Jornal da Oficina do EM - Profa. Fernanda Gurgel
Transcrição
Jornal da Oficina do EM - Profa. Fernanda Gurgel
Editorial Jornalismo Mande sua opinião para [email protected] Qual o papel do jornalismo nos dias de hoje? Ele deve desempenhar o papel de apenas informar, tentando ser imparcial, ou deve mostrar seu ponto de vista (implícita ou explicitamente)? O que um jornalista deve fazer ao escrever? O jornalismo não desempenha, atualmente, o papel apenas informativo. Ele tem, por trás de si, uma ideologia e uma parcialidade que atendem a diversos interesses e/ou ideais. Isto não acontece apenas nos dias de hoje, mas sempre aconteceu ao longo da história, e nada mais certo do que isso. O jornalismo não deve apenas informar, ele deve, sim, conter um ponto de vista, um ideal, desde que este não seja “mascarado”, implícito. O leitor deve poder perceber esta parcialidade do jornalismo ao ler uma matéria, ao ver uma reportagem, até mesmo na televisão. Muitos podem dizer que o jornalismo deve ser imparcial, pois conter um ponto de vista seria algo “antiético”. Porém, essas pessoas querem uma espécie de utopia, já que esquecem que “o ser humano é um ser com ideologia”, como afirmou Arnaldo Jabor em sua coluna no Globo, e que por mais que ele tente, sempre vai ser influenciado por algo, mesmo que mínimo. O ser humano é um ser com história e, por conta disso, forma uma opinião em relação aos fatos já ocorridos. Um jornalista pode, sempre, criticar. Não necessariamente “falar mal” ou denunciar, mas mostrar à sociedade os fatos ocorridos, sejam estes bons ou ruins - como por exemplo, os escândalos dos governantes, a violência, dentre muitos outros exemplos. Um jornalista pode, ao escrever, mostrar o fato, mas, ao mesmo tempo, deixar claro o que pensa sobre este fato, concordando ou discordando, de forma transparente. A intenção não seria a crítica ou elogio em si, mas uma verdadeira ajuda à sociedade. É exatamente por causa desta “ajuda à sociedade” que o jornalismo pode sim ter um ideal por trás de sua função informativa. Ao mesmo tempo, é exatamente por isso que este ideal deve ser “transparente”, visível ao leitor (ou telespectador, no caso do jornalismo televisivo), para que este possa, por sua vez, fazer sua crítica e colocar em prática alguma mudança (ou não) em relação ao que leu, com plena consciência e conhecimento, podendo concordar ou não com o que foi mostrado do ponto de vista do jornalista. Por Gregory Kaskus O objetivo do jornalismo é informar. Os jornais são a principal mídia informativa de comunicação de massas. Cabe a nós, jornalistas, apresentar fatos verdadeiros e coerentes cientes de que é principalmente o jornalismo que molda a opinião pública. Mas será que o jornalismo, que desempenha um papel tão importante hoje em dia, mantém os princípios básicos de ética e democracia na imprensa? Eu considero o jornalismo quase como uma arte, é preciso ser cético, não se pode acreditar em tudo, mas não se pode deixar esse ceticismo nos levar a virar críticos vorazes à procura de um problema em tudo. Há de se buscar a verdade e apresentá-la ao leitor da forma mais simples. Grande parte da população é enganada facilmente, acredita em tudo que é dito, e a imprensa parcial só prejudica isto. A Globo é atualmente um monopólio de informações, é o principal meio de informação popular. O ponto de vista que a Globo mostrar em um assunto, vai provavelmente ser o aceito pela maior fatia da população e isso representa um problema grave, já que este é provavelmente influenciado pelos interesses da corporação. O jornalismo antes de tudo tem que ser confiável, não se pode deixar influenciar, nem por suas próprias opiniões e preconceitos, nem por pressões externas. O compromisso do jornalista é com a verdade e com os leitores, e nada mais. O jornalista deve se manter indiferente a tudo que possa ameaçar isso. Se um jornalista quer apresentar sua opinião, que o faça mas sempre deixando claro que aquela é a sua opinião, e nunca a mascarando como uma verdade incontestável. É também, essencial, ao meu ver que todos os pontos de vista sejam apresentados para o leitor. O leitor deve tirar suas próprias conclusões, o dever do jornalismo é apresentar todos os fatos para que este esteja informado sobre o assunto. Não sei dizer se há ética no jornalismo, gostaria de acreditar que sim, mas nas condições de corrupção do país, uma imprensa imparcial parece quase uma utopia. Mas é preciso pelo menos acreditar neste ideal. O jornalista precisa buscá-lo, e o leitor precisa lutar por esse direito, que é seu. Por Camila B. Afonso A questão é uma, as respostas são subjetivas e a verdade, desconhecida: há imparcialidade no jornalismo? Experimente perguntar para um jornalista se o mesmo se considera imparcial. Ou não experimente, apenas chegue à conclusão óbvia de sua resposta. Não existe jornalista que não se classifique como imparcial. Afinal, definir-se como parcial ou admitir que uma opinião sua pode interferir no produto final de seu trabalho é uma confissão de culpa. É, para um jornalista, o mesmo que contar a um paciente que não sabe a cura para sua doença é para um médico. É se descrever como um profissional incapaz de exercer sua profissão. A essência de se tornar um jornalista é informar. A dificuldade em ser jornalista é informar apenas a informação. Um jornalista