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MENSAGEIRO
DO CORAÇÃO DE JESUS
Testemunhar
o Evangelho
num país
Islâmico
pág. 4
Dar de comer
a quem tem
fome
pág. 10
Taizé:
ecumenismo
da confiança
JANEIRO | 2016
abertura
MENSAGEIRO
Propósitos de novo ano
DO CORAÇÃO DE JESUS
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novo ano
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Janeiro 2016 // Ano CXLI n.º 13
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(data, valor, titular da conta e número de assinante).
P. António Valério, s.j.
É já um lugar-comum que, no início do novo ano, se
fale de propósitos, metas, coisas a melhorar. A ocasião
é propícia, naturalmente. Os inícios têm sempre uma
maior dose de energia e vontade de fazer com que as
coisas melhorem em nós e à nossa volta.
Este é um primeiro desafio, desejar que este novo
ano cumpra os melhores desejos e, da parte da
equipa da Revista Mensageiro do Coração de Jesus,
esperamos contribuir para que este seja, para o caro
leitor, um tempo para estar mais perto de Deus e da
sua vontade, na sua vida pessoal e na atenção aos
grandes desafios do mundo e da missão da Igreja,
em união com o Papa Francisco.
Mas importa não viver a perspetiva do futuro sem
uma consciência muito clara do passado e de como
este nos deve servir de base para não assentar o
futuro em ideais que depois não tocam o nosso
compromisso com a história. O ano de 2015 acabou
com uma série de interrogações sérias, no nosso
mundo e no nosso país, sobre a violência, a morte,
especialmente a perpetrada em nome de Deus, o
acolhimento de quem é diferente de nós, sobre a
ganância de poder, sobre muitas formas de oportunismo que conduzem a estratégias para debilitar os valores fundamentais da dignidade humana
e da vida.
O novo ano de 2016 pede-nos maior compromisso
e a consciência de que não podemos ficar indiferentes ao que se passa à nossa volta. Sentir-se
impotente para mudar as estruturas injustas e
violentas do mundo não significa ser um cristão
passivo. Naquilo que está ao seu alcance, deve
esforçar-se por fazer o melhor possível. Um cristão
passivo nada mais é que um cristão ausente… e
assim se vai instalando a ideia de que a Igreja e o
Evangelho já têm pouco a dizer ao nosso mundo.
Se é verdade que muitos já não querem ouvir, é
mais triste que nós não nos queiramos fazer ouvir.
Sumário
abertura - Propósitos de novo ano
P. António Valério, s.j.................................................................. 1
opinião - Pensei que tinha tempo...
Isabel Figueiredo........................................................................ 12
intenções do papa
Org: António Coelho, s.j.............................................................. 2
dossier - Taizé: “Juntos na espera de Deus”
António Marujo........................................................................... 13
destaque
Testemunhar o Evangelho num país islâmico
Entrevista a Paolo Bizetti, s.j., vigário episcopal de Anatólia...... 4
Crescer com jesus
novidade!
Batismo: O abraço de Deus
Domingas Brito e P. José Maria Brito, s.j................................. 21
TIRAR A Bíblia DA ESTANTE - Para ler S. Lucas
Visitados pela alegria
Miguel Gonçalves Ferreira, s.j. .................................................. 7
esquema de reunião e de oração de grupo
Manuel Morujão, s.j................................................................... 22
informar ­- Terrorismo ético
Vasco Pinto de Magalhães, s.j. ...................................................8
ano da misericórdia novidade!
Dar de comer a quem tem fome
Alexandre dos Santos Mendes, s.j. .........................................10
Livraria.....................................................................................24
notícias
Elisabete Carvalho...................................................................... 25
Mãos À obra... Uma vida entregue novidade!
Entrevista a Teresa Olazabal....................................................30
Fotos: Capa: ©Wiesa Klemens; pág.10: © Alexandre dos Santos Mendes, s.j.; pág.13: ©Wiesa Klemens; pág. 14: ©Maria Rocha Pinto; pág. 15: ©Wiesa Klemens e Maria
Rocha Pinto; págs. 18-20: ©Wiesa Klemens; pág. 26: © JRS; págs. 30-31: © Todos os direitos reservados; Arquivo A.O.
ATENDIMENTO AO PÚBLICO
Horário: 9h-12h30 / 14h30-19h
janeiro 2016 | 3
Org.: António Coelho, s.j.
intenções do papa
Intenção pela evangelização
Para que as famílias, de modo
particular as que sofrem,
encontrem no nascimento de Jesus
um sinal de esperança segura.
Intenção
Universal
Para que o diálogo
sincero entre homens e
mulheres de diferentes
religiões produza frutos
de paz e de justiça.
Diálogo Inter-religioso
«... a liberdade religiosa […] não é só um dom
precioso do Senhor para quantos têm a graça da fé: é
um dom para todos, porque é a garantia fundamental para qualquer outra expressão de liberdade […].
A fé recorda-nos melhor que ninguém que se temos
um único criador, somos todos irmãos. A liberdade
religiosa é um baluarte contra todos os totalitarismos e um contributo decisivo para a fraternidade
humana» (João Paulo II, Mensagem à nação albanesa,
25 de abril de 1993).
Mas imediatamente é preciso acrescentar: «A verdadeira liberdade religiosa afasta a tentação da intolerância e do sectarismo e promove atitudes de respeito
e diálogo construtivo» (ibid.). Temos que reconhecer
que a intolerância para com aqueles que têm convicções religiosas diferentes é um inimigo particularmente perigoso, que infelizmente se está a manifestar em várias regiões do mundo. Como crentes,
devemos estar atentos a que a religião e a ética que
vivemos com convicção e da qual damos testemunho com paixão se exprima sempre em atitudes do
mistério que pretende venerar, rejeitando decididamente como falsas, por não serem dignas nem de
Deus nem dos homens, todas as formas que representam um uso distorcido da religião. A realização
autêntica é fonte de paz e não de violência. Matar em
nome de Deus é um grande sacrilégio. Discriminar
em nome de Deus é inumano. [...].
Olhemos à nossa volta e vejamos quantas necessidades têm os pobres para vermos quanto falta
ainda às nossas sociedades para encontrarem
caminhos para uma justiça social mais partilhada,
para um desenvolvimento económico inclusivo. A
alma humana não pode perder de vista o sentido
profundo das experiências de vida e necessita de
recuperar a esperança. Nestes âmbitos, homens e
mulheres inspirados nos valores das suas tradições
religiosas podem fornecer uma ajuda importante e
insubstituível; é um terreno especialmente fecundo
para o diálogo inter-religioso.
(Encontro com líderes religiosos, 21 de setembro de 2014)
Papa Francisco
Unidade dos Cristãos
Intenção pela
evangelização
Para que, através do
diálogo e da caridade
fraterna, com a graça
do Espírito Santo, sejam
superadas as divisões
entre os cristãos.
Cristo, que não pode estar dividido, quer atrair-nos a
Ele, aos sentimentos do seu coração, ao seu abandono
total e confiado nas mãos do Pai, para o despojamento
radical, por amor à humanidade. Só Ele poder ser o
princípio, a causa e o motor da nossa unidade. [...].
O Decreto do Vaticano II sobre o ecumenismo (...)
afirma de maneira significativa: «A Igreja fundada
por Cristo é única. Contudo, são várias as Igrejas
que se apresentam aos homens como a verdadeira
herança de Jesus Cristo. Todas elas se confessam
como discípulas do Senhor, mas sentem de maneira
diferente e vão por caminhos distintos, como se
Cristo estivesse dividido». E o mesmo Concílio
acrescenta: «Esta divisão contradiz clara e abertamente a vontade de Cristo, é um escândalo para o
mundo e prejudica a santíssima causa de pregar o
Evangelho a toda a criatura» (Unitatis redintegratio, 1).
As divisões prejudicaram-nos a todos. Nenhum de
nós deseja ser causa de escândalo. Por isso caminhamos juntos, fraternalmente, pelo caminho da
unidade que vem do Espírito Santo e se caracteriza
por uma singularidade especial que só Espírito pode
lograr: a diversidade reconciliada. O Senhor esperanos e acompanha-nos a todos, está com todos nós
neste caminho da unidade.
Cristo não pode estar dividido. Esta certeza deve
animar-nos a todos para continuar com humildade e
confiança pelo caminho para o restabelecimento da
plena unidade visível de todos os crentes em Cristo.
A obra destes Pontífices [João XXIII, Paulo VI, João
Paulo II] conseguiu que o aspeto do diálogo ecuménico
se tenha transformado numa dimensão essencial do
ministério do Bispo de Roma, ao ponto de que hoje não
se entenderia plenamente o serviço petrino sem incluir
nele esta abertura ao diálogo com todos os crentes em
Cristo. [...] Peçamos para que todos sejamos impregnados dos sentimentos de Cristo, para podermos caminhar para a unidade que Ele quer.
(Vésperas na celebração da solenidade da conversão de
S. Paulo, 25 de janeiro de 2014)
Papa Francisco
NOTA: A partir deste número do Mensageiro, as reflexões sobre as Intenções são, na sua
totalidade, constituídas por palavras do Papa, proferidas em variadas circunstâncias.
4 | Mensageiro
janeiro 2016 | 5
destaque
sejam nacionalistas ou religiosas, como em tantos
outros países do mundo. Por isso, será necessário
que me mova com cautela e respeito. No entanto,
há uma carta famosa de São Francisco Xavier que,
respondendo a quem queria convencê-lo a não ir
para uma determinada região perigosa ou a, pelo
menos, levar os antídotos para os venenos, escreveu que a única coisa de que devemos realmente ter
medo é de perder a confiança em Deus. Penso que
é mesmo assim, ainda que não seja fácil seguir São
Francisco Xavier nesta estrada.
Entrevista a Paolo Bizetti,
vigário episcopal de anatólia, na Turquia
Testemunhar o Evangelho
num país islâmico
O jesuíta Paolo Bizetti, recentemente ordenado Bispo,
é o novo Vigário Episcopal
de Anatólia, na Turquia.
Nesta entrevista exclusiva ao Mensageiro, fala
das dificuldades inerentes ao
exercício do ministério episcopal num contexto quase exclusivamente islâmico e
aponta algumas
especificidades
da comunidade cristã
Há alguns meses foi nomeado, pelo Papa
Francisco, Vigário Episcopal de Anatólia,
na Turquia. Que perspetivas tem para o exercício do ministério episcopal num contexto
maioritariamente islâmico?
Conheço bem a terra da Turquia, mas nunca estive
lá a trabalhar pastoralmente, por isso, antes de
mais, terei de escutar muito e perceber quais são
as prioridades. De um modo geral, posso dizer que,
num contexto quase exclusivamente islâmico, é
necessário, antes de mais, um testemunho de vida
evangélica. Em segundo lugar, é preciso ajudar as
6 | Mensageiro
local, que, apesar das dificuldades, mantém as suas convicções
e celebra a sua fé. Paolo Bizetti
defende uma Europa politicamente empenhada para pôr fim
aos jogos sujos dos traficantes de
armas e dos grandes líderes que
querem repartir o mundo entre
eles. E acredita que «o Evangelho
oferece a possibilidade de
uma verdadeira humanização das relações entre as
pessoas».
pessoas para que possam distinguir o Cristianismo
do mundo ocidental. Em terceiro lugar, responder a
quem nos pergunta pelas razões da nossa religião de
um modo sereno, sem procurar fazer proselitismo:
nestes países do Médio Oriente, no passado, foi feito
um proselitismo que deixou marcas negativas.
