revista 80 - Conselho Regional de Fonoaudiologia

Transcrição

revista 80 - Conselho Regional de Fonoaudiologia
REVISTA DA
Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região
Nº 80 | JAN • FEV • MAR / 2009
GESTÃO DE NEGÓCIO
Aprendizado cada vez mais necessário
I SEMANA DA FISSURA LABIOPALATINA
Orientação para um atendimento precoce
DIA DO FONOAUDIÓLOGO
Veja como foram as comemorações
E ditorial
Conscientização e ações políticas
em 2009
O
a no s e in icia com prefeitos e vereadores a s sum indo s eu s ma ndatos. O que
nós, fonoaudiólogos, temos a ver com is s o? Muit a s cois a s. Veja mos.
Há fonoaudiólogos nos s erv iços públicos de s aúde e da e ducação, t ra No
ent a nto, s a b emos que o núm ero de prof is siona is na re de a inda é insuf iciente
para de fato cons t r uir o sis tema público do nos s o Pa ís.
Com a renovação dos nos s os repres ent a ntes na s Câmara s e na s P refeit ura s, temos a
op or t un idade de cobrar dos parla m ent ares eleitos p olít ica s pública s de s aúde e e ducação
que rea lm ente s eja m capa zes e ef ica zes na t ra nsfor mação da rea lidade
da nos s a cidade, Es t ado e Pa ís.
A Fonoaudiologia deve integrar a s agenda s dos prefeitos e dos vereadores. Como par te da s prop os t a s de s aúde e e ducação. Para is s o, os
fonoaudiólogos têm de s e fa zer pres entes como repres ent a ntes da categoria, cobra ndo, ex igindo e prop ondo. A categoria p ode cont ar com o
ap oio e a parceria do Cons elho. Aqueles que s e excluírem des s e proces s o
es t arão cont ribuindo efet iva m ente para que não haja muda nça s ne ces s ária s e imp or t a ntes para a nos s a s ocie dade. Pens em n is s o.
Nes t a prim eira e dição do a no, t rat a mos a resp eito do tema da f is sura
la biopa lat a l no que t a nge ao pap el que temos a s sum ido qua nto à prevenção, t rat a m ento enca m in ha m ento e orient ações.
Em ou t ra rep or t agem, apres ent a mos a celebração do Dia do Fonoaudiólogo, com emorado em 9 de dezem bro. Apres ent a mos a s hom enagens e reflexões ap ont ada s nos dis curs os da s p es s oa s pres entes.
Na rep or t agem de capa, dis cu t imos a resp eito de como o fonoaudiólogo p ode gerenciar sua s comp etência s e o próprio negócio.
Em temp os de cris e globa l e conôm ica, temos de nos preparar cada vez ma is, prima ndo
p ela excelência técn ica e p ela ét ica nos s erv iços que ofere cemos.
Temos cer tez a de que 20 09 s erá um excelente a no para todos.
Boa leitura a todos!
Paulo Eduardo Damasceno Melo
Presidente do 8º Colegiado do CRFa. 2ª Região/SP
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
3
Conselho Regional
de Fonoaudiologia
2ª Região
8º Colegiado
5
PRESIDENTE
Paulo Eduardo Damasceno Melo
VICE-PRESIDENTE
Isabel Gonçalves
DIRETORA-SECRETÁRIA
Maria Cristina Pedro Biz
Abra Gagueira e UVA realizam I Encontro Brasileiro de
Pessoas que Gaguejam
Evento teve como objetivo integrar e discutir temas relevantes a esse
público
O fonoaudiólogo
como gestor de
seu negócio
6
DIRETORA-TESOUREIRA
Cristina Lemos Barbosa Furia
Consultores orientam
profissionais que
pretendem estar à frente
de um empreendimento
próprio
CONSELHEIROS
Alexsandra Aparecida Moreira • Andrea Soares da Silva • Andrea Wander
Bonamigo • Camila Carvalho Fussi • Carolina Fanaro da Costa Damato •
Claudia Silva Pagotto Cassavia • Cristina Lemos Barbosa Furia • Daniela
Soares de Queiroz • Gisele Gotardi de Oliveira • Isabel Gonçalves • Lica
Arakawa Sugueno • Lilian Cristina Cotrim • Maria Cristina Pedro Biz •
Monica Bevilacqua • Nadia Vilela • Paulo Eduardo Damasceno Melo •
Renata Cristina Dias da Silva • Renata Strobilius • Rodrigo Chinelato
Frederice • Yalís Maria Folmer-Johnson Pontes
DELEGACIA DA BAIXADA SANTISTA
Rua Joaquim Távora, 93 – cj. 15 – Vila Matias
CEP 11075-300 – Santos/SP
Fone: (13) 3221-4647 – Fax: (13) 3224-4908
[email protected]
DELEGACIA DE MARÍLIA
Rua Paes Leme, 47 – 5º andar – sala 51 – Centro
CEP 17500-150 – Marília/SP
Fone/Fax: (14) 3413-6417
[email protected]
DELEGACIA DE RIBEIRÃO PRETO
Rua Bernardino de Campos, 1001 – 13º andar – cj. 1303
CEP 14015-130 – Ribeirão Preto/SP
Fone: (16) 3632-2555 – Fax: (16) 3941-4220
[email protected]
DEPARTAMENTOS
CONTABILIDADE
[email protected]
DIVULGAÇÃO
[email protected]
DEPTO. PESSOAL
[email protected]
JURÍDICO
[email protected]
ORIENTAÇÃO E FISC.
[email protected]
RECEPÇÃO
[email protected]
REGISTROS/TESOURARIA
[email protected]
SECRETARIA
[email protected]
SUPERVISÃO
[email protected]
COMISSÕES
Audiologia • Divulgação • Educação • Ética • Legislação e
Normas • Licitação • Orientação e Fiscalização • Saúde •
Tomada de Contas
COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO
Carolina Fanaro da Costa Damato – Presidente
Andrea Soares da Silva
Lilian Cristina Cotrim
Nadia Vilela
E m D ia
Í ndice
8
Entidades unidas no Dia Internacional de Erradicação da
Violência contra a Mulher com e sem Deficiência
Conselho Regional de Fonoaudiologia apoiou sessão solene
realizada na Assembléia Legislativa de São Paulo
9
Fonoaudiologia celebra seu dia com homenagens na
Assembléia Legislativa
Evento é prestigiado pela categoria, que reafirma sua importância na
sociedade
12
Fonoaudiólogo do ano
Conheça as três profissionais indicadas para concorrer como destaque
em 2008
(exceto capa)
Alexandre Barros – Célula1 Comunicação
REDAÇÃO
Conexão Nacional
(11) 3151-5516 e 3151-5752
wwww.conexaonacional.com.br
[email protected]
Reportagem e edição:
Ana Maria Ferraz Tavares • Luísa de Oliveira • Maria Ligia Pagenottox
IMPRESSÃO
Prol Editora Gráfica
Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região/SP
Rua Dona Germaine Burchard, 331 – Água Branca
CEP 05002-061 – São Paulo/SP
Fone/Fax: (11) 3873-3788 – www.fonosp.org.br
14
Pelo brilho no olhar no portador de fissura labiopalatal
Entre os dias 17 e 21 de novembro, São Paulo se organizou
para discutir medidas que garantam o atendimento precoce e
integral de pessoas com o problema
14
19
Fonoaudiólogos virtuais
Quem são os fonoaudiólogos virtuais?
21
Fonoaudiologia marca presença na 25ª Expomusic
Estande divulgou a importância de músicos e técnicos
de som cuidarem da saúde auditiva
23
O que fazemos por vocês
Acompanhe os trabalhos das Comissões do Conselho
Envio de artigos, sugestões ou reclamações:
[email protected]
As opiniões emitidas em textos assinados são de inteira
responsabilidade de seus autores. a reprodução de textos
desta edição é permitida, exclusivamente para uso editorial,
desde que claramente identificada a fonte. Textos assinados
e fotos com crédito identificado somente podem ser reproduzidos com autorização por escrito, de seus autores.
Evento teve como objetivo integrar e discutir temas relevantes
a esse público
C
erca de 200 pessoas participaram do I Encontro
Brasileiro de Pessoas que Gaguejam, realizado pela
Associação Brasileira de Gagueira (Abra Gagueira) e
a Universidade Veiga de Almeida (UVA), no Rio de
Janeiro, em 18 de outubro. O evento foi uma das ações do Dia
Internacional de Atenção à Gagueira e teve como principal
objetivo integrar e discutir os assuntos mais relevantes para
as pessoas que gaguejam.
A fonoaudióloga Mônica Britto Pereira falou sobre
avaliação e as colegas Silvia Friedman e Fabíola Juste
abordaram a terapia da gagueira. O período da tarde
foi reservado às atividades envolvendo as pessoas com
gagueira. Um manifesto foi lido e discutido pelos presentes
(leia a íntegra no quadro abaixo). Após o ato, todos
participaram de uma mesa redonda sobre a importância
e a evolução dos grupos de apoio para as pessoas com
gagueira, que promovem encontros comandados por
fonoaudiólogos, psiólogos ou pessoas que gaguejam com
a intenção de realizar um trabalho em conjunto através da
troca de experiências.
“Esperamos que este seja apenas o início de um grande
movimento de integração, discussão e conscientização
dos direitos das pessoas que gaguejam”, comentou a
fonoaudióloga Daniela Verônica Zackiewicz, fundadora e
presidente da Abra Gagueira.
Ela apresentou as ações da associação. O destaque
foi o livro “Autoterapia para as Pessoas que Gaguejam”,
escrito por Malcolm Fraser e traduzido para o português
numa parceria com o Laboratório de Fluência, Motricidade
e Funções Orofaciais do Curso de Fonoaudiologia da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e
que será lançado em breve. O documentário “Gagueira não
tem graça. Tem tratamento”, produzido pelos jornalistas
Leonardo Lisboa, Maurício Júnior, e Patrícia Barros, da
Universidade Católica de Pernambuco, foi lançado no
encontro. •
Para saber mais
Mais informações pelo e-mail: [email protected]
Manifesto - Gagueira não tem graça
JORNALISTA RESPONSÁVEL
Sérgio de Castro Rodrigues (MTb 23.903)
PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA
ABRA GAGUEIRA e UVA realizam I Encontro
Brasileiro de Pessoas que Gaguejam
24
Notas
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Cartas
O título desse nosso texto talvez lhe cause algum
estranhamento. Afirmar que gagueira não tem graça,
que não é engraçado ver alguém gaguejando, talvez
não faça sentido para muitos dentro da nossa sociedade. A gagueira e, conseqüentemente, as pessoas
que gaguejam, ao longo de séculos, sempre foram
motivos de gozação, intolerância, agressividade e
discriminação.
Existem relatos de que, já na Grécia Antiga, os gagos eram colocados em jaulas e obrigados a falar para
alegria da platéia. De acordo com o que sentimos,
é possível observar que, atualmente, pouca coisa
mudou. É verdade que não existem mais as jaulas,
mas a gagueira ainda continua presa à veia cômica,
à discriminação. Porém, há um outro lado que todos
merecem tomar conhecimento.
