Montes Claros, integrantes do PET-Saúde, uma vez que vivenciaram e superaram os desafios do trabalho em equipe, apoderandose da dinâmica de trabalho da Estratégia Saúde da
Família.
Abstract
Health education – strategy of integral and
multiprofessional care for pregnant women
The Education Program through Health Work
(“PET-Saúde”) aims at initiating undergraduate students of health into Family Health Strategy work, allowing them to experience the actions conducted in
primary care. Among these activities, there is health
education that combines scientific with popular
knowledge. One of the priority groups that should be
targeted for health education activities in the Family
Health Strategy is that of pregnant women, considering that this is a period in which a woman is more
likely to receive information and to modify her behavior. The objective of this study was to present an experience of integral and multiprofessional care, using
health education as a tool for adopting new health
habits by a group of pregnant women assisted by a
team from the Family Health Strategy. The project
was conducted in January 2011 by the Independence
III Family Health Team, located in Montes Claros,
MG. The team included students from the health field
at the State University of Montes Claros as facilitators,
participants in the “PET-Saúde” Program, and health
professionals, who were also instructors of the program. The course was structured around seven workshops, and addressed key issues for pregnant women.
This project was of great importance not only for the
pregnant women, who evaluated the activity positively, but also for the students, who were able to acquire
critical and multidisciplinary knowledge.
Descriptors
Pregnant women. Health education. Primary
health care. §
Revista da ABENO • 11(2)8-13
Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes • Araújo MLA, Medeiros AP,
Zuculin S, Souza EG, Barros PF, Boaventura T, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M
Referências
saude.gov.br/sgtes/petsaude > .
1 Alves VS. Um modelo de educação em saúde para o Programa
11 Rios CTF, Vieira NFC. Ações educativas no pré-natal: reflexão
Saúde da Família: pela integralidade da atenção e reorientação
sobre a consulta de enfermagem como um espaço para educa-
do modelo assistencial. Interface – Comunic Saúde Educ. 2005;
ção em saúde. Ciênc. Saúde Coletiva. 2007; 12(2):477-486.
12 Rolim M, Moreira T, Viana G. Course for pregnant mothers:
9(16):39-52.
2 Brasil. Governo do Estado de São Paulo. Manual para operacionalização das ações educativas no SUS. São Paulo. 2001.
3 Datasus [homepage]. Brasília, DF: Ministério da Saúde [acessado em 09 fev. 2011]. [3 telas]. Disponível em: < http://www.
datasus.gov.br/cns > .
4 Falcone, VM et al. Atuação multiprofissional e a saúde mental
das gestantes. Rev Saúde Pública 2005; 39(4):612-8.
5 Ferreira ANS. Parto cesariano: opinião de mulheres. Textura.
2008;3(2):82-95.
6 Machado MFAS et al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS - uma revisão conceitual. Ciênc Saúde Coletiva. 2007;12(2):335-342.
7 Moura ERF, Rodrigues MSP. Comunicação e informação em
saúde no pré-natal. Interface. 2003;7(13):109-118.
8 Neto PJl, Batista PSS. Projeto educação em saúde na atenção
a gestantes e puérperas. Anais X Encontro de Extensão. 2008.
9p. Paraíba. Brasil.
9 Penna CMM, Santos RV. A educação em saúde como estratégia
para o cuidado à gestante, puérpera e ao recém-nascido. Tex-
educational action from co-responsibility standpoint. A descriptive study. Online Braz J Nursing. [acesso 10 Fev 2011].
2006. Disponível em: < http://www.objnursing.uff.br/index.
php/nursing/article/view/595/140 > .
13 Santana MCCP. Aleitamento materno em prematuros: atuação
fonoaudiológica baseada nos pressupostos da educação para
promoção da saúde. Ciênc. Saúde Coletiva. 2010;15(2):411417.
14 Schall VT, Struchiner M. Educação em saúde: novas perspectivas. Cad. Saúde Pública. 1999;15(2):4-6.
15 Silveira IP et al. Ação educativa à gestante fundamentada na
promoção da saúde: uma reflexão. Esc. Anna Nery Ver Enferm.
2005; 9(3):451-458.
16 Vasconcelos EM. Educação popular: de uma prática alternativa a uma estratégia de gestão participativa das políticas de
saúde. Physis: Rev. Saúde Coletiva. 2004;14(1):67- 83.
17 Zampieri MFM et al. Processo educativo com gestantes e casais
grávidos: possibilidade para transformação e reflexão da realidade. Texto Contexto - Enferm. 2010; 19(4):719-727.
to Contexto Enferm. 2009;18(4): 652-60.
10 Portal Saúde [homepage]. Brasília, DF: Ministério da Saúde
Recebido em 07/07/2011
[acessado em 09 fev. 2011]. [2 telas]. Disponível em: < www.
Aceito em 25/07/2011
Revista da ABENO • 11(2)8-13
13
Geração Y: a motivação para
construção do conhecimento
João Paulo Menck Sangiorgio*, Mariana Gabriel*, Fernanda Santos Moreira**,
Elisa Emi Tanaka***
*Pós-graduandos do Programa de Mestrado em Clínica Odontológica
da Universidade Estadual de Londrina
**Cirurgiã-dentista formada pela Universidade Estadual de Londrina
***Coordenadora do Curso de Odontologia da Universidade Estadual
de Londrina
RESUMO
A construção do conhecimento em saúde ocorre
quando o indivíduo toma consciência da aplicação
prática do conceito. Práticas de ensino unidirecionais
muitas vezes não permitem isso, não motivando a busca de informações que possibilitarão a resolução de
problemas. O estudante, atualmente, possui um perfil diferenciado, são jovens pertencentes à geração Y,
que cresceram em uma sociedade em transformação
pela tecnologia e, agora se encontram nas universidades. Esses jovens não respondem significativamente aos modelos educativos tradicionais, sendo necessárias estratégias de ensino diferenciadas, que buscam
a motivação para o desenvolvimento do aprendizado,
com uma prática mais participativa e dinâmica. Nesse
sentido, o Pró-saúde, concebido para dar suporte à
reorientação da formação profissional em saúde, permite abordagens coerentes com essa geração, estabelecendo ações que estimulam a assimilação de conhecimentos críticos no processo de formação
profissional. Frente a esses conceitos, elaborou-se um
questionário temático sobre a Gripe A, epidêmica em
2009, para motivação no aprendizado de fatores etiológicos e práticas necessárias para a proteção e enfrentamento individual e da sociedade, em uma situação emergencial na saúde. Logo após a aplicação
dos questionários foram entregues gabaritos comentados visando o imediato esclarecimento. Observouse então, o interesse dos estudantes em relacionar as
suas dúvidas e dificuldades com as respostas corretas,
realizando a proposta de motivação no ensino. Dessa
forma, verificou-se que essa estratégia, baseada em
um instrumento de autoavaliação, permitiu ao aluno
progredir em seus conhecimentos baseando-se em
seus erros.
14
Descritores
Educação em saúde. Motivação. Avaliação educacional.
O
ensino em saúde deve ser entendido como a
combinação de teorias e práticas educativas
visando à promoção da saúde da população.1 Para
que seja possível a construção do conhecimento, o
indivíduo deve tomar consciência de suas necessidades e dificuldades. Com isso, a motivação orienta a
busca de informações que possibilitarão a resolução
dos problemas encontrados. Deste modo, a educação deve estar baseada no diálogo e na troca de informações.
No entanto, observa-se que boa parte dos programas educacionais utilizam estratégias baseadas em
práticas de ensino unidirecionais, não havendo interação efetiva dos alunos. Com isso, o estudante não
consegue identificar os fatores que justificam o seu
aprendizado e, consequentemente, não se sente motivado a buscar informações que possibilitem a resolução dos problemas.
Os estudantes que frequentam as universidades
atualmente são, em sua maioria, nascidos nas décadas
de 1980 e 1990. Essas gerações são peculiares pelo
fato de terem crescido em uma sociedade em transformação tecnológica. Isso quer dizer que, essas gerações se desenvolveram em um mundo conectado
pela internet, utilizando jogos on-line e redes sociais,
como Facebook, Orkut, e Twitter; produzindo e compartilhando conteúdos digitais, experiências e conhecimentos pelos seus blogs, fotologs, vlogs e youtube.
Não frequentaram cursos de informática, pois seu
aprendizado tecnológico ocorreu de forma lúdica,
por ensaio e erro, produzindo, compartilhando e
Revista da ABENO • 11(2):14-8
Geração Y: a motivação para construção do conhecimento • Sangiorgio JPM, Gabriel M, Moreira FS, Tanaka EE
aprendendo por meio de experiências on-line. Esta
é a chamada “Geração Y” ou “Geração C” – a geração
da conectividade, do conteúdo, do compartilhamento e do conhecimento – mas também do consumo.
“Geração Y” é um termo oriundo da Sociologia, para
designar a geração nascida a partir da década de 1980.
Também chamada de Geração Millenials.2
A geração Y não responde significativamente a
modelos educativos centrados no professor, em estratégias convencionais ou modelos de palestras; são
necessárias diferentes abordagens que permitam a
comunicação do educador-aluno, pois essa é a geração da comunicação.3 Ser apenas ouvinte é desmotivante para o estudante desta geração, pois todas as
informações estão a um clique de distância, basta conexão.
Estes jovens conhecem uma educação diferente,
pois trazem isso já da infância. A conexão é constante, a forma de construção do conhecimento é dinâmica. É necessário uma metodologia de motivação
que permita a construção de conhecimento de diferentes maneiras.4
Para que essa dinâmica seja possível, é indispensável conhecer os participantes desse processo, saber
quais são suas motivações para facilitar essa nova abordagem e contextualizar com as mudanças curriculares que estamos vivenciando. O Pró-Saúde – Programa Nacional de Reorientação da Formação
Profissional em Saúde – foi elaborado com o objetivo
de reorientar os processos de formação, integrando
a escola ao serviço público de saúde e oferecendo
respostas às necessidades concretas da população brasileira na formação de recursos humanos, na produção de conhecimentos e na prestação de serviços,
contemplando ações coletivas que estimulem os estudantes a assimilação crítica de novos conceitos, que
facilitem o processo de formação.5 Dessa maneira,
utilizar temas atuais e de grande repercussão na saúde pública pode auxiliar esse processo.
Nesse sentido, observou-se em 2009, a descoberta
do vírus da Influenza A H1N1 na população do México e dos Estados Unidos, seguida pela rápida disseminação em todo o mundo. Os sintomas da doença
eram similares ao da gripe comum, porém, mais exacerbados e podiam levar a morte. A contaminação
ocorria por via aérea, de pessoa para pessoa, principalmente por meio de tosse ou espirro e de contato
com secreções respiratórias de pessoas infectadas, e
em locais fechados.6
Uma vez identificado a necessidade de um aprendizado rápido frente a uma situação emergencial na
saúde, este trabalho, busca relatar uma estratégia de
ensino-aprendizagem visando à motivação de estudantes da 4º e 5º séries do Curso de Odontologia da
Universidade Estadual de Londrina (UEL), analisando o comportamento dos jovens frente à aplicação de
um questionário temático sobre a gripe H1N1, como
meio de se obter motivação para fixação de um conteúdo importante frente a uma situação crítica na
saúde mundial, integrando a escola à questões de
saúde pública.
METODOLOGIA
Com base nos materiais de divulgação oficiais do
Ministério da Saúde, formulou-se um questionário
autoaplicável referente à gripe A H1N1, que durante
o ano de 2009 foi um tema significativo, muito discutido e presente em todos os veículos de comunicação.
O questionário foi desenvolvido tanto com questões de múltipla escolha, quanto discursivas, relacionadas à epidemia da Gripe A, que estava ocorrendo
no momento. Trazia itens como a autoclassificação
dos conhecimentos sobre a Gripe, se estava apto a
transmitir esse conhecimento aos pacientes, e questões técnicas como o significado da sigla, formas de
transmissão, de prevenção, e de tratamento.
O instrumento foi utilizado na tentativa de diagnosticar o conhecimento prévio dos graduandos, e
demonstrar a eles, por meio de um processo de autoavaliação, os déficits de aprendizagem no assunto.
Participaram da experiência 91 estudantes que
assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. E, ao termino da aplicação, as respostas foram
apresentadas para as questões técnicas em forma de
um gabarito comentado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A epidemia de Gripe A H1N1, durante o ano de
2009, teve grande repercussão mundial, devido à capacidade de transmissão da doença, sua sintomatologia exacerbada e a possibilidade de levar a morte.6 A
odontologia é considerada uma profissão que oferece
grande risco ocupacional para o profissional. Não
divergentes, os acadêmicos de odontologia estão tão
ou mais propensos a esse risco.7 Durante a epidemia,
a Gripe A passou a fazer parte das doenças de risco
para esses estudantes, isso devido principalmente ao
grande fluxo de pacientes nas faculdades de odontologia.
Devido à importância do conhecimento sobre
esse novo vírus, como suas formas de transmissão e,
principalmente, de prevenção, utilizou-se de uma
Revista da ABENO • 11(2):14-8
15
Geração Y: a motivação para construção do conhecimento • Sangiorgio JPM, Gabriel M, Moreira FS, Tanaka EE
metodologia diferenciada para motivação dos estudantes. Por meio de perguntas, os acadêmicos foram
estimulados a detectar o seu grau de conhecimento
e suas deficiências sobre a epidemia, e dessa forma,
estavam motivados a aprender.
Durante a aplicação do instrumento, observou-se
que muitos apresentaram dúvidas em diversas questões respondendo-as com certo receio ou deixandoas sem resposta. Após a entrega do gabarito comentado, foi observado o interesse dos estudantes em
relacionar as suas dúvidas e dificuldades com as respostas corretas e a importância prática do conhecimento adquirido.
Este trabalho é um exemplo da aplicação dos princípios das Diretrizes Curriculares embutidos nos objetivos das reformas curriculares e do Pró-Saúde na
UEL. Os conhecimentos adquiridos pelos estudantes
de fontes científicas permitiram que a escola atuasse
como um centro de proliferação de conhecimentos,
pois, a partir da orientação dos acadêmicos, a disseminação da informação para os pacientes atendidos
e a prática realizada diariamente nas disciplinas clínicas, foram alteradas de acordo com a necessidade
dos serviços de saúde pública frente a uma epidemia.
Portanto todos foram estimulados a raciocinar sobre
os mecanismos de atuação viral, formas de combate,
prevenção e tratamento.
Com o recebimento do gabarito com as respostas
comentadas, puderam sanar todas as dúvidas o que
significou aprendizado, utilizando de um tema da
atualidade para discutir suas implicações na Odontologia, compreender mecanismos de atuação dos vírus
e seu tratamento. Observou-se, desse modo, que a
avaliação, quando utilizada como problematização,
tornou-se um método de ensino simples e eficaz, pois
curiosidades e dúvidas em relação ao tema proposto
surgiram e incentivaram o estudante a saná-las e desenvolver raciocínio lógico frente a problemas.
Assim, como observado na literatura, nota-se que
a forma como a geração Y lida com a informação é
diferente.8 Por exemplo, gerações anteriores, frente
ao avanço tecnológico, realizavam cursos para desenvolvimento de habilidades, e de certa forma, não desenvolviam a agilidade, presente nos jovens. Isso porque, a geração Y aprende diferente. Seu aprendizado
é baseado na tentativa-erro, geralmente na forma lúdica, o que permite a ela, maior desenvolvimento das
capacidades de resposta frente a um novo problema
ou incerteza. Dessa forma, o aprendizado dessa geração ocorre baseado na experiência. O erro, ocasionado pela falta de informação frente a uma situação
16
crítica, como foi à necessidade de prevenção na clínica odontológica, leva a formação de teorias que
permitem buscar e alcançar a resolução do problema.
Ao verificar a presença do erro, o jovem observa a
necessidade da informação correta e busca imediatamente a obtenção daquela informação.
Atualmente, diversos meios de comunicação permitem uma rápida circulação de informação, de forma que inúmeros acontecimentos, processos, mudanças não são realmente assimilados, pois a quantidade
de informações é imensa, e a qualidade, muitas vezes,
duvidosa. O exemplo da gripe H1N1, que apesar de
altamente divulgado na mídia e de fazer parte do
cotidiano dos estudantes, quando examinadas as respostas no questionário aplicado, se constatou a falta
de conhecimento científico dos estudantes, mesmo
quando respondiam que consideravam seus conceitos sobre a gripe – bons ou regulares. Ao identificarem
seus erros e, consequentemente, seus déficits de conhecimento no gabarito entregue, aprendiam o que
não sabiam, devido ao erro inicial, e dessa forma,
aumentavam a absorção da informação.
As instituições educacionais têm a responsabilidade e a obrigação de fornecer aos alunos ferramentas
que simulem ambientes de aprendizagem do mundo
real, como por exemplo, a diversidade dos cenários
de prática, entre eles, a atuação nas Unidades Básicas
de Saúde e ambientes hospitalares; o processo de territorialização; e as pesquisas epidemiológicas de campo. Todos esses cenários, tem como um dos pontos
positivos, a capacidade de estimular o estudante com
o novo de forma prática, saindo da rotina teórica da
Universidade e apresentando as diversas realidades
da população ao futuro profissional da saúde.
Hoje, a dificuldade no ensino é trabalhar com
jovens cada vez mais envolvidos com novas tecnologias, influenciados pela mídia, fascinados pela internet e pelas provocações propostas pelos jogos de videogame, sempre em busca de um novo desafio. Esses
jovens cresceram em um mundo relativamente estável, sob grande influência dos mecanismos tecnológicos. Ganharam autoestima e não se sujeitam a atividades que não fazem sentido em longo prazo.
Sabem trabalhar em rede e lidam com autoridades
como se elas fossem colegas de turma. Possuem muita informação, mas poucos conseguem transformar
essas informações em conhecimento.3 Estimular a
pesquisa nessa geração é uma maneira de orientar
esse aprendizado, usar esse conhecimento em prol
da Saúde Publica, por meio de estudos que possam
auxiliar ações coletivas.
Revista da ABENO • 11(2):14-8
Geração Y: a motivação para construção do conhecimento • Sangiorgio JPM, Gabriel M, Moreira FS, Tanaka EE
Frente a essa situação, o modelo pedagógico atual não pode ter o professor como centro do processo.
Ele já não é mais o detentor de todas as informações,
pois estas estão disponíveis a todos que acessam a
internet. Existe agora a necessidade de repensar as
práticas e metodologias utilizadas, modificando assim
a função do educador, pois agora assume a função de
orientador, direcionando o aluno como buscar e utilizar a informação, e também transformá-la em conhecimento, possibilitando a construção da autonomia dos estudantes. É necessário, então, estabelecer
um elo entre estudantes e educadores para que a
aprendizagem possa de fato acontecer.
Para esse novo perfil de estudante, é indispensável que sejam colocados desafios para que superem
o desinteresse pela aprendizagem. A necessidade de
construir boas alternativas na solução dos problemas, de pensar e agir criativamente são fundamentos essenciais que superam a superficialidade das
informações recebidas, para uma reflexão crítica.
Pois o mercado de trabalho necessita de profissionais
que consigam articular esses conceitos de maneira
eficaz e a Universidade tem de assumir essa responsabilidade e reorientar seu processo de formação
transformado esse perfil de estudante em um perfil
profissional competente para lidar com novos desafios.
Para Freire9 (2002),
“ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as pos-
diferenciadas capazes de relacionar conhecimentos
dos alunos, se possível, fazendo uso das ferramentas
tecnológicas conhecidas, integrando problemas de
saúde prevalentes, e de necessidade de resolução imediata para a solução do déficit de conhecimento dos
indivíduos mais afetados. Para tanto, é necessário o
aperfeiçoamento da tomada de decisão, o que por
meio deste estudo se tornou uma aplicação prática
de todos os conhecimentos básicos associados à prática clínica, com integração da escola e serviço público de saúde passando por todos os níveis de atenção
(básica, vigilâncias, gestão).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A estratégia de motivação, baseada num instrumento de autoavaliação pode ajudar o aluno a progredir, e o professor a aperfeiçoar sua prática pedagógica. E, isso é influenciado principalmente pela
forma de abordagem do professor, pois apenar ler as
questões e dar a resposta pura e simples não motiva
o aprendizado, mas a discussão do conteúdo e a sua
importância na vivência prática despertam a atenção
e fixação do assunto.
O professor tem, portanto, um papel fundamental
de orientador da aprendizagem, para que o estudante tenha foco e motivação para aprender e aplicar. As
Universidades devem acompanhar o perfil do estudante, aperfeiçoando suas metodologias para que
ensino-serviço-população se beneficie dos avanços
tecnológicos e individuais dos profissionais.
sibilidades para a sua própria produção ou construção.”
Assim, é necessário permitir que esses jovens, ávidos pela informação, possam consegui-la, e passem a
utilizá-la como ferramenta para o desenvolvimento
de conhecimentos de relevância prática.
Deste modo, observa-se que o simples fato de se
realizar a discussão de questões de prova, ou de entregar um gabarito comentado, permite que o instrumento aplicado se torne um método de ensino e
aprendizagem, pois o jovem é incentivado a buscar o
conhecimento dos seus erros. Neste processo o estudante que antes era passivo a receber informações já
prontas, passa a ser ativo e dinâmico na construção
do seu conhecimento. A avaliação torna-se assim uma
orientação ao aluno, permitindo que este fique ciente de suas dificuldades e de seus avanços. Confirmando, assim, o processo de aprendizagem relacional,
pelo estabelecimento do vínculo da teoria com a aplicação prática do conhecimento.
O educador pode e deve utilizar metodologias
ABSTRACT
Generation Y: motivation for the construction of
knowledge
The construction of knowledge concerning health
occurs when the individual becomes aware of the
practical application of a concept. Unidirectional
teaching practices often do not allow this, because
they do not motivate the search for the information
that will allow the resolution of problems. Students
today now have a different profile. They are young
adults who belong to Generation Y, and grew up in a
society being transformed by technology, and now
find themselves in college. These young people do
not respond significantly to traditional educational
models, and require a different teaching strategy that
seeks motivation to develop learning, with a more
participatory and dynamic form of practice. In this
sense, the “Pro-Saúde” (Pro-Health) project was conceived to lend support to redirecting professional
health training, and allows different approaches con-
Revista da ABENO • 11(2):14-8
17
Geração Y: a motivação para construção do conhecimento • Sangiorgio JPM, Gabriel M, Moreira FS, Tanaka EE
sistent with this generation, establishing actions that
encourage the assimilation of critical knowledge for
the process of professional training. In view of these
concepts, a focused questionnaire was drawn up on
Influenza A – epidemic in 2009 – to aid motivation in
learning the etiological factors and practices necessary to protect individuals and society and help them
cope in a health emergency situation. Right after applying the questionnaires, templates with comments
were handed out to provide an on-the-spot explanation. It was observed that the students showed interest
in relating their doubts and difficulties with the correct answers, thus driving the teaching motivation.
Accordingly, it was found that this strategy, based on
a self-evaluation tool, allowed students to progress in
their knowledge, based on their mistakes.
go, Chile, 2010. Acesso em 15/06/2011. Disponível em: http://
www.ie2010.cl/posters/IE2010-23.pdf.
3. Castanha D, Castro MB. A necessidade de refletir sobre as estratégias pedagógicas para atender à aprendizagem da Geração
Y. Revista de Educação do Cogeime. 2010; 19(36): 27-38.
4. Santos E, Franco ES. Os professores e os desafios pedagógicos
diante das novas gerações: considerações sobre o presente e o
futuro. Revista de Educação do Cogeime. 2010; 19(36): 9-25.
5. Brasil. Ministério da Saúde. Pró-Saúde - Programa Nacional de
Reorientação da Formação Profissional em Saúde. Acesso em
10/06/2011. Disponível em: www.prosaude.org
6. Brasil, Ministério da Saúde. Influenza: Aprender e cuidar sem
banalizar nem superestimar. Acesso em 26/04/2010. Disponível em: http://www.influenza.lcc.ufmg.br.
7. Ribeiro PHV, Moriya TM. Acidentes com Material Biológico
Potencialmente Contaminado em Alunos de um Curso de
Odontologia no Interior do Paraná. [Dissertação]. Ribeirão
Descriptors
Health education. Motivation. Educational measurement. §
rEFERÊNCIAS
Preto: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo;
2005.
8. Prensky M. Digital natives, digital immigrants. MCB University
Press. 2001; 9(5). Acesso em 10/06/2011. Disponível em
http://www.marcprensky.com/writing.
1. Candeias NMF. Conceitos de educação e de promoção em
saúde: mudanças individuais e mudanças organizacionais. Re-
9. Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25ª ed. São Paulo: Paz e Terra; 2002.
vista de Saúde Pública. 1997; 31(2): 209-213.
2. Lara RC, Quartiero EM. Educação para uma geração pós-in-
18
ternet: olhares a partir da formação inicial de professores.
Recebido em 09/03/2010
Congresso Iberoamericano de Informática Educativa, Santia-
Aceito em 15/06/2010
Revista da ABENO • 11(2):14-8
O Programa de Educação pelo
Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como
indutor de inovações pedagógicas: a
experiência do curso de Odontologia
da Universidade Estadual de Feira de
Santana, Bahia
Graciela Soares Fonsêca*, Ana Áurea Alécio de Oliveira Rodrigues**
*Mestranda do Programa de Ciências Odontológicas - área de
concentração Odontologia Social da Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo (FOUSP)
**Mestre em Saúde Coletiva/Professa Assistente da Universidade
Estadual de Feira de Santana (UEFS)
RESUMO
A evolução das práticas odontológicas e as novas
concepções sobre a efetividade da atenção em saúde
bucal exigem profissionais críticos, capazes de trabalhar em equipe e de levar em conta a realidade social.
A proposta é conceber cirurgiões-dentistas com perfil
generalista, com sólida formação técnico-científica,
humanística e ética, orientada para a promoção de
saúde. Nesse propósito, mudanças estão sendo instituídas no ensino superior, buscando a integração com
os serviços de saúde e com a comunidade, para favorecer o processo de ensino-aprendizagem. Cita-se o
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde,
o PET-Saúde, como forte indutor de inovação pedagógica. O presente trabalho relata a experiência da
Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia,
salientando as mudanças geradas no Curso de Odontologia, no intuito de oferecer subsídios para que o
programa seja implementado e aperfeiçoado em outras localidades do país. Observa-se que foram alcançados resultados significativos com a incorporação do
PET-Saúde, evidenciando o potencial transformador,
o que coopera para sua consolidação e expansão.
Descritores
Ensino superior. Serviços de saúde. Odontologia.
1
A
Odontologia praticada no serviço público, no
Brasil, se caracterizou, durante um longo período, por serviços prestados de maneira assistemática e
pela livre demanda de pacientes,1 marcado por procedimentos mutiladores, baseados na queixa-conduta e caracterizados como não resolutivos.
Como reflexo dessa forma de organizar a assistência, a formação em Odontologia, por anos, entendeu
a saúde como resultado do processo biológico, fundada em princípios flexnerianos1 e distante do contexto social. Os conceitos que significaram grandes
evoluções na compreensão do processo saúde-doença, entendendo a saúde como um bem socialmente
determinado, tardaram a atingir o ensino de Odontologia. Por conseqüência, o modelo de formação
visava uma atenção odontológica elitizada, desvinculada da noção de bem-estar e de qualidade de vida,
dirigida a uma necessidade de saúde ressentida por
todos, mas acessível apenas a elite financeira da população. Assim, relegou-se ao ensino da odontologia
o desenvolvimento técnico, sendo por muito tempo
denominado de arte dentária, onde se aproximam os
termos arte e técnica.2
Aponta-se esse fator como um dos responsáveis
pela precariedade das condições de saúde bucal da
população brasileira,3 em que a mutilação dentária
Modelo baseado em um paradigma fundamentalmente biológico e mecanicista para interpretação dos fenômenos vitais, com culto à
doença e não à saúde, e devoção à tecnologia, sob a presunção de que seria o centro da atividade científica e de assistência à saúde.
Revista da ABENO • 11(2)19-26
19
O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do
curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO
marca fortemente adultos e idosos, retratando as necessidades acumuladas e não priorizadas4.
O início do século XXI foi marcado pela redefinição da Política Nacional de Saúde Bucal,4 pressupondo um compromisso com a qualificação da Atenção Básica, através do trabalho da Equipe de Saúde
Bucal (ESB) nas Unidades de Saúde da Família
(USF).5
Entretanto, o profissional que tem composto estas
equipes ainda vem sendo formado, em partes, segundo um modelo que privilegia o tratamento de doenças,6 trabalha de forma autônoma, não tem experiência de trabalho em equipe e tem pouca familiaridade
com as instâncias do Sistema Único de Saúde (SUS),7
reproduzindo um trabalho antagônico às práticas
preconizadas pela Estratégia Saúde da Família (ESF).
Em 1996, foi sancionada a Lei no. 9.394, estabelecendo as Diretrizes e Bases da Educação Nacional
que, em síntese, propõe as Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCN).8 Especificamente para o curso de
graduação em Odontologia, as DCN encontram-se
em vigência desde 2002 e sinalizam para uma mudança paradigmática na formação, buscando materializar
um profissional crítico, capaz de, dentre outros critérios, trabalhar em equipe e de levar em conta a realidade social. Propõem um cirurgião-dentista com perfil generalista, com sólida formação técnico-científica,
humanística e ética, orientada para a promoção de
saúde.9
Mais do que a re-orientação de projetos pedagógicos, as DCN apontam para uma nova fase da relação
entre o ensino e os serviços de saúde. Entretanto, esta
relação é complexa e exige esforços intersetoriais
para consolidá-la.
Nesse sentido, desponta-se a necessidade de desenvolver instrumentos que possam aprimorar a formação do futuro trabalhador em saúde.10 Entretanto,
investir somente na graduação não é suficiente para
formar o profissional que a sociedade precisa e que
o sistema de saúde requer, ou seja, o Ministério da
Saúde e da Educação precisam aproximar-se não somente através de políticas e projetos pontuais, mas
de um diálogo que enfrente poderes instituídos em
distintas esferas e instituições políticas, acadêmicas e
dos serviços de saúde. É inerente a necessidade de
buscar o engendramento de novas relações de responsabilidade e compromisso entre as instituições de
ensino e o SUS, de modo que possibilite a co-gestão
dos processos, para que realmente tenhamos mudanças significativas na formação em saúde.11
Dentro dessa arquitetura de reconstrução, foi pro20
posto o Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde (PET-Saúde) uma das ações intersetoriais direcionadas à condução da interação ensino-serviçocomunidade, eixo básico para reorientar a educação
na área da saúde. O programa surgiu em 2009, através
de uma parceria entre a Secretaria de Gestão do Trabalho (SGTES), a Secretaria de Atenção à Saúde
(SAS), o Ministério da Saúde, a Secretaria de Educação Superior (Sesu) e o Ministério da Educação.12
Caracteriza-se como uma das ações do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em
Saúde (Pró-Saúde), criado em 2005, tendo como
perspectiva a aproximação da formação de graduação
no país às necessidades da Atenção Básica, que se
traduzem no Brasil, essencialmente pela ESF.13
O PET-Saúde traz como objetivo geral fomentar
a formação de grupos de aprendizagem tutorial no
âmbito da ESF, denotando um instrumento para a
qualificação em serviço dos profissionais da saúde,
bem como para a iniciação ao trabalho e vivências
dirigidos aos estudantes dos cursos de graduação na
área da saúde, de acordo com as necessidades do SUS,
com a perspectiva da inserção das necessidades dos
serviços como fonte de produção de conhecimentos
e pesquisa nas instituições de ensino.14
Esse manuscrito pretende relatar a experiência de
inovação pedagógica, ocorrida com a implementação
do PET-Saúde, ao longo dos seus dois anos de existência na Universidade Estadual de Feira de Santana
(UEFS), Bahia. O curso de graduação em Odontologia é salientado e busca-se oferecer subsídios para que
o programa seja executado e aperfeiçoado em outras
localidades do país.
ANSEIOS DE MUDANÇA NA FORMAÇÃO
EM ODONTOLOGIA: O SUS COMO
CENÁRIO DE APRENDIZAGEM
O Curso de Graduação em Odontologia da UEFS,
foi concebido em 1986 e, ao longo de sua evolução
passou a almejar um profissional para atuar efetivamente na sociedade, com flexibilidade intelectual e
capacidade analítica crítica, apto a interpretar a realidade social, política e cultural da região e capaz de
transformá-la. No início do ano corrente, a grade curricular foi substituída por uma estrutura de currículo
adequada para atender os princípios das DCN para
o Curso de Odontologia.
A área de Odontologia Preventiva e Social, presente na antiga grade curricular que se encontra em
processo de substituição, organiza-se de forma a articular a teoria à prática, viabilizando experiências con-
Revista da ABENO • 11(2)19-26
O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do
curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO
cretas de atividades pertinentes à formação do Cirurgião-Dentista. Em 2007, a disciplina iniciou uma
articulação com a ESF, tomando as USF como cenário
para aprendizagem.
Não obstante, apesar de retratar um avanço significativo na condução de integração do processo de
ensino-aprendizagem da graduação à rede de serviços
públicos de saúde, as práticas pedagógicas desenvolvidas pelas disciplinas de Odontologia Preventiva e
Social se chocam com obstáculos que diminuem a
sustentabilidade, limitando a inovação pedagógica
desejada. Um caminho para transformação seria o
estabelecimento de vínculos mais explícitos entre o
aprendizado no trabalho, na comunidade e o aprendizado nas salas de aula15.
Nesse intento, atendendo ao convite dos Ministérios da Saúde e da Educação para a apresentação de
propostas com vistas à seleção dos projetos que participariam do PET-Saúde, a UEFS e a Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana lograram êxito,
obtendo a aprovação do PET-Saúde UEFS. Foram
contemplados os cursos de graduação em Enfermagem, Medicina, Odontologia, Educação Física e Ciências Farmacêuticas, com o estabelecimento de grupos de aprendizagem tutorial vinculados à ESF. Os
atores envolvidos pressentiam o PET-Saúde como
uma potência para qualificar a formação profissional,
reorientar práticas e provocar mudanças de concepções e atitudes com o propósito de qualificar a Atenção Básica no nível local.
O TRILHAR DO PET-SAÚDE UEFS:
DESCOBERTAS, TROPEÇOS E
CONQUISTAS
O PET-Saúde UEFS vem sendo implementado
desde abril de 2009, quando foram iniciadas as atividades com os grupos de aprendizagem tutorial na
Rede de Saúde da Família de Feira de Santana. Atualmente, o programa se encontra devidamente institucionalizado pelo Conselho Superior de Ensino,
Pesquisa e Extensão da UEFS. Além disso, a UEFS é
uma das instituições de ensino superior do Estado
que integra a Rede Pró-Saúde Bahia, articulada pela
Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB),
através da Superintendência de Recursos Humanos
e da Escola Estadual de Saúde Pública (EESP) por
meio da Coordenação de Integração da Educação e
Trabalho na Saúde (CIET). Dessa forma, o PET-Saúde
UEFS tem mantido estreita articulação com a Comissão Gestora Local do Pró-Saúde II UEFS cujos membros integram também o referido Programa.
No primeiro ano, foram formados 07 grupos de
aprendizagem tutorial com um total de 07 tutores, 42
preceptores, 84 alunos bolsistas e 37 monitores. Dentre
eles, 34 eram Cirurgiões-Dentistas ou graduandos em
Odontologia. No ano seguinte, com a denominação de
PET-Saúde da Família, o número de grupos foi elevado,
passando para 10 e somando 219 atores envolvidos.
No intuito de atingir os objetivos propostos no
projeto PET-Saúde UEFS, representantes das diferentes instâncias envolvidas participaram do “I Seminário
Nacional do Programa Nacional de Reorientação da
Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde II”, realizado em Brasília no início de 2009. Em seguida foi
realizada a “I Oficina de Mobilização para a implementação do PET-Saúde na UEFS”, novamente contando com a colaboração dos diversos atores.
De forma análoga, para operacionalização do programa foi implantado o Núcleo de Excelência Clínica
Aplicada à Atenção Básica (NECAAB), instalado no
âmbito do Departamento de Saúde da UEFS, tendo
como responsabilidades principais:
• produzir projetos de mudanças curriculares que
promovam a inserção dos alunos na rede da Atenção Básica, em estreita articulação com a Comissão
Gestora Local do Pró-Saúde UEFS;
• desenvolver ações para a capacitação dos preceptores dos serviços vinculados à ESF;
• incentivar e produzir pesquisa voltada para a qualificação da Atenção Básica; e
• coordenar a revisão de diretrizes clínicas da Atenção Básica, em consonância com as necessidades
do SUS.
Visando favorecer o processo de inovação metodológica e incorporar novas práticas pedagógicas nos
cursos articulados ao PET-Saúde, se aposta na incorporação de ações como a execução do portfólio reflexivo, instrumento construído com base em seis
princípios:
• a construção pelo próprio aluno, possibilitando
que ele faça escolhas e tome decisões;
• a reflexão sobre suas produções;
• a criatividade, porque o aluno escolhe a maneira
de organizar o portfólio e busca formas diferentes
de aprender;
• a auto-avaliação pelo aluno, porque ele está permanentemente avaliando o seu progresso;
• a parceria tutor-preceptor-aluno e entre alunos,
eliminando-se ações e atitudes verticalizadas e
centralizadoras; e por fim,
• a autonomia do aluno perante o trabalho.
Revista da ABENO • 11(2)19-26
21
O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do
curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO
Outrossim, no mesmo intento, criou-se recursos
de conectividade, como as listas de discussão virtual
e o e-mail de acesso para todos os envolvidos, além
da organização de eventos para o debate sobre a educação superior na área da saúde.
As atividades propostas e desenvolvidas pelo PETSaúde UEFS, ao longo do seu biênio de existência,
priorizaram os reais problemas de saúde (situação de
saúde e organização do serviço) identificados no contexto das USF, para gerar contribuições na reorientação das práticas de saúde e de gestão.
Dentre elas, estão as situadas no campo da Promoção de Saúde, entendendo-as como uma estratégia de
articulação transversal que visa promover qualidade
de vida e reduzir vulnerabilidades e riscos à saúde
relacionados aos seus determinantes e condicionantes. Realizou-se, nesse nível, abordagens direcionadas
à saúde bucal, à atividade físicas, além da discussão
de temas diversos na sala de espera, de feiras de saúde,
de ações de impacto, de encontros de saúde e de oficinas educativas. Ações referentes ao cuidado em
saúde, como visitas domiciliares e acompanhamento
da rotina das unidades, também fizeram parte do
elenco de atividades desenvolvidas. As reflexões críticas sobre o trabalho em ato e as necessidades apresentadas nos processos de trabalho favoreceram a
educação permanente dos profissionais e dos graduandos. Foram trabalhadas ações de vigilância em saúde, atividades gerenciais e atividades de planejamento em saúde. Além disso, pretendendo fortalecer o
controle social no SUS, os grupos efetuaram um trabalho para a mobilização da comunidade. As ações
executadas estão sintetizadas no Quadro I.
A despeito do curto período de existência, é pos-
Quadro I - Síntese das atividades desenvolvidas pelos grupos PET-Saúde UEFS no período de 2009 a 2010 [continua na
próxima página].
Tipo de abordagem
Saúde bucal
Atividade física e
prática corporal
• “Dia da Escovação” com crianças das áreas de abrangência de várias USF
• “Dia do Sorriso” com crianças matriculadas em uma escola municipal
• Distribuição de kits odontológicos em diversos espaços sociais
• Palestras sobre doença cárie, métodos de prevenção, alimentação saudável e desenvolvimento do
sistema estomatognático, envolvendo escolares e professores
• Escovação supervisionada em escolas e creches
• Orientação sobre higiene bucal de bebês e crianças
• “Tarde animada das crianças” com atividades lúdicas
• Aplicação de inquérito clínico odontológico no grupo da terceira idade
• Atividade física e prática corporal com grupos de hipertensos, diabéticos e idosos
• Práticas recreativas e alongamentos com idosos
• Orientação sobre atividade física às gestantes
• “Caminhada da Saúde”
• Dança e ginástica
• Criação da horta comunitária
• “Forró dos idosos”
Sala de espera
• Atividades educativas envolvendo, além das abordagens já mencionadas, doenças como dengue,
tuberculose, meningite, gripe influenza A H1N1, DST/AIDS, doenças respiratórias, gravidez e parto,
saúde da mulher, uso inadequado de medicamentos, SUS, ESF e controle social no SUS
Feiras de saúde
• 1a Feira de Saúde do HIPERDIA (programa direcionado aos hipertensos)
• Feira de Saúde do Feira X-V
• Feira de Saúde do George Américo
• Feira de Saúde do Campo Limpo I, II e IV
Encontros
de saúde
22
Principais atividades desenvolvidas
• II Encontro de Saúde sobre Depressão
• I HIPERDIA da USF Feira X II
• Encontros em Fábricas dos bairros para discussão sobre EPI
• Encontro com a “Associação do Amendoim”
• Encontro com adolescentes - mostra de vídeo sobre gravidez na adolescência e planejamento familiar
• Encontro com Idosos
• “Roda de Terapia Comunitária” com grupos de hipertensos, diabéticos e adolescentes
• Encontro sobre vacinação
Revista da ABENO • 11(2)19-26
O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do
curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO
Quadro I-[Continuação].
Tipo de abordagem
Oficinas
Principais atividades desenvolvidas
• Apresentação do PET-Saúde
• Apresentação do Núcleo de Apoio ao Saúde da Família (NASF)
• Conselho Local de Saúde
• Pré-Conferência Municipal de Saúde
• Um SUS pra valer e pra todos nós
• Uso de contraceptivos orais e gravidez na adolescência
• Levantamento de problemas com a comunidade e Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
• Atenção à Saúde do bebê
• Asma brônquica
• Câncer de próstata
• Prevenção do câncer de mama e do colo do útero
• Uso de plantas medicinais
• 20 anos do SUS
• Cinema com pipoca para adolescentes
• Lixo: uma responsabilidade de todos
Elaboração de
material educativo
• Álbum seriado sobre cuidados com gestantes
• Cartilha do hipertenso
• Folder sobre cuidados com os pés (prevenção “do pé diabético”)
• Folder sobre atividade física para gestante
• Folder sobre saúde bucal
• Folder sobre direitos e deveres dos usuários das USF
• Folder sobre o SUS
• Folder sobre VDRL
• Folder sobre Métodos Contraceptivos
• Folder sobre Meningite
• Cartaz sobre saúde bucal da gestante e do bebê
• Cartaz sobre tuberculose, hanseníase e gripe A H1N1
• Cartilha de cuidados com recém nascidos
• Cartilha sobre ESF e rotina da unidade
Cuidado em saúde
• Visitas e consultas domiciliares
• Acompanhamento dos ACS nas visitas domiciliares
• Participação em consultas clínicas na USF
• Acompanhamento na coleta de material para exame preventivo
• Aferição de pressão arterial
• Dispensa de medicamentos
• Realização de curativos
• Administração de vacinas
• Pós-consulta com os pacientes do HIPERDIA
• Pré-consultas de enfermagem
• Teste do pesinho
• Remoção de sutura
Planejamento em
saúde
Atividades
gerenciais
(continua)
• Discussão com preceptores e bolsistas
• Territorialização das áreas das USF
• Diagnóstico das necessidades da comunidade
• Levantamento de dados das Fichas A
• Análise dados do SIAB
• Confecção de “Parede de situação”
• Avaliação da satisfação do usuário
• Aplicação do instrumento de supervisão dos ACS
• Elaboração das programações mensais com as equipes das USF
• Planejamento de ações com ACS
• Reorganização das farmácias das USF
Revista da ABENO • 11(2)19-26
23
O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do
curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO
Quadro I-[Continuação].
Tipo de abordagem
Principais atividades desenvolvidas
Atividades
gerenciais
(continuação)
• Preenchimento do mapa de solicitação de medicamentos
• Organização dos arquivos e documentos das USF
• Preenchimentos das fichas do SIAB e das fichas de referência e contra-referência
• Supervisão de ACS e técnicos de enfermagem
• Consolidação dos dados das USF
• Formalização de protocolos de rotinas das USF
• Reunião para avaliação trimestral do PET-Saúde, envolvendo todos os atores
• Visitas técnicas ao Hospital Geral Clériston Andrade, à Policlínicas e ao Centro Municipal de Referência
em Hipertensão e Diabetes
Vigilância em saúde
• Investigação de casos notificados de dengue
• Investigação de óbito neonatal
• Busca dos idosos faltosos da campanha de vacinação contra gripe A H1N1
Estudo e discussão
em grupo
• SUS: Histórico e evolução das Políticas de Saúde
• Política Nacional de Atenção Básica
• ESF; Organização e funcionamento das USF
• O processo de territorialização
• Vigilância em Saúde
• Planejamento e Programação em Saúde
• Trabalho em equipe multiprofissional
• Processo de Trabalho em Saúde
• Saúde do Trabalhador
• Visitas domiciliares
• Tecnologias leves em educação e em saúde
• Uso do portfólio
• Busca bibliográfica através das principais de bases de dados
• Elaboração de projetos de pesquisa
• Portaria 154/2008 – NASF
sível descrever alguns avanços oriundos da atuação
do PET-Saúde. Dentre eles, menciona-se a notória
produção científica que vem sendo divulgada a nível
local, regional, nacional e internacional, representando um incremento significativo nas pesquisas relacionadas à Saúde Coletiva. Diversos projetos envolvendo
parcerias do PET-Saúde com componentes curriculares, núcleos de pesquisa e projetos de extensão foram
ou estão sendo desenvolvidos.
Uma avaliação processual revela indicativos de
impactos sobre os problemas de saúde identificados.
Eles serão expostos minuciosamente em uma avaliação de resultados que será realizada futuramente pelos integrantes do PET-Saúde.
No decorrer do processo de implantação, os envolvidos se depararam com limites para o estabelecimento pleno das diretrizes de funcionamento do
programa devido ao seu pioneirismo. Majoritariamente, esses limites estão ligados à preceptoria que
demonstra dificuldade em compatibilizar os horários
entre os estudantes; falta de experiência com a condução de projetos de pesquisa; perfil inadequado
24
para o trabalho na ESF e dificuldade de orientação
quando havia o envolvimento de áreas do conhecimento distintas entre preceptor e graduando. Além
disso, um complicador significativo na condução das
atividades correspondeu à infra-estrutura deficiente
das USF e a resistência por parte de alguns integrantes das equipes de saúde com relação ao trabalho do
PET-Saúde.
CONCLUSÕES
Realizando uma retrospectiva dos dois anos de
existência do PET-Saúde UEFS, observa-se que as atividades desenvolvidas trazem expressiva relevância
para a formação e a qualificação profissional dos participantes nos aspectos teóricos e práticos. Percebe-se
a aquisição de habilidades importantes direcionadas
ao efetivo labor na ESF e o aumento da experiência
com a elaboração de projetos de pesquisa.
É evidente que o estabelecimento do PET-Saúde
como uma das alternativas de consolidação do SUS
requer a participação ativa de atores sociais comprometidos ética e politicamente com a (re)construção
Revista da ABENO • 11(2)19-26
O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do
curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO
coletiva de saberes e práticas, e também com a superação de problemas conjunturais que envolvem a
institucionalização e a consolidação de um programa
novo e inovador que está sendo construído por sujeitos sociais que optaram por uma proposta dinâmica de formação através do trabalho em saúde, usando
como ferramenta a educação permanente, onde se
crê que reside toda capacidade de transformação de
antigos paradigmas desta área em posturas e atitudes
mais coerentes com as propostas do SUS, alimentando o desejo de construir um sistema público de saúde mais efetivo, rompendo inclusive com padrões
históricos e tradicionais do “processo ensino-aprendizagem”.
Nesse sentido, é perceptível que as atividades desenvolvidas pelo PET-Saúde UEFS priorizam formar
profissionais mais decisivos e desenvoltos, com conhecimentos e atividades que os tornem competentes para atuar no SUS, com amadurecimento profissional e elevada formação científica, tecnológica e
humanística.
É indiscutível que o PET-Saúde constitui uma excelente proposta de integração entre o trabalho em
saúde e a educação, propiciando a articulação entre
o ensino, a pesquisa e a extensão na área de saúde
coletiva, com foco na Atenção Básica/ESF.
Os significativos resultados obtidos e os movimentos articulados pelo programa nos seus primeiros anos
de atuação, demonstram que o PET-Saúde UEFS/
SMS-FS encontra-se devidamente implementado com
suporte operacional e apoio político-institucional
(UEFS/SMS/CMS/SESAB/MS), fatores que o qualificam para a sua tão almejada expansão.
sidered a strong inducer of pedagogical innovation.
This paper describes the experience of the State University of Feira de Santana, Bahia, highlighting the
changes made in the dentistry course, in order to
provide input for supporting the implementation and
improvement of the program in other parts of the
country. It could be observed that significant results
were achieved by incorporating the Education Program through Health Work, showing its transformational potential, which promotes its consolidation
and expansion.
Descriptors
Higher education. Health services. Dentistry. §
Referências
1. Pinto VG. A Odontologia brasileira às vésperas do ano 2000:
diagnóstico e caminhos a seguir. São Paulo: Santos; 1993. 189p.
2. Haddad AE, Morita MC. O Ensino de Odontologia e as Políticas de Saúde e de Educação. In: Perri de Carvalho AC, Kriger
L, editores. Educação Odontológica. São Paulo: Artes Médicas;
2006. p.105-17.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Projeto SB 2003: Condições
de Saúde Bucal da população brasileira 2002-2003: resultados
principais. Brasília 2004.
4. Narvai PC, Frazão P. Políticas de Saúde Bucal no Brasil. In:
Moysés ST, Kriger L, Moysés SJ. Saúde Bucal das Famílias: Trabalhando com evidências. São Paulo: Arte Médicas; 2008, p.0120.
5. Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Diretrizes
da Política Nacional de Saúde Bucal. Brasília 2004.
6. Rodrigues AAAO, Fonsêca GS, Siqueira DVS, Assis MMA, Nascimento MAA. Práticas da Equipe de Saúde Bucal na Estratégia
ABSTRACT
The Education Program through Health Work as an
inducer of pedagogical innovations: the Dentistry
Course experience at the State University of Feira
de Santana, Bahia
The development of dental practices and the new
concepts regarding the effectiveness of oral healthcare require professionals to be critical, able to work
in teams and able to assimilate the social reality. What
is proposed is to train dentists with a generalist profile,
with solid technical and scientific skills, who are humanistic and ethical, and also focused on promoting
health. With this in mind, changes are being implemented in higher education, seeking integration with
health services and the community, in order to promote the teaching-learning process. In this context,
the Education Program through Health Work is con-
Saúde da Família e a construção (des)construção da integralidade em Feira de Santana – BA. Rev APS. 2011,13:(4):476-85.
7. Morita MC, Kriger L. Mudanças nos cursos de Odontologia e
a interação com o SUS. Revista da ABENO. 2004, 4:(1):17-21.
8. Brasil. Ministério da Saúde. Lei n. 9.394, 20 dezembro de 1996.
Institui a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília,1996.
9. Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional da Educação. Câmara da Educação Superior. Resolução CNE-CES n. 3.
Instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Brasília 2002.
10. Tavares DMS, Simões ALA, Poggetto MTD, Silva SR. Interface
ensino, pesquisa, extensão nos cursos de graduação da saúde
na Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Rev Lat Am
Enfermagem. 2007,15(6):1080-5.
11. Garcia RA, Carvalho SR. Navegando no entre das Instituições
de Ensino e Serviços de Saúde: Uma carta náutica dos (des)
Revista da ABENO • 11(2)19-26
25
O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do
curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia • Fonsêca GS, Rodrigues AAAO
encontros. In: Carvalho SR, Ferigato S, Barros ME, editores.
ção da Formação Profissional em Saúde: Pró-Saúde. Brasília 2005.
Conexões: Saúde Coletiva e Políticas de Subjetividade. São
14. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação.Portaria
Interministerial n. 1.802, 26 de agosto 2008. Institui o Progra-
Paulo:Hucitec; 2009. p. 220-39.
12. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria
Conjunta n. 3. Homologa o resultado do processo de seleção
dos Projetos que se candidataram ao Programa de Educação
pelo Trabalho para a Saúde: PET-Saúde. Brasília 2009.
13. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Secretaria
ma de Educação pelo Trabalho para a Saúde: PET-Saúde. Brasília 2008.
15. Young MFD. O currículo do futuro: da “nova sociologia da
educação” a uma teoria crítica do aprendizado. Campinas:
Papirus; 2000. 288 p.
de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Secretaria de
26
Educação Superior. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Recebido em 07/07/2011
Educacionais Anísio Teixeira. Programa Nacional de Reorienta-
Aceito em 25/07/2011
Revista da ABENO • 11(2)19-26
O PET-Saúde como instrumento
de reorientação do ensino em
Odontologia: a experiência da
Universidade Federal do Espírito Santo
Caroline Marinho Gonçalves*, Karina Tonini dos Santos**, Raquel Baroni de Carvalho***
*Graduada em Odontologia pela Ufes, Vitória - ES; ex-estagiária do
PET-Saúde
**Doutora em Odontologia Preventiva e Social; Professora Adjunta
do Departamento de Medicina Social, Ufes, Vitória - ES; tutora do
PET-Saúde
***Doutora em Odontologia; Professora Adjunta do Departamento de
Medicina Social, Ufes, Vitória - ES; tutora do PET-Saúde
RESUMO
As Diretrizes Curriculares Nacionais e a consolidação do SUS levaram as instituições de ensino superior em saúde no Brasil a reformular seus currículos,
deixando de formar profissionais apenas tecnicistas
para preparar profissionais voltados também para a
realidade social, econômica, política e cultural do
Brasil. O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre o processo de reorientação do ensino em
saúde/Odontologia, relatando a experiência do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PETSaúde), iniciado na Ufes em 2010. O PET-Saúde foi
criado pelo Ministério da Saúde em parceria com o
Ministério da Educação, dando oportunidade aos
acadêmicos de vivenciar o trabalho multidisciplinar
dentro das unidades de saúde. As atividades extramuros propiciam um maior conhecimento por parte dos
alunos que experimentam a estrutura dos serviços
públicos de saúde, a participação no atendimento à
população, a compreensão das políticas de saúde/
saúde bucal, o papel do cirurgião-dentista no serviço
público, bem como o contexto social no qual futuramente o acadêmico poderá se inserir. O PET-Saúde
oferece também um espaço de reflexão por meio das
trocas de abordagens e experiências entre a realidade
vivenciada pelos profissionais e os conhecimentos
trazidos pelos alunos nos moldes acadêmicos. Conclui que, para a efetivação do SUS, os alunos dos cursos de saúde precisam de uma formação mais ampla,
em ambientes diferenciados, com experiências inovadoras, atividades coletivas e não somente com a
prática tradicional realizada em clínica de ensino de
especialidades.
DESCRITORES
Educação superior. Educação em odontologia.
Currículo. Estágio clínico.
D
esde a década de 1940, o currículo do Curso de
Odontologia esteve baseado nas recomendações
de Flexner. Esse modelo de ensino caracteriza-se pela
formação em ciências básicas nos primeiros anos de
curso, diminuta ênfase aos aspectos de prevenção e
promoção da saúde, atenção individualizada e aprendizagem enfocada para o ambiente clínico.11
As mudanças sociais ocorridas no Brasil e no mundo levaram à crise do modelo flexneriano tradicional
e tecnocrata.15 No Brasil, o destaque à atenção primária ocorreu após a Reforma Sanitária Brasileira, que
foi o ponto de partida para a implantação do Sistema
Único de Saúde (SUS), o que levou as Instituições de
Ensino em Saúde a avaliar a necessidade de desenvolver atividades extramuros, procurando articulação e
integração com os serviços de saúde fora do campo
universitário.1
De acordo com Garbin et al.13 (2006), o SUS resultou, em boa medida, da acumulação política e técnica propiciada pelas experiências da Medicina Comunitária e pela integração docente-assistencial
(IDA), da década de 80, definida por Marsiglia17
(1995) como união de esforços em um processo de
crescente articulação entre instituições de educação
Revista da ABENO • 11(2)27-33
27
O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em Odontologia: a experiência da
Universidade Federal do Espírito Santo • Gonçalves CM, Santos KT, Carvalho RB
e serviços de saúde adequados às reais necessidades
da população, à produção de conhecimento e à formação de recursos humanos necessários em um determinado contexto da prática de serviços de saúde
e de ensino.
O conceito de saúde explicitado na Constituição
e os princípios que regeram a criação e implantação
do SUS foram elementos fundamentais na definição
das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN),2 em
2002, propostas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), o que garantiu uma integração efetiva
entre o ensino e os serviços.
As DCNs sinalizam uma mudança na formação
profissional do Curso de Graduação em Odontologia,
na qual o aluno deve ser crítico, capaz de aprender a
aprender, de trabalhar em equipe, de levar em conta
a realidade social e, ainda, estipulam que 20% da
carga horária plena do curso devem se caracterizar
com estágio supervisionado.2
As atividades extramuros propiciam um maior
conhecimento, por parte dos alunos, das estruturas
dos serviços públicos de saúde, participação no atendimento à população, compreensão das políticas de
saúde bucal, do papel do cirurgião-dentista (CD) e
do contexto social no qual futuramente o acadêmico
irá ingressar.20
Portanto, percebe-se a necessidade da formação
do CD com um perfil voltado para a realidade social,
econômica, política e cultural do Brasil. Dessa forma,
a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) aderiu ao Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde (PET-Saúde), regulamentado pela Portaria Interministerial nº 421, de 3 de março de 2010, inspirado no Programa de Educação Tutorial (PET), do
Ministério da Educação, dando a oportunidade aos
acadêmicos dos Cursos de Odontologia, Medicina,
Enfermagem e Farmácia de vivenciar o trabalho multidisciplinar dentro das unidades de Saúde do SUS.
O presente trabalho tem como objetivo discutir
sobre o processo de reorientação do ensino em saúde/Odontologia, relatando a experiência do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PETSaúde), iniciado na Ufes em 2010.
cal seja integrada no novo contexto de ação interdisciplinar e multiprofissional.22
A maioria dos currículos de Odontologia está baseada em uma prática tecnicista, organizada em disciplinas isoladas, o que leva à formação de um profissional individualista, incapaz de interagir com a
sociedade e solucionar seus problemas de saúde, dificultando sua inserção no mercado de trabalho.8 A
Política de Educação e Desenvolvimento para o SUS
também ressalta que
[...] a formação tradicional em saúde, baseada na organização disciplinar e nas especialidades, conduz ao estudo
fragmentado dos problemas de saúde das pessoas e das
sociedades, levando à formação de especialistas que não
conseguem mais lidar com as totalidades ou com realidades complexas.16
Pressionados pelas DCNs e pelo debate sobre qualidade e avaliação que se coloca em âmbito internacional, os Cursos de Odontologia começaram a buscar caminhos para a construção do projeto
pedagógico, mudanças curriculares e profissionalização do trabalho docente.25
As DCNs assumem um papel estratégico no aperfeiçoamento do SUS, garantindo uma efetiva integração entre os conceitos de saúde e educação.22 As Diretrizes Curriculares para o Curso de Odontologia
estabelecem o perfil do formando egresso como um
profissional:
[...] capacitado ao exercício de atividades referente à saúde bucal da população, pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a
transformação da realidade em benefício da sociedade.
As diretrizes definem a realização de estágios supervisionados e programa de extensão, visto ser necessária a inserção do acadêmico no contexto social
e a sua capacitação para
“[...] atuar com qualidade, eficiência e resolutividade, no
Sistema Único de Saúde (SUS), considerando o processo
REVISÃO DE LITERATURA
Atualmente, têm ocorrido significativos movimentos que criticam os modelos de formação profissional na área da saúde, principalmente na Medicina
e na Enfermagem. Em relação à Odontologia, existe
um atraso histórico desses movimentos de mudança,
o que exige um grande esforço para que a saúde bu28
da Reforma Sanitária Brasileira”.2
Diversos documentos apontam para a importância e necessidade do estabelecimento de estágios e
convênios entre as instituições de ensino e os serviços
de saúde como ferramenta imprescindível para a formação de recursos humanos.2,3 A Constituição Fede-
Revista da ABENO • 11(2)27-33
O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em Odontologia: a experiência da
Universidade Federal do Espírito Santo • Gonçalves CM, Santos KT, Carvalho RB
ral estabelece, em seu artigo 200, que:
“[...] ao Sistema Único de Saúde compete: III- ordenar a
formação de recursos na área da saúde”.3
Para uma maior compreensão da rede de serviços
como um espaço privilegiado de ensino, é preciso
partir de um conceito ampliado de saúde na qual os
cenários de aprendizagem são diversificados, agregando-se ao processo, além dos equipamentos de
saúde, os equipamentos educacionais e comunitários.
Portanto, é preciso sair das práticas profissionalizantes realizadas em clínicas de ensino de especialidades
para as práticas de ensino em clínicas integradas e
atividades extramurais em unidades do SUS.22
Dessa forma, as instituições de ensino superior
vêm desenvolvendo atividades extramurais como parte integrante de seus cursos de graduação em saúde.
Diversos estudos têm mostrado a efetividade dessas
atividades, trazendo grandes perspectivas de inovação
e concretização no que se refere à integração docente-assistencial.21 As atividades extramuros têm como
base as ações de prevenção e promoção de saúde,
sendo essa uma característica importante de sua filosofia de trabalho.7
É importante ressaltar que as ações de saúde não
podem ser vistas dissociadas das questões referentes
à habitação, saneamento básico, alimentação, meio
ambiente, acesso a bens e serviços e situação econômica, como mostra a vivência proporcionada pelo
estágio extramuro do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Pará. Nesse espaço, a vivência
dos acadêmicos consiste em conhecer a estrutura física, organização e planejamento de todas as atividades realizadas pela equipe de saúde na Casa da Família, bem como identificar, no espaço familiar, toda
influência social e ambiental que envolve o processo
saúde/doença na comunidade. Essa forma de estágio
visa exatamente à formação de profissionais compromissados com a realidade e capazes de atender às
necessidades da população em todos os níveis de atenção, influenciando na melhoria da saúde da comunidade em interação com as comunidades de acordo
com os princípios do SUS.10
As normas do Conselho Federal de Odontologia
(2005)6 estabelecem que as atividades do estágio curricular deveriam ser realizadas sob a responsabilidade
e coordenação direta de cirurgião-dentista, professor
da instituição de ensino em que esteja o aluno matriculado. Entretanto, as recomendações da Abeno
(2002)9 indicam a possibilidade de o aluno desempe-
nhar todas as atividades pertinentes a um profissional
de saúde, com supervisão docente direta ou indireta,
podendo haver preceptoria externa.
A grande maioria dos ex-alunos da Faculdade de
Odontologia de Araçatuba (FOA/Unesp) afirmou
que o serviço extramuro odontológico (Semo) desenvolvido nessa universidade foi um importante aprendizado, contribuindo para a sua formação profissional, além de ter sido uma forma de entrar em
contato com o serviço público fora do ambiente da
universidade.19
Santa Rosa23 (2005) investigou a influência da disciplina Estágio Supervisionado na formação de estudantes do último período do Curso de Odontologia
da UFMG. Os alunos relataram como uma das grandes vantagens do internato (e do serviço público) a
oportunidade de trabalharem em equipe. Referiramse, ainda, à importância da interação com outras
­áreas, como uma oportunidade de aumentar conhecimentos, trocar experiências e crescer profissionalmente, permitindo um atendimento mais humano e
integral ao paciente. Os alunos se surpreenderam
com a constatação de que o serviço público funciona,
apesar de suas limitações.
As atividades extramuros têm sido utilizadas com
sucesso entre os graduandos dos cursos da saúde
(Odontologia, Nutrição, Enfermagem, Farmácia e
Fisioterapia) da Universidade Paulista, Campus Vargas
de Ribeirão Preto, por meio do exercício de práticas
educativas e preventivas na comunidade, em parcerias públicas e privadas. Nessa experiência, observouse uma grande interação entre os alunos, em que um
respeitava e se interessava pelo trabalho do outro. Os
alunos de Farmácia queriam aprender a melhor técnica para escovar os dentes; os alunos da Enfermagem
solicitaram uma tabela de calorias; os alunos de Odontologia estavam preocupados com a postura.12
Mendes et al.18 (2006) mostraram que, pelo convênio firmado entre a Universidade Federal do Piauí
(UFPI) e a Prefeitura Municipal de Teresina, foi oportunizada aos estudantes do estágio supervisionado a
inserção em atividades desenvolvidas por equipes de
saúde bucal do PSF. Essa experiência familiarizou e
capacitou os estudantes a trabalharem na realidade
que enfrentarão no mercado de trabalho. Além disso,
os atendimentos extramurais dão abertura a novos
campos para o desenvolvimento de pesquisas e ao
ensino que ali se constroem, por meio de trocas de
abordagens e experiências entre os profissionais que
atuam no serviço público e os alunos que trazem o
conhecimento nos moldes acadêmicos.
Revista da ABENO • 11(2)27-33
29
O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em Odontologia: a experiência da
Universidade Federal do Espírito Santo • Gonçalves CM, Santos KT, Carvalho RB
RELATO DA EXPERIÊNCIA: PET-SAÚDE –
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO
SANTO (Ufes)
Apenas recentemente, o Ministério da Saúde tem se
preocupado em orientar o processo de formação dos
recursos humanos da área, estabelecendo para tanto
parceria com o Ministério da Educação.22 Dessa parceria
surgiu o PET-Saúde, um programa destinado a viabilizar
o aperfeiçoamento e a especialização em serviço, bem
como a iniciação ao trabalho, estágios e vivências, dirigidos, respectivamente, aos profissionais e estudantes
da área da saúde, conforme as necessidades do SUS.
A Ufes, de acordo com a Portaria Interministerial
do MS/MEC nº 18, de 16 de setembro de 2009, disponibilizou, inicialmente, 72 vagas para a participação de seus estudantes no referido projeto como monitores. As vagas foram distribuídas para quatro cursos
de graduação:
• 24 vagas para Enfermagem,
• 12 para Farmácia,
• 24 para Medicina e
• 12 para Odontologia.
Posteriormente, foi incluída no Programa mais
uma equipe do Curso de Odontologia. Assim, seus
componentes são:
a)dois tutores constituídos por docentes odontólogas do Departamento de Medicina Social da UFES;
b)doze preceptores constituídos por odontólogos
das equipes das Unidades de Saúde da Família: Michel Minassa (Maruípe), Dr. Gilson Santos (Bairro da Penha), Luiz Cláudio Passos (Andorinhas),
Benedito Gomes da Silva (Santa Marta) e Maria
Rangel dos Santos (Consolação);
c) vinte e quatro estudantes monitores escolhidos entre aqueles que estavam entre o quinto e o oitavo
período do curso, os quais apresentam inserção de
oito horas por semana nas atividades do Programa;
d)trinta e seis estudantes do sexto e sétimo período do curso, que estejam inseridos nas Equipes
de Saúde da Família desenvolvendo prática supervisionada ou estágio curricular regular. Esses
estudantes devem cumprir carga horária mínima
de cinco horas diárias nas equipes de Saúde da
Família das Unidades Básicas de Saúde.
Os alunos foram selecionados por meio de prova
escrita, entrevista e análise do histórico escolar (como
critério de desempate).
O programa tem como objetivos específicos: estabelecer o processo de aprendizagem dos estudantes dos
cursos supracitados da Universidade Federal do Espírito Santo em um cenário de práticas, no âmbito da Estratégia de Saúde da Família, nas Unidades de Saúde
da Região de Maruípe, no município de Vitória; promover o desenvolvimento de pesquisa aplicada no campo de abrangência da Estratégia de Saúde da Família,
integrando o corpo técnico da Secretaria Municipal de
Saúde (Semus) e o corpo docente da Ufes; fomentar a
aprendizagem no contexto da multidisciplinaridade,
da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade no
cenário de práticas representado pelas Unidades de
Saúde da Região de Maruípe, no município de Vitória;
fomentar a estruturação do Núcleo de Excelência Clínica Aplicada à Atenção Básica no município de Vitória.
Os acadêmicos foram distribuídos em grupos multidisciplinares para atuar nas seguintes Unidades de
Saúde da Família de Vitória:
• Thomaz Tommasi (Bonfim),
• Michel Minassa (Maruípe),
• Benedito Gomes da Silva (Santa Marta),
• Luiz Cláudio Passos (Andorinhas),
• Maria Rangel dos Santos (Consolação) e
• Dr. Gilson Santos (Bairro da Penha).
Todos os estudantes estão integrados às equipes,
participando das atividades de atenção primária. Adquirem vivência em visitas domiciliares, atendimento
básico em Odontologia, ações educativas, e em acolhimento e reuniões de equipe. Além disso, os estudantes monitores são responsáveis, em conjunto com
os de Medicina, os de Farmácia e os de Enfermagem,
pela condução longitudinal do Plano de Pesquisa,
com a participação dos estudantes em prática supervisionada ou estágio curricular.
Assim, a supervisão do estágio se dá em diferentes
níveis. O docente/tutor tem como função principal
a orientação do aluno no planejamento, execução e
avaliação pessoal e de desempenho, incentivando-o
e abrindo-lhe horizontes nas formas de aplicação dos
conhecimentos adquiridos em sala de aula. Os docentes responsáveis pela supervisão não estão, necessariamente, em todos os locais do estágio, mas sempre
devem estar disponíveis para os alunos.
Os preceptores acompanham o trabalho diário
rotineiro desenvolvido pelos alunos, visando ao esclarecimento de dúvidas e aplicação de conhecimentos
teórico-práticos, de acordo com o campo do estágio.
Eles devem possibilitar a atuação do aluno, assumindo
com a Universidade a responsabilidade pelo processo
de ensino-aprendizagem, em um trabalho de parceria.
Os resultados das ações em saúde são avaliados
com os participantes, mediante a discussão das ativi-
30
Revista da ABENO • 11(2)27-33
O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em Odontologia: a experiência da
Universidade Federal do Espírito Santo • Gonçalves CM, Santos KT, Carvalho RB
dades desenvolvidas. Os acadêmicos são avaliados
mensalmente, em função de seu envolvimento em
todas as atividades propostas. É fundamental a participação em eventos científicos, divulgando os resultados do projeto.
O Plano de Pesquisa, que apresenta como tema
“Padrão de comportamento relacionado à saúde de
adolescentes residentes na região de Maruípe em Vitória, Espírito Santo”, tem caráter multidisciplinar,
com inserção de todos os cursos simultaneamente.
Dessa forma, a pesquisa tem como objetivo conhecer
o padrão de comportamento e as necessidades de
saúde dos adolescentes de 15 a 19 anos, residentes
nos bairros da região de Maruípe, a fim de elaborar
estratégias de prevenção e assistência direcionadas a
essa população.
A amostra da pesquisa foi obtida por meio do cadastro, feito pela ESF, de todos os adolescentes nessa
faixa etária, residentes na região citada. Foi realizada
uma seleção aleatória simples dos adolescentes que
participarão do estudo. O tamanho da amostra foi
determinado com base na estimação da prevalência
de DST (Chlamydia trachomatis) em adolescentes de
15 a 19 anos. No estudo anterior, a prevalência observada foi de 11,4% entre as adolescentes sexualmente
ativas. Considerando-se uma variação de 3%, a amostra a ser estudada seria de 357 adolescentes. Tendo
em vista que se estima que, aproximadamente, 30%
dos adolescentes, nessa faixa etária, não têm atividade
sexual,5 o tamanho final da amostra está sendo calculado em 464 adolescentes.
O questionário utilizado foi baseado no questionário da Analyse des Comportements Sexuels des Jeunes
(ACSJ)14 e validado no estudo piloto. Foi aplicado
pelos estudantes treinados para tal e contém:
• dados sociodemográficos (idade, escolaridade, religião, profissão, estado civil e dados sobre a família);
• dados clínicos (sintomas DST, contracepção, gravidez e abortos);
• sexuais (carícias, beijos, relações não sexuais, primeira relação sexual);
• sobre comportamentos de risco (uso de preservativos, número de parceiros sexuais, prostituição,
uso de álcool e drogas, transfusão de sangue) para
infecção pelo HIV e outras DSTs;
• conhecimentos sobre contracepção e
• autopercepção sobre a saúde bucal.
Além do referido Plano de Pesquisa, os monitores,
em conjunto com os preceptores e tutores, têm a
oportunidade de realizar, na unidade onde atuam,
pesquisas sobre diversos temas relativos à Atenção
Primária.
DISCUSSÃO
É visível que mudanças estão ocorrendo no ensino
superior do Brasil, pois a rigidez dos currículos mínimos deixou de existir, dando espaço aos currículos
flexíveis, de acordo com a realidade.24 Essas mudanças
se devem à consolidação do SUS e, principalmente,
à expansão do PSF, os quais levaram muitas instituições de ensino superior a repensar os seus currículos,
a fim de formar profissionais que atendam às necessidades do país e, assim, melhorar os índices de saúde.15 O aluno, em contato com comunidades carentes, além de aprendizado, exerce cidadania,
tornando-se um profissional mais humano.12
De acordo com Morita e Kriger (2003),22 o SUS
constitui um significativo mercado de trabalho para
os profissionais da Odontologia, principalmente com
a inserção da saúde bucal na Estratégia de Saúde da
Família. O PET-Saúde na UfeS proporciona aos acadêmicos vivenciar as atividades desenvolvidas pelos
profissionais inseridos na ESF, oportunizando que eles
relacionem a teoria com prática e conheçam, de perto, como é o trabalho na rede pública de saúde. Além
disso, a ESF é uma oportunidade única de resgatar
uma prática mais humanista, em que o profissional
cria um vínculo de responsabilidade com o paciente.
O estágio no PET-Saúde propicia aos alunos de
Odontologia da Ufes o conhecimento das estruturas
organizacional, administrativa, gerencial e funcional
dos serviços públicos de saúde. Possibilita sua participação no atendimento à população, a compreensão
das políticas de saúde bucal e do papel do cirurgiãodentista, o conhecimento das bases epidemiológicas
do método clínico e de suas aplicações práticas nos
programas de saúde bucal. Também oferece o conhecimento dos parâmetros e/ou instrumentos de planejamento utilizados nos projetos de saúde e programas de saúde bucal.26
A função da universidade deve ser a de identificar
corretamente os problemas de saúde de cada município ou região e dizer como resolvê-los. Assim, o ensino
e a pesquisa devem ser direcionados para ações de
impactos sociais que possibilitem melhores condições
de vida para a população.13 É exatamente essa proposta que o plano de pesquisa do PET-Saúde está desenvolvendo. O objetivo é conhecer como os adolescentes
do município de Maruípe se comportam e quais são
as suas necessidades, para, então, serem elaboradas
estratégias de prevenção e assistência direcionadas e
Revista da ABENO • 11(2)27-33
31
O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em Odontologia: a experiência da
Universidade Federal do Espírito Santo • Gonçalves CM, Santos KT, Carvalho RB
essa faixa etária. Vale ressaltar que essa demanda surgiu após muita discussão com os representantes da
Secretaria Municipal de Saúde de Vitória.
Sabe-se que muitas são as dificuldades a serem
vencidas para que o PET-Saúde realmente alcance
seus objetivos, dentre elas:
• Por parte dos alunos
–– o significado do SUS pode não ser claro;
–– a falta de conhecimento sobre o significado e a
importância do trabalho multidisciplinar;
–– o não cumprimento de todas as atividades exigidas mensalmente;
• Por parte dos docentes
–– pouco conhecimento e falta de conscientização
de alguns professores do Curso de Odontologia
sobre o SUS, não valorizando, às vezes, a importância do projeto;
–– desconhecimento dos docentes da possibilidade de realização de pesquisas no SUS;
• Por parte dos usuários
–– falta de colaboração dos pais dos adolescentes
para que autorizem seus filhos a participar da
pesquisa;
–– pouco interesse dos adolescentes na pesquisa
para que respondam de forma sincera ao extenso questionário.
O desafio que está posto é muito grande, porém
espera-se que não faltem empenho e esforços dos
docentes e dos alunos da Ufes, a fim de se garantir
uma melhor qualificação, pois, como ocorreu nas
experiências relatadas, o estágio supervisionado ocasionará bons resultados na formação profissional não
só do ponto de vista técnico-científico, mas, acima de
tudo, do ser humano e do cidadão socialmente comprometido. A interação ativa do aluno com a população e profissionais de saúde deve ocorrer desde o
início do processo de formação, trabalhando com
problemas reais e assumindo responsabilidades com
grau de complexidades crescentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após relatar a experiência, é possível considerar
que:
a)os alunos que, durante a graduação, participam
de atividades extramuros, estarão, com certeza,
mais bem preparados para atuar na comunidade, sobretudo em serviços de saúde, por terem
a oportunidade do convívio e da concepção de
uma consciência social, conhecendo as diferenças
32
econômicas e culturais da população;
b)quando atividades extramuros são realizadas,
contando com a participação de estudantes de
outros cursos da saúde, o espírito de equipe e a
capacidade de troca de informações com diferentes indivíduos ocasionam uma atenção integral
mais humanizada do paciente e reforçam o que
preconizam as Diretrizes Curriculares Nacionais;
c) para a efetivação do SUS, os alunos dos cursos
de saúde precisam de uma formação mais ampla,
em ambientes diferenciados, com experiências
inovadoras, atividades coletivas e não somente a
prática tradicional realizada em clínica de ensino
de especialidades.
ABSTRACT
“PET-Saúde” as an instrument to provide dentistry
teaching with new guidelines: the experience of the
Federal University of Espírito Santo
The National Curricular Guidelines and the consolidation of the Unified Health System (SUS) have
led higher education health institutions in Brazil to
restructure their curriculum with the objective of preparing professionals not only technically but also to
meet Brazil’s social, economic, political and cultural
challenges. The aim of the present study was to discuss
the process of providing health/dentistry teaching
with new guidelines, by reporting an experience gained
in the “Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde - PET-Saúde” (Education Program through
Health Work), launched at Ufes in 2010. “PET-Saúde”
was created by the Ministry of Health in partnership
with the Ministry of Education and gives students the
opportunity of experiencing the multidisciplinary
work conducted in Health Centers. The extramural
activities give students broader knowledge of how public health services are structured, hands-on experience
in treating the population, and a better understanding
of the health/oral health policies, of the role of the
dentist in public services, and of the social context in
which the student will eventually be involved. “PETSaúde” also encourages reflection through the exchange of approaches and experiences between the
real-world practice experienced by professionals and
the knowledge brought by students from the academic world. In conclusion, in order for SUS to be put into
place effectively, students of health courses need broader preparation and training in wide-ranging environments, and not only the experience of traditional practice offered by clinics teaching specialties, but also
innovative experiences and collective activities.
Revista da ABENO • 11(2)27-33
O PET-Saúde como instrumento de reorientação do ensino em Odontologia: a experiência da
Universidade Federal do Espírito Santo • Gonçalves CM, Santos KT, Carvalho RB
DESCRIPTORS
Education, higher. Education, dental. Curriculum. Clinical clerkship. §
REFERÊNCIAS
14. Lagrange H, Lhomond B. L’entrée dans la sexualité: lé comportement des jeunes dans lé contexte du SIDA. Paris: La
Découvert (Recherches), 1997. 431 p.
15. Lazzarin HC, Nakama L, Júnior LC. O papel do professor na
percepção dos alunos de odontologia. Saúde e Sociedade,
1. Botti, MRV. Aprender fazendo: os caminhos da extensão universitária [Tese]. Santa Maria: Curso de Odontologia da Uni-
2007; 16(1): 90-101.
16. Markert, Werner. Novos paradigmas do conhecimento e modernos conceitos de produção: implicações para um nova di-
versidade Federal de Santa Maria; 1993.
2. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Resolução no CNE/CES 3/2002. Diário Oficial da União, Brasília,
dática na formação profissional. Educação e Sociedade, 2000;
21(72): 177-96.
17. Marsiglia RMG, Relação ensino/serviços: dez anos de integração docente assistencial (IDA) no Brasil. São Paulo: Editora
4 mar. 2002. Seção 1, p. 10.
3. Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. 12. São
Hucitec; 1995. 124 p.
18. Mendes RF, Moura MS, Prado Júnior RR, Moura LFAD, Lages
Paulo: Rideel; 2006. 341 p.
4. Brasil. Ministério da Saúde/Secretaria de Gestão do Trabalho
GP, Gonçalves MPR. Contribuição do Estágio Supervisionado
e da Educação na Saúde. Caminhos para as mudanças da for-
da UFPI para formação humanística, social e integrada. Revis-
mação e desenvolvimento dos profissionais de saúde: diretrizes
ta da ABENO, 2006; 6(1): 61-5.
para a ação política para assegurar educação permanente no
19. Moimaz SAS, Saliba NA, Arcieri RM, Garbin CAS, Saliba O,
Zina LG. Percepção de ex-alunos sobre a contribuição do Ser-
SUS. Brasília, maio 2003. (mimeografado)
5. CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Comportamento sexual da população brasileira e percepções sobre
HIV e AIDS. Brasília: Ministério da Saúde, SPS/PN/DST/
viço Extramuro Odontológico (SEMO) da FOA-UNESP na
formação profissional. Cienc Exten 2004; 1(2): 149-62.
20. Moimaz SAS, Saliba NA, Garbin CAS, Zina LG, Furtado JF,
Amorim JA. Serviço Extramuro Odontológico: impacto na for-
AIDS, 2000. 248 p.
6. Conselho Federal de Odontologia (CFO). Consolidação das
normas para procedimentos nos Conselhos de Odontologia.
mação profissional. Pesq. Bras. Odontopediatria Clín. Integr.
2004; 4(1): 53-7.
21. Moimaz SAS, Saliba NA, Garbin CAS, Zina LG. Atividades ex-
Resolução 63/2005 de 2005
7. Costa ICC, Unfer B, Oliveira AGRC, Arcieri RM, Saliba NA.
Integração universidade-comunidade: análise de atividades
extramurais em odontologia nas universidades brasileiras. Rev
Cons Reg Odontol Minas Gerais 2000; 3(6): 146-53.
tramuros na ótica de egressos do Curso de Graduação em
Odontologia. Revista da ABENO, 2008; 8(1): 23-9.
22. Morita MC, Kriger L. Mudanças nos cursos de Odontologia e
a interação com o SUS. Revista da ABENO, 2004; 4(1): 17-21.
