PlanBook Ministérios da Família - Igreja Adventista do Sétimo Dia

Transcrição

PlanBook Ministérios da Família - Igreja Adventista do Sétimo Dia
2014
PlanBook Ministérios da Família
[1]
Prefácio
Ser um Cristão sugere que se é um discípulo de Cristo e que se ama a Cristo de todo o
coração, alma, e mente. Os evangelhos sinópticos são empáticos em relação a esta realidade em
Mateus 22, Marcos 12 e Lucas 10.
No relato de Mateus (22:37-39) lê-se: "E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande
mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo .”
Jesus resume de forma notável a largura e a profundidade daquilo que Deus deseja para
os Seus filhos: que amem Deus a as pessoas. Uma leitura cuidadosa da Palavra de Deus sugere que
o reavivamento só é realmente funcional quando a reforma está presente na vida do Cristão. Uma
característica da reforma é ser-se intencionalmente amável e bondoso para as pessoas com quem
contactamos, incluindo membros das nossas respetivas famílias, ao tentarmos chegar até eles com
a graça e compaixão de Jesus Cristo.
Em Filipenses 2:4, o apóstolo Paulo declara: “Não atente cada um para o que é
propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. ” Por definição, viver uma vida
cristã prende-se com o fazer coisas pelos outros porque estamos a pensar nos outros ao nos
tornarmos mais e mais semelhantes a Jesus. Paulo insta os crentes a ter a mente de Cristo de
forma a viverem uma vida semelhante à que Cristo viveu.
Ellen White declara no Lar Adventista: “Todos devem cultivar a paciência pela prática da
paciência. Sendo bondosos e perdoadores, o verdadeiro amor pode ser mantido quente no
coração, e se desenvolverão qualidades que o Céu aprovará.” (p. 106).
A noção de cultivar a paciência pondo-a em prática é a obra do Espírito de Deus. É o fruto
—o resultado — do Espírito conforme Paulo sublinha em Gálatas 5:22. Sem a presença constante
do Espírito de Deus nas nossas vidas é impossível praticar essas virtudes que permitem que
alcancemos outros não só de forma significativa mas transformacional.
Esperamos que o conteúdo deste livro auxilie pastores e líderes dos Ministérios de Lar &
Família de todo o mundo a comunicar a indivíduos e famílias nas nossas igrejas a importância de
alcançar outros, vizinhos, parentes e amigos num ministério de compaixão e graça. A verdade é
que o reavivamento e reforma só estarão verdadeiramente operacionais nas vidas dos Cristãos
quando dermos atenção ao segundo maior mandamento de amarmos o nosso próximo como a
nós mesmos. Oramos neste sentido por toda a família cristã mundial este ano, enquanto bebemos
diariamente da Fonte da Palavra de Deus para estarmos cheios, a transbordar do maravilhoso
amor de Jesus Cristo.
Maranata!
[2]
Por famílias mais fortes e saudáveis,
Willie e Elaine Oliver, Diretores
Departamento dos Ministérios da Família
Sede Mundial da Conferência Geral
da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Silver Spring, Maryland
Traduzido por:
Raquel Silva
Secretária Ministérios Lar&Família UPASD
[3]
Como usar este Livro de Planificação Anual
O Livro de Planificação Anual dos Ministérios da Família é um recurso anual
organizado pelo departamento dos Ministérios da Família da Conferência Geral com
contribuições do campo mundial, que fornecem às igrejas locais espalhadas por todo o
mundo recursos para os Sábados e semanas especiais de ênfase à família.
Semana do Lar e Casamento Cristãos: Fevereiro 1-8
A Semana do Lar e Casamento Cristão ocorre em Fevereiro e abarca dois Sábados: O
Dia do Casamento Cristão que enfatiza, precisamente, o Casamento e o Dia do Lar Cristão que
enfatiza a Educação. A Semana do Lar e Casamento Cristãos começa no segundo
Sábado de Fevereiro e termina no terceiro.
Dia do Casamento Cristão: Sábado, Fevereiro 1 (Enfatiza o Casamento)
Utilizem o Sermão sobre Matrimónio para o serviço de culto e o Seminário sobre
Casamento para a noite de sexta-feira e, tarde ou noite de Sábado.
Dia do Lar Cristão: Sábado, Fevereiro 8, (Enfatiza a Educação)
Utilizem o Sermão sobre Educação para o serviço de culto e o Seminário sobre Educação
para a noite de sexta-feira e, para o programa de Sábado à tarde/noite.
Semana de Lar & Família: Setembro 7-13
A Semana de Lar & Família está agendada para a segunda semana de Setembro, a começar no
segundo Domingo e a terminar no Sábado seguinte, no Dia da Família. A Semana e o Dia de Lar &
Famíliarealçam a celebração da igreja como sendo uma família.
Dia do Lar & Família: Sábado, Setembro 13 (Enfatiza a Igreja enquanto família)
Utilizem o Sermão sobre a Família para o serviço de culto e o Seminário sobre Família para
a noite de sexta-feira e, para o programa de Sábado à tarde/noite.
Neste Livro Anual de Planificação irão encontrar sermões, seminários, histórias
para as crianças assim como recursos para líderes.
Este recurso também inclui apresentações Microsoft PowerPoint® para os seminários.
Os dinamizadores dos seminários são encorajados a personalizar as apresentações Microsoft
PowerPoint® com as suas histórias pessoais e imagens que reflitam a diversidade das suas
diversas comunidades.
[4]
Sermão - Lições sobre o Síndrome de Lázaro
Por Willie e Elaine Oliver
O Texto: João 11:1-44
Introdução
Foi numa tarde húmida e fria de Março de 2013, que o nosso comboio chegou a Veneza.
Após quase duas semanas em Itália para vários eventos ministeriais da Divisão Intereuropeia
preparávamo-nos para apanhar o avião de volta para casa numa manhã que se seguiu a 5 semanas
muito exigentes em digressão de um lado para o outro.
Cansados e um pouco saturados de viajar de carro acariciávamos a ideia de irmos apenas
dormir. Mas, estávamos em Veneza, um dos destinos mais importantes do mundo pela sua
prestigiada arte e arquitetura, isto para além dos restaurantes, lojas, canais, gôndolas e gelatarias
que existem por toda a ilha.
Não nos iríamos perdoar mais tarde se deixássemos passar a oportunidade de passear um
pouco, apesar de já lá termos estado antes. Veneza é o tipo de cidade que podem visitar inúmeras
vezes e ainda quererem regressar para voltar a viver tudo outra vez. Então, apanhámos o
autocarro nº5 em frente ao nosso hotel, perto do Aeroporto Marco Polo naquele que é
considerado o território principal —até Piazzale Roma—depois de atravessar a Ponte della Libertà,
onde podíamos depois apanhar um táxi até à Piazza San Marco, ou uma de muitas outras paragens
famosas ao longo do caminho, ou simplesmente fazer uma caminhada de 35 minutos até à praça.
Escolhemos ir a pé. Péssima escolha. Entretanto já estava escuro e a precipitação tinha-se
tornado em aguaceiros mais fortes à medida que o vento aumentava de intensidade. Apesar da
iluminação das ruas— num percurso que era relativamente fácil de fazer durante o dia
simplesmente seguindo a sinalização— o cansaço combinado com as variáveis climatéricas fez que
nos desviássemos para bastante longe antes que nos apercebêssemos.
Estávamos perdidos! As ruas que apinhadas estavam agora vazias e desertas. O Grande
Canal estava do nosso lado direito— nunca tínhamos ido tão longe— estava escuro, ventoso,
chovia e era assustador, à medida que as sombras brincavam com as nossas mentes. Aquele que
era suposto ser um fim de tarde de algum lazer e relaxamento transformou-se em preocupação e
apreensão sobre como sairíamos desta situação, intactos. Orámos por paz e rumo. Depois de
vários minutos que nos pareceram uma eternidade, chegámos a uma esquina junto a uma
paragem para táxis aquáticos e fizemos uma viagem de barco que nos levou novamente a locais
familiares e seguros.
As nossas vidas aqui na terra estão repletas de circunstâncias imprevisíveis. Antes de
estarmos completamente conscientes da nossa condição, o nosso futuro é catapultado para uma
[5]
realidade completamente inesperada. Em meio a tal dificuldade, Deus está a chamar-nos para O
conhecermos, para confiarmos Nele e para alcançarmos outros ajudando os nossos irmãos e irmãs
a confrontarem a volatilidade, instabilidade e complexidades da vida no Terceiro Milénio.
Oremos.
I. Notícias sobre a Doença de Lázaro
Em João 11:1-16 a Bíblia declara:
“Estava, então, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã
Marta. E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com unguento e lhe tinha enxugado
os pés com os seus cabelos, cujo irmão, Lázaro, estava enfermo. Mandaram-lhe, pois, suas
irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas. E Jesus, ouvindo isso, disse:
Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus
seja glorificado por ela. Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro. Ouvindo,
pois, que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava. Depois disso, disse
aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judeia. Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda
agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá? Jesus respondeu: Não há doze
horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas, se
andar de noite, tropeça, porque nele não há luz. Assim falou e, depois, disse-lhes: Lázaro,
o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono. Disseram, pois, os seus discípulos:
Senhor, se dorme, estará salvo. Mas Jesus dizia isso da sua morte; eles, porém, cuidavam
que falava do repouso do sono. Então, Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto, e
folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis. Mas vamos ter com
ele. Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para
morrermos com ele. “
Jesus era fortemente desprezado pelos líderes religiosos em Jerusalém. Tendo pouco mais
que rituais vazios para oferecer a um povo cada vez mais desgastado pela opressão Romana e pela
postura religiosa que pedia muito mas dava pouco, a chegada de Jesus à cena espiritual foi
transformadora para os descendentes de Abraão que aguardavam o Messias.
Depois de ter sido batizado pelo seu primo João, no Rio Jordão, e de ter sido identificado
por Deus como O prometido através da descida de um pomba até Ele e a voz de Deus
confirmando-O, Jesus aceita os Seus primeiros discípulos e opera o Seu primeiro milagre da
transformação da água em vinho num casamento em Caná da Galileia.
A seguir ao milagre de Caná, que fortaleceu a fé dos Seus discípulos, Jesus passa alguns
dias em Cafarnaum com a Sua mãe, irmãos e discípulos, e depois dirige-se a Jerusalém onde faz
uma “limpeza” no templo, expulsando aqueles que tinham esquecido que aquele era um lugar de
adoração a Deus e não um lugar para fazer dinheiro às custas de outros. Ele prende a atenção dos
[6]
líderes religiosos que se sentem acusados pela sua falta de honestidade espiritual e ganha inimigos
mortais que começam a conspirar para atentar à Sua vida.
Muitos milagres se seguem para ajudar a imprimir nas mentes de todos que jesus não é
um profeta comum. Há o homem curado no tanque de Betesda num Sábado, a multiplicação dos
pães e dos peixes, a cura dos doentes, a mulher apanhada a cometer adultério que recebe o
perdão e a cura de um cego no Sábado que mais tarde é expulso do templo pelos líderes. Estes e
outros sinais mais grandiosos precedem o Filho de Maria e José.
Cada ato subsequente de Jesus para quebrar as algemas de Satanás nas pessoas, fortalece
a sua crença Nele como Messias e aumenta a ira dos desacreditados líderes religiosos. Com o
desaparecimento do seu poder e vendo que o seu estatuto é irrelevante diante das massas, eles
conspiram para se livrarem de Jesus. É neste ponto que Jesus se encontra quando recebe a
mensagem acerca da doença de Lázaro.
Lázaro, Marta e Maria eram amigos especiais de Jesus. Certamente, eram discípulos fiéis
do Rabi da Galileia. Mas, mais do que isso, eles eram família. Numa atmosfera carregada de
suspeição e hostilidade vil contra Si, por parte dos Fariseus e Saduceus— os líderes religiosos da
época— o lar deste trio em Betânia tinha-se tornado num oásis bem-vindo onde Jesus podia
relaxar e deixar o stresse do Seu ministério diário para trás.
A ressurreição de Lázaro só é registada no evangelho de João. Os evangelhos sinópticos
(Mateus, Marcos e Lucas) confinam-se ao que Jesus fez na Galileia, que foi onde Ele passou a
maior parte do tempo. Este milagre é mais amplamente descrito do que qualquer um dos outros
milagres de Cristo porque é por sis ó uma grande prova da Sua missão e um precursor daquela que
é a prova soberana de todas—a própria ressurreição de Cristo (Henry, 1994).
A resposta de Jesus às notícias que davam conta da doença de Lázaro foi confusa para os
discípulos. Marta e Maria tinham enviado um mensageiro para partilhar as tristes notícias com
Jesus. Certamente, não se teriam dado a todo esse trabalho se a situação não fosse
desesperadora, sombria e potencialmente desastrosa. Contudo, Jesus recebe esta notícia de uma
forma calma, tranquila e controlada. “Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de
Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.” (João 11:4).
Dois dias depois Jesus recebe a notícia sobre Lázaro e Ele diz aos Seus discípulos que
devem ir à Judeia— área que incluía Jerusalém e ficava a 3km de Betânia— onde Lázaro, Marta e
Maria viviam. Os discípulos não compreenderam Jesus. Dois dias antes quando podia ter feito
alguma coisa em relação à, obviamente, doença terminal de Lázaro, dado que já tinham
testemunhado o seu poder para curar antes, Jesus parece alheio. Agora que já não há
forçosamente nenhuma razão para ir a Betânia, os discípulos temem pela segurança de Jesus, uma
vez que já não era segredo nenhum que os dirigentes em Jerusalém conspiravam matá-lo. E a
[7]
recente decapitação de João Baptista sem que Jesus tenha feito qualquer intervenção levanta
dúvidas, acerca de quem é realmente Jesus.
Acerca desta realidade Ellen White declara no Desejado de Todas as Nações:
“Durante os dois dias, Cristo parecia haver alheado da mente a notícia; pois não falava em
Lázaro. Os discípulos lembraram-se de João Batista, o precursor de Jesus. Haviam-se
admirado de que, com o poder de que dispunha para operar milagres maravilhosos, Cristo
houvesse permitido que João definhasse no cárcere e morresse de morte violenta.
Possuindo tal poder, por que não salvara a vida de João? Essa pergunta fora muitas vezes
feita pelos fariseus, que a apresentavam como irrefutável argumento contra a afirmação
de Cristo, de ser o Filho de Deus. O Salvador advertira os discípulos de provações, perdas e
perseguições. Abandoná-los-ia na provação? Alguns cogitaram se se haviam enganado a
respeito de Sua missão. Todos ficaram profundamente perturbados.” (1940, p. 526).
II. Jesus Visita as Irmãs Enlutadas
Em João 11:17-32 o registo diz:
“Chegando, pois, Jesus, achou que já havia quatro dias que estava na
sepultura. (Ora, Betânia distava de Jerusalém quase quinze estádios.) E muitos dos
judeus tinham ido consolar a Marta e a Maria, acerca de seu irmão. Ouvindo, pois,
Marta que Jesus vinha, saiu-lhe ao encontro; Maria, porém, ficou assentada em
casa. Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria
morrido. Mas também, agora, sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to
concederá. Disse-lhe Jesus: Teu irmão há-de ressuscitar. Disse-lhe Marta: Eu sei que
há de ressuscitar na ressurreição do último Dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a
ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo
aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu isso? Disse-lhe ela: Sim,
Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo. E, dito
isso, partiu e chamou em segredo a Maria, sua irmã, dizendo: O Mestre está aqui e
chama-te. Ela, ouvindo isso, levantou-se logo e foi ter com ele. (Ainda Jesus não
tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara.)Vendo,
pois, os judeus que estavam com ela em casa e a consolavam que Maria
apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para
chorar ali. Tendo, pois, Maria chegado aonde Jesus estava e vendo-o, lançou-se aos
seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.”
A dor de Marta e Maria é palpável à medida que cada uma fala com Jesus, à vez. Mas a
realidade instrui que apesar do seu desapontamento e pesar, independentemente, ambas
confessam a sua fé em Jesus e em quem Ele afirma ser. Ambas as irmãs também creem
[8]
solenemente que se Jesus tivesse estado em Betânia o seu irmão não teria morrido. Que facto
incrível!
A verdade é que, tivesse Jesus estado em Betânia durante a doença de Lázaro e ele não
teria morrido. Apesar de ser verdade que os Seus discípulos e Marta e Maria não podiam
compreender a sua reação naquele momento, a decisão de Jesus de adiar a sua visita a Lázaro
durante a sua doença foi com o propósito de fortalecer a fé dos Seus discípulos— que iriam ter de
suportar muita coisa depois da Sua ascensão— assim como a fé de Marta e Maria, que iriam
necessitar de ser convencidas que Jesus era verdadeiramente o Messias aguardado. Jesus também
queria dar testemunho a muitos que ainda não acreditavam que Ele era verdadeiramente quem
afirmava ser, o Filho de Deus e o Salvador do Mundo.
Matthew Henry elucida esta noção dizendo: “Os milagres de Cristo na Galileia foram mais
numerosos, mas aqueles operados em Jerusalém ou perto foram mais ilustres; ali Ele curou
alguém doente há já trinta e oito anos, outro que era cego de nascença e ressuscitou outro que
estava morto há quatro dias” (1994).
Ellen White acrescenta:
“Se Cristo Se achara no quarto do doente, este não teria morrido; pois Satanás nenhum
poder sobre ele exerceria. A morte não alvejaria a Lázaro com seu dardo, em presença
do Doador da vida. Portanto, Cristo Se conservou distante. Consentiu que o maligno
exercesse seu poder, a fim de o fazer recuar como um inimigo vencido. (…) Retardando
Sua ida para junto de Lázaro, tinha Cristo um desígnio de misericórdia para com os que
O não receberam. Demorou-Se para que, erguendo Lázaro dos mortos, pudesse dar a
Seu incrédulo, obstinado povo, outra prova de que era na verdade "a ressurreição e a
vida.” (1940, pp.528, 529).
III. Jesus Ressuscita Lázaro de entre os mortos
O relato Bíblico apresentado em João 11:33-44:
“Jesus, pois, quando a viu chorar e também chorando os judeus que com ela
vinham, moveu-se muito em espírito e perturbou-se. E disse: Onde o pusestes?
Disseram-lhe: Senhor, vem e vê. Jesus chorou. Disseram, pois, os judeus: Vede
como o amava. E alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao
cego, fazer também com que este não morresse? Jesus, pois, movendo-se outra vez
muito em si mesmo, foi ao sepulcro; e era uma caverna e tinha uma pedra posta
sobre ela. Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já
cheira mal, porque é já de quatro dias. Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se
creres, verás a glória de Deus? Tiraram, pois, a pedra. E Jesus, levantando os olhos
para o céu, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei que
[9]
sempre me ouves, mas eu disse isso por causa da multidão que está ao redor, para
que creiam que tu me enviaste. E, tendo dito isso, clamou com grande voz: Lázaro,
vem para fora. E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu
rosto, envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir. ”
Que realidade excecional! Que Jesus, sabendo que vai ressuscitar Lázaro de entre os
mortos, consegue ainda assim sentir a dor humana e criar uma tal empatia ao ponto de chegar às
lágrimas. Esta narrativa, mais do que qualquer outra nas Escrituras, dramatiza o quanto Cristo se
identifica com o sofrimento humano.
Jesus pede para ver Lázaro ao aproximar-se da sepultura e pede que a pedra que cobre a
sepultura seja removida. Marta contesta, quer para proteger Jesus do cheiro do corpo em
decomposição— já se passaram quatro dias desde que Lázaro foi depositado no túmulo— ou para
tentar preservar a dignidade do irmão de ser exposta ao público num estado de putrefação. Jesus
lembra gentilmente a Marta quem Ele é, e avança para fazer aquilo a que Ele se propôs.
Tendo sido acusado de operar milagres pelo poder de Satanás e querendo deixar bem
claro quem Ele é, Jesus clama ao Seu Pai, para que seja inequívoco que Ele está a clamar pelo
poder de Deus. Jesus também quer definir um exemplo para os Seus discípulos, para que saibam
que o poder que irão usar no futuro é de Deus e não deles. O dador da vida ordena a Lázaro que
venha para fora; não para descer ou para subir, porque Lázaro não está nem no céu nem no
inferno, mas na terra onde não sabia de nada. Como o escritor de Eclesiastes salienta: “Porque os
vivos sabem que hão-de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco eles
têm jamais recompensa, mas a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Até o seu amor, o
seu ódio e a sua inveja já pereceram e já não têm parte alguma neste século, em coisa alguma do
que se faz debaixo do sol.” (9:5, 6).
Ao chamado de Jesus, Ellen White partilha: “Há um ruído na silenciosa tumba, e o que
estivera morto aparece à entrada da mesma. Seus movimentos são impedidos pela mortalha em
que está envolto, e Cristo diz à estupefata assistência: "Desatai-o, e deixai-o ir.” (1940, p. 536).
Cortando com todas as convenções humanas, Lázaro volta à vida, saudado com alegria e
ações de graças pelas suas irmãs enlutadas, que recebem o seu irmão como um presente do
Mestre.
Independentemente das situações difíceis na nossa vida, deveríamos lembrar-nos sempre
que Deus está ao leme, Ele preocupa-se connosco e Ele vai acompanhar-nos.
IV. O impacto do Milagre nas testemunhas
Em João 11:45-48 lê-se:
[10]
Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria e que tinham visto o que Jesus
fizera creram nele. Mas alguns deles foram ter com os fariseus e disseram-lhes o que Jesus
tinha feito. Depois, os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho e diziam:
Que faremos? Porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixamos assim, todos crerão
nele, e virão os romanos e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação .”
A reação humana a tudo o que é espetacular e sem precedentes é verdadeiramente
notável. É indiscutível que Lázaro esteves morto e agora está vivo. Contudo, aqueles que escolhem
ser céticos em face à verdade encontram razões para duvidar e não acreditar em Jesus. O nosso
compromisso deveria ser partilhar Jesus, porque existe sempre alguém disposto a crer nas
evidências apresentadas pela providência de Deus e pela Sua Palavra.
Conclusão
Lázaro estava morto quando Jesus chegou ao túmulo. Chegado à sepultura no tempo
certo (quarto dias depois da morte de Lázaro), de maneira a trazer entendimento e salvação a
muitos, Jesus chama o seu amigo Lázaro que ouve a Sua voz lá da sepultura e começa a mexer-se.
Quando ouvimos a voz de Jesus, não importa onde estejamos— seja lugar, condição,
circunstâncias, em que relação ilícita nos encontrarmos— se vamos voltar à vida temos de
responder. Lázaro ouve a voz, e responde, mas ele ainda está embrulhado nos panos. Deve ser
liberto pelo processo da fé residente no corpo de Cristo; as famílias na igreja.
É isto que as famílias que evangelizam são: andam com Jesus até onde os que estão
mortos são trazidos a uma novidade de vida, e enquanto membros da família de Deus assumem a
nossa responsabilidade de fazer novos discípulos entre os novos crentes, tirando-lhes as vestes
das suas vidas passadas de pecado.
Em Isaías 55:8,9 é partilhada uma mensagem muito relevante: “Porque os meus
pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o
Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos
mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos
pensamentos.” ; “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto.” (Romanos 8:28).
Deus chamou-nos a partilhar com os nossos familiares, vizinhos e amigos as nossas
experiências da Sua fidelidade em momentos de desencorajamento, desânimo e desespero.
Aquela noite em Veneza foi apenas uma forma de Deus nos relembrar que apesar de situações de
apreensão. Hesitação e trepidação, nunca devíamos deixar de depositar a nossa confiança Nele.
Afinal Ele relembra-nos apontando para a Sua Palavra em Isaías 41:10: “não temas, porque eu sou
contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te esforço, e te ajudo, e te sustento com a
destra da minha justiça. ”
[11]
Que Deus nos ajude a aprender as Lições sobre o Síndrome de Lázaro e fazendo-o
cresçamos na nossa fé e confiança Nele.
Referências
Henry, M. (1994). Comentário Bíblico de Matthew Henry: Completo e não abreviado num
só volume (Jn 11:1-49). Peabody: Hendrickson.
White, E. G. (1940). O Desejado de Todas as Nações. Mountain View, CA: Pacific Press
Publishing Association.
________________________________________
Willie Oliver, PhD, CFLE e Elaine Oliver, MA, CFLE são Diretores do Departamento dos Ministérios
da Família na Sede Mundial da Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Silver
Spring, Maryland, USA.
[12]
Sermão - Guiem-nos Alegremente em direção ao
Reino de Deus
Por Clair e Jon Sanches
Texto: Salmos 78:1-7
Introdução
Um dia, um estudante na Índia, sentindo-se deprimido com ele mesmo, foi ter com o seu
professor de filosofia e perguntou-lhe, “Professor, qual é o verdadeiro valor de um ser humano?”
Dando-lhe uma pedra, o professor disse, “Tenta descobrir o seu valor.” O rapaz deslocou-se ao
mercado e perguntou ao vendedor de legumes, “Quando pagava por esta pedra?” “5 kg de
batatas,” disse o vendedor. A seguir perguntou o mesmo ao vendedor de peixe. “Dez atuns,” disse
ele. Reparando que o valor estava a aumentar ele foi ter com o joalheiro. “Dou-te mil rupías,”
disse ele. Finalmente ganhou coragem e foi ter com joalheiro mais famoso da vila. O joalheiro
levou a pedra, foi às traseiras da sua loja, e ficou lá um bom bocado. Muito entusiasmado voltou e
exclamou: “Jovem, tem muito cuidado com esta pedra, tem um valor tremendo. Nunca a vendas.
Podes pedir o que quiseres por ela.” Agarrando a pedra com força, voltou a falar com o seu
professor e partilhou a sua experiência. “Também é assim com o ser humano,” disse-lhe o
professor. “Tudo depende de quanto valor damos a nós mesmos. Alguns têm uma baixa
autoestima e vendem-se por pouco. Aqueles que se têm em grande conta não se vendem ao
desbarato. Quando maior for a consciência do teu valor mais feliz serás.”
Deus valoriza cada pessoa, individualmente
Uma autoestima saudável é muito valiosa para qualquer pessoa. Em certa medida esta
consciência de valor determina a forma como nos sentimos em relação a nós próprios. Expor as
crianças a este nível de consciência é uma das primeiras tarefas da família. Este mesmo princípio
aplica-se à família da igreja. É importante expressar apreciação e transmitir uma sensação de
apreciação de uns para com os outros na família cristã. Especialmente quando interagimos com
crianças e jovens, isto é de vital importância. É mais difícil aceitar o amor incondicional de Deus e
ter plena consciência do amor de Jesus, quando a nossa perceção de valor foi danificada pela
forma como temos sido tratados. O apóstolo Pedro diz: “sabendo que não foi com coisas corruptíveis,
como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos
vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, ” (1
Pedro 1:18, 19). Deus pagou o mais alto preço em Jesus por cada bebé nascido neste planeta.
Assim sendo qualquer ser humano que não herda a nova terra, é uma vida desperdiçada. Todos os
seres humanos são merecedores do sangue de Jesus.
A Comissão de Deus às Famílias de Israel
Deus têm a família em alta consideração. Ele confiou-nos o dom da procriação e a
magnífica responsabilidade de cuidarmos dos nossos filhos. Jesus veio a este mundo vulnerável,
como um bebé, e confiou-se aos cuidados de uma família. O próprio Deus revelou ao Seu servo
Moisés, o plano universal para a educação das famílias.
“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o
teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E estas palavras que hoje te ordeno
estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e
andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e
[13]
te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas
portas.“ (Deuteronómio 6:4-9)
Por outras palavras, quando nos relacionamos com crianças e jovens, quando brincamos
com eles, trabalhamos com eles, nos preocupamos com eles; guiamo-los alegremente e em oração
para a vida eterna. O chamado primordial de Deus a todos os pais e adultos de todas as culturas é
ao compromisso e ligação com Ele mesmo, a derradeira fonte de amor e vida. É aqui que tudo
começa, uma relação pessoal e um fundamento sólido ancorado e enraizado em Jesus. Então Ele
incumbe os pais de inspirar e conduzir a próxima geração a ligar-se ao Seu Salvador e Criador. No
livro de Salmos, o profundo desejo de conduzir a geração seguinte a uma ligação com Deus é
expressa numa bonita e sentida oração:
“Escutai a minha lei, povo meu; inclinai os ouvidos às palavras da minha boca. Abrirei a
boca numa parábola; proporei enigmas da antiguidade, os quais temos ouvido e sabido, e
nossos pais no-los têm contado. Não os encobriremos aos seus filhos, mostrando à
geração futura os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que
fez. Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pôs uma lei em Israel, e ordenou
aos nossos pais que a fizessem conhecer a seus filhos, para que a geração vindoura a
soubesse, e os filhos que nascessem se levantassem e a contassem a seus filhos; para que
pusessem em Deus a sua esperança e se não esquecessem das obras de Deus, mas
guardassem os seus mandamentos.” (Salmos 78:1-7)
Por que motivo era tão importante relembrar as famílias de Israel da sua tarefa
primordial? Moisés dirigiu-se a uma geração de pais que nasceram no deserto, cujos cresceriam
na Terra Prometida. Portanto a geração seguinte não conheceria a experiência de escravatura no
Egipto. Eles não conheceriam a crueldade de uma vida subjugada ao Faraó expressa numa
dependência de Deus.
Eles já não conheceriam o milagroso livramento de Deus. Tudo o que conheceriam seria a
terra que emana leite e mel e prosperidade material. Seriam capazes de comprar o seu próprio
pedaço de terra e construir as suas próprias casas. Os seus avós tinham vivido o Êxodo e
dependiam de Deus durante as incertezas do deserto da vida. Mas as crianças de Canaã não
teriam as experiências com Deus que a geração anterior tinha tido, e incorriam no perigo de se
apegar a uma falsa sensação de segurança. Porque não tinham conhecido Deus na primeira
pessoa, iriam surgir questões como: “Mamã, porque guardamos o Sábado?” Papá, “porque
