Museus em transição
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Museus em transição
> Museus em transição [ editorial ] Ao finalizar 2005, algumas – Visitas de acompanhamento palavras de balanço relativamente à actua> Práticas de Conservação ção da RPM no ano que agora finda. 18 dezembro 2005 Boletim trimestral da Rede Portuguesa de Museus Museus em transição – Visitas de acompanhamento Preventiva em Museus da RPM Fortemente marcado pela nova realidade No passado dia 30 de Outubro, a Estrutura de Missão Rede > Participação em Encontros jurídica da Museologia portuguesa, na Portuguesa de Museus iniciou as visitas aos museus da RPM com > Reunião de trabalho nos Açores decorrência da aprovação em 2004 da o objectivo de verificar a sua adequação aos parâmetros exigidos respectiva Lei Quadro, foi este período pela Lei Quadro dos Museus Portugueses. O artigo 140.º da referida bastante dedicado à preparação e ao lei estipula a transição dos museus integrados na RPM para o novo acompanhamento dos museus da RPM sistema de credenciação, dispondo os museus de dois anos a partir para o novo enquadramento legal. Tratou- da publicação desta lei para se adaptarem aos novos quesitos, isto é, -se essencialmente de uma fase de trabalho até Setembro de 2006. técnico interno, que incluiu a preparação De acordo com o diagnóstico efectuado antes do início das visitas, de alguma documentação de apoio, muitos museus ainda não tinham concluídos os documentos agora de regulamentação e de controlo, com obrigatórios à luz da lei, como a definição de uma política de expressão pública posterior na realização incorporações, de normas e procedimentos de conservação de acções de sensibilização junto dos preventiva, de plano de segurança e de um regulamento interno responsáveis pelos museus e das suas do museu. Estes documentos orientadores e reguladores são da entidades de tutela, incluindo reuniões, maior importância para assegurar um funcionamento qualificado visitas, contactos, pareceres e orientações. aos museus, acautelando acções adequadas face às situações mais Desaguando no trabalho de terreno actual- diversas em consonância com a missão e a vocação assumida pelos mente em curso, mediante visitas a todos museus. Os patrimónios à sua guarda e os públicos a quem o seu os museus da RPM, e do qual se dá conta trabalho se destina são o fulcro da sistematização do trabalho que nas páginas deste boletim, esta fase estes documentos preconizam. representa uma aferição prática dos Desde finais de Outubro, foram então efectuadas visitas a dezoito requisitos legalmente estabelecidos, da sua museus: aplicabilidade e da sua relevância para Museu Municipal de Aljustrel a elevação da qualidade do trabalho Museu Municipal de Santiago do Cacém > Centro de Documentação – Destaques > Centro de Documentação da RPM – Novos Serviços > Concepção e Montagem da exposição Malhoa e Bordalo – Confluências de uma geração, por João Herdade > A Emergência e a Génese dos Museus Industriais e de Empresa em Portugal, por Jorge Custódio > Notícias Museus RPM > Em Agenda > Outras Notícias . 6.º Encontro do Comité dos Museus Casas Históricas do ICOM-DEMHIST . Os Amigos dos Museus de Portugal reuniram-se em Congresso . Colaboração entre os Ministérios da Educação e da Cultura > Dissertações > Encontros (cont. na página 2) (cont. na página 2) (continuação da página anterior) museológico, aspecto que sem sombra de dúvidas temos Instituto Português de Museus, mantendo a Estrutura presencialmente confirmado. de Missão na minha dependência directa e prosseguindo Da acção da Estrutura de Missão importa também esta a sua actividade e o seu funcionamento, de acordo salientar neste virar do ano as melhorias introduzidas com as respectivas linhas programáticas. Com esta no Centro de Documentação da RPM, através da oferta mudança, crendo dar o meu contributo às linhas de de novos serviços, de maior comunicação regular com trabalho definidas para a política museológica nacional, os utentes e de extensão do tempo de abertura ao público. espero também uma maior articulação entre a Estrutura É com satisfação que neste boletim anunciamos essas de Missão e os serviços do IPM com reflexo na maior mudanças, que estarão disponíveis a partir de Janeiro. cooperação entre os museus desta rede. Cabem também nesta edição do Boletim as muitas notícias Num cenário nacional de dificuldades e de contenção sobre a actividade dos museus da RPM e o crescimento financeira, não deixou o Programa de Apoio à Qualificação da nova rubrica dedicada às edições destes museus, que de Museus da RPM de ser também atingido pelos registou um exponencial crescimento. Dois olhares problemas que actualmente afectam o País. A atribuição exteriores concorrem para os artigos desta edição: João dos apoios financeiros aos museus que tinham candida- Herdade, chefe da divisão de projectos e obras do IPM, tado os seus projectos ao abrigo daquele Programa foi traz-nos a visão do arquitecto no relato e análise da infelizmente protelada para o primeiro semestre de 2006, exposição Malhoa e Bordalo – Confluências de uma esperando-se uma regularização desses mesmos apoios geração; Jorge Custódio, director do Convento de Cristo em concomitância com o lançamento de um novo e reconhecido especialista de património industrial, faz- regulamento e de um novo programa de apoio financeiro -nos o ponto de situação sobre a génese dos museus que se almeja entre em vigor a partir do início de 2007. industriais em Portugal. As alterações de gestão introduzidas a partir do mês A Subdirectora do Instituto Português de Museus, de Novembro levaram-me a assumir a subdirecção do Clara Camacho (continuação da página anterior) Museus em transição – Visitas de acompanhamento Museu Pedro Nunes (Alcácer do Sal) Efectuadas pela equipa técnica da Estrutura de Missão Museu de Mértola RPM, algumas das visitas aos museus contaram com Museu do Brinquedo (Sintra) a presença da Subdirectora do Instituto Português de Museu Anjos Teixeira (Sintra) Museus e duas, respectivamente, ao Museu da Casa Museu Ferreira de Castro (Sintra) Grande em Freixo de Numão e ao Museu Municipal Museu José Luciano de Castro (Anadia) de Esposende, com a participação da Directora do Museu da Pedra (Cantanhede) Museu da Guarda e da Directora do Museu de Alberto Museu Amadeo de Souza Cardoso (Amarante) Sampaio, numa perspectiva de articulação regional. Museu de Arqueologia e Numismática de Vila Real Foi evidente o empenhamento e o esforço dos Museu Municipal de Benavente responsáveis e dos técnicos da maior parte dos museus Museu Leonel Trindade (Torres Vedras) no cumprimento das recomendações constantes nos Museu da Casa Grande (Freixo de Numão, Vila Nova Relatórios de Adesão à RPM e na sua adequação ao de Foz Côa) Museu da Pólvora Negra (Barcarena, Oeiras) novo quadro legal. Alguns museus já dispõem de Museu Municipal de Vale de Cambra documentos obrigatórios elaborados, solicitando agora Museu Municipal de Coruche o parecer à EMRPM para posterior aprovação por parte Museu Municipal de Esposende da sua tutela. Muitas vezes já têm cumpridos quesitos 2 | Boletim Trimestral Notícias RPM anteriormente em falta, como o implementação de Na sua maioria, as visitas realizadas aos museus um serviço educativo, a informatização do inventário, permitiram verificar a evolução de uma importante a monitorização das condições de conservação e a área de comunicação com os públicos: as edições e adequada organização das reservas. Outros museus os materiais pedagógicos. A recente criação de uma têm em curso a elaboração dos documentos e alguns secção específica para a divulgação das edições dos projectos para concretização de vertentes de trabalho museus da RPM neste Boletim visa dar conta deste lacunares. Têm sido notórios os resultados do recurso aspecto que o contacto com os museus in loco também a consultorias técnicas promovidas pela EMRPM, veio reforçar (V. notícias pp. 23-25). Algumas com apoio sobretudo na área da conservação preventiva. da RPM através do Programa de Apoio à Qualificação Mas nem todos os museus visitados têm caminhado de Museus, as edições dos museus espelham o avanço a bom passo, tendo mesmo algumas das visitas no conhecimento das respectivas colecções e oferecem revelado grandes dificuldades em manter a qualidade ao público a possibilidade de explorar e de aprofundar de trabalho desejável a uma instituição museológica. determinadas temáticas. Algumas áreas continuam a necessitar de recursos As visitas aos restantes museus que integram a RPM técnicos, financeiros e humanos especializados para irão continuar ao longo do primeiro semestre de 2006, colmatar carências fundamentais que se repercutem estando a EMRPM disponível para articular linhas de nos serviços disponibilizados ao público e na preservação trabalho e para prestar o apoio e o aconselhamento das respectivas colecções. considerados oportunos por parte dos museus. ❚ Práticas de Conservação Preventiva em Museus da RPM No âmbito do trabalho com os museus que integram particular localizados nas regiões de Lisboa e Vale do a Rede Portuguesa de Museus e das suas linhas de Tejo (11) e do Algarve (7), sendo menos expressiva a acção, a Estrutura de Missão RPM tem como propósito participação de profissionais de outras regiões (2 do estimular o encontro entre estes museus para debater Alentejo e 1 do Norte); de outros museus e de outras determinadas vertentes do trabalho museológico e para entidades estiveram presentes quinze profissionais reforçar laços regionais e afinidades de campos temáticos. (9 do Algarve, 5 do Alentejo e 1 do Norte). Foi nesta perspectiva que no dia 23 de Setembro de À sessão de abertura seguiu-se a apresentação de Nuno 2005 foi organizado um Encontro dedicado às Práticas Moreira, consultor da RPM, intitulada “Experiências de de Conservação Preventiva em Museus da RPM no Museu apoio técnico a museus da RPM na área da conservação Municipal de Faro. preventiva”, que suscitou um amplo debate. O referido Encontro, que contou com a preciosa Susana Paté, Técnica de Conservação do Museu Municipal colaboração do museu anfitrião, teve como objectivos de Faro abordou “A área da conservação preventiva a apresentação de práticas e de projectos desenvolvidos no Museu Municipal de Faro”, cuja visita posterior ao na área da conservação preventiva por museus da laboratório de conservação e restauro e às reservas RPM, o debate sobre os problemas que afectam as permitiu observar in loco os equipamentos utilizados suas colecções, as formas de actuação e os resultados e algumas das práticas e soluções adoptadas para obtidos, bem como a reflexão sobre os contributos assegurar a preservação das colecções. do Programa de Apoio Técnico. Ana Isabel Palma Santos, Mathias Tissot e João Almeida, Aberto a todos os museus do País, o Encontro contou Técnicos do Museu Nacional de Arqueologia, com a com trinta e seis participantes, dos quais se destacam comunicação “As reservas do Museu Nacional de vinte e um profissionais de museus da RPM, em Arqueologia” explicitaram os problemas com que se Rede Portuguesa de Museus | 3 confronta diariamente o museu e as soluções encontradas face às especificidades patrimoniais e a uma estrutura para os ultrapassar. territorial descentralizada”. José Gameiro, responsável do Museu Municipal de Foi evidente a singularidade de cada uma das experiências Portimão, partilhou a sua experiência através da ressaltadas, o que contribuiu para reflectir sobre comunicação “Conservação preventiva, estratégias de preocupações com que os museus se debatem no seu aplicação no Museu Municipal de Portimão”. dia-a-dia e sobre as estratégias possíveis para diminuir Graça Filipe e Ana Luísa Duarte, respectivamente os efeitos de variados agentes de degradação das responsável e técnica do Ecomuseu Municipal do colecções, tendo sido considerados muito úteis o apoio Seixal, apresentaram “Conservação preventiva no técnico da RPM e a necessidade de formação especializada Ecomuseu Municipal do Seixal – problemas e práticas e atenta para lidar com estes problemas. ❚ Participação em Encontros O Instituto Português de Museus/Rede Portuguesa de de Cascais. Neste Congresso, a Subdirectora do IPM Museus marcou presença e deu o seu contributo no apresentou a comunicação intitulada “Amigos dos I Congresso da Federação de Amigos dos Museus de Museus – A perspectiva do Instituto Português de Portugal, subordinado ao tema Os Amigos dos Museus, Museus”, destacando de entre os cento e vinte museus elementos activos nas estratégias dos museus, que decorreu que integram a RPM trinta e dois museus com associações de 17 a 19 de Novembro de 2005 no Centro Cultural ou grupos de amigos activos. (Ver notícia p. 30). ❚ Reunião de trabalho com os museus dos Açores Na ilha Terceira, em Angra do Heroísmo, nos dias 9 ao longo dos últimos quatro anos, a realização de: e 10 de Novembro, foi realizada uma reunião de quatro reuniões de trabalho e de diversas visitas aos trabalho entre os responsáveis dos museus dependentes museus da DRC dos Açores; a publicação de notícias da Direcção Regional de Cultura dos Açores localizados sobre actividades dos referidos museus no Site e no nas diversas ilhas que constituem o arquipélago: Museu Boletim da RPM, a sua divulgação no Roteiro dos Carlos Machado (São Miguel), Museu da Graciosa, Museus da RPM e no Site da RPM; a organização de Museu da Horta (Faial), Museu das Flores, Museu de acções de formação; e a prestação de apoio técnico Angra do Heroísmo (Terceira), Museu de Santa Maria, na área da educação em museus ao Museu de São Museu de São Jorge e Museu do Pico. Jorge e na área do inventário e documentação ao No âmbito da cooperação estabelecida por protocolo Museu do Pico – Museu da Indústria Baleeira. entre o Instituto Português de Museus/Rede Portuguesa No que respeita à Lei Quadro dos Museus Portugueses, de Museus e a Direcção Regional de Cultura dos é de salientar o trabalho em curso nos museus referidos, Açores, e na sequência da adesão à RPM dos museus já muito avançado, de adequação aos quesitos exigidos, dependentes dessa Direcção, participaram nesta reunião como a elaboração de documentos obrigatórios. a Subdirectora do IPM e a Coordenadora Adjunta da Na perspectiva da cooperação futura, foi proposto o RPM. No quadro da RPM, são de ressaltar os seguintes reforço de acções no âmbito da informação e divul- assuntos tratados: 1) Balanço da cooperação RPM- gação dos museus dependentes da DRC dos Açores, -DRC/museus dos Açores; 2) O momento actual: Lei da formação dos seus profissionais e do apoio técnico Quadro dos Museus Portugueses; 3) Cooperação futura. a estes museus em vertentes do trabalho museológico Quanto ao balanço da cooperação, importa referir, consideradas necessárias. ❚ 4 | Boletim Trimestral Centro de Documentação O debate, a exploração teórica e a análise crítica do museu são o oferecem reflexões críticas acerca de museus e exposições, recorrendo, eixo comum que liga as obras em Destaque neste Boletim. A nas suas análises, a contributos da sociologia, antropologia, etnografia interdisciplinaridade e a reflexão sobre o papel do museu na sociedade e psicanálise, colocando, deste modo, a investigação museológica contemporânea, numa perspectiva histórica, são o traço de união no contexto mais abrangente da teoria social e cultural. Finalmente, dos textos reunidos na primeira obra em Destaque. The museum in Museums, objects and collections: a cultural study centra a sua análise transition: a philosophical perspective valoriza a análise filosófica da na relação museu-objectos-colecções, através do exame da natureza natureza e do papel do museu num contexto de transformação, do coleccionismo e dos objectos e da construção de modelos teóricos interrogando o museu enquanto produtor de experiências e mediador de interpretação. De cada uma das obras destaca-se a respectiva entre o público e o objecto. Na terceira obra seleccionada, os autores referência bibliográfica e um resumo sumário. Destaques TÍTULO: Museum studies: an anthology of contexts Resumo: Esta antologia, editada por Bettina Messias Carbonell, reúne AUTORES: ed. Bettina Messias Carbonell um conjunto de textos acerca dos museus, numa perspectiva histórica PUBLICAÇÃO: Oxford: Blackwell, 2004 e interdisciplinar, relacionando-os com a arte, cultura e filosofia e DESC. FÍSICA: xxxiii, 640 p. analisando o seu papel na sociedade