Julho de 2007 - res.ldschurch.eu
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A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • JULHO DE 2007 MATÉRIA DA CAPA: Seguir a Mesma Trilha p. 8 Terror e Glória nos Últimos Dias, p. 18 Como Conversar com os Jovens sobre Pornografia, pp. 34, 38 Atividade: Onde Fica Sião, no Mundo? pp. A8, A12 Julho de 2007 Vol. 60 Nº. 7 A LIAHONA 00787 059 Publicação oficial em português d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley, Thomas S. Monson, James E. Faust Quórum dos Doze: Boyd K. Packer, L. Tom Perry, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott, Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland, Henry B. Eyring, Dieter F. Uchtdorf, David A. Bednar Editor: Jay E. Jensen Consultores: Gary J. Coleman, Yoshihiko Kikuchi, Gerald N. Lund, W. Douglas Shumway Diretor Gerente: David L. Frischknecht Diretor Editorial: Victor D. Cave Editor Sênior: Larry Hiller Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg Gerente Editorial: R. Val Johnson Gerente Editorial Assistente: Jenifer L. Greenwood Editores Associados: Ryan Carr, Adam C. Olson Editor(a) Adjunto: Susan Barrett Equipe Editorial: Christy Banz, Linda Stahle Cooper, David A. Edwards, LaRene Porter Gaunt, Carrie Kasten, Melissa Merrill, Michael R. Morris, Sally J. Odekirk, Judith M. Paller, Vivian Paulsen, Richard M. Romney, Jennifer Rose, Don L. Searle, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe, Julie Wardell, Kimberly Webb Secretário(a) Sênior: Monica L. Dickinson Gerente de Marketing: Larry Hiller Gerente Gráfico da Revista: M. M. Kawasaki Diretor de Arte: Scott Van Kampen Gerente de Produção: Jane Ann Peters Equipe de Diagramação e Produção: Cali R. Arroyo, Collette Nebeker Aune, Brittany Jones Beahm, Howard G. Brown, Julie Burdett, Thomas S. Child, Reginald J. Christensen, Kathleen Howard, Eric P. Johnsen, Denise Kirby, Randall J. Pixton Diretor de Impressão: Craig K. Sedgwick Diretor de Distribuição: Randy J. Benson A Liahona: Diretor Responsável: Wilson R. Gomes Produção Gráfica: Eleonora Bahia Editor: Luiz Alberto A. Silva (Reg. 17.605) Tradução: Edson Lopes Assinaturas: Cezare Malaspina Jr. © 2007 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. O texto e o material visual encontrado n’ A Liahona podem ser copiados para uso eventual, na Igreja ou no lar, não para uso comercial. O material visual não poderá ser copiado se houver qualquer restrição indicada nos créditos constantes da obra. As dúvidas sobre direitos autorais devem ser encaminhadas para Intellectual Property Office, 50 East North Temple Street, Salt Lake City, UT 84150, USA; e-mail: [email protected]. A Liahona pode ser encontrada na Internet em vários idiomas no site www.lds.org. Para vê-la em inglês, clique em “Gospel Library”. Para vê-la em outro idioma, clique no “Languages”. REGISTRO: Está assentado no cadastro da DIVISÃO DE CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS, do D.P.F., sob nº 1151-P209/73 de acordo com as normas em vigor. “A Liahona” © 1977 d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acha-se registrada sob o número 93 do Livro B, nº 1, de Matrículas e Oficinas Impressoras de Jornais e Periódicos, conforme o Decreto nº 4857, de 9-11-1930. Impressa no Brasil por Prol Editora Gráfica – Avenida Papaiz, 581 – Jd. das Nações – Diadema – SP – 09931-610 ASSINATURAS: A assinatura deverá ser feita pelo telefone 0800-130331 (ligação gratuita); pelo e-mail [email protected]; pelo Fax 0800-161441 (ligação gratuita); ou correspondência para a Caixa Postal 26023, CEP 05599-970 – São Paulo – SP. Preço da assinatura anual para o Brasil: R $20,00. Preço do exemplar avulso em nossas lojas: R $2,00. Para Portugal – Centro de Distribuição Portugal, Rua Ferreira de Castro, 10 – Miratejo, 2855-238 Corroios. 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A LIAHONA, JULHO DE 2007 P A R A O S A D U LT O S 2 14 18 25 26 38 42 48 26 Parábolas do Mestre Mensagem da Primeira Presidência: O Perigo das Cunhas Ocultas Presidente Thomas S. Monson Três Ferramentas para Edificar um Lar Sagrado Shirley R. Klein Esta, a Maior de Todas as Dispensações Élder Jeffrey R. Holland Mensagem das Professoras Visitantes: Tornar-se um Instrumento nas Mãos de Deus Praticando a Santidade Parábolas do Mestre Conversa com os Jovens sobre Pornografia Dan Gray Vozes da Igreja Lembrei-me dos Pioneiros Daniel Cisternas Tire as Crianças da Água! Janell Johnson Conseguirei Falar Novamente? Javier Gamarra Villena Comentários NA CAPA Primeira capa: Fotografia: Riley M. Lorimer. Última Capa: Fotografia dos jovens: Riley M. Lorimer; fotografia de carrinhos de mão: Welden. C. Andersen. 18 Esta, A Maior de Todas as Dispensações CAPA DE O AMIGO Ilustração: Jerry Thompson IDÉIAS PARA A NOITE FAMILIAR As idéias a seguir podem ser usadas no ensino tanto na sala de aula quanto no lar. “Lembrar-se de Iowa”, p. 8: Pergunte à família o que cada um levaria se tivesse de se mudar, como os pioneiros fizeram. Que qualidades espirituais seriam necessárias para a jornada? Conte histórias de seus próprios antepassados e das qualidades que os ajudaram. “Três Ferramentas para Edificar p. 14: Comecem discutindo maneiras simples pelas um Lar Sagrado”, quais vocês podem tornar o lar um lugar mais sagrado. Em seguida, desfrutem uma refeição ou sobremesa enquanto discutem a importância de realizarem refeições em família. Por fim, planejem um projeto que possam realizar como família e discutam que bênçãos espirituais e materiais podem receber por trabalharem juntos. “Esta, A Maior de Todas as p. 18: Convide cada membro da família a descrever em palavras ou por meio de desenhos Dispensações”, Ao procurar o anel (alemão) do CTR escondido nesta edição, pense em como você pode tornar sua família feliz. O AMIGO: PA R A A S C R I A N Ç A S PA R A O S J O V E N S Lembrar-se de Iowa Caroline H. Benzley A Tua Fala Te Denuncia Élder L. Tom Perry Minha Batalha contra a Pornografia Nome omitido 46 Você Sabia? 47 Mensagem Instantânea: Desempenho Exemplar Viktória Merényi 8 30 34 8 Lembrar-se de Iowa A2 Vinde ao Profeta Escutar: Coragem no Milharal Presidente James E. Faust A4 Tempo de Compartilhar: Fé em Família Elizabeth Ricks A6 Da Vida do Presidente A4 Fé em Família Spencer W. Kimball: Resistir às Influências do Mal A8 Coligação em Sião A10 É o Suficiente Jane McBride Choate A14 De um Amigo para Outro: Bênçãos do Templo Élder Paul E. Koelliker A16 Página para Colorir A8 Coligação em Sião TÓPICOS DESTA EDIÇÃO “A Tua Fala Te Denuncia”, p. 30: Encarregue um membro da família de falar com a voz de um tipo específico de pessoa, de um bebê, de um personagem histórico ou das escrituras. Peça aos membros da família que tentem adivinhar quem é a pessoa. Conte a história do Élder L. Tom Perry e os fuzileiros navais. Como nossa linguagem revela nosso caráter? Para ajudar sua família a manter uma boa linguagem, coloque as três sugestões do Élder Perry em um lugar bem visível. “Coragem no Milharal”, p. A2: Compare a história das irmãs Rollins com a história de Néfi e seus irmãos quando foram buscar as placas de Labão (ver 1 Néfi 3–4). Como a coragem foi demonstrada em cada uma das histórias? Por que é importante termos as escrituras? Ofender-se, 2 Arrependimento, 34 Oração, 43 Comunicação, 46 Parábolas, 26 Conversão, 42, A10 Perdão, 2 Coragem, A2, A6 Pioneiros, 8, 42 Corpo físico, 38 Pornografia, 34, 38, A6 Ensino familiar, 7 Primária, A4 Espírito Santo, 43 Professoras visitantes, 25 Família, 14, A4, A10, A16 Profetas, 8 Fé, 45 Responsabilidade, 14 Hinos, 47 Reunião de noite familiar, 1 História da família, A4 Sacerdócio, 46 Jesus Cristo, 26 Santidade, 25 Kimball, Spencer W., A6 Segunda Vinda, 18 Lar, 14 Templos, A10, A14 Liderança, 46 Trabalho, 14 Linguagem, 30 Virtude, 34, 38, A6 BORDA © ARTBEATS suas esperanças de um futuro melhor. Coloque em discussão coisas que possam impedir a realização dessas esperanças. Leiam escrituras sobre a fé. Como a fé pode ajudar a afastar o temor? Usando o artigo, discuta o que sua família pode fazer parar regozijar-se no futuro. A=O Amigo A L I A H O N A JULHO DE 2007 1 MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA O Perigo das Cunhas Ocultas P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência E m abril de 1966, na Conferência Geral Anual da Igreja, o Élder Spencer W. Kimball (1895–1985), do Quórum dos Doze Apóstolos, fez um discurso memorável. Ele citou uma história escrita por Samuel T. Whitman, intitulada “Cunhas Esquecidas”. Também quero citar alguns trechos do relato de Whitman, acrescentando em seguida alguns exemplos de minha própria vida. Whitman escreveu: “A tempestade de neve [daquele inverno] não tinha sido muito forte. É verdade que alguns fios de eletricidade haviam sido derrubados e que houve 2 um súbito aumento no número de acidentes ao longo da rodovia. (...) Normalmente, a grande nogueira teria facilmente conseguido suportar o peso que se acumulou em seus longos galhos. Foi a cunha de ferro escondida dentro dela que causou o estrago. A história da cunha de ferro começou muito tempo antes, quando o fazendeiro de cabelos brancos [que hoje mora na propriedade em que a nogueira se erguia] era um menino na fazenda de seu pai. A serraria tinha acabado de mudar-se do vale, e os novos moradores ainda encontravam ferramentas e peças de equipamento espalhadas por toda parte. (...) ILUSTRAÇÕES: DANIEL LEWIS Naquele dia, em particular, [o menino encontrou] uma cunha de madeireiro — grande, plana e pesada, com 30 cm ou mais de comprimento, entortada pelo uso. [A cunha de madeireiro é utilizada para derrubar uma árvore, inserindo-se a cunha num talho e golpeando-a com uma marreta para alargar a fenda.] (...) Como já estava atrasado para o jantar, o rapaz colocou a cunha (...) entre os galhos da jovem nogueira que seu pai havia plantado perto do portão principal. Ele pretendia levar a cunha para o galpão logo depois do jantar, ou em outra ocasião em que estivesse passando por ali. Ele realmente pretendia fazê-lo, mas nunca o fez. [A cunha] estava ali entre os galhos, um pouco espremida, quando ele chegou à idade adulta. Estava ali, firmemente presa, quando se casou e assumiu a fazenda do pai. Estava parcialmente encoberta no dia em que o pessoal da colheita jantou sob a árvore. (...) Totalmente oculta na árvore, a cunha ainda estava lá no inverno em que caiu aquela tempestade de neve. No silêncio gelado daquela noite de inverno (...) um dos três galhos maiores se partiu e caiu ruidosamente ao chão. O restante da árvore ficou com uma distribuição desequilibrada de peso e também se partiu e acabou tombando. Quando a tempestade passou, não restara sequer um broto da árvore outrora majestosa. Bem cedo pela manhã, o fazendeiro saiu de casa para lamentar sua perda. (...) Então seus olhos avistaram algo no tronco desabado. ‘A cunha’, murmurou ele, reprovadoramente. ‘A cunha que eu encontrei no pasto’. Num instante ele percebeu por que a árvore tinha caído. Presa no tronco que crescia, a cunha impediu que as fibras dos galhos se entrelaçassem como deviam”.1 Existem cunhas ocultas na vida de muitas pessoas que conhecemos: sim, talvez até em nossa própria família. Cunhas em Nossa Vida Existem cunhas ocultas na vida de muitas pessoas que conhecemos, sim, talvez até em nossa própria família. A L I A H O N A JULHO DE 2007 3 Gostaria de contar-lhes sobre um amigo muito querido, que já partiu da mortalidade. Seu nome era Leonard. Ele não era membro da Igreja, embora sua mulher e filhos fossem. Sua esposa serviu como presidente da Primária; seu filho serviu honrosamente em uma missão. Tanto sua filha quanto seu filho se casaram em solenes cerimônias no templo e tinham suas respectivas famílias. Todos que conheciam Leonard gostavam dele, tal como eu. Ele apoiava a esposa e os filhos em seus chamados na Igreja. Ele ia com eles a muitas atividades organizadas pela Igreja. Ele levava uma vida digna e pura, uma vida de bondade e serviço ao próximo. Sua família e muitas outras pessoas se perguntavam por que Leonard tinha passado toda a mortalidade sem as bênçãos que o evangelho proporciona a seus membros. Quando Leonard ficou idoso, sua saúde começou a debilitar-se. Ele acabou sendo hospitalizado, às portas da morte. Na última vez que conversei com Leonard, ele me disse: “Tom, eu o conheço desde quando você era um menino. Sinto que devo explicar-lhe por que nunca me filiei à Igreja”. Então, ele contou algo que havia acontecido com seus pais, há muitos e muitos anos. Relutantemente, a família chegou a uma situação tal, que viu que precisaria vender sua fazenda, e recebeu uma proposta. Nessa ocasião, um fazendeiro vizinho pediu-lhes que vendessem a fazenda para ele, embora por um preço menor, acrescentando: “Sempre fomos bons amigos. Desse modo, se eu comprar a sua fazenda, poderei tomar conta dela”. Por fim, os pais de Leonard concordaram em vender a fazenda. O comprador, aquele vizinho, ocupava um cargo de responsabilidade na Igreja, e a confiança que isso suscitava ajudou a convencer a família a vender-lhe a fazenda, embora não tivessem percebido que receberiam muito mais se a tivessem vendido para o primeiro comprador interessado. Pouco tempo depois de a venda ter sido efetuada, o vizinho vendeu a própria fazenda juntamente com a fazenda comprada da família de Leonard, que combinadas ficaram muito valorizadas e alcançaram um preço de venda bem mais alto. A antiga dúvida sobre o motivo pelo qual Leonard jamais se filiara à Igreja tinha sido respondida. Ele sempre sentira que sua família tinha sido enganada. Ele confidenciou-me, depois de nossa conversa, que sentia como se um grande fardo tivesse sido finalmente 4 removido de suas costas, ao preparar-se para encontrar-se com o Criador. A trágedia foi que uma cunha oculta impedira que Leonard progredisse espiritualmente nesta vida. Decidir Amar Conheço uma família que veio da Alemanha para a América. A língua inglesa era difícil para eles. Tinham poucos recursos, mas todos foram abençoados com amor ao trabalho e amor a Deus. Seu terceiro filho nasceu, mas viveu apenas dois meses e depois morreu. O pai era marceneiro e construiu um belo caixão para o corpo de seu querido filho. O dia do funeral foi sombrio, expressando a tristeza que sentiam pela morte do filho. A família caminhou até a capela, com o pai carregando o pequeno caixão, e um pequeno grupo de amigos se reuniu. Mas a porta da capela estava trancada. O atarefado bispo tinha-se esquecido do funeral. Todas as tentativas de encontrá-lo foram em vão. Sem saber o que fazer, o pai colocou o caixão debaixo do braço e carregou-o de volta para casa, com a famíla a seu lado, caminhando sob uma chuva torrencial. Se a família tivesse um caráter mais fraco, eles poderiam ter culpado o bispo e guardado ressentimentos. Quando o bispo ficou sabendo da tragédia, foi visitar a família e se desculpou. Com a mágoa ainda evidente no rosto, mas com lágrimas nos olhos, o pai aceitou as desculpas, e os dois se abraçaram num espírito de compreensão. Não restou nenhuma cunha oculta para causar mais sentimentos de raiva. O amor e a aceitação prevaleceram. O espírito precisa ser libertado de tudo que impeça seu progresso e de ressentimentos não resolvidos para que a alma sinta alegria na vida. Em muitas famílias, há sentimentos feridos e uma relutância em perdoar. Não importa, realmente, qual tenha sido a questão. Não podemos nem devemos permitir que ela continue a magoar-nos. Condenar o outro faz com que as feridas permaneçam abertas. Somente o perdão cura. George Herbert, um poeta do início do século XVII, escreveu: “Aquele que não perdoa destrói a ponte que ele próprio precisará atravessar se desejar atingir o céu, porque todos precisamos ser perdoados”. Belas são as palavras do Salvador quando estava prestes a morrer na impiedosa cruz. Ele disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.2 DETALHE DE A CRUCIFICAÇÃO, DE HARRY ANDERSON Disposição de Perdoar Há pessoas que têm dificuldade em perdoar a si mesmas e se apegam a suas supostas imperfeições. Gosto muito da história de um líder religioso que ficou ao lado de uma mulher que estava morrendo, tentando confortá-la, mas sem ter sucesso. “Estou perdida”, disse ela. “Arruinei minha vida e a de todos a meu redor. Não há esperança para mim”. O homem notou um retrato de uma linda menina sobre a cômoda. “Quem é ela?” perguntou ele. A mulher ficou radiante. “Ela é minha filha, a única coisa bela em minha vida”. “E você a ajudaria, se ela estivesse com problemas ou tivesse cometido um erro? Você a perdoaria? Ainda continuaria a amá-la?” “Claro que sim!” exclamou a mulher. “Eu faria qualquer coisa por ela. Por que me pergunta isso?” “Porque quero que você saiba”, disse o homem, “que, figurativamente falando, o Pai Celestial tem um retrato seu sobre a cômoda Dele. Ele a ama e vai ajudá-la. Peça Seu auxílio”. A cunha oculta que impedira sua felicidade foi removida. Num momento de perigo ou de provação, esse conhecimento, essa esperança e essa compreensão proporcionam consolo para a mente perturbada e o coração aflito. Todo o Novo Testamento transmite a mensagem de renascimento da alma humana. As sombras do desespero são dispersas pelos raios de esperança, a tristeza é substituída pela felicidade, e o sentimento de estarmos perdidos na multidão desaparece com a certeza de que o Pai Celestial Se importa com cada um de nós. O Salvador garantiu a veracidade disso ao ensinar que nenhum pardal cai ao chão sem que o Pai Celestial saiba. Ele concluiu essa bela mensagem, dizendo: “Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos”.3 Há algum tempo, li o seguinte artigo da Associated Press publicado num jornal. “Desde a juventude, um homem idoso morava com o irmão, uma pequena cabana de um só cômodo, nos arredores de Canisteo, Nova York. No funeral do irmão, ele contou que, depois de uma briga, quando jovens, eles dividiram o quarto ao meio com uma B elas são as palavras do Salvador quando estava prestes a morrer na impiedosa cruz. A respeito dos que O crucificavam, Ele disse: “Pai, perdoalhes, porque não sabem o que fazem”. linha riscada a giz no chão, e que nenhum deles havia cruzado a linha ou trocado uma única palavra com o outro desde aquele dia, A L I A H O N A JULHO DE 2007 5 P recisamos vencer nosso ego, nosso orgulho e mágoa e, depois, dar um passo à frente e dizer: “Eu realmente sinto muito! Vamos ser o que já fomos um dia: amigos. 