Em nosso dia-a-dia, é comum sofrermos preconceitos e sermos alvos de chacotas por causa da
gagueira. No período escolar, muitas vezes nossa
dificuldade não é considerada e somos obrigados
a apresentar trabalhos oralmente, para obtenção de
nota. Quando vamos à procura de emprego, esta inserção muitas vezes também é difícil, pois somos
preteridos supostamente (já que isso não é reconhecido abertamente) por conta da gagueira; ou deixamos
de procurar para evitar a exposição, para evitar que
o outro descubra o que mais desejo esconder, pois
tememos a reação do ouvinte.
A rejeição que sentimos na escola, no ambiente
de trabalho e até mesmo dentro de nossas famílias,
muitas vezes é reforçada pelos meios de comunicação. Em novelas e programas televisivos, por exemplo, a personagem que gagueja é sempre do núcleo
da comédia, nunca do gênero dramático. Veiculações
deste tipo reforçam, cada vez mais, as gozações diárias que sofremos por conta do modo como falamos.
Com isso, as situações comunicativas tornam-se cada
vez mais difíceis e temidas; tornam-se a nossa maior
dificuldade, o nosso maior problema, que nos gera
sofrimento.
É compreensível que você que não gagueja estranhe o nosso falar diferente, afinal de contas, para a
maioria das pessoas, falar é absolutamente espontâneo, fácil. Talvez, por conta desta facilidade, muitos
pensam que para deixar de gaguejar basta querer, mas
não é bem assim.
A vivência, por longos anos, considerando a fala
algo desafiador, gera movimentação específica tanto
em nossa consciência, quanto em nosso cérebro. A
mudança necessita de tratamento especializado.
O tratamento fonoaudiológico quanto mais cedo for
iniciado, maiores serão as possibilidades de êxito. Se
você possui um filho, um aluno que está gaguejando,
a primeira coisa a ser feita é aceitar esta diferença.
Está claro que a criança está com uma dificuldade.
Quem tem dificuldade não precisa de castigo, mas de
compreensão e ajuda. A segunda coisa é o encaminhamento precoce a um fonoaudiólogo especializado
em gagueira.Da mesma forma que a criança necessita
da sua compreensão, o adulto que gagueja também.
Não existem regras para se conversar com alguém que
tem gagueira. O respeito e atenção são requisitos básicos para qualquer processo interativo.
No desejo de maior reconhecimento da sociedade
nos reunimos no Rio de Janeiro, no dia 18 de outubro
de 2008 e organizamos o “I Encontro Brasileiro de
Pessoas que Gaguejam”.
Esta cidade berço de Machado de Assis, um dos
maiores gênios do Brasil, que era gago, foi escolhida
para sediar o nosso evento que segue uma tendência
mundial: a reunião das pessoas que gaguejam para
discutir suas peculiaridades, dificuldades e desafios.
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
5
R eportagem
de
C apa
Divulgação
O fonoaudiólogo como
gestor de seu negócio
Consultores orientam profissionais
que pretendem estar à frente de um
empreendimento próprio
“O primeiro passo é definir a estratégia de atuação”,
diz o consultor Marcos Alberto de Oliveira
V
ocê é um fonoaudiólogo empregado, mas sentiu que é o momento de ter o seu próprio espaço, seu
consultório, ou tocar ambas as atividades paralelamente. Ou optou por
deixar o emprego e começar a gerenciar
sua clínica. Ou, ainda, sua primeira atividade profissional será como empresário,
à frente de seu próprio negócio.
Em todas essas situações, ou em outras similares, para que o empreendimento vá adiante com sucesso, é preciso
mais do que competência técnica. Parece óbvio, mas, muitas vezes, na empolgação por começar o trabalho, o fonoaudiólogo acaba deixando de lado algumas regras básicas de administração de
um negócio.
“Ele, fonoaudiólogo, é o negócio. É
preciso ter isso em mente desde o início do processo”, afirma o consultor de
orientação empresarial do Sebrae-SP
Sergio Diniz.
Para abrir uma clínica – ou um negócio, como prefere Diniz –, o candidato a empreendedor tem que ter visão de
mercado e das oportunidades. “Primeiramente, tem que descobrir um grupo de
pessoas que estejam dispostas a comprar
o produto que ele quer vender”, ensina
o consultor.
Isso significa “definir o negócio” e
qual sua estratégia de atuação, segun6
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
do o professor Marcos Alberto de Oliveira, coordenador de pós-graduação em
Administração de Empresas da Faap, de
São Paulo (SP). Desta questão, de acordo
com ele, irão depender todas as outras.
“Quando eu defino o tipo de negócio que eu pretendo tocar, na seqüência estou definindo a localização, o valor a ser cobrado pelo atendimento, o nicho de público a ser atendido, o posicionamento do negócio, as ameaças que
ele possa sofrer e as oportunidades que
são oferecidas”, observa o professor. Ele
exemplifica: “No bairro onde você está
ou pretende estar, há outras clínicas?
Veja como é fundamental planejar bem
tudo isso”, sublinha.
Ele ressalta que hoje em dia é importante saber de antemão se o profissional
quer atender uma clientela de alto, médio ou baixo poder aquisitivo ou se deseja mesclar isso. “Por aí, você já define a
localização do seu empreendimento, por
exemplo.” E outra dica: quais os preços
praticados no mercado? Que estudo preliminar foi feito disso?
Também é por esta via que se determina a forma de pagamento que será
oferecida: particular? Por convênio? Ambas as opções? Alguma outra?
Segundo o professor Oliveira e o
consultor Diniz, os fonoaudiólogos não
devem perder de vista o atual momento
em que a profissão se encontra quando
forem montar o seu negócio.
“É preciso ter um panorama da realidade: quantos profissionais se formam
por ano? O ambiente está competitivo?
Que ramo está sendo mais procurado?
Eu tenho competência técnica para atender essa área? Posso fazer parcerias? Até
que ponto elas serão benéficas ou não
para o meu negócio?”, pontua Oliveira.
A clareza sobre que tipo de empreendimento se quer levar adiante é o primeiro passo de um negócio bem-sucedido,
segundo ambos os especialistas. “Além
do conhecimento técnico diferenciado e
de qualidade, o fonoaudiólogo tem de se
municiar de informações sobre gestão
administrativa”, recomenda Diniz.
Afinal, ressalta ele, ter seu próprio
negócio significa mais do que escolher
um bom ponto de atendimento. “O fonoaudiólogo se verá diante de uma série de questões para as quais não foi preparado na universidade, como pendências fiscais e dúvidas trabalhistas e contábeis. Ele também deverá estar apto –
ou ter alguém do seu lado que esteja –
a realizar controles financeiros e balanços”, observa.
E haverá a hora certa de o empreendedor saber fazer novos investimentos
de capital ou, ao contrário, cortar custos num momento de aperto. Como ge-
renciar isso? Sem falar nas relações interpessoais, pensando em funcionários,
parceiros e colaboradores, e na manutenção do espaço físico.
Estudo da viabilidade
Sobre a dificuldade em determinar os
preços a serem cobrados no consultório, uma dúvida persistente entre
os fonoaudiólogos que se propõem a
gerir um empreendimento próprio, o
consultor Sergio Diniz lembra que é
fundamental fazer um amplo estudo
geral da viabilidade antes de se instalar e de definir esses valores.
“Por exemplo: se eu estou em Campinas, pensando em abrir o consultório num bairro X, preciso analisar
que tipo de demanda há neste local
para o meu negócio”, afirma o especialista. Porque, segundo ele, um
erro muito comum é se esquecer de
que uma empresa precisa ser viável
mensalmente – ou seja, vender todo
mês uma quantidade X de serviços,
no caso dos fonoaudiólogos, que gerem X de lucro, senão ela não será
viável economicamente.
“É preciso pensar que o volume de
vendas tem que ser freqüente, tem
de vender todo dia e não de vez em
quando”, pontifica. E aí é necessário
fazer um estudo de viabilidade da
clientela, explica Diniz. “Quem potencialmente neste bairro pode ser
meu cliente?”
Campinas, por exemplo, diz o consultor, tem 1 milhão de habitantes,
mas quantos efetivamente serão os
clientes do consultório de Fonoaudiologia que está abrindo? “Mil
pessoas?”, arrisca Diniz. Ele orienta,
então, que é preciso levantar as características deste público potencial,
segmentar nichos, os hábitos desta
clientela, suas preferências, como fazem suas escolhas. “Isso vale para
todo e qualquer negócio. E é preciso
investir em qualidade: nas necessidades da clientela, na pontualidade, na
hora marcada, na emergência”.
Outra dica de Diniz: não se deve
misturar contas pessoais com a re-
tirada da empresa, o chamado prólabore. “O primeiro destino do lucro
da empresa deve ser reinvestir na
própria empresa. É isso que irá dar
mais vida a ela, torná-la mais competitiva”, assinala.
O preço final do produto – ou do
serviço –, pontua o especialista, é a
somatória dos gastos todos mais o
lucro que o empreendedor pretende
ter em seu negócio. “É importante
ter isso em vista sempre. E na hora
de contabilizar gastos, não se deve
esquecer de nada, nem daquele caderninho da papelaria que você comprou para anotar recados”, ensina.
Divulgação
como vou pagar? Porque certamente
vou precisar fazer contato com eles
ou até mesmo com outros profissionais que vão estar agregados à clínica”, afirma o especialista do Sebrae.
E isso tudo, ressalta, irá influenciar no preço final do serviço. Outro ponto importante que Diniz faz
questão de destrinchar é sobre o
relacionamento pessoal com os funcionários. Definir funções e quanto
cada um vai ganhar antes de contratar é o básico, segundo ele.
Hoje, diz o especialista, uma das
queixas mais comuns entre funcionários é sobre a inabilidade dos gestores em lidar com pessoas. Portanto,
é preciso investir em conhecimento
que ajude a lidar com essa questão
também, caso haja dificuldade em
gerenciar a equipe.
A clínica é a imagem do profissional
Para que o consultório não se
torne oneroso demais, é fundamental se cercar de um profissional – um
contador, aconselham os especialistas –, que possa orientar sobre qual
formato é mais interessante estruturar o negócio em relação a questões
tributárias.
“É importante investir sempre em qualidade”,
afirma o consultor Sergio Diniz
Aprenda a usar concorrência a favor
Sem medo dos concorrentes.
Quem vai trabalhar por conta própria não deve olhar para a concorrência com receio. Segundo Diniz
e Oliveira, é preciso mais que tudo
aprender com eles. “Aprender com
os erros e com os acertos”, afirma
Diniz. Por exemplo: ver o que o
concorrente faz de bom e imitar. “E
evitar o que você considera ruim ou
mesmo mediano. É importante querer ser o melhor”, diz.
