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entre powerpuff girls, veiculações midiáticas e a subversão das
Comunicação Oral ENTRE POWERPUFF GIRLS, VEICULAÇÕES MIDIÁTICAS E A SUBVERSÃO DAS NORMAS: A (DES)CONSTRUÇÃO DE DISCURSOS SOBRE SEXUALIDADES NO ENSINO DE CIÊNCIAS Alexandre Luiz Polizel1* Naomi Neri Santana1 Roseli Ana Venturini2 André Luis de Oliveira3 Ana Lucia Olivo Rosas Moreira3 Resumo É notória as veiculações dos discursos associadas às produções de sujeitos/identidades. Tais discursos são potencializados por dispersões midiáticas, que muitas vezes como um espaço de poder, sedimentam aspectos de representações sociais. Associadas a isso, são perpassados regimes de verdades, incorporando naturalizações do que é normal e o anormal. Este trabalho tem como objetivo analisar imagens do cartoon “as meninas super poderosas” (Powerpuff girls) da produtora Cartoon Network®, visando problematizar as questões de gênero, sexualidades e subversão de normas no ensino de ciências. No tocante o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência-Pibid-Biologia-UEM, organizou uma atividade extraclasse sob o enfoque “Discussões de Gênero”, em um Colégio Estadual no município de Maringá, Paraná, Sul do Brasil. A atividade ocorreu sob o enquadro de “Clube de Ciências” e foi ofertada aos oitavos anos. Foi realizada a apresentação de imagens e trechos do desenho, ao qual confrontava as padronizações de gênero e realizadas discussões acerca das questões: como a mídia apresenta papeis de gênero? Estes apresentam um padrão? Quem estipula tais padrões? Como são tratados e quem são os personagens ‘desviados’ deste? Como estas construções refletem no ambiente escolar? Os dados foram registrados em caderno de campo sendo realizada posteriormente a análise de conteúdo. Durante a análise das imagens os/as estudantes participaram continuamente visto a proximidade com tal veiculação midiática. As/os estudantes relataram não perceber nessas problematizações referente aos papeis de gênero nos desenhos infantis. Foi notório que o desenho apresentava os transitares dos personagens entre as performances de gênero. Entretanto, o desenho apoiou-se em estereótipos quanto aos personagens considerados vilões/vilãs, como as relações de: a) erotização de vilãs 1Graduando/a do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Maringá, e-mail: [email protected] 2 Professora vinculada a Secretaria Estadual de Educação do Paraná-SEED 3 Professores vinculados ao Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Maringá. Coordenadores do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a docência, subprojeto Ciências e Biologia. Comunicação Oral femininas; b) a imagem de gay maléfico; c) a relação entre violência/prática transgressiva e loucura/insanidade; d) patricinha, ingênua e malvada; e) caipira/pobre agressivo e de f) meninos desordeiros. Entretanto tais personagens também perpassavam entre diferentes papéis e performances de gênero e vivencialidades, gerando uma ruptura do pensar binário. A atividade demonstrou ser um instrumental para (des)construção e problematização de papeis de gênero, sexualidades e aspectos culturais representados em mídias, bem como apresentou potencialidades para construção de identidades, resistências e empoderamento visando uma percepção crítica frente aos regimes de verdades. Palavras-chave: Mídias. Meninas Superpoderosas. Papeis de Gênero. Ensino de Ciências. Introdução As discussões que tangem os corpos, seus gêneros e sexualidades não são atuais, durante toda uma escala histórica vemos o firmar dos papeis de gênero que respingam no contexto social que vivemos. Em tal tocante pensamos na produção de sujeitos e em sua produção de verdades, elaboradas nas formas permitidas, ou não, de ser e estar. Devemos nos voltar as discussões refletindo as formas como estas são realizadas, se estão sendo mantidos os controles dos modos de ser e de suas sexualidades sob uma ótica higienista, moral e/ou religioso radical, ou se são voltadas a uma prática emancipatória, dos direitos humanos e sociais (FURLANI 2011). Apoiaremos-nos aqui em uma vertente pautada nos estudos culturais e sob uma perspectiva foucaultiana, ao pensar nos sujeitos como produtos dos discursos que os circundam. Discursos estes que criam regimes de verdade em torno da naturalização dos modos