Artigo sobre a maçonaria

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Artigo sobre a maçonaria
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AS RELAÇÕES HISTÓRICAS, FILOSÓFICAS E SIMBÓLICAS ENTRE OS
OBJETOS DE CONSTRUÇÃO DOS POVOS ANTIGOS COM A MAÇONARIA E
A PASSAGEM DO PENSAMENTO OPERATIVO PARA O ESPECULATIVO.
MONTEIRO, WALFRIDO JÚNIOR¹.
Pós-Graduando em Arqueologia, História e Sociedade – UNISA.
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RESUMO
Este trabalho apresenta elementos fundamentais e sérios sobre as origens da
maçonaria e a estreita influência que recebeu do sofismo mulçumano, da cabala judia, os
arquitetos bizantinos e principalmente dos construtores do Egito e da Idade Média nos quesitos
filosóficos, simbólicos e históricos e que estes foram base para os seus códigos, regras e
liturgias atuais. Cabe também ressaltar que o trabalho presente está fundado em pesquisas
realizadas por livros da própria ordem que por motivos de fidelidade não poderão ser
mencionados na bibliografia desse presente artigo, foi também realizado entrevistas com
estudiosos e membros da própria ordem, portanto sem fundo religioso, preconceituoso ou
baseado em crendices populares o real objetivo é explicar a relação entre a arquitetura dos
povos antigos com a história, a filosofia da maçonaria. É comum se dizer que a maçonaria
busca a luz e o maçom é um eterno construtor que marcha do Ocidente ao Oriente e que o
trabalho das mãos se faz a obra do espírito, nesse sentido a maçonaria se utiliza de termos e
objetos de construção para idealizar sentidos concretos, que estão ligados de uma forma
metafórica de evolução da sociedade e do próprio ser. Veremos também como aconteceu essa
passagem dos mestres de construção, tanto os egípcios com a sua matemática entrelaçada
com a astrologia e astronomia quanto os arquitetos dos castelos e templos da Europa para a
transformação em um construtor filosófico pessoal que tem o escopo de ajudar o seu próximo,
tanto no sentido pessoal como na questão social, nesse caso a maçonaria passa de um sentido
operativo para o especulativo.
Palavras – chaves: Objetos, Construtores, Maçonaria, Operativo, Especulativo.
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¹ Pós – Graduando em Arqueologia – (UNISA), Especialista em Gestão Escolar (FALC), Graduado em Filosofia
(UNIMES), Graduado em Letras (UNIB) E-mail: [email protected]
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ABSTRACT
This paper presents key elements and serious about the origins of Freemasonry and
the close influence of Sufism received Muslim, the Jewish cabala, the Byzantine architects and
builders especially Egypt and the Middle Ages in the categories of philosophical, historical and
symbolic and that they were based for their codes, rules and liturgies today. It is also noteworthy
that the present work is based on research conducted by the own order books for reasons that
loyalty can not be mentioned in the literature that this article was also conducted interviews with
scholars and members of the order itself, therefore no religious background, biased or based on
popular beliefs the real objective is to explain the relationship between the architecture of the
ancients with the history, the philosophy of Freemasonry. It is common to say that Freemasonry
seeks light and Mason is an eternal constructor that running from West to East and that the work
of the hands makes the work of the spirit, in that sense Freemasonry uses of terms and building
objects to devise ways concrete, which are connected in a metaphorical way of evolution of
society and the self. We will also see how this happened passage of master builders, both the
Egyptians with their math interwoven with astrology and astronomy as the architects of the
castles and temples of Europe for the transformation to a builder philosophical staff has the
scope to help your neighbor both in a personal sense as the social question, in this case the
Freemasons merely a sense operative to speculative.
Key - Words: Objects, Constructors, Freemasonry, operating, speculative.
APRESENTAÇÃO
A arquitetura nos moldes dos povos antigos é considerada a arte mais antiga do ser
humano, não serviu apenas de objetivo para se ter um simples abrigo, uma morada, mas foi em
diversas sociedades como veremos, a arte de se construir e projetar a beleza, a novidade e a
ostentação, vencendo e superando os próprios limites dos construtores. Com o passar dos
tempos cada cidade ou território foi criando a sua própria técnica, as suas próprias ferramentas,
as suas regras e seus segredos e no pensamento do arquiteto, a sua obra sempre poderá ser
elevada a um nível além do que ele próprio conseguiu enxergar. Ele constrói para fora de si o
mundo em que vive e para dentro de si o mundo que quer viver. A maçonaria é uma ordem que
foi buscar elementos dessas culturas e que remete desde os construtores do Egito que
dispunham de técnicas de engenharia, arquitetura, matemática, astrologia e astronomia que
fascinam até hoje os estudiosos mais renomados da egiptologia.
O arquiteto mais respeitado do antigo Egito foi Imhotep no período do faraó Djoser e
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que o construtor imaginou um templo em forma de escadarias que se eleva até o céu,
simbolizando a passagem do mundo carnal para o mundo celestial, não a mesma encontrada
no platô de Saqqarah à esquerda da capital de Mênfis, mas uma que seja digna para um faraó.
Imhotep deve formar os melhores arquitetos e artesãos para que possam realizar o sonho
pessoal desse magnífico construtor, portanto o uso das técnicas são consideradas quase que
sagradas e não poderão ser passadas para qualquer pessoa, os trabalhadores também são
divididos pelas suas função e suas habilidades, os que conseguem estudar – o escriba recebem
uma formação nas casas de vida e deve iniciar- se como escriba aprendiz e vai ter que passar
por provas e mostrar competência no que é responsável para que assim se torne um escriba
respeitado. Podemos notar que sempre terá um construtor responsável por um grupo e que
deverá instruir para a melhoria profissional, cada grupo, seja escriba ou construtor tinha o seu
local de estudo. A maçonaria como veremos irá se inspirar e simbolizar todas as ações dos
construtores ou pedreiros só que em uma ação não mais para construir templos ou moradias,
mas como uma forma de entender que o ser humano para que se chegue em um nível elevado
de sabedoria, autocontrole e amor, deverá ser um autoconstrutor de si mesmo e que tal ação
não acontece do dia para noite, portanto terá que passar por provas e níveis para que aqueles
que estão a um nível acima possa perceber se realmente está preparado para esse próximo
grau.