Além do cliente e do concorrente, Diniz lembra que é preciso levar
em conta também o fornecedor no
negócio. “Não se pode esquecer
desta presença. Quem são meus fornecedores? De quem vou comprar,
Por fim, os dois consultores entrevistados – Marcos Alberto de Oliveira e Sergio Diniz – lembram que
a clínica é a porta de entrada para o
serviço que o profissional está vendendo. E nisso está embutida sua
imagem também. Se ele é um profissional meticuloso, atencioso, tem de
deixar transparecer isso nos cuidados com que recebe a clientela. Isso
inclui limpeza e organização na sala
de espera e no banheiro, por exemplo, e eficiência no atendimento para
marcação de consultas e retorno de
ligações. Para isso, é preciso se cercar de equipe eficiente. Também
pesa, obviamente, a apresentação
pessoal do próprio profissional e dos
colaboradores. •
Para saber mais
Site do Sebrae: www.sebraesp.com.br.
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
7
I nclusão
D ia
Entidades unidas no Dia Internacional de Erradicação da
Violência contra a Mulher com e sem Deficiência
Conselho Regional de Fonoaudiologia apoiou sessão solene
do
F onoaudiólogo
Fonoaudiologia celebra seu dia com homenagens
na Assembléia Legislativa
Evento é prestigiado pela categoria, que reafirma sua
realizada na Assembléia Legislativa de São Paulo
T
8
odo tipo de discriminação é uma
violência.” O slogan é uma das bases do Projeto Viva a Diferença, entidade idealizadora da Sessão Solene
realizada na Assembléia Legislativa de
São Paulo na noite de 28 de novembro.
Na pauta, o Dia Internacional de Erradicação da Violência contra a Mulher com
e sem Deficiência, celebrado três dias antes. O objetivo do evento foi combater a
invisibilidade das mulheres com deficiência e a violência, explícita ou velada,
que esse segmento sofre na sociedade.
Segundo Censo 2000 do IBGE, há por
volta de 13 milhões de mulheres com deficiência no Brasil.
no e feminino, não nascemos para concorrer entre nós, mas para cooperarmos
mutuamente”. A Sessão Solene também
teve o apoio de vários parceiros: Governo Federal, Secretaria Especial de Política para as Mulheres, Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Infraero, Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, SPTrans,
Conselho Estadual da Condição Feminina, Elas por Elas – Vozes das Ações das
Mulheres, e Coordenadoria dos Assuntos da População Negra. •
Iniciativa do Projeto
Viva a Diferença e realização da Frente Parlamentar
pelo Direito da Pessoa com
Deficiência, o evento contou com o apoio do Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região. “Apoiamos a cerimônia por conta
do fato de as pessoas portadoras de distúrbios da
comunicação serem mais
suscetíveis a sofrer violência. Há várias pesquisas que comprovam
isso”, explica Paulo Mello, presidente do
CRFa 2ª Região. “Como essa Campanha
é focada na mulher com deficiência e a
madrinha do projeto é uma pessoa com
deficiência auditiva, temos várias razões
para dar nosso apoio”, continua ele, lembrando a modelo carioca Brenda Costa
(leia quadro ao lado). Durante a Sessão
Solene, foi lançado o compromisso para
o mapeamento sobre a violência contra
a mulher com deficiência. Criado pela
direção do Projeto Viva e Diferença junto com a ONG Elas Por Elas – Vozes e
Ações das Mulheres, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo e o Conselho Estadual da Condição Feminina, o
mapeamento visa levantar dados sobre
O trabalho do Projeto Viva a Diferença sobre
a violência contra a mulher com deficiência
tem um apoio especial: a modelo Brenda Costa, embaixatriz da causa. Deficiente auditiva,
Brenda é sinônimo de superação e esperança.
Lutou contra o preconceito até tornar-se modelo requisitada internacionalmente. Hoje, figura
na lista do site Models.com como uma das 25
modelos mais belas do mundo.
todo tipo de violência que naturalmente
ocorre contra o gênero feminino. “Abordaremos a violência de gênero, doméstica, familiar, física, institucional, moral, patrimonial, psicológica e sexual”,
detalha Marcelo Liotti, diretor executivo
do Projeto Viva a Diferença. O objetivo
é apresentar os resultados dentro de um
ano, no dia 30 de novembro de 2009, em
outra Sessão Solene na Assembléia. O
Projeto Viva a Diferença nasceu há quase dois anos. “A mulher com deficiência
sofre mais violência. Ela é invisível para
a sociedade. E não se discute violência,
e muito menos políticas públicas, para
pessoas invisíveis”, comenta Liotti. Segundo ele, faltam ações
Divulgação
que contemplem a mulher portadora de deficiência. E exemplifica com
as campanhas de prevenção do câncer de mama.
“Como uma mulher que
não tem os membros superiores pode fazer o auto-exame?”, questiona
ele. “E como uma surda
pode ligar para o Disque
Denúncia?”, continua.
A top Brenda Costa
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
Definir essas questões e lutar para que
resultem em políticas efetivas, é um dos
objetivos do Projeto. “Nossa missão é
combater a tripla invisibilidade institucional e social das mulheres com deficiência, propondo um amplo resgate dos
direitos e valores de maior inerência desse segmento”, explica Liotti. Entenda-se
por tripla invisibilidade, o fato de sofrer
preconceitos por ser mulher e deficiente, além de fatores étnicos ou culturais.
Liotti convida os homens a participar da
luta. “É muito importante que o gênero feminino dê liberdade e espaço para
que mais e mais homens possam se engajar e contribuir com seu olhar para essas pautas”, explica o diretor do Viva a
Diferença. “Nós, dos gêneros masculi-
importância na sociedade
Osmar Bustus
Top model é
embaixatriz do projeto
“Ela é um ícone de luta e de esperança para
muitas meninas e mulheres com deficiência”,
explica Marcelo Liotti. Em março, Brenda
lançou sua autobiografia no Brasil, A Bela do
Silêncio.“Fico muito grata por contar minha
história para outras pessoas surdas, e também
não surdas”, declarou à revista Sentidos no início do ano. Ela só não esteve na Assembléia
no dia 28 porque acaba de tornar-se mãe. Em
agosto nasceu Antônia, filha de sua união com
Karin Al-Fayed.A carioca Brenda foi descoberta
na praia do Arpoador, aos 16 anos. “No início
tive de enfrentar barreiras e preconceitos, mas
consegui superá-los”, contou à Sentidos.Brenda não aprendeu Libras, mas desde pequena
teve acompanhamento fonoaudiológico.
Foram anos trabalhando linguagem oral e
leitura labial. E foi lendo os lábios dos produtores que ela lançou-se no mundo da Moda. Há
pouco mais de um ano, Brenda fez implante
coclear e não se esquece da primeira vez que
ouviu o vento, em uma sessão de fotos numa
montanha da África do Sul.Conta que ficou nervosa no início, desacostumada a tanto barulho.
Agora, deslumbra-se com os sons e aprende a
identificar as palavras.
O presidente do CRFa 2ª Região/SP, Paulo Melo, discursa para os presentes. Na mesa, importantes personalidades da Saúde e da Fonoaudiologia
U
m profissional entusiasmado. Assim deve ser o fonoaudiólogo de
hoje: capaz de, com seu empenho,
“transformar as ideologias dos visionários em ações profissionais.” Dessa
forma o presidente do 8º Colegiado do
CRFa. 2ª Região/SP, Paulo Melo, abriu,
na Assembléia Legislativa de São Paulo,
as comemorações do Dia do Fonoaudiólogo, celebrado em 9 de dezembro.
Muitos profissionais compareceram
ao Auditório Franco Montoro para participar da noite de celebração e homenagens, que contou com a bela voz dos cantores da ONG Vez da Voz antes do início
da cerimônia. Melo ressaltou a contribuição que a Fonoaudiologia oferece à sociedade, “prezando pela excelência téc-
nica e ética em nossas ações” (leia o discurso completo no quadro da página 11).
selho, participando das iniciativas que
o órgão promove em prol da profissão.
A deputada estadual Maria Lúcia Prandi prestigiou a cerimônia e enfatizou o
caráter preventivo da profissão e sua importância no contexto político e social do
país. “A Fonoaudiologia vai muito além
do tratamento”, disse a parlamentar.
A noite foi também de muitas homenagens e emoção. Maria Tereza Cera Sanches, mestre em Saúde Materno-Infantil
e doutora em Saúde Pública/USP, foi a
profissional vencedora como destaque
do ano. Ela apresentou o maior número
de votos no site do conselho entre as três
indicadas para a premiação. Além dela,
concorreram Márcia Helena Moreira Menezes e Sandra Regina Gomes. As três foram indicadas pelo Plenário do Conselho
Regional de Fonoaudiologia - 2ª Região.
Melo aproveitou a ocasião para fazer
um balanço de sua gestão durante o ano
de 2008 e lembrou que o papel do Conselho de Fonoaudiologia é de fiscalizar
ações, mas não apenas isso. “Somos um
órgão que orienta e garante a excelência
dos serviços prestados à Fonoaudiologia”. O presidente disse esperar ainda
que mais pessoas se aproximem do Con-
A indicação levou em conta a realização de um trabalho inovador na área de
políticas públicas ou voltado à abertu-
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
9
D ia
do
F onoaudiólogo
ra de mercado para o fonoaudiólogo. A
atividade desempenhada deveria ter repercutido beneficamente para a profissão no Estado de São Paulo.
“Fiquei muito emocionada e feliz com
a premiação”, disse Tereza. Ela não achava que seria a escolhida. A fonoaudióloga dedicou o prêmio à mãe, presente
à platéia, e a todos que sempre acreditaram em seu trabalho. Tereza é formada pela PUC de Campinas e desde 1988
trabalha na saúde coletiva, com enfoque
na importância do aleitamento materno.
Atuante em hospital “Amigo da Criança”
por 15 anos, é capacitadora em Aconselhamento e Manejo do Aleitamento Materno pela SES/SP e consultora do Método Canguru pelo Ministério da Saúde.
“Dou cursos e consultorias, promovendo a saúde e a prevenção de problemas na área”, afirmou. Tereza contribuiu
ainda para a inserção oficial da Fonoaudiologia no Método Canguru e sistematização da prática fonoaudiológica neonatal para promoção do Aleitamento
Materno. Atua em cursos de capacitação na área em todo o Estado São PauOsmar Bustus
Homenagem teve apresentação musical
10
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
Osmar Bustus
Osmar Bustus
A assessora da diretoria Marli Pulice Mascarenhas recebe flores de Paulo Melo
lo. Dedica-se também à pesquisa no Núcleo de Práticas de Saúde do Instituto de
Saúde, atuando na promoção da saúde
da mulher/criança, humanização e aleitamento materno.
“Fico muito feliz de ver meu trabalho
valorizado e multiplicado. Quero ressaltar que sempre, desde antes de me
formar, acreditei na profissão e trabalho com muito entusiasmo pelas causas
da Fonoaudiologia”, disse a premiada.
Ela recebeu uma placa indicando a premiação.
“Quero deixar essa mensagem para
quem está começando: trabalhem com
garra e ânimo, não desanimem diante
das dificuldades. Acho que se temos entusiasmo pelo que fazemos, conseguimos superar com muito mais facilidade
os obstáculos”, assinalou Tereza.
Sandra Gomes e Márcia Menezes ficaram em segundo e terceiro lugares,
respectivamente. Elas também vibraram com as indicações e agradeceram
os votos que receberam no site. Especialista em voz, professora universitária
com mestrado em Distúrbios da Comunicação pela PUC-SP e doutoranda pela
FMUSP, a fonoaudióloga Márcia Helena
Moreira Menezes atua no município de
Guarulhos e região. Seu trabalho contribuiu para a divulgação da Fonoaudiologia e o reconhecimento sócio-político
do profissional, além de colaborar para
a instituição do Dia da Voz na cidade.
