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SILVA, W.C.; JUNIOR, J.G. de S.; BORGES, M. de L.; Motivação na adolescência para a prática do voleibol. Coleção Pesquisa em Educação Física,
Várzea Paulista, v. 14, n. 04, p.105-112, 2015. ISSN; 1981-4313.
Recebido em: 07/08/2015
Parecer emitido em: 21/09/2015 Artigo original
MOTIVAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA PARA A PRÁTICA DO
VOLEIBOL
Washington Coelho Silva¹
João Gurgel de Sousa Junior1
Maria de Lourdes Borges2
1
CESUBE - Centro de Ensino Superior de Uberaba
FACTHUS - Faculdade de Talentos Humanos de Uberaba
2
RESUMO
O voleibol foi criado na década de 90, por William G. Morgan, nos Estados Unidos. Atualmente é um
dos esportes mais praticados no mundo e o segundo no Brasil. Adolescência é o período de transição entre
a infância e a vida adulta, caracterizado pelo crescimento acelerado e pelos impulsos do desenvolvimento
físico, mental, emocional, sexual e social. Motivação está associada à palavra motivo, o qual é definido como
alguma força interior, impulso, intenção etc., que leva uma pessoa a fazer algo ou agir de uma determinada
forma. O presente estudo objetivou investigar sobre a motivação dos alunos a frequentarem as aulas da escola
de voleibol do Jockey Clube de Uberaba. Participaram do estudo 13 estudantes, frequentes nesta escola,
que preencheram um questionário, com questões adaptadas do QMAD – Questionário de Motivação para
Atividades Desportivas, Fonseca (1999). Resultados, dados percentuais (%): fazer exercício físico (77,77%),
estar em boas condições físicas, aprender novas técnicas, ganhar e melhorar minha técnica (72,22%), gastar
energia, desenvolvimento no esporte, ultrapassar desafios (66,66%), fazer algo em que sou bom (61,11%)
influência dos treinadores, divertimento, competir (55,55%), trabalhar em equipe, espírito de equipe (50%),
pertencer a um grupo, fazer novas amizades, manter a forma (44,44%), influência da família (38,88%), outros
motivos, entre 5,55% e 33,33%. Conclusão: O conhecimento dos fatores que motivam a prática esportiva é
importante para o professor de Educação Física escolar e de clubes esportivos, como referência na elaboração
de aulas adequadas e que estimulem a afiliação e manutenção dos alunos na escola.
Palavras-chave: Voleibol. Motivação. Adolescência. Prática esportiva.
MOTIVATION IN ADOLESCENT FOR PRACTICE VOLLEYBALL
ABSTRACT
Volleyball was created in the 90s by William G. Morgan in the United States. It is currently one of
the most popular sports in the world and the second in Brazil. Adolescence is the transitional period between
childhood and adulthood, characterized by rapid growth and by the impulses of the physical, mental,
emotional, sexual and social. Motivation is associated with the word reason, which is defined as any inner
strength, impulse, intention etc., which causes a person to do something or act in a certain way. This study
aimed to investigate the motivation of students to attend the volleyball school classes of the Jockey Club
of Uberaba. Study participants were 13 students frequent this school, who filled out a questionnaire with
questions adapted from QMAD - Motivation Questionnaire for Sports Activities, Fonseca (1999). Results,
percentage data (%) do exercise (77.77%), be in good physical condition, learn new techniques, gain and
improve my technique (72.22%), cost of energy, development in sport, overcome challenges ( 66.66%), doing
something I’m good at (61.11%) influence of coaches, fun, compete (55.55%), teamwork, team spirit (50%)
belong to a group, do new friends, keep fit (44.44%), family influence (38.88%), other reasons, between
5.55% and 33.33%. Conclusion: Knowledge of the factors that motivate the practice of sport is important for
the teacher of Physical Education and sports clubs as a reference in the development of appropriate lessons
and to encourage membership and maintenance of the students at school.
