açúcar - JM Madeira
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açúcar - JM Madeira
O VIAJANTE Paris FELIZ COM MAIS Esperem!! Há vida no Japão para lá do suhi BOCA DOCE açucar 22 | este suplemento não pode ser vendido separadamente do JM | Foto capa - JM/Albino Encarnação 16 perguntas ao jornalista Filipe Gonçalves «A depressão foi uma parte muito desagradável da minha aprendizagem» Entrevista a Júlio Machado Vaz a 2 | açúcar | SÁB 6 AGO 2016 do tempo íntimo Os Verões Sonolentos CRÓNICA Diogo Correia Pinto [email protected] Na varanda, eu e o meu avô sentados, comungávamos o silêncio espesso do passar do dia. Olhávamos o longe. Ele, figura grave e granítica de outros tempos. Eu, uma criança, observador aguçado, tentando perceber os ínfimos detalhes do que me rodeava. o s verões cheiravam a tempo longo, com os meses sonolentos a vaguearem numa preguiça estival entre os pinheiros bravos, a erva seca e a água dos ribeiros. Ao longe, os sinos da igreja vigiavam as horas apressadas, desviando-as da sua sofreguidão implacável. Cada badalada adormecia no campanário e ecoava pela cidade numa aragem quente, deixando os corpos ao prazer dos cansaços entorpecidos. As paredes da casa ferviam, inspiravam demoradamente o ar abrasador, instalando-o pelos compartimentos. Na varanda, eu e o meu avô sentados, comungávamos o silêncio espesso do passar do dia. Olhávamos o longe. Ele, figura grave e granítica de outros tempos. Eu, uma criança, observador aguçado, tentando perceber os ínfimos detalhes do que me rodeava. (Pausa.) -Avô. - Sim. - Quando nasceste aquela montanha era assim? - Assim como? - Como é agora. - Sim, quando nasci aquela montanha já existia. (Pausa.) - E quando eu for velhinho, ela continuará ali. - Penso que sim. - Quer dizer então que ela será muito velhinha. -Sim. (Pausa.) -Ela não vai morrer? -As montanhas não morrem. (Pausa.) A tarde alongava-se sem esforço, no reforço da pausa. Havia entre nós um elo secreto, uma fonte inesgotável que nos unia ao espaço e tempo. Tudo era uma coisa só. O entendimento surgia não por aquilo que se dizia ou fazia, mas na simplicidade de uma respiração conjunta. Estávamos. Só. Entretanto, a noite descia dando tréguas ao calor. Um vento brando bafejava-nos a fronte, despertando-nos da lassidão da vespertina. (Pausa.) -Avô. - Sim. - Para onde foi o Sol? - Fugiu para o outro lado da Terra. - Mas amanhã ele volta? - Sim, amanhã ele está cá outra vez. (Pausa.) - E se um dia ele fugir e nunca mais voltar. - Ele não vai fugir. (Pausa.) - Pode-se zangar. - (Rindo-se) Sim, talvez. (Pausa.) Logo um sono manso vinha beijar-me as pálpebras, acalentando-me para a travessia nocturna. O dia seguinte seria igual e os que viriam a seguir também, numa constante reprodução familiar que me embalava num silêncio cúmplice e seguro. a a SÁB 6 AGO 2016 | açúcar | 3 o viajante Diogo Correia Pinto Paris [email protected] Nunca me senti um turista nesta cidade, provavelmente por isso é que nunca subi à Torre Eiffel. e stive em Paris diversas vezes, em anos que não consigo precisar. Viajei de avião, carro, carrinha, cheguei a ir de autocarro, cheio de "avecs" com o seu português afrancesado, da janela tipo "fenêtre" e da casa estilo "maison".Eram vinte e cinco horas ininterruptas, o veículo atulhado impedindo-me o mínimo movimento, com o cheiro a rissol e a frango assado da merenda dos viajantes a enjoar-me nas curvas e contracurvas do percurso. Mas valia o esforço. As inúmeras memórias avulsas impõem uma organização cronológica. Em 1993, aterrei pela primeira vez na cidade. A minha primeira grande viagem. Fiquei em casa de C., na Rue des Martyrs, bem perto do Pigalle, zona de transgressão para a minha cabeça de catorze anos, na altura, um bairro com sex shops, "cabarets", prostitutas, todo um movimento de figuras noturnas que deambulavam pela zona, criavam em mim sentimentos ambivalentes, um misto de encantamento e estranheza. Recordo-me de chegar a casa ao fim do dia, extenuado, os meus sentidos em permanente alerta filtrando cada pequeno mo- vimento da vertigem citadina deixavam-me de rastos. Anos mais tarde, C. mudou de casa, descendo para a Rue Saint-Lazare, mais pacata e aburguesada. Corria o ano de 1999, tinha dezanove anos e, sem aqueles medos iniciais das primeiras visitas, comecei a conhecer a cidade, deixando-me perder pelos grandes Boulevards Haussmann, ele que foi responsável pela grande reforma urbana de Paris no século XIX, cortando-a em grandes avenidas. A melhor maneira de conhecer uma cidade começa por perdermo-nos nela. Calcorreava as ruas a pé, raramente apanhava o metro, fiz quilómetros. Na altura, C. trabalhava no Marais, zona icónica da cidade, espaço de referência das co- munidades gay e artística, com um comércio muito criativo, desde lojas de decoração, livrarias, perfumarias, casas de chá e restaurantes. Ao lado, o inenarrável Centre George Pompidou, com a sua arquitectura vanguardista e exposições de arte contemporânea. Perto, a Torre Sant-Jacques ou a conhecida Catedral NotreDame de Paris.Talvez 4 | açúcar | SÁB 6 AGO 2016 não conheça outra cidade em que todas as tendências arquitectónicas se organizem e se integrem tão harmoniosamente. Foram meses de descoberta, com pequenas vivências cotidianas, de fazer coisas tão prosaicas como comprar uma baguete para o pequeno-almoço, que me fizeram sair fora do roteiro turístico e sentir-me um verdadeiro parisiense, um cidadão do mundo, numa área em que todas as raças, credos, línguas se concentram e que têm uma convivência diária quase sempre pacífica. Por isso, para mim foi tão difícil entender os atentados do último ano. Em 2008, C. instalou-se no bairro 10°, na Rue de l'Échiquier perto da PorteSaint-Denis, uma zona muito popular, com uma grande comunidade do Magreb. Por vezes, em Paris, se mudamos de bairro, "arrondissement", parece que estamos noutro país. Na altura consegui arranjar uma bicicleta, que permitia locomoverme mais fácil e rapidamente. Visitei o Père-Lachaise, um cemitério imenso, onde estão Jim Morrison ou Edith Piaf, entre tantos outros. Conheci também o cemitério de Montparnasse, onde está sepultado Serge Gainsbourg, num túmulo muito bonito, simples, em que os fãs depositam gitanes, a marca de tabaco favorita do músico e uma das suas imagens de marca. Outros ilustres também lá estão, tais como Sarte ou Simone de Beauvoir, Beckett ou Ionesco. Tenho o hábito de conhecer os cemitérios por onde passo,além de ser um espaço de calma na azáfama urbana, conseguimos perceber muito da cultura de um povo através da sua relação com a morte. Após alguns anos de au- sência, em 2014 regressei com a minha namorada. Elaborei um roteiro amoroso, tentando passar pelos diversos pontos interessantes da cidade. Alojamo-nos em Montmartre, zona de boémia e artistas da Belle Époque, embora seja tremendamente turística, o bairro tem algumas das mais belas vistas de a Paris, como serve