de ser e estar, e a partir de tal ponto elabora quais indivíduos encontram-se adequados a norma e quais são desviantes (FOUCAULT 1979). Voltaremos nossa óptica também ao tratar as questões identitárias a partir dos aspectos de pedagogias da diferença, ou seja, a partir do momento em que é enunciada sua identidade, automaticamente se delineia ao que faz ou não parte dela. Vale-se a ressalva que a linguagem deriva-se de fatores culturais ao qual as significações também são negociadas. Desta forma o que permeia a identidade e diferença, não pode ser compreendido fora deste sistema de significações (SILVA 2014), sob tal prisma, identidade e diferença permeiam em relações simbólicas e discursivas, sendo estas vetores Comunicação Oral de relações de poder. Ressaltaremos de que o sujeito deve ser diferenciado de identidade, visto que este não deve ser considerado uma unidade, mas um conjunto de aspectos (FRANÇA 2005). Neste tocante, as redes discursivas e suas significações passam então a ser difundidas em suas variadas instituições sociais, sendo as mídias e redes veiculações que transpassam barreiras físicas. Perguntamos-nos então aqui como os desenhos animados difundem as significações, em quais pontos as fronteiras artificiais que tangem as identidades e diferenças são reforçadas em suas delineações e onde são borradas. Objetivamos-nos então em analisar o desenho “as meninas super poderosas” (Powerpuff girls) da produtora Cartoon Network® e como este pode ser utilizado em problematizações frente as temáticas de gêneros e sexualidades. Gênero e Sexualidade tem lugar na escola? Ainda ao nos inclinarmos às redes discursivas e suas significações, não devemos pensar nas instituições sociais como espaços onde o discurso é produzido e estático em seu interior, mas sim que os discursos produzidos nestes espaços permeiam entre si. Logo, nos perguntamos se existem espaços para discussões de gênero e sexualidade no âmbito escolar, visto a necessidade de discussão pautando-se em uma visão (pós)critica frente a temática (MAIO 2011). Em voltar-se a necessidade de tais discussões, os documentos oficiais já prevêem discussões frente aos multiculturalismos. Multiculturalismo visível nas pedagogias critica atuais como um apelo benevolente a busca de igualdade as diversidades, tratadas como marginais e colocadas dentro dos “temas transversais”, e tratando as identidades diferenças como fixas, essencialistas e cristalizadas (SILVA 2014), enquanto deveria ser tratada como fluida. Entretanto, cabe-nos saber se tais conteúdos programáticos estão efetivamente aplicados nas discussões sociais, ou se é apenas outra verdade cínica, colocada estratégicamente nos documentos oficiais. Vemos o respingar da modernidade, em um multiculturalismo que não pode ser desagregado das relações de poder. Temos então um pico em torno as discussões de gênero e sexualidades na década de 90, com a elaboração das bases curriculares que abarcavam os cadernos dos Parametros Curriculares Nacionais-PCNs, ao qual emerge entre os temas transversais as discussões referente a “orientação sexual” (BRASIL 1997). Este documento vem seguido de outros Comunicação Oral que colocam a necessidade das discussões entorno das temáticas referente a gênero e sexualidades, como as Diretrizes Curriculares de Gênero e Diversidade Sexual (PARANÁ 2010) e as Notas Técnicas sobre Gênero (BRASIL 2015). Vê-se um avanço em discussões humanitárias. Entretanto as relações de poder encontram-se em constante tracionamento,e voltando-se ao que tange as discussões de gênero e a laicidade na construção de currículos oficiais, vemos como resultados as discussões dos Planos Nacionais de Ensino-PNE. No elaborar do PNE o determinado pelo Artigo 2º. O Inciso III, o qual garantia “a superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual” (BRASIL, 2010), após emenda sugerida pelo Senado e aprovação pelo Executivo, passa a abordar: “a superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação” (BRASIL, 2014). É apagado então em um currículo oficial as discussões frente a minorias raciais, regionais, de gênero e orientação sexual. Apagamentos estes também, que surgem na elaboração da nova Base Curricular Comum, ao qual o caderno de orientação sexual não aparece frente a nova proposta. O multiculturalismo cínico mais uma vez mostra-se