Irrigar para produzir mais
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Irrigar para produzir mais
1 Revista Canavieiros - Outubro de 2015 2 “É preciso inovação para que eu possa cumprir minha missão: alimentar o mundo.” Silvio Sarpa - Agricultor Agricultura, o maior trabalho da Terra. Acreditamos que alimentar a população do planeta, hoje e no futuro, depende do equilíbrio entre a natureza, a agricultura e as pessoas. Produzir cada vez mais e melhor requer inovação, e assim como o Silvio, a BASF tem o compromisso com uma agricultura sustentável, por isso inova em produtos e serviços que o ajudem a cumprir sua missão de alimentar, vestir e mover o mundo. Com o Silvio, fazemos a agricultura avançar. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Editorial 3 Olhos voltados para a irrigação D e acordo com especialistas, uma gestão eficiente, responsável e sustentável do manejo da água nos canaviais irrigados pode contribuir para um novo ciclo virtuoso e de desenvolvimento do setor sucroenergético brasileiro. Esse é o tema da matéria de capa da Canavieiros de outubro. A reportagem mostra que a irrigação tem se tornado essencial para garantir a produtividade em algumas lavouras e o sistema vem sendo cada vez mais usado por usinas e produtores de cana-de-açúcar. Uma entrevista com Márcio Santos, presidente da CSEI (Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação), da ABIMAQ (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos) resume as perspectivas para a irrigação no Brasil. A edição de outubro detalha ainda as novidades apresentadas em eventos como o 9º Grande Encontro de Variedades de Cana-de-Açúcar, Congresso da ANDAV e GAF 2016. Como também, mostra que as usinas buscam alternativas para capacitar seus funcionários, como no caso da Raízen, que implantou um simulador de caminhão de cana para treinar os motoristas, ação que já resultou na queda de 50% dos acidentes nas estradas. Além disso, tem matéria sobre a evolução do Grupo Ourofino, que comemora os cinco anos da Ourofino Agrociência. Marcos Landell, diretor do Centro de Cana IAC (Instituto Agronômico) é nosso entrevistado do mês. A edição traz ainda matérias sobre as novas tecnologias disponibilizadas ao setor, como o novo inseticida contra broca-da-cana, da Syngenta e sobre a inauguração do laboratório de biotecnologia industrial da Dupont. Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo Professor Marcos Fava Neves; opinam no “Artigo Técnico” Fábio Amaral, engenheiro agrônomo, Breno Campos, mestrando do IAC, Carlos Azânia, pesquisador do IAC e Andrea Azânia, bióloga/consultora; Breno Henrique Souza, engenheiro agrônomo da Canaoeste de Descalvado-SP e Manoel Regis L. V. Leal, do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol do CTBE / Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais – CNPEM. As notícias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, mostram que a Canaoeste e Orplana marcam evento para discutir remuneração dos produtores de cana pela biomassa e que a Copercana realizou a IX Reunião Técnica do Projeto Amemdoim. Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 RC Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Fernanda Clariano, Igor Savenhago e Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 [email protected] Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Lueli Vedovato Tiragem DESTA EDIçÃO: 22.000 exemplares ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) [email protected] Boa leitura! Conselho Editorial www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros Revista Canavieiros - Outubro de 2015 4 Ano IX - Edição 112 - Outubro de 2015 - Circulação: Mensal Índice: Capa - 18 Irrigar para produzir mais Gestão eficiente, responsável e sustentável do manejo da água nos canaviais irrigados pode contribuir para um novo ciclo virtuoso e de desenvolvimento do setor sucroenergético brasileiro, afirmam especialistas 05 - Entrevista Marcos Landell diretor do Centro de Cana IAC 10 - Notícias Copercana - IX Reunião Técnica do Projeto Amendoim apresenta alternativas para compensar a falta de clorotalonil 11 - Notícias Canaoeste E mais: Coluna Caipirinha .....................página 20 Destaque: Interior paulista sedia importante encontro sobre variedades de cana .....................página 30 ANDAV debate gargalos e perspectivas do setor de distribuição de insumos agropecuários .....................página 34 GAF 16 debate os desafios para um agronegócio sustentável .....................página 40 Campanha “Cana-de-Açúcar: A Cultura da Inovação” é lançada em SP .....................página 43 Raízen apresenta seu primeiro Simulador de Caminhão de cana-de-açúcar .....................página 44 - Canaoeste e Orplana marcam evento para discutir remuneração dos produtores de cana pela biomassa - Biblioteca da Canaoeste promove oficina de leitura para jovens do Projeto Guri, em Sertãozinho-SP - Canaoeste e Copercana são homenageadas no MasterCana Brasil 2015 Ourofino Agrociência ganha emancipação .....................página 46 16 - Notícias Sicoob Cocred Acompanhamento de Safra .....................página 60 - Balancete Mensal 54 - Artigos Técnicos - Sistematização de Áreas e Conservação do Solo Práticas fundamentais para o bom desempenho do canavial - O uso pleno da cana-de-açúcar Tecnologias para formação de viveiros de cana-de-açúcar Informações Setoriais .....................página 50 Novas Tecnologias DuPont anuncia mais uma expansão da unidade em Paulínia-SP .....................página 64 Syngenta reúne convidados para lançar o Ampligo, inseticida contra a broca-da-cana .....................página 66 CTC lança tecnologia para recolhimento e aproveitamento sustentável da palha da cana-de-açúcar .....................página 67 Classificados .....................página 69 Cultura Revista Canavieiros - Outubro de 2015 ....................página 74 5 Entrevista I Adoção de novas variedades: produtividade e rentabilidade O diretor do Centro de Cana IAC (Instituto Agronômico), Marcos Landell, falou sobre o assunto durante importante evento sobre variedades de cana, em Ribeirão Preto-SP, onde concedeu entrevista à Revista Canavieiros. Confira! Marcos Landell Fernanda Clariano Revista Canavieiros: Em sua palestra no 9º Encontro de Variedades de Cana, você afirmou que "não adianta produzir novas variedades e adotar as mesmas estratégias passadas". Fale um pouco sobre essa sua afirmação. Landell: Temos um exemplo bem recente nessa expansão da canavicultura. Por falta de planejamento, as coisas foram muito focadas na operacionalização do sistema. O pessoal se dedicava a fazer um plantio que muitas vezes não era de boa qualidade e não tinha mudas. Usavam o canavial comercial que às vezes estava em seu quarto corte e multiplicavam problemas. Por outro lado, perdemos praticamente décadas multiplicando variedades antigas. Coincidentemente nesse período de expansão, a mecanização assumiu 100% nas áreas de cana-de-açúcar. Antigamente, no final da década de 90, uma boa parte de produtores cortava cana manual, o plantio era todo manual e, de repente, tínhamos outro cenário. Toda colheita sendo feita mecânica e inclusive o plantio começou a ser de uma hora para a outra também mecânico. Houve uma troca de procedimentos no cenário de mecanização e não houve uma adoção de variedades mais modernas adaptadas a isso, o que gerou uma série de problemas. Um deles são canaviais com essas variedades mais antigas pouco adaptadas a pisoteio e plantio mecânico, canaviais com muitas falhas, com baixa população, o que gera, como consequência, a baixa produtividade. As variedades hoje são melhores que as de 20 anos atrás, não é normal alguém adotar variedades antigas. Estamos cometendo dois erros: usando variedades antigas, desprezando aquilo que de novo foi gerado por programas de melhoramentos sérios e, segundo, a gente está utilizando as mesmas estratégias de produção do passado, quando temos hoje modelos de produção totalmente diferentes. O modelo da matriz, por exemplo, o terceiro eixo da matriz, antecipação dos primeiros ciclos para gerar populações maiores, fazer gestão de população no canavial para estabilizar a produtividade em altos níveis. Tem uma série de estratégias novas e o pessoal está usando isso com as mesmas estratégias antigas. Apesar de uma boa parte do setor estar adotando coisas novas, ainda tem um pessoal vivendo do passado e isso faz permanecermos ainda em produtividades muito baixas. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 6 Revista Canavieiros: O que você atribui a pouca adoção de novas variedades? Landell: Um dos problemas que retardou e que retarda a adoção de novas variedades é o plantio mecânico. Ele derrubou a taxa de multiplicação que antes, por exemplo, uma pessoa que tinha uma nova variedade e queria crescer rapidamente, plantava manual essa cana e chegava a fazer relações de 1 hectare para 20. Hoje, com o plantio mecânico, não tem muito o que fazer. As máquinas têm os seus limites, as operações têm seus limites, a pessoa consegue taxas médias de multiplicação de 1 para 3,5 e, se fizer muito bem feito, de 1 para 5 ou 6, mas é o máximo que se consegue. A operação de plantio mecânico, além de gastar mais mudas e ficar mais cara, prejudica a velocidade de adoção de uma nova variedade. Uma das coisas que nos fez pensar no MPB (Mudas Pré-Brotadas) como uma solução para alcançar taxas de crescimento bastante grandes foi porque com o MPB é possível a fazer 1 para 100. Se pegar todas as mudas dentro de um hectare teremos muda suficiente para plantar 100 hectares, dois meses depois. Então, pode ser que o MPB nos livre dessas amarras que impedem ou que reduzem a velocidade de adoção de novas variedades e incorporação dos ganhos dessas novas variedades para o bolso do produtor. primeiro momento se pensa em MPB para fazer um viveiro pré-primário ou primário, mas acho que num segundo momento, se tivermos aquilo que estamos percebendo de sucesso em termos de aumento de produtividade, redução de consumo de muda e, principalmente, a oportunidade de estabelecer um canavial com uma gestão espacial, onde é possível saber exatamente o ponto onde está sua unidade biológica, que é a toceira. A partir daí, se usarmos isso a favor do estabelecimento, por exemplo, numa agricultura de precisão, saberemos exatamente onde está a toceira, e podemos tratá-la como um indivíduo, como um elemento único na área de produção. Isso gera uma perspectiva totalmente nova. Eu não sei onde vai dar isso, mas pode ser que reduza o adubo em função de uma utilização mais pontual desse produto naquela unidade biológica que é a toceira. Hoje, com o plantio em colmos, não sabemos onde está a toceira, nem quantas toceiras temos em um metro. Ninguém sabe porque isso é aleatório, o canavial é aleatório, não tem uma distribuição espacial conhecida. Com o MPB, técnicas de plantio de mudas, é possível estabelecer um arranjo espacial conhecido e que vai poder atuar por exemplo com a agricultura de precisão a favor, cuidando de cada indivíduo e proporcionando melhor resposta de produção. Revista Canavieiros: Como você tem visto o sistema de multiplicação que as empresas vêm adotando por meio de MPB? Landell: É muito curioso, é um processo em desenvolvimento e temos aprendido muito, todo mundo junto. Temos visitado e recebido visitas de muitas pessoas que estão fazendo de maneira artesanal o seu MPB, praticamente todos ficam encantados com a técnica porque percebem benefícios e potencialidade. Quando entrar o processo de automação, que é uma questão de tempo, desde a retirada dos minirebolos, minitoletes, até o plantio se transformar em plantio mecânico, quando essas coisas ficarem redondas, com certeza a adoção vai ser maior, àqueles que hoje ainda são relutantes vão se entregar a essa tecnologia. Provavelmente nesse Revista Canavieiros: Nos últimos anos a produtividade da cana-de-açúcar caiu. Apesar disso, muitos pesquisadores, empresas, produtores e usinas têm trabalhado para recuperar o tempo perdido, desenvolvendo tecnologias e novos conceitos que visam retomar o crescimento da produtividade agrícola e atingir a cana dos três dígitos. Qual seria a estratégia para construir a cana de três dígitos? Landell: Primeiro é o treinamento, o convencimento, as pessoas precisam estar convencidas e, segundo, é como construir essa cana de três dígitos. Você constrói quando planta e, para isso, é necessário pensar antes no preparo do solo, na incorporação de insumos como calcário, gesso e em uma boa adubação. É importante trabalhar com um material biológico que seja bom para o plantio mecânico. Para Revista Canavieiros - Outubro de 2015 isso, temos que trabalhar com uma variedade que nasça bem e que perfilhe bem para não começar o canavial com baixa população. Então duas coisas são essenciais: construir um patrimônio biológico de alta população e manter isso nos cortes que se seguem. Com certeza, quem fizer isso bem feito, com grupo varietal novo, vai chegar aos três dígitos com facilidade, eu não tenho dúvida disso. Revista Canavieiros: Apesar do cenário que o setor vem atravessando, o que o produtor e as empresas podem esperar do IAC em 2016? Landell: Vamos ter em 2016 o lançamento de novas variedades. Estamos definindo, depende ainda das colheitas até novembro, e então faremos os nossos ensaios, materiais novos, um pacote mais desenvolvido do MPB. Faremos também uma ação contundente divulgando os conceitos de manejo varietal falando da matriz, do terceiro eixo da matriz, tudo em cima de um modelo que proporcione o aumento das populações dos nossos canaviais não apenas para gerar maiores produtividades nos cortes a cortes, mas principalmente para aumentar longevidade associada a altas produtividades. Esses dois pontos longevidade e produtividade são essenciais para sustentabilidade econômica da canavicultura nacional e, principalmente, de fornecedor que não tem uma indústria para agregar valor, tem só a cana, só a área agrícola e precisa aumentar a longevidade dos seus canaviais e a produtividade. Se ele fizer essas duas coisas, com certeza fecha as contas mesmo num cenário bastante desfavorável com a falta de política clara do Governo Federal. E eu acredito que ainda temos ferramentas nesse meio biológico que é nossa área de produção, para verticalizar de maneira tal que fiquemos livres das garras da desorganização que existe nesse país em função das políticas de etanol, de energia sustentável, da bioenergia. Apesar de não termos políticas favoráveis e claras para isso, que nos permita pensar nesses próximos 20 anos, eu tenho uma vida que posso me planejar. Se a gente subir, elevar nosso voo para produtividades e longevidades maiores, derrubamos o custo de produção, diluímos bastante e com isso nos sustentamos. RC 7 Revista Canavieiros - Outubro de 2015 8 Coluna Caipirinha Caipirinha Um novo dólar e um novo momento para a cana Para começo de conversa... Quais são os efeitos do dólar a 3,5 - 4 reais? - caem em dólar os custos do setor que são em reais e sobem em reais os insumos que são dolarizados, mas no balanço, ficamos mais competitivos internacionalmente; - açúcar fica mais atrativo para exportar; - safra mais açucareira; - importações de etanol ficam quase inviáveis; - exportação de etanol fica atrativa; - importações de gasolina ficam muito complicadas; - menor oferta de etanol no mercado interno, por possível safra mais açucareira; - empresas endividadas em dólar enfrentam maiores dificuldades. Isto tudo colocado junto, nos leva a um caldo diferente para 2015/16... O que acontece com nosso agro? O índice de preços da FAO/ ONU (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) iniciou uma reação, após atingir maiores baixas dos últimos 4 anos. A produção mundial de grãos 2015/16 está em 2,534 bilhões de toneladas, 24 milhões de toneladas (0,8%) mais baixas que 2014/15. O consumo segue firme, com 2,530 bilhões de toneladas (50% para ração animal). Vale dizer que aumentamos o consumo mundial de grãos em 31 milhões de toneladas (1%) no ano. Os estoques ainda estão altos, em 638 milhões de toneladas (25% do consumo anual). O novo câmbio deve fazer o Brasil plantar áreas recordes. O que acontece com nossa cana? O aumento do diesel -, desnecessário, pois o diesel vendido pela Petrobras no mercado interno está ao redor de 10 a 15% mais caro que no exterior e estamos num país que precisa estimular a produção -, trará ainda mais impacto de custos nas usinas. Estima-se que para cada 10 litros de etanol gerados, 1 litro de diesel é necessário; O Pro-renova, programa para renovação de canaviais do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), terá apenas metade do que foi alocado em 14/15, o que dificultará a renovação. Sinais do cobertor curto; Finalizado setembro, a moagem de cana no Centro-Sul está em 444,3 milhões de toneladas, contra 441,44 milhões de toneladas processadas até setembro de 2014. Porém, São Paulo tem quase 12 milhões de toneladas de defasagem na moagem; O ATR até o final de setembro estava, na média da safra, em 132,16. Estamos 2,5% abaixo de 2014. Porém, o clima melhor elevou a produtividade média da safra para 85,3 toneladas/ha, 10% a mais que na safra anterior; Rendimento agrícola de 3 dígitos é o nosso desafio. Competitividade no campo e na usina, maior controle das perdas de colheita; Entrevistando usineiros que considero muito eficientes e austeros, na safra 2014/15 o custo de se produzir açúcar foi de 40 por saca, etanol hidratado 1,05/l e anidro 1,15/l; Mas aí vem o dreno do setor: juros saltaram de 11,5 para 14,25% e Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Marcos Fava Neves* câmbio de 3,20 a 4,00. De acordo com o Itaú-BBA, com 65 grupos que representam 75% do setor mostram que o endividamento cresceu 23% em um ano, pulando de mais de 46 para quase 57 bilhões de reais. Quase 43% do endividamento analisado pelo Banco está em dólar. A dívida pulou de 3,8 em 2013/14 para 4,3 vezes o EBITDA em 2014/15, sendo que a dívida líquida atingiu 133 reais/toneladas de cana. Além da restituição da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico), uma ação coordenada dos agentes financeiros na estrutura de débitos de empresas que se mostrem competitivas do ponto de vista operacional e que não conseguem fazer frente ao endividamento do curto prazo é uma importante alternativa; O relatório mais recente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), ligada ao MME (Ministério de Minas e Energia), mostra uma produção de cana de 792 milhões de toneladas em 2020 e de em 841 milhões de toneladas em 2024. Teríamos, de acordo com este material, uma produção de 47,6 milhões de toneladas de açúcar em 2024, com crescimento de 2,8% ao ano, com ATR de 142,8 e produtividade média de 85,3 t/ha. O consumo de etanol hidratado seria de 27 bilhões de litros, um crescimento anual de 6,8% ao ano e o anidro, um crescimento de 1,9% ao ano, chegando a 13 bilhões de litros. 9 O que acontece com nosso açúcar? A OIA (Organização Internacional do Açúcar) prevê déficit de 2,48 milhões de toneladas na safra 2015/16 e 6,2 milhões de toneladas na safra 2015/16, que começou em 1º de outubro; A Czarnikow elevou a previsão de déficit de açúcar no ciclo 15/16 de 1,7 para 4,1 milhões de toneladas. Boa notícia! O consumo dos estoques deve ser mais rápido; Para a Datagro, os preços do açúcar começam a subir com a relação estoque/consumo ao redor de 41%. Neste momento estão em 46%, e precisam de um déficit de 9 milhões de toneladas para chegar a 41%; O provável maior consumo e reajuste dos preços do etanol puxou para cima os preços do açúcar, que voltaram a passar de 13 centavos/libra peso. Governo da Índia planeja algum tipo de subsídio para que as usinas paguem os produtores de cana. A situação de endividamento por lá é enorme, reflexo dos preços baixos do açúcar. Estima-se a produção deste ano na Índia em 28 milhões de toneladas, contra 26,5 na safra passada. A demanda interna é de 25 milhões de toneladas. Planeja colocar de maneira subsidiada 4 milhões de toneladas no mercado internacional, pois o preço controlado interno é mais alto que o de exportação, o que representaria 8% do total transacionado, e já foi questionada na OMC (Organização Mundial do Comércio) pelos outros produtores. Há notícias mais recentes que este quadro pode mudar fortemente com a seca observada em algumas regiões, devido às monções estarem mais fracas; USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) acredita que a China importará ao redor de 5,5 milhões de toneladas na safra 2015/16. Os baixos preços e altos custos de produção desestimulam o crescimento da produção chinesa; A partir de 2017, o açúcar pode ter mais um fantasma, a volta da Europa exportando para países do Norte da África. Porém, na Europa comenta-se que o break-even é ao redor de US$ 400 por tonelada. Não é muito eficiente no longo prazo. A Rússia está ao lado, e mais barata e estes devem melhorar a capacidade; Com o novo câmbio a 4 reais, estima-se que cerca de 40% da produção de açúcar do ciclo 2015/2016 tenha sido vendida, e o preço travado em reais. Preços que chegam a R$ 1300/tonelada; Estamos em processo de mudança no açúcar, e considero este conjunto de notícias favorável. O que acontece com nosso etanol? Na ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil anunciou uma arrojada meta de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 37% até 2025. Deveremos ter 45% de renováveis na matriz energética, e o etanol está citado; Este mês teve uma sequência de eventos favoráveis, a começar do inesperado aumento da gasolina (6%) anunciado pela Petrobras. Além de mostrar responsabilidade e ajudar no caixa da Petrobras (a gasolina está 7,7% mais cara no Brasil), permitiu aumento dos preços de etanol. Há estimativas que teremos etanol até o final da entressafra (31 de março) se o consumo não superar 1,2 bilhão de litros por mês. Portanto, forte reação nos preços é esperada, algo que nesta coluna falamos há seis meses. Pena que as usinas endividadas tiveram que vender aos preços médios que tivemos até o momento, que foram menores que em 2014/15. Mais uma destruição de valor no setor; Em agosto à venda de etanol, segundo a ANP, cresceu 48,1%, deslocando consumo de gasolina, que caiu 11%. O diesel caiu 6%, o que mostra frenagem na produção. Segue com os mesmos números de 2015 o consumo geral no Brasil; Com a dificuldade de se aprovar a volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), ganha força a volta da incidência na CIDE na gasolina, o que poderia aumentar o valor do litro em quase 60 centavos. Pode ser encarado como um tributo de emissão de carbono; Petrobras anunciou corte de 50% dos investimentos previstos para o ano. Dos US$ 29 bilhões, serão investidos US$ 20 bilhões. Vem mais crise pela frente. Tenho esperança do dia que a Petrobras vai anunciar um profundo corte de benefícios de seus funcioná- rios, algo fora da realidade do país. Apenas a área de comunicação da Petrobras emprega 1.200 funcionários, fora os terceirizados... Quanta gordura; É necessário revermos a estrutura de comercialização do etanol. No estágio atual, ganhos logísticos não são totalmente capturados. A discussão deve envolver desde uma desregulamentação até a criação de blocos regionais de comercialização. É hora de mapearmos os pontos negativos e positivos para saber se esta ação pode contribuir com a geração de valor; Etanol de segunda geração é uma solução, afinal quem não quer produzir 50% a mais na mesma área... Não se comunica adequadamente o etanol no ponto de venda. Temos que bater no fato das externalidades positivas do etanol, que devem ser valorizadas e reconhecidas. Quem é o homenageado do mês? Todo mês homenageamos um lutador da causa da cana, da causa do agro. Nesta edição minha homenagem vai ao Celso Torquato Junqueira Franco, presidente da UDOP. Haja Limão: Temos uma safra inteira de limão para falar aqui, mas aqui foco apenas na questão que temos que aprender a estocar vento, como disse nossa mandatária. Que vergonha, não me lembro de ser tão mal representado e de ver tanta deterioração em nossa política. Outro dia eu disse a um grande líder do setor de cana, antes deslumbrado com Lula, que o lulopetismo destruiu pelo menos uma geração no Brasil. Perdemos de 15 a 20 anos, e quem não concordar com minha análise, pode me escrever, tenho farto material para enviar para leitura e reflexão. RC Revista Canavieiros - Outubro de 2015 10 Notícias Copercana IX Reunião Técnica do Projeto Amendoim apresenta alternativas para compensar a falta de clorotalonil Fungicida, usado no controle da pinta preta, doença que mais afeta a cultura no país, não tem sido encontrado e preocupa produtores, que podem ter perdas de 10% a 50% Igor Savenhago A preocupação com a falta de clorotalonil, fungicida que combate os principais problemas da lavoura de amendoim, foi o principal assunto da IX Reunião Técnica promovida pela Copercana no dia 30 de setembro no auditório da Canaoeste, em Sertãozinho-SP. O produto, que não tem sido encontrado no mercado, prejudica o controle da mancha preta, chamada popularmente de pinta preta, e outras doenças do mesmo grupo, conhecidas como cescosporioses – entre elas, a mancha barrenta e a mancha em V. De acordo com Augusto César Strini Paixão, gerente da UNAME (Unidade de Grãos da Copercana), que abriu a reunião, a falta da molécula deixa um ponto de interrogação no futuro da cultura no país. Ele afirma que as multinacionais que comercializam o clorotalonil no Brasil não deram motivos para a ausência do produto das prateleiras e nem perspectivas para que a situação se resolva num curto prazo. Para os produtores que participam do Projeto Amendoim da Copercana, não haverá problemas para a safra 2015/16, já que a cooperativa se antecipou e garantiu estoque. Mas para os que não têm um acesso privilegiado como esse, o caminho tem sido apostar em alternativas, como soluções à base de cobre. O assunto foi abordado por Modesto Barreto, da Agro Alerta Consultoria e professor aposentado da Unesp de Jaboticabal. Ele explicou que, para as condições de cultivo do país, com clima tropical, a pinta preta é considerada a principal ameaça foliar ao amendoim. Causada pelo fungo Cercosporidium personatum, pode provocar uma redução de 10% a 50% na