62 anos antes.” Que cunha oculta poderosa e destrutiva. Como Alexander Pope escreveu: “Errar é humano, perdoar é divino”.4 Tomar a Iniciativa Às vezes, nos ofendemos com muita facilidade. Em outras ocasiões, somos teimosos demais para aceitar um sincero pedido de desculpa. Precisamos vencer nosso ego, nosso orgulho e mágoa e, depois, dar um passo à frente e dizer: “Eu realmente sinto muito! Vamos ser o que já fomos um dia: amigos. Não passemos para as gerações futuras os ressentimentos e rancores de nossa época”. Removamos todas as cunhas ocultas que só servem para destruir-nos”. De onde se originam as cunhas ocultas? Algumas resultam de disputas não resolvidas, que levam a maus sentimentos, seguidos de remorso e tristeza. Outras começam 6 com desapontamentos, invejas, discussões e mágoas imaginárias. Precisamos resolvêlas, deixá-las de lado e não permitir que germinem, se espalhem e acabem destruindo. Uma amável senhora de mais de noventa anos de idade veio procurar-me certo dia e inesperadamente me contou várias mágoas que tinha. Ela mencionou que muitos anos antes, um fazendeiro vizinho, com quem ela e o marido haviam tido desentendimentos ocasionais, pediu se poderia cortar caminho por dentro de sua propriedade para chegar até as terras dele. Ela fez uma pausa, então, com a voz trêmula, disse: “Tommy, eu não deixei que ele cruzasse nossa propriedade, mas fiz com que ele desse toda a volta, a pé, para chegar até as terras dele. Eu errei e me arrependo disso. Ele já morreu, mas como eu gostaria de lhe dizer: ‘Eu sinto muito’. Como desejaria ter uma segunda chance”. Ao ouvir seu relato, as palavras escritas por John Greenleaf Whittier vieram-me à mente: “De todas as palavras tristes escritas ou faladas, a mais triste de todas é: ‘Poderia ter sido’”.5 Em 3 Néfi, no Livro de Mórmon, lemos este conselho inspirado: “Não haverá disputas entre vós (...). Pois em verdade, em verdade vos digo que aquele que tem o espírito de discórdia não é meu, mas é do diabo, que é o pai da discórdia e leva a cólera ao coração dos homens, para contenderem uns com os outros. Eis que esta não é minha doutrina, levar a cólera ao coração dos homens, uns contra os outros; esta, porém, é minha doutrina: que estas coisas devem cessar”.6 Gostaria de concluir com o relato de dois homens que são heróis para mim. Seus atos de coragem não foram realizados em escala nacional, mas, sim, num lugar pacífico conhecido como Midway, Utah. Transpor o Abismo Há muitos anos, Roy Kohler e Grant Remund serviram juntos em cargos na Igreja. Eles eram muito amigos. Eram fazendeiros e tinham plantações e gado leiteiro. Houve, então, um mal-entendido que se transformou numa certa rixa entre os dois. Mais tarde, quando Roy Kohler ficou gravemente enfermo com câncer e tinha pouco tempo de vida, minha esposa, Frances, e eu visitamos Roy, e eu lhe dei uma bênção. Ao conversarmos em seguida, o irmão Kohler disse: “Quero contar-lhe uma das coisas mais sublimes que já me aconteceu na vida”. Ele então me contou sobre os mal-entendidos que tivera com Grant Remund e a discórdia que se estabelecera entre eles. Ele disse: “Estávamos brigados um com o outro”. “Então”, prosseguiu Roy, “eu tinha acabado de juntar o feno para o inverno quando, certa noite, devido a uma combustão espontânea, o feno pegou fogo, queimando todo o estábulo e tudo que estava nele. Fiquei desolado”, disse Roy. “Não sabia o que fazer. A noite estava escura, com exceção das brasas que já se apagavam. Foi então que vi faróis de tratores e equipamento pesado chegando pela estrada, vindo da propriedade de Grant Remund. Quando o grupo de resgate entrou em nossa propriedade e me encontrou ali com lágrimas no rosto, Grant disse: ‘Roy, você tem uma grande bagunça para arrumar. Meus rapazes e eu estamos aqui. Vamos ao trabalho’.” Os homens se empenharam juntos na tarefa que tinham diante de si. A cunha oculta que os separara por algum tempo desapareceu para sempre. Eles trabalharam juntos a noite inteira e todo o dia seguinte, auxiliados por várias pessoas da comunidade. Roy Kohler e Grant Remund já faleceram. Seus filhos serviram juntos no mesmo bispado da ala. Considero realmente preciosa a amizade dessas duas famílias maravilhosas. Sejamos sempre um exemplo em nosso lar e no fiel cumprimento de todos os mandamentos; que não haja cunhas ocultas, mas lembremo-nos da admoestação do Salvador: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.7 ■ NOTAS 1. Conference Report, abril de 1966, p. 70. 2. Lucas 23:34. 3. Mateus 10:31. 4. An Essay on Criticism, 1711, parte 2, linha 525. 5. “Maud Muller”, The Complete Poetical Works of Whittier, 1892, p. 48. 6. 3 Néfi 11:28–30. 7. João 13:35. I D É I A S PA R A O S M E S T R E S FAMILIARES Depois de se preparar em espírito de oração, compartilhe esta mensagem, utilizando um método que incentive a participação daqueles a quem você estiver ensinando. Seguem-se alguns exemplos. 1. Peça a um membro da família que tente dar um laço no cadarço do sapato com uma só mão. Coloque em discussão: as rixas são como usar uma só mão para amarrar o sapato e recusar ajuda. Compartilhe alguns exemplos citados pelo Presidente Monson sobre como a vida das pessoas melhorou quando perdoaram uns aos outros. Convide outra pessoa a ajudar a dar o laço no cadarço do sapato. Testifique que o perdão permite que recebamos maiores bênçãos. 2. Resuma a história da cunha e da árvore. Pergunte como a recusa em perdoar se assemelha a deixar uma cunha na árvore. De que modo essa recusa nos torna mais fracos? Como o perdão conduz à cura? Leia um dos relatos do Presidente Monson para ilustrar a necessidade do perdão. Testifique a respeito das bênçãos que você recebeu por seguir o exemplo de perdão do Senhor. 3. Pegue um fio de linha e divida a sala ao meio. Peça a alguns membros da família que fiquem de pé em um lado da sala e o restante, do outro lado. Conte novamente a história dos dois irmãos. Remova o fio e discuta maneiras de evitar o espírito de contenda. Leia João 13:35 e sugira aos membros da família que demonstrem amor uns pelos outros. A L I A H O N A JULHO DE 2007 7 Os carrinhos de mão e os pioneiros que caminharam até Sião tornaram-se um símbolo da migração SUD e da edificação da Igreja. CAROLINE H. BENZLEY N uma manhã de verão de 1856, Janetta McBride, de 16 anos, começou a caminhar de Iowa até o vale do Lago Salgado. Sua jornada começara alguns meses antes, quando partira da Inglaterra com a família e cruzara o oceano Atlântico de navio. Depois de chegarem aos Estados Unidos, continuaram a viagem de trem até Iowa City, Iowa, onde terminava a ferrovia que seguia para o oeste. Em Iowa City, a família de Janetta juntou-se aos santos dos últimos dias que uniam forças e suprimentos para a parte final da jornada — uma caminhada de mais de dois mil quilômetros, puxando ou empurrando carrinhos de mão. Janetta McBride ficou com a Companhia Martin de carrinhos de mão, uma das sete companhias que partiram de Iowa City entre 1856 e 1857. Olhando para o Oeste Hoje, 150 anos depois, estamos no dia 9 de junho de 2006. Mais uma companhia de carrinhos de mão está partindo de Iowa City. Dessa vez, porém, a companhia é formada por cerca de 70 rapazes e moças da Estaca Iowa City Iowa. Trajando roupas de pioneiros, com carrinhos de mão cheios de suprimentos, esses jovens estão reunidos no Parque Mórmon de 8 Carrinhos de Mão, nos arredores de Iowa City — o mesmo lugar de onde partiu a primeira companhia de carrinhos de mão, há exatamente 150 anos, no dia 9 de junho de 1856. Ao nos voltarmos para o oeste, não há como não pensar nos primeiros pioneiros que dali partiram há tanto tempo. O jovem Kameron Hansen, da Ala I de Iowa City, pensa em sua pentavó, Janetta McBride. Kameron, de 14 anos, tem quase a mesma idade que tinha Janetta ao começar sua caminhada até Sião. “Gosto de pensar que ela ficaria muito contente de me ver fazendo isso”, diz Kameron. “Espero que ela sinta orgulho por sua família continuar fiel na Igreja”. Kameron sabe que sua jornada será bem mais curta e fácil do que a de Janetta, mas sente-se grato por seus antepassados e pela oportunidade de homenageá-los. Anna Shaner, do Ramo Fairfield, também se sente grata por honrar os pioneiros. Ela está admirada por eles terem cruzado a fronteira, sem saber se sobreviveriam. Anna sente-se muito fortalecida ao pensar nas pessoas que, em suas palavras, “tiveram fé no que deviam fazer, e coragem para fazê-lo”. Essa longa jornada a pé é uma excelente oportunidade para que todos os jovens de Iowa City honrem seus antepassados. Quer tenham pioneiros das companhias de carrinhos de mão na linhagem familiar ou não, os jovens são membros da Igreja, portanto os pioneiros de carrinhos de mão são seus antepassados espirituais. Por Que Iowa? Hoje, Iowa City, Iowa, é o coração do centro-oeste dos Estados Unidos, mas há 150 anos, era a última fronteira conhecida — o extremo oeste da ferrovia. A maioria dos À ESQUERDA: ILUSTRAÇÃO: ERIC P. JOHNSEN; FOTOGRAFIAS: RILEY M. LORIMER E JANET THOMAS, EXCETO QUANDO INDICADO LEMBRAR-SE DE IOWA Adolescentes da Estaca Iowa City empurram seus carrinhos de mão, partindo do mesmo lugar de onde os pioneiros de carrinhos de mão partiram, em 1856. A trilha é hoje preservada como um parque estadual. A L I A H O N A JULHO DE 2007 9 E mbora a jornada atual dure apenas um dia, é suficiente para que os jovens se dêem conta das dificuldades enfrentadas pelos pioneiros de carrinhos de mão. Página ao lado: Jeff Fillmore tenta reproduzir as roupas que um jovem pioneiro de sua idade deve ter usado. Allison Engle e Summer Burch experimentam chapéus. 10 primeiros conversos que acamparam nos arredores de Iowa City, em 1856, eram emigrantes da Europa. Já haviam viajado bastante, vindo de muito longe, e tinham pouco dinheiro para comprar carroções e suprimentos. Os moradores de Iowa City foram tolerantes com os santos dos últimos dias, e os diários dos pioneiros relatam os atos de bondade praticados por aquelas pessoas. Quando o Presidente Brigham Young anunciou as viagens de carrinhos de mão como uma opção mais barata e rápida de viajar para Sião, aqueles santos ficaram ansiosos para colocar à prova aquela alternativa. A primeira companhia de carrinhos de mão partiu de Iowa City em 9 de junho de 1856. A maioria das companhias de carrinhos de mão fez a exaustiva jornada até o vale do Lago Salgado em segurança, mas a viagem foi bem mais difícil para o grupo de Janetta McBride, a Companhia Martin, e também para a Companhia Willie. As duas companhias foram surpreendidas por tempestades de neve antecipadas, e mais de 200 pessoas morreram. A jornada daquelas pessoas exigiu um imenso sacrifício, que só pôde ser suportado devido a sua fé no Pai Celestial e em Seu plano. Essa mesma fé motivou todas as companhias de carrinhos de mão que percorreram aquele trajeto, empurrando e puxando seus carrinhos até Sião. Em 2006, a trilha dos carrinhos de mão fez parte de uma comemoração sesquicentenária dessa fé. Os membros da Estaca Iowa City promoveram eventos, tais como um simpósio acadêmico, um festival pioneiro e uma reunião devocional ecumênica. Esses eventos homenagearam não apenas os pioneiros de carrinhos de mão mas também os moradores de Iowa que os ajudaram. CONTE-ME UMA HISTÓRIA R I L E Y M . LO R I M E R Seguir o Profeta Revistas da Igreja Depois de um longo dia de caminhada pelos montes de Iowa, os jovens têm agora um momento para refletir sobre sua experiência. Emma Pauley lê novamente sobre a fé, em Éter 12, que ela aprendeu nas aulas do seminário. “Não sei se conseguiria percorrer todo o caminho a pé até Utah”, diz Emma, “Mas os pioneiros conseguiram, e sei que isso aconteceu graças à fé que eles tinham. Todas as coisas grandiosas são feitas pela fé.” A fé que os pioneiros dos carrinhos de mão possuíam permitiu que atendessem ao chamado do Presidente Young para que se reunissem no vale do Lago Salgado. Seu exemplo faz com que, para os jovens de Iowa City, seja mais fácil seguir o conselho do profeta nos dias de hoje. Uma das maneiras pelas quais jovens como Kameron Hansen podem seguir o profeta é completando seu programa Dever para com Deus. Como ele explica: “Quando penso nos pioneiros e no sacrifício deles, sinto mais vontade de cumprir todos os requisitos, para poder também seguir o profeta”. Seguir o profeta é algo muito importante para esses jovens, e eles anseiam pela oportunidade de vê-lo no domingo seguinte, num serão comemorativo. A oportunidade de ouvir a voz do profeta será o ponto alto da comemoração. Os primeiros pioneiros devem ter sentido essa mesma emoção, quando caminharam para o vale do Lago Salgado, sabendo que a cada passo estariam mais próximos de seu líder e da oportunidade de ouvir sua voz. “É como um tesouro que As abelhinhas da Ala I de Iowa City eram jovens demais para participar da jornada de carrinhos de mão, mas estavam decididas a fazer parte da comemoração dos pioneiros de carrinhos de mão. Por recomendação de uma de suas líderes, as moças serviram como contadoras de história no Festival de Carrinhos de Mão. As meninas decidiram usar essa experiência como projeto do Progresso Pessoal. Cada menina costurou seu próprio chapéu, como parte de sua autêntica fantasia de pioneira para o festival. Praticaram por várias horas até decorarem o episódio que escolheram: a história de Fanny Fry, que viajou com a Companhia George Rowley de carrinhos de mão em 1859. Fanny foi separada da família e enfrentou muitas dificuldades enquanto cruzava as planícies. Certo dia, ela desmaiou e foi atropelada por seu próprio carrinho de mão. Achando que a menina estivesse morta, caridosas irmãs começaram a preparar o funeral dela. As abelhinhas de Iowa adoram contar como aquelas boas irmãs ficaram surpresas quando Fanny abriu os olhos. Apesar de seus ferimentos, Fanny prosseguiu com firmeza e por fim reencontrou sua irmã. “Adoro pensar em como Fanny foi corajosa a ponto de deixar a família e sobreviver”, diz Summer Burch. “Ela era muito forte.” “Eu a admiro porque ela nunca tinha uma atitude negativa, mesmo quando as coisas davam errado”, diz Allison Engle. Na manhã do festival, Summer e Allison, juntamente com outras abelhinhas, Miranda Decker, Kendra Dawson, Lyssa Abel e Jenna Abel, demonstraram ter as mesmas qualidades que tanto admiravam em Fanny Fry. Ventava muito naquele dia chuvoso e frio. Mas elas enfrentaram o frio com um coração disposto e um sorriso alegre. Cada menina estava em seu posto, trajando uma roupa completa de pioneira, pronta para contar a história de Fanny a todos que quisessem ouvi-la. ■ A L I A H O N A JULHO DE 2007 11 A HISTÓRIA DOS CARRINHOS DE MÃO Extraído de LeRoy R. Hafen e Ann W. Hafen, Handcarts to Zion, 1960. 12 nos aguarda no final”, diz Skylar Hansen, da Ala I de Iowa City. Tendo concluído a jornada, os jovens de Iowa City estão agora se aproximando de seu tesouro, mas ainda não chegaram lá. O dia seguinte é sábado, e há muito trabalho a fazer. Agradecimentos No ano de 2006, os membros da Estaca Iowa City Iowa se mantiveram atarefados servindo às pessoas necessitadas da região. Essa foi a maneira de os membros dizerem obrigado a uma comunidade que tanto ajudou os primeiros santos. Hoje, os jovens têm a chance de servir. Embora 6h30 da manhã pareça muito cedo, Marc Humbert, da Ala I de Iowa City, disse que a jornada do dia anterior deu-lhe mais disposição e ânimo para acordar cedo e começar a servir. “Participar da jornada me ajudou a lembrar o que era mais importante”, disse ele, “e foi mais fácil servir”. Marc não foi o único a mostrar-se ávido para servir. Apesar da chuva que caía, era visível o entusiasmo dos jovens que se revezavam visitando casas de repouso para idosos, lavando carros de polícia, levando alimentos aos albergues locais e limpando um parque. Prestar esse serviço era o mínimo que eles podiam fazer À ESQUERDA: FOTOGRAFIA DE CARRINHOS DE MÃO: WELDEN C. ANDERSEN Eis alguns fatos históricos dos pioneiros de carrinhos de mão: • O Presidente Brigham Young instruiu os santos dos últimos dias a viajar para Sião com carrinhos de mão porque eram mais baratos que os carroções cobertos, permitindo que um número bem maior de santos conseguisse fazer a jornada. • Ao todo, houve dez companhias de carrinhos de mão, de 1856 a 1860. • Os santos viajavam pela ferrovia até Iowa City, Iowa. Depois de se equiparem, 7 das 10 companhias de carrinhos de mão partiram de Iowa City. As outras partiram de Florence, Nebraska. • A maioria dos pioneiros de carrinhos de mão era formada por emigrantes da Europa. Eles vieram da Inglaterra, País de Gales, Escócia, Irlanda, Dinamarca, Suécia, Noruega, Suíça e Itália. • Com exceção das Companhias Willie e Martin (que partiram tarde e foram apanhadas por tempestades de neve antecipadas), as companhias registraram poucas mortes ao longo da trilha. • Embora as companhias de carrinhos de mão tivessem enfrentado dificuldades, a fé manifestada por muitos de seus integrantes permaneceu firme. Priscilla M. Evans, da Companhia Bunker, disse: “As pessoas zombavam de nós enquanto caminhávamos empurrando nossos carrinhos, mas o tempo foi agradável, e as estradas eram excelentes, e embora eu tenha adoecido e todos ficássemos muito cansados à noite, ainda assim achamos que foi um modo glorioso de viajar para Sião”. ■ O Presidente Gordon B. Hinckley fala em um serão. Os jovens estão emocionados com a oportunidade de ouvir o profeta depois de passarem um dia inteiro prestando serviço à comunidade. para expressar gratidão à cidade que ajudou os primeiros santos. A História dos Carrinhos de Mão É a Minha História Depois de caminhar o dia inteiro na sextafeira e prestar serviço no sábado, os jovens sentem-se felizes por ser domingo — o momento de ouvir o profeta em pessoa. Sentados agora com suas respectivas famílias no serão comemorativo, os rapazes e