Relatório do Estado do voluntariado no mundo

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Relatório do Estado do voluntariado no mundo
Relatório do Estado do Voluntariado no Mundo
Valores universais para o bem-estar global 2011
Voluntários das Nações Unidas, 2011
Publicado por: Voluntariado das Nações Unidas (VNU)
Traduzido por: Prime Production, Reino Unido
Design por: Baseline Arts, Reino Unido
Editado por: Phoenix Design Aid, Dinamarca
Esse relatório está disponível em árabe, inglês, francês e espanhol.
Para dispor de uma cópia, visite: https://unp.un.org/
Uma permissão é requerida para reproduzir qualquer parte dessa publicação.
Equipe responsável pelo Relatório do Estado do Voluntariado no Mundo
Escritor Sênior: Robert Leigh
Equipe de pesquisadores e escritores: David Horton Smith (Pesquisador Sênior),
Cornelia Giesing, María José León, Debbie Haski-Leventhal, Benjamin J. Lough, Jacob
Mwathi Mati, Sabine Strassburg
Editor: Paul Hockenos
Gerente de Projeto: Aygen Aytac
Especialista em Comunicação: Lothar Mikulla
Equipe de suporte administrativo: Vera Chrobok, Johannes Bullmann
Editor: Paul Hockenos
As análises e a orientação política desse relatório não refletem necessariamente as
visões do programa de desenvolvimento das Nações Unidas. A pesquisa e escrita
foram fruto de um esforço colaborativo da equipe responsável pelo Relatório da
Situação do Voluntariado Mundial e um grupo de notáveis consultores liderados por
Flavia Pansieri, coordenadora executiva, do Programa de Voluntariado das Nações
Unidas.
Citações de nomes de marcas ou processos comerciais não são de nossa
responsabilidade.
Prólogo
O voluntariado ocorre em qualquer sociedade
no mundo. Os termos que o definem e as
formas de sua expressão podem variar de
acordo com a língua e cultura, mas os valores
que o dirigem são comuns e universais: um
desejo de contribuir para o bem comum por
escolha própria em um espírito de
solidariedade, sem esperar remunerações
materiais.
Voluntários são movidos por valores como a
justiça, a igualdade e a liberdade, como
também expresso na declaração das Nações
Unidas. Uma sociedade que oferece assistência
e encoraja vários modos de voluntariado
também seria apta a promover o bem-estar de
seus cidadãos. Uma sociedade que falha em
reconhecer e facilitar as contribuições
voluntárias priva-se de avanços para atingir o
bem-estar social.
Na proclamação do ano internacional dos
voluntários dez anos atrás, a comunidade
internacional reconheceu as contribuições
essenciais que voluntários fizeram para o
progresso, a harmonia e a resiliência (a
capacidade da pessoa se sobrepor e se
construir positivamente frente às adversidades)
das comunidades e nações. Agora, que lutamos
para acelerar o progresso a fim de atingir as
Metas do Milênio para 2015, as ações de
voluntários nem sempre são contabilizadas nas
estratégias de desenvolvimento e algumas
vezes ficam nas margens do debate do
crescimento qualitativo.
O programa dos voluntários das Nações Unidas
tomou a iniciativa de incumbir-se desse
primeiro relatório em voluntariado como uma
maneira de marcar o décimo aniversário do ano
internacional do voluntariado, enfatizando o
potencial ainda não totalmente explorado dos
voluntários. O relatório mostra que a atual
estrutura do desenvolvimento é incompleta se
omitir as contribuições voluntárias.
Nas últimas duas décadas, o Programa de
Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD)
avançou no conceito de desenvolvimento
humano, expandindo as escolhas e as
liberdades das pessoas, e melhorando a
expectativa e a qualidade de vida, dando-lhes
oportunidades para serem educadas e
aproveitarem um bom padrão de vida. Como os
relatórios do desenvolvimento humano vêm
mostrando, desenvolvimento não pode ser
apenas medido com o PIB per capta, mas
também pela extensão de quanto as escolhas
das pessoas se expandiram e pelo crescimento
da qualidade de vida.
O conceito de desenvolvimento humano coloca
as pessoas exatamente no centro do
desenvolvimento. O relatório dos Voluntários
das Nações Unidas também adota esse
conceito, reconhecendo a importância da
realização imaterial para o bem-estar individual
e social. Melhorias materiais – saúde, educação
e trabalhos apropriados – continuam
essenciais; porém, também vital é a
participação e a cidadania ativa das quais os
voluntários são fortemente expressivos.
O relatório do desenvolvimento humano global
de 2010 declarou: “colocar as pessoas no
centro do desenvolvimento significa progredir
com justiça e com uma forte base, capacitando
pessoas a serem participantes ativas nas
mudanças.” O relatório dos Voluntários das
Nações Unidas mostra que o voluntariado é
uma
maneira
efetiva
para
construir
capacidades nas pessoas em todas as
sociedades e em todos os níveis.
No PNUD, acreditamos no suporte para os
países
construírem
suas
instituições,
capacidades e políticas que se dirigirão a
mudanças transformadoras. Para serem
efetivas, políticas precisam tratar de mudanças
profundas. A ação das comunidades pode
ajudar a atingir essa meta.
Esse relatório deve provocar uma discussão e
promover um melhor entendimento com
contribuições do voluntariado para a paz e o
desenvolvimento.
Helen Clark - Administradora, Programa de
Desenvolvimento das Nações Unidas.
Prefácio
O foco desse relatório está nos valores universais que motivam pessoas mundo a fora a serem voluntárias
para o bem comum e no impacto do voluntariado nas sociedades e nos indivíduos. Acreditamos no poder
do voluntariado para promover cooperação, encorajar participação e na contribuição do bem-estar do
indivíduo e da sociedade como um todo.
O voluntariado foi reconhecido como um importante fator para o desenvolvimento dez anos atrás, em
2001, quando 126 membros da Organização das Nações Unidas asseguraram uma resolução geral na
assembleia no final do ano internacional do voluntariado. Essa resolução proporcionou inúmeras políticas
de recomendação para os governos, para as Nações Unidas, Organizações Não Governamentais e outros
organismos para promover e dar suporte ao voluntariado.
Desde então, progressos encorajadores estão sendo feitos através da implementação de algumas dessas
recomendações. Ao mesmo tempo, enquanto fazemos o décimo aniversário do ano internacional do
voluntariado, apenas uma parte dos trabalhos voluntários são reconhecidos. É mais uma reflexão tardia do
que um componente de programas para promover a cidadania e o bem-estar social.
Com esse relatório, esperamos o reconhecimento do voluntariado como um componente essencial para a
sustentação e um justo progresso das comunidades e nações. Com uma rápida mudança no meio social, o
voluntariado torna-se uma constante. Suas formas de expressão podem variar, mas os valores centrais de
solidariedade e engajamento em seu âmago se mantêm fortes e universais. Encontram-se em todas as
culturas e sociedades e são expressões verdadeiras da nossa humanidade.
Está crescendo o reconhecimento da necessidade de mudar nossa produção insustentável e nossos
padrões de consumo. Isso requer vontade política e apoio e adesão dos cidadãos. Voluntariado não é o
remédio para todos os males, porém, é um componente essencial de qualquer estratégia que reconhece
que progresso não pode ser medido por retorno financeiro e que os indivíduos não são motivados por
interesses próprios mas também pelos seus valores e convicções.
Nos capítulos que se seguem, providenciamos numerosos exemplos que demonstram como podem
ocorrer mudanças significativas através das experiências e das produções voluntárias. Mostramos porque
voluntariado é crucial para o desenvolvimento humano. Mais importante, argumentamos que uma
verdadeira sociedade precisa se basear nos valores da confiança, solidariedade e respeito mutuo, o que
inspira todos os voluntários.
Preparando esse primeiro relatório das Nações Unidas sobre voluntariado, listamos várias definições e
metodologias. Estamos cientes de que é preciso promover mais estudos e pesquisas para um melhor
entendimento da natureza dessa expressão humana que é o cuidado e o zelo para com o outro. Esse
relatório representa o começo para um debate maior; não possui uma resposta definitiva. Nos próximos
anos, pretendemos aprofundar nossos conhecimentos sobre as motivações, valores, impactos e extensões
do voluntariado em todo o mundo.
Flavia Pansieri
Coordenadora executiva, Programa de Voluntariado das Nações Unidas
Agradecimentos
Esse relatório é o resultado de um verdadeiro esforço conjunto. Sinceros agradecimentos do VNU àqueles
que contribuíram com seu tempo, conhecimento e experiência. E, como convém a um relatório sobre
voluntariado, a maioria das contribuições são voluntárias, preparado por um grupo central, coordenado
pelo gerente do projeto Aygen Aytac orientado e, supervisionado pela Flavia Pansieri, coordenadora
executiva do Voluntários das Nações Unidas (VNU). O time de pesquisa e escrita, liderado pelo escritor
sênior Robert Leigh, junto ao fundador da ARNOVA, David Horton Smith, da Faculdade de Boston,
Benjamin J. Lough da Universidade de Illinois, Jacob Mwathi Mati da universidade de Witwatersrand,
Debbie Haski-Leventhal da Universidade de Macquarie, e consultores independentes como María José
León, Cornelia Giesing e Sabine Strassburg. O projeto e o suporte administrativo foi provido por Vera
Chrobok e Johannes Bullmann. Lothar Mikulla liderou as atividades de comunicação e advocacia e Paul
Hockenos editou o relatório. Os agradecimentos também vão a Shubh Chakraborty pela sugestão do
design da capa.
Um conselho técnico foi ativamente envolvido apontando os problemas e esboçando seu conteúdo.
Agradecemos aos membros do conselho técnico: Jeffrey Brudney, Anabel Cruz, Lev Jakobson, Amany
Kandil, Thierno Kane, Jeni Klugman, Lucas Meijs, Maureen Nakirunda, Justin Davis Smith and Rajesh
Tandon.
O conselho superior contribuiu com sua visão ampla e ajudou na contextualização do relatório.
Agradecemos aos membros desse quadro por providenciar um inestimável discernimento e sugestões:
Soukeyna Ndiaye Ba, Liz Burns, Marian Harkin, Bruce Jenks, Rima Khalaf, Bernardo Kliksberg, Justin
Koutaba, Miria Matembe, Taimalieutu Kiwi Tamasese e Erna Witoelar.
Um grupo interno de leitores dos Voluntários das Nações Unidas junto aos administradores e ao grupo
técnico foram estabelecidos para tecer comentários do esboço do relatório. Este melhorou muito com suas
sugestões e conselhos. Queremos agradecer: Kwabena Asante-Ntiamoah, Mahamane Baby, Manon
Bernier, Elise Bouvet, Mae Chao, Simona Costanzo-Sow, Peter Devereux, Olga Devyatkin, Francesco
Galtieri, Kevin Gilroy, Naheed Haque, Moraig Henderson, Ibrahim Hussein, Ghulam Isaczai, Allen Jennings,
Tapiwa Kamuruko, Donna Keher, Svend Amdi Madsen, Yvonne Maharoof, Robert Palmer, Jan Snoeks,
Robert Toe, Marco van der Ree, Oliver Wittershagen, Kawtar Zerouali e Veronique Zidi-Aporeigah. Um
grupo interno também deu auxílio: obrigado para Alba Candel Pau, Fabienne Copin, Romain Desclous,
Rafael Martínez, Marguerite Minani e Amina Said.
Os Voluntários das Nações Unidas divulgaram dezenove trabalhos de segundo plano em edições temáticas
relacionados ao voluntariado e sete trabalhos regionais. Queremos agradecer àqueles que nos proveram
de dados e informações ricas: Jody Aked, Emmanuel Asomba, Denise
Bortree, Carol Carter, Kathryn Dinh, Christopher Einolf, Sharon Eng, Snezana Green, Jürgen Grotz, Celayne
Healon-Shrestha, Nicole A. Hofmann, Benedict Iheme, Osama Kadi, Alina Meyer, Kimberly Ochs, René
Olate, John Robinson, Sigfrido Romeo, Lester Salamon, David H. Smith, Lars Svedberg, Rajesh Tandon,
Rebecca Tiessen e Ying Xu (para ver a lista completa de trabalhos divulgados, veja a bibliografia).
Na preparação deste relatório, nove encontros consultivos aconteceram entre outubro de 2010 e fevereiro
de 2011 para tomarmos um pouco de conhecimento sobre pesquisadores de trabalho voluntário;
acadêmicos, líderes da sociedade civil e profissionais liberais que trabalham pelo desenvolvimento em
todo o mundo discutiram ações e temas ligados ao voluntariado. Esses encontros incluíram a sociedade
civil na Alemanha e em outros países na América Latina, América do Norte, Europa ocidental e oriental,
centro-leste e norte da África, ex-colônias francesas e inglesas na África e na região do pacífico da Ásia.
Agradecemos todos os participantes por dividirem suas valiosas experiências, sugestões, estudos regionais
e suas próprias pesquisas. Também queremos agradecer universidades e organizações conveniadas por dar
suporte na participação de seus membros em nossos encontros (veja lista completa dos encontros
consultivos e dos participantes nas próximas páginas)
Os escritórios de representação do PNUD na Turquia, Senegal, Quênia, Tailândia e Argentina, e do
escritório do VNU em Nova York apoiou a organização de reuniões de consulta regionais. A Comisión
Cascos Blancos (Comissão dos Capacetes Brancos) da Argentina e o instituto de pesquisas TUSSIDE da
Turquia deu apoio a organização de reuniões em Buenos Aires e em Istambul respectivamente. A reunião
de consulta multi-regional na Turquia foi financiada pela Comissão Europeia. Estamos gratos pelo apoio
financeiro.
Os Grupos envolvidos com o PNUD geraram uma gama de idéias e exemplos úteis através discussões
online sobre vários temas relacionados com o voluntariado. Os Grupos relacionados com Gênero, Redução
do Risco de Desastres, HIV / AIDS, Meio Ambiente, e Prevenção de Conflitos e Recuperação merecem
menção especial.
Os dados e as estatísticas utilizadas neste relatório desenham significativamente nas bases de dados de
outras organizações para que foram autorizados generoso acesso. Neste contexto, gostaríamos de
agradecer Richard Harrison, diretor de pesquisa da Charities Aid Foundation, em Londres, e Andrew Rzepa
do GALLUP por nos dar esse acesso.
Durante o curso do projecto, um número de estagiários dedicados apoiaram a nossa equipe: Collins
Fomukong Abie, Abdalhadi Alijla,Bárbara Bécares Castaño, Bowen Cao,Piyush Dhawan, Geline Alfred Fuko,
Carly Garonne, Miles Hookey, Ika RiniIndrawati, AuroraGomez Jimenez, Aivis Klavinskis, Parul Lihla,Amrita
Manocha, Evgenia Mitroliou, Hiromi Morikawa, Victor Bakhoya Nyange,
Valentina Primo, Liam Puzzi and Rafael Tahan.
O
relatório
também
se
beneficiou
do
apoio
de
vários
voluntários
on-line
de
todo
o
mundo: Frank Brockmeier, Jorge Carvajal, Audrey Desmet, Arit Eminue, Camilla Eriksson, Monica Figueroa,
Sophie Guo, Carolina Henriques,Ali Hentati, Jae Hyeon Park, Ahsan Ijaz, Syed Ijaz, Hussain Shah, Marina
Jousse, Wenni Lee, Natalia Markitan, Leire Martinez Arribas, Lucia Martinkova, Luana Mulugheta, Saki
Nagamone,Joanna Pilch, Montasir Rahman, Mara Romiti, Britta Sadoun, Christopher Sam,Divya Sharma,
Feiru Tang, Aneliya Valkova e Jennifer Walsh.
A APA Journals nos deu apoio contínuo com informação no estilo APA, utilizado nas referências deste
relatório.
O VNU gostaria de agradecer a todos os contribuintes.
Contribuições
Soukeyna Ndiaye Ba - Direção Executiva,
Rede Internacional de Instituições Financeiras Alternativas, Dakar, Senegal
Elizabeth Burns - Presidente do Former World, Associação Internacional de Esforços Voluntários (IAVE),
Reino Unido
Marian Harkin - Membro Independente do
Parlamento Europeu, Irlanda
Bruce Jenks - Membro Sênior Não- residente,
Universidade de Harvard, Estados Unidos
Rima Khalaf - Secretário Executivo, Comissão Econômica e Social para a África Ocidental, Beirute, Líbano
Bernardo Kliksberg - Consultor Sênior para o Director do Gabinete para Políticas de Desenvolvimento,
PNUD, Argentina
Justin Koutaba - Professor de Filosofia, Universidade de Ouagadougou, Burkina Faso
Miriam Matembe - Fundador e membro do conselho, Centro para as mulheres na governança, Kampala,
Uganda
Taimalieutu Tamasese Kiwi – Coordenador da Seção do Pacífico, Centro da Família, Nova Zelândia
Erna Witoelar - Presidente, Consórcio de Filantropia Ásia-Pacífico, Indonésia
Membros de Conselheiros técnicos
Jeffrey Brudney – Ocupa a cadeira Albert A. Levin de Estudos Urbanos e Serviço Público, Faculdade Levin
de Assuntos Urbanos, Universidade do Estado de Cleveland, Estados Unidos
Anabel Cruz – Diretor, Instituto de Comunicação e Desenvolvimento, Montevidéu, Uruguai
Lev Jakobson – Primeiro Vice-Reitor, Escola Superior de Economia, Universidade Estadual, Moscou, Rússia
Amany Kandil – Diretor Executivo, Rede Árabe para ONGs, Cairo, Egito
Thierno Kane – Ex-Diretor, Divisão de Organizações da Sociedade Civil PNUD, Dakar, Senegal
Jeni Klugmann – Ex-Diretor, Escritório de Relatórios de Desenvolvimento Humano do PNUD, Nova York,
Estados Unidos
Lucas Meijs – Professor, Escola de Gestão de Rotterdam na Universidade Erasmus, Rotterdam, Holanda
Maureen Nakirunda – Assistente de Pesquisas, Centro de Pesquisa Básica, Kampala, Uganda
Justin Davis Smith – Chefe Executivo, Voluntariado Inglaterra, Londres, Reino Unido
Rajesh Tandon – Presidente, Sociedade de Pesquisa Participativa na Ásia, Nova Deli, Índia
Reuniões de Consulta
Reunião de Consulta Multi-Regional
(Europa Ocidental, Europa Oriental / CEI, Oriente Médio e Norte da África), Turquia, 29-30 outubro 2010
Europa Ocidental
Cliff Allum (CEO, Skillshare International, Reino Unido); Aurélie Beaujolais (Coordenador, Comité de Ligação
de ONGs e Voluntário, França); Rene Bekkers (Professor adjunto, Departamento de Estudos Filantrópicas,
VU Universidade de Amsterdã,Holanda); Steffen Bethmann (Pesquisador, Centro para estudos
filantrópicos, Universidade de Basel, Suíça); Thilo Boeck (Assistente de pesquisas Sênior, Centro de Ação
Social, Universidade De Montfort, Escola de Ciências Sociais Aplicadas, Reino Unido); Angeliki Boura
(Assessor Especial do Secretário-Geral da Juventude, Secretaria da Juventude, Grécia); Matthew Hill
(Pesquisador, Instituto de Pesquisa Voluntariado, Reino Unido); Lesley Hustinx (Professor Assistente do
Departamento de Sociologia, Universidade de Ghent, Bélgica); Liz Lipscomb (Chefe de Pesquisa, Charities
Aid Foundation, Reino Unido); Deirdre Murray (Diretor, Comhlámh, participando em nome do
FORUM,Irlanda); Colin Rochester (Pesquisador Sênior, Centro para o Estudo do voluntariado e ativista
comunitário, Universidade de Roehampton, Reino Unido); Boguslawa Sardinha (Professor adjunto, Escola
Superior de Ciências Empresariais, Instituto Politécnico de Setubal, Portugal); Lars Svedberg
(Professor/Diretor de Pesquisas,Instituto de Estudos da Sociedade Civil, Universidade Ersta Sköndal,
Suécia); Agnes Uhereczky (Diretor, Associação de Organizações de Serviço Voluntário, Bélgica); Annette
Zimmer (Diretor, Instituto de Ciências Políticas, Universidade de Münster, Alemanha).
Leste Europeu/CEI
Indrė Balčaitė (Analista, Instituto de Administração de Políticas Públicas, Lituânia); Galina Bodrenkova
(Fundador e Presidente da Casa de Caridade de Moscou / Representante Nacional da IAVE na Rússia);
Astrit Istrefi (Coordenador de Projetos, Saferworld, Kosovo (Sérvia)); Nikica Kusinikova (Diretor Executivo,
Konekt, a Antiga República Iugoslava da Macedónia); Anna Mazgal (Diretor Internacional, Federação
Nacional de ONGs polonesas, Polônia); Ferdinand Nikolla (Diretor Executivo, Fórum de Iniciativas Cívicas,
Kosovo (Sérvia)); Miroslav Pospisil (Director, Centro para a pesquisas do Terceiro Setor, República Tcheca);
Steve Powell (Presidente e Pesquisador Sênior, proMente, Bósnia e Herzegovina); Lejla Sehic Relic
(Gerente, Volonterski Centar Osijek, Croácia); Kuba Wygnanski (Expert, KLON/JAWOR Association,
Associação, para a Investigação Social e Inovação de Estaleiro, na Polônia); Igor Germanovich Zakharov
(Webmaster Consultor, Sozidanie Foundation, Federação Russa); Elena Zakharova (Diretor Executivo,
Sozidanie Foundation, Federação Russa).
Oriente Médio e Norte da África
Hadeel Al-Ali (Diretor, Comissão da Juventude Voluntária da Síria); Khalid S. Al-Ghamdi( (Organização sem
fins lucrativos) Consultor de Tecnologia e Pesquisador, MEDAD Center, Centro Internacional dePesquisas e
Estudos, Arábia Saudita); Rana Al Hariri (Programa de Assistente, Federação Internacional das Sociedades
da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, Líbano); Abdel Rahim Belal (Diretor, Fundação Friedrich Ebert,
Sudão); Farah Cherif D’Ouezzan (Fundador da Associação Thaqafat, fundador e diretor do Centro de
Aprendizagem Cruz Cultural, Marrocos);Hür Güldü (Coordenador, Primeiro-Ministro Organização de
Planejamento Estatal, Centro de Programas de Educação e Juventude para a UE, Agência Nacional,
Turquia); Osama Kadi (Co-fundador e presidente, Centro sírio de Estudos Políticos e Estratégicos, Estados
Unidos); Salma Kahale (Executivo Sênior de Assistência, projetos e iniciativas Escritório da Primeira-Dama,
Síria); Najwa Kallas (Programa associado na Agenda dos Projetos da Juventude da Primeira- Dama, Síria);
Hagai Katz (Diretor, Centro israelita de Pesquisa do Terceiro Setor, Universidade Ben-Gurion do Negev,
Israel).
Reunião de Consulta da Sociedade Civil, Alemanha
Stefan Agerhem (Diretor Sênior, Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente
Vermelho /Cruz Vermelha Sueca); Ibrahim Betil (Presidente, TOG – Voluntários da Comunidade, Turquia);
Elizabeth Burns (Ex-Presidente Mundial da Associação Internacional de Esforços Voluntários, Reino Unido);
Jacqueline Butcher-Rivas (Presidente, CEMEFI, Centro de Filantropia Mexicano, México); Mei Cobb (VicePresidente, Voluntários e Funcionários Engajados, United Way Worldwide, Estados Unidos); Kate Cotton
(Coordenador do Voluntariado Nacional, Serviço Voluntário Além-mar, Reino Unido); Philippe Fragnier
(Unidade de Conhecimento de Gestão do Programa de Voluntariado Uniterra, CECI e WUSC, Canadá);
Tuesday Gichuki (Diretor Executivo, NAVNET, Quênia); Rosemary Hindle (Executivo de Desenvolvimento Relações Exteriores, Associação Mundial de Guias e Escoteiras Femininas, Bélgica); Jeffery Huffines
(Representante das Nações Unidas, CIVICUS,Estados Unidos); Viola Krebs (Fundador e Diretor Executivo,
ICVolunteers, Suíça); Eva Mysliwiec (Fundador e Diretor Executivo,Juventude Estrela do Camboja); Mike
Naftali (Fundador e Presidente, Brit Olam (Voluntariado e Desenvolvimento Internacional / Conselho
Nacional de Voluntarismo, Israel); Kumi Naidoo (Diretor Executivo, Greenpeace Internacional, Holanda);
Cary Pedicini (CEO, Voluntariado da Austrália, Austrália); Taimalieutu Kiwi Tamasese( Coodenador da Seção
do Pacífico, Centro da família, Nova Zelândia); Francesco Volpini (Diretor, Coordenação do Comitê para o
Serviço Voluntário Internacional, França); Saâd Zian (Diretor de Desenvolvimento Voluntário,Organização
Mundial do Movimento Escoteiro, Suíça).
Reunião de Consulta Regional da América do Norte
Douglas Baer (Professor, Departamento de Sociologia, Universidade de Victoria, Canadá); Thomasina
Borkman (Professor de Sociologia Emérita, Universidade George Mason, Estados Unidos); Jeffrey Brudney
(Ocupa a cadeira Albert A. Levin nos Estudos Urbanos e Serviço Público, Faculdade Levin de Assuntos
Urbanos, Universidade do Estado de Cleveland, Estados Unidos); Carol Carter (Consultor Principal,
Consultoria IVA, Estados Unidos); Lilian Chatterjee (Diretoria Geral,Consultas e Alcances, Políticas de
Estratégia e Desempenho no ramo, Agência Internacional de Desenvolvimento Canadense, Canadá); Ernest
Gilmer Clary (Professor, Departamento de Psicologia, Faculdade de St. Catherine, Estados Unidos); Ram A.
Cnaan (Presidente ARNOVA, Professor e Reitor Associado Sênior, Universidade da Pensilvânia, Estados
Unidos); Kathleen Dennis (Diretora Executiva, Associação Internacional do Esforço Voluntário,Estados
Unidos); Christopher J. Einolf (Professor Assistente, Escola de Serviço Público, Universidade DePaul,
Estados Unidos); Susan J. Ellis (Presidente, Energize Inc.,Estados Unidos); Barney Ellis-Perry (Conselheiro
Estratégico, Voluntariado de Vancouver /Escritório de Estratégias Exteriores, Universidade British
Columbia, Canadá); Megan Haddock (Coordenação de Pesquisas para Projetos Internacionais, Centro para
Estudos da Sociedade Civil, Universidade Johns Hopkins,Estados Unidos); Michael H. Hall (Reitor,
Estratégias de Impacto Social, Canadá); Femida Handy (Professor, Escola de Políticas e Práticas Sociais,
Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos); David Lasby (Pesquisador Associado Sênior, Imagine Canadá,
Canadá); Nancy Macduff (Treinadora e Consultora, Macduff/Bunt Associates, Faculdade, Universidade do
Estado de Portland, Estados Unidos); Julie Fisher Melton (Associado, Escritório do Programa Aposentado,
Fundação Kettering, Estados Unidos); Brandee Menoher (Diretor de Avaliação/Grau de Performance,
Instituto Pontos de Luz, Estados Unidos); Rick Montpelier (Especialista em Operações e Programas, Corpo
da Paz, Estados Unidos); Danny Pelletier (Diretor de Programas e Parcerias, CUSO-VSO, Canadá); Victor
Pestoff (Professor Convidado, Instituto de Estudos da Sociedade Civil, Universidade Ersta Skondal, Suécia);
Jack Quarter (Professor e Diretor, Centro de Economia Social, Universidade de Toronto, Canadá); David Ray
(Chefe de estratégia e políticas públicas, Instituto Pontos de Luz, Estados Unidos); Sarah Jane Rehnborg
(Direção Associada para Planejamento e Desenvolvimento, RGK Centro de Filantropia e Serviço
Comunitário, LBJ Escola de Assuntos Públicos, Universidade do Texas,
Estados Unidos); Lester Salamon (Diretor, Centro de Estudos da Sociedade Civil, Universidade Johns
Hopkins, Estados Unidos); Sarah Saso (Direção, Relações Comunitárias, Companhia Financeira Manulife,
Canadá); Elizabeth Specht (Direção Executiva, Voluntários de Richmond, Canadá); Robert A. Stebbins
(Professor, Departamento de Sociologia, Universidade de Calgary, Canadá); Richard A. Sundeen (Professor
Emérito, Escola de Política, Planejamento e Desenvolvimento, Universidade do Sul da Califórnia, Estados
Unidos); John Wilson (Professor Emérito, Departamento de Sociologia, Universidade Duke, Estados
Unidos).
Reunião de Consulta Regional África francófona, Senegal
Ibrahim Ag Nock (Coordenador Nacional,Centro para a Promoção Nacional do Voluntariado para a Paz e
Desenvolvimento, Mali); Gustave Assah (Presidente, Comissão Cívica para África, Projeto OSC/PNUD,
Benin); Kossi Ayeh (Secretário Geral, Frères Agriculteurs et Artisans pour le Développement, Togo); Thierno
Kane (Ex-Diretor, PNUD Divisão para a Sociedade Civil, e Membro, Quadro de Conselheiros técnicos
UNV/SWVR, Senegal); Flavien Munzuluba Kinier (Secretário Nacional do Voluntariado, Ministério do
Planejamento, República Democrática do Congo); Zélia Leite Rodrigues (Diretor, Programa Nacional de
Voluntários, Cabo Verde); Ibrahim Patingde Alassane Ouedraogo (Diretor - Geral, Programa Nacional de
Voluntários Burkina Faso); Benoit Ouoba (Secretário Executivo, Tin Tua, Burkina Faso); Rodolphe Soh
(Diretor de Protecção Social para Pessoas com Deficiência e Pessoas mais velhas,
Ministério dos Assuntos Sociais, Camarões); Saadé Souleye (Ex-Ministro de Planejamento e
Desenvolvimento Regional e Desenvolvimento Comunitário, Níger); Papa Birama Thiam (Diretor,
Assistência Técnica, Senegal).
Reunião de Consulta Regional África anglófona, Quênia
Raymonde Agossou (Chefe da Divisão de RH e Desenvolvimento da Juventude, da Comissão da União
Africana, Etiópia); Fatma Alloo (Fundador, Associação da Tanzânia de Mídia da Mulher, Tanzânia); Salmina
E. Jobe (Coordenador Nacional, Centro de Projeto Nacional de Serviços Voluntários, Gâmbia); Eve
Lwembe-Mungai (Assessor de Desenvolvimento Voluntário, VSO Jitolee, Quênia); Winnie Mitullah
(Professor Pesquisador Associado, Universidade de Nairobi, Quênia); Esther Mwaura-Muiru (Coordenador
Nacional, GROOTS Kenya, Quênia); Dieudonné Nikiema (Especialista em Capacitação, da Comissão
CEDEAO, Nigéria); Frances Birungi Odong (Diretor de Programas, UCOBAC, Uganda); Morena J. Rankopo
(Conferencista,Coordenador de RSU, da Universidade de Botswana, Botswana); Murindwa Rutanga
(Professor, Universidade Makerere
/CODESRIA Representante, Uganda); Joyce Shaidi (Diretor,
Departamento de Desenvolvimento do Jovem, Ministério da Informação, Cultura, Juventude e Desporto,
Tanzânia); Benon Webare (Consultor, Desenvolvimento Profissional de Consultores Internacionais,
Uganda); Susan Wilkinson-Maposa (Consultoria, África do Sul).
Reunião de Consulta Regional Ásia-Pacífico, Tailândia
Vinya Ariyaratne (Secretário Geral, Movimento Sarvodaya Shramadana, Sri Lanka); Tim Burns (Diretor
Executivo, Voluntariado Nova Zelândia, Nova Zelândia); Kin-Man Chan (Diretor do Centro de Estudos da
Sociedade Civil / Professor Adjunto de Sociologia, da Universidade Chinesa de Hong Kong, China); Kathryn
Dinh (Consultor de Desenvolvimento Internacional, na Austrália); Yashavantha Dongre (Professor,
Coordenador de Projetos em Terceiro Setor da Universidade de Mysore, na Índia); Debbie Haski-Leventhal
(Professor Sênior, Escola de Graduação em Gestão Macquarie, Universidade Macquarie, Austrália);
Chulhee Kang (Professor, Escola da Previdência Social, Universidade Yonsei, República da
Coréia); Kang-Hyun Lee (Presidente, Associação Internacional de Esforços Voluntários, República da
Coréia); Corazon Macaraig (Chefe do Escritório de Serviço Voluntário,
Agência de Coordenação em Serviço Voluntário Nacional, Filipinas); Phra Win Mektripop (Comissão, Rede
do Espírito Voluntário, Tailândia); Malanon Nuntinee (Secretaria, Centro Voluntário, Universidade
Thammasat, Tailândia); Pooran Chandra Pandey (Diretor, Times Foundation, Times Group, da Índia); Rajesh
Tandon (Presidente, Sociedade de Pesquisa Participativa na Ásia, Índia); Erna Witoelar (Presidente,
Consórcio de Filantropia Ásia-Pacífico, Indonésia); Naoto Yamauchi (Professor de Economia Pública, Escola
de Osaka de Políticas Públicas Internacionais, Universidade de Osaka, Japão); Zhibin Zhang (Professor
Assistente, Universidade Tecnológica Nanyang, Cingapura).
Reunião de Consulta Regional América Latina, Argentina
Bruno Ayres (Diretor, Redes V2V, Brazil); Analía Bettoni Schafer (Coordenação de Área de Projeto, Instituto
de Comunicação e Desenvolvimento, Uruguai); Fernanda Bornhausen Sá (Presidente, Instituto Voluntários
em Ação, Brasil); Jacqueline Butcher-Rivas (Membro do Conselho, CEMEFI, México); Laura Carizzoni
(Assistente, Comissão dos Capacetes Brancos, Argentina); Geovanna Collaguazo (Voluntário e Coordenador
Nacional da Juventude, Cruz Vermelha, Equador); Gabriel Marcelo Fuks (Presidente, Comissão dos
Capacetes Brancos, Argentina); Marcela Jiménez de la Jara (Conselheiro Sênior, Centro de Estudos da
Sociedade Civil, Universidade Johns Hopkins, Estados Unidos); Mariana Lomé (Coordenação, Programa de
Graduação de Organizações sem fins lucrativos, da Universidade de San Andrés, CEDES, Argentina); Raúl
Edgardo Martínez Amador (Major, Voluntários do Corpo de Bombeiros, Distrito Central de Comayaguela,
Honduras); Carolina Munín (Assistente, Comissão dos Capacetes Brancos, Argentina); Marta Muñoz
Cárdenas (Vice-Direção, Christian Youth Association, Confederação de ONG colombiana , Colômbia); Juan
Carlos Nadalich (Coordenador Técnico do Conselho Nacional para a Coordenação de Políticas Sociais,
Argentina); René Olate (Pesquisador, Faculdade de Trabalho Social, Universidade do Estado de Ohio,
Estados Unidos);Felipe Portocarrero (Reitor,Universidade do Pacífico, no Peru); Mario Roitter (Pesquisador,
Centro de Pesquisa do Estado e da Sociedade, Argentina); Javiera Serani (Diretor Regional para o México e
o Caribe, Fundação Um Teto para meu País, Chile); Cecilia Ugaz (Representante Residente Adjunto, PNUD,
Argentina); Carlos Eduardo Zaballa (Coordenador VNU, Comissão dos Capacetes Brancos, Argentina).
Acrônimos
BwB Banqueiros sem Fronteiras
CEPAL Comissão Econômica para América Latina
e Caribe
HIV/AIDS Vírus da Imunodeficiência Humana e
Síndrome da Imunodeficiência adquirida
IAVE Associação Internacional para o Esforço
Voluntário
CHW Agente comunitário de saúde
CEI Comunidade dos Estados Independentes
CNP Projeto Comparativo Johns Hopkins sobre
Setor não-lucrativo
ICNL Centro Internacional para
Organizações sem Fins Lucrativos.
Legislação
ICNPO
Classificação
Internacional
Organizações Não Lucrativas
das
CSI Índice da Sociedade Civil
ICT Informação Científica e Tecnológica
CSO Organização da Sociedade Civil
RSC Responsabilidade Social Corporativa
FIDA Fundo Internacional de Desenvolvimento
Agrícola
CUSO Serviço
Canadense
FICV Federação Internacional das Sociedades da
Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho
Exterior
da
Universidade
DFID Departamento Para o Desenvolvimento
Internacional, Reino Unido
IKS Sistemas de Conhecimentos Indígenas
OIT Organização Internacional do Trabalho
RRD Redução do Risco de Desastres
OIM Organização Internacional para as Migrações
EACEA Agência Executiva relativa à Educação, ao
Audiovisual e à Cultura
CEDEAO Comunidade Econômica dos Estados da
África Ocidental
ISO Organização Internacional para
UIT União Internacional de Telecomunicações
IVS Serviço Internacional dos Voluntários
UE União Européia
IYV Ano Internacional dos Voluntários
EVP Programa de Voluntariado empregado
(Employee Volunteer Program)
MARWOPNET Rede das Mulheres da União do
Rio Mano para a Paz
FBO Organização de base religiosa
ODM Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
FOCSIV Federação das Organizações Cristãs de
Serviço Voluntário Internacional
MRU União Do Rio De Mano
PIB Produto Interno Bruto
ONG Organização Não-Governamental
GWP Pesquisa Gallup
PEDN Plano Estratégico de Desenvolvimento
Nacional
HDR Relatório para o Desenvolvimento Humano
NVM Movimento do Voluntário Nacional
OCDE Organização para a
Desenvolvimento Económico
Cooperação
e
SADNET Rede Tecnológica da África Sulista em
Estiagem (The Southern Africa Drought
Technology Network)
UNESCO Organização das Nações Unidas para a
educação,ciência e cultura
UNGC Pacto Global das Nações Unidas
UNGA Assembleia Geral da ONU
SIF Fundação Internacional de Singapura
SMS Serviço de Mensagem Curta
SWVR Relatório do Estado do Voluntariado no
Mundo
TICA Agência Tailandesa de Cooperação
Internacional para o Desenvolvimento
UN IANWGE Agência sobre Mulheres e Igualdade
de Gênero
UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância
UNISDR Estratégia Internacional para Redução de
Desastres
UNSC Conselho de Segurança das Nações Unidas
ONU Organização das Nações Unidas
VNU Programa de Voluntários das Nações Unidas
UNCCD Convenção das Nações Unidas de
Combate à Desertificação
UNCDF Fundo das Nações Unidas para o
Desenvolvimento do Capital
UPS United Parcel Service (maior empresa de
logística do mundo)
USAID Agência dos Estados Unidos para o
Desenvolvimento Internacional
UNDESA Departamento das Nações Unidas de
Assuntos Econômicos e Sociais
VSO Serviço voluntário no ultramar
PNUD O Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento
WANEP Rede da África Ocidental para a
Construção da Paz
PNUMA Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente
OMS Organização Mundial da Saúde
Conteúdo
EQUIPE DO RELATÓRIO SOBRE O ESTADO DO VOLUNTARIADO NO MUNDO
PRÓLOGO pelo Administrador, PNUD
PREFÁCIO pelo Coordenador Executivo, VNU
AGRADECIMENTOS
CONTRIBUIÇÕES
ACRÔNIMOS
CONTEÚDO
PANORAMA
Voluntariado no mundo atual
Novas faces do Voluntariado
Voluntariado e o paradigma de desenvolvimento
CAPÍTULO 1 Voluntarismo é universal
Voluntarismo e os valores tradicionais
Voluntariado despercebido
O que é o Voluntarismo?
Como o voluntarismo é expresso?
Equívocos comuns sobre voluntariado
Conclusões e discussões
CAPÍTULO 2 Tomando as medidas do voluntariado
Por que mensurar o voluntarismo?
Diversas medidas de voluntariado
Estudos Nacionais de Voluntários
Seguindo uma medida global: destacando a iniciativa de medição internacional
Estudo da Comissão Europeia
Pesquisa Gallup (GWP)
Pesquisa sobre Valores Mundiais (WVS)
Projeto Comparativo Johns Hopkins sobre Setor não-lucrativo (CNP)
CIVICUS Índice da Sociedade Civil (CSI)
O Manual para a Mensuração do Trabalho Voluntário
Conclusões e discussões
CAPÍTULO 3 Voluntarismo no século XXI
Introdução
Voluntarismo e tecnologia
Voluntarismo e as tecnologias de comunicação móvel
Voluntarismo e a Internet
Voluntarismo Internacional
Voluntarismo e o setor privado
Conclusões e discussões
CAPÍTULO 4 Meios de Subsistência Sustentáveis
Introdução
O que são meios de subsistência sustentáveis?
Voluntariado e o capital social
Voluntariado e o capital humano
Voluntariado e o capital natural
Voluntariado e o capital físico
Voluntariado e os bens financeiros
Voluntariado e os bens políticos
Conclusões e discussões
CAPÍTULO 5 O voluntariado como uma força para a inclusão social
O que é inclusão social?
Os níveis de inclusão social
Inclusão social dos grupos através do voluntariado
Mulheres
Jovens
Pessoas mais velhas
Pessoas com deficiência
Migrantes 5
Pessoas que convivem com HIV/AIDS
Conclusões e discussões
CAPÍTULO 6 Voluntariado, coesão e gestão de conflitos
Introdução
Coesão Social e conflito violento
Voluntariado e a prevenção de conflito
Voluntariado durante conflitos
Voluntariado na sequência do conflito
Voluntariado e a promoção da paz
Mulheres
Jovens
Conclusões e discussões
CAPÍTULO 7 Voluntariado e Desastres
Introdução
Desastres e desenvolvimento
Múltiplas funções de voluntariado em situações de desastres
Antes de um desastre
Prevenção e mitigação de desastres
Preparação para desastres
Resposta aos desastres
Voluntariado e recuperação
Conclusões e discussões
CAPÍTULO 8 . Voluntariado e Bem-estar
Introdução
Voluntariado e bem-estar individual
Voluntariado e bem estar da comunidade
Bem-estar e política
Conclusões e discussões
CONCLUSÃO . O caminho a seguir
Introdução
É o momento certo
NOTAS
REFERÊNCIAS
QUADROS
O.1 O voluntariado como um componente valioso de planos de desenvolvimento
O.2 O voluntariado como uma âncora em face das mudanças globais
1.1 As formas tradicionais de voluntariado
1.2 Voluntários em previsões meteorológicas
1.3 Ensinar os pobres na Índia
1.4 Cooperativas de agricultores ajudam agricultores da Zâmbia a sobreviver e prosperar
1.5 Primavera árabe - Egito em Cores
1.6 Parceria Pública e Comunitária contra a pobreza e a tuberculose
1.7 Filantropia africana - uma forte tradição
1.8 De construção de casas a uma cidadania ativa
1.9 Promoção de leis e políticas que apóiam o voluntariado
2.1 Valores voluntários
2.2 Usando calendários da comunidade para medir o valor do voluntariado
2.3 Além do valor econômico
2.4 Jovens Voluntários da União Africana
2.5 Primeiro levantamento do voluntariado em Bangladesh
2.6 De construção de casas a uma cidadania ativa
2.7 Melhores Práticas na medição do voluntariado
3.1 Monitoramento de eleições por SMS
3.2 Voluntariado Online
3.3 Voluntariado online livre para quem desejar
3.4 Micro-Voluntariado da Kraft Foods
3.5 Amigos da Tailândia no Butão
3.6 JICA Voluntários Sênior
3.7 Programa Voluntário da Diáspora Etíope
3.8 Necessidade de princípios e valores nos negócios
3.9 Empregado voluntariado e os ODM
3.10 Voluntariado Corporativo
3.11 Banqueiros sem Fronteiras
3.12 Aproximando pessoas e causas
4.1 Motoristas de táxi do Camboja ajudam a combater a malária
4.2 Educação para a construção de capital humano
4.3 Santuários dos moluscos tonganeses gigantes
4.4 Voluntários da comunidade assumindo a liderança
4.5 Voluntariado transfronteiriço na Mexican Hometown Associations
4.6 Voluntariado para a equidade de gênero na América Latina
5.1 Voluntarismo é um comportamento social
5.2 Aposentado e engajado
5.3 Ajuda tradicional no Brasil – mutirão
5.4 A participação política dos povos indígenas
5.5 Conselho Pastoral das Mulheres Maasai
5.6 Aumentando a empregabilidade dos jovens na Bósnia e Herzegovina
5.7 Tem facilidade – vá ser voluntário
5.8 Imigrante voluntariado: Nova Zelândia
5.9 Falando Positivo sobre HIV: China
6.1 Criando pontes entre fronteiras étnicas
6.2 Organização do Voluntariado Muçulmano nas Filipinas
6.3 Comunidade se voluntariando pela paz
6.4 Mulheres que lutam para serem ouvidas
6.5 Juventude Promover a recuperação pós-conflito na Libéria
7.1 Boas práticas para a resiliência da comunidade
7.2 Voluntários em alerta para salvar vidas
7.3 Terremoto em Christchurch: voluntários de todos os tipos
7.4 Resposta precoce no Haiti
7.5 A recuperação de desastres e o espírito gotong royong
8.1 Felicidade Nacional Bruta no Butão
8.2 Voluntariado e bem-estar individual
8.3 Bem-estar através do voluntariado no Brasil
8.4 Vivendo bem
C.1 Reconhecendo a contribuição do voluntarismo
FIGURAS
FIGURA 2.1 Se os voluntários fossem uma nação
FIGURA 2.2 Valor do trabalho voluntário como proporção do PIB
FIGURA 2.3 CIVICUS Diamante da Sociedade Civil
O VOLUNTARIADO É UNIVERSAL
CAPÍTULO 1
O voluntariado é universal
O voluntariado é uma expressão do envolvimento do indivíduo na sua comunidade. Participação,
confiança, solidariedade e reciprocidade, baseado em um entendimento compartilhado e no senso das
obrigações em comum, são valores que se reforçam mutuamente no coração do governo e da boa
cidadania. O voluntariado não é um vestígio nostálgico do passado. É a nossa primeira linha de defesa
contra a fragmentação social em um mundo globalizado. Hoje, talvez mais do que nunca, cuidar e
compartilhar é uma necessidade, não um ato de caridade.
