PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA NO CIBRESPAÇO Ana Michelina

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PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA NO CIBRESPAÇO Ana Michelina
PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA NO CIBRESPAÇO
Ana Michelina Lopes
Graduando do curso de Biblioteconomia da UFAL
[email protected]
Márcio Adriano C. dos Santos
Graduando do curso de Biblioteconomia da UFAL
[email protected]
Maria Luiza Russo Duarte
Professora do curso de Biblioteconomia da UFAL
[email protected]
Resumo: a preservação da memória é objeto de várias pesquisas desenvolvidas no campo do saber
científico. A Ciência da Informação vem estudando tal área com uma visão do ponto de vista
biblioteconômico como parte prática da preservação de qualquer conhecimento disponível à
sociedade. Busca-se contribuir com as discussões sobre como se dá a preservação da memória no
ciberespaço. Tal temática é de alta relevância tendo em vista que, a sociedade vem cada vez mais
fazendo uso dos novos meios de comunicação em seu cotidiano. Dentre as diversas atividades que a
sociedade pode praticar no ciberespaço destaca-se a importância da mesma entender que ela faz
parte da preservação da memória cultural da sua comunidade, pois estendemos que o ciberespaço é
um ambiente propício na contribuição efetiva da preservação e difusão da memória no mundo virtual.
Palavras-chaves: Preservação da memória no ciberespaço. Preservação da Memória. Memória Oral.
Ciberespaço. Memória Virtual.
1 INTRODUÇÃO
O advento das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC’s) na
década de 69, fez com que a sociedade tomasse um novo rumo, mas vale salientar
que, a explosão dessas ferramentas deu-se nos anos 90, proporcionando para a
sociedade nova forma instantânea de comunicação, transmissão, transferência entre
outras especificidades. Diante de tais avanços tecnológicos, os indivíduos estão
mais atentos aos aspectos da preservação da memória, frente ao novo que é
denominado por alguns autores de ciberespaço. Nesse sentido, este trabalho tem
como objetivo central contribuir com as discussões sobre como se dá a preservação
da memória no ciberespaço. Uma vez que o tema é muito relevante num momento
em que a sociedade vem cada vez mais fazendo uso dos novos meios de
comunicação em seu cotidiano. Assim, dentre diversas atividades que a sociedade
pode praticar no ciberespaço, pode-se entender que ela deve também preservar a
memória cultural da sua comunidade, pois estendemos que o ciberespaço é um
ambiente propício na contribuição efetiva da preservação e difusão da memória no
mundo virtual.
Ora, a sociedade contemporânea precisa despertar quanto à preservação da
memória entende-se que ela não é menos importante e nem mais importante do que
o advento das novas tecnologias de informação e comunicação, tanto a memória
como as NTIC’s, são partes de um todo que pertence à própria sociedade. Sendo
assim, não podemos entender as partes separadamente, conforme alguns entendem
de forma equivocado acerca dessa dimensão. No obstante, o ciberespaço se bem
usado pela sociedade proporcionará a inclusão de várias manifestações culturais da
nossa sociedade que, como a maioria das pessoas sabe é bem diversificada.
Porém toda via, o referido trabalho chama atenção para um fato preocupante
no que diz respeito aos textos que abordam essa linha de raciocínio. Na
recuperação dos referidos textos na Web, ficou nítida a presença incipiente de
artigos acerca dessa problemática do ponto de vista, da preservação da memória no
contexto do ciberespaço.
Nesse sentido, cabe-nos citar as possíveis lacunas teóricas no meio virtual,
ou seja, na Internet sobre um tema dimensional. Portanto, o nosso arcabouço teórico
dar-se em alguns textos recuperados e, que se aproximam da nossa discussão que
é acerca da preservação da memória no ciberespaço.
2 A CULTURA
Todas as sociedades: antigas, medievais, modernas, pós-modernas e
contemporâneas sempre tiveram e tem uma cultura, transmitida ao longo do
processo histórico. Essa transmissão deu-se e dar-se de geração a geração, os
seus artefatos como: os mitos, as lendas, os costumes, as crenças religiosas, os
códigos jurídicos, os valores éticos, que refletem e norteiam as formas de agir, de
sentir, de pensar de uma determinada sociedade. Pois, essas características podem
ser chamadas de cultura, sobretudo, sendo um patrimônio cultural da humanidade.