também é humano, também pensa, também tem senso crítico ( a maioria, ao menos ) e também erra. O erro, quando não é proposital, vem quando escapa ao jornalista a sensibilidade de definir a linha entre o que é real e o que é a interpretação do real. O erro aparece quando o jornalista não percebe que sua função não é interpretar. Tudo isso partindo do pressuposto de que o jornalista tem carta branca para dar enfoque no que achar relevante. Mas para onde vai a imparcialidade quando o que é escrito pelo jornalista é influenciado pelos interesses do seu patrão? Que escolha tem um jornalista da Carta Capital quando a revista encobre um escândalo do governo Lula? Que escolha tem um da Veja quando seu editor o proíbe de escrever apenas sobre os fatos frios, sem usar de sensacionalismo? Ou um do Extra, quando lhe é passada a idéia de que sua função é alarmar os leitores sobre o último assassinato brutal na Baixada Fluminense, e que não há meio maior de fazê-lo senão o de eleger um mocinho heróico e um bandido bárbaro na matéria? Jornalista também é pai de família, também tem contas para pagar, certo? Temos então um novo impedimento para a imparcialidade: a necessidade que tem o jornalista de manter o seu ganha-pão, a falta de liberdade para escrever o relevante em troca da sobrevivência. No Brasil, onde a dificuldade em se encontrar a tal imparcialidade é tão naturalmente pessoal quanto propositalmente corporativista, talvez o melhor seja buscar a verdade com os seus pais. E se o seu pai por acaso for jornalista, não esqueça de perguntá-lo antes se ele se considera imparcial. Por Ciro Nogueira Lugares bonitos e desconhecidos. Na cidade do Rio de Janeiro hoje ainda existem lugares em que se pode ter contato direto com a natureza, e que são bonitos e baratos. Hoje, a maioria das pessoas prefere ir a shoppings e boates, e esquece como pode ser agradável um passeio em lugares diferentes e que, na maioria das vezes, fica mais próximo do que se imagina. Um dos grandes exemplos é a pista Cláudio Coutinho na praia Vermelha. E é totalmente gratuita, conservada e segura, garantindo tranqüilidade para toda a família. Muita gente passa bem perto de lá, e não conhece o lugar, nem nunca ouviu falar. (foto genérica) A pista também oferece lugar para caminhar ou correr, aulas práticas de escalada e também local para pesca - sem falar da magnífica vista e da natureza bem à mostra. Caso você não goste muito de programas naturalistas, você pode também ir à praça na Praia Vermelha, visitar o Pão de Açúcar ou até mesmo o Forte. É um lugar que certamente vale a pena conhecer. É fácil se apaixonar por esse paraíso escondido que existe tão perto de nossas casas e, infelizmente, poucos conhecem. Por Lorena Medeiros Uma rápida viagem pelo rock'n'roll Transgressão, rock, revolta, sexo e drogas... Essas são as palavras imediatametne ligadas ao rock, que teve sua origem do country, jazz e blues. Tá bombando A noite carioca é uma das melhores do país. Animada e super agitada, a noite é povoada por jovens que lotam as “boites” nos fins de semana – lugares como Prelude e Baronetti. Nelas, já tocaram os melhores Djs do Rio como Marcelo Mistake e o Dj Sadam. Essas boates são repletas de celebridades e paparazzi. Há também muitos bares e restaurantes famosos no Rio, como o Antiquarios e o Outback, com um cardápio atraente, onde circula a elite carioca. Há bares excelentes que possuem ótimas opções de petiscos e conforto, como Belmonte, Devassa, Bacalhau de Rei e Manoel & Joaquim. Outra opção mais barata, mas não menos atraente, são os quiosques da Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul, com linda vista e ótima música ambiente um lugar totalmente aconchegante e acolhedor para a população em geral. Divirtam-se! Por Rodrigo Frota UFRJ O rockabilly, sua origem, surgiu na segunda metade dos anos 50, com o rei Elvis Presley. Os Beatles deram continuidade ao rock nos anos 60 com seu rock psicodélico. Já nos anos 70, o rock progressivo, liderado pelo Pink Floyd, Yes e Rush, admitia que os shows e discos pediam maior elaboração artística. O punk rock de NOFX, The Clash e Sex Pistols trazia um ritmo pesado e frenético e abordava o sistema capitalista como uma perversidade do ponto de vista social. O hard rock de Led Zeppelin, Deep Purple e Aerosmith e o metal de Black Sabbath, Judas Priest e Iron Maiden se tornam mais próximos a ponto de serem confundidos pelos ouvintes de hoje em dia, em certas situações. A partir dos anos 80, outras subdivisões surgem a partir das anteriores. O grunge, com Nirvana, Red Hot Chili Peppers e Alice In Chains surgiu da união do punk com o metal, e o industrial, com Killing Joke, Depeche Mode e Joy Division, da união de rock e música eletrônica. O hardcore, como The Exploited, U.K. Subs e Dead Kennedys foi uma espécie de estágio evolutivo do punk; daí estas subdivisões serem pós-punk. O termo "alternativo", de White Stripes, Franz Ferdinand e Kaiser Chiefs, se alinha com a frase de Raul Seixas "viva a sociedade alternativa". O gótico de The Cure, The Cult e Him e o emo de Simple Plan, Good Charlotte e Green Day se concretizaram a partir do conceito "capitalismo com perversidade", pois o emo chora e tem medo de apanhar na rua. O emo está em oposição ao punk neste sentido, e o gótico é um emo mais mal-humorado. O rock hoje está começando a se