Keywords: Volleyball. Motivation. Adolescence. Sports practice.
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VOLEIBOL
O voleibol foi criado em 1895, pelo americano William G. Morgan, então diretor de Educação
Física da Associação Cristã de Moços (ACM) na cidade de Holyoke, em Massachusetts, nos Estados Unidos.
O seu primeiro nome foi minonette. (KOCH, 2005).
Foi desenvolvido pela necessidade dos homens de negócios da época de praticarem uma atividade
física menos fatigante, de menos contato do que o basquetebol, recentemente criado e que fosse possível
de ser praticado nas oscilações climáticas do inverno americano (JUNIOR, 2001).
Com o passar dos anos o jogo transformou-se de atividade recreativa a esporte de competição. Em
1962, atingiu seu ápice, aceito pelo Comitê Olímpico Internacional (BIZZOCCHI, 2008).
Os indícios da chegada do Voleibol no Brasil remetem a meados da década de 1910, vinte anos
depois da invenção da modalidade na Associação Cristã de Moços nos Estados Unidos (JUNIOR, 2001).
Ser um praticante da modalidade se dava intrinsecamente por intenções de paixão pelo esporte e
abnegação a outros “lucros”, o que caracteriza essa fase como “romântica” (JUNIOR, 2001).
Após esse período, que inclui a criação de órgãos reguladores (a FIVB em 1947 e, no caso brasileiro,
a CBV em 1954), as décadas de 1960 e 1970 destacam-se com transições e transformações marcantes na
história do Voleibol nacional (JUNIOR, 2001).
Para praticar voleibol é necessária a utilização de técnicas especificas, fundamentos, definido
como partes que, quando somadas compõem o jogo como um todo. Os fundamentos técnicos do
jogo são: o saque, a recepção, o levantamento, o ataque, o bloqueio e a defesa (RIBEIRO, 2004). Os mesmos podem ser classificados como princípios ofensivos, que são os que podem resultar em
ponto (saque, levantamento, ataque); e princípios defensivos, que não resultam em ponto direto (recepção,
defesa) (RIBEIRO, 2004).
- Saque: Uma das principais características do saque é o fato de ser a única ação do jogo que
depende somente do executor. O saque é a primeira ação do rally. Portanto, o executor pode planejar com
antecedência todo o movimento, diferentemente das demais situações de jogo. Desta forma o saque é a
única habilidade motora fechada do voleibol (ZACARON e KREBS, 2006).
- Recepção: É realizada normalmente através do toque ou da manchete. Sua ineficácia pode
proporcionar um ponto direto para o adversário ou uma maior possibilidade disto acontecer. É importante em
situações de jogo delimitar a área de responsabilidade de cada aluno/atleta, dividindo as responsabilidades
(MACHADO, 2006). - Levantamento: É a ação preparatória para a finalização da jogada ofensiva da equipe, sendo
normalmente o segundo toque dos três que a equipe tem direito. É uma habilidade que requer extrema
precisão, sendo considerada uma habilidade motora fina. Assim o toque é o recurso que mais é utilizado
para a sua realização (BOJIKIAN, 2003).
- Ataque: O ataque é um fundamento que normalmente motiva o aprendiz e é praticado
espontaneamente pelos alunos nos momentos de intervalo de treinamento e mesmo nos momentos em
que não está treinando. Atualmente temos ciência de um grande número de brincadeiras que envolvem o
ataque. Tal situação favorece o aparecimento de alguns erros técnicos (BIZZOCCHI, 2008).
- Bloqueio: É o fundamento que busca interceptar ou diminuir a velocidade do ataque do adversário
próximo a rede. Tem como particularidade o fato de poder ter um caráter tanto ofensivo quanto defensivo, de
acordo com seu emprego estratégico no jogo. O bloqueio é um fundamento considerado de fácil aprendizado,
porém de difícil aplicabilidade no jogo. Este fato é decorrente dos poucos elementos inerentes à dinâmica
da sua execução, que contrasta com o reduzido tempo para o sucesso de sua ação, ou seja, conseguir parar
o ataque adversário (BIZZOCCHI, 2008).