Nesse sentido, deve-se entender a cultura, como um complexo no qual estão
incluídos todas as invenções desenvolvidas durante sua existência, nos períodos
mais remotos que as identifica. Esse, complexo deve ser entendido do ponto de
vista, dos elementos que se inter-relacionam e, funcionam em harmonia com a
sociedade. A organização da sociedade pode ser percebível nos diversos fatores,
que faz com que surja uma nova organização econômica, proporcionado a
sociedade e a cultura, outras formas culturas de século em século.
Desta forma, a cultura vem se re-estruturando, se aperfeiçoando, se
fortalecendo continuamente, mas, nem de maneira percebível aos olhares atentos
que os indivíduos deveriam ter acerca desse desenvolvimento que a cultura fez
enquanto obra da sociedade. Diante disto, sabe-se que a cultura com homem, sofre
constantemente alterações ao longo do tempo, sobretudo, ficando mais fica em
relação aos novos elementos desenvolvidos pela alteração do homem.
De acordo com Edgar Morin (2006, p. 75-76), a noção de cultura não é menos
obscura, incerta e múltipla nas ciências do homem do que no vocabulário corrente.
Assim, o referido ao autor afirma que:
a.
“há um sentido antropológico em que cultura se opõe a natureza e
engloba, portanto, tudo que não depende do comportamento inato. Como é
próprio do homem dispor de instinto muito precariamente programado, a
cultura, isto é, tudo que depende da organização, da estruturação, da
programação social, confunde-se finalmente, com tudo que é propriamente
humano”;
b.
“Outra definição antropológica faria depender da cultura tudo que é
dotado de sentido a começar pela linguagem. Com tanta amplitude quanto
na primeira definição, à cultura é cobrir todas as atividades humanas, mas
para tirar o que há de melhor no seu aspecto semântico e intelectual”;
c.
“Há um sentido etnográfico em que a cultura se apoiaria ao
tecnológico e reagruparia crenças, ritos, normas, valores, modelos de
comportamentos (termos heteróclitos tirados de diversos vocabulários e
estocados, à falta de coisa melhor, no bazar cultural)”;
d.
“O sentido sociológico da palavra é ainda mais residual: recuperando
os detritos não assimiláveis pelas disciplinas econômicas, demográficas,
sociológicas, etc., envolve o domínio psico-afetivo, a personalidade, a
“sensibilidade” e suas aderências culturais, às vezes até se reduz ao
chamaremos a cultura ilustrada, isto é:”
e.
“A concepção que a cultura nas humanidades clássicas e no gosto
literário-artístico. Esta concepção, ao contrário das anteriores, é
valorizadíssima: o culto se opõe, em conceito social e eticamente, ao
inculto”.
Sendo assim, a palavra cultura, deve ser entendida como um produto da
sociedade e, que tem dimensões no sentido total, no sentido residual, no sentido
antropo-sócio-etnográfico e em sentido ético-estético. De tal modo que, precisamos
perceber a referida demissão, que expressão cultura internaliza enquanto artefato da
coletividade humana. Como descreve Reisewitz (2004, p. 81), “onde há ser humano
há cultura. Onde quer que o ser humano toque, o que quer que faça, está a
modificar a realidade e a si próprio e, assim, que interfere no mundo natural ou dele
participa, está a criar um mundo cultural.”
Portanto, a cultura segue o processo evolutivo da sociedade, assim, a
sociedade, pode apropriasse dos produtos desenvolvidos por esta evolução. Que,
pode enriquecerá o conjunto cultural da mesma. Em fim, deve-se perceber a cultura
como um contíguo de artefatos, possibilitando a identificação de uma cultura, isto em
qualquer época, mas, para isso, é preciso ter em mente um estado de consciência
sobre a importância de se preservar a cultura de uma sociedade. Finalmente, a
cultura foi e, sempre uma fonte de desenvolvimento para a sociedade como um
todo.