8. Dias MC, Presta AA, Gava-Simioni L, Souza PB, Saliba NA.
23. Santa Rosa, Talhita Tryrza de Almeida. A influência do Estágio
Currículo inovador em odontologia: considerações gerais. Saú-
Supervisionado na formação de estudantes do Curso de Odon-
de em Debate, Rio de Janeiro, 2005; 29(69): 72-7.
tologia da UFMG. [Dissertação de Mestrado]. Minas Gerais:
9. Diretrizes da Associação Brasileira de Ensino Odontológica
Faculdade de Odontologia da UFMG; 2005.
(ABENO) para definição do estágio supervisionado nos Cursos
24. Santana JP, Campos FE, Sena RR. Formação profissional em
de Odontologia. In: Reunião paralela ao 20º Congresso Inter-
saúde: desafios para a universidade. Texto de apoio elaborado
nacional de São Paulo, APCD, São Paulo, 29/01/02.
especialmente para o Curso de Especialização em Desenvolvi-
10. Emmi DT, Cardoso DG, Araújo IC, Araújo MVA. Estágio Extra-
mento de Recursos Humanos de Saúde – CDRHU 1999 [cita-
mural do Curso de Odontologia da UFPA nas Unidades de
do 2010 set 17]. Disponível em: URL: HTTP://www.opas.org.
Saúde do município de Belém-Pará. Medcenter, 2007.
br/rh/publicacoes/textos_apoio/ACF2114.pdf
11. Feuerwerker L, Marsiglia R. Estratégias para mudanças na for-
25. Secco LG, Pereira MLT. A profissionalização docente e os de-
mação de RHs com base nas experiências IDA/UNI. Divulga-
safios político-estruturais dos formadores em odontologia.
ção em Saúde Para Debate, Rio de Janeiro, 1996;(12):24-8.
Revista da ABENO, 2004; 4(1): 22-8.
12. Galassi MAS, Barbin EL, Spanó JCE, Melo JAJ, Tortamano N,
26. Segura MEC, Soares MS, Jorge WA. Programas extramuros nas
Perri de Carvalho AC. Atividades extramuros como estratégia
instituições de ensino de odontologia na América Latina e nos
viável no processo ensino-aprendizagem. Revista da ABENO,
Estados Unidos da América: contribuição ao estudo. Educaci-
2006;6(1):66-9.
ón Médica y Salud, Washington, 1995; 29(2): 218-27.
13. Garbin CAS, Saliba NA, Moimaz SAS, Santos KT. O papel das
universidades na formação de profissionais na área de saúde.
Revista da ABENO, 2006; 6(1): 6-10.
Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
Revista da ABENO • 11(2)27-33
33
Atendimento odontológico a
adolescentes infratores: abordagem
qualitativa em clínica de graduação
Altair Soares de Moura*, Gustavo Igor Barbosa Pereira**, Neilor Mateus Antunes Braga***,
Raquel Conceição Ferreira****, Manoel Brito-Júnior*****
* Mestre em Clinica Odontológica, Faculdades Unidas do Norte
de Minas - Funorte e Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes
** Graduando em Odontologia, Faculdades Unidas do Norte de
Minas - Funorte
*** Doutora em Clinica Odontológica, Faculdades Unidas do Norte
de Minas - Funorte e Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes
**** Doutora em Clinica Odontológica, Faculdades Unidas do Norte
de Minas - Funorte e Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes
*****Mestre em Bioengenharia, Faculdades Unidas do Norte de Minas Funorte e Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
Resumo
Esse estudo avaliou a percepção de adolescentes
infratores sobre a convivência familiar e dentro da
instituição, sobre a saúde geral e bucal. Foi adotada
abordagem qualitativa, com a participação de adolescentes infratores (13 a 17 anos) em processo de ressocialização. Esses adolescentes estavam sendo atendidos em clínica odontológica por alunos de graduação,
sob supervisão docente. Após assinatura do termo de
consentimento, os adolescentes foram entrevistados,
sendo suas falas gravadas, transcritas e submetidas à
análise de conteúdo. Para a maioria dos adolescentes,
a família foi definida como um espaço de conflitos e
distante das suas vidas diárias. Na instituição, eles relataram múltiplas e variadas atividades, esportivas, de
arte e educação, que devem ser cumpridas em horários rígidos. Todos falaram, em algum momento da
entrevista, sobre a recompensa com diferentes “benefícios”, pelo bom comportamento dentro da instituição, sendo a liberdade o mais desejado por todos. A
saúde foi definida como: emprego, acesso a programas
educativos, acesso a cuidados médicos e de enfermagem e participação nos cursos oferecidos na instituição. Aspectos pessoais de autocuidado, como uma boa
alimentação, a prática de esportes e a higiene do cor34
po foram também citados como determinantes da
saúde. Para alguns deles, saúde é liberdade, abandono
das drogas e do crime. A saúde bucal foi definida como
higiene bucal por todos os adolescentes.
Descritores
Adolescente infrator. Auto-imagem. Saúde. Saúde
bucal. Pesquisa qualitativa.
A
prática da infração juvenil geralmente está associada, entre outros fatores, à desigualdade econômica e social, à carência de políticas públicas sociais
preventivas e em decorrência da violência e desajustes
psicológicos e familiares.11,14,20 Essas condições geralmente aumentam a revolta e dificultam a construção
de identidade do adolescente que seria essencial para
sua formação.5 A família é um dos contextos mais
importantes da realidade de um adolescente, pois é
por meio dela que o adolescente é apresentado ao
mundo ao seu redor.3 É importante ressaltar que os
pais exercem um papel fundamental na promoção e
manutenção da saúde de seus filhos como observado
em estudo realizado em uma comunidade de baixa
renda que identificou a mãe como a grande responsável pela saúde da família.3,8
Revista da ABENO • 11(2)34-9
Atendimento odontológico a adolescentes infratores: abordagem qualitativa em clínica
de graduação • Moura AS, Pereira GIB, Braga NMA, Ferreira RC, Brito-Júnior M
Os principais fatores de motivação dos adolescentes para cuidar da sua saúde são em ordem de importância:
• a aparência pessoal,
• a sexualidade,
• o emprego e
• a saúde de um modo geral.4
Em relação à saúde bucal, o contexto social desfavorável vivenciado por adolescentes infratores pode
propiciar impacto negativo sobre o comportamento,
as percepções e os conhecimentos destes adolescentes, uma vez que estes fatores são influenciados pela
coletividade a que estes indivíduos pertencem e por
suas vivências pessoais.4
Para a compreensão desta realidade torna-se importante identificar a maneira como os adolescentes
infratores identificam, explicam e elaboram os acontecimentos. Estas condutas e comunicações sociais
podem ser orientadas e organizadas a partir da abordagem qualitativa, que é definida como aquela que
privilegia a análise de microprocessos, através do estudo das ações sociais individuais e grupais, realizando um exame intensivo dos dados.13 Nesta perspectiva, a pesquisa qualitativa não se preocupa com
representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão a partir de um grupo
social, de uma organização.13
No Brasil, a partir do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), sancionado pela Lei nº 8.069, de
1990, foram asseguradas medidas sócio-educativas
para reintegração social do adolescente autor de ato
infracional.1 Essa natureza pedagógica de medidas
sócio-educativas prevista no ECA tem sido adotada
por políticas governamentais. Em Montes Claros, Minas Gerais, o Centro Sócio-educativo Nossa Senhora
Aparecida (CSENSA) é uma das 26 unidades sob gestão da subsecretaria de atendimento às medidas sócioeducativas (Suase) da Secretaria de Defesa Civil do
estado.1 O CSENSA tem sido encarregado de atuar
no processo de reeducação do adolescente infrator
com regime de liberdade assistida e outras medidas
que visam ao acompanhamento do infrator na família, escola, comunidade e serviços de saúde.12
A partir da pactuação de um convênio, menores
infratores institucionalizados no CSENSA Montes
Claros recebem tratamento odontológico na clínica
do Curso de Odontologia das Faculdades Unidas Norte de Minas (Funorte). Assim, o presente estudo apresenta dados relativos à percepção dos menores infratores em processo de ressocialização atendidos na
referida clínica odontológica de graduação sobre a
convivência familiar, o espaço de convivência dentro
da instituição, à saúde geral e à saúde bucal.
Metodologia
Esse trabalho é um recorte do estudo “Representações Sociais de Saúde Bucal entre adolescentes infratores atendidos na Clínica Odontológica da Funorte” que foi submetido ao Comitê de Ética em
Pesquisa da Funorte para apreciação. Foi aprovado
(parecer nº 0110/10) atendendo à resolução 196/96
do Conselho Nacional de Saúde.
Para o desenvolvimento do estudo foi adotada
uma metodologia qualitativa, empregando a técnica
de entrevista semi-estruturada individual.9 Participaram da pesquisa adolescentes infratores em processo
de ressocialização no CSENSA, com idade variando
13 a 17 anos, que estavam sendo atendidos na clínica
odontológica da Funorte por alunos de graduação
sob supervisão docente.
Para as entrevistas, foram empregadas questões
norteadoras referentes às seguintes variáveis:
• convivência familiar,
• convivência dentro da instituição e
• percepções sobre a saúde geral e bucal.
O critério de saturação das respostas foi empregado para determinar a interrupção das entrevistas. Os
depoimentos foram registrados em um gravador digital (Panasonic, modelo RR-US360) e posteriormente foram transcritos. As entrevistas foram realizadas em uma sala, separada da clínica, mas no mesmo
ambiente. O material obtido foi submetido à análise
de conteúdo.9 A apresentação dos depoimentos transcritos respeitou a grafia e a sintaxe utilizada pelos
entrevistados. Todas as entrevistas foram realizadas,
gravadas e transcritas pelo mesmo pesquisador.
Resultados e Discussão
O material obtido das entrevistas foi organizado
em torno de três temas:
• família: conflitos e distanciamento,
• vida institucional: rotinas de atividades e expectativa de liberdade e outras recompensas por comportamento adequado,
• conceito amplo de saúde, saúde bucal: autocuidado.
Família: conflitos e distanciamento
Os adolescentes relataram com frequência a presença de conflitos ou problemas com os membros da
família, tais como:
Revista da ABENO • 11(2)34-9
35
Atendimento odontológico a adolescentes infratores: abordagem qualitativa em clínica
de graduação • Moura AS, Pereira GIB, Braga NMA, Ferreira RC, Brito-Júnior M
• falta de relacionamento, de convivência ou relacionamento ruim com os pais,
• desconhecimento do pai e
• uso de drogas pelos pais.
“eu não convivi com meu pai, nem cheguei a conhecer.”
“convivência com minha mãe não é muito boa não, ela usa
droga, meu pai também usa droga”.
“com minha mãe brigava direto, com meu pai também”.
As falas sugerem existir um distanciamento dos
adolescentes de sua família, pois muitos deles relataram que visitas ocorrem com baixa frequência.
ai volto, aí janto, depois faz as atividades, a noite depois
vou dormir moço....cada dia tem uma atividade”.
A maioria dos adolescentes reconhece aspectos
positivos na realização das atividades e de eventos na
instituição: coragem, aprendizado de uma profissão,
ocupação do tempo, sentimento de utilidade na vida
e relacionamento com os outros, permitindo o desenvolvimento de novas amizades.
“ajuda na timidez, cria mais coragem...”
“tá ensinando agente a correr atrás de alguma coisa melhor
pra gente sair dessa vida...”.
“...tá fazendo algumas decorações pra vender, tem o pano
“só tive duas visitas até hoje em seis meses, uma vez veio
de prato, tem lá altas coisas interessantes”.
minha vó e outra minha tia”.
No entanto, dois adolescentes manifestaram insatisfação, pois consideraram as atividades rotineiras.
“pessoal vem de vez em quando me visitar”.
“É tudo a mesma coisa, faz artesanato, de vez em quando
“minha visita custa a vim, né”.
joga bola, vai pra escola, de manhã faz artesanato, fica uma
A família desempenha um papel fundamental na
formação do indivíduo, especialmente no seu papel
de educador, que é creditado com grande responsabilidade para a saúde dos filhos, uma responsabilidade
que também inclui a saúde de uma forma geral. A
estrutura familiar é importante, pois busca também
reinserir os adolescentes à vida social sem o estigma
do cárcere e com atitudes e comportamentos desvinculados da criminalidade, contribuindo também para
a diminuição dos índices de reincidência. Por meio,
principalmente, do trabalho e do estudo, abrem-se
maiores possibilidades de reinserção familiar e social.2
Vida institucional
Atividades cotidianas: Os adolescentes relataram
que realizam múltiplas e variadas atividades durante
todo o dia, dentro de um cronograma rígido de horários. Tais atividades variam entre os dias úteis e no
final de semana.
hora e meia lá e depois vai pro alojamento”.
“sempre a mesma rotina, acorda aí daqui a pouco tem a
atividade...”.
Quanto à alimentação, os adolescentes também
reconheceram a rigidez dos horários, sendo considerada pela maioria de boa qualidade e variada. O momento da refeição apareceu como oportunidade de
encontro com outros internos e estabelecimento de
novas amizades, porém alguns relataram o surgimento de brigas e conflitos durante tais momentos.
“alimentação lá é boa, cinco refeição por dia, tem de tudo
um pouco, arroz, feijão, legumes”.
“lá tem cinco refeições por dia, tem primeiro que é o café
da manhã que é 7:00 horas e tem segundo, que é o almoço que vem as 11:00 horas da manhã, aí terceiro tem o café
da tarde que vem às 3:00 horas, aí quarto tem o jantar que
“nós joga futebol, joga peteca, até mesmo vôlei, joga vídeo
são as 6:00 horas da tarde e tem as 8:00 horas da noite tem
game, tem a natação e tem vários esporte...”.
o café da noite”.
“eu faço arte e faço esporte....e tem a escola, nós joga bola,
“tem nem como nós fala, a comida lá é massa, eu gosto é
peteca”.
de doce...tem dia que é doce”.
“nós acorda de manhã, toma café, igual eu estudo a tarde,
faço as atividade de manhã, ai de tarde eu vou pra escola,
36
Expectativa de liberdade e outras recompensas
por comportamentos “adequados”: Todos os entrevis-
Revista da ABENO • 11(2)34-9
Atendimento odontológico a adolescentes infratores: abordagem qualitativa em clínica
de graduação • Moura AS, Pereira GIB, Braga NMA, Ferreira RC, Brito-Júnior M
tados relataram que o comportamento adequado,
dentro da instituição, determina “benefícios” ou punições, sendo diariamente registrado em um “relatório”, que parece ser uma medida de controle e inibição adotada pela instituição. A avaliação do relatório
determinaria o tempo que o adolescente permanecerá detido. Portanto, o principal benefício é a expectativa da liberdade.
Os benefícios também se materializam na forma de:
• possibilidade de participação em oficinas, curso,
etc;
• participação de monitorias, “saidão” (saída da instituição em feriados, finais de semana).
Os internos atribuem o papel de avaliadores de
comportamento a “eles”, que ora aparece no papel da
juíza, ora de coordenadores, que ficam “lá em cima”,
evidenciando um distanciamento entre esses atores.
“eles escolhem né quem participa, lá é tudo comportamen-
o qual é prejudicial a todo o sistema prisional e à
sociedade, contribuindo assim para a melhora da sua
auto-estima e do seu bem estar físico e mental.7
Saúde geral
A saúde foi definida como: emprego, acesso a programas educativos (Se liga, Prevenção da aids, Liberdade assistida), acesso a cuidados médicos e de enfermagem e participação nos cursos oferecidos na
instituição e obtenção de um certificado (curso de
padaria, 10 emprego, teatro, etc). Para alguns deles,
saúde é liberdade, abandono das drogas e do crime.
Aspectos pessoais de autocuidado, como uma boa
alimentação, a prática de esportes e a higiene do corpo
foram também citados como determinantes da saúde.
A definição de saúde possui implicações legais,
sociais e econômicas dos estados de saúde e doença;
sem dúvida, a definição mais difundida é a encontrada no preâmbulo da Constituição da Organização
Mundial da Saúde:
to, quem é comportado tem os benefícios”.
“saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental
“até pra ir embora, né, se tiver bagunçando, quem faz o
e social, e não apenas a ausência de doenças.”
tempo lá né é eles, lá agente faz o tempo, se cê tiver comportado cê vai embora”.
“Ter uma boa alimentação e praticar esporte”
“tudo que nós faz o povo fala que vai pro relatório”.
“eu acho o emprego”
“padaria é tipo um benefício, tipo o cara ficar sossegado,
“Eu, tipo, cuido, né, uai, meus trem, eu lavo, não ando
né, arruma benefício pra ele...os benefícios depende da
descalço, tipo as frutas tem que lavar, né.”
pessoa, o cara tem que ficar sossegado...se tiver bagunçando não ganha nada, tem a monitoria, monitoria é tipo um
“É parar de usar droga....cuidar, né”.
exemplo”.
“Eu acho que eles me soltando eu ficava bom...ah, isso aí
“tem uns que tem rixa, tem uns que não tem, esses trem
é embaçado de falar moço, tá osso”.
de facção dele, lá de vez em quando dá briga lá, briga um
com o outro no refeitório, aí os guarda chega e algema e
“é parar de usar droga, largar o crime prá viver bem, tem
separa, deixa dentro da sela separado, isso vai pro relatório,
que largar o crime, senão, não dá”.
é feito de 6 em 6 meses”.
A grande transformação se dá muitas vezes de forma lenta, mas consciente. É a persistência dos educadores que compensa e fortalece o processo de ressocialização. Durante a internação, a (re)educação é
fundamental e deverá ser feita através da implantação
de frentes de trabalho e atividades educacionais, cujo
objetivo não se resume a retirar a pessoa presa da
ociosidade, mas também a abrir perspectivas de sua
inserção futura na sociedade, por meio da profissionalização e da perspectiva de emprego digno. O trabalho e a educação retiram os condenados do ócio,
Saúde bucal - autocuidado
A saúde bucal foi relacionada por todos os adolescentes à limpeza dos dentes, por meio da escovação
diária, uso de pastas de dentes e fio dental, citando
frequência e os momentos que fazem a higiene bucal.
Eles afirmaram ter acesso somente à escova e pasta, e
não ao fio dental. Nas falas, foi verificada uma preocupação em cumprir adequadamente a higienização,
pois ela é avaliada e registrada no “relatório”. Nos
depoimentos surgiu a relação entre saúde bucal e
acesso a um dentista.
Revista da ABENO • 11(2)34-9
37
Atendimento odontológico a adolescentes infratores: abordagem qualitativa em clínica
de graduação • Moura AS, Pereira GIB, Braga NMA, Ferreira RC, Brito-Júnior M
“escovar os dentes sempre, né...após a refeição para que
evite varias bactérias, de vez em quando usa fio dental, num
tem no alojamento...”
“eu escovo os dentes 5 vezes por dia, uso o fio dental umas
4 vezes por dia”.
“se num tiver uma boa higiene é avaliado, tudo lá é avaliado, educação, tudo vai pro relatório”.
“Ah, lá eles leva agente no dentista...os dentista fala com
nós como escova direito, vai falando o que tem que melhorar, eu escovo meus dentes”.
“escovo os dentes, uai...uma vez por mês tem o dentista lá
pra fazer limpeza nos dentes, creme dental e escova entrega lá no CSENSA, fio dental tem que trazer de fora”.
A percepção da condição bucal é um importante
indicador de saúde. Os valores, as crenças e as práticas
de saúde bucal são elementos culturais determinantes
do comportamento das pessoas em relação à saúde
bucal. No Brasil, o estado de saúde bucal tem sido
descrito como precário. Este quadro de precariedade
tem repercussões importantes, incluindo efeitos sobre a percepção da saúde. Além disso, estudos recentes indicam que a inter-relação entre saúde bucal e
saúde geral é pronunciada na população. Assim, uma
saúde bucal precária pode aumentar os riscos para
saúde geral e/ou resultar em decréscimos na percepção e na satisfação com a saúde, bem como na capacidade de comer e mastigar e na percepção destas.6
adolescents toward family, the correctional institution
they attended, and oral and general health. We adopted a qualitative approach with the participation
of adolescents (age 13–17) in the process of re-socialization. The adolescents were being treated in a dental clinic by undergraduate students under supervision. After signing a consent form, the adolescents
were interviewed and their statements were recorded,
transcribed and submitted to content analysis. For
most adolescents, family was defined as an area of
conflict and remote from their daily lives. As for their
correctional institution, they reported that it offered
several different activities, sports, art and education,
all of which had to be completed according to a rigorous schedule. At some point in the interview, all mentioned the reward gained from different “benefits”
for good behavior within the institution, and the
greater freedom desired by all. Health was defined as
employment, access to educational programs, access
to medical care and nursing, and participation in
courses offered at the institution. Personal aspects of
self-care, such as a good food, sports practice and body
hygiene, were also mentioned as determinants of
health. To some, health meant freedom, abandonment of drugs and of crime. Oral health was defined
by all adolescents as oral hygiene.
Descriptors
Delinquent adolescent. Self-image. Health. Oral
health. Qualitative research. §
Referências
1. Brasil. Lei Art.4º da Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. Esta-
Considerações finais
O presente trabalho evidenciou a importância da
família, vida institucional, e do conceito amplo de
saúde, na ressocialização dos adolescentes infratores,
para que eles possam voltar a viver em sociedade com
respeito. Também, que tais métodos possam contribuir para a diminuição da reincidência criminal, causada principalmente pela exclusão social e pelo preconceito, pelo despreparo educacional e profissional,
e pela falta de oportunidade de trabalho. A utilização
da metodologia qualitativa foi efetiva em identificar
fatores sociais que permitem melhor compreensão
da mentalidade dos adolescentes infratores.
tuto da criança e do adolescente. Brasília. 2005.
2. Carvalho A. A priorização da família na agenda política social.
Família Brasileira a base de tudo. UNICEF. 2001; 4(2):62-79.
3. Couto CMM, Rio LMSP, Martins RC, Martins CC, Paiva SM. A
percepção de mães pertencentes a diferentes níveis socioeconômicos sobre a saúde bucal dos seus filhos bebês. Arq. Odontol. 2001;37(2):121-32.
4. Elias MS, Cano MAT, Mestriner Jr W, Ferriani MGC. A importância da saúde bucal para adolescentes de diferentes estratos
sociais do município de Ribeirão Preto. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2001;9(1):88-95.
5. Feijó MC, Assis SG. O contexto de exclusão social e de vulnerabilidades de jovens infratores e de suas famílias. Estud psicol.
2004;9(1):157-66.
Abstract
Dental care for delinquent adolescents: qualitative
approach in an undergraduate dental clinic
This study evaluated the perception of delinquent
38
6. Gazzinelli MF. Educação em saúde: conhecimentos, representações sociais e experiências da doença. Cad Saude Publica.
2005;27(1):200-6.
7. Guimarães MCTV. Las Representaciones Sociales: Herramien-
Revista da ABENO • 11(2)34-9
Atendimento odontológico a adolescentes infratores: abordagem qualitativa em clínica
de graduação • Moura AS, Pereira GIB, Braga NMA, Ferreira RC, Brito-Júnior M
tas para el Diagnóstico de Necesidades de Salud. Avances en
Enfermería. 1997;15(1-2): 115-23.
12. Suase - Subsecretaria de atendimento às medidas socioeducativas [cited 2011 Jul 11]. Available from: https://www.seds.
8. Martin VB, Ângelo M. A organização familiar para o cuidado
dos filhos: percepção das mães em uma comunidade de baixa
renda. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 1999;7(4):89-95.
9. Minayo MCS. O desafio do conhecimento. São Paulo: Hucitec;
2006.
mg.gov.br.
13. Turato ER. Métodos qualitativos e quantitativos na área da
saúde: definições, diferenças e seus objetos de pesquisa. Rev
Saude Publica. 2005;39(3):507-14.
14. Vermeiren R. Psychopathology and delinquency in adoles-
10. Pacheco JTB, Hutz CS. Variáveis familiares preditoras do comportamento anti-social em adolescentes autores de atos infra-
cents: a descriptive and developmental perspective Clin Psychol Rev. 2003;23(2):277-318.
cionais. Psic.: Teor. e Pesq. 2009;25(2):213-19.
11. Priuli RMA, Moraes MS. Adolescentes em conflito com a lei.
Cien Saude Colet. 2007;12(5):1185-92.
Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
Revista da ABENO • 11(2)34-9
39
Saúde do trabalhador: uma experiência
de educação em saúde vivenciada pelo
PET-Saúde Independência III - Montes
Claros/MG
Ana Cecília Versiani Duarte Pinto*, Iram Alkmim Cerqueira*, Felipe Ribeiro Néri*, Marisa
Carvalho Martins**, Patrícia Helena Costa Mendes***, Ana Paula Ferreira Maciel****,
Mariano Fagundes Neto*****
* Acadêmicos do PET-Saúde e do Curso de Medicina da
Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes
** Acadêmica do PET-Saúde e do Curso de Odontologia da
Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes
*** Preceptora do PET-Saúde da Unimontes e Cirurgiã-dentista de
Família da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros,
Minas Gerais
**** Preceptora do PET-Saúde da Unimontes e Enfermeira de Família
da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais
*****Preceptor do PET-Saúde da Unimontes e Médico de Família da
Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais
Resumo
Atualmente, o Ministério da Saúde desenvolve
políticas públicas e incentiva ações em saúde voltadas
para grupos vulneráveis, dentre estes o gênero masculino e os trabalhadores. Tais grupos procuram pouco as unidades de atenção primária à saúde ficando
mais predispostos a agravos de doenças possivelmente evitáveis. Nesse sentido, uma importante ferramenta utilizada na estratégia saúde da família é a educação
em saúde, uma vez que a compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença oferece subsídios
para a adoção de hábitos saudáveis. O presente trabalho tem por objetivo descrever, através de um relato de experiência, uma atividade de educação em
saúde, relacionada às Doenças Sexualmente Transmissíveis, voltada para um grupo de homens trabalhadores de uma empresa de construção civil. A ação foi
realizada por acadêmicos e preceptores do PET-Saúde da Estratégia Saúde da Família Independência III
do município de Montes Claros/MG. A atividade de
educação em saúde foi avaliada satisfatoriamente tanto pelos trabalhadores, que destacaram positivamente o fato de a ação ter sido desenvolvida em ambiente
de trabalho, como pelos acadêmicos, que tiveram a
40
oportunidade de vivenciar o trabalho em equipe e
intersetorial. Pode-se concluir que a atenção à saúde
do trabalhador é uma importante estratégia para atingir a população masculina em idade produtiva, prevenindo doenças e melhorando a qualidade de vida.
Além disso, iniciativas como o PET-Saúde estão em
consonância com a integralidade da assistência proposta pelo SUS, através de ações multidisciplinares
que buscam a efetividade da atenção primária.
Descritores
Educação em saúde. Saúde do trabalhador. Atenção primária à saúde.
O
Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde (PET-Saúde) é regulamentado pela Portaria Interministerial nº 421, de 03 de março de 2010
e tem como fios condutores a integração ensino-serviço-comunidade e a multidisciplinaridade. O PETSaúde representa uma parceria entre a Secretaria de
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde - SGTES,
Secretaria de Atenção à Saúde - SAS e Secretaria de
Vigilância em Saúde - SVS, do Ministério da Saúde, a
Secretaria de Educação Superior - SESu, do Ministé-
Revista da ABENO • 11(2)40-4
Saúde do trabalhador: uma experiência de educação em saúde vivenciada pelo PET-Saúde Independência III Montes Claros/MG • Pinto ACVD, Cerqueira IA, Néri FR, Martins MC, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M
rio da Educação e a Secretaria Nacional de Políticas
sobre Drogas. Objetiva iniciar os acadêmicos no trabalho da estratégia saúde da família, desenvolvendo
ações de promoção da saúde, prevenção das doenças
e atendimento curativo-reabilitador.8
Dentre as ações desenvolvidas na estratégia saúde
da família, a educação em saúde é um recurso por meio
do qual o conhecimento científico, por intermédio
dos profissionais de saúde, atinge o cotidiano das pessoas. Este recurso é importante, uma vez que a compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença oferece subsídios para a adoção de novos hábitos e
condutas de saúde.1 Assim, a educação em saúde é um
processo que abrange a participação de toda a população e não apenas das pessoas sob o risco de adoecer.
Uma educação em saúde ampliada inclui políticas
públicas, ambientes apropriados e reorientação dos
serviços de saúde para além dos tratamentos clínicos
e curativos. Assim, propõe propostas pedagógicas libertadoras, comprometidas com o desenvolvimento
da solidariedade e da cidadania, orientando-se para
ações cujas essências estão na melhoria da qualidade
de vida e na “promoção e valorização do homem”.9
Nesse contexto, o Ministério da Saúde desenvolveu políticas públicas voltadas para grupos vulneráveis, dentre estes destacam o gênero masculino e os
trabalhadores. O investimento em Saúde do Homem
e Saúde do Trabalhador visa qualificar a atenção primária para atender as demandas específicas destes
grupos, resguardando a integralidade da assistência.
A Política Nacional de Saúde do Homem ressalta
que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas e que morrem mais precocemente que as mulheres. Além disso,
eles não buscam os serviços de atenção primária,
adentrando o sistema de saúde pela atenção ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade. As
principais justificativas para a não adesão do homem
ao serviço de saúde são agrupadas em barreiras sócioculturais e barreiras institucionais.3,7
As barreiras sócio-culturais são exemplificadas
pelo estereótipo de gênero, segundo o qual o homem
se julga invulnerável e a doença é um sinal de fragilidade, que não faz parte do universo masculino.3
Braz (2005)4 evidenciou, a partir de dados de morbimortalidade, que há um desfavorecimento significativo em termos de saúde em relação aos homens.
Eles morrem mais cedo do que as mulheres e recorrem menos às consultas. Internam-se mais gravemente e procuram a emergência quando já não suportam
mais a doença.
Há uma relação também com a formação da subjetividade masculina que é complexa e árdua, pois é
baseada em contraposição a não ser mulher, homossexual ou criança. O homem na formação de sua personalidade é colocado em uma posição vulnerável, uma
vez que ainda menino é educado a superar seus medos,
ser forte e se proteger para adquirir condições futuras
de patriarca. Tal vulnerabilidade nessa composição de
personalidade impregna repercussões psíquicas e físicas. Assim, o sentimento cultivado de relutância excessiva de ser frágil e adoecer faz com que o homem fique
mais predisposto aos agravos de doenças possivelmente evitáveis. Além disso, os serviços e as estratégias de
comunicação privilegiam as ações de saúde voltadas
para a criança, o adolescente, a mulher e o idoso.4,5
Laurenti (2005)6 realizou um estudo em que observou a sobremortalidade masculina por causas externas. Dentre essas causas, o tipo de violência mais
importante é o homicídio, vindo a seguir os acidentes
de transporte. São também atribuídos à sobremortalidade:
• transtornos mentais e comportamentais devido ao
uso de álcool e de outras substâncias psicoativas,
significativamente associados ao homem,
• mortes por doenças do aparelho digestivo, com
destaque para a cirrose hepática, informada ou
não com associação ao alcoolismo.
O estudo sugeriu certa fragilidade do gênero masculino e a necessidade de intervenção política para
amenizar a questão.
Em relação às barreiras institucionais, muitos homens apontam a condição de provedor como justificativa para não procurarem a atenção primária. Isto
porque o horário do funcionamento do serviço coincide com a carga horária do trabalho e, muitas vezes,
perde-se um dia inteiro em filas para marcação de
consultas, sem que necessariamente tenham suas demandas resolvidas em uma única consulta. Não se
pode negar que na preocupação masculina a atividade laboral tem um lugar de destaque, sobretudo em
pessoas de baixa condição social, o que reforça o papel historicamente atribuído ao homem d ser responsável pelo sustento da família.3
Nessa perspectiva, a Atenção à Saúde do Trabalhador é uma importante estratégia para atingir a população masculina em idade produtiva, prevenindo
doenças e melhorando a qualidade de vida.
A saúde enquanto patrimônio máximo do trabalhador é condição essencial e fundamental para o
exercício de qualquer atividade e para o convívio so-
Revista da ABENO • 11(2)40-4
41
Saúde do trabalhador: uma experiência de educação em saúde vivenciada pelo PET-Saúde Independência III Montes Claros/MG • Pinto ACVD, Cerqueira IA, Néri FR, Martins MC, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M
cial. É indissociável do trabalho e é ferramenta primeira no desenvolvimento das relações de produção.2
A Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador - PNSST considera como trabalhadores todos os homens e mulheres que exercem atividades
para sustento próprio e/ou de seus dependentes,
qualquer que seja sua forma de inserção no mercado
de trabalho, no setor formal ou informal da economia. Esta política tem como principais diretrizes a
ampliação das ações, visando à inclusão de todos os
trabalhadores brasileiros no sistema de promoção e
proteção da saúde e a harmonização das normas e
articulação das ações de promoção, proteção e reparação da saúde do trabalhador.2
Observa-se que o incentivo à saúde do trabalhador
é crescente no Brasil e envolve não somente medidas
governamentais, mas também ações de promoção de
saúde pela atenção primária em conjunto com as empresas. Estas, atualmente, não se preocupam apenas
em reduzir os riscos de acidentes ocupacionais, pois
reconhecem que a saúde faz parte do ambiente em
que o trabalhador se insere. Assim, atuar nos determinantes do processo saúde-doença com medidas de
educação em saúde aumenta a capacidade laborativa
do trabalhador, a produtividade e diminui o ônus
causado pelo adoecimento, tanto para o empregado
quanto para o empregador.
Baseado neste contexto, este trabalho tem por
objetivo, descrever, através de um relato de experiência, uma atividade de educação em saúde voltada para
homens trabalhadores de uma empresa do ramo de
construção civil, desenvolvida por acadêmicos dos
cursos de odontologia, medicina e enfermagem da
Universidade Estadual de Montes Claros, integrantes
do PET-Saúde.
MATERIAIS E MÉTODOS
O PET-Saúde na Equipe de Saúde da Família
(ESF) Independência III, Montes Claros/MG, foi estruturado no ano de 2011 com um cronograma de
grandes temas norteadores do trabalho ao longo dos
meses. O tema selecionado para Maio, Junho, Julho
e Agosto/2011 foi Saúde do Trabalhador.
A ação em saúde desenvolvida no presente trabalho constituiu-se de uma parceria dos acadêmicos do
PET-Saúde e profissionais de saúde médico, enfermeira e cirurgiã-dentista da ESF – preceptores do programa – com uma empresa de construção civil, que gerencia uma obra para construção de casas populares
dentro da área de abrangência da ESF.
O tema acordado entre a técnica de segurança do
42
trabalho responsável pela obra e a equipe do PETSaúde foi Doenças Sexualmente Transmissíveis
(DST’s). Este tema foi escolhido por constituir um
importante determinante da saúde do homem em
idade produtiva, que é negligenciado pelas concepções de gênero da sociedade e pela tendência dos
homens de assumir comportamentos de risco.
A empreiteira emprega cerca de 120 trabalhadores e dentre estes a maioria é residente na área de
abrangência da ESF Independência III.
Foram realizadas no dia 20/06/2011, no próprio
local da obra, três oficinas com duração média de
trinta minutos cada, com três grupos diferentes, divididos por zona de trabalho. No total, 87 trabalhadores
participaram da atividade dirigida por duas acadêmicas do curso de odontologia, uma acadêmica de enfermagem e uma acadêmica de medicina e pelos
preceptores do PET-Saúde.
Foram utilizados cartazes, álbuns seriados e perguntas problematizadoras para envolver os participantes, enfocando a transmissão, os sinais e sintomas
das principais DST’s no homem, bem como as formas
de prevenção.
As oficinas iniciaram com uma dinâmica em que
os trabalhadores deveriam anotar em um papel dúvidas sobre o tema e colocá-las em uma caixa. Ao
final da oficina, as dúvidas eram lidas anonimamente e, aquelas que não haviam sido contempladas durante a discussão, eram respondidas junto com os
participantes.
Após a dinâmica, foram abordadas as formas de
transmissão das DST’s, bem como outras formas de
interação pessoal que não transmitem essas doenças.
Em um terceiro momento, foram utilizados cartazes com fotos dos principais sintomas das DST’s no
homem e um álbum seriado. O material dividia as
doenças em categorias:
1) doenças causadoras de feridas: herpes, sífilis, cancro mole;
2) doenças causadoras de corrimento: gonorréia,
clamídia, tricomoníase;
3) verrugas: HPV e
4) HIV/AIDS.
Em cada exposição os trabalhadores eram motivados a perguntar e a responder questões sobre essas
enfermidades, como por exemplo:
• qual o agente causador,
• quais as manifestações clínicas,
• qual modo de transmissão e
• quais as formas de tratamento.
Revista da ABENO • 11(2)40-4
Saúde do trabalhador: uma experiência de educação em saúde vivenciada pelo PET-Saúde Independência III Montes Claros/MG • Pinto ACVD, Cerqueira IA, Néri FR, Martins MC, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M
Por fim, foram distribuídos preservativos masculinos e panfletos que condensavam as principais informações da oficina e continham telefone e endereço do centro de testagem e aconselhamento de
Montes Claros - Minas Gerais. Além disso, os trabalhadores foram orientados quanto ao uso correto do
preservativo masculino e feminino e estimulados a
comparecer à unidade de saúde caso tivessem algum
sintoma ou desejassem sanar outras dúvidas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este trabalho de ação em saúde voltou-se para o
fornecimento de informações acerca das DST’s, suas
formas de transmissão e prevenção para um grupo
que procura pouco o serviço de saúde.
Como os trabalhadores possuíram um papel ativo
na construção das oficinas, mesmo com a manutenção da temática e do roteiro, cada uma apresentou
singularidades:
• No grupo 1, os trabalhadores eram mais expansivos, tinham muitas dúvidas e não mantiveram a
discussão em uma única doença.
• O grupo 2 teve o maior número de participantes,
debateram muito sobre as formas de prevenção e
os comportamentos de risco em relação as DST’s
e apresentaram interesse particular pelas doenças
que causam corrimento.
• O grupo 3 era o que continha o menor número
de participantes. Nesta, houve interesse particular
em relação às formas de manifestação da sífilis e
da AIDS.
Alguns pontos foram comuns entre os três grupos:
• destaque às vias de transmissão e não transmissão
das DSTs,
• dúvidas sobre o acometimento ocular da gonorréia,
• o significado das lesões do “cancro mole”, que
muitos relacionaram essa doença à impotência e
• o uso correto do preservativo.
A atividade de educação em saúde foi avaliada de
forma positiva pelos trabalhadores destacando a execução da mesma no próprio ambiente de trabalho.
Além disso, destacaram a metodologia problematizadora utilizada nas oficinas como uma estratégia facilitadora da aprendizagem.
Para os acadêmicos participantes do PET-Saúde
essa atividade foi considerada satisfatória, pois vivenciaram, a partir de uma experiência de trabalho em
equipe, o processo de integração ensino-serviço-co-
munidade e a multidisciplinaridade, principais eixos
norteadores do programa.
CONCLUSÕES
As ações multidisciplinares em saúde para serem
efetivas requerem planejamento estratégico e incentivo desde a graduação até a atuação profissional.
Desta forma, iniciativas como o PET-Saúde estão em
consonância com este objetivo e com a integralidade
da assistência proposta pelo SUS.
A Saúde do Homem e a Saúde do Trabalhador são
exemplos de áreas de atuação em expansão e que
requerem metodologias ativas de intervenção adequadas à realidade vivida por estes grupos.
A experiência com oficinas problematizadoras
dentro do local de trabalho rompe com justificativas
seculares de incompatibilidade da jornada com o funcionamento dos serviços de saúde e ainda reacende
a importância de prevenir a doença, reconhecê-la e
tratá-la.
Conclui-se assim que a promoção de saúde e a
educação em saúde são princípios desejáveis para a
atuação em Saúde do Trabalhador, pois engloba o
conceito amplo de saúde, que prevê bem-estar físico, social e emocional e não apenas a ausência de
doença.
Abstract
Occupational health: a health education experience
undergone by “Independência III PET-Saúde” Montes Claros, MG
The Ministry of Health is currently developing
public policies and encouraging health-related measures targeting vulnerable groups that include males
and workers. These groups rarely seek primary healthcare units, and this makes them more prone to an
exacerbation of a potentially preventable disease.
With this in mind, an important tool used in the Family Health Strategy is health education, since the understanding of the determinants of the health-disease
process helps adopting healthy habits. This paper
aims to describe a health education activity related to
sexually transmitted diseases, through an experience
report. It is focused on a group of male workers of a
construction company. The action was taken by students and instructors of the “PET-Saúde of Independência III” Family Health Strategy Program. The
activity of health education was evaluated satisfactorily both by workers, who highlighted the fact that
action was taken in the workplace, and by students,
who had the opportunity to experience the teamwork
Revista da ABENO • 11(2)40-4
43
Saúde do trabalhador: uma experiência de educação em saúde vivenciada pelo PET-Saúde Independência III Montes Claros/MG • Pinto ACVD, Cerqueira IA, Néri FR, Martins MC, Mendes PHC, Maciel APF, Fagundes Neto M
and inter-area work. It can be concluded that heightening awareness to occupational health is an important strategy for reaching the male population of
working age, thus preventing disease and improving
quality of life. In addition, initiatives like “PET-Saúde”
are consistent with the integral care offered by SUS,
through multidisciplinary actions seeking primary
care effectiveness.
Descriptors
Health education. Occupational health. Primary
health care. §
4. Braz M. A construção da subjetividade masculina e seu impacto sobre a saúde do homem: reflexão bioética sobre justiça
distributiva. Ciência & Saúde Coletiva. 2005;10(1): 97-104.
5. Gomes R, Nascimento EF, Araújo FC. Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres? A explicação de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior. Cad. Saúde Pública. 2007;23(3):565-574.
6. Laurenti R, Jorge MHPM, Gotlieb SLD. Perfil epidemiológico
de morbi mortalidade masculina. Ciência & Saúde Coletiva.
2005;10(1):35-46.
7. Lourenço RA. Lins RG. Saúde do Homem: aspectos demográficos e epidemiológicos do envelhecimento masculino. Revista
do Hospital Universitário Pedro Ernesto. 2010;9(1):12-19.
Referências
1. Alves VS. Um modelo de educação em saúde para o Programa
Saúde da Família: pela integralidade da atenção e reorientação
do modelo assistencial. Interface – Comunic Saúde Educ. 2005;
9(16):39-52.
2. Brasil, Ministério do Trabalho. Política Nacional de Segurança
8. Portal Saúde [homepage]. Brasília, DF: Ministério da Saúde
[acessado em 12 jun. 2011]. [2 telas]. Disponível em: < www.
saude.gov.br/sgtes/petsaude > .
9. Schall VT, Struchiner M. Educação em saúde: novas perspectivas. Cad. Saúde Pública. 1999;15(2):4-6.
e Saúde do Trabalhador. Brasília, 2004.
3. Brasil, Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem. Brasília, 2008.
44
Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
Revista da ABENO • 11(2)40-4
A vivência dos estudantes de
odontologia nas atividades de ensinopesquisa-extensão do PET-Saúde
Carlos Alberto Quintão Rodrigues*, Simone de Melo Costa**, Maisa Tavares de Souza
Leite***, Danilo Cangussu Mendes****, João Felício Rodrigues Neto*****
* Coordenador do PET-Saúde/Saúde da Família e da Residência
Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Estadual de
Montes Claros - Unimontes
** Doutoranda em Odontologia. Tutora do PET-Saúde da Unimontes
*** Doutora em Ciências. Tutora do PET-Saúde da Unimontes
**** Doutorando em Ciências da Saúde - Unimontes. Cirurgião-dentista
Preceptor do PET-Saúde da Unimontes
*****Doutor em Ciências. Tutor do PET-Saúde da Unimontes
RESUMO
Trata-se de um estudo de caso, descritivo, de base
documental, que analisa a participação estudantil nas
atividades de ensino-pesquisa-extensão propostas
pelo PET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde) da Universidade Estadual de Montes Claros e Secretaria Municipal de Saúde de Montes
Claros - MG, no período de 2009-2011. A coleta de
dados envolveu análise de documentos de participação em eventos científicos e relatórios gerados na
condução do PET-Saúde. As atividades científicas analisadas foram aquelas propostas pelo PET-Saúde sob
acompanhamento tutorial por professores da Unimontes, preceptores profissionais do serviço vinculado à Estratégia Saúde da Família e acadêmicos da área
da saúde: Odontologia, Medicina, Enfermagem, Ciências Biológicas e Educação Física. Destacam-se os
benefícios dos projetos para a formação em saúde dos
estudantes, educação permanente dos preceptores,
integração ensino serviço tendo em vista a consolidação do Sistema Único de Saúde.
DESCRITORES
Educação superior. Sistema Único de Saúde. Saúde da Família.
O
Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde - PET-Saúde é regulamentado pela Portaria Interministerial nº 421, de 3 de março de 2010,
envolvendo a participação de tutores (profissionais
da saúde com vínculo universitário), preceptores
(profissionais dos serviços de saúde) e estudantes de
graduação da área da saúde. Esse Programa surgiu
como estratégia para fortalecer o Programa Nacional
de Reorientação da Formação Profissional em Saúde,
o PRÓ-SAÚDE, em implementação no Brasil desde
2005. O PET-Saúde tem como pressuposto a educação
pelo trabalho e tem como fio condutor a integração
ensino-serviço-comunidade.8
Os novos cenários de ensino e aprendizagem,
aqueles que rompem os muros universitários, envolvem diferentes aspectos, tais como, local onde são
realizadas as práticas, sujeitos envolvidos no processo,
natureza do conteúdo, inter-relações entre métodos
pedagógicos, práticas e vivências, tecnologias e também as habilidades cognitivas e psicomotoras.14 A
diversificação dos cenários de prática e de aprendizagem surgiu a partir da integração ensino e serviço.
Essa integração permitiu a incorporação do trabalho
coletivo de diferentes atores sociais, estudantes, professores, profissionais da saúde, usuários e gestores
dos serviços públicos em saúde.
Nessa perspectiva, a interação ensino e serviço traz
possibilidades e desafios aos sujeitos envolvidos. Ela
contribui para re-significação do papel dos profissionais co-protagonistas na construção do sistema de
saúde. Além do mais, o processo educativo que se
constrói no ambiente de trabalho propicia espaços
coletivos de educação permanente, num constante
aprender a aprender.9
Revista da ABENO • 11(2)45-50
45
A vivência dos estudantes de odontologia nas atividades de ensino-pesquisa-extensão do
PET-Saúde • Rodrigues CAQ, Costa SM, Leite MTS, Mendes DC, Rodrigues Neto JF
Desse modo, os novos cenários de prática oportunizam a construção de novos conhecimentos, atitudes
e valores, contribuindo para a formação de um profissional mais crítico, participativo e que responda as
verdadeiras necessidades do Sistema Único de Saúde
- SUS. Ademais, as ações são consolidadas na perspectiva de um contexto que integra os diferentes segmentos da sociedade, respeitando os princípios democráticos propostos no país. Sendo assim, a ação coletiva
direcionada pela integração ensino-serviço-comunidade contribui para efetivação das políticas de saúde.
O SUS, sendo um processo em construção, precisa avançar na formação de recursos humanos, uma
vez que, a sua força de trabalho ainda conta com uma
parcela de profissionais não qualificados e descomprometidos com o sistema público de saúde. Nesse
sentido, o governo federal tem buscado medidas para
aproximar o ensino universitário e os serviços de saúde no Brasil.1
Em conformidade com o exposto, as Diretrizes
Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em
Odontologia,5 Enfermagem3 e Medicina4 afirmam
que o profissional a ser formado precisa se integrar a
uma equipe de saúde e desenvolver ações programáticas inseridas na estratégia de intervenção populacional com vistas à efetivação do SUS. As Diretrizes
também contemplam a pesquisa, quando sinalizam
que o estudante da saúde deverá desenvolver e participar de estudos científicos e outras formas de produção de conhecimento que possam qualificar a prática profissional.
Ao iniciar o estudante de saúde na arte de pesquisar forma-se o pesquisador, que deve se reconhecer
como aprendiz permanente. O uso da metodologia
científica permite o amadurecimento e a autonomia
dos estudantes, além de suscitar neles a percepção da
necessidade permanente de atualização, de superar
desafios, ser sujeito crítico e estar aberto para os novos
conhecimentos.11 Assim, a qualificação para o método
científico permite desenvolver um olhar mais crítico
sobre o contexto social e as reais demandas do sistema
de saúde público.
Este trabalho trata-se de um estudo de caso, de
base documental, que tem como objetivo relatar a
participação dos estudantes de Odontologia nas atividades de iniciação ao trabalho e de pesquisa propostas pelo PET-Saúde / Saúde da Família da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e
Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil, no período de 2009 a 2011. Os
dados foram coletados a partir de Anais de eventos
46
científicos e registros documentados em relatórios
dos estudantes, preceptores, tutores e coordenação
do PET-Saúde/Saúde da Família.
VIVÊNCIAS NO PET-SAÚDE UNIMONTES
A Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes por meio do seu Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS tem favorecido a formação de
profissionais qualificados para a prática profissional
no âmbito do SUS e da Estratégia de Saúde da Família - ESF. Esta experiência é abrangente, na medida
em que transita nos níveis de graduação e pós-graduação, como a Residência Multiprofissional em Saúde
da Família e Residência em Medicina de Família e
Comunidade, formando Cirurgiões-dentistas, Enfermeiros e Médicos para o trabalho no campo dos cuidados primários em saúde, principalmente na ESF.
No âmbito da graduação, há a inserção dos estudantes nas atividades curriculares de estágio supervisionado em Saúde da Família e a participação nas ações
do PET-Saúde / Saúde da Família.
Constituído por um coordenador, três tutores,18
preceptores e 90 acadêmicos dos cursos de graduação
(Odontologia, Enfermagem, Medicina, Ciências Biológicas e Educação Física) do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (Tabela 1), o PET-Saúde / Saúde
da Família da Unimontes é desenvolvido em parceria
com a Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros. A participação do estudante de Odontologia representa 20% do total de participantes. As ações do
Programa são desenvolvidas em seis Equipes de Saúde
da Família da zona urbana de Montes Claros, Minas
Gerais.
De todos os acadêmicos participantes do PETSaúde/Saúde da Família, 36 (40%) são bolsistas. Esse
dado é importante uma vez que o número de estudantes não bolsistas (54 estudantes - 60%) é expressivo, o que demonstra a busca ativa do acadêmico na
participação de atividades propostas, pelo Programa,
Tabela 1 - Distribuição dos estudantes, participantes do
PET-Saúde/Saúde da Família, por curso de graduação.
Unimontes, 2010/2011.
Curso
n
%
Odontologia
18
20,00
Enfermagem
20
22,22
Medicina
42
46,67
4
4,44
Ciências Biológicas
Educação Física
Total
Revista da ABENO • 11(2)45-50
6
6,67
90
100,00
A vivência dos estudantes de odontologia nas atividades de ensino-pesquisa-extensão do
PET-Saúde • Rodrigues CAQ, Costa SM, Leite MTS, Mendes DC, Rodrigues Neto JF
junto à ESF. Isso sugere uma mudança na concepção
de formação profissional, na perspectiva do estudante. Formação essa, que atende aos requisitos propostos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para formação em saúde.3-5
Na iniciação ao trabalho na comunidade, os estudantes participam do diagnóstico de saúde da população, identificando as doenças individuais e os problemas de saúde coletiva mais frequentes, desenvolvem
atividades de prevenção e promoção em saúde e são
acompanhados em todas estas atividades pelos preceptores e tutores do Programa.
As ações de saúde realizadas, tanto preventivas e
promocionais quanto curativas, foram direcionadas
aos ciclos de vida, abrangendo o recém-nascido, a
criança, o adolescente, o adulto, a mulher e o idoso
em um contexto familiar. Os membros da equipe multiprofissional, numa perspectiva interdisciplinar, articulam suas práticas e saberes no enfrentamento de
cada situação identificada, visando uma solução conjunta e intervenção adequada na integralidade do
cuidado.
O PET-Saúde propicia diversos benefícios aos seus
participantes, uma vez que ocorre um aprendizado
mútuo entre acadêmicos, preceptores e tutores no
que se refere ao processo de trabalho da Estratégia
Saúde da Família. Este Programa se constitui numa
forma de contrapartida importante aos preceptores
de estudantes e em importante fator para maior aproximação das instituições de ensino e de serviço.
ATIVIDADES DE PESQUISA
DESENVOLVIDAS PELOS ESTUDANTES
Em cumprimento às diretrizes técnico-administrativas do PET-Saúde, institui-se na Unimontes, em
2010, o Núcleo de Excelência Clínica Aplicada à Atenção Básica (NECAAB), para o desenvolvimento de
pesquisas no contexto da Atenção Primária à Saúde,
com enfoque nos aspectos epidemiológicos, metodológicos e clínicos, promovendo a interação ensino,
serviço e comunidade. O Núcleo de pesquisa agrega
profissionais das áreas de Odontologia, Enfermagem,
Medicina, Educação Física e Ciências Biológicas –
professores, acadêmicos e profissionais da ESF – no
que tange as linhas de pesquisa na área da Atenção
Primária à Saúde. Destacam-se a seguir os projetos de
pesquisa propostos pelo PET-Saúde/Saúde da Família de 2009-2010 e que foram incorporados no NECAAB conforme linha de pesquisa.
A Linha Saúde da Família desenvolveu os projetos:
• Diagnóstico das condições de vida dos hipertensos
e diabéticos nas famílias de alto-risco: uma abordagem multiprofissional;
• Desvelando a violência doméstica e suas implicações na Estratégia de Saúde da Família;
• Qualidade de vida dos idosos cadastrados em uma
equipe de Saúde da Família diante das condições
adversas;
• Avaliação do risco cardiovascular de hipertensos
da área de abrangência de uma equipe de Saúde
da Família em Montes Claros - MG;
• O perfil e sobrecarga dos cuidadores de idosos
domiciliares na área de abrangência de uma Equipe de Saúde da Família em Montes Claros - MG.
A Linha de pesquisa Atenção Primária à Saúde
desenvolveu os projetos:
• Abordagem multiprofissional ao portador de sofrimento mental na Atenção Primária à Saúde: um
desafio;
• Percepção da doença periodontal por diabéticos
cadastrados em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde.
A Linha de Pesquisa Avaliação de Políticas e Serviços de Saúde elencou os projetos:
• O perfil dos adolescentes usuários e não usuários
de drogas em uma escola pública no município
de Montes Claros - MG;
• Avaliação multiprofissional: abordagem do fumante na Atenção Primária à Saúde;
• Avaliação multiprofissional do alto índice de adolescentes grávidas em uma Estratégia de Saúde da
Família.
E por fim, a Linha de Pesquisa Educação na Formação e Atenção à Saúde propôs o projeto:
• Avaliação multiprofissional: abordagem do fumante na atenção primária à saúde.
Para as ações do PET-Saúde 2010/2011, o NECAAB incorporou mais três novos projetos de pesquisa
envolvendo a participação acadêmica. Todos os projetos foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unimontes em consonância com a Resolução 196/962. Em todas as vertentes dos projetos, os
acadêmicos foram atuantes, participando desde o
planejamento, trabalho de campo até a análise dos
resultados. A vivência nessas atividades serviu como
laboratório de aprendizagem, permitindo um conhecimento global e consciente das diferentes etapas da
investigação científica. O desenvolvimento de proje-
Revista da ABENO • 11(2)45-50
47
A vivência dos estudantes de odontologia nas atividades de ensino-pesquisa-extensão do
PET-Saúde • Rodrigues CAQ, Costa SM, Leite MTS, Mendes DC, Rodrigues Neto JF
tos de pesquisa tem proporcionado o estreitamento
do vínculo dos acadêmicos e docentes, os serviços de
saúde e usuários do SUS.
Para melhor desempenho nas atividades de pesquisa os acadêmicos foram capacitados, para os diversos passos da pesquisa científica, por meio de oficinas
de Trabalho científico, envolvendo também, a participação dos profissionais das equipes da ESF. As oficinas foram conduzidas pelos tutores e coordenador
como o objetivo de instrumentalizar os estudantes
para a elaboração e condução da pesquisa cientifica.
Os temas contemplados nas oficinas foram:
• elaboração do projeto de pesquisa,
• leitura crítica de artigo científico,
• fichamento de artigos científicos,
• iniciação ao uso de programas estatísticos,
• preparo de pôsteres,
• construção de gráficos e tabelas, e
• redação do artigo científico.
O processo ensino-pesquisa-extensão amplia a
inserção do estudante no contexto social. Isso é importante uma vez que, a reforma do setor saúde torna a capacitação de recursos humanos um desafio
mediante a transitoriedade do saber e das mudanças
no mundo do trabalho. Nesse sentido, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ressalta o desafio
de formar profissionais da saúde com competência
técnica e política para o SUS.12 O trabalho junto ao
SUS envolve ações de promoção e vigilância em saúde, prevenção, educação sanitária, e ações que garantam a assistência à saúde de forma integral.13 Essas
ações requeridas no setor público de saúde poderão
ser melhor planejadas por meio do trabalho investigativo no contexto do SUS. Além do mais, o estudante ao ser inserido no serviço e produzir conhecimento, por meio de pesquisas, se aproxima de um dos
desafios propostos na formação em saúde, aprender
a aprender.
Resultados parciais dos estudos científicos e relatos de experiências das atividades multiprofissionais
realizadas na Estratégia Saúde da Família foram divulgados em eventos acadêmicos, como Mostras, Jornadas, Encontros Científicos e Congressos. Os trabalhos apresentados, no biênio 2010/2011, foram
publicados em Anais, na forma de resumos simples e
expandidos (Tabela 2). A forma de apresentação dos
resumos científicos foi tanto na modalidade de pôster
como na forma de apresentação oral.
Artigos científicos estão sendo elaborados a partir
dos resultados das pesquisas e dos relatos de experi48
Tabela 2 - Publicação de trabalhos em eventos científicos pelos estudantes participantes do PET-Saúde/Saúde
da Família. Unimontes, 2010/2011.
Publicação de resumos em anais
n
%
Resultados parciais de pesquisa
27
43,55
Relatos de experiência no SUS
35
56,45
Total
62
100,00
ências vivenciadas junto ao SUS (32), sendo a maioria
dos artigos produtos das pesquisas científicas
(94,34%). Cabe aqui ressaltar, que dois dos artigos
estão sendo elaborados para trabalho de conclusão
de curso. Quanto à publicação/aceite de artigos científicos em periódicos já somam três artigos, sendo
duas publicações provenientes de pesquisa e uma de
relato de experiência.
A participação de estudantes em atividades de pesquisa junto à ESF é um processo importante. Isso foi
reforçado pelo Ministério da Saúde que ampliou a
atenção para a formação a partir do processo de trabalho. A formação na saúde deveria objetivar a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho. Nesse sentido, a formação
deveria estruturar-se a partir da problematização do
processo de trabalho e sua capacidade de acolher e
cuidar das várias dimensões e necessidades em saúde
dos indivíduos e das populações.6
Com relação aos temas contemplados nos resumos/artigos científicos, pode-se destacar:
• agenda em saúde;
• perfil dos profissionais da ESF;
• elaboração da Ficha A;
• sexualidade;
• educação em saúde;
• ações coletivas dos profissionais da saúde de nível
superior;
• referencia e contra referencia na ESF;
• ações dos agentes comunitários de saúde;
• conhecimento da condição de saúde e doença no
território da ESF;
• currículo das profissões de saúde;
• grupos prioritários de atendimento na ESF como
idosos, hipertensos e diabéticos.
A proposta de estimular o estudante a buscar um
maior conhecimento das temáticas e questões reais
do SUS vem ao encontro das novas Diretrizes Curriculares na área da saúde. Essas explicitam a necessidade de uma metodologia de ensino-aprendizagem
que favoreça a formação crítica e reflexiva e a respon-
Revista da ABENO • 11(2)45-50
A vivência dos estudantes de odontologia nas atividades de ensino-pesquisa-extensão do
PET-Saúde • Rodrigues CAQ, Costa SM, Leite MTS, Mendes DC, Rodrigues Neto JF
sabilidade compartilhada professor e estudante. Nesse sentido, também, o Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação retoma a integração
ensino serviço como vetor importante no processo de
ensino-aprendizagem pelo Pró-Saúde.12
Assim, o desenvolvimento de trabalhos científicos
com temáticas envolvendo as diversas situações encontradas na ESF contribui para formação reflexiva
e crítica dos estudantes, e para a busca de soluções a
partir do melhor conhecimento do problema, por
meio do método científico.
Além dos artigos científicos e dos resumos publicados em Anais de eventos, os estudantes, participantes do PET-Saúde, elaboraram material científico para
atividades de educação em saúde. O material foi elaborado (pôsteres temáticos) a partir do levantamento
dos principais problemas de saúde nos territórios das
ESF participantes do Programa. Nesse sentido, foram
confeccionados materiais didáticos educativos em
Saúde bucal, além de outros temas, como Hipertensão, Diabetes, Atividade Física, Câncer de Mama e de
Colo Uterino. Todo o material educativo foi elaborado a partir de informações baseadas em evidências
científicas e com intenção de esclarecer e quebrar
mitos sobre os diversos temas de saúde abordados.
Desse modo, o estágio apresenta-se como uma
estratégia pedagógica que precisa ir além da relação
professor-aluno. Para sua efetivação faz-se necessário
ampliar as relações humanas, envolver outros atores
no mundo do trabalho. A vivência junto ao SUS tem
um significado especial na formação do profissional
em saúde, permitindo o exercício da autonomia ao
lidar diretamente com a realidade de saúde da população e do mundo do trabalho. Essa interação do ensino no serviço possibilita o desenvolvimento pessoal
e profissional, e intensifica a relação entre teoria e
prática.10 Nesse sentido, o PET-Saúde/Saúde da Família tem propiciado a aproximação do ensino da
Odontologia ao serviço público de saúde, além de
qualificar os estudantes para o trabalho junto ao SUS.
O PET-Saúde possibilita a construção de uma nova
alternativa de educação e extensão, quebrando o modelo tradicional de ensino. A inserção no serviço desenvolve nos estudantes habilidades para o trabalho
em equipe e relações interpessoais. Além do mais, o
Programa oferece oportunidades para vivenciar experiências, que são facilitadas pela inserção das atividades no campo de trabalho.15
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constatou-se uma atuação participativa dos aca-
dêmicos nas atividades científicas, com demonstração
de grande interesse na condução dos trabalhos e na
divulgação dos mesmos em eventos científicos. Desse
modo, a academia cumpre o seu papel social de buscar por meio dos trabalhos científicos, divulgados,
subsídios para o planejamento de ações que possam
dar apoio à comunidade e melhorar os serviços de
saúde oferecidos pela ESF.
A inserção do estudante de Odontologia, como
sujeito ativo nas atividades científicas, permitiu a vivência na realidade do serviço público de saúde. Isso
pode ter permitido o estímulo do senso crítico, das
habilidades cognitivas, além da capacidade de resolução dos problemas. Ademais, a experiência PETSaúde serviu como aprendizagem em pesquisa, fazendo-se ciência a partir da vivência no SUS.
Os resultados das pesquisas poderão nortear a tomada de decisões relativas aos serviços de saúde na
Estratégia Saúde da Família - ESF. Nesse sentido, espera-se que os resultados dos estudos científicos conduzidos pelo PET-Saúde/Saúde da Família possam
ser fonte de crítica para uma prática mais adequada
à realidade do Norte de Minas Gerais, Brasil.
A participação do estudante de Odontologia nas
atividades do PET-Saúde contribui para a qualificação
dos estudantes na perspectiva do SUS, ao introduzir os
novos cenários de prática e permitir a vivência no contexto social e real. Neste sentido, a integração ensino
pesquisa extensão poderá contribuir para o fortalecimento e consolidação das políticas públicas de saúde.
ABSTRACT
The experience of dentistry students in “PETSaúde” teaching-research-extension activities
This is a descriptive and documental case study
that analyzes the participation of students in teachingresearch-extension activities proposed by the “PETSaúde” Program (Education Program through Health
Work) at the State University of Montes Claros, Unimontes, for the period of 2010 to 2011. Data collection involved a documental analysis by program participants in scientific events and reports produced
during the conducting of the “PET-Saúde” program.
The scientific activities analyzed were those proposed
by “PET-Saúde” under tutorial monitoring by Unimontes lecturers, professional instructors connected
to the Family Health Strategy Project and academics
in the following fields: dentistry, medicine, nursing,
biologic sciences and physical education. Highlights
of the program include project benefits to the students’ training in the field of health, continuing edu-
Revista da ABENO • 11(2)45-50
49
A vivência dos estudantes de odontologia nas atividades de ensino-pesquisa-extensão do
PET-Saúde • Rodrigues CAQ, Costa SM, Leite MTS, Mendes DC, Rodrigues Neto JF
cation for instructors, and learning-health-service
integration aimed at consolidating the Unified Health
System.
de bolsas de iniciação ao trabalho, tutoria acadêmica e preceptoria para a execução do Programa de Educação pelo Trabalho
para a Saúde - PET-Saúde, instituído no âmbito do Ministério
da Saúde e do Ministério da Educação. Diário Oficial da União;
DESCRIPTORS
Education, higher. Unified health system. Family
health. §
rEFERÊNCIAS
20 de Abril de 2010; Seção 1.
9. Colliselli L, Tombini LHT, Leba ME, Reibnitz KS. Estágio curricular supervisionado: diversificando cenários e fortalecendo
a interação ensino-serviço. Rev. bras. enferm. [online].
2009;62(6):932-7. Cited 2011 June 11. Disponível em: http://
1. Almeida-Filho Naomar. Ensino superior e os serviços de saúde
www.scielo.br/pdf/reben/v62n6/a23v62n6.pdf.
no Brasil. The Lancet: Saúde no Brasil. 2011;1:6-7. [online].
10. Costa LM, Germano RM. Estágio curricular supervisionado na
Acesso: 2011 Junho 16. Disponível em: http://www.abc.org.
Graduação em Enfermagem: revisitando a história. Rev Bras
br/IMG/pdf/doc-574.pdf.
Enferm 2007; 60(6): 706-10.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Re-
11. Erdmann AL, Leite JL, Nascimento KC, Lanzoni GMM. Vis-
solução 196, de 16/10/96. Diretrizes e Normas Regulamenta-
lumbrando o significado da iniciação científica a partir do
doras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos. Disponível
graduando de Enfermagem. Esc. Anna Nery [online].
em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.htm.
2010;14(1):1-2. Cited 2011 June 14. Disponível em: http://
www.scielo.br/pdf/ean/v14n1/v14n1a05.pdf.
Acesso 15 jun 2011.
3. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação
superior. Resolução CNE/CES Nº 3, de 7 de novembro de 2001.
Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Brasília: CNE/CES; 2001a.
4. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação
superior. Resolução CNE/CES Nº 4, de 7 de novembro de 2001.
Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina. Brasília: CNE/CES; 2001b.
5. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação
superior. Resolução CNE/CES Nº 3, de 19 de fevereiro de 2002.
Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Brasil: CNE/CES; 2002.
6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho
e da Educação em Saúde. Aprender SUS: o SUS e as mudanças
na graduação. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.
7. Brasil. Ministério da Educação. Ministério da Saúde. Portaria
Interministerial n 1.802 de 26 de agosto de 2008. Institui o
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PETSaúde. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília; 26
ago, 2008. Seção 1: 1677-7042.
12. Moimaz SAS, Saliba NA, Zina LG, Saliba O, Garbin CAS. Práticas de ensino-aprendizagem com base em cenários reais.
Interface (Botucatu) [online]. 2010;14(32):69-79. Citado
2011 June 11. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/icse/
v14n32/06.pdf.
13. Paim J, Travassos C, Almeida C, Bahia L, Macinko J. O sistema
de saúde brasileiro: história, avanços e desafios. The Lancet:
Saúde no Brasil. 2011;1:11-31. [online]. Acesso: 2011 Junho
16. Disponível em: http://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc574.pdf.
14. Rede Unida. Portal Rede Unida Diversificação de cenários de
ensino e trabalho sobre necessidades/ problemas da comunidade. Londrina: Rede Unida; 2006. Citado 12 dez 2008. Disponível em: http://www.redeunida.org.br/produção/div_diversif.asp
15. Tavares DMS, Simões ALA, Poggetto MT, Silva SR. The interface of teaching, research and extension in undergraduate
courses in health. Rev. Latino-Am. Enfermagem [online].
2007;15(6):1080-5. Citado 2011 June 11. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v15n6/03.pdf.
8. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho
50
e da Educação na Saúde- SGTES. Portaria n. 4, de 29 de Março
Recebido em 07/07/2011
de 2010. Estabelece orientações e diretrizes para a concessão
Aceito em 25/07/2011
Revista da ABENO • 11(2)45-50
PET-Saúde: formando discentes
multiplicadores - relato de experiência
Késsia Nara Andrade Sales*, Fabiana Angélica de Paula**, Mirtes Ribeiro***, Liliane da
Consolação Campos Ribeiro****, Sylvana Mara Canuto*****
* Discente do curso de Graduação em Odontologia da UFVJM.
Bolsistas do PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/UFVJM
** Professora Auxiliar I do Departamento de Enfermagem da UFVJM.
Mestranda do PRPPG/UFVJM. Tutora do PET-Saúde/Saúde
Mental/UFVJM
*** Professora Assistente do Departamento de Enfermagem da UFVJM.
Doutoranda do Programa Saúde da Criança e do Adolescente da
Faculdade de Medicina da UFMG. Coordenadora dos PET-Saúde/
Saúde Mental e Vigilância à Saúde/UFVJM
**** Professora Assistente do Departamento de Enfermagem da
UFVJM. Doutoranda do Programa Saúde da Criança e do
Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG. Tutora do
PET-Saúde/VS
***** Psicóloga do Centro de Assistência e Promoção Social/Diamantina.
Preceptora do PET-Saúde/Saúde Mental/UFVJM
Resumo
A interação dos profissionais da saúde ainda na
graduação, torna-se possível por meio de iniciativas
como o Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde (PET-Saúde), o qual se constitui em um instrumento que viabiliza a inserção dos estudantes no Sistema Único de Saúde - SUS, visando à iniciação ao
trabalho científico, estágios e vivências do cotidiano
do serviço, contribuindo para a formação de profissionais mais comprometidos com a realidade de saúde e sua transformação. O presente trabalho trata-se
de um relato de experiência de caráter descritivo,
com o objetivo de relatar a experiência de uma aluna
de graduação em Odontologia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM),
participante do PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/
UFVJM e ex-participante do PET-Saúde/Vigilância
em Saúde/UFVJM. O PET-Saúde/Vigilância a Saúde
da UFVJM, é composto por dois grupos tutoriais sendo que o grupo do qual a acadêmica participou visava ampliar o acesso á testagem para diagnóstico de
contaminação pelo vírus HIV, utilizando testes-rápidos. O PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/UFVJM
tem como proposta, dentre outros objetivos, qualificar acadêmicos técnicamente, científicamente e tec-
nologicamente na área da saúde mental, com abordagem a álcool e outras drogas. Além disso, o
programa PET-Saúde/UFVJM estimula o aluno a desenvolver atividades de pesquisa com propostas de
mudança efetivas em sua realidade. Desta forma,
percebe-se que a integração ensino-serviço-comunidade pode ser utilizada como um instrumento valioso
na promoção social e no exercício da cidadania, tornando-se fundamental na diminuição das problemáticas sociais existentes.
Descritores
AIDS. Drogas. PET-Saúde/UFVJM. Odontologia.
Relato de experiência.
A
interação dos profissionais da saúde torna-se possível por meio de iniciativas como o Programa
de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), o qual se constitui em um instrumento que viabiliza a inserção dos estudantes no Sistema Único de
Saúde - SUS ainda na graduação, visando à iniciação
ao trabalho científico, estágios e vivências na realidade do serviço. Promove uma articulação entre ensinoserviço-comunidade por meio da formação de uma
equipe interdisciplinar, composta por acadêmicos e
Revista da ABENO • 11(2)51-6
51
PET-Saúde: formando discentes multiplicadores - relato de experiência • Sales KNA, Paula FA, Ribeiro M, Ribeiro LCC, Canuto SM
profissionais da saúde, caracterizando-se como instrumento para qualificação em serviço, enriquecendo o
conhecimento acadêmico e contribuindo para a formação de profissionais mais comprometidos com a
realidade de saúde e sua transformação.2
O PET-Saúde/Vigilância a Saúde (PET-Saúde/
VS) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) têm como objetivos proporcionar a formação de profissionais capacitados e engajados com os serviços de atenção á saúde, com foco
na vigilância à saúde, pautados no senso crítico, na
cidadania e na função social da educação, por meio
das atividades de ensino, pesquisa e extensão e proporcionar a melhoria da qualidade dos serviços de
vigilância á saúde prestados á população, por meio
da permuta de metodologias e tecnologias oriundas
dos serviços de Vigilância a Saúde e da Instituição de
Educação Superior. Para a implementação desta proposta inicialmente foram constituídos dois grupos
tutoriais, um cuja meta é a Vigilância das Doenças
Diarréicas Agudas e das Doenças Transmitidas por
Alimentos e outro cuja proposta era de ampliar o
acesso á testagem para diagnóstico de contaminação
pelo vírus HIV, utilizando testes-rápidos. Ambos tendo com cenários de práticas os 34 municípios da jurisdição da Superintendência Regional de Saúde de
Diamantina - MG.
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
(AIDS) é, atualmente, uma epidemia que tem avançado progressivamente em todo o mundo, ultrapassando barreiras geopolíticas, sendo assim o diagnóstico precoce do HIV/AIDS é fator importante para
assegurar maior qualidade de vida às pessoas infectadas. Sendo assim, existe no mercado um sistema
de teste Rápido HIV que utiliza antígenos fixados
para a detecção de anticorpos para o HIV em soro,
plasma ou sangue.9 O Teste Rápido é um teste imunocromatográfico rápido de simples execução, além
de seguro e seu resultado confiável e sigiloso. Justifica-se então a existência de iniciativas como PETSaúde/VS-HIV/AIDS na perspectiva de promover
ações de prevenção e promoção da saúde, bem como
o diagnóstico e tratamento precoce da infecção pelo
vírus HIV.
O PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/UFVJM tem
como proposta, dentre outros objetivos, qualificar
acadêmicos técnicamente, científicamente e tecnológicamente na área da saúde mental, com abordagem
a álcool e outras drogas.
A dependência de drogas é um problema de destaque social. É considerada um distúrbio, e por isso
52
deve receber um enfoque mais amplo, envolvendo
cuidados especiais por parte dos profissionais de saúde. O uso de substâncias químicas vem aumentando
gradativamente, fragilizando a família e o próprio
indivíduo, que soma para si uma série de alterações
físicas, químicas e emocionais.
A pertinência deste relato está no imenso conhecimento adquirido pelos integrantes do grupo, por
meio das pesquisas e das interações profissionais,
complementando a formação acadêmica-profissional
por meio da interdisciplinaridade, visto que o profissional interdisciplinar deve estar disposto a vivenciar
uma prática de constante mudança, não tendo como
objetivo único uma meta pré-estabelecida.
Objetiva-se com este, relatar a experiência de uma
aluna de graduação em Odontologia da UFVJM, participante do PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/
UFVJM e ex-participante do PET-Saúde/Vigilância
em Saúde/UFVJM.
Descrição da experiência
O presente trabalho trata-se de um relato de experiência de caráter descritivo. A duração da experiência foi de aproximadamente um ano.
A metodologia de trabalho utilizada em ambos os
PET-Saúde, trata-se da Técnica de Metodologia ativa
do Processo de Ensino Aprendizado, composta das
seguintes fases:
• vivência da prática;
• reflexão da prática vivenciada;
• investigação qualificada de informações e
• reflexão da prática com a intenção de transformá-la.
Já quanto ao envolvimento de outros profissionais
e instituições, são seguidas as seguintes etapas:
• sensibilização e envolvimento das instituições,
• fortalecimento da ideia de um novo modelo de
vigilância e promoção à saúde,
• fortalecimento e desenvolvimento dos profissionais envolvidos nas ações e por fim,
• construção e aplicação do saber aprendido.
Enquanto membro da equipe PET-Saúde/VS, foram desenvolvidas atividades de pesquisa e extensão
com enfoque na prevenção e diagnóstico precoce do
HIV/AIDS, juntamente com outros discentes dos cursos de Farmácia, Odontologia, Educação Física, Ciências Biológicas e Enfermagem, sob orientação de
profissionais (tutores e preceptores) da enfermagem,
da odontologia e da fisioterapia. Foram realizadas
diversas capacitações que abordavam a epidemiologia
Revista da ABENO • 11(2)51-6
PET-Saúde: formando discentes multiplicadores - relato de experiência • Sales KNA, Paula FA, Ribeiro M, Ribeiro LCC, Canuto SM
do HIV/AIDS, bem como os grupos vulneráveis, sintomas, métodos de prevenção e tratamento, mecânica de realização do teste - rápido. Os acadêmicos puderam conhecer a realidade do Centro de Testagem
e Aconselhamento (CTA) da cidade de Diamantina.
Foi possível ainda desenvolver atividades de extensão
como palestras sobre HIV/AIDS para diferentes públicos, caminhadas de conscientização, distribuição
de preservativos e material informativo sobre o tema.
O PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/UFVJM é
composto por acadêmicos dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Farmácia e Odontologia,
orientados por profissionais (preceptores e tutores)
das áreas de enfermagem, psicologia e assistência social. Neste houve cursos de capacitação, dividido em
dois módulos, sendo que no Módulo I abordou assuntos a cerca da saúde mental e suas complexidades,
reforma psiquiátrica, organização dos serviços de saúde mental. No Módulo II foram discorridos temas
como:
• transtornos decorrentes do uso de drogas e álcool,
• abordagem e tratamento,
• a dependência química,
• legislação da política nacional de combate ao uso
de álcool/drogas e saúde mental/dependência
química.
A fim de cumprir os objetivos propostos pelo projeto, a equipe foi dividida em três grupos, cada qual
com uma meta distinta:
• construção do Diagnóstico Administrativo e Situacional do Centro de Assistência e Promoção Social (CAPS) Renascer/Diamantina;
• capacitar os dispositivos comunitários de álcool e
drogas existentes na cidade e
• capacitar os profissionais das ESFs (Estratégia Saúde da família) a cerca do tema saúde mental e
drogas.
Sendo proposto aos acadêmicos mudarem de grupo periodicamente e desenvolver continuadamente
o trabalho iniciado pelos colegas, oportunizando a
estes a vivencia enquanto acadêmicos para a aquisição
de habilidades necessárias as experiências para o bom
andamento do serviço de saúde, apesar da grande
rotatividade profissional.
Resultados e discussão
A interdisciplinaridade implica uma consciência
dos limites e das potencialidades de cada campo de
saber para que possa haver uma abertura em direção
de um fazer coletivo. O trabalho em equipe tem como
compromisso a geração de dispositivos renovados
para o trabalho, sendo necessário que cada profissional se familiarize com as outras áreas, de modo legitimado e em relações horizontais.6
Por ser composto por uma equipe multi e interdisciplinar, o PET-Saúde possibilita ao discente conhecer melhor a dinâmica de funcionamento do
trabalho em equipe dos serviços de saúde pública,
entendendo a interdependência positiva que existe
entre os diferentes profissionais bem como a aproximação com o contexto social da população a ser assistida, além de realizar uma articulação entre os diversos profissionais de saúde que compõe a rede de
assistência.
O programa estimula o aluno a desenvolver atividades de pesquisa, investigação científica, coleta,
tabulação de dados e análises críticas com propostas
de mudança efetivas em uma determinada realidade. Para atingir tal proposta são realizadas capacitações sobre os portais de pesquisa, programas estatísticos, geoprocessamento, revisão integrativa, dentre
outros.
A fim de discutir a ampliação do acesso ao diagnóstico da infecção pelo HIV, em atendimento aos
princípios da equidade e da integralidade da assistência, bem como da universalidade de acesso aos serviços de saúde do SUS, o grupo PET-Saúde/VS-HIV/
AIDS em parceria com a Coordenação Regional de
DST/HIV/AIDS e o Programa Municipal de DST/
HIV/AIDS de Diamantina realizou um encontro intitulado “Estratégias para sensibilização quanto à necessidade de testagem para detecção de portadores
do HIV na região do Vale do Jequitinhonha”.
Foi abordado no encontro temas como a utilização do teste rápido, a importância do aconselhamento pré e pós-teste e a realização do mesmo, além de
propor atividades de mobilização da comunidade e a
presença do CTA Itinerante nos municípios participantes e que se manifestarem interesse por tal. Foram
elaborados também planos para a identificação da
população vulnerável dos municípios e estratégias
para concientizá-las a cerca da prevenção da contaminação pelo vírus HIV/AIDS bem como a importância do diagnóstico precoce.
Teve duração de 16 horas e contou com a participação de profissionais ligados à epidemiologia dos
municípios da macrorregional de Diamantina. Foi
muito valiosa a experiência adquirida pelos petianos
em tal evento, uma vez lhes possibilitou conhecer a
realidade de vários municípios do Vale Jequitinho-
Revista da ABENO • 11(2)51-6
53
PET-Saúde: formando discentes multiplicadores - relato de experiência • Sales KNA, Paula FA, Ribeiro M, Ribeiro LCC, Canuto SM
nha, e também a troca de vivências entre vários profissionais da saúde participantes do mesmo.
O dia 1º de dezembro é marcado pelo Dia Mundial
de Luta Contra a AIDS. Para lembrar a data, a prefeitura de Diamantina realizou diversas ações voltadas
para o combate à discriminação e o preconceito, tal
como uma caminhada pela vida nas ruas da cidade,
evento do qual o grupo PET-Saúde/VS participou
como convidado e também contribuiu na distribuição
de preservativos e material informativo.
A campanha nacional do referido ano (2010) teve
como foco principal a conscientização de homens e
mulheres com idade entre 14 e 24 anos, diante do
preconceito. Tinha proposta de dar maior visibilidade às questões de viver com HIV/AIDS, além de combater o estigma e a discriminação, enfatizando a proximidade da doença com o universo jovem. A fim de
atingir este público alvo a caminhada teve como encerramento com um show com uma banda local, a
Batcaverna, no qual os vocalistas da banda falavam
sobre o tema durante a sua apresentação. O evento
reuniu aproximadamente 8 mil pessoas.
Previamente à campanha foi realizada uma oficina intitulada “BAT-papo” com a participação dos integrantes da banda, a fim de os tornarem multiplicadores e cidadãos parceiros das ações de educação em
saúde, já que são admirados e vistos como referência
para a juventude. Discutiu-se temas como o uso da
camisinha, a campanha ministerial “Fique Sabendo”
e os termos vulnerabilidade e comportamentos de
risco, num clima informal e descontraído.