de exemplo a panorâmica que se tem da cidade a partir da Basílica de Sacre Coeur. Fomos descendo e continuamos a rota até à Ópera de Paris, Place Vêndome, Jardin des Tuileries, Louvre, o itinerário normal. Subimos ao último andar do edifício do Printemps, onde conseguimos ter uma visão 360° da cidade e de todos os seus monumentos.Foi uma experiência única, redescobrir a cidade através do primeiro olhar de outra pessoa. Há muitas cidades em Paris, muitos recantos, diversos detalhes. Seriam precisas muitas crónicas para eu conseguir transmitir todas as experiências que passei. Nunca me senti um turista nesta cidade, provavelmente por isso é que nunca subi à Torre Eiffel. a a © Albino Encarnação SÁB 6 AGO 2016 | açúcar | 5 entrevista «É raro encontrar pessoas que, como eu, privilegiam o amor sobre a paixão» Psiquiatra, psicoterapeuta e sexólogo, Júlio Machado Vaz entra em casa dos porENTREVISTA tugueses há Susana de Figueiredo vários anos. [email protected] Começou na Rádio Nova, com “O Sexo dos Anjos”, e, depois, «veio o poder da televisão». a estar matriculado O rapaz tímido, hegou em letras, mas atendendo nascido e criado ao desejo da mãe, acaba por licenciar em medicina. no Porto, filho se Hipocondríaco, não se via numa enfermaria, e, quase único de um por acaso, esbarra numa esmédico pecialidade mais “limpa”, a psiquiatria. e de uma Cedo se deixa fascinar pela cançonetista, psicoterapia - faz um estágio Suíça - e é essencialmenacredita, como na te nessa área que passa a mover-se. Aos 66 anos, leva Vergílio 40 de prática clínica. Ferreira, que o amor é A “medicina da mente” é a mais complexa? “uma longa Necessariamente. Vivemos paciência”. num tempo em que, até de c uma forma exagerada, se fala muito na “medicina baseada na evidência”, e eu até entendo essa nostalgia… O que conta são os factos e, como diz o povo, “contra factos não há argumentos”, mas há interpretações. É indiscutível que existem ramos da medicina que se podem reclamar de muito mais evidências científicas do que a psiquiatria, e a psicoterapia, que é a área em que eu me movo, tem tanto de fascinante como de nebuloso. Aquilo que é menos evidente é, então, mais complexo? Claro. Há quarenta e tal anos, um professor meu disse: “a psicoterapia é um processo em que uma pessoa chega, fala connosco e, um dia, vai-se embora” e, de facto, é um pouco isso, são duas pessoas a pensar em paralelo. É uma relação… Sem dúvida nenhuma. A psicoterapia é, efetivamente, uma relação, e se a relação não for boa, se não se criar quilo a que nós chamamos a “aliança terapêutica”, não acontece nada… A relação transforma-se em silêncio ou numa conversa de café, e uma conversa de café pode ser agradável, mas não é terapêutica. Júlio Machado Vaz esteve recentemente na Madeira para participar na tertúlia “Uma História de Vida”, cujo protagonista foi o presidente do Montepio, António Tomás Correia. Mas ainda há muita gente que atribui a uma conversa de café o mesmo efeito terapêutico de uma psicoterapia. É verdade, eu ando nisto há quase quarenta anos e ainda há pessoas que me perguntam: “porque é que a malta não conversa a tomar um café na Foz?” E eu tenho de lhes explicar que, se me torno amigo da pessoa que estou a tratar, tenho de enviála a outro psicoterapeuta. Não resulta. Voltamos à complexidade… Como é que numa relação que exige tanto envolvimen- to se consegue manter a distância “no ponto”? Como se evita o desenvolvimento de uma amizade num terreno onde tem de existir afeto? É um vai-vem… É complicado, até porque muitas vezes subestimamos o que vai de nós para a pessoa, a contratransferência. Queremos intervir sobre o que a pessoa sente, ou julga que sente, por nós [na maioria das vezes, esses sentimentos são imagens que projetam sobre o psicoterapeuta], mas não podemos esquecer que nós também sentimos coisas pela pessoa que está a E, efetivamente, uma relação terapêutica, como qualquer relação, pode não funcionar... Pois pode. E, no extremo, o psicoterapeuta pode chegar à conclusão que o processo não avança devido a características dele. Nesses casos, há que encaminhar a pessoa para um colega. Já passou por essa experiência? Claro que sim, em tantos anos de profissão seria até estranho se não tivesse passado por isso [risos]. Aconteceu-me, há muitos anos, uma situação em que eu me apercebi de que o processo não avançava – e admito que pudesse estar enganado – porque eu tinha em mim uma resistência às características da pessoa que estava a acompanhar, e não fui capaz de ultrapassar aquilo. Se fosse hoje, talvez tivesse conseguido, a experiência ajuda muito, mas naquela altura senti-me completamente incapaz de fazê-lo. E como é que lidou com esse “divórcio”? Foi difícil, claro, mas em nenhum momento me senti humilhado, acima de tudo está o interesse da pessoa que nos pede ajuda. Tomou a decisão sozinho ou aconselhou-se junto de alguém? Pedi conselho a um colega mais velho, que me disse que se a minha perceção era aquela, devia terminar a relação, e foi o que fiz. O seu pai era médico, é influenciado por ele que ingressa em medicina? O mais politicamente correto seria dizer que aos 9 anos já sonhava ser psicoterapeuta, mas é uma mentira do tamanho da Torre dos Clérigos [risos]… É uma profissão um pouco complexa para um sonho de infância… Penso que sim [risos]. Eu nem sequer tencionava ir para medicina, aliás, no 5º ano, atual 9º, cheguei a estar inscrito em letras, mas… Sabe, eu sou filho único, e a minha mãe, como o meu pai era médico, e tinha um laboratório de análises clínicas, gostava que eu fosse para medicina, para dar seguimento ao laboratório. Ela tinha um enorme poder sobre mim [as mães têm um enorme poder sobre os filhos, nomeadamente sobre os filhos únicos]. E de repente, para minha surpresa, sem a minha mãe nunca mo ter pedido, tinha anulado a matrícula em letras e lá estava eu no curso de medicina. Mas, afinal, acabou por ir parar à área certa. Talvez o desejo da sua mãe tenha sido polvilhado de alguma intuição... Pois, talvez. Mas foi complicado, porque medicina é um curso [ou era, naquele tempo, não quero ser injusto para os currículos atuais] de “marranço” e, por isso, fi-lo com relativa facilidade e boas classificações, o proble- ma é que eu não me sentia nada à vontade naquele meio, sobretudo nas enfermarias, lidava muito mal com a doença, com a morte… Então, no último ano tropecei na psiquiatria, uma disciplina muito “limpa”, que consistia sobretudo em falar com os doentes. E ali dava-me bem, ao contrário de alguns colegas meus que, mesmo naquele tempo em que havia lugares para todos, preferiam não ter especialidade do que ir para psiquiatria, tinham horror à loucura. O velho mito de que todos os psiquiatras têm um pouco de “loucos”… Costumamos dizer que esses são os melhores [risos]. Os que não se deixam intimidar pela “loucura” e, ao invés disso, se deixam seduzir. É a partir daí que tudo começa? De