Novembro 2008 - Museu da Lourinhã
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Novembro 2008 - Museu da Lourinhã
Número 10 Ano 2008 Mês Novembro Museu da Lourinhã Editorial Estamos quase no Natal, por tradição uma época especial e bem marcante do ano. As atenções viram-se naturalmente para a celebração deste evento, a antecipação do convívio com família e os amigos é já fonte de alegria. Assim, a Direcção do GEAL resolveu comemorar esta época organizando um jantar que é, também, uma oportunidade para os Associados e seus convidados contactarem, permitindo um alegre convívio bem como a troca de ideias e opiniões sobre o GEAL e o Museu, hoje e no futuro. Os detalhes desta realização estão disponíveis no sítio Web do GEAL. Igualmente reconhecendo o forte carácter familiar desta época, o Museu estará encerrado no próximo dia 24 de Dezembro. É, também uma merecida pausa para os funcionários que tiveram um mês de Novembro cheio de actividade, como se dá conta nestas páginas. Também para o GEAL este Dezembro vai ser um mês importante. Com efeito, vai realizar-se uma Assembleia Geral para tratar da alteração dos Estatutos. Este assunto é de grande importância, pois os Estatutos são uma peça fundamental para a actividade e desenvolvimento do GEAL, logo do seu Museu. Não deixe de colaborar nesta tarefa, que é de todos. O Boletim aproveita para a todos desejar um Santo Natal e fazer votos de um Muito Feliz ano de 2009. Fernando Nogal Neste número 2 3 8 10 Mensagem do Editor Notícias da Associação Serviços do Museu Loja do Museu Artigos 3 4 5 5 6 7 8 9 Museu comemorou o Mês do Reformado Os Saltimbancos O Museu no 3º EITEC Exposição Mundo Jurássico na Feira Bebés e Crianças A colecção de máquinas de costura Dinossauros marinhos? O “Indiana Jones”™ da Lourinhã Ilustração Paleontológica – Parte IV Nota: “Indiana Jones” é um Trademark de Lucasfilm Ltd Capa: Pormenor da máquina de costura SINGER F261467. No topo do braço encontra-se uma gravura de um ramo de videira com 2 cachos de uva, 10 parras, 13 gavinhas e moldura de laços. O Museu possui uma colecção de máquinas de costura (ver artigo na página 6) Assine o Boletim do Museu da Lourinhã! Sem encargos, por distribuição electrónica Se não é sócio e quer receber regularmente o Boletim, envie um pedido para [email protected] Os Associados recebem automaticamente o Boletim por via electrónica. Mantenha actualizado o seu endereço e-mail Escreva directamente ao Editor, enviando artigos, comentários, sugestões, para [email protected] 2 Boletim N.º 10 Novembro 2008 Museu da Lourinhã Notícias • Assembleia Geral Extraordinária dia 13 de Dezembro às 17 horas A convocatória desta sessão, feita por correio, bem como demais informações com ela relacionadas, está disponível no site do GEAL em http://www.museulourinha.org • Feira dos Bebés e Crianças O Museu esteve presente na Feira dos Bebés e Crianças, que foi visitada por cerca de 21.500 pessoas, facto extremamente positivo para a divulgação do Museu. Reconhecendo a relevância do papel desempenhado pela Dra. Carla Abreu, Dra. Carla Alexandra Tomás e Eng. Simão Mateus, a Direcção agradece a participação, o esforço e empenho que cada um manifestou no referido evento. Museu comemorou o Mês do Reformado Outubro é o Mês do Reformado e, em sua comemoração, o Museu da Lourinhã associou-se à iniciativa da Câmara Municipal da Lourinhã (Serviços Sociais) recebendo grupos de reformados provenientes de várias zonas do concelho da Lourinhã e Torres Vedras. Esta é constituída por alfaias agrícolas, pesca, antigas profissões, actividades lúdicas e arte sacra. Momentos de nostalgia bem evidentes surgiram com o recordar dos velhos tempos que, suados e duros, com muito trabalho e poucas condições, são admirados com saudade e carinho. As visitas tiveram lugar nos dias 7, 8, 9, 10, 15 e 16 de Outubro. Ao todo