2.1 A PRESERVAÇÃO DA CULTURA
A despeito da necessidade de se preservar a cultura, sobretudo, no meio
virtual, chamou a atenção de Carmelita do Espirito Santo, aluna do Mestrado em
Ciência da Informação pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia/ Escola de Comunicação de Universidade Federal do Rio de Janeiro em
2003. A referida estudante defendeu a dissertação, cujo título é “Quissamã somos
nós”: pesquisa participante para construção de hipertexto sobre identidade cultural.
Para isso, a autora afirma que foi necessário caracterizar toda comunidade acerca
dos aspectos: social, político, econômico, cultural e informacional.
ESPIRITO SANTO (2003, p. 15) afirma que: “se trata da identidade cultural
implica relacioná-la com a cultural, é válido ressaltar de que forma cultura pode ser
inserida no contexto da informação”. Nesse sentido, a autora vai mais além sobre
este contexto e, diz: “é sob este ponto de vista que relacionamos o papel da
informação com a questão da preservação da identidade cultural, na sociedade em
rede”. Portanto, conclamamos com Lévy (2000), quando afirma que, há um dilúvio
informação no atual momento, em que uso intensivo que a sociedade
contemporânea faz das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação,
influenciará na preservação da memória, sobretudo, no ciberespaço.
2.2 O ADVENTO DO CIBERESPAÇO
A sociedade contemporânea pode ser conderada uma das mais privilegiado,
justamente por está no atual momento onde tudo ou quase tudo, pode ser veiculado
pelas
novas
formas
de
se
comunicação
instantânea
pelo
computador,
principalmente pela Internet. Esse, novo faz surge, o termo cibercultura cunhado
pelo filósofo contemporâneo Pierre Lévy (2000), teve a pretensão de nos mostrar
como se deu o surgimento de tal term. Nesse sentido, Lévy (2000), afirmar no livro
cibercultura, que o termo é conseqüência do conjunto de técnicas da sociedade que
ao longo de todo processo histórico evolutivo e tecnológico, propiciou a advento de
novas tecnologias, principalmente na década de 69, data do surgimento das NTIC’s,
nos Estado Unidos da América.
Vale destacar que, o auge dessas NTIC’s deu-se na chamada década de 90,
onde elas propagaram-se com maior intencionalidade no meio da sociedade
contemporânea proporcionando os seguintes processos: maior comunicação entre
os usuários, transmissão, transferência e interatividade entre outros. Portanto, é no
contexto tecnológico que, surge o termo ciberespaço, que se constitui por meio do
engendramento de um conjunto de tecnologias.
Sinalizando acerca do ciberespaço Guimarães (1999, p, 2), diz que:
[...] o termo Ciberespaço pode ser definido como o lócus virtual criado pela
conjunção das diferentes tecnologias de telecomunicação e telemática, em
especial, mas não exclusivamente, as mediadas por computador. É
importante sublinhar que essa definição não circunscreve o Ciberespaço às
redes de computadores, mas sim percebe como suas instâncias diferentes
aparatos de telecomunicação, desde tele-conferências analógicas,
passando por redes de computadores, pagers, comunicação entre rádioamadores e por serviços do tipo tele-amigos. A Internet, portanto, apesar de
ser o mais presente, não é a única instância de CMC, e por extensão, de
suporte ao Ciberespaço. Atualmente, contudo, percebe-se uma tendência
de unificação da esfera global de telecomunicações a partir de plataformas
digitais, seja a partir da rede Internet "pública" ou através de redes privadas.
O Ciberespaço, assim definido, configura-se como um lócus de extrema
complexidade, de difícil compreensão em termos gerais, cuja
heterogeneidade é notória ao percebermos o grande número de ambientes
de sociabilidade existentes, no interior dos quais se estabelecem as mais
diversas e variadas formas de interação, tanto entre homens, quanto entre
homens e máquinas e, inclusive, entre máquinas.