moças sentem-se gratos por sua nova compreensão da experiência dos carrinhos de mão. As palavras do Presidente Gordon B. Hinckley os inspiram a dar continuidade ao legado de fé que os pioneiros dos carrinhos de mão deixaram. Ele diz aos jovens: “Precisamos lembrar-nos sempre daqueles que pagaram um preço terrível para estabelecer os alicerces da grande obra destes últimos dias”. Os pioneiros que partiram de Iowa City em 1856 teriam se regozijado ao ouvir falar dos pioneiros modernos que moram hoje na Estaca Iowa City. Provavelmente se sentiriam inspirados pela coragem dos jovens de hoje que se esforçam em viver o evangelho em um mundo tão confuso. Anna Shaner, por exemplo, esforça-se arduamente para ser um bom exemplo para suas amigas e sua família. Sua fé lhe dá a força de que precisa para permanecer no rumo certo. Ela diz: “A experiência dos pioneiros significa muito para mim porque eles fizeram isso por mim. É a minha história”. ■ Três Ferramentas para Edificar um LAR SAGRADO As atividades diárias de nosso lar oferecem oportunidades para colocar em prática o amor, o serviço, a obediência e a cooperação. sexo. Seria bom se pudéssemos expulsar esses invasores, batendo neles com utensílios domésticos, mas já perdemos muitos de nossos rolos de massa e vassouras. SHIRLEY R. KLEIN Hoje em dia, é normal ouvirmos as jovens descreverem suas metas para o futuro em termos de uma carreira profissional emocionante. Essas jovens provavelmente também desejam ser esposas e mães, mas hoje em dia parece mais adequado anunciar em primeiro lugar as metas profissionais. Embora valorizemos essas oportunidades para as mulheres, a maternidade e as prendas domésticas quase desapareceram da sociedade moderna como uma jornada natural e valorizada a ser trilhada pelas mulheres. Em vez disso, a idéia dominante é a de que se as mulheres tiverem acesso às conveniências modernas, para cuidar do lar e da família, estarão livres para buscar suas próprias realizações. O lar é freqüente e erroneamente considerado um lugar do qual as mulheres precisam se libertar. Algumas ideologias até desejam que as mulheres pensem que os deveres domésticos limitam seu potencial, e há mulheres e homens que ficam tentados a desprezar os aspectos diários e importantes da vida no lar; por isso é que estão desaparecendo nossos rolos de massa e nossas vassouras. Embora as conveniências modernas nos tenham libertado de alguns trabalhos no cuidado do lar, elas resultaram no declínio da vida doméstica. Somos tentados a desprezar o valor das atividades domésticas diárias, como as refeições feitas em família e, nesse processo, perdemos importantes oportunidades de crescimento individual e familiar. A escritora Cheryl Mendelson explica: “À medida que as pessoas se tornam cada vez mais dependentes de instituições externas para atender a suas necessidades [diárias], (...) [nossas] habilidades e expectativas (...) diminuem, Professora adjunta da Universidade Brigham Young, Faculdade de Vida Familiar P ara os pioneiros, cuidar do lar significava trabalhar arduamente e proteger-se do ambiente físico hostil. Pensem na história de Ann Howell Burt. Ela emigrou do País de Gales, casou-se e foi morar em um abrigo escavado na encosta de um monte, no norte de Utah, durante o verão de 1863. Como jovem mãe, ela teve de trabalhar arduamente para manter a família em ordem e cuidar de suas necessidades. Ela registrou o seguinte em seu diário: “Há alguns dias, matei uma cascavel com um rolo de massa, quando ela subia a escada, rastejando. Eu estava preparando o jantar, e o bebê estava no chão de terra. (...) Fiquei muito assustada. (...) (...) Há poucos dias, quando eu estava mantendo as moscas afastadas do rosto do bebê, enquanto ele dormia (...), descobri (...) uma grande tarântula subindo em direção à criança. Peguei a vassoura e a empunhei na direção da tarântula. Quando ela subiu na vassoura (...) corri para jogá-la no fogo.”1 Embora nem todos tenhamos que nos preocupar com tarântulas ou serpentes invadindo nossa casa, temos influências até mais perigosas que nos ameaçam. Nossas tarântulas e serpentes são morais e podem ser muito sutis. Incluem o aborto, o desprezo pelas tarefas domésticas, a dificuldade para realizar refeições em família, a inversão dos papéis do pai e da mãe, o enfraquecimento do casamento pelo divórcio, e coabitação e casamento entre pessoas do mesmo 14 O Declínio da Vida Doméstica reduzindo assim a probabilidade de que o lar consiga satisfazer a essas necessidades”.2 Numa conferência geral, o Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) advertiu: “Muitas restrições sociais que no passado ajudaram a fortalecer e amparar a família estão-se dissolvendo e desaparecendo. Tempo virá em que somente os que acreditarem profunda e ativamente na família conseguirão preservá-la, em meio ao mal que se fortalece ao nosso redor”.3 Proteger Nosso Lar e Nossa Família Como conseguiremos defender nosso lar do “mal que se fortalece” e progredir rumo a nossas metas eternas? FOTOGRAFIAS: HYUN-GYU LEE E MIN HEE LEE, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Em primeiro lugar, precisamos redescobrir e preservar No Bible Dictionary, lemos: “Só o lar pode comparar-se ao templo, em santidade”.4 Se o nosso lar é comparado ao templo, o que existe nele que o torna sagrado? Um dicionário define sagrado como algo “pertencente ou dedicado a Deus; digno de reverência; separado ou dedicado a uma pessoa, objeto ou propósito; inviolável, que não se pode infringir; vedado ou imune, como à violência ou interferência.”5 Apliquem esse conceito de sagrado às atividades diárias do lar, como a hora das refeições, a música, a recreação, lavar roupa e cuidar do lar e do quintal. Atividades materiais podem ter um propósito mais elevado e não devem ser menosprezadas; elas nos dão a oportunidade de desenvolver e praticar as virtudes de caráter e o comportamento a natureza sagrada do lar e seus propósitos. ético. Realizando essas atividades diárias, podemos aprender verdades morais e praticar a honestidade, paciência, caridade e bondade fraternal. Da recreação e das tarefas diárias do lar provém um rico contexto para que as crianças e os adultos façam escolhas e aprendam com elas. Por exemplo, um filho, um cônjuge ou até um colega de quarto pode decidir contribuir no lar, vendo o que precisa ser feito e fazendo essas coisas com alegria. Ou então a pessoa pode optar por esperar que lhe peçam, e depois reclamar da inconveniência. Os eventos diários do lar podem parecer tão simples a ponto de menosprezarmos sua importância — tal como aconteceu com os filhos de Israel ao serem castigados por uma praga de serpentes. Para serem curados, eles tinham simplesmente que olhar para uma serpente de bronze pendurada em uma haste (ver Números 21:8–9); mas, por isso ser tão simples, muitos não o fizeram. “Por causa da simplicidade do método, ou seja, da facilidade dele, houve muitos que pereceram” (1 Néfi 17:41). As atividades diárias de nosso lar podem ser simples, mas justamente por serem simples, freqüentes e repetidas, elas oferecem oportunidades para edificar as pessoas e a família. Em segundo lugar, precisamos fazer das refeições em Hoje, muitos acham mais fácil fazer individualmente um lanche rápido na cozinha, jantar no carro ou ir ao restaurante mais próximo, para uma refeição rápida, em vez de preparar o alimento e sentar-se juntos em família. família um evento diário. A L I A H O N A JULHO DE 2007 15 A té a menor das crianças pode sentirse individualmente valorizada por algo tão terreno quanto dobrar a roupa lavada. Ao longo dos anos, à medida que a complexidade das tarefas aumenta, as crianças adquirem confiança em sua capacidade de decidir e fazer coisas dignas. 16 O que estamos perdendo? A refeição em família tem inúmeros efeitos benéficos. Há evidências de que as refeições em família ajudam as crianças a ter uma nutrição melhor,6 menos problemas psicológicos e menos comportamentos arriscados e autodestrutivos.7 A refeição em família num ambiente positivo também desempenha um papel importante na prevenção de práticas pouco saudáveis de controle de peso.8 O simples ato de preparar uma refeição e desfrutá-la juntos ajuda os membros da família a manter-se unidos. A refeição não precisa ser sofisticada, para criar um momento no qual podemos ficar sabendo dos sentimentos que cada pessoa teve durante o dia. As distrações externas podem ser administradas, de modo que a atenção se concentre no ato de passar as travessas uns para os outros, no de conversar e no de interagir. As crianças aprendem a compartilhar os alimentos com a família, em vez de pedir porções individualizadas, como acontece num restaurante. A hora da refeição em família dá aos filhos uma sensação de segurança, pois eles sabem o que é esperado no fim de cada dia. Também é o momento de expressar em uma oração a Deus a nossa gratidão pela refeição e por outras bênçãos. Talvez o mais importante seja que a rotina das refeições em família possa promover conversas informais sobre o evangelho. Em terceiro lugar, precisamos reconhecer que as atividades em família têm efeitos temporais e espirituais. Deus só nos deu man- damentos espirituais — nenhum deles é temporal (ver D&C 29:35). Temporal significa algo que dura somente pelo período desta vida. Os mandamentos de Deus são eternos. Podemos aplicá-los em nosso lar, dando-nos conta de que nossas ações na Terra têm conseqüências eternas. Nossas ações determinam a pessoa em que nos tornaremos hoje e na vida futura. Por exemplo, à medida que o pai e a mãe “[amem]-se mutuamente e [amem] os filhos, e (...) [cuidem] um do outro e dos filhos”,9 estarão promovendo o desenvolvimento de características que lhes permitirão progredir juntamente com os filhos na eternidade. No lar, aprendemos lições de vida que edificam um caráter forte. O pesquisador familiar Enola Aird nos lembra que no lar aprendemos a trabalhar e a governar-nos, aprendemos boas maneiras e princípios morais, aprendemos a nos tornar auto-suficientes — ou não.10 “Sem o trabalho humanizador dos pais, mesmo que os filhos sejam muito inteligentes, altamente instruídos e bem-sucedidos, pode ser que eles se tornem tão egoístas, egocêntricos e indiferentes a ponto de serem praticamente incivilizados — incapazes de exercer o espírito de comunidade com outras pessoas.”11 Se percebermos o valor da vida diária, veremos que até a menor das crianças pode sentir-se individualmente valorizada por meio de algo tão terreno quanto dobrar a roupa lavada. As crianças pequenas podem combinar meias, separar cores, dobrar toalhas e receber reconhecimento por suas realizações. Ao longo dos anos, à medida que a complexidade das tarefas aumenta, as crianças adquirem confiança em sua capacidade de decidir e fazer coisas dignas. Iluminar o Lar As responsabilidades familiares são oportunidades de praticar a aquisição de luz e verdade por meio da obediência. Jesus Cristo é a Luz do mundo. Quando O seguimos e cumprimos Seus mandamentos, andamos em Sua luz. Quanto mais de perto O seguirmos, mais luz e verdade teremos. Podemos ser um exemplo de obediência para nossos filhos, prestando atenção às nossas responsabilidades. Por exemplo, ao aprenderem a realizar regularmente suas tarefas, os pais e os filhos aprendem obediência e precisão no cumprimento de pequenas coisas que têm conseqüências menos graves. Desse modo, estarão mais bem preparados para cumprir os mandamentos e fazer convênios sagrados. Entre as instruções fundamentais e importantes dadas, quando a Igreja foi organizada, estava o conselho de “cumprir todas as obrigações familiares” (D&C 20:47, 51). Três anos mais tarde, alguns irmãos que lideravam a Igreja foram repreendidos por negligenciar suas obrigações familiares (ver D&C 93:41–50). Atualmente, na Proclamação da Família, somos novamente lembrados de nossas sagradas obrigações familiares. Freqüentemente pensamos nas obrigações familiares em termos de oração familiar, noite familiar e leitura das escrituras, mas devemos também lembrar que atividades como alimentar-nos e vestir-nos ajudam-nos a praticar amor, serviço, obediência e cooperação. Essas rotinas simples e diárias têm uma grande influência em nossa vida. Acaso podemos achegar-nos mais ao Senhor por meio da vida diária — por meio de refeições em família e recreações sadias? Sem dúvida alguma. Quanta luz queremos? O Senhor prometeu: “Aquele que recebe luz e persevera em Deus recebe mais luz” (D&C 50:24). E também: “[Darei] ao fiel linha sobre linha, preceito sobre preceito; e com isso vos testarei e provarei” (D&C 98:12). Provem-se fiéis nas pequenas coisas e as coisas maiores serão acrescentadas. As oportunidades de aprender e praticar no lar são sagradas; são momentos de crescer espiritualmente e achegar-nos ao Salvador. Esse processo de crescimento é uma jornada para a vida inteira, e o ambiente de nosso lar dá-nos oportunidades repetidas e constantes de praticar esse processo de nos tornarmos pessoas e famílias mais semelhantes a Deus. ■ Extraído de um discurso proferido em um devocional realizado na Universidade Brigham Young, em 5 de abril de 2005. NOTAS 1. Sophy Valentine, Biography of Ann Howell Burt, 1916, pp. 24–25. 2. Home Comforts: The Art and Science of Keeping House, 1999, pp. 7–8. 3. “Families Can Be Eternal”, Ensign, novembro de 1980, p. 4. 4. Bible Dictionary, “Temple”, p. 781. 5. The World Book Dictionary, 1984, “sacred”, p. 1830. 6. Ver Tami M. Videon e Carolyn K. Manning, “Influences on Adolescent Eating Patterns: The Importance of Family Meals”, Journal of Adolescent Health, maio de 2003, pp. 365–373. 7. Ver Marla E. Eisenberg, Rachel E. Olson, Dianne Neumark-Sztainer, Mary Story e Linda H. Bearinger, “Correlations between Family Meals and Psychosocial Well-Being among Adolescents”, Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine, agosto de 2004, pp. 792–796. 8. Ver Dianne Neumark-Sztainer, Melanie Wall, Mary Story e Jayne A. Fulkerson, “Are Family Meal Patterns Associated with Disordered Eating Behaviors among Adolescents?” Journal of Adolescent Health, novembro de 2004, pp. 350–359. 9. “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49. 10. Ver “On Rekindling a Spirit of ‘Home Training’: A Mother’s Notes from the Front”, em Taking Parenting Public: The Case for a New Social Movement, ed. Sylvia A. Hewlett, Nancy Rankin, e Cornel West, 2002, pp. 13–28. 11. “On Rekindling”, p. 19. A L I A H O N A JULHO DE 2007 17 Esta, a Maior de Todas as Dispensações ÉLDER JEFFREY R. HOLLAND Do Quórum dos Doze Apóstolos FOTOGRAFIAS: MATTHEW REIER, EXCETO QUANDO INDICADO D irijo-me a vocês no contexto da ansiedade constante que há no mundo e de alguns desafios que enfrentamos. Desde o dia 11 de setembro de 2001, ficamos mais temerosos e alarmados com os eventos internacionais e com o uso indiscriminado da palavra terror. Sei que muitos de vocês já se perguntaram o que tudo isso significa em relação ao fim do mundo e sua vida nele. Muitos se perguntam: “Será que essa é a hora da Segunda Vinda do Salvador e de tudo o que foi profetizado acerca desse evento?” Realmente, pouco depois do dia 11 de setembro, um missionário me perguntou com toda a sinceridade e cheio de fé: “Élder Holland, estamos nos últimos dias?” Vi sinceridade no rosto dele e um pouco de medo em seus olhos. Eu disse: “Sim, Élder, estamos nos últimos dias, mas não há realmente nada de novo nisso. A prometida Segunda Vinda do Salvador começou com a Primeira Visão do Profeta Joseph Smith, em 1820. Podemos ter certeza de que estamos nos últimos dias — há vários e vários anos”. Dei-lhe um caloroso aperto de mão e mandei-o seguir seu caminho. Ele sorriu, parecendo mais reconfortado por colocar tudo aquilo no devido contexto, e tinha a cabeça um pouco mais erguida quando terminamos nossa conversa. Apresso-me em dizer que sei muito bem o que aquele jovem estava querendo saber. Na verdade, o que ele estava dizendo era: “Será que vou terminar minha missão? Valerá a pena estudar? Posso ter esperança de casar? Terei um futuro? Há alguma felicidade em meu caminho?” E a resposta a vocês é a mesma que dei a ele: “Sim, sem dúvida — para todas essas perguntas”. Quanto ao momento exato da triunfante e publicamente testemunhada Segunda Vinda e seus eventos abaladores, não sei quando isso acontecerá. Ninguém sabe. O Salvador disse que nem os anjos do céu o saberiam (ver Mateus 24:36). Devemos observar os sinais, devemos viver o mais fielmente possível, e devemos compartilhar o evangelho com todos, para que as bênçãos e proteções estejam disponíveis para todos. Não devemos ficar paralisados de medo por causa desse evento e de todos os outros que o acompanham e estão a nossa frente. Não podemos deixar de viver a vida. De fato, devemos vivê-la ainda mais plenamente do que antes. Afinal de contas, Deus espera que vocês não apenas enfrentem o futuro; Ele espera que vocês abracem e moldem esse futuro: amemno, regozijem-se nele e deleitem-se com suas oportunidades. A L I A H O N A JULHO DE 2007 19 Ter Fé e Não Temer Acima, a partir do alto: Templo de Curitiba Brasil, em construção, dezembro de 2006. Templo de Helsinque Finlândia, dedicado em 22 de outubro de 2006. Templo de Nauvoo Illinois, dedicado em 27 de junho de 2002. Há apenas duas coisas que quero dizer a vocês que estão preocupados com o futuro. Digo essas coisas com amor e do fundo do coração. Em primeiro lugar, jamais devemos permitir que o medo e o pai do temor (o próprio Satanás) nos afastem da fé e de uma vida fiel. Todas as pessoas, em todas as eras, tiveram de andar pela fé para um rumo que sempre exibia certo grau de incerteza. Esse é o plano. Simplesmente sejam fiéis. Deus está no comando. Ele conhece vocês individualmente e sabe quais são suas necessidades. Fé no Senhor Jesus Cristo — esse é o primeiro princípio do evangelho. Precisamos prosseguir com firmeza. Deus espera que tenhamos suficiente fé, determinação e confiança Nele, para continuarmos seguindo adiante, vivendo e regozijando-nos. Ele espera que vocês não apenas enfrentem o futuro; Ele espera que vocês abracem e moldem esse futuro: amem-no, regozijem-se nele e deleitem-se com suas oportunidades. Deus espera ansiosamente pela oportunidade de responder a suas orações e realizar seus sonhos, como sempre fez. Mas Ele não poderá fazê-lo se vocês não orarem, e tampouco poderá fazê-lo se vocês não sonharem. Em resumo, Ele não poderá fazê-lo se vocês não acreditarem. Atualmente, há 124 templos em funciona- Duas Escrituras Consoladoras mento, e outros 11 Seguem-se duas escrituras, ambas dirigidas aos que vivem em tempos trabalhosos. A primeira está na seção 101 de Doutrina e Convênios. Essa revelação foi dada quando os santos que estavam reunidos no Missouri sofriam terrível perseguição. Suponho, no pior dos casos, que foi a época mais difícil e perigosa — poderia dizer “cheia de foram anunciados ou estão em construção. 