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FESTIVAL DE MÚSICA SACRA DO BAIXO ALENTEJO
terras sem sombra
Torna-Viagem
O Brasil, a África e a Europa
(Da Idade Média ao Século XXI)
27 de Fevereiro a 2 de Julho de 2016
Índice
2.
Festival Terras sem Sombra
4.
História
6.
Área de implantação do Festival
7.
Torna-Viagem
O Brasil, a África e a Europa (Da Idade Média ao Século XXI)
17.
Salvaguarda da Biodiversidade do Alentejo Meridional
19.
Programa Música e Biodiversidade
69.
Prémio Internacional Terras sem Sombra
71.
Créditos
72.
Apoios
Festival Terras sem Sombra
Fundado em 2003, o Festival Terras Sem Sombra tem vindo a afirnarse como o mais destacado do seu género em Portugal.
É uma iniciativa da sociedade civil que visa tornar acessiveis, a
um público alargado, as igrejas da Diocese de Beja, como locais
previligiados – pela história, pela arte, pela acústica – para a
fruição da música sacra.
Resulta da parceria entre o Departamento do Património Histórico
da Diocese de Beja, a Pedra Angular (Associação dos Amigos do
Património da Diocese de Beja), o Turismo do Alentejo e Ribatejo,
a Direcção Regional de Cultura do Alentejo, o Teatro Nacional de
São Carlos, os Municipios, as Paróquias, as Misericórdias, sem
esquecer as instituições nacionais e internacionais aqui radicadas.
De carácter itinerante, coloca a tónica na descentralização cultural,
na formação de novos públicos e na irradiação do Alentejo.
Tem uma programação de qualidade internacional de que fazem
parte, além dos concertos, conferências temáticas, visitas guiadas
e acções de pedagogia artística.
O diálogo entre as grandes páginas do passado e a criação
contemporânea, a abertura a jovens compositores intérprete,
a encomenda regular de novas obras, a transversalidade das artes,
o resgate do património musicológico, a visão ecuménica do Sagrado
são elementos estruturantes de um projecto que rasga fronteiras.
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Música e Biodiversidade
Como pano de fundo, o FTSS dá a conhecer um território que
sobressai pelos valores ambientais, culturais e paisagísticos e
apresenta um dos melhores índices de presevação na Europa.
A valorizaçao dos recursos naturais constitui outra das suas
prioridades: a cada espectáculo, associa-se uma acção-piloto
de voluntariado para a salvaguarda da biodiversidade com a
participação, ombro a ombro, dos artistas, do público e das
comunidades que o Festival percorre.
Da carta magna do Festival, fazem parte os principios da inclusão
e da sustentabilidade.
Os concertos e demais actividades são e acesso livre, dentro dos
condicionalismos impostos pela preservação dos monumentos e
sítios visitados.
E é uma plataforma para a promoção do que o Alentejo tem de
mais interessante, a começar pelos seus produtos regionais.
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História
Desde o início, e com a firme vontade de quebrar o círculo de
suspeição das autoridades eclesiásticas face a concertos em igrejas,
criou-se: (1) uma programação musical coerente dotada de um
fio condutor e que fizesse de cada edição uma pequena história
da música, e (2) uma qualidade que desarmasse eventuais
resistências.
Obtida a autorização, abria-se aos organizadores um conjunto
alargado de espaços para albergar os concertos: o acervo de igrejas
restauradas/recuperadas pelo Departamento do Património
Histórico e Artístico da Diocese de Beja (DPHADB, organismo
criado em 1984) espalhadas pela diocese e a que urgia dar vida e
restituir à vivência das respectivas comunidades, fruição essa que,
cria-se, seria a forma mais nobre de as enaltecer. E logo desse
momento inicial se impôs aos organizadores a ideia de itinerância,
seguida no FTSS em termos estritos: todos os concertos se realizam
em localidades diferentes.
Nas onze edições que já leva (a 11.ª, em 2015, já com a direcção
artística de Juan Ángel Vela del Campo), o FTSS percorreu 15
localidades espalhadas por 12 concelhos (9 do distrito de Beja e
3 do de Setúbal), dentre os 17 concelhos abrangidos pela diocese
de Beja. Excepções, até agora, nesta cobertura territorial que vai
de Moura a Sines e de Almodôvar a Grândola e Alvito, foram os
concelhos de Aljustrel, Barrancos, Ferreira do Alentejo e Serpa,
sendo que o últimos integra o roteiro da edição 2016 do FTSS.
Deve-se fazer notar que as autarquias são parceiros determinantes
e indispensáveis do FTSS, provindo deles uma contribuição activa
e muito dedicada.
Os concelhos recordistas são Beja e Almodôvar, que receberam
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todas as edições do Festival, seguindo-se Santiago do Cacém (só
não integrou em 2009) e Castro Verde (só falhou a edição
inaugural). Também presentes em mais de metade das edições
figuram Sines, com 7 presenças, e Grândola, com 6. Localidades
não sede de concelho visitadas foram Carvalhal (Grândola), Vila
de Frades (Vidigueira) e Santa Cruz (Almodôvar). E houve ainda
uma incursão à Comporta, no concelho de Alcácer do Sal – uma
das sedes históricas da Ordem de Santiago em Portugal – , onde
se realizou uma das cerimónias de atribuição do Prémio
Internacional Terras Sem Sombra.
O referencial “Caminhos de Santiago”, outrossim marca identitária
do Festival: desde logo, pela sua itinerância, que recria no próprio
âmago o conceito de peregrinação (aqui, pelas terras da diocese
bejense); depois, porque a programação de cada edição estabelece
ela própria um percurso, de concerto para concerto ou então como
peças de um puzzle que no final torna claro o sentido.
Sempre sob o sigo da demanda do Belo: o belo musical, o belo
arquitectónico-patrimonial, o belo natural-paisagístico, o belo das
gentes e das suas vivências e tradições. E quanto mais vivenciarmos
o Belo, mais humanos nos tornamos.
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Área de implantação
do Festival
LISBOA
ÉVORA
SANTIAGO
DO CACÉM
SINES
ODEMIRA
FERREIRA
DO ALENTEJO
BEJA
SERPA
CASTRO
VERDE
ALMODÔVAR
FARO
Os concertos programados realizam-se aos sábados, maioritariamente em igrejas, o que representa uma magnífica oportunidade
para conhecer parte do patrimonio edificado mais representativo do
Baixo Alentejo. As acções de biodiversidade, por sua vez, acontecem
aos domingos de manhã em diferentes espaços naturais. Nesta
12.ª edição do festival participam os concelhos de Almodôvar, Sines,
Santiago do Cacém, Castro Verde, Serpa, Ferreira do Alentejo,
Odemira e Beja.
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Torna-Viagem
O Brasil, a África e a Europa
(Da Idade Média ao Século XXI)
Património+Música+Natureza
Um dos traços essenciais do Festival Terras sem Sombra é a sua
aspiração ao conhecimento fundado na pluralidade de olhares
que se completam entre si. A trilogia Património-Música-Natureza
marca os paradigmas de uma experiência enriquecedora.
Aprofundam-se diferentes géneros musicais na sua pluralidade,
reivindica-se a paisagem na sua dimensão mais pura, defende-se
o património no seu valor histórico e artístico.
As oito etapas que conformam a 12.ª edição do Terras sem Sombra
desenham um mosaico cultural pletórico de sugestões. Em cada
fim-de-semana, variam os lugares de celebração, pois o Festival
assume o território no seu conjunto. Ele constitui, digamo-lo assim,
um hino ao Baixo Alentejo no seu todo: à beleza dos seus espaços
naturais, à fraternidade das suas gentes, ao prazer da descoberta
cultural ao alcance de quem o deseje.
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Todas as Músicas, a Música
Julio Cortázar publicou em 1966 um livro de oito contos de realismo
fantástico sob o título Todos os Fogos o Fogo. Passado meio século,
não será despropósito denominar o conteúdo das oito sessões
musicais do Terras sem Sombra, em 2016, “Todas as Músicas, a
Música”.
A filosofia do Terras sem Sombra parte de premissas de certo
modo equivalentes. Património, Música e Natureza caminham
aqui, de mão dada, num itinerário de horizontes humanistas. Há
sempre uma cor de fundo, um sentido geográfico da organização,
uma sensibilidade ante o decorrer do tempo, uma música que
fascina a partir do sussurro. A harmonia impõe-se na sucessão de
estímulos e na maneira de os viver. O Baixo Alentejo é uma região
ideologicamente fértil e solidária. Não por casualidade, o canto
coral, exaltado pelo cante, constitui uma das suas manifestações
artísticas mais espontâneas e, até, mais naturais.
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Ninguém duvidará que a música representa um foco de atracção
a que se torna difícil opor resistência. Toda a música? Não, claro
que não, mas, isso sim a grande música de todas as épocas,
entendendo por tal a grande música que se centra preferen cialmente na qualidade e não no volume ou no número dos
executantes. As regras do jogo na programação do Festival Terras
sem Sombra são claras, desde o início, a este respeito: abarcam
um espectro vasto, da Idade Média ao século XXI. Todas as músicas,
a música. A amplitude de registos não se limita ao âmbito
temporal; pelo contrário, estende-se igualmente ao âmbito
espacial. E assim, nesta edição, podemos apreciar música de vários
continentes, num leque que vai da Europa à América ou à África,
com uma paragem privilegiada num país tão vinculado a Portugal
– e não apenas por razões linguísticas – como o Brasil, outrora
destino de muitos alentejanos.
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Música de vários continentes
Brasil
Ao Brasil, consagram-se três sessões, três, e uma delas é uma
ópera para crianças: Onheama, de João Guilherme Ripper, inspirada
numa espécie de conto de Max Carphentier, A Infância de Um
Guerreiro. Esta obra emula, de certo modo, lendas nórdicas
utilizadas por Wagner em algumas das suas óperas, mas situa-as
no espaço amazónico, com uma dialéctica entre a luz e a obscuridade, que os protagonistas, também crianças, resolvem em favor
da primeira, no seu combate contra a onça (Panthera onca), o
jaguar ou tigre americano, um félido perigoso que os havia privado
de algo tão substancial para a existência como a claridade do Sol.
Triunfa a luz numa perspectiva infantil, triunfa a vida. A ópera
foi estreada, em 2014, no Festival Amazonas de Manaus, com
grande êxito, e foi reposta no ano seguinte, no mesmo quadro –
e atingindo, de novo, enorme sucesso. É, pois, uma ópera dos
nossos dias, com um alcance sociológico notável, ao integrar o
público infantil entre os possíveis espectadores. A colaboração na
realização do espectáculo com o Teatro Nacional de São Carlos,
a “casa da ópera” em Portugal, realça ainda mais, se é possível, o
repto desta aventura artística. Serpa abre as portas do seu teatro
– um teatro em risco de ser fechado que conseguiu, assim, o ânimo
indispensável à sua sobrevivência como espaço dramático – para
uma experiência, no mínimo, surpreendente.
Os outros dois programas brasileiros são dedicados a notáveis
repertórios dos períodos barroco e dos séculos XX/XXI. O primeiro
está a cargo do ensemble francês Le Baroque Nomade, dirigido
por Jean-Christophe Frisch, um conhecido musicólogo, flautista
e director de orquestra que já escreveu um livro de referência
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sobre a música da do Barroco em lugares tão diversos como as
Índias Orientais, os Cárpatos ou a China, tendo consagrado gravações discográficas à música desse tempo em países aparentemente tão afastados como a Etiópia, a corte otomana ou o Brasil.
Quanto aos sons mais recentes, chegam-nos pela mão do sofisticado quarteto de guitarras Quaternaglia, de São Paulo. As suas
brilhantes adaptações das Bachianas Brasileiras, de Heitor Villa-Lobos, causaram sensação; mas o seu programa alentejano chega
até ao presente, revelando ao público peninsular um verdadeiro
mosaico de músicos brasileiros actuais, muito deles ainda pouco
conhecidos na Europa. Ferreira do Alentejo e Odemira, respectivamente, serão as anfitriãs destes dois sugestivos encontros
musicais.
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Intercâmbios
hispano-portugueses
O Festival principia e acaba com intercâmbios hispano-portugueses,
desenvolvendo uma linha de acção iniciada na edição anterior. O
concerto de abertura é realizado pela lusitaníssima orquestra barroca
Divino Sospiro, sob o maestro de Massimo Mazzeo; no encerramento,
o protagonismo cabe a Albert Recasens e a La Grande Chapelle, um
conjunto vocal e instrumental de música antiga, sediado em Espanha,
com assumida vocação europeia. Estejamos atentos: lembrando a
tradição italianizante de Charles Avison, mestre britânico pouco
ouvido entre nós, Divino Sospiro não só vai recriar uma música
portuguesa tão formosa como a do lisboeta Pedro António Avondano,
como interpreta uma obra-chave da música espanhola, Las Siete
Palabras de Cristo en la Cruz, do riojano Francisco García Fajer.
O grupo dirigido por Recasens, por seu turno, centra a actuação em
três compositores portugueses que fixaram residência em Madrid
ou em Sevilha, no século XVII – Manuel Machado, Fr. Manuel Correa
e Fr. Filipe da Madre de Deus –, pondo em confronto a sua música
com a do espanhol Juan Hidalgo, harpista, à época, da Capela Real
(e colega, por conseguinte, de Machado), o qual se tornara célebre
por ser o criador, com Calderón de la Barca, das duas primeiras
óperas espanholas. No momento em que escrevo estas linhas, acaba
de aparecer o disco Juan Hidalgo. Música para el Rey Planeta,
interpretado por Recasens e la Grande Chapelle. A organização do
Festival não sugeriu aos músicos portugueses, nem aos espanhóis,
que programassem repertórios dos países vizinhos – esta iniciativa
resultou, em exclusivo, da vontade deles. É um duplo pormenor que
reforça os laços de união e solidariedade entre Portugal e Espanha.