Monteiro, Carelli e Pickler (2008, p. 1), afirmam que o ciberespaço é:
Um ambiente inconstante e virtual, no qual os dados se encontram em
interminável movimento e se sucedem se modificam, se interagem e se
excluem. No ciberespaço a questão da preservação da informação e do
conhecimento é questionada, pois, estando no ambiente virtual, não há
garantias de que uma informação esteja disponível após certo tempo. O
ciberespaço, devido as suas características intrínsecas, torna evidente o
esquecimento, isso porque a preservação, nesse meio e neste momento,
não é um fator essência.
Nesse sentido, se constitui um real conjunto de tecnologias, enraizado de tal
forma na vida em sociedade que lhe modifica as estruturas e princípios,
transformando o próprio homem, que de sujeito histórico torna-se objeto de uma
realidade virtual que os conduz e determina. O ciberespaço tem o objetivo de
introduzir em qualquer pessoal, uma visão global de navegações virtuais, como é a
função da Word Wide Web no atual momento.
De acordo com Gontijo (s/d, p. 2) et al.
A presença das tecnologias de informação e de comunicação-TICs na
sociedade contemporânea e a lógica virtual dela advinda têm produzido
significativas transformações na dialética relação do sujeito com o mundo,
revolucionando todas as dimensões da vida humana: relações de trabalho e
produção, instituições, práticas sociais, códigos culturais, espaços e
processos formativos, etc.
Segundo Castells (1999), ao firmar categoricamente que, nós estamos diante
de uma nova forma social, isto é, a ausência do individuo nesse contexto pode
provocar uma lacuna de sociabilidade virtual, pois, conforme Gontijo (s/d,) et al. de
fato, observa-se na realidade das grandes metrópoles a disseminação de terminais
de computadores, terminais de vídeo com acesso a bancos de dados nacionais e
internacionais, videogames, telefones públicos ligados a centrais automatizadas,
telefones celulares, enfim, todo um aparato tecnológico que está sendo incorporado
às atividades cotidianas das pessoas.
Assim, há indivíduos que conseguem falar como seria vida sem as referidas
ferramentas tecnológicas na sociedade. Tendo em vista a grande relevância que as
mesmas têm nas diversas atividades do cotidiano. Mediante tais argumentos têm-se
as seguintes palavras: “o que devemos considerar aqui não é exatamente se isso as
reconfigurações técnicas e psico-sócio comunicativas é positivo ou negativo, pois
assim cairíamos novamente nas ciladas da metafísica, mas que nova disposição
estaria se formando e a que nova sociedade conduzindo” afirma (Gontijo s/d) et al.
citando MARCONDES-FILHO 2001).
Assim, este autor chama atenção para o fato de que não podemos ter uma
visão simplória sobre os aspectos fenomenológicos e ideológicos, que estão
intrínsecos na lógica dessa nova morfologia social, pois devemos compreender na
maioria das vezes os processos a e dimensão estrutural que as NTIC’s têm acerca
do momento tecnológico, principalmente no que diz respeitos aos desafios gerados
pelas diferentes apropriações e possibilidades de usos das tecnologias para os
seres humanos frente ao processo de está no ciberespaço.
GUIMARÃES (1999) citado por Gontijo (s/d,) et al. entende o ciberespaço
como um fenômeno que vai além da comunicação no sentido estrito do termo. Mais
do que um espaço de comunicação, oferece suporte a um espaço simbólico que
desencadeia repertórios de atividades de caráter societário, tornando-se palco de
práticas e representações dos diferentes grupos que o habitam. É sabido que, uma
das características do ciberespaço é de proporcionar lócus virtual de interação
social, transformando o mesmo em um laboratório ontológico para as pessoas que
experimentam diversas possibilidades de ser. Gontijo (s/d, p. 8) et al. contribui da
seguinte forma:
Essa perspectiva nos leva a pensar o ciberespaço, então, como um campo
gerador de infinitas possibilidades interativas, um novo espaço de
comunicação, de sociabilidade, de reconfiguração de identidades, para além
de sua dimensão mais visível e pragmática, organização e transação da
informação e do conhecimento.
