Ano 13 Ed 144 Mai 2012

Transcrição

Ano 13 Ed 144 Mai 2012
Jornal de Umbanda Sagrada - Maio/2012
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E
ste é o segundo texto sobre
fundamentos de Umbanda. No
primeiro, foi importante explicar
o que é “fundamento” e falar sobre
“Umbanda” e “Umbandas”.
Quando se fala de um fundamento
da religião, estamos falando do todo
ou da maioria, e quando falamos de
visões mais particulares, estamos
falando de particularidades ou fundamentos deste, ou daquele segmento.
Logo podemos dizer, por exemplo, que
sacrifício animal não é um fundamento
de Umbanda, o que quer dizer que para
se praticar Umbanda não é necessário
fazer sacrifício animal e que a grande
maioria dos terreiros de Umbanda não
pratica o sacrifício animal. As práticas
de sacrifício surgem, em alguns seguimentos de Umbanda, por influência do
candomblé e de outros cultos de nação.
Geralmente os terreiros que adotam
sacrifícios animais se denominam como
tendas de “Umbanda Africanista”, que
pode ser chamada também de “Umbanda Mista”, “Umbanda Trançada”,
“Umbanda Omolocô”, ou “Umbandomblé”. Este último pode se aproximar dos
terreiros de Candomblé que passaram a
trabalhar com entidades de Umbanda,
como caboclos, pretos-velhos, baianos
e boiadeiros. Neste caso, é difícil saber
se trata-se de um terreiro de Umbanda
ou Candomblé.
Não é um fundamento de Umbanda
cobrar pelos trabalhos de atendimento
espiritual. Mas é comum que, num
templo, tenda, ou centro, os médiuns
se unam para pagar as contas ou dar
uma contribuição mensal. Bem diferente
de cobrar por um atendimento. Aqui
o fundamento de Umbanda está na
questão da prática da caridade espiritual, que não deve ser confundida com
exploração. Para evitar do médium se
sentir explorado, ou usado pelas pessoas ou por espíritos, é que normalmente
se definem dias e horários para os
expediente:
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e a fonte (J.U.S.).
atendimentos mediúnicos, de forma
que os mesmos não atrapalhem o ritmo
de vida de cada um. Há médiuns que
podem disponibilizar um ou dois dias da
semana para o trabalho de atendimento, outros apenas de quinze em quinze
dia. Cada um tem a sua medida e sabe
de seus compromissos e necessidades.
Cada um faz o que pode e dá o que
tem. O importante é encontrar uma
medida saudável.
A música é um fundamento de
Umbanda. A nossa música sagrada é
chamada de “pontos de Umbanda”.
Para executá-la, não é obrigatório o uso
de atabaques, mas a cada dia vemos
mais terreiros aderindo ao som dos
atabaques que, quando bem tocados,
auxiliam nos trabalhos espirituais. O
som grave da percussão de couro, ou
similar, trabalha o nosso chacra básico
e a energia da terra, o que ajuda o
médium a sintonizar com uma força
primordial e parar um pouco a cabeça.
Voltando-se à terra, a mente para um
pouco de pensar e atrapalhar o processo mediúnico.
O uso de símbolos riscados no chão
é um fundamento mágico da religião de
umbanda, magística por excelência. São
os “pontos riscados”, por meio dos quais
as entidades espirituais traçam “espaços
mágicos”, abrem vórtices de energia
e campos de vibração para limpeza,
descarga, cortes de energia, imantação,
consagração e também para evocar as
forças, poderes e mistérios dos Orixás.
Esta “Magia de Pemba” é presente desde o nascimento da religião e constitui
um vasto campo de estudos, polêmicas
e realizações. Existem muitas formas
de grafias e escritas mágicas. Os guias
de Umbanda têm uma forma particular
de escrever sua magia por meio de um
giz mineral chamado de “pemba”.
O uso das velas também é um dos
fundamentos de Umbanda, por mais
simples que seja o trabalho espiritual,
sempre existe no mínimo uma vela
acesa. Acendemos velas para os orixás
e guias de Umbanda. A vela potencializa
e perpetua os pedidos e orações dos
adeptos das religiões. Muitos têm medo
de acender velas em suas residências,
no entanto, o Umbandista sabe que,
quando uma vela tem “dono” espiritual,
nada de mal pode ser desencadeado
por meio dela, pois a força a que ela
está ligada sempre se manifestará para
proteger o fiel umbandista.
Entre o uso de velas está também um fundamento simples e muito
presente na Umbanda, a vela para o
“anjo da guarda”. Costuma-se acender
uma vela de sete dias para o anjo
da guarda como forma de proteção
do praticante de Umbanda. Anjo da
Guarda é um mistério de Deus voltado
a nossa proteção. Ter sempre acesa
uma vela traz segurança mediúnica e
proteção espiritual, que se estende ao
campo emocional do médium. Claro
que, como todas, é uma proteção que
depende do merecimento e da postura
deste médium diante da vida e de seu
círculo de relacionamentos.
As “sete linhas de Umbanda” são
um fundamento muito polêmico e discutido desde os primórdios da religião,
pois cada um cria, ou inventa, as suas
sete linhas de Umbanda particulares.
No entanto, basta saber que o fundamento das sete linhas se refere às
sete vibrações de Deus, que são sete
energias básicas na criação. Existem
muitos Orixás, muito mais que sete.
Cada grupo adapta as sete linhas para
os Orixás que já conhece. Com um estudo mais aprofundado, é possível identificar todos os Orixás conhecidos nas
mesmas sete vibrações, as sete linhas
de Umbanda. Certa vez, um guia me
falou: “filho, quando lhe perguntarem
o que são as sete linhas de Umbanda,
diga que são as sete formas que deus
tem de nos Amar.”
Bem... estes foram alguns conceitos fundamentais sobre a religião de
Umbanda. Espero, com estas linhas e
palavras, ajudar na compreensão de
nossa fé.
Contatos: [email protected]
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15 de Novembro:
Dia Nacional da Umbanda
por SANDRA SANTOS - Presidente da AUEESP Contatos: [email protected]
A
Comissão de Educação do Senado Federal, havia instituído dia 20/03/2012,
o dia 15 de Novembro como DIA NACIONAL DA UMBANDA. Gratidão e agradecimentos mais do que especiais ao ex-deputado Carlos Santana (RJ) que
entrou com o Projeto, ao amigo, irmão e deputado federal Vicentinho do PT (SP)
que desde o primeiro momento abraçou a causa da comunidade umbandista, ao seu
chefe de gabinete Paulo César pelo empenho e correria durante a última semana,
e aos companheiros Cássio Ribeiro e Josa Queiroz presidente e vice da FUCABRAD,
pelas inúmeras reuniões e idas à Brasília, e por acreditarem no nosso sonho.
Que nosso Pai Maior os abençoe. Hoje e sempre !!!
“Um sonho que se sonha só, é só um sonho, um sonho que se sonha junto,
é realidade” (Paulo Freire)
E
m 1999 foi fundado o Colégio de
Umbanda Sagrada Pai Benedito
de Aruanda com a proposta de
tornar-se uma instituição de ensino
religioso umbandista. Em pouco tempo
de funcionamento eu tornei-me um
aglutinador único de pessoas e poderia
ter procedido de forma concentradora
ou expansora.
A forma concentradora e a da
maioria dos centros de Umbanda,
onde o médium entra e fica ligado a
ele para sempre e a forma expansora é
aquela em que a pessoa entra, estuda,
desenvolve sua mediunidade, aprende a
trabalhar com seus Guias e depois opta
por permanecer ou afastar-se da casa
que o formou.
Após ouvir muitas orientações dos
meus Guias espirituais optei pelo procedimento expansor. Explico-me!
Muitas pessoas vinham estudar a
Umbanda e a Magia comigo e, como
os grupos de estudos eram formados,
cada um com centenas de pessoas,
entre elas haviam muitas que, após serem preparadas poderiam desenvolver
grandes trabalhos dentro da Umbanda.
Havia um selecionamento natural e sem
nenhuma interferência minha, aonde
os mais aptos iam sobressaindo-se e
exteriorizando seus dons, suas vocações
e seus talentos.
Aos poucos cada um ia dando início
às suas missões e compromissos para
com suas forças espirituais e seus Orixás
e eu apoiava suas iniciativas torcendo
para que prosperassem. E pude ver pessoas crescerem de forma única dentro
da Umbanda e começarem a realizar
um ótimo trabalho, tanto no campo do
ensino religioso quanto no de auxilio à
expansão da Umbanda, levando-a para
pessoas que dificilmente eu sozinho
alcançaria.