visitaram o nosso Museu 164 idosos. A actividade proposta tinha por objectivo proporcionar uma viagem a um passado bem distante da vida na Terra, no tempo dos Dinossauros e da Pré-História, para depois passar, como que por um toque de magia, a admirar a colecção etnográfica do Museu da Lourinhã. Muitas foram as recordações! Lembranças do Sr. Garcia – o Amolador; do Ti Remexido – Segeiro; do Sr. António Mateus – o “Pitrolino”; do Arreador do Seixal. O tempo passa, os anos pesam, mas a memória daqueles tempos tão diferentes de hoje, em que as pessoas conviviam e se entre ajudavam mutuamente, já pouco existe! Tempos em que a Lourinhã era bem diferente da actual. O antigo mercado e a escola, respectivamente ao lado e em frente à Igreja do Convento de Santo António, foram referenciadas. Num momento de confraternização, na casinha regional, cozeu-se o pão à moda antiga, num forno a lenha, e assaram-se castanhas. Conversámos sobre o passado, sobre os tempos difíceis, sobretudo como é que se poupava mesmo com o pouco que se tinha – “Menina, tinha apenas um fato bom e usava-o apenas ao Domingo!” dizia um dos senhores. Vários foram os comentários ao modo de alimentação antigamente praticado Novembro 2008 aqui na zona. “Só se comia pão de trigo de manhã com café, no resto do dia era pão de milho!”. “A carne de vaca só se comprava ao Domingo de manhã para o cozido à Portuguesa. Nos outros dias, era peixe seco e salgado que se comia.” As sobras de comida eram muito bem aproveitadas! Boletim N.º 10 Os tempos simplesmente estão diferentes! Apesar de terem sido tempos difíceis e com poucos recursos, os idosos têm saudade desse passado! Carla Abreu Agradecimentos: Helena Carruço da C.M.Lourinhã pela cedência das fotos. Voluntárias: Maria das Dores, Maria Berta Gonçalves, Zita Oliveira e Espírito Santo. 3 Museu da Lourinhã OS SALTIMBANCOS UMA FOTO NO MUSEU DA LOURINHÃ Saltimbanco é o verdadeiro nome do artista de circo e quer dizer que se desloca de terra em terra. Há cerca de dois anos, retirada de um caixote do lixo, encontrei uma fotografia e logo disse para mim: Eu conheço esta cena! Dos circos nos finais da década de 50 e início da década de Tratava-se de um saltimbanco com a sua cabrinha 60, o mais famoso que vinha à Lourinhã durante a Feira Margarida que rodopiava e dançava com as quatro patinhas Anual de 21 de Setembro, era o Arraiola Paramés. juntas, em cima de um tripé, ao som de um adufe. No chão, um pequeno macaco e um recipiente onde os espectadores Os Arraiolas, de origem espanhola, exibiram-se no Coliseu colocavam moedas. de Lisboa e conheceram os Paramés que possuíam um restaurante na Rua das Portas de Santo Antão. A paixão Este saltimbanco, quase sempre acompanhado da família, que surgiu entre a Carol Arraiola e um dos Paramés foi a com filhos pequenos, encontrava nesta actividade o único origem do circo Arraiola Paramés. modo de sobrevivência destes pequenos/grandes artistas. Rua a rua, de vila em vila, cidade Conheci a linda Romana Arraiola em cidade, quase sempre esconque, tragicamente, faleceu debaidendo a sua pobreza. Tempos xo da pata de um elefante. Vi, difíceis! pela primeira vez, o triplo mortal em trapézio e conheci o célebre A fotografia anexa, que pode verpalhaço Emiliano. Factos que não se no nosso Museu na exposição interessam para este artigo ditacom o tema “Jogos Tradicionais, ram o fim deste Circo. Feiras, Teatros e Divertimentos” era como uma cena “déjà vue”. Os irmãos Campos eram uma parelha de palhaços que actuava Perguntei a pessoas mais idosas, em diversos circos. O António porque o menino ao colo me dizia Campos tinha um filho com o algo. Espanto total! O menino era mesmo nome, nascido na eu! Teria os meus dois anitos e Lourinhã, sendo seu padrinho o estava ao colo da minha amiga Senhor António Diogo. Maria de Lourdes Pinto. Sempre que se deslocavam à