20 terror” — que a Igreja já conheceu. Mas naquele momento assustador, o Senhor disse a Seu povo: “Portanto, que se console vosso coração no que diz respeito a Sião; pois toda carne está em minhas mãos; aquietai-vos e sabei que eu sou Deus. Sião não será removida de seu lugar, apesar de seus filhos estarem dispersos. Os que permanecerem e forem puros de coração retornarão para suas heranças, eles e seus filhos, com cânticos de eterna alegria, para edificar os lugares desolados de Sião — E todas estas coisas para que os profetas se cumpram” (D&C 101:16–19). Portanto, consolem seu coração em relação a Sião. E lembrem-se da definição mais fundamental de Sião que já foi dada: São os “puros de coração” (D&C 97:21). Se continuarem tendo um coração puro, vocês e seus filhos e netos cantarão hinos de eterna alegria ao edificar Sião — e não serão expulsos de seu lugar. O segundo versículo que citarei foi proferido pelo Salvador para Seus discípulos quando Ele estava para ser crucificado e eles enfrentavam medo, confusão e perseguição. Em Seu último conselho coletivo a Seus discípulos, na mortalidade, Ele disse: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33). Portanto, num mundo cheio de tribulações, lembremo-nos de nossa fé. Lembremonos das outras promessas e profecias que nos foram dadas, todas elas reconfortantes, e vivamos mais plenamente, com mais destemor e coragem do que em qualquer outra época. Cristo venceu o mundo e abriu um caminho para nós. Ele disse, especialmente para os nossos dias: “Cingi vossos lombos e preparai-vos. Eis que o reino é vosso e o inimigo não prevalecerá” (D&C 38:9). NO ALTO, À ESQUERDA: FOTOGRAFIAS: WAGNER TOASSA JR.; SHAUN STAHLE, CORTESIA DE CHURCH NEWS; E JOHN LUKE esta é a dispensação da plenitude dos tempos. H á mais de dois mil anos, havia um templo no Velho Mundo e dois ou três templos na história do Livro de Mórmon, mas hoje os templos estão-se multiplicando tão rapidamente que mal conseguimos contá-los! Três Citações Proféticas Isso nos leva ao segundo ponto que desejo abordar sobre os dias em que vivemos. Estamos no palco da mortalidade, na maior dispensação que já foi concedida à humanidade, e precisamos tirar o melhor proveito disso. Eis uma de minhas citações favoritas do Profeta Joseph Smith (1805–1844): “A edificação de Sião é uma causa que interessou o povo de Deus em todas as eras; é um tema sobre o qual profetas, sacerdotes e reis falaram com particular deleite; eles ansiaram com alegria o dia em que vivemos; e inspirados por esse anseio celestial e jubiloso, cantaram, escreveram e profetizaram sobre esta nossa época; (...) somos o povo favorecido que Deus [escolheu] para trazer à luz a glória dos últimos dias”.1 Observem esta afirmação semelhante, feita pelo Presidente Wilford Woodruff (1807–1898): “O Todo-Poderoso está com este povo. Deveremos receber todas as revelações que precisarmos, se cumprirmos com o nosso dever e obedecermos aos mandamentos de Deus. (…) Enquanto eu (…) viver, quero cumprir com o meu dever. Quero que os santos dos últimos dias cumpram com o seu dever. O Santo Sacerdócio está aqui (…) Sua responsabilidade é enorme e magnífica. Os olhos de Deus e de todos os santos profetas estão voltados para nós. Esta é a grande dispensação de que se fala desde a fundação do mundo. Estamos reunidos (…) pelo poder e mandamento de Deus. Estamos realizando a obra de Deus. (…) Desempenhemos nossa missão”.2 Por fim, gostaria de compartilhar uma citação do Presidente Gordon B. Hinckley, nosso profeta moderno, que nos guia hoje nestes tempos desafiadores que enfrentamos: “Nós, desta geração, somos a colheita final de tudo o que passou. Não é o bastante ser apenas conhecido como membro desta Igreja. Uma obrigação solene repousa sobre nós. Devemos encará-la e ocupar-nos dela. Precisamos viver como verdadeiros seguidores de Cristo, com caridade para com todos, retribuindo o mal com o bem, ensinando pelo exemplo os caminhos do Senhor e desempenhando o amplo serviço que Ele delineou para nós. Que possamos viver dignos da gloriosa investidura de luz, entendimento e verdade eterna que chegaram até nós atravessando os perigos do passado. De algum modo, em meio a todos os que caminharam sobre a Terra, fomos enviados para cá nesta era singular e notável. Sejam gratos e, acima de tudo, sejam fiéis”.3 Ao longo de um período significativo de tempo, nossos profetas não se concentraram nos horrores dos dias em que eles viveram nem nos elementos sombrios dos últimos dias, nos quais estamos vivendo, mas sentiram-se inspirados a falar das oportunidades, bênçãos e, acima de tudo, da responsabilidade de tirarmos proveito dos privilégios que nos são concedidos nesta, que é a maior de todas as dispensações. Gosto muito das palavras do Profeta Joseph Smith, quando ele disse que os profetas, sacerdotes e reis que nos antecederam “aguardavam com ansiedade e alegria o dia em que vivemos; e (...) cantaram, escreveram e profetizaram a respeito desta nossa época”. Por que eles se regozijaram tanto? Posso assegurar-lhes que não estavam pensando no terror e nas tragédias. O Presidente Woodruff disse: “Os olhos de Deus e de todos os santos profetas estão voltados para nós. Esta é a grande dispensação de que se fala desde a fundação do mundo”. Gostaria de repetir as palavras do Presidente Hinckley: “Atravessando os perigos do passado, [de] algum modo, em meio a todos os que caminharam sobre a Terra, fomos enviados para cá nesta era singular e notável. Sejam gratos e, acima de tudo, sejam fiéis”. Não sei como vocês se sentem a respeito de tudo isso, mas de repente todas as ansiedades indevidas a respeito da época em que vivemos se dissiparam em mim, e sinto-me humilde, espiritualmente entusiasmado e motivado pela oportunidade que nos foi concedida. Deus está zelando pelo Seu mundo, Sua Igreja, Seus líderes e, sem dúvida alguma, está zelando por vocês. Simplesmente vamos cuidar para que sejamos “puros de coração” e que sejamos fiéis. Quão abençoados serão vocês. Quão afortunados serão seus filhos e netos!. Pensem na ajuda que recebemos para levar a luz do evangelho a um mundo envolto em trevas. Temos aproximadamente 53.000 missionários — muito mais do que em qualquer outra era. E esse número se repete a cada dois anos, pelos que substituem os que voltam para casa! No entanto precisamos de ainda mais. Há mais de dois mil anos, havia um templo no Velho Mundo, e dois ou três templos na história do Livro de Mórmon, mas hoje, os templos estão-se multiplicando tão rapidamente que mal conseguimos contá-los! Acrescentem o milagre do computador, que nos ajuda a documentar nossa história da família e a realizar as ordenanças de salvação para nossos entes queridos falecidos. Acrescentem o transporte moderno, que permite que as Autoridades Gerais circundem o globo e prestem pessoalmente seu testemunho do Senhor a todos os santos de todas as terras. Acrescentem o fato de que agora podemos “enviar” a palavra, como dizem as escrituras, ‘aos lugares que não podemos ir’, por meio da transmissão via satélite (ver D&C 84:62). Acrescentem todos os elementos de instrução, ciência, tecnologia, comunicação, transporte, medicina, nutrição e revelação que nos cercam, e então começaremos a compreender o que o anjo Morôni quis dizer N NO ALTO À DIREITA E ABAIXO: FOTOGRAFIAS © GETTY IMAGES, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS os últimos dias, Deus derramará Seu Espírito sobre “toda a carne”, e toda a humanidade será abençoada pela luz que virá a todos os campos de empreendimento, como parte da Restauração do evangelho de Jesus Cristo. quando citou repetidas vezes para o meninoprofeta Joseph Smith o profeta Joel, do Velho Testamento, dizendo que nos últimos dias Deus derramaria Seu Espírito sobre “toda a carne” e que toda a humanidade seria abençoada pela luz que viria a todos os campos de empreendimento, como parte da Restauração do evangelho de Jesus Cristo (Joel 2:28; grifo do autor; ver também Joseph Smith — História 1:41). Ponderemos todas essas bênçãos que temos em nossa dispensação e façamos uma pausa para dizer a nosso Pai Celestial: “Grandioso és Tu”.4 Um Banquete de Núpcias Gostaria de acrescentar outro elemento a essa visão geral da dispensação. Como a nossa é a última e maior de todas as dispensações, porque todas as coisas serão por fim concluídas e cumpridas em nossa era, há, portanto, uma responsabilidade específica que recai sobre os ombros dos que são membros da Igreja hoje, mas que não tinha exatamente o mesmo peso para os membros da Igreja de qualquer época anterior à nossa. Temos a responsabilidade de preparar a Igreja do Cordeiro de Deus para receber o Cordeiro de Deus — em pessoa, em glória triunfal, em Seu papel milenar como Senhor dos senhores e Rei dos reis. Temos uma responsabilidade, como Igreja e como membros individuais dessa Igreja, de ser dignos de que Cristo venha a nós, de ser dignos de que Ele nos cumprimente e de que Ele nos aceite e nos receba. A vida que apresentarmos a Ele naquele sagrado momento terá de ser digna Dele! Na linguagem das escrituras, somos aqueles que foram chamados ao longo de toda a história para preparar a noiva (a Igreja) para o esposo (o Salvador) e ser dignos de um convite para o banquete de núpcias (ver Mateus 22:2–14; 25:1–12; D&C 88:92, 96). Portanto, deixando de lado o medo do futuro, sinto-me cheio de um senso avassalador de dever no sentido de preparar minha vida (e, na medida do possível, ajudar a preparar a vida dos membros da Igreja) para aquele dia há muito profetizado, para a ocasião em que apresentaremos a Igreja Àquele a quem ela pertence. Não sei quando esse dia especial virá. Não sei se estarei presente para vê-lo. Mas sei o seguinte: Quando Cristo vier, os membros de Sua Igreja terão de parecer e agir como os membros de Sua Igreja deveriam parecer e agir para ser aceitáveis a Ele. Precisaremos realizar Sua obra e viver Seus ensinamentos. Precisamos ser rápida e facilmente reconhecidos como Seus verdadeiros discípulos. Sem dúvida, foi por isso que o Presidente Hinckley disse: “Não é o bastante [para nós, vocês e eu, agora, em nossa época] ser apenas conhecido como membro desta Igreja. (...) Precisamos viver como verdadeiros seguidores [de] Cristo”. Estes são os últimos dias, e todos precisamos ser os melhores santos dos últimos dias que pudermos ser. Em meio ao conhecimento e à tecnologia que abençoam a humanidade nestes últimos dias, estão a pesquisa do DNA, a pesquisa de história da família com o auxílio de computadores, e tratamentos médicos avançados. A L I A H O N A JULHO DE 2007 23 Viver com Confiança NO MEIO ACIMA E ABAIXO: FOTOGRAFIAS: HYUN-GYU LEE E WELDEN C. ANDERSEN, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Para sermos os melhores santos dos últimos dias que podemos ser, precisamos fazer o trabalho do Senhor — edificar uma família forte, aumentar a espiritualidade pessoal e servir o próximo. 24 Há um futuro feliz para vocês e sua posteridade nestes últimos dias? Sem dúvida alguma! Haverá momentos difíceis em que as terríveis advertências e profecias sobre os últimos dias serão cumpridas? É claro que sim. Será que aqueles que edificaram sobre a rocha de Cristo suportarão os ventos, o granizo e violenta tempestade? Vocês sabem que sim. Vocês receberam essa promessa de uma fonte confiável. Vocês têm a palavra Dele. Essa “rocha sobre a qual estais edificados (...) é um alicerce seguro; e se os homens [e as mulheres] edificarem sobre esse alicerce, não cairão” (Helamã 5:12). Deixo com vocês meu amor e meu testemunho de que Deus não apenas vive, mas Ele nos ama. Ele ama vocês. Tudo o que Ele faz é para nosso bem e nossa proteção. Há males e tristezas no mundo, mas não há mal algum Nele. Ele é nosso Pai — um pai perfeito — e Ele nos ajudará a encontrar refúgio durante a tempestade. Testifico não apenas que Jesus é o Cristo, o santo Filho Unigênito de Deus, mas também que Ele vive, que nos ama e que, pela virtude e mérito de Seu sacrifício expiatório, nós também viveremos eternamente. Esta é Sua Igreja, o reino de Deus na Terra. A verdade foi restaurada. Vivam com confiança, otimismo, fé e devoção. Levem a sério os desafios da vida, mas não fiquem amedrontados nem desanimados por causa deles. Sintam a alegria dos santos nos últimos dias — nunca a ansiedade incapacitante ou o desespero destrutivo. “Não temais, pequeno rebanho. (...) Buscai [Cristo] em cada pensamento; não duvideis, não temais” (D&C 6:34, 36). “Ainda não compreendestes quão grandiosas são as bênçãos que o Pai tem (...) e preparou para vós. (...) Tende bom ânimo. (...) Vosso Q uando Cristo vier, os membros de Sua Igreja terão de parecer e agir como os membros de Sua Igreja deveriam parecer e agir para ser aceitáveis a Ele. é o reino e são vossas as suas bênçãos e são vossas as riquezas da eternidade” (D&C 78:17–18). Deixo com vocês minha bênção, meu amor e um testemunho apostólico da veracidade dessas coisas. ■ Extraído de um discurso proferido no serão do Sistema Educacional da Igreja, realizado em 12 de setembro de 2004. NOTAS 1. History of the Church, volume 4, pp. 609–610. 2. James R. Clark, comp., Messages of the First Presidency of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 6 vols., 1965–1975, volume 3, p. 258. 3. “O Despertar de um Grande Dia”, A Liahona, maio de 2004, p. 84. 4. “Grandioso És Tu”, Hinos, no 43; grifo do autor. MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES Tornar-se um Instrumento nas Mãos de Deus Praticando a Santidade Selecione em espírito de oração e leia as escrituras e ensinamentos desta mensagem que atendam às necessidades das irmãs que você for visitar. Compartilhe suas experiências e seu testemunho. Convide as irmãs a quem você estiver ensinando a fazerem o mesmo. O Que É Praticar a Santidade? Presidente James E. Faust, Segundo Conselheiro na FOTOGRAFIAS DE ESCULTURA E FERRAMENTAS: CRAIG DIMOND; FOTOGRAFIA DA INSERÇÃO: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; BORDA © ARTBEATS Primeira Presidência: “A santidade é a força da alma. Vem por meio da fé e da obediência às leis e ordenanças de Deus. Então, Deus purifica-nos o coração pela fé e o torna livre do que é profano e indigno. Quando alcançamos a santidade por meio da obediência à vontade de Deus, sabemos intuitivamente o que é certo e o que é errado aos olhos do Senhor. (...) Devemos ir ao templo, entre outros motivos, para salvaguardar nossa santidade individual e a de nossa família. Além do templo, com certeza outro lugar da Terra que deveria ser santo é a nossa casa. (...) Que o Senhor abençoe cada um de nós sem exceção em nossa responsabilidade especial de permanecer em lugares sagrados e, assim, encontrar a santidade ao Senhor. É aí que encontramos a proteção espiritual necessária para nós e nossa família” (“Permanecer em Lugares não gostaria de ser tratada com carinho, de que zelassem por nós, de que nos consolassem e nos instruíssem nas coisas de Deus? Como isso acontece? Com um ato de bondade, uma expressão de amor, um gesto atencioso, a Santos”, A Liahona, maio de 2005, mão estendida para ajudar a qualquer pp. 62, 67–68). Élder Dieter F. Uchtdorf, do Quórum momento. Minha mensagem, porém, não é para essas pessoas que recebem dos Doze Apóstolos: “Desenvolver esses gestos de caridade, mas para qualidades cristãs em nossa vida não é uma tarefa fácil, especialmente quando todas nós, que devemos praticar esses atos de santidade todos os dias. Para deixamos de lidar com situações absnos tornarmos como Jesus Cristo, o tratas e começamos a encarar a vida real. O teste consiste em praticar o que Profeta Joseph ensinou: ‘Vocês devem abrir a alma às outras pessoas’.” (“Para proclamamos. Podemos que Todas Nós Nos Sentemos Juntas verificar nosso progresso quando essas no Céu”, A Liahona, novembro de 2005, p. 110). qualidades cristãs precisam tornar-se Bonnie D. Parkin, ex-presidente visíveis em nossa geral da Sociedade de Socorro: “Os vida — como marido convênios — ou seja, as promessas ou esposa, pai ou solenes que fazemos com o Pai mãe, filho ou filha, Celestial, são essenciais para nosso em nossas amizades, progresso eterno. Passo a passo, Ele no trabalho, nos negónos ensina a tornar-nos semelhantes a cios e no lazer. Podemos Ele, convidando-nos a participar de reconhecer nosso cresciSua obra. No batismo, fazemos convêmento, assim como podem nio de amá-Lo de todo o nosso coraas pessoas ao ção e de amar nossas irmãs e irmãos nosso redor, como a nós mesmas. No templo, fazequando aumen- mos também o convênio de ser obetamos nossa dientes, abnegadas, fiéis, honradas e capacidade de caridosas. Fazemos o convênio de ‘[agir] em toda sacrificar-nos e de a santidade consagrar tudo que diante [Dele]’ temos. (...) (D&C 43:9)” “O Senhor (“Qualidades nos chamou Cristãs — O Vento Debaixo de Nossas para fazermos tudo o Asas”, A Liahona, novembro de 2005, que pudermos com ‘santip. 102). dade de coração’ [D&C 46:7]. E a santidade é fruto do cumpriComo Posso Praticar a Santidade e Ser mento dos convênios. (...) A santidade impele-nos a dizer: ‘Eis-me um Instrumento nas Mãos de Deus? aqui, envia-me’” (“Com Santidade Kathleen H. Hughes, ex-primeira de Coração”, A Liahona, novembro conselheira na presidência geral da de 2002, pp. 103, 105). ■ Sociedade de Socorro: “Quem de nós A L I A H O N A JULHO DE 2007 25 PA R Á B O L A S D O Mestre © PROVIDENCE COLLECTION Jesus ensinou por parábolas para ocultar o significado delas. Desse modo, os ouvintes da parábola aprendiam as verdades religiosas na medida de sua fé e inteligência. Acima: Parábola dos Talentos, de Henry Coller. “Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe [ao que havia enterrado seu talento]: Mau e negligente servo; (...) Tirai-lhe pois o talento” (Mateus 25:26, 28; ver vv. 14–30). 