Devido ao aumento do índice de pessoas contaminadas pelo vírus HIV, percebe-se a necessidade de
campanhas que conscientizem sobre o uso de preservativos e sobre a importância dos testes rápidos para
detecção precoce do vírus. Com o objetivo de abordar
realidade dentro da UFVJM, foi realizada a Campanha “Universidade - Fique Sabendo”, uma inciativa
do PET-Saúde/VS/UFVJM em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES/MG) e a Superintendência Regional de Saúde de Diamantina (SRS-D).
A campanha aconteceu em dois dias nos diferentes campus da universidade e teve como foco a divulgação do teste rápido para a sorologia do HIV/AIDS
e da rede de serviços disponíveis, bem como campanhas de prevenção e conscientização, e ainda encaminhar as pessoas diagnosticadas com HIV aos serviços especializados. Foram distribuídos preservativos
e materiais informativos sobre HIV/AIDS, realizados
aconselhamentos pré-teste de forma coletiva, testagem dos universitários e funcionários interessados,
54
utilizando testes rápidos para o HIV, e aconselhamento individual pós-teste, possibilitando o esclarecimento de dúvidas em relação ao teste e à doença.
A campanha teve muito sucesso, uma vez que o
número de acadêmicos atingidos superou as expectativas, sendo que estes relatarem se sentir muito
mais “à vontade” conversar sobre um assunto tão
polêmico que é o HIV/AIDS com pessoas que vivem
a mesma realidade que eles, também por atingir o
objetivo de ampliar o acesso à testagem dos universitários da UFVJM, para diagnóstico de contaminação pelo vírus HIV, utilizando testes-rápidos de forma gratuita e sigilosa.
No decorrer do projeto, petianos e a tutora ministraram uma palestra com o tema “DST e AIDS” na “I
Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho- SIPAT”. O público alvo foi de aproximadamente 70 trabalhadores da Construtora responsável pela
ampliação do Campus da Universidade, sendo estes
do sexo masculino, na faixa etária de 18 a 60 anos de
idade. Foi um desafio para as acadêmicas, mas também foi bastante exitoso, pois apesar das dificuldades
de 2 alunas falarem de um tema tão polêmico para
um público composto apenas de homens de uma faixa etária tão ampla, conseguiram desenvolve-lo com
habilidade.
Com os conhecimentos adquiridos no PET-Saúde/VS foi possível também orientar colegas de curso
a cerca de uma conduta correta após acidentes com
material biológico na clinica odontológica, bem
como uma conscientização em relação à postura de
trabalho na prevenção da contaminação ocupacional
e também a contaminação cruzada.
A experiência adquirida com o PET-Saúde/Vigilância em Saúde possibilita enquanto graduanda em
odontologia uma formação diferenciada, habilitando-a ao trato de pacientes com doenças infecto-contagiosas. O odontólogo tem um papel relevante frente ao diagnostico precoce da contaminação pelo HIV,
uma vez que 90% dos pacientes infectados pelo vírus
apresentam, a qualquer momento durante o curso da
infecção, manifestações bucais, podendo ser ele ainda o primeiro a detectar e diagnosticar lesões indicadoras da Aids.3,7
Embora a microbiota de um portador de HIV/
AIDS seja semelhante à aquela encontrada em soronegativos, ela pode ser acrescida por microrganismos
oportunistas.7 Para tanto, o profissional deve estar
treinado e capacitado sobre as intercorrências dessas
patologias, sabendo diagnosticá-las e tratá-las a contento, e também estar preparado a orientar o seu
Revista da ABENO • 11(2)51-6
PET-Saúde: formando discentes multiplicadores - relato de experiência • Sales KNA, Paula FA, Ribeiro M, Ribeiro LCC, Canuto SM
paciente para a necessidade imediata de uma avaliação médica, contribuindo assim para uma intervenção precoce.
O PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas/UFVJM possibilita ao acadêmico a conhecer o funcionamento do
CAPS e dos dispositivos de proteção contra álcool e
outras drogas (alcoólicos anônimos, narcóticos anônimos, dentre outros).
É crescente o número de indivíduos dependentes químicos, bem como a falta de aprofundamento
nesse assunto por parte da Odontologia. No entanto
muitas vezes os profissionais dessa área são os primeiros a terem a oportunidade de diagnosticar o
aparecimento de possíveis alterações surgidas em
virtude do consumo de cigarro, álcool ou drogas
ilícitas.4,8
O drogadito apresenta uma perda da auto-estima, levando a um descuido com a saúde geral e bucal. A droga pode ser fator etiológico de inúmeras
lesões bucais, pois pode acarretar uma diminuição
no fluxo salivar, desgaste dental, perda óssea, aumento do CPOD (dentes cariados, perdidos e obturados), problemas periodontais, xerostomia, bruxismo, estomatites, hipoestesia e dor, além da
ocorrência de leucoplasias e carcinomas.4,5,8 O consumo excessivo de drogas promove mudanças efetivas em células da mucosa bucal, facilitando a penetração de carcinógenos.1
Algumas drogas, como por exemplo, a maconha,
afetam a produção de células de defesa, levando a um
quadro de imunossupressão, deixando o indivíduo
mais vulnerável a infecções oportunistas, tais como a
candidíase. Pode ocorrer também necrose tecidual
devido ao déficit de suprimento sanguíneo ocasionado
pelo poder vasoconstritor de drogas como a cocaína.4
Logo, os conhecimentos adquiridos no PET-Saúde/Saúde Mental-Drogas possibilita a formação de
um profissional diferenciado, capaz de reconhecer e
entender as alterações que o álcool e outras drogas
causam na cavidade bucal. Ele se torna apto em tratar
não só a patologia, mas também entender o paciente,
informar, de maneira clara e objetiva, todos os prejuízos causados pela droga, na boca e na saúde geral, e
motivar ao abandono do vício, fornecendo ferramentas de ajuda para tal. O embasamento teórico-prático
torna-o capaz de orientar os pacientes sobre os dispositivos comunitários e a procura de serviços de saúde,
tais como o CAPS álcool e drogas.
Conclusão
A relevância da experiência se dá pelo fato da in-
serção do estudante no cenário vivo de aprendizado
ser de grande significado para os processos formadores dos cursos de graduação em saúde, em especial
no curso de Odontologia, que muitas vezes não oferece este espaço no currículo oficial.
A possibilidade de troca de saberes entre os integrantes das equipes é outro fator que contribui para
a formação dos acadêmicos envolvidos.
Contudo percebe-se que a integração ensino-serviço-comunidade pode ser utilizada como um instrumento valioso na promoção social e no exercício da
cidadania, tornando-se fundamental na diminuição
das problemáticas sociais existentes.
A Odontologia, além de aliviar a dor, pode contribuir para a reabilitação desses pacientes, auxiliando no desenvolvimento da auto-estima e ampliando
a interação social, já que a recuperação implica o
resgatar do ser humano em todos os aspectos, seja
eliminando o significado psicológico das drogas ou
por estar apto a realizar o acolhimento e aconselhamento do soropositivo, bem como orientá-los na busca de serviços especializados, dando ênfase às ações
de prevenção e promoção da saúde a fim de proporcioná-lo condições necessárias para manter sua qualidade de vida.
Abstract
Pet-Health: preparing college student facilitators - report of an experience
The interaction of health professionals still pursuing undergraduate studies is made possible through
initiatives like the Education Program through Health
Work (PET-Health). This program acts as an instrument through which students may be included in the
Unified Health System (SUS), an inclusion that aims
at introducing them to scientific work, internships
and daily experience in extending professional services. All this contributes to the training of professionals committed to the reality of the healthcare area and
to changing this reality. The present study reports an
experience by an undergraduate dental student from
the Federal University of the Jequitinhonha and Mucuri Valleys (UFVJM). Said student also participates
in the PET / Mental Health-Drugs / UFVJM, and has
participated in PET-Health / Health Surveillance / UFVJM. The PET-Health / Health Surveillance of UFVJM consists of two tutorial groups, in that
the group in which the student participated aimed at
gaining greater access to testing for the diagnosis of
HIV infection through a rapid-testing technique.
Among other goals, the PET-Health / Mental Health-
Revista da ABENO • 11(2)51-6
55
PET-Saúde: formando discentes multiplicadores - relato de experiência • Sales KNA, Paula FA, Ribeiro M, Ribeiro LCC, Canuto SM
Drugs / UFVJM has the purpose of qualifying students
technically, scientifically and technologically in the
area of mental health, through an approach focusing
on alcohol and other drugs. In addition, the PETHealth / UFVJM program encourages students to
develop research activities that propose effective
changes in his reality. Thus, it can be concluded that
the integration of teaching and community service
can be used as a valuable tool in social promotion and
exercise of citizenship, and that it is instrumental in
reducing the existing social problems.
4. Colodel EV; Silva ELFM; Zielak, JC; Zaitter, W;Crosato EM;
Pizzatto E. Alterações bucais presentes em dependentes químicos. Revista Sul-Brasileira de Odontologia. 2009;6(1):44-48.
5. Fernandes JP, Brandão VSG, Lima AAS. Prevalência de lesões
cancerizáveis bucais em indivíduos portadores de alcoolismo.
Revista Brasileira de Cancerologia. 2008;54(3):239-244
6. Garcia MAA, Pinto ATBCS, Odoni APC, Longhi BS, Machado
LI, Linek MDS, Costa NA. Interdisciplinaridade e integralidade no ensino em saúde. Rev. Ciênc. Méd. 2006;15(6):473-485
7. Gasparin AB, Ferreira FV, Danesi CC, Sassi RAM, Silveira J,
Martinez AMB, Zhang L, Cesar J. Prevalência e fatores associados às manifestações bucais em pacientes HIV positivos aten-
DescriPTORs
AIDS. Drugs. PET-Saúde/UFVJM. Dentistry. Report of experience. §
Referências
didos em cidade sul-brasileira. Cad. Saúde Pública. 2009;
25(6):1307-1315
8. Ribeiro EDP, Oliveira JA, Zambolin AP, Lauris JRP, Tomita NE.
Abordagem integrada da saúde bucal de droga-dependentes
em processo de recuperação. Pesqui. Odontol. Bras.
1. Batista AB, Ferreira FM, Ignácio SA, Machado MAN, Lima AAS.
2002;16(3):239-245.
Efeito do tabagismo na mucosa bucal de indivíduos jovens:
9. Silva JAS, Val LF, Nichiata LYI. A estratégia saúde da família e
análise citomorfométrica. Rev Bras Cancerol. 2008;54(1):5-10.
a vulnerabilidade programática na atenção ao HIV/AIDS: uma
2. Brasil. Portal da Saúde. Programa de Educação pelo Trabalho
revisão da literatura. O Mundo da Saúde, São Paulo:
para a Saúde (PET-Saúde). Brasília: Ministério da Saúde; 2011.
2010;34(1):103-108.
3. Cavassani VGS, Sobrinho JA, Homem MGN, Rapoport. A. Candidíase oral como marcador de prognóstico em pacientes portadores do HIV. Rev Bras Otorrinolaringol. 2002;68(5):630-4.
56
Revista da ABENO • 11(2)51-6
Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
Análise discente da contribuição do
preceptor e do estágio na formação do
aluno de graduação da FO UERJ
Maria Isabel de Castro de Souza*, Katlin Darlen Maia**, Renata Rocha Jorge***, Teresa
Berlink****, Maria Eliza Barbosa Ramos*****
*Vice-Diretora da FO-UERJ
**Professora Adjunta das Disciplinas de Saúde Bucal Coletiva - UERJ
***Professora Adjunta das Disciplinas de Saúde Bucal Coletiva - UERJ
****Coordenadora Adjunta de Ensino de Graduação da FO-UERJ
*****Coordenadora de Ensino de Graduação da FO-UERJ
Resumo
O objetivo deste estudo foi analisar o impacto da
contribuição do preceptor e do estágio na rede pública na formação dos alunos de graduação da Faculdade de Odontologia da UERJ, através do programa
Pró-Saúde. Foram analisados 95 questionários de avaliação que são distribuídos aos alunos ao final do período no qual constam as avaliações da contribuição
do preceptor durante a formação do aluno, a contribuição do estágio em serviço na formação do aluno,
os pontos positivos, pontos negativos e sugestões.
Através das respostas obtidas podemos concluir que
a realização do estágio com o suporte do preceptor
aparece como recurso que contribui para ampliar a
experiência e vivência do aluno, oportunizando uma
aproximação significativa entre os alunos e o Sistema
Único de Saúde, assim como é importante o estabelecimento da integração entre academia e serviço
para o desenvolvimento de mecanismos de capacitação dos profissionais da rede através dos projetos públicos vigentes.
Descritores
Preceptor. Educação em saúde. Prática de ensinoaprendizagem.
A
s últimas décadas foram marcadas por mudanças
significativas dentro das Instituições de Ensino
Superior (IES), principalmente no que se refere ao
ensino de graduação da área da Saúde. As políticas
públicas promovidas, conjuntamente, pelo Ministério da Saúde (MS) e Ministério da Educação (ME),
têm demonstrado uma especial preocupação na re-
formulação e re-condução da formação dos profissionais que, todo ano, ingressam no mercado de trabalho, encontrando, muitas das vezes, realidades
diferentes daquelas vividas dentro da faculdade que
cursou.
Com o intuito de fortalecer o compromisso social
das IES e preparar os novos profissionais para a realidade da demanda populacional o MS e ME desenvolveram diferentes projetos como, por exemplo,
PROMED, Telessaúde, PET Saúde, UNA-SUS e PróSaúde, bem como a consolidação das novas Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN’s), em articulação com
as entidades de ensino das áreas da saúde.1,4
O objetivo principal das DCN’s é o de estabelecer
novas formas de organização curricular, articular ensino e rede, redimensionando o status do processo
educativo e prática em saúde. Na Odontologia, as
diretrizes determinam que o perfil deste novo profissional deverá ser generalista, com visão humanista,
crítica e reflexiva, capacitado a atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e
científico, bem como ser capacitado ao exercício de
atividades referentes à saúde bucal da população,
pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu
meio, dirigindo sua atuação para a transformação da
realidade em benefícios da sociedade.2,3
Com a determinação de incentivar mudanças na
formação profissional, não mais em uma lógica de
informações fragmentadas e sim através de um processo de conhecimento investigativo e do contato
com o real na perspectiva da mudança social, o MS
e ME lançaram edital público em dezembro de 2007
Revista da ABENO • 11(2)57-62
57
Análise discente da contribuição do preceptor e do estágio na formação do aluno de graduação
da FO UERJ • Souza MIC, Maia KD, Jorge RR, Berlink T, Ramos MEB
(Pró-Saúde) que tinha como estratégia de implementação a proposta de uma maior articulação entre
as Instituições de Ensino Superior e o serviço público de Saúde. Os processos de reorientação da formação no Pró-Saúde estruturam-se em três eixos de
transformação:
1. Orientação teórica;
2. Cenários de Prática e;
3. Orientação Pedagógica.1,4
Neste aspecto, um dos eixos do processo de reorientação se tornou primordial na formação dos novos
profissionais e na articulação entre academia e serviço:
a diversificação dos cenários de prática e, sendo assim,
o preceptor apresenta um papel de destaque.
Na prática, não é a simples alocação do horário
do aluno em local específico dentro da rede pública
que determinará uma melhoria da capacitação profissional e atendimento ao usuário, mas sim a integração do conhecimento aliado a capacidade de problematização, e sua transposição para o ambiente de
prática do aluno. Além disso, o aluno é apresentado
ao serviço sem que o preceptor tenha sido capacitado
também para exercer tal função, o que leva a um
choque de informações e exposições de ambas as partes (academia e serviço).5
Este trabalho teve como objetivo fazer uma análise qualitativa do papel do preceptor e do estágio na
rede, pela ótica do aluno, sobre a formação de alunos
do último período de graduação da Faculdade de
Odontologia da UERJ através do Pró-Saúde.
Materiais e Métodos
Foram utilizados para este estudo um total de 95
questionários, respondidos por alunos de graduação
que cursaram o último período curricular (8o período),
nos anos de 2008 (24 alunos, segundo semestre), 2009
(23 alunos, primeiro semestre, e 19 alunos, segundo
semestre) e 2010 (29 alunos, primeiro semestre).
Todo início de semestre os alunos recebem, duran-
te aula inaugural da Disciplina de Saúde Bucal Coletiva
III, informações sobre as atividades que exercerão nos
diferentes cenários de prática, bem como orientações
sobre os itens que constarão na avaliação final do estágio. Esta avaliação é uma atividade obrigatória curricular, onde os alunos respondem ao questionário denominado Roteiro de Avaliação Final do Estágio do Aluno.
Os cenários utilizados estão inseridos na CAP 2.2,
área geográfica onde se encontra a FOUERJ e foram
os seguintes:
• PAM Helio Pellegrino,
• PAM Heitor Beltrão,
• Hospital Municipal Jesus,
• CMS Maria Augusta Estrella e
• IOC.
Com o intuito de se realizar a avaliação para o
presente estudo, foram selecionadas as seguintes
questões abertas do Roteiro de Avaliação utilizado
pela Disciplina de Saúde Bucal Coletiva III:
1. Avalie a contribuição do preceptor durante sua
formação
2. Avalie a contribuição do estágio em serviço à sua
formação
3. Pontos positivos do estágio
4. Pontos negativos do estágio
5. Sugestões
A análise temática foi empregada neste trabalho
por permitir descobrir os núcleos dos sentidos que
compõem uma comunicação, cuja freqüência signifique alguma coisa para o objeto analítico visado.
Estes temas denotam os valores de referência e os
modelos de comportamento presentes nos discursos.
Para análise dos dados, todas as respostas abertas foram analisadas agrupando-se as opiniões em categorias mencionadas pelos respondentes.
Resultados
Vejam os resultados nas Tabelas de 1 a 5:
Tabela 1 - Compilação das respostas dos alunos da questão sobre contribuição do preceptor durante sua formação.
2008/2
• Relevante
• Rica troca de informações
• Fundamental na inserção
do aluno
• Oportunizou o atendimento
aos pacientes
58
2009/1
2009/2
• Relevante
• Ampliação na capacidade
de propostas de tratamento
• Auxilio na resolução de
problemas do cotidiano
• Demonstração da rotina de
atendimento e tratamento
que leva em consideração o
contexto do paciente
• Conhecimento de outras
técnicas
Revista da ABENO • 11(2)57-62
2010/1
• Observação sobre as
condutas negativas do
preceptor
• Novos conhecimentos
Análise discente da contribuição do preceptor e do estágio na formação do aluno de graduação
da FO UERJ • Souza MIC, Maia KD, Jorge RR, Berlink T, Ramos MEB
Tabela 2 - Compilação das respostas dos alunos da questão sobre contribuição do estágio durante sua formação.
2008/2
2009/1
2009/2
2010/1
• Proporciona experiências
diferentes da faculdade
• Vivência no setor público
• Visão maior sobre a
odontologia fora da
faculdade
• Agilidade em atendimento
clínico
• Contato com pacientes
diferentes
• Vivência no acolhimento
• Entender e poder resolver o
problema de cada paciente
• Aprender como funciona o
serviço público em nosso
país
• Observar as necessidades
da população em termos de
assistência básica e saúde
bucal
• Prática clínica
• Será agente facilitador se
quiser ingressar na rede
• Entendimento de uma
unidade básica de saúde e
vivência clínica constatando
haver um serviço de
qualidade
• Aplicação da teoria da
faculdade na prática clínica
• Visualização do sistema de
saúde
• Experiências não
vivenciadas na faculdade
• Observação das demandas
da população em relação a
saúde bucal
• Prática clínica
• Considerou um local bom
para trabalhar futuramente
• Aprender a trabalhar com
sala de espera e trabalhar
em equipe
• Contato com desafios
clínicos (muito
enriquecedor)
• Aprender a interagir com
diferentes pacientes e a
importância de trabalharmos
com promoção de saúde
• Trabalhar com mais
confiança
• Despertar da
responsabilidade social
• Formação mais completa
• Aprender a lidar com a
realidade de materiais e
pacientes fora da faculdade
• Enriquecedor
• Contato com a realidade do
serviço
• Visão mais realista do
serviço
• Maior responsabilidade
com a profissão e com o
paciente
• Atendimento a vários tipos
de pacientes
• Percepção real do mercado
de trabalho
Tabela 3 - Compilação das respostas dos alunos da questão sobre os pontos positivos do estágio.
2008/2
• Boa relação com preceptor
• Experiência
• Ganho na prática
• Conhecimento da rede
• Contato com o usuário
2009/1
• Conhecimento da rede
• Envolvimento com a
sociedade
• Experiência clínica
• Experiência em possível
local de trabalho
• Agilidade
• Aperfeiçoamento profissional
• Aprimoramento de técnicas
• Conhecimento do sistema
de referência e contrareferência
2009/2
• Conhecimento sobre
atenção básica
• Maior agilidade de
atendimento
• Convívio com outros
profissionais
• Experiência em trabalhar
na rede
2010/1
• Prática clínica,
• Saber mais sobre a
demanda da população
• Mais agilidade
• ampliou conhecimento
• Ter acesso a outras
opiniões científicas
• Tomada de decisão
Tabela 4 - Compilação das respostas dos alunos da questão sobre os pontos negativos do estágio.
2008/2
• Dificuldade de locomoção
entre os estágios
• Burocracia de
regulamentação do estágio
• Horário
• Falta de material adequado
• Atualização dos
profissionais da rede
• Qualidade do material
utilizado
• Concentração de
profissionais em um
mesmo dia
• Baixa quantidade de
pacientes
• Ausência Rx no consultório
2009/1
• Não atende a demanda da
população
• Poucas horas na semana
• Número de professores no
local reduzido
• Falta de material
• Visão do profissional da
rede em relação ao aluno
2009/2
• Ausência do preceptor,
• Atraso dos profissionais no
atendimento dos pacientes
• Conflito entre chefias e
profissionais
• Falta de material
Revista da ABENO • 11(2)57-62
2010/1
• Falta de tempo do
preceptor para atender ao
aluno
• Dificuldade de
comunicação com os
preceptores
• Preceptores não receptivos
• Falta de material
• Falta de comprometimento
do profissional da rede com
o usuário
59
Análise discente da contribuição do preceptor e do estágio na formação do aluno de graduação
da FO UERJ • Souza MIC, Maia KD, Jorge RR, Berlink T, Ramos MEB
Tabela 5 - Compilação das respostas dos alunos da questão sobre as sugestões.
2008/2
2009/1
• Todos os alunos devem
passar por esta experiência
• Discutir a entrada dos
alunos no serviço com os
dentistas da rede
• Colocar estágios nos CEO’s
• adequação dos horários
entre posto e faculdade
• Presença dos professores
no campo de estágio
• Atuação dos alunos desde
períodos mais precoces
• Melhorias no acolhimento
do usuário
• Aparelho de Rx na atenção
básica
• Capacitação para os
profissionais
• Melhorias estruturais das
unidades
• Contratação de profissionais
técnicos (TSB e ASB)
para auxiliar e melhorar o
atendimento clínico
Discussão
As perguntas abertas permitem aos participantes
explanarem livremente sobre os temas propostos, e
constitui um momento de muito aprendizado e, muitas
vezes, até de desabafo. O que tornou as interpretações
algo mais familiar foi o fato das pesquisadoras serem
parte integrante do processo. Tal fato permitiu pensar,
à luz da experiência, de estar no campo e presenciar
o desenrolar dos eventos, em oposição a uma concepção de pesquisa em que se relata ou analisa situações
das quais os autores desconheçam. Esta percepção tornou o produto final mais aproximado da realidade.
A grande maioria dos alunos determinou ser muito importante o papel e contribuição do preceptor
em sua formação profissional, muito embora uma das
sugestões mais apontadas tenha sido a capacitação
dos mesmos, tanto no acolhimento dos alunos quanto a questão técnica e conhecimento científico. Isto
pode indicar que a utilização das políticas públicas de
capacitação para estes profissionais como o Telessaúde e UNA-SUS bem como, a aproximação da academia ao serviço (Pró-Saúde), deverão promover um
impacto profundo na transformação deste cenário.
Sob este aspecto podemos destacar o Eixo 1 (Orientação Teórica) do Pró-Saúde que aponta como exemplo de objetivos a atenção especial à educação permanente, não restrita à pós-graduação especializada
e a orientação sobre melhores práticas gerenciais que
facilitem o relacionamento.
Alguns autores na literatura descrevem que é essencial para a mudança na orientação pedagógica
capacitar docentes em novas metodologias de ensinoaprendizagem, criar a figura do preceptor e ampliar
laboratórios de práticas profissionais. Todas essas
ações visam à integração entre os ciclos básico e clí60
2009/2
• Capacitação dos
profissionais da rede
• Estágio em unidades
hospitalares
• Iniciar o estágio mais cedo
na faculdade
• Aumento do tempo de
estagio
• Aquisição de aparelho
de Rx
2010/1
• Maior número de locais
para melhor dividir os
alunos
• Capacitação dos
preceptores
• Mais tempo para o estágio
• Fazer seleção de
preceptores
nico, redirecionando o foco para a Atenção Primária
à Saúde e para as estratégias de Educação Permanente como formas de preparar o pessoal docente e dos
serviços que recebem os estudantes.6-8
Outros autores descrevem ainda que o preceptor
tem papel importante na formação do aluno porque
realiza uma atividade de ensino, mas que como tal
não é considerada. Não existe capacitação específica
para relação profissional-aluno que aí se constrói,
nem compromisso formal com a formação. Além disso, os estudos sobre este assunto ainda são muito tímidos, propondo uma formulação e implementação
de processos educativos na formação destes profissionais de saúde. Os alunos ficam “jogados” nos serviços
e, sem uma adequada preceptoria, acabam expostos
à má prática, são desatendidos, acabam “desaprendendo” e aumentando ainda mais a desilusão quanto
ao trabalho na saúde pública e à realização das diretrizes do SUS. Sua função de mediador dos diferentes
níveis de conhecimento aponta a necessidade de estabelecer relações pedagógicas, ou seja, relações que
conduzem a aprendizagem prática do aluno, o “ser
profissional da área de saúde”.9-12
O principal papel das IES deve ser o de reconhecer
e capacitar o profissional interessado na atividade de
preceptoria para que ele desempenhe com segurança
e competência o que, na sua própria visão, faz parte
de suas atribuições. E isso precisa ser discutido no âmbito dos serviços de saúde e nas IES:
[...] os profissionais dos serviços valorizam, de forma geral,
os estímulos com os alunos e os professores. Estes, quando
realizam práticas nos novos cenários, também valorizam
as experiências adquiridas como meios de adequação dos
conteúdos curriculares, propiciados pela incorporação de
Revista da ABENO • 11(2)57-62
Análise discente da contribuição do preceptor e do estágio na formação do aluno de graduação
da FO UERJ • Souza MIC, Maia KD, Jorge RR, Berlink T, Ramos MEB
temas/problemas com maior relevância. 13
Ao analisarmos as respostas sobre a contribuição
do estágio na formação profissional dos alunos, pontos positivos e pontos negativos, novamente, a relevância desta experiência é destacada. Neste caso,
podemos observar que os três eixos de transformação
na reorientação profissional são contemplados:
• observação dos determinantes de saúde (biológicos e sociais da doença);
• avaliação crítica do processo de Atenção Básica;
• aprender fazendo e com sentido crítico na análise
da prática clínica;
• o eixo do aprendizado deve ser a própria atividade dos serviços;
• ênfase no aprendizado baseado na solução de problemas, avaliação formativa e somativa;
• diversificação de cenários;
• trabalho com o sistema de referência e contrareferência;
• interação entre comunidade e alunos, e
• importância do trabalho conjunto das equipes
multiprofissionais.14-16
Além disso, tais pressupostos indicam uma mudança significativa nos conceitos destes profissionais,
que ingressarão no mercado de trabalho, sobre a importância do serviço público, seu impacto sobre a
população e, sua responsabilidade não só profissional
como também social. Sob esta ótica podemos destacar
observação de Stella (1999), concluindo em seu trabalho que os profissionais formados não atendem as
necessidades de saúde no Brasil. As escolas possuem
currículos e carga teórica extensa e, não preparam os
alunos para atuarem na atenção primária e secundária, com um leque não aprofundado de conhecimentos das especialidades.16,17
Uma resposta em especial chamou atenção quando o discente respondeu:
“Pude conhecer melhor a realidade do que é o SUS. Um
sistema ótimo mas que para que funcione as partes precisam
estar comprometidas diferente de ter um compromisso.”
Muitos alunos ainda descreveram como ponto
importante às condições de infra-estrutura, que também precisam ser adequadas para o acolhimento do
estudante. O reduzido espaço e as precárias condições físicas foram apontados tanto na pergunta sobre
as dificuldades quanto nos pontos negativos.
Apesar de existirem muitas correções a serem fei-
tas nesta ferramenta utilizada no processo de formação profissional, pode-se observar que a grande maioria dos alunos não só descreveu a experiência do
estágio como um divisor de águas em sua capacitação
como também sugeriu o aumento da carga horária
empregada bem como a inserção desta experiência
em outros períodos do currículo.18
Conclusão
Após a análise qualitativa das respostas podemos
concluir neste estudo que:
1. A realização do estágio com o suporte do preceptor, aparece como recurso que contribui para
ampliar a experiência e vivência do aluno, oportunizando a aquisição de novos conhecimentos, que
terão aplicabilidade na prática diária do futuro
profissional.
2. Percebe-se que esta atividade gerou uma aproximação significativa entre os alunos e o Sistema
Único de Saúde, podendo, tal fato, contribuir para
melhor compreensão do mesmo e atuação mais
eficiente.
3. É dever das IES estabelecer uma interlocução
positiva entre o serviço e os futuros profissionais
de saúde bem como desenvolver mecanismos de
capacitação/atualização dos preceptores, utilizando os projetos públicos vigentes (PROMED, PróSaúde, UNA-SUS, PET Saúde).
Abstract
Student assessment of the contribution of the
instructor and internship to the training of
undergraduate students at FO UERJ
The aim of this study was to analyze how the instructor and internship in the public healthcare system contribute to impacting the academic training of
undergraduate students from the School of Dentistry,
State University of Rio de Janeiro, through the “PróSaude” program. An analysis was made of 95 evaluation questionnaires usually distributed to undergraduate students at the end of their academic term. These
questionnaires evaluate the contribution of the instructor and of the service-providing internship to the
student’s undergraduate training, both positive and
negative aspects of the experience, and also garner
suggestions. According to the replies obtained, we
can conclude that the internship given with the support of the instructor was rated as a resource that
contributes to broadening the student’s experience.
Moreover, this internship offers students a greater
opportunity to develop a closer relationship with the
Revista da ABENO • 11(2)57-62
61
Análise discente da contribuição do preceptor e do estágio na formação do aluno de graduação
da FO UERJ • Souza MIC, Maia KD, Jorge RR, Berlink T, Ramos MEB
SUS (Brazilian Unified Healthcare System), and to
establish greater integration between academia and
service-rendering to foster the development of training mechanisms for public healthcare professionals
through the public projects currently in place.
movimento de mudança. São Paulo: Hucitec/ Buenos Aires:
Lugar Editorial/ Londrina:Editora UEL; 1999.
8 Cunha MI. Inovações pedagógicas: tempos de silêncios e possibilidades de mudanças. Interface Comun Saúde Educ
2003;7(13):149-52.
9 Sambunjak D, Straus SE, Marusic A. Mentoring in academic
Descriptors
Instructor. Health education. Teaching-learning
practice. §
medicine – a systematic review. JAMA 2006; 296(9):1103-1115.
10 Tsai JC, Lee PP, Chasteen S, Taylor RJ, Brennan MW, Schmidt
GE. Resident physician mentoring program in ophthalmology:
the Tennessee experience. Arch Ophthalmol 2006;124: 264-
Referências
267.
1 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 198/GM/MS. Diário Ofi-
11 Wullaume SM, Batista NA. O Preceptor na residência médica
cial da União nº 32/2004, Secção I. Brasil. Ministério da Saúde.
em Pediatria: principais atributos. Jornal de Pediatria 2000; 76
Pró-saúde: programa nacional de reorientação da formação
(5):333-338.
profissional em saúde /Ministério da Saúde, Ministério da
12 Souza AM de A, Galvão E de A, Santos I dos, Roschke MAC.
Educação. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. 77 p. (Série C.
Processo educativo nos serviços de saúde. Brasília (DF): OPAS;
Projetos, Programas e Relatórios).
1991. [Série Desenvolvimento de Recursos Humanos, 1]
2 Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educa-
13 Trajman A, Assunção N, Venturi M, Tobias D, Toschi W, Brant
ção. Resolução CNE/CES nº 4, de 07/11/2001. Diretrizes
V.A preceptoria na rede da Secretaria Municipal de Saúde do
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina.
Rio de Janeiro: opinião dos profissionais de Saúde. Rev Brás
Brasília: Câmara de Educação Superior; 2001.
Educ Méd. 2009; 33 (1): 24 – 32.
3 Bagnato M. Inovações Pedagógicas na Educação Superior em
Saúde: algumas reflexões. 2005. Disponível < [email protected] > PRAESA-Laboratório de Estudos e Pesquisas em
Práticas de Educação e Saúde. Acesso em: 13 out. 2008.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Pró-saúde: programa nacional de
reorientação da formação profissional em saúde /Ministério
da Saúde, Ministério da Educação. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. 77 p. (Série C. Projetos, Programas e Relatórios).
5 Botti SHO, Rego S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais
são seus papéis? Revista Brasileira de Educação Médica. 32
(3):363-373;2008.
6 Missakal, H, Ribeiro VMB. Preceptoria na formação médica:
subsídios para integrar teoria e prática na formação profissional – o que dizem os trabalhos nos congressos. VII Enpec –
Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 8
14 Batista N et al. Problem-solving approach in the training of
healthcare Professional. Rev Saúde Pública 2005; 39(2) 1-7.
15 Colliver JA. Effectiveness of problem-based learning curricula:
research and theory. Acad Med 2000;75:259-66.
16 Abreu Neto, I. P. et al.. Percepção dos Professores sobre o Novo
Currículo de Graduação da Faculdade de Medicina da UFG
Implantado em 2003. Revista Brasileira de Educação Médica,
Rio de Janeiro, v. 30, n. 3, p. 154–160,maio/ago.,2006. (http://
www.scielo.br/pdf/rbem/v30n3/05.pdf)
17 Araujo MNT. ARTICULAÇÃO COM A REDE BÁSICA DO SUS:
CONSTRUÇÃO DE PARCERIA. Revista Brasileira de Educação Médica 2008; 32 (3):440, jul./set.
18 Stella R. O ensino médico precisa ser reformulado. Jornal MEDICINA, Brasília, CFM, 1999.
de novembro de 2009.
7 Almeida M, Feurwerker L, Llanos M. A educação dos profis-
Recebido em 07/07/2011
sionais de saúde na América Latina: teoria e prática de um
Aceito em 25/07/2011
62
Revista da ABENO • 11(2)57-62
Estágios curriculares no SUS:
experiências da Faculdade de
Odontologia da UFRGS
Cristine Maria Warmling*, Eloá Rossoni*, Fernando Neves Hugo**, Ramona Fernanda
Ceriotti Toassi***, Vânia Aita de Lemos****, Sonia Maria Blauth de Slavutzki*****,
Solange Bercht*****, Ângela Antunes Nunes******, Arisson Rocha da Rosa*******
* Doutora em Educação, Docente FO/UFRGS
** Doutor em Saúde Coletiva, Docente FO/UFRGS
*** Doutora em Educação, Docente FO/UFRGS
***** Mestre em Odontologia, Docente Licenciada FO/UFRGS
****** Doutora em Odontologia, Docente FO/UFRGS
**** Doutora em Saúde Coletiva, Docente FO/UFRGS
******* Especialista em Odontologia em Saúde Coletiva, Docente FO/UFRGS
Resumo
Um dos objetivos principais das propostas de mudança de paradigma no ensino odontológico do país
tem sido o de conformar o perfil profissional do cirurgião-dentista de modo a torná-lo mais ajustado às
exigências ditadas pelo Sistema Único de Saúde. Mas
esse é um modelo de formação incipiente e que ainda carece de consensos em torno do modo como formar esses profissionais. O objetivo deste artigo é descrever e avaliar processos pedagógicos, técnicos e
políticos produzidos no percurso de implantação dos
estágios curriculares de odontologia da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, apontando aspectos envolvidos nas experiências de reorientação da formação do cirurgião-dentista para sua atuação no Sistema Único de Saúde.
Foram analisadas produções escritas e depoimentos
de docentes, documentos e relatórios institucionais
e pesquisas escolares. As redes de atenção e ensino
em saúde bucal encontram-se em processo de estruturação, desafios precisam ser superados: expansão
limitada da atenção primária à saúde e, consequentemente, dos campos de estágios; necessidade de
avanços nas discussões sobre o papel, atribuições e
institucionalizações do preceptor/trabalhador e do
tutor/docente; as incompreensões, ainda persistentes, a respeito dos estágios, tanto na instituição de
ensino superior como na gestão e nos serviços do SUS;
questões de financiamento; discurso hegemônico da
clínica liberal-privatista e seus reflexos no embate
constante entre tutores/preceptores e discentes; limites impostos pelo desenho fragmentado da rede
de atenção em saúde.
Descritores
Ensino. Educação. Estágio. Atenção primária à
saúde. Saúde bucal. Extensão comunitária.
A
III Conferência Nacional de Saúde Bucal (III
CNSB), em 2004, apresentou o seguinte diagnóstico sobre a formação de trabalhadores para a área
da odontologia:
• há dissociação entre ensino e realidade brasileira,
e também,
• falta de debate social sobre características políticas
e técnicas dos profissionais formados.
A superação desses problemas, na opinião dos
conferencistas, passa por redefinir o modelo de formação, integrar docência serviço e pesquisa, estimular parcerias entre Instituições de Ensino Superior
(IES) e Secretarias Estaduais (SES) e Municipais de
Saúde (SMS), estabelecer novos mecanismos de avaliação dos cursos e realizar capacitação dos profissionais de saúde.6
Um dos objetivos principais das propostas de mudança de paradigma no ensino odontológico do país
tem sido o de conformar o perfil profissional do ci-
Revista da ABENO • 11(2)63-70
63
Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM,
Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR
rurgião-dentista de modo a torná-lo mais ajustado às
exigências ditadas pelo Sistema Único de Saúde
(SUS).4 As novas experiências curriculares dos cursos
de odontologia devem proporcionar aos acadêmicos
atuar nos serviços de saúde do SUS. Para isso, nos
municípios e também nos estados as redes de instituições de ensino e de serviço se integram através da
operacionalização de ações de integração ensinoserviço-comunidade.29
A experiência vivenciada pela Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (FO/UFRGS) é um exemplo a ser estudado
quando se quer compreender de que modo essas
transformações tem ocorrido. Essa instituição pública tem pautado seu projeto político pedagógico baseando-se no panorama político nacional. Procurou
reorganizar seu currículo para, dentre outros objetivos, integrar atividades acadêmicas com o mundo do
trabalho no SUS. Os estágios curriculares supervisionados recebem papel de destaque neste sentido. Nas
novas proposições curriculares houve aumento substancial de carga horária para a realização dos estágios
nos SUS. Desde o ano de 2006, os estágios têm sido
implantados de forma progressiva, buscando propiciar aos estudantes do curso a inserção nos serviços
de Atenção Primária à Saúde (APS) através da atuação em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e de Estratégia de Saúde da Família (USF/ESF), assim como,
em serviços de Gestão e Atenção Especializada na
Saúde Bucal.1,15
A implantação das mudanças curriculares da FO/
UFRGS, que ocorre desde 2005, e especialmente dos
estágios curriculares, tem sido objeto de debate e avaliação em diferentes momentos institucionais, incluindo pesquisas. Resultam desse processo documentos e relatórios. Recentemente, por exemplo, se
realizou uma oficina de avaliação curricular com a
participação de gestores, usuários, controle social,
preceptores, tutores, docentes e discentes. Durante a
oficina os inúmeros desafios cotidianos que acompanham as mudanças curriculares e a realização dos
estágios curriculares foram discutidos, analisados e
relatados.26
Nesse contexto, o objetivo deste artigo é descrever e avaliar processos pedagógicos, técnicos e políticos produzidos no percurso de implantação dos
estágios curriculares de odontologia da FO/UFRGS,
apontando aspectos envolvidos nas experiências de
reorientação da formação do cirurgião-dentista para
sua atuação no SUS. Para isso foram analisadas produções escritas e depoimentos de docentes, docu64
mentos, relatórios institucionais e resultados de pesquisas acadêmicas.
Estágios curriculares no SUS:
intermediação entre mundo do
trabalho e mundo acadêmico
Os novos percursos curriculares da graduação em
odontologia devem dar conta de formar perfis profissionais predominantemente generalistas, mas esse
é um modelo de formação incipiente e que ainda
carece de consensos em torno do modo como formar
esses profissionais. Em sua trajetória histórica desde
a sua emergência enquanto ensino autônomo da medicina, inúmeras reformulações curriculares tem sido
realizadas com divergentes objetivos de acordo com
os contextos sociais.18,28 Para se construir, portanto,
referenciais teóricos que possibilitem análises das mudanças na formação do cirurgião-dentista na atualidade, é preciso, antes de tudo, perguntar-se, lembra
Bercht (2008): Qual a natureza da sociedade atual?
E, como é que o trabalho do cirurgião-dentista deve
se estabelecer em relação a ela?
Há uma nítida crise no mundo do trabalho, a palavra crise entendida aqui, como uma séria mudança
que se manifesta em inúmeros aspectos:
• o desemprego estrutural,
• o trabalho morto (feito por máquinas),
• a contratação temporária e
• a precarização das condições de trabalho,
Enfim, a perda de garantias, ou seja, do próprio
“direito” ao trabalho como uma forma de inserção
social.
A crise do trabalho, da morfologia do trabalho, é
também a crise da sociedade e do capitalismo contemporâneos, mostrando suas interfaces de insuficiências e inadequações.1
As mudanças mundiais do trabalho ocorridas no
último século – sociais, políticas, econômicas, culturais e tecnológicas – afetam o cotidiano da prática
odontológica e produzem desafios para a educação
nesse campo. Diante da inadequação dos saberes fragmentados, frente a realidades de trabalho cada vez
mais complexas e globais, emerge a necessidade de
maior articulação entre conhecimentos e práticas. A
hiperespecialização impede de ver o global, pois o
fragmenta em parcelas. Segundo Montaigne, mais
vale uma cabeça bem-feita que bem cheia. Cabeça
bem-feita exige aptidão para colocar e tratar problemas, capacidade de ligar os saberes e lhes dar sentido.
Reformar o ensino é reformar pensamentos.16
Revista da ABENO • 11(2)63-70
Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM,
Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR
A questão que se impõe para a odontologia é,
então, como produzir cabeças bem feitas? Quais as
competências e habilidades necessárias ao novo perfil profissional do cirurgião-dentista generalista, e
principalmente, como desenvolvê-las nos cursos de
graduação em odontologia? O estágio pode constituir-se em um lócus privilegiado de aprendizado e de
transformação na interface trabalho e mundo do
saber?
O texto constitucional da Resolução CNE/CES N.
3, de 19 de fevereiro de 2002, contém a política curricular atual para os cursos de graduação em odontologia. Estabelece que a formação do cirurgião-dentista deve contemplar o sistema de saúde vigente no país,
a atenção integral da saúde num sistema regionalizado e hierarquizado de referência e contra-referência
e o trabalho em equipe.4
Conectado com as políticas no campo da educação e da saúde o projeto político-pedagógico da FO/
UFRGS identificou a necessidade de constituição de
novos paradigmas de ensino-aprendizagem para compor os diferentes momentos do percurso de formação
dos alunos. Orientou a formação de um perfil profissiográfico mais ajustado ao que propõem as novas
diretrizes curriculares nacionais para os cursos de
graduação em odontologia.20
No percurso da operacionalização da aproximação entre o ensino de graduação na área da saúde e
o SUS destacam-se dois programas nacionais:
• Programa Nacional de Reorientação da Formação
Profissional em Saúde (Pró-Saúde) e
• Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pet-Saúde).8,9
Esses programas têm por finalidade estimular os
processos de reformulação dos cursos da área da saúde enfatizando a inserção das ações de formação desses cursos nos serviços do SUS. Expressam uma operacionalização dos princípios contidos nas políticas
mais gerais do ensino e da saúde. A FO/UFRGS obteve financiamento para o desenvolvimento desses
dois projetos que estimulam a integração ensinoserviço-comunidade no curso.
No resumo do projeto do Pró-saúde da FO/UFRGS está a intenção de direcionar a reformulação curricular para a aproximação da formação que se desenvolve na faculdade de odontologia com o SUS. O
Pró-Saúde da FO/UFRGS foi estruturado a partir de
um diagnóstico da inserção da Faculdade no SUS,
tanto na perspectiva histórica, como a partir do novo
projeto político pedagógico. Uma nova matriz curri-
cular foi estabelecida atendendo as Diretrizes Curriculares para os cursos de Odontologia. Tanto os
­objetivos do curso como a sua estrutura didático-pedagógica voltaram-se para aproximar a formação profissional dos serviços.23
As duas Cartas Acordo estabelecidas entre a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS) e a Organização Pan-Americana
da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/
OMS) estabelecem os termos de aproximação entre
a Faculdade de Odontologia e o SUS, definindo três
eixos de orientação.
• Teórico: promover um Núcleo de Educação Permanente, consolidar um conceito de processo
saúde-doença, resgatar o Centro de Pesquisa em
Odontologia Social, criar banco de dados de base
populacional, realizar avaliação sistemática, ampliar e diversificar a pós-graduação em direção ao
SUS, constituir-se em ferramenta de disseminação
de conhecimento.
• Prático: proporcionar condições de contextualização do SUS e capacidade crítica para mudanças,
integrar-se aos serviços do SUS em todos os níveis
de complexidade, oportunizar aprendizado no
método clínico e de gestão.
• Pedagógico: organizar espaço multiprofissional
sobre atenção primária, ter a Estratégia Saúde da
Família como referencial prático, capacitar corpo
docente, organizar espaços de encontro e de formação ético-político-pedagógica aos docentes e
profissionais de saúde envolvidos no curso.21,22
De acordo com a nova matriz curricular o envolvimento com a rede de serviços deve ocorrer já no
primeiro semestre do curso, este comprometimento
é gradativo, sendo que o maior número de créditos
planejados se dá nos dois últimos semestres quando
os estágios forem desenvolvidos como principal atividade formativa discente.23
O propósito dos estágios curriculares da FO/UFRGS é constituir experiências de educação no trabalho
através das quais os estudantes compreendam as conformações das redes de atenção à saúde que compõem o SUS.19 Para cumprir este objetivo os estágios
são realizados no último ano do curso de odontologia
(nono e décimo semestre) possuindo 465 horas de
duração cada um deles. Em cinco turnos da semana
os estudantes dispersam-se nas unidades de saúde e
em serviços de atenção especializada do SUS municipal, sempre acompanhados por um preceptor cirurgião-dentista trabalhador. Em um turno semanal
Revista da ABENO • 11(2)63-70
65
Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM,
Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR
concentram-se na FO/UFRGS quando sob a orientação de docentes/tutores realizam atividades curriculares programadas tais como:
• debates temáticos com palestrantes convidados e
docentes;
• apresentação de seminários;
• discussão de projetos terapêuticos singulares;
• relatos e discussão de situações vivenciadas;
• oficinas integração ensino-serviço;
• apresentação e discussão de relatórios do estágio.
Há ainda o turno dedicado a tutoria quando grupos menores focam-se em refletir e discutir com os
seus respectivos tutores situações da realidade em que
estão inseridos.24,27
Quando a academia se aproxima do mundo do
trabalho para ensinar saúde pública, deve fazê-lo de
forma construtiva, para auxiliar na busca de soluções
cientificamente viáveis e eticamente comprometidas
com o humano. O ensinar no SUS não pode ser reduzido ou entendido como uma tentativa de sanar as
precariedades do sistema, quanto a recursos humanos, por exemplo, ou, por que “lá não tem ninguém
para atender as pessoas”.
Educação permanente e a formação
do cirurgião-dentista
Esse contexto de transformação e aproximação
do ensino ao SUS trouxe consigo, portanto, a necessidade de construir processos de discussão que visem
ampliar a compreensão dos serviços sobre o ensino e
vice versa. A educação permanente é um processo
construído pelo setor saúde para efetuar essas relações orgânicas entre o ensino e as ações e serviços e
entre docência e a atenção à saúde, com o intuito de
superar programas de capacitações e atualizações
para os trabalhadores da saúde. O desafio da educação permanente está em reduzir a distância entre
escolas, serviços e comunidades.1,12,13
Percebendo a responsabilidade da instituição de
ensino na educação permanente dos trabalhadores/
preceptores que atuam nos estágios, a FO/UFRGS
tem desenvolvido projetos com este objetivo. Um
exemplo foi uma ação de extensão universitária realizada em 2010 com o objetivo de oportunizar ainda
mais a integração entre a FO/UFRGS e o SUS municipal. Os trabalhos se desenvolveram através de oficinas e debates em que participaram trabalhadores de
nível superior, médio e fundamental da atenção básica, usuários, líderes comunitários, estudantes da
graduação e da pós-graduação e docentes. Os objeti66
vos e a dinâmica de funcionamento do estágio estiveram articulados com a ação de extensão em educação
permanente realizada.29
Os cenários de aprendizado no SUS problematizados nas oficinas e debates da FO/UFRGS foram as
redes de atenção à saúde do município de Porto Alegre. Organizou-se um cronograma para os encontros
e a escolha das temáticas abordadas foi realizada pelo
grupo de docentes condutores da ação priorizando-se
pautas da PNSB:
• SUS,
• políticas de saúde bucal,
• resiliência e trabalho com famílias,
• vigilância e educação na saúde bucal,
• participação comunitária e controle social.
Estes temas serviram como mote para a problematização das práticas de atenção primária à saúde.
Conduzindo os debates estavam gestores da saúde
bucal das três esferas governamentais, docentes e
trabalhadores com experiência nas temáticas discutidas e representantes do conselho municipal de
saúde.29
Com o intuito de avaliar essa ação foi enviado via
correio eletrônico aos preceptores a seguinte pergunta: “Como as oficinas realizadas contribuíram com os
serviços e preceptoria?” A análise temática das respostas dos preceptores apontou que as atividades da educação permanente serviram para:
• trocar informações e experiências,
• fortificar conhecimentos,
• refletir sobre a realidade,
• promover ideias para projetos,
• partilhar experiências,
• saber como os outros serviços executam as normas
editadas pela SMS,
• integrar a academia e o serviço,
• aproximar e valorizar os profissionais da rede,
• ampliar nossos conhecimentos,
• conectar mais efetivamente a teoria e a realidade
dos serviços e espaço de reflexão.25
A ação de educação permanente foi realizada por
meio de problematizações do cotidiano dos serviços
de saúde e permitiu a construção e reconstrução reflexiva das práticas em saúde. Os resultados das discussões propiciaram uma visão de como está ocorrendo a formação no serviço, suas potencialidades e
desafios de transformação da realidade e ofereceram
subsídios para se refletir sobre estratégias técnicas,
pedagógicas e políticas mais ajustadas.25
Revista da ABENO • 11(2)63-70
Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM,
Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR
Maquinarias de produção de
autoria: diários de campo
Os desafios que se impõem ao ensino no trabalho
poderiam ser apresentados como apenas teóricometodológicos, porém, tornam-se éticos na medida
em que os espaços de trabalho/ensino envolvem elementos que servem de instrumento para as escolhas
morais e éticas dos sujeitos.
Nesta perspectiva, o uso dos diários de campo permite um acompanhamento processual do envolvimento do aluno com seu campo de estágio. É espaço
de registro de realidade, de descrição de relações interpessoais no mundo do trabalho, de interpretação
de acontecimentos e enfrentamentos a partir da análise do referencial teórico dado em aula e, finalmente, de reflexão e expressão subjetivas. Sistematicamente se cria outras ideias, compartilhadas e
discutidas com o grupo de colegas, tutores e preceptores. Essa busca expande o espaço do trabalho tornando o diário de campo obra particular do aluno.
Esse jogo de constituição de autoria permite também
enfrentar possibilidades e dificuldades do percurso
ético, teórico e metodológico travado pelo aluno. É
a tentativa de uma subjetivação diferente, muito necessária no ensino no trabalho.
Os diários de campo, territórios de vivências tanto
do discente quanto do docente, proporcionam a confecção de cartografias que criam possibilidades de
novos olhares e análises. Em conjunto com outras
atividades desenvolvidas nos estágios visam uma apropriação do eu em relação com os outros e com o mundo propiciando oportunidades de construção de racionalidades éticas.
A autonomia é entendida como certa medida de
possibilidades de ação que permitam escolhas e responsabilidades, como algo que se assume gradativamente em virtude da apropriação de sua parte nos
acontecimentos e ligado intrinsecamente à noção que
se adquire de si e de suas possibilidades de escolha.
Trabalhar com a confecção de diários de campo
não é fácil, pois quanto mais esta técnica pedagógica
é bem sucedida mais autoria possui o aluno exigindo
um processo intenso de discussão com o professor e
com o grupo. A quantidade de material elencado e a
qualidade de sua análise aumenta gradativamente,
gerando uma riqueza de conteúdos que pode dificultar a apreciação, exigindo tempo e concentração na
análise das obras, cabendo reconhecer que o sucesso
está ligado ao fato do crescimento do aluno escapar
às possibilidades de sua avaliação. O que extravasa ao
controle e a condução, enfim, a possibilidade de ir
além do exigido e de surpreender é que possibilitam
aos alunos a autonomia necessária à gestão do seu
processo de aprendizado e a negociação com o processo de aprendizado dos seus colegas. A reflexão
ética com esta proposta teórico-metodológica compõe um cenário onde são permitidos que os elementos identidários e de alteridade se encontrem e negociem entre si.
A tensão entre os mundos do ensino e do trabalho
passa a constituir um foco de análise. Antes, o diário
íntimo não passava de algo relativo à personalidade,
agora, as relações da posição do pesquisador-estagiário passam a ser constituídas na interação vida-ciência.
Projetos terapêuticos singulares:
cultivo do cuidado clínico.
As mudanças curriculares que vem sendo realizadas nos cursos de formação dos cirurgiões-dentistas
brasileiros nos últimos anos procuram imprimir renovação à prática odontológica. Essa produção de
novas práticas cuidadoras em saúde bucal exige o
agenciamento de novos saberes e métodos.17
Campos (2008) destaca a necessidade de se reformarem saberes e práticas com o intuito de aproximar
a clínica da saúde coletiva. Esta ampliação da clínica
deve ser entendida enquanto transformação da atenção individual e coletiva, de forma que se possibilite
que outros aspectos do sujeito, e não apenas o biológico, possam ser compreendidos e trabalhados pelos
profissionais. Os objetivos da clínica ampliada visam
à produção de saúde e o aumento do grau de autonomia do usuário, família e da comunidade.11
Os estágios motivam integrações entre os campos
da clínica e da saúde coletiva. Assim, na educação no
trabalho, como na vida, integram-se conhecimentos
técnicos ou clínicos e uma gama de temas e discussões
que se referem ao campo da saúde coletiva, tal como
no conceito de clínica ampliada.
Compreende-se clínica ampliada como uma clínica humanizada e compromissada, que não se limita
ao que ocorre no consultório, pois considera aspectos
sociais e culturais. Usa critérios mais subjetivos e éticos, pratica a escuta e a integração, levando em conta
angústias, aflições, medos, preocupações e anseios
dos pacientes. A contemporaneidade tem cobrado
uma maior humanização das práticas odontológicas
e os estágios trabalham nesta perspectiva ao desenvolverem o conceito de clínica ampliada com os alunos.
Junto a este contexto emerge a necessidade do
uso e criação de novos processos de ensino-aprendizagem que possam dar conta dos desafios das trans-
Revista da ABENO • 11(2)63-70
67
Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM,
Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR
formações curriculares hoje vivenciadas nos cursos de
odontologia. A possibilidade de construção de projetos terapêuticos singulares, por exemplo, assume um
papel importante neste sentido. O objetivo é permitir
a sistematização de experiências entrelaçando histórias de situações de saúde e doença bucal vivenciadas
por comunidades, famílias e/ou indivíduos e diferentes possibilidades de gestão da clínica odontológica.
As histórias se desenvolvem de maneira a permitir que
os discentes possam exercitar o enfretamento de situações de saúde e doença bucal compreendendo a
interação entre questões sociais, políticas e culturais
mais abrangentes com o planejamento e execução de
projetos terapêuticos singulares em saúde bucal inseridos nas redes de atenção à saúde.
Uma clínica que se torna ampliada, portanto,
também a partir da incorporação dos sujeitos do
cuidado (e de suas singularidades) como atores/
agentes das propostas terapêuticas construídas. Os
estágios, mesmo quando se dispõe sobre atenção
especializada, produzem novos sentidos e outras formas de pensar o trabalho, avançando em muitos
aspectos nas proposições da Política Nacional de
Saúde Bucal.
Um dos intuitos é estimular movimentos de integração entre temas ministrados nas disciplinas dos
semestres iniciais dos cursos de odontologia com os
estágios curriculares supervisionados realizados nos
semestres finais. Compreende-se o projeto terapêutico singular como um “conjunto de propostas e de
condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito
individual ou coletivo, resultado da discussão coletiva”. Didaticamente os seguintes momentos são vivenciados:
• Diagnóstico: avaliação das condições de vida e de
saúde e doença dos indivíduos possibilitando a
identificação da sua situação de vulnerabilidade.
Procurando sempre captar se contexto: o trabalho, a cultura, a família e a rede social.
• Definição de propostas e metas: construção de
propostas de curto, médio e longo prazo, e negociação com o indivíduo. Definição de tarefas e
responsabilidade.
• Reavaliação: acompanhamento e discussão sobre
a evolução da situação e as devidas correções de
rota.7
A criação dos projetos terapêuticos singulares em
saúde bucal obedece aos princípios e diretrizes do
processo de trabalho em saúde bucal contidos na política nacional de saúde bucal, assim como, as carac68
terísticas da organização da atenção da saúde bucal
segundo os ciclos de vida.5
Desafios dos estágios no SUS
Se o estágio pautar-se pelo senso comum de “na
prática a teoria é outra”, de lócus privilegiado de
aprendizado ele se transforma em lócus privilegiado
da construção esquizofrênica do cuidador. O mundo
da vida, das relações, das representações, dos afetos,
das hierarquias, o sistema de signos, símbolos, a historicidade da instituição, necessariamente, a definem enquanto local de estágio. A circulação da palavra, o grau de democracia, o tipo de gestão,
inclusive a gestão do sofrimento no trabalho são
questões que deverão ser discutidas. As redes de subjetividades, a autodeterminação, as podencialidades
e os limites da instituição, dos sujeitos e atores sociais. A presença e o manejo dos conflitos laborais.
Deve-se ter a noção que a instituição é o lugar de
movimento e não de cristalização. O campo de estágio deve propiciar a vivência da alteridade enquanto
questão sócio-política, portanto, potencializadora
do humano.
Considerando que as redes de atenção e ensino
em saúde bucal ainda encontram-se em processo de
estruturação, as experiências de estágios no SUS vivenciadas pela FO/UFRGS apresentam desafios a
serem superados. Alguns deles podem ser assim delineados:
• a expansão limitada da APS e, consequentemente,
dos campos de estágios;
• a necessidade de avanços nas discussões sobre o
papel, atribuições e institucionalizações do preceptor/trabalhador e do tutor/docente;
• as incompreensões, ainda persistentes, a respeito
dos estágios, tanto na IES como na gestão e nos
serviços do SUS;
• as questões de financiamento;
• o discurso hegemônico da clínica liberal-privatista e seus reflexos num embate constante entre
tutores/preceptores e discentes;
• os limites impostos pelo desenho fragmentado da
rede de atenção em saúde.
A integração do ensino no serviço é eixo fundamental dos processos de mudanças que vem ocorrendo tanto no ensino superior como nos modelos e
práticas públicos. Porém para que isso seja possível
torna-se necessário a análise e divulgação de como
essas experiências vêm sendo desenvolvidas, seus embates e suas conquistas.
Revista da ABENO • 11(2)63-70
Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM,
Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR
Abstract
Curriculum internships in SUS: experiences of the
School of Dentistry of UFRGS
One of the main objectives of the proposed paradigmatic shift in dental education in the country has
been to shape the professional profile of the dentist in
order to make it more suited to the needs dictated by the Brazilian Public Health System (SUS). However, this dental education model is still being shaped
and there is no consensus in respect to how these
professionals should be trained. The aim of this article was to describe and evaluate the pedagogical,
technical and policy processes created over the course
of implementing the new curricular dental internships at the School of Dentistry of the Federal University of Rio Grande do Sul. The paper also discusses the aspects involved in redirecting dental
professional training towards SUS operations. Written and oral works of the teaching staff, documents and institutional reports, as well as school research were all analyzed. Professional
education / health service integration is the fundamental axis of the changes in the processes taking
place both in higher education and public health
service actions. However, in order for such processes
to take place in effect, it is necessary to analyze and
disseminate how these experiences have developed,
examining the struggles and the achievements encountered along the way.
ço de 2002. Seção 1, p. 10. Disponível em: < http://portal.mec.
gov.br/cne/arquivos/pdf/CES032002.pdf > . Acesso em: 1
nov. 2010.
5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de
Saúde Bucal. Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal.
Brasília; 2004. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/politica_nacional_brasil_sorridente.pdf > .
Acesso em: 1 nov. de 2010.
6. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Relatório Final da III Conferência Nacional de Saúde Bucal. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. Disponível em: < http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/Relatorios/saude_bucal.
pdf > . Acesso em: 1 nov. 2010.
7. Brasil. Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Clínica
ampliada, equipe de referência e Projeto terapêutico singular.
2.ª ed. Série B. Textos Básicos de Saúde Brasília − DF; 2007.
8. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa
Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde
– Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial. Brasília: Ministério da Saúde; 2007. Disponível
em: < http://www.prosaude.org > . Acesso 5 jan. 2011.
9. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho
e da Educação na Saúde. Programa de Educação pelo Trabalho
para a Saúde – PET-SAÚDE. 2009a. Disponível em: < http://
www.prosaude.org/not/prosaude-maio2009/resumoPETSAUDE-29-04-09.pdf > . Acesso em: 2 jun. 2010.
10. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria/GM/MS no1.966, de 20
de agosto de 2007. Dispõe sobre as diretrizes para a implemen-
Descriptors
Education. Training. Primary health. Oral health.
Community outreach. §
tação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde
e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília; 2007.
11. Campos GWS. Clínica e saúde coletiva compartilhadas: teoria
Referências
Paidéia e reformulação ampliada do trabalho em saúde. In:
1. Antunes, R (org.). Riqueza e miséria do trabalho no Brasil. São
Campos GWS, Minayo MCS, Akerman M, Júnior MD,Carvalho
Paulo: Editora Boitempo. Coleção Mundo do Trabalho. 2006.
YM. Tratado de Saúde Coletiva. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 2008.
2. Bercht, S. Contribuições para o estágio extra-muros da Facul-
Cap. 2, p. 41-80.
dade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande
12. Ceccim RB. Onde se lê Recursos Humanos da Saúde, leia-se
do Sul. Texto mimeografado. Departamento de Odontologia
Coletivos Organizados de Produção da Saúde: Desafios Para a
Preventiva e Social. Faculdade de Odontologia Universidade
Educação. In: Pinheiro R, Mattos RA. (Orgs.) Construção So-
Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2008.
cial da Demanda. Rio de Janeiro: CEPESC/UERJ: ABRASCO,
3. Brasil. Ministério da Saúde. Lei nº 8.080, de 19 de setembro
2005. p.161-80.
de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção
13. Lampert JB. Avaliação do processo de mudança na formação
e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
médica. In: Marins JJN. e outros (Orgs.). Educação médica em
serviços correspondentes e dá outras providencias. Diário Ofi-
transformação: instrumentos para a construção de novas rea-
cial [da] República Federativa do Brasil, Brasília; 20 set. 1990.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
lidades. São Paulo: Hucitec, 2004. p.245-66.
14. Lemos VMA. Disciplina Estágio de Saúde Pública II. Apresentação Oral Oficina ABCD. Porto Alegre; 2009.
L8080.htm > . Acesso em: 1 nov. 2010.
4. Brasil. Ministério da Educação e do Desporto CNE. Resolução
15. Lemos VMA, Nunes AA, Rosa RA, Rossoni E, Slavutzky SMB,
CNE/CES 3/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 4 de mar-
Toassi RFC, Warmling M. Integração ensino-serviço-comuni-
Revista da ABENO • 11(2)63-70
69
Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS • Warmling CM,
Rossoni E, Hugo FN, Toassi RFC, Lemos VA, Slavutzki SMB, Bercht S, Nunes AA, Rosa AR
dade no estágio da atenção básica da FOUFRGS: desafios e
perspectivas. In. ABENO. Anais 45ª Reunião da Associação
Brasileira de Ensino Odontológico. Disponível em: < http://
Disponível em: http://www.ufrgs.br/odonto/ Acesso em junho de 2011.
23. Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de
=com_
Odontologia. Resumo do pró-saúde faculdade de odontologia
content&view=article&id= 97:resumos-dos-trabalhos-
da Ufrgs. 2009. Disponível em: http://www.prosaude.org/
apresentados&catid= 42:avisos > . Acesso em: 20 jan. 2011.
odo/resumo/UFRGS_ODO.pdf Acesso em: 01 novembro de
w w w. a b e n o . o r g . b r / i n d e x . p h p ? o p t i o n 16. Morin E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o
pensamento. Trad. JACOBINA, E. 8 ed. Rio de Janeiro:Bertrand
2010.
24. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de
Odontologia. Departamento de Odontologia Social e Preven-
Brasil; 2003.
17. Narvai PC. Saúde bucal coletiva: um conceito. Odontologia e
tiva. Estágio Curricular Supervisionado I da Odontologia. Plano de Ensino Estágio Curricular Supervisionado I da Odonto-
Sociedade, São Paulo. 2001, 3 (1/2): 47-52.
18. Toassi RFC. O embate do processo de implantação de um cur-
logia 2010/01. Porto Alegre; 2010a.
rículo modular na Educação Superior: o curso de Odontologia
25. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de
da UNIPLAC, Lages – SC. 2008. 188 f. Tese (Doutorado em
Odontologia. Departamento de Odontologia Social e Preven-
Educação) – Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade
tiva. Estágio Curricular Supervisionado I da Odontologia. Re-
Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; 2008.
sultados avaliação preceptores 2010.01. Porto Alegre; 2010.
19. Toassi RFC et al.. Integração ensino-serviço-comunidade: o
26. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de
estágio na atenção básica à saúde na graduação em odontolo-
Odontologia. Relatórios Oficina de Integração ensino e servi-
gia. Apresentação Oral. Salão de Ensino UFRGS. Porto Alegre;
ço 2010. Porto Alegre; 2010. Disponível: < http://www.ufrgs.
2010.
br/odonto/ > . Acesso em: 10 mar. 2011.
20. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de
Odontologia. Projeto Político Pedagógico. Porto Alegre; 2005.
Disponível em < http//www.ufrgs.br/odonto/projeto_político.pdf > . Acesso em 16 jun. 2011.
21. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de
Odontologia. I Carta Acordo estabelecida entre a Fundação
de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(FAURGS) e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS). Porto Alegre; 2007.
Disponível em: < http://www.ufrgs.br/odonto > . Acesso em:
5 jun. 2011.
22. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de
Odontologia. II Carta Acordo estabelecida entre a Fundação
27. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de
Odontologia. Departamento de Odontologia Social e Preventiva. Estágio Curricular Supervisionado II da Odontologia.
Plano de Ensino Estágio Curricular Supervisionado II da
Odontologia 2011/01. Porto Alegre; 2011.
28. Warmling CM. Da autonomia da boca: práticas curriculares e
identidade profissional na emergência do ensino da odontologia brasileiro. Revista História Ciência e Saúde Manguinhos
(no prelo) Rio de Janeiro; 2011.
29. Warmling CM, Lemos VMA, Rossoni E, Toassi RF, Slavutzsky
SB, Rosa AR, Nunes AA. Educação permanente através da extensão universitária: oficinas e debates na FO/UFRGS. Texto
mimeografado. Escola de Saúde Pública. Porto Alegre; 2010.
de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
70
(FAURGS) e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organi-
Recebido em 07/07/2011
zação Mundial da Saúde (OPAS/OMS). Porto Alegre; 2009.
Aceito em 25/07/2011
Revista da ABENO • 11(2)63-70
Resumos
A inserção do acadêmico de
odontologia no PET-Saúde /
Vigilância em Saúde: relato de
experiência
Autores: Adriano de Aguiar Filgueira, Lívia
Cordeiro Portela Frota, José Renato
Rodrigues Alves, Sandra Maria Carneiro
Flor, Raimundo Vieira Dias, Cibely Aliny
Siqueira Lima Freitas, Maria Socorro
Carneiro Linhares, Ana Karine Macedo
Texeira
Instituição: Universidade Federal do Ceará
V
igilância em saúde foi definida por Waldman
(1998) como a observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças mediante
a coleta sistemática, consolidação e avaliação de informes de morbidade e mortalidade, assim como de
outros dados relevantes, e a regular disseminação dessas informações a todos os que necessitam dela. O
município de Sobral está localizado na região noroeste do estado do Ceará e conta com uma população
estimada de 182.430 habitantes, vem organizando o
serviço de vigilância em saúde de forma integrada
com a atenção básica e sua estrutura abrange ações
na área da vigilância epidemiológica, vigilância sanitária, vigilância nutricional, vigilância de saúde do
trabalhador, vigilância em saúde ambiental, vigilância
dos fatores biológicos de risco e a análise da situação
de saúde. Em 2010, o município de Sobral foi contemplado com o PET-Saúde / Vigilância em Saúde
(VS), onde juntamente com a Universidade Federal
do Ceará (UFC) e a Universidade Estadual Vale do
Acaraú (UVA) inseriram os 4 acadêmicos de medicina, 8 de enfermagem e 4 de odontologia no serviço
de vigilância em saúde, além de 4 preceptores do
serviço e 2 tutores. Com o Pet-Saúde/VS surge o
desafio de se trabalhar de forma interdisciplinar, possibilitando a integração ensino-serviço e a integração
do serviço de vigilância em saúde com a atenção básica. Autores apontam, que quanto maiores os índices
de interdisciplinaridade e maiores as pactuações interinstitucionais, quanto mais diversificados os cenários de aprendizagem, maior a instauração de possibilidades à integralidade das práticas em saúde, já que
a interdisciplinaridade é uma exigência para a integralidade (Feuerwerker; Sena, 1999; Feuerwerker,
2003; Garcia et al., 2007). Experiências de colabora-
ção interprofissional apontam como resultados o entusiasmo dos estudantes e a possibilidade dessas práticas serem instrumentos de mudanças no setor saúde
(Barreto et al., 2011). O objetivo desse trabalho é
relatar a inserção dos acadêmicos de odontologia no
PET-Saúde/VS no município de Sobral - CE. Os relatos apresentados são resultados das vivências dos acadêmicos de odontologia em um ano do PET-Saúde/
VS. O processo de trabalho no PET-Saúde/VS estruturou-se em três eixos:
• vivências teórico-conceituais,
• vivências no serviço e
• vivências de pesquisa.
Um dos objetivos desse projeto é estimular o raciocínio e a sensibilidade dos alunos a utilizarem-se
do conjunto de ferramentas e ações disponibilizadas
pela Vigilância em Saúde em suas rotinas, principalmente de atenção à saúde coletiva. Nos primeiros
meses de vigência do projeto, optou-se por realizar
uma imersão dos integrantes no serviço de vigilância
em saúde local, com o objetivo de conhecer e de se
apropriar do processo de trabalho dos profissionais
que ali atuam, além de reconhecer a importância da
vigilância no processo saúde-doença de uma população, além disso, foram propiciados momentos formativos para que os diferentes saberes fossem re-significados e potencializados para um campo comum. Os
acadêmicos se apropriaram das ferramentas para a
vigilância em saúde como os principais sistemas de
informação e os indicadores do pacto pela vida. A
partir de uma análise epidemiológica, foram identificados problemas e agravos de importância epidemiológica para o município de Sobral - CE e prioritários no Pacto pela Saúde, para serem trabalhados
no PET-Saúde/VS durante toda a vigência do projeto,
de modo que os acadêmicos pudessem contribuir
para a melhoria dos indicadores de saúde. Os problemas e agravos trabalhados pelos acadêmicos de odontologia de forma interdisciplinar com os demais estudantes e profissionais foram:
• AIDS,
• sífilis,
• hanseníase,
• tracoma,
• dengue,
• doença de chagas e
• mortalidade infantil.
Revista da ABENO • 11(2)71-87
71
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Com a escolha do tema a ser trabalhado o processo de trabalho seguiu o seguinte fluxo:
• análise de situação do agravo por meio do estudo
dos bancos de dados dos sistemas de informação,
de relatórios da vigilância epidemiológica do município e
• investigação direta nas unidades de saúde.
Em seguida, ocorreu a busca de referencial teórico, seja manuais, documentos ou normas técnicas que
permitisse um embasamento teórico para a operacionalização da vigilância dos problemas selecionados.
Depois, os acadêmicos foram a campo e vivenciaram
a realidade das ações de vigilância em saúde no município, desde a investigação e inquéritos epidemiológicos até o processamento de dados, além da realização de pesquisas, nesse momento foi possível
identificar algumas falhas no serviço, que serviu de
base para os acadêmicos elaborarem um projeto de
intervenção e operacionalizarem-no, visando transformar a realidade local e melhorar a qualidade das
ações de vigilância em saúde e com isso a obtenção
de indicadores de saúde mais confiáveis que realmente expressem a realidade das condições de saúde da
população, capaz de subsidiar o planejamento em
saúde e o desenvolvimento de políticas públicas de
saúde. A inserção do cirurgião-dentista na área de
vigilância em saúde ainda é incipiente e ainda vinculada a ações voltada para a saúde bucal, como o heterocontrole da fluoretação das águas de abastecimento público ou a vigilância dos fatores de risco dos
serviços odontológicos. Até mesmo a realização de
levantamentos epidemiológicos em saúde bucal se
estrutura ainda de forma desconectada do serviço de
vigilância em saúde ficando a cargo das coordenações
de saúde bucal, além disso, os próprios indicadores
de avaliação dos serviços de saúde bucais ainda são
muito frágeis, o que confere pouca ligação do dentista com a vigilância em saúde. Esse fato é decorrente
da inserção tardia da equipe de saúde bucal na Estratégia de Saúde da Família somente em 2001, enquanto que a construção do Sistema de Vigilância em Saúde do Brasil é um processo que acompanha o projeto
da Reforma Sanitária e a estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS), como também decorrente de uma
formação tecnicista e biologicista características dos
cursos de odontologia. É possível observar com inserção dos estudantes de odontologia no PET-Saúde/VS,
o desenvolvimento de determinadas habilidades e
competências tais como: a apropriação dos sistemas
de informação, capacidade de coleta e análise de in-
72
dicadores de saúde, conhecimento do fluxograma de
notificação de agravos, experiência de inquérito epidemiológico, em especial do tracoma, capacidade de
avaliação de programa de controle de determinado
agravo, como por exemplo, da doença de chagas,
realizações de capacitação de agentes de endemias,
compreensão de uma pesquisa entomológica, vivência na vigilância da mortalidade infantil, compreensão do fluxo de atendimento de pacientes com hanseníase, percebendo a importância de se investigar os
contatos, entre outras. O PET-Saúde/VS tem contribuído para ampliar os conhecimentos dos acadêmicos de odontologia, tonando-os aptos exercerem funções de modo interdisciplinar dentro do serviço de
vigilância em saúde, bem como contribuir para uma
aproximação da saúde bucal com esse serviço.
Descritores
Vigilância em saúde. Interdisciplinaridade. Ensino-serviço.
Referências
1. Barreto, M.C.H.C. et al. O desenvolvimento da prática de colaboração interprofissional na graduação em saúde: estudo do
caso da Liga de Saúde da Família em Fortaleza (Ceará, Brasil).
Interface - Comunic., Saude, Educ., v.15, n.36, p.199-211, jan./
mar. 2011.
2. Feuerwerker, LCM; SENA, RR. A construção de novos modelos
acadêmicos, de atenção à saúde e de participação social. In:
Feuerwerker L; Almeida M; Llanos CM, (org). A educação dos
profissionais de saúde na América Latina: teoria e prática de
um movimento de mudança. Tomo 1– Um olhar analítico. São
Paulo: Editora Hucitec. Buenos Aires: Lugar Editorial/Londrina: EditoraUEL; 1999. p. 47-81.
3. Feuerwerker, LCM. Reflexões sobre as experiências de mudança na formação dos profissionais de saúde. Olho Mágico 2003;
10:21-6.
4. Garcia, MAA et al. A interdisciplinaridade necessária à Educação Médica. RBEM. 31 (2):147 – 155; 2007.
5. Waldman, E.A. A vigilância como instrumento de saúde pública. Vigilância e Saúde Pública. São Paulo, v. 7, 1998. (Série:
Saúde & Cidadania).
Os 40 anos da experiência de
integração docente-assistencial e
o Pró-Saúde da FOP-UNICAMP
Autores: Antonio Carlos Pereira, Marcelo de Castro
Meneghim, Fábio Luiz Mialhe, Maria da
Luz Rosário de Sousa
Instituição: FOP-Unicamp
Introdução
As Faculdades de Odontologia têm como compromisso junto aos futuros cirurgiões-dentistas, não somente prepará-los tecnicamente para o mercado de
Revista da ABENO • 11(2)71-87
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
trabalho, mas também contribuir para que sejam instrumentos competentes de formação de opinião, de
tal modo que a Odontologia, como ciência, seja reconhecida como uma das forças sociais que defendem
a vida, a dignidade e a cidadania.
A Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da
UNICAMP, vem propondo a formação de um cirurgião-dentista capaz de aplicar princípios biológicos,
técnicos e éticos para solucionar os problemas de saúde bucal mais prevalentes na população. Para isso
valoriza o desenvolvimento de programas de integração docente assistencial como uma oportunidade
para a formação de um profissional experiente e com
capacidade de gestão.
Desde o primeiro ano da graduação, os alunos já
começam a ter contato com a rede municipal de saúde e com alguns tipos de serviço oferecidos pelo município os quais abrangem a Atenção Básica, entre
elas, Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Saúde
da Família (USFs). Além disso, conhecem o sistema
de Atenção Secundária, composto pelos Pronto-Atendimentos (PA) e Centro de Especialidades (CE). No
último ano do curso, os alunos fazem seu estágio supervisionado em uma das sete USFs do município que
compõem o Programa de Estágio Extramuro.
Objetivo
Apresentar a experiência como exemplo e referencial de discussão, contribuindo para a formação
de profissionais capazes de desempenhar adequadamente seu papel no âmbito do SUS e integradas às
estruturas acadêmicas.
Metodologia
A experiência iniciou-se com a assinatura, em
1969, de um convênio com a Prefeitura Municipal de
Piracicaba/SP, para atendimento odontológico da
zona rural.
A rede pública de saúde do município de Piracicaba é composta por 57 unidades básicas de saúde,
sendo 34 Unidades de Saúde da Família e 23 Unidades Básicas de Saúde, 01 Centro de Especialidades
Médicas, 02 Centros de Especialidades Odontológicas, 04 Unidades de Pronto Atendimento Médico e
01 Unidade de Pronto Atendimento Odontológico,
01 Pronto Atendimento de Ortopedia, 01 Policlínica
e 02 Hospitais Públicos.
O serviço odontológico no município esta inserido em 13 Unidades de Saúde da Família módulo I e
em 17 Unidades Básicas de Saúde. O Centro de Especialidades Odontológicas conta com 9 consultórios, atendendo as especialidades de endodontia,
periodontia, cirurgia buco-maxilo, pacientes espe-
ciais, odontopediatria e dentística, além de um serviço direcionado ao atendimento de bebês de 0 a 4
anos.
Programa é desenvolvido de forma integral (8 horas/dia) e quatro dias da semana (terça a sexta-feira),
por 07 alunos de graduação, em 30 semanas no ano
(960 horas no total), num total de 128 horas de estágio/aluno. A supervisão clínica dos alunos é realizada
por 04 cirurgiões-dentistas, funcionários públicos
municipais, com experiência em saúde coletiva.
O processo de trabalho busca otimizar as ações da
seguinte forma:
a)trabalho em equipe com o cirurgião-dentista(CD),
técnico de saúde bucal (TSB) e auxiliar de saúde
bucal (ASB);
b)levantamento epidemiológico da população envolvida, determinando os fatores de risco envolvidos
para a cárie dentária;
c)seleção para o atendimento na clínica às crianças
que necessitam de tratamento restaurador, ficando
na escola aquelas que necessitam de cuidados de
educação para a saúde e/ou medidas de fluorterapia intensiva, segundo o grau de risco individual.
Os alunos atendem a crianças provenientes de
escolas públicas de Piracicaba, sempre orientados e
supervisionados por professores e profissionais do
setor público do município. Além da responsabilidade pelo atendimento curativo, os alunos também vão
às escolas e realizam levantamento epidemiológico,
classificando as crianças de acordo com o risco e a
necessidade de tratamento (Nyvad et al., 1999).
Nas Unidades de Saúde da Família são realizadas
atividades diversificadas, de acordo com o planejamento local de cada uma delas. Na USF o aluno de
graduação (4º ano) da FOP-UNICAMP atua durante
uma semana por semestre, além das atividades no
antigo prédio da Faculdade de Odontologia de Piracicaba.
Na visita às USF, realiza-se um encontro de suma
importância, porque os acadêmicos, docentes e funcionários da Unidade, numa roda de conversa, interagem com a equipe de trabalho da Unidade (enfermeira, auxiliar de enfermagem, ACS, dentista, auxiliar
e médico.
Após esse primeiro momento, os alunos coletam
dados da USF/bairro para realizarem o diagnóstico
sociodemográfico da população adscrita.
Programa Pró-Saúde da FOP/Unicamp pretende
abordar a avaliação em seus diversos aspectos e, para
isso, utiliza o método de Avaliação 360º adaptado.
Revista da ABENO • 11(2)71-87
73
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Resultados
Assim, integrada a essa portaria, a primeira ação
concreta relativa ao projeto foi a análise institucional
para o planejamento das adequações necessárias,
como se mostra a seguir.