O Colégio de Umbanda Sagrada,
como é conhecido carinhosamente o
núcleo central de um movimento livre
Presidência da República - Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 12.644, DE 16 DE MAIO DE 2012.
Institui o Dia Nacional da Umbanda.
de renovação e expansão da Umbanda
ainda é um referencial para alguns desses talentosos umbandistas, altamente
capacitados para o que se propuseram.
Cito só alguns para exemplificar o
meu acerto em confiar na capacidade e
nas boas intenções de pessoas maravilhosas que Deus e os Orixás confiaramme por um instante de suas vidas,
instante esse que foi suficiente para
acender no íntimo delas a luminosíssima
chama da confiança em si mesmos e de
infinitas possibilidades.
O que eu quero que entendam é
que se eu tivesse optado pela forma
concentradora, eu teria me transformado em uma árvore frondosa onde
muitos se abrigariam, daria frutos e
quando eu morresse todos ficariam ao
relento e possivelmente só um ou outro
vingaria individualmente, como tem
acontecido tanto na Umbanda com os
seus líderes concentradores que retêm
junto de si e por muito tempo médiuns
excepcionais mas que eles não deixam
sair de suas casas, bloqueando seu
crescimento como dirigentes de centros
de Umbanda.
Isso escrevo com conhecimento
de causa porque são muitos os que me
procuram justamente porque isso está
acontecendo com eles.
Como optei pela forma expansora,
optando por contribuir com sua formação e estimulando seu crescimento pessoal, hoje me sinto como uma ár­vore,
ainda muito frondosa e muito frutífera,
mas cercado de muitas outras árvores,
também frondosas e frutíferas e que
estão criando vicejantes bosques ao
seu redor e, assim, juntos, formamos
uma floresta que vem servindo a muitas
pessoas necessitadas, constituindo-se
em uma força expansora da Umbanda,
com cada um formando novos umbandistas e auxiliando-os a, também eles,
crescerem frondosos e frutíferos.
Poderia citar os nomes de outros
dirigentes espirituais umbandistas que
me concederam um instante de suas
vidas e juntos, aprendemos no Colégio
de Umbanda Sagrada.
Mas não há espaço suficiente aqui
nesta página e não sei se gostariam
de ser citados nesse contexto, pois
assim como há os que sentem orgulho
de terem estudado nessa escola ímpar
dentro da Umbanda, há os que depois
de terem adquirido nela tudo o que
precisavam para iniciar suas missões
e cumprirem seus compromissos espirituais do Colégio se afastaram porque
dele já não precisam mais.
A todos eu peço a Deus que abençoe-os (as) e quero que saibam que
sou grato a Ele, aos vossos Orixás e
aos vossos Guias espirituais por terem
me concedido a honra e a satisfação de
ter convivido com vocês por um instante
muito luminoso de nossas vidas.
Na comemoração dos treze anos
de existência do Colégio de Umbanda
Sagrada, aceitem os meus sinceros
votos de parabéns e de muito sucesso
a todos!
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:
Art. 1o Fica instituído o Dia Nacional da Umbanda, que será comemorado, anualmente, em 15 de novembro.
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 16 de maio de 2012 - 191º. da Independência e 124º. da República.
DILMA ROUSSEFF
Anna Maria Buarque de Hollanda
Luiza Helena de Bairros
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O
uso religioso de guias, colares, coroas, braceletes, pulseiras, cocar de Caboclo, anéis,
fitas trançadas, palha da costa, são utilizados
nos rituais de Umbanda, estão agregados valores
de proteção e adorno, sendo que o médium oferece
na mão de um guia ou um Orixá para consagrar e o
máximo que o médium sabe é que esse círculo fixo
ou maleável é para proteção, e nada mais.
Os grandes Reis, Índios, Padres. Bispos, Papas,
Rainhas, Príncipes, Imperadores, Ministros, Sacerdotes, Magos, de povos e culturas de todos os tempos,
já utilizavam e ainda utilizam seus “adornos” seja na
cabeça, no pescoço, nas vestimentas e etc. E sempre
será uma representação simbólica de “grau”, ou de
“proteção”, “firmeza” e etc.
Na nossa Religião utilizamos as
guias dos Orixás,
sendo a primeira
guia quando o médium inicia-se na
Religião, é a guia
de Pai Oxalá, branca representando a
sua iniciação, aceitação Religiosa, com rituais de Batismo, deitada para
Pai Oxalá, onde o Ritual é iniciado da caminhada
Religiosa do filho de fé.
Cada terreiro procede com rituais específicos,
mas o fundamento está no fato deste médium ter
sua quartinha branca, 1 pedra cristal, vela de 7 dias
branca, a primeira lavagem de coroa, o paninho de
bater cabeça, e etc. No meu terreiro realizamos este
Ritual, a deitada de Pai Oxalá, todo ano.
Voltando ao assunto das guias, quero esclarecer
aos leitores que tudo na Umbanda requer procedimentos litúrgicos específicos e com fundamento. Não
dá para o médium comprar aquela guia só porque
gostou ou achou bonita, e nem a quantidade de
guia do pescoço vai demonstrar se ele é melhor
que o outro.
Vamos aprofundar os
nossos conhecimentos
e saber que um círculo
mágico se devidamente
consagrado, transformase em um portal “energético” que beneficiará o
seu dono, mas também a
todos que estarão a sua
volta. Toda ação manifestada estará atuando
com uma energia tripolar,
ora irradiando, ora absorvendo, ora neutralizando,
expandindo as energias em círculos concêntricos de
luzes e cores, restaurando as energias que estão em
desequilíbrios energéticos ou vibratórios.
Então irmãos Umbandistas, não tenham vergonha em hipótese nenhuma de usar suas guias de
proteção no seu dia a dia.
Existe diferença entre guia de proteção de uso
diário, e guia “Mágica Religiosa” de Orixá e Guias
Espirituais utilizados nas cerimônias Religiosas, ou
seja, dentro dos terreiros em dias de trabalho, mais
isso é assunto para a próxima matéria.
Recomendo que leia o livro “Formulário de Consagrações Umbandistas, o livro de fundamentos”
de Rubens Saraceni publicado pela Madras Editora.
Contatos:[email protected]
O
ego é um elemento sabotador que leva os indivíduos a
acreditarem que estão acima dos outros, desperta sentimentos que aprisionam seus hospedeiros no cárcere da
vaidade, da arrogância, da prepotência e tantos outros obscuros
comportamentos...
Não podemos sabendo disso, ao menos desconfiando que
somos hospedeiros deste sabotador, permitir que tenha tanto
espaço em nossas ações, opiniões e pensamentos...
Perde-se muito tempo, muita energia tentando convencer
alguém sobre algo em você ou aquilo que você acredita...
É um disperdício de vida, dedicar muito tempo em armar
estratégias que possam fazer prevalecer seu interesses sobre o
outro ou coisas...
Na Umbanda temos a oportunidade de no convívio com
espíritos diversos que já superaram estas questões nos auxiliam
no processo de espiritualização que é o caminho de autoconhecimento e despertar da luz própria, suficiente para garantir o seu objetivo intrinseco na encarnação,
o de EVOLUIR!
Contatos: www.rodrigoqueiroz.blog.br
O
s “Guias” da Umbanda são assim denominados por já terem percorrido com êxito o Caminho
No qual outros peregrinos ainda ensaiam os primeiros passos.
Eles conhecem bem os trechos mais tranqüilos e os mais perigosos;
As subidas íngremes, os declives sinuosos, as curvas inesperadas, os atalhos duvidosos;
Os regatos de águas potáveis e os de águas contaminadas;
As árvores de frutos comestíveis e os arbustos de frutos venenosos;
As paisagens exuberantes e outras nem tanto...
Sim, os Guias conhecem bem o Caminho porque já trilharam toda a sua extensão
Ora errando, ora acertando, mas sempre aprendendo e progredindo
Até finalmente chegar ao Destino traçado.
Então, descortina-se a eles um novo e promissor Caminho na Infinita Espiral da Evolução
Com experiências e aprendizados inéditos e empolgantes.
No entanto, antes de prosseguir Viagem, os Guias da Umbanda voltam-se
Para a incontável multidão de almas peregrinas sedentas por orientação, amparo e sustentação.
Tocados pela Fraternidade e Compaixão, os
Guias retornam ao início do Caminho
Para oferecer generosamente seus legados
de Sabedoria a todos aqueles
Que por algum motivo se atrasaram no cumprimento de seus roteiros espirituais.
Essa é apenas uma das missões que os nobres Guias da Umbanda desempenham em
favor da Humanidade. Sejam eles reconhecidos por isto, ou não.h
Por isso, Filho de Umbanda, antes de despejar toneladas de lamúrias, reclamações,
barganhas,
Pedidos e favores absurdos no colo “do seu
Guia”, lembre-se:
Os Guias são Servidores do Divino e não serviçais dos humanos.