VNU (Novembro, 2000)
O voluntariado e os valores tradicionais
O voluntariado é uma das expressões mais básicas do comportamento humano e surge das antigas
tradições de partilha e trocas mútuas, que há muito tempo já foram estabelecidas. No seu núcleo estão os
relacionamentos e o seu potencial para engrandecer o bem-estar dos indivíduos e da comunidade. A
coesão social e a confiança, por exemplo, prosperam onde o voluntariado é prevalente. O voluntariado
não é apenas a coluna vertebral das organizações da sociedade civil, social e dos movimentos políticos,
mas também da saúde, educação, habitação e programas ambientais e uma série de outros segmentos da
sociedade, programas do setor público e privado em todo o mundo. É uma parte integrante de toda a
sociedade.
No coração desse relatório estão valores. Em muitas comunidades ao redor do mundo, sistemas estão
profundamente enraizados, caracterizados pela solidariedade, compaixão, empatia e respeito pelos
outros, muitas vezes expressos por meio da doação de tempo. O voluntariado também expressa o desejo
de agir nos sentimentos de justiça e imparcialidade diante da desigualdade e promover a harmonia social,
baseado em um interesse comum no bem-estar da comunidade. Na maioria dos idiomas, há palavras que
expressam o conceito de voluntariado. Frequentemente inspirado pelas
tradições indígenas, elas descrevem os principais caminhos pelos quais as pessoas coletivamente aplicam
suas energias, talentos, conhecimentos e outros recursos para o benefício mútuo. O ato de voluntariar-se é
bem conhecido por todo o mundo, mesmo que a palavra não seja.
Quadro 1.1: As formas tradicionais de voluntariado
Em muitos países, o voluntariado está profundamente enraizado nas crenças tradicionais e nas práticas da comunidade. Na
Noruega, por exemplo, o termo Dugnad descreve o coletivo do trabalho voluntário: um projeto tradicional de cooperação
dentro de um grupo social como família, vizinhança, comunidade, região, área profissional ou nação. Um exemplo é a
limpeza das áreas urbanas na primavera.
Dugnad é justamente a doação de tempo ou dinheiro. É também o
desenvolvimento do senso de comunidade e a construção de relacionamentos entre vizinhos e membros da comunidade.
No mundo árabe, o voluntariado tem sido associado a ajudar as pessoas nas celebrações ou em momentos difíceis e é
considerado um dever religioso e um trabalho beneficente. O voluntariado em árabe é (tatawa’a) ( ‫ ) عوطت‬que significa
doar algo. Também significa comprometer-se com uma atividade beneficente que não seja uma exigência religiosa. Surgiu
da palavra (al-taw’a) ( ‫ ) عوط ال‬que significa obediência, suavidade e flexibilidade. O conceito está adquirindo novas formas
como resultado da modernização e do desenvolvimento das instituições governamentais e não-governamentais.
Na África Austral, o conceito de Ubuntu define o indivíduo em relação aos outros. Nas palavras de Nelson Mandela: “Um
viajante que passa por um país pararia em uma vila e não precisaria perguntar por comida ou água. Uma vez que ele para,
o povo entrega-lhe comida, o entretem. Isso é um aspecto do Ubuntu, mas ele terá muitos aspectos. O Ubuntu não significa
que as pessoas não devem enriquecer-se. A questão, portanto, é: Você vai fazer isso para permitir que a comunidade ao
seu redor seja capaz de melhorar?”
Fontes: Haugestad. (25-30 de julho de 2004); Leland. (29 de agosto de 2010); Mandela. (1 de junho de 2006); Nita
Kapoor,[Diretora geral, Fredskorpset (FK Norway)], Comunicação Pessoal. (27 de julho de 2011); Shatti. (2009).
Relatório do estado do voluntariado mundial 2011
Por exemplo, elementos da filosofia do Ubuntu, comum por toda a África Austral, são encontrados em
muitas tradições ao redor do mundo. O Ubuntu valoriza o ato de cuidar do bem-estar alheio no espírito de
apoio mútuo. É baseado no reconhecimento da dignidade humana, relacionamentos em comum, valores
humanos e respeito pelo meio ambiente e os seus recursos. ² Como um papel oficial do governo sul
africano explica: “Cada bondade de um indivíduo é perfeitamente expressa por meio do seu
relacionamento com os outros. O Ubuntu significa que pessoas são pessoas através de outras pessoas.
Também reconhece os direitos e as responsabilidades de cada cidadão em promover o bem-estar
individual e social.”
O voluntariado voando sob o radar
O voluntariado ainda voa em grande parte sob o radar dos políticos preocupados com a paz e o
desenvolvimento, apesar de uma década da legislação intergovernamental adotada pela Assembleia Geral
das Nações Unidas. O engajamento voluntário já é tão importante que muitas sociedades teriam
dificuldades para funcionar sem ele. Uma imagem significativa é fornecida pelas previsões meteorológicas.
Nós podemos não dar a devida atenção a como elas são produzidas, no entanto, causam grande impacto
em nossas vidas, nossa saúde, nosso lazer e atividades produtivas. Além disso, elas refletem os esforços
das pessoas que atuam na base do voluntariado. Isso porque os dados de satélites e radar do tempo são
mais úteis quando comparados ao que está acontecendo na terra. A medição e a comunicação dos dados
sobre a precipitação local realizada pelos voluntários são essenciais para calibrar as informações coletadas
por meio de sensoriamento remoto e para torná-las mais precisas. Em muitas regiões, os voluntários
fornecem diariamente mais dados pontuais do que as redes de observações oficiais. ⁴ Exemplos similares
do voluntariado voando sob o radar podem ser encontrados em todo o amplo espectro de trabalho das
Nações Unidas.
O voluntariado é universal e imenso, representa um enorme reservatório de habilidades, energia e
conhecimento local para paz e desenvolvimento. No entanto, em todo o mundo não existe qualquer
estudo abrangente e comparativo sobre o voluntariado. Os estados mais desenvolvidos possuem seus
próprios estudos nacionais. Os esforços iniciais para mapear o voluntariado, amplamente apoiados pelos
Voluntários das Nações Unidas (VNU), foram realizados em um número limitado de países em
desenvolvimento. Entre os desafios de pesquisar o voluntariado, três destacam-se. Primeiramente, não há
um consenso sobre o que é o voluntariado e como ele manifesta-se; em segundo lugar, há equívocos
generalizados, em contradição com dados empíricos e informações anedóticas, que obscurece a natureza e
a extensão do voluntariado; e, em terceiro lugar, não há uma concordância metodológica para acessar o
volume e o valor da ação voluntária.
O voluntariado ainda voa sob o radar, no entanto muitas sociedades teriam dificuldades para funcionar
sem ele.
O que é voluntariado?
Essa questão parece simples, mas a literatura acadêmica e os quadros jurídicos nacionais revelam uma
multiplicidade de definições. Em algumas partes do mundo em desenvolvimento, o termo “voluntário” é
uma importação recente do Norte e refere-se essencialmente a expressões de voluntariado internacional.
Contudo, não se percebe que as formas de apoio mútuo e de auto-ajuda,
que estão inclusas nesse relatório, também se enquadram na definição de voluntariado e merecem ser
estudadas e reconhecidas como tal. A definição que usamos para trabalho é aquela adotada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas em 2011.
Primeiramente, a ação deve ser realizada voluntariamente, de acordo com a vontade do indivíduo, e não
como uma obrigação prevista em lei, contrato ou exigência acadêmica. A decisão de voluntariar pode ser
influenciada pela pressão social, valores pessoais ou obrigações culturais ou sociais, mas o indivíduo deve
ser capaz de escolher se quer ou não agir. O “Voluntariado obrigatório”, tais como serviço comunitário
como uma alternativa ao dever militar ou penas de prisão para criminosos, cai fora do âmbito deste
relatório. Aqui não há juízo de valor em tais formas de serviço. Sob certas circunstâncias, eles podem ser
positivos, até plantando as sementes para o futuro do voluntariado.
Em segundo lugar, a ação não deve ser
Quadro 1.2: Os voluntários na previsão meteorológica
realizada,
principalmente,
recompensa
A Organização Mundial de Meteorologia (OMM) escolheu “Voluntário
para tempo, clima e água” como o tema para o dia mundial da
Meteorologia em 2001, para dar maior reconhecimento e maior destaque
financeira.
pela
Algum
reembolso para despesas ou bolsa
auxílio, ou pagamentos em forma de
para a contribuição dos voluntários na meteorologia e hidrologia. De fato,
refeições ou transporte, pode ser
desde os primeiros dias dessas ciências, voluntários, tanto indivíduos
justificado. Na verdade, esses tipos de
quanto de instituições como escolas ou grupos religiosos, são conhecidos
pagamentos
por terem assistido meteorologistas e hidrólogos, especialmente em seu
considerados como boas práticas, já
trabalho operacional e na promoção das ciências. Nesse campo,
voluntários são conhecidos por sua perseverança e comprometimento e
são
frequentemente
que geram oportunidades para uma
por compartilhar uma fascinação pelo fenômeno meteorológico e
ação mais acessível e inclusiva dos
hidrológico. Em alguns países, especialmente no caso de catástrofes
voluntários. As ações realizadas com
naturais, os voluntários são frequentemente chamados para fazer as
salário,
medições e comunicar os dados quase em tempo real, tais como
tais
voluntariado
como
ocorre
quando
no
o
horário
precipitação, temperatura e o nível de rios, para alertar a população sob
comercial, também são reconhecidas como voluntariado, desde que o empregado não receba um
ameaça. Os voluntários observadores de tempestades fornecem
incentivo
financeiro
adicional. Éque
compreensível
que, nesses casos,
informações
locais e atualizadas
muitas vezes complementam
as a empresa está voluntariamente abrindo
mão
do horário
de pelos
trabalho
empregado,e satélites.
um aspecto de responsabilidade social corporativa. Os
informações
fornecidas
radaresdo
meteorológicos
parâmetros da nossa definição também incluem programas de voluntariado integral, tanto nacionais
Fonte: OMM. (2001).
quanto internacionais, que podem pagar pensão, normalmente calculada de acordo com as despesas
locais. Levam-se em consideração custos associados com a vida longe de seu ambiente familiar e a
ausência de uma fonte de renda.
Em terceiro lugar, a ação deve ser para o bem comum. Ela deve,
diretamente ou indiretamente, beneficiar pessoas fora do convívio familiar ou beneficiar uma causa,
apesar do voluntário ser beneficiado também. Em muitas culturas, um voluntário é frequentemente
descrito como “alguém que trabalha para o bem-estar da comunidade”. ⁵ A noção do que constitui o bem
comum pode ser controversa. Por exemplo, quando as pessoas participam de um protesto pacífico a favor
ou contra a pesquisa com animais ou a construção de uma barragem, ambos os lados procuram o que eles
consideram resultados positivos. Eles estão inclusos na nossa definição. As atividades que envolvam, ou
incitam, a violência prejudicial à sociedade e as ações que não correspondem aos valores atribuídos ao
voluntariado não estão inclusos na nossa definição.
Os três critérios, livre arbítrio, motivação sem fins lucrativos e benefício a terceiros, podem ser aplicados a
qualquer ação para avaliar se ela é voluntária. As Nações Unidas usam uma abordagem de grande escala
através do reconhecimento de numerosas e variadas manifestações de voluntariado, encontradas em
diferentes contextos sociais e culturais. Um parâmetro adicional do voluntariado, que é algumas vezes
mencionado, é um elemento de organização. ⁶ Muitos estudos empíricos estão preocupados com o
voluntariado desenvolvido no âmbito de organizações formais. Contudo, focar apenas nesse aspecto do
voluntariado desconsidera uma grande quantidade de ações voluntárias. Nossa definição é mais ampla. Ela
inclui muitas ações do voluntariado que acontecem fora do contexto formal. Essa ampla definição reflete o
que nós fortemente acreditamos ser a natureza universal do voluntariado.
Os três critérios, livre arbítrio, motivação sem fins lucrativos e benefício a terceiros, podem ser aplicados a
qualquer ação para avaliar se ela é voluntária.
Com certeza, existem inúmeros atos individuais de bondade com os quais as pessoas comprometem-se,
como cuidar de uma pessoa doente, ajudar o filho do vizinho com a sua lição escolar ou fornecer comida e
abrigo para um estranho. Nós reconhecemos que o “voluntariado” é frequentemente usado na linguagem
geral para ações onde tempo, energia e habilidades foram gastos à vontade e sem um custo. Tais ações são
parte vital de sociedades solidárias e compassivas, nas quais são relatados elevados níveis de bem-estar e
muitas pesquisas indicam uma correlação positiva com o voluntariado. Este relatório foca essencialmente
no voluntariado desenvolvido no cotidiano. A principal exceção é a expansão espontânea e desorganizada
do voluntariado comumente encontrado após uma catástrofe natural ou outros tipos de emergências,
quando a ação individual une a uma massa crítica com impactos significativos. Esses tendem a ser muito
bem documentados.
Como o voluntariado é expresso?
A primeira, a mais comumente compreensível expressão do voluntariado, é a prestação de serviço formal,
ou seja, a prestação de um serviço a terceiros. Isso normalmente ocorre por meio de estruturas que
abrangem uma ampla gama de campos sociais, culturais e de desenvolvimento. Tais organizações, sejam
formalmente registradas ou não, podem ajudar a fornecer uma infinidade de serviços, que incluem a
construção de casas de baixo custo; cuidados e apoio às pessoas com HIV/AIDS; a disseminação de
informações sobre o uso de mosquiteiros contra a malária; a alfabetização; e a participação em
associações de pais nas escolas. Essa forma de voluntariado pode envolver a prestação de um serviço ou o
levantamento e a administração dos fundos que o apóia. Geralmente há um acordo sobre os termos de
compromisso entre o voluntário e a organização em questão, que inclui treinamento. O reconhecimento
de projetos pode existir, assim como algumas formas de pagamento ou reembolso de despesas.
A segunda forma de voluntariado é a ajuda mútua ou a auto-ajuda, quando pessoas com necessidades em
comum, problemas ou interesses, unem forças para enfrentá-los. No processo, os membros do grupo
beneficiam-se. Alguns exemplos são grupos de jovens liderados por jovens, associações de mulheres e
grupos de usuários de recursos naturais. Em muitas culturas, comunidades inteiras comprometem-se em
empreendimentos coletivos para plantar e colher, construir defesas contra inundações, coletar lenha para
o uso comum e organizar casamentos ou funerais. Em algumas sociedades, as atividades voluntárias são
organizadas no nível da comunidade. A reciprocidade também assume a forma de ajuda aos grupos, onde
as pessoas se reúnem para discutir as mesmas preocupações, muitas vezes encobertas por problemas
mentais, emocionais ou físicos. Além das reuniões para fornecer apoio moral e oferecer um espaço para
compartilhar informações, eles também podem envolver-se com a advocacia. Algumas vezes, o caso é esse
com os grupos de apoio as pessoas com HIV/AIDS, por exemplo. A ajuda mútua também é encontrada em
afiliações profissionais, tais como sindicatos. Enquanto protegem os interesses e promovem o bem-estar
dos seus membros, eles também discutem os problemas sociais na comunidade. Da mesma forma, o
voluntariado é encontrado em organismos profissionais e científicos e em associações empresariais e
comerciais. Tais organismos possuem, normalmente, um grupo de pessoas oficiais e de administradores,
eleitos pelos associados, que executam as funções do voluntariado. Há também muitas ações voluntárias
que são melhores rotuladas como “participação civil”. Por exemplo, existem apoios e campanhas que
visam o efeito ou impedem a mudança. A participação civil inclui campanhas locais e de pequena escala
com duração limitada. Os exemplos podem incluir a pressão em autoridades locais para fornecer
iluminação pública, coleta de lixo ou água potável ou campanhas para impedir uma empresa privada de
construir uma usina de processamento que poluirá as imediações. Em outros casos, a ação voluntária em
menor escala pode ganhar força e transformar em campanhas nacionais,
como o movimento anti-apartheid na África do Sul ou o
movimento Chipko na Índia. Este último começou na
década de 1970 com um pequeno grupo de mulheres
Quadro 1.3: Ensinando os pobres na Índia
Em 2008, “Ensinando a Índia” foi a maior campanha de
camponesas no Himalaia de Uttarakhand lutando pela
alfabetização liderada por voluntários, que ensinaram
proteção de suas floretas. Tornou-se um movimento
crianças e adultos carentes nas cidades da Índia. A
nacional que conseguiu ter as proibições impostas à
iniciativa foi lançada pelo jornal The Times of India com o
derrubada de árvores em várias partes do país.⁷ Mais
recentemente, alguns estados árabes têm visto um
apoio do programa dos Voluntários das Nações Unidas
(VNU). Seu objetivo era facilitar o progresso no sentido
de alcançar o ensino básico universal, um dos oito
grande número de manifestantes lutando por uma
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) das
mudança democrática, por meio de manifestações
Nações Unidas. O jornal The Times of India realizou uma
públicas e outras formas de protestos. Movimentos
campanha bastante repercutida na mídia com o slogan:
sociais podem
se tornar
globais quando uma
constelação de organizações, campanhas, redes e
“O que você ensina aqui não é algo que ajudará a criança
a chegar à série seguinte. Mas chegar a um futuro livre
de pobreza e de privações.”
indivíduos se unem em torno de questões sociais
Em poucos dias, a campanha mobilizou profissionais em
importantes, tais como defender os direitos de
atividade e aposentados, homens e mulheres, assim
mulheres ou pessoas indígenas, ou lutar pela
como estudantes que se comprometeram a ensinar
erradicação de minas terrestres. Em todos esses casos,
pessoas fornecem a participação ativa, entusiasmo e
etos que transformam o status quo. Além do benefício
direto
de
tal
voluntariado,
existem
durante três meses com uma das mais de 60 ONGs
envolvidas. O recrutamento de voluntários começou em
6 de julho. Até o final das inscrições, 83000 homens e
mulheres estavam registrados.
benefícios
intangíveis para a sociedade. A ação voluntária dá às
pessoas um senso de controle sobre aspectos
importantes de suas vidas.
Piyush Dhawan, um estudante de economia comercial na
Universidade de Delhi, integrou uma organização sem
fins lucrativos para ensinar crianças carentes na capital.
Ele diz “Ensinando a Índia forneceu uma plataforma
perfeita
para
que
pessoas
de
mesma
opinião
O voluntariado como uma expressão de participação
combatessem as desigualdades sociais e educacionais da
cívica é geralmente associada à religião, que, como o
Índia. Eu tive a chance de envolver estudantes de vários
voluntariado, também se baseia fortemente em
valores. Todas as principais religiões reconhecem os
benefícios
da
doação
termos
pessoa. Ensinando a Índia tem o potencial para catalisar
e desenvolver um movimento nacional que pode
humanidade e bondade, assim como em termos de
fornecer oportunidades para muitas crianças carentes da
auto-realização.
Índia.”
mostram
de
em inglês, o que também me ajudou a crescer como
justiça,
Estudos
em
níveis de informática e oferecer conhecimentos básicos
que
pessoas
religiosas são, geralmente, mais engajadas que pessoas
não-religiosas.8 Para a maioria das religiões, o trabalho
Fontes: itimes. (2008); Times of India. (6 de julho de
2008); VNU. (2008a).
comunitário é um atributo de suas congregações, seja na ajuda em
atividades relacionadas à adoração ou encorajando os membros a utilizarem seu conhecimento para
beneficiar uma comunidade maior. O tipo de ação voluntária promovida pode variar entre serviços diretos
aos necessitados, serviços de educação e saúde, atividades de apoio à comunidade tais como associações
comunitárias e a defesa de mudanças sociais em áreas ambientais e de direitos civis. 9 Na América Latina,
por exemplo, as igrejas têm um papel importante no apoio a programas de voluntariado e organizações
que promovem desenvolvimento social e econômico. Elas fornecem voluntários com forte senso
comunitário.
Quadro 1.4: As cooperativas de agricultores ajudam agricultores da Zâmbia a sobreviver e a prosperar.
Roteiro 8 do Rádio (trechos):
Apresentador: O setor agrícola na Zâmbia está enfrentando muitos desafios, o clima está piorando, desestabilizando a colheita e
a pecuária... A cooperativa dos agricultores fornece uma estratégia para aliviar a crise em muitas comunidades rurais na Zâmbia...
As cooperativas têm uma adesão livre e voluntária; elas são democraticamente controladas por seus membros; seus membros
participam economicamente em suas atividades; elas são independentes do controle do governo ou indústria; elas oferecem
educação, treinamento e informação para os seus membros; e elas estão preocupadas com a comunidade local.
Por que você formou a Cooperativa Nakabu?
Agricultor: Em 2006, eu cultivava dois hectares de terra e plantava milho com o intuito de vender para o sustento da minha
família. Mas, infelizmente, naquele ano Mumbwa sofreu uma estiagem e eu acabei colhendo muito pouco., pouco demais até
para comer em casa, muito menos para vender e levar meus seis filhos para a escola. A vida tornou-se difícil para mim e minha
família.
Eu sentei com quatro dos meus amigos, que também eram agricultores na minha região, e nós discutimos a ideia de formar uma
cooperativa de agricultores para fazer da agricultura um negócio sério e para encontrar meios para sobreviver.
Apresentador: Quantos membros você teve no início?
Agricultor: Havia um total de 49 membros... Todos os membros têm um voto igual – um membro, um voto, então todos são iguais
na cooperativa. Depois de juntar nosso dinheiro, nós compramos milho dos agricultores em vilas vizinhas, então viajamos para
Lusaka e vendemos o milho para uma empresa de moagem. Foi fácil vender o milho porque nós éramos um grupo e tínhamos um
grande volume quando juntamos nossas colheitas.
Apresentador: Quais as diferenças você tem notado nas suas vidas desde que vocês começaram a cooperativa?
Agricultor: Há muito progresso na minha vida como um individuo, assim como nas vidas dos outros membros. Falando por mim,
todos os meus seis filhos estão na escola agora.
...
Há muitas cooperativas com diferentes habilidades. Nós estamos visitando cada uma para aprender um do outro... Nós temos
aprendido novas técnicas para reduzir os prejuízos causados por inundações e a conservar água em épocas de seca.
A Cooperativa Nakabu está indo bem, mesmo com todos os desafios no setor agrícola do país, porque nós somos unidos e porque
nós trabalhamos juntos para garantir o futuro de nossas famílias.
Fonte: Banda. (2008).
Organizações Baseadas na Fé (OFB) envolvem um grande número de
voluntários. Muitas focam em pessoas que vivem em condições de pobreza extrema, tal como a Chilena
Hogar de Christo, uma organização Jesuíta que promove a inclusão social dos pobres. Na Tailândia, o
Interfaith Network on HIV/AIDS (Rede Inter-religiosa do HIV/AIDS) mobiliza voluntários de comunidades
budistas, muçulmanas, católicas e protestantes no país inteiro para organizar atividades de cuidados em
domicílio para pessoas com AIDS que vivem em regiões remotas. OFBs como a World Vision e Islamic Relief
compreendem um número significativo de voluntários. A Cáritas, focada em reduzir a pobreza e injustiça,
auxilia cerca de 24 milhões de pessoas por ano, com 440.000 funcionários assalariados e 625.000
voluntários em todo mundo. De acordo com o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária, as
OFBs são provedoras cruciais de cuidados médicos em áreas rurais e cuidados com órfãos em países em
desenvolvimento.
Quadro 1.5: Primavera Árabe – Egito em Cores
Depois do dia 25 de janeiro de 2011, um dia de protestos pacíficos de centenas
no Cairo, cinco estudantes de graduação decidiram falar ao público na sua
“Um componente crítico da resposta
própria língua: a arte.
mundial a essas doenças é o trabalho das
organizações baseadas na fé (OFBs).
No dia 11 de fevereiro, as cinco jovens criaram um grafite simples na parede
com mensagens motivacionais: “Com ciência e trabalho duro, as nações
progridem”, “Tafa’al” (seja otimista). Inspiradas pela reação positiva à sua
Historicamente, as OFBs estão à frente da
luta contra doenças em países em
iniciativa, as jovens perceberam que podiam tocar a comunidade egípcia com
desenvolvimento.
Elas
fornecem
uma mensagem criativa e fazer a diferença no seu dia-a-dia através de arte e
prevenção, tratamento e apoio, com
cor nas ruas.
consequências pra toda vida, para aqueles
que mais precisam. Isto é particularmente
As jovens artistas decidiram pintar uma enorme parede em Maadi, um
subúrbio de Cairo. Elas anunciaram a decisão no Twitter e no Facebook,
relevante em áreas rurais e isoladas ao
convidando outros a participar. Ficaram surpresas ao encontrarem o
redor do mundo, onde o trabalho das
engajamento entusiasmado da comunidade local. Oitenta e cinco voluntários
OFBs afeta a vida de milhões de crianças e
se juntaram a elas na pintura, inclusive dúzias de crianças interessadas.
famílias.” 14
Membros da comunidade não só testemunharam as paredes ganharem cores
novas e vivas, mas também participaram do processo se voluntariando para
limpar a área.
As muitas e variadas categorizações do
voluntariado
torna
difícil
avaliar
o
Entusiasmadas com a experiência, as jovens decidiram criar um grupo e o
tamanho e a extensão do trabalho
chamaram de “Egito em Cores”. O grupo agora conta com 25 jovens, mulheres
voluntário,
e homens, com uma coisa em comum: o amor pelo Egito e a arte.
Fonte: Revista Teen Stuff. (Agosto, 2011).
percepções
e
contribui
errôneas
para
a
formar
cerca
do
voluntariado. No entanto, elas refletem a
riqueza e a natureza ampla da ação
voluntária. “Palavras como ‘voluntariado’
são conceitos tanto populares quando científicos... Frequentemente,
seus significados são contestados. As pessoas não concordam sobre o que deve ser contado como trabalho
voluntário. Às vezes elas usam palavras como ‘voluntariado’ para rotular pessoas e suas ações com o
propósito de denegri-las; outras vezes, a mesma palavra é usada para indicar aprovação”.
Tomadas juntas, as percepções descritas se enquadram no que é chamado de “paradigma dominante”16
do voluntariado. Um entendimento adequado da universalidade do voluntariado necessita que a névoa
que envolve a ação voluntária seja dissipada para revelar a real extensão dos seus contornos. Uma vez que
a escala do voluntariado se torne verdadeiramente apreciada, será possível seguir em frente e examinar
sua contribuição em questões globais.
O restante deste relatório utiliza contexto das Nações Unidas de livre-arbítrio, motivações sem fins
lucrativos e benefício a terceiros como os parâmetros de definição do voluntariado. Entrega de serviço
formal, apoio mútuo e auto-ajuda, e participação cívica são utilizados para definir suas expressões.
Entretanto, é importante lembrar que as expressões do voluntariado também são influenciadas pela
cultura local e circunstâncias sociais.
Um entendimento adequado da universalidade do voluntariado necessita que a névoa que envolve a
ação voluntária seja dissipada para revelar a real extensão dos seus contornos
Percepções errôneas sobre voluntariado
Existem várias percepções errôneas que dificultam a compreensão adequada da universalidade do
voluntariado, mesmo que largamente refutada por um crescente acervo de evidências empíricas e casuais.
Essas ilusões devem ser apagadas para que a real extensão do voluntariado seja revelada e para tornar
possível analisar suas contribuições para questões globais.
Percepção errônea número 1: A ação voluntária só ocorre através de ONGs formais, estruturadas e
legalmente reconhecidas, geralmente em países desenvolvidos, com algum tipo de acordo entre o
voluntário e a organização. Como tais organizações estão predominantemente localizadas em países
desenvolvidos, isso contribui para a noção de que o voluntariado é geralmente encontrado em tais países.
Na realidade, grande parte do voluntariado descrito nesse relatório ocorre através de pequenos grupos
locais, clubes e associações, que são a base de uma sociedade civil em países industrializados, assim como
em países em desenvolvimento. Além do mais, evidências empíricas em países em desenvolvimento
pintam um quadro diferente. Para citar apenas um exemplo, pesquisas
no México mostram que a maior parte da atividade voluntária no país ocorre fora de organizações formais.
Isso acontece porque as circunstâncias legais e fiscais no México não encorajam a criação de organizações
de sociedade civil formais. Além disso, existe uma cultura limitada de participação de grupos formais. 17
Percepção errônea número 2: O voluntariado ocorre somente no setor da sociedade civil. Isto é falso. A
ação voluntária é universal; ela não ocorre exclusivamente em um “setor”, mas permeia todos os aspectos
da vida. Muitos serviços do setor público, por exemplo, dependem de voluntários: escolas e serviços
hospitalares e de saúde, policiamento de vizinhanças, guarda costeira e corpo de bombeiros, todos
dependem de voluntários. O voluntariado também pode ser encontrado em programas sociais nacionais
do governo, em áreas como a de imunização e alfabetização. Desde 1988, a Iniciativa Global de Erradicação
da
Quadro 1.6: Parceria pública e comunitária contra a pobreza e a tuberculose
Pólio,
liderada
governos
Organização
A Tuberculose (TB) é uma doença infecciosa associada a pobreza e baixos níveis
salariais. Em Karakalpakstan, uma região semi-autônoma do Uzbequistão, a doença
atingiu proporções epidêmicas e intensifica a pobreza local. O ministério da saúde do
Saúde,
por
nacionais,
a
Mundial
da
UNICEF
e
Rotary
Internacional, imunizou mais
Uzbequistão tem atacado o problema da alta incidência de pobreza e tuberculose
de 2,5 bilhões de crianças
com as Nações Unidas, a sociedade civil local, o governo distrital e com o Mahalla,
contra a pólio, graças a
um comitê de voluntariado local tradicional que apóia o bem-estar e ajuda a
cooperação sem precedentes
melhorar o meio de vida. Desde 1994, foi dada ao Mahalla mais responsabilidade
pelo direcionamento da assistência social do Governo Central. Através dos Comitês
Mahalla e autoridades locais, 32 Treinadores de Voluntários Comunitários foram
de mais de 200 países e 20
milhões de voluntários, a
treinados. Eles, por sua vez, recrutaram e treinaram mais 30 voluntários. Após três
maioria local, respaldada por
ciclos de treinamento, existem agora quase 3000 voluntários promovendo a
um
conscientização da TB, auxiliando na melhoria dos sistemas de saúde e suprimento
internacional de mais de 8
de água, dando apoio aos pacientes que foram bem-sucedidos no tratamento da TB e
apoiando atividades domiciliares que geram renda entre pacientes da TB e suas
famílias.
investimento
bilhões
de
americanos.
restavam
dólares
Em
somente
2006,
quatro
“Graças aos Voluntários Comunitários e seu trabalho duro, agora mais pessoas
países onde a transmissão de
procuram médicos e se consultam a tempo, o que é de extrema importância no
pólio não havia sido cessada
tratamento da TB” (N Orazimbetova, 2011).
Fontes: PNUD (2011); Nesibele Orazimbetova [Médico-Chefe, distrito de Karauzyak],
Discurso na cerimônia de abertura do consultório de TB. (14 de janeiro de 2011).
e onde os números anual de
casos havia caído mais de 99
por cento.
Além disso, o engajamento de voluntários no setor privado apresenta
um crescimento constante desde meados da década de 90, a maior parte dentro da estrutura de
Responsabilidade Social Corporativa (RSC). O setor emprega uma proporção significativa da população
mundial, muitos dos quais são voluntários. O voluntariado é uma importante expressão da RSC, com mais
de 90 por cento das empresas da Fortune 500 tendo voluntários como funcionários formais e programas
de doação.
Quadro 1.7: Filantropia Africana – uma tradição de força
A filantropia africana não é algo que necessite ser apresentada por
Percepção
errônea
número
3:
O
alguém, porque os africanos têm uma forte tradição de auto-ajuda,
voluntariado é exclusividade dos bem-
auto-apoio, instituições voluntárias e crédito rotativo e associações
educados e afortunados, daqueles que tem
tempo e dinheiro disponíveis. Na verdade,
como as stokvels sul-africanas. No entanto, nós ainda não
conseguimos explorar essa tradição e não costumamos pensar nas
suas várias expressões e ferramentas de desenvolvimento.
uma pesquisa empírica em expansão indica
que o voluntariado é predominante entre as
Fonte: Wilkinson-Maposa, Fowler, Oliver-Evans & Mulenga. (2005).
pessoas de salários mais baixos que se
engajam no trabalho voluntário para se
beneficiar e ajudar suas comunidades. Seus recursos, incluindo conhecimento local, habilidades, trabalho e
rede social geralmente desempenham um papel crucial na sobrevivência de estresses e choques, como
discutidos no Capítulo 4, na seção Voluntariado e Meio de Vida Sustentáveis.
Um estudo do Banco Mundial focado nas comunidades mais pobres, destacou a necessidade de descobrir
“redes de solidariedade existentes” e ressaltou que a “mobilização de comunidades locais geralmente
começam com a detecção dos grupos locais, tais como centros comunitários.” 21 Outro estudo dos Estado
Unidos sobre vizinhanças afligidas e de baixa renda em transformação, concluiu: “Entre os bens
[comunitários] menos valorizados estão as redes que ocorrem naturalmente, através das quais vizinhos e
residentes se oferecem voluntariamente para abordar e resolver problemas comuns. Uma atenção
estratégica e um cultivo mais intencional e uso dessas redes poderia ser uma contribuição importante para
a transformação comunitária pelos moradores.”
Percepção errônea número 4: O voluntariado é o domínio de amadores que não possuem habilidade ou
experiência. Essa percepção errônea surge da concepção de que o profissionalismo, tanto em
conhecimento quanto em comportamento, é exclusivamente associado a um trabalho pago. Também
pode ser influenciada pela impressão de que a maioria dos voluntários são pessoas jovens. Ao longo deste
relatório, existem referências de homens e mulheres profissionalmente qualificados motivados por valores
que conduzem o voluntariado. Suas profissões variam de advogados
trabalhando para o bem público até profissionais do corpo de bombeiros e médicos, que escolhem levar
seu conhecimento e anos de experiência para o voluntariado.
Percepção errônea número 5: Mulheres são a maioria no voluntariado. Errado novamente. Enquanto
estudos indicam que mulheres são mais propensas ao voluntariado, homens e mulheres trabalham
voluntariamente pelo mesmo número de horas. A percepção da predominância do sexo feminino no
voluntariado surge, em parte, pela associação com serviços sociais e cuidados médicos, em particular. O
movimento feminista na década de 70 descreveu o voluntariado como uma extensão do trabalho
doméstico da mulher fora de casa.23 Enquanto as mulheres predominam em áreas tais como o trabalho
voluntário no cuidado hospitalar de crianças e pessoas idosas, homens aparecem em maior número nos
esportes, nas questões ambientais, e nos resgates em incêndios e no mar.24
Uma justificativa mais convincente pode argumentar que o voluntariado reforça os papéis de gênero e que
as mulheres atuam nas áreas de voluntariado que, no mercado pago, são designados como sendo de status
mais baixo. O trabalho voluntário dos homens é tipicamente no “domínio público”, em atividades cívicas e
profissionais que incluem trabalhar no conselho de organizações. Inversamente, voluntárias são
encontradas em “domínios privados”, ajudando os necessitados. Um estudo sobre voluntárias na área de
saúde em Lima, Peru, demonstrou como o trabalho de assistência média era visto como uma extensão de
seu papel maternal. Um estudo da África do Sul e do Zimbábue sobre profissionais de saúde do sexo
feminino na área de HIV/AIDS chegou a uma conclusão similar. 25 Entre os ativistas, os homens estão mais
inseridos em campanhas nacionais, enquanto as mulheres estão mais propensas a participar em
campanhas locais.26 As Nações Unidas reconheceram a necessidade de evitar estereótipos de gênero
quando enfatizou a necessidade de garantir “que as oportunidades de voluntariado em todos os setores
estão abertas tanto para mulheres quanto homens, dada a diferença de níveis de participação nas
diferentes áreas.”
Percepção errônea número 6: Pessoas mais jovens não trabalham como voluntários. Pelo contrário, jovens
não constituem um grupo passivo que espera que oportunidades e recursos sejam entregues a ele. Eles se
ocupam ativamente no desenvolvimento de suas sociedades em uma vasta gama de atividades. Um
exemplo bem conhecido da América Latina é a organização Um Techo para mi País (Um Teto para meu
País).
Também é verdade, entretanto, que muitos jovens julgam a participação
através de organizações formais menos interessante do que no passado. Essas oportunidades em si estão
diminuindo à medida que a economia global e instituições políticas e sociais passam por grandes
mudanças. 28 No entanto, o comprometimento dos jovens com o engajamento cívico permanece forte
apesar de parecer mudar para a participação em situações informais e menos estruturadas. Para os jovens,
o ativismo político e social que oferece maneiras informais e não-hierárquicas é mais interessante. Um
exemplo é o grupo liderado por jovens da Ucrânia, “Irpinskyi velorukh” (Movimento de ciclismo da cidade
de Irpin). Esse é um grupo informal que promove o ciclismo e um estilo de vida livre de automóveis, que
organiza anualmente os eventos do Dia sem Carro na comunidade. Em 2009, 56 pessoas participaram.
Vinte empresas da mídia cobriram o evento e oficiais locais e membros da comunidade participaram na
música, discursos, fabricação de pôsteres, parada de ciclismo e competições cross-country.29
Quadro 1.8: Da construção de casas para a cidadania ativa
Em 1997, um grupo de jovens chilenos preocupados com a pobreza extrema em seu país resolveu construir 350 casas
populares para famílias que viviam em favelas. O programa, desde então, expandiu para 19 países da América Latina e
mobiliza mais de 50.000 jovens voluntários, com idades que variam de 17 a 28 anos, todos os anos. Melhorar a
qualidade da habitação de milhares de famílias da região não foi a única coisa que fizeram. Através do contato direto
com a pobreza, a experiência mudou a forma que eles enxergavam seu país. Eles agora promovem a conscientização
da pobreza através de campanhas e lobbying a favor de casas adequadas para todos. Da construção de casas, jovens
voluntários se tornaram cidadãos ativos e líderes em suas comunidades.
“Como voluntário, eu compreendi que cada pessoa tem um papel importante na luta contra a pobreza. Nós nos
unimos, já que para nós, não há outra maneira de denunciar a pobreza a não ser por meio do nosso engajamento
coletivo. Ansnm nou kapb (Juntos nós podemos).”
Donald, voluntário da Un Techo no Haiti.
Fonte: J. Serani, [Diretor do México e Região do Caribe, Un Techo para mi País]. Comunicação Pessoal (21 de julho de
2011).
Percepção errônea número 7: O voluntariado é realizado cara a cara. O desenvolvimento significativo da
tecnologia digital significa que o voluntariado não é mais limitado ao contato cara a cara. As novas
tecnologias com as quais as pessoas se relacionam são, possivelmente, o desenvolvimento mais
significativo no voluntariado. A evolução rápida da tecnologia de telefonia celular e a difusão da Internet
têm permitido um maior número de pessoas de amplas partes da população a engajar no voluntariado.
Assim sendo, tecnologias estão contribuindo para sua natureza universal. Isso será discutido no Capítulo 3.
Percepção errônea número 8: A intervenção estatal deveria ser proibida
no voluntariado. Essa visão é bem menos difundida do que era há uma década, como fica evidente pelo
número de políticas e leis adotadas por governos, especialmente desde 2001. A maioria visa encorajar a
ação voluntária por parte de cidadãos e/ou protege os direitos dos voluntários. Entretanto, existem
momentos em que o Estado tenta controlar a ação voluntária para beneficiar sua própria política. O
voluntariado, por exemplo, pode ser um meio de compensar por serviços insuficientes, compensando pela
inabilidade do estatal de prover os serviços. Esses casos devem ser monitorados e expostos sempre que
ocorrerem.
Quadro 1.9: Promovendo leis e políticas que apóiam o voluntariado
A primeira lei sobre voluntariado na Coréia do Sul, a Lei Básica de Promoção de Serviços Voluntários (2006), estabeleceu o
Comitê Nacional de Promoção do Voluntariado. Esse comitê engloba o governo e representantes da sociedade civil e tem
trabalhado para encorajar a participação pública no voluntariado.
Através da lei, o governo nacional e governos locais são obrigados a assegurar que o serviço voluntário seja executado em
um ambiente seguro, e que o governo forneça garantia contra lesões físicas ou econômicas aos voluntários.
O voluntariado continua a crescer na República da Coréia, promovido pelo compromisso do governo de apoiar os
voluntários. Particularmente notável foi o extenso envolvimento de cidadãos na limpeza dos derramamentos de óleo no
Condado de Taean, na costa oeste do país em 2007.
Em julho de 2008, o Grupo Automotivo Hyundai KIA fundou uma organização voluntária, o Happy Move Global Youth
Volunteers. Desde então, a organização tem mandado cerca de 1000 estudantes universitários coreanos para contribuir
com esforços humanitários, culturais e outros esforços voluntários na Índia, Brasil, China, Eslováquia, República Checa,
Turquia e Tailândia. Esse programa auxilia jovens coreanos a compreenderem o verdadeiro significado do trabalho
voluntário e os ajuda a desenvolver identidade própria através de experiência em primeira mão com novas culturas e
cooperação direta com as pessoas.
Fontes: The International Centre for Not-for-profit Law. (2010); VNU. (2009).
Políticas podem, de forma não intencional, reprimir as forças de
impulsão do voluntariado. Os governos estão bem colocados a contribuir para um ambiente em que todos
os tipos de voluntariados podem florescer. No entanto, a intenção certamente não é buscar a noção de
uma comunidade auto-suficiente, com o Estado negligenciando suas responsabilidades de assegurar as
necessidades básicas dos cidadãos. O desafio é como integrar a ação voluntária de cidadãos com as ações
tomadas pelo governo e outras fontes financeiras de forma mutuamente reforçada, enfatizando a
cooperação e a complementação. Em última análise, isso pode aumentar a eficiência e o alcance dos
programas governamentais enquanto fortalece a confiança das pessoas em suas habilidades para afetar o
bem-estar de suas comunidades.
Percepção errônea número 9: O voluntariado é gratuito. Existe um ditado antigo que diz que, embora os
voluntários não sejam pagos, eles não trabalham de graça. Aplicado aos tipos mais formais de
voluntariado, tem ligação com a infraestrutura necessária para assegurar contribuições efetivas. Inclui o
estabelecimento e a direção de centros de voluntários, gerenciamento de voluntários, treinamento e
reconhecimento, e custos associados ao funcionamento apropriado para os voluntários, tal como
transporte, refeições e salários. Em termos de governo, isso pode incluir o estabelecimento de políticas
apropriadas e sistemas de regulamentação, corpo nacional de voluntários, e esquemas para pessoas mais
velhas e para jovens.
Conclusões e discussões
Percepções errôneas escondem a universalidade de valores e ações associados ao voluntariado. Elas são
obstáculos para o entendimento da amplitude e profundidade da ação voluntária ao redor do mundo. Com
esse primeiro REVM, nós esperamos esclarecer as opiniões acerca do que é o voluntariado e o que ele
alcança, de acordo com as realidades na prática.
A pesquisa sobre o assunto ainda se encontra nos primeiros estágios e precisa ser intensificada.
Evidentemente, os governos têm um papel de encorajar mais estudos empíricos que irão resultar em um
quadro mais exato da natureza universal do voluntariado. A comunidade acadêmica deve questionar
suposições fundamentais sobre a ação voluntária. O sistema das Nações Unidas e outros atuantes de
desenvolvimento, incluindo a sociedade civil, têm a responsabilidade de assegurar que essa pesquisa
alcance todos os interessados. Estabelecer dados robustos sobre o voluntariado é a rota mais correta para
desenvolver estratégias que levam em conta a força poderosa e universal que o voluntariado representa.
Com esse primeiro REVM, nós esperamos esclarecer as opiniões acerca
do que é o voluntariado e o que ele alcança, de acordo com as realidades na prática.
MEDINDO O VOLUNTARIADO
CAPÍTULO 2
“Se você não pode contá-lo, então ele não conta.”
Anon
Por que mensurar o voluntariado?
O tamanho da contribuição do voluntariado em todo o mundo exige alguma medida de sua magnitude.
Não é diferente de outras áreas de esforço humano, importantes no funcionamento das sociedades. O
interesse em entender a escala do voluntariado cresceu nos últimos anos, como evidenciam vários estudos
em níveis regional, nacional e mundial.
Neste capítulo, nós tentamos mensurar o voluntariado, em um olhar além dos números. Calcular a
dimensão e o valor do voluntariado, incluindo o valor econômico, é obviamente importante. Ainda que os
números não sejam a estória completa. Alguns argumentam que quantificar o voluntariado deprecia seus
valores em termos de impacto nas comunidades e suas causas, assim como nos próprios voluntários.
Outros dirão que a principal contribuição do voluntariado, seu real valor, encontra-se na criação de
sociedades harmoniosas, marcadas pelos altos níveis de coesão e bem-estar sociais, também fatores de
difícil quantificação.
Os valores humanos que residem nas pessoas e nas comunidades perpassam este relatório. Faz-se
necessário a descoberta de melhores métodos de reconhecimento desses valores. Há razões sólidas para
medir o voluntariado, as ações que inspira, assim como os benefícios delas derivados. Os principais
argumentos a favor da mensuração do voluntariado são abaixo considerados.