Graças aos concertos em Almodôvar e Beja, dois séculos fundamentais para a compreensão da história da música, o XVII e o XVIII,
ficam reforçados na programação geral do Terras sem Sombra.
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Alberto Zedda
Entra já em plenitude no âmago do século XIX a Petite Messe
Solennelle, de Rossini. Dirige-a, aos 88 anos, Alberto Zedda, nas
últimas décadas o grande maestro de tudo o que diz respeito à
produção rossiniana. Prova disto mesmo é o facto de o carismático
musicólogo e director de orquestra milanês se ver aclamado em
todos os palcos que pisa. Mais: no Japão, em Moscovo, em Berlim
ou na Flandres, a sua presença desperta um entusiasmo indescritível. Também é muitíssimo estimado em Itália e em Espanha.
Zedda vem ao Alentejo na companhia de quatro solistas formados
na Accademia Rossiniana de Pesaro, a cidade natal de Rossini. São
oriundos de Itália, de Espanha e da República da África do Sul, o
que não deixa de ser sintomático. O Coro del Molino tem
igualmente a sua origem numa escola de Música e Artes. Zedda
aprecia muito fazer música com jovens. O seu trabalho em Pesaro,
tanto como director artístico do Rossini Opera Festival como à
frente da Accademia Rossiniana foi, pura e simplesmente,
exemplar. Estamos, pois, em Santiago do Cacém, face a um
espectáculo previsivelmente tocado pela proximidade e pela magia.
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África
As correntes de permuta entre tradição e modernidade surgem
bem patentes no concerto de Castro Verde. György Ligeti, um dos
compositores fundamentais da música europeia do século XX,
inspirou-se, para a concepção de algumas das suas obras, em
aspectos marcantes da música popular africana. No concerto
Polirritmias: Ligeti Africano, é possível observar os resultados
dessas influências.
Três músicos da República da Guiné-Conacri e da República dos
Camarões interpretam as peças originais; o pianista Alberto
Rosado mostrará a seguir o resultado das transformações levadas
a cabo pelo compositor transilvano de origem húngara, conhecido,
entre outras composições, pelo Requiem que Stanley Kubrick
utilizou no filme 2001: Odisseia no Espaço. Percussionistas e pianista
tocarão juntos em alguns momentos, demonstrando à sociedade
que, em termos musicais, a colaboração é sempre possível. Todas
as músicas, a música, como dissemos e como repetimos.
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O espectáculo mais insólito
Três criadores que ostentam os prémios nacionais espanhóis de
Design, Composição e Interpretação Musical coincidem no que
será, talvez, o espectáculo mais insólito do Terras sem Sombra
deste ano: uma “ópera sem vozes”, Siempre/Todavía (em português,
Sempre/Ainda), a partir de textos procedentes de Damasco Suite,
de Alberto Corazón, com música composta por Alfredo Aracil e
interpretação ao piano por Juan Carlos Garvayo. Na realização
multimédia, inspirada por pinturas de Alberto Corazón, colabora
também Simón Escudero.
Com uma duração aproximada de pouco mais de uma hora, esta
singular criação estreou-se, em Outubro de 2015, no Museo
Universidad de Navarra, em Pamplona, desenhado por Rafael
Moneo, e foi seguidamente para o Centro Galego de Arte Contemporánea, de Santiago de Compostela, outro marco da arquitectura
dos nossos dias, projectado por Álvaro Siza Vieira. A recepção do
público e da crítica, em Espanha, foi muito positiva. Vai ser possível
vê-la e ouvi-la, no Centro das Artes de Sines, ainda antes da sua
apresentação em Madrid ou Sevilha, o que constitui também uma
forma de realçar a contemporaneidade deste projecto cultural.
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Anteprimas
O Festival averba, nesta edição, a novidade de duas anteprimas.
Uma teve lugar em Beja, por ocasião das Jornadas Novas
Perspectivas sobre o Caminho de Santiago em Portugal e Espanha,
com a actuação de Ismael Fernández de la Cuesta – o último
galardoado com o Prémio Internacional Terras sem Sombra para
a categoria de Música –, que dirigiu o Coro de Canto Gregoriano
de España no concerto Ao longo do Caminho de Santiago: De Beja
a Compostela (Missa de Beata Maria Virgine). A outra realizou-se em Lisboa, no Centro Cultural de Belém, coincidindo com a
apresentação da programação de 2016; a violinista espanhola Lina
Tur Bonet e o cravista estado-unidense Kenneth Weiss ofereceram
uma belíssima sequência de sonatas de Elisabeth Jacquet de la
Guerre e Antonio Vivaldi (estas, inéditas).
Merece também especial referência a segunda apresentação do
Terras sem Sombra, desta feita em Madrid, com um concerto na
Sala de Columnas do emblemático Circulo de Bellas Artes, em
que intervêm dois grupos de cante, oriundos de Castro Verde e
Serpa, além de um ensemble de violas campaniças. Trata-se de
uma ocasião de ouro para difundir estrategicamente, a partir da
capital de Espanha, a cultura musical alentejana, na sua expressão
mais popular, histórica e social.
JUAN ÁNGEL VELA DEL CAMPO
Director Artístico do Festival Terras Sem Sombra
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Salvaguarda da Biodiversidade
do Alentejo Meridional
Funcionando, ao mesmo tempo, como causa e como efeito de um
novo capítulo na vida artística, cultural e religiosa do Alentejo, o
Festival Terras sem Sombra de Música Sacra tem, na sua génese,
uma reunião de sinergias, pouco vulgar entre nós, que permite
muitas formas de ver e, principalmente, de sentir o seu território.
Um espaço onde marcam presença idiossincrasias e patrimónios
diversos, mas complementares.
Tanto a multiplicidade como a pluralidade de perspectivas são,
de resto, esteios fundamentais de uma proposta que, independentemente de se haver tornado já um dos rostos mais conhecidos
da região, não existe só por si, nem se centra apenas no universo
da Ars Sacra. Pelo contrário, abre-se a causas relevantes para a
sociedade actual, onde o voluntariado possa despertar pequenos
gestos que ajudem a “marcar a diferença”.
Detendo um formidável conjunto de recursos biodiversos, Portugal
enfrenta grandes responsabilidades, a nível global, para conservá-los e valorizá-los adequadamente. Tarefa – nunca é demais
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lembrá-lo – que assume a maior relevância no Alentejo, um dos
territórios com mais altos índices de preservação do Sul da Europa,
mas onde a desertificação do interior rural e a concentração de
habitantes e actividades no litoral levantam desafios muito
significativos.
Ao abrigo de protocolos de cooperação com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (Ministérios da Agricultura,
Florestas e Desenvolvimento Rural, do Mar e do Ambiente), associações, empresas, municípios, politécnicos, universidades e outras
entidades presentes in situ, o FTSS promove, no dia seguinte a
cada concerto, acções-piloto de salvaguarda da biodiversidade.
Estas iniciativas permitem que voluntários de origens ou perfis
muito diversos – músicos, espectadores, staff, membros das
comunidades locais, etc. – colaborem, ombro com ombro, em
iniciativas úteis à conservação da natureza. Actividades simples,
mas que encerram toda uma mensagem dirigida aos decisores e
à opinião pública.
JOSÉ ANTÓNIO FALCÃO
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Programa
Terras sem Sombra 2016
ALMODÔVAR
Igreja Matriz de Santo Ildefonso
Traçado em 1592 pelo arquitecto Nicolau de Frias, o edifício actual é
um exemplo muito harmonioso da tipologia de “igreja-salão”
(hallenkirche), com três naves de quatro tramos cobertas por abóbadas,
evidenciando grande sentido de unidade espacial e notável acústica. D.
João V, como grão-mestre da Ordem de Santiago, mandou proceder à
remodelação parcial do monumento, estas obras vieram a ser rematadas,
ca. 1769, com a encomenda dos sumptuosos altares de talha dourada
e policromada da nave, cuja riqueza denota a pujança das confrarias e
irmandades sediadas na matriz.
Nos séculos XIX e XX, realizaram-se outras intervenções de vulto que
modificaram substancialmente a fábrica maneirista, a última das quais
ocorreu já na década de 1950.
A paróquia de Santo Ildefonso conserva um importante acervo de alfaias
litúrgicas, em parte oriundo do antigo convento de Nossa Senhora da
Conceição, da mesma vila, fundado em 1680 pela Ordem Terceira Regular
de São Francisco.
Concerto
27 de Fevereiro [21H30] Igreja Matriz de Santo Ildefonso
Como as Árvores na Primavera: Avison, Avondano, García Fajer
Divino Sospiro
Soprano Bárbara Barradas
Soprano Joana Seara
Direcção musical Massimo Mazzeo
Biodiversidade
28 de Fevereiro de 2016 [10H00]
No Fio da Navalha: Conciliar o Montado com a Agricultura e a
Pastorícia
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SINES
Centro das Artes
Este equipamento resulta de um projecto do Atelier Aires Mateus &
Associados, sob a direcção dos arquitectos Francisco e Manuel Mateus
(1999-2000), para o município local, que tomou como ideia estruturante
a criação de um edifício de excepção que agregasse várias funções,
servisse todas as camadas da população e funcionasse, ao mesmo tempo,
como uma referência da cidade e uma porta do centro histórico, a braços
com graves problemas de degradação. As obras começaram em Março
de 2001 e enfrentaram dificuldades técnicas de monta, pelo que a inauguração só ocorreu a 26 de Novenbro de 2005.
O CAS localiza-se no espaço antes ocupado pelo Cineteatro Vasco da
Gama e pelo Teatro do Mar, entre outras estruturas. Fiel a uma assumida
estratégia de contemporaneidade, a integração da biblioteca, do
auditório, do centro de exposições e do arquivo municipal num único
conjunto visou um objectivo muito concreto: de tornar o edifício mais
vivido, porque congrega um maior número de pessoas, de interesses e
gerações diferentes, e reforça o uso de umas actividades mediante o
recurso a outras.
Concerto
12 de Março de 2016 [21H30] Centro das Artes
Sempre/Ainda: Ópera sem Vozes, de Alfredo Aracil
Textos e imagens Alberto Corazón
Música Alfredo Aracil
Realização multimédia Simón Escudero
Piano Juan Carlos Garvayo
Biodiversidade
13 de Março de 2016 [10H00]
Mãos à Obra pelo Litoral de Sines: O Projecto Coastwatch e a
Monitorização Voluntária da Beira-mar
Prémios FTSS
2 de Julho de 2016 [18H30] Centro das Artes
Entrega do Prémio Internacional Terras sem Sombra
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SANTIAGO DO CACÉM
Igreja Matriz de Santiago Maior
A igreja matriz de Santiago do Cacém é um dos mais belos testemunhos
do Gótico português. Dedicada ao apóstolo Santiago Maior e construída
no arranque do século XIII, por iniciativa da princesa bizantina D. Vataça
Lescaris, destaca-se pela austeridade, característica da arquitectura da
Ordem militar de Santiago, mas possui ampla e diversificada carga
ornamental, alusiva ao Caminho de peregrinação para Compostela, que
teve aqui uma das suas referências em solo alentejano.
Apesar de ter sofrido diversas campanhas de obras de vulto, o monumento conserva o essencial da sua fábrica gótica, com três naves
separadas por pilares de secção octogonal.
Foi sede de uma rica colegiada e albergou destacadas confrarias, irmandades e ordens terceiras. Estas instituições geraram um vasto e
diversificado património artístico, boa parte do qual está patente ao
público no museu – o Tesouro da Colegiada de Santiago – que foi
instalado, em 2002, na sala capitular e outras dependências do próprio
monumento. Aqui se conserva, com o merecido destaque, o relicário
do Santo Lenho.
Concerto
2 de Abril de 2016 [21H30] Igreja Matriz de Santiago Maior
Petite Messe Solennelle, de Gioachino Rossini
Soprano Isabel Gaudí
Mezzosoprano Cecilia Molinari
Tenor Sunnyboy Dladla
Barítono Pablo Ruiz
Coro de Cámara de El Molino
Direcção coral Eugenia Durán
Piano-harmónio Ruben Sánchez-Vieco, Josu Okiñena
Direcção musical Alberto Zedda
Biodiversidade
3 de Abril de 2016 [10H00]
De Santiago do Cacém a Santiago de Compostela: Conhecer,
Salvaguardar e Valorizar o Caminho Português no Sudoeste
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FERREIRA DO ALENTEJO
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção
As origens da igreja matriz de Santa Maria de Ferreira ascendem,
provavelmente, à época da Reconquista. Terá sido erguida já sob a égide
da Ordem de Santiago, à qual a vila foi doada, por D. Sancho II, em 1233.
O edifício corresponde a uma tipologia barroca de marcada austeridade,
ainda vinculada ao “estilo chão”, desenhado pelo arquitecto das Ordens
Militares, João Antunes.
O edifício conserva, no seu acervo, um interessante conjunto de obras
de arte, que inclui pinturas a óleo sobre madeira e esculturas. Entre os
espécimes de ourivesaria, sobressaem a custódia-cálice e a cruz
processional da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, trabalhos
seiscentistas, e o relicário do Santo Lenho e uma lâmpada de alumiar,
setecentistas. A antiga capela da Ressurreição de Cristo foi enriquecida,
em 2012, com a pintura a óleo sobre tela, Descida de Cristo à Mansão
dos Mortos, de António Paizana.
Concerto
16 de Abril de 2016 [21H30] Igreja Matriz de Nossa Senhora da
Assunção
Pelo Mar, pelo Sertão: A Música do Brasil no Tempo do Reino
e do Império
XVIII-21/Le Baroque Nomade
Soprano Cyrille Gerstenhaber
Meio-soprano Sarah Breton
Tenor Vincent Lièvre-Picard
Barítono Emmanuel Vitorsky
Órgão e piano Mathieu Dupouy
Flautas, serpentão e direcção musical Jean-Christophe Frisch
Biodiversidade
17 de Abril de 2016 [10H00]
Hospedaria de Peregrinos: A Lagoa dos Patos, Ilha de
Biodiversidade no Oceano Olivícola
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ODEMIRA
Igreja Matriz de São Salvador
Em 1693, a Arquidiocese de Évora procedeu à remodelação da igreja,
de acordo com a linha programática definida pelo Concílio de Trento.