No entanto, que ou quais mudanças estariam envolvidas com os aspectos da
gestão e como ponto fundamental dessa questão a concretização do ciberespaço
com sendo um universo de todas essas possibilidades?. A despeito desta
problemática Gontijo (s/d, p. 8) et al. propõe algumas mudanças afim de melhor
compreensão e sistematização de tais mudanças para que a visão de universalidade
do ciberespaço, não fique incompreensível para a sociedade de modo geral.
Contudo, apresentam-se nesse momento as referidas mudanças, assim são elas:
a) “Mudança na tecnologia informática - A tela do computador não é espaço de irradiação,
mas ambiente de adentramento e manipulação, com janelas móveis e abertas a múltiplas conexões”;
b) “Mudança na esfera social - Há um novo espectador menos passivo diante da mensagem
mais aberta à sua intervenção. Ele aprendeu com o controle remoto da TV, com o joystick do
videogame e agora aprende com o mouse. Essa mudança significa emergência de um novo leitor”;
c) “Mudança no cenário comunicacional - Ocorre à transição da lógica da distribuição
(transmissão) para a lógica da comunicação (interatividade). Isso significa modificação radical no
esquema clássico da informação baseado na ligação unilateral emissor-mensagem-receptor”.
Portanto, o conjunto dessas mudanças vai fazer referência ao que Lévy
(2000) chama de cibercultura, pois para o referido autor é um “o conjunto de
técnicas materiais e intelectuais, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento
e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”.
Finalmente, podemos inferir que o ciberespaço pode ser também um local para
prática e fomento da preservação dos valores de uma cultura seja ela qual for.
3 PRESERVAÇÃO
A sociedade enquanto, produtora do conhecimento deve sem dúvida
preservar sua cultura, pois, é preservando que ela pode em qualquer época ser
descoberta, como aconteceu em outros períodos da história.
De acordo com Santos (2003) preservação é um conjunto de procedimento e
medidas destinadas a assegurar a proteção física dos arquivos, bibliotecas etc.,
contra agentes de deterioração. Nesse sentido, pode-se entender a preservação
como um ato ou efeito de preservar alguma coisa contra agentes que possa
danificar os artefatos que apresenta a memória de um determinado povo. Desta
forma, percebe-se a grande incumbência que se tem na preservação da memória,
principalmente no contexto ciberespaço. Portanto, se faz necessário o entendimento
dos os indivíduos que, usam o ciberespaço como um meio de transferência de
informação e, também meio de preservação da sua memória local, da identidade
cultural.
3.1 TIPOS DE MEMÓRIAS
As sociedades são um conjunto de indivíduos com características
heterogenias e necessidade especifica que, vem se desenvolvendo ao longo de todo
processo histórico de sua existência na humanidade. Este fomento dar-se também
na evolução de suas técnicas, representada em qualquer época, sobretudo,
rompendo: lugar, tempo e espaço. Dentro deste contexto, os tipos de memória são:
o esquecimento e as temporalidades da memória, Memória Oral, Memória Escrita e
Memória Digital. Discorrer sobre os vários tipos de memória é relevante, pois os
estudos acerca deste assunto são considerados complexo pela maioria dos autores
que suscitam sobre esta discussão.
3.2 Memória Oral
No referido tópico sobre memória oral as seguintes autoras Monteiro, Carelli e
Pickler (2008 P.4), confirmam que “as sociedades consideradas orais são aquelas
que antecedem a invenção da escrita, nas quais todo o saber era transmitido
oralmente aos indivíduos por meio de narrações, ritos e mitos”. Nesta época pode-se
inferir que a memória oral era uma forma de conhecimento, mas de tal modo
centralizado pelos indivíduos que transmitiam as narrações e, por conseguinte ritos
e mitos. Portanto, faz-se saber que, a memória oral é preservada nas mentes dos
integrantes e grupos que repassavam tais conhecimentos de geração a geração,
afirmam tais autores.