Para os próprios voluntários é importante que o impacto de suas ações seja reconhecido. Documentar o
tempo e os esforços expendidos por milhões de voluntários ajuda a promover o seu reconhecimento e a
estimular o desejo de engajamento. No processo, outros podem ser motivados a participar quando virem a
contribuição da ação voluntária e perceberem que o voluntariado é um componente de um engajamento
cívico.
Para as organizações que envolvem voluntários, a medição os ajudaria a
obter novas perspectivas em seus programas. Além disso, com fatos e dados em mãos, elas poderiam
ampliar seus esforços de relações públicas, valorizar sua responsabilidade para com o resultado, expandir
suas opções de mobilização de recursos, assim como promover aos voluntários uma visão global da soma
de seus esforços.
Em outro nível, se os governantes nacionais levarem em conta o voluntariado na política nacional, eles
terão de estar convencidos de seu valor, de sua importância, incluindo aí seu valor econômico. Com
frequência, os governantes desconhecem a extensão da ação voluntária de diferentes setores da
sociedade dos quais fazem parte, assim como o valor por ele gerado. Uma vez convencidos dos benefícios
das ações do voluntariado para a tomada de decisões, os governantes precisam de dados confiáveis para
desenvolver estratégias apropriadas. Isto garante que esse recurso seja devidamente fomentado e
aproveitado para o bem-estar geral do país.
Quadro 2.1 : Valor dos voluntários
Os voluntários são essenciais para a Cruz Vermelha e o Movimento do Crescente Vermelho (FICV). Mas quantos voluntários
há e quanto valor eles podem oferecer? O estudo da FICV de 2001 fornece respostas. Em torno de 13,1 milhões de
voluntários ativos da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho doaram aproximadamente 6 bilhões de dólares em valor de
serviços, que atingiu cerca de 30 milhões de pessoas em 2009.
Os voluntários ampliaram a força de trabalho da FICV, em uma média global de 20 voluntários para cada membro pago. Na
África subsaariana são 327 voluntários para cada membro de equipe. No Sudeste Asiático, 432 voluntários para um membro
de equipe; enquanto que a menor proporção está nos Estados Unidos e no Canadá, com 11 voluntários para cada membro
de equipe.
O levantamento, baseado em dados das 107 sociedades nacionais, não só fornece o valor os números por trás do
contingente de voluntariado, mas também descreve as muitas contribuições sociais que eles fazem em suas comunidades
nas áreas de saúde, a redução da pobreza e resposta a emergências.
Fonte – Federação Internacional da Cruz Vermelha e Sociedades do Crescente Vermelho (2011)
A comunidade internacional reconheceu a necessidade de os
governantes “estabelecerem o valor econômico do voluntariado para ajudar a ressaltar um aspecto
importante dessa contribuição global para a sociedade, assim como para o desenvolvimento de políticas.”
Entretanto, nós acreditamos piamente que mensurar o voluntariado poderia ser bem mais que simples
cálculos numéricos. Em 2008, a Assembleia Geral do Centro Europeu do Voluntariado expressou
precisamente: “Medir e apresentar o valor econômico pode ser um bom caminho para ganhar
reconhecimento para os voluntários, especialmente com os políticos. Entretanto, isto em de ser
empregado cautelosamente e junto com outras ferramentas de medição para os até então ‘impactos
imensuráveis’ do voluntariado, tais como capital social, coesão social, desenvolvimento pessoal e
capacitação.
Tais ferramentas de medição devem ser desenvolvidas para permitir a descrição da imagem completa do
voluntariado e de seu valor real.
Quadro 2.2 : Usando os calendários comunitários para medir o valor do voluntariado
Despesas municipais, alocação do governo, investimento social corporativo e outras formas de ajuda ao
desenvolvimento são capturados em números e registros financeiros. Entretanto, não há dados que atribuam o valor das
contribuições feitas pelos cidadãos às iniciativas locais. Há muitas formas pelas quais os membros das comunidades
participam, tais como associações de mães, associações masculinas e clubes de jovens, faz parte da rotina diária da vida
das pessoas que eles tendem a ignorar o benefício que trazem para o desenvolvimento de suas comunidades. Uma
abordagem para conscientizar as comunidades acerca do valor adicionado pela ação voluntária é o uso de calendários
comunitários. Para estimular uma comunidade a reconhecer sua contribuição, uma pesquisa do estudo da ação social
em Janseville, província do Cabo Oriental, África do Sul, mapeou a quantidade de tempo voluntário, habilidades, bens de
espécie e em dinheiro, a organização de base comunitária, organizações não governamentais e base religiosa recebidos
dos membros da comunidade.
Estas contribuições são somadas e orçadas em valores financeiros que as organizações participantes julgaram razoáveis.
Os resultados são traduziram um total de contribuições de 19 anos e oito meses de trabalho não remunerado por ano.
Em uma comunidade onde o governo local estima que 60% das famílias vivem na pobreza, o total das contribuições dos
voluntários é estimado em um valor de 53.000 dólares gerados por 4343 pessoas por intermédio de 378 famílias. Essa
valorização de ativos comunitários abriu os olhos dos governantes para motivar e inspirar os participantes, incentivandoos a construir o seu “investimento.”
“Financiadores querem saber que nós ainda estaremos lá depois que seu dinheiro acabar. Nossos membros fazem o
bem, isto mostra sustentabilidade deles e também que eles podem seguir por conta própria” diz Notizi Vanda, Diretora e
uma dos membros fundadores do Fórum de Desenvolvimento de Janseville.
Fonte Wilkinson-Maposa (2009)
Diversas medidas do voluntariado
Estudos recentes de níveis nacionais, amplamente em países desenvolvidos, acerca do tamanho e
composição do voluntariado, têm provado uma base sólida para discussões relativa a muitos aspectos do
voluntariado. Por exemplo, o Levantamento de Participação do Voluntariado do Canadá de 2007,
conduzido por estatísticas locais, registrou um total de 2.1 bilhões de horas de trabalho voluntário com
aumento do número de voluntários (5,7%) e horas doadas (4,2%) em relação a 2004. Em 2004, nos Estados
Unidos, o Departamento de estatísticas do Trabalho indicou que 62.8 milhões de pessoas foram
voluntárias em alguma organização, pelo menos uma vez, em uma previsão de doze meses. O
Departamento de Estatística da Austrália descobriu que, em 2007, 5.2 milhões de pessoas se voluntariaram
com uma soma de 713 milhões de horas de trabalho, o equivalente a 14,6 bilhões de dólares australianos
de pagamentos em horas trabalhadas. O estudo mostrou que 34 por cento da população adulta se tornou
voluntária (36 por cento de mulheres e 32 por cento de homens).
Quadro 2.3 : Além do valor econômico
Além de dados econômicos, há muito
Em 2010, a Pesquisa Nacional do Voluntariado, conduzida pelo órgão
mais
supremo do Voluntariado da Austrália, descobriu que 83 por cento dos
motivações
voluntários alegaram que o voluntariado tem aumentado seu senso de
pertencimento às suas comunidades. A pesquisa destaca o importante
papel que o voluntariado desempenha na provisão de oportunidades de
pesquisas sobre natureza e
incluem
dos
estudos
voluntários.
que
Elas
examinam
estudantes voluntários em 12 países;
aprendizado às pessoas com 26 por cento dizendo que os treinamentos
idosos saudáveis na Europa; pessoas
recebidos como parte de seus trabalhos voluntários os têm ajudado a
em
adquirir uma habilitação. A pesquisa também descobriu que o
benefícios
voluntariado desempenha um importante papel na inclusão social da
sociedade australiana. O levantamento revelou que o voluntariado pode
ajudar a reduzir o sentimento de isolamento pessoal, oferece às pessoas
Israel
aproveitando-se
oferecidos
para
dos
o
voluntariado; o papel das organizações
religiosas na promoção do voluntariado
América
Latina1;
habilidades e contatos sociais, proporciona grande sentimento de auto-
na
estima e desafia os estereótipos acerca de diferentes grupos.
voluntariado e legislação global2.
Fonte: ProBono News (2010)
Em
2006,
no
5º
políticas
Fórum
do
de
Desenvolvimento da África, organizado
pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a África, um estudo intitulado Voluntariado Jovem para
o Desenvolvido da África no Século 213 foi apresentado. A pesquisa, cobrindo nove países, mostrou como a
capacidade das pessoas jovens é desenvolvida quando voluntárias. Elas se tornam agentes ativos de
desenvolvimento em suas comunidades. Além disso, é enfatizado como
os programas voluntários podem ser ligados a quadros políticos em uma base sustentável. O resultado
final declarou que: “É essencial, portanto, que os governantes africanos, trabalhando com seus modelos de
parceiros, fomentem o espírito do voluntariado entre a população jovem.”
Em 2010 e 2011, tanto a União África quanto o Comitê Econômico dos Estados do Oeste Americano,
lançaram a juventude voluntária a contribuir com a paz e com o desenvolvimento de suas regiões.
Em 2010, o Fórum de Desenvolvimento de
Serviço
Internacional
mapeou
o
voluntariado internacional em 20 países da
Ásia.
Descobriu-se
que,
quando
comparado com outros locais, voluntários
na
Ásia
estavam
Quadro 2.4 – União do voluntariado da juventude africana
principalmente
preocupados com o endereçamento de
“A juventude deveria ser o primeiro alvo das iniciativas de
investimento na África, porque em um mundo em que habilidades e
experiência estão se tornando cada vez mais indispensáveis, os
jovens constituem um grande trunfo para a África.”
Em dezembro de 2010, os membros do primeiro grupo da
Corporação do Voluntariado Jovem na União Africana (UVJA)
questões envolvendo alívio de pobreza e
concluíram um intenso programa de treinamento de pré-
os ODM (Objetivos de Desenvolvimento do
implantação, em Obudu, Nigéria. O CVJ-UA é um programa de
Milênio). No Sul e no Sudeste Asiático
desenvolvimento que recruta e trabalha com jovens voluntários em
havia uma tendência ao voluntariado, no
sentido sul a sul, com a larga expansão do
voluntariado,
identificou novas formas de impulsionar o
de uma orientação pan-africanista, a fim de promover um melhor
voluntariado na Ásia. Este visava à
clima socioeconômico. O programa aspira a melhorar a situação dos
e
a
O
União Africana, promoveu o voluntariado para combater a pobreza,
a fraqueza profissional e das lideranças e o desenvolvimento lento
asiática
região.
Juventude Africana, no 5º Fórum de Desenvolvimento Africano e da
estudo
diáspora
na
todos os 53 países africanos. A iniciativa, um produto da Carta da
ligação
com
voluntários nacionais para aumentar a
jovens na África como participantes do desenvolvimento de metas e
objetivos humanos da África. Os 60 voluntários servem em todo o
continente, compartilhando experiências em áreas, incluindo
eficácia dos voluntários internacionais. A
educação e TIC, gênero e desenvolvimento, advocacia, reconstrução
pesquisa
pós-conflito e construção da paz, saúde e população, infraestrutura e
também
descobriu
ligações
estreitas com o Estado em parcerias
público-privadas e um Estado apoiado em
ONGs. Duas tendências futuras na Ásia
energia,
agricultura
e
economia.
esses
voluntários
compartilharão habilidades, criatividade e aprendizado para
promover o espírito de serviço para a África, seus países e
comunidades, desenvolvendo habilidades de liderança.
eram o serviço voluntário internacional,
como uma forma de responsabilidade
Juntos,
Fonte: União Africana (2010, Abril)
social das empresas, especialmente de
curto prazo de voluntariado empresarial, e a crescente influência da internet.
Um estudo em Botswana, Malawi, Sul da África, Zâmbia e Zimbábue
entre 2005 e 2007, confirmou os desafios da pesquisa do voluntariado no sul, ou seja, experiências mal
documentadas, a falta de pesquisa acadêmica e bibliotecas de coleções limitadas.
Na falta de estudos mais amplos sobre o alcance do voluntariado, a literatura disponível foi, em grande
parte, produzida por ONGs e organizações voluntárias internacionais e incidiu sobre o impacto de
programas específicos sobre os beneficiários e suas comunidades. Há limites claros, entretanto, em que a
descoberta de pequena escala de investigação, em nível local, pode ser extrapolada a fim de refletir a
situação em nível nacional.
Estudos do voluntariado nacional
As pesquisas regulares sobre o voluntariado e doações no Canadá, Estados Unidos e Austrália fornece
dados detalhados que demonstram a relevância da medição contínua do voluntariado. Em 2008, o
Secretário Geral das Nações Unidas observou 15 estudos especificamente nacionais em países em
desenvolvimento. Em 2010, a UNV (Voluntariado das Nações Unidas) identificou 14 novos estudos e
relatórios nacionais em desenvolvimento acerca do voluntariado. Estes geralmente são estudos
extraordinários que aumentam o reconhecimento público e a conscientização acerca do voluntariado e de
sua contribuição, assim como o avalia como parte das necessidades das comunidades. Tais estudos
também realizam mapeamento de recursos e apoio para o desenvolvimento nacional de planejamento e
programação.
Poucos países assumiram a tarefa de medir o voluntariado sistemática e periodicamente a fim de
incorporar os resultados na sua política.
Quadro 2.5: Primeiro levantamento do voluntariado em Bangladesh
Em 2010, o Departamento de Estatísticas de Bangladesh conduziu uma abrangente pesquisa acerca do voluntariado, o
primeiro desse tipo a ser realizado no país. Tal levantamento foi endereçado a voluntários rurais e urbanos; idade, gênero e
nível de escolaridade dos voluntários; taxas de voluntariado; organizações voluntárias formais e não formais; horas anuais
de voluntariado e avaliações monetárias.
Os resultados foram discutidos na Conferência Nacional de Voluntariado em Dhaka, em julho de 2011. A principal
recomendação foi o estabelecimento de uma Agência Nacional de Voluntários, responsável por planejar, guiar e gerenciar
todas as atividades dos voluntários no país. Seu propósito será aumentar a contribuição do voluntariado para o bem-estar
individual e social e o bem-estar em Bangladesh.
A pesquisa baseada no trabalho doméstico, revelou que um total de 16.586.000 pessoas acima de 15 anos de idade se
voluntariam em 2010. O levantamento estima que a contribuição do voluntariado para a economia em 2010 é de
aproximadamente 166 bilhões de dólares americanos. Os dados também mostram que o valor econômico do voluntariado
em 2009-2010 equivaleu a 1,7 por cento do produto interno bruto.
Aproximadamente 80 por cento do voluntariado de Bangladesh é de organizações formais estrangeiras. Na maioria das
vezes, ela toma a forma de ajuda informal, espontânea e esporádica por indivíduos ou grupos.
O voluntariado masculino representa 76,3%, com as mulheres em apenas 23,7 por cento. Isto, no entanto, poderia ser
subestimado já que a pesquisa questionou chefes de famílias que geralmente são homens.
A Conferência Nacional do Voluntariado recomendou fortemente que o Departamento de Estatística de Bangladesh
empreenda um acompanhamento quantitativo para fundamentar os resultados em questão. Foi ele também chamado para
uma pesquisa mais abrangente visando a uma análise mais aprofundada acerca das diferenças regionais e de gênero no
voluntariado, bem como fornecer informações acerca das razões do voluntariado e de suas barreiras.
Fonte: Departamento de Estatísticas de Bangladesh (2011, July)
Perseguindo uma medida global: destaque de iniciativas internacionais
de medição
Não obstante esta evolução positiva, poucos países assumiram a tarefa de medir o voluntariado
sistemática e periodicamente a fim de incorporar os resultados na sua política. Isso é parcialmente devido
à ausência de padrões internacionalmente reconhecidos para definir e medir o voluntariado. Isso limita as
comparações entre países, com base nas estatísticas oficiais. No entanto, uma série de iniciativas
independentes de medição está em curso, o que oferece uma perspectiva global do voluntariado.
Em um recente esforço para conceber uma medição abrangente do voluntariado, a Comissão Européia (CE)
autorizou um estudo como parte do Ano Europeu de Voluntários 2011. O objetivo do estudo foi ajudá-la a
analisar maneiras como o setor de voluntariado poderia ser ainda melhor promovido e examinar como o
voluntariado poderia ajudar a União Européia a alcançar os seus amplos objetivos estratégicos.
15
A
intenção era agregar dados nacionais sobre voluntariado. No entanto, uma revisão nos estudos nacionais e
regionais, pesquisas, relatórios, e os pontos de vista dos principais interessados no voluntariado em cada
Estado-Membro da UE revelaram discrepâncias consideráveis. Isto impediu o esboço de uma comparação
estatisticamente precisa em toda a União Européia. Alguns dos desafios e lições relacionadas com este
estudo estão descritos abaixo, pois representam um microcosmo do estado da medição do voluntariado.

Complexidade da paisagem institucional: a responsabilidade pelos dados de voluntariado de cada
país não foi coordenada por um organismo público. Em vez disso, foi gerenciado por diferentes
ministérios numa base de "setor por setor" e, por vezes, apoiado por vários setores específicos de
organizações voluntárias. "Na prática isso significa que ministérios lidando com questões como
justiça, educação, finanças, desporto, saúde e assuntos sociais, e interiores e dos negócios
estrangeiros, foram envolvidos com o voluntariado e não foi possível, no âmbito deste estudo,
consultar cada ministério individualmente."

Dificuldades na análise quantitativa comparativa: analisar informações quantitativas sobre o
número e o perfil dos voluntários foi difícil porque estudos nacionais foram conduzidos em
momentos diferentes, com diferentes definições, metodologias, amostras de pesquisa e gruposalvo e concentrando-se em diferentes tipos de voluntariado. A conclusão de um número estimado
de 92 a 94 milhões de adultos voluntários na UE, cerca de 22 por cento europeus com mais de 15
anos de idade, com a maioria dos voluntários com idades entre 30 a 50 anos, "deve ser visto como
indicativo apenas."

Estatísticas limitadas sobre organizações voluntárias: muitos países da UE têm um registro nacional
de associações ou organizações sem fins lucrativos. Isso normalmente é gerenciado por um
organismo público e atualizado regularmente. Esta é uma fonte de dados valiosa, quando
associações são obrigadas a se registrar em uma organização pública relevante. Os pontos fracos
incluem o fato de que bancos de dados não distinguem entre associações que dependem
inteiramente de pessoal remunerado e as que são total ou parcialmente dependentes de
voluntários, e que estas organizações não precisam obrigatoriamente dar aviso se deixarem as
atividades. Um ponto mais fraco ainda é que, em alguns países, o registro não é obrigatório e
organizações não governamentais não recebem nenhum incentivo para se registrar.

Falta de consenso sobre dados econômicos: organizações não governamentais estão desenvolvendo
ferramentas e instrumentos para monitorar o valor econômico das contribuições de seus
voluntários. No entanto, institutos nacionais de estatística variam muito em termos de dados
coletados e seu interesse em medir o valor econômico do voluntariado. Esforços são obstruídos
com as dificuldades acima referidas, provenientes de inconsistência nas abordagens da
quantificação dos números de voluntários, tempo dedicado e atividades realizadas. No final das
contas, não há nenhum consenso geral sobre o valor econômico estimado, devido às diferentes
formas de valorizar o trabalho voluntário. Finalmente, o estudo não usa cifras em valor monetário
dos Estados-Membros. Em vez disso, ele usa estimativas brutas do valor econômico do
voluntariado com base no método comum de custo de substituição para todos os países.

Impactos sociais e culturais do voluntariado: relatórios nacionais destacaram muitos benefícios
sociais, econômicos e culturais além do valor econômico. "No entanto, na prática, benefícios muitas
vezes variam consideravelmente entre países, bem como entre diferentes voluntários,
comunidades locais e entre os beneficiários diretos das atividades de voluntariado e serviços". 19 Os
impactos relativos aos principais objetivos da UE nos domínios da inclusão social e emprego,
educação e formação, esporte e cidadania ativa são identificados, mas os dados são
esmagadoramente qualitativos.
Para resumir a situação atual, não só para estudos nacionais mas também para a medição de voluntariado
em geral, o Relatório afirma: “Na medida em que cada relatório nacional é baseado em fontes de dados
primárias e secundárias, ele varia dependendo da disponibilidade de
dados e relatórios, o número de interessados que poderiam ser consultados e o contexto específico de
cada país."
Os desafios metodológicos encontrados pela CE são ainda mais acentuados para o mundo em
desenvolvimento, onde os dados estatísticos são às vezes menos abrangentes. No entanto, continua a ser
essencial para se tentar a chegar a um entendimento do tamanho e alcance do voluntariado.
Devemos fazer referência brevemente a quatro tentativas que cobrem ambos os países industrializados e
em desenvolvimento: o Instituto Gallup de Pesquisas, a Pesquisa Mundial de Valores,
21
o Projeto Johns
Hopkins de Estudos Comparativos sobre o Setor Não Lucrativo e o Índice da Sociedade Civil CIVICUS. Todos
os quatro empregam medidas diferentes de abordagens e definições de voluntariado. Previsivelmente,
eles produzem resultados muito diferentes.
O Instituto Gallup de Pesquisas e a Pesquisa Mundial de Valores são levantamentos da população de um
país inteiro, e buscam traçar o perfil e as opiniões das pessoas através de amostras representativas
nacionalmente. Na vasta gama de tópicos abordados, algumas perguntas podem se relacionar ao
voluntariado. Além disso, devido a diversidade de terminologia e entendimento do voluntariado, certas
perguntas estão abertas a diferentes interpretações dos entrevistados. No entanto, as pesquisas têm
amplo alcance global e podem ser repetidas regularmente para fornecer dados comparativos, bem como
de tendências longitudinais.
O Instituto Gallup de Pesquisas (IGP) faz as seguintes perguntas relacionadas ao voluntariado:
No mês passado você fez alguma destas coisas?
Ofereceu voluntariamente seu tempo para alguma organização?
Ajudou um estrangeiro ou alguém que você não conhecia e que precisava de ajuda?
A primeira é uma pergunta aberta relacionada com organizações de voluntariado, o que presume um
entendimento consistente do termo. O IGP descobriu que 16 por cento dos adultos em todo o mundo
ofereceram seu tempo para uma organização. As pessoas na América do Norte, Austrália e Nova Zelândia
foram as mais simpatizantes ao voluntariado, seguido por aquelas da África e Sudeste Asiático
(especificamente, Camboja, Indonésia e Filipinas). Os mais baixos níveis de voluntariado estão no Oriente
Médio, África do Norte e leste da Ásia, ou seja, China, Japão e Coréia do Sul. A segunda questão refere-se a
ações fora da organização. Como tal, ela pode ou não ser medição de
"voluntariado", tal como definido no presente relatório, dependendo da extensão e da natureza do
envolvimento individual.
Continua sendo essencial tentar chegar a um entendimento do tamanho e grau de voluntariado
A Pesquisa Mundial de Valores (WVS) descobriu que as pessoas no leste da Ásia são as que relatam que
estão fazendo "trabalho voluntário não remunerado", seguido por pessoas na África, América do Norte e a
região do Pacífico. Os níveis mais baixos de voluntariado foram encontrados na Europa Ocidental, Europa
Oriental e a Comunidade de Estados Independentes (CEI).
O Projeto Johns Hopkins de Estudos Comparativos sobre o Setor Não Lucrativo (CNP) fornece um
formulário de pesquisa comum aos países participantes com sugestões de perguntas e exemplos de tipos
de atividades sobre as quais os entrevistados seriam inquiridos.
Pense sobre os últimos 3 meses. Durante esse período de tempo você ajudou, trabalhou ou forneceu
qualquer serviço ou assistência para alguma pessoa de fora de sua família ou de sua casa sem receber uma
compensação?
Os entrevistados que responderam "não" foram, em seguida, solicitados a pensar abertamente (refletir)
sobre essas atividades, e se eles pensavam que seria "natural que todo mundo iria fazer alguma coisa
assim em uma situação semelhante." Embora isso também se aplique a tipos formais de voluntariado, é
especialmente relevante para os tipos informais, muitas vezes tão incorporados em culturas e tradições
que podem nem ser considerados como voluntariado. Isso torna a tarefa de medição mais desafiadora.
O Projeto Johns Hopkins de Estudos Comparativos sobre o Setor Não Lucrativo estima que, entre 1995 e
2000, o número de voluntários contribuindo através de organizações voluntárias em 36 países, juntos, faria
o nono maior país do mundo em termos de população (ver Figura 2.1).
FIGURA 2.1: Se os voluntários fossem
uma nação
1. China 1,306 milhões
2. Índia 1,094 milhões
3. Estados Unidos 296 milhões
4. Indonésia 229 milhões
5. Brasil 186 milhões
6. Paquistão 158 milhões
7. Bangladesh 144 milhões
8. Rússia 143 milhões
9. “Terra do Voluntariado” cerca de.
140 milhões
10. Nigéria 129 milhões
11. Japão 128 milhões
Fonte: Voluntariado – Projeto Johns Hopkins
de Estudos Comparativos sobre o Setor Não Lucrativo;
População: Departamento de Censo dos Estados Unidos
Nesses mesmos 36 países, os voluntários representados por 44 por cento da força de trabalho em
organizações da sociedade civil representam o equivalente a 20,8 milhões de trabalhadores em tempo
integral. Usando uma abordagem de "custo de substituição", o CNP calculou a contribuição econômica de
voluntários em 36 países em 400 bilhões de dólares anualmente. Isso representou, em média, 1,1 por
cento do PIB nestes países. No entanto, em países em desenvolvimento e transição, trabalho voluntário
representou um pouco menos que 0,7% do PIB. Nos países desenvolvidos, o trabalho voluntário
representou 2,7% do PIB (ver Figura 2.2).
FIGURA 2.2: Valor todos os países *
do
trabalho
voluntário como
parte do PIB
Em
Desenvolvido
desenvolvimento e
transição
Suécia
Noruega
França
Reino Unido
Estados Unidos
Argentina
África do Sul
Tanzania
Itália
Espanha
Peru
Kenya
India
Colômbia
Paquistão
Hungria
Brasil
México
0%1% 2% 3% 4%
5% 6%
* 36 média do país
Fonte: Salamon, L. (Abril, 2008). Colocando o voluntariado no mapa econômico do mundo. Documento
apresentado na Conferência IAVE (Associação Internacional de Esforços Voluntários), Panamá, Costa Rica.
O Índice da Sociedade Civil CIVICUS (ISC)27 cria 72 indicadores sobre os diferentes aspectos da sociedade
civil. Os indicadores são, em seguida, agrupados em cinco dimensões: Participação Cívica, Nível de
Organização, Prática de Valores, Percepção do Impacto e Ambiente Externo. Juntos eles apresentam um
quadro abrangente da força da sociedade civil do país, expressa visualmente através do diamante da
Sociedade Civil (ver Figura 2.3).
FIGURA
2.3:
O
Diamante
da
Sociedade
Civil
CIVICUS
Nível
Organização
de 72
de 53
Prática de valores
62
Percepção
impacto
Engajamento cívico
46
Ambiente externo
48
100
80
60
40
20
0
Fonte: O Diamante da Sociedade Civil CIVICUS
As conclusões do ISC mostram interessantes variações regionais em taxas de participação voluntária entre
organizações da sociedade civil de foco social e organizações da sociedade civil com uma orientação
ativista. A percentagem de pessoas que adotam trabalho voluntário em organizações da sociedade civil de
foco social é muito mais elevada na África subsaariana do que em qualquer outra região, com a América
Latina, Europa Oriental e o CEI vindo em seguida. ONGs orientadas a ativismo também relatam as taxas
mais elevadas de participação na África subsaariana. No entanto, aqui da Europa Oriental classifica-se à
frente da América Latina, seguida do CEI.
O ISC também mede a extensão e a natureza do envolvimento do cidadão, incluindo o voluntariado, em
relação a outras dimensões fundamentais do diamante. Isso pode permitir comparação e reflexão sobre
alguns dos aspectos do voluntariado como confiança e solidariedade que não tinham, até então, servidos
para quantificação.
Os dados do ISC também indicam que os países com altas taxas de voluntariado em organizações da
sociedade civil socialmente focada têm elevadas taxas de voluntariado em organizações da sociedade civil
politicamente orientadas. Os dados também mostram uma ligação positiva entre taxas mais elevadas de
voluntariado e uma maior eficácia da sociedade civil. Isto sugere que o voluntariado traz benefícios à
sociedade civil como um todo.
CIVICUS identificou isso como uma oportunidade, especialmente em países em desenvolvimento, para
reforçar a ponte entre tipos menos formais do voluntariado, muitos dos quais estão ligados às novas
tecnologias, e campanhas e instrumentos de influência para políticas públicas por organizações da
sociedade civil, ampliando assim o espaço para a participação cívica.
Manual para a medição do trabalho voluntário
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) deu uma contribuição valiosa para padronizar a medição do
voluntariado, preparando e lançando um Manual para a Medição de Trabalhos Voluntários.
Desenvolvido pelo Projeto Johns Hopkins de Estudos Comparativos sobre o Setor Não Lucrativo, a pedido
da OIT e apoiado pelo programa de voluntários das Nações Unidas, o manual descreve um conjunto
padronizado de medidas do voluntariado para complementar pesquisas sobre força de trabalho nacionais.
Seu principal objetivo é facilitar as estimativas do valor econômico do trabalho voluntário.
Pesquisas sobre força de trabalho coletam uma grande gama de mão de obra e dados demográficos.
Adotar as recomendações do manual da OIT pode aumentar substancialmente a disponibilidade de
medidas confiáveis e comparáveis sobre voluntariado para complementar as estatísticas da força de
trabalho.
A definição de voluntariado no Manual é semelhante à descrita no capítulo 1, ou seja "trabalho não
remunerado e não obrigatório; ou seja, tempo individual doado sem pagamento para atividades realizadas
através de uma organização, ou diretamente para outros fora de seu ambiente familiar".31 O Manual
fornece recomendações sobre como administrar eficazmente a pesquisa.
O manual também fornece sugestões para analisar os dados e estimar o valor econômico do voluntariado.
Isso inclui relatórios sobre voluntariado direto realizado pelas pessoas, bem como de voluntariado através
de organizações. Isso permite que os analistas avaliem os recursos voluntários de organizações
comunitárias e a extensão do voluntariado fora de contextos organizacionais. Esta iniciativa representa um
importante passo a frente rumo a uma abordagem mais uniforme para medir o voluntariado em todo o
mundo e para o desenvolvimento de uma perspectiva comparativa. Ele constrói sobre o fato de que a
capacidade de execução de pesquisas sobre força de trabalho doméstica, ao contrário de outras
metodologias mais complexas, já existe globalmente. Enquanto o foco está na determinação do valor
econômico, a abordagem deve enriquecer a compreensão da natureza e grau de ambos os voluntariados,
aqueles organizados e os menos formalizados.
QUADRO 2.6 : De construção de casas para uma cidadania ativa
Não há nenhuma dúvida que o voluntariado contribui de forma
significativa para os objetivos da OIT. Ele permeia ambos os objetivos: econômicos, mesmo que não seja
realizado para gerar uma renda, e os amplos objetivos sociais. Sua contribuição é reconhecida pela
sociedade e pelos políticos como essencial para o bem-estar de toda a sociedade. No entanto seu volume,
valor e características não são muito bem representados em sistemas de informação convencionais.
Fonte: Young. (2007, Setembro).
QUADRO 2.7 : Melhores práticas na medição do voluntariado
Descreva o voluntariado para o participante, evitando equívocos relacionados ao uso do termo: "as
próximas poucas perguntas serão sobre o trabalho não remunerado e não obrigatório que você fez, ou seja,
o tempo você deu, sem pagamento, a atividades executadas quer através de organizações ou diretamente
para outros fora de sua própria casa."
Pergunte sobre o voluntariado realizado no prazo de quatro semanas anteriores, o que facilita a
recordação.
Forneça avisos ou exemplos sobre os tipos possíveis de atividades a incluir no relatório, se um for
requerido, quando eles não voluntariaram ainda, o que também ajuda na lembrança.
Colete informações sobre horas gastas para cada atividade voluntariado mencionada, o tipo de trabalho
feito, para permitir a atribuição de códigos no trabalho (por exemplo, profissionais, escrivães, artesanato e
trabalhadores correspondentes), o que pode ser usado para estimar o valor da atividade realizada.
Colete informações sobre se a atividade foi realizada através de ou para uma organização e, em caso
afirmativo, colete o nome da organização e o que ele faz (para permitir a codificação por tipo de
organização). Pergunte sobre o tipo de instituição para a qual o voluntariado foi feito (por exemplo,
caridade/sem fins-lucrativos, negócios, governo, outros).
Fonte: Organização Internacional do Trabalho (OIT). (2011).
Conclusões e discussões
Este capítulo confirma que a ação voluntária é encontrada no mundo todo e é enorme. Tomar a medida do
voluntariado, em toda a sua diversidade e ricas expressões, está ocorrendo em muitos lugares e de muitas
maneiras diferentes. No entanto, ele está ainda numa fase muito precoce e apresenta desafios
consideráveis. A gama de estudos mencionados aqui aponta para a
diversidade dos temas tratados, bem como a ausência de abordagens comuns. Devido às definições
altamente variáveis, metodologias e finalidades entre iniciativas nacionais, regionais e globais, não é ainda
possível dar uma imagem composta das dimensões do voluntariado por país, região ou qualquer outra
categorização. No entanto, o objetivo aqui não é, de qualquer forma, limitar as atuais e novas iniciativas
destinadas a medir o voluntariado. Estas têm necessidades específicas. Elas ajudam a somar na base de
conhecimento sobre voluntariado. Como tal, elas devem ser encorajadas e apoiadas, especialmente no
mundo em desenvolvimento. Estudos nacionais de voluntariado são de particular importância para
"garantir que considerações das questões que dizem respeito ao voluntariado são baseadas em uma sólida
apreciação e análise dos parâmetros, perfil e tendências do voluntariado no contexto de determinado
país.”
Políticas eficazes para apoiar o voluntariado não podem ser postas em prática sem compreender suas
dimensões e perfis. Estudos nacionais ainda não são suficientes. Há uma necessidade premente para
comparar e avaliar comparativamente o voluntariado a nível regional e global. Não obstante a
inconsistência das medidas em vigor, uma abordagem comum tem de ser prosseguida.
Existem medidas concretas que podem ser tomadas para começar a estabelecer o campo de medição
voluntário. Abordagens setoriais para participação no voluntariado do governo, sociedade civil e empresas
são relevantes para garantir os benefícios do voluntariado nacionalmente. No entanto, um organismo
público deve ser definido como responsável por coordenar a medição do voluntariado em um país.
Globalmente, estas instituições de coordenação, juntamente com as partes interessadas em voluntariado
nacionais, regionais e globais, precisam chegar a um acordo sobre o conjunto de dados quantitativos de
padrão mínimo e uma metodologia para a coleta de dados sobre voluntários e voluntariado adequada para
uso em análise comparativa transnacional. Desde que voluntários envolvidos em organizações são os que
fornecem uma base comum de dados para medir o trabalho voluntário, deve haver práticas acordadas a
nível internacional para garantir a bancos de dados confiáveis.
Da mesma forma, há uma necessidade de métodos consensuais para a colocação de um valor no
voluntariado, tais como os propostos no Manual da OIT sobre trabalho voluntário. Fontes de
financiamento precisam ser gerados e mecanismos criados para incentivar a investigação e construir uma
base de conhecimento. Países devem ser incentivados a cumprir seus compromissos na legislação
intergovernamental como incentivo e apoio nacionais aos estudos e avaliações sobre o valor econômico do
voluntariado. É aceitável dizer que medir a contribuição do voluntariado em termos econômicos
representa apenas um pedaço de uma matriz muito maior de benefícios que traz a ação voluntária para
comunidades e sociedades. No entanto, há uma necessidade urgente de
seguir em frente neste aspecto da agenda de medição.
Há uma necessidade premente em comparar e referenciar o voluntariado a nível regional e global
VOLUNTARIADO NO SÉCULO 21
CAPÍTULO 3
Estamos propensos a julgar o sucesso pelo índice dos nossos salários ou pelo tamanho de nossos
automóveis, e não pela qualidade de nossa relação de serviço com a humanidade.
Martin Luther King Jr.
Introdução
Há cada vez mais oportunidades para as pessoas se engajarem no trabalho voluntário. Este capítulo
examina três aspectos das mudanças mundiais do voluntariado e, embora essas mudanças não sejam
estritamente produtos do século XXI, tem havido importantes desenvolvimentos na última década, que
serão cruciais para a expansão do voluntariado no futuro. Em primeiro lugar, desenvolvimentos
tecnológicos estão abrindo espaços para as pessoas atuarem em trabalhos voluntários de uma forma
nunca vista antes na história. Estes desenvolvimentos permitem que as pessoas se relacionem entre si
globalmente e mais rápido do que nunca. Em segundo lugar, há o papel do setor privado no
desenvolvimento e seu interesse em promover ações voluntárias como um aspecto da responsabilidade
social empresarial. Em terceiro lugar, movimentos globais de pessoas nunca vistos e as facilidades para
viajar, combinadas com mais tempo de lazer, são dois fenômenos que estão impactando as formas
tradicionais de voluntariado em todos os lugares.
Voluntariado e tecnologia
Os voluntários podem contar com um crescimento rápido no leque de tecnologia para ajudar a resolver
muitos desafios globais existentes. Estes vão desde o rastreamento da insegurança alimentar ao
monitoramento de conflitos violentos, e o envio de aviso antecipado sobre desastres iminentes até relatos
de fraude eleitoral. O advento de informações móveis baseadas na Internet e na tecnologia de informação
e comunicação (TIC) está revolucionando a ação voluntária em termos de "quem, o quê, quando e onde".
Voluntariado e ativismo online, através das mídias sociais, e micro voluntariado são tendências de
crescimento rápido. As contribuições potenciais da tecnologia para o voluntariado são de grande alcance.
No entanto, as mudanças não ocorrem sem desafios. Alguns
observadores afirmam que a divisão digital pode excluir as pessoas com acesso limitado à tecnologia e que
os benefícios não são tão acessíveis em países de baixa renda. Outros afirmam que a tecnologia tem feito o
voluntariado mais impessoal, desencorajando a interação face-a-face. Como tal, poderia servir para
obstruir um engajamento voluntário significativo.
Voluntariado e Tecnologias de Comunicação Móveis
Acesso, relativamente básico e acessível, à tecnologia móvel está constantemente abrindo novas
oportunidades para os voluntários. Embora existam significativas disparidades entre países, o uso de novas
tecnologias continua em expansão em todo o mundo. Assinatura de telefone celular nos países
desenvolvidos países é superior a 100 por cento, ou seja, mais de uma assinatura por habitante. Em países
em desenvolvimento, estima-se em cerca de 60 por cento. De fato, alguns dos exemplos mais bem
sucedidos e inovadores de voluntariado móvel estão no mundo em desenvolvimento, um fenômeno tão
extraordinário que passou a ser chamado de "a revolução móvel".
Mensagens de texto SMS (Serviço de Mensagens Curtas) tiveram, talvez, o impacto mais profundo.
Comunicação SMS massiva é considerada uma forma de "micro voluntariado", em virtude da sua duração
limitada, que não requer um compromisso a longo prazo. Ela pode contribuir para a produção e partilha de
informações mais ricas, mais completas e mais confiáveis. A comunicação SMS também é usada por
voluntários para aumentar a conscientização sobre questões locais, para informar as escolhas das pessoas,
e para monitorar e melhorar os serviços públicos, tais como previsão de safra, educação e saúde.
Voluntários no campo da saúde, por exemplo, enviam mensagens de texto SMS para relatar os sintomas
básicos de enfermidades e doenças. Plotar a ocorrência geográfica destes sintomas em mapas, utilizando
programas como o queniano Ushahidi, podem ajudar epidemiologistas a identificar padrões de doença e
garantir um alerta pró-ativo de potenciais surtos. Em Ruanda, o governo distribui telefones celulares para
voluntários da saúde de comunidades localizadas em áreas rurais. Os celulares são utilizados para
monitorar o progresso das mulheres grávidas da vila, para enviar regularmente atualizações para os
profissionais de saúde, e para pedir ajuda urgente quando necessário. O esquema tem contribuído
significativamente para reduzir a mortalidade dessas mulheres. No distrito de Musanze, por exemplo,
nenhuma morte foi relatada durante o ano seguinte ao lançamento do programa em 2009, contra as dez
mortes no ano anterior. Dado o sucesso do programa, existem planos para distribuir 50.000 telefones
chegando a todos os voluntários de saúde que atuam em Ruanda e para estender o programa para a
agricultura e educação.
Mensagens SMS também são uma ferramenta poderosa para organizações de monitoramento eleitoral
para apoiar o trabalho dos voluntários. Ela pode ajudá-los a abordar desafios logísticos mais rapidamente,
bem como contribuir para a supervisão eficaz da eleição e da proteção dos direitos dos cidadãos.
Voluntariado e a Internet
No mundo em desenvolvimento, as sinergias inovadoras entre voluntariado e tecnologia geralmente focam
em tecnologias de comunicação móvel ao invés da Internet. Cerca de 26 por cento da população mundial
tinha acesso à Internet em 2009. Entretanto, a penetração da Internet em países de baixa renda foi de
apenas 18 por cento, em comparação com mais de 64 por cento nos países desenvolvidos. Embora os
custos de Internet de banda larga fixa estejam caindo, o acesso continua a ser inacessível para muitos.
Apesar disso, o voluntariado online está se desenvolvendo rapidamente. Voluntários online são "pessoas
que comprometem o seu tempo e habilidades através da Internet, livremente e sem considerações
financeiras, para o benefício da sociedade". O voluntariado online eliminou a necessidade de horários e
locais específicos para as ações de voluntariado. Assim, aumenta em muito a liberdade e flexibilidade de
engajamento voluntário e complementa o alcance e o impacto de voluntariado local. A maioria dos
voluntários online envolvem-se em atividades operacionais e gerenciais, tais como captação de recursos,
apoio tecnológico, comunicação, marketing e consultoria. Cada vez mais, eles também se envolvem em
atividades como pesquisa e escrita e lideraram grupos de discussão por e-mail.
O VNU gerencia um programa online de voluntariado, acessível em www.onlinevolunteering.org. Lançado
em 2000, ele conecta ONGs, governos e agências das Nações Unidas com as pessoas que desejam ser
voluntários através da Internet. Cerca de 10.000 voluntários de 170 países (62 por cento em países em
desenvolvimento) completam uma média de 15.000 trabalhos online a cada ano. Estes voluntários não são
apenas profissionais mas também estudantes e pessoas aposentadas. As mulheres representam 55 por
cento de todos os participantes. Os campos de atuação incluem educação, juventude, estratégias e
intervenções para o desenvolvimento, prevenção de crises, geração de emprego e renda, voluntariado,
integração de grupos marginalizados, meio ambiente, saúde e gênero. O voluntariado online aumenta as
capacidades das organizações que incentivam o desenvolvimento, além de permitir que muitas pessoas,
que de outra forma não teriam oportunidade, participem desse desenvolvimento. Voluntariado online é
tipicamente de curto prazo. Em um estudo, mais de 70 por cento dos voluntários online escolheu tarefas
que requerem de uma a cinco horas por semana e quase metade escolheu atribuições com duração de 12
semanas ou menos. Algumas organizações, como Sparked.com, oferecerem oportunidades de
voluntariado online que duram de 10 minutos a uma hora. Uma característica única do voluntariado online
é que ele pode ser feito a distância. Pessoas com mobilidade reduzida ou outras necessidades especiais
participam de maneira que não seria possível no tradicional voluntariado presencial. Da mesma forma, o
voluntariado online pode permitir às pessoas superarem inibições e ansiedades sociais, particularmente se
elas normalmente sofrem com rótulos e estereótipos relacionados a deficiências. 12 Isso permite que
pessoas que não seriam voluntárias em ações tradicionais, exerçam o voluntariado. Além disso, pode
construir a auto confiança e auto estima, melhorando e ampliando redes e laços sociais. 13 O voluntariado
online também permite que os participantes adaptem seu programa de trabalho voluntário às suas
necessidades e situações de vida.
Sites de redes sociais como Twitter, Facebook e Orkut têm ajudado as pessoas a compartilhar e organizar
informações. Entre os exemplos incluem-se a redução de risco incêndios florestais na Rússia em 2010 e a
mobilização para manifestações políticas em países árabes no início de
2011. Estas plataformas de mídias sociais também têm sido utilizadas por voluntários e organizações para
recrutar, organizar ação coletiva, sensibilizar as pessoas, angariar fundos e comunicar-se com os
tomadores de decisão.
No entanto, o clicktivismo, como é chamado, pode na verdade impedir que os ativistas, conhecidos como
"clickers", sigam adiante e se envolvam em ações de voluntariado e advocacia mais significativas.
Argumenta-se que, embora as mídias sociais possam aumentar a consciência de causas sociais, não
inspiram uma paixão capaz de criar uma mudança social efetiva.
Como consequência, as pessoas podem se tornar "filantropos telescópicos", sem estarem dispostas a fazer
qualquer sacrifício real por uma causa. No entanto, embora o micro voluntariado nem sempre pode levar a
uma mudança social radical, a simples informação e mudança de atitudes já traz benefícios. Por exemplo, a
página Diga NÃO à Violência contra as Mulheres no Facebook informa milhares de assinantes sobre
atividades importantes e a legislação sobre direitos das mulheres.
A Internet também facilita o voluntariado, combinando os interesses dos voluntários com as necessidades
das organizações. Sites de voluntariado ampliam as oportunidades dos voluntários encontrarem
colocações, ao mesmo tempo em que proporcionam a participação das organizações com fácil acesso a
potenciais voluntários. O prazo de recrutamento e os custos são reduzidos. Em muitos níveis, as novas
tecnologias de comunicação e informação introduziram um fluxo de informações horizontal e participativo
entre os usuários, abrindo assim possibilidades inovadoras para a participação de voluntários. Voluntariado
de base tecnológica pode ser particularmente adequado para os jovens que tendem a adotar e empregar
tecnologia. Há uma real necessidade de pesquisas que busquem uma melhor compreensão dos benefícios
e desafios da relação online em comparação com o voluntariado presencial.
