O HISTORIADOR, SUA CIÊNCIA E SUA ARTE: MODUS OPERANDI
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O HISTORIADOR, SUA CIÊNCIA E SUA ARTE: MODUS OPERANDI
O HISTORIADOR, SUA CIÊNCIA E SUA ARTE: MODUS OPERANDI; NESSUN DORMA PROPONENTE: Prof. Dr. Osmar Luiz da Silva Filho (UFCG) RESUMO: Os anos em que vivemos na Academia apresentam-nos um fascinante panorama de produção sobre o conhecimento/saber da história. Agrupar e comunicar os paradigmas, as intenções de pesquisa e as práticas daí derivadas bem como mensurar suas possibilidades de investigação a profissionais que lidam com um cotidiano de Ensino, Extensão e Pesquisa universitária implica em olharmos e munirmo-nos de procedimentos teórico-metodológicos para uma anunciada intervenção nestes campos, ao tempo em que reconhecemos os movediços desafios postos para a realização de nossos intentos, principalmente no campo da pesquisa em história. Com o propósito da partilha e considerando a necessidade cotidiana do “fazer historiográfico” entre os que se lançam a pinçar os fios dos textos escritos, imagéticos, sonoros etc. ou o vislumbre da rica diversidade de um corpus documental, iluminados, em igual medida, por um corpus teórico, apresentamos esta Oficina intitulada “O historiador: sua ciência e sua arte: modus operandi; nessun dorma”, pretendendo tão somente contribuir com a caminhada desafiadora e fascinante da pesquisa em história. Para profissionais que lidam com o conhecimento histórico no Alto Sertão Paraibano, onde a busca constante dos materiais de pesquisa da história nos conduz a uma tomada de controle sobre a fecundidade de nossas investigações, queremos agrupar intenções práticas de diálogo inicial – em caráter de “Oficina” – com os textos de natureza diversa que os historiadores têm buscado. Neste sentido colocaremos para o nosso público-alvo algumas questões que queremos responder em nosso “fazer”: Na história, por quais caminhos podemos investigar? Quais os “movimentos” possíveis de serem empregados na investigação histórica? Se buscarmos as ferramentas da ciência, como poderemos construir um bom “problema de pesquisa”, do ponto de vista lógico-operativo? Como elaboramos “hipóteses”? Ao usarmos as ferramentas da arte, quais os diálogos e empréstimos que podemos estabelecer com os campos da Música, da Pintura e da Literatura, por exemplo? A lição do enfrentamento com os diferentes materiais de investigação de uma realidade leva-nos a eleger, para esta Oficina, “práticas pedagógicas” específicas, cotejando cuidadosos procedimentos operados e referenciados pela Ciência, somando as perspectivas de apreensão do real fornecidas pela Arte. Marc Bloch (1993) em seu estudo intitulado “os Reis Taumaturgos”. A chamada do historiador ao instrumental científico fica patente ao analisar a “cura” das escrófulas pelos reis da França e da Inglaterra: “Resignemo-nos a ceder o maior espaço às hipóteses; estas são permitidas ao historiador” (BLOCH, 1993, p.52) Em igual medida, temos uma iluminação para nossas práticas ao perscrutar a tecitura da operação historiográfica de Johan Huizinga (2005) em “El Otoño de La Edad Media”, onde este investigou a atmosfera de paixão e aventura, a extravagância e a paixão desenfreada dos homens medievais, os comportamentos e valores destes que animavam tanto aos príncipes, quanto aos povos. “Hacia El final de La Edad Media [...] a total repudiación de toda la magnificência y belleza de la vida terrena [...] com peligro de perder el alma.” (HUIZINGA, 2005, p.54) Como abertura e proposta de nosso trabalho teórico-prático nossa Oficina enquadrará o historiador diante dos tempos de nossa realidade histórica, dos núcleos de cientificidade para explicar o real, bem como do “horizonte de compreensão”, apresentando os resultados destas duas operações nos historiadores acima citados. Como dinâmica apresentaremos as ferramentas da ciência e da arte diante dos domínios da história; a epistemologia anunciada por nosso debate acadêmico; os modelos de explicação e compreensão dos historiadores na captação das sensibilidades; das emoções, dos símbolos, das sonoridades e de alguns documentos artísticos. Querendo contribuir minimamente no enfrentamento, às vezes dramático, que todos temos para a resolução cotidiana de nosso dúplice movimento de pesquisa – teórico e prático - apresentaremos os contextos específicos de operação do historiador, diante de outros temas e seus objetos formais e intelectuais de pesquisa e de suas fontes. O tema das cidades e as histórias possíveis a partir daí serão postos também em evidência. Entendemos que este esforço dota a Oficina de um valor para a investigação de textos e contextos de pesquisa diferenciados. Pedimos inscrição aqui para os atos que temos por gerar e ainda por fazer, dando visibilidade à compreensão de que, para o historiador, toda história é uma história sempre a ser feita. METODOLOGIA: As ações que iremos desenvolver para dar visibilidade a esta Oficina terão fundações (explicações e esclarecimentos) em movimentos de elaboração teórica e prática a prescindirem de operações cognitivas, auditivas e visuais, ancoradas nos seguintes passos: 1) Resenha das Pesquisas de Marc Bloch e Johan Huizinga, mostrando o uso dos aparelhos teóricos e práticos destes historiadores e suas operações. 2) O Exercício do intelecto, dos ouvidos, dos olhos e da imaginação: 2.1) Extraindo um primeiro “fio” da Audição: Luciano Pavarotti e Lucevan Le Stelle / Metropolitan Opera - Nessun Dorma – Puccini. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=xs-p1oEvuGg>, acesso em 18 de ago de 2016. 3:27 min. Vídeo.You Tube. 3) A arte de Jan van Eick: o ponto de fuga; a linha do horizonte; a noção de perspectiva e os atores sociais; a experiência humana retida em sua representação. 4) SILVA FILHO, Osmar Luiz da. Execução e interpretação de dois chorinhos: “Lamento” e “Brejeiro”. Violão Instrumental. Formação e leitura das sonoridades maiores e menores; Os compassos, suas cadências e “células” rítmicas. A identificação das emoções humanas nos intervalos de segunda menor e demais intervalos musicais. A captação dos sentimentos e dos ritmos sociais nas sonoridades. 5) O historiador diante da “cidade”: suas possibilidades de construção.