devolvemos o dízimo, porque temos todas estas regras das carnes limpas e imundas, porque
fazemos ofertas, porque prestamos culto e oramos. Porque nos mantemos fieis a todos estes
princípios?” Deuteronómio 6:20, 21 diz: “Quando teu filho te perguntar, pelo tempo adiante, dizendo:
Quais são os testemunhos, e estatutos, e juízos que o Senhor, nosso Deus, vos ordenou? Então, dirás a teu
filho: Éramos servos de Faraó, no Egito; porém o Senhor nos tirou com mão forte do Egito. ”
Vamos fazer aqui uma pausa por um momento e perguntar a nós mesmos, a questão: O
que tinham eles de dizer à geração seguinte? Deuteronómio 6:21 diz: “Então, dirás a teu filho:
Éramos servos de Faraó, no Egito; porém o Senhor nos tirou com mão forte do Egito. ” Era esperado
que eles partilhassem a sua experiência pessoal de comunhão com Deus. O seu legado espiritual, o
relato da sua origem, a sua história, o seu destino e a sua caminhada com Deus e o que Ele
significava para eles. A partilha inicial deveria consistir na experiência em primeira mão com Deus.
Não era dar sermões, mas partilhar o amor, a fidelidade e o poder de Deus nas suas vidas. As
crianças e os jovens adultos a crescer em Canaã precisavam de se relacionar e criar laços com os
[14]
pais e com os adultos na comunidade, que os inspirariam a andar com Deus, através de uma vida e
partilha celestial.
Desta forma as práticas de profunda simbologia espiritual que tiveram origem na sua
caminhada com Deus, manteriam o seu significado como sinalização do Reino de Deus.
Faz parte da condição humana distanciar-se naturalmente do seu Salvador e Criador,
derivando em idolatria. As práticas tornam-se então num fim em si mesmas, em vez de sinais
apontando para Jesus.
Deus é muito Sério em relação a Isto
Isto aconteceu em várias etapas da história de Israel. Repetidas vezes o legado espiritual
coletivo do povo de Deus desgastou-se em meras práticas religiosas ritualizadas. Por vezes
perdiam Deus completamente de vista e viravam-se para práticas que não conseguimos sequer
tentar compreender.
Muitos séculos depois de Deus ter revelado o seu plano a Moisés, o profeta Jeremias foi chamado
por Deus a confrontar as famílias e os líderes, o povo escolhido, com uma mensagem urgente. Eles
tinham enveredado por práticas chocantes. Jeremias 19:1-7 ilustra a cena:
“Assim diz o Senhor: Vai, e compra uma botija de oleiro, e leva contigo os anciãos do povo e os
anciãos dos sacerdotes. E sai ao vale do filho de Hinom, que está à entrada da Porta do Sol, e
apregoa ali as palavras que eu te disser. E dize: Ouvi a palavra do Senhor, ó reis de Judá e
moradores de Jerusalém. Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei tão
grande mal sobre este lugar, que quem quer que dele ouvir retinir-lhe-ão as orelhas. Porquanto me
deixaram, e profanaram este lugar, e nele queimaram incenso a outros deuses, que nunca
conheceram, nem eles, nem seus pais, nem os reis de Judá; e encheram este lugar de sangue de
inocentes. Porque edificaram os altos de Baal, para queimarem seus filhos em holocausto a Baal; o
que nunca lhes ordenei, nem falei, nem subiu ao meu coração. Por isso, eis que dias vêm, diz o
Senhor, em que este lugar não se chamará mais Tofete, nem o vale do filho de Hinom, mas o vale
da Matança. Porque dissiparei o conselho de Judá e de Jerusalém, neste lugar, e os farei cair à
espada diante de seus inimigos e pela mão dos que buscam a vida deles; e darei os seus cadáveres
por pasto às aves dos céus e aos animais da terra.“
Em vez de educarem os filhos para alcançar o potencial dado por Deus para se ligarem ao
seu Criador, os pais sacrificavam os seus filhos aos ídolos. Hoje em dia, consideramo-nos mais
sofisticados, cultos e desenvolvidos. Franzimos a testa a culturas e povos que praticam sacrifícios
humanos. Mas, não será possível que nos nossos dias, as crianças também sejam sacrificadas aos
ídolos de hoje de formas mais sofisticadas?
O contexto cultural em que vivemos hoje pode conduzir os pais, de uma forma muito
subtil, a negligenciar as necessidades emocionais e espirituais das crianças e dos jovens. Devido
aos desafios económicos e sociais, os pais sentem-se pressionados a trabalhar no duro para levar o
barco a bom porto. Outros depositam toda a sua energia a aperfeiçoar as suas carreiras e sobralhes pouco tempo e energia para passar com as mentes impressionáveis da próxima geração. A
Neurociência tem demonstrado que os cérebros de crianças pequenas são moldados em interação
com as circunstâncias físicas, emocionais, intelectuais, sociais e espirituais criadas pelos pais e
outros adultos. Mesmo durante a gravidez são lançadas as bases para o crescimento futuro da
criança. Presentemente, as crianças e os jovens são constantemente bombardeadas com valores
[15]
culturais contraditórios através da média, pelo exemplo definido pelos ídolos, e amigos de escola
ou vizinhos mais experimentados.
Pensemos também nas crianças que crescem em zonas de guerra, nas que são
maltratadas, que crescem em bairros violentos e em situação de pobreza. Há muitos pais que
muitas vezes não têm consciência de que são responsáveis por lançar as bases do
desenvolvimento futuro no cérebro da criança. O molde das bases é uma tarefa extraordinária e
bela que Deus deu aos pais. Quando as crianças e os jovens são expostos exaustivamente aos altos
valores de crescimento e desenvolvimento de Deus, as suas mentes e corações são escudados
pelo poder do Espírito Santo. Sim, podem viver coisas que nos causam preocupação como parte
do seu desenvolvimento, mas foi semeada nas suas almas a semente do Evangelho. Os valores que
eles recebem terão impacto nas suas vidas.
Foi por isso que Jesus expressou uma séria preocupação sobre como nos deveríamos
relacionar com as crianças. Em Mateus 18:6 Jesus diz: “Mas qualquer que escandalizar um destes
pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se
submergisse na profundeza do mar.” Esta expressão não parece encaixar-se na imagem que muitos
de nós temos de Jesus, mas Ele é muito claro sobre isto. Ele valoriza cada criança. Ele sabe em
primeira mão com quem estamos a lidar. O inimigo anda em redor bramando como leão, buscando
tragar as crianças. (1 Pedro 5:8).
O plano de Deus, revelado a Moisés, aplica-se a todas as culturas e bairros. E, como
Jeremias, temos uma tarefa profética de capacitar as famílias para cumprirem esta tarefa
primordial. Ao início nunca se gosta muito dos profetas. Eles chegam como pessoas aborrecidas
que têm uma forma de ir ao cerne da questão. Mas, no final, as pessoas estão mais felizes. Por isso
hoje, as famílias nas nossas igrejas locais e nas comunidades de que fazemos parte, serão mais
felizes e abençoadas, quando praticarmos fielmente o plano de Deus, que encontramos em
Deuteronómio 6.
Mudança de Circunstâncias
À medida que nos aproximamos da volta de Jesus, muitas vezes pergunto-me como é que
o grande inimigo busca adaptar as suas estratégias. Deve ser muito subtil. Quando era criança
cresci nos anos sessenta e início dos anos setenta, nos arredores da capital do Suriname, uma excolónia Holandesa na América do Sul, perto do Brasil. O ritmo da vida era bastante relaxado para
nós crianças e nem sempre estávamos conscientes das longas horas que os nossos pais passavam
a ganhar a vida. Contudo, todas as manhãs na vila onde vivíamos, por volta das seis horas da
manhã acordávamos com as melodias dos pássaros e com uma família Adventista a fazer o seu
culto matinal. À medida que os primeiros raios de sol penetravam a escuridão da noite, uma a
uma, mais famílias começavam a cantar e a orar. Uma vez por ano tínhamos a semana de oração.
Às cinco da manhã, todas as manhãs, juntávamo-nos nas imediações da igreja para adorarmos
juntos.
A mama acordava-nos às 4:30 da manhã. No meio de muitos protestos, lá íamos. Por volta
das seis a comunidade pertencente à igreja estava lá for a reunida para receber o novo dia a
cantar e a orar. Acabava por ser uma experiência ótima, dar as boas vindas ao novo dia desta
maneira. Cresci numa atmosfera em que a religião, a espiritualidade e a igreja eram uma grande
influência. Ao Domingo de manhã tínhamos os desbravadores, à noite reuniões evangelísticas, às
[16]
Quartas à noite tínhamos reunião de oração, todas as Sextas, reunião de Jovens. Ao Sábado de
manhã os serviços começavam às 9 e não terminavam antes das 13h. De tarde, depois de uma
curta sesta os pais saiam para partilharem caminhadas. Tentavam levar-nos com eles. Aos Sábados
à tarde tínhamos o programa dos Missionários Voluntários, conhecido recentemente como o
Serviço JA. Aos Sábados à noite tínhamos reuniões sociais e ao Domingo começava tudo outra vez.
Mas isto não era tudo. Também tínhamos de enfrentar as tias e tios chatos da família da
igreja. Obrigavam-nos sempre a falar e perguntavam como é que as coisas estavam a correr. Nem
sempre eram dotados de tato. Avisávamo-nos uns aos outros quando uma/um delas/deles estava
por perto. Quando reparavam que tínhamos andado a fazer ou a experimentar alguma coisa que
não era suposto, admoestavam-nos gentilmente.
Ter filhos, agora eu compreendo o quão importantes estas pessoas foram para mim.
Expressavam à sua maneira que se preocupavam e que queriam estar connosco na nova terra.
Tratavam-nos como se fossemos deles. Derramavam a sua atenção sobre nós. Amavam-nos. É
disto que as crianças e os jovens precisam desesperadamente hoje em dia, na igreja assim como
nas comunidades em que vivemos.
Muitos dos pais de hoje cresceram numa atmosfera semelhante, em que a igreja era um fator
mais preponderante. O mundo está cada vez mais diferente. Em muitos lugares vivemos em
culturas não-Cristãs em que a comunidade cristã debate-se pela sobrevivência. Em alguns lugares
as comunidades cristãs prosperam. Mas a crescente globalização faz do mundo uma aldeia onde
tendências culturais e valores se espalham rapidamente entre os jovens. No nosso mundo as
crianças e os jovens não crescem automaticamente com princípios inspirados por Deus. Hoje
muitos acreditam que toda a gente tem o direito de definir o que é bom e o que é verdade para si.
Não há diretrizes absolutas. As pessoas tendem a decidir como se sentem, não baseadas num bem
maior acima delas mesmas. O valor das individualidades na família cada vez suplanta mais a
autoridade que Deus concede aos pais, que são responsáveis por guiar os seus filhos. Hoje em dia,
muitos adolescentes esperam ter a liberdade para definir os seus limites pessoas. Muitas vezes os
pais não têm a capacidade de guiar os seus filhos.
O Tempo para Investir é Agora
Estudos mostram um número crescente, alarmante, de jovens que estão a deixar a igreja.
Em alguns casos, cerca de 50% abandonam a igreja antes dos 20 anos, o que não quer
necessariamente dizer que abandonam Deus. Este mesmo estudo demonstra que onde as igrejas
trabalham ativamente com as famílias e escolas de igreja, e envolvem ativamente as crianças e
jovens nas atividades de serviço e os inspiram nos caminhos de Deus, cerca de 80% exprimem um
sentimento de pertença. O nosso principal propósito é ganhar pessoas para a eternidade.
Sabiam que 19 em cada 20 pessoas que eventualmente se tornam Cristãos
comprometidos o fazem antes dos 25 anos de idade? Depois dos 25 anos, apenas uma em cada
10,000 pessoas são batizadas. Depois dos 35 é uma pessoa em cada 50,000. Depois dos 45, uma
em cada 200,000. Depois dos 55, uma em cada 300,000, depois dos 65, uma em cada 500,00 e
depois dos 75 anos de idade, é apenas uma pessoa em cada 750,0000. Em princípio, por volta dos
13 anos, será tomada a decisão base de acreditar em Deus. Por isso o maior esforço evangelístico,
é investir em famílias onde existam crianças e jovens. Trabalhar com as famílias, crianças e jovens
não é fazer babysitting sagrado, comparando com outros ministérios, como alguns possam sentir[17]
se tentados a pensar. É evangelismo de base. A irmã Ellen White tem uma excelente afirmação
sobre isto:
A sociedade é composta por famílias, e é o que os chefes de família fazem delas.
As "questões da vida" vêm do coração; e o coração da comunidade, da igreja, e da
nação é o lar. O bem-estar da sociedade, o sucesso da igreja, a prosperidade da
nação, depende das influências do lar. (White, 1952, p. 15)
“A restauração e elevação da humanidade começa em casa. O trabalho dos pais sustenta todos os
outros. A sociedade é composta por famílias, e é o que os chefes de família fazem delas.” (White,
1942, p. 349).
Missão Possível
Para realizar esta tarefa precisamos de estar cheios do amor de Jesus para amar as
famílias, crianças e jovens. Com base no amor de Jesus a igreja irá tornar-se cada vez mais a
comunidade de discipulado que Jesus idealizou. Haverá uma atmosfera espiritual, emocional e
intelectual inspirada pelo Espírito Santo onde nos sentiremos seguros. Graça, perdão e princípios
bíblicos determinarão a qualidade dos nossos relacionamentos. As atividades de igreja serão
divertidas e agradáveis. O valor individual de cada criança e jovem será reconhecido, e eles serão
envolvidos o mais cedo possível. Haverá espaço para cada criança expressar o talento que lhe foi
dado por Deus. Tudo isto será constantemente temperado pela oração em favor do Espírito Santo
para que este alcance os seus corações. Aqui está o princípio implícito: Para que algo chegue ao
coração, deve primeiro penetrar nos sentidos e tocar o indivíduo.
Alcançaremos os corações das nossas crianças e jovens quando penetrarmos no seu
universo de desenvolvimento, sendo honestos com eles. Desde os seus primórdios que a Igreja
Adventista foi sensibilizada por direção divina para esta realidade. Desde a sua fundação que a
Igreja Adventista compreendeu que as famílias, crianças e jovens necessitam ser alcançados, ao
nível do seu desenvolvimento em que brincar é um elemento importante. Jesus estabelecia laços e
misturava-se com as pessoas. Ele era pró-inclusão. Ele dava resposta às suas necessidades, e
depois pedia-lhes, “Sigam-me!” (White, 1942, p. 143). Esta é a essência de tudo, tornarmo-nos
discípulos de Jesus.
Não temos tempo a perder. Em breve os seus anos de brincadeira chegarão ao fim. Em
breve sairão de casa e da sua igreja local. Teremos feito tudo o que podíamos para os guiar na
direção do Reino de Deus?
Conclusão
Quando os nossos rapazes eram pequenos e íamos de férias, mal tínhamos saído de casa e
eles já perguntavam: “Papá, já chegámos?” Quando a viagem é longa precisamos de ocupar as
nossas crianças e jovens de forma positiva. A sua energia sem fim, desejosa de aventura, a sua
curiosidade, de procura e perguntas precisa ser desafiada. Eu (Claire), normalmente tinha alguns
brinquedos, livros ilustrados, histórias e algo para se comer durante a viagem. Algumas vezes
parávamos e fazíamos uma mini-celebração.
[18]
Alguém uma vez disse que a igreja é como um comboio. Viajando no tempo, estamos a
caminho da Santa Cidade de Deus, a Nova Jerusalém, o nosso destino final. Da nossa perspetiva a
viagem parece ser longa. Os compartimentos do comboio são diferentes ministérios da igreja.
Um dos muitos compartimentos é o dos Ministérios da Família. Neste compartimento,
famílias e crianças precisam celebrar a alegria da salvação através da música, partilha, celebrações
sagradas, e serviço em prol dos outros ao viajarmos através do tempo. Se envolvermos cada
indivíduo eles não vão saltar para for a do comboio da Salvação.
Irão as nossas crianças ficar no comboio? Chegarão ao destino final? Que não venhamos a
dizer, “Se ao menos eu tivesse feito isto ou aquilo.” Dediquemo-nos, e façamos um juramento ao
Senhor nosso Deus (Josué 24:24), que faremos tudo o que está ao nosso alcance para equipar, e
inspirar pais a dedicarem-se pessoalmente a ganhar os seus filhos para o Reino dos Céus. Oremos
pelos pais, por todas as famílias e por cada criança das nossas comunidades. Comprometamo-nos
hoje a trabalhar, brincar, e orar com os nossos filhos para os conduzir alegremente para o Reino
Eterno.
Referências
White, E. G. (1942). Ciência do Bom Viver. Nampa, ID: Pacific Press Publishing Association.
White, E. G. (1952). O Lar Adventista. Nashville, Tennessee: Southern Publishing
Association.
_____________________________________________
Clair Sanches e Jon Sanches, MA, são Diretores do Departamento dos Ministérios da Família na
Divisão Transeuropeia dos Adventistas do Sétimo Dia em St Albans, Herts, Inglaterra.
[19]
Sermão - APRENDER A PERDOAR
Por Jongimpi Papu
Texto: Génesis 50:15-21
Introdução
É verdade que “o perdão parece sempre tão fácil, quando precisamos dele, e tão difícil
que temos de o dar" (Anon). É àqueles que estão próximos de nós, aqueles que amamos, que
muitas das vezes achamos difícil perdoar. Infelizmente, o amor não faz com que seja mais fácil
perdoar aqueles que nos ofenderam. Frequentemente, é a ferida sustentada dentro do contexto
do amor que tem tendência a ser muito profunda e, por isso, torna o perdão muito difícil. A
capacidade de perdoar, por isso, deveria ser considerada a virtude mais preciosa em qualquer
relacionamento. Não é tanto a falta de amor, mas a incapacidade de perdão mútuo que tem o
potencial para destruir bons casamentos. De acordo com Mateus 6:14, 15, a capacidade de
perdoar abre a porta ao Perdão de Deus para connosco. Quando não oferecemos o perdão
obstruímos o canal da graça de Deus para nós.
Segundo a Bíblia o perdão não é uma opção mas um imperativo para o Cristão. É por isso
que Pedro não pergunta a Jesus se deveria perdoar, mas quantas vezes o deveria fazer. A resposta
de Cristo foi bastante alarmante para Pedro que até tinha esticado o limite até sete vezes mais. A
resposta de Jesus é que devemos perdoar vezes sem conta, infinitamente. Se sofremos devemos
perdoar. O perdão está, por isso, ligado a cura e perdoar deveria ser encarado como um antídoto
para o coração destroçado. Não só cura relacionamentos mas também traz cura aos nossos corpos
físicos. Quem é que não conhece o efeito tóxico do ressentimento e da amargura? Douglas Weiss
(2007) refere-se ao perdão como “estilo-de-vida” (p. 157). Então, o perdão faz parte de um estilo
de vida saudável.
Sim, o perdão traz cura, mas mais do que isso, não perdoar é desobedecer. É dizer não aos
mandamentos de Cristo para que perdoemos aqueles que nos ofenderam. Sabemos que os
mandamentos de Deus são para aqueles que O amam e que foram perdoados dos seus pecados.
Deus não nos ordena que obedeçamos e depois fica a ver o nosso esforço enquanto tentamos
impressioná-Lo. Ele está disponível, através do Espírito Santo para nos capacitar e dar-nos força
para cumprir a Sua vontade.
Agora que sabemos que devemos perdoar-nos uns aos outros infinitamente, a nossa única
oração devia ser – “ensina-nos, ó Senhor, a perdoar.” A pergunta é, como podemos nós perdoar
aqueles que amamos, os amigos de quem gostamos? Como chegamos uns aos outros e
oferecemos a nossa mão em sinal de perdão? A história de José revela diferentes aspetos do
perdão, ajudando-nos deste modo a compreender o que a Bíblia ensina sobre perdão. Vamos
examinar de forma muito breve estes aspetos.
[20]
O Perdão é para nosso próprio Bem
Os irmãos de José enviaram-lhe mensageiros com a seguinte mensagem: “…Perdoa, rogo-te,
a transgressão de teus irmãos e o seu pecado, porque te fizeram mal; agora, pois, rogamos-te que perdoes
a transgressão dos servos do Deus de teu pai. E José chorou quando eles lhe falavam…” (Génesis 50:17).
Esta pode ter sido a primeira vez que os irmãos de José se revelaram e pediram perdão. Mas para
José, esta não foi a primeira vez que ele teve de perdoar. Lemos o seguinte nos capítulos
anteriores:
“E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegai-vos a mim. E chegaram-se. Então,
disse ele: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. Agora, pois,
não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para
cá; porque, para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa
face. Porque já houve dois anos de fome no meio da terra, e ainda restam cinco
anos em que não haverá lavoura nem sega. Pelo que Deus me enviou diante da
vossa face, para conservar vossa sucessão na terra e para guardar-vos em vida por
um grande livramento. Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, senão
Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como
regente em toda a terra do Egito. Apressai-vos, e subi a meu pai, e dizei-lhe: Assim
tem dito o teu filho José: Deus me tem posto por senhor em toda a terra do Egito;
desce a mim e não te demores. E habitarás na terra de Gósen e estarás perto de
mim, tu e os teus filhos, e os filhos dos teus filhos, e as tuas ovelhas, e as tuas
vacas, e tudo o que tens. E ali te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de
fome, para que não pereças de pobreza, tu, e tua casa, e tudo o que tens.” (Génesis
45:4-11).
Embora a palavra “perdão” não seja usada, José, sem qualquer súplica dos seus irmãos,
tomou a iniciativa de os perdoar. Isto não aconteceu por fraqueza ou medo dos seus irmãos.
Lembrem-se, José era a segunda pessoa mais poderosa do Egipto. Tudo o que ele precisava fazer
era dizer uma palavra e todos os seus irmãos estariam mortos ou na prisão. Os irmãos de José não
só estavam chocados por descobrir que ele ainda estava vivo mas obviamente temiam pelas suas
vidas ao relembrarem o mal que tinham cometido contra ele. O seu gesto de boas vindas para
com eles foi recebido com hesitação e incerteza. Eles estavam em tal estado de choque e dúvida
que nem uma palavra de agradecimento saiu dos seus lábios.
Lemos em Génesis 50:15 que os irmãos de José mantinham a ideia de que José tinha
fingido perdoá-los por temer o seu pai. Agora que Jacó estava morto, pensavam que iriam receber
a devida recompense pelo que lhe tinham feito. É evidente que a atitude inicial de José não foi
uma forma de diplomacia mas uma genuína oferta de perdão. Ele não ficou à espera que os seus
irmãos viessem humilhar-se e pedir perdão antes de os perdoar. Ele chamou a si o caloroso aperto
de mão da amizade e da reconciliação.
[21]
Foi primeiramente para seu próprio bem que José perdoou os seus irmãos. A sua atitude
não foi precipitada por um ato de confissão ou súplica por perdão, ele simplesmente ofereceu o
perdão. A quantidade de vezes que José chorou é prova suficiente de que este ato foi para seu
bem, para sarar a sua ferida e obter paz de espírito. Ele fê-lo em obediência a Deus. Guardar
rancor contra os seus irmãos quando Deus tinha feito tanto por Ele seria um sinal de ingratidão
para com Deus. Se o perdão é um estilo de vida para quem foi ofendido, como vimos antes, o
ofensor não faz nada para o merecer.
Não nos é ordenado que perdoemos aqueles que pedem perdão. Esta não é uma condição
para o perdão. Devemos perdoar porque fomos magoados, não porque nos estão a pedir perdão.
O perdão é uma atitude que manifestamos a quem nos magoou, e não apenas uma resposta a um
pedido. Em princípio deveríamos perdoar mesmo se o ofensor nunca vier pedir perdão ou mesmo
se nunca vier a reconhecer o que fez mal. O perdão não é tanto para aquele que ofende, que pode
ou não pedi-lo, mas para nós os que fomos ofendidos. Liberta-nos e impede-nos de sermos
magoados uma segunda vez, através da amargura. Quando perdoamos escolhemos não ser
amargos, porque a amargura é uma dor auto infligida.
Por isso o perdão contém e delimita a dor, assim impedindo-a de se espalhar como células
cancerosas que irão destruir todo o corpo. É bom que aqueles que erraram peçam perdão. A
palavra utilizada na Bíblia para isto é “confissão.” Aqui a pessoa admite o mal que ele ou ela
cometeu sem racionalizar ou arranjar desculpas. Isto faz bem à alma mesmo se a pessoa não for
perdoada durante este processo. Desempenha um papel vital no efetivar a reconciliação e no
restaurar a confiança. A Bíblia, contudo, não nos ensina a esperar pela confissão daqueles que nos
magoaram antes de os perdoarmos.
Mais uma vez, nós perdoamos porque fomos magoados, e não porque o ofensor veio
confessar-se. A verdade desta questão é que, o ofensor pode nunca vir confessar-se. Na verdade,
o ofensor pode morrer sem ter oportunidade de pedir perdão. Isto não é fácil. Contudo, não
fomos chamados a fazer coisas fáceis mas a fazer coisas impossíveis, daí a necessidade de oração.
Nós perdoamos porque podemos todas as coisas Naquele que nos fortalece (Filipenses 4:13).
O Perdão é Escolher Cancelar a Dívida
É muito interessante reparar que os irmãos confessaram os seus erros com medo que José
pudesse vingar-se pelo que eles lhe tinham feito. Aquilo que eles estavam a pedir era um
cancelamento da sua dívida; que José não deveria cobrar aquilo que lhe era devido. Estava na hora
de se vingar mas José recusou-se a cobrar; em vez disso ele perdoou. José tinha o poder de ajustar
contas, de fazer os seus irmãos sofrerem por cada grama de dor que ele tinha sofrido. É fácil
perdoar aqueles que são poderosos porque ainda precisamos da sua proteção, seja física ou
emocional, para sobreviver. Esta é uma das razões pelas quais podemos explicar o facto de as
pessoas permanecerem em relações abusivas e continuarem a culpar-se pelos abusos. Pessoas em
[22]
tais situações prefeririam sofrer do que perder a sensação superficial de segurança e proteção que
o abusador lhes dá.
A tentação que José enfrentou foi a de usar o seu poder para se vingar. Ele resistiu à
tentação ao escolher perdoar. A vingança não nos livra da amargura mas prova aos culpados que
não somos em nada diferentes deles. Estamos a fazer o que eles fizeram quando tinham o poder,
o que de certa forma justifica o que eles fizeram. O perdão é então uma afirmação de repreensão,
o não estarmos dispostos a dar uma desculpa para o abuso de poder. É esquecer o desejo de
vingança e em vez de isso sararmos a ferida.
Ninguém tem o direito de exigir perdão. O ofensor nem sequer pode citar a história de
José como forma de forçar o ofendido a perdoar. Ninguém merece ser perdoado, e ninguém tem o
direito de ser perdoado. Nós pedimos perdão uma vez que não existe nenhuma desculpa para o
que fizemos. O perdão é uma escolha feita pelo ofendido. Nós fazemo-lo porque Deus assim o
disse. Nós fazemo-lo porque essa é a única forma de Deus efetuar a cura nos nossos corações.
A vingança e a recusa e perdoar cria uma ilusão de satisfação. Sabe bem vingarmo-nos,
mas isto cria-nos imediatamente dois problemas. Em primeiro teríamos de nos lembrar disto
quando estamos do outro lado a pedir perdão. Não deveríamos esperar que aqueles a quem
fizemos mal nos perdoem. Em Segundo lugar, o mesmo se aplica a Deus; nós deveríamos viver
vidas perfeitas porque não podemos esperar que Ele nos perdoe. Lembrem-se, se não perdoarmos
os outros o mesmo ser-nos-á feito a nós. A escolha é nossa.
O Perdão Precede a Cura
Lemos na história “(…)E José chorou quando eles lhe falavam.” (Génesis 50:17). Não é
muita clara a razão pela qual José chorou, a Bíblia não o diz. Lembrem-se, este foi o momento em
que os servos enviados pelos seus irmãos vieram até ele e lhe pediram perdão. Os irmãos
deixaram muito claro que lhe tinham feito mal. Poderá ter sido esta a razão de José ter chorado?
Existem várias ocasiões em que há registo de José ter chorado. A última vez é relatada em Génesis
45:2 onde está escrito que José chorou em alta voz ao ponto de ter sido ouvido pelo Faraó e pelos
seus servos. Foi na altura em que José se deu a conhecer aos seus irmãos. Imediatamente após ter
chorado em público, ele concedeu o seu perdão aos seus irmãos e prometeu cuidar deles e das
suas famílias.
Aparentemente, a julgar pela narrativa, o choro de José está, de alguma forma, ligado ao
seu ato de perdão. Outro aspeto interessante é que José parece recompor-se logo depois de
chorar. Isto pode ser visto neste texto: “E José apressou-se, porque o seu íntimo moveu-se para o
seu irmão; e procurou onde chorar, e entrou na câmara, e chorou ali. Depois, lavou o rosto e
saiu; e conteve-se e disse: Ponde pão.…” (Génesis 43:30-31). Não existe nenhum registo de que
alguém o confortou. O choro pode ter feito parte da preparação de José para perdoar aos seus
irmãos. A vingança é concebida para fazer com que aqueles que foram responsáveis pelo
sofrimento chorem mas o perdão faz com que aqueles que estão dispostos a perdoar os outros,
[23]
chorem. O choro de José deve ter sido uma forma de lidar com a amargura e com a raiva que se
tinham acumulado no seu interior. Foi uma forma de lidar com o seu passado doloroso. Mesmo
nesta altura em que os irmãos vieram em busca de perdão, as feridas passadas de José podem ter
sido abertas mas ele foi capaz de se recompor e oferecer o perdão.
A pergunta que podemos fazer a esta altura é porque choraria novamente José quando
percebeu que já tinha perdoado os seus irmãos mesmo antes de eles lhe terem pedido perdão.
Gosto da forma como o Justin e a Trisha Davis (2012) comentam, no seu livro, Para além do
Comum a repetibilidade do perdão quando dizem:
Jesus diz a Pedro para perdoar setenta vezes sete não porque a pessoa que vamos perdoar
precise do perdão tantas vezes mas porque o ressentimento pode ser um tal aperto nos
nossos corações que precisamos de perdoar aquela pessoa muitas vezes para o nosso
próprio processo de cura. (p. 148)
Então, a resposta é que mesmo que José estivesse a perdoar os irmãos pela segunda vez,
era tão doloroso como fora da primeira. Temos de perdoar aqueles que nos trespassam uma e
outra vez, desde que o ressentimento e a amargura ainda tenham lugar nos nossos corações.
José não ficou à espera que o seu irmão o confortasse. Eles tinham-lhe causado dor e
sofrimento e ele não iria esperar que eles o sarassem. A cura de José procedeu de Deus e não da
confissão e admissão de culpa dos seus irmãos. Mais tarde, ele relembra-lhes que eles quiseram
fazer o mal mas Deus tinha um plano melhor. O “mas” cancelou a sua má ação e o perdão
preparou o caminho para a cura. O que vem depois do “mas” é mais poderoso e satisfatório do
que o mal que o precedeu. Não eram os irmãos que estavam ao leme, era Deus. O seu futuro
estava nas mãos de Deus e ninguém o poderia mudar.
Uma das razões com que nos debatemos para perdoar é que tornamos aqueles que nos
magoaram maiores do que Deus. Eles parecem ter a última palavra a dizer sobre como o nosso
future deve ser. Somos capacitados para perdoar os outros quando reconhecemos o controlo de
Deus nas nossas vidas. No livro de Romanos, Paulo reflete o mesmo quando diz, “(…) todas as
coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus (…)” (Romanos 8:28).
