Pessach kasher vesameach (e alegre)!
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Pessach kasher vesameach (e alegre)!
Lubavitch views Ano 23 nº 54 Nissan 5773 - mar/13 Pessach kasher vesameach (e alegre)! Especial: Beit Lubavitch festeja 25 anos com Rabino-Chefe de Israel, Rav Yona Metzger pag. 55 Chabad salva Brit Milá de ser proibido na Alemanha! pag. 70 Como a neurologia prova que a alma existe pag. 76 Conheça a milagrosa matsá pós meia-noite! pag. 14 pag. 86 O PRIMEIRO SANDUÍCHE DA HISTÓRIA! BEIT LUBAVITCH uma filial da MERKOS L’INYONEI CHINUCH setor educacional do Movimento Lubavitch D iretor geral Rabino Yehoshua Biniomin Goldman Coordenadores educacionais Rabino Gabriel Aboutboul Rabino Avraham Tsvi Beuthner Rabino Moshé Y. Lenczynski Rabino Eliahu Kaprow Rabino Chaim Yaakov Broner Rabino Eliahu Haber Rabino Israel Kaczala D epartamento Femi nino Diretora Chani Goldman Coordenadoras Nancy Aboutboul Sara Simcha Beuthner Ayala Lenczynski Batia Kaprow Nechama Dina Broner Ariela Schechter Rivke Rosenberg Michal Haber Chana Esther Kaczala K olel Rabino Efraim Schechter Rabino Meir I. Rosenberg B eit L ubavitch B arra da T ijuca Rabino Yossef Simonowitz Rivka Simonowitz B eit L ubavitch C opacabana Rabino Ilan Stiefelman Deby Stiefelman P residente Nelson Cuptchik V ice-presidentes Rogério Jonas Zylberstajn Flavio Stanger P rodutora - Liliane Liquornik Assistente de produção: Suzette Arotchas J orn. resp. - Miguel Regen (rg:18.280) Editor - Rabino Avraham Tsvi Beuthner Revisão - Rachel Ades D esign gráfico - RF Design Rejane S. Ferman e Diogo Granato Rua General Venâncio Flores, 221 Leblon • CEP 22441-090 • RJ Tel.: (021) 3543-3770 www.beitlubavitch.org.br [email protected] LUBAVITCH VIEWS É uma publicação bimestral do Beit Lubavitch do Rio de Janeiro. Nº 54 - mar 2013 Esta publicação contém termos sagrados. Por favor trate-a com o devido respeito. No Seder de Pessach, após comer a matsá e o marór (raiz forte ou alface romana) fazemos um sanduíche de matsá com marór, e dizemos antes de come-lo: “Isso foi o que Hilel fez, na época em que o Templo existia. Ele embrulhou um [pedaço] de cordeiro de Pêssach, matsá e maror e os comeu juntos…” Quem foi Hilel e por que fazemos este sanduíche? Hilel foi um sábio da era do Segundo Templo de Jerusalém. Ele explicou que o que consta na Torá: “[Na noite de Pessach] comerão a carne [do Korban Pessach] assada sobre o fogo, sobre matsot e ervas amargas (marór) eles a comerão.” — significa que na mesma mordida deve-se comer o cordeiro de Pêssach, a matsá e o maror. Assim, foi inventado o primeiro sanduíche da história — com matsá, carne assada e ervas amargas. Os colegas rabínicos de Hilel discordaram: a Torá diz apenas que estes três itens deveriam ser comidos na mesma refeição de Pêssach. Como a questão não foi resolvida, comemos a matsá sem marór, marór sem matsá e, finalmente, matsá com marór — por via das dúvidas. Espiritualmente, estes três alimentos simbolizam três perfis: o judeu inspirado, o judeu não-inspirado e o judeu amargurado. O sabor delicioso da carne tostada simboliza o ser humano inspirado, cujo coração está cheio de amor por D’us. O sabor simples da matsá representa o judeu comum que não está necessariamente “apaixonado por D’us”; o maror amargo — a pessoa que está amargurada e ressentida com a vida, em geral; por desconhecer sua própria história e tradição. Hilel nos ensina que para sentir a libertação de Pessach em toda a sua majestade e profundidade, devemos aprender a unir a carne, a matsá e o maror num único sanduíche. Algumas pessoas quando se defrontam com uma perspectiva drasticamente oposta à sua, sofrem muito ou sucumbem ao ódio. Outros, no entanto, lidam com isso com facilidade, pois têm convicções e ideais tão profundos, aos quais são fiéis, que, justamente por isso, podem escutar e refletir sobre estas idéias opostas às suas e permanecer inabalados, sem sucumbir à fúria ou ressentimento. Hilel acreditava que os três perfis simbolizados por estes três alimentos podem e devem ser levados juntos. O judeu semelhante à carne, o inspirado e engajado, deve sempre lembrar que sua liberdade somente pode ser atingida se juntar seu coração com o judeu simples semelhante à matsá e o judeu amargurado semelhante ao maror, para embarcar no caminho que leva à libertação Divina. Alguém poderia perguntar: “Como posso juntar os três? Como posso me aproximar de um judeu que está tão distante de minhas crenças e do meu estilo de vida? Como posso realmente amar e abraçar esta pessoa sem esquecer a minha identidade – que me é tão cara? Hilel demonstrou o que é amor com respeito mútuo. Hoje, quando tudo que nos resta são judeus do tipo matsá e maror, temos que nos unir num só “sanduíche” e lembrar como somos indispensáveis ao plano Divino de libertar o mundo das trevas e do mal. 11 de Nissan marca o 111º aniversário de nascimento do Rebe de Lubavitch — um verdadeiro Hilel dos tempos modernos. Ele ensinou milhares de discípulos e admiradores a fazer o sanduíche envolvente de Hilel; a unir judeus e seres humanos de origens, educação e denominações muito diferentes. Este ano o Beit Lubavitch comemora 25 anos de trabalho duro para aproximar todos os judeus, dos níveis e tipos mais distintos, como dizia Hilel: “amando a paz e buscando a paz, amando as pessoas e aproximando-as da Torá.” Este um quarto de século de amor e dedicação ao próximo mereceu uma comemoração especial para a qual fomos honrados com a participação do Rabino Chefe de Israel, Rabino Yona Metzger — como vocês poderão ler na revista. Vamos todos seguir fazendo o que o nosso Hilel, o Rebe, nos ensina e jamais cessar de “envolver” judeus com mitsvót, de construir pontes entre os judeus no mundo inteiro, para vivenciarmos todos juntos, em breve, a verdadeira liberdade com a vinda de Mashiach! Pessach Kasher vesameach — tenham todos um Pessach Kasher e alegre! Rabino Yehoshua Binyomin Goldman Editorial Expediente B”sd ATENÇÃO Tarifa aérea US$ 849,00 (5x cartão), somente até 31/03. Devido a procura, não haverá prorrogação desta data. SKY TURISMO Tel: 3575.7878 (reserva parte aérea) [email protected] (terrestre + acomodações) Tels.: 2256-0504 • 9175-7782 [email protected] www.karenchocolates.blogspot.com Opção Kasher - Supervisão Rav Berkes O primeiro sanduíche da história | Por Rabino Y. B. Goldman 3 Índice EDITORIAL BICENTENÁRIO DO ALTER REBE Qual é a missão da nossa geração? | Rabino Gabriel Aboutboul 8 NOSSAS FESTAS Veja Encarte especial A saga da massa da matsá: uma aventura milenar Por Rabino Avraham Tsvi Beuthner 14 Sétimo dia de pessach: a abertura do mar na nossa vida! Por Rabino Meir Rosenberg 20 Seudat mashiach — mashíach é um ideal ou um mero banquete? coletânia 22 Pergunte ao rabino | Por Rabino Aron Moss 28 Agenda de pessach 32 Faça você também a mitsvá da contagem do omer — sefirat haomer 5773 – 2013 35 Pessach é ser livre de espírito | Por Rabino Eliahu Haber 37 25 ANOS DE BEIT LUBAVITCH Especial: Rabino Chefe De Israel, Rav Yona Metzger Shlita, na comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch 55 Nossas mitsvót Um decreto contra o brit milá — na Alemanha, em 2012? 70 TORÁ E CIÊNCIA A neurologia e a alma | Por Dr. Yaakov Brawer 76 A TGB Deseja a todos Dignidade | Por Dr. Jay Litvin 82 MAZAL TOV REBE! Yud Alef Nissan — Homenagem ao 111º aniversário do Rebe Conselhos do Rebe: trechos de cartas do Rebe 86 Quebrando as barreiras! 90 O conselho que tranformou uma vida | Por Rabino Ilan Stiefelman 95 AT U ALI DADE Inspirador encontro com Rabino Shmuel Eliahu 97 O trono de Napoleão e Jerusalém 98 O conflito árabe-israelense de acordo com a teoria dos jogos | Prof. Robert Aumann – prêmio Nobel de matemática de 2005 100 OI VE I S M I R Tel.: 2239-7366 Humor Judaico 104 LUBAVITCH Lubavitch em ação 39 Departamento Feminino 53 Aulas 109 FOTO DA CAPA: Rabino Chefe de Israel, Rav Yona Metzger Shlita no Beit Lubavitch BEIT LUBAVITCH | tel. 3543-3770 Feliz Pessach COMPORTAMENTO Nossas Festas Qual é a missão da nossa geração? Rabino Gabriel Aboutboul (extraído de sua palestra em Yud Shvat, 5773. Transcrição: Simcha Rochlin) No maamar do Rebe anterior, Bati Legani, no capítulo ligado a esse ano, o Rebe faz uma pergunta revolucionária. Revolucionária, porque nós não pensamos dessa maneira hoje em dia. E como pensamos hoje em dia? De uma maneira muito simples: você vê um pessoa de barba, chapéu e sirtuk (sobretudo “rabínico”) e logo a considera um ET. Você vê alguém da comunidade judaica co- 8 Lubavitch Views mendo em um restaurante não kasher, e tudo bem; esta é uma pessoa normal. Você vê uma pessoa que cumpre a Torá e as mitsvót — ela está nadando contra a corrente; você vê alguém que está alheio à Torá e às mitsvót, que faz o que quer — isto é que é o normal; está bem, está no caminho comum das coisas; é a coisa natural. Qual a maneira que nós enxergamos o mundo? Para você po- der cumprir a Torá e as mitsvót, você precisa quebrar a natureza; enquanto que você não cumprir a Torá e as mitsvót, isso é sim, aparentemente, é o normal. E qual é a pergunta revolucionária? Vem o Rebe e, baseado nos ensinamentos do Admur HaZaken (o primeiro Rebe de Chabad-Lubavitch), diz que não é nada disso. A pergunta não é como é que um judeu pode cum- se afastando da Torá e de suas mitsvót. Veja uma coisa interessante: um animal não tem espírito de insensatez e tolice. Se você quer envenenar um animal, você tem que colocar o veneno dentro de uma comida saudável. Um animal não irá comer veneno, ele não comerá algo que não é bom para ele. O homem é o único que é capaz de comer veneno conscientemente. Por quê? Por causa do ruach shtut, o espírito de insensatez e tolice (o yetser hará) que não nos deixa enxergar que estamos pegando algo que não nos faz bem. O que o Rebe está nos esclarecendo aqui? Um iessod (princípio) básico para todo o trabalho de kiruv (aproximação) do judeu à Torá e às mitsvót. Você pensa que ao falar para um judeu colocar tefilin, comer kasher, cumprir mitsvót está trazendo algo de outro mundo para ele? Algo fora da realidade? Isso é o normal do judeu, isso está dentro de sua neshamá (alma), isso ele carrega com ele. E O estado normal de um judeu é cumprir a Torá e as mitsvót. Quando ele não cumpre a Torá e as mitsvót isto não é um estado normal — é um estado de doença. É um estado que vai longe da norma dele. E como é possível que uma pessoa se envenene, como é possível que uma pessoa saia da norma, saia da linha e faça coisas erradas? por que ele não está cumprindo isso? Isso é o ruach shtut, o espírito de insensatez e tolice. Mas, a alma está desperta e disposta a cumprir a Torá e as mitsvót. O Rambam, Maimônides, nos esclarece isso através de dois exemplos da halachá, no seu Mishne Torá (no qual ele compilou todas as leis da Torá). A halachá (a lei da Torá), em relação a guet (divórcio), estipula que o marido tem que dar o guet por livre e espontânea vontade. No entanto, o Rambam nos esclarece que, no caso em que o guet tem que ser dado (pela halachá) e o marido obstinadamente se recusa a fazê-lo, pode-se “bater” nele (forçá-lo) até ele falar: "Eu quero [dar o guet]", e ainda assim o guet é válido. Como pode ser — se ele não o deu de livre e espontânea vontade? Está escrito que a vontade de cada judeu é cumprir a Torá e as mitsvót. Se o Beit Din achou que ele devia dar o guet e ele está sendo dominado pelo seu “espírito de insensatez e tolice”, seu yetzer hará, e não quer dá-lo, então “bate-se” no yetzer hará dele (para que deixe de ser tolo) e aí então ele falará a verdade, o que ele realmente quer — que é fazer a vontade de D’us, aquilo que estipula a halachá. O que quer dizer isso? Não é uma coisa mística e espiritual. É uma questão simples mencionada na halachá, uma halachá pshutá (simples) do Rambam. Todo judeu quer cumprir a Torá e as mitsvót. Só que no mundo da mentira em que vivemos, da confusão de valores, nós enxergamos as coisas erradas. Pensamos que estar agora aqui, festejando Yud Shvat é anormal, e os normais e comuns, todos os demais, estão agora na praia, festejando outras BICENTENÁRIO DO ALTER REBE Rapazes da Yeshiva de Chabad-Lubavitch colocando tfilin com o pessoal de uma passeata pró-Israel prir uma mitsvá, mas sim, como um judeu é capaz de cometer uma averá (transgressão)? É uma visão completamente diferente. A mitsvá é um estado natural do judeu. A vontade natural do judeu é colocar tefilin, comer kasher. A vontade do judeu é cumprir as mitsvót e se ele faz uma averá, isso sim é uma coisa anormal, fora da rota dele. Em português temos um conceito semelhante. Se fala de que gripe ou certas doenças são coisas comuns. Quem não acorda com alguma dor ou problema? Então, é comum a pessoa estar doente. Mas, as pessoas se confundem e em vez de dizer que é comum estar doente, falam que é normal estar doente. Normal é estar saudável, comum é estar doente. São duas coisas completamente diferentes. A norma, o certo, o correto, a forma como D´us criou as pessoas é para estarem saudáveis. Pode ser que comumente a pessoa fique doente, mas ninguém vai falar que este é o estado normal das coisas. O que é doença? O corpo não está trabalhando de forma normal. O que o Rebe está nos dizendo é que pode ser comum um judeu não estar cumprindo a Torá e as mitsvót, mas que isso não é normal. O estado normal de um judeu é cumprir a Torá e as mitsvót. Quando ele não cumpre a Torá e as mitsvót isto não é um estado normal — é um estado de doença. É um estado que vai longe da norma dele. E como é possível que uma pessoa se envenene, como é possível que uma pessoa saia da norma, saia da linha e faça coisas erradas? Então o Rebe explica que isso é causado pelo ruach shtut, o espírito de insensatez e tolice que faz com que a pessoa não note que através destes erros ela está Lubavitch Views 9 BICENTENÁRIO DO ALTER REBE 10 Lubavitch Views vam no Mishnei Torá, no livro de Maimonides, lá, na prateleira. Um rosh yeshivá (=reitor de uma academia de estudos talmúdicos) falou um pilpul profundo (exposição analítica) sobre estas palavras do Maimônides. Outro, falou que isso era muito lindo e interessante, e explicou a fonte talmúdica da qual o Rambam tirou aquilo e discutiu tudo isso. Mas, o Rambam continuou na prateleira. Quem tirou estas duas halachot do Rambam e aplicou-as na prática? O Rebe. Isso é o dor hashevií, a sétima geração. Como consta já no maamar do Rebe, é a nossa geração que tem que trazer a Shechiná, a presença de D’us, aqui na Terra; trazer aquilo que está na prateleira para a vida prática do dia a dia. O Rebe falou: “Temos que tirar aquele judeu da condição de carcafta delo manach tefilin”. O Rambam passac (legislou) assim, mas, desde que o Maimônides decidiu isso no seu livro de halachá, até alguém se preocupasse que um judeu colocasse tefilin, passaram-se gerações e gerações! O alimento saudável para a alma (sua neshamá) é a Torá e as mitsvót. Ele não sabe disso. Você tem que trazer isso a ele, e quando ele souber e tirar dele mesmo o seu próprio o espírito de insensatez e tolice, você vai ver como aquela neshamá é boa. Quando chegou o Rebe, ele tirou esse psac din lepoal — ele colocou este conceito do livro para pôr em prática, através da campanha internacional de colocação de tefilin com todo e qualquer judeu — mesmo que seja uma vez na vida, mas já vai valer! E a mesma coisa se aplica ao primeiro conceito citado acima. Quantos conheciam esse dito do Maimônides de que a vontade real de cada judeu é cumprir a Torá e as mitsvót? Achavam isso muito bonito, mas não achavam isso prático. O Rebe tirou isso da prateleira e trouxe para esse mundo. Dor hashevií (a nossa geração, a sétima geração desde o Admur Hazaken) é aquela geração que devolve a Shechiná para a Terra, que a traz para o mundo prático e físico. O Rebe não falou dos mundos espirituais; ele mostrou como cada judeu está apto e preparado para cumprir a Torá e as mitsvót, bepoal, na prática, aqui, neste mundo! Ele tirou esse conceito de que “a vontade de cada judeu é cumprir a Torá e as mitsvót” dos livros e falou: “Se essa é a vontade de cada judeu, é só revelar essa vontade; é só você mostrar que isso (a Torá e as mitsvót) pertence àquele judeu”. Como várias vezes ficou óbvio, o Rebe não queria ter o monopólio sobre a aproximação dos judeus ao judaísmo; o Rebe queria que todos os grupos judaicos se empenhassem e trabalhassem nisso. Porém, vemos que a forma que o Rebe introduziu esse conceito e essa ideia é completamente diferente. Primeiro, o Rebe queria dar o valor de cada mitsvá, mesmo que cada judeu não a cumpra de forma completa. Ou seja, o objetivo não é simplesmente fazer ele cumprir uma mitsvá, pois uma mitsvá atrai outra mitsvá (e, assim, ele acabará cumprindo todas as mitsvót). Mas, mais do que isso, a visão do Rebe é: “Não torne a outra pessoa mais religiosa”. Não é essa a forma de se chegar à outra pessoa. Não é nem dessa forma que o Rebe fala sobre si mesmo: “Eu quero me tornar religioso”, não. O Rebe fala simplesmente: “Torá tsiva lanu Moshé, Morashá Kehilat Yacov”. A Torá que D´us deu para o povo de Israel é uma herança para cada judeu. Trazendo um exemplo prático: imagine que você tenha um amigo, e o seu amigo é uma pessoa bem abastada. Só que este amigo, por alguma razão lógica e importante, tenha uma grande parte dos seus bens em outro país, guardados numa conta com números também meio secretos, codificados. Então ele lhe fala: “Olha, se acontecer alguma coisa comigo, você avisa aos meus filhos que eu não os deixei na mão e que tem lá, naquela conta no exterior, um valor para cada um deles e eles vão poder ficar tranquilos”. Ele lhe diz isso e lhe passa o número da conta. Imagine agora que o tal amigo faleça e você, que sabe o segredo e sabe que aquela pessoa não deixou seus filhos na mão, resolve não contar nada para eles. Que coisa grave você está fazendo! Você tem que chegar para aqueles filhos e dizer: “Olha, seu pai não lhes deixou na mão! Tem isso e isso e isso, em tal lugar, e é assim que vocês chegam lá — e vocês irão ficar bem”. O Rebe fala a mesma coisa: “Torá Tsiva lanu Moshé Morashá Kehilat Yacov”. D´us deu uma herança para cada judeu, só que esse judeu não sabe que o pai dele deixou para ele de herança os tefilin, as mezuzot, candelabros de Shabat e cashrut; ...Não tenho que incentivar outro judeu a estudar a Torá e cumprir as mitsvót só para tornar ele ou ela mais religioso”. É para lhe dizer: “Os tefilin são seus! Os candelabros são seus candelabros, o que você vai fazer com eles, eu também não sei, mas são seus, sua herança!” nada disso. Você tem o mérito de saber que isso é herança daquele judeu, que isso pertence àquele judeu, então, se você tem esse mérito de saber, que D´us confiou a você e sabe que aquele filho tem a sua herança, imagine se você não chega para ele e lhe fala o que tem que falar — não fala para ele sobre a herança que lhe pertence por direito? É isso que o Rebe fala: “Não tenho que incentivar outro judeu ou judia a estudar a Torá e cumprir as mitsvót só para tornar ele ou ela mais ou menos religioso”. É para lhe dizer: “Os tefilin são seus! O que você vai fazer com eles, eu não sei; os candelabros são seus candelabros, o que você vai fazer com eles, eu também não sei, mas são seus, é a sua herança!” Torá Tsiva lanu Moshé Morashá Kehilat Yacov. Esse é nosso trabalho, do dor hashivií, de trazer a Shechiná para a Terra. A gente não pode ficar impressionado se aquele judeu cumpre ou não cumpre, se ele vai me ouvir ou não, nada disso. Se conta uma história conhecida de um shaliach (emissário do Rebe) que foi num prédio importante na Quinta Avenida para tentar entrar no escritório de uma pessoa muito rica. Ele tentou entrar e não conseguiu. Foi por outro lado, como se diz: “entrou pela janela” de algum jeito. Quando entrou lá, o rico o viu e lhe disse: “Vá embora, o que você está fazendo aqui? Veio catar dinheiro? Vá embora”. Ele saiu de lá arrasado e falou: “O yetzer hará dessa pessoa é muito forte”. Então, ele decidiu tentar de novo, tentou uma segunda vez por outro lado e de novo foi mandado embora: “O yetzer hará desse homem está muito forte”, ele falou para um amigo. Uma terceira vez, ele foi, e foi colocado para fora correndo. Então ele falou: “Pôxa, não adianta mais, vou desistir!”. Então o amigo respondeu: “Agora, o yetzer hará forte é o seu, não o dele”. Não podemos desistir de nenhum judeu. Não podemos nos entregar a uma realidade que não é verdadeira. A realidade verdadeira é que todo judeu quer cumprir a Torá e as mitsvót. E não é só isso: “ki lo idach mimenu nidach” — não é para sempre que um judeu pode ficar separado de D´us. Como você vai chegar até ele? Se é através de insistência ou de uma estratégia melhor, isso temos que consultar pessoas que entendem do assunto — cada um na sua área — para saber qual a melhor forma de fazê-lo, mas temos que ter a certeza de que isso é o trabalho de cada judeu, de cada um de nós que está aqui, e o Rebe confia em cada um de nós. BICENTENÁRIO DO ALTER REBE coisas... Mas, não! É totalmente o contrário. O normal da neshamá do judeu, o alimento saudável para sua neshamá é a Torá e as mitsvót. Ele não sabe disso. Você tem que trazer isso a ele, e quando ele souber e tirar dele mesmo o seu próprio ruach shtut, o espírito de insensatez e tolice, você vai ver como aquela neshamá é boa. A segunda halachá que o Rambam nos traz é um conceito chamado: carcafta delo manach tefilin — “uma cabeça que não colocou tefilin”. Há uma discussão sobre o que significa “uma cabeça que não colocou tefilin”. Sobre isso no Zohar e outros livros estão escritas coisas muito sérias. Por exemplo: entre Rosh Hashaná e Yom Kipur, a pessoa é julgada por D’us, e aqueles que estão meio a meio, uma das mitsvót que pode decidir qual o futuro daquela pessoa é se ela é carcafta delo manach tefilin — “uma cabeça que não colocou tefilin”. Se a pessoa não é um carcafta delo manach tefilin isso irá lhe dar uma força muito grande na hora do julgamento celestial. Mas, o que realmente significa “uma cabeça que não colocou tefilin”? E se fulano colocou tefilin pelo menos uma vez na vida, ele deixou de ser carcafta delo manach tefilin? Ou só é possível sair dessa categoria quando se coloca tefilin todo dia? Para sair desta definição tão forte, o Rambam explica e codifica nos seu livro de leis que, se a pessoa colocou pelo menos uma vez na vida o tefilin, já sai dessa categoria. Agora vamos poder apreciar melhor estas duas halachot do Rambam, estas duas leis do Rambam, do Maimônides. Até um bom tempo, elas esta- Lubavitch Views 11 BICENTENÁRIO N o s s aDO s ALTER F e s tREBE as 12 Lubavitch Views ...do sheker haolam, da mentira do mundo, temos que fazer keresh lamishkan, as paredes do mishkan (o santuário do deserto). Sheker e keresh tem as mesmas letras. Temos que pegar a insensatez que existe nesse mundo e transportar isso para o lado da kedushá (Torá e mitsvót). do Shulchan Aruch (Código de Leis Judaicas). Conforme nos esclarece também o Admur Hazaken, logo no início do seu Shulchan Aruch, não podemos nos importar com quem zomba de nós; muito pelo contrário, temos que usar esta mesma força, esta mesma energia, para o lado da kedushá, para o lado da santidade, para o lado da espiritualidade. Por isso, é oportuno lembrar, hoje, em Yud Shvat, que de um lado vemos que termina a sexta geração (com o falecimento do Rebe anterior nesta data) e começa uma sétima geração (quando, nessa data, um ano depois o nosso Rebe assume a liderança) e sabemos que não é pela nossa boa vontade que chegamos aqui. Não é porque somos especiais que somos a sétima geração. Simplesmente somos a sétima geração porque viemos depois da sexta, nós temos esse trabalho que é o final — e como o Rebe escreve no maamar, o trabalho do sétimo é a continuação do trabalho do primeiro — do trabalho do Admur Hazaken. Nós vemos que foi justamente o nosso Rebe, de todos os sete Rebes de Chabad-Lubavitch, aquele que mais implementou o estudo do Tanya. Ele incentivou sua divulgação por vários meios de comunicação, como o rádio; sua tradução em vários idiomas, e não só isso, mandou imprimir o Tanya em todos os lugares onde houvesse pelo menos um judeu. Isso, porque o Tanya é o ensinamento do primeiro Rebe e a sétima geração é quem trará a Shechiná para a Terra, é aquela que trará todos estes ensinamentos do Admur Hazaken, de Chabad — Chochma Bina e Daat, de uma maneira que aquilo não esteja mais na prateleira, mas que seja usado na vida prática. Por isso, já que estamos nos 200 anos do falecimento do Admur Hazaken, convém lembrar e enfatizar como o nosso Rebe incentivou o estudo do Tanya, do Admur Hazaken, em todos os níveis e idiomas. Lembrar como o Rebe fez questão de divulgar com grande estardalhaço quando foi impresso o Tanya em braile, possibilitando até aos cegos o seu estudo, e, como ele sempre frisou, divulgar a todos que expandir o estudo do Tanya aproxima a vinda do Mashiach! A nossa geração é a geração da vinda do Mashiach. Muitas vezes apenas lemos o Tanya diariamente, mas temos que começar a estudar. Talvez não dê para estudar todo o Tanya como se deveria, mas temos que tirar uma linha por dia, algo que possamos levar para a nossa vida prática. Nós temos que tirar o Tanya (e o Admur Hazaken) da prateleira e colocar isso na vida de cada um de nós e assim nos prepararmos adequadamente para a vinda de Mashiach! Nossas Festas O Rebe abriu todos os cofres dos tesouros espirituais e todas as forças foram dadas para nós. Temos que encarar as coisas dessa maneira e saber que todo judeu que está fazendo a coisa normal é aquele que cumpre a Torá e as mitsvót. Mas, o Rebe acrescenta ainda algo a mais no maamar. Quando as pessoas estão tão confusas e o espírito de insensatez e tolice predomina, aí você não pode mais ser normal, pois uma pessoa normal não consegue enfrentar a doença. Você precisa de algo mais forte, você precisa de uma insensatez positiva, do lado da kedushá. Você precisa mostrar que aquele espírito de tolice que se apossou da pessoa do lado negativo agora tem que ser transformado no lado positivo. Como o Rebe anterior escreve no seu maamar: do sheker haolam, da mentira do mundo, temos que fazer keresh lamishkan, as paredes do mishkan (o santuário do deserto). Sheker e keresh tem as mesmas letras. Temos que pegar a insensatez que existe nesse mundo e transportar isso para o lado da kedushá (Torá e mitsvót). E como se faz isso? Aquilo que vemos acontecer no sentido negativo pode ser transformado e usado no sentido positivo — isto é o significado de shtut de kedushá. Isto significa que, como aquela pessoa que está andando no mau caminho e não quer ouvir nenhum argumento, pois acha que está certa até o fim e segue nisso sem abrir mão, assim, também, quando estamos no caminho da Torá e das mitsvót, devemos seguir sem olhar para o que falam à direita ou à esquerda. Temos que fazer aquilo que tem que ser feito da maneira certa e correta sem nos importarmos e sem ligarmos para o que falam. Essa é a primeira halachá Lubavitch Views 13 Nossas Festas por Rabino Avraham Tsvi Beuthner Aos não iniciados na multimilenar arte de panificação (como eu, por exemplo...), convém lembrar certos conceitos básicos, sem os quais toda esta narrativa perderia completamente o sentido: A mera mistura de água com farinha de trigo dá origem a uma “criatura pegajosa” conhecida comumente como “massa de pão”. [Aliás, a Torá chama de pão ou matsá ao resultado da mistura de água e farinha só se a farinha usada for de trigo ou de cevada, aveia, centeio ou espelta. No nosso dia a dia, além do singelo pão de trigo, nas suas mais diferentes formas e feitios, as pessoas só conhecem o pão de centeio ou shvartse broit, o pão preto.] Um fenômeno já registrado por milhares (senão milhões) de teste- 14 Lubavitch Views munhas ao longo dos anais da história, é o fato desta massa irrequieta crescer e começar a estufar cerca de 18 minutos depois da mistura (são pelo menos Chai minutos, independentemente de ser uma ‘massa de pão’ judaica ou não...). Chamam este fenômeno de levedação, palavra que a maioria dos seres mortais falantes da língua portuguesa que eu conheço ainda reluta em usar. Palavras como “levedação, levedado, levedura” têm algo de “leve”, mas dão origem a pães e massas cujo consumo produz pessoas “pesadas” ou “obesas”... Enfim, seja lá qual for o motivo psicológico para esta relutância, as pessoas preferem chamar o crescimento da massa de pão de “fermentação”, já que aqueles bloquinhos ou pozinhos que fazem a massa crescer mais rápido chamam “fermento”. [Isto aparentemente é incorreto, pois fermentação não é o mesmo que chamets — é um outro processo e que seria permitido em Pessach, quando não envolve trigo, cevada, aveia, centeio ou espelta. Por exemplo, usamos vinho em Pessach, pois é o resultado da fermentação da uva...] Só depois de crescida é que se coloca a massa no forno para que saia depois em forma de pão — gostoso, crocante e fofinho... Outro fenômeno, pouco conhecido: nem sempre esta massa de pão cresce bem. Às vezes, ela azeda e fica meio chata, dando origem a um material que dever-se-ia chamar de “levedura”(e que a Torá chama de seór) — ou seja, ”que causa levedação”, pois, ao misturar um pou- Primórdios Mil novecentos e quarenta e oito anos depois que D’us criou o mundo, colocando Adam e Chavá (Adão e Eva) no Paraíso ou “Jardim do Éden”, nasceu nosso patriarca Avraham (Abraão). Muita coisa já havia acontecido com toda a humanidade, mas vamos focar numa família só: a família de Avraham, seu filho Yitschák e seu neto Yaakóv — a nossa família, dos nossos patriarcas. Devido a uma série de circunstâncias, nosso patriarca, Yaakóv (Jacó), também conhecido como Israel, sai da Terra Sagrada, que futuramente seria chamada de Terra de Israel (mas, que naquela época, era chamada de Terra de Canaã ou Knáan) e, com toda sua família — que incluía seus 12 filhos e suas famílias — vai viver no Egito, onde seu filho, Yossef (José), tornara-se o vice-rei. Knáan e os outros países vizinhos passam por uma terrível seca e, graças às providências que Yosef tomou, inspirado por D’us, somente no Egito há comida para todos. Os hebreus (futuros judeus) ou israelitas, como seriam conhecidos os descendentes de Israel, vão morar na terra de Goshen, terra fértil no Egito, onde seguem vivendo em co- munidade. Assim viveram durante 210 anos. Nos últimos 80 anos de sua estadia no Egito, Yossef falece e um faraó perverso e mal-agradecido escraviza os israelitas, forçando-os fazer, diariamente, exorbitantes cotas de tijolos de barro (pois não há pedras no Egito) para com eles construir as cidades de Pitóm e Ramsés, onde seriam guardados e protegidos os tesouros do Egito. Somente uma tribo não foi escravizada: a tribo de Levi, na qual nasceu Moshé Rabeinu (Moisés) e seus irmãos mais velhos, Aharón e Miriam. Sábios, mas supersticiosos, os magos egípcios preveem o nascimento daquele que iria desafiar o faraó e salvar o povo israelita da escravidão. O faraó decreta, então, a morte de todos os bebês israelitas recém-nascidos, que deveriam ser impiedosamente atirados no Rio Nilo. Yocheved, a mãe de Moshé (que até então era conhecido como Tuvia, além de alguns outros nomes), coloca seu bebê numa cesta (que ela havia impermeabilizado) e a esconde na margem do Nilo, num monte de juncos (suf, dos quais os egípcios faziam seus famosos papiros). Miriam fica ali de guarda, para salvá-lo de algum perigo ou até que cessasse o decreto do faraó. Batia, a filha do faraó, vai banhar-se por ali e encontra a cesta e o bebê, que decide adotar, chamando-o de Moshé (aquele que foi retirado das águas). Miriam o oferece a Yocheved para amamentá-lo pelos dois anos seguintes, quando ele passa a viver definitivamente no palácio real. Após várias peripécias, ele salva um judeu dos maus-tratos de seu capataz egípcio, mas depois tem que fugir para salvar sua própria vida da ira do faraó. Muitos anos depois vamos encontrá-lo casando-se com Tsipóra, filha de Yitró, o sacerdote de Midián, que abandonou a idolatria e passou a crer num D’us único. Lá, Moshé trabalhou como pastor do rebanho dele. Ao pastorear seu rebanho, próximo do Monte Sinai, Moshé foi atrás de uma de suas ovelhas que desgarrou-se, o que o leva a um arbusto que milagrosamente pega fogo, mas não queima, não se consome. Lá, em frente ao Monte Sinai, ele ouve a voz Divina que o encarrega de salvar o povo da escravidão. Moshé questiona: “Sou gago, como é que o faraó vai me dar ouvido?”