Por 1782, a igreja encontrava-se em mau estado, por certo devido ao
agravamento dos problemas causados pelo terremoto pelo que foi
necessário proceder-se a uma empreitada para a consertar, de que fez
parte, entre outras obras, a instalação de telhados “amouriscados”.
Deste ciclo de empreitadas, repartido por várias décadas, resultou a
modificação da frontaria e da torre sineira do edifício, redundando
numa elegante síntese do Barroco Tardio e do Rococó, que suavizou o
anterior modelo, fiel ao “Estilo Chão“.
Em 1969, realizou-se outra transformação de fundo, inspirada pela
reforma litúrgica do II Concílio do Vaticano (1963), a cargo do arquitecto
Castro e Solla e do escultor João Charters de Almeida. Estes puderam
trabalhar o monumento como um “contentor”, pois a paróquia fez
desmantelar e vendeu os retábulos de talha dourada e policroma, para
obter fundos destinados à obra. O resultado consistiu numa solução
arrojada, em harmonia com o estilizado despojamento do tempo.
Concerto
7 de Maio de 2016 [21H30] Igreja de Santa Maria
Anjos ou Demónios? Novas Tendências da Música Brasileira
Quarteto Quaternaglia
Direcção musical Sidney Molina
Biodiversidade
8 de Maio de 2016 [10H00]
Um Hotspot de Biodiversidade Vegetal em Portugal: O Parque
Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina
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SERPA
Cineteatro Municipal de Serpa
Situa-se na Rua Dr. Eduardo Fernandes de Oliveira, a pouca distância
do perímetro amuralhado da cidade de Serpa, junto do denominado
“Bairro Operário”. Foi inaugurado em Dezembro de 1993 com o objectivo
de dotar o concelho de uma infra-estrutura qualificada, polivalente e
dinâmica, potenciadora do aumento e da diversidade da oferta cultural,
não apenas ao nível da divulgação mas, também, da criação e produção
artísticas.
O projecto de arquitectura foi assinado pelo atelier T5 – Planeamento,
Arquitectura, Engenharia e Construção, e coordenado pelo arquitecto
Rui Moreira Braga. A obra foi executada por administração directa da
Câmara Municipal.
A área de construção do edifício é de aproximadamente 4200 m2 e os
diferentes espaços funcionais distribuem-se por cinco pisos. O auditório,
com lotação máxima de 388 lugares sentados, constitui o elemento
central do imóvel. Outra das suas especificidades é o facto de possuir
um fosso de orquestra.
Para além dos espaços afectos ao funcionamento do auditório o edifício
tem ainda uma área para exposições e uma sala polivalente com
capacidade para 75 lugares sentados.
Concerto
21 de Maio de 2016 [21H30] Cineteatro de Serpa
Onheama, de João Guilherme Ripper
Ópera para o público infanto-juvenil, baseada em A Infância de
Um Guerreiro, de Max Carphentier
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Coro Terras sem Sombra
Coro Juvenil do Instituto Gregoriano de Lisboa
Biodiversidade
22 de Maio de 2016 [10H00]
No Coração do Parque Natural do Vale do Guadiana: A Serra de
Serpa, o Microclima de Limas e o Acidente Geológico do Pulo
do Lobo
festival terras sem sombra
24
CASTRO VERDE
Basílica Real de Nossa Senhora da Conceição
O edifício actual ficou a dever-se à iniciativa de D. João V, sensível ao
significado patriótico e escatológico do “Milagre de Ourique”. A sua
traça segue um modelo derivado da arquitectura chã da época da
Restauração. Se a estrutura arquitectónica do monumento acompanha
a tradição seiscentista, a decoração interior corresponde já à teatralidade
do Barroco Pleno, oferecendo uma notável visão integradora das artes
da época joanina.
No corpo da igreja, sobressaem os alusivos ao ciclo da batalha de Ourique
e aos seus reflexos na história nacional. Proclive ao enobrecimento da
matriz de Castro Verde, D. João V conseguiu que lhe fosse concedida,
pela Santa Sé, a dignidade de basílica, depois completada, vox populi,
pelo título de real. Mas o soberano empenhou-se também em dotá-la
com um importante conjunto de alfaias, entre as quais sobressai a
custódia de aparato. O Tesouro instalado em 2004 na antiga sacristia,
por iniciativa do Departamento do Património Histórico e Artístico da
Diocese de Beja, dá a conhecer este acervo, além de outras obras
provenientes de várias igrejas do concelho.
Almoço
15 Maio de 2016 [13H30]
Almoço de degustação de Produtos Regionais
Com o chef Cecilio Lera, do Restaurante Lera, de Castro Verde de
Campos (Zamora, Espanha)
Concerto
4 de Junho de 2016 [21H30] Basílica Real de Nossa Senhora da
Conceição
Polirritmias: Ligeti Africano
Piano Alberto Rosado
Balafão, camani nguni, kalimba Shyla Aboubacar
Tum laah, balafão, sanza Justin Tchatchoua
Cabaça, nkul, sheker, ngogoma Bangura Husmani
Textos e imagens Polo Vallejo
Biodiversidade
5 de Junho de 2016 [10H00]
Construtores de Paisagem: Acompanhando Uma Jornada de
Trabalho de Um Pastor do Campo Branco
festival terras sem sombra
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BEJA
Igreja de Santiago Maior (Catedral)
O monumento que chegou aos nossos dias constituiu uma obra de raiz,
erguida a instâncias de D. Teotónio de Bragança, arcebispo de Évora
entre 1578 e 1602. Dirigidos pelo arquitecto Jorge Rodrigues, os trabalhos
do novo lugar de culto estavam terminados, no essencial, em 14 de Julho
de 1590. A organização espacial, ampla e unitária, obedece já, nitidamente, a um modelo característico da “arquitectura chã” do Alentejo,
aproximando-se da tipologia das “igrejas-salão”.
Entre 1932 e 1937, efectuou-se profunda remodelação no interior e no
exterior do imóvel, orientada por, Diogo de Castro e Brito, dentro do
gosto neomaneirista e neobarroco. Ciente do peso simbólico da sé, o
bispo-soldado trabalhou afincadamente para juntar ao acervo da
paróquia de Santiago Maior notáveis fundos sumptuários, maioritariamente oriundos de conventos extintos de Lisboa, de depósitos do
Ministério da Guerra, do Palácio Real das Necessidades e do Paço Ducal
de Vila Viçosa. O património da sé conta, assim, com relevantes colecções
de pintura, escultura, mobiliário, ourivesaria, paramentaria e azulejaria.
Concerto
18 de Junho de 2016 [21H30] Catedral
Inesperado Resgate: Compositores Portugueses na Espanha do
Siglo de Oro
La Grande Chapelle
Direcção musical Albert Recasens
Biodiversidade
19 de Junho de 2016 [10H00]
Entre Ribeiras: Na Confluência das Ribeiras de Terges e Cobres
– Turismo de Natureza e Sustentabilidade
festival terras sem sombra
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Almodôvar
CONCERTO DE ABERTURA
27 de Fevereiro de 2016 [21H30]
Como as Árvores na Primavera: Avison, Avondano, García Fajer
Charles Avison [1709-1770]
Concerto n.3 in D major after Domenico Scarlatti
Largo Andante
Allegro Spiritoso
Vivace
Allegro
Pedro Antonio Avondano [Lisboa, 1714 – id., 1782]
Arie dall’Oratorio Morte d’Abel
Aria di Caino: Alimento il mio proprio tormento
Arie dall’Oratorio Gioas Re di Giudá
Aria de Gioas: Ah, se ho da vivere
Francisco García Fajer [Logroño, 1730 – Saragoça, 1809]
Siete Palabras de Cristo en la Cruz, para 2 sopranos, cordas e
continuo
Divino Sospiro
Soprano Bárbara Barradas
Soprano Joana Seara
Direcção Musical Massimo Mazzeo
festival terras sem sombra
27
Charles Avison: Ressonâncias da Sonata Scarlattiana
O Concerto nº3, em Ré menor, de Charles Avison (1709-1770) a partir de sonatas de Domenico
Scarlatti (1685-1757) é um dos vários testemunhos da enorme popularidade que as obras deste
compositor italiano, objecto de verdadeiro culto em vários países de Europa, activo na Península
Ibérica, tiveram em Inglaterra através de promotores como o próprio Avison ou Thomas Roseingrave
(1690-1766). Compositor, organista e musicógrafo, Avison foi o mais prolífico autor inglês de
concertos do século XVIII. Num contexto onde os concertos de Corelli, Geminiani ou Handel fizeram
furor, Avison escreveu mais de 60 obras do género que foram grandes êxitos editoriais.
Pedro António Avondano: No Auge da Dramaturgia Metastasiana
A figura de Pedro António Avondano situa-se num dos períodos mais importantes da produção
musical de Portugal. Como compositor, foi um dos primeiros músicos portugueses a ganhar
reputação entre os músicos da corte de D. José I. No início de 1760 Avondano era um dos músicos
mais influentes da capital, tendo, a seguir ao terramoto de 1755, desempenhado um papel
importantíssimo na reorganização da Irmandade de Santa Cecília.
P. A. Avondano escreveu óperas, oratórias e música instrumental. As oratórias de Avondano “Morte
d’Abel” e “Goias Re di Giuda” são baseadas nos textos dos homónimos drammi sacri de Pietro
Metastasio, utilizados em todo o século XVIII por vários compositores: Reutter, Caldara, Leo,
Piccinni, entre outros.
Francisco Javier García Fajer: Devoções Peninsulares da Semana Santa
Ao compor musicalmente as Siete Palabras de Cristo en la Cruz, Francisco Javier García Fajer situa-se numa antiga tradição espanhola e europeia que continua vigente até hoje. É de salientar que
a composição de García Fajer não tem uma finalidade litúrgica, mas devocional. Destinava-se a
ser interpretada dentro do Sermão das Sete Palavras e, já então, provavelmente patrocinada por
uma confraria ou irmandade de Saragoça,
É difícil pensar que esta obra foi composta para ser interpretada como um acto capitular, devocional
ou paralitúrgico, na catedral de La Seo, onde ele ocupava o cargo de maestro de capilla. A solenidade
de que se revestiam os ofícios litúrgicos da Semana Santa na catedral não deixava espaço de tempo
suficiente para um acto que, além do longo Sermão (com sete partes), incluía a interpretação
musical das Sete Palavras.
festival terras sem sombra
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Bárbara Barradas
Joana Seara
Soprano
Soprano
Natural de Lisboa, estudou canto na Escola de Música do
Estudou na Academia de Música de Santa Cecília e no
Conservatório Nacional com José Carlos Xavier. Concluiu
Conservatório Nacional de Lisboa, concluindo a formação
a formação, como bolseira da Fundação Calouste
na Guildhall School of Music and Drama, de Londres. Foi
Gulbenkian, na Guildhall School of Music and Drama, de
bolseira da Fundação Gulbenkian e da Wingate Foun-
Londres, onde estudou com Susan Waters. Fez parte do
dation. Tem-se apresentado em concerto nas grandes
Flandres Opera Studio e da Wales International Academy
salas do país, ao lado das mais importantes orquestras
of Voice, dirigidos, respectivamente, por Dennis O’Neill
nacionais.
e Dame Kiri Te Kanawa. Participou em diversas master-
Paralelamente ao repertório mainstream, dedica-se à
classes e ganhou vários concursos nacionais e interna-
interpretação de repertório barroco português menos
cionais.
conhecido. Trabalha regularmente nas produções de
Dos papéis que tem interpretado, salientam-se Barbarina
ópera dos Músicos do Tejo (direcção de Marcos Magalhães
e Susanna (Le Nozze di Figaro), na Fundação Gulbenkian;
e encenação de Luca Aprea), com quem também lançou
Dama di Lady Macbeth, no Teatro Nacional de São Carlos
três projectos discográficos. E com o grupo L’Avventura
(2015), entre outros.
London, dirigido por Zak Ozmo.
Em ópera, estreou-se com a personagem Zerlina (Don
Giovanni), nos Países Baixos, em 2004.
festival terras sem sombra
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Divino Sospiro
Massimo Mazzeo
Direcção musical
Ao longo de dez anos de actividade, o agrupamento Divino
Diplomado pelo Conservatório de Veneza, aperfeiçoou
Sospiro percorreu um caminho de sucesso, com
a formação, em viola de arco, com Bruno Giuranna e
apresentações nos principais palcos portugueses e em
Wolfram Christ, e em música de câmara e quarteto de
alguns dos mais prestigiados festivais internacionais.
cordas, com o Quarteto Italiano e o Quarteto Amadeus.
Destaque também para as gravações para a Radio France,
Colaborou com prestigiadas orquestras de câmara e foi
a Antena 2, a RTP e o Mezzo, bem como para as etiquetas
Primeiro Viola da Orchestra Internazionale d’Italia.
discográficas Nichion e Dynamic.
Formou, em 2004, a orquestra barroca Divino Sospiro.
Sob a direcção artística de Massimo Mazzeo, e em cola-
Na fase inicial da carreira, centrada na música contem-
boração com diversos artistas, o Divino Sospiro alargou
porânea, trabalhou com Luciano Berio, Salvatore Sciarrino,
o seu repertório e o número de concertos, apresentando-
Mauricio Kagel, Aldo Clementi, Franco Donatoni, Alessan-
se em diversas formações, desde o agrupamento de
dro Solbiati e Wolfgang Rihm. Quanto ao âmbito da
câmara até à dimensão de uma orquestra de ópera.
música de câmara, esteve ligado a alguns artistas ilustres,
Durante dez anos, o Divino Sospiro foi a “orquestra em
nomeadamente Salvatore Accardo, Bruno Canino, Enrico
residência” no Centro Cultural de Belém. Ao longo de
Onofri e Marco Rizzi.
vários anos, recuperou e apresentou grandes obras de
Como director, tem estado presente em inúmeros festivais
música portuguesa setecentista.
e salas. Foi director artístico do Festival Roncegno Musica.