26 À esquerda: Parábola do Acima: Resgate da Ovelha E, chegando a casa, convoca os amigos Semeador, de George Soper. Perdida, de Minerva K. Teichert. e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos “Eis que o semeador saiu a semear. “Que homem dentre vós, tendo cem comigo, porque já achei a minha ovelha ovelhas, e perdendo uma delas, não perdida. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho (...) deixa no deserto as noventa e nove, e Digo-vos que assim haverá alegria no E outra parte caiu em pedregais (...) não vai após a perdida até que venha céu por um pecador que se arrepende, E outra caiu entre espinhos (...) a achá-la? mais do que por noventa e nove justos E outra caiu em boa terra” (Mateus 13:3–5, 7–8; ver vv. 3–23). E achando-a, a põe sobre os seus ombros, gostoso; que não necessitam de arrependimento” (Lucas 15:4–7). A L I A H O N A JULHO DE 2007 27 Acima: Cinco Delas Eram Joio, de James Tissot. “O reino dos céus o reino dos céus será semelhante a dez é semelhante ao homem que semeia a boa virgens que, tomando as suas lâmpadas, semente no seu campo; saíram ao encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. (...) À meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. (...) E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, (...) Mas as prudentes responderam, 28 À direita: O Inimigo Semeou o Prudentes, de Walter Rane. “Então Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo. (...) E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu, no teu campo, boa semente? (...) E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. (...) “Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; (...) Colhei primeiro o joio (...) para dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu a vós” (Mateus 25:1–4, 6, 8–9; ver vv. 1–13). celeiro” (Mateus 13:24–28, 30). À direita: O Fariseu e o os olhos ao céu, (...), dizendo: Ó Publicano, de Robert T. Barrett. Deus, tem misericórdia de mim, “O fariseu, estando em pé, orava pecador! consigo desta maneira: Ó Deus, graças Digo-vos que este desceu justificado te dou porque não sou como os demais para sua casa, e não aquele; porque homens, roubadores, injustos e adúlteros; qualquer que a si mesmo se exalta será nem ainda como este publicano. (...) humilhado, e qualquer que a si mesmo O publicano, porém, estando em se humilha será exaltado (Lucas 18:10–11, 13–14; ver vv. 9–14). CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA pé, de longe, nem ainda queria levantar Acima: O Bom Samaritano, de Gustave Doré. “Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele” (Lucas 10:33–34; ver vv. 25–37). À esquerda: Filho Pródigo, de Clark Kelley Price. “E, levantando- se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançouse-lhe ao pescoço e o beijou” (Lucas 15:20; ver vv. 11–32). ■ A L I A H O N A JULHO DE 2007 29 vulga r inteligente a l a F a u T A a i c n u n e D e T diz podem cla As palavras que você É L D E R L . TO M P E R R Y Do Quórum dos Doze Apóstolos FOTOGRAFIAS: CHRISTINA SMITH, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS U m dos grandes personagens do Novo Testamento, por quem sempre tive especial interesse, foi Pedro. Ele teve de esforçar-se arduamente para vencer as coisas do mundo e preparar-se para ser uma testemunha e um mestre do evangelho de Jesus Cristo. Há uma lição interessante a ser aprendida quanto ao relacionamento entre o Salvador e Pedro, nas horas finais, antes do julgamento e a crucificação do Salvador. “Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás. o v i t a t s pre ssificá-lo e qualificá-lo. Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja mister morrer contigo, não te negarei” (Mateus 26:34–35). Nossa Fala Revela Quem Somos Chegaram então aqueles momentos fatídicos em que Pedro não se identificou como discípulo do Salvador, mas seu amor por Ele exigiu que estivesse presente nos julgamentos, para ver o que aconteceria. “Pedro estava assentado fora, no pátio; e, aproximando-se dele uma criada, disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu. Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes. E, saindo para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o Nazareno. E ele negou outra vez com juramento: Não conheço tal homem. rud e l e v í s n e s A L I A H O N A JULHO DE 2007 31 A fala de Pedro revelou quem ele era e onde tinha sido criado. Nossa fala expressa o tipo de pessoa que somos e expõe nossa formação e estilo de vida. Descreve nosso modo de pensar bem como nossos pensamentos íntimos. 32 E, daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente também tu és deles, pois a tua fala te denuncia. Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou. E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente” (Mateus 26:69–75). Assim como a fotografia do passaporte, a assinatura, ou a impressão digital pode identificar uma pessoa, a fala de Pedro revelava quem ele era e onde tinha sido criado. Da mesma forma, vocês são classificados e colocados em uma categoria específica pelas pessoas que os ouvem falar. Nossa fala expressa o tipo de pessoa que somos e expõe nossa formação e estilo de vida. Ela descreve nosso modo de raciocinar e nossos pensamentos íntimos. Provavelmente vemos mais palavras profanas e vulgares sendo usadas hoje do que em qualquer outro período da história. Tive uma experiência pessoal em minha vida que me mostrou como a utilização de uma palavra errada pode chocar aqueles que não esperam que usemos uma palavra assim. Eu estava num acampamento de recrutas dos fuzileiros navais dos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial. Evidentemente, a linguagem utilizada pelos meus colegas fuzileiros não era do tipo que vocês usariam. Sendo um missionário que retornara recentemente do campo, decidi que manteria minha linguagem em um nível mais elevado do que a utilizada pelos outros. Procurei constantemente evitar a utilização até dos palavrões mais simples e comuns. Certo dia, estávamos atirando no campo de tiro ao alvo, para determinar nossa qualificação final. Eu tinha me saído bem nas posições de 100, 200 e 300 jardas. Estávamos então na posição de 500 jardas. Tudo que eu precisava era de uma classificação razoável — precisaria apenas acertar o alvo, mesmo que não acertasse bem no centro — e então me tornaria um perito em tiro ao alvo. Estávamos entusiasmados com o desejo de atingir a excelência e de estar no topo da lista do pelotão, no tiro ao alvo. Fiquei tenso na posição de 500 jardas e no primeiro tiro joguei o ombro contra o rifle. Evidentemente, a bandeira foi erguida — tinha errado o alvo. E assim, perdi também a oportunidade de ser qualificado como perito em tiro ao alvo. Deixei escapar um palavrão que eu tinha decidido que jamais usaria. Para minha surpresa e vergonha, de repente, o grupo inteiro parou de atirar, e todos se viraram e olharam para mim com a boca aberta. Qualquer outro fuzileiro naquela posição naquele dia poderia ter usado aquela palavra sem que ninguém A NEGAÇÃO DE PEDRO, DE CARL HEINRICH BLOCH, CORTESIA DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL DE FREDERIKSBORG, EM HILLERØD, DINAMARCA Uma Palavra Chocante desse atenção. Mas como eu tinha decidido que manteria os padrões do campo missionário enquanto estivesse entre os fuzileiros navais, todos ficaram chocados quando me esqueci de quem eu era. O próprio Salvador nos instruiu a respeito do uso da linguagem. Ele disse: “O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem” (Mateus 15:11). Muitas vezes, em nosso empenho de refrear a linguagem imprópria, procuramos palavras para substituí-las. Às vezes, elas são tão parecidas com as palavras vulgares que provavelmente todo mundo sabe que estamos substituindo os palavrões e, na verdade, não estamos melhorando o nosso vocabulário. Muitas vezes, fico perplexo ao ouvir durante a reunião sacramental discursos de missionários que retornaram do campo. Ouço palavras, frases e expressões que eles aprenderam no campo missionário e que eram realmente substitutos para vulgaridades, demonstrando sua incapacidade de dominar um vocabulário adequado e de deixar a impressão correta do que estiveram fazendo na missão. 2. Se você cometer um deslize e disser um palavrão ou uma palavra que o substitua, reconstrua mentalmente a frase sem a palavra vulgar ou a palavra substituta. 3. Repita a nova frase em voz alta. Por fim, você acabará desenvolvendo o hábito de falar sem usar palavras vulgares. Acho que as instruções que Paulo deu aos santos de Éfeso são úteis hoje, a todos nós: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção” (Efésios 4:29–30). Tenha a coragem de manter sua linguagem limpa e pura. Melhore seu vocabulário — isso o colocará entre aqueles que serão encontrados servindo ao Senhor. O Salvador ensinou: “O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca” (Lucas 6:45). Que sua boca expresse a abundância do que há de bom em seu coração, é minha oração por todos vocês. ■ Como Melhorar Sua Linguagem Para todos os que adquiriram o costume de usar palavras profanas ou vulgares e gostariam de corrigir esse hábito, gostaria de oferecer uma sugestão. 1. Assuma o compromisso de apagar essas palavras de seu vocabulário. a h n e t n Ma sua em g a u ling a p lime ! a r pu 33 PROCURE ABRIGO “A desculpa dada é de que essas coisas [a pornografia] são difíceis de evitar, elas estão sempre diante de nós e não há escapatória. Suponham que haja uma tempestade de neve rugindo e uivando ao seu redor. Vocês não conseguirão pará-la. Mas podem vestir-se adequadamente e procurar abrigo para que a tempestade não os afete.” Presidente Gordon B. Hinckley, “Um Mal Trágico entre Nós”, A Liahona, novembro de 2004, p. 61. 34 Minha Batalha contra a Pornografia NOME OMITIDO ILUSTRAÇÕES: ROGER MOTZKUS E u tinha apenas dez anos de idade quando tive meu primeiro contato com a pornografia. Estava na casa de um amigo mais velho e assistíamos à televisão. Ele foi até seu computador e disse que tinha algo para me mostrar. Quando perguntei o que era, ele disse: “Fotografias de garotas sensuais”. Eu disse que olhar para esse tipo de coisas era contrário à minha religião, mas ele disse: “É, eu sei. Mas todo mundo vê essas coisas. É natural”. Recusei-me a olhar e fui embora. Dois anos depois, eu estava novamente na casa do meu amigo. A diferença foi que dessa vez deixei a curiosidade e a tentação me dominarem, e concordei em ver o que ele tinha para me mostrar. Esse foi o maior erro da minha vida. Todos os dias fico desejando não ter entrado por esse caminho. Continuei a ver pornografia em meu computador. Ele ficava num lugar isolado, mas se alguém entrasse, eu dizia que era uma imagem que entrara sem ser solicitada na tela ou dava outra desculpa. Durante todo o ano seguinte, silenciei o meu sentimento de culpa e nem sequer tentei parar de ver pornografia. Convenci a mim mesmo de que era uma coisa natural e ignorei todos os conselhos que ouvi na Igreja dizendo o contrário. Não me dei conta, a princípio, mas eu tinha ficado viciado em pornografia. Comecei a olhar para as moças de modo diferente, e sinto vergonha dos pensamentos que tive. Numa conferência de jovens, meu presidente de estaca disse que ver pornografia tornava os jovens indignos de exercer o sacerdócio. Seu discurso me convenceu de que eu precisava parar. A princípio, achei que conseguiria fazê-lo sozinho. Não quis contar para o bispo, porque não queria que ele me condenasse pelo que eu estava fazendo. Em vez disso, resolvi simplesmente parar de olhar. Infelizmente, minha resolução não durou muito tempo. Prometia a mim mesmo todas as vezes que aquela seria a última, mas o vício estava tão enraizado em mim que, pouco depois, estava olhando de novo. Muitos outros pecados resultaram desse. Continuei a ir para a Igreja, mas não prestava atenção. Deixei que Satanás tivesse poder sobre minha vida e perdi a influência do Espírito. Menti a respeito da leitura das escrituras no seminário. Menti sobre meus registros de escotismo. Até colei na escola. Tornei-me tudo aquilo que me tinham ensinado a não ser. Cinco anos se passaram, nos quais eu tentava vencer meu vício por meio de oração e Por mais que me esforçasse para livrar-me do vício, eu estava sempre perdendo a batalha. Por fim, descobri que não conseguiria fazê-lo sozinho. A L I A H O N A JULHO DE 2007 35 PREVENÇÃO A melhor defesa contra a pornografia é não vê-la. As dicas a seguir ajudam a prevenir o primeiro passo rumo ao vício e todas as suas conseqüências: • Muitas pessoas que têm problemas com a pornografia foram iniciadas por um amigo. Se alguém se oferecer para mostrar-lhe pornografia, saia imediatamente. Escolha cuidadosamente as pessoas com quem você passa seu tempo. • Tenha a coragem de desligar qualquer mídia que mostre coisas imorais ou fale sobre a imoralidade, seja qual for a classificação etária. • Coloque os televisores e os computadores em um local da casa no qual muitas pessoas transitem. Não use o computador quando estiver sozinho em casa. • Certifique-se de que todos os computadores com acesso à Internet que você usar tenham um filtro que bloqueie sites pornográficos. Proteja-se contra a tempestade da pornografia (ver a citação do Presidente Hinckley, na página 34). • Nunca abra e-mails de alguém desconhecido. Se acidentalmente encontrar pornografia na Internet, desligue imediatamente o computador e informe um adulto. • Ouça os sussurros do Espírito Santo. Ele o avisará quando você estiver em uma situação perigosa. RECUPERAÇÃO Se você for apanhado pela armadilha da pornografia, é preciso que se arrependa e sobrepuje o vício. Esforce-se no processo de arrependimento, com a ajuda de seu bispo ou presidente de ramo. Os Serviços Familiares SUD dão as seguintes sugestões para a recuperação de um vício: • Pare de racionalizar suas ações. Você precisa parar de justificar seu vício. • Interrompa o círculo vicioso. Impeça que o seguinte círculo vicioso se repita: 36 Fase 1: A preocupação — concentração em imagens mentais que sejam sexualmente estimulantes. Fase 2: Ritualização — adoção de rotinas que conduzam ao uso da pornografia. Fase 3: Ver ou usar pornografia. Fase 4: Desespero. Você pode vencer a tentação de ver pornografia quebrando o ciclo em qualquer um dos quatro pontos. Eis algumas maneiras de impedir que a fase 1 o conduza à seguinte: 1. Controle seus pensamentos e desejos. Utilize a fé, o jejum, a oração e o estudo das escrituras para vencer pensamentos impuros. Substitua os pensamentos indignos assim que eles entrarem em sua mente, ouvindo música inspiradora, recitando escrituras decoradas ou pensando em coisas saudáveis. 2. Mude sua rotina. Faça algo diferente, como dar uma caminhada, ler as escrituras, conversar com um amigo, praticar um esporte ou tocar um instrumento musical. 3. Elimine a oportunidade. Não se permita ver pornografia: elimine o acesso a ela. 4. Ore pedindo que a esperança substitua seu desespero. Não permita que as recaídas o desanimem. Por meio do arrependimento e do perdão, você pode sentir esperança em vez de desespero. Vencer o vício é um processo que requer tempo. Os bem-sucedidos são os que persistem. • Busque auxílio profissional. Um vício grave pode exigir aconselhamento profissional. Em algumas áreas, seu bispo ou presidente de ramo pode encaminhá-lo ao escritório mais próximo dos Serviços Familiares SUD, que têm um programa de recuperação para as vítimas de vícios. Visite o site www.ldsfamilyservices.org para mais informações. O folheto da Igreja Que a Virtude Adorne Teus Pensamentos (código 00460 059) também contém informações úteis para vencer o vício da pornografia. EVITE A ARMADILHA “A pornografia tem como resultado os frutos corruptos da imoralidade, de lares destruídos e de vidas arrasadas. A pornografia suga a força espiritual necessária para a perseverança. A pornografia pode ser comparada à areia movediça. A pessoa pode cair na armadilha facilmente e sucumbir tão logo entre nela, a ponto de não conseguir ter idéia dos sérios danos que provoca. É provável que a pessoa precise até de ajuda especializada para sair da areia movediça da pornografia. Quão melhor é jamais experimentá-la.” manter minha mente concentrada autocontrole. Mas não consegui venem coisas sagradas. Descobri que o cer o vício sozinho. estudo diário das escrituras foi uma Por fim, admiti para meus pais das maneiras mais úteis de erguer que tinha um problema com pornominhas defesas espirituais. Quando grafia. Disse para eles: “Preciso de eu estava vendo pornografia, nem ajuda. Não consigo fazê-lo sozinho”. sabia onde estavam as minhas escrituEmbora tenha sido difícil para eles, ras. Mas agora eu sabia que precisava meus pais compreenderam e tentaler as escrituras todos os dias para ram ajudar-me. Eles me incentivaram resistir à tentação. a conversar com o bispo. Também tive que tomar mais Eu sabia que meus pais estavam cuidado com o que assistia e ouvia. certos, mas eu tinha medo de falar Muitos programas de televisão e filcom o bispo. Eu o considerava meu mes falam da imoralidade como se amigo e não queria que soubesse fosse uma coisa natural. Dei-me conta dos pecados que eu ocultara por Élder Joseph B. Wirthlin, do Quórum de que isso é natural para o homem tanto tempo. Quando finalmente dos Doze Apóstolos, “Firmes Prossegui”, natural, que é inimigo de Deus (ver reuni coragem para procurá-lo, fiquei A Liahona, novembro de 2004, p. 101. Mosias 3:19). Somente por intermédio surpreso de ver como ele foi comda Expiação de Jesus Cristo consegui preensivo. Não senti que estava me deixar de lado o homem natural e ser condenando; ele só queria ajudar. perdoado de meus pecados. Sei que, Assim que confessei tudo ao se há alguém que pode compreender