Novembro 2008 - Museu da Lourinhã

Transcrição

Novembro 2008 - Museu da Lourinhã
Número 10
Ano 2008
Mês Novembro
Museu da Lourinhã
Editorial
Estamos quase no Natal, por tradição uma época especial e
bem marcante do ano. As atenções viram-se naturalmente para
a celebração deste evento, a antecipação do convívio com
família e os amigos é já fonte de alegria.
Assim, a Direcção do GEAL resolveu comemorar esta época
organizando um jantar que é, também, uma oportunidade para
os Associados e seus convidados contactarem, permitindo um alegre convívio
bem como a troca de ideias e opiniões sobre o GEAL e o Museu, hoje e no
futuro. Os detalhes desta realização estão disponíveis no sítio Web do GEAL.
Igualmente reconhecendo o forte carácter familiar desta época, o Museu estará
encerrado no próximo dia 24 de Dezembro. É, também uma merecida pausa
para os funcionários que tiveram um mês de Novembro cheio de actividade,
como se dá conta nestas páginas.
Também para o GEAL este Dezembro vai ser um mês importante. Com efeito,
vai realizar-se uma Assembleia Geral para tratar da alteração dos Estatutos. Este
assunto é de grande importância, pois os Estatutos são uma peça fundamental
para a actividade e desenvolvimento do GEAL, logo do seu Museu. Não deixe de
colaborar nesta tarefa, que é de todos.
O Boletim aproveita para a todos desejar um Santo Natal e fazer votos de um
Muito Feliz ano de 2009.
Fernando Nogal
Neste número
2
3
8
10
Mensagem do Editor
Notícias da Associação
Serviços do Museu
Loja do Museu
Artigos
3
4
5
5
6
7
8
9
Museu comemorou o Mês do Reformado
Os Saltimbancos
O Museu no 3º EITEC
Exposição Mundo Jurássico na Feira Bebés e Crianças
A colecção de máquinas de costura
Dinossauros marinhos?
O “Indiana Jones”™ da Lourinhã
Ilustração Paleontológica – Parte IV
Nota: “Indiana Jones” é um Trademark de Lucasfilm Ltd
Capa: Pormenor da máquina de costura SINGER F261467. No topo do braço
encontra-se uma gravura de um ramo de videira com 2 cachos de uva, 10
parras, 13 gavinhas e moldura de laços. O Museu possui uma colecção de
máquinas de costura (ver artigo na página 6)
Assine o Boletim do Museu da Lourinhã!
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2
Boletim N.º 10
Novembro 2008
Museu da Lourinhã
Notícias
•
Assembleia Geral Extraordinária dia 13 de Dezembro às 17 horas
A convocatória desta sessão, feita por correio, bem como demais informações com
ela relacionadas, está disponível no site do GEAL em http://www.museulourinha.org
•
Feira dos Bebés e Crianças
O Museu esteve presente na Feira dos Bebés e Crianças, que foi visitada por cerca
de 21.500 pessoas, facto extremamente positivo para a divulgação do Museu.
Reconhecendo a relevância do papel desempenhado pela Dra. Carla Abreu, Dra.
Carla Alexandra Tomás e Eng. Simão Mateus, a Direcção agradece a participação, o
esforço e empenho que cada um manifestou no referido evento.
Museu comemorou o Mês do Reformado
Outubro é o Mês do Reformado e,
em sua comemoração, o Museu da
Lourinhã associou-se à iniciativa da
Câmara Municipal da Lourinhã
(Serviços Sociais) recebendo grupos
de reformados provenientes de várias
zonas do concelho da Lourinhã e
Torres Vedras.
Esta é constituída por alfaias
agrícolas, pesca, antigas profissões,
actividades lúdicas e arte sacra.
Momentos de nostalgia bem evidentes surgiram com o recordar dos
velhos tempos que, suados e duros,
com muito trabalho e poucas condições, são admirados com saudade e
carinho.
As visitas tiveram lugar nos dias 7, 8,
9, 10, 15 e 16 de Outubro. Ao todo
visitaram o nosso Museu 164 idosos.
A actividade proposta tinha por objectivo proporcionar uma viagem a um
passado bem distante da vida na
Terra, no tempo dos Dinossauros e
da Pré-História, para depois passar,
como que por um toque de magia, a
admirar a colecção etnográfica do
Museu da Lourinhã.
Muitas
foram
as
recordações!
