parceiro Siegfrieds

Transcrição

parceiro Siegfrieds
Joinville/SC
Nr21. R$ 11
EDIÇÃO ESPECIAL
ENCONTRO ECONÔMICO
BRASIL | ALEMANHA.2015
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REVISTA 21
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AO LEITOR
REVERÊNCIA À HISTÓRIA
Uma sociedade que olha para o futuro tem fundamentos sólidos baseados na história que foi construindo ao
longo do tempo e sabe reverenciar seu passado. Joinville nasceu da obstinação dos imigrantes europeus –
alemães e suíços, em sua maioria – que aqui aportaram
em meados do século 19, no auge do processo de colonização da Região Sul do Brasil, que havia se iniciado
por volta de 1824, pelo Rio Grande do Sul. Comerciantes, agricultores, artesãos, os primeiros join­vilenses tinham enorme pendor para o trabalho e um senso de
empreendedorismo que, aos poucos, garantiram o desenvolvimento de toda a região.
Em parte, essa longa história é reconhecida com a
realização do 33o Encontro Econômico Brasil-Alemanha,
neste mês de setembro. O evento, que geralmente tem
lugar em capitais dos dois países, alternando-se a cada
ano entre Brasil e Alemanha, traz a Joinville uma centena
e meia de empresários europeus em busca de oportunidades de negócios e afinamento de alianças.
“Brasil e Alemanha são parceiros estratégicos. Na
América Latina, é o nosso parceiro comercial mais importante, e o país que mais recebe nossos investimentos na região”, sublinha Dirk Brengelmann, embaixador
da Alemanha no Brasil, em entrevista à Revista 21. Ao
completar 21 edições, a publicação da Acij que leva no
título a referência ao novo século dedica este número
emblemático a abordar temas relativos ao país irmão e
às ligações de Joinville com a nação que tanto marcou
suas origens. Duas reportagens são publicadas com
versões em alemão.
Entre outras ações inspiradas pelo evento, neste mês,
o Arquivo Histórico realiza a exposição “As Colônias Alemãs no Norte de Santa Catarina”, trabalho fotográfico
de Peninha Machado a partir dos detalhes captados em
uma gravura de 1898, que ilustra a viagem do pesquisador alemão Franz Giesebrecht para divulgar a colonização no Norte catarinense, e o Shopping Mueller prepara
atrações exclusivas voltadas à cultura germânica.
NESTA EDIÇÃO
8 Embaixador vê potencial para fortalecer cooperação. 18 Núcleos setoriais têm origem em entidade alemã. 24 Missão empresarial na Europa desperta empreendedor. 30 Objetos de desejo com toque germânico. 34 Angela Merkel
abre caminho para investidores. 42 Quem eram e de onde vieram os primeiros joinvilenses. 46 Encontro intensifica
laços comerciais. 60 O perfil do cônsul honorário Rodrigo Bornholdt. 62 Intercâmbio acadêmico e corporativo para
qualificar profissionais. 68 Três visões sobre o exemplo que vem da Alemanha. 70 Jornalista pesquisa o legado dos
colonizadores. 76 Como negociar melhor com os parceiros.
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OLHARES SOBRE BERLIM
ARQUIVO PESSOAL
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PENINHA MACHADO
Número 21. Setembro e outubro de 2015
Em alusão ao novo século, pleno de
desafios, a Revista 21, publicação
bimestral da Associação Empresarial
de Joinville (Acij), aponta, ao mesmo
tempo, para o momento atual e para o
futuro, para o contemporâneo e para o
que está por vir. Tem por objetivo levar
informação de qualidade ao leitor sobre
os grandes temas de interesse da classe
empresarial, sempre com visão local.
Litogravura em exposição no Arquivo Histórico de Joinville
(Ausstellung einer Lithografie im Historischen Archiv von Joinville)
EHRERBIETUNG AN DIE GESCHICHTE*
Eine Gesellschaft, die in die Zukunft blickt, hat solide Fundamente in
der Geschichte verankert, die im Laufe der Jahre begründet wurden,
und weiss ihre Vergangenheit zu würdigen. Joinville entstand durch die
Hartnäckigkeit der europäischen Einwanderer – deutsche und schweizer, in ihrer Mehrheit – die hier in der Mitte des 19 Jahrhunderts gelandet sind, auf dem Höhepunkt der Kolonisierung der südlichen Regionen
Brasiliens, die um 1824 in Rio Grande do Sul begann. Händler, Landwirte, Handwerker, die ersten Joinvilenses hatten grosse Neigung zur
Arbeit und einen Unternehmersinn, die langsam die Entwicklung der
Gegend sicherte.
Teilweise wird diese lange Geschichte durch das 33. Wirtschaftstreffen Brasilien-Deutschland im September, anerkannt. Die Veranstaltung, die üblicherweise in einer der Hauptstädte beider Länder stattfindet, im jährlichen Wechsel zwischen Brasilien und Deutschland, bringt
nach Joinville über 150 europäische Unternehmer auf der Suche nach
Geschäftsmöglichkeiten und Abstimmungen von Bündnissen.
“Brasilien und Deutschland sind strategische Partner. In Lateinamerika ist es unser wichtigster Handelspartner und das Land, dass die
meisten unserer Investitionen in der Region erhält”, unterstreicht Dirk
Brengelmann, deutscher Botschafter in Brasilien, in einem Interview
der Revista 21. Mit der 21. Ausgabe widmet die von der Acij herausgegebene Publikation, die im Titel die Würdigung des neuen Jahrhunderts trägt, diese emblematische Nummer, mit Themen in Bezug auf
das Bruderland und der Beziehungen von Joinville mit der Nation, die
seinen Ursprung so stark geprägt hat. Zwei der Reportagen werden in
deutscher Version herausgegeben.
Conselho editorial
Ana Carolina Bruske (Diretora financeira)
Débora Palermo Mello (Acij)
Diogo Haron (Acij)
Carolina Winter (Winter Comunicação)
Simone Gehrke (EDM Logos)
Jornalista responsável
Júlio Franco (reg.prof. 7352/RS)
Produção/Edição
Mercado de Comunicação /Guilherme
Diefenthaeler/(reg. prof. 6207/RS)
Reportagem
Ana Ribas Diefenthaeler, Letícia Caroline,
Mayara Pabst, Marcela Güther, Karoline
Lopes
Projeto gráfico, diagramação,
ilustrações e infográficos
Fábio Abreu
Imagem da capa
Arquivo pessoal de Adhemar Trinks
Fotografia
Peninha Machado, assessorias
de imprensa
Impressão
Hellograf Indústria Gráfica
(47) 4063-9769
Tiragem
4 mil exemplares
Publicidade
[email protected]
Av. Aluisio Pires Condeixa, 2550
3461-3333
acij.com.br
twitter.com/acij
facebook.com/acijjoinville
* Versão do editorial em alemão/ Version des Leitartikel
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ARQUIVO PESSOAL ADHEMAR TRINKS
A FOTO DA CAPA
A loja de ferramentas e armarinhos
foi a mesma que, no início do século 20, causou impacto entre os moradores daquela Joinville ainda tão
pequena. Além de ser a primeira
empresa local a ter telefone e registradora, a Trinks & Irmãos importou
o primeiro automóvel Oldsmobile. E
isso era apenas consequência de um
espírito empreendedor e visionário
que aportou por aqui com o pioneiro da família Trinks, Eduard, que veio
da Europa e enfrentou 50 dias no
mar para buscar uma vida melhor,
em 1854. Trouxe a esposa Pauline e
seis filhos – entre eles, Helena, que
fundaria, em 1916, o Hospital Dona
Helena. Outro filho, Georg, sucederia o pai nos negócios.
Se você tem uma imagem que retrate algum período da história de Joinville, entre em contato com a redação pelo [email protected]. A
foto poderá ser publicada na capa em uma das próximas edições.
A REVISTA EM FRASES
DIVULGAÇÃO
“Em uma década, esperamos inaugurar um leque
de oportunidades e investimentos diferenciados,
principalmente em biotecnologia, saúde, novos
materiais e economia verde. A Alemanha é
vanguarda nessas áreas”
Udo Döhler, prefeito de Joinville
“O time de engenheiros da empresa trabalha
integrado aos engenheiros da KaVo Alemanha.
Aproveitamos o melhor de cada time para criar
produtos que atendam perfeitamente os mercados”
Giancarlo Schneider, presidente da KaVo do Brasil
“O propósito dos alemães era priorizar o
associativismo e promover o desenvolvimento das
médias e pequenas empresas”
Henrique Loyola, ex-presidente da Acij, um dos principais
responsáveis pela implantação do convênio com a Câmara de
Artes e Ofícios de Munique e Alta Baviera
“A influência alemã foi determinante para criar as
diretrizes e o modelo de negócios da empresa. Entre
os sócios, só se falava alemão e as primeiras relações
de importação tiveram início na década de 60 –
justamente com o país europeu”
“A herança deixada pelos imigrantes continua
presente em todos os segmentos do país, quer
na indústria, no comércio, assim como nas
manifestações culturais”
Harry Weege, fundador e presidente da Incasa
Dirk Brengelmann, embaixador da Alemanha no Brasil
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ABRE ASPAS
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FOT: DIVULGAÇÃO
DIRK BRENGELMANN
“Alemanha e Brasil são
parceiros estratégicos”
Por Guilherme Diefenthaeler
Com formação em economia, administração de empresas e história, o embaixador da Alemanha no Brasil, Dirk Brengelmann, atua no serviço diplomático desde
1986. Passou por diferentes posições em países como Haiti, Inglaterra e Estados
Unidos, tendo atuado na Secretaria Geral para Assuntos Políticos e Política de
Segurança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Bruxelas,
entre 2010 e 2013. Antes de ser designado para a função atual, em agosto do ano
passado, foi encarregado para a política internacional de cibernética do Ministério das Relações Externas alemão.
Em entrevista exclusiva à Revista 21, o embaixador revela a expectativa de
que o Encontro Econômico Brasil-Alemanha possa proporcionar “novos e importantes impulsos” para a contínua ampliação das já prolíficas relações entre os
dois países, que considera “parceiros estratégicos”. Ele traz dois exemplos de segmentos que devem merecer especial atenção: energias renováveis e infraestrutura. “Vejo aí grandes potenciais para uma cooperação mais fortalecida entre as
empresas brasileiras e as alemãs”, sublinha Brengelmann, que também fala sobre
política internacional, os abalos recentes da Zona do Euro, a atratividade do país
ao turismo de europeus e a herança dos imigrantes germânicos no Sul do Brasil.
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Qual a expectativa da Embaixada
para a realização do 33º Encontro
Brasil-Alemanha?
Brasil e Alemanha são parceiros estratégicos. As relações econômicas
são caracterizadas pela constância
e pela confiabilidade. Na América
Latina, o Brasil é o nosso parceiro
comercial mais importante e o país
que mais recebe investimentos da
Alemanha na região. O Encontro
Econômico Brasil-Alemanha, que
ocorre todos os anos, evidencia
esses aspectos e já se tornou tradição entre nossos países. Na área
de política energética, por exemplo,
percorremos o mesmo caminho
em direção a um abastecimento
energético sustentável com base
nas energias renováveis. Empresas
alemãs têm oportunidades ideais
para cooperar graças às suas experiências na expansão de energias renováveis no Brasil. Também no campo da infraestrutura, vejo grandes
potenciais para uma cooperação
mais fortalecida entre brasileiros
e alemães. O Encontro Econômico
deste ano proporcionará novos e
importantes impulsos para a contínua ampliação de nossas relações
econômicas. Justamente nesta difícil situação econômica do Brasil,
é preciso aproveitar o ensejo para
discutir possibilidades sobre como a
economia brasileira pode retomar o
fôlego. Para tal, são de importância
decisiva o contato direto dos empresários brasileiros com os alemães e a
conversa entre nossos governos.
De que maneira esse evento
contribui para aprimorar as relações
econômicas entre os dois países?
Muitas companhias alemãs atuam
há longo tempo no Brasil e fizeram
seus primeiros investimentos há
mais de 100 anos. As mais de 1.400
empresas alemãs que operam aqui
se empenham em prol do Brasil e
administram cerca de 10% a 12% do
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PIB industrial. O Encontro Econômico
Brasil-Alemanha servirá para sondar,
no contato direto, as ideias e os modelos comerciais. Já se comprovou
que o Encontro oferece um ótimo
fórum para continuar ampliando as
excelentes relações econômicas bilaterais existentes. A alta qualidade
e a moderna tecnologia dos produtos alemães desfrutam, no Brasil, de
grande reconhecimento. O Encontro
contribui significativamente para
que sejam mantidas as excelentes
relações. Justamente em Santa Catarina e em Joinville, a cidade-sede
do evento, é possível perceber claramente o bom desenvolvimento das
relações econômicas bilaterais. A
BMW construiu recentemente uma
fábrica completamente nova e produz, lá, para o mercado sul-americano. Durante o Encontro em Joinville,
eu mesmo terei a oportunidade de
inaugurar uma empresa alemã de
médio porte.
INVESTIMENTOS
VÃO CONTINUAR
Como o sr. avalia a importância
do mercado brasileiro para as
empresas alemãs, no atual contexto
econômico da Europa e, também, do
nosso país?
Apesar da difícil situação econômica
do Brasil neste momento, estou convencido de que as empresas alemãs
continuarão a investir no Brasil. O
Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, oferece um grande mercado interno, com matérias-primas de
todo o tipo, e ocupa, nas mais diversas áreas, lugar de destaque na economia mundial. Graças aos amplos
programas sociais, a ascensão social de muitas pessoas, nos últimos
anos, despertou sua necessidade de
consumir bens da melhor qualidade.
Em função dos investimentos pla-
nejados e das medidas necessárias
de infraestrutura, o Brasil também
é um interessante mercado na área
de energias renováveis. É importante que as diretrizes sejam estabelecidas corretamente, de modo que
haja novos investimentos.
O que o empresário brasileiro
“ganha” ao escolher a Alemanha
como parceira de negócios? E o que
precisa saber, sobre a natureza e
peculiaridades do mercado alemão,
para ter êxito nessa empreitada?
Inicialmente, a Alemanha oferece
condições estáveis. Isso é certamente um importante fator para todos
os empresários na hora de escolher
um local. Além disso, a Alemanha
dispõe de infraestrutura bem consolidada e de pessoal qualificado.
Essas são importantes condições
para que uma empresa possa atuar
com sucesso. A Alemanha ainda oferece a empresas brasileiras a oportunidade de entrar em todo o mercado europeu. O que for produzido
na Alemanha ou importado tem
acesso aos mercados de todos os
28 Estados-Membros da União Europeia sem barreiras comerciais. As
empresas brasileiras esperam uma
maior independência do mercado
interno, satisfação da demanda
de parceiros estrangeiros e expansão de plataformas de exportação
quando se trata de investimentos
externos na Alemanha. A União Europeia, com seus inúmeros acordos
de livre comércio, assegura, às mercadorias produzidas aqui, acesso a
outras regiões do mundo com redução de impostos.
Depois de um longo processo de
negociações, no ano passado, a
alemã BMW inaugurou sua fábrica
brasileira em Araquari, cidade
vizinha a Joinville. Esse movimento
tende a atrair outras empresas
alemãs? De que modo?
Em geral, o Sul do Brasil é uma região
onde empresas alemãs investem
cada vez mais, além de São Paulo.
Sob o ponto de vista dos empresários, as condições são provavelmente melhores do que em outras
regiões brasileiras. Alegra-nos, claro,
quando uma empresa alemã decide
abrir filial no Brasil, independentemente da situação geográfica. Também prestam valiosa contribuição
as raízes alemãs de alguns brasileiros, que se evidenciam em diversos
lugares, como Santa Catarina, e, por
conseguinte, seus conhecimentos
da língua alemã.
Falando sobre política internacional,
em julho, a imprensa noticiou a
aprovação, na Alemanha, do plano
para resgatar a Grécia. De que
modo a atual situação econômica
daquele país pode afetar o
equilíbrio da Zona do Euro?
A Grécia é, comparativamente ao
tamanho da Zona do Euro, uma
economia relativamente pequena,
com apenas 1,77% do PIB total. No
entanto, um colapso do sistema
bancário grego traria consequências negativas para a Zona do Euro
como um todo, bem como efeitos
potencialmente graves para uma
série de Estados-Membros. Mesmo
assim, o perigo direto de contaminação para a Zona do Euro por meio
do sistema bancário foi reduzido
no decorrer dos programas econômicos de adaptação estabelecidos
pela União Europeia. O quadro institucional da Zona do Euro passou
por uma melhoria considerável nos
últimos anos, ficando, assim, mais
resistente.
Quais são as principais linhas da
política internacional da Alemanha e
como o Brasil e a América do Sul se
situam nesse cenário?
Como disse, a Alemanha e o Brasil
são parceiros estratégicos que pre-
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tendem contribuir em conjunto para
a configuração confiável e sustentável do mundo no século 21. Isso foi
ressaltado no âmbito das primeiras
Consultas Intergovernamentais, em
agosto deste ano, ponto que motivou a viagem da chanceler Angela
Merkel a Brasília, acompanhada por
sete ministros e cinco vice-ministros.
A Alemanha está engajada internacionalmente de diversas formas,
especialmente nas áreas-chaves da
democracia e do princípio do Estado
de Direito, respeito aos direitos humanos e de cidadania, da igualdade
entre homens e mulheres, bem-estar e desenvolvimento sustentável,
proteção do clima e preservação
da biodiversidade, respeito aos padrões de trabalho, social e do meio
ambiente. Em todos esses assuntos,
o Brasil e a Alemanha são parceiros
importantes e confiáveis – mesmo
porque sua cooperação se baseia em
valores e objetivos comuns.
DESTINO TURÍSTICO
ATRAI EUROPEUS
Um grande número de turistas
europeus tem como destino turístico
regular o Nordeste brasileiro, como
também o Rio de Janeiro, entre
outras regiões. O noticiário frequente
sobre crise econômica afeta de
alguma forma esse fluxo?
Não acredito nisso. Pelo contrário.
Graças à Copa do Mundo, o Brasil chamou a atenção do público internacional de forma muito positiva, também
como atração turística, e os alemães
continuam sendo um dos povos que
mais gostam de viajar. Espero que
os Jogos Olímpicos contribuam para
atrair mais turistas alemães. Além
disso, a atual taxa de câmbio deveria
ser um ponto favorável para os turistas europeus, já que as férias ficaram
mais baratas para eles.
A vinda dos primeiros colonizadores
alemães para Santa Catarina data
de 1829. Que herança o sr. avalia
que os imigrantes deixaram em
nosso Estado, na formação social, na
cultura, na economia, na política?
Os imigrantes alemães diversifica­
ram as atividades econômicas e
influenciaram decisivamente a fisionomia econômica, social, administrativa e intelectual, não apenas
da região de Blumenau e Vale do
Itajaí, mas de todo Estado catarinense. Como artesãos, oleiros, carpinteiros, pequenos trabalhadores
da indústria doméstica, eles foram
responsáveis pelo surgimento das
indústrias familiares, embrionárias
de grandes empreendimentos que
se projetaram nos diversos segmentos, especialmente no ramo
têxtil. Aqui também criaram escolas para instruir seus filhos. A prática do associativismo e a sociabilidade era uma constante entre esses
imigrantes e seus descendentes.
As associações de atiradores, as sociedades de canto, os clubes de ginastas, as sociedades de auxílio aos
enfermos, as sociedades culturais,
os clubes de bolão, entre outras,
são manifestações vivas até os dias
atuais. Muitos personagens fizeram
história. Destacamos o médico Fritz
Müller, os geógrafos e cartógrafos
Emil Odebrecht e José Deeke, entomólogos como Friedenreich, químicos como Eberhardt; os irmãos
Hermann e Bruno Hering, como
iniciadores da indústria têxtil em
Santa Catarina; o empresário Carl
Hoepcke, assim como tantos outros que mereceriam aqui ser lembrados. A herança deixada pelos
imigrantes continua presente em
todos os segmentos do país, quer
na indústria, no comércio, assim
como nas manifestações culturais
(teatro-canto, artes, arquitetura) e
nos hábitos e costumes de famílias
em muitas regiões.
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VERSÃO DA ENTREVISTA EM ALEMÃO/ VERSION DES INTERVIEWS MIT DEM BOTSCHAFTER
DIRK BRENGELMANN
“Deutschland und
Brasilien sind
strategische Partner”
Der deutsche Botschafter in Brasilien, Dirk Brengelmann, mit Ausbildung in Volkswirtschaft, Betriebswirtschaft und Geschichte, ist seit 1986 im diplomatischen Dienst tätig.
Innhaber verschiedener Positionen in Haiti, England und Nordamerika, war er ebenfalls
im Generalsekretariat für politische Themen und politische Sicherheit der Nordatlantikvertrags-Organisation (NATO) in Brüssel, zwischen 2010 und 2013, tätig. Vor seiner
Berufung in die aktuelle Position, im August des Vorjahres, war er für die internationale
Kybernetik-Politik im Auswärtigen Amt zuständig.
In einem Exklusivinterview für die Revista 21 lies der Botschafter seine Erwartungen
in das Wirtschaftstreffen Brasilien-Deutschland verlauten, es könne “neue und wichtige Impulse” zur ständigen Erweiterung der fruchtbaren Beziehungen zwischen beiden
Ländern vermitteln, welche er als strategische Partner sieht. Zwei Bereiche die eine besondere Aufmerksamkeit verdienen nennt er als Beispiel: die Bereiche der Erneuerbaren
Energien und der Infrastuktur. “Hier sehe ich grosse Potentiale einer verstärkten Kooperation zwischen brasilianischen und deutschen Unternehmen”unterstreicht Brengelmann, und spricht auch über die internationale Politik, die jüngsten Störungen in der
Euro-Zone, die Tourismusaktivitäten des Landes in Bezug auf Europäer und die Erbschaft
derdeutschen Einwanderer im Süden Brasiliens.
Welche Erwartungen hat die Deutsche
Botschaft in das Zustandekommen des 33º
Treffen Brasilien-Deutschland?
DEU und BRA sind strategische Partner.
Die DEU-BRA Wirtschaftsbeziehungen
sind durch Konstanz und Verlässlichkeit
geprägt. Brasilien ist in Lateinamerika
unser wichtigster Handelspartner und
das Land mit den meisten deutschen Investitionen in der Region. Die jedes Jahr
stattfindenden Deutsch-Brasilianischen
Wirtschaftstage verdeutlichen dies und
haben mittlerweile eine lange Tradition
zwischen unseren Ländern.
Im Bereich der Energiepolitik gehen wir
einen gemeinsamen Weg, hin zu einer
nachhaltigen Energieversorgung auf
Grundlage von Erneuerbaren Energien.
Deutsche Unternehmen haben dank ihrer
Erfahrungen beim Erneuerbare Energien-Ausbau optimale Chancen mit Brasilien zu kooperieren. Auch im Infrastrukturbereich sehe ich große Potenziale für eine
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verstärkte Zusammenarbeit zwischen
deutschen und brasilianischen Unternehmen.
Die diesjährigen Deutsch-Brasilianischen
Wirtschaftstage werden erneut wichtige Impulse für den weiteren Ausbau
unserer Wirtschaftsbeziehungen geben.
Gerade in der wirtschaftlich schwierigen
Lage Brasiliens gilt es die Wirtschaftstage
zum Anlass zu nehmen, um Möglichkeiten zu diskutieren, wie die brasilianische
Wirtschaft wieder auf Fahrt gebracht
werden kann. Dafür sind der direkte Kontakt zwischen den Unternehmen und das
Gespräch zwischen den Regierungen von
entscheidender Bedeutung.
In welcher Weise trägt dieses Treffen
zur Verbesserung der wirtschaftlichen
Beziehungen bei?
Viele DEU Unternehmen sind schon lange in BRA tätig und haben ihre ersten
Investitionen bereits vor über 100 Jahren
getätigt. Schon jetzt engagieren sich über
1.400 deutsche Unternehmen in Brasilien, die rund 10-12% des industriellen
BIP erwirtschaften. Die Deutsch-Brasilianischen Wirtschaftstage dienen dazu,
im direkten Kontakt Geschäftsideen und
Geschäftsmodelle zu sondieren. Es hat
sich gezeigt, dass die Wirtschaftstage ein
sehr gutes Forum bieten, um die bereits
jetzt bestehenden, sehr guten bilateralen
Wirtschaftsbeziehungen weiter auszubauen. Die hohe Qualität und die moderne Technologie der deutschen Produkte
genießen in Brasilien hohe Anerkennung.