certa forma, posso dizer que sim. Naquela altura, tinha vindo da Suíça, de La Chaux-de-Fonds, o professor Eurico Figueiredo, foi ele quem me aconselhou a fazer lá um estágio em psicoterapia. Fiquei fascinado com o que aprendi, aquilo para mim era o paraíso, apesar de La Chaux-de-Fonds ser uma cidade deprimente, perdida no meio das montanhas. Quanto tempo durou esse estágio? Fui com a intenção de lá ficar dois anos… Não aguentei, o estágio estava a ser excelente, mas La Chaux-deFonds era demasiado deprimente, regressei ao Porto passado um ano. Exato, e fiz também formação em terapia familiar, com os professores Abel Sampaio e José Gameiro. É assim que me torno, essencialmente, um psicoterapeuta. É nessa altura que se torna assistente do professor Eurico Figueiredo, no Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar? © Albino Encarnação diante de nós, que há pessoas com quem simpatizamos mais. Tudo isso tem de estar presente no nosso espírito, senão podemos prejudicar quem nos vem pedir ajuda. © Albino Encarnação 6 | açúcar | SÁB 6 AGO 2016 E, rapidamente, mediático. Começa por fazer um programa sobre sexologia na rádio, “O Sexo dos Anjos”, seguindo-se a televisão, com “Sexualidades”. E assim surge Júlio Machado Vaz, “o sexólogo”. Sim, até hoje “o sexólogo” [risos]. É o poder da televisão… A sexologia foi outra das descobertas que eu fiz na Suíça, onde dei consultas de disfunção sexual. Tinha lido muito sobre o tema durante o estágio em La Chaux-de-Fonds, então, decidi levar o assunto para as minhas aulas. Comecei a dar cursos extracurriculares em biomédicas e, de repente, estava a falar num anfiteatro com 200 pessoas, oriundas de várias áreas. Lembro-me de um episódio muito engraçado, em que explicava a a visão dos gregos sobre a sexualidade, e nisto um dos alunos faz uma dissertação incrível sobre o tema. Fiquei tão sur- a © Albino Encarnação SÁB 6 AGO 2016 | açúcar | 7 preendido, que fiz um discurso todo orgulhoso: “dizem que os médicos têm umas palas, que não leem nada fora da medicina, afinal...” Qual não foi o meu espanto quando ele diz: “eu sou de história” [risos]. Li algures que o convite para fazer o programa “O Sexo dos Anjos” partiu de um dos seus alunos. É verdade, o programa passava na Rádio Nova. O “Sexualidades”, na televisão, surge pouco depois, por causa d' “O Sexo dos Anjos”. Sim, a Maria João Duarte, mãe do Pedro Rolo Duarte, que ouvia “O Sexo dos Anjos” [o programa resultou, depois, num livro], deu o livro a ler ao Carlos Cruz, e ele convidou-me para fazer o “Sexualidades”, na televisão. O palco dos palcos… O grande palco. A partir daí, fiquei com um carimbo em cima, as pessoas acham que eu sou só sexólogo, que não faço mais nada. Posso até jurar a pés juntos que sou o presidente da Região Autónoma da Madeira, que, para a grande maioria, serei sempre o sexólogo [risos]. Um rapaz tímido que se torna famoso; um hipocondríaco que vai parar à medicina. Razão tinha eu em querer ir para letras [risos]. Em relação à hipocondria, eu era muito mais hipocondríaco do que sou hoje – é evidente que, após quatro anos e meio de psicanálise, melhorei imenso. Também tinha muito medo de andar de avião, o que cortou sobremaneira a minha liberdade, mas há um aspeto curioso, quando o meu neto fez um ano, o meu filho mais velho disse-me: “um avô que se preza leva os miúdos à Eurodisney” [Paris]. Pronto, preparei-me para passar mal… Surpreendentemente, fiz uma viagem de avião tranquilíssima, a ler, imagine! «Senti falta de ter um irmão desde a infância, era chato ser filho único, tinha só adultos à minha volta» E como é que correu a viagem para a Madeira? Bom, aquela aterragem, se tem sido há trinta anos atrás, teria sido terrível! Mesmo sendo eu agnóstico, teria rezado a todos os santos [risos]. É uma fobia que está ultrapassada, desde a ida à Eurodisney. Sim, creio que houve qualquer coisa de simbólico na minha vida quando os meus netos nasceram. Fui acometido por uma sensação de tranquilidade, dei por mim a pensar: “agora, se o avião caísse, [só comigo, claro, não com a família] as coisas não seriam demasiado graves”. Porquê? Pela importância daquilo já tinha vivido? Exatamente. Bem ou mal, já tinha coisas feitas, os rapazes já estavam encaminhados. Digamos que, com o nascimento dos meus netos, passei a encarar a vida de uma forma mais descontraída. E o trabalho, também? Sei que é um “workaholic”. No trabalho, passei a não ser tão rígido, tão obsessivo, embora mantenha a honestidade de sempre, claro. Ser avô contribuiu para o despertar desse seu lado mais leve? Contribuiu, eu adorei ser avô [há quem não ache piada nenhuma], é bom ver a “tribo” crescer. Por outro lado, teve de lidar com a morte dos seus pais, com a doença da sua mãe... Sim, o meu pai morreu no ano em que eu fiz 50 anos e a minha mãe, que já vivia há anos com Alzheimer, piorou drasticamente, a doença explodiu de uma forma trágica após a morte do meu pai, o que não foi uma coincidência. Morreu dez anos depois. Felizmente, os meus pais ainda estão vivos, mas, desde muito cedo, tive a ideia de que a morte dos pais marca um momento simbólico na vida dos filhos, acredito que há uma transformação interna definitiva neste “deixar” de ser filho. Será assim? O meu bisavô dizia: “nenhum de nós cresce verdadeiramente até a mãe morrer”. Entendo-o… A mãe tem, normalmente, um significado mais forte em termos afetivos. A minha mãe estava já num estado de Alzheimer profundo, eu ia visitá-la e saía de lá apaziguado, apesar de ela não me conhecer [e é sinistro uma mãe não conhecer o próprio filho]. Havia uma parte de mim que ficava de rastos, mas quando encostava a minha cabeça no ombro dela, voltava a sentir-me protegido junto daquela mulher que havia sido sempre a rocha da família. Concordo consigo, de facto, a morte dos pais tem nos filhos esse efeito “definitivo”, como se uma barreira fosse derrubada. Sinto que entre mim e o fim deixou de haver fronteiras, agora sou eu que estou na geração “a terminar”. E esse sentimento não o angustia? Não é muito agradável, confesso… Não tenho pressa de chegar ao fim, mas, por outro lado, se fosse possível parar no tempo, parava agora, ou há dois, três anos atrás nunca nos trinta e tal -, porque estou muito mais apaziguado, tenho uma relação mais saudável com a vida e com os outros. A sensação com que fico é que viveu a perda dos seus pais de um modo muito desamparado [já estava divorciado]. Nessas alturas, e até durante a doença da sua mãe, não sentiu falta de ter um irmão? Senti falta de ter um irmão desde a infância, era chato ser filho único, tinha só adultos à minha volta. [Não sou partidário de ter filhos únicos]. Mas a minha mãe fez uma coisa extraordinária, que foi incentivar-me a brincar na rua com outras crianças, passei toda a minha infância a 8 | açúcar | SÁB 6 AGO 2016 em brincadeiras de rua, e isso para mim foi uma escola. Cresci com o filho do padeiro, com o