Não poderemos esquecer-nos de mencionar a lenda mais importante da maçonaria e
reencenada no ritual maçônico de 3º grau, no qual Hiram Abif o Mestre Pedreiro do Antigo
Templo de Salomão é assassinado por três companheiros, por justamente quererem saber das
regras, palavras mágicas e códigos referentes ao grau de mestre, Hiram Abif se negou a contar
lhes o segredo e acabou sendo golpeado até a morte.
Daremos mais importância para os construtores da Idade Média, já que esses foram
os responsáveis por muitos dos códigos e regras que são mantidos nos rituais maçônicos,
entenderemos, portanto a relação dos objetos usados pelos mestres de construções em suas
ordens ou guildas medievais e o usos desses mesmos objetos usados só que de uma forma
simbólica pelos maçons.
São duas as influências mais significativas para a maçonaria no período medieval, a
Ordem dos Construtores Livres e a ordens militares como a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos,
a Ordem dos Cavaleiros da Cruz de Malta e a mais importante, a Ordem Templários,
comunidade religiosa e militar fundada em 1118 e perseguida pela Igreja Católica em 1307
pelos responsáveis Felipe IV, o Belo com a anuência do Papa Gregório V e o assassinato do
padrinho do filho do rei Jacques de Molay:
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“Graças aos falsos testemunhos apresentados por Esquin de
Béziers (que tinha sido expulso da Ordem do Templo),
apresentou ao monarca as "provas" de que este necessitava
para acabar com os templários. A 13 de Outubro daquele ano,
um pouco por todo o país, os templários foram presos pelas
tropas do rei. A data tinha sido escolhida pela coincidência da
visita a França de vários líderes templários, incluindo o próprio
grão-mestre, Jacques de Molay”.[1]
Em se tratando das ordens dos militares, essas foram as principais forças bélicas da
época medieval, ora eram militares, ora eram religiosos e nessa mistura nascem os rituais, os
toques secretos e as juras de fidelidade entre os membros da ordem, segundo alguns membros
da Maçonaria Especulativa, os Templários que conseguiram fugir de tal perseguição, foram
acolhidos pela Maçonaria assim como mais tarde os Illuminatis também seriam.
É essa a relação que iremos propor, a Maçonaria tem a sua história e buscou na
antiguidade as suas maiores estruturas, a construção, a beleza, a evolução, a liturgia e a
arquitetura simbólica de transformação individual e social.
Desenvolvimento.
No Egito nasceram as mais belas construções já vistas pelo ser humano, a pirâmide
de Djoser, em degraus, com 60 metros de altura, localizada em Sacara, sendo a primeira
construída dessa forma, Queóps, Quéfren e Miquerinos localizadas na planície de Gizé, as
mastabas, os túmulos escavados nas rochas, as esfinges e os obeliscos, todos eles
concretizam o avanço tanto da arquitetura quanto do sonho do homem de realizar aquilo que é
considerado impossível. Os mágicos templos em forma de triangulo, forma geométrica que
sempre teve como simbologia o sagrado, a maçonaria se utilizou dessa forma para simbolizar o
respeito a essa cultura e também aos construtores que a elas tanto se dedicaram, o triangulo
ganha outros significados já que é formado por três lados e o número três sempre esteve
presente em diversas culturas, como um número sagrado, uma relação entre Deus, o cosmos e
o homem, para os chineses é um número perfeito, no Budismo o triratna, para os indus a
manifestação divina é trina Brahma, Vishnu e Shiva, para os persas representava um número
que trazia um caráter mágico, no cristianismo temos a santa trindade – pai, filho e espírito
santo, são três os profetas que visitam Jesus, e portanto, são três os presentes dados, cada um
com a sua simbologia, são três vezes que Pedro negou Jesus, são três os dias entre a morte e
a ressurreição, e Cristo morre com trinta e três anos, o tempo é dividido por três
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[1] http://historiauniversal. o-fim-dos-templarios
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momentos, passado, presente e futuro, tripla é a vida – nascimento, maturidade e morte, são
três os símbolos do semáforo – vermelho, verde e amarelo e para a maçonaria não seria
diferente, Deus, o esquadro e o compasso, são três as colunas da loja maçônica – que remetes
as construções gregas – jônica, dórica e coríntia, que simbolizam, a sabedoria, a força e a
beleza, são três os graus simbólicos – aprendiz, companheiro e mestre, são três os segredos do
primeiro grau - o sinal, o toque e a palavra, são Três as pancadas maçônicas à Porta do
Templo, significando as Três palavras da Escritura: Bate e ela se abrirá (a Porta do Templo);
Procura e acharás (a Verdade); Pede e receberás (a Luz), São Três as Viagens Simbólicas que
correspondem às Três Provas a que um Candidato é submetido: Prova do Ar, Prova da Água,
Prova do Fogo; três são os anos do Aprendiz que deve aceder ao mistério dos Três primeiros
números; são Três os passos na marcha dos Aprendizes e significam o zelo e a confiança que
se deve mostrar ao caminhar para Aquele que nos ilumina; ao receber a Luz, são Três os
elementos que se veem: o Sol, a Lua e o mestre do Templo; três são os deveres do Maçom;
são Três os que dirigem uma Loja Maçônica( anexo 1) e por fim são Três as luzes que se
acendem após a entrada do Mestre e até à sua saída;
Todas essas são as referencias da importância do número três e o símbolo que as
pirâmides, principalmente a região do delta possui para a maçonaria.