subdividir em numerosas e pequenas tribos, a partir das já existentes e com uma variedade de bandas que fazem seu próprio som. Por Adriano Tavares O aluno Juan Pablo aproveitou a oportunidade. “Achei importante. Se você fizer a escolha errada, pode mudar o rumo da sua vida completamente. Primeiro, para conhecer o espaço, pois muitos alunos pretendem passar para lá, e também porque ajuda a decidir que profissão seguir e que curso fazer”, afirmou. Juan Pablo assistiu às palestras de Engenharia, Arquitetura, Administração, Design Industrial, Matemática Aplicada e Ciências da Computação, mas ele gostou mais da palestra de Engenharia. A EDEM ofereceu aos alunos uma ida à UFRJ para assistir palestras dos cursos da faculdade. “Eu me identifiquei com o trabalho exercido pelos engenheiros”, disse. Os alunos do Ensino Médio estão passando por uma das decisões mais difíceis das suas vidas: que profissão devo seguir? Os alunos, logo que chegaram, foram assistir à palestra “Conhecendo a UFRJ”, que tirava dúvidas sobre o vestibular, os cursos, o espaço, etc. Essa palestra durou uma hora e meia. Logo em seguida, os alunos se separam e foram assistir às apresentações dos cursos oferecidos pela universidade. Essa experiência vivida pelosalunos foi bem satisfatória, apesar de não dar 100% de segurança de qual caminho profissional cada um irá seguir. Por Tomás Breves O Qatar Poucos conhecem o Qatar, um país muçulmano localizado no Golfo Pérsico. É um país pequeno, mas muito diferente do nosso Brasil, com outros costumes e cultura muito diversificada. O Qatar é extremamente religioso. Com suas raízes mulçumanas, torna-se um lugar muito rigoroso com as rezas (tocadas cinco vezes ao dia), crenças e, claro, com as esposas cobertas por véus. O país não adota a idéia de que todas as mulheres devem usar véus e lenços. Se você não é muçulmano, não precisa usar. As mulheres muçulmanas têm o costume de usar uma roupa chamada abaya, e os homens também têm que usar roupas especificas, chamadas toob. O Qatar é um país em grande crescimento, as contruções de novas casas e prédios comerciais e as ruas em obra fazem parte hoje de sua paisagem, não mais desértica. Muitos não sabem, mas o Qatar é um país muito rico e oferece aos seus habitantes ótima condição de vida, pois tudo funciona: hospitais, segurança, educação e até o trabalho. Não existe pobreza nem grande diferença social. É um lugar recentemente aberto para o turismo e para o mundo estrangeiro. Hoje, no país, mais da metade da população não é qatari. Mesmo assim, no Qatar, ainda existe diferença entre homens e mulheres. Por mais que hoje já existam faculdades, empregos e inclusão da mulher no país, ainda há preconceito e exclusão das mulheres muçulmanas em vários setores. Seu clima é desértico, causando grande calor no verão e muito frio no inverno, e sua paisagem não é só areia. Há jardins e flores por todos os lados, cultivados pelo governo. Só de poucos anos para cá foram implantados os garis, pois não havia necessidade. Os jovens levam uma vida muito mais calma do que aqui – já que não se têm preocupações com horários para voltar para casa por conta da segurança – e deixam seus pais tranqüilos porque é proibido o consumo de bebidas alcoólicas, e drogas de qualquer gênero não entram no país. A sua língua oficial é o árabe e o inglês, o que torna mais fácil para pessoas de qualquer país se comunicarem com outras. No mais, Qatar é um país comum como os outros. Tem praias, zoológico, museu, shopping, cinema, teatro, shows e até boates. Lá não se anda de camelo nem se mora em tendas. Agora, se perguntarem a você como imagina o Qatar, você já vai saber responder sem duvidas. Por Lorena Medeiros perfil do Jornalista Michael Kepp O jornalista americano Michael Kepp, que se prepara para lançar o livro “Confissões e desabafos de um gringobrasileiro”, foi à EDEM dar uma palestra sobre sua vida e o Jornalismo de um modo geral. Mike, como gosta de ser chamado, nasceu em St. Louis, Missouri, e perdeu a mãe cedo, aos 10 anos. Quando cresceu, viajou pelos Estados Unidos, fazendo diversos trabalhos, conhecendo vários lugares e vendo as coisas mais variadas. Mike diz que quanto mais via, mais curioso se tornava. Para ele, esse período “o deixou mais completo”. Depois desse tempo de “aventuras”, decidiu fazer bacharelado em Biologia e em Cinema e fez Teoria Estética e História do Cinema. Atualmente, está com 57 anos e vive no Brasil há 25, depois da indicação de um amigo que já havia morado no país. Na época, estava cansado da política conservadora do presidente norte-americano Ronald Reagan e do conservadorismo da sociedade americana como um todo. Mike, que só conhecia Tom Jobim e as obras de Jorge Amado, veio trabalhar como freelancer para a “Associated Press”, sem saber direito o que encontraria. Escreveu durante muito tempo também para as revistas “Time” e “Newsweek”, e hoje escreve crônicas mensais sobre Brasil, Estados Unidos, sentimentos, visão do mundo, Deus, tudo - que foram reunidas em seu primeiro livro 'Sonhando com Sotaque'. Mike gosta de falar da relação entre brasileiros e americanos. Para ele, casado com uma brasileira, não valorizamos muito o tempo, o que nos torna ria mais simpáticos, mas “menos produtivos”. Ainda sobre os brasileiros, ressalta que é um povo que adora e sabe se divertir. Ele crê que os brasileiros