3.3 Memória Escrita
A cada época que a sociedade evolui-se passando pelo período geográfico,
principalmente pelo alfabeto que, marca datas importantes na historia de toda
humanidade. O tempo é sem duvida um fato, a ser levado em consideração no
processo da memória escrita que, desenvolve artefatos como: os calendários, as
datas, as atas, os folhetas entres tantos fatos que nos lembram da existência deste
período.
De acordo com Monteiro, Carelli e Pickler (2008, p. 7) dizem que: “[...] o
advento da escrita, os fatos poderiam ser registrados em suporte, não mais cabendo
à memória humana a exclusiva função de reter e preservar informações. O eterno
retorno da oralidade foi substituído pelas longas perspectivas da história” Assim,
com advento da escrito, a sociedade pode ter acesso alguns textos que o ajudaram
a fomentar suas necessidades do dia a dia.
Conforme afirma Lévy (2000), no livro: “as tecnologias da inteligência: o futuro
do pensamento na era da informática”, que a memória escrita proporcionou um
fomento do período agrícola, isto é, a agricultura se beneficiou de forma aguda da
memória escrita. Monteiro, Carelli e Pickler (2008, p. 8) de fato:
[...] percebe-se o deslocamento semântico e pragmático da memória, ou
seja, a memória na sociedade oral significou reter, saber de cor
determinados saberes. Platão previu esse deslocamento do sentido da
memória com o advento da escrita, uma vez que tal tecnologia não se
prestava à memória viva, o saber de cor, à memorização, mas sim, ao
registro que poderia ser retomado, externamente, o que ocorreu, de fato,
muitos anos após o advento da escrita. Eis que a preservação, e não mais a
“decoração”, tornou-se o sentido semântico da memória escrita. Na Idade
Média, a memorização se fez presente, mesmo com a escrita, por meio das
mnemotécnicas e da retórica, até o momento em que se tornou a tecnologia
dominante e o atirador cognitivo da sociedade.
Nesse sentido, nota-se que há uma diferença entre os períodos da memória
oral e da memória escrita, como próprio Plantão pensou nos sues estudos da
memória. Portanto, é com a memória escrita que o conhecimento se prolifera do
ponto de vista, exponencial. Em fim, “a escrita externaliza a capacidade de
memorização do cérebro humano; e, aparentemente, tudo é possível de ser
lembrado, uma vez que seja registrado e preservado”.
4 Memória Digital
O aparecimento das novas tecnologias de informação e comunicação
concede velocidade aos novos meios virtuais, conhecidos ciberespaços. Para
Monteiro, Carelli e Pickler (2008, p. 11) é nesse contexto que:
Os mecanismos de busca no Ciberespaço têm grande importância nesse
tipo de memória, pois realizam “lembranças” dos conteúdos que lá estão,
entretanto, eles não atuam na Internet “invisível”, onde grandes quantidades
de dados não são acessíveis aos indivíduos. Para se ter uma idéia, o
Google, hoje, é uma das maiores plataformas de processamento de dados
do mundo, entretanto, seu objetivo é a busca e não a preservação dessa
memória.
Diante deste contexto, deve-se levar em consideração o próprio objetivo do
ciberespaço que, como á sabido, pela maioria dos indivíduos sabem dar-se na
virtualização e desterritorialização dos itens que há no ciberespaço. Assim diz os
autores citando Lévy (1993):
[...] a própria noção de memória ainda é pertinente: O enorme estoque de
imagens e palavras ressoando ao longo das conexões, cintilando sobre as
telas, repousando em massas compactas nos discos, esperando apenas um
sinal para levantar-se, metamorfosear-se, combinar-se entre si e propagarse pelo mundo em ondas inesgotáveis, esta profusão de signos, de
programas, esta gigantesca biblioteca de modelos em vias desconstrução,
toda esta imensa reserva não constitui ainda uma memória. Porque ao
peração da memória não pode ser concebida sem as aparições e
supressões que a desagregam, que a moldam de seu interior [...] Ainda é
necessária, portanto, uma memória humana singular para esquecer os
dados dos bancos, assimulações, os discursos entrelaçados dos hipertextos
[...]. (grifo do autor).