Lourinhã, pai e filho, no fim da actuação do circo e a pedido do público, vinham à pista onde eram efusivamente aplaudidos, enchendo-se a mesma de moedas que atiravam em homenagem ao seu menino lourinhanense. Não faço comentários visto o meu coração ter transbordado de alegria e saudade. O saltimbanco e a sua cabrinha Margarida São recordações! Agradeço a colaboração do meu querido amigo Alberto Castrim, antigo trapezista e argolista, afilhado do mais famoso palhaço de Portugal, o Quinito, e que actualmente reside no nosso Concelho. Horácio Mateus O Museu no 3º EITEC Encontro Internacional de Tecnologias Aplicadas à Museologia, Conservação e Restauro O Museu participou no 3º Encontro Internacional de Tecnologias Aplicadas à Museologia, Conservação e Restauro (EITEC) que decorreu no Porto, nos dias 23 e 24 de Outubro, nas excelentes instalações da Biblioteca Almeida Garrett, junto ao Palácio de Cristal. O encontro teve como finalidade dar a conhecer trabalhos e projectos de investigação, desenvolvidos a nível nacional e internacional e que destacam, de certa forma, o crescente interesse pelo Património Cultural. 4 Os temas abordados, neste ano, seguiram uma linha de continuidade com os anteriores encontros, no sentido destes acompanharem a dinâmica internacional estabelecida nesta área e instituírem-se como um Fórum para os investigadores apresentarem os seus trabalhos. Na sua maioria, os trabalhos de investigação e comunicações apresentados provêm de projectos de investigação, sobretudo em técnicas e tecnologias de análise, identificação e restauro aplicados na Museologia, Conservação e Restauro. Boletim N.º 10 Novembro 2008 Museu da Lourinhã Num exemplo de colaboração inter-disciplinar, o Arquivo da Universidade de Coimbra solicitou a colaboração do departamento de química da Universidade de Coimbra, no restauro e conservação de selos de chumbo, e do departamento de Botânica da UC, para estratégias de controlo e mitigação de fungos em documentos históricos. Esta colaboração permitiu ao Arquivo levar a cabo uma das suas principais missões – a salvaguarda do património que tem à sua guarda. O património artístico foi, igualmente, objecto de estudo e análise para a aplicação de várias técnicas, tais como radiação laser de UV, a utilização de nanopartículas obtidas através de microemulsões em gel. A aplicação de tecnologias industriais na área do restauro manifesta-se cada vez mais. Associada a esta, foi apresentada a limpeza criogénica de pedra e de metais. A importância da divulgação do património cultural através da Internet, foi outro dos temas em discussão. A acessibilidade da Web, deve permitir estabelecer uma comunicação de confiança e de interactividade. No mundo global em que vivemos, os sítios dos museus na Web, podem criar comunidades e através delas divulgar o seu acervo, as suas actividades educativas ou lúdicas, de uma forma exponencial. Carla Abreu Exposição Mundo Jurássico na Feira Bebés e Crianças É conhecido o entusiasmo das crianças pelos dinossauros. Assim, a convite da organização da Feira Bébés e Crianças, o Museu esteve presente no certame que se realizou nos dias 14 a 16 de Novembro no Parque do Tejo, uma zona a norte da antiga Expo98, em Lisboa. Este certame é uma iniciativa que já conta vários anos, sendo da responsabilidade da Terra Alternativa (www.terraalternativa.com) em colaboração com o Circo V. H. Cardinalli. Abrigado nas vastas tendas do mesmo circo, o certame cria um ambiente de informalidade e bom humor. Foi, até, possível (ver foto à esquerda) conseguir uma ajuda muito especial para a colocação de um cartaz no exterior do pavilhão! Também os média marcaram presença, tendo o Museu sido entrevistado pela RTP e TVI. Deste modo, a participação na Feira constituiu para o Museu uma excelente oportunidade para a divulgação das nossas actividades e