são discriminados racialmente nos Estados Unidos, e que os americanos os consideram “atrasados culturalmente”. Sobre as pessoas de seu próprio país , acha que s ão m uito competitivos e que sofrem uma pressão muito maior de trabalho, mas que, até por isso, valorizam melhor o seu tempo. Porém, Mike também faz duras críticas: “Não consigo entender como bombardear tudo e ficar numa boa.” Diz que os brasileiros têm uma certa razão ao acharem os americanos “arrogantes, prepotentes e ignorantes sobre o resto do mundo”. “Tem que ser curioso, gostar de ler e saber organizar as idéias em um texto”. É assim que Mike define um bom jornalista – que deve saber fazer as perguntas certas nos momentos certos, coletar informações através de “boas perguntas” e ler muito. Mike já é quase brasileiro, mas diz que ainda guarda “valores americanos”. Desta junção, surgiu a expressão que está no título de seu livro, “gringobrasileiro”. Mike explica que o Brasil possui uma “verdadeira receita para o caos” (desigualdade de renda, que leva ao desespero e à violência, unida à corrupção e à impunidade) que tinha tudo para ter feito o país implodir há muito tempo, mas que isso não ocorre principalmente devido ao povo brasileiro e suas qualidades. Mike hoje escreve principalmente sobre ecologia. Preocupado, fez duras críticas ao governo dos EUA. Ele finaliza a palestra, quase uma conversa com os alunos, se definindo politicamente mais à esquerda e fazendo um alerta para a preservação do planeta. Por Gregory Kaskus Hoje eu sonhei, de novo, com o Botafogo. Outra vez, não consegui chegar ao estádio, mas ouvi no rádio de alguém que o Botafogo tinha perdido o jogo. Nenhuma surpresa. Não para mim. Eu sempre espero o pior. Ou melhor, eu sempre espero a derrota. Não tem nem melhor nem pior. O resultado é sempre esse. Eu sou um botafoguense de verdade. E você só sabe quem são os botafoguenses de verdade se for um botafoguense de verdade. Se aparecer alguém na torcida rindo durante um jogo, pode ter certeza de que não é um botafoguense. Um botafoguense não ri enquanto vê o jogo. Um botafoguense sofre. Do início ao fim, antes e depois. Meu terapeuta me perguntou o que me levou a torcer pelo Botafogo. Foi sarcástico. Ele não é um torcedor - de time nenhum. Se fosse, já teria me diagnosticado. E saberia, entre outras coisas, que sarcasmo nunca vai surtir efeito em mim. Respondi que se soubesse explicar não seria botafoguense. Não há explicação para muita coisa. Ser botafoguense é uma delas. Assim como uns são sádicos e outros paranóicos, alguns são botafoguenses. Os integrantes destes três grupos que querem levar uma vida decente entram na terapia. E o trabalho do terapeuta não é perguntar qual é a causa do mal do paciente. Funciona do jeito contrário. Dizem os que querem me confrontar que a torcida do Botafogo é pequena. Como se isso fosse uma ofensa. Um amigo flamenguista mandou uma dessas num bar. Chamei o garçom e lhe perguntei: “Bigode, você por acaso tem aí um Johnny Walker Blue, conservado há uns trinta anos, pra mim e pro meu amigo?”. Ele disse que não. Me virei para o flamenguista e concluí: ”Você viu? Entendeu? Coisa boa não dá em qualquer lugar.”. Fim da discussão. Discutir com botafoguense dá nisso. Nossa torcida é pequena? Para mim é até grande demais. Grande a ponto de disfarçar os verdadeiros botafoguenses, e esses sim são poucos. Se chegarmos às finais, 70 mil estarão no Maracanã. Como coisa boa não dá em qualquer lugar, mas flamenguista dá, vamos supor que 40 ou 45 mil sejam rubro-negros. Sobram 30 ou 25 mil botafoguenses. Ou melhor, 30 ou 25 mil torcedores com a camisa do Botafogo. Quantos desses são verdadeiramente botafoguenses, de alma e espírito? Provavelmente, menos de 5 mil. Basta ver a média de público. Quantos vão ao Maracanã ver Botafogo e Volta Redonda? Uns 4 mil? Então são esses. Mas enquanto escrevo, pensei em outro grupo de botafoguenses, que não pode nunca ser desmerecido. Esse grupo tem o meu respeito, a minha admiração e a minha inveja: são os botafoguenses que moram fora do Rio. Eles não vão ao Maracanã. Não acompanham os treinos. Mas eu empresto a eles a minha solidariedade. Sofrer de longe deve ser muito pior ( ou melhor ) do que sofrer de perto. Eu não conseguiria ser um deles. Se me oferecessem um emprego em São Paulo ou nos Estados Unidos, eu simplesmente não aceitaria. Talvez eu seja um fraco. O que eu sei é que eles conseguem, e não abandonam o Botafogo. E deles eu sinto orgulho por serem muitos. Em São Paulo, no sul, no nordeste, na Europa, na Ásia ou em Marte, estão comigo – comigo e com todos os outros 4 mil do Maracanã. O meu amor por eles é tão grande quanto o meu ódio pelos que abandonam o time durante toda a temporada e aparecem em uma ou outra final para gritar “Campeão!” comigo. “Campeão? Você? Você não é campeão! Eu sou campeão. Você veio curtir uma final com uma camisa emprestada. Você é um turista, eu moro aqui.” Não sei se é bom ou ruim, mas o fato mais marcante em ser um botafoguense é que eu não posso morrer. Cheguei a essa conclusão há um tempo. De janeiro até abril, o Botafogo disputa o estadual e a Copa do Brasil, e caso o Botafogo faça uma boa campanha nesta – o que espero ver acontecer um dia, nem que daqui a 60 anos -, seguirá batalhando mata-mata atrás de mata-mata até junho. De abril até dezembro, tem o Brasileiro. Resta