Vetor 1
• inserir o discente no contexto de atuação das Equipes de Saúde da Família (ESF);
• diminuir a prevalência de problemas da cavidade
bucal com a utilização de RH vinculado ao convênio IES/gestores do SUS;
• capacitar o graduando de Odontologia para o planejamento das ações de organização da prática
odontológica, com base epidemiológica e com
utilização de critérios de risco para os agravos em
saúde bucal da sua população adscrita;
• capacitar o graduando de Odontologia nos conceitos relativos à humanização e ao acolhimento
do paciente;
• capacitar o graduando de Odontologia nos conceitos relativos ao atendimento domiciliar em
saúde bucal, de forma a identificar os casos que
efetivamente necessitem de assistência domiciliar
de acordo com o grau de incapacidade funcional
e com os limites de atuação no domicílio.
Vetor 2
• Cursos de capacitação para os CDs dos órgãos gestores do SUS de Piracicaba e região, inserindo
alguns desses profissionais em cursos de pós-graduação (preferencialmente o Mestrado Profissional) para melhorar-lhes o perfil crítico em relação
ao planejamento e às políticas de saúde.
Vetor 3
• A IES ter um vínculo mais estreito com os órgãos
gestores do SUS, buscando capacitar recursos humanos de uma forma mais compatível com os
fundamentos que norteiam o SUS.
Vetor 4
• Organizar o serviço frente a essa nova realidade
social, demográfica e epidemiológica, segundo as
diretrizes do SUS.
Vetor 5
• Desenvolvimento de estágio clínico na rede de
atenção básica do SUS, com graus de complexidade da atenção básica à terciária, entendendo o
planejamento, segundo as necessidades do SUS.
Vetor 6
• Integrar ainda mais o serviço da IES com o SUS,
principalmente no desenvolvimento dos mecanismos de referência e contrarreferência com a rede
do SUS.
74
Vetor 7
• Maior participação do aluno nessas atividades,
tornando-o apto a fazer a análise crítica do serviço,
visando ao aperfeiçoamento dos discentes.
Vetor 8
• Aperfeiçoamento do método orientador da integração, acrescentando, a um maior número de
disciplinas, a utilização da problematização, como
estratégia de aprendizagem.
Vetor 9
• Desenvolvimento de ensino com base na problematização e em atividades realizadas em pequenos
grupos.
Observou-se uma grande interação entre os alunos, os profissionais das ESF e a comunidade durante
as atividades práticas. Ao final delas, os alunos apresentaram os dados das visitas por meio de relatórios
e seminários em sala de aula da IES. As equipes das
USF visitadas foram convidadas a participar das apresentações, a fim de avaliarem e discutirem, juntamente com os alunos, as impressões levantadas. Esse encontro contribuiu muito para a formação dos alunos.
Avaliando as atividades práticas realizadas, os próprios acadêmicos relataram o grande impacto que
tiveram na sua percepção sobre o funcionamento do
Sistema Único de Saúde e na quebra de muitos preconceitos sobre o SUS.
Conclusão
A formação de recursos humanos adequadamente preparados para trabalhar nesse mercado de trabalho faz-se necessária e, uma mudança qualitativa
no ensino de graduação em que se contemplem as
necessidades de atuação no SUS, ou seja, um modelo
que extrapole a simples “odontotécnica” (Aerts et al.,
2004). Contudo, observa-se que o grande obstáculo
a ser superado pelo “Pró-Saúde” se encontra dentro
da própria universidade, onde o modelo biomédico
de prática, resistente à capacidade de abstração, discussão, crítica e aprendizado de novos conceitos para
a prática clínica dos graduandos ainda é muito enraizado (Pereira, 2008).
Descritores
Integração docente-assistencial. Ensino de graduação. Organização do serviço.
Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa
Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde
– Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial/Ministério da Saúde, Ministério da Educação. Brasília:
Ministério da Saúde, 2005.
Revista da ABENO • 11(2)71-87
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
2. Pereira AC, Meneghim Mc, Bíscaro Mrg, Basting Rt, Pinelli C,
Da Silva FRB. Índice de Necessidade de tratamento em Odontologia – Um novo conceito em planejamento de serviços. Rev
Fac Odontol Lins 1999a; 11(2):16-22
3. Pereira AC. Operatória Dentária. In: Carlos Botazzo e Maria
Aparecida de Oliveira. (Org.). Atenção básica no Sistema Único de Saúde: abordagem interdisciplinar para os serviços de
saúde bucal. 1 ed. São Paulo: Páginas & Letras Editora e Gráfica Ltda, 2008, v. 1, p. 173-180.
Experiências multiprofissionais
desenvolvidas pelo PET-Saúde –
Unidade de Saúde da Família
Cintra II em Montes Claros - MG
Autores: Diego dos Santos Dias, Karla Dias Castro,
Karla Nayara Oliveira Santana, Daniela
de Mattos Lemos, Brunna Librelon Costa,
Hisabella Simões Porto, Danilo Cangussu
Mendes
Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros
Unimontes
INTRODUÇÃO
O perfil do cirurgião-dentista brasileiro tem atravessado mudanças significativas com o aumento dos
postos de trabalho de serviços de Odontologia na
rede pública. A participação dos profissionais em saúde bucal na Estratégia Saúde da Família (ESF) desempenha importante papel nessas transformações.
Diante disso, é fundamental o desenvolvimento
de um modelo de formação de profissionais com foco
no trabalho em equipe multiprofissional.
O Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde, instituído pela
Portaria Interministerial nº 2.101 de 3 de novembro
de 2005, tem como uma das suas estratégias o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PETSaúde que contribui para a consolidação do processo
formativo direcionado à multiprofissionalidade.
O PET-Saúde, instituído pela Portaria Interministerial nº 1.802, de 26 de agosto de 2008, é composto
por grupos de aprendizagem tutorial de natureza coletiva e interdisciplinar, correspondendo às atuais
modificações da prática odontológica e demais exercícios em saúde pública no Brasil. De acordo com os
pressupostos do Pró-Saúde, objetiva-se proporcionar
à sociedade uma multiplicidade de profissionais capazes de atender às necessidades da população, além
de assegurar a operacionalização do Sistema Único
de Saúde - SUS.
Nesse contexto, o presente trabalho se estabelece
como um estudo descritivo do tipo relato de experi-
ência que discorre acerca de atividades multiprofissionais exitosas desempenhadas pelo PET-Saúde em
uma Unidade de Saúde da Família no município de
Montes Claros - MG. Objetiva ainda apresentar a contribuição da multiprofissionalidade no Programa de
Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde)
na formação dos cirurgiões-dentistas e demais profissionais de saúde, suas implicações no serviço público,
na transformação social e no aprimoramento do ensino. Compõem a equipe do PET-Saúde Unimontes,
o coordenador, tutores, preceptores e acadêmicos de
odontologia, medicina, enfermagem, educação física
e ciências biológicas.
A multidisciplinaridade nas atividades
desenvolvidas
Sob o enfoque multiprofissional e interdisciplinar, destacam-se diferentes experiências bem-sucedidas:
• Programa Saúde Escolar,
• Mutirão da Saúde,
• ações de educação em saúde,
• capacitações da equipe multiprofissional,
• atividades de pesquisa,
• educação ambiental e ações de integração,
• motivação e lazer.
O Programa Saúde Escolar, baseado no programa
nacional “Saúde na Escola” (PSE), instituído pelo
Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, tem por
intuito superar as dificuldades encontradas no desenvolvimento de crianças, jovens e adultos da rede pública de ensino através de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde. Conta com a atuação de
acadêmicos de áreas distintas que trabalham de maneira integrada, a fim de colher informações sobre as
condições de vida dos alunos e dos funcionários da
escola. Essas informações dizem respeito não somente às condições de saúde dos escolares e professores,
mas também às condições psicológicas e sociais que
envolvem os conflitos de cada individuo. Baseado nesse perfil escolar identificado são propostas atividades
que vão de encontro com as necessidades dos alunos
e professores. Atividades educacionais, preventivas e
promocionais são realizadas no próprio ambiente escolar com o envolvimento das várias categorias profissionais, estando a odontologia inserida como um
dos pilares temáticos.
Os Mutirões da Saúde, eventos comunitários realizados em regiões estratégicas, têm por finalidade
desempenhar atendimentos clínicos na área médica
e odontológica, além de campanhas de vacinação,
Revista da ABENO • 11(2)71-87
75
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
prevenção do câncer bucal e orientações de higiene
bucal. São disponibilizados diversos serviços à população, como escovação supervisionada em crianças,
tratamento restaurador atraumático (TRA), exames
de glicemia, aferição de pressão arterial, entre outras
ações como atividades de recreação infantil e práticas
esportivas conduzidas por educadores físicos. Realizase também, palestras de caráter informativo acerca de
doenças crônicas e enfermidades infecto-contagiosas,
nas quais a população é esclarecida sobre os principais
sinais e sintomas, tratamento e medidas profiláticas.
Os mutirões da saúde têm como foco a aproximação
entre serviço e comunidade por meio de atividades
multiprofissionais ocorrendo de forma coordenada
e articulada entre Secretaria Municipal de Saúde,
Equipes de Atenção Primária (Equipes de Saúde da
Família e Centros de Saúde) PET-Saúde, centro de
controle de zoonoses e Serviço Social do Comércio
(SESC).
As ações de educação em saúde são executadas
através de palestras, oficinas e visitas domiciliares. São
instituídos grupos específicos como de pacientes hipertensos, diabéticos e gestantes, tendo em vista as
suas particularidades e desafios. Por meio desses grupos, objetiva-se definir ações nas quais proporciona-se
à população a oportunidade de discutir e expor suas
dúvidas sobre os assuntos abordados, de maneira a
ampliar seus conhecimentos e contribuir para mudança de hábitos.
As capacitações da equipe multiprofissional ocorrem por meio de cursos, como introdução a software
estatístico, e seminários sobre temáticas atuais, como
tabagismo e combate a dengue. De tal modo, é proporcionado o enriquecimento teórico e prático do
grupo por meio de informações atualizadas e relacionadas aos eventos cotidianos.
As atividades de pesquisa são direcionadas, sobretudo, ao estudo das redes de atenção à saúde, a exemplo das perspectivas dos sistemas de governança e
sistemas logísticos em atenção primária. São formados subgrupos entre os acadêmicos participantes do
PET-Saúde com objetivo de realizar diferentes tipos
de produções científicas, como artigos e resumos.
A educação ambiental aborda a conscientização
da comunidade a respeito da sustentabilidade e preservação do meio-ambiente, envolvendo palestras e
distribuição de mudas de plantas frutíferas.
As ações de integração, motivação e lazer são programações fundamentais inseridas no cronograma de
atividades na Unidade Básica de Saúde do referido
território. Como exemplo, tem-se destaque para gi-
76
nástica laboral, apresentações musicais, lanche coletivo e confraternizações em datas comemorativas.
Participam dessas ações os acadêmicos do PET-Saúde,
profissionais da ESF e toda a comunidade local.
Todas essas experiências constituem importantes
medidas que cooperam para a formação de recursos
humanos aptos a atender as demandas do serviço público de saúde brasileiro.
CONCLUSÃO
Torna-se perceptível que o trabalho interdisciplinar e multiprofissional promove integração, aprendizado e desenvolvimento de importantes valores aos
participantes do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde.
Os benefícios das equipes multiprofissionais são
bidirecionais, isto é, tanto para aqueles que trabalham
ou ensinam, quanto para a população que é atendida.
O paciente passa a ser analisado como um ser biopsicossocial. Os acadêmicos, futuros profissionais de
saúde, são orientados em um cenário com diversas e
distintas visões acerca das estratégias de promoção de
saúde. Isso proporciona uma formação profissional
com elevada qualificação técnica e científica. Além
disso, exercita-se o aprimoramento das suas devidas
funções sociais, pautadas no princípio da indissociabilidade entre ensino, serviço e comunidade.
A prática odontológica requer, cada vez mais, profissionais diferenciados que não se restrinjam apenas
aos cuidados em saúde bucal, mas que estejam atentos
a saúde integral dos indivíduos. Desse modo, assegura-se um tratamento holístico dos usuários dos serviços públicos de saúde, assim como a cobertura das
diferentes necessidades inerentes à atenção primária
desempenhada na conjuntura da Estratégia Saúde da
Família.
Consolidando as premissas do Sistema Único de
Saúde, o PET-Saúde se desponta como um importante veículo de transformação social, atuando diretamente na promoção da saúde e na formação de profissionais de excelência.
Descritores
Multiprofissionalidade. Odontologia. PET-Saúde.
Referências
1. Morita, Maria Celeste; Haddad, Ana Estela; Araújo, Maria Ercília. Perfil atual e tendências do cirurgião-dentista brasileiro.
Maringá: Dental Press, 2010.
2. Brasil. Ministério da Saúde e Ministério da Educação. Portaria
Interministerial nº 2.101 de 3 de novembro de 2005. Institui o
Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional
em Saúde - Pró-Saúde - para os cursos de graduação em Medicina, Enfermagem e Odontologia.
3. Brasil. Ministério da Saúde e Ministério da Educação. Portaria
Revista da ABENO • 11(2)71-87
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Interministerial nº 1.802, de 26 de agosto de 2008. Institui o
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET -Saúde.
4. Brasil. Ministério da Saúde e Ministério da Educação. Decreto
nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007. Institui o Programa Saúde na Escola - PSE, e dá outras providências.
Integração ensino-serviçocomunidade no PET-Saúde da
Equipe de Saúde da Família
Cintra II - Montes Claros - MG
Autores: Gabriel Lima de Oliveira, Fernando Talma
Rameta Gonçalves Barbosa, Ingrid de
Oliveira Jorge, Luis Fernando de Souza
Vieira, Danilo Cangussu Mendes
INTRODUÇÃO
Desde o seu advento, no final dos anos 80, e consolidação, com a criação do Programa Saúde da Família, em 1994, o Sistema Único de Saúde brasileiro
(SUS) teve como fundamento redirecionar o modelo
sanitarista, tradicionalmente técnico-assistencial,
para uma abordagem focada no indivíduo, tendo a
atenção básica como porta de entrada. A consolidação do SUS no Brasil incita questões relevantes diante da necessidade de oferecer uma assistência à saúde
de qualidade.
Nesse contexto, surge o debate sobre a formação
profissional, já que há um descompasso entre o perfil
dos trabalhadores, as orientações do sistema de saúde
e a necessidade do usuário. É consenso geral a idéia
de que a referida mudança do modelo assistencial,
agora voltada para ações integrais de promoção, prevenção e recuperação da saúde, tem de ser acompanhada pela mudança e implementação no enfoque
da formação profissional. Mudança na concepção
ainda difundida do profissional da saúde como ponto central das ações em saúde, e implementação do
ensino de forma a, ainda na academia, oferecer aos
estudantes subsídios para o desenvolvimento de ações
em saúde individuais ou coletivas centradas na comunidade.
Buscando qualificar a formação discente e melhorar a assistência prestada aos usuários do SUS, programas específicos tem sido implementados. Um
exemplo é o Programa de Educação pelo Trabalho
para Saúde (PET-Saúde) do Ministério da Saúde em
parceria com o Ministério da Educação, que tem por
objetivo favorecer a integração ensino-serviço-comunidade no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS).
O programa busca promover a formação do acadêmico vinculada ao exercício profissional na Estratégia
Saúde da Família sob orientação de profissionais da
atenção básica exercendo a função de tutores e preceptores. Desta forma, busca-se facilitar a inserção do
acadêmico no cotidiano de trabalho da atenção primária, estimulando tanto as atividades pedagógicas e
de geração de conhecimento, juntamente com os
profissionais que ali trabalham, quanto a melhoria na
qualidade dos serviços oferecidos à comunidade.
Além disso, o programa tem por objetivo promover
a interdisciplinaridade entre os profissionais e acadêmicos das diversas áreas no campo da saúde como
medicina, enfermagem, odontologia, ciências biológicas, educação física, dentre outras, promovendo um
enriquecimento para a formação acadêmica, além de
uma maior integralidade nas ações individuais e coletivas ofertadas à comunidade.
Neste contexto, a odontologia insere-se como parte fundamental da Estratégia Saúde da Família, uma
vez que, diante de uma visão integral do indivíduo,
torna-se impossível separar a saúde bucal da saúde
sistêmica. A partir disso, a inserção dos acadêmicos
de odontologia no PET-Saúde é de notável importância, uma vez que o programa se propõe à construção
de um perfil acadêmico habilitado a atuar de maneira satisfatória e resolutiva na atenção primária do
SUS, através de ações que correlacionem aprendizado, serviço e interação com a comunidade. Diante
disso, o presente trabalho se inscreve numa perspectiva de relato de experiência sobre a integração ensino-serviço-comunidade, sob a ótica da Odontologia,
vivenciada pelos participantes do PET-Saúde Unimontes. Objetiva ainda descrever o cenário de aprendizado propiciado pela inserção do estudante de
odontologia na atenção primária através do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde, as atividades desenvolvidas em parceria com os profissionais da ESF e acadêmicos dos demais cursos
participantes do PET-Saúde (Ciências Biológicas,
Educação Física, Enfermagem, Medicina), além de
altercar sobre a realidade da formação profissional
em saúde e sua contribuição para a solidificação do
SUS, fortalecimento da APS e melhoria da qualidade
de vida da comunidade.
Atividades desenvolvidas no PET-Saúde
As atividades aqui descritas tiveram como cenário
as áreas de abrangência e influência da Equipe de
Saúde da Família (ESF) Cintra II, localizado na região
central da cidade de Montes Claros/MG. Envolveram
os acadêmicos participantes do PET-Saúde dos cursos
de Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Medicina e Odontologia orientados por precep-
Revista da ABENO • 11(2)71-87
77
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
tores e uma tutora. Tais atividades contaram ainda
com a participação ativa dos profissionais que não
possuem vínculo com o PET-Saúde, mas que atuam
na Equipe de Saúde da Família do Cintra II. Para a
realização das mesmas, utilizaram-se metodologias
ativas, com vistas a uma maior participação dos atores
envolvidos na prática de saúde na atenção primária.
Todo material didático utilizado durante as ações educativas para a população, como pôsteres e cartilhas,
foram confeccionados pelos próprios acadêmicos do
PET-Saúde.
Foram desenvolvidos grupos de estudo no intuito
de capacitar o acadêmico na abordagem e prestação
de serviço à população. Grupos de educação em saúde envolvendo, dentre a população coberta pelo ESF
Cintra II, os que apresentavam alguma condição de
merecida atenção como idosos, cujo foco foi a prevenção e diagnóstico precoce do câncer bucal; gestantes, onde abordou-se a importância da higiene oral
da grávida e da criança além de mitos e verdades sobre
o atendimento odontológico durante a gestação; hipertensos e a prevenção da agudização do quadro;
diabéticos, com os quais foram discutidas as manifestações orais e sistêmicas da doença, bem como a prevenção de acidentes e seqüelas advindos das mesmas;
e adolescentes, com os quais se trabalhou, além de
assuntos relacionados à saúde bucal, temas de importância fundamental para a idade, como sexualidade,
prevenção de DSTs e planejamento familiar.
Foram realizadas ainda atividades de lazer com a
comunidade, ginástica laboral, atividades clínicas,
pesagem de crianças, participação no exame do CD
(Crescimento e Desenvolvimento), visitas domiciliares, territorialização e restauração de espaço físico.
Destaca-se ainda a participação ativa dos acadêmicos
em ações e mutirões de saúde realizados tanto na área
de abrangência e influência da ESF, quanto em outros
pontos da cidade, mas que contaram com a presença
da equipe do Cintra II.
Houve ainda produção científica, apropriação dos
dados do Sistema de Informação da Atenção Básica
(SIAB) da ESF Cintra II, capacitação para utilização
do programa estatístico SPSS® (Statistical Package for
the Social Sciences), participação nos programas estratégicos, planejamento das atividades da equipe e
confecção de material didático-informativo.
para sedimentar nos acadêmicos o conceito de integração ensino-serviço-comunidade. Pôde-se experimentar a realidade da saúde pública e atenção primária brasileira e constatar que a qualidade do serviço
oferecido está mais ligada à dedicação dos atores envolvidos neste processo do que na disponibilidade de
recursos ou na gestão em si. Para muitos dos acadêmicos envolvidos, o trabalho no PET-Saúde foi o primeiro contato com o serviço de saúde pública, sendo
de fundamental importância para quebra de antigos
paradigmas e conceitos pré-estabelecidos sobre a realidade em questão.
Para os acadêmicos de odontologia tais atividades
tiveram ainda o adicional de propiciar ao estudante,
acostumado ao ambiente de consultório, uma visão e
abordagem prática do conceito de pró-atividade, fundamental para o exercício da integralidade na promoção de saúde.
Ao final, observou-se:
• profissionais/estudantes com maior capacidade
crítica e reflexiva sobre a realidade do sistema de
saúde, dotados de responsabilidade social e compromisso com a cidadania;
• valorização dos princípios da APS;
• interação ativa do discente com a população e
profissionais de saúde, de forma a proporcionarlhe a oportunidade de vivenciar a realidade local;
• assistência mais acessível, contemplando as reais
necessidades da população atendida, tendo em
vista a melhoria da qualidade de vida.
Descritores
PET-Saúde. Integração. APS.
Referências
1. Saliba NA et al. Integração ensino-serviço e impacto social em
cinqüenta anos de história da saúde pública na Faculdade de
Odontologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Rev Gaúcha de Odontologia. 2009 v.57 n.4: 459 –
465.
2. Assega ML et al. A interdisciplinaridade vivenciada no Petsaúde. Ver Ciência &Saúde. 2010, v. 3 n 1, p. 29 a 33.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria
Interministerial nº 1.802, de 26 de agosto de 2008. Institui o
Programa de Educação pelo Trabalhador para a Saúde – PETSaúde. Diário Oficial da União. Brasília, 27 ago. 2008; Seção
1, p.27.
CONCLUSÃO
4. Brasil. Ministério da Educação. Resolução n° CNE/CES
3/2002 de 19 de fevereiro de 2002. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Farmácia e Odontologia.
Diário Oficial da União, Brasília (DF); 2002 mar 4; Seção1:10.
A vivência no ambiente da ESF Cintra II proporcionada pelo PET-Saúde foi de suma importância
5. Morita MC, Kriger L. Mudanças nos cursos de odontologia e
a interação com o SUS. Rev Abeno. 2004;4(1):17-21.
78
Revista da ABENO • 11(2)71-87
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
PET-Saúde / Saúde da Família:
experiência da Faculdade de
Odontologia da Universidade
Federal do Amazonas
Autores: Janete Maria Rebelo Vieira, Kaliny Souza
Farias, Fabíola Alves de Araújo, Maria
Augusta Bessa Rebelo
lizando programas de aper feiçoamento e
especialização em serviço dos profissionais da saúde,
bem como de iniciação ao trabalho e vivências, dirigidos aos estudantes da área, de acordo com as necessidades do SUS”. Desta forma, foi elaborado um projeto envolvendo os cursos de Enfermagem, Farmácia,
Medicina e Odontologia, tendo como parceira a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus.
Introdução
Objetivo
O Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde - PET-Saúde é uma das estratégias do Programa
Nacional de Reorientação da Formação Profissional
em Saúde, o Pró-Saúde, em implementação no país
desde 2005, sendo uma parceria entre a Secretaria de
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde - SGTES,
Secretaria de Atenção à Saúde - SAS e Secretaria de
Vigilância em Saúde - SVS, do Ministério da Saúde, a
Secretaria de Educação Superior - SESu, do Ministério da Educação, e a Secretaria Nacional de Políticas
sobre Drogas (SENAD/GSI/PR).
Sua regulamentação se deu pela publicação da
Portaria Interministerial n. 421, de 03 de março de
2010, tendo como pressuposto a educação pelo trabalho, disponibilizando bolsas para tutores, preceptores (profissionais dos serviços) e estudantes de graduação da área da saúde, visando à integração
ensino-serviço-comunidade. Cada grupo PET-Saúde / Saúde da Família é formado por um tutor acadêmico, 30 estudantes (sendo 12 estudantes monitores, que efetivamente recebem bolsas e 18
não-bolsistas) e seis preceptores.
Segundo dados do Ministério da Saúde, para o
PET-Saúde / Saúde da Família em 2011, foram selecionados 111 projetos, sendo 484 grupos, o que representa, considerando a formação completa desses
grupos, 9.196 bolsas/mês, além da participação de
8.712 estudantes não bolsistas, totalizando 17.908 participantes/mês.
O PET-Saúde / Saúde da Família está presente
nas cinco regiões brasileiras e em diversas instituições
de ensino e secretarias municipais de saúde. Tendo
como base as diferenças regionais, os diversos currículos dos cursos de graduação em saúde, bem como
o contexto político das secretarias, tornam-se importante as experiências vividas pelos diferentes atores
envolvidos no programa em questão.
Em 2009, a UFAM participou do edital n. 18/2009
para o Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde - PET-Saúde, tendo como objetivo geral “fomentar a formação de grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da Estratégia Saúde da Família, viabi-
Descrever a experiência de integração ensinoserviço-comunidade do grupo PET-Saúde / Saúde da
Família do curso de Odontologia da UFAM.
Metodologia
O trabalho em questão é um relato de experiência
da tutora de um grupo PET-Saúde / Saúde da Família
inserida em duas UBSF do município de Manaus - AM.
O período descrito é de abril de 2010 a abril de 2011
com uma carga horária de 8 h semanais.
Os alunos monitores e não-bolsistas realizaram
atividades individuais (realização de procedimentos
odontológicos) e coletivas (promoção, educação em
saúde e prevenção de doenças), em conjunto com os
preceptores, bem como foi construído projeto de pesquisa intitulado “A saúde de mulheres em idade fértil
de unidades da estratégia Saúde da Família”, com o
objetivo de avaliar as condições de saúde dessas mulheres nas UBSF selecionadas, tendo sido aprovado
no Comitê de Ética da Universidade Federal do Amazonas - CEP/UFAM.
Caracterização do Curso de Odontologia
No curso de Odontologia ingressam, atualmente,
42 alunos por ano, em um currículo com duração de
cinco anos, totalizando uma carga horária de 4.830 h
em 10 semestres, sendo 4.680 h em disciplinas obrigatórias e 150 h em disciplinas optativas. O ingresso
dos alunos até 2009 era por meio de vestibular, 30
vagas, e PSC (Processo Seletivo Contínuo) com 12
vagas. A partir de 2010, o ingresso dos alunos passou
a ser PSC e pelo resultado do ENEM (Exame Nacional
do Ensino Médio), sendo 21 vagas para cada tipo de
ingresso. Em 2011, foi aprovado um novo currículo
no curso de Odontologia para ser implantado no primeiro semestre de 2012. O mesmo foi construído
tendo como base as Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCN) em vigor desde 2002. Sua construção teve início em 2009 com a realização de discussões com a
comunidade acadêmica, por meio de semanas pedagógicas e encontros com professores da Associação
Brasileira de Ensino Odontológico - ABENO. A participação no PET-Saúde passou a ser considerada
Revista da ABENO • 11(2)71-87
79
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
como Atividade Complementar de Ensino (60 h).
Resultados
O projeto apresentado foi aprovado com três grupos e houve uma sinalização para que permanecessem os cursos de Enfermagem, Medicina e Odontologia, com a justificativa de que na estratégia Saúde
da Família não tem a presença do farmacêutico. Tal
fato gerou bastante discussão, entendendo-se que o
farmacêutico não está fisicamente na estratégia saúde
da família, mas algumas ações de sua competência
estão presentes. Um dos desdobramentos das discussões foi o curso de Odontologia ceder 15 vagas para
o curso de Farmácia.
Inicialmente, a SEMSA programou encontros
com apresentação de temas pertinentes ao PET-Saúde
como SUS, estratégia Saúde da Família, discussão sobre pesquisa entre academia e serviço e a interação
ensino-serviço-comunidade. A etapa seguinte foi divisão dos grupos por UBSF para o conhecimento da
realidade local.
A tutora do curso de odontologia ficou responsável por duas Unidades Básicas Saúde da Família
(UBSF), uma no Distrito de Saúde Norte e outra no
Distrito de Saúde Leste, compostas cada uma de três
preceptores (profissionais de saúde da rede: cirurgião-dentista, enfermeiro e médico) e 15 alunos monitores e não bolsistas (acadêmicos de enfermagem,
medicina e odontologia). As duas unidades selecionadas embora estejam alocadas em distritos de saúde
distintos, apresentam características semelhantes
como, por exemplo, grupo populacional advindo de
ocupação.
As atividades do grupo começaram a ser desenvolvidas em espaços sociais da comunidade como a própria estrutura física da UBSF, escolas (municipais e
estaduais), creches (filantrópica), igrejas (católica e
evangélica), centro comunitário e até casas de comunitários. Para cada atividade foram utilizados recursos
materiais como banners, macromodelos (boca, escova, estágios das doenças cárie e periodontal) e cartazes, buscando sempre a interação / troca de informações entre alunos / profissionais de saúde /
comunidade.
Os temas abordados foram cárie dentária, doença
periodontal, má oclusão, fissuras labiopalatais câncer
de boca, uso de prótese dentária, traumatismo dentoalveolar, dengue, hipertensão, diabetes, alimentos
saudáveis, fatores de risco comum para prevenção de
doenças, entre outros, buscando atingir os diferentes
ciclos de vida e condições específicas em que se encontram os comunitários.
80
Em relação ao projeto de pesquisa sobre as condições de saúde de mulheres em idade fértil cadastradas nas respectivas UBSF, encontra-se em fase de coleta de dados.
Conclusão
O caminho seguido até o momento sugere ser
uma experiência bem sucedida, uma vez que possibilita a inserção de ações concretas na formação de
profissionais de saúde e institucionalização da integração ensino-serviço-comunidade.
dESCRITORES
Educação em saúde. Saúde coletiva. Saúde bucal
Referências
1. Brasil. Ministério da Educação. Resolução CNE/CES 3, 19 de
fevereiro de 2002. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais
do Curso de Graduação em Odontologia. Diário Oficial da
União, Brasília, 2002.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria
Interministerial n. 1.802, de 26 de agosto de 2008.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria
Interministerial n. 421, de 03 de março de 2010.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa
Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde:
Pró Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial. Brasília: MS/MEC, 2007.
A formação em odontologia na
perspectiva do PET-Saúde: a
experiência da UFF/FMS-Niterói
Autores: Marcos Antônio Albuquerque de Senna,
Mônica Vilela Gouvêa, Andréa Neiva da
Silva, Ellen Lameck
Instituição: Universidade Federal Fluminense
O
PET-Saúde prevê grupos de alunos, docentes e
profissionais do SUS atuando em prática/pesquisa na atenção primária em saúde. Em 2010 a UFF
e o município de Niterói formaram oito grupos multiprofissionais envolvendo os cursos de Odontologia,
Enfermagem, Nutrição, Educação Física, Farmácia e
Medicina. O objetivo desse estudo é avaliar a percepção dos alunos-PET de Odontologia sobre o papel do
programa em sua formação. Os dados foram colhidos
através de questionários aplicados aos alunos ao final
de um ano de programa. Todos avaliaram positivamente seu acolhimento na unidade e o relacionamento com os profissionais, bem como o espaço físico
disponível para as discussões. Os subprojetos construídos foram:
• hipertensão e diabetes,
• saúde do idoso,
Revista da ABENO • 11(2)71-87
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
• DST e gravidez na adolescência,
• atividade física e saúde do homem.
As atividades comuns aos grupos foram:
• levantamento e analise de dados secundários,
• entrevistas com usuários,
• participação em atividades educativas e em grupos
de estudos e
• confecção de artigo.
Os alunos relataram que a maior dificuldade foi
conciliar horários (pesquisa) e a violência urbana
(prática). Na relação profissional/usuários o que
mais impressionou aos acadêmicos foi o acolhimento
e escuta qualificada. Os participantes do estudo consideraram o período no PET importante para sua
formação profissional, principalmente no aprendizado relativo à humanização, facilitado pela aproximação com a realidade da população. Os alunos relataram maior compreensão do SUS e mudança na visão
do trabalho em saúde, especialmente com relação à
atuação multidisciplinar.
Apoio Financeiro
Lacerda, Mariana de Andrade Ferreira,
Mariana Leão Domiciano, Marília de
Oliveira Martins
Instituição: Universidade Federal Goiás
INTRODUÇÃO
A Atenção Básica (AB) desenvolve-se a partir de
ações que envolvem “a promoção e a proteção da
saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde” atuando – individual e coletivamente – sendo estabelecida por meio de práticas gerenciais e sanitárias em
equipe, voltadas a populações residentes em áreas
geográficas delimitadas. Sendo o contato preferencial dos usuários com o Sistema Único de Saúde, a AB
tem na Saúde da Família (ESF) a estratégia prioritária
para sua organização, sendo a saúde da criança uma
das áreas de maior importância para atuação. Orienta-se
“pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da
coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da
integralidade, da responsabilização, da humanização, da
equidade e da participação social” (BRASIL, 2006).
PIBIC/UFF
Descritores
Atenção Primária à Saúde. Saúde Bucal. Aprendizagem.
Referências
1. Carvalho, Y.M & Ceccin, R.B. Formação e educação em saúde:
aprendizados com a saúde coletiva. In: Campos, G.W.S., Minayo, M.C.S., Akerman, M., Drumond Júnior, M., Carvalho,
Y.M. Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec; Rio de
Janeiro: Ed Fiocruz, 2006, p. 149-182.
2. Akerman, M., Feuerwerker, L. Estou me formando (ou me
formei) e quero trabalhar: que oportunidades o sistema de
saúde me oferece na saúde coletiva? Onde posso atuar e que
competências preciso desenvolver? In: Campos, G.W.S., Minayo, M.C.S., Akerman, M., Drumond Júnior, M., Carvalho,
Y.M. Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec; Rio de
Janeiro: Ed Fiocruz, 2006, p. 183-200.
3. Abrahão, A., Senna, M.A.A. Gouvêa, M.V. et. al. A pesquisa
como dispositivo para o exercício no PETSaúde UFF/FMS
Niterói. Revista Brasileira de Educação Médica (no prelo).
Atuação do grupo PET-Saúde/
SF – Parque Atheneu no CMEI
Atheneu Dom Bosco em Goiânia:
a promoção da saúde no contexto
multiprofissional
Autores: Newillames Gonçalves Nery, Maria Goretti
Queiroz, Beatriz Teles Ferreira Bastos,
Aline Lemes Paixão, Bruno Rafaelle Alves
Visando à construção coletiva de um modelo de
atenção à saúde integral, humanizado, direcionado à
promoção da saúde e à equidade no SUS, é desenvolvido um projeto coletivo entre os cursos de graduação
da área da saúde da Universidade Federal de Goiás
(UFG), que participam do Pró-Saúde (Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em
Saúde) em parceria com Secretaria Municipal de Saúde: o Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde (PET-Saúde / Saúde da Família), que estimula
o desenvolvimento de grupos de aprendizagem tutorial na ESF, por meio da integração de atividades envolvendo o ensino, o serviço e a comunidade. (BRASIL, 2010)
Neste contexto, um dos grupos tutoriais do PETSaúde/SF no município de Goiânia atua no bairro
Parque Atheneu, junto às equipes da ESF da Unidade
de Atenção Básica à Saúde da Família (UABSF) - Unidade 201 desenvolvendo atividades de promoção da
saúde voltadas à comunidade assistida. O grupo envolve, além da tutora – professora da Faculdade de
Odontologia da UFG – e dos preceptores – profissionais atuantes da ESF (2 cirurgiões-dentistas, 2 enfermeiras e 1 médica) – 12 estagiários, alunos dos cursos
de Odontologia, Enfermagem, Medicina, Nutrição,
Farmácia e Educação Física da UFG. Um dos campos
de atuação específico deste grupo, dentro da lógica
Revista da ABENO • 11(2)71-87
81
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
da intersetorialidade na Promoção da Saúde, são os
Equipamentos Sociais da região, dentre eles, os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), que
acolhem crianças na faixa-etária de 0 a 5 anos, beneficiando as populações sócio-economicamente mais
carentes.
Para o Ministério da Saúde, em publicação institucional recente, a escola tem como principal função
desenvolver processos de ensino-aprendizagem, caracterizando-se como um espaço de relações diversas,
e se propõe a contribuir no desenvolvimento de valores pessoais, bem como formas de conhecer a realidade, sendo importante na produção social da saúde. Nela interagem diferentes sujeitos, com histórias
e papéis diversos – professores, alunos, familiares,
entre outros –, que produzem maneiras de refletir e
agir sobre si e sobre o mundo e que devem ser consideradas pelos profissionais atuantes na ESF em suas
estratégias de ação. Constitui-se, desta forma, aliada
a muitos outros espaços sociais, em um elemento importante na formação dos estudantes, na construção
da cidadania, bem como no acesso a políticas públicas, podendo se tornar o local ideal de realização de
ações de promoção da saúde voltadas para as crianças
(BRASIL, 2009).
De forma análoga, Rizzetti, Fabbrin e Trevisan
(2009) acreditam que também o CMEI pode ser considerado como um espaço favorável à realização de
ações de Promoção da Saúde infantil, sendo um facilitador para o desenvolvimento deste tipo de atividade, por ser um ambiente onde várias crianças são
mantidas juntas por um longo período.
OBJETIVO
Relatar a experiência de parte do Grupo Tutorial
PET-Saúde/SF Parque Atheneu, relativa a atividades
de Promoção da Saúde realizadas no período de junho de 2010 a junho de 2011 no CMEI Atheneu Dom
Bosco.
MATERIAL E MÉTODOS
A necessidade de ações voltadas à saúde da criança foi detectada por meio de um processo de diagnóstico da realidade iniciado em julho de 2010, no qual
foram realizadas, entre outras ações, uma Oficina de
Integração do grupo PET-Saúde/SF Parque Atheneu
com os profissionais da UABSF Parque Atheneu, além
de entrevistas (individuais e coletivas) com a comunidade local. Os servidores e usuários levantaram
prioridades diante das necessidades e problemas enfrentados no bairro. Pelas respostas obtidas a partir
dos questionários aplicados, as sugestões de temas e
atividades mais citados incluía, entre outros o cuidado
82
com as crianças, a saúde bucal e a educação nutricional.
Diante do proposto foi observada a necessidade
de realizar atividades com as crianças no CMEI Atheneu Dom Bosco, local onde frequenta diariamente
crianças moradoras do bairro (aproximadamente 60
crianças), facilitando as ações do grupo PET-Saúde
por poder trabalhar com uma quantidade maior de
crianças em espaço favorável.
RESULTADOS
A execução das atividades de Promoção da Saúde
planejadas foi iniciada no dia 12 de novembro de
2010, por meio de uma reunião com os pais em que
foram abordados os temas Ambiente Seguro para a
Criança, Prevenção e Cuidados Quanto ao Traumatismo Dental e Prevenção e Cuidados Quanto a Intoxicações por Medicamentos. Utilizou-se exposição
dialogada de cartazes e discussão a partir de panfletos
e modelos demonstrativos, identificando o conhecimento e vivência dos pais a respeito, procurando sanar dúvidas, informando-lhes aspectos importantes
sobre a prevenção e primeiros cuidados em acidentes
domésticos envolvendo as crianças. Sendo a primeira
atividade do grupo no CMEI, percebeu-se uma boa
aceitação dos pais quanto à esta atuação ao sugerir
temas para atividades futuras.
Dessa forma, após outros momentos de planejamento específicos, elaboração de materiais educativos e seleção de metodologias a utilizar, iniciaram-se
em 2011, diretamente com as crianças, as atividades
abordando os seguintes temas:
• Saúde Bucal;
• Higiene Corporal;
• Higiene das Mãos;
• A Importância do uso do Vaso Sanitário;
• Respeito ao Próximo e
• Alimentação Saudável.
Estes temas foram identificados a partir do reconhecimento da realidade em que foram consideradas
as opiniões dos educadores e dos pais. Cada atividade
foi planejada na semana anterior à sua realização,
para que fosse possível a preparação dos recursos a
serem utilizados.
Várias foram as metodologias e recursos utilizados
– exposição dialogada de vídeos educativos, brincadeiras, fantoches, estórias contadas, atividades manuais
de pintura e colagem, demonstração de atividades
(banho, preparo de alimentos etc), degustação de
alimentos (vitamina de fruta), músicas que abordavam
as temáticas, rodas de conversa, entre outros. As ativi-
Revista da ABENO • 11(2)71-87
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
dades aconteciam no período vespertino em datas
pré-agendadas, com a participação das educadoras do
CMEI. Foram bastante proveitosas as trocas de informações com as educadoras, as quais sugeriram a utilização de metodologias, recursos e linguagem atrativos
e adequados à faixa etária, em consonância com o
trabalho educativo já desenvolvido na instituição.
Teleodontologia: estratégia de
compreensão e envolvimento de
professores
CONCLUSÃO
Introdução
Por meio de um processo avaliativo constante que
tem envolvido, em momentos diferentes, diversos
atores (tutora, preceptor, estagiários, educadores do
CMEI, crianças e familiares) percebe-se que esta atuação tem gerado inúmeros benefícios no contexto da
Promoção da Saúde. As ações realizadas têm proporcionado conhecimento e adoção de hábitos saudáveis
por parte das crianças, troca de saberes, e ampliação
dos conhecimentos, por parte dos educadores e grupo tutorial, maior vivência e conhecimentos por parte dos estagiários a respeito do SUS, da ESF, do trabalho em equipe e da atuação comunitária intersetorial.
Para o serviço a experiência proporciona inovação
das ações e maior integração intra e inter equipes,
além de reforçar o elo ensino-serviço-comunidade.
Os momentos de avaliação têm sido bastante úteis,
por também, identificar limitações, necessidades e
incorreções no desenvolvimento das ações, a partir
da valorização das opiniões dos atores envolvidos,
permitindo a recondução de estratégias para o alcance dos objetivos propostos.
Descritores
Promoção de saúde. Crianças. Educação em saúde. Saúde da Família.
Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 60p. Disponível
em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_
nacional_atencao_basica_2006.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2011.
2. Brasil. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na
Saúde. Portaria Conjunta No- 2, De 3 De Março De 2010. Brasília, 2010. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/portaria_pet_2_2010.pdf>. Acesso em: 27
ago 2010.
3. Rizzetti, D. A.; Fabbrin, A. P. A.; Trevisan, C. M. Políticas públicas de saúde para a criança em Santa Maria – RS. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Fortaleza, v. 22, n. 4, p. 225-232.
2009. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/
pdf/408/40812462004.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2011.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Saúde na escola. (Série B.
Textos Básicos de Saúde) (Cadernos de Atenção Básica ; n. 24)
Brasília : Ministério da Saúde, 2009. 96 p. Disponível em: <
http://dab.saude.gov.br/docs/publicacoes/cadernos_ab/
abcad24.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2011.
Autores: Mary Caroline Skelton-Macedo, Ana Estela
Haddad, João Humberto Antoniazzi
Instituição: FOUSP
A FOUSP foi desafiada a criar um Núcleo de Teleodontologia como parte dos trabalhos do Núcleo
São Paulo do Programa Telessaúde Brasil no ano de
2007. A Faculdade estava começando a dar os primeiros passos no conhecimento e aplicação do ensino
mediado por tecnologias, com experiências pontuais
no uso dos sistemas CoL (Cursos on-line - USP) e
Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) em disciplinas de Graduação e de PósGraduação. Atualmente a Faculdade provê suporte
para 99 cursos em Moodle, com projetos aprovados
para a constituição de um Centro de Referência na
Produção de Material Educacional, com sala de defesa com professores a distância, estúdio de produção
e ilha de edição, sala de aula apropriada para as NTIC
(Novas Tecnologias de Informação e Comunicação)
e sala de reuniões. Outros projetos envolveram o Ministério da Saúde e a CAPES, este com parceria junto
à FMUSP, além da construção e ministração de um
curso inédito de Ensino mediado por Tecnologias
para Professores, em parceria com a FUNDECTO
(Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia).
Relato da Experiência da FOUSP1
Mudar paradigmas na Educação Odontológica
implica em compreender um novo somatório de competências a serem agregadas, além de integrar mecanismos de comprometimento e envolvimento dos
atores. Mudanças devem ser acompanhadas da preservação de estruturas, quer sejam físicas ou organizacionais, de forma a permitir que não se perca características próprias, os atores se sintam suportados
e ainda seja possível adquirir novas dimensões com
parcimônia, compreensão e envolvimento crescente
dos que são estimulados no processo. A Saúde foi uma
das áreas que mais resistiu às NTIC por crer que a
aprendizagem das habilidades psico-motoras não possa ser realizada com distanciamento do professor e,
por associação, nem as atividades cognitivas e atitudinais. Os professores da Odontologia manifestavam
seu descontentamento com a modalidade de Ensino
que se renovou com as NTIC e não se interessavam
em sequer estudar as possibilidades apresentadas. Em
Revista da ABENO • 11(2)71-87
83
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
2007 o Ministério da Saúde lançou o Projeto Piloto
Telessaúde Brasil2, que veio a se tornar Programa de
Governo em 2010 com uma experiência de somatório
das iniciativas em Telemedicina. Os estados envolvidos atualmente são 11: AM, GO, MG, CE, PE, RJ, SP,
SC, RS, TO e MS. A compreensão do princípio da
integralidade da atenção à saúde introduziu a possibilidade de outras profissões de Saúde aderirem ao
programa e começarem uma nova história integradora, constituindo um mecanismo de aprimoramento
da Atenção Primária à Saúde, sob suporte à decisão
profissional mediada pelas tecnologias de comunicação. Foi proposto aos estados a constituição de um
Núcleo Universitário, sediado em uma universidade
pública, com a incumbência de selecionar municípios
com menos de 100.000 habitantes, baixo IDH e com
50% de cobertura do Programa de Saúde da Família
(PSF)3. Em princípio seriam selecionados 100 pontos
em Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF)
com conectividade para que os profissionais/técnicos
fossem suportados pelos especialistas nas Universidades, proporcionando apoio à decisão clínica, com
possibilidade de envio de imagens e vídeos dos casos.
Há inúmeros enfrentamentos que envolvem conhecimento odontológico, por exemplo, o alto índice de
câncer de pele e bucal na região norte. Este fato exige profissionais dispostos a emitir pareceres sobre os
pedidos de Segunda Opinião, assim como capacitados na produção de material educacional apropriado
para capacitar os profissionais/técnicos em atendimento na área.
Na FOUSP, o Núcleo de Teleodontologia1 iniciou
suas atividades empenhando-se em estabelecer uma
estratégia de compreensão e envolvimento dos professores a partir dos alunos de pós-graduação. O Programa de Ciências Odontológicas tem como uma das
Disciplinas iniciais obrigatórias a de Metodologia do
Ensino Odontológico, palco das primeiras atividades
envolvendo ferramentas eletrônicas. Os alunos foram
aos poucos expostos a metodologias ativas sob mediação tecnológica (fóruns, salas de bate-papo, aplicação
educacional de Redes Sociais) e foram disseminando
as experiências em suas disciplinas de concentração,
compartilhando com entusiasmo as atividades e o
quanto foram importantes em sua formação.
Em 2011 esse fato levou a FUNDECTO4 a pedir
ao Núcleo um curso voltado à capacitação dos professores na mediação do ensino por tecnologias, o que
foi prontamente atendido, sendo ofertado aos professores da faculdade na modalidade a distância.
As Disciplinas de Metodologia do Ensino Odon-
84
tológico e de Pesquisa Odontológica, pioneiras que
foram em utilizar plataformas educacionais livres na
FOUSP, no ano de 2011 vivenciaram a primeira aplicação de mediação via Rede Social (Facebook), com
acolhimento pelos alunos de pós-graduação, que começaram a participar da leitura dos conteúdos uma
semana antes do início da Disciplina, pela abertura
do grupo e convite à integração.
A área que ainda necessita atenção é a da Teleassistência, mas alguns professores têm procurado se
informar melhor a respeito e dessa maneira se propõem a realizar um trabalho conjunto de significância
da área no quadro odontológico e empenho para seu
crescimento como opção de apoio à tomada de decisão pelo profissional da rede pública.
Conclusão
A estratégia adotada pelo Núcleo de Teleodontologia da FOUSP mostrou-se eficaz em divulgar o que
é a Teleodontologia e como pode ser incorporada no
dia-a-dia da vida acadêmica, tanto na formação de
novos profissionais (Teleducação), quanto no viés de
Teleassistência, assumindo um caminho de aprendizagem e aplicação das novas ferramentas e estratégias.
Atualmente a Faculdade provê suporte para 99
cursos em Moodle, com projetos aprovados para a
constituição de um Centro de Referência na Produção de Material Educacional, com sala de defesa com
professores a distância, estúdio de produção e ilha de
edição, sala de aula apropriada para as NTIC (Novas
Tecnologias de Informação e Comunicação) e sala de
reuniões com suporte para vídeo e webconferência.
Outros projetos do Núcleo de Teleodontologia da
FOUSP envolveram o Ministério da Saúde e a CAPES,
este com parceria junto à FMUSP, além da construção
e ministração de um curso inédito de Ensino mediado por Tecnologias para Professores da Odontologia,
em parceria com a FUNDECTO (Fundação para o
Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia).
O Núcleo fez suas primeiras contratações em
2010, integrando um analista de sistemas e um professor doutor. Além das Disciplinas de Metodologia
do Ensino Odontológico e de Pesquisa Odontológica
são também ministradas disciplinas optativas de Teleodontologia para graduandos e pós-graduandos e
uma Disciplina de Produção de Material Educacional
para ensino presencial e telepresencial. Seu quadro
inclui 13 colaboradores entre profissionais, professores e pós-graduandos.
Foram defendidas duas teses com construção de
material educacional em modelagem 3D e têm sido
Revista da ABENO • 11(2)71-87
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
desenvolvidos trabalhos significativos na área, com
diversas premiações.
O envolvimento dos professores da faculdade permitirá que se trabalhe com mais propriedade e significância o conceito de teleassistência como extensão
de possibilidades dentro da Teleodontologia.
Descritores
Teleodontologia. Teleducação. Telessaúde.
Referências
1. Núcleo de Teleodontologia da FOUSP, disponível em www.
teleodonto.fo.usp.br/nucleo, acesso em junho de 2011.
2. Telessaúde Brasil, disponível em www.telessaudebrasil.org.br,
acesso em junho de 2011.
3. Programa de Saúde da Família – PSF, disponível em http://
dab.saude.gov.br, acesso em junho de 2011.
4. FUNDECTO, disponível em www.fundecto.com.br, acesso em
junho de 2011.
Plano de ensino do Curso de
Odontologia da FO-UERJ: olhar
discente
Autores: Messias Aragão Gondim, Joyce Cristina
Chevi da Rocha, Maria Isabel de Castro
de Souza, Teresa Cristina Ávila Berlinck,
Maria Eliza Barbosa Ramos
Instiuição: Universidade do Estado do Rio de
Janeiro
O
Ministério da Saúde (MS) em conjunto com o
Ministério da Educação (ME) desenvolveram
diferentes projetos (Telessaúde, PET-Saúde, UNASUS e Pró-Saúde) com intuito de dar apoio as Instituições de Ensino Superior, para que as mesmas assumam um compromisso científico/social com os
alunos e a população, objetivando um suporte à realidade da demanda populacional. Também as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) que têm por
objetivo estabelecer novas formas de organização curricular, articular ensino e rede, redimensionando o
status do processo educativo e práticas em saúde participam deste processo. As Diretrizes direcionadas
para Odontologia determinam que o perfil deste
novo profissional deva ser generalista, com visão humanista, crítica e reflexiva, capacitado a atuar em
todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor
técnico e científico, bem como ser capacitado ao exercício de atividades referentes à saúde bucal da população, pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica
do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefícios da sociedade.
Então a avaliação institucional como processo de
transformação imprime uma nova visão de “saber” em
lugar de “poder”, postura antiga dos processos de
avaliação. Sob este novo paradigma a abordagem
apresentada, por exemplo, para as Instituições de
Ensino, recebe o respaldo e legitimação através do
documento básico de avaliação das Universidades
Brasileiras do MEC, que define a Avaliação institucional com a Missão de “fazer saber”, reeditando a Avaliação institucional como um processo contínuo de
aperfeiçoamento do desempenho acadêmico, uma
ferramenta para o planejamento e gestão universitária e um processo sistemático de prestação de contas
a sociedade. Hoje a nova proposta rompe com a visão
que permeava a antiga avaliação e tem por objetivo
principal a aprendizagem, onde esta acontece de forma significativa e funcional, fazendo com que os conhecimentos que foram assimilados sejam aplicados
em diferentes contextos.
Hoje, somos bombardeados por informações, e o
desafio que temos perante estas não é produzi-las,
armazená-las ou transmiti-las, mas sim, reconhecer
quais destas são importantes. Por isso há a necessidade de avaliações que possam ser úteis, viáveis, éticas
e precisas. Para que isto ocorra é preciso considerar
valores e preocupações daqueles que tem interesse
em relação ao objeto avaliativo o que dará credibilidade ao objeto. A avaliação deve objetivar o reforço
das potencialidades e sucesso, sem eliminar o que foi
negativo, mas de forma que não super valorize as dificuldades e fracassos, devendo assim ressaltar os aspectos positivos e o que deverá ser corrigido da maneira mais coerente e ética.
As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na realização comportamental e
profissional de um indivíduo. Desta forma, a análise
dos relacionamentos entre professor/aluno envolve
interesses e intenções, sendo esta interação o expoente das conseqüências, pois a educação é uma das
fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros da
espécie humana. Neste sentido, a interação estabelecida caracteriza-se pela seleção de conteúdos, organização, sistematização didática para facilitar o aprendizado dos alunos e exposição onde o professor
demonstrará seus conteúdos.
Foi objetivo deste estudo avaliar a opinião dos alunos que cursam a Faculdade de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - FO-UERJ, a
respeito das disciplinas cursadas, com intuito de obter
respostas sobre a relação professor-aluno. As questões
Revista da ABENO • 11(2)71-87
85
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
abordadas foram:
1.“Ao iniciar a Disciplina o Docente apresentou o
plano de ensino, contendo objetivos, metodologia,
critérios de avaliação, cronograma e bibliografia?”
2.“Houve coerência entre o conteúdo das aulas e os
objetivos propostos no plano de ensino?”
A amostra foi composta por cento e cinqüenta
alunos (150) do 2o ao 8o período. Os critérios de exclusão foram: as Disciplinas do oitavo período, que
não foram analisadas, pois os alunos já tinham se formado e os alunos do primeiro período, pois não havia
possibilidade de avaliar o período anterior, já que
estavam no primeiro ano do curso. No semestre avaliado (2010-1) a FO-UERJ apresentava duzentos e
doze alunos ativos. Do segundo ao oitavo período,
cento e oitenta e dois alunos (182) cursavam a Faculdade de Odontologia.
Foi realizado um questionário quantitativo e qualitativo no Laboratório de Informática, com perguntas fechadas, só podendo marcar uma opção nas respostas e espaços para exprimir sua opinião em relação
ao questionamento. Os alunos avaliaram as disciplinas do período anterior ao que estavam cursando.
As disciplinas avaliadas foram as seguintes:
• Primeiro período: Anatomia I, Bioquímica, Bioestatística aplicada à Odontologia, Genética, Histologia e Embriologia e Biologia Celular.
• Segundo período: Anatomia II, Materiais Dentários I, Saúde Bucal Coletiva I, Metodologia Científica, Patologia Geral, Ciência Sociais, Microbiologia e Imunologia e Fisiologia.
• Terceiro período: Radiologia I, Materiais Dentários II, Psicologia da Conduta Normal e Patológica, Patologia Bucal I, Farmacologia, Anatomia e
Escultura Dental I.
• Quarto período: Dentística I, Cirurgia I, Estomatologia I, Prótese de Laboratório, Radiologia II e
Oclusão I.
• Quinto período: Anatomia e Escultura Dental II,
Cirurgia II, Dentística II, Materiais Dentários III,
Estomatologia II, Endodontia I e Periodontia I.
• Sexto período: Dentística III, Endodontia II, Ortodontia I, Periodontia II, Prótese Fixa I e Prótese
Removível I.
• Sétimo período: Clínica Integrada I, Oclusão II,
Odontopediatria I, Ortodontia II, Prótese Removível II e Prótese Fixa II.
As disciplinas eletivas não foram avaliadas.
86
Os resultados demonstraram que o professor
mantém o aluno informado sobre o que vai acontecer
durante o decorrer do curso e que a maioria do corpo discente está satisfeito com apresentação da disciplina e todas as atividades, assim como, objetivo, metodologia, critérios de avaliação, cronograma e
bibliografia. A relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo
professor, da relação empática com seus alunos, de
sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de
compreensão dos alunos e da criação das pontes entre
o seu conhecimento e o deles. Houve uma aprovação
de oitenta e um por cento (81%) no geral, onde o
maior índice de noventa e oito por cento (98%) foi
evidenciado no primeiro período e o menor índice
de sessenta e cinco por cento (65%) no sétimo período, nesta questão as possibilidades de respostas eram
de “Sim” ou “Não”.
Responderam que não houve um planejamento
ou apresentação do plano de curso cerca de dezenove por cento (19%). Em relação ao cumprimento ou
não, os resultados demonstraram que sessenta e sete
por cento (67%) responderam que “sempre” houve
coerência entre plano de curso e o que realmente
aconteceu durante o decorrer do semestre, além disso, vinte e dois por cento (22%) responderam que
isso aconteceu “freqüentemente”. As possibilidades
de respostas eram de “sempre”, “freqüentemente”,
“esporadicamente” e “nunca”. Somando os dois, temos oitenta e nove por cento (89%) de cumprimento do conteúdo do programa com respostas sempre
(67%) e freqüentemente (22%). É um resultado satisfatório, pois mostra que não só houve a apresentação do plano de ensino, mas também o cumprimento
de todo o plano de curso ou pelo menos grande parte dele. Os dados obtidos possuem algumas discrepâncias em alguns períodos que merecem uma análise mais crítica. Isto ocorreu nas seguintes Disciplinas:
• Metodologia Científica e Ciências Sociais no 2º
período (29% e 38%),
• Anatomia e Escultura Dental I no 3º período
(5%),
• Dentística I no 4º período (0%),
• Prótese Removível I no 6º período (0%),
• Oclusão II no 7º período (21%) e
• Clínica Integrada I no 7º período (0%).
Pode-se concluir que a maioria dos alunos (81%)
está satisfeita em relação a distribuição das regras adotadas pelas Disciplinas. Isso é muito importante, pois
o professor ao iniciar a Disciplina já cria laços e, além
Revista da ABENO • 11(2)71-87
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia (continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
disso, passa uma imagem de organização e preocupação. Indica também, que o professor, educador, deve
orientar para as mudanças, para a autonomia, para
ética e para a liberdade possível, numa abordagem
global. Trabalhando o lado positivo dos alunos e para
a formação de um cidadão consciente de seus deveres
e de suas responsabilidades sociais.
Descritores
Odontologia. Educação em saúde. Prática de ensino-aprendizagem.
Referências
1 Bagnato M. Inovações Pedagógicas na Educação Superior em
Saúde: algumas reflexões. 2005. Disponível <mbagnato@uni-
camp.br> PRAESA-Laboratório de Estudos e Pesquisas em
Práticas de Educação e Saúde. Acesso em: 13 out. 2008.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Pró-saúde: programa nacional de
reorientação da formação profissional em saúde /Ministério
da Saúde, Ministério da Educação. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. 77 p. (Série C. Projetos, Programas e Relatórios).
3. Senna, M.I.B., Lima, M.L.R., Diretrizes curriculares nacionais
para o ensino de graduação em odontologia: uma análise dos
artigos publicados na revista da ABENO, 2002-2006., Arquivos
em Odontologia, Volume 45, número 01, Janeiro/Março de
2009
4. Souza AM de A, Galvão E de A, Santos I dos, Roschke MAC.
Processo educativo nos serviços de saúde. Brasília (DF): OPAS;
1991. [Série Desenvolvimento de Recursos Humanos, 1]
Revista da ABENO • 11(2)71-87
87
46a Reunião Anual da Associação
Brasileira de Ensino Odontológico*
Tema central: A Formação Odontológica e o Mundo do Trabalho
Florianópolis - SC - 10 a 13 de agosto de 2011
Comissão Organizadora local
Coordenador:
Comissão Científica
Cleo Nunes de Sousa
Daniela Lemos Carcereri (Presidente)
Lúcia Schaefer Ferreira de Mello
Calvino Reibnitz Júnior
Cláudio José Amante
Inês Beatriz da Silva Rath
Mirelle Finkler
Secretaria
Maria Helena Pozzobon
Maria Inês Meurer
Tesoureiro
Mauro Amaral Caldeira de Andrada
*
Continuação do conteúdo publicado na edição volume 11, número 1 (janeiro/junho de 2011) da Revista da Abeno.
Pôsteres
Atividades desenvolvidas no
projeto “A Universidade a Serviço
da Saúde”
Apresentador: Helena Maria Antunes Paiano
Autores: Denise Vizzotto, Eliane Ramin, Helena
Maria Antunes Paiano, Luiz Carlos Miguel
A
UNIVILLE em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Joinville aprovou o projeto “A
Universidade a Serviço da Saúde” pelo Pró-Saúde II
em 2008. Este projeto foi elaborado por uma equipe
de professores dos cursos de Odontologia e Farmácia,
visando a integração dos cursos no processo de formação dos acadêmicos. O Projeto é realizado no bairro Jardim Paraíso, localizado próximo ao Campus da
Universidade da Região de Joinville. O objetivo do
projeto é incentivar a transformação do processo de
formação, geração de conhecimento e prestação de
serviços à população para abordagem integral do
processo saúde-doença. O eixo central é a integração
ensino-serviço, com a conseqüente inserção dos estudantes no cenário real de práticas, a Rede do Sistema Único de Saúde (SUS). As atividades são desenvolvidas junto às unidades básicas de saúde do Jardim
Paraíso I e II contemplando uma comunidade com
aproximadamente 10 mil pessoas. Essas duas unidades representam a sede da articulação ensino-serviço
e nucleia as ações do Pró-Saúde II com abrangência
no bairro. As ações realizadas nestes primeiros três
anos de projeto:
• criação da Comissão Gestora Local e discussão
sobre todas as ações de saúde desenvolvidas no
bairro e reforma da unidade;
• conhecimento da área de abrangência das unidades de saúde do Jardim Paraíso I e II, identificando os determinantes sócio-econômicos do processo saúde-doença;
• planejamento das atividades de intervenção na
comunidade com os profissionais das unidades
básicas de saúde;
• realização de visitas domiciliares à famílias em
risco de adoecer;
• promoção de atividades educativas nas escolas do
bairro;
• atendimento odontológico para a comunidade.
Como resultado pretende-se instrumentalizar os
profissionais para a abordagem dos determinantes
do processo saúde-doença na comunidade e a formação de cidadãos-profissionais, na área da saúde bucal,
críticos e reflexivos capacitados a desenvolver suas
práticas voltadas para a promoção e manutenção da
saúde no SUS.
O lúdico no projeto
“A Universidade a Serviço
da Saúde”
Apresentador: Eliane Ramin
Autores: Denise Vizzotto, Eliane Ramin, Helena
Maria Antunes Paiano, Luiz Carlos Miguel
O
objetivo do projeto é proporcionar à sociedade
profissionais habilitados para responder às necessidades da população brasileira e à operacionalização do Sistema Único de Saúde. Enfatizar a educação em saúde capacitando a equipe de profissionais
das unidades de saúde do Jardim Paraíso I e II, professores e alunos do curso de Odontologia a utilizar
técnicas educacionais alternativas mais eficazes. Para
atingir este objetivo torna-se necessário integrar a
educação e a participação comunitária de forma dinâmica, mediante estratégias ligadas ao teatro, música, feiras, dias da saúde e dinâmica de grupo. As
atividades de promoção e educação em saúde são
desenvolvidas através dos jogos educativos elaborados pelos alunos nas oficinas de capacitação profissional, supervisionados pelos professores da disciplina de Odontologia Coletiva da UNIVILLE. Os
acadêmicos aplicam e testam a efetividade do conhecimento adquirido pela comunidade antes e após
participarem de campanhas de educação em saúde.
Os indivíduos são abordados de forma alternativa e
lúdica, proporcionando uma ampliação de seu conhecimento em conceitos de saúde. Estas atividades
são desenvolvidas junto às Unidades de Saúde do
Jardim Paraíso I e II contemplando aproximadamente 10 mil pessoas. Essas duas unidades representam
a sede da articulação ensino-serviço e nucleia as ações
do projeto Pró-Saúde II. O resultado obtido é a formação de cidadãos-profissionais, na área da saúde
bucal, críticos e reflexivos capacitados a desenvolver
na práxis a promoção e manutenção da saúde, constituindo-se em agentes promotores de saúde. Profissionais com posturas criativas de construção do conhecimento, tendo como referência as necessidades
Revista da ABENO • 11(2)89-164
89
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
dos usuários, que são extremamente dinâmicas. É
fundamental que a aprendizagem em saúde signifique mais do que uma retenção de informações. O
exercício da prática de educação popular em saúde
pressupõe abertura, disponibilidade para ouvir o
outro, pois, o ato participativo é humanizante. O essencial é ajudar o ser humano a ajudar-se, é fazê-lo
agente de sua transformação.
Inovação do ensino da endodontia
na Universidade Federal do
Amazonas
Apresentador: Emílio Carlos Sponchiado Jr
Autores: Emílio Carlos Sponchiado Jr
O
ensino da Endodontia por muitos anos no Brasil
tinha como base transmitir aos acadêmicos o
diagnóstico e tratamento das doenças pulpares e periapicais por meio das técnicas de cirurgia de acesso,
instrumentação com limas de aço inox e obturação
pela técnica da condensação lateral. A área de Endodontia mudou muito no quesito tecnologia nestes
últimos 10 anos, hoje é possível realizar um tratamento endodôntico mais eficaz com microscópio operatório, ultrassom, limas de NiTi, odontometria eletrônica e obturações tridimensionais. A Endodontia da
Universidade Federal do Amazonas implantou em
2009 algumas destas tecnologias nas aulas de graduação, como o sistema de odontometria eletrônica e a
microscopia operatória nas aulas ambulatoriais. Porém a principal mudança foi a introdução das limas
manuais de NiTi do sistema Protaper Universal para
se realizar o preparo químico mecânico dos dentes
molares, pois percebia-se as limitações e dificuldades
da utilização das limas de aço inox nos tratamentos
destes dentes. Para isto, foi feita uma pesquisa de mercado para averiguar qual o impacto do custo destas
limas na lista de materiais dos alunos e foram feitas 4
encontros dos professores da disciplina com apoio
pedagógico para verificar as mudanças necessárias
para implementar este sistema já nas aulas pré-clínicas. Foi verificada que esta nova opção aumentaria
em até 20% o valor real da lista de materiais e que a
técnica deveria ser realizada já no primeiro contato
do discente com a Endodontia, pois as técnicas tinham o mesmo conceito, somente mudariam a liga
metálica dos instrumentos e a sequencia de utilização.
Os acadêmicos a partir da disciplina de Endodontia
I do ano de 2009 realizaram os treinamentos laboratoriais para instrumentação de molares com limas
90
manuais do sistema Protaper e a obturação com o
sistema de termocompactação da guta-percha. Nos
semestres seguintes (Endodontia Clínica, Clínica Integrada e Estágio Supervisionado) os treinamentos
foram realizados em ambulatório durante o atendimento convencional da comunidade. Hoje é observada uma maior facilidade dos discentes na instrumentação dos dentes molares, principalmente no que diz
respeito a diminuição do tempo de trabalho, menores
acidentes por desvios e facilidade na etapa de obturação, aumentando assim a autoestima dos discentes,
pois puderam perceber que o tratamento endodôntico de molares quando feito na graduação também
pode ser prazeroso para o operador e com qualidade
para o paciente.
Avaliação curricular: reflexões
a partir da perspectiva dos
estudantes
Apresentador: Ramona Fernanda Ceriotti Toassi
Autores: Ramona Fernanda Ceriotti Toassi, Juliana
Maciel de Souza, Cassiano Kuchenbecker
Rosing, Evanise Berggrav, Lilian Bottaro
Purper
O
processo de reestruturação curricular na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (FO/UFRGS) deu-se a partir
de 2005, prevendo um ensino mais integrado às demandas sociais. De 2005 a 2010, três turmas já foram
formadas a partir dessa proposta curricular e nenhuma avaliação havia sido realizada. Diante dessa necessidade, este estudo pretendeu avaliar o processo
de reestruturação curricular na FO/UFRGS, na perspectiva dos estudantes. O método de investigação foi
predominantemente qualitativo, utilizando a estratégia do estudo de caso. Foram convidados a participar do estudo todos os estudantes da graduação em
Odontologia, do 1º ao 10º semestre que tiveram interesse e disponibilidade. A coleta de dados envolveu
a análise de documentos (Projeto Pedagógico / Planos de Ensino) e a aplicação de questionários semiestruturados. Os dados de identificação e as respostas referentes às questões fechadas do questionário
foram analisados por meio do software IBM SPSS
Statistics. Já os dados qualitativos foram analisados
utilizando-se a análise de conteúdo. O projeto foi
avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade (sob nº 20297). Participaram do
estudo, 360 estudantes (88,5%), sendo 69,2% mulhe-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
res e 30,8% homens. As mulheres predominaram em
todos os semestres do curso e a idade variou de 17 a
33 anos. A maior parte dos estudantes é do estado do
Rio grande do Sul (95,5%), da cidade de Porto Alegre
(51,4%), solteiros (96,1%), não tem filhos (98,3%) e
nunca trabalharam (71,4%). Quando optaram pelo
curso, 45,8% dos estudantes estavam absolutamente
decididas e 85,3% acreditam estar recebendo uma
sólida formação para atuar no mercado de trabalho.
Após a graduação, 50,3% das estudantes pretendem
trabalhar no setor público e privado e 97,5% querem
se especializar, sendo que 26,4% planejam iniciar a
especialização até 1 ano após o término do curso. As
áreas de especialidade mais relatadas foram a prótese/implante, a cirurgia e a ortodontia. Os estudantes
apontam fragilidades na integração entre as disciplinas e nas clínicas integradas e em relação ao processo avaliativo. Como potencialidades, os estudantes
assinalam o atual currículo que enfatiza a humanização da saúde e destacam a qualidade da formação
dos professores. Sugerem que o currículo seja avaliado continuamente, permitindo a transformação/reconstrução no curso de seu desenvolvimento.
Descritores
Avaliação curricular. Currículo. Ensino odontológico. Saúde e educação.
Caracterização socioeconômica
e do mercado de trabalho:
conhecendo os acadêmicos de
odontologia da UFMS
Apresentador: Rosana Mara Giordano de Barros
Autores: Rosana Mara Giordano de Barros,
Alessandro Diogo de Carli, Cibele Bonfim
de Rezende Zárate, Edílson José Zafalon,
Paulo Zárate-Pereira, Valéria Rodrigues
de Lacerda
O
crescente número de cirurgiões-dentistas no
mercado de trabalho anualmente tem despertado interesse entre os educadores da área odontológica. Esse crescimento da profissão levará, em médio ou curto prazo, a uma regulação do mercado,
onde o próprio interesse do jovem em cursar a Odontologia será preterido por outras profissões menos
competitivas. Na perspectiva da lei de oferta e procura, a Odontologia tem apresentado um quadro
crítico para a profissão. Isso se deve em parte, pelo
crescimento exagerado de faculdades e por outro,
pelo baixo poder aquisitivo da população para con-
sumir os serviços oferecidos pelos profissionais egressos das faculdades. Para tanto, é importante considerar que a escolha da profissão é um passo de grande
importância na vida do indivíduo e proporciona e
determina muito do ambiente físico e social em que
vive. Portanto, o presente estudo tem por objetivo
identificar o perfil atual do acadêmico de Odontologia e conhecer sua expectativa em relação ao Mercado de Trabalho. Realizou-se uma pesquisa com os
acadêmicos dos 3°, 5° e 7° semestres da Faculdade de
Odontologia “Prof. Albino Coimbra Filho” no ano de
2010, durante o período de pré-matrícula. Utilizouse questionário on line para identificação socioeconômica dos mesmos. A amostra final foi constituída
por 120 alunos e os dados foram tabulados por software próprio. Como resultados, verificou-se que as
famílias são constituídas, em sua maioria, por 4 pessoas e possuem renda acima de 10 salários mínimos.
A formação acadêmica está voltada ao mercado de
trabalho, condição percebida pelos acadêmicos e que
a maior motivação pela escolha do curso de Odontologia foi a aptidão pessoal. Assim, concluímos que os
acadêmicos têm boa condição econômica para cursar
a faculdade escolhida, expectativa favorável à formação e ao mercado de trabalho, bem como as possibilidades salariais.
Percepção acadêmica sobre
articulação ensino-serviço:
experiência da FAODO-UFMS
Apresentador: Valéria Rodrigues de Lacerda
Autores: Valéria Rodrigues de Lacerda, Alessandro
Diogo de Carli, Cibele Bonfim de Rezende
Zárate, Edílson José Zafalon, Paulo
Zárate-Pereira, Rosana Mara Giordano de
Barros
Objetivo
Conhecer a percepção dos acadêmicos deOdontologia da UFMS sobre sua intenção de trabalhar no
sistema público de saúde e a articulação ensino-serviço proporcionada pelo Estágio Obrigatório de
Odontologia em Saúde Coletiva I (EOOSC I).
MÉTODO
Questionários estruturados e semiestruturados
foram aplicados a 46 alunos do 6º semestre da Faculdade de Odontologia Prof. Albino Coimbra Filho UFMS, em dezembro de 2010. Os dados foram tabulados e submetidos à estatística descritiva.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
91
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
RESULTADOS
Destacou-se a opinião de que a disciplina de
EOOSC I melhorou a percepção dos acadêmicos sobre o trabalho na Estratégia Saúde da Família e favoreceu o conhecimento da realidade, para além da
teoria. Destes, 96% gostariam de exercer atividades
profissionais no sistema público de saúde.
CONCLUSÕES
Dentre os participantes, prevaleceu a pretensão
de trabalho em serviço público e a percepção de que
a proposta da disciplina de EOOSC I aproxima sua
formação da prática na ESF.
A equipe multiprofissional e o
profissional de Odontologia
Apresentador: Luiz Carlos Machado Miguel
Autores: Luiz Carlos Machado Miguel, Kesly Mary
Ribeiro Andrades, Lúcia Fátima de Castro
Ávila, Constanza Marin de Los Rios
Odebrecht
A
s Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) preconizam que o perfil do egresso do Curso de
Odontologia tenha uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os
níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico
e científico. A inserção do profissional de Odontologia na equipe multiprofissional de atenção á saúde,
nos mais variados níveis, deve ser pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade
social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo
sua atuação para a transformação da realidade em
benefício da sociedade. A presença do profissional
de Odontologia na equipe de saúde que trata dos
pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC)
configura bem esta realidade. Cada vez mais a abordagem dos pacientes com IRC deve ter uma visão
ampliada de tratamento que extrapola os problemas
renais e exige, dos profissionais envolvidos, uma visão
sistêmica dos problemas relacionados a estes pacientes. A saúde integral do paciente, não apenas restrita
a monitorização das funções renais, deve ser um objetivo a ser alcançado por todos os profissionais envolvidos no cuidado com esta parcela da população.
O comprometimento psicológico causado pela amplitude da doença, faz com que estes pacientes necessitem de tratamentos que extrapolem a alta tecnologia empregada. Os profissionais de saúde envolvidos
devem humanizar as relações com estes doentes. Neste complexo quadro, a cavidade bucal também sofre
92
alterações relevantes. O diagnóstico e um plano de
tratamento odontológico devem seguir um protocolo que se leve em consideração a condição sistêmica
deste paciente, o momento da terapia renal substitutiva e a possibilidade do transplante renal. O tratamento deve ser realizado de uma forma multidisciplinar, onde a comunicação entre o médico
nefrologista e o cirurgião dentista contribua para
que o tratamento seja bem sucedido e a saúde bucal
restabelecida. O controle da saúde bucal traz implicações diretas no quadro nefrológico e deve ser parte integrante do cuidado geral do paciente. Um quadro infeccioso na cavidade bucal torna-se um fator
de risco à rejeição do transplante renal, solução terapêutica para pacientes com IRC. Redução de fluxo
salivar, alterações no índice de cpod, desaparecimento da lamina dura em dentes hígidos, formação de
cálculos, perdas dentárias e candidose são alterações
bucais importantes observadas, decorrentes da IRC
e que necessitam de cuidados especializados. Deve-se
tratar o paciente, na sua integralidade, e não a doença em particular. Os pacientes portadores de IRC,
em hemodiálise, apesar de possuírem a mesma doença devem ser tratados de forma diferente, respeitando as suas particularidades, procurando sua estabilização e preparando as condições ideais para o
transplante, quando necessário. Diante do exposto,
conclui-se que existe a necessidade de uma linguagem comum facilitadora entre os variados profissionais envolvidos nesta terapia e de um protocolo de
atendimento odontológico que alimente de informações e gerem um fluxo constante de dados que possam promover a melhoria do estado geral deste paciente.
Estratégia de Saúde da Família:
realidade na Odontologia da
Univille
Apresentador: Maria Dalva de Souza Schroeder
Autores: Maria Dalva de Souza Schroeder,
Constanza Marin de Los Rios Odebrecht,
Franciele Colatusso
Introdução
A disciplina de Estágios Extra-Muros do curso de
graduação em Odontologia da Univille (SC) visa desenvolver nos alunos do 5o ano uma capacidade de
aprendizado interdisciplinar, associando o o conhecimento com a prática, tendo como foco a comunidade. Neste módulo há uma interação com a equipe
multiprofissional da Estratégia de Saúde da Família
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
(ESF). A integração da Academia com equipe responsável pelo delineamento epidemiológico da UBSF,
amplia o conhecimento dos alunos ao mesmo tempo
em que proporciona um aprendizado com responsabilidade social, despertando no aluno o “eu” coletivo
capaz de produzir uma visão real da saúde pública.
Objetivo
Proporcionar aos estudantes de Odontologia um
conhecimento voltado à realidade social local, capacitando-os a desenvolver seus potenciais críticos e
reflexivos para diagnosticar e tratar os pacientes de
acordo com suas condições socioeconômicas locais.
Metodologia
Este trabalho é um relato da experiência dos alunos do módulo descritos nos relatórios de atividades
durante cada bimestre. Os atendimentos prestados
pelos alunos do 5o ano são divididos em 04 (quatro)
módulos, respectivos a cada bimestre. Semanalmente os alunos escrevem um relatório das atividades
desenvolvidas no dia do atendimento na Unidade de
Saúde do Jardim Sofia - Joinville (SC), e elaboram
um relatório descritivo destas atividades, onde cada
aluno descreve seus procedimentos realizados naquele dia na Unidade de Saúde e entrega ao professor
orientador da disciplina (Univille) para a avaliação
e esclarecimentos de dúvidas sobre as atividades desenvolvidas. O atendimento é realizado através de
consultas pré-agendadas pela dentista da ESF, priorizando as famílias de maior risco social. A promoção
de saúde e as visitas domiciliares são realizadas de
acordo com o delineamento epidemiológico feito
pela equipe de ESF da Unidade e pelos agentes comunitários de saúde (ACS).
Resultados
Desenvolveram-se técnicas periodontais mais
simples; fomentou-se o convívio social e o desenvolvimento de trabalhos na comunidade. O atendimento às famílias mais susceptíveis promoveu a humanização, de acordo com os princípios do SUS. O
convívio com uma equipe multiprofissional desenvolveu nos estudantes um aprendizado consciente, baseado na realidade local da área de abrangência da
equipe de saúde.
Conclusão
Este trabalho contribuiu para despertar nos graduandos o convívio coletivo, de acordo com a realidade socioeconômica da comunidade local, aumentando o senso de reflexão e aprendizado com relação à
profissão e, principalmente, despertando o “eu” coletivo através de um atendimento mais humanizado.
Quando a cola interessa à
aprendizagem
Apresentador: Mary Caroline Skelton Macedo
Autores: Mary Caroline Skelton Macedo, Rielson
José Alves Cardoso, João Humberto
Antoniazzi
U
ma turma de 53 alunos do curso noturno de
Endodontia da FOUSP (1o semestre de 2011) foi
incentivada a realizar uma das avaliações cognitivas
por meio de uma prova disponibilizada eletronicamente na plataforma Moodle. A prova ficou disponível durante 1 semana para acesso dos alunos no momento em que lhes fosse oportuno e estes foram
incentivados a discutir os conteúdos com os colegas,
professores, pesquisar nos livros e na Internet. Os
alunos poderiam preencher a prova por duas vezes
durante a semana em que ficou disponibilizada. A
prova somou 12 perguntas de múltipla escolha e valia
nota 10,0 (dez). Após o período proposto, as notas
foram computadas e a média da turma ficou em 6,21
(seis e vinte e um), com a nota mais alta de 8,33 (oito
e trinta e três) e a mais baixa de 2,5 (dois e meio). A
maior parte da turma (48 alunos) alcançou entre as
notas 5,0 (cinco) e 9,17 (nove e dezessete). Os alunos
que tiraram notas abaixo de 5,0 (cinco) foram incentivados a realizarem a prova novamente, com mais
uma semana de chance de estudar e garantir maior
nota. O tempo despedido no preenchimento do questionário da prova somou 1546 horas. Os alunos foram
incentivados (não obrigatoriamente) a responder um
levantamento de suas impressões sobre a estratégia
e os que responderam foram unânimes em observar
que foi uma forma de discutirem o assunto e buscarem respostas nos livros. A estratégia viabiliza ao
aluno trocar informações com colegas e professores
e também consultar livros e informações que estejam
na internet no intuito de estudar e se deparar com
dúvidas e questionamentos que devem ser discutidos
para que sejam resolvidos. Desta maneira, aquilo que
se considerava cola passa a constituir um instrumento de aprendizagem, desde que o instrumento de
avaliação seja bem construído, no intuito de fazer
com que o aluno reflita e se disponha a buscar a informação apropriada. Nenhuma estratégia atinge
semelhantemente todos os alunos envolvidos, mas
aquela que permitir maior contato e reflexão sobre
os conteúdos, utilizando o trabalho colaborativo de
significativo ao aprendizado andragógico, certamente alcançará maior aprendizagem por parte dos atores envolvidos e a cola pode ser uma ferramenta que
Revista da ABENO • 11(2)89-164
93
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
permita esta reflexão, desde que utilizada sem a conotação de ludibriar os docentes.
