logística reversa: percentual de ocupação dos paletes na carga e os
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logística reversa: percentual de ocupação dos paletes na carga e os
MARINGÁ MANAGEMENT LOGÍSTICA REVERSA: PERCENTUAL DE OCUPAÇÃO DOS PALETES NA CARGA E OS CUSTOS DE RETORNO Fernanda Leandro1* RESUMO Sabe-se que a logística se originou nos tempos da guerra, onde a necessidade de fornecimento e locomoção de artigos bélicos tinha que estar no local certo e hora certa. Atualmente o entendimento de logística não foge a esta regra, contradizendo-se somente quando nos referimos que a agilidade e precisão sejam destinadas a objetivos ilógicos como a guerrilha. Com os avanços dos estudos da administração, adicionar a logística ao planejamento, controle, organização e direção de projetos e afins não foi uma tarefa difícil. A cada dia que passa as pessoas, organizações e o mundo exigem que essas cinco vertentes estejam interligadas à velocidade da luz. Voltado a estudantes, profissionais e pessoas interessadas neste assunto, o presente trabalho busca aprimorar e simplificar o entendimento da lógica na atualidade trazendo citações de autores considerados doutores nesta área, bem como as diferenciações dos ramos desse seguimento. O interessante neste caso é que, ao considerar o termo logística, não deixamos de visualizar as suas dimensões. Não se pode pensar que logística seja somente o ato de transportar materiais. O objetivo geral desse trabalho é a interação da teoria com um estudo de caso, onde de forma simplista, consegue-se demonstrar como o tema proposto pode se co-relacionar com o dia-a-dia das pessoas. Palavras-chave: Logística reversa. Palete. Reaproveitamento. REVERSE LOGISTIC: PERCENTAGE OF OCCUPATION OF THE PALLETS IN THE LOAD AND THE COSTS OF RETURN ABSTRACT It is known that the logistic one originated in the times of the war, where the necessity of supply and warlike article locomotion had that to be in place certain e alias process. Currently the agreement of logistic does not run away to this rule, itself contradicting when in we relate them that the agility and precision are destined the illogical objectives as the guerrilla. With the advances of the studies of the administration, to add the logistic for to the planning, has controlled, organization and direction of similar projects and was not a difficult task. To each day that if passes the people, organizations and the world demand that this five sources are linked to the speed of the light. Come back the students, professionals and people interested in this subject the present work searchs to improve and to simplify the agreement of the logic in the present time bringing citations of considered authors doctors in this area, as well as the differentiations of the branches of this pursuing. The interesting one in this in case that it is that when considering the logistic term, we do not leave to visualize its dimensions. Not it can think that logistic either the act to only carry materials. The general objective of this work is the interaction of the theory with a case study, where of simple form it is obtained to demonstrate as the considered subject can co-become related with day-by-day of the people. Keywords: Reverse logistic. Pallet. To reuse. * Administradora em Comércio Exterior. Prof. Especialista da Faculdade Maringá. e-mail: [email protected] Maringá Management: Revista de Ciências Empresariais, v. 3, n.1 - p.17-25, jan./jun. 2006 17 MARINGÁ MANAGEMENT LOGÍSTICA: PERCENTUAL DE OCUPAÇÃO DOS PALLETES NA CARGA E OS CUSTOS DE RETORNO LOGÍSTICA E SEUS CONCEITOS Com base em fontes que certificam que a palavra logística se origina do verbo alojar (de origem francesa), utilizada com freqüência na era militar, pode-se conceituar a mesma como: a arte de transportar, abastecer e alojar. Tornando o termo mais amplo na área administrativa, nos tempos atuais, pode-se traduzir como a arte de gerenciar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuário. Leite (2003) define que a logística é o processo de planejar, executar as atividades, implementar e controlar o fluxo de produtos – da origem ao ponto de consumo – de maneira eficiente, atendendo às necessidades dos clientes. Assim entende-se que a logística deve conciliar os desejos e necessidades de consumidores, com o menor custo possível em prazo adequado, até mesmo superando expectativas e interesses de fornecedores e consumidores. A logística integra um processo cujos componentes são desde as informações para a fabricação