Os estudos da astrologia e da astronomia na construção das pirâmides e sobre o
conhecimento sobre o rio Nilo, a matemática, a geometria a crença na imortalidade da alma e o
repeito e crenças sobre a morte, a morte não é vista como o fim, mas o processo de
transformação do indivíduo, não poderíamos descrever todo o ritual de iniciação maçônico, mas
há uma sala de reflexões em todas as lojas e que possui uma símbolos referentes a morte, o
seu significado é justamente mostrar para o neófito que deverá morrer na vida profana e se
transformar em um maçom, todos são estudados e respeitados pela maçonaria e principalmente
se tratando dos construtores, sabemos que os mestres das construções faziam parte de
associações profissionais, com suas regras, seus códigos e principalmente os seus segredos,
não foram da mesma forma que os construtores da Idade Média, mas aconteciam, mesmo que
fossem considerados de uma forma rudimentar, alguns historiadores como a egiptóloga Cintia
Alfieri Gama, esses construtores não eram escravos, na verdade eram trabalhadores livres e
respeitados. Eles eram especiais no sentido de conhecimento, que ia muito além do básico,
segundo conta a lenda, os egípcios foram visitados por Hermes para fundar um conjunto de
mistérios, cuja doutrina é chamada de “Luz interna”, isto é, toda iluminação que permeia o
homem desde o nascimento até a sua morte, cujos símbolos são os mesmos para os maçons, o
membro dessa ordem deve ser um ser iluminado, tanto no sentido pessoal, quanto social.
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Hiram Abif, o construtor sagrado.
Em se tratando de lendas míticas incorporadas pela maçonaria, temos a mais
importante já mencionada, a lenda de Hiram Abif, que é encenada no ritual maçônico, rito
escocês antigo e aceito, do 3º grau e que tem como importância reviver a lealdade e as divisões
profissionais entre os trabalhadores das construções, sabemos que eram três, aprendiz,
companheiro e mestre, Hiram Abif era o melhor mestre da região de Tiro e foi contratado para
embelezar o templo de Salomão, e portanto, era de total confiança do próprio rei, e somente ele
sabia dos segredos do mesmo, em determinado, sob a sua responsabilidade tinham uma legião
de pedreiros sendo que 70 mil eram aprendizes, 80 mil companheiros e 10 mil e 300 mestres, e
sabemos que cada grau mantinha o seu próprio segredo, como toques e palavras para
poderem se reconhecer na sua função e nas suas habilidades, há registros maçônicos que
informam que foi o próprio Rei Salomão que os criou em um determinado momento, três
companheiros de péssima índole se esconderam no templo, um no meridião, outro no setentrião
e o terceiro no Oriente, Hiram entrou pela porta do Ocidente e quis sair pelo Meridião, os três
chamados de Abibalá, Fenor e Metusael procuraram o mestre, para saberem de duas
informações, a primeira era sobre os segredos do próprio Rei Salomão, a segunda era saberem
sobre as palavras somente mencionadas entre os mestres e que caracterizavam tal nível
profissional, Hiram ou Hirão se nega a dizer tais informações, pois achava que os mesmos não
estariam prontos para receber tais segredos, até mesmo por que deveriam merecer e não pedir,
e profere as seguintes palavras “Perco a minha vida, mas não revelo os segredos” e acaba
sendo atacado pelos três, cada um está munido de uma ferramenta de construção, a régua, o
esquadro e o maço, Hiram é, portanto assassinado por não revelar segredos e com isso
demonstrou fidelidade ao rei e ao segredo do grau de mestre, Hirão foi levado para um bosque
na região do Líbano e ali foi enterrado como se nada tivesse acontecido, Salomão percebendo
que seu construtor mestre havia desaparecido, pede para que 9 cavaleiros são enviados para
acharem Hirão vivo ou morto, quando o mestre é encontrado é plantado em sua tumba, uma
acácia, símbolo hoje de importância da maçonaria, assim que terminaram o ritual, foram
perseguir os assassinos do Grande Mestre até a região de Jopa onde cometeram suicídio:
“Finalmente, então, meus irmãos, imitemos nosso Grande
Mestre, Hiram abif , em sua conduta virtuosa, sua piedade
genuína a Deus, em sua inflexível fidelidade ao que lhe está
confiado, para que, como ele, possamos receber o
severo tirano, a Morte, e recebê-lo como um gentil mensageiro
enviado por nosso Supremo Grande Mestre, para nos
transportar desta imperfeita para perfeita, gloriosa e
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celestial Loja lá em cima, em que o Supremo Arquiteto do
Universo preside”.[2]
A acácia (anexo 2) era considerada sagrada, pois era um símbolo emblemático do sol,
outra planta significativa era o Lótus, símbolo que podemos encontrar nos baralhos e que
segundo historiadores e membros da Ordem foi um jogo desenvolvido pelos Templários, porem
no inicio era mais parecido com o jogo de tarot, a acácia é uma planta típica da região de
Jerusalém, segundo o livro do dicionário maçônico de autoria de Sergio Pereira Couto, quando
o Grão Mestre Jacques de Molay foi torturado e assassinado em Paris.
Os Templários que conseguiram escapar da perseguição do rei Felipe, o Belo e do
Papa Clemente V, conseguiram recolher os restos mortais em cobriram- no com ramos da
acácia. Esse é o símbolo ritualístico do 3º grau, no mês de junho as lojas são decoradas com os
ramos dessa planta.
No dia 18 de março de 1314 o Grão Mestre e seu Companheiro de decisão, de
Charney, foram transportados para o local do ato de execução:
“As execuções foram feitas em uma pequena ilha do rio Sena,
mas uma multidão ainda tentou chegar barco para testemunhar
o fim do drama que explodira naquela manhã. As fogueiras
foram cuidadosamente preparadas com madeira seca e madura
e carvão, para fazer uma pira com pouca fumaça e intenso
calor, calculada para primeiro cobrir as pernas de Molay e De
Charney, tanto quanto puderam, continuaram a berrar a
inocência da Ordem. As lendas, dizem que, enquanto a carne
de Jacques de Molay queimava, ele atirou uma maldição a
Felipe da França e a toda a sua família por 13 gerações.
