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REVISTA CITRUSBR | OUTUBRO 2015 | ANO 2 | Nº 6
NESTA EDIÇÃO: O CONSUMO DE SUCO NO MUNDO
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXPORTADORES DE SUCOS
CITRICULTOR
FÁBIO BOOMEN
WWW.CITRUSBR.COM
ISS 2359-1889
OUTUBRO 2015 | ANO 2 | Nº 6
“Na laranja,
é preciso cada vez mais
buscar eficiência”
O pomar
NA PALMA
DA MÃO
Com controle rigoroso
da produção, citricultores como
Fábio Boomen estão trasnsformando
a pequena Campos de Holambra num
polo citrícola, onde se colhe uma média de 1.700 caixas por hectare e se produz
a um custo médio de R$ 7 a caixa. Conheça a fórmula de sucesso desses produtores
Índice
67
14 Capa
Conheça a incrível fórmula de produtores de
Campos de Holambra, no sudoeste de
São Paulo, que alcançam produtividades
de quase 2 mil caixas por hectare
12 Entrevista
60 Compras
27 Consecitrus
94 Car
Joel Nelsen, manda-chuva da California Citrus
Mutual, fala sobre mercado de frutas de mesa
Posição da CitrusBR em relação à proposta de
adequação do estatuto
Estudo
mostra que consumo
de suco de laranja caiu
15,2% entre os anos de
2004 e 2014 e perda
acumulada chega a
450 milhões de caixas
no período
EUA lança programa de compra de suco
para reduzri estoques americanos
As vantagens de correr para preencher o
Cadastro Ambiental Obrigatório
28 Repercussão
Desoneração sem reclamação. Entidades do
setor concordam com projeto da CitrusBR
30 Estoques
Notas
Total de FCOJ equivalente deve chegar a
equíbrio técnico na próxima safra
04 ACONTECE
Tudo o que aconteceu em Cordeirópolis
34 Bolsa
08 TENDÊNCIAS
Governo de S. Paulo quer mais laranja na mesa
Veja o comportamento das cotações durante o
ano-safra que terminou em julho passado
55 Cajú
10 JUICE MARKET
Coluna sobre mercado mundial de sucos
60
Pepsi investe em plantio de caju e aposta no
suco da fruta como nova matéria-prima
56 Cancro
Doença se alastra pelo Estado. A mudança na
legislação é medida urgente para o setor
58 Máquinas
Valtra aposta em tratores
para pequenos e médios
produtores
62 Miau...
Por que Tony, o Tigre da
Kellogs, se tornou um
gatinho com mudanças
no café da manhã
2 | CITRUSBR outubro 2015
Artigo
95 CICERO CARTAXO DE LUCENA
Analista da Embrapa fala sobre baixa
emissão de carbono
58
36
PES
Reflexões sobre
os resultados
do Projeto
de Estimativa
de Safra do
Fundecitrus
FOTO DE CAPA DE JULIO VILELA
Carta ao leitor
Um marco para
a citricultura
CITRUSBR
OUTUBRO 2015
ANO 2 | Nº 6
EQUIPE
O projeto Pesquisa de Estimativa de Safra (PES), realizado pelo
Fundecitrus, entrou para a história da citricultura brasileira como a prova
definitiva de que os setores produtivos e industriais não só podem como
devem trabalhar em conjunto.
Idealizado pela CitrusBR, o projeto nasceu com o intuito de transferir
à cadeia citrícola um conhecimento que até este ano era propriedade
de cada uma de nossas empresas associadas, as quais, durante os
últimos 20 anos, desenvolveram de forma individual seus métodos de
pesquisa e estimativa de safra baseadas no que os Estados Unidos
fazem há décadas.
Para tanto, foram necessários alguns meses de conversas entre
CitrusBR e Fundecitrus, apresentações da proposta ao Conselho
Deliberativo daquela entidade e muitas trocas de ideias com técnicos,
citricultores, governos e afins.
Nesta edição, dedicamos um artigo especial com algumas descobertas
que só puderam vir à tona graças a esse projeto. E tem sido muito bom
ouvir com frequência de conselheiros do Fundecitrus que projetos com
essa envergadura são necessários para o bom funcionamento do setor.
Além disso, trazemos outros assuntos interessantes, como a história
de produtores de Campos de Holambra que, aliás, ilustram a nossa
reportagem de capa. Em suas histórias podemos conhecer suas estratégias
para alcançar altas médias de produtividade. Trazemos também uma
entrevista com Joel Nelsen, presidente da California Citrus Mutual, que
fala sobre a importância das marcas para a venda de fruta in natura.
Também inauguramos uma seção com a assinatura do Juice Maket,
uma das mais conceituadas publicações que acompanha todos os sabores
de suco no mercado internacional. Sem dúvida um ganho importante.
Como de costume, escolhemos um tema um pouco fora do ambiente
dos sucos, mas próximo da ocasião de consumo, no caso, o café da manhã,
com a história recente da Kellog, que enfrenta problemas de queda de
consumo semelhantes aos vividos pela categoria de sucos. E por falar
em queda de consumo, trazemos os principais dados do já tradicional
estudo realizado há cinco anos pela Markestrat com apoio da Tetra Pak.
O material mostra preocupantes dados que apontam para uma diminuição
de 15,2% no consumo de suco de laranja entre os anos 2004 e 2014.
O material completo está disponível no site da CitrusBR.
É isso e muito mais. Assim, esperamos continuar nossa contribuição
para trazer informação de qualidade e de maneira acessível.
REVISTA
Editor
Eduardo Savanachi
Subeditora
Juliana Ribeiro
Colaboraram
nesta edição:
Marcos Fava Neves,
Vinícius Trombim,
Rafael Bordonal Kalaki,
Denise Oliveira,
Taciana Bovo,
Julio Vilela (fotos)
Direção/
produção de arte
Fabiano Duarte
Ilustração e infografia
Denis Cardoso e
Fabiano Duarte
Tratamento
de imagem
Daniel Costa
Revisão
Mario Garrone Jr.
Agradecimentos
Fundecitrus, Décio
Joaquim e Embrapa
PARA ASSINAR
A REVISTA
[email protected]
11 2769-1205
ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DOS
EXPORTADORES DE
SUCOS CÍTRICOS
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CitrusBR gratuitamente
em sua casa.
Voce também
pode enviar sugestões
de pautas
A todos uma boa leitura.
ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DOS
EXPORTADORES DE
SUCOS CÍTRICOS
Diretor-executivo
Ibiapaba Netto
Diretora de Relações
Internacionais
Larissa Popp
Coordenadora de
projetos
Isabela Costa
Coordenadora
Administrativa
Debora Dezan
Assistente
Administrativo
Tamires Pereira Ribeiro
IBIAPABA NETTO
Diretor-executivo
CitrusBR
[email protected]
CITRUSBR outubro 2015 | 3
ACONTECE
SANIDADE
OS NOVOS VOOS DO PSÍLIDEO
O mais recente levantamento realizado pelo Fundecitrus apontou que o greening
continua avançando. De acordo com a pesquisa, 17,89% dos pomares do parque citrícola
de São Paulo e das regiões do Triângulo Mineiro estão contaminados com a doença.
Para realizar o estudo, o Fundecitrus avaliou, nos meses de junho e julho, 24,2 mil
plantas em todas as regiões do parque citrícola, estratificadas de acordo com variedade,
idade e tamanho de propriedade. A seguir os principais dados do levantamento
159
%
FOI QUANTO A INCIDÊNCIA
DA DOENÇA CRESCEU
DESDE 2012, QUANDO FOI
REALIZADO O ÚLTIMO
LEVANTAMENTO
4 | CITRUSBR outubro 2015
35
50
42,5
DE PLANTAS ESTÃO
DOENTES, DESTAS 44%
APRESENTAM SINTOMAS
SEVEROS
É O TAMANHO DA PERDA DE
PRODUÇÃO NAS ÁRVORES
AFETADAS, DEVIDO À
REDUÇÃO DO TAMANHO E À
QUEDA PREMATURA DE
FRUTOS
É A INCIDÊNCIA DO GREENING NA
MACRORREGIÃO SUL, A MAIS
AFETADA DO CINTURÃO CITRÍCOLA
E QUE ENGLOBA OS MUNICÍPIOS
DE LIMEIRA, PORTO FERREIRA E
CASA BRANCA
MILHÕES
%
%
FOTO DE JULIO VILELA
NEGÓCIOS
COCA-COLA ORGÂNICA
A Coca-Cola está apostando alto no mercado de bebidas
orgânicas. Depois de adquirir a Honest Tea, marca de chás
orgânicos em 2011, a companhia comprou 30% da empresa
californiana de sucos orgânicos Suja Life LLC por US$ 90
milhões. A negociação permite que a gigante dos refrigerantes adquira 100% da Suja após três anos. Quem também
adquiriu uma parcela da companhia foi o Goldman Sachs,
que pagou US$ 60 milhões por 20% de participação. Com
isso, o valor de mercado da Suja está estimado em US$ 300
milhões, montante sete vezes superior ao seu faturamento anual, que foi de US$ 42 milhões no
ano passado. O investimento marca o movimento da Coca-Cola em direção ao mercado de bebidas orgânicas prensadas a frio e evidencia a aposta da gigante na diversificação ao pagar por uma
empresa o equivalente a cerca 30 vezes o faturamento anual atual.
SANIDADE II
MERCADO
GREENING NO
CELULAR
100% FRUTA
Um aplicativo para smartphone
promete ser a mais nova arma contra o
greening. De acordo com o pesquisador
da Universidade da Flórida James
Tansey, o programa, batizado de
FLCHMA, permite aos citricultores
registrar uma série de dados sobre
cada área, para controle do manejo,
incluindo tipo de colheita, insetos
encontrados, data da colheita, histórico
de aplicações e até se o pomar é
voltado para frutas de mesa ou suco
para mercado interno ou externo.
A fabricante brasileira de sucos Mitto acaba
de lançar seu suco de tangerina integral
em garrafa de vidro. A novidade amplia
o portfólio da companhia, que já oferece
os tradicionais sucos de
uva e uva branca, e
novos sucos integrais de
maçã, açaí e açaí com
guaraná. Segundo a
Mitto, a linha de bebidas já está disponível
nas principais lojas
do país, nas versões
300 ml e 1 litro.
BRITÂNICOS
MAGUARY TEM NOVO DONO
Em busca de expansão internacional, a fabricante de
bebidas britânica Britvic acaba de fincar sua bandeira no
Brasil. A empresa fechou a compra da empresa de
sucos brasileira EBBA, dona das tradicionais marcas
Maguary e Dafruta. O negócio foi de 120,8 milhões de
libras ou cerca de R$ 580 milhões. Com o acordo, a
Britvic, líder em diversos mercados da Europa, consegue
acesso ao sexto maior mercado de refrigerantes do
mundo e amplia sua expansão internacional para além
de Estados Unidos, Índia e Espanha.
MAIS
ESTÍMULOS
PARA O POMAR
Shane O’Connel,
pesquisador da
Universidade da
Irlanda, fala sobre o uso
de poliestimulantes
nos pomares
O que são os
poliestimulantes?
Eles são moléculas que
ajudam na redução do
stress e contribuem para
estimular as plantas no seu
desenvolvimento.
Quais os benefícios deles
para o pomar?
Eles atuam principalmente na
redução do stress hídrico que
as plantas sofrem em períodos
de seca, mas também temos
visto melhora na qualidade e
uniformidade dos frutos.
Isso contribui para a
produtividade?
Sem dúvida. Quando as
plantas começam a florir e
os frutos vão se formando, as
árvores estão sob muito stress.
A aplicação de poliestimulantes em pontos-chave das
plantas nesse período reduz
significativamente o stress
e resulta em aumento da
produtividade.
De quanto é esse aumento
em média?
Temos dados de aplicações
dos poliestimulantes em
propriedades citrícolas no
Brasil cujo volume de frutas
colhidas por planta cresceu
entre 7% e 17%.
CITRUSBR outubro 2015 | 5
ACONTECE
CERTIFICADO
TRABALHO RECONHECIDO
O Fundecitrus recebeu o reconhecimento da Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) pela
contribuição na implementação do manejo regional do greening
(HLB) na América Latina e no Caribe. O certificado foi entregue ao
pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi durante a reunião da
FAO, que ocorreu em Santiago, no Chile. Desde 2011 o fundo, cujo
diretor é Juliano Ayres (foto), tem contribuído com o projeto da
FAO de “Assistência Técnica para a Gestão Regional do
Huanglongbing na América Latina e no Caribe”.
CRIANÇAS
PRODUTO
LIGHT
SUCO DE
VITAMINAS
O NOVO
NÉCTAR DA
SUFRESH
CHÁ FUNCIONAL
A empresa WOW!
Nutritional resolveu
apostar no segmento de
bebidas funcionais, mas
voltado para o público
infantil. A empresa lançou
a Luminus Kids, um suco
de fruta 100%, nos
sabores uva e laranja, que
não contém açúcar nem
conservantes. De acordo
com a empresa, além de
fornecer os nutrientes do
suco de frutas, a bebida
contém o Life Mix, uma
composição de vitaminas,
minerais e fibras que
auxilia no funcionamento
do intestino.
6 | CITRUSBR outubro 2015
Depois de lançar sua
primeira linha de sucos
100% no ano passado, a
Sufresh, também do
grupo WOW! Nutritional
volta a investir no segmento de néctares.
Desta vez, a companhia lançou uma linha
premium de néctares
de laranja. O novo produto possui 65,9% de
suco de fruta, bem
acima dos 40% exigidos pela legislação, e
vem nas versões com
gominho e light.
Quem também quer crescer no mercado de produtos funcionais é a empresa Sanavita.
Ela acaba de lançar a bebida Mate Verde & Matcha, que combina substâncias naturais
que, segundo a empresa, favorecem a queima de gorduras e a inibição do apetite.
BENEFÍCIOS
SUCO PRA NÃO ESQUECER
De acordo com um estudo realizado por cientistas da Universidade de Reading, na
Inglaterra, beber suco de laranja todos os dias pode ajudar a melhorar a memória de
idosos. A pesquisa mostrou
que os “flavonoides”, compostos presentes em grandes quantidades na laranja,
podem ajudar a melhorar a
memória através da ativação do hipocampo, uma
parte do cérebro associada
à aprendizagem e ao armazenamento de informações.
FÔLEGO RENOVADO
LANÇAMENTO
O NOVO CHÁ DA ARIZONA
DO BEM NA VOLTA ÀS AULAS
Depois de inúmeras disputas no tribunal, entre
os sócios, a Arizona Beverage Corp’s, uma das
primeiras fabricantes do chá gelado nos
Estados Unidos parece estar recuperando o
fôlego. A empresa acaba de lançar o chá
gelado Good Brew, feito com folhas das
plantas ao invés de pó e a cerveja Crazy
Cowboy. A meta da companhia é dobrar as
vendas em cinco anos e brigar com gigantes
como Coca-Cola, PepsiCo e Nestlé.
A do bem aproveitou o retorno das
aulas após as férias de julho para
lançar no mercado uma versão
pequena do suco de uva integral.
O produto já está sendo vendido
no varejo, em embalagens de 200
ml. Segundo a companhia, a
embalagem menor é ideal para
que as crianças possam levar o
suco como lanche na escola.
FOTOS DE JULIO VILELA, SHUTTERSTOCK E DIVULGAÇÃO
ORGÂNICOS
O VAI E
VEM DO
CONSUMO
NATIVE DE CARA NOVA
A empresa de produtos orgânicos Native ampliou os
sabores de sua linha de bebidas. Os novos sabores são
caju, limão e tangerina. Os sucos completam o portfólio
de matinais da empresa, que conta ainda com cafés,
achocolatados, cookies e alimentos à base de soja.
SABORIZADO
TECNOLOGIA
ULTRAPAN
TANGERINA
ENERGÉTICA
POLÍMERO
INTELIGENTE
O REFRESCO
QUE VIROU
NÉCTAR
Após fazer sucesso com
seu energético TNT
sabor maçã verde, o
Grupo Petrópolis decidiu
investir em outro sabor e
lançou o TNT tangerina.
De acordo com a gerente de propaganda do
grupo, Eliana Cassandre,
a bebida de maçã verde
responde por 8% das
vendas de energéticos
do
grupo,
o que
fez a
empresa se
animar
para
investir
em
novos sabores. O grupo
afirma que o mercado
de energéticos saborizados ainda é pouco
explorado no Brasil e
tem um alto potencial
de crescimento.
Segundo dados da
empresa, o mercado
brasileiro de bebidas
energéticas vem crescendo nos últimos dez
anos a uma taxa de
26,9% ao ano.
Cientistas da Universidade da Flórida
desenvolveram um polímero
biodegradável que promete ser uma
ferramenta para fornecer nutrientes e
pesticidas para as plantas de citrus
de forma mais eficaz. De acordo com
o pesquisador responsável, Brent
Sumerlin, ao entrar no sistema das
plantas, esse polímero emite
estímulos-resposta que facilitam o
transporte das substâncias pelo
caule. A grande diferença é que a
liberação das substâncias acontece
de forma
controlada,
segundo as
necessidades da
planta.
DESENHOS
DAFRUTA PARA CRIANÇAS
As empresas de bebidas Dafruta firmou uma
parceria com a fabricante de brinquedos
Mattel para remodelar as embalagens
de sua linha de néctares voltados para as
crianças. Nos sabores abacaxi, morango,
uva e frutas cítricas, as novas embalagens
serão estampadas com personagens como
Barbie e Hot Wheels, como forma de atrair
a atenção dos pequenos.
A empresa Ultrapan,
fabricante da famosa
marca
de
refrescos
Topico,
resolveu
apostar
numa
linha de
néctares
funcionais. De
acordo
com a empresa, a nova
linha, batizada de
Frutaria, possui alto teor
de polpa de fruta, baixa
caloria e tem sabores de
frutas que trazem benefícios para a saúde.
Confira os destaques
do Relatório da Nielsen
sobre o valor e o
consumo de suco de
laranja no mercado norteamericano nas últimas
quatro semanas com
término em 1/8/2015
2,6
%
foi o percentual total de
reajuste do preço do galão
de suco de laranja – incluindo
NFC e Reconstituído. Com
isso, o preço médio na
gôndola chegou a US$ 6,60 o
galão, o equivalente a
R$ 6,35 o litro.
-4,4
%
foi o quanto caiu o volume
total de suco de laranja
consumido nos EUA, cujo
patamar chegou a 126,7
milhões de litros.
-3,7
%
de NFC foi consumido
pelos norte-americanos
no período, já que o
volume atingiu 74,5 milhões
de litros.
INOVAÇÃO
100% PARA OS
PEQUENOS
A fabricante norte-americana
de bebidas Harvest Hill
Beverage Company decidiu
revitalizar a sua marca de
sucos 100% Juicy Juice
Splashers voltada para o público infantil. A companhia também investiu no lançamento de
novos produtos para a marca,
que agora está disponível nos
sabores morango, melancia,
pêssego e cranberry.
CITRUSBR outubro 2015 | 7
TENDÊNCIAS
1
Mercado in natura
MAIS LARANJA
NA MESA
Novo programa do governo do Estado de São
Paulo pretende estimular o plantio de citros voltados para mesa. O programa, batizado de
“Programa Citricultura Nota 10”, foi anunciado
durante a realização do fórum Citrus de Mesa,
realizado em meados de julho no Centro de Citricultura Sylvio Moreira, em Cordeirópolis. A ideia é que
sejam disponibilizadas cerca de 60 variedades de porta-enxertos de citros de mesa para serem validados pelos citricultores paulistas. O programa também irá permitir a validação desses materiais em
pomares distribuídos no Estado de São Paulo, etapa necessária e que
antecede a liberação para o plantio em grande escala e ao Registro
Nacional de Cultivares (RNC) no Ministério da Agricultura. Para particiEnergia
par do programa, o citricultor deve preencher formulário de interesse
para ser feita a pré seleção, firmar o termo de transferência de material
IRRIGAÇÃO
genético do IAC e instalar o lote com as cultivares. Os produtores parMAIS
ceiros precisam também permitir o acesso dos pesquisadores do
BARATA
Centro de Citricultura para validação e compartilhar as informações
O custo para irrigar as lavoucom a equipe técnica do IAC. Os interessados devem se cadastrar no
programa até dezembro de 2015 pelo site www.centrodecitricultura.br
ras pode ficar menor nos pró-
2
ximos meses. A ministra da
Agricultura, Kátia Abreu, tem
negociado junto à Agência
Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) para excluir a atividade de irrigação agrícola da
lista da bandeira vermelha,
tarifa extra de energia aplicada desde janeiro para
períodos. A taxação extra
representa um acréscimo de
R$ 0,055 para cada quilowatt
hora consumido.
3
CADE
PEPSI E
AMBEV
FECHAM
ACORDO
O Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade)
aprovou, sem restrições, a
formalização do acordo firmado entre Ambev, do
Grupo A-B Inbev, e
PepsiCola Industrial da
4
Amazônia, do Grupo Pepsico.
Com isso, o Grupo A-B Inbev
terá exclusividade no engarrafamento, na
distribuição e
no marketing
de determinadas bebidas
não alcoólicas,
como isotônicos, do Grupo
Pepsico.
Flórida
O Departamento de Citrus da Flórida (FDOC) tem
uma nova diretora-executiva. Trata-se de Shannon
Shepp, que substitui Doug Ackerman, que renunciou após quatro anos no cargo. Além da direção,
o FDOC anunciou também mudanças na área de marketing, com a contratação
da agência Edible, do grupo Edelman, especializada em relações públicas nas
áreas de alimentos e bebidas. Com contrato de US$ 8 milhões, a agência será
responsável por vitalizar as ações de marketing da entidade.
8 | CITRUSBR outubro 2015
NOVO
COMANDO
NO FDOC
FOTOS DE JULIO VILELA E DIVULGAÇÃO
5
Energéticos
MERCADO
ACELERADO
O mercado europeu de bebidas energéticas cresceu 4,9%
durante o ano passado, de acordo com relatório da empresa
de pesquisa de mercado Canadean. O robusto crescimento foi
impulsionado pelo surgimento de opções de baixas calorias.
Segundo o levantamento, há expectativa de que cerca de 550
milhões de litros de bebidas energéticas sejam produzidos em
todo o continente europeu ao longo de 2015.
6
7
Pesquisa
GREENING
NO RADAR
Uma pesquisa da Universidade da
Califórnia apontou que o greening afeta
árvores cítricas antes mesmo de elas
começarem a mostrar sinais de infecção.
As novas descobertas indicam que a
doença causa estragos nas redes hormonais, que são fundamentais para a capacidade das árvores de se defenderem de
infecções. Os novos resultados podem
ajudar no desenvolvimento de testes diagnósticos e tratamentos para a doença.
9
Financiamento
MAIS
RECURSO
PARA O
POMAR
Embrapa
QUANTO
MAIS ÁRVORE
MELHOR
Aumentar o nível do adensamento pode
gerar um ganho de 89% na produtividade dos pomares. Esse é o resultado de
um estudo desenvolvido pela Embrapa
Fruticultura em parceria com a Estação
Experimental de Citricultura de
Bebedouro (EECB). De acordo com os
responsáveis pelos estudos, nos experimentos realizados no interior paulista
estão sendo testados novos espaçamentos que fazem com que o adensamento passe de 550 plantas por hectare para 2.500. Os estudos ainda são
preliminares e a viabilidade do modelo
ainda está sendo testada.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo anunciou que terá mais R$
46,5 milhões para desenvolver os programas de
financiamentos voltados ao desenvolvimento e
fomento do agronegócio paulista. Um dos projetos
aprovados é voltado para a fruticultura e prevê um
limite de até R$ 200 mil por produtor rural para
investir em itens necessários para a instalação e
manutenção de pomares até o início de produção
de frutas tropicais, subtropicais e temperadas. O
beneficiário terá 96 meses, com carência de 60
meses, para pagar, com juros de 3% ao ano, respeitando o ciclo produtivo da cultura a ser implantada.
8
Aquisições
ENCONTRO
DAS ÁGUAS
A empresa britânica
CBL Drinks e a
Speaking Water
Brands anunciaram que vão firmar uma fusão
para criar uma
nova empresa, batizada de Clearly
Drinks. A principal
marca do novo
grupo será a
linha Perfectly
Clear de águas
saborizadas, a qual
vem registrando
crescimento anual
da ordem de 20%
e contribui com
cerca de 40%
da receita total
do grupo. A marca,
originalmente pertencente à
Speaking Water
Brands, já está
no mercado há
aproximadamente 20 anos.
Fale com a redação:
[email protected]
CITRUSBR outubro 2015 | 9
A CITRUSBR TRAZ COM EXCLUSIVIDADE UMA INÉDITA PARCERIA COM O JUICE MARKET, RELATÓRIO INTERNACIONAL QUE TRAZ INFORMAÇÕES
SOBRE OS BASTIDORES DO MERCADO MUNDIAL DE SUCOS, NOS MAIS DIFERENTES SABORES E FORNECEDORES AO REDOR DO MUNDO
Outros cítricos
Suco de maçã
A safra 2015/16 de maçã na Polônia se aproxima. As estimativas apontam para uma produção de cerca de 3,2 milhões de toneladas, ou cerca de 80 milhões de caixas de 40,8 quilos.
A Polônia é o principal produtor de suco de maçã da Europa. Apesar da boa produção da
última safra, houve uma forte demanda do mercado de produtos frescos na Europa, bem
como uma demanda inesperada dos EUA. O excesso de oferta de fruta na Polônia na última
safra fez com que os preços baixassem, tornando-os competitivos em relação ao suco de
maçã chinês com destino ao mercado americano. Embora os estoques tenham caído e
sejam praticamente insignificantes, a demanda também está fraca, com compradores
aguardando o início da próxima safra. Já na China, a previsão é que a próxima safra de maçã
esteja dentro dos padrões históricos, com o produto sendo oferecido no mercado a US$
1.100 a tonelada do suco de maçã concentrado 70 Brix (FOB China). A esses preços, relatam,
os processadores apontam prejuízo devido a elevados preços de matéria-prima (fruta) na
safra passada. Para esta temporada não há sinalização se o preço da maçã será suficientemente baixo para que os processadores possam produzir suco a um valor competitivo.
A safra 2014/15 de grapefruit
na Flórida acabou em maio.
Uma das poucas indicações
sobre a produção da próxima
safra é que a falta de novos
plantios é mais evidente para
o grapefruit, especialmente o
grapefruit branco, em comparação com as laranjas. Por
essa razão, os analistas na
Flórida sugerem que a queda
na produção de grapefruit
será mais acentuada do que
na de laranja. A safra 2015 de
limão na Argentina ainda está
em andamento. A produção
deve voltar aos níveis normais após uma campanha
fracassada na última temporada. Cerca de 60% da oferta
já foi alocada e a demanda
permanece efervescente. No
entanto, os compradores
estão hesitantes com os preços de US$ 3.500/tonelada
400gpl (gramas por litro de
ácido cítrico)
(FOB
Buenos
Aires).
Maracujá
O Equador está prestes a começar o período de pico de produção de maracujá entre os meses de agosto e setembro.
Fontes locais no Equador afirmam que a produção de
concentrado de maracujá para 2015 ainda é estimada
em 12.500 toneladas, mas as preocupações de que o
clima reduzirá a produção final estão crescendo.
10 | CITRUSBR outubro 2015
FOTOS DIVULGAÇÃO
Para descascar o abacaxi...
Maior produtor mundial de suco de abacaxi, a Tailândia vê grandes problemas na atual
temporada. A safra é descrita como uma das piores nas últimas duas décadas. A produção
está pelo menos 30% abaixo dos níveis históricos, a qualidade do fruto é ruim e
os preços atingem níveis recorde. O mercado agora já passa a observar a
safra de inverno no Hemisfério Norte. A maioria das previsões é pessimista devido à péssima colheita da
safra de verão. Simplesmente não há
frutas o bastante nas plantações
para fazer frente à baixa oferta,
dizem os analistas.
3.000
2.500
Carta na manga
2.000
(US$/tonelada fob 60/65 brix Tailândia)
1.500
1.000
500
n/
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15
0
ja
Um clima seco na Colômbia
fez com que a safra de manga
do verão fosse até meados de
agosto. Em termos de
qualidade, as frutas se
mostraram menores em
tamanho devido às condições
de seca, mas ricas em brix. A
demanda tem sido forte, e a
maioria dos fornecedores já
vendeu toda a sua produção.
Preço do
suco de abacaxi
nos últimos 15 anos
na Tailândia
Fonte: Juice Market
Uva
O mercado de suco de uva concentrado
na Argentina permanece sem movimentações. A maioria dos compradores aparentemente firmou contratos de longo
prazo durante a safra anterior, em março.
Os processadores anseiam recuperar o
ano anterior com exportações mais
robustas. Contudo, dizem, isso dependerá principalmente da evolução do mercado de concentrado de maçã. Os dois
produtos têm perfis de cor e sabor similares e, portanto, usos finais similares.
ESTA COLUNA É UMA VERSÃO DA REVISTA JUICE MARKET, PUBLICADA NO SITE www.juicemarket.info
Contato: Stefan Worsley. Tel.: +44 (0) 7711 564 219. Email: [email protected]
CITRUSBR outubro 2015 | 11
entrevista
|
Joel Nelsen,
presidente da California Citrus Mutual
“UMA MARCA FORTE
ATRAI CONSUMIDORES”
A produção de citrus do Estado da Califórnia responde por 85%
da fruta in natura consumida nos Estados Unidos e movimenta
US$ 2 bilhões por ano. Mas o principal diferencial do modelo
de citricultura implementado naquela região está na aposta dos
produtores na construção de marcas próprias para vender seus
produtos. Por lá, produtores transformaram seus pomares em
empresas, como as tradicionais Paramount e Sunkist, e conseguem agregar valor às suas frutas e vendê-las com sua marca nos
principais supermercados americanos. Em entrevista exclusiva
à revista CitrusBR, o presidente da California Citrus Mutual
(CCM), associação que representa 2,2 mil produtores do Estado,
explica as vantagens desse modelo e fala sobre as estratégias da
região para vencer desafios como o greening e a falta de água.
Qual é o peso da Califórnia na produção
americana de citrus?
De acordo com o USDA, a Califórnia fornece 85% dos citrus frescos do país. As
principais variedades são as laranjas navel,
mandarins e os limões. A California Citrus
Mutual representa 2,2 mil produtores, que
produzem entre 65% e 70% do volume total
do Estado. A nossa produção de frutas
cítricas é de cerca de 98 milhões de caixas
de 40,8 quilos cada.
Todo esse volume é comercializado no
mercado interno?
Nosso principal mercado é o doméstico, que
responde por cerca de 70% da produção.
O restante, entre 25% e 30%, é exportado
principalmente para Canadá, Coreia, China, Japão, Austrália e Malásia.
12 | CITRUSBR outubro 2015
A FORÇA DO NOME
Os exemplos da Sunkist e da Paramount, que
comercializam frutas com marca própria,
mostram que é possível agregar valor à fruta
e chamar a atenção de clientes
Os produtores da Califórnia são reconhecidos por apostar na marca própria. Quais são
os benefícios dessa estratégia?
No caso das mandarins, a marca tornou-se muito importante. Nas laranjas também temos
casos bem-sucedidos, como o da Sunkist, uma cooperativa de produtores que criou a marca
há décadas e é tão conhecida que gerou valor agregado ao produto. O uso de uma marca
no mercado certamente atrai mais consumidores, mas, muito além disso, a consistência, a
qualidade e o sabor da fruta é que os mantêm fiéis.
Podemos dizer que ter um produto com marca deixou a produção mais competitiva?
É difícil dizer. A demanda vem excedendo a oferta por causa das mudanças que fizemos nos últimos
anos. Por outro lado, não podemos aumentar muito os preços por causa da competição com outras
frutas, mas, apesar disso, a nossa indústria tem se saído bem economicamente.
Como o senhor avalia o mercado americano de citrus de mesa?
Nossa participação de mercado está se expandindo porque mudamos nossos padrões de
maturidade da laranja navel e agora enviamos frutas mais precoces e mais saborosas ao
mercado. Apesar disso, testemunhamos uma leve queda no consumo, já que os consumidores
têm outras opções e buscam novos sabores. As laranjas de verão tiveram leve queda, mas, de
forma geral, os números vêm crescendo para a nossa indústria.