. D’us lhe garante que “é Ele quem colocou a boca (a fala) no ser humano”, portanto, Ele garante o sucesso de seus emissários. Mesmo assim, D’us lhe ordena, então, levar junto consigo seu irmão Aharón, como seu porta-voz. Como ambos são da tribo de Levi, eles são homens livres, que podem ir ao encontro do faraó, avisando-o que D’us mandou libertar Seu povo para que eles possam rezar e oferecer sacrifícios para Ele no deserto. Caso contrário, D’us castigaria o Egito com dez pragas. Desta forma, Ele demonstraria o Seu poder ao faraó e aos egípcios, para que reconhecessem a Sua grandeza e libertassem o Seu povo. Nossas Festas A saga da massa da matsá: uma aventura milenar co desta massa azedada com uma outra massa de pão recém-feita, esta última passa a “levedar”, ou “crescer”(estufar) mais rápido graças à levedura. Mas, como foi citado acima, devido à bizarra relutância em usar termos “leves”, na melhor das hipóteses vão chamar esta massa azedada de “fermento natural” (para distinguir daqueles bloquinhos e pozinhos que geralmente são fermentos artificiais, como o Fleischmann ou Itaquara). Como já esclarecemos alguns dos termos técnicos necessários, vamos agora dar início à nossa saga milenar. Churrasquinho de carneiro (shishkebab?) Estamos agora no ano 2448 desde a criação do mundo. Cada praga durou cerca de um mês — a partir da primeira, informalmente acaba a escravidão do povo, mas ele não está livre. O Egito sofre, mas o faraó segue proibindo obstinada e ilogicamente a saída dos israelitas. Fazia 430 anos que D‘us havia dito para Avraham, nosso patriarca, que seus descendentes seriam escravizados, mas sairiam da escravidão com grande patrimônio. No início do mês de Nissán, o mês da primavera (no Hemisfério Norte), Lubavitch Views 15 Nossas Festas 16 Lubavitch Views Vamos parar um pouco a narração por aqui e esclarecer alguns detalhes: Os egípcios idolatravam seus carneiros como um deus, de modo que aquele “churrasquinho” era uma verdadeira afronta para eles (imagine alguém fazendo churrasco de vaca na Índia...). Para piorar mais um pouco, ainda anunciaram a morte dos primogênitos, uma casta egípcia nobre e privilegiada. E qual foi a reação dos egípcios? Os primogênitos fizeram uma verdadeira guerra civil contra o faraó para que libertasse os israelitas imediatamente e poupasse suas vidas — mas os soldados do faraó os derrotaram. Foi uma das poucas vezes, na história da humanidade, que um grupo de não judeus lutava contra outro grupo de não judeus para salvar os israelitas... Finalmente: massa ou matsá? Agora prestem atenção num detalhe que normalmente passa despercebido: No dia 14 de Nissán, véspera da noite de Pessach, ele foram ordenados por D’us a fazer matsót, ou seja, roupas aos egípcios, conforme lhes foi ordenado de véspera, e D’us fez os egípcios respeitarem e atenderem o povo de Israel (Shemót 12:35-36). Isto significa que eles já tinham feito e comido a matsá antes mesmo de sair do Egito! Saída triunfal e o enigma da matsá matinal... Vamos agora ver o que aconteceu fora das casas dos israelitas, da meia-noite até o dia seguinte: Calamidade pública total: não há casa egípcia onde não haja um morto! Gritos de desespero ecoam por toda parte. O faraó, que até então fora tão insensível e obstinado, finalmente corre em busca de Moshé e Aharón para lhes ordenar que tirem os israelitas do Egito. Moshe e Aharón provavelmente estavam em Mitsraim , enquanto o povo de Israel estava no distrito de Ramsés, na terra de Goshen . A distância entre ambas é de cerca de 6 parsaót (aprox. 24 km). Durante as horas entre a meia-noite e o raiar do dia, a notícia de que o faraó finalmente libertou o povo chegou até Goshen, onde os egípcios literalmente expulsaram os israelitas do Egito, gritando: “Saiam logo daqui, senão morreremos todos nós!”. O sol raiou e, apesar da confusão geral gerada por aquela agitada e da tão esperada saída do Egito, a recém-adquirida liberdade só ajudou a reforçar ainda mais a crença e a confiança do povo de Israel em D’us. Os israelitas embrulharam carinhosamente os restos de matsá e marór que comeram antes da meia-noite — os restos de uma mitsvá Divina, que fizeram questão de carregar nos seus ombros. Esta foi uma das primeiras mitsvót que receberam de D’us, um sinal de Sua aten- ção e consideração com o Seu povo, portanto, estes “restos” tinham que ser tratados com respeito e carinho. Daí vem o costume sefaradi de embrulhar a matsá e colocar sobre o ombro no início do Seder. (Obs.: não sobrou nada dos “churrasquinhos de carneiro”, o Korban Pessach, pois era proibido deixar algo sobrar dele até a manhã seguinte, pois aí então seu consumo seria proibido e o que sobrou teria que ser queimado.) Seguindo na nossa milenar saga da massa, vamos agora tratar de um trecho que fala de uma outra massa e de uma outra matsá: “O povo carregou a sua massa de água e farinha antes que crescesse (antes que levedasse ou fermentasse) — mish’arotám tserurót bessimlotam al shichma’m (essa é a frase que os sefaradim dizem ao carregar a matsá embrulhada no ombro), que significa: os restos da matsá e do marór foram enrolados em seus mantos [e carregados] sobre seus ombros”(Shemot 12:34). Ou seja, só agora, de manhã, é que o povo começou a fazer mais uma massa de pão para preparar a comida que ele teriam que comer na “viagem” (como aqueles providenciais sanduichinhos que se leva para viagem... Imagine as “idishe mames” gritando para seus apressados maridos: “E o que é que vocês vão comer na viagem? Oi guevald! Vocês pensam em sair assim, de mãos e estômago vazios, lá para o deserto?” E as “idishe mames” sefaradim devem ter acrescentado algo como “Majnun!...”) Pouco mais adiante consta: “[Os israelitas] assaram a massa que eles tinham tirado do Egito em forma de tortas não levedadas (matsá) pois ela (=a massa) não tinha levedado (=não cresceu, não fermentou), pois eles tinham sido expulsos do Egito e não puderam demorar [nem 18 minutos!], e eles não tinham preparado qualquer outra provisão [ou “merenda”, para a viagem]”(Shemot 12:39). Vemos aqui a grande fé e confiança que o povo de Israel teve em D’us, espelhada na sua disposição de sair ao Seu encontro, no deserto, mesmo sem ter provisões adequadas — “se Ele mandou ir, então nós vamos!”. O Ramban (Nachmânides), um dos maiores sábios da “idade de ouro” do judaísmo espanhol (faleceu em 11 de Nissan de 1270, em Israel), expressando a explicação do “peshat” de seus antecessores, sugere que eles teriam assado a massa no caminho (produzindo matsót), logo que saíram do Egito, entre Ramsés e Sucót, ou na sua primeira parada, em Sucót (onde milagrosamente teriam chegado em menos de 18 minutos, como consta no Midrash). Usando o nível de explicação do remez (alusão), nossos sábios, no clássico Mechílta, explicam: “O povo levou sua massa de pão antes que levedasse” — ou seja, eles fizeram a massa, mas no momento da saída do Egito ela [milagrosamente] não levedou — não cresceu e nem azedou (por isso só dava para fazer matsá daquela massa)! Assim será também no futuro, após a vinda de Mashíach, como consta (em Hoshea 7:4): “[Aí então o yetser hará, o mau instinto] deixará de funcionar e, por isso, vai se fazer a massa até que levede [— mas não levedará]”. Naquele momento, da saída do Egito, o yetser hará não teve domínio sobre os israelitas — “a massa milagrosamente não levedou”. Nossos sábios comparam o yetser hará com a levedação da massa. Assim como a levedura faz a massa se encher de gás carbônico e inflar, o yetser hará, o mau instinto, faz o nosso ego ficar inflado, nos atrapalhando ou até mesmo nos impedindo de fazer a vontade de D’us. (Malbim; vide também Targum Yonatan em Hoshea 7:4) Nossas Festas D’us ordena aos israelitas estabelecer um calendário luno-solar, o calendário judaico. Depois, ordena a realização do sacrifício de Pessach, para o qual cada família deveria reservar, desde o dia 10 de Nissan, um carneiro, que seria amarrado ao pé de sua cama. Também lhes foi ordenado tirar todo chamets — todo alimento levedado como pão, bolo, biscoito, e até bebidas levedadas como cerveja (levedo de cevada), uísque (levedo de malte, isto é, cevada) ou vodca (levedo de trigo). Matsót (tortas redondas achatadas, não levedadas) deveriam ser feitas de véspera e marór (alface romana — ervas amargas) também deveria ser providenciado, para comer junto com o churrasquinho (korban) de carneiro. Curiosos, os egípcios indagam o porquê amarrar um carneiro ao pé da cama. A resposta que ouviram foi: que quatro dias depois, no dia 14 de Nissan, por volta do meio-dia, este carneiro seria abatido e assado para ser comido, junto com matsá e marór, naquela noite, pois os primogênitos egípcios seriam mortos por D’us e os israelitas finalmente sairiam livres do Egito! eles deveriam misturar farinha de trigo com água, fazer uma massa de pão e não deixar que ela levedasse e crescesse. Em seguida, tinham que pegar a massa, tirar dela umas “bolinhas”, “abrir” as “bolinhas” de massa com algo semelhante a um rolo de macarrão, achatando-as, e fazer uns “biscoitos” meio redondos e chatos. Desde o início da mistura da água com a farinha até jogá-las no forno ou sobre as brasas, tudo tinha que ser feito em menos de 18 minutos! Só assim conseguiriam cumprir a ordem de D’us de fazer matsá ou “pão achatado não levedado e meio redondo” (— aliás, o pão árabe original deve ser a versão levedada ou fermentada da matsá...). Assim, em todas as casas israelitas no Egito, um carneiro foi abatido (“shechitado”) de dia, assado por inteiro, e o sangue dele foi usado para marcar as portas de suas casas do lado de dentro, conforme D’us mandou. Os primogênitos egípcios foram mortos por D’us à meia-noite. Enquanto isso, D’us não matou os primogênitos israelitas, pois Ele “passou sobre as casas dos israelitas” (“Pass-Over”, em inglês, ou Pessach, em hebraico), que, até a meia-noite, estavam comendo as matsót— que eles fizeram antes deste “mini Seder” no Egito — junto com marór e pedaços do churrasquinho de carneiro, que a partir de então foi chamado de Korban (sacrifício de) Pessach. (Como hoje não há Beit Hamikdash, não podemos fazer o Korban Pessach, de modo que nos resta apenas a mitsvá de comer matsá, além, obviamente, da proibição de comer ou possuir chamets, relatar a saída do Egito etc.). Mais um detalhe pouco conhecido da história: por ordem de D’us, nenhum israelita podia sair de sua casa até a manhã seguinte, quando finalmente sairiam do Egito (Shemót 12:22). E mais: Foi só de manhã que pediram artigos de prata e de ouro e Lubavitch Views 17 Nossas Festas No relato da saída do Egito encontramos duas matsót: a matsá de antes da meia-noite e a matsá de depois da meia-noite. Na matsá de antes da meia-noite encontramos a vontade de D’us revelada a nós através da nossa aceitação e submissão consciente à Sua autoridade — “Se é isso que D’us quer, então é isso que fazemos”. Por isso, fomos nós que não deixamos a massa levedar e fizemos a matsá de antes da meia-noite. A matsá de antes da meia-noite tem essa ideia embutida nela: ela é simples, chata, sem levedação — não tem “ego inflado” (chamets), representado a nossa fé simples e pura em D’us (yir’á tataá — bitul hayesh). Em seguida, D’us revelou-se de forma direta para o povo de Israel, pela primeira vez, na noite de Pessach, justamente à meia-noite, na 18 Lubavitch Views hora em que aplicou pessoalmente (e não através de outros emissários) a praga dos primogênitos e nos revelou Sua misericórdia e consideração “passando por cima” e poupando as nossas casas e nossos primogênitos. Quando há uma revelação de D’us no mundo, o nosso ego desaparece, ofuscado pela grandeza de D’us, pois fica muito claro e evidente que é Ele que faz tudo acontecer; nossa vontade e força não existem diante da Sua vontade e da Sua força (yir’a ilaá — bitul bimtsiút). Portanto, na segunda matsá, a “matsá de depois da meia-noite” (a matsá “matinal”, que fizeram ao sair do Egito), está embutida uma revelação maior de D’us, pois ela não é apenas o resultado de “nosso esforço e aceitação da autoridade de D’us” — ela é um milagre por si só, uma prova real de que quando D’us Se revela não há nem a leve possibilidade de levedação, não pode existir “ego inflado”, pois a massa nem leveda... Esta matsá “contém” a revelação Divina que ocorreu à meia-noite — a fé firme e inabalável em D’us, resultante desta revelação (ou seja, nós fize- mos a matsá depois da meia-noite, mas foi Ele que não deixou a massa levedar). Comemos a matsá para cumprir a mitsvá de “nesta noite comam matsót” (a matsá antes da meia-noite), mas na hagadá fazemos questão de frisar que nela encontra-se a revelação de “[D’us,] o Rei dos reis dos reis, o Santo, bendito seja, Se revelou a eles [na praga dos primogênitos] e os salvou” (a matsá depois da meia-noite). Ele Se revela a nós e nos tira do nosso Egito, nosso mitsrayim pessoal, da nossa limitação e ego humanos — e isto está “embutido” na matsá que comemos hoje em dia, ainda antes da meia-noite, nas duas noites do nosso Seder de Pessach! O que é Matsá Shmurá? Significa: “matsá protegida, guardada”. Na Torá, D’us nos ordenou: “Ushmartem et Hamatsot” — protejam as matsót (ao fazê-las)! Isto não significa que devemos colocá-las num cofre ou contratar o pessoal da segurança para “protegê-las”, e sim, aprendemos deste versículo da Torá com que cuidados e rigor deve-se produzir a matsá shmu- rá. Os grãos de trigo — que serão triturados em farinha, da qual será feita a matsá —devem ser protegidos e resguardados do contato com a água. Depois, usamos uma água devidamente resguardada para este fim e, após misturá-la cuidadosamente com a farinha da shmurá, não permitimos que a massa de farinha e água chegue a fermentar (levedar): desde a mistura da água com farinha até sair do forno, a matsá shmurá é feita rigorosamente em menos de 18 minutos. Como a matsá shmurá redonda é feita a mão, da mesma maneira que os nossos antepassados as fizeram quando saíram do Egito, em cada etapa do seu feitio ela é consagrada. Esta consagração faz com que a matsá shmurá deixe de ser um simples “biscoito kasher para Pessach” para transformar-se numa mitsvá energizada, numa fonte de fé e cura para o corpo e para a alma. O processo de fazer a matsá shemurá que será usada no Seder de Pessach é comparável ao processo de fazer um sefer Torá. No início de seu feitio, ambos, a Torá (mezuzá ou tefilin) e a matsá, devem ser consagrados, verbalmente, para a mitsvá. Ao preparar a massa e ao assar a matsá shmurá, a matéria é imbuída da santidade da mitsvá, pois em cada etapa do processo foi dito: “leshem matsát mitsvá”. Isto significa que, além dos cuidados para evitar a levedação, a matsá shmurá feita à mão está imbuída de mais espiritualidade desde o momento que se mistura a farinha com a água, até o momento em que ela é colocada no forno — o que a torna um alimento e uma mitsvá muito especial. Seu formato redondo tem um significado profundo e místico: nos lembra constantemente de D’us, que nos liberta e protege, pois, assim como o círculo não tem início nem fim, D’us, é Eterno e Infinito — “não tem início nem fim”. Daí por que os livros místi- cos da Torá se referirem a D’us como sendo o ein sof (“sem-fim”). Assim, a cabalá e a chassidut nos dão um entendimento mais profundo e místico desta mitsvá: o próprio ato de comer matsá não é só um “lembrete” como literalmente alimenta e fortalece a nossa fé no Criador! A Torá nos ordena comer um determinado tipo de alimento (a “matsá”) na noite de Pessach, pois na própria matéria deste alimento encontram-se “luzes divinas elevadíssimas” e o próprio ato de comer matsá já fortalece a espiritualidade que se encontra dentro de nós. A pessoa literalmente nutre-se desta mitsvá. Em seu corpo físico a vitalidade de sua alma também se conecta com a vitalidade (energia) física que resulta do ato de comer a matsá na qual se encontra uma forma de essência da Divindade, motivo pelo qual a matsá é chamada (no Zohar) de michla demehemenuta (alimento da fé) — pois ao comer a matsá, no Seder de Pessach, a fé da pessoa, em D’us, é fortalecida e o yetser hará (o instinto do mal, a alma animal da pesoa) não consegue mais atrapalhar tanto a alma Divina, permitindo-lhe acreditar com uma fé completa em algo que a própria pessoa não consegue captar com seu raciocínio, e sim, somente com sua fé. A cabalá do chamets (pão levedado) e da matsá Em hebraico, chamets é CHET, MEM, TSADIK; matsá é MEM TSADIK HEI. Ambos tem a letra MEM e TSADIK. A diferença é que chamets tem um CHET e matsá tem um HEI. CHET e HEI têm formas similares; ambas têm três linhas e uma abertura embaixo, mas o HEI (da matsá) também tem uma abertura no topo — que o CHET (de chamets) não tem. A abertura embaixo indica a decadência, a possibilidade de pe- car e cair. A abertura no topo do HEI indica a possibilidade de alguém se elevar, subir de nível espiritual, mediante a teshuvá (retornando à D’us). Uma pessoa centrada em si mesma, cheia de egoísmo e chamets, tem muito mais probabilidade de se tornar presa do pecado e da decadência espiritual. Além disso, quando ela peca, sua tendência é dar uma explicação racional para sua conduta e justificar suas falhas. Contrastando com isso, quando uma pessoa se caracteriza pelo bitul de matsá, quando se despoja do egocentrismo, é menos provável que ela peque. E, se pecar, lamentará seu erro e usará a “abertura” que lhe é concedida para se elevar e se voltar para D’us — para fazer teshuvá. Nossas Festas Para complementar esta ideia, eis aí um pequeno insight chassídico do Alter Rebe, o primeiro Rebe de Chabad-Lubavitch, cujos 200 de hilula (falecimento) comemoramos este ano (vide Likutei Torá, maamar “Sheshet Yamim Tochal Matsót”): Na hagadá de Pessach, explicamos por que comemos a matsá, nas duas noites do Seder, da seguinte forma: “Porque a massa dos nossos antepassados [milagrosamente] não conseguiu levedar, pois [D’us,] o Rei dos reis dos reis, o Santo, bendito seja, Se revelou a eles [na praga dos primogênitos] e os salvou, conforme está mencionado [na Torá]: “E assaram matsót com a massa que trouxeram [com eles] do Egito, porque não levedou, pois foram expulsos do Egito e não puderam demorar-se [lá] e também não prepararam [outras] provisões para eles [levarem]”. Quando D’us Se revela — a massa não leveda, os egos não se inflam, a verdade e a bondade são mais aparentes! Matsá: Alimento da fé e da cura O Zohar refere-se à matsá como sendo “o alimento da fé” e “o alimento da cura” — pois a matsá fortalece nossa consciência de D’us. Em geral, comer fortalece a conexão entre o corpo e a alma. Quando alguém come matsá, internaliza a conexão com D’us que transcende o intelecto, permitindo que a fé simples que todos nós possuímos permeie nossas vidas. E isto se torna “o alimento da cura”, fortalecendo o corpo e permitindo que à pessoa aprecie o objetivo para o qual sua alma desceu para este mundo — para transformá-lo numa moradia para D’us, através de suas boas ações. Que em breve possamos sair deste estado de Egito e “limitação” atual e comemorar o Pessach no Terceiro Beit Hamikdash em Yerushalaim — numa época de paz, harmonia e alegria universais, com a vinda de Mashiach! Pessach Kasher vêssameach! Pessach Kasher e feliz! Lubavitch Views 19 Nossas Festas 1- Nos fecharmos, 2- Nos deprimirmos, 3- Lutarmos pela autoestima e 4- Rezarmos para Hashém nos ajudar a ganhar autoestima. Na realidade, cada tipo de reação mencionada anteriormente, tem seu defeito: Sétimo dia de pessach: a abertura do mar na nossa vida! 1- Nos salvarmos sem pensar nos demais é egoísmo, o que contraria toda a razão da nossa existência, 2- Entregarmo-nos significa viver sem alegria, coisa oposta ao desejo de Hashém, que quer que vivamos e o sirvamos com alegria!, 3- Lutando existe o risco de se perder algo (mesmo ganhando, algo se perde), e a pessoa sai “machucada” pelo esforço investido em lutar, quando poderia investir esta energia em seu crescimento (além do que, muitas vezes esta ideia de lutar vem do próprio mau instinto). 4- Rezarmos e nos entregarmos com fé total em Hashém, sem fazer nada, seria o mesmo que descansar no dia do Shabat acreditando que é Hashém que nos alimenta, e também não trabalhar nos outros seis dias da semana, argumentando a mesma fé em Hashém, indo contra o mandamento de Hashém em trabalhar confiando que Ele trará sucesso ao esforço do trabalhador. Mas Hashém não recomenda nada disso, e sim que é preciso procurar avançar, e “o caminho se faz ao andar”. Ou seja, todas as reações humanas limitam e aprisionam a pessoa. Sair delas e escutar a sugestão de Hashém significa dar o primeiro passo para a verdadeira liberdade, na qual enxergaremos que o (mar do) materialismo não atrapalha nosso andar, e sim, ele mesmo transforma-se num caminho em direção ao nosso crescimento, o Monte Sinai. Somente indo em frente é que reforçamos a nossa autoestima! (baseado nos ensinamentos do Rebe) Nossas Festas Também no sentido emocional, quando a autoestima está em perigo, existem essas quatro reações: Rabino Meir Rosenberg A saída do Egito teve duas etapas: a liberdade da escravidão após a praga dos primogênitos, no dia 15 de Nissan, e, seis dias depois, a travessia do mar depois de estarem encurralados e perseguidos pelos egípcios. O Midrash deduz das Escrituras que o povo judeu ficou ali, à beira do mar, discutindo entre si. Houve quatro tipos de reação ao perigo: alguns diziam que deveriam se jogar no mar, outros queriam se render e se entregar, alguns queriam lutar e outros reagiram rezando para Hashém. Mas Hashém lhes ordenou: Viajem em direção ao Monte Sinai para receber a Torá e, com ela, entrar na Terra Santa! Assim fizeram. O mar se abriu, e o resto é história. Os maus hábitos nos aprisionam e nos limitam, não nos permitindo crescer. São um tipo de Egito, de 20 Lubavitch Views Mitsrayim, de limitação. Estamos escravizados e viciados neles. A saída deles também tem duas etapas: 1) A decisão de escapar da má disciplina e melhorá-la, e 2) Se liberar dos hábitos e da onda do mundano (o materialismo) que persegue e encurrala aquele que assume melhorar os seus hábitos com boas disciplinas. Nessa perseguição dos hábitos e da onda mundana (materialismo), também o instinto da pessoa reage de quatro formas: 1-“Jogar-se no mar”: mergulhar na Torá e com isso se salvar, e em relação aos demais, que se virem! 2-“Se render e se entregar” ao fato que maus hábitos e vida mundana são sinônimos de prazer, enquanto boa disciplina envolve um compromisso (às vezes meio forçado) com Hashém... 3-“Lutar”, debatendo-se contra o ideal materialista e ruim, utilizando e investindo nos bons e sublimes ideais da boa disciplina... 4-“Rezar para que Hashém” nos torne gente e que não tenhamos prazer nenhum no materialismo. No entanto, Hashém recomenda não ficar observando os defeitos e maus hábitos, e sim, continuar treinado e se habituando a boas condutas, procurando somente melhorar, ir em direção da “Terra Santa” — local onde reside a Divindade, o bem! Como sempre, no desespero, diante de alguma ameaça, tendemos a reagir assim: 1- Nos salvarmos, e que os demais se virem, 2- Nos entregarmos e terminarmos com a ameaça, 3- Lutarmos com dignidade e 4- Rezarmos a Hashém. Lubavitch Views 21 Construindo um mundo de paz Seudat Mashiach — um ideal ou um mero banquete? O Baal Shem Tov costumava comer três refeições festivas em ''Acharón Shel Pessach'' (o último dia de Pessach). A terceira refeição de ''Acharón Shel Pesach'' era chamada, pelo Baal Shem Tov, de Seudat Mashíach, pois neste dia os raios da luz do Mashíach brilham de forma revelada. No ano de 5666 (1906), uma novo procedimento para Pessach foi adotado na Yeshivá Tomchei Temimím, em Lubavitch: todos os alunos, juntos, comeram as refeições de Pessach, na sala de estudos. Havia então 310 alunos sentados em 18 mesas. O Rebe Rashab comeu a refeição de Acharón Shel Pessach junto com os alunos. Ele ordenou que dessem quatro copos de vinho para cada aluno e, então, declarou: ''Isto é a Seudá do Mashiach” (Hayom Yom) Por que justo no último dia de Pessach fazemos “Seudat Mashiach”? Primeiro respondamos judai- camente com outra pergunta: o que é Mashiach? 22 Lubavitch Views No judaísmo, Mashiach é o ser humano, descendente do rei David, que vai “salvar” o mundo de sua própria decadência. O egoísmo, a maldade, e a corrupção escravizam e destroem a humanidade, afastando-a da fonte de todo bem e de todas as bênçãos- materiais e espirituais – que é D’us. Mashiach é um ser humano, um rei, que libertará o povo judeu, e conseqüentemente toda humanidade, das garras do mal. A voz de Mashiach revelará a todos a bondade Divina que se encontra em todo (a) Pessach é salvação. Assim que D’us nos retirou das garras da maldade no Egito, esta época do ano tornou-se um momento celestial apropriado para a futura “salvação” de todos. Todo Pessach uma energia de salvação Divina volta a iluminar o mundo todo — daí por que ser um momento propício para Mashiach. Como a salvação total, na saída do Egito, só ocorreu no final, após a “abertura do mar” o oitavo dia torna-se o momento mais propicio para Mashiach dentro do próprio Pessach; (b) Em Israel, Pessach dura sete dias. Fora, na Diáspora dura oito. O ultimo (oitavo) dia de Pessach foi instituído por causa do exílio (Yom Tov Sheni Shel Galuiot). O oitavo dia deveria ser um dia “mundano”, simples. Porém, nós “capturamos” estas 24h mundanas e transformamos num “dia sagrado”, Yom Tov, e neste caso, um dia sagrado de Pessach, de Salvação. Mashiach transformará todos os nossos dias mundanos em “dias sagrados de salvação”. Daí por que no oitavo dia de Pessach comemoremos a Seuda de Mashiach, pois ele brilha e reflete a idéia de transformarmos dias de exílio em dias de Yom Tov e salvação. Para apreciar melhor esta refeição, “devorem” mais algumas ideias esclarecedoras sobre o assunto, explicadas pelo renomado Rabino Manis Friedman: Já não passou tempo demais? P: O Rebe de Lubavitch anunciou que a Redenção chegaria a qualquer instante. Contudo, muitos anos decorreram desde então! R: O próprio Rebe fez esta pergunta, abordando-a de duas maneiras. O Rebe explicou que não existe resposta que possa explicar a longa demora, principalmente porque todos os sinais descritos por nossos Sábios já se efetivaram. Ele transformou esta questão num sincero clamor a D’us: “Até quando esperaremos?” No entanto, o Rebe também enfatizou que esta demora deve impelir-nos a realizações ainda maiores, a praticar mais uma boa ação. Ele nos exortou a aumentarmos nossa generosidade para com os outros, a intensificarmos nosso compromisso com a Torá e seus mandamentos e a apressarmos a Redenção. Esta deve ser também a nossa atitude. Temos de fortalecer nossa confiança na proximidade da Redenção, porém, ao mesmo tempo, avaliar se nós mesmos, e o mundo como um todo, contribuímos suficientemente para torná-la realidade. Estas perguntas devem impulsionar-nos a seguir em frente. Ame seu irmão judeu, estude sobre a Redenção, pratique mais atos de generosidade e creia que, ainda que demore, Mashiach está a caminho! Esperar ou participar? P: A crença em Mashiach parece complacente, desprovida de envolvimento. Não seria melhor mudarmos nós mesmos o mundo? R: Não há contradição entre esperar Mashiach e envolver-se fisicamente em realizar esta mudança. Na verdade, estas idéias se complementam. Podemos efetuar algumas mudanças mediante nossas ações, mas há certas transformações que só D’us pode implementar por intermédio de Mashiach. Devemos realizar o que está ao nosso alcance, e pedir a D’us que execute o resto. Permanecer na expectativa de Mashiach de maneira nenhuma nos isenta de cumprir a nossa parte. Se podemos, com nossa influência, ocasionar uma mudança para melhor, temos obrigação de faze-lo! Estar à espera de Mashiach não é desculpa para a inatividade. Isto implica uma dupla responsabilidade: por um lado, temos de viver, fazer planos e assumir compromissos de longo prazo como se nenhuma mudança se delineasse no horizonte; por outro lado, simultaneamente, devemos ansiar pela Redenção e pela salvação que acompanhará sua chegada. Até parece que somos “messiânicos”? P: Todo este tumulto a respeito de Mashiach não cheira a messianismo fanático? Nossas Festas mundo. Agora, vamos à questão acima: N oMsassahsi aFcehs tjaás! R: O fato de muitos grupos desonrosos terem usado Mashiach para promover seus próprios fins não pode, apesar de todas estas conotações, deturpar o verdadeiro significado do título. Primeiro vieram os cristãos que utilizaram a idéia de Mashíach para descrever falsamente o fundador de sua religião. Em seguida, surgiram numerosos casos de falsos Messias ao longo da história, que diziam-se Mashíach na tentativa de proclamar que a Redenção já tinha chegado e assim “abolir” a Torá (como Shabetai Tsvi); e, recentemente, várias associações e grupos evangélicos, gregos-cristãos-ortodoxos ou missionários (disfarçados sob o título de “judeus messiânicos”...) tentam usar o conceito de judaísmo e de Mashíach para enganar judeus e introduzi-los em suas religiões Nós vivemos num mundo de emblemas e títulos; nem todos claramente definidos. O termo “messiânicos” possui conotações e nuanças incômodas, e é associado a grupos de vários tipos. O fato de uma organização cristã denominar-se “Judeus messiânicos” só confunde nosso entendimento desta palavra, dando-lhe um sentido cristão. Portanto, descartando totalmente idéias pré-concebidas e associações prévias, passemos a examinar o termo com mais rigor. É um elemento fundamental de nossa fé que Mashiach trará salvação para o mundo inteiro. Maimônides considera este o décimo segundo dos Treze Princípios da Fé Judaica. Nossos Profetas o mencionam constantemente, e nossas orações estão repletas de referências à Redenção. Os Sábios declararam que uma das primeiras perguntas que é feita a todo indivíduo no dia do Julgamento Divino é: “Você esperou pela salvação?” O Talmud também afirma que toda pessoa é obrigada faxer de tudo para apressar a Redenção. “Se o 24 Lubavitch Views O que o Talmud realmente diz é: “Mashiach não chegará até que a esperança de Redenção pareça estar perdida”; e “Três coisas vêm inesperadamente: Mashiach, a descoberta de um objeto perdido e a picada do escorpião” Templo de Jerusalém não foi reconstruído em teus dias — então considera-se como se o Templo tivesse sido destruído em teus dias!” Se isto é “messianismo”, então realmente o judaísmo é uma religião messiânica. Sim, pois muitos séculos antes que outros “pensassem” sobre Mashíach, nós sempre acreditamos em Mashiach, esperando ansiosamente pela sua vinda. Rezamos para que ele venha rapidamente e D’us alivie as “dores do parto” da atualidade, que precedem sua chegada (comparada a um difícil “parto”...). Temos a obrigação de antecipar este grande dia, de apressar sua chegada tranqüila e alegre. Forçando a redenção P: Toda esta discussão não infringe a proibição de precipitar a Redenção? R: Esta proibição muitas vezes é citada fora de contexto. Examinemos o que dizem nossas fontes sobre isso. O Talmud enumera diferentes promessas que D’us obrigou a nação judia a fazer, uma das quais foi a de não atrasar a Redenção por meio do pecado. Rashi, o comentador clássico, traz um texto alternativo que diz “não precipitar a Redenção”. Em