Ouvir o corpo discente: função
de educador (experiência no pósgraduação)
Apresentador: João Humberto Antoniazzi
Autores: Mary Caroline Skelton Macedo, Rielson
José Alves Cardoso, João Humberto
Antoniazzi
A
s NTIC trouxeram inúmeras ferramentas de interesse educacional para a educação superior,
ampliando a possibilidade de formação heutagógica
sob ensino continuado com acesso amplo à informação. Observa-se que muitas têm sido utilizadas no
ensino fundamental e médio, mas o superior não se
tem valido de sua funcionalidade na aprendizagem.
Algumas faculdades têm iniciado sua experiência na
utilização de Ambientes Virtuais de Aprendizagem
(AVA), porém vinculando-se às expectativas do docente, sem ouvir ou permitir interferências por parte
do corpo discente. No intuito de compreender o que
os alunos percebem e como participam das atividades Didáticas, a Disciplina de Metodologia do Ensino
Odontológico da FOUSP tem utilizado o Moodle
como AVA de escolha para o processo e ensino-aprendizagem e tem incentivado os professores da FOUSP
a utilizá-lo em suas disciplinas, tanto de graduação
quanto de pós-graduação. Muitas observações foram
ouvidas, todas voluntárias:
• os professores têm se interessado pelo trabalho
na plataforma, mas ainda não a conhecem o suficiente para torná-la menos árida na comunicação entre os atores;
• os alunos percebem que o ambiente é árido e pouco atrativo, pela falta de conhecimento dos professores e adequação à nova mídia de comunicação.
Queixam-se principalmente de ter que entrar em
novo ambiente, inserindo uma nova senha, apenas
para coletar artigos ou textos que poderiam ser enviados por e-mail. A partir das reclamações coletadas
e observando-se o fato de que a maior parte dos alunos possuírem perfis na Rede Social Facebook, foi
proposto à turma do 1o semestre de 2011 de Metodologia de Pesquisa Odontológica realizar o didático
utilizando-se esta Rede como plataforma educacional, já que possui as mesmas ferramentas utilizadas
94
no Moodle, o qual é empregado nesta mesma disciplina há 5 anos consecutivos. Como a faixa etária na
pós-graduação é mais alta, quatro alunos dos 20 alunos não tinham perfil registrado no Facebook e foram incentivados a fazê-lo. O grupo do curso Metod.
Pesq.Odont. na Facebook foi aberto com uma semana de antecedência à data do início do curso e os
alunos com perfil na Rede Social foram imediatamente incluídos, iniciando o fórum independente de
ativação dos professores. Postados os conteúdos, todos realizaram as leituras e participaram do fórum
geral com contribuições pessoais (textos e documentos de Internet) e comentários sobre os conteúdos,
fato que não ocorreria se essas leituras fossem exigidas para uma aula presencial, ainda que dialogada.
Conclui-se que as Redes Sociais, desde que ofereçam
oportunidade de abertura de grupos privados e com
ferramentas que interessem ao processo de ensinoaprendizagem, podem vir a ser ambiente bastante
interessante à aprendizagem colaborativa andragógica e heutagógica.
Vídeo institucional de divulgação
das atividades do Pró-Saúde
Odontologia da Universidade
Estadual de Maringá (UEM)
Apresentador: Cynthia Junqueira Rigolon
Autores: Cynthia Junqueira Rigolon, Luiz
Fernando Lolli, Mirian Marubayashi
Hidalgo, Hélio Terada, Adilson Luiz
Ramos, Maria Gisette Arias Provenzano
O
Programa Pró-saúde tem sido uma referência
para o Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá no sentido de fornecer um “norte” para a idealização de ações no âmbito do Sistema Único de Saúde, principalmente no
que tange à percepção de docentes e discentes quanto às peculiaridades do sistema. O advento da parceria no ano de 2006 permitiu que várias ações fossem
desenvolvidas nos 3 eixos norteadores do programa,
Orientação teórica, cenários de prática e orientação
pedagógica. Diante das inúmeras ações realizadas, a
equipe executora do “Pró-Saúde Odontologia UEM”
optou pela criação de um vídeo institucional objetivando divulgar o trabalho desenvolvido. Os cenários
de filmagens incluíram a Clínica Odontológica da
UEM, Unidades de Saúde dos municípios de Marialva e Maringá, onde os acadêmicos de odontologia
realizam atendimentos clínicos, os ambientes terri-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
torializados para ações de promoção de saúde e reuniu relatos acadêmicos (docentes e discentes) e da
população assistida.
Educação lúdica em saúde:
fantoches e macro modelos
Apresentador: Jaime A Cerveira
Autores: Jaime A Cerveira, Aparecida Mabtum,
Lelia MA Carneiro, Carmen L Cardoso
O
processo educativo é, sobretudo, uma relação
entre seres humanos. A metodologia pedagógica é uma escolha que pode promover transformação
social. Neste contexto, se insere a proposta de uma
educação libertadora e emancipatória, que busca
promover “empowerment”, mediante a conscientização de direitos e deveres do cidadão. No contexto de
transformações os desafios são permanentes tanto
para estudantes, professores e profissionais da área
de saúde. O alvo precípuo é integralizar o aprendizado pela análise da realidade, a fim de buscar por
soluções e propor formas de atuação que possam
gerar transformação social. Esse tem sido o método
de educação em saúde que se busca empregar, ainda
que de forma inicial, nas diversas atividades de educação em saúde da Unidade Básica de Saúde (UBS)
do Jardim Paiva, como os grupos de gestante, clínica
de bebês, atividades com pré-escolares e escolares,
os grupos de artesanato, entre outros. O convênio
PRO-Saúde forneceu:
• seis fantoches grandes;
• quatro fantoches médios;
• quatro macro modelos;
• quatro escovas grande; e
• quatro espelho inquebrável, que auxiliam em
orientações em relação à saúde bucal, como:
––técnica de escovação,
––evolução da cárie,
––doença periodontal,
––alimentação adequada, entre outras.
São utilizados em trabalhos voltados á promoção
de saúde bucal, nas escolas do bairro, atingindo alunos desde a pré-escola até o ensino médio, além de
atividades educativas na própria unidade de saúde.
Têm se mostrado um facilitador no processo ensinoaprendizagem, uma vez que através do lúdico, se conseguiu envolver as crianças, jovens e adultos despertando a atenção para o cuidado com a saúde bucal.
Objetivo
Relatar a introdução de material lúdico fornecidos pelo convênio PRO-Saúde em trabalhos de educação em saúde na UBS do Jardim Paiva como meio
de fortalecer o processo ensino aprendizagem. A participação em redes grupais e a possibilidade de perceber os múltiplos olhares são competências necessárias na formação de profissionais de saúde, como
pessoas capazes de reconhecer ativa e criticamente a
realidade em que atuam e exercer ações criativas e
transformadoras que incluam o trabalho em grupo,
a construção coletiva de conhecimento e que tal parceria contribua no desafio formar cidadãos solidários, participativos e comprometidos com as mudanças pessoais, institucionais e sociais que a realidade
demanda. Na perspectiva da educação problematizadora a inclusão de fantoches e macro modelos fornecidos pelo convênio Pro-Saúde contribuiu com a
participação mais efetivas de todos os atores sociais
envolvidos na atenção básica, a saber:
• profissionais de saúde,
• alunos/estagiários,
• comunidade,
• alunos de pré-escola e escolas,
• agentes comunitários de saúde, servindo, muitas
vezes, como um facilitador do processo de ensino
aprendizagem.
PET-Saúde: percepção de alunos
bolsistas e identificação com as
tendências para a formação
Apresentador: Marcia de Freitas Oliveira
Autores: Marcia de Freitas Oliveira, João Luiz
Gurgel Calvet da Silveira
Introdução
O campo da prática odontológica e o processo
de formação do cirurgião dentista apresentam uma
evolução histórica originada em sua fase primitiva,
caracterizada por uma “ocupação indiferenciada”,
até os tempos modernos onde a profissão apresentase a partir de sua “etapa avançada do profissionalismo” como formação de nível superior, concentrando
uma grande quantidade de conhecimento científico
e tecnológico, que inicialmente apresentavam-se
quase que exclusivamente focados nos avanços da
biomedicina. A partir das décadas de 60 e 70 a profissão e conseqüentemente a formação organizam-se
pelo reconhecimento da necessidade de adequar os
odondólogos à realidade social para responder às
necessidades de saúde bucal da população (Queluz,
Revista da ABENO • 11(2)89-164
95
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
2003). Nessa perspectiva o ensino de odontologia no
Brasil, seguindo a tendência da América Latina,
pode ser caracterizado por três fases marcantes, sendo estas:
• a artesanal com forte valorização das habilidades
manuais e foco nos procedimentos cirúrgicorestauradores, principalmente com apelo estético
de forma empírica, seguida pela
• etapa acadêmica quando o conhecimento científico do campo das ciências biológicas e o desenvolvimento tecnológico da profissão adquirem
maior importância e finalmente
• a etapa humanística, considerada recente no contexto da profissão, porém em sintonia com a tendência das profissões da área da saúde. (Carvalho,
2006).
O princípio de integralidade do cuidado concorre para uma mudança no campo da formação e do
cuidado na área da saúde, podendo ser compreendido como um conjunto de idéias e práticas caracterizadas por:
• escuta,
• diálogo,
• abertura,
• interesse,
• acolhimento,
• tradução de linguagens,
• negociação,
• interação e vínculo entre profissionais e pacientes.
Esta forma de compreender as práticas de saúde
representa um grande desafio acadêmico para a formação em saúde, demandando novas relações entre
os trabalhadores da saúde e a sociedade, baseada na
reflexão do papel social dos profissionais da saúde,
sua inserção no mercado e a revisão dos processos de
trabalho nesse campo. No Brasil a instituição das
Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Odontologia (Brasil, 2002) pode ser considerada uma mudança paradigmática na formação odontológica.
Este documento responde a uma política de formação que determina como perfil para o formando
egresso um profissional cirurgião-dentista com formação generalista, humanística, crítica e reflexiva,
destacando-se a necessidade do desenvolvimento das
seguintes competências e habilidades:
• atenção à saúde,
• tomada de decisões,
• capacidade de comunicação,
96
• liderança e educação permanente.
Essas recomendações determinaram mudanças
curriculares significativas no currículo das profissões da área da saúde, ainda em processo no Brasil,
cujos resultados começam a ser identificados nas práticas profissionais, especialmente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), configurado atualmente como o maior empregador na área odontológica,
considerando a presença do dentista na equipe mínima da Estratégia de Saúde da Família (ESF), cujo
processo de trabalho em equipe multiprofissional
exige uma formação diferenciada da tradicional,
configurando um processo de mudança histórico
onde formação e mercado profissional se determinam mutuamente, com aspectos contraditórios e
recorrentes. No cenário internacional da educação
podem-se destacar quatro pilares relevantes, estabelecidos pela Comissão Internacional sobre Educação
para o Século XXI através do Relatório Delors, sendo
estes:
• aprender a conhecer;
• aprender a fazer;
• aprender a conviver; e
• aprender a ser. (Moysés; Kriger; Moysés, 2006).
Objetivo
Este trabalho tem o objetivo de descrever a percepção dos alunos bolsistas do curso de odontologia
e de outros cursos da área da saúde a partir de suas
experiências em atividades integradas nos projetos
PET-Saúde Mental e PET-Saúde da Família. Pretende
ainda estabelecer o potencial da proposta para o desenvolvimento de habilidades, valores e significados
relevantes para a formação em saúde na perspectiva
da integralidade do cuidado atendendo às tendências da formação em saúde no cenário nacional e
internacional.
Materiais e Métodos
Participaram desse trabalho seis alunos bolsistas
dos projetos PET-Saúde desenvolvidos pela FURB em
parceria com a SEMUS de Blumenau - SC. Os alunos
foram convidados a participar de forma espontânea
senso quarto do curso de odontologia, uma do curso
de psicologia e uma do curso de Fisioterapia. Como
técnica para coleta de dados foi realizado um grupo
focal com a participação de dois professores do curso
de odontologia sendo um como moderador e outro
como anotador. Foi utilizado um roteiro pré-estabelecido de forma semiestruturada com nove questões
geradoras relacionadas aos objetivos do trabalho. O
grupo teve a duração de sessenta minutos. As falas
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
dos alunos foram gravadas em um gravador e posteriormente transcritas e digitadas. Para análise de
conteúdo o material transcrito foi lido e relido, marcando-se os trechos relacionados aos objetivos. Em
seguida foram identificadas categorias de análise,
sendo as expressões contabilizadas nas respectivas
categorias.
mação do cir urg ião - dent ist a respondendo
positivamente às recomendações das Diretrizes
Curriculares Nacionais do Curso de Odontologia
e no panorama internacional identifica-se sua proposta metodológica com as recomendações do Relatório Delors.
Resultados
Aprendizagem. Habilidade. Odontologia comunitária.
A participação dos alunos foi equilibrada com
demonstração de interesse sobre o tema por todos os
participantes de forma semelhante. As falas apresentaram argumentos convergentes. Temas abordados
no grupo focal e categorias segundo as repostas dos
participantes:
1. Expectativas iniciais e motivação para adesão ao
PET-Saúde:
a) Contato com pessoas;
b) Vivência na prática;
c) Interesse pelo conhecimento de outras áreas;
2. Pontos positivos da proposta do PET-Saúde:
a) Aprendizagem como processo prático;
b) Saber ouvir o paciente e se comunicar;
c) Diferencial da autonomia na formação;
d) Conhecimento interdisciplinar;
3. Desafios percebidos na prática:
a) Conciliar horários com o currículo do curso;
b) Pesquisar e aplicar o conhecimento de forma
autônoma;
c) Lidar com a resistência;
d) Contato com outras áreas;
e) Conflito interinstitucional entre teoria e prática;
4. Características necessárias ao bolsista:
a) Interesse;
b) Comprometimento;
b) Determinação;
5. Relação entre saúde bucal e saúde mental:
a) Reconhecem e valorizam na perspectiva da
integralidade do cuidado.
Conclusão
A valorização da formação humanística aparece com forte representação nas falas dos alunos
bolsistas, demonstrando interesse pelo contato
com pessoas e com outras áreas do conhecimento,
valorizando ainda a aprendizagem autônoma e a
atuação na perspectiva da integralidade do cuidado. A interdisciplinaridade e a autonomia dos alunos possibilitadas nas atividades do PET-Saúde
aparecem como um diferencial em relação ao ensino tradicional, sendo apontada como um valor e
ao mesmo tempo um desafio necessário a ser superado pelos alunos. No cenário nacional o PETSaúde representa um grande potencial para a for-
Descritores
Referências
1. Brasil, Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Resolução
CNE/CES 3 de 19/02/2002. Disponível em: http://portal.
mec.gov.br/index.php?option=com_
content&view=article&id=12991. Acesso em: 20 de maio de
2011.
2. Carvalho, A.C.P. Ensino de Odontologia no Brasil. In: Carvalho, A.C.P.; Kriger,L. (Org.). Educação Odontológica. São
Paulo: Artes Médicas, 2006. p. 05-15.
3. Moysés, S.T.; Kriger, L.; Moysés, S.J. Humanização como
conceito-experiência para a odontologia. In: Carvalho,
A.C.P.; Kriger,L. (Org.). Educação Odontológica. São Paulo:
Artes Médicas, 2006. p. 257-264.
4. Queluz, D.P. Recursos humanos na área odontológica. In:
Pereira, A.C. (Org.). Odontologia em saúde coletiva: planejando ações e promovendo saúde. Porto Alegre: Artmed,
2003. p. 1140-159.
5. Silveira, J.L.G.C.; Santa Halena, E.T.; Rodrigues, K.F.; Arcoverde, T.L. PET-Saúde: FURB e SEMUS e a relevância da
educação tutorial nos cenários de prática de Blummenau. In:
Andrade, M.R.S.; Silva, C.R.L.D; Silva, A.; Finco,M. (Org.).
Formação em saúde: experiências e pesquisas nos cenários
de prática, orientação teórica e pedagógica. Blumenau: Edifurb. 2011. p. 11-20.
Curso de Graduação em
Odontologia da Universidade
Federal de Pernambuco – perfil de
egressos
Apresentador: Claudio Heliomar Vicente da Silva
Autores: Claudio Heliomar Vicente da Silva, Lúcia
Carneiro de Souza Beatrice, Paulo Correia
de Melo Júnior
O
objetivo deste estudo foi traçar um perfil dos
egressos do curso de graduação em Odontologia da Universidade Federal de Pernambuco - Brasil, formados dentro do modelo curricular vigente
até o ano de 2009, denominado 6404. Uma amostra
de conveniência de 233 Cirurgiões-Dentistas gra-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
97
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
duados de 2003 a 2008 foi entrevistada individualmente com uso de formulário específico. Os dados
obtidos foram tabulados e sofreram análise estatística descritiva e inferencial (teste de x 2 de Pearson
ou teste Exato de Fisher) (a = 5%). Verificou-se que
30,9% dos egressos atuavam apenas como profissionais liberais, 15% apenas em cargo público e que
40,8% associavam o exercício liberal à docência,
cargo público e/ou empresa privada. O grau de
satisfação com a profissão mostrou-se diretamente
ligado à renda e não à classificação dos conhecimentos adquiridos, sendo aquela influenciada pelo
tipo de exercício profissional, apresentando-se menor quando se é apenas docente. Conclui-se que os
egressos possuem o perfil de um profissional preocupado com uma educação continuada e que geralmente associam a atividade liberal a outro exercício laboral no âmbito da odontologia. Este
profissional, à medida que apresenta um maior tempo de formado, melhora sua renda bruta mensal,
mas exibe uma menor confiança na melhoria do
mercado de trabalho.
Perfil dos ingressos nos cursos de
graduação do Centro de Ciências
da Saúde UFPE
Apresentador: Claudio Heliomar Vicente da Silva
Autores: Claudio Heliomar Vicente da Silva, Lúcia
Carneiro de Souza Beatrice, Ludmila
Galindo França Gurgel
A
realização de levantamentos, buscando conhecer as características e a opinião dos estudantes
do nível superior, pode fornecer importantes subsídios para o planejamento e reorganização do desenvolvimento acadêmico. Com o intuito de traçar o
perfil do aluno do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de Pernambuco (CCS/UFPE),
foram distribuídos formulários aos acadêmicos do
segundo período, contendo perguntas referentes aos
aspectos sócioeconômicos e pessoais, ao grau de satisfação com o curso, e às expectativas após formados.
O perfil dos estudantes do CCS/UFPE (n = 210) caracterizou-se por um predomínio do gênero feminino, na faixa etária entre 19 e 21 anos, provenientes
de escolas privadas e classes sociais economicamente
mais favorecidas, que receberam grande influência
do núcleo familiar na escolha da profissão. A maioria
dos estudantes não estava matriculada nos cursos de
primeira opção, porém possuía alta expectativa com
98
relação ao curso, e considerou o curso correspondente às suas expectativas. Após o término do curso a
maioria pretende:
• realizar algum curso de pós-graduação e
• trabalhar no serviço público.
Conclui-se que o perfil encontrado é homogêneo
para os cursos do CCS/UFPE. Persiste um problema
relativo à escolha da profissão, regulada pela condição socioeconômica e influência familiar.
Integração “ensino-serviço”
nos cursos de graduação em
odontologia brasileiros
Apresentador: Mirelle Finkler
Autores: Mirelle Finkler, João Carlos Caetano,
Flávia Regina Souza Ramos
E
ste estudo buscou compreender a valorização
que os cursos de Odontologia brasileiros têm
atribuído à integração ensino-serviço (IES) como
uma estratégia capaz de potencializar mudanças na
formação profissional, bem como identificar como
esta integração tem sido realizada, encaminhando
reflexões que buscam cooperar com os atuais desafios à formação de um novo perfil profissional. Para
tanto, tomaram-se os dados coletados em um estudo
de caso do qual participaram 15 cursos, selecionados
de modo a compor uma amostra da distribuição nacional, em termos de proporção entre cursos públicos e privados, e de localização, por regiões geográficas. A coleta de dados foi iniciada com a aplicação
de questionários a todos os coordenadores dos cursos
selecionados. Os dados obtidos permitiram a seleção
de dois cursos para o aprofundamento do estudo que
se valeu de análise documental e, posteriormente, de
entrevistas, observações e grupos focais. Os achados
foram articulados a um referencial teórico para análise das mudanças na graduação, no qual a integração
“ensino-serviço” é concebida de forma ampliada
como “ensino, gestão, atenção e controle social”. Apenas três cursos demonstraram indícios de alguma
IES, sendo que os demais se referiram ao vínculo
criado entre os cursos e os serviços por conta de convênios para o ressarcimento de atendimentos, de
parcerias para campos de estágios, da presença de
docentes que também são funcionários públicos, e
de profissionais dos serviços que trabalham na escola. Porém, estes vínculos com o SUS não são indicativos de que o ensino-aprendizado esteja sendo de-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
senvolvido sob suas diretrizes, em cenários reais de
prática e conjuntamente com os profissionais dos
serviços, gestores e usuários, co-partícipes tanto do
ensino quanto do planejamento, execução e avaliação dos serviços. Percebe-se uma confusão conceitual no meio acadêmico e o uso indiscriminado de
termos como IES, estágio docente-assistencial, estágio curricular supervisionado, estágio intra e extramuros, internatos, entre outros, de modo que novos
nomes podem ser atribuídos a práticas já tradicionais, numa apenas aparente adequação às DCNs. O
aprofundamento do estudo evidenciou a praticamente inexistente integração ensino - atenção - gestão controle social, havendo no máximo, um processo
incipiente e em construção, com lacunas na articulação com a gestão dos serviços e com o controle social.
Estes resultados, levantados no momento imediatamente anterior ao lançamento do PET-Saúde, referendam o investimento de recursos e esforços no
fomento desta integração que se revela promissora
uma vez que nossas mudanças curriculares serão socialmente tão relevantes quanto forem os nossos
avanços no processo de integração ensino - gestão atenção - controle social. Conclui-se que os cursos
precisam avançar em muito nas alianças e ações estratégicas com base na educação permanente em
saúde, a fim de que as novas mudanças curriculares
sejam efetivamente capazes de colaborar com o aperfeiçoamento do SUS.
Perfil e nível de ansiedade de
alunos de odontologia – FFOE/UFC,
2010
Apresentador: Andrea Silvia Walter de Aguiar
Autores: Andrea Silvia Walter de Aguiar, Nayane
Cavalcante Ferreira, Isabelle da Costa
Goes, Juliana Borges Gomes, Bruno
Rocha da Silva
A
ansiedade pode ser entendida como um estado
emocional que une fatores fisiológicos e psicológicos em resposta à uma situação de perigo ou naquela em que o objeto de ameaça não foi previamente identificado. O presente trabalho teve por objetivo
avaliar o perfil sóciodemográfico de alunos do 1º ao
10º semestre do curso de Odontologia da Faculdade
de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, da Universidade Federal do Ceará e sua relação com os níveis
de ansiedade, no período de maio a junho de 2010,
através do Inventário de Ansiedade Traço-Estado,
aplicado em 207 alunos. O Comitê de Ética em Pesquisa da UFC (COMEPE) aprovou a pesquisa mediante o protocolo no. 102/2010. Os dados obtidos
foram digitados e processados no Statistical Package
for Social Science versão 17.0. Dentre os resultados
encontrados destacam-se que a maioria dos estudantes é do gênero feminino (57,5%), com idades de 17
a 29 anos, possuem uma carga horária semanal de
até 40 horas, e que realizavam, além das atividades
da graduação, no mínimo, duas atividades complementares. A maioria dos estudantes apresentavam-se
com médio nível de ansiedade referentes a medida
de ansiedade-estado (53,1%) e ao traço ansioso
(81,6%). Quando categorizados por gênero, os homens apresentaram médio nível de ansiedade
(65,5%) e as mulheres baixos níveis (54,6%) referentes a medida de ansiedade-estado, em relação ao traço ansioso, ambos estavam com médio nível de ansiedade. Ao realizar teste estatístico de “Qui
Quadrado” bi-caudal, observou-se que havia forte
associação entre IDATE e a carga horária semanal
assim como as atividades acadêmicas exercidas pelos
alunos, em especial, as extracurriculares de pesquisa,
monitoria, extensão e estágios, com valor de p <
0,000. Pode-se concluir que há alteração nos níveis
de ansiedade de alunos do Curso de Odontologia da
Universidade Federal do Ceará.
Promoção da saúde: concepções
e práticas de acadêmicos de
Odontologia
Apresentador: Luciane Campos
Autores: Luciane Campos, Gregory Hacke
Azambuja, Ricardo Carniel, Elisabete
Rabaldo Bottan
E
sta investigação teve como objetivo identificar
concepções e práticas relacionadas à promoção
da saúde de acadêmicos dos cursos de odontologia
do Estado de Santa Catarina. Foi um estudo descritivo, mediante levantamento de dados primários,
através da aplicação de um questionário. A população-alvo foi composta pelos discentes dos primeiros
e últimos períodos de cursos de odontologia no Estado de Santa Catarina, no segundo semestre de
2009. Participaram desta pesquisa os cursos de odontologia das seguintes universidades:
• Fundação Universidade Regional de Blumenau
(FURB),
• Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
Revista da ABENO • 11(2)89-164
99
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
• Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC),
• Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL),
• Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI),
• Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) e
• Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC).
Destaca-se que este é o total de cursos de odontologia integrantes do Sistema ACAFE, que estavam
em pleno funcionamento, com turmas ingressantes
e concluintes, à época da coleta de dados. A amostra
foi obtida de maneira não probabilística, por conveniência, isto é, composta por todos os discentes que,
voluntariamente, aceitaram participar da pesquisa.
Dentre os 271 acadêmicos ingressantes e 228 concluintes, houve a participação de 148 (54,6%) ingressantes e 122 (53,5%) concluintes. Como instrumento da coleta de dados aplicou-se um questionário
semi-estruturado composto por três questões abertas. A análise foi baseada nos princípios da Análise
de Conteúdo. O marco teórico conceitual para análise e discussão dos dados obtidos foi a Carta de Ottawa. O projeto foi previamente submetido à Comissão de Ética em Pesquisa da UNIVALI tendo sido
aprovado pelo parecer número 163/09. As concepções de promoção à saúde, mais evidenciadas pelos
ingressantes foram o autocuidado (20,2%) e a educação em saúde (13,8%). No grupo dos concluintes,
a concepção mais citada foi a educação em saúde
(28,8%). Com relação às práticas de promoção em
saúde, a categoria mais citada, tanto por ingressantes
como pelos concluintes, foi educação em saúde com
33,2% e 46,5%, respectivamente. Consideramos importante destacar o fato de que 9,1% e 7,0% dos acadêmicos ingressantes, bem como 14,3% e 9,1% dos
acadêmicos concluintes citam como concepção de
promoção de saúde a prevenção e o tratamento, respectivamente. Estas concepções apresentaram reflexo nas práticas dos acadêmicos participantes que
apontaram com frequência a prevenção e o tratamento de doenças como exemplos de sua prática
para a promoção da saúde. Conclui-se que uma parcela dos sujeitos da pesquisa tem concepções e práticas de promoção à saúde, ligadas à atuação curativo-preventiva o que representa um equívoco.
Contudo, uma parcela significativa dos entrevistados citou concepções e práticas mais coerentes com
a promoção o que pode indicar um momento de
transição no qual o modelo biomédico vai sendo
100
gradualmente substituído pelo modelo da promoção à saúde. É importante continuar estimulando
políticas de formação profissional nos cursos de graduação na área da saúde que tenham por objetivo
capacitar os futuros profissionais da odontologia
para que se apropriem da promoção à saúde como
filosofia norteadora de suas ações.
Fonte Financiadora
Programa de iniciação científica artigo 170/Governo do Estado de Santa Catarina/Pró-reitoria de
pesquisa, pós-graduação, extensão e cultura da Universidade do Vale do Itajaí.
Descritores
Promoção da saúde. Educação em saúde. Recursos humanos em saúde.
Concepção de um bom professor:
estudo com acadêmicos de
odontologia
Apresentador: Luciane Campos
Autores: Luciane Campos, Rossiny Valério Orsi,
Elisabete Rabaldo Bottan, Mario Uriarte
Neto
E
ste estudo foi delineado com objetivo de conhecer as características de um professor ideal na
concepção dos acadêmicos do Curso de Odontologia
da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Foi um
estudo exploratório delineado segundo os norteadores da pesquisa qualitativa. Participaram da pesquisa
225 acadêmicos matriculados do primeiro ao último
período do curso. A coleta de dados foi estruturada
com base nos princípios do Teste de Associação Livre
de Palavras, tendo como estímulo indutor a expressão “o professor ideal para mim é”. O participante, a
partir do estímulo indutor deveria relacionar até oito
(8) palavras que, em sua concepção, definiriam um
bom professor. A pesquisa foi submetida ao Comitê
de Ética em Pesquisa da UNIVALI, tendo sido aprovada pelo parecer 76/10. Para a análise dos dados
foram definidas cinco categorias, de acordo com as
características apontadas pelos participantes. Para
cada categoria, foi calculada a frequência relativa.
Para os alunos, os principais atributos de um professor ideal são:
• habilidades sociais e interpessoais (37,9%),
• habilidades pedagógicas (25,9%),
• habilidades cognitivas (14,7%),
• habilidades organizacionais (14,1%) e
• a ética (7,5%).
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
É importante notar que os aspectos relativos às
habilidades cognitivas, inerentes ao objeto de cada
disciplina, associados às habilidades pedagógicas e
às organizacionais alcançaram uma frequência de
54,7%. Em contrapartida, as habilidades sociais e
interpessoais juntamente com os aspectos referentes
à ética atingiram 45,3%. A aproximação das frequências das categorias que caracterizam um professor
ideal revela a importância que os acadêmicos atribuem a um professor que seja competente do ponto
de vista técnico, mas, também, social e eticamente
comprometido. A partir dos resultados obtidos infere-se que o que faz um bom professor não é uma ou
outra característica isoladamente, mas um conjunto
de atributos dos quais podem ser destacadas a habilidade social e interpessoal, bem como a habilidade
pedagógica. Acreditamos que é fundamental estabelecer uma nova relação entre professor e aluno na
qual o docente seja capaz de:
• refletir sobre a sua importância na aprendizagem
dos alunos;
• buscar caminhos para aperfeiçoar sua prática
educativa;
• avaliar constantemente o fazer pedagógico; e
• despertar uma consciência crítica no aluno, tornando-o sujeito de sua aprendizagem.
É necessária a democratização e a humanização
da relação professor-aluno com a participação de
todos os envolvidos. Deve existir a participação efetiva de todos os sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, através da discussão e argumentação para que juntos, professor e aluno, possam
construir uma relação que estimule a construção do
conhecimento, a criação cultural, o desenvolvimento
do espírito cientifico e pensamento reflexivo além
do comprometimento ético e social como apontam
as Diretrizes Curriculares Nacionais.
Fonte Financiadora
Programa de iniciação científica artigo 170/Governo do Estado de Santa Catarina / Pró-reitoria de
pesquisa, pós-graduação, extensão e cultura da Universidade do Vale do Itajaí
Descritores
Docentes. Educação em Odontologia. Educação
Superior.
Metodologias ativas e a formação
de pós-graduandos baseada
em competências: relato de
experiência
Apresentador: Raquel Sano Suga Terada
Autores: Raquel Sano Suga Terada, Mitsue
Fujimaki Hayacibara
O
objetivo deste trabalho é relatar a experiência
sobre utilização de metodologias ativas de ensino/aprendizagem, adotada como estratégia de construção de competências em duas disciplinas de um
Programa de Pós-Graduação em Odontologia Integrada, em nível de mestrado. Para tanto, foram consultados os termos de referência, as ementas e os
programas das disciplinas Introdução à Saúde Coletiva (ISC) e Currículo Integrado e Relações Multiprofissionais (CRM), no período de 2008 a 2011.
Como fonte de dados, também foram analisados os
portifólios dos estudantes. Observou-se que a carga
horária de cada disciplina compreendeu 30 horas, as
quais foram trabalhadas durante 5 dias consecutivos,
de forma modular. Utilizou-se metodologias ativas
de ensino/aprendizagem e a proposta pedagógica
incluiu a construção de competências. Na disciplina
ISC, os eixos principais para a construção das competências constituiam o quadrilátero da formação
para a área da saúde proposto por Ceccim & Feuwerker (2004):
• ensino,
• gestão,
• atenção e
• controle social.
Na disciplina CRM, os eixos foram educação, cuidado e gestão. As principais competências a serem
desenvolvidas pelos estudantes em cada disciplina e
transversalmente em todos os eixos incluíram:
• trabalho em equipe,
• liderança,
• comunicação,
• tomada de decisão,
• administração e
• educação permanente.
O método de avaliação formativa empregado
baseou-se na adoção de portifólios críticos. A proposta pedagógica incluia momentos de estudo dirigido
para busca da resolução das questões de aprendizagem levantadas de situações-problema criadas tanto
Revista da ABENO • 11(2)89-164
101
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
pelo corpo docente quanto por vivências na prática,
sessões de portifólio e apresentações de seminários.
Cada grupo contava com a participação de 10 alunos
em média e um tutor e um co-tutor. Concluiu-se que
o trabalho em grupo/equipe tende a potencializar a
construção de competências de forma positiva. A utilização de metodologias ativas em nível de pós-graduação é viável, sem a necessidade de alterações estruturais relacionadas ao programa, recursos
humanos e físicos do curso, além de ampliar a visão
dos estudantes sobre o objeto das Diretrizes Curriculares Nacionais; o Sistema Único de Saúde.
Disciplinas de Odontologia
coletiva da Faculdade de
odontologia da UFG
Apresentador: Tatiana Oliveira Novais
Autores: Tatiana Oliveira Novais, Marcela di Moura
Barbosa, Maria Goretti Queiroz, Maria
de Fátima Nunes, Maria do Carmo Matias
Freire, Vânia Cristina Marcelo, Cláudio
Rodrigues Leles
E
m 1996, com a aprovação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (BRASIL, 1996), ocorreu a elaboração de Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) baseadas em competências
necessárias para os profissionais de saúde atuarem
frente aos desafios do Sistema Único de Saúde (SUS).
Esta reforma visa responder às demandas decorrentes das transformações do mundo atual seja nas relações de trabalho e nas relações sociais mais amplas,
visando aproximar de um perfil com as seguintes
características:
• autonomia,
• responsabilidade,
• trabalho em equipe,
• transdisciplinaridade,
• formação autônoma, participativa, ética, cívica,
cultural,
• espírito de solidariedade e de serviço à sociedade.
O presente trabalho tem como objetivo geral descrever e analisar as Disciplinas de Odontologia Coletiva da FOUFG de acordo com o Pró-Saúde, pelo
“Vetor 9: mudança metodológica” do Pró-Saúde, nos
estágios 1 (Ensino centrado no professor, com ênfase em aulas expositivas), Estágio 2 (com inovações
pedagógicas, restrita a certas disciplinas e a pequeno
grupo de alunos), Estágio 3 (Ensino baseado na pro-
102
blematização, diversificação de ambientes. Atividades relacionadas a partir da necessidade da população). É um estudo descritivo e transversal, ancorado
na pesquisa qualitativa, com base na análise documental. As disciplinas são divididas em aulas teóricas
e práticas, sendo que nas aulas teóricas a turma de
60 alunos é dividida turma A e B, com 30 alunos cada.
Assim, as disciplinas de Odontologia Coletiva com a
leitura atual do conceito de liberdade de idéias e de
pleno desenvolvimento do educando que as metodologias ativas de ensino ganharam destaque no cenário atual. E estas disciplinas, com a dosagem de metodologias tradicionais e ativas, tentam buscar na
educação libertadora por incentivar o pensamento
individual de capacitar cada aluno para a construção
de seu próprio conhecimento, as metodologias ativas
podem assumir diversos formatos dentre eles:
• seminários;
• discussões em grupo;
• teatros;
• roda de conversa;
• vivências extraclasses;
• Incentivo a participação da organização de eventos na área de saúde coletiva e muitas outras.
Estas disciplinas transitam entre os estágios 2 e 3
do vetor mudanças metodológicas preconizadas pelo
Pró-Saúde, pois de acordo com o Estágio 2 buscam
inovações pedagógicas, restrita a certas disciplinas e
a pequeno grupo de alunos e com o Estágio 3, promove muitas vezes um Ensino baseado na problematização, diversificação de ambientes, com atividades
relacionadas a partir da necessidade da população.
Assim, estas disciplinas transitam entre os estágios 2
e 3 do vetor mudanças metodológicas preconizadas
pelo Pró-Saúde, pois de acordo com o Estágio 2 busca inovações pedagógicas, restrita a certas disciplinas
e a pequeno grupo de alunos e com o Estágio 3, promove muitas vezes um Ensino baseado na problematização, diversificação de ambientes com atividades
relacionadas a partir da necessidade da população.
Assim, na ótica unilateral das Mudanças Curriculares em vigor e das diretrizes do Pró-Saúde estas disciplinas atendem a estas propostas. Mas há ainda a
necessidade premente de avaliar estas mudanças na
ótica dos seus atores (docentes, estudantes, preceptores).
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Solar: ambiente virtual de
aprendizagem e seu uso na
odontologia
Apresentador: Maria Eneide Leitão de Almeida
Autores: Maria Eneide Leitão de Almeida,
Francisco Lucas Vasconcelos Mendes,
Carlos Henrique Alencar, Léa Maria
Bezerra de Menezes, Lidiane da Silva
Jorge, Wellington Wagner Ferreira
Sarmento
O
SOLAR é um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) desenvolvido em 2002 pelo Instituto
UFC Virtual da Universidade Federal do Ceará e utilizado em 2010 no Curso de Odontologia/FFOE nas
disciplinas presenciais de Metodologia Científica
Aplicada a Odontologia I e Saúde Coletiva II. O AVA
apresenta várias ferramentas de interação, como fórum, chat, e-mail e webconferência; ferramentas de
apoio e publicação de material didático como bibliografia, material de apoio, espaço destinado ao repositório de aulas; ferramentas de portfólios individuais
e de grupo, para compartilhamento de informações.
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo transversal
cujo objetivo geral foi avaliar e analisar o SOLAR e
suas ferramentas no ensino da odontologia. Foram
pesquisados os alunos matriculados no 1ª e 6º semestre letivo das disciplinas acima relacionadas, totalizando 57 alunos e 4 professores-tutores. Foi aplicado
um questionário eletrônico via e-mail para obtenção
dos dados que posteriormente foram organizados e
analisados no programa estatístico Epi-info 6.0. O
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa - COMEPE/UFC com o nº 170/10 e financiado pela
FUNCAP com uma bolsa de iniciação à pesquisa. A
partir desta aplicação pode-se constatar que cerca de
74,10% dos alunos consideraram que as atividades
realizadas a distância foram suficientes em termo de
matéria trabalhada na disciplina e 25,90% foram insuficientes. Ainda se constatou que 96,20% dos alunos sentiram-se apoiados pelos seus tutores na execução das atividades e 3,80% não se sentiram
apoiados. As ferramentas de interação, fórum e chat,
foram avaliados sendo consideradas boas por 45,5%,
regular por 45,5% e ótima por 7,3% dos alunos. Em
relação aos professores, 66,7% consideram boa e
33,7% consideram regular a utilização das ferramentas fórum e chat. Quanto à freqüência de utilização
do SOLAR, 75% dos professores afirmaram que acessam uma vez por semana o ambiente e 25% duas
vezes por semana. Quanto aos alunos, 71,90% afir-
maram que acessam uma vez por semana, 24,60%
duas vezes por semana e 3,5% três ou mais vezes por
semana. Todos os professores afirmaram que o rendimento das aulas é maior com o SOLAR e 96,50%
dos alunos também relataram maior rendimento.
Concluiu-se que a utilização do SOLAR no ensino
odontológico facilitou o processo de aprendizagem
dos alunos por torná-lo mais atrativo e ter criado um
ambiente mais colaborativo, transcendendo os limites da sala de aula física, proporcionando maior interação entre professores e alunos, além de ter estimulado a pesquisa e a inclusão digital, apresentando
possibilidades de ampliação para seu uso em outras
disciplinas do referido curso.
Impacto da aplicação das TICs
através de um curso b-learning na
disciplina de odontopediatria da
FOUSP
Apresentador: Cássio José Fornazari Alencar
Autores: Cássio José Fornazari Alencar, Lucila
Basto Camargo, Mary Caroline SkeltonMacedo, Marcelo Bonecker, Ana Estela
Haddad
A
s Tecnologias da Informação e Comunicação
(TIC) têm produzido grande impacto na sociedade, alterando relações de tempo e espaço na educação. Compreender o aluno que vive essa nova realidade, suas necessidades e especificidades, inseridas
em um contexto socioeconômico e cultural, e assim
atendê-lo e formá-lo adequadamente e eficazmente,
é um grande desafio da universidade contemporânea. Este trabalho analisa a flexibilização do processo de ensino-aprendizado dos alunos de graduação
da FOUSP na disciplina de Odontopediatria, durante os anos de 2008, 2009 e 2010, através de um curso
hibrido (blended learning). Utilizou-se a plataforma
MOODLE para a criação de um curso complementar
à grade curricular, onde os graduandos tinham atividades assíncronas a serem realizadas (aulas interativas, exercícios, avaliações, leituras complementares, vídeos, fórum e chats) e os tutores (alunos da
pós-graduação), previamente capacitados, davam
uma nota pela participação e desempenho nos conteúdos e atividades. Quando comparou-se a nota da
primeira avaliação (P1), antes da disponibilidade do
curso e-learning, com as demais notas (P2,P3 e P4),
observou-se que houve um aumento na média (ANova) com valor significante (p > 0,05). Mas quando
Revista da ABENO • 11(2)89-164
103
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
avaliamos a participação e empenho nas atividades
on-line com o acréscimo na nota não observou-se
significância. Pode-se concluir que a utilização das
TICs no processo ensino-aprendizagem na graduação beneficia os alunos, estimula a participação e
interação mas não necessariamente aumenta a nota
final do graduando.
Estudo comparativo entre
métodos de ensino em
emergências médicas em
Odontologia
ensino de manobras de emergências médicas
nas faculdades de odontologia não tem atingido
a formação adequada do profissional. O tema pode
ser desenvolvido como parte programática de disciplinas, mais comumente ligadas aos departamentos
de cirurgia, ou, em casos menos freqüentes, em disciplinas com pequena carga horária e pouca prática.
A metodologia de ensino pode refletir em maior ou
menor aprendizado por parte dos alunos. Nesse trabalho, procuramos comparar os conhecimentos adquiridos em situações de emergências médicas na
prática odontológica entre a metodologia tradicional
baseada em aulas teóricas formais e a metodologia
ativa através de estudos em pequenos grupos focando
o desenvolvimento do aluno através de suas próprias
reflexões com forte aplicação da prática, através do
desenvolvimento de breves seminários, discussão de
temas aplicados e de casos clínicos, assim como aulas
simuladas em clínicas. Para esse fim utilizamos formulário especialmente desenvolvido para esse fim
com questões que abrangiam o tema para alunos cujo
ensino foi pelo método tradicional não específico e
o ativo que busca reflexões por parte do aluno. Os
resultados demonstraram que a metodologia ativa
com pequenos grupos teve assimilação dos conhecimentos do tema significativamente maior. Concluímos que, ao menos em emergências médicas na prática odontológica, a metodologia ativa produz
melhores resultados para o aprendizado dos alunos.
104
Apresentador: Priscila Thiemi Saito
Autores: Nathalia Paiva de Andrade, Priscila
Thiemi Saito, Rosemary A Fracolly,
Oswaldo Crivello-Junior
B
Apresentador: Cintia Saori Saihara
Autores: Cintia Saori Saihara, Priscila Thiemi
Saito, Oswaldo Crivello-Junior
O
Avaliação dos procedimentos
teóricos e procedimentais
dos alunos de graduação
em odontologia referentes à
biossegurança
iossegurança em Odontologia necessita de inúmeras pesquisas que atualizem os profissionais,
visto ser um campo muito dinâmico, novos procedimentos técnicos, agentes químicos e contaminantes
estão sempre surgindo. O controle de infecção é de
interesse para todos que freqüentam ambientes clínicos. O conjunto de ações voltadas para a prevenção,
minimização ou eliminação de riscos inerentes às
atividades clínicas deve ser muito bem informado aos
alunos que adentram pela primeira vez a esse ambiente. É imperativa a necessidade de uma atenção
pedagógica especial ao ensino da biossegurança.
Nosso objetivo foi, através de um estudo transversal,
analisar a real assimilação do conteúdo teórico ministrado aos alunos e a sua aplicação em ambientes
críticos. O ensino da biossegurança é uma discussão
atual e que deve ser embasada em pesquisas sobre os
procedimentos preconizados e os realmente realizados pelos alunos. Ainda que exista especial ensinamento em relação a esses procedimentos não há a
garantia que eles sejam seguidos adequadamente, o
que resultaria em uma discussão pedagógica do
como e quando se ensinam estes conteúdos. Nosso
objetivo nesse trabalho foi averiguar se a forma atual
de exposição destes conhecimentos para o aluno de
Odontologia está sendo apreendida dentro do contexto atual de ensino e se o aluno realmente cria o
hábito da ação de biossegurança. Aqui visamos explorar se os conhecimentos teóricos sobre o tema dos
alunos de graduação em Odontologia que freqüentam a clínica odontológica, necessários para a execução de procedimentos críticos e permanência em
ambientes críticos, são coerentes com as práticas efetuadas, analisando a assimilação do conteúdo teórico
adquirido na graduação. O estudo realizado para
alcançar nossas metas foi de caráter observacionaldescritivo e transversal com alunos que estavam cursando a graduação em Odontologia através da observação de seus procedimentos em relação aos dados
coletados. A análise do comportamento em ambien-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
tes críticos foi realizada na Clínica Odontológica da
Faculdade de Odontologia da USP, através de um
roteiro especialmente elaborado com referência às
normas que se encontram no site da faculdade. Pudemos observar que os alunos muitas vezes conhecem
o procedimento correto a ser realizado, entretanto
devido ao pouco tempo entre os pacientes e a pressa
para conseguir terminar no tempo certo o atendimento, acabam negligenciando algumas ações de
biossegurança. Outro motivo que leva os acadêmicos
a cometerem erros é pensar que tal atitude imprudente não causará consequências graves, muitos subestimam a validade de alguns cuidados. Poucos
alunos realmente não conheciam a forma ideal de se
realizar os procedimentos, na maioria das vezes sabiam o que estava sendo realizado de forma errada,
mas apresentavam alguma “desculpa”. No geral os
alunos demonstraram saber adequadamente as condutas ideais de biossegurança, mas na hora de colocálas em prática negligenciam por pressa, desconforto,
falta de costume ou pelo fato de repetir atos observados pelo corpo docente. É plausível supor que esse
comportamento será perpetuado na sua vida profissional.
Território: espaço de debate da
APS na formação em saúde
Apresentador: Alex Elias Lamas
Autores: Alex Elias Lamas, Josimari Telino de
Lacerda, Manoela de Leon Nobrega
Reses, Bruna Pauli Schmitt
Em continuidade às competências estabelecidas nos
semestres iniciais, é foco das atividades da IV fase a
territorialização de 8 micro-áreas de saúde específicas e o contato inicial com a população adstrita das
unidades correspondentes no município de Florianópolis - SC. Os grupos constituem um roteiro de
investigação contemplando a coleta de dados nos Sistemas de Informação; entrevista aos usuários e profissionais, bem como a observação no campo. No
geo-referenciamento destes dados, estabelecem um
diagnóstico de comunidade e elencam problemas
locais específicos, deflagrando estratégias que retroalimentem os serviços.
Resultados
A reforma curricular induzida pelo PROSAÚDE
amplia a necessidade de uma pedagogia problematizadora tendo por base a concretude do território. O
exercício de diagnóstico e planejamento tem sido
instituído como forma de inserção dos alunos de
odontologia na rede de atenção desde 2007. Envolveu
8 turmas, em 16 incursões a 22 micro-áreas de doze
unidades de saúde distintas até o ano de 2011. Este
reconhecimento do território, instituições e sociedade, pressupõe a formação de indivíduos em diálogo
com a realidade, capazes de identificar os avanços e
impasses da atenção primária. Na construção deste
processo vislumbra-se uma proposta pedagógica
onde a dimensão ético-política seja estabelecida em
consonância com o desenvolvimento técnico-científico dos graduandos.
Apoio
Bolsa CAPES e Bolsa PIBIC.
Introdução
O Ensino Superior Brasileiro na área de saúde
busca redefinir a formação profissional na perspectiva de uma prática voltada ao Sistema Único de Saúde. Nesta trajetória, o difícil encontro do aluno com
a realidade dos serviços – não raro distantes das prerrogativas da Atenção Primária em Saúde (APS) – tem
desafiado as propostas pedagógicas dos cursos de
graduação.
Metodologias avaliativas no
processo de ensino aprendizado
em saúde
Objetivos
Introdução
Este relato resgata a experiência da Disciplina de
Interação Comunitária do Centro de Ciências da
Saúde da UFSC e problematiza a utilização do território como objeto de aprendizagem sobre os princípios da APS.
Metodologia
Na integração dos graduandos em odontologia
com a rede de saúde ocorre o debate sobre os princípios da APS na implementação da rede de serviços.
Apresentador: Alex Elias Lamas
Autores: Alex Elias Lamas, Danilo Wincler,
Danielli Aline Giacomini, Graziele
Denega Souza
A integração ensino-serviço é uma das estratégias
centrais na formação de profissionais para o Sistema
Único de Saúde. A qualificação deste encontro ocorre por propostas pedagógicas que considerem:
• a complexidade das realidades locais;
• os anseios dos graduandos em relação a profissão e
• as demandas imediatas dos serviços que recebem
estes alunos.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
105
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Técnicas de ensino que percebam estes desafios
devem compor esta integração. Propostas amplamente enquanto ferramentas de gestão em saúde, as
metodologias avaliativas preconizam a transversalidade de saberes em torno do objeto estudado. Este
relato de experiência explora as potencialidades destas metodologias no ensino de conteúdos relativos à
rede de atenção em saúde.
Objetivos
Problematizar a utilização de metodologias avaliativas dentro do processo de ensino-aprendizado
em saúde. Discutir a elaboração de matrizes avaliativas no acesso inicial de graduandos aos temas de
Políticas Públicas e Sistemas de Informação em Saúde.
Metodologia
Na inserção dos graduandos do Curso de Medicina em Unidades de Saúde de Florianópolis são debatidas as diretrizes da Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde da Mulher. Propõe-se que sejam
identificados, nesta temática, problemas da realidade local. Com base nas ações dos serviços; fatores
ambientais elencados pelos graduandos em três oficinas; entrevistas com profissionais e usuários adstritos da Unidade de Saúde definiram-se as dimensões
do Modelo Teórico Lógico da Atenção à Saúde da
Mulher.
Resultados
Como produto inicial desta experiência foi obtido
Modelo Teórico Lógico que descreve a compreensão
do processo saúde-doença na realidade local. A Matriz avaliativa subsequente comporta três dimensões
para a Atenção à Saúde da Mulher:
• Dimensão ambiental e social;
• Dimensão de acesso e qualidade dos serviços de
saúde e
• Dimensão de fatores individuais e do núcleo familiar.
Dez indicadores foram propostos:
• indicadores de renda;
• mobilização social;
• lazer e cultura;
• auto-percepção de saúde;
• acesso ao atendimento clínico e cobertura vacinal;
• assistência farmacêutica a de planejamento familiar;
• qualidade do pré-natal;
• condição nutricional;
106
• exposição a situações de violência e
• escolaridade e empregabilidade.
Estes indicadores terão como fonte de dados o
registro de produção da unidade e da morbi-mortalidade registrados nos Sistemas de Informação em
Saúde. Propomos as metodologias avaliativas como
estratégia – quase lúdica – na abordagem de temas
tão amplos como as Políticas de Saúde; para que se
aprofunde o debate sobre a realidade local; para que
seja assimilada a importância do registro nos Sistemas
de Informação e, finalmente, se estabeleça contribuição e comunicação efetiva entre a academia e os serviços dos campos de estágio curricular. É perspectiva
futura a ampliação do estudo possibilitando análises
comparativas e séries históricas em diversas áreas de
cobertura dos serviços municipais. Observamos fundamentalmente a capacidade de redirecionar expectativas frequentemente clínico-centradas, explorando atividades relativas à gestão, planejamento e
programação dos serviços nos cursos de graduação
em saúde.
Apoio
Bolsa CAPES.
Pró-Saúde: instrumento
potencializador das mudanças
na formação profissional em
odontologia
Apresentador: Franklin Delano Soares Forte
Autores: Cláudia Helena Soares de Morais Freitas,
Franklin Delano Soares Forte, Rosângela
Marques Duarte, Francineide Almeida
Pereira Martins, Talitha Rodrigues
Ribeiro Fernandes Pessoa
A
s políticas de integração entre as instituições de
ensino superior e os serviços de saúde visam proporcionar formação reorientada para as práticas de
atenção, o processo de trabalho e a construção do
conhecimento observando as necessidades do serviço para fortalecimento da implantação das Diretrizes
Curriculares Nacionais e a integração ensino-serviço. Este trabalho tem como objetivo refletir sobre as
ações desenvolvidas no primeiro e segundo ano de
execução do Pró-Saúde Odontologia da UFPB considerando os três eixos orientadores do programa.
As ações foram desenvolvidas no período de 20062010, uma parceria do curso de Odontologia da
UFPB e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
João Pessoa / PB. Foi desenvolvida uma metodologia
que favorecesse o diálogo e a integração entre todos
os participantes, sendo composta por:
• rodas de conversa,
• oficinas de trabalho,
• encontros,
• cursos,
• seminários.
O planejamento das ações era realizado com a
participação de todos os atores envolvidos na proposta. O projeto é gerenciado pelas duas instituições,
com a representação dos diversos atores se constituindo em mais um momento de integração. No eixo de
Orientação teórica foram realizadas reuniões, discussões sobre a orientação teórica, e para estimular
a realização de pesquisas de acordo com as necessidades dos serviços e organização dos estágios na rede
de serviços, contribuindo para a implementação do
Projeto Pedagógico. Ainda neste eixo destaca-se a
realização de Encontro Anual da Rede Escola (SMS
de João Pessoa e UFPB). No eixo Cenários de Práticas
a diversificação destes espaços para aprendizagem
dos estudantes se constituiu o foco. A inserção dos
estudantes se dá a partir dos estágios e da disciplina
de Saúde Coletiva. Uma questão fundamental para
a prática nos serviços de saúde foi a adequação das
Unidades Básicas de Saúde que são cenários de prática: aquisição de equipamentos e material de consumo para o desenvolvimento de atividades na atenção
básica e nos Centros de Especialidades Odontológica, com recursos do Pró-Saúde e também da gestão
municipal, que em sua política vem priorizando a
reestruturação da rede de serviços para proporcionar o cuidado integral. Destacamos também neste
eixo a realização da Oficina sobre a prática da escuta, acolhimento e identificação das necessidades dos
usuários do SUS, articulando os três cursos:
• Odontologia;
• Medicina e
• Enfermagem.
Destacamos a integração do Pró-Saúde em parceria com o PET-Saúde/Vigilância em Saúde, na realização de oficina para capacitação dos tutores,
preceptores e estudantes de graduação objetivando
qualificar os atores envolvidos, instrumentalizandoos para o trabalho com Sistemas de Informação em
Saúde, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde. Considerando a necessidade de mudança na implementação de metodologias de ensino voltadas a
uma postura reflexiva, no eixo de orientação pedagógica destacamos o curso de capacitação pedagógica (96 horas) para os docentes distribuídos da seguinte forma:
• Avaliação do processo ensino aprendizagem;
• Metodologia de ensino;
• Planejamento do Ensino aprendizagem;
• Fundamentos teórico-práticos do processo ensino-aprendizagem.
O curso de Odontologia da UFPB em parceria
com a SMS de João Pessoa vem desenvolvendo atividades que tem impactado na formação de cirurgiõesdentistas e o Pró-Saúde é um instrumento facilitador
deste processo de reorientação da formação.
Uso de metodologia ativa em
estágios supervisionados da
saúde coletiva ufpb: percepção
de estudantes
Apresentador: Franklin Delano Soares Forte
Autores: Forte, FDS; Costa, CHM; Freitas, CHSMF;
Pessoa, TRRF; Sousa, AB;
Morais, MB
O
s estágios supervisionados da saúde coletiva do
curso de odontologia da Universidade Federal
da Paraíba (UFPB) tem como objetivo inserir o estudante nos cenários de práticas de unidade de saúde
da família de João Pessoa - PB e nos equipamentos
sociais a ela adscritos. As vivências procuram desenvolver habilidades no campo do saber ser, saber conhecer e saber fazer, com base nas diretrizes curriculares nacionais para o curso de odontologia,
política nacional da atenção primária, de humanização e de saúde bucal, utilizando como estratégia pedagógica as metodologias ativas de ensino. Os temas
são trabalhados a partir de situações problemas, relatos de práticas, mapas falantes, filmes, curtas metragens, mapas conceituais, painel integrado, teatralização procurando a reflexão e crítica sobre o
trabalho em saúde. O objetivo da pesquisa foi compreender a percepção de estudantes do curso de graduação em odontologia da UFPB sobre as metodologias ativas utilizadas nos estágios supervisionados da
saúde coletiva. Os dados foram coletados por meio
de grupo focal com a participação de 16 estudantes.
A análise dos dados foi realizada por meio da técnica
de análise de conteúdo. O projeto de pesquisa foi
aprovado pelo CEP HULW, nº 368/09. Os estudantes
Revista da ABENO • 11(2)89-164
107
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
se percebem participantes ativos do processo de formação, onde as opiniões pessoais são valorizadas,
assim como as experiências vividas. Foi verificado
entre os estudantes que as metodologias ativas de
aprendizagem vieram com intuito de trabalhar a autonomia do estudante, desenvolvimento de responsabilidade e compromisso com as atividades de campo. Segundo os estudantes as vivências trouxeram
habilidades para o trabalho em equipe, ajudaram a
planejar, elaborar e executar melhor as atividades no
território, inclusive na preparação para os imprevistos do dia a dia. A avaliação pelo portfólio foi compreendida como uma forma de estimular a não comparação entre estudantes, o estimulo a produção
individual a reflexão e crítica e a necessidade do feedback individual do professor. Dessa forma, percebeu-se uma boa aceitação por parte dos estudantes
na opção das metodologias ativas para condução do
processo ensino-aprendizagem dos estágios supervisionados da saúde coletiva.
Competências e habilidades
requeridas na formação do
cirurgião-dentista
Apresentador: Márcia Martins Galetto
Autores: Márcia Martins Galetto, Beatriz Unfer,
Cristiane Freitas Cabral
Q
uando se avalia os aspectos que envolvem o setor
saúde, a formação dos recursos humanos tem
sido objeto de grande interesse, sobre o qual emergem inúmeras discussões. Nesse contexto, tratando
especificamente da Odontologia, debate-se o papel
dos cursos de graduação na formação dos profissionais em saúde bucal e sua inserção no mercado de
trabalho. Para compreender mais a fundo esta relação, foi realizado um estudo de caso exploratório
descritivo, de abordagem quali-quantitativa, com o
objetivo de conhecer, avaliar e discutir o processo de
implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais
no curso de Odontologia da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM - RS). Foi utilizado, como instrumento para coleta de dados, um questionário com
30 perguntas fechadas, tendo como base as competências e habilidades requeridas para a formação do
profissional de saúde bucal. Também foi constituído
um grupo focal para a parte qualitativa. Participaram
da pesquisa professores e acadêmicos do 9° e 10°
períodos do curso. É importante salientar, do ponto
de vista ético, que esta pesquisa obteve parecer de
108
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFSM
sob o nº: 0245.0.243.000.09. Os dados oriundos da
pesquisa foram analisados descritivamente e para o
grupo focal foi utilizada a Análise de Conteúdo. Os
resultados sugeriram que os alunos se sentem mais
bem preparados do que os professores os consideram, tanto em competências e habilidades técnicas
quanto nas áreas com especificidades em saúde coletiva. Tanto alunos quanto professores destacam,
como melhor preparo, a competência e habilidade
que trata do cumprimento de investigações básicas e
procedimentos operatórios, e o pior preparo foi considerado o planejamento e administração de serviços
de saúde comunitária. De acordo com os resultados
obtidos, foi possível concluir que o preparo do aluno
de Odontologia da UFSM demonstra estar comprometido quanto ao perfil de egresso do cirurgiãodentista, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis de
atenção à saúde, conforme preconizam as Diretrizes
Curriculares Nacionais.
Pró-Saúde: atividade de
prevenção no colégio João XXIII/
UFJF
Apresentador: Antônio Márcio Resende do Carmo
Autores: Antônio Márcio Resende do Carmo, Carla
de Souza Oliveira, Rafael Almeida Rocha,
Silvania Aparecida Vicentini Pinto, Luiz
Eduardo de Almeida
P
ró-saúde: atividade de prevenção no colégio joão
XXIII/UFJF. Esta atividade teve como objetivo
a promoção de saúde bucal por meio de informação
e incentivo a hábitos saudáveis de higienização e alimentação, para escolares do ensino fundamental. O
público alvo constituiu-se por alunos do primeiro ao
quinto ano do ensino fundamental, do Colégio de
Aplicação João XXIII/UFJF. A atividade foi baseada
em encontros, nos quais foram realizadas exposições
com a utilização de mídias, como slides e apresentação de vídeos educativos, através de um projetor multimídia, sobre o tema Cárie. Ao final do encontro foi
distribuído uma avaliação com uma escala visual, por
meio da qual buscou-se observar a impressão dos
alunos a respeito da atividade realizada. A primeira
questão teve por intuito saber qual a opinião dos alunos sobre o tema apresentado. A segunda questão
objetivou saber se entenderam o que foi explicado
nos slides. E a terceira questão procurou conhecer o
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
que eles acharam dos filmes apresentados. Houve
também a distribuição de kits contendo uma escova
e um creme dental com flúor, fornecido pelo Prósaúde, a todas as crianças presentes. Pôde ser observado das 146 avaliações respondidas que:
• a opinião dos alunos sobre o assunto da atividade,
130 alunos consideraram ótimo, 5 marcaram
bom, 1 regular e 5 avaliaram como ruim;
• a respeito do entendimento das crianças com relação ao que foi explicado, 117 tiveram ótimo entendimento, 18 bom, 1 regular, 4 marcaram ter
tido um ruim entendimento do assunto abordado
e 1 aluno deixou em branco;
• quanto à opinião dos alunos sobre os filmes apresentados, 132 consideraram ótimos, 5 bons, 2 regulares, 1 achou os filmes ruins e 1 aluno deixou
em branco.
A partir das avaliações podemos perceber que a
atividade gerou uma boa repercussão para os alunos
envolvidos, uma vez que a maioria demonstrou um
bom índice de satisfação. E uma vez que, atividades
baseadas no conceito de “Promoção de Saúde” com
o enfoque em “Educação em Saúde”, buscam formar
indivíduos capazes de cuidar e manter sua saúde,
além de espalhar informação e gerar novos agentes
de saúde, espera-se que o público alvo tenha incorporado os conceitos abordados, tornando-se agentes
multiplicadores em promoção de saúde e possam ser
corresponsáveis em relação a sua saúde bucal. A avaliação deste evento gerou novas perspectivas e demandas do ponto de vista científico, tento também
contribuído para o desenvolvimento de uma Dissertação de Mestrado do Programa de Pós Graduação
Mestrado em Clínica Odontológica da Faculdade de
Odontologia/UFJF.
Educação em saúde oral: projeto
de extensão UESPI ODONTO
Apresentador: Maria Ângela Arêa Leão Ferraz
Autores: Maria Ângela Arêa Leão Ferraz, Thalisson
Saymo de Oliveira Silva
A
educação em saúde oral é o processo pelo qual
as pessoas ganham conhecimento, se conscientizam e desenvolvem habilidades necessárias para
alcançar a saúde bucal. Ciente do papel formador e
da responsabilidade social das instituições de ensino
superior junto às comunidades locais desenvolveu-se
o projeto de extensão UESPI ODONTO da Universi-
dade Estadual do Piauí - UESPI, que, por meio de
medidas odontológicas preventivas e curativas, busca
integrar os estudantes de Odontologia, promovendo
e desenvolvendo a relação teoria versus prática do
ensino Odontológico, visando o reconhecimento da
realidade social brasileira e a consciência de cidadania. O presente trabalho tem como finalidade descrever a experiência dos acadêmicos de Odontologia
na creche Coração de Maria, integrante do projeto
social da Diocese de Parnaíba - PI. Foi realizada uma
programação voltada para promoção da saúde oral
e prevenção da cárie dentária, através de palestras,
evidenciação de placa, escovação supervisionada,
aplicação tópica de flúor, anamnese com os pais/
responsáveis, dinâmicas de grupo, dentre outras atividades lúdicas. A experiência de participação no
projeto é considerada positiva, pois as atividades realizadas obtiveram o resultado esperado por parte
das crianças, no entanto, concluiu-se a necessidade
de atuar mais diretamente com os pais/responsáveis
para que os mesmos auxiliem o acompanhamento
destas.
Projeto acompanhamento
acadêmico do aluno na PUCCampinas
Apresentador: José Inácio Toledo Junior
Autores: José Inácio Toledo Junior, Solimar Maria
Ganzarolli Splendore
O
Projeto Acompanhamento Acadêmico do Aluno (PAAA) foi implantado na Pontifícia Universidade Católica de Campinas em 2005. Este projeto
é dividido em duas fases, sendo que a primeira fase
se subdivide em duas etapas. Cada momento do projeto tem seu objetivo: A primeira etapa, que ocorre
no primeiro semestre do curso, visa de forma geral,
acolher o aluno na fase inicial de sua vida universitária e acompanhar o desenvolvimento acadêmico e o
processo de aprendizagem, e tem como objetivos específicos:
• discutir o papel do aluno na perspectiva do Projeto Pedagógico do curso;
• discutir o papel do docente no processo de formação e a relação professor- aluno no processo
de ensino e aprendizagem além de
• discutir o papel do curso e da Universidade.
A segunda etapa acontece no quarto semestre do
curso e tem como foco o “Aprender a aprender”, onde
Revista da ABENO • 11(2)89-164
109
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
o aluno deve refletir sobre o seu desempenho acadêmico até o momento. Os objetivos desta etapa são:
• promover e desenvolver dinâmicas para a reflexão sobre os processos de aprendizagem;
• detectar eventuais dificuldades do grupo;
• desenvolver ações para superação das dificuldades;
• elaborar instrumentos para avaliar o desempenho do grupo;
• orientar os alunos para organizar planos de estudo, organizar a vida acadêmica e
• conhecer métodos de estudo.
A segunda fase, oferecida no sexto semestre, visa
contribuir através de um trabalho integrado, com a
preparação do aluno para a sua inserção no mundo
do trabalho e para a educação continuada. Com isso,
o aluno é estimulado a refletir sobre a questão da
empregabilidade de jovens recém-formados; além do
contato com profissionais de áreas específicas para
um diálogo com os alunos, indicando possibilidades
e dificuldades das áreas e do campo do trabalho;
manter uma relação com os órgãos reguladores profissionais, com vistas ao acompanhamento das discussões e ações dos mesmos; compreender o que é
empreendedorismo social:
• perspectivas e desafios;
• elaborar um projeto de empreendedorismo social
para apresentação e discussão em aula;
• conhecer um caso real de conquista profissional
através do empreendedorismo social;
• compreender as possíveis alterações decorrentes
desta nova etapa de vida, que podem gerar momentos de ansiedade e angústia.
Sendo assim, pode-se concluir que desde sua implantação, o PAAA se tornou um programa de acolhimento e orientação ao aluno, essencial ao envolvimento entre alunos, Universidade e mundo do
trabalho. Este fato se comprova com os números: em
2005, o projeto começou com seis Faculdades, envolvendo 485 alunos. No primeiro semestre de 2011,
participaram 37 cursos, atendendo mais de 3.500
alunos. Desde seu início, até o primeiro semestre de
2011, 23.040 discentes passaram pelo Projeto, o que
comprova sua evolução e sucesso.
110
Projeto acompanhamento
acadêmico do aluno: Faculdade
de Odontologia PUC-Campinas
Apresentador: Solimar Maria Ganzarolli Splendore
Autores: Solimar Maria Ganzarolli Splendore, José
Inácio Toledo Junior
O
Projeto Acompanhamento Acadêmico do Aluno (PAAA) teve seu início em 2007 na Faculdade de Odontologia da PUC-Campinas. Este projeto
é dividido em duas etapas. A primeira etapa ocorre
no primeiro semestre do curso e tem como objetivos
gerais:
• criar condições para que o aluno desenvolva uma
relação afetiva com seu curso e com a Universidade e supere a relação consumista que, no geral,
costuma ter, em especial, o aluno de escola particular;
• preparar o aluno por meio de estratégias participativas, no sentido de que ele se responsabilize,
também, pelo seu processo de formação;
• acompanhar a vida acadêmica do aluno, seu desempenho no curso, suas necessidade e expectativas. De forma mais específica, pretende discutir
o papel do aluno na perspectiva do Projeto Pedagógico do curso;
• discutir o papel do docente no processo de formação e a relação professor-aluno no processo de
ensino e aprendizagem;
• discutir o papel do curso e da Universidade.
A segunda etapa, oferecida no quarto semestre
do curso, tem como tema “aprender a aprender” e
visa:
• promover e desenvolver dinâmicas para a reflexão sobre os processos de aprendizagem;
• detectar eventuais dificuldades do grupo;
• desenvolver ações para superação das dificuldades;
• elaborar instrumentos para avaliar o desempenho do grupo;
• orientar os alunos para organizar planos de estudo, organizar a vida acadêmica e conhecer métodos de estudo.
O PAAA é uma Prática de Formação, ministrado
em dezessete horas aula em cada etapa. São seis encontros de duas ou três horas aula onde os temas
propostos são discutidos e abordados através de aplicação de dinâmicas, socialização de idéias por meio
de textos impressos ou vídeos. Os alunos também
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
saem pelo Campus ou até visitam Instituições sociais,
para o desenvolvimento das atividades. Pode-se concluir, pelo relato dos alunos que passaram pelo Projeto, que após a prática, eles se sentiram mais envolvidos com o curso, a Faculdade e a profissão,
compreenderam o Projeto Pedagógico do Curso, o
que facilita a aceitação pelas disciplinas básicas, oferecidas no primeiro semestre, além de relatarem uma
melhoria na relação professor-aluno. A maioria dos
alunos da segunda etapa relata que após o PAAA
aderiram ao uso da agenda, conseguiram organizar
melhor seus horários e modificaram sua metodologia
de estudo. O relato destes alunos mostra a importância do Projeto e como este colabora com a qualidade
de formação dos alunos.
Expectativas dos discentes sobre
o estágio supervisionado em
saúde pública
Apresentador: Diele Carine Barreto Arantes
Autores: Diele Carine Barreto Arantes, Santuza
Maria Souza de Mendonça, Cinthia Mara
da Fonseca Pacheco, Cynthia Almeida dos
Santos, Cleunice Leão de Sousa
O
Ministério da Saúde (MS) e o Ministério da
Educação (MEC) têm enfatizado a importância
da reformulação do ensino superior brasileiro, visando adequá-lo às necessidades do país. Preconiza-se
um perfil de profissional da saúde que esteja preparado para atender às demandas do Sistema Único de
Saúde (SUS). Desta forma, o Estágio Supervisionado
em Saúde Pública tem grande responsabilidade na
formação dos egressos, pois seu principal objetivo é
a inserção do discente no SUS, colocando-o em contato direto com a comunidade e viabilizando uma
prática integrada em consonância com as políticas
públicas de saúde. É no estágio que os docentes podem observar a adequação dos alunos ao serviço,
sendo um momento oportuno para identificação de
fragilidades dos currículos, o que justifica possíveis
reformas curriculares. A pouca ênfase dada às Ciências Sociais e ao serviço público de saúde na graduação tem sido considerada causa da difícil inserção
dos estudantes no serviço público durante o estágio.
Neste sentido, é importante investigar as expectativas
que os mesmos têm com relação à disciplina e se estas
estão de acordo com os objetivos da disciplina e das
diretrizes propostas pelo MEC. O presente trabalho
teve como objetivo avaliar a expectativa dos estudan-
tes do último ano de graduação dos cursos de Odontologia de duas diferentes IES, uma pública e outra
privada, a respeito do Estágio Supervisionado em
Saúde Pública. Utilizou-se um questionário semi estruturado, composto, em sua maioria, por questões
de múltipla escolha (escala de Likert) e uma questão
descritiva. As perguntas procuraram avaliar as expectativas dos estudantes quanto aos seguintes aspectos:
• uso articulado do conhecimento adquirido,
• trabalho interdisciplinar,
• interação com a comunidade e suas necessidades,
• vivência das práticas do SUS,
• autonomia e segurança na realização dos procedimentos,
• crescimento pessoal,
• infraestrutura dos locais de serviço e qualidade
do material oferecido, além de
• expectativas sobre execução de procedimentos
não realizados durante a graduação.
O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa com o CAEE 0025.0273.00-09/CEP 135. Um
total de 69 alunos respondeu ao questionário sendo
23 da IES privada e 46 da IES pública. Nas duas IES
a maioria dos discentes manifesta a expectativa de
aplicar de forma articulada os conhecimentos adquiridos, mas a minoria se sente preparada para atuar
profissionalmente. Foi relevante o fato dos alunos de
ambas IES perceberem a possibilidade de aprender
a trabalhar de acordo com políticas públicas de saúde, vivenciar na prática os princípios, objetivos e diretrizes do SUS e ter a oportunidade de trabalhar
com profissionais de outras áreas durante o estágio.
A maioria espera realizar procedimentos não executados nas IES e enfrentar o desafio de lidar com materiais de baixa qualidade e em quantidade insuficiente para a demanda de pacientes. Desorganização,
desinteresse dos funcionários, filas e falta de recursos
também são esperados por quase metade dos discentes. Conclui-se que os alunos identificam no estágio
a possibilidade de aprendizagem de conteúdos em
saúde pública e de suprirem alguma deficiência técnica do curso, em contra partida possuem expectativas negativas quanto às condições de trabalho e
qualidade da assistência oferecida pelo SUS.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
111
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
A visita domiciliar como
estratégia de aproximação à
realidade social
Apresentador: Luiz Roberto Augusto Noro
Autores: Luiz Roberto Augusto Noro, Sara Melo
Torquato
U
m dos pressupostos da Estratégia Saúde da Família é favorecer o estabelecimento de vínculos
e a compreensão de aspectos importantes da dinâmica das relações familiares. Para isto, a visita domiciliar
configura-se como importante tecnologia de interação no cuidado à saúde, considerada instrumento
privilegiado para alcance de tal objetivo. A atenção
às famílias e à comunidade é o objetivo central da
visita domiciliar, uma vez que são entendidas como
entidades influenciadoras no processo de adoecer
dos indivíduos, os quais são regidos pelas relações
que estabelecem nos contextos em que estão inseridos. O objetivo deste estudo foi compreender o envolvimento com a comunidade durante as atividades
do Estágio Extra-mural por meio das visitas domiciliares a partir da percepção e envolvimento dos alunos. Na análise da importância das visitas à comunidade na visão do aluno relativa à sua formação, 36,2%
indicaram que contribui para o reconhecimento da
realidade social, ao mesmo tempo em que 10,5% dos
alunos apontam o interesse em desenvolver a humanização na relação com o próximo. Em relação ao
benefício para a comunidade 19,2% dos alunos acreditam ser o aprendizado advindo das ações de educação em saúde. Entretanto, 36,2% dos alunos não
reconheceram nas visitas domiciliares qualquer tipo
de aspecto importante para sua formação enquanto
53,2% apontam que estas atividades têm pouca contribuição para os moradores da comunidade. Ainda
em relação aos benefícios para a comunidade, 10,5%
dos entrevistados perceberam nas visitas apenas a
maior oportunidade de acesso destes moradores ao
Curso de Odontologia para tratamento odontológico, numa visão eminentemente “odontocêntrica”. As
visitas domiciliares devem prover atividades que extrapolem a coleta de dados, permitindo que o vínculo do aluno com a família se desenvolva na lógica da
humanização do atendimento. O desafio de fazer o
profissional de nível superior entender que sua presença no domicílio é fundamental no estabelecimento do vínculo com o paciente, extrapolando a perspectiva do atendimento clínico domiciliar, deve ser
colocado no centro da discussão do controle social,
112
uma vez que permite uma reaproximação da perspectiva da atuação deste profissional voltada para
fazer o bem, origem de sua existência. A consolidação
do Sistema Único de Saúde passa por uma permanente articulação entre instituições de ensino, serviços de saúde e população. Esta reflexão deve estimular professores, alunos e gestores a buscar novas
estratégias que vinculem estas visitas a conquistas
facilmente perceptíveis pela população assim como
valorizem o aprendizado com base em aspectos relacionados à integralidade da atenção e ao cuidado
humano.
Projeto COPAME: Formação
profissional com responsabilidade
social
Apresentador: Gladis Benjamina Grazziotin
Autores: Gladis Benjamina Grazziotin, Beatriz
Baldo Marques, Renita Baldo Moraes,
Magda de Souza Reis
A
s Diretrizes Curriculares Nacionais exigem mudanças na formação do cirurgião-dentista propondo novos cenários de estudo. Para tanto, os projetos pedagógicos devem contemplar a busca pela
formação integral e adequada do acadêmico, por
meio da articulação entre o ensino, a pesquisa e extensão. Precisa ainda despertar no acadêmico a consciência global, crítica, reflexiva e integradora, visando fortalecer seu entendimento sobre a necessidade
de uma atuação conjunta com outras áreas de conhecimento e com a própria comunidade, colaborando
assim para a transformação social e do meio em que
vive. Assim sendo, ciente do papel formador e de sua
responsabilidade social, a UNISC, através do Núcleo
de Ação Comunitária desenvolve desde agosto de
2010 o Projeto COPAME (Associação Comunitária
Pró Amparo do Menor). Trata-se de um local que
abriga menores de 12 anos de idade que foram afastados do convívio familiar por meio de medida protetiva de abrigamento, em função de abandono ou
cujas famílias ou responsáveis se encontram temporariamente impossibilitados de cumprirem sua função de cuidar e proteger. Esta instituição funciona
em regime de abrigo, mantido financeiramente por
associados, bem como de doações da comunidade,
de outros países e de algumas prefeituras da região.
O número de crianças é incerto, ficando sempre em
torno de quarenta. O tempo de permanência é variável, mas não excede dois anos, salvo casos especiais.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Os encaminhamentos são feitos pelo Conselho Tutelar e Juizado da Infância e Adolescência. Este projeto
propõe um trabalho interdisciplinar que no momento conta com a participação de docentes e bolsistas
dos cursos de Psicologia, Odontologia, Ciências Contábeis e Educação Física. A Pró-Reitoria de Extensão
e Relações Comunitárias, proporciona previamente,
uma capacitação aos bolsistas visando aprofundar o
conhecimento sobre “Extensão”. A Odontologia participa das atividades de integração da equipe e tem
como proposta a educação em saúde, através de atividades lúdicas e a prevenção, por meio da prática da
escovação dentária e uso do fio dental realizada pela
bolsista uma vez ao mês, em cada uma das crianças,
na sede da instituição. Nos demais dias da semana a
higiene bucal fica a cargo dos cuidadores que foram
capacitados para atuarem como agentes multiplicadores de saúde, ampliando suas percepções de saúde
bucal. Uma parceria com o curso de odontologia da
UNISC possibilita que todas as crianças sejam encaminhadas para avaliação das condições de saúde bucal e tratamento, articulando assim o ensino e a extensão. Este trabalho além dos benefícios
proporcionados às crianças, contribui na formação
profissional através de experiências em um cenário
de prática diferenciado, permitindo o desenvolvimento social e à universidade, possibilidades de práticas de responsabilidade social.
O ensino de odontologia: foco
centrado na aprendizagem
Apresentador: Carlos Alberto Monteiro Falcão
Autores: Carlos Alberto Monteiro Falcao
A
política de ensino da Faculdade Novafapi tem
como objetivo a formação profissional decorrente das demandas sociais e das necessidades do mercado de trabalho, promovendo a articulação entre as
dimensões social, ética, cultural, ecológica, tecnológica, profissional, mercadológica e de cidadania. A
flexibilidade do currículo, das atividades acadêmicas
e da oferta, articuladas à autonomia e mediadas por
um processo de avaliação e de atendimento às diferenças abrem espaços para que sejam criadas e desenvolvidas novas estratégias de aprendizagens teórico-práticas. Dentre estas estratégias, a aplicação
componentes curriculares inovadores no processo de
produção e construção do conhecimento, permitem
que o aluno tenha uma formação integrada, voltada
para a aprendizagem através do desenvolvimento de
atividades de forma assistida e orientada. A disciplina
“Práticas Interdisciplinares” tem como objetivos
acompanhar e avaliar os alunos em todas as atividades programadas pelos docentes das disciplinas do
semestre, além da orientação para elaboração de um
trabalho integrador que englobe todos os conhecimentos sobre as disciplinas do período. A Atividade
discente é utilizada como ferramenta para a complementação e aprofundamento dos conteúdos através
do ambiente virtual “portal acadêmico” onde o aluno
será estimulado a continuar o processo de aprendizagem além dos limites da sala de aula, de forma
assistida, sob orientação discente.
Cenários de prática e de estágios
curriculares noturnos: odontologia
Apresentador: Izabella Barison Matos
Autores: Izabella Barison Matos, Clarrisa Brasil,
Thiago Rodrigues, Debora Grando
Introdução
Projeto de extensão-ensino articulado ao Plano
de Desenvolvimento Institucional da (PDI-UFRGS)
e sintonizado com o Programa de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais (REUNI). Grupo de estudantes dos cursos de graduação noturnos
– Odontologia, Análise de Políticas e de Sistemas de
Saúde (APSS) - Bacharelado Saúde Coletiva, Psicologia, Serviço Social – com tutoria de docente da Saúde
Coletiva e participação de docentes/convidados realiza, desde dezembro de 2010, atividades multiprofissionais e interdisciplinares (ensino, extensão e de
pesquisa). O tema contempla o debate contemporâneo, no qual a construção de novas práticas acadêmicas é incentivada pelo Ministério da Educação, tal
qual a internalização de novas posturas profissionais
aspirada pelo Ministério da Saúde; bem como a intenção da UFRGS na busca de outras maneiras de
“formar”.