FOTOS DIVULGAÇÃO
Quais são os principais desafios do setor?
O maior desafio é a falta de água em algumas
áreas, o que vem reduzindo o tamanho das
frutas. Atrelado a isso, temos a importação de
citrus, que cresceu cerca de 500% nos últimos
15 anos e vem preocupando os produtores da
Califórnia. Isso porque em alguns países os custos
de produção são menores e os citricultores são
assistidos pelo governo, o que torna as frutas
mais competitivas. Além disso, elas chegam aos
Estados Unidos com uma tarifa de 3%, enquanto
nossas exportações são taxadas entre 20% e 25%.
“A DEMANDA VEM EXCEDENDO A
OFERTA, MAS NÃO PODEMOS AUMENTAR
OS PREÇOS POR CAUSA DA COMPETIÇÃO
COM OUTRAS FRUTAS. APESAR DISSO,
ESTAMOS NOS SAINDO BEM”
Quais são as diferenças no manejo das
frutas de mesa em relação às processadas?
A primeira diferença está no custo maior
de produção, porque precisamos nos prevenir de forma mais eficaz da infestação por
doenças. A fruta que vai ser processada pode
ser disforme e ter cicatrizes, mas as frutas de
mesa não. Além disso, a fruta de mesa precisa
ter um nível melhor de sabor e equilíbrio,
porque é consumida individualmente, não
há como fazer um blend, como ocorre no suco. O tamanho e a firmeza da fruta também são mais
importantes para as frutas frescas, já que os consumidores não apreciam as de menor tamanho.
Há alguma ação de marketing para fomentar o consumo?
Sim. Nossos comerciantes têm conseguido bons resultados apostando na tendência de consumo
de alimentos mais saudáveis que cresce nos EUA. Além disso, temos ações importantes, como a
campanha Citrus Strong e o movimento Citrus Matters (Citrus Importa, em tradução livre), feito
em parceria com a empresa Bayer, que estão focadas em levar informações sobre a importância
da nossa indústria, os benefícios dos citrus e os desafios enfrentados pelo setor.
E em relação ao greening, a doença já afeta
a produção californiana?
Nós tivemos um caso de uma árvore infectada
pelo Haunglongbing (HLB) em um jardim em
Los Angeles, e algumas árvores da vizinhança
passaram a ser monitoradas. Aqui na Califórnia
chamamos de HBL, porque greening é usado
mais para quando há registros positivos da
doença, o que não é o caso.
E como vocês têm trabalhado para manter o
greening longe dos dos seus pomares?
Nós temos um programa de US$ 25 milhões
para monitoramento de pragas e doenças.
Temos realizado um trabalho firme para que os
produtores façam avaliações de seus pomares e se
inscrevam em um programa para a instalação de
armadilhas, detecção e tratamento. Acreditamos
que manter o citricultor ativamente envolvido
no combate à doença, como um parceiro, é de
importância vital. Fazemos monitoramento dos
pomares constantemente para determinar se
existe a doença e, felizmente, após centenas de
milhares de análises, o HLB não foi detectado.
Diante desse cenário, quais são as perspectivas
para esse mercado?
Nós continuamos otimistas, embora a falta de
água e o aparecimento de doenças possam impactar o nosso otimismo. Achamos que o Leste
Europeu e alguns países árabes podem expandir
suas produções e exportações. Enxergamos
oportunidades futuras em países em desenvolvimento, como Vietnã, Tailândia e Índia.
CITRUSBR outubro 2015 | 13
capa
| Por Juliana Ribeiro, de Campos de Holambra
Fotos de Julio Vilela
A FÓRMULA
da produtividade
Com rígido controle de
custos, manejo cuidadoso e
organização, um grupo de produtores vem transformando a pequena
Campos de Holambra, no sudoeste de São Paulo, em um verdadeiro
polo citrícola, onde a média de produtividade já bate a
marca de 1.700 caixas por hectare
14 | CITRUSBR outubro 2015
FÁBIO BOOMEN,
da Holancitrus
“Controle rígido das
operações me ajudou
a alcançar uma
produtividade média
de 1.800l caixas por
hectare e tornar a laranja
um bom negócio”
CITRUSBR outubro 2015 | 15
capa
H
á quase 20 anos,
quando decidiu
apostar na citricultura como forma
de diversificar suas
atividades agrícolas, o produtor Fábio Boomen estava
disposto a implantar um sistema diferente. Tradicional cerealista, ele resolveu
adotar nos pomares o mesmo modelo de
produção que aplicava nas lavouras de
trigo e milho, tradicionalmente cultivadas por sua família. Uma fórmula que
deu certo. Hoje em dia, nos 340 hectares
ocupados por laranja, Boomen ostenta
uma ótima produtividade média de
1.800 caixas por hectare. A integração
no cultivo da laranja com os grãos ainda
permite otimizar os gastos, melhorar
o manejo e equilibrar as atividades da
fazenda, o que faz seu custo de produção
médio girar em torno de R$ 7,22 por caixa de 40,8 quilos, na árvore. “Em todas
as minhas atividades sempre busquei
o máximo de eficiência, na laranja não
poderia ser diferente”; ressalta o citricultor. Boomen é um dos exemplos de um
grupo de produtores que estão transfor-
mando Campos de Holambra,
uma pequena colônia holandesa
localizada no sudoeste paulista,
num verdadeiro polo citrícola.
Uma região cuja produtividade média já chega a 1.700 caixas por hectares.
Mais do que o dobro da média do Estado, de 691 caixas por hectare, de acordo
com os dados da Pesquisa Estimativa de
Safra (PES), realizada pelo Fundecitrus,
“Buscamos usar nosso conhecimento
adquirido na agricultura para extrair o
máximo dos pomares.”
No caso de Boomen, um dos aspectos que fazem a diferença no cultivo dos
230.000 pés de laranjas que ocupam sua
fazenda é a forma como ele se valeu da
topografia da região. Por ali, o plantio
dos grãos é feito de forma circular,
para permitir a irrigação por meios de
pivôs centrais. Essa disposição faz com
que existam espaços entre a lavoura
e o equipamento. É justamente nesse
espaço que as laranjas foram plantadas. “Nessas áreas a terra é mais bem
preparada, o que ajuda no desenvolvimento das plantas.” A experiência com
os grãos fez com que algumas práticas
fossem “herdadas” pela laranja. Um
FAZENDA
ÁREA:
Variedades
plantadas:
HECTARES
PERA
HAMLIN
BAHIA
BAIANINHA
VESTIN
RUBI
MURCOT
VALÊNCIA
NATAL
FOLHA MURCHA
CHARMUT
340
6
VIVEIROS
COM
CAPACIDADE
PARA
500
mil
MUDAS
ADENSAMENTO
MÉDIO:
676
exemploe é a análise
plantas
anual do solo, em
POR HECTARE
que são avaliados
todos os componentes da terra e a partir
daí é estabelecido
um calendário de
PÉS PRODUTIVOS
adubação, aplicando
E NÃO
exatamente o que o
PRODUTIVOS
solo precisa. Além
230.000
disso, os cereais acabam “dividindo” os
custos de adubação,
pulverização e outras aplicações com o
citrus, o que ajuda na viabilidade dos
pomares. O resultado dessa integraCAMPO FÉRTIL
PARA A LARANJA
Dos 110 associados da cooperativa, 20 já
investem na citricultura, cuja safra 2015
está estimada em 1,2 milhão de caixas
16 | CITRUSBR outubro 2015
HOLANCITRUS
O CONSULTOR
DOS POMARES
Destino:
PRODUTIVIDADE
MÉDIA:
1.800
caixas
POR HECTARE DE
TALHÕES
PRODUTIVOS
70
PARA
%
MERCADO
CUSTO
DE PRODUÇÃO
POR CAIXA:
R$ 7,22
na árvore
30 %
PARA
INDÚSTRIA
DESTAQUE:
PREVISÃO DE COLHER
350
mil caixas
NA SAFRA
2015/16
Fonte:
Fábio
Boomen
e Campo
Consultoria
Agrícola
ção é uma atividade que, além de
produtiva, se mostra rentável e já
responde por uma boa parte dos
negócios da Holancitrus, empresa
agrícola que reúne quatro fazendas
na região. De acordo com os valores
médios de vendas reportados pelo
produtor, é possível estimar que ele
alcance um faturamento médio de
R$ 12.200 por hectare. Cultivando
as variedades pera, hamlin, bahia,
O engenheiro agrônomo Décio Joaquim, sócio
da Campo Consultoria, é um dos responsáveis
pela orientação técnica dos citricultores de
Campos de Holambra e conta sobre as principais
características que transformaram a região em
referência de produtividade:
Quais fatores explicam o sucesso dos produtores
em Campos de Holambra?
Um conjunto de atitudes e situações os leva para
essa condição. O profissionalismo na atividade
que abraçam; o papel da consultoria; a sanidade das mudas empregadas; a fertilidade do solo
utilizado; e as vantagens climáticas. Na verdade,
o fator diferencial que atribuo aos produtores da
Holambra e a outros tantos da região sudoeste de
SP é a importância dada ao custo/benefício dos
serviços e produtos utilizados na produção.
O que há de diferente nessa relação custo/benefício?
Parece ser de entendimento comum entre eles que
a mais cara é aquela empreitada que não repercute
em bom resultado. O caro e o barato são atribuições
relativas em função dos resultados que geram. Os
números e, principalmente, os valores aferidos justificam a execução de atividades alardeadas pela
tradição como “impossíveis de se fazer”. Por exemplo,
é fato comprovado que executar um serviço braçal
em milhares de plantas – seja ele qual for – é plenamente justificado economicamente, desde que os
seus resultados sejam comparativamente superiores
à prática mecanizada.
A não tradição da região na citricultura é um
diferencial?
Na realidade, o desenvolvimento dos pomares da região
se faz sem a herança arraigada de outras épocas e
lugares, estimulando a descoberta de novos valores,
de atitudes inovadoras, de um empreendedorismo
estimulante, que promovem uma produtividade
impressionante. Essa, sim, é determinante para o
crescimento de qualquer atividade. A busca do lucro
advindo da produtividade é capaz de melhor sustentar
a base produtiva. É a chave do sucesso.
A região fica distante das processadoras. Ainda
assim, o custo compensa a atividade?
O frete é um dos três maiores custos do citricultor
da região sudoeste paulista que destina a fruta
para a indústria. Percebe-se, então, a atração cada
vez maior exercida pelo mercado de fruta fresca,
que costumeiramente adquire a laranja “sobre o
caminhão” e, muitas vezes, “na árvore”. A produtividade, o aspecto da fruta, a cor de sua casca e
a localização geográfica dos pomares favorecem e
estimulam a comercialização in natura.
Qual é o mix médio entre mercado e indústria?
O que determina essa distribuição?
É difícil de calcular, uma vez que existe grande variabilidade a cada ano. O certo é que a comercialização
para o mercado melhora o preço médio da fruta ao
final de uma safra. Além disso, os produtores têm a
estratégia de negociar com mais de uma empresa
moageira, possibilitando alternativas em seu fluxo de
caixa. Me arriscaria a dizer que cerca de 25% a 30% da
fruta produzida na região destina-se ao mercado. O
valor negociado, o modo de pagamento, as condições
momentâneas da fruta, a demanda, as variedades,
todos estes são parâmetros para a decisão.
CAMPO CONSULTORIA
Décio Joaquim
Tel.: (15) 99791-4004
E-mail: [email protected]
CITRUSBR outubro 2015 | 17
capa
O POMAR
baianinha, westin, rubi, murcot, valência, natal, folha murcha e charmut, a expectativa é de colher 350.000 caixas na safra 2015/16. Desse
total, 30% é comercializado
para indústria. A maior parte
COMO MANEJO ADEQUADO, ORIENTAÇÃO
vai para o mercado de fruta in
natura. “Uma das vantagens de
COMO
vender para o mercado é que o
PRODUZEM
frete, em torno de R$ 2,50 por
caixa, é responsabilidade do
Variedades
plantadas:
varejista, que busca as frutas
FOLHA MURCHA
nas propriedades”, pondera Boomen.
CHARMUT
BAIANINHA
VALÊNCIA
BAHIA
O modelo de citricultura de CamMURCOT
HAMLIN
pos de Holambra lembra a produção
NATAL
PERA
de outro polo citrícola altamente proRUBI
VESTIN
dutivo, na região de Paranavaí (PR).
A exemplo de lá, os produtores estão
7 ANOS É A IDADE
organizados numa cooperativa, no
MÉDIA DOS POMARES
caso a Cooperativa Agroindustrial de
Campos de Holambra. “Dos 110 associados, 20 já investem na citricultura e
1.700
1,2
R$ 7
o número deve aumentar nos próximos
ação, que inclui
caixas
É O CUSTO
milhão
POR HECTARE É
MÉDIO DE
DE CAIXAS É A
anos”, explica Simon Veldt, presidente
acompanhamento
A PRODUTIVIDADE
PRODUÇÃO
PRODUÇÃO
da entidade. O projeto para desenvolver técnico, manejo
MÉDIA
POR CAIXA
TOTAL DOS
DA
REGIÃO
NA ÁRVORE COOPERADOS
a citricultura na região começou em
rigoroso, negociação
2006, quando os cooperados passaram
conjunta de insumos
a buscar uma opção de cultura para
e comercialização via
aproveitar as áreas que “sobravam”
cooperativa. O modelo
entre os pivôs centrais. “Vimos que as
vem dando bons fruoportunidades de retorno e o mercado
tos e a laranja já ocupa
para a citricultura poderiam ser viáveis
1.500 hectares, sendo que cerca de 500
caixas. O sócio da
para a nossa região”, revela Veldt. Com
hectares são de plantios novos, não
Campo Consultoria
ajuda da cooperativa, os produtores
produtivos. A expectativa é de que
e um dos responsádesenharam um plano conjunto de
a produção chegue a 1,2 milhão de
veis pela orientação
técnica dos produtores,
Décio Joaquim, (veja
entrevista na página
NOVAS CULTURAS
17), explica que o
Produtores investem em pomares de laranja para
fato de a maioria
diversificar plantio de grãos
dos citricultores ter
formação em agronomia e profundo
conhecimento técnico se
tornou um diferencial. “Eles
sabem da importância de seguir as recomendações de manejo e o quanto isso é
fundamental para o aumento da produtividade. O resultado está aí”, explica.
18 | CITRUSBR outubro 2015
INFOGRAFIA DE FABIANO DUARTE
COM SOTAQUE HOLANDÊS
TÉCNICA E CLIMA AMENO TRANSFORMARAM A PEQUENA CAMPOS DE HOLAMBRA EM RECORDISTA DE PRODUTIVIDADE:
1,5 mil hectares
DE CITRUS SENDO 500 HA
DE POMARES NOVOS
(não produtivos)
615 plantas
QUEM SÃO
110
cooperados
POR HECTARE
DE ADENSAMENTO
MÉDIO
20
são
citricultores
no total
QUANTO FATURAM
R$ 430 milhões
É O FATURAMENTO TOTAL
DA COOPERATIVA EM 2014
R$ 14 milhões
FOI O FATURAMENTO
COM CITRUS
20 % FRUTAS DE MESA
PARA ONDE VENDEM
80
%
FRUTAS PARA INDÚSTRIA
Fonte: Cooperativa Agroindustrial Holambra
Embora a citricultura da região venha se mostrando positiva, o presidente
da cooperativa já observa desafios que
precisam ser superados. Um deles está
no transporte da fruta dos pomares para
as fábricas processadoras de suco, que
ficam num raio de 300 quilômetros de
distância. Esse aspecto se torna um desafio logístico para os produtores, já que
encarece o frete. Por isso, a cooperativa
estuda a viabilidade de investir, no futuro, em uma
indústria própria. “Isso
nos permitiria reduzir os
custos e criar uma marca
de frutas, agregando valor
ao produto”, pondera Veldt.
Enquanto a fábrica
própria não chega, Boomen
segue controlando custos e
focando no manejo para extrair
o máximo da terra. “O segredo está
em ter atenção no manejo e investir
em soluções inovadoras, que possam
trazer maior eficiência”, afirma. Aliás,
a gestão desses aspectos é mostrada na
história da próxima página.
CITRUSBR outubro 2015 | 19
capa
O recordista
dos
pomares
Com uma
produtividade média
que beira as 2.000
caixas por hectare,
o citricultor Patrick
Beckers aposta na
gestão profissional
como arma para
obter lucros na
citricultura
Pelo menos uma vez por mês, o
produtor Patrick Beckers acompanha
os técnicos agrícolas pelos pomares
de sua fazenda. Por ali, a palavra
desses profissionais tem força de lei
e suas recomendações são seguidas à
risca. Um modelo de gestão altamente
profissionalizado que, em apenas 7
anos dedicados à citricultura, ajudou
a transformar a fazenda Talismã
numa verdadeira máquina de
produzir laranjas, onde se colhe,
em média, nada menos do que
1.800 caixas por hectare. Em
algumas áreas da fazenda, onde
se cultiva a variedade folha murcha,
que representa pouco mais de 11% da
produção, essa média chega a incríveis
2.700 caixas por hectare. “Viemos de um
setor com alta tecnificação e sabemos
como produzir o máximo possível por
área. E sabemos também que, quanto
20 | CITRUSBR outubro 2015
PATRICK BECKERS, sócio da Fazenda Talismã
“O alto rendimento dos 200 hectares de pomares que eu cultivo
representa 50% do faturamento nos negócios da família”
maior a produção, mais diluído o
custo”, explica Beckers. Um conceito
que foi apresentado pelo economista
Alexandre Mendonça de Barros, no
estudo “Modelo Consecitrus”.
Patrick toca a fazenda da família ao
lado do irmão Wilhelmus. A descendência
holandesa ajudou os irmãos a cultivar uma
visão estratégica de seus negócios rurais,
cujo foco sempre está voltado para o alto
rendimento como forma de elevar os ganhos. Com a citricultura não foi diferente.
Quando optaram pelos citrus para diversificar sua atividade, todos os detalhes dos
FAZENDA TALISMÃ
PARANAPANEMA, SP
ÁREA:
200
HECTARES
BALANÇA EQUILIBRADA
A alta produtividade por hectare, combinada com
consultoria técnica e pomar mais adensado contribui
para diluir o custo de produção
Variedades
plantadas:
HAMLIN
RUBI
BAIANINHA
PERA
VALÊNCIA
NATAL
FOLHA MURCHA
LIMÃO TAHITI
PRODUTIVIDADE
MÉDIA:
Destino:
1.850
caixas
POR HECTARE
50 %
PARA
MERCADO
CUSTO
DE PRODUÇÃO
POR CAIXA:
R$ 6,48
pomares foram pensados para se conseguir extrair o
máximo das plantas com o menor custo possível. “A alta
ADENSAMENTO
produtividade é essencial para conseguir diluir conside50 %
MÉDIO:
PARA
ravelmente os nossos custos, que hoje ficam em torno de
INDÚSTRIA
550
R$ 12 mil por hectare”, afirma Patrick. Com esse valor,
plantas
o custo por caixa gira em torno de R$ 6,48 na árvore.
POR HECTARE
Fonte: Patrick
Beckers e Campo
Alguns dos aspectos que ajudam a fazenda a
Consultoria Agrícola
DESTAQUE:
conquistar esse alto rendimento estão no uso de plantio
direto e na adoção de um maior adensamento dos
pomares, que gira em torno de 550 plantas por hectare.
Para
caixas
Para se ter ideia, de acordo com o levantamento feito
manter
a ciPOR HECTARE DE
NÚMERO
FOLHA MURCHA
pelo Fundecitrus, o adensamento médio do Estado
tricultura em
DE PÉS
é de 431 árvores por hectare. Na região, a média é de
alta, os irmãos
PRODUTIVOS E
438 árvores por hectare. Não por acaso, o fato de estar
Beckers não descuiIMPRODUTIVOS:
numa área mais adensada é apontado como principal
dam de outro fator im114.000
aspecto para a alta produtividade da variedade
portante, a saúde dos pomares: a preofolha murcha, que na fazenda está plantada com
cupação com doenças como o greening
adensamento de 660 plantas por hectare.
é constante, com pulverizações rotativas
Com esses resultados, a citricultura, que começou como uma mera coadjuvante na
dos talhões e erradicação de plantas. Um
fazenda, já representa 40% do faturamento dos negócios da família. Atualmente, além
cuidado que garante à fazenda um índa folha murcha, eles mantêm 114.000 pés das variedades hamilin, rubi, baianinha,
dice de infestação da doença de apenas
pera, valência, natal, e também de limão tahiti, tudo cultivado em áreas de sequeiro.
0,2%. “Todo cuidado é pouco quando
Para esta safra, a estimativa de colheita gira em torno de 370.000 caixas, aproximadao assunto é sanidade”, ensina. Mas é
mente 15.000 toneladas. Metade da produção da Talismã é comercializada para a innas páginas seguintes, em que se conta
dústria e a outra metade vai para o mercado de fruta in natura, tudo comercializado via
a história da fazenda FonteBoa, que é
cooperativa. “Na prática, o cuidado no manejo e com a qualidade das frutas é o mesmo
possível ver como o controle sanitário
no pomar todo, independentemente do destino. Assim podemos trabalhar o destino
se transformou num dos pilares da alta
das frutas de acordo com as melhores opções do mercado”, pondera.
produtividade. Confira.
2.700
CITRUSBR outubro 2015 | 21
capa
NO MEIO DA LAVOURA
O pomar localizado entre os pivôs é
uma das características da citricultura
na região de Campos de Holambra
Onde o psilídeo
não tem vez
Como o cultivo da
fruta nas áreas ao
redor da lavoura
de grãos ajudou o
produtor Eduardo
Swart a afastar o
greening de seus
pomares e fazer
do rígido controle
sanitário um aliado
na luta por mais
produtividade
Eduardo Swart é um tipo de produtor
que está sempre atento a boas oportunidades. E foi observando o trabalho feito nos
vizinhos que ele enxergou na laranja uma
alternativa de negócio. A exemplo de Fábio
22 | CITRUSBR outubro 2015
Boomen, retratado no inicio
desta reportagem, seus pomares
também foram plantados nas
áreas entre os grãos e os pivôs centrais.
Mas no seu caso, além de aproveitar a terra
e dividir custos, ele enxergou uma outra
utilidade, também fundamental dessa
integração: a ajuda no controle sanitário
da fazenda. Esse modelo de plantio, cercado por soja, algodão e milho, acabou
criando na fazenda uma barreira contra o
psilídeo, o inseto vetor do greening, que
tanto prejuízo tem causado à citricultura
paulista. Prova disso é que atualmente
o índice de infestação em sua fazenda, a
Fonte Boa, é de apenas 0,1%, enquanto
a média do Estado ronda os 19%, de
acordo com o Fundecitrus. “Esse modelo
ajuda a diminuir a proliferação dos psilídeos, já que os pomares ficam distantes
uns dos outros, em áreas mais isoladas”,
explica. A proximidade com as outras
lavouras ajudou a propriedade, mesmo
numa área pequena, com 70 hectares, a
ter uma bordadura, aspecto fundamental
no combate à doença. Com o greenig sob
controle, Swart consegue reduzir custos e
aproveitrar melhor os recursos da fazenda.
O que o ajuda a colher uma média de 1.200
caixas por hectare. Uma produtividade
que não é tão alta quanto a média da região, mas ainda assim está muito superior
à média do Estado. “Ter pomares saudáveis é fundamental para ter resultados
eficientes”, ressalta o citricultor.
De acordo com Swart, o rigor no
controle sanitário é um dos aspectos
que têm feito a produção de laranja
deslanchar na região. A conta é
FAZENDA FONTE BOA
simples: quanto
menos greening,
menos pés são
erradicados, o que
diminui a necessidade
de replantas, reduz custo e
aumenta a produção. Com essa
combinação, o produtor tem
conseguido girar a um custo
Variedades
PRODUTIVIDADE
Destino:
ÁREA:
plantadas:
MÉDIA:
médio de R$ 10 por caixa na
70
HAMLIN
árvore. Para manter esse status,
1.200
HECTARES
PERA
caixas
é seguida à risca uma receita
VALÊNCIA
POR HECTARE
que tem entre seus ingredientes
NATAL
FOLHA MURCHA
principais o manejo adequado,
25 %
com calendário rigoroso de pulverizações, observação
PARA
MERCADO
das orientações técnicas e eliminação das árvores
infectadas no menor prazo possível. “Não sabemos
quais desses fatores vêm contribuindo mais para
CUSTO
manter os baixos índices da doença. O fato é que a
ADENSAMENTO
DE PRODUÇÃO
MÉDIO:
combinação deles vem dando resultado e por isso
POR CAIXA:
temos seguido esses passos em todas as propriedades”,
535
R$ 10,00
plantas
pondera o consultor Joaquim, da Campo Consultoria.
%
POR HECTARE
PARA
Na citricultura desde 2007, Swart revela que a exINDÚSTRIA
pectativa para essa safra é produzir cerca de 83.300
caixas de 40,8 quilos. A estrela da propriedade tem sido
Fonte: Eduardo
Swart e Campo
a variedade folha murcha, com a qual ele consegue uma
Consultoria Agrícola
DESTAQUE:
média de produtividade de 1.600 caixas por hectare.
NÚMERO
Muito em razão do maior adensamento de 660 pés por
menos 50%
DE PÉS
hectare. Mas a variedade representa apenas uma pequeda produção
PRODUTIVOS E
caixas
na parte da colheita. No restante da fazenda o adensacomo
fruta
POR HECTARE DE
IMPRODUTIVOS:
FOLHA MURCHA
mento médio é de 535 plantas por hectare. Do volume
in natura. “É
37.500
total produzido 75% é vendido para a indústria, o resum mercado que
tante para
exige mais, já que a
o mercaaparência e o tamanho da
do de fruta de mesa. Mas o foco para os
fruta fazem diferença”, explica.
próximos anos é aumentar a participação
Satisfeito com os caminhos que sua
da venda para o varejo, destinando pelo
citricultura tem trilhado, ele já planeja
novos investimentos para ganhar
escala e baixar ainda mais os custos.
EDUARDO SWART,
O plano é ampliar a área com 30
da Fazenda
hectares adicionais nas próximas
Fonte Boa
temporadas. Os resultados obtidos
“Sinergia entre produção
têm ficado tão acima da média que
de citrus e cereais ajudou
vêm inspirando outros produtores a
a manter investimentos na
investir na formação de pomares, como
citricultura mesmo em períodos
é o caso do agrônomo Abel Simões, cuja
menos favoráveis do mercado”
história você conhece a seguir.
75
1.600
CITRUSBR outubro 2015 | 23
capa
Sorrindo
para o futuro
Atento às oportunidades da citricultura, o
engenheiro agrônomo Abel Simões desenvolveu
na Fazenda Olhos D’Água um ousado projeto
de pomares 100% fertirrigados, que pode
render 2.000 caixas por hectare
Os bons resultados que a citricultura vem obtendo na região de Campos
de Holambra estão chamando a atenção
de outros produtores por ali, atentos a
alternativas para diversificar o plantio
e aumentar a produtividade da terra.
Um desses casos é o da fazenda Olhos
D’Água, em Itaí (SP). A propriedade,
que pertence a uma família da região
que prefere não se identificar, é tocada
sob a batuta do engenheiro agrônomo
Abel Rodrigues Simões. Há três anos,
ele vem seguindo à risca os exemplos de
sucessos dos vizinhos na citricultura.
Os pomares foram plantados há dois
anos e meio nas áreas que entremeiam
o plantio de outros produtos, como
sorgo e milho. Não contente em copiar
o que está dando certo, Simões apostou
alto na nova atividade e investiu em
um projeto arrojado: manter 100% dos
154 hectares de citrus irrigados por um
sistema subterrâneo de gotejamento.
Ele garante : a iniciativa, considerada
ABEL SIMÕES,
Engenheiro agrônomo
e gerente da Fazenda
Olhos D’Água
“O sistema de fertirrigação
subterrâneo é o coração dos
pomares da fazenda”
24 | CITRUSBR outubro 2015
FAZENDA OLHOS D’ÁGUA
ITAÍ, SP
ÁREA:
154,5
HECTARES
INVESTIR PARA LUCRAR
Com meta de produzir 320.000 caixas, investimentos
iniciais do pomar chegaram a R$ 8 milhões
Variedades
plantadas:
PERA
NATAL
VALÊNCIA
BAIANINHA
CHARMUT
RUBI
MURCOT
LIMÃO TAHITI
PRODUTIVIDADE
MÉDIA:
2.000
caixas
*
POR HECTARE
Destino:
100
PARA
%
INDÚSTRIA
CUSTO
um tanto ousada por outros produtores, será um dos
CAPEX
pilares que devem garantir à propriedade índices de
POR CAIXA:
produtividade em torno de 2.000 caixas por hectare
DESTAQUE:
R$ 19,50
ADENSAMENTO
POMAR
quando as plantas começarem a produzir.
(PARA PRIMEIRA
MÉDIO:
COLHEITA)
A expectativa é de que a primeira colheita seja
585
%
feita já em meados do próximo ano e alcance 40.000
plantas
irrigado
* previsão
POR HECTARE
caixas. Quando estiver em seu pico de produtividade,
Fonte: Abel Simões e Campo
Consultoria Agrícola
a meta é que o pomar alcance 320.000 caixas. Para
tanto, o agrônomo revela que, mais do que simplesMais do que o simples fornecimente oferecer água para as plantas em períodos de
mento de água em períodos de estiaestiagem, o sistema de irrigação também funciona
NÚMERO
gem, o sistema de fertirrigação tamcomo um condutor de fertilizantes e outros nutrienDE PÉS
bém fornece os fertilizantes e demais
tes necessários para o pleno desenvolvimento das
PRODUTIVOS E
nutrientes às plantas de forma direta.
árvores. “Isso sem falar na economia de insumos e
IMPRODUTIVOS:
Isso faz com que cada planta receba
água, já que a dosagem é minimamente controlada,
90.500
a quantidade necessária de insumos
o que garante melhor desenvolvimento das plantas”,
para se desenvolver, evitando o desrevela. Para tanto, ele conta que o investimento na
perdício de produtos e garantindo
formação dos pomares bateu a casa dos R$ 8 milhões.
melhor desenvolvimento por árvore.
É claro que a produtividade da Olhos D’Água não depende apenas da irrigação.
“O sistema de fertirrigação subterrâAs avaliações técnicas e o adensamento dos pomares, cuja média gira em torno
neo é o coração dos nossos pomares”,
de 585 plantas por hectare, também contribuem para a futura rentabilidade
revela Simões. Tanto é que, em uma
do pomar. Ali são cultivadas as variedades pera, natal, valência, baianinha,
nova etapa do projeto, a equipe de Sicharmut, rubi, murcot, além de limão tahiti. Enquanto o período da colheita não
mões já avalia a viabilidade de fazer o
chega, os investimentos em manejo seguem a todo vapor. Atualmente, o custo da
manejo para a prevenção do greening
fertirrigação por hectare gira em torno de R$ 9.500, investimento elevado, já que
via sistema de irrigação. “Estamos
os pomares ainda não começaram a produzir. Com isso, Simões estima que o custo
estudando a aplicação de inseticidas
Capex inicial por caixa, para plantas com idade entre zero e 36 meses, deverá ficar
em R$ 19,50, valor que, tende a ir baixando ao longo das próximas safras. “A meta é para controle do psilídeo por meio
desse sistema”, explica.
vender 100% da produção para a indústria”, revela Simões.
100
CITRUSBR outubro 2015 | 25
capa
No radar
dos holandeses
Programa que ajuda
a melhorar gestão e
analisar oportunidades
é um dos segredos
do bom desempenho
da citricultura de
Campos de Holambra
SIMON VELDT, presidente da
Cooperativa de Campos de Holambra
A distância das indústrias processadoras acaba por encarecer o frete. Por isso, a
cooperativa estuda a viabilidade de ter indústria e marca própria de frutas de mesa
Os reflexos da influência holandesa
em Campos de Holambra podem ser
observados não apenas nos moinhos
de vento espalhados pelo distrito, mas
também na forma profissionalizada
com que a agricultura é tocada por ali.