Die Wirtschaftstage tragen einen erheblichen Anteil dazu bei, dass die exzellenten
Beziehungen auch in Zukunft erhalten
bleiben. Gerade in Santa Catarina und in
Joinville, also in dem Bundesstaat und der
Stadt, wo die diesjährigen Wirtschaftstage stattfinden, kann man die gute Entwicklung der bilateralen Wirtschaftsbeziehungen besonders gut nachvollziehen.
BMW hat vor kurzem ein komplett neues
Werk errichtet und produziert dort für
den südamerikanischen Markt. Ich selbst
habe während der Wirtschaftstage die
Gelegenheit in Joinville einen neuen Produktionsstandort eines deutschen Mittelständlers einzuweihen.
Wie schätzen Sie die Wichtigkeit des
brasilianischen Marktes für deutsche
Unternehmen im aktuellen europäischen
wirtschaftlichen Kontext ein, sowie in
unserem Land?
Trotz der aktuell schwierigen wirtschaftlichen Lage Brasiliens, bin ich fest davon
überzeugt, dass deutsche Unternehmen
auch in Zukunft in Brasilien investieren
werden. Brasilien bietet mit ca. 200 Mio.
Einwohnern einen großen Binnenmarkt,
Rohstoffe aller Art und ist in verschiedenen Branchen im wirtschaftlichen Spitzenfeld angesiedelt. Der soziale Aufstieg
vieler Menschen in den vergangenen
Jahren hat – auch dank umfangreicher
Sozialprogramme - Bedürfnisse nach höherwertigen Konsumgütern geweckt, die
befriedigt werden wollen. BRA ist auch
wegen geplanter Investitionen im Bereich
Erneuerbare Energien und wegen notwendiger Infrastrukturmaßnahmen ein
interessanter Markt. Wichtig ist es, dass
die Weichen jetzt richtig gestellt werden,
so dass Investitionen wieder getätigt werden.
Was “hat der brasilianische Unternehmer
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davon” indem er Deutschland zum
Geschäftspartner auswählt? Und was
muss er wissen über den deutschen
Markt in Hinblick auf Beschaffenheit und
Eigenschaften um erfolgreich zu sein?
Deutschland bietet zunächst einmal stabile Rahmenbedingungen. Dies ist sicherlich für alle Unternehmer ein gewichtiger
Faktor bei der Wahl des Standorts. Daneben findet sich in Deutschland eine sehr
gut ausgebaute Infrastruktur und qualifiziertes Personal. Alles wichtige Bedingungen, damit ein Unternehmen erfolgreich
agieren kann.
DEU bietet außerdem für brasilianische
Unternehmen den Einstieg in den gesamten europäischen Markt. Einmal hier produziert oder importiert stehen die Märkte
aller 28 EU-MS ohne weitere Handelsbarrieren offen.
BRA Unternehmen versprechen sich von
einer Auslandsinvestition in DEU größere
Unabhängigkeit vom Inlandsmarkt, Befriedigung der Nachfrage ausländischer
Partner und den Aufbau von Exportplattformen. Die EU mit ihrer Vielzahl
von bestehenden Freihandelsabkommen
bietet für hier produzierte Waren zudem
abgabenbegünstigten Zugang zu anderen
Weltregionen.
Nach einem langem Verhandlungszeitraum
hat im vergangenem Jahr die deutsche
BMW ihr Werk in Araquari, Nachbarstadt
von Joinville, eingeweiht. Wird dieser
Umstand weitere deutsche Unternehmen
anziehen? In welcher Weise?
Insgesamt ist der Süden Brasiliens sicherlich ein Standort, wo deutsche Unternehmen – neben der Region Sao Paulo
– vermehrt investieren. Die Bedingungen
dort sind offensichtlich aus Sicht der Unternehmen besser als in anderen Teilen
des Landes. Wir freuen uns natürlich über
jede deutsche Firma, die sich entscheidet,
in Brasilien einen Standort zu eröffnen,
unabhängig von der geografischen Lage.
Die deutschen Wurzeln einiger Brasilianer, welche sich bspw. in Santa Catarina
an verschiedenen Stellen immer wieder
zeigen und die damit oftmals verbundenen deutschen Sprachkenntnisse tragen
sicher auch ihren Teil dazu bei.
Im Juli brachten die Medien die Nachricht
der Zustimmung Deutschlands zum
Rettungspaket für Griechenland. In
welcher Weise kann die derzeitige
wirtschaftliche Lage jenes Landes
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das Gleichgewicht in der Euro-Zone
beeinträchtigen?
Griechenland ist im Verhältnis zur Euro-Zone eine verhältnismässig kleine Wirtschaft,
mit lediglich 1,77% des Gesamt-BIP. Ein
Zusammenbruch des griechischen Bankwesens hätte allerdings negative Auswirkungen für die Euro-Zone als Ganzes, sowie
schwerwiegende Folgen für viele der Mitgliedsstaaten. Eine unmittelbar Beeinträchtigung durch das Bankwesen wurde jedoch,
im Zuge verschiedener Anpassungswirtschaftsprogrammen durch die Europäische
Union, reduziert. Die institutionelle Struktur der Euro-Zone hat in den letzten Jahren
eine grosse Verbesserung erfahren, sie wurde wiederstandfähiger.
Welche sind die wichtigsten Ausrichtungen
der internationalen Politik Deutschlands
und wie ist Brasilien und Südamerika in
diesem Szenarium eingebettet?
Deutschland und Brasilien sind strategische Partner, die gemeinsam zur verantwortungsvollen und nachhaltigen
Gestaltung der Welt im 21.Jahrhundert
beitragen wollen. Dies wurde erst zuletzt
im Rahmen der ersten Deutsch-Brasilianischen Regierungskonsultationen im
August unterstrichen, in deren Rahmen
Bundeskanzlerin Merkel in Begleitung von
7 Ministern und 5 Staatssekretären nach
Brasilia reiste. Deutschland ist auf internationaler Ebene vielfach engagiert, insbesondere in den Kernbereichen Demokratie und Rechtsstaatlichkeit, die Achtung
von Menschen- und Bürgerrechten, der
Gleichstellung von Männern und Frauen,
Wohlstand und nachhaltige Entwicklung,
Klimaschutz und Erhalt der Biodiversität
und die Achtung der Arbeits-, Sozial- und
Umweltstandards. Bei all diesen Themen
sind Brasilien und Deutschland einander
wichtige und verlässliche Partner, nicht
zuletzt, weil ihre Zusammenarbeit auf
gemeinsamen Werten und Zielen basiert.
Eine grosse Anzahl europäischer Touristen
haben als touristisches Ziel den Nordosten
Brasiliens, wie auch Rio de Janeiro
und andere Gegenden. Beeinträchtigt
die häufige Berichterstattung über
die wirtschaftliche Krise diesen
Touristenstrom in irgendeiner Weise?
Nein, das glaube ich nicht. Im Gegenteil.
Die Fußballweltmeisterschaft hat Brasilien positiv in den Fokus der Weltöffentlichkeit – auch als touristische Attraktion
– gerückt und die Deutschen sind noch
immer eine der reisefreudigsten Nationen weltweit. Ich erwarte, dass auch
die Olympischen Spiele dazu beitragen
werden, mehr deutsche Touristen in das
Land zu locken. Außerdem dürfte der für
europäische Touristen vorteilhafte Wechselkurs sein Übriges tun, da der Urlaub in
Brasilien etwas günstiger wird. Ich rechne
daher nicht mit sinkenden Zahlen und
hoffe, dass insbesondere die Olympischen
Spiele viele Besucher ins Land bringen.
Die Ankunft der ersten deutschen
Einwanderer in Santa Catarina geht auf
1829 zurück. Welche Erbschaft glauben
Sie, haben diese Einwanderer in unserem
Bundesstaat hinterlassen, in der sozialen
Zusammensetzung, der Kultur, der
Wirtschaft, der Politik?
Die deutschen Einwanderer haben die
Wirtschaftsaktivitäten vermehrt und die
wirtschaftliche, soziale, administrative
und intelektuelle Ausprägung grundlegend beinflusst, nicht nur in der Region
Blumenau und Vale do Itajaí, sondern im
gesamten Bundesstaat. Als Handwerker, Töpfer, Schreiner, Arbeiter in kleinen
häuslichen Industrien waren sie dafür verantwortlich, dass die Familienbetriebe erschienen, als Grundsteine für die grossen
Unternehmen die sich in den verschiedenen Wirtschaftsbereichen hervorgehoben
haben, insbesondere in der Textilindustrie.
Hier haben sie auch Schulen gegründet in
denen sie ihre Kinder ausgebildet haben.
Das Vereinswesen und die Geselligkeit
war ständig anwesend unter den Einwanderern und dessen Nachkommen. Die
Schiessvereine, Singvereine, Sportvereine,
Vereine zur Krankenpflege, die Kulturvereine, die Skatvereine unter anderen,
sind bis heute lebendige Zeugen. Viele
Namen haben Geschichte gemacht. Wir
wollen den Arzt Fritz Müller hervorheben,
die Geographen und Kartographen Emil
Odebrecht und José Deeke, Ethnologen
wie Friedenreich, Chemiker wie Eberhardt;
die Gebrüder Hermann und Bruno Hering
als Gründer der Textilindustrie in Santa
Catarina; den Geschäftsmann Carl Hoepcke sowie viele andere die an dieser Stelle erwähnt werden sollten. Die von den
Einwanderern hinterlassene Erbschaft ist
nach wie vor in allen Bereichen gegenwärtig, sowohl in der Industrie, im Handel als
auch in den kulturellen Manifestationen
(Theater-Gesang, Kunst, Architektur) und
in den Sitten und Bräuchen der Familien in
vielen Gegenden.
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O QUE A ASSOCIAÇÃO FAZ E PENSA
NÚCLEOS SETORIAIS
Como tudo começou
Em 2014, o Brasil atingiu o maior índice de empreendedorismo de todos
os tempos. De acordo com pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor
(GEM), em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) e o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), três
em cada dez brasileiros adultos – entre 18 e 64 anos – são donos de empresa ou estão envolvidos com a abertura de um negócio próprio. O estudo
também revelou que, a cada 100 pessoas que iniciam um empreendimento, 71 são motivadas por uma oportunidade, e não pela necessidade. Grande parte desse cenário de fortalecimento econômico é resultado de um
movimento criado na década de 1990 pelas associações empresariais de
Joinville (Acij), Brusque (Acibr) e Blumenau (Acib), junto à Câmara de Artes
e Ofícios de Munique e Alta Baviera (HWK), na Alemanha.
No ano de 1991, a então Associação Comercial Industrial de Joinville inovou sua atuação no município com a implantação do modelo de núcleos
setoriais, resultado da parceria com a HWK. Com o objetivo de proporcionar
o desenvolvimento das empresas de menor porte por meio de reuniões, as
articulações para trazer o projeto para Santa Catarina principiaram um ano
antes, na gestão do empresário Henrique Loyola à frente da entidade.
“Tudo começou em dezembro de 1990, quando fui convidado para um
almoço e disseram que, por unanimidade, a classe empresarial me queria
como presidente da Acij. Não tive como negar”, relembra Loyola. Sabendo
que seria o próximo a dirigir a associação, ele embarcou para a Alemanha, no início do ano seguinte, com
o propósito de participar da feira
Heimtextil, como representante da
Companhia Fabril Lepper. Durante
a estada, abriu espaço na agenda
para conhecer as entidades do país
que, anos antes, haviam proposto
um trabalho em conjunto com as
associações comerciais de Joinville,
Blumenau e Brusque.
“Quando cheguei, fui absolutamente convencido de que estávamos perdendo tempo aqui. A
estrutura deles era impressionante.
O propósito dos alemães era priorizar o associativismo e promover o
desenvolvimento das médias e pequenas empresas”, revela. Certo de
que o projeto beneficiaria o município, difundindo, estimulando e motivando os empresários a se engajar nas ações da Acij, Loyola voltou
ao Brasil disposto a garantir que o
MAX SCHWOELK
Time de presidentes dos núcleos da Acij na gestão 2015/2016: iniciativa empreendedora
18
ACIJ
DIVULGAÇÃO
convênio fosse assinado: “Na época, a
tendência do cenário econômico era de
que o emprego na indústria se tornaria
cada vez mais escasso, devido à crescente automação da produção. Com as
ações da HWK, as pequenas empresas
representavam mais de 60% do PIB da
Alemanha, estabilizando a economia
local”.
Além da Câmara de Artes e Ofícios de Munique e Alta Baviera, a
cooperação entre Brasil e Alemanha
contou com a participação da Sociedade de Cooperação Técnica (GTZ), de
Eschborn, localidade contígua a Munique; da Fundação para o Desenvolvimento e Qualificação (Sequa), organização da Confederação das Câmaras
de Artes e Ofícios (ZDH); e do Ministério de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ), em Bonn.
Segundo Diogo Haron, diretor executivo da Acij, que participou de missão
empresarial na Alemanha, o pioneirismo da entidade favoreceu o desenvolvimento de mais de 1.500 novos
negócios em quase 25 anos, elevando
o número de empresas associadas de
345 para 2 mil, ao longo desse período.
“Ao crescer mais de 270% após a implantação dos núcleos, o associativismo provou que o concorrente pode ser
parceiro e que a união de componentes
de um mesmo grupo oferece benefícios econômicos visíveis. Essa metodologia, organizada e adaptada da HWK
para a Acij, vem sendo disseminada em
todo o país, sempre em favor do incremento dos negócios entre os associados”, afirma Haron.
Loyola presidia a Acij quando o modelo dos núcleos foi adotado
O “pai da criança”
Regressando a Joinville, José Henrique Loyola procurou o então presidente da Acij, Raul Schmidt, e sugeriu a assinatura do convênio
proposto pela HWK. A convite da entidade alemã, Schmidt viajou
com os representantes das associações comerciais de Blumenau e
Brusque. “Eles aceitaram a proposta, mas só concordaram depois
que eu fui lá e conheci o projeto. Por isso, cá entre nós, eu me considero o pai da criança”, comenta Loyola, orgulhoso.
A principal distinção entre o modelo brasileiro e o alemão é a
fragmentação das entidades: “Lá, é como se todas as associações
comerciais da cidade fossem uma instituição só. Não há diferença
entre grandes e pequenos empresários. Todos são representados
igualmente e fazem parte de um grupo só”. Outra mudança foi a
implantação dos núcleos setoriais, que não existiam na Alemanha.
“Eles têm oficinas. É a demanda dos empresários que determina os
cursos oferecidos. Adaptamos essa ideia para Joinville por intermédio dos núcleos”, explica.
A implantação do convênio com a Câmara de Artes e Ofícios de
Munique e Alta Baviera foi a maior realização de Loyola no comando
da Acij. “A participação dele foi muito ativa, porque é um entusiasta
na área da formação profissional. Foi com ele que esse projeto deu os
primeiros passos e depois foi crescendo, agregando parceiros”, aponta Fidelis Martins, ex-diretor executivo da associação, no livro “Henrique Loyola – Colecionador de Desafios”, publicado em 2012.
O sistema de núcleos setoriais é uma das bases da entidade, ampliando a abrangência e importância da Acij. De concorrentes, os
empresários passaram a se reconhecer como parceiros, que têm empresas semelhantes com problemas em comum. Hoje, são 26
núcleos, sendo quatro grupos do Gestão Compartilhada (territoriais), 11 setoriais, cinco multissetoriais e seis temáticos. O mais
antigo, que ultrapassa os 20 anos, é o Núcleo de Usinagem e Ferramentaria, que busca promover o desenvolvimento sustentável
das empresas, com foco na modernização dos serviços, ampliação do acesso a mercados, tecnologia e melhoria na gestão. Segundo
o presidente Edison Dalinghaus, o núcleo busca contribuir para o aumento da competitividade, para a melhoria da qualidade de
vida dos profissionais e para a articulação de ações que possam impactar o ambiente de negócios.
19
ACIJ
REVISTA 21
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DIVULGAÇÃO
Atividade da Câmara de Artes e Ofícios de Munique e Alta Baviera, a maior das 56 existentes na Alemanha
Entidade fomenta o empreendedorismo
A Câmara de Artes e Ofícios de Munique e Alta Baviera (HWK) é a maior
das 56 câmaras existentes na Alemanha, com mais de 50 mil associados.
A instituição representa os interesses dos filiados perante a sociedade
e o governo, participa da construção
de projetos de lei e de políticas que
tratam de pequenas empresas, além
de atuar na elaboração de estudos,
pesquisas e estatísticas.
O trabalho da HWK é focado na
criação de condições para que os
empreendimentos se desenvolvam
e lucrem. Para isso, a câmara mantém sete centros de treinamentos,
três academias para formação e
especialização de profissionais e 10
escolas de formação de mestres.
Entre os serviços promovidos,
destacam-se assessoria técnica,
20 ACIJ
administrativa, comercial e tributária para empresas associadas; financiamento e apoio para empresas recém-instaladas; apoio na criação de novas
empresas; promoção de feiras; serviços de incubação; incentivo às exportações; condomínios empresariais; serviços de garantia de crédito e companhia de seguros.
No Brasil, o convênio com a HWK não resultou apenas no modelo de
núcleos, replicado em vários Estados. A Fundação Empreender também foi
criada nesse momento, visando auxiliar o desenvolvimento técnico e estrutural dos negócios de Joinville e região. “A fundação é uma rede que busca
estimular o empreendedorismo com base no fortalecimento das associações
empresariais e de seus associados”, aponta José Henrique Loyola.
Após algumas reuniões para a implantação da parceria, ficou decidido que os
programas de capacitação seriam desenvolvidos pela Fundação Empreender em
diversos segmentos, com base no trabalho coletivo. Assim, foi construída uma
sólida rede de contatos, consultoria gerencial, planejamentos organizacionais e
até mesmo estágios e intercâmbios em países parceiros. Hoje, a organização é um
dos braços da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc).
A partir dessa iniciativa, surgiram novos produtos e serviços, com destaque para
as missões empresariais.
Impacto positivo nos negócios
Um exemplo da influência positiva
do convênio da Acij com a Câmara
de Artes e Ofícios de Munique e
Alta Baviera (HWK) é o empresário
Nivaldo Rupp, conhecido em Join­
ville pela fabricação de escadas
helicoidais. Em 1993, durante uma
missão empresarial, ele visitou fabricantes na Europa e logo percebeu que suas técnicas eram muito
rudimentares. “No pacote da parceria, estava inclusa a vinda de um
mestre para cá e a ida de duas pessoas para lá. Aproveitei para conhecer os métodos alemães e aprendi
a fazer as escadas em formato de
caracol”, analisa.
Ele lembra que os equipamentos
disponíveis no Brasil estavam longe
21
ACIJ
do padrão ideal, mas, mesmo assim,
seu processo melhorou após a viagem: “O maquinário deles era muito superior. Aqui, o trabalho é quase
todo manual”. A missão foi promovida pelo núcleo de marceneiros da Acij
e reuniu os integrantes do grupo.
Hoje, Nivaldo é proprietário da
Marcenaria NR, fundada em 1978,
que administra com a esposa. A empresa fica ao lado da casa onde mora.
“O nível de qualidade dos nossos produtos é o mesmo de empresas onde
trabalhei e dos principais centros do
mundo”, orgulha-se. Com o avanço
das suas técnicas, Nivaldo ganhou
clientes em outras cidades de Santa
Catarina, no Paraná e interior de São
Paulo. Apesar de fabricar todos os ti-
pos de móveis, as escadas são o carro-chefe. Durante o tempo em que
ficou na Alemanha, especializou-se
na construção de corrimões curvos,
retorcidos e sem emendas.
De acordo com o diretor executivo da Acij, Diogo Haron, outros
setores também se beneficiaram
com o convênio, como as áreas de
panificação, chocolate, escolas,
automecânicas e meio ambiente.
“Eles foram impactados pelo modelo de gestão e de trabalho presente na Alemanha. Se hoje temos
no município panificadoras de alto
padrão, por exemplo, é por causa
dos laboratórios e oficinas que os
responsáveis pelos negócios fizeram lá”, aponta.
REVISTA 21
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FOTOS: MAX SCHWOELK
BRASIL EFICIENTE
Nova agenda para o país
Paulo Rabello de Castro falou sobre “O Mito do Governo Grátis: Nova Agenda para o Brasil”, em palestra na Acij. Rabello é um dos coordenadores do
Movimento Brasil Eficiente (MBE). Doutor em economia pela Universidade
de Chicago, nos Estados Unidos, também é presidente do Instituto Atlântico,
diretor-presidente da SR Rating e fundador da RC Consultores, empresa de
previsão econômica e análises de mercado.
Com a presença dos secretários de Fazenda do Estado, Antonio Gavazoni,
e do município, Nelson Corona, o economista defendeu a redução de alíquotas como forma de ampliar receita. “A sociedade dá uma resposta muito
rápida nesses casos. O ‘governo grátis’ é o estágio mais avançado do populismo, quando as pessoas passam a crer ser possível obter vantagens sem
custos para ninguém”, alertou.
Economista Paulo Rabello:
“‘Governo grátis’ é populismo”
Na visão de Paulo Rabello, o ministro Joaquim Levy não representa o interesse do
empresário, devido a seu perfil gastador. Outro agravante, diz, é o serviço da dívida
interna, que está em R$ 417 bilhões: “Não há superávit primário que possa fazer frente
a essa maluquice. Temos um sistema tributário maluco e essa tragédia da despesa financeira”. O MBE foi articulado na Acij, na gestão de Carlos Rodolfo Schneider.
MISSÕES
EMPRESARIAIS
A Fundação Empreender, iniciativa desenvolvida pelas associações
empresariais de Brusque, Joinville
e Blumenau, realiza periodicamente missões para diversos países. A Alemanha é um dos destinos
recorrentes. Os participantes visitam feiras e têm acesso a novas
tecnologias, serviços, clientes e
fornecedores. Além de ampliar o
networking e conhecer a cultura
empresarial do outro país.
Christian Dihlmann, coordenador do programa, sublinha que as
missões promovem uma atualização de mercado: “Em pouco tempo,
ocorre uma imersão que provoca
um choque de ideias, seja pela diferença entre culturas ou tecnologias”. Os interessados em planejar
uma nova viagem podem entrar em
contato com a Fundação Empreender, localizada na sede da Acij.
22
ACIJ
Gestores da Tractebel apresentaram projeto na Acij
PROJETO
Usina de US$ 700 mi na região
A Tractebel, maior geradora privada de energia do país, escolheu Garuva
para a implantação da usina termelétrica de gás natural – UTE Norte Catarinense. O anúncio foi feito durante a reunião do conselho da Acij. De acordo
com Guilherme Ferrari, diretor técnico da UTE, o investimento total será de
US$ 700 milhões. “Somos uma empresa de alta capacidade gerencial, com
demanda de vultosos investimentos, e o nosso sucesso depende do sucesso
do Brasil. Temos políticas muito claras de mudanças climáticas e gestão sustentável”, garantiu Ferrari. Com capacidade de 600 MW, a UTE Norte Catarinense pode gerar energia elétrica equivalente ao consumo de uma população de 1,8 milhão de pessoas. O prazo de instalação é de 32 meses e devem
ser gerados até 800 postos de trabalho.
POR QUE ACIJ
DIVULGAÇÃO
BOAS-VINDAS
Café com novos associados
A Acij soma um quadro de associados próximo a 2 mil
empresas. Desse total, 60% são de micro e pequeno
porte. Em momentos de economia retraída, a busca
por alternativas, novas parcerias e ampliação da rede
de relacionamento é uma estratégia eficaz para manter e gerar novos negócios.
Para estimular o associativismo e a integração,
todo mês, a associação promove um café da manhã de
negócios, convidando os novos associados. O último
evento ocorreu no dia 21 de agosto e contou com a
presença de Diogo Haron, diretor executivo da casa. “É
um encontro informal, que tem por objetivo aproximar
os associados, gerar negócios e apresentar os nossos
serviços a quem acaba de chegar. Sejam todos muito
bem-vindos”, declarou Haron.
Para saber como se associar, ligue
(47) 3461-3372 ou [email protected].