- Defesa: É a ação que visa impedir o ataque adversário, quando este passa pelo bloqueio. É o
fundamento que mais recursos são utilizados para a sua execução, com o próprio corpo servindo como
uma espécie de escudo para defender a bola. A coragem é um pré-requisito indispensável para a formação
de um bom defensor (BIZZOCCHI, 2008).
ADOLESCÊNCIA
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a adolescência compreende o período entre 10
e 19 anos de idade (CONTI, FRUTUOSO e GAMBARDELLA, 2005), o qual é marcado pelo crescimento e
desenvolvimento acelerado (RODRIGUES, FISBERG e CINTRA, 2005).
No início da adolescência, as transformações biológicas e as alterações na personalidade ocorrem
juntas e assim como o corpo vai adquirindo uma nova forma altera também a imagem mental, onde o
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adolescente passa a crer que sua imagem corporal está desproporcional à imagem idealizada
(BRANCO,
CINTRA e FISBERG, 2006).
As mudanças biológicas da puberdade são universais e visíveis, modificando as crianças, dandolhes altura, forma e sexualidade de adultos. À primeira vista, a adolescência apresenta-se vinculada à idade,
portanto, referindo-se à biologia ao estado e à capacidade do corpo (SANTOS, 2005).
Essas mudanças, entretanto, não transformam, por si só, a pessoa em um adulto. São necessárias
outras, mais variadas e menos visíveis, para alcançar a verdadeira maturidade (BERGER e THOMPSON,
1997) – mudanças e adaptações que dirigem o indivíduo para a vida adulta (BIANCULLI, 1997). Essas incluem
as alterações cognitivas, sociais e de perspectiva sobre a vida (MARTINS, TRINDADE e ALMEIDA, 2003;
SANTOS, 2005). A adolescência é uma época de grandes transformações, as quais repercutem não só no
indivíduo, mas em sua família e comunidade.
MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA ESPORTIVA
Estudar motivação no esporte nos remete a buscar entender alguns porquês relacionados a sua
prática, no qual seleção e preferência, intensidade e vigor, persistência e continuidade estarão sempre
atrelados ao que poderíamos chamar de dimensões motivacionais (direção, intensidade e persistência).
Neste sentido, Weinberg e Gould (2001), motivação é um conceito que deve ser utilizado para
compreender o complexo processo que coordena e dirige a direção, a intensidade de esforço dos seres
humanos, o que torna fundamental que técnicos e dirigentes esportivos reconheçam os fatores intervenientes
no processo motivacional de seus atletas. Já que entender o que leva um indivíduo a praticar determinada
atividade esportiva e, ainda, compreender o que faz com que um sujeito esteja mais motivado do que outro
corresponde a conhecimentos que devem fazer parte das bases e diretrizes do processo de treinamento,
seja ele de iniciação ou de alto rendimento.
Para Davidoff (2001), motivação refere-se a um estado interno que resulta de uma necessidade e
que ativa ou desperta comportamentos realmente dirigido ao cumprimento da necessidade ativante. Um
comportamento motivado, segundo Braghirolli et al., (2001) se caracterizam pela energia relativamente forte
nele despendida e por estar dirigido para um objetivo ou meta.
Motivação está associada à palavra motivo, segundo Maggil (2000), o qual é definido como alguma
força interior, impulso, intenção, etc. que leva uma pessoa a fazer algo ou agir de uma determinada forma.
Sendo assim, qualquer discussão sobre motivação implica em investigar os motivos que influenciam em um
determinado comportamento, ou seja, todo o comportamento é motivado, é impulsionado por motivos. Assim
a motivação é um termo que abrange qualquer comportamento dirigido para um objetivo, que se inicia com
um motivo, esse provoca um determinado comportamento para a realização de um determinado objetivo.