Objetivo
Ampliar protagonismo dos estudantes de Odontologia no processo de construção do conhecimento
na graduação e, em breve, mapear possíveis cenários
de prática e de estágios curriculares noturnos e de
finais de semana a fim de garantir inserção durante
todo o processo de ensino-aprendizagem.
Metodologia
Orientado pela tutora, o grupo segue semana típica de atividades:
• Ciclos de Aprendizagem;
• Estudos Auto-Dirigidos e, na seqüência;
Revista da ABENO • 11(2)89-164
113
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
• Intervenções nos Cenários de Prática.
Cada etapa é avaliada por meio de portfólio individual.
Resultados parciais
A atividade em pauta – Apropriação do Projeto
Pedagógico do Curso (PPC) Odontologia Noturno,
das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e das
competências e habilidades gerais e específicas – se
encontra em realização por meio de:
• leitura e fichamento de artigos científicos, de documentos e da legislação;
• discussão sobre o conhecimento obtido, por meio
de estratégias diversas (seminários, uso de metodologias ativas de aprendizagem, dentre outros).
Análise
No que tange aos resultados da atividade citada,
podemos dizer que já foram levantadas possibilidades de alinhamento dos PPC aos interesses dos alunos
noturnos; mapeadas inovações na formação a partir
dos documentos legais da UFRGS – como a proposição de disciplinas em período letivo especial (PLES)
para os cursos noturnos. Também apontamos o envolvimento de docentes e das COMGRAD, técnicos
educacionais que participam das atividades. Da mesma forma registre-se a participação dos alunos do
grupo – da Odontologia, da Psicologia e do Serviço
Social – em atividades promovidas pelo curso APSS.
Podemos dizer que já foram levantadas possibilidades de alinhamento do PPC aos interesses dos alunos
noturnos da Odontologia; identificadas inovações na
formação a partir dos documentos legais da UFRGS
– como a proposição de disciplinas em período letivo
especial (PLES); também, apontamos o envolvimento de docentes e das COMGRAD, técnicos educacionais que participam das atividades. Da mesma forma
registre-se a participação dos alunos do grupo – da
Odontologia, da Psicologia e do Serviço Social – em
atividades comuns.
Conclusão
Espera-se com essa atividade, e outras que foram
planejadas, contribuir para formação de um cirurgião-dentista demandado, em concordância com as
políticas públicas de educação e de saúde, melhorando a resposta pública.
114
Reorientação na formação
dos profissionais da saúde da
Universidade Sagrado Coração
Apresentador: Claudia de Almeida Prado Piccino
Sgavioli
Autores: Claudia de Almeida Prado Piccino
Sgavioli, Leila Maria Vieira, Eliane Maria
Ravasi Stefano Simionato, Evete Polidoro
Alquati, Maria Amélia Ximenes Correia
Lima, Maricê TCD Heubel, Marta Helena
Souza de Conti, Rita Cristina Chaim,
Sandra de Oliveira Saes
A
integração entre ensino e serviço proporciona
melhor capacitação do docente, do estudante e
do profissional do serviço de saúde, conseqüentemente garante ações e serviços de qualidade à população, por meio de reorientação da atenção básica e
do modelo de atenção à saúde no sistema nacional
de saúde vigente. A necessidade de promover a integração entre as diversas instituições pode ser concretizada por intermédio de recursos de tecnologias de
informação, que dão suporte a atividades de Telessaúde, capazes de desenvolver ações de Saúde e contribuir para ampliação da capacitação de todos os
atores envolvidos. O presente projeto teve como objetivo a reorientação da formação dos profissionais
dos cursos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Sagrado Coração, Bauru, SP. Para tanto
foram reorganizadas as matrizes curriculares dos
cursos de Biologia, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição, Odontologia e Terapia Ocupacional
incluindo a adequação do ensino às demandas sociais, às do mercado de trabalho e a incorporação de
novas tecnologias educacionais ao currículo, visando
melhorar o rendimento dos estudantes e a qualidade
do trabalho docente. A partir da nova proposta os
profissionais formados estarão qualificados para
atender e integrar-se aos serviços do Sistema Único
de Saúde (SUS), comprometendo-se com a consolidação deste sistema. Os cursos comprometem-se com
uma formação dinâmica, interdisciplinar e articulada durante todos os anos, possibilitando ao estudante a prática nos diferentes cenários de promoção da
saúde e prevenção e reabilitação das doenças. Para
consolidar tal proposta buscou-se incrementar a integração entre IES e Secretaria da Saúde do Município, proporcionando aos docentes e discentes a participação em todos os programas e instâncias dos
serviços prestados. Em contrapartida, os profissio-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
nais da rede municipal contam com serviço de capacitação e orientação, voltados às necessidades do
município; além de um canal direto esclarecimentos
de dúvidas, o qual oferece tutoria. Para os usuários,
além da melhoria dos serviços prestados, foram estabelecidas estratégias e materiais educativos (nas diferentes opções midiáticas), os quais são desenvolvidos pela IES e aplicados pelos discentes,
devidamente supervisionados e em conjunto com os
servidores. Outra estratégia proposta foi um canal
aberto de informações para os usuários, o qual foi
viabilizado por meio da informatização das Unidades
Básicas de Saúde e capacitação dos servidores. Por
meio de tal projeto adequou-se o currículo dos cursos
da área de saúde, formando o profissional com competência para atuar como gestor e multiplicador dos
princípios do SUS; proporcionou o incremento no
processo de capacitação do profissional em serviço,
assim como a promoção do trabalho multiprofissional em todos os níveis do sistema. Para os usuários
os resultados revertem-se em melhoria da qualidade
dos serviços recebidos; além de oportunizar a busca
de informações em fontes seguras e de fácil acesso.
Vídeoeducação: avaliação de
atividade de ensino-aprendizagem
ativa na educação odontológica
Apresentador: João Luiz Gurgel Calvet da Silveira
Autores: João Luiz Gurgel Calvet da Silveira, Maria
Urânia Alves
Introdução
A aprendizagem ativa e significativa pode contribuir para a formação do profissional crítico, exigindo
esforços de superação do ensino tradicional baseado
na memorização e reprodução exclusiva de conceitos. Os conteúdos e fundamentos da Saúde Coletiva
são historicamente rejeitados e pouco compreendidos ou valorizados pelos alunos de odontologia. A
tecnologia da produção de vídeos apresenta como
vantagens:
a)boa identificação dessa linguagem entre jovens;
b)tecnologia de produção e edição acessíveis, podendo ser usados celulares e programas livres de
edição;
c)trabalho em equipe;
d)valorização da criatividade;
e)possibilidade de aprendizagem significativa sobre
o tema ou conteúdo;
f) pode ser utilizada como método de ensino e avaliação;
g)aproveitamento do material produzido em eventos
acadêmicos e aulas;
h)associação com metodologias complementares
como aulas expositivas, pesquisa e discussão de
artigos científicos;
i) apresenta relação com o referencial da metodologia cinemeducation.
Etapas da atividade:
a)organização de grupos de trabalho e determinação das funções, tarefas e prazos;
b)definição do tema do vídeo a partir das unidades
de ensino trabalhadas ou pesquisadas;
c)pesquisa bibliográfica;
d)concepção e roteirização pelos alunos com orientação dos docentes;
e)produção e filmagem com câmeras ou celulares;
f) apresentação para a turma e docentes.
Características do vídeo:
a)duração de 15 a 20 minutos;
b)transcrição, com citação, dos conceitos principais
abordados na tela;
c)livre escolha do estilo: documentário, linguagem
simbólica, história narrada ou diálogos.
Objetivo
Avaliar uma atividade de ensino-apresndizagem
ativa baseada na produção de vídeos por 45 alunos
da primeira e oitava fases do curso de odontologia
da FURB.
Metodologia
Avaliação da atividade através de questionário
respondido pelos alunos, contendo duas perguntas
fechadas e quatro abertas. Análise dos dados através
da criação de categorias e contagem da freqüência
das respostas, considerando a dimensão afetiva e cognitiva sobre o tema trabalhado na atividade de produção do vídeo.
Resultados
a)98% consideraram que a atividade deve ser mantida;
b)93% acharam plenamente satisfatória como metodologia de aprendizagem e avaliação, valorizando:
––a interatividade entre estudantes;
––a possibilidade de exercer a criatividade;
––a aplicação dos conceitos em um contexto criado por alunas e
––o “prazer” em realizar a atividade;
c)sobre o conceito abordado no vídeo: 59% relataram corretamente;
d)sobre a principal mensagem do vídeo: 71% argumentam coerentemente.
Discussão
Os alunos mostraram-se receptivos para inova-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
115
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
ções no ensino e na avaliação. Revelam dificuldade
em elaborar de forma escrita o conhecimento apreendido, embora no vídeo tenham sido capazes de
aplicar o conceito. Percebe-se a efetividade dessa metodologia para a formação humanística de profissionais de saúde.
Conclusão
A metodologia proposta apresenta potencial pedagógico para desenvolver as dimensões afetiva através da ressignificação pelos alunos dos conceitos, e
cognitiva potencializando a apreensão do conhecimento, devendo preferencialmente esta segunda ser
complementada por outras metodologias.
Descritores
Aprendizagem ativa. Aprendizagem significativa.
Formação odontológica.
Percepções sobre o projeto
pedagógico do Curso de
Odontologia / UEPG
Apresentador: Márcia Helena Baldani Pinto
Autores: Márcia Helena Baldani Pinto, Cristina
Berger Fadel
O
atual projeto didático-pedagógico do curso de
Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) - PR foi elaborado em conformidade com as atuais Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCN) e implantado no ano de 2005. Este estudo
teve por objetivo avaliar a percepção de acadêmicos
formandos do curso de Odontologia quanto ao novo
projeto pedagógico, como subsídio complementar ao
processo de avaliação institucional desenvolvido pela
Comissão Interna de Avaliação (CPA) da UEPG. Participaram do estudo 91 acadêmicos, de um total de
103, formandos nos anos de 2010 e 1011. Estes responderam a um questionário estruturado aplicado
em sala de aula, elaborado considerando-se o perfil
profissional proposto nas DCN, o qual foi submetido
à pré-teste realizado com a turma de formandos de
2009. As informações coletadas foram analisadas e
os resultados expressos por meio de valores descritivos, relativos e absolutos. O estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da UEPG (parecer
COEP nº 76/2009). Os resultados revelam que menos
da metade dos formandos (44%) afirmam conhecer
o projeto pedagógico do curso. Corroborando os
resultados obtidos pela avaliação da CPA, a grande
maioria dos acadêmicos demonstra uma percepção
positiva quanto ao projeto pedagógico, identificando
116
que o mesmo contempla as características das DCN
quanto ao perfil do profissional egresso, formado
com competência técnica e científica, ética e humanista, apto a atuar em todos os níveis de atenção e
segundo o sistema de saúde vigente no país. Dentre
as competências e habilidades expressas nas DCN e
proporcionadas pelo curso, aquelas que os formandos se consideram mais aptos a aplicar são:
a)desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde (94%),
b)disposição ao aprendizado contínuo (66%),
c)tomar decisões (60%), e
d)atuar em equipes multiprofissionais (56%).
No entanto, apenas 11% dos formandos se consideram aptos a administrar e gerenciar serviços de
saúde. Quanto à estrutura curricular do curso, grande parte dos alunos indica que existe duplicação de
conteúdos entre as disciplinas e dificuldades em oferecer atenção integral aos pacientes, o que poderia
ser atribuído ao fato do currículo não ser integrado.
Apesar disso, a maioria dos alunos identifica a integração entre teoria e prática como ideal ou satisfatória, e 59% deles entendem que a metodologia pedagógica utilizada na maioria das disciplinas é a da
construção do conhecimento, baseada em experiências, realidade e vivências dos alunos. Os resultados
deste estudo, somados à avaliação institucional, demonstram que, apesar da percepção positiva da comunidade acadêmica, existem algumas fragilidades
no atual projeto pedagógico do curso, que apontam
para a necessidade de se avançar na construção de
um currículo integrado.
Atendimento odontológico de
portadores de HIV/AIDS em clínica
de graduação
Apresentador: Raquel Conceiçao Ferreira
Autores: Raquel Conceição Ferreira, Manoel BritoJúnior, Edwaldo de Souza Barbosa-Júnior,
Andréa Maria Eleutério de Barros Lima
Martins, Carla Cristina Camilo, Mania
Quadros Coelho
O
s cirurgiões-dentistas têm a obrigação humana
e profissional de tratar pessoas que vivem com
HIV/aids. No entanto, o desconhecimento inicial da
doença e o preconceito têm causado limitações no
tratamento odontológico dos portadores do HIV/
aids. Assim, torna-se fundamental a formação de profissionais conscientes de suas obrigações legais e éti-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
cas, com disposição e atitude positivas no atendimento a esses pacientes. Adicionalmente, os primeiros
sinais clínicos da imunodeficiência associados ao
HIV aparecem com frequência na cavidade bucal,
conferindo ao cirurgião-dentista papel importante
no diagnóstico precoce e tratamento da infecção.
Desde agosto de 2001, o curso de Odontologia da
Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
desenvolve o projeto de extensão “Atendimento
odontológico ao portador do HIV/aids” juntamente
com as atividades curriculares da disciplina Clínica
Integrada IV. Os graduandos realizam, semestralmente, atendimento clínico odontológico integral e
atividades de promoção de saúde em aproximadamente 20 pacientes oriundos de dois centros de referência ao atendimento ao portador do HIV/aids de
Montes Claros/MG. Para conhecer o perfil e a prevalência de manifestações bucais foi desenvolvido um
estudo entre os pacientes atendidos na clínica de graduação desde a implantação do projeto de extensão
(CEP: 1516/2009). Foram incluídos prontuários de
144 pacientes, com média de idade de 39,5 anos
(±11,10; 6–67 anos), maioria com 30 a 49 anos (71,6%),
distribuídos homogeneamente quanto ao sexo (feminino = 50,7%); ocupação mais frequente foi Do lar
(21,9%), 12,5% eram desempregados; 27,8% fumantes, 18,1% etilistas e 3,5% usuários de droga. As doenças sistêmicas mais frequentes foram pneumonia
(42,1%) e anemia (42,4%); 53,5% apresentaram perda de peso. Candidíase, Leucoplasia e Queilite angular foram identificadas em 14,8%, 7,8% e 6,2%,
respectivamente. A diversidade do perfil epidemiológico e a complexidade sistêmica contribuem para
a formação integral do acadêmico, permitindo ainda
a atuação multidisciplinar junto aos médicos infectologistas desses pacientes. Ao final de cada semestre,
os acadêmicos fazem uma auto-avaliação podendo
ser verificado alguns relatos.
“...proporcionou a superação de barreiras pessoais e profissionais preconcebidas, tal superação gerou um olhar
mais humano sobre a realidade. Exercer a odontologia
para pessoas tão necessitadas e tão subjugadas nos proporcionou um crescimento pessoal. Superando nossos
preconceitos e medos a fim de encarar a realidade de
forma madura e profissional.” (A1);
“...o contato direto com o paciente HIV positivo permitiu
que eu exercitasse toda minha ética, preponderando sempre o bem estar do paciente. Sei que a grande lição já está
consolidada em mim.”(A2);
“Fiquei muito surpreendida comigo, pois pensei que fosse ter algum tipo de impacto com o paciente portador da
aids/HIV. Graças a Deus isso não ocorreu” (A3);
“...consegui superar alguns preconceitos que até mesmo
eu achava que seriam impossíveis de ser vencidos. Atendi
todos os meus pacientes de forma humanizada e segura”
(A4);
“A proposta é surpreendente ao lidar com as peculiaridades de cada paciente e nos passa uma condição que
permite encarar as diversas doenças auxiliando em um
tratamento diferenciado e específico”.(A5).
Assim, esse projeto de extensão favorece a formação humanística e ética dos futuros profissionais da
Odontologia, além de propiciar efetiva integração do
ensino e serviço junto à comunidade.
Extensão através Pró-Saúde I:
contribuições na formação
profissional
Apresentador: Beatriz Baldo Marques
Autores: Beatriz Baldo Marques, Dayelen Jurinic
Micheli Chabat, Daiane Kuczynski, Tássia
Silvana Borges, Gladis Grazziotin, Magda
de Souza Reis, Renita Baldo Moraes
A
odontologia tem estabelecido novos caminhos
na busca da promoção de saúde bucal, com informações sobre a odontologia intra-uterina e o atendimento a bebes. A gestação é uma fase de mudanças
fisiológicas complexas na saúde da mulher, inclusive
na sua saúde bucal. Por falta de informações a gestante passa por problemas bucais sem saber o que
fazer, acreditando no mito de “um dente perdido por
cada filho” e, depois do parto, possivelmente alimentando seu bebê com leite, sucos ou chás adoçados, na
hora de dormir, sem entender muito bem, o porquê
das cáries de acometimento precoce. É por acreditar
que a saúde começa pela boca e por saber que a gravidez provoca alterações no organismo da mulher,
inclusive na cavidade bucal, que o Projeto Atenção à
Saúde da Criança e do Adolescente - PASCA - Atenção
à Saúde da Gestante, da Universidade de Santa Cruz
do Sul (UNISC), atua com gestantes moradoras dos
bairros beneficiados pelo Projeto Pró-Saúde, através
do trabalho em equipe com a Estratégia da Saúde e
Família. Os objetivos do projeto são proporcionar
condições adequadas de promoção de saúde através
Revista da ABENO • 11(2)89-164
117
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
de ações educativas, preventivas e de adequação do
meio bucal. As ações de Atenção à Saúde da Gestante fazem parte do PASCA, e aprovadas pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade de Santa Cruz
do Sul, número do Protocolo 2782/11. Inicialmente
foi realizado contato com as enfermeiras responsáveis pelas ESFs dos bairros de abrangência do Prósaúde, conhecendo desta maneira a equipe e as atividades desenvolvidas por estas no tocante as
gestantes. Assim planejaram-se as visitas domiciliares
com as gestantes juntamente com a equipe de saúde.
Na visita foi aplicado um questionário com diversas
questões sobre saúde bucal e geral, além de questões
sobre condições socioeconômicas para melhor conhecer a realidade das gestantes, além da avaliação
de saúde bucal. As gestantes foram agendadas para
a atividade de educação em saúde e consultas de adequação de meio bucal e encaminhamentos. Em um
ano de atendimento pode-se observar grande participação da equipe de saúde, sendo de grande valia a
interação que os acadêmicos de Odontologia conquistaram através do Pró-Saúde. A participação das
gestantes se deu intensamente, demonstrando o interesse das mesmas por um atendimento integral e
humanizado, sendo parte deste resultado devido às
visitas domiciliares realizadas ou pela equipe. Dentro
do projeto ocorreu a integração das bolsistas da
odontologia com os demais acadêmicos dos cursos
da área da saúde da UNISC, que também realizaram
atividades com as gestantes. Percebeu-se reconhecimento da comunidade através dos elogios advindos
em cada atendimento. A participação das bolsistas
no projeto foi importante tanto com o conhecimento
adquirido durante os atendimentos as gestantes
como parte do ensino, quanto à extensão e pesquisa
desenvolvida durante o mesmo. A experiência de
participar como bolsista do Pró-Saúde I enriqueceu
a forma de pensar e agir como profissional da saúde,
demonstrando que o trabalho deve continuar buscando a integração dos profissionais além de uma
preparação para atuar no Sistema Único de Saúde.
Equipe auxiliar em odontologia:
necessidade de ampliação
Apresentador: Ana Claudia Baladelli Silva Cimardi
Autor: Ana Claudia Baladelli Silva Cimardi
N
a atual política Nacional de Saúde Bucal “Brasil
Sorridente” (2001), baseada nos princípios do
SUS, a Equipe de Saúde Bucal (ESB), esta inserida
118
na Estratégia Saúde da Família (ESF) de 1994 ampliando assim a oferta de serviço odontológico no
setor público. O Ministério da Saúde pela ESF só permite o cadastramento e repasse do financiamento
para as equipes de saúde bucal com a equipe odontológica completa, ou seja, na modalidade I, 1 Cirurgião-Dentista (CD) e 1 Auxiliar em Saúde Bucal
(ASB) e, modalidade II, 1CD, 1 Técnico em Saúde
Bucal (TSB) e 1 ASB. O objetivo deste trabalho é
discutir a importância da ampliação quantitativa da
formação de pessoal auxiliar e ainda sugerir as Instituições de Ensino Superior (IES) em Odontologia
uma aproximação do seu acadêmico com o pessoal
auxiliar em odontologia. A metodologia utilizada foi
análise documental, revisão da literatura e avaliação
quantitativa da formação profissional odontológica.
Os dados nacionais apontam que cadastradas há
31.981 ESF, 20.010 ESB modalidade I e 1.938 ESB
modalidade II, em Santa Catarina são 802 modalidade I e 37 modalidade II. Cada ESF é responsável por
até 4.500 pessoas em sua área de cobertura, a literatura aponta que para cada ESF tenha uma ESB, com
objetivo de uma melhor cobertura e acesso da população para o serviço de saúde pública. O Brasil é o
maior formador em termos quantitativo de CD mundial, sendo que a formação de pessoal auxiliar não
segue a mesma velocidade de formação, sendo que
em 2011 inscritos no Conselho Federal de Odontologia há 237.201 CD, 12.039 TSB e 85.782 ASB. a Política Nacional de Atenção Básica na portaria no. 648/
GM de 28/03/2006, aponta que para constituição de
uma Equipe de Saúde Bucal deverá ser composta na
modalidade I por 1 CD e 1 ASB e na modalidade II
por 1 CD, 1 TSB e 1 ASB, se quisermos equiparar
com a quantidade de ESF já inscritas no Ministério
da Saúde, deveremos ampliar a formação de pessoal
auxiliar, tendo em vista somente o setor público. Em
Santa Catarina a proporção destes profissionais é
menor ainda chegando ter inscritos 9.107 CD, 570
TSB e 2.113 ASB. Verificando estes números percebemos a necessidade da ampliação de vagas da formação do ASB e TSB, para uma possível equiparação
de ESF e ESB, ampliando assim o acesso a população
a atenção odontológica no serviço público. Dentro
da Política Nacional de Atenção Básica, há atribuições específicas para o CD, ASB e TSB, e ainda salienta a necessidade do trabalho integrado entre estes profissionais, mas na prática no processo de
formação do CD, o trabalho em equipe com o TSB e
ASB não é muito comum. Sendo assim sugerimos
para as IES que o processo de ensino aprendizagem
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
destes profissionais seja aproximado para que estes
consigam ainda dentro da academia trabalhar em
equipe.
Desenvolvimento de um aplicativo
auxiliar no ensino da odontologia
Apresentador: Alessandra Martins Ferreira
Warmling
Autores: Alessandra Martins Ferreira Warmling,
Ana Lúcia Ferreira de Mello, Cláudio José
Amante
Objetivo
Desenvolver um aplicativo para identificação dos
determinantes do processo saúde-doença da cárie
dentária com potencial de auxiliar no ensino de graduação em Odontologia.
Metodologia
O aplicativo foi desenvolvido através de um trabalho de pesquisa interdisciplinar, conjugando profissionais das áreas de Odontologia, Sistemas de Informação e Design e Animação Gráfica. O aplicativo
está teoricamente fundamentado nos determinantes
do processo saúde-doença da cárie dentária identificados por uma ampla revisão da literatura científica.
Estes constituíram elementos passíveis de serem investigados no momento da anamnese, por serem
auto-referidos. Os profissionais das áreas de Sistemas
de Informação e de Design e Animação Gráfica desenvolveram e implementaram o sistema utilizando
as tecnologias apropriadas.
Resultados e Discussão
O estudo resultou na criação do aplicativo que
permite identificar os determinantes do processo
saúde-doença da cárie dentária em um indivíduo,
bem como em grupos de indivíduos, gerando informações que apresentam os determinantes que mais
se sobre-saem em cada grupo, além de permitir comparações entre grupos. Outras características do aplicativo que merecem destaque são:
• o acesso facilitado, uma vez que está disponível
on line e pode ser utilizado facilmente por qualquer meio de comunicação com acesso à internet;
• ser capaz de gerar mapas interativos;
• possuir ferramenta chat de texto para suporte e
esclarecimentos de dúvidas;
• além de atuar como um banco de dados e de poder gerar informações para análises estatísticas.
Considerações finais
O aplicativo torna-se útil nos processos de identi-
ficação dos determinantes do processo saúde-doença
da cárie dentária e no planejamento de estratégias
voltadas à prevenção e controle da doença. Tem alto
potencial de aplicação no âmbito dos serviços odontológicos e, principalmente, no ensino em Odontologia, uma vez que é capaz de atuar como uma ferramenta no processo de ensino-aprendizagem tanto no
ambiente dos cursos de graduação, quanto nos diferentes cenários de ensino-aprendizagem fora deles.
Dessa forma, auxilia de forma inovadora na formação de profissionais com habilidades de compreender criticamente a distribuição e fatores determinantes da doença bucal mais prevalente, no âmbito
individual e coletivo, bem como planejar ações e serviços que incorporam preceitos de vigilância em saúde e gestão da clínica ampliada.
Programa institucional “Sorria
Vila da Glória” – oportunizando
ensino, pesquisa e extensão
Apresentador: Célia Maria Condeixa de França
Lopes
Autores: Célia Maria Condeixa de França Lopes,
Edward Werner Schubert
Introdução
O curso de odontologia da UNIVILLE caracteriza-se pela metodologia de ensino que integra diferentes especialidades em clínicas de baixa, média e
alta complexidade, fundamentando este ensino no
aspecto social da odontologia. Para oportunizar atividades pertinentes à Odontologia Social, os alunos
realizam atendimentos fora do Campus Universitário. Dentre estas ações, destaca-se o Programa Institucional “Sorria Vila da Glória”, onde os acadêmicos
são levados a uma comunidade parcialmente isolada,
com perfil econômico restrito e elevadas carências
na atenção à saúde. O Programa, criado a 8 anos,
para abrigar um módulo da disciplina de Estágios
Extra-Muros, tem como objetivo oferecer atendimento odontológico integral à população de 0 a 12 anos,
do Distrito do Saí (Vila da Glória, São Francisco do
Sul, SC). Atualmente pretende-se ampliar este atendimento à população adulta. Esta ação facilita o desenvolvimento de estudos odontológicos tanto de
atuação clínica, desenvolvimento de materiais restauradores, como de levantamento epidemiológico.
Objetivo
Inserir o acadêmico de odontologia em uma comunidade com atendimento odontológico restrito,
oferecendo a eles uma realidade de carência odonto-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
119
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
lógica, associada a uma realidade sócio-cultural diferenciada.
do a saúde bucal e formando melhores cirurgiões
dentistas.
Metodologia
O programa abriga diferentes projetos, que prestam atendimento a diferentes grupos de moradores,
formados a partir de suas necessidades assemelhadas. Os projetos atualmente realizados são:
• Projeto de Atendimento Odontológico aos Bebes,
• Projeto de Atendimento Clínico Restaurador,
• Projeto de Promoção de Saúde Bucal em Escolares,
• Projeto de Atendimento de Alta Complexidade
(Mutirão), e ainda
• Projeto de Atendimento e Promoção de Saúde
Bucal em Adultos.
Para este ano, ainda está previsto o início das atividades do Projeto de Reabilitação com Próteses Móveis. As ações desenvolvidas nas escolas, além de motivar e orientar os alunos à saúde oral – usando como
ferramentas as palestras, teatros, dramatizações, músicas, e ainda a própria higienização bucal – transforma os professores, tradicionais “formadores de
opinião” da comunidade, em “incentivadores e orientadores da saúde bucal”. Nestas ações, identificam-se
os indivíduos com necessidades do tratamento restaurador, que são conduzidos ao consultório mantido
pela Universidade e pela Associação de Moradores
da localidade; aqueles indivíduos com maiores necessidades são encaminhados ao atendimento odontológico nos “Mutirões”, dentro das clínicas odontológicas da Univille. Este atendimento ocorre
bimestralmente, sendo desenvolvido pelos mesmos
alunos envolvidos no Programa, além de alunos voluntários, e realiza procedimentos curativos de maior
complexidade. O projeto destinado aos bebes é desenvolvido em visitações aos domicílios, sempre na
companhia da Agente Comunitária de Saúde, realizando orientação de higiene e dieta à mãe ou cuidadores, além de realizar a higienização bucal e a aplicação tópica de flúor nos bebes.
Resultados
Os participantes do programa conseguiram estabelecer uma ótima parceria com a comunidade, sendo reconhecidos como responsáveis pela melhora da
qualidade de vida desta população. Com envolvimento dos professores e o comprometimento dos alunos
com a saúde bucal observou-se também uma mudança nos hábitos desta população.
Conclusão
A parceria entre a comunidade local e a acadêmica favorece o desenvolvimento de ambas, melhoran120
Metodologia ativa no processo
ensino-aprendizagem: trabalho de
conclusão de período
Apresentador: Manoel Brito-Júnior
Autores: Manoel Brito-Júnior, Carla Cristina
Camilo, Maria Cleonice Oliveira Nobre,
Jussara Melo, Cássia Pérola dos Anjos
Braga Pires, Simone de Melo Costa
O
Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) busca formar
profissionais com conhecimentos e habilidades que
permitam decidir e atuar com segurança na promoção da saúde. Busca-se desenvolver no graduando o
interesse e capacidade de atualização, valendo-se de
metodologias ativas no processo ensino-aprendizagem, desenvolvendo habilidades para auto-aprendizagem, pensamento crítico e iniciativa para solução
de problemas. Desse modo, o Curso procura atender
as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para formação profissional em Odontologia, ao compreender o acadêmico como sujeito de aprendizagem e o
professor como facilitador desse processo. Nesse contexto, descreve-se o Trabalho de Conclusão de Período (TCP) que constitui um instrumento proposto
pelo Curso de Odontologia da Unimontes para conclusão de disciplinas ao final de cada período letivo.
O TCP objetiva:
• desenvolver trabalhos científicos baseados em
metodologia com critérios bem delineados;
• incentivar as atividades de iniciação científica estimulando o pensamento crítico dos discentes;
• favorecer a integração dos diversos períodos do
curso valorizando a construção interdisciplinar
do saber científico;
• propiciar ao discente a oportunidade de apresentação de trabalhos científicos aprimorando sua
capacidade de comunicação;
• estimular a participação discente em seminários
científicos e eventos afins na Unimontes e em
outras Instituições de Ensino.
A metodologia ativa adotada pelo TCP tem como
estratégia desenvolver trabalhos científicos, semestrais, orientados por professores das disciplinas do
4º ao 9º períodos. O TCP é elaborado por grupos de
quatro a cinco acadêmicos e pode ser apresentado
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
sob forma de relato de caso clínico, revisão de literatura, projetos e/ou resultados de pesquisa. Nas categorias “Revisão de literatura” e “Pesquisa” geralmente são abordados temas atuais ou que geram
divergência de opiniões entre os pesquisadores. Na
categoria “Caso Clínico” são apresentados casos documentados nas clínicas da Unimontes ou aqueles
sugeridos pelo professor orientador. Essas situações
clínicas devem apresentar certa originalidade com
embasamento cientifico na literatura pertinente. A
apresentação oral dos TCPs ocorre em Seminário
Interdisciplinar com participação de acadêmicos e
professores da Odontologia, sendo essas ações incorporadas no Projeto Político Pedagógico do Curso. A
estratégia permite ao acadêmico elaborar e apresentar seis trabalhos científicos ao longo de sua graduação, além do trabalho do Internato Regional Integrado no 10º período, e não apenas um único trabalho
no final do Curso, que muitas vezes é protelado e
construído nos últimos dias da graduação. Concluise que o TCP contribui para aprendizagem significativa, uma vez que a escolha dos temas é feita com os
acadêmicos, podendo partir da problematização da
realidade. Além disso, propicia o conhecimento de
métodos e técnicas de investigação e elaboração de
trabalhos científicos propostos nas DCN para Odontologia.
Projeto abrindo sorrisos:
Odontologia como elo entre
educação e saúde
Apresentador: Santuza Maria Souza de Mendonça
Autores: Santuza Maria Souza de Mendonça,
Camilla Aparecida Silva de Oliveira,
Cinthia Mara da Fonseca Pacheco,
Leonardo Monteiro
O
Estágio Supervisionado em Saúde Pública do
Curso de Odontologia do Centro Universitário
Newton Paiva (CUNP) possibilita aos discentes do
nono período conhecer a estrutura organizacional,
administrativa, gerencial e funcional dos serviços
públicos de saúde. Dentro desta perspectiva, também
permite que o aluno trabalhe na Estratégia de Saúde
da Família (ESF), modelo de assistência que propicia
melhor atuação do profissional da saúde a partir do
contato deste com a comunidade e suas famílias. Neste contexto, cabe aos estagiários avaliar o processo
saúde-doença e planejar ações de saúde destinadas à
população da área de abrangência da Unidade Bási-
ca de Saúde (UBS) em que estagiam. O objetivo desse trabalho é descrever um programa de saúde bucal
planejado e executado por alunos durante estágio na
UBS São Jorge localizada na Regional Oeste da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). O Programa Abrindo Sorrisos iniciou-se no primeiro semestre de 2011
com público de 120 escolares de 6 a 9 anos que participavam do Programa Escola Integrada da PBH. O
Programa Escola Integrada visa melhorar a aprendizagem por meio da ampliação da jornada educativa
nas escolas municipais de Belo Horizonte. Entendese que a escola é um ambiente adequado para desenvolvimento de atividades em saúde bucal, por reunir
crianças em idade propícia à adoção de medidas de
educação e prevenção da saúde. Foram desenvolvidas
diversas atividades lúdico pedagógicas com objetivo
valorizar as práticas de higiene e de saúde na busca
por melhor qualidade de vida. Procurou-se atingir o
núcleo familiar através das crianças, acreditando que
poderiam ser “vetores” dos bons hábitos. As atividades tinham como eixo principal a saúde bucal, ao
mesmo tempo em que utilizavam outros setores como
arte, cultura e educação, respeitando as habilidades
e competências esperadas para a faixa etária trabalhada. Todas as atividades tiveram como base a educação problematizadora de Paulo Freire fundamentada na criatividade e no estímulo da reflexão sobre
ações reais, bem como na capacidade de solucionar
problemas em vez de armazenar conhecimentos.
Dentre as atividades realizadas destacam-se oficinas,
brincadeiras, exercícios, filmes, contação de histórias, concurso de desenhos, sendo que as crianças
chegaram a construir de maneira coletiva um livro.
O programa já apresenta resultados positivos. Percebe-se que as crianças demonstram curiosidade sobre
a representação da boca em seu sentido físico, funcional e social, fazendo conexões deste órgão com o
corpo e identificando sua importância para a saúde.
As crianças atuaram como multiplicadores da informação adquirida dentro de seus núcleos familiares.
A escola foi local de acolhimento, estabelecimento
de vínculo e de atenção às necessidades básicas em
saúde. O programa também favoreceu a parceria escola/UBS. Para os discentes graduandos, o Abrindo
Sorrisos mostrou que a odontologia não deve atuar
apenas através de atendimentos clínicos, é preciso
ousar, entrar em contato íntimo e amplo com a população, buscando realizar uma saúde publica de
qualidade.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
121
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Ensinar e aprender: metodologia
Syllabus na odontologia
Universidade Sagrado Coração
Apresentador: Graziela de Almeida Prado Piccino
Marafiotti
Autores: Graziela de Almeida Prado e Piccino
Marafiotti, Ilda Basso, Carolina Nunes
Pegoraro, Claudia de Almeida Prado
Piccino Sgavioli, Leila Maria Vieira,
Marisa Aparecida Pereira Santos, Sara
Nader Marta
O
trabalho apresenta o relato da analise realizada
pelo grupo de pesquisa composto por professores do Curso de Odontologia e Coordenação Pedagógica dos Cursos de Graduação da Universidade do
Sagrado Coração, Bauru/SP que acompanham o desenvolvido do Modelo Pedagógico Syllabus que, desde 2008, é aplicado com os estudantes ingressantes
na graduação.O modelo está amparado à nova política de gestão escolar da Universidade e, o enfoque
voltado para o planejamento e avaliação da disciplina
e da aula, ocorrendo, concomitantemente, com o
comprometimento de propostas sistematizadas em
plano de ensino e de aula.O Plano de ensino prevê
as atividades a serem realizadas pela disciplina e serve de roteiro dos conteúdos, objetivos, metodologia
e avaliação para professores e estudantes no desenvolvimento dessas atividades. Esse documento é disponibilizado numa plataforma de ensino na web com
acesso livre ao estudante e acompanhado o seu desenvolvimento pelo Coordenador do curso e pela
Coordenação do Modelo Pedagógico Syllabus. O Plano de Aula efetiva o planejamento da aula e deve
estar ajustado com os objetivos do Plano de Ensino.
É oferecido previamente na plataforma de ensino
com no mínimo três dias de antecedência da aula, a
fim de que o estudante tenha percepção de como foi
projetado o inicio, meio e o fim da aula. Além disso,
contém orientações para um estudo dirigido, que
será cobrado na aula rapidamente em forma de
“quiz”, abordando o conteúdo para atingir os objetivos propostos. A estratégia da metodologia Syllabus
é fazer com que o docente elabore seu planejamento
visando estimular os estudantes a desenvolverem o
hábito de preparar sua participação em cada aula,
compreendendo e relacionando os conceitos básicos
nela disponibilizados pelo professor. Visa também
estimular as leituras individuais e desenvolvimento
de habilidades para compreensão de textos, desenvolvimento da capacidade de pensar de uma manei122
ra reflexiva e crítica, contribuindo com suas opiniões
e conclusões. A metodologia Syllabus também fomenta e incrementa a publicação de Material Didático
pedagógico pelo corpo Docente da Universidade.
Estações odontológicas: proposta
informatizada de avaliação nas
clínicas articuladas
Apresentador: José Flávio Batista Gabrich
Giovannini
Autores: José Flávio Batista Gabrich Giovannini,
Diele Carine Barreto Arantes, Geraldo
Magela Pereira, Júnia Noronha Carvalhais
Amorim, Santuza Maria Souza Mendonça
A
avaliação da competência dos estudantes em
atividades desenvolvidas nas clínicas odontológicas representa um tópico crítico devido à dificuldade em mensurar o desempenho clínico dos mesmos. Para isso, é necessário o desenvolvimento de um
sistema capaz de fornecer, de forma integrada, informações adequadas sobre as atitudes, habilidades e
destrezas adquiridas pelos estudantes durante a
aprendizagem em aulas clínicas. Como a competência clínica relaciona-se diretamente com a qualidade
do atendimento prestado aos pacientes, as instituições de ensino têm a responsabilidade de avaliar
adequadamente os discentes, de modo a graduar
aqueles que demonstram habilidades e competências
para praticar a Odontologia. Apesar da importância
do processo avaliativo na formação profissional, a
literatura sobre os aspectos metodológicos da avaliação dos discentes nos cursos de Odontologia é escassa. Este trabalho propõe um novo modelo de avaliação clínica dos discentes do curso de Odontologia do
Centro Universitário Newton Paiva, baseado em um
sistema de estações de avaliação. Em concordância
com o projeto pedagógico do curso, foram desenvolvidas dez estações de avaliação que compreendem as
habilidades relativas a cada período do curso. As estações definidas são:
• exame clínico;
• diagnóstico e planejamento integrais;
• procedimentos preventivos;
• procedimentos restauradores diretos;
• procedimentos restauradores indiretos;
• cirurgia bucal;
• procedimentos ortodônticos;
• tratamentos endodônticos;
• prótese parcial fixa;
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
• prótese parcial removível;
• prótese total.
Em cada uma dessas estações são listados os critérios gerais e específicos a serem avaliados pelos
docentes, que terão a seu dispor um sistema informatizado para lançamento imediato dos dados, permitindo a realização da avaliação em todas as clínicas.
Os resultados ficarão disponíveis para os discentes
para o monitoramento informatizado do seu desempenho e sua evolução, possibilitando os ajustes necessários para garantir um aprimoramento constante, em consonância com o perfil da geração Y. Esta
proposta se enquadra dentro do modelo denominado avaliação contínua, uma prática que traz benefícios também para os docentes, que podem acompanhar o desenvolvimento dos discentes e do ensino ao
longo do processo.
Ferramenta diagnóstica do
processo ensino-aprendizagem:
uma estratégia de gestão
educacional
Apresentador: Geraldo Magela Pereira
Autores: Geraldo Magela Pereira, Diele Carine
Barreto Arantes, José Flávio Batista
Gabrich Giovannini, Júnia Noronha
Carvalhais Amorim, Santuza Maria Souza
Mendonça
D
e acordo com as diretrizes curriculares preconizadas pelo MEC para os cursos de graduação
em Odontologia, preconiza-se a formação de um cirurgião dentista com uma visão generalista, humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis
de atenção à saúde. Idealmente, o curso de graduação
em Odontologia deverá utilizar metodologias e critérios para acompanhamento e avaliação do processo ensino aprendizagem e do próprio curso, em consonância com o sistema de avaliação e a dinâmica
curricular definidos pela IES a qual pertence. A articulação dos conteúdos e sua avaliação processual
são de extrema importância. A maneira pela qual o
curso poderia avaliar se o mesmo cumpre com essas
metas é a criação de ferramentas que possibilitem o
diagnóstico da eficácia de aplicação do seu projeto
pedagógico. Para tal, a Comissão de Avaliação do
Curso de Odontologia do Centro Universitário
Newton Paiva, integrante do Núcleo Docente Estruturante, elaborou um instrumento para avaliação da
evolução do desempenho dos discentes, de acordo
com o perfil do projeto pedagógico do curso. Durante o processo de elaboração da ferramenta, os docentes foram mobilizados de forma a garantir a articulação dos diferentes conteúdos e níveis de
complexidade nas questões. A ferramenta elaborada
foi aplicada a todos os acadêmicos do curso. Essa
ferramenta procurou abranger os diferentes momentos do curso, contemplando conteúdos de conhecimentos básicos, técnicos e articulados, através de
questões que proporcionem memorização, análise de
dados, elaboração de raciocínios, questões articuladas e outras. As questões foram elaboradas de forma
a avaliar a evolução do desempenho dos discentes ao
longo do curso, propiciando a percepção das fragilidades e potencialidades dos conteúdos trabalhados
dentro da dinâmica curricular. Os resultados obtidos
pela ferramenta elaborada pela Comissão de Avaliação foram apresentados aos docentes do curso, para
reflexão sobre as potencialidades e fragilidades do
processo ensinoa prendizagem. Através da análise
dos resultados dessa ferramenta, observou-se uma
apropriação gradativa e crescente dos conteúdos programáticos pelos discentes. Foi possível observar também que os conteúdos articulados trabalhados de
forma contínua pelas disciplinas do curso estão sendo adequadamente apropriados pelos discentes. Os
conteúdos trabalhados de forma isolada nas diferentes disciplinas apresentam-se como um ponto de fragilidade na estrutura curricular. Concluiu-se que a
presente ferramenta possibilitou a construção de subsídios para o aperfeiçoamento do projeto pedagógico
do curso, pretendendo-se aplicá-la anualmente aos
acadêmicos do Curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva. Pretende-se que o Núcleo
Docente Estruturante possa sugerir melhorias da dinâmica curricular, a serem normatizadas pelo Colegiado do curso.
Disciplina de estágio extramuros
– relevância para acadêmicos e
comunidades
Apresentador: Edward Werner Schubert
Autores: Edward Werner Schubert, Celso Alfredo
Schramm, Constanza Marín de Los Rios
Odebrecht, Denise Vizzotto, Maria Dalva
de Souza Schroeder, Nilza Cristina Valor
Goncalves Wilhelmsem
Introdução
A “Disciplina de Estágio Extramuros” oportuniza
Revista da ABENO • 11(2)89-164
123
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
aos alunos o conhecimento das dimensões dos serviços públicos e a compreensão das políticas de saúde
bucal, bem como apresenta aos acadêmicos diferentes áreas de inserção do egresso do curso de Odontologia. A Disciplina de Estágios Extramuros do curso de graduação em Odontologia da UNIVILLE
(Joinville, SC) divide-se em seis (6) módulos distintos:
• Módulo “Ancionato Bethesda” (atenção aos idosos residentes e hospitalizados);
• Módulo “Atenção Básica” (promoção de saúde
bucal de alunos e adultos da comunidade do Jardim Paraíso);
• Módulo “Centrinho” (atenção aos fissurados lábios-palatais no contexto multidisciplinar);
• Módulo “Estratégia de Saúde da Família” (atenção a comunidade local e rural, reconhecendo
dificuldades e promovendo saúde bucal para grupos com características específicas);
• Módulo “Hospital Infantil” (atenção de promoção de saúde a crianças e adolescentes com internação prolongada e seus pais/cuidadores);
• Módulo “Vila da Glória” (promoção de saúde bucal em bebês, escolares e adultos de uma comunidade isolada).
Esta disciplina proporciona aos alunos uma experiência interdisciplinar tendo como foco o convívio
do aluno com a comunidade, apresentando seis diferentes possibilidades de atuação do Cirurgião Dentista, além de prestar atendimento preventivo e curativo às comunidades envolvidas.
Objetivo
Sensibilizar e proporcionar aos estudantes critérios sobre a realidade socioeconômica que envolve o
cuidado e a assistência as necessidades de saúde bucal
de pacientes com diferentes características étnicas,
culturais e sócio-econômicas, desenvolvendo assim
potenciais reflexivos que os conduzam ao diagnóstico e tratamento de acordo com a realidade local encontrada. Estimular o interesse dos estudantes pelos
problemas de saúde das comunidades e motivá-los
para saúde pública, em diferenciadas formas de atuação.
Metodologia
Este é um relato, baseado nas atividades desenvolvidas pelos acadêmicos em cada módulo. Os atendimentos são planejados de acordo com as características específicas da comunidade onde o módulo
atua, e são realizados por uma equipe de alunos. A
cada bimestre, estas equipes atuam em um diferente
124
módulo. As atividades realizadas são de promoção
de saúde bucal, visitas domiciliares, reconhecimento
das necessidades odontológicas, atendimento restaurador e protético. Trata-se ainda de um ambiente
propício ao desenvolvimento de estudos odontológicos pelo acompanhamento dos resultados da atuação
odontológica, permitindo trabalhos de levantamento epidemiológico, comportamento odontológico de
comunidades específicas e ainda de observação do
desempenho clínico de materiais restauradores. Todas as atividades desta disciplina estão baseadas na
prestação de serviços odontológicos às comunidades,
na sua localidade de origem, ambientados pelos problemas socioeconômicos e a realidade local.
Resultados
As atividades desta disciplina atuam como um
fator modificador das comunidades onde os módulos
estão inseridos, aumentando o convívio social, humano, e efetivamente melhorando a saúde bucal do
grupo assistido. Aos alunos oferece uma visão diferenciada da odontologia, mesclando o espírito de
atendimento humanitário com a realidade da saúde
pública brasileira, apresentando diferentes vieses da
atuação do Cirurgião Dentista.
Conclusão
A vivência da odontologia fora do campus universitário, despertou nos acadêmicos um compromisso
com a saúde bucal coletiva, capacitando-os no atendimento às reais necessidades da comunidade, contribuindo assim nas ações promotoras e recuperadoras da saúde bucal, no nível social e humano das
populações.
Formar para o mundo do trabalho:
a Odontologia da USS
Apresentador: Frederico dos Reis Goyatá
Autores: Frederico dos Reis Goyatá, Marcos Alex
Mendes da Silva, Maria Cristina Almeida
de Souza, Sileno Correa Brum
O
objetivo deste trabalho foi relatar os avanços da
experiência vivenciada pelo curso de Odontologia da USS, ao reelaborar sua matriz curricular,
incentivada pelas reflexões trazidas pelas propostas
do Programa Nacional de Reorientação Profissional
em Saúde (Pró-saúde), que privilegiam a formação
em serviço e a aproximação contínua do acadêmico
com mundo do trabalho. O curso promoveu uma
readequação curricular em sua matriz, no sentido de
valorizar a interdisciplinaridade no processo forma-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
tivo e a atenção primária à saúde (APS), como norteador da formação acadêmica. Na nova matriz curricular os conteúdos foram diluídos conforme o
seguinte desenho operacional:
• Os alunos ingressantes trabalharam o conteúdo
sobre a evolução do processo saúde/doença e os
modelos explicativos, com visita às unidades de
saúde da família (USF) - 1º período;
• Os alunos do 2º período trabalharam o conteúdo
relacionado à bioética e sua aplicabilidade no
contexto dos serviços de saúde;
• Os alunos do 3º período trabalharam o conteúdo
de promoção e educação em saúde bucal desenvolvido nos grupos operativos adscritos às USF;
• Os alunos do 4º período trabalharam a epidemiologia das doenças bucais na identificação dos
problemas mais prevalentes, orientando o planejamento local em saúde bucal nos mesmos espaços;
• Os alunos do 5º período trabalharam com o conteúdo das políticas públicas de saúde e a organização gerencial de rede de serviços local, a partir
do diagnóstico elaborado no período anterior.
A partir do 5º período (incluindo 6º, 7º e 8º) os
alunos vivenciaram na Estratégia Saúde da Família
os conteúdos apreendidos nos módulos anteriores
(do 1º ao 5º), de forma interligada e com as práticas
interdisciplinares em equipe multiprofissionais, no
formato de estágio supervisionado.
Verificou-se grande aproveitamento na rede de
serviços públicos dos egressos das primeiras turmas
que tiveram sua formação balizada pela distribuição
ininterrupta da APS durante o período de formação,
conferindo ainda melhora na qualidade desses serviços. O conteúdo de APS perpassando toda a formação levou a um maior envolvimento dos acadêmicos
com os serviços de saúde e destes com a própria instituição de ensino no diagnóstico, planejamento,
execução e monitoramento das ações de saúde bucal.
Concluiu-se que o incentivo do Pró-saúde na readequação curricular melhorou a qualidade da formação acadêmica, tornando os egressos do curso mais
preparados para enfrentar os desafios da prática profissional no SUS e impactando a qualidade das ações
prestadas à população.
Perfil profissional dos cirurgiõesdentistas formados pela FOAUNESP
Apresentador: Rosana Leal do Prado
Autores: Suzely Adas Saliba Moimaz, Tânia Adas
Saliba Rovida, Cléa Adas Saliba Garbin,
Rosana Leal do Prado, Nemre Adas Saliba
Objetivo
Traçar o perfil do cirurgião-dentista, com base
em dados sociodemográficos, formação pós-graduação e verificar sua inserção no mercado de trabalho.
Metodologia
Esta pesquisa contou com a participação de profissionais formados na Faculdade de Odontologia de
Araçatuba (FOA/UNESP), no período entre os anos
de 2000 a 2010. Foi adaptado um instrumento já testado, contendo 36 questões abertas e fechadas cujas
variáveis foram:
• idade,
• gênero,
• estado civil,
• formação pós-graduação,
• inserção profissional e
• renda declarada.
Foram enviados pelo correio e/ou email questionários para 1047 cirurgiões-dentistas egressos da
Instituição de Ensino Superior. Tanto os endereços
residenciais como eletrônicos foram obtidos junto a
Divisão Técnica Acadêmica. Os dados coletados foram processados com o uso do aplicativo EPI INFO
3.5.2.
Resultados
Retornaram 189 dos 1047 questionários enviados.
Em relação ao gênero 65,6% eram mulheres e 28%
eram homens. A média de idade foi de 29,1 anos,
variando entre 22 e 41 anos, sendo que 68,6% declararam-se solteiros. Em relação à formação pós-graduação, 58,3% realizaram curso latu sensu, sendo
ortodontia o mais frequente (35,2%), porém, 72,1%
dos especialistas declararam não atender exclusivamente em sua especialidade. Em relação à formação
stricto sensu, 20,9% dos egressos cursaram mestrado,
enquanto que 12,1% doutorado. Quando considerado o porte populacional da cidade em que atuam,
70,4% relataram trabalhar em cidades com mais de
cem mil habitantes. Do total de respondentes, 31,2%
declararam renda entre 1000 e 2000 reais, 34,1%
entre 2001 e 4000 e 15,9% entre 4001 e 6000 reais,
havendo relatos de profissionais “pagando para tra-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
125
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
balhar”; 37,7% responderam não ter conseguido
comprar qualquer bem móvel ou imóvel com proventos advindos no exercício da odontologia; 54,3%
declararam-se pouco satisfeitos quanto a remuneração alcançada. Quanto ao número de horas semanais
despendidas com o exercício da odontologia a média
foi de 35,25, sendo o limite superior de 75 horas por
semana. Em relação à modalidade em que estão desempenhando a profissão, 57,7% declararam-se autônomos, 32,3% trabalhando por porcentagem,
15,9% dentistas do serviço público e 30,7% declararam dedicar-se a mais de uma modalidade. Quando
questionados se atendiam algum convênio, 53% afirmaram que atendem e destes 93,1% demonstraramse insatisfeitos quanto ao valor pago por estes.
Conclusão
Houve predomínio do gênero feminino e estado
civil solteiro no número de cirurgiões dentistas formados pela FOA-UNESP. Grande parte dos profissionais tem buscado realizar formação complementar,
especializando-se em alguma área, porém mesmo
tornando-se especialistas, continuam a atuar em outras áreas da odontologia que não a sua. Parcela considerável dos profissionais declararam pouca satisfação com a renda alcançada. Continua havendo
concentração de profissionais em cidades de médio/
grande porte e predomínio de atuação na modalidade autônomo. Comitê de ética: 2007-02463.
Experiências do Estágio
Curricular I: uma aproximação
da realidade local
Apresentador: Janete Maria Rebelo Vieira
Autores: Janete Maria Rebelo Vieira, Ary de
Oliveira Alves Filho, Janaína Silva
Martins Humberto, José Eduardo Gomes
Domingues, Nilza Regina Rebelo Padilha,
Pollyanna Oliveira Medina, Maria Augusta
Bessa Rebelo
A
disciplina Estágio Curricular I da Faculdade de
Odontologia - FAO da Universidade Federal do
Amazonas - UFAM busca desenvolver práticas de promoção de saúde e prevenção de doenças bucais junto
à população urbana e rural do Estado Amazonas em
diferentes contextos. No primeiro semestre do ano,
os acadêmicos matriculados na disciplina são divididos entre módulos, a saber:
• municípios do estado do Amazonas (Benjamin
Constant, Parintins, Itacoatiara),
126
• Unidades Básicas Saúde da Família em Manaus,
• comunidade da periferia de Manaus,
• ambulatório da FAO,
• Fundação de Hematologia e Hemoterapia do
Amazonas - HEMOAM e
• Hospital Universitário Francisca Mendes - HUFM.
A seleção dos locais segue a lógica de ter convênios, parcerias e a presença de Campi da UFAM nos
municípios. A cada 28 dias, os acadêmicos trocam de
módulo, tendo a oportunidade de passar por todas
as experiências. Nos municípios do Amazonas são
desenvolvidas atividades de palestras nas diversas
unidades de saúde e atendimentos ambulatoriais
para os diferentes segmentos da população, bem
como realizam escovação supervisionada e aplicação
tópica de flúor em crianças. Nas unidades de Saúde
da Família acompanham as Equipes de Saúde Bucal
- ESB nas visitas as famílias, realizam palestras em
diversos espaços sociais da comunidade, atendimento ambulatorial nos diferentes ciclos de vida, escovação supervisionada e aplicação tópica de flúor. Nos
lugares que não havia ESB, os alunos acompanham
os Agentes Comunitários de Saúde - ACS, bem como
trocam informações com esses agentes sobre saúde
bucal, já que os mesmos são multiplicadores de ações
primárias/básicas para a população. Na comunidade
(periferia da zona Norte do município de Manaus)
trabalha-se com crianças até 14 anos de idade (espaço igreja católica), desenvolvendo atividades como:
• palestras,
• atividades lúdicas,
• escovação supervisionada e
• aplicação tópica de flúor em crianças com atividade de cárie.
As crianças com outras necessidades odontológicas são encaminhadas a Casa de Saúde Nossa Senhora do Carmo, mantida por meio de projetos de extensão da FAO e voluntariado. No ambulatório da
FAO os acadêmicos desenvolvem atividades de monitores em diversas disciplinas clínicas (cariologia, clínica integrada, odontopediatria, endodontia e cirurgia bucal) e atendimento de urgência. No HEMOAM
e HUFM têm atendimento clínico, visita a enfermaria
e apresentação de seminário sobre os temas pertinentes a área de hematologia e pacientes portadores de
cardiopatias. A proposta de levar os acadêmicos para
vivenciar a realidade local em diferentes contextos
leva-os a refletir sobre os diversos fatores que interferem no processo saúde-doença e do processo de
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
trabalho que irão vivenciar após a conclusão da graduação, estimulando-os a compreender as diversidades culturais e peculiares de cada localidade.
Percepção de estudantes acerca
dos estágios supervisionados no
curso de odontologia
Apresentador: Franklin Delano Soares Forte
Autores: Talitha Rodrigues Ribeiro Fernandes
Pessoa, Ricardo Dias de Castro, Cláudia
Helena Morais Soares de Freitas, Franklin
Delano Soares Forte, Sirlei Vaz de Freitas,
Gabriela Lacet S Ferreira
O
s estágios supervisionados no curso de Odontologia são componentes curriculares preconizados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais indispensáveis para a formação do prof issional
generalista, humanista, crítico e reflexivo e que tenha capacidade de tomada de decisão e ação de
acordo com as necessidades da população. Muitos
desafios são postos na estruturação dos estágios supervisionados, tais como a integração ensino-serviço, os campos de atuação, a organização e interação
dos estágios com os demais componentes curriculares. Sendo o estágio supervisionado um componente curricular estrutural e transversal em todos os
períodos do curso de Odontologia da Universidade
Federal da Paraíba, o presente trabalho objetivou
avaliar a percepção de estudantes sobre a importância dos estágios para a formação e para o serviço.
Foi utilizada a abordagem qualitativa a partir da
técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin.
Para a obtenção do material para análise, foram
realizadas entrevistas utilizando questionários semi-estruturados com 20 estudantes sortedos aleatoriamente do segundo ao décimo períodos do curso,
sendo pelo menos dois estudantes de cada período.
As entrevistas foram gravadas e transcritas e a análise do conteúdo realizada em três etapas:
• pré análise,
• exploração do material (codificação e categorização) e
• inferência e interpretação dos resultados.
Os principais resultados apontam que a contribuição dos estágios para a formação se dá principalmente pelo contato e vínculo com a população e pelo
conhecimento e vivência no SUS. Os estudantes acreditam que a inserção do estágio supervisionado pro-
porciona novas estratégias para o serviço de saúde e
potencializa a educação permanente dos profissionais. As principais sugestões de mudança foram de
ordem organizacional, de desenvolvimento de competências e habilidades em campo e de realização de
avaliação do impacto das atividades. Portanto, os estágios supervisionados em Odontologia são compreendidos por estudantes de forma a contribuir significativamente com a sua formação, com a população,
com a educação permanente dos profissionais do
serviço e com o SUS.
A importância do outro na
formação profissional em
Odontologia
Apresentador: Patricia Valeria Bastos Faria
Pecoraro
Autores: Pecoraro pvbf, Silva Mam, Mendes CAJ
A
interdisciplinaridade emerge na formação em
saúde como estratégia que agrupa diferentes
campos do conhecimento na solução e resposta às
múltiplas necessidades apontadas pela população e
confere aos acadêmicos a possibilidade de interação
com outras realidades formativas. Seguindo as Diretrizes Curriculares Nacionais, a Faculdade de Odontologia de Valença, do Centro de Ensino Superior de
Valença/FAA, em um processo de diversificação de
cenário de aprendizagem, idealiza e implanta um Programa de Atenção Integral à Saúde Bucal para Escolares no município e com a participação dos acadêmicos do curso de Medicina, que de forma conjunta,
busca conhecer os fatores intervenientes que comprometem a saúde do educando, e consequentemente a
aprendizagem escolar. Os alunos dos dois cursos acompanham os 240 alunos matriculados na escola municipal Fernando de Oliveira Castro, com exames clínicos para diagnóstico e plano de tratamento; em
seguida os tratamentos são realizados com a utilização
da unidade móvel da mantenedora dos cursos, supervisionados pelos professores das respectivas áreas, e
encaminhados, quando necessário para as clínicas da
Faculdade de Odontologia e para os ambulatórios médico e odontológico do Hospital Escola Luiz Gioseffi
Jannuzzi - HELGJ, onde os acadêmicos acompanham
os alunos do ensino fundamental durante todo seu
tratamento. Os resultados apontam a formação de
alunos aptos a atuarem em rede, com reflexões conjuntas sobre os diferentes saberes que a interdisciplinaridade proporciona, com maior qualidade para
Revista da ABENO • 11(2)89-164
127
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
atenção à saúde prestada ao núcleo escolar. Conclui-se
que o compromisso com a formação profissional em
Odontologia atualmente envolve construir coletiva e
interdisciplinarmente os conhecimentos, o que permite ao acadêmico compreender seus pacientes em
suas múltiplas necessidades e atendê-los na complexidade de suas demandas.
Utilização de vídeo na
composição do portfólio reflexivo
Apresentador: Sileno Corrêa Brum
Autores: Sileno Correa Brum, Rodrigo Simões
de Oliveira, Elaine de Sá Chaves, Carla
Cristina Neves Barbosa
A
s Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Graduação em Odontologia apontam para a
formação de profissionais com habilidades e competências ampliadas onde a necessidade de adoção de
estratégias diferenciadas no processo ensino aprendizagem se faz presente. A inserção de acadêmicos
do curso de odontologia da USS, na rede de serviço
municipal de saúde vem sendo intensificada de forma
a permitir total apreensão e vivencia da dinâmica das
unidades de saúde. O curso de odontologia tem como
estratégia de acompanhamento, intervenção e avaliação, a utilização do portfólio reflexivo, onde os
registros da vivência experimentada a cada semana
tornam-se fonte de dados relevante e necessária ao
redirecionamento constante das ações e atividades.
Com o objetivo de inserir outros componentes na
forma de registro das experiências, foi planejada
para os acadêmicos da disciplina de estágio supervisionado II, sexto período, atividade denominada
“Minha unidade em cinco minutos”, onde cada grupo, com no máximo quatro integrantes recebeu
como tarefa, a produção de um vídeo, com roteiro
livre onde fosse retratada a unidade de saúde em que
estão atuando no semestre. Os recursos técnicos foram simplificados de forma que os registros de imagem foram obtidos por meio de câmeras fotográficas
digitais, com função vídeo, e o envolvimento dos preceptores e auxiliares foi espontâneo sem que houvesse determinação da forma de participação de cada
integrante. No prazo indicado a tarefa foi recebida
como parte das avaliações, cada grupo entregou um
cd com o material produzido e o mesmo foi analisado pela disciplina, como um dos componentes da
avaliação periódica. A produção dos alunos surpreendeu, principalmente pela recepção um tanto refra-
128
tária inicialmente, revelando-se em excelente forma
de trabalho. A união do material escrito com o vídeo
proporcionou maior riqueza de detalhes e compreensão da integração e afetividade, do acadêmico com
sua unidade de estágio. A associação de emoção às
palavras utilizadas nos relatos imprimiu maior possibilidade de análise ampliada, onde os sentidos, que
fazem parte da vivência e experiência tomam forma.
Concluiu-se que a inclusão da produção de vídeo
como forma de registro de experiência é favorável e
a sua utilização em outros conteúdos além do estágio
supervisionado pode contribuir para a reflexão conjunta discente/docente quanto às atividades desenvolvidas e seu formato.
Residência Multiprofissional em
Saúde da Família e Comunidade UNIPLAC: a preceptoria da saúde
bucal
Apresentador: Mirian Kuhnen
Autores: Mirian Kuhnen, Igor Fonseca dos Santos,
Tatiane Muniz Barbosa
A
Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade - UNIPLAC iniciou em 2009
e encerrou suas atividades em março de 2011. Teve
como objetivo geral formar profissionais da saúde
capacitados para desempenhar práticas assistenciais,
de gestão e de cuidados baseadas no modelo sanitário
brasileiro, o Sistema Único de Saúde, a partir da integração ensino-serviços, atuando de forma interdisciplinar e multiprofissional na Estratégia da Saúde
da Família, em parceria com a Secretaria de Saúde
Municipal de Lages, SC.
Objetivo
Descrever as potencialidades e fragilidades da
experiência vivida na preceptoria dos residentes cirurgiões-dentistas.
Metodologia
Relato de caso e análise documental dos relatórios.
Resultados
a inserção dos preceptores de saúde bucal aconteceu na semana típica (ciclos gerais e específicos),
nos estágios, na educação permanente e orientação
de trabalho de conclusão de curso. Questões de
aprendizagem foram problematizadas pelo grupo a
partir da vivência no serviço. Eixos temáticos trabalhados:
• saúde coletiva, relativo ao SUS,
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
• práticas profissionais,
• gestão e
• organização do trabalho e pesquisa.
Percebe-se que saúde bucal ainda apresenta resistências enquanto espaço de discussão multiprofissional, quanto a formação de recursos humanos a maior
fragilidade é na gestão do serviço, na efetivação de
uma proposta de levantamento epidemiológico e,
ainda no predomínio do modelo biomédico quanto
a dependência do consultório odontológico para atuar. A contribuição da acadêmia para a pesquisa é um
ponto forte, com contribuição para gestão local na
organização dos serviços por possibilitar repensar a
prática do serviço; ações de promoção e prevenção
em saúde bucal ampliadas, bem como a educação em
saúde conquistada através do vínculo com a comunidade. O entendimento do SUS baseado no método
ação-reflexa-ação é a maior contribuição da residência na formação dos profissionais em saúde bucal.
o papel social de uma Instituição de Ensino. Os alunos vivenciam a possibilidade de tratamento à maioria dos pacientes a nível ambulatorial, sem a necessidade de encaminhá-los para procedimentos sob
anestesia geral. Quando esta necessidade se faz presente existe a oportunidade de acompanharem através de extensão, a equipe de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, no Hospital Escola Luiz
Gioseffi Jannuzzi. Foi também desenvolvido pelos
alunos um manual de orientação aos cuidadores sobre facilitadores para a realização da higiene oral e
ao término do período letivo se mobilizam para uma
confraternização com todos os atores envolvidos.
Desta maneira, a FOV tem preparado seus acadêmicos para a humanização do atendimento odontológico em consonância com a Política Nacional de Humanização nos Serviços de Saúde (PNH) e com as
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), estando
aptos a pensarem em saúde bucal que seja acessível
a qualquer paciente.
Ensinando a cuidar de pacientes
em necessidades especiais: uma
experiência da FOV
Avaliação longitudinal das
atividades do Pró-Saúde pelo
estágio extramuro FOP-UNICAMP
Apresentador: Monique Ferreira e Silva
Autores: Silva Mf, Maia Mpc, Pecoraro Pvbf,
Condé Sap
Apresentador: Luísa Helena do Nascimento Tôrres
Autores: Luísa Helena do Nascimento Tôrres,
Rosana Prada Semeghini, Cristina
Gibilini, Fábio Luiz Mialhe, Antonio
Carlos Pereira, Marcelo de Castro
Meneghim, Maria da Luz Rosário de
Sousa
Conclusões
O
atendimento a pacientes em necessidades especiais ainda é um desafio para grande parte dos
cirurgiões dentistas, existindo a preocupação em
preparar o aluno de Odontologia para esta especialidade. A Faculdade de Odontologia de Valença - RJ,
há 22 anos desenvolve a abordagem a esse atendimento, através do ensino, pesquisa e extensão, com finalidade de promover, recuperar e manter a saúde bucal desses pacientes. No ano de 2007 foi instituída na
grade curricular a disciplina de Clínica Integrada em
Pacientes Especiais, antes oferecida como parte integrante da disciplina de Clínica Integrada da Criança
e do Adolescente. Isso possibilitou a ampliação dos
conteúdos teórico/prático, através de atividades preventivas e clínicas aos pacientes e responsáveis/cuidadores. Os anos de experiência a esse tipo de atendimento revela grande receptividade e envolvimento
dos discentes e dos pacientes com todas as atividades
propostas, num atendimento integrado a pacientes
de várias idades, com diferentes condições especiais,
de Instituições como CIMEE e APAE da cidade de
Valença e oriundos das regiões vizinhas, cumprindo
O
objetivo deste estudo foi verificar o impacto dos
procedimentos desenvolvidos pelos alunos de
Odontologia no estágio extramuros da Faculdade de
Odontologia de Piracicaba (FOP-UNICAMP) quanto à experiência de cárie de escolares do município
de Piracicaba entre 2008 a 2010. O estágio extramuro realizado pelos formandos em odontologia compreende atividades educativas/preventivas e curativas que são realizadas em dois momentos visando o
desenvolvimento de habilidades através do trabalho
em diferentes cenários. Um corresponde ao acompanhamento e participação em atividades das Unidades
de Saúde da Família do município e o outro ao atendimento clínico de escolares de 1ª a 4ª série matriculados em escolas municipais de ensino fundamental
de Piracicaba atendidos através do Projeto Sempre
Sorrindo, parceria entre a Prefeitura do Município
de Piracicaba, uma empresa do ramo siderúrgico e
Revista da ABENO • 11(2)89-164
129
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
a FOP. No início de cada ano é realizado um levantamento epidemiológico para a identificação das
crianças acometidas pela cárie dentária em dez colégios municipais, utilizando-se os índices de cárie
(ceod para dentição decídua e CPOD para dentição
permanente). Após a identificação das crianças com
necessidade de tratamento, através da integração entre as instituições e planejamento das atividades escolares e odontológicas, faz-se um agendamento
onde as mesmas são atendidas pelos graduandos da
FOP que realizam procedimentos clínicos com supervisão de profissionais da rede pública de saúde com
vasta experiência em Atenção Básica. Os procedimentos incluem tratamento restaurador, endodôntico, periodontal, cirúrgico, fluorterapia, e aplicação
de selante, sendo que há o incentivo às discussões dos
casos clínicos. Para este estudo, aprovado pelo Comitê de Ética da FOP-Unicamp (077/2010), utilizou-se
dados de escolares de três escolas do município entre
os anos de 2008 a 2010. Ao total 82 escolares foram
atendidos na clínica do estágio extramuros sendo
que destas 12 vieram por três anos consecutivos e 70
foram atendidos em dois dos três anos avaliados. Em
2008 a média do CPOD foi de 0,25, em 2009 de 0,38
e em 2010 de 0,36 e do ceod de 2,74, 1,86 e 2,56 respectivamente. Considerando os escolares que foram
atendidos os três anos seguidos (n = 12), a experiência de cárie na dentição decídua reduziu 44,73%,
sendo que houve aumento na da dentição permanente. Durante os três anos, dos 82 escolares atendidos
79 dentes foram retratados, o que inclui tratamento
endodôntico, nova restauração ou exodontia e entre
as 12 crianças que retornaram nos três anos seguidos,
25 dentes foram retratados. O aumento do CPOD e
a diminuição do ceod de 2008 a 2010 revela que novas
medidas de atenção à saúde devam ser planejadas em
conjunto não só com as escolas mas também com as
famílias. A grande quantidade de dentes refeitos pelos alunos da FOP sugere a necessidade de serem
revistos alguns itens relacionados à técnica, indicação/diagnóstico e/ou material. O fato de 12 escolares
apresentarem necessidade de tratamento durante
três anos seguidos e aumento do CPOD mesmo na
presença de atividades educativas/preventivas pode
sugerir que estes representam o grupo que concentra
as maiores necessidades e medidas específicas devem
ser traçadas para este grupo.
Apoio
Pró-Saúde
130
O cirurgião-dentista egresso da
Residência Multiprofissonal em
Saúde da Unimontes
Apresentador: Carlos Alberto Quintão Rodrigues
Autores: Carlos Alberto Quintão Rodrigues,
Fabrícia Vieira de Matos, Marília
Borborema Rodrigues Cerqueira,
Anderson Wesley Medeiros Silva, Júlia de
Castro Vieira Veloso
A
Residência Multiprofissional em Saúde constitui-se como modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu destinada às profissões da saúde,
sob a forma de curso de especialização caracterizado
por ensino em serviço. Trata-se da formação de profissionais qualificados para a assistência à saúde da
população e para a reorganização do processo de
trabalho em saúde na direção dos princípios e diretrizes constitucionais do Sistema Único de Saúde SUS. O Programa de Residência Multiprofissional
em Saúde da Família (PRMSF) do Hospital Universitário Clemente de Faria, da Universidade Estadual
de Montes Claros - Unimontes, oferta vagas para
Cirurgiões-dentistas há seis anos. O presente estudo,
que foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da
Unimontes sob o parecer Nº 1.959, propõe apresentar o perfil e a inserção no mercado de trabalho do
Cirurgião-dentista egresso do PRMSF da Unimontes.
Os participantes responderam ao estudo através de
um questionário disponibilizado no sítio eletrônico
da Estação de Pesquisa da Unimontes durante os meses de fevereiro e março de 2011. O acesso ao questionário se deu através de códigos identificadores
enviados para o correio eletrônico de cada egresso
da Residência. Dos 35 Cirurgiões-dentistas egressos,
33 aceitaram participar do estudo, sendo estes:
• 66,7% do sexo feminino;
• 81,8% com até 34 anos de idade;
• 90,9% com domicílio no município de Montes
Claros, onde realizaram a Residência;
• 72,7% atuam na Estratégia Saúde da Família deste município;
• 78,8% estão vinculados ao emprego por contrato
de prestação de serviço;
• 54,5% recebem até seis salários mínimos como
remuneração;
• 66,7% relataram aumento nos rendimentos após
o término do curso;
• 27,3% atuam em docência na área de saúde;
• 51,5% continuaram os estudos após a conclusão
da Residência, dos quais 29,4% cursaram o Mes-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
trado Profissional em Cuidados Primários em
Saúde;
• 97% consideram como importante ou muito importante o conhecimento adquirido na Residência;
• 91% avaliaram como bom, ótimo ou excelente o
nível de satisfação com o Programa;
• 84,8% informaram que a sua prática profissional
é muito ou totalmente influenciada pela formação adquirida no curso; e
• 87,9% relataram não apresentar dificuldade no
desempenho profissional após terem finalizado
a Residência.
Conclui-se que a maioria dos Cirurgiões-dentistas egressos deste Programa continua atuando junto
à Estratégia Saúde da Família, apresentou aumento
nos rendimentos após o término do curso, considerou importante o conhecimento adquirido na Residência, ficou satisfeita com o Programa cursado, tem
a prática profissional influenciada pela formação
adquirida e não apresenta dificuldade no desempenho profissional. Assim, o PRMSF do Hospital Universitário Clemente de Faria, da Unimontes, possui
um papel importante na formação de recursos humanos especializados na área de Atenção Básica /
Saúde da Família do Município de Montes Claros e
região Norte de Minas Gerais.
Apoio para o estudo
Rede Observatório de Recursos Humanos em
Saúde - ROREHS; Ministério da Saúde; e Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS.
Especialização em Saúde da
Familia unasus/unifesp –
experiência de ensino à distância
multiprofissional
Apresentador: Ricardo S Navarro
Autores: Ricardo S Navarro, Denise C Abranches,
Ricardo N Fonoff, Giuliano SI Cossolin,
Lais H Ramos, Monica P Ramos, Alberto
Cebukin, Daniel Almeida, Gisele Garbe,
Rita M L Tarcia, Ana Estela Haddad,
Eleonora Menicucci de Oliveira
O
objetivo do presente trabalho será mostrar o
modelo pedagógico do Curso de Pós-graduação
Lato sensu - Especialização em Saúde da Família da
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP e Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde - UNA-
SUS. O curso é oferecido na modalidade à distância,
a partir de uma cooperação entre o Fundo Nacional
de Saúde do Ministério da Saúde e a UNIFESP, para
profissionais das equipes do Programa de Saúde da
Família: médicos, enfermeiros e dentistas. O curso
tem duração anual e será ministrado para três turmas, totalizando 4000 profissionais, dentro de um
ambiente virtual (plataforma moodle) utilizando de
objetos de aprendizagem em EaD, sob a orientação
de tutores das áreas profissionais envolvidas com experiência das práticas da realidade da Estratégia da
Saúde da Família. O modelo pedagógico utilizado
no curso apresenta caráter inovador e exclusivo na
universidade, devido à amplitude da proposta, com
valorização da atenção primária, uso de tecnologias
da informação e comunicação, modalidade à distância, integração multiprofissional. No desenho pedagógico são utilizadas situações de aprendizagem ou
casos complexos da Sociedade Brasileira de Medicina
da Família e Comunidade (SBMFC), que foram adaptados e reestruturados pela coordenação Odontológica com a inserção de conteúdos da realidade Odontológica dentro da Estratégia de Saúde da Família
(ESF). A partir dos casos complexos é desenvolvido
material didático por autores conteudistas, profissionais que aliam o conhecimento acadêmico com as
práticas da ESF. A organização didática dos casos
complexos é dividida em:
• Descrição do caso ou problemática,
• Referencial teórico ou detalhamento do conteúdo,
• Atividades ou tarefas,
• Fórum de discussão para tomada de decisão ou
dúvidas específicas e material complementar.
O material é sempre finalizado por um integrador que tem o papel de sintetizar o tema principal e
manter o caráter multiprofissional de cada situação
de aprendizagem proposta, para posteriormente ser
preparado por equipe de web designers com os diferentes recursos tecnológicos, sempre sob a supervisão
da equipe pedagógica e coordenação. Por ser um
curso que esta ocorrendo em todo o país, simultaneamente em diferentes Universidades Federais, há
uma troca de experiências, material didático, vídeos,
dentro da realidade da ESF de cada região brasileira,
tendo como suporte aos objetos de aprendizagem a
rede da Telessaúde Brasil e Plataforma Arouca. O
modelo proposto visa o desenvolvimento de competências para uma atuação multiprofissional dentro
da filosofia da ESF, tornando o profissional cirur-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
131
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
gião-dentista capaz de trabalhar em equipe e permitir de forma efetiva e embasada uma tomada de decisão dentro de uma visão integrada e sistêmica do
individuo na atenção básica e saúde da família.
Estudo longitudinal de 5 anos de
trabalhos de conclusão do curso
de Odontologia da UNIME
Apresentador: Viviane Maia Barreto de Oliveira
Autores: Viviane Maia Barreto de Oliveira, Ana
Isabel Fonseca Scavuzzi, Ana Carla
Ferreira Carneiro Rios, Carolina Baptista
Miranda
O
s Trabalhos de Conclusão do Curso de Odontologia (TCC) fazem parte das exigências das
Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Odontologia. No artigo 12 da Resolução CNE/CES 03 de
2002 lê-se:
“para a conclusão do Curso de Graduação o aluno deverá elaborar um trabalho sob orientação do docente”,
entretanto a resolução não deixa claro como deverão
ser elaborados estes trabalhos bem como o tipo de
trabalho apresentado. Desta forma, o Curso de Odontologia da UNIME optou pela escrita na forma de artigo científico nas mais diversas áreas da Odontologia,
sendo possível elaborar um artigo original, uma revisão de literatura ou um relato de caso. Após 5 anos de
trabalho, o objetivo deste estudo foi avaliar a produção
dos TCCs do Curso de Odontologia da UNIME, avaliando o perfil dos trabalhos elaborados entre os anos
de 2007 a 2011. Todos os trabalhos apresentados neste
período foram tabulados e classificados em Pesquisa,
Revisão ou Relato e as áreas das especialidades foram
verificadas de acordo com o tema de cada trabalho.
Foram apresentados 248 trabalhos, sendo 28 (11,29%)
pesquisas, 96 revisões (38,7%) e 121 relatos de caso
(48,79%). As especialidades de Cirurgia/Estomatologia e Dentística foram as mais frequentes na escolha
do aluno para a elaboração de trabalhos. Pode-se perceber, a partir destes dados que a apresentação de
trabalhos originais representa um percentual ainda
pequeno na Instituição, possivelmente pela dificuldade de obtenção de auxílio pesquisa na região Nordeste e da falta de equipamentos que possibilitem a elaboração destes estudos e que as disciplinas práticas
em contato mais inicial durante o Curso são selecionadas com mais frequência.
132
Prática interdisciplinar na
graduação da USP - Ribeirão
Preto: possibilidades
Apresentador: Mariana Silva e Souza
Autores: Mariana Silva e Souza, Larissa Gabrielle
Ramos, Marlívia Gonçalves de Carvalho
Watanabe, Janete Cinira Bregagnolo,
Maria da Gloria Chiarello de Mattos,
Silvia Matumoto, Maria José Bistafa
Pereira, Vânia dos Santos, Regina
Yoneko Dakuzaku Carretta, Carmen
Lucia Cardoso, Maria do Carmo Gullaci
Guimarães Caccia-Bava
A
abordagem interdisciplinar e o trabalho em
equipe multiprofissional raramente são explorados pelas instituições de graduação, o que resulta,
nas equipes de saúde, em ações isoladas de cada profissional, com sobreposição e fragmentação do cuidado. A interdisciplinaridade, que respeita o território de cada campo de conhecimento, cria condições
para o cuidado integrado por meio de uma abordagem que questiona as certezas e estimula a permanente comunicação horizontal entre os profissionais.
A proposta de trabalho em equipe presente nas diretrizes curriculares para formação profissional em
saúde, nas diretrizes do Sistema Único de Saúde - SUS
e nas políticas públicas de saúde e educação, como o
Programa Nacional de Reorientação da Formação
Profissional em Saúde - Pró-Saúde e o Programa de
Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde,
destina-se a elevar a qualidade do trabalho e da formação de recursos humanos. Em 2008, a USP - Campus Ribeirão Preto e a Secretaria Municipal de Saúde
de Ribeirão Preto - SMS-RP iniciaram sua participação no PET-Saúde, com um projeto envolvendo os
cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição, Odontologia e
Terapia Ocupacional. A primeira versão do projeto
contou com cinco grupos tutoriais, sendo que em
2010 esse número aumentou para sete, incluindo, no
total, duzentas e cinqüenta e nove pessoas, entre docentes, profissionais e estudantes, distribuídos em
cinco unidades de ensino superior e treze unidades
de saúde. O objetivo deste trabalho é verificar a possibilidade de desenvolvimento de práticas interdisciplinares nos cursos de graduação em saúde do Campus da USP em Ribeirão Preto. Neste contexto, fez-se
o levantamento dos horários das disciplinas dos cursos de graduação em saúde da Universidade de São
Paulo - Campus de Ribeirão Preto, integrantes do
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
PET-Saúde - SMS/RP - USP/RP. Estes horários foram
cruzados e analisados em busca de uma intersecção
que possibilite práticas interdisciplinares entre diferentes cursos. Foram encontrados poucos horários
disponíveis para a realização dessas atividades, principalmente envolvendo mais de 3 cursos. Observouse que os processos de mudança orientados de acordo com os princípios acima defendidos ainda são
incipientes. Seriam oportunas a discussão e a construção de um currículo integrado, com a elaboração
e desenvolvimento de projetos articulados à prática,
com intervenção no processo formativo para que os
programas de graduação possam deslocar o eixo da
formação centrada na assistência individual, para um
processo de formação que instrumentalize os profissionais frente às necessidades do sistema de saúde e
do modelo de atenção integral.