Desde a temporada 2012/2013, o Divino Sospiro tem
Já gravou para as editoras BMG, Erato, Harmonia Mundi
mantido com o Coro Gulbenkian uma colaboração regular
France, Deutsche Harmonia Mundi, Nuova Era, Movieplay,
em projetos artísticos no âmbito da música antiga,
Nichion e Dynamic.
incluindo a realização de concertos e gravações. Em 2013,
fundou o Centro de Estudos Musicais Setecentistas de
Portugal, que tem realizado temporadas de música nos
palácios de Queluz, Pena e Sintra, colóquios interna cionais, exposições e projectos de formação e sensibilização para a música e as artes.
festival terras sem sombra
30
Almodôvar
BIODIVERSIDADE
28 de Fevereiro de 2016 [10H00]
No Fio da Navalha: Conciliar o Montado com a Agricultura e a
Pastorícia
COLABORAÇÃO Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas
(Departamento de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo)
APOIO Câmara Municipal de Almodôvar
A sustentabilidade do montado está relacionada com a aplicação
de boas práticas de gestão, quer da componente arbórea, quer
do respectivo sob coberto. O seu declínio tem-se manifestado
desde o século XX e as causas disto são de difícil diagnóstico. Pode
dizer-se que tal resulta da interacção de múltiplos factores de
desequilíbrio (bióticos e abióticos), o que dificulta a adopção de
soluções tendentes à resolução dos problemas e ao restabelecimento da vitalidade dos ecossistemas – como é o caso das
alterações climáticas e das pressões relacionadas com a economia
da exploração.
Face à importância que estes espaços florestais assumem para o
país e, em especial, para o Alentejo, tem existido, ao longo dos
anos, um conjunto de políticas de incentivo à criação de novas
áreas a eles dedicadas e a reabilitação dos povoamentos de
sobreiro e azinheira.
Sessão prática de demonstração do método que se deve actuar
na poda de quercíneas, esta actividade visa a intervenção num
projecto de arborização jovem, permitindo compreender a essência
da engenharia florestal, avaliar densidades de povoamento, medir
árvores e executar podas de formação. O objectivo final é
contribuir para a valorização do montado português.
festival terras sem sombra
31
Sines
CONCERTO II
12 de Março de 2016 [21H30]
Sempre/Ainda: Ópera sem Vozes, de Alfredo Aracil
Textos e imagens Alberto Corazón
Música Alfredo Aracil
Realização multimédia Simón Escudero
Piano Juan Carlos Garvayo
A Memória, o Tempo e a Consciência | Alberto Corazón & Alfredo Aracil
A “ópera sem vozes” Sempre/Ainda (em castelhano, Siempre/Todavia) é um espectáculo singular
em que a música para piano solo e as imagens projectadas num ecrã nos vão revelando, pouco a
pouco, um texto; a sua matéria-prima resulta de umas anotações, tiradas dos seus cadernos de
viagem, pelo autor do texto, durante uma transcendental estadia em Damasco antes da tragédia
que a assola.
Hoje não sabemos o que permanece, o que vai permanecer de Damasco, Alepo, Palmira, dos seus
museus e do património cultural que até agora se tinha conservado nessa antiga região entre a
antiga Mesopotâmia e o Mediterrâneo; não podemos deixar de nos questionar e de descobrimos
que uma parte da resposta está implícita nesta peça, desde o primeiro boquejo: nós fazemos parte
dessa memória; permanecemos, ao menos, todos nós.
festival terras sem sombra
32
Alberto Corazón
Alfredo Aracil
Textos e imagens
Música
Pintor, escultor e designer (Madrid, 1942). Ocupa, como
Compositor (Madrid, 1954). Estudou música com Cristóbal
desenhador, um lugar destacado no desenho gráfico
Halffter, Tomás Marco, Carmelo Bernaola, Luis de Pablo
espanhol (recebeu o Prémio Nacional, bem como
e Arturo Tamayo, em Madrid, e Karlheins Stockhousen,
importantes homenagens em Nova Iorque e Londres).
Iannis Xenakis. Christian Wolf e Mauricio Kagel, em
Posteriormente, estendeu a sua actividade ao design
Darnstadt, entre outros.
industrial, alcançando, nos dois campos, extraordinário
Doutor em História da Arte pela Universidad Complutense
prestígio.
de Madrid, tem leccionado em diversas Universidades de
Desde 2001 é representado pela Galeria Malborough,
Espanha, Itália, França, Reino Unido, Brasil e México.
onde expõe amiúde, tanto em Madrid como em Nova
Trabalhou na Radio Nacional de España, onde chefiou o
Iorque. A sua obra escultórica pública está presente em
Departamento de Produções Musicais de radio 2, e
espaços urbanos de Madrid, Murcia, Alicante, Mallorca e
exerceu as funções de delegado no Grupo de Peritos de
Jerez de la Frontera, entre outros.
Música Clássica de Euroradio (EBULVER); foi co-fundador
Diversos museus possuem trabalhos seus como parte da
e programador da série Los Conciertos de Radio 2 e director
colecção permanente. Em 1996 realizou a cenografia da
e guionista de relevantes programas de difusão musical.
Opera de Luis de Pablo, La Madre invita a Comer, estreada
Organizou e dirigiu ciclos de concertos e actividades
no Teatro de la Zarzuela, de Madrid, sob a direcção
culturais para várias entidades. Foi director, entre 1994
musical de José Ramón Encinar. Colaborou com Alfredo
a 2001, do Festival Internacional de Música y Danza de
Aracil na cenografia de Dos Delirios sobre Shakespeare,
Granada.
estreada nos Teatros del Canal, em 2009.
As suas composições têm sido apresentadas em ciclos e
Publicou diversos livros relacionados com o desenho e a
festivais internacionais. Recebeu igualmente encomendas
criação de plástica, assim como ensaios. Foi o presidente
de instituições culturais espanholas e europeias.
fundador da Asociación Española de Diseñadores, da
Fundación Arte y Derecho e durante dez anos presidiu à
Entidad de Gestión de Artistas Plásticos (VEGAP). É académico de número da Real Academia de Bellas Artes de
San Fernando desde 2006.
festival terras sem sombra
33
Juan Carlos Garvayo
Piano
Nasceu em Motril (Granada), em 1969. Iniciou os estudos
musicais na cidade natal e no Conservatório de Granada.
Aperfeiçoou os conhecimentos na Rutgers University, em
New Brunswick, onde obteve os prémios Dorothy Mallery
e H. Trutenberg, e na State University of New York, de
Binghamton, onde estudou com Walter Ponce e Diane
Richardson.
Com o Trío Arbós, tem actuado nas principais salas e
festivais de todo o mundo.
O interesse pela música dos nossos dias levou-o a estrear
mais de uma centena de obras, muitas delas dedicadas a
ele, e a trabalhar com Hans Werner Henze, Pascal
Dusapin, Jonathan Harvey, George Benjamin, Toshio
Hosokawa, Salvatore Sciarrino, Cristóbal Halffter, Luis de
Pablo ou Beat Furrer. Como director, estreou a ópera de
José Manuel López, com libreto de Gonzalo Suárez, La
Noche y la Palabra, e Angelus Novus, de Jorge Fernández
Guerra. Enquanto membro do Trío Arbós, recebeu o
Premio Nacional de Música (Espanha) 2013, na modalidade de Interpretação. É professor do Real Conservatorio
Superior de Música, de Madrid.
festival terras sem sombra
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Sines
BIODIVERSIDADE
13 de Março de 2016 [10H00]
Mãos à Obra pelo Litoral de Sines: O Projecto Coastwatch e a
Monitorização Voluntária da Beira-mar
COLABORAÇÃO Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (Reserva
Natural das Lagoas de Santo André e Sancha); GEOTA – Grupo de Estudos de
Ordenamento do Território e Ambiente
APOIO Câmara Municipal de Sines
Coastwatch é um inovador projecto, de âmbito europeu, que permite obter uma caracterização geral da faixa costeira, envolvendo
inúmeros voluntários, a título individual ou em grupo. O seu grande
objectivo prende-se com a caracterização, ao longo do litoral, de
fenómenos-chave, relacionados com os seguintes aspectos: salvaguarda da biodiversidade; zonamento costeiro (zona entre marés,
zona supratidal e zona interior contígua); erosão costeira; resíduos;
contaminação; pressões antrópicas.
Em Portugal, este programa encontra-se activo há 26 anos e
é coordenado pelo GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento
do Território e Ambiente. O Festival Terras sem Sombra associase à iniciativa com a realização de várias unidades de monitorização
na orla costeira de Sines. Paralelamente, será recolhido o lixo
marinho encontrado ao longo dos percursos litorais.
festival terras sem sombra
35
Santiago do Cacém
CONCERTO III
2 de Abril de 2016 [21H30]
Petite Messe Solennelle, de Gioachino Rossini
Soprano Isabella Gaudí
Meio-soprano Cecilia Molinari
Tenor Sunnyboy Dladla
Barítono Pablo Ruiz
Coro de Cámara de El Molino
Alberto Bosco
Alea Esteban
Arturo Mazón
Buenaventura Ibañez
Carmen Vela
Cristina Cabello
Daniel Jerez
Ernesto Ramiro
Etor Pérez
Grycelys Rosario
Irene López
Juan Carlos Montero
Lourdes Carrasco
Miguel Gorrón
Paula Maeso
Pilar Galán
Rafael Curbelo
Ruth Sánchez
Victor Albarrán
Direcção coral Eugenia Durán
Piano-harmónio Ruben Sánchez-Vieco, Josu Okiñena
Direcção musical Alberto Zedda
festival terras sem sombra
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Um Pouco de Ciência, Um Pouco de Coração | Alberto Zedda
Chegado ao final de uma existência no decurso da qual tinha podido observar como as maiores
satisfações andavam a par com a desilusão da interpretação errada e o drama da renúncia ao
teatro, Rossini regressa à temática religiosa. Nasce assim, em 1863, poucos anos antes da sua
morte, uma surpreendente Petite Messe Solennelle concebida para dois pianos, um harmónio e um
coro de doze cantores: quatro vozes solistas, dobradas por outras oito. O harmónio tem a função
de suavizar as descarnadas escansões do piano, além de proporcionar uma cor sagrada a páginas
que, pela sua essência austera, tendem a roçar o profano, pelo menos quanto às suas opções
rítmicas e de timbre, que lembram ritmos populares. Com efeito, o acompanhamento da parte
vocal prevê um apoio de colorido inédito, com prevalecente escritura pontilhista e seca dos teclados,
tratados modernamente como instrumentos de percussão. Dele brota um equilíbrio sonoro que
tem exemplos próximos – e muito pertinentes – nas experiências do século XX.
festival terras sem sombra
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Alberto Zedda
Direcção musical
Nascido em Milão, em 1928, é uma das grandes figuras
Grande-oficial da Ordine al Merito della Repubblica
da música internacional dos nossos dias.
Italiana, membro da “Ordre du Mérite Culturel” da
Realizou estudos humanísticos e muscais na cidade natal,
Polónia, presidente honorário da Deutsche Rossini
complementados pela formação na Escola de Paleografia
Gesellschaft, académico correspondente da Real
Musical de Cremona.
Academia Sevillana de Buenas Letras, doutor honoris causa
Em 1957, a vitória no Concurso Internacional de la RAI
da Universidade de Macerata (Itália) e professor emérito
para directores de orquestra abriu-lhe as portas de impor-
da Universidade de Osaka (Japão).
tantes instituições, tanto em Itália, como no estrangeiro.
Paralelamente, desenvolveu uma intensa actividade
operística nas principais salas do mundo. Gravou um vasto
conjunto de discos de música sinfónica, de câmara e ópera.
Dedica parte do seu tempo à actividade musicológica,
realizando edições críticas de óperas, oratórias e cantatas,
con particular incidência em Rossini, a primeira metade
do século XIX e o repertório protobarroco.
Da sua obra escrita, salienta-se o livro Divagazioni
Rossiniane (2012). Membro do Comité Editorial da
Fondazione Rossini desde os primórdios, foi director do
repertório italiano na New York City Opera; director
musical do Festival della Valle D’Itria, de Martina Franca;
asessor artístico do Rossini Opera Festival, de Pesaro, e
do Festival Mozart, da Corunha; director artístico do
Festival Barocco, de Fano, do Teatro Carlo Felice, de
Génova, e do Teatro alla Scala, de Milão.
Actualmente, é o director artístico do Rossini Opera
Festival, de Pesaro; dirige também a Academia Rossiniana,
com sede nesta cidade.
festival terras sem sombra
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Isabella Gaudí
Cecilia Molinari
Soprano
Meio-soprano
Nascida em Barcelona, iniciou os estudos musicais em
Nascida em 1990, estreou-se na ópera como Zaida (Il
2003, quando frequentava a Universitat Pompeu Fabra,
Turco in Italia) no Teatro Comunale de Treviso, em Janeiro
formando-se sob a orientação de Raquel Pierotti, Raúl
de 2015. Já fizera o début no Teatro La Fenice, de Veneza,
Giménez, Francesca Roig, Luciana Serra, Mariella Devia
com o concerto do Spirit of Music of Venice Festival, em
e Jaume Aragall.
honra de Lorenzo Regazzo. Tem actuado em vários países e em diversos teatros sob
Integrou, em 2015, a Accademia Rossiniana, interpretando
a batuta de directores como Alberto Zedda, Michael
Marchesa Melibea (Il Viaggio a Reims), no Rossini Opera
Boder, Pablo Heras-Casado, Will Crutchfield, Guillermo
Festival.