Após discutirmos as principais teorias motivacionais, é necessário também que estejamos atentos
às interferências externas presentes no processo motivacional. Neste sentido, Murcia, Gimeno e Coll (2007),
consideram o técnico um dos grandes responsáveis na condução deste processo, já que o mesmo pode
auxiliar os atletas na orientação de suas metas, fazendo com que estes sejam mais persistentes, despendam
maiores esforços e consequentemente tenham maior rendimento.
Em se tratando de estudos sobre psicologia do esporte, a motivação para a prática esportiva recebe
grande destaque em razão de sua importância na intensidade, direção e tempo de uma pessoa na prática
esportiva (PAIM, 2001). Assim, a motivação e, por conseguinte, os motivos para a prática esportiva são
elementos importantes para o entendimento do comportamento humano no contexto do esporte (SANTOS,
DA SILVA e HIROTA, 2008).
É importante ressaltar que a diferença entre os gêneros é um fator fundamental na maneira de
desenvolver o trabalho de preparo do atleta e de responder aos objetivos buscados na prática esportiva. A
motivação é absorvida de maneiras diferentes pelos atletas de gêneros diferentes (SAMULSKI, 2009). Para
Samulski (2009), as mulheres mostram dedicação, persistência e disciplina nos treinamentos, e quando se
identificam com o treinador se tornam mais dispostas para o treinamento e a competição. Elas buscam seu
reconhecimento e afirmação social, os elogios e repreensões são absorvidos rapidamente, necessitando do
técnico para lhes dar o feedback, pois seus níveis de ansiedade e autoconfiança são mais altos fazendo com
que reajam mais emotivamente quando cobradas em situações mais difíceis.
Samulski (2009) ressalta o importante papel do o treinador no desenvolvimento do atleta, desde
que saiba entender e atender suas necessidades intelectuais, motivacionais, emocionais e sociais. Portanto, o
técnico deve possuir um bom controle emocional em toda a sua atuação. Deverá evitar cargas excessivas de
treinamentos e competições e também ajudar os atletas em seus momentos de fracasso, conflitos e estresse.
Terá que ter um conhecimento intuitivo e sensitivo de todos os participantes de sua equipe para melhor
entender o comportamento social e a situação emocional individual. (PAIM, 2001).
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Para Santos, da Silva e Hirota (2008), a motivação é percebida de forma individual e este fator
está relacionado diretamente ao seu desempenho. Psicólogos apontam que a motivação determina o
comportamento do indivíduo.
Alguns aspectos são fundamentais para a motivação do indivíduo que podem ser de fonte interna,
como ansiedade, relação com os amigos do time, ou externa, como torcida, técnico e outros (HIROTA;
SCHINDLER e VILLAR, 2006).
Segundo Samulski (2009) vários são os fatores de motivação para a prática esportiva, podendo ser
pessoais como personalidade, necessidades, interesse, motivos, metas e expectativas e/ou, situacionais como
estilo de liderança, facilidade, tarefas atrativas, desafios e influências sociais. Todos esses fatores motivacionais
podem colaborar diretamente em resultados insatisfatórios nas competições (SONOO et al., 2010).
A absorção de punições e críticas durante situações às quais o atleta é exposto pode afetar os
indivíduos de formas diferentes, sendo elas motivadoras ou frustrantes, colaborando na sua aprendizagem
(RUBIO, 2003).
Machado (2006) explica que a motivação se apresenta de duas maneiras, de forma intrínseca,
partindo de cada indivíduo, e extrínseca, pela qual haverá uma amplitude de recompensas cujo objetivo
principal não é somente o prazer de jogar, mas também provar toda sua capacidade de rendimento no esporte.
Além das diferentes definições, essas duas fontes têm diferentes qualidades e defeitos que se completam.
Assim, apesar de a motivação extrínseca apresentar-se menos eficiente do que a intrínseca, atualmente,
este tipo de motivação não deve ser descartado, pois é em razão dela e por meio dela que muitas pessoas
permanecem na prática esportiva, buscando, principalmente, a fama e a ascensão social.
