Artigo sobre a maçonaria
Transcrição
Artigo sobre a maçonaria
1 AS RELAÇÕES HISTÓRICAS, FILOSÓFICAS E SIMBÓLICAS ENTRE OS OBJETOS DE CONSTRUÇÃO DOS POVOS ANTIGOS COM A MAÇONARIA E A PASSAGEM DO PENSAMENTO OPERATIVO PARA O ESPECULATIVO. MONTEIRO, WALFRIDO JÚNIOR¹. Pós-Graduando em Arqueologia, História e Sociedade – UNISA. __________________________________________________________________________ RESUMO Este trabalho apresenta elementos fundamentais e sérios sobre as origens da maçonaria e a estreita influência que recebeu do sofismo mulçumano, da cabala judia, os arquitetos bizantinos e principalmente dos construtores do Egito e da Idade Média nos quesitos filosóficos, simbólicos e históricos e que estes foram base para os seus códigos, regras e liturgias atuais. Cabe também ressaltar que o trabalho presente está fundado em pesquisas realizadas por livros da própria ordem que por motivos de fidelidade não poderão ser mencionados na bibliografia desse presente artigo, foi também realizado entrevistas com estudiosos e membros da própria ordem, portanto sem fundo religioso, preconceituoso ou baseado em crendices populares o real objetivo é explicar a relação entre a arquitetura dos povos antigos com a história, a filosofia da maçonaria. É comum se dizer que a maçonaria busca a luz e o maçom é um eterno construtor que marcha do Ocidente ao Oriente e que o trabalho das mãos se faz a obra do espírito, nesse sentido a maçonaria se utiliza de termos e objetos de construção para idealizar sentidos concretos, que estão ligados de uma forma metafórica de evolução da sociedade e do próprio ser. Veremos também como aconteceu essa passagem dos mestres de construção, tanto os egípcios com a sua matemática entrelaçada com a astrologia e astronomia quanto os arquitetos dos castelos e templos da Europa para a transformação em um construtor filosófico pessoal que tem o escopo de ajudar o seu próximo, tanto no sentido pessoal como na questão social, nesse caso a maçonaria passa de um sentido operativo para o especulativo. Palavras – chaves: Objetos, Construtores, Maçonaria, Operativo, Especulativo. _________________________________________ ¹ Pós – Graduando em Arqueologia – (UNISA), Especialista em Gestão Escolar (FALC), Graduado em Filosofia (UNIMES), Graduado em Letras (UNIB) E-mail: [email protected] 2 __________________________________________________________________________ ABSTRACT This paper presents key elements and serious about the origins of Freemasonry and the close influence of Sufism received Muslim, the Jewish cabala, the Byzantine architects and builders especially Egypt and the Middle Ages in the categories of philosophical, historical and symbolic and that they were based for their codes, rules and liturgies today. It is also noteworthy that the present work is based on research conducted by the own order books for reasons that loyalty can not be mentioned in the literature that this article was also conducted interviews with scholars and members of the order itself, therefore no religious background, biased or based on popular beliefs the real objective is to explain the relationship between the architecture of the ancients with the history, the philosophy of Freemasonry. It is common to say that Freemasonry seeks light and Mason is an eternal constructor that running from West to East and that the work of the hands makes the work of the spirit, in that sense Freemasonry uses of terms and building objects to devise ways concrete, which are connected in a metaphorical way of evolution of society and the self. We will also see how this happened passage of master builders, both the Egyptians with their math interwoven with astrology and astronomy as the architects of the castles and temples of Europe for the transformation to a builder philosophical staff has the scope to help your neighbor both in a personal sense as the social question, in this case the Freemasons merely a sense operative to speculative. Key - Words: Objects, Constructors, Freemasonry, operating, speculative. APRESENTAÇÃO A arquitetura nos moldes dos povos antigos é considerada a arte mais antiga do ser humano, não serviu apenas de objetivo para se ter um simples abrigo, uma morada, mas foi em diversas sociedades como veremos, a arte de se construir e projetar a beleza, a novidade e a ostentação, vencendo e superando os próprios limites dos construtores. Com o passar dos tempos cada cidade ou território foi criando a sua própria técnica, as suas próprias ferramentas, as suas regras e seus segredos e no pensamento do arquiteto, a sua obra sempre poderá ser elevada a um nível além do que ele próprio conseguiu enxergar. Ele constrói para fora de si o mundo em que vive e para dentro de si o mundo que quer viver. A maçonaria é uma ordem que foi buscar elementos dessas culturas e que remete desde os construtores do Egito que dispunham de técnicas de engenharia, arquitetura, matemática, astrologia e astronomia que fascinam até hoje os estudiosos mais renomados da egiptologia. O arquiteto mais respeitado do antigo Egito foi Imhotep no período do faraó Djoser e 3 que o construtor imaginou um templo em forma de escadarias que se eleva até o céu, simbolizando a passagem do mundo carnal para o mundo celestial, não a mesma encontrada no platô de Saqqarah à esquerda da capital de Mênfis, mas uma que seja digna para um faraó. Imhotep deve formar os melhores arquitetos e artesãos para que possam realizar o sonho pessoal desse magnífico construtor, portanto o uso das técnicas são consideradas quase que sagradas e não poderão ser passadas para qualquer pessoa, os trabalhadores também são divididos pelas suas função e suas habilidades, os que conseguem estudar – o escriba recebem uma formação nas casas de vida e deve iniciar- se como escriba aprendiz e vai ter que passar por provas e mostrar competência no que é responsável para que assim se torne um escriba respeitado. Podemos notar que sempre terá um construtor responsável por um grupo e que deverá instruir para a melhoria profissional, cada grupo, seja escriba ou construtor tinha o seu local de estudo. A maçonaria como veremos irá se inspirar e simbolizar todas as ações dos construtores ou pedreiros só que em uma ação