filho do senhor da mercearia, etc. E essa vivência deu-me uma noção de como viviam as classes mais desfavorecidas da cidade do Porto, eu dominava toda aquela linguagem, ao contrário do meu pai, que embora fosse um comunicador espantoso, era capaz de chegar a uma garagem, virar-se para o mecânico e tratá-lo por “Vossa Excelência”: “Vossa Excelência sabe dizerme se o carro está pronto?”, e isso, por vezes, criava problemas [risos]. Que vantagens lhe trouxe esse “traquejo” adquirido nas brincadeiras de rua? Deu-me a capacidade, sobretudo na prática clínica, de falar com vários estratos sociais sem grandes problemas, e isso foi um privilégio, porque, tal como dizia há pouco, nesta especialidade a relação é tudo. Por exemplo, se me chega alguém que vem de Trás-os-Montes, ou das várias “ilhas” portuenses, eu domino a sua linguagem, e isso facilita muito o meu trabalho no que toca ao relacionamento. Antes de entrar para a especialidade de psiquiatria, fiz medicina geral durante um par de anos, em Matosinhos, na Afurada. Com as mulheres dos pescadores, fiquei “doutorado” em linguagem [risos]. Um dia, atendi um senhor que me pôs uma garrafa de whisky em cima da secretária com um sorriso de orelha a orelha. Eu disse: “não precisava de se incomodar...”, ao que ele reponde prontamente: “não me incomodei nada, Dr., foi contrabando” [risos]. Surpreende-me que essas pessoas mais “simples” tenham aderido a consultas de psicoterapia e até de sexologia. Talvez o olhassem como um dos deles. Sim, falávamos a mesma língua e isso aproximavanos. Em Matosinhos, uma colega minha ginecologista, que sabia que eu estava a dar aulas de Biomédicas, perguntoume se podia enviar-me alguns casos de sexologia. Eu achei que estava ainda um pouco verde, tinha 26 anos, mas aceitei. E como correu? No início, pensei “sou um imberbe, sou homem… Não vai resultar”. E, de facto, nem sempre resultava, mas outras vezes funcionava muito bem. Em termos gerais, aquelas mulheres aderiam de um modo muito “terra à terra”, muito pragmático. A partir de momento em que confiavam em mim, diziam “ok, vamos tentar”, e tentavam a sério. Lá está, mais uma vez, tem tudo a ver com a relação, com a confiança que se estabelece com o terapeuta. Voltemos à sua psicanálise. É um Júlio Machado Vaz muito diferente, após quatro anos e meio de psicanálise? Saí da depressão, divorcieime, com benefícios tanto para mim como para a minha ex-mulher, enfim, aconteceram coisas, mas não foi uma análise bonita, daquelas que se leem nos livros [risos]. Às vezes, até achava que era dinheiro deitado à rua, os meus sonhos, por exemplo, eram todos uma seca... O meu psicanalista tinhame dito que eu não estava bem no casamento e que me recusava a admitir isso, e, portanto, investia brutalmente na família. Eu recusei imediatamente a interpretação dele, mas a análise prosseguiu e, entretanto… Divorciei-me [tinha 32 anos]. Que idades tinham os seus filhos? Tinham 6 e 8 anos, passavam uma semana comigo e outra com a mãe. Como é que descreveria essa fase da sua vida? Fácil não deve ter sido. Foi o caos, eu tinha sido um filho único, mimado, não estava sequer preparado para tomar conta de mim sozinho, quanto mais de duas crianças… nem um serviço de louça tinha, ia ao café, trazia o tacho e comíamos os três do tacho [risos]; levantava-me às seis da manhã, levava um tempo infinito a arranjá-los para a escola. Então, houve um dia em que o meu psicanalista me disse: “isso é uma vida completamente louca, não tarda você está a deitar os seus filhos pelos cabelos”. Eu fiquei escandalizado, mas nessa noite tive o único sonho de que me recordo, um sonho infantil, em que acontecia o seguinte: eu estava a passear de carro com os meus filhos e eles pedemme para parar o carro porque querem fazer chichi. Eu paro, eles vão fazer chichi e eu arranco… [risos]. Acho que foi a única vez em que o meu analista desatou à gargalhada [risos]. Era um sonho, realmente, muito infantil, que denunciava a minha nostalgia de liberdade. Estava deprimido? Decidiu fazer psicanálise porque sentiu que precisava de ajuda? Sim. Alguns médicos e psicoterapeutas dizem que vão fazer análise para aprender. Os analistas detestam isso, claro. Eu fui, não para aprender, mas porque precisava mesmo de ajuda. Estava em muito mau estado, o meu casamento estava mal, trabalhava com dificuldade… Em suma, não havia grandes áreas de gratificação na minha vida. O facto de ter passado por uma depressão, de já ter estado do outro lado, ajudou-o na sua prática clínica? Claro, quando uma pessoa me diz “você nem imagina”, eu digo-lhe “imagino...” [com um deprimido à frente, até sou capaz de adivinhar o que ele vai dizer a seguir]. Isto pode ter um efeito terapêutico, porque as pessoas pensam “se ele conseguiu sair disto, eu também posso conseguir”. Mas não lhe escondo que preferia não ter estado deprimido, foi uma parte muito desagradável da minha aprendizagem [risos] Não nos deprimirmos também pode ser grave... Tem toda a razão. Eu entrei na análise deprimido e a rebolar em auto-piedade, achei que o mundo tinha sido mau para mim e, três meses depois, estava ainda mais deprimido, pensava “ando teso, só como em tascos, porque não tenho dinheiro para mais, e, com a análise, o que descobri, até agora, é que a culpa é minha”. Com muita frequência, numa primeira fase de uma psicoterapia ou psicanálise, há um momento em que a pessoa se vê ao espelho e se confronta com os seus próprios erros, o que não é fácil. Porém, é inevitável para assumirmos as rédeas da própria vida. Esse “clarão” pode ser assustador… Pode, e, de facto, há pessoas que quando chegam a essa encruzilhada, vão-se embora, inconscientemente preferem desistir, porque a doença traz algumas vantagens. Às vezes, melhorar significa perder muitos privilégios, deixamos de ter álibis para não mudar. Não é por acaso que alguns jo- a © Albino Encarnação SÁB 6 AGO 2016 | açúcar | 9 vens, quando decidem ir estudar ou trabalhar para o estrangeiro, começam a passar mal, com sintomas de agorafobia, morte iminente, etc. Muitas vezes, estes sintomas são mecanismos para não partir. O Júlio Machado Vaz foi acometido por algo semelhante? Sim, também me aconteceu a mim. Hoje sei que me vim embora da Suíça pelas razões erradas [só me apercebi disso durante a análise…] A verdade é que uma parte de mim não aguentou a culpabilidade infligida pelas cartas que os meus pais enviavam a dizer que estavam cheios de saudades minhas e dos netos. Sentia que eles estavam a envelhecer e que eu lhes estava a roubar a alegria dos últimos anos. Apesar de não gostar de La Chaux-de-Fonds, estava absolutamente encantado com o que estava a aprender, mas fui vencido por aquela culpa. Devolveu o tempo aos seus pais, mas ficou deprimido… Precisamente... Durante o período em que esteve deprimido nunca parou de trabalhar? Não, mas pensei muitas vezes: “hoje é o último dia, amanhã meto baixa”. Não o