instaurado. Neste tocante é valido voltar a óptica aos currículos e os conteúdos ali dispostos estratégicamente como um espaço de poder, ao qual traz consigo enunciados voltados a quais sujeitos quer-se (re)produzir (SILVA 2013) . Veiculações discursivas e midiáticas Ao pensar nos currículos como espaço de poder focado a (re)produção das formas de ser, garantindo que determinados conteúdos/discursos sejam divulgados, devemos pensar também em outras formas de propagação das redes discursivas, sendo o meio midiático ferramenta fundamental em tal disseminar. O discurso midiático, em sua estratégia de construção carreia consigo representações sociais, as quais constroem realidades, sendo estas sempre relacionada a um modelo heteronormativo4, levantando estereótipos e ideologias a fim de validar tal conformação (FRÓIS 2007). Não se pode deixar de pensar aqui, que as produções midiáticas vêm alinhadas a experiências e 4 Modelo normativo de heterossexualidade compulsória, ao qual considerava-se ser heterossexual como natural, é deslocado, e o reinar da heteronormatividade passa a tratar o viver como heterossexual como normal (COLLING 2015). Comunicação Oral subjetividades singulares de quem elabora tal enunciado, de modo que as individualidades e artefatos são (re)passados em tal veicular. A compreensão e (de)codificação de tais discursos, envolvem então um processo de construção de subjetividades, devendo também interpretar as recepções de tais produções midiaticas em seu envolvimento de culturas impares e singulares, de modo que as reflexões frente a estes propagares são flutuantes entorno aos sujeitos (CORDEIRO, AMÂNCIO 2005). Tal sujeito não deve ser pensado como um sujeito prévio, mas sim em um sujeito cuja subjetividade é elaborada processualmente, envolto de constantes (des)(res)construções (FRANÇA 2005). É notória a essencialidade dos discursos e suas subjetividades na produção dos sujeitos, na organização de grupos e suas normas, bem como na afirmação identitária de acordo com suas similaridades (FERRARI 2006), entretanto deve-se pensar na naturalização dos modos aos quais se é autorizado a ser e estar no mundo, veiculados nos meios midiáticos, ao qual sua ideologia financiada, exerce uma enorme influencia social e política (GIROUX 2013), reforçando as formas de estar nas normas ou em desvio. Aportaremos-nos então ao pensar nas mídias e sua construção de redes discursivas, o perpassar destas na produção à atos identitários (SIMON 2013) e nos reforçar destas nos atos de permear, manter e/ou borrar as representações sociais e seus modos de (re)produção (GUARESCHI, JOVCHELOVITCH 1995). O catalisar da discussão Considerando o veicular discursivo acompanhado das (re)produções de verdades e realidades, elaborou-se uma estratégia de leitura critica, frente a uma perspectiva de pedagogia pós-moderna (HALL 2002; KELLNER 2013). No que tange o ambiente de investigação, esta foi realizada em um colégio estadual do município de Maringá, Paraná, Sul do Brasil, sendo este um colégio central e classificado como de pequeno porte. Sendo este vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação de docência, Subprojeto Ciências e Biologia. A atividade consistiu na análise de imagens do desenho “as meninas super poderosas” (Powerpuff girls), da linha editorial cartoon da produtora Cartoon Network®, problematizando as questões de gênero, sexualidades e subversão de normas no ensino de ciências. Foram projetadas imagens dos personagens: Lindinha, Florzinha, Docinho, Comunicação Oral Meninos desordeiros, Elle, Professor Utônio, Macaco louco, Prefeito, Bellow, Fuzzy, Trio Ameba, Seduza e Trio Ameba. Sendo estes Heroínas/heróis e/ou Vilãs/vilões (Figura 1). Para instigar a discussão foi solicitado aos/as estudantes que observassem: Roupa dos personagens, porte físico, habilidades e poderes, como derrotam seus advsesários, quais são os papeis que performam, se usam do corpo para suas relações pessoais e de modo que os discentes fossem estimulados a também levantarem aspectos de analise. Também realizar um paralelo com os papeis de gênero atuais. Tal dinâmica consistiu em parte de uma das metodologias empregadas durante o ciclo de discussões sobre sexualidades. Tal ciclo foi realizado no período de contra turno, destinado a alunos vinculados aos oitavos anos do ensino fundamental matriculados