permitiu interactuar com um público mais vasto, para o que muito contribuíram os funcionários presentes (ver a menção à Feira na secção “Notícias”). Convenientemente localizado, o pavilhão de exposições temporárias do Museu permitiu trazer até aos muitos visitantes uma visão do Mundo Jurássico. Cerca de 21.500 pessoas puderam apreciar a “Margarida”, nome porque é afectuosamente conhecida a reconstituição do Dacentrurus armatus, recém pintada e restaurada, bem como a réplica em posição de vida do Lourinhanosaurus e a do crânio de Torvosaurus, além de diversas informações. Novembro 2008 Há ainda a assinalar a colaboração da Câmara Municipal da Lourinhã. Editor Boletim N.º 10 5 Museu da Lourinhã A colecção de máquinas de costura Até meados do século XIX todas as GEAL 238 Etn.: Máquina de costura SINGER 45K1 Manufactura: “Singer Manufacturing Co.”, Elisabeth, New Jersey, USA. Ano de fabrico: 1914 Concebida para coser tecidos duros como peles ou cabedal. Muito pesada, é de ferro, com tampo de madeira. Tem um braço com rebobinador curto, um pino para carreto de linha, porta-agulhas, guia de linha, esticador de linha, barra de suporte de sapatilha, sapatilha e alavanca de sapatilha. A manivela-volante com correia de transmissão que envolve o volante, é accionado pelo pé através de um pedal e roda transmissora. Pertenceu ao correeiro Ambrósio Andrade e foi oferecida ao Museu pelos netos Hermínia, José e Álvaro Andrade de Carvalho GEAL 382 Etn.: Máquina de costura SINGER F261467 Manufactura: “The Singer Manufacturing Co.”, Clydebank, Escócia Ano de fabrico: 1909 Mesa com tampo de madeira e gaveta, roda pedaleira, pedal, e correia de transmissão de cabedal. A cabeça tem manivelavolante em que o volante é envolvido pela correia de transmissão, 1 pino de carretel, e suporte frontal para encher canelas. A lançadeira é de barquinha. Está pintada de preto com desenhos a ouro. O topo do braço é em prata com gravura de um ramo de videira com 2 cachos de uva, 10 parras, 13 gavinhas e moldura de laços. A tampa da zona de lubrificação dos diversos elementos do braço é, também, em prata e com os mesmos motivos cinzelados. Oferta de Hélder Marques e José Filipe, de Mafra. GEAL 553 Etn.: Máquina de costura FRISTER & ROSSMANN em ferro e madeira. Manufactura: Berlim, Alemanha Idade: Anterior a 1914, provavelmente, Século XIX Tem braço com 2 pinos de carretel, barra de suporte de agulha, guia de linha, porta-agulhas, barra de suporte de sapatilha, sapatilha e alavanca de sapatilha. Não apresenta esticador de fio. A manivela-volante é de mão com maceta em madeira. O rebobinador é grande e frontal. Não tem desenhos decorativos mas apenas duas chapas, uma do vendedor que diz “Máquinas de costura de todos os sistemas. Reparações. Antiga Casa Peixoto (1891) José da Mata Pereira. Torres Vedras” e outra do construtor “NAEHMASCHINEN FABRIK VORM FRISTER & ROSSMANN. FABRIK MARVE ACTIEN-GESELISCHAFT. BERLIN RF”. Não tem pedal, roda transmissora, correia de transmissão nem mesa de suporte. É totalmente manual. Oferta de Rosa Conceição Gomes, Seixal. Comercializada por José da Mata Pereira, Torres Vedras. GEAL 936 Etn.: Máquina de costura KAISER 415165 Manufactura: Kaiserslautern, Alemanha Idade: Século XIX. O número de série indica datação anterior a 1890. Em ferro, apoiada em mesa com tampo de madeira e pés de ferro. Accionada por pedal ligado à manivela-volante através de correia de cabedal. Tem uma chapa que diz “PFÄLZISCHE / A H MASCHINEN & FAHRRÄDERFABRIK / VORM / GEBRÜDER KAYSER / KAISERSLAUTERN”, com dois ramos de loureiro, duas coroas ligadas por uma fita, e uma águia. GEAL 569 Etn. Idade: Século XX, década de 40. Máquina de costura. Brinquedo em lata. Tamanho: 12x15x5 cm. Oferta de Maria de Lourdes Alves. peças de vestir e calçar eram cosidas à mão. Chapéus, sapatos, cintos, meias, vestidos, calças e calções