Já Sandra se destaca por sua atuação
junto a idosos. Especializada em Gerontologia pelo Hospital do Servidor Público
e com mestrado em Neurociências pela
FMUSP, é atualmente mestranda em Gerontologia pela PUC-SP, com grande interesse pelas patologias de linguagem.
Professora universitária, atua também
como assessora técnica da prefeitura,
com população em situação de rua, albergues e abrigos.
As fonoaudiólogas Sandra, Maria Tereza e Márcia foram os destaques da noite
Outra homenageada da noite foi a fonoaudióloga Marli Pulice Mascarenhas,
assessora da diretoria do Conselho Regional de Fonoaudiologia. Ela recebeu
flores das mãos do presidente Paulo
Melo, que enfatizou o agradecimento de
todos da entidade ao seu trabalho. “Marli é uma peça fundamental para o andamento do Conselho e sempre se comportou de forma extremamente ética diante
das dificuldades. Estendo essa homenagem a Marli por parte de todos os funcionários”, afirmou Melo. Marli, muito
emocionada com a surpresa, não conseguiu se pronunciar. A noite terminou
com um coquetel de confraternização.
Sobre o Dia do Fonoaudiólogo
O dia 9 de dezembro foi escolhido para homenagear o fonoaudiólogo porque nesta data, em 1981, foi
sancionada a Lei n° 6965. A legislação determina a competência do
fonoaudiólogo e cria os Conselhos
Federal e Regionais de Fonoaudiologia. Em 15 de setembro de 1984, foi
aprovado o primeiro Código de Ética
da profissão, revisado e atualizado
em 1995. •
A saúde do povo brasileiro em primeiro lugar
Íntegra do discurso feito pelo presidente do
CRFa.2ª Região/SP, Paulo Melo, em 9/12/08
“Autoridades presentes, senhoras e senhores, boa noite!
Hoje celebramos 27 anos de reconhecimento da profissão de fonoaudiólogo em território
nacional. Portanto, é motivo de confraternização, alegria e comemoração. Falar a respeito
da profissão, da sua importância para a sociedade nesse momento é desnecessário. As publicações científicas e práticas de excelência
que realizamos falam por si só.
No entanto, gostaria de falar a respeito do
entusiasmo necessário para o desenvolvimento de qualquer profissão. Qual de nós, fonoaudiólogos, não viveu a emoção ao ver os resultados do seu trabalho favorecendo pessoas
e famílias e, conseqüentemente, contribuindo
para o desenvolvimento do País?
ções e satisfações pessoais.
Não podemos abandonar o comportamento
arrojado, ativo e proativo do fonoaudiólogo e a
capacidade de transformar as ideologias dos
visionários em ações profissionais.
O terceiro milênio também é marcado pelo
avanço das ciências e das tecnologias. Práticas estas rotineiras na Fonoaudiologia.
Ser entusiasta é saber cruzar a intuição e
a razão, determinando as diretrizes de nossas
ações. A Fonoaudiologia certamente contribui
com nossa sociedade, prezando pela excelência técnica e ética em nossas ações.
Reconheçamos verdadeiramente nossas
habilidades e aptidões, sem esquecermos dos
objetivos como profissionais, dentre eles, a
saúde da comunicação do povo brasileiro.
Parabéns, fonoaudiólogo.
Grandes profissionais são empreendedores
de carreiras sólidas, perpassadas por realiza-
Muito obrigado.”
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
11
D estaques
Sandra Regina Gomes
Fonoaudiólogo do ano
Conheça as três profissionais indicadas
para concorrer como destaque em 2008
R
ealizar um trabalho inovador na área de políticas públicas
ou voltado à abertura de mercado, que tenha repercutido
beneficamente para a profissão no Estado de São Paulo.
Estes foram os principais critérios que nortearam as
indicações para a escolha do Fonoaudiólogo do Ano.
Márcia Helena Moreira Menezes, Maria Tereza Cera Sanches
e Sandra Regina Gomes foram os nomes indicados pelo Plenário
do Conselho Regional de Fonoaudiologia - 2ª Região para a
votação realizada no site da entidade. Conheça um pouco do
trabalho feito por estas profissionais.
Arquivo pessoal
A fonoaudióloga Sandra
Regina Gomes é formada pela
PUC-SP, tem especialização em
Gerontologia pelo Hospital do
Servidor Público e mestrado
em Neurociências pela FMUSP
e atualmente é mestranda em
Gerontologia pela PUC-SP,
com grande interesse pelas
patologias de linguagem, em
especial a Afasia.
Professora universitária há sete anos, atua como docente na
Universidade Aberta da Terceira Idade. Foi uma das fundadoras
do Grupo de Afásicos da Faculdade de Fonoaudiologia-Unilus
e da Associação de Afásicos, Próximos e Familiares da Baixada
Santista.
Tem forte atuação como Assessora Técnica da Prefeitura
de São Paulo, função que a torna responsável por políticas
públicas para idosos e por projetos de capacitação de técnicos
que atuam com esta população em situação de rua, albergues
e abrigos. Desta forma, desenvolve oportunidades do exercício
do protagonismo social dos idosos e divulga a profissão num
mercado diferenciado. “É muito gratificante ter a oportunidade
de participar do planejamento de diretrizes de assistência social
e introduzir a Fonoaudiologia nesse universo”, comenta ela.
“Fiquei muito honrada e feliz com essa indicação.”
Márcia Helena Moreira Menezes
Especialista
em
voz,
professora universitária há
mais de dez anos, mestre em
Distúrbios da Comunicação
pela PUC-SP e doutoranda pela
FMUSP, a fonoaudióloga Márcia
Helena Moreira Menezes
realiza trabalho sistemático
em Guarulhos e na região.
Sua atuação, em parceria com
as mais diversas campanhas
de saúde, contribuiu para a
divulgação da Fonoaudiologia e o reconhecimento sócio-político
do profissional.
Divulgação
Este trabalho também foi fundamental para que Guarulhos
instituísse o “Dia da Voz” através de Lei Municipal. A campanha
coordenada por ela, por sinal, já foi premiada pela SBFa três
vezes como uma das melhores do Brasil (3º lugar em 2004, 1º
lugar em 2007 e 2008).
“Eu não esperava essa indicação.Foi uma surpresa. A gente
acaba não dimensionando o tamanho de alguns trabalhos.
Fico feliz com o reconhecimento”, comenta ela, que também é
assessora de comunicação verbal do Sindicato dos Metalúrgicos
de Guarulhos e Região e sócia-diretora da empresa Plenavox
– Fonoaudiologia e Consultoria em Comunicação Verbal.
“Nossa grande meta é chegar a todos os lugares onde haja uma
campanha de saúde”, avisa.
Maria Tereza Cera Sanches
Osmar Bustus
Mestre em Saúde MaternoInfantil e Doutora em Saúde
Pública/USP, a fonoaudióloga
Maria Tereza Cera Sanches
dedica-se à saúde coletiva
desde 1988, com enfoque para
aleitamento materno, na clínica,
no ensino e na pesquisa.
Atuante
em
hospital
“Amigo da Criança” por
15 anos, é capacitadora em
Aconselhamento e Manejo do Aleitamento Materno pela SES/
SP e consultora do Método Canguru pelo Ministério da Saúde.
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Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
Contribuiu para a inserção oficial da Fonoaudiologia no
Método Canguru e sistematização da prática fonoaudiológica
neonatal para promoção do Aleitamento Materno. Atua em
cursos de capacitação na área em todo o Estado São Paulo.
Também teve participação ativa na associação e sindicato de
fonoaudiólogos em Santos e foi membro fundador do Comitê
de Saúde Coletiva da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
Atualmente, é pesquisadora do Núcleo de Práticas de Saúde
do Instituto de Saúde (SES-SP), atuando na promoção da saúde
da mulher/criança, humanização e aleitamento materno. “Essa
indicação foi muito interessante. Quando a gente trabalha, é
legal ter essa valorização, esse reconhecimento”, agradece.
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
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F issura
labiopalatina
Pelo brilho no olhar
do portador de fissura
labiopalatal
Entre os dias 17 e 21 de novembro, São Paulo se organizou para discutir medidas que
garantam o atendimento precoce e integral de pessoas com o problema
F
oram três dias de muitas discussões, explanações, trocas de experiências e conclusões importantes.
Ao final da I Semana Municipal de
Educação Conscientização e Orientação
sobre a Fissura Labiopalatina, realizada na capital paulista, os participantes
do evento saborearam o gosto da vitória, mas a certeza que fica é que ainda há muito a ser feito pelos portadores
do problema. A luta da categoria é antiga, mas este ano se tornou oficial, com
a instituição do projeto de lei que criou
a semana no ano passado, pela Câmara
Municipal de São Paulo, por iniciativa do
então vereador Carlos Neder.
“Queremos que os portadores de
fissuras labiopalatinas tenham atendimento cada vez mais precoce, que
os profissionais sejam bem capacitados e que haja uma divulgação melhor do evento a cada ano”, apontou,
na abertura do encontro, a odontologista Lucy Dalva Lopes Mauro, da
Universidade de São Paulo (USP),
uma das maiores autoridades em
fissuras labiopalatinas do país e responsável pelo serviço oferecido no
Hospital da Cruz Vermelha Brasileira
– Centro de Reabilitação de Deformidades Faciais. A dra. Lucy Dalva
é também presidente da Associação
Brasileira de Fissuras Palatinas.
Seu objetivo é claro: “Queremos
ampliar e estender a possibilidade
de atendimento a pessoas portadoras de deficiências labiopalatinas”,
explicou na segunda-feira, dia 17
14
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
de novembro, no Centro de Formação (Cefor) do Itaim Bibi, da Secretaria Municipal da Saúde. Segundo
dados divulgados na abertura da I
Semana de Municipal de Educação,
Conscientização e Orientação sobre
a Fissura Labiopalatina, a fissura é
uma das malformações mais co- Divulgação
muns que advém
do nascimento.
mole. A criação e sistematização de
uma semana para abordar o encaminhamento dos portadores de fissura
são de extrema importância, segundo a fonoaudióloga Zelita Ferreira
Guedes, professora doutora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e tesoureira da Sociedade
Brasileira de Fon o au d i ol o g ia,
também presente ao Cefor.