fiz, não podia dar-me a esse luxo, tinha uma família para sustentar. E estava em condições de dar consultas? Aconselhei-me com um colega, mas a resposta dele foi perentória: “você já tem preparação suficiente para fazer essa avaliação”. E eu optei por continuar a trabalhar. É um psicoterapeuta dinâmico de inspiração psicanalítica, nunca pensou em ser psicanalista? Cheguei a pensar nisso, mas creio que não teria muita paciência para estar atrás do divã, para aqueles longos silêncios. Uma psicanálise é um processo quase intemporal, se não quisermos arriscar uma interpretação naquele dia, deixamos para o mês seguinte, sem quaisquer problemas. A psicoterapia tem, a meu ver, mais adrenalina, até pelo face a face. E o “laboratório” não o seduz? Não, nunca fui um investigador e, a esse respeito, não me envergonho de dizer-lhe que fiz uma tese de doutoramento muito má, sobre o ensino da sexologia. No início, pensei que ia escrever algo impressionista sobre os cursos que estava a dar, mas dissuadiram-me disso, com o argumento de que, nesses moldes, a tese não teria substância em termos de investigação, etc. Então, dei por mim a passar por inquéritos sobre sexualidade e outras coisas do género. Não me deu gozo nenhum. É um homem de relação. Sou. Gosto muito de fazer clínica, mas não vou negar que, depois de tantos anos, estou um pouco cansado, vejo menos gente... Já tenho dificuldade em ouvir muitas horas seguidas. O que eu gosto mesmo é de me meter nos livros. Sempre gostou. Sim, sempre gostei. Voltemos à sexualidade. Viveremos nós numa sociedade em que o sexo está tremendamente banalizado, mas em que esquecemos a intimidade? Há sexo por todo o lado, mas vivemos numa sociedade muito pouco erótica. O erotismo exige tempo, exige imaginário. Atualmente, o que acontece é que somos invadidos por um sexo de “talho”, e isso nada tem a ver com erotismo. Há a ideia de que da quantidade surgirá a qualidade, o que é um engano. passar uma noite inteira a falar com alguém e, no dia seguinte, acordarmos assustados, sem sabermos o que fazer com aquela conversa, com aquela intimidade que se gerou. Mas, no ritmo frenético em que vivemos, haverá ainda espaço para o erotismo? Há, de facto, muito pouco espaço para o erotismo, vivemos tempos muito castradores para a vida erótica. E a generalidade das pessoas está ou não satisfeita com a sua vida erótica? Ouço gente de vinte e tal e trinta anos muito desiludida com a sua vida erótica. Cultivar uma relação erótica, além de levar muito tempo, exige uma intimidade que não se constrói de um momento para o outro. As pessoas confundem intimidade com estarem nuas. E para o amor, também? Também. É um salve-se quem puder. Dou-lhe um exemplo, houve uma pessoa que, um dia, me disse: “Dr., ontem à noite apanhei-o a dormir e disse-lhe – amo-te muito”. Ora, este comportamento revela o medo que temos da entrega ao outro, dos riscos que isso implica. É um pouco triste, até porque alguém que é amado merece ouvi-lo. Eu prefiro viver com umas nódoas negras a ter uma vida assética, longe das pessoas. E entre duas pessoas nuas numa cama pode não existir qualquer intimidade. É isto que quer dizer? Exato. O ato sexual pode ser meramente mecânico, desprovido de intimidade, em contrapartida, podemos Pegando no nome do seu programa na Antena 1, arrisco pedir-lhe uma definição “O Amor É...” Oh… [risos] Acho que é… A intimidade, o dia-a-dia. É muito raro encontrar pessoas que, como eu, não privi- legiam a paixão sobre o amor. Numa sociedade destas, de adrenalina, a paixão “é que é”, vejo pessoas que saltam de paixão em paixão, que não suportam nada abaixo desta. Mas, na paixão, nós não gostamos verdadeiramente do outro, gostamos da imagem que temos dele e vice-versa. Quando isto se sedimenta no amor é um autêntico milagre. O amor é complicado, é você reconhecer no outro todos os defeitos e mais alguns e, ainda assim, não se conseguir imaginar com mais ninguém. Vergílio Ferreira, que não era propriamente um otimista, dizia sobre o amor: “não há definições, mas se me pedem uma, o amor é uma longa paciência”. É uma definição que pode desmotivar muita gente. Estamos cada vez mais impacientes [estarei a ser pessimista?] Tem razão. Para a maioria das pessoas é muito angustiante pensar dessa forma, porque há a nostalgia do “pronto-a-vestir”. Ouvir dizer que uma relação dá muito trabalho, escandaliza. A tendência é pensar que quando se ama sai tudo certo, e não é nada assim. O amor pode sobreviver à ausência de paixão? É uma boa pergunta…. Há casais que não passam pela fase da paixão, entram diretamente na tranquilidade do amor e são felicíssimos, mas há muito preconceito relativamente a este tipo de relação. No entanto, não vejo grandes diferenças entre um relacionamento que não passa pela paixão inicial e um outro que passa. É arrogante afirmar que um deles é que é o “bom”. Isto faz-me lembrar uma cena de um filme do Woody Allen em que uma personagem feminina tem a seguinte deixa: “o meu psicanalista diz que os meus orgasmos são do tipo errado”, e ele responde: “eu até dos do tipo errado gosto muito” [risos]. a a 10 | açúcar | SÁB 6 AGO 2016 horas vagas Sandra Sousa http://estrelasnocolo.wordpress.com U [livro, filme, música] livro Uma Noite para se Render toma um rumo completamente diferente. Como seria de esperar, Susanna e o jovem Conde Victor acabam sentindo uma intensa química e o envolvimento entre ambos tornase inevitável. Arriscam tudo para estar juntos… Mas será que Victor conse- Tessa Dare guirá soltar as amarras da guerra e ficar junto a Susanna fazendo-a feliz? Este é um livro muito engraçado, romântico, divertido e com muitas personagens alucinantes. É um livro de leitura fácil e leve para os dias de verão. a ma noite para se render, de Tessa Dare, é um romance de época muito divertido. Nesta história conhecemos a jovem Susanna Finch, que vive numa redoma ajudando na sua pequena localidade jovens que, por alguma ra- zão, não conseguiram arranjar um bom casamento. Quando aparecem vários cavalheiros e um deles se torna conde através das influências do próprio pai de Susanna, ela mal pode acreditar no que lhe está a acontecer. A sua vida, numa questão de horas, Virgílio Jesus [email protected] televisão & cinema ste não é um filme sobre a vida completa de Steve Jobs, que percorre a sua infância até aos seus últimos dias. A nova biografia do génio da tecnologia moderna – após o fracassado Jobs (2013), com Ashton Kutcher no principal papel – é baseada no livro de Walter Isaacson e centraliza-se na envolven- te e contagiante história dos bastidores dos auditórios onde foram lançados três produtos que mudariam para sempre a sua carreira – o Macintosh, o NeXT e o iMac. A revolução tecnológica que o filme perpassa é evidente nos três segmentos, filmados com diferentes formatos – em 1984 é utilizada a película de 16 mm, em 1988 a película de 35 mm e em 1998 o formato digital -, algo que transmite a também bem sucedida evolução do cinema, desde a película ao formato recente. Com interpretações fidedignas à humanidade das suas figuras reais, Steve Jobs prima ainda pela banda-sonora, que alia os ruídos do teclado do computador, com magníficos ritmos de ópera. a O filme, para além de um conceito de espectáculo, apelativo aos fãs do cinema de Hollywood (aliás, é esse o retrato das perseguições de automóveis em Las Vegas), convoca os problemas de vigilância muito próximos dos “esquemas” de Edward Snowden. Para proteger secretos e umas certas convenções estão o co- mum vilão, diretor da CIA (Lee Jones), e uma jovem ambiciosa (a talentosa Vikander), sendo exatamente esta última a mais rica personagem, pelo tom pragmático. No final, abre espaço a uma reviravolta, a pensar na futura sexta parte. Espera-se apenas que a repetição constante de elementos não torne o enredo cansativo. . a E E m Jason Bourne somos apresentados a uma personagem muito familiar. Bourne (ou David Webb) continua a sua jornada de descoberta pela verdade, desta vez com a figura do seu pai a ser trazida ao de cima, no sentido de explicar a o porquê de ser um agente letal do governo norte-americano. Steve Jobs TV Cine 1 domingo, 7 de agosto — 21h30 Realizado por: Danny Boyle Elenco: Michael Fassbender, Kate Winslet, Seth Rogen e Jeff Daniels Género: Drama, Biografia Jason Bourne (nos cinemas) Realizado por: Paul Greengrass Elenco: Matt Damon, Alicia Vikander, Tommy Lee Jones e Vincent Cassel Género: Ação, Aventura música Por E.F. D a Austrália chega-nos The Avalanches, não deixa de ser curioso que num país em que não neva, alguém se lembre de batizar um banda com o nome “Avalanches”, mas também The Avalanches não deixa de ser, em si, um caso curioso. O conjunto australiano formou- The Avalanches – Wildflower, o regresso, após 16 anos de ausência se no final do último milénio e conta no seu currículo com dois álbuns... Sim! DOIS! Since I Left You, de 2000, e deste ano, Wildflower. É, no mínimo, estranho, tendo em conta a aclamação universal que o primeiro teve. Agora o que podemos esperar dos The Avalanches? Não são um banda convencional, como já podemos verificar, a mistura de hip-hop, eletrónica, com toques de neo-psicadelismos anda por aí, mas a maneira como tudo é misturado através do sistema complexo de samples faz com que pareça que estamos a ouvir algo novo, inédito, coloca-nos no meio da história da his- tória em movimento. Em Wildflower, recomeçamos onde ficou o Since I Left You e damos graças a Deus por, apesar de demora, The Avalanches continuarem a soar como The Avalanches. Em Frankie Sinatra, a música, as samples interlaçadas entre swing, música caribenha e o rap de Dan- ny Brown e MF Doom mostram The Avalanches no seu esplendor. Se preferir algo mais dançável, ao estilo de Daft Punk, Justice, com tiques de French House, é só saltar para os Subways. Wildflower é um mundo por explorar, assim como um mundo onde neve, na Austrália. a a SÁB 6 AGO 2016 | açúcar | 11 na moda Vamos à praia! Laura Capontes lauracapontes@[email protected] ntê; kaftan: look1: biquíni: Ca ercatas: alp ; theoutnet.com accessorize spartoo.pt; cesta: titid; look2: triquíni: La ercatas: alp o; ng ma shorts: spartoo.pt foto © Laura Capontes o Verão é sinónimo de praia, e para as idas à praia o biquini torna-se imprescindível. Apesar de ficarmos com o corpo praticamente exposto é sempre possível mostrar o que gostamos e disfarçar as áreas indesejadas. Ninguém é perfeito, e na hora de escolher um biquini aparecem quase sempre algumas dúvidas e inseguranças, mas não há razão para desanimar porque a verdade é que existe, sim, um biquini para todos os tipos de corpo. Somos únicas, cada uma com um corpo distinto, e escolher um biquini, triquini ou fato de banho para cada tipo de corpo é possível, tendo noção da nossa silhueta e estrutura, sentindo-mo-nos bem e passando uma imagem confiante. Se não estivermos confiantes, mesmo o biquini ideal não brilhará. Para que tenhamos biqui- titid; look3: biquíni: La om; shorts: theoutnet.c ; clutch: bluefly.com as ian hava s beachlook6: biquíni: Ro o; clutch: wear; saia: mang m; bloomingdales.co s ssa Mu s: lia dá san nis que evidenciem as nossas formas, mostrem os nossos pontos fortes e, claro, escondam alguns "defeitos", existem alguns truques que devemos ter em atenção na hora de comprálo. Se a sua preocupação é esconder a barriga, uma ótima opção serão os biquinis de cintura subida ou um triquíni, que é uma grande titid; havalook4: biquíni: La -porter.com ianas; cesta: net-a s beachlook7: biquíni: Ro bop.com; op sh ta: ces ; ar we s sandálias: Mussa tendência. Se tem os seios pequenos, o ideal é apostar em modelos com cortina e alças finas, com volume, franjas ou outras aplicações, estampados grandes e coloridos, pelo contrário, se queremos disfarçar uns seios maiores, as cores escuras e os estampados pequenos serão a opção, evite usar cai-cai e invista em partes de cima mais estru- ntê; havaianas; look5: biquíni: Ca r.com rte -po t-a kaftan: ne ntê; kaftan: look8: triquíni: Ca spartoo.pt; s: ata erc alp M; H& om r.c rte -po t-a cesta: ne turadas. Para mostrar as curvas, os triquinis são os eleitos. No caso de querer disfarçar as ancas largas ponha de lado biquinis cujas partes de baixo tenham laços, argolas, nós, pois estes ainda as realçam mais. Para as mulheres mais gordinhas, se não se sentirem à vontade de biquini, optem por um triquini ou fato de banho com cores mais es- curas, padrões lisos e pequenos, riscas verticais e esqueça padrões muito geométricos, laços ou elásticos apertados e cores néon. Desfrute destes dias de sol, calor e muita praia, sempre com estilo e no seu melhor . A escolha do biquini certo fará toda a diferença, valorize sempre o que tem de melhor! Inspire-se nos looks. a a 12 | açúcar | SÁB 6 AGO 2016 feliz com menos A arte da longevidade Débora G. Pereira www.simplesmentenatural.com E sta semana, sem esperar, revi alguém que já não via há cinco anos, o meu amigo Vittorio. O Vittorio Calogero é alguém que já viajou o mundo, alguém que mudou completamente de vida aos 43 anos deixando de exercer advocacia para passar a ser professor de yoga e é sobretudo alguém com uma grande sede de aprender e com quem facilmente nos imiscuímos numa boa conversa. Quando o conheci em Itália, na região da Toscânia, cativou-me pela sua simpatia, pela sua história de vida e pela energia de “rapazinho” que emanava aos seus 77 anos. Cinco anos se passaram e tudo continua igual, a mesma vitalidade, a mesma simpatia e a mesma capacidade de flexibilidade e de força que nos fazem ver que vale muito a pena envelhecer com saúde. Há cerca de 39 anos, o Vittorio, tal como muitas pessoas na atualidade, deixou de se identificar com o seu modo de vida. Sentia-se cansado e doente, tinha asma e várias alergias. Nesta altura, estudou macrobiótica e decidiu experimentar