El Magnífico - Em Direita Brasil

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El Magnífico - Em Direita Brasil
El Magnífico
Por Roberto Leandro - www.midiasemmascara.org
Resumo: Um resumo do livro El Magnífico, escrito por um ex-agente do serviço secreto
cubano.
Em recente viagem à Europa, me encontrava numa livraria em Toulon na França, quando me
deparei com um livro que dificilmente será traduzido e lançado no Brasil: "El Magnífico – 20
Ans au Service Secret de Castro", de Juan Vivés, Éditions Hugo et Compagnie, lançado em
agosto de 2005. Comprei-o.
Juan Vivés é um dissidente cubano que mora atualmente na França e durante 20 anos
pertenceu ao serviço secreto de Fidel Castro. Adolescente ainda, foi para guerrilha na Serra de
Escambray combater o regime de Batista e posteriormente fez parte da coluna guerrilheira de
Che Guevara. Com a revolução vitoriosa, foi indicado e aceitou fazer parte do temível G2,
onde, até 1979, esteve presente em quase todas as atividades de espionagem, guerrilheiras e
militares em que Fidel fez o pequeno país caribenho participar. O que torna a sua figura ainda
mais proeminente é o fato de ser sobrinho de Osvaldo Dorticós – presidente fantoche de Cuba
até 1976 – e grande amigo de Célia Sanchez que, segundo ele, juntamente com Raúl eram as
únicas pessoas que o patético tirano barbudo ainda ouvia.
São 17 capítulos que abrangem desde os motivos que levaram sua família – ricos proprietários
de terras – à guerrilha contra Batista até o seu exílio na França, passando por vários outros
acontecimentos contados por um ângulo que a esquerda sempre escondeu: a difícil
convivência com Che, os primeiros dias depois da vitória, os fuzilamentos à revelia, o
assassinato de Camilo Cienfuegos, a invasão da Baía dos Porcos, a crise dos mísseis
soviéticos, as primeiras missões na África (Argélia), a morte de Che Guevara, o interrogatório
dos prisioneiros americanos do Vietnã em Cuba, o assassinato de Salvador Allende por
determinação de Fidel, as missões em Angola (Operação Carlota) e no Saara Espanhol, etc.[*]
No meio de cada assunto, Juan Vivés conta casos que denotam o aspecto mau caráter de
Fidel – colérico e com suas alegorias fantasiosas e megalomaníacas - e o prazer sádico que
Guevara tinha pelos fuzilamentos e assassinatos: só na Fortaleza de La Cabaña ele comandou
600 sessões. O autor deixa bem claro que todos que se colocaram na frente de Fidel,
ameaçando o seu prestígio como Líder Máximo da Revolução, foram misteriosamente
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"silenciados", sejam por inexplicáveis acidentes como o de Camilo Cienfuegos, sejam por
falsas promessas de ajuda como o próprio Che, quando se encontrava na Bolívia.
Certamente os dois capítulos que mais chamam a atenção do leitor são o XI, onde o ex-espião
revela um dos segredos mais bem guardados do comunismo cubano: o interrogatório de
soldados americanos em Cuba durante a Guerra do Vietnã, e o XV sobre o assassinato de
Allende. Por dominar o idioma inglês fluentemente, Vivés foi chamado à traduzir os
interrogatórios dos prisioneiros americanos no Vietnã, devido a falta de pessoal capacitado
para fazê-lo no pobre país asiático. Ele recusou a missão, afinal era sobrinho do "presidente" e
amigo de Célia Sanchez; mesmo assim lhe entregaram dois textos de interrogatórios para que
ele os traduzisse. No início ele tinha dúvidas se os prisioneiros estavam ou não em Cuba, mas
posteriormente o seu próprio tio (o Presidente) lhe teria dito que havia prisioneiros americanos
em território cubano. O que ele nunca soube foi o que fizeram com estes infelizes soldados.
Provavelmente foram mortos.