contemporânea. Estruturado em ISBN: 0-631-22830-6 cinco secções – Museologia; Estados da “natureza” no museu: história natural, antropologia, etnologia; Estatuto das nações e o museu; História no museu; Artes, ofícios e público – o livro é uma obra de referência para profissionais e estudantes dos museus e da museologia. TÍTULO: The museum in transition: a philosophical perspective AUTORES: Hilde S. Hein Resumo: Numa perspectiva filosófica, a Autora analisa a existência dos museus num mundo em transição social, tecnológica, cultural e ideológica, interrogando o museu quanto à sua natureza, objectivos e funções. Tentando PUBLICAÇÃO: Washington: Smithsonian Institution, 2000 responder às questões: Porque existe o museu? O que tem para oferecer? O que pode o museu ensinar e como? A Autora aponta a sua reflexão DESC. FÍSICA: 203 p. para a relação que o museu estabelece com as colecções e com a ISBN: 1-56098-396-5 comunidade, para o cumprimento da sua função educativa e social, para a promoção da experiência face ao objecto, da globalização face à identidade e para as implicações éticas, estéticas e epistemológicas da mudança. TÍTULO: Theorising museums Resumo: Editada pelos sociólogos Sharon Macdonald e Gordon Fyfe, esta obra AUTORES: ed. Sharon MacDonald, Gordon Fyfe reúne um conjunto de textos de diversos especialistas – antropólogos, sociólogos PUBLICAÇÃO: Oxford: Blackwell, 1996 e museólogos – acerca do museu e da sua prática, no âmbito da teoria social DESC. FÍSICA: 236 p. e cultural contemporânea. Ao longo do texto, dividido em três partes – ISBN: 0-631-20151-3 Contextos: espaço e tempo; Contestação: diferenças e identidades; Conteúdos: classificações e prática –, os Autores constroem teorias e fomentam o debate em torno de questões de identidade e diversidade, conhecimento e poder, tempo e espaço, globalização e consumo, analisando estudos de caso exemplificativos das problemáticas desenvolvidas. TÍTULO: Museums, objects and collections: a cultural study Resumo: Alicerçada numa sólida base teórico-prática e tendo por AUTORA: Susan M. Pearce princípio estruturante a noção das colecções como elemento fulcral PUBLICAÇÃO: London; New York: Leicester University Press, 1992 do trabalho museológico, a Autora explora a natureza da inter- DESC. FÍSICA: 296 p. COLECÇÃO: Leicester Museum Studies ISBN: 0-7185-1442-4 relação museu-objectos-colecções. Partindo do enquadramento histórico dos museus e do coleccionismo, e recorrendo frequentemente à apresentação de casos ilustrativos, a obra avança pela linguagem simbólica dos objectos, das colecções e exposições, discutindo a natureza do coleccionismo, o significado dos objectos e os problemas que se colocam, nesta área, aos profissionais de museus. Rede Portuguesa de Museus | 5 Centro de Documentação da RPM – Novos Serviços A partir de Janeiro de 2006, o Centro de Documentação que corresponda às áreas de interesse seleccionadas. da Rede Portuguesa de Museus irá colocar novos No Centro de Documentação on-line (http://www. serviços à disposição dos utilizadores e introduzir rpmuseus-pt.org/), além da consulta do catálogo, de alterações ao seu funcionamento: bibliografias temáticas e dos Destaques publicados no – Boletim Bibliográfico Boletim, será possível aceder à listagem de documentação De periodicidade trimestral, para divulgação de novas existente no Centro de Documentação, designadamente incorporações no catálogo, bastando, para o receber, Publicações Periódicas, Bases de Dados de Publicações enviar o pedido para o correio electrónico do Centro Periódicas on-line, Trabalhos de Investigação, Edições de Documentação ([email protected]). apoiadas pelo PAQM e referências bibliográficas – Serviço de Difusão Selectiva de Informação organizadas em Dossiês Temáticos. Serviço personalizado de difusão da informação, a solicitar O Centro de Documentação passará a estar aberto mediante o preenchimento de uma ficha de adesão ao público três tardes por semana – segundas, quartas (disponível no site da Rede Portuguesa de Museus) e sextas-feiras, das 14h30 às 18h30, sendo sempre e do seu envio para o Centro de Documentação. aconselhável a marcação prévia de consulta através A partir desse momento, o utilizador será informado do telefone 21 361 74 90 ou do correio electrónico sempre que dê entrada no CD RPM documentação [email protected]. ❚ Artigo Concepção e Montagem da exposição Malhoa e Bordalo – Confluências de uma geração João Herdade* * Arquitecto. Chefe da Divisão de Projectos e Obras do Instituto Português de Museus Introdução particular sobre os espaços e as especificidades dos A Divisão de Projectos e Obras (DPO) do Instituto museus que resulta numa mais valia de qualidade Português de Museus (IPM) tem vindo, no âmbito e numa economia de custos que, dados os recursos das suas atribuições, a ser solicitada pelos museus escassos, é um objectivo essencial a prosseguir. do IPM para a elaboração de projectos de requali- Desde 2004 que a DPO tem vindo a colaborar ficação de espaços expositivos, quer em relação à estreitamente com o Museu de Cerâmica das Caldas, reformulação das exposições permanentes de alguns onde foram realizados os projectos de duas museus, como nos Museus de Alberto Sampaio e exposições temporárias relacionadas com Rafael D. Diogo de Sousa, quer no acompanhamento de Bordalo Pinheiro e seu filho Manuel Gustavo e feitas outros projectos por equipas exteriores. Por outro experiências e investigação sobre os conceitos de lado, ao longo dos anos tem executado variados acessibilidade e a sua tradução nos projectos expositi- projectos de exposições temporárias sempre que os vos. Por outro lado, desde há largos anos temos museus assim o solicitam, o que tem permitido vindo a acompanhar o projecto de remodelação e acumular uma experiência e um conhecimento ampliação do Museu José Malhoa e os problemas 6 | Boletim Trimestral colocados pela reformulação da exposição permanente. Requisitos/Condicionantes/Requalificação da sala Nesta linha da actuação, a Directora do Museu e a Malhoa Direcção do IPM decidiram encarregar a DPO de No início deste projecto, a maior condicionante era conceber o projecto da exposição tendo como a obra de reabilitação da cobertura da “Sala Malhoa” parâmetros de trabalho a necessidade absoluta de que, devido a problemas estruturais, teve de ser controlar os custos da montagem de modo a não objecto de uma completa substituição da estrutura exceder os limites definidos e de assegurar a sua existente. O ataque generalizado por xilófagos levou realização nos prazos extremamente curtos que o à rotura dos apoios das asnas e consequente risco museu dispunha para a realizar. Outro objectivo de colapso da cobertura. seria que a apresentação desta importante exposição A solução projectada pela Direcção-Geral de Edifícios fosse marcante e distinta relativamente à imagem e Monumentos Nacionais – DGEMN consistiu na e concepção museográfica que o museu tem criado sua substituição por outra estrutura em peças de ao longo dos anos. madeira lamelada colada com a mesma geometria. Aproveitou-se igualmente para substituir as placas Programa da clarabóia em policarbonato e introduzir uma nova O programa desta exposição foi elaborado pela solução para o sobre-céu da sala. Esta solução estava Directora do museu, Dr.ª Matilde Tomaz do Couto, prevista no projecto de remodelação e ampliação do com a colaboração da Dr.ª Cristina Azevedo Tavares. museu do Arqº João Santa-Rita que teve o apoio do A exposição pretendia comemorar os 150 anos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil – LNEC nascimento de José Malhoa e o centenário da morte no estudo da ventilação natural das salas. Este projecto de Rafael Bordalo Pinheiro através do confronto tem como objectivo melhorar o isolamento térmico entre as duas personalidades no enquadramento da da cobertura através da introdução de chapas de geração de artistas a que pertenceram. policarbonato dotadas de registos que evitem que o Foi fornecido um CD ROM contendo a listagem de calor de aquecimento da sala se escape no Inverno 326 peças e fotografias digitalizadas de todos os através da clarabóia. Por outro lado, prevê-se a objectos. substituição dos vidros do sobre-céu existente por Posteriormente, em reuniões sucessivas de apresen- outros temperados e dotados de película que previna tação e de discussão do projecto, foi-se reduzindo a eventual queda de fragmentos em caso de quebra. a presença de alguns núcleos de peças, em particular Esta obra tinha um prazo de execução de 2 meses na sala Bordalo Pinheiro, e noutros casos adicionan- estando a abertura da exposição condicionada pela do-se peças que melhoraram o enquadramento de sua conclusão. Os riscos inerentes à sua execução alguns objectos, como o mobiliário do atelier de não eram compatíveis com a presença de obras de José Malhoa. arte no interior do museu, o que implicava que a data de abertura era factor condicionante no início Espaço no edifício da montagem da exposição. Os espaços em que se pretendiam instalar a Pretendia-se ainda promover uma requalificação da exposição são os existentes no Museu, não se entrada do museu, sem que houvesse implicações definindo à partida se esta iria abarcar a totalidade significativas com custos. das salas. Havia a necessidade de manter aberta a sala onde se encontram as peças de escultura de Percurso expositivo maior dimensão, bem como encontrar uma zona Foi elaborado um primeiro estudo de distribuição para reserva temporária das peças do museu que das peças pelo espaço, com o desenho de cada obra seriam armazenadas pela desmontagem das salas à escala e que se destinava exclusivamente a avaliar onde normalmente se encontravam expostas. as necessidades de espaço para cada núcleo expositivo. Rede Portuguesa de Museus | 7 Este trabalho implicou a representação em planta de cada quadro e objecto com as dimensões exactas incluindo molduras. Deste trabalho resultou que a exposição teria que ocupar nove salas, reservando-se a sala 11 do museu para instalação de uma reserva temporária para armazenamento de peças e materiais expositivos. O percurso terminaria na sala 8 na qual era possível passar directamente para o claustro e continuar para a saída do museu ou prosseguir a visita pelas restantes salas de exposição permanente que permaneceriam sem alterações e que levariam o visitante de novo que se iria aproveitar a iluminação natural das salas até à entrada do museu/loja. sem adicionar novo equipamento. Foi necessário ainda manter nas salas duas obras Preparação das salas de exposição que, pelas suas dimensões, não era viável, nem prá- O Museu deparava-se já há vários anos com a ausência tico, efectuar a sua deslocação, ocultando-as através de trabalhos de manutenção nos espaços expositivos, de painéis. pelo que foi necessário proceder à reparação das Apesar destas balizas, entendia-se que a concepção paredes e dos tectos do percurso expositivo, operação da exposição deveria propor uma rotura com a que foi feita de forma faseada ainda com o museu imagem habitual que o museu tinha, imprimindo aberto ao público. uma linguagem mais afirmativa e que permitisse criar uma identidade distinta entre os diferentes núcleos Planeamento da exposição. Apesar de o primeiro guião da exposição ter sido Propôs-se assim, desde o princípio, a introdução de entregue com bastante antecedência, o facto da elementos arquitectónicos no início de cada núcleo Divisão de Projectos e Obras estar envolvida na que seriam idênticos, mas que permitiriam em montagem de outra exposição levou a que se simultâneo: marcar a entrada nesse núcleo, comunicar dispusesse de um tempo muito reduzido para a sua ao visitante a informação essencial para a sua concepção e montagem. Por outro lado, o atraso e a compreensão e caracterização e associar a cada complexidade dos trabalhos de reabilitação da núcleo uma cor distinta que seria o elo de ligação cobertura na sala Malhoa já referidos eram condicio- visual entre todas as peças expostas nesse espaço. nantes para o início da montagem. Inicialmente pensou-se que se deveria conceber um elemento tridimensional distinto, solto no espaço. Concepção do projecto Depois estudou-se outra solução que partia do Na concepção do projecto da exposição procurou-se aproveitamento dos painéis existentes, adaptando como princípio utilizar todo o equipamento expositivo uma pala horizontal que os ligaria à parede. existente no museu, uma vez que se pretendia limitar Esta barreira permitia, por um lado, que se estabelecesse ao máximo os custos com a montagem. Por outro um momento de pausa antes da entrada no núcleo lado, uma vez que o museu iria a curto prazo ser expositivo e que evitasse que as obras fossem aperce- fechado para obras de remodelação não fazia sentido bidas de imediato, ganhando assim um momento estar a investir em novos suportes expositivos que de adaptação ao novo núcleo. Outro objectivo era poderiam não ser adequados à nova intervenção. que a frente desse painel servisse para se anunciar Assim, para além de se utilizarem todos os painéis e o nome do núcleo e no seu tardoz houvesse um texto vitrinas existentes, também se partia do princípio explicativo do mesmo. 8 | Boletim Trimestral Foi proposto que no início da exposição se apresen- cedo se constatou que o número de peças a expor tassem os dois “protagonistas” Malhoa e Bordalo, era excessivo em relação à capacidade da sala, através de peças que os dessem a conhecer, retratos propondo-se a retirada de vários objectos, uma vez a óleo e bustos, sendo a sala imediatamente a seguir que um dos núcleos fundamentais, onde se preten- utilizada para a continuação da exposição da dia expor “A Paixão de Cristo”, requeria uma escala iconografia respectiva, de cada lado do espaço, e ambiente próprio que importava diferenciar da marcado por cores opostas. No eixo deste espaço, restante produção artística de Bordalo. de onde se iria iniciar a visita aos três núcleos princi- Este núcleo levou ainda ao desenho de uma estrutura pais da exposição, Malhoa, Rafael Bordalo e o Grupo que pretendia recriar um espaço arquitectónico onde do Leão, seriam colocados num painel retratos de inserir a cena bíblica “Jesus em casa de Anaz”, criando- figuras igualmente representativas e que por assim -se um pórtico e uma base para a exposição das figuras dizer anunciavam os temas e a produção que se que serviam também para a apresentação do modelo poderia ver nas restantes salas. Até à elaboração da das peças e de desenhos executados como estudo de solução final foram elaboradas vinte e sete versões cenas diferentes. diferentes, aperfeiçoando as soluções através de um diálogo constante com a Directora do Museu, entre Adaptação dos equipamentos expositivos 17 de Junho e 26 de Julho de 2005. O museu dispunha de painéis de 3,0 m por 30 cm de espessura, sendo aproveitados os com 1,83 m Sala Malhoa de largura para a marcação das entradas, sendo os Este núcleo era o que comportava as peças de maior restantes com 1,5 m de largura colocados como su- dimensão, que seriam expostas em sub-núcleos que portes de quadros e de reproduções digitalizadas. importava delimitar. Para atingir este objectivo As vitrinas existentes foram alteradas, de modo a resolveu-se dividir a sala por painéis criando quatro melhorar a sua estabilidade, através da colocação zonas de obras agrupadas por temas, sem no entanto de painéis entre as pernas de sustentação e que lhes se pretender criar compartimentos separados para conferiam também um aspecto mais sólido e uma cada um deles. Estes painéis permitiam também que volumetria menos “transparente”. os diferentes núcleos se fossem descobrindo gradual A generalidade dos painéis foi reparada, excepto e sucessivamente, propondo um percurso de visita nalguns casos em que se optou por construí-los coerente, que começava nas “marinhas”, passando pela novos, dado o grau de degradação das superfícies pintura de costumes, retrato e terminando na pintura com repinturas sucessivas e que impediam a colagem de elementos arquitectónicos. de imagens e letras em vinil. Nesta sala pretendia-se uma visão pontual do núcleo Foram ainda construídos novos painéis necessários seguinte da exposição e da sua obra emblemática “O para obras de grandes dimensões, como o quadro Grupo do Leão”, atingindo-se esse objectivo pela colo- do “Grupo do Leão”, o “Julgamento do Marquês de cação ao eixo da sala da