Os Guias são Tutores e Amparadores Espirituais, e não “muletas” conscienciais,
Muito menos “amuletos” psicológicos para pessoas que não confiam em si mesmas.
Os Guias apreciam gratidão e sinceridade e não bajulação e futilidade.
Os Guias são fontes de inspiração, instrução e iluminação
E não de advinhação, alienação e superstição.
Os Guias não são condutores de gado, são Orientadores de Gente.
Pense bem nisso antes de delegar a administração de sua vida a terceiros,
Sejam eles encarnados ou astralizados. Saiba que ninguém caminhará por você.
Ninguém te carregará no colo, a não ser sua própria Ilusão...
...até o momento de você voltar à realidade na primeira pedra em que tropeçar.
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N
a Umbanda cultuamos Olorum,
nosso Divino Criador, e suas Divindades Sagradas, os Orixás. Os
Sete Tronos Divinos da Umbanda, dão
sustentação à vida, por meio de sete
qualidades divinas que originam os sete
elementos formadores principais, de onde
retiramos tudo que necessitamos para
viver e evoluir: o cristalino, o mineral, o
vegetal, o fogo, o ar, a terra e a água.
“Deus fornece o solo (terra), a umidade
(água), o calor (fogo), o oxigênio (ar), a
fertilidade (minerais), as sementes (vegetais) e os processos genéticos (cristais).
(Rubens Saraceni, As Sete Linhas de
Umbanda - Madras Editora).
Para o Povo Cigano é muito fácil
entender, respeitar e participar dos 7
Tronos Divinos de Deus, porque nas
suas longas Jornadas, passando por
vários lugares eles aprenderam, se
adaptaram e seguiam em frente, e hoje
com todo o conhecimento adquirido
são Ótimo trabalhadores dentro dos 7
Tronos Divinos de Deus.
Este Povo conhece profundamente
estes 7 elementos que dão sustentação
a vida, e são mestres que hoje nos ensinam através das suas magias, rituais,
banhos, como utilizarmos para nosso
melhor beneficio.
Antigamente logo no inicio das
primeiras manifestações, os Ciganos se
apresentavam nas Giras de Esquerdas
juntos com os nossos amados Exus e
Pombas-Giras e até hoje isso acontece,
e sabe o porquê disso?
Hoje esta Linha Cigana Espiritual
nos explica e nos ensina que assim
como o Sr. Exu e a Sra. Pomba-gira são
senhores dos caminhos os Ciganos também são senhores dos caminhos, por
este motivos podem estar no mesmo
trabalho espiritual na esquerda.
Assim como esta Linha espiritual Cigana pode trabalhar em qualquer linha
espiritual da direita, os Ciganos se apresentam e podem trabalhar prestando a
caridade sem nenhum problema, esta
Egrégora é livre e se adapta a todas as
linhas de trabalho, dentro dos 7 Tronos
Divinos de Deus.
Vou exemplificar para que todos
possam acompanhar como esta Linha
Cigana pode executar os seus conhecimentos dentro dos 7 Tronos de Deus.
Trono da Fé:
Nos nossos trabalhos espirituais,
quando temos a atuação direta do Trono
da Fé, esta linha cigana trabalha, assim
como qualquer outra linha, despertando
e revigorando a Fé nas pessoas,os ciganos nos mostram e nos ensinam que
existe um único Deus, e para eles Cristo
é o maior dos ciganos, porque assim
como eles ciganos, andou por muitos
lugares, não tinha casa, ou uma parada
fixa, Cristo continuava e nada abalava a
sua confiança no Nosso Pai Maior.
Trono do Amor
Este Tono de Deus regido por
Oxum com o verbo Amar, e Oxumaré
com o verbo diluir, os Ciganos podem
trabalhar em uma gira somente deles,
sobre a regência de Oxum e Oxumaré,
ou lado a lado com os Caboclos e Caboclas de Oxumaré e Oxum, porque o
importante é o verbo que estes Orixás
regem, amar e diluir, e os Ciganos são
mestres em nos auxiliar para diluirmos
magoas e tristezas, para permitirmos
a renovação que Oxumaré nos ensina,
para assim estarmos prontos. Para
vivenciarmos o Amor Verdadeiro que
Mãe Oxum nos traz.
Trono do Conhecimento
Neste Trono Divino de Pai Oxóssi e
de Mãe Obá, com a regência dos verbos
conhecer e concentrar os Ciganos são
mestres em ervas, banhos, tinturas,
chás, e quando podem trabalhar dividindo dos seus conhecimentos que adquiriram nas suas andanças e caminhas pelo
mundo os trabalhos espirituais ganham
um brilho ainda maior, enriquecedor
tanto para o plano espiritual como para
o plano material, na verdade somos nós
os médiuns e consulentes que recebemos esta maior parte.
Trono da Justiça
Neste Trono Divino Pai Xangô nos
ensina a nos Equilibrarmos, físico,
emocional, financeiro e espiritual, e
Mãe Egunitá que com o seu Fogo Divino
queima e purifica o que esta nos desequilibrando, neste momento fechem
os olhos e imaginem uma Fogueira
na sua frente, nós fomos induzidos a
acreditarmos que a fogueira para o Povo
Cigano é para aquece-los nas noites
frias, também é, mas quando os ciganos
usam e manipulam esta energia ígnea
é exatamente para queimar e purificar
o que nos impede de nos equilibramos.
Trono da Lei
Neste Trono Pai Ogum e Mãe
Iansã, regem abrir e direcionar, os
Ciganos podem trabalhar com os seus
punhais, com os Oráculos, com a sua
dança, com os leques, enfim com os
seus elementos diríamos tradicionais,
para ministrar passes nesta regência
dos verbos abrir e direcionar e muitas
vezes achamos que esta Egrégora
esta dançando, mas na verdade estão
trabalhando para que todos que estão
precisando desta regência, recebam o
que vieram buscar.
Trono da Elevação
Nesta regência de Pai Obaluaye e
Mãe Nanã, verbos curar e renovar, os
Ciganos são mestres em nos ensinar
através dos seus banhos e rituais a
cortamos o que esta nos prejudicando
e impedindo a nossa Renovação, e isso
nos é passado de uma forma muito
sutil, muito tranquila, para ficarmos
harmonizados e renovados.
Trono da Geração
Neste Trono Divino Pai Omulu, com
o verbo transformar e Mãe Iemanjá gerando o tudo o que nós precisando nos
acolhendo nos seus braços amorosos.
Esta Egrégora Cigana faz o mesmo, nos
auxilia a gerarmos as transformações
que precisamos em nossas vidas, enfim somos amorosamente acolhidos. E
recebemos o que precisamos.
Em outras palavras, o que desejo
esclarecer é que esta Grande Egrégora
do Povo Cigano pode trabalhar com os
7 sentidos, os 7 elementos, as 7 manifestações Divinas do Nosso Pai Maior,
mantendo a direção no caminho do Bem
para o nosso Crescimento Espiritual.
- Caboclo eu te peço, por favor, não
deixe os problemas alheios na minha
mente ao final da gira,
- Somente o que for necessário a
sua evolução filho.
- Caboclo, eu me lembro que estávamos no final dos trabalhos e um
irmão muito querido estava ao nosso
lado e já havia se despedido de seu
Guia e vi, que vós, Caboclo,
pediu um elemento material
para sua magia, não me lembro se foi pemba , charuto
ou vela.
- Foi uma vela filho.
- E este irmão acocorouse em sua vaidade e disse
que deverias pedir a algum
cambone... Caboclo, fiquei tão
entristecido, decepcionado...
Meu irmão sentiu-se tão superior aos demais trabalhadores,
que se esqueceu que há pouco tempo éramos cambones
, e comentávamos sobre a
necessária humildade
do médium.
- Sim filho, ele
se esqueceu ou não
aprendeu que todos são médiuns e
todos são cambones;
que todos são trabalhadores ,
estão para servir a espiritualidade,
mas filho, não há melhor lugar para
se aprender a lição que na escola, não
é mesmo?
- Sim Caboclo, me lembro muito
bem que nossa querida mãe espiritual
se aproximou , com aquela sua meiguice, e com seu gesto habitual, com as
mãos unidas como que em oração, e
disse a vós: “Salve suas forças Caboclo,
agradeço a sua presença em nossa
casa. Tem algo que queira e eu possa
ajudar”? Tu agradeceste e disseste
que não.
- Sim filho.