Voluntariado internacional
O voluntariado internacional é uma atividade organizada desenvolvida por voluntários que trabalham fora
do seu país de origem. Ele inclui tantas tarefas de curto quanto longo prazo através de agências
governamentais ou não-governamentais.
Na última década em particular notou-se o número de voluntários no exterior aumentando e as formas de
envolvimento evoluindo. O voluntariado internacional tornou-se uma característica proeminente de
programas de assistência de desenvolvimento em diversos países desenvolvidos na década de 60.
Algumas das organizações de coordenação de voluntários internacionais foram estabelecidas durante esse
período, incluindo Voluntários da Austrália Internacional (Australina Volunteers International), Japão
Voluntários Cooperadores no Exterior (Japan Overseas Cooperation Volunteers), Organização de Serviço da
Universidade Canadense (Canadian University Service), Peace Corps, Volontari nel Mon-do – FOCSIV e
Voluntários das Nações Unidas (United Nations Volunteers).
Com exceção da VNU, a qual sempre teve voluntários de países em
desenvolvimento, estes programas tradicionalmente focam em enviar voluntários do norte para o sul. Para
muitos programas internacionais de trabalho voluntário, um desenvolvimento mais recente foi adicionar
esquemas de voluntariado nacional às suas atividades. Isso é feito com o propósito de tirar proveito do
conhecimento de pessoas familiarizadas com a língua local e questões culturais ao mesmo tempo em que
constrói capacidades locais sustentáveis e contribui para o desenvolvimento22. Isso constrói
complementaridade útil com voluntários internacionais que, somando habilidades, algumas vezes provêm
doações concretas e recursos, sendo isso diretamente ou através de ligações com organizações externas.
Recentemente um número de agências de agências de intercâmbio, incluindo VSO na Inglaterra, Progresso
na Irlanda e Fredskorpset na Noruega, tem promovido missões voluntárias de sul para sul e sul para norte.
Isso cria oportunidades para cidadãos de países em desenvolvimento para se voluntariarem no exterior e
fortalecer as capacidades nacionais. Esta dimensão sul para o sul também está acontecendo no mundo em
desenvolvimento em si.
Na África, a União Africana e a ECOWAS, iniciativas regionais de voluntariado jovem possibilitam jovens
africanos a ganhar experiências do voluntariado enquanto contribuem com a paz e o desenvolvimento da
região. Na América Latina, a iniciativa Capacetes Brancos (White Helmets) foca em atribuições de
voluntários latino-americanos em programas de emergência principalmente na região. O Brasil coopera
com a VNU enviando voluntários brasileiros para a América Central. O programa está sendo expandido
para o Haiti e planos estão em progresso para fazer o mesmo em Moçambique. Na Ásia, há programas em
andamento pela Agência de Cooperação Internacional da Coréia (Korea International Cooperation Agency
– KOICA), pela Jovens Voluntários da China Servindo Programa da África (Young Volunteers Serving Africa
Programme of China) e pela Fundação Internacional da Singapura (Singapore International Foundation –
SIF). O objetivo da SIF é melhorar os meios de subsistência e criar maior entendimento entre os nativos de
Singapura e comunidades do mundo através de ideias compartilhadas, habilidades e experiências 25. Desde
2004, o Programa Voluntário da Tailândia (Volunteer Programme of Thailand – TICA) enviou cidadãos do
seu país para países vizinhos a fim de dar suporte a programas de cooperação técnica. Além de contribuir
para o desenvolvimento de recursos humanos sustentáveis, o programa visa construir amizade e
proporcionar relacionamentos de pessoas para pessoas em um nível fundamental entre a Tailândia e
outros países em desenvolvimento na Ásia e outros continentes.
Formas de voluntariado internacional estão se tornando cada vez mais diversas. A tendência é em direção
à colocação de curto prazo, com duração média de menos de seis meses e colocações que são
individualmente adaptadas ao voluntário. Enquanto voluntariado internacional foi uma vez equiparado
com comprometimento de longo prazo através de um programa voluntário formal, novas formas de
voluntariado internacional de curto prazo combinam interesses em viajar com o desejo de contribuir. Essa
tendência é movida pela globalização, viagens para o exterior mais baratas e mais convenientes, aumento
da migração, mídia globalizada, identidades multiculturais e trabalho mais flexível e planos educacionais. O
voluntariado internacional é cada vez mais promovido em universidades e corporações como uma força
para educação global e desenvolvimento de habilidades. Voluntariado é também crescente entre pessoas
vivendo fora dos seus países de origem, expressando o desejo da diáspora de ajudar comunidades em suas
terras natais30. Recrutamento de voluntários de diáspora por
corporações também é cada vez mais comum. Outra crescente tendência é por programas facilitando
colocações de voluntário sênior de curto prazo para profissionais aposentados.
Há uma questão de se o voluntariado internacional de curto prazo é mais benéfico como uma experiência
de aprendizado para os próprios voluntários ou para a comunidade que os hospeda. A maioria dos estudos
conclui que isso depende do programa. Na realidade, voluntariado internacional é uma estrada de dois
sentidos, beneficiando tanto os voluntários quanto às comunidades que os hospedam. Voluntários
internacionais frequentemente relatam ganhar habilidades que eles dificilmente adquiririam através de
voluntariado local e nacional ou empregos33. Voluntários que retornam geralmente alegam que suas
experiências no exterior foram “transformadoras” ou “pontos de mudança” nas suas vidas, levando ao
comprometimento aumentado do serviço a nível nacional e no exterior. Para comunidades hospedeiras,
programas de durações diferentes podem ser apropriados para tipos específicos de atividades de serviço.
Voluntários de curto prazo podem respirar vida nova pra dentro de diferentes atividades rotineiras de
serviço social com crianças, adultos ou portadores de necessidades especiais35. Voluntários internacionais
experientes de curto prazo trazem com eles significativa experiência técnica. Entretanto, missões repetidas
são vistas como mais efetivas. Missões experientes individuais também são mais efetivas como parte de
projetos de longo termo quando eles são independentes.
Há muito a debater sobre os benefícios do turismo voluntário de curto prazo, “volunturismo”, para o
desenvolvimento internacional. Em 2008, o mercado para volunturismo no oeste Europeu cresceu de 5 a
10 por cento em cinco anos, com África, Ásia e América Latina, sendo os destinos mais populares. Uma
oportunidade pode variar de um ou dois dias até um mês ou mais, com a maioria das experiências durando
entre uma e duas semanas. É mais popular com estudantes e pessoas fazendo uma pausa na carreira. Os
projetos mais populares incluem educação e treinamento, construção e trabalho com crianças.
Volunturismo provém organizações hospedeiras e projetos com meios de divulgação. Para comunidades,
isso possibilita maiores recursos humanos e financeiros, empregos locais e melhoramento de
infraestrutura. Voluntários tendem a ficar em contato depois que retornam para casa e até levantam
fundos em nome das comunidades. Mas volunturismo se tornou também alvo de críticas. Quando a
duração da viagem diminui, as colocações de voluntariado são designadas mais para a conveniência do
voluntário do que para dar suporte a comunidade local que necessita. Voluntários participantes tendem a
deixar a desejar em qualificações relevantes, experiência e treinamento. Portanto eles realizam tarefas
simples, menores em escala, e com mínimo impacto. Eles podem até ser um fardo para os recursos locais.
Alguns especialistas argumentam que a indústria do volunturismo deveria ser regulamentada a fim de
garantir que isso beneficia o desenvolvimento sustentável.
Em contraste com as colocações de voluntários internacionais de curto prazo, programas enfatizando
voluntariado internacional de longo prazo tendem a colocar uma maior prioridade em combinar as
habilidades dos voluntários com as necessidades das comunidades hospedeiras. Programas são mais
efetivos quando eles fazem o seguinte: consideram continuidade na presença de voluntários; provêm
treinamento e orientação, incluindo sensibilização cultural. Respondem
diretamente às necessidades das comunidades e através dos seus planos, maximizam as contribuições.
O caso do voluntariado de diáspora merece atenção especial dado o seu enorme potencial para o
desenvolvimento nos países com significativa população de residentes estrangeiros. Por exemplo, 1.1
milhões de profissionais médicos praticantes residentes nos Estados Unidos somente são de países em
desenvolvimento. Mais de 120.000 desses vêm da África Subsaariana. A natureza do voluntariado de
diáspora é contingente sobre circunstâncias da diáspora em seu país adotado e em sua terra natal. No caso
do Chifre da África, por exemplo, membros da diáspora retornam às suas terras natais periodicamente por
curtos períodos. O propósito deles é ajudar a melhorar as capacidades de redes da sociedade civil além de
incutir uma “mentalidade coletiva e civil orientada” em comunidades locais pós-conflito. Ainda, pouco é
conhecido sobre o importante papel dos voluntários de diáspora como agentes de mudanças na região.
A diáspora do Vietnã foca em questões tais como redução da pobreza, sustentabilidade ambiental,
cuidados médicos e incapacidades. Com uma justa segunda geração bem integrada em países de adoção,
há uma questão, entretanto, sobre a viabilidade de longo prazo do voluntariado de diáspora no Vietnam
como laços ao país de origem se tornam mais fracos. Tem sido estimado que em torno de 400.000
vietnamitas vivendo no exterior receberam maior educação, porém somente 200 são trazidos de volta a
cada ano para ensinar ou consultar.
Iniciativas para mobilizar voluntários de diáspora são sinais da significância crescente da diáspora para o
voluntariado. Tais iniciativas vêm de agências incluindo o Programa de Desenvolvimento das Nações
Unidas (United Nations Development Programme), a Organização Internacional para Migração
(International Organization for Migration), o Departamento Britânico para Desenvolvimento Internacional
(British Department for International Development) e o VSO-assistido Aliança de Voluntariado de Diáspora
(Diaspora Volunteering Alliance), Serviço da Universidade Canadense no Exterior (Canadian University
Service Overseas), o VSO Programa de Voluntariado de Diáspora (Diaspora Volunteering Programme) e o
USAID Aliança de Redes de Diáspora (Diaspora Networks Alliance – DNA)44. O valor desse tipo de
voluntariado é que isso traz conhecimento especializado para o desenvolvimento e processos de paz em
países em necessidade de tal assistência. Tão importante, entretanto, é que isso some ao capital social das
pessoas que estão geograficamente separadas, mas culturalmente ligadas. Isso é um bom exemplo do que
mantém sociedades conectadas.
Voluntariado internacional nos encoraja mudar o foco no sobre o que é assistência de desenvolvimento.
Ela não é apenas sobre transferir habilidades técnicas, mas também sobre construção de relacionamentos,
cooperação global e os valores da solidariedade. “Isso pode conectar o vazio entre o mundo
profissionalizado de especialistas em desenvolvimento e organizações e os ‘não especializados’ que
engajam com suas ideias e práticas de desenvolvimento”.
VOLUNTARIADO E SETOR PRIVADO
Empresas do setor privado operam em um mercado crescentemente "moral"
O economista Milton Friedman, dos Estados Unidos, uma vez, brincando, disse que "o negócio do negócio
é negócio". No entanto, esta noção tem poucos adeptos atualmente: empresas do setor privado operam
em um mercado crescentemente "moral", em que consumidores, investidores e funcionários estão
interessados em saber se essas organizações são socialmente responsáveis. Consumidores e investidores
têm imagem mais positiva de empresas que eles sabem que são boas "cidadãs corporativas". Da mesma
forma, funcionários ficam mais motivados por estarem contribuindo para a sociedade.
"Responsabilidade social empresarial" (RSE) tem sido descrita como "expectativas econômicas, legais,
éticas e discricionárias que uma sociedade tem em relação às organizações em um determinado
momento." Significa que as empresas privadas têm, além da obrigação de gerar um retorno justo para os
investidores, responsabilidades morais, éticas e filantrópicas. Outra definição vai mais longe afirmando que
a RSE implica "melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e de suas famílias, bem como da
comunidade local e da sociedade em geral." Isto coincide com os valores do voluntariado e sua relação
com o bem-estar de pessoas e de suas comunidades.
Pesquisa nos países em desenvolvimento indica que a RSE é mais prevalente do que geralmente se
acreditava, embora menos institucionalizada do que em países desenvolvidos. Na Ásia, entre os vários
países, variam muito os modos de exercer a RSE, com fundações, voluntariado, parcerias etc. Na África, as
práticas de RSE se concentram mais na economia e na filantropia do que nas responsabilidades legais e
éticas. Na América Latina a RSE é vista como uma esperança de mudança positiva tendo em vista os
desafios socioeconômicos, políticos e ambientais da região. Uma RSE formalizada tende a estar mais
presente em empresas grandes, com alta visibilidade, nacionais ou multinacionais, especialmente entre as
que têm marcas internacionalmente reconhecidas ou que aspiram a um status global.
O Pacto Global da ONU (UN Global Compact), lançado em 2000, que promove direitos humanos e trabalho,
princípios ambientais e posturas anticorrupção no setor privado, foi um grande impulso para a RSE. Seu
objetivo é catalisar ações no sentido de cumprir os objetivos mais amplos das Nações Unidas - incluindo os
ODM - e apoiar uma plataforma para o engajamento empresarial. O número de empresas envolvidas no
Pacto Global cresceu de 47, em 2000, para mais de 8.700 em 2011, em 135 países. As empresas
participantes são incentivadas, entre outros aspectos, a mobilizar voluntários para atuar no sentido dos
MDG.
O "voluntariado empresarial" é uma crescente manifestação da RSE. Às vezes é denominado "voluntariado
apoiado pelo empregador" ou "voluntariado corporativo" e frequentemente é um componente da
estratégia de relações com a comunidade. Os benefícios para os funcionários incluem a elevação do moral,
da satisfação no trabalho, do orgulho e de outros sentimentos positivos em relação à empresa. Os
benefícios para a empresa incluem a melhoria da imagem e da reputação, uma maior visibilidade junto à
comunidade e o aumento de vendas. As comunidades também ganham, em função do crescimento do
bem-estar, do apoio financeiro e de outras formas de assistência para as
organizações locais, além de aumento dos níveis de voluntariado comunitário. 53 Nas avaliações da RSE por
vezes está ausente o reconhecimento de que o voluntariado empresarial permite que os cidadãos
participem de atividades que correspondem a seus valores e fortalecem o tecido social - o que reforça a
principal mensagem deste relatório.
Tal como acontece com a RSE em geral, a natureza do voluntariado empresarial nos países em
desenvolvimento mostra consideráveis variações de acordo com os contextos específicos. Um projeto da
New Academy of Business (Nova Academia de Negócios) em sete países em desenvolvimento (Brasil, Gana,
Índia, Líbano, Nigéria, Filipinas e África do Sul) verificou que as formas tradicionais de filantropia
corporativa e as iniciativas de investimento social eram práticas comuns. Os programas de voluntariado
empresarial de longo prazo, entretanto, não eram comuns nem recebiam apoio institucional. 59 O estudo
Global Companies Volunteering Globally (Empresas globais exercem o voluntariado globalmente) 61
identificou, em todo o mundo, diversas abordagens ao voluntariado empresarial, sendo que fatores
regionais e culturais determinam como o voluntariado é entendido e praticado.
As empresas apoiam o voluntariado empresarial de maneiras muito diferentes, variando desde encorajar
voluntários individuais, em pequenas equipes, até como parte de programas estruturados, muitas vezes
em parceria com ONGs. Às vezes as atividades acontecem nas comunidades onde as empresas atuam, mas
funcionários participantes dos programas de voluntariado também podem ser enviados para outros países.
As atividades podem implicar mobilizações em todo o mundo e desenvolver-se por dias, semanas ou
meses. Podem ser projetos únicos ou assumir a forma de voluntariado online.
Um fenômeno que ainda é bastante novo, mas rapidamente crescente, é a integração formal dos
programas de voluntariado empresarial na infraestrutura e no plano de negócios das empresas. Grandes
empresas (mais de 250 funcionários) são mais propensas a ter programas de voluntariado empresarial (47
por cento) do que as empresas médias (20 por cento) ou as pequenas empresas (14 por cento). Os
funcionários de empresas maiores também tendem, mais do que os funcionários de empresas menores, a
reconhecer que seus empregadores apoiam o voluntariado. Na verdade, mais de 90 por cento das
empresas do relatório Fortune de 500 Empresas (Fortune 500 companies report) informam manter
programas formais de voluntariado empresarial. Em escala global, é difícil avaliar a prevalência de
programas de voluntariado empresarial, uma vez que poucas empresas registram as horas de trabalho
voluntário ou avaliam os resultados do voluntariado empresarial.
A falta de programas formais de voluntariado empresarial em pequenas empresas e médias empresas não
significa que haja falta de envolvimento com a comunidade. Um estudo sobre a responsabilidade social e
ambiental dos proprietários de pequenas empresas no Reino Unido encontrou altos níveis de
envolvimento com a comunidade: "As pequenas empresas têm, basicamente, uma visão diferente das
grandes empresas. Os "grandões" provavelmente ficam esperando para ver o que podem ganhar com isso,
enquanto as pequenas empresas se consideram parte da comunidade e, de forma alguma, encaram isso
como parte de sua estratégia de negócios".
A noção comum é que as ações de voluntariado empresarial ocorrem
durante o período de trabalho dos funcionários. As práticas, no entanto, variam muito: algumas empresas
fornecem informações sobre oportunidades de voluntariado mas esperam que os funcionários as realizem
fora do horário de trabalho. Outras oferecem horários de trabalho flexíveis, permitindo certa dedicação ao
voluntariado, enquanto outras, ainda, permitem saídas, remuneradas ou não. Algumas empresas,
geralmente grandes, liberam funcionários para voluntariado por longos períodos, na expectativa de que
eles retornarão com novas habilidades e nova motivação. O Global Pfizer Health Fellows (Companheiros de
saúde global da Pfizer), por exemplo, envolve por períodos de três a seis meses, funcionários com
experiência em medicina e negócios, em equipes de organizações voltadas para o desenvolvimento
internacional no campo da saúde. Desde 2003 cerca de 270 funcionários se apresentaram como
voluntários em mais de 40 países.
Os tipos mais comuns de programas de voluntariado empresarial (PVE) envolvem formas simples de apoio.
Entre estas incluem o ajustamento de programações de trabalho de modo a acomodar o voluntariado, a
permissão de acesso aos recursos e instalações da empresa, a disseminação de informações sobre
oportunidades de voluntariado e a valorização, formal, das ações de voluntariado de funcionários. O
National Commercial Bank of Saudi Arabia (Banco Comercial Nacional da Arábia Saudita) incentiva os
funcionários a ministrar aulas de habilidades interpessoais em escolas, além de proporcionar treinamento
para empreendedores. Alguns sistemas são também abertos para famílias, aposentados, clientes e
fornecedores. Por exemplo, todos os anos, por três meses, a Hyundai, com parceria da ONG Korean Council
of Volunteering (Conselho Coreano de Voluntariado), promove oportunidades adequadas para as famílias
de empregados que são apoiados por centros de voluntariado local, além de fornecer uniformes.
Cada vez mais, as empresas estão articulando as doações filantrópicas com o voluntariado empresarial,
combinando doações e "dólares para realizadores" ("dollars for doers"). As empresas contribuem para um
causa ou organização com valores que variam segundo a quantidade de horas de voluntariado de seus
funcionários – o que incentiva os funcionários a aumentar seu voluntariado. A Fundação UPS apoia
doações a organizações locais escolhidas pelo UPS Community Involvement Comitee (Comitê UPS de
Envolvimento com a Comunidade). As subvenções são concedidas depois de, pelo menos, 50 horas de
trabalho de voluntários da UPS.
PVEs estão cada vez mais focados em colaborações de longo prazo com ONGs locais. Isso ajuda as
empresas a assimilar o conhecimento dos parceiros locais e a responder de forma mais eficaz às
necessidades da comunidade. Auxiliar organizações sem fins lucrativos, comunitárias, a funcionar mais
eficazmente está entre os principais objetivos dos PVEs atualmente. Normalmente as ONGs solicitam
voluntários com competências específicas, visando atender certas necessidades - e as empresas
encaminham funcionários com as competências solicitadas. Dispor de voluntários com determinadas
habilidades pode reduzir radicalmente as despesas fora do orçamento das ONGs. Estima-se um retorno de
quatro dólares americanos para cada dólar americano investido no desenvolvimento de uma infraestrutura
de formação e gestão de voluntários.
O Equity Bank (Banco do Patrimônio), no Quênia, é um excelente
exemplo da relação entre o setor privado e ONGs: funcionários do Banco atuam como voluntários,
ministrando cursos de alfabetização financeira para comunidades e treinando ONGs sobre os fundamentos
do empreendedorismo e da gestão financeira. Estas iniciativas de voluntariado complementam, mas não
substituem serviços financeiros destinados a reduzir a pobreza e a fornecer capital e financiamento para
grupos de risco. Para o Banco, essas iniciativas aumentam o alcance e o impacto de seus serviços
financeiros. O Tata Group (Grupo Tata), um dos maiores conglomerados privados da Índia, é outro
exemplo.
Nos últimos anos, em níveis local, nacional e global, tem havido um forte interesse no desenvolvimento de
conhecimentos e de normas, no estabelecimento de parcerias e na melhoria das práticas do voluntariado
empresarial. Câmaras de Comércio, muitas vezes, têm comissões de RSE. Por exemplo, desde 2000 a
Câmara de Comércio e Indústria do Vietnã tem mantido a Business Link Initiative (Iniciativa de Articulação
de Negócios) e o Business Office for Sustainable Development (Escritório de Negócios para o
Desenvolvimento Sustentável), focalizados na promoção da RSE, incluindo o voluntariado empresarial. O
Global Business Coalition on HIV / AIDS, Tuberculosis and Malaria (Pacto Global para a Luta contra o
HIV/Aids, Tuberculose e Malária) inclui ferramentas, conexões e informações sobre o envolvimento efetivo
da comunidade com voluntários.
Embora a atenção seja, em grande parte, dirigida ao voluntariado empresarial, o voluntariado no setor
público também é relevante. No Reino Unido, 45 por cento dos funcionários públicos afirmam que seu
empregador tem esquemas de voluntariado, contra 30 por cento no setor privado. Funcionários públicos,
assim como empregados do setor privado, frequentemente têm sido envolvidos em esforços voluntários,
nacionais ou internacionais, de resposta a situações de emergência e de recuperação. O Disaster Service
Volunteer Leave Act of Guam (Lei de Licença de Serviço Voluntário em Desastres de Guam) permite que
funcionários públicos envolvidos na ajuda à Cruz Vermelha durante desastres tenham 15 dias de licença
remunerada por ano.
Conclusões e discussões
A globalização e a era digital estão alterando a face do voluntariado. A mudança é desafiadora, e questões
críticas foram levantadas sobre o valor e a contribuição das várias novas formas de voluntariado. Em
alguns casos, o voluntariado envolvido com a tecnologia pode substituir o expressivo e significante
compromisso do voluntário. O voluntariado internacional pode ser exclusivo e o voluntariado empresarial
insincero.
Ao mesmo tempo, o voluntariado moderno tem o potencial para contribuir significativamente para o
desenvolvimento humano. Esforços são, portanto, necessários para garantir uma possível participação de
todos os membros da sociedade. Para um número elevado de pessoas em países com baixa renda, o
acesso a tecnologias inovadoras é ainda limitado e a noção de voluntariado internacional é muito remota.
Além disso, somente uma pequena quantidade de empresas em países em desenvolvimento
comprometem recursos para dar suporte aos esquemas de voluntariado dos trabalhadores.
Mesmo assim há razoes para ser otimista, pois as formas de evolução do voluntariado irão aumentar as
oportunidades para pessoas realizarem trabalhos voluntários. A propagação da tecnologia conecta cada
vez mais as áreas rurais e isoladas. ONGs e governos estão começando a perceber o valor do voluntariado
internacional de sul para sul, bem como do voluntariado de diáspora, e estão dedicando recursos a esses
esquemas. Organizações estão respondendo ao “mercado social” suportando iniciativas de RSC que
incluem voluntariado. Novas oportunidades para se engajar no voluntariado estão se abrindo com o
resultado de que mais pessoas estão se envolvendo e aquelas que já participavam podem expandir seu
comprometimento. Isso é uma notícia excelente para o tecido social das nossas sociedades.
BOX 3.1 : Monitoramento de eleições por meio de SMS
Observadores eleitorais voluntários podem desempenhar um papel fundamental na promoção da boa
governança. Voluntários bem treinados, equipados com as novas tecnologias, constituem-se em recurso
inestimável para a manutenção de sistemas eleitorais democráticos.
Uma nova forma de engajamento cívico surgiu durante o referendo de 2006 em Montenegro.
Observadores eleitorais utilizaram mensagens de texto para apresentar relatórios periódicos sobre a
eleição. Voluntários de uma ONG de Montenegro, o Centro para Transição da Democracia, com a
assistência técnica do Instituto Nacional Norte-americano da Democracia, utilizaram mensagens curtas
(SMS) para relatar quase instantaneamente, das seções eleitorais de todo o país. Desde então, voluntários
eleitorais reportaram, por meio de mensagens de texto via telefones celular, o que ocorreu nas eleições na
Albânia em 2006, Serra Leoa em 2007, Nigéria em 2007 e 2011 e no Sudão em 2010, entre outras. 6
A primeira eleição em Serra Leoa pós-guerra foi monitorada por milhares de voluntários locais treinados,
que observaram as seções eleitorais e coletaram informações dos votos, enviando-as para análise via
mensagens de texto para o Observatório Nacional de Eleições, uma coalizão de mais de 200 ONGs no país.
A presença e contribuições dos voluntários ajudaram a "proteger o direito dos eleitores e promover um
ambiente de eleição justo e pacífico”.
Relatórios de voluntários, por meio de SMS, estão ampliando as possibilidades de engajamento cívico e
transparência e estão contribuindo para uma maior responsabilidade política.
Fonte: The National Democratic Institute. (2006); Schuler. (2008); Verclas. (2007).
BOX 3.2 : Voluntariado online
O Serviço de Voluntariado Online, uma ferramenta da UNV para mobilizar o desenvolvimento de
voluntários, une voluntários com organizações a fim de reforçar o impacto do desenvolvimento humano
sustentável.
Em Camarões, o Engenheiros Sem Fronteiras (EWB) reuniu três voluntários online que desenvolveram um
manual de fácil utilização em técnicas e tecnologias complexas de cultivo. Um engenheiro agrícola de Mali
traduziu os jargões científicos para uma linguagem simples. Um consultor marroquino com doutorado em
estudos ambientais e um agro economista togolês também trabalharam juntos em um produto que está
ajudando agricultores a melhorar o cultivo e processamento de abacaxis.
EDOH Kokou (Togo), voluntário online, declarou: "Esta colaboração foi um sucesso total. O compromisso,
colaboração e convívio da nossa equipe com a equipe da EWB provocou uma mudança decisiva na minha
vida. Esta foi a minha primeira vez como um voluntário online e eu fiquei com uma sensação de completa
satisfação. Eu decidi ser novamente voluntário para a EWB. "
O programa da UNESCO Patrimônio Mundial da Floresta (World Heritage Forests) trabalha para fortalecer
a conservação de florestas em locais de Patrimônio Mundial. Vinte e dois voluntários online de 11 países
apoiaram a programa, defendendo a conservação durante o Ano Internacional das Florestas em 2011.
Ao pesquisar, analisar, resumir e mapear informações, os voluntários
contribuíram para o relatório State of World Heritage Forests e construíram bancos de dados relacionadas
com Patrimônio Mundial da Floresta.
De acordo o estudante de arquitetura e urbanismo para conservação do patrimônio, Jae Hyeon Park
(República da Coreia), analisar e sintetizar os dados para o banco de dados "permitiu-me ampliar meus
conhecimentos de áreas ambientais e entender mais sobre a participação da UNESCO no patrimônio
natural a nível global. Acima de tudo, o que tenho beneficiado desta vez é o prazer de voluntariado com
profissionalismo."
Fonte: UNV. (n. d., 2004, 2010a, 2010b, 2011b, June).
BOX 3.3: Voluntariado online de código aberto
As pessoas estão usando cada vez mais as mídias sociais para promover causas importantes para elas. No
Dia Anual de Ações em Blogs, marcada em 15 de outubro, milhares de blogueiros se encontram online para
compartilhar ideias sobre questões de interesse público. Em 2010, as postagens giravam em torno da crise
da água. Da conservação da água até a igualdade entre gêneros, os blogueiros exploraram questões
relacionadas à água que tiveram impacto na sociedade, com a esperança de inspirar ações positivas e
manter o debate em andamento.
Robin Beck, diretor de organização do dia em 2010, afirmou que: "O melhor resultado possível seria
espalhar a conversa para lugares onde nunca é realizada."16 Voluntários também participam online através
do "movimento de código aberto", que envolve profissionais de várias disciplinas. Biólogos, por exemplo,
adotaram ferramentas de código aberto para contribuir com as bases de dados do genoma e
sequenciamento genético. Blogs e quadros de mensagens online, formas de jornalismo aberto, contribuem
significativamente para a criação de conhecimento e divulgação, além da publicação de livre utilização. O
projeto Gutenberg, por exemplo, digitalizou mais de 6.000 livros, onde voluntários digitaram, página por
página, clássicos de Shakespeare a Stendhal. Distribuited Proofreading, um projeto relacionado, envolveu
incontáveis editoras voluntárias de cópias para ter certeza de que os textos do Gutenberg foram
renderizados corretamente.17
Fontes: Goetz. (2003); Roque. (2009); Knight. (n.d.); Blog Action Day Blog. (2010).
BOX 3.4: Micro Voluntariado na Kraft Foods
A Kraft Foods associou-se com a Sparked, um ambiente online que habilita indivíduos a se voluntariarem
independente do tempo e local, para lançar um programa piloto de micro voluntariado. Mais de 50
empregados participaram, ajudando 48 ONGs em questões relacionadas à saúde, nutrição e crianças, em
38 países. As principais habilidades utilizadas foram marketing, vendas e mídia social. Daqueles que se
voluntariaram, 67 por cento notaram a facilidade de adaptar isso nos seus horários e 92 por cento falaram
que micro voluntariado deveria ser oferecido para todos os empregados. Como um notou: “Eu não tenho
tempo para outras atividades voluntárias na minha vida agora, então isso me mantém contribuindo pelo
menos de uma maneira”.
Um voluntário da Kraft Foods utilizou suas habilidades em línguas para traduzir aplicações para
financiamento e levantamento de recursos (do inglês para o espanhol) para uma ONG Internacional,
aumentando então o acesso aos financiadores. Outro utilizou suas
habilidades com mídia social, colaboração e gerenciamento de conteúdo para orientar uma ONG sobre
como utilizar perfis do Facebook para dar notoriedade ao seu trabalho. Tecnologia pode permitir
voluntários em locais através do mundo a trabalhar sob sua conveniência sob esforços conjuntos que
podem ter um impacto tremendo.
Fontes: Allen, Galiano & Hayes. (2011); Sparked. (2012, 4 de Novembro).
BOX 3.5: Amigos da Tailândia no Butão
O Programa Voluntário Tailandês (Thai Volunteer Programme), também conhecido como “Amigos da
Tailândia” (Friends from Thailand – FFT), envia jovens voluntários Tailandeses ou “amigos” para fazer o
trabalho de campo no suporte de programas de cooperação técnica Tailandeses em países em
desenvolvimento. Através de um acordo cooperativo entre a Tailândia e o Butão, voluntários Tailandeses
provêm suporte técnico em agricultura, saúde pública, turismo e estudos vocacionais para os setores
públicos e privados no Butão. Bandit Bitbarmund, de 23 anos, é engenheiro agrônomo em uma missão
voluntária de dois anos. Bandit está pesquisando desenvolvimento de maquinário agrícola no Centro de
Máquinas Agrícolas do Ministério da Agricultura e Cooperativas e fazendo palestras sobre maquinário
agrícola para o programa de diploma em agricultura na Universidade Real do Butão.
Fonte: Phatarathiyanon, Tomon, Yosthasan, Ito, Lee & Ratcliffe. (2008); Bandit Bitbamrund, Comunicação
Pessoal. (2011, 20 de Julho); Comissão de Serviço Civil Real. (2005).
BOX 3.6: Voluntários Sênior JICA
Masayoshi Maruko é um dono de uma loja de sons para carros há muito tempo. Quando completou 60
anos, ele decidiu aplicar-se para o Programa de Voluntários Sênior da Agência de Cooperação Internacional
do Japão (JICA). Ele foi designado para uma escola de treinamento vocacional na Zâmbia para ensinar
engenharia eletrônica. Embora ele não tivesse qualquer experiência prévia em ensino, ele estava pelo
menos certo de uma coisa: aquele trabalho era somente ensinado através do trabalho. Seguindo esse
provérbio, quando ele percebeu quais eram as necessidades, ele ajustou para trabalhar acima e além dos
seus deveres de ensino.
Na Zâmbia, onde a alimentação de energia elétrica é instável, há uma demanda por geradores de energia
solar. Junto com seu ensino sobre como reparar televisões e rádios em aula, o Sr. Maruko também
desenvolveu novos produtos, incluindo uma motocicleta denominada “Bicicleta Solar” e uma lanterna
alimentada por energia solar chamada “Rei Solar” (Solar King), a qual ganhou prêmios.
Através da sua atividade na Zâmbia, o Sr. Maruko disse que percebeu que havia algo mais importante para
um Voluntário Sênior JICA do que alto nível de conhecimento e habilidades: “Quando você quer fazer
alguma coisa pela felicidade dos outros, então, pela primeira vez, seu conhecimento e técnicas serão
passados adiante”.
Em 2009, o Programa Voluntário Sênior deu a 445 pessoas da faixa etária de 40 a 69 anos a oportunidade
de participar de atividades cooperativas em países em desenvolvimento utilizando suas experiências nos
campos de agricultura, silvicultura e pescaria, energia, saúde e cuidados médicos, recursos humanos,
educação, cultura e esportes. Desde o começo do programa em 1990, um total de 4.462 pessoas foram
despachadas para 64 países.
Fonte: Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). (2011).
BOX 3.7: O Programa de Voluntariado da Diáspora Etíope
Estimados 20.000 profissionais capacitados deixaram a África desde 1990, levando suas habilidades e
conhecimentos com eles. A Etiópia está os atingindo através do seu Programa de Voluntariado da Diáspora
Etíope, o qual recruta voluntários da área da saúde para construir a capacidade nacional no tratamento de
HIV/AIDS e outras doenças. Isso funciona em parceria com a Aliança de Saúde Internacional Americana
(American International Health Alliance) e a Rede de Profissionais Etíopes em Diáspora (Network of
Ethiopian Professionals in the Diaspora).
Entre 2006 e 2010, o programa colocou 45 voluntários em mais de 30 sítios, incluindo o Ministério Federal
Etíope de Saúde, onde eles realizaram diversas funções variando de desenvolvendo orientações ao
tratamento de dor para os profissionais de saúde do país até construir uma plataforma online para o
ministério. Eles também realizaram extensão para universidades estrangeiras, desenvolveram currículo
médico para os hospitais de ensino do país e examinaram o programa de tratamento antirretroviral do
país42. Entre outros exemplos, os voluntários melhoraram e introduziram novos sistemas de cuidados,
desenvolvendo materiais educacionais e de treinamento, ajudaram a adaptar modelos importados e
técnicos para a configuração Etíope, treinaram profissionais da área da saúde, desenvolveram promoções
de campanhas de prevenção de doenças e saúde e fortaleceram a pesquisa primária.
Os voluntários possuem diversas necessidades e expectativas. Entretanto, as motivações para o
voluntariado foram um desejo de ajudar a divulgar HIV/AIDS na Etiópia, um sentimento de
responsabilidade de dar de volta para a Etiópia, e orgulho na herança Etíope.
Fonte: Giorgis & Terrazas (2011a); Organização Internacional para Migração (IOM). (2007); Rede de
Profissionais Etíopes em Diáspora (NEPID). (n.d.)
BOX 3.8: Valores e princípios são necessários nos negócios
"Precisamos dos negócios para dar um sentido
e princípios que conectam culturas e pessoas em toda parte."
Fonte: Ban Ki-moon. (2008).
prático
e
chegar
aos
valores
BOX 3.9: Voluntariado empresarial e os ODM
SUEZ, na França, é um provedor de serviços públicos industriais que contribui para o ODM-7:
sustentabilidade ambiental. Oferece aos funcionários oportunidades de atuar como voluntários em seu
negócio principal, por meio de uma parceria com UNV. Funcionários da SUEZ estabeleceram duas
associações de voluntários, "Aquassistance" e "Energy Assistance" (Assistência para Energia), para
melhorar as condições de vida de populações muito desfavorecidas em todo o mundo. Voluntários da
"Aquassistance" realizaram avaliações para gestão de resíduos na Albânia, Níger, Senegal e Guiné Bissau. O
apoio técnico foi estendido para um projeto de voluntariado comunitário de gestão de resíduos.
Voluntários da "Energy Assistance" desenvolveram recomendações para redes de distribuição de energia
em Honduras, avaliaram fontes de poluição nas Ilhas Galápagos e, no Timor Leste, recomendaram
mudanças na produção de energia e realizaram auditoria em usina elétrica.
Fonte: ICG. (N.d.).
BOX 3.10 Voluntariado empresarial
O programa Proniño (Pró-Menino), uma ideia da multinacional de telecomunicações Telefónica, pretende
contribuir para a erradicação do trabalho infantil na América Latina, onde mais de 5 milhões de crianças
trabalham. Através da escolarização das crianças e adolescentes que trabalham - e usando tecnologia e
gestão sistemas da Telefónica, Proniño visa melhorar a qualidade da educação das crianças e garantir que
elas estão protegidas contra o trabalho infantil. 54 Implementado nos 13 países da América Latina em que a
empresa tem negócios, o programa funciona por meio de uma rede composta por 118 ONGs, 674 alianças
e quase 5.000 escolas e creches. Atinge mais de 160.000 crianças e adolescentes por ano. 55 Proniño é
executado por voluntários da Telefónica que oferecem aulas extras, ajudam ONGs parceiras a monitorar as
famílias das crianças participantes do programa, conduzem oficinas sobre educação voltadas para famílias
e comunidades, além de prestar apoio a professores e assistentes sociais. (56). Os voluntários estão
também no centro do programa Escuelas Amigas da Telefónica, que conecta classes entre escolas da
Espanha e da América Latina para intercâmbios culturais através da Internet. 57 Voluntários da Telefónica
apoiam os professores prestando assistência para o uso de ferramentas Web 2.0 e monitorando os
trabalhos em sala de aula. Também acompanham e motivam professores e alunos ao longo dos cinco
meses do projeto, durante os quais as classes trabalham juntas em materiais educativos, por meio de blogs
e teleconferências. 58
Fonte: Telefónica. (2009); Allen, Galiano & Hayes. (2011).
BOX 3.11: Banqueiros sem Fronteiras
Banqueiros sem Fronteiras (BSF) é um contingente mundial de 5.700 profissionais altamente qualificados
de diversas áreas, não apenas serviços bancários e finanças, aposentados ou não, da Fundação Grameen.
São voluntários dispostos a oferecer entre duas semanas e quatro meses de trabalho de assessoria em
questões de micro finanças ou tecnologia. Desde seu lançamento, em 2008, mais de 440 voluntários
doaram mais de 50 mil horas de serviço, valendo cerca de 4 milhões dólares americanos. Por meio de
assistência técnica presencial, treinamento, tutoria e projetos de consultoria remota, os voluntários do BSF
trabalham para aumentar a escala, a sustentabilidade e o impacto de instituições de micro finanças.
Em 2009, o Technologie for Microfinance Center (Centro de Tecnologia para Microfinanças) da Fundação
Grameen alocou quatro experientes voluntários do BSF para auxiliar na compreensão do Mifos, um
sistema de informações para gestão aberto. Esses voluntários pesquisaram formas pelas quais a
computação em nuvem poderia minimizar custos e maximizar o valor, para instituições de micro finanças,
de sistemas de informação para gestão. Durante as 485 horas de trabalho doadas os voluntários realizaram
pesquisas que resultaram em um plano de negócios para o Mifos Cloud (Mifos na Nuvem), um sistema
completo, pronto para uso, que pode auxiliar as instituições de microfinanças a superar barreiras
tecnológicas e aumentar a eficiência.
Outro exemplo da contribuição de voluntários do BSF foi a produção do Corporate Governance Handbook
for the Middle East and North Africa Region (Manual de Governança Corporativa para o Oriente Médio e
região Norte da África). Os voluntários do BSF melhoraram a praticidade do manual, alinharam o material
com os treinamentos personalizados e fizeram adaptações ao contexto de micro finanças do mundo árabe.
Fonte: Maynard. (2010); Grameen Foundation. (2011).
BOX 3.12: Juntando pessoas e causas
O Conselho Tata para Iniciativas Comunitárias (Tata Council for Community Initiatives), o qual é o ponto
focal para o Compacto Global das Nações Unidas (United Nations Global Compact) na Índia, junta pessoas
e causas para fazer a diferença na vida das pessoas. Desde 1994, a iniciativa promoveu voluntariado entre
empregados e a corporação privada Grupo Tata na Índia. Ela faz isso fazendo parceria com
www.indianngos.com e conectando empregados da Tata com 50.000 ONGS e oportunidades de
voluntariado listadas no portal. “Comprometimento para o bem-estar das comunidades, a iniciativa das
nossas empresas têm sido um princípio chave do Grupo Tata”, diz Ratan N. Tata, presidente da Tata Sons. O
esforço combinado do Conselho Tata para Iniciativas Comunitárias e das empresas Tata levou a uma
tentativa mais sistemática de focar o trabalho comunitário da empresa em trazer a tona desenvolvimento
social sustentável.
Pratham, uma ONG que provê educação para crianças desprivilegiadas da Índia, fez parceria com a Taj
Hotels para conduzir treinamento na indústria hospitaleira para pessoas jovens de 40 vilarejos rurais do
estado de Maharashtra. Enquanto Pratham mobilizou pessoas jovens e construiu uma instalação no estado
da arte em Khaultabad próximo de Aurangabad, a Taj Hotels compartilhou conhecimento sobre
desenvolvimento de currículos, programas de treinamento e infraestrutura de treinamento. Mais de 70
jovens pessoas da região foram treinadas com 100 por cento de postos de trabalho de para graduados.
Fonte: Conselho Tata para Iniciativas Comunitárias (2010).
SUBSISTÊNCIAS SUSTENTÁVEIS
CAPÍTULO 4
O pobre é aquele que está sozinho
Expressão Senegalesa
Introdução
O “pobre” é uma pessoa com família, vizinhos, amigos, ideias e capacidades, bem como tradições e
aspirações. Estas características geralmente são ignoradas em políticas e programas de desenvolvimento,
que definem a pobreza principalmente como falta de renda. Frequentemente, o pobre não tem
oportunidades para perceber o seu potencial. Entretanto, eles também possuem uma variedade de ativos,
não apenas sua mão-de-obra, mas também conhecimento local, habilidades e redes com as quais eles
enfrentam desafios1. Os valores que apoiam o voluntariado, como discutido no Capítulo 1, ajudam a
assegurar que estes ativos sejam compartilhados para o benefício da comunidade.
Há crescentes evidências em países em desenvolvimento de que os pobres de baixa renda são tanto
fornecedores quanto recebedores de ajuda. Eles possuem uma capacidade significativa para ajudarem-se
uns aos outros através do voluntariado, em associação com organizações formais e também através de
canais informais de ajuda mútua. Um estudo em cinco países, incluindo Botswana, Malawi, África do Sul,
Zâmbia e Zimbábue, destacou o voluntariado feito por pessoas pobres como parte dos mecanismos para
lidar com situações adversas na comunidade. Outro estudo na África do Sul revelou que pessoas pobres e
pessoas de classes mais altas estavam igualmente dispostas a doar seu tempo como voluntários. Os
respondentes pobres e de áreas rurais eram mais suscetíveis a ser voluntários do que aqueles
respondentes não pobres ou de áreas urbanas. O mesmo estudo descobriu que grupos de ajuda mútua
autogerenciados e baseados em voluntariado são encontrados por todo o país. Estas estruturas sociais são
abertas e acessíveis a todos os membros da comunidade e, portanto, pode-se dizer que possuem “boas
características públicas”.
Necessidades não atendidas ou problemas não resolvidos fazem parte do contexto no qual as pessoas
buscam o suporte de outras. Estas necessidades e problemas são também o contexto para prover o
suporte a outras pessoas. Onde a entrega de serviços a comunidades
pobres é fraca por causa de recursos escassos, ou onde os governos simplesmente falham com seus
cidadãos, iniciativas comunitárias baseadas em voluntariado tipicamente emergem em resposta 5. A
resposta também pode tomar a forma de uma voz coletiva para advogar em nome dos cidadãos que
insistem que os governos cumpram suas obrigações. Condições econômicas frágeis, saúde pobre, acesso
limitado ou inexistente a sistemas de saúde e pobreza em geral são incentivos poderosos para as pessoas
ajudarem umas ‚às outras e para encontrarem uma voz em comum.
Para o indivíduo de baixa renda, o profundo engajamento em relações sociais e em ações coletivas
baseadas em voluntariado é um comportamento totalmente racional, dado o seu potencial para a
melhoria do bem estar psicológico, cultural e econômico. Este capítulo explora como as pessoas, através
do voluntariado, constroem a partir de seus ativos para lidar com o impacto da pobreza.
O que são subsistências sustentáveis?