Lembranças do Sr. Garcia – o
Amolador; do Ti Remexido – Segeiro;
do Sr. António Mateus – o “Pitrolino”;
do Arreador do Seixal.
O tempo passa, os anos pesam, mas
a memória daqueles tempos tão
diferentes de hoje, em que as pessoas conviviam e se entre ajudavam
mutuamente, já pouco existe!
Tempos em que a Lourinhã era bem
diferente da actual. O antigo mercado
e a escola, respectivamente ao lado e
em frente à Igreja do Convento de
Santo António, foram referenciadas.
Num momento de confraternização,
na casinha regional, cozeu-se o pão à
moda antiga, num forno a lenha, e
assaram-se castanhas.
Conversámos sobre o passado, sobre
os tempos difíceis, sobretudo como é
que se poupava mesmo com o pouco
que se tinha – “Menina, tinha apenas
um fato bom e usava-o apenas ao
Domingo!” dizia um dos senhores.
Vários foram os comentários ao modo
de alimentação antigamente praticado
Novembro 2008
aqui na zona. “Só se comia pão de
trigo de manhã com café, no resto do
dia era pão de milho!”. “A carne de
vaca só se comprava ao Domingo de
manhã para o cozido à Portuguesa.
Nos outros dias, era peixe seco e
salgado que se comia.” As sobras de
comida eram muito bem aproveitadas!
Boletim N.º 10
Os tempos simplesmente estão
diferentes! Apesar de terem sido
tempos difíceis e com poucos recursos, os idosos têm saudade desse
passado! „ Carla Abreu
Agradecimentos:
Helena Carruço da C.M.Lourinhã pela
cedência das fotos.
Voluntárias: Maria das Dores, Maria Berta
Gonçalves, Zita Oliveira e Espírito Santo.
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Museu da Lourinhã
OS SALTIMBANCOS
UMA FOTO NO MUSEU DA LOURINHÃ
Saltimbanco é o verdadeiro nome do artista de circo e
quer dizer que se desloca de terra em terra.
Há cerca de dois anos, retirada de um caixote do lixo,
encontrei uma fotografia e logo disse para mim: Eu conheço
esta cena!
Dos circos nos finais da década de 50 e início da década de Tratava-se de um saltimbanco com a sua cabrinha
60, o mais famoso que vinha à Lourinhã durante a Feira Margarida que rodopiava e dançava com as quatro patinhas
Anual de 21 de Setembro, era o Arraiola Paramés.
juntas, em cima de um tripé, ao som de um adufe. No chão,
um pequeno macaco e um recipiente onde os espectadores
Os Arraiolas, de origem espanhola, exibiram-se no Coliseu colocavam moedas.
de Lisboa e conheceram os Paramés que possuíam um
restaurante na Rua das Portas de Santo Antão. A paixão Este saltimbanco, quase sempre acompanhado da família,
que surgiu entre a Carol Arraiola e um dos Paramés foi a com filhos pequenos, encontrava nesta actividade o único
origem do circo Arraiola Paramés.
modo de sobrevivência destes pequenos/grandes artistas.
Rua a rua, de vila em vila, cidade
Conheci a linda Romana Arraiola
em cidade, quase sempre esconque, tragicamente, faleceu debaidendo a sua pobreza. Tempos
xo da pata de um elefante. Vi,
difíceis!
pela primeira vez, o triplo mortal
em trapézio e conheci o célebre
A fotografia anexa, que pode verpalhaço Emiliano. Factos que não
se no nosso Museu na exposição
interessam para este artigo ditacom o tema “Jogos Tradicionais,
ram o fim deste Circo.
Feiras, Teatros e Divertimentos”
era como uma cena “déjà vue”.
Os irmãos Campos eram uma
parelha de palhaços que actuava
Perguntei a pessoas mais idosas,
em diversos circos. O António
porque o menino ao colo me dizia
Campos tinha um filho com o
algo. Espanto total! O menino era
mesmo nome, nascido na
eu! Teria os meus dois anitos e
Lourinhã, sendo seu padrinho o
estava ao colo da minha amiga
Senhor António Diogo.
Maria de Lourdes Pinto.
Sempre que se deslocavam à
Lourinhã, pai e filho, no fim da
actuação do circo e a pedido do
público, vinham à pista onde
eram efusivamente aplaudidos,
enchendo-se a mesma de moedas que atiravam em homenagem ao seu menino lourinhanense.