pintura, no corredor envolvente Pombal”, ou para a exposição do tecto da sala. e fazendo a separação através de um banco colocado Ainda relativamente aos painéis das entradas procurou no vão da sala que servia igualmente para a sua realçar-se a zona dos títulos dos núcleos criando nas contemplação e como momento de repouso na visita. palas rasgos com a dimensão dos textos, de modo a realçar com luz natural proveniente das clarabóias Sala Rafael Bordalo Pinheiro das salas a superfície onde o texto era aplicado. Esta sala foi, sem dúvida, a mais complexa de organizar pelo número de peças e documentos a Montagem expor e também por a sua configuração obrigar a Uma vez que se estimava que o custo da exposição um percurso de retorno pelo mesmo espaço. Desde não ultrapassasse os 25.000 € foi iniciado um processo Rede Portuguesa de Museus | 9 de consulta prévia a cinco empresas com provas no pórtico. Os valores de intensidade luminosa revela- dadas neste tipo de trabalho. ram-se sobretudo na Sala Malhoa com alguns picos Obtiveram-se valores bastante díspares, propondo-se de excesso de luz, apesar de a filtragem dos U.V. estar a adjudicação dos trabalhos à firma que apresentou assegurada triplamente, ou seja: O policarbonato do o preço mais baixo, no valor de 20.196.89 €. revestimento exterior das asnas, bem como o colocado A montagem da exposição iniciou-se com a monta- para reforço do isolamento térmico têm ambos gem dos painéis em MDF que eram aparafusados filtragem incorporada. Para além disso a película colada por troços de modo a permitir a sua desmontagem nos vidros do sobre céu possui também um filtro U.V.. posterior e facilidade de armazenagem. Constatou-se apesar disso, nessa mesma sala, a neces- Os painéis foram de seguida pintados com tinta de sidade de para o final da tarde ligar a iluminação base aquosa, sendo necessário primeiro uma camada fluorescente para garantir uma visibilidade adequada de tinta branca previamente à aplicação da tinta das peças. de cor. No caso do amarelo, foram preciso até quatro O facto de todas as salas possuírem pé-direito elevado camadas de tinta para se conseguir a homogeneidade e de estarem pintadas de branco resultou numa pretendida. Os quadros foram fixos utilizando o iluminação uniforme das peças sem necessidade de tubo de suspensão existente nas salas do museu e iluminação pontual, mesmo nos objectos expostos suspensos com cabos, sendo utilizadas escápulas e dentro de vitrinas. parafusos quando a montagem era feita directamente nos painéis de MDF. Grafismo A colocação das estátuas, em alguns casos, implicou O projecto gráfico da exposição foi desenvolvido pela a criação de apoios próprios, como nos casos das peças TVM designers, que assegurou a composição do catálogo. de Simões de Almeida e Moreira Rato, ou em peças de A produção foi feita pela Oficina de Museus, que montou menor peso e dimensão foram utilizadas as bases das todos os textos de sala, produziu e forneceu as placas vitrinas com os reforços já referidos. de legenda, bem como os telões exteriores e cartazes. Procedeu-se a uma reorganização do espaço na entrada, O facto de se terem utilizado cinco cores diferentes retirando-se algum mobiliário e dispondo as vitrinas para os núcleos revelou-se uma complicação adicional existentes de ambos os lados do percurso no fim da à época da montagem de exposição (Agosto/Setembro) visita. As vitrinas foram esvaziadas e escolhida uma pela dificuldade de encontrar no mercado as placas em gama mais limitada de peças para melhorar a leitura vinil com os tons pretendidos, que deveriam corres- e atractividade. Utilizaram-se os plintos de madeira ponder às cores básicas empregues nos suportes, painéis existentes para expor livros no eixo da sala, escolhendo- e vitrinas de cada sala, a adaptações e aproximações -se propositadamente obras directamente relacionadas com resultados por vezes não muito conseguidos. com os artistas representados nesta exposição. Nos plintos individuais colocados em frente da bilheteira Conclusões e junto ao painel com a ficha técnica da exposição Desta experiência importa retirar algumas conclusões. criaram-se “pilhas” de catálogos da exposição. Em primeiro lugar, é essencial verificar com o Comissário da exposição que a listagem das peças entregue Iluminação contém todos os elementos necessários à caracterização Como foi referido, utilizou-se a iluminação ambiente das obras expostas. Neste caso, verificou-se que várias proveniente das clarabóias das salas, apenas no caso publicações que se pretendiam expor não estavam do conjunto da “Paixão de Cristo” foram introduzidos digitalizadas para, por exemplo, permitir a sua amplia- dois projectores de halogéneo junto à base das peças ção ou para serem tratadas pelo designer gráfico. para criar uma efeito mais dramático de iluminação, Muitas vezes não foi possível expor todas as peças, da- que era balançado pelas duas aberturas pontuais feitas da a exiguidade do espaço ou pela sua apresentação 10 | Boletim Trimestral ser mais eficaz através de ampliação fotográfica em A quarta conclusão é que é possível, pela reutilização painéis. Noutras peças (esculturas) não se dispunham dos equipamentos expositivos existentes, reduzir de dimensões fiáveis para conceber suportes e bases significativamente os custos e os tempos de mon- com o rigor adequado. tagem. O facto de se utilizarem painéis e módulos A segunda conclusão é que é essencial uma avaliação de vitrinas com dimensões iguais permitiu a fabricação permanente das soluções que projectamos. Investigar em série com a redução de custos inerente. Por outro e propor soluções alternativas para a disposição das lado, permitiu com facilidade alterações no posiciona- peças. Este trabalho sobre a organização espacial da mento e disposição dos mesmos, mesmo já durante a exposição e o confronto com as ideias que o Comissá- montagem com as peças, sem custos adicionais, o que rio da exposição pretende transmitir ao público resultou num custo final da exposição de 37.320 €. permitiu aclarar alguns conceitos e avaliar a eficácia A última conclusão respeita à gama e tom das cores do discurso e da forma como as obras se devem utilizadas. Como já foi expresso, pretendeu-se criar apresentar. Permite ainda verificar e validar o número uma marcação cromática forte em cada núcleo através e qualidade das obras, sendo necessário por vezes re- da escolha de cores primárias, complementadas com tirar peças para permitir uma exposição mais equili- a sua utilização nas tabelas das peças. Embora se tenham brada do conjunto. registado críticas a estas opções cromáticas, a generali- Como terceira conclusão, verificou-se que a finalização dade dos comentários que o museu nos fez chegar dos trabalhos de reabilitação das salas foram condicio- foram de bom acolhimento a esta “inovação” na ima- nantes no planeamento da montagem, obrigando a gem habitual do museu. Da nossa parte, entendemos um esforço adicional de coordenação dos diferentes que a aplicação da cor nas tabelas não resultou como trabalhos, salientando-se a necessidade de um planea- esperávamos, mesmo tendo em conta as dificuldades mento rigoroso do encadeado de acções para se cum- encontradas em fazer corresponder as cores disponíveis prirem os prazos estabelecidos, considerando margens no mercado às referências das cores dos painéis. para atrasos que sempre acabam por ocorrer. Novembro de 2005 ❚ A Emergência e a Génese dos Museus Industriais e de Empresa em Portugal * Director do Convento de Cristo Jorge Custódio* Nos últimos tempos, a museologia portuguesa a “Casa da Luz” do Funchal, um museu dedicado à contemporânea salientou-se a nível internacional. Em electricidade na Ilha da Madeira, foi distinguido, em 1990, o “Museu da Água Manuel da Maia”, uma criação 1998, com o Silver Otter Trophy, instituído pela British da Empresa Pública das Águas Livres, foi galardoado Guild of Travel Writers, para o melhor projecto de como o melhor museu do ano pelo Conselho da turismo cultural em país estrangeiro. O Museu da Água Manuel da Maia é o Europa . Onze anos depois, em Pisa, o “Museu da Que razões culturais, sociais e museológicas explicam único museu português com este prémio Cortiça da Fábrica do Inglês” foi distinguido com o os quatro casos de sucesso? Tratar-se-iam de acon- prémio Luigi Michelleti, para o melhor museu industrial tecimentos extraordinários e ocasionais ou, pelo contrário, D. João V encarregado da obra de constru- europeu do ano. No ano seguinte, o Museu da Cerâmica resultados evidentes de uma tradição museológica ção do Aqueduto de Águas Livres. de Sacavém alcançou o mesmo galardão. Entretanto, profundamente estruturada e/ou institucionalizada? 1 internacional. Manuel da Maia (1677- 1 -1768) foi o engenheiro do tempo de Rede Portuguesa de Museus | 11 Que motivos condicionaram o desenho da escolha do objecto estético”4. Pelo contrário, permitem a destes museus pelos diferentes júris internacionais? descoisificação do objecto industrial pela apropriação Até que ponto as novas constelações do património da cadeia de produção e dos lugares que ocuparam o cultural e as subsequentes especializações contextua- empresário, o trabalhador e a máquina no contrato lizaram uma sociologia da renovação da museologia de transformação das matérias-primas em produtos. do país, sobretudo a industrial? Conferem-lhe novos valores alienados pela função Este estudo não pretende responder em absoluto a económica de produção. No próprio caso da valorização todas as questões, mas sim apresentar o contexto geral da arquitectura industrial, depreciam-lhe a efemeridade da emergência e génese dos museus industriais, no do económico, atribuindo-lhe um lugar nas arqui- 2 quadro cronológico dos anos 80 e 90. tecturas contemporâneas, que urge salvaguardar e ticas foi o Museu do Ferro da Região de Convém perceber os conceitos, as metodologias e os conservar. A “(re)incarnação” do trabalho no museu paralelos que foram as razões constituintes dos quatro – muitas vezes por mediação do próprio edifício ou casos enunciados, já que parecem evidenciar inovação mina, onde o operador tinha o seu lugar social empresa Ferrominas, E.P.. Com a extinção na museologia portuguesa dos últimos quinze anos, determinado – desvenda as identidades ocultas, desta empresa, o museu transitou para a pondo em destaque a génese dos museus industriais contribuindo para um melhor relacionamento dos e de empresa reflectindo uma outra dimensão do agentes sociais com o real e fomentando a consciência cenário museológico português, tanto a nível nacional histórica, social e técnica das comunidades. Num de Moncorvo (cf. Museu do Ferro & da (independentemente da congénita apatia da política processo de reutilização dos bens culturais deixados Região de Moncorvo. Centro de Interpre- cultural do Estado, neste sector), como sobretudo a pela civilização industrial, criam-se sinergias para a tação, catálogo (coordenação de Jorge nível regional e local. Se atendermos, simultaneamente, participação, o desenvolvimento integrado, a comunica- ao carácter universal do fenómeno da industrialização ção, porque esses mesmos bens passam a ser entendidos 3 e da produção dos objectos arquitectónicos, tecno- como recursos culturais. A fábrica ou a mina, com as Kenneth Hudson, um dos mais importantes lógicos, da sociologia do trabalho e da circulação e suas soluções arquitectónicas e técnicas acabam por teóricos da museologia contemporânea, distribuição dos produtos fabricados (que lhe conferem ser transformados/refuncionalizados em contentores substância material e espacio-temporal), a dimensão do próprio museu. 4 de uma museologia industrial não se limita ao espaço Um contraponto a esta análise impõe-se, do ponto de da globalização da cultura institucional: das regiões fabris e do estado-nação, mas integra-se vista da história dos museus industriais no nosso país. o caso dos museus”, in IV Congresso Portu- em comunidades mais latas de raiz e contexto interna- “Portugal has no museum of science and technology, cional, como a Europa, o Atlântico (no caso dos museus no open-air museum and very few company museums. da pesca e indústria baleeira) e as antigas colónias das The emphasis in museums is on the art treasures, the Industrial Archaeology of Europe, Bath: metrópoles industriais. wealth and the maritime and colonial power of Adam & Dart, 1971, p. 122. A questão Em Portugal, o nascimento, o desenvolvimento e o Portugal’s great past, which was, however, quite a long da inexistência de um museu central de devir da salvaguarda e valorização do património e da time ago” – era assim que Kenneth Hudson (1914- arqueologia industrial constituíram os fundamentos -1999) referia a situação dos museus portugueses em culturais e as bases teóricas, conceptuais e de projecto 1971 numa famosa obra sobre o património industrial 6 do surto dos museus industriais, em curso desde 1984 . europeu . Contrariando esta célebre afirmação, um Vida da Empresa e o Papel dos Museus No horizonte da museologia portuguesa, os museus outro especialista da área e dos museus, o italiano da indústria não se filiam nos paradigmas da Maximo Negri, salientava vinte anos mais tarde uma “influência” do poder institucional, até porque, ao radical mudança de Portugal, no campo da museologia, O primeiro museu com estas caracterís- Moncorvo, inaugurado em Dezembro de 1984, no novo bairro mineiro da Salgueireda (Carvalhal, Moncorvo), pertencente à antiga vila de Torre de Moncorvo e renovou-se com um centro de interpretação, passando a designar-se Museu do Ferro & da Região Custódio e Nelson Campos), Torre de Moncorvo, 2002, sobretudo pp. 20-41). Para usar uma expressão muito cara a in The Museums of Influence, Cambrigde: Cambridge University Press, 1987. Faria, Margarida Lima – “Etapas e limites guês de Sociologia, Painel 7 – GT7-1, Lisboa, 1999, p. 2. 5 HUDSON, Kenneth – A Guide to the ciência e técnica, referida pelo autor, continua actual, face ao impasse existente 2 5 na instituição sediada em Coimbra. Cf. NEGRI, Massimo – “Os Museus na de Empresa na Arqueologia Industrial”. In Colóquio da Associação Portuguesa de 3 Museus de Empresa, Lisboa: Museu da Água, 1992 [policopiado]. 7 Damos como exemplo de uma colecção contrário dos museus do establishment oficial, não ocorrida na última década do século passado. Segundo consubstanciam – em oposição ao que afirmou Negri, o nascimento de vários museus empresariais, Margarida Lima de Faria para o caso das instituições- constituía uma das apostas mais consequentes e criativas -museu da ideologia nacionalista anterior ao 25 de do movimento de salvaguarda e valorização do Fábrica de Panos da Covilhã, fundada pelo Abril de 1974 – “a separação, moderna, do sujeito e património industrial em Portugal . Marquês de Pombal, em 1769. Para além em constituição, o caso do acervo que se originou a partir da intervenção arqueológica 12 | Boletim Trimestral 6 no espaço da tinturaria pombalina da Real dos objectos recolhidos aquando da Ora a década de 90 constituiu um momento significa- investigações técnicas, científicas e industriais, neces- descoberta das estruturas e das duas fases tivo na consciencialização do valor do património sárias para conduzir o processo da musealização dos industrial no contexto cultural, implicando um surto edifícios, dos espaços e das colecções constituídas ou de estudos, programas e projectos tanto de preservação a constituir7. que foram recolhidos na região (que fazem dos monumentos e edifícios in situ, como de inovação Os reflexos da criação e da institucionalização dos museus hoje parte do acervo museológico), o inven- no âmbito da criação de novos museus. As origens industriais podem ainda testar-se na comunidade deste movimento remontam aos finais dos anos 70 e científica, envolvendo diversos encontros nacionais e inícios de 80, quando a arqueologia industrial e a internacionais, na génese de novos conceitos, como (IPPAR), a necessária recolha de documenta- valorização do património industrial foram divulgados “museologia industrial” e “museus de empresa” e na ção (um dos aspectos mais originais da em Portugal, iniciando-se desde então várias exposições, constituição de associações8 e grupos de trabalho para a classificação de edifícios industriais, a teorização dos a promoção e valorização dos projectos em curso. primeiros museus industriais portugueses (Museu do No quadro geral da problemática do património cultural na Ribeira da Degoldra (já que o património Ferro da Região de Moncorvo, o Ecomuseu do Seixal, português, a «museologia industrial» (terminologia fabril de José Mendes Veiga, o seu empresá- Museu dos Lanifícios da Região da Covilhã e Museu cuja audiência se alargou por toda a Europa e de forma rio, foi objecto de uma exposição em 1987 do Vidro da Marinha Grande) e o lançamento das bastante acentuada na Inglaterra9) apresentou-se como “primeiras experiências” (de novo o Museu do Ferro, uma importante alternativa para a salvaguarda e PINHEIRO, Elisa, As Fábricas de José Mendes em Moncorvo, o núcleo-sede e o Moinho Maré de conservação do património industrial, tão desprotegido Veiga e Sucessores. Exposição temporária. 