no colégio que demonstrasse interesse sobre a temática. Nos encontros, os professores agiam como mediadores catalisando as discussões e intervindo em momentos de organização das colocações. Durante as aplicações da seqüência foram efetuados registros audiovisuais e em diário de campo (LAKATOS, MARCONI 2003), e posterior analise de conteúdo e categorização, nas perspectivas de Bardin (2009) e Minayo (2007), no que tangem as associações e relações, tanto na construção quanto na manutenção destes discursos e suas subjetividades. As gravações foram transcritas e posteriormente destruídas, sendo estas utilizadas para verificação dos discursos que surgiram durante as aulas e as significações destes. Entre rompimentos e reforços Durante as discussões que envolviam tal atividade participaram 32 estudantes, sendo 16 do turno vespertino e 16 no turno matutino. As discussões e analises das imagens foram direcionadas em torno de “Quais performances de gênero o desenho menina superpoderosas mantém, e/ou borram fronteiras, fragmentam a heteronorma?”. Estes participaram continuamente da dinâmica, visto a proximidade com tal veiculação midiática. Em um primeiro momento os participantes relatavam não perceber as singularidades referentes a papeis de gênero em desenhos infantis, entretanto, ao observar as imagens com olhar critico, foi evidente que o desenho apresentava transitares dos personagens entre as performances de gênero (FIGURA 1). O não perceber as Comunicação Oral estereotipares dos modos de ser, encontra-se relacionado a óptica do o que está naturalizado. As separações de coisas para meninos e coisas para meninas, encontram-se sedimentadas na subjetividades dos indivíduos (FRANCO, RACY s/d/). Figura 1 e 1. – 1) Imagens utilizadas5 - a) Meninas super poderosas, b) Momentos de Travestismo, c) Macaco louco e Ele como pais dos meninos desordeiros; 2)Vilãs/Vilões6 - a) Seduza, b) Ele, c) Princesa MaisGrana , d) Fuzy confusão, e) Macaco Louco e f) Meninos desordeiros. As meninas representavam personalidades distintas, que se tracionavam entre ser fofas, inteligentes e duronas. Lindinha, é representada por uma menina loira, fofa, doce, sensível e inocente. Florzinha consistia em uma representação de menina ruiva, orgulhosa, inteligente e corajosa. Dois modelos de meninas dentro dos padrões de papeis de gênero feminino levado como nas normas. Docinho consiste na personagem que vem a trincar tais padrões, utiliza cabelo curto, é de temperamento curto e odeia utilizar vestido. Desta forma vê-se uma pluralidade em tal representar, sendo que docinho se ‘desvia’ dos padrões de gênero designado ao modo de ser feminina. Ao mesmo tempo em que as protagonsitas apresentam imagens de crianças frágeis, tal caractere é contrastado pelo fato destas serem as personagens mais fortes do desenho. No que tange as questões frente a sexualidades, os personagens se travestiam a todo tempo, e mostravam-se abertas quanto às discussões de gênero, sendo relatado até que “Os meninos também precisam guardar seus restos de comida”. A representação de modelos familiares não nucleados também se mostrava evidente, visto que as meninas superpoderosas eram criadas por um pai solteiro, o professor Utônio que efetuava as tarefas domésticas. Os meninos desordeiros eram criados por dois pais, o Macaco louco e o Ele, apresentando assim em tais veiculações estas formas de famílias. 5 Fontes: http://anoticia.rbsdirect.com.br/; http://hypescience.com/wp-content/ Fontes: http://www.fatosdesconhecidos.com.br/; http://vignette2.wikia.nocookie.net/powerpuff/images/; http://www.habbid.com.br/arquivos/; http://vignette1.wikia.nocookie.net/powerpuff/; http://vignette1.wikia.nocookie.net/powerpuff/; http://novaslistas.com.br/ 6 Comunicação Oral Ao voltarmos nossa óptica aos vilões e vilãs, observou-se traços estereotipados, sendo evidentes as relações de: a) erotização de vilãs femininas; b) a imagem de gay maléfico; c) a relação entre violência/prática transgressiva e loucura/insanidade; d) patricinha, ingênua e malvada; e) caipira/pobre agressivo e de f) meninos desordeiros (FIGURA 2). Entretanto tais personagens também perpassavam entre diferentes papéis e performances de gênero e vivêncialidades, gerando uma ruptura do pensar binário. Estes próprios personagens já deslocam os papeis de gênero designados a