não mais para construir templos ou moradias, mas como uma forma de entender que o ser humano para que se chegue em um nível elevado de sabedoria, autocontrole e amor, deverá ser um autoconstrutor de si mesmo e que tal ação não acontece do dia para noite, portanto terá que passar por provas e níveis para que aqueles que estão a um nível acima possa perceber se realmente está preparado para esse próximo grau. Não poderemos esquecer-nos de mencionar a lenda mais importante da maçonaria e reencenada no ritual maçônico de 3º grau, no qual Hiram Abif o Mestre Pedreiro do Antigo Templo de Salomão é assassinado por três companheiros, por justamente quererem saber das regras, palavras mágicas e códigos referentes ao grau de mestre, Hiram Abif se negou a contar lhes o segredo e acabou sendo golpeado até a morte. Daremos mais importância para os construtores da Idade Média, já que esses foram os responsáveis por muitos dos códigos e regras que são mantidos nos rituais maçônicos, entenderemos, portanto a relação dos objetos usados pelos mestres de construções em suas ordens ou guildas medievais e o usos desses mesmos objetos usados só que de uma forma simbólica pelos maçons. São duas as influências mais significativas para a maçonaria no período medieval, a Ordem dos Construtores Livres e a ordens militares como a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos, a Ordem dos Cavaleiros da Cruz de Malta e a mais importante, a Ordem Templários, comunidade religiosa e militar fundada em 1118 e perseguida pela Igreja Católica em 1307 pelos responsáveis Felipe IV, o Belo com a anuência do Papa Gregório V e o assassinato do padrinho do filho do rei Jacques de Molay: 4 “Graças aos falsos testemunhos apresentados por Esquin de Béziers (que tinha sido expulso da Ordem do Templo), apresentou ao monarca as "provas" de que este necessitava para acabar com os templários. A 13 de Outubro daquele ano, um pouco por todo o país, os templários foram presos pelas tropas do rei. A data tinha sido escolhida pela coincidência da visita a França de vários líderes templários, incluindo o próprio grão-mestre, Jacques de Molay”.[1] Em se tratando das ordens dos militares, essas foram as principais forças bélicas da época medieval, ora eram militares, ora eram religiosos e nessa mistura nascem os rituais, os toques secretos e as juras de fidelidade entre os membros da ordem, segundo alguns membros da Maçonaria Especulativa, os Templários que conseguiram fugir de tal perseguição, foram acolhidos pela Maçonaria assim como mais tarde os Illuminatis também seriam. É essa a relação que iremos propor, a Maçonaria tem a sua história e buscou na antiguidade as suas maiores estruturas, a construção, a beleza, a evolução, a liturgia e a arquitetura simbólica de transformação individual e social. Desenvolvimento. No Egito nasceram as mais belas construções já vistas pelo ser humano, a pirâmide de Djoser, em degraus, com 60 metros de altura, localizada em Sacara, sendo a primeira construída dessa forma, Queóps, Quéfren e Miquerinos localizadas na planície de Gizé, as mastabas, os túmulos escavados nas rochas, as esfinges e os obeliscos, todos eles concretizam o avanço tanto da arquitetura quanto do sonho do homem de realizar aquilo que é considerado impossível. Os mágicos templos em forma de triangulo, forma geométrica que sempre teve como simbologia o sagrado, a maçonaria se utilizou dessa forma para simbolizar o respeito a essa cultura e também aos construtores que a elas tanto se dedicaram, o triangulo ganha outros significados já que é formado por três lados e o número três sempre esteve presente em diversas culturas, como um número sagrado, uma relação entre Deus, o cosmos e o homem, para os chineses é um número perfeito, no Budismo o triratna, para os indus a manifestação divina é trina Brahma, Vishnu e Shiva, para os persas representava um número que trazia um caráter mágico, no cristianismo temos a santa trindade – pai, filho e espírito santo, são três os profetas que visitam Jesus, e portanto, são três os presentes dados, cada um com a sua simbologia, são três vezes que Pedro negou Jesus, são três os dias entre a morte e a ressurreição, e Cristo morre com trinta e três anos, o tempo é dividido por três ___________________________________ [1] http://historiauniversal. o-fim-dos-templarios 5 momentos, passado, presente e futuro, tripla é a vida – nascimento, maturidade e morte, são três os símbolos do semáforo – vermelho, verde e amarelo e para a maçonaria não seria diferente, Deus, o esquadro e o compasso, são três as colunas da loja maçônica – que remetes as construções gregas – jônica, dórica e coríntia, que simbolizam, a sabedoria, a força e a beleza, são três os graus simbólicos – aprendiz, companheiro e mestre, são três os segredos do primeiro grau - o sinal, o toque e a palavra, são Três as pancadas maçônicas à Porta do Templo, significando as Três palavras da Escritura: Bate e ela se abrirá (a Porta do Templo); Procura e acharás (a Verdade); Pede e receberás (a Luz), São Três as Viagens Simbólicas que correspondem às Três Provas a que um Candidato é submetido: Prova do Ar, Prova da Água, Prova do Fogo; três são os anos do Aprendiz que deve aceder ao mistério dos Três primeiros números; são Três os passos na marcha dos Aprendizes e significam o zelo e a confiança que se deve mostrar ao caminhar para Aquele que nos ilumina; ao receber a Luz, são Três os elementos que se veem: o Sol, a Lua e o mestre do Templo; três são os deveres do Maçom; são Três os que dirigem uma Loja Maçônica( anexo 1) e por fim são Três as luzes que se acendem após a entrada do Mestre e até à sua saída; Todas essas são as referencias da importância do número três e o símbolo que as pirâmides, principalmente a região do delta possui para a maçonaria. Os estudos da astrologia e da astronomia na construção das pirâmides e sobre o conhecimento sobre o rio Nilo, a matemática, a geometria a crença na imortalidade da alma e o repeito e crenças sobre a morte, a morte não é vista como o fim, mas o processo de transformação do indivíduo, não poderíamos descrever todo o ritual de iniciação maçônico, mas há uma sala de reflexões em todas as lojas e que possui uma símbolos referentes a