Aqui está a lição para nós em qualquer relacionamento; não podemos esperar que a
mesma pessoa que nos magoou seja responsável pelo sarar da ferida. Sarar e ferir não podem
emanar da mesma fonte. É o poder de Deus que nos dá a força para conceder o perdão e
continuar o processo de cura. José podia confortar os seus irmãos que estavam a sofrer debaixo
de uma enorme culpa, porque ele tinha recebido conforto e cura da parte de Deus.
O Perdão Responsabiliza o Ofensor
José repetiu a ofensa dos seus irmãos antes de lhes poder garantir o seu perdão. Ele disse,
“Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste
[24]
dia, para conservar em vida a um povo grande.…” (Génesis 50:20). Os irmãos de José sabiam que
eram culpados. Eles não procuraram racionalizar o seu comportamento, nem procuraram
desculpas. O que eles fizeram foi errado e José tinha o direito de lhes pagar na mesma moeda
pelas suas más ações. É interessante observar que a vontade de José em perdoá-los não
subestimou as suas más ações. José deixa bem claro, mesmo no momento em que os perdoa, que
aquilo que eles fizeram foi mau.
José não estava iludido, ele sofria de nenhuma disfunção cerebral, aquilo que lhe tinham
feito foi mau. Ele não fez nenhuma tentativa de minimizar ou fazer parecer o seu ato menos sério.
Ele considerou-os culpados e não se culpou a ele mesmo pelo ato dos seus irmãos. Isto também
poderia explicar o porquê de José ter sido visto a chorar em diversas ocasiões. Pensar naquilo que
eles lhe tinham feito trouxe de volta toda a dor emocional. Ele não tinha feito mal algum e como
tal não mereceu o que lhe tinham feito. Estes eram os seus irmãos, como podiam sequer pensar
em fazer tal maldade contra alguém do seu próprio sangue? José estava magoado, e os seus
irmãos estavam errados. Contudo ele perdoou-lhes.
Uma das razões pela qual podemos achar difícil perdoar aqueles que nos ofenderam é o
receio de parecer que estamos a desculpar o que nos fizeram. Tememos que o cancelamento da
dívida possa, na verdade, ser interpretado como uma admissão de que o que fizeram não foi sério.
Muitas vezes pensamos que talvez seja mais fácil perdoar a pessoa quando aquilo que nos fez não
foi assim tão mau, se não nos magoaram assim muito. Não faz sentido perdoar, se aquilo que foi
feito não foi assim tão mau, se não sofremos. Podemos olhar para o acontecimento como um
simples mal-entendido e pô-lo de parte. Mas quando existe um plano deliberado para magoar e
intentar maliciosamente prejudicar alguém quer fisicamente quer, o perdão torna-se muito
custoso mas necessário.
Perdão significa deixar para trás, mas isto não deveria ser interpretado como “ignorar o
mal significa abrir a porta à cura” (Davis, 2012, p. 183). Aqueles que são responsáveis devem ser
considerados culpados e responsabilizados pelas más ações. Então isto torna-se a base para o
perdão. É aqui que temos de fazer uma escolha, quer de perdoar e libertar ou de não perdoar e
tornarmo-nos seus escravos. Temos observado que enquanto existir um prisioneiro haverá a
necessidade de ter um guarda. Quando libertamos o prisioneiro, no mesmo ato libertamos o
guarda. Assim é também com o perdão, permanecemos escravos daqueles a quem nos recusamos
a libertar através do perdão.
O perdão que minimize o mal que foi feito dá poder ao ofensor para repetir o ato
maldoso. Isto não é perdão genuíno; é um medo disfarçado da rejeição. Permitimos que as
pessoas nos continuem a magoar quando não as responsabilizamos pelo que fizeram. José tinha
mais do que fazer para além de estar a remoer acerca daquilo que os irmãos lhe tinham feito no
passado. Existe tanta coisa para viver e o tempo é tão curto. Não queremos desperdiçar a vida a
nutrir ressentimentos e amargura e assim pondo as nossas vidas em lista de espera.
[25]
O Perdão Não é Sinónimo de Esquecimento
Perdoamos e esquecemos? José, obviamente, não sofria de nenhum dano cerebral depois
de estender a sua mão aos seus irmãos pela primeira vez, em sinal de perdão. Percebemos que
mesmo depois da morte do seu pai, José ainda se lembrava do que eles lhe tinham feito. Não só
ele chorou mas ele também deixou claro que eles foram responsáveis pelo mal cometido contra
ele. Uma das razões pela qual José não conseguia esquecer o que lhe tinha acontecido foi a forma
como isto estava ligado à intervenção de Deus. Foi através do ato muito mau dos seus irmãos que
Deus realizou os Seus planos. Esquecer o que eles tinham feito seria equivalente a esquecer como
Deus tinha intervindo para Sua glória.
Todos gostamos de recitar afirmação de Ellen White (1923) que diz, “Nada temos a temer
no futuro exceto se nos esquecermos como o Senhor nos conduziu até aqui …” (p. 31). É um facto
que o Senhor nos tem conduzido através de desapontamento e dor. Esquecer os
desapontamentos e mágoas é esquecer como Ele nos conduziu. Podemos ser confrontados com
mágoas e desencorajamentos semelhantes no futuro, mas não temos motivos para ter medo. Eles
passarão, mas para termos essa atitude devemos ousar não esquecer a dor que sofremos.
O nosso próprio crescimento pode, por vezes, ser traçado a partir do momento em que
somos magoados e desiludidos por aqueles que amamos. Querer esquecer a mágoa pode na
verdade destruir a própria bênção que Deus concedeu através do ato. Por isso nós lembramos as
lições que aprendemos através dessa experiência difícil e não tanto em relação ao quão
desfavorecidos fomos por esse ato. Lembre-se que quando o ressentimento e o rancor se instalam
de mansinho e um desejo de vingança se torna atraente, devemos perdoar de novo, não há limite.
É o perdão que, por último, destrói o ressentimento e o rancor, e o não esquecer.
O Perdão Nem Sempre Leva à Reconciliação
A pergunta que muitos devem estar a fazer é se o perdão deveria conduzir à reconciliação
ou ainda se o perdão e a reconciliação são sinónimos. O medo que por vezes mantemos é o de que
perdoando a pessoa, a reconciliação tenha de se seguir; esse perdão genuíno deveria sempre
conduzir à reconciliação. Nesta narrativa, José não só perdoou os irmãos, como foi mais além e
efetuou a reconciliação. A nossa tendência é combinar o perdão com a reconciliação. Kerry e Chris
Shook (2010) marcam um poderoso ponto de vista quando dizem; “O perdão é algo que escolhe
fazer instantaneamente mas a confiança é uma coisa que demora a ser reconstruída” (p. 83). A
reconciliação baseia-se na confiança e não há garantia de que a confiança será reconstruída depois
do perdão.
José foi capaz de se reconciliar com os irmãos, conforme Ellen White (1958) o coloca,
porque “ele tinha visto os frutos do verdadeiro arrependimento” (p. 230). Enquanto o perdão
pode ser concedido sem confissão do ofensor, a reconciliação não é possível sem uma genuína
confissão e admissão do mal feito. Existem casos em que a reconciliação pode não ser possível.
Isto não significa que não existe perdão genuíno. Reconstruir a confiança leva tempo como já
indicamos, e mesmo assim não há garantia de que venha a acontecer.
[26]
Existem algumas ofensas que podem requerer muito tempo para que a pessoa esteja
convencida que existe arrependimento genuíno muito embora a confissão já tenha sido feita. Mas
deveríamos ser cuidadosos para não darmos por nós a utilizar a não reconciliação como forma de
vingança. O rancor e o ressentimento não deviam ser a razão para a não reconciliação.
Mantenhamos esta ordem em mente – o perdão leva à cura; a confissão e o remorso podem
conduzir à reconciliação.
Será Possível?
A última pergunta que podemos ser tentados a fazer é se isto é possível hoje. Sim, José fêlo, talvez ele pudesse porque ele tinha tudo. Então e quem perdeu tudo? Uma esposa algures que
tem SIDA devido à infidelidade do seu companheiro? Uma criança cuja vida pode não voltar a ser a
mesma novamente por causa dos abusos que sofreu por parte dos seus pais? O que dizemos a
estas pessoas, como é que a história de José as conforta?
Estas são, sem dúvida, questões que nos desafiam, mas o problema comum de todas estas
questões é que temos tendência para colocar um ponto final (parágrafo) onde Deus pôs uma
vírgula. Nós damos baixa do futuro por causa das experiências negativas do presente ou do
passado. Muitas vezes desistimos porque não conseguimos ver para além de nós. José esteve
preso por um crime que ele não cometeu mas recusou-se a ser escravo do ressentimento em
relação à mulher de Putifar. A vida e o destino de José estavam nas mãos de Deus não nas mãos
de uma mulher perversa. É assim que a Bíblia reflete esta fase da vida de José:
“E o senhor de José o tomou e o entregou na casa do cárcere, no lugar onde os presos do
rei estavam presos; assim, esteve ali na casa do cárcere. O Senhor, porém, estava com
José, e estendeu sobre ele a sua benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiromor.” (Génesis 39:20, 21)
O mesmo Deus que estava com ele nos momentos de sucesso e alegria também estava
com ele na prisão. Aqueles que nos magoam podem deixar-nos cicatrizes profundas mas Deus
nunca nos abandonará. Desistir quando as pessoas nos magoam e nos desiludem é exercer um
voto contra Deus e declará-lo impotente. José estava na prisão mas livre para perdoar e abarcar a
cura para seguir em frente. Foi a atitude de José que mudou o ambiente da prisão e não o
contrário.
Certa vez, Jesus disse a um homem que estava paralítico há trinta e oito anos, “Levanta-te
e anda” (Lucas 5:23). Conhecemos a história – hoje o mesmo Jesus está a dizer àqueles de nós que
têm estado paralisados pelo ressentimento e pelo rancor durante anos; levanta-te e estende o teu
perdão a quem te magoou tanto. Aquele que te instrui a levantares-te e perdoar está disposto a
dar-te a força e o poder necessários para o fazeres. É de cura que precisas hoje
independentemente daquilo que o futuro te reserva. Hoje podes reivindicar essa cura ao
[27]
estenderes a tua mão a Deus pedindo-lhe que te ajude a fazer o mesmo por quem te magoou.
Levanta-te e anda para um futuro melhor.
Referências
Davis, J., & Davis, T. (2012). Para além do comum. USA: Tyndale House Publishers.
Shook, C., & Shook, K. (2010). Amor até ao ultimo suspiro. USA: Waterbrooks Press.
Weiss, D. (2007). Princípios Matrimoniais em 10 minutos. USA: Faithworld.
White, E. G. (1923). Testemunhos a Ministros e Obreiros Evangélicos. W: Review
and Herald Publishing Association.
White, E. G. (1958). Patriarcas e Profetas. Nampa, ID: Pacific Press Publishing
Association.
_____________________________________________
Jongimpi Papu, DMin, é Diretor do Departamento dos Ministérios da Família na Divisão África
Austral e Oceano Índico dos Adventistas do Sétimo Dia em Irene, Pretória, África do Sul.
[28]
Sermão - Fazer Discípulos por Jesus
Por Pamela e Cláudio Consuegra
Texto: Mateus 28:19-20
Introdução
[Podem contar uma história própria da vossa experiência de pesca ou uma como a que
se segue]
4:30 da manhã
“Hora de levantar,” dizia o Papá.
Era o relógio biológico do Papá que o acordava durante as nossas férias “Xixito". Estou a
referir-me, claro, à Perca Sol. É aquilo a que as gentes da Flórida central chamam de crappie. O
Papá e eu íamos à pesca da Perca Sol nas águas do lago Beresford.
Era a semana favorita do Papá no ano inteiro. A ansiada viagem para pescar era o auge de
um longo ano a reparar linhas de cabos para a Southern Bell e a gerir uma pequena quinta. Ele
tirava-me do conforto da minha cama para me vestir para um dia pescaria.
Estávamos normalmente entre meados da Primavera, início de Verão quando ele marcava
uma viagem de uma semana para nós na Marina de Hontoon em DeLand, Flórida. O resto da
família, a Mamã e as minhas três irmãs, vinham connosco mas dispensavam o chamamento
matutino, esperando, em vez disso, até mais tarde para se juntar a nós na nossa aventura na
pesca.
Pelas 5 da manhã, o Papá e eu estaríamos a comer o pequeno-almoço no seu restaurante
favorito— um local de paragem para os camiões do qual não consigo recordar o nome, mas não
consigo esquecer que faziam as melhores papas de aveia e ovos de que me lembro. Era sempre
divertido falar com os diferentes camionistas que frequentavam aquele lugar.
Com a barriga cheia, o Papá e eu voltávamos à marina, onde ele alugava uma rampa para
o Bass Tracker PF-16 que ele tinha comprado para esta auspiciosa ocasião anual. O barco ficava
pronto na noite anterior, sendo que o Papá não era pessoa de se preparar no próprio dia. Ele
certificava-se que as canas estavam preparadas, o tanque de combustível atestado, e o lanche
para a tarde preparado. Não voltávamos para almoçar. O almoço era uma perda de tempo e de
viagem, de acordo com o Papá. Também nos retirava muito tempo à pescaria. Muitas vezes uma
sandes mortadela, um pack de bolachas de água e sal, e muitas Coca-Colas eram os itens do menu
para o festim do almoço.
[29]
Na loja da marina, comprávamos o isco que precisávamos, e depois caminhávamos até ao
barco. Ao primeiro sinal de luz, partíamos rio St. Johns adentro.
O ar fresco do início do dia entrava pela minha roupa como alfinetes. Aprendi que se
virasse as costas ao sentido em que o vento soprava, era um pouco mais suportável. O que era
ainda melhor era poder sentar-me mesmo atrás do Papá e usá-lo como escudo contra o vento
penetrante. Ainda me lembro de cheirar o seu Old Spice quando corríamos em direção aos seus
tufos de lírios preferidos. Depois de quinze minutos a tremer com o ar da manhã, tínhamos o isco
no anzol e íamos mergulhando adentro dos tufos de lírios. Cada mergulho trazia uma antecipação
diferente de quando viria o primeiro puxão.
O Papá tinha um talento estranhamente especial para apanhar o primeiro peixe do dia. Ele
nunca denunciava que tinha apanhado uma perca até eu ouvir a música do rolo na sua cana de
fibra de vidro. Quando ouvia o assobio do carreto, O Papá já tinha o peixe no barco. Eu
perguntava-lhe onde é que ele tinha pescado o peixe. “Ali,” ele respondia, sem apontar ou mesmo
sem acenar com a cabeça. Eu só tinha de abrir o tanque e depositar o prémio. Encontrar percas
era um problema meu, que eu tinha de resolver. Eventualmente, consegui perceber como
encontrar a presa, sempre esquiva. Simplesmente continuando a pescar.
Pescávamos naquelas mesmas plataformas de lírios à mesma hora todos os dias. Como em
qualquer sítio em que o Papá pescava, se as percas estivessem a morder, nós ficávamos; se elas
não estivessem a morder, mudávamo-nos para outro local.
Aquela era a rotina típica do dia: tentar e tentar, ate sermos bem-sucedidos. O Papá
manobrava o barco com movimentos precisos para evitar passar por cima dos cardumes de percas
que muitas vezes encontrávamos. Ele controlava o motor com um pé, o peixe com uma mão,
bebia a Coca-cola com a outra mão, e isto tudo sem se aproximar demasiado dos ramos das
árvores nas margens do rio St. Johns.
Eu apanhava uma por cada três do Papá. O nosso objetivo era apanhar o limite máximo.
Aproximamo-nos várias vezes, mas acho que não me lembro de nenhuma vez termos atingido o
limite. Mas, era bem divertido tentar. Tentávamos várias técnicas, e até fazíamos algumas
experiências radicais. Mas, na maior parte das vezes o Papá ficava-se por mergulhar o isco entre as
plataformas de lírios.
Pela altura em que a escuridão começava a instalar-se, nós regressámos à Marina
Hontoon. De acordo com a distância a que estávamos, o Papá avançava para a marina e chegava lá
quase sem luz para ver o caminho até ao local onde atracávamos. Descarregávamos a nossa
pescaria para a geleira, e limpávamos o peixe na estação de limpeza ao fundo da doca, sob o olhar
de um mocho. O gerente da marina disse-nos que se lhe déssemos um dos nossos peixes, ele nos
deixava em paz. O Papá não queria prescindir de nenhum dos nossos peixes da primeira que o
[30]
vimos. Bem, a primeira vez que nos afastámos da geleira, o mocho desceu, virou a tampa da
geleira, e levantou voo com um dos nossos peixes! Então, finalmente, deixou-nos limpar o nosso
peixe. Depois disso, sacrificávamos um dos nossos peixes ao mocho de cada vez que íamos limpar
o nosso peixe.
Agora eu vivo em LaGrange, na Geórgia. As memórias de mim e do Papá a pescar ainda
estão vívidas quando pesco no lago de West Point. As técnicas são um pouco diferentes, mas o
esforço ainda é o mesmo: continuar a tentar até os encontrar.
Obrigado, Papá, pelas lições que me ensinaste e pelos bons momentos que passámos a pescar
juntos (Hyers, n.d.).
--------------------Alguns de nós já vão à pesca desde muito novos, enquanto outros nunca o fizeram nem
uma única vez. Uma superfície tão grande desta terra está coberta de água - oceanos, rios, lagos,
etc. – que muitos de nós já observamos pessoas a tentar capturar peixe nas suas redes ou com as
suas canas de pesca. Até Jesus usou a imagem da pesca ao chamar alguns dos seus discípulos: “E
Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais
lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei
pescadores de homens. Então, eles, deixando logo as redes, seguiram-no.” (Mateus 4:18-20).
“Eu vos farei Pescadores de homens,” disse Jesus. A igreja levou esta promessa de Jesus a
sério e tem efetivamente andado à pesca de homens durante estes últimos dois mil anos. Como
Adventistas do Sétimo Dia, já usámos muitos métodos diferentes para pescar – Estudos Bíblicos
pessoais, reuniões evangelísticas, através da média (TV, internet, rádio), a mensagem da saúde e
muitos outros. Como resultado disto, em apenas 150 anos a igreja passou de uns parcos mil
membros situados maioritariamente no Nordeste dos Estados Unidos para mais de 17 milhões de
membros espalhados por todo o mundo.
Muitas Formas de Pescar
Podemos pescar de muitas maneiras diferentes. Provavelmente a maneira mais comum é
com uma cana de pesca, linha, anzol, e algum tipo de isco. A maior parte das pessoas que pescam
assim, almejam apanhar peixe ou para consumo próprio ou para vender a outros para seu
consumo.
Outra forma comum de pescar, que era forma utilizada no tempo de Jesus, é com rede. A
vantagem deste método é que as probabilidades de apanhar mais peixe de uma só vez são
maiores do que só com a cana.
Algumas pessoas não fazem tenções de ficar com o peixe que apanham mas em vez disso
utilizam o sistema “Apanha e largar”. Aqueles que praticam este tipo de pesca desportiva querem
[31]
simplesmente o desafio de capturar o peixe maior para depois removerem o anzol e libertar o
peixe novamente na água.
Temo que, por vezes, tenhamos utilizado este método na igreja e pouco tempo depois do
batismo de uma pessoa ela é quase esquecida, abandonada ou mesmo maltratada e deixa a
igreja... Alguns podem nunca mais regressar. Quando Jesus chamou os seus discípulos a serem
“Pescadores de Homens” Ele não queria dizer “Apanhar e Consumir,” “Apanhar e Deixar morrer,”
ou “Apanhar e Largar.” Aquilo a que Ele se referia era o alvo do nosso trabalho. Por outras
palavras, tal como pescar com rede cobre uma amplitude maior de território e normalmente
resulta em mais peixe apanhado, assim também a nossa abordagem deveria ser mais ampla e
alcançar tantos quantos possível.
Também devemos ter em consideração que embora Jesus tenha usado esta imagem de
Pescadores de homens quando convidou Pedro, André, Tiago e João, que eram pescadores, para
os restantes de nós Jesus usou a imagem de “Fazedores de Discípulos” quando nos deu a Sua
Comissão: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo...” (Mateus 28:19).
Então, o que significa para nós sermos “Fazedores de Discípulos?”
Apanhados ou Feitos?
Aqui estão duas coisas que devemos ter em consideração.
1. Discípulos não são coisa que se apanhe por aí; os discípulos fazem-se.
Existe uma grande indústria de isco de peixe. Estas empresas especializaram-se na arte do
engano— ludibriar o peixe para que acredite que o movimento na água é algum animal que
podem comer para depois se verem presos no anzol ou numa rede, prestes a perder a sua
liberdade e a sua vida.
Não quereríamos ninguém interessado em tornar-se membro da nossa igreja para
sentirem que foram atraídos para uma armadilha apenas para perderem a sua liberdade até a sua
vida.
Angariar ou Educar?
2. Como fazedores de discípulos não somos apenas chamados a angariar mas a educar
discípulos.
Várias características ilustram o crescimento que acontece na vida de um discípulo. Uma
dessas características é a transformação. O apóstolo Paulo estabelece um contraste na experiência
de um discípulo quando ele escreve em Romanos 12:2 para exortar os seus leitores; “E não vos
[32]
conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento ...” Esta
transformação é um processo que dura a vida da pessoa, no seu todo, e começa com a
reconciliação da pessoa com Deus, um ato da Sua graça, e por último resulta na transformação na
volta de Cristo.
Outra característica do discipulado é a imitação. Todo o discípulo, independentemente de
quão comum ou dotado ele possa ser, é chamado a imitar Cristo e a tornar-se semelhante a Ele.
Ellen White (2000) escreve, “Um verdadeiro discípulo de Cristo buscará imitar o Modelo. O seu
amor conduzirá a uma perfeita obediência. Ele estudará para fazer a vontade de Deus na terra,
assim como é feita no céu” (p.92).
Uma terceira característica do desenvolvimento do discipulado é a aculturação. O
Dicionário Merriam Webster define aculturação como “o processo através do qual um indivíduo
aprende o conteúdo tradicional de uma cultura e assimila as suas práticas e valores” (Aculturação,
n.d.). Este processo de crescimento ao longo da vida implica descoberta e mudança, de adaptação
a um novo estilo de vida e cultura, de adoção de novas ideias, valores, e práticas. O discipulado
não se ensina quando se é pescado; é algo que se vive, não apenas algo em que se acredita.
Do ponto de vista da igreja, nós enquanto igreja devemos organizar os nossos ministros
para que possam ajudar a assimilar novos membros de forma a incluí-los na vida da igreja e a
mantê-los envolvidos nessa vida para podermos facilitar o seu crescimento até à maturidade
espiritual.
Fazer discípulos é algo demorado. Na experiência de Jesus e dos seus discípulos, podemos
observar algumas fases distintas através das quais Ele os guiou no processo de crescimento até à
maturidade. Jesus assinalou estas cinco fases com as Suas próprias palavras:
1. “Venham ver” (João 1:35-4:46). Esta fase do “venham ver” aconteceu durante o período
de 4 a 5 meses em que Ele se apresentou a Ele e ao Seu ministério um pequeno grupo de
discípulos, a segui ao Seu batismo no Rio Jordão. Jesus queria dar tempo a estes homens para
permitir que as sementes que Ele tinha plantado assentassem nas suas almas e assim, na altura
em que Ele os convidasse a um compromisso mais profundo eles estariam prontos para
corresponder.
2. “Venham e Sigam-me” (Mateus 4:19 e Marcos 1:16-18). Esta fase durou um período de
dez meses quando os cinco, e outros, deixaram as suas profissões para viajar com Jesus. Jesus deulhes tempo para tomarem decisões sólidas. O resultado nos discípulos foi que quando a semente
desabrochou neles, seguiram imediatamente a Cristo logo que lhes estendeu o convite, não uma
responsabilidade.
3. “Venham e fiquem comigo” (Marcos 3:13-14). Um período de cerca de 20 meses
constituiu esta fase durante a qual Jesus se concentrou nos doze discípulos para que pudessem ir
[33]
e pregar. Este período requereu um investimento total. A primeira coisa que Jesus fez no início
desta fase foi sentar-se e ensinar-lhes os pilares do estilo de vida do crente naquele que
conhecemos como sendo o Sermão da Montanha (Mateus 5-7).
4. “Permaneçam em Mim” (João 15:4-7). Esta fase de discipulado teve início com a
mudança mais dramática que os discípulos tiveram de enfrentar ao mesmo tempo que Jesus os
preparava para a Sua partida e para a sua missão no mundo. O que Jesus queria que eles
aprendessem nesta fase está contido em João 14-21, muito do qual Ele já lhes tinha dito na Última
Ceia. É interessante perceber que Jesus passou 49 por cento do Seu tempo com os discípulos, e
ainda mais à medida que se preparava para Jerusalém e para a cruz.
5. “Vão e façam discípulos” (Mateus 28:19). Esta fase final marca o fim do primeiro ciclo
de formação do discipulado e dá início ao segundo, desta vez com os discípulos a liderar a
formação de outros discípulos. Durante o Seu ministério foi o próprio Jesus que estendeu o
convite ao discipulado, mas depois da Sua ressurreição e ascensão Ele emitiu o chamado através
dos Seus agentes, os missionários Cristãos. É importante lembrar que a esta altura a Comissão de
Cristo não era simplesmente converter pessoas mas fazer discípulos, por isso o objetivo da igreja é
ajudar os novos Cristãos a progredir até ao ponto em que são discípulos profícuos, maduros e
dedicados.
Uma das razões pelas quais é importante observar e compreender estas fases do
discipulado é para que nós, enquanto igreja, aprendamos como conter a perda de novos
membros. Através deste método progressivo de desenvolver discípulos, Jesus ensina-nos como
reduzir significativamente o síndrome do abandono, trazendo lentamente os nossos possíveis
discípulos a um compromisso total por fases. Devemos ser pacientes com os novos membros
enquanto estes crescem até à maturidade. Nós, que estamos na igreja há muitos anos ainda não
somos perfeitos; então, porque esperamos que aqueles que acabaram de se juntar à igreja sejam
perfeitos?
Nenhum de nós chegou à idade adulta de forma instantânea. Nenhum de nós deu um
salto gigante do nascimento à juventude e depois para a idade adulta; levou-nos muitos anos de
crescimento e aprendizagem.
Fases de Crescimento no Discipulado
Para mais tarde nos lembrarmos desta viagem em direção à maturidade enquanto
discípulos, o Apóstolo Paulo identifica três fases de crescimento até à maturidade:
A fase Recém-Nascido/Criança
O Apóstolo Paulo desejava que os seus “filhos” experimentassem os benefícios da
salvação e demonstrassem os seus frutos, por isso pegou no papel de uma mãe em relação aos
seus filhinhos. Ele escreve, “(…) quisemos tratar-vos com a delicadeza com que uma mãe trata os
seus próprios filhos.” (1 Tessalonicenses 2:7). A imagem deste verso é a de uma mãe que nutre e
[34]
cuida ternamente dos seus filhos. Nesta fase a mãe não está preocupada em corrigir cada erro que
eles façam nem os sobrecarrega com muita informação mas em vez disso certifica-se que eles se
sentem ligados a ela e se sentem seguros do seu amor e aceitação. Nesta fase a forma primitiva de
instrução é o exemplo.
Para além de proteção e amor, os novos discípulos precisam de se alimentar do puro leite
da Palavra de Deus (1 Pedro 2:2-3). O recém-nascido também precisa de uma família, precisam do
amor de indivíduos na igreja assim como de uma comunidade carinhosa de irmãos e irmãs que “se
ajudem uns aos outros como têm feito até aqui.” (1 Tessalonicenses 5:11).
A fase da juventude
À medida que as crianças crescem, o papel dos seus pais e o relacionamento que têm com
eles muda, também. Nesta fase enquanto a mãe deseja instilar no coração dos seus filhos o desejo
de crescer em Cristo, o pai quer equipar a juventude para viver uma vida digna de Deus, para
viverem como os cidadãos do reino devem viver. Paulo também alterou ambos os seus métodos e
o seu objetivo ao assumir o papel de um pai em relação aos seus filhos (2 Tessalonicenses 2:1012).
Nesta fase os crentes precisam de começar a assumir mais responsabilidade pela sua
própria vida e ministério, por isso Paulo encoraja, conforta, e impele-os (2 Tessalonicenses 2:12).
Estas três palavras são significativas para descrever o que Paulo, enquanto seu pai espiritual,
espera que seja o curso de ação para estes crentes em desenvolvimento. A palavra original
traduzida como encorajar significa “chamar, solicitar, instar com alguém para almejar algum curso
de conduta,” (Vine, 1981) confortar significa “apaziguar, consolar, encorajar, estimular a um
solene assumir de deveres,” (p. 208) e instar significa testificar através da vida e das atitudes o
valor e os efeitos da fé” (p.225). Então enquanto Paulo insta com os novos crentes para que vivam
vidas dignas de Deus, ele também apazigua e encoraja-os nas suas tentativas. João também
encoraja os jovens rapazes “(…)porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes
o maligno.” (1 João 2:14).
Os novos crentes nesta altura beneficiariam grandemente de atenção pessoal, individual
dos discípulos mais velhos e mais experientes. O objetivo destes momentos em conjunto é equipálos para cumprir a missão para a qual Deus os chamou e para os ajudar à medida que continuam a
desenvolver o caráter e a competência necessária para cumprir o seu chamado.
Jesus compreendeu o valor e o poder de acompanhar relacionamentos. Como diz Ellen
White (1896), Ele enviou os Doze pelas cidades e vilas para que se pudessem “ajudar e encorajar
uns aos outros, aconselhando e orando em conjunto, com a força de uns suplementando as
fraquezas dos outros” (p.72). Jesus também compreendeu quais juntar em pares, como João, que
tinha um temperamento brando, com Pedro, que era mais destemido e impulsivo. Também era
importante que João, o mais jovem, estivesse com Pedro, o mais velho, o mais experiente. Não só
havia equilíbrio mas mútuo exemplo entre os Doze e mais tarde entre os setenta (Schaller, 1978).
[35]
A fase dos Irmãos e Irmãs maduros
Paulo também se relacionou com os membros da igreja em Tessalónica como irmão. Os novos
discípulos tinham evidenciado que haviam de facto abraçado tanto a mensagem como a missão,
por isso Paulo recomenda estes irmãos e irmãs na fé porque eles “havendo recebido de nós a
palavra (…), a recebestes, (…) como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que
crestes.” (1 Tessalonicenses 2:13). Ele continua depois a recomendá-los porque sofreram
perseguição por causa do evangelho mas permaneceram fiéis.
Paulo já não os tratava mais como crianças nem mesmo como jovens mas como irmãos,
seus pares, da mesma estatura que ele, e por causa da sua maturidade ele agora sentia-se livre
para continuar e deixar-lhes a obra. Não é que estivesse a abandoná-los ou a esquecê-los; na
verdade, ele manteve-se em contacto com eles através de cartas e recebeu novidades sobre eles
por outras pessoas, e continuou a orar por eles.
Como é que uma Igreja ‘Fazedora de Discípulos’ ajuda novos discípulos a
desenvolverem-se até à maturidade?
Uma igreja eficaz a fazer discípulos ajuda a mitigar algumas das necessidades especiais
que os novos conversos sentem no processo de adaptação à sua nova família.
A. A necessidade de Fazer Amigos Rapidamente