Conclamou o rei e o papa para se encontrarem com ele dentro
de um ano para o julgamento diante do trono de Deus.
Clemente V morreu em abril seguinte, seguido pela morte
inexplicável de Felipe em novembro daquele ano. Como
veremos, a morte de Clemente foi uma vingança quase
insignificante comparada ao impacto continuo da supressão
templária sobre a Igreja romana nos séculos que viriam. [3]
E a seguir as palavras proferidas pelo próprio Grão Mestre Jacques de Molay:
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[2] Ritual Escocês de 3º grau
[3] “Nascidos do sangue (os segredos perdidos da Maçonaria)”, de John J. Robinson, p140
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Senhor. Permiti-nos refletir sobre os tormentos que a iniquidade
e a crueldade nos fazem suportar. Perdoai, ó meu Deus, as
calunias que trouxeram a destruição à Ordem da qual Vossa
Providencia me estabeleceu chefe. Permiti que um dia o
mundo, esclarecido, conheça melhor os que se esforçam em
viver para Vós. Nós esperamos, da Vossa Bondade, a
recompensa dos tormentos e da morte que sofremos para
gozar
da
Vossa
Divina
presença
nas
moradas
bem-
aventuradas. Vós, que nos vedes prontos a perecer nas
chamas, vós julgareis nossa inocência. Intimo o papa Clemente
V em quarenta dias e Felipe o Belo em um ano, a
comparecerem diante do legitimo e terrível trono de Deus para
prestarem conta
do
sangue
que
injusta
e
cruelmente
derramaram. [4]
Esses são os textos mais impressionantes sobre a confiança, já que tanto Hiram ou
Hirão e Jacques de Molay não revelaram os segredos e por essa razão são utilizados pela
maçonaria, nenhum maçom deve falar a palavra de seu grau, muito menos para pessoas que
não são da ordem, chamados de profanos, o maçom deve guardar segredos, principalmente
quando se refere a outro maçom, por essa razão são chamados de irmãos e graças a lenda de
Hiram ou Hirão Abif, nasce a classificação dos irmãos em três distintos graus: aprendiz,
companheiro e mestre, como também as colonas do Templo de Salomão aparecem cada uma
com a L e B, onde os trabalhadores recebiam os seus salários de acordo com a sua respectiva
categoria ou grau e quando um maçom moderno quiser pedir para mudar de grau é entre essas
pilastras que deve ser feito tal solicitação, os elementos ou ferramentas que foram usadas para
assassinar o Grão Mestre Hiram foram utilizadas para formar o símbolo da própria maçonaria, o
esquadro, o compasso e como símbolo secundário o ramo de acácia ( anexo1).
Outros ícones também são usados como a estrela de David ou a reconstrução do
Templo de Salomão e o uso da cabala judaica, alguns historiadores e membros da Ordem da
Maçonaria e da Ordem Rosacruz, afirmam que os primeiros construtores ou maçons foram os
egípcios sacerdotes de Mênfis e Heliópolis que conheciam as ciências como a astrologia, a
física antiga, a arquitetura e que tais ciências foram passadas aos judeus nas doutrinas
herméticas, mas é na lenda de Hiram que a maçonaria mais se apoiou como podemos ver a
seguir:
______________________________
[4] Idem. p141
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Lynn Perkins escreve:
“Portanto, a Maçonaria ensina que a redenção e salvação são
ambos o poder e a responsabilidade do maçom individual.
Salvadores como Hirão-Abi pode me mostram o caminho, mas
os homens precisam sempre seguir e demonstrar, cada um por
si, seu poder de salvar a si mesmos”.[5]
Albert Mackey esclarece sobre o significado da Lenda de Hirão-Abi:
...ensinar a imortalidade da alma. Esse ainda é o principal
propósito do terceiro grau da Maçonaria. Esse é o escopo e
objetivo do seu ritual. O Mestre maçom representa o homem,
quando jovem, quando adulto, quando velho, e a vida que
passa
como
sombras
efêmeras,
porém
ressuscitado
do túmulo da iniquidade, e despertado para uma outra e melhor
existência. Por sua lenda e por todo seu ritual, é implícito que
fomos redimidos da morte do pecado (...) o Mestre Maçom
representa um homem salvo do túmulo da iniquidade, e
ressuscitado para a fé da salvação.[6]
Outros que também estabelecem uma relação de juramento do silêncio são os
militares e religiosos da Ordem dos Templários que tiveram contato com o templo como
podemos ver:
“Como sabemos, a Ordem de Templo possui o seu nome,
principalmente, devido ao fato de o primeiro local onde se
instalaram ter sido no edifício que se construiu sobre as ruínas
do Templo de Salomão. De acordo com dados conhecidos,
Salomão foi o monarca de Israel desde 970 a.C. até 931 a.C.
altura do seu desaparecimento, sendo filho de David e de
Betsabé. De acordo com a mitologia, é-lhe atribuída a autoria
de três partes componentes da bíblia: Eclesiastes, Provérbios e
Cânticos
dos
Cânticos.
Recentemente,
descobertas
arqueológicas confirmaram, de alguma forma, a veracidade
desse anterior Templo do Rei Salomão, de acordo com um
bloco de pedra calcária datada do século IX a.C. Mas na Bíblia
surgem referencias a esse templo. E ele passou a erigir as
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[5] The Meaning of Masonry, p. 95
[6] Ahimam Rezom, ed 1947, p. 141-142
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Colunas pertencentes ao pórtico do templo. Erigiu, pois, a
coluna à direita e chamou-lhe Jaquim, e então erigiu a coluna à
esquerda e a chamou pelo nome de Boaz. E no topo das
colunas havia um trabalho de lírio. E aos poucos se completou
a obra das colunas” [7]
Nessa importante descrição do Templo de Salomão podemos observar as duas
colunas chamadas de Jaquim e Boaz, essas são duas palavras importantes na maçonaria que
simbolizam o grau em que o maçom se encontra, porém não poderemos explicar com mais
detalhes nesse presente artigo por motivos de respeito às regras e segredos da Ordem.