O seu antecessor, D. Luigi Padovese,
foi assassinado em 2010. Esta «herança»
intimida-o?
Certamente que é melhor não ser ingénuo e ter
consciência de que existem franjas extremistas,
Como se deve desenrolar a relação entre
um líder da Igreja Católica na Turquia e as
autoridades políticas e líderes religiosos
locais?
No sul da Turquia, especialmente em Antioquia,
as relações são cordiais e eu pretendo seguir nesta
linha. O problema principal é que, infelizmente, a
Igreja Católica não tem um reconhecimento jurídico, como seria normal num país laico, democrático e que garante o pluralismo religioso. Isto torna
tudo mais complicado e acentua a convicção de que
a Igreja latina é uma realidade estranha ao país.
Como descreve a comunidade cristã da
Turquia?
As comunidades cristãs na Turquia são uma pequeníssima minoria que pode facilmente ser confundida com uma seita por parte de quem não conhece
o Cristianismo e foi educado com lugares comuns
que muitas vezes são só preconceitos. Portanto, é
uma vida não muito fácil. Porém, as comunidades
que conheço são compostas por cristãos felizes com
a sua fé, conscientes de terem uma vocação difícil
e que permanecem cristãos por convicção. Aceitam
serem vistos da mesma maneira como nós, na
Europa, às vezes olhamos para certas minorias que
não conhecemos de perto.
Quando viver lá poderei aperceber-me melhor dos
pontos fortes e dos limites que têm. Por agora digo
que, como em todos os outros sítios, um grande
desafio é a formação dos leigos para que tenhamos
cristãos adultos. Lá, tal como na Europa, é necessário adquirir uma maior consciência acerca daquilo
que pertence ao património fundamental da nossa
fé e daquilo que, pelo contrário, são hábitos, tradições recentes e secundárias, etc. Coisas boas, mas
que precisam ser repensadas à luz da Palavra de
Deus e da grande Tradição.
Depois, também lá existe o forte problema das
vocações à vida consagrada e sacerdotal. A família
parece-me ser mais sólida do que na Europa, mas,
é claro, o consumismo ofusca muitos jovens. Creio
que a conversão a que nos chama o Papa Francisco,
com o seu estilo e com a sua mensagem, tem de
encontrar, também lá, uma resposta forte.
De que forma estas pessoas vivem a sua fé
diariamente e celebram as principais datas
do calendário litúrgico?
A vida normal de um cristão na Turquia é como cá,
com o desafio de discernir – como já dizia a carta a
Diogneto, no século II – aquilo que nos distingue a
nós, como cristãos, daquilo em que podemos viver
uma vida normal, como todos os outros. O acesso
aos sacramentos, à liturgia, aos momentos formativos, às festas... é, por outro lado, muito mais
dificultado porque em tantíssimos lugares não
há uma igreja, um pastor, uma estrutura eclesial.
Gostaria que as pessoas de Portugal, tal como as de
Itália e de tantos outros países, se apercebessem
das enormes possibilidades que têm à disposição
e cuidassem dos locais e das iniciativas que lhes
são proporcionadas para viverem a vida eclesial.
Nós devemos a cada dia dar graças ao Senhor pela
riqueza que temos!
O relacionamento com os crentes islâmicos é pacífico e saudável?
Antes de mais, devo esclarecer que também entre
os islâmicos existem os que acreditam em sentido
genérico, os praticantes, aqueles que reduzem a
religião a apenas alguns momentos do ano; depois
há tantos agnósticos que, tal como por cá, pensam
só nos seus próprios interesses e em viverem comodamente... A esmagadora maioria da população que
frequenta a mesquita, que observa os preceitos, etc.,
é pacífica e tem um verdadeiro sentido religioso da
sua existência. Acredito que não haja problemas
com estes e há até um verdadeiro respeito e admiração quando encontram homens de Deus, que
rezam, que são honestos e socorrem os pobres.
Depois há as franjas fundamentalistas, mas estas
são uma praga que existe em todos os lados do
mundo e em todas as religiões. No Médio Oriente
ainda está muito viva a memória dos massacres
– também de cristãos! – feitos pelos cruzados a
caminho de Jerusalém. Tal como as duas guerras
do Golfo criaram uma forte aversão em relação às
nações que as promoveram ou suportaram e onde a
maioria se diz «cristã».
janeiro 2016 | 7
tirar a bíblia da estante
para ler S. Lucas
Visitados pela alegria
Miguel Gonçalves Ferreira, s.j.
Quais as principais dificuldades sentidas
neste campo?
É aliciante dar testemunho do Evangelho
num contexto «adverso»?
O Evangelho encontra sempre um contexto
adverso, desde o primeiro anúncio! Os Evangelhos
mostram-nos que também as pessoas «religiosas»
e que se creem justas têm fortes reações contra
Jesus: basta-nos recordar o homem da sinagoga de
Cafarnaum (Mc 1, 23).
Num mundo onde o deus dinheiro, o comércio das
armas, o hedonismo barato do consumismo que
encoraja o individualismo, o desinteresse pelos
pobres e pelos refugiados.... prosperam imperturbados, pois bem, neste contexto nunca é fácil
viver como discípulo de Jesus, não só na Turquia,
mas em todo o lado. Hoje, o desafio do Evangelho
tornou-se global.
Mas olhando para os desastres do assim chamado
progresso e os problemas de uma cultura individualista, consumista e libertina, os discípulos do
Evangelho sabem que têm uma proposta de vida
muito válida, do ponto de vista humano. Eu acredito que o Evangelho oferece a possibilidade de
uma verdadeira humanização das relações entre as
pessoas, baseada numa verdadeira igualdade.
8 | Mensageiro
Num país como a Turquia, uma comunidade
cristã muito pobre, seja de meios, seja de pessoas,
e com escassa liberdade de movimentos, pode
fazer muito pouco. Assim, vale a lógica do grão de
mostarda. É preciso renunciar a muitas das gratificações que nos chegam da evangelização: os
números dos fiéis serão sempre pequeníssimos,
as estruturas insuficientes, socialmente permaneceremos insignificantes. Assim, também os
operadores pastorais devem aceitar viver a «vida
de Nazaré», em que aparentemente não acontece nada por muitos anos. Aceitar perder a vida,
semear gratuitamente e ver o fruto de tantos esforços frustrado.
A Turquia é porto de abrigo para muitos
sírios, que fogem à guerra no país. Como
têm sido recebidos neste país de acolhimento? Que tipo de apoio é possível prestar
a esta população?
A Turquia foi claramente generosa, acolhendo
mais de dois milhões de refugiados, como realçou
o Papa na sua visita, no final de novembro passado
(novembro 2014).
É preciso fazer um esforço, sobretudo para ajudar
os cristãos a permanecerem, a não fugirem: seja
pelo Cristianismo, seja pelo papel positivo que eles
têm na sociedade.
A Europa tem de se empenhar politicamente
para que terminem os jogos sujos dos traficantes
de armas e dos grandes líderes que querem repartir o mundo entre eles e suportam este ou aquele
governo, desde que seja amigo deles.
Iniciamos neste artigo uma leitura do Evangelho
de S. Lucas, que nos irá acompanhar ao longo de
2016. Lucas é o evangelista do presente ano litúrgico e também o evangelista da misericórdia, o que
torna este exercício particularmente adequado ao
ano jubilar que celebramos. Iremos assim percorrendo os vinte e quatro capítulos deste Evangelho,
trazendo à luz temas que nos ajudem a crescer
como discípulos que conhecem, amam e seguem
Jesus Cristo. Vamos tirar a Bíblia da estante e ler o
Evangelho de S. Lucas!
O primeiro e segundo capítulos do Evangelho de
Lucas apresentam-nos o ciclo da infância de Jesus. Aí
se narram, lado a lado, o nascimento de João Batista
e de Jesus de Nazaré. São passagens que surpreendem pela sua luminosidade e alegria. O nascimento
de João será para muitos motivo de alegria (1, 49),
mas de um modo especial para Isabel, seus parentes
e vizinhos (1, 57). Nessa linha, também Maria recebe
o anúncio do nascimento de Jesus, cumprindo as
profecias e a esperança de Israel: «alegra-te (kaire),
ó cheia de graça, o Senhor está contigo!» (1, 28). A
palavra grega «kaire», usada pelo anjo, evoca uma
alegria que só Deus pode dar. Essa alegria prolonga-se na visita que Maria faz a Isabel: até João salta
de alegria no seio da mãe (1, 44). Maria retribui com
uma canção de louvor, pois está alegre em Deus,
seu salvador (1, 46). Os anjos anunciam aos pastores
«uma grande alegria» (2, 10) e eles voltam do presépio «louvando a Deus por tudo o que tinham visto e
ouvido» (2, 20). Esta alegria prolonga-se no Templo
com Simeão, que «esperava a consolação de Israel»
(1, 25), e com Ana, mulher com uma vida sofrida
mas que, ainda assim, se põe «a louvar a Deus e a
falar do menino a todos os que esperavam a redenção de Israel» (1, 38).
Ao longo do Evangelho de S. Lucas, encontram-se várias menções à alegria, que se torna num
dos temas que distinguem este evangelista. Jesus,
ao acolher os discípulos que regressam da missão,
estremece de alegria por ação do Espírito Santo
(10, 21). Alegra-se a mulher que encontra a moeda
perdida, o homem que encontra a ovelha extraviada e o pai que reencontra o seu filho (15, 4-32).
Esta alegria é comparável à que há no Céu por um
só pecador que se converte, mais que por noventa
e nove justos, que não precisam de conversão
(15, 7). Também Zaqueu, ao converter-se, acolhe
Jesus «cheio de alegria» (19, 6). Em várias passagens, o povo dá louvores a Deus pelas maravilhas
que Jesus faz (18, 43) e, ao entrar em Jerusalém,
o grupo dos discípulos começa «a louvar alegremente a Deus em voz alta por todos os milagres
que tinham visto» (19, 37). A ressurreição parece
aos discípulos uma alegria boa demais para acreditar (24, 41) e, depois da ascensão, eles voltam
para Jerusalém «com grande alegria» (24, 52).
Deus visita o seu povo, é essa a causa da alegria!
Isso não significa ingenuidade ou inconsciência
quanto às dificuldades. Jesus chora mesmo sobre
Jerusalém, por não ter reconhecido o tempo em que
foi visitada (19, 41-44). Neste ano de graça, cada um
de nós está destinado a receber a visita do «coração
misericordioso do nosso Deus» (1, 78). Poderemos
então experimentar, no meio das provas da vida,
uma alegria surpreendente, que só Deus pode
trazer, uma alegria pascal.
janeiro 2016 | 9
INformar
Vasco Pinto de Magalhães, s.j.
Terrorismo ético
UMA ESCLARECEDORA REFLEXÃO DO P. VASCO PINTO DE MAGALHÃES, S.J. A PROPÓSITO DA APROVAÇÃO,
EM NOVEMBRO PASSADO, PELOS DEPUTADOS À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, DAS ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS QUE VIABILIZAM A ADOÇÃO DE CRIANÇAS POR PARES DE HOMOSSEXUAIS E A INTERRUPÇÃO
VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ SEM PAGAMENTO DE TAXAS MODERADORAS.