outras palavras, D’us teria intimado Israel a não pressionar para apressar a Redenção, tentando faze-la ocorrer antes do tempo determinado. Esta versão é um tanto problemática. Se estamos sob o juramento de não adiantar a Redenção, por que nossos Sábios instituíram sua menção freqüente em nossas orações diárias? Obviamente, explicam os comentadores, não é proibido rezar e rogar pela chegada de Mashiach. Porém, D’us não permite que lancemos mão de táticas coercivas, ou seja, meios cabalísticos, com a intenção expressa de forçar a Redenção. Toda esta discussão se refere a trazer a Redenção antes da hora. Atualmente, porém, quando todos os sinais previstos pelos Sábios se estão concretizando, provando assim que nos encontramos no limiar da salvação; e quando muitos de nossos líderes justos proclamam que Mashiach chegará brevemente – com certeza temos a obrigação de fortalecer nossa crença na Redenção iminente e fazer todo o possível para apressar sua venturosa chegada. não são princípios fundamentais, e nós ainda somos incapazes de entender tais acontecimentos. Na verdade, uma tradição autorizada dos discípulos do Baal Shem Tov afirma que nós já compensamos o trauma desta batalha com a duração extremamente longa deste exílio severo. Além disso, é provável que os horrores do Holocausto continham as dores do parto de Mashiach, inclusive a guerra de Gog e Magog. O Rebe de Lubavitch elucidou muitos aspectos da Redenção, porém pouquíssimas vezes mencionou esta guerra. Ademais, ele sempre enfatizou que a Redenção virá de modo pacífico e brando, acompanhada de milagres e maravilhas. Devemos adotar esta abordagem e acreditar que, devido à falta de clareza que a cerca, D’us nos poupará desta calamidade e tais profecias serão interpretadas de forma diferente. Mereceremos ver a Redenção numa atmosfera de paz e harmonia, e que ninguém seja ferido ou prejudicado físicamente de nenhuma maneira. Batalha dramática Menos preocupação? P: É verdade que a traumática batalha de Gog e Magog será um prelúdio da Redenção? P: Como vocês conciliam este interesse ativo por Mashiach com as palavras de nossos Sábios: “Mashiach só chegará inesperadamente”? R: Este é um exemplo típico de perguntas baseadas na falta de conhecimento. Nossos Sábios não fizeram tal afirmação! O que o Talmud realmente diz é: “Mashiach não chegará até que a esperança de Redenção pareça estar perdida”; e “Três coisas vêm inesperadamente: Mashiach, a descoberta de um objeto perdido e a picada do escorpião”. É fato estabelecido que a Redenção chegará de súbito, sem conhecimento prévio de uma data específica. R: Encontramos menção a esta guerra nas profecias de Ezequiel e no Talmud. Não podemos tentar descrever o que ocorrerá porque, como escreve Maimônides, estes eventos não serão conhecidos por ninguém até que de fato aconteçam. Maimônides também observa que os detalhes desta guerra não estão claros nos Profetas, e que nossos Sábios não têm tradição no que se refere ao assunto. Consequentemente, ele recomenda que não nos detenhamos nestas questões complexas, pois elas O significado dessas declarações é que não saberemos o momento preciso da Redenção. Assim como não se pode calcular quando um escorpião atacará, ou quando um objeto perdido será recuperado, a chegada de Mashiach também nos surpreenderá totalmente. Devemos rezar pela Redenção, sempre esperando que ela venha de imediato – como dizemos em nossas orações: “aguardamos Tua salvação todos os dias – mas não temos conhecimento de quando exatamente ela virá”. A crença verdadeira na Redenção se reflete e confirma na expectativa sincera. Jamais devemos mostrar-nos indiferentes a ela. Se a preocupação intensa com este assunto é inquietante, podem ter certeza de que a chegada de Mashiach, acompanhada de revelações sublimes da Divindade, causará admiração a todos. Bons presságios? P: Se a apatia religiosa e o declínio moral da atualidade foram previstos por nossos Sábios como sinais do ad- vento da Redenção, por que os judeus estão sendo exortados a observarem a Torá? Não estariam eles, na realidade, cumprindo o que previram os Sábios? R: Obviamente, a deterioração religiosa e moral não é ideal nem desejável. Os Profetas e os Sábios prognosticaram acontecimentos futuros, mas isto não justifica de maneira nenhuma as nossas más ações. É completamente errado argumentar que o atual estado de coisas é “necessário”.... Pelo contrário; se fôssemos dignos, um processo positivo e virtuoso de Redenção se teria desenrolado, uma salvação bastante rápida, e nós seríamos poupados das agudas dores do parto que precedem a chegada de Mashiach. Até o momento, escolhemos a rota mais longa e difícil, cheia de sofrimento e tribulações. Isto não foi decretado por D’us, e é opção nossa, decisão nossa. Temos capacidade para transformar e elevar este processo. É algo que podemos fazer instantaneamente. Lubavitch Views 25 Nossas Festas Nossos Sábios definem certas Mitsvot como possuidoras de uma eficácia especial para a precipitação da Gueulá-Redenção Amar outros judeus O Templo que foi destruído em conseqüência do ódio sem motivo e será reconstruído por meio do amor gratuito, sem motivo, e do respeito mútuo. Ainda que seja difícil achar uma razão para amar um membro do povo judeu (principalmente se for membro de sua própria família ou sinagoga...), devemos amá-lo assim mesmo, desconsiderando qualquer falha ou imperfeição de caráter. Além disso, evitar brigas e discussões prepara o caminho para os dias de Mashiach, quando não haverá mais guerra nem ódio. Tsedacá-caridade A caridade é um dos principais mandamentos, sendo particularmente útil para a aceleração da Redenção, como está escrito: “Tsion será redimida pela justiça e seus cativos, pela Tsedacá” O Talmud afirma: “Magnífica é a Mitsvá da caridade, porque ela apressa a Redenção”. Devemos dar caridade diariamente e, na véspera do Shabat e das Festas, doar uma soma adicional também pelo dia seguinte. Toda casa deve possuir uma caixa de caridade (se possível, fixa na parede), na qual se possa depositar contribuições periodicamente. É aconselhável ter uma caixa de caridade também no carro e no local de trabalho. Alegria A alegria absoluta reinará na Era Messiânica, como diz o Salmista: “Então nossa boca se encherá de júbilo”; e é por meio da alegria que nós apressamos sua chegada. Uma alusão a isto se encontra na raiz da palavra hebraica “a alegria”, hassimchá, que tem as mesmas letras da raiz de Mashiach e o mesmo valor numérico! Trabalhando por um mundo melhor! 26 Lubavitch Views Pnimiut hatorá O estudo da dimensão mais profunda e esotérica da Torá é especialmente importante para a antecipação dos dias de Mashiach. Esta parte da Torá permaneceu oculta por muitos séculos, até ser revelada pelo grande cabalista, o Arizal, e mais tarde elucidada pelo Baal Shem Tov e seus discípulos, que disseminaram estes ensinamentos como meio de acelerar a Redenção. Tais conhecimentos constituem uma amostra da Sabedoria Divina que será amplamente revelada durante a Era Messiânica. Teshuvá (arrependimento e acréscimo de torá e mitsvót) Nossos Sábios disseram: “Quando Israel se arrepender (= fizer teshuvá), ele será imediatamente redimido”. O arrependimento, ou melhor, fazer teshuvá, não requer feitos extraordinárias; o simples – porém sincero – ato de lamentar uma má ação, acompanhado da determinação de melhorar nossa conduta, já é arrependimento completo. Toda atitude positiva, por menor que seja, é parte do processo contínuo de preparação do mundo para a Redenção. Lubavitch Views 27 N oNsossassa sF eFsetsatsa s Pergunte ao Rabino... Rabino Aron Moss Sucesso absoluto, que cativa leitores em todos os continentes, o Rabino Aron (“Ritchie”) Moss, do Chabad de Sidney, Austrália, continua inspirando a todos com suas respostas instigantes, inteligentes e bem-humoradas. Pois é, Pessach está chegando. De novo. Lá vem mais duas noites de Seder para se encontrar com parentes distantes dos quais a gente quase já se esqueceu, para contar uma história que não podemos esquecer. Será que depois de 3 mil anos ainda é realmente necessário comemorar a liberdade dos nossos antepassados da escravidão no Egito? Será que não podemos tratar de questões mais prementes e atuais? Meu amigo, você anda lendo a Hagadá errada. O Seder não é apenas um momento de se ficar relembrando eventos de um passado distante - é um processo dinâmico de liberdade dos desafios do presente. Nós ainda somos escravos. Escravos de nossas próprias inibições, medos, hábitos, cinismo e preconceitos. Estes “faraós” meio ocultos são camadas de nosso ego que nos impedem de expressar nosso verdadeiro eu interior, de colocar, na prática, o nosso potencial espiritual. Nossas almas estão encarceradas e presas dentro da preguiça, do egoísmo e da indiferença. Pessach significa “passar por cima”. É a época da libertação, quando passamos por cima de todos os obstáculos rumo a nossa liberdade inte- Lubavitch Views 28 rior. Em Pessach, damos uma chance às nossas almas de se expressarem. Releia a Hagadá. Toda vez que constar “Egito” leia “limitações”. Substitua a palavra “Faraó” por “ego”. E leia tudo no presente, não no passado — por exemplo: “Nós fomos escravos do Faraó no Egito” – seria: “Somos escravos de nossos egos, presos em nossas próprias limitações.” Como podemos nos libertar? Comendo matsá. Só depois de comer matsá é que os israelitas puderam sair para fora do Egito e seguir a D’us no deserto. Isso porque a matsá representa a anulação do ego. Ao contrário do pão, que tem consistência e sabor, a matsá é chata e sem gosto — o pão da abnegação. Normalmente, temos medo de “anular” os nossos egos, porque pensamos que vamos nos perder. Em Pessach nós comemos matsá, anulamos os nossos egos e ainda nos encontramos — encontramos o nosso verdadeiro eu. Esta noite é diferente de todas as outras noites porque nesta noite nós nos liberamos — libertamos nossas almas ao lhes darmos a chance de seguir a D’us, sem vergonha. Nós dizemos: “Posso até não entender o que isso significa, mas eu tenho uma alma judaica, e, de alguma forma, ela é a camada mais profunda da minha identidade”. Essa alma é a criança inocente que está dentro de nós, esperando para ser livre. Neste Pessach, vamos permitir que a criança em nós possa cantar: “Má nishtaná haláyla hazê ...” Caro Rabino, Eis aí uma coisa que nós discutimos todo ano no nosso Seder de Pessach: Por que derramar o vinho quando falamos cada uma das dez pragas, e o que temos que fazer com o vinho derramado? Toda cerimônia judaica é dita sobre um copo de vinho, seja um casamento, uma circuncisão (brit milá), um kidush (recepção) ou uma havdalá (despedida) de Shabat e de Yom Tov, torna uma parte de nossa realidade interior. No entanto, existem algumas palavras que não queremos ingerir. As dez pragas, descrevendo a aflição dos egípcios, representam uma energia negativa que nós preferimos não trazer para dentro de nosso sistema. Assim, após a leitura de cada praga, nós derramamos parte do vinho do copo, banindo as forças negativas de punição e suas maldições, deixando, no copo, somente as bênçãos. O vinho derramado deve então ser descartado, pois bebê-lo seria absorver a negatividade das pragas. As palavras têm um impacto. Nosso ambiente absorve nossas palavras. Cuidado com o que você diz, e seja ainda mais cuidadoso com o que você bebe. Deixe as pragas para os perversos opressores. Que tenhamos somente bênçãos. Sempre. Lechaim! Está aí algo que eu sempre quis saber. Nós tradicionalmente terminamos o Seder de Pessach desejando a todos: “No ano que vem — em Jerusalém!”. E se você já está vivendo em Jerusalém, você diz o quê? “Este ano, em Jerusalém!?” Ou simplesmente não fala nada disso? Você pode estar a quilômetros de Jerusalém, por mais que esteja vivendo lá. E você pode estar do outro lado do mundo, mas está a apenas um passo de distância dela. Porque Jerusalém é muito mais do que uma cidade. É um ideal que estamos lutando para alcançar. A história judaica pode ser resumida como uma longa viagem do Egito para Jerusalém. Além de serem simples localizações geográficas, ambos simbolizam dois estados espirituais opostos. A viagem do Egito para Jerusalém é uma odisseia espiritual. Tanto como nação quanto como indivíduos, nós sempre estamos deixando a escravidão do Egito e indo em direção à liberdade da Terra Prometida. Ao analisar o Egito psicológico e a Jerusalém interior, vamos ver como esta é uma estrada na qual ainda estamos viajando. O nome hebraico para o Egito é Mitsrayim, que significa limitações, restrições, obstáculos. Ele representa um estado em que nossas almas estão presas dentro de nossos corpos, escravizadas aos desejos materiais e atadas às limitações físicas. É um mundo em que a retidão, a justiça e a santidade são prisioneiras da corrupção e do egoísmo. Jerusalém significa “cidade da paz”, um lugar de paz entre corpo e alma, céu e terra, o ideal e a realidade. Quando o nosso corpo não se torna uma prisão para a alma, mas sim um veículo para que ela possa se expressar; quando nós vivemos nossas vidas de acordo com nossos ideais em vez de nossos desejos; quando o mundo dá mais valor à generosidade e à bondade do que a alguma vantagem ou ganho egoístico, aí então estamos em Jerusalém — estamos em paz com nós mesmos e com o mundo. Imagine que você está no seu carro, preso no trânsito num congestionamento monstruoso. Você está atrasado para uma reunião importante e vê alguém saindo de alguma rua lateral tentando entrar na sua pista. Você está diante de uma escolha: ser gentil e deixá-lo entrar ou continuar preocupando-se com suas próprias necessidades prementes e seguir dirigindo, sem abrir espaço para ninguém. Se você não permitir que ele entre, justificando para si mesmo com o ar- N oNsossassa sF eFsetsatsa s Faça como milhares de judeus sem vergonha em todo o mundo: e o que mais se destaca é o Seder de Pessach, que também se realiza com um copo cheio de vinho, que depois é consumido. Por que isso? Será que não podemos recitar orações na base da “lei seca”, sem tomar nada? Por que parece que temos que tomar vinho sempre que surgir uma boa oportunidade? Dizer uma oração sobre um copo de vinho tem um poder especial: nos dá a chance de beber na hora. Em vez de ficar recitando palavras ao vento, nós recitamos nossas bênçãos sobre um copo de vinho, que absorve estas palavras, e, aí então, nós acabamos bebendo-as. Nós absorvemos a santidade delas. Sob o pálio nupcial (a chupá do casamento), a noiva e o noivo bebem do copo de vinho, para que as bênçãos que consagraram seu casamento sejam devidamente internalizadas e absorvidas por eles. Em uma circuncisão, até o próprio bebê absorve uma gotinha do vinho da cerimônia e das orações, de modo que as palavras sagradas passem a fazer parte de seu ser. Em cada Yom Tov (festa judaica) nós bebemos e absorvemos as mensagens do Yom Tov, de modo que elas permaneçam conosco mesmo depois do Yom Tov acabar. No Seder, na noite de Pessach, nós relatamos novamente a história de nossos antepassados, que foram escravos no Egito, e cantamos canções de agradecimento a D’us por ter dado a eles a liberdade. Quando contamos tudo isso, há uma taça repleta de vinho ali, absorvendo e captando cada palavra, cada mensagem, cada canção. Isto é feito de tal forma que, no final da história, do relato, ao beber-se o copo, estamos ingerindo aquele momento. Nós não apenas lemos o texto da Hagadá de Pessach — nós o absorvemos, nós o levamos conosco. Nós bebemos e absorvemos a liberdade; nós ingerimos o milagre. A história de fé e liberdade se Lubavitch Views 29 Nossas Festas gumento de que está atrasado, então você ainda está no Egito; seu egoísmo ultrapassou a sua bondade. Se você superar sua preocupação com suas próprias necessidades e deixá-lo entrar, você acabou de sair do Egito. Você permitiu que a sua bondade inata prevalecesse sobre o seu egoísmo instintivo. Tudo bem. Você está fora do Egito, mas você ainda não está em Jerusalém. Em Jerusalém, você automaticamente iria deixá-lo entrar, sem preocupações. Sua reunião importante teria uma pálida insignificância se comparada com a oportunidade de fazer um favor para outra pessoa. Você não teria que dominar a sua natureza, o seu egoísmo; sua natureza já seria gentil e altruísta. Não haveria necessidade de uma batalha interior para se fazer o bem; na “cidade da paz interior”, na sua Jerusalém interior — isso viria naturalmente. Eu não sei quanto a você, mas eu sinto que não estou lá, ainda. O povo judeu nasceu no Egito, na escravidão. Mas eles foram informados de que, do outro lado de um vasto deserto se encontrava o seu destino, sua Terra Prometida. Quando nossos antepassados saíram do Egito — há uns 3.325 anos atrás —, eles estavam dando os primeiros passos de uma longa viagem a Jerusalém. Cada geração, desde então, tem se empurrado mais para a frente ao longo desta estrada para Jerusalém. A viagem continua com a gente. Mas ainda não chegamos lá. Mesmo se você estiver vivendo em uma cidade chamada Jerusalém, enquanto ainda existir injustiça, sofrimento e falta de santidade no mundo, não chegamos à Terra Prometida. Enquanto continuarmos a ser escravos de nossos próprios ins- tintos negativos e desejos egoístas, ainda estamos lutando para realmente sair do nosso próprio Egito. Ao se sentar no Seder, nota-se que mais um ano se passou, e nós ainda temos que completar a viagem. Mas estamos chegando lá. Estamos muito mais perto da Terra Prometida do que no ano passado. Nós avançamos mais alguns passos em uma marcha para a liberdade que se estende por gerações. Talvez, este ano, nossos esforços para melhorar a nós mesmos e ao mundo à nossa volta faça com que se realizem, na realidade, as palavras da Hagadá: Este ano estamos aqui; no próximo ano estaremos na Terra de Israel. Este ano, somos escravos; no ano que vem, seremos livres. No ano que vem — em Jerusalém... literalmente! Deseja a toda comunidade Judaica Feliz Pessach 30 Lubavitch Views Lubavitch Views 31 Pessach dura oito dias: começa na noite de segunda-feira, 25 de março e termina na noite de terça-feira, 2 de abril. D‘US MANDOU COMER MATSÁ NOS 8 DIAS DE PESSACH – mas também proibiu possuir, usar ou comer chamets – durante pessach. Dê uma procuração de venda de Chamets a um Rabino (informações no Beit Lubavitch 3543-3770). Este serviço é totalmente gratuito — mas o valor da mitsvá realizada é incalculável! A procuração deve ser entregue de preferência até sexta-feira 22 de março ou depositada na portaria do Beit Lubavitch – Leblon até segunda-feira dia 25 de março somente até cerca de 10:30h. Para procuração on-line acesse beitlubavitch.org.br ou chabad.org.br ou chabad.org Compre Matsá casher com supervisão rabínica ortodoxa adequada (consulte seu rabino) e de preferência Matsá Shemurá (as redondas originais feitas à mão - pelo menos para as noites do Seder). Compre vinho casher para Pessach importado ou nacional com supervisão rabínica ortodoxa adequada (consulte seu rabino). Ashkenazim não usam, em Pessach, grãos e seus derivados, por exemplo: arroz, milho, feijão, soja, grão de bico, óleo de milho, óleo de soja, etc.). Quanto a sefaradim, depende do costume específico da comunidade, por exemplo: alguns não usam arroz, outros verificam todo arroz que vão usar em Pessach sete vezes antes de Pessach - e só usam em Pessach o que foi verificado. É importante saber — Em Pessach, a Torá nos proíbe possuir, consumir ou tirar proveito de produtos comestíveis à base de grãos fermentados (chamets) de qualquer um dos cinco principais cereais (trigo, cevada, centeio, aveia e espelta) ou de seus derivados, mesmo em quantidade mínima. Exemplos de alimentos chamets: pães, bolos, biscoitos, macarrão, cerveja, destilados, vodca, uísque, licores, etc. A casa deve ser limpa por completo e qualquer vestígio de chamets, inclusive migalhas, removidos antes da véspera de Pessach. Este ano segunda-feira dia 25 de março é proibido comer chamets a partir das 9h58. SEGUNDA-FEIRA, 25 DE MARÇO De dia coloca-se TEFILIN. Os primogênitos devem participar de um Sium (conclusão de um tratado talmúdico) após shacharit ou jejuar desde o início do dia até o Seder, à noite. • Só é permitido comer chamets até 9h58 • Queima do chamets restante até 10h58 Após queimar o chamets diz-se: Todo o chamets e tudo o que for levedado que esteja em minha posse, quer eu o tenha visto ou não, quer eu o tenha observado ou não, quer eu o tenha eliminado ou não, que seja anulado e sem dono como o pó da terra. Na TEFILÁ: passamos a dizer “VETEN BERACHÁ” a partir de arvit (à noite) À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót. (2 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante) quinta-FEIRA, 28 DE MARÇO Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril. À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót. BARUCH ATÁ A-DO-NAI E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM, ASHER KIDESHANU BEMITSVOTAV, VETSIVÁNU LEHADLIC NER SHEL VEYOM TOV BARUCH ATÁ A-DO-NAI, E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM, SHEHECHEYÁNU VEKIYMÁNU VEHIGUIÁNU LIZMAN HAZÊ Primeiro SEDER - após o anoitecer. Coma o AFIKOMAN antes da meia-noite. terça-FEIRA, 26 DE MARÇO De dia - coloca-se tefilin. Horário de acendimento das velas de Yom Tov no Rio - 18h33 À noite – BEDICÁT CHAMETS (busca do chamêts): É costume colocar 10 pedacinhos de pão duro embrulhados em papel nas diversas dependências da casa pouco tempo antes da BEDICÁT CHAMETS, de modo que quem a realiza os encontre. Antes de iniciar a BEDICÁ, diz-se: • Acenda as velas só após o horário indicado. Acenda a partir de uma chama preexistente, que estava ardendo continuamente desde antes do pôr do sol de segunda-feira, dia 25 de março. • Meninas e moças solteiras acendem uma vela; as casadas acendem pelo menos duas velas. Após acender, faça um movimento circular, com as duas mãos, em torno das velas, cubra os olhos com as mãos e diga: BARUCH ATÁ A-DO-NAI E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM, ASHER KIDESHANU BEMITSVOTAV, VETSIVÁNU LEHADLIC NER SHEL YOM TOV BARUCH ATÁ A-DO-NAI, E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM, SHEHECHEYÁNU VEKIYMÁNU VEHIGUIÁNU LIZMAN HAZÊ Segundo seder - após o anoitecer. Inicia-se a SEFIRAT HAOMER a partir desta noite e continua-se a fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót. SHEVII SHEL PESSACH - sétima noite de pessach: Costuma-se ficar acordado estudando Torá a noite inteira, pois nesta noite D’us abriu o Yam Suf (Mar Vermelho). • A noite, faz-se o kidush de Yom Tov (com vinho e matsá) antes de jantar À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót. (6 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante) SEGUNDA-FEIRA, 1 DE ABRIL DIA DE SHEVII SHEL PESSACH / NOITE DE ACHARON SHEL PESSACH sexta-FEIRA, 29 DE MARÇO Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril. De dia, faz-se kidush antes do almoço. Horário de acendimento das velas de Shabat no Rio - 17h36 • Meninas e moças solteiras acendem uma vela; as casadas acendem pelo menos duas velas. Após acender, faça um movimento circular, com as duas mãos, em torno das velas, cubra os olhos com as mãos e diga: BARUCH ATÁ A-DO-NAI E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM, ASHER KIDESHANU BEMITSVOTAV, VETSIVÁNU LEHADLIC NER SHEL VEYOM TOV (3 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante) • Antes deste horário deixe acesa uma chama-piloto (uma vela de 48h ou de sete dias) com a qual voce acenderá as velas de Yom Tov na terça-feira a noite. • Hoje, acenda as velas até às 17h40. Após este horário, use a chama-piloto para acender as velas. (1 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante) 32 Horário do término do Yom Tov no Rio - 18h32 (após a Havdalá). Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril. DOMINGO, 24 DE MARÇO Deve-se inspecionar com a luz de uma vela em todos os lugares onde possa haver chamets escondido. Após a inspeção, deve-se dizer: Todo o chamets e tudo o que for levedado que esteja em minha posse, que não vi e não eliminei e do qual não saiba, que seja anulado e sem dono, como o pó da terra. Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril. De dia, faz-se kidush antes do almoço. Horário de acendimento das velas de Yom Tov no Rio - 17h40 Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril. Na tefilá: passamos a dizer “VETEN TAL UMATAR LIVRACHÁ” a partir de MUSSAF. De dia, faz-se KIDUSH antes do almoço. BARUCH ATÁ ADONAI ELOHEINU MELECH HAOLAM ASHER KIDESHANU BEMITSVOTÁV VETSIVANU AL BIÚR CHAMÊTS quarta-FEIRA, 27 DE MARÇO • Após este horário não acenda as velas de modo algum! • Meninas e moças solteiras acendem uma vela; as casadas acendem pelo menos duas velas. Após acender, faça um movimento circular, com as duas mãos, em torno das velas, cubra os olhos com as mãos e diga: BARUCH ATÁ A-DO-NAI E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM, ASHER KIDESHANU BEMITSVOTAV, VETSIVÁNU LEHADLIC NER SHEL SHABAT Kodesh. À noite, não esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót. (4 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante) Horário do término do Yom Tov no Rio - 18h27 • Acenda as velas só após o horário indicado. Acenda a partir de uma chama preexistente, que estava ardendo continuamente desde antes do pôr do sol de segunda-feira, dia 25 de março. • Meninas e moças solteiras acendem uma vela; as casadas acendem pelo menos duas velas. Após acender, faça um movimento circular, com as duas mãos, em torno das velas, cubra os olhos com as mãos e diga: BARUCH ATÁ A-DO-NAI E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM, ASHER KIDESHANU BEMITSVOTAV, VETSIVÁNU LEHADLIC NER SHEL YOM TOV À noite, faz-se o kidush de Shabat (com vinho e matsá) antes de jantar. À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót. (7 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante) SHABAT (SÁBADO), 30 DE MARÇO À noite, faz-se o kidush de Shabat (com vinho e matsá) antes de jantar. Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril. De dia, faz-se kidush de shabat (com vinho e matsá) antes do almoço e a refeição de seudá shlishit após minchá (reza da tarde). TERÇA-FEIRA, 2 DE ABRIL ÚLTIMO DIA DE PESSACH (ACHARON SHEL PESSACH) À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót. Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril. De dia, faz-se kidush de shabat e yom tov (com vinho e matsá) antes do almoço. (5 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante) YIZCOR (antes de MUSSAF) - aproximadamente 11h Horário do término do shabat no Rio - 18h29 (após a Havdalá) DOMINGO, 31 DE MARÇO NOITE DE SHEVII SHEL PESSACH Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril. Horário de acendimento das velas de yom tov no Rio - 17h34 • Antes deste horário deixe acesa uma chama-piloto (uma vela de 48h ou de sete dias) com a qual voce acenderá as velas de Yom Tov na segunda-feira a noite. Hoje, acenda as velas até as 17h34. Após este horário, use a chama-piloto para acender as velas. • Meninas e moças solteiras acendem uma vela; as casadas acendem pelo menos duas velas. Após acender, faça um movimento circular, com as duas mãos, em torno das velas, cubra os olhos com as mãos e diga: 33 Lubavitch Views Nossas Festas Agenda de Pessach 5773 - 2013 SEUDÁT [banquete] MASHIACH - inicie antes das 17h40 (no Rio) Horário do término do shabat no Rio - 18h26 (após a Havdalá) Espere mais uma hora antes de retirar e usar seu chamets (o que foi lacrado, etc.). À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót. (8 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante) QUARTA-FEIRA, 3 DE ABRIL De dia - volta a se colocar tefilin normalmente. À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót. (9 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante) Lubavitch Views 33 Sefirat HaÔmer se conta a partir da segunda noite de Pessach até a noite anterior a Shavuot, logo após a oração de Maariv. Se esqueceu de contar o Ômer à noite, deve contá-lo durante o dia sem a berachá. Nossas Festas % Fazendo a Mitsvá de Sefirát Haômer na Prática! BARUCH ATÁ ADONAI ELOHÊNU MELECH HAOLÁM ASHER KIDESHÁNU BEMITSVOTÁV, VETSIVÁNU AL SEFIRÁT HAÔMER. Bendito és Tu, Adonai, nosso Deus, Rei do universo, que nos santificou com os Seus mandamentos e nos ordenou quanto à contagem do Ômer. Noite de Março c c c c c c Terça, dia 26 Quarta, dia 27 Quinta, dia 28 Sexta, dia 29 Sábado, dia 30 Domingo, dia 31 Contagem do Ômer Hoje é um dia do Ômer. Hoje são dois dias do Ômer. Hoje são três dias do Ômer. Hoje são quatro dias do Ômer. Hoje são cinco dias do Ômer. Hoje são seis dias do Ômer. Noite de Abril c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c Segunda, dia 1Hoje são sete dias, que é uma semana, do Ômer. Terça, dia 2Hoje são oito dias, que é uma semana e um dia do Ômer. Quarta, dia 3Hoje são nove dias, que é uma semana e dois dias do Ômer Quinta, dia 4Hoje é o dia dez, ou seja, uma semana e três dias, do Ômer. Sexta, dia 5Hoje são onze dias, que é uma semana e quatro dias do Ômer. Sábado, dia 6Hoje são doze dias, que é uma semana e cinco dias do Ômer. Domingo, dia 7 Hoje são treze dias, que é uma semana e seis dias do Ômer. Segunda, dia 8Hoje são quatorze dias, que são duas semanas do Ômer. Terça, dia 9Hoje são quinze dias, que são duas semanas e um dia do Ômer. Quarta, dia 10Hoje são dezesseis dias, que são duas semanas e dois dias do Ômer. Quinta, dia 11Hoje são dezessete dias, que são duas semanas e três dias do Ômer. Sexta, dia 12Hoje são dezoito dias, que são duas semanas e quatro dias do Ômer. Sábado, dia 13Hoje são dezenove dias, que são duas semanas e cinco dias do Ômer. Domingo, dia 14Hoje são vinte dias, que são duas semanas e seis dias do Ômer. Segunda, dia 15 Hoje são vinte e um dias, que são três semanas do Ômer. Terça, dia 16Hoje são vinte e dois dias, que são três semanas e um dia do Ômer. Quarta, dia 17Hoje são vinte e três dias, que são três semanas e dois dias do Ômer. Quinta, dia 18Hoje são vinte e quatro dias, que são três semanas e três dias do Ômer. Sexta, dia 19Hoje são vinte e cinco dias, que são três semanas e quatro dias do Ômer. Sábado, dia 20Hoje são vinte e seis dias, que são três semanas e cinco dias do Ômer. Domingo, dia 21Hoje são vinte e sete dias, que são três semanas e seis dias do Ômer. Segunda, dia 22Hoje são vinte e oito dias, que são quatro semanas do Ômer. Terça, dia 23Hoje são vinte e nove dias, que são quatro semanas e um dia do Ômer. Quarta, dia 24Hoje são trinta dias, que são quatro semanas e dois dias do Ômer. Quinta, dia 25Hoje são trinta e um dias, que são quatro semanas e três dias do Ômer. Sexta, dia 26Hoje são trinta e dois dias, que são quatro semanas e quatro dias do Ômer. Sábado, dia 27 Hoje são trinta e três dias, que são quatro semanas e cinco dias do Ômer. Domingo, dia 28 Hoje são trinta e quatro dias, que são quatro semanas e seis dias do Ômer.r. Segunda, dia 29 Hoje são trinta e cinco dias, que são cinco semanas do Ômer. Terça, dia 30 Hoje são trinta e seis dias, que são cinco semanas e um dia do Ômer. Noite de Maio c c c c c c c c c c c c c Quarta, dia 1Hoje são trinta e sete dias, que são cinco semanas e dois dias do Ômer.r. Quinta, dia 2 Hoje são trinta e oito dias, que são cinco semanas e três dias do Ômer. Sexta, dia 3 Hoje são trinta e nove dias, que são cinco semanas e quatro dias do Ômer. Sábado, dia 4 Hoje são quarenta dias, que são cinco semanas e cinco dias do Ômer. Domingo, dia 5Hoje é dia quarenta e um dias, que são cinco semanas e seis dias do Ômer. Segunda, dia 6 Hoje são quarenta e dois dias, que são seis semanas do Ômer. Terça, dia 7 Hoje são quarenta e três dias, que são seis semanas e um dia do Ômer.. Quarta, dia 8 Hoje são quarenta e quatro dias, que são seis semanas e dois dias do Ômer. Quinta, dia 9 Hoje são quarenta e cinco dias, que são seis semanas e três dias do Ômer. Sexta, dia 10 Hoje são quarenta e seis dias, que são seis semanas e quatro dias do Ômer. Sábado, dia 11 Hoje são quarenta e sete dias, que são seis semanas e cinco dias do Ômer. Domingo, dia 12 Hoje são quarenta e oito dias, que são seis semanas e seis dias do Ômer. Segunda, dia 13 Hoje são quarenta e nove dias, que são sete semanas do Ômer. Após recitar a contagem do dia dizemos: HARACHAMAN HU YACHAZIR LANU AVODAT BEIT HAMICDASH LIMKOMAH BIMEHERÁ VEYAMENU ; AMEN. SÊLAH. Que o Todo-Misericordioso restaure o serviço do Templo Sagrado ao seu lugar, imediatamente em nossos dias; Amén. Sêlah. 