O grande Arquiteto do Universo – G...A...D...U...
Muitos livros tentam descrever a Maçonaria como uma forma de religião, já que
incorporou varias estruturas, símbolos e rituais religiosos e principalmente pela presença
constante da palavra Deus ou God, letra G que aparece como símbolo entre as ferramentas de
trabalho como o esquadro e o compasso, alguns membros da maçonaria que não podemos
mencionar dizem que o primeiro maçom foi Adão já que fora iniciado pelo Grande Arquiteto do
Universo, ou como mais conhecido as siglas GADU, o grande construtor do universo e da vida.
O artigo I das Obrigações, a respeito de Deus e da religião
escreve: “Um maçom é obrigado, pelo seu titulo a obedecer à
lei moral e, se compreender a Arte, nunca será um estúpido
ateu nem um irreligioso libertino, ainda que nos tempos antigos
os maçons fossem obrigados em cada país a praticar a religião
desse país, fosse ela qual for, agora é considerado mais a
propósito sujeitá-los somente à religião sobre a qual os homens
estão de acordo, deixando a cada um as suas próprias
escolhas, ou seja, de serem homens de Bem e Leais, ou
homens de honra e de probidade, quaisquer que sejam as
denominações ou confissões que ajudam a distingui-las; desta
sorte a Maçonaria torna-se o centro de união e o meio de
enlaçar uma amizade sincera entre homens que apenas
conseguiriam permanecer eternamente estranhos”
Tratava-se, sob a obrigação do simples deísmo da religião
natural, duma proclamação de tolerância [...]. [8]
____________________________________________
[7] A franco – maçonaria – Paul Naudon. p19 e p20.
[8] “A Franco-Maçonaria”, p.40-41.
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A Maçonaria não define quem é Deus, não há uma visão de sua forma, mas um
conceito de Deus, nesse sentido o único ser que não será aceito na Ordem é o ateu, ou uma
pessoa que se demonstre ter comportamentos que não são aceitos pelo grupo, segundo o Dr.
José Ferrer Benimelli, Presidente do Centro de Estudos Históricos da Maçonaria Espanhola
relata que mesmo que a Maçonaria esteja centrado na crença de um Deus não definido e de
rituais usados por sacerdotes e trabalhadores das construções do mundo antigo, tal Ordem não
pode ser entendida como uma religião, no entanto a descrença de um ser ou um poder que
esteja acima de nós não será aceita pelos irmãos da Ordem.
Segundo Walter White, Soberano Grão Comendador (Supremo Conselho do grau 33
– Inglaterra) relata que os maçons criaram através dos séculos um conceito que envolve todos
os deuses, que seria o Grande Arquiteto do Universo, esse Deus não é único, e sim um
conceito de aceitação de todos os deuses das religiões, a Ordem não segue um sincretismo,
não acreditam em um Deus único e definido, ou um Deus que se modifica e todos os deuses
são ele mesmo, se a maçonaria acreditasse em um só Deus, o que não é verdade, e que tem
um Ser ao qual é chamado de Grande Arquiteto do Universo, estariam excluindo os irmãos das
outras religiões, o conceito de GADU permite uma conversa com os iguais, nas quais estão
construindo um conceito de “criador” e respeitando a interpretação e a escolha religiosa de cada
um.
Se fossem sincretistas, estariam ofendendo o irmão judeu, espírita, católico-romano,
evangélico, budista, mulçumano, ou seja, o que for.
Portanto que mesmo que seja incluídos a lenda de Hiram ou o conceito de Deus –
GADU, ou os rituais de iniciação, isso não faz da Maçonaria uma religião, a Ordem também não
pode ser mais vista como uma sociedade secreta, e sim como um grupo de homens que sejam
livres e de bom costumes, mas que exigem um certo grau de sigilo, nesse sentido passa de
sociedade secreta para uma sociedade discreta.
É uma antiga sociedade que se reconhece com um grupo que resgatou as estruturas,
ferramentas (anexo 3) e os rituais diversos do mundo dos arquitetos e construtores do mundo
antigo, e tal sociedade se dedica à filantropia e ao culto á natureza.
Como qualquer sociedade formada por um grupo distinto, há um rito de iniciação que
serve para saber se aquela determinada pessoa poderá fazer parte dos irmãos da Ordem, é
uma forma de segurança. Segundo John Hamil – Diretor de Comunicação da Grande Loja
Unida da Inglaterra, em que há um mito de que um irmão convida o profano a fazer parte da
Ordem e que isso não é verdade, é o individuo que deve apresentar vontade e comportamentos
adequados para ingressar na Maçonaria. Como veremos a seguir:
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“Eu, por minha própria vontade e acordo, em presença de Deus
Todo-Poderoso e desta Veneravel Loja de Companheiros
Macons, erigida a Deus e dedicada ao sagrado São João, a
partir de agora e daqui por diante mui solenemente prometo e
juro, alem da minha obrigação anterior, que não entregarei os
segredos do grau de aprendiz e juramento de sempre aclamar,
de sempre ocultar e nunca revelar nenhuma das artes, partes
ou pontos dos mistérios ocultos da antiga Maçonaria que
possam ter sido, ou daqui por diante possam ser, agora ou em
qualquer período futuro, comunicados a mim como tal, a
qualquer pessoa ou pessoas, exceto se for um verdadeiro
legitimo Irmão maçom, ou em uma Loja regularmente
constituída de maçons; nem para ele ou eles até que por
julgamento, devida investigação ou informação legitima eu
saiba que ele, ou eles, são legitimamente autorizados ao
mesmo que eu próprio[...]. [9]
O candidato que quer entrar para o grupo passará por um conjunto de aprovações e
entrevistas na loja e passar por uma câmera de reflexões antes de ser iniciado, tudo isso com
os olhos vedados, pois a qualquer hora poderá mudar de ideia e se retirar do recinto sem saber
dos segredos da Ordem.