García Calvo, Antonio Fogliani, Jean-Luc Tingaud,
Em 2013, obteve o International Bel Canto Prize “Rossini
Guerassim Voronkov e Giovanni Battista Rigon, ou com
in Wildbad.”; e, no ano seguinte, o Luciano Pavarotti Prize
directores cénicos como Guy Joosten, Olivier Py, Nicola
e o Grande Prémio da Gian Battista Voitti International
Berloffa, Rafael de Castro, Michal Znaniecki e Rafel Duran.
Music Competition.
Ganhou os primeiros prémios no Concurso Internacional
de Logroño e no Concurso Lírico Premià de Mar. Entre as
interpretações que realizou, destacam-se La Contessa di
Folleville (Il Viaggio a Reims), Julieta (El Público), Frasquita
(Carmen) e Gerhilde (Die Walkure).
festival terras sem sombra
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Sunnyboy Dladl
Pablo Ruiz
Tenor
Barítono
Nasceu em Piet Retief, na província de Kwazulu-Natal
Nascido em Huelva, em 1985, iniciou os estudos musicais
(África do Sul). Estudou música na University of Cape
no Teatro Lírico de Huelva e no Conservatorio Profesional
Town e canto com Sidwell Hartmann no South Africa
de Sevilla. Ingressou seguidamente na Escuela Superior
College of Music.
de Canto de Madrid, licenciando-se na especialidade de
Durante as temporadas de 2012-2014, foi membro do
Teatro Lírico (Ópera). Aperfeiçoou os conhecimentos com
International Opera Studio, da Ópera de Zurique. Durante
Alberto Zedda, no Rossini Opera Festival, de Pesaro; com
este período, completou a formação na Universidade de
Renato Bruson, na Accademia Chigiana, de Siena; e com
Zurique e estudou canto sob a orientação de Scot Weir.
Giulio Zappa, no Opera Estudio, de Tenerife.
Posteriormente, interpretou diversos papeís.
Foi galardoado no Concurso da Associazione Lirica e
Em 2012, estreou-se nos Estados Unidos da América com
Concertistica Italiana de 2015. Obteve o terceiro e o
Messiah, de Handel (National Symphony Orchestra,
segundo prémios no Concurso Internacional de Canto
Washington, sob a direcção de Rolf Beck, sendo convidado
Ciudad de Logroño, em 2012 e 2013. Recebeu o prémio à
a cantar o Requiem, de Mozart, no ano seguinte, com
melhor interpretação de Zarzuela no Concurso Interna-
Christoph Eschenbach. Foi muito apreciada a sua
cional de Canto de Colmenar Viejo, em 2013.
interpretação da Missa Sacra in C Min, de Schumann, no
Interveio em diversas óperas e tem actuado no Interna-
Schleswig-Holstein Festival, sob a direcção de Christopher
tional Festival of Spanish and Latin American Music
Hogwood.
(Kansas City).
festival terras sem sombra
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Coro de Cámara de El Molino
O Coro de Cámara de El Molino, dirigido por María
Eugenia Durán, é um dos projectos que emergem de uma
inovadora escola de música e dança do centro de Madrid:
El Molino Escuela de Artes. Conta com o apoio de cantores
de renome, como Ariel Hernández ou Amaro González.
Formado por 20 cantores, alguns dedicam-se profissionalmente à música, outros estudam um instrumento ou
canto em conservatórios, outros ainda descobriram uma
tal paixão por estes agrupamentos vocais que aprimoraram a sua formação ao ponto de poderem partilhar
estas vivências musicais em partes iguais.
festival terras sem sombra
41
Santiago do Cacém
BIODIVERSIDADE
3 de Abril de 2016 [10H00]
De Santiago do Cacém a Santiago de Compostela: Conhecer,
Salvaguardar e Valorizar o Caminho Português no Sudoeste
COLABORAÇÃO Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (Reserva
Natural das Lagoas de Santo André e Sancha)
APOIO Câmara Municipal de Santiago do Cacém; Associação Rota Vicentina
É na emblemática igreja de Santiago Maior, matriz de Santiago
do Cacém, uma cidade com fortes ligações às peregrinações a
Santiago de Compostela, que se inicia este percurso. Serão
percorridos cerca de 5 km até às ruínas do convento franciscano
de Nossa Senhora do Loreto, seguindo uma etapa da Rota Vicentina que acompanha o Caminho histórico de Santiago.
No presente troço, domina o sobreiro, uma árvore indispensável
para a economia local, para a formação do solo, para a composição
da paisagem, constituindo um elemento fundamental de todo um
ecossistema com extraordinária biodiversidade. O montado de
sobro suporta um conjunto de espécies únicas e com estatuto de
protecção. Só em termos de avifauna, existem nele mais de 50
espécies nidificantes. Outras espécies, como o gato bravo, a geneta
ou a doninha, estão associadas aos montados e sobreirais. Aves
de rapina como a águia-cobreira, a águia-calçada ou a águia-de-bonelli nidificam em montados.
festival terras sem sombra
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Ferreira do Alentejo
CONCERTO IV
16 de Abril de 2016 [21H30]
Pelo Mar, pelo Sertão: Música do Brasil nas Épocas do Reino
Unido e do Império
Sigismund von Neukomm [1778-1858]
L’Amoureux. Fantaisie pour Pianoforte et Flûte sur un Thème
Brésilien
José Maurício Nunes Garcia [1767-1830]
Duas Modinhas
Sigismund von Neukomm
O Amor Brasileiro
Anónimo (1817)
Lundum
Modinhas
Luís Álvares Pinto [1719-1789]
Te Deum
XVIII-21/Le Baroque Nomade
Soprano Cyrille Gerstenhaber
Meio-soprano Sarah Breton
Tenor Vincent Lièvre-Picard
Barítono Emmanuel Vitorsky
Órgão e piano Mathieu Dupouy
Flautas, serpentão e direcção musical Jean-Christophe Frisch
festival terras sem sombra
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Emergências Musicais do Brasil Colonial | Jean-Christophe Frisch
Podem distinguir-se, no actual estado dos conhecimentos, três períodos principais da actividade
musical no Brasil colonial. Estão relacionados, todos eles, com o sucessivo desenvolvimento das
diferentes regiões do seu imenso território. No início do século XVIII, as primeiras composições
aparecem nas cidades costeiras, em especial as do Nordeste, em torno de Recife e de Salvador da
Bahia, então a capital da colónia. Cinquenta anos mais tarde, a música conheceu um importante
progresso na região interior de Minas Gerais, na época em que a minas de ouro e de pedras
preciosas deram à província o seu nome – e uma fabulosa prosperidade. Finalmente, na viragem
para o século XIX, quando D. João VI e a respectiva corte se instalaram no Rio de Janeiro, escapando
aos exércitos de Napoleão, a personalidade do P.e José Maurício Nunes Garcia, um compositor
singularmente dotado, deu origem a um extraordinário repertório musical que nada tem a invejar
aos das grandes capitais europeias.
O Brasil foi, porventura, o primeiro país da América do Sul que criou uma música romântica com
identidade afirmada.
festival terras sem sombra
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XVIII-21/Le Baroque Nomade
Cyrille Gerstenhaber
Soprano
Há mais de duas décadas que, pela sua abordagem
Após ter estudado Literatura e Música, consagrou-se à
pioneira, tem vindo a destacar-se no panorama musical
interpretação de um repertório ecléctico, que se estende
do Barroco. Com o propósito de revelar partituras votadas
da Idade Média até à actualidade.
ao esquecimento, Jean-Christophe Frisch criou, em 1995,
Do Orfeo de Monteverdi ao Orfeo de Milhaud, canta
XVIII-21/Musique des Lumières, mais tarde Le Baroque
Rameau, Handel, Scarlatti, Mozart, Puccini, Prokofiev,
Nomade, um nome cheio de significado e que convida a
criações contemporâneas e oratórias (Mozart, Pergolesi,
conhecer o extenso período que medeia entre o século
Vivaldi…). O seu repertório abarca óperas, concertos e
XVIII e a actualidade.
recitais, sob a direcção prestigiada de Brüggen, Malgoire,
Este ensemble recria laços culturais e históricos entre o
Florio, Curtis e Frisch, entre outros.
repertório europeu e as tradições musicais de outros
Amiúde convidada a actuar na Bibliothèque nationale de
tempos (China, Índia, Etiópia, Turquia, América Latina),
France, de Paris, especializou-se em recitais que têm como
na senda dos globetrotters musicais que viajavam pelo
foco a estilística da chanson française (Kosma, Poulenc).
mundo, numa época em que tais viagens davam origem
Tem cantado em toda a França, em algumas das principais
ao cruzamento de culturas e civilizações.
salas da Europa e dos Estados Unidos da América, rece-
Um concerto realizado em Cabul, com músicos afegãos,
bendo entusiásticos aplausos do público e da crítica.
logo após o levantamento da interdição da música pelos
Gravou mais de duas dezenas de discos, com realce para
talibãs, permanecerá uma recordação inesquecível. A cola-
Même dans le Sommeil, cantatas para soprono solo de
boração duradoura com artistas chineses trem permitido
Domenico Scarlatti (Prémio Melhor Gravação Barroca de
que culturas diferentes se observem e compreendam
2002 em Espanha) e Les Leçons de Ténèbres, de François
antes de tentarem experiências comuns.
Couperin (um dos Records of the Year 2003 do Sunday
Já actuou em mais de 35 países e publicou cerca de 20
Times).
CD, muito valorizados pela crítica.
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Sarah Breton
Vincent Lièvre-Picard
Meio-soprano
Tenor
Após uma sólida formação na École Maîtrisienne de la
Estudou nos conservatórios de Tours e de Paris e, poste-
Perverie, em Nantes, obteve um primeiro prémio de órgão
riormente, no Conservatoire National Supérieur desta
no Conservatoire Francis Poulenc, de Tours. Completou
capital, sendo aluno de Noémi Rime, Howard Crook, Ana
a formação no Conservatoire National Supérieur de
Maria Miranda, Anne-Marie Rodde, Udo Reinemann,
Musique et de Danse, de Paris. Obteve vários prémios
François-Nicolas Geslot e Alain Buet.
nacionais e internacionais, mormente em Mâcon, Béziers,
Cantou em 2012 o seu primeiro Tamino, em Die Zauber-
Toulouse e Clermont-Ferrand.
flöte (Toulon). Um amplo repertório de oratória permite-
Apaixonada pela música de câmara, colabora regular-
lhe valorizar, especialmente, os Evangelistas das Paixões
mente com Solistes de Lyon, Les Arts Florissants,
de Bach, as obras do repertório barroco francês e as
Ensemble Pierre Robert, Les Musiciens du Louvre,
oratórias de Mozart, Haydn, Berlioz, Dvořák, Rachmani-
Stradivaria, Folies Françaises, Arsys Bourgogne, Macadam
noff e Britten.
Ensemble, Ensemble Jacques Moderne e Les Éléments.
Tem trabalhado com Benjamin Alard, Jean-Marc Andrieu,
Consagra especial atenção à oratória, tendo sido solista
Christophe Coin, Michel Corboz, Jean-Christophe Frisch,
em várias orquestras.
Sébastien d’Hérin, Jean-Claude Malgoire e Guy van Waas,
No âmbito operático, tem interpretado diversos papeís.
e, em recitais, com Aline Zylberajch e Emmanuel Olivier,
Participou na estreia internacional de Terre et Cendres, de
com o qual gravou recentemente obras de Lou Koster.
Jérôme Combier (Lyon).
Possui vasta discografia, que lhe granjeou importantes
distinções (Diapason d’Or, Choc do Monde de la Musique,
Prix Massenet para a melhor integral de ópera francesa,
disco do mês da revista Goldberg, etc.).
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Emmanuel Vistorky
Mathieu Dupouy
Barítono
Órgão e piano
Começou os estudos de canto, aos 15 anos, no Conser-
Estudou no Conservatoire National Supérieur de Paris,
vatoire Gautier-d’Épinal, em Épinal. Após ter obtido o
sob a orientação de Christophe Rousset, sendo distinguido
primeiro prémio, integrou a Maîtrise de Notre-Dame de
com os primeiros prémios de cravo e baixo contínuo.
Paris e especializou-se na interpretação de repertórios
Aperfeiçoou em seguida os conhecimentos com Pierre
de música antiga. Concluiu a formação em Canto Lírico
Hantaï, Olivier Baumont e Christophe Coin. Em paralelo,
no Conservatoire National Supérieur de Musique et de
estudou piano com Patrick Cohen e órgão com Georges
Danse, de Paris, sob a orientação de Fosako Kondo.
Guillard no Conservatoire Supérieur de Paris.
Colabora com ensembles consagrados à música medieval,
Actualmente, dedica-se ao clavicórdio, ao piano e ao cravo.
entre eles o agrupamento de Gilles Binchois, Alla Fran-
O seu repertório estende-se à música contemporânea,
cesca e Diabolus in Musica. No âmbito do repertório
abrangendo obras de François-Bernard Mâche, Bruno
barroco, tem trabalhado com Concert Spirituel em
Mantovani, Ivan Fedele, Brice Pauset e Richard Dubugnon,
inúmeras produções dramáticas, com Akademia e com
entre outros. Já interpretou, em diversas ocasiões,
Doulce Mémoire, Jacques Moderne e La Fenice, em
Citations, de Henri Dutilleux, na presença do autor.
iniciativas focadas, respectivamente, nos universos
Colabora habitualmente com orquestras e ensembles de
musicais germânico e inglês.
referência, com destaque para XVIII-21, Elyma, Les
Interpreta regularmente papéis de basso buffo em óperas
Musiciens du Louvre, Les Talens Lyriques, Les Paladins,
italianas, com Poème Harmonique (The Baroque Carna-
Le Concert d’Astrée, Opéra de Paris e Opéra d’Amsterdam.
val), assim como Ebro em La Morte d’Orfeo, de Landi, e
Publicou vários discos. Inspirado pela tradição dos
Orfeo, na ópera homónima de Monteverdi.
intérpretes gravados desde o início do século XX, tem
Da sua discografia, salientam-se as gravações de Arias à
vindo a investigar os testemunhos vivos de uma auten-
la bastarda, de Negri, com o ensemble Faenza, e de obras
ticidade musical.
da escola de Notre Dame School, com o ensemble Diabolus
in Musica.
festival terras sem sombra
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Jean-Christophe Frisch
Flautas, serpentão e direcção musical
Flautista reconhecido desde o início da carreira – dos
estudos de Biologia guardou a precisão e o rigor –, a sua
versão integral das Sonatas para Flauta, de Vivaldi (Universal), permanece uma referência. Consagrou-se em
seguida à direcção. Uma visão inovadora da música levou-o a criar Le Baroque Nomade como espaço de experi mentação de concepções artísticas muito próprias,
abrindo um novo caminho para a leitura do repertório
barroco internacional.