No
Brasil,
segundo ela, é
De
acordo
urgente que se
com ela, o que
façam pesquisas
mais se precomais atualizadas
niza atualmente
sobre o tema,
é o atendimenmas os estudos
to precoce dos
mais
recentes
nascidos
com
– que datam
deficiência.
dos anos 1990 A profa. dra. Lucy Dalva, uma das maiores autoridades a
“Hoje em dia, é
– indicam que em fissura labiopalatal no Brasil
há um caso para cada 650 crianças possível saber que uma mulher terá
nascidas. Há mais homens portado- um filho com a fissura labiopalatina
res do problema do que mulheres (na já no pré-natal”, afirmou. “Essa gesproporção de 2 para 1), sendo que a tante deve receber orientação desde
prevalência recai sobre os asiáticos, essa etapa e no berçário a criança já
com uma criança para cada 300 nas- deve receber todos os procedimencidos. Na raça negra, por exemplo, a tos necessários para a sua máxima
incidência é de um para cada 2.700 recuperação e pronta integração sonascimentos. Em termos estatísti- cial”, orientou a especialista.
cos, ocupa o segundo lugar nas deEla sublinhou que a precocidade
formidades craniofaciais, podendo
aparecer isoladamente ou fazendo no tratamento evita uma série de
problemas importantes – e mais diparte de algumas síndromes.
Nestes casos, em geral, é asso- fíceis de serem tratados conforme a
ciada a malformações de membros e idade do paciente avança. “Na idade
cardíacas. Na maioria das vezes atin- escolar, essa criança não tratada irá
ge nariz, lábio, palato duro e palato ser vítima de chacota. Ela certamen-
te terá ainda mais dificuldade para
falar, para aprender a ler e a escrever
e para se relacionar socialmente”,
observou.
A complexidade do tratamento
do portador de fissura labiopalatal, que exige reabilitação estética
e funcional, foi outro tema bastante
abordado. “É um paciente que precisa de acompanhamento por um
período muito longo de sua vida. E
o atendimento necessariamente envolve uma equipe multidisciplinar:
cirurgião plástico, odontólogo, fonoaudiólogo, psicólogo, assistente
social, nutricionista, pediatra, otorrinolaringologista, especialistas em
medicina fetal, biologia molecular
e genética, neurologistas clínico e
cirúrgico, enfermeiro, especialistas
em próteses e cirurgião pediátrico”, sublinhou a especialista Lucy
Dalva, lembrando que esse conceito de uma equipe multidisciplinar
e interdisciplinar é da Organização
Mundial de Saúde (OMS) e já data
de 1930.
Para o paciente, é fundamental
que esses profissionais trabalhem
de forma integrada e bem afinada.
“Por isso também a importância de
uma semana, congregando especialistas de diversas áreas”, segundo a
coordenadora do evento Maria Candelária Soares, da área técnica da
saúde bucal da Secretaria Municipal
de Saúde.
Entre as causas apontadas como
conhecidas para o aparecimento da
fissura labiopalatal estão as malformações de origem genética e/ou
ambiental, segundo a Associação
Brasileira de Fissuras Palatinas (ver
quadro acima).
Necessidade de notificação
No ano passado, durante a oficialização da I Semana na Câmara
Municipal, o presidente do Conselho
Regional de Fonoaudiologia – 2ª Região/SP, fonoaudiólogo Paulo Melo,
pronunciou-se sobre a importância da
abordagem fonoaudiológica da fissura labiopalatina. “A Fonoaudiologia é
Causas da fissura do lábio e palato
• São malformações do terço médio da face, decorrentes da falta de fusão dos processos maxilares e
palatinos, de origem genética e/ou ambiental.
• Na presença de uma predisposição genética, fatores ambientais podem precipitar o surgimento da
anomalia.
• Os fatores ambientais são nutricionais (carência de minerais e vitaminas), químicos (drogas, fumo e
álcool utilizados pela gestante), endócrinos (alterações hormonais), atômicos (radiações) e infecciosos
(contato com doenças infecciosas no primeiro trimestre de gestação).
• Ocorrem em geral entre a 4ª e 12ª semana de gestação.
Fonte: Associação Brasileira de Fissuras Palatinas (www.abfp.org.br).
a profissão que trata dos distúrbios
da comunicação humana em todos os
seus aspectos”, afirmou na ocasião.
“Indivíduos portadores de malformações craniofaciais sofrem com a existência desses distúrbios, apresentando
dificuldades no seu desempenho comunicativo”, prosseguiu o especialista, que este ano foi representado no
evento no Cefor pela conselheira Maria Cristina Pedro Biz.
Durante sua apresentação na
Câmara, Paulo Melo ressaltou a importância do profissional de Fonoaudiologia para o êxito e sucesso do
tratamento dessas pessoas. E falou
sobre a necessidade de notificação do
nascimento de crianças portadoras de
fissuras como um dos instrumentos
para elaborar estimativas que podem
ser diferentes das que temos atualmente. Esse foi outro ponto abordado
neste ano.
Segundo a odontóloga Lucy Dalva, os números podem estar subestimados e é importante também
trabalhar nas medidas preventivas,
evitando o nascimento de crianças
fissuradas. Com indicadores epidemiológicos bem claros, segundo a
especialista, é possível justificar a
necessidade de centros especializados de forma descentralizada, o que
não ocorre no Brasil atualmente. “A
criação da semana torna compulsória
a notificação dos recém-nascidos com
fissura”, disse Lucy.
Mapear e oferecer tratamento
Além das especialistas Lucy Dalva, que falou especificamente sobre
“Epidemiologia e fatores associados
à prevenção e equipe multidisciplinar”, e Zelita Guedes, participaram
do evento no Cefor, com um painel
sobre os serviços oferecidos para o
portador de fissura labiopalatina, a
cirurgiã plástica dra. Vera Lúcia Cardim, do Hospital Beneficência Portuguesa; a odontologista Maria Cristina
de Andrade Almeida, do Hospital
Municipal Infantil Menino Jesus; a
dra. Dulce Maria F.S. Martins, cirurgiã plástica do Hospital Estadual Infantil Darcy Vargas, Hospital Santa
Marcelina e Unifesp; e a dra. Lídia
D’Agostino, fonoaudióloga do Instituto de Cirurgia Plástica Santa Cruz.
Ainda na apresentação falaram o dr.
Emil Adib Razuk, do Conselho Regional de Odontologia (CRO), e a dra.
Tânia Turra, da Secretaria Estadual de
Saúde.
“Estamos mapeando em todo
Estado nossos serviços para trazer
equidade às famílias, pois o tratamento do portador de fissura é muito
longo”, observou Tânia. “Nossa idéia
é formular um projeto de referência
integral, convidando todos os serviços do Estado, para que todos os pacientes possam ser beneficiados com
o tratamento, pois este é um dos princípios do SUS”, afirmou.
Em sua fala, a dra. Lucy Dalva
lembrou que a abordagem do problema deve ser centrada na família e baseada na comunidade: “Nossa maior
recompensa é ver o sorriso estampado no rosto de uma criança depois de
tratada. Dá para notar nas fotografias
como muda o brilho de seu olhar”.
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
15
F issura
labiopalatina
A importância da alimentação correta
A cirurgiã plástica Vera Lúcia Cardim dirige o Face (Facial Anomalies
Center), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP),
criada oficialmente em 2005. Segundo
ela, o Face nasceu com o objetivo de
prestar atendimento aos portadores de
deformidades craniofaciais de origem
congênita em situação de vulnerabilidade socioeconômica, além de prevenir o aparecimento de novos casos de
deformidade. A entidade conta com
o apoio do Hospital da Beneficência
Portuguesa, na cidade de
São Paulo. “Não basta ope- Divulgação
rar esse paciente, ele precisa ser educado na parte
muscular também”, ressaltou a especialista, que lembrou a discriminação social
que sofrem os portadores
de deformidades faciais.
de Anomalias Craniofaciais da USP
de Bauru, conhecido como Centrinho,
hoje um serviço sobrecarregado. “Somos referência na cidade de São Paulo
para tratar a fissura labiopalatina, mas
muitos profissionais da saúde não sabem disso e os pacientes acabam indo
para Bauru”, disse Cristina. “Temos
vagas no momento no Menino Jesus”,
garantiu. Cristina, como todos os profissionais que se apresentaram, falou
sobre a necessidade da intervenção
fonoaudiológica já no berçário.
o peito ou é preciso entrar com a mamadeira, há um bico especialmente
desenvolvido por fonoaudiólogos para
suprir esse problema”, lembrou Lucy
Dalva, que citou ainda as mamadeiras
ortopédicas.
A intervenção da Fonoaudiologia
é necessária no sentido de orientar
a alimentação, a mastigação, o desenvolvimento da fala, a aquisição da
linguagem e a função auditiva. Vale
lembrar ainda, segundo a especialista,
os diversos problemas de dentição que
essas crianças apresentam.
“Elas precisam de acompanhamento constante, desde
os primeiros dentes, até a
adolescência e idade adulta”, ressaltou.
Direitos dos pacientes em
debate
No período da tarde,
“São pessoas que vivem
o Cefor recebeu para um
à margem da sociedade,
debate o médico e profesnão têm coragem de se exsor doutor da Faculdade
por, não vão para a escola e
de Saúde Pública da USP
não arrumam empregos. Na
Paulo Antônio de Carvalho
grande maioria, não apreFortes. Ele esteve ao lado
sentam nenhum problema
do promotor de justiça douneurológico, mas se não
tor Julio César Botelho, do
forem tratadas, com cerGrupo de Atuação Especial
teza ficarão com seqüelas
de Proteção à Pessoa Porpsicossociais importantes, A dra. Maria Cristina, do Hospital Menino Jesus, e a profa. dra. Zelita Guedes, fga.: tadora de Deficiência para
que exigirão intervenção”, participação ativa nos debates e apresentação de políticas públicas
debater “A importância e o
observou. A médica chamou atenção
“A orientação é dada à mãe para papel das organizações da sociedade
ainda para outro dado: “Esses indiví- o recém-nascido e até os 3 anos”, civil ou das associações de usuários
duos, quando recebem apoio e trata- afirmou a especialista. Segundo ela, no SUS”. O encontro foi mediado pela
mento, se superam intelectualmente e nessa fase é muito importante orien- coordenadora técnica da Secretaria
nos surpreendem”, disse. Ela contou tar a amamentação correta. “Assim Municipal da Pessoa com Deficiência
que entre os assistidos por sua equipe que o bebê com fissura labiopalatina e Mobilidade Reduzida, fga. Mirna Tehá vários pacientes de origem humilde nasce, é comum no berçário os profis- desco.
que se tornaram médicos, administra- sionais passarem uma sonda no nariz
dores, engenheiros, todos bem posi- da criança, por acharem que ele não
Um dos temas discutidos, entre
cionados socialmente.
tem capacidade de sucção”, lembrou outros, foi a questão do acesso graa odontóloga. Mas isso não procede, tuito dos portadores de fissura labio“Fico muito feliz de ver depois segundo ela. “Quando o bebê tem di- palatina nos transportes públicos da
como eles estão integrados e imagi- ficuldade para sugar, colocamos uma capital – um direito que havia sido
no o que poderia acontecer caso não placa para substituir temporariamen- concedido, mas foi negado, pois há
tivessem recebido atenção”, afirmou a te o palato aberto”, explicou. “Isso entendimento de que a fissura não se
especialista, emocionada. A cirurgiã- facilita a mamada, que deve ser feita caracteriza como uma deficiência. “Há
dentista Maria Cristina Almeida falou sempre com a criança o mais em pé muita polêmica sobre isso, pois o pordo seu trabalhou no Hospital Munici- possível”.
tador do problema tem de se deslocar
pal Infantil Menino Jesus e ressaltou a
Da mamada correta irá depender diversas vezes, especialmente quando
necessidade de descentralizar o traba- a nutrição adequada do bebê e o ga- está em tratamento fonoaudiológico e
lho feito no Hospital de Reabilitação nho de peso. “Se a criança não pega odontológico”, disse, da platéia, a fo16
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
noaudióloga Zelita Guedes.