Afinal, muito dos aspectos que tornam
a citricultura da região diferenciada
são apontados pelo banco Rabobank,
que também é de origem holandesa,
como pontos fundamentais para se ter
sucesso nessa atividade. Produção em
larga escala, produtividade elevada e
custos competitivos, são alguns dos
itens que tradicionalmente fazem parte
da rotina dos produtores de Holambra
e que, não por acaso, também são
listados pelo banco como elementos
chaves para uma produção eficiente.
Esse diagnostico está presente
num recente relatório publicado
pelo Rabobank, chamado “Suco de
laranja brasileiro: oportunidades
e desafios no mercado global”. Na
publicação, a instituição traça um
cenário de oportunidades para a cadeia
26 | CITRUSBR outubro 2015
produtiva da laranja no Brasil e aponta
modelos de produção que, em sua
avaliação, podem conseguir melhores
resultados no médio prazo. Outros
itens citados pelo banco são o uso
intenso de tecnologia e boa logistica.
“Tradicionalmente, a agricultura da
região é planejada e são estudados
todos os pontos que possam tornar a
atividade não só viável, como também
lucrativa”, explica o presidente da
Cooperativa Agroindustrial de
Holambra, Simon Veldt.
Um exemplo disso é um projeto
de planejamento estratégico que vem
sendo implantado na cooperativa com
a ajuda da consultoria Markestrat.
Desenvolvido há pouco mais de
um ano, o programa visa mapear
oportunidades de mercado para
os produtores e analisar possíveis
vulnerabilidades da produção. “É um
projeto tradicional para cooperativas,
método que desenvolvemos em
nossas pesquisas na USP e que
estamos aplicando com êxito em
organizações cooperativistas”,
ressalto o sócio da Markestrat e
professor titular do Departamento de
Economia da FEA/USP de Ribeirão
Preto, Marco Fava Neves.
De acordo com o professor, tratase de um processo desenvolvido
em etapas. A primeira delas é
estudar oportunidades e ameaças
de mercado, além dos pontos fortes
e fracos da organização. Dessa
forma, é produzido um diagnóstico
das oportunidades para o futuro.
“Para isso são feitos vários estudos
externos e workshops internos na
organização. São levados em conta
pontos como produção, pessoas,
estrutura física, finanças, operações,
entre outros”, explica.
Foi diante dos resultados do
projeto que a cooperativa tomou
decisões estratégicas como, por
exemplo, deixar a produção de flores
e focar na expansão de atividades
como graõs e laranja. Fava ressalta
que o projeto ainda não apresentou
resultados financeiros, mas a meta
é dobrar o tamanho da cooperativa
até 2025. “É possível chegar lá com
a divisão de venda de insumos e de
grãos, além das frutas”.
Por Ibiapaba Netto
Diretor-executivo da CitrusBR
consecitrus
CitrusBR esclarece respostas
às entidades que representam os
citricultores no Consecitrus
SÃO PAULO – Após a análise da proposta de alteração do estatuto do Consecitrus, apresentada pelas
associações que representam os citricultores, a CitrusBR encaminhou às referidas associações o seu
posicionamento sobre o tema. A CitrusBR entende
que a proposta apresentada por Associtrus, Faesp
e Sociedade Rural Brasileira contém aspectos não
compatíveis com os objetivos do Consecitrus por
variados motivos, detalhados a seguir.
A proposta das associações que representam
os citricultores contém, em síntese, dispositivos
que visam quatro aspectos:
2
Não cabe ao Consecitrus, nem seria legalmente
sustentável, a imposição de limitações à liberdade
de empreender a quem quer que seja, sob
qualquer pretexto, já que impor tal
obrigatoriedade seria inconstitucional;
3
O Consecitrus é uma entidade meramente
informativa, assim como outros conselhos do gênero,
sem participação direta na atividade comercial dos
agentes econômicos que o compõem e não constitui
seu objetivo a criação de contratos-padrão, regras
para fixação de preço ou interferência nas relações
comerciais de quaisquer agentes econômicos.
1
Limitar a utilização do sistema previsto pelo Consecitrus
única e exclusivamente aos seus associados ou a
membros integrantes de seus associados;
2
Estabelecer limitações às atividades da indústria citrícola;
3
Estabelecer critérios de fixação do preço da laranja;
4
Estabelecer regras relativas a cronogramas de colheita,
prazo para recebimento e descarte de frutas.
A CitrusBR entende que as referidas propostas não podem prosperar porque não só vão além
dos termos definidos pela decisão do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que
autorizou a criação do Consecitrus, como também
representam não atendimento à legislação concorrencial brasileira pelos pontos a seguir:
1
O Consecitrus não tem por objetivo a criação de
privilégios para determinados agentes econômicos
ou entidades do setor em detrimento de outros, não
sendo admissível a existência de limitações à
abrangência do Consecitrus, do qual poderão
participar quaisquer entidades que preencham as
condições estabelecidas pelo Cade;
Por todas as razões acima, reafirmamos
nosso entendimento de que a proposta de
ajuste ao estatuto do Consecitrus apresentada pelas associações dos citricultores não
apenas foge do objetivo do Consecitrus,
mas é incompatível com a liberdade associativa e de livre iniciativa, não atendendo
às regras estabelecidas pelo Cade e, mais do
que isso, contendo disposições que ferem a
legislação concorrencial brasileira.
Diante do exposto, permanecemos aguardando que as entidades que representam os
produtores possam rever a proposta feita e
nos encaminhe, o quanto antes, sugestões de
ajustes ao estatuto vigente que atendam ao
objeto do Consecitrus, às determinações do
Cade, à legislação concorrencial brasileira e
ao princípio constitucional da livre inciativa, de modo que
possamos levá-las
em consideração
e implementar o
estatuto dentro
do prazo fixado
pelo Cade.
CITRUSBR outubro 2015 | 27
Política
Todos pela
DESONERAÇÃO
Algumas das principais lideranças políticas do País declaram apoio ao projeto
que busca reduzir a carga tributária dos sucos de frutas 100% e enxergam na
proposta uma alternativa para transformar a citricultura brasileira
É um projeto
que irá beneficiar os consumidores, não só
no aspecto econômico, porque
vai ampliar o
acesso a um suco
de melhor qualidade com preço
mais competitivo,
mas também no
aspecto de educação e saúde,
porque vai incentivar o consumo
de produtos mais
saudáveis”
Gustavo
Junqueira
Presidente da
Sociedade Rural
Brasileira
A expectativa para esse
projeto é muito boa.
Vemos com bons olhos,
achamos que é fundamental desonerar o suco. Todas
as entidades do setor estão
apoiando o pedido. Esse
é um tema que já está na
pauta há anos e, se aprovado, vai tornar o suco
100% mais competitivo
frente a outros produtos”
Frauzo Sanches
Presidente do Sindicato
Rural de Ibitinga e
Tabatinga
28 | CITRUSBR outubro 2015
Nesse primeiro
momento é importante que haja
a diferenciação
de impostos. É
importante frisar
que uma água
saborizada não
pode ter o mesmo
imposto do suco.
É preciso ter um
reconhecimento
de que são produtos distintos, que
não podem ter a
mesma taxação”
Arnaldo Jardim
Secretário de
Agricultura
do Estado de
São Paulo
Esse projeto é muito bom
para a cadeia produtiva
da citricultura, visto
que o suco de laranja
hoje tem muitos concorrentes. Além disso,
trará muitos benefícios
para o consumidor, já
que o mercado interno
é bastante importante
e o suco 100% tem alto
preço de comercialização
por conta da alta carga
de impostos”
Cyro Penna
Coordenador da Comissão
de Citricultura da Faesp
É imprescindível que
o governo
promova essa
desoneração.
Sabemos que o
preço é determinante para
o consumidor.
Se essa desoneração vier, os
produtores e
engarrafadores
repassarão
esse preço às
prateleiras,
permitindo um
aumento do
consumo”
Paulo Biasioli
Diretorexecutivo da
Alicitros
Em minha
carreira política tenho um
histórico de
luta em favor
da citricultura.
Apoio toda
decisão que
implique em
reduzir custos
e promover
o aumento
do consumo
interno de suco,
um alimento
rico e completo.
A desoneração ajudará
a ampliar o
mercado,
beneficiando
toda a cadeia
produtiva”
Edinho Araújo
Deputado
federal
licenciado
(PMDB) e
ministro de
Portos
Nos últimos meses a CitrusBR vem
fazendo um amplo esforço para divulgar um projeto de desoneração fiscal
para os sucos de frutas 100%. Uma
proposta que, se colocada em prática,
pode impulsionar o mercado brasileiro,
transformando o país em um dos principais consumidores de suco de laranja
do mundo. Isso geraria uma demanda
adicional de 50 milhões de caixas ao
longo de 10 anos e ajudaria o setor a
retomar o caminho do crescimento.
Esse é um projeto
importante, que
vai contribuir
com o aumento
do consumo e
divulgação do
produto. O suco
de laranja 100%
é o preferido do
brasileiro, embora o
consumo ainda seja
limitado por conta
da carga tributária.
Outra parte
importante disso
está na margem
que o varejo coloca
sobre o preço”
Flávio Viegas
Presidente da
Associtrus
Devemos mostrar
aos governos os
benefícios que isso
proporcionará
a toda a cadeia,
principalmente
quando vemos
a quantidade de
fruta que poderá
ser utilizada para
atender uma
possível demanda,
além de oferecer
ao consumidor
um produto de
qualidade”
Emílio Fávero
Presidente da
Associação
Brasileira de Citros
de Mesa e
Presidente da
Câmara Setorial
de Citros
FOTOS DE JULIO VILELA E DIVULGAÇÃO
Mais do que isso, o desenvolvimento
do mercado interno contribuiria para
a mudança de hábitos alimentares dos
brasileiros, que teriam acesso a um
produto com alto valor nutricional,
com preços que permitissem a democratização do consumo de suco.
Embora a proposta esteja tramitando dentro do governo com o apoio
de figuras importantes como a ministra Kátia Abreu, trata-se de uma
proposta que requer tempo e sobretu-
Esse é um projeto de
extrema importância
e que, se for aprovado,
vai beneficiar o país,
porque beneficiará
os produtores e os
envasadores e gerará
milhares de empregos.
O importante é ter boa
vontade de começar a
colocar esse produto
no mercado brasileiro,
para que o consumidor adquira o hábito
de consumo”
Marco Antonio
dos Santos
Presidente da
Câmara Setorial de
Citrus de Brasília
Temos insistido junto
aos governos da necessidade de avançarmos
com o consumo interno
do suco de laranja
integral para absorver
parte da produção
nacional de laranja. É
fundamental que todos
os agentes da cadeia
produtiva se unam
com o objetivo de conquistar esta importante medida para o setor”
João Sampaio
Ex-secretário de
agricultura do estado
de São Paulo
do engajamento para sua aprovação.
A CitrusBR acredita que tal projeto
não deve ser apenas uma iniciativa da
associação, mas sim um projeto do
setor, no qual todos os elos da cadeia
estejam envolvidos e empenhados na
construção desse cenário. Por isso, a
revista CitrusBR ouviu as principais
lideranças do setor citrícola para
mostrar suas análises e posições em
torno desse projeto que pode transformar a citricultura brasileira.
Sou favorável a
qualquer tipo de
redução de impostos
e aplicação de incentivos para o setor
alimentício. Mais
do que isso, apoio
também o suco nas
escolas públicas e
centros esportivos.
Tudo isso é saudável
para o consumidor e
para o setor. Somos
os maiores produtores e exportadores
de suco de laranja,
mas temos que
aproveitar melhor
os benefícios desse
produto nacional”
Nelson
Marquezelli
Deputado federal
Para ser atraente e disputar
com o suco
"feito na hora",
o suco 100%
precisa chegar
aos pontos de
venda a preços
mais convidativos. A desoneração total
deve diminuir
em 30% o custo
final. Dessa
forma, o suco
chegaria aos
brasileiros com
preços acessíveis. Isso seria
bom para o consumidor, bom
para o citricultor e bom para
a indústria”
Maurício
Mendes
Consultor da
GConci e diretor
da AgroTools
CITRUSBR outubro 2015 | 29
estoques
ESTOQUES AUDITADOS EM 30 DE JUNHO DE 2015,
PROJEÇÃO APROXIMADA DE ESTOQUES EM 30
DE JUNHO DE 2016 E COMPARATIVO HISTÓRICO
DOS ESTOQUES NA DATA CORTE DE SAFRAS
A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) informa que
os estoques globais de suco de laranja brasileiro em posse de suas empresas associadas
eram de 510.393 toneladas convertidas em FCOJ equivalente a 66º Brix em 30 de junho
de 2015, data considerada corte da safra 2014/2015 para a safra 2015/2016. Como de costume, o levantamento foi realizado por auditorias em cada uma das empresas associadas
e, posteriormente, consolidado por auditoria externa independente.
Do total armazenado, 335.775 toneladas encontravam-se em unidades industriais, centros de estocagem e terminais marítimos das associadas no Brasil. As outras 174.618 toneladas, portanto, encontravam-se em trânsito marítimo, bem como
em terminais portuários, centros de armazenagem e distribuição no Exterior (Estados Unidos, Europa, Ásia e Oceania).
Na página ao lado, para efeito comparativo, a CitrusBR detalha os históricos de
estoque de FCOJ equivalente a 66º Brix nos períodos de corte de safra (30/06) e meio
de safra (31/12) nos anos anteriores.
30 | CITRUSBR outubro 2015
ILUSTRAÇÕES SHUTTERSTOCK
HISTÓRICO DA EXISTÊNCIA DE ESTOQUES DE SUCO DE LARANJA BRASILEIRO
EM PODER DOS ASSOCIADOS DA CITRUSBR NO MUNDO Tons FCOJ equivalente 66o Brix (FCOJ+NFC)
Período de
mensuração dos
estoques
Meio de safra
Corte de safra
Data dos estoques
auditados nas
associadas da CitrusBr
Data de divulgação
dos dados de
estoque
Estoques existentes
no Brasil (+)
Estoques existentes
no Exterior (+)
Estoques existentes
globais (=)
Estoques globais
em semanas de
consumo
Dia, mês e ano
Tons FCOJ equiv.
66 o Brix
Tons FCOJ equiv.
66 o Brix
Tons FCOJ equiv.
66 o Brix
Semanas
equivalentes
Estoques em 31.12 2011
15.03.2012
815.602
116.398
932.000
Estoques em 31.12.2012
19.02.2013
923.998
220.374
1.144.372
Estoques em 31.12.2013
10.02.2014
779.196
267.269
1.046.465
Estoques em 31.12.2014
29.01.2015
776.318
225.720
1.002.038
Estoques em 30.06.2011
18.07.2011
71.221
143.148
214.369
7
Estoques em 30.06.2012
28.08.2012
461.829
200.623
662.452
29
Estoques em 30.06.2013
08.08.2013
550.542
215.382
765.924
35
Estoques em 30.06.2014
21.07.2014
337.254
197.275
534.529
23
Estoques em 30.06.2015
30.07.2015
335.775
174.618
510.393
25
Estoques em 30.06.2016
(projeção aproximada)
Projetado
ND
ND
329.700
15
Estimativa de produção e de processamento de laranja para a safra 2015/2016
Em 19 de maio passado, o Fundo de Defesa do Citricultor
(Fundecitrus), por meio do Projeto PES, divulgou estimativa
para a safra 2015/16 para São Paulo e Triângulo Mineiro em
278,9 milhões de caixas de laranja de 40,8 quilos. A CitrusBR
estima que desse total 30 milhões de caixas serão absorvidas
pelo mercado interno para o consumo de frutas in natura,
restando 248,9 milhões de caixas para processamento por
todas as indústrias associadas e não associadas à CitrusBR,
13% a mais do que o estimado em maio de 2015.
Estimativa de rendimento industrial de suco e produção de suco de laranja para a safra 2015/2016
Com base nos meses de maio, junho e julho, em que as
indústrias paulistas experimentaram um dos piores índices de
rendimento industrial já vivenciados, é possível estimar que o
rendimento industrial projetado para a safra 2015/2016 será de
280 caixas de 40,8 quilos de laranja para a produção de uma tonelada de FCOJ equivalente a 66º Brix. O volume é 16,5% superior às 240,5 caixas necessárias para a produção da mesma tonelada de FCOJ equivalente a 66º Brix na temporada anterior.
A produção total de FCOJ está estimada num total de 888.452
toneladas de FCOJ equivalente a 66º Brix na safra 2015/16.
A piora do rendimento industrial é decorrente do excesso
de chuvas ocasionado pelo fenômeno El Niño, que ainda
pode trazer índices pluviométricos acima da média para
os próximos meses. Como consequência direta, a CitrusBR
estima que o Brix médio da safra será de 10,5, abaixo do
considerado ideal, mas acima do mínimo estabelecido no
“Code of Practice” da Associação Europeia de Sucos de Frutas
(AIJN, sigla em francês). O fenômeno climático também
pode trazer danos ao chamado “pegamento” dos frutos por se
tratar de uma safra de múltiplas floradas.
HISTÓRICO DE RENDIMENTO INDUSTRIAL DOS ASSOCIADOS DA CITRUSBR NA PRODUÇÃO DE SUCO DE LARANJA
(incluso pulp/core-wash, exclusas células congeladas)
Ano safra
Caixas de 40,8 kg
por tons FCOJ equiv.
66 o Brix
Oscilação em relação à
safra anterior
Ano-safra
Oscilação em relação à
safra anterior
Caixas de 40,8 kg
por Tons FCOJ equiv.
66 o Brix
2000/01
246,87
n/d
2008/09
252,88
-10,7%
2001/02
236,52
4,2%
2009/10
262,52
-3,8%
2002/03
224,85
4,9%
2010/11
240,58
8,4%
2003/04
226,64
-0,8%
2011/12
265,36
-10,3%
2004/05
244,19
-7,7%
2012/13
263,54
0,7%
2005/06
226,42
7,3%
2013/14
282,00
-7,0%
2006/07
232,69
-2,8%
2014/15
240,50
14,7%
2007/08
228,49
1,8%
2015/16 Projetado
280,15
-16,5%
CITRUSBR outubro 2015 | 31
estoques
Histórico
das
exportações
Secex e
estimativa de
demanda interna
e externa de suco
de laranja para a
safra 2015/16
A CitrusBR estima para a temporada
2015/16 uma demanda total de 1.069.500
toneladas de FCOJ equivalente a 66º Brix, em
torno de 8,7% abaixo do registrado no ano-safra
anterior, finalizado em 1.171.000 toneladas. Da demanda total
prevista estima-se que 1.014.500 toneladas serão exportadas e 55.000
toneladas destinadas ao mercado interno. A retração estimada tem como
base os altos estoques reportados pelo Departamento de Citrus da Flórida (FDOC),
12,9% superior do que o registrado na mesma data do ano anterior (42ª semana), arrefecendo a
necessidade de suco importado para o consumo americano. Abaixo, o histórico de exportações brasileiras
base Secex, assim como o balanço de oferta, demanda e estoque de FCOJ equivalente a 66º Brix.
HISTÓRICO DAS EXPORTAÇÕES DE SUCO DE LARANJA - SECEX SANTOS 11 SAFRAS
(000 tons FCOJ equiv. 66 o Brix)
Ano-safra
julho a junho
2004/05
2005/06
2006/07
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
2012/13
2013/14
2014/15
Comparação
14/15 vs. 13/14
Exportações totais
1.324
1.269
1.357
1.254
1.147
1.206
1.100
1.095
1.092
1.073
1.113
40
3,7%
Exportações para a
Europa
917
869
932
861
839
861
788
792
748
721
709
-12
-1,7%
Exportações para
a América do Norte
215
199
242
259
158
181
122
156
211
231
272
41
17,9%
Exportações para
a Ásia
159
172
148
109
119
133
163
130
112
104
109
5
5,0%
Exportações para
outros destinos
32
29
35
25
31
30
27
17
21
18
24
6
31,5%
32 | CITRUSBR outubro 2015
BALANÇO DE OFERTA, DEMANDA E ESTOQUES DE SUCO DE LARANJA DO
CINTURÃO CITRÍCOLA DE SÃO PAULO E DO TRIÂNGULO MINEIRO PARA A SAFRA 2015/16
Itens projetados
Volume projetado
Caixas de 40,8 kg
Fonte de dados
Produção total de laranja em São Paulo e no Triângulo Mineiro
278.990.000 Caixas de 40,8 kg
Fundecitrus - Projeto PES
Consumo de laranja no mercado in-natura
(30.000.000) Caixas de 40,8 kg
Estimativa da CitrusBr
Processamento das associadas e não associadas a CitrusBR
248.990.000 Caixas por tonelada de FCOJ Equiv. 66 o Brix Estimativa da CitrusBr
Rendimento da indústria de suco de laranja
Produção total de suco de laranja das associadas e não
associadas a CitrusBR
Estoque de corte de safra em 30.06.2015
Disponibilidade total de suco de laranja (estoque inicial +
produção estimada da safra)
Consumo de suco no mercado interno brasileiro
280,15 Toneladas de FCOJ equiv. 66 o Brix
888.774 Toneladas de FCOJ equiv. 66 o Brix
o
510.393 Toneladas de FCOJ equiv. 66 Brix
1.399.167
Toneladas de FCOJ equiv. 66 o Brix
o
Projeções de cada associada da CitrusBr
consolidadas confidencialmente por
auditoria externa independente
Estimativa da CitrusBr
Auditoria de estoques de cada
associada da CitrusBr e posteriormente
consolidada confidencialmente por
auditoria externa independente
Estimativa da CitrusBr
(55.000) Toneladas de FCOJ equiv. 66 Brix
Estimativa da CitrusBr
Exportações Secex Santos
(1.014.500) Toneladas de FCOJ equiv. 66 o Brix
Estimativa da CitrusBr
Demanda total de suco de laranja - julho 2015 / junho 2016
(1.069.500) Toneladas de FCOJ equiv. 66 o Brix
Estimativa da CitrusBr
Estoque de corte de safra em 30.06.2016
329.667 -2,8%
Estimativa da CitrusBr
Comparação de dados de fechamento da safra 2014/15 e estimativas da safra 2015/16
Para a temporada 2015/16 a CitrusBR estima uma redução de 21,2% na produção de suco na região do Cinturão Citrícola, se comparado com a temporada anterior. O recuo será de, aproximadamente, 240 mil e se dará pelos seguintes fatores:
1. Substancial queda no rendimento industrial com acréscimo de 16,5% de matéria-prima (laranja) para produção de uma tonelada
de FCOJ equivalente a 66º Brix em comparação com o índice obtido na safra 2014/15 de 240,5 caixas por tonelada para a produção de
uma tonelada de FCOJ equivalente 66º Brix. Essa conjuntura se mostra extremamente favorável aos citricultores, mas desfavorável às
indústrias processadoras. Isso porque a laranja adquirida apresenta mais quantidade de água e menos teor de sólidos solúveis. Dessa
forma, o rendimento se torna responsável por 57% da queda na produção estimada de FCOJ equivalente a 66º Brix.
2. Redução na estimativa de processamento de laranja pelas associadas e não associadas à CitrusBR na safra 2015/16 da ordem de 8,3%
em comparação com a safra 2014/15 em decorrência da projeção de queda da produção da fruta estimada pelo Fundecitrus em maio passado. Dessa forma, portanto, a menor oferta de suco é responsável por 43% da queda na produção estimada de FCOJ equivalente.
COMPARAÇÃO DE DADOS DE FECHAMENTO DA SAFRA 2014/15 E ESTIMATIVAS DA SAFRA 2015/16
Itens projetados
Unidade de medida
Fechamento da
safra 2014/15
Estimativa da
safra 2015/16
Comparação
15/16 vs. 14/15
Produção total de laranja em São Paulo e no Triângulo Mineiro
Caixas de 40,8 kg
311.400.000
278.990.000
(32.410.000)
-10,4%
Consumo de Laranja no Mercado In-Natura
Caixas de 40,8 kg
(40.000.000)
(30.000.000)
10.000.000
-25,0%
Processamento das associadas e não associadas à CitrusBr
Caixas de 40,8 kg
271.400.000
248.990.000
(22.410.000)
-8,3%
Rendimento indústria de suco de laranja
Caixas por tonelada de FCOJ
equiv. 66 o Brix
240,50
280,15
40
16,5%
Produção total de suco de laranja das associadas e Não
associadas à CitrusBr
Toneladas de FCOJ equiv. 66 o Brix
1.128.482
888.774
(239.708)
-21,2%
CITRUSBR outubro 2015 | 33
finanças
Perdas na bolsa
Atualização da série histórica mostra
desvalorização de 8,5% na média da cotação
em dólares por tonelada de FCOJ na Bolsa
de Nova York, indo de US$ 1,672 na
safra 13/14 para US$ 1,531 na safra 14/15
Uma das principais referências
para o preço do suco de laranja no
mercado internacional, a Bolsa de
Nova York registrou queda na média
da cotação em dólares por tonelada
de FCOJ em junho último. No mês
que marcou o fechamento da safra
2014/15, a média do preço do suco
foi de US$ 1.316,10 por tonelada de
FCOJ. Valor bem inferior se comparado com o mesmo período do ano
passado, quando a cotação média ficou em US$ 1.880,30, uma redução de
30%. Os dados podem ser observados
na tabela ao lado que traz a atualização do histórico, ano a ano, dos
preços médios mensais do fechamento diário das cotações do suco
de laranja (FCOJ), com os
números referentes a junho
de 2014 até junho de 2015,
Média de cotação da Bolsa
de Nova York em dólar
por libra de sólidos solúveis
em junho de 2015
Média de cotação da Bolsa de
Nova York em dólar por libra
de sólidos solúveis em junho
de 2015, livre de imposto de
importação norte-americano
Quantidade de sólidos
solúveis existente em
1 tonelada de FCOJ 66º Brix
34 | CITRUSBR outubro 2015
o que dá a ideia do comportamento da
bolsa durante toda a safra 2014/15.
Para chegar a esses dados, é preciso estar atento para a forma correta de
fazer o cálculo de conversão entre dólar por libra de sólido solúvel para dólar por tonelada de FCOJ. Isso porque,
na hora de analisar esses números, é
fundamental levar em conta os impostos pagos ao governo americano, uma
vez que o suco brasileiro paga US$ 415
por tonelada para acessar aquele mercado. Caso contrário, a ordem de grandeza dos dados pode ficar distorcida.
Conforme explica o quadro abaixo, para se chegar à média da cotação
de US$ 1.316,10
–
908
U S $ 1,1
854
2
,
0
$
S
U
0 46
U S $ 0.9
x 1 . 45 5
16, 1 0
U S $ 1. 3
por tonelada de FCOJ registrada
em junho, é necessário subtrair da
média da cotação da Bolsa de Nova
York em dólar por sólido solúvel
referente a essa data o valor de US$
0,2854, referente ao desconto do
imposto de importação norte-americano em dólar por libra de sólido
solúvel. Esse valor equivale aos US$
415 pagos por tonelada de FCOJ 66º
Brix. O resultado dessa conta será a
média da cotação da Bolsa de Nova
York em dólar por libra de sólido
solúvel em junho de 2015, livre de
impostos. Para se chegar à média
de cotação por tonelada de FCOJ, é
preciso multiplicar esse número por
1.455, que é a quantidade de sólido
solúvel existente em uma tonelada
de FCOJ 66º Brix. Dessa forma,
fazendo a conversão corretamente
e levando em conta os impostos pagos pelo produto brasileiro no mercado americano, é possível ter uma
visão real do mercado e, com
base nessas informações, ter
análises mais precisas sobre
as exportações brasileiras de
suco de laranja.