A investigação de Lyle Schaller (1978) sugere que quanto mais amigos uma pessoa tiver
numa congregação, menos provável será que essa pessoa se torne inativa ou que abandone a
igreja. Jim Cress (2000) e Win Arn (1998) acrescentam ainda que o número de novos amigos
Cristãos que uma pessoa faz durante os primeiros seis meses da sua vida na igreja influencia
diretamente a continuidade da pessoa como membro ativo ou o abandono da igreja.
Ao mesmo tempo, “não podemos simplesmente esperar que as pessoas façam amigos na
igreja; devemos encorajar, planear, estruturar para isso, e facilitar para aconteça” (Warren, 1995,
pp. 224-225). Se após seis meses, o novo membro identificar poucos ou nenhuns amigos próximos
na igreja, as probabilidades dessa pessoa se tornar inativa ao fim de pouco tempo são
extremamente altas. Conforme escreve o autor Ronald Sider (2005), o “fator amizade é o
elemento mais importante no que toca à permanência ativa numa igreja local, ou no seu
abandono.” A combinação de comida, amizade, louvor, oração e estudo da Bíblia “convida e
sustenta muitas pessoas quebrantadas ao longo do caminho lento e prolongado da transformação
pessoal” (26).
B. A necessidade de pertença
[36]
Albert Winseman (2007) escreve que “pertencer a algo provavelmente leva-nos a
acreditar… Quanto mais integradas as pessoas se sentirem nas suas congregações, mais
comprometidas espiritualmente se tornam” (p. 26). À medida que as pessoas são levadas a Cristo
a à Sua igreja, existem momentos em que os membros de igreja enfrentam alguma resistência por
parte dos seus familiares. Alguns dos programas e serviços através dos quais as congregações
podem ajudar a fortalecer a vida fiel das famílias Cristãs assim como encorajá-las quando estas se
envolvem no ministério de alcançar almas na comunidade incluem partilhar refeições juntos,
atividades sociais ou recreativas, retiros e acampamentos, redes familiares e grupos de apoio
(Garland, 1999).
C. A necessidade de ser nutrido e acompanhado por Membros mais Velhos
Os antigos Diretores dos Ministérios da Família na Conferência Geral, Ron e Karen Flowers,
escrevem frequentemente sobre o valor da imitação e do papel importante do exemplo no
processo de aprendizagem porque as pessoas têm tendência a transformar-se à semelhança de
quem ou do que observam. Este princípio aplica-se a relacionamentos geralmente e
especialmente ao lar, onde a imitação é comum: as crianças imitam os seus pais e irmãos; os
casais muitas vezes imitam-se um ao outro.
Conclusão
Durante os últimos 150 anos, milhões tornaram-se membros da igreja – algo que nos deixa
muito felizes e pelo qual louvamos a Deus!
Tristemente, porém, durante esse mesmo período, muitos abandonaram a igreja. Alguns
saíram porque discordavam de uma ou mais doutrinas da igreja. Por muito tristes que fiquemos,
não podemos forçar as pessoas a acreditar no mesmo que nós. Outros poderão ter saído por
vários desafios pessoais – pressão familiar, dificuldade de adaptação ao estilo de vida Adventista,
etc.
O nosso medo e preocupação vai para aquelas pessoas que acreditam no mesmo que nós,
que efetuaram mudanças no seu estilo de vida, que estão felizes e animadas por fazerem parte da
igreja, mas que se sentem sós de semana em semana no seio da sua nova família da igreja. A
nossa preocupação é que aqueles de nós, membros de igrejas, que ficaram entusiasmados por ver
novos membros juntarem-se às nossas fileiras, não estão a fazer nada para os envolver e ajudar à
medida que eles avançam na caminhada de desenvolvimento do discipulado.
Ellen White (1986) escreve:
Deveríamos lidar de forma paciente e terna com aqueles que são novos na fé, e é dever
dos membros mais velhos da igreja criar formas e meios de providenciar ajuda, simpatia e
instrução para aqueles que conscientemente saíram de outras igrejas por amor a verdade,
por conseguinte alienando-se da obra pastoral à qual estavam acostumados. A igreja tem
uma especial responsabilidade sobre si de atender a estas almas que seguiram os
[37]
primeiros raios de luz que receberam; e se os membros da igreja negligenciarem este
dever, serão infiéis à confiança que Deus lhe concedeu (p. 351).
Continuemos a ser fiéis pescadores de homens. Não apanhemos apenas para depois os
largar novamente. Em vez disso, sejamos bons Fazedores-de-Discípulos de forma a retermos um
maior número de novos membros que se juntam à nossa família e para que possamos vê-los
crescer para serem eles próprios Fazedores-de-Discípulos.
Referências
Arn, W. & Arn, C. (1998). The master’s plan for making disciples. (2nd ed.). Grand Rapids,
MI: Baker Books.
Cress, J. (2000) You can keep them if you care: Helping new members stay on board. Silver
Spring, MD: GC Ministerial Association.
Enculturation. In Merriam-Webster.com. Retrieved November
http://www.merriam-webster.com/dictionary/enculturation
23,
2011,
from
Garland, D. (1999). Family ministry: A comprehensive guide. Downers Grove, IL:
InterVarsity Press.
Hyers, C. (n.d.). Daddy. Retrieved from http://www.fishingstories.net/daddy.html
Schaller, L. (1978). Assimilating new members (creative leadership series). Nashville, TN:
Abingdon Press.
Sider, R. (2005). The scandal of the evangelical conscience: Why are Christians living just
like the rest of the world? Grand Rapids, MI: Baker Books.
Vine, W. (Ed.). (1996). Vine’s complete expository dictionary of Old and New Testament
words. Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers.
Warren, R. (1995). The purpose driven church. Grand Rapids, MI: Zondervan.
White, E. (1896). Evangelism. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association.
White, E. (2000). The faith I live by. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing
Association.
Winseman, A. (2007). Growing an engaged church: How to stop “doing church” and start
being the church again. New York, NY: Gallup Press.
_____________________________________________
[38]
Claudio Consuegra, DMin, and Pamela Consuegra, PhD, são Diretores do Departamento dos
Ministérios da Família na Divisão Norte-Americana dos Adventistas do Sétimo Dia em Silver Spring,
Maryland, USA.
[39]
Sermão - Evangelizar com uma Pitada de Sal
Por Barna Magyarosi
Texto: Marcos 9:33-50
Vivemos numa sociedade que se está a tornar cada vez mais individualista, egoísta e em
busca de poder, mas não o poder de caráter, claro! Não o poder de servir outros, mas poder para
obter o que precisamos. Poder para satisfazer as nossas necessidades reais ou que depreendemos.
Poder para fazer valer a nossa vontade a todo o custo.
Ao discutir a interação e colaboração, Steven Covey (2004) escreve sobre quarto formas
possíveis de nos relacionar uns com os outros: todos ganham, uns ganham e outros perdem,
ambos perdem. A maior parte de nós foi criada a acreditar que se alguém ganha, alguém tem de
perder. Jogos, competições e desportos ensinam-nos o mesmo. Bens e privilégios na vida são
como uma grande tarte de quem todos querem tirar uma grande fatia, se possível. Contudo
quanto mais obtemos, menos fica para os outros.
Tendo crescido num país comunista, ainda me lembro daquelas noites em que depois de
estar numa fila durante 3 horas ao frio gelado para comprar um quilo de bananas, os meus dois
irmãos e eu estávamos a observar a mãe enquanto ela tentava o impossível: cortar uma banana
em três partes iguais, para não criar uma situação em que uns ganhavam e algum perdia. O
cenário seria bem diferente se tivéssemos bananas em abundância! Não teriam havido discussões,
nem conflitos nenhuns. Deus criou um mundo com base no princípio da abundância. Existem
recursos suficientes para que todos estejam felizes e satisfeitos. Deus criou um universo que
funciona de acordo com o princípio de que todos ganham. Contudo, Satanás não estava feliz com
a verdade de que todos pudessem sair a ganhar, e ele criou a triste realidade do pecado, que faz
com que as pessoas sejam felizes apenas se os outros perderem quando eles ganharem. Ele queria
tudo, enquanto outros teriam menos ou mesmo nada. Por isso Jesus decidiu restaurar o estado
normal das coisas estando disposto a perder tudo. E aparentemente, Ele perdeu tudo, não fossem
as provisões feitas por um Pai infinito e amoroso, o qual, pela virtude do sacrifício de Jesus pôde
restaurar todas as coisas. Em resultado disto, enfrentávamos um inimigo que, sabendo que tinha
perdido, encontra felicidade em causar o máximo de perdas possíveis no mundo de Deus. É a
atitude de um exército que bate em retirada mas que destrói tudo na ânsia de satisfazer a sua
raiva causando danos e sofrimento. É a raiva sem sentido dos casais em processo de divórcio que
vendem a sua propriedade por uma bagatela, apenas porque se um não pode ficar com tudo, pelo
menos o outro também fica a perder.
Jesus enfrentou o mesmo espírito nos Seus discípulos, que apesar de todo o amor,
abnegação, e cuidado desprendido demonstrado em Jesus, tiveram dificuldade em assimilar o
mesmo espírito. Ao caminharem até Cafarnaum, eles pegaram num dos seus tópicos preferidos de
discussão: “Quem de entre nós é o maior?” (Marcos 9:34). Por palavras nossas: “Quem ganha, e
[40]
quem perde?” Claro que hoje não discutiríamos esta questão tão abertamente. Aprendemos a ser
politicamente corretos, por isso perguntamos: “Quem é que pensa que exibe as capacidades de
liderança necessárias para se tornar o próximo ancião de igreja, presidente da conferência geral,
etc.?” “Qual/quais das famílias da nossa igreja partilham dos mesmos padrões de vida para que os
possamos convidar para almoçar?”
O mundo dos discípulos não era assim tão diferente, em espírito, do nosso. Os discípulos
estavam constantemente expostos ao mesmo espírito que prevalece na nossa sociedade de hoje.
O exército do opressor Império Romano dava a impressão de que o sucesso era obtido pela força
brutal e absoluta. Entre os Judeus existiam diferentes fações religiosas que convidavam os seus
seguidores a aceder a uma supremacia que se atinge através da piedade pessoal e dos feitos
religiosos. Filósofos e professores proclamavam a influência generalizada do conhecimento e do
seu poder para moldar o futuro.
Num tal ambiente, Jesus veio ensinar aos Seus discípulos a grandeza da humildade, o
poder da interdependência, e a alegria do serviço. Mas precisou de mais do que uma tentativa
para ser bem-sucedido.
Depois de chegar a Cafarnaum e de confrontar os seus discípulos com a sua atitude
errada, ele pôs uma criança no meio deles e disse: “Qualquer que receber uma destas crianças em
meu nome a mim me recebe; e qualquer que a mim me receber recebe não a mim, mas ao que me
enviou.” (Marcos 9:37). Uma criança é a personificação da dependência de outros: imaturidade
física e espiritual, irresponsabilidade, compreensão limitada da realidade, fragilidade. Tudo num
contraste espantoso com aquilo que o mundo considerava como grandeza e garantia de
concretização. Na versão paralela da mesma história Jesus diz: “Em verdade vos digo que, se não
vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus. ”
(Mateus 18:3).
Palavras fortes! Contudo, parece que penetrar na perceção dos discípulos era ainda mais
difícil, pois, como se quisesse mudar o tópico da conversa e falar sobre algo mais interessante,
João quase interrompe Jesus ao perguntar: “E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que,
em teu nome, expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos
segue.” (Marcos 9:38). Qual era a razão fundamental da pergunta de João: uma profunda
preocupação pelo sucesso do ministério de Jesus? Provavelmente, não. Ele poderia ter duas
questões em mente, ambas ligadas à questão do prestígio. E se ele trabalhar em teu nome, provar
ser um falhanço, e trouxer vergonha sobre nós? Ou, e se ele trabalhar em teu nome e o seu
sucesso for maior do que o nosso? A pergunta de João demonstrou que os discípulos, embora
tivessem mudado de assunto, não se tinham libertado da mesma preocupação relativamente à
questão mais fundamental de todas: “Quem é o maior?”
A resposta de Jesus é um apelo para eles: “Não lho proibais, porque ninguém há que faça
milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim. Porque quem não é contra nós é por nós. ”
[41]
(Marcos 9:39 – 40). Depois ele continua e fala sobre obstruir outros porque estes não atingem o
nível de desempenho que nós previmos. A palavra Grega usada aqui repetidamente (skandalidzo)
significa “fazer com que alguém passe por uma experiência de raiva/ou choque devido a algo que
se tenha dito ou feito; provocar a ofensa, ofender” (Louw & Nida, 1989, 1:308-309). Por outras
palavras, se as vossas capacidades, dons, talentos, aptidões vos levam a acreditar que a
contribuição de outros com menos capacidades que vós é menos importante que a vossa, é
melhor para vós que as percam, do que perderem a salvação. Não me entendam mal. Deus e a Sua
igreja precisam de pessoas ricas, dotadas e capazes, mas se esses dons se tornam um embaraço
para que Ele alcance os seus propósitos, mais vale não os ter. As palavras de Jesus são fortes, até
chocantes, mas elas trazem até nós a verdade de que na Sua igreja temos de chegar uns aos
outros de forma transversal, para reconhecermos a nossa interdependência e nos regozijarmos
nos feitos uns dos outros.
Na passagem paralela, Mateus introduz nesta altura a parábola da ovelha perdida, que faz
passar a imagem de um Deus que está mais interessado numa pessoa que admite o seu estado de
perdição, do que em noventa e nove, que acreditam estar seguras.
Jesus, que resume a essência da questão, traz toda esta discussão a uma conclusão com as
seguintes palavras: “Porque cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com
sal. Bom é o sal, mas, se o sal se tornar insulso, com que o adubareis? Tende sal em vós mesmos e
paz, uns com os outros.” (Marcos 9:49 – 50).
O que tem o sal a ver com toda a discussão anterior? O que tem o sal a ver com a paz? Na
verdade, no antigo Médio Oriente o sal era um símbolo de tratados de paz ou de acordos de
lealdade. No tempo de Esdras os líderes da oposição ao escreverem uma carta ao Rei Artaxerxes
expressando a sua preocupação sobre a reconstrução de Jerusalém, referem-se à sua lealdade ao
rei com a expressão “Agora, pois, como somos assalariados do paço, e não nos convém ver a
desonra do rei, por isso mandamos dar aviso ao rei, ” (Esdras 4:14). Nesta mesma linha de
raciocínio, quando Abias aborda Jeroboão, ele lembra-lhe que a soberania pertence a Davi por
“um concerto de sal?” (2 Crónicas 13:5).
O sal era usado na antiguidade como conservante e por isso tornou-se um símbolo de
durabilidade. Mas para Israel, deve ter tido outro significado, conforme expressado nos sacrifícios
que apontam na direção do sacrifício de Jesus. Deus ordenou aos Levitas que fizessem o seguinte:
“E toda a oferta dos teus manjares salgarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de
manjares o sal do concerto do teu Deus; em toda a tua oferta oferecerás sal.” (Levítico 2:13). O sal
era o símbolo do acordo eterno de Deus para a salvação da humanidade. Representava a essência
da morte de Jesus, o Seu espírito de sacrifício abnegado, que por último levou à reconciliação com
o Pai (2 Coríntios 5:18-19).
Paz com Deus e paz com os outros não é meramente a ausência de conflitos, mas a
presença de Cristo e do Seu espírito de sacrifício. O conceito Hebreu de shalom não significava
[42]
apenas paz, mas também bem-estar, prosperidade, abundância, que é de facto tudo o que Deus
originalmente queria para os Seus filhos. Mas para conseguirmos compreender isto, na igreja hoje,
precisamos de ter a mentalidade da abundância e o espírito de sacrifício. Precisamos de
compreender que juntos somos mais fortes. Precisamos de utilizar mais o sal que alcança outros
não apenas à procura do benefício próprio, mas também o bem-estar dos outros (1 Coríntios
10:24). Esta é uma das formas através da qual o espírito do amor de Deus se manifestará entre
nós, e as pessoas ao nosso redor perceberão que somos discípulos de Jesus.
Ouvi falar sobre um avô que deu à sua neta um presente de casamento muito estranho:
uma saca de sal. Posso imaginar a curiosidade dos recém-casados que se transformou em
perplexidade quando abriram os presentes. O que poderia ser tão pesado? O que estará aqui
dentro? Que surpresa! Uma saca de sal! Mas a acompanhá-la estava uma carta muito bonita,
escrita à mão com um pedido, aparentemente simples: “Prometam ficar juntos até terem
consumido o meu presente de casamento.” E eles ficaram juntos não só porque estavam
comprometidos por um “acordo de sal,” mas porque aprenderam como ultrapassar os desafios do
dia-a-dia baseados nesse compromisso de dependerem um do outro.
Como famílias, parte de uma grande família, precisamos de assumir um compromisso com
base em tal acordo de sal, o sal do espírito de autossacrifício de Jesus. Descubramos tanto na
igreja como na comunidade à nossa volta, todos aqueles cujas vidas se tornaram insonsas e sem
sentido, e que os alcancemos com uma pitada de sal do amor, cuidado e sacrifício de Deus.
Tenham sal entre vós e vivam em shalom!
Referências
Covey, S. R. (2004). The 7 habits of highly effective people. New York, New York: Free
Press.
Louw, J. P., & Nida, E. A. (1989). Greek-English lexicon of the New Testament based on
semantic domains (2nd Ed), New York, New York: United Bible Society.
All Bible texts are from the English Standard Version (ESV).
_____________________________________________
Barna Magyarosi, ThD, é Diretor dos Ministérios da Família na Divisão Intereuropeia dos
Adventistas do Sétimo Dia em Schosshaldenstrasse, Berna, Suiça.
[43]
Seminário - Lares de Luz: Partilhando a Luz
Por Pedro Iglésias
Introdução
A cruel escravidão no Egito estava a chegar ao fim. Deus tinha chamado Moisés a liderar a
libertação dos Israelitas, mas claro que o Faraó não os ia deixar ir. A primeira vez que Moisés pediu
a sua libertação a resposta foi negativa. Em resultado disso, Deus começou a enviar pragas sobre o
Egito. Primeiro vieram os gafanhotos. Enquanto enfrentava a calamidade, o Faraó decidiu deixálos ir, mas depois retratou-se. Deus enviou uma escuridão aterradora que cobriu as terras do
Faraó. A Bíblia regista que, “E Moisés estendeu a sua mão para o céu, e houve trevas espessas em
toda a terra do Egito por três dias. Não viu um ao outro, e ninguém se levantou do seu lugar por
três dias; mas todos os filhos de Israel tinham luz em suas habitações. ” Êxodo 10:22-23. Que
grande bênção, enquanto havia escuridão, medo e muitas dúvidas ao seu redor, nos lares dos
filhos de Deus havia luz. A luz vem da sua verdadeira Fonte. Este é um desafio importante para os
pais, hoje: ter os seus lares impregnados de luz.
Esta história bem conhecida encerra muitas lições para as famílias de hoje. As que se
seguem são algumas das que podem ser postas a discussão com a audiência:
Hoje, muitas famílias vivem nas trevas de um mundo perigoso e ameaçador. Todo o Egipto
estava em escuridão. Peçam-lhes que enumerem problemas que ameaçam o casamento e os
filhos. Algumas ameaças incluem:
Aumento do divórcio
Rebeldia na juventude
Secularismo
Dependência de drogas
A ascensão do satanismo
Perda dos Valores Cristãos
Expressão errada da sexualidade
_________________________________
_________________________________
_________________________________
_________________________________
As famílias, apesar do mundo no qual vivemos, podem ter vidas melhores. Os Israelitas viveram
no seio do Egito, mas não eram como eles. A diferença entre os lares Egípcios e os lares Israelitas
era Deus. Aqueles que tinham luz eram aqueles que tinham o Deus verdadeiro que iluminava as
suas vidas.
[44]
Deus não deixará as famílias a perecer num mundo de trevas. Deus está disposto a viver com o
Seu povo e a dar-lhes luz conforme fez com os Israelitas. Deus tem uma mensagem de vida para
filhos, pais, cônjuges e irmãos. A Bíblia e o Espírito de Profecia providenciam lições abundantes
para ajudar a proteger as famílias.
As famílias que vivem na luz são testemunhas para outros. Seria possível que, quando todo o
Egito estava em trevas, a luz dos lares Israelitas não fosse vista? Hoje, quando tudo parece estar às
escuras, podemos ter a certeza que os lares dos filhos de Deus irão emanar uma luz que iluminará
outros, que por sua vez irão partilhar esta luz.
Como Partilhar esta Luz com outras Famílias
1. Prioridade: Assegurarem-se que têm a luz
A luz do lar vem do céu.
A luz que existia nos lares Israelitas tinha origem no poder sobrenatural de Deus.
Hoje, deveríamos assegurar-nos que temos Jesus como fonte de luz nos nossos lares. “Falou-lhes,
pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas
terá a luz da vida.” (João 8:12).
A Sua presença é uma prioridade.
Se os lares fossem produzidos num workshop e tivessem de fazer uma lista de peças
essenciais à sua fabricação, o que constaria da lista? Alguns elementos seriam essenciais: noiva,
noivo, amor, boda, local para viver, subsistência e outros. Contudo, o ingrediente principal para
“fazer” um bom lar é a presença de Cristo. Infelizmente, este componente vital é frequentemente
esquecido. Ellen White (1951) afirma que, “O primeiro trabalho a ser feito num lar Cristão é
certificar-se que o Espírito de Cristo ali habita…” (p. 20).
O mundo avança continuamente na direção do secularismo, que nega a importância do
fator religioso na vida humana. Só são consideradas benéficas ideias ou instituições com origem na
humanidade. Para o homem moderno com uma mente secular, não há lugar para Deus. A religião
foi retirada das escolas, dos lares, da vida e das suas muitas atividades.
Josué, o grande líder de Israel, estava prestes a morrer. O povo de Deus tinha estado
tentado pelas práticas pagãs. No apelo final aos seus seguidores, ele encoraja-os a não se
esquecerem do Seu Criador e Libertador. Ele convida-os a deixar os seus deuses estrangeiros. Ele
pede uma decisão pessoal, “Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei
hoje a quem sirvais: se os deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do rio, ou os
deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.”
(Josué 24:15). Josué e a sua casa tomaram a melhor decisão. Decidiram estar ao lado de Deus.
O Culto Familiar assegura a presença da Luz.
Hoje mais do que nunca, Jesus é necessário no lar. Ellen White (1954) expressou isto
quando escreveu o seguinte:
[45]
Se houve um tempo em que cada casa deveria ser uma casa de oração, esse tempo é
agora. A infidelidade e o ceticismo prevalecem. A iniquidade abunda… E ainda assim, neste
tempo de perigo e temor, alguns que professam ser Cristãos não fazem o culto familiar.
Não honram a Deus no lar; não ensinam os seus filhos a amá-Lo e a temê-Lo. (p. 517)
Apesar de terem muitas tarefas, arranjar tempo para o culto familiar é algo inestimável: “Pais e
mães, ainda que impulsionando os vossos negócios, não deixem de juntar a vossa família em redor
do altar de Deus” (White, 1954, p. 530).
A oração familiar é necessária: “Todas as famílias deviam erguer o seu altar de oração,
compreendendo que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (White, 1954, p. 517).
A Bíblia deveria ser estudada: “Juntemo-nos na leitura e aprendizagem da Bíblia e repitamos
frequentemente a Lei de Deus” (White, 1954, p. 522).
Atividade
Peçam às famílias presentes para debaterem a importância de se assegurarem que Jesus
está presente no lar.
Peçam aos pais para assumirem o compromisso para com as suas famílias de trabalharem em
conjunto para que a Luz do mundo brilhe a partir do seu lar.
2. Partilhem a luz com a família alargada
Um lar cheio de luz precisa de ser uma bênção para outras famílias.
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um
monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá
luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para
que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus. (Mateus
5:14-16).
Um lar cheio de luz vive para servir a Jesus.
Jesus expressou o seu propósito em vir à terra afirmando, “Porque o Filho do Homem
também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.”
(Marcos 10:45). Lares com este espírito irão servir-se uns aos outros com amor. “O nosso
propósito neste mundo… é ver que virtudes podemos ensinar aos nossos filhos e às nossas
famílias para que, possuindo-as, tenham uma influência sobre outras famílias, e assim podemos
ser uma força educadora ainda que nunca entremos no átrio” (White, 1952, p. 26).
Comecem por partilhar a luz com quem está mais próximo: a família alargada.
[46]
Atividade
Peçam aos participantes para pensarem num membro da família alargada com quem
podem partilhar a sua fé. Perguntem a cada pessoa ou família para fazerem uma lista de três
atividades que poderiam fazer com esses membros da família para estreitarem o seu
relacionamento.
1.____________________________
2.____________________________
3.____________________________
Peçam aos participantes para partilharem as suas ideias com os outros.
Façam uma lista com as melhores ideias.
Algumas sugestões sobre partilha com as famílias:
Aproveite a proximidade que tem com eles. A proximidade com a família alargada deveria
constituir oportunidade para a partilha dos princípios Cristãos. O grau de confiança e
compreensão existentes deve ser aproveitado.
Evite impor as suas próprias crenças religiosas. O corpo de doutrinas da igreja baseia-se na
Palavra de Deus. Não é partilhado por muitas religiões. Contém algumas verdades impopulares,
como a doutrina do Sábado, que não é aceite mundialmente apesar de serem verdadeiras. O
nosso compromisso é o de pregar o evangelho a todo o mundo como Jesus nos ordenou. Contudo,
isto deveria ser feito com tato, prudência e paciência ao partilharmos a nossa fé com o resto da
nossa família. Deve ser um processo gradual. O primeiro passo deveria ser reforçar os laços de
amor que estão estabelecidos e cimentando confiança.
Liderar com testemunho pessoal. A proximidade e confiança que já estabeleceram com eles
oferece a oportunidade de pregar através do vosso testemunho pessoal. Claro que, com isto vem
uma maior responsabilidade de viver de acordo com aquilo em que se acredita para que o vosso
testemunho permaneça isento de mácula.
Estejam atentos à satisfação das suas necessidades. O Cristianismo chama-nos a amar o nosso
próximo e os nossos familiares; por isso devemos estar atentos às possíveis necessidades
presentes do resto da família. Embora as necessidades espirituais possam ser o mais essencial,
podem não ser as primeiras a ser atendidas uma vez que fazendo-o isso pode enfraquecer a
confiança. Ajudá-los com amor será uma forma eficaz de refletir o amor de Deus nas suas vidas.
Esforcem-se por ser “o melhor” que conseguirem. Não precisam de dizer nada. A presença de
Cristo e da Sua verdade nas vidas dos membros Adventistas da família deverá produzir fruto, o que
se torna numa bênção para o resto dos membros da família.
[47]
3. Iluminem os Lares de Amigos
Atividade
Peçam aos participantes para pensarem numa família com quem poderiam partilhar a sua
fé.
Peçam a cada pessoa ou família para fazer uma lista de 3 atividades para fazerem com eles de
maneira a fortalecer a sua amizade.
1.____________________________
2.____________________________
3.____________________________
Peçam aos participantes para partilharem as suas ideias com os outros.
Criem uma lista com as melhores ideias.
Lares onde as bênçãos fluem
As luzes celestiais não podem ser escondidas. Os lares Adventistas deviam ser um canal de
bênçãos. “E ninguém, acendendo uma candeia, a põe em oculto, nem debaixo do alqueire, mas no
velador, para que os que entram vejam a luz. ” (Lucas 11:33).
Se abrirmos os nossos corações e lares aos princípios de vida divinos seremos canais para
correntes de poder que dá vida. A partir dos nossos lares fluirão correntes que saram,
trazendo vida e beleza e fruto onde agora existe aridez e morte. (White, 1940, p. 355)
Programa Família-para-Família
O Departamento dos Ministérios da Família da Conferência Geral oferece o programa
Família-para-Família. Usem este seminário para promover a sua implementação na igreja local e
inspirar as famílias para que se envolvam. Imediatamente a seguir a este seminário aparece um
breve resumo do programa, retirado do guia preparado e distribuído pelo Departamento dos
Ministérios da Família da Conferência Geral.
Atividade
Convidem as famílias presentes a decidir hoje participar no programa.
Peçam às famílias para se encontrarem e orarem pela família que escolheram na atividade
anterior.
4. Luz das Famílias na Comunidade
A luz do lar deveria iluminar toda a gente.
É dito que deveríamos partilhar a bênção da salvação com a família e amigos. A
responsabilidade também inclui alcançar aqueles que ficam para além do nosso círculo íntimo
de família a amigos.
[48]
Outro Conselho Inspirado.
“Brilhem como luzes no lar, iluminando o caminho que os vossos filhos devem
percorrer. Ao fazerem isto, a vossa luz brilhará para aqueles que não a têm” (White, 1952, p.
37).
Construam uma Família Missionária.
“As crianças deveriam ser tão educadas de modo que simpatizem com os idosos e os
aflitos … Deveriam se ensinadas a ser diligentes no trabalho missionário … para que possam
ser obreiros juntamente com Deus” (White, 1949, p. 62).
Atividade
Escolham com antecedência duas ou três famílias que tenham levado a cabo um
projeto missionário.
Peçam-lhes que falem sobre os detalhes deste projeto. Por exemplo, como o planearam, a
participação de cada membro da família e qual foi a sua impressão depois de o terem
realizado.
Instruam-nos, se possível, para pedirem que as crianças contem parte da sua experiência.
Comecem com pequenos Projetos Missionários
Normalmente ensina-se que a realização de projetos missionários está limitada a
pastores ou anciãos de igreja. Alguns consideram que fazer trabalho missionário é pregar um
sermão ou conduzir uma série de reuniões evangelísticas que apontam para o batismo de
pessoas. Este tipo de pensamento desencoraja os membros e inibe a participação na tarefa de
servir outros conforme Jesus ordenou.
“Projeto Missionário Familiar”
Há vários anos, o Departamento dos Ministérios da Família da Conferência Geral
distribuiu um panfleto intitulado 101 Ideias para o Evangelismo Familiar. Incluída nesta
brochura estava uma lista de ideias simples e práticas para projetos missionários familiares.
Também ofereciam a oportunidade das crianças participarem, mesmo crianças mais
pequenas. Abaixo estão algumas das ideias dessa lista:











Planear envolver os vários talentos da família num projeto missionário especial.
Escolher um projeto mensurável e alcançável.
Ler a Bíblia ou literatura religiosa a uma pessoa idosa ou com incapacidade visual.
Visitar alguém que está doente.
Fazer um aviado na mercearia para um recluso.
Fazer um pão para um sem-abrigo.
Fazer uma visita de amizade a alguém que está isolado.
Distribuir literatura evangelística.
Cantar ou tocar instrumentos musicais num Lar de Idosos ou Centro de Dia.
Marcar uma reunião em família.
Distribuir folhetos a convidar as pessoas para reuniões evangelísticas.
[49]




Convidem um ou dois amigos dos vossos filhos para irem à igreja e para
almoçarem convosco a um Sábado. Providenciem transporte, se necessário.
Convidem os membros mais novos da família a partilharem brinquedos com
crianças de famílias necessitadas.
Recebam um pequeno grupo em vossa casa.
Vejam mais ideias em family.adventist.org
Atividade
Peçam à audiência para acrescentar outras ideias à lista:
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
5. A vossa Família: Comprometidos a abreviar a Segunda Vinda
Cristo virá a esta terra novamente. A tarefa de pregar o evangelho sobre até ao fim desta terra
é tarefa de todos. Os casais adventistas deviam ser encorajados a criar crianças missionárias
que participem alegremente na pregação do evangelho.
Participação da Família
Centenas e milhares foram vistos a visitar famílias e a abrir diante deles a palavra de
Deus. Os corações foram convencidos pelo poder do Espírito Santo, e um espírito de
genuína conversão se manifestou. De todos os lados se abriram portas à proclamação
da verdade. O mundo parecia estar iluminado pela influência celestial. (White, 1991,
p. 65)
Uma simples abordagem para chegar a toda a gente
O melhor trabalho que podem fazer é ensinar, educar. Sempre que têm oportunidade
para o fazer, sentem-se com uma família, e deixem-nos fazer perguntas. Depois
respondam-lhes pacientemente, humildemente. Continuem este trabalho em conjunto
com os vossos esforços mais públicos. Preguem menos e eduquem mais, organizando
leituras Bíblicas, e orando com as famílias e pequenas firmas. (White, 1915, p. 193)
Um Chamado às Famílias Adventistas
Deus iluminou as famílias da igreja com a luz da verdade. Esta luz ajuda a edificar
famílias para que estas vivam com Ele no céu e na nova terra. As famílias detêm uma dívida de
amor para com Deus e para com o próximo; de partilhar a luz da salvação para que todas as
famílias na terra tenham a oportunidade de ser iluminadas. Que a vossa família brilhe por
Cristo e pelo mundo.
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um
monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá
luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para
[50]
que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus. (Mateus
5:14-16)
Convidem as famílias e os indivíduos presentes a participarem em conjunto no evangelismo
através dos ministérios da família.
Referências
General Conference Family Ministries (Ed.). (2013). Family-to-Family church guide. Lincoln,
NE: Advent Source.
White, E. G. (1954). Child guidance. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing
Association.
White, E. G. (1991). Counsels for the church. Nampa, ID: Pacific Press Publishing
Association.
White, E. G. (1915). Gospel workers. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing
Association.
White, E. G. (1949). Testimony treasures, Volume 3. Nampa, ID: Pacific Press Publishing
Association.
White, E. G. (1940). The ministry of healing. Nampa, ID: Pacific Press Publishing
Association.
White, E. G. (1952). The Adventist home. Nashville, Tennessee: Southern Publishing
Association.
_____________________________________________
Pedro Iglésias, MA, é Diretor do Departamento dos Ministérios da Família na Divisão
Interamericana do Adventistas do Sétimo Dia em Miami, Florida, USA.
[51]
Seminário - Família-para-Família
Guia para a Igreja
Um plano vencedor para ajudar as famílias
a testemunhar nas suas comunidades.
Como implementar o Família-para-Família
Introdução
Família-para-Família (FTF) é um plano que faz da família o centro de todo o
trabalho evangelístico na vossa igreja. Ajuda todas as famílias na nossa igreja a
testemunhar pelo menos a uma família na comunidade construindo amizades, indo ao
encontro de necessidades, e convidando famílias a aprender mais acerca de Jesus através
de estudos Bíblicos e reuniões evangelísticas.
Planos organizados podem ser uma bênção ou uma maldição – depende de como
são utilizados. O FPF é um conceito simples: famílias da igreja a testemunhar a famílias
na comunidade. Contudo, há uma tendência geral de tornar os programas da igreja mais
complexos do que aquilo que precisam de ser, por isso mantenhamos as coisas simples.
Talvez existam algumas famílias na vossa igreja que já compreendem como devem
testemunhar por Jesus e podem já estar a fazer isto. Mas muitas famílias precisarão de
algumas pedras basilares para os guiar.
Ao seguirem o plano para a aplicação do FPF, sejam sábios e flexíveis na
adaptação deste programa à vossa igreja. Não é suposto estes planos serem seguidos de
uma forma rígida e mecânica. Algumas atividades poderão não funcionar tão bem na
vossa cultura ou comunidade. Façam ajustes para que estas se encaixem no calendário
da vossa igreja. Providenciem brochuras e programas para as famílias que vão ao
encontro das necessidades únicas da vossa vizinhança. Usem os materiais de estudo da
Bíblia que chegam a diferentes tipos de pessoas na vossa região. E acima de tudo,
adotem um amor pelas famílias na vossa comunidade que precisam de saber o quanto
Jesus as ama e que Ele está a voltar para levar todo o povo de Deus para o lar celestial.
A implementação do plano FPF dá-se em três fases por um período de mais ou
menos um ano. O que se segue é uma perspetiva ampla do programa. Seções posteriores
deste Guia para a Igreja esmiuçarão estas fases em passos mais detalhados,
complementados com recursos para os executar.
Fase 1: Preparar
O objetivo desta primeira parte é convidar a igreja a abraçar o programa e iniciar
o trabalho de preparar o coração de cada pessoa para ser uma testemunha por Jesus.
[52]
Esta fase dura um período de cerca de dois meses. Aqui estão quarto grupos chave que
ajudam a implementar o FPF com uma breve sinopse do seu trabalho:
Pastor: Introduz o FTF ao conselho de igreja; prega uma série de cultos sobre a família; convida as
famílias a inscreverem-se
Conselho de igreja: Inteira-se sobre o FPF; compromete-se com o programa; estabelece a
comissão para o FPF; vota fundos
Comissão Família-para-Família: Encontra-se para rever o programa e começar a sua
implementação
Famílias da Igreja: Assistem à serie de sermões sobre a família; inscrevem-se no programa;
recebem o Guia para a Família; começam um diário de oração; começam a ler diariamente as
meditações familiares encontradas no Guia para a Família
Fase 2: Cuidar
A segunda parte almeja encorajar cada família da igreja a encetar contactos sinceros com
os vizinhos e a construir amizades com pelo menos uma família na sua área. Os relacionamentos
levam o seu tempo a serem construídos por isso esta fase demora mais que as outras.
Recomendamos um período de seis meses.
Pastor: Continua a falar positivamente do FPF; coloca o FPF na agenda mensal do conselho; assiste
às reuniões da comissão do FPF; presta assistência com formação
Conselho de Igreja: Ouvir os relatórios dos progressos; providenciar apoio e fundos para as
necessidades dos programas adicionais
Comissão Família-para-Família: Coordenar formação sobre construção de amizades; providenciar
brochuras para as famílias oferecerem aos amigos; coordenar eventos sociais da igreja; dar
formação para quem deseja dar estudos Bíblicos nos lares
Famílias da Igreja: Participar num dia de jejum e oração; escolher uma família para contactar;
comecem uma amizade com essa família partilhando recursos, convidando-os para eventos, e
eventualmente (quando a altura certa chegar) convidá-los para um estudo Bíblico
Fase 3: Partilhar
O propósito desta parte final é partilhar o evangelho. As famílias da igreja convidam as
famílias vizinhas para assistir a uma reunião evangelística. Esta fase acontece por um período de
quatro meses. Depois das series de reuniões todos são encorajados a juntar-se a pequenos grupos,
encontrando-se num lar, que acolherá um contínuo crescimento em Cristo.
[53]
Pastor (es): Planear e conduzir séries evangelísticas
Conselho de igreja: Continuar a ouvir relatórios sobre os progressos; apoiar e promover séries
evangelísticas
Comissão Família-para-Família: Coordenar formação e ajuda às famílias da igreja nos convites
que fazem às famílias da comunidade para as séries evangelísticas; prestar assistência com
celebrações especiais de batismos; encorajar a formação de pequenos grupos após as séries
evangelísticas
Famílias da Igreja: Continuar a cimentar a amizade com a(s) família(s) da comunidade; convidá-los
para as séries evangelísticas; assistir às reuniões com eles; organizar Estudos Bíblicos de
acompanhamento no lar
[54]
Seminário - Namoro: Uma Perspetiva Bíblica
Por Marcos Bomfim
Necessidade humana:
Diapositivo PPT 1 -
Para glória de Deus:
Génesis 2:18
Namoro: Uma Perspetiva Bíblica
1 Coríntios 10:31
Diapositivo PPT 2 Perspetiva geral sobre o Namoro
 O propósito do namoro
o Para glória de Deus
o Parte do processo de emancipação
o Para o casamento
 Seguir a vontade de Deus
 Ser diferente do mundo
Seguir a vontade de Deus:
Namoro cristão:
1 João 2:15-17
Provérbios 18: 22
Provérbios 19:14
1 Pedro 2:9.11
Referências Bíblicas Adicionais
Não fiquem ansiosos:
Filipenses 4:11
Promessa:
Génesis 18:14
Diapositivo PPT 3 –A história Bíblica sobre o Poder de Escolha
 No Éden: Não há necessidade de haver poder de escolha
 Poder de escolha: Parece apresentar-se como desfavorável
o Antediluvianos
o Esaú
o Sansão
 Os critérios cristãos para fazer escolhas
[55]
No Éden:
Génesis 2:20-23
No Velho Testamento:
o Os pais escolhem as esposas para os filhos (Génesis 21:21,24)
o Em alguns casos, os jovens podiam escolher: Mical e Rebeca
(1 Samuel 18:20, 21; Génesis 24:57, 58)
O noivado era associado ao pagamento de um dote
(Génesis 34: 12; Êxodo 22: 16;
1 Samuel 18: 25)
A escolha parece apresentar-se de forma desfavorável:
o Antediluvianos: Génesis 6
o Esaú:
Génesis 26:34, 35
o Sansão:
Juízes 14:1-3
Os critérios cristãos no que toca a escolhas:
Filipenses 4:8
Referências Bíblicas adicionais:
Provérbios 16:9
Provérbios 17:24
Diapositivo PPT 4 – Exemplo Bíblico: Isaque e Rebeca
• Não cananeus
• Um anjo vai adiante de vós
• Critério Principal: qualidades de caráter
• Envolveu a família
• Isaque orou enquanto esperava
• A modéstia vista como um atrativo
Isaque e Rebeca:
Algumas narrativas adicionais a mencionar:
Génesis 24
David e Abigail – sabedoria
David e Bateseba – paixão
Rute e Boaz – vontade de Deus
José e Maria – o temor ao Senhor manteve a
relação
Jacó e (Leia) Raquel (Ele escolheu) Génesis 29:18
[56]
Diapositivo PPT 5 Transparência
 Não deve ser segredo
o 2 Coríntios 4:2
 O que é secreto será revelado
o Lucas 8:17
 O namoro está sujeito a julgamento
o 1 Coríntios 4:5
o 2 Coríntios 5:10
o Eclesiastes 12:14
Diapositivo PPT 6 – Fronteiras do amor
 Jugo Desigual
o Amós 3:3
o 1 Reis 11-1-6
 Divórcio, namoro e voltar a casar
 Sexualidade
Jugo desigual: Amós 3:3; Génesis 24:3; Génesis 28:1; Êxodo 34:12-16; Deuteronómio 7:1-4; Josué
23:12, 13; Números 25:1-3; Juízes 2:2, 10; 3:6; 1 Reis 3:1-3; 11:1-6; 2 Coríntios 6:14-7:1
Divórcio, namoro e voltar a casar:
Mateus 19:9; 1 Coríntios 7:39
Sexualidade: Iremos ver isto mais aprofundadamente no tempo que nos resta.
Diapositivo PPT 7 – 5 Características do Casamento
1. Tem um começo: o homem deixa a sua família e torna-se independente
2. A vontade de Deus para a casamento é que este seja heterossexual e monogâmico
3. É um companheirismo completo: um só pensar, um só coração, uma só vontade e
modo de agir culminam numa “só carne.”
4. Em caráter é insolúvel. É uma união marcada pela verdade e pela lealdade.
5. É o terreno legítimo para a intimidade sexual.
Adopted from Akkehart Mueller, The Gift of Sexuality, the BRI newsletter, Number 39, July 2012, pg. 13.
Texto Bíblico: Génesis 2:24
Os passos são graduais:
Portanto, (1.) deixará o varão o seu e sua mãe e (2.) apegar-se-á à sua mulher, e (3.) serão
uma só carne
Ver também 1 Coríntios 6:16
Sexualidade pura: Génesis 2:24
[57]
1. Entre duas pessoas
2. Real (não virtual)
3. De géneros diferentes
4. Com o compromisso para a vida do casamento
5. Com amor
6. Respeitando os limites físicos impostos pelo Criador
Referências Bíblicas adicionais – Promessas e advertências: Provérbios 16:2,3; 27:12
Atividade homossexual:
Ver também Levítico 18:22
Romanos 1:26, 27
Diapositivo PPT 8 – Sexualidade: Pecados sexuais
 Fornicação – inclui sexo antes do casamento, adultério, incesto, homossexualidade,
sodomia etc.
 Adultério – relações sexuais com alguém que não o cônjuge
 Atividade Homossexual – o efeminado parece assumir o papel da Mulher numa
relação homoerótica; asernokoites descreve quem adota o papel masculino (1
Coríntios 6:9)
Incesto: 1 Coríntios 5:1,2; Levítico 18:6-18
Divorcio: Mateus 19:1-10; 1 Coríntios 7:10-16; Malaquias 2:16
Casamentos intencionalmente incompatíveis: 1 Coríntios 7: 39; 1 Coríntios 5-7; Deuteronómio
7:3; Neemias 13:23-25
Pornografia: também uma revelação imprópria daquilo que Deus tencionava deixar oculto;
Génesis 3:7;
1 Timóteo 2:9
[58]
Diapositivo PPT 9 – Sexualidade: Pecados sexuais
• Incesto – relações sexuais com um familiar próximo
• Divórcio – Jesus falou contra o divórcio assim como Paulo
• Casamentos intencionalmente incompatíveis – viúva/os viúvos podem casar, mas
“apenas no Senhor”; pode ser também encarado como um aviso contra casamentos
com não crentes
• Pornografia – descrição ou representação de qualquer tipo de impureza sexual,
geralmente com a intenção de provocar desejo sexual
Diapositivo PPT 10 – Sexualidade: Pecados Sexuais
• Masturbação – ato de autoestimulação para prazer sexual; geralmente associada com
pornografia ou outros pecados sexuais
• Consequência – estimula pensamentos impuros contra os mandamentos de Deus; não
faz parte do plano original de Deus para duas pessoas verdadeiras
• Sexualidade saudável: uma expressão de amor
Diapositivo PPT 11 – Sexualidade – Pecados Sexuais
 Somos chamados a ser filhos da Luz
 As consequências podem ser permanentes
 O que fazer?
 2 Timóteo 2:22
o Foge também dos desejos da mocidade
o E segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o
Senhor
Passagens para conclusão
1 Coríntios 10:8 – advertência
Efésios 5:3-5; 8-11 – não deve ser mencionado entre nós
Tessalonicenses 4:3-8 – contacto físico sem compromisso
Hebreus 12:15-17; 13:4 – as consequências podem ser permanentes; o contexto correto é o
casamento
Apocalipse 21:8; 27; 22:12, 14, 15 – morte, vestes exteriores limpas
1 Coríntios 6:9-11; 10:13 – advertência e esperança; força para resistir
Gálatas 5:16-22 – o segredo para a vitória
Hebreus 4:15 – Ele é solidário
[59]
Expressão de amor: Filipenses 2:4
Ler em voz alta verso sobre honrar e santificar o vosso corpo: 1 Tessalonicenses 4:4-5
Marcos Bomfim, MA, é o Diretor do Departamento dos Ministérios da Família na Divisão SulAmericana dos Adventistas do Sétimo Dia em Brasília, Distrito Federal, Brasil.
[60]
Seminário - Proteger os nossos Adolescentes deles
Mesmos
por Alina M. Baltazar
Tema
Os pais desempenham um papel importante na direção dada aos seus adolescentes para
longe de atividades perigosas como o uso de drogas e o suicídio.
Introdução
Educar é a tarefa mais difícil e maravilhosa que Deus nos deu. Apesar dos adolescentes
serem independentes de muitas maneiras e agirem como se não precisassem de nós, na verdade
eles precisam dos pais durante esta altura mais do que nunca. É uma altura em que quando eles
estão a questionar aquilo que lhes foi ensinado pelos pais, família alargada, professores e líderes
de igreja. Fazer experiências é uma parte comum dos anos da adolescência ao formarem a sua
identidade. Embora as crenças dos Adventistas do Sétimo Dia ensinem a temperança e abstinência
do álcool e substâncias, isto ainda acontece entre os nossos jovens. O que queremos fazer
enquanto pais é limitar estas experiências e evitar que imperem quaisquer outros
comportamentos potencialmente perigosos a que estas possam conduzir.
Os anos da adolescência não só um tempo de experiências, mas também um tempo para
muitas alterações físicas, desafios sociais para tentar “integrar-se” e pressão para ser bemsucedido academicamente. O aumento das hormonas, o crescimento físico acelerado, e o lado
desajeitado associado pode ser um desafio emocional para alguns jovens. Cada vez mais os
adolescentes são atraídos pelos seus pares em busca de aprovação, os quais podem estar
atormentados com altos e baixos emocionais. Os anos do liceu são também uma altura de pressão
cada vez maior para serem excelentes academicamente para poderem entrar na universidade
“certa” e qualificarem-se para bolsas, de maneira a poderem pagar a formação universitária cada
vez mais cara, mas necessária. Todos estes fatores múltiplos de stresse e mudança, desafios
sociais, pressão para se saírem bem, em simultâneo com problemas na família e/ou comunidade
podem levar a pensamentos suicidas como uma forma de lidar com aqueles que parecem ser
problemas insuportáveis que podem ocorrer durante estes anos.
Com os nossos adolescentes a evadirem-se de nós como podemos chegar até eles durante
esta fase potencialmente problemática?
Atividade de pequeno Grupo
Reflitam sobre os seguintes cenários: Que medos nos causam estes cenários, enquanto pais?
Existem coisas que podem fazer para diminuir as probabilidades dos vossos adolescentes acabarem
em tais circunstâncias horríveis?
(1) Melhores amigas desde o Jardim de Infância, a Jessica e a Laura eram inseparáveis. Fizeram
experiências com maquilhagem, pintaram o cabelo uma da outra, e divertiram-se. Anos
mais tarde, experimentaram outra [61]
coisa. Numa noite de discoteca e bebedeira, essa
experiência e divertimento tiveram um desfecho mortal no regresso a casa. A Jessica diz,
desde a prisão, que terá de viver para o resto da vida com o fato de que matou a sua
melhor amiga (ABC news, 2006).
(2) O Ray Brown desejava ter feito mais para salvar o seu filho Devlin, gozado e perseguido
na escola. O Ray tinha conhecimento de pelo menos dois incidentes em que o seu filho de 13
anos tinha sido maltratado na escola preparatória, mas ele deu ouvidos às súplicas do seu
filho, em lágrimas, pedindo-lhe que não se envolvesse. O Devlin suicidou-se em casa, no seu
quarto depois de um incidente de bullying na escola, naquele que parecia ser um fim de dia
normal. (Ledger-Enquirer, 2013).
(3) O Jeff é um agente da polícia numa cidade perigosa conhecida pelas drogas e atividade de
gangues. Ele e a sua esposa perguntavam semanalmente aos seus filhos adolescentes se
consumiam drogas, fazendo-os prometer que não o fariam, pensando que faziam tudo o que
podiam para manter os seus filhos seguros. O Jeff gosta de construir computadores. Um, que
ele estava a reconstruir estava bastante empoeirado por isso ele comprou um pack de 3 latas
Dust Off. Dust Off é uma lata de ar comprimido frequentemente utilizada para retirar o pó
dos computadores. Quando ele foi para as utilizar, pouco tempo depois de as ter comprado,
essas três latas estavam vazias. Os seus filhos admitiram tê-las usado nos seus computadores
e para se divertirem. O Jeff gritou com os seus rapazes por desperdiçarem dinheiro e depois
saiu e foi comprar uma lata XL. Na manhã seguinte a sua esposa foi acordar o seu filho de
catorze anos, Kyle. Encontrou-o sentado na sua cama com a cabeça a pender para a frente.
Ele tinha a palheta da lata Dust Off na boca e estava pálido, quase branco. Tinha morrido
algures entre a meia-noite e a 1 da manhã nessa noite. O Jeff nunca se apercebeu dos
perigos de “snifar”, ingerir inalantes provenientes de produtos (Rense, 2005).
Resumindo
Os adolescentes estão a viver um tempo particularmente difícil nas suas vidas ao mesmo
tempo que tentam voar para for a do ninho. É uma altura assustadora para os pais, e podemos
sentir que não fazemos a diferença. Nós podemos fazer a diferença! As fundações que assentámos
enquanto pais quando os nossos filhos eram pequenos irão ajudar-nos tremendamente nesta
transição. Provérbios 22:6 afirma-o bem: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até
quando envelhecer, não se desviará dele. ” Tenham coragem para enfrentar esta fase desafiadora
sabendo que Deus está ao vosso lado. Continuem a tentar chegar aos vossos adolescentes, mesmo
quando pensam que eles não querem ter nada a ver convosco.
Este recurso vai guiar-vos pelos passos que precisam de dar de forma a diminuírem as
probabilidades dos vossos adolescentes se envolverem no consumo de drogas e irá dar-vos as
ferramentas que precisam para prevenirem o suicídio. Para além do mais, ficarão conscientes dos
recursos que existem para vos ajudar nesta viagem, mesmo quando temem que toda a esperança
tenha desaparecido. Haverá atividades individuais e de grupo para vos ajudar a aplicar o que
aprenderam. Também serão disponibilizados, alguns apontamentos relevantes que podem levar
para casa para vos ajudarem a lembrar o que aprenderam e para que os possam partilhar com
outros.
Atividade de Pequenos Grupos
Reflitam nos três cenários descritos acima. O que poderá ter corrido mal? Será que existem coisas
[62]
que os pais poderiam ter feito de forma diferente? O que fariam para prevenir estes desfechos
trágicos? Separem-se em grupos e debatam estas questões.
Taxas de Utilização de Drogas
Embora os jovens Adventistas do Sétimo Dia participem significativamente menos do uso de
drogas, ainda acontece. Aqui está a realidade da situação. Entre a população geral de estudantes do
secundário:




Uma vasta maioria já experimentou álcool, sendo que 90% dos estudantes universitários já
beberam em excesso,
Quase metade dos adolescentes já usaram marijuana, sendo que 25% consumiram no
último mês,
Cerca de um quarto já usaram medicamentos receitados pelo médico, mas não a eles e,
Cerca de 10% usaram inalantes em algum momento da sua vida.
Embora muitas destas percentagens tenham na verdade, diminuído recentemente, a
marijuana aumentou ligeiramente, sobretudo devido à legalização médica da marijuana em alguns
estados. Muitos dos nossos jovens receberam a mensagem de que estas substâncias são perigosas.
A marijuana não é considerada tão perigosa porque existe a perceção de que pode ajudar pessoas
doentes. Precisamos de continuar a partilhar a mensagem acerca dos perigos das drogas e darmos
nós um bom exemplo. Muitos estudantes universitários ainda acham que beber álcool faz parte da
sua experiência universitária. Não só os pais podem ensinar acerca dos perigos, mas também
partilhar mensagens claras sobre as suas expetativas em relação ao comportamento dos seus
adolescentes. Iremos agora explorar a forma de comunicar com os nossos adolescentes sobre o
álcool e o abuso de drogas.
Atividade Individual
Concedam 1-2 minutos aos participantes para pensarem individualmente acerca das estatísticas
sobre o uso de drogas, depois peçam a alguns voluntários que partilhem a sua resposta. Os
números são mais elevados ou mais baixos do que pensavam? Como é que os números os
fazem sentir?
O Poder da Comunicação
Existem três formas da comunicação ser ponderosa na proteção aos nossos filhos. Primeiro,
a comunicação é uma forma de estarmos envolvidos nas vidas dos nossos adolescentes e de
demonstrarmos que nos preocupamos com eles. Saberem que nos preocupamos com eles e com
aquilo que é importante para eles é muito importante. Pesquisas demonstraram que o
envolvimento parental diminui a utilização de drogas por parte dos adolescentes. Segundo, a
comunicação também é uma forma de educar os nossos adolescentes no que diz respeito aos
perigos que advêm do uso de drogas. Terceiro, a comunicação é necessária para clarificar qual o
comportamento que esperamos dos nossos filhos quando eles não estão ao pé de nós, com amigos
ou colegas, ou na escola no que está relacionado com o consumo de drogas.
[63]
Mesmo que o vosso adolescente vos possa dar respostas monossilábicas às vossas
perguntas inquisitivas, ao tentarem chegar até eles estão a mostrar ao vosso adolescente que se
preocupam com a sua vida. Existe certos momentos que são mais propícios à comunicação que
outros. Logo depois da escola provavelmente estão cansados e precisam de algum tempo para
recuperar do stresse do dia. É nestas Alturas que muito provavelmente vão receber respostas
monossilábicas. As refeições em família são uma boa forma de facilitar a comunicação. Pesquisas
descobriram que as refeições familiares regulares diminuem o uso de substâncias na juventude em
cerca de 60%. As refeições em família não são o momento de dar sermões ou criticar. São o
momento de mostrar interesse, cuidado e apoio. Se não conseguem fazer um jantar em família, os
momentos de fim de dia ou as viagens de carro também podem funcionar bem. Se o vosso
adolescente se sentir amado menos vontade terão de vos desapontar com o seu comportamento.
Existem determinadas formas de comunicar com o vosso adolescente to que funcionam
melhor do que outras. Sempre que o vosso adolescente verbalize queixas sobre alguma coisa essa
também é uma altura de gentilmente instar com ele/a para descobrir o que os está a perturbar.
Ouvir é uma parte ponderosa da comunicação. Irá ajudar-vos a compreender o vosso adolescente e
ao vosso adolescente a sentir-se compreendido. Eles vivem num mundo muito diferente de quando
vós fostes adolescentes. O vosso filho ou filha é o vosso guia para este estranho novo mundo de
redes sociais 24-horas por dia, vistos de uma perspetiva adolescente. Aqui estão algumas dicas
gerais de comunicação a ter em mente:





Parem o que quer que estejam a fazer e escutem sempre que eles falam convosco.
Tentem suavizar reações fortes.
Se aparentar estar zangado ou fizer juízos de valor eles irão desligar por completo.
Podem ter de concordar para discordar sobre certos temas.
Oiçam o seu ponto de vista.
Na altura em que o vosso filho ou filha chega à adolescência provavelmente já terá ouvido
falar sobre os perigos do álcool e das drogas, mas só que agora talvez conheçam realmente miúdos
que as usam, que tenham amigos que os puxam ou que o fazem eles mesmos, e podem mesmo
saber onde as podem conseguir. É importante reiterarem as vossas preocupações sobre o uso do
álcool e das drogas. Sempre que têm contacto com histórias reais de adolescentes que se metem
em problemas por causa de drogas partilhem isso com o vosso adolescente. Estas histórias ajudam
os adolescentes a perceberem o que pode acontecer realmente, muito embora pensem sempre que
não lhes vai acontecer a eles. Existem questões legais, incluindo tempo de prisão e coimas,
relacionadas com o uso de drogas, e das quais o vosso adolescente pode não estar a par. Para além
disso, às vezes podem ficar feridos com gravidade ou podem mesmo morrer.
Quando sabem que o vosso adolescente vai sair para socializar com amigos e que pode
haver pouca supervisão por parte de adultos, deixem bastante clara qual é a vossa expetativa em
[64]
relação ao seu comportamento. Isto é especialmente importante quando eles vão para a
universidade. Equacionem ter um contrato escrito ou verbal, especialmente no que diz respeito ao
uso do carro. Podem prometer ir buscá-los, em qualquer momento, se não se sentirem seguros para
ir com alguém de carro que tenha estado a beber ou a usar drogas. Se se aperceberem de
comportamentos de risco com os seus amigos podem castigá-los, impedindo-os de estar com os
amigos ou proibindo que usem o carro.
Atividade de Desempenho
Formem pares, um assume o papel dos pais e o outro o papel do adolescente. Lembre-se de
ouvir as preocupações do adolescente de uma forma ativa. Depois troquem de papéis.
Pratiquem o que diriam em relação:
Às vossas preocupações sobre os perigos do álcool e drogas e porque não querem que eles os
utilizem.
Ao comportamento que esperam deles em relação ao uso de substâncias e o que lhes
acontecerá se eles quebrarem as regras.
A como podem resistir à pressão dos seus pares.
Acompanhamento Parental
Estudos têm demonstrado consistentemente que o acompanhamento parental é muito
importante na redução do uso de substâncias por parte dos adolescentes. Acompanhar o vosso
adolescente não significa estar com ele a cada minuto do dia. Acompanhar quer dizer saber qual o
horário do vosso adolescente, aquilo em que estão envolvidos e qual o seu desempenho na escola.
Para além disso, acompanhar inclui saber quem são os amigos do vosso adolescente e qual a sua
reputação. Conheçam os pais dos amigos do vosso adolescente. Isso pode ajudar-vos a conhecer
melhor os amigos dos seus filhos e a sua família e os pais deles podem ajudar-vos com este
acompanhamento. Se o vosso filho ou filha é amigo íntimo de alguém de usa substâncias, então as
probabilidades de que venha a consumi-las é maior.
Mesmo se sentir que o seu filho ou filha e os seus amigos são bons miúdos, quando os
jovens estão todos juntos sem supervisão estão muito mais predispostos a embarcar em
comportamentos de risco. Se não estiver disponível para supervisionar o seu adolescente e os seus
amigos, tente organizar as coisas de modo a que outro pai, membro da família ou amigo da família
possa faze-lo. Sempre que o/a seu/sua filho/a vai a um evento promovido pela escola, igreja ou
comunidade certifique-se que existe supervisão apropriada por parte de adultos.
O acompanhamento também tem um lado prático. Tal como apetrechou a casa para que
ficasse à prova de bebé quando eles eram pequenos, vai precisar de colocar a sua casa à prova de
adolescente, no que diz respeito a substâncias. Acompanhem o consumo de álcool, medicamentos
sem prescrição médica, medicamentos com prescrição, produtos de limpeza doméstica. Se vir estas
substâncias no seu quarto quando sabe que não deveriam lá estar ou se de repente notar que estão
[65]
a faltar grandes quantidades de algum destes itens, falem com o vosso adolescente sobre o que vos
está a preocupar. Poderão ter de manter estas substâncias trancadas se estiverem preocupados ou
como medida preventiva.
Se os adolescentes souberem que vão ser apanhados, existem menos probabilidades de
embarcarem em comportamentos problemáticos, especialmente se não gostarem do castigo que
terão.
Questão para Debate
O que fez ou fará para acompanhar o comportamento do seu adolescente?
Religião
Também se provou, através de estudos, que o envolvimento na religião também diminui o
e3nvolvimento no uso de substâncias na adolescência. A religião ensina princípios morais e
concede-nos um guia de como nos devemos comportar. Entre os jovens Adventistas do Sétimo Dia,
o versículo encontrado em I Coríntios 6:19-20, “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do
Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque
fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais
pertencem a Deus.” é muitas vezes mencionado como a razão pela qual sentem que o Senhor não
quer que eles usem substâncias. Para além disso, a religião também pode ajudar a melhorar a
autoestima sabendo que são amados incondicionalmente por um Deus amoroso. A igreja também
oferece à juventude uma comunidade de adultos que cuidam deles e onde podem encontrar
mentores positivos, um elo para ajudar outros, e atividades dirigidas à juventude que os mantêm
ocupados e longe de problemas.
Infelizmente, durante os anos da adolescência os jovens começam frequentemente a
questionar a sua fé. Há coisas que podem fazer para os ajudar a permanecer no caminho certo. Aqui
estão algumas sugestões práticas:







Continuem a levá-los à igreja.
Encorajem-nos a envolverem-se no grupo de jovens e a voluntariarem-se na igreja.
Tenham debates abertos sobre religião e fé.
Deixem que a fé deles cresça por si. Sejam pacientes; deixem o Senhor trabalhar neles.
Façam o culto familiar, orem, e leiam a Bíblia juntos.
Deem um bom exemplo no que toca à fé.
Encorajem o vosso adolescente a ler a sua Bíblia por ele mesmo e a orar a Deus
regularmente pelas bênçãos e sobre os problemas.
Questão para Debate
O que vos ajudou no vosso desenvolvimento religioso durante os anos da adolescência? O que
fizeram ou poderiam fazer para apoiar o desenvolvimento
religioso do vosso adolescente?
[66]
Resumindo
Os pais têm realmente um papel a desempenhar para proteger os seus adolescentes do
consume de drogas. Comunicar apoio, informação sobre os perigos da utilização de drogas e
diretrizes é um elemento muito importante. Acompanhar o comportamento do vosso adolescente é
tão importante para a sua segurança como quando eram pequenos. Apoiar o seu envolvimento
religioso através de um bom exemplo e encorajando certos comportamentos religiosos positivos são
tudo coisas que os pais podem continuar a fazer para manter os seus adolescentes seguros em
relação ao abuso de substâncias. Não há pais perfeitos; estamos sujeitos a cometer erros.
Continuem tão-somente a mostrar amor pelos vossos adolescentes, faz toda a diferença. Tenham,
porem, em mente que mesmo que façam tudo bem, o vosso adolescente pode mesmo assim
experimentar ou acabar por ter problemas. Frequentemente, aprendem melhor pela experiência.
Adaptem o plano conforme as necessidades e saibam que o Senhor está a cuidar dos seus filhos.
Pois Jesus afirma em Lucas 12:6-7, “Não se vendem cinco passarinhos por dois ceitis? E nenhum
deles está esquecido diante de Deus. E até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não
temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.”
Suicídio
O suicídio atinge com medo o coração de muitos pais de adolescentes. Ouvimos histórias de
jovens que se suicidam porque sofrem bullying, porque não conseguiram lidar com uma separação,
ou porque a sua depressão os dominou e eles não viam saída. Estes medos são legítimos. O suicídio
é Terceira principal causa de morte entre adolescentes e a segunda principal causa de morte entre
estudantes universitários nos EUA e muitos outros países desenvolvidos. Por cada suicídio,
acontecem mais 20 tentativas que podem eventualmente podem ser levadas a termo ou podem
causar danos permanentes. Na verdade, estas taxas têm aumentado nos últimos anos. Existe jovens
que estão mais em risco que outros (Organização Mundial de Saúde, 2003).
Fatores de Risco
Abaixo estão alguns fatores de risco conhecidos para o suicídio:





Historial Familiar de suicídio
Depressão
Baixa Autoestima
Utilização de drogas, muitas substâncias diminuem a inibição e os adolescentes
podem suicidar-se quando estão sob o efeito de drogas ou embriagados, quando
normalmente não o fariam.
Impulsividade, podem não se aperceber das consequências das suas ações, a longo
prazo.
[67]






As raparigas são mais propensas a cometerem tentativas de suicídio como um
chamado de socorro; os rapazes são mais propensos a finalizar o ato com sucesso
porque a probabilidade de usarem armas de fogo é maior.
Ligação problemática com os pais – relacionada com negligência e/ou abusos por parte
dos pais
Ser violado pode constituir um desafio emocional para muitos jovens
Falta de amigos que apoiem e que ofereçam encorajamento em tempos difíceis
Uma perda ou um stresse tremendos que sintam que não conseguem superar
Acesso a armas de fogo ou meios letais que lhes permitam levar a cabo os planos
para cometer suicídio, especialmente quando estão drogados ou embriagados
Bullying
Têm havido muitas histórias de mortes em que jovens põem fim à vida em consequência do
bullying. Com os jovens a serem atraídos para as redes sociais 24-horas por dia o bullying não
termina quando a campainha toca para a saída; pode continuar noite fora e cresce como um fogo
descontrolado. Como podemos proteger os nossos filhos? Os nossos filhos conseguem lidar com
grande parte das interações negativas entre estudantes e deveríamos deixá-los desenvolver essas
capacidades interpessoais. Quando o bullying se torna mau e vingativo ou o seu filho é
repetidamente vitimizado, os adultos precisam de interferir.
As escolas estabeleceram políticas de prevenção contra o bullying. Verifiquem na escola do
vosso/a filho/a para saberem quais as suas políticas e façam recomendações se acharem que as
políticas existentes são escassas. Se estiverem preocupados com alguma situação relacionada com o
vosso adolescente abordem o/a professor/a que pode estar ao corrente do que se está a passar, Se
sentirem que isso não conduz a um desfecho satisfatório, ou se é sério então abordem o diretor da
escola. Podem até ter de envolver a polícia se o bullying se der na forma de uma agressão. Os bullies
foram frequentemente vitimizados eles próprios, têm problemas emocionais subjacentes, e/ou têm
problemas em casa por isso precisam de intervenção.
Sinais de aviso
Enumerar sinais de aviso é uma ferramenta comum para aqueles que desejam saber como
prevenir o suicídio. Lembrem-se, nem todos os jovens suicidas irão evidenciar estes sinais ou podem
ser tão subtis que não serão notados.