o meio de dezembro até o meio de janeiro, período da pré-temporada. E, como não há nada mais maravilhosamente angustiante do que a prétemporada, não sobra espaço para morrer. Paciência. Até acabar o Botafogo eu vou ter que ficar vivo. E se eu não consegui explicar nada do que é ser botafoguense com esse texto, peço que entendam a minha situação: eu sou botafoguense. Por Ciro Nogueira Mostra de Artes e Multimídia No sábado, dia 5 de Maio, a escola EDEM organizou a primeira das atividades especiais do ano, a Mostra de Artes e Multimídia com o tema de "Imagens da Cidade". O evento aconteceu no Jockey Clube da Gávea e o Edemzine fez o registro. Houve apresentação das oficinas de música e teatro do 1º e 2º ano abordando o tema da invisibilidade social. Também foram exibidos vídeos sobre o mesmo tema. O grupo de teatro apresentou uma peça criticando a exploração de corporações sobre as comunidades pobres. A oficina de música foi marcada pela memorável apresentação de "Three Little Birds" que empolgou a platéia depois de um início de apresentação difícil do 1º ano e por "Construção" tocada pelos alunos 2º ano. Por Camila B. Tecnologia Uma estrela batendo no peito Por Bruna Cordeiro Venho percebendo, ao longo de minha vida, as mudanças visíveis e extremamente significantes da tecnologia. A tecnologia vem alterando a vida de muitas pessoas por todo o mundo com computadores, celulares, carros com GPS. Toda essa modernidade interfere na vida de todos e há divergência sobre se tais interferências são positivas. As crianças nos dias de hoje por exemplo mantêm cada vez mais contado com esse meio tecnológico – o que é preocupante, pois nessa idade é preciso contato físico, emocional, uma vida real mesmo, para que se aprenda princípios e para que também seja posto de lado um futuro sedentarismo. Um exemplo de tecnologia avançada no dia-adia pode ser notado na Coréia do Sul, onde as pessoas pagam o ônibus com o celular. Você encosta seu aparelho – extremamente moderno, claro – em um outro aparelho instalado no ônibus, e o valor é debitado na sua conta. Chique, não? Mas como seriam nossas vidas sem a tecnologia? Sim, é uma pergunta complicada. De fato, nossas vidas seriam extremamente diferentes. O que seria de nós "pobres pecadores" sem nossos malditos/santos celulares? E sem nossos computadores então? Eu sei que também já "salvaram" vocês um dia.Nós respiramos tecnologia. Isso seria uma metáfora se a tecnologia não trouxesse tanta poluição e não prejudicasse de maneira tão brusca o meio ambiente. É preciso que todos pensem nisso também, e não só na facilidade que a modernidade nos trás. Entretanto, apesar de existirem maneiras para diminuir a poluição, estimulando a reciclagem, por exemplo, é impossível se desvencilhar da tecnologia, ela inevitavelmente faz parte de nossas vidas. Apesar de também existirem muitos ambientalistas, tentando frear um pouco esse progresso, as crianças de hoje – adultos de amanhã – serão muito mais tecnológicos, e, obviamente, seus filhos ainda mais. Prepara uma avenida, que Sentada à frente do computador, finalmente consegui pedir uma entrevista à Larissa Conforto, baterista da banda composta só de meninas, Rica Pancita. O que capturou mais a atenção foi o fato de ela ser ex-aluna da EDEM, portanto, entrevistá-la pareceu tornar a matéria muito mais interessante. Fotos da banda podem ser vistas em vários fotologs e cantos do orkut, e os contatos das integrantes dão um apoio excepcional, notado ao ler seus recados e comentários. Nos shows, meninos e meninas vão ao delírio com as coreografias, letras e roupas da vocalista Thaisa "Xabru"(20 anos), e claro, o som de Larissa na bateria, Isabela "Bléia"(19) na guitarra, Aline(17) no teclado e Isabella(16, de saída) no baixo. Não será grande surpresa se cada vez mais ouvirmos falar delas por aí. Aproveito agora que elas ainda têm tempo para responder minhas perguntas. ELAS vão passar EdemZine Online: Como e quando foi que vocês decidiram montar uma banda? Larissa: Na verdade, a banda já teve duas outras formações. Eu tinha uns projetos de banda com a Xabru, mas nunca ia pra frente, foi quando ela conheceu a Isabella num show (sarau do colégio Sta.Úrsula) e decidiram formar uma banda. A princípio o nome era Fixx, e tinha outras integrantes na guitarra e bateria, só que o projeto foi morrendo e as meninas pularam fora. Foi aí que eu e a Jeanne (antiga guitarrista) entramos. Nesse mesmo dia, vendo Chavez*, decidimos o nome da banda! Uma semana depois a Mikhaila (antiga guitarra solo) juntou-se ao time. Isso foi em julho de 2006. Nosso primeiro show foi dia 12 de agosto de 2006. EdemZine Online: Vocês já têm letras próprias? Larissa: Temos sim, seis músicas prontas no total, e duas em construção. Mas também fazemos cover de nossas bandas preferidas :) EdemZine Online: Na sua opinião, qual foi o melhor e o pior show até agora? Larissa: Melhor show? Hmm, acho que no sarau do colégio Franco Brasileiro. O auditório lotado, todo mundo com as camisas, cantando as músicas! EdemZine Online: Quais são as influências da banda? Larissa: As bandas Metric, Yeah Yeah Yeahs, Le Tigre, Electrocute... Enfim, essas bandinhas femininas de electroclash/disco-punk. EdemZine Online: Qual foi o momento mais marcante em um show do Rica? Larissa: A Xabru já fez xixi nas calças de nervoso, já me pediram em