Desconto do imposto
de importação norteamericano em dólar
por libra de sólidos
solúveis/equivalente
a US$ 415 por tonelada
de FCOJ 66º Brix
Média de cotação da Bolsa
de Nova York em dólar por
tonelada de FCOJ 66º Brix
em junho de 2015, livre
de imposto de importação
norte-americano
FOTO DIVULGAÇÃO
PREÇO MÉDIO MENSAL DO FECHAMENTO DIÁRIO DAS COTAÇÕES
DO FCOJ NA BOLSA DE NOVA YORK NAS ÚLTIMAS 20 SAFRAS
DÓLARES POR LIBRA DE SÓLIDO SOLÚVEL (Incluso Imposto de Importação Americano e Taxas Anti-Dumping)
SAFRA
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Média
da
Safra
Média do
Ano
Calendário
1995-96
$0,9782
$1,0500
$1,1161
$1,1596
$1,2327
$1,2090
$1,1793
$1,2416
$1,3278
$1,3207
$1,2323
$1,2217
$1,1891
1995
$1,0784
1996-97
$1,1640
$1,1720
$1,1014
$1,1150
$1,0159
$0,8870
$0,8356
$0,8036
$0,8298
$0,7513
$0,7864
$0,7595 $0,9351
1996
$1,1649
1997-98
$0,7486
$0,7221
$0,6999
$0,6982
$0,7802
$0,8411
$0,9098
$0,9767
$1,0594
$0,9707
$1,0996
$1,0373 $0,8786
1997
$0,7714
1998-99
$1,0401
$1,1018
$1,0818
$1,1524
$1,1772
$1,0857
$0,9966
$0,9300
$0,8348
$0,8447
$0,8542
$0,8923 $0,9993
1998
$1,0577
1999-00
$0,8016
$0,9255
$0,9297
$0,8852
$0,9485
$0,9319
$0,8437
$0,8466
$0,8482
$0,8249
$0,8177
$0,8444 $0,8707
1999 $0,8979
2000-01
$0,7965
$0,7407
$0,7142
$0,7003
$0,7399
$0,8042
$0,7601
$0,7569
$0,7480
$0,7425
$0,7833
$0,7702 $0,7547
2000
2001-02
$0,8136
$0,7768
$0,8081
$0,8526
$0,9376
$0,9167
$0,8941
$0,8964
$0,9268
$0,8961
$0,9117
$0,9140 $0,8787
2001 $0,8055
2002 $0,9447
$0,7934
2002-03
$0,9542
$1,0093
$1,0030
$0,9514
$1,0053
$0,9736
$0,9204
$0,8708
$0,8468
$0,8549
$0,8574
$0,8530 $0,9250
2003-04
$0,8131
$0,7866
$0,7717
$0,7077
$0,7011
$0,6701
$0,6295
$0,6097
$0,6121
$0,5945
$0,5611
$0,5766 $0,6695
2003 $0,8045
2004-05
$0,6674
$0,6727
$0,7999
$0,8249
$0,7499
$0,8346
$0,8211
$0,8502
$0,9484
$0,9529
$0,9371
$0,9624 $0,8351
2004 $0,6777
2005-06
$0,9988
$0,9159
$0,9572
$1,0803
$1,1995
$1,2506
$1,2307
$1,3018
$1,3994
$1,4484
$1,5509
$1,5823 $1,2430
2005 $0,9895
2006-07
$1,6304
$1,7749
$1,7478
$1,8462
$1,9772
$2,0123
$2,0033
$1,9562
$1,9998
$1,7173
$1,6503
$1,3836 $1,8083
2006
2007-08
$1,3310
$1,2960
$1,2506
$1,4253
$1,3643
$1,4436
$1,3692
$1,2823
$1,1880
$1,1573
$1,1230
$1,1200 $1,2792
2007 $1,5684
$1,6252
2008-09
$1,2163
$1,0360
$0,9476
$0,8141
$0,7981
$0,7382
$0,7440
$0,6925
$0,7372
$0,8055
$0,9074
$0,8195 $0,8547
2008
$1,0658
2009-10
$0,9366
$0,9776
$0,9361
$1,0796
$1,1327
$1,2883
$1,3747
$1,3738
$1,4630
$1,3312
$1,4029
$1,4105 $1,2256
2009
$0,9214
2010-11
$1,4351
$1,3888
$1,5029
$1,5068
$1,5648
$1,6316
$1,7551
$1,7342
$1,6812
$1,6887
$1,8006
$1,8799 $1,6308
2010 $1,4488
2011-12
$1,9806
$1,7465
$1,6365
$1,7000
$1,7988
$1,7023
$1,9766
$1,9043
$1,8192
$1,4918
$1,1439
$1,1613
$1,6718
2011
$1,7587
2012-13
$1,1826
$1,2199
$1,2617
$1,1254
$1,1581
$1,3044
$1,1323
$1,2522
$1,3400
$1,4390
$1,4665
$1,4378 $1,2767
2012
$1,3958
2013-14
$1,4090
$1,3635
$1,3168
$1,2312
$1,3348
$1,3989
$1,4238
$1,4574
$1,5277
$1,6010
$1,5785
$1,5777
$1,4350
2013
$1,3435
2014-15
$1,4803
$1,4522
$1,4576
$1,3841
$1,3611
$1,4543
$1,4330
$1,3312
$1,1972
$1,1572
$1,1506
$1,1908
$1,3375
2014
$1,4796
DÓLARES POR TONELADA DE FCOJ 66 BRIX (Livre de Imposto de Importação Americano e
Taxas Anti-Dumping)
SAFRA
Jul
Média
da
Safra
Média do
Ano
Calendário
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
1995-96
$947
$1.051
$1.147
$1.211
$1.317
$1.283
$1.239
$1.330
$1.455
$1.445
$1.316
$1.301
$1.254
1995
$1.093
1996-97
$1.230
$1.241
$1.139
$1.158
$1.014
$827
$752
$705
$743
$629
$680
$641
$897
1996
$1.231
1997-98
$638
$599
$567
$564
$684
$772
$872
$969
$1.090
$961
$1.148
$1.058
$827
1997
$671
1998-99
$1.074
$1.164
$1.135
$1.238
$1.274
$1.141
$1.011
$914
$776
$790
$804
$859
$1.015
1998
$1.100
1999-00
$740
$920
$926
$862
$954
$929
$801
$805
$808
$774
$763
$802
$840
1999
$880
2000-01
$739
$657
$619
$599
$656
$750
$686
$681
$668
$660
$719
$700
$678
2000
$734
2001-02
$763
$710
$755
$820
$944
$913
$881
$884
$928
$883
$906
$910
$858
2001
$752
2002-03
$968
$1.048
$1.039
$964
$1.042
$996
$919
$847
$812
$824
$827
$821
$926
2002
$954
2003-04
$763
$724
$702
$609
$600
$555
$496
$467
$470
$445
$396
$419
$554
2003
$750
2004-05
$551
$558
$744
$780
$671
$794
$774
$817
$960
$966
$943
$980
$795
2004
$566
2005-06
$1.033
$885
$943
$1.117
$1.285
$1.357
$1.329
$1.430
$1.567
$1.636
$1.781
$1.825
$1.349
2005
$1.005
2006-07
$1.893
$2.097
$2.059
$2.198
$2.383
$2.432
$2.420
$2.353
$2.415
$2.016
$1.921
$1.545
$2.144
2006
$1.886
2007-08
$1.471
$1.421
$1.357
$1.604
$1.518
$1.630
$1.525
$1.402
$1.269
$1.226
$1.177
$1.173
$1.398
2007
$1.806
2008-09
$1.309
$1.054
$930
$741
$719
$634
$642
$570
$633
$729
$873
$749
$799
2008
$1.097
2009-10
$914
$972
$913
$1.116
$1.191
$1.411
$1.532
$1.531
$1.657
$1.471
$1.572
$1.583
$1.322
2009
$893
2010-11
$1.618
$1.552
$1.713
$1.719
$1.801
$1.895
$2.069
$2.040
$2.026
$2.037
$2.200
$2.315
$1.915
2010
$1.637
$2.128
2011-12
$2.461
$2.121
$1.961
$2.053
$2.197
$2.056
$2.456
$2.350
$2.227
$1.750
$1.244
$1.269
$2.012
2011
2012-13
$1.305
$1.359
$1.420
$1.222
$1.269
$1.482
$1.232
$1.406
$1.534
$1.678
$1.718
$1.676
$1.442
2012
$1.615
2013-14
$1.634
$1.568
$1.500
$1.376
$1.526
$1.620
$1.656
$1.705
$1.807
$1.914
$1.881
$1.880
$1.672
2013
$1.525
2014-15
$1.738
$1.697
$1.705
$1.598
$1.565
$1.700
$1.669
$1.521
$1.326
$1.268
$1.258
$1.317
$1.531
2014
$1.737
CITRUSBR outubro 2015 | 35
especial PES 2015
36 | CITRUSBR outubro 2015
FOTOS DIVULGAÇÃO
Por Ibiapaba Netto
Diretor-executivo da CitrusBR
COM
“O PES”
NO CHÃO
O P R O J E T O D E E S T I M AT I VA D E S A F R A
REALIZADO PELO FUNDECITRUS TRAZ UMA
S É R I E D E E N S I N A M E N T O S Q U E P O S S I B I L I TA M
UM CHOQUE DE REALIDADE SOBRE A VERDADEIRA
CONDIÇÃO DO CINTURÃO CITRÍCOLA DE
S Ã O PAU L O E D O T R I Â N G U L O M I N E I R O
CITRUSBR outubro 2015 | 37
especial PES 2015
APÓS
a divulgação do tão esperado projeto
Pesquisa e Estimativa de Safra (PES)
do Fundecitrus, a citricultura brasileira voltou seus olhos para os resultados lá encontrados. Nesse sentido,
e de posse de uma quantidade de
dados sem precedentes na história
da laranja no Brasil, comecei meu
trabalho de tentar entender o que,
afinal, esses dados trazem de novidade. E elas são muitas. Da idade
produtiva das plantas até a área em
que se encontram os novos plantios,
passando pela densidade dos novos
pomares em formação, é incrível a
quantidade de informação que se
pode obter com o trabalho realizado. E, a seguir, trago algumas
impressões e achados nessa robusta pesquisa científica.
A tabela 1, por exemplo, que
mostra a estratificação de propriedades por tamanho e manejo de
água, traz um dado surpreendente.
Enquanto 40% das propriedades
acima de 1.000 hectares possuem
sistema de irrigação, apenas 12,5%
das propriedades com menos de
100 hectares se utilizam dessa tecnologia. Tal estratificação mostra
que esse recurso tecnológico vem
sendo utilizado majoritariamente
em grandes propriedades e acende o sinal de alerta para que haja
planos de gestão e incentivos de
38 | CITRUSBR outubro 2015
políticas públicas no sentido de disseminar esse tipo de manejo.
Já na tabela 2, que mostra o número de produtores, estratificado pelo
número de árvores, podemos perceber que há também uma tendência de
concentração no cinturão citrícola.
Vamos aos dados: cerca de 67% das
propriedades possuem menos de 10
mil árvores e outras 13% estão numa
faixa entre 10 mil e 20 mil árvores, o
que significa que 80% das propriedades do cinturão citrícola podem ser
consideradas de pequeno porte. Do
ponto de vista do número de produ-
tores, portanto, a citricultura pode
ser considerada uma atividade típica
de pequenos citricultores. Por outro
ângulo, cerca de 176 propriedades, ou
2,32% do total, estão na faixa entre
100 mil a 200 mil árvores, enquanto
181 propriedades, ou 2,37%, possuem
mais de 200 mil plantas. Isso significa
dizer que as propriedades médias e
grandes são responsáveis por 60% das
árvores mensuradas no cinturão e,
quiçá, da produção.
O gráfico 1, que disponibilizamos a seguir, demandou um pouco
mais de trabalho. Cruzando dados
TABELA 1
E S T R AT I F I C A Ç Ã O D E P R O P R I E D A D E S
POR TAMANHO E MANEJO DE ÁGUA
Faixas de tamanho
de propriedade
(considerando a área
total de laranjas)
(hectares)
Propriedades
de citros
Área de laranja
total
Área de laranja
irrigada
Percentual
%
(número)
(hectares)
(hectares)
0,1 - 10
3.651
18.007
1.629
11 - 50
2.631
62.654
7.232
11,54
605
42.524
6.659
15,66
6.887
123.185
15.520
12,59
558
117.871
24.478
20,77
79
55.400
12.243
22,10
51 - 100
Subtotal 0 a 100
101 - 500
501 - 1.000
Acima de 1.000
Subtotal acima 100
Total
Fonte: Fundecitrus
9,05
64
134.166
53.547
39,91
701
307.437
FALSO
29,36
7.588
430.622
105.788
24,57
TABELA 2
P R O P R I E D A D E S E S T R AT I F I C A D A S P O R
NÚMERO DE ÁRVORES DE LARANJA
Faixas de número
de árvores
de laranja na
propriedade
Propriedades
Percentual de
propriedades
Árvores
não produtivas e
produtivas
Percentual de
árvores não
produtivas e
produtivas
(número)
%
(1.000 árvores)
%
(número)
Inferior a 10 mil
5.149
67,86
18.009,14
9,10
10 - 19 mil
977
12,88
13.799,92
6,97
20 - 29 mil
421
5,55
10.223,12
5,17
30 - 49 mil
383
5,05
14.605,90
7,38
50 - 99 mil
301
3,97
20.810,02
10,52
100 - 199 mil
176
2,32
24.989,87
12,63
Acima de 200 mil
Total
181
2,37
95.421,23
48,23
7.588
100,00
197.859,18
100,00
Fonte: Fundecitrus
do levantamento divulgado pelo
Fundecitrus, conseguimos encontrar
onde, afinal, está a maior parte dos
pomares em formação. E, para nossa
surpresa, pudemos constatar que o
volume maior de novos plantios não
está mais nas chamadas
novas fronteiras, a exemplo da região
sudoeste, localizada ao longo da rodovia Castelo Branco ou mesmo no
Triângulo Mineiro. Por incrível que
pareça, a maior parte dos pomares
em formação está localizada em municípios absolutamente tradicionais
na citricultura, liderados por Matão,
Bebedouro, Duartina e Porto Ferreira, respectivamente primeiro, segundo, terceiro e quarto colocados. Só na
quinta e na sexta posição é que novas
regiões aparecem, como Triângulo
Mineiro e Avaré. Os motivos para
isso podem ser variados. Contudo,
podemos apontar como premissas
um replantio mais intensificado devido ao manejo intenso de combate
ao greening em talhões e pomares
“condenados”, a proximidade com as
fábricas e, portanto, o menor custo
de transporte das frutas. Também
podemos apontar entre os fatores que
contribuíram para que essas áreas
concentrassem a maior parte dos
pomares em formação a reciclagem
e o replantio de pomares que foram
plantados nas décadas de 1980 e 1990
com espaçamento inadequado e que
nos dias de hoje, com o uso de áreas
mais adensadas e, portanto, mais
produtivas, além da própria vocação
da região para a produção de laranja.
GRÁFICO 1
ONDE ESTÃO OS POMARES EM FORMAÇÃO?
Matão
Bebedouro
Duartina
Porto
Ferreira
Triângulo
Mineiro
Avaré
Limeira
Brotas
São José do
Rio Preto
Votuporanga Itapetininga
62
417
765
823
941
1.165
1.262
1.502
1.609
2.707
2.832
3.047
(em milhares de árvores)
Altinópolis
CITRUSBR outubro 2015 | 39
especial PES 2015
GRÁFICO 2
REGIÕES DE MAIOR INCIDÊNCIA DE
R E P L A N T A E M P O M A R E S A D U LT O S
Brotas
Porto
Ferreira
Altinópolis
Limeira
Matão
Se por um lado o intenso controle do greening pode estar associado
a um novo florescimen-
Bebedouro
Duartina
Avaré
São José do
Rio Preto
to de regiões tradicionais, por outro,
os dados de índice de replantio
divulgados pelo Fundecitrus con-
Votuporanga
0,71%
1,7%
1,73%
2,16%
3,51%
4,01%
4,14%
4,70%
4,91%
4,98%
5,01%
5,29%
(em %)
Triângulo
Mineiro
Itapetininga
vergem para o fato de que as regiões
que até então tiveram a maior incidência da doença também são aque-
GRÁFICO 3
DENSIDADE DOS POMARES EM FORMAÇÃO
Avaré
Porto
Ferreira
Limeira
Bebedouro
Matão
Itapetinga
Brotas
Duartina
Triângulo
Mineiro
São José do
Rio Preto
497
540
588
596
611
639
640
648
655
densidade
658
662
711
(plantas por hectare)
Altinópolis
Votuporanga
62
765
Número de plantas por região dos pomares em formação (em milhares)
1.262
1.609
40 | CITRUSBR outubro 2015
1.165
2.832
3.047
417
941
2.707
1.502
823
cruzarmos os dados de pomares em
formação com os municípios e avaliarmos também a densidade média
desses mesmos pomares, percebemos
um abismo entre diferentes tecnologias que vão conviver em uma citricultura cada vez mais competitiva.
Apenas para exemplificar, enquanto os pomares em formação do
município de Avaré apresentam uma
densidade média de 711 plantas por
hectare, aqueles pomares plantados
em Votuporanga têm registrado uma
média de 497 plantas por hectare. Isso
significa uma diferença de adensamento em novos plantios da ordem de
43%, o que certamente fará com que
os pomares altamente adensados de
Avaré tenham uma produtividade exponencialmente maior e, portanto, um
custo de produção significativamente
menor quando comparados a seus
pares plantados em Votuporanga.
las com o maior índice de replantio
nos talhões em produção, conforme
pode ser constatado no gráfico 2.
Apenas como exercício, podemos
observar que o município de Matão,
por exemplo, é o número 1 em pomares em formação e apenas o quinto em número de replantios, o que
corrobora a tese de que a tecnologia
de combate ao HLB está entre os fatores que incentivam o investimento,
seja em pomares novos, seja no replantio de árvores. Da mesma forma
a cidade de Porto Ferreira é a quarta
em número de pomares em formação
e a terceira em número de replantio.
DIFERENÇAS
Mas de todo o trabalho realizado pelo
Fundecitrus e após esmiuçar diferentes entradas de dados do trabalho, é
o gráfico 3 que mais chama a atenção
e causa preocupação. Ao
O resultado dessa diferença
poderá ser percebido em um largo
ganho de produtividade do primeiro
município em relação ao segundo,
em um negócio em que a produtividade é cada vez mais importante
para diluir os custos de produção.
Quando observamos a idade média dos pomares adultos no gráfico
4, podemos perceber grande destaque para as regiões tradicionais,
onde se encontram os pomares mais
jovens. Novamente, a renovação
vem acontecendo, seja pela erradicação e replantio motivado por doenças seja mesmo pela opção da adoção
de padrões tecnológicos, genética e
adensamento mais adequados.
O fato é que, como a citricultura
paulista vem conseguindo manter
um controle e um combate mais
efetivos do greening e do cancro em
relação ao que vem acontecendo na
GRÁFICO 4
I D A D E M É D I A D O S P O M A R E S A D U LT O S
11,7
11,2
11,1
10,6
10,2
9,6
9,5
8,0
7,9
idade
7,6
9,2
9,3
(anos)
Brotas
José do
Votuporanga São
Rio Preto
Bebedouro
Matão
Altinópolis
Duartina
Porto
Ferreira
Limeira
Triângulo
Mineiro
Itapetininga
Avaré
8.534
25.755
Número de plantas adultas produtivas (em milhões de árvores)
7.614
9.317
9.737
22.303
16.903
5.094
22.936
16.419
18.947
10.566
CITRUSBR outubro 2015 | 41
especial PES 2015
TABELA 3
VIDA ÚTIL DOS POMARES EM PRODUÇÃO
Flórida, os polos tradicionais do
cinturão citrícola de São Paulo e
do Triângulo Mineiro voltarão,
muito em breve, a ser responsáveis
por grandes produções, à medida
que os pomares atinjam o auge
produtivo. O gráfico 4 mostra
com precisão que, entre os 12
principais municípios estratificados pela idade de pomares jovens
e em produção, apenas três estão
fora do eixo mais tradicional, o que
aponta para uma recuperação das
regiões tradicionais.
Contudo, vale um minuto de
atenção para os dados da tabela 3.
Nela podemos ter um olhar mais
abrangente sobre a vida útil dos po-
Idade
(anos)
3
4
5
6
7
8
9
22
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
1993
23.305
22.498
22.840
28.210
40.333
37.050
32.997
4.888
Densidade
média
577
571
552
507
502
490
460
330
Número de
árvores
13.047,36
12.458,29
12.195,31
13.734,37
19.493,31
17.392,03
14.575,50
1.567,64
Anos de
plantio
Hectares
Fonte: Fundecitrus
mares em produção. Embora exista o
mito de que a vida útil de um pomar
é de 15 anos, os registros mostram
que citricultores industriais ou independentes que têm um controle
fitossanitário adequado estendem a
vida útil de seus pomares para, em
média, 22 anos nas regiões menos
afetadas pelo greening e cancro e
para 20 anos nas regiões onde existe
a maior incidência dessas doenças. Ao utilizar essa faixa etária de
corte, nos causa espanto perceber
que 27.437 hectares ou 6,8% dos
403.492 hectares produtivos sejam
formados justamente por pomares
TABELA 4
HISTÓRICO DO PREÇO DE VENDA DO SUCO DE LARANJA PELAS INDÚSTRIAS
E D O P R E Ç O D E V E N D A D A L A R A N J A P E L O S F O R N E C E D O R E S D A F R U TA
MÉDIAS DOS FECHAMENTOS DIÁRIOS DAS COTAÇÕES DO
SUCO DE LARANJA NA BOLSA DE NOVA IORQUE
MÉDIA PONDERADA DO
PREÇO DO FCOJ BOLSA NY
+ EUROPA
PREÇOS PAGOS PELAS
ASSOCIADAS DA
CITRUSBR À LARANJA DE
FORNECEDORES
Dólares por ton de FCOJ
66º Brix
Dólares por caixas 40,8 kg
COM IMPOSTOS E TAXAS
SEM IMPOSTOS E TAXAS
PREÇO MÉDIO DO FCOJ NA
EUROPA FATURADO PELAS
ASSOCIADAS DA CITRUSBR
Dólares por libra de sólido
solúvel
Dólares por ton de FCOJ
66º Brix
Dólares por ton de FCOJ
66º Brix
2000/01
US$ 0,7547
US$ 677,79
US$ 824,65
US$ 785,02
US$ 2,1206
2001/02
US$ 0,8787
US$ 858,17
US$ 888,02
US$ 882,77
US$ 2,9615
2002/03
US$ 0,9250
US$ 925,54
US$ 1.089,43
US$ 1.044,78
US$ 3,0327
2003/04
US$ 0,6695
US$ 553,75
US$ 1.048,47
US$ 941,41
US$ 3,1611
2004/05
US$ 0,8351
US$ 794,76
US$ 864,33
US$ 847,74
US$ 2,8081
SAFRAS
2005/06
US$ 1,2430
US$ 1.349,13
US$ 1.078,08
US$ 1.140,66
US$ 3,3719
2006/07
US$ 1,8083
US$ 2.144,37
US$ 1.726,07
US$ 1.824,82
US$ 4,6253
2007/08
US$ 1,2792
US$ 1.397,68
US$ 2.043,38
US$ 1.884,70
US$ 5,4269
2008/09
US$ 0,8547
US$ 798,54
US$ 1.500,56
US$ 1.383,86
US$ 5,2835
2009/10
US$ 1,2256
US$ 1.321,99
US$ 1.122,06
US$ 1.161,66
US$ 3,8501
2010/11
n/d
n/d
n/d
n/d
n/d
2011/12
n/d
n/d
n/d
n/d
n/d
2012/13
n/d
n/d
n/d
n/d
n/d
2013/14
n/d
n/d
n/d
n/d
n/d
2014/15
n/d
n/d
n/d
n/d
n/d
Fonte: Markestrat - Analise de Uma Decada na Cadeia da Laranja n/d = não disponível
42 | CITRUSBR outubro 2015
23
24
30
31
32
33
34
35
+ que
35 anos
1992
1991
1985
1984
1983
1982
1981
1980
Anterior
a 1979
3.750
4.585
2.395
264
547
191
131
177
1.591
340
318
257
313
313
303
348
343
1.235,23
1.425,69
573,87
78,24
162,49
67,16
42,21
59,16
com mais de 22 anos de idade. Essa
importante parcela de pomares com
idade avançadíssima e baixíssima
produtividade certamente tem dificuldade de produzir laranja a custos
competitivos. Assim, o alto custo do
suco de laranja oriundo das frutas
desses pomares faz com que tenham
HISTÓRICO
DE PLANTIO
NÚMERO DE ÁRVORES DE LARANJA
PLANTADAS POR ANO NO
CINTURÃO CITRÍCOLA
450,71
dificuldades para competir no mercado internacional, que hoje conta
com uma enorme gama de sucos de
outras frutas e bebidas artificiais não
alcoólicas de baixíssimo custo.
Considerando que para se manter
o parque atual de 174,1 milhões de
pés produtivos, levando em conta
uma vida útil de 20 anos, ou uma
taxa de mortalidade de 5,88% ao
ano, 10,2 milhões de plantas ao ano.
Mas a história recente mostra que os
plantios aconteceram numa velocidade muito superior a isso. Observando a tabela 4, é possível constar
um período de forte plantio com 14,6
milhões de novas plantas de laranja
em 2006, 17,4 milhões de plantas em
2007 e 19,5 milhões em 2008. Esses
dados podem suscitar uma interpretação equivocada e simplista de que
o avanço em questão seja fruto de
investimentos desenfreados das industriais no plantio de imensas áreas
de novos pomares próprios, de modo
a caminharem para sua alto sufi-
HISTÓRICO DE PROCESSAMENTO DE
LARANJA PELAS ASSOCIADAS DA CITRUSBR
VOLUME DE MATÉRIA PRIMA PROCESSADA PELAS ASSOCIADAS DA CITRUSBR
SAFRAS
PROVENIENTE DE POMARES PRÓPRIOS
Milhares de caixas 40,8 kg
Calendario
Milhares de
árvores
2000
5.273
2000/01
66,254
2001
4.311
2001/02
50,438
2002
6.411
2002/03
74,742
PROVENIENTE DE FORNECEDORES DE
LARANJA
TOTAL GERAL
Milhares de caixas 40,8 kg
% do total
Milhares de caixas 40,8 kg
33%
135,630
67%
201,883
29%
123,481
71%
173,919
28%
196,657
72%
271,399
% do total
2003
8.391
2003/04
56,960
28%
148,228
72%
205,187
2004
10.746
2004/05
78,954
27%
215,459
73%
294,412
2005
12.925
2005/06
62,324
24%
200,480
76%
262,803
2006
14.575
2006/07
79,004
25%
236,858
75%
315,862
2007
17.392
2007/08
88,932
28%
225,779
72%
314,710
2008
19.493
2008/09
83,188
29%
205,243
71%
288,431
2009
13.734
2009/10
93,541
35%
171,329
65%
264,870
2010
12.195
2010/11
78,408
31%
172,654
69%
251,062
2011
12.458
2011/12
118,031
30%
280,059
70%
398,089
2012
13.047
2012/13
115,086
38%
186,558
62%
301,644
2013
11.154
2013/14
n/d
n/d
n/d
n/d
n/d
2014
5.983
2014/15
n/d
n/d
n/d
n/d
n/d
Fonte: PES - Fundecitrus
Fonte: MBAgro - O Modelo Consecitrus - Respostas as duvidas quanto ao principio metodológico
do modelo de parametrização e divisão de riscos e retorno na cadeia citrícola brasileira
CITRUSBR outubro 2015 | 43
especial PES 2015
ciencia, assim como alardeados por
aqueles que viram as costas para uma
análise histórica dos dados. Contudo,
um vez observando um cruzamento
de dados macroeconômicos do setor,
é possível perceber, claramente, que
foi nos períodos de “vacas gordas” na
citricultura, entre as safras 2006/07,
2007/08 e 2008/09, em que mais se
plantou laranja. Nesses anos, uma
sequencia de furacões assolaram a
produção de laranja na Florida, provocando um desbalanço de oferta
e demanda do produto, o que, consequentemente, levou as alturas os
precos do suco de laranja das industrias e da laranja aos fornecedores.
Esse cenário provocou entao uma
forte expansão de oferta de laranja
proveniente, principalmente, de citricultores fornecedores das industrias.
Verdade seja dita, esses eventos
climáticos extremos serviram como
combustível para que produtores
independentes, embalados pelos
professor Marcos Fava Neves.
De posse desses dados e diante
do gráfico 5, podemos verificar a
evolução do cinturão citrícola de
São Paulo e do Triângulo Mineiro.
O histórico de safra compreendido entre os anos-safra 1988/89 e
2009/10 foram retirados do livro “O
Retrato da Citricultura Brasileiro”,
do professor Marcos Fava Neves.
Entre os anos de 2010/11 e 2014/15
das estimativas de safra publicadas
pela CitrusBR. A estimativa da safra
2015/16 é assumido número publicado pelo Fundecitrus.
Ao observarmos o histórico
de 28 safras, percebemos quatro
grupos: abaixo de 300 milhões de
caixas, consideradas pequenas, com
oito eventos ou 28,6% das safras
nesse período. O segundo grupo são
as das safras médias, situadas entre
300 milhões e 330 milhões de caixas.
Nesse caso, podemos verificar também a existência de oito eventos, ou
bons preços praticados no mercado
de suco e da fruta, acelerassem seus
plantios. Por outro lado, enquanto
isso, muitos outros citricultores, industriais ou não, continuaram com
seu ritmo de renovação e re-investimento, aperfeiçoando sistemicamente seus pacotes tecnológicos, genética
e adensamento propiciando cada vez
maiores produtividades no campo.
Não por acaso, após essas árvores
entrarem em produção impulsionadas por um clima perfeito, tivemos
em 2012 a segunda maior safra da
história com 428 milhões de caixas.
Para adicionar um pouco mais de
análise ao contexto em que esses
plantios ocorreram, adicionamos a
média das cotações da bolsa de Nova
Iorque, bem como o preço do FCOJ
na Europa (ano-safra julho a junho),
das empresas associadas à CitrusBR,
calculados pela consultoria Markestrat para o livro “Uma década na
citricultura paulista”, de autoria do
GRÁFICO 5
PRODUÇÃO DE LARANJA EM
S Ã O PA U L O E N O T R I Â N G U L O M I N E I R O
(em milhões de caixas de 40,8 quilos)
460,0
428,2
430,0
400,0
318,1
311,2
377,8
351,0
323,3
272,8
44 | CITRUSBR outubro 2015
289,9
317,4
303,4
256,0
278,6
268,4
268,3
278,9
2015/16
2014/15
2013/14
2012/13
2011/12
2010/11
2009/10
2007/08
2008/09
2006/07
2005/06
2004/05
2003/04
2002/03
2001/02
2000/01
1998/99
1999/00
1997/98
1996/97
1994/95
1995/96
1993/94
1991/92
1990/91
246,8
1989/90
214,0
385,4
356,0
302,2
1988/89
220,0
367,5
338,5
307,3
280,0
250,0
349,7
356,3
1992/93
310,0
428,0
371,0
370,0
340,0
436,0
TABELA 5
E S T I M AT I VA D E S A F R A D E
LARANJA 2015/2016 POR SETOR
Setor
Área de
pomares
adultos
Árvores
produtivas
Estimativa de safra de laranja 2015/16
Por árvore¹
Por hectare
Total
(hectares)
(1.000 árvores)
(caixas/árvores)
(caixas/hectare)
(1.000 caixas)
Norte
85,685
37.963
1,68
744
63.76
Noroeste
45,554
19.054
0,99
414
18.85
116,249
47.454
1,39
567
65.95
Sul
Centro
84,740
35.366
1,72
717
60.79
Sudoeste
71,264
34.289
2,03
977
69.64
403,492
174.126
1,60
691
278.99
Total
Fonte: Fundecitrus
28,6% do total. Entre 330 milhões e
360 milhões de caixas há cinco eventos, totalizando 17,8% das últimas
28 safras. E, por último, podemos
observar que nas consideradas safras
grandes, acima de 360 milhões de
caixas, houve sete eventos, ou 25%.
Dessa forma, nos últimos 28 anos,
safras pequenas e médias somam
57,2% dos eventos, enquanto as
safras médias-grandes e grandes somaram 42,8% das ocorrências.
Ao olhar a produtividade em milhões de caixas a cada safra, é possível
verificar a correlação que há entre
os índices de produção e o número
de árvores plantadas a cada ano na
mesma área. Para se ter uma ideia, as
19.493 árvores plantadas em 2008 tiveram sua primeira produção colhida
na safra 2011/12, quando o volume
atingiu 428 milhões de caixas de 40,8
quilos. O trabalho de manutenção
e controle do greening também tem
efeito importante nessa combinação,
já que a erradicação de plantas doentes e a substituição por mudas sadias
reduzem as perdas dos pomares.
Para se ter uma ideia mais clara
sobre os índices de produtividade
em cada região, a tabela 5 mostra a
correlação entre as áreas do Cinturão
Citrícola e a estimativa de safra. Em
se tratando de área, a maior concentração de pomares produtivos está
justamente na região central, com
116.249 hectares. Porém, mesmo esta
safra sendo de baixa produtividade
em geral devido a fatores climáticos,
a produtividade nessa região na safra
2015/16 está estimada em apenas 567
caixas por hectare. A título de comparação, a região sudoeste, que possui
71.264 hectares, consegue uma produtividade 58% superior, estimada
em 977 caixas nesta safra. Já a região
nordeste, que possui 45.554 hectares,
apresentou uma produção estimada
em 414 caixas na safra corrente por
hectare, dado extremamente preocupante em uma citricultura em que
cada dia mais a produtividade é um
fator primordial para a diluição de
custos. Isto por si só explica os motivos pelos quais uma parcela dos citricultores consegue progredir em seus
negócios enquanto outros têm dificuldade em levar a atividade adiante.
Deixando de lado os extremos,
percebemos que a região norte mos-
tra uma produtividade estimada em
744 caixas por hectare nesta safra,
em uma área total de 85.685 hectares, e a região sul com 717 caixas
por hectare nesta safra numa área
total de 84.740 hectares. Juntas, essas
áreas detêm 42,2% de todo o parque
citrícola. Se as somarmos aos 71.264
hectares da faixa mais produtiva,
perceberemos que 59,8% do Cinturão
Citrícola segue a tendência de buscar
produtividades mais elevadas.
Por outro lado, 11% da área está
na faixa mais baixa, com uma produtividade de 414 caixas por hectare
na safra corrente, em uma área de
45.554 hectares. Somado aos 116.249
hectares da região Centro, cuja produtividade é de 567 caixas por hectare, teremos um total de 40,2% nos
estratos de menor produtividade e,
portanto, mais suscetíveis a dificuldades nos controles de custo.
Outro ponto interessante nos
dados demonstrados pelo Fundecitrus é que a produtividade média é
superior justamente nas regiões com
maior adensamento, mesmo quando
observamos o quesito caixas por árvore. Não é raro ouvir a máxima de
que um maior adensamento, embora
aumente o número de caixas por
hectare, não oferece o mesmo desempenho quando o assunto é caixas por
árvores. Olhando os dados, porém, é
possível perceber justamente o contrário. A região sudoeste, que é justamente a mais adensada, é também a
mais produtiva seja no quesito caixas
por hectare, conforme demonstrado
anteriormente, seja em caixas por
árvore. Enquanto a produção na região sudoeste está estimada em 2,03
caixas por árvore, a estimativa para a
nordeste é de apenas 0,99.