30 Corroios do Ecomuseu do Seixal, o Museu da Água ainda pelas autoridades públicas10. No quadro das de Abril a 19 de Julho de 1987, in Cadernos Manuel da Maia, em Lisboa). transformações da paisagem industrial portuguesa das O impulso gerado veio a caracterizar as diferentes duas últimas décadas, a questão da criação de museus tendências dos museus industriais em gestação, cujas industriais e técnicos constituiu uma estratégia e uma bases teóricas acabaram por beneficiar da polémica forma de preservação da arquitectura do trabalho ou entre a museologia tradicional/nova museologia no dos espaços laborais, como também dos equipamentos seio da comunidade dos museólogos, durante toda a técnicos e máquinas e ainda da memória industrial década. Deverá considerar-se que os novos museus local, regional e colectiva. Muitos museus surgiram na pretendam abrir museus à comunidade de industriais vieram testemunhar a necessidade de sequência da classificação de imóveis fabris (Central modo à dar visibilidade aos seus patrimónios renovação da museologia portuguesa, quer pelas Tejo), da descoberta arqueológica de estruturas de culturais. novidades introduzidas, quer pelas problemáticas trabalho (projecto do museu de sítio do Real Filatório agendadas, quer ainda, em função da valorização de de Chacim, em Macedo de Cavaleiros, núcleo museo- Marilyn Palmer salientava o papel dos objectos museológicos vulgares, efémeros ou de relativo lógico da Tinturaria Pombalina da Real Fábrica de museus industriais como factor de preserva- valor documental. Por outro lado, os museus Panos e núcleo das Râmulas ao Sol, ambos integrados ção de monumentos e artefactos deste perío- relacionados com o património industrial tinham-se no Museu dos Lanifícios da Covilhã), da estratégia consolidado, quer a partir de colecções recolhidas no empresarial ou autárquica para agarrar valores patri- passado, quer como resultado de descobertas arqueo- moniais que de uma forma ou outra estariam con- O Inventário do Património Industrial lógicas sem precedentes, para além da própria valori- denados à demolição (museus têxteis em unidades da Covilhã, que se iniciou oficialmente zação do património industrial, implicando um relacio- fabris do Vale do Ave, Museu do Cimento da Maceira- namento estrito entre contentor (museu) e conteúdos -Liz), de sítios e espaços, cuja única alternativa de (colecções), algo que recolocava no cerne da discussão desenvolvimento socio-económico passa obrigatoria- tónico (IPPAR) e a Universidade da Beira o valor intrínseco e endógeno da arquitectura industrial, mente pela potenciação e valorização do património Interior, introduziu um novo momento enquanto espaço museal. Em todos os casos evi- industrial e mineiro (Museu do Ferro & da Região de de mudança na atitude das instituições denciava-se inovação nos objectivos e temáticas, reve- Moncorvo, Museu do Carvão & das Minas do Pejão, lando o impacto atingido dos fenómenos industriais este último em fase de instalação, depois da aprovação relevo ao património industrial. Foi pena e técnicos sobre a cultura patrimonial portuguesa, de do programa e do projecto arquitectónico na Rede que se entrasse num impasse. forma absoluta e relativa, atendendo à vertente das Portuguesa de Museus). das escavações (1987-1992), foi a investigação sobre a tinturaria do período manufactureiro que norteou a pesquisa dos objectos tário que uns anos depois a Universidade da Beira Interior (UBI) propôs ao Instituto Português do Património Arquitectónico experiência do museu da UBI) e o próprio desenvolvimento que veio a ter a protecção, salvaguarda e musealização da Fábrica Veiga, na fase de arranque do Museu dos Lanifícios). Cf. CUSTÓDIO, Jorge, SANTOS, Luísa e de Arqueologia, Arqueologia Industrial e Património Arquitectónico, n.º 1, UBI/Centro de Estudo e Protecção do Património, Covilhã, 1990. 8 Tais como a APOREM – Associação Portu- guesa de Empresas com Museu, constituída em 1992 e que entre os seus objectivos consta a colaboração com empresas que 9 Em Industrial Archaeology: Working for the Future (Leicester: AIA, 1991, ponto 3.12), do e como instituições de promoção da arqueologia industrial, versus património industrial. 10 em 27 de Setembro de 2000, depois da celebração de um protocolo entre o Instituto Português do Património Arquitec- governamentais responsáveis pelo património cultural, passando a conferir Rede Portuguesa de Museus | 13 Ora a salvaguarda e valorização do património industrial sítios e espaços relacionados com as “memórias do em Portugal data do início dos anos 80 do século trabalho”. passado, uma a duas décadas depois do seu apareci- A dinâmica acelerou, sobretudo depois da realização de mento na Inglaterra, na Bélgica, França, Holanda, uma grande exposição inaugurada na Central Tejo, em Alemanha e na América do Norte. Desde esse momento, Maio de 1985 – “Arqueologia Industrial: um Mundo a tanto a salvaguarda e valorização, como a génese dos Descobrir, um Mundo a Defender” –, perspectivando- museus industriais andaram associados à consciencia- -se, desde então, uma influência significativa no conceito lização do significado das etapas e períodos da indus- museológico de valorização11. A Central Tejo foi o primeiro 11 A realização da exposição esteve cometida a uma comissão nomeada pelo trialização em Portugal e dos objectos a eles inerentes, edifício português relacionado com o património como à observação das transformações económi- industrial a ser classificado como imóvel de interesse cas, sociais e culturais ocorridas após a “revolução público. A EDP – Electricidade de Portugal disponibilizou associações industriais do país. Sobre esta dos cravos” (25 de Abril de 1974). Os efeitos da o edifício para a realização de um projecto de investigação exposição, ver BARBLAN, Marc Antonio descolonização, da democratização e da entrada de e recolha de património técnico e industrial pelo país. – “A Exposição da Central Tejo: Etapa Portugal na Comunidade Europeia agiram no tecido Os objectivos desta exposição configuravam impor- industrial português e determinaram o encerramento tantes etapas da construção de uma identidade em universal”. In Museologia e Arqueologia e demolição de fábricas, minas, estruturas técnicas e vias de extinção, pressupondo a materialização de uma Industrial, Lisboa: APAI, 1991, pp.105-108. equipamentos anexos, desarticulando as memórias e investigação documental, técnica e social que abarcava as identidades relacionadas com o trabalho (manufac- as energias (da força motriz humana à solar); as tecno- tureiro, maquinofactureiro) e a mecanização da logias pré-industriais, envolvendo o lato mundo da indústria. A sensibilização sobre o património industrial, molinologia; as minas, da dupla perspectiva de arqueo- por sua vez, correu em paralelo com a actualização logia mineira e mineração industrial; o universo fabril, dos conceitos do património cultural e seu aprofunda- da maquinofactura à mecanização; os produtos indus- mento, tanto em extensão como em profundidade, triais, sua distribuição e consumo e o sector dos trans- situação que correspondeu a uma vaga cultural de portes, com especial incidência nos caminhos-de-ferro, fundo inspirada na crítica à autarcia salazarista- cujo património estava a ser conservado em pequenos -marcelista e na oposição aos valores monumentais núcleos disseminados pelo país. tradicionais e às práticas de conservação e restauro do O Instituto Português do Património Cultural, insti- regime que tombara em 1974. tuição que agregava uma direcção de museus, ainda O movimento de salvaguarda do património industrial formulou nessa época a hipótese de criação de um adquire, inicialmente, contornos de participação da museu central destinado a promover a salvaguarda do sociedade civil, através da fundação de associações património industrial (móvel e imóvel) e das sucessivas relacionadas com o novo paradigma de património, memórias da industrialização. Este centro museológico devendo referir-se o papel desempenhado pelas teria o apoio institucional da Associação Industrial Associação de Arqueologia Industrial da Região de Lisboa Portuguesa. Embora este modelo programático fosse (1980-1986), da Associação Portuguesa de Arqueologia apoiado pela Cultura, pela Técnica e pela Indústria Industrial (1986-....) e da Associação Portuguesa para o não teve capacidade de singrar, do ponto de vista Património Industrial (1997-....). O impulso conferido político e financeiro, inviabilizando a gestação de uma por estas associações e por diversos especialistas com instância cultural fundamental, direccionada para a ligações ao movimento internacional (TICCIH – The valorização da memória industrial, técnica e social e International Committee for Conservation of Industrial sua respectiva conservação e valorização. Os efeitos Heritage) reflectiu-se no país, não apenas em termos futuros eram promissores também no campo da de sensibilização, como na classificação e protecção renovação da investigação da história da indústria e de bens industriais, na salvaguarda e conservação do do trabalho e na afirmação de uma nova disciplina património técnico e industrial e na musealização de arqueológica – a arqueologia industrial. Ministro da Cultura e envolveu o Instituto Português do Património Cultural e as importante na valorização do património 14 | Boletim Trimestral industrial português e realização de alcance A influência cultural desta exposição atingiu uma escala esquecer a renovação internacional da museologia, nacional. Reflectiu-se nas escolas e universidades, no como uma outra razão de fundo da génese dos novos mundo empresarial e operário e gerou sinergias junto museus industriais. das comunidades industriais locais. Uns tempos depois, Na realidade, depois de George Henri Rivière, os museus iniciou-se a descoberta do valor cultural e social do não podiam ser mais o mesmo, tanto no que respeita mundo do trabalho e das sucessivas experiências ao modelo, à classificação, à tipologia, à programação, industriais e técnicas, que cada fábrica, mina, armazém arquitectura e à organização13. A própria função dos ou obra pública potenciava do ponto de vista museus mudou radicalmente pela emergência das Muitos Planos Directores Municipais patrimonial . O património e a arqueologia industrial estratégias de educação e de comunicação, integrando- documentam na listagem do património passavam a introduzir na área da cultura objectos -os em sistemas globais da Natureza, do Património, técnicos que dela se encontravam alheados. Revelava da História e da Cultura. Bastou que o conceito de mente à década de 80 seria impensável o confronto entre as identidades reconhecidas e as “ecomuseu” fosse inventado, como uma visão integral ver inventariados ou coligidos num docu- ocultas, entre a cultura elitizada e o sentimento de da experiência museológica, nas suas relações entre mento oficial. Veja-se, por exemplo, o apropriação de um património relacionado com o objectos e sujeitos, entre história, património e território, quotidiano de comunidades mais alargadas e entre formação e comunicação, entre quotidiano e desapossadas. cultura. RIVIÈRE, George Henri – La Muséologie Fez entrar na esfera do património outras comunidades, Por sua vez, a Declaração do Québec (1984) postulou selon... Cours de Muséologie/Textes et como os operários e os mineiros, os técnicos e os o princípio da relação entre museologia e desenvolvi- engenheiros industriais. O sentimento de pertença a mento integrado, preocupando-se com a personalidade um património cultural não reconhecido oficialmente das comunidades e a ideia do museu enquanto até então, estimulou a intervenção de diversos agentes, laboratório da construção do futuro. As grandes quer na sensibilização (cabendo um papel importante novidades polarizavam-se à volta dos princípios da à comunicação social), quer na identificação de outros nova museologia, para a qual o investimento da valores culturais para além dos monumentos já vistos. memória colectiva enquanto património, tanto do Para muitos desses novos interlocutores, a salvaguarda ponto de vista material, como sobretudo social, era o dos vestígios físicos (móveis ou imóveis) só faria sentido fundamento primeiro dos museus. Contrários à desde que os diferentes objectos fossem observados, institucionalização dos museus, os projectos museais integrados, compreendidos e interpretados na sua teriam de contar futuramente com o desenvolvimento relação com a participação dos agentes sociais e das comunidades e sua participação, a fragmentação culturais. Eis um dos motivos que levou à consideração territorial em correspondência com os núcleos da vida da localização dos vestígios industriais em projectos económica, social e cultural, envolvendo a interdisci- de natureza museológica. plinaridade como método de rigor destinado à inter- Neste processo de valorização do património industrial pretação, em oposição à cenografia museal. integraram-se as empresas com colecções técnicas e De forma indirecta, a Declaração do Québec e o património edificado classificado ou de valor cultural Movimento Internacional para a Nova Museologia, e técnico. O Museu da Água – bem como a sua ligação que veio organizar um Atelier em Portugal, em 1985, às correntes do património industrial emergentes nessa influenciaram o programa do Ecomuseu do Seixal, época em Portugal – serviu de modelo a outros museus que envolvia a preservação de diferentes imóveis de empresa, cuja gestação vinha de longe, mas cuja pré-industriais e industriais, a criação de núcleos materialização ocorreu na década de 90. museológicos, como fragmentos explicativos do Mas se a emergência da salvaguarda e valorização do território do concelho do Seixal e uma estratégia património industrial e alguns casos de intervenções de desenvolvimento cultural, ainda que radicalmente arqueológicas em sítios industriais foram a base material enfeudada a uma autarquia e não a uma comunidade do arranque de projectos de museus, há que não social. 12 proposto à salvaguarda e valorização, 12 imóveis e objectos técnicos, que anterior- caso do PDM da Vila de Salvaterra de Magos, uma povoação agrícola da lezíria ribatejana. 