produção de vagens quando não controlada adequadamente. Segundo ele, por ser um fungicida de largo espectro, que atua em vá- Augusto César Strini Paixão, gerente da UNAME Modesto Barreto, da Agro Alerta Consultoria rios pontos do fungo, o clorotalonil é o mais indicado no combate. “Ele é usado nos EUA há cerca de 50 anos sem casos de resistência da planta à sua aplicação”. respectivamente, no combate da verrugose e da ferrugem. Diante da falta do clorotalonil, ele alerta que é preciso encontrar formas que permitam economia no consumo do produto, como alterná-lo com aplicações de fungicidas cúpricos. “Estes não são tão eficazes como o clorotalonil, mas, neste momento em que não se sabe direito o que vai acontecer no mercado, é possível recorrer a eles”. Barreto chamou a atenção para o aparecimento de manchas nas lavouras mesmo com a aplicação da molécula. Neste caso, apresentou algumas possíveis causas, como o ataque por bactérias. “Muitas vezes, o produtor pensa que é pinta preta, mas a plantação está sendo alvo de outros microorganismos. É preciso ficar atento porque as manchas provocadas por algumas bactérias são muito parecidas com a pinta preta”. Outros fatores a serem avaliados são eventuais diferenças de eficácia entre as marcas comerciais vendidas no país, se há a necessidade de reduzir o intervalo entre as aplicações, influência das chuvas, que podem atrapalhar as pulverizações e comprometer o efeito desejado, ou a possibilidade de que produtos com indicação duvidosa possam estar sendo inseridos no tanque junto com o fungicida. O professor afirma que o ideal é fazer de sete a oito aplicações de clorotalonil no amendoim, a cada 15 dias a partir dos 40-45 dias após o plantio. Da quarta aplicação em diante, é recomendável misturar com triazol e estribulinas, usados, Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Produção O Brasil produziu, na safra 2014/15, 346,9 mil toneladas de amendoim, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O número, que é o maior desde a década de 70, representa um aumento de 9,8% em relação à temporada passada, quando o volume colhido foi de 315,8 mil toneladas. O Estado de São Paulo responde por cerca de 85% da produção nacional. A falta de clorotalonil pode afetar não apenas o desempenho no campo, como o das exportações. Nos últimos anos, as vendas externas do grão registraram aumentos sucessivos. Passaram de 51 mil toneladas em 2010 para 62 mil em 2012 e 80 mil em 2013. Só no ano passado, por causa de condições climáticas adversas, houve retração, para 64 mil. Para 2015, a previsão é de nova alta, para 75 mil toneladas. RC 11 Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Especial Canaoeste 70 Anos 12 Canaoeste e Orplana marcam evento para discutir remuneração dos produtores de cana pela biomassa Um dos objetivos do encontro, que será em novembro e terá cinco palestras, é começar uma análise sobre a viabilidade de incluir o bagaço e a palha no Sistema Consecana Igor Savenhago E stendendo as comemorações pelos seus 70 anos de existência, completados no dia 22 de julho, a Canaoeste realiza em seu auditório em Sertãozinho-SP, no próximo dia 26 de novembro, com apoio da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul), o seminário “Perspectiva Econômica da Biomassa (Palhada e Bagaço de Cana-de-Açúcar)”. A programação prevê cinco palestras, com abertura do presidente das duas entidades, Manoel Ortolan. As inscrições são gratuitas e as vagas, direcionadas a produtores que integram as associações-membros da Orplana, limitadas. De acordo com o gestor de Relacionamentos, Recursos e Projetos da Canaoeste, Almir Torcato, o objetivo é começar uma discussão sobre a viabilidade de inclusão, no Sistema Consecana, da remuneração do agricultor pela biomassa. “O encontro será um seminário analítico sobre novas alternativas de renda pelo potencial que temos, não só da biomassa oriunda da palha e do bagaço, mas também do cavaco de madeira, entre outros. O evento trará uma análise criteriosa de riscos e perspectivas para a tomada de decisões, se vale a pena ou não entrar no negócio, e para a visualização de alternativas. Discutir, por exemplo, o valor do bagaço e o que vem sendo estudado no que se refere à remuneração pelo seu excedente”, informa Torcato. Ainda segundo o gestor, o encontro servirá para mostrar que as entidades representativas do segmento estão atentas à questão. “A Orplana e a Canaoeste estão propondo a revisão no Consecana. Mas isso não é um processo simples. Envolve questões políticas e econômicas. Se queremos, lá na frente, garantir a participação nesse assunto, precisamos Almir Torcato, gestor de Relacionamentos, Recursos e Projetos da Canaoeste Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste começar a discutir já, deixando claro ao fornecedor de cana que não estamos parados no tempo. Outro ponto é que este é um tema ainda muito mistificado. Por isso, é importante abordá-lo”. Segundo o presidente da Orplana e da Canaoeste, Manoel Ortolan, a questão da remuneração pela biomassa é atual e precisa ser analisada. Uma possível mudança no Sistema Consecana não deve, na visão dele, ser imediata, já que a discussão deverá se intensificar só a partir de 2016. No entanto, a hora é oportuna para que se comece a colocar o tema na pauta. “A biomassa já vem, há algum tempo, nos motivando nessa direção. Só estávamos esperando atingir um número de unidades industriais que fosse representativo para o setor, a partir do qual se reconhecesse que existe um bom mercado, uma boa definição, que pudesse ser remunerada. Como fizemos, por exemplo, com o álcool, que não existia no Consecana, mas entrou à medida que se tornou um mercado significativo. É o mesmo caminho da biomassa”. O evento ocupará um dia todo, das 8h às 17h. Após a abertura feita por Ortolan, o primeiro palestrante será Marcos Landell, diretor do Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) em Ribeirão Preto. Ele irá falar sobre os “Ônus e Bônus da Palha”. Na sequência, será a vez de Luiz Carlos Dalben, agrônomo e consultor da Agrícola Rio Claro, com “Detalhamento, custos e receitas sobre a operação de recolhimento da palha”. O professor da USP de Ribeirão Preto e sócio da Markestrat Consultoria, Marcos Fava Neves, fará a apresentação “Quanto vale o bagaço?”. Ele será seguido por Vinícius Casseli, consultor em equipamentos e máquinas para colheita florestal e processamento de biomassa, com “Mercado de biomassa: comercialização e transporte”, e Roberto Sachs, gerente departamento técnico da Assocap/ Canacap (Associação dos Fornecedores de Cana de Capivari-SP e Cooperativa dos Plantadores de Cana da Região de Capivari), com “Estudo da remuneração do bagaço de cana excedente”. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Atualmente, cerca de 170 usinas cogeram energia elétrica a partir de resíduos da cana. “Existe um grande esforço para sair o retrofit (programa de financiamento para a renovação de caldeiras), o que daria oportunidade a outras tantas. Quem não está cogerando vende seu bagaço. E, mesmo quem cogera, vende o excedente. A partir disso, devemos fazer um trabalho para 13 sentaram casos de sucesso no enfrentamento da crise que atinge a cadeia sucroenergética e convocaram os produtores a abraçarem suas associações, para que o setor se fortaleça. XV Encontro Anual de Produtores ver o que podemos reivindicar. Vejo o bagaço com bom espaço para entrar no Consecana, via geração ou comercialização, captando preço. Já a palha talvez seja um mercado de oportunidades. Se a usina está comprando, você recolhe e comercializa”, conclui Ortolan. Mais tarde, no XV Encontro Anual de Produtores, que fez parte da programação da 23ª edição da Fenasucro & Agrocana, Canaoeste e Orplana apre- As sete décadas de trajetória da associação também foram lembradas com um vídeo comemorativo, em que pais e filhos agricultores refletem sobre os novos rumos da cultura da cana e os caminhos para preparar as lideranças para os próximos anos. Todas essas novidades estão sendo reforçadas em reportagens da TV Canaoeste e da Revista Canavieiros. RC Informações sobre o seminário podem ser obtidas pelo telefone (16) 3946-3300, ramais 2090 e 2190. Ano movimentado A chegada aos 70 anos está sendo intensa para a associação, que aproveita a data para inaugurar uma nova fase. A exemplo do que está sendo feito na Orplana, que promove um trabalho de reestruturação conduzido pela Markestrat Consultoria, a Canaoeste entende que é o momento de mudar um pouco o perfil. Por meio do projeto “Caminhos da Cana”, o professor Marcos Fava Neves conversou com produtores que compõem a entidade, além de diretores e gestores. Em breve, irá apresentar um plano de ações, visando garantir uma aproximação ainda maior dos anseios de seus associados e aprimorar a representatividade política. O início dessa nova etapa foi anunciado, oficialmente, em 22 de julho, dia do aniversário da Canaoeste, durante o Seminário de Mecanização realizado em parceria com a STAB (Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil). No evento, foram discutidas as mudanças provocadas com o fim das queimadas e do corte manual da cana e as medidas que estão sendo tomadas para permitir uma transição adequada às novas tecnologias de plantio e colheita. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 14 Notícias Canaoeste Biblioteca da Canaoeste promove oficina de leitura para jovens do Projeto Guri, em Sertãozinho-SP Haroldo Beraldo (bibliotecário) falou sobre a história da leitura e distribuiu 80 livros; evento integrou a campanha “Dia de Ler. Todo dia!”, realizado em 427 cidades brasileiras Igor Savenhago A proveitando a campanha “Dia de Ler. Todo dia!”, uma mobilização nacional para incentivar a leitura, realizada em 427 cidades do país no dia 1º de outubro, o bibliotecário da Canaoeste, Haroldo Luís Beraldo, foi convidado pelo Projeto Guri em Sertãozinho-SP para desenvolver uma oficina com crianças. O projeto, mantido pelo Governo do Estado com auxílio da prefeitura, funciona na Escola de Música Natale Garrefa, no Centro. Oferece 159 vagas e, atualmente, atende 122 interessados, de oito a 18 anos incompletos, em aprender técnicas de canto e coral e instrumentos musicais. Durante pouco mais de uma hora, Beraldo apresentou aos 63 jovens presentes na dinâmica um pouco da história da leitura, desde as pinturas rupestres, feitas pelo homem pré-histórico em rochas, até a contemporaneidade, com as tecnologias digitais. “Foi um dia muito bacana, em que pudemos abordar informações relacionadas ao universo dos livros, buscando desmistificar a leitura para os jovens”. Fazendo perguntas curiosas e propondo vários pequenos desafios, o bibliotecário instigou a participação das crianças. Ao final, fez uma doação de 80 livros aos participantes do projeto. “A doação foi feita na condição de que eles repassem a amigos ou familiares após terminarem a leitura. Ou que entreguem os exemplares em uma das unidades da Geladeiroteca espalhadas pela região. Isso é uma forma, também, de divulgar o projeto da geladeira a alunos e professores”. A Geladeiroteca consiste em aproveitar carcaças de geladeiras velhas, que são adaptadas, ilustradas e instaladas em pontos fixos para disponibilizar livros de forma gratuita. Desde 2013, quando surgiu a ideia, sete unidades foram implantadas. Uma em Ribeirão Preto-SP, no Hospital Dia (anexo ao Hospital das Clínicas – HC), e seis em Sertãozinho: no ambulatório da UBS (Unidade Básica de Saúde) Plínio Revista Canavieiros - Outubro de 2015 de Lima Rubião, no Jardim Recreio; na EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil) Aracy Pelá, no Jardim Porto Seguro; na ABA (Associação de Amigos do Bairro Alvorada); no CEJUSC (Centro de Solução de Conflitos e Cidadania), no bairro Shangri-lá; no CCI (Centro de Convivência do Idoso), no Jardim Soljumar; e no CRAS V (Centro de Referência de Assistência Social), na Vila Garcia. A oitava, que está sendo preparada, já tem destino certo: A UBS (Unidade Básica de Saúde) do distrito de Cruz das Posses. No ano passado, o projeto foi reconhecido pelo Prêmio Vivaleitura, promovido pelos Ministérios da Cultura e da Educação e pela OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura), com apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e da Fundação Santilana. Entregue em Brasília-DF, o prêmio classificou a Geladeiroteca da Canaoeste entre as 20 melhores iniciativas do Brasil e entre as cinco vencedoras na categoria “Bibliotecas Públicas, Privadas e Comunitárias”. Ainda em 2014, Beraldo participou, em São Paulo, do 7º Seminário Internacional de Biblio- 15 tecas Públicas e Comunitárias (Biblioteca Viva). Escolhas A estudante Maria Luiza Bocalon, de nove anos, foi uma das participantes da oficina promovida por Beraldo. Ela, que está no quarto ano do Ensino Fundamental e pratica violino no Projeto Guri, escolheu, entre os livros doados pela Canaoeste, “Bruxa Madrinha”, da escritora Maria Elisa Penteado. “Gostei de tudo, principalmente da hora que ele mostrou que são muitas as formas de ler, não só pelos livros”. A menina se referia ao momento em que o bibliotecário apresentou uma vitrola e colocou um disco de vinil da banda britânica Pink Floyd, formada em 1965 e que teve o fim anunciado oficialmente agora em 2015, para ser ouvido. Já Carolina Barcelos Sanchez, de oito anos, que está no terceiro ano do Ensino Fundamental e estuda violoncelo, levou para casa o livro “Rua Descalça”, de José Mário de Vasconcelos. Ela afirma gostar muito de ler e que a oficina foi mais um incentivo. Outro estudante, Eric Gabriel de Souza, de 13 anos, que frequenta o 6º ano do Ensino Fundamental e é adepto da bateria, ficou com a obra “Mariana”, de Pedro Bandeira. Ele contou que pretende ler rápido para trocar com amigos. Haroldo Beraldo, bibliotecário da Canaoeste Segundo Andreia Georgete França, coordenadora do Guri em Sertãozinho, o objetivo do projeto é promover o desenvolvimento humano por meio da arte. Por isso, não só a música é incentivada. A leitura tem espaço garantido. Além de oficinas, como a ministrada por Beraldo, existe um trabalho para aumentar o acervo oferecido aos alunos, que oferece cerca de 180 itens, entre livros, CDs e DVDs. netto, supervisora de desenvolvimento social do projeto, são 381 polos no Estado, sendo 20 na região de Ribeirão Preto, área pela qual é responsável. Caso haja vagas, como acontece em Sertãozinho, basta que os pais ou responsáveis preencham um cadastro para que os interessados comecem a frequentar as aulas. O único requisito é que o candidato esteja matriculado numa escola regular (municipal ou estadual). O Guri funciona às terças e quintas à tarde. Segundo Camila Fressati Furla- Informações podem ser obtidas pelo telefone (16) 3942-1598. RC Canaoeste e Copercana são homenageadas no MasterCana Brasil 2015 Da redação O rganizado pela ProCana Brasil, o Prêmio MasterCana reconhece o trabalho de profissionais e organizações que atuam por um segmento mais eficiente em prol do aprimoramento tecnológico, humano e socioeconômico do setor sucroenergético alinhado com a sustentabilidade e o meio ambiente. Foto: Alberto Gonzaga A cerimônia de premiação aconteceu no dia 24 de setembro, no Centro de Eventos São Paulo Center, na Capital paulista. O presidente da Canaoeste e diretor da Copercana, Manoel Ortolan, foi homenageado, juntamente com um seleto grupo de profissionais e lideranças da agroindústria canavieira, com o prêmio "Os mais influentes do setor", durante a realização do jantar MasterCana Brasil 2015. RC Josias Messias, (presidente da ProCana), Manoel Ortolan (presidente da Canaoeste), Bruno Rangel Geraldo (presidente da Coplana) e Antonio Eduardo Tonielo Filho (presidente do CeiseBr) Revista Canavieiros - Outubro de 2015 16 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) - Agosto/2015 - “valores em milhares de reais” Sertãozinho/SP, 31 de Agosto de 2015. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 17 Revista Canavieiros - Outubro de 2015 18 Reportagem de Capa Irrigar para produzir mais Gestão eficiente, responsável e sustentável do manejo da água nos canaviais irrigados pode contribuir para um novo ciclo virtuoso e de desenvolvimento do setor sucroenergético brasileiro, afirmam especialistas Andréia Vital S uperar os desafios da crise hídrica com sustentabilidade e produtividade tem sido o lema de muitas usinas e fornecedores de cana. Em um momento no qual garantir rentabilidade para o setor passou a ser essencial para a sobrevivência, a irrigação vem ganhando espaço entre os produtores. “A irrigação em cana é fundamental para o aumento da produtividade, mas para que isso ocorra não basta apenas irrigar, é necessário fazer o manejo da água que vem da chuva, da água que está no solo e da água que é transferida dos mananciais para os canaviais. A irrigação é um trato cultural que precisa estar inserido no plano diretor de cada empresa, unidade ou fornecedor”, afirma Marco Viana, superintendente do GIFC (Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-Açúcar), pontuando que existem resultados comprovados de até 30% ou mais de aumento de produtividade, dependendo do manejo. O executivo frisa ainda que é necessário fazer um projeto que direcione o sistema de irrigação adequado para a situação em questão, respeitando a legislação, a lei de outorga. “Todos os traba- lhos que acompanhamos nestes últimos dois anos e meio têm direcionado para resultados excelentes com irrigação”, diz o superintendente do GIFC. O grupo, que atualmente é comandado por Patrick Francino Campos, Gestor Corporativo de Irrigação do Grupo Jalles Machado, tem como objetivo discutir e estudar o uso e o manejo da água e o aumento de produtividade da cana-de-açúcar, entre outros. Desde que foi criado, em 2012, já realizou 22 encontros técnicos, em diferentes cidades de estados como Alagoas, Paraíba, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. “Os eventos são sempre baseados em questões que foram levantadas durante reuniões anteriores e os especialistas esclarecem as dúvidas que muitos têm em relação ao uso da água para irrigação e gerando o que nós chamamos de boletim de irrigação, um documento que é atualizado ano a ano e serve de parâmetros para novos encontros”, explica o profissional, contando que já passaram mais de 2500 participantes pelos encontros. “Os benefícios da irrigação são evidentes. Temos que discutir agora Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Marco Viana, superintendente do GIFC inovação em projetos, viabilidade de investimentos, custos e novas tecnologias para contribuir com a difusão do manejo sustentável da água”, alerta o especialista. Para isso, o grupo organiza no final de outubro a segunda edição do Seminário Brasileiro de Irrigação de Cana-de-Açúcar com Água - Irrigacana, em Ribeirão Preto-SP. Com o tema “Gestão Eficiente da Água e dos Insumos que Podem Potencializar a Produtividade da Cana Irrigada”, o evento pretende apresentar ao setor sucroenergético propostas e soluções inovadoras para superar os desafios da produtividade e deve receber mais de 500 profissionais do segmento. 19 As 16 palestras da programação serão divididas em quatro temários, tais como – Reaprendendo a fazer projetos – Novos parâmetros e diretrizes para cana irrigada de máxima produtividade; Inovação em irrigação de cana – Novidade em sistemas, controle e manejo; Aprendendo com a crise hídrica – Como fazer da cena uma produtora de água e Decisão de investir em irrigação de cana – Novos métodos de comprovação de viabilidade. Entre os palestrantes convidados, estarão pesquisadores, consultores e representantes de instituições, agências de governo, empresas e universidades, como Jalles Machado, Grupo Clealco, ESALQ, UFMG, UNESP, APTA – Agência Paulista de Tecno- logia do Agronegócio, IAC – Instituto Agronômico de Campinas, ANA – Agência Nacional de Água, CENBIO – Centro Nacional de Referência em Biomassa, Embrapa, Terracal Alimentos e Bioenergia, Grupo Gloria (com usinas no Peru, Argentina e Equador), Bayer CropScience e outros representantes de empresas de irrigação, insumos e serviços do setor. “Em nossa participação no Irrigacana, através da palestra 'Paradigmas em irrigação de cana que devem ser quebrados – novas estratégias para manejo de água', apresentaremos o potencial produtivo da cana-de-açúcar sob sistema de produção irrigado no Cerrado”, adianta o engenheiro agrícola Vinicius Bof Bufon (Pesquisador dr. da Embra- pa Cerrados para Desenvolvimento de Sistema de Produção Irrigada de Cana no Cerrado). Segundo ele, serão dadas recomendações técnicas de como manejar diferentes variedades de cana para otimizar a produtividade de forma sustentável, sem desperdiçar água. “Também daremos recomendações de estratégias para interromper a irrigação no momento correto antes da colheita no Cerrado, visando otimizar a produção de açúcar por hectare, e não perder, na reta final da safra, a produtividade que foi conquistada com tanto esforço ao longo do ano agrícola. Faremos ainda recomendações de irrigação de salvamento para diversos solos do Cerrado, técnica fundamental para quem produz cana nesta região”, finaliza. Parcerias com universidades fomentam o desenvolvimento da agricultura irrigada Os trabalhos desenvolvidos pelo GIFC em parcerias com universidades como UNESP e ESALQ/USP e institutos de pesquisa como o PECEGE (Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas da ESALQ/USP) são importantes, destaca Marcos Viana. “Iniciamos um trabalho com o Instituto PECEGE com o objetivo de desenvolver uma metodologia para análise e comparação de custos de irrigação para cana, que poderá ser uma ferramenta de gestão e de tomada de decisão para as usinas associadas ao grupo”, contou o especialista. A parceria foi firmada durante o 22º Encontro do Grupo, realizado em agosto, na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) – Campus Araras –SP, e que contou com a participação do diretor do Centro de Ciências Agrárias da instituição, Josivaldo Prudêncio Gomes de Moraes, que destacou a relevância do evento que aproxima a universidade do setor sucroenergético, além de representantes de usinas, empresas e estudantes. Durante a reunião, os pesquisadores do PECEGE João Henrique Mantellatto Rosa e Haroldo Torres, que também é gestor de projetos do instituto, apresentaram o Projeto de Custos de Produção feito a partir de pesquisa realizada com 113 usinas do país e fornecedores de cana. O objetivo foi mostrar o potencial do modelo de custo de produção desenvolvido pelo instituto e que pode ser adequado às necessidades do GIFC e seus associados para a criação de uma metodologia de análise e comparação de custos de cana irrigada. “O PECEGE faz o levantamento de custos do setor surcroenergético desde a safra 2007/2008 e, neste encontro, procuramos abordar algumas temáticas de gestão de custos, principalmente para sistemas de irrigação. O objetivo do encontro como um todo foi apresentar para os participantes presentes, principalmente usinas, a criação de uma metodologia comum, sistematizada e que permite a comparação dos resultados dos participantes principalmente para geração de ambiente benchmark”, disse Torres, o pesquisador e gestor de projetos do Instituto Pecege – Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas, afirmando que tanto a preocupação do PECEGE quanto do GIFC é trazer a discussão da gestão de custos para a cadeia sucroenergética, principalmente com enfoque em produtividade. O encontro também contou com apresentações do presidente do GIFC e coordenador de Irrigação do Grupo Jalles Machado, Patrick Campos, e o gerente de irrigação da BEVAP, Arturildo Apel- Revista Canavieiros - Outubro de 2015 20 feler, que mostraram ao público como as respectivas usinas calculam os gastos com a cana irrigada. Também foram apresentados detalhes da análise de viabilidade dos concentradores de vinhaça utilizados pela Usina Boa Vista, pertencente ao Grupo São Martinho, apresentada por Célio Manechini, assessor de Tecnologia Agronômica da empresa. Haroldo Torres (PECEGE), João Matellatto (PECEGE), Marcos Viana (GIFC) e Aline Bigaton (PECEGE). Projetos de irrigação em universidades ajudam a formar mão-de-obra especializada Um projeto de irrigação na UFSCar – Campus Araras – SP é a menina dos olhos para o professor dr. José Geanini Peres, do departamento de Recursos Humanos e Proteção Ambiental da instituição. “Conseguimos ganhos expressivos de produtividade nos blocos irrigados”, conta ele, explicando que o experimento se baseia em quatro lâminas de irrigação e cinco variedades de cana-de-açúcar, todas da RIDESA/UFSCar (Programa de Melhoramento Genético de Cana da Universidade Federal de São Carlos). Os detalhes dos experimentos com irrigação feitos na UFSCar foram destacados pelo professor durante encontro do GIFC, realizado na instituição, oportunidade na qual elogiou o trabalho do grupo no fomento à discussão e utilização de novas tecnologias de irrigação para o aumento da produtividade dos canaviais. Cada um dos quatros blocos existentes no experimento tem tratamentos diferenciados, sendo que um deles não recebe nenhuma irrigação e os outros três recebem 50%, 100% e 150% da evaporação indicada por um medidor classificado como tanque Classe A, que identifica se ocorre ou não deficit hídrico, sendo os dados de evaporação registrados diariamente na estação meteorológica e disponibilizados na página do CCA/ UFSCar (Centro de Ciências Agrárias). “A partir dessa constatação, com mais ou menos evaporação, é feita a irrigação respeitando a necessidade indicada com aplicações Professor dr. José Geanini Peres, do departamento de Recursos Humanos e Proteção Ambiental da instituição de 2,5, 5 e 7,5 milímetros de água”, ensina o professor, dizendo que já colheram uma cana planta, duas socas e estão trabalhando na última soca. O experimento faz parte das disciplinas de Irrigação e Drenagem, Hidráulica Agrícola e Relações Hídricas do Sistema Solo-Água-Planta, do curso de Agronomia da universidade, sendo que 30 estudantes já passaram pela experiência, que no momento é administrada por seis estudantes da graduação. O aluno do terceiro ano de Agronomia da instituição, Vitor Strapasson, participa deste projeto desde o primeiro ano e considera a experiência válida. “Aprendemos