morte, o seu significado é justamente mostrar para o neófito que deverá morrer na vida profana e se transformar em um maçom, todos são estudados e respeitados pela maçonaria e principalmente se tratando dos construtores, sabemos que os mestres das construções faziam parte de associações profissionais, com suas regras, seus códigos e principalmente os seus segredos, não foram da mesma forma que os construtores da Idade Média, mas aconteciam, mesmo que fossem considerados de uma forma rudimentar, alguns historiadores como a egiptóloga Cintia Alfieri Gama, esses construtores não eram escravos, na verdade eram trabalhadores livres e respeitados. Eles eram especiais no sentido de conhecimento, que ia muito além do básico, segundo conta a lenda, os egípcios foram visitados por Hermes para fundar um conjunto de mistérios, cuja doutrina é chamada de “Luz interna”, isto é, toda iluminação que permeia o homem desde o nascimento até a sua morte, cujos símbolos são os mesmos para os maçons, o membro dessa ordem deve ser um ser iluminado, tanto no sentido pessoal, quanto social. 6 Hiram Abif, o construtor sagrado. Em se tratando de lendas míticas incorporadas pela maçonaria, temos a mais importante já mencionada, a lenda de Hiram Abif, que é encenada no ritual maçônico, rito escocês antigo e aceito, do 3º grau e que tem como importância reviver a lealdade e as divisões profissionais entre os trabalhadores das construções, sabemos que eram três, aprendiz, companheiro e mestre, Hiram Abif era o melhor mestre da região de Tiro e foi contratado para embelezar o templo de Salomão, e portanto, era de total confiança do próprio rei, e somente ele sabia dos segredos do mesmo, em determinado, sob a sua responsabilidade tinham uma legião de pedreiros sendo que 70 mil eram aprendizes, 80 mil companheiros e 10 mil e 300 mestres, e sabemos que cada grau mantinha o seu próprio segredo, como toques e palavras para poderem se reconhecer na sua função e nas suas habilidades, há registros maçônicos que informam que foi o próprio Rei Salomão que os criou em um determinado momento, três companheiros de péssima índole se esconderam no templo, um no meridião, outro no setentrião e o terceiro no Oriente, Hiram entrou pela porta do Ocidente e quis sair pelo Meridião, os três chamados de Abibalá, Fenor e Metusael procuraram o mestre, para saberem de duas informações, a primeira era sobre os segredos do próprio Rei Salomão, a segunda era saberem sobre as palavras somente mencionadas entre os mestres e que caracterizavam tal nível profissional, Hiram ou Hirão se nega a dizer tais informações, pois achava que os mesmos não estariam prontos para receber tais segredos, até mesmo por que deveriam merecer e não pedir, e profere as seguintes palavras “Perco a minha vida, mas não revelo os segredos” e acaba sendo atacado pelos três, cada um está munido de uma ferramenta de construção, a régua, o esquadro e o maço, Hiram é, portanto assassinado por não revelar segredos e com isso demonstrou fidelidade ao rei e ao segredo do grau de mestre, Hirão foi levado para um bosque na região do Líbano e ali foi enterrado como se nada tivesse acontecido, Salomão percebendo que seu construtor mestre havia desaparecido, pede para que 9 cavaleiros são enviados para acharem Hirão vivo ou morto, quando o mestre é encontrado é plantado em sua tumba, uma acácia, símbolo hoje de importância da maçonaria, assim que terminaram o ritual, foram perseguir os assassinos do Grande Mestre até a região de Jopa onde cometeram suicídio: “Finalmente, então, meus irmãos, imitemos nosso Grande Mestre, Hiram abif , em sua conduta virtuosa, sua piedade genuína a Deus, em sua inflexível fidelidade ao que lhe está confiado, para que, como ele, possamos receber o severo tirano, a Morte, e recebê-lo como um gentil mensageiro enviado por nosso Supremo Grande Mestre, para nos transportar desta imperfeita para perfeita, gloriosa e 7 celestial Loja lá em cima, em que o Supremo Arquiteto do Universo preside”.[2] A acácia (anexo 2) era considerada sagrada, pois era um símbolo emblemático do sol, outra planta significativa era o Lótus, símbolo que podemos encontrar nos baralhos e que segundo historiadores e membros da Ordem foi um jogo desenvolvido pelos Templários, porem no inicio era mais parecido com o jogo de tarot, a acácia é uma planta típica da região de Jerusalém, segundo o livro do dicionário maçônico de autoria de Sergio Pereira Couto, quando o Grão Mestre Jacques de Molay foi torturado e assassinado em Paris. Os Templários que conseguiram escapar da perseguição do rei Felipe, o Belo e do Papa Clemente V, conseguiram recolher os restos mortais em cobriram- no com ramos da acácia. Esse é o símbolo ritualístico do 3º grau, no mês de junho as lojas são decoradas com os ramos dessa planta. No dia 18 de março de 1314 o Grão Mestre e seu Companheiro de decisão, de Charney, foram transportados para o local do ato de execução: “As execuções foram feitas em uma pequena ilha do rio Sena, mas uma multidão ainda tentou chegar barco para testemunhar o fim do drama que explodira naquela manhã. As fogueiras foram cuidadosamente preparadas com madeira seca e madura e carvão, para fazer uma pira com pouca fumaça e intenso calor, calculada para primeiro cobrir as pernas de Molay e De Charney, tanto quanto puderam, continuaram a berrar a inocência da Ordem. As lendas, dizem que, enquanto a carne de Jacques de Molay queimava, ele atirou uma maldição a Felipe da França e a toda a sua família por 13 gerações. Conclamou o rei e o papa para se encontrarem com ele dentro de um ano para o julgamento diante do trono de Deus. Clemente V morreu em abril seguinte, seguido pela morte inexplicável de Felipe em novembro daquele ano. Como veremos, a morte de Clemente foi uma vingança quase insignificante comparada ao impacto continuo da supressão templária sobre a Igreja romana nos séculos que viriam. [3] E a seguir as palavras proferidas pelo próprio Grão Mestre Jacques de Molay: _________________________________ [2] Ritual Escocês de 3º grau [3] “Nascidos do sangue (os segredos perdidos da Maçonaria)”, de John J. Robinson, p140 8 Senhor. Permiti-nos refletir sobre os tormentos que a iniquidade e a crueldade nos fazem suportar. Perdoai, ó