A 20 de novembro, de rajada, foram aprovadas
duas leis contra a vida e anunciada uma terceira:
a facilitação do aborto sem taxas moderadoras, a
adoção de crianças por homossexuais e as barrigas
de aluguer, para breve. Tudo com a promessa de
continuar o ataque.
O facto é grave por si mesmo, e é oportunista pelo
aproveitamento do momento de indefinição política
existente.
É grave. Mas toda a gente sabe que, muitas vezes,
«legal» não quer dizer «bom», nem «verdadeiro»,
nem «justo», mas apenas que há força para levar
por diante determinada imposição. Legal não é igual
a legítimo. E também toda a gente sabe que uma
maioria, só por ser maioria, não tem razão: tem força
e, por vezes, força bruta.
Será que os deputados estão ao serviço do povo e do seu
maior bem? Ou ao serviço de uma ideologia qualquer a
impor ao povo? Será que ignoram a Iniciativa Legislativa
de Cidadãos pelo Direito de Nascer, que foi aprovada em
setembro passado, apoiada por 50 mil subscritores? Ou
acham que podem passar por cima dela, arrasando-a?
Este ataque é à vida e à ética da vida. O que se
legalizou, agora, é contra a vida e contra a justiça. O
abortar, que não trata nenhuma doença (!) (alguém
duvida que elimina uma vida autónoma e pessoal?),
passa à frente do tratamento dos doentes porque
ultrapassa os outros devido aos prazos e passa a
ser estimulado: executa-se sem consentimento
informado e aparece como um «serviço» gratuito,
que os outros (nós!) hão de pagar. Terrorismo
contra a mãe (que não é ajudada a responsabilizar-se), contra a criança, contra a natalidade e contra
a consciência e missão dos médicos (encorajando
-os a um ato não médico).
A barriga de aluguer é também contra a vida e a
dignidade da mulher, ao fazer dela, sob a capa de
10 | Mensageiro
alguém que presta «um serviço», uma incubadora
impessoal. É uma instrumentalização, uma «coisificação» da pessoa humana, que corta violentamente
a relação íntima gerada ao longo dos meses de
gestação. É, no fundo, prostituição (mesmo que se
diga que não é paga). E bem sabemos que há países
que até apresentam catálogos de escolha de certos
traços pretendidos e os respetivos preços.
A adoção por pares de homossexuais é também
uma violência desnecessária imposta à criança.
Primeiro porque ninguém, seja homo ou heterossexual, tem direito a possuir um filho (e ainda menos
um adotado), as crianças é que precisam de um
enquadramento familiar saudável. Além do mais,
em Portugal, para cada criança em condições de ser
adotada há três casais normais disponíveis para o
fazer. Não há, pois, razão nenhuma para forçar uma
criança a uma realidade, à partida, transtornada e
antropologicamente incompleta.
Se estas leis não são violência destruidora de vida,
sem razão mínima que não seja a cegueira, o desejo
ressentido de poder e a ideia adolescente de liberdade (pois delas não virá qualquer bem ao mundo e
à sua humanização), não sei como as possam justificar. Na realidade, apresentam-se como atos de
terrorismo, e são-no!
Só poderei dar a isto o benefício da dúvida vendo na
sua origem a falta de pensamento crítico, o engano de
uma consciência (pseudo-ética) formada nos «direitos» do subjetivismo consumista e a cultura de uma
ideologia sem esperança e imediatista, cujo valor
maior é «o que me dá jeito (poder e dinheiro), agora».
Há um critério ético, simples e direto para saber
o que é imoral, onde está a imoralidade ou não:
é imoral o que ataca a vida, ou seja, o que não
tem futuro; o que degrada ou destrói as relações
humanas e a esperança.
O aborto destrói o futuro da mãe e do filho. Um
mundo homossexual não tem futuro. A manipulação
da pessoa ameaça o futuro e a liberdade, desvalorizando a dignidade do indivíduo e entregando-o nas
mãos do dinheiro e do poder perverso. Inquietante
e perigosa é uma cultura que já não consiga distinguir o bem do que «parece bem» e caia nas garras
de uma ideologia de «igualdade» que mate a diferença e de uma «liberdade» que não consegue dar
espaço ao outro. Cai na mentira que gera violência:
é terrorista.
janeiro 2016 | 11
ano da misericórdia
Alexandre dos Santos Mendes, s.j.
Das obras de misericórdia corporais
Dar de comer a quem tem fome
Na Comunidade São João Batista, uma das comunidades da paróquia da Catedral de Tete, Moçambique,
vivia um homem na rua. Mais em concreto, debaixo
de uma árvore tombada, ancestral. Ao lado da
árvore passava um pequeno riacho de água pútrida
que ia desaguar numa poça no encontro dos três
caminhos principais do bairro. Lembro-me de lá ter
passado uma vez, logo no início, aquando da minha
chegada. Lembro-me de ter desviado o meu olhar,
de ter tapado a lente da máquina fotográfica. Passei
adiante como o sacerdote da parábola.
O tempo passou e um dia, no final de uma das
missas de domingo, uma jovem aproximou-se e
pediu para falar comigo: – «Padre, preciso da sua
ajuda! Tenho visitado um homem que vive na rua
e gostaria que o conhecesse e que fizéssemos algo
por ele». Inicialmente, pensei que fosse um outro
que entretanto conheci, noutro dos meus passeios
de sacerdote de olhar desviado. Combinei ir com ela
visitar o dito senhor no dia seguinte. Encontrámo-lo
debaixo da árvore deitada, no mesmo desalinho e no
mesmo grito silencioso. Juntaram-se imensas crianças e alguns adultos. «Que veio fazer?». Na minha
perplexidade, toquei pela primeira vez a omnipotência daquele homem ferido. – «Que podemos
fazer, padre?» – perguntou-me a jovem. – «Não sei,
… mas algo faremos!», prometi-lhe.
Guardei o sorriso daquela jovem depois de ouvir a
minha resposta, assim como o contacto do Sr. José,
o guardião do Sr. Arnaldo, aquele que o recebeu no
seu quintal… e que me disse: «Apareceu-me, Sr.
Padre, numa manhã, como um anjo… eu sei lá de
onde, talvez do céu… chegou e ficou…!».
Sentindo-me interpelado pelo meu usual «desvio
de olhar de sacerdote», pela chaga da perna direita
do Arnaldo e pelo sorriso da jovem, movi-me a ser
alguém para ele. Em pouco tempo íamos mudar o
rumo de uma vida que ali estancara há seis anos.
E esse dia finalmente chegou.
Depois de estacionar o carro, aproximei-me do
Sr. Arnaldo para lhe pegar, juro que tive medo
que me saltasse uma cobra ou um lagarto debaixo
12 | Mensageiro
dele, tais são os nossos fantasmas e resistências ao
amor. Deitado atrás, no carro, olhava apenas o teto,
envolto nos seus trapos, como uma ovelha enfiada
no meio da lã acabada de tosquiar. Deixou-se levar.
Prometi-lhe roupa e comida.
Quando chegamos à machamba das Irmãs, foi o
banho, o corte de cabelo, pensos e ligaduras. Barba
feita e roupa nova e… o velho tornou-se um jovem!
Rejuvenesceu, ou fui eu que o vi com um olhar
rejuvenescido. A única coisa que reclamou a altos
brados, quando o vestimos foi: – «Quero calças com
botão! Quero calças com botão!». Nada de ceroulas
nem pijamas.
Passadas algumas semanas, voltei ao bairro onde
vivia o Sr. Arnaldo. Acerquei-me da árvore deitada
e logo a criançada me rodeou. Perguntaram-me
imediatamente com o olhar: – «E o Arnaldo? Como
está?» – «Está bem» – disse-lhes eu – «parece um
jovem, tem a barba cortada, o cabelo está alinhado
e já se põe de pé, tem umas calças com botão e a
ferida já está a secar». As crianças, ao ouvirem isto,
correram como passarinhos loucos a contar a novidade aos adultos. Todos tinham saudades. Aqui e
ali, uma mulher, uma criança, um jovem, um adulto
diziam-me comovidos e com lágrimas: «Sr. Padre,
gritava-nos a meio da noite, “tenho fome, tenho
fome! Não quero chima, quero carne!” e nós levantávamo-nos, ora uns ora outros, para o alimentar,
fosse a que horas fosse!»
O sacerdote com o olhar desviado comoveu-se
com este grito a meio da noite e com o levantar de
uns e outros para o socorrer na sua fome. Assistia
em primeira mão ao início da comunidade, de
toda a comunidade humana. Caí na conta da força
desse grito a meio da noite e lembrei-me de todos
os recém-nascidos que unem pai e mãe a meio da
noite e celebram a sua origem como família. Num
ápice de tempo, que me pareceu uma eternidade,
revivi e celebrei com gozo essa verdade primordial
que sempre me acompanha e norteia, a de que Deus
Se fez homem porque tínhamos fome.
janeiro 2016 | 13
opinião
Isabel Figueiredo
Pensei que tinha tempo...
Naquela manhã, pensei que tinha tempo para
tudo. Sabia a hora da minha partida, olhei para
o relógio, fiz umas contas rápidas e não resisti à
tentação de andar a pé, até à estação do metropolitano. Estava frio, mas o azul do céu brilhava, lindo.
Quando cheguei à estação, uma voz justificava
atrasos precisamente na minha linha… percebi
de imediato que corria sérios riscos de perder o
próximo transporte, que me levaria até ao Porto.
Voltei atrás, enfiei-me num táxi e pedi pressa,
explicando o que se passava.
Quando finalmente me sentei no comboio, estava
cansada e consciente de que tinha «esticado a
corda» ao relógio que tão bem conhece as minhas
corridas contra o tempo. Toda aquela corrida aconteceu porque ia visitar uma instituição criada para
promover a autonomia e integração de jovens deficientes, a Associação Somos Nós. Fui recebida por
uma mãe, fundadora deste projeto, e fomos de
imediato para a Associação. Após os cumprimentos iniciais, fizemos uma pequena roda para as
apresentações habituais. Nunca poderei esquecer
as hesitações e sorrisos daquele grupo de rapazes
e raparigas. Todos foram dizendo o seu nome, a
idade e a cidade onde moravam. Mas o que mais me
marcou foi ouvir um deles concluir o que tinha a
dizer, com determinação: «… e sou filho do meu pai
e da minha mãe». Foi uma afirmação que transbordava confiança, orgulho, sentimento de pertença,
saber quem sou, porque sei de quem sou.
Falei com os técnicos, jovens, disponíveis e sorridentes. Conheci uma voluntária às voltas com
14 | Mensageiro
pequenas árvores de Natal. Fui olhando para cada
um deles e senti-os felizes. Explicaram-me a rotina
das atividades pensadas, a normalidade dos dias,
as pequenas vitórias de saber ir às compras, de
servir um café, de atravessar as ruas com segurança. Regressei de sorriso na cara.
Estamos a iniciar um novo ano e este começo traz
sempre consigo novas esperanças, novas promessas. Para esta pequena Associação, a esperança
está numa nova sede, capaz de dar espaço e autonomia àqueles jovens e a tantos outros que aguardam a sua vez, numa lista de espera. E ao recordar
aquele dia, que começou tão apressado, porque fiz
a opção errada, percebo uma vez mais a importância das opções que todos os dias exigem a nossa
resposta. Precisamos de fazer escolhas. Foi o que
aconteceu com um grupo de pais e amigos que
tomaram a decisão de ajudar alguns jovens deficientes a serem mais autónomos e integrados.