34 Lubavitch Views Lubavitch Views 35 Nossas Festas PESSACH É SER LIVRE DE ESPÍRITO Rabino Eliahu Haber Feliz Pessach 36 Lubavitch Views Quando chega Pessach, eu me sinto feliz, pois esta festa me lembra que sou livre de verdade. (Como assim, rabino, você precisa de alguém para te lembrar que você é livre? Você já é livre! Pode fazer o que quiser, principalmente aqui no Brasil. O que significa ser livre? Livre de quê? De quem?) Ser livre no judaísmo significa ter limites, deveres e responsabilidades. E isso só é possível através do cumprimento das mitsvót e do estudo da Torá. Você escolher seus próprios limites não funciona: é como jogar futebol e ser o juiz da partida ao mesmo tempo, não tem como ser IMPARCIAL. Você vai sempre dizer que foi falta em cima do seu time – e que o gol do outro estava impedido. Sou livre justamente porque não posso fazer o que quiser, pois tenho Hashém me olhando; e meus atos, bons ou maus, têm uma repercussão e consequências. Viver podendo fazer tudo sem limites é como dirigir em uma rua sem placas ou sinais. Você fica confuso e pode se machucar. Isso não é liberdade, é escravidão. Em uma conversa com um jovem universitário, escutei dele que, na entrega do Oscar de 2013, uma atriz, ao ir receber o Oscar, tropeçou no vestido e caiu no chão. A reação dela foi culpar o vestido e ficar com raiva. Por que esta reação de raiva? Por que ela simplesmente não se levantou e riu? Porque ela estava sendo assistida por milhões de pessoas! Isso mexeu com o ego dela. (Não posso simplesmente ter tropeçado, isso não pode estar acontecendo comigo. Justamente agora, que mico! Já sei, vou culpar o vestido da Dior, eles são os culpados, não sabem fazer vestidos , fizeram longo demais... pensou ela.) Se tivesse acontecido na rua ela simplesmente teria se levantado e continuado a andar. Essa atriz, apesar de toda a atenção do mundo sobre ela, do glamour de ter ganhado um Oscar e um montão de dinheiro, é escrava da sua vaidade e do espírito da raiva. Em Pessach temos muitas responsabilidades com D’us, família e amigos. O Seder de Pessach é só sobre como educar nossos filhos e a nós mesmos, sobre nossas responsabilidades com Hashém e o mundo. Saímos da escravidão do Egito e nos tornamos livres de verdade quando recebemos a Torá no Monte Sinai. Neste Pessach, convide seus amigos e família para se reunir em sua casa e comemorar com as três matsót e os quatro copos de vinho uma vida cheia de responsabilidades e deveres. Uma vida cheia de mitsvót e liberdade de verdade. Pessach Casher Vesameach! Lubavitch Views 37 “Alimentar um irmão é salvar uma vida preciosa” Beit Lubavitch em Ação Sucót Salmos na sucá grande. A leitura dos Salmos, na sucá grande do Beit Lubavitch Leblon, foi um sucesso. As mulheres se alegraram com as músicas do Chazan Nelson Zeitune, ouviram palavras inspiradoras sobre Simchat Torá com R. Broner, dançaram, fizeram brachá de lulav e participaram de um delicioso café da manhã. O Lar da Esperança tem como missão prover os ingredientes necessários para que os mais carentes possam viver uma vida saudável, digna e feliz. Atende atualmente a cerca de 2.000 pessoas carentes, precisamos de você para continuarmos a manter e ampliar nossos projetos. Le’chaim na sucá da Puc. A Sra. Diane Kuperman organizou, juntamente com a FIERJ e com o Rab. Eliahu Haber do Beit Lubavitch Leblon, uma reunião na Sucá da PUC- Rio. Como já divulgado, a sucá foi montada na Puc pelos alunos junto com o Rabino Eliahu Haber. Estiveram presentes à reunião o Reitor da PUC, Padre Josafá Carlos de Siqueira, o Rabino Eliahu Haber, professores, alunos e representantes de outras instituições. O Rabino Eliahu Haber falou sobre a festa de Sucót e o seu significado, além de agradecer à PUC pelo espaço cedido onde foi construída a sucá. Depois, todos seguiram para um Le´Chaim na sucá e juntos com o Reitor plantaram uma muda de etrog no jardim bíblico da PUC. Existem várias formas de contribuir: Para doações Para depósito tel. 2571-3090 - Sra. Raquel Snitcovsky tel. 3543-3767 - Sr. Messod Azulay Lar da Esperança Banco Bradesco - Agência 0551-7 C/C 48158-0 Rua Visconde de Cabo Frio, 29 Tijuca - RJ | Tel. 2571-3090 - Assist. Social Sra. Claudia Vallauri [email protected] | www.beitlubavitch.org.br | www.bloglarbloglar.blogspot.com 39 Lubavitch Views be i t lubavitch a melhor opção para a celebração de sua FESTA Informações: Karen tel: 3543-3787 Simcha Bat Fernanda Voloch Soares pais: Rodrigo e Paula Upshernish Shmulik Broner pais: Rabino Chaim e Nechama Dina Brit Milá Beni Binsztok Klainchot pais: Deborah e Fábio Daniel Tobianah pais: Jacob e Danielle Biniamin Yitzchak Misan Klajnberg pais: Ricardo e Simone Beny Crosman pais: Bruno e Yael Yossef Yitzchak Rosenberg pais: Rab. Meir e Rivke Moshe Gabriel Cohen pais: Claudia e Celso Brit Milá de Beni Binsztok Klainchot. Brit Milá de Daniel Tobianah. 40 Lubavitch Views Ilan Gutman pais: Rachel e Luiz Bar Mitsvá Leonardo Guttman pais: Armin e Lidia Guilherme Goldenberg pais: Eduardo e Silvia Daniel e Eduardo Rotsztejn pais: Jaques e Adriana Gabriel Meisler pais: Marcia e Max Dovid Beuthner pais: Rab. Avraham Tsvi e Sara Simcha José Alberto Romano pais: Daniela e Daniel Levi Broner pais: Rab. Chaim e Nechama Dina Menachem Mendel Kaprow pais: Rabino Eliahu e Batia Leonardo Frydman pais: Shirley e Marcelo Brit Milá de Yossef Yitzchak Rosenberg. Brit Milá de Beny Crosman. Brit Milá de Biniamin Yitzchak Misan Klajnberg. Alan Garber pais: Flavia e Julio Daniel Rabinovitch pais: Erika e Alberto Bat Mitsvá Chava Necha Goldman pais: Rab. Yehoshua Binyomin e Chana Rivka Bar Mitsvá de Daniel Rabinovitch. Bar Mitsvá de Leonardo Frydman. Bar Mitsvá de Gabriel Meisler. Bar Mitsvá de Daniel e Eduardo Rotsztejn. Bar Mitsvá de Guilherme Goldenberg. Bar Mitsvá de José Alberto Romano. Bar Mitsvá de Alan Garber. Bar Mitsvá de Leonardo Guttman. Bar Mitsvá de Dovid Beuthner. Bar Mitsvá de Levi Broner. Bat Mitsvá de Chava Necha Goldman. Simcha Bat de Fernanda Voloch Soares. Brit Milá de Moshe Gabriel Cohen. Upshernish de Shmulik Broner. Lubavitch Views 40 Bar Mitsvá de Menachem Mendel Kaprow. Lubavitch Views 41 Chanuká para crianças Chanuká O domingo no Lubavitch Leblon contou com muitas atividades para as crianças. Elas vieram em razão da festa de Chanucá e puderam confeccionar uma chanukiá de papel, participar de um caça ao tesouro temático, e dar muitas gargalhadas no sensacional “Teatro dos Macabeus”, escrito e dirigido pela Rebetsin Michal Haber. O texto foi estrelado por um elenco masculino profissional: Daniel Jaimovitch Barcelos, Gilberto Marmorosh e Rafael Mannhrimer; no elenco mirim, e para abrilhantar ainda mais o espetáculo, tivemos a participação de: Berale Mossé, Mendel Zukin, Chaim Boruch Lenczynski, Shoul Eliahu Goldman e Ariel Haber. Praia de Copacabana Mais de mil cariocas participaram do acendimento da Grande Chanukiá ao ar livre na Praia de Copacabana. Entre as principais atrações houve o acendimento da segunda vela de Chanucá, cuja mensagem é trazer mais luz ao mundo, a apresentação do grupo de danças do Colégio A. Liessin, show da banda Kol lev com o Chazan José Mauro Laufer, e participação dos artistas George Israel, Pepeu Gomes e seus filhos, que emocionaram a todos com a linda canção “Mashiach” . Chanucá com Turistas Israelenses Acendimento da chanukiá no Hostel Rio Ritz, Copacabana, com jovens israelenses que estão de passagem pelo Rio. Apoio Banco Safra Demillus Banco Modal Agradecemos a Jorge Israel e José Mauro Laufer da banda Kol Lev pelo show emocionante na praia. 42 Lubavitch Views Lubavitch Views 43 Escola Beit Menachem Se você quer que seu filho saia da escola sabendo Chumash com Rashi, Mishná e Talmud, além de pronto para o vestibular, a melhor opção é o Centro Educacional Talmud Torá R. M. Stivelman Beit Menachem tel.: 2558-4207 Venha visitar o Espaço Baby Claudio Cohen Educação judaica com qualidade, carinho e segurança Horário flexível para melhor atender aos pais Com instalações e equipamentos adequados a cada faixa etária e uma equipe especializada em Educação Infantil, temos o Espaço ideal para o crescimento intelectual e humano de seu filho. Crianças de 3 meses a 4 anos. Rua Gal. Venâncio Flores, 221 - Leblon tel.: 3543-3789 [email protected] Que tal ler uma historinha e soltar a imaginação com a massinha? 44 Lubavitch Views Aninha: na oficina circense as crianças treinam “malabarismo”. Aproveitando o sol na hora da atividade aquática. No berçário os nossos bebês se sentem em casa. A bagunça acontece na salinha do berçário 2. Nessa salinha a hora do trabalhinho também é hora de diversão. As crianças adoram os brinquedos do nosso parquinho. Olha o poste aí, motorista! Lubavitch Views 45 Beit Lubavitch Copacabana - Centro M. I. Messer Beit Lubavitch Barra Centro Aron Birmann Av. Ministro Afrânio Costa 223 casa - tel. 2408-5036. Rua Maracanaú, 11 - tel. 2543-0121 - www.lubavitchcopacabana.org Grande farbrenguen. Purim temático - anos 70. Curso para mulheres - mais de 100 mulheres participam de uma palestra sobre a força do Tehilim. Uma noite muito alegre. Farbrenguen - aprendizado e inspiração em ambiente informal. Passeio de integração - um agradável dia em Itaipava e Petrópolis. Na Avenida das Américas, uma linda chanukiá. Leblon - tel. 3543-3770 Casais jovens - encontros quinzenais em residências. 46 Lubavitch Views Barra - tel. 2408-5036 AULA DE BAT-MITSVÁ Rebetsin CHANI AULA DE BAT-MITSVÁ Rebetsin Raquel AULA DE BAR-MITSVÁ AULA DE BAR-MITSVÁ Rabino MOSHÉ Rabino Simonowitz [email protected] Lubavitch Views 47 Purim Começou sábado à noite Purim, a festa mais alegre e colorida do ano que foi comemorada no Beit Lubavitch Leblon ao lado das famílias, crianças e jovens que festejaram muito com suas fantasias, cumprindo assim os nossos costumes. Durante a intensa programação, cerca de mil pessoas passaram pelo Lubavitch. A leitura da Meguilá contou com vários horários para que todos pudessem participar. No interior da sinagoga, foi montado um telão com explicações e ilustrações da leitura da Meguilá de Esther. No domingo, foi realizado o grande banquete de Purim com a participação de cerca de 200 pessoas que se deliciaram com os melhores ingredientes do banquete: amizade e alegria de poderem estar todos juntos compartilhando deste grande momento: a felicidade de termos sobrevivido a tantos acontecimentos marcantes de nossa história. Logo depois da refeição, as atividades foram voltadas para os pequenos. Houve teatro e muitas brincadeiras envolvendo todas as crianças, que capricharam em suas vestimentas bem criativas como as de: princesas, rainhas, entre outras. Sanduíches foram servidos à vontade. Agradecemos o patrocínio da Limits e tbg. 48 Lubavitch Views Lubavitch Views 49 Shushan Purim Finalizando Purim com chave de ouro Festa, fantasia, desfile, show, danças e um delicioso jantar compuseram a festa mais esperada do ano: Shusham Purim - o dia depois de Purim. Um evento só para mulheres que foi organizado pelo depto feminino do Beit Lubavitch Leblon. Foi apresentado um teatro divertidíssimo que teve no elenco a talentosa R. Michal Haber e convidadas, que, aliás, deram, literalmente, um show ao vivo. O grupo de dança da escola Beit Menachem fez uma linda apresentação. Teve música com a cantora Varda, os Twins from France - gêmeos chassidim Chabad vindos dos EUA - deram um sensacional show internacional de malabarismo que animou e divertiu demais!Conforme o programado, teve um desfile de fantasia com premiações e para finalizar as convidadas participaram do sorteio de uma viagem para NY. Foi um sucesso! Agradecimentos à colaboração e dedicação de: Olga Erlich, Viviane Guttman, Rina Hasky, Richela Bendavit, Letícia Lisnovetdky, R. Ariela Shechter, Alexandra Bank e Varda por abrilhantarem a festa. A Sara Nigri, Vanda Solewicz, Henriete Mansur e Tamara Tabach pela doação dos brindes. Deseja um Feliz Pessach para toda comunidade Entregas em domicílio Copacabana: Rua Barata Ribeiro, 707 - Lj E Tels. 2259-9221 / 2294-2812 ORGANIZAÇÃO CONTÁBIL GERAL JULIO LAJCHTER LTDA Deseja a comunidade um Feliz Pessach Av. N.S. de Copacabana, 928 – Gr 401/402 Telefax.: (21) 3816-9933 www.ocg.com.br - [email protected] 50 Lubavitch Views Leitura coletiva de Salmos, trazendo bênçãos, em especial de saúde, para você, seus familiares, nossa cidade e àqueles que mais precisam, iluminando os seus dias. Todos os meses, de 7h às 11h, com café patrocinado pelo Projeto 3 Chai. Informe-se sobre as próximas datas com o Departamento Feminino. Tel.: 3543-3786. Tehilim de Tishrei - agradecimentos: Rabino Beuthner, Palestrante Rosália Milsztajn e a Pianista Evelyn Dayan. Tehilim em Sucót - agradecimento: Hazan Nelson Zeitune. Departamento Feminino Salmos PROJETO MAZAL TEN LEV Comemoração do aniversário judaico, com bolo, brindes e um mom momento ento de orientação espiritual. De 2ª a 6ª feira. Horário a ser agendado com a Rabanit Chani Goldman. Visitas e entrega de kits às pessoas enfermas, em hospital ou residência, e visitas aos enlutados. Se necessitar de visita ou apoio espiritual, entre em contato - tel.: 3543-3786. PROJETO TEHILIM PROJETOS VOLUNTÁRIOS Leitura de salmos em grupo para mulheres de todas as idades, coffe break, break, muita inspiração, sorteios e homenagens. Mensalmente no Rosh Chodesh, início do mês judaico. Seja você também uma voluntária. Isto é uma grande Mitsvá. Entre em contato conosco. Diga em que pode ou gostaria de participar. Quem sairá ganhando é você. contato - tel.: 3543-3786 PROJETO BAT-MITSVÁ VISITA AOS LARES DE IDOSOS Aulas para meninas de 10 a 12 anos para se prepararem e conhecerem a importância da mulher no judaísmo (culinária, artes, jogos, teatro, etc...). Toda 3ª feira, das 15h30 às 16h30, com a Morá Chani Goldman. PROJETO MIKVE PROJETO ENCONTROS Tire suas dúvidas sobre mikve. Não há necessidade de se identificar. Disk Mikve: Alizah - 8749-5439 Está querendo encontrar sua alma gêmea? Venha participar deste projeto, toda 4ª feira, a partir das 19h. Agende seu horário com Vera Zilberman - Tel: 3543-3770. ONEG SHABAT HAPPY HOUR DE SÁBADO SHABAT MEVARCHIM shabat em que abençoamos o novo mês Músicas, animação, dinâmicas, lanche delicioso e uma agradável tarde de Shabat com amigas. Patrocine este momento em agradecimento a um bom acontecimento em sua vida mensalmente no Shabat às 16h30 - Histórias De Rabanit Sara Simcha Beauthner. O último sábado do mês judaico. Participe de 15 minutos de reflexão em Shabat Mevarchim. Após a reza, música, história e boa decisão. No jirau da sinagoga. Organização de Claudia Chinicz e Feigui Solewicz. PROJETO TEENS PROJETO SHIFRA UPUA Se você tem a idade entre 14 e 18 anos, venha participar de uma aula bem dinâmica. Informações: [email protected] Toda 3ª feira, de 19h30 às 20h30 Organização de Mussy Goldman Receba uma refeição de Shabat completa no primeiro Shabat de seu bebê recém-nascido informações com a Rabanit Ayala Lenczynski. Ester - 9858-6003 Larissa - 7823-6833 Monique - 9122-1588 Tehilim de Kislev - agradecimentos: cantora Varda e Rebetsin Sara Simcha Beuthner. Tehilim de Tevet - agradecimentos: Hazan Yacov Moshe Laufer e Charles Tehilim de Shevat: agradecimentos: palestrante Rabino Ilan Stiefelman e Rebetsin Ariela Schechter. Kahn, Palestrante Michele Dorfman e Rebetsin Ariela Schechter. Visitamos os lares, levando alegria, música, kits e uma palavra carinhosa. Você também pode participar. Entre em contato conosco e se torne uma voluntária. Mensalmente aos domingos e vésperas de festas judaicas. Tehilim de Adar - agradecimentos: Michal Haber e música de Evelyn Akstein. 48 Lubavitch Views Janice 3543-3786 PROJETO NOIVAS A noiva que desejar ficar a mulher mais linda em um dos dias mais felizes de sua vida, procure as voluntárias do Projeto Sonho de Noiva, que ajudará desde o vestido de noiva à grinalda e fará seu sonho se tornar realidade. Contato Hedva - tel: 3543-3770 Voluntárias: Claudia Chor: 7698-9581, Nicole Yadid: 7855-0610, Rina Hasky: 8866-5000, Richela Bendavit: 8604-3798 Lubavitch Views 49 Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch Com a presença do Rabino Chefe de Israel, Rav Yona Metzger Shlita O Grão-Rabino Chefe de Israel, Rabino Yona Metzger, veio especialmente ao Rio de Janeiro para prestigiar a celebração das bodas de prata do Beit Lubavitch — 25 anos de atuação no Rio — no domingo dia 16 de dezembro de 2012, término de Chanucá (Zót Chanucá). O consul honorário de Israel, sr. Osias Wurman, abriu o evento, apresentando o ilustre convidado. Foram homenageados neste evento fundadores e patrocinadores do Beit Lubavitch com placas e diplomas de reconhecimento que também foram assinados pelo Rabino Chefe de Israel. Rabino Yona Metzger cativou o público com suas palavras e suas bençãos ao longo do evento. Rabino Goldman fez um pronunciamento das atividades do Beit Lubavitch ao longo destes 25 anos acompanhado de um vídeo. O Rabino Yona Metzger elogiou muito as atividades beneficentes do Beit Lubavitch. O jantar foi finalizado com animadas danças. Lubavitch Views 55 Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch Trecho do discurso do Rabino Chefe de Israel Rav Yona Metzger Shlita para a comunidade judaica do Rio de Janeiro (Transcrição: Simcha Yehudit Rochlin) “Mazal Tov pelos 25 anos de atividades e liderança do Beit Lubavitch do Rio de Janeiro! ...Se você quer juntar judeus, o conselho é que você tem que dar de si para os outros, sem esperar receber. O mesmo se aplica a um casal: quando ela se preocupa em dar aquilo que ele precisa, eles são felizes; quando ele se preocupa em deixá-la feliz, em dar a ela tudo o que ela precisa, eles também são felizes. O problema é quando cada um começa a dizer: “Eu é que mereço isso”; “por que ele ou ela não está fazendo aquilo por mim?” Eu creio que este segredo o Lubavitch conhece bem... Chabad faz isso no mundo inteiro e vocês podem testemunhar isso aqui no Rio de Janeiro. Chabad sabe abraçar todo judeu, não importa se ele guarda ou não guarda o Shabat, se ele cumpre mitsvot ou não; o principal é abraçá-lo e trazê-lo mais perto”. Parabenizo o Beit Lubavitch pelo seu trabalho educacional e de assistência social (através do Lar da Esperança), e que D’us abençoe abundantemente todos aqueles que participam e apoiam as suas atividades no Rio de Janeiro. ...Tive oportunidade de ver, nos vários lugares do mundo que estive, que onde Chabad chega, faz ressurgir o judaísmo da cidade, e todos se beneficiam com isso! Vou lhes dar um exemplo: Em Odessa, antes da guerra, havia 82 sinagogas, mas, há 15 anos, quando chegou um casal de shluchim do Rebe (com um bebê), em termos judaicos, a cidade estava desolada. Só havia três sinagogas: duas delas funcionando plenamente, e uma delas, a grande Sinagoga Brodsky (Brodsky Schul), foi transformada no arquivo nacional de Odessa. O casal recém-chegado estava perplexo — eles não conseguiram encontrar sequer um judeu na rua! Onde estava a comunidade? Então, a esposa disse ao seu marido: “Sabe o quê? Vá na quinta feira por volta de 11h lá na feira, e fique de olho no stand dos peixes. Verifique se alguma mulher judia aparece para comprar peixe para guefilte fish. Quem sabe por aí a gente começa.” E assim foi: ele chegou lá, e depois de uma hora de espera, apareceu uma senhora para comprar peixe, e ele a abordou: — “Você é judia?” — “Sim, como você sabe?” — “Imagino que você esteja comprando peixe para fazer guefilte fish.” — “Sim, é verdade.” Esta senhora foi convidada para almoçar junto com eles. Fizeram amizade e ela foi juntando um pessoal e trazendo ao shaliach, e aos poucos foi se formando uma pequena comunidade. Hoje, há uma grande comunidade que foi “resgatada’ graças às atividades do Chabad-Lubavitch, mas tudo começou, justamente, com um guefilte fish... Mais tarde, esse shaliach tornou-se o Rabino Chefe da cidade e me convidou para fazer a primeira visita de um Rabino Chefe de Israel à cidade de Odessa. Quando aterrisei em Odessa, os líderes da comunidade me disseram que haviam marcado um encontro, às 10h, com o “Gobernator”. Achei que Gobernator fosse uma espécie de prefeito mas descobri que, na Ucrânia, você tem, abaixo do presidente, seis Gobernators, que imperam sob grandes regiões em volta das principais cidades. Aliás, cada um deles têm seu próprios exército à sua disposição e possue um grande poder sobre a região. Quando cheguei ao encontro, às 10h, havia 3 fileiras de soldados com bandeiras da Ucrânia e de Israel.Tocaram o hino de Israel e isso foi um grande cavod, uma grande surpresa. Atravessei as fileiras de soldados e já subia em direção ao gabinete do Gobernator, quando vi cinco senhores idosos, judeus, chorando, e lhes perguntei, em iídiche: “Por que os senhores estão chorando?” Eles não entenderam, aliás, eles não entendiam iídiche. Então o tradutor foi até eles e explicou: “O grande Rabino está perguntando o porquê de vocês estarem chorando.” Então, um deles respondeu: “Diga ao Rabino, que até alguns anos atrás, na porta que ele irá entrar agora, tinha uma placa com os dizeres: ‘É proibido a entrada de judeus e cachorros’. E, a dois quilômetros ao redor desse prédio os judeus não podiam nem se aproximar. Agora, nosso grande Rabino está sendo recepcionado com todo cavod, está atravessando esta porta, e nós não vamos chorar?” Era ainda um palácio da época do Czar, muito bonito, tapete vermelho pelo caminho e quando eles estavam subindo pelas escadas, o chefe da comunidade me disse: — “Rabino, por favor, quando o senhor falar com o Gobernator, poderia pedir a ele devolvesse para a comunidade a grande sinagoga de Brodsky?” — “Alguém já fez este pedido antes, a ele?”, lhe perguntei. — “Sim, veio o Chefe do Congresso Judaico Mundial e pediu para que devolvessem, mas o Gobernator nem ligou”. — “E eu, que sou Rabino e não sou nenhum diplomata, porque que vocês acham que eu sim conseguiria?” Aí o líder da comunidade judaica me disse: — “Rabino, o Gobernator não sabe exatamente o que significa um Rabino Chefe. Ele acha que é como um papa, uma autoridade muito importante e, quem sabe, nesta oportunidade, conseguiremos reave-la?” Entramos e o Gobernator, ao longo da conversa, me disse várias vezes: “Por que a Ucrânia está fora da União Européia, porque eles nos excluíram?” “Bem, eu não sou nenhum diplomata e não mexo com essas coisas, porque ele está dizendo isso para mim?” pensei. “Mesmo que eu fosse o presidente de Israel, enfim, não estamos na UE, e o que eu poderia influenciar em relação à inclusão da Ucrânia na UE? Imagino que ao Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch longo da conversa, o Gobernator irá esclarecer o que ele espera de mim.” E assim foi. O Gobernator disse: — “O senhor, como Rabino Chefe, tem uma influência muito grande sobre todos os judeus da Europa, e como todos sabem, eles são muito influentes, têm muito dinheiro, podem influenciar os líderes de seus países e quem sabe assim conseguiremos ingressar na EU?” Agora que entendi o que o Gobernator queria de mim, pensei: “Tomara que tivesse essa influência toda!”, e então eu lhe disse: — “Não seja por isso. Gobernator. Eu estou disposto a colocar todo o peso de minha influência para que realmente os judeus da Europa façam exatamente o que o senhor espera, mas também tenho um pedido a lhe fazer.” — “Qual é o pedido?” replicou o Gobernator. — “Nós temos um lugar sagrado, uma sinagoga, onde as paredes desse lugar estão cheias de dezenas de anos de lembranças, de memórias fervorosas! Elas testemunharam muito choro, muitas tefilot, muitas orações, muitas emoções judaicas e este lugar faz parte da nossa alma, do nosso coração! Ele é um lugar muito sagrado para nós, mas, infelizmente, neste momento foi transformado numarquivo. Hoje, ele é apenas um grande depósito de papéis. Por favor, devolva para nós nossa alma, devolva para nós este lugar sagrado, a sinagoga Brodsky!” O Gobernator respondeu: — “Sim, é verdade, mas, entenda, a culpa não é minha e sim do governo anterior, dos comunistas, que a transformaram num arquivo. Por outro lado, realmente, faz meio ano que veio aqui um Chefe do Congresso Judaico Mundial Americano, e me falou desse prédio, mas ele o descreveu apenas como um patrimônio da comunidade judaica, como um terreno, um lugar do qual poderia se obter algum lucro patrimonial. E se é só uma questão de pegar um patrimônio, então nós estamos aqui antes, o patrimônio é nosso e pronto! Por isso, rejeitei o pedido dele de restituição. Mas o senhor está me dizendo que este não é um prédio simples, um patrimônio. É um lugar sagrado para os judeus! Eu estou entendendo agora o verdadeiro valor deste prédio para a comunidade judaica: ele é um pedaço do vosso coração! Agora que entendo que isso tem um outro significado para vocês, eu estou disposto a devolver, e não apenas em palavras mas farei disso algo real. Eu quero que o senhor volte aqui às 18h, e eu lhe entregarei pessoalmente as chaves da sinagoga!” Achei, num primeiro momento, que não havia entendido direito. Será que isso estava realmente acontecen- do? E explicaram-lhe que sim, era realmente isso, pois, na Ucrânia, às 18h é horário de notícias, e isso tudo seria transmitido ao vivo e online. Então ele iria estar lá, presente, em cadeia nacional. Só que em iídiche tem um provérbio que diz que há certas coisas que as pessoas prometem e não cumprem. Em Israel, conta-se de um chefe de governo que em certa ocasião perguntaram para ele: “Mas, você não prometeu que...?” e ele disse: “Sim, mas eu não prometi que cumpriria o que eu prometi.” Então, na prática, como ele poderia pegá-lo na palavra e ter certeza de que cumpriria o prometido? Perguntei, então, ao Gobernator, diante dos jornalistas presentes: — “Posso agradecer pelas chaves na frente de todos eles?” E ele respondeu: — “Claro!” Foi aí que senti que ali tinha alguma coisa séria. Quando voltamos as 18h, lá estavam dois púlpitos com microfones e mais de 30 repórteres de televisão e jornalistas. O Gobernator começou a falar. Elogiou muito a mim, mas, a palavra “sinagoga” não foi dita em nenhum momento. Como não ouvi a palavra “sinagoga” da boca do Gobernator, tomei a iniciativa e comecei a agradecer ao Gobernator pela entrega do local do arquivo estadual dos últimos 60-70 anos na U.R.S.S. (atual Ucrânia), para a comunidade judaica. Agradeci publicamente pela devolução da Sinagoga Brodsky aos judeus. Assim que eu disse isso, começou um alvoroço entre os jornalistas e um deles gritou: — “Mas que absurdo! O Sr. Gobernator vai dar um patrimônio tão caro para eles, de graça? Os judeus tem condições de juntar dinheiro e colocar mais de 10 milhões aqui na mesa e você vai dar isso assim, de graça, só porque conversou com o Rabino Chefe por alguns minutos?” Achei que tinha feito um dos maiores erros da minha vida. Fiquei muito receio de como o Gobernator iria reagir a estes ataques. No entanto, este Gobernator estava muito seguro de si e não teve medo das reações; ele sabia como reagir à altura. Como havia sido líder do antigo partido comunista, não teve medo de enfrentar os jornalistas e lhes respondeu, indignado: — “Nós não somos ladrões! Este prédio foi construído pelos judeus, que deram dinheiro para a construção, e nós devolveremos a eles o que lhes pertence. Quanto aos arquivos, será construído um grande prédio no acampamento militar para guardá-los.” Isso tudo foi oficializado às 18h. A chave da Sinagoga foi oficialmente entregue — uma chave enorme, como antigamente. Para esta cerimônia, foi preparado um jantar kasher, organizado pelo shaliach Chabad da cidade. O jantar era para 300 pessoas — só que compareceram 550, pois muitos queriam saber quem era esse Rabino que conseguira tamanha conquista. No meio do jantar, um judeu, de nome Sacha, pediu a palavra, apesar de seu nome não constar na lista dos oradores daquela noite. Ele disse o seguinte: “Meu nome é Sacha, por acaso eu sou judeu, por acaso meus pais são judeus, por acaso eu me casei com uma esposa que também é judia, por parte de mãe, por acaso nossos filhos são judeus e eu não sei nada de judaísmo. No entanto, tem uma coisa que eu sei: quando eu vi o Rabino na televisão recebendo as chaves da sinagoga, eu me emocionei muito, e vou lhes dizer o porquê. Quando eu tinha 14 anos, meus pais estavam trabalhando, eu estava em casa com meu avô, que ainda estava vivo, e eu então vi que ele não estava passando bem. Eu segurei na mão dele e ele me disse: — ‘Sasha, aqui na esquina tem uma sinagoga, e meu pai foi gabai desta sinagoga... — Ah! Você não sabe o que é isso, mas tudo bem... E nessa sinagoga eu fiz o meu bar mitzvá... — Ah! Você não sabe o que é isso, mas tudo bem. Saiba que você vai crescer, vai fazer parte do partido comunista, se D´us quiser, e terá suas conexões. Por favor, faça de tudo para trazer esta sinagoga de volta para a comunidade...’ E agora, vi o Rabino pela televisão e estou disposto a dar a primeira doação para a reforma desta sinagoga.” Depois dele várias pessoas fizeram doações para a sinagoga. Fiquei mais um dia e meio ali, e voltei para Israel. Tempos depois recebi um telefonema do shaliach Chabad: — “Rabino, o senhor se lembra do Sasha?” — “Como eu poderia não me lembrar: ele emocionou todo mundo!” — “Pois bem. Depois que o senhor foi embora, ele ficou tão emocionado com sua presença que me perguntou: ‘O que eu posso fazer para me tornar mais judeu?’ Pensei um pouco e perguntei: — ‘Você fez brit milá?’. — ‘O que é isso?’, ele me perguntou — e eu lhe expliquei o que era uma circuncisão. — ‘Ah, isso eu tenho que perguntar para minha esposa’, respondeu o Sasha. — “Depois de falar com a esposa e ela concordar, ele resolver fazer o brit milá. Ele acabou de faze-lo e está aqui, no telefone, pedindo a sua brachá,” disse o shaliach. Eu lhe dei uma calorosa brachá e lhe disse: — “Sasha, eu quero te convidar para o casamento da minha filha, onde estarão presentes muitas autoridades de Israel; será um casamento diferente.” Passaram-se dois meses e Sasha e sua família compareceram ao casamento da minha filha — aliás, ele foi um dos primeiros convidados a chegar. Isso tudo aconteceu às 19:30h, e às 22:30 eu estava conversando com o Ministro das Finanças e com o Ministro do Exterior, quando fui educadamente interrompido pelo Sasha: — “Rabino, preciso falar com o senhor.” Me desculpei com os ministros e fui até o Sasha e constatei que ele e sua esposa estavam muito emocionados: — “Rabino, nós nunca vimos tantos judeus juntos, é uma alegria tão grande! Veja, nós nunca fomos casados judaicamente, religiosamente. Bem, nós queríamos que o senhor viesse para a Ucrânia para fazer o nosso casamento!” Eu apertei sua mão com muita alegria e combinamos uma data — eles se casariam em seis meses. Só que eu não sabia que em seis meses haveria eleições na Ucrânia. Sasha foi eleito membro do Congresso Ucraniano. E lá, este cargo significa, realmente, uma fonte de muito dinheiro e poder; é uma posição muito privilegiada. Quando cheguei para fazer o casamento, encontrei a rua principal de Odessa fechada, com um gigantesco tapete vermelho estendido e todos os ucranianos, que tanto mal fizeram aos nossos avós, estavam ali, sem entender o que estava acontecendo, observando o Rabino Chefe chegar para fazer o casamento de Sasha! Eles se casaram, tiveram filhos, e eu participei do Brit milá — e eles se tornaram membros da comunidade Chabad local”. Dei aqui apenas um exemplo de como um Shaliach, um casal jovem de emissários do Rebe, pode mudar completamente uma cidade em todos os sentidos, e sinto-me feliz em poder ajudá-los! [Hoje a sede de Chabad-Lubavitch em Odessa fica no Brodsky Schul](...)” Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch Discurso do Rabino Goldman Boa noite, senhores e senhoras, benvindos ao 25º (vigésimo quinto) aniversário do Beit Lubavitch. Uma noite dedicada a memórias de prata e sonhos de ouro... Uma noite de celebração e solidariedade, com a presença do Rabino Chefe de Israel, Rav Yona Metzger. Estamos hoje aqui reunidos para celebrar um quarto de século do contínuo crescimento e sucesso alcançados pelo Beit Lubavitch do Rio de Janeiro. Hoje à noite, estamos todos juntos para celebrar judaísmo... mitzvot... orgulho judaico... para celebrar o crescimento do judaísmo no Rio de Janeiro. Para sonhar em maiores picos e alturas para escalar... Hoje à noite, nos reunimos para sermos solidários com nossos irmãos e irmãs espalhados no mundo todo.... especialmente em Eretz Israel. Neste ano, também estão se completando 200 anos do falecimento do fundador do movimento Chabad Lubavitch, Rebbe Shneor Zalman. Em homenagem a esta data, vou contar uma história que nosso Rebbe contou há 50 anos atrás, quando foi celebrado o 150º aniversário de falecimento do Rebbe Shneor Zalman: O alter Rebbe morava no segundo andar da mesma casa onde morava o filho dele, Dovber, que morava no primeiro andar. Dovber era um grande estudioso da Torá, sendo que, mais tarde, ele sucedeu o seu pai. Enquanto ele estava profundamente concentrado em um estudo da Torá, seu bebê caiu do berço. A criança estava chorando muito e ele não escutou o choro. O pai dele, o Rebbe, também estava muito mais concentrado nos estudos, porém ele ouviu a criança chorando e desceu, pegou a criança no colo e a acalmou. O Rebbe percebeu que seu filho continuava concentrado. Ele se aproximou do filho e falou: “Não importa o nível de concentração que você esteja, o choro da criança tem que ser ouvido, está acima de tudo”. Esta história, na verdade, é a essência que nos estimula a prosseguir com o nosso trabalho. Será que devemos ir além dos nossos budgets? Muitas vezes, durante os anos, tivemos reuniões e nos questionamos sobre o funcionamento do dia-a-dia da nossa Instituição, dos momentos críticos das nossas finanças. Sempre, nós nos perguntamos se devemos cortar alguns gastos com eventos em prol dos jovens, se devemos diminuir algumas bolsas de estudo, ou se devemos diminuir algumas cestas básicas para as famílias carentes. Olhando racionalmente, ficamos em dúvida. Mas, lembrando da história do Alter Rebbe, que sempre temos que estar prontos para escutar o choro de uma criança, podendo ser um choro físico, pela falta de dinheiro para arcar com a escola ou pagar uma conta de luz ou gás, ou um choro espiritual que nós não escutamos, mas existe um choro dos nossos jovens se perdendo e se assimilando à nossa frente. Em 1987, com a minha chegada e de minha esposa Chani, o Beit Lubavitch no Rio de Janeiro plantou a primeira semente, na Tijuca. Em nossa residência, começamos com as aulas, encontros para jovens e os Sedarim de Pessach, tudo preparado em nossa cozinha. Depois veio a D. Ester, que D’us a tenha em boa memória. Meus queridos amigos, a semente se tornou num grande tronco, com flores e frutos. Desde então, reformamos a mikve na Tijuca, da Sinagoga União Israel, que foi a primeira mikve moderna. Organizamos as primeiras colônias de férias no Clube Macabeus e Monte Sinai. Ajudamos as escolas judaicas: A. Liessin, com a chegada do Rabino Aboutboul; Talmud Tora, na Tijuca, com a chegada do Rabino Beuthner; Colégios Barilan e Max Nordau, com a chegada do Rabino Moshe, enriquecendo a cultura e religião judaica. Em 1990, abrimos o Beit Lubavitch, no Leblon. Foi uma época difícil para encontrar uma sede. Sabendo que o Dr. Israel Klabin estava viajando para Nova York, eu pedi que ele fosse ao Rebe e pedisse uma brachá, para encontrar uma casa. Dito e feito, o Rebe deu uma nota de um dólar para ele encontrar uma casa. Em seguida, apareceu a casa na Visconde de Albuquerque. Aula no Colégio A. Liessin Encontros para casais jovens na casa da Visconde de Albuquerque Aula no Colégio Max Nordau Aula para jovens na residência do Rabino Goldman Israel Klabin e o Rebe Além das outras filiais: Lubavitch Barra, com o Rabino Simonovitz, Lubavitch Copacabana, com o Rabino Ilan Stiefelman, damos apoio espiritual em várias sinagogas: Sinagoga Agudat Israel de Ipanema, através do Rabino Gabriel Aboutboul, Sinagoga Maguen David, através do Rabino Kaprow, Sinagoga União Israel, através do Rabino Gazale e, por último, Rabino Meir Rosemberg ministrando aulas de Torá na Sinagoga Beit Yaacov. Em Teresópolis, reformamos a sinagoga Shalom e, até hoje, são oferecidas aulas de Kiruv para jovens, e aulas para crianças que não estudam em escolas judaicas. Em 2001, de uma forma milagrosa e com a ajuda da nossa comunidade, inauguramos o prédio da Rua General Venâncio Flores. Neste complexo de oito andares, oferecemos dezenas de atividades para toda as idades, de 7.00 da manhã até às 22.00 horas, sete dias por semana. Também oferecemos vários projetos de educação judaica para crianças, como padaria de matzá, distribuição de Hagadot de Pessach colorida, livros de Padaria de matzá para escolas Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch salmos para todos , folhetos, guias e explicações para todas as escolas judaicas. Graças ao Departamento Feminino, dirigido por minha esposa Chani, foi feita uma revolução no Rio de Janeiro, até em outras sinagogas, já passando por outras cidades, o uso do livro dos Salmos. Hoje, é o livro mais lido, em todos os momentos, de aflição e alegrias, principalmente, entre as mulheres. Milhares de cartões de Shemá Israel e Mode Ani, foram publicados. Eles estão presentes em todas as cabeceiras das camas da comunidade judaica. Nossos livros de reza traduzidos e transliterados em português são usados em todas as cidades do Brasil. Refeitório do Lar da Esperança Não posso deixar de mencionar uma das nossas grandes obras que é o Lar da Esperança que assumiu um compromisso de não deixar nenhuma pessoa passar fome. Em 1993, abrimos nossa Escola Beit Menachem, com apenas quatro alunos. Atualmente, a Escola e a Creche tem 150 alunos, onde os mesmos tem um currículo de núcleo judaico, incluindo também o currículo completo em língua nacional. Hoje, nossa escola forma professoras no núcleo judaico para a próxima geração. Nossas próprias ex- alunas já estão dando aulas aqui na cidade e em São Paulo. Para finalizar, gostaria de ler alguns trechos de uma carta que recebemos recentemente de uma mãe de um jovem universitário. Mais de 50.000 cartões impressos de Shemá Israel, Mode Ani, Shabat e Bençãos Não temos como calcular o impacto que o Beit Lubavitch transmitiu às pessoas da nossa comunidade, através das chanukiot instaladas nas ruas públicas, também com os anúncios gratuitos na TV Globo sobre Chanuká, em horário nobre, fortalecendo o orgulho judaico aos nossos filhos e netos. Não temos como calcular o número de milhares de pessoas que foram influenciadas pelo Beit Lubavitch,nos últimos 25 anos. Hoje, colocam tefilin diariamente, mulheres acendem as velas de Shabat , famílias que comem kasher, mezuzot kasher nos lares, centenas de pessoas que participam das aulas de Torá ministradas pelos nossos rabinos e rebetzin, em todos os cantos da cidade. Quantos lares não se desfizeram pelas horas de dedicação dos rabinos, se entregando, de corpo e alma, ao Shalom Bait (aconselhamento familiar). “Caro Rabino Haber, Gostaria de agradecer-lhe pelo trabalho que tem feito com meu filho. Fico feliz em vê-lo dentro do judaísmo de maneira comprometida. Falta uma presença paterna judia. Nos afastamos muito do judaísmo. Assim que pudermos, iremos toda sexta-feira no Shabat.” Este exemplo é um das centenas de jovens, que foram despertados para o judaísmo que estava oculto dentro deles, através de aulas, seminários, encontros na faculdade, Projeto Kiruv e Shabatons, dirigidos, hoje, pelos nossos rabinos Broner, Schechter, Kaczala e Haber. Centenas de casais jovens que construíram famílias judaicas, se encontraram e se conheceram em nossos eventos. Estas são as memórias prateadas dos últimos 25 anos. Tudo isto não poderia acontecer sem a ajuda dos nossos queridos amigos, sócios, beneméritos. Não tenho palavras suficientes para agradecer vocês por este trabalho em conjunto que construímos. Que D’us abençoe vocês com muita saúde, sustento, iedishe naches de seus filhos e netos. Não posso deixar de agradecer à minha dedicada esposa, Chani, que se dedica de corpo e alma a este grandioso trabalho, deixando de lado sua vida particular. Que Hashem lhe dê força e saúde para continuar este importante e sagrado trabalho e encaminhar nossos filhos, com saúde, para uma vida judaica e chassídica. Também não posso deixar de agradecer a todos os nossos schluchim e shluchot, que se dedicam de Dezenas de seminários foram realizados para os jovens Chanukiá no Palácio dos Governadores corpo e alma a este sagrado trabalho. Este trabalho em conjunto, transformou o Rio de Janeiro. Desejo a vocês muitas broches e naches. Que possamos festejar juntos as bodas de ouro do Beit Lubavitch, em Jerusalem , com a vinda de Maschiach! Meus queridos amigos .... Nossa celebração de hoje à noite não é somente uma oportunidade de olhar para nossas memórias prateadas mas é tempo de criarmos novas energias e concretizarmos os nossos sonhos..... sonhos dourados. Sim, nós chegamos aqui... foi um longo caminho. Mas isto não é suficiente. Vamos nos comprometer, hoje à noite... neste lugar sagrado... todos juntos a dar continuidade a este trabalho... uma comunidade orgulhosa que vai continuar a crescer como uma grande comunidade judaica, preparando um mundo melhor com a vinda do Mashiach em nossos dias, Amem. Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch NNoossssaass MFi et s vt aó st Especial: um decreto contra o brit milá — na Alemanha, em 2012? Adaptado da revista Kfar Chabad, nº 1490 (págs. 25-28), por A T Beuthner A primeira mitsvá da vida de todo judeu, o Brit Milá, corria o risco de ser legalmente proibida na Alemanha, despertando um grande e polêmico debate envolvendo os meios de comunicação e a opinião pública. A história parecia estar se repetindo após mais de três quartos de século. As trevas da ignorância têm os seus caminhos e artimanhas para ocultar a verdade. No passado, eram pogroms com hordas de desordeiros que atacavam vilarejos judaicos causando morte e destruição. Hoje, o estrago físico é muito menor, mas são hordas de juristas e escritores, jornalistas e parlamentares, que fazem um “estrago” espiritual, mas não menos devastador para nós — em nome da civilização e da ética. Hoje, passado o susto, é nítido e cristalino que o motivo por trás deste decreto contra o Brit Milá, na Alemanha, não foi o antissemitismo — foi pura ignorância; falta de conhecimento de noções básicas do judaísmo. No entanto, a coincidência histórica de acontecer justamente num país onde os judeus perderam o direito de viver como judeus, 70 Lubavitch Views de praticar livremente o seu judaísmo, de forma tão cruel e tão recente, chega a nos dar calafrios. Como sempre, foi um pequeno fósforo perdido que deu origem a este incêndio... Em 2012, na cidade de Colônia, Alemanha, o pai e a mãe de um garoto muçulmano resolveram fazer a circuncisão dele aos quatro anos de idade, porém acabaram causando-lhe um ferimento que teve que ser tratado num hospital. A equipe médica do hospital denunciou os pais da criança à justiça por maus-tratos ao menor. O tribunal local (em Colônia) sentenciou que os pais tinham o direito de realizar a circuncisão, porém, depois que foram apresentadas queixas contra a sentença do tribu- ...a opinião pública via isso como uma agressão contra uma criança indefesa, contra a sua vontade, e não como um ato religioso. A Europa inteira acompanhava, atenta, ao desenrolar dos fatos. vam-se às vésperas de eleições, e, obviamente, estavam muito sensíveis à opinião pública. O shaliach (emissário do Rebe) em Berlim, Rabino Yehuda Teichtel (recentemente eleito Rabino-Chefe da cidade), logo percebeu que estava diante de um momento crucial, de importância histórica não só para a Alemanha como para toda União Europeia. Um decreto contra o Brit Milá que prevalecesse, ali, teria repercussão em relação à liberdade do povo judeu de praticar sua religião em toda Europa — e talvez até mais além. “O que havia começado como pequenas gotinhas, estava virando uma inundação”, descreve o Rabino Teichtel. “Não tratava-se apenas de uma questão política ou legal; a opinião pública via isso como uma agressão contra uma criança indefesa, contra a sua vontade, e não como um ato religioso. A Europa inteira acompanhava, atenta, ao desenrolar dos fatos. Hoje, a Alemanha é um dos maiores e mais influentes países dentro da União Europeia. As suas questões internas costumam gerar tendências nos outros países, de modo que ela, proibindo o Brit Milá, faria com que toda a Europa a imitasse.” Os judeus, na Alemanha, foram diretamente influenciados por esta campanha negativa, como nos relata o Rabino Teichtel: “Muitos judeus passaram a ter receio de fazer o Brit Milá em seus filhos. Tivemos o caso de uma família que se recusou a fazer o Brit Milá e só depois de muita insistência e persuasão concordou em realizá-lo com a condição de que fosse feito discretamente na casa dos pais da criança, com não mais de dez homens presentes e sem fotos! Para que as coisas não piorassem ainda mais do que já estavam e pudéssemos manter as tradições e costumes judaicos sem medo e com orgulho, uma vivência judaica normal e saudável, tornou-se imperioso que conseguíssemos fazer o Parlamento votar uma legislação que não deixasse dúvidas sobre a legalidade total do Brit Milá”. Nossas Mitsvót Rabino Yehudá Teichtel (chabad de Berlim) e Rabino Yoná Metzger na conferência com os jornalistas nal, os juízes decidiram que, de agora em diante, os pais não teriam o direito de causar tais ferimentos em crianças tão pequenas, nem mesmo em se tratando de uma circuncisão. Isso não era uma lei, apenas um parecer, uma peça de jurisprudência, mas que marcava um precedente que poderia ter consequências a longo prazo. Originalmente, toda a questão envolvia muçulmanos, mas acabou atingindo duramente a comunidade judaica. Este episódio estritamente local deu origem a um debate público que envolveu toda a Alemanha no mês seguinte. Um artigo enorme, num famoso jornal alemão, descrevia os pormenores do caso e a decisão final do tribunal de Colônia, instigando seus leitores a questionar a moralidade da circuncisão, do Brit Milá. O fato de pais, por assim dizer, decidirem cortar um pedaço do corpo de seu filhinho de oito dias, chocou a opinião pública. Muitas vozes exigiam que os pais dessem uma opção ao filho depois que crescesse para que ele mesmo decidisse se queria ou não circuncidar-se. Outros falavam em obrigar os pais a realizar certos procedimentos anestésicos. De uma forma ou de outra, o cumprimento da mitsvá de Brit Milá estava sendo atacado por todos os ângulos possíveis. Longos meses se passaram, cheios de acirrados debates públicos e políticos sobre o assunto. Surgiu uma ideia que acabaria de vez com o problema: conseguir que o poder legislativo votasse uma lei que permitisse oficialmente a realização do Brit Milá, o que reverteria qualquer problema jurídico resultante daquele caso. No entanto, para conseguir isso havia um longo e complexo caminho pela frente. A opinião pública em todo o país estava claramente contra a realização do Brit Milá. Os membros do Parlamento (Bundestaag) encontra- Quais foram as primeiras providências tomadas? “Desde o início percebemos que teríamos que trabalhar em dois âmbitos: trabalhar com a opinião pública, explicando, para o grande público, o sentido religioso do Brit Milá e sua importância na vida e na preservação da comunidade judaica. O outro campo em que teríamos que investir esforços era em relação aos membros do parlamento e das várias comissões envolvidas, lhes esclarecendo o assunto ao máximo para que no momento em que tivessem que votar a respeito do Brit Milá, o fizessem de forma consciente e positiva.” O Rabino Teichtel e os outros rabinos e shluchim de Chabad-Lubavitch na Alemanha contrataram uma famosa agência de relações públicas e começaram a trabalhar intensamente. Com a ajuda do presidente da co- Lubavitch Views 71 Atualidade 72 Lubavitch Views por assim dizer, uma fé que fosse baseada somente na aceitação da lógica humana.] Enquanto isso, Yitschak afirma, seguro: “Você se orgulha de ter sacrificado [conscientemente] um órgão de seu corpo por D’us. [Eu fiz um pacto com D’us aos oito dias de vida. Estou unido com D’us não somente pela lógica, e sim, por um pacto acima das limitações da lógica, mais profundo e essencial do que a minha consciência, por isso.] Se D’us me pedisse para lhe sacrificar TODOS os órgãos do meu corpo, eu não hesitaria!”. O argumento de Yishmael parece ressoar das bocas e dos artigos que afirmam que não seria justo os pais imporem sua “opinião” sobre seus filhos e que seria melhor esperar que, ao tornarem-se adultos, eles decidissem conscientemente se querem ou não fazer parte deste pacto. No entanto, eles não conseguem entender a importância fundamental de realizar o pacto justamente no início da vida de cada judeu, unindo-o, através do Brit Milá no seu corpo, com o Criador do Universo. Talvez pela primeira vez na história os não judeus tiveram a oportunidade de ouvir explicações chassídicas profundas dos shluchim de Chabad-Lubavitch sobre a união cósmica suprarracional do Brit Milá e seu impacto profundo na alma, justamente quando é feito antes da lógica humana poder distorcer essa união espiritual. Foi assim que os parlamentares e juristas alemães passaram a entender melhor as bases da filosofia religiosa judaica. O Rabino Teichtel relata: “O tempo todo nos aconselhamos com especialistas que analisavam cuidadosamente a opinião pública e a dos parlamentares. Desde o início eles mesmos nos esclareceram que o argumento principal deveria centrar em torno da ideia que o Brit Milá é um mandamento do Criador e que não podemos abrir mão deste mandamento. Eles também nos aconselharam a não enveredar em discussões sobre questões de medicina e de estatística, por mais que tivéssemos bons argumentos também nessas áreas. E o motivo é muito simples: estávamos lidando com as críticas dos melhores médicos do país, e eles certamente não iriam se impressionar com o nosso conhecimento ou estatísticas de medicina... Obviamente provamos a todos que o Brit Milá judaico é feito de acordo com todos os rigores da medicina, preservando ao máximo a saúde e a integridade da criança. Mas o principal argumento tinha que ser a questão religiosa. Pudemos ver claramente que quando vieram rabinos e declararam que os judeus da Alemanha não poderiam viver sem o Brit Milá — isso sim fez uma profunda e positiva impressão em todos”. Uma das providências mais importantes que o Rabino Teichtel tomou foi trazer o Rabino-Chefe de Israel, Rabino Yona Metzger, para uma vista especial à Alemanha, por causa de toda esta polêmica. O Rabino Metzger veio por dois dias cheios de encontros com a elite da política alemã e inúmeras entrevistas nos principais meios de comunicação germânicos. A visita teve um tremendo impacto sobre a opinião pública. O fato de o Rabino-Chefe ter se deslocado especialmente de Israel para a Alemanha só por causa da questão da proibição do Brit Milá provou, claramente, a grandeza da importância desta mitsvá para o povo judeu em todo o mundo. Ao ouvir dele sobre a importância do Brit Milá, a questão ganhou um sentido muito mais religioso e espiritual. Nos conta o Rabino Metzger: “Quando cheguei na Alemanha, senti que estava sendo o emissário de todo o povo judeu, pois a decisão do Parlamento alemão não teria um impacto somente local. A opinião pública negativa já estava dando origem a processos semelhantes em outros países como a Suiça, a Bulgária e a Áustria, com ondas que chegavam até os Estados Unidos. Percebi claramente que a mitsvá de Brit Milá corria o risco de ser proibida em inúmeras nações. Era preciso estancar este processo negativo logo no início”. O fato do Rabinato de Israel ter um sistema oficial, sob sua rigorosa supervisão, de capacitação e treinamento de mohalim (aqueles que realizam o Brit Milá; plural de mohel), ajudou a convencer os parlamentares que tal modelo poderia ser introduzido na Alemanha, de forma a prevenir eficientemente quaisquer problemas relacionados com a saúde. Rabino Metzger segue nos relatando: “Eu fiz questão de lhes explicar detalhadamente como atua o Rabinato em Israel, hoje em dia. No início, eles ficaram meio confusos; confundiram o Brit Milá, como é feito da forma judaica, com a circuncisão praticada pelos muçulmanos. Tive que explicar a eles como fazemos em Israel: todo mohel tem que passar pelo crivo de uma comissão formada por rabinos, mohalim e médicos para ser aprovado como tal. Ele tem que provar que tem conhecimentos não só da lei judaica como de vários procedimentos médicos necessários, inclusive em termos de primeiros-socorros e casos de emergência. Com isso, ficou provado que o Brit Milá judaico não afeta, de forma alguma, a integridade física da criança.” “Além disso, eu fiz questão de lhes esclarecer que certamente não resulta do Brit Milá nenhum trauma residual, seja emocional ou de outra natureza, pois há séculos os pais tem feito o Brit Milá em seus filhos e esses nos seus, e assim por diante. Nenhum pai normal, que tenha sofrido algum trauma com o seu próprio Brit, faria o mesmo com o seu próprio filho...”. Um dos pontos altos de sua visita foi a sua entrevista coletiva para a imprensa local e internacional, realizada na Associação dos Jornalistas, no centro de Berlim. É um local importante, onde geralmente a chancelaria alemã e os chefes de Estado, em visita, fazem seus pronunciamentos públicos para todo o país. O Rabino Teichtel junto com o Rabino Metzger também estiveram lá e expressaram com clareza e orgulho a visão judaica do Brit Milá. O fato de jornalistas de inúmeros órgãos da imprensa internacional estarem presentes, demonstrou o quanto a decisão da Alemanha, sobre o Brit Milá, interessava ao mundo. Qual foi o principal argumento que vocês apresentaram para justificar o judaísmo? Rabino Metzger: “Esclarecemos com firmeza que o Brit Milá é praticado no judaísmo há 4 mil anos, dos quais, há alguns milhares, na própria Alemanha, e nós nunca incomodamos ninguém com isso. É um pacto sagrado entre o judeu e o seu D’us. Quando um judeu faz um pacto desses numa idade tão tenra, ele lembrará que é judeu em toda e qualquer situação que se encontre, mesmo que esteja numa ilha deserta, ele saberá que pertence ao seu D’us e ao povo judeu. Nos dois dias que estive na Alemanha, trabalhamos intensamente. Eu gostaria de expressar minha apreciação especial ao Rabino-Chefe de Berlim, Rabino Teichtel, que me trouxe e organizou meus encontros com as pessoas de influência. Ele identificou, a tempo, o perigo da situação e trabalhou diligentemente para revertê-la, inclusive ao me convidar para esta visita. Com o passar do tempo, pudemos nos certificar o quão influente e benéfica foi esta visita, pois parte dos líderes com os quais nos encontramos fizeram questão de mencionar, nos seus pronunciamentos no Parlamento Alemão, o seu encontro com o Rabino-Chefe de Israel e citaram suas palavras ao votarem a favor da legalização oficial do Brit Milá. Os esforços do Rabino Teichtel foram decisivos para toda esta empreitada”. A questão do Holocausto sempre esteve presente nos bastidores dos debates, mas, explica o Rabino Teichtel, eles preferiram não acusar o povo alemão de antissemitismo, neste caso: “Não seria correto, nem inteligente, da nossa parte, lhes dizer que o motivo por trás da propaganda contra o Brit Milá era o antissemitismo, porque vimos claramente que tratava-se de ignorância; eles não estavam entendendo a importância do assunto para nós, mas estavam dispostos a ouvir e entender melhor do que se tratava. Somente lembramos o Holocausto para incentivá-los a expressar claramente o interesse deles a favor da vivência e da liberdade de culto judaico no país. Explicamos que, justamente no lugar onde há algumas décadas no passado houve uma escuridão tão grande (o nazismo), era preciso que o Parlamento alemão se expressasse, agora, de forma inequívoca sobre a legalização oficial do Brit Milá, esclarecendo a todos que a constituição alemã permite e apoia a prática do judaísmo sem restrições”. Atualidade munidade judaica em Berlim, Sr. Piter Grauman, começaram uma série de encontros com ministros e parlamentares para lhes explicar a necessidade e a importância da legislação sobre o Brit Milá. Os encontros não foram fáceis e estenderam-se por várias horas. Sistemáticos e metódicos como sempre foram, os alemães queriam explicações detalhadas para cada coisa, principalmente a questão da idade da criança: por que oito dias e não quando ele próprio pudesse decidir se queria? As discussões expressavam, na verdade, duas mentalidades opostas, duas formas divergentes de encarar o mundo. Curiosamente, as duas opiniões já discutiam isso há mais de 3 mil anos. O Rebe explica magistralmente toda esta discussão na sua obra Likutei Sichot. Após estudá-la e ouvindo os debates na Alemanha, é como se os argumentos dos jornais saíssem das páginas do Midrash e, de repente, aparecessem na vida real. O Midrash nos relata que essa era a discussão entre Yishmael e Yitschak, os filhos de Avraham. D’us ordenou a Avram a fazer o pacto do Brit Milá na sua carne quando ele tinha 99 anos, quando passou a chama-lo de Avraham. D’us também lhe ordenou fazer o Brit Milá de todos os seus descendentes. Quanto aos recém-nascidos, eles deveriam fazer o Brit Milá no seu oitavo dia de vida (se as suas condições de saúde assim lhe permitissem). Yishmael era o filho de Avraham com Hagar, que tinha 13 anos quando fez seu Brit Milá. Yitschak, filho de Sara, nasceu um ano depois, e foi o primeiro a fazer o Brit Milá no seu oitavo dia de vida. Yishmael se vangloriava de ter feito Brit Milá aos 13 anos de idade: “Eu sou mais importante do que você [aos olhos de D’us], pois eu podia ter protestado e me negado a fazer o Brit Milá, mas eu o fiz conscientemente, e você, não!”[Ele pregava, Lubavitch Views 73 Atualidade O Rabino Metzger também concorda: “Hoje a Alemanha lidera a luta contra o antissemitismo. Em toda a Europa, é na Alemanha que encontra-se o menor índice de manifestações antissemitas ou de hostilidade aos judeus. Não faria sentido acusá-la disso. Muito pelo contrário: fizemos questão de frisar que, como também é do interesse da Alemanha que os judeus venham viver no seu território, deve ser do seu interesse lhes possibilitar e permitir que pratiquem livremente a sua religião e seus mandamentos”. Ao longo desta maratona de debates e encontros, o Rabino Teichtel teve que enfrentar líderes políticos, médicos, juristas, jornalistas, escritores e formadores de opinião pública. Com cada um deles era preciso falar na sua linguagem, mas para todos a mensagem foi a mesma. “A Ministra de Assuntos de Família, que foi um dos personagens importantes destes debates, é uma mãe que tem um filho pequeno”, explica o rabino Teichtel, “e no encontro que tive com ela, expressou uma imensa dificuldade em entender como alguém poderia se permitir fazer tal agressão (a circuncisão) numa criança tão pequena. Com respeito, mas com firmeza, eu lhe expliquei que isto é praticado pelo povo judeu há milhares de anos. Isto está baseado na nossa sagrada Torá e uma tradição ininterrupta de milhares de anos e milhões de pessoas têm provado que os judeus que praticam o Brit Milá, no mundo todo, têm uma vida saudável e feliz, pois a prática dos mandamentos Divinos não traz nenhum dano ou prejuízo. Estas palavras têm tido uma influência positiva.” Como parte de seus esforços de esclarecimento público, o Rabino Teichtel participou de um debate importante numa universidade central de Berlim, na qual o Rebe havia estudado, na década de 1930. Em 74 Lubavitch Views frente a centenas de estudantes e professores, ele sentou-se junto a um famoso jurista alemão, ao presidente da Associação de Médicos da Juventude e a um representante de um partido do governo. Foi um momento histórico, em que um Rabino, sozinho, teve que debater publicamente com especialistas de distintas áreas para defender o judaísmo. Você não se intimidou de ter que enfrentá-los sozinho? “Antes deste evento escrevi ao Rebe e pedi sua bênção para o sucesso. Foi isso que me deu forças.” Como se tudo isso não bastasse, mais um aspecto histórico deste debate: a grande queima geral de livros (que não ”agradavam” ao regime nazista) realizada pela juventude nazista, em 1933, também ocorreu naquela universidade. O Rabino Teichtel nos conta: “Num dos momen- “...há alguns anos atrás, no pátio daquela universidade, queimaram livros judaicos. Os textos foram carbonizados, mas o seu conteúdo é eterno. Este texto é a nossa sagrada Torá, e é justamente isso que nós queremos continuar a cumprir”. tos críticos do debate, eu anunciei que há alguns anos atrás, no pátio daquela universidade, queimaram livros judaicos. Os textos foram carbonizados, mas o seu conteúdo é eterno. Este texto é a nossa sagrada Torá, e é justamente isso que nós queremos continuar a cumprir”. Os esforços para divulgar o verdadeiro sentido judaico e sagrado do Brit Milá e do judaísmo não foram em vão. Aos poucos a mensagem foi sendo assimilada pelo público e pelos líderes políticos, que começaram a entender que não havia nada de prejudicial resultante do Brit Milá. Entenderam a importância central deste mandamento dentro do judaísmo e que, sem ele, não seria possível dar continuidade à vida comunitária judaica na Alemanha — era preciso urgentemente que a prática do Brit Milá no país fosse claramente protegida por uma legislação que a permitisse de forma inequívoca. Esta histórica batalha pela legalização definitiva do Brit Milá na Alemanha terminou também numa data histórica: foi justamente durante os dias de Chanucá que o Parlamento Alemão reuniu-se para uma sessão extraordinária, na qual foi registrada de forma clara e sem deixar margens à dúvida, na forma da lei, que o Brit Milá é permitido em toda a Alemanha! Conclui o Rabino Metzger: “Nos dias de hoje, esta decisão da Alemanha é de suma importância. Em vários países do mundo têm surgido vozes pregando a proibição do Brit Milá, até mesmo nos Estados Unidos. Uma decisão legal favorável ao Brit Milá, como esta da Alemanha, pode ajudar muito a resolver questões semelhantes em outros lugares”. O milagre de Chanucá de 5773! Ou seja-lá-qual-for o nome que vocês queiram dar para este episódio histórico. Bayamim hahem — bizman haze! (Naquela época — e também nos dias de hoje!) Lubavitch Views 75 TNoorsás aes CFi eê sn tcai as Por Dr. Yaakov Brawer (tradução e adaptação: Beuthner) O ser humano: Divino ou bioquímico? No meu primeiro ano de faculdade, há mais de 30 anos, fiz um curso avançado de neurofisiologia com cientistas envolvidos nas pesquisas de ponta daquela área. Após uma série de palestras espetaculares, descrevendo como o sistema eletroquímico do cérebro codifica e analisa a informação visual, o meu professor concluiu sua apresentação enfatizando que, agora que já estávamos capacitados a entender a visão em termos específicos de atividades neurológicas, poderíamos 76 Lubavitch Views explicar, de forma científica semelhante, todas as outras experiências relacionadas