namoro no microfone, e eu já fiquei nervosa, levantei da bateria no meio do show e deixei elas tocando lá! EdemZine Online: Quais são as atuais metas da banda? Larissa: Metas? Fazer música boa, gostar do que fazemos. É claro que quanto mais gente gostar melhor, né? Estamos procurando uma nova baixista pra podermos gravar uma demo. Temos algumas propostas pra fora do estado, vamos agarrar as oportunidades e pisar fundo. EdemZine Online: Pra terminar, quando serão os próximos shows de vocês? Larissa: Tem show esse sábado, mas é fechado. Depois disso, estaremos gravando. Pois é, quem estiver interessado em curtir um som de qualidade, pode checar o trabalho das meninas . (* Rica Pancita é uma referência ao personagem "Seu Barriga") Por Luiza Abend Moreira Ensino Fundamental x Ensino Médio A Passagem A transição do Ensino Fundamental para o Ensino Médio pode ser cansativo e estressante. Novos professores, novas matérias e, no caso dos alunos da EDEM, nova localização também. Quem não sofreu para se acostumar com a nova carga horária, e a preparação para o vestibular que se intensifica no primeiro ano e, até o terceiro, apenas promete piorar? E os professores? Alguns parecem não ter mais tanta paciência como antes, já outros continuam os mesmos, tentando manter o bom humor. Fomos até três alunas que no início deste ano passaram por todas essas mudanças. A pergunta foi simples: "Para você, como foi a transição do Ensino Fundamental para o Ensino Médio?” Isabel Pessoa (16) dá sua dica, "Acho o primeiro ano bem mais puxado, com maior carga horária e mais responsabilidades. O meio social é diferente também. No início, você demora um pouco para se acostumar, mas se for organizado, consegue seguir o ano tranqüilamente.” Já Luisa Rebuzzi, de 14 anos, faz pouco do assunto: "Acho que não é uma diferença grande. Só quatro matérias a mais.” Por fim, Patrícia Diniz(16) nos conta que para ela, a transição foi "aterrorizante, medonha e assustadora”. Por outro lado, diz que "ao mesmo tempo é interessante; um novo desafio na minha vida". De fato, é fácil para um estudante notar o peso de entrar para o Ensino Médio. Mas há também o prazer de saber que a parte mais longa do colégio já passou, afinal, daqui pra frente são só mais três anos. Por Luiza Abend Moreira Opinião BRONCA vascaína Por Elisa De Vicq A ditadura militar, que impedia a gente de votar, no Brasil já acabou há muito tempo, mas no Clube de Regatas Vasco da Gama, ainda existe. É coisa do presidente do Vasco, Eurico Miranda, que acredita que manda no Vasco, ele ainda não entendeu que o Vasco é uma instituição dos torcedores, e não dele. O que não dá para entender é como ele consegue estar há tanto tempo no clube, mais de 17 anos. Desde que ele entrou lá, o Vasco não ganhou nenhuma final contra o Flamengo, o que é um absurdo. A maioria das pessoas acredita que ele pode continuar na diretoria do Vasco, mas não como presidente, e sim como diretor de futebol, o que já foi. Era diretor de futebol, mas na verdade quem mandava era ele. A única diferença é que ele não lidava com o dinheiro. Como presidente, tem uma atuação pífia. Em mais ou menos 6 anos como presidente, transformou o Vasco, que era um clube rico, com estádio e vários patrocinadores, num clube que deve milhões ao governo, pobre sem patrocínio e com estádio penhorado. Nesse período, ele só ganhou 1 campeonato carioca, e, na maioria das vezes, o Vasco lutou para não cair no Brasileiro. Para piorar ainda mais para o lado do Eurico, surgiram provas na investigação da Polícia Federal de desvio de dinheiro na venda de jogadores, mas sempre que vão lá ele dá um jeito de fugir. Mas seus maiores erros não foram esses. Cometeu outros dois muito piores, e que revelam a ditadura que ele impõe ao clube. Em 2001, um dos maiores ídolos da história do Vasco, Roberto Dinamite, foi assistir em São Januário, ao jogo Vasco e Ponte Preta, com seu filho de 9 anos. No fim do primeiro tempo, Eurico simplesmente expulsou os dois do estádio. A partir daquele ano, o Vasco, que até ali não tinha oposição, passou a ter. Na primeira eleição após o ocorrido, Eurico foi acusado de contar votos de sócios falecidos do Vasco e ganhar só por isso. Na eleição seguinte, a Matemática foi desafiada quando Eurico ganhou a eleição com o conteúdo de apenas uma urna, que sozinha continha mais votos do que as outras três somadas. Todos têm certeza de que o melhor para o Vasco vai prevalecer. Se considerado culpado das acusações, que saia e devolva o dinheiro. O incerto domínio dos clubes grandes do Rio Há tempos, mas em especial nos últimos anos, tem sido muito falado que o domínio dos clubes grandes do Rio estava acabado. Apesar de não apresentarem um futebol maravilhoso, os resultados obtidos pelos clubes parecem mostrar o contrário. Em esfera regional, apesar de serem ameaçados por alguns clubes pequenos, de menor tradição (como Madureira, Americano, Cabofriense), nos últimos anos, a última vez que um destes clubes foi campeão, o Bangu (que na época não podia ser considerado um time pequeno), foi em 1966. De lá até os dias de hoje, apenas os quatro grandes clubes venceram o Campeonato Carioca, e, segundo dados da FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), nos últimos 10 anos foram 2 títulos para o Fluminense (2002 e 2005), 2 títulos para o Vasco da Gama (98 e 2003), 