meu Deus, as calunias que trouxeram a destruição à Ordem da qual Vossa Providencia me estabeleceu chefe. Permiti que um dia o mundo, esclarecido, conheça melhor os que se esforçam em viver para Vós. Nós esperamos, da Vossa Bondade, a recompensa dos tormentos e da morte que sofremos para gozar da Vossa Divina presença nas moradas bem- aventuradas. Vós, que nos vedes prontos a perecer nas chamas, vós julgareis nossa inocência. Intimo o papa Clemente V em quarenta dias e Felipe o Belo em um ano, a comparecerem diante do legitimo e terrível trono de Deus para prestarem conta do sangue que injusta e cruelmente derramaram. [4] Esses são os textos mais impressionantes sobre a confiança, já que tanto Hiram ou Hirão e Jacques de Molay não revelaram os segredos e por essa razão são utilizados pela maçonaria, nenhum maçom deve falar a palavra de seu grau, muito menos para pessoas que não são da ordem, chamados de profanos, o maçom deve guardar segredos, principalmente quando se refere a outro maçom, por essa razão são chamados de irmãos e graças a lenda de Hiram ou Hirão Abif, nasce a classificação dos irmãos em três distintos graus: aprendiz, companheiro e mestre, como também as colonas do Templo de Salomão aparecem cada uma com a L e B, onde os trabalhadores recebiam os seus salários de acordo com a sua respectiva categoria ou grau e quando um maçom moderno quiser pedir para mudar de grau é entre essas pilastras que deve ser feito tal solicitação, os elementos ou ferramentas que foram usadas para assassinar o Grão Mestre Hiram foram utilizadas para formar o símbolo da própria maçonaria, o esquadro, o compasso e como símbolo secundário o ramo de acácia ( anexo1). Outros ícones também são usados como a estrela de David ou a reconstrução do Templo de Salomão e o uso da cabala judaica, alguns historiadores e membros da Ordem da Maçonaria e da Ordem Rosacruz, afirmam que os primeiros construtores ou maçons foram os egípcios sacerdotes de Mênfis e Heliópolis que conheciam as ciências como a astrologia, a física antiga, a arquitetura e que tais ciências foram passadas aos judeus nas doutrinas herméticas, mas é na lenda de Hiram que a maçonaria mais se apoiou como podemos ver a seguir: ______________________________ [4] Idem. p141 9 Lynn Perkins escreve: “Portanto, a Maçonaria ensina que a redenção e salvação são ambos o poder e a responsabilidade do maçom individual. Salvadores como Hirão-Abi pode me mostram o caminho, mas os homens precisam sempre seguir e demonstrar, cada um por si, seu poder de salvar a si mesmos”.[5] Albert Mackey esclarece sobre o significado da Lenda de Hirão-Abi: ...ensinar a imortalidade da alma. Esse ainda é o principal propósito do terceiro grau da Maçonaria. Esse é o escopo e objetivo do seu ritual. O Mestre maçom representa o homem, quando jovem, quando adulto, quando velho, e a vida que passa como sombras efêmeras, porém ressuscitado do túmulo da iniquidade, e despertado para uma outra e melhor existência. Por sua lenda e por todo seu ritual, é implícito que fomos redimidos da morte do pecado (...) o Mestre Maçom representa um homem salvo do túmulo da iniquidade, e ressuscitado para a fé da salvação.[6] Outros que também estabelecem uma relação de juramento do silêncio são os militares e religiosos da Ordem dos Templários que tiveram contato com o templo como podemos ver: “Como sabemos, a Ordem de Templo possui o seu nome, principalmente, devido ao fato de o primeiro local onde se instalaram ter sido no edifício que se construiu sobre as ruínas do Templo de Salomão. De acordo com dados conhecidos, Salomão foi o monarca de Israel desde 970 a.C. até 931 a.C. altura do seu desaparecimento, sendo filho de David e de Betsabé. De acordo com a mitologia, é-lhe atribuída a autoria de três partes componentes da bíblia: Eclesiastes, Provérbios e Cânticos dos Cânticos. Recentemente, descobertas arqueológicas confirmaram, de alguma forma, a veracidade desse anterior Templo do Rei Salomão, de acordo com um bloco de pedra calcária datada do século IX a.C. Mas na Bíblia surgem referencias a esse templo. E ele passou a erigir as ____________________________________ [5] The Meaning of Masonry, p. 95 [6] Ahimam Rezom, ed 1947, p. 141-142 10 Colunas pertencentes ao pórtico do templo. Erigiu, pois, a coluna à direita e chamou-lhe Jaquim, e então erigiu a coluna à esquerda e a chamou pelo nome de Boaz. E no topo das colunas havia um trabalho de lírio. E aos poucos se completou a obra das colunas” [7] Nessa importante descrição do Templo de Salomão podemos observar as duas colunas chamadas de Jaquim e Boaz, essas são duas palavras importantes na maçonaria que simbolizam o grau em que o maçom se encontra, porém não poderemos explicar com mais detalhes nesse presente artigo por motivos de respeito às regras e segredos da Ordem. O grande Arquiteto do Universo – G...A...D...U... Muitos livros tentam descrever a Maçonaria como uma forma de religião, já que incorporou varias estruturas, símbolos e rituais religiosos e principalmente pela presença constante da palavra Deus ou God, letra G que aparece como símbolo entre as ferramentas de trabalho como o esquadro e o compasso, alguns membros da maçonaria que não podemos mencionar dizem que o primeiro maçom foi Adão já que fora iniciado pelo Grande Arquiteto do Universo, ou como mais conhecido as siglas GADU, o grande construtor do universo e da vida. O artigo I das Obrigações, a respeito de Deus e da religião escreve: “Um maçom é obrigado, pelo seu titulo a obedecer à lei moral e, se compreender a Arte, nunca será um estúpido ateu nem um irreligioso libertino, ainda que nos tempos antigos os maçons fossem obrigados em cada país a praticar a religião desse país, fosse ela qual for, agora é considerado mais a propósito sujeitá-los somente à religião sobre a qual os homens estão de acordo, deixando a cada um as suas próprias escolhas, ou seja, de serem homens de Bem e Leais, ou homens de honra e de probidade, quaisquer que sejam as denominações ou confissões que ajudam a distingui-las; desta sorte a Maçonaria torna-se o centro de união e o meio de enlaçar uma amizade sincera entre homens que apenas conseguiriam permanecer eternamente estranhos” Tratava-se, sob a obrigação do simples deísmo da religião natural, duma proclamação de tolerância [...]