com o consciente. Consequentemente, poderíamos finalmente abandonar a ideia infantil de que a nossa vida e consciência são o produto de alguma entidade sobrenatural conhecida como “alma”. Uma onda de alívio permeou a sala de aula, à medida que o “primitivo totem da crença na alma” era quebrado em pedaços pelo poderoso argumento científico. Os alunos acabavam de participar de uma histórica vitória do ser humano na sua luta contra as “trevas” da superstição. Para mim, no entanto, este magnífico triunfo da ciência só despertou uma questão bastante espinhosa: se até então eu nunca tinha acreditado na possibilidade da existência da alma — como também não acreditavam meus companheiros de classe — a partir deste momento eu comecei a desconfiar que isto era possível, sim. Talvez realmente existisse esta tal de “alma”, pois foi este próprio professor quem me apresentou um convincente argumento a favor da existência dela. Ele nos demonstrou claramente que o cérebro codifica estímulos visuais em organizados padrões de atividade elétrica, que aí então são integrados e processados de várias formas. Por exemplo, observar a cor estava escondida uma criança medrosa e irracional. Nós imaginamos que nossas atitudes são formadas e informadas pelo nosso conhecimento. Nós acreditamos que nossa maneira de encarar a nós mesmos, de encarar a vida, em geral, é o resultado evolutivo de anos de progresso intelectual. Infelizmente, raramente as coisas são assim. Nossa visão sobre tudo o que existe é moldada, basicamente, por temores subrracionais, vícios emocionais e prazeres ou vontades primitivas. Não usamos nossa mente para procurar a verdade; preferimos criar “verdades” que possam aliviar nossos temores subrracionais e justifiquem nossos desejos ou vontades. O herói da história acima não estava interessado em definir o que era uma vivência consciente, nem onde estava a consciência do ser humano. Desde o início ele estava fervorosamente comprometido com sua crença de que o ser humano não passa de uma mera máquina de carne e osso, um acidente bioquímico gerado sem objetivo nenhum por um imenso universo que não está nem aí para a sua existência. Da onde vem esta convicção quase “religiosa”? Não resulta da mente, e sim, dos hormônios. As pessoas temem o desconhecido e o misterioso. É muito mais confortável imaginar a si mesmo apenas como algo sujeito a leis e processos físicos, não espirituais. Aliás, enquanto o ser humano encara a si mesmo apenas como um amontoado de produtos químicos, não muito diferente daqueles que formam um cachorro, por exemplo, ele pode sentir-se livre para agir e viver como um cão. Qual seria a outra alternativa para esta visão materialista ou secular? Seria algo preocupante, alarmante: Talvez exista uma alma? Talvez exista um D’us? Talvez se eu fizer ou disser tudo o que quiser possa ter consequências? Será que eu não posso simplesmente viver livre como um animal? É por isso que a sociedade espera que os seus grandes acadêmicos demonstrem que a consciência não passa de uma atividade elétrica, que a vida não passa de uma reação química, e que, se nossos antepassados não eram cachorros, que pelo menos tenham sido macacos. Isso lhes dá um convincente sistema pseudointelectual que os “protege” e isola, lhes poupando o trabalho de ter que pensar nos mistérios ou nos objetivos da vida, aliviando seus “temores de consciência” e lhes justificando seus impulsos animalescos ou egocêntricos... Torá e Ciência A NEUROLOGIA E A ALMA azul eventualmente evocaria um código elétrico em uma determinada região circunscrita dentro do cérebro, que aí então seria interpretada e, subsequentemente, vivenciada como “azul”. Obviamente o xis da questão é o seguinte: quem é que lê este código? Quem transforma ou “traduz” este padrão de impulso elétrico na forma de uma experiência consciente de cor, de dor ou de som? Não pode ser o próprio cérebro, pois, conforme nos esclareceu o professor, ele somente tem a capacidade de gerar e integrar a atividade elétrica. Isto significa que há alguma coisa supracerebral, fora da nossa mente, que decifra e transforma estas mensagens eletroquímicas numa experiência consciente subjetiva. Em suma, isso prova a existência de algum tipo de “alma”. Eu estava todo entusiasmado com a minha descoberta (e não sabia que um cientista chamado Sherrington já tinha chegado a esta mesma conclusão há uns 30 anos antes de mim...). Fui correndo ao gabinete do meu sábio professor para lhe expor o meu achado. Com uma enorme dose de sarcasmo, ele ridicularizou minha proposição, chamando-a de absurda. Persisti e lhe pedi que me demonstrasse claramente onde estava o erro no meu raciocínio. Ele perdeu a paciência e me expulsou sumariamente de seu gabinete. Fiquei magoado e confuso. Como naquela ocasião eu realmente queria saber a verdade, caso ele tivesse me mostrado exatamente onde estava o meu erro, eu teria ficado imensamente feliz. Foi só muito tempo depois que eu percebi que o professor não estava interessado e nem poderia refutar a minha lógica. Na verdade, a lógica e a verdade não faziam parte da sua forma de pensar. Por trás daquele exterior assertivo, confiante em si mesmo, extremamente erudito e científico do meu professor, Torá e ciência Frequentemente se ouve a seguinte pergunta: “Será que há conflitos entre a Torá e a ciência?” Na verdade, não há conflitos entre ciência e Torá, desde que a ciência em discussão seja a verdadeira ciência, e não a pseudociência popularizada que é comumente lançada sobre um público crédulo que não é capaz de discernir a diferença entre elas. De fato, conclusões vindas de uma autêntica e completa investigação científica invariavelmente concordam com a Torá. O fato de que a Lubavitch Views 77 Torá e Ciência A existência da alma Um bom exemplo disso é a existência da alma. A Torá nos informa inequivocamente que vida e consciência são fornecidas por uma entidade espiritual que se reveste e é a operadora da sofisticada máquina computadorizada que chamamos de corpo. A Torá está repleta de informação sobre a natureza das almas. Interessante, a existência de uma entidade consciente não material responsável por operar o corpo material também foi demonstrada cientificamente. As observações sobre em que esta conclusão está baseada são numerosas, e algumas um tanto complicadas. 78 Lubavitch Views Talvez as observações mais simples e mais importantes sejam as registradas por Wilder Penfield1 , o fundador do Instituto Neurológico de Montreal e um dos mais notáveis neurocientistas que já existiram. Penfield explorou a função do cérebro estimulando eletricamente diferentes regiões do córtex cerebral em pacientes conscientes passando por cirurgia (com anestesia local) em busca de problemas de apoplexia localizados. Penfield descreveu a ativação do córtex motor, uma área no cérebro responsável por transmitir todo o movimento consciente voluntário para os níveis adequados do cérebro e da medula da espinha dorsal. Quando ele aplicou uma corrente elétrica fraca à região “mão” deste córtex, o paciente começou a mover a mão (no lado oposto do corpo) para frente e para trás. Quando Penfield perguntou ao paciente por que ele estava movendo a mão, o paciente respondeu que não era ele mesmo que estava provocando este movimento — era o Dr. Penfield que o estava causando com um eletrodo. Quando Penfield estimulou a área motora que ativa a laringe, o paciente balbuciou uma sílaba. Quando foi indagado sobre isto, o paciente respondeu que ele próprio nada tinha a ver com o som, e que fora Penfield quem o tinha provocado. A única conclusão válida dessas observações é que a vontade de mover e o movimento em si não são o mesmo. A vontade consciente de mover emana de algo que é alheio ao cérebro e é capaz de observar objetivamente a operação daquilo que nada mais é que um computador feito de carne. Existe um “Eu” (como em “Eu não provoquei o movimento”) que, quando tem acesso ao computador (cérebro), pode programar movimentos. Se outra pessoa tiver acesso ao computador, no entanto, o “Eu” está plenamente consciente de que a máquina está sendo operada por outra pessoa. O “Eu” e o cérebro não são, portanto, a mesma coisa. O “Eu” deve ser uma entidade consciente não cerebral, isto é, uma alma. Em outros experimentos, Penfield conseguiu evocar notáveis experiências de memória semelhantes à vida, estimulando o lobo temporal doente em pacientes sofrendo de tremores naquele lobo temporal. Os pacientes ficaram surpresos por serem capazes de revivenciar eventos ocorridos há muito tempo. Porém, eles estavam igualmente conscientes do fato de que estavam, naquele momento, passando por uma cirurgia no Instituto Neurológico de Montreal. Obviamente, o “Eu” que estava engajado nessas experiên- cias era um outro eu, alguém distante do cérebro que era estimulado a “reviver” essas experiências do passado. A experiência de consciência e memória dos pacientes não era a mesma, mas sim o seu “Eu” estava observando a atividade do cérebro. Penfield relatou que não há local no córtex cerebral onde estimulação elétrica vá fazer um paciente acreditar, decidir ou desejar. Essas não são funções do cérebro, mas do “Eu” ou alma. Estudos sobre como o cérebro analisa informação sensorial levam às mesmas conclusões2. As reações elétricas das células nervosas nas áreas visuais do cérebro a vários estímulos visuais têm sido extensivamente estudadas. Células ganglionares da retina respondem a padrões visuais altamente específicos. Células no córtex visual que recebem conexões da retina (por meio de corpo geniculado lateral) reagem a complexos padrões que ativam a retina. Assim, cada estágio sucessivo no sistema visual sintetiza e integra os padrões aos quais o estágio anterior reage. Toda informação visual é, portanto, codificada em sequências complexas de reações elétricas no nível mais alto do córtex visual. Aqui está a pegadinha. O cérebro somente é capaz de codificar informação visual. É preciso que exista um “Eu” distinto e distante do cérebro físico que interprete o código. Quando olhamos para um objeto, percebemos o objeto. Não percebemos sequências de mudanças elétricas. Não “vemos” nem sequer estamos conscientes dos potenciais de ação, correntes de sódio e outros componentes do Código Morse do cérebro. Existe, portanto, uma entidade não cerebral que traduz padrões de mudanças elétricas em percepção consciente. O argumento de que talvez uma outra área do cérebro esteja fazendo esta tradução é in- sustentável, visto que essas outras áreas têm as mesmas propriedades físicas e biológicas do córtex visual, e, portanto, também são somente capazes de codificar informação em sequências de atividade elétrica. Dinâmica de interação Estudos mais recentes têm descrito a interação entre o cérebro físico (o computador) e seu operador não físico, não cerebral — a alma. Algumas dessas descobertas atuais são discutidas por Sir John Eccles3, num excelente artigo sobre o assunto. Um experimento discutido neste livro é aquele de Kornhuber e seus associados4. Estes investigadores examinaram a atividade elétrica cortical em seres humanos antes, durante e depois de um movimento consciente. As dificuldades em fazer tais registros e o método engenhoso para dominá-los estão descritos no artigo. É suficiente dizer que em um ser humano foi ligado eletrodos na cabeça e lhe disseram para flexionar seu dedo indicador direito à vontade. Cerca de 800 milissegundos antes da flexão dos músculos do dedo, uma grande área da superfície cere- bral em ambos os hemisférios exibiu um potencial negativo lentamente ascendente. Esta foi uma descoberta um tanto surpreendente. A área cortical transmitindo movimento consciente voluntário ao nível adequado da espinha é uma região altamente restrita do córtex motor. Como somente o dedo direito estava envolvido, o que se esperava era ver atividade elétrica somente no córtex motor esquerdo. Essa negatividade bilateral generalizada sobre áreas extensas do córtex cognitivo tanto tempo antes do movimento real foi interpretada como uma expressão da vontade de mover o dedo. Isso confirma a observação comportamental de Penfield, que a vontade de mover-se e o movimento em si não são idênticos. Eccles considera essa atividade suprageneralizada como representando o “Eu” não físico dizendo ao cérebro físico o que deseja fazer, ou seja, a flexão do polegar direito. Esta conclusão está baseada no fato de que a atividade generalizada não tem causa eletrofisiológica anteriormente observável e, portanto, sua iniciação deve refletir em última análise a Torá e Ciência maioria das conclusões científicas sejam incompletas e improvisadas pode levar alguém a acreditar equivocadamente que a Torá diz coisas que a ciência não confirma. Quando consideramos esses supostos conflitos mais cuidadosamente, no entanto, vemos que devido a dados inadequados ou insuficientes, a “conclusão” científica não é realmente uma conclusão — trata-se simplesmente de uma hipótese. Devemos ter em mente que a ciência está constantemente evoluindo e se desenvolvendo, ao passo que a Torá é completa. É natural, portanto, que muitos fenômenos discutidos na Torá não possam ser tratados cientificamente até que a disciplina científica apropriada esteja avançada o suficiente para permitir as necessárias observações. Por outro lado, quando observações suficientes permitem uma conclusão logicamente válida, invariavelmente concorda com aquilo que a Torá diz sobre o mesmo assunto. Isto não é realmente notável. Como existe apenas uma realidade, meios válidos diferentes de examinar a realidade deveriam produzir conclusões semelhantes e complementares. Lubavitch Views 79 Torá e Ciência influência de algo que não é o cérebro. Cerca de 50 milissegundos antes do movimento, o encefalograma mostra uma notável focalização aguda e concentração na atividade da área altamente restrita do “dedo” no córtex motor à esquerda. O que dirige e focaliza a atividade elétrica inicialmente generalizada para a região exata do córtex para iniciar o movimento voluntário? Mais uma vez, Eccles invoca o “Eu”, pois isso não pode ser explicado com base nos eventos elétricos prévios (que são largamente espalhados e não seletivos). Assim, Kornhuber e associados observaram o “Eu” não físico programando sua vontade para o computador cortical. Percepção sensorial Não somente a “vontade” foi examinada eletrofisiologicamente, mas também a percepção sensorial. Num artigo recente, Roland Pucceti e Robert Dykes revisaram o que é conhecido sobre o córtex sensorial básico5. Os autores concluíram que embora seja claro e óbvio a todos que ver, ouvir e sentir são experiências radicalmente diferentes, não há base neuroanatômica ou neurofisiológica para provar as diferenças. O córtex que recebe conexões auditivas é idêntico em sua histologia, bioquímica e comportamento eletrofisiológico ao córtex que recebe o sistema visual ou o córtex que recebe o sentido do tato6. Puccetti e Dykes concluem, portanto, que as diferenças em nossa percepção consciente dessas modalidades (por exemplo: quando um carro falha, ouvimos em vez de ver ou sentir isso) não são responsabilizadas pelas diferenças correspondentes nas regiões apropriadas do cérebro. A atividade das áreas sensoriais do cérebro devem ser interpretadas como ver, sentir ou ouvir através de algo que não seja o próprio cérebro, mas sim, algo alheio a ele. O artigo é particularmente esclarecedor, pois inclui uma variedade de críticas à sua interpretação e sua refutação às críticas. A planta-mestra da realidade Embora a Torá e a ciência indiquem que a essência da vida humana consciente seja a alma não material, não-cerebral, a qualidade da informação fornecida por cada uma dessas fontes difere consideravelmente. A ciência pode apenas confirmar que as almas existem, mas não pode nos dar nenhuma informação sobre a sua natureza. Além disso, a ciência não pode explicar como uma entidade não material pode interagir com um cérebro físico. A ciência, devido às suas limitações inerentes, somente pode lidar com o aspecto exterior da realidade. A Torá, por outro lado, é a “planta-mestra” da realidade, conforme nos diz o Midrash (Bereshit Rabá): “D’us olhou na Torá e criou o mundo”. É a Torá que nos revela a natureza essencial da alma. Portanto, para conhecer sua alma, para conhecer a essência de tudo o que existe neste mundo, a pessoa deve voltar-se para a Torá. Joelson Zuchen e Família desejam a toda comunidade Feliz Pessach FTC Engenharia de Avaliações, Consultoria & Perícias Assessoria e assistência técnica a pessoas físicas e jurídicas no campo da engenharia e da contabilidade, elaborando laudos periciais judiciais e extrajudiciais. Dr. Yaakov Brawer é professor de Anatomia e Biologia Celular da McGill University McGill University , Faculdade de Medicina, e faz palestras sobre Neuroendocrinologia e Chassidut. Ele é autor de dois livros sobre filosofia chassídica: Something from Nothing e Eyes that See. Assista a vídeos dele em: http://www.torahcafe.com/scholar.php?id=0000000456 PENFIELD, W. O mistério da mente. Nova Jersey: Princeton University Press, 1975. Veja qualquer texto padrão sobre Neurofisiologia. 3 POPPER, K. R.; ECCLES, J. C. O ser e seu cérebro. Nova York: Springer-Verlag, 1977. 4 KORNHUBER, H. H. Córtex cerebral, cerebelo e gânglio basil: uma introdução às suas funções motoras. In: SCHMITT; WORDEN (eds.), p.267-280, 1974. 5 PUCCETTI, R.; DYKES, R. Córtex sensorial e o problema. Ciências Comportamentais e do Cérebro, n.3, p.337-375. 6 Uma excelente descrição das observações e conclusões de Penfield é particularmente útil para o leigo inteligente e pode ser encontrado em O mistério da mente, por Wilder Penfield. Este texto apresenta um resumo curto e bastante legível da obra de Penfield e o desenvolvimento de seu reconhecimento da existência da “mente” em oposição ao cérebro. O livro fornece a origem e o raciocínio para as seguintes questões: p.73: o desafio de todo neurofisiologista é explicar, em termos de mecanismos do cérebro, tudo que os homens passaram a considerar o trabalho da mente, se ele puder. E isso ele deve fazer livremente, sem preconceitos filosóficos ou religiosos. Se ele não conseguir explicar, usando fatos comprovados e hipóteses razoáveis, então chegará a hora, como aconteceu comigo, de considerar outras explicações possíveis. p.114: no final concluí que, apesar dos novos métodos, como o emprego de eletrodos estimulantes, o estudo dos pacientes conscientes e a análise de ataques epiléticos, não há uma boa evidência de que o cérebro, sozinho, possa fazer o trabalho que a mente faz. Talvez os melhores artigos sobre integração neuronal e análise do sistema visual sejam as seguintes: HUBEL, D. H.; WIESEL, T. N. Campos receptivos e arquitetura funcional do córtex estriado do macaco. O Jornal de Fisiologia, v.195, n.2, p.215-244, nov. 1978. HUBEL, D. H.; WIESEL, T. N. Ferier Lecture: Arquitetura funcional do córtex visual do macaco. Procedimentos da Royal Society de Londres, série B, v.198, p.1-59, 1977. 1 2 80 Lubavitch Views PERÍCIAS Engenharia & Contábil Av. Graça Aranha 326, grupo 21, Centro - RJ Tel.: 2215-1539 / 2524-4742 - www.ftcpericias.com.br Lubavitch Views 81 Comprtamento — Tudo bem, concordo; eu gritei um pouco alto demais com a nossa filha. Sim, talvez ela não merecesse que eu ficasse tão nervoso com ela como fiquei, mas depois do que ela aprontou, ela não merecia uma bronca? Quero dizer, depois do que ela fez, eu poderia simplesmente deixar passar? Não dizer nada? Fingir que não aconteceu nada? — Se eu não tomar alguma atitude, nossa filha vai acabar se transformando num monstrinho... Devo tolerar tudo o que ela faz só para não ficar nervoso? — Ok, eu sei que isso criou um clima muito desagradável dentro de casa e acaba estragando o fim do dia. Depois que eu gritei, ela saiu daqui com aquele olhar no seu rosto, foi para o seu quarto e fechou a porta — e parece que uma tenebrosa neblina desceu sobre nosso lar, escurecendo ainda mais a nossa noite. — Você está certa, isso também 82 Lubavitch Views assusta as outras crianças, que apenas fingem não olhar para mim e ficam quietas pelo resto da noite, esperando que eu não fique bravo com elas. — E, sim, é verdade; eu estava de mau humor quando cheguei em casa; sim, é claro que isso teve alguma influência sobre a maneira como eu reagi. Mas, mesmo assim, você ainda acha que eu deveria simplesmente ignorar o que ela fez, sem mais nem menos? Quero dizer, a nossa Chaya não precisa de disciplina, de vez em quando? Não temos que lhe ensinar a se comportar?”, pleiteei em minha defesa. — “Sua dignidade”, foi só o que me disse a minha esposa. — “O quê? O que a minha dignidade tem a ver com isso?”, lhe respondi. — “Quando você grita desse jeito, você perde a sua dignidade”, foi o que ela me disse. — “Minha dignidade?” Eu questionei novamente, exasperado. “Eu pensei que nós estávamos falando sobre a nossa filha, sobre o comportamento dela, sobre a necessidade de lhe ensinar o que é certo e o que é errado.” — “Você pode fazer isso com dignidade”, disse ela, novamente. “Quando você fica nervoso e perde a cabeça, você perde a sua dignidade”. Ok, devo admitir que ela me pegou. Sentei-me, pronto para ouvir mais. Respirei fundo e tentei enfiar minhas defesas no bolso por um tempo suficiente para poder ouvir o que ela tinha a me dizer. — “Chaya ama você”, ela me explicou, de forma convincente. “Ela anseia por sua aprovação. Teu mais leve olhar de desagrado ou reprovação é captado por ela e por todas as crianças. — “Se você tivesse simplesmente olhado feio para ela, já teria lhe dado — “Você quer me dizer, então, que se eu simplesmente fizesse cara de bravo e olhasse feio para as crianças, elas já iriam entender o recado? Já iriam captar a mensagem?” — “Sim”, disse ela. “Talvez você também tivesse que explicar por que estava olhando feio para elas, mas não precisaria gritar para fazer isso. O seu descontentamento visível já é suficientemente gritante.” — “E quando eu grito, o que acontece?”, perguntei. Você é o pai. Elas te amam e querem que você esteja feliz com elas. Quando você não está, elas notam e isso importa. Se você acreditasse nisso, você não teria que ficar com raiva. — “Aí dói, dói muito e atinge as crianças direto no coração”, disse ela. “Direto nos seus coraçõezinhos — os corações que te amam”. — Ai meu D’us do céu! — Mas eu não quero ficar o tempo todo preocupado com meu comportamento, temendo fazer estes estragos! — chiei, chateado. — “E o que será da minha espontaneidade? Será que eu nunca mais poderei ser eu mesmo, de novo?”, implorei ao Altíssimo. — “Claro que sim”, foi a resposta (da minha esposa, não do Altíssimo...). “Só não tem que ficar com tanta raiva. Você não precisa disso, e isso fere a sua dignidade — e as crianças querem que você mantenha a sua dignidade”. — Dignidade. Que palavra! Que conceito! O que exatamente isso significa? Como você pode perdê-la? Onde você pode encontrá-la? — eu lhe perguntei, preocupado. — “Você vai descobrir. Pense nisso e você achará a resposta, sozinho” — foi o que ela me disse, segura, me dando um voto de confiança, de tal forma a preservar a minha.. sim... a minha dignidade. Terminamos a conversa com o meu ego intacto. Comecei, aí então, a minha pesquisa, iniciando a busca onde qualquer bom aluno iria procurar — direto no dicionário*: Dignidade: Presença de postura equilibrada e respeito próprio na conduta de alguém, de modo que inspire respeito; altivez e graça. Sinônimo: Decoro. Intrigado, fui pesquisar o significado de w. Decoro: adequação do modo de falar e do comportamento ao próprio caráter, ou ao local e ocasião... Postura equilibrada; serenidade no comportamento... Postura, outra vez., Eu precisava conferir esta palavra. Postura: Ser equilibrado; o estado ou condição de ser equilibrado. Era sobre isso que minha mulher estava falando, não? “… adequação do modo de falar e do comportamento ao próprio caráter, ou ao local e ocasião... Postura equilibrada; serenidade no comportamento...” Comprtamento Dignidade a sua mensagem; já teria lhe ensinado a lição e ainda deixaria a tua dignidade intacta”, concluiu, amavelmente, a minha esposa. — “Basta olhar feio para ela e pronto?” perguntei, incrédulo. — “Sim, basta olhar feio e fazer cara de bravo”, ela repetiu. “Chaya e todas as crianças estão totalmente em sintonia com você. Você é o pai. Elas te amam e querem que você esteja feliz com elas. Quando você não está, elas notam e isso importa. Se você acreditasse nisso, você não teria que ficar com raiva. E se você não ficar com raiva, você vai manter a sua dignidade. E se você manter e cuidar da sua dignidade, você vai ensiná-las a manter a delas também”. Uau!! Isso era muita coisa para eu digerir; uma enorme e profunda lição de vida. Fiquei muito surpreso: como, de repente, a minha esposa tinha se tornado tão sábia? Como é que ela até teve a coragem de dizer tudo isso para mim — um marido que, em geral, não aceita nem a menor crítica que seja, principalmente se esta crítica vier da sua esposa! Sim, principalmente dela, que sempre acha algum motivo para me criticar mesmo quando não há nenhum... Mas, será que realmente havia ali alguma crítica, alguma reprovação? Bem, eu procurei, mas não consegui encontrar nenhuma. Sim, senti que quase estava sendo criticado, quase. Aquilo ali tinha um pouco da textura e do cheiro de uma crítica. Mas havia alguma coisa no jeito que ela estava me dizendo tudo isso que fazia com que eu não sentisse que estava sendo criticado. Muito pelo contrário: eu me senti muito importante. Senti que isso era algo que eu tinha que ouvir; eu tinha que tirar o meu ego da frente e deixar estas palavras entrar nos meus ouvidos. Lubavitch Views 83 Comprtamento -la. Quando existe o equilíbrio ideal, tem-se beleza como resultado. Quando as coisas se encaixam corretamente, quando a forma combina perfeitamente com o conteúdo, quando ocorre o equilíbrio e as proporções estão corretas, as coisas ficam lindas. Elas têm graça e elegância (“postura”). E, quando isso aplica-se ao comportamento, pensei, se produz dignidade e decoro. Os cabalistas afirmam que, quando a energia extravasada é maior do que aquilo que o recipiente pode conter, o resultado é o “rompimento do recipiente”. Quando a energia extravasada é muito menor do que aquilo que o recipiente pode conter, o resultado é um receptáculo que ficou em falta (que ficou meio vazio e inútil). Mas, quando a energia extravasada é na medida certa e o recipiente também é do tamanho certo, o resultado é uma beleza; é um ajuste perfeito. Embora parecesse um desafio, entendi que, como eu fora criado à imagem de D’us, provavelmente Ele tinha me concedido os recursos de que precisava para realizar algo que parecia impossível. Mais uma vez, não foi difícil ver como tudo isso se aplicava à minha filha e ao meu comportamento. E, à medida que eu ia lendo, era como se as palavras estivessem impressas sobre um vago esboço do rosto dela olhando para mim, às vezes sorrindo e, às vezes, expressando o choque e a angústia que sentiu quando gritei com ela. A passagem continuou descrevendo a maneira pela qual D’us Se restringe para que cada receptáculo, não importa o quão pequeno seja, receba exatamente a quantidade certa de Divindade, sem se romper. Eu tinha agora uma ideia vaga daquilo que se esperava de mim. Embora parecesse um desafio, entendi que, como eu fora criado à imagem de D’us, provavelmente Ele tinha me concedido os recursos de que precisava para realizar algo que parecia impossível. Eu precisava dosar o modo como extravazava minhas expressões e emoções, de acordo com a capacidade que a minha filha tem para recebe-las. Isso requer que eu conheça muito bem qual é a capacidade dela de receber, de aguentar. Para isso, eu tenho que sintonizar mais profundamente com a sensibilidade dela, com a capacidade dela entender o seu próprio comportamento e o meu — e tenho que manter este conhecimento sempre ‘à mão’, na minha mente e no meu coração. Voltando ao estudo de Chassidut, à ordem das sefirot, relacionei este nível de entendimento à sefirá de Daat (conhecimento), que precede e influencia as sefirot de Chessed – efusão, expressão – e Guevurá – restrição, contenção. Embora Daat seja precedida pelas sefirot “intelectuais” de Chochmá (sabedoria) e Biná (compreensão) e também seja uma combinação delas, Daat não é um conhecimento que vem do intelecto, um “saber” da mente. Daat é um tipo de conhecimento mais profundo – uma sensação de intimidade com o outro, que acaba com o distanciamento entre o sujeito e o objeto, entre o conhecedor e o conhecimento (— Daat é mais do que conhecer o outro; é sentir o outro). Pensando sobre minha filha, relacionei Daat ao melhor tipo de conhecimento que pode ocorrer entre pais e filhos. É o tipo de conhecimento mútuo que pode existir entre aqueles que foram criados do mesmo sangue, semente e óvulo, do mesmo DNA e alma, da mesma família e lar. Foi difícil para mim refletir sobre este nível de conhecimento sem imaginar o profundo amor que resultaria dele; o desejo avassalador de dar e de ser generoso com aquilo e aqueles que se conhece de forma tão íntima e profunda. Pensando nisso e na minha pequena Chaya, meu amor e afeição por ela preencheram a minha consciência, e, à medida que eu me lembrava de como gritei com ela nesta manhã infeliz, meu comportamento agora me parecia insuportável — abominável e cruel. Vendo agora como foi horrível a minha forma de agir com a Chaya e a dor que causei a ela, fiquei maravilhado com a forma bondosa que minha esposa me tratou. Naquele momento eu não aguentaria ouvir alguém que me dissesse como era horrível o que eu estava fazendo. Se ela me dissesse isso, eu cortaria suas palavras e me justificaria. Ela foi muito sábia e soube escolher as palavras certas que eu seria capaz de ouvir e com as quais poderia aprender. Ela não me disse como era horrível o que eu estava fazendo; ela me falou sobre dignidade. Agora, eu estava com um estranho sentimento de que aquele estudo de Chassidut estava me ensinado como eu poderia me tornar um pai e marido melhor, e a minha filha e a minha esposa estavam me ensinando como entender melhor aqueles ensinamentos da Chassidut — e como conhecer a mim mesmo. Comecei a ver que eu não seria privado de minha espontaneidade, como eu receava. Embora meu comportamento não devesse mais ser controlado por explosões de emoção, também não seria o resultado Daat é um tipo de conhecimento mais profundo – do meu coração aberto, do meu carinho e amor. Vi que era possível manter a minha dignidade, ao mesmo tempo em que dava à minha filha a chance de poder captar e aprender aquilo que eu desejava lhe ensinar — da mesma forma como minha esposa me deu esta oportunidade. E também vi que o resultado disso é algo muito belo, da mesma forma que todas as coisas são belas quando vem da mente para dentro do coração para, aí então, serem expressas pelas nossas ações e palavras. Para minha filha, minhas desculpas. Para minha esposa, minha gratidão. Para os ensinamentos da Chassidiut, o meu apreço pelo refinamento que trouxe à minha vida. uma sensação de intimidade com o outro, que acaba com o distanciamento entre o sujeito e o objeto, entre o conhecedor e o conhecimento (— Daat é mais do que conhecer o outro; é sentir o outro). artificial do raciocínio rígido e premeditado. Ao conhecer melhor minha filha, ou minha esposa, da forma como ensina a Chassidut, vi que era possível me expressar de uma forma espontânea diferente, mais elevada, que brotaria naturalmente do que havia de melhor na minha mente, JAY LITVIN morava em Rehovot, Israel, e foi o diretor do Projeto Chabad para Vítimas do Terror. Também atuou como Contato Médico no projeto chabad das “Crianças de Chernobyl” que retirou mais de duas mil crianças judias, vítimas do acidente atômicoradioativo de Chernobyl, na