Segundo o Dr. Jorge Valles Jos – Grão Mestre da Grande Loja dos livres e aceitos
maçons, relata que existem diversos mitos, que hoje por motivos da não mais perseguição aos
maçons e que devem acabar, um deles é achar que somente ricos e poderosos entram para a
Ordem e jamais poderão sair, outra imagem popular é a crença de que a Maçonaria é satanista,
demoníaca, ou que para ter ingresso o neófito terá que sacrificar um filho para tal ato, tudo isso
é fruto de uma mitologia que muitas vezes era transmitida pelos próprios maçons ou ex maçons,
como forma de proteger o próprio grupo.
A terminologia maçom vem do francês que significa pedreiro e que a maioria dos
historiadores e membros da Ordem concordam que as origens remontam o Antigo Egito e a
Idade Media, é a época do surgimento das guildas, ordens ou corporações de canteiros ou
simplesmente construtores, esses trabalhadores livres acabavam se tornando até celebridades,
um dos exemplos são os construtores comasinos do século VII, as grandes construções de
templos, catedrais, castelos, palácios e pontes, fizeram com que esses homens se tornassem
importantes e que precisassem formar grupos de trabalhadores de confianças.
________________________
[9] “Nascidos do sangue, os segredos perdidos da Maçonaria’, p.195-196.
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Como existiam várias guildas, tinham que guardar os segredos das técnicas de
construção, esses irmão, para ingressarem em tais guildas tinham que nascer livres, ter conduta
irrepreensível e serem conhecedores do oficio.
Esses são os mesmos requisitos para se entrar para a ordem da Maçonaria, segundo
o Dr. T. Sarobe – Grão Mestre da Grande Loja da Espanha de Maçons Antigos, Livres e
Aceitos, o ingressante deverá ser brasileiro, ter mais de 18 anos, trabalhar, ser homem, livre, de
bons costumes e não ser ateu. O termo livre quer dizer que esse individua não é escravo, ou
que a sua entrada não pode ser considerada uma ação em detrimento a terceiros e ter como
prioridade o individuo, a sua vizinhança, a sociedade, o próximo de uma forma geral e por
último a instituição.
Os construtores medievais
Os maçons medievais eram trabalhadores livres que de certa forma operam, isto é,
trabalham de fato nas construções e fazem parte das famosas guildas, que seriam grêmios e
que cada grupo de trabalhadores era dividido por um grau de sabedoria e profissionalismo, que
seriam separados como já vimos em aprendiz, companheiro e mestre, cada grupo desses
possuía um conhecimento especializado e um conjunto de regras e segredos a guardar, os
aprendizes tinham um toque e uma palavra que só eles conheciam, não poderiam passar esses
conhecimentos por escrita e de forma nenhuma um grupo poderia revelar ao outro tal
conhecimento, o mestre era responsável pelo avanço e aperfeiçoamento dos companheiros e
dos aprendizes e para mudar de um grau para o outro teriam que passar por provas e rituais.
Assim o segredo era mantido dentro das guildas e dentro de cada nível de
trabalhadores. A maçonaria especulativa, isto é, não é mais formada por trabalhadores de
construções, mas apenas mantém as regras, os ritos e os segredos que eram utilizados pela
maçonaria operativa, hoje é utilizado as ferramentas maçônicas apenas como um símbolos de
elevação, evolução e entendimento da arquitetura e construção do próprio ser, como veremos a
seguir:
“Outro motivo de incompreensões para com a Maçonaria
é a diferença entre Maçonaria Operativa e Maçonaria
Moderna. É uma diferença aparentemente sutil para o
mundo não maçônico, por causa da adoção, pela
Maçonaria Moderna, de todas as tradições e práticas da
Maçonaria Operativa, como os símbolos, os rituais, o
sigilo e os regulamentos, embora a essência de seus
princípios e de sua filosofia sejam totalmente distintas.
Os maçons operativos eram os construtores medievais
que se associavam em guildas para melhor defender os
seus interesses classistas e estavam estreitamente
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ligadas ao sistema religioso. As primeiras guildas
surgiram na Inglaterra ao final do século IX e início do
século X. Os maçons especulativos eram cidadãos livres,
com uma nova mentalidade social que a partir do século
XVI começaram a ocupar o espaço deixado vago pelos
maçons
operativos,
que
se
desestruturavam.
Empunhavam a bandeira de uma nova fraternidade, não
mais alicerçada exclusivamente em princípios religiosos,
mas livremente nascida da compreensão e a
solidariedade humana. A diferença fundamental é, pois
que, maçom especulativo não é simplesmente um
maçom operativo que deixou de trabalhar no seu ofício e
aprimorou o seu espírito. Foram as lojas operativas que
se transformaram em lojas especulativas pela
substituição progressiva dos membros operativos por
membros especulativos. Veremos essa transformação
mais detalhadamente no capítulo “Os Maçons
Especulativos”. Se assim não fosse, e se a Maçonaria
Especulativa tivesse simplesmente abandonado os ideais
classistas da Maçonaria Operativa ao assumir as suas
lojas, se teria transformado em uma sociedade sem
objetivos, e nenhuma sociedade pode evoluir e prosperar
sem propósitos definidos. O rápido crescimento da
Maçonaria Especulativa no século XVIII demonstra que
ela tinha propósitos definidos, que serão traduzidos no
capítulo “A Filosofia Maçônica” Pode-se melhor aquilatar
a diferença entre as duas fases históricas da Maçonaria
comparando o texto do mais antigo dos documentos do
grupo “Antigos Deveres”, que é o Manuscrito Régio,
datado de 1389, com o do mais antigo documento oficial
da Maçonaria Especulativa, o Regulamento Geral, de
1721, que é parte integrante do Livro das Constituições,
promulgado oficialmente pela Grande Loja de Londres
em 1723”. [10]
A partir do século XI, os maçons que chamamos de construtores operativos para
distinguir dos modernos maçons simbólicos ou filosóficos – começaram a organizar-se em
grupos ou confrarias administrativas.