Encontro reuniu associados mais recentes
MAIS PARCEIROS
JULHO E AGOSTO/2015
MERCADO L.E
47 3025-2143
NAVITAS TECNOLOGIA
47 3437-6635
A & H MEYER
47 3278-4028
PAULÃO AR CONDICIONADO
47 3455-1053
ALCIDES L. N. JR. ASS E CONS. AMBIENTAL
47 9964-5654
PHILIPE AFONSO HERENIO KERKHOFF
47 9706-2185
ALMEIDA PRODUÇÕES MUSICAIS
47 8402-7588
PITER CAR
47 3026-6362
ARQUIVAR GESTÃO DE DOCUMENTOS
47 3425-7015
PURPURATA
47 3028-7007
ATSUL SOLUÇÕES
41 3151-4433
QUIMIDROL
47 3027-8700
AUTO MECÂNICA BIVARI
47 3473-0836
RD VILLE CONSTRUTORA E INCORPORADORA
47 4101-7980
AUTO QUALITY OFICINA
47 3145-3409
RESENDES CONSULTORIA QUALIDADE
47 8899-4848
BRJ ADVOGADOS
47 3422-9219
RESTAURANTE SABORES DA VOVÓ
47 3435-4971
CARBONI DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS LTDA
47 3130-7050
RESULT
47 9196-0760
CHAVEIRO ROCHA
47 3278-9000
RH JOINVILLE
47 3028-5280
CLINICA CENTRAL DE OFTALMOLOGIA
47 3025-6669
RIBEIRO PLÁSTICOS LTDA
47 3465-0163
D414N3 BORBA SIST EM INFORM. E REPRES.LT
47 9260-5087
ROVIMA AR CONDICIONADO
47 3027-1251
ECOVILLE BRASIL
47 3417-9719
SC LOGÍSTICA INTERNACIONAL
47 3025-2994
ELETRO PEÇAS POLZIN
47 3026-5665
SIGNIA DIGITAL
47 3028-7479
EMPÓRIO MUNDO
47 3439-4294
SIME ELETRICA
47 3025-4839
ENTERTRAINING ESCOLA DE NEGÓCIOS
47 3346-6306
SINTESE PESQUISAS
47 3433-6027
ERICO MAURICIO DE SOUZA PEIXOTO
47 9772-7046
SOMAG ASSESSORIA EMPRESARIAL
47 3207-0444
INSTITUTO VIVA SER
47 3023-0088
SUAVE TENTAÇÃO
47 3804-1753
ISOTEC
81 3535-1196
SULAMITA KAISER IMÓVEIS
47 3028-0000
LIBRA ENGENHARIA AMBIENTAL
47 3801-1788
TECJATO
47 2101-0250
LUCIANO SCHAUCOSKI
47 9916-8561
VINICIUS ANICETO MAIA DA SILVA
47 9914-7165
MAICON ROMEL CARVALHO
47 9961-4180
VIP FARMA
47 3472-2620
MARMONT
47 9925-7373
ZEPPELIN E PADARIA
47 3028-1811
Associe-se. Entre em contato pelo 3461-3370 e conheça as vantagens de ser um associado
23 ACIJ
REVISTA 21 23
VISÃO ACIJ
EDISON DALINGHAUS
Sete dias que marcaram
uma trajetória profissional
Na atividade empresarial, alguns momentos são especialmente marcantes para a trajetória que se deseja seguir. No meu caso, sem qualquer
dúvida, destacaria a oportunidade de ter participado da Feira Euromold,
na Alemanha, na missão técnica organizada pela Fundação Empreender.
Esse episódio me transformou em alguém bem mais empreendedor. De
forma simples e prática, vivenciando o que se faz lá, percebi que, no fundo, não é muito diferente daqui.
A capacidade de transmitir tudo de pai para filho que os alemães têm
faz parte da educação. Na empresa Hofmann Werkzeugbau Siegfried,
maior ferramentaria da Alemanha, por exemplo, existe uma escola própria
para formar os novos contratados. No centro de treinamento, vi alunos de
12 anos podendo experimentar a atividade que seria a sua nova profissão,
orientados por um professor com mais de 60 anos.
Na escola Bildungs-Center Sudturingem, também um centro de formação, fiquei mais surpreso
com a estrutura. É muito boa, forma profissionais
de alta qualidade, e tem alojamento próprio para dar
aos alunos condições de se dedicar somente aos esPor onde se anda na Alemanha,
tudos, em horário integral. O professor mais antigo
você vê inovação: no
passava dos 70 anos e continuava a trabalhar, mesmo aposentado.
transporte, nas construções,
Na Fachhochschule Schmalkalden, o DNA do plásno comércio etc. Sonho em
tico é decifrado no laboratório. Os mais avançados
dar a outras pessoas esta
equipamentos já fabricados estão disponíveis aos
alunos no laboratório, onde há uma câmara na qual
oportunidade de participar de
são criadas células humanas para analisar rejeição ou
uma missão empresarial."
aceitação do plástico no organismo humano. Tudo
isso em um prédio muito antigo que me lembrou minha escola São Vicente, em Itapiranga, que meu avô
ajudou a construir. Como descendente de alemães,
senti como se visitasse a minha primeira escola.
Por onde se anda na Alemanha, você vê inovação
no transporte, nas construções, no comércio etc. Sem perceber, no mesmo espaço você vê um veículo estacionado com o cabo elétrico abastecendo e um prédio construído há 855 anos, onde reis e imperadores
alemães eram eleitos. A Escola de Frankfurt é um centro cultural de
reputação nacional e internacional, na cidade alemã onde fiquei para
participar da Euromold.
Sonho em dar a outras pessoas esta oportunidade que tive de participar de uma missão empresarial tão marcante. Mais do que uma viagem, fiz novos amigos que me tornaram presidente do Núcleo de UsinaEdison Dalinghaus
gem e Ferramentaria da Acij. Quase tudo que aprendi, veio da escola, ela
Presidente
me moldou. Sempre esteve nos meus planos ir para a Alemanha. Trinta
do Núcleo de
anos depois, consegui realizá-los e agora vou transmitir para as minhas
Usinagem e
filhas tudo o que sei.
Ferramentaria
24 ACIJ
CARLA REGINA PINHEIRO
Podemos aprender muito
com a potência alemã
A Alemanha é um país muito importante para Brasil e, particularmente
em Santa Catarina, exerce grande influência, devido à cultura trazida pelos imigrantes. O Estado é reconhecido internacionalmente por promover festas típicas, sendo a mais famosa a Oktoberfest. Do ponto de vista
econômico, a Alemanha está entre os maiores negociadores com o Brasil. Conforme divulgado na balança comercial brasileira de julho de 2015,
num comparativo entre 2014 e 2015, o país é o terceiro maior exportador
do Brasil e o sexto maior importador.
Há anos que o mercado alemão serve de referência para os empresários e facilmente se observa que as relações comerciais e econômicas entre os países estão estabelecidas com uma grande perspectiva de
crescimento. Hoje, centenas de empresas alemãs
estão instaladas aqui pela grande viabilidade de
negócios com os brasileiros, e certamente com a
intenção de relacionamento com a América Latina,
considerando que o Brasil está logisticamente bem
instalado.
Eles têm um interesse elevado em nós. Da mesO modelo alemão é
ma forma, empresas brasileiras olham para a Alecertamente um grande
manha como mercado promissor. São desenvolvidos e reconhecidos pela fabricação de produtos de
exemplo para nós. Empresas
alta tecnologia. Os manufaturados lideram a paubrasileiras olham para este
ta de exportação alemã, o que chega representar
país como um mercado
aproximadamente 85% do total.
As empresas brasileiras já estão exportando
promissor. Nossa aproximação
produtos com maior valor agregado, mas ainda é
vai trazer ganhos enormes."
um movimento tímido, e o modelo alemão representa um exemplo para nosso país. Existem vários
pontos que podemos destacar na Alemanha. Poucos países têm à disposição redes tão grandes de
energia, telecomunicações, estradas, linhas férreas
e rotas áreas. O plano de aumento de consumo estabelecido para superar a crise em 2009 é outro parâmetro de sucesso,
observando-se que foi implementado um programa de reformas que incluiu uma redução tributária.
A Alemanha se posiciona entre os três principais países com melhor
desempenho universitário, competindo diretamente com os Estados Unidos e o Reino Unido. Essa sistemática da educação atrai estudantes estrangeiros e muitos deles fazem planos para permanecer no país e seguir
carreira profissional.
Carla Regina Pinheiro
O fortalecimento do relacionamento entre Brasil e Alemanha é um camiSócia-diretora da empresa
nho para o aumento das negociações. Também cabe ressaltar que a nossa
Unique Consultoria Aduaneira
aproximação dessas economias trará enorme ganho para os empresários e
Ltda e presidente do Núcleo
de Negócios Internacionais
para o governo brasileiro. Ainda temos muito para aprender com essa potênda Acij
cia mundial reconhecida como uma das mais relevantes do mundo.
25 ACIJ
REVISTA 21 25
ACIJ NA MÍDIA
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Presidente da Fiesc, Glauco Côrte, esteve na Acij para anunciar programação do Encontro Brasil-Alemanha
PORTAL DA FIESC, 3 DE AGOSTO
“Encontro é oportunidade para
buscar parcerias e negócios”
“A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) apresentou na
noite desta segunda-feira (3), em Joinville, a programação do Encontro
Econômico Brasil-Alemanha. Na Associação Empresarial de Joinville
(Acij), o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, destacou que em tempos
de crise, especialmente para as pequenas empresas, o evento constitui
oportunidade para conhecer outras realidades e empresários, buscando
parcerias e iniciando novos negócios.”
NOTÍCIAS DO DIA, 4 DE AGOSTO
“A 33ª edição do evento vai trazer à cidade cerca de 150 empresários
alemães – com quase 100 confirmações, segundo o presidente da Fiesc,
Glauco José Côrte, que esteve na Acij.”
PORTAL DA ACIJ, 3 DE AGOSTO
“Em reunião do conselho da Acij, o secretário de Articulação Internacional, Carlos Adauto Virmond Vieira, destacou as ações do Estado de Santa
Catarina em apoio ao Encontro Brasil Alemanha (EBA). Em sua palestra,
Glauco Côrte falou sobre o EBA: ‘Cooperação para superar desafios’ será
o tema central, cuja programação se estende com visitas e missões em
diversas instituições, como Senai, Perini e portos.”
26 ACIJ
A Notícia, 4 de agosto
“O 33º Encontro Econômico Brasil-Alemanha
foi o tema da reunião do conselho da
Associação Empresarial de Joinville (Acij),
aberta pelo presidente da entidade, João
Joaquim Martinelli, na noite de ontem.
Prefeitura e Federação das Indústrias de Santa
Catarina (Fiesc) apresentaram a programação
do evento.”
Coluna Livre Mercado, A Notícia, 3 de agosto
“O secretário de Assuntos Internacionais do
governo do Estado, Carlos Adauto Virmond,
anuncia hoje, na Acij, aporte de R$ 400 mil
do governo para a realização do Encontro
Econômico Brasil-Alemanha, a se realizar em
Joinville, em setembro. Na mesma ocasião,
o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, vai
mostrar o que está planejado para o evento.”
Notícias do Dia, 22 de agosto
“Para a presidente do Núcleo de Negócios
Internacionais da Acij, Carla Pinheiro, o
Encontro Econômico será o momento
oportuno para fazer negócios e conhecer as
empresas alemãs que virão para cá. ‘Será uma
grande oportunidade tanto para empresas
que querem iniciar um relacionamento
comercial com a Alemanha quanto para quem
está pensando em investir lá’, afirmou ela.”
CURSOS & EVENTOS
INTERCON 2015
Produtos e cases de
sustentabilidade
A Feira e Congresso da Construção Civil (Intercon) promove encontros de negócios para o setor, além de reunir empreendedores nacionais e estrangeiros. Neste ano, entre 21 e 24 de outubro,
a Intercon vai explorar os conceitos do bem-estar, da boa saúde,
da sustentabilidade socioambiental, da moradia inteligente, da segurança patrimonial, da acessibilidade, entre outros aspectos. Os
expositores prometem apresentar seus melhores produtos e cases
de sustentabilidade, mostrando ao público que a empresa participante está sintonizada com os desejos do cliente.
GESTÃO
A administração dos custos de uma empresa, grande ou pequena,
é uma ferramenta fundamental que auxilia a tomada de decisões.
Para orientar empreendedores de Joinville e região, a Acij oferece o
curso “Custos para Gestão de Pequenas e Médias Empresas”, entre 9
e 12 de novembro. As aulas serão ministradas pelo professor Márcio
Alves. Inscrições podem ser feitas pelo telefone (47) 3461-3344 ou
pelo e-mail [email protected].
14 e 15 de outubro
13º Encontro da Cadeia de
Ferramentas, Moldes e Matrizes
Acij, Joinville
(11) 5534-4333
[email protected]
14 a 18 de outubro
Campeonato Brasileiro de Karatê
Etapa Final
Centreventos Cau Hansen, Joinville
(47) 3028-3926
17 de outubro
Stammtisch Joinville 2015
Via Gastronômica, Joinville
(47) 3461-2515
www.gastronomiajoinville.com.br
20 de outubro
3° Workshop Internacional de Educação
Fiesc, Florianópolis
(48) 3231-4100 e 3334-5623
21 e 22 de outubro
Curso Produção Mais Limpa – Eficiência
Ambiental em Processos Produtivos
Câmara Brasil-Alemanha, São Paulo
(11) 5187-5149
[email protected]
5 de novembro
Seminário de Mão de Obra Estrangeira –
Edição Anual
Espaço Transatlântico, São Paulo
(11) 5187-5100
[email protected]
18 de novembro
Curso Gestão da Geração Y
Câmara Brasil-Alemanha, São Paulo
(11) 5187-5149
[email protected]
MAX GEHRINGER
Conhecido por seus comentários no programa “Fantástico”, da TV
Globo, Max Gehringer estará em Joinville no dia 1o de outubro. Ele
vem apresentar palestra que tem como tema “Gerenciamento de
Mudanças”. O evento será no auditório da Expoville. Os ingressos
custam R$ 70 para associados Acij e estudantes e R$ 100 para demais
interessados. Mais informações: (47) 3461-3333.
27
ACIJ
30 de novembro
Palestra Innovation Business Lunch Tendências Made in Germany
Câmara Brasil-Alemanha, São Paulo
(11) 5187-5149
[email protected]
REVISTA 21 27
FEITO EM JOINVILLE
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Aula no instituto, que prepara integrantes da PM e também atende alunos da Escola Bolshoi
INSTITUTO TACHIBANA DE AIKIDO
Encontrando a paz interior
Na visão geral, o Aikido é uma arte marcial que promove a resolução de
conflitos, a partir da interação com diferenças em busca da paz interior.
Em Joinville, o Instituto Tachibana de Aikido tem como objetivo o desenvolvimento e treinamento de pessoas com base no ensino da cultura, tradição, técnicas e filosofia oriental.
Sustentada nos princípios do budismo, confuncionismo, taoísmo e,
principalmente, do xintoísmo, a prática vem de encontro ao cultivo de
soluções por aqueles que querem se conectar consigo mesmos. “Somos
uma entidade sem fins lucrativos que trabalha com o desenvolvimento de
pessoas pelo Aikido”, explica o presidente Marcos Tavares.
Desde 2012, o Instituto Tachibana prepara integrantes da Polícia Militar, da Companhia de Patrulhamento Tático (CPT) e do Grupamento de
Radiopatrulhamento Aéreo (Graer), física e mentalmente, para uma vida
mais disciplinada, ordeira e produtiva. Eles também realizam o programa
de contenção física de pacientes,
Health Security, na ala psiquiátrica
do Hospital Regional Hans Dieter
Schmit.
“Desenvolvemos o método após
descobrirmos que aconteciam muitos casos de violência contra profissionais da saúde”, diz Marcos Tavares.
Os alunos da Escola Bolshoi também
participam de aulas voluntárias, que
procuram despertar valores éticos e
morais como respeito, amor, gratidão
e honra.
Instituto Tachibana de Aikido
Rua Xanxerê, 71 (fundos)
Saguaçu/Joinville
(47) 3028-7919 / (47) 9995-0294
[email protected]
Compromisso com o meio ambiente
Fundada em 2010, a Gaia Consultoria Ambiental se propõe a apresentar soluções ambientais aos clientes
e parceiros. Segundo a sócia Carla
Fuck, a Gaia atua nas mais diversas
áreas, auxiliando no licenciamento e
adequações necessárias, de micro e
pequenos negócios até empresas de
grande porte. “Trabalhamos em parceria com órgãos estaduais e municipais. Também atuamos em Araquari,
São Francisco do Sul, Itapoá e outras
cidades da região”, diz. Para ela, a
preocupação com a questão ambien-
28 ACIJ
tal ainda é pequena no mundo corporativo, mas ganha espaço: “Atendemos clientes que querem soluções
rápidas e buscam licenciamentos por
causa da fiscalização, por exemplo.
Queremos trabalhar com eles a ideia
da prevenção”.
Após a contratação dos serviços,
a empresa recebe a visita dos consultores, para identificar necessidades.
Depois, é feito um levantamento de
dados e as informações são analisadas. Carla, que preside o Núcleo de
Consultoria Ambiental da Acij, ressal-
ta que o grupo cumpre importante
papel para chamar a atenção quanto
aos cuidados com o meio ambiente.
“São profissionais muito comprometidos. Vamos começar agora visitas
aos outros núcleos para apresentar
nossas atividades”, afirma.
Gaia Consultoria Ambiental
Rua Carlos Klinger, 50, sala 4
Saguaçu/Joinville
(47) 3439-2630
[email protected]
[email protected]
Rótulos selecionados da França
Sabores
franceses
Mais de 100 rótulos de vinhos de
todas as regiões da França disponíveis para os apreciadores de
Join­ville, e com valores diferenciados. Essa é a proposta do Empório
Mundo. A empresa surgiu do descontentamento de seu fundador, o
francês Didier Simon, com a qualidade e o preço das garrafas que
encontrava por aqui. “Ele começou
a importar diretamente de alguns
amigos, por acreditar no mercado
joinvilense”, informa Maria Clara
Vergner, coordenadora de vendas.
São realizadas duas viagens por
ano para trazer os mais diferentes
produtos: “Queremos nos tornar
uma referência nacional. Trabalhamos com a importação direta,
vamos até lá e depois vendemos
diretamente para os clientes. Não
há intermediários, o que faz com
que tenhamos vinhos melhores e
mais acessíveis”.
De acordo com Maria Clara,
a preocupação maior do Empório Mundo está na qualidade dos
produtos oferecidos. “Sempre que
dispomos de recursos, investimos
mesmo é em vinhos. Também estamos aumentando o espaço interno
da empresa”, comenta. Dentre os
destaques da loja, a coordenadora
cita quatro rótulos de um produtor
próximo à Alemanha: “Ele trabalha
há quatro gerações com vinhos
orgânicos de alta qualidade. São
bebidas muito apreciadas na Alemanha. Acredito que aqui, por causa da ascendência germânica, fará
bastante sucesso”.
Joicargo Transportes Integrados
Criada em agosto de 1991, teve
como objetivo inicial atender
empresas exportadoras e
importadoras com cargas de
pequenos portes, principalmente
aéreas. Com o tempo, especializouse também em transportes de
contêineres nos portos do Sul do
Brasil. Tem sede em Joinville e filiais
em Itajaí e São Francisco do Sul e há
mais de 20 anos presta serviços às
principais empresas do Estado.
Rua Lages, 120. Centro/Joinville
(47) 3433-1911
www.joicargo.com.br
Empório Mundo
Alameda Rolf Colin, Bloco B, ADM 1
Condomínio Parco Perini/Joinville
(47) 3439-4294
[email protected]
Activas Plásticos Industriais
Atuante há mais de 25 anos no
mercado brasileiro, comercializa e
distribui resinas termoplásticas das
principais petroquímicas do Brasil e
do mundo.
Rua Dona Francisca, 8300
Perini Business
Pirabeiraba/Joinville
(47) 3437-5001
www.activas.com.br
O poder do pequeno
A vontade de realizar um trabalho diferenciado, focado em design e branding, foi o que motivou a criação do Estúdio Bora. “Saímos de uma agência para montar o negócio do nosso jeito. Por sermos novos, nossa dificuldade, no início, foi alcançar as grandes empresas”, relata Tábata Funk,
sócia-proprietária.
Há três anos, o Estúdio desenvolve embalagens, redesign de marcas
e design gráfico. “Um dos nossos diferenciais é a proximidade com os
clientes. Na maioria das agências, o dono vai lá, fecha o negócio e passa
o atendimento para um funcionário. Como somos apenas duas pessoas
na empresa, eles falam direto conosco”, destaca. Outro ponto que Tábata
destaca é trabalho em home-office: “Vamos direto a quem nos contrata”.
Estúdio Bora
(47) 3025-4078, [email protected]
29 ACIJ
Fábrica Brasileira de Moldes
Sua área de atuação é a solução
em ferramentais para a indústria.
Fornece ferramentais que geram
diferenciais à indústria de
transformação.
Rua Bruno Germano Ponick, 184
Bom Retiro/Joinville
(47) 3043-5080
www.fbmoldes.com.br
Delima Advogados Associados
O escritório atua nas áreas de
direito tributário, empresarial e civil,
entre outras. Em sua apresentação,
enfatiza a busca da constante
qualificação de seus profissionais,
formando uma equipe sólida.
Rua Conselheiro Arp, 80
América/Joinville
(47) 3025-5655
www.delima.adv.br
REVISTA 21 29
5 TOQUES
FÁBIO ABREU
VIAGEM
Como se preparar para visitar a Alemanha
Seja para os fãs da Oktoberfest, aos interessados na história de nossos antepassados ou nas incríveis paisagens, a Alemanha atrai turistas de todo o mundo, incluindo milhares de brasileiros. Para tornar a viagem mais tranquila, o blogueiro Gustl Rosenkranz listou dicas para quem está pensando em fazer as malas e se aventurar no outro país.
1
Burocracia
Não deixe para cuidar de formalidades importantes na última hora. Lembre-se de que imprevistos sempre podem ocorrer – e alguns podem exigir algum tempo para ser resolvidos. Pesquisar
preços de passagens com a máxima antecedência, por
exemplo, aumenta a chance de encontrar uma promoção boa e economizar.
2
Paladar
É preciso libertar o paladar para conhecer a culinária alemã, que por sinal é muito diversificada
e oferece opções para todos os gostos. Quem
quiser só comida brasileira convencional vai encontrar
dificuldades.
3
Informe-se
Existem inúmeros blogs e sites com informações
sobre a Alemanha, mas é preciso selecionar as
fontes de pesquisa para evitar que você se baseie
30 ACIJ
em dados desatualizados. Busque contato com brasileiros que já passaram pela experiência. No Facebook, por
exemplo, é possível trocar ideias em grupos como “Alemanha para brasileiros”.
4
Conheça a cultura
Muita coisa na Alemanha é diferente do Brasil.
Apesar de ser um país geograficamente pequeno, as diferenças regionais são marcantes.
A cultura e a mentalidade podem mudar de região
para região, e até mesmo o idioma, pois são falados
diversos dialetos.
5
Custo
Antes de embarcar, planeje com cuidado seus
gastos. Calcule quanto tempo ficará e quanto
gastará por dia com acomodações, transporte,
refeições e atividades de lazer. É importante definir
a região que tem intenção de visitar e como imagina
aproveitar a estadia.
31
ACIJ
REVISTA 21
31
OBJETOS DE DESEJO
Nesta edição especial, a Revista
21 traz música, bebida, culinária e
produtos de fabricantes tradicionais
da Alemanha.
200 ANOS DE TRADIÇÃO
Há cerca de 200 anos, a cerveja Weiss era
fabricada somente pela família real da Baviera.
Em 1872, com o declínio do estilo cervejeiro,
a exclusividade acabou. Em Munique, nasce
a Weissbierbrauerei G. Schneider & Sohn
(Georg Schneider e Filhos), que produzia a
Weiss desde 1607. Após 143 anos, a família
continua comandando a cervejaria, com Georg
IC Scheneider à frente da fábrica, localizada em
Kelheim, perto de Munique. Fácil de se encontrar
em supermercados e cervejarias.
Seus rótulos
estão entre
os melhores
produzidos na
Alemanha
Preço estimado: R$ 20 (diversos sabores)
Kraftwerk Publication
A Biografia
368 páginas
R$ 52
Editora Pensamento
PRECURSORES DA DANCE MUSIC
Formado em 1970 em Düsseldorf, o Kraftwerk
é tido como precursor de toda a dance music
moderna. Kraftwerk Publikation é muito mais
do que a biografia de um grupo sem paralelo
na história. Com contribuições de Wolfgang
Flür e Karl Bartos, bem como de outros exintegrantes da banda e artistas do mundo da
música eletrônica, o autor David Buckley conta,
numa linguagem ágil e jornalística, como um
“bando de esquisitões” ligados à cena de música
de vanguarda alemã acabou se tornando os
improváveis “Lords da Música Eletrônica” pop
moderna e se mantendo na ativa até hoje, com
uma agenda de shows lotada.