Rússia, removendo-as das áreas contaminadas pelo desastre nuclear e levando-as para Israel, onde Chabad organizou todo o seu tratamento médico, educação e alojamento. Eventualmente, milhares de pais puderam se reunir com seus filhos, já sadios, em Israel. Jay Litvin faleceu recentemente após lutar infatigavelmente — sem perder o ânimo e a alegria — contra a mesma doença que ajudou incontáveis crianças e jovens a combater. Os artigos de Jay Litvin aparecem no chabad.org (e no chabad.org.br). *) Curiosamente, a definição de dignidade do dicionário americano não corresponde exatamente ao que consta no nosso dicionário de português, mas o sentido certamente é esse. Comprtamento Expressar minha raiva foi uma atitude desequilibrada em relação à ocasião e à minha filha. Eu tinha feito o oposto de “inspirar respeito”. Comecei a pensar na minha pequena Chaya tentando captar e conter a minha explosão de energia negativa. Eu estava com raiva por causa de mim mesmo, não por causa dela. Além de perder a minha cabeça, perdi também a minha filha. Ela foi simplesmente sufocada pela intensidade da minha raiva, incapaz de absorve-la ou entende-la. Ela estava assustada, e eu podia imaginar a sua pequena mente e coração explodindo por causa da força da minha voz, das minhas palavras e da minha expressão facial. Não havia nenhuma maneira dessa raiva ter algum efeito positivo. Minha raiva me foi apenas satisfatória por ter sido expressa, posta para fora. E, ao me comportar desta forma eu tinha perdido, como minha esposa disse, a minha dignidade — e minha filha tinha sofrido as conseqüências. Mais tarde, naquele dia, eu estava estudando um livro sobre as sefirót, os dez “Atributos Divinos” através dos quais D’us Se expressa, a fim de criar e interagir com a nossa existência. Eu estava aprendendo sobre chessed (bondade / poder de extravasar ), guevurá (disciplina; restrição / poder de contenção), e como estas sefirót convergem para formar tiféret (beleza, ou o que eu poderia chamar, hoje, de dignidade). Na descrição que eu estava lendo, a palavra “equilíbrio” foi usada para descrever tiféret, como o dicionário tinha usado esta palavra para descrever dignidade, decoro e postura (graça). A passagem estava descrevendo o equilíbrio entre a energia extravasada e o receptáculo que vai contê- MAZAL TOV REBE! Sucesso e parnassá — para quem faz a sua missão... Trechos de Cartas do Rebe em homenagem a Yud Alef Nissan, 111º aniversário do Rebe, traduzidos por Beuthner Saúde do Corpo e da Alma O fortalecimento da alma leva ao enfraquecimento do corpo (Zohar I, pág. 170b) Isto que significa que, quando fortalecemos a alma, preenchendo as suas demandas espirituais, enfraquecem-se [e diminuem] as demandas do corpo — mas não que diminua a sua saúde, D’us nos livre, pois é óbvio que quando a pessoa está sadia ela pode realizar muito mais coisas em todas as áreas da sua vida, especialmente em relação aos assuntos relacionados com o amor a D’us, amor à Torá e amor ao próximo... (Cartas do Rebe – Igrót Kodesh, vol. IV, pág. 341) Se, no passado, enfatizava-se o princípio de “mente sã em corpo são” [a saúde espiritual, da mente, depende da saúde do corpo], hoje é aceito o princípio de que até mesmo um pequeno dano espiritual pode causar um grave dano físico. Quanto mais saudável o espírito, maior será sua influencia sobre a saúde física do corpo... Até em casos de tratamento, os remédios e procedimentos tem mais efeito quando acompanhados da força de vontade e determinação do paciente de cooperar... (Cartas do Rebe, 2 de Rosh Chodesh Tamuz 5715) A Cura e o Médico “...e certamente ele vai curá-lo”(Shemot/Exodo ) — vemos aqui que D’us deu aos médicos a permissão de curar (Talmud, Berachot 60a) 86 Lubavitch Views A cura e a força vem de D’us, porém, a Torá nos informa que D’us quer que a cura venha através de um agente [físico] — através de um médico específico e através de um remédio ou tratamento específico... (Cartas do Rebe, Igrot Kodesh vol. III, pág. 298) faze-lo e ficar satisfeito com esta oportunidade que se lhe apresenta de cumprir a vontade de D’us...e com alegria! Dessa forma, D’us lhe ajudará a ver que, em breve, você realmente terá muitos motivos para ficar feliz e satisfeito. (Cartas do Rebe, Igrot Kodesh vol. VIII. Pág. 39) De acordo com a chassidut, D’us não apenas dá “permissão ao médico de curar” como também lhe dá o poder de efetuar a cura com sucesso... e deve-se confiar em D’us que Ele mandará Sua cura através de “um médico e um medicamente (ou tratamento) específico” (Cartas do Rebe, Igrót Kodesh IV, pág. 444) Eu lhe disse e também lhe escrevi especificamente que você deve seguir as instruções dos médicos e especialistas. Eu lhe disse e também lhe escrevi várias vezes que você não deve se impressionar com os seus prognósticos e previsões negativos, conforme afirma o Tsemach Tsedek (o terceiro Rebe de Lubavitch) que “D’us deu aos médicos a permissão de curar” — mas não, D’us nos livre, de gerar tristeza e desespero [— declarando que coisas terríveis vão acontecer, etc...] (Cartas do Rebe, Igrót Kodesh X, pág. 148) ...Para você não deveria fazer diferença se vai cumprir a vontade de D’us fazendo uma determinada mitsvá [=mandamento Divino] ou outra — o importante é faze-lo sem receio. Consequentemente, se D’us lhe ordenou obedecer as instruções do médico, você deve MAZAL TOV REBE! Conselhos do Rebe ...obviamente a declaração do médico de que trata-se de um caso perdido [=não tem cura] é totalmente inapropriada. No máximo o que ele pode dizer — aliás, tudo o que um ser humano tem a capacidade de dizer — é que ele não assume a responsabilidade pelo futuro, mas não mais do que isso. (Cartas do Rebe, Igrót Kodesh XX, pág. 183) Já vimos claramente que D’us pode realizar milagres... e, em várias ocasiões, mesmo após uma série de exames e testes os médicos podem errar no seu diagnóstico, principalmente no tocante aos órgãos internos. Além disso, novos tratamentos e medicamentos surgem, praticamente, todo dia... Isso não exclui a importância de receber a opinião de pelo menos dois especialistas nesta área sobre como deve ser o tratamento. O Tsemach Tsedek (terceiro Rebe de Lubavitch) afirma que “D’us deu aos médicos a permissão de curar” — mas não, D’us nos livre, de gerar tristeza e desespero [— declarando que coisas terríveis vão acontecer, com certeza, etc...] (Cartas do Rebe, Igrót Kodesh VII, pág. 282) Shalom uvrachá (Saudação e bênção)! (...)Está explicado nos livros [sagrados do judaísmo], e esta também é a crença simples e pura de todo judeu, que o Oibershter [o Altíssimo - D’us] é aquele que “zan umefarness lacol” — ou seja, que é D’us quem alimenta e dá sustento a todos, sejam eles indivíduos (pessoas físicas) ou instituições e organizações (pessoas jurídicas) — conforme recitamos no Bircát Hamazón (bênção de agradecimento a D’us após a refeição), na primeira bênção que foi instituída por Moshé Rabeinu (Moisés): ”... nosso D’us, rei do universo, que alimenta o mundo todo... pois Ele é o D’us [Todo-Poderoso] que alimenta e dá sustento a todos”. Como D’us deseja dar mérito aos judeus através de mitsvót (ou seja, Ele quer nos dar, sempre, mais oportunidades de termos méritos através da realização dos Seus mandamentos — “mezake zain yidn mit mitsvois”), pode acontecer muitas vezes de D’us resolver testar um indivíduo, colocando nas mãos dele a parnassá (sustento) que é de outro indivíduo ou instituição. Depois, Ele fica observando lá do céu para ver se a pessoa, nas mãos da qual Ele deixou este dinheiro, é alguém confiável e fiel. D’us quer ver se tal pessoa entende que o dinheiro realmente pertence a D’us; por isso, Ele resolveu dar a esta pessoa o mérito de ser o Seu emissário e encaminhar este dinheiro para aquela outra pessoa (ou instituição). Assim que D’us se certifica de que tal pessoa [a quem entregou o dinheiro] é alguém em quem Ele pode confiar [pois ela encaminhou o dinheiro para quem precisava dele], aí, então, além de ganhar a recompensa por ter realizado a mitsvá de tsedacá (caridade) — pela qual a pessoa “ganha o lucro neste mundo e ainda mantém o capital intacto no mundo vindouro” — esta pessoa ainda ganha a confiança de D’us e Ele continuará lhe dando outras missões [e tarefas semelhantes]. D’us lhe dá sucesso nos seus negócios e também lhe dá bastante parnassá (sustento) para que esta pessoa possa ajudar a dar sustento a outras pessoas ou instituições, de modo que esta pessoa continue sendo um tsinor (o canal) através do qual o sustento chegará para os outros. Em outras palavras, D’us lhe dá sucesso nos seus negócios e também lhe dá bastante parnassá (sustento) para que esta pessoa possa ajudar a dar sustento a outras pessoas ou instituições, de modo que esta pessoa continue sendo um tsinor (o canal) através do qual o sustento chegará para os outros. É óbvio que o yetser hará (o mal instinto) não aguenta ver algo assim [tão bom] e usa de todos os meios e artimanhas para convencer tal indivíduo de que o dinheiro que ele lucrou não foi porque D’us assim quis [e Ele lhe deu uma tarefa a realizar com este dinheiro] e sim, que [o seu sucesso e lucro] foi alcançado única e exclusivamente através de seu próprio esforço e porque ele é muito inteligente (chachám), além de ser um grande homem de negócios — de modo que tudo foi graças ao seu próprio poder e inteligência. Assim sendo, [o yetser hará convence este doador de que] o dinheiro realmente é dele; é ele que faz o que quer com o dinheiro dele. Já a pessoa que ele teve que ajudar é uma coitada [=não é tão inteligente...], por isso não consegue ganhar tanto dinheiro quanto ele, e, portanto, é alguém que está abaixo do nível dele. Tal doador sente que está fazendo um grande favor (a toiva) de ajudar a pessoa carente lhe dando alguns centavinhos de tsedacá. Por isso (pensa o doador), a pessoa carente, a quem tal benfeitor ajudou, deveria reconhecer que este benfeitor lhe fez um tremendo favor e, portanto, tal carente deveria, lehavdil [com as devidas ressalvas], “abençoar” ao seu benfeitor — e não [abençoar a D’us] como consta no Bircát Hamazón, que é “D’us, o rei do universo, quem dá o sustento a todos”. Tal benfeitor é levado a crer, pelo seu yetser hará, que é ele, um ser mortal de carne e osso, quem alimenta e dá sustento ao carente... Consequentemente, se tal indivíduo carente, a quem ele ajudou, não reconhecer e não abençoar seu ben- Lubavitch Views 87 MAZAL TOV REBE! feitor, ele, o benfeitor, não irá mais ajudá-lo, pois afinal de contas ele [acha que] é o verdadeiro dono do dinheiro [e não D’us...]. Para evitar que sejamos convencidos por tal argumentação falsa [do yetser hará], todo judeu diz no início do dia, logo ao acordar de manhã: [Mode ani lefanecha — Agradeço a D’us] “...shehechezarta bi nishmáti bechemlá” — “que restituiu em mim a minha alma com misericórdia”— ou seja, tudo é graças à misericórdia de D’us, que resolveu lhe restituir a alma [ao acordar, senão, nem vivo tal “benfeitor” estaria...]. Também o primeiro pedido que se faz no Shmonê Esrê (trecho principal das orações) é “Atá chonen leadám dáat... chonenu meit’chá...” — “Tu concedes conhecimento (inteligência) ao ser humano...”. Desta forma, todo judeu declara e reconhece que ele mesmo não é chachám (inteligente) nem tem sechel (raciocínio) e nem tem dáat (conhecimento) — pois tudo isso depende de D’us [como consta no primeiro pedido do Shmonê Esrê], e precisamos o tempo todo, a cada instante, da bondade de D’us. Conforme foi esclarecido acima, a conclusão é que enquanto merecermos e não nos deixarmos en- ganar pelo yetser hará, vamos continuar a ser os emissários de D’us — tendo muito sucesso e dinheiro para dar sustento aos outros também — por longos dias e anos de vida [caso contrário...]. Vamos seguir sendo os emissários de D’us através dos quais Ele dá dinheiro tanto para pessoas físicas como também para [instituições e] realizações que incentivam o estudo e cumprimento de Torá e mitsvót (...) Trecho de uma Carta do Rebe [nº 2033] — Igrót Kodesh vol. VII, pág. 173-177 – 4 de Adar 5713 (19 de fevereiro de 1953) DR. MARCOS GROISMAN CRO-RJ 10214 •Implantes dentários •Prótese sobre implantes •Periodontia •Clareamento •Prótese fixa •Endodontia Av. Nossa Senhora de Copacabana, 195 / 408, Copacabana, RJ Tel.: (21) 6704-3636 - Email: [email protected] PROJETO ENCONTROS Nem sempre encontrar sua Alma Gêmea é fácil. Beit Lubavitch pode te ajudar! Todas as quartas-feiras, a partir das 19h30, com a Sra.Vera Zilberman Agende seu atendimento individual tel: 3543-3770 (Hedva) 88 Lubavitch Views Lubavitch Views 89 Nossas Festas Novos céus / nova terra Quebrando as barreiras! (Fonte: The Avner Institute 1526 Union St, 2 Fl. Brooklyn N.Y. 11213/ Fev. 2013) O relato a seguir foi contado por membros da família Dulitzky (Tel Aviv): Era dezembro, Kislev, de 1957. Já haviam passado oito anos desde que o Rebe Yossef Yitschac Schneersohn, o Rebe anterior, fundara Kfar Chabad, e, assim, uma aldeia abandonada transformou-se em um reduto de chassidim de Lubavitch. Mas surgiu um problema: não havia mais apartamentos disponíveis. Quando, a cada dia, mais e mais chassidim eram rejeitados pelo Kfar Chabad por falta de moradia, a situação ficou caótica e eles escreveram em desespero ao Rebe atual. Desde 1955, o Rebe tinha feito contactos com Zalman Shazar (que, mais tarde, tornou-se presidente de Israel) sobre a construção de um novo bairro em Kfar Chabad. O Rebe lhe garantiu que ia encontrar fontes 90 Lubavitch Views de financiamento. Ele também escreveu a [empresários] ativistas de Chabad em Erets Yisrael (Israel), lhes cobrando mais ações concretas sobre o assunto. Em 3 de dezembro de 1957, o Rebe escreveu a Shazar a seguinte carta: “...Como eu sou muito otimista em relação ao que eu lhe escrevi em minha carta anterior, que você deveria participar do farbrenguen (alegre reunião chassídica) em Kfar Chabad no Yom HaGueula – Chag HaChaguim, Yud Tet Kislev, o dia do [resgate] Gueulá e vitória do Alter Rebe e, com ele, da Torat Hachassidut (os ensinamentos do chassidismo) e seus assuntos – e que este [também] seria um momento auspicioso para anunciar a inauguração do novo bairro. Grande é um chassidishe farbrenguen para quebrar as paredes e remover as barreiras, inclusive para remover a barreira entre o bom e desejável — e o possível. Que haja plena possibilidade e que se concretize no cumprimento total do bom e desejável.” Simplificando, o Rebe pediu a Shazar para anunciar oficialmente a inauguração de um novo bairro em Kfar Chabad, e o Rebe definiu a data: 19 de Kislev 5718/1º de dezembro de 1957, nove dias depois. Shazar seguiu as ordens: no principal farbrenguen de 19 de Kislev em Kfar Chabad, ele anunciou um novo bairro Chabad. Em sua carta seguinte, o Rebe lhe agradeceu. O novo bairro tornou-se um fato. A única questão continuava sendo: de onde viria o dinheiro para tanto? Ninguém sabia o que aconteceria poucas horas depois no farbrenguen do Rebe em Crown Heights - Em uma audiência privada vários dias antes do farbrenguen, o Rabino Pinie Altheus foi questionado pelo Rebe sobre as finanças da construção do novo bairro em Kfar Chabad. O Rabino Pinie respondeu tristemente que a situação era terrível e que as pessoas ricas não estavam sendo tão generosas como previsto. O farbrenguen, em Nova York, ocorreu em um grande salão de festas na (avenida) Eastern Parkway, na esquina da (rua) Nostrand. No final da sua terceira sichá (pronunciamento), o Rebe falou sobre a conclusão anual cíclica do Tanya e o tema de “novos céus e uma nova terra”. Após um discurso chassídico (maamar) e mais pronunciamentos (sichót), o Rebe descreveu o que seria um intermediário entre o mundo físico e sua contrapartida espiritual, e seu objetivo final. O intermediário era Erets Yisrael; seu objetivo final era trazer para nossa realidade o dia em que “D’us nos diz: vou remover o espírito de impureza da terra”, quando a terra física será completamente purificada, refinada espiritualmente. O Rebe começou a sichá seguinte com uma pergunta: Por que gashmiut (o mundo material) seria necessário no futuro, quando tudo será completamente refinado espiritualmente? A resposta: É através do mundo material que uma morada para D’us é “construída”. Isto está relacionado com a tsedaká (caridade) dada em prol de EretsYisrael, cujas qualidades especiais foram apropriadamente descritas pelo Alter Rebe, autor do Tanya. O Rebe concluiu acrescentando dois assuntos neste Yud Tet Kislev: um relacionado com os céus e a ter- ra espirituais e outro com os céus e a terra físicos. O primeiro: Neste Yud Tet Kislev estavam sendo publicados manuscritos inéditos de discursos chassídicos do Alter Rebe, nunca antes impressos! O segundo: Se realizaram o meu pedido, que eu escrevi para a Terra Santa, então hoje marca a fundação (pelo menos o anúncio verbal que levará à ação) de um novo bairro em Kfar Chabad, que foi fundado pelo Rebe, meu sogro, o sucessor dos nessiím (líderes, Rebes) de Chabad, desde o Alter Rebe, o baal hasimcha (o grande homenageado na comemoração de Yud Tet Kislev). O Rebe anunciou que, embora em Yud Tet Kislev geralmente não se faça campanhas de arrecadação, a construção de um novo bairro é uma situação excepcional, única. Portanto, o Rebe convocou todos os presentes a fazer generosas doações em prol desta construção, tanto hoje quanto no próximo dia (amanhã) ou até daqui a dois dias (depois de amanhã). A multidão ainda não tinha se recuperado do choque, quando o Rebe disse: “Em geral, eu não me envolvo nem digo minha opinião sobre quanto cada um deve doar. Eu recebo o que é dado, e uma de duas coisas acontece: ou eu fico satisfeito com a quantia ou eu não fico satisfeito, mas mantenho minha insatisfação comigo mesmo. Mas, como esse caso é completamente excepcional, eu também agirei de forma completamente excepcional, de forma diferente do que o habitual, e se me parecer que alguém está dando muito pouco, eu vou superar a minha vergonha e dizer-lhe — por força das questões para as quais o dinheiro é necessário (isto é, da construção do bairro) — para aumentar a quantidade como eu achar correto. Se eu fizer isso não estando durante o farbrenguen, não sei se iriam me dar ouvidos, mas, quando todos estão juntos num farbrenguen, sem dúvida vocês terão vergonha de rejeitar o que digo...” Em resumo: nesta ocasião única, o Rebe decidiu pessoalmente quanto cada pessoa deveria doar. O Rebe abençoou a todos dizendo que, quem quer que fizesse doações, iria receber as bênçãos de Hashém (D’us). MAZAL TOV REBE! uma história incrível, que começou naquele farbrenguen, continuou na Bélgica e foi concluída alguns meses depois em Erets Yisrael. Lubavitch Views 91 MAZAL TOV REBE! Cinco vezes mais entre as pessoas que estavam no meio daquela multidão encontrava-se Reb Naftali Dulitzky, um chassid e comerciante de diamantes de Tel Aviv. Sempre que ele visitava o Rebe, ele trazia uma grande soma de dinheiro com a qual ele comprava diamantes a preços mais baixos na Bolsa de Diamantes de Nova York para depois vender com um bom lucro em Erets Yisrael e na Europa. Como todo mundo lá, Dulitzky entregou um pedaço de papel para o Rebe, que incluiu o seu nome e a quantidade de dinheiro que ele estaria doando. Inspirado no farbrenguen, Dulitzky escreveu uma grande quantia, 20 por cento (um quinto) do dinheiro que ele tinha trazido consigo para Nova York para fazer negócios. No farbrenguen, ao liderar a todos com o nigun (melodia) “O beinoni”, o Rebe elogiou o bairro em Kfar Chabad, dizendo que, no futuro, ele seria uma ferramenta importante para espalhar as fontes da Chassidut. Após o nigun “Lechat’chila Ariber”, o Rebe começou a ler as notas com as promessas de doação, dizendo a cada pessoa o quanto acrescentar: para uns dizia para dar o dobro, enquanto para outros mandou que dessem 200 vezes mais do que prometeram por escrito. O Rebe repetiu a brachá (bênção) que dissera anteriormente: “Há pessoas que têm medo de dar a sua doação agora, já que eu anunciarei publicamente o quanto eles precisam adicionar, e eles preferem dar o seu donativo em outra 92 Lubavitch Views ocasião, quando as coisas estiverem mais tranquilas. Mas agora é o Yom Tov do Alter Rebe, um momento auspicioso, a simchá (alegria) do Alter Rebe, e, portanto, se vocês derem a sua doação agora, além de Hashém reembolsar-lhe quatro vezes mais, ou 10 vezes mais, vocês podem ser abençoados com coisas espirituais e materiais de acordo com o que o Alter Rebe é capaz de realizar. Assim, vale a pena correr o risco e ‘pôr-se em perigo’, que eu lhes diga agora para aumentar o seu valor a fim de merecer as brachót (bênçãos) do Alter Rebe nas coisas que vocês precisam.” Reb Dulitzky percebeu que teria que dar pelo menos o dobro do que ele escreveu, mas não imaginava o quanto mais seria pedido dele. Quando sua nota foi lida pelo Rebe, o Rebe anunciou: “Tula Dulitzky — cinco vezes mais!” (Tula é uma abreviação de Naftali; é assim que o chamavam). Dulitzky parecia atordoado. O Rebe o tinha deixado sem um centavo para suas transações comerciais. No entanto, como um chassid fiel, ele não fez perguntas, e tão logo o farbrenguen acabou, ele deu o valor total ao Rebe. Embora ele não soubesse o que iria fazer no dia seguinte, um chassid não fica perturbado com este tipo de preocupações. No enterro a próxima parte da história nos foi contada pela filha de Naftali Dulitzky, que a ouviu do Rabino Chatskel (Yechezkel) Besser, da Organização Religiosa Mundial Agudath Israel, o qual conhecia Reb Naftali há muitos anos e foi muitas vezes “schlepado” (convencido a vir ou elegantemente arrastado) por Dulitzky para os farbrenguens do Rebe. Conta Rabino Besser: “Era para eu ir para aquele farbrenguen com Reb Dulitzky, mas a neve e o frio da noite congelou o motor do meu carro e eu acabei perdendo o farbrenguen. No dia seguinte, quando eu me encontrei com Dulitzky, eu me desculpei e lhe perguntei como tinha sido o farbrenguen. Ele me disse, com um sorriso, que foi uma sorte eu não ter participado, porque eles tiveram que dar enormes quantidades de dinheiro para o Rebe... Ele me confidenciou que havia sido instruído a dar todo o seu dinheiro para o bairro novo em Kfar Chabad. Eu estava um pouco surpreso. Eu o conhecia como um chassid que daria tudo para o Rebe; até aí, tudo bem. O que eu realmente não entendi foi por que o Rebe precisou “tirar” todo o dinheiro dele. Nós conversamos por mais alguns minutos e depois nos despedimos. Um pouco mais de um ano depois, eu estava em Erets Yisrael para tratar de um assunto comunitário. Foi justo nessa ocasião que ocorreu o primeiro roubo armado em Israel e um comerciante de diamantes, chamado Zerach Pollack, foi assassinado. Todo mundo ficou abalado, especialmente aqueles que faziam negócios com diamantes. Todos os diamantários, sem exceção, compareceram ao funeral, dos melhores amigos do homem assassinado aos seus piores concorrentes. Eu também compareci ao funeral e lá me encontrei com Reb Dulitzky. Nós nos cumprimentamos e mencionei nossa conversa anterior que teve lugar em Manhattan, sobre o último farbrenguen do Rebe e as doações. Dulitzky me disse: “Essa você não vai acreditar. Eu tenho que te contar o que aconteceu depois do farbrenguen”. minha passagem já estava comprada. Na sexta-feira, o navio ancorou no porto de Londres. Como eu não queria ficar para o Shabat em um lugar onde eu não conhecia ninguém, decidi viajar para a Antuérpia, onde eu tinha muitos amigos do comércio de diamantes. Cheguei ainda de manhã e fui para a Bolsa de Diamantes, onde fui imediatamente saudado por um conhecido: ’Dulitzky, você não sabe como estou feliz em ver você!’. Compreendendo minha surpresa, ele explicou que queria fazer um negócio com grandes diamantes, e ele sabia que essa era a minha área de especialização. Eu expliquei a ele que não tinha nenhum dinheiro ou diamantes para vender; no entanto, ele insistiu que eu o acompanhasse: ‘Pelo menos venha comigo para ver os diamantes’, ele me pediu. Eu tentei me esquivar disso tudo, mas ele estava determinado e seguiu insistindo. Eu finalmente cedi e aceitei, na condição de que estaria ali apenas para aconselhá-lo. MAZAL TOV REBE! E o Rebe concluiu: “Se parecer a alguém que lhe foi dito para dar uma quantia que ele é incapaz de dar, a minha intenção, neste caso, é de que Hashém lhe abençoe dando-lhe pelo menos quatro vezes esse valor e, portanto, se você adicionar mais mil dólares, Hashém lhe dará 4 mil dólares!” Eu olhei para os diamantes que lhe ofereceram e lhe recomendei comprá-los. Eles eram muito bons e o preço, em relação à qualidade, foi bastante razoável. Eu calculei que já tinha acabado de fazer o meu ‘serviço de consultoria’ — mas ele tinha outros planos. Ele queria fazer uma parceria comigo. Por mais que eu tentasse lhe explicar que eu não tinha dinheiro nenhum para investir, ele se recusou a me dar atenção. Ele queria uma parceria, e, honestamente, eu não sei por que, mas acabei concordando. Assinei um contrato e prometi enviar-lhe a minha parte quando voltasse para Israel. Quando voltei para Israel, enviei-lhe uma carta pedindo os detalhes sobre o pagamento que eu lhe devia. Ele enviou-me um telegrama dizendo que eu não lhe devia nada. Alguns dias depois, recebi uma carta em que ele explicava que tinha conseguido vender todos os diamantes de forma rápida e que tinha tido um bom lucro. Ele prometeu enviar-me a minha parte dos lucros. Quando eu li a linha seguinte, fiquei chocado. A soma do lucro que ganhei foi de quatro vezes a quantidade que eu tinha doado ao Rebe em Yud Tet Kislev!” Insistente Reb Dulitzky me disse, então: “Poucos dias depois do farbrenguen, eu embarquei em um navio de volta para Erets Yisrael. Meu plano original era de parar por alguns dias na Europa para vender os diamantes que eu teria comprado nos EUA Embora agora eu não tivesse nenhuma razão para perder tempo por lá, não tinha jeito — Lubavitch Views 93 Nossas Festas MAZAL N o s s TOV a s REBE! Festas O Conselho que tranformou uma vida Rabino Ilan Stiefelman (Beit Lubavitch – Copacabana) No mês de novembro do ano passado participei do Congresso Mundial Anual dos Emissários de Lubavitch em Nova York. Gostaria de narrar uma das muitas histórias que ouvi; essa, tocante, me foi relatada pelo shaliach de Lubavitch na Bélgica, Rabino Shabtai Slavatitsky. Uma vez ele esteve em Londres, e em uma determinada sinagoga reparou que havia um senhor que distribuía balas para as crianças de uma maneira muito diferente: ele não só as distribuía, mas abraça e beijava cada criança com muito amor. Impressionado, o rabino quis saber um pouco mais da vida deste homem. Dirigiu-se até ele e apresentou-se. Conversa vai conversa vem, o senhor acabou abrindo o seu coração com o rabino. “Eu sobrevivi ao Holocausto”, ele foi contando, “e após os horrores que vivi, onde perdi minha esposa e filhos, entrei em depressão profunda e me 94 Lubavitch Views O Rebe me perguntou por que eu não tinha me casado novamente e expliquei que meu amor pela minha esposa era tão forte que jamais conseguiria esquecê-la”. tornei uma pessoa chata, sempre criticando tudo e todos”. “Após muitos anos sofrendo fui buscar o conselho do Rebe de Lubavitch. O Rebe me perguntou por que eu não tinha me casado novamente e expliquei que meu amor pela minha esposa era tão forte que jamais conseguiria esquecê-la”. “Naquele momento o Rebe me disse algo que mudou completa- mente a minha vida: ‘Você tinha um amor profundo por sua esposa e filhos, seria uma pena que esse amor fosse perdido. Case-se novamente e na sinagoga distribua balas para as crianças. Isto restituirá a você a alegria de viver”. “No Shabat seguinte cheguei na sinagoga com um saco de balas, mas não tinha coragem de distribuí-las. Até que uma criança se aproximou e pediu uma bala. À partir daquele momento aquela casca grossa que me impedia de ser positivo se derreteu.... Me casei novamente, tivemos filhos e todo Shabat faço questão de distribuir balas para todas as crianças”. “Cada um de nós”, concluiu o Rabino, “tem uma alma, um bem interior, e muitas vezes escondemos esta luz tão bem que nem mesmo sabemos aonde encontrar. Basta começar a praticar o bem que este se revelará!” Lubavitch Views 95 Inspirador encontro com Rabino Shmuel Eliahu Sexta-feira, 19 de outubro de 2012, uma delegação de rabinos do Beit Lubavitch vieram dar as boas-vindas ao Rabino Shmuel Eliahu, Rabino-Chefe sefaradi da cidade de Tsfat (Israel), por ocasião de sua visita ao Rio de Janeiro. Rabino Shmuel é filho do famoso e reverenciado Rabino Mordechai Eliahu, antigo Rishón Letsion, Rabino-Chefe sefaradi de Israel, falecido há poucos anos. O encontro, que originalmente seria de 20 minutos, mas que, prazerosamente, durou mais de uma hora, ocorreu na Kehilat Moria, em Copacabana. Rabino Shmuel mencionou a ligação profunda entre seu pai e o Rebe de Lubavitch— “uma ligação de almas, e de todo coração” — e comentou que “onde se vê shluchim de Chabad (emissários do Rebe), nos sentimos como irmãos”. Ele afirmou que com certeza, de 96 Lubavitch Views forma espiritual, tanto o Rebe quanto seu pai seguem unidos e dando bênçãos a todos. O rabino pediu para que lhe contassem sobre a visita do seu pai ao Rio de Janeira há cerca de 20 anos. Foi lhe dito que, naquela ocasião, seu pai, o Rabino Mordechai Eliahu, esteve presente numa das primeiras obras do Beit Lubavitch no Rio de Janeiro — a reinauguração do míkve da Sinagoga União Israel, na Tijuca, que foi reformada e modernizada sob a responsabilidade e orientação do Rabino Yehoshua Binyomin Goldman. Rabino Mordechai Eliahu falou sobre a importância e a grandeza do míkve para o povo judeu e para a comunidade, com seu característico fervor e entusiasmo, o que deixou em todos uma forte impressão. Rabino Shmuel contou várias histórias sobre o seu pai e também sobre o quanto estava intimamente ligado com o Rebe, a ponto de ele próprio ter a oportunidade de atender a chamados do Rebe para o seu pai, inclusive no meio da noite! Rabino Shmuel Eliahu comentou que toda vez que ele entra numa instituição de Chabad-Lubavitch, sente a brachá do Rebe presente nela. Ele concluiu falando da grandeza do trabalho de trazer judeus de volta para o judaísmo. Rabino Shmuel ainda enfatizou a importância de todos trabalharem juntos, nesta tarefa, por um objetivo maior, parabenizando e abençoando a todos pelo seu árduo e belo trabalho com a comunidade. Aproveitando a data de nascimento do Rebe, Yud Alef (11 de) Nissan, publicamos esta história, ocorrida com o saudoso Rabino Mordechai Eliahu, que tinha fortíssimos laços de amizade e cooperação com o Rebe Lubavitch Views 97 Nossas Festas O trono de Napoleão e Jerusalém Os membros da embaixada de Israel, na França, estavam agitados, organizando a visita oficial do então rabino-chefe Sefaradi de Israel, o Rishon LeTsión Rabino Mordechai Eliahu, a se realizar no palácio presidencial. Todos já conheciam a sua opinião sobre os assuntos relacionados com a Terra de Israel e como ele defendia com firmeza e sem medo a presença judaica em toda a terra. Por isso mesmo trabalhavam duro para garantir que tudo transcorresse em paz, sem que houvesse atritos diplomáticos desnecessários, apesar de a França ter uma postura notoriamente não muito favorável aos judeus e a Israel. As relações diplomáticas entre Israel e a França estavam um pouco estremecidas. O presidente da França na época, Jacques Chirac, não era visto como amigo de Israel, e geralmente posicionava-se do lado das nações árabes. Por isso, ele vivia insistindo que Israel deveria entregar 98 Lubavitch Views aos árabes várias partes de Israel, inclusive Jerusalém, em busca de uma “ilusória” paz. Daí porque a preocupação do pessoal da embaixada em relação à visita oficial do Rabino Eliahu no palácio de Champs-Élysées. Rabino Eliahu não fazia muita questão de seguir protocolos diplomáticos; ele expressava sua opinião sem rodeios e com firmeza — gostassem ou não dela. A embaixada temia que tal atitude fosse acirrar ainda mais as relações diplomáticas entre os países. Antes do encontro com o presidente, o Rabino foi convidado a fazer uma visita oficial ao Museu Nacional da França, roteiro obrigatório pelo qual passavam todos os visitantes oficiais. Neste museu estava exposta a história e a cultura da França. Rabini Eliahu pacientemente ouviu todas as explicações oficiais de cada item exposto. Quando se detiveram diante do trono imperial de Napoleão, o Rabino parou e per- guntou aos seus acompanhantes e guias: “Quando viveu Napoleão?”