muita coisa sobre o sistema de irrigação, é válido diante de tanta oportunidade no mercado de trabalho”, afirma. A NaanDanJain é parceira neste projeto. “É política da empresa articular-se de forma institucional com Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Vitor Strapasson, aluno do terceiro ano de Agronomia entidades de classe, universidades, centros de pesquisa e outros órgãos oficiais e privados que fomentem o desenvolvimento da agricultura irrigada”, explica Antonio Alfredo Teixeira Mendes, gerente geral da NaanDanJain Brasil. A empresa iniciou suas atividades no Brasil em 1998, através da aquisição de participação societária em empresa distribuidora local, à época ainda como Dan Sprinklers, 21 com matriz sediada em Israel. No ano de 2001, houve uma fusão entre Dan Sprinklers e Naan Irrigation, também Israelense, e a seguir sua incorporação pela empresa Indiana Jain Irrigation, fato que deu origem à NaanDanJain, no ano de 2007. Evolução das tecnologias de irrigação De acordo com o profissional, desde que a empresa iniciou suas atividades no Brasil, em 1998, houve um grande desenvolvimento nas tecnologias de irrigação, principalmente em sistemas de aspersão através de pivôs centrais e irrigação localizada de alta eficiência (gotejamento e microaspersão), seja para a irrigação de grãos, frutíferas, hortaliças, citros, café, cultivos protegidos (estufas e casas de vegetação) e outros cultivos de campo aberto. Antonio Alfredo Teixeira Mendes, gerente geral da NaanDanJain Brasil De acordo com Mendes, o sucesso da irrigação depende não apenas de um equipamento de qualidade e de um projeto bem executado, mas também de boas práticas de manejo de água e solo, manutenção preventiva e corretiva do sistema de irrigação e seus componentes, integração adequada da tecnologia às várias práticas agronômicas, domínio das tecnologias de fertirrigação e aplicação de produtos químicos via água de irrigação. “No caso dos experimentos em curso na UFSCar, especificamente no que se refere à irrigação de canaviais, nosso objetivo é apoiar pesquisas que buscam trazer informações sobre produtividade de diferentes variedades de cana-deaçúcar submetidas a diferentes lâminas e manejo de irrigação, avaliar resultados da aplicação de produtos químicos em sistemas de gotejamento enterrados, entre muitos outros temas”, afirma. A empresa participa ativamente também de outros projetos de pesquisa relacionados à agricultura irrigada e à aplicação de equipamentos de irrigação junto a empresas privadas e órgãos oficiais, como, Petrobras Biocombustíveis, Embrapa Pecuária Sudeste – Programa Balde Cheio, Instituto Agronômico de Campinas, UNESP, ESALQ/ USP, entre outros. No que se refere à irrigação de canaviais, o especialista diz que estima se que apenas 2 a 3% dos nove milhões de hectares plantados sejam efetivamente irrigados com água. “O que não inclui a aplicação de vinhaça através de sistemas de irrigação por aspersão, principalmente carretéis enroladores autopropelidos”, afirma ele, constatando que, “dessa forma, há um enorme potencial de crescimento da irrigação de canaviais com água, especialmente nas áreas de déficit hídrico no Centro-Oeste, Noroeste do Estado de São Paulo – além do Nordeste do país, que acreditamos se tornará realidade nos próximos anos”. A NaanDanJain, que oferece sistemas de irrigação por gotejamento auto compensados e anti-sifão subsuperficial e sistemas de irrigação por aspersão de alta eficiência, atualmente, tem como mercados mais relevantes em termos de áreas implantadas e distribuição de produtos e equipamentos para a irrigação, as culturas de citricultura, cafeicultura, fruticultura - principalmente de clima tropical - hortaliças, irrigação de pastagens para gado de leite e corte, cultivos protegidos de flores de corte, bulbos e gladíolos, estufas de propagação de mudas vegetais - inclusive controle climático e muitos outros cultivos de campo aberto. Já o setor canavieiro, ainda tem muito a crescer, afirma o profissional. “A tecnologia de irrigação de alta eficiência para aplicação em canaviais ainda é bastante incipiente se comparada ao potencial, assim em termos de vendas, em 2014, o mercado de cana-de-açúcar representou menos de 10% do faturamento da NaanDanJain. Por outro lado, sabemos que o mercado sucroenergético é daqueles que apresentam maior potencial de crescimento a médio prazo, principalmente devido à necessidade urgente de aumento da produtividade agrícola e redução do custo da tonelada da cana produzida no país”, afirma. O investimento para implantação de um projeto de irrigação localizado por gotejamento é da ordem de R$ 8 mil por ha. “O importante é que a amortização do investimento ocorre de forma muito positiva, devido ao aumento de produtividade e redução dos custos de produção, entre outros”, assegura o profissioRevista Canavieiros - Outubro de 2015 22 Reportagem de Capa nal, orientando aos interessados realizar um plano diretor de irrigação para cada unidade de produção, contemplando os investimentos de capital e custos operacionais para os vários sistemas de irrigação disponíveis, de forma a otimizar o retorno do investimento e garantir os ganhos econômicos projetados. A perspectiva de crescimento da utilização da irrigação é aposta da empresa devido ao potencial do agronegócio brasileiro. Tanto que a companhia inaugurou uma nova fábrica no país este ano, trazendo para o Brasil a mais alta tecnologia de fabricação disponível no mercado internacional e ampliando de forma expressiva a capacidade de produção de tubos gotejadores integrados de inúmeras configurações, bem como tubos de polietileno para uso agrícola, conta o especialista. “Dessa forma, sentimo-nos totalmente preparados para reagir ao aumento da demanda que todos esperamos, com a superação das atuais dificuldades enfrentadas pelo setor de açúcar e álcool no país”, conclui. Seminário da ESALQ/USP aborda irrigação O tema irrigação também fez parte de um seminário realizado recentemente na ESALQ/USP, em Piracicaba – SP. Promovido pelo GPID (Grupo de Práticas em Irrigação e Drenagem) e pelo GELQ2016 (Grupo de Estudos “Luiz de Queiroz”), o evento contou com o apoio do GIFC e discutiu técnicas atuais relacionadas às tecnologias de automação dos diversos sistemas de irrigação. “O III Simpósio de Irrigação Tecnologias de Automação teve como objetivo mostrar a interessados pela área, produtores, profissionais e estudantes, o que existe atualmente no mercado para automação da irrigação, e também mostrar o que vem sendo pesquisado no meio acadêmico. A diferença desse simpósio em relação às primeiras edições foi o tema o qual foi abordado, sendo que, no primeiro, discutimos as ‘Tecnologias para Irrigação em pastagem’ e, no segundo, ‘Tecnologias de Fertirrigação’, explicou Marcos Vinícius Pelicer, membro do GPID (Grupo de Práticas em Irrigação e Drenagem) Marcos Vinícius Pelicer, membro do GPID (Grupo de Práticas em Irrigação e Drenagem) e Coordenador de Eventos do GELQ e Coordenador de Eventos do GELQ (Grupo de Estudos "Luiz de Queiroz"). Segundo o coordenador do evento, atualmente, existem para irrigação, além de sistemas de acionamento automático, sistemas que variam a potência da bomba em relação à topografia do terreno, que aumenta a economia de energia; a tecnologia da taxa variável, onde no mesmo sistema se consegue aplicar lâminas diferentes, além de sistema de monitoramento via internet, que possibilita monitorar virtualmente, pelo computador ou celular, em tempo real, o seu sistema de irrigação, o quanto está se irrigando, o consumo de energia, dentre outras variáveis. “Caso algum imprevisto aconteça, uma mensagem automática é enviada a você avisando o ocorrido”, explica ele, afirmando que, na área de pesquisa, vêm sendo estudados sensores de monitoramento, para monitorar com mais precisão as variáveis do seu sistema de irrigação, e modos mais eficientes dessas informações serem transmitidas para o produtor, sendo todas essas informações abordadas pelos palestrantes do evento. Gotas que potencializam a produtividade dos canaviais A Netafim Brasil é líder em irrigação por gotejamento. A empresa israelense completa este ano 20 anos de atuação no mercado brasileiro, tendo iniciado suas atividades na região Nordeste do Platô de Neopólis-SE. Segundo Marcos Kawasse, gerente comercial da empresa, após a instalação dos projetos de irrigação nessa região, houve uma grande expansão para o resto do país, principal- Marcos Kawasse, gerente comercial da Netafim Brasil Revista Canavieiros - Outubro de 2015 23 mente no cerrado mineiro com café, para outras regiões do Nordeste com frutas tropicais, e no Estado de São Paulo com citricultura e cana-de- açúcar. “Falando mais especificamente do mercado canavieiro, no início eram instalados projetos de aproximadamente 5 ha em várias usinas espalhadas pelo Brasil, mas o grande projeto de cana veio em 2008, com a venda de 1.500 ha para uma única usina. Após essa data, a venda para o setor não parou de crescer, sendo que em média é comercializado, atualmente, de 2 mil a 3 mil ha de gotejamento por ano apenas para cana-de-açúcar”, conta. De acordo com o gerente, a irrigação localizada por gotejamento oferece vários benefícios aos produtores e usinas, entre eles o aumento da produtividade dos canaviais que pode variar de 50 a 100% dependendo do ambiente de produção em que a cultura se encontra e aumento na longevidade sem a necessidade de reforma do canavial. Além de garantir que não haja o desperdício de água. “Já temos casos no Brasil em que a lavoura está com 18 cortes sem a necessidade de reforma, sendo que, para esse caso, estimamos que chegará a 20 cortes. Além disso, podemos citar a possibilidade de realizar os tratos culturais através do sistema de irrigação por gotejamento, como a adubação (nutrirrigação), controle de pragas do solo (quimicação), o uso de maturadores, ácidos orgânicos e até mesmo o uso da vinhaça”, explica Kawasse, afirmando que esses quesitos visam à redução do custo da tonelada de cana, pois, utilizando o sistema para a realização dos tratos culturais, pode-se diminuir o uso de maquinário, gastos com óleo diesel e mão de obra. Outro ponto importante é a melhora no corte e carregamento, onde é possível reduzir o custo em mais de 20%, contabiliza o profissional. A cana está entre as quatro principais culturas atendidas pela empresa, assim como café, citrus e vegetais. “Cada ano, desde 2010, uma dessas culturas é a principal, devido a algum projeto especifico. No ano de 2014, a cana foi a principal de vendas, com cerca de 25% de todas as negociações. Esse ano a cana representa cerca de 15% de todas as vendas e esperamos para o próximo ano, voltar a crescer essa participação” esclarece o especialista. O investimento para a implantação deste sistema depende da lâmina de água que vai utilizar, da topografia, da distância da fonte de água, podendo variar de R$ 7.500,00 a 10.000,00 por hectare. “O capex (investimento inicial) é um pouco mais elevado quando relacionados às outras tecnologias de irrigação, no entanto, devido aos benefícios de aumento de produtividade, aumento da longevidade, maior produção de ATR/ha, diminuição nos custos de CCT, diminuição nos custos de arrendamento entre outras, esse valor de investimento, em média está se pagando com 2,5 a 3 anos. Lembrando que a estimativa é que o canavial fique, pelo menos, 10 anos sem reforma, com o payback (prazo de retorno) de 3 anos, o produtor/usina terá 7 anos com os benefícios”, elucida. Usina Santa Fé, de Nova Europa-SP, conseguiu produtividade de 195 ton/ha com o sistema Na Usina Santa Fé, localizada no interior de SP, foi implantado um projeto em uma área de 100 ha, concebido com uma lâmina de 3,5 mm/dia, com espaçamento alternado de 1,5 x 0,40m, cujos tubos gotejadores foram enterrados a aproximadamente 25cm de profundidade. “Esses gotejadores, cujo o nome é Dripnet PC AS, são gotejadores específicos para a cultura da cana-de-açúcar, pois possui funções de autocompensação, ou seja, mantém a uniformidade de aplicação em toda a área e a função de anti-sifão, função essencial que permite que o gotejador seja enterrado, sem que ocorra problemas com entupimento”, explica. Segundo o técnico, em relação ao manejo de irrigação, foi adotado como ferramenta para a tomada de decisão o uso de tensiometria e toda a parte nutricional, fornecida através do sistema de irrigação, foi parcelada entre os 10 primeiros da cultura. “Esse projeto elevou a produtividade média em relação à testemunha em mais de 47%, sendo que em alguns setores a produtividade alcançou 195 ton/ha”, contou. Recentemente ocorreu uma visita técnica à usina, organizada pela Netafim e o Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico), que contou com a participação de pesquisadores e produtores do Egito, que conheceram o sistema de irrigação por gotejamento, desde a plantação até a colheita, como também, conferiram a execução do procedimento de assistência técnica programada adotada pela usina, entendendo os cuidados com manutenção e checagem do Revista Canavieiros - Outubro de 2015 24 sistema realizados para obter melhor performance e demonstrar os procedimentos de análises. “Apesar da concepção básica de irrigação ter nascido no Egito, o sistema que predomina nesse país é o de inundação, desta maneira um dos objetivos da visita ao Brasil foi para conhecer métodos de irrigação que promovam a economia de água”, destaca Daniel Pedroso, coordenador agronômico da Netafim. A pesquisadora cientifica da APTA/ IAC, Raffaella Rossetto, acompanhou a visita com dois pesquisadores do Egito e avaliou o projeto como bastante simples e eficiente. "Quando chegamos, o pessoal da Netafim estava fazendo checagem anual do sistema. Dezesseis trincheiras foram abertas para verificar a situação de cada tubo e dos bicos gotejadores. Além disso, em cada ponta de tubo é medida a pressão, para que se possa fazer um diagnóstico de vazamentos e da quantidade de água que está passando em cada tubo. A irrigação por gotejamento enterrado é muito eficiente em aumentar a produtividade e longevidade do canavial. Foi visível o crescimento da soqueira irrigada, comparada com a não irrigada", testemunhou ela. na, a Usina IACO, a Usina Japungu, a Usina Seresta, a Usina Monte Alegre e a Usina Coruripe. “Neste caso, em um dos projetos houve a colheita mecânica por 12 anos, no qual a produtividade se manteve aproximadamente em 90 ton/ ha, pois o 12º corte, houve a reforma apenas dos tubos gotejadores e da variedade plantada e no mês de setembro passado houve o terceiro corte dessa área que esta com uma média de 170 toneladas/ha”, diz o técnico. Segundo Raffaella, em conversas com os egípcios, eles julgaram que a manutenção do sistema como um todo é muito fácil e exige menos trabalho que a manutenção de outros sistemas existentes no Egito. Outras usinas também já recorreram a irrigação por gotejamento com o objetivo de aumentar suas produtividades, como a Usina Agrovale, a Usina Dia- Produtores também aderiram ao sistema A busca por mais rendimento tem levado produtores a fazerem uso da irrigação também, como o caso de Luiz Fernando Feltre, um dos primeiros fornecedores de cana no Estado de São Paulo a colher os resultados irrigando a lavoura. A família Feltre trabalha com a cultura há mais de 120 anos, mas somente em 2006 esse sistema de irrigação por gotejamento foi implantado gerando resultados positivos desde então. Na região de Jaú, interior de São Paulo, dos 800 hectares cultivados por Luiz, 35 hectares são irrigados por gotejamento, garantindo que o fornecimento de água e nutrientes seja o ideal durante todo o ciclo da cultura. “A irrigação localizada por gotejamento, além de diminuir a mão de obra e aumentar a produtividade, ainda permite o aumento da longevidade do canavial, mesmo em colheita mecanizada, em relação ao canavial de sequeiro”, explica Pedroso, da Netafim. A cultura pode ser renovada a cada 10 ou 15 anos. Enquanto nas áreas de sequeiro, a cultura tem que ser renovada no máximo em cinco anos. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Luiz Fernando Feltre, fornecedor de cana Antes da implantação do sistema, a produtividade era de 80 toneladas por hectare em no máximo cinco cortes. Hoje, a Fazenda São João produz em média 100 toneladas por hectare e está atualmente no 9º corte mecanizado na área de gotejo. “No sequeiro, as folhas são meio fechadas e contorcidas devido ao estresse hídrico, enquanto nas áreas de irrigação por gotejamento, elas são abertas e verdes”, explica Feltre, que tem mais dois projetos para ampliar a área de irrigação para 150 hectares. 25 Revista Canavieiros - Outubro de 2015 26 Reportagem de Capa Novos projetos devem surgir para as próximas safras O Grupo Clealco também está interessado em descobrir os benefícios de se irrigar as lavoras. No momento trabalham em um plano diretor de irrigação visando entender o potencial de ganho que a irrigação racional pode gerar. “Utilizando as ferramentas disponíveis, estamos fazendo um cruzamento das informações climáticas, dos ambientes de produção, da hidrologia e topografia das áreas, e através de modelagens e informações reais de campo, traçando potenciais de produtividade para cada percentual de deficit hídrico coberto, finalizando o estudo com o retorno econômico”, explica o diretor Agrícola do Grupo, Cássio Paggiaro. “Desta forma, teremos a visão de como esta ferramenta poderá nos auxiliar no ganho de produtividade agrícola”, explica o executivo. A Clealco possui três unidades processadoras de cana de açúcar e na safra 14/15 processou 9.243.000 ton. de cana, produziu 627.000 ton. de açúcar, 295.000 m³ de etanol e exportou 97.000 MW de energia elétrica. Para a safra 15/16 projeta moagem de 10.700.000 ton. de cana, produção de 780.000 ton. de açúcar e 318.000 m³ de etanol, e exportação de 151.000 MW de energia elétrica. Já a BEVAP (Usina Bioenergética Vale do Paracatu) apostou no sistema e hoje não abre mão da irrigação para garantir produtividade dos seus canaviais. Localizada em João Pinheiro-MG, em uma região banhada por três rios, o Paracatu, principal afluente do São Francisco, e pelos Rio Verde e Rio Preto, a usina irriga 30 mil hectares de plantação de cana, o que representa 94% de sua área total de sua lavoura. Para se ter uma ideia da grandiosidade da estrutura, entre pivôs centrais, rebocáveis e lineares próprios, são 123 equipamentos, e a usina ainda conta com 34 hidroroll e mais 58 pivôs e 12 hidroholl de fornecedor dá sustentação à sua estrutura. Investimento que resulta em uma pro- Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Cássio Paggiaro, diretor Agrícola do Grupo Clealco dutividade média de tonelada de cana por hectare de 98 ton/ha. Segundo Hermes Augusto Guimarães Arantes, Gerente Agrícola da BEVAP, dos 1.400 funcionários da usina, 175 são dedicados exclusivamente ao processo de irrigação. “Irrigamos de abril a outubro. Na nossa região não dá para plantar cana sem irrigar, seria prejuízo certo para a empresa”, explica Arantes. Na última safra a usina moeu 2.420 mil ton. de cana e produziu 76.339 toneladas de açúcar, 154.534 litros de etanol e 289.038 MWh de energia. Já a previsão para esta safra atual é moer 2.554 mil toneladas, produzir 101.500 toneladas de açúcar, 150.325 litros de etanol e 399.232 MWh de energia. 27 “Irrigação é um processo de aprendizado e requer um projeto de implantação. Não é comprar e usar” Andréia Vital A opinião é de Márcio Santos, presidente da CSEI (Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação), da ABIMAQ (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos). De acordo com o executivo, existem muitas iniciativas para ampliar a área irrigada no Brasil, que hoje compreende um pouco mais de 5 milhões de hectares, mas o desafio é descobrir onde irrigar, já que existem opiniões discrepantes sobre o tema. Segundo estudo do Ministério da Integração Nacional em parceria com a Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) e o IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura), o país tem potencial para expandir até 10 vezes o tamanho atual, o que aponta boas perspectivas para a irrigação. “Para manter a produção ao longo do ano em alguns locais onde há seca, é importante que se tenha uma tecnologia de suporte à produção de alimentos específicos, que só serão produzidos em determinada época do ano se houver a irrigação, por isso, este sistema vem crescendo ao longo dos anos”. Santos é presidente também da Lindsay América do Sul, uma subsidiária da americana Lindsay Manufacturing Co., que produz uma linha completa de sistemas de irrigação, como também atua na área de infraestrutura e segurança rodoviária. Confira a entrevista: Revista Canavieiros: Por ocasião de sua posse como presidente da CSEI – Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação, durante a Agrishow 2015, o senhor pediu a colaboração de todos para ampliar a área irrigada no Brasil. O senhor acha que há boas perspectivas boas para a irrigação nas lavouras brasileiras? Márcio Santos: As perdas de produtividades em alguns locais devido à seca têm aumentado e há disponibilidade de água para irrigação em muitos desses locais, então é possível implantar projetos. É por isso que cada vez mais aparecem iniciativas para ampliar a área irrigada no Brasil, porque sabem que assim podem garantir a produção, evitando prejuízos que vão se acumulando ao longo dos anos devido à irregularidade das chuvas. Existem muitos trabalhos no sentido de verificar quais são os locais adequados, a disponibilidade de recursos hídricos e produtos que necessitam de irrigação. Como no caso do tomate, um dos produtos que fazem parte da cesta básica e que são irrigados, pois se não houver a produção, o preço dispara. Então, para manter a produção, ao longo do ano, em alguns locais onde há seca, é importante que se tenha uma tecnologia de suporte à produção de alimentos específicos, que só serão produzidos em determinada época do ano se houver a irrigação. Por isso, este sistema vem crescendo ao longo dos anos. Mas o grande desafio ainda é descobrir onde irrigar. Como Câmara Setorial, procuramos nos amparar no conhecimento das agências (ex. Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), ANA (Agência Nacional de Águas), etc e buscar um consenso sobre o sistema, já que existem vários posicionamentos sobre o assunto. Precisamos estar presentes, participando sempre, no sentido de colaborar com o processo de aprendizado como um todo, porque sabemos que este aprendizado é útil e assim, de fato, pisaremos em solo seguro, contribuindo com a expansão da irrigação no Brasil. Revista Canavieiros: No caso do setor sucroenergético, que há mais de cinco anos enfrenta uma de suas piores crises e que precisa buscar produtividades mais altas para conseguir sair deste cenário cinzento, a irrigação poderia ser uma saída, mas é preciso investir, o que no momento é complicado. Qual é a sua receita neste caso? Márcio Santos: O setor sofreu com vários problemas, inclusive a queda da produtividade, sem nenhuma dúvida. Não há um consenso entre ser boa ou ruim a irrigação na lavoura canavieira, inclusive há especialistas que dizem que não é bom irrigar a cana para a produção de etanol, existem outros que acham que deve se irrigar a cana para a produção do combustível. Dentro da Câmara Setorial Márcio Santos, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação, da ABIMAQ é difícil dar uma receita para o setor. O que tenho clareza é que a produtividade da cana-de-açúcar não cresceu nos últimos anos e a produtividade está muito ligada ao manejo, quando se pode incluir a irrigação, que em muitos casos deu excelentes resultados. Revista Canavieiros: A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, pretende elaborar um projeto com base no estudo “Análise Territorial no Brasil para o Desenvolvimento da Agricultura Irrigada”, desenvolvido na Esalq/ Revista Canavieiros - Outubro de 2015 28 A irrigação é um processo de aprendizado. A principal indicação em relação à irrigação é que ela contribua com a produtividade da cultura. O mercado está crescendo para o sistema e seu aprendizado não é tão demorado como antigamente. Mesmo assim, na irrigação tem que esperar duas ou três safras e só aí começar a refinar o processo depois que aprendeu como utilizá-lo. USP, em parceria com o Ministério da Integração Nacional, em que o Brasil irrigue, a curto prazo, mais 1,5 milhão de hectares e, a médio prazo, 5 milhões de hectares. Qual a sua opinião sobre este interesse do Governo Federal em aumentar a área irrigada no país? Márcio Santos: A gente sabe que um pedaço da inflação está ligada à cesta básica, pois quando você vai medir a inflação, vários itens são da cesta básica e parte da indicação se dá pela escassez do produto. Ter a viabilidade de produzir algum item da cesta básica de forma continua ajuda a não ter efeitos sazonais. É mitigar os efeitos sazonais e isso é bom. Então, o interesse da Kátia Abreu não é ajudar a irrigação, não é ajudar o agricultor, ela está atacando na raiz, garantindo assim os alimentos da cesta básica, evitando o aumento da inflação. É necessário, antes de dizer que se tem que irrigar, indicar os locais onde se deve irrigar. Só aí poderemos colocar o projeto para irrigar no local certo. Eu entendo como muito saudável, porque ela está atuando alinhada com o que seria para o país, a fonte de contenção de problemas. A ação é favorável, pois ela vai atuar entre outras coisas em irrigação em cesta básica e falta um programa específico para este fim. Revista Canavieiros: A venda de equipamentos de irrigação também vem caindo como a de máquinas agrícolas? Márcio Santos: Todos sofrem o efeito da crise. A irrigação tem o que a gente chama de uma cauda longa, ou seja, o tempo entre uma pessoa decidir comprar um trator é bem menor do que ela decidir comprar um pivô e colocá-lo para funcionar. Uma máquina não chega a ser um produto de prateleira, mas está bem customizada. Assim, o cliente compra e leva ou recebe o produto. Já o pivô requer um projeto. Este projeto é submetido à avaliação e requer uma aprovação ambiental, um conjunto de obra. O processo é mais longo do que o processo para adquirir uma máquina agrícola. Tanto é que, com raríssimas exceções, vendedores de máquinas não são vendedores de pivô, porque cada um tem um modo de operar diferente. Como um todo estamos caindo, a única diferença é que, às vezes, quando isso ocorre demora um pouquinho mais para chegar na gente, mas chega. O problema é quando o mercado de máquina começar a recuperar, pois demoramos um pouco mais para recuperar também. Revista Canavieiros: Atualmente, quantas empresas desse setor estão em funcionamento no Brasil? Márcio Santos: A CSEI tem hoje 45 empresas associadas que estão de alguma forma ligadas ao mercado de irrigação. Mas tenho certeza que a Câmara não tem todos os envolvidos, embora represente boa parte deles, porque muitas vezes se considera um fabricando de pivô, ou o fabricante de rolo, ou o fabricante de sistema de gotejamento, como os de peças, como empresas do setor. Revista Canavieiros: Em relação à Lindsay, o senhor poderia fazer um balanço desde que a empresa iniciou suas atividades no Brasil? O mercado cresceu? Márcio Santos: A Lindsay está no Brasil desde 2002 e a irrigação cresceu bastante desde então. Mas é preciso entender que este projeto não é feito da noite para o dia. Não é uma coisa que eu compro e coloco na lavoura e passo a utilizar amanhã. Tem que aprender a trabalhar a tecnologia. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Revista Canavieiros: Hoje a empresa atende a quais culturas? Quanto representa o setor canavieiro para vocês? Márcio Santos: A Lindsay atende a várias culturas, como soja, feijão, sendo milho a principal. A cana-de-açúcar é o sexto item nesta lista e representa cerca de 5% das vendas da empresa. Revista Canavieiros: Quais tipos de irrigação fornecem? Márcio Santos: Oferecemos tecnologias para irrigação por pivôs. Temos soluções que vão desde o bombeamento de água até sistemas de automação e lâmina variável. No caso do pivô central, ele fornece a estabilidade necessária para reboque sobre terreno rústico e destina-se ao uso em situações onde os pontos de pivô são ajustados em uma linha reta. Já o móvel é adequado para áreas mais irregulares, sistemas mais longos e aplicações que necessitam de uma estrutura mais robusta. Revista Canavieiros: E em relação a custos? Projetos de irrigação ainda necessitam de altos investimentos? Márcio Santos: Projetos de irrigação não são baratos. Tem custo para todo gosto, depende do que você quer fazer. Quando a gente pensa em irrigação, alguns projetos exigem grandes investimentos, pois existem necessidades, como a energia. Se vai usar um gerador é outra necessidade. Ou se vai utilizar uma cultura que exija um volume maior de água por hectare, então isso varia muito. Tanto é que quando criamos os padrões para que o BNDES pudesse avaliar o padrão médio para financiar projetos de irrigação, este custo variava entre R$ 6 até R$ 20 mil por hectare, depende da cultura. Então, é uma banda muito, muito larga. RC 14º PRODUTIVIDADE & 29 REDUÇÃO DE CU$TO$ DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA 20 anos Revista Canavieiros - Outubro de 2015 30 Destaque I Interior paulista sedia importante encontro sobre variedades de cana-de-açúcar O evento reuniu durante dois dias os principais centros de melhoramentos, profissionais de usinas, consultores e pesquisadores Fernanda Clariano P ara apresentar os últimos avanços obtidos pelos centros de melhoramentos e discutir novas tecnologias de manejo, produtividade e rentabilidade para o setor, o Grupo IDEA realizou nos dias 23 e 24 de setembro, no Centro de Convenções em Ribeirão Preto-SP, o 9º Grande Encontro de Variedades de Cana-de-Açúcar. Com o objetivo de promover a reciclagem de conhecimentos e fomentar discussões capazes de auxiliar nas decisões e estratégias dos grupos canavieiros, o evento reuniu um público aproximado de 500 pessoas que acompanharam palestras de grandes especialistas em manejo varietal e variedades de cana, além do compartilhamento de experiências bem-sucedidas de alguns dos maiores grupos sucroenergéticos do país como o IAC, CanaVialis/Monsanto, RIDESA e CTC. Na abertura, o diretor do Grupo IDEA, Dib Nunes, fez um panorama sobre o atual momento e a importância das variedades do setor sucroenergético. Segundo ele, o setor tem passado por muitas crises, porém, não perdeu sua competitividade, pois as variedades conseguiram recuperar as perdas. Dib ainda afirmou que, mais do que nunca, as variedades de cana estão sendo exigidas para devolver a competitividade com ganhos de produtivida- Dib Nunes, diretor do Grupo IDEA Representantes da Usina Santo Antônio, do Grupo Balbo, receberam a premiação das mãos do gerente regional de vendas CTC, Rodrigo Malhmman. de e produção. "Agora, elas têm que produzir mais, se adaptando às novas formas de cultivo e sobrevivendo à mecanização", disse. Abrindo o ciclo de palestras, José Alencar Magro, da Campo Fértil, alertou sobre uma nova doença que tem tido presença crescente nos canaviais brasileiros. De acordo com Magro, a doença ataca a soqueira da cana, podendo levar à morte da planta. "Esta possível nova doença dos canaviais está presente principalmente em cortes mais avançados", ressalta. Presente no evento, a pesquisadora do Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Silvana Creste, pediu a palavra e disse que a doença apresentada por Magro é a Colletotrichum falcatum (Antracnose). Conhecida como o câncer da cana, a doença é causada por um fungo e é comum nos canaviais na Índia. Segundo a pesquisadora, a doença já vem sendo estudada pelo IAC. Empresas e seus produtos A Syngenta, por meio do coordenador técnico do Plene, Guilherme Moura, abordou o Programa de Eficiência Agronômica - a aposta da Syngenta para aumentar a produtividade e qualidade dos canaviais. Moura explicou que o programa consiste em uma consultoria customizada, que ajuda o cliente na execução dos trabalhos com a cultura e ainda afirmou:"É necessário trabalhar todas as fases do ciclo da cana-de-açúcar e entender o desafio de cada uma delas. Devemos trabalhar viveiros que possuam sanidade adequada e pureza genética que possam entregar o resultado que esperamos das variedades". A Bayer CropScience, com Ivandro Manteufel, da área de Desenvolvi- Revista Canavieiros - Outubro de 2015 mento de Mercado Cana, apresentou os resultados da aplicação do Ethrel para o aumento da qualidade da cana e as principais causas do florescimento: fotoperíodo, variedades, umidade e temperatura. Manteufel frisou que o Ethrel é uma solução que traz muito retorno ao produtor. Numa média de 15 áreas em que o produto foi aplicado, o ganho foi de 7,5 t/ha de cana a mais e não floresceram. A UPL apresentou o trabalho realizado com o ATRIUN, maturador/biocatalisador da empresa, em 117 campos conduzidos nas últimas três safras. De acordo com o representante Marcus Brites, nos campos trabalhados os ga- 31 nhos em ATR foram em média de 8,59 kg/ton. Em TCH, os ganhos médios foram de 5,13ton/ha. Somados, esses benefícios representam 1,7 toneladas a mais de açúcar por hectare. Ainda segundo Brites, além da produtividade, o maturador/biocatalisador proporciona, ainda, mais segurança, pois aumenta a área de uso e mais flexibilidade de colheita. A Nexsteppe, empresa dedicada ao melhoramento genético pioneiro de sementes de sorgo e desenvolvimento de matérias-primas sustentáveis para as indústrias de bioenergia, biocombustíveis e bioprodutos, apresentou seu novo híbrido de sorgo etanol Malibu. O representante técnico de vendas, Cristiano Moura, discorreu sobre a planta como uma opção de matéria-prima para início de safra da cana. Experiências Grupo Guarani - O gerente técnico corporativo da Guarani, José Olavo Bueno Vendramini, comentou sobre os fatores de decisão para as escolhas das variedades. Segundo ele, não pode ser uma decisão emocional, pois muda-se o tempo e mudam-se as variedades. A cada fechamento de trimestre, o Grupo emite um boletim de performance varietal com os resultados das principais variedades colhidas no período. Das variedades colhidas no Grupo, 18% são RB867515 e 24% mais plantada é RB966928. Além José Olavo Bueno Vendramini, Grupo Guarani disso, realizam eventos anuais para alinhamento técnico e difusão das informações de desempenho das variedades, com palestras voltadas para os colaboradores com os principais institutos de pesquisas e dias de campos de variedades, com o objetivo de divulgar informações. Usina Coruripe - Durante o 9º Grande Encontro de Variedades de Cana-de-Açúcar, o gerente corporativo de planejamento e desenvolvimento agrícola da Usina Coruripe, Mário Sérgio Mário Sérgio Matias da Silva, Usina Coruripe Matias da Silva, articulou sobre como a empresa trata a questão varietal. José Francisco Fogaça, NovAmérica NovAmérica - O gerente de planejamento e desenvolvimento agronômico do Grupo, José Francisco Fogaça, divulgou o censo varietal das áreas colhidas e plantadas das suas unidades. Na unidade Caarapó, a variedade mais colhida é a SP832847, com 24,88%. Em seguida, aparecem a RB867515, com 17,09%, e a SP813250, com 15,22%. Com relação às variedades mais plantadas, o ranking é o seguinte: SP83-2847 (20,89%), RB867515 (17,82%) e CTC15 (16,96%). Já na Tarumã, a mais colhida é a variedade CTC4, com 25,85%. Em segundo lugar, aparece a RB966928, com 11,99%, e, em terceiro, a CTC15, com 10,59%. No plantio, a CTC4 também é a vencedora, com 28,11%. Em seguida aparece a RB966928 (20,92%) e a RB92579 (18,43%). SJC Bioenergia - Manter o stand, preservando ao máximo a linha de cana, reduzir impactos do déficit hídrico e conter o florescimento são os grandes desafios Revista Canavieiros - Outubro de 2015 32 Destaque I da SJC Bioenergia, que busca renovar o seu plantel varietal e tem a CTC4 como principal prioridade. Durante o evento, a supervisora de planejamento e desenvolvimento agrícola da SJC Bioenergia, Patrícia Fontoura, afirmou que a empresa tem buscado, a cada safra, renovar seu plantel varietal, multiplicando materiais mais recentes. Segundo Patrícia, 2015 foi um ano em que o plantio foi muito bem planejado e as novas variedades foram sendo multiplicadas. Patrícia Fontoura, SJC Bioenergia Grupo da Pedra Agroindustrial – De acordo com o gestor agrícola do departamento técnico agronômico do Grupo, Sérgio Medeiros Selegato, das variedades cultivadas pelo grupo, 42% são CTC, 38% são RB e 12% SP. Sérgio Medeiros Selegato, Grupo Pedra Grupo São Martinho – Já o assessor de tecnologia do Grupo São Martinho, Renê de Assis Sordi, afirmou em sua apresentação que 41% das variedades utilizadas no Grupo São Martinho são RB, 33% são CTC e 20% SP. Renê de Assis Sordi, Grupo São Martinho Programas de melhoramentos Os programas de melhoramento de cana, que atuam no Brasil, apresentaram durante o 9º Grande Encontro de Variedades de Cana-de-Açúcar o desempenho de suas variedades, relataram técnicas de manejo e lançaram novos materiais. apresentou o censo varietal nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Luiz Antonio Dias Paes, gerente nacional de vendas do CTC Marcos Landell, diretor do Centro de Cana IAC O CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) anunciou a reorganização das variedades de cana-de-açúcar da companhia em três famílias e o lançamento de duas novas cultivares. Apresentadas pelo gerente nacional de vendas do CTC, Luiz Antonio Dias Paes, os novos materiais marcam uma nova família de classes para as variedades comerciais do CTC. Todas as variedades da empresa, tanto as antigas como as novas, se enquadrarão nas novas famílias, que são: CTC SWEET (Variedades com foco no ATR); CTC POWER (Variedades com foco na produtividade) e CTC VALUE (Variedades balanceadas, com foco em ATR e produtividade). Paes afirmou durante o evento que as novas variedades vieram para solucionar os problemas que o setor enfrenta atualmente, como baixo ATR e baixa fibra no início de safra e queda da produtividade no final da safra. dade da nova geração de variedades do programa na região Centro-Sul. Segundo ele, ainda há pouca adoção de novas variedades de cana-de-açúcar, o que se deve ao aumento do plantio mecanizado, que diminuiu a taxa de multiplicação. Landell afirmou que "Não adianta produzir novas variedades e adotar as mesmas estratégias do passado". Ele ressaltou, ainda, que os sistemas de mudas pré-brotadas vieram para ajudar no aumento da renovação do plantel varietal. Já a RIDESA UFSCar (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético da Universidade Federal de São Carlos) mostrou a proposta da instituição para o controle de doenças incidentes em cana-de-açúcar, como carvão, ferrugem alaranjada e mosaico, baseada na utilização de variedades resistentes. A RIDESA também Revista Canavieiros - Outubro de 2015 O diretor do Centro de Cana IAC (Instituto Agronômico), Marcos Landell, apresentou os ganhos de produtivi- No encerramento do 9º Grande Encontro de Variedades de Cana-de-Açúcar, o idealizador do evento apresentou uma avaliação do manejo varietal praticado nas usinas do Centro-Sul do Brasil. Na palestra “Avaliação do Manejo Varietal Praticado nas Usinas do Centro-Sul”, Dib deu dicas de como enfrentar as atuais dificuldades e elevar a produtividade do canavial, somente com a gestão estratégica de variedades (manejo). “Apresentei maneiras de se elevar a produtividade, além de melhorar o teor de sacarose, usando algumas técnicas e procedimentos operacionais. Com as novas variedades e também com os materiais mais antigos e de alta performance, é possível atingir produtividade acima de 90 t por hectare, em cinco cortes e em ambientes C, D e E”, afirmou. RC 33 Revista Canavieiros - Outubro de 2015 34 Destaque II ANDAV debate gargalos e perspectivas do setor de distribuição de insumos agropecuários Um dos principais eventos do segmento recebeu mais de 4.500 pessoas e contou com exposição de 70 empresas Andréia Vital A profissionalização do agronegócio brasileiro como meio para aumentar a competitividade em âmbito global e o desenvolvimento das cadeias produtivas, além de questões como o atual cenário econômico para o mercado e tecnologias de gestão e governança corporativa, foram pautas do V Congresso ANDAV – Fórum & Exposição (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumo Agrícolas e Veterinários). O evento, realizado no espaço Transamérica Expo Center, na capital paulista, recentemente, contou ainda com a exposição de 70 empresas do segmento. “Distribuidores de todas as regiões brasileiras estiveram aqui conferindo as novidades apresentadas no fórum e exposição. É uma demonstração de que o agronegócio segue sua toada em ritmo forte, como também mostra que a associação segue fazendo a sua lição de casa, promovendo a capacitação de todos os seus agentes, buscando desenvolvimento contínuo”, afirmou Henrique Mazotini, diretor executivo da ANDAV. O evento recebeu mais de 4.500 profissionais do segmento. Henrique Mazotini, diretor executivo da ANDAV A leitura oficial da carta aberta da entidade contendo reivindicações dos distribuidores de insumos agrícolas e veterinários ao Governo Federal marcou a abertura do evento, que contou com a participação do secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Arnaldo Jardim, e do coordenador geral de agrotóxicos do Ministério da Agricultura, Júlio César Bueno, que na oportunidade representou a ministra Kátia Abreu. O documento apontava quatro fatores considerados essenciais para aumentar a competitividade do segmento, tais como o crédito rural, produtos ilegais, logística e a modernização da legislação referente ao setor. Debates sobre os aspectos financeiros e gerenciamento de crédito marcaram o primeiro dia do evento, que contou com palestra do superintendente de agronegócio da Caixa Econômica Federal, Márcio Vieira Recalde. O executivo explanou sobre a entrada da instituição no agronegócio. Já a diretora do Rural Banking Rabobank Brasil, Fabiana Alves, falou sobre alternativas de crédito oferecidas pela instituição à produção agrícola e o diretor do grupo segurador BBMAPFRE e presidente da Comissão Técnica de Seguros Agrícolas, Wady Cury, ressaltou a importância do seguro agrícola no Brasil. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 O destaque no segundo dia do congresso foi para o painel sobre governança corporativa, com palestra de Fernando Curado, professor e consultor da Saint Paul Institute of Finance e MSCI Governança e Estratégia. Também chamou atenção a palestra de Luiza Vincioni, sócia-diretora da Realizzare Estratégias Organizacionais e LMV Soluções Organizacionais, sobre inovação em gestão estratégica de pessoas e o desenvolvimento de culturas organizacionais com foco nos colaboradores. Ao explanar na palestra “Treinamento de Comunicação Assertiva para Líderes e Gestores – Desenvolvendo Líderes Capazes de se Posicionar Perante o Mercado”, Richard Vinic, mestre em Comunicação e professor coordenador dos cursos de Pós-Graduação em Gestão de Marketing de Serviços e Administração de Marketing – FAAP, afirmou que a comunicação hoje é um grande desafio nas empresas. “É um dos maiores problemas em qualquer organização e, apesar dos diversos cursos que se têm sobre o assunto, a impressão que se tem é que nunca se comunicou tão mal como no momento”, confessou. Vinic deu dicas aos participantes para tornar a comunicação em suas empresas mais efetiva e assertiva para o papel de gestores. O especialista afirmou que o bom líder é aquele que se comunica garantindo que a comunicação irá culminar com a ação que é esperada. “Comunicação é importante para os gestores, 35 ATÉ O MEIO AMBIENTE VAI AGRADECER O AUMENTO DA SUA RENTABILIDADE. Você não precisa escolher entre sustentabilidade e rentabilidade. Com Altacor® você tem os dois: inseticida seletivo de menor impacto ambiental, devido a sua seletividade a inimigos naturais, e que protege a cana-de-açúcar contra as pragas do solo e da parte aérea. Assim, a DuPont ajuda a melhorar a sua produção, trazendo sustentabilidade e vantagens para o seu negócio. Altacor®. Proteção para o seu canavial, rentabilidade para você. Copyright© 2015 DuPont. Todos os direitos reservados. DuPont oval logo, DuPont™ e todos os produtos mencionados com ® ou ™ são marcas ou marcas registradas da E. I. du Pont de Nemours and Company ou de suas afiliadas. Com mais sustentabilidade, a gente pode mais. AltA potênciA, longo residuAl e sistêMico seletividAde perfil toxicológico A iniMigos nAturAis ATENÇÃO: Este produto é perigoso à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas no rótulo, na bula e na receita. 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Representa gerar empatia, ou seja, uma relação de confiança e harmonia dentro de um processo de comunicação no qual a pessoa fica mais aberta e receptiva para interagir, trocar e receber informações. grande à empresa”, ressaltou pontuando que compromisso, integridade e ética são essenciais em qualquer negócio. Também ocorreu neste dia um treinamento sobre toxicologia que reuniu representantes de 15 órgãos estaduais de defesa agropecuária de estados como RS, PR, SP, GO, MG, RJ, TO, PA, MA, ES, BA e PE. As imagens e valores construídos ao longo dos 178 anos da John Deere foram apresentados por Paulo Renato Herrmann, presidente no Brasil e vice-presidente de vendas e marketing da América Latina da multinacional no último dia do evento. Herrmann discorreu sobre a trajetória da empresa, ressaltando como foi possível acompanhar o desenvolvimento tecnológico ao longo dos anos sem perder suas características e essências. “Uma empresa, para crescer ao longo dos anos, passar por momentos de crise e se manter firme nos negócios, precisa estar atenta às mudanças impostas pelo mercado e se atualizar sempre”, frisou Nos bastidores do evento, o executivo contou que a empresa acaba de lançar uma nova família com cinco modelos de tratores, a Série de Tratores 8R com potência nominal de 270 cv até 370 cv, indicada para plantio em grandes tarefas, principalmente preparo de solo e plantio de grandes áreas, tanto na área de cana quanto na área de grãos. Neste dia, ocorreu ainda um debate com consumidores dos distribuidores de insumos agrícolas e veterinários, que deram sua visão sobre o procedimento sob a mediação de Marcelo Prado, sócio-diretor da consultoria MPrado. Participaram da discussão a pecuarista Camila Vieira, o diretor geral da vinícola Perini, Benildo Perinie, e o produtor de grãos, José Augusto Tanure. A John Deere tem lideranças longevas e lideranças feitas dentro da própria casa, que são duas caraterísticas importantes, explicou ele, afirmando que a empresa teve até agora somente 8 CEOs. “Isso mostra que cada um carrega a empresa por um período grande, lidera por um período grande e dá uma consistência muito Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Benildo Perinie, diretor geral da vinícola Perini José Augusto Tanure, produtor de grãos Ficou a cargo do empresário e escritor Carlos Júlio encerrar os painéis do dia, com a palestra motivacional, que abordou a inovação para as distribuidoras, como desenvolver seu mercado e os passos para o sucesso empresarial. A partir de um vídeo, o empresário questionou o público sobre como agir em situações de extremo limite, em que o empresário precisa tomar decisões sobre as quais existem perdas e ganhos. Carlos Júlio, empresário e escritor Marcelo Prado, sócio-diretor da consultoria MPrado Camila Vieira, pecuarista No final da apresentação, Júlio falou sobre colocar as estratégias definidas para a empresa em prática. “O empresário ou gestor precisa promover a atualização na gestão, propor metas de curto, médio e longo prazo. Isso vai exigir dos empresários novas estratégias, com novos processos e ideias”, concluiu. A próxima edição do Congresso ANDAV – Fórum & Exposição acontece no período de 15 a 17 de agosto de 2016, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. 37 Destaque II Expositores levaram novas tecnologias para o V Congresso ANDAV – Fórum & Exposição A FMC participou do Congresso com novo portfólio integrado para diversos cultivos. “Investir em novas tecnologias e pesquisas atendendo também toda a cadeia da distribuição de insumos agrícolas e, principalmente, trocar experiências e informações é essencial para contribuir na evolução do agronegócio. Com a aquisição da Cheminova, estamos agora trabalhando com portfólio integrado que traz ainda mais conveniência e produtividade no campo”, destacou o diretor de Marketing, Ricardo Almeida. Já a AGDATA, empresa americana que fornece serviços de coleta e análise de dados para o agronegócio, apresentou seu portfólio durante o evento. Fornecendo serviços para as indústrias de agricultura, proteção de cultivos e saúde animal, a AGDATA detém 90% da parcela do mercado nos EUA. Recentemente, a companhia inaugurou escritório em Alphaville, Barueri (SP), que concentrará as operações referentes à América Latina. A empresa tem sede em Charlotte, Carolina do Norte (EUA), e atua há 25 anos no mercado. “O agronegócio do Brasil irá se tornar mais competitivo na busca pela liderança do mercado global. Este caminho está sendo trilhado com investimentos em tecnologias e métodos inovadores que já se provaram eficientes. A inclusão da análise de dados na tomada de decisões, seja para reorganizar a cadeia de fornecedores, o planejamento de produção, as vendas ou o marketing, é uma parte fundamental deste processo que certamente irá revolucionar os negócios. Esperamos nos tornar referência nesta área por aqui, assim como já somos na América do Norte”, avalia Kim Noel, country manager da AGDATA no Brasil. De acordo com João Benetti, diretor comercial – Sudeste Nordeste da Yara Fertilizantes, a empresa norueguesa apresentou na ANDAV um fertilizante líquido, da linha YaraLiva, inédito no mercado brasileiro. “Melhor enraizamento, maior João Benetti Júlio Afonso Tourinho sanidade das plantas e colheita com mais qualidade são alguns benefícios oferecidos pelo produto”, explicou Benetti, destacando que, além de mais eficiência como fertilizantes, o produto proporciona ganho operacional com redução de custo e mão de obra na lavoura. públicos como o produtor, o distribuidor de insumos, o pesquisador, a indústria, o mercado e todos os atores que de uma forma ou de outra interfere no ciclo do agro trazendo ganhos para todo mundo. Além da solução líquida, a empresa mostrou também suas linhas de fertilizantes especiais, chamadas de Premium Offerings, que oferecem aumento na produtividade e na rentabilidade das lavouras por meio da presença dos nutrientes ideais para a nutrição das diferentes culturas. Elaine Delgado A Bayer CropScience divulgou, na feira, a Rede AgroServices, lançada para dialogar com o setor e sociedade sobre tudo que permeia a produção de fibras, alimentos e energia no país. Segundo Elaine Delgado, coordenadora de Serviço da multinacional, trata-se de uma plataforma colaborativa, que vai tentar unir A Stoller do Brasil, empresa conhecida no segmento de nutrição foliar à base de micronutrientes, reforçou a divulgação das propriedades do Stimulate, um promotor de crescimento. “Nós já conseguimos mensurar o benefício desse produto diretamente na taxa fotossintética na cana-de-açúcar, trazendo um efeito anti-stress muito grande da cultura”, explicou o gerente regional da Stoller, Júlio Afonso Tourinho. Segundo ele, além do segmento de fisiologia, a empresa apresentou seu portfólio de controle biológico, não só em cana-de-açúcar, mas em outras culturas também. “O nosso carro-chefe de controle biológico para o setor canavieiro é o MethaMax EC®, um inseticida biológico à base do fungo Metarhizium, que proporciona excelentes níveis de controle à cigarrinha da raiz da cana-de-açúcar”, contou ele. Outro destaque foi o Programa Mover, uma tecnologia que deve ser aplicada 45 dias antes da colheita visando ao enriquecimento a concentração de açúcar, aumentando o ATR e o pol da cana-de-açúcar, entregando neste caso mais açúcar por tonelada de cana colhida na usina. “O grande faturamento da Stoller no Brasil é via sistema de distribuição Revista Canavieiros - Outubro de 2015 38 interessante, segundo Marcus Brites, gerente de marketing da empresa. “Destaco aqui o ATRiun, um biocatalizador que atua de maneira diferenciada nas reações bioquímicas das plantas, aumentando sua velocidade de atuação, através do aumento da quantidade de açúcares, sem inibir o crescimento da mesma”. Diretores da UPL, empresa indiana especializada em pesquisa, desenvolvimento e distribuição de protetores agroquímicos e a nossa participação neste evento é realmente valorizar este centro de distribuição, que é organizado através da ANDAV, onde a gente prestigia os nossos principais distribuidores do Brasil com esta estrutura que a gente monta aqui neste congresso de grande importância para o setor de distribuição de insumos”, afirmou. Tourinho contou também que a multinacional deve inaugurar uma fábrica de produtos biológicos ainda este ano, que deverá ser a maior da América Latina. “A nova planta está instalada na unidade fabril de nutrição e fisiologia, em Cosmópolis – SP, e ali nós vamos ter uma estrutura bem pesada para continuar acelerando a questão de produtos biológicos, de FBN (fixação biológica de nitrogênio) e também de controle biológico, que são os nematicidas, inseticidas e fungicidas de controle biológico”, concluiu. A UPL, uma empresa indiana especializada em pesquisa, desenvolvimento e distribuição de protetores agroquímicos, participou pela primeira vez da ANDAV. “É um congresso muito importante não só de fornecedores, mas distribuidores e o objetivo da empresa nesta participação é apresentar a companhia para o agronegócio, principalmente para esta rede de distribuidores. Apesar de estarmos no Brasil há três anos, atuando em todas as regiões e em todas as culturas, acreditamos que ainda é necessário nos aproximarmos deste público”, afirmou o gerente de Acesso de Mercado da empresa, Gustavo Volpe Pimenta. Além de divulgar a marca, a intenção também foi de fortalecer a imagem do Unizeb Gold, único fungicida protetor registrado para soja, milho e algodão, como também divulgar o OPLider, um programa de relacionamento voltado para distribuidores e cooperativas, além de expor o seu amplo portfólio de produtos nos segmentos de inseticidas, fungicidas, herbicidas e nutrição. Para o setor sucroenergético, a empresa oferece um portfólio bastante A UPL pretende ampliar seu portfólio na busca do reconhecimento como empresa de inovação tecnológica. De acordo com Luiz Fernando Schmitt, responsável pela unidade de nutrição da multinacional, a empresa tem o seu core business desenhado na área de defensivos, mas o negócio nutrição vem ganhando gradativamente ênfase no radar da empresa, evidenciado pela potencialidade que existe neste segmento. “Temos um posicionamento muito claro no defensivo, mas queremos fazer a nutrição caminhar em paralelo e capturar oportunidades através dessa inovação produzida pela nutrição junto com a linha de defensivos e assim sermos efetivamente reconhecidos como uma empresa de inovação tecnológica”, ressaltou. Cresce mercado de fertilizantes especiais diz Abisolo De acordo com José Alberto Nunes da Silva, secretário Executivo da Abisolo (Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal), a participação no Congresso e Exposição da ANDAV foi muito positiva, pois o evento reúne toda a cadeia de fertilizantes e possibilita angariar sócios para a associação. “Mais uma vez, atingimos os nossos objetivos e muitas empresas que não estão na Abisolo hoje já têm possibilidade de passar a ser nossas associadas”, afirmou ele, contando que, em abril deste ano, a associação promoveu um fórum e reuniu mais de 700 pessoas. “Conseguimos passar a estes profissionais a mensagem da Abisolo, divulgando tecnologias de nutrição vegetal, oferecendo explicações e as devidas recomendações técnicas do setor, que é de nutrição vegetal, ou seja, dos chamados fertilizantes especiais”. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 José Alberto Nunes da Silva Segundo Silva, o segmento nacional de fertilizantes especiais, que engloba fertilizantes orgânicos, organominerais, biofertilizantes, condicionadores de solo e substratos para plantas, movimentou em 2014 cerca de R$ 3,5 bilhões e a deverá ter um crescimento de 6% em 2015. Atualmente, 84 empresas de um conjunto de 390 empresas registradas no MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) são associadas da Abisolo. RC 39 PARA ALTAS PRODUTIVIDADES, VÁ ALÉM DA SUPERFÍCIE. A fertilidade do solo pode influenciar em até 60% a produtividade da lavoura. Por isso, antes de pensar no desempenho de sua lavoura, pense no fertilizante que irá utilizar. Use o produto que possui mais de 10 anos de pesquisas, 600 campos demonstrativos e eficiência agronômica comprovada. Use MicroEssentials®. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 40 Destaque III GAF 16 debate os desafios para um agronegócio sustentável Evento abordará as perspectivas para o agronegócio mundial, evidenciando os potenciais brasileiros Andréia Vital L ideranças do agronegócio lançaram em setembro, na sede da Sociedade Rural Brasileira, em São Paulo, a terceira edição do Global Agribusiness Fórum (GAF 2016). O evento realizado em conjunto pela SRB (Sociedade Rural Brasileira), a Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), a ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) e a DATAGRO (principal consultoria de Açúcar e Álcool do mundo) acontecerá nos dias 4 e 5 de julho de 2016, no Grand Hyatt São Paulo, na capital paulista. O “Agronegócio do amanhã: fazer mais com menos. Disseminando as bases do desenvolvimento sustentável” será o tema central do GAF 2016, que reunirá as principais personalidades mundiais do agribusiness. O fórum norteará as tendências para aumentar a produtividade mundial, preservando e fazendo melhor uso dos recursos naturais disponíveis para vencer o desafio de alimentar o mundo no futuro. “Nós acreditamos na agricultura brasileira pelo que ela conseguiu construir de valor e por ser exemplo para outros países atualmente”, afirmou o presidente da DATAGRO, Plínio Nastari. Segundo ele, a intenção do evento é promover uma discussão com grandes líderes globais sobre o agronegócio, debatendo o aumento de produtividade, eficiência operacional com formação de mão de obra e infraestrutura. “É preciso valorizar o que está sendo feito aqui no Brasil, disseminando a produção eficiente e sustentável para ser usada em outros locais”, disse ele. Nastari frisou também a necessidade de se debater as oportunidades e evidenciar os potenciais nacionais, como o do setor sucroenergético para a geração de energia. “Fazer com que os biocombustíveis, a energia elétrica de biomassa e biometano possam desempenhar papel de liderança crescente para atender à demanda de energia que não para de crescer”, disse, reforçando que aliado à decisão dos líderes do G7, que resolveram banir, até 2100, os fósseis, petróleo, carvão mineral e gás natural de forma muito corajosa, é uma oportunidade para a agricultura do mundo, valorizando o papel da biomassa que advenha dessa agricultura das diferentes formas de aproveitamento energético. “A agricultura e o agro precisam estar preparados e organizados para atender a grande expansão prevista da demanda e continuar mantendo padrões de produtividade e sustentabilidade”, concluiu. O diretor da DATAGRO, Guilherme Nastari, destacou a importância do evento, na ocasião. “As pessoas acham que quem é do agronegócio tem que usar botina e o GAF é o agronegócio que se debate aqui na cidade, discussões comerciais, de relacionamento que são interessantes em momentos de crise. Neste país, por exemplo, historicamente o agronegócio é o grande lastro, é uma grande base para que a gente superasse os problemas difíceis do Brasil” disse, se referindo à participação do agro no PIB brasileiro. Nastari contou também que a última edição do GAF foi transmitida ao vivo para mais de cinco mil alunos de 17 universidades brasileiras. Segundo ele, nas edições anteriores, o GAF trouxe para o Brasil expoentes como Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e ganhador do Prêmio Nobel, e Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro americano. Entre os palestrantes do GAF 2014, destaque para as presenças do Embaixador Roberto Azevedo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), e do empresário Abílio Diniz, presidente do Conselho de Administração da BRFoods. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Durante o lançamento do GAF 2016, foram discutidas ainda as perspectivas para a agricultura e o agronegócio, os desafios para a valorização dos produtos no mercado internacional e o uso de tecnologias para acelerar a produtividade, além da sustentabilidade da produção por representantes das entidades organizadoras do evento, além da DATAGRO, a SRB (Sociedade Rural Brasileira), a Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho) e a ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu). Gustavo Junqueira, presidente da SRB Ao fazer uma reflexão sobre o protagonismo do agronegócio brasileiro no cenário mundial, o presidente da SRB, Gustavo Junqueira, apontou que o conteúdo debatido no GAF16 não preocupa somente a sociedade rural, mas também a sociedade mundial. Também alertou a necessidade de melhorar a imagem do agronegócio como um todo. “O Brasil hoje é o país mais sustentável na agricultura, mas é preciso continuar inovando sempre. Nós fizemos a revolução tecnológica, temos a revolução verde, mas ainda não fizemos a revolução de gestão”, pontuou. O presidente do Conselho do GAF, Cesário Ramalho, afirmou que “o agronegócio é a nossa alavanca e sabe exatamente o que quer", ao expor as perspectivas do agronegócio. Já Sérgio Bortolozzo, da Abramilho, falou sobre a criação da entidade, em 2007, mo- 41 Cesário Ramalho, presidente do Conselho do GAF Sérgio Bortolozzo, da Abramilho Luiz Cláudio Paranhos, presidente da ABCZ mento no qual vivia se uma turbulência em relação a usar ou não a biotecnologia no setor. “Conseguimos um enorme êxito. Hoje, o modo de aprovação dos materiais e da tecnologia que se usa no Brasil é mais sério, mais objetivo do que em todo mundo, e enquanto muitos países patinam para conseguir as aprovações, o Brasil faz até rapidamente graças à atuação da Abramilho”, disse ele, ressaltando como o uso de tecnolo- gias pode ajudar a elevar a produção de milho e proteína. 7 milhões de empregos, exportando dois milhões de toneladas para mais de 150 países. “A pecuária nacional deverá crescer 24% este ano”, disse ele, destacando os desafios para aumentar a produtividade, ingressar em novos mercados e profissionalizar a gestão nas propriedades rurais buscando cada vez mais uma bovinocultura de corte e de leite mais moderna, competitiva e sustentável. O potencial no mercado internacional para a pecuária brasileira foi destacado pelo presidente da ABCZ, Luiz Cláudio Paranhos. Com quase 210 milhões de cabeça, o Brasil tem um segmento de carne bovina em crescimento, que movimenta R$ 167,5 bilhões por ano e gera aproximadamente Revista Canavieiros - Outubro de 2015 42 Destaque III Barreiras protecionistas impedem crescimento do agronegócio brasileiro Ao participar do lançamento do GAF, Leontino Balbo Jr., agrônomo e diretor agrícola da Usina São Francisco, expôs as dificuldades encontradas especificamente no negócio de produtos certificados. “Nós produzimos açúcar e álcool orgânico e encontramos muitas barreiras protecionistas, principalmente na Europa, onde os europeus não estão respeitando as próprias regras que eles criaram em relação às tarifas de importação”, alertou ele, dando como exemplo o fato de uma empresa inglesa poder mandar açúcar convencional para a Índia e trazer a mesma quantidade de açúcar orgânico sem pagar imposto de importação, o que é proibido pelas normas de comércio da comunidade europeia. “E, mesmo assim, os importadores ingleses não respeitam e isso tem prejudicado muito os nossos negócios na Europa, já que eles distribuem para todo o continente europeu”, queixou-se, afirmando que o Grupo Balbo chegou a deter 70% do mercado orgânico de açúcar na Europa e hoje tem 15%, sendo que cresceram em outros mercados, como EUA, Canadá, Ásia e Emirados Árabes Unidos (Dubai). Leontino Balbo Jr., agrônomo e diretor agrícola da Usina São Francisco Atualmente, o Grupo Balbo produz seis milhões de toneladas de cana em três unidades, 320 mil m³ de etanol, 260 mil toneladas de açúcar no total, e, desse açúcar, 70 mil toneladas são de açúcar orgânico e exportam para 64 países. “Temos outros produtos de varejo como café, sucos, biscoitos, ração animal e também produzimos energia elétrica para distribuir, são 48 megawatts, sendo que consumimos 16 e vendemos 32, fora do horário de pico, este total é suficiente para atender uma cidade quase que do porte de Ribeirão Preto”, frisou. Sobre a crise, o executivo afirmou que também são afetados, já que uma grande parcela dos produtos que produzem é convencional, os quais os preços estão deprimidos e o custo financeiro aumentou muito de um ano para cá. “Podemos dizer que este custo financeiro é praticamente insuportável e mesmo tendo resultado operacional o que a gente vê é o endividamento das empresas aumentar”, desabafou ele, contando que, até o momento, não ocorreu nenhuma demissão na empresa devido à crise graças a algumas mudanças na forma de trabalhar e racionalização de alguns recursos promovidos na empresa. Seminário ERA Para contar toda essa trajetória de sucesso alcançada pelo Grupo, principalmente sobre o sistema de produção orgânica de produção de cana-de-açúcar, que é referência internacional em sustentabilidade, criado por ele, ao longo das últimas três décadas, denominado ERA – Agricultura Revitalizadora de Ecossistemas, será realizado, em Ribeirão Preto (SP), nos dias 18 e 19 de novembro deste ano, o Seminário ERA. “Pensando na expansão dos benefícios deste novo modelo de agricultura, criei a empresa Agrosfortis, que atuará na transferência desta tecnologia aos clientes interessados na implantação deste sistema no futuro próximo”, explicou Balbo. O sistema desenvolvido pelo agrônomo foi inspirado nos métodos naturais de produção animal e vegetal, que são os mais econômicos e produtivos que se pode encontrar. Não são utilizados fertilizantes ou defensivos químicos de qualquer natureza. O novo método de produção “ERA” foi aplicado em vastas áreas de cana-de-açúcar ao longo de 25 anos. Os comprovados benefícios conquistados com o sistema poderão ser conhecidos durante o evento, tais como: produtividade 20% superior à convencional; reconstrução da bioestrutura do solo; recuperação e aumento da fertilidade original do solo; preservação e perenidade do principal ativo do produtor: a terra; Revista Canavieiros - Outubro de 2015 lavouras naturalmente livres de pragas e doenças; ativação do “desconhecido” sistema imunológico natural das plantas; melhor qualidade da produção; maior resiliência das lavouras a condições climáticas adversas; revitalização das culturas e dos ecossistemas; elevada sustentabilidade geral; aumento exponencial da biodiversidade geral; recuperação e preservação dos recursos hídricos; diminuição das emissões de gases de efeito estufa em 30%; redução dos recursos mecânicos necessários à produção e otimização dos custos de produção. Mais informação pelo site. http://agrosfortis.com.br/ RC 43 Destaque IV Campanha “Cana-de-Açúcar: A Cultura da Inovação” é lançada em SP Solidaridad, Raízen, Braskem, Tetra Pak e Socicana se reuniram para divulgar iniciativa que promove a sustentabilidade e a inovação na cadeia da cana-de-açúcar Andréia Vital com informações da assessoria de imprensa P romover a sustentabilidade e as inovações existentes na cadeia da cana-de-açúcar é o mote da campanha “Cana-de-Açúcar: A Cultura da Inovação”, lançada no dia 22 de setembro, no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo-SP. Coordenada pela ONG Solidaridad em parceria com a Raízen, Braskem, Tetra Pak e Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba), a iniciativa nasceu do objetivo comum entre as empresas de conscientizar consumidores e formadores de opinião sobre os avanços ocorridos nas últimas décadas em todo o processo produtivo, desde a produção no campo até a fabricação de embalagens utilizadas no dia a dia. Além das tecnologias que permitem a produção de açúcar, etanol e energia elétrica mais sustentável, outros produtos gerados a partir da cana transformam a matéria-prima em bens de maior valor agregado, como o plástico verde usado em embalagens de alta tecnologia. “O consumidor, ao comprar um produto com uma embalagem feita a partir do polietileno verde, talvez não saiba que esta matéria-prima é renovável e oriunda da cana-de-açúcar. Os investimentos em inovação e sustentabilidade feitos pelas empresas parceiras da iniciativa trouxeram grandes benefícios ambientais e sociais, reforçando o compromisso com o bem-estar dos trabalhadores, produtores e sociedade”, explica Fatima Cardoso, gerente-geral da Solidaridad no Brasil. A executiva afirma ainda que “Esse grupo acredita na corresponsabilidade para promover a sustentabilidade e a inovação em todas etapas da produção”. Para João Alberto Abreu, diretor Agroindustrial da Raízen, a campanha de conscientização ressalta a importância das inovações na cadeia da cana-de-açúcar. “Na Raízen, nós aproveitamos tudo o que vem da cana-de-açúcar. Hoje, a matéria-prima passa por diferentes processos para fabricação de etanol e açúcar e nós usamos o bagaço oriundo dessa atividade para gerar toda energia necessária para nossa operação. Dessa forma, conseguimos ser autossuficientes em nossa produção e ainda comercializar o excedente dessa energia no mercado”, conclui. As ações iniciativas da campanha são divulgadas no site como também em vídeo veiculado na Globo News. Acesse: www.canainovadora.com.br RC Revista Canavieiros - Outubro de 2015 44 Destaque V Raízen apresenta seu primeiro Simulador de Caminhão de cana-de-açúcar Implantação do equipamento já resultou na redução de 50% do número de acidentes nas estradas Andréia Vital A Raízen abriu as portas da Unidade Bonfim, localizada em Guariba-SP, para mostrar o primeiro Simulador de Caminhão de cana-de-açúcar da empresa. Pioneiro, o projeto faz parte do programa de capacitação de motoristas “Rota da Excelência”, desenvolvido pela companhia, a fim de aperfeiçoar a formação profissional e a qualidade dos funcionários. A empresa investiu R$ 320 mil no projeto, que contou com a parceria da Instituição FABET - Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, criada pelo SETCOM, que atua na capacitação de motoristas. O simulador possibilita um treinamento personalizado, submetendo o operador a diversas situações em trajetos do dia a dia do profissional nos mais variados cenários, com climas e terrenos diferentes, com segurança. O treinamento é feito em sala de aula, com acompanhamento de um monitor que orienta a cada procedimento errado. Luis Carlos Veguin, Luiz Vinholis, Nivaldo Ferreira assim como no processo seletivo para novas admissões”, afirmou Luis Carlos Veguin, diretor de Recursos Humanos da Raízen durante coletiva de imprensa. Na ocasião, o executivo estava acompanhado por Nivaldo Ferreira, gerente Agroindústria do Polo Araraquara, e por Silvana Carla Pereira Alves, analista de Formação Profissional do Polo Araraquara. “A operação assistida e o monitoramento permitem ter um diagnóstico quanto à 'dirigibilidade' de cada um, e a partir daí são traçados treinamentos individualizados para o motorista em questão, focando em manobras repetitivas e na correção de eventuais falhas. Este é um processo contínuo de aprendizado, onde a segurança de nossos profissionais é a diretriz primordial”, explicou Veguin, contando que o projeto Simulador de Caminhão de cana-de-açúcar abre ainda a possibilidade de promoção para a função de instrutor aos motoristas canavieiros. “Estes profissionais auxiliam nos treinamentos em sala de aula, no monitoramento diário e fazem a operação assistida de todos os participantes em sua rotina de trabalho”, ressaltou. Também contribui para a economia de combustível, pneus e vida útil dos caminhões da companhia, reduzindo assim os custos. “Até o momento, foram realizados mais de 100 treinamentos com motoristas próprios da empresa, que aperfeiçoaram o desempenho do transporte canavieiro. O aparelho será utilizado para as capacitações técnicas de entressafra de forma preventiva, Revista Canavieiros - Outubro de 2015 A iniciativa foi considerada muito boa por Rodrigo Valdeir da Silva, mesmo ele tendo mais de três anos e meio de profissão. “Comecei a trabalhar na Raízen nesta safra e fui um dos primeiros a me capacitar no Simulador de Caminhão de cana-de-açúcar da companhia”, informou ele, explicando que o operador passa a ter mais confiança com o aprendizado devido ao seu realismo. Desde que foi implantado, em julho deste ano, o simulador, que usa tecnologia Simbra e já possibilitou a redução de 50% dos acidentes nas estradas, capacitou 620 motoristas do Polo Araraquara, formado pelas unidades Bonfim, Serra, Tamoio, Araraquara e Junqueira, e a previsão é que o treinamento passe a ser rotina também em outros polos da Raízen, com a aquisição de novos equipamentos. O Polo Araraquara tem 6.041 funcionários diretos e é responsável por 20% da capacidade de moagem de cana da Raízen no Brasil, com previsão para a safra 15/16 de moer 13,361 milhões de toneladas; produzir 1.108.000 ton/ano de açúcar e 402 mil m³ de etanol e cogerar 361 mil MWh. A mecanização também já atingiu índices altos no polo, sendo que 98,5% da colheita é feita por máquinas e 100% do plantio é mecanizado. RC 45 Seu braço forte contra as doenças da Cana. Forte ação preventiva e residual. Nativo é o fator de proteção essencial para todo produtor Canavieiro que busca produtividade. Sua eficácia abrange proteção prolongada nas folhas e no sulco de plantio, em diferentes variedades de Cana, o que auxilia no resultado da produção. Nativo é o fungicida ideal para Cana. • Ampla proteção para as folhas e toletes de plantio promovendo vigor para as plantas de Cana; • Ideal para gramíneas devido ao seu efeito translaminar; • Resistente a lavagem por chuvas prolongando o período de proteção; • Potencializa o efeito de outros tratamentos para o sulco de plantio. Nativo - Protege muito, contra mais doenças. www.bayercropscience.com.br Revista Canavieiros - Outubro de 2015 46 Destaque VI Ourofino Agrociência ganha emancipação Criada em 2010, empresa que tem DNA de um Grupo brasileiro reconhecido internacionalmente deve faturar R$ 500 milhões este ano Andréia Vital D esde que foi criada em 1987, por Jardel Massari e Norival Bonamichi, dois amigos de infância, com o objetivo de distribuir insumos veterinários, a Ourofino vem com um legado que a posiciona como referência em uma indústria acirrada como a farmacêutica, como também nas indicações de melhores empresas para se trabalhar no Brasil, inspirando tradição e qualidade de seus produtos. De um barracão de fundo de quintal, hoje a empresa, que recebeu o nome da cidade que era distrito de Confidente- MG, onde os amigos nasceram, e que ficou famosa pela música de Sérgio Reis, “O Menino da Porteira”, possui uma grande estrutura em Cravinhos-SP, sendo a terceira companhia do Brasil e uma das 20 maiores do mundo no segmento de saúde animal, tendo presença em 30 países. Do Trissulfin, a primeira solução de fabricação própria, até os dias atuais, a empresa tem no seu portfólio mais de 120 produtos. “A abertura da Ourofino Agrociência em 2010 foi uma oportunidade para manter o ritmo de crescimento, já que existe uma sinergia entre o segmento animal e agricultura”, explicou Massari. Segundo o executivo, o processo de expansão começou há sete anos com uma parceria com o BNDES PAR para alavancar dois novos projetos: o primeiro voltado para a indústria de febre aftosa e o segundo para a implantação de uma fábrica de defensivos agrícolas, em Uberaba-MG. Assim nascia a Ourofino Agrociência, uma empresa 100% brasileira fabricante de defensivos agrícolas, com a instalação de uma planta, considerada a mais moderna da América Latina neste segmento, em Uberaba – MG, que recebeu investimentos de aproximadamente US$ 100 milhões. Em outubro de 2014, ocorreu uma restruturação no Grupo Ourofino: a Ourofino em Cravinhos-SP Jardel Massari, fundador da Ourofino Saúde Animal abriu capital passando a ser uma SA (Sociedade Anônima), oferecendo suas ações na bolsa. Com esse novo perfil, as empresas se separaram, já que se encontravam em maturidades diferentes. A Ourofino Saúde Animal passou a ter acionistas como fundos de pensão, além dos antigos donos, Jardel Massari e Norival Bonamichi. Já a Ourofino Agrociência, empresa de capital fechado, continuou sob a tutela dos fundadores do Grupo e mudou sua sede para Ribeirão Preto-SP. “Temos a mesma origem, mas cada empresa tem sua própria história”, explicou Jurandir Paccini Neto, presidente da Ourofino Agrociência, ressaltando que a companhia completou, em setembro deste ano, cinco anos de atuação com motivos para comemorar. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Jurandir Paccini Neto, presidente da Ourofino Agrociência “São quarenta mil metros quadrados de área construída, em uma área total de 250 mil m², com equipamentos modernos e ambiente automatizado, com capacidade de produção de 100 milhões de litros por ano, 17 soluções em seu portfólio, tem um Centro de Pesquisa Agronômica certificado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), em Guatapará (SP). É uma fazenda experimental onde são testadas e desenvolvidas as soluções da Ourofino que posteriormente estarão no campo atendendo, com eficiência, às necessidades de clientes em todo o Brasil, além de um escritório de negócios em Xangai, na China, para relacionamento com fornecedores de matérias-primas”, elucidou o executivo, contanto que atualmente contam com 315 colaboradores. “Somos uma empresa jovem, mas com profissionais experientes. A Ouro- 47 fino Agrociência tem um knowhow de pessoas que estão há anos no mercado, que sabem o que estão fazendo. Tudo isso aliado à visão de negócios dos senhores Norival e Jardel, que sabem como ninguém levar uma empresa ao sucesso”, afirmou o Paccini Neto. De acordo com o executivo, para 2015, a previsão é atingir faturamento total de R$ 500 milhões, o que representa 35% acima ao do ano passado. Já a meta para os próximos cinco anos é alcançar 5% de market share com a obtenção do registro de mais 32 produtos. “Nossa perspectiva é crescer R$ 100 milhões por ano”, ressalta Everton Molina Campos, gerente de Marketing & Inteligência Corporativa da empresa. Comemoração dos cinco anos foi marcada por visita da imprensa às sedes das empresas em Ribeirão Preto e Cravinhos e à fábrica em MG Para mostrar os avanços conquistados ao longo dos últimos anos, a empresa organizou um evento para jornalistas com visitas às suas instalações. Coube ao diretor de Operações Industriais da companhia, Jair Sunega, acompanhar a imprensa pela fábrica em Uberaba-MG. “A partir de um SGI (Sistema de Gestão Integrada), conquistamos todas as certificações que garantem alta confiabilidade nos processos, como em BPL (Boas Práticas de Laboratórios) para estudos de resíduos em vegetais, pelo Inmetro; além dos ISOs 9001 (garantia da qualidade) e 14001 (meio ambiente) e OHSAS 18001 (segurança)”, diz ele, explicando que o portfólio da empresa se divide em herbicidas, fungicidas e inseticidas para as principais culturas do Brasil, como soja, milho, cana-de-açúcar, algodão, entre outras. “É uma das maiores plantas do segmento no Brasil em capacidade de produção, temos condições de produzir Jair Sunega, diretor de Operações Industriais 10% da capacidade do mercado brasileiro, que é de aproximadamente um bilhão de litros. Estamos produzindo neste momento em torno de 35 milhões de litros, embora nossa capacidade seja de 100 milhões de litros por ano”, afirmou Sunega, contanto que já estão em processo de expansão com a construção de um novo galpão para armazenagens de defensivos. Além dos produtos da marca Ourofino (60%), a fábrica produz produtos de terceiros. “A planta já nasceu com o conceito de prestar serviços a outras empresas e isso de fato aconteceu e é motivo de orgulho para nós porque é uma planta muito nova e as empresas são extremamente exigentes, do ponto de vista de terceirizar a produção dos seus produtos”. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 48 Destaque VI Burocracia para a liberação de novos produtos e falta de isonomia regulatória Mas nem tudo são flores. De acordo com o presidente da Agrociência, alguns percalços como o burocrático sistema regulatório na área agrícola são gargalos a serem superados. “O registro do produto tem que passar por três órgãos MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), do Ministério da Saúde e demora, às vezes, quase 10 anos para sair, o que atrapalha os investimentos no país”, diz, contando que o registro de cada novo produto custa em torno de R$ 1,5 milhão. Outra queixa do empresário é referente à legislação de 2004, que permite importar produtos prontos pagando menos imposto do que a importação da matéria-prima. “Há falta de isonomia regulatória e uma situação tributária que, no mínimo, permite trazer um produto de fora basicamente no mesmo custo que produzir aqui no Brasil. Além disso, não existe nenhum regulamento para a importação, então os produtos entram no país sem atender a uma série de determinações rigorosas da legislação nacional a qual temos que nos submeter”, reclama ele, afirmando que, devido a isso, as indústrias de produção de defensivos agrícolas não ampliaram sua capacidade no Brasil e o volume movimentado, que em 2014 chegou a US$12,249 bilhões, segundo o SINDIVEG (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal), poderia ser mais expressivo. “Existe preconceito contra os defensivos, alegam que é veneno, mas eles são como um medicamento, que você não pode tomar em excesso. No caso dos defensivos, o uso de maneira consciente, com produtos cada vez mais elaborados e menos tóxicos é necessário, pois não existe produção de alimento no mundo se não houver defensivo”, constata Massari, ressaltando que a demanda por comida aumentará nos próximos anos com a taxa de população em crescimento. Segundo o executivo, o Brasil e os EUA são os primeiros no consumo de volume absoluto de defensivos agrícolas, mas fica com o sexto lugar em litro ou quilo por hectare, ficando bem atrás de outros países como do Japão, onde a dosagem é 20 vezes a usada em terras brasileiras e da França, que utiliza seis vezes mais do que aqui. Setor canavieiro representa segundo faturamento da Ourofino Agrociência Mesmo em crise, o setor sucroenergético representa o maior market share da Ourofino Agrociência, sendo o segundo faturamento da empresa, diz o seu presidente. De acordo com ele, 9 dos 17 produtos do portfólio da companhia são voltados para a cana-de-açúcar. “Ainda faltam um herbicida para a época de seca, mais um inseticida e reguladores de crescimento, mas todos estão contemplados nos nossos investimentos futuros”, afirmou ele, se referindo aos 32 novos produtos que aguardam liberação para serem comercializados. “O setor se estagnou e o acesso ao crédito se tornou muito mais difícil. Portanto, precisamos ter um custo competitivo devido ao momento que o segmento vive”, disse. Paccini Neto comentou ainda que, no ano passado, a empresa realizou um encontro específico para o setor, chamado AgroEncontro, com a participação de profissionais, lideranças, pesquisadores, empresas e institui- ções, como o IAC (Instituto Agronômico de Campinas), RIDESA e CTC (Centro de Tecnologia Canavieira). O dia de campo serviu para apresentar sua linha de produtos voltados para Revista Canavieiros - Outubro de 2015 melhorar a produtividade da cana-de-açúcar, como o DemolidorBR, FortalezaBR e CoronelBR, utilizados para ervas daninhas, e DiamanteBR e SingularBR, soluções para insetos. 49 Variedades CTC. Novas e com 46 anos de experiência. Força e robustez gerando mais produtividade. Precocidade com alto teor de açúcar. Power CTC9004M e Sweet CTC9005HP. De um lado produtividade, do outro alto teor de açúcar. Mas acima de tudo, o conhecimento, a experiência e a visão inovadora da marca CTC, construídas em mais de quatro décadas de desenvolvimento e melhoramento genético. O resultado? Variedades com qualidades únicas. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 50 Informações Setoriais Chuvas de setembro e previsões climáticas para outubro a dezembro/2015 Quadro 1:- Chuvas observadas durante o mês de setembro de 2015. Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Consultor A média das chuvas deste mês de setembro de 2015 (119mm), quase que toda concentrada no meio do mês, foi praticamente o dobro das respectivas normais climáticas dos locais observados (65mm) e as de setembro de 2014 (55mm). Os mapas A1 e A2, a seguir, mostram os diferenciais de distribuição das chuvas de setembro destes dois anos no Estado de São Paulo. Em 2014 (mapa A1) as chuvas (25 a 200mm) ocorreram em gradiente crescente do Nordeste ao Sudoeste do Estado. Enquanto que, em setembro de 2015 (mapa A2), os mm (milímetros) de chuvas (50 a 100) concentraram-se no Centro-Norte e Sudoeste de São Paulo, maiores volumes (150 a 200mm) foram anotados nas regiões canavieiras de Campinas, Ourinhos, Piracicaba e Sorocaba. As anotações de chuvas dos Escritórios Regionais, que são condensadas em Viradouro, são disponibilizadas diariamente pelo site Canaoeste e suas médias mensais e as respectivas normais climáticas são apresentadas neste artigo no quadro 2, a seguir. Os dados do quadro 2 mostram as expressivas diferenças observadas entre as médias mensais das chuvas acumuladas de janeiro a setembro de 2013 a 2015 (Vide destaque, canto inferior direito). A média mensal do período janeiro a setembro de 2013 foi quase duas vezes e meia a de 2014 e esta foi pouco mais que a metade de 2015. Notem que, mesmo com bons volumes de chuvas de fevereiro a junho e setembro de 2015, o total médio de chuvas ainda ficou aquém das normais climáticas, devido quase que exclusivamente ao mês de janeiro de 2015. Nos mapas B1 e B2 são apresentados os comparativos de distribuição das chuvas entre estes dois anos, a saber: na média notaram pequenas diferenças em GO, MG, MT e SP; enquanto que, nas áreas canavieiras do MS e PR, as chuvas foram mais presentes. Mapa A1 - setembro 2014 Mapa A2 - setembro 2015 Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Para planejamentos próximo-futuros, a Canaoeste resume o prognóstico de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para o final de outubro e os meses de novembro e dezembro, como mostrado no mapa 4. • Nestes meses, as temperaturas tendem a ser próximas a acima das respectivas normais climáticas para as Regiões Centro-Sul do Brasil; • O consenso INMET-INPE prevê que as chuvas poderão ocorrer com iguais probabilidades para as três categorias (acima, próxima e abaixo das normais climáticas) em quase toda área sucroenergética da Região Centro Oeste e Sudeste do Brasil, exceto as faixas Centro-Sul do MS e Sudoeste SP. Já na Região Sul, poderão predominar chuvas acima das normais regionais; • Tendo-se como referência o Centro de Cana-IAC, as médias históricas das chuvas em Ribeirão Preto e municípios (bem) próximos são de 125mm em outubro, 170mm em novembro e 270mm em dezembro. A SOMAR Meteorologia, com a qual a Canaoeste mantém convênio, elaborou no início de outubro uma análise da condição atual de El Niño; a saber: O NOAA (Centro Americano de Meteorologia e Oceanografia), no trimestre julho-agosto-setembro, mediu a temperatura do Oceano Pacífico equatorial central, região chamada de El Niño 3.4. A água estava 1,5°C mais elevada que o normal para época do ano. A atmosfera brasileira já está respondendo a este aquecimento, demonstrada pelas chuvas acima dos 100 milímetros em setembro na Região Sul e nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Por outro lado, praticamente todo 51 Quadro 2:- Médias mensais e normais climáticas dos acumulados das chuvas de janeiro a setembro de 2013 a 2015. Mapa 4:- Elaboração Canaoeste 70 anos do Prognóstico de Consenso entre INMETINPE para final de outubro e os meses de novembro e dezembro. OBS:- Normais (ou médias) climáticas são as dos locais enumerados de 1 a 10 e mais a do Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto. Mapa B1 - setembro 2014 Mapa B2 - setembro 2015 o centro e norte do Brasil terminou o mês com precipitação abaixo da média. Voltando ao Oceano Pacífico, a tendência é de manutenção do aquecimento nos próximos meses com um pico e desvio de quase +2,5°C no trimestre outubro-dezembro. Para a atmosfera brasileira, o trimestre outubro-dezembro trará implicações em chuva acima da média no Sul e no Sul dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Já na maior parte do Sudeste e Centro-Oeste, espera-se chuva próxima da média, embora sua regularização aconteça de forma mais atrasada que o normal. A temperatura ficará acima da média em boa parte do país com maiores desvios entre o Norte e Nordeste. Novamente retornando ao Pacífico, no decorrer do primeiro trimestre de 2016, espera-se diminuição gradativa da temperatura do Pacífico equatorial central, provavelmente, com término do fenômeno em meados do próximo ano. Traduzindo para a região de abrangência Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, São Paulo e com cautelosa extensão à Região Centro Sul do Brasil, apresenta-se a previsão para os próximos meses, como se segue: Durante o mês de outubro, o fenômeno El Niño estará se mostrando mais presente, bloqueando as frentes frias nos Estados do Sul. Prevê-se chuvas na virada deste próximo final de semana prolongado, alcançando com bons volumes de chuvas em todo Estado do Paraná, Sul e Leste do Mato Grosso do Sul, toda faixa Norte (exceto quase que metade) do Nordeste de São Paulo, Pontal do Triângulo Mineiro e Meio-Oeste goiano. A seguir, poderá ocorrer estiagem de 10 a 17 dias, e talvez chuvas ocasionais. A estiagem de 10 dias, se confirmar as previsões Cptec-Inpe, e de 17 dias, pelas previsões norte-americanas. Pela previsão Cptec-Inpe, poderá acontecer período chuvoso de até 100mm, entre 23-25 até o final do mês. E a menos favorável prevê chuvas consistentes apenas nos dias finais do mês. Neste intervalo seco, as temperaturas poderão ser elevadas, sugerindo redobradas atenções à Saúde, contínuos monitoramentos e patrulhamentos contra incêndios, entre outros. Vamos torcer para que prevaleça a previsão brasileira pelo Cptec-Inpe, pois eventuais danos podem incluir canaviais a colher, a bisar e os que foram colhidos e que já receberam os devidos tratos culturais. Nas primeiras quinzenas dos meses de novembro, dezembro e janeiro, poderão ocorrer poucas chuvas, mas as segundas quinzenas serão mais chuvosas e até quase que contínuas.RC Revista Canavieiros - Outubro de 2015 52 Revista Canavieiros - Outubro de 2015 53 Revista Canavieiros - Outubro de 2015 54 Artigo Técnico O uso pleno da cana-de-açúcar Manoel Regis L. V. Leal (Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol CTBE / Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais – CNPEM) A duz os riscos econômicos do negócio. O etanol de segunda geração (2G) já é olhado como um outro produto para o médio ou longo prazo. Primeiro precisamos olhar para os constituintes básicos da cana: açúcares, fibras do colmo e fibras das folhas e ponteiros. Energeticamente falando, cada um destes componentes representa aproximadamente um terço da energia primária da planta, mas por razões econômicas e culturais são tratados de forma bem diferentes pelas usinas: há um esforço enorme para se aproveitar ao máximo os açúcares na produção de açúcar e etanol. O bagaço (fibras do colmo) é apenas o combustível necessário para suprir as necessidades energéticas da usina e a palha (fibras das folhas e ponteiros). É algo novo que surgiu com o fim das queimadas nos canaviais e não se sabe bem para que serve. Todavia, este panorama está mudando, pois a eletricidade está se tornando rapidamente um terceiro produto, auxiliando na diversificação da produção, que re- Para esta visão de aproveitamento pleno da cana prosperar, barreiras culturais, tecnológicas, econômicas e institucionais precisam ser claramente identificadas e eliminadas. Primeiro, um melhor aproveitamento do bagaço precisa ser conseguido através da redução drástica do consumo energético no processamento da cana e, para isso, já existem soluções tecnológicas comercialmente disponíveis e amplamente testadas. Estas soluções têm sido pouco utilizadas devido ao fato de que até há pouco tempo o bagaço não encontrava muitos usos comerciais fora das usinas, desestimulando os investimentos em otimização energética. A privatização do setor elétrico nacional e criação da figura do PI (Produtor Independente), abertura da rede nacional para uso pelos PI´s e criação da sistemática dos leilões de energia animaram o setor sucroalcooleiro a se tornar sucroenergético. Algumas usinas de maior porte já utilizam algumas dessas tecnologias para reduzir o consumo de vapor e aumentar a geração de eletricidade excedente através do aumento da pressão e temperatura do vapor das caldeiras e uso de TG (turbogeradores) de condensação, além dos de contrapressão. Os resultados em termos de aumento de geração de energia elétrica são expressivos. Todavia, fatores cana-de-açúcar é a matéria-prima mais utilizada na produção de açúcar, sendo produzida em mais de 100 países. Todavia, ela está se tornando excelente para produção de energia, que no Brasil vem sendo feita de forma combinada com a produção de açúcar. Do ponto de vista energético, a cana já representa 15,7% da oferta de energia primária do Brasil, mesmo o país se mantendo como o maior produtor e exportador de açúcar do mundo. Algumas questões podem surgir: já atingimos o limite onde é possível chegar? Se não, até onde podemos ir e como chegar lá? Figura 1: Remoção excessiva de palha Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Manoel Regis L. V. Leal econômicos e entraves legais e institucionais ainda inibem um avanço mais significativo nesta área. E a palha? Este terceiro componente energético da cana está recebendo uma atenção crescente por parte das usinas devido à importância que a venda de eletricidade excedente está assumindo no faturamento. Das várias alternativas tentadas para seu recolhimento, duas sobreviveram: o enfardamento e a colheita integral, onde a palha e a cana são trazidas juntas na mesma carga e separadas em uma ELS (estação de limpeza a seco) instalada no sistema de recepção de cana das usinas; nesta última rota de recolhimento, os ventiladores das colhedoras têm suas velocidades Figura 2: Compactação e pisoteio 55 reduzidas para permitir que mais palha seja jogada nos transbordos junto com a cana. Uma terceira rota de recolhimento ainda corre pela raia de fora após ter sido testada e descartada – a que usa forrageiras. Infelizmente, vários problemas ainda persistem nestas rotas, tanto no campo como na indústria, sendo os principais: • Enfardamento: alto teor de impurezas minerais, compactação do solo e danos nas soqueiras pelo tráfego adicional nos canaviais, dificuldades na trituração dos fardos e custos ainda elevados; • Colheita integral: redução da densidade da carga de cana pela maior presença de impurezas vegetais que encarece o transporte da cana e requer um maior número de caminhões e transbordos, custo da instalação do sistema de limpeza a seco na usina e consumo energético do mesmo e impactos negativos na capacidade da moenda e cor do caldo devido ao aumento de impurezas vegetais na cana moída; • Forrageira: alto custo de manutenção, baixa densidade da carga de palha, tráfego adicional de equipamentos no canavial com mais compactação e danos nas soqueiras. dutividade do canavial são a proteção contra erosão (Figura 1), o pisoteio de soqueiras (Figura 2) e a manutenção da matéria orgânica do solo. Estes problemas resultam em alto custo de recolhimento, impactos negativos nos equipamentos de processoe nas caldeiras pelo aumento das impurezas minerais. No canavial, o tráfego adicional pelos equipamentos de recolhimento precisa ser melhor estudado e seus efeitos quantificados para serem incluídos nos custos da palha. Os aspectos referentes à proteção contra erosão e manutenção da matéria orgânica do solo estão relacionados com a quantidade mínima de palha que precisa permanecer no solo para se conseguir estes efeitos benéficos; estes valores mínimos dependem da topografia, tipo de solo e época da colheita, e outros menos importantes. Finalmente, é sabido que o colchão de palha que fica no campo tem impactos agronômicos, na maioria positivos como proteção contra erosão, aumento da matéria orgânica no solo, aumento da atividade microbiológica, redução das perdas de água e outros. No lado negativo, tem-se o aumento das populações de pragas, risco de incêndio e retardo na brotação de soqueiras em certas variedades e em condições climáticas desfavoráveis. Os pontos mais críticos relacionados à pro- Existem ainda muitos problemas relacionados ao recolhimento e uso da palha da cana para suplementar o bagaço na geração de energia elétrica excedente nas usinas. No médio prazo eles serão resolvidos conduzindo ao uso pleno do potencial energético da cana e melhoria da sustentabilidade do setor sucroenergético. Não menos importante, e talvez mais complexa, é a remoção das barreiras institucionais para a venda de eletricidade excedente pelas usinas, mas isso é uma outra história. RC Revista Canavieiros - Outubro de 2015 56 Artigo Técnico Sistematização de Áreas e Conservação do Solo Práticas fundamentais para o bom desempenho do canavial Breno Henrique Souza Engenheiro Agrônomo da Canaoeste de Descalvado N os últimos anos, o aumento da área cultivada com cana-de-açúcar forçou a busca por novas tecnologias, principalmente na mecanização da colheita devido à necessidade de maior agilidade no processo, a falta de mão de obra e o protocolo agroambiental, que antecipou os prazos de eliminação da queima da palha para o corte manual (MAGALHÃES, P.S; GRAZIANO et.al.). Partindo deste princípio, torna-se necessário criar ferramentas para acompanhar esse desenvolvimento e a adaptação das técnicas de sistematização de áreas e a conservação do solo, que são fundamentais nesse novo cenário. A sistematização é uma terminologia utilizada no setor canavieiro para o planejamento da implantação de um canavial, na qual são definidos: dimensionamentos de talhões e nivelamento do terreno, retirada de materiais estranhos, localização de estradas e carreadores, terraceamento adequado, sistema conservacionista e planejamento da sulcação. (BENEDINI; CONDE, 2008). O rendimento operacional das máquinas está diretamente relacionado com a sistematização da área, nas mais variadas operações, incluindo a colheita. A sistematização determinará o percurso dessas operações e, consequentemente, o número de manobras necessárias e o local onde essas manobras serão realizadas. As mudanças tecnológicas recentes na área de geoprocessamento e topografia proporcionam condições excelentes para a elaboração de projetos de sistematização de áreas agrícolas (MAULE, 2013). O preparo de solo é um fator importante dentro do processo de sistematização e deve proporcionar uma boa uniformidade de profundidade e um razoável nivelamento da superfí- cie do terreno. Ambas as ações possibilitam uma sulcação uniforme e perfeito paralelismo. Também é fundamental a adoção de linhas de plantio bastante alongadas e com menor número possível de matacões, reduzindo as manobras e o pisoteio da soqueira, o que é conseguido com o aumento do espaço horizontal entre os terraços ou com a eliminação desses. Dessa forma, a sistematização proporciona a otimização da área agrícola e incrementos dos rendimentos operacionais, da longevidade e produtividade agrícola, da conservação do solo e da água e, consequentemente, da sustentabilidade da atividade canavieira. Resumidamente, pode-se dizer que uma sistematização sustentável reúne interesses entre o operacional (incremento de rendimentos do sistema de corte e carregamento nos transbordos com significativa redução de custos) e aspectos agronômicos (eliminação do pisoteio da linha com a obtenção de maiores produtividades e maior longevidade), ambos resultando em maior lucratividade quando a sistematização para o plantio e a colheita da cultura forem realizadas de forma planejada. Técnicas de Sistematização As técnicas de sistematização de solo têm o objetivo de melhorar a conservação e minimizar erosões, da mesma forma que permitem a melhor infiltração e distribuição de água no solo. Também possibilita a melhora da colheita mecanizada e tratos culturais, bem como isso está relacionado à longevidade, produtividade e lucro no canavial. Na sequência estão descritas algumas etapas da sistematização: 1. Dimensionamento de talhões: Geralmente os talhões de cana são Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Breno Henrique Souza, Engenheiro Agrônomo da Canaoeste de Descalvado subdivididos quanto à topografia e homogeneidade do solo e apresentam em média 10 a 20 hectares. 2. Carreadores: Recomenda-se fazer carreadores secundários com largura de 5,0 metros, pois os transbordos possuem 3,7 metros de largura e carreadores principais (mestres) iguais a 7,0 a 8,0 metros. O planejamento antecipado das estradas é importante para o formato dos talhões e posição da sulcação. Os carreadores em nível (sem degrau) podem apresentar função de contenção de água porque facilitam a drenagem da água para a lavoura. Vale ressaltar que os carreadores se destinam ao trânsito de veículos leves e pesados e, portanto, devem ter sua superfície bastante compactada, possibilitando o tráfego mesmo após a ocorrência das precipitações. 3. Terraços: Conceitualmente, os terraços são considerados como práticas mecânicas de conservação do solo e da água e são utilizados para fracionar as encostas em segmentos, impedindo o acúmulo expo- 57 nencial do volume de água, principalmente em lançantes longas. O tipo de terraço (curva de nível) a ser implantado em determinada área deve ser escolhido com base na análise das características pluviométricas (quantidade, intensidade, duração e frequência) e do solo (profundidade, textura dos horizontes e permeabilidade). O conhecimento desses elementos permite que selecione o tipo de terraço mais apropriado à sua situação. Devemos sempre levar em consideração a topografia da área antes de sua implantação. 3.1. Tipos de Terraços: Embutido: é o modelo mais adotado. Considerado o mais resistente em relação à erosão. Usado até a declividade de 12%. Possibilita a colheita mecanizada, mas não permite o cruzamento de máquinas e equipamentos. Embutido invertido: usado em área declivosa, máximo de 18%. Permite maior captação de água, além de possibilitar o corte mecanizado em toda sua área, mas não permite o cruzamento de máquinas e equipamentos. Base larga: usado até a declividade de 6%. Permite o corte mecanizado em toda sua largura e o cruzamento de máquinas e equipamentos. É mais fraco do que o embutido. Canal escoadouro: usado em solos com deficiência de drenagem. Tem a desvantagem de oferecer maior risco de assoreamento e, por isso, necessita de mais manutenção. 