O promotor Botelho solicitou então que fosse expedido um documento solicitando uma revisão sobre a
questão, para que ele pudesse pedir a
isenção da tarifa para quem tem fissura labiopalatina. Fortes falou sobre
a Cartilha dos Direitos do Paciente,
uma lei que data de 1999, ressaltando
o direito à informação e liberdade de
locomoção. •
Investimento em capacitação é diferencial do evento
Os dias que se seguiram à abertura da semana foram de capacitação para profissionais da rede básica
de saúde. Estiveram envolvidas as Coordenadorias
Regionais de Saúde Leste, Sul, Centro-Oeste, Norte
e Sudeste.
Divulgação
Este trabalho foi
um diferencial importante da I Semana,
pois envolveu, o legislativo – que criou a
data –, associações de
portadores de fissuras,
a Secretaria Municipal
de Saúde, a Unifesp, a
Sociedade Brasileira
de Fonoaudiologia e
também Conselhos
Profissionais.
Como em outras regiões, eles participaram da
aula sobre “O acolhimento do portador de fissura
labiopalatina na atenção básica”.
O primeiro a falar
foi o chefe do setor
de ortodontia da Unifesp, o odontologista
Nelson Bardella Filho,
que forneceu dados
epidemiológicos
sobre as fissuras labiopalatinas. “O que
mais estigmatiza o
paciente é a dificuldade dele se comunicar”, frisou, ressaltando mais uma vez
a importância do tratamento coadjuvante
No CEU Azul da Cor
O prof. dr. Nelson Bardella Filho, da Unifesp, apresenta entre a Odontologia e
a Fonoaudiologia.
do Mar, em Itaquera, para a platéia dados epidemiológicos sobre fissura
zona leste de São PauEm seguida foi a vez da odontopediatra e cirurgiã
lo, reuniram-se na manhã do dia 18 um grupo de
dentista Yara Cavallari se pronunciar. Especialista
profissionais da rede, convidados por Zuleica Aeme
do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, ela
Uehara, interlocutora de saúde bucal da Coordenafalou, entre outros assuntos, sobre a necessidade
doria Leste da Prefeitura de São Paulo.
de descentralizar os serviços, facilitando o atendi-
mento dos portadores em regiões próximas de suas
residências. E lembrou que é importante que mais
pacientes sejam encaminhados ao Menino Jesus.
“Para tratar problemas simples de dentição, o próprio dentista da rede básica tem que dar conta, não é
preciso deslocar essa criança”, observou.
A fonoaudióloga Zelita Guedes, da Unifesp e da
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, finalizou as
apresentações com colocações sobre o que a rede
básica pode oferecer aos portadores de fissuras
labiopalatinas, reforçando também o atendimento
descentralizado. “É importante o diagnóstico prénatal, para orientar a amamentação correta”, lembrou. Ela falou ainda sobre os cuidados básicos que
devem ser dados à mãe para desenvolvimento da
linguagem da criança: contação de histórias, muita
conversa e estímulo.
“Essa criança, em geral, é muito paparicada pelos
pais e apresenta problemas de comportamento. Isso
torna, às vezes, o tratamento mais difícil; é preciso
colocar a ela situações que a estimulem”, afirmou.
Para finalizar, Zelita disse que o fonoaudiólogo na
rede básica não pode ser um especialista. Ele tem
de ser um generalista. “E isso não significa que ele
entende de tudo, mas sim do todo”, frisou.
Iracema e Ana Paula: pelo direito de olhar a vida de frente
Arquivo pessoal
“Eu nunca me intimidei, sempre parti para a
briga”, garantiu a sorridente Iracema Santos Andrade
Rocha, fonoaudióloga de 28 anos. Ex-portadora de
fissura labiopalatina, Iracema é hoje um exemplo de
reabilitação bem-sucedida em vários aspectos.
“Acho que tive muita sorte, pois logo que eu
nasci meus pais seguiram todas as orientações e
foram buscar uma equipe bem preparada para me
atender”, contou a jovem, que recebeu seu primeiro
atendimento especializado no Hospital Infantil
Menino Jesus. Até hoje, já fez sete cirurgias e
acredita que terá de fazer mais algumas correções.
“Mas me sinto muito bem”, afirmou.
Iracema: “Desde meu nascimento meus
pais foram em busca de soluções para meu
problema. O tratamento precoce foi muito
importante para minha inclusão social”
Quando criança, disse que nunca se deixou
abater pelos amigos que comentavam sobre sua
deficiência. “Ia tirar satisfações, e logo via que tinha
um monte de gente para me defender”, brincou. Ela
disse que sempre teve muitos amigos e nunca teve
problemas de relacionamento. Agora está casada e
muito feliz. E, por estar tão inserida no universo da
Fonoaudiologia desde criança, apaixonou-se pela
profissão. “Acho que ajudo muito as pessoas com
fissura mostrando o meu exemplo. Também passo
muita segurança para as mães que chegam com
seus bebês, aflitas”. Segundo ela, como qualquer
deficiência, a fissura precisa ser desmitisficada. “O
segredo de tudo, acho, está no apoio da família e de
uma equipe profissional supercapacitada”.
O percurso da brasiliense Ana Paula de Lima foi
um pouco mais árduo do que o de Iracema. Mesmo
assim ela não se queixa dos resultados. “Hoje me
sinto bem integrada socialmente, mas sofri bastante
na infância e especialmente na adolescência.”
Ana Paula, formada em Serviço Social, sofreu 25
intervenções cirúrgicas. “Não foi fácil”. Ela se casou
duas vezes e com o primeiro marido tem uma filha,
hoje com 17 anos, também portadora de fissura
labiopalatina. “Fiquei sabendo com quatro meses de
gestação que ela teria o problema. Foi complicado,
pois ao fazer o seu tratamento, eu revi todo o meu
passado”, disse. Mas hoje Ana Paula sente-se
recompensada porque vê que a filha está mais bem
entrosada socialmente do que ela na mesma idade.
“Acho que o fato de eu ter o problema de certa forma
também facilitou um pouco as coisas”.
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
17
F issura
P onto
labiopalatina
Reciclada geral
Fonoaudiólogos virtuais
Divulgação
Uma de São Paulo, outra do Rio e a terceira
de Juiz de Fora (MG): as três fonoaudiólogas,
residentes do programa saúde da família da
Faculdade Santa Marcelina, de Itaquera, zona leste
de São Paulo, participaram da capacitação no CEU
Azul da Cor do Mar.
Quem são os fonoaudiólogos virtuais?
S
“Acho bem interessante, porque dá uma
reciclada geral nos conhecimentos”, disse
Rosângela Almeida, a mineira. Luciene Iacobucci,
formada pela Unifep, concordou com a colega
e disse que o trabalho junto às famílias é de
prevenção, mas também de reabilitação. “Temos
de estar preparadas para tudo, porque o contato
com as famílias é muito grande e diário”, finalizou
a carioca Carolina Farah.
Outras três amigas também elogiaram a
iniciativa da capacitação. Fonoaudiólogas
formadas em São Paulo – Cíntia Ferreira (USP),
Michelle Guzman (PUC) e Ligia Mendes da Silva
(Unifesp) –, elas trabalham na região leste, na
prefeitura, em núcleos de reabilitação.
Fonoaudiólogas Luciene, Caroline e Rosângela: do Programa Saúde da Família para a aula de
capacitação no CEU Azul da Cor do Mar
O relacionamento com outros profissionais
no tratamento também foi um ponto que chamou
atenção das fonoaudiólogas. Segundo elas, falta
mais integração entre os serviços.
E, como o portador de fissura labiopalatina
necessita de um atendimento interdisciplinar, é
fundamental que os vários profissionais conheçam
bem a área de atuação dos outros colegas e saibam
encaminhar para os tratamentos adequados no
momento correto.
Michelle, Ligia e Cíntia: fonoaudiólogas avaliam como muito importante a integração entre os
diversos profissionais da rede para o atendimento completo ao paciente
Atendimento ao paciente
• Hospital Darcy Vargas (Jardim Guedala)
Tel. (11) 3723-3700
• Hospital São Paulo – Unifesp (Vila Clementino)
Tel. (11) 5576-4522
• Centro de Reab. das Deformidades Faciais (Moema)
Tels. (11) 5055-3448 / 5055-8866
• Hospital da Cruz Vermelha Brasileira (Moema)
Tel. (11) 5056-8710 – Cirurgia Plástica
Tel. (11) 5056-8740 – Odontologia
• Hospital Santa Cruz (Vila Mariana)
Tel. (11) 5080-2000
• Faculdade de Odontologia da USP (Butantã)
Tel. (11) 3091-7814
• Hospital Menino Jesus (Bela Vista)
Tel. (11) 3253-5200
Serviços públicos e privados no município de
São Paulo que atendem pacientes com fissuras
labiopalatinas:
18
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
ão fonoaudiólogos e estudantes de
Fonoaudiologia que prestam atendimento indevidamente utilizandose de fóruns de discussão e sites de
relacionamento na Internet. Usualmente,
abrem tópicos em fóruns online e criam
perfis falsos no Orkut (site de relacionamento). Cadastram-se em diversos fóruns
e em comunidades relacionadas a problemas de voz, audição, linguagem e motricidade orofacial, onde é possível encontrar
clientes em potencial, e se aproveitam dos
fóruns para atendê-los online, propondo a
melhor prótese para o deficiente auditivo,
terapias inovadoras, dislexia, voz, ceceio e
muitos outros.
Divulgação
“Acho importante a gente se aproximar mais
dos odontologistas da rede”, observou Cíntia.
Elas contam que realmente o paciente com fissura
chega, na média, muito tarde atrás de tratamento.
“É importante saber como acolher melhor essa
pessoa e encaminhá-la de forma adequada”, disse
Ligia.
“A capacitação nos ajuda a entender melhor
esse processo”, afirmou Cíntia.
de vista
• Hospital Santa Marcelina (Itaquera)
Tel. (11) 2070-6000
O CRFa 2ª Região/SP considera importante divulgar a prática indevida entre os
profissionais da área e discutir meios de
alertar estes pacientes para a provável falta
de capacitação destes indivíduos, que, por
vezes, nem concluíram o curso e fazem uso
da prática ilegal da profissão. Existindo
ainda aqueles que, tendo sido clientes, ou
ouvido falar de algum tratamento, presumem ter o direito de fazer um atendimento
online.
Em contrapartida, excluímos deste rol
aqueles fonoaudiólogos que se utilizam de
grupos de discussão e comunidades online
para a sua evolução e aperfeiçoamento. A
utilização destas novas ferramentas para
fins de atualização, intercâmbio de informações entre fonoaudiólogos e profissionais de outras áreas, visando promover a
Fonoaudiologia, orientar e esclarecer a opinião pública sobre a ciência fonoaudiológica e atuação do fonoaudiólogo são sempre
produtivas e devem ser incentivadas por
todos nós.