. Os anfitriões ocultaram sua surpresa diante de tal pergunta (afinal de contas, quem não conhece Napoleão? Ele é famoso até mesmo nos manicômios de todo o mundo...). Pacientemente explicaram ao Rabino quem foi Napoleão e a época em que viveu. O Rabino ouviu e seguiu perguntando: “E este trono está à venda?”. O pessoal da embaixada não sabia onde enfiar a cara de tanta vergonha... Os franceses, disfarçando sua indignação, responderam que não: “Trata-se de um objeto de imenso valor real e histórico. Um patrimônio histórico nacional obviamente não está à venda”. Dali seguiram adiante, para outros itens do museu, até que chegaram ao trono do Rei Luís XIV, o Rei-Sol, que havia sido o maior monarca da França de todos os tempos. Novamente o Rabino perguntou: “E quem foi este Luís XIV?”. A esposa do Rabino, a Rabanit Tsivia, fez um sinal para o marido como quem diz: “Por que está perguntando estas coisas?”, e ele lhe fez outro sinal discreto, como quem diz: “Fique tranquila; eu sei muito bem o que estou fazendo...”. Com muito tato e diplomacia os acompanhantes explicaram ao Rabino quem foi o grande Luís XIV. O Rabino lhes perguntou então: “Este rei era um homem de moral?”. E os franceses lhe responderam: “Não, mas ele faz parte da nossa história, a qual respeitamos e da qual nos orgulhamos!”. O Rabino assentiu afirmativamente com sua cabeça, e o grupo seguiu adiante. Finalmente a visita ao museu terminou, sem mais nenhum acidente de percurso. Entraram para a recepção oficial com o presidente da França. O presidente anfitrião fez as honras da casa, dando as boas-vindas ao Rabino. Após a saudação, convidou o Rabino a dirigir suas palavras a todos os presentes. Ao seu lado, postou-se um membro da embaixada israelense para traduzir suas palavras para o francês. O Rabino iniciou descrevendo sua visita ao museu nacional. Ele descreveu a agitação de seus acompanhantes quando ele perguntou qual era o preço do trono de Napoleão e se estava à venda. Todos os presentes riram ao ouvir o Rabino. Ele relatou a todos o que lhe disseram no museu, que patrimônios históricos não estão nem podem estar à venda. viveram há 200 ou 300 anos atrás, e vocês não respeitam os nossos reis, que viveram há 3 mil anos atrás? O trono de Napoleão, vocês não pensam sequer em vender por preço nenhum, mas acham que nós temos que vender e entregar Jerusalém, que é o coração do povo judeu há milhares de anos?!” Todo o pessoal da embaixada se preparou para o pior. Com certeza o presidente da França e seus assessores aproveitariam para derramar toda sua raiva e indignação sobre Israel. No entanto, nada disso aconteceu. Assim que acabou-se de traduzir as palavras do Rabino, todo o público levantou-se, emocionado, e bateu palmas por um bom tempo, entusiasmado! As palavras do Rabino Mordechai Eliahu também provocaram uma forte impressão no presidente Chirac, que apertou a mão do Rabino e não a largou por muito tempo, de tanta emoção. Em seguida, voltou-se para seus assessores e lhes cochichou algo no ouvido. O pessoal da embaixada israelense admirou-se ao saber que o presidente pedia ao Rabino que permanecesse no palácio. Ninguém sabia o porquê disso, até que os assessores de Chirac voltaram com uma caixinha nas mãos. O presidente da França disse que, apesar de não fazer parte do roteiro desta visita oficial, depois de ter ouvido o impressionante discurso do Rabino, ele decidiu condecorá-lo com uma medalha de honra especial, com a qual somente chefes de Estado são homenageados. Chirac foi até o Rabino e premiou-o pessoalmente com a medalha ao som de acalorados aplausos de todos os presentes, demonstrando, mais uma vez, que quando um judeu respeita e orgulha-se de sua herança milenar, desperta a admiração até mesmo daqueles que, normalmente, lhe tratam com hostilidade. Sichat Hashavua, Tamuz 5772 Atualidade Rabino Mordechai Eliahu Z”L A Rabanit Tsivia percebeu, neste momento, que o tradutor da embaixada não estava transmitindo as palavras do Rabino, e sim, estava tentando “diplomatizar o conteúdo”, suavizando o seu discurso. Ela discretamente indicou isto ao marido, que parou de falar e fez a seguinte observação: “O tradutor obviamente não está acostumado com o meu hebraico rabínico. Como me interessa que o presidente entenda perfeitamente o que estou dizendo aqui, peço ao Rabino-Chefe da França, aqui presente, que faça a tradução”. Obviamente de agora em diante suas palavras foram traduzidas com toda exatidão, sem “jogadas diplomáticas...”. Todos os presentes ainda não tinham entendido muito bem a intenção do Rabino, mas logo suas palavras, cheias de fervor, ressoaram pelo salão: “Pude observar com que respeito profundo vocês honram o trono de Napoleão, que viveu há 200 anos atrás. Vi, também, sua admiração e reverência ao falar do Rei Luís XIV, por mais que ele tivesse uma moral bastante questionável... Todo este respeito e honra são plenamente justificáveis, pois esta é a sua história. Estes são os vossos patrimônios históricos, dos quais vocês se orgulham e respeitam. É claro que vocês também esperam que eu aprecie e saiba demonstrar o devido respeito à história da França, por mais que eu não seja francês e more em Israel... Mas eu lhes pergunto, então: Não seria lógico que nós, judeus que moramos em Israel, também respeitássemos e nos orgulhássemos da nossa história? Seria um exagero da nossa parte esperar que vocês também soubessem apreciar e respeitar a nossa história? Nossa história nos ensina que Moisés nos fez herdar a terra de Israel. Este é o nosso patrimônio histórico nacional. Depois dele, viveram os reis David e Salomão, que reinaram em Jerusalém. Por que nós temos que honrar os vossos reis, que Lubavitch Views 99 Nossas Festas O conflito árabe-israelense: O CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE DE ACORDO COM A TEORIA DOS JOGOS por Prof. Robert Aumann – prêmio Nobel de matemática de 2005 (artigo de 2007) Dois homens, Rubens e Simão, são colocados em uma pequena sala com uma mala cheia de notas, totalizando U$ 100.000 (cem mil dólares). O proprietário da mala anuncia o seguinte: "Eu vou lhes dar todo o dinheiro que está nesta mala com uma condição: vocês dois tem que negociar um acordo sobre como dividi-lo. Só se vocês dois chegarem num acordo é que eu me prontifico a lhes dar o dinheiro; senão, não." Rubens é uma pessoa racional e percebe a oportunidade de ouro que se apresenta diante dele. Ele se vira para Simão com a óbvia sugestão: "Você pega metade e eu vou levar a outra metade, de modo que cada um de nós terá U$ 50.000." 100 Lubavitch Views Para sua surpresa, Simão franze a testa para ele e diz, num tom que não deixa margem para dúvidas: "Olha aqui, eu não sei quais são os seus planos para o dinheiro, mas eu não pretendo sair desta sala com menos de U$ 90.000 (noventa mil). Se você aceitar, tudo bem. Se não, nós dois podemos ir para casa sem nenhum dinheiro no bolso." Rubens mal pode acreditar em seus ouvidos. "O que aconteceu com Simão?", ele pergunta a si mesmo. "Por que ele tem que ter 90% do dinheiro e eu apenas 10%?" Ele decide tentar convencer Simão a aceitar sua visão. "Vamos ser lógicos", ele insiste, "Estamos na mesma situação, nós dois queremos o dinheiro. Vamos dividir o dinheiro de forma igual e nós dois vamos sair no lucro." Simão, no entanto, não parece perturbado pela lógica de seu amigo. Ele escuta com atenção, mas quando Rubens termina de falar, ele diz, ainda mais enfaticamente do que antes: "90-10 ou nada. Essa é a minha última oferta. " Rubens fica vermelho de raiva. Ele está prestes a dar um soco no nariz do Simão, mas ele recua. Ele percebe que Simão não vai ceder e que a única maneira que ele pode deixar o quarto com algum dinheiro, é dar para Simão o que ele quer. Rubens ajeita sua roupa, leva 10.000 dólares da mala, aperta a mão de Simão e sai da sala humilhado. Este processo é chamado de “paradoxo do chantagista", na teoria dos jogos. O paradoxo é que Rubens, o racional, é forçado a se comportar As relações entre Israel e os países árabes são conduzidas ao longo das linhas desse paradoxo. Em cada fase de negociação, os árabes apresentam condições cada vez mais absurdas, impossíveis e inaceitáveis. Eles agem totalmente seguros de si, como quem acredita plenamente no que está pedindo, e deixam claro a Israel que não há chance de ter o seu apoio se não for naquelas absurdas condições. Invariavelmente, Israel compromete-se com as suas demandas de chantagem, porque senão Israel acha que vai sair da sala de mãos vazias. O exemplo mais flagrante disso é a negociação com a Síria, que vêm ocorrendo com diferentes níveis de negociadores durante anos. Os sírios deram a certeza de que estava claro, desde o início das negociações, que não iriam ceder nem um milímetro das Colinas de Golan — todo o Golan tinha que lhes ser entregue. Do lado israelense, ansiosos para ter um acordo de paz com a Síria, a posição síria ficou tão bem internalizada, que o público israelense está certo que o ponto de partida para futuras negociações com a Síria precisa incluir a retirada completa dos israelenses das Colinas de Golan, apesar de saber que reter o Golan é de suma importância estratégica para garantir a segurança dentro das fronteiras para Israel. A Solução: Perder! De acordo com a teoria dos jogos, Israel tem de mudar certas percepções básicas para melhorar suas chances no jogo das negociações com os árabes e ganhar a luta política a longo prazo: a. Disposição de renunciar acordos A posição política de Israel é baseada no princípio de que os acordos devem ser alcançados com os árabes a qualquer preço e que a falta de acordos é insustentável. No Paradoxo do chantagista, o comportamento de Rubens é o resultado de seu sentimento de que ele deve deixar o quarto com algum dinheiro na mão, não importa quão pequena seja a quantia. Já que Reuben não pode imaginar-se saindo da sala com as mãos vazias, ele acaba tornando-se presa fácil para Simão. Ele acaba saindo com uma certa quantia de dinheiro na mão, mas no papel do perdedor humilhado e bobo. Esta é semelhante à maneira como Israel lida com as negociações. Sua disposição mental, distorcida pelo paradoxo da chantagem, faz com que Israel seja capaz de rejeitar sugestões lógicas que fariam com que eles não tivessem que abrir mão de seus próprios interesses. b. Tendo em conta a repetição A teoria dos jogos diz respeito a situações que acontecem uma única vez, o que é diferente nas situações em que as coisas se repetem. Uma situação que se repete durante qualquer período de tempo, cria, paradoxalmente, a paridade estratégica que leva a cooperação entre os lados opostos. Esta cooperação ocorre quando ambos os lados percebem que o jogo vai se repetir, e que a influência dos movimentos presentes vai pesar em jogos futuros, o que é um fator de equilíbrio no jogo. Rubens viu o seu problema como um evento único, e se comportou de acordo. Se ele dissesse ao Simão que ele não iria renunciar ao valor que ele merece, mesmo se ele perdesse tudo, ele teria mudado o resultado do jogo por um período indeterminado. Provavelmente é verdade que ele ainda teria deixado o jogo de mãos vazias, mas na próxima reunião com Simão, este lembraria a reação original de Rubens e, agora sim, estaria disposto a chegar a um acordo que fosse vantajoso para os dois (para não sair de mão vazias, de novo). É assim que Israel tem que se comportar, olhando para o longo prazo, a fim de melhorar sua posição em futuras negociações, mesmo que isso signifique, agora, manter uma situação de guerra, negando-se a fazer acordos nestas condições, mas esta recusa agora seria algo que, depois, levaria a um acordo duradouro. c. Fé em suas opiniões Outro elemento que dá força ao “paradoxo do chantagista” é a crença inabalável na sua própria opinião — por parte de um dos lados. Simão exemplifica isso. Essa fé dá uma confiança interna, ao candidato, em sua causa, desde o início e, eventualmente, acaba convencen- Atualidade por Prof. Robert Aumann – prêmio Nobel de matemática de 2005 (artigo de 2007) irracionalmente, por definição, a fim de alcançar resultados máximos em face da situação que evoluiu de forma absurda. O que provoca esse resultado bizarro é o fato de Simão estar tão seguro de si e não vacilar ao fazer seu pedido exorbitante. Apesar de ser ilógica, esta atitude convence Rubens de que ele deve ceder para que possa tirar a melhor vantagem possível daquela situação. Lubavitch Views 101 Atualidade do também o seu rival. O resultado é que o lado oposto também vai querer chegar a um acordo, ainda que à custa de condições que são bastante distantes de sua posição de abertura. Vários anos atrás, eu falei com um oficial superior de Israel, que afirmou que Israel deve se retirar das Colinas de Golan, no âmbito de um futuro tratado de paz com a Síria, porque o Golan é terra santa para os sírios, e eles nunca vão desistir dele. Expliquei-lhe que, primeiro os sírios haviam convencido a si mesmos de que o Golan é terra sagrada para eles, e só aí então é que eles foram 102 Lubavitch Views capazes de convencê-lo também disso. É esta “crença inabalável” de que eles, os sírios, tem direito sobre estas terras, que vai nos convencer a ceder às suas demandas. A única solução para isto é que nós mesmos temos que acreditar de forma inabalável na nossa causa, no fato da nossa causa estar totalmente justificada. Só a fé completa em nossas demandas podem ter sucesso em convencer o nosso adversário a levar em conta a nossa opinião. Como em toda a ciência, a teoria dos jogos não toma partido em julgamentos morais e de valor. Ele analisa estrategicamente o compor- tamento de lados opostos em um jogo onde jogam um contra o outro. O Estado de Israel está no meio de um jogo com os seus oponentes, os seus inimigos. Como em todo jogo, o jogo entre árabes e israelenses envolve interesses que criam a estrutura do jogo e suas regras. Infelizmente, Israel ignora os princípios básicos da teoria dos jogos. Se Israel fosse sábio o suficiente para se comportar de acordo com esses princípios, o seu status político e sua segurança iriam melhorar substancialmente. Nossas Festas Oi Veis Mir... ARTE o melhor remédio ainda é rir! Por Rabino Beuthner LOUCURA? Nosso tio-avô, o Rebe de Tolna, era conhecido por sua inteligência e sabedoria, e Papai gostava de relatar histórias que demonstravam a legitimidade de sua reputação. A seguinte história era uma das favoritas de Papai. Um dos discípulos do Rebe de Tolna começou a exibir um comportamento muito estranho. Sua esposa ficou preocupada, temendo que seu marido estivesse ficando louco, e insistiu para que ele fosse consultar o Rebe em busca de orientação. O marido inicialmente resistiu, mas acabou concordando, com uma só condição: ele falaria primeiro em particular com o Rebe. A esposa concordou prontamente. Quando se viu a sós com o Rebe, o marido disse: “Rebe, eu tenho um grande problema. A minha esposa ficou louca. Embora ela se comporte normalmente em todos os outros aspectos, ela está tendo uma alucinação e está obcecada com a idéia de que eu enlouqueci. Ela não me dá sossego e só me atormenta, dizendo que eu estou insano. Dentro de um minuto ela entrará aqui e eu tenho certeza que ela se queixará de que eu enlouqueci. Rebe, o Sr. pode falar comigo tanto tempo quanto desejar, e verificar pessoalmente se há algo de errado com a minha mente.” Alguns minutos depois, a esposa foi chamada a entrar e imediatamente começou a contar ao Rebe que o seu marido enlouquecera e o quanto ela estava sofrendo com a sua loucura. Enquanto ela o fazia, o marido gesticulava para o Rebe como se quisesse dizer: “Veja, exatamente como eu lhe disse. Ela está louca com esta alucinação a meu respeito.” BURROCRACIA... Uma noite de inverno no pacato vilarejo judaico de Chélem, caiu uma camada de neve tão limpa e macia, que quando os anciãos da cidade se levantaram, de madrugada, eles ficaram encantados com a sua beleza primordial. Mas então eles se lembraram que o shamash (servente da sinagoga) costumava ir de casa em casa batendo à porta dos fiéis, acordando-os para irem ao serviço matinal (shacharit). Com os seus enormes pés, o shamash pisotearia e destruiria aquela neve linda e adorável. Eles não podiam permitir que isto acontecesse! Os homens sábios de Chélem reuniram-se em sessão extraordinária, e depois de muita reflexão encontraram uma solução que seria semelhante, ou quase idêntica, se fosse imaginada pela eficiência da moderna burocracia governamental. Para evitar que o shamash pisoteasse a neve macia com os seus grandes pés, quatro homens carregariam o shamash de porta em porta... (Rabino Avraham J. Twersky — “De Geração em Geração”) SABE O QUE COMEMOS HÁ 3000 ANOS?.. Contam que, em 1954, Ben Gurion, o então primeiro-ministro de Israel, viajou para os EUA para reunir-se com o presidente Eisenhower e obter seu apoio e ajuda naqueles momentos difíceis para o jovem Estado de Israel. O Rebe ouviu atentamente e disse em seguida: “Este caso é extremamente difícil. Cada um de vocês afirma que o outro perdeu o juízo, e no entanto ambos são coerentes. Isto exige uma análise. Mas antes de fazê-la”, disse o Rebe, “eu pedirei, como pagamento, que vocês façam uma doação para um fundo de caridade que eu estou coletando.” O marido voltou-se para a esposa. “Faça isto, Esther.”, disse ele. “Você ouviu o que o Rebe disse. Dê ao Rebe algum dinheiro para caridade.” Quando a mulher estava pegando a sua bolsa, o Rebe disse: “Bem, isto já resolve o caso.” E voltando-se para o marido, ele disse: “Se é ela que administra todo o dinheiro, então é você que deve estar louco...” (Rabino Avraham J. Twersky — “De Geração em Geração”) Em um de seus encontros com o então secretário de Estado, John Dulles Fuster, foi questionado ironicamente por ele: “Diga-me, Sr. primeiro-ministro, a quem você e seu país realmente representam? Afinal de contas, os judeus da Polônia, do Iêmen, da Romênia, do Marrocos, do Iraque, da União Soviética e do Brasil não são a mesma coisa! Após 2.000 anos de diáspora é possível falar de um único povo judeu, de uma cultura, tradição ou costume judeu únicos?” Ben Gurion disse: “Veja bem, Sr. Secretário. Há 200 anos partiu da Inglaterra um navio chamado Mayflower, que transportava os primeiros colonos que se estabeleceram no que hoje é o grande país democrático dos Estados Unidos da América. Saia na rua e pergunte o seguinte a 10 crianças norte-americanas: Qual era o nome do capitão do navio? Quanto tempo a viagem durou? O que a tripulação comia durante a viagem? Como o mar se comportou durante a viagem? Certamente não vai receber muitas respostas em tempo hábil...” “Agora, veja. Há mais de 3000 anos os judeus saíram do Egito. Eu lhe peço um favor: em alguma de suas viagens ao redor do mundo, procure falar com 10 crianças judias em diferentes países. Pergunte a elas o nome do “capitão” que conduziu o povo na saída do Egito; quanto tempo durou a viagem, o que eles comeram durante a viagem e como mar se comportou. Quando você obtiver as respostas, e ficar surpreendido, tente se lembrar e avaliar a questão que acabou de me fazer.” Pessach Kasher e Feliz! Então, o presidente foi avisado do presente. A mensagem de texto no seu celular era clara e vantajosa: o artista doaria um vitral para a sinagoga. Boa notícia, porque são essas coisas que contam pontos em futuras eleições sinagogais. O vitralista não era lá muito famoso, mas um vitral grátis é, e sempre será, um vitral grátis. Em seguida, o presidente embarcou para o casamento de um sobrinho em Israel, de maneira que não acompanhou a instalação do tal vitrô pela equipe do generoso artífice, que, por sua vez, exigiu que o mesmo permanecesse coberto até o dia da inauguração. Dia da inauguração que respeitou rigorosamente o calendário, e chegou na hora certa, encontrando a sinagoga apinhada de amigos do artista. Como a estreia do vitral fora marcada para entre as orações vespertina e noturna, é justo e de bom-tom registrar que também havia no local alguns frequentadores habituais, que ali esperavam a próxima reza. Sinagoga cheia, pois, hora de o rabino ter a honra de puxar a cordinha que descerraria a obra oculta por um grosso veludo vermelho. E puxou. Puxou, e aplausos tímidos ecoaram como o som de um piscar de olhos pelo grande salão ornamentado com flores das mais variadas nuances e doações. Aplausos tímidos, porém, para alívio dos artistas, tendem a descarar-se em vibrantes ovações. Só que aqueles permaneceram acanhados. Aquilo não parecia timidez, e sim um caso de fobia social. Eram aplausos visivelmente, ou melhor, “ouvivelmente” constrangedores. O que era aquele vitrô, afinal? Se a história da humanidade for realmente como uma linda tapeçaria, da qual o homem só enxerga os nós caóticos do avesso, aquele vitral os representava com admirável perfeição. Mas teria o discurso de agradecimento do presi- dente a coragem de elogiar o artista por essa improvável abordagem? E se o vitral simbolizasse apenas um céu de fim de tarde em Nova Friburgo? O arrependimento de não ter dado uma boa olhada no presente vítreo algumas horas antes do evento afligiu duramente o presidente, que retornara da Terra Santa apenas no dia anterior. Alguns murmúrios já podiam ser ouvidos, mas nada eram se comparados aos risos discretos que seus ouvidos treinados detectavam no ar. Pensou em pedir ao rabino que proferisse algumas palavras, mas este entendia ainda menos de arte que de business. Foi então, em meio ao quase desespero, que o presidente teve a ideia de chamar o próprio artista para comentar sua obra: — A nossa congregação será eternamente grata ao talentoso doador deste belíssimo vitral! Meus sentimentos se revolvem dentro de mim, as emoções mais sublimes se mesclam perante o alcance poético da visão do exímio artesão. Esta data entrará para os anais da nossa Sinagoga como o dia em que nosso humilde acervo foi amplamente enriquecido por tão belíssimo objeto de arte. Fingiu secar uma lágrima que desgraçadamente não caía de jeito nenhum, e prosseguiu: — Peço agora que o artista suba ao púlpito para tecer algumas considerações acerca da obra tão gentilmente doada neste evento histórico. Daí, incentivado pelos amigos, que também queriam saber do que se tra- tava o vitrô, o artista se levantou. Caminhou gloriosamente até a tribuna, onde assumiu o microfone encharcado pelo suor das mãos do presidente. Respirou fundo, deu uma boa olhada em sua mais recente criação, e começou a conectar toda aquela aparente confusão de vidros coloridos bem acima da arca sagrada: — ... representando o Templo Sagrado... “Templo Sagrado onde?”, pensou o presidente, voltando a ficar desesperado. — ... e o mar se abrindo perante Moisés... “Que mar? Aquele caco de vidro azulzinho ali?” — ...mostrando a vinda do Mashiach...” “Ué, aquilo dourado é uma coroa?” E o artista prosseguiu revelando sua arte à audiência entre extasiada por tamanha genialidade e frustrada por não percebê-la. Fim de festa, após abraços, apertos de mão, fotografias e bufê. Mas o fim de festa definitivo só se deu no dia seguinte. Como o vitral fora instalado na ausência do zeloso presidente, ninguém mais se apercebeu do risco de colocá-lo numa parede contígua ao campinho de futebol do prédio vizinho, de onde um potente voleio de um galalau chamado Claudão transformou o pretenso “mar se abrindo perante Moisés” em simples gotas num oceano de vidro espatifado. De modo que toda a burocracia, todo o enfado, todo o cerimonial e toda a hipocrisia, tudo em vão. Por Pessach Grinspun, publicado no ijew.com.br Lubavitch LubavitchViews Views 105 105 Juntem-se a nós nesta missão para continuarmos com as nossas tradições. Nossa união é o que mantém sempre viva É hora de revisar sua Mezuzá e Tefilin. VIVENDO COM mashiach Verificação de Tefilin e Mezuzót com o Sofer Rabino Eliahu Haber Não perca esta chance! Insista, não desista, e prepare-se: Mashiach vem aí! Informações: 8854-2620 a essência do judaísmo. O QUE NÓS PODEMOS FAZER? tel. 21 3543-3767 - Messad www.beitlubavitch.org.br O Rebe de Lubavitch nos disse que ele fez tudo o que podia e nos encarregou de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para trazer o Mashiach e a tão esperada época da Gueulá (Redenção) imediatamente. Definindo isto rapidamente: O que é Mashiach? Rei cumpridor e estudioso da Torá, descendente do rei David, que trará a Gueulá. O que é Gueulá? Era de paz e harmonia, saúde, prosperidade e felicidade material e espiritual para todo mundo. O Rebe nos orienta que, para tanto, é preciso que todas as nossas atividades sejam permeadas com a ideia e os conceitos relacionados com Mashiach e Gueulá, e ainda enfatizou que devemos fazer o seguinte: 1. Aumentar os nossos horários de estudo de Torá, em geral, e sobre assuntos de Mashiach e Gueulá, em particular, especialmente o estudo de Chassidut. Informações para uso da Micve Beit Lubavitch - tel. 3543-3770 a noite Rua Gal. Venâncio Flores, 221 - Leblon - Rio de Janeiro 106 Lubavitch Views Campanha do R e be Seja sócio do Beit Lubavitch e/ou do Lar da Esperança Chegou o momento de você renovar o seu seguro de vida! 2. Aumentar (em termos de quantidade e de frequência) a Tsedacá (caridade) todos os dias da semana e antes de Shabat e Yom Tov. 3. Amar incondicionalmente a outros judeus, praticando atos de bondade e de generosidade. 4. Ansiar pela Gueulá (Redenção) e exigir verbalmente de D’us, constantemente: “Nós queremos o Mashiach agora!” 5. Servir a D’us com a alegria e a confiança de que estamos no limiar da Gueulá. 6. Tentar influenciar outros judeus, de maneira agradável, a também fazer todas estas coisas. 7. Divulgar aos não-judeus que, para que tenham uma vida perfeita, uma vida Divina, eles devem seguir as “Sete Leis Universais dos Filhos de Noé (Noach)”. O Rebe ressaltou também a importância de praticar toda e qualquer Mitsvá, não importa o quanto ela pareça pequena (veja adiante a “Campanha das Mitsvót”). O Rebe pede para que divulguem a afirmação de Maimônides: “Toda pessoa deve encarar o mundo, e a si mesma, como se estivessem sendo julgados por D’us constantemente, e que a quantidade de boas ações e méritos fossem iguais à quantidade de atos indesejáveis e de más ações, de modo que a realização de uma única boa ação faria pender a balança a seu favor e a favor do mundo inteiro, trazendo a salvação (gueulá) para todo o mundo!” Lubavitch Views 107 Campanhas das Mitsvót Nossas Festas A ul as Almoço Executivo com aula de Torá CAMPANHA DAS MITSVÓT dez passos para um novo começo Em todas as ocasiões possíveis, o Rebe do Lubavitch insiste numa difusão maior da campanha entre os judeus, lançada por ele em anos recentes, para estimular o cumprimento de certos preceitos fundamentais. Através da observância destas dez mitsvót específicas, o indivíduo e a família virão a experimentar um relacionamento mais profundo e significativo com a sua herança judaica. São elas: Ama a teu próximo como a ti mesmo Homens e meninos (a partir dos 13 anos), devem colocar Tefilin todos os dias da semana (exceto no Shabat e Yom Tov) Possua uma caixinha de Tsedacá em sua casa e coloque Tsedacá todos os dias (exceto no Shabat e Yom Tov) Mulheres e meninas (a partir de três anos) devem acender vela(s) na véspera de Shabat e Yom Tov, antes do pôr-do-sol, e recitar a(s) bênção(s) Mantenha Sefarim (livros sagrados básicos) em sua casa (começando com Sidur, Torá e Tehilim) Assegure a seus filhos e a qualquer criança judia, uma educação com o temor a D-us e fidelidade à Torá e seus preceitos. Estude a Torá diariamente, de dia e de noite Afixe uma mezuzá kasher no umbral direito da porta de entrada de cada dependência (exceto banheiros) Observe as leis de Cashrut tanto para comida quanto para bebida, em casa e fora dela Para conservar a família saudável e unida, observe a tradição do Micve e da Pureza Familiar Segunda-feira - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 12h30 - Rabino Yehoshua Goldman • Almoço seguido de Shiur de Tanya • Av. N.S. Copacabana, 680 s. 1109 12h45 - Rabino Meir • Almoço seguido de aula de Torá • Av. Graça Aranha 57 sala 504 - Centro Terça-feira - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13h - Rabino Efraim Schechter •Almoço seguido de aula de Torá • Av. N.S. Copacabana, 647 sala 301 Quarta-feira - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13h - Rabino Efraim Schechter • Almoço seguido de aula de Torá • Av. Graça Aranha 57 sala 504 - Centro 13h - Rabino Yossef Simonowits • Almoço seguido de aula de Torá • Av. Ministro Afrânio Costa, 223 - Barra da Tijuca 13h - Rabino Yehoshua Goldman • Almoço seguido de aula de Torá • Ataulfo de Paiva, 245 3º andar - Leblon Quinta-feira - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13h - Rabino Efraim Schechter •Almoço seguido de aula de Torá • Av. Ataulfo de Paiva, 135 / 18º - Leblon Informe-se com os rabinos do Beit Lubavitch como organizar uma bela noite (ou dia) com seus amigos, oferecendo uma aula de Torá ou palestra em suas residências. ATIVIDADES BEIT BARRA Atividades Frequência Kiruv para Jovens – acima de 18 e teens 13/18 Almoço executivo para homens Shabat com Kidush e atividades para crianças Aulas para crianças Aulas particulares (noivas(os), bar/bat-mitsvá, ...) Mulheres e homens Lanche + aula para mulheres com a Rabanit Raquel Aula de culinária com a Rabanit Raquel Reza de Shabat seguida de almoço Aula com Rav Simonowits: A Cabalá da Parashá Teens: 3ª e 5ª às 17h - Bolsa de R$120,00 Jovens: 2ª e 4ª às 20h - Bolsa de R$200,00 Às quartas de 13h às 14h Sextas a partir de 19h Terça-feira - 15h30 às 16h30 – 5 a 7 anos Quarta-feira - 9h às 10h – 8 a 11anos Combinar com a Rabanit Raquel Mensal Mensal Todos os sábados a partir de 9h30 Todas às quintas - 20h45 PROJETO KIRUV LEBLON Universitário 3ª e 5ª das 19h as 21h Bolsa:R$ 200 Rabino Israel Kaczala 9974-0990 ou [email protected] Rua General Venâncio Flores 221 FLAMENGO Teen 2ª e 4ª 19h as 21h Bolsa:R$ 120 Rabino Israel Kaczala 9974-0990 Universitário 2ª e 4ª 19h as 21h Bolsa:R$ 200 Rabino Israel Kaczala 9974-0990 ou [email protected] Rua Gago Coutinho, 63 TIJUCA Midrasha 2ª, 3ª e 4ª das 19h as 21h Bolsa:R$ 260 2572-6172 (Lígia) ou [email protected] Universitário 3ª e 5ªs das 19h as 21h Bolsa:R$ 200 2572-6172 (Lígia) ou [email protected] 2ªs e 4ªs das 15h as 17h Bolsa:R$ 200 2572-6172 (Lígia) ou [email protected] Teens 4ªs e 5ªs das 18h15 as 20h15 Bolsa:R$ 120 2572-6172 (Lígia) ou [email protected] Rua Visconde de Cabo Frio, 29 BARRA Universitário 2ª e 4ª 20h as 22h Bolsa:R$ 200 2408-5036 (Tânia) [email protected] Rua Ministro Afrânio Costa, 223 Barra TERESÓPOLIS Universitário 2ª e 4ª 17h as 19h Bolsa:R$ 200 2642-4896 (Irene) ou [email protected] Rua Oliveira Botelho 112 Alto Se você quer ter aula particular ou formar um pequeno grupo de estudos, procure Rabinos Efraim ou Meir, do Kolel do Beit Lubavitch (tel.: 3543-3770). Informe-se também sobre outras aulas no Leblon. AULAS NAS UNIVERSIDADES UFRJ FUNDÃO/ URCA: Rabino Israel Kaczala - 9974-0990 ou [email protected] PUC/ IBEMEC: Rabino Eliahu Haber 8854-2620 ou [email protected] http://www.facebook.com/#!/lubavitchuniversitario.rio Lubavitch Views 109 Nossas Festas Lubavitch Views 111 Nossas Festas 112 Lubavitch Views
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