bispo e comecei a me arrepender, o remorso que senti por meus pecaminha vida imediatamente ficou dos, essa pessoa é o Salvador, que bem melhor. Compreendi que sofreu todas as coisas. para arrepender-me totalAbandonei meu vício de pornogramente de meu vício em fia. Adquiri uma compreensão de que pornografia, eu precisava graças à Expiação, há esperança eterna. arrepender-me de todos os Embora eu precise manter-me constanmeus pecados. Devolvi todos os temente atento, vencerei essa guerra meus prêmios do seminário e as com a ajuda do Espírito em minha vida. insígnias de mérito do escotismo, Sei que o diabo ainda procurará tentaradmitindo que não tinha merecido me, mas ele jamais prevalecerá, se eu recebê-los. Também confessei a tiver o Salvador ao meu lado. meus professores da escola que Aprendi, da maneira mais difícil, tinha colado. que basta uma pequena faísca para Com a ajuda do bispo, dei-me dar início a uma conduta nociva difícil de ser abandonada, conta de como era importante confessar tanto ao bispo que não traz nada além de sofrimento. Deixei que uma quanto ao Senhor (ver D&C 58:43). Antes, eu tentava lutar vã curiosidade me levasse ao pecado e ao desespero, mas contra o vício sozinho, mas agora, eu tinha meus pais, meu estou motivado a manter-me afastado dessa praga pelo bispo e, mais importante, o Senhor ao meu lado. Essas são resto de minha vida. Espero ansiosamente pela oportunidefesas muito fortes contra a tentação. dade de servir em uma missão, casar no templo e, por fim, Instalamos um bloqueio no computador, e comecei a viver com o Pai Celestial e Jesus Cristo novamente. ■ colocar gravuras do templo ou do profeta ao lado dele para DO ALTO À ESQUERDA: FOTOGRAFIAS: JED CLARK, WELDEN C. ANDERSEN, JOHN LUKE E TAMRA RATIETA AREIA MOVEDIÇA A L I A H O N A JULHO DE 2007 37 Como Conversar com os Jovens sobre a Pornografia Se os pais e os líderes do sacerdócio falarem abertamente com os jovens sobre as intimidades, serão capazes de ajudá-los a compreender e evitar os perigos espirituais, emocionais e físicos da pornografia. DA N G R AY Assistente social clínico licenciado FOTOGRAFIAS: CRAIG DIMOND, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS O s jovens de hoje estão sendo bombardeados com imagens explícitas — a maioria delas carnais e voluptuosas. Mas devido à complexidade e à natureza delicada das questões sexuais, muitos pais hesitam ou ficam envergonhados de discutir o assunto com os filhos. Conseqüentemente, muitos jovens buscam respostas com amigos mal-orientados ou com a mídia corrupta, adquirindo uma visão incorreta da sexualidade. Isso pode conduzir a um comportamento impróprio. Queremos ensinar aos nossos jovens a lei da castidade e ajudá-los a evitar as tristezas da imoralidade. E o que nós, pais e líderes do sacerdócio podemos fazer? Precisamos conversar com nossos jovens a respeito da natureza sagrada das intimidades humanas e ajudá-los a compreender e dominar os sentimentos associados a essas intimidades. Se ensinarmos apenas a respeito da sexualidade imprópria, nossos jovens podem tornar-se inseguros. Podemos inadvertidamente transmitir esta mensagem desorientadora: “Os pensamentos e sentimentos sexuais são maus, pecaminosos e errados — reservem-nos para alguém que vocês amem”. Os jovens que recebem apenas mensagens negativas a respeito da sexualidade podem concluir: “Como a atração e os desejos sexuais são maus, e esses sentimentos são muito fortes em mim, então devo ser mau”. Esse tipo de pensamento pode resultar em sentimentos de baixa auto-estima, indignidade e vergonha, que fazem os jovens sentir-se distantes do Espírito. Uma conversa franca pode evitar grande parte dessa confusão. Ao conversarmos com nossos jovens a respeito da natureza sagrada de nosso corpo e da procriação, poderemos ajudá-los a compreender e a evitar os perigos espirituais, emocionais e físicos da pornografia. Nosso Corpo: Sua Natureza Sagrada A mídia freqüentemente exibe uma visão pouco realista de como nosso corpo deve parecer e o que ele representa. Essa visão leva as pessoas a verem o corpo como um objeto, em vez de uma parte essencial da alma. A aceitação dessa visão pode levar a uma quase adoração do “corpo perfeito” e, quando não conseguem isso, ao autodesprezo. Em vez de deixar que a mídia ensine aos nossos jovens esse destrutivo ponto de vista mundano, podemos ensinarlhes que nosso corpo, sob todos os aspectos, é maravilhoso, uma dádiva de Deus, criado para proporcionar alegria e satisfação. Em 1913, o Élder James E. Talmage (1862–1933), do Quórum dos Doze Apóstolos, declarou: “Fomos ensinados (...) a olhar para este nosso corpo como uma dádiva de Deus. Nós, santos dos últimos dias, não consideramos o corpo como algo a ser condenado e abominado. (...) Consideramos [o corpo] como um sinal de nosso legado real. (...) Uma característica exclusiva da teologia dos santos últimos dias é o fato de considerarmos o corpo como uma parte essencial da alma.”1 Essa compreensão pode ajudar os jovens a olhar para o próprio corpo e o de outras pessoas com profundo respeito. O Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, também falou a respeito da natureza sagrada do nosso corpo: “Precisamos simplesmente compreender a doutrina SUD revelada e restaurada a respeito da alma e do papel elevado e inextricável que o corpo desempenha nessa doutrina. Uma das verdades ‘claras e preciosas’ restauradas nesta dispensação é a de que ‘o espírito e o corpo são a alma do homem’ [D&C 88:15; grifo do autor]. (...) A exploração do corpo (incluam a palavra alma aqui) é, em última análise, uma exploração Dele, que é a Luz e a Vida do mundo.”2 Nossa Sexualidade: Uma Dádiva Além de sermos abençoados com um corpo físico, recebemos também o poder sagrado da procriação. Nosso Pai Celestial sancionou o ato de expressão sexual no casamento e permitiu que os casais sintam prazer, amor e satisfação nessa expressão. O Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) declarou: “No contexto do casamento legítimo, a intimidade das relações sexuais são corretas e divinamente aprovadas. Nada há de impuro ou degradante na sexualidade propriamente dita, mas por meio dela o homem e a mulher se unem num processo de criação e numa expressão de amor”.3 Nosso desejo sexual — quando devidamente expressado — deve, portanto, ser visto como uma dádiva maravilhosa e sagrada. O Presidente Boyd K. Packer, Presidente Interino do Quórum dos Doze Apóstolos, falou aos jovens da Igreja sobre esse assunto. Seus vigorosos pontos de vista podem ajudar os pais a ensinarem seus filhos a respeito da natureza positiva e sagrada desse poder. “Nosso corpo foi dotado de um poder de criação que é sagrado. Uma luz, por assim dizer, capaz de acender outras luzes. Esse dom somente deve ser usado dentro dos laços sagrados do matrimônio. Por meio do exercício desse poder de criação pode-se conceber um corpo mortal, no qual entrará um espírito, e uma nova alma nascerá nesta vida. Esse poder é bom. Ele pode criar e suster a vida em família, e nela encontramos a fonte da felicidade. Ele é concedido a praticamente toda pessoa que nasce na mortalidade. É um poder sagrado e importante, e digo novamente a vocês, meus jovens amigos, que esse poder é bom. (...) Grande parte da felicidade que vocês terão na vida dependerá de como usarem esse sagrado poder de criação.”4 Os Efeitos Nocivos da Pornografia Uma das coisas que pode corromper esse poder sagrado é a pornografia. O Presidente Gordon B. Hinckley disse que, por meio da utilização dessas coisas, “a mente dos jovens se torna distorcida com conceitos falsos. A exposição contínua leva a um vício que é quase impossível de ser vencido”.5 Muitas pessoas, até psicólogos profissionais, toleram ou até aprovam o uso da pornografia como uma conduta inofensiva. Justificam essa atitude dizendo que isso é “normal” e não causa nenhum dano, se for feito em lugar isolado e particular. Essa mesma racionalização é usada para desculpar a prática da auto-estimulação que acompanha o uso da pornografia. Portanto, como respondemos quando um A L I A H O N A JULHO DE 2007 39 jovem perguntar: “O que há de tão errado na pornografia e na auto-estimulação?” Os quatro pensamentos a seguir podem ser úteis ao abordar essa questão. Ela degrada a alma, uma alma pela qual Jesus Cristo O corpo faz parte da alma; portanto, quando olhamos para o corpo de outra pessoa para satisfazer nossos próprios desejos voluptuosos, estamos desrespeitando e degradando a alma daquela pessoa, bem como a nossa. O Élder Holland nos advertiu das conseqüências de justificar uma atitude leviana em relação a essas coisas: “Quando banalizamos a alma de outra pessoa (incluam a palavra corpo aqui) estamos banalizando a Expiação, que salvou aquela alma e garantiu sua existência eterna. E quando alguém brinca com o Filho da Retidão, a própria Estrela da Alva, brinca com uma chama e um calor mais brilhante e sagrado que o sol do meio-dia. Não se pode fazer isso sem se queimar.”6 A pornografia denigre e degrada o corpo e o espírito. Precisamos respeitar tanto a nossa própria natureza sagrada quanto a das outras pessoas. expiou. Ela pode impedir-nos de atingir o mais pleno potencial Nosso Pai Celestial criou nosso corpo e nosso espírito. Ele sabe como eles trabalham melhor juntos. Ele sabe o que nos ajudará a atingir nosso potencial e o que prejudicará nosso progresso. Ele sabe o que devemos ingerir e o que devemos evitar. Os profetas nos ensinam que as imagens pornográficas que deixamos entrar em nossa mente prejudicam nosso espírito e que, ao fazê-lo, estamos colocando em perigo nossa capacidade de sentir alegria e felicidade. No entanto, se seguirmos as ordens do Senhor contidas nas escrituras e recebidas por meio dos profetas, poderemos atingir o potencial mais pleno de nossa alma. Ela pode se tornar um vício. A visão repetida da pornografia, especialmente quando associada à auto-estimulação, pode se tornar um hábito ou até um vício. O vício se estabelece quando a pessoa se torna dependente do “êxtase” produzido pelas substâncias químicas liberadas pelo organismo quando a pessoa vê pornografia. A pessoa aprende a ficar dependente dessa atividade para fugir dos problemas da vida e de coisas que provocam estresse emocional, como mágoa, raiva, tédio, solidão ou cansaço. Essa dependência se torna muito difícil de vencer e, às vezes, acaba resultando em encontros sexuais fora dos laços do matrimônio. de nossa alma. 40 Ela cria uma expectativa irreal para o casamento. Quando a pessoa vê pornografia e fica excitada, o corpo sente o mesmo padrão de excitação que ocorre num encontro sexual real. Quando esse comportamento é repetido com freqüência, tanto o corpo quanto a mente se tornam condicionados a certas imagens e condutas sexuais que podem criar uma expectativa irreal e nociva do que deva ser um relacionamento sexual. E tais expectativas, ao serem levadas para o casamento, criam mágoa, desconfiança, conflito, confusão e traição de confiança entre os cônjuges. Virtude Incessante O Senhor oferece imensas bênçãos aos que têm pensamentos puros e virtuosos associados à caridade: “Que a virtude adorne teus pensamentos incessantemente; então tua confiança se fortalecerá na presença de Deus; e a doutrina do sacerdócio destilar-se-á sobre tua alma como o orvalho do céu. O Espírito Santo será teu companheiro constante” (D&C 121:45–46). De que modo podemos manter pensamentos virtuosos “incessantemente?” Os que são bem-sucedidos em vencer os pensamentos e comportamentos impróprios são aqueles que aprendem a ocupar-se em rotinas diárias virtuosas. Essas rotinas podem incluir: • Ouvir música inspiradora. • Desfrutar as criações de Deus na natureza. • Manter nosso corpo limpo e saudável. • Ler as escrituras e bons livros. • Deleitar-se com risos junto aos amigos e familiares. • Participar de conversas que não sejam degradantes nem indecentes. • Expressar gratidão em oração e rogar pela capacidade de resistir à tentação. • Cercar-se de coisas virtuosas no lar e no local de trabalho, inclusive pinturas, gravuras e presentes de entes queridos, objetos que nos façam sorrir ou coisas que nos ajudem a ter boas recordações. Todas essas coisas podem tornar-se símbolos de virtude e podem manter nossa mente concentrada e menos susceptível aos desejos do homem natural. Se os jovens conseguirem aprender e implementar essas estratégias em sua vida, começarão a sentir as maravilhosas bênçãos mencionadas em Doutrina e Convênios 121. Também é vital que compreendam que todos nós temos fraquezas a superar. As fraquezas não nos tornam indignos do amor de Deus. Na verdade, vencer nossas fraquezas faz parte do plano do Senhor para nós. Quando o Senhor nos conscientiza de nossas fraquezas, e nós seguimos Seu mandamento de ser humildes e submissos (e não angustiados e desesperançados), coisas maravilhosas começam a acontecer. Podemos entregar nosso coração ao Senhor com fé. Então, por Sua graça e poder — e não somente por nossa força de vontade — Ele fará com que “as coisas fracas se tornem fortes” (Éter 12:27) para nós. Não nos foi dito que Ele retiraria de nós as nossas fraquezas. Pode ser que continuemos a ser tentados e atormentados por nossas fraquezas, mas se formos humildes e mantivermos a fé, o Senhor nos ajudará a resistir às tentações. O que os jovens com problemas relacionados à pornografia precisam saber é que não estão perdidos, que nós e o Senhor ainda os amamos, e que há uma saída para o problema. O Presidente Hinckley disse: “Suplique ao Senhor do fundo de sua alma para que Ele remova de você o vício que o escraviza. E tenha a coragem de procurar a amorosa orientação de seu bispo e, se necessário, o conselho de profissionais atenciosos”.7 Nossos jovens não devem sentir-se envergonhados de procurar a ajuda dos pais, do sacerdócio e de profissionais. Como pais e líderes, precisamos envolvernos na vida de nossos jovens, esforçando-nos para criar um ambiente onde se sintam seguros. Precisamos ser destemidos em nossa comunicação com eles a respeito dessas importantes questões, incentivandoos a permanecer próximos dos princípios do evangelho e a fortalecer-se contra os poderes do adversário. Precisamos saber quais são e monitorar as atividades de nossos jovens — inclusive a utilização da Internet — e discutir abertamente as bênçãos e os perigos da sexualidade humana, ouvindo-os e dando-lhes orientação e conselhos sensatos. Evidentemente, não devemos contar casos pessoais tirados de nossas próprias experiências íntimas. Mas usando os princípios discutidos neste artigo, podemos ajudar nossos jovens a compreender claramente o poder e o potencial dos desejos sexuais que eles sentem. Mais importante, precisamos dar um bom exemplo para nossos jovens. Eles observam como lidamos com as influências negativas. Nossos jovens precisam compreender que sabemos que a influência do adversário não tem comparação com o poder e influência divina do Senhor, em Quem depositamos nossa confiança. ■ A J U D A PA R A VENCER A PORNOGRAFIA Que a Virtude Adorne Teus Pensamentos é um novo folheto indicado às pessoas que têm problemas com a pornografia. Ele discute como: • Reconhecer a mídia destrutiva. • Resistir à tentação da pornografia e fugir dela. • Abandonar o vício da pornografia. Que a Virtude Adorne Teus Pensamentos (código 00460 059) também cita escrituras e outros recursos da Igreja a respeito do arrependimento, da santificação do corpo e de como vencer as influências mundanas. Os líderes da Igreja e membros da família podem compartilhar o folheto com entes queridos que tenham problemas com a pornografia. QUE A VIRTUDE ADORNE TEUS PENSAMENTOS NOTAS 1. Conference Report, outubro de 1913, p. 117. 2. Of Souls, Symbols, and Sacraments, 2001, pp. 11, 13. 3. The Teachings of Spencer W. Kimball, org. Edward L. Kimball, 1982, p. 311. 4. “Why Stay Morally Clean”, Ensign, julho de 1972, p. 111; grifo do autor. 5. “Um Mal Trágico entre Nós”, A Liahona, novembro de 2004, p. 61. 6. Of Souls, Symbols and Sacraments, p. 13. 7. A Liahona, novembro de 2004, p. 62. A L I A H O N A JULHO DE 2007 41 VOZES DA IGREJA de reféns, batalha de rua, corrida por túneis e edifícios e atendimento de primeiros socorros. Depois de cada teste, mal tínhamos tempo para descansar antes de prosseguir para o Daniel Cisternas próximo ponto de verificação. O asfalto congelante fazia meus pés ficarem dormentes, e meus ombros uando eu tinha 19 anos, fui doíam por causa do equipamento chamado para servir no exérpesado. No entanto, continuei em cito sueco. Como sinaleiro frente e tentei não reclamar. Nosso da artilharia, servi no grupo de grupo enfrentou condições climáticas apoio e no pelotão de frente da árduas e provações difíceis, mas contiOitava Companhia. nuamos marchando como irmãos de Às quatro da manhã de um dia de armas. Ao longo do caminho, enconinverno, nossos oficiais nos ordenatramos civis espantados que riam, ram que vestíssemos o equipamento apontavam o dedo e gritavam para nós. completo e nos reuníssemos do lado Eu estava cansado, com frio, sujo de fora dos alojamentos, em vinte e dolorido quando chegamos ao desminutos. Cansado e faminto por tino final, e o ônibus causa das atividades do dia anteveio buscar-nos. rior, senti que mal fechara os embrei-me Durante a viagem de olhos e lá estava eu novamente das histórias volta à base, pensei preparando-me para enfrentar de fome, nas provações que um novo teste. Lembro-me do frio e dor; das que senti ao sair do calor dos zombarias; das alojamentos para o frio indescricaminhadas por tível que fazia lá fora. quilômetros sem Um imenso ônibus militar fim — as mesmas chegou para apanhar-nos. coisas que eu Disseram que estávamos indo tinha vivenciado para Estocolmo, para um grande naquele dia. teste que determinaria se estaríamos qualificados para continuar o nosso treinamento. Ao chegarmos à cidade, fomos divididos em três grupos, com mapas e destinos diferentes. Caminhamos pelas ruas de Estocolmo, totalmente equipados com armas, munição e outros equipamentos. A cada ponto de verificação, tínhamos de realizar um teste físico, como por exemplo, confronto com o envolvimento Lembrei-me dos Pioneiros Q L 42 meu pelotão e eu tínhamos suportado e perguntei-me se aquele treinamento teria alguma utilidade, além das medalhas concedidas no final. Perguntei-me se alguém mais, além de nós, teria passado por provações como as que tínhamos enfrentado naquele dia. De repente, pensei nas dificuldades e sacrifícios enfrentados pelos pioneiros dos primeiros dias da Igreja. Lembrei-me das histórias de fome, frio e dor; das zombarias; das caminhadas por quilômetros sem fim — as mesmas coisas que eu tinha vivenciado naquele dia. A grande diferença foi que eu tive de suportar aquilo somente por um dia. Os pioneiros viajaram no frio e na neve, chuva e calor, caminhando em meio à lama e poeira. Tinham pouca segurança física, contando apenas com a fé na proteção do Senhor. Os pioneiros caminharam para encontrar Sião porque o Senhor ILUSTRAÇÕES POR DOUG FAKKEL tinha uma obra maravilhosa para ser realizada por aqueles membros. De repente, sem pensar, comecei a cantar “Vinde, Ó Santos” (Hinos, n.