13 témoignages, Paris: Dunod-Bordas, 1989, sobretudo, pp. 327-341. Museu da Água Rede Portuguesa de Museus | 15 Do ponto de vista teórico, para além da influência de construção, envolvendo a participação da comunidade Rivière e de um dos seus mais dilectos companheiros industrial (num momento de desindustrialização), da – Hugues de Varine, então responsável pelo Instituto autarquia (implicando o inventário do património Franco-Português em Portugal –, sentiu-se também industrial) e da própria Universidade como motor do uma enorme influência inglesa, padronizada pela processo da eleição dos imóveis e da conservação e personalidade mais marcante de Kenneth Hudson, um restauro dos bens móveis. Três outros núcleos vieram arqueólogo industrial, ele próprio um teórico da a potenciar este museu têxtil, a eleição de um espaço museologia. Aliás, estas duas correntes foram respon- de referência paisagístico, o Núcleo das Râmulas ao sáveis por dois modelos de museus europeus, cujos Sol; o Núcleo documental e o Núcleo da Fábrica de efeitos foram marcantes na década de 80 e nos quais José Mendes Veiga, situado na Ribeira da Degoldra, o património industrial e técnico assumiu um lugar em vias de conclusão. Perante o desaparecimento dos de relevo – o Ecomuseu de Le Creusot/Montceau-les- estendais de panos ao ar livre, com as suas características -Mines e o Ironbrigde Gorge Museum . râmulas, houve que preservar um exemplar, perante 14 Museu do Trabalho Michel Giacometti 14 HUDSON, K., “Ecomuseums became more realistic”, in Nordisk Museologi, 1996/2, A convergência destes princípios, modelos e teses o efeito drástico da reconversão da paisagem industrial tornou-se notória no próprio pensamento da museo- da cidade pelo efeito das modernas urbanizações. logia em Portugal, incluindo nos museus industriais, Embora atrasado, o inventário das fábricas veio a -se como um sector da arqueologia experi- ligados às autarquias, como resultado de projectos de determinar a protecção de alguns núcleos, quer mental, que partindo da articulação da sua feição pedagógica e social, como foram os casos do envolvidos no parque dos edifícios da Universidade, problemática com os seus resultados con- Ecomuseu do Seixal, do Museu do Trabalho de Michel quer resultantes de acordos pontuais com os respon- Giacometti e do Museu dos Lanifícios da Região da sáveis autárquicos. Quanto ao núcleo documental, de amanhã as principais conquistas técnicas Covilhã. para além da conservação do património arquivístico do passado, resultantes da sua investigação O projecto da Covilhã arrancou com a descoberta e a e documental das unidades têxteis, contém em si o intervenção arqueológica nas estruturas da tinturaria gérmen do museu-escola-oficina. Pela re-descoberta de da Real Fábrica de Panos, fundada pelo Marquês de antigos processos técnicos de produção de tecidos, Pombal, em 1769. Trata-se de um achado invulgar de fabricados em máquinas hoje consideradas obsoletas, uma estrutura semelhante à da manufactura dos cuja salvaguarda, interpretação e re-criação, pode Gobelins de Paris, que pela sua dimensão, número de antever-se a re-introdução de velhos padrões têxteis suportes em granito das caldeiras e dornas e volumetria (cuja memória social se perdeu), nos actuais ou futuros viabilizou o aparecimento do Núcleo da Tinturaria circuitos comerciais. Pombalina, integrado na Universidade da Beira Interior. Eis, pois, como a dinâmica conceptual da arqueologia Todavia, o suporte teórico inicial do museu implicava industrial em confronto com novos padrões da um entendimento da memória colectiva da cidade museologia contemporânea e da experimentação de têxtil e um inventário das suas unidades fabris, de casos objectivos – num contexto de afirmação do qualquer época que fossem, tanto no seio da cidade, património industrial – foram os alicerces da criação como dispersas pela Serra da Estrela, de modo a conferir dos primeiros museus industriais portugueses. Sem que uma leitura diacrónica e sincrónica do percurso dos a reflexão teórica estimulasse o ambiente polémico lanifícios em toda a região. Envolvia, por outro lado, das experiências realizadas, até porque a emergência a comunidade universitária, correlacionando-se com dos casos se impunha para a salvaguarda bens o curso de engenharia de lanifícios da Universidade industriais móveis e imóveis, a génese dos novos museus da Beira Interior e o apoio à criatividade industrial, reflectiu-se, também, de alguma forma, na discussão numa perspectiva de arqueologia industrial projectiva . da própria museologia, contribuindo para a sua Assim, o museu foi entendido como um processo em actualização e renovação. ❚ pp. 11-20. 15 A arqueologia industrial projectiva define- cretos se projecta no tecido social, econó- 15 16 | Boletim Trimestral mico e cultural, entregando à sociedade e experimentação. Museu dos Lanifícios Notícias Museus RPM* * Notícias exclusivamente baseadas em informações enviadas pelos Museus integrados na RPM Museu de Alberto Sampaio – Workshop sobre conser vação – Academia de xadrez de materiais têxteis Decorreu no passado dia 28 de Novembro, no Museu Dando seguimento ao trabalho desenvolvido nos anos de Alberto Sampaio, o Workshop Textiles Collections: anteriores o Museu de Alberto Sampaio retoma as damage prediction, evaluation and mitigation/elimination, actividades de xadrez. a cargo do especialista britânico David Howell. A Academia de Xadrez dos Amiguinhos do Museu de Tratou-se de uma iniciativa da Secção de Museologia, Alberto Sampaio promove o ensino e a prática do xadrez do Departamento de Ciências e Técnicas do Património junto dos jovens. Para isso, decorrem treinos de terça da Faculdade de Letras da Universidade do Porto1, a sexta-feira, das 18h00 às 19h30, e aos sábados de que contou com a prestigiosa colaboração do referido manhã, das 10h00 às 12h30. museu. A Academia organiza também provas entre jovens, A jornada foi dedicada aos materiais têxteis, aos participando em diversas competições, incluindo ao 4150-564 Porto agentes de sua alteração, às metodologias de avaliação nível federado. Paralelamente, para os jovens mais Tel.: 22 607 71 72/22 607 71 00 de dano e às de sua previsão e mitigação/eliminação dotados, a Academia organiza sessões de treino avançado. Fax: 22 607 71 81 em contexto de reserva e de exposição. Tão importante Nas actividades da Academia participam cerca de uma quanto o conteúdo da acção foi o salutar contacto centena de jovens. ❚ 1 Departamento de Ciências e Técnicas do Património Faculdade de Letras da Universidade do Porto Via Panorâmica, s/n [email protected] entre pessoas e instituições, o germinar de um grupo de trabalho e o esforço assumido de congregação de Informações e contactos Museu de Alberto Sampaio 4810-251 Guimarães vontades e recursos. Tel.: 253 423 910/Fax: 253 423 919 [email protected] M u s e u A n j o s Te i x e i r a – Maleta Pedagógica O Museu Anjos Teixeira, dando continuidade à imple- determinadas competências na área da expressão plástica. mentação de actividades educativas nos diversos museus Tendo como ponto de partida a exploração de diversos municipais e com o intuito de divulgar, junto dos mais materiais contidos na Maleta Pedagógica, os alunos podem novos, as várias colecções museológicas, preservando contactar com a obra exposta, de um modo interactivo. e promovendo a nossa herança cultural, candidatou à Constituída por um Guião de Utilização, duas réplicas em RPM, ao abrigo do PAQM/2003 (Sub-Programa de Apoio bronze (O Saloio e a Porca com bacorinhos) e respectivas a Projectos Educativos), a concepção de uma Maleta “madres” que possibilitam a sua reprodução em gesso, Pedagógica, tendo esta candidatura merecido aceitação. um conjunto de teques (úteis para retocar, alisar, polir), Direccionada, essencialmente, para os 1.º e 2.º ciclos um pacote de gesso em pó, um pedaço de barro e doze do Ensino Básico, a Maleta Pedagógica tem como diapositivos, a Maleta Pedagógica permite efectuar variadas objectivos primordiais a divulgação da obra dos escul- abordagens sobre a colecção e a produção artística dos Informações e contactos tores Artur Anjos Teixeira e Pedro Anjos Teixeira, (pai e dois escultores. Museu Anjos Teixeira filho, respectivamente), numa perspectiva lúdico-didác- A Maleta Pedagógica está, pois, disponível para ser tica, permitindo, deste modo, a dinamização e a promo- explorada por todos aqueles que tiverem curiosidade ção de laços afectivos entre a obra dos dois escul- em descobri-la, desde que seja efectuada a necessária Tel./Fax: 21 923 88 27 tores e a comunidade escolar, proporcionando aos marcação prévia. [email protected] alunos um enquadramento que lhes permita adquirir Azinhaga da Sardinha Rio do Porto 2170 Sintra Basilissa Calhau ❚ Rede Portuguesa de Museus | 17 M u s e u d e Av e i r o – Serviço Educativo O Museu de Aveiro encontra-se instalado no edifício tuais sobressai o gosto Barroco. As colecções, consti- do extinto Convento de Jesus, casa de clausura feminina tuídas por objectos de Arte Sacra, situam-se entre os com origem no século XV. Sujeito a inúmeras inter- séculos XV e XVIII. A partir da exploração do espaço venções, o edifício preserva ainda evidências arquitec- e das suas colecções, os Serviços Educativos asseguram tónicas quer do período da fundação (Gótico tardio) anualmente uma programação renovada e diversificada, quer dos períodos Manuelino e Renascentista. Na da qual se destacam as visitas e oficinas temáticas dirigidas fachada e na decoração dos diversos espaços conven- aos diferentes níveis escolares. – Vi s i t a s t e m á t i c a s – Aventura Matemática no Museu (1.º ciclo do ensino básico) Conhecimento do espaço museológico e das suas colecções a partir de raciocínios e operações matemáticas. – Aveiro Quinhentista (1.º ciclo do ensino básico) Oficina: Vamos vestir para o retrato? Histórias que retratam os usos e costumes da população. Traje como trampolim para a improvisação de cenas do quotidiano com personagens dos vários estratos sociais. Réplicas de trajes quinhentistas. – Botica Conventual (1.º e 2.º ciclos do ensino básico) Oficina: Mezinhas e unguentos, remédios de outros tempos A visita tem como espaço central o “armário da farmácia” e um herbário através do qual é possível a identificação de certas plantas e a sua aplicação nas práticas curativas, nos cuidados de higiene e na culinária da época. – A Princesa Joana e o Convento (ensino pré-escolar e 1.º e 2.º ciclos do ensino básico) Jogos didácticos Visita com incidência na personagem da Princesa Joana, realçando a sua relação com o Convento de Jesus e com a população da Vila de Aveiro. – O Número e a Arte (2.º e 3.º ciclos do ensino básico e ensino secundário) Apostando na relação dos números com a arte, a visita procura associar conceitos matemáticos na descoberta das colecções e do espaço do Museu. – Clero: no trabalho e na oração (2.º e 3.º ciclos do ensino básico e ensino secundário) O papel fundamental do Clero na sociedade: o clero secular/regular, o alto/baixo clero, o clero masculino/feminino. – Viagem pelo Barroco (3.º ciclo do ensino básico e ensino secundário) Oficina: Reconstituição de uma capela de características barrocas – simbologia, técnicas e materiais História das mentalidades, arte e cultura da época barroca. Sessão de diapositivos contextualizando este período, seguindo-se a exploração sensorial e interpretativa dos espaços conventuais. O Liberalismo em Aveiro: 1. O Mata-Frades e o Liberalismo em Aveiro (3.º ciclo do ensino básico) Consequências das reformas liberais nas comunidades religiosas femininas e masculinas. Alterações funcionais Informações e contactos dos edifícios religiosos e respectivas sequelas para a preservação do património. O Museu como exemplo: Museu de Aveiro da extinção do Convento à instituição museológica. Avenida de Santa Joana Princesa 2. Literatura e Liberalismo (vertente literária) (ensino secundário) 3810-329 Aveiro Através da observação dos espaços conventuais é possível compreender o contexto social, político e cultural Tel.: 234 423 297/234 383 188 em que surgem as obras de Eça de Queirós e de Almeida Garrett (Frei Luís de Sousa), estabelecendo assim Fax: 234 421 749 a ligação entre os movimentos literários e a realidade da época em que surgiram. ❚ [email protected] www.ipmuseus.pt 18 | Boletim Trimestral Museu do Brinquedo – Inventário e Conser vação Com o apoio da RPM, num trabalho contínuo de três das colecções, e a cooperação dos recursos humanos anos, o Museu do Brinquedo procedeu à inventariação da instituição. de 6.500 objectos do respectivo acervo, estimado em A par do processo de inventariação das colecções tem 40.000 objectos. Trata-se de um inventário descritivo e sido efectuado o seu estudo e a sua rigorosa identificação manual. Concomitantemente, tem sido efectuado o com a preciosa colaboração do coleccionador Eng. João registo fotográfico-digital já na perspectiva da futura Arbués Moreira. Museu do Brinquedo informatização do inventário das colecções do museu. Na perspectiva da conservação preventiva, o inventário Rua Visconde de Monserrate, 26 As actividades têm seguido as normas emanadas do IPM das colecções também tem vindo a favorecer a realização e envolveram uma dinâmica muito particular ao museu, de campanhas de limpeza das vitrinas receptoras dos nomeadamente, a (re)movimentação das colecções e a objectos que figuram na exposição permanente do [email protected] sua reorganização segundo critérios temáticos e de con- museu, bem como o restauro de objectos, cerca de 3%, www.museu-do-brinquedo.pt servação preventiva, designadamente, a estabilidade dado o bom estado de conservação das colecções. ❚ Informações e contactos 2710-591 Sintra Tel.: 21 910 60 16 Fax: 21 923 00 59 Museu de Ciência – Curso de Formação da RPM sobre “Museus e Acessibilidade” Inserido no Eixo Formação da Rede Portuguesa de museus com o propósito de tornar significante o Museus, realizou-se no passado mês de Outubro no conhecimento sobre o património à sua guarda. Museu de Ciência, um curso de formação sobre o Entenda-se que o conceito de acessibilidade a que tema “Museus e Acessibilidade” que teve como nos referimos não se aplica apenas aos aspectos de formadores Elisabete Mendes da Federação Nacional acesso físico, mas também de experiência sensorial e de Cooperativas de Solidariedade Social (FENACERCI), de entendimento conceptual dos objectos e conteúdos Peter Colwell da Associação de Cegos e Amblíopes que, em exposição, em reserva ou através de outro de Portugal (ACAPO) e Clara Mineiro do Instituto meio, são comunicados e divulgados ao público. Português de Museus (IPM) e como participantes cerca A utilização de boas práticas na implementação de de 20 profissionais de museus. exposições/actividades acessíveis beneficia todos os A acessibilidade de todos os cidadãos aos museus e visitantes/participantes e o próprio museu. às colecções é um importante tema de reflexão para Do ponto de vista do museu, o diagnóstico e a todos os profissionais e, consequentemente, propiciador avaliação da acessibilidade é já em si mesmo um bom de tomadas de atitudes que constituam uma resposta exercício de auto-análise. Em seguida, a implementação adequada e qualificada para as necessidades de de novas práticas caracteriza-se por uma “onda” de públicos diferenciados e que permitam a fruição do inovação que produz satisfação laboral internamente, espaço, das colecções e das actividades a todos os traz uma maior diversidade de públicos, propicia uma cidadãos. maior segurança, beneficia a qualidade dos serviços As directivas nacionais e internacionais e os princípios, e favorece o cumprimento do próprio conceito de que orientam o objectivo de tornar público o que é museu. pertença do público, promovem a acessibilidade geral Alguns exemplos: a eliminação de obstáculos físicos e total, não só dos espaços museológicos, mas também e de desníveis, a ampliação dos espaços de circulação dos bens patrimoniais e das actividades criadas nos propiciam um maior conforto e segurança para todos; Rede Portuguesa de Museus | 19 um sistema de sinalética claro e conciso evita confusões, Ultrapassadas as primeiras dificuldades – que se orienta e organiza percursos de visita; uma linguagem prendem com a mudança de atitudes, a sensibilização simples e textos acessíveis asseguram uma maior dos funcionários aliada à necessidade de formação –, compreensão da comunicação com a diversidade de a adaptação das instalações e dos meios de comunicação visitantes; as zonas de descanso ao longo do percurso pode e deve contar com recursos já existentes e com concorrem para a fruição da visita. a colaboração de instituições e entidades disponíveis: Do ponto de vista do visitante, a visita torna-se uma • experiência agradável quando: o acesso está bem bilidade” – colecção Temas de Museologia identificado; a escolha do circuito de visita é explícita; • a iluminação e o percurso expositivo facilitam a leitura http://gam.pavconhecimento.pt (no endereço do GAM e a percepção do discurso e dos objectos; a linguagem encontram-se disponíveis listas de recursos institucionais utilizada é simples, concisa e consistente; os elevadores, e projectos em curso). Instituto Português de Museus – “Museus e AcessiInformações e contactos GAM (Grupo para a Acessibilidade nos Museus) – Museu da Ciência da Universidade de Lisboa Rua da Escola Politécnica, 56 1250-102 Lisboa Tel.: 21 392 18 60 Fax: 21 390 93 26 as escadas e as saídas (nomeadamente as de emergência) [email protected] estão bem indicados. Graça Santa-Bárbara ❚ www.museu-de-ciencia.ul.pt Museu Municipal de Coruche – Carta do património do Concelho de Coruche O Museu Municipal de Coruche vai levar a cabo os Arqueológica com vista à publicação dos elementos estudos necessários para a