CITRUSBR outubro 2015 | 45
especial PES 2015
Rodovias federais
Rodovias estaduais
Todas as laranjas
Limas ácidas e limões
Tangerinas
ÁREA NOROESTE - 90 municípios
Votuporanga
54 MUNICÍPIOS
São José do Rio Preto
36 MUNICÍPIOS
Álvares Florence, Américo de Campos, Aparecida D’Oeste,
Aspásia, Auriflama, Cardoso, Dirce Reis, Dolcinópolis,
Estrela D’Oeste, Fernandópolis, General Salgado, Guaraçaí,
Guarani D’Oeste, Guzolândia, Indiaporã, Jales, Macedônia,
Marinópolis, Meridiano, Mesópolis, Mira Estrela,
Mirandópolis, Murutinga do Sul, Nova Canaã Paulista, Nova
Castilho, Ouroeste, Palmeira D’Oeste, Paranapuã, Parisi,
Pedranópolis, Pereira Barreto, Pontalinda, Pontes Gestal,
Populina, Riolândia, Rubineia, Santa Albertina, Santa Clara
D’Oeste, Santa Fé do Sul, Santa Rita D’Oeste, Santa Salete,
Santana da Ponte Pensa, Santo Antônio do Aracanguá, São
Francisco, São João das Duas Pontes, São João de Iracema,
Sud Mennucci, Suzanápolis, Três Fronteiras, Turmalina,
Urânia, Valentim Gentil, Vitória Brasil, Votuporanga
Adolfo, Altair, Bady Bassitt,
Bálsamo, Cedral, Cosmorama,
Floreal, Guapiaçu, Icém, Ipiguá,
Jaci, José Bonifácio, Macaubal,
Magda, Mendonça, Mirassol,
Mirassolândia, Monções, Monte
Aprazível, Neves Paulista,
Nhandeara, Nipoã, Nova
Aliança, Nova Granada, Onda
Verde, Orindiúva, Palestina,
Paulo de Faria, Planalto,
Poloni, Potirendaba, São José
do Rio Preto, Tanabi, Ubarana,
União Paulista, Zacarias
SP-310
BR-153
ÁREA CENTRO - 80 municípios
Duartina
43 MUNICÍPIOS
Matão
22 MUNICÍPIOS
Brotas
15 MUNICÍPIOS
Agudos, Álvaro de
Carvalho, Alvinlândia,
Arealva, Avaí, Balbinos,
Bastos, Bauru, Boraceia,
Cabrália Paulista,
Cafelândia, Campos
Novos Paulista, Duartina,
Echaporã, Espírito
Santo do Turvo, Fernão,
Gália, Garça, Getulina,
Guaiçara, Guaimbê,
Guarantã, Iacanga, Iacri,
Júlio Mesquita, Lins,
Lucianópolis, Pupércio,
Marília, Ocauçu, Parapuã,
Paulistânia, Pederneiras,
Pirajuí, Piratininga,
Pongaí, Presidente Alves,
Reginópolis, Sabino, Santa
Cruz do Rio Pardo,
São Pedro do Turvo,
Ubirajara, Uru
Américo Brasiliense,
Araraquara, Bariri,
Boa Esperança do Sul,
Borborema, Cândido
Rodrigues, Fernando
Prestes, Gavião Peixoto,
Ibitinga, Itajú, Itápolis,
Jaboticabal, Matão,
Monte Alto, Motuca, Nova
Europa, Novo Horizonte,
Rincão, Santa Ernestina,
Santa Lúcia, Tabatinga,
Taquaritinga
Analândia, Bocaina,
Brotas, Corumbataí, Dois
Córregos, Dourado, Ibaté,
Itirapina, Mineiros do
Tietê, Ribeirão Bonito,
Santa Maria da Serra,
São Carlos, São Pedro,
Torrinha, Trabiju
46 | CITRUSBR outubro 2015
Guacho
Santa Cruz
do Rio Pardo
SP-270
ÁREA SUDOESTE - 58 municípios
Avaré
38 MUNICÍPIOS
Itapetininga
20 MUNICÍPIOS
Águas de Santa Bárbara, Angatuba, Anhembi, Araçoiaba da Serra, Arandu,
Arciópolis, Avaré, Bofete, Boituva, Borebi, Botucatu, Cabreúva, Capela do
Alto, Cerqueira César, Cerquilho, Cesário Lange, Conchas, Guareí, Iaras,
Igaraçu do Tietê, Iperó, Itatinga, Itu, Laranjal Paulista, Lençóis Paulista,
Manduri, Óleo, Pardinho, Pereiras, Piraju, Porangaba, Porto Feliz,
Pratânia, Quadra, Salto de Pirapora, São Manuel, Sorocaba, Tatuí, Tietê
Alambari, Buri, Campina do Monte Alegre,
Capão Bonito, Coronel Macedo, Itabera,
Itaí, Itapetininga, Itapeva, Itaporanga,
Itararé, Nova Campina, Paranapanema,
Pilar do Sul, São Miguel Arcanjo, Sarapuí,
Sarutaiá, Taquarituba, Taquarivaí, Tejupa
ILUSTRAÇÃO E INFOGRAFIA DE DENIS CARDOSO
ÁREA NORTE - 71 municípios
BR-050
BR-153
SP-425
Sucorrico
Bebedouro
34 MUNICÍPIOS
Campina Verde, Campo
Florido, Canápolis,
Comendador Gomes,
Conceição das Alagoas,
Frutal, Gurinhatã,
Itapagipe, Ituiutaba,
Iturama, Monte Alegre
de Minas, Planura, Prata,
São Francisco de Sales,
Uberaba, Uberlândia
Ariranha, Barretos,
Bebedouro, Cajobi,
Catanduva, Catiguá,
Colina, Colômbia, Elisiário,
Embaúba, Guaraci,
Ibirá, Irapuã, Itajobi,
Marapoama, Monte Azul
Paulista, Novais, Olímpia,
Paraíso, Pindorama,
Pirangi, Pitangueiras,
Sales, Santa Adélia,
Severínia, Tabapuã,
Taiaçu, Taiúva, Taquaral,
Terra Roxa, Uchoa,
Urupês, Viradouro,
Vista Alegre do Alto
SP-330
Bascitros
Colina
Colina
Triângulo Mineiro
16 MUNICÍPIOS
Mirassol
SP-345
Uchoa
Catanduva
SP-334
Bebedouro
Altinópolis
21 MUNICÍPIOS, SENDO
12 EM SÃO PAULO E 9
EM MINAS GERAIS
Altinópolis, Batatais,
Brodowski, Cajuru,
Cássia dos Coqueiros,
Cristais Paulista,
Delfinópolis, Fortaleza
de Minas, Franca,
Ibiraci, Igarapava, Jacuí,
Jeriquara, Monte Santo
de Minas, Nova Resende,
Patrocínio Paulista,
Pedregulho, Santo Antônio
da Alegria, São Pedro
da União, São Sebastião
do Paraíso, São Tomás
de Aquino
Bebedouro
Agromex
Itajobi
SP-322
SP-351
Itápolis
KB
Dobrada
SP-323
ÁREA SUL - 50 municípios
SP-310
Matão
Matão
SP-255
SP-326
40
SP-333
SP-3
Araraquara
hidebrand
São Carlos
SP-318
0
-33
SP
SP-215
SP-344
Sucorrico
Araras
Araras
SP-342
Selial Citros
Rio Claro
SP-225
SP-310
Conchal
Limeira
SP-352
Engenheiro
Coelho
SP-300
SP-3
SP-225
40
SP-332
BR-383
Porto Ferreira
19 MUNICÍPIOS
Limeira
31 MUNICÍPIOS
Aguaí, Caconde, Casa
Branca, Cravinhos,
Descalvado, Guatapará,
Guaxupé, Luiz Antônio,
Mococa, Pirassununga,
Porto Ferreira, Santa Cruz
da Conceição, Santa Cruz
das Palmeiras, Santa Rita
do Passa Quatro, Santa
Rosa do Viterbo, São José
do Rio Pardo, São Simão,
Tambaú, Vargem Grande
do Sul
Águas de Lindoia,
Americana, Amparo,
Araras, Artur Nogueira,
Atibaia, Bragança Paulista,
Charqueada, Conchal,
Cordeirópolis, Cosmópolis,
Engenheiro Coelho,
Espírito Santo do Pinhal,
Estiva Gerbi, Holambra,
Ipeúna, Iracemápolis,
Itapira, Jaguariúna, Jarinu,
Leme, Limeira, Lindoia,
Mogi Guaçu, Mogi Mirim,
Paulínia, Piracicaba, Rio
Claro, Santa Gertrudes,
Santo Antônio de Posse,
Serra Negra, Socorro
BR-381
SP-101
SP-308
SP-7
5
SP-209
SP-065
SP-280
SP-70
SP
-34
8
SP-7
5
0
-33
SP
SP-270
SP-270
SP-160
SP-21
SP-127
BR-101
SP-150
SP-258
BR-373
SP-55
BR-116
CITRUSBR outubro 2015 | 47
POLIS
especial PES 2015
90
6
06
94
0
15
4
0
3
6
VISÃO GERAL
DOS POMARES
DE LARANJA
EM 2015
ÁREA DOS
POMARES
DE LARANJA
(em hectares)
Total
Duartina
Avaré
Bebedouro
Matão
Limeira
Porto Ferreira
403.492
52.379
54.173
51.668
42.755
45.125
39.615
27.130
4.429
1.767
4.327
4.704
1.771
2.430
Total
430.622
56.808
55.940
55.995
47.459
46.896
42.045
Pomares adultos
(plantios anteriores a 2013)
403.492
52.379
54.173
51.668
42.755
45.125
39.615
27.130
4.429
1.767
4.327
4.704
1.771
2.430
430.622
56.808
55.940
55.995
47.459
46.896
42.045
440
442
462
440
390
440
452
Pomares adultos
(plantios anteriores a 2013)
Pomares em formação
(plantios 2013 e 2014)
9
2
91
0
ÁRVORES DE
LARANJA
(em milhares)
97
Pomares em formação
(plantios 2013 e 2014)
Total
DENSIDADE
MÉDIA DOS
POMARES DE
LARANJA
Precoces
POMARES
ADULTOS
(plantios
anteriores
a 2013)
POMARES EM
FORMAÇÃO
(plantios 2013
e 2014)
Meia Eestação
472
487
522
514
490
471
461
Tardias
435
436
488
426
386
419
415
Densidade média
448
456
492
450
414
441
435
Precoces
637
641
733
622
529
599
847
Meia estação
637
600
771
680
665
654
639
Tardias
624
611
669
628
648
673
649
Densidade média
631
611
711
655
648
658
662
459
468
499
465
437
449
448
DENSIDADE MÉDIA DO CINTURÃO CITRÍCOLA
RETRATO DOS
POMARES
EM 2015
TOTAL
DE CITRUS:
492.560
HECTARES
(100 % )
9.950
10.070
13.980
27.940
HECTARES
DE POMARES
ABANDONADOS
HECTARES
DE TANGERINAS
HECTARES
DE LARANJA LIMA,
BAHIA, SHAMOUTI
E LIMA DOCE
HECTARES
DE LIMA VERDE
E LIMÃO
2,03%
2,04%
2,89%
5,67%
ADENSAMENTO
MÉDIO
TAMANHO DOS
TALHÕES:
PROPRIEDADES
CITRÍCOLAS:
11.561
48 | CITRUSBR outubro 2015
TALHÕES:
50.668
8,5
HECTARES
EM MÉDIA
448
PLANTAS
PLANTAS
(POMARES ADULTOS)
(POMARES EM FORMAÇÃO)
POR HECTARE
631
POR HECTARE
Triângulo
Mineiro
Votuporanga
São José do
Rio Preto
Brotas
Itapetininga
Altinópolis
23.229
23.073
22.482
21.110
17.093
10.790
2.521
1.540
1.400
1.472
653
116
25.750
24.613
23.882
22.582
17.746
10.906
23.229
23.073
22.482
21.110
17.093
10.790
2.521
1.540
1.400
1.472
653
116
25.750
24.613
23.882
22.582
17.746
10.906
438
425
449
418
523
504
508
407
467
356
448
510
449
422
422
378
532
483
463
411
443
380
503
496
598
550
699
600
646
749
625
496
583
647
733
532
565
483
578
641
518
491
596
497
588
639
640
540
476
416
451
397
508
497
DISTRIBUIÇÃO DAS ÁRVORES
PRODUTIVAS E NÃO PRODUTIVAS
DE LARANJA POR VARIEDADE
(EM PERCENTUAL E MILHARES)
WESTIN
3.183
1,5%
RUBI
3.841
1,8%
VALÊNCIA
AMERICANA
VALÊNCIA
ARGENTINA
SELETA
PINEAPPLE
JOÃO NUNES
HECTARES
430.620
HECTARES
DE LARANJAS
(87,4%)
DE POMARES EM FORMAÇÃO/
NÃO PRODUTIVOS
403.490
HECTARES
IRRIGAÇÃO
24,57%
DA ÁREA TOTAL,
SENDO:
88,3%
DESSA ÁREA COM IRRIGAÇÃO
LOCALIZADA
11,7%
IRRIGADA POR ASPERSÃO
0,6%
1.405
0,04%
76, 06
0,4%
1.002
68.979
58.721
NATAL
21.406
9.029
BAHIA/
BAIANINHA
1.105
SHAMOUTI
974
10,51%
0,5%
0,4%
2.158
LIMA
TARDIA
148
0,07%
PIRALIMA
186
0,09%
LIMA
SOROCABA
673
0,3%
42
28,82%
4,43%
LIMA
VERDE
LIMA
ROQUES
33,85%
0,00%
5
VALÊNCIA
DE POMARES PRODUTIVOS
11,7%
3,1%
6.362
PERA RIO
FOLHA
MURCHA
27.130
23.847
HAMLIN
1,0%
0,02%
LIMA
DA PÉRSIA
212
0,1%
OUTRAS
406
0,2%
CITRUSBR outubro 2015 | 49
especial PES 2015
O CLIMA DA SAFRA
Verdade seja dita, essa é a primeira vez que um trabalho da
envergadura do projeto PES vem
à tona e isso acontece justamente
num ano de clima atípico, seguido
de uma seca sem precedentes que
culminou em múltiplas floradas.
Portanto, a produtividade média
de 691 caixas por hectares, ou 1,6
caixas por árvore talvez não seja,
exatamente, a melhor referência
de um comportamento mediano
no Cinturão Citrícola.
Dessa forma, e pedindo licença
para fazer apenas um exercício,
considerei hipoteticamente a mesma
área de 403 mil hectares e número
de plantas nas últimas quatro safras
justamente para aproveitar dessa
precisão nunca antes divulgada.
Assim, podemos calcular por aproximação de produtividade a média por
TABELA 6
EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE
MÉDIA NO CINTURÃO CITRÍCOLA
Safra
Produção total
Hectares produtivos
Produtividade estimada
milhões de caixas
milhões
caixas por hectare
2011/12
428,0
403,7/ N/D
1.060
2012/13
385,4
403,7 /N/D
954
2013/14
289,9
403,7 /N/D
718
2014/15
311,4
403,7/ N/D
771
2015/16
278,9
403,7
691
1.693,6
2.018,5
839
Soma/
Média 5
safras
Fonte: Fundecitrus (ND = não disponível)
hectare para cada uma dessas safras.
Podemos ver na tabela 6, que
entre as últimas safras, a de 2015/16
e com suas 691 caixas estimadas
por hectare é a pior em termos de
produtividade agrícola. Já o ciclo
2011/12, considerando a mesma área
e número de plantas, teria alcançado
1.060 caixas por hectares em média,
culminando numa supersafra de 428
milhões de planta e a melhor produtividade dos últimos anos.
Nesse período, assumidas as
premissas aqui colocadas, de uma
TABELA 7
E S T I M AT I VA D A S A F R A D E L A R A N J A E S E U S
COMPONENTES POR GRUPO DE VARIEDADES
Grupo de variedades
Componentes da estimativa
em maio/2105
Área de
pomares
adultos
Densidade
média
(hectares)
(árvores/
hectare)
Estimativa de safra de
laranja 2015/16
Árvores
produtivas
Frutos por
árvore na
derriça
Frutos
estimados
por caixa *
Taxa
estimada
de queda
Por
árvore
Por
hectare
Total
(1.000
árvores)
(número)
(número)
(número)
(caixas/
árvore)
(caixas/
hectare)
(1.000
caixas)
Precoces: Hamlin, Westin, Rubi
68.052
440
28.786
672
270
11
2,10
888
60.43
Outras precoces: Valência Americana,
Valência Argentina, Seleta, Pineapple
18.710
438
7.860
524
245
11
1,81
758
14.18
Meia-estação: Pera Rio
128.572
472
58.495
398
254
17
1,24
563
72.35
Tardias: Valência, Folha Murcha
141.326
441
60.006
485
229
20
1,60
681
96.25
46.832
418
18.979
572
230
20
1,89
764
35.78
Média
-
448
-
498
245
17
1,60
691
Total
403.492
-
174.126
_
_
_
Natal
Fonte: Fundecitrus
50 | CITRUSBR outubro 2015
_
278.99
produção total agregada das quatro safras da ordem de 1,6 bilhão
de caixas produzidas, encontraríamos uma produtividade agrícola
mediana ao redor de 1,9 caixa por
árvore ou 839 caixas por hectare.
Obviamente, é sabido que no
período aqui analisado aconteceram muitas mudanças no Cinturão Citrícola. Muitos citricultores
saíram da atividade em regiões
tradicionais e outros chegaram ou
expandiram seus negócios nas novas fronteiras. No gráfico 3, pudemos perceber taxas aceleradas de
plantio e replantas, na média muito mais adensadas. Também observamos a entrada de novos pomares
em produção muito mais produtivos
do que seus pares erradicados. Todo
esse conjunto tem feito com que o
cinturão como um grande “organismo vivo” alcançasse melhores níveis
de produtividade agrícola, salvo anos
de intempéries climáticas, assim
com mostra o exercício da tabela 7.
Contudo, mesmo com a precisão dos números que indicam
o total de caixas por região, a safra corrente trouxe uma série de
surpresas. Afinal, como se diz na
citricultura, nenhum ano é igual ao
anterior. Das 278.990.000 de caixas
estimadas para a safra 2015/2016,
haverá um total de quatro floradas,
o que indica dificuldade e encarecimento da colheita por parte dos
citricultores, a deterioração do rendimento industrial e do conteúdo
de suco na fruta e o consequente
aumento do custo de matéria-prima
para as indústrias, uma vez que a
compra destas é feita por caixa peso
e não por sólidos solúveis contidos
nas frutas. A tabela 8 mostra a distribuição da produção por florada.
TABELA 8
E S T I M AT I VA D E S A F R A D E
LARANJA 2015/2016 POR FLORADA
FLORADA
1ª
2ª
3ª
4ª
Total
Estimativa de safra de
laranja 2015/16 (1.000 caixas)
83.65
166.56
19.96
8.82
278.99
Percentual da estimativa de
safra de laranja por florada
30%
59,7%
7,1%
3,2%
100%
Fonte: Fundecitrus
Do total a ser produzido, aproximadamente 30 milhões de caixas
devem ser colhidas entre os meses
de fevereiro e abril, no auge das
chuvas e da entressafra, o que indica uma deterioração ainda maior
no rendimento industrial dessas
frutas, tornando-as antieconômicas para a produção de suco e consequentemente mais aproveitáveis
ao mercado de mesa.
Outro aspecto importante quando se trata de estimativa de safra é
o cálculo do número de frutos por
árvore, bem como, por consequência, o número de frutos por caixa.
O primeiro é consequência da
produtividade e o segundo de características do próprio fruto como
diâmetro e, peso, entre outros. Para
fins de estimativa de safra, também
é necessário calcular a taxa de queda dos frutos, o que interfere diretamente na quantidade de laranja
disponível para a colheita.
Nesse sentido, a tabela 6 nos
apresenta alguns dados interessantes. O primeiro deles é que a produtividade das variedades precoces,
como de costume, continua bem aci-
ma das chamadas laranjas de meia-estação e tardias. A quantidade de
frutos por caixa também é maior nas
precoces, devido ao fato de serem
frutas miúdas. A Hamilin apresentou um número grande de frutos por
caixa: 270 ante 245 de outras precoces. Nas variedades de meia-estação
a Pera Rio apresentou estimativa de
254 frutos por caixa, as tardias 229
frutos por caixas e a natal 230.
Quando nos debruçamos sobre a
comparação de produtividade estimada por variedade e região, mesmo
nesta safra de 2015/16 que se inicia
sendo uma das menores safras e,
portanto, com menor produtividade
registrada no passado recente, nos
deparamos com imensas diferenças
entre modelos de produção e produtividade em diferentes regiões.
A tabela 9, que trata da comparação de produtividade por variedade
na safra atual mostra que enquanto
as variedades precoces (Hamlin,
Westin e Rubi) estão estimadas com
uma produtividade de 468 caixas
por hectare na região nordeste, as
mesmas variedades na região sudoeste conseguem aferir incríveis
CITRUSBR outubro 2015 | 51
especial PES 2015
1.341 caixas por hectare, ou seja,
uma produtividade 186% melhor.
Com uma diferença um pouco
menor, mas ainda assim com
abismo produtivo entre algumas
regiões, a soma da estimativa de
produção para cada uma das variedades selecionadas tem como
resultado final alguns dados já
apresentados neste artigo, que
mostram, justamente, que embora
os parques citrícolas de São Paulo
e do Triângulo Mineiro tenham
avançado em termos de produtividade e tecnologia de produção, há
um longo caminho a ser percorrido para diminuir o abismo entre
os pomares mais produtivos e os
menos produtivos.
No caso das laranjas de meia-estação, a diferença também é considerável. Na região noroeste, a produtividade estimada de 367 caixas por
hectare é apenas 48% das 759 caixas
encontradas na região sudoeste. Nas
tardias Folha Murcha e Valência, a
discrepância é incrível. Enquanto
a região noroeste trabalha com 312
caixas por hectare, a região sudoeste
deve alcançar 946 caixas por hectare,
ou seja, a produção estimada para
a região noroeste é de apenas 33%
da estimada para a região sudoeste.
No caso da Natal, a maior diferença
está entre as 556 caixas por hectare
estimadas para a região norte e as
1.096 caixas estimadas para a região
sudoeste, ou seja, a primeira é praticamente metade da segunda, ou
precisamente 52,5%.
Como o projeto de PES fez um
anúncio de visão estática, literalmente uma fotografia de um momento
do parque citrícola num determinado período, para que cada leitor
possa traçar seu próprio cenário
52 | CITRUSBR outubro 2015
TABELA 9
C O M PA R A Ç Ã O D E P R O D U T I V I D A D E E S T I M A D A
POR VARIEDADE E REGIÃO NA SAFRA 2015/16
Produtividade média de caixas
por hectare 40,8 kg
Noroeste
Norte
Centro
Sul
Sudoeste
Total
Precoces: Hamlin, Westin, Rubi
468
1.078
585
892
1.341
888
Outras precoces: Valência Americana,
Valência Argentina, Seleta, Pineapple
560
713
788
782
1.022
758
Meia-estação: Pera Rio
367
623
525
579
759
563
Tardias: Valência, Folha Murcha
312
692
534
747
946
681
Natal
669
556
635
811
1.059
764
Total
414
744
567
717
977
691
Fonte: Fundecitrus
vamos arriscar algumas projeções
de quantidades de plantas produtivas para as próximas safras, como
demonstrado na tabela 10. A conta
que propomos leva em consideração o parque atual com uma idade
média de 20 anos para renovação,
dos quais as árvores produzirão por
17 anos, devido aos três primeiros
anos que não são produtivos. Assim,
conforme colocado anteriormente,
propomos uma taxa de renovação de
5,88% ao ano devido à mortalidade
de plantas apenas para que o parque
se mantenha como está. No entanto
é preciso considerar que entrarão
nessa conta as árvores plantadas nos
anos de 2013, 2014 e 2015 para que
possamos ter um cenário para os
próximos dois anos.
O infográfico 1 detalha como
essa conta pode ser feita e perceberemos que enquanto em 2015 encontramos um parque citrícola de 174,1
milhões de árvores, encontraremos
cerca de 178,3 milhões de árvores
em 2016 e 177,1 milhões de plantas
em 2017, números que deverão, ob-
viamente, ser verificados pelo projeto PES, que trouxe, sem dúvida, novas ferramentas para que o produtor
possa pensar no seu negócio e tentar
antever os cenários.
Desde que o Fundecitrus divulgou seu trabalho, participei de
diferentes eventos, feiras e encontros
com produtores. Com base no que
vi e conversei com centenas de citricultores é possível afirmar que todos
estão fazendo suas contas e levando
muito a sério os detalhes encontrados no projeto PES.
Esse comportamento se deve à
credibilidade que o projeto alcançou
principalmente pela transparência
das ações. Por essa razão, cumprimento e parabenizo a todos os envolvidos a começar pelo presidente do
Fundecitrus, Lourival Mônaco e, seu
vice-presidente, Roberto Jank. Também agradeço a todos os conselheiros titulares citricultores: Antonio
Ricardo Violante, Edelcio Oliveira,
Helton Carlos de Leão, Marco Antonio dos Santos, Renê Sanches e Ricardo Krauss, que além de citricultor
TABELA 10
C O N TA G E M D E Á RV O R E S D E L A R A N J A P O R S E T O R E A N O D E P L A N T I O
D I V U L G A D A P E L O P E S PA R A C Á L C U L O D A E S T I M AT I VA D A S A F R A 2 0 1 5 / 1 6
D O C I N T U R Ã O C I T R Í C O L A D E S Ã O PA U L O E D O T R I Â N G U L O M I N E I R O
Ano de plantio
Anterior a 1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Árvores produtivas
2013
2014
Replantas*
Árvores não produtivas
Total
Norte
Noroeste
Centro
Sul
Sudoeste
Total
(1.000 árvores)
85,23
13,11
6,2
9,94
82,16
26
125,13
86,75
52,05
51,05
41,95
192,83
36,69
155,82
100,56
101,63
179,82
166,16
282,79
504,05
1.017,92
1.366,49
1.120,47
976,52
2.124,25
2.582,84
2.566,14
3.394,61
3.870,84
3.657,31
3.665,31
2.933,98
2.836,44
3.550,35
37.963,37
(1.000 árvores)
22,48
4,23
3,42
3,73
1,89
5,02
91,89
144,39
14,58
71,27
139,01
96,63
59,63
17,22
44,31
126,3
105,05
29,21
7,78
100,46
43,95
280,15
413,66
292,91
563,94
873,37
608,1
1.378,16
1.597,60
3.334,97
2.042,31
2.381,56
2.358,52
1.796,41
19.054,08
(1.000 árvores)
68,71
1,35
4,18
4,39
194,79
83,5
47,49
195,76
193,27
437,11
212,94
98,01
391,1
253,07
314,78
484,88
707,66
1.192,77
1.076,66
1.354,94
1.053,64
2.415,96
2.378,88
2.555,09
3.959,44
3.711,13
4.843,30
5.468,78
3.513,43
2.883,33
3.626,82
3.726,55
47.453,68
(1.000 árvores)
263,72
41,81
5,11
45,47
74,27
27,21
146,59
333,78
204,77
111,64
354,43
597,9
482,26
424,03
343,06
570,17
807,98
496,16
543,74
1.050,45
913,56
1.681,68
1.214,94
1.546,08
1.582,11
2.162,15
2.196,49
2.517,39
2.895,04
2.327,53
2.026,47
2.599,57
2.262,68
2.515,56
35.365,77
(1.000 árvores)
10,58
27,49
6,66
15,61
15,47
14,85
167,82
44,99
232,19
358,41
634,18
540,15
688,62
434,23
313,51
241,03
536,88
322,17
315,21
589,76
508,73
1.180,11
1.742,25
2.572,84
3.595,01
3.574,22
4.185,25
4.704,72
2.486,86
1.396,87
1.373,83
1.458,49
34.288,98
(1.000 árvores)
450,71
59,16
42,21
67,16
162,49
78,24
573,87
663,27
486,71
474,71
960,86
1.682,88
1.425,69
1.235,23
1.567,64
1.485,40
1.721,15
1.417,44
2.078,84
3.169,90
3.367,30
5.273,02
4.311,43
6.411,57
8.391,43
10.746,29
12.925,17
14.575,50
17.392,03
19.493,31
13.734,37
12.195,31
12.458,29
13.047,36
174.125,88
3.354,22
1.043,17
1.367,33
5.764,72
952,59
635,71
374,01
1.962,36
4.457,31
2.238,82
2.134,05
8.830,18
1.442,60
1.332,75
1.749,79
4.525,14
947,75
733,00
970,15
2.650,90
11.154,47
5.983,45
6.595,38
23.733,30
43.728,09
21.016,44
56.283,86
39.890,91
36.939,88
197.859,18
*Árvores não produtivas em pomares adultos
E S T IM AT I VA DA C I T RUS B R PA R A CO N TAG E M D E Á R VO R E S P R O D U T I VA S N A S P R ÓX IM A S 2 S A F R A S
Árvores produtivas informadas pelo PES em maio de 2015
Estimativa de mortalidade média anual de 5,88% das árvores produtivas (expectativa média de vida de 20 anos)
Entrada em produção das árvores plantadas em 2013
Entrada em produção de 50% das replantas existentes nos pomares adultos em maio de 2015
Estimativa da CitrusBr para contagem de árvores produtivas na safra 2016/17
Estimativa de mortalidade média anual de 5,88% das árvores produtivas (expectativa média de vida de 20 anos)
Entrada em produção das árvores plantadas em 2014
Entrada em produção de 50% das replantas existentes nos pomares adultos em maio de 2015
Estimativa da CitrusBr para contagem de árvores produtivas na safra 2017/18
174.125,88
-10.242,60
+11.154,47
+3.297,69
=178.335,44
-10.490,22
+5.983,45
+3.297,69
=177.126,36
Fonte: Fundecitrus
CITRUSBR outubro 2015 | 53
especial PES 2015
hoje acumula a função de diretor da
Sucorrico. Agradeço e cumprimento
os conselheiros ligados às indústrias:
Renato Marchi, Francisco Groba
Netto e Waldir Guessi. Sou testemunha de que todos eles não mediram
esforços para que o projeto fosse implantado com o mais elevado grau de
transparência e seriedade.
Nesses meses em que convivi
mais próximo ao Fundecitrus aprendi a entender um pouco mais a dinâmica dessa entidade que não diferencia conselheiros titulares de suplentes e a principal credencial para
participar dos debates é justamente
ser um citricultor. Dessa forma,
também agradeço e cumprimento
outros conselheiros que mesmo
diante das dúvidas que surgiram no
começo do projeto deram seu voto
de confiança e hoje são responsáveis
pelo sucesso desse trabalho, como
Frederico Lopes, o Fred, Fernando
Rocha Bortholucci, Gilberto Antonio Cabianca, Guilherme de Souza
Santos, José Eugênio, José Gibran,
Nelson Ivan Barrancos, Rafael Machado, Nicolau de Souza Freitas, Ronaldo Antonio Bovo, Luiz Fernando
Catapani e Vilson Freschi.
O projeto PES teve em sua origem um trabalho muito dedicado
por parte dos técnicos dos departamentos das empresas associadas
à CitrusBR que ajudaram a montar
o projeto que foi apresentado ao
Fundecitrus. Essa turma, formada
por estatísticos e agrônomos, entre
outros, trabalhou de forma incansável para viabilizar a parte técnica.
Como testemunho dessa história,
estávamos em Ribeirão Preto trabalhando no fatídico dia em que o Brasil perdeu da Alemanha por 7x1.
Esse grupo era formado por
54 | CITRUSBR outubro 2015
Leandro Góis, Roseli Reina, Bruno
Zacarin, Hélio Triboni, Jackeline
Carvalho, Fernando Delgado, Isabela Costa, Renato Rovarotto e Silvia
Pasqua. Muitos desses profissionais
trocaram mais de 20 anos de trabalho em suas companhias para integrar a equipe formada no Fundecitrus, num projeto que ninguém sabia
ao certo que resultado daria ao final,
literalmente, das contas.
Toda essa coordenação aconteceu sob a batuta do jovem cientista
Vinícius Trombin, da Markestrat,
que assumiu a coordenação do projeto. Acredito que o Vinícius nunca
tenha trabalhado tanto em sua vida
e, justamente, num período em que
se tornou pai pela segunda vez. Toda
essa turma, que se encarregou de
ser o grande receptáculo de informações já dentro do Fundecitrus,
recebeu a companhia de Francisco
Cianfione e Sebastião Bertolucci.
Trocaram o certo pelo incerto e agora trabalham para todo o setor.
Uma vez no Fundecitrus, o projeto PES também contou com um
apoio importante da academia e fizeram parte dessa missão os professores Marcos Fava Neves, da USP
de Ribeirão Preto, que manteve intenso contato com o departamento
de pesquisa de safra do USDA no
sentido de manter as metodologias
alinhadas, assim como o professor
José Carlos Barbosa, da Unesp de
Jaboticabal, responsável por ser o
guardião das normas estatísticas no
projeto para que tudo fosse feito de
acordo com as melhores metodologias disponíveis.
Todo o projeto ainda contou
com mais de 50 técnicos que, por
meses, percorreram os talhões que
formam o Cinturão Citrícola de
São Paulo e do Triângulo Mineiro
e, para tanto, foi necessário uma
gestão de custos bastante eficiente.