O assassinato de Allende por Patrício de la Guardia (seu próprio segurança e que pertencia ao
serviço secreto cubano) já não é novidade depois do lançamento do livro Cuba Nostra de Alain
Ammar (Ed. Plon, lançado em 2005) com o testemunho do próprio Juan Vivés. Segundo o
autor, depois de financiar a campanha de Allende para as eleições chilenas de 1970, Fidel
exigia uma postura mais ativa e radical do Presidente chileno em prol da revolução e das
mudanças mais abruptas na sociedade. Com as dúvidas, os vacilos e os receios de Allende,
que Fidel achava um fraco, não restou outra opção a Castro senão ordenar o seu assassinato.
Em consonância com esta versão há dois fatos: a saída dos agentes cubanos do Palácio de La
Moneda sem um arranhão sequer e o corpo de Allende não apresentar evidências de suicídio.
A intromissão de Cuba na questão do Saara Espanhol toma uma certa importância no mundo
atual, já que Fidel praticamente criou e fomentou o Front Polisario (Frente Popular Para a
Libertação de Saguia el Hamra e Rio do Ouro) que posteriormente se islamizou e hoje possui
centenas de integrantes do grupo terrorista Al-Quaeda, fugidos da invasão americana do
Afeganistão. Com isto, segundo Vivés, Fidel e Che desenvolveram os dois mais antigos grupos
terroristas armados do planeta: o próprio Front Polisario/Al-Quaeda e o ETA. Este último
apoiado e financiado por Fidel, ainda em Caracas, na Venezuela, logo no início da Revolução
depois das relações entre Cuba e o governo espanhol se tornarem tensas.
O ex-espião ainda conta como a mídia internacional, artistas e escritores do mundo inteiro
apoiaram (e apóiam!) o cruel regime castrista, disseminando mentiras a respeito do país e da
revolução. Desde as falsas conquistas sociais devidas a Fidel até a glorificação das ditas
vitórias épicas obtidas pelo Exército Cubano nas guerras africanas. Gabriel García Marques,
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por exemplo, ganhou uma mansão no bairro de Siboney em Havana, por ter escrito láureas a
favor de Cuba em seu livro Operação Carlota, nome da operação militar cubana em Angola,
onde o famoso escritor tenta justificar o injustificável. Segundo ele, uma das mentiras políticas
mais bem remuneradas de toda a América Latina. O grande problema para estes intelectuais
seria, depois da queda do regime, a devolução desses imóveis aos seus verdadeiros donos
que se encontram no exílio.
Durante esta mesma operação militar em Angola é quando começa a se desenrolar a questão
do tráfico de drogas envolvendo os irmãos Castro. Juan Vivés escreve que as tropas cubanas
trocavam diamante e marfim (abundantes na África) pela heroína por intermédio da máfia de
Hong Kong. Daí a droga era enviada a Havana em transportes militares cubanos e
posteriormente era transportada para o Panamá, onde agentes cubanos da DGI negociavam
com traficantes internacionais. O responsável por esta operação era o General Arnaldo Ochoa,
que acabou sendo fuzilado por Fidel juntamente com outros participantes, em um processo
digno da época estalinista, no intuito de limpar de todas estas implicações o seu regime. Vivés
ainda menciona as relações com o tráfico de cocaína entre Raúl Castro, Daniel Ortega (da
Nicarágua) e Pablo Escobar.
Lendo o livro, imaginamos como que um pequeno país caribenho, certamente com o sacrifício
extremo de seu povo, foi capaz de enviar tropas e missões de espionagem para várias partes
do mundo. Já na metade da década de 60, o exército cubano possuía 500.000 homens, um
pouco menos de 10% de sua população na época. Em sua louca aventura em Angola, em 15
anos de conflito, Fidel utilizou 300.000 homens. Fora os contingentes em outras regiões.
Quantos jovens cubanos morreram, salvando a pele de russos, em nome de um regime que
apenas escravizou e empobreceu o seu próprio povo?
No final de seu "avant-propos", Juan Vivés afirma que ele não é nenhum intelectual desiludido,
nem um dissidente com ambições pessoais, apenas um homem sedento de liberdade que
rejeita uma tirania egocêntrica fantasiada de revolução.
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