4. Sulcação O planejamento de plantio de cana-de-açúcar é uma das ferramentas de mais baixo custo e de grande impacto nas operações motomecanizadas. Dentre os procedimentos, o planejamento da sulcação é o que traz resultados imediatos, pois aumenta o rendimento das operações, ao mesmo tempo em que reduz os custos. Praticamente todas as operações do sistema de produção da cana-de-açúcar seguem as linhas de plantio. Quanto mais linhas contínuas (menor número de sulcos mortos) houver em uma área, menor será o número de manobras necessárias para todas as operações mecânicas, seja de plantio mecânico ou manual, aplicação de herbicidas, cultivo de soqueiras e colheita mecânica. O layout de sulcação depende do tipo de solo, declividade, sistema conservacionista e o tipo de preparo do solo. É fundamental que seja feito o planejamento de sulcação da área a ser plantada sem esquecer as práticas conservacionistas. O planejamento da sulcação, aliado a eliminação racional de terraços, pode incrementar o rendimento operacional da colheita mecânica e tratos culturais em até 50%. Considerações Finais Atualmente o termo sistematização tem um sentido mais amplo, referindo-se também ao sistema conservacionista. O objetivo principal da sistematização de áreas é diminuir o terraceamento e racionalizar a sulcação da área, com o propósito de diminuir ao máximo o número de manobras dos equipamentos, sem perder a segurança no controle de erosão. Os benefícios do plantio e da colheita mecanizados da cana-de-açúcar estão diretamente dependentes do desenvolvimento de sistematizações adequadas e sustentáveis, sendo importante o estu- do de novas tecnologias relacionadas à conservação do solo e da água. De maneira geral, as práticas de sistematização de áreas e conservação do solo deverão ser feitas em função dos aspectos ambientais e socioeconômicos de cada propriedade e região. Informamos que a reforma do canavial deve ser encarada como uma oportunidade de implantação dessas práticas e procedimentos como: florestamento e reflorestamento, rotação de culturas, cobertura morta, manutenção da palha na superfície do solo, faixa de bordadura, cultura em faixa, adubação verde, química e orgânica, manejo do mato, devem ser também considerados. Para maiores informações e esclarecimentos de dúvidas consulte a equipe de engenheiros agrônomos da Canaoeste. Bibliografias citadas. BENEDINI, M.S.; CONDE, A.J. Sistematização de área para colheita mecanizada da cana-de-açúcar. Revista Coplana, Guariba, SP, 2008, n. 53, p. 23 – 26. Disponível em: http:// www.coplana.com/gxpfiles/ws001/design/RevistaCoplana/2008/Dezembro / pag23-24-25-26.pdf. Acesso em: 15 de setembro de 2015. MAGALHÃES, P. S.; GRAZIANO et. al. Workshop de colheita de Cana-de-açúcar e palha para produção de etanol, 2006. Disponível em: http:// www.apta.sp.gov.br/cana/anexos/relatorio_workshop_colheita_de_cana.pdf. Acesso em: 14 de setembro de 2015. MAULE, R. F. Sistematização agrícola e boas práticas de conservação de solo. Revista onlineAscana. Disponível em https://www.produtosdointerior. com.br/siteascana/?p=480. Acesso em: 15 de setembro de 2015. RC Revista Canavieiros - Outubro de 2015 58 Artigo Técnico Tecnologias para formação de viveiros de cana-de-açúcar Fabio Amaral (Eng. Agrônomo), Breno Campos (mestrando IAC), Carlos Azania (pesquisador IAC) e Andrea Azania (Bióloga/consultora) D entre as diversas atividades envolvidas no sistema de produção de cana, a formação de viveiros está entre aquelas de maior importância. Viveiros são áreas de produção de cana-de-açúcar que recebem cuidados fitossanitários especiais e são responsáveis pelo fornecimento de mudas de alta qualidade agronômica, fitossanitária e genética para a formação de novos canaviais comerciais. O planejamento correto inicia-se com a formação do plantel de cultivares na unidade produtora, o que é fundamental para o sucesso da atividade. Escolhidas as cultivares, o primeiro passo a ser dado para que estas expressem todo seu potencial produtivo é a obtenção de mudas sadias, livres de pragas, doenças e misturas varietais. Este objetivo só é possível através da formação de viveiros de alta qualidade. A grande e acelerada expansão da área cultivada com cana-de-açúcar, observada nos últimos anos no Brasil, principalmente para regiões menos tradicionais no cultivo canavieiro, muitas vezes foi realizada sem a devida atenção à produção das mudas. Como consequência, os reflexos podem ser observados, seja na queda da produtividade agrícola, seja no aumento da incidência de certas doenças nos canaviais. Na contramão desta tendência, a formação de viveiros através do uso de mudas pré-brotadas vem ganhando cada vez mais adeptos nos últimos anos no setor sucroenergético, ciente da importância do tema. Trata-se de um método de plantio diferente daquele tradicionalmente conhecido, no qual os colmos da cana-de-açúcar são seccionados em pedaços de 40 a 60 cm, colocados em sulcos e depois cobertos na própria área de cultivo. Atualmente, a Basf com o produto Agmusa, o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) com as MPB’s e a Syngenta com o Plene PB, dispõem deste tipo de muda pré-brotada. Neste novo sistema, as mudas são produzidas através da secção do colmo da planta de cana-de-açúcar, de onde são retirados os minirebolos (minitoletes) com gemas individualizadas. Após passarem por tratamento com fungicidas são acomodados em tubetes com substrato onde ocorre a brotação da gema. Na sequência, passam por um cuidadoso processo de aclimatação até a obtenção de mudas preparadas para o transplantio no solo. Durante o processo de formação, as mudas recebem diversos tratos culturais, podas frequentes e passam pelo processo de retirada de plantas anormais (“roguing”) em cada lote produzido. Os cuidados garantem que o material entregue ao produtor seja vigoroso, de porte uniforme, de pureza genética confirmada e livre de pragas e doenças. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Além disso, a rastreabilidade de todo o processo é possível, conferindo segurança quanto à origem da muda adquirida. Em geral, os viveiros obtidos a partir do transplantio dessas mudas pré-brotadas são denominados viveiros primários. Estes darão origem aos viveiros secundários, que por sua vez originarão mudas para áreas comerciais. Os colmos que são utilizados para a obtenção das mudas pré-brotadas também advêm de viveiros. Estes são denominados viveiros pré-primários e são obtidos através do plantio de mudas comumente chamadas de mudas de meristema. Este tipo de muda difere das mudas pré-brotadas, pois não são provenientes de colmos, mas sim obtidas a partir do desenvolvimento de plântulas de cana-de-açúcar geradas através da técnica de micropropagação de tecidos (meristema apical da planta-mãe ou planta-matriz). Antes do aparecimento das mudas pré-brotadas em larga escala, este era um método bastante utilizado 59 por diversas unidades sucroenergéticas para a introdução de novas cultivares ou para acelerar a multiplicação de alguma cultivar de interesse. No sistema de mudas de meristema ou mudas pré-brotadas, há a garantia de pureza genética e a certeza da sanidade do material. Mas é evidente que o processo de produção das mudas pré-brotadas é mais simples, pois não depende de técnicas de micropropagação, o que torna este método aplicável em maior escala e de maior facilidade de difusão. As mudas pré-brotadas mostram-se, em geral, mais vigorosas e, por isso, mais resistentes às condições ambientais adversas, embora ambas dependam de cuidados especiais com irrigação, principalmente nos primeiros dias após o transplantio. Assim, o produtor que deseja formar um viveiro primário pode adquirir as mudas pré-brotadas diretamente das empresas produtoras. Com isso, o produtor dispensa a fase de formação de viveiros pré-primários com mudas vindas de cultura de meristema. Desse modo, a formação dos viveiros pré-primários, de menor escala e maior complexidade, fica sob responsabilidade das empresas que fabricam as mudas pré-brotadas. O produtor pode então focar na formação dos viveiros primários, posicionando-os de forma conveniente em sua área agrícola, de forma a facilitar sua multiplicação para a formação de viveiros secundários que gerarão as mudas para as áreas comerciais. Independentemente da opção feita, se por mudas pré-brotadas ou mudas de meristema, fica claro que é fundamental a adoção de tecnologias para a formação de viveiros. As respostas em produtividade são certas, pois são garantidas a pureza genética e a sanidade do material que dará origem às áreas comerciais. Dessa forma, é possível manter o plantel varietal da unidade produtora atualizado e de acordo com o planejado, além de introduzir novos materiais de destaque em menor espaço de tempo. Também, se preferir, o produtor poderá resgatar materiais de interesse outrora desprezados e usufruir com maior eficiência do primeiro insumo da produção canavieira: a cultivar. Esquema de formação de viveiros usado na formação de colmos aos plantios comerciais. RC Revista Canavieiros - Outubro de 2015 60 Safra Acompanhamento da safra 2015/2016 S ão apresentados a seguir os dados obtidos até a segunda quinzena de setembro, referentes à safra 2015/2016, em comparação com os da safra 2014/2015, no mesmo período. Na Tabela 1, encontra-se o ATR médio acumula- do (kg/tonelada) do início da safra até a segunda quinzena de setembro desta safra em comparação com o obtido na 2014/2015, sendo que o ATR da safra 2015/2016 está 7,73 Kg abaixo do obtido na 2014/2015 no mesmo período. Tabela 1 – ATR (kg/t) médio da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste das safras 2014/2015 e 2015/2016 Tabela 2 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste, até a segunda quinzena de setembro, da safra 2014/2015. Thiago de Andrade Silva Gerente de Planejamento, Controle, Topografia e T.I. da Canaoeste As tabelas 2 e 3 contêm detalhes da qualidade tecnológica da matéria-prima nas safras 2014/2015 e 2015/2016. O gráfico 1 contém o comportamento do BRIX do caldo da safra 2015/2016 em comparação com a safra 2014/2015. O BRIX do caldo da safra 2015/2016 ficou bem abaixo em relação ao da safra 2014/2015 durante todo o período, com menor acentuação no mês de agosto. Na média, o BRIX do caldo obtido nesta safra está 5,8% inferior ao da safra 2014/2015. Tabela 3 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste, até a segunda quinzena de setembro, da safra 2015/2016 O gráfico 2 contém o comportamento da POL do caldo na safra 2015/2016 em comparação com a 2014/2015. Pode-se observar que a POL do caldo apresentou o mesmo comportamento do BRIX do Caldo, sendo que na média, nesta safra de 2015/2016, a POL do caldo está 6% inferior ao da safra 2014/2015. O gráfico 3 contém o comportamento da Pureza do caldo na safra 2015/2016 em comparação com a 2014/2015. A pureza do caldo da safra 2015/2016 ficou muito abaixo da obtida na safra 2014/2015 durante todo o período, com acentuação na segunda quinzena de abril, exceto a partir da segunda quinzena de junho que ficou equiparado. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 61 Gráfico 1 – BRIX do caldo obtido nas safras 2015/2016 e 2014/2015 Gráfico 2 – POL do caldo obtida nas safras 2015/2016 e 2014/2015 O gráfico 4 contém o comportamento da Fibra da cana na safra 2015/2016 em comparação com a 2014/2015. A Fibra da cana na safra 2015/2016 ficou muito abaixo daquela obtida na safra 2014/2015 no mês de abril e com menor acentuação na segunda quinzena de julho, primeira quinzena de agosto e no mês de setembro e pouco abaixo no mês de maio, na segunda quinzena de junho, na primeira quinzena de julho e na segunda quinzena de agosto, igualando na primeira quinzena de junho, ficando na média 1,5% inferior à observada na safra 2014/2015. O gráfico 5 contém o comportamento da POL da cana na safra 2015/2016 em comparação com a 2014/2015. A POL da cana na safra 2015/2016ficou muito abaixo da obtida na safra 2014/2015 durante todo o período, ficando, nesta safra, 5,8% inferior ao da 2014/2015. Gráfico 3 – Pureza do caldo obtida nas safras 2015/2016 e 2014/2015 O gráfico 6 contém o comportamento do ATR na safra 2015/2016 em comparação com a 2014/2015. O ATR, expresso em kg/t de cana na safra 2015/2016, ficou muito abaixo do obtido na safra 2014/2015 durante todo o período, apresentando, portanto, um comportamento semelhante ao da POL da cana, tendo em vista que a mesma participa com 90% do ATR. Na média, o teor de ATR desta safra está 5,4% inferior ao da safra anterior. Gráfico 4 – Comparativo da Fibra da cana O gráfico 7 contém o comportamento do volume de precipitação pluviométrica registrado na safra 2015/2016 em comparação com a 2014/2015. A precipitação pluviométrica média observada nos meses de fevereiro, março e maio de 2015 ficou muito acima da obtida em 2014, equiparada no mês de janeiro, abaixo nos meses de abril e julho e pouco acima no mês de junho, agosto e setembro. O gráfico 8 contém o comportamento da precipitação pluviométrica acumulada por Trimestre na safra 2015/2016 em comparação com a 2014/2015. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 62 Safra Gráfico 5 – POL da cana obtida nas safras 2015/2016 e 2014/2015 Gráfico 6 – ATR obtido nas safras 2015/2016 e 2014/2015 Gráfico 7 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) registrada em 2014 e 2015 Gráfico 8 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) por trimestre, em 2014 e 2015 Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Em 2015, observa-se um volume de chuva muito acima no primeiro Trimestre e no segundo Trimestre e pouco acima no terceiro Trimestre, se comparado aos volumes médios de 2014. Estamos na primeira quinzena de mês de outubro e os municípios da área de abrangência da Canaoeste acumularam em média 90 mm de chuva concentrados em poucos dias no mês de setembro. Mesmo assim, houve grande estiagem após essas chuvas no mês de setembro. Mesmo com a chuva, não houve diminuição do risco de incêndios. Com isso, a produtividade continua equiparada a da safra passada na média e o teor de ATR com valores inferiores aos equivalentes para o mesmo período analisado se fosse em condições normais de crescimento vegetativo e maturação do canavial, porém com menor recuperação da qualidade, que foi mais expressiva na segunda quinzena de setembro. Mesmo com o volume de chuva do mês de setembro, não foi suficiente para mudar o cenário de déficit hídrico. Levando em conta todo o cenário, o ATR médio ficou 7,73 kg abaixo do obtido na safra 2014/2015, até a segunda quinzena de setembro. RC 63 Revista Canavieiros - Outubro de 2015 64 Novas Tecnologias DuPont anuncia mais uma expansão da unidade em Paulínia-SP A DuPont reuniu a imprensa de vários Estados do país para a inauguração do novo laboratório de biotecnologia industrial Fernanda Clariano O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da DuPont Brasil, localizado em Paulínia-SP, não para de crescer e segue investindo em tecnologia e inovação. No dia 19 de setembro, a empresa reuniu jornalistas de vários Estados do país para a inauguração do Laboratório de Desenvolvimento de Aplicações. As novas instalações foram projetadas para atender às demandas do mercado latino-americano de Tratamento de sementes, Biociências Industriais e Impressão Flexográfica. Nos últimos seis anos, a companhia investiu US$ 22 milhões no complexo. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da DuPont Brasil ingredientes utilizados pela indústria para melhorar o sabor, a qualidade nutricional e a textura dos alimentos. Marcelo Borges, líder de Inovação e Tecnologia De acordo com o líder de Inovação e Tecnologia para a DuPont América Latina, Marcelo Borges, a empresa mantém seu foco no crescimento, orientada à ciência e tecnologia. “Na nova DuPont, inovação é a chave para viabilizar o sucesso dos clientes da empresa”, disse Borges que ainda destacou. “O Brasil tem um papel de extrema importância para a DuPont em todos os seus pilares de atuação”. Os três pilares estratégicos da DuPont Agricultura e Nutrição: reúne as áreas de Proteção de Cultivos (Defensivos Agrícolas), Sementes e Nutrição e Saúde, esta última responsável pela produção de Biociências Industriais: desenvolvimento de soluções enzimáticas para os mercados de nutrição animal, biorrefinarias, limpeza e cuidados pessoais, contribuindo para a formação de uma indústria de base biológica sustentável e cada vez mais alinhada com as necessidades do mercado local. Materiais Avançados: a demanda por materiais mais leves e resistentes para a indústria automotiva e aeroespacial, a necessidade de componentes eletrônicos cada vez menores e eficientes e a busca por tecnologias que ofereçam cada vez mais proteção são exemplos de algumas tendências identificadas no mercado e que são cobertas neste pilar estratégico da DuPont. Aqui, também está contemplada a área de Impressão Flexográfica, cujas tecnologias são responsáveis por trazer mais qualidade e produtividade na impressão de rótulos e embalagens. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Novas instalações O laboratório de Tratamento de Sementes, um dos mais importantes para a agricultura, será responsável por análises qualitativas dos processos de tratamento e do desempenho das sementes, especialmente de milho, soja e algodão. O investimento ocorre um ano depois da DuPont anunciar o ingresso no mercado de tratamento de sementes por meio do inseticida Dermacor®. Marcelo Okamura, líder do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Paulínia 65 O líder do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Paulínia, Marcelo Okamura, salientou que os trabalhos desenvolvidos pela DuPont já vêm auxiliando os produtores no combate às principais pragas da agricultura e serão expandidos a partir de agora. “O laboratório permitirá testes de novos ingredientes ativos, novas formulações e estudos diversos envolvendo desde a cobertura das sementes, passando pela germinação até a medição do vigor das plantas e das raízes”, disse Okamura, que também afirmou que novas tecnologias para soja, milho e algodão estão sendo aprimoradas e podem ser lançadas no mercado em 2016, caso haja aprovação em tempo hábil. “Este laboratório vai nos permitir lançar produtos de forma rápida e eficiente, trazendo novas tecnologias para os agricultores do Brasil”, ressaltou. Os laboratórios de Biociências Industriais deverão atender às necessidades John Julio Jansen, vice-presidente de Biociências Industriais na América Latina dos mercados de Biotecnologia Industrial (biocombustíveis e Processamento de Grãos), Nutrição Animal e Higiene & Limpeza. No caso de biocombustíveis, o destaque é para a produção de etanol a partir do bagaço de cana-de-açúcar. Outra opção também deverá ser o milho, pois a companhia investe em pesquisas para a produção do etanol a partir do cereal. Os laboratórios também apoiarão o desenvolvimento de novas aplicações com parceiros e universidades, permitindo a troca de conhecimento e a conexão com os cientistas que atuam nos 150 centros de Pesquisa e Desenvolvimento da DuPont no mundo. “Com os investimentos, ampliaremos a nossa atuação na América Latina por meio de aplicações que atendam às necessidades específicas de nossos clientes, proporcionando mais agilidade nos processos de análises”, afirmou o vice-presidente de Biociências Industriais para a DuPont na América Latina, John Julio Jansen. Wilson Araújo, líder do laboratório de Biociências Industriais Zusanne Nagy, líder da divisão de Eletrônicos e Comunicação na América Latina Para o líder do laboratório de Biociências Industriais, Wilson Araújo, a DuPont avalia a demanda específica do cliente e, dentro de seu hall de conhecimento, busca as soluções e as inovações. “A empresa é muito focada na união entre os aspectos técnicos e sua aplicabilidade específica segundo as necessidades atuais e, principalmente, as futuras”, destacou. “Realizamos um trabalho muito forte que envolve pesquisa e negócios”, disse. Outra área que também é beneficiada com a expansão do Centro de Inovação é a de Impressão Flexográfica. O novo laboratório permitirá as mais diversas combinações de tecnologia no processo de impressão e disponibilizará os mais avançados equipamentos da linha DuPontTM Cyrel®. "O laboratório é o primeiro da América Latina exclusivamente dedicado a auxiliar os clientes da região em processos de melhoria, oferecendo suporte técnico, treinamentos e testes para simular diferentes tipos de aplicações", explicou a líder da divisão de Eletrônicos e Comunicação para a DuPont América Latina, Zusanne Nagy. A previsão é que o Laboratório de Flexografia Cyrel® entre em operação a partir de novembro de 2015. Com mais essa expansão, a empresa demonstra o quanto acredita e aposta na pesquisa e desenvolvimento voltados a maior produtividade e segurança dos mais diversos segmentos que atende.RC Revista Canavieiros - Outubro de 2015 66 Novas Tecnologias II Syngenta reúne convidados para lançar o Ampligo, inseticida contra a broca-da-cana Principal inimigo dos canaviais, este inseto, que está presente em oito milhões de hectares, dos dez cultivados no país, responde por 46% das perdas provocadas por pragas na cultura Igor Savenhago C ontrolar uma praga que causa prejuízos anuais de R$ 3,1 bilhões por ano para o cultivo da cana-de-açúcar no Brasil é um desafio não só para produtores, mas também para pesquisadores e empresas fornecedoras de insumos para a cadeia sucroenergética. A broca-da-cana é hoje, o principal inimigo da cultura no país, estando presente em cerca de oito milhões de hectares – de um total de aproximadamente dez cultivados com cana no território nacional –, causando perdas de pouco mais de R$ 380,00 por hectare/ano. A cada 1% de infestação, a praga pode reduzir em 0,92% a produtividade em toneladas por hectare, em média, e em 0,68% o volume de ATR (Açúcar Total Recuperável). ca. Mais de cem pessoas estiveram no local, entre produtores e representantes de cooperativas e associações, técnicos de usinas e estudiosos no assunto. Eles assistiram a três palestras: com Geraldo Papa, do Seag Cana, grupo especializado em pesquisas com cana-de-açúcar da Unesp de Ilha Solteira; Santin Gravena, consultor da SGS e professor aposentado da Unesp de Jaboticabal; e Lupércio Garcia, do setor de Desenvolvimento Técnico de Mercado da própria Syngenta. Eles debateram, com os presentes, alternativas para eliminar a broca sem afetar seus predadores naturais e sem comprometer a produtividade dos canaviais. Os dados foram apresentados no último dia 29 de setembro, no Hotel Mont Blanc, em Ribeirão Preto-SP, onde a Syngenta reuniu convidados para lançar, oficialmente, o Ampligo, inseticida voltado ao combate da bro- Segundo o professor Papa, existem, no mundo, 1300 espécies de insetos que atacam a cana, sendo que 500 delas estão no continente americano e 30 no Brasil. Todo esse arsenal, se negligenciado, pode comprometer seriamente as áreas de plantio. O problema se intensifica no Brasil se considerarmos as características da agricultura nacional. Áreas extensas com monocultura submetidas a plantios sucessivos oferecem condições satisfatórias para a proliferação das pragas. Isso demanda muitas doses de químicos, o que contribui para um aumento da resistência dos insetos e até para o aparecimento de novas pragas. Dois dos agravantes no caso da broca-da-cana são seu alto poder des- Geraldo Papa, do Seag Cana Santin Gravena, consultor da SGS e professor aposentado da Unesp de Jaboticabal As estimativas das principais consultorias especializadas apontam que, juntas, as principais pragas da cana – além da broca, cigarrinha, cupins, broca gigante, migdolus, saúvas, Sphenophorus Levis e elasmo – provoquem perdas da ordem de R$ 6,7 bilhões por ano. Sozinha, a broca responde, portanto, por quase a metade desse total (46%). Revista Canavieiros - Outubro de 2015 trutivo e o fato de estar amplamente distribuída nas lavouras. Papa foi um dos pesquisadores envolvidos no desenvolvimento do Ampligo, cuja molécula é formada pelas substâncias clorantraniliprole e lambdacialotrina. Testes feitos pela equipe do professor mostraram, de acordo com dados apresentados na palestra, que a vantagem dessa mistura é a menor chance de errar no time da aplicação. Basta utilizá-lo apenas um dia antes da liberação, no canavial, da vespa Cotesia flavipes, utilizada no controle biológico por ser predadora da broca. Dessa forma, o parasitismo não será afetado. Os estudos mostraram que esse breve intervalo é suficiente para que o inseticida não mate também a vespa. Seletividade O professor e consultor Santin Gravena veio na sequência e continuou falando sobre as vantagens da mistura. Ele explicou que a associação de clorantra com lambda permite justamente a seletividade – controlar a broca salvando os inimigos naturais e outros organismos no ambiente canavieiro. São dois modos de ação: a lambda mata uma parte da população da broca por efeito residual e de choque. Já o clorantra elimina o que sobra da ação do lambda, mas por ingestão, principalmente de efeito mais demorado, o que não ocorre com os predadores naturais. Lupércio Garcia, do setor de Desenvolvimento Técnico de Mercado Syngenta 67 os testes foi projetado e construído para imitar, do chão, uma aplicação aérea. Isso foi possível graças a duas hastes longas que ultrapassavam da altura do canavial. Os efeitos foram observados durante 16 dias, prazo em que não foram verificadas ações nocivas nas comunidades de artrópodes e insetos da área plantada e de vegetações do entorno, incluindo inimigos naturais. Outro resultado foi que a dose recomendada de aplicação que se mostrou mais eficaz na relação custo-benefício foi a de 100 ml por hectare. A SGS tem oito estações experimentais espalhadas pelo país. Em algumas delas, foram testados os efeitos da mistura em quatro condições diferentes. Uma área, que serviu como testemunha, não teve o inseticida aplicado. Em outras duas, as quantidades utilizadas foram de 100 ml e 200 ml por hectare. E, na última, foi testado apenas o clorantra, na medida de 60 g por hectare. O equipamento para aplicação durante Ação simples O encontro terminou com Lupércio Garcia, do Desenvolvimento Técnico de Mercado da Syngenta. Ele apresentou características comportamentais da broca e os motivos que, na visão da empresa, tornam o Ampligo a melhor solução do mercado para essa finalidade. A praga tem um ciclo reprodutivo de 57 a 90 dias. São, portanto, de quatro a cinco novas gerações por ano, com pico populacional de novembro a março. A ação do Ampligo contra o inseto é eficaz, segundo ele, porque a lambdacialotrina libera íons de cálcio dentro das células musculares, o que causa contração. Já o clorantraniliprole tem efeito nas células nervosas, aumentando-as e provocando um descontrole das atividades. Garcia afirma que o inseticida, que chegou ao mercado canavieiro em abril deste ano, tem ação simples. “É um lagarticida por excelência, confiável, rápido, possui longo residual e é diferente por combinar dois modos de ação”. Na dose de 100 ml, conforme antecipado por Gravena, o produto age por 90 dias. Levantamentos feitos pela Syngenta demonstraram que, em áreas cujo índice de infestação caiu de 11,5% para 5% com a utilização do inseticida, a produtividade subiu de 93,6 para 99,6 toneladas por hectare e o volume de ATR passou de 125,6 para 131,4 kg por hectare. RC CTC lança tecnologia para recolhimento e aproveitamento sustentável da palha da cana-de-açúcar Empresa inaugurou na quarta-feira (30/9) planta industrial desenvolvida na Usina Ferrari Informações assessoria de imprensa CTC F oi inaugurada no dia 30 de setembro, em evento para as principais lideranças