ou agregação de valores de produtos e serviços, até suas embalagens, armazenamento, transporte, estoque e manuseio de materiais. Essas variáveis são de extrema importância, pois afetam diretamente a eficiência dos suprimentos e as formas de distribuição industrial. Esse fluxo engloba desde a matéria-prima, produtos em processos, produtos acabados e as informações de todas essas áreas. que alteram o fluxo de mercadorias dentro das empresas. Com esse pressuposto e seguindo os pensamentos de Ballou (1993), pode-se dizer que a logística empresarial procura dar aos profissionais uma visão geral sobre a administração do fluxo de bens e serviços em organizações orientadas ou não para o lucro. Para Leite (2003), a logística empresarial é uma área de crescente interesse que tem concentrado seu foco de estudo principalmente no exame dos fluxos da cadeia produtiva direta naqueles que vão das matérias-primas primárias ao consumidor final, desenvolvendose em mercados com crescente volume de trocas de mercadorias com características e exigências em ambientes de alta concorrência, obrigando as empresas a utilizarem novas e dinâmicas concepções de suas estratégias em todos os setores da organização e em particular nesta área de atividade. Em uma visão ampla, observa-se que a logística se subdivide em: logística de suprimentos; logística de produção; logística de distribuição e logística reversa. Dentre estas quatro vertentes os autores se limitaram ao assunto logístico reversa, que é o tema geral deste artigo. Tal limitação origina-se na mega-estrutura logística que é a união das suas subdivisões, o que levou os autores a optarem por explicitar um dos ramos nesse primeiro momento. ENTENDENDO A LOGÍSTICA REVERSA Em meio às informações diretivas, observase ainda que a logística e suas operações nunca desempenharam papel tão importante nas organizações. Com possibilidades de alterar as expectativas dos clientes, podem mesmo chegar a superá-las com um bom planejamento, ou ainda na alteração da localização geográfica, continuamente podem transformar a própria natureza dos mercados, fatos que, por sua vez, podem gerar restrições 18 Entende-se a logística reversa como a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes ao retorno dos bens pós-venda e pós-consumo, atuando por meio dos canais de distribuição reversos e agregando-lhes valor de diversas naturezas, entre os quais destacam-se: econômica, ecológica, legal, logística, de imagem corporativa en- MARINGÁ MANAGEMENT tre outros. Observa-se que a logística reversa objetiva, por meio de fluxos reversos, tornar possível o retorno dos bens ou de seus materiais constituintes ao ciclo produtivo ou de negócios, usando de meios que vão desde a operacionalização do fluxo, da coleta dos bens, por meio de processamento logístico, separação, seleção e até mesmo reintegração ao ciclo. Uma visualização simplificada do processo pode ser observada na Figura 1 – Figura 1 – Fluxos Logísticos Fonte: Carneiro (2002, p. 46). Segundo Carneiro (2002), a logística reversa trata basicamente dos processos nos quais produtos e embalagens retornam do ponto de consumo para o ponto de origem. Os produtos podem apresentar defeitos, exigindo substituições ou reparos; inteiros ou suas partes componentes podem ser descartados, recuperados ou reciclados. O mesmo se dá com suas várias formas de embalagens, desde as que acondicionam o produto e chegam até o ponto de consumo até aquelas que apenas auxiliam o serviço de transporte em vários pontos da cadeia logística. desses processos. O mesmo autor afirma, ainda, que este processo está em evolução face às novas possibilidades de negócios relacionadas ao crescente interesse empresarial e de pesquisas nesta área na última década. As empresas, preocupadas com a gestão ambiental, começaram a reciclar materiais e embalagens descartáveis tais como: latas de alumínio, garrafas plásticas, caixas de papelão, entre outros, que, por sua vez, passaram a se destacar como matérias-primas e deixaram de ser tratados como lixo. A logística reversa está presente no processo de reciclagem, uma vez que esses materiais retornam a diferentes centros produtivos em forma de matéria-prima. Os autores destacam a importância de não se confundir logística reversa com reciclagem que, segundo Leite (2003), é o canal reverso de revalorização, em que os materiais constituintes dos produtos descartados são extraídos industrialmente, transformando-se em matérias-primas secundárias ou recicladas que serão reincorporadas à fabricação de