estes. Seduza, apresenta um nome que remete a sedução, usa roupa relacionada fetichização feminina, entretanto apresenta-se descabelada quando em confronto. Macaco louco tem seu nome remetido a loucura, e em contraponto apresenta cérebro super desenvolvido e é extremamente inteligente. Fuzy confusão, em sua personalidade de caipira encrenqueiro, mostra-se uma imagem fofa e em cor rósea, sendo utilizada da cor como signo feminino no processo de desconstrução. Mesmo entre tais confrontares podemos voltar nosso olhar a personagem ao personagem ‘Ele’. Ao nos deslocarmos a tal personagem, é evidente que o nome apresenta seu corelacionar ao pronome masculino, sugerindo então o gênero deste. Quando traçado seu ato identitário, vemos-nos de frente a uma representação do ‘diabo’ bíblico, ao qual utiliza cavanhaque, botas com salto, blush e mascara de cílios. Signos de gênero que já se confrontam, e fluidificavam-se. Este com todos seus trejeitos dados como afeminados, não tem a intenção da destruição da cidade, mas sim um voltar-se a destruição das meninas, o que vem relacionado a uma aversão da imagem feminina, mesmo utilizando signos designados em uma construção histórica e ideológica a estas, como por exemplo sua roupagem e maquiagem. Vemos aqui um borrar de fronteiras, um fragmentar o ideal de signos direcionados ao gênero feminino e/ou masculino, em seus gradientes, ao qual leva a um questionamento frente a papeis de gênero. Ainda inclinados a este personagem, vemos também a possibilidades de discussões frente a outros monopólios dados como masculinos ou femininos. O personagem em momentos de fala apresenta sua voz em um tom agudo e afinado, em outros momentos, quando está exaltado com as meninas altera sua voz a tons graves, o que leva a outro indagar, o transitar entre uma voz dada como masculina ou feminina, onde mais uma vez as fronteiras do ser binário são transpassadas, de um lado a outro. As roupagens do personagem Ele se igualam aos personagens da vilã Seduza, ao qual vem de encontro ao borrar os objetos relacionados a visão fetichista do corpo Comunicação Oral feminino, que em perspectiva freudiana possui relação entre o olhar-imagem, uma ruptura e (des)construção do modelo de prazer, e até mesmo seus aspectos de relação prazer e dor (MALUF, MELLO, PEDRO 2005). As analogias de corpos músculos, a relação do gênero masculino a poder, força e virilidade, bem como do feminino a pureza e fragilidade (MAIO 2011) aqui são borradas. Nota-se então um transito entre modelos estabelecidos como dentro da normas, e em seu contraponto personagens que denotam desvios de padrões binários de gênero, sendo estes fugazes quanto as sanções normatizantes e hegemônicas de tal binarismo. Miskolci (2015), trataria tal perspectiva voltado a um aporte de pedagogias queer, ou seja, como um estranhamento a norma, um escape aos dispositivos de controle ao entorno das sexualidades. Frente a tal perspectiva, nãos nos voltamos aqui a nos preocupar se os produtores idealizariam tais apontamentos de modo proposital ou não, mas sim os potenciais efeitos dos discursos desencadeados em tal abordagem, ao qual a produção de tais enunciados traz visibilidade a novas identidades e formas de ser, bem como (re)negocia as discussões frente as discussões de gênero, sexualidade, e dos modos de ser e estar. Considerações finais A atividade demonstrou-se um instrumental a cerca das discussões, (des)construções e problematizações frente a papeis de gênero e sexualidades, bem como os aspectos culturais representados pela midias e as formas de ser ou estar produzidas pelas redes discursivas. O desenho as meninas poderosas apresentou suas potencialidades, frente ao borrar fronteiras de performances e signos de gêneros instituídos, e do visibilizar novas identidades e perspectivas em torno das sexualidades. O exercício apresenta também a potencialidade ao entorno das analises de discursos e regimes de verdade não apenas divulgados via mídias, mas em suas diversas instituições sociais ao qual transitam. Referências BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009. BRASIL. Lei n. 13.005, de 25 de Junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação. Diário Oficial da União - Seção 1 - Edição Extra - 26/6/2014, Página 1. BRASIL. Ministério da Educação. 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