Não faço comentários visto o meu
coração ter transbordado de
alegria e saudade.
O saltimbanco e a sua cabrinha Margarida
São recordações!
Agradeço a colaboração do meu
querido amigo Alberto Castrim,
antigo trapezista e argolista,
afilhado do mais famoso palhaço
de Portugal, o Quinito, e que
actualmente reside no nosso
Concelho. „ Horácio Mateus
O Museu no 3º EITEC
Encontro Internacional de Tecnologias Aplicadas à Museologia, Conservação e Restauro
O Museu participou no 3º Encontro Internacional de
Tecnologias Aplicadas à Museologia, Conservação e
Restauro (EITEC) que decorreu no Porto, nos dias 23 e 24
de Outubro, nas excelentes instalações da Biblioteca
Almeida Garrett, junto ao Palácio de Cristal.
O encontro teve como finalidade dar a conhecer trabalhos
e projectos de investigação, desenvolvidos a nível
nacional e internacional e que destacam, de certa forma, o
crescente interesse pelo Património Cultural.
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Os temas abordados, neste ano, seguiram uma linha de
continuidade com os anteriores encontros, no sentido
destes acompanharem a dinâmica internacional estabelecida nesta área e instituírem-se como um Fórum para os
investigadores apresentarem os seus trabalhos.
Na sua maioria, os trabalhos de investigação e
comunicações apresentados provêm de projectos de
investigação, sobretudo em técnicas e tecnologias de
análise, identificação e restauro aplicados na Museologia,
Conservação e Restauro.
Boletim N.º 10
Novembro 2008
Museu da Lourinhã
Num exemplo de colaboração inter-disciplinar, o Arquivo
da Universidade de Coimbra solicitou a colaboração do
departamento de química da Universidade de Coimbra, no
restauro e conservação de selos de chumbo, e do
departamento de Botânica da UC, para estratégias de
controlo e mitigação de fungos em documentos históricos.
Esta colaboração permitiu ao Arquivo levar a cabo uma
das suas principais missões – a salvaguarda do património
que tem à sua guarda.
O património artístico
foi, igualmente, objecto
de estudo e análise
para a aplicação de
várias técnicas, tais
como radiação laser de
UV, a utilização de
nanopartículas obtidas
através de microemulsões em gel.
A aplicação de tecnologias industriais na área do restauro
manifesta-se cada vez mais. Associada a esta, foi
apresentada a limpeza criogénica de pedra e de metais.
A importância da divulgação do património cultural através
da Internet, foi outro dos temas em discussão.
A acessibilidade da Web, deve permitir estabelecer uma
comunicação de confiança e de interactividade.
No mundo global em
que vivemos, os sítios
dos museus na Web,
podem criar comunidades e através delas
divulgar o seu acervo,
as suas actividades
educativas ou lúdicas,
de uma forma exponencial. „ Carla Abreu
Exposição Mundo Jurássico na Feira Bebés e Crianças
É
conhecido o entusiasmo das crianças pelos dinossauros. Assim, a convite da organização da Feira Bébés e
Crianças, o Museu esteve presente no certame que se
realizou nos dias 14 a 16 de Novembro no Parque do Tejo,
uma zona a norte da antiga Expo98, em Lisboa.
Este certame é uma iniciativa que já conta vários
anos, sendo da responsabilidade da Terra Alternativa
(www.terraalternativa.com)
em colaboração com o
Circo V. H. Cardinalli.
Abrigado nas vastas tendas
do mesmo circo, o certame
cria um ambiente de informalidade e bom humor.
Foi, até, possível (ver foto à
esquerda) conseguir uma
ajuda muito especial para a
colocação de um cartaz no
exterior do pavilhão!
Também os média marcaram presença, tendo o Museu
sido entrevistado pela RTP e TVI.
Deste modo, a participação na Feira constituiu para o Museu
uma excelente oportunidade para a divulgação das nossas actividades e permitiu interactuar com um público mais vasto, para o
que muito contribuíram os funcionários
presentes
(ver
a
menção à Feira na
secção “Notícias”).
Convenientemente localizado, o pavilhão de exposições temporárias do Museu
permitiu trazer até aos
muitos visitantes uma visão
do Mundo Jurássico.
Cerca de 21.500 pessoas puderam apreciar a “Margarida”,
nome porque é afectuosamente conhecida a reconstituição do Dacentrurus armatus, recém pintada e
restaurada, bem como a réplica em posição de vida do
Lourinhanosaurus e a do crânio de Torvosaurus, além de
diversas informações.