Pode ser uma gota de água, um grão de areia, mas
faz toda a diferença na vida de cada um deles. Cada
um, filho do seu pai e da sua mãe. Como cada um
de nós.
Estamos a iniciar
um novo ano e este
começo traz sempre
consigo novas esperanças,
novas promessas.
Taizé:
“Juntos na espera de Deus”
António Marujo
MENSAGEIRO | DOSSIER 12
a celebração adapta também algumas fórmulas ao
espírito ecuménico e plural de Taizé. Na oração
eucarística, por exemplo, reza-se não só pelo Papa,
mas também pelos patriarcas e bispos ortodoxos
orientais e pelos bispos e pastores protestantes e
anglicanos.
No tempo que resta, as pessoas participam nas
tarefas necessárias para manter a vida da aldeia –
acolhimento, preparação e distribuição de comida,
limpeza... – e partilham experiências e modos de
viver a fé em grupos de reflexão bíblica ou temática.
Muitas vezes, com ajuda de deputados ou dirigentes políticos, responsáveis de comunidades religiosas ou activistas de organizações de solidariedade,
ou pessoas empenhadas em pequenos gestos de
solidariedade.
Na carta que propunha a reflexão para 2015, o
irmão Aloïs escrevia: «Redescubramos a bondade de
Deus e a bondade humana; elas são mais profundas
do que o mal! Através delas, atingimos o coração da
mensagem de Cristo. Foi neste espírito de Evangelho
que o Papa Francisco lançou um ano da misericórdia: todos são chamados a reflectir, através da sua
vida, o perdão e a compaixão sem limite de Deus».
Taizé, a Páscoa semanal
Quando os sinos começam a tocar, três vezes
ao dia, convocando para a oração, já a Igreja da
Reconciliação está quase cheia. Lentamente, chegam
mais e mais pessoas – sobretudo jovens – para viver
aquele que é o momento central da vida em Taizé, a
pequena colina da Borgonha (França), onde se situa
a comunidade ecuménica que reúne monges católicos e de diversas origens protestantes.
Rapidamente se vai fazendo silêncio. Quebrado
apenas pelo cântico inicial – muitas vezes um
Aleluia que irrompe como um grito de júbilo. No
Verão, as três mil ou cinco mil vozes que enchem
a aldeia dão uma energia especial ao canto. Mas,
mesmo quando há menos gente, a intensidade dos
cânticos de Taizé permite que a pessoa se implique com todo o seu corpo, a sua inteligência e o seu
espírito naquilo que se canta.
A oração em Taizé não precisa de muito: cantos
que «permitem a todos participar e manter-se juntos
na espera de Deus», como se lê num texto da comunidade sobre a oração comum, curtos trechos do
Evangelho, um salmo, um tempo longo de silêncio,
pequenas orações a lembrar quem luta, quem sofre
16 | Mensageiro
ou quem se faz presente a outros... O espaço da
igreja, sóbrio, é decorado na zona do altar por tijolos,
panos, velas e alguns ícones. Uma luz pouco intensa,
discretos candeeiros, vitrais coloridos, representando
cenas e personagens bíblicas, completam o ambiente.
Ao centro, o branco do hábito dos monges de Taizé.
«Em Taizé (...) descobrimos que a beleza de uma
oração comunitária cantada pode permitir que
os jovens pressintam o desejo de Deus, e entrem
assim mais profundamente numa espera contemplativa», escrevia o irmão Roger, fundador e
primeiro prior da comunidade, sobre a oração, no
livro Deus Só Pode Amar. E o irmão Aloïs acrescenta:
«É ao celebrar os mistérios da fé que acedemos a
eles de forma mais profunda. A beleza das celebrações conduz à alegria da fé».
Redescobrir a bondade
Se a oração é o centro diário da vida em Taizé,
ela marca também o ritmo da Páscoa semanal que
ali se celebra, ao ritmo de chegadas e partidas:
os jovens são convidados a viver uma semana de
partilha (de experiências, de modos de viver a fé, de
trabalho ou de cultura), que culmina, nos últimos
dias, com três momentos que retomam semanalmente a experiência da Páscoa.
A adoração da cruz, sexta à noite, é a ocasião para
que cada pessoa pouse, junto do ícone da cruz, as
suas feridas e esperanças. Diante do ícone da cruz,
vindo da tradição ortodoxa, deitado no chão, os
jovens ajoelham-se, prostram-se, rezam. Durante
duas, três horas, prolongando-se pela noite, sucedem-se os cantos, aqui mais meditativos. «Mon
âme se repose en paix sur Dieu seul: de lui vient
mon salut. Oui, sur Dieu seul mon âme se repose,
se repose en paix». (A minha alma repousa em paz
apenas em Deus: d’Ele vem a minha salvação.)
Na noite de sábado, cada pessoa tem uma pequena
vela na mão para celebrar a luz pascal e festejar
a ressurreição. A luz, «uma pequena luz bruxuleante/ brilhando incerta mas brilhando», para citar
o poema de Jorge de Sena, passa de mão em mão,
como um testemunho que se multiplica, cada um
iluminando o caminho do outro.
Domingo, finalmente, a celebração da eucaristia assume a urgência de trabalhar pela unidade,
também a nível sacramental: seguindo o rito latino,
janeiro 2016 | 17
Irmão Roger:
Deus vem através do rosto de Jesus. Em Setembro
último, no colóquio sobre o pensamento teológico
de Roger Schutz, o irmão Richard, de Taizé, explicava que esse era o modo como o fundador entendia a revelação. E esse rosto de Jesus – acrescentava
– mostrava-se, para o irmão Roger, nas vidas de
quem mais sofre.
Tudo isto levou o cardeal alemão Walter Kasper,
ex-presidente do Conselho Pontifício para a Unidade
dos Cristãos, a considerar, no mesmo colóquio, que
o irmão Roger era «um verdadeiro teólogo, ou seja,
alguém que sabe falar de Deus».
O discurso do irmão Roger, mesmo se repousava
numa teologia e numa espiritualidade profundas,
fazia-se sobretudo pelo seu olhar, pela palavra
(mesmo que quase só sussurrada, nos últimos
anos da sua vida), pela forma de rezar que Taizé foi
criando e propondo ao longo de décadas ou pela sua
escrita transparente.
Nos seus textos, esse «quase nada» traduz(ia)-se
também na escolha de palavras depuradas de artifícios e na proposta de expressões que dizem tudo, de
forma essencial. Basta exemplificar na relação e na
com quase nada,
falar de Deus com
a própria vida
No princípio, adivinhava-se já uma vida simples:
como não havia água canalizada, por exemplo, era
preciso os irmãos irem lavar-se ao ribeiro, onde
também lavavam a roupa ou enchiam potes de
água para poderem cozinhar. E quando faziam
uma sopa com as poucas coisas que conseguiam
cultivar, ainda repartiam com os prisioneiros de
guerra alemães.
Hoje, em Taizé, a água já é canalizada e há o essencial para comer. Mas a vida continua a ser simples
como no início, em 1940, quando o jovem pastor
calvinista Roger Schutz ali chegou com a ideia de
criar uma comunidade. Ele próprio escrevia: «Com
quase nada, antes de tudo pelo dom da nossa vida,
Cristo, o Ressuscitado, espera que em nós se tornem
perceptíveis o fogo e o Espírito» (1).
Esse quase nada permitia, no entanto, criar uma
extraordinária riqueza. Numa entrevista, no Verão
de 2014, dizia-me o irmão Daniel, um dos três
primeiros que se juntou a Roger Schutz: «Ele tinha
18 | Mensageiro
o sentido da vida rural, da festa, das crianças... isso
permite a vida criativa de uma comunidade onde
cada um dá a sua pedra para o edifício criativo e
tudo isso forma um todo».
Nascido há pouco mais de 100 anos, a 12 de Maio
de 1915, Roger era o mais novo de nove irmãos,
filhos do pastor Karl Ulrich Schutz e Amélie
Henriette Schutz-Marsauche. Durante a juventude,
enfrentou problemas de saúde que o deixaram
fragilizado. Influenciado pelo exemplo da sua mãe
e da sua avó, que era capaz de entrar numa igreja
católica e ali rezar (num tempo em que católicos e
protestantes chegavam a atravessar a rua para não
terem de se cumprimentar), foi-se solidificando a
ideia de uma comunidade dedicada à reconciliação
entre os cristãos.
A 19 de Agosto de 1940, quando pela primeira vez
chega a Taizé, Roger ainda não tem tudo claro, mas
as intuições principais já estão no seu horizonte. E
no centro estava a ideia de que o conhecimento de
presença dessas palavras essenciais em alguns dos
títulos dos seus livros: o amor (Deus só pode amar; O
seu amor é um fogo; O espanto de um amor); a unidade
e a reconciliação (A unidade, esperança de vida; Em
tudo, a paz do coração; Violência dos pacíficos); a escuta
de Deus (Viver o hoje de Deus; Viver o inesperado; Que
floresçam os teus desertos); a esperança (A paixão de
uma espera; Pressentes uma felicidade?). E, enfim, o
fazer tudo isto com quase nada (Dinâmica do provisório; Que a tua festa não tenha fim) (2).
A sua teologia não era especulativa, mas ligava-se à
vida, dizia, no colóquio de Setembro, Michel Stavrou,
professor no Instituto de Teologia Ortodoxa de São
Sérgio (Paris). «O irmão Roger tinha um pensamento
teológico que partia do coração, uma teologia da
ágape», acrescentava Gottfried Hammann, professor de Teologia em Neuchatel (Suíça), ex-membro
do Grupo ecuménico de Dombes. E Beata Bengard,
doutorada em teologia protestante pela Universidade
de Estrasburgo, falava do «ecumenismo espiritual fundado sobre a confiança» que o irmão Roger
propôs com a sua vida.
(1) Com quase nada... é precisamente o título da biografia do irmão Roger,
escrita por Sabine Laplane e publicada em 2015 (Ed. Du Cerf).
(2) Neste parágrafo, retomo uma ideia que propus num texto publicado no sítio do
Departamento Nacional de Pastoral Juvenil na internet; o texto está disponível no endereço
http://portal.ecclesia.pt/pjuvenil/site/index.php/grao-de-mostarda/498-irmao-roger-com-quase-nada
janeiro 2016 | 19
Rezar com ícones ou restos de casca de árvores
Quando se entra na Igreja da Reconciliação, de
Taizé, o olhar repousa sobre ícones e vitrais: os
primeiros vêm da tradição ortodoxa, os segundos
radicam na tradição das grandes catedrais. Mas a
maior parte deles saiu da meditação espiritual do
irmão Eric (1925-2007), um dos primeiros monges
da comunidade de Taizé, artista do «vaivém entre a
luz e a sombra», como o próprio se definia.
A arte e a beleza têm, desde o início, um lugar
destacado na aldeia que, desde 1940, acolhe a
comunidade de monges protestantes de diferentes origens e católicos. Isso acontece, no entanto,
numa relação permanente com a Bíblia, fonte de
inspiração primeira e fundadora. Essa era já uma
referência do irmão Roger, o fundador e prior da
comunidade até 2005, quando foi morto na Igreja
da Reconciliação, durante a oração do final da tarde.
