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“O Entertainer”, a partir de “El animador”, de Rodolfo Santana 32.ª Produção Baal17 – Companhia de Teatro Sinopse Ficha artística/técnica “O Entertainer” é uma comédia frenética que traz ao de cima o lado mais negro da “realidade” que nos entra todos os dias casa adentro através da caixa que mudou o mundo – a TV. Carlos e Marcelo são os protagonistas desta tragicomédia escrita em 1972 e que mantém hoje uma qualidade atemporal. Carlos cresceu em frente ao Canal 9 e conhece a sua programação melhor que ninguém. Alienado da realidade, a ficção televisiva é o seu Deus. Mas existem no Canal 9 alguns programas que, segundo Carlos, deveriam ser melhorados. Carlos, o espetador, rapta Marcelo, o diretor do Canal 9 e responsável pelos conteúdos. Sob a ameaça de uma pistola, Marcelo vê-se obrigado a vivenciar as ficções que criou para salvar a própria vida: um novo final para uma novela de grande audiência, filmes policiais e de cowboys, publicidades enganadoras e concursos onde os concorrentes são levados ao limite da humilhação. Encenação e tradução _ Rui Ramos Interpretação _ Filipe Seixas e Miguel Antunes Adaptação _ Rui Ramos, Filipe Seixas e Miguel Antunes Cenografia e figurinos _ Bruno Guerra Assistente cenografia _ Patrícia Lopes Design gráfico _ Verónica Guerreiro/ Bloco D – Comunicação e Imagem Desenho de Luz e operação técnica _ Paulo Troncão Fotografia _ José Ferrolho Direção produção_ Sandra Serra Produção executiva_ Rodrigo Martins Assistente produção e figurinos _ Ana Antão Classificação_ M/16 anos Duração _ 80 mn “O Entertainer” explora num primeiro nível de leitura: a influência, negativa ou positiva, da televisão na sociedade atual. Carlos, um jovem que cresceu em frente à televisão, “educado” por ela e que confunde a ficção com a realidade, munido de uma pistola rapta Marcelo, um empresário de sucesso, criador de ficções, proprietário do canal televisivo de maior audiência nacional. O que está por trás deste, duelo, deste confronto? Carlos, autointitulado justiceiro, quer obrigar Marcelo a reinventar a ficção: um novo final para a novela, um novo resultado num concurso, uma redistribuição de prémios e a concretização das promessas publicitárias. São os seus ideais que estão em causa, as suas utopias, mas sobretudo são os seus sonhos já a desmoronar. Fizeram-lhe tantas promessas, convenceram-no de que merecia tudo desde que se comportasse corretamente como as “crianças a correr pelos campos verdes” dos anúncios publicitários. Afinal a vida real não é aquela “vida” que lhe venderam. Comeu todos os Corn Flakes milagrosos, mas não viajou para Londres para tirar a pós-graduação, a namorada deixou-o por um “pintas” e a lua de mel em Itália não chegou a acontecer. Sem amor, sem sucesso, sem dinheiro, quer emendar os erros da realidade. Carlos está parado no tempo recusando-se a matar o Sonho. Marcelo, mais velho, concretizou já os seus sonhos mais esperados: sucesso, família, fortuna. Vive a vida dos negócios. E o seu negócio é a TV – fábrica de ficções inspiradas nos extremos da realidade. A rotina, o trabalho e o dinheiro são a sua maior preocupação mas também a sua âncora e a convicção de honestidade. Agora é confrontado “um pouco à bruta” com os seus erros. Marcelo vacila, entre a necessidade de sobreviver, deixa instalar a dúvida. Num segundo nível, o “Entertainer” fala-nos simplesmente disto: Há sempre muitos erros para corrigir. Para alguns bastará refazer a Ficção, para outros seria preciso apagar parte da Realidade - a vida que poderia ter sido, e a vida que efetivamente foi. Não fossem tantas e constantes as armadilhas e tudo seria Paz, Amor e Felicidade. Ficção… Realidade… Confuso? Insanidade temporária? Seremos nós os verdadeiros argumentistas das nossas vidas? Acredite. Acredite. Acredite. Rui Ramos - Encenador Rodolfo Santana, autor de “El animador”, morre a 21 de outubro de 2012 A noticia chega-nos do outro lado do Atlântico, a três semanas da estreia de “O Entertainer”: “Faleceu Rodolfo Santana, destacado criador venezuelano”. Aos 67 anos de idade, o reconhecido dramaturgo, encenador, guionista de cinema, aclamado por obras como “Barba Roja” (1969); “El Animador” (1972); “Mirando al tendido” (1987) e “Ángel perdido en la ciudad hostil” (1990), entre outras, deixa para a posteridade um legado de mais de 80 textos para teatro, marcados pela necessidade de Santana em refletir sobre os conflitos existenciais do ser humano. A obra de Rodolfo Santana não só é das mais persistentes da América Latina, mas também provavelmente a mais revisitada e reescrita pelo próprio autor, para quem as matrizes do texto dramático são indissociáveis das mudanças históricas, culturais, politicas e inteletuais. Santana nasceu em Guarenas, Venezuela, e, segundo o próprio escreveu, sempre se reconheceu como escritor. Desde os 15 anos que escrevia contos e novelas e, aos 19 anos, começou a formar grupos de teatro nas áreas mais populares de Caracas e iniciou a sua produção dramatúrgica tomando como referência a problemática social, linguística, cultural e humana do povo venezuelano, em especial, e latino-americano em geral. Em 1968 ganhou o primeiro prémio com a obra “La muerte de Alfredo Gris”, ganharia mais 51 ao longo da sua vida, numa prolífica trajetória dramatúrgica que o catapultou como um dos mais montados autores de teatro da Venezuela e da América Latina.
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