novos produtos. A logística reversa trata do gerenciamento Maringá Management: Revista de Ciências Empresariais, v. 3, n.1 - p.17-25, jan./jun. 2006 19 MARINGÁ MANAGEMENT LOGÍSTICA: PERCENTUAL DE OCUPAÇÃO DOS PALLETES NA CARGA E OS CUSTOS DE RETORNO Ainda conforme os pensamentos de Leite (2003), a sociedade como um todo no mundo econômico tem-se preocupado cada vez mais com os diversos aspectos do equilíbrio ecológico. Os canais de distribuição reversos ganham destaque sob a perspectiva ecológica. O aumento veloz do descarte dos produtos de utilidade após o primeiro uso, motivados pelo aumento da descartabilidade dos produtos em geral, não encontrando canais de distribuição reversos de pós-consumo devidamente estruturados e organizados, provoca desequilíbrio entre as quantidades descartadas e as reaproveitadas, gerando um enorme volume de produtos descartáveis. Essa nova vertente ecológica de preocupação tem incentivado ações de empresas e governos a esforços de defesa de sua imagem bem como de seus negócios, visando amenizar os efeitos mais visíveis dos diversos tipos de impactos ambientais. Logística Reversa Aplicada aos Produtos Segundo Carneiro (2002), no enfoque da logística reversa encontram-se os processos de reparação de defeitos, trocas em garantia, devoluções e atividades promocionais. A logística reversa trata do recolhimento de produtos ou de suas partes pelo fabricante original, cujo destino final poderá ser a destruição do produto ou peça, substituição integral ou o reparo da parte danificada. Eis algumas situações em que a logística reversa é aplicada aos produtos: Recall (veículos, eletrodomésticos produtos eletrônicos). Substituição de produtos com validade vencida (alimentos, remédios). Trocas em garantia de produtos defeituosos (eletrodomésticos, roupas, enlatados amassados, etc.). Venda de produtos novos à base de troca de produtos usados (computadores, geladeiras, televisores). Recolhimento de publicações vencidas (jornais que sobraram nas bancas, listas telefônicas de anos 20 anteriores, livros didáticos). Distribuição de peças de reposição para assistência de aparelhos diversos. Recolhimento de produtos perigosos (peças radioativas dos antigos pára-raios). Recolhimento de produtos que oferecem riscos ambientais (pneus velhos, baterias de celulares, baterias de veículos, telefones celulares usados, embalagens de produtos químicos), pois podem gerar vazamento de produtos químicos. Recolhimento de produtos contaminados (água mineral, refrigerantes, enlatados, carnes). Sobras de produtos perecíveis (frutas, legumes e vegetais em pontos da cadeia de valor como: supermercados, armazéns, centros de distribuições, centrais de abastecimentos). Sobras de artefatos de guerra (granadas, munições, armamento). Recolhimento de livros com erros de impressão, erros de fatos históricos, erros de grafia, censura, determinações judiciais. Recolhimento de sobras industriais (resíduos plásticos, metálicos, químicos, papelão). Recolhimento de produtos devolvidos por defeito. Devoluções comerciais normais. A lista acima é mais extensa do que se apresenta e às vezes certos processos de logística reversa são confundidos com os próprios processos de reciclagem, como já citados pelos autores. Logística Reversa de Embalagens A logística reversa é aplicada nos dois tipos principais de embalagem: a embalagem que acompanha o transporte e a movimentação do produto dentro dos elos da cadeia de fornecimento e valor (embalagem de logística), e a embalagem final do produto (embalagem de marketing). MARINGÁ MANAGEMENT OS PALETES NA LOGÍSTICA Paletes ou estrados são plataformas destinadas a suportar cargas permitindo a movimentação por meio de garfo (de empilhadeiras elétricas, a gás ou manuais), onde os produtos podem ser unitizados. Os paletes têm como função a movimentação de grande escala. A palavra palete é uma adaptação do termo inglês “pallet”. Para Sobral (2006), paletes são dispositivos de unitização de cargas criados para dinamizar a movimentação mecânica na produção industrial, nos depósitos e tendem a agilizar os meios de transporte no momento de carregamento e descarga. Bertaglia (2005) afirma que o palete é uma plataforma fabricada de metal, madeira ou fibra, projetada para ser movimentada mecanicamente por meio de empilhadeiras, paleteiras, guindastes, carrinhos hidráulicos ou veículos similares. As principais vantagens do seu uso correspondem à redução de recursos nas etapas logísticas de armazenagem, transporte e movimentação, além de maior agilidade