O estudo realizado por Machado (2006) mostra que a motivação extrínseca pode ser também
orientação, podendo partir de diversas regulações psicológicas e que influenciarão na carreira do atleta.
Também pode ocorrer diminuição da motivação intrínseca quando a extrínseca predominar. O predomínio
da motivação extrínseca pode gerar metas dependentes de atitudes extrínsecas, em que o indivíduo deixa
de valorizar a atividade em si visando somente às premiações (extrínseco). Outro fator significante são os
níveis de estresse e ansiedade que os atletas sofrem, sendo que eles precisam estar em níveis adequados
para que possam atingir o máximo rendimento. (SAMULSKI, 2009).
Segundo estudos realizados por Hirota, Schindler e Villar (2006), dois tipos de orientação das
metas podem determinar o clima motivacional dos indivíduos. O primeiro se configura na orientação para
a tarefa e se dá reforçando o sentido de sucesso na realização de uma atividade proposta. O importante aí
é o aprendizado, o sucesso da equipe dependerá de seu esforço, o atleta deverá possuir boa concentração
e atenção, e considerar que o esporte não é status e que o fracasso é visto como falta de esforço e de
determinação. Na orientação para o ego o atleta procura utilizar a atividade como meio de reconhecimento
e popularidade, os níveis de ansiedade e tensão estão presentes, a torcida pode ser usada como justificativa
para derrotas e ele pode chegar a usar meios ilícitos para obter resultados positivos (CAMARGO, HIROTA
e VERARDI, 2008).
Esse estudo justifica-se diante da importância do conhecimento por parte do professor de Educação
Física sobre os fatores que levam seus alunos/atletas a prática do esporte, sendo assim objetivou-se a investigar
sobre a motivação dos alunos a frequentarem as aulas da escola de voleibol do Jockey Clube de Uberaba
e enriquecer o conhecimento acadêmico sobre essa manifestação cultural.
MÉTODOS
O estudo foi realizado na Escola de Voleibol do Jockey Clube da cidade de Uberaba-MG, pública,
caracterizado como descritivo, com a participação de 18 adolescentes, na faixa etária de 12 a 16 anos, sendo
13 estudantes de escolas públicas e cinco de escolas privadas, quando separados por gênero: nove masculinos
e nove femininos. Os responsáveis pelos participantes do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido.
Os participantes preencheram um questionário, com questões do QMAD – Questionário de
Motivação para Atividades Desportivas proposta por Fonseca (1999), no local das aulas, após as atividades,
contendo as seguintes dimensões motivacionais centrais e subitens: Competência Técnica (melhorar minha
técnica, desenvolvimento no esporte e aprender novas técnicas); Competição (competir e ultrapassar desafios);
Forma física (ter ação, fazer exercícios físicos, estar em boa condição física e manter a forma); Afiliação
específica (espírito de equipe, trabalhar em equipe, Influência dos treinadores e Influência da família);
Afiliação Geral (estar com os amigos, pertencer a um grupo e fazer novas amizades); Fazer ocupação do
tempo (divertimento, prazer em usar equipamentos e ter alguma coisa pra fazer); Emoções ( ter emoções
fortes, gastar energia e liberar tensão/estresse) e Stress ( ganhar, viajar, fazer algo em que sou bom, pretexto
para sair de casa, receber prêmios, sentir-se importante, ser conhecido e ser reconhecido e ter prestígio).
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram encontrados os seguintes dados, percentuais (%) relacionados aos motivos pelos quais os (as)
atletas praticam a modalidade investigada: fazer exercício físico (77,77%), estar em boas condições físicas,
aprender novas técnicas, ganhar e melhorar minha técnica (72,22%), gastar energia, desenvolvimento no
esporte, ultrapassar desafios (66,66%), fazer algo em que sou bom (61,11%), influência dos treinadores,
divertimento, competir (55,55%), trabalhar em equipe, espírito de equipe (50%), pertencer a um grupo, fazer
novas amizades, manter a forma (44,44%), influência da família (38,88%) e outros motivos (estar com os
amigos, viajar, ter emoções fortes, liberar tensões/estresse, receber prêmios, ter alguma coisa pra fazer, ter
ação, pretexto para sair de casa, sentir-se importante, ser conhecido, ser reconhecido e ter prestígio, prazer
em usar equipamentos esportivos) entre 5,55% e 33,33% (Ver tabela 1).