eram feitos manualmente. Nada de máquina de costura para ajudar o alfaiate, a costureira, o correeiro, o peliqueiro, o sapateiro, o chapeleiro. A invenção da máquina de costura foi feita em diversas etapas e por diversas pessoas. A lançadeira, a agulha, os movimentos dos fios e da lançadeira foram etapas de descoberta e aplicação feitos ao longo dos anos. Na verdade, a nenhuma pessoa isolada se poderá dar o crédito da sua invenção mas o nome de Isaac Merrit Singer distingue-se entre todos. No fundo, Isaac Singer aproveitou as descobertas de outros e sugeriu modificações que a tornaram prática e eficiente. A primeira patente da Singer data de 1858 e foi rapidamente comercializada, de tal modo que a maior parte de nós conheceu uma máquina Singer em casa dos pais ou avós. Havia vários fabricantes de máquinas de costura. A Pfaff foi a primeira fábrica alemã a produzir e comercializar uma máquina de costura (1862). A Frister & Rossmann foi uma firma fundada em 1864 e que, a partir de 1892, começou também a comercializar máquinas de escrever. Durante o século XIX foram, na Alemanha, os principais produtores de máquinas de costura mas, após a Grande Guerra de 14-18, a firma entrou em falência e, em 1925, foi comprada pela Gritzner & Kayser. Em 1906, encontra-se a publicação de um anúncio n’ “O Imparcial”, que diz “Alberto Marques de Carvalho / Rua Grande – Lourinhan / Estabelecimento de mercador, fanqueiro, modas, mercearias, louça, quinquilharias ferragens, tabacos, móveis de ferro, calçado, sola, cabedaes, vinhos finos e muitos outros artigos. / Máquinas de costura Kayser.” Em 1925 a Oliva iniciou actividade em Portugal, como fundição, e a produção de máquinas de costura em 1948, actividade que manteve até 1972. Ainda se encontra um representante da Oliva na Lourinhã, bem perto do Museu. 6 Boletim N.º 10 Novembro 2008 Museu da Lourinhã Na sala das profissões, o Museu da Lourinhã tem representações do alfaiate, da dona de casa que era também a costureira da família, do correeiro e do sapateiro. GEAL 1429 Etn.: Máquina de costura SINGER C93 Manufactura: “Singer Manufacturing Co.”, Wittenberg, Prússia (Alemanha) Ano de fabrico: 1905 É uma máquina, em ferro, com manivela-volante e braço com bobinador frontal, 1 pino de carretel, esticador e guia de linha, porta-agulha, pé, agulha, lançadeira de barquinha e canela. Tem mesa de apoio com tampo e gaveta de madeira, roda pedaleira, pedal e correia de transmissão. A cabeça da máquina é pintada a preto com desenhos em amarelo, ouro e prata, com desenho de uma esfinge. Comercializada por “Santos e Beirão & Cª. Lisboa”. Oferta de Álvaro Matos, de Vale Covo. SINGER 29K1, F4351375 Manufactura: Clydebank, Escócia Ano de fabrico: 1910 Máquina de sapateiro pertença da firma LouriGon. É em ferro, com pintura a ouro. No alfaiate, as peças foram oferecidas pela viúva de José Dias e por Luís Santos mas as máquinas de costura, SINGER, uma que esteve exposta até 2006 e a que está exposta actualmente, foram oferecidas, respectivamente, por José Filipe e Hélder Marques, de Mafra, e por Álvaro de Matos, de Vale Covo. Na representação da dona de casa, a máquina exposta, do século XIX, é uma FRISTER & ROSSMANN. Entre as peças doadas pelos familiares dos últimos correeiros, lá está uma máquina SINGER, de 1914, pronta a coser correias, cabedais e peles para arrear cavalos, éguas, machos. GEAL 566 Etn. Idade: Século XX, década de 40. Máquina de costura. Brinquedo em lata. Tamanho: 12x11x7cm. Oferta de Maria de Lourdes Alves. No quarto da casinha regional encontramos mais uma máquina, desta vez uma KAISER pronta a fazer as pequenas costuras que toda a mulher sabia fazer: cuecas, combinações, saiotes ou saias, vestidos, blusas e aventais. Na representação do sapateiro não temos a máquina de costura. No entanto, na Lourinhã pode observar-se uma SINGER de 1910 