No tocante, a memória digital pode-se ainda notar nas palavras dos autores a
seguinte afirmação:
Na sociedade digital, sobretudo no Ciberespaço, o esquecimento é uma
constante (como na memória biológica), pois nesse meio não há garantias
de preservação. O esquecimento é inerente ao Ciberespaço, se levarmos
em conta que a “retirada” de documentos antes disponíveis na rede, a Web
invisível e a desterritorialização dos signos implicam em esquecimento.
Nesse sentido, podemos perceber que o esquecimento afeta, de maneira
mais sutil, a sociedade escrita que as demais. O esquecimento, entre outras
características, aproxima a sociedade oral da sociedade digital.
Portanto, percebe-se o ciberespaço é um ambiente no qual há ausência da
preservação da memória e, que o esquecimento por inerente ao ciberespaço, não
pode ser uma justificativa dos aspectos da preservação da memória, enquanto
essência de uma sociedade em desenvolvimento recíproco.
4.1 O ESQUECIMENTO E AS TEMPORALIDADES DA MEMÓRIA
O termo memória enquanto um fenômeno social é entendido no processo
histórico e tradicional sob o aspecto da cultura de um determinado povo. Nesse
sentido, Monteiro, Carelli e Pickler (2008), afirmam que: a memória pode, ainda, ser
entendida como memória coletiva, aquela que ultrapassa a memória individual e
biológica de um indivíduo por ser a memória de uma sociedade.
Desta forma, pode-se entender que ha níveis de memória, do ponto de vista
individual, sobretudo, no aspecto coletivo, pois a memória coletiva tem dimensão
quantitativa em relação à memória individual. Conforme LE GOFF (2003), citado por
Monteiro, Carelli e Pickler (2008), assim, afirma o autor:
A memória coletiva refere-se à memória da sociedade oral, pois, com o
advento da escrita, a memória coletiva se materializa em duas formas: a
primeira é a comemoração, a memória no formato da inscrição e do
monumento, e a segunda, é a forma do documento em suportes próprios
para o registro da escrita.
Percebe-se que o autor enfatiza categoricamente que no processo da escrita,
houve uma profunda sistematização da memória coletiva, provocando um fomento
tanto do conhecimento como da memória escrita. Por conseguinte, percebeu-se
durante o processo evolutivo da memória que vários fatores podem influenciar na
preservação da memória no contexto das novas tecnologias de informação e
comunicação, enfim, a memória coletiva é um fator de desenvolvimento da cultura,
seja ela em qualquer tempo e espaço.
4.2 METODOLOGIA
O referido trabalho usou técnicas quantitativas e qualitativas na coleta de
textos que suscitem acerca do contexto da preservação da memória no ciberespaço.
Dessa forma, se fez necessário sistematizar duas etapas para nortear esta
metodologia. Assim sendo, a primeira etapa, recuperou alguns textos disponíveis na
Web, os referidos artigos somam cerca de 10 (dez), sobre a temática, entretanto,
pode-se considerar ínfima, tendo em vista a importância de se debater, a
preservação da memória no ciberespaço no contexto das novas tecnologias da
informação e comunicação na sociedade contemporânea.
No tocante as etapas, a segunda faz uma análise qualitativa dos textos que
faz relevância aos lixos de discussão no presente trabalho. Contudo, vale destacar
que, ainda estamos em fase de estudos mais intensos sobre um tema em
crescimento no mundo virtual.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das explicitações acerca da preservação da memória no ciberespaço,
fica a nossa indagação de se produzir mais conteúdos norteadores, principalmente
num oportuno onde cada vez mais a sociedade, faz uso das Novas Tecnologias da
Informação e Comunicação, com intuito de suprir a sua necessidade do dia a dia.
Mas, a sociedade precisa perceber há de uma grande oportunidade no ciberespaço
para desenvolver a referida preservação da memória, enquanto essência da própria
sociedade.
Portanto, todos os outros períodos a priori sobre a memória devem ser
considerados a grande gênese de todo esse marco evolutivo da técnica, entendida
aqui como mais uma característica de qualquer sociedade, pois, a técnica é a
sociedade já dizia Lévy, (2000).
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