. [8] ____________________________________________ [7] A franco – maçonaria – Paul Naudon. p19 e p20. [8] “A Franco-Maçonaria”, p.40-41. 11 A Maçonaria não define quem é Deus, não há uma visão de sua forma, mas um conceito de Deus, nesse sentido o único ser que não será aceito na Ordem é o ateu, ou uma pessoa que se demonstre ter comportamentos que não são aceitos pelo grupo, segundo o Dr. José Ferrer Benimelli, Presidente do Centro de Estudos Históricos da Maçonaria Espanhola relata que mesmo que a Maçonaria esteja centrado na crença de um Deus não definido e de rituais usados por sacerdotes e trabalhadores das construções do mundo antigo, tal Ordem não pode ser entendida como uma religião, no entanto a descrença de um ser ou um poder que esteja acima de nós não será aceita pelos irmãos da Ordem. Segundo Walter White, Soberano Grão Comendador (Supremo Conselho do grau 33 – Inglaterra) relata que os maçons criaram através dos séculos um conceito que envolve todos os deuses, que seria o Grande Arquiteto do Universo, esse Deus não é único, e sim um conceito de aceitação de todos os deuses das religiões, a Ordem não segue um sincretismo, não acreditam em um Deus único e definido, ou um Deus que se modifica e todos os deuses são ele mesmo, se a maçonaria acreditasse em um só Deus, o que não é verdade, e que tem um Ser ao qual é chamado de Grande Arquiteto do Universo, estariam excluindo os irmãos das outras religiões, o conceito de GADU permite uma conversa com os iguais, nas quais estão construindo um conceito de “criador” e respeitando a interpretação e a escolha religiosa de cada um. Se fossem sincretistas, estariam ofendendo o irmão judeu, espírita, católico-romano, evangélico, budista, mulçumano, ou seja, o que for. Portanto que mesmo que seja incluídos a lenda de Hiram ou o conceito de Deus – GADU, ou os rituais de iniciação, isso não faz da Maçonaria uma religião, a Ordem também não pode ser mais vista como uma sociedade secreta, e sim como um grupo de homens que sejam livres e de bom costumes, mas que exigem um certo grau de sigilo, nesse sentido passa de sociedade secreta para uma sociedade discreta. É uma antiga sociedade que se reconhece com um grupo que resgatou as estruturas, ferramentas (anexo 3) e os rituais diversos do mundo dos arquitetos e construtores do mundo antigo, e tal sociedade se dedica à filantropia e ao culto á natureza. Como qualquer sociedade formada por um grupo distinto, há um rito de iniciação que serve para saber se aquela determinada pessoa poderá fazer parte dos irmãos da Ordem, é uma forma de segurança. Segundo John Hamil – Diretor de Comunicação da Grande Loja Unida da Inglaterra, em que há um mito de que um irmão convida o profano a fazer parte da Ordem e que isso não é verdade, é o individuo que deve apresentar vontade e comportamentos adequados para ingressar na Maçonaria. Como veremos a seguir: 12 “Eu, por minha própria vontade e acordo, em presença de Deus Todo-Poderoso e desta Veneravel Loja de Companheiros Macons, erigida a Deus e dedicada ao sagrado São João, a partir de agora e daqui por diante mui solenemente prometo e juro, alem da minha obrigação anterior, que não entregarei os segredos do grau de aprendiz e juramento de sempre aclamar, de sempre ocultar e nunca revelar nenhuma das artes, partes ou pontos dos mistérios ocultos da antiga Maçonaria que possam ter sido, ou daqui por diante possam ser, agora ou em qualquer período futuro, comunicados a mim como tal, a qualquer pessoa ou pessoas, exceto se for um verdadeiro legitimo Irmão maçom, ou em uma Loja regularmente constituída de maçons; nem para ele ou eles até que por julgamento, devida investigação ou informação legitima eu saiba que ele, ou eles, são legitimamente autorizados ao mesmo que eu próprio[...]. [9] O candidato que quer entrar para o grupo passará por um conjunto de aprovações e entrevistas na loja e passar por uma câmera de reflexões antes de ser iniciado, tudo isso com os olhos vedados, pois a qualquer hora poderá mudar de ideia e se retirar do recinto sem saber dos segredos da Ordem. Segundo o Dr. Jorge Valles Jos – Grão Mestre da Grande Loja dos livres e aceitos maçons, relata que existem diversos mitos, que hoje por motivos da não mais perseguição aos maçons e que devem acabar, um deles é achar que somente ricos e poderosos entram para a Ordem e jamais poderão sair, outra imagem popular é a crença de que a Maçonaria é satanista, demoníaca, ou que para ter ingresso o neófito terá que sacrificar um filho para tal ato, tudo isso é fruto de uma mitologia que muitas vezes era transmitida pelos próprios maçons ou ex maçons, como forma de proteger o próprio grupo. A terminologia maçom vem do francês que significa pedreiro e que a maioria dos historiadores e membros da Ordem concordam que as origens remontam o Antigo Egito e a Idade Media, é a época do surgimento das guildas, ordens ou corporações de canteiros ou simplesmente construtores, esses trabalhadores livres acabavam se tornando até celebridades, um dos exemplos são os construtores comasinos do século VII, as grandes construções de templos, catedrais, castelos, palácios e pontes, fizeram com que esses homens se tornassem importantes e que precisassem formar grupos de trabalhadores de confianças. ________________________ [9] “Nascidos do sangue, os segredos perdidos da Maçonaria’, p.195-196. 