5 títulos para o Flamengo (99, 2000, 2001, 2004 e 2007) e 1 título para o Botafogo (2006). Em esfera nacional, os clubes do Rio vêm alternando bons e maus resultados, todos de acordo com dados oficiais da CBF e da FIFA. O Fluminense chegou a ser rebaixado para a 3ª Divisão (Série C) em 1998, mas se recuperou e vinha fazendo boas campanhas no Campeonato Brasileiro até o ano passado, quando caiu de produção. Este ano, já conquistou o título da Copa do Brasil (vencendo na final o time do Figueirense), competição a qual já havia chegado à final em 2005 (perdendo para o Paulista) e está entre os mais bem posicionados no Brasileiro. O Botafogo, campeão brasileiro em 1995, foi outro clube que chegou a disputar a 2ª Divisão (Série B) em 2003, mas deu a volta por cima e este ano liderou o campeonato por diversas rodadas. O Vasco, vencedor de um polêmico Campeonato Brasileiro em 2000, vinha fazendo campanhas medianas até o ano passado, quando foi vice-campeão da Copa do Brasil e terminou na 6ª colocação no Campeonato Brasileiro. O Flamengo, maior vencedor da história do Campeonato Brasileiro, há muito tempo não sabe o que é estar entre os primeiros colocados da competição, conseguindo recentemente apenas um 8º lugar em 2003. Porém, foi campeão da Copa dos Campeões em 2001, chegou a final da Copa do Brasil em 2003 e 2004 (perdendo respectivamente para Cruzeiro e Santo André) e em 2006 (sendo campeão contra o Vasco). Para muitos, o Campeonato Carioca não serve mais de parâmetro para medir se os clubes do Rio estão bem ou não. Outros, alegam que os clubes do Rio, afundados em dívidas, não formam bons times há anos e que se salvam pela força de suas torcidas. Ainda há os que consideram os clubes ruins, mas no nível dos atuais clubes do Brasil, e por isso ainda têm chances de ganhar esses títulos em esfera nacional. A maioria gosta de lembrar que, por mais que disputem os torneios nacionais, há muitos anos os clubes do Rio não disputam, com chances reais de vencer, um título internacional, como a Copa Libertadores, e que neste mesmo período, times como São Paulo e Internacional foram campeões mundiais. As soluções sugeridas para os problemas dos clubes do Rio são as mais variadas. Os dirigentes dos clubes se empenham para livrá-los das dívidas, que são imensas, e atualmente brigam para que entre em vigor a “Timemania” (nova loteria federal na qual parte do dinheiro arrecadado seria diretamente usado para pagar as dívidas dos clubes, além de oferecer algumas outras vantagens fiscais). Os jornalistas esportivos e especialistas apostam em outras medidas. Eles concordam que muitas gestões vêm sendo incompetentes e que faltam programas que aproximem os torcedores dos clubes, seja indo aos estádios ou tornando-se sócios. Programas como o “SócioTorcedor”, em que o torcedor paga mensalidade para ir a jogos, são citados como modelos a serem seguidos. Além disso, é consenso que os clubes devem ter um estádio próprio, principalmente para os jogos de baixa bilheteria, para que não gastem dinheiro com locação de estádio. Além dessas soluções apontadas, há muitas outras paralelas. Há projetos de lei que visam mudar a Lei Pelé, que muitos consideram a principal responsável pelo “calvário” dos clubes. Há também quem ache que se deve investir na infra-estrutura dos estádios do Brasil todo, fazendo melhorias não só no conforto e na segurança, mas também em itens como meio de transporte e preço dos ingressos. Os clubes do Rio estão entregues à própria sorte e sobrevivendo de formas distintas. O Flamengo, um dos maiores endividados do Brasil, sobrevive graças à seus contratos com duas grandes marcas (uma distribuidora de materiais esportivos e outra petrolífera) e à força de sua torcida, a maior do Brasil, e seu presidente, Márcio Braga, luta pela Timemania como uma espécie de “salvação”. O Vasco está refém de seu presidente, Eurico Miranda, que alega que “o clube não deve nada a ninguém”, mas que também não torna as contas públicas, e é sabido por todos que sua dívida é enorme. O Fluminense, assim como o Flamengo, consegue verbas através de dois contratos com empresas de grande porte, mas, por não possuir as mesmas dívidas, é o clube do Rio que mais acumula dinheiro em caixa, raramente passando por problemas financeiros. O Botafogo, por sua vez, ainda tem muitas dívidas, mas seu presidente, Bebeto de Freitas, está fazendo diversos projetos, como o “Sócio-Torcedor”, que já conseguiram melhorar a situação do clube. O futebol do Rio parece demonstrar um sinal de melhora em relação aos anos passados, levando os torcedores a crer que os tempos mais difíceis já passaram. O grande problema atual consiste na escala sul-americana e mundial, nas quais os times do Rio podem ser consideradas forças nulas nos dias de hoje, não fazendo jus a suas histórias de glórias e de conquistas importantes. Por Gregory Kaskus Copa do Mundo 2014 Como todos sabem, a FIFA já decretou que a Copa do Mundo de futebol no ano de 2014 será na América do Sul, como candidata única e com apoio dos outros paises o Brasil está pertíssimo de conseguir realizar a Copa aqui. Um dos grandes problemas é que o investimento teria de ser muito alto, mas o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira afirmou que não precisará de dinheiro do governo para a melhoria e construção de estádios. Todo o dinheiro