Os ícones são fundamentais na proposta de
20 | Mensageiro
oração de Taizé, feitos «para nos ajudar a entrar
numa relação com Deus, para aprofundar esta
relação e ajudá-la a crescer», escreve o irmão Jean-Marc, de Taizé. A cruz, o ícone da amizade ou a
Transfiguração, por exemplo, são sempre pintados a partir de uma meditação espiritual do seu
autor e traduzem uma riquíssima simbólica bíblica.
Permitem ainda a reflexão sobre a vida de cada
pessoa a partir de cenas, episódios e personagens
bíblicos ou propostas espirituais da tradição cristã.
«A Bíblia fala (...) do que há no fundo mais íntimo de
Deus», escreve o irmão François, um dos biblistas
de Taizé.
A criação do ícone da misericórdia, que pretende
complementar a reflexão proposta para 2015-2016,
é a última proposta. A ideia teve em conta o Ano da
Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco e as
palavras-chave escolhidas para reflexão em Taizé
nestes próximos anos, de entre o léxico fundamental
do irmão Roger: misericórdia, alegria, simplicidade.
É a primeira vez que, na história da iconóstase, se
representa a misericórdia. O ícone toma como ponto
de partida a parábola do bom samaritano, representando Jesus, de pé, ao centro, rodeado de seis cenas
que contam a história da parábola: o assalto, o levita
e o sacerdote que ignoram a vítima, o samaritano
que se condói e o leva para a estalagem e, na última
cena, o samaritano, a vítima e o estalajadeiro a
partilhar uma refeição. A vítima tem sempre a cor
branca de Jesus, a refeição final remete para o ícone
da Trindade e a eucaristia e várias das outras representações apontam para a paixão de Jesus.
Outra das propostas recentes dos irmãos de Taizé
nasceu a partir de colagens de restos de árvores:
eucalipto, araucária, bananeira, acácia, bambu,...
A ideia surgiu na pequena fraternidade de irmãos
de Taizé em Nairobi (Quénia). O irmão Denis, que
vive em África praticamente desde 1977, pegou
nas cascas de árvores, muitas delas destinadas a
apodrecer no chão, e recriou 18 cenas do Evangelho.
São como «um livro de imagens», explicava ele, em
Agosto, a propósito deste Caminho do Evangelho
que, em Taizé, desce da aldeia até à Fonte de Santo
Estêvão. Um caminho em que as personagens não
têm rostos, o que permite a cada pessoa que o faz
colocar o seu próprio rosto nas personagens com
quem se identifique.
Este Caminho do Evangelho acompanha a vida de
Jesus: anunciação, visitação, nascimento, fuga para
o Egipto, baptismo, uma cura, Pedro salvo das águas,
a transfiguração, o bom pastor e a ressurreição de
Lázaro. E culmina com a sua paixão e ressurreição:
lava-pés, oração no Getsémani, crucifixão e morte
na cruz, ressurreição, encontro com os discípulos de
Emaús, ascensão e Pentecostes.
«São cenas do Evangelho, protótipos do que
poderia ser um caminho de peregrinação à volta
da fraternidade», diz o irmão Denis. Ou, como
dizia Clarisse, uma jovem congolesa no final do
caminho: «Uma forma original de fazer meditação
com arte e contemplar a natureza, como que uma
refontalização».
janeiro 2016 | 21
Reconciliação entre os cristãos: a urgência da credibilidade
Hoje é visto como uma urgência, mas nem sempre
foi fácil: um pequeno grupo de protestantes que
decidia viver em comunidade, com isso quebrando
um tabu da tradição da reforma, que praticamente
deixara de ter monaquismo, era visto com suspeição pelos seus amigos.
«A família espiritual na qual Roger Schutz nasceu
e cresceu é a Igreja reformada. As suas relações com
ela nunca foram simples: como todos os pioneiros,
o irmão Roger fez rachar as ligações», afirmava, em
Agosto, à Ecclesia, o pastor Laurent Schlumberger,
da Igreja Protestante Unida de França.
Hoje, essas dificuldades foram praticamente ultrapassadas e, apesar de Taizé também ter sido olhada
de soslaio por largos sectores da Igreja Católica, a
comunidade é hoje aceite por todas as grandes
tradições cristãs.
Por coincidência de calendário, a comunidade
propõe anualmente um encontro de jovens numa
cidade da Europa, que se realiza no final do ano,
três semanas antes do Oitavário de Oração pela
Unidade dos Cristãos. Em 2015, a cidade escolhida
foi Valência. No encontro, a proposta passou pela
reflexão sobre a misericórdia, seguindo a sugestão
do ano proclamado pelo Papa e do mote escolhido
pela comunidade para a reflexão dos jovens em
2015-2016.
A dimensão ecuménica, na perspectiva da reconciliação entre os cristãos, mais do que o diálogo institucional, marcou a história da comunidade, desde a
chegada do irmão Roger a Taizé, a 20 de Agosto de
1940 – há pouco mais de 75 anos.
Na perspectiva do irmão Roger, não é necessário renunciar à identidade cristã de cada pessoa,
mas apenas reconciliar as suas origens com as
das restantes tradições. Em Agosto, Schlumberger
acrescentava: «O irmão Roger permaneceu sempre
ligado às convicções centrais da Reforma e não
negou nunca a sua tradição espiritual. Mas esse foi
o ponto de partida de um caminho, de uma aventura da qual toda a Igreja é beneficiária».
Roger Schutz aprendeu com a sua mãe e a sua avó
essa atitude. A sua avó, gostava ele de recordar, era
capaz de entrar numa igreja católica para rezar, o
que lhe poderia custar ser marginalizada pela sua
própria comunidade.
«A verdadeira unidade é sempre um alargamento»,
comentava o pastor Schlumberger, em Agosto. E o
irmão Roger levou «a exigência da catolicidade» ao
coração das Igrejas da Reforma.
A «urgência» da reconciliação é uma das insistências
22 | Mensageiro
Crescer com Jesus
Batismo:
O abraço de Deus
Domingas Brito e P. José Maria Brito, s.j.
Ilustração: www.damadearroz.com
que, na esteira do irmão Roger, o actual prior da
comunidade tem feito: «Como poderemos nós, que
somos cristãos, ser testemunhas deste Cristo que
“destruiu o muro de separação” entre os homens,
se permanecermos divididos entre nós?», pergunta
o irmão Aloïs no livro Ousar Acreditar. E acrescenta:
«Apenas se o fizermos juntos poderemos dar um
testemunho credível».
Bibliografia consultada:
- Frère Roger, de Taizé, Dynamique du Provisoire, ed. Ateliers et
Presse de Taizé, 2014.
- Irmão Roger, de Taizé, Deus Só Pode Amar, ed. Gráfica de
Coimbra, 2004.
- Irmão Aloïs, de Taizé, Ousar Acreditar, ed. Paulinas, 2012.
- Hermano François, de Taizé, El pan del silencio, es la Palabra,
ed. Ateliers et Presse de Taizé, 2009.
- Frère Jean-Marc, de Taizé, Les icônes, ed. Ateliers et Presse de
Taizé, 2011.
- Irmão John, de Taizé, A Caminho da Terra da Liberdade, ed.
AO, 2005.
- Frére Eric, de Taizé, Artiste de l’Ombre et de la Lumière, ed.
Ateliers et Presse de Taizé, 2015.
- Sabine Laplane, Frère Roger, de Taizé – Avec Presque Rien, Les
Éditions du Cerf, Paris 2015.
Textos de António Marujo
Jornalista; escreve no blogue religionline.blogsopt.pt;
o autor utiliza a anterior norma ortográfica
Pais, avós, irmãos, … tantas pessoas que se encontram diante do desafio de transmitir a Fé. Não
como conteúdo ou fórmula memorizada. A Fé como
relação, como experiência de ser amado. Não como
seguro de vida, mas como confiança na presença fiel
de Deus.
Esta aventura começa de pequenino, quando se dá
os primeiros passos, se tenta as primeiras palavras
ou se aprende o espanto. Esta secção quer ajudar
os que acompanham crianças até aos seis anos no
começo da relação com Deus.
Como falar do batismo às crianças?
Era uma vez…
Era uma vez... não é uma boa forma de começar.
O Batismo não é uma história inventada. É um
acontecimento marcante. Um encontro que transforma. Mas como se diz isso em «criancês»?
Podemos dizer que, do mesmo modo que a mãe
quer abraçar a criança mal ela nasce, Deus também
quer que o bebé se sinta abraçado e muito querido
desde pequenino, como um filho muito amado (a
veste branca). Deus quer que a criança experimente
uma grande alegria, que aprenda que a vida é um
presente muito grande. O maior de todos (a água).
Deus não quer que ninguém tenha medo ou se sinta
no escuro. Quer que cada passo seja dado com toda
a confiança (a vela).
É por isso que os pais pedem o batismo para o seu
filho, porque querem que ele se experimente feliz
e porque sabem que o filho não lhes pertence – é
um presente de Deus. Os pais desejam que a criança
seja acolhida por toda a comunidade; porque, tendo
consciência de que eles e ela têm limites e fragilidades, querem que seja protegida por um amor mais
Dos 0-6 anos
forte do que tudo o que nos faz tristes. O batismo
significa e realiza esse amor. Pelo batismo, a criança
é abraçada por Deus. Os padrinhos ajudam os pais
na educação na fé e devem ser escolhidos com
muito cuidado e critério.
Como preparar a celebração do Batismo?
Além de todas as conversas que se possam ter
sobre o batismo, o modo como uma criança sentir,
ouvir e vir os adultos prepararem o Batismo é o que
mais a pode marcar.
A preparação deve envolver pais, padrinhos,
família e amigos com muita alegria. Há formas
muito simples de o fazer: escolher as leituras a
partir do ritual e daquilo que a família quer transmitir. Envolver cada pessoa com os seus talentos
(preparar cânticos, ler, escrever uma oração de
agradecimento, ser acólito...). Todos podem viver
intensamente o Batismo e rezar para que a criança
se sinta acolhida na Igreja.
Que tudo seja simples e significativo:
✎ O vestido, eventualmente o usado por todas as
crianças da família;
✎ Uma toalha branca com a data do Batismo;
✎ A vela com um aro onde serão gravadas as datas
do nascimento e do Batismo e, mais tarde, as da
Profissão de Fé, do Crisma ou, até, do Matrimónio, da
Ordenação Sacerdotal, da Profissão Religiosa. ✎ É importante fazer festa! À volta da mesa
– como Jesus com os amigos –, o ministro que
batizou, os padrinhos, a família e os amigos,
juntos com muita alegria e sem fazer do momento
um acontecimento social!
Depois, é preciso ir encontrando formas simples
de ajudar a crescer com Jesus e ser exemplo.
janeiro 2016 | 23
reunião de grupo
Esquema de reunião
e de oração de grupo
Manuel Morujão, s.j.
Reunião
«Sem um grupo, tu és um órfão», assim alguém afirmou.
Neste caso, trata-se de ser «órfão» fraterno, pela falta de
irmãos e irmãs, que nos completem. Na vida cristã, ainda
com mais razão, os outros fazem parte de mim: «ama o
teu próximo como a ti mesmo» (Mt 22, 39), especialmente
quando pertencemos a um mesmo grupo, como é o caso
do Apostolado da Oração. Valorizemos e estimemos os
que pertencem ao nosso grupo de trabalho, de convívio,
de oração e de serviço na Igreja.