As guildas espaços pequenos a que chamavam de loja ou oficinas, os mestres
iniciavam os aprendizes, não só no saber da engenharia ou arquitetura, mas também nos
conhecimentos simbólicos, filosóficos e que tinham uma tradição dos antigos construtores o
esoterismo, como a filosofia pitagórica e para alguns grupos até a alquimia medieval, ciência
que se baseava em alterar as formas da matéria e em sua explicação mítica a possibilidade de
transformar metais em ouro.
Esses conhecimentos deveriam ser guardados até mesmo por um motivo de
segurança, já que todo ritual que não fosse de origem católico poderia ser considerado um ato
de heresia.
_____________________
[10] ) Irm Ambrósio Peters. Or de Curitiba - PR.
15
As corporações difundiram dois estilos arquitetônicos, o românico-católico que
imperou entre 1.000 e 1.200 e o gótico, germânico que adquiriu uma estrutura laica,
especialmente entre 1.225 e 1.525.
Junção entre a Ordem dos Templários e os Construtores Medievais.
A Ordem dos Cavaleiros do Templo que era de caráter religioso e militar foi fundada
em 1.118 e seus cavaleiros acabaram se alojando no Antigo Templo de Salomão, esse foi o
motivo de receberem o nome de Templários, essa Ordem de militares religiosos tinha a função
de proteger os peregrinos que iam visitar o Santo Sepulcro, e que posteriormente esse grupo
armado acabou se tornando o braço bélico da Igreja Católica, principalmente nas Cruzadas.
Como símbolo, os cavaleiros carregavam no ombro esquerdo uma cruz vermelha e
tinham como códigos de identificação pessoal as imagens de Baphomet e um cavalo com dois
soldados em cima dele. Esse grupo acabou acumulando uma grande quantia de dinheiro e
poder, de tal forma é atribuído aos Templários a criação dos primeiros bancos e as primeiras
visões de empréstimo de dinheiro, de tal forma, muitos dos reis por motivos das derrotas das
cruzadas acabavam pedindo dinheiros e acumulavam por esse motivo dividas com os
templários, é essa uma das explicações do motivo aparente que levou Felipe, o Belo a querer
torturar e acabar com os membros da Ordem do Templo. Iniciou, portanto uma batalha contra
os Templários com a ajuda do Papa Clemente V, que alegava que os cavaleiros praticavam
rituais que não pertenciam aos dogmas da Igreja, tinham o costume de se cumprimentarem com
um beijo no rosto e mantinham toques e palavras secretas, não podemos esquecer-nos de
mencionar a adoração simbólica da imagem codificada chamada de Baphomet. O Papa
publicou em 1.307 uma lista de crimes e heresias que levou os Templários a serem perseguidos
pela Santa Inquisição e a sua maioria sendo assassinados entre 1.307 e 1.314 que entre eles
se encontrava o Grão Mestre Jacques de Molay, os maçons de todo o mundo se consideram os
continuadores dos Cavaleiros da Ordem, esse é um dos motivos que em certas ocasiões
importantes há a presença de espadas nas lojas, principalmente no ritual de iniciação e que
metaforicamente ou filosoficamente, mantém essas estruturas dos templários, principalmente a
metáfora da reconstrução do templo de Salomão depois da possível destruição e dos graus
maçônicos, principalmente os graus 19, Sublime Escocês da Jerusalém Celeste e o grau 30,
cavaleiro Kadosh ou da águia Branca e Negra ambos do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Os símbolos da Maçonaria são diversos e na sua grande maioria como já
mencionamos são de origem egípcia, grega, judia e medieval. O Esquadro e o Compasso forma
16
um triangulo como homenagem as pirâmides e ao número 3 que é considerado sagrado por
diversas culturas antigas, temos o G ou o olho de Deus no meio, simbolizando a crença em um
ser ou em algo que caracteriza um poder maior que o ser humano, que segundo os membros
da Ordem é chamado de GADU ou Grande Arquiteto do Universo.
Veremos mais a frente a simbologia filosófica do martelo, do compasso, do prumo e
do nível, todos objetos utilizados nas construções tanto egípcias como medievais. Todos esses
ícones representam conceitos de elevação e até mesmo filosóficos e morais. Outras ligações
entre o mundo antigo são as festas dos dias de São João Batista em junho e de São João
Evangelista em dezembro, que representam não só comemorações religiosas, mas a mudança
dos solstícios em um antigo culto a natureza. Os maçons também se utilizam de palavras
secretas que somente quem está no mesmo grau conhece, códigos que são usados entre
frases, toques secretos entre membros de uma mesma potência ou loja, essas são as heranças
das confrarias medievais.
Explicações filosóficas e simbólicas dos principais objetos ou ferramentas maçônicas.
Será proposto o significado filosófico e simbólico na visão maçônica especulativa em
relação aos objetos usados pelos trabalhadores, construtores ou maçons operativos:
Triangulo (pirâmide) – de grosso modo, na maçonaria especulativa, os três lados de
um triangulo partícula são definidos por:
Bem pensar.
Bem dizer.
Bem fazer.
Por outro lado, a sua divisa é, aqui denominada como:
Liberdade.
Igualdade
Fraternidade
Compasso (anexo 4): é utilizado a representação simbólica da busca pela
espiritualidade, que transcende o plano físico, material. É a chamada medida na procura do
espírito e ao mesmo tempo pode também remeter ao controle das ações.
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Esquadro (anexo 5): pode também simbolizar a retidão nas ações, é a tríade
Esquadro, Régua e Compasso, também denominado na Ordem como joia. O objeto está
limitado a duas linhas, uma horizontal e outra vertical, que significam a trajetória positiva na
vida e ao mesmo tempo a própria elevação do ser humano.