- Caboclo a nossa querida mãe
espiritual demonstrou tudo aquilo que
faltou ao meu irmão: humildade e devoção . Eu estava inteiro ali contigo e
quase chorei. Este gesto dela resumiu
muitos tratados e teses literárias sobre
a UMBANDA que eu já tinha lido. Isto
foi muito significativo, mas eu repuxei
os olhos, observei meu irmão e ele
está distraído, conversando alguma
bobagem e rindo. A lição ali expressa
não valeu de nada paizinho, ele não
percebeu nem assimilou o que se
passou neste instante mágico que
marcou tanto a este teu filho. O lindo
gesto de nossa mãe lhe passou em
branco, Caboclo, foi em vão! Não tocou
a quem deveria.
- Filho preste atenção: O terreiro
é um templo apenas para os sinceros.
Trabalho duro é uma benção para os
humildes. A evolução espiritual acontece no silêncio de Tua introspecção.
Na simbiose perfeita do seu corpo
mediúnico com o astral. A lição foi
aprendida. A lição filho, foi para você!
Não olhe mais para os lados, filho,
com os olhos do julgamento. Apenas
sinta o bater dos corações. Olhe para
dentro e para frente, e me verás. Respire fundo e sinta a minha presença
em ti todos os momentos, te
amparando te protegendo
e andando contigo neste
longo e largo caminho sem
fim, o caminho da evolução
espiritual. Vou repetir para
que não se esqueças mais
filho meu: “A evolução
espiritual acontece no
silêncio da tua introspecção”.
- Sim Caboclo.
Agora entendi,
obrigado! Salve
Paizinho.
Devemos sim
olhar a estes irmãos como os nossos Guias olham a
to­dos os espíritos
en­c arnados ou desencarnados que
baixam em nossos terreiros: com
com­paixão.
Claro que nós encarnados não
somos santos. Mas naquele momento
único do trabalho espiritual nós temos
um contato direto com seres divinos,
então temos uma responsabilidade
maior, por que nos é dado este mérito.
Pelos exemplos.
É como me disse meu mestre amigo Alexandre Cumino: “Não somos divinos, mas naquele momento único da
incorporação nós nos ‘divinificamos’. ”
De que nos vale toda a razão se
ela não vier recheada pela compaixão,
se não trouxer harmonia e paz aos
corações?
Para conseguirmos uma sintonia
fina com “canais” superiores precisamos de humildade, simplicidade,
pureza de pensamentos, sentimentos
e ações.
Não somos melhores que os outros,
mas estamos no caminho evolutivo e
nos sentimos privilegiados. Devemos
sim agradecer a corrente espiritual que
nos atende pelas oportunidades que
nos ajudam a ter desapego material e
um vislumbre espiritual.
A Umbanda ensina o respeito às
diferenças, portanto pratiquemos!
Ensina que a observação é necessária para formarmos nossos conceitos,
mas o julgamento não. Pois existe a Lei
e a Justiça Divina, e seus aplicadores,
e destas ninguém escapa.
Okê, Caboclo! Saravá Umbanda!
Jornal de Umbanda Sagrada - Maio/2012
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V
ovó Maria fumegava seu pito e batia
seu pé ao som da curimba enquanto
observava o terreiro, onde os cambones movimentavam-se atendendo aos pretos
velhos e aos consulentes. Mandingueira,
acostumada a enfrentar de tudo um pouco
nos trabalhos de magia, sabia perfeitamente
como o mal agia tentando disseminar o esforço do bem.
Sob variadas formas, as trevas vagavam
por ali também. Alguns em busca de socorro;
outros, mal-intencionados, debochavam dos
trabalhadores da luz. Muitos chegavam grudados no corpo das pessoas, qual parasitas
sugando sua vitalidade.
Outros, por sobre seus ombros, arqueando e causando dores nos hospedeiros, ou
amarrados nos tornozelos, arrastavam-se
com gemidos de dor. Fora os tantos que eram
barrados pela guarda do local, ainda na porta
do terreiro e que, lá de fora, esbravejavam
palavrões.
Da mesma forma, o movimento dos
Exus e outros falangeiros se fazia intenso no
lado astral do ambiente, para que, dentro do
merecimento de cada espírito, pudessem ser
encaminhados.
Uma senhora com ares de madame
se aproximou da Preta Velha para receber
atendimento. Vinha arrastando uma perna
que mantinha enfaixada.
– Saravá, filha – falou Vovó Maria,
enquanto desinfetava o campo magnético
da mulher com um galho verde, além de
so­prar a fumaça do palheiro em direção ao
seu abdome, o que fez com que a mulher
demonstrasse nojo em sua fisionomia.
Fingindo ignorar, a Preta Velha, cantarolando, continuou a sua limpeza. Riscando um
ponto com sua pemba no chão do terreiro,
pediu que a mulher colocasse sobre ele a
perna ferida.
“Será que não vai piorar o que tenho?”,
pensou a mulher, já arrependida por estar ali
naquele lugar desagradável. “Vou sair daqui
impregnada por estes cheiros!”
Vovó Maria sorriu, pois captara o pensamento da mulher, mas preferiu ignorar tudo
isso. O que a mulher não sabia era a gravidade real do seu caso, ou seja, aquilo que não
aparecia no físico. Se ela pudesse ver o que
estava causando a dor e o inchaço na perna,
aí sim, certamente ficaria muito enojada. Na
contraparte energética, abundavam larvas
que se abasteciam da vitalidade do que já
era uma enorme ferida e que breve irromperia
também no físico.
Além disso, uma entidade espiritual, em
quase total deformação, mantinha-se algemada à sua perna, nutrindo, assim, essas
larvas astrais. Para qualquer neófito, aquilo
mais parecia um cadáver retirado da tumba
mortal, inclusive pelo mau cheiro que exalava.
Com a destreza de um mago, a Preta
Velha sabia como desvincular e transmutar
toda essa parafernália de energias densas,
libertando e socorrendo a entidade escravizada a ela.
Feitos os devidos “curativos” no corpo
energético da mulher, Vovó Maria, que à
visão dos encarnados não fez mais que um
benzimento com ervas e algumas baforadas
de palheiro, dirigiu-se agora com voz firme
à consulente:
– Preta Velha até aqui ouviu calada o que
a filha pensou a respeito do seu trabalho.
Agora preciso abrir minhas tramelas e puxar
sua orelha.
Ouvindo isso, a mulher afastou-se um
pouco da entidade, assustada com a possibilidade de que ela viesse mesmo a lhe
puxar a orelha.
“Escutou o que pensei? Ah, essa é boa.
Ela está blefando comigo”, pensou novamente a mulher.
– Se a madame não acredita em nosso
trabalho, por que veio aqui buscar ajuda?
Filha, não estamos aqui enganando ninguém.
Procuramos fazer o que é possível, dentro do
merecimento de cada um.
– É que me recomendaram vir me benzer,
mas eu não gosto muito dessas coisas…
– E só veio porque está desesperada de
dor e a medicina não lhe deu alento, não foi
filha? – complementou a preta velha.
– Os médicos querem drenar a perna e
eu fiquei com medo, pois nos exames não
aparece nada, mas a dor estava insuportável.
– Estava? Por quê, a dor já acalmou?
– É, agora acalmou, parece que minha
perna está amortecida.
– E está mesmo, eu fiz um curativo.
A mulher, olhando a perna e não vendo
curativo nenhum, já estava pronta para emitir
um pensamento de desconfiança quando a
Preta Velha interferiu:
– Vá para sua casa, filha, e amanhã bem
cedo colha uma rosa do seu jardim, ainda
com orvalho, e lave a sua perna com ela,
na água corrente. Ao meio-dia o inchaço vai
sumir e sua perna estará curada.
Não ousando mais desconfiar, ela agradeceu e já estava saindo quando a Preta
Velha a chamou e disse:
– Não se esqueça de pagar a promessa
que fez pra Sinhá Maria, antes dela morrer…
Arregalando os olhos, a mulher quase
en­fartou e tratou de sair daquele lugar
imediatamente.
O cambone, que a tudo assistia calado,
não agüentando a curiosidade perguntou que
promessa foi essa.
– Meu menino, o que nós escondemos
dos homens fica gravado no mundo dos
espíritos.
Essa filha, herdeira de um carma bastan-
te pesado por ter sido dona de escravos em
vida passada e, principalmente, por tê-los
ferido a ferro e fogo, imprimindo sua marca
na panturrilha dos negros, recebeu nesta
encarnação, como sua fiel cozinheira, uma
negra chamada Sinhá Maria.