32
ACIJ
NAS PARADAS DOS ANOS 70
Can, uma das principais bandas do gênero Krautrock,
surgiu no final dos anos 60, sendo pioneira no uso
de loops e colagens sonoras, antecipando o conceito
do sampler. O álbum “Ege Bamyasi”, lançado em
novembro de 1972, contém um dos singles, “Spoon”,
que chegou à lista das dez músicas mais ouvidas
na Alemanha na época. O álbum é citado como
influência de artistas como Stephen Malkmus, do
Pavement, Thurston Moore, do Sonic Youth, e Geoff
Barrow, do Portishead.
$18,87 (vinil)
www.amazon.com.br
GESINE PETTER/FOTEX
ROLF KRAHL
FOTOS: DIVULGAÇÃO
PERFEIÇÃO NA ESCRITA
Em 1761, em Stein, no Sul da Alemanha, o marceneiro Kaspar
Faber inventou o lápis de grafite. Mal imaginava ele que sua
pequena fábrica viraria uma das maiores fabricantes de lápis
do mundo, a Faber-Castell, que desde 1978 é administrada pelo
conde Anton-Wolfgang Von Faber-Castell, a oitava geração.
Hoje, além de lápis, canetas, marcadores e borrachas, a marca
apresenta produtos e acessórios especiais para escrita, na linha
de luxo Graf Von Faber-Castell, que disponibiliza canetas tinteiros,
rollerball, esferográficas e lapiseiras especiais.
Preços variados
www.graf-von-faber-castell.com.br
SANDÁLIA DO ALEMÃO
No mercado de sapatos desde 1774,
a marca alemã Birkenstock traz um
típico calçado do país: sandálias
largas, confortáveis e ecológicas.
As palmilhas são feitas de cortiça
e de látex natural. Os contornos
de um pé saudável garantem a
distribuição de peso adequada. O
“toe bar” permite que os dedos
dos pés fiquem confortavelmente
ajustados, estimulando a circulação
e ajudando a manter o equilíbrio.
O relevo do calcanhar proporcionar
estabilidade. Essa tecnologia
BOA COZINHA
“Gute Küche”, em alemão, significa
“boa cozinha”, e foi este o nome
escolhido pela família Schramm
para o seu restaurante colonial, em
atividade desde 1991. Localizada
na Estrada da Ilha, em Joinville a
casa trabalha com almoço, bufê de
café colonial e jantar. No cardápio
à la carte, comidas típicas como
marreco, Eisben (joelho de porco),
Würstplate (salsicha Bock) e
Scwartzauer (sopa preta).
Restaurante Gute Küche
Rua Eugênio Ernesto Kunde, 1100
(acesso pelo viaduto de Pirabeiraba).
(47) 3424-1404 ou 3424-1077
mantém a coluna e as pernas
alinhadas e, consequentemente,
garante uma postura saudável e
confortável.
Preços variados
www.birkenstock.com.br
Dicas para os “Objetos de desejo” da próxima edição? Escreva para [email protected]
33 ACIJ
REVISTA 21 33
BRIEFING
ROBERTO STUCKERT FILHO
Chanceler foi recebida pela presidente Dilma: cooperação em várias frentes
BRASÍLIA
Angela Merkel veio abrir
portas para investidores
Um mês antes do Encontro Econômico Brasil-Alemanha, a chanceler Angela
Merkel esteve em Brasília, acompanhada por sete ministros e cinco secretários
de Estado. Segundo a imprensa, o governo alemão busca oportunidades de
investimento para as cerca de 1.400 empresas daquele país que operam no
Brasil. O saldo foi positivo, com a assinatura de memorandos de entendimento
em áreas como mobilidade urbana e meio ambiente, somando US$ 500 milhões em projetos. “O objetivo é intensificar a relação com a Alemanha, com
um diálogo mais constante em pontos de extrema importância no âmbito internacional”, resumiu à Folha de S. Paulo o embaixador Osvaldo Biato Junior,
diretor do Departamento de Europa do Ministério das Relações Exteriores.
Para multiplicar os recursos germânicos que desembarcam em território brasileiro,
ressalvou durante a visita o vice-ministro das Finanças da Alemanha Jens Spahn,
o requisito principal se resume à palavra segurança. “Precisamos talvez de uma
regulamentação e de um conjunto de regras que tornem o investimento um pouco
mais interessante do que poderia ser hoje”, declarou aos jornalistas, após encontro
com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
34 ACIJ
Entre outros desdobramentos,
a vinda da comitiva alemã resultou
na criação de um grupo de representantes dos dois governos para
debater formas de cooperação bilateral com o objetivo de expandir
ações sustentáveis no campo da
energia. Em paralelo, será constituído um fórum empresarial bilateral,
com participantes do setor produtivo, para dinamizar investimentos
e trocar conhecimentos e tecnologias. “Reconhecemos a existência
de um grande potencial de cooperação entre o Brasil e a Alemanha.
Temos um interesse comum, que
é obter mais sustentabilidade e
energias renováveis em nossas matrizes. Precisamos debater como
podemos intensificar esse diálogo”,
disse, após o encontro, o vice-ministro alemão de Economia e Energia,
Mattias Machnig.
HISTÓRIA
Parceiros na arte e na cultura
“Portas abertas”, o lema da Sociedade Cultural Alemã de Joinville,
tem o desafio de traduzir com germânica precisão a filosofia da entidade, fundada em 3 de outubro de
1999. Homenageando a data oficial
da reuni­ficação alemã, a Scaj se dedica a atuar de forma voluntária no
incentivo à preservação da cultura
que, majoritariamente, formou a
maior cidade catarinense – mas
recebendo em seu meio todos os
cidadãos interessados em conhecer
e compartilhar cultura, de origem
alemã ou não.
Ao longo destes quase 16 anos
de existência, a Scaj se orgulha de
uma forte atuação, especialmente
no quesito de divulgação da arte e no
reconhecimento a personalidades de
destaque na valorização da cultura
teuto-brasileira. Todo ano, três pes-
soas são eleitas para receber o troféu
que recebeu o nome de Hilda Anna
Krisch, emérita incentivadora da cultura e dedicada profissional da saúde, falecida em 1995. O troféu é obra
da artista plástica joinvilense Marli
Swarowsky e simboliza um abraço –
remetendo não apenas ao reencontro dos descendentes dos primeiros
colonizadores da região, como também à reunificação da Alemanha.
Mais de 50 personalidades e
instituições joinvilenses já receberam o troféu Hilda Anna Krisch.
Seus perfis integram o livro “Personalidades da Cultura Alemã em
Joinville”, resultado de pesquisa e
produção da jornalista Nelci Terezinha Seibel, assessora de imprensa
da Scaj. Entre os homenageados,
entidades de notável relevância e
figuras de destaque da cultura e
da política joinvilense, como Sociedade Cultural Lírica, Sociedade Rio
da Prata, Corpo de Bombeiros Voluntários, Associação de Amadores
de Orquídeas (Ajao), historiadora
Raquel S. Thiago, escritora Regina
Colin, senador Luiz Henrique da Silveira, falecido neste ano, e o atual
prefeito Udo Döhler.
No dia a dia da comunidade, a
Scaj promove os “Domingos Musicais”, todo primeiro domingo do
mês, na Casa da Memória/Cemitério do Imigrante, proporcionando concertos e apresentações de
autores germânicos e brasileiros,
com ênfase aos grupos locais.
Uma iniciativa que já se consolidou entre os joinvilenses que podem, ainda, participar de outras
atividades, como os encontros de
conversação em alemão, todas os
finais de tarde de segundas-feiras,
e a Noite Germânica, com jantar típico e atividades culturais, sempre
no mês de novembro.
DIVULGAÇÃO
Grupo FestMusik circula pela Europa: “Exportando a Cultura Joinvilense”
35 ACIJ
Nascido no mesmo ano da Scaj, o
grupo FestMusik, criado pelo bandoneonista Germano Haak, frequenta os mais tradicionais eventos de Joinville e região. Integrado,
ainda, por Daniela Haak, no piano
e acordeon, Guilherme Bächtold,
também no bandoneon, e Guilherme Périus, violinista, ex-integrante
da consagrada Orquestra Sinfônica
de Porto Alegre (Ospa), o grupo viaja à Alemanha, Áustria e Suíça, para
várias apresentações em setembro
e outubro, pelo projeto “Exportando Cultura Joinvilense”. A ideia da
turnê europeia foca no intercâmbio
cultural porque leva às apresentações música produzida em Joinville,
de autores locais, como Arinor Vogelsanger, além de canções tradicionais brasileiras. Com patrocínios da
Tigre e da Meister, a turnê prevê seis
apresentações europeias.
REVISTA 21 35
INOVAÇÃO
Prêmio para quem está na vanguarda
A Câmara de Comércio e Indústria
Brasil-Alemanha, de São Paulo (AHK-SO), anuncia no dia 12 de novembro os vencedores do 3o Prêmio Brasil-Alemanha de Inovação, iniciativa
que pretende impulsionar a visibilidade e a articulação de empresas
inovadoras de todo o Brasil. O lançamento do concurso, em agosto,
teve a participação do professor
Karlheinz Brandenburg, criador do
formato MP3, da Fraunhofer IDMT,
e de Ralf Schweens, presidente
América do Sul da Basf.
O evento teve início com o tema
“Por que inovar? ”, apresentado pelo
consultor Martin Bodewig, para
36 ACIJ
quem é necessário que as empresas
acompanhem sempre o competitivo mercado atual e, para isso, criem
modelos e valores de inovação, não
apenas como diferencial estratégico, mas atendendo à necessidade
sistemática de transformação. Ao
apresentar a importância de um
ambiente criativo, Cesário Martins,
Co-CEO da ClickBus do Grupo Rocket
Internet, destacou que o sucesso,
na nova realidade, reside na união
entre a criatividade e a conectividade – tudo mudou e segue mudando,
inovar é sempre a melhor saída e as
chamadas ferramentas móveis ilustram muito bem essa nova fase.
Os três primeiros colocados de
cada categoria vão apresentar seus
projetos durante o evento de premiação, além de ter seu trabalho
divulgado a empresas patrocinadoras e parceiros institucionais
do Departamento de Inovação e
Tecnologia. Já o primeiro lugar de
cada categoria recebe uma viagem
à Alemanha para conhecer institutos de ciência,tecnologia e inovação
e visitar uma feira dentro do seu
segmento. O 3o Prêmio Brasil-Alemanha de Inovação tem apoio e
patrocínio das empresas Basf, Bayer,
Siemens e Volkswagen.
MARCELO KUPICKI
NA FEIRA
Três semanas antes do Encontro
Econômico, dez indústrias alemãs
marcaram presença em Joinville,
durante a Intermach 2015, Feira e
Congresso de Tecnologia, Máquinas,
Equipamentos Automação e Serviços
para a Indústria Metalmecânica. O
espaço recebeu incentivo do governo
da Bavária. Uma das empresas
participantes foi a Haier, que atua
no mercado de porta-ferramentas e
acessórios para máquinas e se instalou
no Brasil em 2012. O gerente geral da
unidade brasileira fez uma visita à
BMW, animado com a perspectiva de
fechar negócios, repetindo aqui uma
parceria já existente na Alemanha.
“A BMW com certeza fortalece o
mercado regional”, comentou Kleber
Zibordi.
POLO AUTOMOTIVO
Um ano de BMW, com 10 mil carros
FOTOS: DIVULGAÇÃO
A inauguração da fábrica da BMW
em Araquari, passo decisivo para a
consolidação do polo automotivo
catarinense, completa um ano em
outubro. A comemoração chegou
antes, no dia 20 de agosto, quando a
fábrica alcançou 10 mil unidades produzidas no Brasil. Um BMW X3, que
entrou na produção no mesmo mês,
marcou a conquista. Além desse modelo, a fábrica tem em seu portifólio
o BMW Série 3, BMW X1 e BMW Série
1, todos fabricados aqui, com nível de
qualidade compatível ao de veículos
vindos de outras plantas do grupo.
A expansão não para. Até o final
do ano, a companhia pretende incluir
o MINI Countryman na linha de montagem. Em setembro, foi concluído
o projeto da fábrica, com o início da
operação das áreas de soldagem/
carroceria e pintura. Em Araquari, são
produzidos 60 veículos por dia e a unidade fabril brasileira tem capacidade
37
ACIJ
instalada para montar até 32 mil carros por ano. “Antes de completar um
ano, já respondemos pela admissão
de cerca de 600 colaboradores, além
de fomentar grande parte da cadeia
de fornecimento em Santa Catarina,
o que inclui fornecedores e parceiros
de negócios”, afirma Ricardo Santin,
gerente sênior de planejamento e
novos projetos do BMW Group Brasil.
A planta de Araquari é a 30ª unidade fabril da empresa no mundo,
em 14 países. No total, foram inves­
tidos mais de R$ 600 milhões na
estruturação do empreendimento.
O objetivo da marca é se consolidar
como fabricante nacional. Mundialmente, o BMW Group é fabricante
líder de automóveis e motocicletas
premium, comercializando seus produtos em mais de 140 nações. Em
2014, foram vendidos cerca de 2.100
milhões de automóveis e 123 mil
motocicletas em todo o mundo.
Linha de montagem produz 60
veículos/dia; Santin, gerente de
planejamento, destaca avanços
REVISTA 21 37
ROGÉRIO DA SILVA/SECOM
IDIOMA
Aumenta a procura
por cursos de alemão
“A vida é muito curta para aprender
alemão.” A bem-humorada frase atribuída ao escritor Oscar Wilde sugere
que o mergulho no idioma de Goethe
é uma missão quase impossível que
tomaria toda uma existência – e mais
um pouco. Claro que não é bem assim, embora ganhar destreza no onipresente inglês ou em línguas de raiz
latina, como francês e italiano, seja
menos complicado do que encarar
as palavras quilométricas e cheias de
consoantes dos germânicos. “O alemão é um idioma lógico e desafiador
que requer muito estudo, dedicação
e paciência”, resume a arquiteta Giselle Gurgel, dona de um blog sobre
viagens intitulado Frau Gurgel.
Levantamento divulgado em
abril deste ano pelo Ministério das
Relações Exteriores da Alemanha
mostra que, depois de cair 27% na
38 ACIJ
década de 2000, o número de alunos
da língua voltou a subir, nos últimos
cinco anos, somando 15,4 milhões
ao redor do mundo, 135 mil destes
no Brasil. Por aqui, a procura cresceu
30%, enquanto na China as matrícu­
las dobraram e na Índia, quadruplicaram. Segundo os organizadores da
pesquisa, a razão para o aumento
do interesse pelo alemão se explica
pelo aspecto econômico: a Alemanha é vista como parceiro comercial
confiável e um local atraente para
estudar. O Ministério das Relações
Exteriores anunciou o propósito de
continuar incentivando o ensino de
línguas em outros países.
Em Joinville, o interesse pelo alemão vem avançando ano a ano na
faixa de 15% a 30%, segundo escolas locais. Na unidade do Centro Europeu, que mantém o curso há seis
Duas escolas municipais de Joinville
têm aulas de alemão para as
crianças, uma como parte do currículo
e outra no contraturno
anos, a demanda ficou maior após
o anúncio da vinda da BMW para
Araquari. A diretora Lucienne Daher
Laus revela que boa parte dos alunos é formada por universitários
que desejam se preparar tanto para
o mercado de trabalho quanto para
possíveis intercâmbios. “Há também adultos que objetivam melhorar o currículo, ou mesmo que vêm
por hobby ou por terem ascendência alemã”, destaca.
Na Target Idiomas, que abriu turmas de alemão em 2008, as razões
expostas pelos alunos para se matricular são semelhantes, com uma
pequena parte revelando disposição
em resgatar as raízes familiares a
partir da compreensão do idioma.
Contudo, a diretora Luiza Meneghim
ressalva que há mais curiosidade do
que “real interesse e comprometimento”, e muitos alunos tendem
a desistir no meio do caminho, ao
perceber que o idioma exige dedicação e empenho. “Para negociar com
a Alemanha, o profissional precisa
se desenvolver no idioma. Mas é importante ter uma fala simples e bem
direcionada, para mostrar todo seu
potencial”, aconselha.
Pelo menos dois colégios da rede
municipal de Joinville oferecem aulas de alemão para a criançada. Na
foto desta página, aula da Escola
Agrícola Carlos Heins Funke. Lá, o
alemão faz parte do currículo, com
duas aulas semanas para alunos do
6º ao 9º ano. Já na Escola Hans Müller, a disciplina é no contraturno escolar e, em parceria com o governo
alemão, os alunos do 9º ano fazem
teste de proficiência no idioma.
EMPRESA
Aprimoramento
para potência
alemã dos
transportes
marítimos
Líder no segmento de transporte
marítimo de contêineres na Costa
Leste da América do Sul e uma das
maiores empresas mundiais de navegação, a alemã Hamburg Süd atraca
em Joinville para uma parceria que
visa aprimorar o controle logístico de
suas operações. A Aliança Navegação
e Logística, empresa de navegação
do Grupo Hamburg Süd que opera
navios de bandeira brasileira, assinou
contrato com a joinvilense OpenTech.
A parceria prevê a internacionaliza-
ção do sistema de gerenciamento de
risco da frota e a renovação e modernização das ferramentas e softwares
de logística da multinacional.
“Estamos contratando a OpenTech para nossa empresa de terminais
Aliança, que terá abrangência nacional, considerando que no momento
operamos em Itapoá e Manaus. A
longo prazo, temos a perspectiva de
estender a parceria para o Mercosul”,
relata Fernando Camargo, gerente
nacional de operações intermodais
da Hamburg Süd Brasil.
A companhia alemã, fundada em
1871, foi responsável pela vinda de
milhares de imigrantes para o Brasil
durante os séculos 19 e 20. No final
da década de 40, a Hamburg Süd foi
comprada pelo Grupo Oetker, que assumiu também, em 1998, a empresa
Aliança. Entre 2013 e 2014, a Aliança
reestruturou sua frota de cabotagem
com investimento de R$ 700 milhões
na compra de seis navios porta-con-
O gerente nacional de operações intermodais da Hamburg Süd Brasil, Fernando
Camargo, enfatiza que a parceria com a OpenTech vai auxiliar a multinacional a
prover serviços de qualidade. A expansão dessa parceria já está prevista nos planos
da empresa. “Estudamos também a contratação de serviços de E-Learning, com
foco nas ferramentas disponibilizadas pela OpenTech e no plano de prevenção de
acidentes”, explica Camargo.
têineres. Hoje, a empresa conta com
13 navios em operação, com atendimento em 15 portos de Buenos
Aires até Manaus.
Especializada no desenvolvimen­
to de softwares para gestão logística e gerenciamento de riscos em
transportes, a OpenTech explorou
sua capacidade de adequar serviços
de acordo com as regras específicas
para o controle de contêineres da
Hamburg Süd e, assim, garantiu o
negócio. Segundo o diretor comercial Eduardo Oliveira de Sousa, a
multinacional contará com vários
diferenciais. Um deles é a OpenUni­
versidade. “Além da ferramenta no
formato atual, com os recursos já
disponíveis, o cliente terá acesso a
trilhas específicas para seus treinamentos. Vamos adaptar o produto para atender tanto as rotinas
e procedimentos dos operadores
que prestam serviço à Aliança e à
Hamburg Süd no Brasil quanto às
determinações da própria empresa
e de seus clientes”, informa Souza.
Referência no mercado, a OpenTech
aposta em profissionais experientes, alta tecnologia e excelência no
atendimento para garantir saltos de
crescimento empresarial e qualidade na prestação de serviços.
DIVULGAÇÃO
Empresa brasileira do grupo Hamburg Süd contratou a joinvilense OpenTech para o controle logístico das operações
39 ACIJ
REVISTA 21 39
FORMAÇÃO
Programa oferece bolsas na Alemanha
Uma chance de ouro para temperar
a carreira profissional na Alemanha
está no programa Bolsa Chanceler
Alemã para Futuros Líderes do Brasil.
Assinada pela Fundação Alexander
von Humboldt, com apoio da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha e do Consulado Geral da Alemanha em São Paulo, a edição 2016
da iniciativa fechou no dia 15 de setembro o período de inscrições para
as dez vagas oferecidas. O programa
começa no dia 1º de outubro do próximo ano, com um ciclo de quatro
semanas em Bonn e Berlim. A primeira atividade prevista é um intensivo
de alemão. Na sequência, os partici-
40 ACIJ
pantes desenvolvem seus projetos
de pesquisa. A bolsa tem duração de
doze meses e rende auxílio mensal de
2.150 a 2.750 euros. Tem mais: cursos
adicionais de alemão, suporte para a
família acompanhar o bolsista e despesas com viagem.
Promover pessoas e projetos com
investimentos da Alemanha, incentivando o intercâmbio multicultu-
ral, é o objetivo principal do Futuros
Líderes. “Pelo fato de o Brasil só ter
entrado no projeto recentemente, o
número de bolsistas contemplados
ainda não é tão grande, mas a ideia é
que muitos se beneficiem, impulsionando suas carreiras e fortalecendo
o relacionamento Brasil-Alemanha”,
afirma Damian Grasmück, responsável pela seleção dos participantes.
Além do Brasil, o programa é destinado a jovens pesquisadores da China, Índia, Rússia
e Estados Unidos. Por ano, são 50 jovens líderes que têm a oportunidade de colocar em
prática seus projetos, patrocinados pela Alemanha. Para o consultor Celso de Camargo
Campos, da Apex Executive Search, este tipo de experiência abre portas na vida profissional. “Entre as competências do líder, estão a disponibilidade e o engajamento com sua
formação, que é ponto de partida para o sucesso futuro”, aconselha.
FOTOS: ANDRÉ KOPSCH
Programa reuniu cerca de 100 motoristas; na foto abaixo, a simulação de visita feita no Perini
TURISMO
Perini e Convention
Bureau capacitam taxistas
Em outra iniciativa visando preparar a casa para o Encontro Econômico, o Perini Business Park rea­
lizou uma simulação de visita ao
complexo. No dia 31 de agosto, um
grupo participou da atividade, que
contou com apresentações, receptivo na Siemens Healthcare e tour
pelo condomínio. Toda a programação ocorreu em inglês.
41
ACIJ
Antes mesmo de chegar ao balcão do
hotel para se hospedar, logo que põe
os pés na cidade, o turista de negócios costuma se encontrar com um
personagem que, talvez sem perceber, é o seu primeiro anfitrião. Cabe
ao motorista de táxi deixar aquela
primeira impressão que ajuda a construir uma imagem positiva diante do
turista que, em geral, veio com a intenção de desenvolver algum projeto.
“Se ele é bem recebido, começa a somar pontos para a decisão”, resume
Jonas Tilp, diretor do Perini Business.
O Perini e o Convention & Visitors Bureau promoveram, em agosto,
uma ação com o intuito de capacitar
os taxistas, tendo em vista o Encontro Econômico Brasil-Alemanha. Em
três sextas-feiras, mais de 100 motoristas foram recebidos no complexo
para uma palestra cheia de dicas prá-
ticas, como a importância de fornecer informações úteis sobre a infraestrutura de Joinville para o passageiro
que não conhece a cidade.
Os participantes receberam uma
cartilha com alguns termos em inglês
e alemão, para procurarem entrar
em sintonia com o cliente. “Temos
intenção de dar continuidade a esse
trabalho, mantendo uma rotina de
capacitações para taxistas. São eles
os primeiros a ‘vender Joinville’”, sublinha Tilp. “Iniciativas como essa contribuem para que o turista possa ter
uma experiência positiva, além de
permitir um diferencial competitivo”,
avalia Giorgio Souza, do Convention
Bureau. “O treinamento é fundamental para uma melhor abordagem dos
nossos passageiros, capacitando o
motorista”, concorda Fernando Luís
da Silva, da cooperativa Rádio Táxi.
REVISTA 21 41
De onde viemos
Catalogadas e traduzidas pelo Arquivo Histórico de
Joinville, as listas de embarque de imigrantes que
vieram da Europa para Joinville entre 1851 e 1902
mostra que 20.060 pessoas atravessaram o Oceano
Atlântico para tentar uma nova vida na Colônia
Dona Francisca, empreendimento capitaneado pelo
senador alemão Mathias Schroeder, que comprara
do Príncipe de Joinville terras no Norte catarinense.