(Art. 18 e 19 do Código de Ética da Fonoaudiologia).
Aproveitamos para lembrar algumas
regras relacionadas com este tópico (*):
• é vedado ao fonoaudiólogo dar diagnóstico e realizar terapia fonoaudiológica
por meio de mensagens em sites de relacionamento, como o Orkut, fóruns, blogs, ou
qualquer meio de comunicação em massa;
• é proibido publicar na Internet artigos
de conteúdo depreciativo acerca da profissão ou de outro fonoaudiólogo;
• é proibido propagar idéias, descobertas e ilustrações como inéditas, bem
como novos conhecimentos que ainda não
estejam reconhecidos pela comunidade
científica da categoria, induzindo a opinião
pública a acreditar que exista reserva de
atuação clínica para determinados procedimentos, quando o mesmo não for verdade;
• é obrigatória a identificação dos fonoaudiólogos, com o nome e respectivo
registro no CRFª, quando se tratar de divulgações de cursos, eventos, trabalhos e
afins, assim como, na divulgação de produtos, estes deverão estar sob a responsabilidade de um fonoaudiólogo ou de alguma Instituição correlata;
• a linguagem nos anúncios deverá ser
educada e respeitosa para com os colegas,
demais profissionais e o público em geral.
(Res.CFFª 267/04)
• é proibido anunciar preços, modalidades de pagamento em publicações abertas, exceto na divulgação de cursos, seminários e afins;
• deve-se visar à promoção da Fonoaudiologia e não do próprio profissional,
garantindo o esclarecimento e orientação
do público;
(*) Fontes: Código de Ética da Fonoaudiologia e Resolução CFFa. no 267/04
Sendo assim, lembramos, somos privilegiados por dispormos destes novos
meios tão interativos e ágeis de comunicação, nos proporcionando um novo e vasto
meio de troca de informações, discussões e
acesso a novos conhecimentos. Porém, assim como em outros processos evolutivos
das ciências, devemos aprender a usufruir
das inovações, com bom senso e ética acima de tudo.
Delegacia de Ribeirão Preto
Não é ilegal a participação de fonoaudiólogos em qualquer tipo de comunidade
on-line, porém, ao promover publicamente os seus serviços, o fonoaudiólogo deve
fazê-lo com exatidão e dignidade, e ainda,
ao utilizar da Internet para fins profissionais deve seguir os preceitos do Código
de Ética da Fonoaudiologia, bem como as
normas dos Conselhos Regionais e Federal.
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
19
P onto
E ventos
de vista
Postura profissional
Na edição 79 da Revista da Fonoaudiologia, publicamos por engano a
versão inicial do texto produzido para esta coluna. Abaixo, a versão final,
Fonoaudiologia marca presença
na 25ª Expomusic
com a participação de todas as comissões envolvidas
N
as visitas aos consultórios e
aos estabelecimentos onde
os fonoaudiólogos atuam,
podemos perceber que é notável
a relação entre a postura profissional e o
resultado das fiscalizações.
Ao visitar os municípios do estado
de São Paulo, os representantes da
Comissão de Orientação e Fiscalização
(COF) observam que embora a diversidade
das cidades seja grande e as políticas
envolvidas nos serviços públicos também
variem, constata-se uma relação direta
entre a qualidade do serviço e a postura
dos profissionais.
O profissional seguro de sua atuação
disponibiliza alguns minutos de atenção
para o representante do Conselho, cede um
local para preenchimento dos documentos,
responde prontamente às questões do
Fiscal e, caso haja uma irregularidade, se
prontifica a regularizar sua situação. A
visita de fiscalização cumpre seu papel e o
profissional se sente protegido pelo órgão
de representação.
Já no caso das irregularidades, a
situação é outra. Muitos profissionais
alegam desconhecimento de qualquer
norma, lei e ou resolução do Conselho.
Mesmo depois de orientados e alertados
pelo fiscal, vários deles não mudam a
postura: continuam, por exemplo, sem
apresentar laudos de calibração de
equipamentos para realização de exames
ou deixam de cumprir prazos concedidos.
Muitas empresas, inclusive hospitais,
nem sequer sabem da presença de um
fonoaudiólogo na equipe de colaboradores.
O profissional não se impõe no seu próprio
ambiente de trabalho. Com isso, ele não
cria seu espaço, não divulga sua atuação,
fica aguardando ser chamado.
Também é comum os fonoaudiólogos
delegarem a terceiros a discussão de
assuntos que dizem respeito a sua própria
atuação. Em convocações profissionais,
o fonoaudiólogo por vezes insiste na
participação de uma pessoa da família.
Ressaltam-se, também, os endereços
eletrônicos de alguns profissionais,
que utilizam diminutivos ou termos
inadequados, configurando mais uma
situação não profissional.
Outro fato comum ocorre com relação
à falta de quorum destes profissionais
quando se realizam eventos de assuntos
não técnicos, como, por exemplo, sobre
ética ou sobre postura profissional.
A falta de interesse por tais assuntos
demonstra que o fonoaudiólogo ainda
não tem uma visão da importância
de seu comportamento na sociedade.
Muitos ainda não compreendem que a
Fonoaudiologia precisa amadurecer e
se mostrar profissional para ganhar a
credibilidade da população.
As situações citadas podem não ser
bem aceitas e nem praticadas pela maioria
dos profissionais, mas, infelizmente, fazem
parte de muitas das visitas que os fiscais
realizam. Para que a Fonoaudiologia seja
uma profissão respeitada e valorizada
como um todo, os profissionais precisam
agir com ética, cordialidade e sempre
manter boa postura profissional. •
Comissão de Orientação e Fiscalização
Delegacia da Baixada Santista
Estande divulgou a importância de músicos e técnicos
de som cuidarem da saúde auditiva
Q
uem Ama Cuida: Proteja sua
Audição foi o tema da campanha
de conservação auditiva realizada
durante a 25ª Expomusic, entre
24 e 28 de setembro, no Expo Center
Norte. Iniciativa da fonoaudióloga Katya
Freire, representante de uma empresa de
monitores e protetores auriculares para
músicos, a Audicare, o assunto mobilizou
os visitantes. “Nosso principal objetivo
é promover a saúde auditiva do músico.
Tanto eles quanto os técnicos de áudio não
têm noção de como preservar a audição
e não sabem como nós, fonoaudiólogos,
podemos atuar nessa área”, explica Katya,
que participou da feira pela segunda vez.
preconceito por parte desse público”,
conta Katya. “Alguns acreditam que o
uso de protetores pode distorcer o som”,
continua. “E como a música está ligada a
prazer, diferente do ruído industrial, todos
acham que não vão ter problemas auditivos,
até aparecer o primeiro zumbido após um
show”, alerta ela.
Segundo a fonoaudióloga, a resistência
também é uma conseqüência da falta de
O trabalho vem rendendo frutos. “Este
ano aumentou a procura em nosso estande.
Estou tentando plantar uma semente e um
dia essa árvore irá crescer”, prevê Katya.
Durante a feira, a fonoaudióloga distribuiu
folhetos alertando sobre a importância da
proteção auditiva, no qual constava uma
tabela com os níveis de pressão sonora
e o período em que o músico pode ficar
exposto sem que haja perigo de alteração
na audição. Durante toda a exposição, uma
TV mostrava DVDs dos artistas clientes.
Divulgação
Tanto eles quanto os técnicos de áudio
não têm noção de como preservar a audição
e não sabem como nós, fonoaudiólogos,
podemos atuar nessa área”, explica Katya,
que participou da feira pela segunda vez.
Cerca de três mil pessoas, entre
músicos, técnicos, compradores, lojistas
e público em geral visitaram o estande e
tomaram contato com o tema. “O cuidado
auditivo é um assunto que ainda gera
informação sobre os produtos existentes
no mercado. Atualmente, já existem no
mercado protetores com filtro linear,
especialmente
desenvolvidos
para
músicos. Eles atenuam o som sem distorcer
o espectro de freqüência. Além disso, há
o próprio atendimento ao músico, que
envolve várias medidas. Começa com
avaliação e mapeamento audiológico,
medição da pressão sonora no palco e
orientação aos técnicos de som.
Fga. Katya Freire: “Nosso principal objetivo é
promover a saúde auditiva do músico”
Entre os visitantes do estande, estava
o baterista Jean Montelli. Ele usa o
protetor há seis meses e relata que o maior
Uso de MP3 também merece atenção
Além dos músicos e técnicos de som, que fazem a música, o público também precisa ser alertado sobre os perigos a que estão expostos.
“Nosso trabalho na feira foi focado no músico, mas também alertamos
sobre possíveis perdas auditivas devido ao uso constante do MP3”, conta
Katya Freire. “As pessoas não percebem que estão tendo sérios problemas com o uso dos MP3 em intensidade elevada”, relata.
Uma das razões para isso, segundo a fonoaudióloga, é utilizarem fones
de ouvido sem isolamento acústico e, para conseguirem compensar os
ruídos externos, acabam elevando o volume. ”Se essas pessoas utilizarem fones com isolamento acústico, poderão manter o volume mais
baixo, pois o som do ambiente externo será atenuado”, ensina a fonoaudióloga.
Segundo ela, os pais andam mais preocupados com a audição de seus
20
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
filhos. “Tenho feito mais avaliações audiológicas em jovens enviados
pela família”, conta Katya.
Segundo ela, os fonoaudiólogos têm papel importante com relação a
essa questão.
“O importante é o profissional ter consciência de que sempre existem
campanhas a serem feitas e que se cada um de nós fizer uma pequena
ação, poderemos atingir muitas pessoas e realmente divulgar nosso trabalho”, propõe.
Para ela, é preciso estar sempre atento às oportunidades. “Somos
profissionais da comunicação, nosso campo é muito vasto e ainda tem
muita coisa a ser desbravada. Afinal de contas, quem não se comunica,
se estrumbica!!”, conclui.
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
21
A ções
E ventos
benefício é não ter o zumbido que sentia
pós-ensaios e apresentações. “Agora,
uso o protetor não só nos shows, mas
também nos ensaios porque, além de não
incomodar, não distorce o som. Quando
eu chego em casa, não fico mais ouvindo
aquele apitinho”, relata.
Divulgação
O que fazemos por você
Acompanhe o trabalho das
Comissões do Conselho
Casos como esse, infelizmente,
ainda não são a maioria. Levantamento
realizado pela empresa representada
pela fonoaudióloga aponta que 40%
dos indivíduos expostos à música de
intensidade elevada apresentam perda
auditiva permanente.
A perda auditiva temporária e o
zumbido acometem entre 70 a 80% dos
indivíduos após esta exposição. “Dos
músicos que procuram a Audicare, 90%
apresentam algum tipo de perda”, calcula
Katya. •
Comissão de Divulgação | Julho a Novembro de 2008
Encontro na Expomusic: 40% das pessoas expostas à música de intensidade elevada apresentam perda
auditiva permanente
1 Reunião com a comissão de Divulgação do CRFa 1a região/
RJ sobre estratégias de divulgação e campanhas realizada em
09/07/2008;
2 Reunião Interconselhos de Divulgação realizada em Brasília em
julho/2008, com as seguintes pautas:
• Ações no Congresso;
• Campanha de divulgação em 2009;
Santos promove Simpósio de Triagem Auditiva
A Delegada Regional de Santos, Maria Cristina Jabbur, e a conselheira
Maria Cristina Biz participaram, no dia 7 de novembro, do I Simpósio
de Triagem Auditiva Neonatal da Região Metropolitana da Baixada
Santista, organizado pelo Departamento Regional de Saúde – DRS IV
e pelo Hospital Guilherme Álvaro, junto a Seção de Reabilitação Física
e Mental.