Esse espírito mantinha laços de carinho
profundo pela madame desde o tempo da
escravidão, quando foi sua “Bá” e, por isso,
única poupada de suas maldades. Nessa
encarnação, juntaram-se novamente no
in­tuito de que a bondosa negra pudesse des­
pertar na mulher um pouco de humildade,
para que esta tivesse a oportunidade de
ressarcir os débitos, diante da necessidade
que surgiria de auxiliar alguém envolvido na
trama cármica.
Sinhá Maria, acometida de deficiência
respiratória, antes de desencarnar solicitou
à sua patroa que, na sua falta, assistisse seu
esposo, que era paraplégico, faltando-lhe as
duas pernas.
Deixou para isso todas as suas economias de anos a fio de trabalho e só lhe pediu
que mantivesse com isso a alimentação e
os medicamentos. Mas na primeira vez que
ela foi até a favela onde morava o homem,
desistiu da ajuda, pois aquele não era o seu
“palco”. Tratou logo de ajustar uma vizinha
do barraco, dando-lhe todo o dinheiro que
Sinhá havia deixado, com a promessa de
cuidar do pobre homem. Não é preciso
dizer que rumo tomaram as economias da
pobre negra; em pouco tempo, para evitar
que ele morresse à míngua, a Assistência
Social o internou em asilo público. Lá ele
aguarda sua amada para buscá-lo, tirandoo do sofrimento do corpo físico. Nenhuma
visita, nenhum cuidado especial. A madame
se havia “esquecido” da promessa. Eu só fiz
lembrá-la para que não tenha que voltar aqui
com as duas pernas inválidas. A Lei só nos
cobra o que é de direito, mas ela é infalível.
Quanto mais atrasamos o pagamento de
nossas dívidas, maiores elas ficam. Por isso,
camboninho, negra velha sempre diz para
os filhos que a caridade é moeda valiosa
que todos possuímos, mas que poucos de
nós usam. Se não acordamos sozinhos, na
hora exata a vida liga o “desperta-dor” e, às
vezes, acordamos assustados com a barulheira que ele faz… eh, eh, eh… Entendeu,
meu menino?
– Sim, minha mãe. Lembrei que tenho de
visitar meu avô que está no asilo…
Sorrindo e balançando a cabeça a bondosa Preta Velha falou com seus botões:
– Nega véia matô dois coelhos com uma
cajadada só… eh, eh…
E, batendo o pé no chão, fumando seu
pito e cantarolando, prosseguiu ela, socorrendo e curando até que, junto aos demais,
voltou para as bandas de Aruanda.
Jornal de Umbanda Sagrada - Maio/2012
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Q
uantas ideias passam por nossa
mente a cada minuto! Você já
parou para ouvir seus pensamentos? Sabe quais idéias se repetem
continuamente? Ou que emoções cismam em retornar, trazendo lembranças,
dor e sofrimento?
A mente é mutável, dual e sutil.
Não há como impedir o movimento do
fluxo da mente, já que, por si só, ela
é o próprio movimento. A mente é a
representação do ar e do éter, este que
também pode ser chamado de espaço,
ou da energia sutil do universo. Na
mente tudo é dinâmico e muda como
o curso de um rio: nunca é o mesmo.
Ela tem força, energia. Assim como o
vento, leva os pensamentos e sentimentos. Mas como o espaço, abrange
tudo o que permeia nosso consciente
e inconsciente. A mente é sensível, e
pequenas palavras, emoções, atos ou
energias a afetam.
E a mente também é dual. Constantemente vamos do amor ao ódio,
da atração à repulsão, do gozo à culpa.
A mente se desloca nos opostos. Um
pensamento já traz a possibilidade do
seu contrário e o reforça. Tentar segurar
a mente é um trabalho em vão; mas é
possível aceitar o diferente e conservar
o pensamento longe dos extremos.
A mente é um objeto, pois podemos
observá-la em ação. Mas também é
um instrumento, ou uma ferramenta,
pois trabalha para processar todas as
percepções recebidas por nossos cinco
sentidos. É através dela que nos comunicamos com o mundo, recebemos,
filtramos, analisamos, concluímos e
expressamos. Tudo certo até aí. A dificuldade surge quando nos tornamos
escravos da mente. Quando esse fluxo
incessante de ideias e pensamentos nos
domina, ao invés de ser dominado. Mas
como controlar a mente?
O primeiro passo é nos tornarmos
conscientes do que pensamos e com
que frequência. Depois aprender a
projetar pensamentos positivos e evitar
os negativos. A cura está em mudar a
forma de pensar. Só quando mudamos
os nossos pensamentos mais profundos
é que podemos realmente mudar e ir
além dos limites impostos pela mente. É
mais do que mudar nossas ideias sobre
as coisas, é alterar nossos sentimentos
e instintos mais profundos.
Outro passo é desenvolver nossa inteligência. Não falo de decorar livros, ou
se tornar um expert em algum assunto
(ou em todos). Falo de desenvolver a
inteligência enquanto parte objetiva
da mente capaz da observação distanciada. É olharmos para nós mesmos
como se fossemos uma outra pessoa.
É conhecermos nossos pensamentos e
emoções mais íntimos. Porque de um
lado a mente capta o que de vem de
fora e se torna “intelecto”. De outro,
ela olha pra dentro por meio de nossa
consciência mais profunda e se torna
o que poderíamos chamar de “verdadeira inteligência”. Essa é a capacidade
de perceber o conteúdo por trás da
aparência; de ir além das crenças,
preconceitos, ideias pré-concebidas; de
encontrar a verdade que toca e ressoa
em nossa alma.
A ética e a verdade são mais do
que conceitos estabelecidos por uma
sociedade. Todos temos um senso
ético inato, que podemos chamar de
consciência. Pode ser que, para alguns,
a necessidade ou os valores aprendidos
mascarem essa consciência. Mas há um
sentir interno que sempre nos diz se
algo é certo ou errado, além de valores
sociais. Quanto mais inteligentes nos
tornamos, mais forte é nossa consciência, melhores são nossos pensamentos
e mais clara é nossa mente.
O ayurveda, a milenar medicina
indiana, diz que a mente, enquanto
pensamentos, sensações e sentidos, de
Manas. Num nível intermediário, de inteligência ou capacidade de discriminar
e julgar as coisas, temos Buddhi. Num
nível mais profundo, enquanto mente
interior ou parte central da consciência,
está Chitta. A evolução consiste em observar e controlar Manas, desenvolver
Buddhi e alcançar a percepção clara
em Chitta.
Mas o que isso tem a ver com a
mediunidade e a Umbanda? TUDO!
Como sermos seres melhores se somos
dominados por nossos pensamentos e
emoções desordenadas? Como cuidarmos de nosso próximo ou transmitirmos
lições e ensinamentos sem curarmos
nossas próprias dores e desequilíbrios? Como nos curarmos sem termos
inteligência sobre nossas verdades
interiores? Como nos conectarmos com
nossos guias e orixás sem percebermos
a verdade maior que tudo permeia, só
alcançada na clareza e sensibilidade de
nossa consciência superior?
Para começar este caminho, é
preciso observar e cuidar de nossos
pensamentos. Depois, aprender alguma
técnica de meditação. Também é muito
importante a autoanálise e o autoconhecimento. E pra isso precisamos
buscar o que chamamos de “silêncio
interior”. Uma pessoa serena e equilibrada é o melhor médium que nossa
querida Umbanda pode ter.
Jornal de Umbanda Sagrada - Maio/2012
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Dizer: “Sou filho dos Orixás”
é uma afirmação de Fé, um pedido de
bênção, mas também um compromisso.
O compromisso de amar, honrar e praticar os Valores Imateriais que os Amados
Pais e Mães Divinos simbolizam
e representam. O compromisso
de praticá-la, inclusive o de
estender essa bênção ao próximo, porque somos filhos de
um mesmo e Único Deus, com
direitos e responsabilidades
iguais perante o Criador.
Dizer: “Sou filho de
Oxalá” é um pedido de bênção que traz o compromisso
de amar, honrar e praticar
tudo aquilo que o Divino Pai do
Branco simboliza e representa.
A cor branca é a síntese das cores do
arco-íris e, portanto, um símbolo de
Paz, de Fraternidade, de Congregação
ou União em torno de um ideal elevado,
de Concórdia e de Perdão. Quando eu
peço para mim essa bênção, assumo o
compromisso de praticá-la. O compromisso de não combater os irmãos de
outras crenças; de jamais guerrear em
nome da Fé, nem pretender dividir ou
segregar aqueles que Deus uniu neste
abençoado Plano da Vida. Pedirei, sim,
ao Sagrado Pai Oxalá que a Sua Luz
Cristalina reine e clareie o Universo
inteiro, despertando os mais nobres
ideais de Fraternidade, para que todos
os homens e mulheres sejam livres nas
suas crenças, despertem, se autoiluminem e se amem como irmãos.