investido viria de empresas privadas. Ele afirma que conseguir empresas interessadas não será complicado. Uma competição desse porte já seria suficiente para atrair dinheiro privado. Um exemplo foram os Jogos Pan-americanos realizados no Rio, que deixaram um legado de ginásios, arenas e o Estádio Olímpico João Havelange (Engenhão). Este e o Maracanã, que sofreu reformas para abrigar as competições, talvez sejam os únicos estádios que podem sediar competições do nível de uma Copa do Mundo. O mais importante é que, caso a Copa venha realmente a ser realizada no Brasil, o Brasil não tente reproduzir eventos de países ricos, não compatíveis com nossa realidade. Podemos seguir o exemplo da Eurocopa realizada em Portugal no ano de 2004 (quadro ao lado). A Copa será em 2014, mas a Fifa, atenta já começa a inspecionar o Brasil e as possíveis cidades sedes. Os inspetores vão visitar cinco das possíveis cidades sedes (Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Porto Alegre), as demais candidatas (Belém, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Maceió, Manaus, Natal, Recife/Olinda, Rio Branco e Salvador), e farão a apresentação de suas candidaturas para os representantes da FIFA, em um Hotel no Rio de Janeiro. Portugal deu um exemplo, na Eurocopa 2004, de como um país com uma população de 10 milhões de habitantes, e pequeno território, em comparação ao Brasil, pode se organizar. A Sociedade Euro 2004 S.A. foi responsável por 54,8% do capital. A FPF (Confederação como a CBF) ficou com 40,2%. O governo português com 5%. As construções de cinco novos estádios custaram R$ 2,3 bilhões, custo que se dividiu entre a Sociedade Euro 2004 (12%), Clubes (47%), Governo português (4%) e Prefeituras Municipais das Cidades sedes (37%). Para os acessos aos estádios foram investidos R$ 275 milhões pelo Estado. Ônibus e metrô levaram os torcedores para todos os estádios. A segurança mereceu um investimento de R$ 43 milhões pelo Governo, que adquiriu 400 viaturas e outras ferramentas. Foi implementado um sistema de venda de ingressos para os jogos via I N T E R N E T, c o m i d e n t i f i c a ç ã o d o comprador e limitada a quatro bilhetes por pessoa/jogo. Foram arrecadados, só em patrocínios de empresas portuguesas, R$ 26,2milhões. A Federação da Europa, UEFA, arrecadou, com a Euro 2004, 589 milhões de Euros (136% a mais que o torneio anterior em 2000). Do que o Brasil precisa? Primeiramente, o Brasil precisará investir pesadamente em infra-estrutura. Mesmo cidades grandes como São Paulo e Rio de Janeiro sofrem com problemas de transporte público, segurança, infra-estrutura de comunicação e nos estádios - atualmente, nenhuma dessas praças esportivas no Brasil atende às exigências da Fifa para jogos da Copa. Para especialistas, a questão dos estádios pode ser resolvida com recursos da iniciativa privada. No entanto, seria preciso mudar o perfil destes. "Os europeus encontraram esta saída acima de tudo porque teve uma participação da iniciativa privada. Isso porque eles buscam arenas multiuso, uma tendência forte nos EUA também. Constroem casas de espetáculos pra grandes públicos, que não sirvam apenas ao futebol, mas que oferecem outros recursos", afirma o economista Antonio Afif, especialista em Marketing Esportivo. "O que acontece é que temos, sim, público com poder aquisitivo pra sustentar o futebol. Mas, hoje, quem vai é um outro público”. Nas últimas edições, a grande opção tem sido pela construção de novos estádios. Na Copa de 2002, por exemplo, Japão e Coréia do Sul direcionaram US$ 8 bilhões (R$ 17,12 bilhões) para erguer novas praças. Nem sempre, no entanto, o investimento retorna como esperado. O Estade de France, por exemplo, construído para abrigar a final da Copa do Mundo de 1998, é considerado um "elefante branco", pois é usado poucas vezes - o Paris Saint Germain, time da capital, tem estádio próprio e de qualidade. INVESTIMENTOS EM ESTÁDIOS (valores em milhões de Euros): Eurocopa 2004 (Portugal): 620,4 -Dinheiro privado: 278,4 (44,8) -Governo: 105 (17%) -Prefeituras: 236 (38,2%) -Estádios: 10 -Lugares: 377.427 Uma constatação: A economia portuguesa é 4 vezes MENOR que a brasileira. Por Juan Pablo Seco Investimentos do Estado Conseguiremos? Investimentos em segurança, transportes e afins não podem ser feitos pela iniciativa privada, embora ela possa participar em projetos específicos através de parcerias. O que levaria, então o Estado a investir tantos recursos na organização de um evento como a Copa, ou mesmo como o Pan? Além de adiantar investimentos que seriam feitos de qualquer maneira (como uma nova linha do metrô, por exemplo), o governo lucra - muito - com a divulgação do turismo. Logo, não é como muitos dizem que o Brasil não receberia nada em troco, além de um investimento fortíssimo em Esporte, que gera saúde, educação, melhoria de vida, com o dinheiro que o Turismo traz, pode-se fazer muita coisa boa para o País. Embora os problemas que tivemos na organização dos Jogos Panamericanos nos tenham assustado em alguns momentos, o Brasil vem obtendo bom desempenho em eventos de porte, como a Fórmula 1, em que tem longa tradição - fora outras etapas de mundiais, ou grandes eventos -, mas nada se compara a uma Olimpíada ou à Copa do Mundo que são os verdadeiros sonhos do povo e das entidades que organizam o esporte brasileiro.