Arrendada em lotes para os imigrantes, a Colônia logo
se transformou com o espírito empreendedor dos que
aqui chegaram e se tornou município em 1868.
Origens mais citadas
Ao chegar à Colônia, os imigrantes deveriam declarar
de onde vieram. A grande maioria saiu do Norte da
Europa, com destaque para a Alemanha
Prússia7.367
Boêmia2.078
Saxônia1.932
Pomerânia1.333
Áustria997
Alemanha769
Holstein670
Hannover545
Rússia481
Silésia397
Suécia389
Hamburgo369
FONTES: “LISTA DOS IMIGRANTES DA BARCA COLON”, TRADUÇÃO DE
MARIA THEREZA ELIZA BÖBEL E HELENA REMINA RICHLIN (EM WWW.
ARQUIVOHISTORICOJOINVILLE.COM.BR, O LEITOR ENCONTRA AS LISTAS COM TODOS
OS PASSAGEIROS QUE MIGRARAM PARA JOINVILLE, DE 1851 A 1902)/"HISTÓRIA DE
JOINVILLE, CRÔNICA DA COLÔNIA DONA FRANCISCA”, DE CARLOS FICKER/”JOINVILLE,
OS PIONEIROS”, DE MARIA THEREZA ELIZA BÖBEL E RAQUEL S. THIAGO
A chegada dos imigrantes, ano a ano
1851
52
53
54
55
56
57
58
59
1860
61
62
63
64
65
66
67
68
69
1870
71
72
73
74
75
76
77
78
79
1880
81
82
83
84
85
86
87
88
89
1890
91
92
93
94
95
96
97
98
99
1900
01
02
No primeiro ano, 396
pessoas migraram
para a colônia
Em 10 anos, a
colônia recebeu
4.109 pessoas
Joinville vira
município
em 1868
1.206 pessoas a
mais na cidade
em 1873: recorde
Em 1876, ano em
que recebe 951 novos
imigrantes, Joinville
supera os 10 mil
moradores
385 imigrantes em
média, por ano, no
período
Durante seis anos,
paralisação do fluxo
migratório
Os pioneiros: a lista dos 125 imigrantes da Barca Colon
EM CINZA, OS PASSAGEIROS QUE MORRERAM DURANTE A TRAVESSIA
l AULFES, Wilbrand, 46 anos, tecelão, protestante, veio de Oldenburgo com
a esposa Henriette, 46 anos, e o filho Hermann Heinrich, 15 anos.
l BARLAGE, Friedrich, 28 anos, jardineiro, católico, veio de Oldenburgo.
l BARRING, Caroline Anna, 28 anos, não declarou profissão, religião e
origem.
l BAUER, Babtist, 24 anos, alfaiate, católico, veio da Suíça.
l BOCKELMANN, Johann Hermann, 47 anos, tecelão, protestante, de
Oldenburgo, com a esposa Helena Catharina, 33 anos, e os filhos Heinrich, 6
anos, e John Rudolph, 9 meses.
l BÖHMANN, Anna Maria, 22 anos, não declarou profissão, protestante,
com Wilhelmine, 21 anos, profissão não declarada, protestante, e Maria, 25
anos, profissão não declarada, protestante. Maria trouxe, clandestinamente,
a filha de colo Hermine Morell. Vieram de Oldenburgo.
l BÖLICKE, Johann Carl Emil, 28 anos, boticário, não declarou religião, da
Prússia.
l BRACHMANN, Wilhelm, 31 anos, tecelão, protestante, veio de
Oldenburgo.
l ENGEL, Herm. Heinrich, 25 anos, lavrador, protestante, Oldenburgo, com
42 ACIJ
a esposa Margaretha, 29 anos, e os filhos Margaretha Johanna, 5, e Cath.
Wilhelmine, 2 anos.
l FREUDENBERG, Rudolph, 42 anos, lavrador, protestante, veio de
Oldenburgo, com a esposa Margaretha Dorothea, 36, e os filhos Ernst
Heinrich, 13, Johanna Mari, 11, Catharina Margaretha, 8, Hermann Heinrich,
4, Adelheid, 9 meses.
l GILGEN, Christian, 37 anos, lavrador, veio da Suíça com a esposa Anna,
30, e os filhos Christian, 16, Maria, 14, Anna, 12, Magdalena, 9, Elisabeth, 5,
Friedrich, 1.
l HEITLAGE ou HEIDLAGE, Friedrich, 25 anos, alfaiate, de Oldenburgo,
protestante.
l HUMMERT, Gerhard, 25 anos, lavrador, veio de Oldenburgo, católico.
l LANGENEGGER, Heinrich, 32 anos, lavrador, veio da Suíça, protestante.
l LODER, Wilhelm, 36 anos, mecânico, veio da Suíça, protestante, com a
esposa Jenney, 30, e os filhos Mathilde, 11, Wilhelm, 9, Carl, 7, Caecilie, 5,
Henriette, 1 e meio.
l MAECHLER, Joseph, 40 anos, lavrador, veio da Suíça, católico, com a
esposa Anna Maria, 44, e os filhos Franziska, 10, e Philemine, 6 meses.
1.000 KM
61 lavradores
noruegueses que
tentariam a sorte
na Califórnia foram
contratados no
Rio de Janeiro e
se juntaram aos
passageiros da
Colón
Trondheim
S. BEREND
SOHN/WIKI
PEDIA
NORUEGA
Mar do
Norte
Cuxhaven
Hamburgo
Oldenburgo
Schwarzburgo
ALEMANHA
A primeira leva
Siblingen
Em 4 de janeiro de 1851, a Barca Colon,
com 125 passageiros – 76 embarcados
em Hamburgo e 48 em Cuxhaven –,
inicia a travessia do Oceano Atlântico,
que termina 62 dias depois. Às 18
horas de 6 de março, 118 dos 125
passageiros – sete morreram durante a
viagem – chegam à Baía da Babitonga.
Três dias depois, seriam os primeiros
moradores da Colônia Dona Francisca.
Cuxhaven
em
SUÍÇA
1850.
Perfil
Maioria dos passageiros da Colon era da suíça Siblingen,
fronteira com a Alemanha. Havia mais mulheres que
homens, e estas, junto às crianças com menos de 15 anos,
formavam 73% do grupo
Origem
Siblingen80
Oldenburgo41
Hamburgo1
Schwarzburgo1
Prússia1
Não declarado 1
Oceano Atlântico
Limites da Colônia
Atual zona urbana
Bacia do
Cachoeira
Baía da
Babitonga
Ilha de São
Francisco
BRASIL
Gênero
Homem61
Mulher64
Faixa etária
Até 14 anos
15 a 24
25 a 34
35 a 44
55 a 44
55
19
19
19
5
10KM
Joinville
Veleiro de
três mastros
similar à
Barca Colon
l MORELL, Christel, 38 anos, tecelão, Oldenburgo, protestante.
l MORELL, Rudolph, 27 anos, tecelão, Oldenburgo, protestante.
l MÖRKING, Heinr., 21 anos, tecelão, veio de Oldenburgo, protestante.
l MÖRIKOFER, Carl, 37 anos, lavrador, Suíça, protestante, com a esposa
Magdalena, 36, e os filhos Carl, 8, Caroline, 7, Eduard, 5, e Maria, 3.
l MÜLLER, Johann, 56 anos, lavrador, protestante, veio da Suíça, com a
esposa Anna, 35, e os filhos Anna, 23, Barbara, 20, Verena, 19, Elisabeth, 17,
Ursula, 12, Maria, 10, e Sebastian, 7.
l MÜLLER, Georg, 26 anos, lavrador, veio da Suíça, protestante.
l ROSKAMP, Joh. Heinr, 40 anos, tecelão, veio de Oldenburgo, protestante,
com a esposa Adelheid, 42, filhos Herm. Heinr., 19, Anna Maria, 17, Johanna
Carolina, 14, Hermann Rudolp, 7, Heinrich Wilhelm, 7, Friedrich Carl, 4, e
Heinrich Carl, 9 meses.
l SCHACK, Johann Wolfgang, 25 anos, lavrador, veio de Schwarzburgo,
protestante.
l SCHELLING, Alexander, 54 anos, lavrador, veio da Suíça, protestante, com
a esposa Barbara, 44, e os filhos Jacob, 14, Barbara, 12, Balthasar, 10, Conrad,
5, e Jacob, 14.
43 ACIJ
l SCHMIDLI, Bartholomaeus, 44 anos, lavrador, da Suíça, protestante, com
a esposa Elisabeth, 43, e filhos Beat, 20, Jacob, 17, Anna, 11, Johann, 9, e
Barbara, 6.
l SCHMIDLI, Johann, 28 anos, lavrador, veio da Suíça, protestante.
l STORRER, Gottlieb, 28 anos, lavrador, da Suíça, protestante.
l TANNER, Conrad, 45 anos, lavrador, da Suíça, com a esposa Elisabeth, 42,
e filhos Franz, 19, Barbara, 18, Anna, 17, Marie, 14, Balthasar, 11, Elisabeth, 9,
Verena, 5, Ursula, 3, e Margaretha, 4 meses.
l ULM, viúva, 42 anos,não declarou profissão, veio de Oldenburgo,
protestante, com os filhos Friedrich, 11, Heinrich, 7. Herm.
l VÖLCKER, Heinrich, 23 anos, sapateiro, veio de Oldenburgo, católico.
l WEBER, Sebastian, 35 anos, lavrador, da Suíça, protestante, com a esposa
Anna, 40, e filhos Sebastian, 15, Georg, 13, Barbara, 11, Anna, 9, e Ursula, 2.
l WEBER, Conrad, 41 anos, lavrador, veio da Suíça, protestante, com a
esposa Barbara, 41, filhos Ursula, 19, Jacob, 18, Anna, 10, Elisabeth, 10, e
Barbara, 2.
l WEBER, Jacob, 22 anos, lavrador, Suíça, protestante.
l WEBER, Jacob, 32 anos, lavrador, Suíça, protestante
REVISTA 21 43
44 ACIJ
45 ACIJ
REVISTA 21 45
ENCONTRO ECONÔMICO
BRASIL | ALEMANHA.2015
Bandeiras da parceria
Por Mayara Pabst e Letícia Caroline
Uma relação intrínseca que remete ao período da colonização do Brasil – e até hoje tem forte impacto cultural e econômico. Assim pode
ser descrita a familiaridade entre Brasil e Alemanha. Aproximadamente 1.400 empresas germânicas atuam em território brasileiro e
a Alemanha é, também, uma das principais parceiras comerciais em
exportação e importação. Para estimular o fortalecimento dos vínculos entre as duas nações, foi criado o Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), que chega a Joinville neste ano, em sua 33a edição.
A proximidade cultural e econômica entre o município e o país europeu contribuiu para a escolha de Joinville como sede do evento e
poderá servir como trunfo no momento de aproximar relações. Quinto principal destino das importações alemãs para o Brasil, Join­ville já é
o terceiro município de Santa Catarina que mais exporta para o país.
Durante o EEBA 2015, a expectativa é aprofundar ainda mais esses
laços e abrir um leque de oportunidades para empresários brasileiros
e alemães. As próximas páginas apresentam os principais fatores que
alimentam a relação bilateral entre Brasil e Alemanha, sob a perspectiva de Joinville.
46 ACIJ
DIVULGAÇÃO
REVISTA 21 47
47 ACIJ
FOTOMONTAGEM: FÁBIO ABREU
DIVULGAÇÃO
A relação bilateral entre Brasil e Alemanha remete ao período da colonização: em 1822, o major Jorge
Schaeffer foi enviado por Dom Pedro
para as cortes alemãs e de Viena,
com a missão de recrutar colonos e
soldados para o Corpo de Estrangeiros do Rio de Janeiro. Em 1824, promulgada a Constituição, os primeiros
imigrantes alemães começaram a
desembarcar no Rio Grande do Sul. Já
a primeira grande companhia instalada foi a Siderúrgica Mannesmann,
em 1954. Percebendo a importância
de alimentar esse relacionamento
e a necessidade de fortalecer tais
vínculos, em 1974, a Confederação
Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Federation of German
Industries (BDI), realizou a primeira
edição do Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), em Brasília. O
evento passou a ser promovido todos os anos, intercalando-se entre os
dois países, até chegar a Joinville em
setembro de 2015.
A articulação para que Santa
Catarina recebesse novamente o
encontro ocorreu antes da edição de
Hamburgo, no ano passado. Florianópolis (em 1994) e Blumenau (2007) já
haviam sido sedes. O prefeito de Joinville, Udo Döhler, uniu-se ao senador
Luiz Henrique da Silveira para apresentar a proposta aos organizadores.
Outros Estados já concorriam, como
a Bahia, mas Joinville acabou sendo
anunciada durante o EEBA 2014. “A
escolha se deu, seguramente, pelo
bom relacionamento que a cidade
tem com a economia alemã, em especial pelas indústrias instaladas na
região, como Siemens, Bosch e BMW.
Além disso, Joinville tem muito potencial para novos investimentos,
somado à forte influência da colonização germânica”, ressalta Udo.
Ao mesmo tempo em que é
um reconhecido polo econômico,
tecnológico e industrial, Joinville se
sobressai pela vocação para o turis-
48 ACIJ
Glauco Côrte, presidente da Fiesc (no alto): laços econômicos essenciais
para a ação internacional de Santa Catarina; Carlos Abijaodi, da CNI:
intensificar o diálogo bilateral e evoluir em temas de interesse comum
mo de negócios. “Com isso, foi possível ter o cenário ideal para o principal
objetivo do encontro: intensificar o diálogo bilateral e evoluir nos temas
de interesse comum, como investimento, cooperação, internacionalização
competitiva das pequenas e médias empresas e facilitação do comércio entre os dois países”, observa Carlos Abijaodi, diretor de desenvolvimento da
CNI. Às vésperas do Encontro Econômico, em 20 de setembro, está previsto
um simpósio sobre desafios e oportunidades para o investidor alemão no
Brasil, que vai discutir temas como a segurança jurídica que o país oferece
ao empreendedor estrangeiro, regras para fusões e aquisições e perspectivas nos setores de infraestrutura e saúde.
A mobilização para garantir que Joinville pudesse hospedar o EEBA também
contou com a atuação da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), que
aproveita o evento para comemorar 65 anos de fundação. Na visão de Glauco José
Côrte, presidente da Fiesc, o aprofundamento dos laços econômicos com a Alemanha e a União Europeia se tornou essencial para trajetória de crescente integração
internacional do Estado.
RELAÇÕES COMERCIAIS
VALORES EM US$ MILHÕES
EXPORTAÇÕES
IMPORTAÇÕES
BALANÇA COMERCIAL EM 2014
Do total de importações, 22,5% do
montante que Joinville comprou veio da
Alemanha: US$ 446,7 milhões
JOINVILLE COMPRA E VENDE MENOS EM 2015
Vendas para a Alemanha tiveram desempenho
similar ao de 2014, mas importações caíram 59,4%
Quanto Joinville vendeu para a Alemanha
JAN/JUL 2014
17.189.224
JAN/JUL 2015 16.999.249
446,7
350
300
250
200
150
57,1
100
Quanto Joinville trouxe da Alemanha
JAN/JUL 2014 291.617.988
JAN/JUL 2015 118.310.228
50
0
42,7
06
30,8
07
08
09
10
11
12
13
14
POR ONDE JÁ PASSOU O ENCONTRO BRASIL-ALEMANHA
Dez cidades alemãs e 11 brasileiras, antes de Joinville, já receberam o
encontro. Brasília lidera, com oito eventos. Bonn vem logo atrás, com seis
1974: BRASÍLIA
1975: BONN/KÖLN
1976: STUTTGART
1977: BONN
1978: BRASÍLIA
1979: BONN
1980: BRASÍLIA
1981: HAMBURGO
1982: BRASÍLIA
1983: BONN
1984: BRASÍLIA
1985: BONN/KÖLN
1986: BRASÍLIA
1987: MUNIQUE
1988: BRASÍLIA
1089: BONN/KÖLN
1990: BRASÍLIA
1991: BERLIM
1992: PORTO ALEGRE
1993: LEIPZIG
1994: FLORIANÓPOLIS
1995: SÃO PAULO
1996: DRESDEN
1997: RIO DE JANEIRO
1998: MUNIQUE
1999: BELO HORIZONTE
2000: POTSDAM
2001: CURITIBA
2002: HAMBURGO
2003: GOIÂNIA
2004: STUTTGART
2005: FORTALEZA
2006: BERLIM
2007: BLUMENAU
2008: COLÔNIA
2009: VITÓRIA
2010: MUNIQUE
2011: RIO DE JANEIRO
2012: FRANKFURT
2013: SÃO PAULO
2014: HAMBURGO
2015: JOINVILLE
Fortaleza
Brasília
Goiânia
Belo Horizonte
Vitória
Rio de Janeiro
São Paulo
Curitiba
Blumenau
Joinville
Florianópolis
Porto Alegre
Visitas a empresas inovadoras
Com a escolha da cidade-sede
anunciada, iniciou-se um trabalho
conjunto para organizar a programação do evento. Os temas se relacionam aos interesses da agenda
bilateral e do setor privado de ambos os países. Em Joinville, algumas empresas, com experiências
inovadoras e práticas que agregam
valor ao processo produtivo, serão
visitadas. Glauco Côrte, da Fiesc,
afirma que esse roteiro é parte
importante do encontro, ao permitir que os alemães tomem contato com indústrias, empresários
e profissionais. “É a oportunidade
49 ACIJ
de mostrarmos que temos produtos de ponta, investimos muito
em tecnologia, inovação e na formação de nossos trabalhadores”,
destaca. Estão no circuito o Porto
de Itapoá, o Senai Joinville, a BMW
e a Siemens Healthcare.
Neste ano, um dos diferenciais
será o acompanhamento das comitivas que demonstrarem interesse
em conhecer Joinville mais de perto. De acordo com Udo Döhler, os
organizadores perceberam que, até
então, os contatos estratégicos se
limitavam aos dois dias de evento
e, por isso, a necessidade de estrei-
tar os laços para a efetiva geração
de negócios. Assim, a partir do encontro de Hamburgo, essa troca de
informações passou a ser feita para
organizar visitas com as comitivas
interessadas. O processo será monitorado pelo secretário de desenvolvimento econômico de Joinville,
Danilo Conti.
Já a Câmara Brasil-Alemanha,
outro parceiro na realização do encontro, preparou dois momentos
que devem marcar de forma especial
o evento. O Prêmio Personalidade
Brasil-Alemanha, promovido há 21
anos, e o 1º Prêmio Brasil-Alemanha
REVISTA 21 49
DIVULGAÇÃO
de Jornalismo. Como personalidades, serão reconhecidos o alemão
Heinz Hermann Thiele, presidente
do conselho do grupo Knorr-Bremse, líder na fabricação de sistemas
de freios para veículos ferroviários e
comerciais, e, pelo Brasil, Weber Porto, presidente da regional América
do Sul e Central da Evonik, uma das
maiores empresas de especialidades
químicas do mundo. No prêmio de
jornalismo, Hildegard Stausberg, correspondente do jornal Die Welt para
América Latina, será homenageada.
A ideia é que os vencedores do prêmio de jornalismo sejam intercalados entre os dois países nas próximas edições. “Esses eventos surgem
sempre como oportunidade para
que diversas personalidades políticas e empresariais possam discutir
e definir os próximos passos para
o futuro das relações entre os dois
países”, reforça Eckart Michael Pohl,
diretor de comunicação Mercosul da
Câmara Brasil-Alemanha.
DIVULGAÇÃO
Döhler esteve na Alemanha, buscando trazer o evento para Joinville
Uma parceria focada no futuro
A Alemanha é quarto maior parceiro econômico do Brasil. São aproximadamente 1.400 empresas alemãs atuando no país. Isso levou o Brasil a
ser incluído na lista de “relações de alto nível” que, entre os emergentes,
contemplava apenas China e Índia. Em agosto, a presidente Dilma Rousseff e a chanceler Angela Merkel deram mais um passo para fortalecer o
relacionamento, inaugurando o mecanismo de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível, para dinamizar o diálogo político bilateral e permitir o reforço da cooperação econômica, tecnológica e comercial nas áreas
consideradas prioritárias para o Brasil.
Udo Döhler esteve na reunião para convidar as duas governantes para o encontro
de Joinville. Aproveitou para conversar com representantes de corporações alemãs
instaladas no país e conhecer suas necessidades e objetivos. “A empresa alemã
não enxerga somente o momento presente, mas sim as oportunidades futuras.
Não percebi investimentos em compasso de espera, mas orientações para que os
projetos prossigam, pois a análise é de que vamos encontrar uma solução próxima
para nosso desacerto, que é mais político do que econômico”, relata.
Eckart Pohl, da Câmara BrasilAlemanha: próximos passos
na relação entre os dois países
50 ACIJ
Em Joinville, além de estimular o crescimento do setor metalmecânico, a ideia é aproveitar a parceria alemã para desenvolver produtos e
tecnologias. “Em uma década, esperamos inaugurar um leque de oportunidades e investimentos diferenciados, principalmente nas áreas de
biotecnologia, saúde, novos materiais e economia verde. A Alemanha
é vanguarda nessas áreas e aqui temos espaço fértil para empreender”,
avalia Döhler. Carlos Abijaodi, da CNI, detecta potencial para ampliar a
cooperação econômica entre Brasil e Alemanha. “Concretizar essa capacidade exige um ambiente em níveis nacional, bilateral e global, que
permita maior competitividade e crescimento sustentável”, avisa.
PENINHA MACHADO
Werner Weege, da Incasa: influência alemã foi determinante para o modelo de negócios da empresa
Laços comerciais históricos
Um pedacinho da Alemanha no
Brasil. Era o retrato do município de
Joinville no início do século 20, na
percepção do viajante Ernst Hengstenberg. Em seu livro de viagens, o
acadêmico alemão redigiu relatos de
passeios pelo mundo e, de sua passagem pelo Brasil, assinalou as peculiaridades estéticas e culturais da cidade
catarinense colonizada por europeus.
Publicadas na edição da Revista Brasil-Europa, de 2013, as memórias de
Hengstenberg revelam uma Joinville
altiva, tipicamente alemã no modo
de vestir de seus moradores, nos
hábitos diários, na arquitetura, no
idioma e também na característica
empreendedora. As condições positivas da fertilidade do solo e do clima
favoreciam imigrantes e o trabalho
duro não ficava sem frutos. Segundo
o viajante, os alemães moradores na
colônia progrediam bem, produzindo
principalmente mandioca, cana de
açúcar, milho, feijão, tabaco, arroz,
café, cera e mel, além da exportação
de flores e folhas secas para a Alemanha, utilizadas em forma de deco-
51
ACIJ
ração. São os primeiros registros de
uma parceria de negócios além-mar
que contribui até hoje para o desenvolvimento do município.
O cenário empresarial de Joinville foi construído e solidificado
a partir de influências culturais e
econômicas. Não por acaso, as mais
representativas empresas da região
foram fundadas por imigrantes
ou descendentes de alemães. Desse grupo influente, que vivenciou
períodos de plena evolução e hoje
constrói novos e mais abrangentes laços empresariais, podem ser
citadas marcas como Döhler, Tupy,
Schulz e Incasa, potência joinvilense
no setor de produção e comercialização de produtos químicos.
Em 1954, Joinville contava apenas com algumas dezenas de indústrias, predominantemente nos
setores têxtil e metalúrgico. Nesse
cenário, o empresário Harry Weege
fundou a Incasa, com o objetivo de
fabricar produtos farmacêuticos
que seriam comercializados na rede
de farmácias Drogaria Catarinense.
Na época, a influência alemã foi determinante para criar as diretrizes e
o modelo de negócios. Entre os sócios só se falava alemão e as primeiras relações comerciais de importação tiveram início na década de 60
– justamente com o país europeu,
devido à proximidade e familiaridade com a região.
As primeiras exportações da Incasa
para a Alemanha ocorreram no início nos anos 1990. Em 2014, a empresa exportou acima de US$ 50 milhões – e as relações comerciais com
o país europeu não poderiam ficar
de fora. Devido à pulverização da
presença no mercado internacional,
hoje, os negócios com a Alemanha
representam cerca 10% das suas
exportações, mas nem por isso são
menos significativos. “O mercado
é promissor. A relação é um pouco
complexa, devido às taxas aplicadas
aos produtos brasileiros na Europa,
mas vale a pena”, relata o diretor-executivo Werner Weege.