Oração inicial – Oração do Oferecimento
(com a fórmula tradicional ou com outra)
1.ª Parte
Intenções do Papa para o mês de janeiro
O responsável, ou outra pessoa do grupo, poderá
fazer uma apresentação da intenção universal e da
intenção pela evangelização do Papa Francisco para
este mês de janeiro. Poderá servir-se do que vem
nas primeiras páginas desta revista.
A intenção universal refere-se à necessidade do
diálogo inter-religioso: «Que o diálogo sincero entre
homens e mulheres de diferentes religiões produza
frutos de paz e de justiça».
A intenção pela evangelização recorda-nos: «Que,
Oração
(poderá ser feita por ocasião da reunião, no começo ou
ao fim, ou noutra ocasião oportuna, numa sala ou numa
igreja/capela, com ou sem sacerdote)
Presidente: A graça, a paz e a misericórdia de
Deus Pai, reveladas no Coração de seu Filho Jesus,
estejam sempre convosco.
24 | Mensageiro
através do diálogo e da caridade fraterna, com a
graça do Espírito Santo, sejam superadas as divisões
entre os cristãos».
2.ª Parte
Os grupos do AO são grupos de oração e de ação
Dar algum tempo para partilhar o que os membros
do AO poderão fazer, na linha das intenções que o
Papa Francisco nos propõe, talvez respondendo às
seguintes perguntas:
– Que poderemos fazer para facilitar o diálogo e o
encontro das pessoas, tanto a nível familiar como a
nível social, político e religioso?
– Tendo presente que no primeiro dia do ano se
celebra o Dia Mundial da Paz, que nos ocorre para
que sejamos promotores da bem-aventurança da paz,
proclamada por Cristo: «Felizes os construtores da
paz, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 9)?
3.ª Parte
Assuntos práticos do grupo do AO
Terminar com uma leitura da Palavra de Deus
(por exemplo, o Evangelho do domingo seguinte à
reunião) e com uma oração ou um cântico.
Todos: Bendito seja Deus que nos reuniu no
amor de Cristo.
Presidente: Iniciamos o novo ano com a celebração
do Dia Mundial da Paz, logo no dia 1 de janeiro. Este
ano de 2016, o tema proposto pelo Papa Francisco é:
«Vence a indiferença e conquista a paz». Peçamos a
Deus o seu perdão misericordioso pelas nossas indiferenças e faltas de paz.
Leitor: Pelas vezes que o sofrimento de quem
vive ao nosso lado nos deixou indiferentes, perdão,
Senhor, misericórdia.
Todos: Perdão, Senhor, misericórdia.
Leitor: Pelas vezes que não soubemos ver no
nosso próximo necessitado o próprio Cristo que
espera a nossa solidariedade e ajuda, perdão, Cristo,
misericórdia.
Todos: Perdão, Cristo, misericórdia.
Leitor: Pelas vezes que não cumprimos a bem-aventurança de sermos construtores da paz,
perdão, Senhor, misericórdia.
Todos: Perdão, Senhor, misericórdia.
Presidente: Escutemos o que Deus nos diz nesta
passagem de uma carta do apóstolo Paulo.
Leitor: Leitura da carta de São Paulo aos Efésios
(Ef 4, 1-7)
Eu, o prisioneiro no Senhor, exorto-vos, pois, a que
procedais de um modo digno do chamamento que
recebestes; com toda a humildade e mansidão, com
paciência: suportando-vos uns aos outros no amor,
esforçando-vos por manter a unidade do Espírito,
mediante o vínculo da paz. Há um só Corpo e um só
Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a
uma só esperança; um só Senhor, uma só fé, um só
batismo; um só Deus e Pai de todos, que reina sobre
todos, age por todos e permanece em todos. Mas, a
cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida
do dom de Cristo.
Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
1ª Sexta-feira
Pode encontrar esta secção
escrita pelo padre Dário Pedroso
no site do Apostolado da Oração.
Será uma versão mais
longa e completa fácil de
descarregar e de ler!
Presidente: No espírito da Palavra de Deus que foi
proclamada, queremos fazer nossas as intenções
do Papa para este mês de janeiro. Rezemos, unidos
a toda a Igreja, particularmente aos membros do
Apostolado da Oração, dizendo com fé e esperança:
– Ouvi, Senhor a nossa prece.
Leitor: Façamos nossa a intenção universal do
Santo Padre Francisco: «Que o diálogo sincero entre
homens e mulheres de diferentes religiões produza
frutos de paz e de justiça». Por esta intenção,
oremos ao Senhor.
– Ouvi, Senhor a nossa prece.
Leitor: O Papa pede-nos para rezar por esta sua
intenção pela evangelização: «Que através do
diálogo e da caridade fraterna, com a graça do
Espírito Santo, sejam superadas as divisões entre
os cristãos». Por esta intenção, oremos ao Senhor.
– Ouvi, Senhor a nossa prece.
Leitor: No mês de janeiro celebramos a Semana
de Oração pela Unidade dos Cristãos. Peçamos ao
Senhor para que todos os seus seguidores sejam
um só, dando credibilidade à Igreja e promovendo
um mundo mais fraterno e unido. Por esta intenção, oremos ao Senhor.
– Ouvi, Senhor a nossa prece.
Presidente: Ouvi, Pai Santo, a nossa oração
humilde e confiante que, inspirados nas intenções do Papa Francisco, Vos dirigimos nos começos
deste novo ano que nos ofereceis para em tudo
amar e servir, confiados nos méritos de Jesus Cristo
Salvador e unidos no Espírito Santo.
– Ámen.
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janeiro 2016 | 25
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26 | Mensageiro
ao é notícia
notícias
Diretor diocesano de Beja visita
Centros de Gomes Aires, Almodôvar e Sta. Clara-a-Nova
A equipa diocesana de Beja do Apostolado da
Oração (AO), juntamente com o diretor diocesano,
P. Luís Miguel Fernandes, visitaram o Centro do AO
de Gomes Aires, no dia 13 de novembro passado. O
encontro começou com a apresentação das linhas
gerais do processo de recriação do AO por parte do
diretor diocesano e terminou com um momento de
partilha. O Centro do AO de Gomes Aires tem atualmente seis zeladoras e cerca de 50 associados.
No dia 15 de novembro, a mesma equipa visitou
outros dois Centros congregados: o de Almodôvar
e o de Santa Clara-a-Nova. O Centro de Almodôvar
tem cerca de 200 associados e oito zeladoras; o de
Santa Clara tem 60 associados e quatro zeladoras.
O diretor diocesano do AO reportou-se ao que a
Igreja espera do AO e a ajuda que, na sua simplicidade, o mesmo oferece ao Povo de Deus. Esta tarde
de formação terminou com a adoração ao Santíssimo
Sacramento, durante a qual se rezou pelas intenções do Santo Padre. De salientar o acolhimento
e a presença dos párocos de Almodôvar, padres
Pradeep, Glório e Manuel Abreu, que manifestaram
muito interesse em conhecer este projeto e garantiram o seu apoio e colaboração.
A nova definição do AO centra-se num caminho
espiritual que a Igreja propõe a todos os cristãos
para os ajudar a ser amigos e apóstolos de Jesus
na vida diária. Esta rede mundial de oração, tal
como o Papa Francisco deseja, conta com mais de
40 milhões de pessoas, presentes em 86 países. Os
párocos da diocese de Beja que pretendam fundar
ou refundar um Centro do AO nas suas paróquias
devem contactar a equipa diocesana, que entretanto, acompanhada pelo P. Luís Miguel Fernandes,
vai continuar as suas visitas a outras paróquias.
Linhas da recriação do AO apresentadas em Leiria
O Secretário Nacional do Apostolado da Oração,
P. António Valério, sj apresentou, no dia 22 de
novembro passado, no Seminário de Leiria, durante
um encontro diocesano para zeladores, associados
e interessados do Apostolado da Oração (AO), as
linhas gerais da recriação do AO.
Apesar do mau tempo, o encontro, promovido pelo
diretor diocesano P. Miguel Sottomayor, contou com
a participação de membros do AO de toda a diocese.
Na sua intervenção, o Secretário Nacional falou da
história da recriação que ajuda o AO a voltar às suas
fontes e fundamentos e explicou as linhas da recriação e a sua aplicação na vida dos Centros do AO.
Por último, o P. António Valério, sj apresentou os
novos projetos que estão a ser desenvolvidos pelo
Secretariado Nacional do Apostolado da Oração,
nomeadamente o Passo-a-Rezar e o Click To Pray.
Os participantes mostraram-se muito satisfeitos
com as iniciativas que estão a ser desenvolvidas
no sentido de dinamizar o AO e incentivados na
missão que lhes é confiada: aprofundar e difundir
este modo de viver a fé cristã, tão rica, que é o AO.
O encontro concluiu-se com a apresentação e
discussão de assuntos relacionados com a vida dos
grupos da diocese de Leiria-Fátima, trabalhos orientados pelo diretor diocesano e a sua equipa.
Retiro do AO em Fátima
O Apostolado da Oração (AO) promove, de 4 a 7 de fevereiro,
na Domus Carmeli, em Fátima, um retiro em silêncio,
orientado pelo P. António Valério, sj e pelo P. Marco Cunha, sj.
As inscrições devem ser efetuadas através
do mail [email protected] ou do telefone 253 689 446.
janeiro 2016 | 27
notícias
igreja é notícia
Diretor-geral do JRS, André Costa Jorge, fala do acolhimento em Portugal
Os refugiados «são pessoas como nós»
mas que viveram situações de guerra
Os refugiados marcaram a agenda política e
mediática de 2015, tal a tragédia humana motivada
pela guerra e pelo terror em vários países de África
e do Médio Oriente, com particular incidência na
Síria, Iraque e Nigéria, e a dimensão do fluxo migratório rumo à Europa. Perante esta crise humanitária, a Comissão Europeia viu-se obrigada a tomar
medidas concretas em relação ao acolhimento
destas pessoas nos diferentes estados membros
da União Europeia. No âmbito da Agenda Europeia
para as Migrações, foi fixada a redistribuição de 160
mil refugiados de nacionalidade síria, iraquiana e
eritreia que já se encontram na Grécia e em Itália.
Portugal recebe 4 mil 775 e, para o efeito, constituiu
uma Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), cujo
secretariado executivo está a cargo do JRS - Serviço
Jesuíta aos Refugiados.
Segundo André Costa Jorge, diretor-geral do JRS,
a Plataforma está a fazer «o diagnóstico das famílias refugiadas, o “matching” entre estas e as instituições anfitriãs» e vai assegurar «apoio técnico às
instituições durante o processo de acolhimento e
integração».
28 | Mensageiro
O objetivo, refere, é «preparar a chegada destas
pessoas o mais atempadamente possível, delineando um programa de acolhimento e integração
que acautela várias questões, tendo em conta os
seus países de origem». Concretamente, estão a ser
delineadas «aulas de português, cultura e hábitos
do nosso país, ao mesmo tempo que fazemos um
levantamento dos cuidados a ter em conta considerando as diferenças culturais e religiosas dos
refugiados. Fazemos, por exemplo, uma lista de
mesquitas, alimentos proibidos e preparamos as
casas que acolherão os diferentes agregados da
melhor maneira, para que consigamos dar uma
resposta o mais concertada possível».