este novo estilo de vida por alguns meses com o intuito de compreender se de facto esta alteração alimentar faria sentido na sua vida. Sentiu-se rapidamente muito melhor, eliminando por completo qual- quer sintoma dessa asma, dessas alergias e desse malestar geral em dois meses. Algum tempo mais tarde, pediu demissão no local onde trabalhava e conta, com um sorriso nos lábios, que praticamente todos o julgaram louco, já que se encontrava no auge da sua carreira. A partir daí embarcou em várias aventuras que o levaram a ficar por meses a estudar em países como o Japão, a Índia e o Brasil. Cá em casa tivemos a oportunidade de usufruir de uma aula sua e posso afirmar com certeza que as suas aulas de yoga são muito agradáveis e dinâmicas, refletindo a sua prática pelos quatro cantos do mundo. São aulas um pouco diferentes daquelas que estamos habituados no yoga ocidental em que esteve bas- tante presente o movimento e a boa disposição. O corpo aquece muito facilmente e sem forçar, senti que rapidamente ia mais longe. Posso dizer que adorei e que alterei por completo a minha forma de praticar yoga. Algumas posturas foram executadas a pares, o que além de divertido, facilitou a execução dos exercícios por ambas as partes envolvidas. Contou-me que mora numa casa muito modesta, numa pequena aldeia. Disse-me que escolheu ficar lá, pois o valor reduzido da renda permite-lhe luxos que a maioria de nós não consegue ter, como viajar bastante ou fazer apenas o que lhe apetece durante o dia. Onde quer que vá, acorda sempre cedo, pelas 5 da manha, pratica exercícios de yoga e meditação e depois toma o peque- no almoço. A seguir, lê muito, estuda e fá-lo simplesmente porque gosta. Para ele a arte da longevidade, título de um dos seus livros, parece ser simples, não fosse essa mesmo a arte da simplicidade, de ser feliz com menos. Uma alimentação simples maioritariamente vegetariana, a prática da compaixão por todos os seres, os hábitos de vida simples e a prática de exercícios de movimento conscientes que se focam na força, na flexibilidade e no movimento articular parecem ser o segredo deste jovem de 82 anos. Uma semana completa e feliz! a saúde Medicamentos e condução Bruno Olim Farmacêutico [email protected] A condução é uma tarefa muito complexa, que acarreta exigências elevadas no plano físico e psicológico. Existem medicamentos que apresentam o potencial de reduzir as capacidades fundamentais para a prática de uma condução em segurança. É reconhecido que algumas das vicissitudes dos medicamentos, como sejam o aumento do tempo de reação, alteração da coordenação motora, raciocínio, sonolência, diminuição da atenção e concentração, alteração dos reflexos, perturbações no campo da acuidade visual, podem tornarse determinantes para a ocorrência de um acidente. A análise do potencial do medicamento poder causar as alterações acima descritas, tem de ser analisada caso a caso, sendo reconhecido (muito fre- quentemente nos antihistamínicos) que nem todos nós experimentamos os mesmos efeitos quando tomamos um medicamento, logo é importante reconhecer alguns sinais de alerta, para a não condução, quando tomamos um medicamento, como: sonolência, cansaço, confusão mental, vertigens, tonturas, perturbações da perceção, especialmente da visão, náuseas ou malestar, tremores, alterações da coordenação motora, movimentos involuntários, dificuldade em pensar claramente ou em se concentrar, irritação ou agressividade excesso de confiança, perda da noção de perigo, irregularidades na condução Existem, no entanto, medicamentos para os quais já estamos prevenidos, por o potencial ser superior: os que atuam a nível do sistema nervoso central, psicotrópicos, antipsicóticos, ansiolíticos, hipnóticos, sedativos ou antidepressivos, medicamentos para epilepsia, problemas cardíacos e de tensão arterial, diuréticos, medicamentos para dores, gripes, alergias anti-histamínicos, diabetes, tosse, medicamentos usados em oftalmologia, colírios e pomadas etc. A incidência da interação entre medicamento e condução assume contornos de maior relevância para os idosos e para quem trabalha por turnos. No caso de patologias crónicas, como a diabetes, é necessário que o doente esteja controlado com a medicação, por forma a permitir a condução. Antes da toma de qualquer medicamento solicitar a informação ao médico ou farmacêutico sobre a capacidade de este afectar a condução (o folheto informativo contém esta informação). a a SÁB 6 AGO 2016 | açúcar | 13 feliz com mais O fantástico e admirável novo mundo do Sushi… Esperem!! Há vida no Japão para lá sushi! SideDish Moustache [email protected] S Sushi, primeiro pensamento, “peixe cru, doenças, horrível”; segundo, “meh, não é mau, mas isto cru não tem muita piada”; terceiro, “isto até é fresco e não é nada mau”; quarto, “ok, quando é que voltamos a repetir?”. São estas as fases por que uma pessoa passa enquanto se apaixona e fica fascinada pela cozinha vinda do oriente, mas sushi não é o peixe cru, esse é o sashimi, o sushi, em si, é o arroz que depois é combinado com peixe, legumes ou frutas. Confesso que eu fui um dos casos descritos acima, sim, na primeira vez, odiei. Achei a textura do peixe horrível, o arroz demasiado avinagrado e as algas igualmente horríveis, só pelo aspeto. Foi a muito custo que me fui adaptando às maravilhas do oriente, entrando nesse mundo com calma e muitas caretas. Claro que, como acontece com qualquer homem, tal deveu-se a um rabo de saia, ao de sempre, caro leitor, não sou nenhum D. Juan ou um Zé vai com todas. Lembro-me das primeiras resistências a serem ultrapassadas por uns rolinhos de salmão, seguidos de uns nigiri, passando por uramaki e acabando nos temakis, algo que sempre me assustou, e continua a assustar, como é que como aquilo sem me sujar todo?!??!! À medida que paredes iam sendo derrubadas, o meu gosto e curiosidade pela gastronomia do país do sol nascente foi crescendo. Fiquei a saber que os japoneses não comem sushi durante o tempo todo, o peixe pode e deve ser congelado, e que o mais importante, como é óbvio, é o arroz. Na continuação dessas descobertas, tentei replicar o peixe cru, sim, caro leitor, o sashimi. A verdade é que a dificuldade no corte lixa a maior parte dos planos, uns ficam mais finos, outros tortos, mas no final vai tudo lá para dentro. Temos também a sopa de miso, que começa a ser introduzida na cultura ocidental como entrada ao prato principal, o sushi/sashimi, nos restaurantes que designamos como restaurantes de sushi, omitindo a parte de sashimi, miso, mas também não será correto chamá-los restaurantes japoneses, pois estaríamos a condicionar, ou pior, a limitar a gastronomia japonesa aos sushis e sashimis, o que deveria dar lugar a uma ida a Haia, pois nós, como portugueses, nunca nos podemos esquecer das tem- Fiquei a saber que os japoneses não comem sushi durante o tempo todo, o peixe pode e deve ser