REVISTA 21
51
A Incasa até já estudou a possibilidade de instalar uma unidade no
país europeu. De acordo com Weege, os incentivos fiscais bancados
pelo governo podem ser encarados
como importantes vantagens e a
cultura local é mais um ponto favorável à adaptação na Alemanha. Na
planta joinvilense, o principal alvo
das exportações são indústrias do
segmento de nutrição animal. No
mercado interno, a relação com
empreendedores alemães também
está presente, nos segmentos químico e imobiliário.
Formado em economia política na Universidade de Heidelberg,
Werner Weege morou seis anos
na Alemanha e, além de atuar no
comando da Incasa, investe em outros empreendimentos. Em 2006,
DIVULGAÇÃO
Reconhecida no segmento
odontológico, marca
tem base na Alemanha
52 ACIJ
fundou a Opa Bier com a intenção
de resgatar a tradição cervejeira
alemã na cidade. “Nossa relação
com a Alemanha continua muito
próxima até os dias atuais e é passada de geração em geração. Eu
estudei na Europa e meu sobrinho,
por exemplo, já fez estágios na Alemanha. Cultivamos o resgate de
nossa cultura para que ela não se
perca”, explica o empresário.
Além de perpetuar o relacionamento cultural, investir em relações comerciais também se torna
vantajoso ao empresariado em
diferentes aspectos. Juros baixos,
sistema tributário simplificado e
o câmbio com o euro sempre um
pouco mais valorizado que o dólar
norte-americano são características aproveitadas por quem comer-
cializa seus produtos no mercado
germânico. Já quem lida com as
importações convive com a tranquilidade de adquirir bens de consumo ou de capital de qualidade
imbatível.
De acordo com o Ministério da Indústria e Comércio, de janeiro a julho de 2015, Joinville importou cerca de US$ 1 bilhão. Desse montante,
US$ 118 milhões, em média, são
importações da Alemanha, que ocupa o segundo lugar no ranking dos
países que importam do município.
Quando o assunto é exportação, a
participação alemã é também significativa. O país é o nono na lista dos
principais destinos internacionais
dos produtos joinvilenses.
KaVo tem fábrica local desde 1960
Entre as principais indústrias de Joinville que exportam para a Alemanha,
a KaVo do Brasil se destaca por corresponder à aproximadamente um terço de todas as exportações que Joinville faz para o país europeu. Fundada em 1909, em Berlin-Steglitz, a empresa tem fábrica em Joinville desde
1960, sendo esta a primeira unidade da marca fora da Alemanha. A escolha pelo município é atribuída à movimentação de empresários imigrantes na Região Norte de Santa Catarina e pelas características de um povo
trabalhador, que teriam chamado a atenção de Kurt Kaltenbach e Erich
Hoffmeister, diretores da multinacional Kaltenbach & Voight (KaVo). Na
época, a empresa especializada no segmento odontológico começou com
oito funcionários. A Drogaria Catarinense foi o primeiro ponto de venda
dos equipamentos KaVo.
Hoje, a fabricante exporta de 25% a 30% de sua produção para os Estados Unidos, América Latina, principais mercados da Ásia e Oriente Médio,
além da Europa, contemplando a Alemanha. Aproximadamente 20% do
volume de instrumentos de alta rotação e outros componentes em geral são destinados ao país-sede da empresa. No âmbito da importação, a
base de toda a expertise da fábrica joinvilense vem da Alemanha e a troca entre a empresa e o país europeu não se restringe apenas aos fatores
operacionais, contemplando também a contínua troca de experiências.
De acordo com o presidente Giancarlo Schneider, a qualidade KaVo está
diretamente vinculada à união e ao compartilhamento de conhecimento
entre as unidades da empresa na Alemanha e no Brasil. O know-how re-
PENINHA MACHADO
Fatores que
atraem novas
empresas
Produção da Tox Pressotechnick: fábrica nova em Joinville
passado se reflete nos processos e produtos vendidos em mais de 60 países. “O time de engenheiros da empresa trabalha integrado a engenheiros
da KaVo Alemanha. São viagens, reuniões, testes, conferências semanais
e projetos desenvolvidos em conjunto. Aproveitamos o melhor de cada
time para criar produtos que atendam perfeitamente aos mercados onde
a KaVo atua”, explica Schneider.
A unidade fabril da KaVo em Join­ville se concentra na fabricação de
instrumentos, nos quais os componentes são operacionalizados desde a
matéria-prima ao produto acabado, e na montagem de cadeiras e periféricos. A empresa aproveita a especialidade de cada fábrica e a unidade
de Joinville é considerada a base operacional que suporta os negócios na
região. Com a expectativa de expansão para toda América Latina, a KaVo
mantém projetos com foco no mercado brasileiro e exterior. Para os próximos três anos, planeja quintuplicar a presença na região.
O presidente Giancarlo Schneider ressalta que a KaVo em Joinville dispõe de mão de
obra especializada e bons centros de ensino. E o município também garante qualidade de vida aos seus funcionários – fator que, segundo ele, pesa positivamente
na relação entre trabalho e vida pessoal. São características que contribuem para o
crescimento da empresa e influenciam a instalação de outras companhias alemãs
no município e proximidades. Nos últimos anos, a Região Norte de Santa Catarina
tem se destacado nacionalmente, com a vinda de grandes empresas de perfil germânico, como a Siemens, a Hengst Automotive, a Bosch e a BMW.
53 ACIJ
Na visão do empresário e prefeito
de Joinville, Udo Döhler, a vinda de
grandes companhias alemãs para
a região estimula o cultivo das raízes alemãs da cidade catarinense. A
relação com o idioma alemão, por
exemplo, tem se intensificado para
acompanhar as exigências do mercado. Entre as principais vantagens
que o município oferece para novas
empresas, destacam-se a infraestrutura disponível, a densidade portuária regional, as fontes de recursos
naturais e os investimentos em educação. “Temos uma perspectiva de
crescimento invejável e dispomos de
talentos humanos adequadamente
qualificados. Isso se deve ao forte
investimento realizado em ensino
tecnológico nos últimos anos. Não
somente no técnico, mas desde o
ensino fundamental, somos referência”, orgulha-se o prefeito.
Dessa maneira, diz Döhler, o jovem ingressa no ensino médio bem
preparado e é capacitado para desenvolver habilidades específicas
nos cursos técnicos e superiores. O
prefeito comanda a indústria têxtil
Döhler que exporta para a Alemanha há mais de quatro décadas. Segundo ele, um dos setores de maior
destaque no município é o metal-mecânico. Tanto que não é de se
surpreender que empresas do ramo
apostem cada vez mais na cidade. A
alemã Tox Pressotechnik do Brasil,
atuante nas áreas da indústria automotiva e de linha branca, é exemplo dessa vertente.
O diretor Marcelo Schlachter explica que a proposta de trazer a empresa para o país, como representação comercial, foi apresentada a seu
pai, alemão residente no município,
REVISTA 21 53
DIVULGAÇÃO
em 1994. Nos anos 2000, foi criada
Tox Pressotechnik do Brasil, até que
em 2007 a fabricante se tornou filial
da multinacional alemã. “Começamos a ampliar os investimentos no
Brasil em 2002, quando o dólar subiu
demasiadamente e a representação
comercial não tinha mais competitividade. O município foi escolhido
pela familiaridade com a cultura regional, pelo vínculo já existente com
funcionários e devido às condições
favoráveis para produção de equipamentos de tecnologia”, explica.
Entre as condições favoráveis, Schlachter cita a vasta gama de fornecedores de usinagem na região e o
número significativo de profissionais capacitados para trabalhar
no ramo. A empresa importa bastante da Alemanha, trazendo do
continente europeu entre 10% e
40% do valor das máquinas fabricadas em Joinville. A relação com
o país também está presente no
modelo de produção implantado na
recém-inaugurada unidade fabril,
construída em sede própria. Para os
próximos anos, a Tox Pressotechnik
planeja crescer entre 10% e 20%.
De acordo com a vice-presidente do Núcleo de Negócios Internacionais da Acij, Maysa Fischer,
Joinville é o centro econômico de
Santa Catarina, destacando-se por
sua malha logística e infraestrutura.
Para que empresas alemãs encontrem aqui o padrão europeu, contudo, investimentos precisam ser
feitos em itens como rodovias e ferrovias, educação, meio ambiente e
preservação. “Há muito espaço para
crescimento, porque o Brasil representa somente 1% das importações
alemãs, enquanto a Alemanha é o
terceiro maior parceiro comercial do
Brasil nas importações, perdendo
apenas para China e EUA”, exemplifica a consultora.
54 ACIJ
Roupão da Fibrasca: quebrar tradições para negociar com a Alemanha
De olho no mercado germânico
Segundo maior exportador do mundo, a Alemanha tem representado
o papel de pulmão econômico da Zona do Euro, oxigenando a indústria
local e o consumo. As contas públicas marcadas pela poupança, a mínima intervenção nas operações corporativas e a tributação com foco
no consumo fazem do país exemplo de qualidade, conhecimento e progresso, atraindo inúmeras empresas brasileiras. A joinvilense Fibrasca é
uma das que prestam atenção àquele país. A indústria exporta para 17
nações da América Latina e já está presente em Portugal. Agora, investe
em análises de mercado para prospectar clientes em território alemão.
Na trajetória, uma carta na manga, explorada por muitos empresários
joinvilenses: a familiaridade com a cultura alemã.
O alemão Klaus Siebje, fundador, atuava como químico e técnico têxtil
na Europa. Depois de se aposentar, mudou-se para o Brasil, criando a Fibrasca em 1986. Especializada em artigos têxteis do setor de cama, como
protetores de colchão, lençóis, tapetes de cama, fronhas e travesseiros, a
fabricante adota uma postura de vanguarda frente às demandas de mercado e, ao mesmo tempo, não esquece algumas tradições. Os primeiros
minutos de trabalho das sextas-feiras, por exemplo, são reservados a um
café da manhã coletivo, que conta com a participação de todos os 250
colaboradores. Entre os quitutes, claro, cucas alemãs.
Os traços empreendedores, assim como alguns hábitos alemães,
são previsíveis e tradicionalistas, tornando mais fácil traçar um plano de
atuação para ingressar no mercado europeu. Por outro lado, essas mesmas características podem ser encaradas como obstáculos na hora de
fechar negócios. O trader Vinícius Steuernagel, da Fibrasca, entende que
um dos principais desafios é quebrar a tradição. “Em nosso segmento,
na Europa, costuma-se usar travesseiros de penas que aquecem mais no
inverno. É uma tradição que estamos tentando ultrapassar oferecendo
produtos que atingem o mesmo resultado satisfatório, com qualidade,
atributos diferenciados e alto valor
agregado”, relata.
Descendente de alemães, Steuernagel já visitou o país algumas vezes
e, em sua percepção, qualidades
como eficiência, confiança e credibilidade são pontos fortes no momento de fechar negócios. É a mesma
análise da consultora Maysa Fischer.
Segundo ela, quem pensa em investir na Alemanha deve seguir duas
premissas básicas: “não deixe para
amanhã o que pode ser feito hoje”
e “faça certo na primeira vez”. “Com
isso em mente, o empresário brasileiro pode arregaçar as mangas e
estabelecer a prospecção de negócios com empresas germânicas, seja
pelo corredor da exportação, das
incorporações e fusões, das alianças
estratégicas, da transferência de tecnologia ou do investimento estrangeiro direto. Não só a força de vendas
é fundamental, mas o desempenho
do manufaturado e o apoio de um
excelente serviço pós-venda. Esse
pacote acaba gerando a sonhada fidelização em detrimento aos demais
concorrentes”, aconselha.
BALANÇA COMERCIAL BRASIL/ALEMANHA:
PONTO DE EQUILÍBRIO
EXPORTAÇÕES
IMPORTAÇÕES
ANUAL. VALORES EM US$ BILHÕES
Até 2007, a balança comercial apresenta
equilíbrio e crescimento constante. A
partir daí, as importações se descolam das
exportações. Entre 2011 e 2014, a relação
entre os países sofre retração
15,2
16
13,8
14
12
10
8,6
EM JULHO, QUEDA
Em comparação com
julho/2014, o desempenho
de julho/2015 apresentou
forte queda: as exportações
caíram 45% e as
importações, 31,5%
Exportações
2015
9,0
0,73
2014
0,40
8
6
4,4
4,2
6,6
7,2
4
2
0
3,1
2,5
2000
1,30
0,89
2015
2003
2007
2011
2014
MENSAL. VALORES EM US$ BILHÕES
7 MESES, MAIS VENDAS
Em comparação com os
sete primeiros meses de
2014, o desempenho do
mesmo período em 2015
mostra que o Brasil vendeu
mais e comprou menos dos
alemães
Entre janeiro de 2014 e julho de 2015,
as importações sofrem forte queda. As
exportações, depois da recuperação em
meados de 2014, também patinam
1,4
Importações
2014
1,27
1,2
Exportações
DIVULGAÇÃO
1,0
0,90
0,89
0,8
2014
3,74
2015
3,76
0,6
0,4
0,2
0,44
0,32
0,40
Importações
2014
2015
0
2014
8,32
6,43
2015
O TAMANHO DA ALEMANHA NA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA EM 2014
Exportações: US$ 6,6 bi de um total de US$ 225,1 bi
Consultora Maysa aponta premissas
para negociar com os alemães
55 ACIJ
Importações: US$ 13,8 bi de um total de US$ 229,1 bi
REVISTA 21 55
COMO A ALEMANHA SE RELACIONA COM O MUNDO
Economia sólida, a Alemanha mantém uma balança comercial
equilibrada, com aumento das exportações em relação às
importações nos dois últimos anos. Valores em US$ trilhões
EXPORTAÇÕES
Exportações
Dez principais compradores
concentram 58,9% do total exportado
IMPORTAÇÕES
1.508
1.466
1,4
1,2
977
1,0
1.216
938
0,8
780
0,6
0,4
0,2
0
05
06
07
08
09
10
11
12
13
PRINCIPAIS PARCEIROS EM 2014
Valores em US$ bi
14
OS 5 MAIS EM 2014
Valores em US$ bi
O que a Alemanha mais vendeu
Automóveis 268
Máquinas mecânicas 262
Máquinas elétricas 148
Farmacêuticos 80
Plásticos 71
França Estados Unidos
Reino Unido
China Países Baixos Áustria Itália Polônia Suíça Bélgica Brasil 135,0
128,0
106,0
100,0
93,0
73,0
72,0
63,0
62,0
56,0
13,8
Em 23o,
Brasil
contribui
com 0,9%
do total
Importações
Dez principais vendedores
concentram 60,1% do total importado
Países Baixos França China Bélgica Itália Polônia República Tcheca Reino Unido Áustria Suíça Brasil O que a Alemanha mais comprou
Combustíveis 159
Máquinas mecânicas 150
Máquinas elétricas 133
Automóveis 107
Farmacêuticos 49
157,0
95,0
81,0
73,0
65,0
56,0
53,0
52,0
51,0
49,0
6,6
Em 25o,
Brasil
contribui
com 0,7%
do total
O TAMANHO DO BRASIL NA BALANÇA COMERCIAL ALEMÃ EM 2014
Nas exportações alemãs: US$ 13,8 bi de um total de US$ 1,508 tri
Nas importações alemãs: US$ 6,6 bi de um total de US$ 1,216 tri
BRASIL E ALEMANHA EM 2014
PIB
PIB PER CAPITA
US$ 3,820 bi
POPULAÇÃO
US$ 47.200,
LIBERDADE ECONÔMICA*
73,8
202,7 milhões
56,6
US$ 2,244 bi
80,9 milhões
US$ 11.067,
BRASIL
ALEMANHA
BRASIL
ALEMANHA
BRASIL
ALEMANHA
BRASIL
ALEMANHA
* ÍNDICE DE LIBERDADE ECONÔMICA (INDEX OF ECONOMIC FREEDOM) DA HERITAGE FOUNDATION, QUE AVALIA O GRAU DE LIBERDADE ECONÔMICA, MEDIDO
DE ZERO A 100/FONTE DOS GRÁFICOS: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR/FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL
56 ACIJ
VERSÃO CONDENSADA DA REPORTAGEM/ VERDICHTETE VERSION DER REPORTAGE
BRASILIEN - DEUTSCHLAND
Flaggen der Partnerschaft
Seit Beginn der Geschichte der Kolonisierung festigt sich
die Beziehung zwischen beiden Ländern immer mehr.
Dies ist das zentrale Thema des Wirtschaftstreffens, dass
im Monat September in Joinville stattfindet
Die bilaterale Beziehung zwischen Brasilien
und Deutschland geht auf die Zeit der Kolonisierung zurück: 1822 wurde der Major
Jorge Schaeffer vom Kaiser Dom Pedro an
die deutschen und österreichischen kaiserlichen Höfe entsandt, mit der Mission Bauern
und Soldaten für die Fremdenlegion von Rio
de Janeiro anzuheuern. 1824, nach Erlass der
Verfassung, landeten die ersten deutschen
Einwanderer im Bundesstaat Rio Grande do
Sul. Das erste grosse errichtete Stahlwerk
war die Siderúrgica Mannesmann, 1954.
Die Nationale Industrievereinigung
erkannte die Wichtigkeit diese Beziehung
zu pflegen und zu verstärken und 1974,
gemeinsam mit dem Bundesverband der
Deutschen Industrie (BDI), veranstaltete sie
die erste Auflage des Wirtschaftstreffen
Deutschland-Brasilien in Brasilia.
Das Treffen wurde von da an jährlich
aufgelegt, abwechselnd in beiden Ländern,
bis es im September 2015 nach Joinville
kam.
Die Absprache, dass das Treffen erneut
in Santa Catarina stattfinden sollte, erfolgte vor dem Treffen in Hamburg im vorigen
Jahr. Florianópolis (in 1994) und Blumenau
(2007) waren bereits Sitz des Treffens. Der
Bürgermeister von Joinville, Udo Döhler,
verband sich mit dem Senator für Santa Catarina Luiz Henrique da Silveira um den Organisatoren den Vorschlag zu unterbreiten.
Zum damaligen Zeitpunkt hatten sich auch
andere Bundesstaaten beworben, doch
Joinville bekam den Zuschlag anlässlich
des Treffens von 2014. „Die Auswahl wurde dank der guten Beziehungen der Stadt
mit der deutschen Wirtschaft getroffen,
hauptsächlich wegen der Industrien, die im
Umfeld angesiedelt sind, wie Siemens, Bosch und BMW. Ausserdem hat Joinville ein
grosses Potential für weitere Investitionen,
zusätzlich zur ausgeprägten deutschen Kolonisierung“, liess Udo verlauten.
Carlos Abijaodi, Geschäftsführer der
Nationalen Industrievereinigung hebt her-
57 ACIJ
vor, dass Joinville, ausser eines anerkannten wirtschaftlichen, technologischen und
industriellen Zentrums im Süden ist, hebt
es sich hervor wegen seiner Berufung zum
Geschäftstourismus mit Kapazitäten zur
Gestaltung von Messen und Ausstellungen.
“Somit war das gewünschte Umfeld für das
Ziel des Treffens gegeben, nämlich den bilateralen Dialog und Themen, die von gemeinsamen Interesse sind, wie Investitionen,
Unternehmenskooperationen, die Internationalisierung kleiner und mittlerer Unternehmen und die Handelserleichterungen
zwischen beiden Ländern, zu verstärken“
lies er verlauten.
Nach Ankündigung der Gastgeberstadt
begann die gemeinsame Arbeit zur Organisation des Programms des Treffens. Die
Themen haben Bezug auf die bilateralen
Interessen beider Länder sowie des Privatsektors. Es werden in Joinville einige Unternehmen besucht, die mit innovativen und
praktischen Erfahrungen einen Wertzuwachs des Produktionsprozesses ermöglichen.
„Es ist eine Gelegenheit zu zeigen, dass wir
Spitzenprodukte haben, viel in Technologie, Innovation und Personalausbildung
investieren“, hebt Glauco José Côrte hervor,
Geschäftsführer der Industrievereinigung
des Bundesstaates Santa Catarina. Auf dem
Programm stehen Besuche des Hafens von
Itapoá, Senai Joinville, BMW und Siemens
Healthcare.
Die Deutsch-Brasilianische Industrieund Handelskammer, ein weiterer Partner des Zustandekommens des Treffens,
hat zwei Momente vorgesehen, die dem
Treffen eine besondere Marke verleihen
werden. Die schon seit 21 Jahren stadtfindende Auszeichnung Persönlichkeit Brasilien-Deutschland und die Erste journalistische Auszeichnung Brasilien-Deutschland.
Es werden die Persönlichkeiten Heinz
Hermann Thiele, Vorstandsvorsitzender
der Knorr-Bremse Unternehmensgruppe,
führender Hersteller von Bremssystemen
für Schienen- und Handelsfahrzeuge und
seitens Brasilien, Weber Porto, Vorsitzender
der Zentrale für Südamerika von Evonik, eines der grössten Spezialchemieunternehmen der Welt, geehrt. Die Journalistische
Auszeichnung ging an Hildegard Stausberg,
Korrespondentin für Lateinamerika der Zeitung Die Welt.
Deutschland ist Brasiliens viertgrösster
Handelspartner. In Brasilien sind etwa 1.400
deutsche Unternehmen tätig. Was dazu geführt hat, dass Brasilien in die Liste der „Beziehungen auf hohem Niveau“ aufgenommen wurde, der unter den aufstrebenden
Ländern nur China und Indien angehören.
Im August haben die Präsidentin Dilma
Rousseff und die Bundeskanzlerin Angela
Merkel einen weiteren Schritt in Richtung
Stärkung der Beziehungen gegeben, indem
die Konsultationen auf hohem Niveau zwischen beiden Regierungen aufgenommen
wurden, um den bilateralen politischen
Dialog zu vertiefen und die Wirtschafts-,
Technologie- und Handelskooperation auf
den Gebieten, die für Brasilien strategisch
sind, zu festigen.
Udo Döhler war in der Sitzung um beide Politikerinnen zum Treffen einzuladen.
Er nutzte die Gelegenheit, mit Vertretern
deutscher Industrien die in Brasilien niedergelassen, sind zu sprechen und deren
Belange und Ziele zu erfahren. „Deutsche
Unternehmen schauen nicht nur auf den
augenblicklichen Moment, jedoch auf die
zukünftigen Gelegenheiten. Mir sind keine
Investitionen in Wartestellung bekannt geworden aber vielmehr die Frage nach Hinweisen, damit die Projekte weitergehen, da
die Einsicht vorherrscht, dass ein Ausweg in
naher Zukunft gefunden wird, um die Schwierigkeiten, die mehr politischer als wirtschaftlicher Natur sind, zu überwinden“ berichtete er.
Die Idee ist die deutsche Partnerschaft
zu nutzen, ausser zur Förderung des Wachstums im Metal- und Mechanikbereich, um
in Joinville Produkte und Technologien zu
entwickeln. „In einem Jahrzehnt hoffen wir
ein Angebot an Gelegenheiten und besonderer Investitionen einweihen zu können,
hauptsächlich in den Bereichen der Biotechnologie, Gesundheit, neuer Werkstoffe und
grüner Wirtschaft. Deutschland ist Vorreiter auf diesen Gebieten und wir haben
hier Raum für Unternehmungen“, schätzt
Döhler ein.
Ein Stückchen Deutschland in Brasilien. Dies war Joinvilles Bild zu Beginn des
20. Jahrhunderts, in den Eindrücken des
REVISTA 21 57
Reisenden Ernst Hengstenberg. In seinem
Reisebericht schreibt der deutsche Akademiker über seine Reisen durch die Welt und
über seinen Aufenthalt in Brasilien, wo er
die ästetischen und kulturellen Eigenheiten
der Stadt in Santa Catarina die durch Europäer kolonisiert wurde, unterstreicht. Die
Memoiren von Hengstenberg zeigen ein
aktives Joinville, typisch deutsch in der Art
wie sich seine Einwohner kleiden, in den täglichen Bräuchen, der Architektur, der Sprache und ebenfalls im Unternehmertum.
Es sind die ersten Aufschreibungen einer
Geschäftspartnerschaft in Übersee, die bis
heute zur Entfaltung des Bezirkes beiträgt.
Die Geschäftslandschaft von Joinville
wurde errichtet auf kulturellen und wirtschaftlichen Einflüssen. Nicht durch Zufall
sind die repräsentativsten Unternehmen
der Region durch deutsche Einwanderer
oder deren Nachkommen gegründet worden. Von dieser einflussreichen Gruppe, die
starke Wachstumsperioden erlebt haben
und heute neue und weiterreichende unternehmerische Bindungen ausbauen, können Marken genannt werden wie Döhler,
Tupy, Schulz und Incasa.