Dizer: “Sou filho de Oxum” é
um pedido de bênção que traz o com­
promisso de amar, honrar e praticar
tudo aquilo que a Divina Mãe do Amor
Incondicional ― que é “O Ouro de
Deus”― simboliza e representa. O rosa
e o dourado de Mamãe Oxum simbolizam a União Sacralizada pelo Amor,
que faz conceber vidas e idéias, que
se compadece das fragilidades alheias,
A
o acordar agradecer pela noite,
tentar lembrar os sonhos, o período de mediunidade noturna.
No almoço observar os alimentos e
imaginar todas as pessoas e animais,
vegetais e a natureza, envolvida na
produção daquele alimento. agradecer
a cada uma dessas pessoas e seres, e
agradecer aos Orixás pelo alimento que
ele lhe traga energia e saúde. Pensar
naqueles que não podem se alimentar
e enviar energias de força e esperança.
Ao final da tarde na janta ou no
lanche fazer o mesmo que no almoço.
Ao deitar-se agradecer pelo dia, e
procurar todas as coisas boas do dia e
agradecer por elas.
que nos enriquece no espírito e na
matéria e nos traz a Prosperidade em
todos os aspectos. Ao pedir para mim
essa bênção, assumo o compromisso
de praticá-la.
O compromisso de não odiar, nem
semear intrigas; de não alimentar
mágoas, rancores, ciúmes, invejas ou
discórdias; de não cobiçar as conquistas dos outros. Pois creio que o “Ouro
de Deus” está em tudo e em todos,
operando em silêncio para a união e
perpetuação das sementes da Vida e a
produção da Riqueza que nunca perece
e propicia todas as outras, e que existe
em abundância para todos, tal como o
fluir das águas doces e claras das minas,
cachoeiras, rios e cascatas.
Dizer: “Sou filho de Oxóssi”
é um pedido de bênção que traz o
compromisso de amar, honrar e praticar tudo aquilo que o Divino Pai do
Conhecimento simboliza e representa.
O arco do Divino Caçador representa a
determinação na busca em aprender,
divinizando as nossas capacidades
mentais. A Flecha apontada para o Alto
indica o salto evolutivo que vem pelo
Conhecimento que nos autoilumina,
realizando a expansão em todos os
nossos Sentidos. A cor verde que lhe é
dedicada representa a Fauna, a Flora e
o Reino Vegetal, de incomparável poder
de cura e fartura; poder sublime que
O objetivo do exercício é educar
nossa mente a perceber que sempre
temos algo a agradecer, mas as coisas
ruins ganham sempre proporção maior
em nossa mente. Ao fazer isso aprenderemo a educar a alma e a mente
a fixar-se mais nas coisas positivas,
trazendo energias deste padrão para
o nosso dia-a-dia, fazendo com que
os acontecimentos ruins não tomem
proporções que prejudiquem nosso
campo energético.
O exercício também nos faz perceber como todos estamos ligados, pois
cada alimento do dia envolveu inúmeros
espíritos e seres, agradecer a cada um
deles nos liga aos mesmo fazendo uma
acaba por envolver todos aqueles que
se dedicam ao aprendizado no Bem e
para o Bem. Ao pedir essa bênção para
mim, assumo o compromisso de praticála. O compromisso de me autoconhecer,
de reverenciar o Conhecimento
que rege a Criação, e de não
sonegar o que aprendi; de não
usar com má-fé o conhecimento
adquirido; de não praticar atos
de desrespeito contra a Mãe Natureza que a todos nós alimenta
e abastece.
Dizer: “Sou filho de Xangô” é um pedido de bênção que
traz o compromisso de amar,
honrar e praticar tudo aquilo
que o Divino Pai da Justiça
simboliza e representa. A cor
marrom que lhe é dedicada representa
a nobreza própria do Reino da Justiça.
As pedreiras traduzem a estabilidade e
a firmeza que adquirimos pelo equilíbrio
dos sentidos. A balança, com os dois
pesos e medidas, nos convida à temperança, ao bom senso, à moderação
entre o racional e o emocional. O duplo
machado simboliza o corte dos excessos, para o império da Justiça. O fogo,
traduzido na cor vermelha, a faísca do
raio e o trovão são também símbolos da
atuação da Justiça Divina que atravessa
os céus do Universo para acalentar as
almas dos aflitos, equilibrando a tudo
e a todos, amparando e protegendo a
senda evolutiva da Criação. Ao pedir
essa bênção para mim, assumo o compromisso de praticá-la. O compromisso
de não fazer julgamentos apressados
ou falsos; de não demandar contra
aqueles que nada me devem, seja por
pensamentos, palavras ou atos; de não
proceder com maledicência; de não me
render a excessos; de não exigir dos
outros a doação daquilo que ainda não
sei doar de mim mesmo.
E
ra uma vez um rapaz que seguia
seu caminho e a cada passo que
dava, uma vitória era obtida.
Em muitos lugares, passou e
aprendeu com os outros;com o tempo
e com a experiência mais ensinava do
que aprendia. E assim foi, seu reconhecimento pela sua sabedoria logo
veio, e o deixava feliz, cada passo que
dava, observava pessoas o admirando
e querendo se espelhar
no que ele fazia. Um
determinado momento,
ao caminhar no deserto,
se deparou com uma
capa bem reluzente, que
avistou de longe. Chegou perto e viu que era
uma capa de cobre. Ele
adorava aquele metal e
a achou muito bonita. E
assim, vestiu-a.
Continuou sua caminhada, foi se sentindo
bonito e importante.
Começou a olhar as pessoas de uma maneira
diferente, onde todas
tinham defeitos e coisas para aprender.
Ao caminhar mais, avistou uma
capa que brilhava ainda mais, era uma
capa de prata. Ficou perplexo, era
como um espelho da Lua. Achou lindo
e no mesmo instante trocou de capa,
sendo o novo dono da capa de Prata.
Sentiu de leve o peso, mas a luz
que irradiava da capa valia o pequeno
sacrifício de caminhar com algo pesado
naquele Sol.
Sua caminhada continuou e algumas pessoas simples que cruzavam seu
caminho ele já nem cumprimentava,
pois, o que teria para aprender com
aquelas pessoas mas algumas sim,
dependendo da feição. Sentia-se muito
bonito e importante e gostava que o
bajulassem por seu conhecimento e
reconhecendo a sua importância, pois
não é qualquer um que usa uma capa
de prata.
No dia seguinte caminhou e
caminhou ao Sol para chegar a uma
outra cidade quando de longe algo que
brilhava muito chamou sua atenção.
Meu Deus,era uma capa
de Ouro!!
Do mais puro.
O rapaz vestiu, cedeu um pouco, pois era
muito pesada, mas sua
felicidade era tamanha e
ficou tentado por tamanha beleza e se sentiu
digno de vesti-la, pois
estava de acordo com os
seus ganhos e triunfos.
Quanto mais caminhava, mais calor lhe
dava, e o peso estava
ficando insuportável.
Ia pedir ajuda, porém as pessoas já nem
se aproximavam, tamanho brilho da
capa que os cegavam naquele Sol.
Já com sede e com fome e sozinho,
percebeu que de nada adiantava uma
capa de Ouro se já não tinha amigos
e com toda a riqueza do mundo, se
sentia abandonado.
Foi quando em prantos, se ajoelhou e decidiu deixar a capa de Ouro
ali, mais leve e precisando de ajuda,
pediu assim que chegou à cidade, onde
as pessoas simples que ele ignorou, o
receberam de braços abertos.
A capa era seu ego e seu brilho a
sua arrogância que distanciava a todos
e o cegava.
Mediunidade é
a respiração energética da Alma:
Inspirando e expirando,
Absorvendo e exalando,
Agindo, reagindo, interagindo –
Sempre servindo.
Mediunidade é Serviço,
não é servidão.
Mediunidade é neutra,
pois lida com
o positivo e com o negativo,
em processo criativo.
Mediunidade é troca constante:
Dar recebendo,
Receber dando –
Sempre caminhando.
Mediunidade é pura Intuição,
bem apoiada sobre a
Razão e a Emoção.
Mediunidade é como eletricidade.
Não tem segredo. Cuide dela com
responsabilidade e sem medo.
Continua na próxima edição.
corrente de energias positivas, e nos faz
pensar sobre o que comemos.
Orai e vigiai, a assertiva do mestre
Jesus deve ser lei para todos os médiuns, ao agradecermos ao percebemos as coisas boas, elevamos nossa
vibração e oramos, ou seja vigiamos
e rezamos.
Bom exercício a todos.