Nas suas interpretações, sobressaem o sentido do contraste dos tempos, o equilíbrio do grave e do agudo na
orquestração e a criatividade expressiva das frases. A pesquisa que leva a cabo é orientada por uma atitude que
põe em causa o que está adquirido, apoia-se nas descobertas da mais avançada musicologia, na autenticidade
dos músicos e na relação pessoal com a orquestra,
baseada na confiança, na serenidade e na diferença.
Conhecido dentro do meio artístico como o “Indiana Jones
da música barroca”, tem dirigido em locais tão pres tigiados como a Cité de la Musique (Paris), Philarmonie
(Colónia), os festivais do Southbank Center Festival
(Londres), de Jerusalém, de Utreque, de Granada, os
teatros de ópera de Roma, de Damasco ou de Veneza…
festival terras sem sombra
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Ferreira do Alentejo
BIODIVERSIDADE
17 de Abril de 2016 [10H00]
Hospedaria de Peregrinos: A Lagoa dos Patos, Ilha de
Biodiversidade no Oceano Olivícola
COLABORAÇÃO Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (Reserva
Natural das Lagoas de Santo André e Sancha)
APOIO Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo
Embora conhecida como Lagoa dos Patos, esta zona húmida, na
fronteira dos concelhos de Ferreira do Alentejo e Alvito, é composta, de facto, por duas albufeiras, resultantes de dois açudes,
destinados a acumular água para abastecer os arrozais situados
a sul e oeste destas. Não são albufeiras de grandes dimensões,
mas podem aqui ser observadas, durante o Inverno, notáveis
concentrações de aves aquáticas, sobretudo patos.
Para além das lagoas, os arrozais adjacentes atraem também
outras aves aquáticas como, por exemplo, limícolas. O elenco
mostra-se extenso e inclui espécies aquáticas como a marrequinha,
o pato-real, o pato-trombeteiro, o pato-de-bico-vermelho, o
mergulhão-pequeno, o mergulhão-de-crista, o corvo-marinho-de-faces-brancas, a garça-branca-pequena, a garça-real, o colhereiro,
o flamingo, o frango-d’água, o galeirão-comum, o pernilongo, a
perdiz-do-mar, a narceja-maçarico-das-rochas, o guincho-comum,
a gaivota-d’asa-escura e o guarda-rios.
Esta actividade visa caracterizar a diversidade primaveril de aves
da Lagoa dos Patos, relacionando-a com as características muito
próprias de um local tão singular. Procurar-se-á ainda identificar
práticas de gestão favoráveis à biodiversidade num contexto de
agricultura intensiva dos blocos de rega beneficiados pela albufeira
de Alqueva.
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Odemira
CONCERTO V
7 de Maio de 2016 [21H30]
Anjos ou Demónios? Novas Tendências da Música Brasileira
Heitor Villa-Lobos [1887-1959]
Choros n.º 5: “Alma Brasileira” (1925)
Arranjo: João Luiz
Bachianas Brasileiras, n.º 9 (1945)
Arranjo: Thiago Tavares
Prelúdio
Fuga
A Lenda do Caboclo (1920)
Arranjo: Eduardo Fleury
Ronaldo Miranda [1948-]
Suite n.º 3 (1973)
Arranjo: Chrystian Dozza
Allegro
Allegretto
Lento
Allegro gracioso
Almeida Prado [1943-2010]
XIV Variações sobre o Tema de Xangô (1961-2003)*
Marco Pereira [1950-]
Dança dos Quatro Ventos (2006)
Egberto Gismonti [1947-]
Um Anjo (1999)
Arranjo: Paulo Porto Alegre
Chrystian Dozza [1983-]
Sobre um Tema de Gismonti (2012)*
Paulo Bellinati [1950-]
Frevo e Fuga (2010)*
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Quaternaglia Guitar Quartet
Chrystian Dozza
Fabio Ramazzina
Thiago Abdalla
Sidney Molina
Direcção musical Sidney Molina
Uma Conversa entre a Força e a Delicadeza | Sidney Molina
Presença de Villa-Lobos
A força da música de Heitor Villa-Lobos [1887-1959] fez dela uma imagem sonora do próprio Brasil,
tornou-a uma espécie de vector originário que passou a ser reconhecido como marca da afectividade
brasileira. O que caracteriza o traço particular do “caso Villa-Lobos” é, entretanto, a absorção de
seu legado pelas gerações seguintes da música popular brasileira.
No que tange a Villa-Lobos ao quarteto interessou especialmente o desafio de explorar composições
escritas para diferentes formações, nas quais o imaginário do autor evocasse a escrita de
instrumentos de cordas dedilhadas, como cavaquinho, bandolim, viola caipira e, é claro, o violão
– a denominação usual tipicamente brasileira para a guitarra.
festival terras sem sombra
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Quaternaglia Guitar Quartet
Sidney Molina
Tem sido aclamado como um dos mais importantes
Natural de São Paulo. Os seus estudos regulares de
quartetos de violões (guitarras) da actualidade, tanto pelo
música, iniciados aos 7 anos realizaram-se no Conserva-
alto nível de seu trabalho camerístico como por sua impor-
tório Musical Paulistano, na Fundação das Artes de São
tante contribuição para a ampliação do repertório. Ao
Caetano do Sul e nos grupos de estudo do músico e
longo de mais de vinte anos de actuação, vem estabe-
filósofo Ricardo Rizek. Fez o bacharelato em Filosofia na
lecendo um cânone de obras originais e arranjos auda-
Universidade de São Paulo e especializou-se em musico-
ciosos, o que inclui a colaboração com compositores como
logia na Faculdade Carlos Gomes. Obteve o doutoramento
Leo Brouwer, Almeida Prado, Egberto Gismonti e Paulo
em Comunicação e Semiótica na Pontifícia Universidade
Bellinati.
Católica de São Paulo. Estudou guitarra com Manuel
A sua actuação começou a despertar o interesse da crítica
Fonseca, Armando Vidigal e Edelton Gloeden, e desenvolveu,
internacional após a obtenção do Ensemble Prize no
desde cedo, uma intensa actividade relacionada à didáctica
Concurso Internacional de Guitarra de Havana (Cuba) e
deste instrumento e da música em geral, o que o levou a
da participação em importantes séries de guitarra e
fundar com a especialista em educação musical Olga Molina
música de câmara nos Estados Unidos da América. Entre
– o Conservatório Mozart, de São Paulo. Como guitarrista
a sua discografia salientam-se os CD Quaternaglia,
fundador do Quarteto Quaternaglia, participou em todas
Antique, Forrobodó, Presença, Estampas Jequibau e Xangô,
as formações, gravações e concertos do grupo, no Brasil e
e o DVD Quaternaglia.
no exterior. Enquanto solista, apresentou-se em 2008 no
Tem-se apresentado em vários países e em mais de 15
Suntory Hall de Tóquio, em programa dedicado à música
estados brasileiros, além de ministrar master classes e
brasileira. Idealizador e apresentador de séries de programas
palestras na Universidade de Yale e no Conservatório de
radiofónicos veiculados pela Rádio Cultura FM de São Paulo,
Coimbra, entre outras instituições.
tem actuado como concertista, docente e palestrante, e
Os músicos do Quaternaglia utilizam três violões de seis
participado em júris de concursos de eventos guitarrísticos
cordas e um violão de sete cordas especialmente cons-
e camerísticos, dentro e fora do Brasil.
truídos pelo luthier brasileiro Sérgio Abreu.
É professor de Guitarra, Música Brasileira e Estética
Musical do Curso de Música do UNI FIAM/FAAM, em São
Paulo, e do Instituto Estadual Carlos Gomes, em Belém
do Pará. Exerce regularmente a crítica de música clássica
no jornal Folha de S. Paulo e escreveu vasta bibliografia.
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Odemira
BIODIVERSIDADE
8 de Maio de 2016 [10H00]
Um Hotspot de Biodiversidade Vegetal em Portugal: O Parque
Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina
COLABORAÇÃO Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (Parque
Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina)
APOIO Câmara Municipal de Odemira; Faculdade de Ciências da Universidade
de Lisboa
Ao longo de um percurso de cerca de 5 km, partindo de um porto
de pesca – o Portinho do Canal –, realiza-se um transecto de
reconhecimento das comunidades vegetais do Parque Natural do
Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Este foi criado em 1988 e
abrange territórios nos concelhos de Aljezur, de Odemira, de Sines
e de Vila do Bispo, desde São Torpes, a sul de Sines, até ao Burgau,
já na costa meridional algarvia); incidindo numa faixa marítima
de 2 km de largura que acompanha a área protegida em toda a
sua extensão.
O percurso será guiado por investigadores da Faculdade de
Ciências da Universidade de Lisboa e focará as principais
cambiantes de habitat que caracterizam o Parque Natural: arribas,
dunas, charnecas litorais e charcos temporários. Nesta oportunidade soberana de conhecer um dos principais tesouros de
biodiversidade do Portugal atlântico, proceder-se-á à sinalização
e ao controlo de núcleos pioneiros de espécies vegetais invasoras.
Ter-se-á igualmente em conta o interface património natural/
património cultural.
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Castro Verde
ALMOÇO
15 de Maio de 2016 [13H30]
Almoço de degustação de Produtos Regionais Com o chef Cecilio Lera, do Restaurante Lera, de Castro Verde
de Campos (Zamora, Espanha)
O Festival Terras Sem Sombra tem vindo a realizar, nos últimos
anos, um conjunto de actividades para a promoção dos produtos
regionais, numa visão gastronómica alargada. Como Castroverde
de Campos é um município histórico da província de Zamora
(Espanha) que se encontra geminado com Castro Verde desde
2007, foi endereçado um convite ao reconhecido chef Cecilio Lera,
a quem se deve a fundação do mítico Casón del Labrador, para
criar um menú com produtos regionais do Baixo Alentejo.
Gastrónomo, político, agricultor, viticultor, caçador, apaixonado por burros,
cavalos e cães, poeta e amante dos touros, Cecílio Lera é o mais antigo
presidente da Câmara de Espanha: desde há 32 anos que exerce funções de
forma ininterrupta e com maioria absoluta. Homem de esquerda desde os
tempos que estudava fora e mantinha contactos com os republicanos do exílio.
Pelo restaurante de D. Cecílio passam muitas figuras de todos os quadrantes
politicos e sociais.
festival terras sem sombra
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Serpa
CONCERTO VI
21 de Maio de 2016 [21H30]
Onheama, de João Guilherme Ripper
Ópera para o público infanto-juvenil, baseada no poema
A Infância de Um Guerreiro, de Max Carphentier
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Coro Infantil e Juvenil do Instituto Gregoriano de Lisboa
Direcção coral Filipa Palhares
Fiat Lux | João Guilherme Ripper
Onheama, a partir do poema épico, A Infância de Um Guerreiro, do escritor amazonense Marc
Carpenthier. significa eclipse em língua tupi, fenómeno tão fascinante quanto aterrorizante que
cobre o mundo com o véu da escuridão. A mitologia indígena interpreta o eclipse como a acção
maléfica de Xivi, a terrível onça celeste, que devora Guaraci, o sol, e depois sai à caça das estrelas
e de Jaci, a lua. O dia em que Xivi conseguir engolir tudo o que reluz no céu e saciar a sua fome
tremenda, o mundo acabará.
Somente um guerreiro corajoso e de coração puro poderá salvar a Amazónia e a Terra do terrível
monstro. Nosso herói chama-se Iporangaba. Com a sua mensagem ecológica, Onheama destina-se originalmente ao público infanto-juvenil.
festival terras sem sombra
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João Guilherme Ripper
Orquestra Sinfónica
Portuguesa
Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi
Criada em 1993, a Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) é
professor da Escola de Música da Universidade Federal
um dos corpos artísticos do Teatro Nacional de São Carlos
do Rio de Janeiro, instituição que dirigiu entre 1999 e
e tem vindo a desenvolver uma actividade sinfónica própria,
2003. Criou e dirigiu a Orquestra de Câmara do Pantanal,
incluindo uma programação regular de concertos, partici-
em Mato Grosso do Sul, e actuou como regente convidado
pações em festivais de música nacionais e internacionais.
de diversas orquestras brasileiras.
Colabora regularmente com a RTP - Antena 2 através da
Recebeu o Prémio Associação Paulista dos Críticos de
transmissão dos seus concertos e participação em iniciativas
Arte, em 2000, pela ópera Domitila. Escreveu Desenredo
da própria Rádio.
para a Orquestra Sinfónica de São Paulo, em 2008, e Cinco
No âmbito das temporadas líricas e sinfónicas, a OSP tem-
Poemas de Vinicius de Moraes, em 2013. Piedade, ópera
se apresentado sob a direcção de notáveis maestros, como
encomendada pela Orquestra Petrobras Sinfónica, foi
Rafael Frühbeck de Burgos, Alain Lombard, Nello Santi,
encenada em 2012, o mesmo ano em que estreou a nova
Alberto Zedda, Harry Christophers, George Pehlivanian,
versão da ópera Anjo Negro, sobre peça teatral homónima
Michel Plasson, Krzysztof Penderecki, Djansug Kakhidze,
de Nelson Rodrigues.