1954 hatte Joinville lediglich einige wenige Industrien, hauptsächlich in der Textilund Metallbranche. In diesem Szenarium
gründete der Unternehmer Harry Weege
die Incasa, mit dem Ziel Pharmaprodukte
herzustellen. Zum damaligen Zeitpunkt
war der deutsche Einfluss ausschlaggebend
bei der Schaffung der Richtlinien und des
Geschäftsmodells des Unternehmens. Unter den Teilhabern sprach man nur deutsch
und die ersten Importgeschäfte fingen in
den sechziger Jahren an - just mit dem europäischem Land wegen der Nähe und sein
Bezug mit der Region. Die ersten Exporte
der Incasa nach Deutschland erfolgten
Anfang der 1990er. In 2014 exportierte das
Unternehmen über US$ 50 Millionen und
die Handelsbeziehungen mit dem europäischem Land konnten nicht ausgeschlossen
bleiben.
Mit Ausbildung in Politischer Ökonomie an der Universität Heidelberg , wohnte
Werner Weege sechs Jahre lang in Deutschland und zusätzlich zur Leitung der Incasa ist er mit anderen unternehmerischen
Investitionen beschäftigt. Em 2006 gründete er die Opa Bier, mit der Absicht die Tradition der deutschen Brauerei in der Stadt
wiederzubeleben. „Unsere Beziehung zu
Deutschland ist nach wie vor sehr nahe und
wird von Generation an Generation weitergegeben. Ich habe in Deutschland studiert
58 ACIJ
und mein Neffe, zum Beispiel, nahm schon
an verschiedenen Austauschen bei“ erklärte der Unternehmer.
Ausser zur Aufrechterhaltung von
kulturellen Beziehungen, bringen die Handelsbeziehungen Vorteile für die Unternehmerschaft in verschiedener Hinsicht. Niedrige Zinsen, vereinfachtes Steuersystem
und der Kurse mit dem Euro immer etwas
aufgewerterter als der US-Dolar sind einige
der Vorteile für diejenigen, die in diesem
Markt ihre Produkte vermarkten. Anderseits, wer in den Import investiert, hat die
Gewissheit Konsum- oder Kapitalgüter zu
kaufen mit unschlagbarer Qualität.
Laut dem Ministerium für Industrie
und Handel importierte Joinville von Januar
bis Juli 2015 in etwa US$ 1 Milliarde. Von
diesem Wert waren US$ 118 Millionen aus
Deutschland, das damit den zweiten Platz
der Importe des Bezirkes einnimmt. Bei den
Exporten ist der deutsche Anteil ebenfalls
bedeutend. Deutschland nimmt den neunten Platz in der Liste der internationalen
Zielen für Produkte aus Joinville ein.
Unter den wichtigsten Unternehmen
aus Joinville die nach Deutschland exportieren ist die KaVo Vorreiter. 1909 in Berlin-Steglitz gegründet besitzt sie eine Fabrik in
Joinville seit 1960, die erste Einrichtung des
Unternehmens ausserhalb Deutschlands.
Grund für die Wahl von Joinville waren die
Industrieaktivitäten von Einwandererunternehmer im Norden von Santa Catarina
und der Eigenschaften des fleissigen Volkes,
die das Interesse von Kurt Kaltenbach und
Erich Hoffmeister, geschäftsführende Vorsitzende der Multinationalen Kaltenbach &
Voight (KaVo), geweckt haben.
Zum damaligen Zeitpunkt begann das
Unternehmen, spezialisiert im zahnärztlichem Bereich, mit 8 Mitarbeitern – die alle
deutsch sprachen.
Heute exportiert das Unternehmen
25% bis 30% der Produktion in die USA,
Lateinamerika, in die wichtigsten Märkte
Asiens und Mittlerer Orient, ausser Europa
einschliesslich Deutschland. Im Schnitt 20
% der Geräte mit hoher Drehzahl und andere Komponenten werden in das Stammland
des Unternehmens exportiert. Im Gegenzug kommen die wichtigsten Bestandteile
des Werkes in Joinville aus Deutschland.
Laut Giancarlo Schneider, Vorsitzender, hat
KaVo‘s Qualität unmittelbaren Bezug auf
die Zusammenarbeit und den Austausch
von Erfahrungen zwischen den Einheiten in
Deutschland und Brasilien zu tun. Das vermittelte Know-how spiegelt sich in den Pro-
dukten und Prozessen wieder, die in mehr
als 60 Länder vermarktet werden.
Aus Sicht des Unternehmers und Bürgermeisters von Joinville, Udo Döhler, das
Niederlassen grosser deutscher Unternehmungen in der Gegend hat das Pflegen
der deutschen Wurzeln der Stadt in Santa
Catarina verstärkt. Die Beziehung zur deutschen Sprache zum Beispiel hat eine grössere Bedeutung eingenommen, um den
Marktanforderungen gerecht zu werden.
Unter den wichtigsten Vorteilen des Bezirks
für neue Unternehmen ist die vorhandene
Infrastruktur, die Dichte der regionalen Hafenaktivität, die Rohstoffquellen und die Investitionen in Ausbildung, zu nennen.
“Unser Wachstumspotenzial ist neiderregend und verfügen ausserdem über gut
ausgebildete Fachkräfte, aufgrund der grossen Investitionen in technische Ausbildungen im Laufe der vergangenen Jahre. Nicht
nur in der technischen Ausbildung sind wir
musterhaft, aber auch in der Grundschulausbildung“ erläuterte der Bürgermeister
stolz. Die Tox Pressotechnik, mit ihrer Aktivität im Fahrzeug- und Hausgerätesegment, ist ein weiterer Fall eines deutschen
Unternehmens, dass sich in Joinville niedergelassen hat. Der Vorschlag das Unternehmen nach Brasilien zu bringen, erklärte
ihr Geschäftsführer Marcelo Schlachter,
wurde seinem Vater, der im Ort wohnhaft
ist, 1994 unterbreitet, um als Handelvertreter tätig zu werden. 2000 wurde die Tox
Pressotechnik do Brasil gegründet, als Filiale der deutschen Multi. „2002 wurden die
Investitionen erweitert, als der US-Dollar
zu stark anstieg, und die Vertretung nicht
mehr wettbewerbsfähig war. Der Bezirk
wurde zum Standort gewählt wegen des
Bezugs zur regionalen Kultur, der bereits
bestehenden Mitarbeiteranbindungen und
der vorteilhaften Bedingungen zur Herstellung von technischen Anlagen“ erläuterte
der Unternehmer.
Das Unternehmen unterhält Importbeziehungen mit Deutschland, und bringt
aus dem europäischem Kontinent etwa
10 % bis 40 % der in Joinville produzierten
Maschinen. Die Beziehung mit dem europäischen Land ist auch im Produktionsmodell gegenwärtig, der erst kürzlich eingeweihten Produktionseinheit, errichtet als
eigenständiges Unternehmen. Für die kommenden Jahre plant die Tox Pressotechnik
mit einem Wachstum zwischen 10 % und
20 % über der Inflation durch Partnerschaften in anderen ändern Lateinamerikas, wie
Chile und Kolumbien.
59 ACIJ
REVISTA 21 59
Rodrigo, com a mulher e os três filhos: carreira pública e no direito
VITAE
Raízes germânicas
Cônsul honorário da
Alemanha em Joinville,
Rodrigo Bornholdt é
advogado reconhecido
há 20 anos
60 ACIJ
Por Karoline Lopes. Com uma carreira pública que o levou a ser vice-prefeito de Joinville na gestão de Luiz
Henrique da Silveira, o advogado
Rodrigo Bornholdt se acostumou a
assumir grandes responsabilidades
desde cedo. Formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR),
em 2015 completa 20 anos de profissão. Filho do também advogado
Max Roberto Bornholdt, ele conta
que a família, de origem alemã,
veio de Corupá para Joinville quando seu pai tinha apenas 2 anos de
idade. “Meu avô paterno era dono
de uma camisaria, uma espécie de
microempresa, e a família da minha mãe administrava uma olaria”,
recorda-se Bornholdt, que em 2013
sucedeu o empresário Udo Döhler
no posto de cônsul honorário da
Alemanha em Joinville.
Sua vida profissional teve início de maneira curiosa. Durante a
faculdade, viajou para os Estados
Unidos, com o objetivo de fazer intercâmbio em uma universidade
pensando apenas em aperfeiçoar
o inglês: “Escolhi as matérias que
eu queria e, nas horas vagas, dava
aulas de tênis. Joguei bastante em
campeonatos nacionais, lógico que
como amador. Foi um bico para ganhar algum dinheiro extra”.
De volta ao Brasil, ao retomar as
aulas, fez estágio em um escritório
de advocacia. Dois motivos o levaram a optar pelo direito. O primeiro
foi a preferência pelo campo das
ciências humanas. “Não conseguiria fazer algo que não fosse direito,
jornalismo, história, sociologia ou
filosofia. Não sou das exatas, embora admire a área. Até gostava na
escola, mas não era o que eu queria”, ressalta. A segunda razão foi a
influência paterna. “Na faculdade,
fiquei tentado a não voltar para
Joinville e fazer o concurso para
procurador da República, que estava sendo aberto na época. Mas,
no quinto ano, comecei a estudar
direito tributário, que o escritório
onde atuava fazia muito. Tive um
excelente professor, o que acabou
me estimulando”, declara.
Embora misturar negócios com
assuntos familiares possa ser desafiador, ele garante que a relação foi
sempre tranquila: “Meu pai me deu
muito espaço para atuar no escritório. De um modo precoce, passei a
ter funções bastante importantes”.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Carreira pública
Além das tarefas no escritório, Rodrigo enveredou pela carreira pública. Atuou como procurador-geral
do município na gestão de 1997 a
1998, período em que acumulou a
chefia do Procon-SC, e foi vice-prefeito de Joinville entre 2005 e 2008.
“Assisti a uma conferência em que o
palestrante mostrava que a questão
do dinheiro é importante, é o que
nos garante a sobrevivência, mas é
preciso fazer alguma coisa que você
goste. Tanto na advocacia quanto na
vida pública, encontrei essas duas
possibilidades”, comenta.
Dentre as principais conquistas
como vice-prefeito, aponta a
criação do Fundo de Ação Comunitária como a mais relevante:
“É uma lei que até hoje nenhum
prefeito implementou. Consiste
em permitir que as comunidades
criem determinadas atividades,
inclusive de ocupação de espaços
públicos, e que o município fomente as ações. Por exemplo, digamos
que exista um grupo de capoeira
no Parque Guarani que precisa
de uma determinada quantia por
ano. Eles talvez não consigam o
financiamento pelo Simdec (Sistema Municipal de Desenvolvimento
pela Cultura), mas conseguiriam
pelo Fundo de Ação Comunitária”.
Segundo Rodrigo, o modelo é adotado nos Estados Unidos há anos e
é uma possibilidade de integração
da comunidade.
Já sobre as dificuldades como
gestor público, cita a escassez de
recursos para trabalhar e a falta
de uma maior autonomia política. “Como vice-prefeito, eu estava
sempre dependente das decisões
do então prefeito”, conta.
61
ACIJ
Para o cônsul honorário, o Encontro pode afinar parcerias
Uma ponte com o país de origem
Diante das origens da família alemã, visitar o país era inevitável. Depois
de terminar o intercâmbio, em 1990, Rodrigo passou alguns meses lá
para conhecer a Europa e se aperfeiçoar no idioma alemão. “Cheguei logo
após a final da Copa do Mundo. Lembro que senti o cheiro de cerveja já no
aeroporto e na estação de trem. Eles estavam de ressaca comemorando
a vitória”, relembra, em tom de brincadeira. Em 1998, voltou para Berlim
com o objetivo de concluir o mestrado.
Hoje, pais de três filhos, está tentando fazer com que as crianças
estudem alemão: “Minha filha mais velha tem 10 anos e reclama um
pouco, diz que a língua é difícil. Mas, enquanto puder, vou insistindo
para que aprendam desde cedo. Temos nos articulado junto à prefeitura para ampliar o ensino de alemão na cidade. Duas escolas públicas
já incluíram a disciplina na grade: a Escola Municipal Hans Müller e a
Escola Agrícola Municipal Carlos Heins Funke”.
Tal ação integra suas atribuições como cônsul honorário da Alemanha, cargo que ocupa há dois anos. Ele explica que seu papel tem como
função facilitar o contato entre alemães e brasileiros e disseminar a presença germânica na região. “Também trabalho com a parte burocrática,
auxiliando quem queira ter alguma relação com o outro país ou alemães
que aqui estão e precisam de orientação”, afirma.
O advogado reitera que o Encontro Econômico Brasil-Alemanha é
uma oportunidade para parcerias. “A economia alemã hoje é baseada
em sustentabilidade. Muitas soluções que eles têm seriam interessantes
para o Brasil, inclusive na área pública”, declara.
REVISTA 21 61
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Alunos do Colégio Bom Jesus que estiveram na Alemanha: estímulo ao aprendizado do idioma
INTERCÂMBIO
Experiência em
solo estrangeiro
Escolas de ensino médio e universidades mantêm
programas em parceria com instituições alemãs
Por Marcela Güther. A jovem Gabriela Queiroz, 17 anos, passou cinco meses
na Alemanha em 2015. A oportunidade surgiu da mediação do Bom Jesus/Ielusc. A escola tem parceria com três instituições alemãs: o internato
Solling, localizado em Holzminden, o colégio Gymmnasium im Schloss, em
Wolfenbüttel, e a escola de idiomas Dialoge Sprachinstitut, em Lindau. A
estudante passou pelas duas primeiras, além de aproveitar a oportunidade
para conhecer pontos turísticos da Alemanha.
“Comecei a aprender alemão quando pequena, no Bom Jesus, então sempre quis
conhecer o país. Foi um choque cultural: lá, o ensino tem um molde diferente, tive
muito mais autonomia na escolha. Os professores incentivam a falar, tomar atitude.
O aluno é mais ativo, participa mais das aulas”, observa. Ela observa que ganhou
maturidade, além de experiência no idioma que, ao seu ver, é um diferencial no mercado de trabalho. “Pretendo voltar a estudar na Alemanha. Talvez um intercâmbio
na faculdade, uma pós-graduação”, frisa.
62 ACIJ
“Eles voltam mais independentes e seguros. O professor define
toda a mudança do aluno como
maturidade. Eles refletem mais,
tem mais coragem de expor sua
opinião. Há mudança na maneira
de pensar e de viver”, aponta Christianne Klinger, coordenadora do
Centro de Idiomas. O colégio estimula o ensino do alemão desde o
segundo ano do ensino fundamental, oferecendo, por meio do Departamento Central Alemão para Ensino no Exterior (ZfA), do Ministério
da Cultura e Educação, oportunidades para o estudante conquistar
certificação internacional que o
habilita a estudar em universidade
alemã. “Nos últimos dois anos, no
ensino fundamental, houve número significativo de alunos que começaram a estudar o alemão. Com
a chegada de empresas alemãs, os
pais percebem que o idioma pode
trazer um grande diferencial”, informa a coordenadora. O colégio
está firmando parceria com a Uni-
versidade Federal do Paraná (UFPR),
que traz acadêmicos e profissionais
estrangeiros da área da linguística
para estagiar ou trabalhar no Brasil,
dando aulas aos estudantes e capacitando os professores daqui. Uma
professora alemã atua no Bom Jesus há dois anos, lecionando o idioma.
Quanto às viagens, os estudantes podem participar do intercâmbio, que dura, em média, seis meses,
ou das viagens de estudo, de cerca
de trinta dias. Estas acontecem desde 1996 na instituição, a cada dois
anos. “É uma viagem voltada para
quem cursa a nona série ou o ensino
médio. O objetivo é que o estudante,
que está aprendendo alemão desde
pequenininho, vá lá para praticar
com nativos, viver na casa de um
alemão, entrar em contato com as
famílias”, explica Christianne. Dentro desse programa, há o processo
contrário: estudantes alemães vêm
para Joinville. O próximo grupo desembarca na cidade em outubro. Ao
mesmo tempo, o colégio mantém
uma série de atividades que envol-
vem filhos de expatriados, oferecendo aulas de alemão e apoio em
outras matérias curriculares.
O Brasil também tem sido destino de acadêmicos alemães que escolhem o país para se profissionalizar. A processadora de aço Tuper, de
São Bento do Sul, criou o Programa
de Estágio Internacional, em que
traz estudantes de universidades
alemãs para estágios de seis meses.
Em parceria com a Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC),
o convênio começou em janeiro de
2014 e a empresa já recebeu estudantes das universidades Technische Universität München e Technische Universität Braunschweig.
Embora os estágios na indústria
sejam voltados para a engenharia, o
programa contempla todas as áreas.
“Como a demanda da Tuper tem sido
especialmente na área técnica e da
engenharia e a empresa considera
a Alemanha um berço tecnológico,
acabamos optando por estudantes
alemães. O foco atual são as universidades da Alemanha, mas o programa
não está definitivamente fechado
O alemão Martin é o quinto participante de estágio na empresa Tuper
63 ACIJ
para ampliações futuras”, informa
Roberto Dobrochinski, diretor de Recursos Humanos da Tuper. O programa é aberto a todas as universidades da Alemanha que mantenham
algum convênio com instituições
brasileiras. “Esse é o único requisito
para que as universidades estejam
habilitadas a enviar seus alunos. Os
participantes alemães precisam se
matricular em uma universidade brasileira (atualmente, a UFSC) para se
tornar estudantes também no Brasil. Devido a esse convênio, o estágio
realizado aqui é considerado curricular”, detalha.
A Tuper remunera o estagiário e mantém um apartamento mobiliado
em São Bento do Sul para a moradia
desses estudantes. Além disso, oferece alimentação no refeitório da
empresa e cuidados de saúde no ambulatório. Os estagiários cumprem
carga horária de seis horas por dia
por um período de seis meses, mas
há possibilidade de renovação para
um ano. As experiên­cias se mostram
extremamente positivas, tanto para
a Tuper quanto para os estudantes,
como aponta Dobrochinski: “Além
da formação, oportunidade de desenvolvimento profissional, troca
de experiências e de conhecimento
entre a empresa e a universidade, o
programa favorece o aprendizado de
um novo idioma para os colaboradores brasileiros e para os estagiários.
Também incentiva o intercâmbio
cultural e a troca de informações sobre costumes e hábitos do dia a dia”.
Martin Karl Robert Rudolph, o
quinto participante do programa,
está fazendo estágio na Tuper desde
abril deste ano, na área de Pesquisa e Desenvolvimento. Ele veio da
universidade Technische Universität
Braunschweig, do curso de pós-graduação em Engenharia de Automó-
REVISTA 21 63
veis. Com o estágio, o estudante de
25 anos pretende ampliar sua experiência profissional e intercultural.
“Quando cheguei, não falava uma
só palavra em português e hoje já
aprendi o idioma. Além disso, em um
mundo tão globalizado, ter a oportunidade de trabalhar com profissionais de outros países é essencial”,
sublinha.
Martin conta que mudou a visão
sobre o Brasil, ficando impressionado
com o desenvolvimento do Sul do
país. “Minha vinda para cá superou
as expectativas. Os brasileiros são
muito receptivos e é fácil fazer amizades. A Tuper também me ajudou
em todo o processo para a realização
do estágio. E os projetos em que estou envolvido na empresa são muito
importantes".
DIVULGAÇÃO
Centro de pesquisa em São Bento do Sul: homenagem à Baviera
Parceria de longa data
O Programa de Mobilidade Acadêmica Internacional da Univille funciona
por meio de acordos com instituições estrangeiras. Os estudantes cursam
disciplinas relacionadas ao curso em que estão matriculados, durante seis
meses a um ano. Alunos de fora também vêm a Joinville. A universidade
firmou convênios com as instituições Friedrich Alexander Universität Erlangen-Nürnberg, Evangelische Hochschule Nürnberg e Fachhochschule
Hamburg University of Applied Sciences. “No início do ano letivo, abrimos
edital, identificando as vagas disponíveis nas universidades estrangeiras
para os alunos se candidatarem. Existem pré-requisitos, como fluência na
língua do país em questão”, explica Jurema Tomelin, assessora internacional. Nas universidades alemãs, a procura é maior pelas áreas que envolvem engenharia. Durante o intercâmbio, o acadêmico recebe isenção
da mensalidade. O programa existe desde 1993. No ano passado, quatro
alunos foram para o país e duas alemãs vieram para cá. Em 2015, a universidade recebeu um professor do país e um docente atuante na Univille
foi à Alemanha.
Além dos intercâmbios acadêmicos, a Univille desenvolve projetos de
pesquisa com a Alemanha. Em 1999, implantou o Centro de Estudos e Pesquisas Ambientais (Cepa), na Vila da Glória, em São Francisco do Sul. A primeira
ação nesse contexto foi o Projeto Babitonga 2000, com a Universidade de Erlangen, a fim de realizar estudos científicos sobre o ecossistema encontrado
na Baía da Babitonga. O primeiro contato com a Univille foi entre Friederich
Kauder, empresário e escritor, presidente da Sociedade Rugendas na Alemanha, que morou no Brasil, e o professor Hercílio Kasten, da Univille. “O doutor
Kauder tinha interesse em pesquisar onde e como estavam os descendentes
dos alemães que migraram para o Brasil”, explica Claudio Tureck, coordena-
64 ACIJ
dor do Univille Verde, comitê responsável pela gestão do Cepa.
Como fruto dos resultados do
Babitonga 2000, eventos científicos, cursos multidisciplinares, artigos científicos e intercâmbios.
Também criou-se o Programa Institucional Babitonga em 2002, em
que se desenvolveram projetos até
2010. “Continuam ocorrendo cursos de extensão em parceria entre
as instituições. Está em andamento um projeto na área da botânica,
com a Universidade de Erlangen”,
informa Tureck. Com apoio da Sociedade Rugendas e do empresário
Frank Bolmann, foi implantado em
2000 o Cepa Rugendas, em São Bento do Sul. A base científica tem um
prédio com arquitetura em estilo
bávaro, uma homenagem à Baviera,
região alemã de onde veio a maioria
dos colonizadores de São Bento do
Sul. O prédio de três pavimentos, te
espaço para cursos, palestras, workshops e treinamentos.
65 ACIJ
REVISTA 21 65
20
15
DIÁRIO DE VIAGEM
Ao lado, Mauer Park, que fica lotado
aos fins de semana por conta do
famoso mercado das pulgas. Abaixo,
o bairro Moabit, que abriga parte
da administração do país e o uso de
transporte de veículos leves sobre
trilhos no coração de Berlim
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
Em Berlim, como os berlinenses
A jornalista Ivana Ebel, natural de Blumenau, trocou em 2008 a cidade catarinense pela Alemanha. Direto de
Berlim, ela escreve o blog “Fala, alemôa”, espaço que utiliza para mostrar um pouco mais do outro país. “Costumo
dizer que Berlim me estragou para qualquer outro lugar e que hoje é meu cantinho favorito no mundo. A cidade
não é nada convencional, tem uma mistura de história, arte, cultura e um cenário underground efervescente. Se,
para quem mora por aqui, a lista do que fazer nunca acaba, quem vem apenas de visita precisa de fôlego para ver
tudo”, afirma. Nestas duas páginas, confira algumas imagens cedidas para a Revista 21.
66 ACIJ
Acima, o lado mais underground da cidade e a cultura que celebra os artistas de rua
À esq., o Potsdamer Platz, local onde acontece o
festival de cinema de Berlim. Acima, a Catedral de
Berlim, uma das atrações da Ilha dos Museus, e o bairro
Nikolaiviertel, com casas no estilo enxaimel
Berlim,
Alemanha
67 ACIJ
REVISTA 21 67
CONTRAPONTO
FÁBIO ABREU
O motor alemão
CARLOS ADAUTO VIRMOND VIEIRA
Made in germany
Há mais de um século, a Alemanha
consagrou o registro da origem de
seus produtos como selo de qualidade. E o interessante é que a designação Made in Germany nasceu de
uma exigência do Reino Unido, cujo
objetivo era proteger sua indústria
nacional. Para que o produto ingressasse no mercado da Grã-Bretanha,
nele deveria constar o país de fabricação. A ideia era permitir aos consumidores identificar e evitar a compra
de mercadorias importadas. O efeito
em relação aos produtos alemães foi
contrário ao desejado. Como os manufaturados alemães apresentavam
diferencial de qualidade, a fama dos
Made in Germany se espalhou pelos
quatro continentes, tornando-se sinônimo de eficiência e durabilidade.