O JRS já tem experiência no acolhimento de refugiados. Desde 2014 que é parceiro do Estado português no âmbito da reinstalação, que «consiste na
transferência de refugiados de um país terceiro
para um Estado Membro, a pedido do ACNUR Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados, de modo a assegurar a proteção internacional de um nacional de país terceiro ou apátrida».
JRS já reinstalou 29 refugiados
Ao abrigo deste protocolo, em 2014, o JRS acolheu
e acompanhou um grupo de 14 refugiados provenientes de países como a Costa do Marfim, Senegal
ou Irão e que tiveram como primeiro país de asilo
Marrocos. O ano passado, o JRS recebeu mais 15 refugiados, provenientes da Síria e da Eritreia, número
que corresponde a uma parte da quota de reinstalação para 2014.
Para o acolhimento destas pessoas, o JRS delineou
um programa de acolhimento e integração, intitulado “Sementes de Esperança”, com a duração
de dez meses, que prevê, entre outros aspetos, a
aprendizagem da língua portuguesa, o acompanhamento junto das instituições públicas e privadas, o apoio psicológico e social e a formação para
a empregabilidade.
E quem são refugiados? André Costa Jorge conta
que «são pessoas que tiveram de abandonar os
seus países de origem por razões que se prendem
com a existência de conflitos armados ou perseguições, pelo que o seu objetivo é eventualmente poder
regressar ao seu país de origem quando estiverem
reunidas melhores condições».
«Os refugiados são pessoas como nós, que têm
receios e que enfrentam as dificuldades próprias de
quem chega a um país cuja língua e cultura possam
ser muito diferentes da sua. A acrescer a isto temos
o facto de, muitos deles, terem experienciado situações traumáticas e testemunhado cenários de
guerra», acrescenta o diretor-geral do JRS.
A maior parte dos refugiados que o JRS reinstalou
em 2014 decidiu ficar em Portugal, no final do projeto,
ao fim de um ano, tendo encontrado trabalho e continuado o seu processo de integração.
O processo de acolhimento é gratificante mas nem
sempre fácil. Desde logo, a dificuldade de comunicação. Apesar da existência de intérpretes, «a língua
acaba por ser a maior barreira, tanto para quem
acolhe como para quem é acolhido» e condiciona
sobretudo o «acesso a um emprego e aos diversos
serviços, especialmente no que diz respeito aos
cuidados de saúde», adianta o responsável pelo JRS.
O acolhimento destas pessoas representa para uns
uma missão humanitária indiscutível - desde logo
para o Papa Francisco - para outros, uma ameaça
à estabilidade e à segurança nos países de acolhimento. Na sociedade civil trava-se a discussão em
torno dos direitos e dos deveres dos refugiados
comparativamente com os cidadãos nacionais.
André Costa Jorge contraria os mais adversos e
explica que os refugiados têm acesso a cuidados de
saúde, educação e trabalho em igualdade de circunstâncias com os cidadãos nacionais. No entanto,
apenas têm o apoio direto de instituições especializadas por um curto período inicial, para que o acolhimento e integração sejam o mais bem sucedidos
possível. Ao nível da segurança social, os requerentes de proteção internacional só são elegíveis para
beneficiarem de RSI ao fim de três anos em Portugal
e os vários apoios que poderão receber são feitos a
título eventual e tendo em conta o caso concreto.
Diferentes formas de ajudar
Com base na missão que lhe está confiada desde
1980, pelo então Superior Geral da Companhia
de Jesus, P. Pedro Arrupe - acompanhar, servir e
defender os refugiados, deslocados à força e todos
os migrantes em situação de particular vulnerabilidade - o JRS assumiu, desde a primeira hora, as
funções de secretariado técnico da Plataforma de
Apoio aos Refugiados (PAR), da qual foi um dos
membros fundadores.
A pensar na questão de refugiados de modo
abrangente, a PAR avançou com dois projetos diferentes mas complementares: PAR – Famílias e PAR– Linha da Frente.
O PAR - Famílias é um projeto de acolhimento e
integração de famílias refugiadas em Portugal, em
contexto comunitário, disperso pelo país, com o
envolvimento de instituições locais que possam
assumir o compromisso da plena integração de
pelo menos uma família, proporcionando-lhe alojamento autónomo, alimentação e vestuário, apoio à
integração laboral, acesso à educação e à saúde e
ensino do Português.
O PAR Linha da Frente é uma campanha de angariação de fundos que tem como objetivo apoiar as
missões da Cáritas e do JRS no Médio Oriente. Neste
âmbito, os fundos revertidos a favor dos projetos do
JRS irão ser aplicados nos projetos educativos que o
JRS desenvolve com crianças refugiadas no Líbano,
comprometendo-se a disponibilizar uma refeição
por dia durante um ano a mil 720 crianças refugiadas, distribuídas por cinco escolas na região do Vale
de Bekaa.
janeiro 2016 | 29
Bispos discutem política, família e refugiados
Política, família e refugiados são os assuntos
que marcaram a agenda da última reunião da
Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que decorreu em Fátima.
Atendendo ao contexto político gerado pelos resultados das últimas eleições legislativas, os bispos
defendem a dignificação da política e o respeito pelo
quadro constitucional.
O presidente da CEP, D. Manuel Clemente, apelou,
no final da reunião, a uma «cultura de diálogo e de
encontro no respeito recíproco, à informação verdadeira e transparente, à sobreposição dos interesses
nacionais acima dos particulares, à dignificação da
política, aos consensos nas questões fundamentais,
à reconciliação e à paz na diversidade, em que todos
os cidadãos se sintam responsáveis».
Relativamente à família e na sequência da reunião
com o Papa, em Roma, os bispos concluíram que é
necessário fazer uma renovação da pastoral da Igreja
em Portugal. O Patriarca de Lisboa que, de 4 a 25 de
outubro do ano passado, participou no Sínodo dos
Bispos em Roma, referiu ainda que é necessário «dar
muito mais importância às famílias, à preparação
para o matrimónio, ao acompanhamento das famílias cristãs, mesmo aquelas que vivem em rutura,
para vermos o que podemos consertar com a ajuda
de todos».
No que respeita aos refugiados, a Conferência
Episcopal mostrou-se em sintonia com os apelos do
Papa Francisco ao acolhimento. Os bispos «reafirmam o dever do acolhimento em nome das raízes
humanas e cristãs da Europa» e «saúdam as instituições portuguesas que estão desde já preparadas para
esta missão e congratulam-se pelas iniciativas da
Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR- Famílias),
na qual se encontram muitas instituições da Igreja».
Os membros da CEP manifestaram ainda a sua
preocupação pelo atraso na recolocação dos 160
mil refugiados e recomendam às autoridades europeias e nacionais a maior celeridade na concretização deste processo. Formularam também o desejo
de que possam ser acolhidos dignamente antes do
frio de inverno, acabando com a cena desumana
destes novos pobres diante de muros de betão e de
arame farpado».
Os responsáveis pelas dioceses portuguesas
traçaram ainda algumas linhas para o Jubileu da
Misericórdia, que se iniciou em dezembro. «Entre
outros elementos, procurar-se-á uma maior atenção
na celebração do sacramento da reconciliação, na
peregrinação sobretudo à Catedral, na valorização
da partilha e solidariedade, nas práticas das obras
de misericórdia e nas catequeses sobre a misericórdia nos tempos fortes da liturgia».
os homens e mulheres de boa vontade são chamados a trabalhar pela reconciliação e a paz, pelo
perdão e a cura dos corações».
«Peço-vos, de modo particular, que manifesteis
uma autêntica preocupação com as necessidades
dos pobres, as aspirações dos jovens e uma distribuição justa dos recursos naturais e humanos com
que o Criador abençoou o vosso país», acrescentou
o Santo Padre.
Francisco viajou depois para o Uganda, onde
deixou palavras de encorajamento, e terminou a sua
primeira visita ao continente africano na República
Centro-Africana, um país que vive, há muito, uma
situação de violência e insegurança. A este território, o Papa levou «consolo e esperança». «Espero de
coração que a minha visita possa contribuir, de uma
forma ou de outra, para atenuar as feridas e favorecer as condições para um futuro mais sereno».
Papa visita sinagoga de Roma
O Papa visita, no dia 17 deste mês, a sinagoga
de Roma, o principal local de culto dos judeus na
capital italiana.
Desde que foi eleito, Francisco tem tido importantes encontros inter-religiosos, com particular destaque para a visita à Terra Santa, onde se fez acompanhar de um rabino e de um imã argentinos.
Mais tarde, presidiu, em Roma, a um encontro de
oração pela paz, em que participaram o presidente
de Israel, Shimon Peres, e o presidente da Autoridade
Palestiniana, Mahmoud Abbas.
No seu tempo de arcebispo de Buenos Aires,
Bergoglio era conhecido por manter relações muito
próximas de amizade com as comunidades muçulmana e judaica da cidade.
Contudo, desde que se tornou Papa, Francisco não
visitou a sinagoga de Roma. Ao fazê-lo, segue nas
pegadas dos seus antecessores Bento XVI e João
Paulo II.
Papa em África
Combate ao terrorismo passa pelo crescimento económico
O Papa deslocou-se a África para visitar o Quénia,
o Uganda e a República Centro-Africana. Apesar
do ambiente de insegurança nestes países, o Santo
Padre decidiu ir como «mensageiro de paz», como
«ministro do Evangelho» para levar a «mensagem de
reconciliação, perdão e paz».
No primeiro discurso, proferido ao chegar ao Quénia,
um país marcado pela ameaça da Al-Shabaab, filiados da Al-Qaeda, Francisco defendeu que a melhor
forma de combater o terrorismo é através do crescimento económico.
«A experiência demonstra que a violência, os
conflitos e o terrorismo se alimentam com o medo, a
30 | Mensageiro
desconfiança e o desespero que nascem da pobreza e
da frustração. Em última análise, a luta contra estes
inimigos da paz e da prosperidade deve ser conduzida por homens e mulheres que, destemidamente,
acreditam e, honestamente, dão testemunho dos
grandes valores espirituais e políticos que inspiraram o nascimento da nação», disse Francisco, em
Nairobi, a capital do Quénia.
Diante do Presidente e das mais altas figuras do
Estado do Quénia, o Papa incentivou os quenianos a lutar contra as divisões sociais. «Enquanto
as nossas sociedades experimentarem divisões,
sejam elas étnicas, religiosas ou económicas, todos
31 | Mensageiro
janeiro 2016 | 31
Mãos à Obra...
Teresa Olazabal
1
2
Teresa Olazabal
Uma vida entregue
Como surgiu o seu desejo de ir ao encontro dos
sem-abrigo, na noite do Porto?
Um dia de inverno, há 20 anos, as temperaturas no Porto desceram até aos 2 graus negativos.
Duas amigas e eu fomos à baixa com cobertores,
ovos cozidos e chocolates, saber se era preciso
ajuda. Quando vi um homem deitado no chão na
rua, instintivamente ajoelhei-me junto dele e pela
primeira vez percebi que era ao próprio Jesus que
estava a atender. Nunca mais deixei de lá voltar.
A Teresa conseguiu reunir um grupo de amigos
que lhe permitem levar por diante o trabalho com
os sem-abrigo sem criar nenhuma “instituição”. É
fácil, trabalhar assim, sem rede?
O AMOR não cabe em estatutos e normas. É
gratuito, livre e espontâneo. Nunca seremos uma
instituição, mas não é fácil trabalhar assim.