13 Como existiam várias guildas, tinham que guardar os segredos das técnicas de construção, esses irmão, para ingressarem em tais guildas tinham que nascer livres, ter conduta irrepreensível e serem conhecedores do oficio. Esses são os mesmos requisitos para se entrar para a ordem da Maçonaria, segundo o Dr. T. Sarobe – Grão Mestre da Grande Loja da Espanha de Maçons Antigos, Livres e Aceitos, o ingressante deverá ser brasileiro, ter mais de 18 anos, trabalhar, ser homem, livre, de bons costumes e não ser ateu. O termo livre quer dizer que esse individua não é escravo, ou que a sua entrada não pode ser considerada uma ação em detrimento a terceiros e ter como prioridade o individuo, a sua vizinhança, a sociedade, o próximo de uma forma geral e por último a instituição. Os construtores medievais Os maçons medievais eram trabalhadores livres que de certa forma operam, isto é, trabalham de fato nas construções e fazem parte das famosas guildas, que seriam grêmios e que cada grupo de trabalhadores era dividido por um grau de sabedoria e profissionalismo, que seriam separados como já vimos em aprendiz, companheiro e mestre, cada grupo desses possuía um conhecimento especializado e um conjunto de regras e segredos a guardar, os aprendizes tinham um toque e uma palavra que só eles conheciam, não poderiam passar esses conhecimentos por escrita e de forma nenhuma um grupo poderia revelar ao outro tal conhecimento, o mestre era responsável pelo avanço e aperfeiçoamento dos companheiros e dos aprendizes e para mudar de um grau para o outro teriam que passar por provas e rituais. Assim o segredo era mantido dentro das guildas e dentro de cada nível de trabalhadores. A maçonaria especulativa, isto é, não é mais formada por trabalhadores de construções, mas apenas mantém as regras, os ritos e os segredos que eram utilizados pela maçonaria operativa, hoje é utilizado as ferramentas maçônicas apenas como um símbolos de elevação, evolução e entendimento da arquitetura e construção do próprio ser, como veremos a seguir: “Outro motivo de incompreensões para com a Maçonaria é a diferença entre Maçonaria Operativa e Maçonaria Moderna. É uma diferença aparentemente sutil para o mundo não maçônico, por causa da adoção, pela Maçonaria Moderna, de todas as tradições e práticas da Maçonaria Operativa, como os símbolos, os rituais, o sigilo e os regulamentos, embora a essência de seus princípios e de sua filosofia sejam totalmente distintas. Os maçons operativos eram os construtores medievais que se associavam em guildas para melhor defender os seus interesses classistas e estavam estreitamente 14 ligadas ao sistema religioso. As primeiras guildas surgiram na Inglaterra ao final do século IX e início do século X. Os maçons especulativos eram cidadãos livres, com uma nova mentalidade social que a partir do século XVI começaram a ocupar o espaço deixado vago pelos maçons operativos, que se desestruturavam. Empunhavam a bandeira de uma nova fraternidade, não mais alicerçada exclusivamente em princípios religiosos, mas livremente nascida da compreensão e a solidariedade humana. A diferença fundamental é, pois que, maçom especulativo não é simplesmente um maçom operativo que deixou de trabalhar no seu ofício e aprimorou o seu espírito. Foram as lojas operativas que se transformaram em lojas especulativas pela substituição progressiva dos membros operativos por membros especulativos. Veremos essa transformação mais detalhadamente no capítulo “Os Maçons Especulativos”. Se assim não fosse, e se a Maçonaria Especulativa tivesse simplesmente abandonado os ideais classistas da Maçonaria Operativa ao assumir as suas lojas, se teria transformado em uma sociedade sem objetivos, e nenhuma sociedade pode evoluir e prosperar sem propósitos definidos. O rápido crescimento da Maçonaria Especulativa no século XVIII demonstra que ela tinha propósitos definidos, que serão traduzidos no capítulo “A Filosofia Maçônica” Pode-se melhor aquilatar a diferença entre as duas fases históricas da Maçonaria comparando o texto do mais antigo dos documentos do grupo “Antigos Deveres”, que é o Manuscrito Régio, datado de 1389, com o do mais antigo documento oficial da Maçonaria Especulativa, o Regulamento Geral, de 1721, que é parte integrante do Livro das Constituições, promulgado oficialmente pela Grande Loja de Londres em 1723”. [10] A partir do século XI, os maçons que chamamos de construtores operativos para distinguir dos modernos maçons simbólicos ou filosóficos – começaram a organizar-se em grupos ou confrarias administrativas. As guildas espaços pequenos a que chamavam de loja ou oficinas, os mestres iniciavam os aprendizes, não só no saber da engenharia ou arquitetura, mas também nos conhecimentos simbólicos, filosóficos e que tinham uma tradição dos antigos construtores o esoterismo, como a filosofia pitagórica e para alguns grupos até a alquimia medieval, ciência que se baseava em alterar as formas da matéria e em sua explicação mítica a possibilidade de transformar metais em ouro. Esses conhecimentos deveriam ser guardados até mesmo por um motivo de segurança, já que todo ritual que não fosse de origem católico poderia ser considerado um ato de heresia. _____________________ [10] ) Irm Ambrósio Peters. Or de Curitiba - PR. 15 As corporações difundiram dois estilos arquitetônicos, o românico-católico que imperou entre 1.000 e 1.200 e o gótico, germânico que adquiriu uma estrutura laica, especialmente entre 1.225 e 1.525. Junção entre a Ordem dos Templários e os Construtores Medievais. A Ordem dos Cavaleiros do Templo que era de caráter religioso e militar foi fundada em 1.118 e seus cavaleiros acabaram se alojando no Antigo Templo de Salomão, esse foi o motivo de receberem o nome de Templários, essa Ordem de militares religiosos tinha a função de proteger os peregrinos que iam visitar o Santo Sepulcro, e que posteriormente esse grupo armado acabou se tornando o braço bélico da Igreja Católica, principalmente nas Cruzadas. Como símbolo, os cavaleiros carregavam no ombro esquerdo uma cruz vermelha e tinham como códigos de identificação pessoal as imagens de Baphomet e um cavalo com dois soldados em cima dele. Esse grupo acabou acumulando uma grande quantia de dinheiro e poder, de tal forma é atribuído aos Templários a criação dos primeiros bancos e as primeiras visões de empréstimo de dinheiro, de tal forma, muitos dos reis por motivos das derrotas das cruzadas acabavam pedindo dinheiros e acumulavam por esse motivo dividas com os templários, é essa uma das explicações do motivo aparente que levou Felipe, o Belo a querer torturar e acabar com os membros da Ordem do Templo. Iniciou, portanto uma batalha contra os Templários com a ajuda do Papa Clemente V, que alegava que os cavaleiros praticavam rituais que não pertenciam aos dogmas da Igreja, tinham o costume de se cumprimentarem com um beijo no rosto e mantinham toques e palavras secretas, não podemos esquecer-nos de mencionar a adoração simbólica da imagem codificada chamada de Baphomet. O Papa publicou em 1.307 uma