Existem 1,4 bilhão de pessoas no mundo vivendo em extrema pobreza, das quais cerca de 70 por cento
vive em áreas rurais. Através das lentes de subsistências sustentáveis, vamos examinar a contribuição do
voluntariado em suas vidas. O termo “subsistências sustentáveis” reflete a mudança para uma abordagem
de desenvolvimento mais centrada em pessoas, a partir do relatório da Comissão Brundtland de 1987 e o
primeiro relatório de Desenvolvimento Humano da PNUD em 1990. O conceito de subsistências
sustentáveis foi então desenvolvido por instituições de pesquisa, incluindo o Instituto de Estudos de
Desenvolvimento da Universidade de Sussex e o Instituto de Desenvolvimento Exterior no Reino Unido;
ONGs como CARE e Oxfam; e organizações de desenvolvimento como DFID e PNUD. A definição
comumente usada é a subsistência que compreende capacidades, ativos, que incluem recursos materiais e
sociais, e atividades requeridas para meios de vida. Uma subsistência é sustentável quando pode enfrentar
e recuperar-se de estresses e choques e manter ou melhorar suas capacidades e ativos, tanto agora
quanto no futuro, sem esgotar sua base natural de recursos. Durante os anos 90, a abordagem de
subsistência foi adotada por muitas agências de desenvolvimento, incluindo o Banco Mundial e PNUD.
A abordagem de subsistência é uma forma de pensar sobre os objetivos, escopo e prioridades para o
desenvolvimento. Ela foca em múltiplos recursos, habilidades e atividades que as pessoas utilizam para
sustentar suas necessidades físicas, econômicas, espirituais e sociais. Por último, é uma tentativa de
redefinir o desenvolvimento em termos do que os seres humanos precisam e, podemos adicionar, em
termos de como eles podem contribuir para o bem estar de outros.
A abordagem de subsistência é um conceito valioso para articular a
relevância do voluntariado na vida das pessoas, especialmente aqueles de baixa renda. Ela é
complementar a outro conceito: a abordagem baseada em direitos, preocupada em “dar poder” aos
beneficiários do desenvolvimento bem como dar maior legitimidade e força moral às suas demandas
12
.
Dentro desta estrutura de referência, este capítulo considera seis tipos de ativos capitais em termos de sua
relevância ao voluntariado. São eles:

Capital social: recursos sociais, incluindo redes, relações sociais e associações de membros,
baseadas na confiança, compreensão mútua e valores compartilhados nos quais as pessoas se
utilizam quando há uma necessidade de cooperação

Capital humano: habilidades, conhecimentos, habilidade para trabalhar e boa saúde

Capital natural: solo, água, florestas e pesqueiros

Capital físico: infraestrutura básica, como estradas, água e esgoto, irrigação, escolas, postos de
saúde, energia, ferramentas e equipamentos

Capital financeiro: poupança, crédito, salário, comércio e remessas de dinheiro

Capital político: consciência e participação em processos políticos suportados por legislação,
políticas públicas e instituições.
Voluntariado e capital social
O capital social, no contexto de comunidades sustentáveis, refere-se à rede de conexões que as pessoas
utilizam em suas vidas diárias. Estas conexões são manifestações claras de voluntariado. Elas incluem a
participação em associações locais informais e também em grupos mais formais, governados por regras e
normas aceitas. O conceito de capital social também compreende relações de confiança, reciprocidade e
trocas que facilitam a cooperação e podem prover uma base para redes de segurança sociais informais
entre as pessoas de baixa renda.
Dependendo da natureza das necessidades, redes podem ser simples conjuntos de conexões individuais ou
estruturas sociais tradicionais, como família, comunidade, vila, etnia e grupos profissionais, ou elas podem
conter combinações complexas de atores. Desde iniciativas de associações de bairro nos Estados Unidos 16
até sistemas de ajuda mútua em vilas, em países em desenvolvimento, o que elas têm em comum é o
voluntariado como atributo-chave. É a “cola” que mantém um grupo ou sociedade juntos, ao motivar
pessoas a ajudar outras na comunidade e, como decorrência, ajudarem a si mesmos. O suporte ao capital
social é a noção de “relacionamentos” que está no núcleo do voluntariado.
Existe um vocabulário global rico para descrever o fenômeno. Por
exemplo, para o povo Zulu na África do Sul, a sociedade é construída ao redor do dito popular umuntu
ngumuntu ngabantu, ou “uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas”. Em outras palavras, uma
pessoa precisa de outras pessoas para avançar individualmente. O termo ubuntu, significando
“humanidade” na língua Zulu, descreve a filosofia Africana de que “sou o que sou por causa das pessoas ao
meu redor”. No Leste Africano, um dito similar está incorporado na expressão Suaíli mtuniwatu,
significando “uma pessoa é por causa de outras pessoas”. É uma mentalidade que celebra a comunidade e
é encontrada por todo o mundo: por exemplo, mutirão no Brasil, batsiranai no Zimbábue, bayanihan nas
Filipinas, gotong royong na Indonésia, harambee no Quênia; shramadama em Sri Lanka; tirelosetshaba em
Botswana; taka’ful nos Emirados Árabes; minga no Equador e Peru; e neighbouring e barn raising nos
Estados Unidos. No Sudão, naffir refere-se à prática comum de vizinhança ou formação de grupos
comunitários que se dissolvem quando um trabalho, como construir uma casa ou trabalhar em uma
colheita, é concluído. O Naffir beneficia a comunidade como um todo e frequentemente atravessa
fronteiras étnicas.
Em diversos países, o estado promove sistemas de ajuda mútua baseados em culturas tradicionais ou de
auto-ajuda. No Quênia, por exemplo, a palavra harambee, significando “vamos todos fazer juntos”, era a
ideologia adotada por Jomo Kenyatta, o primeiro presidente do país. A intenção era mobilizar e unificar a
nação, recrutando esforços e recursos para promover um crescimento nacional mais rápido. O
voluntariado estava em seu núcleo, assim como para muitos outros sistemas de ajuda mútua em muitos
países. Harambee tem conotações de assistência mútua, esforço conjunto e autoconfiança comunitária. O
governo do Quênia promoveu grupos harambee desde 1963 “como uma forma de organizar o povo rural
ao redor de uma nova base política e valores nativos” e para encorajar comunidades a trabalhar
“coletivamente em prol de um objetivo comum”. Com o suporte do governo, projetos harambee de autoajuda construíram escolas, centros de saúde, farmácias, maternidades, pontes e estradas para acesso rural
por todo o Quênia.
Outro exemplo de sistemas de auto-ajuda apoiados pelo estado é gotong royong, na Indonésia. Este
sistema está enraizado na cultura rural Javanesa e refere-se ao princípio de ajuda mútua em uma
comunidade. Gotong royong abrange uma larga escala de atividades públicas e privadas, incluindo a
manutenção da infra-estrutura rural, como estradas rurais ou equipamentos de irrigação, trabalho
emergencial para enfrentar desastres naturais, ajuda mútua para construção de casas ou para operações
diárias de agricultura, e suporte na organização de importantes cerimônias.
A literatura sobre as conexões entre o capital social e o voluntariado é focada em sua maioria nos países
em desenvolvimento e organizações formais. Nós, entretanto, queremos colocar o holofote sobre tipos
informais de voluntariado em países em desenvolvimento. Esperamos
que isto vá fazer com que pesquisadores, políticos e profissionais prestem maior atenção a como os grupos
de auto-ajuda locais são formados, como eles criam suas redes e como eles deveriam ser apoiados em
países em desenvolvimento.
Voluntariado e capital humano
O capital humano é a posse da capacidade de usar habilidades, conhecimento e boa saúde para realizar as
estratégias de subsistência. Saúde fraca e falta de educação são as principais dimensões da pobreza.
Entretanto, superar estas condições é tanto um objetivo primário de subsistência quanto um pré-requisito
para fazer uso efetivo de outros ativos que permitem ao pobre de baixa renda melhorar sua subsistência.
Tanto saúde quanto educação estão no topo da agenda do ODM (Objetivos do Milênio), e em ambas as
áreas o voluntariado exerce um papel significativo.
Sob as circunstâncias corretas, onde o voluntariado é reconhecido e suportado apropriadamente, ele ajuda
a construir o capital humano. Ainda assim, o impacto da ação voluntariada em voluntários é raramente
considerado na literatura acadêmica. Onde isto foi estudado, os resultados são reveladores. Por exemplo,
um estudo nas Filipinas concluiu que o reconhecimento e satisfação pelo voluntariado e o respeito obtido
em suas comunidades eram considerados mais importantes pelos voluntários do que as recompensas
materiais. Outro exemplo vem do Irã. Em 1992 o governo mobilizou mulheres em centros urbanos para
disseminar a consciência do planejamento familiar. Em torno de 100.000 mulheres uniram-se à campanha
como voluntárias de serviço de saúde. Através de seu trabalho, elas ganharam respeito e sentiram-se com
poder. Uma mulher disse: “Agora eu acredito em mim mesma e sinto que posso ajudar a mudar nossas
vidas na vizinhança. Agora algumas mulheres iniciaram seus próprios clubes de economia para ajudar
umas às outras financeiramente. Eu aprendo com os outros como podemos fazer petições e pedir aos
municípios o que nós precisamos”.
O papel do agente comunitário de saúde (ACS) foi destacado pela primeira vez na Declaração Alma Ata
adotada na Conferência Internacional de Assistência Médica Primária em 1978. Desde então, ACSs têm
sido a chave para a extensão de serviços de saúde às áreas rurais desassistidas em muitos países em
desenvolvimento. A Organização Mundial de Saúde define os ACSs como homens e mulheres escolhidos
pela comunidade e treinados para lidar com problemas de saúde de indivíduos e da comunidade, e que
trabalham em conjunto com os serviços de saúde. Sistemas de assistência médica primária requerem um
grande número de agentes de saúde treinados e motivados. ACSs possuem um papel vital a desempenhar
para suportar os sistemas públicos de saúde sob pressão. Existe um
déficit mundial de 2,4 milhões de agentes de saúde treinados, sendo os maiores déficits na África.
ACSs em países em desenvolvimento ajudam a garantir que as pessoas tenham acesso a serviços de saúde
que de outra maneira estariam indisponíveis, por causa de geografias remotas, limitação de serviço público
ou falta de recursos financeiros. Eles preenchem grandes gaps de pessoal de saúde em áreas como
serviços de saúde reprodutivos, respostas ao HIV/AIDS, prevenção de malária e campanhas de imunização
da pólio. Com o seu conhecimento local, os ACSs podem ajudar a garantir que os grupos da população mais
vulnerável sejam alcançados e a prover serviços que sejam mais apropriados às necessidades das pessoas.
Eles são ativos no estabelecimento de comitês locais de saúde, que promovem centros de saúde e
farmácias nos vilarejos. Eles mobilizam pessoal local para participar em campanhas tais como imunização,
uso de contraceptivos e limpeza de lugares onde as doenças podem se reproduzir. Além disso, ACSs
ajudam as organizações locais a direcionar recursos para suportar iniciativas locais. Principalmente, os
ACSs servem como uma ponte entre os profissionais de saúde e as comunidades. Eles ajudam
comunidades a identificar e endereçar suas próprias necessidades de saúde e ajudam a conscientizar
gerentes do sistema de saúde e autoridades de saúde sobre estas necessidades.
QUADRO 4.1: Motoristas de taxi no Camboja ajudam a lutar contra a malária
Motoristas de taxi no Camboja levam passageiros do ponto A ao ponto B assim como fazem motoristas em
qualquer lugar do mundo. Entretanto, eles também se tornaram peças chave no controle da malária.
Trabalhadores migrantes frequentemente chegam para trabalhos temporários vindos da região sudeste do
país, onde a doença não é comum, indo para a região oeste ao longo da fronteira com a Tailândia, onde a
malária é endêmica. Como estes trabalhadores são altamente itinerantes, chegar até eles para
conscientizá-los sobre a prevenção e sintomas da malária tem se mostrado difícil. Discussões de grupo nas
comunidades afetadas identificaram que os taxis eram o meio de transporte mais popular entre os
trabalhadores migrantes. Desde julho de 2010, como parte do Projeto de Controle da Malária no Camboja,
32 taxistas voluntários treinados colocaram CDs ou cassetes com informações sobre a malária tocando em
seus rádios durante as corridas, e proveram informações adicionais aos passageiros. Em algumas vezes,
eles também ajudaram a identificar sintomas de malária entre seus passageiros e os levaram diretamente
ao hospital. De Agosto de 2010 até Maio de 2011, os motoristas de taxi tiveram contato com 47.723
passageiros, dos quais aproximadamente 21.660 eram trabalhadores migrantes. Uma queda aguda em
casos de malária nos últimos anos não pode ser atribuída somente à iniciativa dos motoristas de taxi.
Entretanto, é válido ressaltar como um exemplo que a província de
Pailin, uma área de alto risco, não reportou um único falecimento decorrente de malária durante o período
mencionado acima.
Fontes: Soy Ty & Linna [Líder, USAID/Controle de Malária no Camboja, e Khorn Linna, Especialista IEC/BCC],
Comunicação Pessoal. (13 jun., 2011)
Um estudo em cinco países do Sul da Ásia indica que ACSs podem ser extremamente eficazes quando
desenvolvendo tarefas claramente definidas e concretas, tais como uma campanha nacional de saúde. O
Nepal iniciou um programa voluntário de Saúde Feminina Comunitária Nacional em 1998, que hoje está
ampliado para aproximadamente 50.000 voluntários treinados por todo o país. Os voluntários, que são
analfabetos, são selecionados localmente por grupos de mães. Suas funções incluem saúde materna e
infantil, planejamento familiar e tratamento de doenças como diarreia e infecções respiratórias. Um
estudo do programa revelou que as principais motivações para o voluntariado eram a obtenção de
respeito social e cumprimento de obrigações morais e religiosas. O Programa de Saúde Familiar no Brasil
começou com base no voluntariado e foi depois incorporado aos programas oficiais de saúde com equipes
remuneradas. Na Etiópia e no Malavi, ACSs voluntários, treinados e designados para suportar a expansão
do acesso a HIV e outros serviços de saúde, também foram totalmente integrados como equipe regular no
sistema nacional desses países.
No Quênia oriental, mais de 100 ACSs voluntários fornecem o serviço “médico descalço” na Vila do Milênio
Sauri. Este programa foi iniciado pelo Programa do Milênio das Nações Unidas e pelo Earth Institute na
Universidade de Columbia. Os voluntários são importantes fornecedores e disseminadores de informação.
Eles exercem o papel de defensores do planejamento familiar, teste de HIV/AIDS e limpeza de água
potável. Eles também ajudam as equipes de saúde que trabalham em Sauri, registrando nascimentos,
acompanhando calendários de imunização e promovendo o uso de mosquiteiros nas camas. O papel dos
ACSs pode estender-se além da prevenção para funções curativas. Um estudo na África Subsaariana indica
que ACSs com bons recursos são eficazes no tratamento de pneumonia menos severa e malária.
Há muito debate se os ACSs deveriam ser voluntários pagos pela comunidade com gentilezas, ou pagos
com fundos das comunidades, ONGs ou pelo governo. ACSs assalariados em tempo integral são raros, mas
uma gama de incentivos financeiros é frequentemente oferecida – e é necessária. Um estudo no Quênia
concluiu que 62 por cento das moradias pesquisadas apoiavam-se nos serviços de ACSs voluntários.
Entretanto, taxas de atrito entre os voluntários aparentemente eram maiores onde eles tinham que arcar
com o custo de viagens. O argumento frequente é que como os ACSs
vivem em comunidades pobres, eles necessitam de pelo menos uma renda mínima, pois confiar neles
como voluntários para uma parte importante do sistema de saúde é insustentável.
QUADRO 4.2: Educação para a construção do capital humano
Em 2009, um dos Prêmios de Alfabetização Rei Sejong, da UNESCO, foi para o programa de alfabetização
Tin Tua, na Burkina Faso oriental.
Tin Tua é uma ONG especializada em educação alfabetizante. Significa “vamos nos ajudar a desenvolver”
em Gulimancema, uma das línguas faladas em Burkina Faso. Seu programa de alfabetização começou em
1986 com jovens voluntários de Burkina Faso que inicialmente receberam um programa de treinamento de
três semanas, dividido em duas sessões. Estes professores eram então enviados para as vilas para ensinar
os conhecimentos básicos de alfabetização em cinco línguas locais. Sua motivação era dar uma educação a
crianças e adultos que não tiveram a oportunidade de ir à escola.
Hoje, até 50.000 estudantes, homens e mulheres, são treinados todo ano para ensinar em vilas do norte e
leste de Burkina Faso. Além de ensinar nas diferentes línguas nacionais, o programa oferece cursos de
Francês, assim abrindo portas para exames nacionais. Tin Tua estendeu seu programa a Benin, Togo e
Nigéria, países com baixa taxa de alfabetização, onde seus métodos e acompanhamento são propensos a
fazer a diferença.
De acordo com a UNESCO: “O maior resultado de Tin Tua está nas múltiplas mudanças trazidas às vidas
diárias dos aldeões. O programa permitiu aos fazendeiros um melhor gerenciamento da produção de
alimentos nas vilas, por exemplo, ao medir estoques de cereais para evitar a especulação em tempos de
fome. Treinou trabalhadores de saúde, notadamente no campo de saúde materna”.
Fonte: UNV (Janeiro, 2011); UNESCO (2009); SocioLingo Africa (Agosto, 2009).
Existem, entretanto, problemas associados ao pagamento de ACSs. Por exemplo, os pagamentos podem
ser irregulares ou simplesmente cessarem quando o projeto acabar. Mais ainda, o relacionamento dos
ACSs com a comunidade muda, uma vez que incentivos financeiros estão
envolvidos. Pagamentos podem “destruir o espírito do voluntariado e atuar de forma contrária à filosofia
de senso de comunidade do voluntário”.
Até mesmo uma pequena ajuda de custo pode reforçar as percepções na comunidade de que os ACSs são
empregados. Há evidências de que, quando isto acontece, a população local pode reter seu pagamento em
gentilezas. ACSs voluntários buscam crescimento pessoal e oportunidade de crescimento, treinamento e
suporte de seus pares. Acima de tudo, eles buscam um bom relacionamento com a comunidade e o
sentimento de que eles estão contribuindo através de seu trabalho voluntário. Alguns observadores
argumentam que incentivos não monetários, como treinamento, fornecimento de equipamentos e
ligações com outros ACSs devem ser enfatizadas
35
. Em última análise, o setor de saúde constitui um
importante canal pelo qual os pobres de baixa renda podem participar ativamente nas vidas de suas
comunidades e obter dignidade e respeito.
Voluntariado e capital natural
Recursos naturais variam desde bens públicos intangíveis, como o ambiente e a biodiversidade, até ativos
divisíveis usados diretamente para a produção, como a terra, árvores e produtos da floresta, água e vida
selvagem. O relacionamento entre o capital natural e a vulnerabilidade do pobre de baixa renda é
particularmente próximo. Muitos dos choques que impactam em suas subsistências, e destroem o capital
natural, são seus próprios processos naturais, como o fogo que destrói florestas, enchentes e terremotos
que devastam as plantações. O capital natural também pode ser empobrecido por populações em
crescimento, declinando recursos e termos de troca adversa. A sustentabilidade de recursos naturais
também é afetada por níveis de solidariedade e senso de propósito comum em uma comunidade.
O afundamento de poços pode afetar a água do solo, enquanto a extração e comércio de produtos da
floresta empobrecem o solo e podem agravar a desertificação. O acesso e o uso destes ativos podem ser
distribuídos desigualmente para beneficiar aqueles com melhor condição. Intervenções em bacias
hidrográficas, por exemplo, geralmente beneficiam aqueles que possuem mais terras e pessoas que vivem
em locais mais elevados. O conhecimento dos recursos naturais reside na base onde necessidades e
prioridades são melhores articuladas. Ainda assim, a população local pode não ter acesso à informação de
boas práticas disponíveis em outras partes do mundo. É nestes casos que o voluntariado internacional
combinado às ações de voluntariado locais pode ter um profundo efeito nas subsistências. Um exemplo
está no Pacífico Sul, onde conhecimento externo e engajamento local resultaram na preservação de um
ativo ecológico e cultural vital, também conhecido por mexilhões
gigantes, para gerações futuras de habitantes das ilhas do Pacífico Sul.
QUADRO 4.3: Os santuários de mexilhões gigantes do Tonga
Mexilhões gigantes são espécies em perigo em função de sua diminuta população do Oceano Pacífico.
Iniciativas lideradas por voluntários estão em curso, para reestabelecer espécies sobreexploradas. Na Ilha
Vava’u, Reino de Tonga no Sul do Oceano Pacífico, um expert ambiental independente e voluntários da
ONG EarthRights International ajudam comunidades da ilha e o governo no estabelecimento de santuários
de mexilhões gigantes em áreas protegidas da costa, para preservar a população de Tokanoas, uma
espécie local típica de mexilhão gigante. Por cinco anos, aproximadamente 200 voluntários visitaram
Vava’u para coletar informações sobre o rápido declínio da população de mexilhões. Esta ação voluntária
forneceu evidências dos fatores que decréscimo dos mexilhões e inspirou a criação dos santuários de
mexilhões gigantes. Isto acarretou na colocação de mexilhões adultos em círculos de procriação em águas
rasas protegidas. O estabelecimento de santuários de mexilhões gigantes com estoques de mexilhões foi
bem sucedido graças ao suporte de lideranças locais. A informação disseminada pela mídia nas vilas
aumentou a consciência sobre a preservação dos mexilhões gigantes para benefício da comunidade, para
garantir o suprimento de alimento às gerações futuras. Hoje, os santuários em Vava’u são considerados
parte das obrigações culturais coletivas do povo para as gerações futuras. “Se alguém pega os mexilhões
do santuário comunitário, ele causa danos à produção do mar e não atende suas obrigações sociais para si
mesmo, sua família ou sua comunidade”, disse um oficial do distrito do vilarejo. Os aldeões aprenderam
como estabelecer e manter santuários para a proteção e cultivação de mexilhões. Comunidades em
Vanuatu e Fiji replicaram este exemplo.
Fonte: Dinh. (2011); Pesquisa Ambiental na Comunidade nas Ilhas do Pacífico. (n.d.).
A Etiópia está experimentando um dos piores casos de erosão no mundo, com 70 por cento do país
afetado. O alastramento de desertos agrava a degradação do solo e aumenta a pobreza. Um projeto piloto
suportado pela UNV, com a Autoridade Federal de Proteção Ambiental da Etiópia nas regiões de Amhara e
Oromia, envolveu o treinamento de 200 jovens voluntários em conservação do solo e água, gerenciamento
de floresta, coleta de água, estabelecimento de enfermarias, apicultura e horticultura. Os jovens
adquiriram habilidades úteis e experiência prática enquanto melhoravam suas próprias subsistências e de
suas famílias. Eles construíram trincheiras e micro bacias para conservar solo, água e mudas de árvores
plantadas. Seus esforços ajudaram a aumentar a consciência sobre
problemas ambientais nas comunidades vizinhas, que emularam seus esforços.
Voluntariado e capital físico
O capital físico refere-se à infraestrutura básica necessária para suportar subsistências. Abrange o
suprimento adequado de água e esgoto, transporte e energia acessíveis, abrigo seguro e acesso à
informação. Muito disso é normalmente considerado como parte dos bens públicos, mas, como muitas
outras facetas dos ativos de subsistência, o pobre de baixa renda normalmente não tem pronto acesso a
eles e, portanto precisa desenvolver suas próprias estratégias. Comunidades pobres são tipicamente
envolvidas em atividades coletivas, como a construção e manutenção de estradas, escolas, centros de
saúde, diques de irrigação e proteção contra enchentes. Como um autor observou: “As comunidades rurais
não podem se dar ao luxo de cruzar seus braços e aguardar que o governo traga todas as instalações a
eles”.
No início dos anos 60, líderes Africanos concordaram que infraestrutura era vital para lubrificar as rodas do
comércio interafricano e para distribuir seus benefícios. Ainda assim, o maior obstáculo ao comércio entre
países africanos permanece na alarmante falta de infraestrutura fora das áreas urbanas ou nas
proximidades de portos costeiros. Uma rede de estradas de longo alcance é essencial na África Subsaariana
para promover o desenvolvimento. Entretanto, baixos níveis de tráfego fazem com que rodovias
pavimentadas caras sejam difíceis de justificar, enquanto estradas não pavimentadas requerem mais
intervenções frequentes de manutenção. A participação de comunidades locais é, portanto, vital, não
apenas para garantir a manutenção, mas também para aumentar o senso de propriedade. Um estudo
identificou alguns dos fatores chave para participação comunitária bem sucedida: um grupo grande e
homogêneo que acumula os benefícios de ter boas estradas; a capacidade da comunidade se organizar; e
experiências anteriores positivas com programas similares. Enquanto pagamentos são feitos aos membros
da comunidade para a manutenção de estradas, comitês locais baseados em voluntariado são responsáveis
pelo planejamento e monitoramento de tarefas relacionadas à construção de estradas.
Apesar do progresso geral nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de reduzir à metade o número de
pessoas sem acesso sustentável à água potável até 2015, na África Subsaariana apenas 60 por cento da
população goza deste acesso. Mais ainda, oito entre cada dez pessoas sem acesso a fonte de água tratada
vivem em áreas rurais. O problema principal é a falha ao planejar a manutenção de poços, fontes e bombas
manuais. Pesquisas sobre poços disfuncionais em Mali e Gana indicaram que 80 por cento e 58 por cento,
respectivamente, requerem reparo. “Para toda a África, o número estimado de instalações de suprimento
de água disfuncionais é 50.000”
41
. Massivas intervenções feitas na
última década por governos e doadores resultaram no provisionamento de água limpa apenas até o
acontecimento do primeiro grande colapso. Onde a manutenção eficaz da infraestrutura de suprimento de
água acontece, é geralmente por causa da presença de comitês funcionais, baseados em voluntariado, que
são uma característica comum nas áreas rurais de muitos países em desenvolvimento
43
. Sua
responsabilidade para com os membros da comunidade ajuda a garantir que há senso de propriedade e
comprometimento locais com a manutenção das instalações, enquanto o fornecimento de treinamento
básico em manutenção assegura sua eficiência.
Voluntariado e ativos financeiros
Dentre os ativos financeiros que apoiam os objetivos de subsistência estão as remessas financeiras. A
“economia da solidariedade” ou a “economia social” refere-se à renda monetária dividida com pessoas
fora da família ou residência. Apesar de que a ideia de economia social não é nova, ela aumentou de
importância no segundo Fórum Social Mundial em Porto Alegre em 2002. Economia social combina dois
conceitos: “economia”, referindo-se à produção de bens ou serviços que contribuem para um crescimento
de riquezas em rede, e “social”, referindo-se à lucratividade social em oposição à lucratividade econômica.
Entende-se que a economia social contribui para um cidadão ativo e com poder, e para a melhoria da
qualidade de vida e bem estar da população, particularmente através do aumento dos serviços disponíveis
44
. É uma forma de solidariedade que evoluiu com números crescentes de migrantes que geram renda fora
de seus países de origem e enviam remessas de dinheiro a seus familiares e comunidades nestes países.
Transferências financeiras para países em desenvolvimento aumentaram de 18 bilhões de dólares
americanos em 1980 para 30 bilhões em 1990 e 126 bilhões em 2004. A parte das transferências que
excedem o que as famílias precisam para sobreviver é direcionada para o bem estar das comunidades:
ambulâncias, postos de saúde, medicamentos, prédios escolares, salários de professores, etc. Como tal, ela
possui os valores do voluntariado em seu núcleo e deve ser incluída em nossa discussão dos ativos do
pobre de baixa renda.
A “economia da solidariedade” em conjunto com a “economia do voluntariado” e a “economia da
tradição” foram os temas de um colóquio de 2005 intitulado “Os Atores Ocultos do Desenvolvimento”, em
Ouagadougou, Burkina Faso, e organizado pela Fondation pour l'Innovation Politique e Institut Afrique
Moderne
45
. Com a participação de governos, comunidade científica e organizações da sociedade civil, o
objetivo era examinar as maiores contribuições ao desenvolvimento que foram sub-reconhecidas, e para
unir seus principais atores, incluindo migrantes e suas associações. Dentre os resultados da reunião estava
o maior reconhecimento do impacto que as remessas financeiras de migrantes possuem em seus
mercados locais e seu efeito como um fator de crescimento econômico.
QUADRO 4.4: Voluntários da comunidade tomando a liderança
Vinte anos após o desastre nuclear de Chernobyl, muitas comunidades afetadas ainda estão enfrentando
problemas ambientais, econômicos e sociais. Além disso, há um senso de “síndrome de dependência”
espalhado em comunidades que esperam a provisão do governo. De 2002 a 2007, 192 vilarejos afetados
por Chernobyl criaram 279 organizações com a ajuda do Projeto de Recuperação e Desenvolvimento de
Chernobyl. Esta iniciativa almejava suportar o desenvolvimento em longo prazo centrado na comunidade.
Foi implementado em conjunto pelo PNUD, UNV e o Ministério
Ucraniano para Emergências e Assuntos de Proteção da População das Consequências da Catástrofe de
Chernobyl. Através de planejamento democrático, organizações comunitárias engajaram-se com governos
e negócios locais e regionais para implementar projetos sociais, econômicos e de infraestrutura. Mais de
200.000 pessoas beneficiaram-se diretamente pelos projetos comunitários que trouxeram aquecimento às
comunidades, melhorias no sistema de suprimento de água, acesso a computadores e Internet, e centros
de saúde, escolas e centros de juventude remodelados. Recursos locais mobilizados foram responsáveis
por mais de 70 por cento dos custos totais dos projetos. Numerosas atividades foram conduzidas
independentemente dos financiamentos dos projetos, algumas graças aos esforços dos voluntários das
comunidades. Um exemplo é a vila Kirdany onde Olga Kolosyuk lidera a organização comunitária Dryzhba.
De acordo com a Srta. Kolosyuk, os 1000 habitantes de sua vila agora possuem acesso à água potável
segura, porque os residentes da vila tomaram a frente para melhorar sua própria situação.
Fonte: Russel. (Dezembro, 2007); UNV. (26 abr, 2006).
Voluntariado e ativos políticos
Ativos políticos são o poder e a capacidade de influenciar a tomada de decisões através de participação
formal e informal em processos políticos. Incluem a liberdade e a capacidade de organizar-se
coletivamente para reclamar por direitos, fazer campanha por uma causa e negociar recursos e serviços.
Também envolve a participação ativa em apoio aos esforços nacionais para o desenvolvimento e a
cobrança de responsabilidade de governos e prestadores de serviços. Já vimos como o ativismo é uma
expressão importante do engajamento voluntário em todos os níveis. A extensão em que o pobre de baixa
renda pode contar com ativos políticos depende de vários fatores, incluindo a legislação e o nível de poder
da lei; a natureza das instituições e acesso público a elas; e a consciência pública de seus direitos básicos. O
grau no qual membros da comunidade são organizados impacta profundamente sua capacidade de exercer
um papel transformador, assim como sua capacidade de ocupar o “espaço público” e tomar posse dos
processos.
O voluntariado contribui com a criação de uma base sólida para a participação dos cidadãos em
governança. Ele promove e sustenta os sentimentos de ser capaz de expressar suas visões e de influenciar
decisões que possuem um impacto em sua comunidade. Isto pode vir através de canais formais de
engajamento civil, como distritos eleitorais na África do Sul, desenvolvimento de eleitorado no Quênia, e
os panchayats na Índia. Ele também pode ocorrer através de associações civis e participação em
movimentos sociais, protestos e ativismo. Há evidências abundantes de que as associações baseadas em
voluntariado agem como “campos de treinamento” ou escolas de
democracia. Elas transmitem habilidades chave aos cidadãos, desde aprender como organizar ações
coletivas até conduzir e falar em reuniões, defender suas questões e escrever cartas. Tais ações trazem as
questões locais para a esfera política, enquanto ajudam pessoas a assumir suas responsabilidades como
cidadãos. Por esta perspectiva, o papel das organizações da sociedade civil estende-se além das funções
usuais de defesa, monitoramento e provisão de serviços. A sociedade civil fornece um espaço para as
pessoas engajarem-se politicamente e contribuir, de forma significativa, para a construção dos alicerces
democráticos da sociedade.
No contexto da descentralização democrática, mover a base de poder para mais perto do povo e seus
grupos de voluntários em um nível local podem contribuir para um quadro político no qual outros ativos
podem ser mobilizados. Nos anos 60, por exemplo, Uganda adotou um sistema descentralizado com duas
categorias de governança local. A primeira é o governo, escolhido com base no mérito para intervenções
conduzidas tecnicamente; a segunda são os líderes locais eleitos por sufrágio de pessoas adultas para
prover orientação e supervisão política e para coordenar atividades de desenvolvimento locais. Em termos
de contextos políticos e de liderança, e seus efeitos no acesso a serviços, membros da comunidade
perceberam que a descentralização da autoridade fiscal e administrativa para a utilização de recursos
levou a melhorias na qualidade dos serviços, como estradas e suprimentos de água.
QUADRO 4.5: Voluntariado transfronteiras em Associações de Imigrantes Mexicanos
Associações de Imigrantes Mexicanos (AIMs) são comunidades diásporas nos Estados Unidos que enviam
remessas coletivas de dinheiro às suas comunidades de origem no México. AIMs também dão um senso de
comunidade aos imigrantes nos Estados Unidos. As associações suportam trabalhos cívicos, como a
construção de clínicas de saúde, instalações e melhorias em serviços urbanos nas cidades natais de seus
membros. Elas suportam e financiam vários tipos de projetos sociais selecionados através de uma rede de
voluntários. Grupo Union é uma AIM baseada em Nova York que consiste de trabalhadores migrantes de
Boqueron, México. Apesar de seus membros serem ocupados e mal pagos, eles encontram tempo e
motivação para encontros semanais para reunir seu dinheiro. Os membros doam o que eles podem,
geralmente entre 10 a 30 dólares americanos por semana. O dinheiro é então depositado em um banco
local para financiar projetos em Boqueron. A associação suplementa as contribuições através de rifas e
outras atividades para angariar fundos. Grupo Union já conseguiu dinheiro para um refeitório de jardim de
infância, uma ambulância, comprada em Nova York e dirigida por 3000 milhas até Boqueron, e um estádio
de Baseball com 2000 lugares.
Fonte: Belizaire (n.d.)
Conclusões e discussões
Utilizando a abordagem de subsistências sustentáveis para endereçar a forma que o pobre de baixa renda
se engaja em ações voluntárias ajuda a ilustrar a grande gama de ativos disponíveis a eles, incluindo seu
conhecimento, habilidades e redes de relacionamento. Isto destaca a necessidade de levar estes ativos em
conta em projetos e programas direcionados para a redução da pobreza. Estes ativos são frequentemente
mobilizados através de ações coletivas baseadas nos valores de solidariedade e reciprocidade inerentes ao
voluntariado. Estes são valores que, como argumentamos em outras partes deste relatório, precisam ser
promovidos e nutridos. Os exemplos fornecidos deixam bem claro que são muitos os benefícios das ações
voluntárias. Entre eles estão: a vulnerabilidade reduzida com o apoio de outros através de arranjos de
ajuda mútua; uso sustentável da base de recursos; acesso à saúde e educação; mobilização inovadora de
recursos financeiros; e o poder transformador do ativismo político. Eles também apontam para a melhoria
do bem estar em termos de aumento de autoestima e senso de controle sobre suas vidas.
Voluntariado em comunidades locais pode ser especialmente poderoso quando recursos são reunidos e
utilizados para solucionar alguns dos problemas imediatos de desenvolvimento enfrentados pelas pessoas
vivendo na pobreza. Entretanto, retirar pessoas da pobreza requer conexões com um mundo exterior que
dá apoio. Investimentos são necessários para garantir um ambiente favorável no qual o voluntariado possa
florescer. Isto inclui capacitação local em geral e treinamento em particular, o que por sua vez requer
conhecimentos sólidos de instituições locais e líderes, problemas e restrições, incluindo interesses
divergentes.
Estratégias são necessárias para assegurar que a liderança e estruturas locais respondam às necessidades
dos pobres de baixa renda, por exemplo, garantindo que há mecanismos que permitam acesso à
informação em programas governamentais locais. Instituições locais, das quais os grupos voluntários
dependem para fundos e outros serviços para suportar as iniciativas de subsistência, precisam ser
fortalecidas. A participação dos cidadãos e supervisão de autoridades governamentais locais precisam ser
estabelecidas para ajudar a garantir a transparência e responsabilidade. Restrições amplas como a
corrupção e clientelismo, burocracias ineficientes e máquinas administrativas inconsistentes impactam
negativamente o pobre de baixa renda e o impede de aproveitar todas as vantagens das oportunidades de
melhoria da subsistência. O voluntariado irá florescer melhor onde estas questões tenham sido
endereçadas e solucionadas. No entanto, os benefícios da ação voluntária são claros. Iniciativas que se
apoiam no espírito de cooperação, divisão do fardo e autoajuda são
claramente mais propensas a ter sucesso do que as iniciativas que carecem dessas virtudes.
QUADRO 4.6: Voluntariado para igualdade de gêneros na América Latina
A taxa de pobreza na América Latina seria hoje 10 por cento maior sem o trabalho voluntário realizado por
mulheres, de acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe
47
. Ainda assim, as
contribuições das mulheres ao desenvolvimento permanecem amplamente invisíveis em políticas e
orçamentos ao longo da América Latina. Nos últimos cinco anos, a ONU Mulheres e um programa regional
da UNV fortaleceu o engajamento voluntário de mulheres através de processos participativos,
aumentando seu envolvimento, e impacto, em tomadas de decisões locais e aumentando a
responsabilidade local, nacional e regional. Na Bolívia, o programa forneceu treinamento em direitos e
cidadania ativa, tomada de decisão, negociação e responsabilização. Isto deu poder significativo às
mulheres que haviam sido anteriormente excluídas dos processos de tomada de decisão, permitindo a elas
que se envolvessem no planejamento orçamentário municipal em suas comunidades. Por exemplo, em um
município em Tarija, mulheres formularam suas próprias propostas de projetos e defenderam sua inclusão
no orçamento municipal. Como resultado, autoridades agora são mais conscientes da importância de se
ter orçamentos sensíveis ao gênero. Um acordo foi assinado para assegurar a inclusão das propostas das
mulheres no orçamento municipal de 2012. Nas palavras de uma das mulheres envolvidas: “Isto é um
momento histórico para o município. Eu fiquei muito orgulhosa de ver que nossos esforços voluntários
foram reconhecidos e produziram resultados em prol da igualdade de gêneros”.
Fonte: CEPAL. (2007).
VOLUNTARIADO COMO FORÇA PARA INCLUSÃO SOCIAL
Capítulo 5
Voluntariado como força para inclusão social
Temos visto o sucesso de movimentos populares forçando mudanças políticas no comando dos estados
Árabes. Isto agora precisa ser observado pela dificuldade e trabalho detalhado para construir mais
inclusão de sociedades, economias e sistemas de governo.
Helen Clark (2011)
O voluntariado capacita pessoas a serem mais completa e mais satisfeita em suas vidas e em suas
comunidades e sociedades.
O que é inclusão social?
O conceito de inclusão social tem crescido sobre pobreza, marginalização e outros tipos de
privação. Inclusão social coloca pessoas no centro da legislação. Sua principal meta é capacitá-los a
melhorar suas próprias vidas através da realização de oportunidades. A definição do Banco Mundial é um
“processo que assegura que estes riscos de pobreza e exclusão social ganha a oportunidade e recursos
necessários para participar integralmente na vida da economia, social e cultural e para aproveitar um nível
de vida e bem estar que é considerado normal na sociedade na qual elas vivem.
Quadro 5.1: Voluntariado como vida social Uma noção está começando a tomar força de voluntariado
como uma forma de comportamento do que uma categoria de pessoa: o “voluntário”. A amizade
recíproca que suporta este comportamento é entendida para incluir benefícios aumentando os voluntários
assim como os “beneficiários”. Esta noção terá maior importância para políticas focadas em promoção e
fortalecimento varas forma de ação voluntária. Isso também começa a impactar discussões sobre inclusão
social com o voluntariado sendo uma maneira de não exclusão.
Fonte: Udesa e UNV (Novembro de 2007).
A inclusão social é um conceito relativo onde a exclusão é julgada
considerando as circunstâncias de certos indivíduos, grupos ou comunidade em relação a outras. É
também um conceito relativo que dá ênfase ao direito de indivíduos de participarem na vida de suas
comunidades. A exclusão social é um processo onde indivíduos, grupos ou comunidades são empurradas
para o limite da sociedade, expulsas das redes sociais e das atividades da comunidade, e completamente
evitadas de participar devido a sua pobreza, fraca saúde, falta de educação e outras desvantagens. Isto
pode ser o resultado de discriminação ou uma intencional falta de política. Acesso a pessoas fazedoras de
decisões é diminuída e é sempre um sentimento de falta de poder de afetar a vida diariamente.
A Conferência Mundial para o Desenvolvimento Social de 1995, em Copenhagen, afirmou que as políticas e
investimentos mais produtivos são aqueles que dão poder as pessoas para maximizar suas capacidades,
recursos e oportunidades. Deu ênfase a uma “sociedade para todos onde todo indivíduo tem direitos,
responsabilidades e um papel a desempenhar”. Cinco anos após Copenhagen, numa sessão especial da
Assembléia Geral, em Geneva, governantes reconheceram o voluntariado como: ”um mecanismo adicional
na promoção da integração social”. e concordou com a necessidade do aumento “do conhecimento
público sobre o valor e as oportunidades do voluntariado” e facilitar “um ambiente capacitador para
indivíduos e outros personagens da sociedade civil para engajamento nas atividades de voluntariados e
para o setor privado dar suporte a tais atividades. O reconhecimento do voluntariado como um caminho
para a inclusão significou um passo a frente para a percepção de presente a amizade, onde um lado dá e o
outro recebe, em direção a uma amizade recíproca onde ambos lados se beneficiam.
O seminário foi uma semente no discurso do voluntariado. O foco deste capítulo é sobre os benefícios que
o voluntariado, com base na sua universalidade e valores podem trazer as pessoas que experimentam
alguma forma de exclusão. Entre estes benefícios é o espaço fornecido pelo voluntariado que proporciona
pessoas a obterem uma maior e mais agradável participação nas suas vidas dentro de suas comunidades e
sociedades. Isto de maneira nenhuma diminui a trabalho importante de intensidade imensurável das
organizações e programas, muitos voluntários envolvidos que preveem serviços diretor a pessoas que são
consideradas excluídas. No entanto, neste relatório nós queremos virar as luzes sobre os aspectos dos
voluntariados que são amplamente experiente mas recebem pouca exposição.
Os níveis de inclusão social
No nível individual, a ação do voluntário pode ajudar pessoas a superar sentimentos de isolação ou se
sentir de menos valia. Voluntários entra em contato com os outros cara a cara ou, cada vez mais
aumentando, por computador em circunstância que podem ajudar a
aumentar sentimentos de pertencer e de contribuir. 6. Voluntariado reduz o stress na vida e combate
sentimento de solidão. As pessoas que são excluídas muitas vezes experimentam um sentido de culpa,
falência e falta de esperança se sentindo mal nestas circunstâncias. Através do voluntariado, as pessoas
podem ser atingidas por algumas causas mencionadas de exclusão social tais como falta de emprego,
educação ou saúde.
O voluntariado pode melhorar a empregabilidade melhorando as habilidades vocacionais e sociais da
pessoa. Os contatos aumentam através das redes sociais que pessoas foram através do voluntariado e
estas pessoas podem lideram assegurando referências úteis ou mesmo achando um trabalho. Indivíduos
que tenham experimentado a pobreza e morado na rua podem trabalhar com outros de maneira a elevar
seu próprio status. Através do voluntariado em aconselhamento, levando em consideração e ajudando
outros, pessoas são capazes de mudarem de serviço de recipientes a provedores de serviço que pode ser
fortalecimento. Identidades são expandidas assim que as pessoas veem que elas têm algo a dar a sua
comunidade pelo voluntariado. O elemento de reconhecimento da contribuição das pessoas voluntárias é
um importante aspecto de pertencer.
No nível das comunidades, onde alguns grupos ou população inteira são excluídas, o voluntariado promove
o desenvolvimento de um grande senso de poder servir e bons feitos da comunidade que ajuda a criar uma
resiliência. Na comunidade rural, em particular, as pessoal que são melhores na mobilização através do
voluntariado a gerenciar recursos, minimiza o impacto o impacto do clima de mudança e cria práticas
sustentáveis para guiar a melhor qualidade de vida da comunidade.
Muitas comunidades urbanas pobres vivem uma decadência urbana, crime e fragmentação social. Vivendo
em ambientes desafiadores por trazer que ataca a própria pessoa até a comunidade inteira. 13 As pessoas
vivendo
em
tais
comunidades,
geralmente
voluntários,
através
de
um
grupo
local
e
organizações providenciam serviços básicos e engajamento em atividades e campanhas. As ações deste
tipo podem desafiar e terem sucesso fora da comunidade em cujo local as pessoas são passivas ou têm
tendências violentas. Tais percepções que impedem o progresso se move em direção à inclusão.
Quadro 5.2 – Aposentados e engajados
Rui Oliveira, um aposentado com mais de 40 anos de experiência em informações e comunicações
tecnológicas (ICT) criou um portal de novidades para NGO Voluntariado Parceiro baseado em Ghana para
Oeste da África (VPWA). O portal que fornece informação para e sobre
NGO´s na África, tem 2000 assinantes e recebe 15.000 visitas por mês.
“Rui criou o portal web NGO News África em 2009 e tem sido o webmaster desde então. Ele
recentemente reorganizou o website, integrando muitas atrações interessantes! A comunicação com o Rui
foi muito alegre e interessantes e nos estamos agradecidos pela sua dedicação ao servir a comunidade
NGO na África, diz Portia Sey, Gerente Voluntária da VPWA.