realização da Carta do já disponíveis e resultantes da campanha que decorreu Património do Concelho de Coruche. Pretende-se com nos finais da década de 90. Por outro lado, no terreno este trabalho identificar e inventariar todas as espécies encontram-se já os elementos do Centro de Arqueo- de interesse patrimonial e histórico relevantes para a logia de Almada, cujo objecto de investigação se preservação da memória colectiva de Coruche. Será direccionará para o património edificado da vila de um trabalho que se desenrolará de forma faseada e Coruche. Deste trabalho resultará um inventário abarcará áreas como o património arqueológico, sistemático, registo fotográfico e uma ficha de conjunto Museu Municipal de Coruche edificado, religioso e etnográfico (património agrícola, abarcando todo o perímetro urbano da vila. Pretende- Rua Júlio Maria de Sousa tauromáquico e imaterial – lendas, trajes, música, -se, com o resultado desta análise, reunir as condições 2100-192 Coruche formas de estar e viver, etc.). Até ao final do ano para uma reclassificação e um alargamento do centro decorrerá a primeira fase, estando já a desenvolver- histórico de Coruche, no sentido da sua melhor gestão, -se os trabalhos referentes à continuação da Carta requalificação, conservação e valorização. ❚ Informações e contactos Tel.: 243 610 823 Fax: 243 610 821 Museu de Penafiel – Reabertura da exposição de longa duração no São Martinho Integrando o programa da festa/feira anual de São com o público e mais espaços para as actividades dos Martinho, que entre 10 e 20 de Novembro traz à cidade Serviços Educativos no próprio circuito da exposição. de Penafiel, todos os anos, milhares de visitantes, o Museu A comunicação com o público beneficiou ainda, como Municipal de Penafiel reabriu a sua exposição de longa acções comparticipadas pelo Programa de Apoio à duração, profundamente remodelada, embora dentro Qualificação de Museus de 2004 da RPM, da colocação dos condicionalismos do espaço disponível. Privilegiou- de sinalética exterior, sobre a porta principal, identificando -se uma concepção que permitirá melhor comunicação a entrada do Museu, e da criação de um cartaz para a 20 | Boletim Trimestral [email protected] www.museu-coruche.org instituição, apresentado ao público no dia 19 de confeccionadas com castanha, desde a sopa aos pratos Novembro. salgados, terminando com uma grande variedade Informações e contactos Foram também definitivamente colocados os meios de de sobremesas, constituiu jornada participada com Museu Municipal de Penafiel controle ambiental adquiridos com o estímulo do muito agrado pelo público, já que permitiu reavivar Programa de Apoio à Qualificação de Museus de 2003 a memória destes comeres tradicionais para os visitan- da RPM, que vão permitir monitorizar as actuais condi- tes de mais idade, lembrando sabores da infância, e Fax: 255 711 066 ções e planear a instalação do Museu no novo edifício. mostrar potencialidades ignoradas aos mais novos e [email protected] O magusto gastronómico, apenas com especialidades forasteiros. ❚ Rua Conde de Ferreira 4560-483 Penafiel Tel.: 255 712 760 Museu Municipal de Santiago do Cacém – Cortiça em debate – Atelier de fotografia No dia 7 de Novembro, o Museu Municipal de Tendo como base a referida exposição, o serviço Santiago do Cacém aproveitou a oportunidade do educativo do museu está ainda a desenvolver, em tema da exposição Do Montado à Fábrica de Cortiça. colaboração com o Movimento de Expressão Foto- Fotografias de Júlio Pereira Dinis, pertencente ao acervo gráfica – M.E.F., ateliers de fotografia direccionados do Ecomuseu Municipal do Seixal, para realizar mais para as escolas do 1.º Ciclo do ensino básico do um espaço de debate, as Conversas com... Espaço de concelho. ❚ debate de ideias sobre temáticas de interesse da comunidade. A responsável pelo Ecomuseu foi convidada Informações e contactos a moderar este debate que contou com a participação Museu Municipal de Santiago do Cacém do fotógrafo Júlio Pereira Dinis e de várias pessoas Praça do Município ligadas ao mundo da cortiça. Os temas abordados 7540-136 Santiago do Cacém Tel.: 269 827 375 foram: O sobreiro e a cortiça desde da antiguidade; Fax: 269 829 498 Produção florestal; Transformação industrial; A cortiça [email protected] no futuro/O futuro da cortiça. www.cm-santiago-do-cacem.pt/cultura/museu.htm Museu Nacional da Imprensa – M u s e u Vi r t u a l d o C a r t o o n durante a abertura oficial do VII PortoCartoon-World Festival. A “inauguração” deste museu foi feita pela Ministra da Cultura, acompanhada da Presidente da FECO (Federation of Cartoonists Organisations) Marlene Pohle, do presidente do júri do VII PortoCartoon, G. Wolinksi e Informações e contactos Museu Nacional da Imprensa do director do Museu Nacional da Imprensa, Luís E.N. 108 n.º 206 Humberto Marcos, autor do projecto. 4300-316 Porto Localizável em www.imultimedia.pt/museuvirtualdo Tel.: 225 304 966 cartoon, o novo museu virtual pretende ser mais uma Fax: 225 301 071 [email protected] O Museu Nacional da Imprensa lançou no dia 4 de etapa na atenção que o Museu da Imprensa tem dado www.imultimedia.pt/museuvirtpress Novembro de 2005, o Museu Virtual do Cartoon, ao cartoon, desde a sua inauguração em 1997. ❚ Rede Portuguesa de Museus | 21 Museu da Pólvora Negra – GEMINE MUSE – 2005 O Museu da Pólvora Negra, na sequência do repto nova interacção entre formas de arte estabelecidas, lançado pelo Clube Português de Artes e Ideias – Lugar promovendo a inter-conexão entre tradição e inovação, Comum, aderiu ao projecto GEMINE MUSE – 2005, potenciando a colaboração inter-institucional através decorrendo as exposições em vários países da Europa, do envolvimento de diferentes organizações, aumen- de 26 de Novembro de 2005 a 26 de Fevereiro de tando o público no museu com novos visitantes ligados 2006, integrado no Programa Cultura 2000. à arte contemporânea, sem nunca deixar de salientar A abertura do Museu da Pólvora a Negra a um projecto e valorizar a herança artística europeia. desta natureza, afigura-se-nos de particular relevância Neste contexto, o Museu da Pólvora Negra, expõe de Fábrica da Pólvora de Barcarena neste preciso momento, já que o mesmo se associa 25 de Fevereiro a 30 de Março de 2006, as obras do Estrada das Fontaínhas a uma nova etapa na programação, permitindo e italiano Mirko Barbierato e da grega Maria-Andromachi facilitando o contacto entre jovens artistas e o Chatzinikolaou, propiciando um elo de ligação entre o património que se encontra à sua guarda, por forma antigo e o contemporâneo através dos “novos” olhares. a obter uma abordagem diferente à arte antiga e uma Teresa Tomás ❚ Informações e contactos Museu da Pólvora Negra 2745-615 Barcarena Tel.: 21 438 14 00 Fax: 21 437 11 65 [email protected] www.cm-oeiras.pt Museu virtual À Descoberta da Arte Islâmica – P r o j e c t o e m p a rc e r i a O museu virtual À Descoberta da Arte Islâmica foi partir de 2007, e tal como num museu ao vivo, apresentado no dia 23 de Novembro na Fundação À Descoberta da Arte Islâmica começará a apresentação Calouste Gulbenkian, numa sessão promovida conjun- de uma série de exposições temáticas. tamente pela ONG Museum with no Frontiers, pelo À Descoberta da Arte Islâmica combina exposições Museu Calouste Gulbenkian, pelo Campo Arqueológico virtuais com monumentos que podem ser visitados de Mértola e pelo Museu Arqueológico Municipal de ao vivo, num esforço inédito de aproximação de estudo Silves. e divulgação da realidade histórica e cultural de uma O museu virtual, apresentado sob a forma de um das grandes civilizações do Mediterrâneo. website (www.discoverislamicart.org), é fruto da iniciativa Integram ainda o site visitas virtuais a nove percursos da Museum with no Frontiers e resulta da colaboração pela arte islâmica no Mediterrâneo (iniciativa lançada entre 17 museus de 14 países da Europa, do Norte de em 2000 e da qual resultou, em Portugal, o catálogo África e do Médio Oriente. A sua colecção permanente Terras da Moura Encantada), uma zona informativa é composta por 850 objectos museológicos e 385 sobre o projecto Discover Islamic Art e ainda uma monumentos e sítios arqueológicos de 11 países, os secção de livros e viagens, que estará acessível a partir quais dispõem de fichas descritivas detalhadas, que de meados de 2006. podem ser consultadas pelos visitantes do site. As fichas O projecto é coordenado em Portugal pelo Campo estarão disponíveis na língua de origem e ainda em Arqueológico de Mértola e pelo Museu de Mértola, inglês, francês e árabe e abrangerão um leque temporal tendo como principais parceiros o Museu Calouste situado entre o início do período Omeia (661 d.C.) e Gulbenkian e o Museu Arqueológico Municipal de o fim do Império Otomano (1922 d.C.). Silves. Os visitantes do site poderão deslocar-se dentro do Discover Islamic Art é um projecto realizado com o museu virtual como num espaço físico, vendo peças, apoio da União Europeia no âmbito do programa Informações e contactos lendo legendas e relacionando materiais entre si. A Euromed Heritage. ❚ www.discoverislamicart.org 22 | Boletim Trimestral Edições dos Museus da RPM Museu Arqueológico do Carmo A obra Construindo a Memória – As Colecções do Museu Arqueológico do Carmo, editada pela Associação dos Arqueólogos Portugueses, foi lançada oficialmente no dia 1 de Dezembro de 2005, pelas 18 horas, nas Ruínas do Carmo, em Lisboa, com a presença de Sua Excelência o Presidente da República, que se dignou dar o seu Alto Patrocínio e prefaciar esta publicação, do Senhor Secretário de Estado da Cultura, do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, bem como de outras individualidades pertencentes ao sector do património cultural. Este volume, de 640 páginas, com o excelente grafismo do atelier de design Nuno Vale Cardoso+Nina Barreiros e ilustrado por cerca de 900 fotografias de grande qualidade, da autoria de José Pessoa e de outros fotógrafos, foi coordenado pelo arqueólogo José Morais Arnaud e pela historiadora de arte Carla Varela Fernandes e contou com a colaboração de 40 especialistas em Arqueologia, Egiptologia, Epigrafia, Heráldica, e História de Arte. Além do estudo exaustivo do rico e diversificado acervo de um dos mais antigos museus do país, em grande parte ainda inédito, inclui também textos sobre a história do museu e do monumento em que está instalado, bem como sobre o processo de remodelação recentemente concluído, pelo que será decerto uma obra de referência indispensável para todos os que se interessam pelo património cultural do país. A sua publicação só foi possível graças ao apoio recebido por diversas instituições públicas e privadas, nomeadamente o Ministério da Cultura, através do Programa Operacional da Cultura e da Rede Portuguesa de Museus, a Imopolis e a Fundação Calouste Gulbenkian, e constitui o culminar de um vasto processo de remodelação deste museu, que tem vindo a ser desenvolvido ao longo de quase uma década pela Associação dos Arqueólogos Portugueses. Esta obra, cujo preço de capa é de 75 €, será distribuída a nível nacional pela Bertrand, devendo encontrar-se nas principais livrarias do país a partir de dia 2 de Dezembro. Pode também ser adquirida no Museu Arqueológico do Carmo e em alguns museus e palácios nacionais. Ecomuseu Municipal do Seixal No passado dia 15 de Outubro foi apresentado ao público o livro Memórias da Siderurgia. Contribuições para a história da indústria siderúrgica em Portugal, editado pela Câmara Municipal através do Ecomuseu Municipal do Seixal. As três empresas siderúrgicas do concelho contribuíram significativamente para a promoção desta edição da História Publicações, potenciando a ideia de que uma dinâmica de desenvolvimento integrado favorecerá tanto a qualificação de equipamentos de produção como a valorização do património técnico e industrial. Também em Outubro, no dia 29, teve lugar no Salão Nobre da Associação de Reformados – Centro de Dia de Arrentela a apresentação pública do livro de Mouette Barboff, intitulado O Milagre das Águas: o terramoto, Arrentela e a Nossa Senhora da Soledade. Esta edição, integrada na colecção Património e História (número 3), no quadro de actividades do Ecomuseu Municipal do Seixal, alarga a abrangência disciplinar desta série de edições à etnografia e o âmbito de divulgação do património cultural do Concelho do Seixal ao património imaterial. Dando continuidade à edição de materiais educativos do Ecomuseu Municipal do Seixal, foi publicamente apresentado em Novembro o n.º 2 da colecção Dossiês Didácticos intitulado Descobertas matemáticas no Ecomuseu Municipal do Seixal. Concebida no âmbito de uma parceria estabelecida entre a equipa do Serviço Educativo e os professores António Roque e Pedro Esteves, esta edição contou com o apoio do Instituto Português de Museus/Rede Portuguesa da Rede Portuguesa de Museus no âmbito do Programa de Apoio à Qualificação de Museus. Também com o apoio do IPM/RPM no âmbito do mesmo programa, o Ecomuseu editou os desdobráveis Embarcações tradicionais do Tejo e Navegação no estuário do Tejo: a bordo das embarcações tradicionais Amoroso, Baía do Seixal e Gaivotas. O primeiro desdobrável apresenta as três embarcações pertencentes Rede Portuguesa de Museus | 23 ao acervo do Ecomuseu e utilizadas em passeios no Tejo – o varino Amoroso e os botes-de-fragata Gaivotas e Baía do Seixal – a sua história, cronologia e características técnicas. O segundo, dentro da mesma temática, compreende informações sobre estaleiros, pinturas e decorações, oficinas de vela e a Carta hidrográfica desde a Foz a Vila Franca de Xira. Museu dos Biscaínhos Foi publicado pelo Instituto Português de Museus o Roteiro do Museu dos Biscaínhos. Esta edição dá a conhecer o Museu instalado no Palácio dos Biscaínhos, conjunto patrimonial que inclui o edifício, os jardins barrocos e o seu acervo, que integra colecções de artes decorativas – mobiliário, cerâmica, vidros, têxteis, ourivesaria, metais e armas – bem como pintura, escultura, desenho, gravura, instrumentos musicais, meios de transporte e etnografia. Ao longo do Roteiro é possível percorrer os dois pisos do Museu: o térreo, onde se localizavam espaços de cariz funcional, como a cozinha, a cavalariça e os jardins, e o andar nobre, onde decorria a vivência quotidiana da família nobre que habitava o palácio. Museu da Fundação Cupertino de Miranda (Vila Nova de Famalicão) Por ocasião da exposição Manuel Patinha: o olhar inteligente la mirada inteligente foi editado o Caderno n.º 4 do Centro de Estudos do Surrealismo dedicado à obra de Manuel Patinha. Esta edição recolhe alguns poemas do seu livro inédito Laços de Cinza e Diamantes junto de uma selecção de desenhos tirados dos seus cadernos de trabalho. Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso Foi editado o catálogo 5.