Apoio financeiro
PET-Saúde (USP/SMS-RP/MEC/MS)
Contribuições do Pró-Saúde
no processo de trabalho em
Florianópolis/SC: a percepção do
serviço
Apresentador: Monica de Souza Netto Mello
Autores: Mônica de Souza Netto Mello, Candice
Boppré Besen, Deisi Lúcia Vieira
O
Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) tem
como eixo central a integração ensino-serviço e a
consequente inserção dos estudantes no cenário real
de práticas – rede SUS – com ênfase na atenção básica. Essa integração visa fortalecer o SUS, pois cumpre a constituição na questão da formação de recursos humanos em saúde. A Constituição Federal,
artigo 200, traz um marco regulatório: a sua competência em ordenar a formação de recursos humanos
da área da saúde, bem como o incremento, na sua
área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico. A Lei 8080/90 confirma este preceito constitucional no artigo 14º ao determinar a criação de
comissões permanentes de integração serviços de
saúde e instituições de ensino superior (IES). Essa
parceria tem revelado importante potencial transformador nos processos de trabalho da equipe e na prestação de serviços à comunidade. A nova proposta
político-pedagógica das Diretrizes Curriculares Nacionais de 1996 para os cursos da área da saúde e
implantação do Pró-Saúde está centrada nas ativida-
des em grupo e no planejamento conjunto entre professores, estudantes e trabalhadores. Nesse sentido,
percebe-se um crescente papel pró-ativo do estudante assim como maior qualificação dos trabalhadores
em serviço. A troca de vivências entre os mesmos
promovem um importante crescimento de todos os
atores envolvidos nesse processo, quer seja pela educação permanente em serviço e aquisição de novos
conhecimentos advindos da IES, quer seja pela práxis
transformadora nos cenários de prática. Incentiva-se
a construção de uma cultura de integração – espaço
de intervenção de sujeitos coletivos – e a transformação das Unidades de Saúde em espaços vivos de
aprendizagem para a produção do cuidado em saúde
e impacto positivo na saúde das comunidades. Por
meio dessa parceria ensino-serviço, as equipes de
saúde passam a ser envolvidas e valorizadas como
atores no processo de aprendizagem. Outro aspecto
a considerar diz respeito a certas atividades antes
pouco ou não executadas em espaços como creches,
escolas ou grupos pelo eventual número reduzido de
recursos humanos que, por meio da participação dos
estudantes, tornam-se muitas vezes mais viáveis.
Como exemplos, citam-se a coleta de dados e levantamentos epidemiológicos desenvolvidas pelos estudantes, o que possibilita a abertura de novos campos
para o desenvolvimento de pesquisas que possam
auxiliar nos processos de trabalho das equipes. Por
outro lado, percebem-se, também, algumas fragilidades como a dificuldade de aproximação entre os
diferentes cursos da área da saúde presentes no serviço (odontologia, enfermagem, medicina e outros).
Certamente essa maior aproximação poderia enriquecer ainda mais o desenvolvimento de habilidades
e competências em campo multiprofissional e interdisciplinar, desenvolver maior pluralidade e flexibilidade à pesquisa, ao ensino e serviço através de trocas de abordagens e experiências entre profissionais
que atuam no serviço público e os estudantes que
trazem diferentes conhecimentos nos moldes acadêmicos. Enfim, muito ainda há de se fortalecer nas
parcerias ensino-serviço, contudo os bons resultados
já são visíveis: melhor preparo crescente de todos os
atores engajados na direção de uma assistência mais
humanizada, de qualidade e que vai ao encontro das
reais necessidades da população brasileira.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
133
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
A interdisciplinaridade indutora
da formação odontológica
contemporãnea
Apresentador: Frederico dos Reis Goyatá
Autores: Frederico dos Reis Goyatá, Marcos
Alex Mendes da Silva, Efigênia Ferreira
e Ferreira, Sebastião Jorge da Cunha
Gonçalves, Rafaela Chaves, Bernardo
Nogueira Pieroni
O
objetivo deste trabalho foi relatar a experiência
do curso de Odontologia da Universidade Severino Sombra ao incorporar em seus cenários de
aprendizagem uma atividade comunitária interdisciplinar com o curso de Medicina, em contraposição à
formação profissional na área de saúde, que privilegiou durante muitos anos estratégias pedagógicas
que valorizavam o conhecimento, sem contudo, considerar as necessidades da aprendizagem discente. A
dimensão interdisciplinar de abordagem do processo saúde/doença induz a formação de um profissional promotor da qualidade de vida da população,
comprometido com a aprendizagem coletiva e com
o trabalho em equipe. A referida instituição de ensino, que agrega entre outros, os cursos de Medicina
e Odontologia, ao realinhar o currículo de seus cursos à proposta das Diretrizes Curriculares Nacionais,
valorizando a atenção à saúde, impulsionou os alunos
dos referidos cursos para uma prática interdisciplinar no bairro Ipiranga, na periferia do município de
Vassouras, estado do Rio de Janeiro. Em reuniões
prévias com alunos e professores, foi feito um planejamento de atuação, a partir dos dados secundários
da comunidade, disponibilizados pelo sistema nacional de informação em saúde, e dos primários, coletados a cada semana de atividade, onde cada dupla
de alunos do curso de Medicina responsabiliza-se por
uma família em parceria com um acadêmico de
Odontologia para que, juntos, identifiquem e controlem os agravos á saúde do núcleo familiar, e experimentem uma prática interdisciplinar. Dentre os principais resultados, observa-se uma melhora na
qualidade de vida das pessoas visitadas, bem como a
restauração da relação profissional-paciente e o aprimoramento da formação desses estudantes com conteúdos complementares e interdisciplinares. Observa-se ainda, que a centralidade das ações em saúde
se deslocam da doença, para o indivíduo como um
todo, em sua fragilidade e no contexto de seus problemas, reafirmando que a saúde não se resume a
134
apenas a um componente orgânico, e é construída
sob o prisma de diferentes atores. Concluiu-se que
na formação acadêmica, ao graduando não cabe apenas tratar, ele tem que compreender tudo que envolve a família e o seu entorno, que ultrapassa a assistência curativa. Neste sentido, a interdisciplinaridade
contribui com a mudança paradigmática ao trazer
novos cenários e estratégias pedagógicas inovadoras
de compartilhamento do conhecimento, sem fragmentá-lo em microáreas do saber.
Serviço de atendimento
terapêutico em prótese oral:
estágio curricular
Apresentador: Maria da Gloria Chiarello de Mattos
Autores: Fernando Silveira, Marlívia Gonçalves
de Carvalho Watanabe, Janete Cinira
Bregagnolo, Wilson Mestriner Júnior,
Soraya Fernandes Mestriner, Maria da
Gloria Chiarello de Mattos
D
e acordo com as Diretrizes da Política Nacional
de Saúde Bucal, a produção do cuidado deve ser
estruturada de forma a humanizar as ações e os serviços de saúde, levando em consideração a realidade
de cada localidade. Um dos graves problemas de saúde bucal a ser enfrentado no Sistema Único de Saúde
- SUS é o edentulismo da população adulta e idosa,
agravado pelo acesso ainda restrito aos serviços de
reabilitação bucal. Com a implantação de nova estrutura curricular em 2004, a FORP/USP visava, entre
outras ações, aproximar a formação profissional de
Odontologia da realidade social e dos serviços do
SUS. Foram, então, implantadas disciplinas de complexidade crescente, finalizadas com 120 horas de
estágio desenvolvido em 4 semanas consecutivas pelos estudantes do último ano do curso. Diante de um
panorama de uma população edêntula, foi criado o
Serviço de Atendimento Terapêutico em Prótese
Oral - SATEMPO, que propõe oferecer próteses provisórias parciais removíveis e totais confeccionadas
pelos alunos, enquanto desenvolvem estágio junto a
serviços da Estratégia Saúde da Família. Essas próteses destinam-se a suprir as necessidades estéticas e
funcionais do usuário do serviço, durante o tempo
de espera para a confecção das próteses parciais e
totais nos serviços odontológicos de média complexidade. Para tal, é necessário que o paciente tenha
recebido atenção básica odontológica completa, com
bom controle do biofilme dental e exame radiográ-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
fico panorâmico e que tenha sido encaminhado para
os serviços de referência. Os pacientes são agendados
para atendimento junto ao SATEMPO por meio de
um formulário contendo informações gerais e número de dentes ausentes, dentes indicados para remoção
após confecção das próteses, breve descrição do caso
e da percepção/expectativa do paciente com relação
à prótese provisória. É realizada uma classificação de
prioridade para o atendimento, segundo os seguintes
critérios:
• dor,
• estética (ausência de dentes anteriores),
• função,
• reparos em próteses,
• doenças sistêmicas.
Essa experiência de minimizar a dor, restabelecer
a função e devolver a estética, mesmo que parcialmente, atende a maioria das expectativas do paciente, contribuindo para a melhoria da qualidade de
vida dos usuários, bem como a vivência do estudante
de uma prática de saúde mais humanizada.
Articulação ensino/serviço:
vivência de estágio articulada à
extensão universitária
Apresentador: Maria Bernadete Cavalcanti Bené
Barbosa
Autores: Maria Bernadete Cavalcanti Bené
Barbosa, Gabriella Bené Barbosa, Jamilly
de Oliveira Musse, Ana Áurea Aleccio de
Oliveira Rodrigues
A
s ações/atividades de Extensão Universitária,
desenvolvidas pelo Programa Laboratório de
Comunidade (PROLAC), Resolução CONSEPE Nº.
093/2009 de 11/08/2009, com a finalidade de estimular a criatividade, o interesse e as habilidades dos
graduandos na produção de trabalhos científicos e
informativos de apoio didático nas linhas de estudo
Políticas de Saúde, Linhas do Cuidado, Gestão em
Saúde e Ciências Forenses estão vinculadas ao Ensino
de graduação na Área de Odontologia Social do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de
Feira de Santana, Bahia, atendendo às Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Odontologia,
na formação de um profissional ético, generalista,
agente transformador da realidade, através da vivência do Estágio Curricular dos Componentes Curriculares Odontologia Preventiva e Social I e II, sob orien-
tação docente, tendo como cenário de prática a
Unidade de Saúde da Família do Bairro Feira VI.
Objetivo
Estabelecer a integração interdisciplinar de conteúdos curriculares possibilitando aos graduandos
de Odontologia e de Enfermagem uma aproximação
efetiva da realidade; vivência da rotina e prática do
serviço; realizar ações de promoção de saúde, com
abordagem sobre os fatores de risco e proteção para
as doenças da cavidade bucal e outros agravos; visitas
domiciliares.
Metodologia
Palestras e oficinas sobre educação em saúde para
a formar agentes multiplicadores do conhecimento
envolvendo as Equipes de Saúde da Família, Saúde
Bucal e comunidade, através da problematização e
planejamento das ações/atividades articuladas ao
ensino/serviço na produção do cuidado (acolher,
ouvir e cuidar) possibilitando ao usuário a auto responsabilização por sua saúde. Proceder ao levantamento epidemiológico das condições de saúde bucal
por micro área junto ao Agente Comunitário de Saúde local, referenciando as necessidades urgentes à
USF e assegurando a contrareferência. Apresentar
relatório final produzido pelos alunos à Área de
Odontologia Social e à Secretaria Municipal de Saúde.
Resultados
Elaborados e apresentados pelos alunos de odontologia como atividade prática do conteúdo programático de epidemiologia e bioestatística através de
representação tabular e gráfica e aplicação dos Programas Estatísticos EPIBUCO e SPSS.
Conclusão
As ações/atividades de Extensão vinculadas ao
Ensino de graduação contribuem para a formação
do perfil profissional diferenciado apto para atuar
no serviço público, privado, ou seguir carreira na
academia.
Indissociabilidade entre ensino/
pesquisa/extensão: uma
experiência de articulação de
saberes
Apresentador: Gabriella Bené Barbosa
Autores: Gabriella Bené Barbosa, Maria Bernadete
Cavalcanti Bené Barbosa, Tereza Cristina
Costa Dantas
Revista da ABENO • 11(2)89-164
135
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
A
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão é um princípio norteador da qualidade
da produção universitária, porque reafirma a necessidade da tridimensionalidade do fazer universitário ético, competente e autônomo. Considerando as
particularidades que caracterizam cada uma das
três funções universitárias, entendemos a indissociabilidade como um catalisador de conhecimentos
que permite a inserção da universidade na comunidade e a inserção desta na universidade. Partindo
destes conceitos, este trabalho tem como objetivo
descrever as atividades de extensão vivenciadas pelas docentes e discentes dos cursos de graduação de
Enfermagem e Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, no período de março a julho de 2010.
Metodologia
Trata-se de um relato de experiência das ações
realizadas na área de abrangência da Unidade de
Saúde da Família (USF) do bairro Feira VI, em Feira
de Santana, envolvendo a articulação dos alunos e
professores na produção de práticas educativas na
comunidade.
Resultados
A vivência de extensão permitiu uma troca entre
os conhecimentos universitários e os comunitários,
diante das necessidades, anseios e aspirações sociais.
A extensão apresentou-se como um espaço estratégico para promover práticas integradas entre as várias
áreas do conhecimento. Para isso foi necessário criar
mecanismos que permitissem a aproximação de diferentes sujeitos, favorecendo a multi e interdisciplinaridade. Durante o período foi realizado:
• 34 exposições dialogadas na sala de espera da
USF, com a participação de 436 pessoas;
• 11 palestras em escolas envolvendo 354 alunos;
• eventos na comunidade, com a participação de
154 pessoas, assim distribuídos:
––encontro com gestantes,
––oficina com pais e mães,
––roda de conversa sobre saúde com adultos,
––festa junina e
––feira de saúde.
Conclusão
As ações desenvolvidas potencializaram a formação de sujeitos de mudança, capazes de se colocar no
mundo com uma postura mais ativa e crítica. A indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão propiciou, para os alunos, professores e comunidade, uma
oportunidade de articulação de saberes; tornando-se
espaço para a contextualização, estabelecimento de
136
vínculos, reflexão, mudanças e construção coletiva
de novas práticas.
Conhecimento materno sobre
saúde bucal no primeiro ano de
vida
Apresentador: Renita Baldo Moraes
Autores: Renita Baldo Moraes, Andressa Kist,
Gladis Benjamina Grazziotin, Suziane
Maria Marques Raupp
A
prevenção e a recuperação da saúde das pessoas
cada vez mais necessitam de políticas de saúde
adequadas, organizações de saúde eficientes e práticas de atendimento estratégicas, que valorizem saberes e habilidades tanto populares quanto profissionais. Considerando esse aspecto, a Universidade de
Santa Cruz do Sul - UNISC desenvolve o projeto de
extensão “Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente”, com a participação de acadêmicos e professores dos cursos de Educação Física, Enfermagem,
Medicina, Nutrição e Odontologia. Este projeto tem
como objetivo, desenvolver ações multiprofissionais
e interdisciplinares de atenção à saúde das gestantes,
puérperas, crianças e adolescentes por meio da otimização da qualidade técnico-profissional e adoção
de políticas de parceria interinstitucional, através de
atividades de promoção, prevenção e recuperação da
saúde que visem qualificar os serviços, o ensino e o
cuidado aos usuários. Como as ações desenvolvidas
pelo Curso de Odontologia têm enfoque educativo
desde a gestação e nascimento, este estudo avaliou o
conhecimento e as atitudes maternas quanto aos cuidados com a saúde bucal e alimentação do bebê,
identificando o papel dos profissionais da área da
saúde neste processo e as possíveis falhas de informação, desde o período gestacional até a idade de um
ano. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da UNISC, parecer 2567/10. Foram entrevistadas 41 mães de bebês com idade entre 0 e 12
meses que frequentaram os grupos de puericultura
de duas Estratégias de Saúde da Família (ESF) em
Santa Cruz do Sul/ RS, de julho a outubro de 2010.
As mães foram questionadas quanto aos métodos de
higiene bucal utilizados; a manutenção da amamentação e hábitos alimentares do bebê; sobre quem as
orientou quanto à higiene bucal de seu filho e sua
alimentação; e a importância da dentição decídua. A
maioria das mães tinha renda familiar entre 1 e 2
salários mínimos e ensino fundamental incompleto.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Os resultados obtidos revelaram que, em sua maioria,
as mães receberam orientações dos profissionais da
área da saúde sobre aleitamento materno, alimentação complementar e cuidados com a saúde bucal no
primeiro ano de vida, no entanto, essas orientações
tiveram pouca repercussão na prática do dia-a-dia.
Os cirurgiões-dentistas tiveram uma pequena participação neste processo. Quanto à higiene bucal,
58,5% das mães relataram ter recebido algum tipo
de orientação, sendo a maioria através de enfermeiras. Todas as mães foram orientadas quanto ao período ideal de aleitamento materno exclusivo, entretanto 42,9% dos bebês iniciaram a ingestão de
líquidos adoçados no primeiro mês de vida e 33,3%
das mães ofereceu mamadeira desde o nascimento.
A maioria das mães (51,2%) relatou não ter conhecimento sobre a importância da dentição decídua. Esses resultados reforçam a necessidade de inserção de
profissionais da área da Odontologia em equipes
multidisciplinares em ESFs e hospitais, para obtenção de melhores resultados na promoção de saúde.
Atividades lúdicas no processo
ensino-aprendizagem
odontológico para crianças
Apresentador: Camila Redin Pasin
Autores: Anna Paula Brancher, Camila Redin
Pasin, Luiz Fernando Monteiro Silveira,
Thaisa Cabrine Delinski, Ana Claudia
Baladelli Cimardi
A
ções educativas em saúde bucal são preconizadas pelo Ministério da Saúde desde 2006 e é
recomendado abordar assuntos como as principais
doenças bucais, sua manifestação e prevenção, a importância do auto-cuidado e da higiene bucal e orientações gerais sobre alimentação. Praticar ações de
Promoção de Saúde, ainda segundo o Ministério,
significa construir políticas públicas saudáveis, desenvolvendo estratégias direcionadas a todas as pessoas da comunidade, como políticas que gerem oportunidades de acesso à água tratada, incentivem a
fluoretação das águas, o uso de dentifrício fluoretado e assegurem a disponibilidade de cuidados odontológicos básicos apropriados. Jogos e brincadeiras,
nos processos educativos tornam-se estratégias úteis
para incentivar a participação da criança nas atividades desejadas, renovando e incentivando o interesse
em praticar corretamente hábitos saudáveis de higiene. O “brincar” é estimulante, envolve o pensar, o
sentir e o agir, possibilitando ao mesmo tempo a
aprendizagem atitudinal, procedimental e conceitual. Com base nesse contexto, o trabalho desenvolvido
no bairro Tapera na cidade de Florianópolis/SC teve
como objetivo atingir, de forma interativa, as crianças
que estudam nas instituições do local e, através de
brincadeiras, fazê-las pensar e discutir sobre saúde
geral, higiene e doenças bucais. Para que fosse possível atingir o objetivo proposto, foram confeccionados três jogos. Um deles foi um Jogo da Memória, em
que as figuras eram de objetos relacionados à alimentação, higiene e saúde bucal e cárie. Neste, as crianças
achavam os pares e assim discutiam qual a função ou
significado da figura. No mesmo esquema, também
foi feito o Jogo do Mico, em que o objetivo era formar
os pares das figuras, pegando uma carta do colega
da esquerda e verificando se tinha a carta correspondente. Para o ponto valer, as crianças tinham que
acertar a utilidade ou significado da figura em questão. O terceiro jogo foi em forma de tabuleiro. Neste,
havia 64 casas, distribuídas aleatoriamente em três
cores:
• verde, que significava algo bom relacionado à saúde bucal (“você escovou os dentes antes de dormir”, “você foi ao dentista”) e concedia ao jogador
um benefício (“ jogue outra vez”, “avance três casas”);
• amarela (neutra);
• vermelha, correspondente a algo ruim à saúde
bucal, que conferia uma penalidade (“fique uma
rodada sem jogar”, “volte duas casas”).
As atividades eram realizadas em grupos de até
cinco crianças e com um organizador, neste caso um
acadêmico de Odontologia. Com essas práticas foi
possível ter uma adesão maior das crianças, uma vez
que elas queriam participar e, inconscientemente,
estavam adquirindo e gravando os conhecimentos
relacionados aos temas discutidos. Em tais práticas
pedagógicas, sempre se procurou respeitar a individualidade, contextualizando os assuntos à realidade
da comunidade e das crianças, respeitando a cultura
local e a linguagem popular. Levou-se em consideração, também, a auto-percepção de saúde bucal por
parte dos alunos e trabalhou-se com base no conhecimento que elas já possuíam.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
137
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Fortalecimento do ensino
odontológico pela integração com
serviço e comunidade
Apresentador: Cássia Pérola dos Anjos Braga Pires
Autores: Cássia Pérola dos Anjos Braga Pires,
Renata Francine Rodrigues Oliveira, Jairo
Evangelista Nascimento, José Mendes
Silva, Gislaine Conceição Teixeira Pereira
Maia, Carlos Alberto Quintão Rodrigues
A
integração entre ensino, serviço e comunidade,
fortalecida pelas ações do Pró-Saúde no contexto da graduação em Odontologia na Universidade
Estadual de Montes Claros - Unimontes, tem proporcionado expressivos resultados na qualidade da formação em saúde e na atenção à saúde individual e
coletiva. Propõe-se apresentar as ações desenvolvidas
com a inserção do estudante de Odontologia da Unimontes no serviço de Atenção Básica à Saúde e apoiadas pelo Pró-Saúde. Os dados foram consolidados a
partir dos relatórios dos estudantes durante os estágios. A vivência no âmbito dos serviços municipais de
saúde acontece através das disciplinas de estágios
curriculares oferecidas no 7º e 10º períodos da graduação, sob a modalidade de estágios supervisionados com a inserção dos acadêmicos nas equipes da
estratégia Saúde da Família. No 7º período, a disciplina de Estágio em Saúde da Família consiste de 200
horas-aula, das quais 120 são de prática com a realização de atividades de promoção e prevenção à saúde, sendo que no 1º semestre de 2011 foram realizadas
515 atividades com 7.369 pessoas beneficiadas. No
10º período a disciplina de Estágio Supervisionado:
Internato Regional Integrado consiste de 500 horasaula, das quais 400 são de prática e, além das atividades de promoção e prevenção, são também realizados
procedimentos clínicos, sendo que no 1º semestre de
2011 foram realizadas 883 atividades de promoção e
prevenção com 12.805 pessoas beneficiadas e 6.445
procedimentos clínicos individuais com 1.460 pessoas beneficiadas. A vivência direta da realidade experimentada pelos estagiários proporciona uma construção acadêmica mais rica e diferenciada. A
aquisição de habilidades excepcionais ligadas à autonomia, senso critico, gestão e abordagem comunitária é somada ao conhecimento prévio adquirido nos
semestres anteriores visando proporcionar transformações na sociedade em que estão inseridos. A maturidade cognitiva e pessoal do estudante é uma
exigência para que este seja inserido no contexto real
138
do serviço de saúde pública, razão pela qual somente
a partir do 7º período se destina grande parte da
carga horária do curso nos estágios que integram
serviço e comunidade onde, até então, ações pontuais
eram realizadas. O Pró-Saúde presta importante contribuição às disciplinas de estágio uma vez que seu
investimento na infra estrutura do serviço melhoraram os cenários de prática para os estudantes e conseqüentemente mais conforto e acessibilidade à comunidade que usa o serviço. Conclui-se que a
integração do ensino com o serviço e a comunidade
constitui-se como estratégia importante e eficiente
na formação de profissionais mais aptos e preparados
para atuarem nos diversos seguimentos da Odontologia.
Avaliação de um programa
multimidia como método de
ensino-aprendizagem para
o estudo de dissociação
radiográfica
Apresentador: Andre Wiltgen
Autores: Wiltgen A, Rebouças AG, Mahl CRW,
Fontanella VRC
O
uso de recursos mediados pela informática
pode contribuir significativamente para atender as transformações que envolvem o ensino e auxiliar o estudo individual pela possibilidade de acessar o material independente da presença do
professor, promovendo motivação e maior retenção
do conteúdo para o aluno. O objetivo dessa pesquisa
foi avaliar um programa multimídia desenvolvido
para o estudo da técnica de dissociação radiográfica,
contendo tópicos de estudo, incluindo exercícios
práticos de interpretação, como método de ensinoaprendizagem. O programa foi desenvolvido no formato Macromedia Flash, para que pudesse ser executado em qualquer navegador e sistema operacional.
Trinta e sete alunos da disciplina de Radiologia
Odontológica e Imaginologia do terceiro semestre
do Curso de Odontologia da ULBRA - Canoas, participaram de uma aula tradicional sobre o tema. A
aula tradicional, expositiva, consistiu da apresentação da técnica radiográfica de dissociação horizontal e vertical utilizando recursos de um computador,
projetor e Microsoft PowerPoint. Após a aula, foi
aplicada uma prova (G1) com 10 questões. Após, foi
apresentado o programa e estudaram com apoio
desse programa e foi aplicada uma nova prova (G2)
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
para medir a retenção do conhecimento. A média
de acertos de G1 foi 207 (56%) questões corretas;
grupo G2 obteve média de 218 (59%) questões corretas. A análise estatística indicou que os resultados
são equivalentes, com leve superioridade de G2 (3%).
O uso do programa de computador não obteve diferença estatisticamente significante quanto aos acertos, mas para os acadêmicos, os sistemas multimídia
constituem uma opção dinâmica e moderna para o
ensino e o aprendizado na área de Radiologia e Imaginologia Odontológica.
Grupo tutorial de odontologia da
Universidade de Brasília (UnB)
Apresentador: Regina Cardoso de Moura
Autores: Regina Cardoso de Moura, Luiz Antônio
Machado, Tiago Araújo Coelho de
Souza, Marcelle Cristina Simioni Chupel,
Rodrigo Mendes Fernandes, Juliana Fiuza
Franco, Marina Meirelles Bogalho Moita,
Mírian da Silva Oliveira
Introdução
Em março de 2010 foi criado um grupo tutorial
(PET Odontologia) composto de discentes e docentes do curso de Odontologia da Universidade de Brasília (UnB), além de profissionais da Secretaria de
Saúde do Distrito Federal. O grupo PET Odontologia
da UnB visa produzir conhecimento científico pautado no tripé ensino-pesquisa-extensão e no desenvolvimento de práticas inovadoras de atenção em
saúde bucal que contribuam para a reorientação da
formação profissional em saúde (Pró-Saúde).
Objetivo
Apresentar os avanços e desafios vivenciados pelos alunos do grupo PET Odontologia da UnB junto
ao cenário de prática da Regional de Saúde do Paranoá-DF.
Metodologia
São apresentados sob a forma de relato de experiência as três linhas de pesquisa desenvolvidas pelo
grupo tutorial da UnB:
a)perfil epidemiológico em saúde bucal;
b)representações sociais acerca do cuidado em saúde bucal e
c)protocolo de visitas domiciliares.
Resultados
Foi delineado o perfil epidemiológico em saúde
bucal da população assistida pelo grupo tutorial, bem
como suas representações sociais de autocuidado bucal. O grupo PET Odontologia da UnB desenvolveu
também um protocolo de sistematização da rotina
preventivo-educacional das visitas domiciliares.
Conclusão
O PET-Saúde oportunizou aos discentes integralizar seus conhecimentos obtidos na universidade
dentro de um contexto social, e aprender a desenvolver atividades técnico-científicas e preventivo-promocionais em um “cenário vivo”. As atividades realizadas são fundamentais para o desenvolvimento de
novas práticas de atenção e experiências pedagógicas, concorrendo para a plena integração ensinoserviço-comunidade e para o fortalecimento da atenção básica de acordo com os princípios e necessidades
do SUS.
Apoio Financeiro
Ministério da Saúde.
Comparação da conduta
farmacológica entre cirurgiõesdentistas e graduandos
UNISC/2008
Apresentador: Igor Fonseca dos Santos
Autores: Igor Fonseca dos Santos, Mahmud Hamid,
Mirian Kuhnen
A
especialidade de farmacologia está presente no
dia a dia da odontologia, suas implicações influenciam diretamente na clínica nos diversos procedimentos em que estão presentes. Em inúmeras
especialidades odontológicas se faz necessário a utilização de prescrições ou condutas terapêuticas medicamentosas, e dentre elas podemos citar:
• cirurgia,
• endodontia,
• periodontia, entre outras.
O presente trabalho tem como objetivo avaliar a
conduta em farmacologia dos cirurgiões-dentistas de
Santa Cruz do Sul e graduandos em odontologia
UNISC/2008, sobre o emprego de fármacos frente a
determinados procedimentos odontológicos especificados. A pesquisa foi caracterizada como observacional descritiva transversal, realizada através de um
questionário elaborado pelos pesquisadores, com
sete perguntas objetivas, englobando uma amostra
de 70 profissionais e 48 graduandos baseadas em
cálculos estatísticos. O dimensionamento do tamanho da amostra pela análise estatística foi realizado
objetivando construir o intervalo de confiança de
uma proporção e teste de diferença entre duas pro-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
139
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
porções. Os dados enviados foram entregues e avaliados por um profissional da área de estatística, que,
para análise dos dados do questionário, foi utilizada
a conversão em porcentagem, o nível de significância
testado foi a = 0,05, o intervalo de confiança de 95%
e apresentados em forma de tabelas e gráficos utilizando o programa Microsoft Excel. A partir dessas
análises realizou-se comparações entre profissionais
e formandos. Foi preservada a identidade pessoal
seguindo sempre os preceitos éticos e morais, e foi
aprovado pelo comitê de ética da instituição sob número CEP-UNISC 2040/08. Os resultados deste trabalho são descritos em relação aos números de acertos das questões dirigidas aos cirurgiões-dentistas e
graduandos UNISC/2008. Através dos resultados
obtidos verificou-se que os cirurgiões-dentistas apresentaram 74,9% e os graduandos 83,3% de acertos
referentes a média total das questões do questionário
apresentado. Concluiu-se com o estudo que o índice
de acertos dos graduandos foi maior em relação aos
profissionais mas que esta diferença entre as proporções foi não significativa e que os resultados obtidos
foram considerado satisfatórios para uma pratica clinica adequada de dentistas e graduandos. Sugere-se
também para efeito de comparação que novos estudos sejam realizados.
Descritores
Prescrição. Odontologia. Farmacologia.
Complementação do ensino de
odontogeriatria por meio de um
projeto de extensão
Apresentador: Kléryson Martins Soares Francisco
Autores: Kléryson Martins Soares Francisco, Cezar
Augusto Casotti, Douglas Leonardo
Gomes Filho, Tatiana Freitas Uemura
A
Odontologia necessita de reestruturação no sentido de adequar a formação do profissional às
necessidades da atualidade. A disciplina de Odontogeriatria apresenta-se muito discretamente inserida
nas matrizes curriculares dos cursos de Odontologia
brasileiros, enquanto que em outros países pode ser
vista como matéria curricular. Dessa forma aliado ao
envelhecimento populacional, à precariedade da
saúde bucal dos idosos e à necessidade de se formar
profissionais com formação em Odontogeriatria, o
presente estudo tem como objetivo relatar a experiência do projeto de extensão “Odontoidoso: Mão
Amiga” da Universidade Estadual do Sudoeste da
140
Bahia (UESB). Este projeto visa a atuação dos alunos
do curso de Odontologia, junto a uma Instituição
Asilar da cidade de Jequié - BA (Fundação Leur Brito), com a finalidade de proporcionar a integração
entre Universidade e Comunidade, tendo como resultado a geração de conhecimentos sobre conteúdos
de Odontogeriatria, os quais não são abordados na
matriz curricular do curso de Odontologia, além de
possibilitar o desenvolvimento de pesquisas sobre a
terceira idade. As atividades são desenvolvidas em
dois locais distintos, nas instalações da Fundação
Leur Brito e nas instalações do NEPO/UESB (Núcleo de Extensão e Pesquisa em Odontologia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia). Na Fundação Leur Brito são realizadas:
• Atividades de educação em saúde e prevenção das
doenças bucais;
• Capacitação dos cuidadores sobre o envelhecimento e saúde bucal (abrangendo aspectos éticos,
legais e técnicos);
• Atividades lúdico-educativas como gincanas, atividade teatral, jogos, música e fantoches para
geração de vínculo e sedimentação de conceitos
em saúde;
• Levantamento epidemiológico das condições bucais dos idosos para posterior classificação de
prioridades de atendimento odontológico;
• Acompanhamento e supervisão de higienização
bucal;
• Capacitação dos cuidadores.
Nas dependências do NEPO/UESB é realizado o
atendimento clínico integral, incluindo a reabilitação bucal.
Além disso, foi organizado um grupo de estudos
o qual aborda conteúdos sobre Odontogeriatria, contribuindo para a troca de experiências entre docentes
e discentes no desenvolvimento de pesquisas. As reuniões compreendem a apresentação de seminários
com posterior discussão e palestras ministrados por
profissionais de diferentes áreas. São abordados temas como:
• Odontologia Geriátrica e novo Século;
• Nutrição na terceira idade;
• Aspectos psicológicos no atendimento ao idoso;
• Distúrbios bucais na terceira idade;
• Atendimento específico para o idoso dependente;
• Melhoria na qualidade de vida pela integração
dos profissionais de saúde;
• Efeitos bucais das drogas:
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
––Cuidados na terceira idade;
––Prótese dentária na terceira idade;
––Higienização do idoso com reabilitações bucais;
––Plano de tratamento integrado a Odontogeriatria;
––Política Nacional de Atenção ao Idoso;
––Estatuto do Idoso.
Diante disso, a aproximação dos acadêmicos com
a realidade profissional, torna possível a ampliação
dos conhecimentos teóricos e práticos relacionados
à Odontogeriatria, o que vem complementar a ausência de tal disciplina na matriz curricular do curso de
Odontologia da UESB.
“Action learning” e outras
metodologias de aprendizagem
ativa na saúde
Apresentador: Marcio Nakayama Miura
Autores: Marcio Nakayama Miura, Cristina Sayuri
Nishimura Miura, Daniela de Cássia
Fagliani Boleta Ceranto, Wagner Baseggio
D
iversas metodologias de ensino-aprendizagem
têm sido utilizadas nas instituições de ensino e
nas organizações. Os métodos tradicionais como aulas, seminários, conferências, treinamentos e mesmo
eventos organizados especificamente para determinados fins nem sempre resolvem os problemas específicos de forma continuada. As metodologias ativas
de ensino-aprendizagem têm sido apresentadas
como inovações na problemática do ensino-aprendizagem na área da saúde em relação à necessidade de
aprendizagem constante e da resolutividade dos problemas do paciente ou da comunidade. Tanto na
academia quanto nas organizações, os processos de
ensino-aprendizagem são desafiados pela intensa especialização do conhecimento associada à necessidade de resolução dos problemas do paciente ou da
comunidade que se apresentam. É também importante que o conceito de Educação Permanente se
internalize em todos, de forma que a aprendizagem
seja constante e contínua, preferencialmente de forma sistematizada. A globalização, o grande volume
de conhecimento publicado diariamente em ambiente virtual, os investimentos em pesquisas e em tecnologia fazem com que as informações se desatualizem
repentinamente, não permitindo que os modelos
conservadores de ensino atinjam o objetivo de preparar profissionais dentro do perfil desta “nova” so-
ciedade. Em vista da existência de diversos métodos
ativos de ensino-aprendizagem e do entendimento e
utilização equivocado de algumas delas, o objetivo
deste trabalho é apresentar de forma sistemática os
conceitos e aplicações de um método pouco estudado
no Brasil, o Action Learning e das demais metodologias de aprendizagem ativa já propostas. As metodologias ativas de ensino-aprendizagem tornam o
aprendiz protagonista de seu próprio processo de
aprendizado, buscando ativamente a informação,
seja ela gerada a partir de sua realidade ou indicada
pelo seu tutor. Este tutor indica caminhos, problematiza e direciona a discussão. Dentre as Metodologias
Ativas de Ensino-Aprendizagem destacam-se:
• Desenhos ou Protótipos,
• Estudos de Casos,
• Inventos,
• Investigações ou Pesquisas,
• Jogos,
• Laboratórios,
• Projetos,
• PBL - Problem Based Learning ou Aprendizagem
Baseada em Problemas,
• Resolução de Problemas,
• Dinâmicas,
• Metodologia da Problematização e outros.
Um método consolidado em outros países e incipiente no Brasil, o Action Learning criado por Reginald Revans constitui-se num método mais centrado
em questionamentos que em respostas. Dividido em
etapas onde o primeiro passo constitui-se na reflexão
individual de algum ponto problemático em seu contexto profissional. No segundo passo os problemas
são compartilhados no grupo, ou comunidade, desde
que tenham um objetivo final comum, onde se discutem os problemas, pontos de vista sobre este determinado problema, realizam-se Brainstorm e idéias
sobre o plano de ação. O terceiro passo constitui-se
na ação propriamente dita, onde os membros experimentam as idéias propostas pelo grupo culminando no quarto passo de aprendizagem chamado de
Feedback, onde o grupo é realimentado sobre os resultados dos esforços de mudança da equipe. O “Action Learning” possibilita tanto a aprendizagem profissional, o desenvolvimento da comunidade, a
liderança e a mudança social.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
141
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Serviço de diagnóstico
por imagem: um espaço
interdisciplinar através da prática
extensionista
Apresentador: Kilian Christmann
Autores: Kilian Christmann, Michel Cartana
Prolla, Fernando Mathias Teixera Velho,
Sergio Augusto Quevedo Miguens Jr, Célia
Regina Winck Mahl
O
Serviço de Diagnóstico por Imagem do Curso
de Odontologia da ULBRA, o qual esta inserido
na proposta do Plano Nacional de Extensão e Rede
Nacional de Extensão (RENEX), teve seu inicio no
ano de 2005 com participação de acadêmicos, níveis
graduação e pós-graduação, tendo como objetivo
atender as necessidades das clínicas do Curso, nos
diferentes níveis de ensino, além disso, ampliar a prestação de serviços à comunidade inserida no seu distrito geo-educacional. A existência desse serviço tem
caráter auto-sustentável, pois também presta atendimento à comunidade externa. Os acadêmicos participam com carga horária semanal e as atividades são
a execução de técnicas radiográficas intra e extrabucais, bem como a interpretação das imagens radiográficas. Os pacientes, nas diferentes faixas etárias,
são encaminhados pelas diferentes clínicas do Curso,
assim como da comunidade de Canoas/RS. Os acadêmicos de pós-graduação, num processo de verticalização do ensino, também participam na forma de
estágio curricular. Os objetivos e metas do projeto são
avaliados semestralmente através de relatórios desenvolvidos pelos acadêmicos. Na avaliação destes, o Serviço é entendido como um espaço de aprendizado que
oportuniza e complementa sua formação, além de ser
um diferencial para o aperfeiçoamento na prática
clínica. Portanto, os diferentes relatos demonstram
que a prática extensionista promove maior segurança
na relação com os pacientes e capacita o aluno a interagir com a comunidade desenvolvendo um perfil
profissional comprometido socialmente.
Anatomia viva no ensino
odontológico
O
ensino da anatomia humana prepara os estudantes para a atuação profissional na clínica e
isso implica em promover a integração curricular
horizontal e vertical, articulando conteúdos de diversas disciplinas do Curso, na perspectiva do estudo do
desenvolvimento morfofuncional do sistema estomatognático. Nesse contexto, as mudanças curriculares
vêm exigindo a modernização das instituições de ensino superior, bem como a superação do desafio de
utilizarem novos recursos de aprendizagem que motivem seus estudantes. O estudo tradicional da anatomia com cadáveres humanos vem enfrentando dificuldades em se manter devido a problemas éticos,
bem como em relação à aquisição de peças as quais
são manuseadas exaustivamente em aulas práticas,
sofrendo um desgaste natural, podendo ocorrer alterações de suas características. Fato importante a
considerar é a dificuldade de repor as referidas peças
de cadáveres, pois as instituições de ensino em saúde
têm enfrentado uma redução importante no número
dos mesmos cedidos para o ensino e a pesquisa acadêmica nos últimos anos. Diante disso, este trabalho
tem como objetivo apresentar a experiência da Universidade Potiguar, que seguindo uma tendência
mundial, está utilizando recursos didáticos da Anatomia Viva, tais como body painting, body projecting,
anatomia palpatória, softwares de dissecação virtual
e modelos artificiais, aplicados em metodologias ativas de ensino-aprendizagem, como o ensino baseado
em problemas. Os recursos da Anatomia Viva são
disponibilizados em estações de aprendizagem, no
Laboratório de Estrutura e Função, bem como na
própria clínica odontológica, onde os alunos estudam as estruturas anatômicas, utilizando inclusive
tecnologias de informática. A experiência vem proporcionando resultados relacionados a um maior
envolvimento dos discentes, bem como a ampliação
da integração básico-clínica, envolvendo e motivando a equipe de docentes de anatomia, embriologia,
histologia, fisiologia, imaginologia e cirurgia bucomaxilofacial. Conclui-se que os novos recursos da
Anatomia Viva estão contribuindo para as mudanças
curriculares relacionadas, principalmente, à interdisciplinaridade e ao uso de metodologias inovadoras de ensino aprendizagem.
Apresentador: Maria Alice Pimentel Fuscella
Autores: Maria Alice Pimentel Fuscella, Sérgio
Rodrigo Pereira Trindade, Francisco
Barros da Câmara, Hanieri Gustavo de
Oliveira, Alberto Costa Gurgel
142
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Mudança de paradigmas no
ensino de dentística restauradora
da FOUSP
Apresentador: Luciana Cardoso Espejo Trung
Autores: Luciana Cardoso Espejo-Trung, Marcia
Martins Marques, Maria Ângela Pita
Sobral, Mary Caroline Skelton Macedo,
Narciso Garone-Netto, Maria Aparecida
Alves de Cerqueira Luz
A
Disciplina de Dentística Restauradora I (DRI)
da FOUSP vem buscando adequar a sua ação
pedagógica à nova realidade do processo de ensinoaprendizagem, que visa centrar a produção do conhecimento no sujeito, desenvolvendo sua autonomia,
espírito investigativo e colaborativo e estimulando a
sua análise crítica. Paralelo a isso, a Legislação Educacional vigente estabelece que os cursos de graduação devem formar profissionais de acordo com um
modelo baseado em competências, condizentes com
as necessidades contemporâneas. Para se adequar a
esta nova realidade, a DRI passou a substituir, desde
2003, parte das suas aulas teóricas expositivas por
aulas no formato de seminários, estimulando o estudo prévio do assunto e a discussão do tema em sala
de aula, fazendo com que o estudante se torne mais
responsável pelo seu próprio aprendizado. As discussões acontecem com a turma dividida em grupos,
cada qual com o seu professor, e o fechamento do
debate é feito com a turma toda por uma aula expositiva de 30 minutos, que tem o intuito de ilustrar o
assunto com imagens, vídeos e com casos clínicos,
quando pertinente. Em 2008, após a adequação do
conteúdo teórico da disciplina para a sua disponibilização numa plataforma via web, foi implantada a
plataforma Moodle para o reforço do conteúdo das
aulas teóricas. Esta iniciativa supriu a necessidade de
inserir as novas tecnologias de informação no processo educativo para torná-lo mais estimulante para
esta geração de estudantes, acostumada a utilizar a
tecnologia no seu dia-a-dia. No Moodle foram disponibilizados questionários, chats, o calendário da disciplina e textos de leitura complementar. Em 2011,
optou-se por realizar a prova final online. Todos os
alunos (n = 45) do primeiro semestre de 2011
(1sem/11), responderam à prova composta de duas
questões dissertativas. O tempo disponível para a
postagem das respostas foi de uma semana, para que
os alunos pudessem debater o assunto, pesquisar o
material de apoio e consultar o prontuário dos seus
pacientes. Durante este período, também foi realizado um chat com os professores para a elucidação de
dúvidas. Encerrado o prazo, os professores acessaram as provas e, além de corrigi-las, enviaram aos
alunos comentários sobre as suas respostas. Os alunos do 1sem/11 acessaram a plataforma 32 vezes durante o semestre e realizaram 61 atividades, em média. O pico de acessos se deu no último dia em que
a prova estava disponível (27/06/2011) e contabilizou
cerca de 1280 visitas. A nota máxima obtida na prova
foi dez (dez) e a mínima 4,0 (quatro). Estas mudanças
na didática do conteúdo teórico da DRI colocaram a
avaliação como mera ferramenta reguladora do sistema de aprendizagem, já que os alunos são avaliados
continuamente, e transferiu uma maior responsabilidade ao aluno pelo seu próprio aprendizado.
Estágio de vivência do SUS em
três municípios da Bahia
Apresentador: Ana Paula Eufrázio do Nascimento
Autores: Poliana Cíntia de Oliveira Duarte, Ana
Paula Eufrázio, Amanda Alves Coelho,
Gabriella Bené Barbosa, Maria Bernadete
Cavalcanti Bené Barbosa
Objetivo
Mostrar a importância da participação de estudantes de vários cursos da área de saúde de Instituições pública e privada através da interdisciplinaridade e das análises resultantes da observação sobre a
organização dos serviços de saúde prestados nas cidades de Ibotirama, Amargosa e Salvador, Bahia, um
Estágio de Vivência no SUS (EVSUS), cenário de prática que permitiu a aproximação dos graduandos
com a gestão em saúde, sua estrutura e funcionamento, no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS).
Estratégia metodológica: pautou-se no processo educativo teórico-prático através da participação em reuniões com gestores e visitas aos PSF, CAPS, CEO,
Hospital Regional, Conselhos de Saúde, Central de
Regulação, somadas às discussões em grupo, sobre
as experiências vivenciadas e reflexões sobre o posicionamento dos profissionais quanto à qualidade e a
humanização do atendimento à população permitindo a análise de como a saúde tem sido organizada e
se está condizente com as Políticas de Saúde, os Modelos de Atenção, a Formação em Saúde, o Controle
Social e a Participação popular.
Resultados
Percebe-se que nem todos os PSF visitados contam
com serviços médicos, odontológicos, psicossociais,
Revista da ABENO • 11(2)89-164
143
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
nutricional e fonoaudiológico; apenas uma das equipes conseguiu implantar e desenvolver os subprogramas de atendimento às linhas de cuidado da Unidade de Saúde da Família (USF), promovendo a
integralidade das ações a partir do agendamento
para a assistência aos pacientes em um único dia, com
o acompanhamento de todas as áreas necessárias. No
último dia os estagiários apresentaram relatos da
experiência vivenciada quanto às conquistas, desafios e estratégias analisadas podendo apontar sugestões para a promoção de melhores rumos na concretização da efetivação da integralidade da saúde nos
municípios.
Conclusão
A participação no EVSUS foi um momento de
reflexão e despertar para uma aproximação com a
realidade interferindo de forma marcante na formação do profissional da saúde, oportunidade ímpar e
facilitadora para o futuro profissional diferenciado,
crítico e reflexivo.
Avaliação do serviço de
diagnóstico por imagem como
instrumento no ensino da
Radiologia
Apresentador: Pâmela de Mello
Autores: Mello P, Reck Mk, Erthal G, Miguens
Saq, Mahl Crw
O
Serviço de Diagnóstico por Imagens faz parte
do Programa de Extensão do Curso de Odontologia da ULBRA e tem como proposta ser um espaço acadêmico interdisciplinar na capacitação do
aluno e no desenvolvimento de pesquisa. Neste programa os acadêmicos têm a oportunidade de praticar
e ampliar seus conhecimentos de técnica e interpretação radiográfica, importantes para o correto diagnóstico em Odontologia. O objetivo deste estudo do
tipo observacional transversal foi avaliar os registros
de pacientes e exames por imagem realizados no Serviço de março a junho de 2011. Os dados analisados
foram:
• número de pacientes,
• tipos de exames radiográficos realizados,
• erros de técnica e/ou processamento radiográfico e
• achados radiográficos.
Foram obtidos os seguintes resultados:
• 201 pacientes atendidos,
• 216 radiografias realizadas, sendo dessas:
144
––73,61% do tipo panorâmicas,
––16,67% periapicais,
––5,56% interproximais,
––24% oclusais e
––0,93% de telerradiografias.
O número de erros registrados foi de 36 (16,6%),
sendo o principal erro o posicionamento do paciente
(30,55%). Durante a avaliação dos exames houve registro de 13 (6,01%) achados radiográficos, sendo a
imagem de osteoesclerose periapical idiopática
(2,3%) a mais verificada. Pretende-se através desses
dados, melhorar as condições de treinamento e formação de recursos humanos como também buscar a
adequação do Serviço às novas tecnologias, permitindo ao aluno não somente o atendimento e a percepção da demanda por tratamento, mas consolidar
seus conhecimentos na área.
Atividades extramuros no Curso
de Odontologia da Uniplac
Apresentador: Claudia de Abreu Busato
Autores: Claudia de Abreu Busato, Alexandre
Sabatini Cavazzola, Isabela França de
Almeida Santos Ramos
A
partir das Diretrizes Curriculares Nacional, o
curso de odontologia da Uniplac passou por
uma reestruturação buscando adequar-se a nova proposta. Dentro deste contexto de um profissional generalista, humanista e integrado a realidade social
da sua região, o novo currículo proporciona ao aluno
várias atividades obrigatórias extramuros. A diversificação de cenários e práticas visa integrar o aluno
com as diferentes realidades que o mesmo pode se
deparar na sua vida profissional. Este trabalho objetiva relatar as atividades extramuros realizadas no
curso de odontologia da Uniplac. A carga horária
destinada às atividades extramuros vai aumentando
gradativamente durante o curso. Os alunos já no primeiro semestre fazem atividades de reconhecimento
e abordagem da comunidade, no segundo semestre
conhecem as UBS, terceiro e quarto semestre fazem
levantamentos epidemiológicos e planejam atividades educativas e preventivas, no quinto semestre executam atividades de educação e prevenção das principais doenças bucais, principalmente nos CEIM e
escolas, também organizam atividades educativas
para grupos de idosos, gestantes e pacientes com necessidades especiais, no sexto semestre realizam ati-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
vidades educativas, preventivas e curativas através da
ART em escolas onde já foram diagnosticados indivíduos com as necessidades. A partir do sétimo semestre e se estendendo até o nono os alunos desenvolvem atividade nas UBS, realizando atendimento
clínico, visitas domiciliares e atividades educativas,
ainda no nono semestre no módulo de traumatologia
bucomaxilofacial os alunos podem acompanhar um
professor em atendimento hospitalar. Além destas
atividades obrigatórias os alunos podem participar
de atividades de extensão aumentando assim sua carga horária extramuros. O resultado destas ações extramuros em diferentes cenários de aprendizagem
favorece o aluno a desenvolver habilidades necessárias ao atual mercado de trabalho, ou seja, ser ético,
atuar dentro do rigor técnico-científico independente do local que estará atuando, respeitando as diferenças entre os indivíduos e profissionais que tem
contato, aprendendo, sobretudo a trabalhar em equipe, respeitando as experiências alheias. Conclui-se
que as atividades extramuros são enriquecedoras
para todos os envolvidos, por se tratar de situações
dinâmicas e muitas vezes inesperadas, faz com que
alunos, docentes estejam sempre em busca de soluções para novos problemas.
Tratamento restaurador
atraumático: estratégia de ensino
no curso de odontologia
Apresentador: Isabela França de Almeida Santos
Ramos
Autores: Isabela França de Almeida Santos Ramos,
Claudia de Abreu Busato, Alexandre
Sabatini Cavazzola
A
utilização de atividades de educação e prevenção em odontologia no currículo integrado visa
a aproximação dos alunos com a comunidade, entretanto fora da esfera da universidade e da unidade
básica de saúde. Na Uniplac o currículo integrado
foi implantado em 2007 e desde o primeiro semestre
os alunos tiveram sua inserção na comunidade através dos módulos de saúde coletiva. O objetivo deste
trabalho foi relatar a experiência da interação entre
a Universidade e a comunidade durante os dois anos
de estágio supervisionado extramuros do 6º semestre. Neste semestre são realizadas ações de promoção
de saúde bucal incluindo atividades educativas (palestras a pais e professores, com as crianças: jogos,
pinturas, teatros, vídeos, jogo de dúvidas, mini gin-
canas) e preventivas (escovação supervisionada semanal, aplicação tópica de flúor em grupos de risco) e
a realização da técnica restauradora atraumática.
Estas atividades são realizadas em centros de educação infantil e escolas de educação básicas municipais
e estaduais. O foco das atividades é a realização da
técnica restauradora atraumática. A opção pela realização da TRA é devido à facilidade de execução da
técnica, seu baixo custo e fácil acesso as crianças das
escolas que já estão dentro do programa de educação
em saúde bucal. São beneficiadas tanto as crianças
quanto os acadêmicos, as crianças estão no seu ambiente escolar aceitando facilmente o procedimento
e os acadêmicos tem a experiência de atender em
outro cenário que não o consultório dentro da Universidade. Outra vantagem é a diminuição de atendimentos tanto na Universidade como na UBS, deixando o tempo de atendimento clínico para
procedimentos mais complexos como endodontia e
exodontia. Os alunos de graduação ao final do semestre confirmaram a extrema importância deste
tipo de atividade desenvolvida durante a graduação.
O relato dos educadores que atuam nas escolas reflete a importância e a satisfação que a comunidade teve
em receber as ações propostas pelo curso de Odontologia da Uniplac. Com isso pode-se concluir que a
experiência da realização da técnica restauradora
atraumática além de melhor as condições de saúde
bucal das crianças, proporcionou aos acadêmicos
exercitar além da prática clínica situações de cidadania junto a escola e as família das crianças atendidas.
Experiência do curso de
Odontologia da Uniplac nas UBS
Apresentador: Alexandre Sabatini Cavazzola
Autores: Alexandre Sabatini Cavazzola, Claudia de
Abreu Busato, Isabela França de Almeida
Santos Ramos
U
m dos objetivos do curso de odontologia da Uniplac é fazer com que alunos tenham uma visão
integral do processo saúde-doença com ênfase na
atenção básica. Para este objetivo ser atingido é necessário que o aluno vivencie o cotidiano das atividades desenvolvidas dentro do contexto do SUS, especificamente nas Equipes de Saúde bucal (ESB).
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é relatar a
experiência do curso com a inserção do aluno nas
UBS, estagiando junto às equipes de saúde bucal no
contexto Estratégia Saúde da Família. O curso ofere-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
145
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
ce os módulos de estágio curricular obrigatório nas
UBS nos 7º, 8º e 9º semestre, a carga horária total é
de 270 horas sendo 90 em cada semestre. As atividades acontecem através de convênio da Universidade
com a Secretaria Municipal de Saúde do município
de Lages, onde estão inseridos todos os cursos da
área da Saúde. As atividades são orientadas por docentes do curso de odontologia, onde cada professor
é responsável por grupos de até seis acadêmicos. No
início foram disponibilizadas cinco UBS pela Secretaria Municipal de Saúde, sendo que atualmente contamos com 13 grupos atuando em 13 UBS estagiando
nas ESB. Cada grupo freqüenta em um dia específico da semana, um período na UBS durante todo semestre, realizando neste período atendimentos no
consultório sob a supervisão do professor, atividades
de visitas domiciliares e atividades coletivas juntamente com a Equipe de Saúde Bucal. Neste contexto
tivemos muitos pontos positivos e alguns que precisam ser melhorados, destacando como favoráveis, a
possibilidade do acadêmico conhecer o cotidiano de
uma UBS, principalmente das atividades desenvolvidas pelo CD, como o agendamento de pacientes,
tempo de consulta, entender o que é atenção básica,
resolutividade, referência e contra-referência, temas
que são trabalhados teoricamente e que através da
prática tornam-se compreensíveis e reais. Conhecer
a realidade em que vivem as famílias que utilizam o
serviço, e, participar da rotina das escolas e CEIM,
que também são fundamentais neste processo. Dentro do que precisa ser revisto está à questão do planejamento conjunto com as UBS que por razões administrativas deixa pouco tempo para organizar as
atividades que serão desenvolvidas. Ao final de cada
semestre, alunos e professores da mesma fase, das
diferentes unidades se reúnem para debater como
foram as atividades, pontos positivos e as dificuldades
encontradas por cada grupo em cada UBS. Estes últimos três semestres de estágio foram fundamentais
para fortalecer ainda mais a integração Universidade
e serviço público, o trabalhar com pequenos grupos
de alunos favorece a troca de experiências, incrementando as discussões sobre o funcionamento das ESB
valendo-se principalmente das experiências vividas
pelos alunos e docentes na realidade do serviço do
município de Lages.
146
Introdução precoce de alunos
em atividades clínicas – relato de
experiência
Apresentador: Wagner Baseggio
Autores: Wagner Baseggio, Flávia Pardo Salata
Nahsan, Daniela de Cássia Faglioni Boleta
Ceranto, Laerte Luiz Bremm
N
os currículos tradicionais, o ensino das disciplinas denominadas “pré-clínicas” foi tradicionalmente pautado por atividades exclusivamente laboratoriais, em manequins simuladores, para somente
iniciar as atividades clínicas nas disciplinas correspondentes no ano subseqüente. Embora focadas no
preparo cognitivo e desenvolvimento psicomotor do
aluno, preparando-o para os atendimentos com pacientes, tornam-se pouco interessante aos olhos dos
alunos, uma vez que nos manequins são contemplados aspectos puramente técnicos, algumas vezes distantes da realidade clínica apresentada, levando-se
em consideração a riqueza de detalhes do organismo
em plena atividade funcional. Desta maneira, estes
mesmos alunos deparam-se, ao iniciarem os procedimentos clínicos, com um aumento repentino do
nível de dificuldade. Um exemplo na Dentística corresponde ao isolamento absoluto do campo operatório. Embora treinados e executando rapidamente o
procedimento em manequim, os alunos sentem dificuldades nos primeiros isolamentos clínicos, atrasando de forma significativa o início do preparo cavitário. Já na Periodontia, a repetição do procedimento
de raspagem e alisamento radicular torna o processo
enfadonho e pouco produtivo. Tendo observado melhorias no interesse e motivação para o aprendizado
inserindo precocemente o aluno em atividades clínicas, o curso foi gradualmente intercalando estas atividades às laboratoriais. Na Dentística, após ministradas as aulas teóricas referentes ao procedimento
de isolamento e alcançado o desenvolvimento motor
por meio do treinamento em manequim, os alunos
executam-no em clínica entre si. Na Periodontia,
após o ensino do instrumental, instrumentação e
posicionamento para raspagem no manequim, iniciassem as atividades clínicas com conteúdos organizados de forma a atender uma ordem lógica e sequencial com a realização dos Índices de O’Leary e CPI e
periograma entre os alunos, seguido do atendimento
de pacientes para tratamento periodontal básico de
casos leves a moderados, que são epidemiologicamente mais prevalentes. Foi observado que se as pri-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
meiras experiências clínicas são realizadas entre
alunos, os cuidados para com o paciente são maiores,
contemplando, portanto, o item “humanização” das
Diretrizes Curriculares Nacionais, no sentido de ouvir com atenção, comunicar-se bem, não ferir física
ou afetivo-emocionalmente o próximo e de colocarse no lugar do outro. O aprendizado, desta forma,
não necessariamente precisa ser pautado sobre uma
estrutura linear e sequencial do tipo (1) teoria, (2)
laboratório e (3) clínica. A introdução precoce não
supervaloriza a atividade clínica, pois na disciplina
clínica do ano seguinte o aluno é orientado a levar
sempre seus manequins das áreas correspondentes,
de forma que o reforço das técnicas em laboratório
seja realizado sempre que houver necessidade, ou
como atividade supervisionada, na falta do paciente.
Os resultados observados nesta experiência induzem
o aluno à autonomia do saber, uma vez que seus conhecimentos são desafiados frente às dificuldades da
prática clínica, proporcionando reflexões pessoais
sobre suas limitações, a complexidade dos tratamentos clínicos e a necessidade de conhecimento e estudo constantes, traduzindo-se em motivação para a
superação de suas deficiências cognitivas vivenciadas. A introdução precoce do aluno em clínica representa um método de ensino-aprendizagem que leva
o aluno à conscientização da necessidade de estudo
e aprimoramento técnico, face à vivência como operador, conduzindo o laboratório com mais seriedade
e proveito.
Atividades educativas do
Cs Coloninha: um relato de
experiência na perspectiva de
metodologias ativas
Apresentador: Anne da Luz Ribeiro Souza
Autores: Mônica de Souza Netto Mello, Deisi Lúcia
Vieira, Anne da Luz Ribeiro Souza
D
esde o ano de 2009, o Centro de Saúde Coloninha, situado na porção continental do município de Florianópolis/SC, vem tornando-se campo de
estágio do Pró-Saúde dos cursos de Odontologia,
Enfermagem, Medicina e mais recentemente da Psicologia vinculados à Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC). O Pró-Saúde tem como eixo central a integração ensino-serviço e a conseqüente inserção dos estudantes no cenário real de práticasrede SUS. Sua nova proposta político-pedagógica
está centrada nas atividades em grupo e no planeja-
mento conjunto entre professores, estudantes e trabalhadores sob a ótica das metodologias ativas com
ênfase na Estratégia Saúde da Família (ESF). Na ESF,
entendida como um modelo inovador, fundamentado em uma ética social e cultural, os estudantes podem exercitar o ideário da promoção da saúde, especialmente nos grupos educativos do centro de saúde,
na perspectiva da qualidade de vida e empoderamento das comunidades. Os estudantes de Odontologia
são inseridos nos grupos educativos realizados no
próprio centro de saúde, entre eles, grupo de gestantes, grupo de tabagismo, grupo de crianças, Hora de
Comer, grupo de diabéticos; além do conselho local
de saúde, visitas domiciliares, reuniões de equipe e
demais espaços coletivos como creches e escolas da
área. Entende-se que os grupos educativos são campos nos quais os estudantes podem desenvolver parcerias intersetoriais, articulando ações interdisciplinares de assistência, prevenção e promoção da saúde.
Nessa direcionalidade, tanto os grupos de educação
em saúde, quanto o conselho local de saúde da Coloninha são ambos ferramentas importantes para o
desenvolvimento de metodologias ativas onde os estudantes podem trabalhar o incentivo ao autocuidado e o empoderamento das famílias. Entre outros,
são espaços de exercício de práticas democráticas e
participativas, sob a forma de trabalho em equipe,
dirigidas à comunidade na qual o estudante também
passa a assumir a co-responsabilidade com o cuidado
em saúde bucal. Metodologias ativas de ensinoaprendizagem centradas na demanda dos serviços
em saúde apresentam aspectos diversos dos aprendidos somente em sala de aula, o que proporciona um
melhor conhecimento das necessidades das famílias
e usuários, possibilita a atuação junto a outros profissionais e vivência das complexidades nos problemas de saúde. Com base nas novas diretrizes curriculares, a participação do estudante de Odontologia
precisa ser significativa e ativa, deve ser estimulado
a buscar e a produzir novos conhecimentos, num
processo em que professor e preceptor têm papel de
facilitadores. Nesse sentido, espera-se que as metodologias ativas propostas por meio da inserção dos
estudantes do Centro de Saúde da Coloninha em seus
espaços coletivos contribuam como campos na construção de um perfil acadêmico e profissional com
competências, habilidades e conteúdos contemporâneos. Assim como, contribua à formação geral, crítica e humanística do futuro profissional, sob a
perspectiva da multiprofissionalidade, transdisciplinaridade e do conceito de clínica ampliada de saúde.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
147
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Fórum pedagógico – estímulo
ao pensamento reflexivo e a
participação ativa do acadêmico
Apresentador: Cristina Sayuri Nishimura Miura
Autores: Cristina Sayuri Nishimura Miura, Flávia
Pardo Salata Nahsan, Daniela de Cássia
Faglioni Boleta Ceranto, Laerte Luiz
Bremm
A
imaturidade do jovem acadêmico do curso de
odontologia, o baixo grau de responsabilidades,
o desejo de obter informações prontas por parte do
aluno, a falta de hábito de estudar diariamente são
queixas comuns. Associa-se a esta, a falta de interesse
pela politização no que se refere ao conhecimento do
Plano de Desenvolvimento Institucional, Projeto Político Pedagógico do Curso onde estão inseridos e não
raro, desconhecimento da própria matriz curricular
e planos de ensino a que estão vinculados diariamente. Com o objetivo de incentivar os alunos à participação ativa na organização do Curso, de forma a atender
suas expectativas ao mesmo que atendam as Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCNs) vigentes, o colegiado
dos cursos de odontologia da UNIPAR - Umuarama e
Cascavel desenvolveram o Fórum Pedagógico aplicando uma metodologia que leva os alunos a compreender
a organização política do Curso para que possam ser
instrumentalizados a participar ativamente do Projeto
Político Pedagógico do ano subseqüente. A discussão
foi conduzida de forma a compartilhar as responsabilidades do bom andamento do curso. Quando levantada alguma crítica de algum aspecto do curso, outra
pergunta é retornada sobre “o que cada aluno, ou os
alunos poderiam fazer sobre esta questão.” ex: atrasos
do inicio das aulas. Chegar cedo e cobrar do professor.
Notas baixas práticas: relatórios diários do procedimento planejado, material completo, pontualidade,
apresentação antecipada da discussão do caso para o
professor. Não saber por que tiraram a nota prática:
feedbacks do professor tutor por escrito. Falta do paciente e baixa nota pratica de produtividade: atividade
laboratorial em clinica: endodontia, periodontia ou
dentística. As discussões foram realizadas de forma a
conscientizar o aluno quanto a parte que lhe cabe, ou
que pode caber no processo de ensino-aprendizagem,
como uma via de mão dupla. Esta ferramenta permite
o entendimento por parte de todo corpo social que a
Universidade é construída de forma coletiva, que as
críticas sempre são bem vindas desde que todos os
segmentos assumam suas as responsabilidades no pro-
148
cesso e não apenas apontem os fracassos e os insucessos colocando-se sempre como vítimas de cada uma
das situações/problemas. Sempre que cada um dos
segmentos tem a possibilidade de participação ativa
reduzem as chances de erro, pois quem participa das
discussões naturalmente assume responsabilidades
sobre os resultados.
Projeto Saúde Bucal Brasil 2010 –
visão de uma acadêmica
Apresentador: Paulo André de Almeida
Autores: Priscila Máximo Barreto, Paulo André de
Almeida Junior
A
Política Nacional de Saúde Bucal traduz em seus
pressupostos operacionais os princípios do Sistema Único de Saúde. Dentre eles, destaca-se
“a utilização da epidemiologia para o estabelecimento de
prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática”.
Assim, torna-se fundamental a realização de levantamentos epidemiológicos, de base nacional, a fim
de identificar e localizar a ocorrência e prevalência
dos problemas de saúde bucal da população. Os resultados obtidos devem servir de subsídio para o planejamento e a organização das ações a serem desenvolvidas, para melhor enfrentamento dos problemas
detectados. Em 2010 foi realizado, o Projeto Saúde
Bucal Brasil 2010, levantamento epidemiológico em
saúde bucal. Este trabalho teve como objetivo relatar
a percepção de uma aluna do segundo período de
graduação sobre o Projeto SBBrasil 2010, convidada
a participar como estagiária, além de documentar sua
experiência no projeto e captar as opiniões das equipes participantes no componente municipal do Rio
de Janeiro. Assim, houve a possibilidade de conhecer
a proposta e a metodologia do projeto, observar o
processo de calibração das equipes, participar da distribuição do material a ser utilizado no trabalho de
campo, acompanhar e entender a coleta de dados,
perceber o nível de aceitação da população pesquisada, além de auxiliar no processo de consolidação e
tabulação dos dados municipais. Enfim, possibilitar
o entendimento amplo do levantamento epidemiológico, auxiliando o coordenador municipal do Rio de
Janeiro, que também era seu professor de graduação,
tendo em vista a utilização do SUS não apenas como
campo de prática para o ensino e a pesquisa, mas
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
também SUS como um interlocutor das escolas na
formulação e implementação dos projetos pedagógicos de formação profissional. A metodologia utilizada
foi um relato de experiência da participação de uma
acadêmica nas várias etapas do Projeto SBBrasil 2010,
além da realização de entrevistas com as equipes participantes, com perguntas abertas, a fim de captar as
expectativas iniciais, percepções e experiências vivenciadas no processo de trabalho. Como resultados, este
trabalho proporcionou um enriquecimento na formação da acadêmica em múltiplos aspectos, apresentando um conteúdo contemporâneo, desenvolvendo
um perfil profissional com competências e habilidades para atuação no SUS. Outrossim, ocorreu a possibilidade do desenvolvimento de um pensamento
crítico, de uma atuação e interação em equipe, de
tomar decisões e de planejar estrategicamente para
as contínuas mudanças decorrentes do processo de
trabalho. Possibilitou também uma maior compreensão da realidade socioeconômica da população, acrescentando na construção de um profissional com sensibilidade social e com consciência de sua atuação
para impactar positivamente nessa realidade. Quanto
às opiniões das equipes, foi possível perceber a motivação dos profissionais e a compreensão sobre a grandiosidade do projeto, além da percepção sobre as
dificuldades encontradas no campo, principalmente
pela metodologia utilizada na coleta dos dados. O
projeto foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa, sob o número CAAE - 0224.0.314.010-10.
Percepção discente dos estágios
supervisionados na Odontologia UEPB: frutos colhidos
Apresentador: Rilva Suely de Castro Cardoso Lucas
Autores: Rilva Suely de Castro Cardoso Lucas,
Carmen Lucia Soares Gomes de
Medeiros, Denise Nóbrega Diniz, Ana
Flávia Granville-Garcia, Renally Cristine
Cardoso Lucas
Introdução
Os Estágios Supervisionados no currículo do Curso de Odontologia da UEPB são oferecidos em nível
de complexidade crescente, do primeiro ao quinto
ano do curso. Nos três primeiros anos, o aluno é contemplado com conteúdos e práticas comunitárias e no
sistema de saúde do município de Campina Grande,
PB. Os dois últimos anos se organizam no âmbito das
clínicas do departamento de odontologia e culminan
com um estágio multidisciplinar em seis municípios
do estado, que mantém convênio com a UEPB.
Objetivo
Socializar a experiência dos estágios supervisionados dos alunos do curso de Odontologia da UEPB,
nas unidades básicas e de referência da atenção secundária e terciária no município de Campina Grande, bem como os estágios intramuros e em outros
municípios paraibanos.
Metodologia
Após a fundamentação teórica relacionando temas de políticas de saúde, promoção de saúde, atenção primária e atenção básica no Brasil, vigilância à
saúde, políticas de saúde bucal no Brasil, programação, planejamento e avaliação dos serviços de saúde,
os alunos desenvolvem atividades de dispersão para
assimilação do processo de atenção à saúde no município. Em seguida, os alunos têm oportunidade de
realizar estágios de vivência na atenção básica durante um semestre no segundo ano, visitas com acompanhamento docente em unidades do sistema de referência em saúde do município de Campina Grande
como, Centros de saúde, Centros da atenção especializadas em Odontologia (CEOs), Saúde Mental
(CAPS), Pacientes com Necessidades Especiais, (imunossuprimidos, renais crônicos, idosos, crianças) e
atenção a pacientes oncológicos. No último ano além
da clínica intramuros os alunos se deslocam, em equipes multidisciplinares, com colegas de cada um dos
sete cursos da área de saúde, para um dos municípios
conveniados com a UEPB.
Resultados
Após cada experiência, são realizadas socializações das vivências, discussões e observações conjuntas entre docentes e discentes na perspectiva da dinâmica do processo de trabalho das diversas
categorias profissionais, importância do papel social
de cada equipamento de saúde para a população e
contextualização da temática estudada com a realidade observada.
Conclusão
A experiência tem sido avaliada como bastante
positiva causando um impacto relevante no aprendizado dos alunos.
O Pró-Saúde unisc, a formação e
o mundo do trabalho
Apresentador: Magda de Sousa Reis,
Autores: Magda de Souza Reis, Carmen Lucia
Santanna de Piazza, Gladis Grazziotin,
Revista da ABENO • 11(2)89-164
149
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Denise Henriqson, Renita Baldo Moraes,
Beatriz Baldo Marques
O
objetivo deste trabalho é apresentar a inserção
diferenciada dos estágios supervisionados da
UNISC (ESI, ESII, ESIII, ES Odontopediátrico I e II
e ES de Saúde Coletiva em Odontologia) no PRÓSAÚDE. A metodologia de trabalho foi elaborada
após discussão entre as Coordenações do projeto, do
Curso, dos Estágios Supervisionados e dos professores que neles atuam. Definido o formato de trabalho,
o desafio foi aceito por alguns professores. Para contextualizar, explica-se que a denominação PRO-SAÚDE é feita ao anexo à casa de Saúde Ignêz Moraes,
onde através dos editais ao Pró-saúde I e II, reorganizaram-se os serviços de saúde prestados à população de cinco bairros, localizados em Santa Cruz do
Sul, através de duas Estratégias de Saúde da Família,
porém, sem Equipe de Saúde Bucal. Assim, em 2010/2
e 2011/1, iniciaram-se as atividades dos estágios curriculares naquele local, cuja dinâmica foi estabelecida em parceria com os estudantes de cada estágio:
a)grupo de trabalho composto por docente e estudantes permanecendo os mesmos ao longo do
semestre (ESII e ESIII);
b)grupo com revezamento do docente após um número específico de orientações (ES Odontopediátrico I e II);
c)grupo onde o professor orientador manteve-se o
mesmo ao longo do semestre, havendo o rodízio
dos estudantes após três ou quatro semanas (ESI).
Uma grade de horários foi elaborada para utilização do local, com cinco consultórios totalmente
equipados, incluindo central de lavagem e esterilização de instrumentais. Conforme acordado com o
município, coube a este, a contratação ou remanejamento de funcionários para as atividades de auxiliar
de serviços bucais (ASB), secretária para atendimento aos pacientes, auxiliar para limpeza geral, bem
como a presença de agentes de segurança naquele
ambiente. Para realizar o transporte dos estudantes
e professor orientador da UNISC/PRÓ-SAÚDE/
UNISC utilizou-se serviços de condução coletiva,
contratado para esta finalidade. O resultado deste
trabalho vem sendo apontado positivamente em diversas avaliações, com estudantes, professores, coordenadores e membros da comissão gestora local.
Entre os aspectos citados estão:
• vivência interdisciplinar propiciada na formação
do futuro profissional,
• visão ampliada no atendimento do paciente como
150
um todo,
• maior possibilidade de atendimentos vinculados
às reais necessidades da população, se comparados aos atendimentos realizados na UNISC,
• proximidade com a população em seu ambiente
de vida.
Além disso, o ambiente de trabalho é citado como
sendo acolhedor e simulando espaços desejados, a
todos os ambientes de atendimento público. A falta
da Equipe de Saúde Bucal naquela estratégia foi ressaltada como ponto negativo. Sua conquista possibilitará uma experiência ampliada na vivência do diaa-dia de uma verdadeira ESB. O principal desafio a
ser transposto é a necessidade de desenvolvimento
de atividades conjuntas com outros cursos/áreas na
atenção aos pacientes que naquele local são atendidos. Esse envolvimento propiciará uma formação e
capacitação voltada aos desafios atuais do mundo do
trabalho. Além disso, todos, estudantes, professores
e comunidade envolvida no processo, poderão usufruir deste aprendizado interdisciplinar, aplicando-o
ao longo de sua vida.
Prender a aprender utilizando
mapas conceituais
Apresentador: Sofia Takeda Uemura
Autores: Sofia Takeda Uemura, Elza Maria Sá
Ferreira, Giselle Rodrigues Sant’anna
M
apas conceituais são representações gráficas
que indicam relações entre os conceitos ligados
por palavras. São propostos como uma estratégia facilitadora de uma aprendizagem significativa, com
aplicabilidade na área acadêmica e educacional, sendo útil na assimilação e no registro de conhecimentos. O objetivo do trabalho é apresentar uma nova
proposta de aprender, aprendendo através de mapas
conceituais. O estudo foi realizado numa turma de
graduação do 7° semestre do curso de Odontologia
da Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL). Inicialmente foi ministrada uma aula de terapia endodôntica em dentes decíduos. Ao final da aula os alunos foram divididos em 29 duplas e, sem nenhuma
explanação prévia, solicitou-se que utilizassem oito
palavras chaves (cárie, ciclo biológico, traumatismo,
polpa, diagnóstico, sangramento, necropulpectomia
e biopulpectomia) de forma esquemática, apresentando os conceitos abordados na aula. Após devolução e avaliação dos trabalhos foi possível concluir que
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
os mapas conceituais podem ser usados tanto na análise e organização do conteúdo, como no ensino e
avaliação da aprendizagem e que os conceitos advindos da aula teórica tiveram ligação com a aplicabilidade clínica e prática dos mesmos.
Estudo sobre o pet-saúde da
Família no perfil dos alunos dos
cursos de graduação da área da
saúde
Apresentador: Fernanda Baretta
Autores: Baretta F, Weigert K, Arruda BS, Madruga
BP, Dominguez EE, Luz FR, Silva JQA,
Debiasi L, Godoy MC, Rocha MG,
Eberhardt MS, Azevedo RAS, Almeida R,
Moroni TG, Bellini MIB
O
s programas de educação pelo trabalho tem por
princípio a inserção dos alunos dos cursos da
área da saúde na rede de atenção primária e vieram
compor as mudanças curriculares definidas pelo
Conselho Nacional de Educação em 2002. Este movimento intensifica-se com o estímulo dos alunos nas
atividades vinculadas à atenção primária, especialmente nas unidades que trabalham na lógica da Estratégia de Saúde da Família. O Curso de Odontologia, portanto, passa a compreender a necessidade de
apropriar-se de conhecimentos de outras áreas, percebendo que o trabalho interdisciplinar e intersetorial é fundamental para promover saúde nas comunidades nas quais está inserido. Na construção desta
rede de conhecimento e alinhamento dos conceitos,
o grupo multiprofissional do PET-Saúde da Família
tem como objetivo refletir sobre a importância da
incorporação de saberes diferentes de sua área de
atuação formando profissionais capazes de compreender-se como sujeito transdisciplinar. A pesquisa
utilizou uma metodologia descritiva/analítica. A obtenção dos dados foi através de entrevista de grupo
espontânea. A amostra foi composta de 14 alunos de
um grupo multiprofissional do PET-Saúde da Família da Pontifícia Universidade Católica do RS, o qual
é composto pelos cursos de Psicologia, Serviço Social,
Nutrição, Odontologia, Medicina, Farmácia, Enfermagem. Foram realizadas entrevistas abertas com a
pergunta: O que este grupo acrescentou a sua experiência profissional? Todos os bolsistas responderam
à pergunta.
As respostas foram transcritas e foi realizada a
análise de conteúdo a partir de categorias analíticas
e empíricas. Os resultados encontrados na questão
respondida pelos bolsistas foram:
• a percepção da mudança de paradigma,
• a incorporação do conceito de atenção integral
ao paciente e
• a apropriação de novas práticas.
Ao final do estudo pode-se concluir que os grupos
multidisciplinares formados pelos bolsistas do PETSaúde da Família favorecem as mudanças nos conceitos sobre saúde, sobre o paciente e sobre o profissional que atua no setor público, tornando a visão do
aluno mais integral. Além disso, há uma percepção
da co-participação de todas as áreas para do diagnóstico e tratamento dos pacientes, inclusive do próprio
paciente. Também se conclui que os programas financiados pelos Ministérios da Saúde e Educação
fomentam as modificações no perfil dos profissionais
de saúde que atuarão na atenção primária a partir
das novas diretrizes curriculares para a graduação,
especialmente para os cursos que sustentavam suas
práticas na prática de serviços privados, como ocorria
com o Curso de Odontologia. Este trabalho faz parte
de uma pesquisa intitulada Estudo sobre a contribuição dos programas de Ensino em Serviço na inovação/mudança curricular dos cursos de graduação da
área da Saúde e conta com o apoio financeiro através
do PIBIC/CNPq e foi aprovado pelo CEP-PUCRS
através do protocolo número 11/5374.
Reflexão de acadêmicos sobre
prevenção das violências no Rio
de Janeiro
Apresentador: Paulo André de Almeida Junior
Autores: Paulo André de Almeida Junior, Priscila
Máximo Barreto
A
violência é um problema de saúde coletiva, amplo, complexo e com forte impacto na morbimortalidade da população, durante diferentes períodos ou por toda a vida das pessoas. Podem ser
consideradas violências todas as ações realizadas por
indivíduos, grupos, classes, nações que ocasionam
danos físicos, emocionais e espirituais a si próprios e
aos outros. Elas representam a terceira causa de morte na população geral e são as principais responsáveis
pela morte dos brasileiros de um até 39 anos de idade. Diante da gravidade do quadro e de que a violência é um problema previnível e evitável, o Ministério
da Saúde desenvolve uma série de ações que contem-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
151
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
plam a vigilância e a promoção da saúde, a prevenção
de violências e acidentes e a assistência às vítimas
dessas práticas. Além disso, também torna-se relevante a implementação de legislação específica, avaliação das políticas e programas existentes, bem como
a sensibilização dos recursos humanos vinculados ao
tema. A Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências e a Política Nacional de Promoção da Saúde são dois importantes
marcos referenciais sobre o tema no país. A primeira
apresenta como diretrizes a promoção de comportamentos e de ambientes seguros e saudáveis, a vigilância e o monitoramento de violências e acidentes, a
atenção integral às vítimas de violências e acidentes,
o apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas e
a capacitação de recursos humanos. Quanto à violência, a Política Nacional de Promoção da Saúde objetiva estimular a adoção de modos de viver não-violentos e o desenvolvimento de uma cultura de paz no
país. Dentro desse contexto, o Programa de Saúde e
Cidadania Dentescola, da Prefeitura do Rio de Janeiro, trabalha o tema com os acadêmicos bolsistas,
como forma de estimular a reflexão. O município
possui um Núcleo sobre o assunto, com o desafio de
reduzir a morbi-mortalidade por violências, ampliar
a rede de proteção às populações vulneráveis e promover relações solidárias e atitudes cidadãs.