lista de crimes e heresias que levou os Templários a serem perseguidos pela Santa Inquisição e a sua maioria sendo assassinados entre 1.307 e 1.314 que entre eles se encontrava o Grão Mestre Jacques de Molay, os maçons de todo o mundo se consideram os continuadores dos Cavaleiros da Ordem, esse é um dos motivos que em certas ocasiões importantes há a presença de espadas nas lojas, principalmente no ritual de iniciação e que metaforicamente ou filosoficamente, mantém essas estruturas dos templários, principalmente a metáfora da reconstrução do templo de Salomão depois da possível destruição e dos graus maçônicos, principalmente os graus 19, Sublime Escocês da Jerusalém Celeste e o grau 30, cavaleiro Kadosh ou da águia Branca e Negra ambos do Rito Escocês Antigo e Aceito. Os símbolos da Maçonaria são diversos e na sua grande maioria como já mencionamos são de origem egípcia, grega, judia e medieval. O Esquadro e o Compasso forma 16 um triangulo como homenagem as pirâmides e ao número 3 que é considerado sagrado por diversas culturas antigas, temos o G ou o olho de Deus no meio, simbolizando a crença em um ser ou em algo que caracteriza um poder maior que o ser humano, que segundo os membros da Ordem é chamado de GADU ou Grande Arquiteto do Universo. Veremos mais a frente a simbologia filosófica do martelo, do compasso, do prumo e do nível, todos objetos utilizados nas construções tanto egípcias como medievais. Todos esses ícones representam conceitos de elevação e até mesmo filosóficos e morais. Outras ligações entre o mundo antigo são as festas dos dias de São João Batista em junho e de São João Evangelista em dezembro, que representam não só comemorações religiosas, mas a mudança dos solstícios em um antigo culto a natureza. Os maçons também se utilizam de palavras secretas que somente quem está no mesmo grau conhece, códigos que são usados entre frases, toques secretos entre membros de uma mesma potência ou loja, essas são as heranças das confrarias medievais. Explicações filosóficas e simbólicas dos principais objetos ou ferramentas maçônicas. Será proposto o significado filosófico e simbólico na visão maçônica especulativa em relação aos objetos usados pelos trabalhadores, construtores ou maçons operativos: Triangulo (pirâmide) – de grosso modo, na maçonaria especulativa, os três lados de um triangulo partícula são definidos por: Bem pensar. Bem dizer. Bem fazer. Por outro lado, a sua divisa é, aqui denominada como: Liberdade. Igualdade Fraternidade Compasso (anexo 4): é utilizado a representação simbólica da busca pela espiritualidade, que transcende o plano físico, material. É a chamada medida na procura do espírito e ao mesmo tempo pode também remeter ao controle das ações. 17 Esquadro (anexo 5): pode também simbolizar a retidão nas ações, é a tríade Esquadro, Régua e Compasso, também denominado na Ordem como joia. O objeto está limitado a duas linhas, uma horizontal e outra vertical, que significam a trajetória positiva na vida e ao mesmo tempo a própria elevação do ser humano. Maço (anexo 6): conhecido também por macete, é um elemento de força, simboliza dentro da Maçonaria, a vontade de cada irmão colocada ao serviço do bem e da própria instituição, isto é, cada um deverá se dedicar ao máximo em todas as suas atitudes. Régua ( anexo 7 ): caracteriza que todo maçom deve encontrar a medida certa para todo o gênero de situações, está também relacionado ao seu controle de comportamento. Colher (anexo 8): a colher de pedreiro ou trolha está relacionado ao trabalho, a dedicação, e principalmente, este objeto está relacionado a capacidade de cada maçom de analisar o seu próprio âmago., de modo a se tornar um homem mais polido, mais correto. Cinzel (anexo 9): está representando no universo maçônico o direcionamento de suas ações, o esforço por se tornar um ser melhor, é o cinzel que dá a direção para o maço, portanto metaforicamente é a visão além que o maçom deve ter das ações e evoluções do ser moral. O fio de prumo (anexo 10): é o símbolo da construção do Templo Espiritual atribuído a cada maçom, ele simboliza também a Retidão, o Acerto e a Justiça. Crânio (anexo 11): há a presença de um cadáver simbólico em alguns rituais maçônicos, no entanto não possui um atributo mórbido ou assustador e muito menos demoníaco, ele representa a morte de Hiram ou Hirão Abif, ou símbolo na iniciação do neófito é caracterizado pela morte de um ser errante, profano para o nascimento do maçom. Avental e a luva (anexo não autorizado) – é a vestimenta do maçom quando se encontra dentro da loja, sendo que os três primeiros graus, as luvas devem ser de cor branca, sinônimo de pureza, o avental representa o trabalho maçônico e as ações filantrópicas. Nível - tem como objetivo nivelar as ações do maçom, e a forma como o individuo olha o outro, portanto deve afastar qualquer pensamento que esteja vinculado a discriminações. 18 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Universo da Maçonaria é muito mais amplo do que se pensa, existem as questões da antagonia entre essa Ordem e a Igreja Católica, as visões populares a respeito da ritualística dos três graus mencionados, a relação entre estreita e mística entre a rosacruz, maçonaria, e os Illuminatis, o envolvimento da Maçonaria nas diversas revoltas no mundo, principalmente a dos Estados Unidos, Brasil e França, as influencias nas Independências, principalmente Estados Unidos e Brasil, já que sabemos que a data oficiosa de tal ato não remete a 07 de setembro de 1822 e sim 20 de agosto de 1822 e graças a essa data é que se comemora o dia do maçom no Brasil, a história da Maçonaria no Brasil. Esses são apenas algumas possibilidades de pesquisa, já que no nosso país são poucas as pesquisas realizadas, principalmente seguindo o real e não o imaginário, diferente como vemos na Alemanha, Inglaterra e França, só que infelizmente os melhores estudos são feitos por membros da Ordem. A maior dificuldade de se criar estudos a respeito do assunto é que boa parte dos livros e artigos são feitos por pessoas leigas e que ao invés de informar sobre o lado real da Ordem, continuam criando ou pior continuando a passar visões de que a Maçonaria é secreta, demoníaca e que o objetivo central dos membros