Tabela 1. Dimensões motivacionais e Subitens do QMAD.
DIMENSÕES MOTIVACIONAIS
COMPETÊNCIA TÉCNICA
yy Melhorar minha técnica
yy Desenvolvimento no esporte
yy Aprender novas técnicas
COMPETIÇÃO
yy Competir
yy Ultrapassar desafios
FORMA FÍSICA
yy Ter ação
yy Fazer exercícios físicos
yy Estar em boa condição física
yy Manter a forma
AFILIAÇÃO ESPECÍFICA
yy Espírito de equipe
yy Trabalhar em equipe
yy Influência dos treinadores
yy Influência da família
AFILIAÇÃO GERAL
yy Estar com os amigos
yy Pertencer a um grupo
PRAZER/OCUPAÇÃO DO TEMPO
yy Divertimento
yy Prazer em usar equipamentos
yy Ter alguma coisa pra fazer
EMOÇÕES
yy Ter emoções fortes
yy Gastar energia
yy Liberar tensão/estresse
STATUS
yy Ganhar
yy Viajar
yy Fazer algo em que sou bom
yy Pretexto para sair de casa
yy Receber prêmios
yy Sentir-se importante
yy Ser conhecido
yy Ser reconhecido e ter prestígio
% DE PREFERÊNCIA DOS ALUNOS
69,0
72,22
66,66
72,22
61,11
55,55
66,66
55,55
27,77
77,77
72,22
44,44
49,8
50,0
50,0
55,55
38,88
39,0
33,33
44,44
38,8
55,55
33,33
27,77
34,2
16,66
66,66
22,22
29,1%
72,22%
27,77%
61,11%
5,55%
22,22%
22,22%
16,66%
22,22%
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Tendo em vista que as atividades das equipes de voleibol masculina e feminina da Escola de Voleibol,
no centro de Uberaba, tenha como foco principal a participação e aprendizado, o fator competência técnica
e competição foram consideradas as dimensões motivacionais mais importantes para a adesão dos indivíduos
à equipe. Porém, o aprofundamento da pesquisa passa a revelar dados importantes para o conhecimento da
equipe pesquisada. Vemos em primeiro lugar o item fazer exercício físico (77,77%), como o mais importante.
Tal item está intimamente ligado à dimensão Forma Física. Isso levar a crer que apesar de uma alta relação
da competição com a motivação, os integrantes da equipe também aderiram aos treinamentos pelo fato de
sentirem uma melhoria em sua forma física.
Seguindo a ordem das percentagens do presente estudo, aparecem os itens “melhorar minha técnica”,
“aprender novas técnicas”, “estar em boa condição física” e “ganhar” (72,22%). Tais itens estão ligados a
dimensões diferentes, porém estão todas ligadas em um único propósito, ganhar, motivo único com mais
votos na dimensão Status, mostrando que os atletas são mais ligados ao treinamento com objetivo de ganhar,
do que ter algum prestígio pessoal.
Seguindo o estudo, os itens referentes ao fator Competição, “ultrapassar desafios” e “competir”,
aparecem em segundo lugar como fator motivacional para a prática do voleibol por esses atletas. Porém,
por serem os únicos itens desse fator e, consequentemente, receberem pontuações significativas, ficou
abaixo de outros fatores estudados. Esses resultados vão de encontro com o estudo realizado por Estríga
e Cunha (2003). Os pesquisadores aplicaram o QMAD em 70 atletas de sexo feminino de handebol, com
idades compreendidas entre 14 e 16 anos, que integraram seleções regionais de handebol. Constataram,
então, que o maior índice motivacional era o competitivo, seguido por motivos de competência técnica e
afiliação geral. Segundo Krug (2002), o desejo de experimentar novos desafios para colocar em evidência
suas potencialidades é uma das principais características dos adolescentes.