Novembro 2008
Há ainda a assinalar a colaboração da Câmara Municipal
da Lourinhã. „ Editor
Boletim N.º 10
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Museu da Lourinhã
A colecção de máquinas de costura
Até meados do século XIX todas as
GEAL 238 Etn.: Máquina de costura SINGER 45K1
Manufactura: “Singer Manufacturing Co.”, Elisabeth, New
Jersey, USA.
Ano de fabrico: 1914
Concebida para coser tecidos duros como peles ou cabedal.
Muito pesada, é de ferro, com tampo de madeira. Tem um
braço com rebobinador curto, um pino para carreto de linha,
porta-agulhas, guia de linha, esticador de linha, barra de
suporte de sapatilha, sapatilha e alavanca de sapatilha.
A manivela-volante com correia de transmissão que envolve o
volante, é accionado pelo pé através de um pedal e roda
transmissora.
Pertenceu ao correeiro Ambrósio Andrade e foi oferecida ao
Museu pelos netos Hermínia, José e Álvaro Andrade de
Carvalho
GEAL 382 Etn.: Máquina de costura SINGER F261467
Manufactura: “The Singer Manufacturing Co.”, Clydebank,
Escócia
Ano de fabrico: 1909
Mesa com tampo de madeira e gaveta, roda pedaleira, pedal, e
correia de transmissão de cabedal. A cabeça tem manivelavolante em que o volante é envolvido pela correia de
transmissão, 1 pino de carretel, e suporte frontal para encher
canelas. A lançadeira é de barquinha.
Está pintada de preto com desenhos a ouro. O topo do braço é
em prata com gravura de um ramo de videira com 2 cachos de
uva, 10 parras, 13 gavinhas e moldura de laços. A tampa da
zona de lubrificação dos diversos elementos do braço é,
também, em prata e com os mesmos motivos cinzelados.
Oferta de Hélder Marques e José Filipe, de Mafra.
GEAL 553 Etn.: Máquina de costura FRISTER &
ROSSMANN em ferro e madeira.
Manufactura: Berlim, Alemanha
Idade: Anterior a 1914, provavelmente, Século XIX
Tem braço com 2 pinos de carretel, barra de suporte de agulha,
guia de linha, porta-agulhas, barra de suporte de sapatilha,
sapatilha e alavanca de sapatilha. Não apresenta esticador de
fio. A manivela-volante é de mão com maceta em madeira. O
rebobinador é grande e frontal.
Não tem desenhos decorativos mas apenas duas chapas, uma
do vendedor que diz “Máquinas de costura de todos os
sistemas. Reparações. Antiga Casa Peixoto (1891) José da
Mata Pereira. Torres Vedras” e outra do construtor
“NAEHMASCHINEN FABRIK VORM FRISTER & ROSSMANN.
FABRIK MARVE ACTIEN-GESELISCHAFT. BERLIN RF”.
Não tem pedal, roda transmissora, correia de transmissão nem
mesa de suporte. É totalmente manual.
Oferta de Rosa Conceição Gomes, Seixal.
Comercializada por José da Mata Pereira, Torres Vedras.
GEAL 936 Etn.: Máquina de costura KAISER 415165
Manufactura: Kaiserslautern, Alemanha
Idade: Século XIX. O número de série indica datação anterior a
1890.
Em ferro, apoiada em mesa
com tampo de madeira e pés
de ferro. Accionada por pedal
ligado à manivela-volante
através de correia de
cabedal.
Tem uma chapa que diz
“PFÄLZISCHE / A H
MASCHINEN &
FAHRRÄDERFABRIK /
VORM / GEBRÜDER
KAYSER / KAISERSLAUTERN”, com dois ramos de loureiro,
duas coroas ligadas por uma fita, e uma águia.
GEAL 569 Etn.
Idade: Século XX, década de 40.
Máquina de costura. Brinquedo em lata.
Tamanho: 12x15x5 cm.
Oferta de Maria de Lourdes Alves.
peças de vestir e calçar eram cosidas à
mão. Chapéus, sapatos, cintos, meias,
vestidos, calças e calções eram feitos
manualmente. Nada de máquina de
costura para ajudar o alfaiate, a
costureira, o correeiro, o peliqueiro, o
sapateiro, o chapeleiro.