nos tempos de carga de descarga. Já Keedi (2005) afirma que o palete pode ser entendido como qualquer estrutura própria para acomodação de carga, feito de madeira, plástico, metal, fibra, papelão ou qualquer material que se adapte a seu propósito e não interfira com a carga, seja ela sólida, líquida, gasosa, química, alimentos, seca, refrigerada etc. Esta estrutura é construída para servir de piso às mercadorias que serão unitizadas nela até certa altura. Keedi (2005) ainda afirma que o palete pode ser projetado e construído para ser único (one way), o que quer dizer que ele não deverá retornar ao ponto de origem, sendo a utilização normal no comércio exterior. Também pode ser para infinitas utilizações, normalmente para uso interno em armazéns ou para troca de mercadorias entre matrizes, fi- liais, congêneres etc., ou mesmo para utilização ao redor do mundo através da utilização de paletes de terceiros na forma de aluguel. Devem ser consideradas as possibilidades de utilização de modelos e dimensões de paletes constantes das normas técnicas e/ ou normas internacionais. Exemplos das dimensões constantes das normas brasileiras que derivam da ANSI (American National Standards Institute) propõe paletes com 1100 x 1100mm, 1200 x 1000mm, 1100 x 825 mm, 1100 x 1320mm e de 1100 x 1650mm. As normas técnicas internacionais ISO (International Organization for Standardization) propõem as dimensões de 800 x 1200mm, 1000 x 1200mm, 1140 x 1140mm e para os contêineres série 2, paletes de 1200 x 1200mm. Existem vários materiais que são utilizados para a fabricação dos paletes. Os autores se limitaram aos paletes feitos de madeira, pois a proposta inicial deste trabalho tem co-relação com a logística reversa e a reutilização dos paletes desse material. Palete de Madeira A utilização de madeiras em embalagens e paletes obedece a uma prática tradicional. A disponibilidade de determinadas espécies na região ou proximidades tem sido o principal critério de especificação. O dimensionamento estrutural e os detalhes construtivos são uma decorrência dessa prática. Com isso, a especificação é feita com base na indicação das espécies conhecidas. Para Sobral (2006), a especificação da madeira por suas propriedades relevantes, como a resistência à flexão, à compressão ou ao choque, independentemente da identificação das espécies, é tecnicamente a melhor forma de controlar a qualidade do material pretendido, além, naturalmente, das especificações dimensionais, de teor de umidade e de limitação de defeitos das peças. Maringá Management: Revista de Ciências Empresariais, v. 3, n.1 - p.17-25, jan./jun. 2006 21 MARINGÁ MANAGEMENT LOGÍSTICA: PERCENTUAL DE OCUPAÇÃO DOS PALLETES NA CARGA E OS CUSTOS DE RETORNO Quanto à decisão para a escolha da madeira, recomenda Sobral (2006) a utilização das reflorestadas, devido à uniformidade das mesmas, mantendo-se dessa forma um padrão da característica física do palete. O governo brasileiro incentivou na década de 1960 o reflorestamento das regiões sul e sudeste de madeiras de gêneros Pinus e Eucalipto, entre outras. Essas madeiras são muito indicadas para produção de paletes e embalagens. O Pinus possui uma resistência relativamente baixa devendo ser utilizado para a vedação, enquanto o Eucalipto, por ser uma madeira dura e resistente, deve ser usado como parte estrutural. A Norma Internacional de Medida Fitossanitária – NIMF nº. 7 15, editada pela FAO em março de 2002, estabelece diretrizes para a certificação fitossanitária de embalagens, suportes e material de acomodação confeccionados em madeira e utilizados no comércio internacional para o acondicionamento de mercadorias de qualquer natureza. Os serviços prestados para dar cumprimento às Portarias (499/99, NT. 108 e 278/04), têm a finalidade de combater e impossibilitar a entrada em nosso país de pragas, principalmente “Anoplophora glabripennis”, conhecida como o besouro chinês, capaz de destruir florestas inteiras. A triagem da madeira é efetuada por Engenheiros Agrônomos/Florestais (credenciados junto ao Ministério da Agricultura), nos TRA’S (Terminais retroportuários Alfandegados) ou outros terminais onde estejam depositados os contêineres. Uma das formas de tratamento Fitossanitário é o Tratamento a Calor “AQF”, o cumprimento das Portarias (499/99 146/00, NT. 108, 278/04 e NIMF nº 155), mediante a ocorrência de pragas no mundo, principalmente nos países Asiáticos, diz que todos os casos oriundos desses países, após a inspe- 22 ção, deverão ter seus paletes, caixas, engradados e