º Prémio Amadeo de Souza-Cardoso dedicado aos 97 artistas seleccionados para o referido prémio bianual, reinstituído pela Câmara Municipal de Amarante em 1997. Do conjunto dos artistas concorrentes, cujas obras se encontraram em exposição no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, em Amarante, de 17 de Setembro a 27 de Novembro de 2005, foi distinguida a pintora Ana Maria com o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso e consagrada a carreira artística do pintor Nikias Skapinakis, a quem foi atribuído o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso e de cuja obra se publicou o catálogo Nikias Skapinakis. Museu Municipal de Coruche A acompanhar a exposição temporária Coruche na obra do Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles patente ao público até Maio de 2006, o Museu Municipal de Coruche publicou uma entrevista com o Arquitecto paisagista. A entrevista complementa a exposição retrospectiva, cujo foco principal se centrou nos projectos de Ribeiro Telles para a vila de Coruche, que nunca foram implementados, percorrendo ainda a vida e a obra do arquitecto e a sua ligação a Coruche. Museu Municipal de Vila Franca de Xira Coordenado pelo Professor Rogério Ribeiro, foi editado o catálogo da Exposição Um Tempo e um Lugar a qual pretende recuperar através da história documental e artística, um tempo da cultura portuguesa, balizado entre os anos 40 e 60, nas suas vertentes culturais, na caracterização social e política, bem como no enquadramento nacional e internacional da época. O ponto de partida são as dez Exposições Gerais de Artes Plásticas, realizadas na SNBA, entre 1946 e 1956, que constituíram uma importante manifestação na vida artística portuguesa e acabaram por se transformar no palco do que se designa por Movimento Neo-Realista. Museu Nacional de Arqueologia O Museu Nacional de Arqueologia editou o catálogo Mosaicos romanos nas colecções do Museu Nacional de Arqueologia, a mais importante colecção de mosaicos romanos portugueses e que inclui também espécimes provenientes de outros locais do Império Romano. O catálogo bilingue (português e inglês) compreende a história da colecção, um capítulo sobre a Ars Musiva, a arte do mosaico e o catálogo da colecção, ordenado por região – Estremadura, Algarve, Alentejo e Estrangeiro. O livro é complementado por um CD-Rom (em 24 | Boletim Trimestral português e inglês), dividido em quatro secções interactivas: Informações sobre a exposição; Arqueólogos que realizaram trabalhos sobre arqueologia romana; Consulta, por região, dos mosaicos da colecção do Museu; Extras, a partir de cujas opções se pode aprender técnicas de restauro e de produção de mosaicos. Museu do Papel Terras de Santa Maria O Museu do Papel Terras de Santa Maria publicou o projecto educativo O despertar do museu a novos públicos que será desenvolvido até ao final do primeiro trimestre de 2006. Este projecto educativo abrange um conjunto de actividades de dinamização e de divulgação destinadas a consolidar práticas educativas com públicos específicos, numa perspectiva inclusiva e formativa. Neste sentido, o programa contempla acções para crianças; ex-combatentes, seus familiares e antigas madrinhas de guerra; IPSS, hospitais, misericórdias, projectos educativos e culturais; antigos operários, fabricantes e técnicos da indústria papeleira; deficientes auditivos e invisuais, professores do ensino especial e público em geral. Museu da Pedra Fruto de uma parceria entre o Museu da Pedra e o Museu de História Natural, com coordenação científica do Prof. Galopim de Carvalho, foi inaugurada em Outubro a exposição O calcário na ciência, na tecnologia e na arte, que ficará patente ao público até 29 de Janeiro de 2006. A par da exposição, que conta a origem, natureza e diversidade das rochas calcárias e a sua utilização artística, utilitária e económica, foi editado um catálogo com o mesmo título. Foi publicada a Carta arqueológica do concelho de Cantanhede, da autoria de Carlos Manuel Simões Cruz. O projecto, desenvolvido entre 2001 e 2003, tinha por objectivo o levantamento sistemático dos vestígios arqueológicos do município de Cantanhede, desde a Pré-História à Idade Média. A Carta arqueológica agora editada, instrumento de consulta e de trabalho, inclui o quadro físico e ambiental do município, o inventário de sítios por freguesia e um capítulo sobre o povoamento, bem como o catálogo bibliográfico e a lista de sítios. Museus de Sintra – A Ler, Aprender – Museus para contar e encantar Com o propósito de gerar novos interesses junto dos mais novos, e numa perspectiva de “educação pela arte”, constituiu-se como projecto da autarquia de Sintra a edição de livros de contos que contemplassem os museus municipais, por forma a cativar alunos e professores a visitar esses espaços, incrementados pela leitura de um conto acerca de cada um deles. Os seis museus que moram em Sintra – Museu Ferreira de Castro, Museu Anjos Teixeira, Museu Leal da Câmara, Museu Arqueológico de S. Miguel de Odrinhas, Museu do Brinquedo e Sintra Museu de Arte Moderna –, foram o objecto do desafio. Sete escritores de literatura infanto-juvenil os destinatários desse desafio. José Jorge Letria, Alice Vieira, António Torrado, Ana Maria Magalhães/Isabel Alçada, Luísa Ducla Soares e Gilda Nunes Barata deram as histórias; André Letria e Danuta Wojciechowska, as ilustrações. Foram seis os títulos editados, cujo lançamento se procedeu a 19 de Setembro de 2005, no Sintra Museu de Arte Moderna: • Duas Irmãs em Odrinhas (Museu Arqueológico de S. Miguel de Odrinhas); Texto: Gilda Nunes Barata; Ilustração: Danuta Wojciechowska • O Camaleão Mágico (Sintra Museu de Arte Moderna); Texto: Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada; • Não há Borracha que Apague o Sonho (Museu Ferreira de Castro); Texto: Luísa Ducla Soares; Ilustração: Danuta Wojciechowska Ilustração: Danuta Wojciechowska • O Escultor, as Aves e o Sonho (Museu Anjos Teixeira); Texto: José Jorge Letria; Ilustração: André Letria • A Fita Cor de Rosa (Museu do Brinquedo); Texto: Alice Vieira; Ilustração: André Letria • O Perfume dos Limões (Casa-Museu Leal da Câmara); Texto: António Torrado; Ilustração: André Letria Ana Alcântara Câmara Municipal de Sintra ❚ Rede Portuguesa de Museus | 25 Em Agenda Do Montado à Fábrica de Cortiça Museu Municipal de Santiago do Cacém Até 8 de Fevereiro de 2006 A itinerância da exposição de fotografias de Júlio Pereira Dinis sobre a temática da cortiça, pertencente ao acervo do Ecomuseu Municipal do Seixal e organizada pelo Museu Municipal de Santiago do Cacém com o seu apoio, privilegia o olhar sobre as actividades primordiais do universo cultural corticeiro a montante da fábrica. A exposição original Do montado à fábrica de cortiça mostrou-nos mais abrangentemente o contexto industrial a Sul do Tejo, nomeadamente fábricas do concelho do Seixal, como a Mundet & C.ª Lda., mas tendo o objectivo de realçar, como o faz esta nova exibição, a indissociabilidade entre a produção e transformação de uma matéria-prima singular, das mais importantes da região e do país. Os registos de Júlio Pereira Dinis, datados das décadas de 50 e de 60 do século XX, ao documentarem o ambiente do montado, com certeza vão reacender memórias ou suscitar emoções junto de muitos visitantes, por se ligarem directamente às suas vivências ou experiências de trabalho. Tendo por fonte o arquivo empresarial da Mundet, firma instalada no Seixal há precisamente 100 anos e que encerrou em 1989, podemos referenciar 441 herdades do concelho de Santiago do Cacém registadas em função da sua importância como produtores de cortiça. Este foi o Concelho do distrito de Setúbal mais referenciado pelo sistema de compras da Mundet. Ao propormo-nos estreitar laços entre o Ecomuseu Municipal do Seixal e o Museu Municipal de Santiago do Cacém, ambos fazendo parte da Rede Portuguesa de Museus, esta itinerância sugere que projectemos outras partilhas de recursos, podendo futuramente aprofundar o conhecimento sobre territórios comuns e também encontrar novas formas de valorizar o património cultural ligado ao universo da cortiça. Praça do Município › 7540-136 Santiago do Cacém › Tel.: 269 827 375 › Fax: 269 829 498 › [email protected] › www.cm-santiago-do-cacem.pt/cultura/museu.htm Fotografar a Mundet Praceta Francisco Adolfo Coelho Ecomuseu Municipal do Seixal Público-alvo: juvenil e adulto/famílias Torre da Marinha, 2840-490 Seixal Exposições temporárias 19 de Fevereiro às 15h00 Tel.: 21 227 62 90 (às 2.as e 3.as feiras) Fax: 21 227 63 40 [email protected] Núcleo da Mundet Edifício das Caldeiras Babcock Lançamento de edições Património e Indústria, o fascínio do encontro Dossiês didácticos Fotografia de Rosa Reis – n.º3 A pé pelo Concelho do Seixal: Arrentela e Seixal Até 16 de Fevereiro de 2006 Edifício das Caldeiras de Cozer Quem diz cortiça diz Mundet, quem diz Mundet diz e Seixal – materiais didácticos para a educação patrimonial Museu de Arqueologia e Numismática de Vila Real no concelho do Seixal Exposição permanente de Arqueologia 28 de Março às 15h00 O legado de João Parente: trinta anos de recolha – n.º4 Os Núcleos Urbanos Antigos de Amora, Arrentela arqueológica em Trás-os-Montes cortiça Desde Outubro de 2005 www.cm-seixal.pt/ecomuseu Núcleo Naval Desde Setembro de 2005 Exposição Barcos, memórias do Tejo Rua do Rossio 5000-657 Vila Real Serviço Educativo Tel.: 259 325 730/1/2 Estaleiro de Brincadeiras Fax: 259 308 161 Dança dos Barcos [email protected] Público-alvo: escolar/turmas do ensino pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico Público-alvo: juvenil e adulto/famílias Museu de Arte Contemporânea de Serralves 8 de Janeiro às 15h00; 5 de Fevereiro às 15h00; 5 de Março Exposições às 15h00 Fora de Rui Chafes e Pedro Costa Vamos Jogar ao Dominó? Serviço Educativo Comissariado: Catherine David e João Fernandes Descobertas Matemáticas na Mundet Público-alvo: escolar/turmas do ensino básico Núcleo da Quinta da Trindade Até 15 de Janeiro de 2006 Público-alvo: juvenil e adulto/famílias Serviço Educativo Ringbahn de Filipa César 19 de Março às 15h00 Os Romanos entre nós Comissariado: João Fernandes Público-alvo: escolar/turmas do ensino básico do concelho Até 15 de Janeiro de 2006 26 | Boletim Trimestral Anschool II de Thomas Hirschhorn Museo Nacional de Arte Romano Comissariado: João Fernandes Museu Calouste Gulbenkian c/ José Ramón Mélida, s/n Até 29 de Janeiro de 2006 Exposições [email protected]. 06800 Mérida Galeria de Exposições Temporárias Rua D. João de Castro, 210 Conceber as Artes Decorativas 4150-417 Porto Desenhos Franceses do Século XVIII Tel.: 808 200 543/22 615 65 00 Até 15 de Janeiro de 2006 Exposição [email protected] www.serralves.pt Museu de Arte Sacra e Etnologia Museu da Fundação Cupertino de Miranda Galeria de Exposição Permanente Manuel Patinha: o olhar inteligente/la mirada inteligente Uma obra em foco: Antoine Watteau (1684-1721) na Comissariado: Perfecto E. Cuadrado e António Gonçalves Colecção Calouste Gulbenkian Até 24 de Fevereiro de 2006 Até 15 de Janeiro de 2006 Exposição Presépios concebidos por crianças de Fátima Av. de Berna, 45 A Até 31 de Janeiro de 2006 1067-001 Lisboa Codex Tel.: 21 782 30 00 Fax: 21 782 30 32 www.museu.gulbenkian.pt [email protected] Museu do Chiado – MNAC Praceta Cupertino de Miranda Exposição 4764-968 Vila Nova de Famalicão O Olhar Fauve Tel.: 252 301 650 Celebração do centenário do Salão de Outono de [email protected] 1905, que o crítico de arte Louis Vauxcelles denominou como cage aux fauves (jaula de feras) Rua Francisco Marto, 52, Apt. 5, Comissariado: Olivier Le Bihan, director do Musée des Museu da Quinta das Cruzes 2496-908 Fátima Beaux-Arts de Bordeaux Exposição Tel.: 249 539 470 Fax: 249 539 479 13 Janeiro a 19 Março 2006 Um olhar do Porto – Uma Colecção de Artes Decorativas [email protected] www.consolata.pt Até 28 de Fevereiro de 2006 Rua Serpa Pinto, 4 1200-444 Lisboa Calçada do Pico, n.º1 Tel.: 21 343 21 48 Fax: 21 343 21 51 9000-206 Funchal Museu de Arte Sacra do Funchal [email protected] Tel.: 291 740 670 Fax: 291 741 384 Exposição www.museudochiado-ipmuseus.pt [email protected] Museu de Ciência da Universidade de Lisboa Museu Municipal de Coruche Rua do Bispo, 21 9000-073 Funchal Exposição Canção da Terra Tel.: 291 228 900 Fax: 291 231 341 Química viva – Química Segura Intervenção Escultórica de Maria Ribeiro Ribeiro Telles [email protected] Projecto sobre segurança em laboratórios químicos Pátio do museu members.netmadeira.com/MASF escolares e de investigação A Madeira nas Rotas do Oriente Até 28 de Fevereiro de 2006 Exposições Até 17 de Março de 2006 Museu do Brinquedo Rua da Escola Politécnica, 56 Exposição 1250-102 Lisboa A História do Automóvel Tel.: 21 392 18 60 Fax: 21 390 93 26 [email protected] www.museu-de-ciencia.ul.pt Colecções do Museu de Évora no Museo Nacional de Arte Romano (Mérida) Coruche na obra do Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles Parceria com o Museu de Évora Até Maio de 2006 Destaque: Ferrari F1 construído em Lego em tamanho original Exposição Até 10 de Março de 2006 Imagens e Mensagens – Escultura Romana do Museu Serviço Educativo de Évora Atelier “Floresta, Jardim, Esta Flor é Assim...” Rua Visconde de Monserrate, 26 Organização: Instituto Português de Museus, Museu de Público-alvo: 1.º ciclo do Ensino Básico 2710-591 Sintra Évora, Ministerio de Cultura, Museo Nacional de Arte Atelier “Artes na História” Tel.: 21 910 60 16 Fax: 21 923 00 59 Romano Atelier multi-temático com o objectivo de explorar a [email protected] Coordenação: Joaquim Oliveira Caetano, Trinidad Nogales exposição de longa duração O homem e o trabalho – www.museu-do-brinquedo.pt Bassarate a magia da mão (Temas: Pré-história e Romanização) Até 8 de Janeiro de 2006 Rede Portuguesa de Museus | 27 Os Construtores de Antas E.N. 108, n.º 206 Público-alvo: 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico 4300-316 Porto Vamos construir um mosaico... Tel.: 22 530 49 66 Fax: 22 530 10 71 Museu do Papel Terras de Santa Maria Público-alvo: 2.º ciclo do Ensino Básico [email protected] Exposição Em colaboração com o Museu Arqueológico de S. Miguel www.imultimedia.pt/museuvirtpress O Papel dos Aerogramas de Odrinhas Atelier “Costurar em Tempos de Outrora” Público-alvo: generalista Museu Nacional do Traje Conferências Actividades Educativas “O Museu convida...” O Cinema vai ao Museu! com o apoio da Escola Secundária Iniciação no processo produtivo de um filme em todas com o apoio da Escola Profissional as suas fases: preparação do guião, operadores de câmara, actores, espaço, gravação, edição e visionamento do filme. Rua Júlio Maria de Sousa Destinatários: crianças a partir dos 6 anos 2100-192 Coruche Bilhete individual 10 € Exposição integrada no projecto educativo “O despertar Tel.: 243 610 823 Fax: 243 610 821 Marcação prévia: Joana Castro 91 908 81 81 do Museu a Novos Públicos”. O papel dos aerogramas [email protected] 3.º Sábado de cada mês das 14h30 às 17h30 enquanto suporte de escrita durante a Guerra Colonial. www.museu-coruche.org Sardanisca Até 26 Novembro de 2006 Destinatários: Dos 12 aos 36 meses Bilhete individual 3 €/ familiar 10 €¤ Rua de Riomaior, 338 Marcação prévia: Marc Bonnet 91 939 66 88 4535-301 Paços de Brandão 1.os e 3.os Domingos de cada mês das 10h30 às 12h00 Tel.: 22 744 29 47 Fax: 22 745 99 32 Exposição Camaleão [email protected] Colecção de Artes Plásticas do Museu Municipal. Destinatários: Dos 3 aos 6 anos Gravura – 4 Técnicas Bilhete individual 4 €/ familiar 12 €¤ Museu Municipal de Vila Franca de Xira Marcação prévia: Marc Bonnet 91 939 66 88 Museu do Papel Moeda 1.os e 3.os Domingos de cada mês das 15h00 às 17h30 Visitas orientadas Museu Municipal de Vila Franca de Xira Escolinha de Teatro pela Lúdico.Arte O Mundo Maravilhoso do Museu do Papel Moeda Rua Serpa Pinto, n.º 65 20 € por mês Público-alvo: seniores 2600-263 Vila Franca de Xira Sábados das 10h00 às 12h00 Terças-feiras 11h00/15h00 Tel.: 263 280 350 Atelier de Técnicas de Batik Douro Acima Fax: 263 280 358 por Maria Helena Pires Público-alvo: ATL´s, Jardins de Infância, Escolas do Ensino Sala dos Teares Básico (1.º Ciclo) Bilhete 5 €/ familiar 15 €¤ Quartas, Quintas e Sextas-feiras 10h00/11h00/15h00/16h00 Até 1 de Outubro de 2006 Museu Nacional do Azulejo Marcação prévia: Maria Helena Pires 96 270 47 37 Exposição Sábados das 10h00 às 12h00 Avenida da Boavista, 4245 Betty Woodman. Teatros. Téâtres. Theatres Festas de Aniversário 4100-140 Porto Até 2 de Abril de 2006 Actividades relacionadas com o Parque do Monteiro- Tel.: 22 610 11 89 Fax: 22 610 34 12 -Mor e a defesa do meio-ambiente ou com a temática [email protected] do traje O Traje como meio de comunicação www.facm.pt Marcação prévia: Rosário Severo ou Clara Monteiro 21 758 85 37 Todos os fins-de-semana Rua da Madre de Deus, 4 Museu dos Transportes e Comunicações 1900-312 Lisboa Largo Júlio de Castilho Ciclo de Exposições Temporárias Tel.: 21 810 03 40 Lumiar 1600-483 Lisboa Reunião de Obra [email protected] Tel.: 21 758 85 37 Natureza complexa e interdisciplinar do trabalho do [email protected] arquitecto no processo de obra: fase do Projecto de www.museudotraje-ipmuseus.pt Execução e Assistência Técnica à obra. Museu Nacional da Imprensa O programa de cada exposição temporária inclui uma conferência e uma visita guiada à obra. Exposições VII PortoCartoon-World Festival “Humor e Sociedade” Museu Nogueira da Silva Galeria de Exposições Temporárias Exposição Norte, Associação para o Museu dos Transportes e Até 31 de Janeiro de 2006 A mão que pensa, Comunicações D. Quixote na Imprensa Portuguesa desenho e narrativa Recuperação do Palácio do Freixo e áreas envolventes, Comemoração do 4º centenário da obra de Cervantes, de Valerio Adami Porto 1995-2003 – Fernando Távora e José Bernardo Távora através da sua repercussão na imprensa portuguesa, Até 18 de Fevereiro de 2006 Até 12 Março 2006 Sala Rodrigo Álvares Av. Central, n.