º 20), e bem ali no ônibus, comecei a sentir algo diferente dentro de mim. Um grande calor e felicidade fluíramme pelo corpo. Eu não era ativo na Igreja naquela época, e achava que jamais voltaria, mas de repente tive um sentimento, que me dizia: “Volte para a Igreja”. Quando cheguei à base, liguei para meus pais e disse que os amava e que desejava voltar para a Igreja. O domingo seguinte foi uma imensa provação para mim, pois eu precisava de coragem para voltar, por ter ficado afastado por tanto tempo. Não foi fácil, mas valeu a pena. Minha família e os demais membros me ajudaram a sentir-me bem-vindo. Comecei a preparar-me para servir em uma missão, e dois anos depois, recebi um chamado para servir na Missão Cabo Verde Praia. Quando cheguei a Salt Lake City, a caminho do Centro de Treinamento Missionário, vi a obra maravilhosa realizada pelos pioneiros na construção de um templo magnífico e no planejamento de uma bela cidade. Sussurrei brandamente: “Obrigado”. Hoje, quando me pergunto se aquele teste militar teve algum valor, respondo que sim, sem dúvida alguma, porque naquele momento de reflexão dentro de um ônibus, ao lado de um pelotão de companheiros soldados, dei-me conta de quão importante era a obra de Deus. Valeu a pena porque voltei para o Senhor e estou hoje fazendo Sua obra e Sua vontade. ■ Tire as Crianças da Água! Janell Johnson E ra um dia agradável, no verão de 2003. Fui com meus cinco filhos visitar a família de minha irmã, saindo de nossa casa em Logan, Utah, viajando de carro até Bear Lake. Da casa dela até o lago, são poucos minutos de caminhada. Depois de conversarmos um pouco, decidi levar meus filhos e duas primas, Kami e Erin, para brincar à beira do lago. Junto à margem, a água estava quente, e soprava uma brisa suave quando me sentei numa cadeira, para ler e relaxar. Olhei para o lago e notei que Kami estava a uns 50 metros da margem, flutuando numa prancha de isopor. Como o lago ficava muito fundo bem perto da margem, acenei para ela e a chamei para mais perto, mas, àquela distância, ela não ouviu minha voz. Naquele momento, comecei a sentir-me inquieta e ouvi o Espírito sussurrar que as crianças precisavam sair da água. Chamei todas as crianças para que viessem para perto da margem, e relutantemente elas vieram em minha direção. De repente, o Espírito falou bem alto e claro, dizendo: “Tire as crianças da água!” Virei-me para as montanhas que estavam atrás de nós e vi nuvens escuras se juntando. Um relâmpago brilhou intensamente no céu. “Saiam da água”, gritei. “Está A L I A H O N A JULHO DE 2007 43 G ritei para que Kami ouvisse minhas palavras e soubesse que eu estava orando. “Pai Celestial, por favor, dá-nos forças para fazer isso”. chegando uma tempestade com raios e trovões!” Corri para Kami, que estava então a uns 70 metros de distância. Naquele momento, uma rajada de vento nos atingiu. Meu filho de oito anos, Dallin, tentava carregar outra prancha para fora da água, mas o vento o atingiu como a uma vela de barco e o derrubou no chão. Tentei chegar até onde Kami estava o mais rápido que pude, mas o vento a carregava para mais longe na água. Não sou boa nadadora, e com as ondas se erguendo a meu redor, continuei a caminhar dentro da água. Vi que ela estava batendo os pés o mais forte que podia, inclinando-se para um lado da prancha, mas isso de nada valia contra o vento feroz. Ela ainda estava sendo carregada para as águas profundas. 44 As águas começaram a ficar cada vez mais profundas enquanto eu caminhava, até atingirem meus ombros. Então, senti meus pés atingirem um local em que o leito do lago se aprofundava subitamente. Tive de parar, mas ainda estava a uns 18 metros de Kami. Abri a boca para chamá-la, mas para meu terror, não pude emitir som algum. Quando finalmente consegui, minha voz saiu engasgada. Foi então que me dei conta de o quanto a água estava fria naquele lugar. Percebi que eu estava entrando em hipotermia. Eu também não conseguiria voltar. Nós duas iríamos nos afogar. Naquele momento, usando todas as forças que me restavam, gritei para Kami de modo que ela ouvisse minhas palavras e soubesse que eu estava orando. “Pai Celestial, por favor, dá-nos forças para fazer isso”. Num instante, um calor inundou meu corpo, e minhas forças voltaram. Minha voz tornou-se clara e forte, e gritei: “Kami, reme com as mãos!” Os braços da garotinha de dez anos a impulsionaram num nado “cachorrinho”. Ela mal tinha forças para fazer qualquer diferença contra o vento terrível, mas foi como se mãos gigantescas a estivessem empurrando gentilmente até meu braço estendido. Continuei a gritar-lhe palavras encorajadoras, até que nossos dedos se tocaram; naquele momento eu soube que o Pai Celestial tinha me levado até ela, e que conseguiríamos salvar-nos. Na margem, Dallin chorava enquanto o vento e a areia o fustigavam cruelmente. Tive de usar todas as forças para carregar o menino, as outras crianças, as pranchas e os brinquedos para dentro do carro. Ao longe, o som estridente de uma sirene encheu o ar, anunciando um incêndio causado pelos relâmpagos nas montanhas. Aquilo pareceu piorar a situação dramática em que nos encontrávamos, mas eu sabia que tínhamos sido preservados por auxílio divino. Contei às crianças o que havia acontecido na água e, assim que chegamos à casa da minha irmã, agradecemos em oração por Ele ter salvado nossa vida. Quando o fizemos, senti o imenso amor do nosso Pai Celestial. Sei que Ele conhece cada um de Seus filhos e sinto-me muito grata por Ele ter estado conosco naquele dia. ■ Conseguirei Falar Novamente? Javier Gamarra Villena E u já servia em uma missão no meu próprio país, Peru, havia vários meses, quando conheci Santiago. Ele freqüentava a classe de membros novos da Escola Dominical, mas não tinha sido batizado. Nem tinha ouvido as palestras missionárias. Fiquei sabendo que ele tinha um defeito na fala que o deixava inseguro por causa de sua dificuldade para comunicar-se. Durante a maior parte de sua vida, Santiago tinha sido capaz de falar claramente e tinha sido abençoado com uma bela voz para o canto. Mas então, sofreu um derrame. Depois de passar muito tempo em um centro de reabilitação, aprendeu a andar novamente, mas ainda tinha dificuldade para falar. Ficamos entusiasmados quando Santiago decidiu ouvir-nos. Em nossa primeira visita, ele tentou falar, e nós tentamos compreender. Ele gostou particularmente de ler o Livro de Mórmon em voz alta. Nós o amávamos e o admirávamos. Certo dia, enquanto estávamos conversando sobre as ordenanças do evangelho, Santiago disse que estava pronto para o batismo e a confirmação. Depois de terminarmos a palestra, ele se levantou, com os olhos brilhantes e, com grande dificuldade, perguntou: “Élderes, depois que eu for batizado, serei capaz de voltar a falar normalmente?” Fiquei atônito por um momento e alta e fazendo os exercícios que o a princípio não soube o que responmédico lhe recomendara. “O Senhor der. Mas atendendo à influência do viu meu esforço e me devolveu a voz”, Espírito, eu disse, confiante: “Sim, se disse ele. “E não demorará muito para você tiver fé suficiente, o Senhor lhe que Ele me abençoe com a capaciconcederá seu desejo”. dade de cantar novamente”. No dia de seu batismo, lembreiNão consegui conter as lágrimas. me da pergunta de Santiago quando Naquele dia, Santiago ensinou-me lhe pediram que prestasse seu testeuma grande lição. As promessas do munho. Eu sabia que algumas das Senhor nem sempre são cumpridas promessas do Senhor não são cumimediatamente, mas são cumpridas, pridas imediatamente e fiquei me mesmo assim. ■ perguntando se Santiago não se sentiria desapontado, caso sua capacidade de falar não melhorasse imediatamente. Nos dias que se seguiram, ele ainda tinha dificuldade para falar, mas não me pareceu preocupado com isso. Pouco depois, fui transferido e não voltei a ver Santiago até o final de minha missão, quando fui despedirme dele para voltar para casa. Meu companheiro e eu não o encontramos em casa e já estávamos indo embora, quando subitamente ouvimos uma forte voz nos chamar. Era Santiago! Entramos em sua casa, e ele nos disse que estava muito feliz por ser membro da Igreja. Após alguns minutos, antiago observei que ele sabia que estava falando quase o Senhor perfeitamente. lhe concederia seu Surpreso, eu disse: desejo. Portanto, “Santiago, você está demonstrou sua falando bem agora!” fé e fez sua parte Ele disse que sabia lendo o Livro de que o Senhor lhe con- Mórmon em voz cederia seu desejo. alta. Portanto, demonstrou sua fé e fez sua parte, lendo o Livro de Mórmon em voz S Aconteceu em Julho Dica de Liderança 30 de julho de 1837: Vencendo uma corrida até o rio Ribble com outros candidatos ao batismo, George D. Watt tornou-se o primeiro converso da Grã-Bretanha. O Élder Heber C. Kimball o batizou. 24 de julho de 1847: Brigham Young e outros pioneiros entraram no vale do Lago Salgado. 24 de julho de 1929: A Missão Tchecoslováquia foi organizada. 9 de julho de 1976: A Missão Japão Okayama foi organizada. O Presidente James E. Faust, Segundo Conselheiro na Primeira Presidência, ensinou: “Quando o Salvador estava dando treinamento de liderança a Pedro, Ele disse: ‘Quando te converteres, confirma teus irmãos’ (Lucas 22:32). É interessante observar que Ele usou a palavra confirmar. É muito difícil confirmar ou fortalecer sem ser um bom comunicador. Freqüentemente surgem problemas, não porque o plano tenha falhas, mas porque a comunicação é inadequada” (“These I Will Make My Leaders”, Ensign, novembro de 1980, p. 36). Portanto, quando estiver planejando com sua família, classe ou quórum, lembre-se de ser claro ao comunicar-se. Você precisa não apenas falar, mas também ouvir: ouvir os que estão sob sua responsabilidade de liderança, ouvir seus pais e líderes dos jovens e, mais importante, ouvir o Espírito. Reconhecer o Poder de Deus As seguintes passagens das escrituras ilustram exemplos do poder de Deus e mostram o que o sacerdócio pode fazer. Leia cada passagem e encontre a gravura correspondente. ___ Gênesis 1:1 ___ Marcos 14:22–24 ___ João 11:39–44 ___ João 9:1–7 ___ 3 Néfi 11:21 ___ Helamã 12:9–17 6 1 2 46 3 4 5 NO ALTO: OS PIONEIROS ENTRAM NO VALE, DE J. B. FAIRBANKS, CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA; À ESQUERDA: DETALHE DE ACALMANDO A TEMPESTADE, DE TED HENNINGER; FOTOGRAFIA: STEVE BUNDERSON, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; LÁZARO, DE CARL HEIRICH BLOCH, CORTESIA DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL DE FREDERIKSBORG, EM HILLERØD, DINAMARCA; FOTOGRAFIA: JOHN LUKE, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; CRIAÇÃO DOS ANIMAIS E AVES, DE STANLEY GALLI; FOTOGRAFIA: DAVID STOKER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Você Sabia? MENSAGENS INSTANTÂNEAS DESEMPENHO EXEMPLAR VIKTÓRIA MERÉNYI N ao baile e me ouviram tocar o hino. A irmã disse que tinha sido maravilhoso ouvir o hino numa atividade que não havia sido patrocinada pela Igreja, e que isso fortaleceu o testemunho de todos os que participaram do evento. Descobri que nunca sabemos quando estamos dando um bom exemplo e que até as menores ações podem ter uma repercussão importante na vida de outras pessoas. ■ ILUSTRAÇÃO: CHRIS HAWKES a Hungria, quando uma turma se forma no curso médio, realizamos um grande baile. Todos os professores, pais e amigos são convidados. Os membros da turma dançam e fazem outras apresentações. Quando me formei, foi-me pedido que fizesse uma dessas apresentações. Decidi tocar piano. Uma das peças que decidi tocar era um hino da Igreja. Não há muitos membros da Igreja na Hungria, por isso achei que nenhum membro da Igreja ouviria minha apresentação. No domingo após o baile, uma irmã da Igreja foi procurar-me, entusiasmada, cumprimentou-me e disse que ela, outros membros da Igreja e alguns pesquisadores tinham-me ouvido tocar. Alguns membros menos ativos também foram A L I A H O N A JULHO DE 2007 47 COMENTÁRIOS Uma Mensagem para Meu Pai Um Missionário Aprende Lembrei-me das Necessidades de A Liahona de setembro de 2006 foi extraordinária. Sei que o Presidente James E. Faust estava realmente inspirado ao escrever sua mensagem “O Pai Que Se Importa”. Parecia que ele estava falando diretamente para mim e minha família. Há seis filhos em minha família, e perdemos nossa mãe. Depois de ler o artigo, não hesitei em mostrá-lo para o meu pai, que se tornara menos ativo. Sei que esse artigo vai fortalecê-lo. Outras Pessoas Certa noite, eu estava lendo a edição de janeiro de 2006 de A Liahona. O artigo do Presidente Gordon B. Hinckley, em Vinde ao Profeta Escutar, intitulado “Permaneçam no Caminho Elevado”, imediatamente me chamou a atenção. Enquanto lia aquele artigo inspirador, cada palavra iluminava todo o meu ser. Ele se tornou um mapa para eu seguir em minha jornada pela vida. Ao voltar para a universidade, depois de minha missão, descobri que o trabalho acadêmico era realmente difícil para mim. Como estudante de ciências e matemática, parecia que eu tinha esquecido todo o meu conhecimento básico de química, física e matemática enquanto estivera na missão. Mas, embora minha volta à universidade a princípio tenha sido difícil, as coisas que eu havia aprendido na missão — como pesquisar para encontrar respostas — elevaram meu estado de espírito e minha aplicação nos estudos. Sinto-me feliz por ter colocado o Senhor em primeiro lugar em minha vida e servido em uma missão. O artigo “Na Equipe do Senhor”, de R. Val Johnson, em A Liahona de março de 2006, confirmou esses sentimentos. Coleen Emily G. Mabilog, Filipinas Aristotle Kyeremanteng Fokuo, Gana Um Mapa para Minha Vida SEU FEEDBACK Se você quiser ter a oportunidade de enviar seu feedback a respeito de A Liahona por meio de breves pesquisas de opinião ocasionais, envie por e-mail o seu nome, ala e estaca (ou ramo e distrito) para liahona@ ldschurch.org. Escreva “Reader Survey”, em inglês, na linha de assunto. 48 Volker P. Gebhard, Alemanha Explicações Verdadeiras Tive a felicidade de conhecer os missionários de sua Igreja. Graças àqueles rapazes, conheci A Liahona. É uma revista maravilhosa! Ela dá uma visão completa da missão e dos princípios de sua Igreja. Discute problemas e também a maneira de resolvê-los. Também fala do rumo que a Igreja tomará no futuro. Li o artigo “A Queda de Adão e Eva”, na edição de junho de 2006 de A Liahona. Quero agradecer a vocês por defenderem nossa primeira mãe, Eva, e por sua busca incansável por explicações verdadeiras de eventos complexos descritos no evangelho. Alla R. Muriseva, Rússia FOTOGRAFIA: JOHN LUKE, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Tshibasu M. E. Baron, República Democrática do Congo Acho que A Liahona de outubro de 2006 foi uma das melhores que já foram publicadas. Sei que muitos pesquisadores da Igreja acharam que a revista falava diretamente para elas. Eu, que já sou membro da Igreja há muitos anos, descobri que os membros antigos podem tornar-se cegos para as preocupações, temores e necessidades dos que acabaram de filiar-se à Igreja ou estão prestes a fazê-lo. A Liahona de outubro lembrou-me das necessidades dessas pessoas. PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S • J U L H O D E 2 0 0 7 OAmigo VINDE AO PROFETA ESCUTAR P R E S I D E N T E J A M E S E . FA U S T cerca, assistindo assustadas a toda aquela destruição. Embora estivesse aterrrorizada, Mary Elizabeth estava com os olhos luz que brilha em seu semblante fitos naquelas páginas preciosas. Ela e a vem do Senhor. Essa mesma luz irmã correram do lugar em que estavam iluminou o caminho para Mary escondidas, apanharam as escrituras e saíElizabeth Rollins, de 15 anos, e sua irmã ram correndo. Algumas pessoas da multiCaroline, de 13, em um dia sombrio e dão enfurecida as viram e ordenaram que frio, em Independence, Missouri. parassem. Mas as corajosas meninas corEra o ano de 1833 e uma multidão reram para um grande milharal, onde se furiosa irrompeu pelas ruas de O Presidente Faust deitaram no chão, sem fôlego. Colocaram Independence, queimando propriedades conta uma história cuidadosamente as páginas das revelações e causando grande confusão. No caminho verdadeira de no meio das altas fileiras de milho e cobrideles estava a casa do irmão William W. heroísmo e proteção ram as páginas, deitando-se sobre elas. Os Phelps, onde era guardada a prensa. Ele divina que pode agitadores reviraram o milharal à procura estava imprimindo as revelações recebidas guiar-nos hoje das meninas, chegando muitas vezes bem pelo Profeta Joseph Smith. A multidão desem dia. perto delas, mas não as encontraram. Por truiu a prensa e jogou os pedaços na rua. fim, pararam de procurar. No entanto, empilharam as páginas impresCreio que a luz do Senhor orientou Mary e Caroline sas no quintal para poderem queimá-las mais tarde. em relação ao que deviam fazer e onde deviam se esconMary Elizabeth e der com segurança. Essa luz brilha para vocês e será Caroline estavam seu guia, tal como o fez para as irmãs Rollins. Ela escondidas atrás da [os] manterá em segurança, mesmo que o perigo esteja à espreita. [Meus queridos jovens amigos], vocês podem ficar [afastados] do mal, como as irmãs Rollins fizeram, se desenvolverem seu próprio testemunho do Salvador. Ao fazerem isso, crescerão em força espiritual. ● Segundo Conselheiro na Primeira Presidência A Extraído de um discurso da reunião geral das Moças, de abril de 2006. A2 ILUSTRAÇÃO DE MILHO: ROBERT A. MCKAY; FOTOGRAFIA DO PRESIDENTE FAUST: BUSATH PHOTOGRAPHY; À DIREITA: SALVANDO O LIVRO DE MANDAMENTOS, DE CLARK KELLEY PRICE Coragem no Milharal PA R A P E N S A R 1. Embora tivessem medo, Mary Elizabeth e Caroline arriscaram a vida para salvar as revelações que se tornariam parte de Doutrina e Convênios. Como você pode demonstrar seu amor pelas escrituras hoje em dia? 2. Enfrentar a ameaça das multidões enfurecidas exige coragem. Que ameaça você enfrenta hoje em dia que exige coragem de sua parte? 