Mal gerenciado, um projeto dessa
proporção pode simplesmente se
mostrar inviável. Por essa razão,
cumprimento o gerente-geral do
Fundecitrus, Juliano Ayres, que,
certamente, ganhou alguns cabelos brancos a mais devido não só
ao rígido controle de custos, mas
também à nova atribuição que a
instituição recebeu com o projeto
PES. O projeto também contou com
a participação de profissionais de
dois importantes players da citricultura paulista, Aprígio Tank Jr,
da Agroterenas, e Ivan Brandimarte, da Cambuhy.
Uma das preocupações iniciais
do projeto e que é não só uma
preocupação, mas sobretudo um
cuidado na CitrusBR, é justamente
a atenção extrema às normas concorrenciais. Dessa forma, o projeto
contou ainda com o apoio jurídico
dos advogados Fernando Moraes
e Arnaldo Lima, que deram as
orientações para que tudo estivesse
não só de acordo com a legislação
concorrencial, mas em linha com as
melhores práticas de compliance.
E se agora o caro leitor se pergunta o porquê da necessidade de citar
tantas pessoas, com tantas atribuições diferentes, a resposta é uma só:
transparência. Seja pelo número de
pessoas envolvidas, pelas instituições
que representam, seja pelo resultado
alcançado, os motivos para comemorar são grandes. Que venham outros
projetos que beneficiem a cadeia
citrícola. Que venham novos tempos
para a citricultura e que todos trabalhem em harmonia pelo desenvolvimento de nosso setor. Saúde!
internacional
Os
cajus
da Pepsi
Empresa investe em produção da fruta na Índia
e aposta no suco de caju como uma opção
mais barata para substituir sucos mais nobres
como os de maçã e laranja nas suas misturas
Desde o ano passado, os produtores de caju da região de Ratnagiri,
na Índia, foram surpreendidos pelo
interesse, até então inesperado, da
multinacional americana PepsiCO,
disposta a comprar boa parte da
produção local. O mais curioso para
os produtores é que o interesse não
era na castanha, considerada a parte
nobre do fruto, mas, sim, na fruta
propriamente dita, algo que antes
era simplesmente descartado. Mas
o súbito desejo da gigante dos refrigerantes pelo caju não tem nada de
inusitado. Trata-se de uma estratégia
de mercado. A empresa enxergou no
suco de caju uma opção mais barata
para ser usada como base de alguns
de seus produtos, substituindo sucos
FOTO SHUTTERSTOCK
mais caros como os de maçã e laranja. “Sucos de romã e limão e água de
coco são populares, mas o custo está
se tornando uma questão importante”, declarou o vice-presidente de
produção mundial na PepsiCo Índia,
V. D. Sarma, em entrevista ao jornal
The New York Times. “Por isso estamos sempre em busca de novas fontes de sucos produzidos localmente
para ajudar a baixar os preços, para
nós e para os consumidores.”
O plano da empresa é que, já a
partir deste ano, o suco de caju seja
parte de uma bebida mista de frutas,
que será vendida no mercado indiano
sob a marca Tropicana. No futuro,
a companhia pretende adicioná-lo à
fórmula de suas bebidas em todo o
mundo. “Podemos contar uma história tendo o suco de caju como base”,
diz o gerente sênior de sucos e bebidas
de frutas na Índia, Anshul Khanna.
A empresa também considera
que o produto tem potencial para
se tornar o próximo suco da moda.
Um processo pelo qual já passaram
a água de coco e o suco de açaí, por
exemplo. Para fazer deslanchar seu
projeto na Índia, a PepsiCo fez uma
parceria com a Fundação Clinton,
que tem ajudado a implementar medidas para melhorar o plantio, a colheita e o processamento dos cajus.
Diante do interesse da gigante dos
refrigerantes, o Brasil pode se tornar
também um fornecedor da companhia. Afinal, o país é uma das maiores
fontes mundiais de castanhas de caju
e processa apenas 12% de sua safra
dos frutos do caju a cada ano. De
qualquer forma, pode estar nascendo
mais um concorrente para o suco de
laranja no mercado internacional.
CITRUSBR outubro 2015 | 55
sanidade
Com a infestação de cancro cítrico em níveis alarmantes,
setor produtivo defende mudanças na legislação de combate à
doença e fim da erradicação de árvores contaminadas
UMA
MANCHA NO CAMPO
INFESTAÇÃO
Nível de incidência
de cancro já chega
a 5% dos pomares
O cancro cítrico, doença que há mais
de cinco décadas habita os pomares paulistas, se tornou, na verdade, um drama.
Hoje, por conta da legislação vigente, centenas de citricultores estão com suas propriedades interditadas e impedidos de comercializar a sua produção. Tudo isso porque a lei obriga o poder público a embargar
fazendas em que se constate a presença
dessa bactéria. Essa é a face mais cruel da
proliferação da doença, que atingiu nos
últimos anos níveis nunca vistos. Em algumas regiões do Estado, como a de Jales,
a proliferação é endêmica e o que não falta
56 | CITRUSBR outubro 2015
são relatos, ainda que sob anonimato, de produtores temerosos
e desesperados com a situação. De
acordo com acompanhamento do Fundecitrus, o nível de infestação nos pomares,
que em 2010 era de 0,27%, chegou a 1,39%
em 2012, ano em que foi realizado o último
levantamento. Com base em cálculos matemáticos, o Fundo estima que atualmente
o nível de infestação já esteja em 5% dos
pomares. Com o fungo em patamares alarmantes, especialistas defendem mudanças
no atual modelo de combate à doença, que
perdurou por mais de 50 anos, mas que
hoje em
dia já não
parece ser economicamente viável.
“O modelo atual de combate funcionou
por um bom tempo, mas agora precisa ser
ajustado à lei sanitária federal. Se formos
erradicar teremos que erradicar, 100 milhões de árvores”, afirma o advogado Laerte Biazotti, responsável pela defesa de um
grupo de produtores que tenta na Justiça a
liberação de suas propriedades.
No modelo atual, a Secretaria de
Agricultura de São Paulo, por meio da
FOTOS DIVULGAÇÃO E JULIO VILELA
LOURIVAL MÔNACO
Diálogo entre governo e setor produtivo é essencial para avançar no combate à doença
Coordenadoria de Defesa Agropecuária
(CDA), realiza fiscalizações aleatórias em
decorrência de denúncias. Uma vez identificada a presença da doença, a propriedade
fica impedida de comercializar seus frutos
ou até mesmo plantar novas árvores, até
que se erradique os pés contaminados. “É
uma situação complicada porque, uma vez
constatados o cancro e a necessidade de
erradicação, fica praticamente inviável a
continuidade daquela produção”, ressalta
o advogado. Para azedar ainda mais essa
laranja, os produtores reclamam da falta de
pagamento de indenizações por conta dos
pés erradicados, a exemplo do que acontece
na pecuária em animais com a Febre Aftosa
que são abatidos e seus criadores indenizados. “Esse é um direito previsto e que
estamos buscando”, ressalta Biazotti.
Um dos pilares dos argumentos favoráveis à alteração na legislação é o fato de
que, diferentemente do que acontece com
o greening, o cancro não mata o pé de
laranja, que continua produtivo. Além do
que, ambas as doenças não oferecem risco
à saúde humana. “Não adianta continuarmos com uma legislação hoje que pune o
produtor e não permite manter a doença
sob controle”, explica o pesquisador e
professor de patologia da Esalq/USP José
Belasques. Dessa forma, poderiam ser
adotados manejos de prevenção e controle, a exemplo do que já acontece em outras
regiões, como no Paraná. São medidas
como escolha de mudas sadias, implantação de quebra-ventos e controle na entrada de pessoas e material no pomar. “O
controle pode ser feito por meio de inspe-
ções preventivas e da aplicação de cobre nos
momentos de brotação, uma vez que inseticidas sistêmicos em plantas novas induzem
a tolerância à doença”, explica o pesquisador
do Fundecitrus Franklin Behlau.
Uma das principais entidades envolvidas no combate ao cancro, o Fundecitrus
acredita que o diálogo entre governo e
setor produtivo é fundamental. “Nós respeitamos a legislação vigente, embora os
dados levantados pelo Fundecitrus, que
mostram o nível atual em que se chegou a
infestação do cancro, nos alertem sobre a
necessidade de olharmos a legislação com
outros critérios e outros cuidados”, pondera o presidente do Fundecitrus e também
citricultor, Lourival Mônaco.
O próprio secretário de Agricultura
do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim,
durante reunião realizada com representantes do setor produtivo na última edição da
Semana da Citricultura, se mostrou disposto
a debater a legislação. “Foi aberto o nosso
processo de revisão das normas sobre o cancro cítrico. Já há uma proposta apresentada
e nós estamos rediscutindo, pois é óbvio que
a situação não pode continuar como está. A
mudança é necessária”, afirmou.
Embora exista um grande apoio do
setor em torno da ideia de alteração da legislação, há quem acredite que o modelo atual
ainda é a melhor forma de combate ao cancro. De acordo com o diretor do Escritório
de Defesa Agropecuária de Barretos, Paulo
Fernando de Brito, um dos aspectos que
devem ser estudados é o fato de o Estado ser
exportador de frutas in natura, além de comercializar esse produto para outras regiões
do país. “Precisamos verificar as regras
sanitárias das regiões que recebem a laranja
de São Paulo.” Ele ressalta que qualquer
mudança precisa ser mais bem debatida,
embora aponte que alguns pontos devem ser
revistos. “A interdição da propriedade por
dois anos é assunto que poderia ser melhorado e talvez revisto”, aponta.
DOENÇA QUE
SE ALASTRA
1,39
Veja o aumento da incidência
de cancro nos últimos anos
em São Paulo (em %)
0,70
0,99
0,44
0,27
0,08 0,11
0,22
0,14 0,11
0,19
0,10
0,17 0,14
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
CITRUSBR outubro 2015 | 57
tecnologia
Valtra aposta em nova
geração de tratores
voltados para pequenos
e médios produtores
com motores superpotentes e alto nível de
tecnologia embarcada
Hora
de
ACELERAR
Faz tempo que pequenos e médios produtores deixaram de se
contentar com tratores mais básicos,
que pouco oferecem em termo de
inovações. Essas máquinas mais
simples ainda têm seu público, mas é
cada vez maior a procura por tratores médios que sigam a linha de seus
“irmãos” mais robustos e ofereçam
alto desempenho e um bom nível de
tecnologia embarcada. De olho nessa tendência de mercado, a Valtra,
empresa do grupo norte-americano
AGCO, resolveu apostar na sua linha Série A Fruteiro, desenvolvida
sob medida para culturas de café e
citrus. São tratores de menor porte,
mas que têm como principal característica a alta potência de seu motor,
que pode chegar até a 96 cavalos. O
que, segundo a companhia, coloca a
máquina como uma das mais potentes nesse segmento. “Cada vez mais
58 | CITRUSBR outubro 2015
os pequenos e médios produtores demandam equipamentos com alta tecnologia, que otimizem a operação nas
fazendas”, explica o gerente de marketing da marca, Winston Quintas.
Ao todo são quatro modelos nas
versões A650 (66cv), A750, (78cv),
A850 (85cv) e A950 (96cv). Em comum, eles têm o novo sistema de
injeção, que faz com que seja possível
aumentar a potência no campo com
baixo consumo de combustível. De
acordo com Quintas, essa característica, antes restrita a máquinas maiores,
vem se mostrando um diferencial nos
pomares de menor porte porque combina aumento da produtividade com
menor custo operacional. Além disso,
essas máquinas já operam de forma
eficaz em terrenos em declive. Outro
diferencial da linha está no fato de ela
ter sido desenvolvida pensando em
melhorar o desempenho dos implementos que são acoplados aos tratores
WINSTON QUINTAS, DA VALTRA
Tratores menores com mais tecnologia
embarcada são a nova tendência de mercado
FOTOS DIVULGAÇÃO E JULIO VILELA
MAIS POTENTES
Os tratores da Série A Geração II
oferecem tecnologia ao alcance dos
pequenos e médios produtores
1. O modelo A950F possui 96 cavalos
2. Sistema de injeção com bomba
em linha proporciona menor consumo
de combustível
3. Plataforma plana garante maior
estabilidade ao operador
4. Alavancas laterais facilitam as
manobras e garantem mais agilidade
PEQUENOS
TURBINADOS
Nova linha de tratores
compactos oferece uma
série de itens para melhorar
seu desempenho
TECNOLOGIA
Válvula de fluxo
constante
(40 litros por minuto)
POTÊNCIA
Disponível
nas versões
66cv, 78cv,
85cv e 96cv
1
2
4
3
DURABILIDADE
Baixo custo de
manutenção e
sistema que
facilita limpezas
periódicas
CONFORTO
para o trabalho no campo. “Com os
nossos motores, é possível trabalhar
com um sistema econômico, que oferece o máximo de potência para o trabalho com o máximo rendimento”, diz
Quintas. Em resumo, mesmo quando
a operação exige mais força do motor
para o manuseio de implementos pesados, a potência e o desempenho são
mantidos, sem que haja consumo extra
do combustível. “No fim das contas,
essa equação se traduz em ganho de
produtividade”, diz Quintas.
Ele explica ainda que outra tendência no mercado de pequenos e médios
está na procura cada vez maior por
produtos que aliem produtividade e
conforto. Nesse sentido, a opção de
tratores cabinados é uma tendência
que deve continuar em alta nas próximas temporadas. Além disso, o gerente
destaca alguns itens como válvulas
laterais, assentos ergonômicos, ar-condicionado e plataformas planas, que
até pouco tempo atrás eram deixados
em segundo plano pelos compradores
de tratores de pequeno e médio porte.
“Isso também vem mudando. Cada vez
mais há demanda por itens que ofereçam não só maior conforto na operação, mas também segurança”, afirma.
Nesse sentido, ele destaca as válvulas
laterais nas plataformas e no painel.
“Antes, elas ficavam em uma posição
menos ergonômica, o que exigia do
operador um movimento constante de
abaixar e levantar, tornando a operação muito mais cansativa.”
Versão com e
sem cabine,
com regulagem
de altura e
profundidade
do volante
CITRUSBR outubro 2015 | 59
Política
18
%
FOI QUANTO AS
EXPORTAÇÕES DE
MAÇÃ DA POLÔNIA
CAÍRAM DESDE
O EMBARGO
RUSSO
QUANDO O GOVERNO
Programas governamentais ajudam a equilibrar estoques excedentes de suco
de laranja nos EUA e de suco de maçã na Polônia e mostram que mecanismos
desse tipo podem ajudar em caso de excesso de oferta do produto
Nos últimos meses, a continua
queda de consumo de suco de laranja
nos Estados Unidos, em conjunto com a elevação dos estoques do
produto em solo americano devido
ao aumento das exportações, vem
provocando uma retração na cotação
da commodity. Os estoques, que em
8 de agosto registraram alta de 5,8%
ante a semana anterior e chegaram a
336,3 milhões de libras-peso (152.543
toneladas), provocaram uma queda de
60 | CITRUSBR outubro 2015
8% nos contratos futuros na bolsa de
Nova York (ICE Futures). Essa queda
nos preços no mercado futuro, associada às constantes quedas no consumo do varejo, criou um cenário um
tanto quanto preocupante, que culminou com o anúncio do Departamento
de Agricultura dos Estados Unidos
(USDA) de que comprará US$ 20 milhões de suco de laranja para ajudar a
recuperar os preços do produto.
A ação do USDA está de acordo
com uma lei que permite ao governo
norte-americano remover o excesso de
oferta de alimentos do mercado caso
isso esteja derrubando os preços. A
expectativa é de que a compra remova
cerca de 2,5% da oferta de suco de
laranja FCOJ, algo em torno de 6 milhões de libras-peso (2.721 toneladas).
A medida veio em resposta aos pedidos
do Florida Citrus Mutual, entidade que
reúne os citricultores daquele estado.
No mês passado, em reunião com
FOTO SHUTTERSTOCK
5,8
%
FOI QUANTO SUBIRAM
OS ESTOQUES
AMERICANOS DE
SUCO DE LARANJA
EM AGOSTO
BEBE SUCO
o secretário de Agricultura, Tom
Vilsack, o executivo-chefe da associação, Michael Sparks, solicitou que
o governo adquira US$ 100 milhões
em suco por ano, nos próximos cinco
anos. “Acreditamos que a compra
de US$ 20 milhões é o início do que
deveria ser uma série de aquisições
nos próximos anos para ajudar a
aliviar os estoques”, disse Sparks. Os
volumes adquiridos são distribuídos
em programas sociais do governo ou
doados a projetos beneficentes.
Movimento semelhante de apoio
aos produtores aconteceu na Polônia,
que desde 2014 vem sofrendo com o
excesso de maçãs no mercado, por
conta dos embargos impostos pela
Rússia, que até então comprava 56%
da fruta exportada pelo país, algo
em torno de 677 mil toneladas. Entre
setembro do ano passado e fevereiro
deste ano, o volume total de maçãs
exportado pela Polônia ficou em
430 mil toneladas, ante 525,3 mil
toneladas do mesmo período da safra anterior. Enquanto em janeiro e
fevereiro do ano passado a Polônia
exportou 175 mil toneladas da fruta
para aquele país, nos dois primeiros
meses deste ano, o volume embarcado ficou em 36 mil toneladas.
Com isso, as frutas inundaram
o mercado europeu e acabaram
processadas e transformadas em
suco, fazendo o preço da commodity
despencar em toda a Europa. Dainta
desse cenário, o governo polonês
e da União Europeia anunciaram
compras de fruta para dar um respiro ao mercado interno.
No Brasil, contudo, projeto semelhante não foi para a frente. A CitrusBR
chegou a oferecer, em 2012, um projeto
em que suco de laranja concentrado a
42º Brix seria distribuído pela Companhia Nacional de Abastecimento, a
Conab, em programas sociais. Porém,
a estatal alegou à época que não tinha
controle sobre a água que seria usada
para reconstituir a bebida. Dessa forma,
rejeitou o projeto e o País perdeu uma
grande chance de oferecer um produto
de qualidade para a sua população e
auxiliar um setor em dificuldades econômicas. Ganhou o perde-perde.
CITRUSBR outubro 2015 | 61
negócios
| Bloomberg
62 | CITRUSBR outubro 2015
O
ILUSTRAÇÕES E INFOGRAFIA DE FABIANO DUARTE
TIGRE
QUE VIROU GATINHO
COMO A MUDANÇA NO HÁBITO DE CONSUMO DOS AMERICANOS
NO CAFÉ DA MANHÃ TEM AFETADO AS RECEITAS DA KELLOGG,
ASSIM COMO TEM IMPACTADO O CONSUMO DE SUCO DE LARANJA,
O QUAL TEM 75% DO VOLUME CONSUMIDO NESSA REFEIÇÃO
J
ohn Bryant é um voraz consumidor
de cereais. Quase todas as manhãs,
ele consome uma tigela de All-Bran
Buds, da Kellogg. Bryant também dá
esses alimentos aos seus seis filhos. “Posso
assegurar que consumimos uma quantidade enorme de cereais”, diz ele.
Isso torna a família Bryant um tanto
anacrônica em um momento em que os
americanos migraram para barras de granola, redescobriram as virtudes das refeições
quentes, como aveia e ovos, e caíram no
feitiço do iogurte grego. Mas não Bryant.
Ele é o diretor-executivo da Kellogg, a maior
fabricante mundial de cereais, cujas marcas
também incluem Frosted Flakes, Rice Krispies, Corn Flakes, Froot Loops e Apple Jacks.
Em 12 de fevereiro, Bryant, fortalecido por sua porção habitual de All-Bran,
chegou na sede da Kellogg em Battle
Creek, Michigan, para transmitir uma má
notícia. As vendas líquidas da empresa de
alimentos caíram 8% no quarto trimestre
de 2014 nos EUA. Esta foi a sétima queda
trimestral consecutiva da divisão. “É
muito frustrante”, afirmou.
Por quase um século, a Kellogg definiu
o café da manhã americano, que foi personificado pelos mascotes dos desenhos animados da Kellogg, como o vigoroso Tony,
o Tigre e o Tucano Sam, do Froot Loops. A
empresa ainda gasta mais de US$ 1 bilhão
por ano em publicidade, mas já não tem
o mesmo poder sobre o café da manhã.
CITRUSBR outubro 2015 | 63
negócios
As vendas de 19 dos 25 principais cereais
da empresa caíram no ano passado, de
acordo com a consultoria Consumer Edge
Research. As vendas de Frosted Flakes, a
marca número 1 da empresa, caíram 4,5%.
Enquanto isso, o Special K Red Berries,
um dos principais sucessos da empresa na
década passada, caiu 14%.
Bryant, de 49 anos, culpa a evolução
dos gostos dos volúveis consumidores de
café da manhã pelos problemas financeiros
da Kellogg. Atualmente os americanos têm
menos filhos. Ambos os cônjuges muitas
vezes trabalham e não têm mais tempo
para saborear uma porção de cereal. Muitas pessoas pegam algo no caminho para
o trabalho e o devoram em seus carros ou
nas suas mesas ao verificar os e-mails.
Ladeira
abaixo
Histórico da
queda na receita
total da Kellogg:
As pessoas que ainda tomam
café da manhã em casa preferem alimentos que exigem um trabalho de
preparação mais intensivo, de acordo
com uma pesquisa recente da Nielsen.
Elas passam mais tempo na frente do
fogão, preparando aveia (as vendas subiram 3,5% no primeiro semestre de 2014)
e ovos (até 7% no ano passado). Eles estão
aquecendo waffles congelados, rabanadas
e panquecas (as vendas desses alimentos
aumentaram 4,5% nos últimos cinco anos).
Esta última inclinação deveria estar ajudando a Kellogg: afinal, ela é a proprietária dos
waffles congelados Eggo. Mas as vendas dos
produtos não foram suficientes para compensar as quedas de cereais nos EUA.
E a Kellogg enfrenta uma tendência
mais ameaçadora. Nos últimos anos, os
americanos estão se afastando de alimentos
processados. Se esses compradores ainda
comem cereais, eles preferem o tipo “sem
glúten”, cujas vendas subiram 22%, de
acordo com a Nielsen. Bryant afirma que a
Kellogg está trabalhando para desenvolver
cereais que vão superar essas mudanças culturais e acabar com a sua miséria matutina.
Seus dois maiores concorrentes, a General
Mills, fabricante do Cheerios e Lucky Charms, e a Post Holdings, estão enfrentando as
2010
Lançamentos de novos cereais e
ampliação da linha de congelados ajudou a
melhorar os resultados
2011
Companhia sente os efeitos da crise
econômica de 2009, com retração no
consumo e mudança dos hábitos
alimentares dos norte-americanos
7,0 3,5 4,5 -1,5
%
%
%
%
OVOS
AVEIA
PANQUECAS E WAFFLES
CEREAIS
Fonte: Nielsen
Dados em 2014
%
2012
Queda nas vendas
na Europa e na
América do Norte
3,76
64 | CITRUSBR outubro 2015
Enquanto
alguns produtos
ganham espaço
com mudanças
de hábitos
dos americanos,
outros acumulam
perdas
-2,16
-2,98
%
DISPUTA
PELO CAFÉ
DA MANHÃ
NOS EUA
%
E
GRE A
I
O T RD A
PE RÇ
FO
Vendas da
companhia
por região
mesmas tendências matutinas. A queda nas vendas de
cereais da General Mills em 2014 foi
tão ruim quanto a da Kellogg, e a Post
obteve um aumento de 2%.
As vendas desanimadoras da Kellogg são indicativos de problemas maiores
da empresa. Houve três diretores de alimentos para o café da manhã nos EUA em
NOS
ESTADOS
UNIDOS...
Café da manhã
Snacks
Canais especiais de venda*
US$ 779 milhões
US$ 776 milhões
US$ 864 milhões
1o trimestre de 2015
US$ 854 milhões
1o trimestre de 2014
US$ 372 milhões
1o trimestre de 2015
US$ 361 milhões
Canais especiais de venda*
1o trimestre de 2014
1o trimestre de 2015
1o trimestre de 2014
NO
RESTO DO
MUNDO ....
Outros países da América do Norte
1o trimestre de 2014
1o trimestre de 2015
1o trimestre de 2014
US$ 482 milhões
US$ 433 milhões
US$ 705 milhões
Europa
1o trimestre de 2015
US$ 607 milhões
1o trimestre de 2014
US$ 278 milhões
América Latina
1o trimestre de 2015
US$ 295 milhões
1o trimestre de 2014
US$ 242 milhões
Ásia
1o trimestre de 2015
US$ 230 milhões
* Incluem vendas para escolas, instituições militares, grupos de escoteiros e hotéis, entre outros
Fonte: Bloomberg
-1,92
-3,67
2013
2014
%
%
Redução de 5,7%
nas vendas de cereais
na América do Norte
Retração nas vendas
de cereais matinais e snacks
na América do Norte
Fonte: Bloomberg
quatro anos conforme os lucros da divisão
caíram. O esquema mais recente de Bryant
para reanimar as vendas de cereais adicionando mais frutas e ingredientes naturais
a algumas das suas marcas mais conhecidas parece inverossímil na melhor das
hipóteses. A crise em Battle Creek é intrigante porque, até recentemente, a empresa
era conhecida como uma organização bem
gerida. “A Kellogg era talvez a empresa de
produtos de consumo mais respeitada lá
fora”, afirma David Palmer, analista do Setor de Alimentos da RBC Capital Markets.
“Ela saiu dos trilhos”.
Os problemas da Kellogg começaram
alguns anos depois de a companhia ter
comprado a fabricante de cereais saudáveis
Kashi em 2000, por US$ 33 milhões. Menos
de uma década após a compra, o faturamento da nova empresa sediada na Califórnia saltou de US$ 25 milhões para US$ 600
milhões. Nesse período, nada menos do que
três executivos lideraram a Kellogg, sendo
o último David Mackay, então diretor de
operações da empresa. Em 2008, Mackay
iniciou uma iniciativa de redução de custos
de três anos de US$ 1 bilhão denominada
K-Lean, que visava os gastos desnecessários
nas fábricas. Porém, uma série de problemas transformou o plano de reestruturação
em um verdadeiro fracasso.
Em 2010, a Kellogg substituiu Mackay
por Bryant. Sua primeira tarefa foi arrumar
a bagunça do K-Lean. Conforme a Kellogg fracassava, a General Mills reforçava a
sua posição. Naquele ano, quando muitos
americanos estavam escolhendo iogurte em
vez de Cheerios, a empresa pagou US$ 1,1
bilhão pelo controle acionário da Yoplait,
a segunda maior produtora de iogurte do
mundo. Assim que pôde, Bryant realizou o
que considerava uma compra transformadora. Em 2012, ele orquestrou a aquisição da
Pringles, uma marca de batata frita enlatada
da Procter & Gamble, por US$ 2,7 bilhões.
O negócio impulsionou as vendas líquidas
da Kellogg em mais de US$ 1 bilhão naquele
CITRUSBR outubro 2015 | 65
negócios
A QUEDA
DA GIGANTE
Desempenho da
Kellogg no primeiro
trimestre de 2015
Vendas líquidas
Lucro operacional
Ganho por ação
1o trimestre de 2014
1o trimestre de 2015
1o trimestre de 2014
1o trimestre de 2015
1o trimestre de 2014
1o trimestre de 2015
US$ 3,74 milhões
US$ 3,55 milhões
US$ 0,614 milhões
US$ 0,384 milhões
US$ 1,12 milhões
US$ 0,64 milhões
-5,0
%
-37,5
%
-42,9
%
Fonte: Kellogg
ano, para US$ 14 bilhões, e permitiram que
Bryant afirmasse que a Kellogg não era mais
tão dependente de cereais.
A Kellogg ainda contava com o Frosted Flakes e seus irmãos para o café da
manhã que juntos representavam mais
de um terço dos seus lucros operacionais,
que, por sua vez, ficavam cada
vez menores. Em novembro
de 2013, Bryant intrigou
Wall Street ao anunciar um
plano de redução de custos
de quatro anos com mais
um título memorável: Projeto K. Ele prometeu eliminar 7% da força de trabalho
da Kellogg e usar uma parte
das economias para criar
novos cereais empolgantes. Os analistas do setor
estavam céticos. Em 2014,
a Kellogg fechou uma fábrica de cereais
em Londres, Ontário, e uma operação de
lanches australiana.
As vendas de alimentos matinais continuaram caindo em 2014. Alguns produtos Special K registraram quedas de dois
dígitos. O Kashi Heart to Heart caiu 27%,
enquanto o Kashi GoLean Crunch perdeu
30% das vendas. Analistas dizem que parte
do problema é a indecisão da Kellogg com
a divisão. Em 2013, ela mudou a Kashi do
sul da Califórnia para Battle Creek, mudança que, segundo a empresa, seria melhor para posicioná-la para o crescimento
futuro. Então, no ano passado, Bryant
anunciou que a Kellogg estava levando
a Kashi de volta para La Jolla para que a
66 | CITRUSBR outubro 2015
unidade em apuros estivesse mais
próxima de suas raízes. “A Kashi é
uma marca que perdeu o seu caminho”, afirma Palmer, da RBC.
Enquanto Bryant atacava os
custos, seus concorrentes acrescentavam novos cereais em resposta
à mudança de hábitos dos consumidores de café da manhã. Em
janeiro de 2014, a General Mills
anunciou o Cheerios livre de organismos geneticamente modificados
(OGM). O anúncio também afirmava que a empresa lançaria uma
versão similar do Grape-Nuts. A
Kellogg afirma que não pode fazer
o mesmo com o Frosted Flakes,
porque quase todo o milho produzido
nos EUA é geneticamente modificado.
Em novembro, Bryant fez uma tentativa
tardia de lançar novos alimentos para café
da manhã no mercado, apresentando um
Special K sem glúten. Três meses depois,
Bryant reconheceu que a divisão de lanches
norte-americana da Kellogg também estava
doente. No ano passado, suas vendas caíram
2%. Isso colocou ainda mais pressão sobre
ele para ressuscitar a divisão de cereais, algo
que ele descreve como um plano de resgate
de longo prazo. Ele quer fazer o “rebranding” do Special K passando de uma marca
de dieta para um cereal para os consumidores preocupados com a saúde, como é o
caso do Special K Protein Cinnamon Brown
Sugar Crunch. A empresa também está
promovendo o Raisin Bran com Cranberries. Bob Goldin, vice-presidente-executivo
da Technomic, um consultor do setor de
alimentos, duvida que esses novos cereais
terão um grande impacto sobre as vendas da
empresa. “A categoria é muito madura”, diz.
“Já não é mais tão fácil introduzir uma nova
linha ou fazer um novo anúncio de TV e a
vida ser boa novamente.”
Bryant também está determinado a recuperar a credibilidade da Kashi junto aos compradores de produtos naturais. A Kellogg já
tem 15 cereais livres de OGM nos supermercados. Ele espera adicionar outros este ano.
Focar no Special K e Kashi traz o risco
de negligenciar as marcas mais velhas que
mantêm a Kellogg em evidência. Embora
o Frosted Flakes praticamente não seja um
produto de café da manhã de última geração, a empresa vendeu US$ 439 milhões no
ano passado, tornando-se o segundo cereal
mais popular nos EUA depois do Honey Nut
Cheerios, da General Mills. Além disso, a
Kellogg aumentou as vendas de Froot Loops
em 3%, atingindo US$ 266 milhões, ao comercializar os anéis coloridos para adultos
como um lanche de fim de noite. “Estas
não são marcas mortas”, diz Mary Zalla,
vice-presidente global da Landor Associates,
uma consultora de branding. “Há um incrível patrimônio no nome Kellogg.”
Bryant não está preocupado. “A empresa existe há cerca de 109 anos”, diz. “Nós
temos tempo. Temos um plano para recuperá-la.” É melhor ele mostrar resultados
rapidamente. O consenso em Wall Street é
que a Kellogg é uma candidata à aquisição.
“Ele está em um ponto crítico em sua carreira”, diz Palmer sobre Bryant.