A invenção da máquina de costura foi
feita em diversas etapas e por diversas
pessoas. A lançadeira, a agulha, os
movimentos dos fios e da lançadeira
foram etapas de descoberta e aplicação
feitos ao longo dos anos. Na verdade, a
nenhuma pessoa isolada se poderá dar
o crédito da sua invenção mas o nome
de Isaac Merrit Singer distingue-se entre
todos.
No fundo, Isaac Singer aproveitou as
descobertas de outros e sugeriu modificações que a tornaram prática e eficiente. A primeira patente da Singer data
de 1858 e foi rapidamente comercializada, de tal modo que a maior parte
de nós conheceu uma máquina Singer
em casa dos pais ou avós.
Havia vários fabricantes de máquinas de
costura. A Pfaff foi a primeira fábrica
alemã a produzir e comercializar uma
máquina de costura (1862).
A Frister & Rossmann foi uma firma
fundada em 1864 e que, a partir de 1892,
começou também a comercializar
máquinas de escrever. Durante o século
XIX foram, na Alemanha, os principais
produtores de máquinas de costura mas,
após a Grande Guerra de 14-18, a firma
entrou em falência e, em 1925, foi
comprada pela Gritzner & Kayser.
Em 1906, encontra-se a publicação de
um anúncio n’ “O Imparcial”, que diz
“Alberto Marques de Carvalho / Rua
Grande – Lourinhan / Estabelecimento
de mercador, fanqueiro, modas, mercearias, louça, quinquilharias ferragens,
tabacos, móveis de ferro, calçado, sola,
cabedaes, vinhos finos e muitos outros
artigos. / Máquinas de costura Kayser.”
Em 1925 a Oliva iniciou actividade em
Portugal, como fundição, e a produção
de máquinas de costura em 1948,
actividade que manteve até 1972. Ainda
se encontra um representante da Oliva
na Lourinhã, bem perto do Museu.
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Boletim N.º 10
Novembro 2008
Museu da Lourinhã
Na sala das profissões, o Museu da
Lourinhã tem representações do alfaiate,
da dona de casa que era também a
costureira da família, do correeiro e do
sapateiro.
GEAL 1429 Etn.: Máquina de costura SINGER C93
Manufactura: “Singer Manufacturing Co.”, Wittenberg, Prússia
(Alemanha)
Ano de fabrico: 1905
É uma máquina, em ferro, com manivela-volante e braço com
bobinador frontal, 1 pino de carretel, esticador e guia de linha,
porta-agulha, pé, agulha, lançadeira de barquinha e canela.
Tem mesa de apoio com tampo e gaveta de madeira, roda
pedaleira, pedal e correia de transmissão. A cabeça da máquina
é pintada a preto com desenhos em amarelo, ouro e prata, com
desenho de uma esfinge.
Comercializada por “Santos e Beirão & Cª. Lisboa”.
Oferta de Álvaro Matos, de Vale Covo.
SINGER 29K1, F4351375
Manufactura: Clydebank, Escócia
Ano de fabrico: 1910
Máquina de sapateiro
pertença da firma LouriGon. É
em ferro, com pintura a ouro.
No alfaiate, as peças foram oferecidas
pela viúva de José Dias e por Luís
Santos mas as máquinas de costura,
SINGER, uma que esteve exposta até
2006 e a que está exposta actualmente,
foram oferecidas, respectivamente, por
José Filipe e Hélder Marques, de Mafra,
e por Álvaro de Matos, de Vale Covo.
Na representação da dona de casa, a
máquina exposta, do século XIX, é uma
FRISTER & ROSSMANN.
Entre as peças doadas pelos familiares
dos últimos correeiros, lá está uma
máquina SINGER, de 1914, pronta a
coser correias, cabedais e peles para
arrear cavalos, éguas, machos.
GEAL 566 Etn.
Idade: Século XX, década de 40.
Máquina de costura. Brinquedo em lata.
Tamanho: 12x11x7cm.
Oferta de Maria de Lourdes Alves.
No quarto da casinha regional encontramos mais uma máquina, desta vez
uma KAISER pronta a fazer as pequenas costuras que toda a mulher sabia
fazer: cuecas, combinações, saiotes ou
saias, vestidos, blusas e aventais.
Na representação do sapateiro não
temos a máquina de costura. No entanto,
na Lourinhã pode observar-se uma
SINGER de 1910 nos sapateiros Rui e
Pedro Gonçalves, da firma LouriGon.