Observação, coloque em um caderno, diário, para perceber como você
terá dificuldade em fazer isso todos os
dias, e somente com perseverança e
determinação conseguiremos elevar
nossas energias e assim buscarmos a
iluminação e a libertação.
Paz e Luz!
Mediunidade une, conecta, aproxima
O povo de Baixo com o povo de Cima.
Mediunidade é interação entre o
Porteiro, o Portador e o Portal.
Mediunidade não é benção nem
maldição: mediunidade é missão.
Mediunidade é atalho entre o plano
Físico e o Astral;
Mediunidade é Luz, Movimento e Som.
Mediunidade é dom para quem é bom.
Mensagem recebida pelo médium Vanderlei
Alves (Tenda de Umbanda do Caboclo Estrela
do Mar - TEUCEM), em 23/04/12.
Contatos: [email protected]
Jornal de Umbanda Sagrada - Maio/2012
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Curso de Atabaque
(Curimba) Toque e Canto
TAMBOR DE ORIXÁ
Com Severino Sena, há 14 anos formando Ogãs e Instrutores.
M
esmo proibida, pois geralmente
era praticada com fins inferiores, a
comunicação mediúnica é um fato
bíblico. Dentre vários outros, a comunicação com os chamados “mortos” é um dos
princípios básicos do espiritismo, inclusive,
podemos dizer que é um dos fundamentais,
pois foi de onde surgiu todo o seu arcabouço
doutrinário.
MEDIUNIDADE NA BÍBLIA
Primeiramente, selecionei alguns trechos com relação à sobrevivência do espírito,
pois ela é a peça fundamental nas comunicações. Leiamos:
• Quanto a você [Abraão], irá reunir-se
em paz com seus antepassados e será sepultado após uma velhice feliz. (Gênesis.15,15)
• Quando Jacó acabou de dar instruções aos filhos, recolheu os pés na cama,
expirou e se reuniu com seus antepassados.
(Gênesis 49,33).
• Eu digo a vocês: muitos virão do
Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa
no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e
Jacó. (Mateus 8,11).
• E, quanto à ressurreição, será que não
leram o que Deus disse a vocês: “Eu sou o
Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus
de Jacó”? Ora, ele não é Deus dos mortos,
mas dos vivos. (Mateus 22,31-32).
Vejamos mais algumas passagens:
• Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não apreenderás a
fazer conforme as abominações daqueles
povos. Não se achará entre ti quem faça
passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha,
nem adivinhador, nem prognosticador, nem
agoureiro, nem feitceiro; nem encantador,
nem necromante, nem mágico, nem quem
consulte os mortos; pois todo aquele que
faz tal cousa é abominação ao Senhor; e por
tais abominações o Senhor teu Deus os lança
de diante de ti. Perfeito serás para com o
Senhor teu Deus. Porque estas nações, que
hás de possuir, ouvem os prognosticadores
e os adivinhadores; porém a ti o Senhor teu
Deus não permitiu tal cousa. (Deuteronômio
18,9-14).
Moisés não era totalmente contra o profetismo (mediunismo), apenas era contrário
ao uso indevido que davam a essa faculdade.
Podemos, inclusive, vê-lo aprovando a forma
com que dois homens a faziam, conforme a
seguinte narrativa em Números 11, 24-30:
• Moisés saiu e disse ao povo as palavras
de Iahweh. Em seguida reuniu setenta anciãos dentre o povo e os colocou ao redor da
Tenda. Iahweh desceu na Nuvem. Falou-lhe
e tomou do Espírito que repousava sobre ele
e o colocou nos setenta anciães. Quando o
Espírito repousou sobre eles, profetizaram;
porém, nunca mais o fizeram.
• Dois homens haviam permanecido
no acampamento: um deles se chamava
Eldad e o outro Medad. O Espírito repousou sobre eles; ainda que não tivessem
vindo à Tenda, estavam entre os inscritos.
Puseram-se a profetizar no acampamento.
Um jovem correu e foi anunciar a Moisés:
“Eis que Eldad e Medad”, disse ele, “estão
pro­fetizando no acampamento”. Josué, filho
de Nun, que desde a sua infância servia a
Moisés, tomou a palavra e disse: “Moisés,
meu senhor, proíbe-os!” Respondeu-lhe
Moisés: “Estás ciumento por minha causa?
Oxalá todo o povo de Iahweh fosse profeta,
dando-lhe Iahweh o seu Espírito!” A seguir
Moisés voltou ao acampamento e com ele
os anciãos de Israel.
Outro ponto importante que convém
ressaltar é a respeito da palavra espírito,
que aparece inúmeras vezes na Bíblia. Mas
afinal o que é espírito? Hoje sabemos que os
espíritos são as almas dos homens que foram
desligadas do corpo físico pelo fenômeno
da morte. Assim, podemos perfeitamente
aceitar que, exceto quando atribuem essa
palavra ao próprio Deus, todas as outras
estão incluídas nessa categoria.
JESUS E AS COMUNICAÇÕES
Veremos agora a mais notável de todas
as manifestações de espíritos que podemos
encontrar na Bíblia, pois ela acontece com
o próprio Cristo. Leiamos:
• Seis dias depois, Jesus tomou consigo
Pedro, os irmãos Tiago e João, e os levou a
um lugar à parte, sobre uma alta montanha.
E se transfigurou diante deles: o seu rosto
brilhou como o sol, e as suas roupas ficaram
brancas como a luz. Nisso lhes apareceram
Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra, e disse a Jesus:
“Senhor, é bom ficarmos aqui. Se quiseres,
vou fazer aqui três tendas: uma para ti,
outra para Moisés, e outra para Elias.” Pedro
ainda estava falando, quando uma nuvem
luminosa os cobriu com sua sombra, e da
nuvem saiu uma voz que dizia: “Este é o meu
Filho amado, que muito me agrada. Escutem
o que ele diz.” Quando ouviram isso, os discípulos ficaram muito assustados, e caíram
com o rosto por terra. Jesus se aproximou,
tocou neles e disse: “Levantem-se, e não
tenham medo.” Os discípulos ergueram os
olhos, e não viram mais ninguém, a não ser
somente Jesus. Ao descerem da montanha,
Jesus ordenou-lhes: “Não contem a ninguém
essa visão, até que o Filho do Homem tenha
ressuscitado dos mortos” (Mateus 17,1-9).
Podemos ainda ressaltar que, depois
desse episódio, Jesus não proibiu a comunicação com os mortos. Apenas disse aos
discípulos para não que contassem a ninguém sobre aquela “sessão espírita”, até que
acontecesse a sua “ressurreição”. E se ele
mesmo disse: “tudo que eu fiz vós podeis fazer e até mais” (João, 14,12). Quem já teve
a oportunidade de ler a Bíblia, pelo menos
uma vez, percebe que ela está recheada de
narrativas com aparições de anjos.
Na ocasião da ressurreição de Jesus,
algumas delas nos dão conta do aparecimento, junto ao sepulcro, de “anjos vestidos
de branco” (João 20,12; Mateus 28,2), enquanto que outras nos dizem ser “homens
vestidos de branco” (Lucas 24,4; Marcos
16,5). Podemos concluir que realmente a
comunicação com os mortos está presente
na Bíblia, por mais que se esforcem em
querer tirar dela esse fato.
Templo de Doutrina Umbandista
Pai Oxalá
e
Pai Ogum
Magia DIVINA dAS SETE PEDRAS SAGRADAS
SEGUNDA-Feira: Das 20h00 às 22h00
Sacerdócio de umbanda
Terça-Feira: Das 20h00 às 22h00
desenvolvimento mediúnico
QUINTA-Feira: Das 20h00 às 22h00
sábado: Das 14h00 às 16h00
Magia DIVINA dAS SETE ERVAS SAGRADAS
sábado: Das 10h00 às 12h00
Rua Tietê, 600 - Vila Vivaldi
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Jornal de Umbanda Sagrada - Maio/2012
Jornal de Umbanda Sagrada - Maio/2012
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S
alve turminha das ervas e do amor à
mãe Natureza. Mesmo não sendo o
objetivo dessa coluna, vamos atender a alguns pedidos de leitores e falar
um pouquinho sobre os chás.
É praticamente impossível não falarmos algo sobre o preparo das ervas na
medicina popular. Mesmo porque esse
poder de cura milenar é também revestidos de muitos mitos e dogmas, na maioria
das vezes populares ou mesmo familiares.
Vemos muitos questionamentos serem
feitos sobre o que pode e o que não
pode sobre o seu preparo e uso. Muitos
desses questionamentos se devem ao
fato de os escritos sobre ervas derivarem
sempre das mesmas fontes, consagrados
pesquisadores do passado, que em suas
intrigantes formas de encontrar respostas, conceituaram muito dos preparos
ao seu universo presente, ou seja, se o
especialista da época usava um cadinho
de porcelana para fazer um amassado de
ervas, com certeza dirá que o adequado
para o preparo de um amassado de ervas
é apenas o cadinho de porcelana.