do setor sucroenergético, a mais nova tecnologia CTC, o Palha Flex. Trata-se de uma inovação tecnológica para o recolhimento e processamento da palha da cana-de-açúcar para geração de bioeletricidade. “O Palha Flex é uma solução sustentável de produção de energia. Por meio deste processo, as usinas terão a biomassa necessária para a cogeração de energia elétrica adicional ou o Etanol de Segunda Geração (E2G) ”, explica Viler Correa Janeiro, diretor de Negócios do CTC. A Usina Ferrari, por meio da tecnologia do Palha Flex, será capaz de processar 100.000 toneladas de biomassa adicional durante a safra, as quais, em termos médios, poderiam produzir energia elétrica adicional para abastecer uma cidade de aproximadamente 125 mil habitantes, praticamente o dobro da cidade de Pirassununga (São Paulo), por exemplo. “O Palha Flex tem uma importância econômica muito grande, pois a palha que até então ficava no campo será utilizada como matéria-prima para produção de energia elétrica, aumentando a nossa receita e contribuindo para a segurança energética da região e do País”, afirma Antônio Previte, diretor financeiro do Grupo Ferrari. Dada a atual crise de abastecimento energético, esta seria uma importante solução capaz de mudar o cenário em que vivemos. “Ao desenvolver este projeto, vimos que o mercado necessitava de uma tecnologia robusta e completa para o processamento adequado dessa biomassa. Nosso desafio é multi- plicar essa tecnologia para outras usinas e regiões”, finaliza Henrique D´Avila, especialista de negócios do CTC. Conheça os principais diferenciais do Palha Flex: Flexibilidade – atende de forma completa e diferenciada às principais rotas de recolhimento de palha (em fardos; sistema de limpeza a seco ou sistema híbrido); Maior planta para processamento de palha instalada no Brasil com capacidade de 25 toneladas por hora ou 100 mil toneladas por safra; Integração Agroindustrial – solução que opera de forma otimizada a atuação no campo e na indústria e melhor custo-benefício do mercado. RC Revista Canavieiros - Outubro de 2015 68 Revista Canavieiros - Outubro de 2015 69 Vendem-se - Fazenda no município de Buritizeiro com aera de 715 Hectares, toda cercada, 200 há para desmate, 300 há formado, 2 córregos e 1 barragem, casa, curral, energia elétrica a 400 metros (aguardando instalação) propriedade a 6 km de Buritizeiro (Rio São Francisco). Valor R$ 2.500.000,00, - Sítio em Buritizeiro com aera de 76,68 hectares, formado, casa e curral, energia elétrica, cercada a 18 km de Buritizeiro (Rio São Francisco) valor R$ 250.000,00. Falar com Sergio (16) 9.9323-9643 (Claro) e (38) 9849-3140 (vivo). Vende-se - Fazenda localizada no município de São Roque de Minas, com área de 82,7 hectares, contendo: Casa antiga grande, energia elétrica, queijeira, curral coberto, aproximadamente 20.000 pés de café em produção, água por gravidade, 3 cachoeiras dentro da propriedade, vista panorâmica do parque da serra da canastra. - Eliminador de soqueira usado e em bom estado Tratar com: José Antônio (16) 9.91770129 VendeM-se - Palanques de Aroeira. - Madeiramento, Vigas, Pranchas, Tábuas, Porteiras, Moirões e Costaneiras até 3m. Tratar com Edvaldo pelos telefones (16) 9 9172-4419 (16) 3954-5934 ou pelo e-mail [email protected] Vende-se - Kombi/09, branca, flex, STD, 9 passageiros, único dono 135.000km, perfeito estado de conservação. - Camioneta Silverado 97/98, prata, banco de couro, diesel, único dono, bom estado de conservação. - F.4000 91/92, prata, segundo dono, MWM, funilaria, pintura e carroceria reformadas, mecânica em ordem. Tratar com Mauro Bueno pelos telefones (16) 3729-2790 ou (16) 9 8124-1333. Vende-se Resfriador de leite RF 2000, Tecnofrio, seminovo, encontra-se na Fazenda em Sacramento –MG, encerramento da atividade leiteira, pagamento facilitado. Tratar com Álvaro pelos telefones, (16) 9 9740-4316 ou (16) 3945-1780. Vende-se S-10, 2011/2011, cor branca, cabine dupla, executiva, completa, 42.000 km rodados, R$ 49.000,00, conservada. Tratar com Sr. Anézio (Ducha) pelos telefones (16) 3945-4167 (16) 9 9627-2479. PROCURAM-SE Glebas de Cerrado em pé, no Estado de São Paulo, para reposição Ambiental. Não pode ser MATA. Área total da procura: Cinco mil hectares, podendo ser composta por várias áreas menores. Documentação Atualíssima, com: CCIR/CAR/Certificação de (Georreferenciamento) Georreferenciamento/ mapa do perímetro da área em KMZ e Autocad/Bioma/vegetação. Valor por hectare, condição de pagamento e opção de venda. Tratar com Ricardo Pereira pelo e-mail e telefone – ricardo@fabricacivil. com.br – (16) 9 8121-1298. Vende-se Trator Valtra B.H 165 com cabine de fábrica, ar-condicionado, ano de fabricação 2.009, com 630 horas. Tratar com Neif pelo telefone (34) 8719- 9338. Vende-se Sítio em Cajuru, 3 alqueires formado em pasto, 2 casas, represa e outras benfeitorias. Tratar com Carlos pelo telefone (16) 9 9264-4470. Vende-se Chácara com 2.242 m², na região de Ribeirão Preto, casa com 3 quartos, 1 sala de estar e 1 sala de jantar, cozinha, 1 banheiro interno e 1 externo, área externa com piscina, murada e com pomar. Tratar com Alcides ou Patrícia pelos telefones (16) 9 9123-5702 ou 9 9631-8879. Vende-se Sítio com 13 alqueires, localizado na Vicinal Vitor Gaia Puoli - Km 2, em Descalvado-SP, em área de expansão urbana, com nascente, rio, energia elétrica, rede de esgoto e asfalto. Tratar com o proprietário - Gustavo F. Mantovani, pelos telefones: (19) 3583- 4173 e (19) 9 9767-3990. Vende-se Amarok, com ar-condicionado, direção hidráulica, vidros elétricos, alarme, trava elétrica 2012/2012, cor prata, cabine dupla, 4 portas, diesel. Tratar com Fernando pelos telefones (14) 9 9677-9396 ou (14) 3441-1722. VendeM-se - Micro-ônibus sem uso, Marco Polo Volare V8 ON, capacidade para transporte de 27 passageiros, mais um auxiliar e um motorista, totalizando 29 lugares, ar-condicionado e direção hidráulica; Km atual: 011.108km seminovo, prata, 2012. Equipamentos de segurança completos conforme determina o CONTRAN para veículos de passageiros. Bancos e assoalho totalmente estofados, preço de ocasião; - Transbordo para acoplar no caminhão, marca Antoniosi, 2014, 12000 SC; - Transbordo Sermag, 2013, 12500 SE; - Distrib. Antoniosi GS 1102, 2014; - Carroceria de ferro de 8 metros para planta de cana; - Carroceria de ferro de 8 metros para plantio e transporte de cana inteira, marca Galego, 2008; - Bomba alta pressão 3”, saída de 2, adaptada com carrinho e motor acoplado, valor R$ 2.000,00; - 2 balcões de 5 metros com 20 gavetas reforçadas de 20x40, fino acabamento valor de R$ 2.000,00 cada; - Balcão de 5 metros com portas de correr, em ótimo estado, R$ 2.000,00; - Carreta de 2 rodas R$ 1.500,00; - 2 rolos compactadores para adaptar em escalificador (sem uso) R$ 1.000,00; - 1 conjunto para transporte de cana picada, sendo 1 carroceria e 2 julietas; - Propriedade agrícola com 51 alqueires paulista, com 48 alqueires plantado em cana-de-açúcar, sendo a Revista Canavieiros - Outubro de 2015 70 maioria de 2º corte, totalmente plaina na melhor região de Frutal, próximo a 2.000 metros do bim do Cutrale e 11 km de asfalto e 2 km de terra até a cidade de Frutal-MG, com as devidas benfeitorias e distância de 29 km da Usina Coruripe e 17 km até a Usina Frutal; - Propriedade agrícola de 58 alqueires paulista com 47 alqueires plantado em cana-de-açúcar, sendo a maioria de 2º e 3º corte, a 2 km do asfalto, ótima localização e excelentes benfeitorias na região de Frutal-MG, com distância de 25 km da Usina Coruripe e 40 km da Usina Cerradão. Ambas propriedades se aceita permuta com áreas maiores ou menores. Tratar com Marcus ou Nelson pelos telefones (17) 3281-5120, (17) 9 81581010 ou (17) 9 8158-0999. Vendem-se - Carregadeira CMP 1.200 Master; - BM 85 4X4, 2007, R$ 57.000,00. Tratar com Cláudio pelo telefone (16) 9 9109-8693. Vendem-se - Caminhonete F 250 XLT, 2007, cor preta, ar-condicionado, bancos de couro, Airbag; - Caminhonete D20 Custom de Luxe, 1995, cor verde; - Caminhonete D20 Custom S, 1992, cabine dupla, cor vinho; - Caminhão Mercedes Benz 1418, 1990, caçamba basculante. Tratar com João Pedro pelo telefone (14) 9 9758-1249 - Tupã-SP. Vendem-se - F250, XLT, 2003; - D20, 1987, branca; - D20, 1987, verde/preta; - D20, 1992, turbo de fábrica; - D20, 1993, completa turbo de fábrica; - Ranger, 2007, XLT, branca, diesel, 4x4, cabine dupla; - Strada Adventure Locker, 2011, preta; - Palio Weekend Adventure Locker, 2009, branco; - F4000, 1989, cinza; - Carroceria madeira Trator Valtra, BM100, 2005; - Caminhão Mercedes Benz 1634, 2009, impecável; - Caçamba Facchini, 2005, com pneus. Tratar com: Diogo (19) 9 92136928, Daniel (19) 9 9208-3676 e Pedro (19) 9 9280-9392. Vendem-se - Caminhão VW 26310, ano 2004 canavieiro 6x4, cana picada; - Carreta de dois eixos, cana picada – Rondon. Tratar com João pelos telefones: (17) 3281-1359 ou (17) 9 9732-3118. conservação. Tratar com dr. Henrique pelo telefone (16) 9 9615-4015 ou e-mail [email protected]. Vendem-se - Arado Piscin 05 Bacia – Faz. Platina; - Cultivador de Cana/Sucador DMP 02 Aste com marcador, Fazenda Quenia; - Grade niveladora abrir sem roda, com 24 discos, Fazenda Quenia; - Grade niveladora sem roda, com 28 discos, Fazenda Quenia; - Grade niveladora abrir sem roda, com 32 discos, Fazenda Quenia; - Duas grades Roma, com pistão intermediário, com 24 discos, Fazenda Quenia; - Plantadeira Coop TATU 9/8, Plantio Direto, Fazenda Quenia; - Plantadeira TATU 9/8, plantio convencional PST, Fazenda Quenia; - Subsolador de 07 Aste STARA de arrasto, com controle remoto, Fazenda Quenia; - Dois tanques d’água 9000 litros, com Chassi 02 eixos e 8 rodas/pneu 1000/20, Fazenda Quenia; - Tanque d’água 8000 litros, com8 rodas e pneus 900/20, Fazenda Quenia; - Tanque d’água 6000 litros, com chassi de 2 eixos, com 8 rodas/pneu, Fazenda Platina; - Tanque d’água 8000 litros, com chassi de 2 eixos, com 8 rodas/pneu, Fazenda Platina; - Dois terraciadores sem rodas TATU 22 discos, Fazenda Quenia; - Três tornados 1.300, Fazenda Quenia; - Trator Massey Ferguson 290, Fazenda sem comando. Tratar com Marco Aurélio pelos telefones: (17) 3325-2608, (17) 9 96193333 ou (17) 9 8121-4243. ALUGA-SE Estrutura de confinamento com capacidade para 650 cabeças com: 1 vagão forrageiro + 1 carreta 4 rodas + 1 carreta 2 rodas, 1 ensiladeira JF90, 1 trator 292 + 1 trator Ford 5610, 1 misturadore de ração, 3 silos trincheiras de porte médio, sendo uma grande possibilidade de área para produção de silagem com irrigação ao redor de 30 ha, Jaboticabal–SP, a 2 km da cidade. Tratar com Luiz Hamilton Montans pelo telefone (16) 9 8125-0184. Vendem-se - 01 camionete cabine dupla Ford Ranger XLT CD4 3.1 - cinza 2013/2014 - R$ 108.000,00; - 01 motoniveladora Caterpillar 12M - ano 2008 - R$ 285.000,00. Tratar com Wilson pelo telefone (17) 9 9739-2000 – Viradouro-SP. Vende-se Área de mata fechada para reserva ambiental de 10 a 170 hectares, Guatapará/ Pradópolis -SP, R$ 25.000,00 o hectare. Tratar pelo telefone: (16) 9 9992-1910. COMPRA-SE Tronco para curral (Brete) usado, marca Beckhauser, em bom estado de Revista Canavieiros - Outubro de 2015 Vendem-se - Transformador trifásico de 15 KWA, preço R$ 2.400,00; - Transformador trifásico de 30 KWA, preço R$ 2.600,00. Tratar com Chico Rodrigues pelos telefones: (16) 9 9247-9056 ou (16) 3947-3725 ou (16) 3947-4414. Vendem-se - Sítio de 9 alqueires, sem mato ou brejo (100% aproveitável) em OlímpiaSP, a 5 km Usina Cruz Alta, 10 minutos dos Thermas dos Laranjais, 25 minutos de Rio Preto, 35 minutos de Barretos, plaino, na rodovia, sem benfeitorias, mas com energia na propriedade; - Sítio Arlindo - município de Olímpia, área de12 alqueires, casa de sede, área de churrasco (100 m²), casa de funcionário reformada, pomar e árvores ao redor da sede, 4 alqueires de mata nativa de médio/grande porte, terras de "bacuri" (indicador de terras muito férteis). Rede elétrica nova, divisa com fazenda Baculerê, distância de 25 Km de Olímpia. Tratar com David pelo telefone: (17) 9 8115-6239. Vendem-se LIQUIDAÇÃO GIROLANDO E GIR PO - 4 touros GIR PO, 1 com 18 meses e 3 com 26 meses; - 11 novilhas girolando, grande sangue 3/4 e 5/8, todas de inseminação. Seis já estão prenhas; Obs.: Sítio localizado na cidade de Santo Antônio da Alegria - SP, há 15 anos trabalhando com inseminação. Tratar com José Gonçalo pelo telefone e/ou e-mail (16) 9 9996-7262 – [email protected]. 71 Vende-se Gleba de terras sem benfeitorias (30 alqueires), boas águas, arrendamento de cana com Usina ABENGOA (Pirassununga). Localizada no município de Tambaú-SP (Fazenda família Sobreira). Tratar com proprietário, em Ribeirão Preto, pelos telefones: (16) 3630-2281 ou (16) 3635-5440. Vendem-se - Mudas de seringueira, Clone RRIM 600 com alta produção de látex. Viveiro credenciado no RENASEM Nº SP 14225/2013, localizado na Rodovia Vicinal Carlos Deliberto, a 2 Km da rotatória que leva à Usina Moema, município de Orindiúva-SP. Preço: R$ 4,50/muda; - Fazenda com 48 alqueirões no município de Carneirinho-MG, localizada próxima da rodovia asfaltada. Ótimo aproveitamento para plantio de cana, seringueira e/ou pastagens. Preço: R$ 60.000,00/alqueirão; - Imóvel sobradado em Ribeirão Preto - SP, localizado na Av. Plínio de Castro Prado, com salão e WC privativos, sacada, 03 dormitórios, sendo 1 suíte, armários embutidos, banheiro social, sala, sala de jantar, jardim de inverno, cozinha com armários, área de serviço, quarto com estante em alvenaria, WC, despensa, varanda coberta, ótima área externa. Excelente ponto comercial. Área construída: 270 m². Tratar com Marina e Ailton pelos telefones: (17) 9 9656-3637 e (16) 99134-8033 - Marina (17) 9 9656-2210 e (16) 9 9117-2210 – Ailton. Vende-se Destilaria completa com capacidade para 150.000 litros de etanol hidratado por dia. Composta por preparo de cana com picador, nivelador, desfibrador, turbina e esteira de 48”; 4 ternos de moenda 20 x 36 com turbina e 2 planetários TGM; caldeira; destilaria; trocadores de calor; tratamento de caldo e Gerador 2000 KVA, enfim, Destilaria completa a ser realocada. Na última safra obteve uma moagem de aproximadamente 350.000 toneladas. Preço a combinar. Localizada no município de Tambaú-SP. Tratar com Edson pelos telefones e/ ou e-mail (19) 9 9381-3391 / 9 93813513 / 9 9219-4414, e-mail: edson@ camilloferrari.com.br. Vendem-se - Motor de 75CV com bomba KSB 100/6 revisada e sem uso; - Chave de partida ''a óleo"; - Transformador de 75 KVA; - Postes duplos T de cimento; - Chaves de alta, para raios, cabo e etc. Tratar com Francisco pelo telefone (17) 9 8145-5664. VENDEM-SE ou ARRENDAM-SE - Destilaria de cachaça e álcool, completa, (10.000 litros de cachaça por dia); - Esteira de cana inteira, picador com 22 facas, esteira de cana picada, dois ternos 15x20, esteira de bagaço. Peneira Johnson, cush-cush. Caldeira de 113 m²; - Máquina a vapor de 220 HP (toca os ternos e o picador); - Seis dornas de fermentação de 10.000 litros cada; - Destilaria de bandeja/calota A e B de 600 mm de diâmetro com trocador de calor; - Dois tonéis de madeira amendoim com capacidade de 50.000 litros cada; Valor Total R$ 600.000,00. Estudo troca por imóvel. Localização: Laranjal Paulista. Tratar com Adriano pelos contatos: [email protected] ou (15) 9 97059901. Veja vídeo em: www.youtube. com/watch?v=_mzWp3PCavA. Vende-se Cultivador marca DMB, novo, São Francisco para cana crua e queimada, com haste dupla e com motor hidráulico. Acompanha asas para sulcar e marcador de banquetas com pistão. Valor: R$16.000,00. Contatos com os proprietários: (16) 9 9609-5158 ou (16) 9 9766-0328 com Edinelson/Edenilson. Vende-se Ordenhadeira mecânica completa com 4 unidades, Usinox. Obs: também funciona quando ligada no trator. Tratar com José Augusto pelo telefone (16) 9 9996-2647. Vendem-se - Fazenda de cana na região de Franca-SP, área de 450 alqueires, 330 alqueires em cana já arrendada para usina, 3 km do asfalto média de 50 a 60 km das usinas Batatais, Buritizal, Cevasa-Cargil, casa sede, 3 casas de funcionários, 1 curral completo, documentação ok; - Fazenda de 124 alqueires em Patrocínio Paulista, na beira do asfalto, sem benfeitoria, terra vermelha, 2 matrículas, 54 e 70 alqueires; - Sítio de 12 alqueires em Cássias dos Coqueiros, casa simples, curral, estrutura completa para pecuária. (Aceita imóvel na negociação); - Fazenda de 4.085 hectares em Tocantins, está aberta 90%, 100% plana, excelente logística, na beira do asfalto, faz divisa com o rio Dueré, boa para gado, plantio de feijão, arroz, melancia e outras culturas, documentação Ok. Tratar com Miguel pelo telefone (16) 9 9312-1441. VENDE-SE OU ALUGA-SE Salão medindo 11,00 metros de frente por 42,00 metros de fundo, 462 metros, possui cobertura metálica com 368,10 metros, localizado à Rua Carlos Gomes, 1872, Centro, Sertãozinho-SP. Preço a combinar. Tratar com César pelo telefone (16) 9 9197-7086. Vendem-se - Fazenda em Rancharia -SP, com 400 alqueires, em cana própria, às margens da rodovia, 40 Km da Usina; - Sítio de 2,7 alqueires, em Cajuru-SP, R$ 220.000,00; - Apartamento em lançamento, próximo à USP, com parcelas a partir de R$ 505,00; - Casa no condomínio Ipê Amarelo, em Ribeirão Preto, nova, maravilhosa; - Apartamento Jardim Botânico, 3 suítes, com armários, imóvel novo, próximo ao Parque Carlos Raya; - Sala comercial em Ribeirão Preto, próximo ao Ribeirão Shopping; - Terreno no condomínio Olhos D'Água em Ribeirão Preto, prolongamento da Avenida Prof. João Fiusa; - Casa no Condomínio Quinta do Golfe, em Ribeirão Preto, armários e toda estrutura de lazer no condomínio. WWW.SORDIEMPREENDIMENTOS.COM.BR. Tratar com Paulo pelos telefones (16) 3911-9970 ou (16) 9 9290-0243. VENDE-SE Trator 292 MF, traçado, 2007. Tratar com Saulo Gomes pelo telefone (17) 9 9117-0767. Vendem-se - Duas casas, no mesmo terreno, com três cômodos cada, localizada à Rua Pedro Biagi, 789, em Sertãozinho-SP. Valor: R$ 220.000,00; Revista Canavieiros - Outubro de 2015 72 - 1 estabelecimento comercial, montado com base para Academia, em um terreno de 200m², contendo uma casa de laje com dois quartos, sala, cozinha, copa e banheiro e, ainda, uma sala comercial para escritório. O estabelecimento fica localizado à Rua. Ângelo Pignata, 23, em Sertãozinho-SP. Valor: R$ 220.000,00; - 1 casa de aproximadamente 500m², com seis cômodos e dois salões comerciais com banheiro, separados da casa, localizada à Rua. Augusto Zanini, 1056, Sertãozinho-SP. Preço a combinar. Tratar com João Sacai Sato pelo telefone (16) 3610-1634. COMPRA-SE Área que seja própria para o plantio de cana, em torno de 20 alqueires, pode estar arrendada ou em cana própria ou pasto, que seja próxima à Usina. Tratar com José Antônio pelo telefone: (16) 9 9142-5362 ou 16 3491-7144, à noite. Vendem-se - Colheitadeira Case A7700, ano 2009, 7700, esteira, motor Cummins M11, Autotrac, máquina utilizada na última safra. Valor: R$ 128.000,00; - Colheitadeira Case A8800, ano 2011, esteira, máquina na colheita de cana funcionando 100%, rolos preenchidos. Valor: R$ 270.000,00; - Colheitadeira Case A7700, ano 2007, série 770678, motor Scania novo, máquina revisada e trabalhando. Valor: R$ 118.000,00; - Colheitadeira Case 8800, ano 2010, motor refeito em julho de 2014, máquina revisada e pronta para trabalhar. Valor: R$ 250.000,00; - Transbordo de 10 toneladas, 2006 e 2007, R$ 20.000,00; -Transbordo de 8,5 toneladas, ano 2002, R$ 15.000,00. Tratar com Marcelo pelos telefones (16) 9 8104-8104 ou 9 9239-2664. Vendem-se - VW 15180 / 12 pipa bombeiro; - VW 31320 / 12 chassi; - VW 31320 / 11 pipa bombeiro; - VW 31320 / 10 pipa bombeiro; - VW 15180 / 10 comboio de lubrificação e abastecimento; - VW 15180 / 09 comboio de lubrificação e abastecimento; - VW 13180 / 09 comboio de lubrificação e abastecimento; - VW 17180 / 08 munck 15 toneladas; - VW 15180 / 07 toco chassi; - VW 12140 / 96 oficina móvel; - MB 2726 / 10 pipa bombeiro; - MB 2423 / 01 pipa bombeiro; - MB 2318 / 94 pipa bombeiro; - MB 2318 / 94 basculante; - MB 2220 / 89 pipa bombeiro; - MB 2013 / 81 munck 6 toneladas; - MB 1513 / 75 toco chassi; - MB 1113 / 69 toco chassi; - F.Cargo 1719 / 13 toco chassi; - F.Cargo 2628 / 07 basculante; - F.Cargo 2626 / 05 pipa bombeiro; - F12000 / 95 pipa bombeiro; - F14000 / 90 pipa bombeiro; - Prancha Facchini 2008 3 eixos; - Tanque fibra 36.000 litros; - Tanque fibra 15.000 litros; - Comboio Gascom 2.000 litros; - Comboio Gascom 4.000 litros; - Caçamba basculante 12m³; - Caçamba basculante 5m³; - Munck Hincol H 43000; - Munck Masal MS 12000; - Munck Hincol H 4000; - Munck 640-18; - Carroceria de madeira carga seca; - Baú Facchini 7.60; - Baú 3/4 oficina móvel; - Carroceria cana inteira; - Carroceria plantio cana; - Carroceria borracheiro Gascom; - Tanque pipa bombeiro. Tratar com Alexandre pelos telefones: (16) 3945-1250 / 9 9766-9243 Oi / 9 9240-2323 Claro, whatsApp / 78133866 id 96- 81149 Nextel. Vendem-se - Roçadeira Baldan RD1.700 R$5.500 - Grade Niveladora de 48 discos NVCR R$14.000,00 - Bazuca com capacidade de 6.000 Kg R$ 4.000,00; - Pá-Carregadeira, modelo 938 GII, ano 2006, série 0938 GERTB, em bom estado de conservação. R$ 150.000,00; - Conjunto de irrigação completo com Ferti-Irrigação, filtro de areia e gotejador Uniram Flex 2,31 x 0,70m com +\- 30 mil metros, sem uso R$ 52.000,00; - Trator modelo BH 205, gabinado completo com ar-condicionado e hiflow, ano 2010 com 4.241,3 horas de uso R$ 120.000,00; - Trator modelo BH 205, gabinado completo com ar-condicionado e hiflow, ano 2010 com 5.356,1 hora de uso R$ 120.000,00; - Compressor, modelo ACC115, motor 115 HP/84 KW, pressão de trabalho 06 BAR, Fad 350 pés cúbicos por minuto, peso 1950 kg, acoplado com carreta. R$ 119.000,00. Tratar com Furtunato pelos telefones (16) 3242-8540 – 9 9703-3491 ou [email protected] Prazo a combinar. Vende-se L200, traçada, cor branca, ano 2006, com ar-condicionado. Tratar com Raul pelo telefone (34) 9972-3073. Vendem-se - Eliminador de soqueira, marca: DMB, Ano: 2012, seminovo; - Arado Reversível 4 disco, marca: Santa Izabel, PSH 430, Ano 2004; - Plantadeira Semeato Modelo PH5, com 4 linhas, toda revisada, Ano 1983; - Plantadeira Semeato 3 linhas; - Grade niveladora 20x20 de arrasto e transporte no hidráulico; - Carpideira 5 linhas; - Arado reversível, 3 bacia; - Cobridor de Cana, oscilante; - Pulverizador PJ 500 Jacto; - Pulverizador Condon, 600 litros, com mexedor; - Distribuidor de Calcário, marca: Jumil 5.500 KG, esteira larga; - Sulcador DMB, com marcador; - Trator FORD 6600, Ano 1979, 4x2; - Carreta de 2 rodas, basculante, com desarme manual; - Jogo de pneus finos 13-6-38; - Subsolador de arrasto, 5 hastes de controle com pneus 900 x20. Tratar com Waldemar pelos telefones: (16) 3042-2008/ 9 9326-0920. - A Revista Canavieiros não se responsabiliza pelos anúncios constantes em nosso Classificados, que são de responsabilidade exclusiva de cada anunciante. Cabe ao consumidor assegurar-se de que o negócio é idôneo antes de realizar qualquer transação. - A Revista Canavieiros não realiza intermediação das vendas e compras, trocas ou qualquer tipo de transação feita pelos leitores, tratando-se de serviço exclusivamente de disponibilização de mídia para divulgação. A transação é feita diretamente entre as partes interessadas. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 73 Agros fortis Tecnologias de Agricultura Biológica Revista Canavieiros - Outubro de 2015 74 Biblioteca “General Álvaro Tavares Carmo” Contabilidade Básica Cultivando a Língua Portuguesa Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português. “Se não conheço os mapas, escolho o imprevisto: qualquer sinal é um bom presságio” Lya Luft Renata Sborgia 1) Maria gosta de “animalzinhos”! Maria precisa gostar também da escrita correta! O correto é: animaizinhos Regra fácil: o substantivo é animal. Animal - expressão levada para o plural: animai(s) + zinhos = animaizinhos Outro exemplo: Flores = florezinhas Flores - o substantivo é levado para o plural: flor + ES = flores A desinência do plural s é retirada: flore Acrescentando: flore + zinha = florezinha A desinência do plural s é acrescentada depois do sufixo: Florezinha + s = florezinhas “Construído com uma linguagem clara e acessível, Contabilidade Básica chega em sua 16ª edição, mantendo a proposta que transformou em sucesso editorial: apresentar noções introdutórias, porém essenciais, sobre o tema, sem perder de vista o rigor técnico e a aplicação dos conceitos apresentados. Atualizado com as modificações ocorridas nas Normas Brasileiras de Contabilidade, resultantes do processo de convergência para as normas internacionais, o livro trata de todos os temas de interesse dos estudantes e profissionais da área.” (Trecho extraído da contracapa do livro) Referência: VICECONTI, Paulo Eduardo Vilchez. Contabilidade básica. – 16. Ed. ver. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2013. Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste. [email protected] www.facebook.com/BibliotecaCanaoeste Fone: (16) 3524-2453 Rua Frederico Ozanan, nº842 Sertãozinho-SP 2) Ficou muito tempo “em pé”? Em pé ou de pé são expressões existentes e significam a mesma coisa: a) Que algo ou alguém está em posição vertical, em posição ereta. Ex.: Fiquei (de) em pé por horas a fio. b) Que algo se mantém Ex.: O nosso acordo continua (de) em pé. 3) Leva-se pizza “a domicílio”. ... a pizza nunca chegará! O correto é: Leva-se pizza em domicílio. Regra fácil: A domicílio ou Em domicílio: as duas expressões existem em nosso idioma e significam a mesma coisa. No entanto, cada locução adverbial só pode ser usada com determinados verbos. A domicílio: só deve ser usada com verbos que indicam movimento, tais como: levar, enviar, trazer, conduzir... Em domicílio: só deve ser usada com verbos que não exprimem ideia de movimento, tais como: dar, cortar, fazer, entregar... Ex.: Entrego pizza em domicílio. Segundo a gramática normativa (norma culta), entrega-se algo em algum lugar. PARA VOCÊ PENSAR: “A quatro mãos escrevemos o roteiro para o palco de meu tempo: o meu destino e eu. Nem sempre estamos afinados, nem sempre nos levamos a sério.” Lya Luft Coluna mensal * Advogada, Profa. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria. Revista Canavieiros - Outubro de 2015 75 Revista Canavieiros - Outubro de 2015 76 Revista Canavieiros - Outubro de 2015