„ Isabel Mateus e Horácio Mateus
Dinossauros marinhos?
Dinossauros marinhos? Não! Na verdade estes répteis
marinhos do mesozóico nem sequer são próximos dos
dinossauros.
Os plesiossauros (à
esquerda) são membros
dos Sauropterygia e
viveram durante quase
todo o Mesozóico. Usavam sobretudo as barbatanas para locomoção.
Os ictiossauros (em
baixo) viveram durante
quase todo o Mesozóico, mas tiveram o
seu máximo durante o
Jurássico. Usavam a
cauda em forma de
barbatana para nadarem.
Mosasaur por Hans-Dieter Zeschke
As imagens fazem parte
do Concurso Internacional de Ilustração de
Dinossauros, organizado pelo Museu da
Lourinhã.
Plesiosaurus por Xavier MacPherson
Mosasaurus por Brian Choo
Os mosassauros (à esquerda e em cima à
direita) são aparentados
com os lagartos monitores, dos quais o Varano
de Komodo é o mais
famoso. Viveram durante
o Cretácico Superior.
Oscilavam todo o corpo para, com auxílio da comprida
cauda, se propulsarem.
Novembro 2008
Platypterygius por Brian Choo
Mais informação está
disponível em:
http://lusodinos.blogspot.com/search/label/Ictiossauros
„ Octávio Mateus
Boletim N.º 10
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Museu da Lourinhã
“INDIANA JONES” DA LOURINHÃ
Nascido em 31 de Janeiro de 1975, em Lisboa, na
Maternidade Magalhães Coutinho, esteve durante os dois
primeiros anos na creche da Casa do Pessoal da Santa
Casa da Misericórdia de Lisboa, onde sua mãe trabalhava,
acompanhado pelo irmão, um ano mais velho.
Em 1977, veio com os pais
para a Lourinhã e viveu dois
anos numa casa velha e
arruinada, no Casal da Gaita,
sem electricidade e apenas
com água do poço.
Actualmente, é colaborador do Museu da Lourinhã com
responsabilidades na direcção científica do Departamento
de Paleontologia e, desde 1998, é investigador do
Departamento de Ciências da Terra da U. N L. É
igualmente, desde 2005, coordenador do Projecto
PaleoAngola, coordenador do projecto Saurópode no
museu de Münchehagen, na Alemanha, e orientador de
estágios e mestrados.
Figura de prestígio e internacionalmente conhecido, com
cerca de cem publicações
científicas, viaja por todo o
mundo trabalhando em escavações e dando conferências
em países como EUA, França,
Alemanha, Holanda, Laos,
Canadá, Japão, Brasil e
Argentina.
Os dois irmãos foram miúdos
felizes: campo, um cão e um
canivete. Faziam os seus
próprios brinquedos nos tempos livres enquanto frequentavam a pré-escola no Seixal.
É conhecido, também, pela
sua espontaneidade e a sua
loucura pelos dinossauros.
Tirou o 12.º ano na Escola
Secundária da Lourinhã e, logo
de seguida, foi frequentar o
curso de Biologia na Universidade de Évora tendo-se
licenciado em 1998.
Termino com uma frase que
disse ao telefone a seu Pai
quando se encontrava na
África do Sul: “Pai, se não te
importas não vou a casa pois
tenho uma boleia para o
Circulo Polar Árctico.” SEM
COMENTÁRIOS!
Durante as férias, trabalhou
como servente de pedreiro,
vindimou, apanhou fruta, e
começou a viajar à boleia,
inicialmente em Portugal e,
depois, um pouco por toda a
Europa. Adivinhava-se um
aventureiro.
Aprendendo a viajar.
Acompanhou os pais em
trabalhos de prospecção de arqueologia e de
paleontologia, e nas escavações da Gruta da Feteira, na
Gruta do Caldeirão, em Tomar, e nas escavações das
jazidas de dinossauro de Porto Dinheiro, Porto das Barcas
e Paimogo. Começava a definir-se o paleontólogo.
Através da sua persistência e força de vontade, e como
doutorando do Professor Doutor Miguel Telles Antunes, foi
para a Universidade Nova de Lisboa onde, em 2005, se
doutorou em Paleontologia, por unanimidade.
Dignifica a Lourinhã, o Museu
e Portugal. Que mais pode um
homem desejar? Como certamente já adivinharam, o
“Indiana Jones” é o Doutor
Octávio Mateus.