Maço (anexo 6): conhecido também por macete, é um elemento de força, simboliza
dentro da Maçonaria, a vontade de cada irmão colocada ao serviço do bem e da própria
instituição, isto é, cada um deverá se dedicar ao máximo em todas as suas atitudes.
Régua ( anexo 7 ): caracteriza que todo maçom deve encontrar a medida certa para
todo o gênero de situações, está também relacionado ao seu controle de comportamento.
Colher (anexo 8): a colher de pedreiro ou trolha está relacionado ao trabalho, a
dedicação, e principalmente, este objeto está relacionado a capacidade de cada maçom de
analisar o seu próprio âmago., de modo a se tornar um homem mais polido, mais correto.
Cinzel (anexo 9): está representando no universo maçônico o direcionamento de suas
ações, o esforço por se tornar um ser melhor, é o cinzel que dá a direção para o maço, portanto
metaforicamente é a visão além que o maçom deve ter das ações e evoluções do ser moral.
O fio de prumo (anexo 10): é o símbolo da construção do Templo Espiritual atribuído
a cada maçom, ele simboliza também a Retidão, o Acerto e a Justiça.
Crânio (anexo 11): há a presença de um cadáver simbólico em alguns rituais
maçônicos, no entanto não possui um atributo mórbido ou assustador e muito menos
demoníaco, ele representa a morte de Hiram ou Hirão Abif, ou símbolo na iniciação do neófito é
caracterizado pela morte de um ser errante, profano para o nascimento do maçom.
Avental e a luva (anexo não autorizado) – é a vestimenta do maçom quando se
encontra dentro da loja, sendo que os três primeiros graus, as luvas devem ser de cor branca,
sinônimo de pureza, o avental representa o trabalho maçônico e as ações filantrópicas.
Nível - tem como objetivo nivelar as ações do maçom, e a forma como o individuo
olha o outro, portanto deve afastar qualquer pensamento que esteja vinculado a discriminações.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Universo da Maçonaria é muito mais amplo do que se pensa, existem as questões
da antagonia entre essa Ordem e a Igreja Católica, as visões populares a respeito da
ritualística dos três graus mencionados, a relação entre estreita e mística entre a rosacruz,
maçonaria, e os Illuminatis, o envolvimento da Maçonaria nas diversas revoltas no mundo,
principalmente a dos Estados Unidos, Brasil e França, as influencias nas Independências,
principalmente Estados Unidos e Brasil, já que sabemos que a data oficiosa de tal ato não
remete a 07 de setembro de 1822 e sim 20 de agosto de 1822 e graças a essa data é que se
comemora o dia do maçom no Brasil, a história da Maçonaria no Brasil. Esses são apenas
algumas possibilidades de pesquisa, já que no nosso país são poucas as pesquisas
realizadas, principalmente seguindo o real e não o imaginário, diferente como vemos na
Alemanha, Inglaterra e França, só que infelizmente os melhores estudos são feitos por
membros da Ordem. A maior dificuldade de se criar estudos a respeito do assunto é que boa
parte dos livros e artigos são feitos por pessoas leigas e que ao invés de informar sobre o lado
real da Ordem, continuam criando ou pior continuando a passar visões de que a Maçonaria é
secreta, demoníaca e que o objetivo central dos membros é o controle do mundo.
O nosso objetivo foi propor uma visão histórica, simbólica e filosófica sobre o que é
realmente a Maçonaria e a sua relação de influência simbólica com a morte do construtor
Hirão ou Hiram Abif e a morte do Grão Mestre Jacques de Moley, os dois estão centrados em
uma das regras mais sérias, o silêncio, nenhum maçom pode dizer aquilo que não sabe e
deve guardar segredo daquilo que é pedido, pudemos perceber que a maçonaria não é
secreta, já que dispõe de vários site, livros feitos por maçons (são poucos os confiáveis hoje),
hoje há uma abertura maior, principalmente, porque, a Maçonaria não pode ser mais vista com
os mesmo olhos quando surgiu em 1717 ou até mesmo anterior, estamos em épocas
diferentes, nesse sentido a própria Ordem teve que se adaptar à tecnologia, um bom exemplo
que podemos exemplificar é a questão das duas grandes Ordens do Brasil, a GOB Grande
Oriente do Brasil, nascida junta com a Independência do Brasil e que D. Pedro I e D. Pedro II
faziam parte, e a GLESP, Grande Loja do Estado de São Paulo, as duas possuem sites de
pesquisa e que a segunda contribuiu muito para a elaboração desse artigo.
A Ordem do Templo ou mais popularmente conhecida “Templários” contribuiu muito
com a Maçonaria no quesito histórico, financeiro e principalmente simbólico e filosófico.
Não podemos esquecer dos objetos de construção que eram usados pelos antigos
mestres e que a Maçonaria teve a função de resgatá-los utilizando-os em sua liturgia como
19
peças fundamentais para o entendimento de sua filosofia e simbologia que se baseia no
crescimento do próprio ser humano.
Pudemos entender que para a maçonaria Deus não é um ser personificado ou único,
na verdade ele é entendido como um conceito, uma aceitação de todas as visões religiosas,
todos os religiosos são aceitos na Ordem.
Percebemos que todo individuo é um construtor de si mesmo e que nunca estará
pronto, acabo, sempre terá o que aprender, e ao mesmo tempo tem a função de ajudar o
próximo a também estar no mesmo caminho, essa é a função da Maçonaria especulativa, que
deixou de trabalhar com pedras e tijolos, para arquitetar seres humanos melhores, mais justos e
que vivem dentro de condutas morais e éticas, respeitando o próximo e a vida.
Findamos que nada na maçonaria pode ser entendido de uma forma real e sim
simbólica, o uso de uma espada não serve para indicar um ato ou uma postura agressiva, mas
o símbolo do zelo, da responsabilidade e do respeito, muitos são os símbolos e objetos que não
dariam para serem mencionados, já que existem objetos de primeira e segunda importância e o
nosso objetivo era destacar os principais, aqueles que são mais conhecidos pela sociedade não
maçônica.
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