congelado, e que o mais importante, como é óbvio, é o arroz. puras, peixinhos da horta dizem-lhe alguma coisa?! Sim, a influência é portuguesa. Mas, claro está, que não só de sushi, sashimi, sopas de miso e tempuras vivem os japoneses. Há carne!!! Temos yakiniku, que é o mesmo que carne grelhada, para além dos famosos bifes Kobe, que vem da região de Kobe e chega a atingir preços exorbitantes, à semelhança da nossa posta mirandesa. A próxima febre? pergunta o caro leitor. Essa, será ramen, um género de caldo ao qual, no início, iremos torcer o nariz, mas no final, ficaremos mais agarrados a este que um drogado. a a 14 | açúcar | SÁB 6 AGO 2016 mais açúcar Tarte de limão e basílico ingredientes ingredientes Creme de limão e basílico: 20g de basílico 3 ovos 180g de sumo de limão 170g de açúcar 200g de manteiga modo de preparação Joana Gonçalves Chef Pasteleira - Eleven, Lisboa [email protected] modo de preparação Sablée: Levar ao lume a raspa e sumo de limão, basílico, ovos e açúcar, mexendo sempre até que o creme comece a ficar espesso. Retirar do lume e passar por um coador. Adicionar a manteiga partida em pedaços e emulsionar com a varinha mágica. Conservar no frigorífico por 3 horas. a Amassar todos os ingredientes com a ponta dos 210g de farinha dedos. Formar uma bola, 25g de amêndoa envolver em película e reem pó frigerar por 2 horas. Esten125g de manteiga der a massa com cerca de 85g de açúcar em pó 2mm de espessura. Forrar 1 vagem de baunilha uma tarteira, colocar papel 2 g de sal vegetal e cobrir com fei1 ovo jões. Levar a forno préaquecido a 180º durante cerca de 25 minutos. Depois de a massa estar completamente arrefecida, Colocar o creme com a ajuda de uma espátula. a Trifle de morangos e manjericão ingredientes modo de preparação Brownie: 170g de chocolate 80g de manteiga 30g de farinha 2 ovos 40g de açúcar Para o brownie, derreter o chocolate em banhomaria com a manteiga. Depois de derretido, retirar do lume e juntar os ovos batidos com açúcar. Envolver a farinha. Colocar numa forma untada e levar a forno pré-aquecido a 160º durante cerca de 25 minutos. Para o creme de mascarpone, bater as gemas com o açúcar. Adicionar o Creme de mascarpone : 2 gemas de ovo 40g de açúcar 200g de mascarpone 400g de morangos 50g de açúcar Manjericão fresco mascarpone e bater. Levar os morangos ao lume com o açúcar e manjericão até ficarem macios. Em copos, colocar um pedaço de brownie. Cobrir com creme de mascarpone e com os morangos. Finalizar com folhas de manjericão. a A pipa, no Porto da Cruz Por Susana de Figueiredo A primeira vez que fui ao restaurante A Pipa era ainda turista na Madeira, e era também a primeira vez que pisava basalto no Porto da Cruz. Não me recordo se estávamos no Verão ou no Inverno, mas lembro-me que chovia nesse dia em que, como se diz no sotaque da minha filha, fomos “lá dentro”. Havia uma única mesa disponível, por sorte junto à janela. Recebeu-nos o dono, o Sr. José Vieira, nativo do Porto da Cruz. Cumprimentounos com um sorriso franco, daqueles que não precisam de rasgar a cara para se encherem de calor. O do Sr. Vieira não é escancarado, mas é dos de verdade. Começávamos bem, entendo que é por aqui que deve começar uma refeição, das que valem. Passei os olhos pela ementa, a escolha foi fácil, quem me conhece sabe que não resisto a umas lulas grelhadas, sobretudo quando o mar está por perto. Afinal, talvez fosse Verão… Pensando bem, lulas são o meu prato de Verão, desde miúda já as experimentei em quase todos os destinos de praia do país, nem sempre com agrado, mas, garantovos, não há como as lulas d'A Pipa. Claro que isto era só o (bom) começo. A entrada da turista na terra, na gente dali. Enquanto degustava o meu prato, ia gostando de tudo em torno. Dos clientes que percebi serem de sempre, da amizade deitada à mesa, dos estrangeiros sempre estivais, de chinelos e olhos infantis à volta do fumo das lapas. Agora me lembro… Foi n'A Pipa que aprendi a gostar de lapas, depois de várias tentativas inglórias; ah, aquelas sim! Nessa altura já me tinha deixado do turismo, já era mulher daqui. Continuo a ir “lá dentro”, ao peixe fresco, ao polvo guisado, à fragateira no tacho. É de nos perdermos… Por (de)mais. Hei-de lembrar-me sempre do conselho do Sr. Vieira, ao ver-me petiscar do prato da minha filha: “Cuidado, é assim que as mães ficam gordas”. E sorriu. P.S.: A maravilhosa poncha faz jus a tudo o resto.a. a a SÁB 6 AGO 2016 | açúcar | 15 boca doce Filipe Gonçalves Jornalista 14 5 1 Três características da sua personalidade que melhor o definem? Sou bem-disposto, extremamente perfecionista e teimoso (q.b) 2 A crítica mais construtiva que já lhe fizeram? E a mais injusta ou absurda? Hoje em dia quase que é tabu ser crítico. Gosto que me critiquem. Há dias alguém dizia: ser demasiado simpático, pode soar a falso. Entendi a mensagem e gostei. 3 A decisão mais importante que teve de tomar? Já tive de omitir as minhas habilitações literárias para conseguir um emprego. 4 A sua dúvida mais persistente? Serei capaz de contribuir, dia após dia, para um mundo melhor? Tento. Que expressões madeirenses usa com mais frequência? Uso muitos regionalismos: Arrebendita (de propósito); canjirão (caneca grande); subir /descer as passadas (degraus); estimar (apreciar) Um arrependimento? Arrependo-me apenas de coisas que não fiz e queria fazer. 6 Um ato de coragem? Amar sem preconceito deu-me coragem para não ter medo de ser livre e ser feliz. 15 7 Uma atitude imperdoável? Uma? Enumero várias segundo a gravidade: Homofobia. Preconceito. Injustiça. Traição. 8 A companhia ideal para uma conversa metafísica? Ninguém. Gosto de imaginar que nem tudo precisa de uma explicação. Dá-me gozo pensar que nem sempre há explicação que nos faça entender a essência das coisas. 9 Qual é a sua maior extravagância? Viagens… (só de pensar, já me sinto a viajar) 12 10 Quem são os seus heróis na vida real? Bombeiros, médicos e voluntários. A minha homenagem. 11 Uma doce memória da infância? Os doces à venda nas barracas dos arraiais, que, quando se comiam, colavam-se aos dentes. O que distingue um madeirense de um continental (além do sotaque)? A garra, a bravura, o desenrascanço. 13 Que opinião tem dos madeirenses que escondem o sotaque? Madeirense que é madeirense, por mais que tente, não consegue esconder o sotaque. Há sempre um ‘lhe’ pelo meio a tramar. E isso nota-se a ‘quilhómetros’ A quem gostaria de pagar uma poncha? Ao Cristiano Ronaldo. Pelo exemplo transmitido enquanto capitão da seleção portuguesa. E por mostrar como ser um líder eficaz. 16 5 Segredos da Ilha… Local: Cascata entre a Madalena do Mar e Ponta do Sol Hotel: Difícil escolher… Nem arrisco Restaurante: Pizzaria (prefiro não dizer o nome, mas fica a dica: zona do Amparo) Atividade ao ar livre: Caminhadas à noite Loja: Não tenho nenhuma específica. Sou muito prático.
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