O autor agradece as informações prestadas por seus Pais
para a elaboração deste artigo. „João Gustavo
A Direcção do GEAL felicita o Doutor Octávio Mateus
pela imposição das insígnias de Doutor, ocorrida em
31 de Outubro de 2008.
Nota: “Indiana Jones” é um Trademark de Lucasfilm Ltd
O Museu da Lourinhã disponibiliza os seguintes Serviços:
•
•
8
Visitas guiadas e palestras
Paleontologia:
o Preparação de fósseis
o Elaboração de moldes
o Venda de réplicas
•
•
Boletim N.º 10
Conservação e restauro de peças
Workshops:
o Conservação e restauro
o Réplicas
o Preparação de fósseis
Novembro 2008
Museu da Lourinhã
Ilustração Paleontológica
IV – Técnicas de ilustração
definição” com tanta facilidade como quando comparada com a grafite.
No artigo anterior falámos sobre
as questões que nos devemos
colocar quando olhamos para um
fóssil. Nomeadamente dei o exemplo
de uma falange de um saurópode.
O traço é uma técnica que se
adequa mais a objectos cuja
uma dimensão se sobreponha às outras, como nos
ossos longos. Assim, tal
como o pontilhismo, o traço
é uma técnica de preto e
branco puro.
Agora vamos considerar que temos
todas as informações disponíveis e
que está na altura para partir para o
desenho. Neste artigo vou falar de
técnicas, já que o nosso próximo
problema é: qual a técnica que
vamos usar?
Em termos de técnicas, as que os
cientistas do Museu mais têm usado
para publicação em papel são: composição fotográfica, grafite, pontilhismo, traço e esquema
A composição fotográfica é uma técnica que não exige tanto trabalho,
sendo, por isso, menos onerosa, mas
cujos resultados podem ser considerados menos artísticos.
O fóssil do crânio da Figura 1, na
verdade, não existe: são dois fósseis
de dois lados do crânio, direito (Dto) e
esquerdo (Esq).
A grafite é uma técnica que usa o que
comummente chamamos de lápis (o
interior dos lápis é feito de grafite).
É uma técnica que permite uma variação contínua de cinzentos que vão do
branco, dado pelo papel, até ao preto
escuro dado pelos lápis mais moles,
por exemplo o 8B.
É frequente as pessoas pensarem
que uma imagem a grafite se faz
Novembro 2008
apenas com um lápis, HB geralmente.
Numa ilustração de um dinossauro
utilizo frequentemente oito lápis! Do
4H ao 6B. Nos dentes da Figura 2
usei cerca de cinco lápis.
O pontilhismo, ou sttipling, é das
técnicas mais usadas para fósseis por
se adequar muito
bem tanto às
formas como
às texturas.
É uma técnica de
preto e branco puro1,
em que os tons de cinzento são
dados pela concentração de pontos.
Numa impressão de fraca qualidade,
como a fotocópia, esta técnica
mantém uma qualidade superior, ou
antes, uma melhor legibilidade da
imagem parecendo que “não perde
Na Figura 3, o desenho da
mandíbula é uma combinação de pontilhismo, no osso,
e de traço, nos dentes. A
alteração da técnica auxilia a
identificação de diferentes texturas.
Quando pensamos qual a técnica a
usar temos também de saber a que
se destina o trabalho, por exemplo, se
tivermos um osso longo podemos ser
levados a usar o traço, mas, se a
encomenda for, não um osso longo
mas um conjunto de fósseis em que
se conta tanto com ossos longos
como vértebras então o melhor será
optar por usar pontilhismo.
O ilustrador nunca deve perder de
vista que a hipótese da fotografia
existe. Algumas vezes uma boa
fotografia dá a mesma informação
que a ilustração e sai muito mais
rápida e barata.
1
Na verdade, em termos de ilustração,
o preto e o branco puro não existem,
são apenas o muito escuro, dado pela
tinta-da-china, ou o muito claro, dado
pelo suporte de papel. Mas disto
falar-se-á noutra ocasião.
Boletim N.º 10
Já aconselhei, por vezes, clientes a
usarem uma fotografia porque uma
ilustração não os iria beneficiar em
nada. „ Simão Mateus
9
Museu da Lourinhã
Este Natal apoie o Museu oferecendo uma prenda
original ou um Cheque-brinde da
j
Entrada independente pela Rua dos Aciprestes
10
Boletim N.º 10
Novembro 2008

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