peações, encaminhados à tratamento Fitossanitário. Esses tratamentos expõem a madeira a uma temperatura de 56ºC, por um período mínimo de 30 minutos, suficientes para eliminar pragas. Esse tratamento está de acordo com as exigências internacionais de controle do meio ambiente (NIMF 15), pois utiliza GLP e não emite poluentes na atmosfera. Em apenas duas horas, as embalagens de madeira já estão liberadas. Após a execução de tratamento, é emitido um “certificado de tratamento a calor” (AQF), o qual é registrado no Ministério da Agricultura, finalizando com este as exigências das referidas Portarias. Outra opção de Tratamento Fitossanitário é a fumigação. Usa-se o brometo de metila (gás) CH3Br nas dosagens de 80g/m3 (importação) e 48g/m3 (exportação), com tempo de exposição de 24 horas e tempo de aeração de 3 horas. Consiste no tratamento das embalagens de madeira através da aplicação do gás bromento de metila, “produto químico” que exige 24 horas de isolamento após sua aplicação. Após sua realização, é emitido um “certificado de Expurgo”, o qual é registrado no Ministério da Agricultura que comprova o cumprimento das exigências legais. Ocupação dos Paletes em Cargas e os Custos de Retorno Como já conceituado, a logística reversa nada mais é que o retorno de algum bem envolvido no fluxo da logística. Assim sendo, o palete se insere nesta definição. Empresas de diversos ramos utilizam os paletes para melhor armazenar e locomover suas mercadorias, o custo unitário de obtenção desse facilitador atualmente é, em média, de R$ 20,00 (vinte reais), adicionado aos serviços mencionados, já que os paletes proporcionam uma maior agilidade e rapidez quando precisados, “just in time”. Mas a pergunta principal é: o que é feito com esses paletes após usados ou mesmo após sua vida útil? MARINGÁ MANAGEMENT Geralmente as empresas utilizam do descarte, pois os paletes são fabricados com madeira de pouca durabilidade, e, quando deformados, não se vê com bons olhos a reconstrução dos mesmos, já que os custos de um desses facilitadores são redundantes aos benefícios que ele proporciona na logística. Em uma distribuidora de bebidas da cidade de Maringá-Pr, os paletes agilizam em 65% o processo logístico, sendo utilizados em 100% no armazenamento e transporte das bebidas da fábrica aos centros de distribuições. O único problema gerado pelos mesmos na empresa é a quebra e inchaço da madeira, o que reduz a vida útil do mesmo, tornando inviável a sua reconstrução. Para se “livrar” desses transtornos a empresa utilizava-se da incineração. Esta incineração pode ser compreendida, na visão ambiental, como prejudicial à natureza, o que compromete a “imagem” da empresa. Preocupados em aniquilar este problema, os gestores logísticos da empresa conseguiram parceiros que reutilizam estes paletes como matéria-prima sem que a mesma se envolva com o processo, ficando dispensada das responsabilidades sobre o meio ambiente entre outros. Outra vantagem direta é a possibilidade de utilizar a cessão desse material para outras empresas em uma área chamada diretamente de responsabilidade social, já que a empresa já não mais atrapalha o meio-ambiente com o processo de incineração, bem como auxilia diretamente outras pessoas a auferirem lucratividade com o que antes era tão e quão somente um resíduo. e antigamente queimados pela primeira empresa. Com o auxílio de algumas serras elétricas, réguas e grampos para madeira, a empresa de caixaria transforma os paletes em caixas utilizadas na logística de produtos como: frutas, peixes e verduras, cujo processo encontra-se descrito na seqüência. O Processo de Reutilização Após adquiridos os paletes da distribuidora de bebidas, o primeiro passo é o desmanche do mesmo, onde são utilizadas somente as “ripas”. Os pregos e tocos de sustentação são comercializados pelo desmontador como parte do pagamento por este trabalho, não interessando para a empresa de caixaria. Afirma o responsável pela produção das caixas, senhor Ricardo Tomé, que 70% do palete se torna em 100% para a fabricação das caixas. Destacamos que a utilização de paletes não é a única forma de adquirir a matéria-prima dessa empresa. A mesma também utiliza sobras de madeira destinadas à exportação. A madeira é comercializada por volume (metro cúbico), o que torna viável a compra dos paletes e mesmo o resto das madeiras de exportação, custando, em média, R$50,00 (cinqüenta reais) o metro cúbico. O custo com o transporte da distribuidora de bebidas até o local de desmanche e o percurso até a fábrica de caixas