Milán Horvat, Jeffrey Tate e Iuri Ahronovitch, entre outros.
Em 2014, criou duas óperas: Onheama, encomenda do
A discografia da OSP conta com dois álbuns para a etiqueta
Festival Amazonas de Ópera, e O Diletante, encomenda
Marco Polo, com as Sinfonias n.º 1 e n.º 5 e n.º 3 e n.º 6, de Joly
da Escola de Música da UFRJ. A Orquestra Filarmónica
Braga Santos, que gravou sob a direcção do seu primeiro
de Minas Gerais estreou, em 2015, a obra Jogos Sinfónicos,
maestro titular, Álvaro Cassuto, e Crossing Borders (obras
encomendada para a inauguração da Sala Minas Gerais.
de Wagner, Gershwin, Mendelssohn), sob a direcção de Julia
Dirigiu a Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, entre
Jones, numa gravação ao vivo pela Antena 2.
2004 e 2015. Neste ano foi nomeado presidente da
No cargo de maestro titular, seguiram-se José Ramón Encinar
Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro, cargo que
(1999-2001), Zoltán Peskó (2001-2004) e Julia Jones (2008-
ocupa actualmente. É membro da Academia Brasileira de
2011); Donato Renzetti desempenhou funções de Primeiro
Música.
Maestro Convidado entre 2005 e 2007.
festival terras sem sombra
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Coro Juvenil do Instituto
Gregoriano de Lisboa
Filipa Palhares
Criado com o objectivo de permitir aos alunos, uma
Iniciou os seus estudos no Instituto Gregoriano de Lisboa
prática avançada do repertório coral para vozes iguais, o
e ingressou na Escola Superior de Música de Lisboa, onde
coro apresenta-se regularmente em concertos. Nomea-
obteve a licenciatura em Direcção Coral e o grau de
damente em 2008, na 3.ª Sinfonia de Gustav Mahler, com
mestre em Direcção Coral.
a Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida por Michael
Frequentou cursos de Direcção Coral com Bernard Tétu
Zilm. No Festival “Terras sem Sombra 2011”, em Beja, com
(Lyon) Herbert Breuer (Hamburgo) e José António Sainz
a Banda Sinfónica da GNR. E em Abril de 2012 nos “Dias
Alfaro (San Sebastian). Estudou com Max von Egmond,
da Música” no CCB, em Lisboa. Participou no concerto
Marius Altena (Canto) e Jacques Ogg (Cravo) nos cursos
de abertura do 2.º Festival Coral de Verão de Lisboa em
de Música Barroca da Casa de Mateus. Frequentou o curso
2013, com a obra “Carmina Burana” de Carl Orff. Em
de aperfeiçoamento artístico em Direcção Coral no Real
Novembro de 2014 foi um dos coros convidados no
Conservatório Superior de Música de Madrid.
concerto de aniversário do Coro Gulbenkian e em
Foi professora na Academia de Amadores de Música, na
Fevereiro deste ano participou num concerto dedicado
Academia de Música de Santa Cecília e na Academia de
aos três pastorinhos de Fátima. Em Abril de 2015, ganhou
Dança Contemporânea de Setúbal; leccionou no Conser-
o primeiro prémio no “Certamen Juvenil Internacional de
vatório Regional de Setúbal e no Instituto Gregoriano de
Habaneras” em Espanha, tendo sido alvo das melhores
Lisboa, onde tem a seu cargo o coro infantil.
críticas, pelo júri espanhol. Em Junho, ganhou uma
Foi membro da Camerata Vocal de Lisboa e do Coro
medalha de ouro no 4º festival Coral de Verão de Lisboa,
Feminino Cantata. Dirigiu o Orfeão da Covilhã, o Conduc-
obtendo a melhor pontuação de todo o festival.
tus Ensemble, o Grupo Coral de Lagos com quem gravou
O coro tem executado obras de compositores portugueses
o CD de música coral «Terra Morena», e o Grupo Coral
contemporâneos, tais como Lopes-Graça, Sérgio Azevedo,
Encontro com quem gravou o CD «25 anos de canto».
Nuno da Rocha, Alfredo Teixeira e Eurico Carrapatoso.
Fundou e dirigiu o Coro do Tejo e dirige presentemente
o Grupo Coral da Sociedade Filarmónica Palmelense
“Loureiros”. Na área da ópera tem colaborado como
coralista e maestrina de coro em diversas produções.
festival terras sem sombra
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Serpa
BIODIVERSIDADE
22 de Maio de 2016 [10H00]
No Coração do Parque Natural do Vale do Guadiana:
A Serra de Serpa, o Microclima de Limas e o Acidente
Geológico do Pulo do Lobo
COLABORAÇÃO Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (Parque
Natural do Vale do Guadiana)
APOIO Câmara Municipal de Serpa; LNEG – Laboratório Nacional de Energia
e Geologia
O Guadiana ganha outro vigor no Pulo do Lobo. Aqui, inicia a
escavação do seu leito primitivo e forma uma garganta escarpada
de 20 m de altura que acompanha o curso fluvial até à proximidade
de Mértola. Precipitando-se num turbilhão de cerca de 16 m de
altura sobre o pego do Sável, molda os quartzitos formando as
marmitas de gigante. Depois, avança ao longo de 4 km pelo vale
encaixado da corredora. Ao constituir um obstáculo natural à
progressão para montante dos peixes migradores que sobem o
rio para desovar, o pego torna-se uma armadilha natural para a
ictiofauna (sável, lampreia).
Aliada à interpretação geomorfológica do local, esta acção procura,
num percurso interpretativo, encontrar vestígios milenares da
presença humana gravados na rocha e crustáceos contemporâneos
dos dinossauros. Nas margens do vale antigo do rio, encontramos
os habitats mais intocados do Parque Natural do Vale do Guadiana:
o Matagal mediterrânico. Percorrendo uma paisagem de certo
modo única, vão ser observados vestígios de cheias antigas
(o Guadiana é célebre pelas suas cheias apocalípticas) e, no céu,
as espécies de aves emblemáticas da área protegida: cegonhapreta, águia-real e águia-de-bonelli.
festival terras sem sombra
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Castro Verde
CONCERTO VII
4 de Junho de 2016 [21H30]
Polirritmias: Ligeti Africano
Tradição da África Subsariana
Babashibaba
György Ligeti [1923-2006]
Études pour Piano, VIII: Fém
Tradição da África Subsariana
Ndé (Bangangté, Camarões, língua medumba)
Ben Sikin (Bangangté, Camarões, língua medumba)
György Ligeti
Études pour Piano, II: Fanfares
Études pour Piano, II: Cordes Vides
Études pour Piano, I: Désordre
Tradição da África Subsariana
Ntanú Khó (República da Guiné [Conacri])
Improviso pentatónico
György Ligeti
Études pour Piano, V: Arc-en-ciel
Études pour Piano, XI: En Suspens
Tradição da África Subsariana
Africa Danse (República da Guiné [Conacri])
György Ligeti
Études pour Piano, XVI: Pour Irina
Tradição da África Subsariana
Africa 2 (República da Guiné [Conacri])
Ndanzi (Bangangté, Camarões)
Kounga 2 (Bangangté, Camarões, língua medumba)
György Ligeti
Études pour Piano, X: Der Zauberlehrling
festival terras sem sombra
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Tradição da África Subsariana e Alberto Rosado
Improviso em 2+2+3+2+2+2+3…
György Ligeti
Études pour Piano, XIII: L’Escalier du Diable
Tradição da África Subsariana
Babashibaba
Piano Alberto Rosado
Balafão, camani nguni, kalimba Shyla Aboubacar
Tum laah, balafão, sanza Justin Tchatchoua
Cabaça, nkul, sheker, ngogoma Bangura Husmani
Apresentação e textos Polo Vallejo
África inspira o Ocidente | Polo Vallejo
Um Olhar Poliédrico
O concert, além do interesse que suscita pela temática e pelas músicas, procura aproximar o
ouvinte do núcleo central do argumento: África inspira o Ocidente. Mas como? Articulada numa
introdução e em quatro blocos temáticos, propomos uma aproximação a esse argumento a partir
de vários ângulos e com uma certa intenção pedagógica, mostrando a singularidade de cada tema
e dos elementos mais significativos das obras que o conformam, revelando, assim, os parentescos
que existem entre ambas as linguagens, a africana e a ocidental. Ao destacarmos os aspectos que
tanto chamaram a atenção de Ligeti e o uso que ele fez dos mesmos, intuiremos como concebeu
e construiu as suas obras.
Para tal, elencam-se exemplos concisos, práticos e esclarecedores que permitem aprofundar o
contexto e as estruturas de cada música, de modo a que possa ser fruída a partir de uma
compreensão mais “poliédrica”. Em certos momentos, poder-se-á comprovar de que forma a
improvisação, longe de parecer um exercício arbitrário, corresponde a critérios de selecção e
variação de uma material musical que parte de princípios assaz regulados; isto permitirá que os
intérpretes, por seu turno, encontrem espaços comuns onde, numa atmosfera de diálogo, se torna
possível experimentar e partilhar músicas diferentes, mas dispostas sobre “esqueletos” similares.
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Alberto Rosado
Shyla Aboubacar
Piano
Balafão, camani nguni, kalimba
Nasceu em Salamanca em 1970. Principiou os estudos
Nasceu em 1982 na localidade de Kindia, da etnia sousou
musicais na cidade natal e prosseguiu-os em Budapeste,
(Guiné-Conacri). Aos 7 anos, começou a tocar bongoma,
com Peter Nagy, e em Amsterdão, com Jan Wijn. A partir
por iniciativa própria, ao mesmo tempo que aprendeu
de 1994 trabalhou regularmente com Josep Colom, em
inúmeros cantos tradicionais.
Alcalá de henares, onde também estudou música de
Aos 13 anos, integrou um grupo de folclore, como cantor
câmara com Ferena Rada. Em 1997 iniciou uma estreita
e executante de bongoma, aperfeiçoando simultanea-
colaboração com Luca Chiantore.
mente os conhecimentos de bolom, instrumento muito
Em 1999 integrou o Plural ensemble e o Projecto Genhard.
utilizado pelos ballets de Conacri. Aos 17, começou a
Estas iniciativas levam-o a entrar em contacto com os
estudar com o mestre Kakissi, antigo percussionista do
directores Fabian Panisello, José Ramón Encinar, Zsolt
Ballet Joliba, instruindo-se nos segredos do djembe e do
Nagy, Jean Paul Dessy e Peter Rundel e a começar uma
dumdum e passando a pertencer ao grupo de dança
estreita relação com muitos compositores de Espanha e
Bassikolo.
de outros países euriopeus. Desde então tem marcado
Pela mesma altura, trabalhou numa oficina de instru-
presença em festivais e concertos nas principais cidades
mentos, tornou-se um perito na feitura do bolon e do
da Europa, América e Japão.
bongoma.
Tem actuado como solista com algumas das melhores
Em 2001, após realizar inúmeras actuações em hotéis e
orquestras europeias. Realizou gravações para as etiquetas
de ser professor de estrangeiros, conheceu o cantor
Naxos, Col Legno e Verso, com obras de Ligeti, Messiaen,
Seidou, da Serra Leoa, contratando-o para colaborar num
Takemitsu, Cage, Camarero, Panisello, Del Puerto, além
disco; com ele, fez digressões por vários países.
das obras completas para piano de José Manuel Lopes
Nos finais desse ano, estabeleceu-se em Espanha, como
López e Cristóbal Halffter.
músico da banda de Seidou e da companhia Nube Negra,
Dedica-se à música de câmara e piano contemporânea e
realizando concertos em todo o país. Leccionou em
coordena o Estúdio de Música Contemporânea do
Pamplona e Madrid e participou no Africa Festival de
Conservatorio Superior de Música de Salamanca.
Würzburg. Em 2002, fundou a sua própria banda, Obibase.
É uma das vozes mais destacadas e um dos músicos
africanos com maior conhecimento da cultura da GuinéConacri.
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Justin Tchatchoua
Bangura Husmani
Tum laah, balafão, sanza
Cabaça, nkul, sheker, ngogoma
Natural da República dos Camarões, descende de uma
Também conhecido por Anstel, entrou aos 15 anos na
família de músicos: o pai era um virtuoso do balafão e
escola do Ballet Fareta, de Conacri, onde fez a formação
inculcou-lhe o amor pela música tradicional, introduzindo-
em música tradicional e se especializou em percussão.
o nos segredos dos ritmos africanos e de uma ampla gama
Colaborou com esta instituição até 2003, chegando a
de cadências musicais.
alcançar o grau de cheff batteur (primeiro percussionista).
Revelou cedo um talento inato para a arte, colaborando
Entre 1998 y 2003, integrou o Ballet Merveilles de Guinée,
em projectos educativos, promovendo o uso dos
como dundunfola (intérprete de dundun), e o Ballet AJK
instrumentos étnicos entre os mais jovens e actuando
Danse, como percussionista. Durante este periodo,
como contador de histórias tradicionais. Tem escrito obras
participou activamente em celebrações e festividades
teatrais de cariz pedagógico, como Baah Mambala. O seu
típicas da vida tradicional da Guiné.
single Love me the way I do, produzido por Rogers All Stars,
Paralelamente, leccionou e acompanhou aulas de dança
em 1982, vendeu quase um milhão de exemplares na
de grandes mestres, em inúmeros pontos da Guiné-
Nigéria.
Conacri e do Senegal, frequentadas por alunos oriundos
Culminando o seu sonho africano, chegou a Espanha em
vários países. Tem continuado a dedicar-se, até hoje, ao
1983, onde deu provas de um estilo musical inconfundível
ensino.
e único. Tem vindo a realizar um esforço sistemático para
Como membro de diversas companhias, tem feito inúme-
o desenvolvimento e a integração da convivência inter-
ras apresentações artísticas em teatros, festivais e
cultural, através do seu trabalho de promoção, salva -
concertos, com realce para o Festival Intercontinental de
guarda e valorização dos instrumentos tradicionais, o que
West-Africa, no Palais du Peuple (Conacri). Em Espanha,
lhe granjeou o reconhecimento de diversas instituições
onde passou a viver em 2003, fundou e dirigiu diversos
e o tornou um dos artistas africanos mais apreciados.
eventos.