Com a NGO News África, VPWA fornece um local de visitas onde jornalistas, doadores, pesquisadores,
voluntários e outras pessoas interessadas no mundo inteiro podem achar informações sobre o trabalho da
NGOs pela África. Todos os dias, Rui publica novas informações fornecidas por voluntários online que
trabalham como correspondentes em diferentes países da África. Também inclui assuntos em
desenvolvimento e novidades sobre NGOs, assim como permite oportunidade para NGOs.
Rui, que é de Portugal, explica: “Eu era de Guinea Bissau, onde minha preocupação com pessoas que
tinham menos na terra, e então surgiu meu desejo de ajudar. Depois de me aposentar de algo que amava
muito, meu trabalho em ITC, eu estava comletamente estressado e perdido. Então um amigo da África me
contou sobre o voluntariado online”. Continuando: “Depois que eu entrei, minha vida mudou
completamente, eu me senti útil e o stress quase acabou. Quando eu vi que tinha mais tempo livre eu
olhei o www.onlinevolunteering.org para ver ser outra NGO que precisa de ajuda”.
Fonte: UNV. (2010c).
Quadro 5.3: A tradicional ajuda no Brasil – mutirão
No Brasil, mutirão é um tradicional sistema de ajuda mútua originária nas áreas rurais, durante os tempos
mais difíceis. A União Nacional por Moradia Popular tem usado este tema para a construção coletiva e
gerenciamento de casa comunitária. Através do trabalho coletivo no mutirão, participantes trabalham
juntos não só para obter novas habilidades técnicas mas também para conhecerem melhor uns aos
outros. Eles aprendem sobre seus direitos e outras coisas.
“No mutirão eu achei minha identidade e pude obter o que eu precisava seja transporte ou saúde!... Eu
encontrei muitas pessoas que eu não havia encontrado antes. Eu descobri que havia muitas pessoas que
tinham um grande interesse em ajudar os outros que batalhavam diariamente. Antes, minha vida era
muito limitada. Eu não tinha nenhum conhecimento político. Aqui, eu
comecei a entender os meus direitos. Isto tem sido uma revelação para mim”. Christian Leray, membri,
Fonte: União Nacional por Moradia Popular .(n.d);Leray(n.d.)
Através do voluntariado, as mulheres estão desafiando suas posições tradicionais na sociedade.
Com relação a países ou mundial, o voluntariado, através de campanha ou atividade pode trazer mudanças
na política que pode ser uma inclusão secreta. Nós temos visto isto na alta exposição dos diretos das
mulheres e nas baixas exposições, mas igualmente efetiva, campanhas para reconhecimento do status dos
indígenas e para fornecimento de facilidades para pessoas deficientes. Com uma forma para
encorajamento, intensivamente e participação sustentável, o voluntariado é um significante desempenho
em determinar como as pessoas podem ser engajadas moldando seus destinos além das suas próprias
localidades.
O movimento internacional ATD Fourth World trabalha com voluntários no nível rural com ausência de
liderança política para aprimorar o bem estar das pessoas vivendo na extrema pobreza. Somando a isto,
seus voluntários são advogados a nível de país e mundo para as populações mais em desvantagem em
áreas tais como nutrição para as crianças, gênero de violência e inclusão social. 14. Iniciativas mundiais
tais como a Campanha do Ban Landmines, a campanha Internacional de movimento das Mulheres e a
Chamada para Termino da Pobreza mundial acreditam no desejo das pessoas para se engajarem nas bases
do voluntario nas causas com as pessoas estão comprometidas. Acrescentando o suporte da mobilização
púbica e ajudando a trazer mudança, estes iniciativas fundações de voluntário também dá oportunidade
para pessoas de todos os lugares do mundo a dividir suas idéias e aspirações e, através da participação, ser
parte de um mundo com mais inclusão.
A inclusão social de grupos através do voluntariado
As dimensões do impacto da exclusão na economia, na política e na sociedade na desvantagem de grupos
nas diferentes maneiras. Nesta seção, uns pequenos grupos na sociedade se sobressaem focando
particularmente mulheres e jovens. O objetivo é ilustrar os principais aspectos da exclusão que grupos
específicos se deparam e como o voluntariado as pessoas poder achar um caminho para a inclusão.
Mulheres
Pelo mundo as mulheres são em maior número que os homens a viver na pobreza. Em muitos lugares, a
falta de educação das mulheres e falta de cuidado da saúde é um problema persistente. Em algumas
regiões, ainda batalham pelo direto de votar e ter uma propriedade. Neste contexto, é surpreendente que
o impacto do voluntariado na vida das mulheres é raramente pesquisado especialmente se nós
considerarmos o impacto amplamente estudado sobre o movimento dos direitos das mulheres. No
entanto, este movimento dos diretos das mulheres ganhou tanto poder porque o compromisso de tantas
mulheres e homens a se engajarem na ação de voluntariado para atingir suas metas. Como foi
mencionado no Capítulo 1, nós reconhecemos que a ação do voluntariado pode reforçar os desempenhos
existentes. Embora tenham sinais que através do voluntariado, mulheres estão mudando seus lugares
tradicionais na sociedade e experimentando uma força poderosa.
In Índia, o voluntariado em movimentos sociais tem ajudado a encaminhar assuntos sociais e políticos que
afetam a vida das mulheres. Através do trabalho de construir abrigos para garotas abandonadas e
abusadas, mulheres têm se agrupado e encaminhado assuntos baseados da violência sexual. Elas têm
criado redes sociais e gerado recursos que protegem maus tratos e membros esquecidos pela
sociedade. Este trabalho tem elevado a exposição das mulheres, levando algumas para o desempenho de
liderança e está influenciando políticas que afetam as mulheres. Quando o voluntario ativista espalha
informações sobre tais iniciativas, há um publico maior entendo a importância dos assuntos.18 Mulheres
na América Latina tem podido influenciar a política de gênero através de seus programas como voluntárias
com gênero num programa de orçamento.
Nos estados da Arábia, o voluntariado tem há tempo sido percebido como um conceito adotado do
Ocidente com o foco de “serviço voluntário” modelos envolvendo a prestação de assistência através de
organizações formais. 19 A realidade é bem diferente com os recentes desenvolvimentos que tem
mostrado nas regiões. Na realidade voluntariado e sociedade civil são tão somente novos nomes para
antigas tradições na região. O ativismo social tem há tem sido parte de associações tais como conselhos
consultores Muslim e organizações paralelas tendo como alvo combater a pobreza e subdesenvolvimento.
20. As mulheres tiveram maior participação nas demonstrações na Tunísia de ativismo na Primavera Árabe
no início de 2011, muitas vezes marchando na Avenida Bourguiba na Tunísia com seus maridos e filhos
atrás delas. No Yemen, colunas de mulheres com véus vieram a San´s e Taiz para afirmar seus direitos de
participar, junto com os homens numa demonstração pacífica pela mudança do regime. 21 Para
reivindicar por mudanças sociais e políticas ela usaram todos os meios de expressão a sua
disposição: discursos, jornais, internet e a mídia. O poder da atividade das mulheres não só trouxe um
maior desempenho em trazer mudanças mas em seguida quebrar os
estereótipos sobre a passividades das mulheres árabes.
As mulheres voluntárias de várias maneiras informais junto as suas comunidades. Nas áreas rurais,
particularmente onde os níveis de pobreza são altos, as mulheres voluntárias como um caminho de
combater pobreza e contribuir para a economia. Elas acham mais provável achar a inclusão quando elas
organizam grupos funcionais que encaminham assuntos sociais e políticos junto a suas sociedades e
extender suporte mútuo em direção a emancipação econômica. Isto é desafiador nas situações de
educação mínima leitura. No entanto, as organizações estabelecidas dos voluntários locais são
encontradas através do desenvolvimento global.
Jovens
O relatório do Banco Mundial de Desenvolvimento Mundial de 2007 informa que o número de jovens de
12-24 anos deve se elevar a 1.5 bilhões em 2053. Os jovens representam um grande potencial para
desenvolvimento. Há uma pressão para investir neste potencial, para abrir as portas de todas as formas de
participação dos jovens incluindo o voluntariado. Os jovens não devem ser vistos como pessoas passivas
de recursos ou causas de problemas sociais. E sim, eles devem ser reconhecidos como importantes
colaboradores no desenvolvimento nos seus países. No entanto, a economia e a política global e
instituições sociais estão se submetendo a maiores mudanças, os jovens sofrem constrangimento devido a
sua falta de capacidade e oportunidades limitadas para participarem. Na realidade, os jovens estão entre
os grupos maus suscetíveis a exclusão social devido a desemprego, pobreza, crime e uso de drogas. 25 Os
crimes entre os jovens em países em desenvolvimento estão aumentando cerca de 30% desde 1995 até
2005. 26 Também está aumentando a participação de jovens em conflitos com armas, especialmente
através de recrutamento em gangues e organizações rebeldes. Embora, historicamente, os jovens têm
sido socialmente excluídos, na recente economia em baixa criou uma crise que afeta particularmente afeta
a geração mais jovem.
O trabalho é uma área crítica em qualquer discussão no caminho da inclusão para jovens. A este respeito,
o voluntariado é um caminho pelo qual os jovens podem melhorar seus currículos mencionando
habilidades nos trabalhos mencionados. Há muita informação interessando de mostrar como voluntariado
pode ser um trabalho importante na transição de escola para o emprego pago em países desenvolvidos e
em desenvolvimento. Uma pesquisa no Reino Unido informou que 88% dos entrevistados acreditavam
que seus trabalhos como voluntarias poderiam ajudá-los a obter um trabalho.
Quadro 5.5: Maasei Pastoral Women´s Council
O Pastoral Women´s Council (PWC) é liderado por mulher, uma organização comunidade local fundada em
1997, na Tanzânia para desenvolver soluções para a pobreza e marginalização de mulheres e crianças de
Maasai. Através da rede de voluntariado, o conselho conseguiu fazer impactantes mudanças em três
problemas para as mulheres de Maasai: educação e igualidade de gênero, independência financial e direito
de compra de propriedade e sua participação no processo político.
Outro exemplo é Olosirwa Women´s Action Group, estabelecido em 202, tem 25 membros e um
empréstimo de um milhão de shillings Tanzanicos obtidos da PWC. A metade dos membros do grupo teve
a menor renda na vila. Eles começaram a comprar gado na Tanzânia e vende-los num mercado perto em
Posimoro no Kenia. Eles usavam o lucro para construir casa improvisada para os quatro mais pobres e as
mulheres mais em desvantagem do grupo e completaram 16 casas pra outros membros. O grupo planta
milho indiano e feijão, vende açúcar, chá e rosário; ajudam membros a comprar vacas leiteiras. A Pastoral
está envolvida em aumentar o conhecimento sobre HIV/AIDS utilizando músicas Maasei e tem um
programa de educação para adultos e escolas de enfermagem. Agora, há 49 membros no grupo da
Olusirwa Women Action. No total, eles têm 45 cabras, 4 gados e 51 fazendas.
O voluntariado é um caminho que os jovens podem melhorar seus currículos. Voluntariar como forma de
combater a pobreza e contribuir para a economia. Eles terão mais probabilidades de atingir a inclusão
quando organizados em grupos funcionais que visem desafios sociais e questões políticas dentro de suas
sociedades e ampliação do apoio mútuo de iniciativas para emancipação económica. Isto é um desafio em
situações de mínima alfabetização e ensino. No entanto, organizações locais de base voluntaria
estabelecidas e geridas por mulheres são encontradas nos países em desenvolvimento.
Uma pesquisa no Reino Unido revelou que 88 por cento dos desempregados entrevistados acreditavam
que seu trabalho voluntario os ajudaria a obter um emprego. Uma investigação. 27 sobre a medida em que
o trabalho voluntario aumenta a empregabilidade e competências precisa de ser grandemente analisada
de modo a que novas medidas tenham como base uma robusta evidencia. Um levantamento feito pelo
jornal China Youth Daily com 1044 empregadores mostra que mais de 60 por cento dos empregadores
preferem um candidato com experiência voluntaria na remota região ocidental do China. Os empregadores
disseram que os valores que eles estavam procurando em seus empregados eram a dedicação, integridade
e boas habilidades de comunicação indicado em trabalhos voluntários. A
grande maioria daqueles empregadores que empregaram os voluntários no passado disseram que ficaram
satisfeitos com seus desempenhos.
No entanto, é igualmente essencial não ver o voluntariado unicamente como uma preparação para o
emprego. Os jovens mesmos fazem alusão aos aspectos importantes em doar o tempo deles para ajudar o
próximo, para fazer as mudanças que lhes importam adquirir novas experiências, conhecer novas pessoas
e divertir-se. Além disso, há benefícios mais abrangentes aos indivíduos e à sociedade em termos da saúde,
bem estar e compromisso com a comunidade. Os estudos empíricos apoiam a visão que os jovens que
participam no voluntarismo tendem a desenvolver positivos comportamentos sociais. Aliviando assim a
delinquência. O voluntariado constitui uma parte importante na transição a responsabilidade da vida
adulta. É um meio valioso pelo qual jovens são expostos à cidadania ativa.
Cada vez mais, os países em vias de desenvolvimento estão introduzindo voluntarismo aos jovens através
do sistema educacional. O aprendizado no serviço tem crescido rapidamente nos últimos anos na América
do
Sul.
Em
alguns
países,
como
a
Venezuela,
serviço
foi
introduzido
no
ensino
secundário. Isto não é voluntariado com o sentido de ter a escolha livre. No entanto, a exposição ao
serviço cívico numa idade tão precoce pode levar a uma participação ao voluntarismo no futuro. O
voluntarismo é, para muitos jovens, a primeira experiência em um ambiente de trabalho. Isso os ajuda a
formar atitudes e opiniões sobre trabalho e expor-se aos benefícios que eles podem passar aos outros
através
do
voluntarismo.
Há
igualmente
os
benefícios
a
serem
ganhos
na
construção
de relacionamentos com os outros voluntários, formando redes da vida adulta e desenvolvendo
relacionamentos com aqueles que cumprem com seus esforços. Todas estas conexões sociais facilitam a
uma maior inclusão. Na América Latina, o desemprego juvenil está ao redor de 22 por cento, podendo
chegar até os 40 por cento em alguns países. Na região, voluntariado sob a forma de serviço cívico juvenil é
considerado como uma dupla finalidade: a contribuição ao desenvolvimento e a preparação juvenil para
emprego.
Com relação aos jovens, dois pontos de vista são necessários. Em primeiro lugar, há um tipo de sociedade
que eles irão vivenciar com todas as mudanças e responsabilidades da vida adulta. Em segundo lugar, há as
barreiras que podem confrontar como fatores tais como a religião, a afiliação étnica ou a estereotipagem
de um modo geral.
CAIXA 5.6: Aumentando a empregabilidade juvenil na Bósnia e Herzegovina
Os estudantes em Banja Luka, em Bósnia e em Herzegovina, aumentam suas chances de emprego futuro com um
programa de Voluntariado social. Ao redor de 300 estudantes da escola secundária e dez estudantes
universitários comprometem-se todo ano em um programa gerenciado por Omladinski Komunikativni Centar
(OKC) (Centro comunitário para a juventude). Os voluntários derrubam estereótipos e preconceitos entre os
estudantes através da organização de atividades lazer atividades para crianças e para jovens com dificuldades de
aprendizagem; órfãos e jovens que não possuem cuidado dos pais; e pessoas idosas e jovens físicamente
descapacitados.
Tanja Grujic, que fez trabalho voluntario no centro Zaštiti Me (Protege-me) para as crianças que necessitam
cuidados especiais, disseram: “Eu sempre pensei em como eu poderia
ajudar ao proximo? Quando eu comecei com meus estudos, a principio, eu tinha em mente
ajudar crianças. Eu contatei o OKC e descobri que eles que estavam planejando a contratar voluntários no centro
Zaštiti Me. Como fashion design e a costura são meus passatempos, decidi então a começar com um workshop
para costura com as crianças deste centro.” Tanja adiciona orgulhosamente: “Eu sinto que estas horas passadas
com estas crianças são realmente úteis para mim. Esta experiência me realiza como pessoa, me permite que eu
aprecie a vida e expanda meu conhecimento e experiência.”
Conduzindo Oficinas criativas, organizando excursões e jogos dão um impacto real nos estudantes: eles
desenvolvem habilidades pessoais e sociais que complementam o conhecimento teórico
ganhado durante seus estudos. Com estas habilidades práticas, os estudantes se tornam mais competentes e
competitivos para o mercado de trabalho.
Fonte: J. Jevdjic, [director executivo, OKC], uma comunicação pessoal. (2011, os 13-27 de julho).
Isto é onde o voluntario com valores fundamentais como a reciprocidade e respeito, pode desempenhar
um papel significativo. O voluntario salienta participação ativa na sociedade. Como observamos no
Capítulo 3, novas formas de voluntariar estão abrindo oportunidades para ampliar a participação. A
educação pode desempenhar um papel importante em fomentar atitudes cívicas. No nível mais amplo, a
mídia, os governos, as organizações e os voluntários têm uma importante em influencia na vida dos jovens.
Incentivo é necessário para promover notícias sobre as contribuições dos jovens, incluindo relatórios pelos
próprios jovens. Os governos precisam promover um clima em quais as necessidades e interesses dos
jovens sejam plenamente respeitadas e garantir que a infraestrutura seja fornecida. Voluntários incluindo
organizações devem ser proativos no engajamento dos jovens. Sociedades saudáveis necessitam de
pessoas jovens que estejam envolvidas com suas comunidades. Ação voluntária pode ser uma rota
altamente eficaz para tal envolvimento.
Pessoas idosas
As pessoas idosas têm sido tradicionalmente ativos contribuintes para suas sociedades. Indígenas, em
particular, há muito tempo reconheceram o quanto as contribuições feitas pelos idosos são valiosas e
como contribuem para a perpetuação e enriquecimento da sociedade. Tendências entre os envelhecidos
em muitas partes do mundo estão contribuindo para a sensibilização das dimensões sociais da
contribuição dos idosos. A primeira Assembleia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento,
realizada em 1982 em Viena, junto com subsequentes conferências têm levado à adoção de planos globais,
regionais e nacionais de ação para reconhecer o papel do voluntario na atividade dos envelhecidos. A
revisão de 20 anos de a conferência de Viena, que aconteceu lugar em Madrid no ano 2002, recomendou
primeiramente que uma sociedade para todos deve dar aos idosos a oportunidade de continuar
contribuindo. Tais contribuições se estendem além de atividades econômicas para incluir voluntário nas
atividades da comunidade. Estes tem que ser reconhecidos como contribuintes para o crescimento e
manutenção do bem-estar pessoal.
A contribuição feita por pessoas mais velhas para sociedade através da ação voluntária é muito grande.
Voluntariar em si próprio pode ser um trunfo valioso na manutenção da atividade e engajo dos idosos. Esta
é uma observação importante desde que pesquisas, em sua maioria em países desenvolvidos, indicam que
idosos são particularmente vulneráveis à exclusão. Isto é especialmente verdadeiro para aqueles que
deixaram o mercado de trabalho com fracos laços familiares. Os dados da Pesquisa do Envelhecimento,
Saúde e Aposentadoria na Europa (SHARE) confirmam que pessoas idosas em risco de exclusão social são
menos propensos a se envolverem em atividades voluntarias. No entanto, quando o fazem alguma
atividade voluntaria, o impacto sobre eles pode ser significativo. Estudos descobriram que o voluntariar
com idade mais avançada pode reduzir o risco de exclusão social. Além de doenças relacionadas com a
idade, idosos muitas vezes sofrem com restrições de mobilidade ou com isolamento. Voluntariar pode
levar não só a maiores níveis de atividade, mas também a uma melhor integração e inclusão na sociedade.
38 Esses resultados são comprovados pela instrução no Guia para a implementação nacional do Plano
Internacional de Madrid de Ação sobre o Envelhecimento, que enfatiza a importância da participação dos
idosos na vida social e cultural, e combate os estereótipos negativos e práticas de exclusão". O trabalho
voluntário é um canal de universal para tais participações.
Pessoas com deficiência
Box. 5.7: Ter rodas – fara trabalho voluntário?
O voluntarismo pode transformar os voluntários, conduzindo a um aumento na confiança em si próprio, uma forte
percepção de realização pessoal e novas aspirações profissionais. Motivados por estes ganhos, voluntários com
incapacidades ajudam a dissipar estereótipos e mudar percepções sobre as pessoas incapazes o que podem e
não podem fazer. Uma cidadã Norte Americana Shannon Coe desempenhou a função voluntaria de corpo de paz
no Paraguai. Lá, a população locais com inabilidades físicas não são frequentemente vistos fora de suas casas.
Shannon diz: “Quando eu me empurrei ao redor minha comunidade, as pessoas me olhavam fixamente com muita
curiosidade. Muitos, provavelmente nunca tinham visto uma mulher independente em uma cadeira de rodas antes.
Cada vez que eu ouvia “qué guapa” (você é uma super mulher!) ao ir trabalhar sozinha, eu sabia que eu tinha
mudado a perspectiva de uma outra pessoa.”
Como Shannon, as pessoas com incapacidades fazem contribuições valiosas como voluntários internacionais,
pois, historicamente, eles tem sido sub-representados nos programas voluntários no exterior. Esses programas
frequentemente centram-se em servir a comunidade deficiente local em vez de comprometerem os voluntários
com incapacidades como líderes e contribuidores. As pessoas com as incapacidades têm o mesmo desejo de
contribuir com a sociedade e conquistar experiências como os cidadãos sem deficiência. Com pequenas
modificações, criatividade e uma atitude positiva, todo o programa de voluntário internacional pode ser acessível a
voluntários com qualquer tipo de incapacidade.
Source: Scheib & Gray. (2010).
Para que as sociedades possam alcançar a inclusão social, todos os membros devem sentir que são capazes
de contribuir de maneira significativa. Pessoas com deficiência muitas vezes enfrentam uma exclusão social
que retrata a má interpretação e os preconceitos que por sua deficiência, não tem condições de contribuir,
em vez de concentrar no que poderiam fazer pela sociedade. Semelhante a outros grupos excluídos,
muitas vezes são vistos como receptores passivos das ações de voluntárias, em vez de como voluntários
ativos. A ação caridosa ou a percepção de “doar-se” do voluntarismo predominante nos países
desenvolvidos reforça esta atitude. Voluntarismo igualmente tem um problema de imagem para muitas
pessoas que pensam que, devido a sua incapacidade, a ação voluntária não é para eles.
O resultado é que, é menos provável, que as pessoas com incapacidade façam trabalho voluntario. No
Reino Unido, por exemplo, em 2008 apenas 32 por cento dos adultos descapacitados ofereceram trabalho
voluntario em organizações quando comparados com 41 por cento do resto da população adulta. Isto
ocorre devido aos fatores tais como; a falta de equipamento especial, locais impróprios, custo extra para
transporte e a necessidade para o apoio aos trabalhadores. Em um estudo, um informante sugeriu que, no
que se dizem respeito ao problema da imagem, esse pesquisadores considere que o termo “ativistas” para
voluntários com incapacidades como “pessoas que procuram fugir do que se é considerado tradicional, a
imagem passiva das pessoas com incapacidade como o assunto do voluntariado a uma imagem muito mais
dinâmica associada com o ativismo.”
Um simples exemplo de como a função de ativista ocorreu durante o
terremoto e o tsunami que ocorreu no Japão em Março de 2011. Pessoas incapazes evitaram,
frequentemente, a ir aos centros evacuação designados porque sabiam que eles não receberiam o apoio
necessário a suas circunstancias especiais. Entre os voluntários que foram se identificar de casa a casa e
avaliar as necessidades das pessoas incapazes estão da Fundação YUME-YAZA. A fundação foi estabelecida
após o terremoto de Hanshin-Awaji em 1996 para ajudar as pessoas incapazes que foram afetadas por
catástrofes naturais. Estes voluntários não somente deram a oportunidade para estas pessoas com
incapacitadas de expressarem as suas necessidades imediatas, mas igualmente ouviram os seus desejos
seus desejos, e capacidades, de viverem em suas próprias comunidades em vez de viver em cuidados
domiciliários.
Migrantes
Os migrantes enfrentam verdadeiros desafios para superar a exclusão. Eles frequentemente devem
superar a barreira da língua e aprender os costumes locais. Voluntarismo pode oferecer oportunidades de
praticar o idioma e para construir as redes sociais pelas quais podem levar a uma maior inclusão. As
minorias raciais e étnicas são normalmente menos propensas a participar em atividades voluntárias
formais.
As comunidades imigrantes rurais, por outro lado, vivenciam níveis elevados de certo tipo de voluntarismo
informal. Estes incluem o voluntariado nas escolas, em programas secundários de línguas e nas
organizações que ajudam imigrantes a integrar na sociedade.
O potencial dos emigrantes que se oferecem ao voluntariado dentro de suas próprias comunidades supera
beiras. O conceito do “co-desenvolvimento” é relativamente novo. Aplica-se às iniciativas de
desenvolvimento empreendidas por emigrantes quem vivem em países desenvolvidos para ajudar
suas comunidades de origem. O co-desenvolvimento é um meio pelo qual os emigrantes compartilham os
benefícios que apreciam em seus países anfitriões e para continuar a comprometerem-se na vida cívica de
suas comunidades natais em seus países de origem. Um exemplo é o Asociación Sócio-Cultural de
Desarrollo y de Cooperación por Colômbia e Iberoamérica (ACULCO). Esta é uma ONG baseada em
trabalho voluntário, criada em 1992 por imigrantes de Colômbia que vivem na Espanha. A organização foca
na integração dos Colombianos na sociedade espanhola e apoia iniciativas baseadas no desenvolvimento
da comunidade em Colombia.
BOX 5.8 : Voluntariado de Imigrantes: Nova Zelândia
O fórum da mudança de vida do refugiado (The Change Makers Refugee Forum) em Wellington é uma ONG que
ajuda as comunidades de refugiados para que participarem inteiramente na vida e na cultura da Nova Zelândia.
Em uma iniciativa do ONG, ao redor de 50 voluntários produziram um DVD e kit com recurso para apoiar famílias
do Afeganistão, da Assíria, Birmanês, Colombianos, Eritreus, etíopes, iraquianos, Oromo, de Serra Leao,
Somalianos, sudanês, ruandês, Ugandês e Zimbabuenses.
As fortes famílias, Fortes Crianças (The Strong Families, Strong Children), kit de recursos levou seis meses para ser
completado. Fase um, durante o restabelecimento os imigrantes da Assíria, Eritreia, os etíopes, os somalianos e
os sudaneses, incluiran oficinas sobre família e a identidade. Fase dois, centralizou os valores da família e os
possíveis fontes de conflito. Na fase três, um grupo de voluntários e os atores profissionais atuaram em cenas
para o DVD descrevendo as situações diárias que confrontam estas comunidades de refugiados. Para os
participantes, esta era uma possibilidade explorar como tratar a diferença de gerações, as diferenças culturais e
as pressões em famílias e como educar crianças em um novo país sem o apoio da família a que estavam
habituados.
De acordo com os voluntários: “Nosso objetivo é destacar isso vir a um país novo é um deslocamento cultural
enorme. Quando os refugiados chegaram à Nova Zelândia, têm somente seis semanas de orientação… mas a
adaptação à nova cultura leva muitos anos e continua para sua a vida toda.”
Fonte: Mude o fórum do refugiado dos fabricantes. (n.d.); Johnstone, uma comunicação pessoal. (2011, os 16-22
de julho).
Pessoas que vivem com o vírus HIV/AIDS
Apesar dos casos de mortes por culpa do vírus HIV/AIDS caírem nos últimos anos, o número global de
pessoas contaminadas está ainda acima dos 33 milhões de acordo com um programa das Nações Unidas
no combate ao vírus HIV/AIDS (UNAIDS). 48 A não-compreensão exata sobre a doença cria um estigma
contra os contaminados. Voluntarismo entre Pacientes com HIV/AIDS e voluntarismo de HIV-soropositivos
ajudam a criar entre eles mesmos uma maior compreensão sobre a doença e as pessoas afetadas por ela.
Quase 75 por cento das pessoas afetadas por HIV/AIDS vivem em África subsaariana. A maior parte do
apoio aos pacientes e às famílias provê dos serviços sanitários de saúdes ao domicílio proporcionado por
voluntários. 49 Voluntariado é uma das maneiras pelas quais as pessoas soropositivas possam lutar contra
o estigma do vírus HIV/AIDS, levantando suas autoestimas e aumentando seus bem-estar.
A ideia baseando-se em experiências pessoais das pessoas que vivem com o HIV para tentar ajudar a dar
forma a uma resposta à epidemia da AIDS foi formalmente adotada em 1994 em Paris na AIDS Summit.
Alguns dos 42 países que declararam que uma maior participação das pessoas que vivem com o HIV e a
AIDS (GIPA) eram respostas éticas e eficazes contra a epidemia. Grupos
voluntários de apoio comunitários envolvendo pessoas HIV soropositivas estão aumentando cada vez mais
os programas contra o HIV em muitos países. Muitos dos cuidados pessoais destas pessoas que vivem com
o HIV e AIDS ocorrem na casa dos próprios indivíduos por membros das suas próprias famílias, amigos e da
comunidade. Os últimos incluem grupos de apoio e ONGs.
BOX5.9: Discutindo positivamente sobre HIV: China
“Eu sempre digo as pessoas com um sorriso: O HIV é um vírus, não um pecado! Nós estamos vivendo com o HIV e
nós ainda podemos dar a nossa própria contribuição à sociedade,” declara Xiaofeng, que contraiu o HIV em uma
transfusão de sangue. Quando isto foi descoberto, ele enfrentou a humilhação e a discriminação mas,
eventualmente, ele decidiu confrontá-lo.
Apesar dos regulamentos que proíbem a discriminação institucional contra as pessoas que vivem com o vírus HIV,
as barreiras ainda permanecem na China. O medo do estigma impede frequentemente que as pessoas procurem
os serviços de assistência e divulguem que contraíram o vírus HIV às famílias e aos amigos. O projeto Conversas
Positivas foi iniciado por Maria Stopes international China, uma organização sem fins lucrativos que oferece
planejamento familiar e orientação sexual e reprodutiva a familias, em 2007, com apoio de UNDP e de UNAIDS, e
na consulta com o centro nacional para o controle e a prevenção da AIDS/DST e a associação chinesa da
prevenção e controle da AIDS/DST. Mais de 40 pessoas que vivem com o HIV na China foram treinadas como
aconselhadores educacionais e instrutores. Subsequentemente, os aconselhadores das Conversas Positivas
deram sessões de treinamento para departamentos governamentais, empresas do setor privado, universidades,
meios de comunicação, ONGs e para as pessoas em áreas rurais. Em junho de 2008, cinco aconselhadores
positivos do Projeto Conversas Positivas treinaram 7500 Voluntários para as olímpiadas de Pequim sobre a
consciência do HIV. Através deste compromisso, os aconselhadores positivos da Conversas Positivas estão
trazendo esta mudança positiva de comportamento e reduzindo a discriminação contra as pessoas que vivem
com o HIV.
Fonte: Joint United Nations Programme on HIV/AIDS (UNAIDS). (2010b, March 6); Luo Nan, [Project Manager,
Positive Talks Project], Personal Communication. (2011, July 15).
Conclusões e discussões:
Há muitas maneiras pelas quais as pessoas podem encontrar o seu caminho fora da exclusão com o
voluntarismo. Para indivíduos, a ação voluntária tem ligação às melhorias nos sentimentos de valorpróprio. Pode ajudar a desenvolver habilidades vocacionais e outras competências e assistência em redes
de contatos. Isso tudo contribui aos sentimentos de bem estar. A nível comunitário, o voluntarismo pode
conduzir a maior coesão através do aumento da confiança própria e a redução de conflitos. Mais
especificamente dentro da sociedade, uma maior inclusão com o voluntarismo traz ganhos econômicos e
pode ajudar a desenvolver nações fortes e coesivas.
O voluntarismo se tornará mais integrado no discurso de inclusão social quando houver maior
reconhecimento dos parâmetros do voluntarismo de acordo com o capítulo 1. A literatura em relação ao
trabalho voluntário e inclusão focam a maior parte na ação voluntária nas organizações já formadas. Isto
deve ser incentivado. Contudo, voluntariado por grupos excluído ocorre geralmente em um contexto
informal. A definição mais profunda, adotada pela comunidade internacional, refletindo em todas as
formas de ação voluntária, deveria ajudar a função do voluntarismo mais proeminente.
Há muito que pode ser feito. Por exemplo, os governos podem incluir o trabalho voluntario nas políticas
que lidam com a inclusão social, abrangendo tipos formais, e informais de voluntariado. As micropolíticas
do voluntariado e as macro políticas para abordar a exclusão social necessitam estar em união. Por
exemplo, Alcance à legislação do trabalho poderia ser prolongado para incluir o voluntariado como
legislação anti-discriminatória. O núcleo da inclusão é o reconhecimento das capacidades, não as
incapacidades dos indivíduos. Exige uma aproximação aberta e flexível. Os governos, as organizações da
sociedade civil e o setor privado tem toda a capacidade para serem proativos e dinâmicos, com o objetivo
principal de atingir os grupos excluídos, junto com outros segmentos da sociedade, para envolvê-los no
voluntarismo. Se isto acontecer, sociedades mais compreensivas emergiram e isto representaria um passo
à frente em assegurar que toda a população aprecie os benefícios múltiplos do voluntarismo.
VOLUNTARIADO, COESÃO E MANEJO DE CONFLITOS
Capítulo 6
O voluntariado é uma fonte de força comunitária, resiliência, solidariedade e coesão social. Ele pode trazer
mudanças sociais positivas ao promover o respeito pela diversidade, igualdade e participação de todos. Ele
está entre os recursos mais importantes de uma sociedade.
Introdução
Este capítulo trata das relações entre voluntariado e coesão social em situações de conflitos violentos. O
Relatório de Desenvolvimento Mundial de 2011, Conflito, Segurança, e Desenvolvimento, afirma que 1,5
bilhão de pessoas hoje vivem em países afetados por violência política, crime organizado, taxas de
assassinatos excepcionalmente altas ou conflitos de baixa intensidade.
Os conflitos violentos são vistos atualmente como um desafio-chave ao desenvolvimento, pois impedem
investimentos, limitam o acesso a oportunidades de educação e emprego, drenam recursos estatais e
ameaçam o controle dos governos. Eles corroem a coesão social e vêm se tornando a principal causa de
pobreza1. Para muitas pessoas, viver em um ambiente de violência física direta é “normal”.
Conflitos são mais ou menos comuns em qualquer sociedade etnicamente ou religiosamente diversificada,
e manifestações diretas de conflitos tendem a acontecer mais em sociedades democráticas. A questão
importante é: como um conflito é manejado? Por instituições e normas sociais ou pela violência? Há várias
formas de violência, incluindo o crime organizado ou individual e a violência contra a mulher. Nossa
preocupação, aqui, é com o conflito violento, armado. O século XXI marca uma ruptura com o passado,
com a diminuição nítida de guerras entre Estados. No lugar dessas guerras, há brigas internas nas nações,
na forma de conflitos entre comunidades ou em âmbito nacional. Aqui, as pessoas podem contribuir em
todos os níveis. Pela ação voluntária, é possível apaziguar tensões que poderiam tornar-se conflitos
violentos; engajar-se na resolução de conflitos; e criar um propósito em comum - prevenir novas
ocorrências - uma vez que o conflito imediato se encerra. Na raiz de todas essas intervenções estão os
valores cívicos e o desejo de democracia expressados ao longo desse relatório. Como observado pela
PNUD: “A paz pode ser acordada entre líderes de alto-escalão reunidos, negociando; mas tais acordos
devem ser acompanhados de iniciativas que promovem a habilidade da sociedade em lidar com conflitos e
superá-los a curto, médio e longo prazo. Para construir a paz, é preciso
que as sociedades aprendam a tratar do passado, ajustar-se ao presente e planejar o futuro”.
Nós examinaremos o conflito através da lente da coesão social. Esta pode ser criada e reforçada por
pessoas apoiando-se mutuamente, em nível local, pela ação voluntária. Nós falamos de intervenções
voluntárias que podem ajudar a prevenir tensões, mitigar o impacto destas quando elas se transformam
em violência, ou auxiliar na recuperação quando as tensões diminuem. Nós também focamos nas mulheres
e jovens como os dois segmentos da população mais afetados pelos conflitos violentos, além de terem seu
papel como reais ou potenciais construtores da paz. O restante deste capítulo vai considerar exemplos de
ações voluntárias em três estágios: pré-conflito, conflito e pós-conflito. Não obstante, nós reconhecemos
que o conflito violento não ocorre sempre de modo tão linear.
Coesão social e conflitos violentos
Há muito tempo a coesão social vem sendo considerada um importante fator na promoção do
desenvolvimento sustentável, como foi discutido no Capítulo 4. A coesão social como um atributo grupal
também possui um papel essencial no contexto do conflito violento. Um dos modos de descrever a coesão
social é através da situação onde uma sociedade é caracterizada por duas qualidades complementares. A
primeira qualidade é a ausência de desigualdades severas em termos de renda ou riqueza; ou tensões
raciais, religiosas ou étnicas, ou qualquer outra forma de polarização. A segunda é a presença de fortes
laços sociais, demonstráveis em termos de confiança e normas de reciprocidade. Tais sociedades são
abundantes em associações voluntárias, nas quais diferentes grupos sociais estão livres para participar. Há
também estruturas e instituições que apóiam o manejo de conflitos, tais como poder judiciário e mídia
independentes. Entende-se que o voluntariado promove um senso de pertencimento e participação ativa,
de cooperação e solidariedade. Um individuo que se sente parte de algo, motivado por um forte
compromisso, vai agir por sentir que aquela é a coisa certa a se fazer, e não por razões utilitárias. Como
notado pelo Banco Mundial: “A coesão social manifesta-se em indivíduos dispostos e aptos a trabalhar em
grupo para tratar de necessidades em comum, superar restrições e considerar interesses variados. Eles são
capazes de resolver diferenças de um modo civilizado, não violento”.
A coesão social é uma variável-chave para entender o modo como as pessoas reagem ao risco de conflitos
violentos, sua resposta quando eles ocorrem, e suas ações perante as consequências do conflito. Quanto
mais forte a coesão social, mais provável é a formação redes de conexões e interações sociais. Tais redes
definem as ações voluntárias. Elas diminuem os riscos de desorganização social, fragmentação e exclusão
que, por sua vez, realimentam a violência. Como vimos antes, o sistema de valores subjacente ao
voluntariado promove normas de reciprocidade e confiabilidade. Estas normas favorecem esforços de
redução de conflitos violentos e abrandam seus efeitos. É claro que, se
tais redes forem discriminatórias quanto a etnias ou outros fatores, elas podem ser manipuladas para
obter vantagens individuais ou grupais e levar ao extremismo. Por exemplo, durante o genocídio em
Ruanda, em 1994, grupos Hutus contavam com propaganda que promovia o ódio “que uniu os Hutus,
principalmente homens jovens, desempregados e sem educação formal, para formar grupos tais como os
Interahamwe (“aqueles que atacam juntos” em Kinyarwanda), que estavam à frente do genocídio.”
Redes baseadas no voluntariado, que operam entre pessoas com interesses em comum – mesmo que elas
não se conheçam - têm um papel importante em situações de conflito potencial ou real. Em 2005, a
Comissão para a África reconheceu a efetividade destas redes na sociedade africana e qualificou-as como
formas não estatais de governança. A Comissão também ressaltou a falta de visibilidade de tais redes:
“estas são redes sociais que muito frequentemente parecem invisíveis àqueles no mundo desenvolvido,
que possuem uma perspectiva diferente, mais formal, de governança. No entanto, essas redes formam
uma grande parte do capital social sem o qual muitas sociedades africanas não conseguiriam funcionar...
Para muitas pessoas, a lealdade primária pertence à família, clã, tribo ou outras redes sociais, incluindo, de
modo crescente, grupos religiosos.”10 A contribuição da ação voluntária para a paz muitas vezes acontece
no contexto dessas redes sociais, ou por meio de associações informais ou grupos de ajuda mútua. Como
os conflitos envolvem diferentes facções ou partidos, a construção da paz requer contatos recíprocos entre
todos os interessados. No caso de eventos violentos, isso inclui todas as partes ativas no conflito. Tais
contatos podem gerar a criação de redes regionais ou nacionais para a promoção da paz.
O voluntariado na prevenção de conflitos
Pessoas que vivem suas vidas em um contexto de tolerância e respeito mútuos, com a ação voluntária
como uma das características da harmonia social, são mais propensas a evitar situações de conflito. Uma
importante faceta da coesão é a participação recíproca e a ajuda mútua na vida da comunidade, como por
exemplo em importantes ritos, cerimônias e eventos relacionados à produção econômica. Na Índia, onde
confrontos entre grupos religiosos não são incomuns, foi observado que a participação inter-religiosa em
festivais ajuda a prevenir conflitos. Hindus e muçulmanos participam de celebrações uns dos outros, e
compartilham a comida uns dos outros. Vigílias conjuntas para a paz e marchas são outros exemplos de
colaboração entre etnias. Intercâmbios entre a juventude da Índia e do Paquistão reduzem o potencial
para conflitos por meio do reforço do entendimento mútuo. Essa é uma abordagem Ghandiana para a paz,
com jovens vivendo junto às famílias uns dos outros e se engajando em ações pacíficas. Esses programas
são inteiramente baseados no voluntariado. Grupos de trabalho mistos são comuns na região costeira no
Sul da Índia, ainda que a divisão do trabalho na agricultura esteja em declínio. A união de famílias hindus,
muçulmanas e cristãs na divisão do trabalho ajudou a reduzir conflitos e levou a um senso de identidade
compartilhada. Essa ação também criou uma maior compreensão das
diferenças e um entendimento sobre como elas podem levar a conflitos se não forem bem manejadas, e,
por outro lado, como o entendimento sobre as diferenças pode ajudar na resolução de conflitos.
Em situações de conflitos potenciais, os relacionamentos entre comunidades podem servir como um
amortecedor ao reduzir o impacto negativo que situações de insegurança têm na sensação de bem estar
das pessoas. As pessoas podem utilizar associações locais e ação coletiva como um modo de gerar uma
sensação de proteção para os indivíduos. Por exemplo, a capacidade de usar redes para espalhar
informações sobre acontecimentos que causam medo e insegurança pode atuar como um importante
fator de proteção.13 O tipo de resiliência que previne potenciais manifestações violentas também pode ser
criado por meio de redes comunitárias voluntárias para combater eventos violentos e por meio da
educação e treinamento, em associações voluntárias, para a construção de um sentimento de confiança.
Um estudo comparou o conflito entre Hindus e Muçulmanos na Índia com manifestações violentas na
antiga Iugoslávia e na Irlanda do Norte. Este estudo confirmou a relação entre altas taxas de violência
étnica com baixas taxas de engajamento civil entre etnias e entre grupos religiosos. Isso sugere que
comunidades vigorosas e bem-integradas podem servir como agentes da paz. Formas intensas de
engajamento civil, tais como organizações integradas de negócios, organizações sindicais, partidos políticos
e organizações profissionais são freqüentemente capazes de conter explosões de violência étnica e
religiosa, entre outras. Esse também foi o caso encontrado na Bósnia, Chipre, e Israel e Palestina.
Voluntariado durante a ocorrência de conflitos
No Quênia, durante as ocorrências de violência pós-eleições em 2008, grupos de voluntários se espalharam
esporadicamente nas comunidades afetadas para ajudar uns aos outros e fazer conexões entre diferentes
grupos étnicos. Visitas para intercâmbios culturais foram organizadas por anciões de diferentes partes do
país para promover aprendizagens interculturais. Esse tipo de iniciativa criou novos campos de interações
sociais. Tais interações são diversas daquelas promovidas por políticos, que tiveram uma certa
responsabilidade em alimentar animosidades entre as comunidades. 16 No pico das ocorrências violentas, o
conselho de mídia do Quênia foi além dos interesses parciais que tomavam conta do país. O conselho foi
capaz de persuadir a mídia nacional a sincronizar mensagens, ao transmiti-las de graça por alguns dias,
para permitir que as pessoas entrassem em contato umas com as outras. Blogs online, tais como Ushahidi
e Pambazuka mantiveram as pessoas informadas quanto às atrocidades que estavam ocorrendo, e
chamaram os quenianos a ajudar uns aos outros. Algumas ONGs forneceram suporte logístico para que os
voluntários pudessem chegar até as comunidades, dando assistência na construção da paz sempre que
possível.
Em
situações
de
conflitos
potenciais,
relacionamentos
entre
comunidades e uma sensação de pertencimento a redes sociais podem ajudar a construir escudos que
geram a sensação de proteção aos indivíduos.
Intervenções externas baseadas em iniciativas voluntárias, seja em âmbito nacional ou dentro das
comunidades, podem ser muito eficientes para retirar as pessoas dos conflitos e fazer com que elas se
voltem para a paz. Por exemplo, quando há ameaças de conflitos entre religiões na Índia, elas são
frequentemente resolvidas pela mediação de “voluntários da paz”, que se engajam junto a partidos para
facilitar a reconciliação. Em países como Bangladesh, Índia e Tailândia, voluntários são o centro de
iniciativas de “políticas comunitárias” apoiadas pelos governos locais e por agências de segurança.
Voluntariado após a ocorrência de conflitos
Hoje, no Sri Lanka, o processo de cura entre os dois grupos étnicos envolvidos no conflito mais duradouro
do país vem sendo assistido por voluntários do Movimento Sarvodaya Shramadana. Essa é a ONG mais
influente do país, com uma estratégia de desenvolvimento e um programa próprios. Sarvodaya mobilizou
milhares de voluntários treinados na construção da paz, intervenção em crises e resolução não-violenta de
disputas, contribuindo para o processo de reabilitação a longo prazo.