Com Matthew Boyle
ESPECIAL
CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
RECUA “UMA SAFRA E MEIA”
EM DEZ ANOS
CITRUSBR outubro 2015 | 67
SÉRIE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
P
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V
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68 | CITRUSBR outubro 2015
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NFRENTAR A
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ILUSTRAÇÕES DE DENIS CARDOSO
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SU
CO
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O
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MARCOS FAV
A NE V E S
VINICIUS GUSTA
VO TROM
BIN
RAFAEL BORDO
NAL KAL
AKI
Este artigo
tem como objetivo, baseado nos
dados mais recentes, discutir novamente a
queda de consumo e outras mudanças existentes na cadeia produtiva do suco de laranja e chamar
a atenção para a necessidade de união, de se atacar o
mercado interno e observar mais atentamente o comportamento de consumo mundial. Está estruturado em seis
partes, começando com os mais recentes números
de consumo, o crescimento e abastecimento dos mercados asiáticos, o desafio do
mercado americano, os mais recentes
números do varejo e um emblemático caso de fusão, para
terminar com os impactos e mensagens à
cadeia produtiva
no Brasil.
CITRUSBR outubro 2015 | 69
SÉRIE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
NOVOS NÚMEROS
AUMENTAM PREOCUPAÇÃO
O painel anual do consumo de suco de laranja nos
ber praticamente 450.000.000 de caixas de laranja
de 40,8 quilos em forma de suco, considerando um
rendimento médio de 250 caixas necessárias para a
produção de uma tonelada de FCOJ.
40 mercados que representam quase 100% do consumo
Essa queda na demanda é um fenômeno único
mundial, feito pela Markestrat em parceria com Fearp/
no agronegócio brasileiro. Em outras cadeias, como
USP, Citrus BR, Tetrapak e diversas outras fontes, foi con-
a das proteínas animais, dos grãos como a soja e o
cluído, e as notícias não são boas, pois o consumo de suco
milho, açúcar, papel e celulose, café, frutas, etanol,
caiu preocupantes 3,2% em 2014, de 2.108.000 toneladas
entre outros, a expansão é inegável e contínua. Esta
para 2.042.000 toneladas. Simplesmente 66.000 tonela-
queda permanente no consumo só não afeta mais bru-
das sumiram do consumo mundial. Entre os anos de 2004
talmente as exportações brasileiras devido à queda
e 2014 o mercado mundial de suco de laranja encolheu
da produção da Flórida, que obriga os americanos a
15,3%, caindo de 2.412.000 toneladas de suco concentra-
comprarem mais suco brasileiro. Como resultado, foi
do (FCOJ equivalente 66º Brix), para 2.042.000 toneladas.
possível observar um avanço de 6% nas exportações
Levando-se em consideração todo o período
do ano safra 2014/2015 (julho-junho).
entre 2004 e 2014, nada menos do que 1.800.000
Comparando 2014 com 2013, os EUA (maior mer-
toneladas de suco de laranja deixaram de ser con-
cado mundial com 688.000 toneladas equivalentes de
sumidas. Isso significa que o mundo deixou de be-
suco concentrado congelado consumidos) tiveram que-
70 | CITRUSBR outubro 2015
6 | CITRUSBR julho 2015
da no consumo de quase 6%. Quando comparamos 2014
Do lado europeu, juntando os três maiores tomadores
com 2004, o consumo nos EUA despencou em 33%. Isso
de suco (consumo acima de 100.000 toneladas), tem-
significa que os norte-americanos deixaram de tomar
-se a Alemanha, o Reino Unido e a França, que totalizam
250.000 toneladas de suco ao ano, o equivalente a apro-
415.000 toneladas, e nesses países a queda em dez anos
ximadamente 65.000.000 de caixas de laranja (40,8kg).
foi de 100.000 toneladas de consumo ao ano, totalizando
Se pensarmos que nesse período a população cresceu
25.000 caixas, para uma população estável. Somados aos
em quase 25 milhões de pessoas, a queda no consumo
EUA, apenas nesses quatro mercados a cadeia produtiva
per capita beira a 40%. É preciso estancar esse dreno.
perdeu 90.000.000 de caixas de consumo ao ano.
O segundo maior mercado, a Alemanha (153.000
Como nesses países houve sensível aumento de
toneladas), também teve retração de 4%. A França
renda per capita (30%), pode-se afirmar que a queda
(147.000 toneladas) apresentou queda de 2% e o
de consumo não está associada à renda. Os dados de
Reino Unido (115.000 toneladas) e Japão (49.000 to-
2014 corroboram a análise de que as inúmeras novas be-
neladas) tiveram quedas ao redor de 7%. Austrália,
bidas concorrentes vêm, la-
Espanha, Coreia do Sul, Holanda, Bélgica, Suécia,
mentavelmente, tomando o
Noruega e Áustria, mercados bem menores, também
espaço do suco
apresentaram quedas. O único país desenvolvido que
de laranja.
não perdeu mercado foi o Canadá, que praticamente
ficou na mesma. O mundo rico reduziu.
Em outras
cadeias pro-
CITRUSBR outubro 2015 | 71
SÉRIE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
dutivas, os países emergentes têm um papel cada vez
2004 a renda líquida per capita anual naquele país era
maior na compra de alimentos básicos e minimamente
de 873 dólares/ano. Já em 2014 a renda per capita subiu
processados. Por se tratar de produtos acessíveis a
para 4.652 dólares por ano, um aumento de 432%.
muitos e de primeira necessidade, verificam-se avan-
Na Alemanha, maior mercado para suco de laranja
ços pujantes nos mercados asiáticos liderados princi-
na Europa, a renda líquida per capita foi de 22.428 dóla-
palmente pela fome de 3 bilhões de chineses ávidos
res em 2004 e de 29.775 dólares em 2014, um crescimen-
por consumir mais e melhor.
to de 32%. Embora a renda chinesa proporcionalmente
Apenas como comparação, de acordo com dados
tenha crescido muito mais do que a renda alemã, ainda
demográficos levantados neste estudo (que se encon-
existe um abismo entre o poder de consumo médio dos
tra disponível na página da CitrusBR), constata-se que
habitantes desses dois países.
um dos motivos para essa ascensão está justamente
Encontram-se na questão da renda dos países
no aumento de renda desses povos. E, mais uma vez
emergentes alguns obstáculos para o aumento de con-
tomando a China como exemplo, percebe-se que em
sumo de suco de laranja nesses mercados. O primeiro
72 | CITRUSBR outubro 2015
deles é que o suco de laranja não é exatamente um
Como a renda média do chinês ainda é uma parcela
produto básico e de primeira necessidade. Há o efei-
da renda de um alemão, o mesmo acontece com o con-
to da presença no mercado de produtos mais baratos
sumo per capita de suco de laranja. Enquanto a China
que podem ser substituir qualquer suco 100%, entre eles
consome 0,9 litro de sucos 100% (todos os sabores) por
águas, néctares, refrescos e bebidas base-fruta.
habitante, cada alemão consome 23,4 litros/ano. Mesmo
Portanto, o grande consumo de suco de laranja,
que se leve em consideração aspectos como hábitos
assim como sucos 100% de outros sabores, está mais
de consumo e diferenças culturais, há relação entre a
concentrado em países com renda per capita elevada
renda disponível e o consumo.
e observa-se que, conforme aumenta a renda, au-
Seguindo na mesma lógica, ao se observar os países
menta o consumo de sucos 100% e do sabor laranja
separados em blocos econômicos, podemos perceber
em particular. Com o aumento de renda na China de
que o consumo na Oceania caiu 5%, enquanto que na Ásia
432% entre 2004 e 2014, o consumo de suco de laranja
avançou 23%, e esse é o ponto que merece destaque. O
cresceu 189% no mesmo período.
crescimento da Ásia será abordado na sessão seguinte.
CITRUSBR outubro 2015 | 73
SÉRIE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
2004
40 PRINCIPAIS
MERCADOS
'000 tons
de FCOJ
equiv.
66ºB
2005
Taxa
de cresc.
anual
'000 tons
de FCOJ
equiv.
66ºB
2006
Taxa
de cresc.
anual
'000 tons
de FCOJ
equiv.
66ºB
2007
Taxa
de cresc.
anual
'000 tons
de FCOJ
equiv.
66ºB
2008
Taxa
de cresc.
anual
'000 tons
de FCOJ
equiv.
66ºB
Taxa
de cresc.
anual
RANK
PAÍSES SELECIONADOS
2.412
0,3%
2.397
-0,6%
2.346
-2,1%
2.298
-2,1%
2.246
-2,3%
1
ESTADOS UNIDOS
1.028
3%
988
-4%
924
-6%
882
-5%
826
-6%
-1%
2
ALEMANHA
228
-10%
208
-9%
210
1%
198
-5%
196
3
FRANÇA
147
-3%
153
4%
158
3%
163
3%
163
0%
4
CHINA
49
6%
57
16%
64
13%
75
17%
85
13%
5
REINO UNIDO
139
-3%
136
-2%
139
2%
130
-7%
140
8%
6
CANADÁ
119
2%
135
14%
111
-18%
106
-4%
103
-3%
7
JAPÃO
97
6%
95
-2%
95
0%
92
-3%
78
-15%
8
RúSSIA
59
16%
63
6%
74
18%
79
7%
78
-1%
9
BRASIL
37
-17%
40
7%
41
3%
37
-11%
38
3%
-3%
10
AUSTRÁLIA
55
4%
56
2%
57
2%
59
3%
58
11
ESPANHA
45
6%
47
3%
46
-2%
46
0%
47
1%
12
COReIA DO SUL
43
-4%
42
-3%
40
-3%
39
-3%
39
-1%
3%
13
POLÔNIA
33
2%
34
2%
34
1%
33
-5%
33
14
ÁFRICA DO SUL
21
4%
20
0%
21
2%
21
0%
21
3%
15
MÉXICO
29
-7%
30
4%
30
-2%
32
7%
30
-6%
16
HOLANDA
37
2%
35
-6%
35
2%
32
-8%
32
-2%
17
ARABIA SAUDITA
16
6%
17
11%
19
9%
21
10%
22
4%
18
ARGENTINA
5
24%
5
1%
6
37%
9
40%
11
22%
19
ITÁLIA
33
-1%
33
1%
31
-6%
30
-5%
29
-1%
20
BÉLGICA
22
0%
22
1%
24
5%
23
-1%
23
-2%
21
SUÉCIA
24
-10%
24
0%
25
5%
25
-2%
24
-3%
22
NORUEGA
13
13%
14
9%
15
5%
15
2%
17
7%
23
ÁUSTRIA
18
-8%
18
1%
17
-3%
17
-2%
17
-2%
24
CHILE
6
11%
7
13%
8
12%
9
16%
11
17%
25
SUÍÇA
14
-4%
14
-1%
14
-4%
14
2%
14
0%
26
TURQUIA
4
35%
5
33%
7
44%
7
-5%
7
0%
27
UCRÂNIA
10
55%
12
25%
14
17%
17
18%
17
2%
28
INDONÉSIA
3
18%
3
-2%
3
12%
4
10%
4
25%
29
FINLÂNDIA
13
-16%
14
8%
13
-7%
11
-17%
10
-7%
30
DINAMARCA
12
3%
12
-1%
12
-2%
11
-6%
11
-1%
31
IRLANDA
13
5%
14
4%
14
0%
14
2%
14
0%
32
GRÉCIA
11
-2%
12
4%
12
-1%
11
-8%
11
3%
33
ÍNDIA
1
29%
1
31%
3
101%
4
53%
4
1%
34
MARROCOS
1
9%
2
139%
2
31%
3
30%
4
26%
35
NOVA ZELÂNDIA
6
-5%
6
-1%
7
5%
7
4%
7
3%
36
COLÔMBIA
3
-3%
3
-1%
3
-1%
3
3%
4
4%
37
TAIWAN
6
-10%
6
5%
6
-3%
6
-3%
6
1%
38
ISRAEL
5
1%
5
-4%
4
-11%
4
-6%
4
-3%
39
FILIPINAS
3
-6%
3
1%
3
9%
4
3%
4
2%
40
ROMÊNIA
3
22%
4
30%
5
6%
6
22%
6
5%
Consumo de FCOJ equivalente a 66° Brix não inclui suco de laranja utilizado em carbonatados
74 | CITRUSBR outubro 2015
2009
'000 tons
de FCOJ
equiv.
66ºB
2010
Taxa
de cresc.
anual
'000 tons
de FCOJ
equiv.
66ºB
2011
Taxa
de cresc.
anual
'000 tons
de FCOJ
equiv.
66ºB
2012
Taxa
de cresc.
anual
'000 tons
de FCOJ
equiv.
66ºB
2013
Taxa
de cresc.
anual
'000 tons
de FCOJ
equiv.
66ºB
2014
Taxa
de cresc.
anual
'000 tons
de FCOJ
equiv.
66ºB
Taxa
de cresc.
anual
VARIAÇÃO
2004 a
2014
2.272
1,2%
2.255
-0,8%
2.228
-1,2%
2.123
-4,7%
2.108
-0,7%
2.042
-3,2%
-15,3%
851
3%
807
-5%
791
-2%
704
-11%
729
4%
688
-6%
-33%
-33%
185
-6%
185
0%
181
-2%
167
-8%
159
-5%
153
-4%
168
3%
165
-1%
159
-4%
158
-1%
149
-5%
147
-2%
0%
94
12%
118
25%
126
7%
124
-1%
136
10%
141
4%
189%
136
-3%
135
-1%
133
-1%
127
-5%
123
-3%
115
-7%
-17%
107
4%
109
1%
111
2%
109
-2%
112
2%
113
1%
-5%
76
-2%
76
0%
64
-17%
65
2%
53
-18%
49
-8%
-49%
73
-7%
64
-11%
65
0%
68
4%
62
-8%
60
-4%
2%
41
8%
45
10%
48
8%
55
14%
53
-4%
58
8%
55%
57
-1%
57
1%
57
-1%
58
1%
50
-12%
47
-7%
-15%
47
1%
48
2%
46
-5%
39
-15%
38
-2%
37
-3%
-18%
38
-1%
38
-2%
37
-3%
37
1%
25
-32%
24
-4%
-44%
34
3%
36
4%
33
-9%
30
-9%
32
9%
34
4%
1%
23
5%
24
5%
25
6%
25
2%
30
19%
30
0%
47%
32
7%
30
-4%
30
-1%
32
5%
30
-5%
27
-11%
-8%
32
1%
32
-1%
32
0%
30
-5%
29
-6%
28
-2%
-24%
23
3%
26
17%
27
4%
29
5%
33
16%
34
3%
119%
13
19%
17
31%
19
8%
23
25%
25
8%
24
-4%
419%
29
-1%
29
0%
29
0%
28
-4%
26
-8%
25
-4%
-25%
23
0%
23
-2%
23
1%
22
-3%
21
-5%
20
-1%
-8%
24
-1%
23
-2%
22
-4%
20
-12%
19
-6%
17
-7%
-28%
17
3%
17
-2%
17
1%
17
1%
17
-1%
16
-5%
22%
17
1%
17
0%
18
6%
17
-3%
15
-11%
15
-6%
-18%
144%
11
-1%
11
7%
14
20%
15
13%
16
3%
15
-4%
14
0%
14
1%
14
0%
14
0%
14
0%
14
0%
-2%
7
-2%
7
10%
7
0%
11
51%
10
-3%
11
6%
204%
13
-26%
12
-2%
12
-7%
10
-9%
10
0%
9
-13%
-7%
6
43%
8
22%
8
10%
9
6%
10
12%
11
11%
281%
11
10%
11
-3%
11
0%
10
-6%
10
-4%
9
-10%
-34%
11
-2%
10
-3%
10
-5%
9
-4%
10
4%
10
-1%
-20%
13
-11%
11
-10%
10
-8%
10
-8%
9
-7%
8
-9%
-40%
11
-2%
10
-6%
10
0%
9
-16%
9
8%
9
-7%
-23%
4
3%
5
24%
7
28%
7
2%
7
-3%
7
9%
620%
956%
4
14%
6
33%
7
13%
6
-3%
7
15%
8
9%
7
-4%
6
-4%
7
0%
6
-7%
6
-2%
6
-2%
-7%
3
-11%
3
-4%
3
-10%
4
38%
4
12%
4
1%
27%
6
-4%
5
-7%
4
-24%
4
7%
4
-6%
4
2%
-31%
4
1%
4
1%
4
4%
5
4%
4
-4%
4
2%
-15%
4
-3%
4
2%
4
2%
4
14%
5
30%
6
5%
84%
5
-15%
5
-10%
4
-1%
4
-18%
3
-6%
3
0%
5%
CITRUSBR outubro 2015 | 75
SÉRIE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
O CRESCIMENTO E O
ABASTECIMENTO DO
MERCADO ASIÁTICO E DE
OUTROS EMERGENTES
foram 62.000 toneladas, um retrocesso de 30%. Já para a
China foram 35.000 toneladas em 2004 ante 31.000 toneladas em 2014. Alguns fatos explicam isso.
O primeiro deles é a produção de suco na própria China. Apesar de não existirem dados consolidados de quanto
Embora o Oriente esteja fazendo a sua parte no que
é a real produção chinesa, é visível o esforço do governo
tange ao crescimento do consumo de suco de laranja, o
daquele país em buscar a autossuficiência. A produção de
Brasil pouco tem se aproveitado disso. Em 2004 exporta-
frutas cítricas na China, de onde a laranja é originária, pode
ram-se 80.000 toneladas de suco para o Japão. Em 2014
estar próxima de 600.000.000 de caixas de 40,8 quilos.
O QUE ESSA QUEDA REPRESENTA
EM CAIXAS DE LARANJA
450
1,8
milhões
milhão
de tonelada de caixas
(em'000 toneladas FCOJ equiv. 66ºB)
é quanto o mundo
deixou de consumir
de suco de laranja
desde 2004
REGIÕES - TOTAL
2.500
2.412
2.397
2.346
2.298
2.246
2.272
2.255
2.228
2.000
2.123
foi quanto o
mundo deixou de
consumir no
período
2.108
2.042
Variação
2004 a 2014
1.500
-15,3 %
1.000
500
0
2004
2005
2006
REGIÕES SELECIONADAS
AMÉRICA DO NORTE
EUROPA
ÁSIA
AMÉRICA LATINA
OCEANIA
ÁFRICA
ORIENTE MÉDIO
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Variação
2004 a 2014
-25%
-15%
23%
44%
-5%
85%
88%
76 | CITRUSBR outubro 2015
O Japão, por outro lado, de acordo com informações
é o da África, que consumia 21.000 toneladas em 2004
de importadores, tem aumentado a compra de suco
e demandou 39.000 toneladas em 2014. Desse total,
oriundo de Israel em busca de menores níveis de su-
30.000 toneladas foram consumidas pela África do Sul,
crose, algo estranho já a sucrose, um tipo de sacarose,
que também é produtora de frutas cítricas e de suco de
é um indicador de qualidade. Mas, independentemente
laranja. Não custa lembrar que a renda per capita na
das razões japonesas para a compra de suco de Israel e
África do Sul é de cerca de 4.100 dólares.
não do Brasil, fato é que o aumento de consumo na Ásia,
infelizmente, ainda não beneficiou o Brasil.
Analisando especificamente os países do BRICS
(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e adicionan-
Quando se analisam alguns destinos menos tradi-
do-se o México, por conta de acordos de preferência
cionais no consumo de suco de laranja, como América
com os Estados Unidos, no mesmo período de 2004
Latina e Oriente Médio, percebe-se avanço de 85% e
a 2014, esse grupo saltou de 175.000 toneladas para
88%, respectivamente. O problema com esses blocos
293.000 toneladas. Enquanto isso, no mesmo espaço
é que, mais ainda do que os asiáticos, estamos falando
de tempo, no resto do mundo, o que inclui Estados
de bases muito pequenas de consumo. A América La-
Unidos e Europa, o consumo despencou de 2.297.000
tina saltou de 81.000 toneladas em 2004 para 128.000
toneladas para 1.749.000 toneladas.
toneladas em 2014, enquanto o Oriente Médio avançou
de 21.000 toneladas para 38.000 toneladas.
Constata-se que, infelizmente, o avanço de 66%
das principais estrelas emergentes não compensa a
Para fazer essa pequena quantidade de suco bas-
queda de 18% dos mercados tradicionais. Na próxima
tam apenas 9.500.000 caixas de laranja de 40,8 qui-
sessão analisaremos mais o mercado norte-america-
los, apenas para exemplificar. Caso semelhante
no e seus grandes desafios.
CITRUSBR outubro 2015 | 77
SÉRIE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
DESAFIOS DO
MERCADO
AMERICANO
Nos últimos anos, a indústria brasileira de suco de
laranja vem lidando com um cenário desafiador. Além
dos dados já citados anteriormente, o relatório Nielsen, que avalia as últimas quatro semanas de consumo com término em 4/7/2015, baseado no acompanhamento das vendas da bebida nas principais redes
varejistas, mostra que as vendas do produto recuaram
5,3%, atingindo um dos menores patamares da safra,
com vendas da ordem de 129.500.000 de litros.
Há grande preocupação com essa queda, motivada
pela concorrência com outros produtos substitutos ao
suco de laranja ou mesmo pela diminuição de consumo
na ocasião do café da manhã. Outros produtos como os
cereais passam por problemas semelhantes, que são
abordados nesta edição (ver desafios da Kellogg’s).
78 | CITRUSBR outubro 2015
ELASTICIDADE DO MERCADO DE
SUCO DE LARANJA NOS EUA
Relação de elasticidade entre aumento de preço e queda de volume - safra a safra
Preço 1,0% 0,0% 1,0% -1,0% 2,0% 6,0% 22,0% 3,0% -6,0% -3,0% 7,0% 6,0% -1,0% 1,0%
Volume -7,0% -1,0% -2,0% 3,0% -4,0% -7,0% -4,0% -6,0% 3,0% -5,0% -2,0% -11,0% 4,0% -6,0%
Preço por litro reportado pelo Nielsen (US$ por litro)
Consumo atribuído de FCOJ 66 Brix
1.200
$2,50
1.111
1.100
$2,00
$1,90 $1,92 $1,92
1.032
1.028
1.024
1.001
$1,74
988
$1,54
$1,50
$1,00
$1,80
$1,76
$1,81
$1,72
$1,59
$1,45
$1,44 $1,43
$1,41
$1,39 $1,37
924 $1,33 $1,34
$1,35
$1,26
$1,19
882
$1,15 $1,17 $1,17 $1,18 $1,17
$1,06
$1,03 $1,04 $1,03 $1,03 $0,99 $0,99
826
$1,50 $1,46
$1,19
$1,65 $1,64 $1,66
$1,56
$1,27
$1,33
1.000
$1,27 $1,29
900
$1,17
851
807
QUEDA
DE
38 %
791
800
729
$0,50
704
689
$0,00
700
Preço médio do suco de laranja NFC
Preço médio do suco de laranja reconstituído
13
/1
4
12
/1
3
11
/1
2
10
/1
1
09
/1
0
08
/0
9
07
/0
8
06
/0
7
05
/0
6
04
/0
5
03
/0
4
02
/0
3
01
/0
2
00
/0
1
99
/0
0
600
Preço médio do suco de laranja NFC + reconstituído
CITRUSBR outubro 2015 | 79
SÉRIE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
O BALANÇO DA OFERTA E DA DEMANDA DE SUCO DE LARANJA NOS ESTADOS UNIDOS
SAFRA NOS ESTADOS UNIDOS OUTUBRO/SETEMBRO
93-94
94-95
95-96
96-97
97-98
98-99
99-00
00-01
ESTOQUE INICIAL DE SUCO DE
LARANJA EM 1° DE OUTUBRO
Tons Equiv.66º
152.818
230.291
176.825
194.323
283.193
358.086
359.050
437.332
PRODUÇÃO INTERNA DE SUCO
DE LARANJA
Tons Equiv.66º
789.414
882.453
887.206
1.009.890
1.086.195
861.826
1.051.296
973.644
Tons Equiv.66º
740.545
849.426
849.652
973.752
1.044.469
811.331
988.495
944.224
CALIFÓRNIA/ARIZONA
Tons Equiv.66º
48.656
31.613
36.917
34.229
40.099
49.222
61.245
25.460
TEXAS
Tons Equiv.66º
212
1.414
636
1.909
1.627
1.273
1.556
3.960
Tons Equiv.66º
300.654
169.970
156.153
208.544
198.504
247.624
239.400
182.240
Tons Equiv.66º
256.060
103.536
104.381
136.662
123.657
184.236
166.815
118.829
FLÓRIDA
IMPORTAÇÃO DE SUCO DE
LARANJA
BRASIL
MÉXICO
Tons Equiv.66º
31.776
49.725
31.392
37.372
48.099
35.144
30.311
22.940
COSTA RICA
Tons Equiv.66º
2.720
4.336
6.421
13.592
15.871
17.318
24.129
22.468
BELIZE
Tons Equiv.66º
5.278
5.819
7.271
13.042
5.827
7.879
11.731
9.285
CANADÁ
Tons Equiv.66º
461
841
796
676
959
1.067
1.046
1.728
REPÚBLICA DOMINICANA
Tons Equiv.66º
142
179
1.024
1.340
521
23
291
1.140
HONDURAS
Tons Equiv.66º
2.014
3.875
3.615
5.586
3.255
654
3.467
4.332
OUTROS PÁISES
Tons Equiv.66º
2.203
1.660
1.253
274
315
1.302
1.611
1.518
73.883
82.299
89.304
104.778
102.900
102.462
101.104
86.917
EXPORTAÇÃO DE SUCO DE
LARANJA
Tons Equiv.66º
CANADÁ
Tons Equiv.66º
17.992
22.044
23.925
28.126
30.580
34.173
32.214
35.205
EUROPA
Tons Equiv.66º
28.621
38.642
39.060
54.484
47.914
42.292
44.251
33.388
JAPÃO
Tons Equiv.66º
13.798
4.045
10.884
9.908
12.716
12.207
9.760
8.303
OUTROS PAÍSES
Tons Equiv.66º
13.472
17.567
15.435
12.260
11.690
13.791
14.880
10.021
230.291
176.825
194.323
283.193
358.086
359.050
437.332
474.102
11,7
9,8
9,9
13,3
18,5
16,8
22,0
24,1
938.711
1.023.591
936.557
1.024.786
1.106.906
1.006.024
1.111.310
1.032.197
33%
9%
-9%
9%
8%
-9%
10%
-7%
Tons Equiv.66º
ESTOQUE FINAL EM 30 DE
SETEMBRO
CONSUMO ATRIBUÍDO AOS
ESTADOS UNIDOS
VARIAÇÃO ANUAL
80 | CITRUSBR outubro 2015
Semanas de
consumo
equivalente
Tons Equiv.66º
01-02
02-03
03-04
04-05
05-06
06-07
07-08
08-09
09-10
10-11
11-12
12-13
13-14
474.102
467.965
481.282
562.079
426.307
315.622
256.761
441.419
475.909
387.883
276.687
306.617
370.275
1.012.920
882.864
1.038.367
684.024
699.045
627.726
822.000
749.037
590.933
643.366
683.171
614.878
477.513
990.006
845.240
1.018.919
636.923
648.338
570.795
776.738
724.779
563.846
603.939
655.590
593.485
438.616
21.499
35.785
17.468
44.838
49.364
54.809
43.565
23.338
26.478
38.201
26.724
20.283
36.878
1.414
1.839
1.980
2.263
1.344
2.122
1.697
919
609
1.226
858
1.110
2.019
133.535
205.756
157.244
252.826
211.336
282.402
286.799
224.460
231.648
187.570
157.918
297.387
295.351
77.768
161.341
109.355
164.008
141.393
184.417
174.428
120.997
129.498
90.623
72.314
167.835
175.083
29.259
9.522
5.812
38.881
32.728
50.514
62.436
62.541
64.156
67.175
49.214
87.031
85.059
17.005
20.329
22.637
20.967
19.450
30.363
26.506
23.025
20.647
15.910
19.707
26.153
21.000
2.702
5.757
14.284
21.467
9.737
7.703
15.141
11.615
10.820
4.264
6.178
8.330
7.942
1.710
1.795
2.312
3.552
2.745
2.987
4.655
3.649
1.184
5.263
7.242
5.975
4.846
1.097
1.092
926
1.007
1.365
1.045
1.286
763
1.268
1.283
1.078
428
185
3.155
895
1.180
1.543
1.043
2.180
328
678
1.343
1.431
720
329
214
839
5.024
740
1.401
2.874
3.193
2.018
1.192
2.732
1.619
1.466
1.304
1.022
128.169
74.109
86.959
84.222
97.348
86.712
98.091
88.147
103.735
151.479
107.320
119.831
119.318
33.946
38.614
40.057
45.135
45.615
53.395
62.659
46.804
45.658
61.195
62.115
65.750
71.114
69.053
15.382
27.949
21.245
36.082
18.508
18.854
22.108
37.178
64.689
25.446
27.617
15.849
9.137
4.031
4.689
3.013
2.546
2.164
1.818
2.185
764
997
884
785
905
16.033
16.082
14.265
14.830
13.105
12.645
14.760
17.051
20.134
24.597
18.876
25.679
31.450
467.965
481.282
562.079
426.307
315.622
256.761
441.419
475.909
387.883
276.687
306.617
370.275
335.189
24,3
24,3
29,6
24,0
18,6
16,2
27,0
30,7
25,5
20,4
21,9
28,0
26,8
1.024.423
1.001.193
1.027.856
988.399
923.718
882.277
826.049
850.860
806.872
790.652
703.839
728.776
688.631
-1%
-2%
3%
-4%
-7%
-4%
-6%
3%
-5%
-2%
-11%
4%
-6%
CITRUSBR outubro 2015 | 81
SÉRIE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
O BALANÇO DA OFERTA E A DEMANDA DE SUCO DE LARANJA NOS ESTADOS UNIDOS
PARTICIPAÇÃO DAS ENTRADAS
DE SUCO DE LARANJA NOS EUA
93-94
94-95
95-96
96-97
97-98
98-99
99-00
00-01
BRASIL
% do total
85,2%
60,9%
66,8%
65,5%
62,3%
74,4%
69,7%
65,2%
MÉXICO
% do total
10,6%
29,3%
20,1%
17,9%
24,2%
14,2%
12,7%
12,6%
COSTA RICA
% do total
1,8%
3,4%
4,7%
6,3%
2,9%
3,2%
4,9%
5,1%
BELIZE
% do total
0,2%
0,5%
0,5%
0,3%
0,5%
0,4%
0,4%
0,9%
CANADÁ
% do total
0,2%
0,5%
0,5%
0,3%
0,5%
0,4%
0,4%
0,9%
REPÚBLICA DOMINICANA
% do total
0,0%
0,1%
0,7%
0,6%
0,3%
0,0%
0,1%
0,6%
HONDURAS
% do total
0,7%
2,3%
2,3%
2,7%
1,6%
0,3%
1,4%
2,4%
OUTROS PÁISES
% do total
0,7%
1,0%
0,8%
0,1%
0,2%
0,5%
0,7%
0,8%
PARTICIPAÇÃO DO SUCO
BRASILEIRO NA OFERTA TOTAL
AOS EUA
% do total
23,5%
9,8%
10,0%
11,2%
9,6%
16,6%
12,9%
10,3%
PARTICIPAÇÃO DAS
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
PARA A AMÉRICA DO NORTE
(EUA + CANADÁ)
% do total
35,0%
21,0%
18,0%
17,0%
18,0%
20,0%
23,0%
18,0%
Se pelo lado da demanda, a situação dos EUA não
A relação direta entre preço e consumo pode ser
é das melhores, na ponta da oferta há também dificul-
mais bem compreendida no gráfico acima. O que se
dades, reflexo das consecutivas baixas de produção da
percebe ao analisar os números é que da safra 99/00
Flórida, consequência do acelerado avanço do greening.
até a temporada 13/14, o volume de suco de laranja
A doença derrubou a oferta de fruta, impondo elevados
consumido no país caiu 38%. Nesse mesmo período,
custos de produção. A safra 2014/2015 deve ser finali-
o preço médio do litro do suco no varejo, somando o
zada em cerca de 96.400.000 caixas, ante 104.000.000
NFC e o reconstituído, subiu 44%, passando de US$ 1,15
de caixas no ciclo anterior, segundo o Usda. A produção
para US$ 1,66, acima da inflação dos EUA. Observa-
tombou 8% neste ano, e uma menor oferta da bebida
-se uma queda ainda mais acentuada a partir da safra
sustenta também o aumento dos preços, o que acaba
05/06, quando o preço médio do suco atingiu US$ 1,26
por afastar o consumidor, num complexo círculo vicioso.
e daí para a frente registrou aumentos mais acentua-
Os dados apontam que para cada ponto percentual de
dos até atingir o atual preço. Mesmo sendo mercado
aumento no preço do suco nas gôndolas, há uma queda
de alta renda, o preço do produto tem seu efeito.
média de 2% no consumo da bebida.