nos sapateiros Rui e Pedro Gonçalves, da firma LouriGon. Isabel Mateus e Horácio Mateus Dinossauros marinhos? Dinossauros marinhos? Não! Na verdade estes répteis marinhos do mesozóico nem sequer são próximos dos dinossauros. Os plesiossauros (à esquerda) são membros dos Sauropterygia e viveram durante quase todo o Mesozóico. Usavam sobretudo as barbatanas para locomoção. Os ictiossauros (em baixo) viveram durante quase todo o Mesozóico, mas tiveram o seu máximo durante o Jurássico. Usavam a cauda em forma de barbatana para nadarem. Mosasaur por Hans-Dieter Zeschke As imagens fazem parte do Concurso Internacional de Ilustração de Dinossauros, organizado pelo Museu da Lourinhã. Plesiosaurus por Xavier MacPherson Mosasaurus por Brian Choo Os mosassauros (à esquerda e em cima à direita) são aparentados com os lagartos monitores, dos quais o Varano de Komodo é o mais famoso. Viveram durante o Cretácico Superior. Oscilavam todo o corpo para, com auxílio da comprida cauda, se propulsarem. Novembro 2008 Platypterygius por Brian Choo Mais informação está disponível em: http://lusodinos.blogspot.com/search/label/Ictiossauros Octávio Mateus Boletim N.º 10 7 Museu da Lourinhã “INDIANA JONES” DA LOURINHÃ Nascido em 31 de Janeiro de 1975, em Lisboa, na Maternidade Magalhães Coutinho, esteve durante os dois primeiros anos na creche da Casa do Pessoal da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, onde sua mãe trabalhava, acompanhado pelo irmão, um ano mais velho. Em 1977, veio com os pais para a Lourinhã e viveu dois anos numa casa velha e arruinada, no Casal da Gaita, sem electricidade e apenas com água do poço. Actualmente, é colaborador do Museu da Lourinhã com responsabilidades na direcção científica do Departamento de Paleontologia e, desde 1998, é investigador do Departamento de Ciências da Terra da U. N L. É igualmente, desde 2005, coordenador do Projecto PaleoAngola, coordenador do projecto Saurópode no museu de Münchehagen, na Alemanha, e orientador de estágios e mestrados. Figura de prestígio e internacionalmente conhecido, com cerca de cem publicações científicas, viaja por todo o mundo trabalhando em escavações e dando conferências em países como EUA, França, Alemanha, Holanda, Laos, Canadá, Japão, Brasil e Argentina. Os dois irmãos foram miúdos felizes: campo, um cão e um canivete. Faziam os seus próprios brinquedos nos tempos livres enquanto frequentavam a pré-escola no Seixal. É conhecido, também, pela sua espontaneidade e a sua loucura pelos dinossauros. Tirou o 12.º ano na Escola Secundária da Lourinhã e, logo de seguida, foi frequentar o curso de Biologia na Universidade de Évora tendo-se licenciado em 1998. Termino com uma frase que disse ao telefone a seu Pai quando se encontrava na África do Sul: “Pai, se não te importas não vou a casa pois tenho uma boleia para o Circulo Polar Árctico.” SEM COMENTÁRIOS! Durante as férias, trabalhou como servente de pedreiro, vindimou, apanhou fruta, e começou a viajar à boleia, inicialmente em Portugal e, depois, um pouco por toda a Europa. Adivinhava-se um aventureiro. Aprendendo a viajar. Acompanhou os pais em trabalhos de prospecção de arqueologia e de paleontologia, e nas escavações da Gruta da Feteira, na Gruta do Caldeirão, em Tomar, e nas escavações das jazidas de dinossauro de Porto Dinheiro, Porto das Barcas e Paimogo. Começava a definir-se o paleontólogo. Através da sua persistência e força de vontade, e como doutorando do Professor Doutor Miguel Telles Antunes, foi para a Universidade Nova de Lisboa onde, em 2005, se doutorou em Paleontologia, por unanimidade. Dignifica a Lourinhã, o Museu e Portugal. Que mais pode um homem desejar? Como certamente já adivinharam, o “Indiana Jones” é o Doutor Octávio Mateus. O autor agradece as informações prestadas por seus Pais para a elaboração deste artigo. João Gustavo A Direcção do GEAL felicita o Doutor Octávio Mateus pela imposição das insígnias de Doutor, ocorrida em 31 de Outubro de 2008. Nota: “Indiana Jones” é um Trademark de Lucasfilm Ltd O Museu da Lourinhã disponibiliza os seguintes Serviços: • • 8 Visitas guiadas e palestras Paleontologia: o Preparação de fósseis o Elaboração de moldes o Venda de réplicas • • Boletim N.