Em Ruanda, onde o genocídio resultou na dizimação da população masculina, a tarefa de reconstruir o país
ficou para as mulheres.
As mulheres com acesso a terras formaram grupos que eram estruturados como as associações de ajuda
mútua que existiam antes da guerra. O propósito era ajudar umas às outras na produção agrícola, construir
casas e estabelecer poupanças e esquemas de crédito para financiar atividades geradoras de renda. Essas
iniciativas recíprocas permitiram que as mulheres ganhassem um status social que ia além de seus papéis
tradicionais e assegurar direitos como maior poder e independência econômica.
O voluntariado pode ser especialmente eficiente na construção da coesão social e da paz quando pessoas
de grupos anteriormente opostos se conectam de maneiras inovadoras. Na Irlanda do Norte, por exemplo,
as pessoas entraram em contato independentemente de suas religiões ou partidos políticos por meio da
colaboração em projetos que ajudaram a reconstruir laços de confiança entre comunidades divididas.
Quando a violência étnica começou a crescer nas Ilhas Salomão, no Pacífico Sul, em 2002, entre os colonos
Malaitan e o povo indígena de Guadalcanal, mulheres da capital Honiara juntaram forças para criar o
“Womans Communiqué for peace”. Posteriormente, o grupo multiétnico
voluntário Women for Peace negociou com as partes em conflito, criando consciência sobre os impactos
do conflito e ajudando as vítimas.
Voluntariado e a Promoção da Paz
Mulheres
Mulheres são mais vulneráveis a conflitos violentos, mas têm o potencial para serem poderosas agentes da
paz e da transformação. Como o Relatório do Desenvolvimento Mundial de 2011 diz: “organizações de
mulheres frequentemente têm um papel muito importante na restauração da confiança e no apoio da
recuperação e transformação.” A participação civil por meio do voluntariado pode ser um mecanismo
poderoso para mulheres marginalizadas, dando-lhes poder de decisão. Isso é especialmente verdadeiro em
sociedades nas quais tanto os costumes quanto a lei favorecem claramente os homens, em termos de
controle de recursos chave, propriedade de terras, recursos financeiros e de renda, e acesso ao mercado
de trabalho e empregos oficiais. Esse é o caso, por exemplo, na Etiópia, e no Sudão (2009). Ainda que as
mulheres sejam membros ativos da sociedade civil, elas encontram muitos obstáculos para conseguirem se
envolver no desenvolvimento e na reconstrução da paz.
As mulheres estão cada vez mais envolvidas, como combatentes, em conflitos violentos. No entanto, para
a maioria das mulheres, tais conflitos agravam sua situação, levando algumas delas a organizar
resistências. Com efeito, existe uma longa história de participação das mulheres em ações de base para
minimizar hostilidades e começar a reconstrução.
Em países expostos a longas guerras, tais como Angola, Chade, Eritréia, Etiópia, Libéria, República
Democrática do Congo e Serra Leoa, as mulheres assumiram um papel de liderança em uma ampla gama
de iniciativas voluntárias, incluindo a liderança em protestos, iniciativas de construção da paz, mobilização
de recursos e a criação de um novo senso de comunidade. A literatura reconheceu isto, primeiramente,
nos anos 9030 e, desde então, esse fenômeno vem ganhando atenção crescente.
A Quarta Conferência Mundial sobre Mulheres de 1995, em Pequim, definiu o seguinte objetivo
estratégico: “Aumentar a participação feminina na resolução de conflitos em todos os níveis... integrar
uma perspectiva de gênero na resolução de conflitos armados ou não... e certificar-se de organismos
estejam aptos a abordar questões de gênero apropriadamente.” A Resolução das Nações Unidas 1325 para
Mulheres, Paz e Segurança (2000) convoca uma maior participação das
mulheres no processo de paz e resolução de conflitos.
33
No entanto, como indicado em 2003, “se a
Resolução 1325 fortaleceu as reivindicações das mulheres africanas através de uma cadeira na mesa da
paz, ela não eliminou os enormes obstáculos políticos, econômicos e culturais para a total participação
feminina como agentes da paz ou cidadãs.” Naquela época, as experiências de mulheres na República
Democrática do Congo, e nos países União do Rio Mano – Guiné, Libéria e Serra Leoa, ilustraram bem as
barreiras que as mulheres encontram quando querem ter suas vozes ouvidas e quando querem promover
mudanças em nível político.
Na América Latina, o impacto das mulheres em conflitos como o da Colômbia, ao longo de cinco décadas,
permaneceu desconhecido por anos. O silêncio foi quebrado quando, em 1996, milhares de mulheres de
organizações indígenas e organizações base em todo o país se uniram para enviar uma mensagem contra
os conflitos, por meio da rede Ruta Pacifica de las Mujeres (Rota Pacífica das Mulheres). A rede voluntária
abriu portas para que as mulheres pudessem ter um papel ativo no processo de construção da paz na
Colômbia.
Visões convencionais das mulheres como espectadoras passivas em tempos de crise precisam ser
corrigidas. No entanto, como a experiência de Rio Mano mostrou mulheres que se engajam
voluntariamente em conflitos têm que se preparar para uma longa batalha.
Jovens
A população jovem do mundo está aumentando rapidamente, especialmente em países pobres afetados
por conflitos violentos. Há uma preocupação crescente com as condições que podem levar adolescentes,
especialmente meninos, a perpetuar a violência e impedir o processo de consolidação da paz. Jovens são
normalmente vistos como uma ameaça à segurança, e normalmente se pensa que eles precisam ser
desarmados e mantidos ocupados. No entanto, um recurso vital para superar o conflito violento é
ignorado quando os jovens são denegridos ou temidos, ou quando seu papel potencial na resolução de
conflitos é ignorado.
Em muitos dos conflitos, os jovens estiveram envolvidos nos confrontos. No entanto, quando as
hostilidades terminam, eles têm poucas oportunidades de se envolver em processos de construção da paz
em escala nacional. Além disso, a ausência de mecanismos de participação, combinada com altas taxas de
desemprego, podem resultar em maior alienação dos jovens em muitos países pobres, recém-saídos de
conflitos. Isso reforça exatamente os mesmos fatores que deram início
ao conflito em primeiro lugar. Deve-se sempre lembrar que, em países onde os conflitos são prevalentes,
muitos dos jovens nasceram em tempos de guerra. Essa é a única “dinâmica social” que eles conhecem, e
eles desenvolveram mecanismos de enfrentamento para suportar essa realidade de medo e violência. Às
vezes, esse mecanismo faz com que eles se tornem violentos. Os jovens têm poucas oportunidades para se
expressar de outras maneiras. O envolvimento em atividades pacíficas pode, no entanto, trazer uma nova
perspectiva a eles, encorajando formas não violentas de interação com diferentes grupos.
A ideia de que a juventude deve agir como blocos de construção essenciais para um futuro pacífico está
começando a receber aceitação. O voluntariado é um dos canais pelo qual a juventude pode se envolver,
especialmente por meio de organizações de jovens. Jovens trabalhando juntos, de modo voluntário,
contribuem para a construção de pontes entre culturas e gênero e se tornam parte do processo de
construção da paz. A West Africa Network for Peace-building (WANEP), uma importante organização da
sociedade civil, tem um programa para a juventude chamado “ActiveNon-Violence and Conflict
Transformation Programme for Youth”, que cria oportunidades para que mais de 650 estudantes e 450
jovens da comunidade possam se envolver diretamente na prevenção e manejo de conflitos por meio de
“clubes da paz” em Monrovia, na Libéria.
Após 20 anos de guerra, o norte da Uganda tem a sorte de ter uma rede dinâmica e crescente de
voluntários nacionais e locais, muitos dos quais fazem parte da juventude afetada pela guerra. Um dos
exemplos é um grupo de mulheres ex-combatentes do Exército de Resistência do Senhor. Elas usaram
habilidades adquiridas em campo, tais como habilidades de parteira e liderança, para executar o trabalho
de construção da paz, junto à ONG Empowering Hands. Estabelecida em 2004, a ONG cria grupos de apoio
para prisioneiros voltando à liberdade. A ONG disponibilizou conselheiros e ajudou-os a voltar para a
escola. A história da Empowering Hands é uma conhecida história de sucesso. Em toda a parte norte de
Uganda há muitos grupos voluntários de jovens que mostraram um potencial similar, com a capacidade
para formar a próxima geração da sociedade civil. No entanto, sendo associações dispersas, elas não têm
status oficial legal e não conseguem receber subsídios.
Muito poderia ser feito se governos e doadores reconhecessem a presença da iniciativa da juventude em
situações de conflito e trabalhassem com o intuito de capacitar grupos e seus lideres.
Conclusões e Discussões
Nesse capítulo, nós examinamos as relações entre voluntariado e
conflitos violentos na perspectiva da coesão social, com foco particular na situação de mulheres e jovens. A
dinâmica que gera conflitos violentos, e determina seus cursos, é complexa. Tais conflitos não respondem
a um conjunto estabelecido de soluções. No entanto, os valores da solidariedade e apoio mútuo, que
ajudam a criar coesão em sociedades e estão subjacentes à ação voluntária, contribuem na prevenção,
atenuando e removendo as causas do conflito.
A ação voluntária, portanto, deve ser parte integrante de políticas e programas focados em prevenir e
responder a conflitos. Ainda que comida, abrigo, reconstrução da infraestrutura e estabilização econômica
sejam necessários, também é necessário o engajamento cívico baseado na reciprocidade e na
solidariedade. Há uma consciência crescente da necessidade de reforçamento de redes que sobreviveram
a conflitos violentos, e da necessidade de apoiar a reativação de tais redes onde elas forem destruídas.
Redes não são auto-suficientes: a lei, a justiça e os direitos humanos devem acompanhar o processo de
paz. No entanto, reconhecer e apoiar o voluntariado ajuda a certificar a sustentabilidade das realizações, e
a evitar o risco de que elementos subjacentes ao conflito permaneçam ativos.
Quadro 6.1.: Criando pontes entre fronteiras étnicas
Kikuyus for Change é uma iniciativa da juventude pela paz. Ela foi formada no Quênia, em 2008, por jovens
Kikuyus durante a violência ocorrida após as eleições. Os jovens viam a questão étnica como a principal
fonte dos problemas do país. Esse grupo de voluntários desafiou os laços tribais, alcançando jovens em
diferentes partes do país. Eles organizaram plataformas de diálogo interétnicas, aonde jovens formadores
de opinião vinham discutir a questão étnica. Eles também desenvolveram atividades e estratégias para
propor a boa-vizinhança e a reconciliação. Eles realizaram conferências de imprensa em resposta a
afirmações de líderes políticos que eles consideraram prejudiciais à harmonia étnica. Eles falaram no rádio
e na televisão e prepararam artigos para a imprensa escrita sobre tribalismo e a necessidade de coesão
nacional. Kikuyus for Change também promove a interação com anciões Kikuyus e organiza educação cívica
em diversos tópicos.
“Nós devemos partir da ideia que o Quênia é uma veste de muitas cores, que é bela exatamente por ter
cada uma dessas cores presentes. Nós não podemos ter uma só cor, porque a veste seria desinteressante.
Algumas cores não podem dominar as outras, porque a veste seria feia. Nós devemos todos ficar em
nossos lugares, e ser brilhantes.”18
Fonte: Prefeito de Garissa [em Kikuyus for Change Secretariat]. (2010).
Quadro 6.2.: Organizações Voluntárias Muçulmanas nas Filipinas
“Acreditar na mudança mantendo a fé” é o lema da Muslim Volunteering Organization for Peace and
Development nas Filipinas. Criada em 2004, a Kapamagogopa Inc. (KI) está ativamente envolvida em
iniciativas de construção da paz na região de Mindanao, onde o antagonismo entre o governo e a Moro
Islamic Liberation Front (MILF) alimentou conflitos entre cristãos e muçulmanos. 69 voluntários têm se
mobilizado desde 2005, trabalhando com ONGs cristãs e muçulmanas na construção da paz, do diálogo
comunitário e do intercâmbio cultural. Eles contribuíram algo em torno de 150.000 horas de trabalho
voluntário, causando impacto na vida de 500.000 pessoas.
Os voluntários contribuíram para o estabelecimento de reservatórios comunitários de água. Eles
implantaram a tecnologia chamada Sloping Area Land, um método simples e de baixo custo de agricultura
de montanha para agricultores de baixa renda, com recursos limitados e pouco conhecimento da
agricultura moderna. Eles ensinaram métodos de cultivo orgânico aos agricultores, promoveram treinos
para a redução de desastres e participaram do All Women Contingent in the Civilian Protection Component
no time de monitoramento internacional que está prestando assistência no processo de paz de Mindanao.
A KI tem tido um papel chave na mobilização de voluntários muçulmanos para ajudar ONGs cristãs a
alcançar comunidades não cristãs. Durante o conflito de agosto de 2008, voluntários da Kl ajudaram
comunidades remotas. Eles também contribuíram em iniciativas de construção da paz, por exemplo,
intervindo no rido (conflito no clã ou família) na comunidade Mindanao.
Fonte: Kapamagogopa Inc.(2011); Maralm Barandia, Comunicação Pessoal. (17-22 de julho de 2011)
Quadro 6.3 Voluntariado para a paz na comunidade
No Pacífico Sul, as mulheres estão começando a se envolver mais em iniciativas comunitárias para a
construção da confiança, entendimento e paz. A KUP Women for Peace (KWP) começou em 1999 nos
planaltos de Papua Nova Guiné após décadas de lutas tribais. A violência brutal contra mulheres e crianças
chegou a causar a destruição por incêndio de vilas inteiras. Após uma batalha particularmente
devastadora, mulheres de quatro tribos antagônicas formaram a KWP com o objetivo de acabar com a
violência tribal. Os membros da KWP, homens e mulheres, coletaram histórias nas vilas que enfatizavam o
desejo de paz e dividiam essas histórias com homens das tribos beligerantes. Eles mediaram acordos de
paz, conduziram workshops sobre a saúde da mulher e produção de comida, e captaram recursos locais
para ajudar as vítimas de violência.
Em 2003, um conflito estourou entre dois clãs na província dos planaltos do oeste. Em um esforço para
recuperar a paz, sete mulheres e cinco homens da KWP passaram duas semanas nos campos de batalha.
Durante o dia, eles usavam megafones para chamar uma trégua e pedir a reconciliação. Todas as noites,
eles ficavam em uma das vilas dos clãs oponentes e falavam sobre a paz.
Os homens em conflito nunca haviam escutado estranhos, especialmente mulheres, falar sobre paz
daquela maneira. Nas palavras de um dos homens: “A polícia e o governo nos esqueceram. Mas essas
mulheres se preocupavam conosco o suficiente para ficar conosco por duas semanas.” Eventualmente, as
duas partes pararam de lutar e permitiram que as mulheres mediassem o pagamento de indenizações.
Fonte: Dinh. (2011); Garap. (2004)
Quadro 6.4 Mulheres que lutam por uma voz
A região da bacia hidrográfica do Rio Mano é uma área de fronteira entre Nova Guiné, Costa do Marfim,
Libéria e Serra Leoa. Com as fronteiras facilitando o fluxo de armas e combatentes, essa área foi foco de
conflitos intensos e movimentos de refugiados. A Mano River Union
(MRU) Women Peace Network (MARWOPNET) foi criada em 2000 com o envolvimento de lideranças
femininas, mulheres da área rural, comunicadoras, religiosas e executivas dos quatro países. Ainda que a
MARWOPNET tenha participado de modo significante na mediação de conflitos, ela foi excluída de algumas
partes do processo formal de pacificação. De acordo com um membro, o problema é "a mentalidade
masculina que diz que as mulheres não devem se envolver nessas coisas. Eles se encontram conosco e
dizem que valorizam nossos esforços, e prometem cooperar. Mas nós não os vemos fazendo isso. Eles
querem nos dar apenas o status de observadores, e isso nós não podemos aceitar.”
Fonte: Fleshman. (2003).
Quadro 6.5.: A juventude promove recuperação pós-conflito na Libéria
A Liberia National Youth Volunteers Service (NYVS) permite que universitários formados contribuam para a
reconstrução e o desenvolvimento na Libéria, após os 15 anos de conflito civil no país. O programa oferece
treinamento para jovens com formação universitária em educação, saúde e agricultura por um ano.
Depois, os mobiliza como voluntários ao redor do país.
Os voluntários dão aulas em escolas e administram campanhas de saúde. Eles trabalham para melhorar a
situação das mulheres, para reivindicar a educação de meninas, pelo fim da violência de gênero e de
práticas discriminatórias, e desenvolvem campanhas de pacificação para reduzir divisões e polarizações.
Nos locais onde trabalharam, as pessoas ficaram mais dispostas a se voluntariar e os pais quiseram que
seus filhos participassem.45
A Libéria também enfrenta altas taxas de desemprego, especialmente entre os jovens. A NYVS permitiu
que recém-formados desenvolvessem habilidades e ganhassem experiência profissional. Mais de 80% dos
primeiros 67 voluntários estão atualmente empregados, tanto no setor público quanto no privado. Dos 121
voluntários da segunda leva, 50% estão empregados e 3% estão
buscando continuar os estudos. Uma terceira leva de 128 voluntários completaram suas tarefas em junho
de 2011.46
Fonte: : Isaac Bropleh, [Gerente de Projetos da Liberia National Volunteer Youth Service Programme],
Comunicação Pessoal (13 de julho de 2011).
VOLUNTARIADO E DESASTRES
Capitulo 7
Quando enfrentamos um desastre de grandes proporções como o que ocorreu em Tohoku (região nordeste
do Japão), todos devem ter sentido a vulnerabilidade dos seres humanos para ameaças naturais. Contudo,
acredito que o maior poder de recuperação vem de seres humanos. O que um voluntário pode fazer é muito
pouco mas o que todos nós podemos fazer é muita coisa para a recuperação, ele cria um poder mais forte
... Após o boom inicial da mídia, as pessoas gradualmente se esqueçeram do desastre, mas o verdadeiro
desafio para os sobreviventes apenas começou. Suas necessidades podem ter mudado, mas há ainda a
necessidade de ajuda . A verdadeira recuperação só pode vir depois de um esforço de todos a longo prazo .
Khaliunaa, (Mongólia) prestou serviço voluntário no caso de tsunami do Japão
Introdução
A ação de voluntariado em resposta aos desastres é talvez uma das mais claras expressões dos o valores
humanos que compõem a unidade para atender às necessidades dos outros. Esta é a face mais visível
dentro do voluntarismo. A imediata reação das pessoas ao desatre é traduzida pela ajuda às pessoas
diretamente afetadas. Em muitos casos ocorre de forma espontânea, fora de locais organizados. No
entanto, a contribuição do voluntariado estende-se muito além da resposta imediata . Este capítulo analisa
o conjunto de ações voluntárias através do espectro da gestão de um desastre, desde a preparação e
mitigação, até ações de resposta e recuperação.
Desastres e desenvolvimento
A natureza e a frequência dos desastres é modificada pela mudança climática, a rápida urbanização, a
insegurança alimentar e o aumento do número de conflitos. Os valiosos progressos alcançados pelo
desenvolvimento podem ser drasticamente eliminados por catástrofes. A crescente conscientização desta
conexão levou a um afastamento no que diz respeito a lidar com desastres simplesmente como uma
emergência humanitária para tratá-las como questões de desenvolvimento. Como reduzir a
vulnerabilidade aos desatres principalmente para as pessoas que vivem na pobreza, é atualmente uma
preocupação política importante em muitos países. A Confêrencia Mundial de Redução de Desastres em
2005, deu um considerável impulso a essa mudança de pensamento. O objetivo geral do Quadro de Ação
de Hyogo 2005-2015 é construir a resiliência das nações e comunidades aos desastres. Se reconheceu que
os recursos mais eficazes para reduzir a vulnerabilidade eram organizações comunitárias que ajudam a si
mesmas e redes locais.
Varias funções do voluntariado em desatres
A gestão eficente e eficaz dos desastres tem início e fim nas comunidades. A palavra chave é resiliência
que inclui a capacidade da comunidade para prevenir, estar preparada, lidar e recuperar-se dos desastres.
Aquelas localizadas em meio ambiente perigoso não são apenas vítimas potencias e impotentes de
eventos fora de seu controle, eles podem ter opções de vida limitadas mas podem se envolver em
iniciativas que reduzam sua vulnerabilidade.
Antes de um desatre (catastrofe)
Cada vez mais, o objetivo dos programas de desastres é aumentar a prevenção, mitigação e preparação,
limitando a necessidade de resposta e recuperação, e assim reduzir a perda de vidas e meios de
subsistência. Estes passos são conhecidos coletivamente como Redução de Risco de Desastres (RRD) e é
hoje o foco de esforços nacionais e internacionais. A prevenção envolve a eliminação do perigo ou a
construção de uma barreira entre o perigo e a comunidade. A mitigação é a proteção dos elementos em
risco antes de um desastre, a fim de minimizar os seus efeitos prejudiciais. A preparação engloba medidas
adotadas antes de um desastre incluindo a rápida disponibilidade de uma resposta diante de emergências
e o estabelecimento de bases para recuperação.
Prevenção e mitigação de desastres
As ações de prevenção e mitigação incluem o reflorestamento, a ordenação de bacias hidrográficas, a
ordenação e planejamento urbanos, uma melhor infraestrutura nas comunicações e no transporte, o uso
de sementes resistentes a seca, e planejamento de construções otimizadas como habitações resistentes a
terremotos. As mudanças nos modelos climáticos estão aumentando a vulnerabilidade das comunidades,
especialmente entre as mais vulneráveis. Os voluntários desempenham um papel fundamental na criação
de consciência a respeito da gestão sustentável dos recursos naturais que podem prevenir e mitigar o
efeito dos desastres . A primeira Conferência Internacional sobre Voluntariado e Objetivos do
Desenvolvimento do Milênio celebrada em 2004 em Islamabad, Paquistão, enfatizou o papel dos
voluntários na gestão de risco dos desastres. A Conferência destacou o vínculo entre voluntariado e
sustentabilidade do meio ambiente em projetos de água e saneamento, silvicultura e gestão dos recursos
naturais. As iniciativas de base não só estão garantindo a sustentabilidade ambiental como também a
melhoria das condições de vida locais. Isto foi especialmente correto no caso de mulheres e meninas que
se beneficiaram da melhor abastecimento de água. A conferência levou os governos a reconhecerem a
importante contribuição dos voluntários e das organizações de voluntários nestas áreas.
No que diz respeito a prevenção e mitigação , além de outros aspectos nos desastres, os jovens são muito
ativos. No Nepal, o trabalho voluntário é inspirado nas tradições culturais e históricas profundamente
enraizadas. Em 2000, começou a funcionar no país o Serviço Voluntário de Desenvolvimento. Este serviço
seguia os passos do Serviço Nacional de Desenvolvimento, um modelo bem sucedido de voluntariado em
áreas de atividade rural instituido no início da década de 1970. O programa inclui principalmente
estudantes de projetos dos distritos montanhosos
do Nepal, e
nele tomam
parte iniciativas de
desenvolvimento de infraestrutura, agricultura, saúde e saneamento. Desde 2000, tem mais de 7.000
voluntários, distribuídos por 72 distritos para trabalhar em projetos de mitigação de desastres, como a
criação de bancos de sementes, construção de banheiros e saneamento de água.
Através da ação voluntária, as ONGs e as organizações locais podem mobilizar as comunidades e criar
sistemas comunitários para a gestão do risco de desastres. Por exemplo, o Movimento de Mulheres
Plantadoras e Cuidadoras de Árvores de 2009 para a Conservação da Água da Indonésia incentivou várias
organizações de mulheres a plantarem mais de 30 milhões de Árvores em 2007. 8 No Sri Lanka, 26 líderes
jovens e voluntários da Brigada de Luta pela Paz de Sarvodaya compartilharam seus conhecimentos e
capacitação a 32 populações costeiras todas atingidas pelo tsunami do Oceano Indico de 2004. Esta
iniciativa mobilizou as comunidades locais muçulmanas, cingalesas e tâmeis.
Durante a época da seca no período 2008-2009 na Síria, diversos
voluntários da Federação Internacional da Sociedade Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho realizaram
uma tarefa crucial ao ajudar as comunidades locais para avaliar a vulnerabilidade e a capacidade de
compensar a desertificação. 10 Aqui. assim como em outros lugares suscetíveis de sofrer os efeitos da
seca, as comunidades possuem conhecimentos relativo aos riscos , as vulnerabilidades e os recursos
disponíveis que podem auxiliar os gestores de desastres a adotar as medidas mais apropriadas.
Além disso, as secas na África são combatidas fomentando a integração do conhecimento local com as
novas tecnologias. Por exemplo, a Aliança Sulista para os Recursos Indígenas (SAFIRE) e a Rede de
Tecnologia para as Secas no Sul da África (SADNET) facilitaram o intercâmbio de informações entre
pequenos agricultores e organizações da comunidade para aliviar os efeitos das seca no sul da África.
A SADNET tem operado como uma rede, reunindo profissionais de desenvolvimento envolvidos nas
questões do desenvolvimento agrícola. Promove através do intercâmbio de informações sistemas de
conhecimentos indígenas e aborda questões de subsistência e segurança alimentar em comunidades de
áreas suscetíveis ao sofrimento com a seca.
Os voluntários adotam outras formas importantes de adaptação a novos ambientes em vítimas da
mudança climática mediante iniciativas que levem em conta as peculiaridades culturais e que são aceitas
localmente. Na Austrália, as práticas tradicionais dos povos indígenas, como a queima controlada da
vegetação, integraram-se às técnicas do corpo de bombeiros rural de Wollondilly, ao sudoeste de Sydney,
como parte das medidas de redução dos riscos de incêndios.
O grupo étnico D’harawal, possui conhecimento avançado em plantas indicadoras de incêndios florestais
importantes. Frances Bodkin, uma D’harawal que previu os incêndios florestais de Nova Gales do Sul no
início de 2002, explicou como sua gente “seguiu as orientações da flora e fauna para indicar como iriam
se comportar as estações”. O corpo de bombeiros rural consulta os D’harawal e utiliza seus conhecimentos
para planificar atividades de queima controlada. As contribuições dos voluntários que utilizam o
conhecimento local são importantes para contestar a tendência identificada pelo Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), segundo o qual “o conhecimento indígena foi enfraquecido ou
ignorado no desenvolvimento destes sistemas (de alerta imediato). Este conhecimento deve ser
recuperado, aproveitado, documentado e colocado a serviço das comunidades.”
Preparação para os desastres
A etapa de preparação é alcançada quando apesar dos esforços de
prevenção e mitigação, um desastre está prestes a ocorrer. Atualmente se utiliza o conhecimento e as
capacidades desenvolvidas pelos governos, as organizações profissionais de resposta e recuperação, as
comunidades e as pessoas para antecipar, reagir e recuperar efetivamente os efeitos de prováveis perigos,
iminente ou em curso. As medidas adotadas podem incluir a análise de riscos, a criação de sistemas de
alertas, a informação pública , os planos de contingência , a arrecadação de materiais, assim como
treinamento e exercícios em campo. Nos Estados Unidos foram criadas Equipes Comunitárias de Resposta
a Emergências (CERT), depois do furacão Katrina. Nelas participaram voluntários locais capacitados em
emergências para os desastres. Estavam envolvidos as organizações comunitárias, as comunidades
religiosas, funcionários de escolas, assalariados, organizações de escoteiros e outros grupos.
Conscientes de que os voluntários são a primeira linha de resposta, o Governo da Índia salienta a
importância de preparar a comunidade. Isto inclui os exercícios periódicos que as comunidades realizam
antes que ocorra o desastre. Para que as ações resultem efetivas, é necessário que os voluntários recebam
capacitação. O Quadro de Ação de Hyogo ressaltou a necessidade de “Promover iniciativas de capacitação
comunitária, tendo em vista a função que os voluntários podem desenvolver as iniciativas locais para
mitigar e lidar com os desastres”.
Além de usar as comunidades, há muitas outras maneiras em que o voluntariado se manifesta na
preparação para desastres. No México, foi criada uma rede universitária (UNIRED) em 1997, mobilizando
voluntários de universidades para coletar e compartilhar informações sobre situações de perigo em casa e
no exterior. Esta rede engloba mais de 60 universidades mexicanas e tem conexões com governos, setor
privado e organizações internacionais fora da país. Os voluntários são responsáveis por todas iniciativas:
recrutar mais voluntários, capacita-los , desenvolver e implementam avaliações dos riscos além de
coordenar a ajuda humanitária diversifcada.
Em 2010, o UNIRED ajudou a enfrentar as emergências subsequentes ao furacão Alex e as inundações do
Estado de Chiapas no México. A rede também participou da fase de reconstrução. Outra contribuição foi
no envio de voluntários para ajudar na emergência do terremoto do Haiti de 2010.
Uma manifestação adicional do voluntariado em situações de desastre envolve o setor privado. O
programa voluntário Ready When the Time Comes (Prontos Quando a Hora Chegar) iniciou sua caminhada
com a iniciativa da Cruz Vermelha Americana em 2006. Aproximadamente 10.000 empregados de 300
empresas americanas receberam treinamento como força reativa voluntária comunitária . Como resultado,
a capacidade reativa aos desastres locais aumentou mais de 40% entre 2006-2010.
A conscientização e a educação deveriam iniciar na primeira infância. Na
Nigéria foram criados clubes escolares voluntários para a redução de riscos de desastres no território da
capital federal. Esta iniciativa lançada em 2010, reconhece o potencial das crianças de influir na redução do
risco de desastres através do voluntariado em suas escolas e comunidades. Assim se compreende a
educação das crianças em idade escolar para que possam atuar como agentes de prevenção e gestão em
emergências básicas como incêndio, inundações, contaminação do ar nas escolas, casas e comunidade.
Espera-se que as crianças difundam a importância de conseguir comunidades resistentes a desastres.
Em 2006, na província de Giang (Vietnã) na parte inferior da bacia do rio Mekong, projetos escolares foram
implementados na preparação para desastres, organizados pelo Departamento de Educação e Formação.
Assim eles obtiveram sucesso em criar consciência entre as crianças sobre a segurança diante de uma
inundação na escola, aulas de natação úteis em caso de emergência foram ministradas e se estabeleceram
parcerias "criança para criança" em que as crianças poderiam atuar como voluntárias, sob a supervisão de
professores .
Resposta a desastres
A imagem do voluntariado no momento após um desastre, muitas vezes mostrada
nos meios de
comunicação, é a primeira reação espontânea das pessoas que vivem na área afetada ou nas
proximidades. Normalmente, este é descrito como positivo, um ato que demonstra altruísmo e
preocupação com o próximo. Frequentemente estes momento é seguido pela chegada de pessoal
estrangeiro, incluindo muitos voluntários.Neste contexto, as expressões local nacional de solidariedade
muitas vezes são desapercebidas. Por um lado, este aspecto é positivo, pois focaliza a atenção sobre a
importância do voluntariado. Por exemplo, "a resposta humanitária sem precedentes ao terremoto de
2008, em Wenchuan, que envolveu centenas de milhares de voluntários, levou ao reconhecimento do
importante papel desempenhado por voluntários treinados ações de emergência, um mecanismo para
uma melhor coordenação e um aumento de organizações que continuaram a apoiar os esforços de
reconstrução e desenvolvimento a longo prazo.”
De outro ponto de vista, esta abordagem significa que as comunidades locais são consideradas apenas
vítimas que sofrem com os desastres, ao invés de voluntários pró-ativos. A evidência aponta uma
realidade diferente. Os primeiros reagentes não são treinados em emergência, mas sim os residentes
locais e vizinhos. Muitas ações são espontâneas. Quando os voluntários não são treinados, ou suas ações
são descoordenadas, eles podem ser feridos , como por exemplo ao entrar em prédios em risco de
colapso. Da mesma forma, isto pode dificultar a organização do trabalho de resgate de diferentes modos,
um deles é o bloqueio de estradas de acesso. Ainda assim, muitas pessoas envolvidas em organizações
comunitárias locais ou ONGs nacionais combinam o conhecimento local
e experiência com formação de básica.
A resposta não é apenas salvar vidas, mas também reduzir os riscos para a saúde, garantir a segurança
pública e atender a necessidades de subsistência das pessoas afetadas. Os residentes são os mais
indicados para identificar as necessidades de resposta de emergência imediata e contribuir para a tomada
de decisão local para futuro. Eles também podem fornecer informações valiosas sobre as necessidades da
comunidade, trazendo confiança e solidariedade para as famílias afetadas como uma parte do processo de
reconstrução. A combinação de pessoas locais com quem tem as habilidades necessárias pode ser
particularmente eficaz se for ativada rapidamente.
Os voluntários
nacionais que estão fora das comunidades afetadas também podem influenciar
decisivamente. Eles garantem uma ligação direta e confiável entre as pessoas diretamente afetadas e
outras partes interessadas. Por outro lado, são "um elo vital entre os recursos não oficiais da comunidade
como um todo e os recursos mais específicos de órgãos governamentais estabelecidos como os serviços de
polícia, bombeiros e médicos."
Isto é especialmente verdadeiro no caso dos chamados "voluntários permanentes" que são muito bem
treinados e estão disponíveis imediatamente para auxiliar em grande escala de crises. Em alguns países.
Em alguns países, esses voluntários são cada vez mais utilizados. Na China, em 2006, havia cerca de 100
milhões de voluntários treinados, muitos dos quais participaram através de três principais organizações: a
Liga da Juventude Comunista, Cruz Vermelha e Administração Civil.
Voluntários são especialmente valiosos em situações de perigo oriundas de desastres menos visíveis,
como as pandemias epidemiológicas
Em alguns casos, os governos criaram programas de voluntariado nacionais. Após um grande terremoto no
Paquistão em 2005, foi criada uma agência nacional dedicada a coordenar e apoiar as atividades
relacionadas ao voluntariado, o Movimento Voluntário Nacional , que funcionava como eixo de
organização de iniciativas voluntárias no país.
Suas metas de longo prazo incluem a formação de um grupo de pessoas que assumam uma resposta
imediata,
facilitem a ajuda
em situações de desastre, promovam o
voluntariado em agências
governamentais; facilitem a cooperação voluntária entre os setores público e privado e sociedade civil, e
melhorem o reconhecimento público de voluntários.
Para isso contam com um núcleo de 17.000 voluntários e coordenadam mais 80.000 . Durante enchentes
de 2010, o Movimento Voluntário Nacional realizou uma mobilização maciça de voluntários. As enchentes
são as piores na memória na história do Paquistão, onde de 1.750
pessoas morreram e 20 milhões foram afetadas. O Movimento Voluntário Nacional funcionava como um
elo de ligação entre o Governo e as organizações não governamentais.
O capítulo 3 discutiu a relação entre voluntariado e da tecnologia. Em 2008, um sistema chamado Ushahidi
foi desenvolvido para identificar a violência emergente após as eleições e os esforços para a paz no
Quênia. Este sistema foi utilizado em vários esforços de ajuda humanitária, desenvolvimento e em
situações
desastres, incluindo os terremotos no Chile e no Haiti, de 2010. Assim, os voluntários
supervisionam e identificavam informações provenientes de várias fontes: entre elas postagens no
Twitter, contas no Facebook, blogs e meios de comunicação tradicionais, como rádio, imprensa escrita e
televisão. Localizavam os lugares em crise e, assim, os voluntários se deslocavam mais rapidamente.
Inicialmente, esta tecnologia foi desenvolvida para garantir que os usuários de telefones móveis a
capacidade de enviar mensagens de texto em vários locais e eventos. As mensagens são exibidas em um
mapa hospedado na Web.. Durante o terremoto do Haiti, Ushahidi em Nairobi e um parceiro de
tecnologia, Frontline SMS, gerou o código (9636) para pessoas em qualquer lugar no Haiti. Isso permitiu
o envio de mensagens de texto gratuitas e o deslocamento do grupo de trabalho adequado para ajudar.
Esse serviço possibilitou a identificação de lesões, familiares e amigos,desaparecidos pessoas presas,
corpos, crianças que ficaram órfãs e necessidades de água.
No caso do terremoto de 2008 ocorrido em Wenchuan (China), a ações foram acelerada pela distribuição
de mapas das áreas na província, que precisavam de ajuda. Milhares de voluntários online compartilharam.
Quando o Monte Merapi em Java Central (Indonésia) entrou em erupção em 2010, houve um esforço
específico e pessoal. A comunidade vizinha usou o Twitter para ajudar na ações ao desastres. A conta do
Twitter era parte de uma grande rede de informação que começou com uma rádio comunitária chamada
Jalin Merapi, que foi criada para acompanhar de erupções vulcânicas.
A agência de notícias Reuters informou que "Jalin Merapi ajudou abrigos que não podem receber ajuda do
governo, deslocando de 700 voluntários que, através de Twitter, comunicaram as necessidades de ajuda
específicas” " A comunidade disse que precisava de ajuda alimentar para 30.000 pessoas, e os alimentos
ficaram prontos em quatro horas” Embora não haja meio de verificar a exatidão das informações
compartilhadas nestes canais, em tempos de crise as pessoas usam a tecnologia em que se sentem
confortáveis. Neste caso, foi Twitter. Em muitos países, os bombeiros voluntários são um exemplo de
como as pessoas participam em ações de voluntariado para reforçar as capacidades locais na resposta aos
desastres. As brigadas de bombeiros voluntários são normalmente muito confiáveis e tem o respeito
mundial. Pesquisas realizadas no Chile colocam os bombeiros entre as instituições mais valorizadas pelos
chilenos, à frente da polícia e da Igreja Católica. A primeira brigada de bombeiros voluntários da América
Latina se formou no Brasil, em 1892. Nos últimos anos temos visto um
aumento em voluntários externos aos países afetados que querem participar ajudando em atividades
relacionadas à desastres. Isso pode representar novos desafios. Por exemplo, no caso do terremoto no
Haiti de 2010, foi demonstrada a dificuldade para gerir as centenas de médicos e enfermeiros que se
voluntariaram e cujas habilidades foram muitas vezes subutilizadas. Outros problemas foram identificados
: a falta de familiaridade com o meio ambiente e arrededorer e falta de sensibilidade com a cultura e
conhecimento do idioma.
Por outro lado, quando essa contribuição se coordena corretamente é útil e é algo que deve ser
reconhecido profundamente. Durante o tsunami do Oceano Índico de 2004 e subseqüentes terremotos em
2005 e 2006, a resposta da Indonésia à emergência se beneficiou de uma contribuição maciça de
voluntários. Esta contribuição foi feita em uma maneira estruturada desde o
Governo, ONGs
internacionais e grupos comunitários nacionais, e os não estruturados. Milhares de voluntários adicionais
espontâneos e não filiados ofereceram sua ajuda inspirados pelo gotong royong, ou "trabalhando juntos",
(multirão) mencionado no Capítulo 4.
A contribuição de voluntários é fundamental para responder aos desastres. No entanto, sua capacidade
deverá ser reforçada. Os governos devem utilizar como um recurso na gestão integrada de desastres, ao
invés de considerá-los como um componente independente.
Voluntariado e recuperação
O número de pessoas que não são das comunidades afetadas que se oferecem como voluntários cai
drasticamente, uma vez ultrapassada a fase de emergência. Em um estudo sobre ONGs que participam em
iniciativas na recuperação de desastre, 64% faziam uso de serviços voluntários para 12 semanas ou menos
após a crise.
No entanto, como observado pela Estratégia Internacional para Redução de Desastres das Nações Unidas:
"As tarefas de reabilitação e reconstrução no processo de recuperação começam imediatamente depois
de concluída a fase de emergência, e deve estar baseada em estratégias e políticas existentes que
facilitem o estabelecimento de responsabilidades institucionais claras e que permitam a participação
pública ”
Durante a fase de recuperação de um desastre, a atenção das autoridades e financiadores tendem a
centrar-se na reconstrução da infraestrutura física básica: pontes, estradas, linhas de energia e edifícios.
Estes serviços são vitais para as pessoas manterem a sua subsistência, muitas vezes em situações de
extrema vulnerabilidade. No entanto, esta abordagem ignora a infraestrutura social.
A pesquisa empírica de crescimento indica que as comunidades com
mais confiança, engajamento cívico e redes mais fortes que dependem fortemente de voluntários têm
mais probabilidade de recuperação de um desastre do que aquelas que são fragmentadas e isoladas. De
fato, "as redes sociais podem ser o recurso que mais dependemos depois de um desastre", afirma Zhao
Yandong da Academia Chinesa de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento.
Uma análise do desastre após o tsunami na Indonésia em 2004 assinalou que “os esforços de socorro e
recuperação mais efetivos identificam, utilizam e fortalecem o capital existente, a saber: as habilidades, os
programas e as redes comunitárias. O enfoque deste o ponto de vista da comunidade a respeito da
recuperação após os desastres, que aproveita este capital social, requer inversões importantes quanto ao
tempo e recursos humanos, mas resultam em maior satisfação do cliente, um desembolso mais rápido e
responsabilização local”.
Sabe-se que após os desastres, a necessidade de avaliar o dano não é, só infraestrutura física, mas
também a infraestrutura social. O Quadro de Hyogo para 2005-2015 enfatizou o "espírito de voluntariado"
como um pilar para desenvolver mecanismos apropriados e intervenções. Como visto, este "espírito" é
uma característica universal dos seres humanos, e é isso que leva as pessoas a ajudarem umas as outras no
período de recuperação, bem como outras fases de desastres. Sem dúvida, contribui muito para as
comunidades recuperem
a esperança e a confiança
a medida que se vai repondo os meios de
subsistência.
Conclusões e debates
As comunidades sempre enfrentaram desastres e o voluntariado sempre esteve presente nas fases de
preparação e de recuperação. Nos últimos anos, temos prestado mais atenção ao desenvolvimento e
implementação de abordagens estratégicas em casos de desastres, incluindo o uso de conexões existentes
com a área de desenvolvimento, razão pela qual o voluntariado deve ser totalmente incorporado ao
discurso. Este capitulo mostrou que as pessoas realizam tarefas voluntárias nas fases de preparação,
mitigação, resposta e recuperação em casos de desastre.
Vimos claramente como essa ação se manifesta de várias maneiras: ações espontâneas de pessoas na
comunidade, associações voluntárias e organizações organizadas localmente e nacionalmente, e os
voluntários do exterior.
Ele também enfatizou que o envolvimento de voluntários ajuda a
garantir os valores fundamentais da solidariedade e um senso de destino comum, valores que favorecem
fortemente a resiliência das comunidades, como refletido nas estratégias e programas de redução do risco
de desastres .
Uma das faces mais visíveis do voluntariado surge em casos de desastre. É natural, portanto, que estas
circunstâncias, onde as ações que apóiam o voluntariado se articulem com mais firmeza. O Quadro de
Ação de Hyogo para 2005-2015 tem como subtítulo "Construir a Resiliência das Nações e das Comunidades
aos Desastres”.
Isto indica claramente o papel das comunidades e, dentro dela, a ação voluntária de seus membros. O
Quadro de Hyogo faz diversas recomendações para fornecer educação e formação as pessoas de desastres
em escala local. Estas devem ser expandidas para assegurar a realização da força de voluntários utilizada
na redução da vulnerabilidade e no aumento da resiliência.
ANEXOS
A ação voluntaria deve fazer parte das politicas e programas que tem como objetivo evitar e responder
aos conflitos . (coluna à esquerda pag 84 ao lado da introdução)
Quadro 7.1(item desastres e desenvolvimento coluna à esquerda ) p.84
Boas práticas a favor da resistência das comunidades
É particularmente notável o nível do voluntariado, a força e empenho de organizações comunitárias que
foram criadas nas comunidades afetadas. O papel delas na orientação do desenvolvimento e
implementação de planos de desenvolvimento comunitário [...] reforça a coesão e contribui para a
sustentabilidade do manejo comunitário de desastres.
Fonte: Ullah, Shahnaz & Van Den Ende. (2009, p.6).
Os voluntários desempenham um papel fundamental na conscientização sobre a gestão sustentável dos
recursos naturais que podem prevenir e mitigar os efeitos do desastre
(coluna à direita p.85)
_Os voluntários são a primeira linha de resposta (coluna à esquerda p. 86
Quadro 7,2 inicio da p 87
Prévios avisos de voluntários para salvar vidas
Em Bangladesh, os desastres naturais são comuns. Depois de sofrer um ciclone devastador em 1970 que
matou meio milhão de pessoas, a Sociedade do Crescente Vermelho de Bangladesh e o Governo de
Bangladesh estabeleceu o Programa de Preparação para Ciclones (CPP) com o fortalecer a capacidade de
gestão de desastres nas comunidades costeiras. O CPP depende de habilidades técnicas e empenho de
voluntários para assegurar-se de que há aviso de ciclone com antecedência. O programa inclui 2.845
unidades em 32 subdistritos, cada unidade monitora uma a duas cidades de entre 2.000 e 3.000 pessoas.
Os aldeões elegerão dez homens e cinco mulheres em cada unidade e estes são divididos em grupos por
áreas temáticas, tais como alerta, abrigos, resgate, primeiros socorros e as necessidades alimentares e de
vestuário. Voluntários receberam treinamento sobre o comportamento de ciclones, aviso, evacuação,
abrigo, resgate auxílio de emergência, primeiros socorros. Cerca de 160 voluntários foram treinados como
multiplicadores e levarão conhecimentos adquiridos para suas comunidades.
Em 15 de novembro de 2007, o ciclone Sidr de categoria 4 atingiu a costa sudoeste de Bangladesh, tirando
a vida de cerca de 30.000 pessoas. Um ciclone de magnitude similar já havia matado 140.000 pessoas em
1991. A diminuição na taxa de mortes em 2007 foi em parte devido ao trabalho de mais de 40.000
voluntários treinados que receberam aviso prévio e informaram as comunidades através de banners,
megafones, sirenes de mão e tocando tambores.Os Dados da Organização Meteorológica Mundial a
respeito da iminência de ciclones chegaram aos voluntários através de serviços públicos e escritórios do
Crescente Vermelho. Os voluntários também ajudaram as pessoas a evacuarem e procurarem abrigos
seguros na tempestade, aconselhando sobre questões de segurança e ajudando na manutenção da ordem,
demonstrando um alto grau de compromisso com o programa e as pessoas.