82 | CITRUSBR outubro 2015
Entre as safras de 1992/93, o consumo americano
01-02
02-03
03-04
04-05
05-06
06-07
07-08
08-09
09-10
10-11
11-12
12-13
13-14
58,2%
78,4%
69,5%
64,9%
66,9%
65,3%
60,8%
53,9%
55,9%
48,3%
45,8%
56,4%
59,3%
21,9%
4,6%
3,7%
15,4%
15,5%
17,9%
21,8%
27,9%
27,7%
35,8%
31,2%
29,3%
28,8%
2,0%
2,8%
9,1%
8,5%
4,6%
2,7%
5,3%
5,2%
4,7%
2,3%
3,9%
2,8%
7,1%
1,3%
0,9%
1,5%
1,4%
1,3%
1,1%
1,6%
1,6%
0,5%
2,8%
4,6%
2,0%
2,7%
1,3%
0,9%
1,5%
1,4%
1,3%
1,1%
1,6%
1,6%
0,5%
2,8%
4,6%
2,0%
1,6%
0,8%
0,5%
0,6%
0,4%
0,6%
0,4%
0,4%
0,3%
0,5%
0,7%
0,7%
0,1%
0,1%
2,4%
0,4%
0,8%
0,6%
0,5%
0,8%
0,1%
0,3%
0,6%
0,8%
0,5%
0,1%
0,1%
0,6%
2,4%
0,5%
0,6%
1,4%
1,1%
0,7%
0,5%
1,2%
0,9%
0,9%
0,4%
0,3%
6,8%
14,8%
9,1%
17,5%
15,5%
20,3%
15,7%
12,4%
15,7%
10,9%
8,6%
18,4%
22,7%
13,0%
20,0%
14,0%
16,0%
16,0%
18,0%
21,0%
14,0%
15,0%
11,0%
14,0%
19,0%
23,7%
era de 708.400 toneladas de FCOJ 66º Brix. Não demo-
66º Brix. O México, segundo colocado, exportou 10.000
rou e a safra 1996/97 chegou ultrapassando a barreira
toneladas. A participação brasileira no consumo norte
de 1.000.000 de toneladas e assim ficou por pratica-
americano era de 26%. Nos anos subsequentes, confor-
mente dez anos. Hoje, passadas duas décadas daquele
me mostra a tabela acima, as participações no consumo
período dourado, o maior mercado do mundo voltou
e nas importações variaram bastante, tendo como prin-
para os patamares do início da década de 1990 quando
cipal fundamento a oferta de fruta na Flórida.
o assunto é demanda. Há 20 anos, ninguém adivinharia
Quando se analisa a temporada 2013/14, percebe-
que um mercado que se encontrava em pura ascensão
se muita diferença. Se nos anos 90 o consumo subia,
passaria por problemas duas décadas depois. Quem
a segunda década de 2000 se mostra implacável no
dissesse isso provavelmente não seria levado a sério.
aspecto da demanda. Se há 20 anos todos os olhos
Na mesma safra 1992/1993, a produção de suco de
laranja alcançou 664.400 toneladas de FCOJ equivalen-
estavam voltados para oferta de fruta, hoje a grande
preocupação é justamente a demanda.
te a 66º Brix e 88% das importações de suco daquele
Para o Brasil em particular, além do tamanho do
país vinham do Brasil, ou 186.000 toneladas de FCOJ
mercado americano, alguns acordos econômicos
CITRUSBR outubro 2015 | 83
SÉRIE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
Desde
que o tratado
MUNDOS
DIFERENTES
passou a vigorar,
favorecendo o México, a
Veja a diferença entre o
tamanho do mercado de
bebidas dos EUA e do Brasil
participação brasileira nas im-
7.268
portações americanas caiu de 88%
para 59%. Contudo, quando se observa a
(em milhões de litros )
participação brasileira no consumo americano,
5.615
é possível constatar que houve uma recuperação na
temporada 2013/14. Tal fenômeno, porém, só foi possível por causa da drástica diminuição da safra da Fló-
Suco 100%
Néctar
Refresco
rida em decorrência do greening. Com uma produção
menor, os americanos precisam importar mais suco e,
de certa forma, apesar dos acordos firmados para o
Nafta, o Brasil conseguiu se beneficiar desse fato.
1.016
1.334
1.027
241
EUA
Mesmo diante de anos difíceis do ponto de vista
de demanda, os EUA ainda são os maiores consumidores de suco de laranja do mundo e seus números,
Brasil
EUA
Brasil
EUA
Brasil
superlativos. O mercado de sucos 100% corresponde a
5,6 bilhões de litros e o sabor laranja responde por 3,1
bilhões de litros desse volume.
Quando se comparam os hábitos de consumo do
colocaram água no suco nacional. Por conta do Naf-
mercado norte-americano com o mercado brasilei-
ta, o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, o
ro, a diferença é gritante. No Brasil, o mercado total
México avançou nas importações americanas e, de
de sucos 100% de laranja é estimado em cerca de
10.000 toneladas na safra 1992/93, saltou para mais
70.000.000 de litros, o equivalente a apenas 2,5% do
de 84.000 toneladas na safra 2014/15. O acordo, que
mercado americano. No entanto, quando se observa
passou a valer em 1994 e tem como signatários os
a categoria de néctares, cuja penetração é maior em
Estados Unidos, Canadá e México, prevê que a co-
nosso país, as diferenças não são tão grandes e o Bra-
mercialização de vários produtos entre esses países,
sil mostra até alguma vantagem.
incluindo alimentos e bebidas como o suco de laranja,
tenha tarifas reduzidas de importação.
84 | CITRUSBR outubro 2015
Nos EUA, em 2014, o consumo total de néctares
foi de pouco mais de 1,016 bilhão de litros, enquanto o
MEIO CHEIO, MEIO VAZIO
Entenda como o Brasil perdeu participação
no mercado americano nos últimos anos
2004
2014
CONSUMO DE
SUCO NOS EUA
1.028
(em mil
toneladas FCOJ
equiv. 66ºB)
CONSUMO DE
SUCO NOS EUA
688
(em mil
toneladas FCOJ
equiv. 66ºB)
B rasil
demandou 1,334 bilhão
de litros. A lição que
fica diante desses números
é que há no Brasil um grande potencial de consumo, a exemplo do texto
da revista número 5.
Entre os fatores que explicam essa diferença no
consumo estão alguns aspectos econômicos e sociais.
Participação
do suco brasileiro
na importação
de suco dos EUA
65 %
Enquanto a população dos Estados Unidos, da ordem
Participação
do suco brasileiro
na importação
de suco dos EUA
59 %
de 318 milhões de pessoas, tem renda per capita média de US$ 40.900 por ano, no Brasil, esse rendimento
não passa de US$ 7.700 anuais. Além disso, a inflação
norte-americana em 2014 foi de 1,6%, enquanto no Brasil esse índice chegou a 6,3% e seus efeitos foram sentidos especialmente na perda do poder de consumo
dos brasileiros. Conhecidos alguns aspectos recentes
do mercado norte-americano, a próxima sessão anali-
Participação
do suco brasileiro
no consumo
de suco dos EUA
17 %
Participação
do suco brasileiro
no consumo
de suco dos EUA
25 %
sa o elo varejista, composto por gigantes.
CITRUSBR outubro 2015 | 85
SÉRIE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
OS GIGANTES DO VAREJO
Cresce a tendência de concentração do mercado
segundo os dados do estudo da Markestrat, com base em
varejista no mundo, e grandes redes possuem cada vez
informações da Planet Retail ilustradas na tabela “Poder
mais força para negociar diante de fornecedores cada vez
de Negociação dos Varejistas”. Isso é o equivalente ao PIB
mais pressionados. Trata-se do mais recente movimento
do México. Somente a rede Walmart, a maior do mundo,
de um fenômeno econômico crescente e que impacta
fechou 2014 com vendas de US$ 524,9 bilhões, uma riqueza
significativamente o mercado mundial de alimentos e
proporcional ao PIB da Argentina em 2014.
bebidas: a concentração do varejo em todo o mundo. Em
Além do maior poder de negociação conquistado por
busca de ganhos de escala, aumento de competitividade
meio de aquisições e fusões, até mesmo as redes “menores”
e maior presença em mercados estratégicos, não foram
da Europa conseguem se impor no mercado por meio de
poucos os grandes grupos que se uniram ou fizeram
negociações conjuntas. São os chamados pools de compra,
aquisições para ficarem ainda maiores. O resultado dessa
que reúnem empresas em organizações. O principal deles
realidade é um enorme ganho de poderio econômico
é o AMS, que reúne 12 supermercados, presentes em 28
dessas empresas em relação aos seus fornecedores.
países e que somam um faturamento de US$ 214,3 bilhões.
Quando se observam os números dessas companhias,
Existem cinco grandes organizações desse tipo que
a impressão é que não se fala de faturamento e sim de
atuam na Europa, representando a maior parte da compra
“PIB”: apenas as cinco maiores redes varejistas do planeta
de produtos no Velho Continente. O alto nível de con-
somaram juntas em 2014 um faturamento de US$ 1,08 trilhão,
centração do varejo pode ser observado ao se constatar
86 | CITRUSBR outubro 2015
CITRUSBR outubro 2015 | 87
SÉRIE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
PRINCIPAIS VAREJISTAS NO MUNDO
FATURAMENTO TOTAl
US$
119 bilhões
US$
US$
114 bilhões
US$
US$
134 bilhões
114 bilhões
524 bilhões
que, somando os pools de compra e as grandes redes do
Estados Unidos a concentração das vendas está abaixo
mundo, se têm dez grupos econômicos que respondem
de 60%, ficando ao redor de 40,1%, mas quando se analisa
pela maior parte da compra de alimentos e bebidas e
regionalmente, afinal os EUA são “diversos países”, os
que juntos somam um faturamento de US$ 1,707 trilhão,
índices de concentração são bem maiores.
ou o equivalente ao PIB da Rússia.
Os dados levantados pelo estudo de consumo mos-
Na Alemanha, principal país consumidor de suco
tram exemplos emblemáticos como a Rússia, onde as
de laranja da Europa, apenas cinco grupos respondem
cinco principais redes que atuam no país respondiam
por nada menos do que 75,6% das vendas de alimentos.
por 60,9% das vendas em 2000 e em 2014 passaram a
Em 2000, eles eram responsáveis por 66,4% das vendas.
responder por 76,9%. Na Espanha essa relação passou
Quando se observa a evolução da participação na venda
de 52,7% em 2000 para 66,1% em 2014. No Reino Unido,
de alimentos das cinco principais redes varejistas dos
a concentração também avançou e passou de 50,6%
mercados selecionados, é possível notar que essa ten-
para 60,6%. Um movimento que dá às redes um grande
dência é crescente. Dos 15 países analisados, apenas nos
poderio na hora de negociar condições e margens e que
88 | CITRUSBR outubro 2015
traz reflexos diretos para toda a cadeia produtiva.
Já é possível notar esse mesmo fenômeno em mercados
PODER DE NEGOCIAÇÃO DOS VAREJISTAS - 2014
em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, onde as cinco
ORGANIZAÇÕES DE COMPRA DOS
VAREJISTAS NA EUROPA
principais redes varejistas, Casino, Carrefour, Walmart, Lojas
Americanas e Cencosud, também têm aumentado seu poder
de compra e já respondem por um faturamento conjunto
ORGANIZAÇÃO
de US$ 71,6 bilhões. Este fato impacta na concentração da
AMS
28 países
indústria de sucos, o que será visto a seguir.
UM CASO EMBLEMÁTICO:
A FUSÃO DA AHOLD E
DELHAIZE
Duas das principais redes de
supermercados da Europa, a Ahold e a
Delhaize, oficializam sua fusão e criam
mais uma gigante do varejo disposta a
ganhar espaço no mercado americano
Dispostas a conquistar espaço no cobiçado
mercado americano, a holandesa Ahold e a belga
Delhaize resolveram juntar forças. A fusão dos dois
grupos cria mais uma gigante do varejo, cujas ven-
SPAR
International
14 países
COOPERNIC/
CORE
16 países
AGENOR/
ALADIS
8 países
EMD
20 países
das devem somar US$ 25 bilhões o que a tornaria
a quinta maior rede de supermercados dos EUA e a
VAREJISTAS PARTICIPANTES
Ahold
Esselunga
Migros
Booker
ICA
Morrisons
Dansk
Supermarked
Jerónimo Martins
Superquinn
Delhaize
Kesko
Système U
Franquiados do Spar nos seguintes países:
Áustria
Finlândia
Holanda
Bélgica
Grécia
Suíça
República
Tcheca
Hungria
Reino Unido
Dinamarca
Itália
Eire
Eslovênia
Rewe Group
IKI
Conad
Coop Schweiz
Edeka
Intermarché
Axfood
Musgrave Group
Norgesgruppen
Euromadi
Tuko Logistics
Superunie
Casino
ESD Italia
SuperGros
Mercator
Colruyt
Faturamento
total dos
membros da
organização
Dólares (bi)
$214.318
$138.301
$111.417
$123.833
$111.588
quarta maior da Europa. A estratégia das empresas é
mais um movimento da concentração do varejo em
Faturamento
total
Dólares (bi)
VAREJISTA
todo o mundo e, de acordo com o comunicado conjunto das empresas, deverá ajudar a reduzir custos, a
Casino - Extra, Pão de Açucar
$30.164
aumentar a presença e a ganhar escala no mercado
Carrefour
$16.652
Walmart
$12.644
norte-americano. O plano é incomodar outro gigan-
5 PRINCIPAIS
VAREJISTAS
NO BRASIL
te, o Walmart, principal grupo varejista dos EUA.
A fusão dos dois grupos, que dará origem à
Ahold Delhaize, acontece num momento em que
grupos de supermercados nos EUA e na Europa enfrentam vários desafios, que vão desde a ascensão
Lojas Americanas
$7.884
Cencosud
$4.313
WEB SITE PARA CONSUMIDORES DO REINO UNIDO VERIFICAREM OS PREÇOS DA LISTA DE
COMPRA EM TODOS OS SUPERMERCADOS DE SUA VIZINHANÇA ANTES DE IREM ÀS COMPRAS
www.mysupermarket.co.uk
Fonte: Planet Retail
das redes de desconto alemãs até a mudança dos
hábitos do consumidor. A ideia é que, ao se associa-
lojas e 375.000 funcionários, atendendo a mais de
rem, as empresas poderão usar o aumento de es-
50.000.000 de clientes semanais.
cala para negociar melhores condições com os for-
Embora anunciado como “fusão entre iguais”, o negó-
necedores. Tanto a holandesa Ahold como a belga
cio foi estruturado como uma tomada de controle. Assim,
Delhaize geram a maior parte de suas vendas nos
os acionistas da Ahold, que tem um valor de mercado de
EUA, onde possuem redes como Stop & Shop, Giant
US$ 16,8 bilhões, controlarão 61% do capital da nova em-
e Food Lion. Juntas elas contam com mais de 6.500
presa. Os acionistas da Delhaize deterão o restante.
CITRUSBR outubro 2015 | 89
SÉRIE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
CONCENTRAÇÃO NA VENDA DE ALIMENTOS
NOS CINCO PRINCIPAIS VAREJISTAS DOS
MERCADOS SELECIONADOS
MERCADOS
SELECIONADOS
2000
PARTICIPAÇÃO DE MERCADO
2005
2010
2013
2014
De acordo com o comunicado, as empresas
pretendem obter uma economia de custos
de 500.000.000 de euros em três anos. O
Israel
99,3%
99,5%
100,0%
100,0%
100,0%
principal executivo da Ahold, Dick Boer, disse
que a meta representa um desafio, mas pode
Suíça
ser alcançada. “Estamos muito convencidos
80,7%
85,1%
92,5%
96,2%
91,6%
de que 500.000.000 de euros são factíveis,
mas será um trabalho árduo”, disse. Boer
Coreia do Sul
58,5%
72,3%
84,4%
96,4%
90,0%
será o principal executivo do novo grupo,
enquanto Frans Muller, principal executivo
da Delhaize, será seu vice, e acompanhará
Áustria
72,5%
71,9%
84,4%
82,7%
83,8%
a integração das duas companhias.
Com uma base de lojas que se estende desde
Rússia
a Costa Leste dos Estados Unidos até a Indo60,9%
55,1%
74,4%
77,8%
76,9%
nésia, a associação terá de ser aprovada pelos
órgãos reguladores. “Há muito a ser feito”, disse
Canadá
60,6%
54,8%
73,7%
63,8%
76,7%
66,4%
72,9%
80,0%
75,6%
75,6%
70,0%
64,8%
74,7%
72,8%
72,9%
66,6%
63,4%
66,5%
72,2%
72,2%
52,7%
56,7%
69,2%
64,7%
66,1%
41,0%
40,5%
43,0%
53,1%
63,3%
69,6%
67,5%
67,1%
64,4%
62,4%
51,4%
41,6%
53,2%
60,9%
61,2%
50,6%
59,8%
67,9%
62,9%
60,6%
42,7%
45,3%
46,3%
48,5%
40,1%
Alemanha
França
Japão
Espanha
Brasil
Itália
Polônia
Reino Unido
EUA
Fonte: Planet Retail
Pequeno varejo e mercearias de bairro não estão incluídos
90 | CITRUSBR outubro 2015
Muller. As empresas informaram que preveem a
conclusão da operação para meados de 2016.
A CONSOLIDAÇÃO DO
VAREJO E MARCAS
PRÓPRIAS MUDAM O
COMPORTAMENTO DA
INDÚSTRIA DE SUCOS
particular na Alemanha, principal cliente do Brasil na venda
de suco de laranja para o mercado europeu. Nos últimos 30
anos uma série de marcas deixou o mercado ou foi comprada
por outras empresas, em um movimento contínuo que faz
com que cada vez mais a compra de suco esteja nas mãos de
menos empresas. Um fator ainda mais complicador dentro de
um mercado altamente competitivo como o de suco de frutas.
Além de impactar nas negociações junto aos fornecedores
Colocar um produto à venda na prateleira de um supermercado
e no preço final do produto na gôndola, a consolidação do varejo
está longe de ser tarefa das mais fáceis. Principalmente porque
acabou se tornando também o principal fator de mercado para a
quem atua no mercado mundial de alimentos e bebidas precisa se
concentração de outro elo da cadeia, os engarrafadores, donos
acostumar a enfrentar verdadeiros gigantes do varejo que a cada
das marcas de sucos. Um dos exemplos mais emblemáticos desse
ano têm aumentado sua força na hora de negociar com quem quer
modelo foi a união das empresas alemãs Gerber-Emig e Refresco,
colocar seu produto em suas prateleiras. A explicação para esse
que deu origem à maior envasadora da Europa, denominada Re-
fenômeno está numa verdadeira “queda de braço” entre
fresco Gerber Group. Uma gigante que sozinha é responsável pela
as redes varejistas e as marcas de produtos.
compra de cerca de 15% de todo o suco brasileiro que é exportado.
O caso da Refresco Gerber Group reflete uma tendência
que vem acontecendo na Europa em geral e de forma muito
Desde os anos 70, os supermercados têm
intensificado a internacionalização de suas
marcas e aumentado sua presença em
HIPERMERCADO
CITRUSBR outubro 2015 | 91
SÉRIE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
mercados estratégicos. De acordo com o professor Nirmalya
Kumar, autor do livro “Estratégias das Marcas Próprias”, que
trata da concentração desse mercado, essa estratégia foi
desenvolvida para que essas empresas se tornassem mais
competitivas, aumentando suas escalas e reduzindo custos.
CONCLUSÃO: MAIS
DESAFIOS À CADEIA
PRODUTIVA NO BRASIL
Como visto nas sessões anteriores, os problemas da cadeia
Além disso, com poucas empresas sendo responsáveis
citrícola não estão apenas nas dificuldades e nos custos da
pela maior parte das vendas, o varejo consegue aumentar sua
oferta de fruta, mas principalmente na menor sede mundial
influência no marketing das marcas e na distribuição das margens
por suco de laranja. O consumo mundial desse produto tão
do setor. Uma prova disso é o avanço do segmento dos private
brasileiro caiu 15,3% nos últimos dez anos e as perdas em
labels, as marcas próprias dos supermercados, principalmente
relação à demanda de 2004 somam 450.000.000 de caixas,
na Europa. É interessante notar que cerca de 70% das vendas de
que deixaram de ser consumidas na forma de suco.
suco de laranja na Europa são oriundas de marcas próprias dos
supermercados e apenas 30% de marcas tradicionais.
Também foi visto que a quebra da safra americana em
decorrência do greening tem aumentado os custos de produção
Nos Estados Unidos, por outro lado, acontece exatamen-
e os preços que chegam aos consumidores nas gôndolas dos
te o oposto: 70% das vendas são de marcas tradicionais e
supermercados. E a alta desses preços interfere no consumo
apenas 30% de marcas próprias de supermercado. Um dos
negativamente. Além disso, tem-se a concentração varejista
grandes problemas das marcas próprias de supermercado
vindo forte mais uma vez, com o faturamento somado dos cinco
é que seu grande diferencial é o preço.
maiores varejistas mundiais, assim como os cinco maiores
Com os private labels as redes varejistas têm o poder de até
pools de compra somando mais de US$ 1,7 trilhão.
substituir determinadas marcas da prateleira por um de marca
E é justamente nesse ambiente externo hostil que se encontra
própria, na maioria das vezes sublocando fábricas a um custo
a cadeia citrícola brasileira. Com a mudança dos paradigmas, dos
unitário menor do que a marca “original”. Esse mecanismo traz
hábitos de consumo e a maior concentração do varejo, mudam
reflexo para o mercado de sucos, pois trata-se de produtos cujo
também os desafios enfrentados pelo setor. Assim, enquanto
apelo está no preço e não em seu valor agregado, o que gera
no passado, a principal preocupação da citricultura estava na
desvalorização. Num mercado dominado por esse tipo de produto,
oferta adequada de fruta, agora, as atenções se voltam para o
a agregação de valor não é um aspecto muito trabalhado, o que
desafio de reverter a queda no consumo da bebida.
diminui a distribuição de renda para toda a cadeia.
Diante desse desafio, a CitrusBR, com o apoio de institui-
Outro exemplo da força que a concentração das grandes redes
ções do setor, vem encabeçando uma importante campanha
varejistas exerce em todo o mercado está numa recente estratégia
em prol do desenvolvimento do mercado interno, por meio do
da rede americana Walmart, que tem negociado junto aos seus
estímulo ao consumo do suco 100%, em que a cadeia produtiva
fornecedores que reduzam suas margens (ver matéria nesta edição).
se beneficiaria duplamente, vendendo no mercado interno e
Tudo para que a gigante americana volte a usar o
92 | CITRUSBR outubro 2015
secando um pouco o duto que vai ao mercado externo.
apelo de preços mais baixos aos consumi-
Assim, mais do que buscar alternativas para restabelecer
dores americanos e afaste a crescente
a demanda pelo suco apenas olhando para os mercados in-
concorrência de outras redes de
ternacionais, torna-se cada vez mais fundamental enxergar as
menor porte que usam o
oportunidades que temos de incrementar a demanda dentro de
mesmo atrativo.
casa, por meio de medidas como a desoneração do suco 100%.
Mas para que esse projeto se transforme em uma realidade
promissora, no entanto, mais do que o apoio governamental,
é preciso que haja também a participação ativa e o apoio de
todos os elos da cadeia, em um cenário de ampla cooperação, a fim de que se possa extrair do mercado brasileiro
todo o potencial que ainda está adormecido.
Com essa importante estratégia, ganha o setor, ao
recuperar parte de sua demanda, ganha o consumidor, ao
ter acesso a um produto de alta qualidade a um preço mais
competitivo, e ganha a economia brasileira, com a geração
de empregos, renda e estímulos ao consumo.
A cadeia do suco de laranja é como um grande “sucoduto”,
em que o produto sai do Brasil e chega aos mercados de destino.
Quanto mais fechada a torneira nesses mercados, mais suco
“sobra” nesta grande “caixa-d’água” de suco que é o nosso país.
Isso mostra a fundamental importância de se observar e discutir
fortemente as questões de consumo e formas de recuperá-lo. E
,sem a devida união do setor, as torneiras do mundo continuarão
cada vez mais fechadas.
CITRUSBR outubro 2015 | 93
finanças
| Por Denise Oliveira
Não deixa o
CAR
te atropelar
Para aumentar o volume
de registro, instituições
financeiras e empresas
de seguro já oferecem
benefícios para quem
realizou o Cadastro
Ambiental Rural (CAR).
Após 2016, quem não se
cadastrar não terá acesso
às linhas de crédito
Atualmente produtores rurais de
todo o País enfrentam uma burocrática
corrida contra o tempo. Depois da prorrogação anunciada pelo governo federal,
até o mês de maio de 2016, todo proprietário de área agrícola deverá preencher o
Cadastro Ambiental Rural (CAR), que é o
registro público das informações ambientais dos imóveis rurais. Com isso, a partir
de 2017, quem não estiver em dia com o
CAR terá seu acesso às linhas de crédito
suspenso. Mas antes mesmo de o prazo
se encerrar já há perdas para quem ainda não regularizou sua situação. Isso
porque há bancos e empresas que estão
concedendo benefícios para quem está
em dia com essa regulamentação. “A
Caixa Econômica Federal já está colocando o CAR como item obrigatório na
análise de risco”, afirma o diretor-geral
do Serviço Florestal Brasileiro, órgão
vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, Raimundo Deusdará Filho.
De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as instituições financeiras ainda não estão dei94 | CITRUSBR outubro 2015
xando de dar crédito para
quem está fora do CAR,
mas o cadastro já rende
um “pontinho” a mais para
quem procura crédito. “As
empresas de seguro estão
reduzindo o deságio para
quem tem CAR. Se você
não tem CAR, paga um
pouco mais de seguro.
Esses mecanismos de mercado, muito mais do que o
Estado regulador, vão fazer
o CAR acontecer”, garante Deusdará.
De acordo com dados da Secretaria
de Agricultura de São Paulo, o ritmo de
cadastro tem sido positivo. No Estado, a
área passível de cadastro é de cerca de 16,9
milhões de hectares. Desse total, até a primeira quinzena de junho, já foram cadastrados 10,2 milhões de hectares. O problema ainda está nas pequenas propriedades.
“Pequenos proprietários precisam do nosso
apoio para fazer os cadastros. Estamos
MATA REGISTRADA
Veja como está o
andamento do CAR nas
regiões brasileiras
CADASTRO
Em maio de 2016
termina o prazo
para fazer o Cadastro
Ambiental Rural. Em
São Paulo, 10,2 milhões
de hectares já foram
cadastrados. Na foto
ao lado, Caroline Vigo
Cogueto, da Secretaria
do Meio Ambiente,
afirma que o foco
está nas pequenas
propriedades
identificando estratégias para alcançar esse
valor da área faltante”, afirma a diretora do
Centro de Monitoramento da Secretaria do
Meio Ambiente, Caroline Vigo Cogueto.
O cadastramento é gratuito e obrigatório para todo imóvel rural. Todo o
processo é realizado por meio de um programa online e é necessário apenas que o
proprietário esteja em posse de todos os
documentos para conseguir finalizar seu
cadastro. “A ferramenta foi desenvolvida
para que todos consigam preencher seus
dados sozinhos. Mas em São Paulo há
prefeitura e escolas técnicas que oferecem
técnicos à disposição de quem precisar de
ajuda”, explica Deusdará.
ÁREA REGISTRÁVEL
CADASTRADO
(em milhões de hectares)
Norte
Centro-Oeste
Sudeste
Nordeste
Sul
(em %)
71,5
67,1
19,3
15,1
32,0
Norte
CentroOeste
75,3
51,7
Sudeste Nordeste
35,2
19,8
Sul
17,5
FOTOS DE JULIO VILELA E DIVULGAÇÃO
artigo
| Por Cicero Cartaxo de Lucena
José Eduardo Borges de Carvalho*
Citricultura
de baixa emissão de CO2
A citricultura nacional ocupa uma área
plantada de aproximadamente 800 mil hectares, destacando o Brasil como o maior produtor mundial de citros. Apesar dessa destacada
liderança, as práticas de cultivo convencional
adotadas nos pomares no controle de plantas
daninhas na citricultura com uso de herbicidas e o grande número de operações de roçagem e gradagens podem contribuir para o
aumento das emissões de CO2, além de causar a compactação do solo, contribuindo para
sua degradação ao longo dos anos, pela perda
dos seus atributos físicos, químicos e biológicos e, consequentemente, sua fertilidade e
produtividade, reduzindo a capacidade desse
solo em armazenar carbono. A adoção de
coberturas vegetais nas entrelinhas de pomares de citros é uma tecnologia que pode contribuir para a redução desses impactos. A
contribuição da agricultura para a redução de
emissão de CO2 motivou o Brasil a implementar uma política de governo para o setor
agrícola com a criação do Plano Setorial de
Mitigação e Adaptação às Mudanças
Climáticas, visando a consolidação de uma
economia de baixa emissão de carbono na
agricultura que, dentro de sua estrutura,
criou o Programa ABC, linha de crédito específica que incentiva produtores rurais a adotarem técnicas agrícolas sustentáveis.
Atuando na vanguarda do conhecimento,
a Embrapa Mandioca e Fruticultura continua
dando prioridade a essa linha de pesquisa,
contribuindo para o desenvolvimento de tecnologias baseadas no uso de cobertura vegetal, como a recomendação de espécies de
coberturas e a definição de período crítico de
interferência de plantas daninhas em pomares de citros, permitindo que essas plantas
FOTO DIVULGAÇÃO
consideradas “daninhas” passem a ser “companheiras”. Atualmente, ações de transferência de tecnologia vêm sendo implementadas
nos polos de produção de citros de São
Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia,
Sergipe, Alagoas e Amazonas.
Os resultados obtidos nesses polos de produção vêm demonstrando que a adubação
verde, quando adequadamente escolhida,
conduzida e manejada, além de propiciar o
controle de plantas infestantes, promove
aumento na produtividade dos citros e,
sobretudo, protege e conserva o solo. Essas
práticas tornam a agricultura menos dependente de insumos externos, pois as leguminosas, de um modo geral, se apresentam como
recicladoras de nutrientes em função dos sistemas radiculares profundos que trazem até
as camadas superficiais do solo, nutrientes
que seriam perdidos pela lixiviação.
Em relação à produtividade, tem-se conseguido incremento médio de 25% a 30% na
produtividade para as condições do Nordeste
brasileiro, com o manejo de coberturas vegetais no controle integrado de plantas infestantes, quando comparado ao manejo convencional do produtor. Para a condição do
Estado de São Paulo, o incremento médio foi
de 12,5% (Carvalho et al., 2005).
Das espécies de leguminosas e gramíneas
avaliadas, as que mais se adequaram como
melhoradoras de solo, incorporadoras de
biomassa e nutrientes e supressoras de plantas infestantes foram feijão-de porco
(Canavalia ensiformis), calopogônio
(Calopogonium muconoides), crotalária juncea (Crotalaria juncea), braquiária decumbens (Brachiaria decumbens) e braquiária
ruziziensis (Brachiaria ruziziensis).
“A ADOÇÃO DE
COBERTURAS
VEGETAIS NAS
ENTRELINHAS
DE POMARES DE
CITROS É UMA
TECNOLOGIA
QUE PODE
CONTRIBUIR
PARA A
REDUÇÃO DOS
IMPACTOS DA
EMISSÃO DE CO2
E AJUDA A
GERAR UM
INCREMENTO DE
PRODUTIVIDADE
DE 12,5% NO
ESTADO DE
SÃO PAULO”
Cicero Cartaxo
de Lucena
Analista da Embrapa
Mandioca e
Fruticultura, doutor
em fitotecnia
* Pesquisador da
Embrapa Mandioca e
Fruticultura, doutor
em agronomia (solos e
nutrição de plantas)
CITRUSBR outubro 2015 | 95

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