Ricardo Rocha incontestável na música coral-sinfônica

Transcrição

Ricardo Rocha incontestável na música coral-sinfônica
Ricardo Rocha incontestável na música coral-sinfônica
A noite de 27.06, na Sala Cecília Meireles, nos trouxe a Bachiana Brasileira (coro e solistas), a
Orquestra Sinfônica Nacional UFF e o coro Vox in Vias, sob a regência de Ricardo Rocha, em,
pasmem, apenas uma apresentação do grandioso e trabalhoso oratório Elias, de Mendelssohn.
É concebível que se monte uma ópera para apenas uma récita? É concebível que se tenha todo o
trabalho, envolvendo um enorme número de pessoas, para se montar este ótimo espetáculo e
levá-lo ao público apenas uma vez? Nem é preciso responder... não há lógica que resista.
Mas foi o que aconteceu. Ao menos, quem lá esteve, lotando a sala, pôde desfrutar de um
belíssimo espetáculo, cheio de vida. Que o diga a platéia, que, explodiu em palmas para os
artistas e, em especial para o coral, que mereceu...
Vamos começar pelas legendas. Apesar de aqui no nosso site sempre batalharmos por isso e por
outras soluções que possam esclarecer ao público aquilo que acontece no palco, poucos são os
maestros interessados nisso. Ainda bem que o maestro Ricardo Rocha se interessa, tendo ele
mesmo feito a tradução do texto
Segundo Berlioz, Elias é “magnificamente grandioso e de uma suntuosidade harmônica
indescritível”. Ora, foi exatamente isso que vimos neste concerto: uma obra grandiosa, executada
por músicos absolutamente envolvidos pela ideia de fazerem o melhor possível... e conseguiram.
O coral, para mim, foi o ponto mais alto do concerto. Aliás, deveria ser o que o compositor queria,
tantas vezes o chamou a cantar. Um coro homogêneo, afinado, acompanhando o regente muito
bem: poderoso quando o momento pedia e muito poderoso, quando o maestro exigia, sem nunca
se deixar abafar pela grande orquestra. Os naipes dos tenores e sopranos, pela própria
constituição e timbre de suas vozes, apareceu um pouco mais, mas de forma muito brilhante que
deu uma grande vida ao desempenho do todo. Nada de vozes esganiçadas, o que é um perigo
em obras que pedem muito volume, como foi esta.
Deixei o Ricardo Rocha para o final, mas não para fazer análise de sua atuação como maestro,
pois não é bem a minha praia. O que eu quero enfatizar é a liderança absoluta que ele exerce no
Rio de Janeiro, no tocante à execução de música coral-sinfônica.
Obrigado, Ricardo Rocha, e continue a proporcionar estes espetáculos a quem gosta disso, entre
os quais me incluo. Vocês já pensaram o que poderíamos ter se ele tivesse em sua retaguarda
uma empresa poderosa que o patrocinasse?
Acho que eu gostaria de ver isso...
Autor Antônio
Rodrigues
28/06/2009
http://www.movimento.com/mostraconteudo.asp?mostra=2&escolha=4&codigo=4610
Elias, de Mendelssohn, na Cecília Meireles - êxito retumbante
A Companhia Bachiana Brasileira, dirigida por Ricardo Rocha, se tem distinguido por
executar um repertório de tal forma árduo de levar-se ao público, que essa atividade e
busca incessantes, por si só, se constituem em um sucesso que ultrapassa críticas e críticos.
O êxito é compulsório, no caso de uma companhia que nos trouxe, com coro, orquestra e
solistas, entre outras, obras como “Um Requiem Alemão”, de Brahms, a “Missa de
Requiem”, de Marcos Portugal, os “Carmina Burana”, de Orff, e agora nos trouxe o
oratório ELIAS”, de Mendelssohn (1809/1847), criado em 1846, apontado por muitos
como uma das grandes obras do compositor.
Assim sendo, para satisfazer a esses ortodoxos, irei dizer que o coro e a Orquestra
Sinfônica Nacional –UFF estiveram ótimos, afinados, ensaiados e interessados, ambos
dentro do espírito que norteia a obra, o de ser obra de religiosidade romântica, a mesma
encontrável nos outros oratórios de Mendelssohn (PAULUS, de 1836, e CHRISTUS, de
1847, inacabado), e em suas cantatas, salmos, motetos. O coro e a orquestra em “ELIAS”
têm de ser diferentes das missas de Bach ou de Mozart, ou no “Messias”, e o foram .
Inspirado e expressivo, o regente Ricardo Rocha demonstrou rigor na insistência, na
manutenção marcada e realce do ritmo, na observância da limpeza de ataques e
terminações e do nível litúrgico-romântico da execução. Palmas ao “general” da tropa. Ele
é o “pai da criança” ... A ele, os louros dessa bela vitória.
O Madrigal Vox in Vias , dirigido por Rigoberto Moraes, teve eficiente participação. O
profeta Elias, se pudesse profetizar o evento, sairia correndo de seu carro de fogo (“carro
azul de glórias”, na linda imagem de Augusto dos Anjos) e viria, sem corvo no ombro,
assistir ao concerto. Elias não sabe o que perdeu ...
Autor Marcus Góes
em 28/6/2009
http://movimento.com/mostraconteudo.asp?mostra=2&escolha=4&codigo=4609