Fontes: The Government of Bangladesh. (2008); Rashid. (n.d.)
p87 coluna a direita
Os primeiros a reagirem não são tecnicos emergência capacitados , mas sim moradores locais e
vizinhos
p 88 coluna á esquerda
As pessoas locais ( ou residentes) são as que estão em melhor posição para para identificar as
necessidades
de resposta às emergências imediatas
.Quadro7.3
Terremoto de Christchurch: voluntários de todo tipo
Em 22 de fevereiro de 2011 um terremoto de intensidade 6.3 na escala Richter causou estragos em
Christchurch, Nova Zelândia. A devastação originou uma rede de solidariedade que se expressou através
do voluntariado. Um grupo de organização própria de 10.000 estudantes do Exército de Estudantes
Voluntários da Universidade de Canterbury auxiliou na limpeza, retirada de escombros ao redor das casas
e na divulgação de informações.
Os estudantes utilizaram uma plataforma disponibilizada na web para organizar os voluntários através da
atualização de postos de trabalho, coletando informações sobre o terreno e enviando fotos com iPhones
doados pela Apple, além de cartões de dados da Vodafone, 2Degree e Telecom. Além disso as companhias
de comunicação ofereceram aos voluntários um curto código de emergências por SMS sem custos para
recargas pré-pagas. Twitter, Flirck e Facebook abriram canais para que a população pedisse e oferecesse
ajuda e para receber dados de informações pertinentes. Um grupo de agricultores Farmy Army, se
ofereceu como voluntário junto com os alunos para limpar as partes da cidade gravemente afetadas e
distribuir alimentos para os moradores afetados. Outras contribuições voluntárias, entre as quais a
preparação de 1.500 sanduíches para os envolvidos resgate incluindo-se os segurança de presos de baixa
periculosidade, o assessoramento oferecido por arquitetos profissionais e designers urbanos que se
dispuseram
a ajudar a reconstruir a cidade. Além da área afetada, vários estudantes de Auckland
levantaram fundos para as vítimas, enquanto os residentes Dunedin e Wellington forneciam alojamento.
Fonte 3 News. (n.d.); MacManus. (2011, February 21)
QUADRO 7.4 Resposta rápida no Haiti (final p 91)
A iniciativa dos Capacetes brancos (White Helmets) foi realizada pelos Governos da Argentina em 1993 e
aprovada na Assembleia das nações Unidas em 1994. Com ela se oportuniza aos voluntários da América
Latina e outras regiões a auxiliar nos esforços de socorro após o desastres e nos esforços de recuperação.
O programa participa de missões de cooperação diante de emergências mundiais. Nas 72 horas após o
desastre pode mobilizar
mais de 4.000 voluntários altamente capacitados de outros países em
desenvolvimento para colaborar com organismos das Nações Unidas em associação com o programa de
Voluntários das Nações Unidas. Após o terremoto do Haiti em janeiro de 2010, os Capacetes Brancos
enviaram 37 voluntários da Argentina, Paraguai e Uruguai para ajudarem nas ações emergenciais assim
como nas de recuperação à longo prazo, especialmente no âmbito
sanitário. A equipe de voluntários mobilizada pelos Capacetes Brancos incluiu médicos, enfermeiros,
paramédicos, além de bombeiros e especialistas em gestão de suprimentos e logística. Foram enviados
material médico, instalações sanitárias, alimentos, sementes, tendas de campanha, e dispositivo de
comunicação móvel para socorrer as ações emergenciais ao terremoto. Os voluntários concentraram seu
trabalho principalmente em Leogane , uma cidade localizada no epicentro do terremoto, a 40 km de Porto
Príncipe. Colaboraram com a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS)e receberam o apoio
operacional do programa VNU. Em consequência do sucesso e reconhecimento do trabalho dos
voluntários por parte da OPAS, a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti ( MINUSTAH), o
Governo do Haiti enviou mais voluntários dos Capacetes Brancos para reforçar a ajuda na República
Dominicana em Jimani e a cidade haitiana de Fond Parisien.
Fonte Carlos Eduardo Zaballa, [Coordenador das Nações Unidas - Comissão White Helmets, Argentina],
comunicação online (25 de Julho de 2011).
coluna à direita p 92
As comunidades com mais confiança, participação cívica e redes mais sólidas tem maior possibilidade
de recuperação após um desastre
QUADRO 7.5 Recuperação em casos de desastre e o espírito de gotong royong
Os graves terremotos que devastaram a costa norte de Sumatra, Indonésia, em 2004 e 2005, e o tsunami
por eles originado, causaram uma grande perda de vidas humanas e danos materiais, especialmente nas
províncias de Aceh e Nias. A assistência dos doadores internacionais incluiu a subvenção de 291 milhões de
dólares americanos ao governo da Indonésia por parte do Banco Asiático de Desenvolvimento para
projetos de Apoio à emergências de Tsunamis e Terremotos ( ETESP), para ajudar a restaurar os serviços
públicos e de infraestrutura básicos e facilitar o restabelecimentos nas áreas afetadas. O projeto enfatizou
muito especialmente a implicação das comunidades locais em todos os níveis. Um exemplo, o componente
de irrigação foi uma parte vital na restauração dos meios de vida rurais. A reabilitação e reconstrução dos
sistemas de canalização de dutos de sistemas inferiores, foi realizada graças as organizações de usuários de
água comunitária inspirando-se na tradição de trabalho voluntário gotong royong (multirões) fortemente
arraigados. O êxito da iniciativa mostrou que com a ajuda financeira externa apropriada, as comunidades
locais são capazes de executar tarefas substanciais de infraestrutura de forma efetiva, mesmo se foram
afetadas com o trauma de um desastre natural ou graves conflitos
internos durante décadas como foi o caso de Aceh.
Fonte: Seyler, comunicação pessoal (14 de Julho de 2011).
VOLUNTARIADO E BEM ESTAR
Capítulo 8
Demais e por muito tempo, parecemos ter rendido a excelência pessoal e os valores comunitários pela
mera acumulação de bens materiais. Nosso Produto Interno Bruto... Se julgarmos os Estados Unidos da
América... Considera a poluição do ar e propaganda de cigarros, e ambulâncias para limpar as ruas das
carnificinas. Consideram também as fechaduras especiaispara nossas portas e cadeias para as pessoas que
as arrombam. Considera a destruiçãodo Pau-Brasil e a perda das nossas belezas naturais numa expansão
caótica. Considera o Nepalm e também as ogivas nucleares e os carros blindados para a polícia combater
os motins nas nossas cidades. Considera o rifle Whiteman e a faca Speck, e os programas de televisão que
glorificam a violência para vender brinquedos às nossas crianças. No entanto, o produto nacional bruto não
considera a saúde das nossas crianças, a qualidade de sua educação ou a alegria de suas brincadeiras. Não
inclui a beleza da nossa poesia e a força dos nossos casamentos, a inteligência dos nossos debates públicos
ou a integridade de nossos funcionários públicos. Não mede nem nossoentendimento nem nossa coragem,
nem nossa sabedoria nem nosso aprendizado, nem nossa compaixão nemnossa devoção pelo nosso País.
Ele mede tudo sumariamente, exceto o que faz a vida valer a pena.
Robert F. Kennedy (1968 18 de Março)
Introdução
Nos capítulos anteriores, nós analisamos as contribuições do voluntariado em áreas específicas. Agora é
hora de considerar como ascontribuiçõesdo voluntariadoafetam a sociedade como um todo. O sucesso de
um país vemhá muito tempo sendo avaliado, principalmente, com base no seu Produto Interno Bruto.
Cada vez mais, no entanto, a relação direta entre o crescimento econômico e o desenvolvimento social
está sendo contestada. Os críticos estão buscando conceitos alternativos e novos indicadores alternativos.
Na realidade, essa crítica não é particularmente nova, como a citação acima, de Robert Kennedy, em 1968,
mostra. O relatório Drag Hammarskjold, de 1975, afirma que: “Desenvolvimento é um todo; é um processo
cultural, integral e carregado de valor; engloba o meio ambiente, as relações sociais, educação,
produção,consumo e bem estar. Essa preocupaçãopassou dos círculos acadêmicos para debates públicos e
agora está cada vez mais relevante nos mais altos níveis de decisão política, como consequência dasatuais
crises globais que afetam a economia, a sociedade e o meio ambiente.
O relatório de 2009 da Comissão de Medição do Desempenho Econômico e Progresso social, também
conhecido como a Comissão Stiglitz, representou um momento chave no crescente debate sobre o que a
sociedade devese esforçar para alcançar. Foi criado por iniciativa da Franca, a fim de identificar os limites
do PIB como um indicador de desempenho econômico e progresso social, além de, considerar alternativas.
Chefiado pelos renomadoseconomistas: Joseph Stigltiz, Amartya Sem e Jean Paul Fitoussi, esta influente
iniciativa, concluiu que o PIB não deve ser descartado. No entanto, como um indicador deatividade de
mercado, elefalha na captura de muitos fatoresque contribuem para o bem-estar humano e o progresso
social. Os escritores argumentaram que: “Como o que medimos define o que coletivamente nos
esforçamos para alcançar – e o que buscamos determina o que medimos – o relatório e sua
implementaçãopodem ter um significante impactono modocomo nossa sociedade vê ela mesma e,
portanto, no modo como políticas são projetadas, implementadas e avaliadas.”
Então, porque isso é importante para o voluntariado? A Comissão Stiglitz, assim como outrasiniciativas
desafiando o paradigma crescimento econômico, considera o bem-estar o objetivo final do
desenvolvimento. Claramente, economias fortes e saudáveis são desejáveis, mas apenas na medidaem que
permitemque as pessoas levem uma vida que lhes tragam bem-estar. Entre esses importantes fatores
estão valores como a solidariedade, a paixão por uma causa e a vontade de devolver à sociedade, os quais
foramidentificados ao longo deste relatório. Neste capitulo, vamos olhar pra o bem-estare como o
voluntariado o afeta. Em seguida, olhar algumas questões políticas relacionadas.
O bem-estar tem sido descrito como se sentir bem e estar bem, tanto fisicamente como emocionalmente.
O cernedo bem-estar é: “a percepçãode ter o que você precisa para a vida ser boa”. Para nossos
propósitos, adicionamos aideiade ”bem estar social” como um senso de
pertenceràs nossascomunidades, uma atitude positiva perante os outros, um sentimento de que estamos
contribuindo paraa sociedade e se engajando em um comportamento pró-social, e uma crença de que a
sociedadeé capaz de se desenvolverpositivamente.
Outras definiçõesincluem a noção de felicidade. Pesquisas estudam sobre satisfação com a vida e a
felicidade das pessoas, de diferentes formas. As pessoas têm idéias diferentesem menteao
responderperguntas sobre satisfação com a vida e felicidade. Satisfação com a vida está próxima de bemestar, que se preocupa com questões concretas, tais como, saúde, habitação educação. Felicidade envolve
a avaliação das pessoas sobre suas vidas. O Reino de Butão fez a felicidade um objetivo fundamental no
âmbito nacional. Em 2011, o Butão liderou uma iniciativa na Assembléia Geral das Nações Unidas que
convida os Estados-Membros a elaborar medidas que com sucesso capturema busca da felicidade e bemestar em desenvolvimento para ajudar a orientar políticas públicas. "Felicidade" e "bem-estar" são termos
que muitas vezes são usados como sinônimos. No entanto, a felicidade se refere a sentimentos positivos
subjetivos sobre o contexto de vida e o ambiente de uma pessoa, enquanto bem-estar inclui parâmetros
mensuráveis, tais como saúde, segurança e segurança financeira, junto com sentimentos de conexão e
participação. Neste relatório, a felicidade é considerada como parte integrante do bem-estar.
À primeira vista, a relevância do bem-estar para grande parte do mundo em desenvolvimento,
especialmente para a renda pobre, pode ser questionável. Quando as pessoas não têm renda para
fornecer o básico para a sobrevivência, então bem-estar e felicidade podem parecer uma preocupação
secundária. No entanto, os menos favorecidos não são definidos pela sua pobreza por si só. Eles se
esforçam para alcançar o bem-estar para si, seus filhos e suas comunidades. Cada vez, mais evidencias
estão aparecendo de que as pessoas nos países em desenvolvimento têm noções de bem-estar que são tão
reais e válidas quanto às das pessoas que vivem nos países mais ricos.
O grupo de pesquisa, Bem-estar em Países em Desenvolvimento, é uma iniciativa inovadora. Começou em
2003, na Universidade de Bath, para desenvolver um sistema para a compreensão do bem-estar. A
aplicação dosistema foi testada em Bangladesh, Etiópia, Peru e Tailândia com parceiros locais. O
voluntariado não é explicitamente mencionado nas conclusões do estudo. No entanto, entre as áreaschaves identificadas pelas pessoas como impactantes no seu bem estar, foi o motivo para participar e
tomar ações efetivas, criando conexões sociais positivas e ter um senso de autoestima. Em Bangladesh, ser
benevolente e altruísta levou ao bem-estar. Na Etiópia, foi dando conselhos e resolvendo litígios. No Peru e
Tailândia, foi ajudar um ao outro. Enquadrando a questão em termos de bem-estar, ao invés da pobreza,
permitiu aos pesquisadores explorar o que os menos favorecidos têm, e o que eles podem fazer, ao invés
de focar em seus déficits. O objetivo era produzir representações mais aceitáveis, mais respeitosas, da vida
das pessoas, a fim de informar àpolítica e às práticas de
desenvolvimento e para criar as condições para que as pessoas possam experimentar o bem-estar.
O grupo Bem-estar em Países em Desenvolvimento agora está engajado com as ONGs locais parceiras em
um projeto de pesquisa de acompanhamento na Índia e Zâmbia rural, sobre a forma como a pobreza afeta
o bem-estar e como bem-estar geral influencia os caminhos das pessoas para dentro e forada pobreza. O
domínio do bem-estar inclui valores e significados, conexões sociais e participação, todos os quais são
essenciais para o voluntariado. De acordo com Bem-estar e Caminhos da Pobreza (2011), "Relacionamento
está no coração do bem-estar - não é a propriedade de uma pessoa individualmente”. O mesmo
estudotambém mostra que a avaliar o bem-estar deve, portanto, considerarasinterações entre as pessoas
e entre elas e o ambiente em geral.
A relação entre o voluntariado eo bem-estar tem sido extensivamente estudada em países desenvolvidos,
com conclusões em grande parte baseadas em informações fornecidas por indivíduos sobre o impacto
positivo do voluntariado nas questões de saúde, depressão e satisfação com a vida. Este capítulo trará
alguma clareza para as conexões entre o voluntariado eo bem-estar, considerando o impacto da ação
voluntária sobre o bem-estar das comunidades, bem como o de indivíduos.
Voluntariado e Bem Estar Individual
Entre os estudos sobre os benefícios do bem-estar que os indivíduosretiram do voluntariado, muitos têm
sido na área da saúde. Estes estudos examinam como a experiência do voluntario tem impacto sobre a
forma como as pessoas se sentem e como eles avaliam as suas vidas como um todo. Um achado comum é
que as pessoas que se voluntariam, são mais propensas a relatar serem felizes. A expressão da ação
voluntaria resulta muitas vezes em pessoas relatando a experiência de um "brilho quente", que elas
associam ao ato de ajudar alguém e contribuir para o bem público, além de sentir mais forte e enérgico.
Para pessoas mais velhas, o voluntariado também leva a estados de espírito mais positivos, bem como,
menos ansiedadee menos sentimentos de desamparo e desesperança.
Alguns estudos longitudinais de rastreamento do bem-estar dos indivíduos ao longo do tempo
descobriram que o envolvimento em ações voluntárias leva a uma saúde mental positiva. Também pode
resultar na redução do estresse psicológico e atenuar as conseqüências negativas do estresse, reforçando
simultaneamente a satisfação com a vida,a vontade de viver e o auto respeito. Pessoas que se voluntariam
por mais horas e para mais de uma organização tem uma maior experiência de bem-estar.
Outros estudos longitudinais sugerem que o envolvimento em
voluntariado leva a uma melhor saúde física. Adultos mais velhos que não são voluntários relatam uma
saúde significativamente pior do que aqueles que fazem trabalho voluntário. Na China rural, verificou-se
que as relações de reciprocidade através da ajuda mútua levaram a níveis mais elevados de saúde. Em
particular, os altos níveis de confiança que podem resultar da ajuda mútua foram relacionadoscom
maiores níveis de saúde geral, saúde mental e bem-estar subjetivo. As taxas de mortalidade são mais
baixas para os voluntários, em comparação com não voluntários da mesma idade, independentemente da
idade, estado civil, escolaridade ou sexo. Um estudo descobriu uma mortalidade muito menor em pessoas
idosas que relataram oferecer apoio prático e emocional a outras pessoas em comparação com aqueles
que não o fazem. Curiosamente, dar apoio teve um impacto muito maior sobre as taxas de mortalidade do
que receberapoio. Embora exista uma relação de mão dupla entre saúde e trabalho voluntário, com
pessoas mais saudáveis voluntariando-se mais, estes estudos são bastante conclusivos em demonstrar que
o voluntariado contribui para o bem-estar físico.
Voluntariado e o bem-estar da Comunidade
O voluntariado também apresenta um impacto positivosignificativo sobre o bem-estar da comunidade. Ele
cria laços entre as pessoas, aumenta o capital social e contribuipara muitos fatores sociais que criam
sociedades saudáveis em que as pessoas gostam de viver. Um senso de comunidade mais forte também
incentiva o voluntariado. Sendo assim, acaba criando um ciclo virtuoso no qualpessoas se voluntariam,
fortalecendoassim os laços da comunidade, o que leva a mais pessoasa se voluntariarem. “Comunidade”
inclui não apenas pessoas vivendo em estreita proximidade geográfica, mas também pessoas de
necessidades, bens e interesses comuns. Membros de comunidades virtuais podem gerar sentimento de
acolhimento e bem-estar. Esforços para capturar a experiência pessoal de bem-estar comunitário, têm
focadoprincipalmente nos componentes sociaisdo bem-estar humano. O bem-estar socialtem sido avaliado
medindo-se as relações de apoio, a confiança e a sensação de acolhimento. Voluntários são mais
propensos adesenvolver “habilidades cívicas”, acrescentandomais importância ao ato de servir ao
interesse público como um objetivo de vidae para serem mais politicamente ativos. Assim, engajando-se
em suas ações voluntárias, indivíduos estão também cultivando uma perspectivaque contribui para um
ambiente socialque alimenta o bem-estar de todos.
Outro conceito relativo ao bem-estar da comunidade é resiliência: capacidade coletiva para envolver e
mobilizar recursos da comunidade para responder, influenciar e mudar. Um estudo mostrou a relação
entre a estabilidade da comunidade e bem-estar em comunidades dependentes da floresta. Tem sido
sugerido que a resiliência da economia local tem três dimensões:
recursos da comunidade, da cidadania ativa e de ação estratégica. Laços sociais, e os recursos os quais eles
dão acesso de forma coletiva, sustentam a vida da comunidade e reforçam a resiliência quando
suportadospela confiança, reciprocidade e sensação de pertencimento. Nos bons tempos, eles fortalecem
as economias locais. Em tempos mais difíceis, o impacto de fatores de risco que estão além do controle
direto das pessoas pode ser reduzido pela capacidade de uma comunidade de envolver e mobilizar seus
recursos para responder positivamente e influenciar, mudar. Como foi visto em outros capítulos, isso
ocorre, por exemplo, quando ocorre uma catástrofe ou quando um conflito violentoestoura. O
voluntariado também pode ajudar a reduzir o crime. As conexões diretas, e o conhecimento que vizinhos
têm uns dos outros, fornece um sistema de “vigilância natural”.
Resultados semelhantes foram encontrados para ações voluntárias fora do contexto organizacional. As
pessoas têm uma saúde melhor, melhor desempenho na escola e evidencia menor índice decriminalidade
quandovivem em bairros caracterizados por altos níveis de voluntariado informal, como ajudar pessoas
idosas ou participar de iniciativas da comunidade local. Em um estudo com uma amostra nacional de afroamericanos nos Estados Unidos, as redes de apoio social da família, da amizade, da igreja, e da vizinhança
foram consideradas contribuintes para a satisfação de vida e felicidade das pessoas. Em um estudo em
áreas urbanas da Etiópia, redes sociais diretas e a capacidade de confiar em outros nos caso de emergência
estavam relacionadas com o bem-estar subjetivo e a felicidade.
Bem estar e política.
O bem estar está agora fazendo incursões na política nacional. Butão foi mencionado antes (veja
Felicidade Interna Bruta de Butão) como exemplo de um País que há muito tempo tem qualidade de vida
considerada no centro de sua política. Desde 2004, conferências têm sido realizadas sobre Felicidade
Interna Bruta ao redor do mundo, incluindo Butão, Brasil, Canadá e Tailândia. Os participantes discutiram
resultados de pesquisas relacionadas às políticas do bem estar e o desenvolvimento de indicadores para
medir a felicidade.
A noção de viver bem na região andina refleteas preocupações do bem-estar dos povos indígenas e
enfatiza a coexistência harmoniosa com outras pessoas e com o meio ambiente. Trabalhar em conjunto
através deações voluntárias para atingir objetivos comuns com base em valores como tolerância erespeito
é parte integrante da vida dos povos indígenas ao redor do mundo. Esse desenvolvimento é de particular
interesse para este relatório. A aplicação prática continua sendo um desafio, uma vez que os indicadores
de progresso não conseguem captar essa dimensão. Portanto, novos indicadores são necessários. Deve ser
dito que há muito debate a respeito do que viver bem realmente
significa em termos de aplicação prática, pois é uma noção que rejeita a maioria dos indicadores de
progresso aceitos.
Diversos países têm focado no bem estar dos jovens. Um estudo do Banco de Suporte Mundial de 2007
focou em como os jovens brasileiros estavam lidando com a sua transição para a idade adulta. Foi
examinado: saúde, desempenho escolar, conexões e condições sócio econômicas.O Relatório de
Desenvolvimento Humano do Egito de 2010, com seu foco em projetar jovens na sociedade, propôs um
índice de bem-estar anual. Ele avalia o progresso de uma série de indicadores e alimenta as políticas
relacionadas aos jovens para garantir que a sua contribuição potencial para o desenvolvimento se realize
plenamente. Participação cívica, para que o voluntariado jovem é visto como um fator contribuinte está
incluído entre os indicadores. O Índice de Bem-estar do Canadá identifica e divulga o que impacta na
qualidade de vida dos canadenses. Vitalidade comunitária é um dos indicadores chave, e voluntariado é
um dos principais parâmetros considerados.
O Índice Planeta Feliz da Fundação Nova Economia no Reino Unido é um índice global que combina o
impacto ambiental com o bem-estar, medido de país a país pela eficiência ambiental com que as pessoas
vivem vidas longas e felizes. Ela mostra que altos níveis de consumo de recursos não produzem altos níveis
de bem-estar. O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2010 inclui um índice de bem-estar e felicidade
usando dados do Gallup World Poll, citando a satisfação com a vida, bem como medidas de propósito,
respeito e apoio social.Bem estar é um conceito central no projeto global Medindo o Progresso das
Sociedades da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Este projetotem
aumentado aconscientização e mobilizadoo apoio político pela melhora das medidas de progresso. Tais
medidas incluem a riqueza das interações das pessoas dentro de suas comunidades. O voluntariado está
presente através dos valores que ele representa eosenso de significado e propósito que dá à vida das
pessoas.
Bem-estar é, portanto, cada vez mais visto como um conceito útil e importante que pode orientar e
informar a política de desenvolvimento. O consenso está sendo construindo em torno da idéia de que um
entendimento de bem-estar poderia promover melhor eficácia no desenvolvimento. No entanto, pouco
tem sido feito até agora para identificar mecanismos e formas de trabalho que apoiamdiretamente os
resultados do bem-estar para os indivíduos e as comunidades ao passo que elas se desenvolvem
economicamente. Há "pouca clareza sobre como traduzirbem-estar em prática, em nível de programa e
projeto".
Conclusão e Discução
Existe uma opinião generalizada atualque o PIB não fornece uma imagem adequada de uma sociedade,
pois não leva em conta o bem estar dos indivíduos e suas comunidades. Também não inclui atividades que
têm um valor econômico, mas que estão fora do mercado e, portanto, não têm tradicionalmente, sido
refletidas nas contas nacionais, como discutido no Capítulo 2. Na busca por modelos alternativos de
desenvolvimento, o bem-estar está rapidamente ganhando respeitabilidade como um conceito útil para
orientar e informar a política de desenvolvimento. Ele oferece "uma oportunidade única paramelhorar as
maneiras pelas quais as nossas políticas são feitas e insuflar nova vida ao processo democrático”.
Há várias definições de bem-estar e diferentes pontos de vistasobre o que ele deve incluir. É certamente,
sobre conectar o processo de desenvolvimento com fatores que refletemuma melhor meio de vida para
todos. Como vimos, para o voluntariado, a questão dos relacionamentos é sublime. O nosso próprio bemestar está intrinsecamente ligado ao que contribuímos para a vida dos outros. Onde a economia
convencional fomenta valores deauto interesse e concorrência para alcançar a satisfação máxima, o foco
no bem-estar encontra maior razão para valorizar compaixão e cooperação, ambosvalores centrais do
voluntariado. O discurso sobre a qualidade de vida e bem-estar, e seu lugar no crescente paradigma do
desenvolvimento, deve reconhecer a solidariedade e os valores recíprocos do voluntariado como parte da
dinâmica que melhoram o bem-estar humano.
O caminho a seguir é de prestar especial atenção à contribuição do voluntariado para "sociedades
saudáveis que são boas para se viver", como descrito anteriormente, ou o que o Índice Canadense de Bemestar se refere como "vitalidade da comunidade". Uma sociedade saudável é aquela em que é dada
importância às relações formais e informaisque facilitam a interação e envolvimento e, assim, geram um
sentimento de acolhimento. É também aquela em que há uma ampla participação de todos os setores da
população. Como vimos em outra parte deste relatório, as comunidades com essas características
conseguem melhorsatisfazer as aspirações comuns. Elas são mais capazes de construir sua resiliência a fim
de resistir aos choques e tensões que a renda pobre, em particular, encontra regularmente.
O capitulo seguinte examinará alguns aspectos da estrutura de desenvolvimento em evolução e o
surgimento do bem-estar como um elemento chave. No entanto, já podemos afirmar que os formuladores
de política precisam incorporar o voluntariado nos discursos em andamento. Em muitos aspectos, já está
implícito. No entanto, fazera conexão explicita entre o voluntariado e bem-estar, e conectar com
pesquisadores e praticantes que trabalham na área de engajamento voluntário, ajudaria a assegurar que a
política levasse em conta todas as opções de ação.
A comunidade de pesquisanecessita estender o seu trabalho no
voluntariado. Ela precisa abordar o impacto da ação voluntária sobre o bem-estar das comunidades e das
sociedades a uma escala muito maior, especialmente no mundo em desenvolvimento. Voluntários
envolvendo organizações devem ser pró-ativos na divulgação do impacto do seu trabalho. Este impacto
não se limita aos voluntários em si e as pessoas e as causas a quem a ação voluntária é dirigida. As
organizações precisam olhar para a contribuição globalde seus esforços para a saúde de suas sociedades.
Box8.1 Felicidade Nacional Bruta no Butão
O Estado Himalaico de Butão é um país com a maior experiência em adotar a felicidade como indicador
predominante de progresso. O conceito de Felicidade Nacional Bruta, introduzido pela primeira vez em
1972, está profundamente enraizado no contexto histórico, cultural e socioeconômico único do Butão.
Elementos substantivos da FIB, como o objetivo geral de bem-estar e a meta de conservação do meio
ambiente, foram tiradas a partir de valores budistas, enquanto os princípios da autossuficiência e o
paternalismo eram inerentes da sociedade tradicional do Butão. O conceito provocou um diálogo nacional
sobre o progresso e tornou-se uma diretriz para a política no Butão. Em uma entrevista ao Financial Time
em 1986, o rei do Butão, disse: "Felicidade Interna Bruta é mais importante do que o Produto Nacional
Bruto".
Um índice de nove domínios foi desenvolvido para tornar o conceito mensurável. Ele incluiu: educação,
saúde física, bem-estar psicológico, uso do tempo, nível de vida, diversidade cultural, boa governança, a
diversidade e resiliência ecológica e, finalmente, vitalidade comunitária e relações sociais. A vitalidade
comunitária foca os pontos fortes e fracos do relacionamento e interações dentro das comunidades. Neste
domínio, o voluntariado é uma variável importante para ser medida. Nos questionários, o povo butanês é
interrogado se eles se voluntariam em suas comunidades, pois o trabalho voluntário é visto como parte
fundamental de uma comunidade vital, feliz.
Box 8.2 Voluntariado e Bem-estar individual
Na África do Sul, um estudo sobreassistentes voluntários de organizações baseadas na fé que trabalham
com pessoas com AIDS, descobriram que voluntários desenvolviam recompensas relacionadas
aoautocrescimento e desenvolvimento pessoal. Eles relataram a satisfação dos membros da comunidade,
alegando gostar deles e apreciando seus serviços. Eles se sentiram recompensados quando os serviços
prestados por eles fizeramseus pacientes felizes, e quando eles ganharam habilidades e competências. A
habilidade dos voluntários de fazer a diferença na comunidade contribuiu para sua sensação de felicidade.
Box 8.3 Bem-estar através do voluntariado no Brasil
Para a associação de Apoio à Criança em Risco (ACER), o desenvolvimento econômicolocal de bairros
pobres como Eldorado, na cidade de Diadema, Brasil, tem que vir de dentro da comunidade. Um novo
projeto foca no potencial inexplorado de jovens entre 13-16 anos. Aos 16 anos de idade, a maioria dos
jovens tem que se sustentar. Antes dessa idade, eles são ignorados pela comunidade apesar de terem
idéias e energia para contribuir. Aproximadamente 600 estudantes da escola Simon Bolívar participaram
de oficinas sobrecinco temas principais: desenvolvimento da economia local, mapeamento das
necessidades da comunidade, minha escola sustentável, gerenciamento de projetos e cinco passos para o
bem-estar. Através dessas oficinas, os jovens exploraram o que importa
para eles, a sua interdependência com outros e com a natureza, e suas próprias capacidades para fazer as
mudanças que façam a diferença. Eles discutiram e identificaram o que eles achavam que poderia
contribuir para o bem-estar econômico, social e ambiental, e o para o bem-estar da sua comunidade.
A ACER oferece a estes jovens o apoio de um jovem trabalhador que é treinado em técnicas de instrução.
Sua função é destravar a desenvoltura natural e a energia, que ajudam os jovens a acreditarem em si
mesmos. Grupos de jovens lideraram projetos para limpar a escola, fornecera publicidade para uma festa
de Halloween organizada por um grupo de teatro local, e criar uma oficina para ensinar crianças e
adolescentes como fazer enfeites de Natal a partir de materiais reutilizados e reciclados. Este grupo
realizou 15 reuniões para consolidar idéias, organizar materiais e pesquisar, e encontrar formas de fazer
objetos com materiais recicláveis. Uma das jovens, Tália, destacou a importância do instrutor que
"acreditou em nós em todos os momentos”.
O instrutor pode ajudar a cultivar a energia positiva e a disposição para a ação futura buscando ativamente
apoiar o psicológico e o bem-estar social dos jovens. A ACER está usando pesquisas para avaliar as
mudanças na forma como os jovens se sentem na medida em que o projeto progride. As pesquisas
consideram o seu senso de competência, autonomia e relação com os outros, bem como seus recursos
pessoais de autoestima, resiliência e otimismo.
Box 8.4 Viver Bem
As comunidades indígenas dos Andes ostentam um modelo de crescimento alternativo que eles chamam
de sumak kawsay em Quechua, traduzido como buen vivir em espanhol. Literalmente "vida boa" ou "viver
bem" em português, o conceito é baseado em uma longa tradição de solidariedade e de respeito pelos
outros e pelo meio ambiente, ao invés de individualismo e materialismo. Ele reflete uma mudança do
progresso econômico para uma visão mais humanistafocada na qualidade de vida. Em seu núcleo está o
bem-estar coletivo e a satisfação das necessidades básicas em harmonia com os recursos naturais do
planeta. Sumak kawsay foi formalmente consagrado na Constituição do Equador em 2008. Em 2009, buen
vivir, ou suma qamaña em Aymara, foi incorporada à Constituição da Bolívia como um princípio ético e
moral a ser promovido pelo Estado.
Comentários Laterais
Pag 1 – Economias fortes e saudáveis são desejáveis, mas apenas na medida em que permitem que as
pessoas levem uma vida que lhes tragam bem-estar.
Pag2Relacionamento está no coração do bem-estar.
Pag6As pessoas têm uma saúde melhor, melhor desempenho na escola e evidenciam menor índice
decriminalidadequando vivem em bairros caracterizados por altos níveis de voluntariado informal.
Pag. 7 O entendimento de bem-estar poderia promover melhor eficácia no desenvolvimento.
Pag. 8 Fazera conexão explicita entre o voluntariado e bem-estar, ajudaria a assegurar que a política
levasse em conta todas as opções de ação.
CONCLUSÃO: O CAMINHO ADIANTE
Conclusão: O caminho adiante
A eficácia da ajuda no programa causou mudanças comportamentais
importantes tanto por parte dos doadores como por parte dos parceiros.
A questão remanescente com a qual a comunidade global se depara é se este
progresso é suficiente para superar até mesmo desafios globais maiores.
Em vista das ultimas crises nos campos das finanças, da segurança,
da alimentação, da saúde, do clima e da energia, eu tenho que concluir que
o paradigma de desenvolvimento ainda não mudou o suficiente. Para resolver
estas crises e atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio nós
devemos todos fazer mais.
Brian Atwood (n.d)
Introdução
Este relatório ressaltou a natureza universal, e seus valores fundamentais, do voluntariado e as
contribuições significantes que ele faz em algumas das maiores questões globais de nosso tempo. Nós
testemunhamos como as pessoas se engajam no voluntariado como uma rota para a inclusão, para
alcançar meios de vida que são sustentáveis, para controlar os riscos de desastre e prevenir e se recuperar
de conflitos violentos. Nós também vimos como a ação voluntaria pode contribuir de maneira significativa
para a coesão e bem-estar de comunidades e de sociedades como um todo. Com os sólidos levantes sociais
afetando a maioria de nosso planeta, nunca houve antes uma necessidade maior de reconhecer, nutrir e
promover ações que leve em direção à uma comunidade vivendo em harmonia, caracterizada por justiça,
igualdade, paz e bem-estar.
Este relatório não alega que o voluntariado é uma panacéia que pode ser “programada” para colocar
direitos por si só nas injustiças do mundo. Um ponto-chave, e é um que caracteriza de maneira
proeminente nas legislações intergovernamentais através das últimas décadas, é que o voluntariado não
deveria tomar lugar de ações que são responsabilidade do Estado. Entretanto, governos e outras partes
interessadas da sociedade civil, o setor privado e as agencias de desenvolvimento internacional tem papeis
fundamentais a desenvolver no ato de promover e nutrir um meio
ambiente no qual o voluntariado possa florescer.
Ao mesmo tempo, alguns cuidados deveriam ser tomados para não prescrever alem do necessário o como
os cidadãos deveriam se engajar ao voluntariado. Tal ação poderia remover a espontaneidade da ação
voluntaria e impactar negativamente sobre os muitos valores que levam as pessoas a engajarem-se. É
essencial entender e apreciar o voluntariado nos termos do foco que ele coloca nas abordagens que são
centradas em pessoas, em parcerias, em motivações além do dinheiro, e na abertura de trocas de idéias e
informação. Acima de tudo, o voluntariado é sobre os relacionamentos que ele pode criar e sustentar
entre mos cidadãos de um país. Ele gera um senso de coesão social e ajuda a criar resiliência nas questões
confrontadas neste relatório. Essa coesão e resiliência são geralmente o esteio de uma vida decente pela
qual todas as pessoas lutam. O voluntariado é um ato de solidariedade humana, de delegação e de
cidadania ativa.
Apesar de todos estes atributos, é lamentável que o voluntariado tenha, até agora, estado amplamente
ausente do programa de paz e desenvolvimento. Isto foi explicado no Capítulo 1 como sendo devido a
erros comuns nas percepções que formam um “paradigma dominante” sobre o que é voluntariado e o que
ele alcança.
Este paradigma ilusório tende a obscurecer a essência da ação do voluntário e o impacto que ela tem sobre
nossa vida cotidiana. O poderoso papel complementar que a ação voluntária pode ter, juntamente com
outras áreas de intervenção, são assim infelizmente minimizados, ou sequer trazidos a tona, em discussões
vitais sobre políticas e programas de desenvolvimento. Como resultado, essas intervenções são menos
eficazes do que elas seriam se os desejos e as habilidades das pessoas de se engajarem em voluntariados
fossem levadas totalmente em conta. Isto se refere não somente a alcançar os resultados de
desenvolvimento desejados mas também de criar benefícios mais intangíveis associados à participação das
pessoas tais como melhora no bem-estar e coesão social.
O voluntariado nos países desenvolvidos é tema de pesquisa extensiva, discussão e escrita. De fato, é uma
parte crescente no discurso das sociedades que procuramos. È um aspecto do comportamento humano
que precisa ser nutrido e encorajado. Este mesmo fenômeno em muitos países em fase de
desenvolvimento, quando é reconhecido, é geralmente considerado a ser parte integral das culturas e
tradições locais, um ponto o qual é raramente fatorado em pensamentos estratégicos. Ainda estas muitas
culturas e tradições, com relacionamentos baseados em relacionamentos recíprocos de voluntariado em
suas raízes, são ao mesmo tempo antigos e altamente contemporâneos para uma grande parte da
humanidade. Eles são característica chave em estratégias de possibilitar as pessoas à sobreviver e à
progredir a níveis mais altos de bem-estar. Como expressões de
solidariedade através do mundo, elas precisam ser respeitadas e revalidadas e trazidas à luz no debate de
desenvolvimento.
A Hora é essa
O ritmo deste relatório é crucial. Em 2010, o mundo analisou o progresso dos oito ODMs que os países
tinham concordado em alcançar por volta de 2015. Esta análise destacou os muitos progressos irregulares
ao atingir os objetivos entre regiões e entre, e dentro, dos países. Os governos expressaram “graves
preocupações” sobre o estado de alguns dos objetivos. Eles incluíram entre suas recomendações “apoiar
estratégias participatorias e lideradas pela comunidade [que estão] alinhadas com as prioridades e
estratégias de desenvolvimento nacionais”. A implementação de estratégias lideradas pela comunidade
são enraizadas na expressão do voluntariado. Assim, este relatório deveria ser um importante elemento
em ajudar a colocar os ODMs de volta nos eixos. Conectar o voluntariado e o plano de desenvolvimento
nacional é provável que traga benefícios consideráveis aos países que mais precisam acelerar o progresso
em direção aos alvos do ODM.
O ritmo deste relatório também é crucial por outros motivos. Preocupação sobre a eficácia da cooperação
do desenvolvimento está crescendo. As pressões estão se elevando ambas para melhorar e demonstrar
mais claramente a eficácia da ajuda em termos de melhorar as vidas de populações pobres e
marginalizadas que estão, ou deveriam estar, no centro do desenvolvimento. Um estudo recente na
eficácia da ajuda no setor da saúde afirmou que o foco esteve principalmente nos processos e
coordenação da ajuda ao invés dos impactos rio abaixo destes processos sobre distribuição e resultado da
saúde. Quando o foco realmente se move rio abaixo, o papel e as contribuições da ação voluntaria devem
ser compreendidos se este recurso principal está para ser incorporado em estratégias de desenvolvimento.
Necessita-se que a ajuda seja reconhecida não só como a única ferramenta no kit de cooperação de
desenvolvimento. O voluntariado doméstico crescente já desenvolve um papel significativo na paz e no
desenvolvimento, e constitui um vasto recurso inexplorado. Entretanto, há grandes lacunas em nosso
conhecimento sobre o assunto que precisam ser abordados com urgência. Esta foi uma das
recomendações que os governos fizeram em 2001. Ainda a pesquisa em voluntariado em países em
desenvolvimento ainda esta longe de pequenas esperanças e de expectativas trazidas à tona naquela
época.
Um outro marcador importante no debate evolutivo sobre desenvolvimento é a Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, ou “Rio+20”, a ser conduzida em 2012. O Capítulo 4 examina
as sinergias entre voluntariado pelos pobres e recursos naturais. A
Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável mantida em Johanesburgo em 2002 ressaltou os
fatores sociais, sublinhando que o elo entre desenvolvimento econômico e a melhora do bem-estar
humano não é automático. A conferencia citou a necessidade por parcerias aprimoradas entre governos e
grupos maiores incluindo grupos voluntários. Esta posição precisa ser reforçada na Rio+20. Um relatório
síntese sobre as melhores praticas, preparado como uma entrada para a Rio+20, afirmou que os planos
de desenvolvimento nacionais tem que comprometer muito mais recursos para os programas e políticas
baseados em comunidades. A Secretária – Geral das Nações Unidas ressaltou como ignorar a
marginalização social, vulnerabilidade e as distribuições irregulares de recursos enfraquece a confiança
necessária para a ação coletiva. A Rio+20 é uma oportunidade extraordinária para dar maior
reconhecimento ao fato que a ação voluntaria nas zonas rurais é um caminho chave para a renda dos
pobres se engajarem em praticas de desenvolvimento sustentáveis a nível local. Como tal, esta necessita
ser apoiada. Nós afirmamos ao longo deste relatório que o voluntariado é um recurso poderoso, ainda que
sub-explorado com o qual resolver os desafios de desenvolvimento. Ele se aproxima muito da economia
ecológica, no contexto de desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza, e não deve ser
negligenciado.
Em um prazo maior, a aproximação do fim do ciclo do ODM em 2015 é atualmente de preocupação
primária. Esforços consideráveis são necessários para sustentar o progresso onde ele está sendo alcançado
e trabalhar em direção a superação de obstáculos onde fossem identificados. É esperado que este relatório
ofereça um ímpeto de incluir o voluntariado como um complemento de outros esforços em opor-se aos
desafios. Entretanto, não podemos ignorar o fato que organizações bilaterais e multilaterais, governos
nacionais e sociedades civis estão agora pensando seriamente sobre o formato do quadro de
desenvolvimento para o período pós-2015. Os crescentes reconhecimentos das limitações do presente
paradigma de desenvolvimento, e um desejo relacionado de ver questões do bem-estar mais
proeminentes no discurso do desenvolvimento foram discutidos no Capítulo 8. O contexto para idéias
agora circulando sobre um paradigma de desenvolvimento evolutivo é muito diferente daquele
prevalecente em 2000 quando a Declaração do Milênio foi adotada. As questões que agora dominam os
debates sobre paz e desenvolvimento, incluindo mudanças climáticas, desastres, conflitos, movimentos
populacionais, jovens e a exclusão, são todos discutidos neste relatório no contexto do voluntariado.
O voluntariado é uma tradição muito antiga. Ao mesmo tempo é uma abordagem singular e
potencialmente frutífera quando pensamos sobre a política de desenvolvimento. Em um mundo
experimentando mudanças sem precedentes, o voluntariado é uma constante. Mesmo se suas formas de
expressão estejam evoluindo, os valores centrais de solidariedade e sentimentos de conexão com outros
permanecem firmes como sempre e são universais. As pessoas não são
guiadas somente por suas paixões e interesses próprios mas também por seus valores, suas normas e seus
sistemas de crenças. Com as distinções Norte-Sul se tornando altamente irrelevantes, a ação voluntária é
um bem global renovável com enorme potencial para fazer uma diferença real em resposta as muitas
pressões das preocupações mundiais.
É certamente possível ser otimista que o voluntariado assumirá um perfil muito maior conforme a
qualidade de vida parece ocupar um lugar no núcleo das questões de todas as nações. Nós estamos
melhorando nosso questionamento sobre o que valorizamos na vida. Os benefícios do bem-estar
associados com a experiência do voluntariado, juntamente com laços de confiança e coesão societária que
derivam de relacionamentos forjados através da ação voluntaria são possíveis de estar em primeiro plano
de tal pensamento. O momento chegou para assegurar que o voluntariado seja uma parte integral de
qualquer novo consenso de desenvolvimento.
O presente relatório foi traduzido para a língua portuguesa (português do Brasil) pelo Instituto Voluntários
em Ação – IVA, através da colaboração de voluntários online recrutados no Portal
www.voluntariosonline.org.br
Aqui fica um agradecimento mais do que especial para os voluntários do Portal Voluntários Online, que
traduziram e revisaram o Relatório oficinal. Muito obrigado!
Voluntários Tradutores Online
Kelly Missae Miyano Sumi
Mariana Beatriz Batista
Ana Helena Ribas de Almeida
Nicéia Isabel Monteiro
Bruno Fontana da Silva
Claudine A Giacomitti Budel
Milda Jodelis
Priscilla Novaes Garrido
Jose Augusto Manetta Ramos
Solange Schoenacher Martins
Isis De Vitta G. Rodrigues
Sofia Gonçalves Ribeiro Silva
Marilia Couto Silva Shiraiwa
Hélder Elan de Sousa
Rodrigo Sgobbi Pellegrini
Voluntários Revisores de Texto
Tatiana Duarte Cardozo de Pina
Alana Coffone Cabral
Guilherme Pires Arbache
Kelly Missae Miyano Sumi
Milda Jodelis

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