3. Como você pode desenvolver um testemunho do Salvador? Como seu testemunho pode ajudá-lo(a) a afastar-se do mal? Nota: Se não quiser remover páginas da revista, essa atividade pode ser copiada ou impressa a partir do site www.lds.org. Para o inglês, clique em “Gospel Library”. Para outros idiomas, clique em “Languages”. TEMPO DE COMPARTILHAR F a m m í e l i a é F “A felicidade na vida familiar é mais provável de ser alcançada quando fundamentada nos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo” (“A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49). ELIZABETH RICKS Quando os missionários chegaram à cidade de William Jarvis, em Lancashire, Inglaterra, alguns homens tentaram impedi-los de pregar. Mas eles continuaram mesmo assim, e William e sua esposa, Jane, filiaram-se à Igreja. A família de William partiu da Inglaterra para viajar para a América em 1859. Após 13 semanas em um veleiro e muitas viagens de trem, eles se uniram a outros imigrantes da companhia George Rowley de carrinhos de mão. William puxou um carrinho de mão por mais de 1.600 quilômetros. Jane ficou doente e morreu. A companhia precisava desesperadamente de alimentos, por isso William ficou para trás para enterrar a esposa. Dois conversos suecos também ficaram para ajudar. Quando retomaram a jornada, viram alguns índios cavalgando em sua direção. William ficou preocupado. Imaginem seu alívio quando viu que os índios eram amigos. Os índios riram dos carrinhos que os homens estavam puxando. Então, eles próprios pegaram os carrinhos e os puxaram até alcançar a companhia! O neto de William escreveu mais tarde: “Nunca uma pequena boa ação foi tão apreciada”. (Ver Jeston Jarvis, A Short Sketch of the Life of William Jarvis.) Em julho, comemoramos a entrada dos pioneiros no vale do Lago Salgado. Os pioneiros demonstraram grande fé. William Jarvis tinha fé. Ele foi um exemplo para sua família. Vocês têm exemplos de fé em sua família e vocês mesmos podem ser exemplos de fé. Se sua família seguir Jesus Cristo com fé, vocês serão abençoados. ILUSTRAÇÃO: BRAD TEARE § Atividade Remova a página A4 e recorte as folhas. Recorte a árvore e cole-a em cartolina. Escreva o nome de um parente em cada folha. (Pode ser que você precise copiar e recortar mais folhas.) Cole as folhas na árvore da sua família. Você pode colocar os parentes do lado de seu pai em uma parte da árvore e os parentes do lado de sua mãe em outra parte. Você pode colar a sua própria folha no tronco, já que você pertence aos dois lados da família! Idéias para o Tempo de Compartilhar 1. Realize um jogo do tipo “Quem Somos Nós?” Peça a algumas crianças que representem famílias das escrituras, como Adão e Eva, Leí e Saria ou José e Maria. Ajude-os a responder perguntas do tipo sim-ou-não a respeito dessa família. Uma criança pode perguntar: “Sua família está no Livro de Mórmon?” Quando cada família for identificada, conte algo a respeito da família e mostre onde a família aparece nas escrituras. Peça às crianças que pensem em uma boa qualidade daquela família que eles gostariam de ter em sua própria família. Por exemplo: “Eu gostaria que minha família seguisse a vontade de Deus como fez a família de Leí e Saria”. No parágrafo sete de “A Família: Proclamação ao Mundo”, leia: “A felicidade na vida familiar é mais provável de ser alcançada quando fundamentada nos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo”. Preste testemunho da importância de uma família justa. 2. Várias semanas antes do tempo de compartilhar, peça às crianças mais velhas que se preparem para contar algo a respeito do primeiro membro de sua respectiva família que se filiou à Igreja. Se possível, escolha crianças cuja família tenha sido membro por várias gerações e também crianças cuja família seja recém-conversa. (Como alternativa, conte a história de líderes da Igreja, como Brigham Young e Parley P. Pratt, da lição 13 do manual Primária 5.) Faça uma lista de qualidades que as pessoas precisavam ter para filiar-se à Igreja há 150 anos. Faça outra lista das qualidades que as pessoas precisam ter hoje para filiar-se à Igreja. Mostre as semelhanças. Preste testemunho das bênçãos que a família recebe graças ao evangelho. ● O AMIGO JULHO DE 2007 A5 DA VIDA DO PRESIDENTE SPENCER W. KIMBALL Resistir às Influências do Mal Ei, você, rapaz. Tenho aqui um livro que acho que vai gostar. A6 Era um livro vulgar cheio de gravuras obcenas. Spencer não tocou nele. O homem tentou uma abordagem diferente. Venha para a cidade comigo. Vou lhe mostrar onde pode se divertir. Está errado, senhor. Esse livro não me interessa. De jeito nenhum. Sou representante de Jesus Cristo, não vou com você a lugar algum. ILUSTRAÇÕES: SAL VELLUTO E EUGENIO MATTOZZI Quando era um jovem missionário, servindo na Missão dos Estados Centrais dos Estados Unidos, o Élder Kimball viajava de trem para Chicago, Illinois, quando um homem o abordou. O homem se deu conta de que o jovem missionário era sincero e, por fim, deixou-o em paz. Spencer escreveu em seu diário que sentiu o rosto ficar vermelho por uma hora. Ah! Como Satanás, por meio de seus comparsas, tenta desviar os jovens! Agradeço ao Senhor por ter tido forças para resistir. Mais tarde, como profeta, o Presidente Spencer W. Kimball falou a respeito de resistir ao mal. A luta contra Satanás e suas forças não é uma pequena escaramuça com um antagonista desmotivado, mas uma grande batalha com um inimigo tão poderoso, armado e organizado, que podemos ser derrotados, se não formos fortes, bem treinados e vigilantes. Adaptado de Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W. Kimball, 2006, p. 103. O AMIGO JULHO DE 2007 A7 tL ake C Sa Ver instruções para esta atividade na página A12. l souri Viagem do Brooklyn Expedições de colonização Navios da Europa Coligação em Missouri Coligação em Illinois A trilha dos pioneiros Illin is o O Batalhão Mórmon LEGENDA b r a s ka Mis Coligação em Ohio Ne Décadas de 1830s, 1840s e 1850s Ohio No v a Yo r k ity ILUSTRAÇÕES: BRANDON DORMAN Hoje o e ã m ç a S g i i l ão o C Na manhã do sábado, a família viajou até a pequena capela onde o Élder Metzer a batizou. Ela tremia quando saiu da fonte batismal. “Mamá, você está com frio”, disse Carlitos e abraçoua na cintura. “Precisa ir para casa e aquecer-se.” Mamá fez que não com a cabeça. “Não é suficiente. Ficarei aqui até ser confirmada. Como posso sentir frio se o evangelho me aquece?” E ela foi confirmada como membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Mas Mamá não achou que isso fosse o bastante. Estava determinada a fazer com que Papá e Carlitos aprendessem o evangelho restaurado, como ela tinha feito. “Se vocês orarem, vão saber a veracidade do que os missionários falaram”, disse ela. Os Élderes ensinaram o evangelho de Jesus Cristo para eles. Papá teria que abandonar seus cigarros. É o Suficiente “As famílias poderão ser eternas no plano do Senhor” (Músicas para Crianças, p. 98). J A N E M c B R I D E C H O AT E Inspirado numa histórica verídica ILUSTRAÇÃO: DILLEEN MARSH C arlitos enxugou as lágrimas com a manga da camisa. Sua Mamá estava doente havia muitos meses. Por fim, Papá a convenceu a ir até a cidade, que ficava a muitos quilômetros de sua pequena vila, para consultar um médico. Depois de muitos exames, o médico disse que a Mamá de Carlitos estava com câncer. Mamá se recusou a sentir pena de si mesma. “Ainda tenho muito o que fazer”, disse ela. Certo dia, dois jovens norte-americanos apareceram na porta de sua pequena casa. “Somos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”, disse um deles, num espanhol hesitante. Mamá ouvia atentamente e de vez em quando fazia algumas perguntas. Ela aceitou imediatamente a mensagem daqueles rapazes. “É a verdade”, disse ela. Apesar de a doença causar-lhe muitas dores, Mamá estava decidida a ser batizada e confirmada. Carlitos ouviu os ensinamentos dos élderes e sentiu a paz envolver seu coração. Ele começou a compreender o calor que Mamá havia descrito. Em um mês, Papá parou de fumar. Pouco depois, Papá e Carlitos foram batizados e confirmados. Poucas semanas depois, Papá recebeu o Sacerdócio Aarônico. Carlitos teria de esperar mais três anos antes de poder receber o sacerdócio. Mamá estava muito fraca, mas ela sempre conseguia ir para a Igreja e visitava as pessoas doentes da vila. “Somos membros da Igreja de Deus, mas isso não é suficiente”, Mamá disse para Papá e Carlitos, certa noite. “O que devemos fazer agora?” perguntou Carlitos. Ele adorava aprender a respeito do “Sei que a Terra foi criada e a Igreja do Senhor foi restaurada para que as famílias pudessem ser seladas e exaltadas como entidades eternas.” Élder Russell M. Nelson, do Quórum dos Doze Apóstolos, “Fortalecer o Casamento”, A Liahona, maio de 2006, p. 36. evangelho e queria vivê-lo de todas as maneiras. “Precisamos ser selados no templo”, disse Mamá. O templo em Santiago era o que ficava mais perto da casa deles. Mas eles não tinham dinheiro suficiente para viajar até lá. Todo dinheiro extra que Papá ganhava era usado para comprar remédios para Mamá. Então, Mamá começou a guardar pequenas quantias em uma jarra, a ‘jarra do templo’. Ela a colocou junto à porta. As moedas que ela guardava foram aumentando até que a família teve dinheiro suficiente para a viagem. No templo, a família foi selada para esta vida e para toda a eternidade. Mamá estava radiante de alegria. “É o suficiente”, disse ela. ● O A M I G O JULHO DE 2007 A11 Coligação em Sião os primeiros dias da Igreja restaurada, foi N enviados para colonizar outras áreas do oeste dos pedido aos membros que se reunissem num Estados Unidos. em Ohio, depois no Missouri e depois em Illinois. Após continentes para reunir-nos em um só lugar. No mundo serem expulsos de Nauvoo, Illinois, os santos dos últi- inteiro, pioneiros do evangelho se reúnem em ramos, mos dias deram início a uma grande jornada para o alas, estacas e templos sagrados. Você é um desses pio- oeste, até o vale do Grande Lago Salgado. Por muitos neiros. Você tem uma jornada espiritual tão desafiadora anos depois disso, os membros do mundo todo se quanto a dos pioneiros em sua jornada para o oeste. lugar central nos Estados Unidos. Primeiro foi reuniam ali. Muitos cruzaram o oceano em veleiros. Não nos é mais exigido que cruzemos oceanos ou Instruções: Para homenagear os pioneiros do pas- Depois, viajavam para Winter Quarters (que hoje fica sado, recorte estas gravuras e coloque-as no mapa que em Nebraska) por qualquer meio que pudessem, está nas páginas A8–A9. Consulte a legenda para decidir inclusive barcos e trens. Na jornada final através das onde cada gravura deve ficar. Os Templos de Kirtland e Grandes Planícies e as Montanhas Rochosas, os santos Nauvoo foram desenhados para ajudá-lo. Para homena- chegavam em carroções, carrinhos de mão, a cavalo gear os pioneiros de hoje, que se reúnem em seus pró- e a pé. Depois de chegarem ao vale, milhares eram prios países, coloque as quatro famílias no mapa-múndi. Nota: Se não quiser remover as páginas da revista, essa atividade pode ser copiada ou impressa a partir do site www.lds.org. Para o inglês, clique em “Gospel Library”. Para outros idiomas, clique em “Languages”. A12 Viagem do Brooklyn Em 1846 (um ano antes da chegada dos pioneiros ao vale do Lago Salgado), cerca de 220 santos dos últimos dias vieram por mar para a Califórnia, passando pelo extremo sul da América do Sul, no navio Brooklyn. Na viagem, que durou cinco meses e percorreu 27.000 quilômetros, eles foram atingidos por tempestades, e 12 morreram. Após sua chegada a Yerba Buena (hoje São Francisco), alguns permaneceram na Califórnia e outros viajaram para Utah. O Batalhão Mórmon ILUSTRAÇÕES: BRANDON DORMAN Em 1846, o governo dos Estados Unidos pediu a um grupo de santos dos últimos dias que lutasse na Guerra do México. Eles marcharam de Council Bluffs, Iowa, por quase 3.200 quilômetros, até a Califórnia, fazendo jus a um dinheiro que foi muito útil para ajudar os santos. Eles não tiveram de lutar uma única batalha, mas fizeram uma das marchas mais longas da história da infantaria. O A M I G O JULHO DE 2007 A13 DE UM AMIGO PARA OUTRO “E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor (...) e concorrerão a ele todas as nações” (Isaías 2:2). A doro o templo. Quando eu era criança, minha professora da Primária levou minha classe para visitar os jardins do Templo de Salt Lake. Foi maravilhoso passear pelo terreno, admirar as belas flores e sentir o Espírito do Pai Celestial perto da Casa do Senhor. Minha professora mostrou que o templo era feito de pedras de granito. Ela falou do sacrifício realizado pelos pioneiros para conseguir aquelas pedras tão especiais — disse que eles levavam cinco dias para trazer cada uma delas até o local do templo. “Estão vendo todas essas pedras?” perguntou ela. “Pensem no tempo que levou para os pioneiros trazerem-nas até aqui e construírem este belo templo.” Lembro-me de ter reconhecido o sacrifício feito por nossos antepassados. Foi uma experiência memorável. Também foi um bom exemplo de como vocês, crianças, podem desfrutar as bênçãos do templo, hoje em dia. Se vocês moram perto de um templo, podem partilhar o ambiente espiritual dos jardins e arredores do templo. Depois que forem batizados e confirmados, poderão participar da dedicação de um templo. E haverá muitas outras dedicações; há onze sendo planejadas atualmente! Depois de completarem doze anos, poderão realizar batismos pelos mortos. Não importa A14 Extraído de uma entrevista com o Élder Paul E. Koelliker, dos Setenta; por Heather Kirby, Revistas da Igreja Aos 18 meses. quão distante morem de um templo, o importante é que se preparem agora mesmo para essa oportunidade sagrada. As crianças exercem uma influência vigorosa e positiva tanto nos adultos quanto em outras crianças. Algumas crianças da Primária do Distrito do Templo de Houston Texas escreveram para os trabalhadores que estavam construindo o templo ali. A carta dizia: “Queremos que saibam que o templo é muito importante para nós. Como a terra foi dedicada por um Apóstolo do Senhor, o edifício e a terra são sagrados para nós. O templo é o lugar onde nos casaremos. Iremos para o templo para aprender o que precisamos saber para retornar à presença de nosso Pai Celestial. Que o Senhor os abençoe pelo trabalho que estão fazendo para nós”. Os trabalhadores então levaram essa bela carta e a colocaram em seu escritório. Eles a liam todos os dias. Quando o templo foi concluído, os trabalhadores levaram seus próprios filhos para visitar o templo e sentir o espírito que as crianças da Primária expressaram em sua carta. Outra bênção em minha vida foi trabalhar bem perto do Presidente Gordon B. Hinckley. Ao longo dos últimos nove anos, a Igreja passou de um total de 51 para 124 templos. Esse milagre fortaleceu minha fé e ajudou-me a compreender a importância dos templos. Em 1998, tínhamos 51 templos em funcionamento e 17 em construção. Então, na FOTOGRAFIA CORTESIA DO ÉLDER KOELLIKER; ILUSTRAÇÃO: NATALIE MALAN o d s T e o m ã ç plo n ê B conferência geral daquele ano, o Presidente Hinckley disse que precisaríamos ter 100 templos até o final do ano 2000.1 Isso significava que 32 novos templos teriam que ser construídos, além dos 17 que já estavam em construção. Achávamos que seria uma tarefa impossível. Mas tudo é possível quando abençoado pelo Senhor. Foi preciso muitos milagres para fazer isso acontecer em um período de tempo tão curto. Muitas e muitas vezes, as coisas aconteceram no momento certo — como, por exemplo, encontrar grama suficiente para colocar no terreno do templo poucas horas antes da realização da dedicação. No ano de 2000, 34 templos foram dedicados. Esse foi o maior número de templos dedicados em um só ano em toda a história do mundo. O Presidente Hinckley foi inspirado a construir mais templos. Então, o Senhor abençoou-nos magnificamente e ajudou-nos a fazer isso acontecer, porque Ele honra Seus profetas. Espero que também honremos os profetas. E espero que vocês sempre valorizem e se preparem para as bênçãos do templo. ● NOTA 1. Ver “New Temples to Provide ‘Crowning Blessings’ of the Gospel”, Ensign, maio de 1998, p. 88. MINHA FAMÍLIA PODE SEGUIR JESUS CRISTO COM FÉ “A felicidade na vida familiar é mais provável de ser alcançada quando fundamentada nos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo” (“A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49). A16 ILUSTRAÇÃO: THOMAS S. CHILD PÁGINA PARA COLORIR REPRODUÇÃO PROIBIDA Acalentando Sara, de Lee Udall Bennion Sobre a maternidade, o Presidente Howard W. Hunter (1907–1995), disse: “Sem dúvida, não precisamos procurar muito longe para ver os heróis despercebidos e esquecidos da vida diária. (...) Estou falando do valor incomum demonstrado pela mãe que — hora após hora, dia e noite — permanece ao lado de um filho doente, cuidando dele. (...) Estou falando daquelas que estão sempre presentes para amar e nutrir” (“True Greatness” [A Verdadeira Grandeza], Ensign, maio de 1982, p. 19). P recisamos lembrar-nos sempre daqueles que pagaram um preço terrível para estabelecer os alicerces da grande obra destes últimos dias”, disse o Presidente Gordon B. Hinckley para os jovens da Estaca Iowa City Iowa e outros. Ver “Lembrar-se de Iowa”, p. 8. 02007 87059 4 PORTUGUESE 2 “