O evento, destinado aos profissionais dos serviços de triagem auditiva
da região, teve como objetivo atualizar práticas, possibilitar aos diversos
profissionais da área a troca de experiências e, conseqüentemente,
promover uma melhoria da qualidade dos serviços prestados à
população.
Com base na Resolução SS-25, de 26/2/2008, que dispõe sobre a
implantação do diagnóstico de audição em crianças Recém Nascidas
de Alto Risco nas maternidades e hospitais de referência no Estado
• Dia do fonoaudiólogo;
de São Paulo, foram promovidas discussões e reflexões, destacandose a necessidade da criação de uma rede de informações e serviços
padronizados entre os municípios da Baixada Santista.
As fonoaudiólogas Dóris Ruth Lewis e Mônica Chapchap relataram,
respectivamente, suas experiências na implantação da triagem
auditiva neonatal e sobre os dez anos do GATANU. Elas também
foram moderadoras das mesas redondas nas quais fonoaudiólogos
apresentaram o trabalho de TAN desenvolvido nas cidades da região da
Baixada Santista.
Fonoaudiólogos da região, estudantes e profissionais de saúde de
diversas áreas assistiram às palestras. A conselheira Cristina Biz foi
palestrante com o tema “Reflexões sobre a Fonoaudiologia e Triagem
Auditiva Neonatal” e a delegada Cristina Jabbur foi a moderadora da
mesa redonda sobre “TAN - Vivência nos Hospitais Privados”.
Divulgação
3 Participação no estande e na coordenação da Mesa redonda
Autonomia Profissional e Reconhecimento Social no 16º Congresso de Fonoaudiologia;
4 Desenvolvimento do novo site do CRFa 2ª Região/SP;
5 Organização da comemoração do Dia do Fonoaudiólogo na
Assembléia Legislativa;
6 Participação na elaboração do folder sobre Educação – Campanha nacional;
7 Representação em evento sobre Meio Ambiente;
8 Participação na elaboração do folder sobre Dislexia.
L ivros
Disfagia
em
Crianças
e
Adultos
“Tratado da Deglutição e Disfagia – No adulto e na criança”, lançado
pelo otorrinolaringologista Geraldo Pereira Jotz e pelas fonoaudiólogas
Elisabete Carrara-de Angelis e Ana Paula Brandão Barros, faz um verdadeiro
levantamento sobre o tema. Em 59 capítulos, os autores abordam desde
a morfofisiologia da deglutição até o tratamento de seus distúrbios. Para
obter uma visão realmente abrangente, contaram com a participação de
profissionais brasileiros e estrangeiros de Otorrinolaringologia, Cirurgia de
Cabeça e Pescoço, Fonoaudiologia, Neurologia, Psiquiatria, Reumatologia,
Gastroenterologia, Radioterapia, Cirurgia Digestiva, Odontologia, entre
outras áreas.
Tratado
da
Deglutição
e
Disfagia – No
adulto e na
criança
de Geraldo Pereira Jotz, Elisabete Carrara-de Angelis e Ana Paula Brandão
Fgas. delegada Cristina Jabbur, a convidada palestrante Dóris Ruth Lewis e a organizadora do evento, Tereza Cristina Ferreira de Souza
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Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
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23
N otas
Fonoaudióloga Cláudia Godim ganha prêmio Amigas do Parto
A fonoaudióloga Cláudia Godim da Silva Chanes foi uma
das contempladas com o prêmio “Amigas do Parto 2008”.
A premiação, ocorrida em agosto, fez parte das comemorações da Semana Mundial da Amamentação pela ONG
“Amigas do Parto” e tem como objetivo promover pessoas
que trabalham em prol da amamentação.A entidade avaliou o trabalho de diversos profissionais ibero-americanos.
Para saber mais detalhes, acesse:
www.amigasdoparto.org.br/2007/index.php?option=com_
content&task=view&id=650&Itemid=84.org.br
Divulgação
A fonoaudióloga Cláudia Godim da Silva Chanes
Encontro homenageia Comunidade Surda
No dia 10 de novembro, a Secretaria de Estado dos
Direitos da Pessoa com Deficiência promoveu o Encontro
da Semana Nacional da Surdez. O evento foi realizado
para homenagear a Comunidade Surda Brasileira, que
comemora, na mesma data, o Dia Nacional de Surdez.O
evento teve como objetivo conscientizar o indivíduo surdo,
visando o fortalecimento de sua identidade na sociedade,
na política e na cultura e mostrando suas perspectivas
e desafios. Cerca de 200 pessoas compareceram ao
auditório da secretaria.
Durante o evento, foram apresentadas as palestras
voltadas a diversas áreas correlatas à surdez, como
direitos das pessoas com deficiência auditiva, educação e
identificação e intervenção junto à pessoa com deficiência.
Também teve grande destaque a apresentação de novas
tecnologias para surdos, como o implante coclear. Para
falar do implante foram escalados o dr. Rubens de Brito
Neto (Implante Coclear: Experiência do HC-FMUSP) e as
fonoaudiólogas Cristina Ornelas Peralta (O que esperar do
Implante Coclear?) e Márcia Kimura (Acompanhamento
pós-cirúrgico no Implante Coclear).
Servidores Públicos reúnem-se em Salto
No dia 28 de novembro, o CRFa- 2ª Região/SP esteve
“Como avaliamos a Gestão e Epidemiologia nos Servipresente ao XI Encontro de Fonoaudiólogos do Serviço
ços de Saúde e Educação com participação do fonoaudiPúblico, realizado em Salto, representado pela conselheiólogo?” A questão norteou os trabalhos dos grupos, que
ra Maria Cristina Pedro Biz.
identificaram pontos fortes, potencialidades e soluções.
O encontro teve a participação de Divulgação
Permearam as conclusões dos
gestores públicos, do prefeito José
grupos, a importância do trabalho
Geraldo Garcia, do secretário muem equipe (interdisciplinaridade), a
nicipal de saúde José Carlos Servicapacitação profissional (educação
lha, de integrantes do legislativo, do
permanente), a formação da rede
Conselho Federal de Fonoaudiolode atenção (fluxo de atendimengia, representado por Sandra Vieira,
to), a necessidade de protocolos
e de fonoaudiólogos que atuam nos
de atendimento, a integralidade na
diversos setores públicos.
atenção, e dados estatísticos que
Fonoaudiólogos reúnem-se na cidade de Salto, interior de
Na oportunidade foram proferidas São Paulo, para discutir políticas públicas
possibilitem, entre outros, justificar
palestras motivadoras, Políticas Púa importância do trabalho fonoaublicas em Saúde: interfaces da atuação do fonoaudiólogo,
diológico (epidemiologia).
por Mirna Tedesco, e Epidemiologia, por Aparecida Machado, que subsidiaram as discussões em grupo.
Telesserviço na Happy Hour
“Ética na atuação fonoaudiológica
em Telesserviço” foi o tema da Happy Hour de agosto, promovido pelo
CRFa. 2ª Região/SP na Casa do Fonoaudiólogo. O conceito de ética, o
Código de Ética da profissão, a Fonoaudiologia e uma reflexão sobre
a relação entre os profissionais e as
empresas foram pontos abordados
pela fga. Ana Elisa Moreira Ferreira.
Para ver o arquivo da apresentação,
acesse:
www.fonosp.org.br/publicar/imagens/geral/HH/HH_2008%20Ana%20
Elisa.pdf
24
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
Divulgação
Evento reuniu políticos e especialistas
Concurso premia roupas adaptadas a pessoas com deficiência
A Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com
Deficiência acaba de lançar o concurso Moda Inclusiva.
Patrocinado pela Universidade Anhembi Morumbi, em
parceria com Pense Moda, Vicunha e as principais
faculdades de moda de São Paulo, o concurso chama os
estudantes da área a apresentarem propostas de vestuário
adaptado que atendam às necessidades e demandas das
pessoas com deficiência.
O objetivo da iniciativa é promover a discussão no
meio sobre a necessidade de se pensar e fazer moda
que respeite a diversidade. Segundo os organizadores
do evento, o vestuário para pessoas com deficiência
tem potencial para se tornar um expressivo segmento
no mercado de moda. O Brasil tem hoje 24,6 milhões de
pessoas com deficiência. As inscrições para o concurso
vão até 27 de fevereiro e podem ser feitas pelo site
da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com
Deficiência (www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br).
[email protected]
Encontro na Casa do Fonoaudiólogo em agosto: ética foi o tema proferido pela fga. Ana Elisa Ferreira
Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
25
C artas
Doações da Happy Hour
A ONG Banco de Alimentos agradece a empresa Conselho Regional de Fonoaudiologia
pela doação de 27 kg de alimentos não perecíveis no dia 16 de setembro de 2008.
A ONG Banco de Alimentos é uma organização não governamental que nasceu de uma
iniciativa civil e trabalha desde janeiro de
1999 com o objetivo de combater o desperdício de alimentos e minimizar os efeitos da
fome. Arrecada “sobras de comercialização”
ou “excedentes de produção” e distribui para
instituições filantrópicas cadastradas. Além
disso, a ONG realiza um trabalho de educação
nutricional com as instituições.
Através desta colaboração pudemos beneficiar 90 crianças na seguinte instituição: Creche Santa Ana.
Atenciosamente,
EXTRAVIOS
Isabel Marçal
Coordenadora de Operações
CRN3 17320
Veja a lista de fonoaudiólogos que perderam carimbos e cédula
Agradecimento
Recebi a revista do Conselho com a divulgação do livro “Gagueira: um Distúrbio de Fluência”. Agradeço muito! Espero que o aumento das vendas nos auxilie no financiamento de
nossa campanha.
Estamos encerrando o período de trabalho
relativo ao Dia Internacional de Atenção à Gagueira e o próximo objetivo é uma cartilha
para orientação aos professores a respeito de
gagueira.
Um abraço,
Eliana Maria Nigro Rocha
Carimbo
Valeria Lacerda Rodrigues
Cristiane Mayumi Okamura
Renata de Souza Lima Figueiredo
Andréa Monteiro Correia Medeiros
Christiana Turner Marquez
CARIMBO E CÉDULA
Patrícia Benigno Rodrigues da Silva
CLAS SIFICADOS
VENDO Audiômetro Interacoustics AD229E R$ 8.000,00 com manual e
maleta. Também vendo Audiômetro Kamplex AC3 R$ 3.000,00. Tel. (14)
8126-1060. Falar com Mara.
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(18) 8122 5459. Falar com Simone.
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(11) 8394-6594. Falar com Evelyn.
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Tel. (16) 9601-0652. Falar com Fernanda.
26
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