custa em torno de R$180,00 (cento e oitenta reais), o que pode variar conforme o preço do combustível utilizado no veículo transportador. O REVERSO LOGÍSTICO NO CASO O gestor de uma empresa de caixaria da cidade de Jandaia do Sul, Paraná, após trabalhar por alguns anos na distribuidora de bebidas já citada, teve uma visão empreendedora sobre a reutilização dos paletes inutilizados Quando a madeira chega para ser utilizada para a fabricação das caixas, elas já estão prontas para entrarem no processo produtivo, sem a necessidade de uma limpeza ou tratamento específico já que as caixas a serem fabricadas se destinam a produtos ali- Maringá Management: Revista de Ciências Empresariais, v. 3, n.1 - p.17-25, jan./jun. 2006 23 MARINGÁ MANAGEMENT LOGÍSTICA: PERCENTUAL DE OCUPAÇÃO DOS PALLETES NA CARGA E OS CUSTOS DE RETORNO mentícios. Uma máquina tem o trabalho de lixar completamente essa madeiras o que as deixam com aspectos de novas. Cada palete rende 8 ripas que medem 1,20 metros de comprimento, com 15 milímetros de altura e 12 centímetros de largura, que rendem 32 ripas para a fabricação das caixas. Dessa forma, com cada palete se fabricam 8 caixas. A empresa possui uma capacidade instalada para 5.000 caixas dia, usando sua capacidade máxima somente nas épocas de safras. O custo médio de montagem de cada caixa gira em torno dos R$0,30 já contando nesse levantamento a mão-de-obra e o custo da madeira, ficando no final com o valor de R$0,50 já pronta para o fabricante. O preço de venda de uma caixa é de R$1,50 à R$1,80 o que varia conforme o modelo de caixa. A comercialização dessas caixas se dá no interior dos Estados de São Paulo e Paraná. Mesmo com a distância na distribuição, não são observados grandes números de avarias e perdas, já que os defeitos detectados são insignificantes, como: soltura de grampos que são facilmente repregados. Todos os resíduos do processo produtivo são aproveitados, fazendo com que nada seja desperdiçado, como afirma o responsável pela produção senhor Tomé: “Da madeira só não se aproveita o “tombo” da árvore, pois o resto tudo se aproveita, o pó de serra gerado pelo corte da madeira é vendido para as granjas de frangos da região, onde são usados como forração do chão das mesmas, assim como todas as outras sobras da madeira (os pedaços) são vendidos a olarias/caldeiras onde são queimados”. CONCLUSÃO Ao abordar a logística reversa procura-se fomentar uma questão ainda pouco difundida e mostrála de forma discutida dentro do aspecto logístico. 24 A logística reversa é uma realidade econômica viável e extremamente interessante para as organizações, tanto para as que produzem quanto para as que somente comercializam produtos, pois possibilita uma integração que beneficia todos os envolvidos no processo. Fazendo parte deste ambiente empresarial e cada vez mais competitivo, as empresas procuram ter diferenciais, não apenas em qualidades, qualificações e competitividade, mas também em responsabilidade social, dando aos seus clientes produtos confiáveis e assim satisfazendo-os em suas necessidades. O exemplo analisado nesse artigo demonstra claramente as possibilidades de uma integração que gera benefícios para a primeira empresa, que não possuía destinação para os paletes, tendo que dispô-los como resíduo; para a segunda empresa que reduziu drasticamente seu custo com matéria-prima para a produção de seu principal produto e, em uma análise mais abrangente, também para o meio-ambiente como um todo, já que diminuiu a quantidade total de resíduos no sistema total produtivo. Utilizando uma analogia interessante, a da valorização do que anteriormente se “jogava fora”, vê-se claramente nas empresas analisadas uma preocupação com a maximização dos benefícios que a logística reversa pode gerar, trazendo vantagens diretas e mensuráveis para todos os envolvidos no processo. Por isso é bastante inteligente por parte das empresas desenvolverem processos logísticos reversos, pois, num futuro próximo, será o diferencial competitivo, evidenciando grandes perspectivas de crescimento no mercado nacional. REFERÊNCIAS BALLOU, R. H. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 1993. MARINGÁ MANAGEMENT BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2005. CARNEIRO, P. S. M. Logística reversa. Revista ESPM, São Paulo, v. 9, n. 3, p. 46-54, maio/jun. 2002. DORNIER, J. P. Logística e operações globais: texto e casos. São Paulo: Atlas, 2000. LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. 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