Objetivo
Relatar a importância da participação de futuros
profissionais nos debates sobre o tema, percebendo
a realidade, a fim de intervir positivamente na situação dentro do cotidiano escolar municipal.
Método
Participação efetiva de acadêmicos bolsistas e de
um assessor da coordenação municipal de saúde bucal articulando e apoiando as propostas e ações do
núcleo, além de trabalhar na sensibilização da comunidade sobre o tema.
Resultados
Participação de profissionais de saúde bucal em
seminários municipais sobre o tema; reuniões locais
com assessores de saúde bucal das áreas programáticas do município, treinamento sobre a ficha SINAN
NET, para notificação e o adequado registro dos casos de violência.
Conclusão
O acadêmico bolsista percebe seu papel como
figura importante na detecção de casos de violência,
pelo contato direto com a com a comunidade escolar.
Ele começa a ser instrumentalizado para uma atua-
152
ção mais efetiva na percepção, detecção e entendimento sobre a necessidade de uma rede de proteção
às vítimas de violências, comungando com as propostas e o trabalho do Núcleo de Promoção da Solidariedade e Prevenção da Violência no Município do
Rio de Janeiro.
Desenvolvimento de um espaço
específico para realização
de atividades educativas
e preventivas – relato de
experiência
Apresentador: Flávia Emi Razera Baldasso
Autores: Baldasso FER, Baretta F, Moroni TG,
Weigert KL, Ely HC, Retore L, Souza SLC
P
ara a otimização da saúde integral da criança e
do adolescente, percebe-se a necessidade de um
esforço articulado de diferentes setores e serviços da
comunidade, entre eles o setor da saúde e da educação. Objetivou-se desenvolver e potencializar ações
educativas e preventivas, junto ao espaço escolar, bem
como orientar quanto ao acesso para atendimento na
unidade de saúde. Os bolsistas do grupo PET-Saúde
da Família do Curso de Odontologia da Pontifícia
Universidade Católica do RS, juntamente com os profissionais da Unidade Básica de Saúde Bom Jesus,
refletiram sobre a necessidade de um espaço específico para a realização dessas atividades. Idealizou-se,
então, a elaboração de uma sala com diversos temas
(saúde bucal, higiene corporal, meio ambiente, alimentação), onde os alunos pudessem ser motivados a
mudar seus hábitos e terem melhorias na sua qualidade de vida através da informação e conscientização.
Destaca-se a característica de multidisciplinaridade e
de intersetorialidade obtida na sala. A metodologia
do projeto consistiu na utilização de uma sala da Escola Estadual de Ensino Fundamental Antão de Faria
do município de Porto Alegre cedida pela direção.
Três bolsistas foram responsáveis pelo planejamento
e organização, incluindo atividades como pintura da
sala, confecção de banners e confecção de ferramentas lúdicas. Além disso, realizaram-se atividades educativas e preventivas sobre saúde bucal. Trabalhou-se
com 98 alunos de 6 a 10 anos de idade, através de
cartazes interativos e atividades lúdicas, e também foi
realizada escovação supervisionada com o intuito de
que os alunos colocassem em prática as informações
teóricas que foram passadas. A avaliação da efetividade do trabalho foi através de figuras, nas quais as
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
crianças selecionavam as que julgassem aspectos positivos e negativos relacionados à saúde bucal. É importante ressaltar que a criação de um ambiente específico para as atividades motivou de forma
considerável os alunos. Além disso, o vínculo, a participação e o entusiasmo dos jovens nas atividades
permitiram o êxito do trabalho. Através do método
de avaliação utilizado, observou-se que todas as crianças foram capazes de compreender a informação recebida. A satisfação expressa nos depoimentos espontâneos confirmou a impressão positiva dos bolsistas.
Conclui-se que atividades educativas e preventivas,
num ambiente próprio, estimulam de maneira significativa o aprendizado, podendo motivar ainda mais
a incorporação de hábitos saudáveis no cotidiano.
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da PUCRS.
linhas de trabalho do PET-Saúde em Campina Grande - PB se direciona à Promoção da Saúde na atenção
básica. Foi realizado o mapeamento do território
identificando seus recursos, equipamentos sociais e
população adscrita, com uma importante colaboração dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). A
comunidade foi convidada a participar de uma roda
de conversa onde seriam discutidos os principais problemas que a afligia, visando à determinação dos
temas a serem trabalhados pelas equipes formadas
por discentes e docentes dos cursos de saúde da
UFCG e UEPB e preceptores da SMS. Assim se formaram seis grupo de atuação, liderados pro preceptores dos serviço e técnicos da Secretaria Municipal
de Saúde, tutores das Universidades envolvidas e alunos dos diversos cursos da saúde das duas universidades.
Resultados
Experiência interdisciplinar do
PET – Promoção de Saúde: relato
de vivência
Apresentador: Renally Cristine Cardoso Lucas
Autores: Renally Cristine Cardoso Lucas, Yêska
Paola Costa Aguiar, Anne Gomes
Carneiro, Severina Silvana Soares, Rilva
Suely de Castro Cardoso Lucas
Introdução
A interdiscilinaridade é uma demanda das diretrizes curriculares dos cursos superiores na área da
saúde. Neste sentido, o PET-Saúde (Programa de
Educação pelo Trabalho para Saúde) vem se aderir
nesta proposta, na integração do ensino superior/
serviço de saúde na reconstrução de práticas interdisciplinares junto às Equipes de Saúde da Família,
possibilitando novas perspectivas de crescimento
acadêmico através de experiências concretas dos discentes com as equipes de saúde da atenção básica,
consolidando a nobre missão da universidade de fortalecimento do tripé ensino-pesquisa-extensão.
Objetivo
Relatar a experiência de um grupo PET Promoção de Saúde em um bairro do Município de campina Grande - PB.
Metodologia
No município de Campina Grande, a adesão ao
PET se consolidou inicialmente com uma parceria
entre as Universidades Federal de Campina Grande
(UFCG), Estadual da Paraíba (UEPB) e Secretaria
Municipal de Saúde (SMS). Na proposta, uma das
Vários projetos de pesquisa e extensão foram desenvolvidos pelos grupos, nas áreas de escolas promotoras de saúde, alimentação saudável, atividade
física, saúde do idoso, puericultura e sexualidade na
adolescente, na Unidade de saúde, escolas da área de
abrangência da USF, em equipamentos sociais existentes na comunidade.
Conclusão
A percepção da integração ocorrida entre a comunidade, profissionais do serviço de saúde e acadêmicos
envolvidos no Grupo PET, tem sido extremamente estimulante do ponto de vista da construção, atuação e
enfrentamento dos nós críticos que têm surgido no
desenvolvimento do projeto. A oportunidade de reflexão, busca de novos conhecimentos e desafios, tem sido
muito gratificante para todos. Desta forma o grupo
acredita que trabalhar na perspectiva da promoção de
saúde proporcionará ganhos inestimáveis, tanto para
os atores singulares, como os plurais, envolvidos no
processo
Práticas integrativas e
complementares na odontologia:
os agentes universitários sabem
que elas existem?
Apresentador: Cruz, RA
Autores: Cruz RA, Reck MK, Erthal G, Alencastro
CS, Mahl CRW
A
s Práticas Integrativas Complementares são um
conjunto de áreas de atuação que visam o tratamento do ser humano como um todo. Em 2008, o
Revista da ABENO • 11(2)89-164
153
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Conselho Federal de Odontologia publica a Resolução CFO-82/2008, regulamentando o uso pelo Cirurgião-dentista destas Práticas. Embora reconhecidas, são pouco ensinadas nas universidades. Esta
pesquisa objetivou verificar o conhecimento e expectativa dos alunos de graduação do Curso de Odontologia da ULBRA/Canoas em relação a estas práticas.
Os dados foram coletados no mês de junho de 2011
através de um questionário, voluntário, aplicado no
início das aulas para todos os alunos do curso. Os
participantes foram esclarecidos sobre os objetivos e
a metodologia, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O questionário continha 11
perguntas. A amostra foi composta por 203 indivíduos, que retornaram o questionário em um universo
de 435 alunos. A média de idade foi 23,2 anos com
uma variação (desvio-padrão) de 5,1 anos. 25,6% dos
alunos eram do sexo masculino e 73,4% do feminino.
O número de alunos por semestre variou de 13 no
oitavo semestre (6.4%) a 31 (15,3%) no primeiro semestre.
Os dados foram analisados estatisticamente e os
resultados mostraram que:
• 39,4% dos alunos sabiam o que significavam as
Práticas Integrativas e Complementares à Saúde
Bucal, enquanto a grande maioria (60,6%) não
sabiam ou não tinham certeza.
• A maioria dos alunos conhecia pouco ou nada de
cada uma das Práticas reconhecidas:
––acupuntura (60,6%),
––Fitoterapia (62,1%),
––Hipnose (80,8%),
––Homeopatia (52,7%),
––Terapia Floral (57,1%) e a
154
––laserterapia (67,5%).
• Os valores percentuais menores eram relativos a
mediano ou muito conhecimento.
• A acupuntura foi a área que mais acreditaram ser
reconhecida pelo CFO (50,7%) e 30,5% acreditavam que nenhuma das Práticas fora reconhecida
pela entidade.
• As áreas reconhecidas como úteis e aplicáveis na
odontologia foram a acupuntura (58,1%), seguida da laserterapia (47,3%).
• As áreas que foram mais consideradas com fundamentação científica foram acupuntura (64,0%),
seguida pela laserterapia (53,2%).
• 70,0% acreditam que alguma das práticas deveria
ser inserida na grade curricular, com 66,9% sugerindo a acupuntura, seguida da laserterapia
com 51,4%.
• 77,5% respondeu que deveria ser como disciplina
opcial.
• A acupuntura (72,6%) e a laser terapia (58,0) foram as mais sugeridas para os Projetos de Extensão (77,3%, concordaram a inserção), sendo como
aperfeiçoamento ou especialização, 85,4% para a
acupuntura e 65% para a laserterapia.
• O conhecimento em relação às Práticas foi crescendo à medida que os alunos iam evoluindo no
curso.
Com esta pesquisa foi possível concluir que os
alunos da graduação ainda desconhecem as Práticas
Integrativas e Complementares, mas acreditam serem úteis e aplicáveis na odontologia, devendo ser
inseridas tanto na graduação como nos cursos de
extensão, em especial a acupuntura e a laserterapia.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Resumos
Levantamento de necessidades
em saúde bucal dos alunos
da Escola Estadual Bolivar de
Freitas, Belo Horizonte - MG
Apresentador: Esdras Guedes Fonseca
Autores: Esdras Guedes Fonseca, Lorena Olegário
Leite, Pollyana Mendes Lacerda, Viviane
Rodrigues Morinelli, Cleide Zille
Pereira, Andrea Clemente Palmier, Mara
Vasconcelos
Introdução
Atualmente, é fundamental reconhecer a importância do processo de formação dos profissionais da
área de saúde; sob a ótica de um ensino que englobe
modelos de atenção, que trabalhem a educação em
saúde que tenha como foco ampliar a autonomia e a
capacidade de intervenção das pessoas sobre suas
próprias vidas, com a experimentação de alteridade
com os usuários, produção de habilidades científicas,
como também técnicas e, por fim, propiciar o adequado conhecimento do Sistema Único de Saúde
(SUS). Sendo assim, processos de reforma do Estado
e o desenvolvimento de ações para continuar os avanços do movimento pela Reforma Sanitária, bem como
para a concretização do SUS são fundamentais (Ceccim e Feurwerker., 2004). Por isso, deve-se ressaltar
a importância da dinâmica interação entre as instituições educadoras e os serviços de saúde, destacando que cabe ao SUS e às entidades formadoras; colet a r, si stemat i z a r, a na l i s a r e i nter pret a r
permanentemente informações da realidade, para
problematizar o trabalho e, consequentemente, construir significados e práticas com orientação social,
que resultem da participação ativa dos gestores setoriais, formadores, usuários e estudantes (Ferreira et
al., 2010). Entretanto, para associar instituições formadoras e o serviço de saúde é necessário inovar a
prática educacional, para que esta se torne caracterizada pelo enriquecimento de ambientes de aprendizagem e valorize ainda mais a integração e a diversidade de saberes (Nevado., 2001).
Pensando na estratégia da parceria ensino-serviço os Ministérios da Educação e da Saúde instituíram,
em 2008, o Programa de Educação pelo Trabalho em
Saúde (PET-Saúde). Este visa fomentar grupos de
aprendizagem tutorial na Estratégia de Saúde da Família e construir um espaço social unificado que
expresse o atendimento de futuros profissionais para
atuar no SUS. São objetivos específicos do PET-Saúde
- UFMG-SMSA/PBH:
• estimular a iniciação à prática profissional dos estudantes desde os primeiros períodos dos cursos
de graduação na Área da Saúde da UFMG;
• induzir a inserção na Atenção Básica de cursos/
departamentos da UFMG que ainda não utilizam
este cenário de ensino-aprendizagem na graduação;
• fortalecer as práticas de integração ensino-serviço
dos cursos da Área da Saúde que já apresentam
inserção na Atenção Primária do município;
• induzir o trabalho multiprofissional e interdisciplinar;
• estimular o desenvolvimento de ações de promoção da saúde e prevenção de agravos no âmbito
da Atenção Primária à Saúde;
• contribuir com os processos de desenvolvimento
curricular em andamento nos cursos da Área da
Saúde da UFMG;
• estimular a produção acadêmica voltada para as
necessidades do SUS;
• estimular a formação profissional em serviço, visando o fortalecimento da Atenção Primária à
Saúde do município;
• propiciar a aproximação dos cursos de graduação
na Área da Saúde e da Residência em Medicina
de Família e Comunidade;
• além de instituir, desenvolver e manter o Núcleo
de Excelência em Pesquisa Aplicada na Atenção
Básica da UFMG (Portaria Interministerial nº
1802, de 26 de agosto de 2008).
Desta forma, seguindo os princípios que norteiam o PET-Saúde, a Faculdade de Odontologia
UFMG, através da equipe PET-Saúde 2010 e com o
apoio dos profissionais da rede pública de saúde (dentistas e auxiliares de saúde bucal), realizou o presente estudo, entre os dias 30 de agosto a 02 de setembro
de 2010, na Escola Estadual Bolivar de Freitas, única
escola de ensino fundamental que não está incluída
no Programa de Saúde Regional e que se encontra
localizada na área de abrangência do Centro de Saúde Jardim Guanabara, Belo Horizonte, Minas Gerais.
Objetivos
Os objetivos principais, que nortearam este projeto, foram identificar as necessidades bucais dos
Revista da ABENO • 11(2)89-164
155
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
alunos, do Ensino Fundamental ao Médio; no contexto em que estão inseridos, além de orientá-los por
meio do processo de promoção de saúde e, consequentemente, propiciar a aproximação do curso de
graduação com a comunidade, a partir da integração
ensino-serviço.
Materiais e Métodos
Os métodos e estratégias utilizadas incluíram
conversa educativa, inquérito de necessidade em saúde bucal em todos os alunos matriculados, totalizando 803 estudantes, que aceitaram ser examinados;
distribuição de kits, contendo escovas e cremes dentais, escovação supervisionada, aplicação tópica de
flúor e encaminhamento dos alunos com necessidade para a realização de tratamento odontológico no
Centro de Saúde de sua área de abrangência. Entretanto, deve-se salientar que estas ações são caracterizadas como atividades de rotina do Centro de Saúde
Jardim Guanabara, já que o Protocolo para Atenção
Primária em Saúde Bucal preconiza a identificação
e visitas às instituições presentes na área de abrangência, com o objetivo de estabelecer compromissos
para a realização das ações de promoção e cuidado
em saúde bucal.
É importante compreender que a determinação
profissional da necessidade de saúde bucal é denominada necessidade normativa ou prescritiva, sendo
expressa como:
• procedimentos que uma população necessita;
• tempo de tratamento total a ser gasto pelos profissionais;
• número de profissionais necessários para oferecer
cuidados odontológicos em um determinado período; e
• custo total dos cuidados considerados necessários.
Desta forma, o levantamento das necessidades
individuais e coletivas orienta a coleta de dados para
a posterior análise e tomada de decisões no planejamento da assistência individual. Sendo assim, este
processo constitui um importante instrumento de
vigilância epidemiológica e deve ser utilizado com a
finalidade de planejamento das ações em odontologia, mediando o agendamento para o atendimento
individual (Emo., 2005). Os inquéritos podem ser
realizados no próprio serviço, em escolas ou creches,
nos domicílios dos usuários, dentre outros. Além do
mais, nos inquéritos são produzidos dados considerados necessários para se saber o tipo de serviço a ser
disponibilizado.
O levantamento de necessidades, realizado na
156
Escola Estadual Bolivar de Freitas, utilizou-se da codificação vigente (SMSA BH/GEAS/Coordenação
de Saúde Bucal) e buscou identificar o estado de
saúde bucal dos indivíduos, servindo como meio de
diagnosticar a polarização da doença. Desta forma,
para a realização desta atividade os alunos foram
chamados isoladamente, examinados e codificados
segundo os critérios preconizados na PBH. Os alunos
diagnosticados com lesões cariosas receberam uma
carta, para informação dos pais, relatando-os sobre
a constatação de cárie e orientando-os para que procure o seu Centro de Saúde de referência, devido à
necessidade da realização de tratamento odontológico.
Resultados
Os resultados das avaliações foram bastante positivos, 604 alunos (75,2%), não apresentaram cárie
dentária, apesar da constatação de diferenças significativas no estado de saúde bucal entre os alunos que
estudam no turno da manhã e a tarde. As educadoras
demonstraram consciência, empenho e boa vontade
em relação à implementação das práticas de higiene
bucal na rotina dos alunos.
Conclusão
Portanto, concluiu-se que este trabalho deve ser
continuado, através da interação Escola-Centro de
Saúde-Universidade, já que foi possível observar o
sucesso desta parceria que além de estimular a iniciação à prática profissional dos estudantes, os induz
no cumprimento de uma formação acadêmica científica, ética e humanística.
Descritores
Levantamento de necessidades bucais Educação
em saúde. Promoção de saúde.
Referências
1. Ceccim RB, Feurwerker LCM. O quadrilátero da formação
para a área da saúde: ensino, gestão, atenção e controle social.
Physis, vol. 14, n. 1. 2004.
2. Ferreira MLSM, Cotta RMM, Lugarinho R, Oliveira MS. Construção de espaço social unificado para formação de profissionais da saúde no contexto do Sistema Único de Saúde.
Revista Brasileira de Educação Médica, vol. 34, n. 2. 2010.
3. Nevado RA. Espaços Interativos de Construção de Possíveis:
uma nova modalidade de formação de professores. Porto
Alegre; Doutorado [Tese] — Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. 2001.
4. Ministério da Saúde. Resolução CNS nº 287 de 08 de outubro
de 1998. Dispõe sobre as categorias profissionais de saúde de
nível superior. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 7 maio 1999. (Portaria Interministerial nº
1802, de 26 de agosto de 2008).
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
5. Emo S. O inquérito de necessidades em saúde bucal. In: Guia
Curricular do curso de Técnico em Higiene Dental. Belo Horizonte: Escola de Saúde Pública de Minas Gerais, p. 65-67. 2005.
Saúde e qualidade de vida do
cirurgião dentista
Apresentador: Tânia Adas Saliba Rovida
Autores: Tânia Adas Saliba Rovida, Suzely Adas
Saliba Moimaz, Cléa Adas Saliba Garbin,
Rosana Leal do Prado, Nemre Adas Saliba
Objetivo
Verificar a qualidade de vida dos cirurgiões-dentistas, queixas de saúde, prática de atividade física e
satisfação em relação à profissão.
Metodologia
A população alvo deste estudo foi composta por
profissionais formados em uma instituição de Ensino
Superior Pública paulista entre os anos de 2000 a
2010. Aos sujeitos da pesquisa foi enviado um questionário, testado em estudo anterior, contendo questões abertas e fechadas. O envio deu-se via correio e/
ou email para todos os egressos no período do estudo e seus endereços residenciais e eletrônicos foram
obtidos junto a Divisão Técnica Acadêmica. Os dados
coletados foram processados com o uso do aplicativo
EPI INFO 3.5.2.
Resultados
Regressaram 189 questionários dos 1046 enviados,
onde 65,6% dos respondentes declararam-se do gênero feminino e 28% masculino, sendo que a média de
idade foi de 29,1 anos. Declararam remuneração entre
1000 e 2000 reais 34,1%, 2001 e 4000 34,1% e 4001 e
6000 reais, 15,9%. Quanto ao número de horas semanais despendidas com o exercício da odontologia a
média foi de 35,25 horas, havendo profissionais que
relataram trabalhar 75 horas semanais. Do total de
respondentes, 42,3% afirmaram não trabalhar com a
ajuda de pessoal auxiliar. Em relação ao uso de equipamentos de proteção individual, 97,2% relataram não
utilizar protetor auricular e 17,7% não utilizavam óculos. Quanto a queixas de saúde relacionadas à profissão, 64,5% pessoas relataram alguma, sendo a mais
freqüente, dor nas costas (33,6%) seguida por sua combinação com dor muscular (27%) e também combinada com LER/DORT (5,7%). Apresentaram queixas de
dois ou mais sintomas/patologias simultâneos, 53,8%
dos respondentes. Quando questionados em relação a
manifestações dolorosas nos últimos doze meses, as
regiões do corpo mais mencionadas foram coluna lombar (54%), pescoço (51,3%) e ombros (42,3%). Do total
de participantes da pesquisa, 60,3% relataram apresentar estresse, apontando como maior motivo, excesso de atividades e como principais sintomas, irritabilidade excessiva (37%) e cansaço constante (28,6%). Em
relação a satisfação quanto a remuneração alcançada,
54,3% disseram-se pouco satisfeitos, bem como em
relação a jornada de trabalho, onde 46,7% declaram-se
da mesma maneira. Já em relação ao seu desempenho
profissional no cotidiano, 75,7% dos respondentes,
disseram-se muito satisfeitos. Pretendem retirar-se parcialmente da profissão, 37,1%. Praticavam alguma atividade física, 60% dos participantes.
Conclusão
Os cirurgiões dentistas apresentaram queixas em
relação ao estresse e problemas de saúde, mesmo
entre os que praticam alguma atividade física. Demonstraram pouca satisfação com a remuneração
alcançada e jornada de trabalho, fato inverso ao que
ocorreu em relação ao desempenho profissional. Comitê de ética: 2007-02463.
Projeto de Extensão Criança
Sorridente: atividades realizadas
Apresentador: Soraya Mameluque
Autores: Soraya Mameluque, Gislaine Conceição
Teixeira Pereira Maia, Tânia Coelho Rocha
Caldeira, Cássia Pérola dos Anjos Braga
Pires, Renata Francine Rodrigues Oliveira,
Jairo Evangelista Nascimento,
A
prevenção da cárie dentária é de suma importância na Odontologia, considerando a manutenção da saúde bucal e não apenas o tratamento de
sinais e sintomas. A terapia restauradora menos invasiva da atualidade, sustentada por base científica é o
Tratamento Restaurador Atraumático (ART), desenvolvido em meados dos anos 80, dentro de um programa de atenção à saúde bucal. É uma técnica odontológica de mínima intervenção que faz parte de uma
estratégia de promoção de saúde pela adoção de medidas contextualizadas para controlar os fatores de
risco relacionados a doença cárie, sendo reconhecida
e recomendada pela Organização Mundial de Saúde.
Consiste na remoção da lesão cariosa com instrumentos manuais e preenchimento da cavidade com cimento de ionômero de vidro. Apresenta como vantagens:
• simplicidade,
• rapidez,
• tecnologia simplificada e
Revista da ABENO • 11(2)89-164
157
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
• mínima intervenção.
O Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, em parceria com
a Prefeitura Municipal de Montes Claros - MG, oferece o ART aos escolares da rede pública através do
Projeto de Extensão “Criança Sorridente”. O objetivo
deste trabalho é apresentar as atividades realizadas
desde o início do projeto em novembro de 2005 até
abril de 2010. Através da avaliação dos dados registrados nas fichas de produtividade do projeto, neste
período foram realizadas 30 palestras de orientação
para pais, professores e escolares, 15 apresentações
de teatros, 2.500 escovações supervisionadas e 438
restaurações com cimento de ionômero de vidro
(ART), beneficiando um público de aproximadamente 4000 pessoas. Estas ações são realizadas por
acadêmicos do 7º ao 9º período sob supervisão dos
professores responsáveis pelo projeto. Os casos que
requerem o uso de equipamentos odontológicos são
encaminhados para as clínicas de atendimento infantil da Unimontes. Os resultados obtidos têm mostrado que a técnica representa uma abordagem viável
e biológica podendo ser utilizada na manutenção da
saúde bucal bem como no resgate da mesma em comunidades que estão à margem do tratamento odontológico convencional.
CEO de pacientes especiais da
Faculdade asces - Caruaru/
pe. Importância da assistência
humanizada
Apresentador: Rossana Barbosa Leal
Autores: Rossana Barbosa Leal, Valdenice
Aparecida de Menezes, Renata Lúcia Cruz
Cabral, Leógenes Maia Santiago, Angélica
Leite, Petrônio Martelli
A
assistência humanizada na saúde é o atendimento ético do profissional científicamente preparado e comprometido com o ser humano no contexto
psicossocial. O objetivo deste trabalho está baseado
na apresentação do CEO de Pacientes Especiais da
Faculdade ASCES no que se refere a importância do
atendimento comprometido com a asssistência humanizada. Os CEOs desta Instituição são considerados “escola”, funcionam como serviço público a população do município e de todo agreste, o de
Pacientes Especiais funciona nas quartas e quintasfeiras pela manhã, em média com 18 atendimentos
158
diários, com toda infraestrutura de alta complexidade. O paciente é chamado pelo nome na sala de espera, pela dupla de aluno que fará o atendimento
(supervisionado pelo preceptor-professor da Faculdade). O paciente deve estar acompanhado. O atendimento é iniciado com a apresentação da dupla
atendente e do professor ao paciente e seus responsáveis, momento em que é perguntado o nome que
o paciente atende melhor; é explicada a política de
atendimento na clínica, pergunta-se se ficaram dúvidas e que podem ser tiradas a medida que se processa esse primeiro momento, que não é obrigatório o
paciente estar posicionado na cadeira odontológica;
a ficha começa a ser preenchida com dados pregressos e atuais; é verificada a pressão arterial e realizado
o exame clínico com preenchimento do odontograma, e passado o diagnóstico e tipo de tratamento a
ser realizado, com uma média de visitas, e pedido de
exames de saúde geral. Em seguida são passadas informações humanizadas aos acompanhantes sobre “o
ser especial”, maneira de tratamento domiciliar no
contexto psicológico, de higiene e social. Os resultados são positivos, o paciente e responsável demonstram satisfação pelo atendimento e o retorno é certeza, com o paciente cada vez mais condicionado e
todos os envolvidos a cada dia comprometida com o
restabelecimento bucal e geral do paciente. A conclusão é a de que, com uma assistência odontológica
informada e humanizada é possível tornar famíliaprofissional-paciente-serviço envolvidos com o ser
humano e com um tratamento eficiente.
Instituições de longa
permanência para idosos:
experiência da FOV/CESVA/FAA
Apresentador: Antônio Sérgio Netto Valladão
Autores: Valladão ASN, Condé SAP, Pecoraro PVBF,
Pinheiro AHN
O
aumento da expectativa de vida nos países em
desenvolvimento tem provocado preocupação
com a qualidade de vida e o bem-estar desses indivíduos. O Brasil tem sofrido o fenômeno de envelhecimento populacional e estima-se que 18 milhões de
pessoas terão 65 anos ou mais no ano de 2020, cerca
de 9% da população brasileira. Essa realidade leva a
um aumento de doenças crônico-degenerativas em
detrimento das infecto-contagiosas, resultando no
crescimento da demanda dessa população por serviços de saúde. Dentre os quais, a saúde bucal merece
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
atenção especial pelo fato de que, historicamente, os
serviços odontológicos não possuem prioridade de
atenção a este grupo populacional, com altos níveis
de edentulismo e elevada prevalência de cárie e de
doenças periodontais. Muitos problemas odontológicos encontrados no idoso são, na realidade, complicações de processos patológicos acumulados durante
toda a vida do indivíduo, devido à higiene bucal deficiente, iatrogenia, falta de orientação e de interesse
em saúde bucal e ao não-acesso aos serviços de assistência odontológica. As instituições de longa permanência para idosos (ILPI) são estabelecimentos voltados para o atendimento integral institucional e vem
crescendo de forma significativa nos últimos tempos.
Daí a necessidade de se oferecer um atendimento
multidisciplinar, envolvendo inclusive a odontologia.
A Faculdade de Odontologia de Valença/RJ oferece
em sua grade curricular a disciplina teórico/prática
de Odontogeriatria aos acadêmicos de 7º e 8º períodos, que se estende em atividades extra-muro em casas de repouso geriátrico. O objetivo desse trabalho
é demonstrar essa atuação que tem como prioridades
oportunizar a atuação de acadêmicos junto à comunidade; capacitá-los no planejamento de atividades
de educação em saúde com base em modelos teóricos;
criar uma visão mais humanitária da relação paciente/profissional e avaliar o estado de saúde bucal dos
indivíduos institucionalizados, abordando aspectos
de promoção de saúde, prevenção e reabilitação, contribuindo com a redução de comprometimentos bucais nessa população.
Perfil do cirurgião-dentista ideal
na visão do cirurgião-dentista
Apresentador: Luciane Campos
Autores: Luciane Campos, Giara Honorata
Busarello, Ângelo Nicássio Simon Júnior,
Elisabete Rabaldo Bottan
A
tualmente, a reflexão sobre os rumos da educação superior, especialmente quanto à formação de profissionais em saúde, tem ocupado
lugar importante na agenda estatal. A criação de
mecanismos regulatórios e avaliativos das instituições de ensino superior (IES) e a definição de Diretrizes Curriculares para os cursos da saúde, somadas às múltiplas iniciativas de indução de
mudança propostas pelo Ministério da Saúde, algumas em parceria com o Ministério da Educação,
têm significado a introdução de novas questões e
desafios para os centros formadores no Brasil. As
reflexões sobre o perfil profissional dos recursos
humanos para os diferentes campos da saúde, decorrentes da implantação do Sistema Único de
Saúde (SUS), vêm exercendo influência na orientação dos currículos dos cursos de graduação. Assim, optou-se por desenvolver esta pesquisa com o
objetivo de conhecer como cirurgiões-dentistas em
atuação em Itajaí e Balneário Camboriú (Santa
Catarina) descrevem um dentista ideal. Esta pesquisa se caracterizou como um estudo descritivo
com abordagem qualitativa. A população-alvo foi
composta por 142 cirurgiões-dentistas (CDs) inscritos nas regionais da Associação Brasileira de
Odontologia (ABO) de Itajaí e de Balneário Camboriú (Santa Catarina). A amostra foi do tipo não
probabilística, por conveniência, composta por 88
CDs que consentiram em participar do estudo, o
que representou 61,9% da população alvo. O instrumento de coleta de dados foi uma entrevista
semi estruturada com a seguinte questão indutora:
No seu entender, quais são as características de um
dentista ideal?. A análise dos dados foi feita a partir do Teste de Associação Livre de Palavras. A pesquisa foi submetida ao comitê de ética em pesquisa da Universidade do Vale do Itajaí, tendo sido
aprovada pelo parecer número 88/10. Para os participantes, os principais atributos de um cirurgiãodentista ideal estão vinculados à formação profissional (41,5%), habilidades sociais e interpessoais
(29,9%), ética (28,5%) e visão integral do paciente (5,8%). Tendo em vista os resultados obtidos,
conclui-se que para o grupo de CDs participantes,
a concepção do dentista ideal ainda está vinculada
a formação profissional. Contudo características
vinculadas às habilidades sociais e interpessoais
juntamente com os aspectos referentes à ética e à
visão integral do paciente foram vastamente citadas. Este dado revela que apesar da formação profissional ainda ser muito valorizada a dimensão
humanística também é enfatizada o que está em
consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais.
Fonte Financiadora
Programa de bolsas de iniciação científica/Próreitoria de pesquisa, pós-graduação, extensão e cultura da Universidade do Vale do Itajaí.
Descritores
Condutas na prática dos dentistas. Relações dentista-paciente. Recursos humanos em odontologia.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
159
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Perfil do estudante do Curso
Noturno de Odontologia da FOUFRGS
perfil do estudante do curso noturno de odontologia,
bem como da implementação do curso como um
todo.
Apresentador: Juliana Maciel de Souza
Autores: Juliana Maciel de Souza, Ramona
Fernanda Ceriotti Toassi, Lilian Bottaro
Purper, Evanise Berggrav
Perfil profissional. Estudante de odontologia. Ensino odontológico. Educação superior em odontologia.
A
presente pesquisa teve como objetivo estudar o
perfil dos estudantes que ingressaram nas duas
primeiras turmas do curso noturno da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (FO/UFRGS). Sendo esta uma proposta diferenciada da modalidade do curso diurno, com currículo e projeto pedagógico próprios, e projetado para
pessoas que exercem suas atividades profissionais durante o dia, surgiu a necessidade de realização desse
estudo. A intenção foi conhecer este grupo de estudantes, além de poder servir como base para o desenvolvimento de ações voltadas para o planejamento e
organização do curso. Foram incluídos no estudo os
estudantes que se matricularam no primeiro semestre
do curso noturno de Odontologia em 2010 e 2011. A
coleta de dados aconteceu por meio da aplicação de
um questionário semi-estruturado, dividido em dois
blocos:
• o primeiro com questões referentes à caracterização do estudante e
• o segundo voltado ao seu ingresso na faculdade e
às expectativas do estudante em relação ao curso
de noturno de Odontologia.
Os dados foram digitados e analisados no programa SPSS. Os resultados mostraram que a maioria dos
estudantes são mulheres (69,7%), jovens (idade média entre 23 e 24 anos), residem em Porto Alegre
(51,8%) com os pais (62,5%) e estão no primeiro curso de graduação (56,6%). Sobre a inserção no mercado de trabalho, mais de 50% dos estudantes trabalham, tendo renda pessoal de até 2 salários mínimos
(68,7%) e cerca de 70% dos que trabalham também
recebem ajuda da família para seu sustento. Sobre o
sentimento em relação à escolha pelo curso de Odontologia, 85,8% afirmaram estar seguros ou completamente seguros, sendo o curso de preferência para
82,1% dos estudantes. O motivo para a escolha do
curso concentra-se na realização pessoal e profissional. Quanto ao conhecimento do projeto pedagógico, antes de ingressarem no curso, 57,1% dos estudantes af irmaram não conhecer o projeto.
Recomenda-se, portanto, o acompanhamento do
160
Palavras-chave
O Projeto Rondon e a saúde
bucal: atividades desenvolvidas
durante a Operação Mamoré, Vale
do Anari, Rondônia, 2010
Apresentador: Lauren Oliveira Lima Bohner
Autores: Lauren Oliveira Lima Bohner, Tanny
Oliveira Lima Bohner, Graziela de Luca
Canto
O
Projeto Rondon é uma ação do Governo Federal, coordenada pelo Ministério da Defesa, e tem
como objetivo viabilizar a participação do estudante
universitário na busca de soluções para o processo de
desenvolvimento local sustentável de comunidades
carentes. Além da assistência às comunidades, a ação
incorpora o estudante universitário nas desigualdades sociais, construindo um papel de cidadania no
acadêmico, e, consequentemente, resultando em
uma formação compromissada com as necessidades
brasileiras. No Projeto Rondon 2010, a Operação Mamoré ocorreu no Vale do Anari, em Rondônia. O
presente estudo tem como objetivo relatar as atividades desenvolvidas no município, na área da saúde
bucal. A Universidade Federal de Santa Catarina, juntamente com a Universidade São José do Rio de Janeiro, realizou atividades nas áreas de saúde, educação, meio ambiente, informática e lazer. Dentre as
ações realizadas, na área de saúde bucal destacou-se
o curso para Auxiliar de Consultório Odontológico,
com duração de 400 horas envolvendo aulas teóricas
e estágios, e com certificado emitido pela Universidade de São José. Além disso, também foram realizados
procedimentos de ART em crianças de até 16 anos,
programas de escovação, palestras sobre saúde bucal
e programas para idosos sobre câncer bucal e diabetes, entre outros. A população participou ativamente
das atividades desenvolvidas pelos estudantes, destacando-se a grande quantidade de pessoas presentes
nas oficinas, cursos e atividades recreativas realizadas.
As ações realizadas durante o Projeto Rondon contribuíram não só para o desenvolvimento do município,
mas também para fortalecer o conceito de cidadania
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
entre os rondonistas. O município Vale do Anari possui problemas de relevância social, entre eles, a falta
de incentivo por parte do governo para melhoria da
saúde bucal da população. Além dos tratamentos dentários curativos que foram realizados, a Operação
Mamoré procurou desenvolver ações que promovessem a saúde do indivíduo como um todo, atingindo
o bem-estar físico, mental e social do indivíduo. Além
disso, com a capacitação de agentes multiplicadores,
espera-se que sejam realizados projetos contínuos,
necessários para o crescimento do município e melhoria da qualidade de vida da população.
Odontologia e cirurgiõesdentistas no sus: estudo na Serra
Catarinense
Apresentador: Izabella Barison Matos
Autores: Izabella Barison Matos, Antenor Amâncio
Filho, Paulo de Tarso Nunes
Objetivo
Contextualizar criação da Graduação em Odontologia em Lages identificando reflexos desta iniciativa.
Método
Pesquisa documental, bibliográfica e entrevista
foram os instrumentos utilizados. A abordagem qualitativa deu-se na perspectiva teórico-metodológica
proposta pela hermenêutica-dialética. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UNIPLAC
sob protocolo nº 280726; contou com recursos financeiros desta universidade.
Resultados
O curso de graduação em Odontologia, dez anos
após os primeiros movimentos conduzidos pela Universidade do Estado de Santa Catarina, foi implantado por universidade comunitária. A partir daí (1998)
novos cursos de pós-graduação (lato sensu) foram
ofertados tornando Lages centro de qualificação e
atualização odontológica. Além deste, outros reflexos podem ser apontados: proporcionou aos cirurgiões-dentistas ampliação de inserção profissional (docência), ao mesmo tempo em que oportunizou maior
qualificação, com o estímulo institucional (bolsas de
estudo) à titulação de mestrado e doutorado. No entanto, paradoxalmente, identificam-se dificuldades
na inserção de cirurgiões-dentistas e estudantes na
rede pública de serviços de saúde.
Análise/Discussão
A Odontologia, muito recentemente, vem sendo
contemplada por políticas públicas que têm exigido
o envolvimento de profissionais de saúde bucal de
vários níveis de ensino. Ao mesmo tempo, percebe-se
que as respostas às demandas esbarram na falta de
interesse dos profissionais com qualificação específica e dispostos a atuar em odontologia coletiva/saúde bucal coletiva, que parece refletir entre estudantes. Provavelmente tal postura pode ser entendida
pelo possível descrédito nas políticas governamentais; seja pelo desprestígio que esta opção se constitui,
seja pela exposição perante os colegas, cujo projeto
profissional liberal, distancia-se da vinculação ao serviço público. A UNIPLAC tem oferecido um elenco
de cursos no lato sensu em especialidades como:
• ortodontia,
• endodontia,
• dores faciais,
• dentística,
• implantodontia.
Esta oferta reflete o modelo característico da profissão odontológica, voltado para as especializações
consagradas e mais valorizadas. Sobre a criação do
curso de graduação em Odontologia, em Lages, implantado após mais de uma década de mobilização
de setores da população, de instituições políticas e
da categoria odontológica – inicialmente proposto
por uma universidade pública estadual – sua implantação se deu por uma Universidade comunitária, em
1998. Autorizado pelo Conselho Estadual de Educação, em 1999 e reconhecido em 2004.
Conclusões
A polêmica criação da graduação em Odontologia proporcionou aos cirurgiões-dentistas ampliação
de inserção profissional (docência) e maior qualificação, com o estímulo institucional à titulação (lato
e stricto sensu). Para a população, além de contar com
novos cirurgiões-dentistas, a oferta de atendimento
em Clínicas Odontológicas da UNIPLAC expandiu
a possibilidade de acesso, embora restrito às atividades pedagógicas de disciplinas que necessitam de
pacientes para aulas práticas. No setor privado a região apresenta invejável oferta de serviços especializados; porém, no setor público percebe-se o desprestígio da vinculação como opção profissional, quer
pelo baixo retorno financeiro, quer pelo descrédito
nas políticas públicas da área. A partir de tais considerações sugere-se a continuidade de estudos a respeito, principalmente dos desdobramentos e dos
impactos sentidos pela criação do referido curso.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
161
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
Sistema de cotas: análise de
desempenho em faculdade de
odontologia
Apresentador: Maria Alves Garcia Silva
Autores: Maria Alves Garcia Silva, Alervi Alves
Ferreira-Netto, Gabriella Tavares Ferreira,
João Batista de Souza, Marilene de
Mendonça Rossi Bueno, Érica Miranda de
Torres
D
urante a Conferência Internacional de Durban,
África do Sul, contra a discriminação racial, patrocinada pela ONU em 2001, a delegação brasileira
levou, dentre outras propostas, a criação de cotas para
o ingresso de negros nas universidades públicas. Em
2008, o Conselho Universitário da Universidade Federal de Goiás (UFG) aprovou o Programa UFGInclui, que visa implementar ações afirmativas para facilitar o acesso e permanência de estudantes oriundos
de escola pública, negros, indígenas, negros quilombolas e deficientes auditivos na universidade. O presente trabalho teve objetivo de avaliar o desempenho
dos estudantes ingressos na faculdade de Odontologia da UFG (FOUFG) pelo Programa UFGInclui e
pelo Sistema Universal (vestibular convencional) nos
anos de 2009 e 2010, bem como verificar as percepções dos docentes e discentes sobre este processo de
inclusão. Foram utilizados dados secundários obtidos
junto à Coordenadoria de Graduação da FOUFG. Na
análise quantitativa, foram consideradas as médias
por disciplinas e a média global dos estudantes, comparadas estatisticamente pelo teste Mann-Whitney
(a = 0,05). A análise qualitativa incluiu dados provenientes de:
1)aplicação de questionário aos professores;
2)discussão com grupos focais de estudantes UFGInclui e Sistema Universal separadamente.
O questionário contemplava os seguintes aspectos quanto aos estudantes cotistas:
• participação nas aulas teóricas,
• desempenho nas aulas práticas,
• relação interpessoal,
• avaliação atitudinal.
Participaram dos grupos focais todos os acadêmicos ingressos pelo Programa UFGInclui, no total de
37, e um número igual (37) de estudantes do Sistema
Universal, selecionados de forma aleatória. Foi feito
um levantamento de problemas, seguido de discussão sobre desempenho acadêmico, dificuldades fi-
162
nanceiras, pedagógicas e/ou no relacionamento interpessoal. Em geral, não foram verificadas
diferenças estatísticas no desempenho entre os estudantes por disciplinas, embora os estudantes do Sistema Universal tenham apresentado desempenho
superior nas disciplinas:
• Diagnóstico Bucal I,
• Patologia Geral e
• Farmacologia.
Diferenças estatísticas significantes não foram
observadas entre os grupos Sistema Universal e UFGInclui quanto a média global (p = 0,122), nem quando comparadas as médias globais dos ingressos em
2009 e 2010 (p = 0,350). De acordo com os questionários, a maioria dos ingressos pelo UFGInclui possui participação passiva nas aulas teóricas, desempenho bom nas aulas práticas, relação interpessoal
amigável, e atitude colaboradora. Os discentes do
Sistema Universal relataram que os cotistas são estudiosos, entretanto falta-lhes conhecimento básico. Já
os estudantes UFGInclui ressaltaram que há ótima
aceitação dos professores e colegas, e afirmaram a
necessidade de ações facilitadoras, como monitorias
e aulas extras. As principais dificuldades foram relacionadas às matérias básicas, especialmente pela deficiência em física, química e biologia, dificuldades
com inglês e português, assim como restrições financeiras. Conclui-se que a aceitação e integração do
Programa UFGInclui na FOUFG pode ser considerada positiva, entretanto o conhecimento básico desses
estudantes é deficiente e os mesmos apresentam dificuldades financeiras. São necessárias ações de
apoio acadêmico e financeiro aos mesmos, bem como
apoio pedagógico junto aos docentes para melhor
capacitá-los a lidar com estas dificuldades. Cabe ainda à Universidade apoiar e alertar os órgãos competentes para a necessidade de melhorias no ensino
fundamental e médio.
Número do Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UFG: 277/11
Força de trabalho em
Odontologia: o que mudou?
Apresentador: Suzely Adas Saliba Moimaz
Autores: Suzely Adas Saliba Moimaz, Tânia Adas
Saliba Rovida, Rosana Leal do Prado, Cléa
Adas Saliba Garbin, Nemre Adas Saliba
Objetivo
Comparar o perfil da força de trabalho de cirur-
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
giões-dentistas em dois momentos distintos, em 2000
e 2010.
Metodologia
Foram analisados dados de uma pesquisa realizada em 2000 com os egressos de 1989 a 1999 de uma
Instituição de Ensino Superior Pública do estado de
São Paulo, a FOA-UNESP, e comparados com os dados coletados em pesquisa semelhante, realizada com
egressos de 2000 a 2010. As seguintes variáveis foram
analisadas:
• gênero,
• renda declarada,
• formação pós-graduação,
• modalidade em que desempenham a profissão,
• número de horas despendidas com o exercício da
odontologia,
• porte populacional da cidade em que atuam,
• aquisição de bens móveis ou imóveis,
• ajuda de pessoal auxiliar, dentre outras.
Resultados
Responderam ao questionário 207 cirurgiõesdentistas em 2000 e 189 em 2010. Em relação ao gênero, entre os participantes da pesquisa, no período
de 89 a 99, 42% eram do sexo masculino e 58% do
feminino, enquanto que no período entre 2000 a
2010, 70,1% eram do gênero feminino e 29,1% do
masculino. Para 48,6% dos egressos da pesquisa de
2000 a renda declarada era de até 10 salários mínimos, enquanto que para os formados entre 2000 e
2010, 39,8% dos respondentes declararam renda de
até 3,66 salários mínimos, considerando para ambas
as análises o valor do salário vigente na época de cada
pesquisa. A formação pós-graduação lato sensu foi
relatada por 41% dos graduados entre 89–99, enquanto entre os formados entre 2000–2010 foi citada
por 58,3% dos participantes. A especialidade mais
procurada pelo primeiro grupo foi prótese dentária
(20%), enquanto que pelo segundo, ortodontia apareceu em 35,2% das respostas. No primeiro grupo
atuavam exclusivamente como autônomos, 45%,
8,3% relataram trabalhar por porcentagem e 2,4%
dedicavam-se exclusivamente ao serviço público. No
segundo grupo, estes valores foram respectivamente
37,2%, 17,5% e 6%. Em relação ao trabalho no serviço público, mesmo quando combinado com outra
modalidade, estes valores foram de 22% (2000) e
15,1% (2010). O grupo formado entre 1989-99 em
sua maior parte (47,2%) dedicava-se mais de 40 horas
semanais ao exercício da odontologia. A maior parcela do segundo grupo (37,9%) relatou dedicar entre
20 e 40 horas e 37,4% dos respondentes, mais de 40
horas semanais ao exercício da odontologia. Trabalhavam em cidade com mais de 100 mil habitantes,
65,6% dos egressos na década de 90, e 70,4% dos
formados nos anos 2000. Não conseguiram adquirir
bens móveis ou imóveis com exercício da odontologia
27% dos componentes do primeiro grupo, subindo
este valor para 37,7% no segundo. Pretendiam retirar-se parcialmente da profissão 38% dos graduados
entre 1989-1999, enquanto que entre os graduados
durante os anos 2000–2010 este valor foi de 37,1%.
Conclusão
Perdurou nos períodos estudados tendência de
feminilização e migração para os grandes centros de
profissionais cirurgiões-dentistas. Pôde-se observar
uma maior busca por especialização latu sensu dos
graduados entre 2000–2010. Houve também diminuição da renda dos cirurgiões-dentistas ao longo do
período estudado, além de menor percentual de profissionais no serviço público atrelado a outras modalidades no segundo momento do estudo. Comitê de
ética: 2007-02463.
Gestão contábil: uma avaliação
externa da realidade dos alunos
de odontologia
Apresentador: Rafael Luiz Schneider
Autores: Rafael Luiz Schneider, Márcia Covaciuc
Kounrouzan, Wagner Baseggio, Cristina
Sayuri Nishimura Miura
A
tualmente, os profissionais da área da saúde, em
especial cirurgiões-dentistas, são formados objetivando o desenvolvimento técnico-operacional, com
um enfoque altamente tecnológico, tecnicista e especializado, sem formação na área de gestão contábil e
finanças do consultório. Neste contexto, deparam-se
ao final da vida acadêmica, início da vida profissional,
com a dificuldade de agregar características de gestor
e estabelecer o preço dos procedimentos, tendo geralmente como base a tabela da associação de classe,
muitas vezes não condizente com a realidade do local
onde trabalha, ou mesmo de forma arbitrária, pelo
simples desconhecimento do custo de cada procedimento. O estabelecimento de um valor ou preço para
cada serviço proporcionado deve respeitar duas situações distintas:
1)o atendimento particular, caracterizado por um
grande valor agregado à titulação do profissional
2)o atendimento a planos de saúde, que limitam os
preços dos procedimentos.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
163
Anais da 46ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico
(continuação do conteúdo publicado no volume 11, número 1, janeiro/junho de 2011)
As modificações sofridas pela profissão impõem
ao profissional a necessidade de gestão estratégica
de sua atividade, conduzindo o consultório como
uma empresa inserida num contexto altamente competitivo, abrindo espaço para a inclusão no conteúdo
curricular de disciplinas correlacionadas com o ensino dos conteúdos contábeis e financeiros, contemplando as Diretrizes Curriculares Nacionais na formação de um profissional apto a tomar iniciativas,
promover o gerenciamento e administração tanto da
força de trabalho, dos recursos físicos e materiais e
de informação, da mesma forma que devem estar
aptos a serem empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças nas equipes de saúde. Seriam
egressos com qualificações que abrangessem conhecimentos integrados dos aspectos técnicos, psicológicos, sociais, humanísticos e financeiros. Desta maneira, torna-se fundamental que o cirurgião-dentista
saiba como calcular o seu custo para poder gerenciar
seu consultório de forma a contemplar os lucros desejados para cada situação de atendimento, até mes-
164
mo para contestar valores pagos pelos convênios. O
objetivo deste trabalho é expor as diferentes estratégias disponíveis para o gerenciamento contábil do
consultório, dentre as quais destacam-se o Custo Alvo
(Target Costing) e Custeio Baseado em Atividade
(ABC - Activity Based Costing), por meio do relato
de experiência do ensino dos métodos de custeio
para acadêmicos de odontologia, e o impacto na percepção dos alunos no gerenciamento financeiro do
consultório. Com os recursos oferecidos pelas áreas
de Contabilidade e Finanças, o profissional pode
aprimorar a gestão da atividade profissional por meio
de planejamento e controle, podendo manter um
bom desempenho apesar do aumento da concorrência, tornando o profissional proativo, incluindo a
gestão do seu negócio como parte integrante de sua
formação, utilizando método de custeio para o planejamento, organização, direção, distribuição e controle de suas ações, em consonância com as Diretrizes
Curriculares Nacionais.
Revista da ABENO • 11(2)89-164
Índice de artigos
v. 11, n. 2, julho/dezembro - 2011
Autores
Araújo, Maria Luiza Alves. . . . . . . . . . . . . 8
Barros, Paula Ferreira. . . . . . . . . . . . . . . . 8
Bercht, Solange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Berlink, Teresa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Boaventura, Talita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Braga, Neilor Mateus Antunes . . . . . . . . 34
Brito-Júnior, Manoel . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Canuto, Sylvana Mara . . . . . . . . . . . . . . . 51
Carvalho, Raquel Baroni de . . . . . . . . . . 27
Cerqueira, Iram Alkmim. . . . . . . . . . . . . 40
Costa, Simone de Melo. . . . . . . . . . . . . . 45
Fagundes Neto, Mariano. . . . . . . . . . . 8, 40
Ferreira, Raquel Conceição. . . . . . . . . . . 34
Fonsêca, Graciela Soares. . . . . . . . . . . . . 19
Gabriel, Mariana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Gonçalves, Caroline Marinho . . . . . . . . 27
Hugo, Fernando Neves. . . . . . . . . . . . . . 63
Jorge, Renata Rocha . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Leite, Maisa Tavares de Souza. . . . . . . . . 45
Lemos, Vânia Aita de. . . . . . . . . . . . . . . . 63
Maciel, Ana Paula Ferreira . . . . . . . . . 8, 40
Maia, Katlin Darlen. . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Martins, Marisa Carvalho. . . . . . . . . . . . . 40
Medeiros, Ariany Paula. . . . . . . . . . . . . . . 8
Mendes, Danilo Cangussu. . . . . . . . . . . . 45
Mendes, Patrícia Helena Costa. . . . . . 8, 40
Moreira, Fernanda Santos. . . . . . . . . . . . 14
Moura, Altair Soares de. . . . . . . . . . . . . . 34
Néri, Felipe Ribeiro. . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Nunes, Ângela Antunes. . . . . . . . . . . . . . 63
Paula, Fabiana Angélica de. . . . . . . . . . . 51
Pereira, Gustavo Igor Barbosa. . . . . . . . . 34
Pinto, Ana Cecília Versiani Duarte. . . . . 40
Ramos, Maria Eliza Barbosa . . . . . . . . . . 57
Ribeiro, Liliane da Consolação
Campos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Ribeiro, Mirtes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Rodrigues Neto, João Felício. . . . . . . . . .45
Rodrigues, Ana Áurea Alécio
de Oliveira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Rodrigues, Carlos Alberto
Quintão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Rosa, Arisson Rocha da. . . . . . . . . . . . . . 63
Rossoni, Eloá . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Sales, Késsia Nara Andrade. . . . . . . . . . . 51
Sangiorgio, João Paulo Menck . . . . . . . . 14
Santos, Karina Tonini dos. . . . . . . . . . . . 27
Slavutzki, Sonia Maria Blauth de . . . . . . 63
Souza, Evelin Gonçalves . . . . . . . . . . . . . . 8
Souza, Maria Isabel de Castro de . . . . . . 57
Tanaka, Elisa Emi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Toassi, Ramona Fernanda Ceriotti. . . . . 63
Warmling, Cristine Maria . . . . . . . . . . . . 63
Zuculin, Sara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Educação superior. . . . . . . . . . . . . . . 27, 45
Ensino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Ensino superior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Estágio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Estágio clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Extensão comunitária . . . . . . . . . . . . . . . 63
Gestantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Motivação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Odontologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19, 51
Pesquisa qualitativa . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
PET-Saúde/UFVJM . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Prática de ensino-aprendizagem. . . . . . . 57
Preceptor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Relato de experiência . . . . . . . . . . . . . . . 51
Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Saúde bucal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34, 63
Saúde da Família. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Saúde do trabalhador . . . . . . . . . . . . . . . 40
Serviços de saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Sistema Único de Saúde . . . . . . . . . . . . . 45
Educational measurement . . . . . . . . . . . 14
Family health. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Health. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Health education. . . . . . . . . . . 8, 14, 40, 57
Health services. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Higher education. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Instructor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Motivation . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Occupational health . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Oral health. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34, 63
PET-Saúde/UFVJM . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Pregnant women . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Primary health. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Primary health care. . . . . . . . . . . . . . . 8, 40
Qualitative research. . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Report of experience. . . . . . . . . . . . . . . . 51
Self-image. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Teaching-learning practice. . . . . . . . . . . 57
Training . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Unified health system . . . . . . . . . . . . . . . 45
Descritores
Adolescente infrator . . . . . . . . . . . . . . . . 34
AIDS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Atenção primária à saúde. . . . . . . 8, 40, 63
Auto-imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Avaliação educacional. . . . . . . . . . . . . . . 14
Currículo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Drogas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Educação em odontologia. . . . . . . . . . . . 27
Educação em saúde. . . . . . . . . 8, 14, 40, 57
Descriptors
AIDS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Clinical clerkship. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Community outreach. . . . . . . . . . . . . . . . 63
Curriculum. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Delinquent adolescent. . . . . . . . . . . . . . . 34
Dentistry. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19, 51
Drugs. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51
Education. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Education, dental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Education, higher . . . . . . . . . . . . . . . 27, 45
Revista da ABENO • 11(2):165
165
Índice de resumos
v. 11, n. 2, julho/dezembro - 2011
Autores
A
Abranches, Denise C. . . . . . . . . . . . . . . 131
Aguiar, Andrea Silvia Walter de . . . . . . . 99
Aguiar, Yêska Paola Costa . . . . . . . . . . . 153
Alencar, Carlos Henrique . . . . . . . . . . . 103
Alencar, Cássio José Fornazari. . . . . . . . 103
Alencastro, CS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
Almeida Junior, Paulo André de. . 148, 151
Almeida, Daniel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Almeida, Luiz Eduardo de . . . . . . . . . . 108
Almeida, Maria Eneide Leitão de. . . . . 103
Almeida, R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Alquati, Evete Polidoro. . . . . . . . . . . . . 114
Alves Filho, Ary de Oliveira. . . . . . . . . . 126
Alves, José Renato Rodrigues . . . . . . . . . 71
Alves, Maria Urânia. . . . . . . . . . . . . . . . 115
Amâncio Filho, Antenor. . . . . . . . . . . . 161
Amante, Cláudio José . . . . . . . . . . . . . . 119
Amorim, Júnia Noronha
Carvalhais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122, 123
Andrade, Nathalia Paiva de. . . . . . . . . . 104
Andrades, Kesly Mary Ribeiro. . . . . . . . . 92
Antoniazzi, João Humberto. . . . . 83, 93, 94
Arantes, Diele Carine
Barreto . . . . . . . . . . . . . . . . 111, 122, 123
Araújo, Fabíola Alves de . . . . . . . . . . . . . 79
Arruda, BS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Ávila, Lúcia Fátima de Castro. . . . . . . . . 92
Azambuja, Gregory Hacke. . . . . . . . . . . . 99
Azevedo, RAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
B
Baldasso, FER. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
Barbosa, Carla Cristina Neves. . . . . . . . 128
Barbosa, Fernando Talma Rameta
Gonçalves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Barbosa, Gabriella Bené . . . . . . . . 135, 143
Barbosa, Marcela di Moura. . . . . . . . . . 102
Barbosa, Maria Bernadete
Cavalcanti Bené . . . . . . . . . . . . . 135, 143
Barbosa, Tatiane Muniz. . . . . . . . . . . . . 128
Barbosa-Júnior, Edwaldo de Souza. . . . 116
Baretta, F . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151, 152
Barreto, Priscila Máximo. . . . . . . . 148, 151
Barros, Rosana Mara Giordano de. . . . . 91
Baseggio, Wagner. . . . . . . . . . 141, 146, 163
Basso, Ilda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Bastos, Beatriz Teles Ferreira . . . . . . . . . 81
Beatrice, Lúcia Carneiro de Souza. . 97, 98
Bellini, MIB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Berggrav, Evanise. . . . . . . . . . . . . . . 90, 160
166
Berlinck, Teresa Cristina Ávila . . . . . . . . 85
Besen, Candice Boppré. . . . . . . . . . . . . 133
Bohner, Lauren Oliveira Lima . . . . . . . 160
Bohner, Tanny Oliveira Lima . . . . . . . . 160
Bonecker, Marcelo. . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Borges, Tássia Silvana. . . . . . . . . . . . . . . 117
Bottan, Elisabete Rabaldo. . . . 99, 100, 159
Brancher, Anna Paula . . . . . . . . . . . . . . 137
Brasil, Clarrisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Bregagnolo, Janete Cinira. . . . . . . 132, 134
Bremm, Laerte Luiz. . . . . . . . . . . . 146, 148
Brito-Júnior, Manoel . . . . . . . . . . . 116, 120
Brum, Sileno Correa. . . . . . . . . . . 124, 128
Bueno, Marilene de Mendonça Rossi. . 162
Busarello, Giara Honorata . . . . . . . . . . 159
Busato, Claudia de Abreu. . . . . . . 144, 145
C
Cabral, Cristiane Freitas . . . . . . . . . . . . 108
Cabral, Renata Lúcia Cruz . . . . . . . . . . 158
Caccia-Bava, Maria do Carmo Gullaci
Guimarães. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
Caetano, João Carlos. . . . . . . . . . . . . . . . 98
Caldeira, Tânia Coelho Rocha . . . . . . . 157
Câmara, Francisco Barros da. . . . . . . . . 142
Camargo, Lucila Basto. . . . . . . . . . . . . . 103
Camilo, Carla Cristina. . . . . . . . . . 116, 120
Campos, Luciane. . . . . . . . . . . 99, 100, 159
Canto, Graziela de Luca . . . . . . . . . . . . 160
Cardoso, Carmen L. . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Cardoso, Carmen Lucia. . . . . . . . . . . . . 132
Cardoso, Rielson José Alves. . . . . . . . 93, 94
Carli, Alessandro Diogo de. . . . . . . . . . . 91
Carmo, Antônio Márcio Resende do . . 108
Carneiro, Anne Gomes. . . . . . . . . . . . . 153
Carneiro, Lelia MA . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Carniel, Ricardo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Carretta, Regina Yoneko Dakuzaku . . . 132
Casotti, Cezar Augusto. . . . . . . . . . . . . . 140
Castro, Karla Dias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Castro, Ricardo Dias de. . . . . . . . . . . . . 127
Cavazzola, Alexandre Sabatini . . . 144, 145
Cebukin, Alberto. . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Ceranto, Daniela de Cassia Fagliani
Boleta . . . . . . . . . . . . . . . . . 141, 146, 148
Cerqueira, Marília Borborema
Rodrigues . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Cerveira, Jaime A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Chabat, Micheli. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Chaim, Rita Cristina. . . . . . . . . . . . . . . . 114
Chaves, Elaine de Sá . . . . . . . . . . . . . . . 128
Chaves, Rafaela. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134
Revista da ABENO • 11(2):166-8
Christmann, Kilian. . . . . . . . . . . . . . . . . 142
Chupel, Marcelle Cristina Simioni. . . . 139
Cimardi, Ana Claudia Baladelli. . . . . . . 137
Cimardi, Ana Claudia Baladelli Silva . . 118
Coelho, Amanda Alves. . . . . . . . . . . . . . 143
Coelho, Mania Quadros . . . . . . . . . . . . 116
Colatusso, Franciele. . . . . . . . . . . . . . . . . 92
Condé, SAP. . . . . . . . . . . . . . . . . . .129, 158
Conti, Marta Helena Souza de . . . . . . . 114
Cossolin, Giuliano SI. . . . . . . . . . . . . . . 131
Costa, Brunna Librelon. . . . . . . . . . . . . . 75
Costa, CHM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Costa, Simone de Melo. . . . . . . . . . . . . 120
Crivello-Junior, Oswaldo . . . . . . . . . . . . 104
Cruz, RA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
D
Dantas, Tereza Cristina Costa. . . . . . . . 135
Debiasi, L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Delinski, Thaisa Cabrine. . . . . . . . . . . . 137
Dias, Diego dos Santos. . . . . . . . . . . . . . . 75
Dias, Raimundo Vieira. . . . . . . . . . . . . . . 71
Diniz, Denise Nóbrega. . . . . . . . . . . . . . 149
Domiciano, Mariana Leão. . . . . . . . . . . . 81
Domingues, José Eduardo Gomes . . . . 126
Dominguez, EE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Duarte, Poliana Cíntia de Oliveira. . . . 143
Duarte, Rosângela Marques . . . . . . . . . 106
E
Eberhardt, MS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Ely, HC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
Erthal, G. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144, 153
Espejo-Trung, Luciana Cardoso. . . . . . 143
Eufrázio, Ana Paula. . . . . . . . . . . . . . . . 143
F
Fadel, Cristina Berger . . . . . . . . . . . . . . 116
Falcão, Carlos Alberto Monteiro. . . . . . 113
Farias, Kaliny Souza. . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Fernandes, Rodrigo Mendes. . . . . . . . . 139
Ferraz, Maria Ângela Arêa Leão. . . . . . 109
Ferreira, Efigênia Ferreira e. . . . . . . . . 134
Ferreira, Elza Maria Sá. . . . . . . . . . . . . . 150
Ferreira, Gabriela Lacet S. . . . . . . . . . . 127
Ferreira, Gabriella Tavares . . . . . . . . . . 162
Ferreira, Mariana de Andrade . . . . . . . . 81
Ferreira, Nayane Cavalcante. . . . . . . . . . 99
Ferreira, Raquel Conceição. . . . . . . . . . 116
Ferreira-Netto, Alervi Alves. . . . . . . . . . 162
Filgueira, Adriano de Aguiar. . . . . . . . . . 71
Finkler, Mirelle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Flor, Sandra Maria Carneiro. . . . . . . . . . 71
Fonoff, Ricardo N . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Fonseca, Esdras Guedes. . . . . . . . . . . . 155
Fontanella, VRC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
Forte, FDS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Forte, Franklin Delano Soares . . . 106, 127
Fracolly, Rosemary A. . . . . . . . . . . . . . . 104
Francisco, Kléryson Martins Soares . . . 140
Franco, Juliana Fiuza . . . . . . . . . . . . . . 139
Freire, Maria do Carmo Matias. . . . . . . 102
Freitas, CHSMF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Freitas, Cibely Aliny Siqueira Lima. . . . . 71
Freitas, Cláudia Helena Morais
Soares de. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Freitas, Cláudia Helena Soares
de Morais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Freitas, Sirlei Vaz de. . . . . . . . . . . . . . . . 127
Frota, Lívia Cordeiro Portela . . . . . . . . . 71
Fuscella, Maria Alice Pimentel . . . . . . . 142
G
Galetto, Márcia Martins. . . . . . . . . . . . . 108
Garbe, Gisele . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Garbin, Cléa Adas Saliba. . . . 125, 157, 162
Garone-Netto, Narciso. . . . . . . . . . . . . . 143
Giacomini, Danielli Aline. . . . . . . . . . . 105
Gibilini, Cristina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Giovannini, José Flávio Batista
Gabrich. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122, 123
Godoy, MC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Goes, Isabelle da Costa . . . . . . . . . . . . . . 99
Gomes Filho, Douglas Leonardo . . . . . 140
Gomes, Juliana Borges. . . . . . . . . . . . . . . 99
Gonçalves, Sebastião Jorge
da Cunha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Gondim, Messias Aragão. . . . . . . . . . . . . 85
Gouvêa, Mônica Vilela. . . . . . . . . . . . . . . 80
Goyatá, Frederico dos Reis . . . . . . 124, 134
Grando, Debora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Granville-Garcia, Ana Flávia . . . . . . . . . 149
Grazziotin, Gladis. . . . . . . . . . . . . . 117, 149
Grazziotin, Gladis Benjamina. . . . 112, 136
Gurgel, Alberto Costa . . . . . . . . . . . . . . 142
Gurgel, Ludmila Galindo França. . . . . . 98
H
Haddad, Ana Estela. . . . . . . . . 83, 103, 131
Hamid, Mahmud. . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Hayacibara, Mitsue Fujimaki. . . . . . . . . 101
Henriqson, Denise. . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Heubel, Maricê TCD. . . . . . . . . . . . . . . 114
Hidalgo, Mirian Marubayashi. . . . . . . . . 94
Humberto, Janaína Silva Martins. . . . . 126
J
Jorge, Ingrid de Oliveira. . . . . . . . . . . . . 77
Jorge, Lidiane da Silva. . . . . . . . . . . . . . 103
Jurinic, Dayelen. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
K
Kist, Andressa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
Kounrouzan, Márcia Covaciuc . . . . . . . 163
Kuczynski, Daiane . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Kuhnen, Mirian. . . . . . . . . . . . . . . 128, 139
L
Lacerda, Bruno Rafaelle Alves . . . . . . . . 81
Lacerda, Josimari Telino de . . . . . . . . . 105
Lacerda, Pollyana Mendes. . . . . . . . . . . 155
Lacerda, Valéria Rodrigues de . . . . . . . . 91
Lamas, Alex Elias. . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Lameck, Ellen. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .80
Leal, Rossana Barbosa. . . . . . . . . . . . . . 158
Leite, Angélica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
Leite, Lorena Olegário . . . . . . . . . . . . . 155
Leles, Cláudio Rodrigues. . . . . . . . . . . .102
Lemos, Daniela de Mattos. . . . . . . . . . . . 75
Lima, Maria Amélia Ximenes
Correia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Linhares, Maria Socorro Carneiro. . . . . 71
Lolli, Luiz Fernando . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Lopes, Célia Maria Condeixa
de França. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Lucas, Renally Cristine Cardoso. . 149, 153
Lucas, Rilva Suely de Castro
Cardoso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149, 153
Luz, FR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Luz, Maria Aparecida Alves de
Cerqueira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
M
Mabtum, Aparecida. . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Macedo, Mary Caroline
Skelton . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93, 94, 143
Machado, Luiz Antônio. . . . . . . . . . . . . 139
Madruga, BP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Mahl, Célia Regina Winck. . . . . . . . . . . 142
Mahl, CRW. . . . . . . . . . . . . . . 138, 144, 153
Maia, Gislaine Conceição Teixeira
Pereira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138, 157
Maia, MPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Mameluque, Soraya. . . . . . . . . . . . . . . . 157
Marafiotti, Graziela de Almeida
Prado e Piccino. . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Marcelo, Vânia Cristina. . . . . . . . . . . . . 102
Marques, Beatriz Baldo. . . . . 112, 117, 149
Marques, Marcia Martins. . . . . . . . . . . . 143
Marta, Sara Nader . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Martelli, Petrônio. . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
Martins, Andréa Maria Eleutério de
Barros Lima. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
Martins, Francineide Almeida Pereira. . 106
Martins, Marília de Oliveira . . . . . . . . . . 81
Matos, Fabrícia Vieira de. . . . . . . . . . . . 130
Matos, Izabella Barison. . . . . . . . . 113, 161
Mattos, Maria da Gloria
Chiarello de . . . . . . . . . . . . . . . . 132, 134
Matumoto, Silvia . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
Revista da ABENO • 11(2):166-8
Medeiros, Carmen Lucia Soares
Gomes de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Medina, Pollyanna Oliveira. . . . . . . . . . 126
Mello, Ana Lúcia Ferreira de . . . . . . . . 119
Mello, Mônica de Souza Netto . . . 133, 147
Mello, P. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
Melo Júnior, Paulo Correia de . . . . . . . . 97
Melo, Jussara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
Mendes, CAJ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Mendes, Danilo Cangussu. . . . . . . . . 75, 77
Mendes, Francisco Lucas
Vasconcelos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Mendonça, Santuza Maria
Souza. . . . . . . . . . . . . . 111, 121, 122, 123
Meneghim, Marcelo de Castro. . . . 72, 129
Menezes, Léa Maria Bezerra de . . . . . . 103
Menezes, Valdenice Aparecida de. . . . .158
Mestriner Júnior, Wilson. . . . . . . . . . . . 134
Mestriner, Soraya Fernandes. . . . . . . . . 134
Mialhe, Fábio Luiz. . . . . . . . . . . . . . 72, 129
Miguel, Luiz Carlos . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Miguel, Luiz Carlos Machado. . . . . . . . . 92
Miguens Jr, Sergio Augusto Quevedo. . 142
Miguens, SAQ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
Miranda, Carolina Baptista. . . . . . . . . . 132
Miura, Cristina Sayuri
Nishimura. . . . . . . . . . . . . . 141, 148, 163
Miura, Marcio Nakayama . . . . . . . . . . . 141
Moimaz, Suzely Adas Saliba. . 125, 157, 162
Moita, Marina Meirelles Bogalho. . . . . 139
Monteiro, Leonardo . . . . . . . . . . . . . . . 121
Moraes, Renita Baldo. . . 112, 117, 136, 149
Morais, MB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Morinelli, Viviane Rodrigues. . . . . . . . .155
Moroni, TG. . . . . . . . . . . . . . . . . . .151, 152
Moura, Regina Cardoso de. . . . . . . . . . 139
Musse, Jamilly de Oliveira. . . . . . . . . . . 135
N
Nahsan, Flávia Pardo Salata. . . . . .146, 148
Nascimento, Jairo Evangelista. . . . 138, 157
Navarro, Ricardo S. . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Nery, Newillames Gonçalves. . . . . . . . . . 81
Nobre, Maria Cleonice Oliveira . . . . . . 120
Noro, Luiz Roberto Augusto. . . . . . . . . 112
Novais, Tatiana Oliveira. . . . . . . . . . . . . 102
Nunes, Maria de Fátima. . . . . . . . . . . . .102
Nunes, Paulo de Tarso. . . . . . . . . . . . . . 161
O
Odebrecht, Constanza Marin de
Los Rios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92, 123
Oliveira, Camilla Aparecida Silva de. . . 121
Oliveira, Carla de Souza . . . . . . . . . . . . 108
Oliveira, Eleonora Menicucci de . . . . . 131
Oliveira, Gabriel Lima de . . . . . . . . . . . . 77
Oliveira, Hanieri Gustavo de. . . . . . . . . 142
Oliveira, Marcia de Freitas. . . . . . . . . . . .95
Oliveira, Mírian da Silva . . . . . . . . . . . . 139
167
Oliveira, Renata Francine
Rodrigues . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138, 157
Oliveira, Rodrigo Simões de. . . . . . . . . 128
Oliveira, Viviane Maia Barreto de. . . . . 132
Orsi, Rossiny Valério . . . . . . . . . . . . . . . 100
P
Pacheco, Cinthia Mara da
Fonseca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111, 121
Padilha, Nilza Regina Rebelo . . . . . . . . 126
Paiano, Helena Maria Antunes. . . . . . . . 89
Paixão, Aline Lemes. . . . . . . . . . . . . . . . .81
Palmier, Andrea Clemente . . . . . . . . . . 155
Pasin, Camila Redin. . . . . . . . . . . . . . . . 137
Pecoraro, PVBF . . . . . . . . . . . 127, 129, 158
Pegoraro, Carolina Nunes. . . . . . . . . . . 122
Pereira, Antonio Carlos. . . . . . . . . . 72, 129
Pereira, Cleide Zille. . . . . . . . . . . . . . . . 155
Pereira, Geraldo Magela. . . . . . . . 122, 123
Pereira, Maria José Bistafa. . . . . . . . . . . 132
Pessoa, Talitha Rodrigues Ribeiro
Fernandes. . . . . . . . . . . . . . . . . . 106, 127
Pessoa, TRRF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Piazza, Carmen Lucia Santanna de. . . . 149
Pieroni, Bernardo Nogueira. . . . . . . . . 134
Pinheiro, AHN. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
Pinto, Márcia Helena Baldani. . . . . . . . 116
Pinto, Silvania Aparecida Vicentini . . . 108
Pires, Cássia Pérola dos Anjos
Braga. . . . . . . . . . . . . . . . . . 120, 138, 157
Porto, Hisabella Simões. . . . . . . . . . . . . . 75
Prado, Rosana Leal do. . . . . . 125, 157, 162
Prolla, Michel Cartana. . . . . . . . . . . . . . 142
Provenzano, Maria Gisette Arias. . . . . . . 94
Purper, Lilian Bottaro. . . . . . . . . . . 90, 160
Q
Queiroz, Maria Goretti . . . . . . . . . . 81, 102
R
Ramin, Eliane. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Ramos, Adilson Luiz . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Ramos, Flávia Regina Souza . . . . . . . . . . 98
Ramos, Isabela França de Almeida
Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144, 145
Ramos, Lais H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Ramos, Larissa Gabrielle. . . . . . . . . . . . 132
Ramos, Maria Eliza Barbosa . . . . . . . . . . 85
Ramos, Monica P. . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Raupp, Suziane Maria Marques . . . . . . 136
Rebelo, Maria Augusta Bessa. . . . . . 79, 126
Rebouças, AG. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
Reck, MK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144, 153
Reis, Magda de Souza . . . . . . 112, 117, 149
Reses, Manoela de Leon Nobrega . . . . 105
Retore, L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
Rigolon, Cynthia Junqueira. . . . . . . . . . . 94
Rios, Ana Carla Ferreira Carneiro . . . . 132
Rocha, Joyce Cristina Chevi da. . . . . . . . 85
168
Rocha, MG. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Rocha, Rafael Almeida . . . . . . . . . . . . . 108
Rodrigues, Ana Áurea Aleccio de
Oliveira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
Rodrigues, Carlos Alberto
Quintão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130, 138
Rodrigues, Thiago. . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Rosing, Cassiano Kuchenbecker. . . . . . . 90
Rovida, Tânia Adas Saliba. . . 125, 157, 162
S
Saes, Sandra de Oliveira . . . . . . . . . . . . 114
Saihara, Cintia Saori . . . . . . . . . . . . . . . 104
Saito, Priscila Thiemi. . . . . . . . . . . . . . . 104
Saliba, Nemre Adas . . . . . . . . 125, 157, 162
Sant’anna, Giselle Rodrigues . . . . . . . . 150
Santana, Karla Nayara Oliveira. . . . . . . . 75
Santiago, Leógenes Maia. . . . . . . . . . . . 158
Santos, Cynthia Almeida dos. . . . . . . . . 111
Santos, Igor Fonseca dos. . . . . . . . 128, 139
Santos, Marisa Aparecida Pereira. . . . . 122
Santos, Vânia dos. . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
Sarmento, Wellington Wagner
Ferreira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Scavuzzi, Ana Isabel Fonseca. . . . . . . . . 132
Schmitt, Bruna Pauli. . . . . . . . . . . . . . . 105
Schneider, Rafael Luiz. . . . . . . . . . . . . . 163
Schramm, Celso Alfredo. . . . . . . . . . . . 123
Schroeder, Maria Dalva de Souza. . 92, 123
Schubert, Edward Werner. . . . . . . 119, 123
Semeghini, Rosana Prada. . . . . . . . . . . 129
Senna, Marcos Antônio
Albuquerque de. . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Sgavioli, Claudia de Almeida Prado
Piccino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114, 122
Silva, Anderson Wesley Medeiros. . . . . 130
Silva, Andréa Neiva da. . . . . . . . . . . . . . . 80
Silva, Bruno Rocha da. . . . . . . . . . . . . . . 99
Silva, Claudio Heliomar Vicente da. . 97, 98
Silva, José Mendes . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
Silva, JQA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Silva, MAM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Silva, Marcos Alex Mendes da. . . . 124, 134
Silva, Maria Alves Garcia. . . . . . . . . . . . 162
Silva, MF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Silva, Thalisson Saymo de Oliveira. . . . 109
Silveira, Fernando . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Silveira, João Luiz Gurgel
Calvet da. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95, 115
Silveira, Luiz Fernando Monteiro. . . . . 137
Simionato, Eliane Maria Ravasi
Stefano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Simon Júnior, Ângelo Nicássio. . . . . . . 159
Skelton-Macedo, Mary Caroline. . . 83, 103
Soares, Severina Silvana. . . . . . . . . . . . . 153
Sobral, Maria Ângela Pita . . . . . . . . . . . 143
Sousa, AB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Sousa, Cleunice Leão de. . . . . . . . . . . . 111
Sousa, Maria da Luz Rosário de . . . 72, 129
Souza, Anne da Luz Ribeiro. . . . . . . . . 147
Revista da ABENO • 11(2):166-8
Souza, Graziele Denega. . . . . . . . . . . . . 105
Souza, João Batista de . . . . . . . . . . . . . . 162
Souza, Juliana Maciel de. . . . . . . . . 90, 160
Souza, Maria Cristina Almeida de. . . . . 124
Souza, Maria Isabel de Castro de . . . . . . 85
Souza, Mariana Silva e. . . . . . . . . . . . . . 132
Souza, SLC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
Souza, Tiago Araújo Coelho de . . . . . . 139
Splendore, Solimar Maria
Ganzarolli. . . . . . . . . . . . . . . . . . 109, 110
Sponchiado Jr, Emílio Carlos . . . . . . . . . 90
T
Tarcia, Rita M L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Terada, Hélio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Terada, Raquel Sano Suga. . . . . . . . . . . 101
Texeira, Ana Karine Macedo. . . . . . . . . . 71
Toassi, Ramona Fernanda Ceriotti. . 90, 160
Toledo Junior, José Inácio. . . . . . . 109, 110
Torquato, Sara Melo . . . . . . . . . . . . . . . 112
Torres, Érica Miranda de. . . . . . . . . . . . 162
Tôrres, Luísa Helena Do Nascimento. . 129
Trindade, Sérgio Rodrigo Pereira. . . . . 142
U
Uemura, Sofia Takeda. . . . . . . . . . . . . . 150
Uemura, Tatiana Freitas . . . . . . . . . . . . 140
Unfer, Beatriz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Uriarte Neto, Mario. . . . . . . . . . . . . . . . 100
V
Valladão, ASN. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
Vasconcelos, Mara. . . . . . . . . . . . . . . . . 155
Velho, Fernando Mathias Teixera. . . . . 142
Veloso, Júlia de Castro Vieira . . . . . . . . 130
Vieira, Deisi Lúcia . . . . . . . . . . . . . 133, 147
Vieira, Janete Maria Rebelo. . . . . . . 79, 126
Vieira, Leila Maria. . . . . . . . . . . . . 114, 122
Vieira, Luis Fernando de Souza . . . . . . . 77
Vizzotto, Denise. . . . . . . . . . . . . . . . 89, 123
W
Warmling, Alessandra Martins
Ferreira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Watanabe, Marlívia Gonçalves
de Carvalho. . . . . . . . . . . . . . . . . 132, 134
Weigert, K. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Weigert, KL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
Wilhelmsem, Nilza Cristina Valor
Goncalves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
Wiltgen, A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
Wincler, Danilo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Z
Zafalon, Edílson José. . . . . . . . . . . . . . . . 91
Zárate, Cibele Bonfim de Rezende. . . . . 91
Zárate-Pereira, Paulo. . . . . . . . . . . . . . . . 91

Documentos relacionados