Um dos aspetos mais originais do seu trabalho
com os sem-abrigo é cuidar tanto da dimensão
espiritual quanto da material. Em cada encontro
mensal com eles, há tempo para celebrar a fé, para
32 | Mensageiro
o convívio, para a distribuição de bens materiais.
De onde nasceu este modo diferente de estar com
os sem-abrigo?
O nosso grupo está sempre em processo de criação,
crescimento e discernimento. Foi muito claro para
nós que a principal fome desta «população» é Jesus.
Um dia, em oração, conversei com Jesus sobre a
maneira de saciar esta fome. Jesus foi muito claro
na sua resposta: «Leva-me contigo». Atordoada e
sem saber como, perguntei-Lhe onde, porque não
tinha sítio. Jesus voltou a falar-me muito claramente: «Vou contigo onde eles estão». E o grupo
esteve de acordo.
São conhecidas as suas celebrações de Natal com
os sem-abrigo, que incluem sempre a celebração
da Eucaristia. E também começam a ser conhecidos os «Retiros» espirituais para sem-abrigo, que
organiza anualmente. Fale-nos do que acontece
nestas ocasiões...
A ideia da Missa de Natal apareceu como a continuação lógica da oração de rua. É o ponto alto dos
nossos encontros, e a ternura de Deus que Se quer
3
aproximar de cada um dos Amigos da Rua como
há 2000 anos Se aproximou dos coxos, cegos, paralíticos e leprosos. É muito especial. Quanto aos
«Retiros» espirituais, são uma graça que o Senhor, na
sua imensa Misericórdia, nos quer dar – aos que os
recebem e aos que os orientam; as vidas e as feridas
dos corações brotam dolorosamente e Jesus consola,
cura, toca. São momentos de uma imensa beleza.
A Teresa tem uma longa história de voluntariado. Onde começou a prestar este serviço?
Recorda algum episódio ou pessoa que mais a
tenha marcado?
Os três sítios onde o Senhor me chamou a servi
-Lo, foram os deficientes profundos, os doentes
terminais oncológicos, e os sem-abrigo. Há muitos
episódios marcantes na minha vida de voluntária, sendo que o principal foi o de ter sido possível receber em casa um sem-abrigo em estado
terminal para o atender, tratar e amar durante três
meses e acompanhá-lo até à sua morte. Um grande
presente do Céu.
A sua família acompanha-a e apoia-a neste
serviço?
É costume em casa não se falar dos deficientes
e dos doentes terminais, apesar de um dos meus
filhos me acompanhar há bastante tempo com os
sem-abrigo.
4
5
Recentemente, viu-se inesperadamente atingida
pela doença. Como integra uma realidade assim
na sua vida de fé?
Várias doenças atingiram-me, e à minha família,
nos últimos meses. Só em Deus e na Fé é possível
com-viver com Paz e Alegria a realidade da doença,
tendo como certo que Deus não manda o mal nem a
doença, mas que Se interlaça nela para tirar o maior
bem. Isto leva a que a doença passe a ser uma graça
que agradeço ao Senhor todos os dias e todo o dia.
Costumo fazê-lo recitando frases do Magnificat de
Nossa Senhora.
Se quisesse resumir a sua vida cristã, que palavras escolheria?
Entrega.
fotografias
1 - O Gregório que morreu em nossa
casa, uns dias antes de morrer
2 - O Rui (deficiente) comigo
3 - Diante deste homem na rua ajoelhei-me
4 - O senhor António em Soutelo
5 - Uma deficiente de que cuidei
janeiro 2016 | 33
ATIVIDADES INACIANAS
LIVRARIA AO
janeiro/ fevereiro
Em Soutelo (Vila Verde): CEC – Casa da Torre
Av. dos Viscondes da Torre, 80 – 4730‑570 SOUTELO – Tel. 253 310 400; Fax: 253 310 401; E‑mail: [email protected]
brevemente!
VIA-SACRA COM MARIA
Isabel Figueiredo
Os tradicionais passos da via-sacra contemplados pelos olhos de Maria. Uma narrativa
comovente e poderosa. Uma escrita leve,
materna, inspirada. Uma via-sacra única.
04-12 jan.Exercícios Espirituais – P. Marco Cunha
14-17 jan.Exercícios Espirituais – P. José Frazão Correia
15-17 jan.BI – A síntese da personalidade – P. Alberto Brito
17 jan.Exercícios Espirituais na vida corrente (em colaboração com CVX e ACI)
21-24 jan.Exercícios Espirituais – P. José Carlos Belchior
21-24 jan.Exercícios Espirituais – P. António Valério [Inscrições no CAB: Telef. 253.215.592]
22-24 jan.
Desafios da meia-idade (dos 40 aos 55 anos) – P. Vasco Pinto de Magalhães
04-10 fev.Exercícios Espirituais – P. António Vaz Pinto
05-07 fev.Rever para ver – P. Sérgio Diz Nunes
05-09 fev.Relações Humanas II – PP. Alberto Brito e Vasco Pinto de Magalhães
05-10 fev.Exercícios Espirituais – Alzira Fernandes
14 fev.Exercícios Espirituais na vida corrente (em colaboração com CVX e ACI)
18-26 fev.Exercícios Espirituais – P. António Costa Silva
20-21 fev.Escola de Pais (Formação e Oração) – P Carlos Carneiro [Inscrições no CREU]
25-28 fev.Exercícios Espirituais – P. Vasco Pinto de Magalhães [Inscrições no CREU]
25-28 fev.Exercícios Espirituais (Leigos para o Desenvolvimento) – P. José Eduardo Lima [Inscrições no CREU]
26-28 fev.Como viver o Ano Santo da Misericórdia – P. Dário Pedroso
No Porto: CREU – Centro de Reflexão e Encontro Universitário Inácio de Loyola
R. Oliveira Monteiro, 562 – 4050-440 PORTO– Tel. 226 061 410; E-mail: [email protected]
22-24 jan.
“Café” – Curso de Aprofundamento da Fé – PP. José Eduardo Lima e Carlos Carneiro
26 jan.BTT (“Bamos Ter Teoria”) – Felicidade. A Graça e o Custo da Existência – P. José Frazão Correia
29-31 jan.Fim de semana para Noivos – Equipa de casais e P. Vasco Pinto de Magalhães
12-13 fev.
1 Noite & 1 Dia (Formação Humana e Religiosa) -A Força das Convicções. O Homem disperso e a vontade frágil. Como conseguir o que queremos? – P. Carlos Carneiro
Em Coimbra: CUMN – Centro Universitário Manuel da Nóbrega
R. Almeida Garrett, 4 – 3000-021 COIMBRA – Tel. 239 829 712; E-mail: [email protected]
12 jan.Orar, comer e gostar
15-17 jan.
“Café” (Eclarecimento de dúvidas de fé) – P. António Sant’Ana
28-31 jan.Exercícios Espirituais “pé-descalço” – P. António Sant’Ana
16 fev.Orar, comer e gostar
25-28 fev.Exercícios Espirituais – P. Miguel Gonçalves Ferreira
PAGELAS (PACK DE 7)
como preparar
a confissão
como
rever o dia
como
rezar o Terço
guia para
uma visita ao
Santíssimo
Em Lisboa: CUPAV – Centro Universitário Padre António Vieira
Estrada da Torre, 26 – 1769-014 LISBOA – Tel. 217 590 516; E‑mail: [email protected]
05 jan.O que é o Eneagrama? – Uma noite para explicar esta dinâmica – P. Gonçalo Eiró
15-17 jan.Fim de semana no Campo
22-24 jan.Fim de semana Monástico – P. Nuno Tovar de Lemos
22-24 jan.CIF (Curso Intensivo de Fé) – P. Carlos Azevedo Mendes e P. João Goulão
28-31 jan.Exercícios Espirituais – P. Nuno Tovar de Lemos
29-31 jan.Fim de semana para Noivos – P. Carlos Azevedo Mendes
04-10 fev.Exercícios Espirituais – P. Carlos Azevedo Mendes
13 fev.
Dia de Retiro de Quaresma – P. João Goulão
14 fev.
Dia de Retiro de Quaresma – P. João Goulão
16 fev.Encontro de Quaresma I
18-20 fev.Experiência de Oração – P. Carlos Azevedo Mendes
18-21 fev.Exercícios Espirituais “pé-descalço”(Cernache) – P. Pedro Rocha Mendes
19-21 fev.Curso de Eneagrama (para casais e/ou namorados) – Clara e João Pedro Tavares
23 fev.Encontro de Quaresma II)
24 fev.Encontro Mensal. “Pequei? Qual é o mal?”
25 fev.Encontro Mensal. “Pequei? Qual é o mal?”
No Rodízio – Casa de Exercícios de Santo Inácio
Estrada do Rodízio, 124 – 2705-335 COLARES – Tel. 219 289 020; Fax: 219 289 026; E‑mail: [email protected]
esquema para
uma hora de oração
orações inacianas
formas de oração
Preço:
Pack das 7 (quantidade mínima)
Portugal = 1.10€; Europa = 1.30€; Fora da Europa = 1.55€ (preços com portes de correio incluídos)
Para quantidades maiores: www.livraria.apostoladodaoracao.pt ou através do telefone 253 689 443
26 dez.-01 jan.Exercícios Espirituais – P. Gonçalo Eiró
08-10 jan.Relações Humanas – Comunicação Interpessoal – P. Alberto Brito
16-17 jan.Fim de semana para Noivos – P. Carlos Azevedo Mendes e grupo de casais
21-24 jan.Exercícios Espirituais – P. António Júlio Trigueiros
21-24 jan.Exercícios Espirituais – P. António Vaz Pinto
21-24 jan.Exercícios Espirituais – P. Mário Garcia
29-31 jan.Lições Inacianas de Liderança – P. Hermínio Rico
29-31 jan.
“Vivá Missa” – Para compreender e viver melhor a Missa – P. Gonçalo Eiró
02-09 fev.Exercícios Espirituais – P. Mário Garcia
04-07 fev.Exercícios Espirituais – P. Gonçalo Eiró
05-09 fev.Exercícios Espirituais – P. José Carlos Belchior
20 fev.Retiro de Quaresma – P. Gonçalo Eiró
27 fev.Rezar: falar pouco e ouvir muito (Primeiros passos na oração inaciana) – Ana Guimarães
Há pouco mais de 70 anos, o irmão Roger deu vida à
Comunidade de Taizé. Ela continua a contar com a adesão
de milhares de jovens do mundo inteiro, em busca de um
sentido para a sua vida. Os irmãos acolhem-nos na sua
oração e oferecem-lhes a ocasião para fazer a experiência
de uma relação pessoal com Deus. Foi para apoiar estes
jovens na sua caminhada rumo a Cristo que o irmão Roger
teve a ideia de começar uma «peregrinação de confiança
na terra». Testemunha incansável do Evangelho da paz e
da reconciliação, animado pelo fogo de um ecumenismo da
santidade, o irmão Roger encorajou quantos passaram por
Taizé a tornarem-se pesquisadores de comunhão. (...). No
seu seguimento, sede todos portadores desta mensagem de
unidade. Garanto-vos o compromisso irrevogável da Igreja
Católica em prosseguir a busca de caminhos de reconciliação
para alcançar a unidade visível entre os cristãos.
Bento XVI, Praça de S. Pedro, 29 de dezembro de 2012
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