º 61 Edifício da Alfândega, Rua Nova Alfândega Até 28 de Fevereiro de 2006 4710-228 Braga 4050-430 Porto Tel.: 253 601 275 Tel.: 22 340 30 00/22 340 30 58 Fax: 22 340 30 98 [email protected] [email protected] www.mns.uminho.pt www.amtc.pt Organização Ordem dos Arquitectos-Secção Regional em particular nos séculos XIX e XX. 28 | Boletim Trimestral Outras Notícias 6.º Encontro do Comité dos Museus Casas Históricas do ICOM-DEMHIST* * por Maria de Jesus Monge Após Génova, Barcelona, Amesterdão, Lenzburg (Zurique) volta do tema proposto. O dia de trabalhos terminou Directora do Museu Biblioteca e Berlim, o 6.º Encontro do DEMHIST realizou-se em com uma visita guiada ao Palácio Nacional da Ajuda pela da Casa de Bragança Lisboa, de 12 a 14 de Outubro de 2005 no Museu Directora, Dra Isabel Silveira Godinho, e alguns técnicos. Paço Ducal de Vila Viçosa Nacional de Etnologia, organizado pela Comissão Nacional O dia 13 foi dedicado a visitas a diferentes espaços museo- Portuguesa do ICOM. O IPM facultou as instalações do lógicos nos concelhos de Sintra (Palácio Nacional da Pena, Museu Nacional de Etnologia e o apoio administrativo Palácio Nacional de Sintra e Casa-Museu Leal da Câmara) da RPM, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Fundação e de Cascais (Museu-Biblioteca Conde de Castro Guima- da Casa de Bragança e a Câmara Municipal de Cascais rães, Casa de Santa Maria e Museu Verdades de Faria). (sob forma de um almoço oferecido aos participantes, No dia 14 realizou-se a Assembleia Geral do DEMHIST documentação e visita guiada aos diferentes espaços seguida da eleição trienal dos corpos gerentes. Antes do museológicos) disponibilizaram apoio financeiro e vários encerramento dos trabalhos, Maria Antónia Pinto de museus colaboraram através da realização de visitas guiadas Matos presidiu a uma Mesa Redonda sobre o tema da aos participantes no Encontro. Conservação Interactiva de edifícios e colecções, com Julius O tema escolhido para 2005 foi Guardiães da Memória: Bryant, até recentemente do corpo técnico do English Conservação de edifícios e das suas colecções. As propostas Heritage e actualmente no Victoria & Albert Museum de reflexão são sempre abrangentes e com esta opção de Londres e Tessa Luger do Instituto Holandês de tentou-se, por um lado, fomentar a análise de aspectos Conservação. Após um resumo inicial dos aspectos directamente relacionados com a interpretação específica mais significativos das visitas dos dias anteriores, a dos espaços museológicos em análise, valorizando a impor- discussão generalizou-se e muitos dos intervenientes tância das memórias individuais e colectivas na afirmação expressaram as suas dúvidas, questões, pontos de vista de identidades; não descurando, num segundo momento, num debate vivo e revelador do interesse pelas proble- uma componente prática de preservação material designa- máticas abordadas. damente através das questões da conservação preventiva A tarde de dia 14 foi ainda dedicada a visitas ao Palácio de espaços e colecções. As visitas a instituições Fronteira e a instituições museológicas na área de Lisboa: museológicas, variadas na forma como realizam as suas Fundação Medeiros e Almeida, Fundação Ricardo Espírito funções de guardiães da memória, mas semelhantes no Santo Silva e Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves. No objectivo de a manter viva, permitiram contactar dia 15 de manhã, já como actividade extra programa, directamente com este universo específico, diagnosticar um grupo de 25 participantes deslocaram-se ao Museu problemas, apreciar soluções... Biblioteca da Casa de Bragança, em Vila Viçosa. No dia 12, a sessão de abertura foi presidida pelo Director Terminado o Encontro, os participantes mostraram-se do IPM, Dr. Manuel Bairrão Oleiro, em representação da agradados com a qualidade das comunicações, a variedade Ministra da Cultura, pelo Presidente da Comissão Nacional das questões e realidades abordadas e a aberta troca de Portuguesa do ICOM, Dr. João Castel-Branco Pereira, pela experiências. As visitas realizadas permitiram conhecer Presidente do DEMHIST, Dr.ª Rosanna Pavoni, e pelo espaços museológicos significativos pelos conjuntos Director do Museu Nacional de Etnologia, Prof. Doutor patrimoniais que representam, mas também pelas práticas Joaquim Pais de Brito. O orador principal, o Prof. Doutor que desenvolvem, nem sempre consensuais. Realidades Gaspar Martins Pereira da Faculdade de Letras da tão diferentes como palácios nacionais, casas-museus Universidade do Porto, iniciou os trabalhos com a geridas por autarquias, fundações privadas que gerem comunicação Casas-históricas museus: património, memória espólios de coleccionadores e até um palácio habitado e desenvolvimento. Ao longo do dia oito intervenções de pelo proprietário, possibilitam uma leitura abrangente da outros tantos países apresentaram questões concretas à realidade nacional no que concerne esta tipologia Rede Portuguesa de Museus | 29 específica. Foi interessante a adesão tanto de colegas mente semelhantes e a troca de experiências e saberes portugueses (quase 30) como dos numerosos estrangeiros é fundamental para o desenvolvimento de práticas (mais de 40, entre os quais brasileiros e espanhóis que adequadas de conservação, estudo e divulgação. raramente participam em reuniões internacionais). O próximo encontro terá lugar em Malta, provavelmente Os problemas e desafios que se colocam são frequente- em Setembro de 2006. ❚ Os Amigos dos Museus de Portugal reuniram-se em Congresso* Organizou a Federação de Amigos dos Museus de Portugal Vilaça, directora do museu da Fundação Medeiros e * por José d’Encarnação o seu I Congresso, de 17 a 19 de Novembro de 2005, Almeida, trouxe um novo repto ao debate: a casa-museu Docente do Mestrado em Museologia subordinado ao tema «Os Amigos dos Museus, elementos que dirige, de propriedade particular, detém uma colecção e Património Cultural na Universidade activos nas estratégias dos museus». ímpar, situa-se no coração de Lisboa, mas... não tem de Coimbra Decorreram os trabalhos no auditório do Centro Cultural Grupo de Amigos – como fazer? de Cascais, em três painéis, consoante os pontos de vista No 3.º painel, intervieram: Francisco Sousa Lobo, que, a abordar: o de entidades com tutela sobre museus, o sob o sugestivo título «A fortificação da memória», deu dos museus e, finalmente, o dos Amigos dos Museus. conta da intensa actividade levada a cabo, por todo o Assim, no primeiro, usou da palavra a Subdirectora do País, pela associação que dirige, os «Amigos dos IPM, Dr.ª Clara Camacho, que traçou uma panorâmica, Castelos»; José Eduardo Neto da Silva traçou-nos, ao a nível nacional, dos grupos/associações de amigos invés, um panorama, se não desolador, pelo menos, existentes nos 32 dos 120 museus que integram a RPM. assaz preocupante: a sua Associação de Amigos do Sublinhou serem objectivos dos Amigos o enriquecimento Museu Nacional Ferroviário luta, há quatro anos e sem das colecções, a valorização dos associados, o trabalho grande êxito, pela instalação do museu no Entroncamento; voluntário e o mecenato, a promoção de investigação, por seu turno, Ricardo Pereira, em representação da exposições, publicações e cursos, a defesa do património associação Pedra Angular – criada para a defesa, da área envolvente do Museu e a cooperação com outros divulgação e preservação do vasto património confiado museus. E, portanto, concluiu, é intenção do IPM apoiar às igrejas – referiu a actividade desenvolvida. Já no final, o mais possível a criação e a actividade dos Amigos de Ortigão Neves, do Grupo dos Amigos do Museu de Museus. Marinha, relatou o minucioso trabalho de inventário que, Cristina Passos, da Fundação Serralves, falou sobre «Os no seio do seu Grupo, se está a desenvolver no sentido Amigos dos Museus: elementos activos nas estratégias de tudo se saber acerca das instituições museológicas dos museus». que directamente se prendem com a actividade marítima, A iniciar o 2.º painel, Dalila Rodrigues, directora do Museu tendo exemplificado com o caso do Aquário Vasco da Nacional de Arte Antiga, acentuou serem os grupos de Gama, no Dafundo. amigos «um meio fundamental à concretização do Em jeito de comunicado final, foram estas ideias-mestras programa do museu, seja no plano da sua essencial que me pareceu poderem sintetizar os resultados deste dimensão sócio-pedagógica, seja no do, não menos I Congresso: Os Amigos dos Museus de Portugal: essencial, plano dos recursos humanos e financeiros» e 1. Congratulam-se com a oportunidade da iniciativa, «constituem também uma âncora ou uma garantia de levada a cabo sob os auspícios da Federação de Amigos efectivo compromisso do museu com a comunidade». dos Museus de Portugal, e manifestam o seu maior Sofia Pessanha deu conta da actividade desenvolvida reconhecimento a quantos tornaram possível este pela Casa-Museu Abel Salazar, de Matosinhos, cuja evento, designadamente a Câmara Municipal de Cascais. Associação Divulgadora dinamiza acções de âmbito 2. Reiteram a sua convicção de que constituem, na cultural: exposições, conferências, publicações... E Teresa verdade, elo imprescindível na defesa e promoção das 30 | Boletim Trimestral entidades museológicas, independentemente da entidade dos Amigos dos Museus de Portugal não podem deixar a que estejam directamente subordinadas. 3. Nesse de manifestar, por exemplo, a sua mais profunda sentido, reafirmam a sua vontade de – no mais estrito apreensão pela demora na viabilização do Museu respeito pelos campos de acção próprios de cada entidade Ferroviário Nacional, como forma de se suster a e pelas hierarquias existentes – fomentarem benéficas degradação de um rico património da nossa memória sinergias para que, em conjunto, os museus atinjam os colectiva. 5. Ouvidos, neste I Congresso, os contributos seus objectivos maiores. 4. Como pessoas colectivas que das entidades tutelares, de responsáveis por museus e visam uma actividade de índole eminentemente cultural, de Amigos dos Museus, reconhece-se a incontestável consideram ser estrita obrigação do Estado e das entidades utilidade desta reunião, cuja continuidade vivamente se tutelares dos Museus, propiciar, sem peias burocrático- preconiza – para, em reencontro, se concertarem -administrativas, um diálogo frutuoso, com vista a mais estratégias, se reforçar o mútuo conhecimento e se rendível aproveitamento dos recursos museológicos do fomentar ainda maior coesão em torno dos objectivos País. Nesse âmbito, os participantes neste I Congresso comuns. ❚ Colaboração entre os Ministérios da Educação e da Cultura Na sequência da colaboração estabelecida entre os Programa de Promoção de Projectos Educativos na Área Ministérios da Educação e da Cultura, destaca-se o da Cultura, entre os quais se integram os museus, podem carácter inédito e o relevante significado do conteúdo incluir, entre outros, o concurso “A minha escola adopta do Despacho Conjunto n.º 834/2005, de 4 de um museu” actualmente em curso, acções de sensibili- Novembro, referente ao Programa de Promoção de zação para a preservação do património cultural, activida- Projectos Educativos na Área da Cultura, e o do Despacho des de serviço educativo, criação de maletas pedagógicas Conjunto n.º 1053/ 2005, de 7 de Dezembro, que e outras edições e a execução de acções de formação. possibilita a afectação de pessoal docente ao Ministério Esta iniciativa promovida pelas Ministras da Cultura e da Cultura. da Educação poderá contribuir para o desenvolvimento Informações Os modelos de programas educativos a desenvolver nos de profícuos projectos de real articulação entre as duas www.min-edu.pt espaços de cultura definidos pelo Regulamento do áreas. ❚ Dissertações Mestrados • Na Universidade Lusófona de Humanidades e Rodrigues obteve o grau de Mestre em Museologia e Tecnologias, a 16 de Junho de 2005, Maria José Messias Museografia mediante a apresentação da dissertação obteve o grau de Mestre em Museologia mediante a Uma Nova Rede de Museus para o Exército Português. apresentação da dissertação O Lúdico e a Aprendizagem no Museu: as Perspectivas das Crianças sobre as Visitas Doutoramento Escolares às Instituições. • No Conservatoire National des Arts et Métiers (CNAM), • Na Universidade Católica Portuguesa, a 30 de em Paris, a 20 de Outubro de 2005, Marta Lourenço, Setembro de 2005, Filipe N. B. Mascarenhas Serra investigadora do quadro do Museu de Ciência, obteve obteve o grau de Mestre em Património Cultural o Doutoramento em História da Técnica e Museologia mediante a apresentação da dissertação Práticas de mediante a apresentação da tese Entre Dois Mundos: Gestão Administrativa nos Museus Portugueses. a Especificidade e o Significado Contemporâneo dos • Na Faculdade de Belas Artes/Universidade de Lisboa, Museus e Colecções das Universidades Europeias (texto a 28 de Novembro de 2005, Francisco António Amado disponível em http://correio.cc.fc.ul.pt/~martal). ❚ Rede Portuguesa de Museus | 31 Estrutura de Projecto Rede Portuguesa de Museus Calçada da Memória, 14 • 1300-396 Lisboa Tel: 351. 21 361 74 90 Fax: 351. 21 361 74 99 Email: [email protected] Web Site: www.rpmuseus-pt.org DESIGN Artlandia IMPRESSÃO Facsimile 3000 Exemplares DEPÓSITO LEGAL ISSN 1645-2186 Associação Portuguesa de Museologia 40 anos (1965-2005) Encontros – Prémios APOM de Museologia Seminário Sabe escrever para todos? Conferência Internacional para A acessibilidade da comunicação escrita a Cultura e o Património on-line nos museus – Museum and the Web 2006 – MW2006 23 de Janeiro de 2006 22 a 25 de Março de 2006 Auditório do Pavilhão do Conhecimento – Ciência Albuquerque, Novo México, USA Viva, Parque das Nações, Lisboa Organização Archives & Museum Informatics Organização GAM – Grupo para a Acessibilidade Tema Cultura e Património on-line nos Museus Informações e contactos Maria da Feira* Tema A acessibilidade dos textos dos museus Archives & Museum Informatics Museu da Indústria de Chapéus de São João da (painéis, legendas, folhetos, sites etc.), não apenas 158 Lee Avenue, Toronto, Ontário Madeira no que diz respeito ao público com necessidades M4E 2P3 Canada especiais, mas ao público em geral. Tel.: + 1 416 691 2516 Informações e contactos Fax: + 1 416 352 6025 7.000 Anos de Arte Persa – Museu da Fundação Rosário Azevedo [email protected] Calouste Gulbenkian* Tel.: 21 782 34 55/6/7 www.archimuse.com/mw2006/ 2003/2004/2005 • Melhor Museu Português Museu Municipal de Faro* Museu Municipal de Coruche* • Menção Honrosa Museu do Papel Terras de Santa Maria, Santa Museu da Luz, Aldeia da Luz Museu de Terras de Basto, Cabeceiras de Basto • Melhor Exposição Eduardo Nery – Exposição Retrospectiva – Museu [email protected] Nacional do Azulejo*, Museu Nacional de Soares dos Reis* e Museu da Água* http://gam.pavconhecimento.pt Encontro The Museum: A World Forum 25-27 de Abril de 2006 Habitantes e habitats – Pré e Proto-história na Encontro de Serviços Educativos Celebração dos 40 anos de Museum Studies de Museus na Universidade de Leicester 20 de Fevereiro de 2006 Organização Universidade de Leicester Ecomuseu Municipal do Seixal Temas Museu do Século XXI: Organização Ecomuseu Municipal do Seixal e Conceito Objectivos e paradigmas; Suas comu- • Melhor Serviço de Extensão Cultural Grupo para a Acessibilidade nos Museus (GAM) nidades; Identidades; Exposição; Educação Museu Nacional do Traje e da Moda* Participação de Amanda Tojal, museóloga brasi- Informações e contactos leira e educadora de museus de arte. Department of Museum Studies Informações e contactos University of Leicester Praceta Francisco Adolfo Coelho 105 Princess Road East, Torre da Marinha, 2840-490 Seixal Leicester LE1 7LG Tel.: 21 227 62 90 (às 2. e 3. feiras) Tel.: +44 (0) 116 252 3962 Fax: 21 227 63 40 Fax: +44 (0) 111 252 3960 [email protected] [email protected] www.cm-seixal.pt/ecomuseu www.le.ac.uk/museumstudies Bacia do Lis – Câmara Municipal de Leiria • Melhor Catálogo Carlos Relvas e Casa da Fotografia – Divisão de Documentação e Fotografia do IPM 7.000 Anos de Arte Persa – Museu da Fundação Calouste Gulbenkian* Museu da Fundação Serralves* Museu Municipal de Loures* • Menção Honrosa Museu de A Brincar, Arronches • Melhor Trabalho sobre Museologia Inventário Artístico da Arquiodiocese de Évora as as e Exposição Tesouros de Arte e Devoção – Fundação Eugénio de Almeida • Melhor Obra Museológica Benjamim Pereira *Museus da RPM