Na qualidade de percussionista, trabalhou com Axe
Malinke, Allatantou, Shakatribe, Tumbata, Bogui jui e
Nakany Kanté.
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Polo Vallejo
Apresentação e textos
Doutorado em Ciências da Música, etnomusicólogo,
pedagogo e compositor, é membro do Laboratoire de
Musicologie Comparée et Anthropologie de la Musique
da Université de Montréal (Canadá) e assessor da Carl
Orff-Stiftung, em Dießen (Alemanha).
Referência internacional no campo da pedagogia e da
musicologia experimental, realiza trabalhos de terreno
em África, desde 1987, com destaque para um estudo
pioneiro sobre a sistemática musical dos wagogo da
Tanzânia.
Desenvolve actualmente duas linhas de investigação
experimental: uma sobre as polifonais vocais profanas e
religiosas da Geórgia (Cáucaso) e a outra acerca de
repertórios infantis na região de Kedougou (Senegal).
Autor de vasta bibliografia e de um documental, Africa:
The Beat, premiado em importantes festivais de cinema,
tem vasta experiência como criador e apresentador de
concertos didácticos e cursos de formação e investigação
musical nos cinco continentes.
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Castro Verde
BIODIVERSIDADE
5 de Junho de 2016 [10H00]
Construtores de Paisagem: Acompanhando Uma Jornada de
Trabalho de Um Pastor do Campo Branco
COLABORAÇÃO Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (Parque
Natural do Vale do Guadiana)
APOIO Câmara Municipal de Castro Verde; Associação de Agricultores do
Campo Branco
Descobrir os segredos dos antigos moirais de ovelhas dos campos
de Castro Verde, eis o mote desta acção. Os grandes rebanhos da
zona da Serra da Estrela e de outros pontos da Meseta Central
Ibérica vinham, desde épocas remotas, invernar nos campos de
Ourique. Mesmo quando deixaram de ser realizados os movimentos
longos de transumância, perduraram, até há poucas décadas, as
dinâmicas de deslocação dos gados entre o Campo Branco e os
terrenos mais férteis de pastagem da charneca (Odemira, Santiago
do Cacém, Sines), no Inverno, e para os “barros” (Beja, Ferreira),
no Verão.
Nesses tempos, os caminhos eram de terra, não existiam as
arramadas e os rebanhos circulavam quase livremente, muitas
vezes em conflito com os donos das herdades vizinhas.
Hoje são muito raros os pastores que ainda passam largas
temporadas no campo, a actividade adaptou-se á evolução social,
mas não deixa de integrar os ensinamentos do passado, ainda
bem presentes na paisagem do Campo Branco. Aos participantes
nesta iniciativa será dada a oportunidade de acompanhar uma
jornada de trabalho de um moiral (“maioral”), um pastor sénior
do Campo Branco.
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Beja
CONCERTO DE ENCERRAMENTO
18 de Junho de 2016 [21H30]
Inesperado Resgate: Compositores Portugueses na Espanha
do Siglo de Oro
Manuel Machado [ca. 1590-1646]
Afuera que sale con ejércitos de flores, a 4, tono humano
Juan Hidalgo [1614-1685]
Al dichoso nacer de mi Niño, a 4, tono para o Natal [só estr.]
Manuel Machado
Abejuela que al jazmín, a 4, tono humano*
Juan Hidalgo
Mariposa incauta, duo ao Santíssimo Sacramento
Fr. Manuel Correa [ca. 1600-1653]
Ojos míos, ¿qué tenéis…? a 3, tono humano*
Juan Hidalgo
Anarda divina, duo [a lo humano]
Fr. Manuel Correa
Ya las sombras de la noche, a 4, tono humano*
Ay, Jesús y qué mar de bravatas, a 4, vilancico ao Santísimo
Sacramento*
Juan Hidalgo
¡Venid, querubines alados!, a 4, vilancico a Nossa Senhora
Fr. Manuel Correa
“Venganza, griegos” repite, a 4, tono humano*
Juan Hidalgo
Antorcha brillante, a solo e a 4, vilancico ao Santíssimo Sacramento
Fr. Filipe da Madre de Deus [ca. 1630-ca. 1687]
Cantad llorando este día, a 4, vilancico à Ascensão
Fr. Manuel Correa
Con las mozas de Vallecas, a 4, tono humano*
Manuel Machado
En tus brazos una noche, a 4, tono humano
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Juan Hidalgo
¡Ay, corazón amante! tonada humana a solo
Luceros y flores, arded y lucid, solo a Nossa Senhora [versión a lo
humano]
Aunque en el pan del cielo, a 3, [tono], ao Santíssimo Sacramento
Ay, cómo gime, a 4, tono de Los celos hacen estrellas (1672)
*
Estreias nacionais.
La Grande Chapelle
Direcção musical Albert Recasens
No Tempo da “Monarquia Dual” | Albert Recasens
A união de Portugal e Espanha na denominada “Monarquia Hispânica” ou “Monarquia Católica”
(1580-1640), com a consequente perda da autonomia lusa, assim como a crise económica,
provocaram o êxodo de artistas e músicos portugueses para o reino vizinho.
Este programa deleita-nos com uma selecção do magnífico repertório de alguns dos principais
músicos ibéricos do século XVII: Fr. Manuel Correa, Fr. Filipe da Madre de Deus, Manuel Machado
e Juan Hidalgo já alvo de registos discográficos por parte de La Grande Chapelle, que revelam
características estilísticas comuns, como o uso dos géneros em voga (tonos, vilancicos e romances),
a ousadia harmónica ou a ênfase na retórica e na expressão do texto. Trata-se, sem dúvida, de
um acervo comum que merece ser resgatado.
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La Grande Chapelle
Albert Recasens
Direcção musical
Este conjunto vocal e instrumental de música antiga
Natural de Cambrils (Tarragona), principiou os estudos
assume uma decidida vocação europeia, tendo como
musicais sob a orientação do pai, o pedagogo e director
principal objectivo a proposta de novas leituras das
musical Ángel Recasens, no Conservatorio Profesional de
grandes obras vocais espanholas dos séculos XVI e XVIII,
Vilaseca i Salou. Aperfeiçoou os conhecimentos na Escola
privilegiando a produção policoral barroca. Pretende
de Música de Barcelona, Stedelijk Conservatorium Brugge,
igualmente contribuir para a urgente tarefa de recuperar
de Bruges, e Koninklijk Conservatorium, de Gand. Especia-
o repertório latino-americano hispano.
lizou-se em pedagogia musical, canto coral e direcção,
Já se apresentou nos principais ciclos espanhóis e em
sob a orientação de Jorma Panula e Roland Börger.
festivais de referência. Desde a fundação, em 2005, que,
Paralelamente, estudou musicologia na Universidade
impulsionado pelo desejo de difundir a herança musical
Católica de Lovaina. Desde os primórdios da carreira
hispânica, criou a etiqueta Lauda. Tem valorizado, neste
profissional, associa a prática musical, a gestão e a
âmbito, duas linhas: a relação entre a música e a literatura
investigação musicológica. É autor de vasta bibliografia
do Siglo d’Oro; e a recuperação do repertório dos principais
e organizou a edição crítica da zarzuela Briseida, das
compositores espanhóis do Renascimento e do Barroco,
Canciones Instrumentales, de Antonio Rodríguez de Hita,
sempre com primeiras gravações mundiais, especialmente
e do Liber primus missarum, de Alonso Lobo. Integrou
através de recriações musicológicas que situem, no seu
também projectos de investigação sobre a tonadilha
contexto, um determinado autor ou obra.
cénica, a rede Sólo Madrid es Corte e a Aula Música Poética.
Em 2010, recebeu o I Premio FestClásica (Asociación
Foi professor das universidades de Valência e Autónoma
Española de Festivales de Música Clásica), pelo seu
de Madrid. Actualmente, ensina na Universidad Carlos
contributo para a interpretação e a recuperação de música
III, de Madrid, e na Universidad de Valladolid.
inédita espanhola.
Em 2005, iniciou um ambicioso projecto de recuperação
do património musical espanhol com a fundação de La
Grande Chapelle e da etiqueta Lauda. Tem dado a
conhecer obras inéditas dos grandes mestres dos séculos
XVI a XVIII com estreias ou primeiras gravações mundiais.
Após assumir a direcção artística de La Grande Chapelle,
em 2007, tem realizado inúmeros concertos, tanto de
polifonia como de música barroca.
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Beja
BIODIVERSIDADE
19 de Junho de 2016 [10H00]
Entre Ribeiras: Na Confluência das Ribeiras de Terges e Cobres
– Turismo de Natureza e Sustentabilidade
COLABORAÇÃO Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (Parque
Natural do Vale do Guadiana)
APOIO Câmara Municipal de Beja
As bacias hidrográficas das ribeiras de Terges e de Cobres cobrem
uma parte significativa do Campo Branco. O relevo homogéneo
e monótono da peneplanície baixo-alentejana altera-se apenas na
presença destes cursos de água que, pelas suas características,
guardam muita da biodiversidade original do território, ao
contrário das áreas envolventes, moldadas pela ocupação humana
de centenas de gerações de pastores e agricultores. São os “nossos
oásis”.
Esta actividade decorre num percurso entre o curso fluvial e um
barranco afluente, cuja vegetação foi sabiamente salvaguarda ao
longo de gerações pelos proprietários da herdade. No final, em
torno de uma unidade de agro-turismo, denominada Xistos,
esperam-nos um conjunto de descobertas: o potencial natural e
o saber fazer.
Realiza-se aqui, no coração do distrito de Beja, uma evocação,
pelos amigos, de Armando Sevinate Pinto [1946-2015]. Descendente de uma família de lavradores e engenheiro agrónomo,
desempenhou, entre outros cargos públicos, o de ministro da
Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas (2002-2004).
Grande apaixonado pelo mundo rural e pelo Alentejo, foi o primeiro
presidente do Conselho de Curadores do Festival Terras sem
Sombra.
festival terras sem sombra
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Prémio Internacional Terras
sem Sombra
2 de Julho . 18H30
Sines, Auditório do Centro das Artes
Na sequência de uma decisão tomada, na sua primeira reunião,
pelo Conselho de Curadores, a organização do Festival Terras sem
Sombra instituiu, em 2011, o Prémio Internacional com o mesmo
nome, destinado a homenagear uma personalidade ou uma
instituição que se tenham salientado, ao nível global, em cada
uma das seguintes categorias: a promoção da Música; a valorização
do Património Cultural; e a salvaguarda da Biodiversidade.
A escolha dos recipiendários é da responsabilidade de um júri
internacional, designado pelo Departamento do Património
Histórico e Artístico da Diocese de Beja, como entidade promotora
do Festival, e uma vez ouvido o parecer das diversas instâncias
deste. O Prémio consta de um diploma e de uma obra de arte
encomendada a um artista contemporâneo, sendo entregue num
momento culminante da temporada musical no Alentejo.
Com periodicidade anual, esta distinção foi entregue pela primeira
vez por S.A.R. o Príncipe Pavlos da Grécia, a 7 de Maio de 2011,
em sessão solene realizada na igreja matriz de Santiago do Cacém.
Por decisão unânime, a escolha do júri contemplou a soprano
norte-americana Cheryl Studer (Música), a Pontifica Acacdemia
Romana di Arcehologia, com sede na Cidade do Vaticano
(Património Cultural), e o oceanólogo português Mário Ruivo
(Biodiversidade).
Em 2012, o Prémio distingiu a soprano grega Dimitra Theodossiou
(Música), a museóloga e historiadora de arte portuguesa Maria
Helena Mendes Pinto (Património Cultural), e o biólogo espanhol
Miguel Ángel Simón (Biodiversidade). A cerimónia da sua entrega
realizou-se no Auditório Municipal de Grândola, em 7 de Julho, e
< Premiados FTSS da edição de 2015.
festival terras sem sombra
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foi presidida pelo Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, Carlos Moedas, em representação do Primeiro-Ministro.
A Casa da Cultura de Comporta, no concelho de Alcácer do Sal,
acolheu a cerimónia do Prémio Internacional Terras sem Sombra
em 2013, a que presidiu S.A.R. a Infanta D. Pilar de Borbón,
Duquesa de Badajoz. Foram premiados o baixo italiano Enzo Dara
(Música), a Associação dos Arqueólogos Portugueses (Património
Cultural), que celebrou em 2013 o 150.º aniversário da sua
fundação, e o investigador angolano Pedro Vaz Pinto (Biodiversidade).
No ano de 2014, o acto de entrega decorreu no Auditório do Centro
das Artes de Sines, sob a presidência do Ministro Adjunto e do
Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduros, sendo
distinguidos a soprano espanhola Teresa Berganza (Música), o
estadista e homem de letras brasileiro Angelo Oswaldo de Araújo
Santos (Património Cultural) e o ambientalista português Serafim
Augusto de Freitas Riem (Biodiversidade).
Sines acolheu igualmente, no Auditório do Centro das Artes, a
sessão de 2015, presidida por S.A.R. o Príncipe D. Pedro de BorbónDuas Sicílias, Duque de Noto. Receberam o Prémio o musicólogo
espanhol Ismael Fernández de la Cuesta (Música), o Centro
Nacional de Cultural, com sede em Lisboa (Património Cultural),
e o Programa para o Mediterrâneo do WWF – World Wide Fund
For Nature, que irradia a sua acção a partir de Roma (Bio diversidade).
Os premiados serão oportunamente anunciados em
www.festivalterrassemsombra.org
festival terras sem sombra
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Créditos
DIRECÇÃO-GERAL
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DIRECÇÃO ARTÍSTICA
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Sara Fonseca
COMISSÃO ORGANIZADORA
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