68 ACIJ
E a qualidade dos produtos alemães espelha o elevado grau de exigência do próprio povo alemão, cujas
características mais marcantes são a
determinação e o comprometimento. Nenhum outro país conseguiria,
em períodos tão curtos, superar todas as crises, guerras e dificuldades
pelas quais passou a Alemanha. E
essa superação é baseada no binômio planejamento e qualidade. O alemão não gosta e não consegue improvisar, muito menos realizar algo
cujo resultado não seja de excelência.
Seu planejamento vai desde o macro
até os mínimos detalhes.
Essa fórmula garantiu à Alemanha, antes das demais economias do
planeta, superar os efeitos da crise
de 2008. O governo alemão seguiu
um plano público de recuperação,
no valor de 675 bilhões de euros. As
dificuldades no mercado financeiro
foram combatidas com subsídios
governamentais, em troca de juros
baixos no crédito para os consumidores, reaquecendo o mercado. O
plano ainda aportou 80 bilhões de
euros em programas de estímulo à
economia. Como resultado, as taxas
de desemprego se mantiveram em
índices aceitáveis. As medidas saíram caro para o contribuinte alemão,
mas os benefícios foram evidentes.
Por isso, também a gestão pública
alemã merece o selo de qualidade
Made in Germany.
Carlos Adauto
Virmond Vieira
Secretário executivo de
assuntos internacionais
do governo do Estado
CHRISTIAN DIHLMANN
Lições para superar obstáculos
A relação mais sólida de Joinville
com a Alemanha já data da chegada da barca Colon, em 1851. Nesses
mais de 160 anos, ambos os países
vivenciaram crises complexas. Da
Alemanha, vêm os exemplos de duas
guerras mundiais, a lida do pós-guerra, inclusive com conterrâneos e famílias sendo apartados pelo “muro
da vergonha”. Entremeados nesses
marcos históricos, diversos outros
críticos enfrentamentos.
Apesar e por conta disso, a Alemanha, arrasada em alguns episódios,
tornou-se um dos países mais fortes
e respeitados do mundo. Referência
na produção de conhecimento, na
solidez econômica e no crescimento
da qualidade de vida do seu povo, é
fonte inesgotável de boas práticas
para qualquer país que pretenda sobrepassar o empirismo. Não é aceitável que economias emergentes como
o Brasil optem por “errar para aprender” quando podem acessar diretamente as diretivas de gigantes que
tropeçaram, corrigiram o rumo, e que
estão totalmente abertos a “compartilhar para crescer”.
A Alemanha é um grande parceiro do Brasil, em todos os sentidos,
comerciais, tecnológicos ou humanos. A crise de 2008, pela qual passou, foi somente mais uma pedra
no caminho. Estão acostumados a
“apertar o cinto” quando necessário
e investir em capacitação e inovação, mesmo quando não necessário.
Houve erros? Certamente. Naquele momento, o suporte financeiro
CLAUDIO LOETZ
Dez palavras e a competitividade
Planejamento. Organização. Seriedade. Objetividade. Compromisso.
Serenidade. Ousadia. Produtividade.
Eficácia. Resultado. Dez palavras resumem o comportamento dos empresários alemães no relacionamento de negócios com interlocutores
estrangeiros. E lhes garantem a competitividade. Ninguém desconhece
a capacidade de reinvenção de um
povo, esmagado duas vezes no século passado, com derrotas em guerras,
a destroçar economia e autoestima.
As tragédias deram motivação para o
reerguimento de uma Nação inteira.
Estudo, dedicação, ciência e apego ao
trabalho asseguraram ao país o retorno à liderança na Europa. Não por
acaso, a Alemanha é um dos mais importantes países do mundo.
69 ACIJ
A relação dos empreendedores
alemães com Joinville vem de nosso
berço. Constituem, eles, parte essencial de nossa formação social e
econômica. Joinville nasceu e se desenvolveu, em grande medida, pela
capacidade dos primeiros colonizadores europeus em trazer, para cá,
valores intangíveis que auxiliaram a
moldar a história de Joinville, como a
conhecemos. Hoje, a cidade é ponto
de parada obrigatória de companhias
estrangeiras que querem investir
no Brasil. A consolidação de espaços
empresariais, como Perini Business
(onde há empresas alemãs do porte da Siemens e Bosch), e a própria
BMW, com sua fábrica de automóveis vizinha a Joinville, são sinais inequívocos de que a região é atrativa
a outros países do bloco europeu,
por força de um conjunto maior de
interesses, pôs em risco a poupança
interna e acendeu a luz amarela da
saúde econômica. Mas as ações corretivas e firmes não tardaram.
Enfim, a Alemanha passou, passa
e passará por desafios. O que diferencia o grau de dificuldade com que se
supera esses empecilhos é a atitude
e rapidez com que se tomam as decisões. O que resulta das decisões é
o céu ou o inferno. Rumo ao céu, a
cobrança deve ser feita pelo cidadão
em si próprio, na comunidade e nos
seus pares, com planejamento, disciplina e determinação.
Christian Dihlmann
Coordenador de
Missões Empresariais da
Fundação Empreender
para quem quer fazer negócios.
Ainda estamos longe de aprender tudo o que os alemães já praticam há anos. Quer no modelo
de como se processa a relação
entre empregadores e empregados, quer na busca constante pela
excelência, quer quando o assunto
é o formato do arcabouço jurídico-institucional e o respeito às regras.
Precisamos compreender que o sucesso se alicerça nesses vetores. E,
claro, qualquer candidato a empresário de sucesso deve ter a mente
aberta para perceber, e capturar,
oportunidades onde outros só enxergam problemas.
Claudio Loetz
Colunista de economia
do jornal A Notícia
REVISTA 21 69
CABECEIRA
DIVULGAÇÃO
Escritor de Novo Hamburgo (RS) é colaborador de universidade alemã
FELIPE BRAUN
Maratona atrás
da própria história
Aos 28 anos, jornalista gaúcho reúne importante
acervo sobre imigração alemã no Sul do Brasil,
revelado em 10 livros e um portal de internet
No bem organizado site sobre a pesquisa a que se dedica desde os 14 anos
(www.imigracaoalema.com), o escritor e jornalista gaúcho Felipe Kuhn Braun
não se limita a relatos consistentes sobre a história da chegada das famílias
alemãs ao Brasil, na segunda metade do século 19. Resgatou, recuperou e
montou um minucioso acervo de mais de 30 mil imagens antigas – que foi
recolhendo ao longo desta verdadeira maratona em que se envolveu e que já
o levou a visitar mais de 500 famílias de descendentes, em várias regiões do
Rio Grande do Sul e até o Nordeste da Argentina, para onde emigraram centenas de famílias de teuto-brasileiros, no início do século 20, onde fundaram
a cidade de Puerto Rico, na província das Missiones.
A primeira inspiração para o trabalho que preenche boa parte de seus
28 anos veio, claro, da própria família. Dos portões da casa onde vivia,
no interior gaúcho, saiu à procura das histórias de seus antepassados e
das centenas de famílias de origem alemã nas regiões do Vale dos Sinos,
Vale do Caí e da Região das Hortênsias, na serra gaúcha. Nascido em Novo
Hamburgo, em 1987, passou parte da infância e adolescência na cidade de
Garibaldi, marcada pela colonização italiana.
Mais jovem vereador de sua terra, Felipe hoje é coordenador de Genea-
70 ACIJ
logia do Museu Histórico Visconde
de São Leopoldo e colaborador de
Estudos Históricos da Universidade de Mainz, na Alemanha, além
de integrar o Grupo de Estudos de
História sobre o Brasil e Portugal,
da Faculdade de Filosofia e Letras
da Universidade de Buenos Aires.
Também representa o Rio Grande
do Sul na diretoria da Badisch-Südbrasilianische Gesellschaft, entidade que promove o intercâmbio
entre a região alemã de Baden e o
Sul-brasileiro, com encontros culturais, intercâmbios, cursos de línguas e pesquisa genealógica, e que
tem sua sede em Karlsdorf-Neuthard, província de Baden-Württemberg.
Em entrevista à Revista 21, o
escritor falou de sua motivações e
desta imersão na história, que já
dura metade de sua vida.
IDEIAS E IDEAIS
Minha principal preocupação é
com a preservação histórica. Nestes 14 anos de pesquisas, ouvi
muitos relatos de material que
se perdeu, fotografias que foram
queimadas, casas antigas que foram demolidas. Meu maior objetivo, nestes anos todos, é a preservação desse material, providenciando
cópias das fotos antigas, reprodução de material fotográfico, o registro dessas histórias contadas pelas
pessoas mais velhas, e por fim, a
preservação de tudo isso por meio
dos livros.
EMPREENDEDORES
Certamente, foram os alemães
os responsáveis pelas primeiras
indústrias do Brasil. Eles foram
grandes empreendedores. De suas
mãos, surgiram, entre outras, as
primeiras cervejarias do país, as
primeiras fábricas de chocolate,
as primeiras empresas de sapatos,
os primeiros curtumes, têxteis,
os primeiros jornais, primeiras revistas. Deram uma
contribuição enorme e, sem dúvida, pioneira. Principalmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
SANTA CATARINA
Infelizmente, ainda disponho de pouco material sobre
Santa Catarina – mas já estive muitas vezes neste maravilhoso Estado. No entanto, ainda estou na busca
de contatos, fontes de pesquisa, tanto em Santa Catarina quanto em algumas regiões do Rio Grande do
Sul que ainda devo visitar. Há regiões que já mapeei
e onde visitei quase todas as famílias que dispõem de
material antigo, entre elas, parte do Vale do Rio dos
Sinos, Vale do Caí, Região das Hortênsias e Nordeste
da Argentina.
OS LIVROS DE FELIPE
Felipe Braun, que também tem forte atuação na comunidade – foi liderança estudantil na Feevale, onde
se graduou em jornalismo em 2010, e presidiu o Rotaract Novo Hamburgo –, já lançou exatos 10 títulos
reunindo suas pesquisas:
2010
2013
l História da Imigração
Alemã no Sul do Brasil
l Tramandahy: as Idas à
Praia no Início do Século XX
l Memórias do Povo Alemão
no Rio Grande do Sul
l História de Linha Nova:
1847 – 1945
2011
2014
l Memórias de Imigrantes
Alemães e seus Descendentes
no Sul do Brasil
l Família Kuhn – 500
Anos de História – Origens
e Descendência dos Kuhn
de Picada Café
DE RESISTÊNCIAS
No início, as maiores dificuldades foram com o trabalho de pesquisa, porque era jovem demais, tinha
14 anos. Mas sempre tive muita sorte e contei com o
apoio das pessoas, pois eu as ouvia, gostava que me
contassem suas histórias de vida, a história das suas
famílias, isso contribuiu para conseguir mais material
e também para ser indicado para outras famílias. No
começo, visitava as localidades de ônibus ou de carona, depois de carro. Na parte financeira, contei com
o apoio da minha família e depois investi parte das
minhas economias. Não sofri preconceito algum – sou
de origem alemã por todos os lados e falo o idioma.
Cada livro publicado auxiliou para ganhar mais credibilidade junto às famílias.
DAS INFLUÊNCIAS
Há muitas influências alemãs no Rio Grande do Sul. Por
exemplo, a arquitetura da nossa capital: boa parte dos
maiores prédios (da segunda metade do século 19 e início do século 20) foi projetada por arquitetos provenientes da Alemanha. Muitas escolas particulares foram
fundadas pelos padres jesuítas, pelas freiras de Congregações da Alemanha, os pastores da Igreja de Confissão
Luterana também abriram escolas e as mantêm até
hoje. Acredito que nossa gastronomia e alguns hábitos
culturais estão ligados à cultura germânica, mesmo que
muito dessa origem passe despercebida por boa parte
da população. Uma porcentagem significativa do povo
gaúcho tem, sim, suas origens na Alemanha, mas só nos
rincões e no interior que as pessoas se definem como
alemãs, principalmente as pessoas mais velhas. Isso
porque já somos brasileiros (em sua maioria) há várias
gerações. Claro que lembrando sempre dessas nossas
origens e nos orgulhando delas.
71
ACIJ
l Cartas e Relatos de
Imigrantes Alemães
l Alemães no Brasil
2012
l Novo Hamburgo: da
Fundação à Emancipação
Política 1824 – 1927
l São Miguel dos Dois
Irmãos: o Primeiro
Século de História
REVISTA 21
71
LITERATURA
Obra fundamental para entender os alemães
Por Ana Margareth Machado Ehlert
Jornalista e assistente social. Gaúcha,
trabalha na prefeitura de Hamburgo,
com projetos sociais e na Vara de Família,
elaborando laudos para processos de
guarda de menores. Mora na Alemanha
desde 1989. Antes, trabalhou no jornal A
Notícia, como editora de cultura
1945. Alemanha pós-guerra. Nesse
cenário, uma mãe (Helene Würsich)
abandona seu filho na estação, com
o pretexto de ir comprar uma passagem de trem. A narrativa começa
e termina mostrando a perspectiva
do filho. Mas o objetivo da autora
não é contar a história do menino, e
sim a da mãe. O enredo se desenrola narrando sua infância, à mercê de
uma mãe incapaz de lhe dar atenção
e amor materno. Assim, Helene e sua
irmã aprendem cedo a cuidar de si
mesmas. A mãe, traumatizada pela
perda de três filhos recém-nascidos,
vive num mundo irreal, colecionando
tudo o que lhe cai pela frente. A situação das irmãs piora quando o pai
retorna mutilado da primeira guerra. Em busca de uma vida melhor, as
meninas, então, retomam o contato
com uma tia que mora em Berlim.
Aqui Helene vem a conhecer os anos
dourados da década de 20.
Nesse clima de abertura e inovação, apaixona-se pelo estudante Carl,
que será o grande amor de sua vida.
Mas o amor dura pouco: Carl sofre
um acidente mortal. Atormentada
pela morte do noivo, ela se envolve
e se casa com um homem que não
ama. De origem judaica por parte de
mãe, é obrigada a mudar de identidade e assume o nome de Alice Schulze.
Seu marido, um alemão com ideias
antissemitas, a humilha e abandona
depois do nascimento do filho.
O quarto romance da berlinense Julia Franck foi premiado como o
melhor livro de 2007 (Deutscher Buchpreis). Em entrevista, ela admitiu
que seu romance contém referências
autobiográficas. O livro gerou certa
polêmica em seu lançamento na Alemanha por questionar o amor materno e também por colocar à mostra o estupro em massa de mulheres
alemãs por soldados russos.
Ao ler o romance, uma questão
me inquietou muito: por que uma
mãe que sobreviveu à guerra mobilizando todas as suas forças abandona
o filho, sem mais nem menos, a caminho de uma vida melhor?
Um fato como esse é chocante em qualquer país, independente
da cultura. A autora teve a coragem
de tratar de assuntos considerados
tabus na Alemanha, sem pudores e
julgamento. A narrativa impressiona
por isso. Julia não se preocupa em
criar personagens simpáticos e agradáveis. Eles são simplemente humanos. Para isso, utiliza uma linguagem
densa, sóbria, sem rodeios. A análise
psicólogica fica a cargo do leitor.
Considero este livro uma obra
muito importante para quem tenta
entender a sociedade alemã. Depois
da leitura, o seu ponto de vista não
será mais o mesmo.
A Mulher do Meio-dia
Julia Franck/Editora Nova
Fronteira (em português)
S. Fischer Verlag, Frankfurt
(am Main), edição em
alemão.
DESTAQUE
Toda a história, em um só volume
Este livro se propõe a discorrer sobre
as reviravoltas ocorridas na história
da Alemanha desde o início da Idade
Média até os dias de hoje. No meio
acadêmico, inúmeros debates e as
mais diferentes interpretações resultaram da multifacetada história dos
territórios alemães.
Nessa perspectiva, a autora apresenta uma síntese precisa de um gigantesco material histórico e explora
as interrelações entre fatores sociais,
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ACIJ
políticos e culturais em vista das controvérsias acadêmicas.
O livro é apresentado pela editora como a única obra escrita em
inglês que reúne toda a história da
Alemanha em um único volume. A
edição em português é ilustrada por
fotografias, ilustrações e mapas que
auxiliam no entendimento histórico.
Obrigatório para todos os que desejam se aprofundar no denso estudo
da história alemã e europeia, esse
título é também indicado para empresários, viajantes interessados e
leitores em geral. Um aprendizado
de primeira.
História Concisa
da Alemanha
Mary Fulbrook
Edipro
Mercado editorial brasileiro mostrou sua força em Frankfurt e reuniu 70 de nossos principais escritores
FEIRA DE FRANKFURT
O maior encontro editorial do mundo
Não é à toa que a terra que trouxe
à luz um verdadeiro iluminado –
Johann Wolfgang Von Goethe (17391832) – realize o maior encontro do
mercado editorial do mundo. A feira
do Livro de Frankfurt, que ocorre, neste ano, de 14 a 18 de outubro, cumpre
uma tradição de mais cinco séculos –
tão logo Gutemberg disponibilizou a
impressão a frio, livreiros da região
organizaram o primeiro encontro.
O evento atrai, anualmente, mais
de 8 mil expositores de 100 países,
300 mil visitantes e 10 mil jornalistas. Desde 1988, um país é convidado
para exibir sua literatura, arte e cultura. Em 2013, o Brasil esteve lá – assim
como a Alemanha havia sido a convidada de honra da Bienal do Livro do
Rio de Janeiro, naquele mesmo ano.
Nada menos do que 70 autores
brasileiros integraram a comitiva brasileira, coordenada pelo Ministério da
Cultura. Antes, em 1994, o país já exiFOTOS: DIVULGAÇÃO
bira sua produção editorial no maior
evento mundial do setor. Todos os
anos, a Feira do Livro de Frankfurt
entrega o Prêmio da Paz do Comércio
de Livro Alemão – Friedenspreis des
Deutschen Buchhandels – e destaca
a melhor obra de literatura infanto-juvenil com o Deutscher Jugendliteraturpreis.
Para o mercado editorial brasileiro, a participação em Frankfurt em
2013 teve resultados consideráveis.
Segundo a Câmara Brasileira do Livro
(CBL), os negócios gerados representaram 30% do total de vendas anuais
do setor. E, na edição de 2014 da feira, exatas 65 editoras verde-amarelas
repetiram a dose e expuseram em
Frankfurt, boa parte integrantes do
projeto BP – Brazilian Publishers.
Produto da parceria entre a CBL e a
Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o BP ajuda a fomentar as
exportações do conteúdo editorial
brasileiro. Em 2013, as editoras que
integram o projeto exportaram
US$ 2,95 milhões em direitos
autorais e livros.
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REVISTA 21 73
3 LIVROS
Visões sobre a Alemanha
A seleção de títulos recomendados apresentada nesta edição foi elaborada pelo coordenador do Centro de Idiomas
do Colégio Bom Jesus/Ielusc, Jeferson Rodrigo Kern. Ele é professor na instituição e tem experiência na área de
Letras, com ênfase na língua alemã.
Ponto de vista
brasileiro
Refletir sobre
costumes
Lembranças de
Thomas Mann
Durante sua estadia na Alemanha,
João Ubaldo Ribeiro foi convidado a
escrever crônicas para o jornal alemão “Frankfurter Rundschau”. “Um
Brasileiro em Berlim” consiste em
uma coletânea dessas crônicas, que
relatam de forma original e criativa
suas experiências no país. O livro é
um convite para quem quer se divertir e aprender um pouco mais sobre
os costumes alemães.
O autor Henning Fülbier, que morou nove anos em Porto Alegre,
relata um pouco de suas vivências
em nosso país. Diferenças culturais
e problemas com a língua portuguesa deram origem a divertidas
histórias. Situações de nosso cotidiano vistas pelos olhos de um
estrangeiro. Uma obra que nos faz
refletir sobre nossos próprios costumes.
A obra, traduzida recentemente do
alemão para o português, investiga
as relações entre a família de Thomas Mann – um dos mais famosos
escritores alemães do século 20 – e
o Brasil. Com vasto material fotográfico e linguagem acessível, o livro conta de maneira envolvente
a trajetória dos Mann e explora os
vestígios deixados pelo Brasil na família do escritor.
Um Brasileiro em Berlim
João Ubaldo Ribeiro
Editora Objetiva
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Sorria, Brasil! Você
Está Sendo Filmado.
Aventuras à Beira do
Cotidiano
Henning Fülbier
Editora CreateSpace
Independent Publishing
Platform
Terra Mátria
A Família de Thomas
Mann e o Brasil
Karl-Josef Kuschel, Frido
mann, Paulo Astor Sothe:
Editora Civilização
Brasileira
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Outros filmes para
conhecer a história recente alemã
Adeus, Lenin (2002)
DICA 21
A Queda – As Últimas
Horas de Hitler (2004)
A Vida dos Outros
Vencedor do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, “A Vida dos
Outros” narra a busca do governo de Berlim Oriental, em 1984, para
assegurar seu poder por meio de um sistema de vigilância e controle sobre
os cidadãos. No enredo, o capitão Anton Grubitz utiliza sua influência
política para vigiar o dramaturgo Georg Dreyman, considerado o modelo
perfeito de cidadão, já que não contesta o governo nem seu regime.
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O Grupo Baader-Meinhof (2008)
REVISTA 21 75
3 PERGUNTAS
RODRIGO PHILIPS/AGÊNCIA RBS
ELEN MARY MACHADO
Consultora brasileira que atua na Alemanha
A consultora Elen Mary Machado, 47 anos, nasceu no
Mato Grosso do Sul, formou-se em Letras pela antiga
Furj, em Joinville, deu aulas de inglês na Casa da Cultura,
até que, em meados da década de 1990, embarcou para
a Alemanha sem falar uma palavra do idioma, por conta
de uma “proposta irrecusável” de trabalho que o marido
havia recebido. Lá, foi atendente em uma verdureira e assistente em uma locadora de automóveis antes de voltar
às origens e ser contratada por uma indústria que procurava uma professora que pudesse montar um currículo
escolar bicultural para os filhos de funcionários brasileiros. Em 1996, fundou a Machado Intercultural Consulting, que pilota no centro empresarial de Frankfurt. No
ano da Copa do Mundo, prestou consultoria para a DFB,
a “CBF alemã”, para quem desenvolveu toda uma estratégia de comunicação. “Nenhum trabalho mexeu tanto
com minha alma brasileira (e também alemã) quanto
esse”, confessa Elen, que atende as grandes marcas alemãs de automóveis, como Audi e Mercedes-Benz.
1
Qual o segredo para o empresário brasileiro
que deseja se aproximar do mercado alemão?
Comunicação é tudo: falar fluentemente alemão
ou inglês ou ter um bom tradutor. Estar bem informado sobre o que você quer vender ou oferecer, acompanhado de estatísticas. Não seja muito modesto nem
muito cortês, defenda seus interesses e demonstre suas
capacidades. Cumpra com horários marcados e informe-os sobre atrasos. As relações informais não devem substituir as relações formais. As formais têm prioridade.
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2
Quais as particularidades do executivo alemão,
especialmente no setor industrial, em termos
de perfil?
O estilo de comunicação é diferente do nosso.
As suas necessidades, desejos, pedidos, opiniões são
expressos com palavras, diretamente. Para nós, isso
pode parecer mal educado. O alemão “não imagina”
que existem outras formas de comunicação. Ele não
vai entender, se nos expressarmos de forma indireta ou
esperarmos que ele “se toque” do que queríamos dizer,
mas não dissemos, só insinuamos. A questão do erro
é delicada. Ouso dizer que a mentalidade seria do tipo
“erra-se uma vez”, daí detalhadamente vai-se a fundo,
nas origens do erro, corrige-se e se documenta para nao
acontecer mais. Errar duas vezes na mesma coisa pode
dar impressão de falta de profissionalismo.
3
O que a empresa brasileira tem a aprender ou
já aprendeu com a cultura corporativa alemã?
Aprendeu-se muito em termos de tecnologia:
a presença das empresas no Brasil e as medidas
de transferência de know-how funcionaram muito bem.
Algo que precisa se desenvolver no Brasil é o planejamento a longo prazo. Também são fundamentais a transparência nos processos de trabalho, a estruturação organizacional bem definida, ou seja, definição clara de tarefas
e responsabilidades e respectivos poderes de decisão,
além do respeito e cumprimento de regras e estruturas. A
questão da reciclagem e o carinho e respeito com o meio
ambiente: não conheço nenhum país que faça isso de
maneira tão sensata. Esse para mim é o ponto principal,
pois todo impacto no meio ambiente é um impacto a si
próprio. A questão ambiental deve fazer parte de toda
cultura corporativa.
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