é o controle do mundo. O nosso objetivo foi propor uma visão histórica, simbólica e filosófica sobre o que é realmente a Maçonaria e a sua relação de influência simbólica com a morte do construtor Hirão ou Hiram Abif e a morte do Grão Mestre Jacques de Moley, os dois estão centrados em uma das regras mais sérias, o silêncio, nenhum maçom pode dizer aquilo que não sabe e deve guardar segredo daquilo que é pedido, pudemos perceber que a maçonaria não é secreta, já que dispõe de vários site, livros feitos por maçons (são poucos os confiáveis hoje), hoje há uma abertura maior, principalmente, porque, a Maçonaria não pode ser mais vista com os mesmo olhos quando surgiu em 1717 ou até mesmo anterior, estamos em épocas diferentes, nesse sentido a própria Ordem teve que se adaptar à tecnologia, um bom exemplo que podemos exemplificar é a questão das duas grandes Ordens do Brasil, a GOB Grande Oriente do Brasil, nascida junta com a Independência do Brasil e que D. Pedro I e D. Pedro II faziam parte, e a GLESP, Grande Loja do Estado de São Paulo, as duas possuem sites de pesquisa e que a segunda contribuiu muito para a elaboração desse artigo. A Ordem do Templo ou mais popularmente conhecida “Templários” contribuiu muito com a Maçonaria no quesito histórico, financeiro e principalmente simbólico e filosófico. Não podemos esquecer dos objetos de construção que eram usados pelos antigos mestres e que a Maçonaria teve a função de resgatá-los utilizando-os em sua liturgia como 19 peças fundamentais para o entendimento de sua filosofia e simbologia que se baseia no crescimento do próprio ser humano. Pudemos entender que para a maçonaria Deus não é um ser personificado ou único, na verdade ele é entendido como um conceito, uma aceitação de todas as visões religiosas, todos os religiosos são aceitos na Ordem. Percebemos que todo individuo é um construtor de si mesmo e que nunca estará pronto, acabo, sempre terá o que aprender, e ao mesmo tempo tem a função de ajudar o próximo a também estar no mesmo caminho, essa é a função da Maçonaria especulativa, que deixou de trabalhar com pedras e tijolos, para arquitetar seres humanos melhores, mais justos e que vivem dentro de condutas morais e éticas, respeitando o próximo e a vida. Findamos que nada na maçonaria pode ser entendido de uma forma real e sim simbólica, o uso de uma espada não serve para indicar um ato ou uma postura agressiva, mas o símbolo do zelo, da responsabilidade e do respeito, muitos são os símbolos e objetos que não dariam para serem mencionados, já que existem objetos de primeira e segunda importância e o nosso objetivo era destacar os principais, aqueles que são mais conhecidos pela sociedade não maçônica. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BIBLIOGRAFIA PESQUISADA ADOUM, Jorge. Do Mestre perfeito e seus mistérios – 5º grau. São Paulo: Pensamento, 2006. __________.Grau do aprendiz e seus mistérios – 1º grau. São Paulo: Pensamento, 2006. __________.Grau do companheiro e seus mistérios – 2º grau. São Paulo: Pensamento, 2003. AGUIAR, João. A fraternidade maçônica – breve resumo da sua história. Portugal: Hugin, 2001. ALENCAR, Renato. Enciclopédia Histórica do Mundo Maçônico. Rituais dos Graus. AMBELAIN, Robert. A antiga Franco Maçonaria (cerimônias e rituais dos ritos de Memphis e Misrai). São Paulo: Madras, 2004. ANES, José Manuel. Maçonaria regular – Maçonaria Universal. Portugal: Hugin, 2003 ARÃO, Manuel. A legenda e a história da Maçonaria. São Paulo: Madras, 2004. 20 ARDITO, João Antonio. Maçonaria, lendas, Mistérios e Filosofia Iniciática – Editora Madras. ARNAUT, António. Introdução à Maçonaria. Coimbra: Coimbra Editora, 2000. ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. Editora “A Trolha”. ___________. Historia Geral da Maçonaria. Editor A Trolha. ___________.Comentários ao Ritual de Aprendiz, Volumes I,II, III. Editora A Trolha. CARVALHO, Monteiro Eduardo Templo, O templo Maçônico. Editora A Trolha. CASTELLANI, José. Maçonaria e Sua Herança Hebraica, A – Editora A Trolha. CASTELLET, Alberto Victor. O que é Maçonaria. São Paulo: Madras. CERINOTTI, Ângela. A Maçonaria: a descoberta de um mundo misterioso. São Paulo: Globo, 2004 COSTA, Frederico Guilherme. Maçonaria sem fronteira. Portugal: Hugin, 2001 _____________. Maçons e Maçonaria. Londrina: A Trolha, 2004 ELEUTÉRIO N. Conceição. Maçonaria e Raízes Históricas e Filosofia. Editora Madras. FERRÉ, Jean. A Historia da Franco Maçonaria (1248-1782). Editora Madras. FREITAS, Teixeira de Guimarães, Colecção dos artigos do Echo de Roma, 1872 LEPAGE, Marius. História e Doutrina da Franco Maçonaria – A Ordem e as Obediências. Editora O Pensamento. PALOU, Jean. "A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática". trad. do Francês. São Paulo: Pensamento, s/d. PETERS, Ambrósio. "O Manuscrito Régio e o Livro das Constituições". Londrina: "A TROLHA", 1997. VAROLI FILHO, Theobaldo. "Curso de Maçonaria Simbólica". 1º Tomo (Aprendiz). São Paulo: "A Gazeta Maçônica", 1976. VAROLLI, Theobaldo Varoli filho. Curso de Maçonaria Simbólica, volumes I, II e III. XICO Trolha - Ritos & Rituais, volume 3, A Trolha, Xico Trolha. 21 SITE http://historiauniversal. o-fim-dos-templarios – 29/04/2013 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA. DURÃO, João Ferreira. Rito escocês antigo e aceito, ordenanças – graus inefáveis: Cobridor. São Paulo: Madras, 2005 – p.159 HORNE, Alex. O Templo do Rei Salomão na tradição maçônica. Brasil: Pensamento, 2006. p.280 NAUDON, Paul. A Franco Maçonaria. Portugal: Publicações Europa-América, 2000. p.19, 20, 41, 44, 163 REGHINI, Arturo. Escritos sobre a maçonaria. Portugal: Hugin, 2002. p.137 ROBINSON, John J.Nascidos do sangue: os segredos da maçonaria. São Paulo: Madras, 2005. p.195, 196, 347 WILMSHURST, W. L. Maçonaria: raízes e segredos da sua história. Portugal: Prefacio, 2002. p.188 WIRTH, Oswald. O simbolismo hermético na sua relação com a Franco-Maçonaria. Portugal: Hugin, 2004. p.142
Documentos relacionados
Revista Maçônica Virtual Arte Real n° 47
chamou de "soma psuchicon" ou corpo-alma (Cor. I, 15:44) do aroma dos Pães da Proposição. Quando falamos de corpo-alma, queremos dizer exatamente isso, e esse veículo não deve ser confundido com a ...
Leia mais