Igualando aos resultados desse estudo, outras pesquisas obtiveram no topo de seus resultados
elementos envolvidos na busca pela Competência Técnica. Barroso et al., (2007), por exemplo, em uma
investigação motivacional com 100 universitários de uma instituição pública que treinaram para os Jogos
Universitários Catarinenses de 2007, verificaram que o fator de maior importância motivacional para os
participantes foi o aperfeiçoamento técnico. Barroso (2007) apud Zahariadis, Greece e Biddle (2000),
encontrou em seu estudo, com 412 alunos do sexo masculino matriculados no ensino médio da Inglaterra.
O índice mais elevado da pesquisa foi o aperfeiçoamento técnico e competitividade. Paim (2001), aplicou
um estudo chamando-o de “Inventário dos fatores motivacionais” (iFM), a 32 alunos de ambos os sexos na
faixa etária 10 a 16, todos matriculados na escolinha de futebol da ADUFSM, em Santa Maria/RS. Tanto
nas meninas quanto nos meninos com idades entre 13 e 16 anos encontrou um alto índice motivacional
envolvendo o aperfeiçoamento técnico.
E, na base dos resultados verificam-se as dimensões relacionadas ao Status e Emoções. Elementos
que no estudo de Cadha e Kolt (2004), citados por Barroso (2007), pesquisaram os motivos de 123 idosos
indianos para participarem de atividades físicas. Entre os itens que mais se destacaram aparece em segundo
lugar os “aspectos sociais”, atrás apenas do item “estar com os amigos”.
O estudo em questão apresentou algumas limitações que podem ter influenciado em seu resultado
final. Uma dessas limitações, evidentemente, foi o tamanho da amostra. Apesar de ser a maior parte da
equipe, 18 integrantes é um número baixo. Outra limitação está no fato da estrutura motivacional proposta
por Fonseca (1999), apresentar um desequilíbrio em relação as suas oito dimensões. Enquanto na dimensão
Competição são atribuídos 2 itens do questionário, para a dimensão Status são atribuídos 7 itens. Sendo
assim, os altos índices competitivos podem ser relacionados às poucas opções de escolha.
CONCLUSÃO
O conhecimento dos fatores que envolvem a motivação é importante para o professor de Educação
Física escolar e de clubes esportivos, pois podem ser referência na elaboração de aulas adequadas a sua
realidade. Com isso, o professor precisa estar atento ao grupo, pois nem todos os seus alunos encontram
prazer ou estão interessados nas atividades oferecidas durante suas aulas. Muitas vezes, isto pode acontecer
em razão do alto nível de exigência do docente ou mesmo o contrário, pelo baixo nível de atividades, o
que seria relativo aos alunos que estivessem mais adiantados no seu desenvolvimento físico, como no caso
específico dos desportistas.
Sabe-se que o esporte oferece muitos benefícios a seus praticantes, porém, um equilíbrio saudável
entre a competição e a cooperação deve ser mantido. O reconhecimento da necessidade básica de afiliação
deve alertar professores, treinadores e pais para o papel das atividades físicas, jogos e esportes como agentes
socializadores.
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Com este trabalho chegamos à conclusão que os atletas investigados consideram mais importante
a competência técnica e a competição, para permanecerem na equipe. Ainda no estudo, notamos que
esses atletas consideram a prática esportiva do voleibol como motivo para ter uma boa forma física,
revelando preocupação com a saúde. A afiliação geral e específica também teve bom resultado como foco
dos treinamentos, revelando que a integração social do ambiente desportivo e a família colaboram para a
permanência dos atletas, contribuindo também na adesão de novos adeptos ao esporte.
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