Conceitualmente, o chá é um remédio
natural. O uso das propriedades curativas
e preventivas da erva está no consciente
coletivo como uma poderosa ferramenta
Os chás devem ser preparados com
extrema higiene, seguindo algumas regras
básicas do bom procedimento, e seguindo
também algumas formas consagradas de
preparo como descreveremos a seguir.
a) Usar preferencialmente para o
preparo do chá, uma panela de vidro ou
inox. No entanto, se você não tiver um
desses apetrechos, pode sim fazer seu
preparo na sua leiteira, chaleira, panela de
alumínio ou afim. Eles não devem ficar no
alumínio e principalmente no plástico. Não
é meia dúzia de preparos numa panela
de alumínio que vão fazer mal a alguém.
Se lembrarmos, nós que moramos nas
cidades, inalamos substâncias muito mais
perigosas no ar poluído.
b) Os chás devem ser administrados
na hora que são preparados. A maioria
dos preparos fermentam depois de algum
tempo. O ideal é não deixar o preparo
ultrapassar seis horas.
c) Podemos guardar o preparo na
geladeira sim. Seguindo o mesmo critério
das seis horas de preparo.
Os métodos para o preparo dos chás
variam pelo tipo de erva a ser usada.
Fresca, seca, parte dura como casca,
semente ou parte mais mole como folha,
caule, requerem tipos diferentes de preparo. Vamos citar os tipos mais comuns,
lembrando que essas informações sobre
os chás são bastante comuns.
Para preparar o chá, há várias maneiras.
As principais são:
a) Infusão: Derramar água fervendo
sobre as ervas numa vasilha e deixar
tampado por pelo menos 10 minutos, ou
até esfriar. Esse preparo é adequado para
as partes moles da erva. Folhas, caule e
flores são indicados para esse método.
Raízes, cascas ou sementes para serem
usadas assim devem estar bem picadas
ou trituradas.
b) Decocção: Coloca-se as ervas
numa panela ou bule e completa-se com
água. Deixa ferver por uma média de 15
minutos. Esse preparo é indicado para
partes duras da erva, como raízes, casca
e sementes.
c) Tisana: Quando a água da panela
estiver fervendo, coloca-se as ervas e dei-
xa ferver por mais uns 2 minutos. Tire do
fogo e deixe repousar por alguns minutos
ou até esfriar. Esse método pode ser usado
para qualquer preparo de chás.
d) Maceração: Colocar as ervas de
molho em água fria, durante umas 6 horas pelo menos. Esse método é bastante
usado para ervas frescas.
Depois de preparado, o chá pode
ser adoçado com mel, açúcar comum ou
mascavo de preferência. Para os diabéticos
pode ser usado Stévia (Stévia rebaudiana),
um adoçante natural, junto ao chá. Ou
mesmo o adoçante de sua preferência.
Resta lembrar que a água usada nos
chás deve ser potável. E as ervas devem
ser de muito boa procedência, devendo
ser evitadas as que ficam expostas em
barracas sob a ação da poeira e poluição.
Não vamos aqui dar receitinhas con­
sa­gradas na farmacopeia popular, por
entender que há muitas publicações
for­ma­tadas por especialista no assunto.
Então, pra não perder o costume, uma
ficha de erva ritualística.
Alfazema (lavanda)
Lavandula officinalis Chaix
Cultivada como ornamental, as alfazemas ou lavandas como
são comumente chamadas, tem origem européia e apenas
algumas espécies desenvolvem-se bem no Brasil.
É um subarbusto de folhas verdes acinzentadas e cujas
flores e sementes são extremamente cheirosas. Uma variedade
que pega muito bem em nosso clima é a Lavandula dentata
var. candicans.
Há de se prestar bastante atenção na identificação desta erva, pois alem de
receber vários nomes populares que a remetem à família dos alecrins e hissopos,
seu aroma característico cria muita confusão.
Usada como um poderoso equilibrador, na forma tradicional de essência ou
perfume (seiva de alfazema) durante os rituais religiosos.
Seu uso não se limita a banhos e defumações, sendo largamente usada fresca
ou seca, em óleos e azeites consagrados, amacis e ornamentos.
Energia vibratória tranquilizadora, não chega a ser um calmante espiritual, mas
traz a paz de espírito necessária à resolução dos problemas cotidianos e no específico à aceitação e compreensão de perdas. Uma erva “maternal” com característica
harmonizadora. Por essas qualidades é associada também ao desenvolvimento e
preparação dos médiuns.
Sinônimos botânicos: Lavandula augustifolia Mill.; Lavandula spica L.
Sinônimos populares: lavanda; lavanda inglesa; lavandula.
Indicações ritualísticas: Acalmadora do espírito, tranqüiliza as situações
difíceis. Harmonia.
Ação (verbos): harmonizar, tranqüilizar.
Cor energética: cristalino azulado, azul claro.
Orixás principais: Iemanjá, Oxalá e Oxum.
Adriano Camargo Erveiro da Jurema / Contatos: [email protected]
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D
eus, perfeito
em sua criação, dotou o
Homem de vários
sentidos, para que
seu espírito tivesse assim portas de
comunicação com
o mundo físico,
ajudando-o a viver,
integrar-se e evoluir
nesta escola chamada Terra. Dentre
estes sentidos está
o olfato, que ao captar os aromas,
nos despertam lembranças e associações, aflorando nossas emoções
e fazendo-nos rir, ou chorar de
saudades.
Quem já não voltou ao passado,
sentindo fragrâncias que fizessem
lembrar a infância distante? Ou, para
nós umbandistas, que ao sentirmos
o aroma provindo do charuto ou
cachimbo, não lembramos imediatamente de nossos queridos PretosVelhos e Caboclos ?!. Assim, através
dos aromas podemos ficar relaxados,
agitados, próximos ou afastados
de pessoas, coisas ou lugares. Por
este motivo, os templos do Egito
antigo, dos Hindus, Persas, e hoje
os templos umbandistas, católicos,
esotéricos etc. Sensibilizam o olfato
através dos odores da defumação,
harmonizando e aumentando o teor
das vibrações psíquicas, produzindo
condições de recepção e inspiração
nos planos físico e espiritual.
Além de influenciar em nossas
vibrações psíquicas, as ervas utilizadas na defumação são poderosos
agentes de limpeza vibratória, que
tornam o ambiente mais agradável
e leve. Ao queimarmos as ervas,
liberamos em alguns minutos de
defumação todo o poder energético
aglutinado em meses ou anos no solo
da Terra, absorção de nutrientes dos
raios de sol, da lua, do ar, além dos
próprios elementos constitutivos das
ervas. Deste modo, projeta-se uma
força capaz de desagregar miasmas
astrais que dominam a maioria dos
ambientes humanos, produto da baixa qualidade de pensamentos e de-
sejos, como raiva, vingança, inveja,
orgulho, mágoa, sensualidade etc.
Existem, para cada objetivo que
se tem ao fazer-se uma defumação,
diferentes tipos de ervas, que associadas, permitem energizar e harmonizar pessoas e ambientes, pois
ao queimá-las, produzem reações
agradáveis ou desagradáveis no
mundo invisível. Há vegetais cujas
auras são agressivas, repulsivas,
picantes ou corrosivas, que põem
em fuga alguns desencarnados de
vibração inferior. Os antigos Magos,
graças ao seu conhecimento e experiência incomuns, sabiam combinar
certas ervas de emanações tão
poderosas, que traçavam barreiras
intransponíveis aos espíritos intrusos
ou que tencionavam turbar-lhes o
trabalho de magia.
Apesar das ervas servirem de
barreiras fluídico-magnéticas para
os espíritos inferiores, seu poder é
temporário, pois os irmãos do plano
astral de baixa vibração são atraídos
novamente por nossos pensamentos
e atos turvos, que nos deixam na
mesma faixa vibratória inferior (Lei
de Afinidades). Portanto, vigilância
quanto ao nível dos pensamentos
e atos.
Convém lembrar que ao manipular o defumador, deve-se estar concentrado, a fim de se potencializar
seus efeitos, impedindo assim que
este ato litúrgico-magístico de limpeza psico-espiritual se transforme
apenas em ato mecânico de agitação
do turíbulo.
Salve a Defumação !!!
Saravá!!!
Nossa
capa:
Reprodução
parcial da obra
“in grandma´s
hands” de
Keith Mallett
Página -12
Jornal de Umbanda Sagrada - Maio/2012

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