º 10 Conservação e restauro de peças Workshops: o Conservação e restauro o Réplicas o Preparação de fósseis Novembro 2008 Museu da Lourinhã Ilustração Paleontológica IV – Técnicas de ilustração definição” com tanta facilidade como quando comparada com a grafite. No artigo anterior falámos sobre as questões que nos devemos colocar quando olhamos para um fóssil. Nomeadamente dei o exemplo de uma falange de um saurópode. O traço é uma técnica que se adequa mais a objectos cuja uma dimensão se sobreponha às outras, como nos ossos longos. Assim, tal como o pontilhismo, o traço é uma técnica de preto e branco puro. Agora vamos considerar que temos todas as informações disponíveis e que está na altura para partir para o desenho. Neste artigo vou falar de técnicas, já que o nosso próximo problema é: qual a técnica que vamos usar? Em termos de técnicas, as que os cientistas do Museu mais têm usado para publicação em papel são: composição fotográfica, grafite, pontilhismo, traço e esquema A composição fotográfica é uma técnica que não exige tanto trabalho, sendo, por isso, menos onerosa, mas cujos resultados podem ser considerados menos artísticos. O fóssil do crânio da Figura 1, na verdade, não existe: são dois fósseis de dois lados do crânio, direito (Dto) e esquerdo (Esq). A grafite é uma técnica que usa o que comummente chamamos de lápis (o interior dos lápis é feito de grafite). É uma técnica que permite uma variação contínua de cinzentos que vão do branco, dado pelo papel, até ao preto escuro dado pelos lápis mais moles, por exemplo o 8B. É frequente as pessoas pensarem que uma imagem a grafite se faz Novembro 2008 apenas com um lápis, HB geralmente. Numa ilustração de um dinossauro utilizo frequentemente oito lápis! Do 4H ao 6B. Nos dentes da Figura 2 usei cerca de cinco lápis. O pontilhismo, ou sttipling, é das técnicas mais usadas para fósseis por se adequar muito bem tanto às formas como às texturas. É uma técnica de preto e branco puro1, em que os tons de cinzento são dados pela concentração de pontos. Numa impressão de fraca qualidade, como a fotocópia, esta técnica mantém uma qualidade superior, ou antes, uma melhor legibilidade da imagem parecendo que “não perde Na Figura 3, o desenho da mandíbula é uma combinação de pontilhismo, no osso, e de traço, nos dentes. A alteração da técnica auxilia a identificação de diferentes texturas. Quando pensamos qual a técnica a usar temos também de saber a que se destina o trabalho, por exemplo, se tivermos um osso longo podemos ser levados a usar o traço, mas, se a encomenda for, não um osso longo mas um conjunto de fósseis em que se conta tanto com ossos longos como vértebras então o melhor será optar por usar pontilhismo. O ilustrador nunca deve perder de vista que a hipótese da fotografia existe. Algumas vezes uma boa fotografia dá a mesma informação que a ilustração e sai muito mais rápida e barata. 1 Na verdade, em termos de ilustração, o preto e o branco puro não existem, são apenas o muito escuro, dado pela tinta-da-china, ou o muito claro, dado pelo suporte de papel. Mas disto falar-se-á noutra ocasião. Boletim N.º 10 Já aconselhei, por vezes, clientes a usarem uma fotografia porque uma ilustração não os iria beneficiar em nada. Simão Mateus 9 Museu da Lourinhã Este Natal apoie o Museu oferecendo uma prenda original ou um Cheque-brinde da j Entrada independente pela Rua dos Aciprestes 10 Boletim N.º 10 Novembro 2008
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