Falar sobre suicídio ou morte, no geral
Sugerir que não querem estar mais por aqui
Falar sobre sentimentos de desespero ou sentimentos de culpa por alguma coisa
Isolarem-se dos amigos e da família
Escreverem poemas, canções, ou letras sobre perda, morte, ou separação
Desfazerem-se de posses que lhes são preciosas
Perder o desejo de participar nas suas atividades favoritas
Problemas em concentrarem-se ou pensar claramente
[68]



Alterações nos hábitos alimentares e de sono
Enveredarem por comportamentos de risco de vida – não querem saber se vivem ou
morrem
Perder o interesse pela escola ou pelo desporto
Existem muitas razões pelas quais os jovens podem exibir alguns destes sintomas. Por isso é
que a comunicação é tão importante. Muitos destes sintomas são sinais de depressão. Existe ajuda
profissional disponível se estiver preocupado. Existem recursos; não estão sozinhos.
Comunicação
Quando sabem quais são os fatores de risco e aquilo a que devem estar atentos, conseguem
perceber se há alguma coisa e se podem fazer algo acerca disso. Não é uma causa perdida. Se o
vosso adolescente evidencia algum destes fatores de risco é ainda mais importante falar com ele
sobre o suicídio. Por vezes o suicídio pode ser igual aquele elefante numa sala do qual ninguém quer
falar. Por vezes os pais acham que por falarem nisso, esse fato vai fazer com que isso aconteça de
forma mágica; não podiam estar mais enganados. Falar com o vosso adolescente sobre o suicídio é
igual a falar-lhes sobre o uso de drogas. Aqui estão algumas dicas gerais:







Escolham a altura certa, quando for mais provável que tomem atenção.
Pensem com antecedência sobre o que vão dizer.
Sejam honestos em relação às suas perguntas, especialmente no caso de terem
familiares ou amigos que tenham cometido suicídio. É melhor que saibam os fatos
do que usem a sua imaginação.
Peçam uma resposta ao vosso filho ou filha. Podem não responder logo, mas
mantenham a porta aberta.
Oiçam o que eles têm a dizer. Se forem abertos na vossa abordagem eles poderão
partilhar mais convosco.
Não reajam de forma exagerada nem com indiferença. Não querem assustá-los nem
agir como se não quisessem saber.
Revisitem este tópico sempre que necessário. Não podem dar o discurso uma vez e
pensar que é assunto arrumado. Eles continuarão a debater-se com emoções por
muitos anos ao longo da sua adolescência e dos primeiros anos de idade adulta.
Prova de Desempenho
À semelhança do exercício sobre a utilização de substâncias, ensaiem o que diriam ao vosso adolescente
sobre suicídio e depois troquem de papéis. Que circunstâncias vos fariam falar com o vosso adolescente
sobre este tópico?
[69]
Superação
Especialistas acreditam que parte da razão para o aumento de suicídios nos últimos anos, é
o aumento da falta de capacidade para lidar com o stresse crescente colocado sobre os nossos
jovens. Nós, enquanto pais tentamos proteger os nossos filhos dos stresses da vida e queremos darlhes apenas o melhor para os ajudar a florescer. Infelizmente, se as crianças não se depararem com
dificuldades muito provavelmente não conseguirão desenvolver as capacidades para lidar com os
problemas que, inevitavelmente, surgirão. É aqui que os pais entram. Existem formas de os pais
ajudarem a melhorar as capacidades de superação dos seus adolescentes.
Apoiem e compreendam o vosso adolescente. Mostrando ao vosso adolescente os
benefícios de ir ter com alguém quando estão desencorajados muito provavelmente irá motivá-los a
faze-lo quando estiverem a passar por problemas pessoais.
Encorajem o vosso adolescente a ser fisicamente ativo. A atividade física liberta endorfinas
que conduzem a emoções positivas. Estar fisicamente em forma também ajuda a aumentar a
autoestima. Pode ser tão simples como brincar à apanhada, passear o cão ou andar de bicicleta.
Procurem formas de incorporar atividade física, especialmente se puder ser feito em família.
Encorajem a atividade social. O isolamento só piora a depressão. Mesmo que não lhes
apeteça sair, encorajem-nos a faze-lo. Eles sentir-se-ão melhor ao saírem do que ficando em casa.
Ofereçam-se para levar o vosso adolescente com alguns amigos para fazerem uma atividade que já
sabem que irão gostar.
Permitam que eles sofram as consequências das suas ações. Não os escudem de tudo. É
melhor para eles serem suspensos agora do que serem presos por um delito no futuro.
Aprendam vocês mesmos sobre depressão e suicídio. Podem então educar os vossos
adolescentes para os ajudar a compreender os seus sentimentos e como superá-los.
Sejam também vós um bom exemplo saudável de superação. Mostrar-lhes como lidar com
os altos e baixos da vida pode dar-lhes um guia que podem possivelmente seguir.
Coloquem-nos em contacto com ajuda profissional conforme as necessidades e envolvamse no seu tratamento.
A Mensagem da Saúde
A mensagem da saúde de Ellen White ainda se aplica hoje a ajudar a nossa Juventude a
atravessar estes momentos nas suas vidas. Os investigadores de hoje apoiam as mensagens
inspiradas que a Srª White recebeu há mais de 100 anos, que incluíam:
[70]






Exercício
Descanso
Água
Uma dieta saudável
Evitar o tabaco, cafeína e outras substâncias tóxicas
Pensamento positive ajuda a mente e o corpo a manterem-se fortes.
“Tudo o que diminui a força física debilita a mente e torna-a menos capaz de distinguir entre o certo
e o errado. Tornamo-nos menos capazes de escolher o bem e temos menos força de vontade para
fazer aquilo que sabemos estar certo” (2003, p. 346).
Atividade Individual
Ponha o grupo a refletir durante alguns minutos sobre o que fazem para superar os stresses da vida.
Peça a alguns voluntários para partilharem com a classe.
Segurança
À semelhança do acompanhamento em relação ao consume de substâncias, existem coisas
que pode fazer para melhorar a segurança do seu filho ou filha, especialmente se está preocupado
com tendências suicidas. Lembre-se, não tem de fazer isto sozinho. Devido às armas de fogo serem
o meio mais comumente usado para o suicídio estas deveriam estar trancadas ou, ainda melhor, não
deveriam existir em casa. Certifiquem-se de que onde quer que vão também não têm acesso a
armas. Quaisquer outras substâncias que sejam potencialmente letais deveriam estar igualmente
trancadas.
Lâminas da gilete são normalmente usadas para cortar pulsos. Estas devem ser descartáveis
ou trancadas. Muitos jovens cortam-se a eles próprios como forma de lidar com emoções
esmagadoras, e não querem necessariamente morrer. Esta incapacidade para lidar com os
sentimentos pode eventualmente levar a uma tentativa de suicídio. Se descobrir que o seu
adolescente se está a auto mutilar, ele precisa de ajuda profissional por forma a encontrar outras
formas de superação para além de se cortar.
No geral, quando está preocupado com o seu adolescente deve andar de olho nele.
Verifique as mensagens no seu telemóvel, a sua conta do Facebook ou outras redes sociais na
internet, e fale com os seus professores e amigos. Estes podem dar-lhe pistas sobre o que se está a
passar. Pode salvar uma vida.
Não precisa de faze-lo sozinho. Peçam ajuda a um profissional de saúde mental para que vos
dê assistência. A maior parte dos seguros de saúde oferecem cobertura para saúde mental. Procure
prestadores de cuidados médicos da sua preferência com a ajuda do seu corretor de seguros. Os
[71]
seguros típicos aprovam conselheiros de saúde mental licenciados, psicólogos ou assistentes socias
na área médica. Certifiquem-se que têm especialistas na área da adolescência. Tentem encontrar
um com quem o vosso filho estabeleça uma ligação. Por vezes, até que o adolescente se abra, o
processo é moroso. O conselheiro poderá querer envolver a família como parte do aconselhamento.
Se o seu adolescente precisar de medicação, o conselheiro ou médico poderão encaminhá-lo para
um psiquiatra especializado em crianças e adolescentes. Pode ser necessário intervir através de
medicação, especialmente em depressões moderadas e severas.
Se acreditam que o vosso adolescente é uma ameaça a para ele mesmo ou outros podem
sempre interná-los numa clínica psiquiátrica para adolescentes, para sua própria segurança. Se têm
um psiquiatra, podem organizar as coisas para que ele os possa admitir. Dependendo do estado
onde vivem podem levar o vosso filho/a diretamente para o internamento psiquiátrico do vosso
hospital local que aceita adolescentes, se não podem fazê-lo então levem o vosso adolescente às
urgências locais onde o médico diagnosticará outras causas para o seu comportamento e determine
se é necessária hospitalização e onde podem ser colocados. Se o vosso adolescente não cooperar
podem interná-lo contra a sua vontade, e se ele se recusar podem ligar para o 112 numa
emergência. Virão, normalmente, a polícia e uma ambulância para levar o vosso adolescente em
segurança para o hospital local. Normalmente o seguro cobre este tipo de hospitalização. Se não
tiver seguro, há ajuda estatal disponível se a hospitalização tiver sido aprovada pela vossa agência
de saúde mental da vossa comunidade como parte do processo de admissão.
Resumo
Embora estes tópicos e as suas estatísticas relevantes possam ser surpreendentes e
assustadoras, tenham a convicção de que o vosso adolescente muito provavelmente irá passar por
este período sem problemas. A maior parte das crianças prosperam durante os seus anos de
adolescência e pode ser um período excitante de crescimento e autoconhecimento. Um dia irão
olhar para trás para estes tempos e ter memórias positivas. Esta pode ser uma altura difícil para os
pais, mas podem passar por ela com o apoio dos outros e de Deus. A satisfação de vida de muitos
pais aumenta quando os seus adolescentes deixam o ninho, por isso, acreditem que melhora.
Desfrutem do homenzinho ou da mulherzinha em que o vosso adolescente se está a transformar e
saboreiem esta oportunidade de ter um impacto tão poderoso.
[72]
Referências
Histórias introdutórias
Goldberg, A.B. (2009, June 02). Drunken driving crash shattered teen’s life. ABC News. Retrieved
from http://abcnews.go.com/2020/story?id=7726721.
Rice, M. (2013, April 20). Teen’s suicide prompts father to talk about bullying. Ledger-Inquirer.
Retrieved from http://www.ledger-enquirer.com/2013/04/20/2472682/shouldawoulda-coulda-teens-suicide.html.
Williams, J. (2005, June 25). New cheap high is a killer. Rense. [e-mail]. Retrieved from
http://rense.com/general66/killer.htm.
Referências de investigação
Centros de Prevenção e Controlo de Doenças. (2010). O álcool e a saúde pública (Fact sheet).
Retirado de http://www.cdec.gov/alcohol/fact-sheets/under-age-drinking.htm.
Centros de Prevenção e Controlo de Doenças. (2011). Tendências na prevalência da utilização
nacional do álcool fYRBS: 1991-2011. Retirado de
www.cdec.gov/healthyouth/yrbs/pdf/us_alcohol_trend_yrbs.pdf.
Cail, J. & LaBrie, J. W. (2010). Disparity between perceived alcohol-related attitudes of parents
and peers increases alcohol risk in college students. Addictive Behavior, 35(2), 135-139.
Compas, B.E., Hinden, B.R., Gerhardt, C. A. (1995). Desenvolvimento do adolescente: Rumos e
processos de risco e resiliência. Revista Anual de Psicologia, 46, 265-293.
Labrie, J.W. & Sessoms, A. (2012). Parents still matter: The role of parental attachment in risky
drinking among college students. Journal of Child & Adolescent Substance Abuse, 21(1),
91-104.
Low, N. C. P., Dugas, E., O’Loughlin, E., Rodriguez, D., Contreras, G., Chaiton, M., & O’Loughlin, J.
(2012). Common stressful life events and difficulties are associated with mental health
symptoms and substance use in young adolescents. BMC Psychiatry, 12(116). Retrieved
from http://www.biomedcentral.com/content/pdf/1471-244X-12-116.pdf.
Pierorazio, D. A. (2009). A reframing of protective factors in the context of risk, adversity, and
competence in adolescents. Retrieved from
http://www.csm.edu/wfdata/files/Academics/Library/InstitutionalRepository/19.pdf
[73]
Society for the Prevention of Suicide. (2013). Parent awareness series: Talking to your kids about
suicide. Retrieved from http://www.sptsusa.org.
White, E.G. (2003). Christ’s object lessons. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing
Association.
World Health Organization. (2013). Suicide prevention (Fact Sheet). Retrieved from
http://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/suicideprevent/en/
_____________________________________________
Alina M. Baltazar, LMSW, CFLE, é Professora Assistente e Diretora do programa MSW de Trabalho
Social para a Universidade de Andrews em Berrien Springs, Michigan, EUA.
[74]
Ficha de Recursos
Uso de substâncias
Instituto Nacional do Abuso de Drogas http://www.drugabuse.gov/. Este website fornece
dados de pesquisas, sempre em atualização e informação geral sobre o uso de substâncias. Existe
também informação específica para educar os adolescentes.
Abuso de drogas e Tratamento de Saúde Mental
Serviços Administrativos para a Saúde Mental e Abuso de Substâncias
http://www.samhsa.gov/treatment/. Este website fornece links para se encontrarem
centros de tratamento para o abuso de drogas e clínicas de saúde mental também.
Suicídio
Associação para a Prevenção do Suicídio na Adolescência http://www.sptsusa.org/. Este é
um site que ajuda a compreender mais sobre a prevenção do suicídio.
Bullying
Parém com o Bullying Agora http://www.stopbullying.gov/. Este site é mantido pelo
Departamento de Saúde e Recursos Humanos dos Estados Unidos. Contém informação e recursos
sobre vários tópicos relacionados com o bullying.
[76]
Ficha 1
Dicas para comunicar com adolescentes

Esperem pela altura certa para falar, fins de dia, ou viagens de carro são bons
momentos, mas irá variar.

Mantenham conversas abertas e agradáveis à hora da refeição em família.

Parem o que quer que estejam a fazer e oiçam sempre que eles falam convosco.

Oiçam de forma ativa, incondicionalmente, não deem conselhos sem que eles os peçam
a menos que seja mesmo necessário.

Faça as perguntas apropriadas que o ajudem a compreender o vosso adolescente.

Tente suavizar as reações. Se parecer zangado ou que está a fazer julgamentos ele vai
desligar do que está dizer.

Oiça o ponto de vista dele.

Poderá ter de concordar para discordar sobre certos assuntos.

Dê-lhe algum espaço e independência conforme for apropriado. Mostra que confia
nas suas capacidades.
[77]
Ficha 2
Fatores de Risco de Suicídio

Historial Familiar de Suicídio

Depressão

Baixa Autoestima

Uso de drogas. Muitas substâncias diminuem a inibição e um adolescente pode cometer
suicídio quando está sob o efeito de estupefacientes ou embriagado, quando normalmente
não o faria.


Impulsividade. Podem não compreender as consequências a longo-prazo das suas ações.
As raparigas são mais propensas a pedir ajuda; os rapazes são mais propensos a conseguir
consumar o ato porque usam com mais frequência armas de fogo.

Ligação angustiante com os pais – ligado a negligência e abusos por parte dos pais

Ter sido ou ser abusado sexualmente pode constituir um desafio emocional para muitos jovens.

Falta de amigos que apoiem e que ofereçam encorajamento durante tempos difíceis.

Stresses ou perdas devastadoras que eles se sintam incapazes de superar.

Acesso a arma de fogo ou meios letais que lhes permitam levar a cabo os planos de cometer
suicídio, especialmente quando estão sob efeito de drogas ou embriagados.
Sinais que Alertam para o Suicídio

Falar sobre suicídio ou morte, em geral

Dar pistas sobre não quererem estar mais por aqui

Falar sobre sentimentos de desespero ou de culpa sobre alguma coisa

Isolarem-se de amigos e família

Escrever poemas, canções, ou cartas sobre perda, morte ou separação

Desfazerem-se de coisas que lhes são preciosas

Perder o desejo de participar nas suas atividades preferidas

Ter problemas para se concentrarem ou para pensar com clareza

Alterações nos hábitos de alimentação ou de sono

Enveredar por comportamentos de risco – não se preocuparem se vivem ou morrem

Perda de interesse pela escola ou pelo desporto
[78]
Ficha 3
Ferramentas de Superação

Ofereçam apoio e compreensão ao vosso adolescente

Encorajem o vosso adolescente a ser fisicamente ativo

Dormir o suficiente

Aprender técnicas de relaxamento/meditação

Oração

Água

Ter uma alimentação saudável

Encorajem um pensamento positivo, racional

Encorajar atividades sociais

Evitar o tabaco, a cafeína e outras substâncias

Desenvolver um hobby pode ser um escape emocional, uma forma de desenvolver
capacidades e aumentar a autoestima

Apoio de amizades positivas

Encorajar a sua espiritualidade

Ser você mesmo um bom exemplo de superação saudável
[79]
Seminário - Educar Todos os Filhos de Deus
Por Denise Dunzweiler
Tema
É nosso privilégio, e nossa responsabilidade, ministrar às nossas crianças, com e sem
incapacidades, dentro das unidades familiares, e na nossa igreja. Os pais, os membros das famílias, a
família alargada e as igrejas são desafiadas diariamente a cuidar das necessidades tão diversas de
TODAS as nossas crianças. Estudos e estatísticas demonstram que nascem mais crianças com
incapacidades em mais famílias do que alguma vez antes. Como estão os pais Cristãos a enfrentar
este desafio? O que nos diz a Escritura? O que nos diz o Espírito de Profecia? O que nos diz a
literatura atual sobre como cuidar de todas as nossas crianças especiais?
Introdução
Dados atuais sugerem que cerca de 1 em 88 crianças foram identificadas com Desordens do
Espetro Autista (ASD) (CDC MMWR, 2012). Outros estudos dizem-nos que mais de 15.04% de
crianças em idade escolar tiveram uma incapacidade de desenvolvimento entre 2006-08, desde
12.84% em 1997-99 de acordo com um estudo publicado no Pediatrics de 2011. A investigação
documentou que as incapacidades de desenvolvimento são comuns, e foram reportadas 1 em cada 6
crianças nos Estados Unidos. O número de crianças com incapacidades de desenvolvimento
específico (autismo, transtorno do deficit de atenção/hiperatividade e outros atrasos de
desenvolvimento) aumentou. Como é que os pais Cristãos e as igrejas amam e apoiam este número
de famílias cada vez maior com crianças que têm necessidades especiais?
Atividade/Quebra-gelo
O dinamizador coloca quatro impressos ao redor da sala. Estes impressos podem ter
percentagens como 5%, 30%, 70% e 100%, ou imagens como de um deserto, uma queda de água,
montanhas cobertas de neve ou um prado na primavera. O dinamizador pede ao grupo para olhar à
sua volta. “Existem quatro ____________ (imagens… percentagens…). Escolha o que melhor
representa o que sabe sobre: educar crianças com incapacidades. Sem falar, vão até a essa imagem.
Têm 4 minutos para observar cada imagem e decidir.” Quando em grupos, o dinamizador diz aos
grupos que têm entre 5 a 15 minutos para debater porque escolheram aquela imagem. O
dinamizador escolhe uma pessoa de cada grupo para dizer à classe porque é que o grupo escolheu
aquela imagem, e depois pede a todos para se sentarem.
[80]
Parte I
Bem-Vindo à Família!
As estatísticas dadas anteriormente podem parecer esmagadoras, especialmente se tiverem
um membro da família com incapacidades. Contudo, não estão sozinhos. E, existem pesquisas
constantes para ajudar-vos a facilitar a melhor vida para vós e para todos os membros da vossa
família. Enquanto pais de uma criança com incapacidades, certamente experimentaram uma série
de emoções incluindo felicidade e dor tremendas, muitas das vezes no mesmo dia, ou numa só
hora!
A maior parte das primeiras reações dos pais quando têm um filho com necessidades
especiais são raiva, culpa, e negação, seguido por sofrimento, ansiedade, medo, culpa, vergonha e
depressão.
Existe um despertar, uma consciencialização de que o vosso filho foi identificado como
tendo incapacidades, o que pode ser muito duro. Os momentos que cada pai e mãe passam a
sonhar transformam-se na realidade de estarem preocupados com coisas que nunca esperaram,
como a imensidade contínua de consultas médicas com novos especialistas, vários tipos de cirurgias,
medicamentos pré e pós-operatório, aprender gíria médica e de educação especial, lidando com
provas mentais e físicas e avaliações contínuas, juntamente com os seus resultados, e a incerteza do
que vai acontecer a seguir com o vosso doce filho. Tudo isto pode ser muito enervante, no mínimo.
Existe esperança. Uma vez que todos estes sentimentos são partilhados e validados por
pessoas que apoiam, eventualmente eles dão lugar à esperança. É importante para os pais e para as
famílias serem realistas sobre a sua situação, libertarem-se da dor e da culpa, obter assistência e
educação e, acima de tudo, confiar em Deus para ajudar.
“não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te
esforço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça. ” (Isaías 41:10).
Pais, ajuntem os raios da luz divina que estão a brilhar sobre o vosso caminho. Caminhem na
luz como Cristo está na luz. Ao assumirem a obra de salvar os vossos filhos e mantendo a
vossa posição na autoestrada da santificação, surgirão as provações mais provocadoras. Mas
não percam o controlo. Apeguem-se a Jesus. Ele diz, ‘que se apodere da minha força e faça
paz comigo; sim, que faça paz comigo. ’ As dificuldades vão surgir. Irão encontrar
obstáculos. Olhem constantemente para Jesus. Quando surge uma emergência, perguntem,
‘Senhor, o que devo fazer?’ … Ele irá ajudar-vos a utilizar o dom da fala de uma forma tão
semelhante à de Cristo que os preciosos atributos da paciência, conforto e amor entrarão
no lar … Sejam… ministros da graça para os vossos filhos. (White, 2004, p. 205)
[81]
Atividade
Reflitam nas lutas com as quais esta nova família tem de lidar. Enquanto amigo/a, pastor,
familiar, colega, membro de igreja, ou como pai de uma criança com incapacidades, debatam
formas através das quais podem mostrar o vosso amor e a esta família. Sejam específicos.
O Seth é o nosso único filho. Esperámos ansiosamente que os nove meses passassem para
amar e desfrutar deste novo filho. Discutimos grandes sonhos, escola, universidade, tudo a apontar
para uma nova geração na nossa família. Então, o dia chegou. Apressámo-nos a ir para o hospital e
depois de várias horas de dor e frustração, decidiu-se que o bebé tinha de nascer por cesariana.
Depois do parto, e com grave preocupação, o médico disse-nos que o nosso filho tinha nascido com
icterícia e sem respirar. Foi encaminhado rapidamente para outro hospital onde havia uma unidade
neonatal de cuidados intensivos onde ele poderia ter a ajuda que precisava. Depois de várias
semanas na unidade neonatal, ele estava suficientemente saudável para o trazermos para casa. O
seu pulmão tinha colapsado e ele fazia medicação especial para as convulsões. Ele sobreviveria, mas
só saberíamos das extensões das lesões que tinha sofrido no parto até meses, mesmo anos, mais
tarde. Aquele que esperávamos que fosse o dia mais maravilhoso das nossas vidas, transformou-se
num pesadelo. Sentimo-nos perdidos, sós, deprimidos e zangados. Ninguém que conhecíamos tinha
alguma vez passado por uma experiência destas; na verdade, nunca tínhamos conhecido ninguém
com algum tipo de incapacidade. Ficámos tristes, e sentimo-nos culpados imaginando o que
teríamos feito de errado para “merecer” esta criança. Não nos desligámos da igreja; contudo,
perguntávamo-nos onde estava Deus no meio de tudo isto.
Parte II
Educar Espiritualmente TODOS os vossos filhos
Muita coisa já foi escrita para pais de crianças com incapacidades, sobre como educarem o
seu filho especial. Adversamente, pouco tem sido escrito para os pais Cristãos que têm filhos com
incapacidades. Será que a Educação espiritual para crianças sem incapacidades difere da educação
espiritual para crianças com incapacidades? A resposta a esta questão é sim e não.
Não é diferente porque os pais Cristãos querem que todos os seus filhos conheçam Jesus.
Enquanto um pai espiritualmente ativo, na maior parte do tempo os vossos filhos aprenderão de vós
ao vos verem criar e desenvolver a vossa caminhada com Jesus. Muitas crianças aprendem a
comportar-se, e a desenvolver relacionamentos, generalizando o que veem e aquilo que lhes foi
ensinado. A generalização ocorre quando as crianças aprendem alguma coisa num cenário, como
orar antes do pequeno-almoço, e quase automaticamente a praticam em muitos outros cenários –
antes de almoço, jantar e noutras alturas. Eles generalizam, ou praticam o que lhes foi ensinado,
frequentemente sem que lhes fosse sugerido e muito rapidamente.
[82]
É diferente porque a criança com necessidades especiais não generalizará tipicamente o que
aprende de um cenário para o outro. De facto, é necessária muita ajuda para fazer com que estas
crianças compreendam o que está a ser ensinado, como orar antes de tomar o pequeno-almoço, por
exemplo. Por outras palavras, os pais de crianças com necessidades especiais deveriam ser muito
explícitos e planear como, quando, onde e com que frequência irão eles moldar o comportamento
do seu filho, por exemplo, em relação à oração antes das refeições. Para além disso, estes pais
também vão precisar de auxiliar o filho com necessidades especiais a desenvolver uma
compreensão do que é a oração e o relacionamento com Jesus. Uma coisa, como orar antes de uma
refeição, que parece ser facilmente compreendido pela maior parte das crianças, não será assim tão
fácil para o vosso filho com necessidades especiais. Educar espiritualmente o vosso filho com
necessidades especiais vai requerer muita reflexão, exemplificação e oração.
Há um livro maravilhoso intitulado Mantendo a Fé, Um Guia para uma Educação Espiritual.
Assim como na maior parte dos livros escritos para os “pais normais” (que diferem dos “pais
excecionais”), para este ser utilizado com crianças com incapacidades, é necessário adicionar a este
livro uma variedade de estratégias e atividades de desenvolvimento apropriadas.
Livros como Dez Valores Cristãos que todos os Miúdos Deviam de Saber, e Educar com a
Escritura: Um Guia Atual para Momentos de Qualidade também deviam ser adaptados através de
mais sugestões sobre estratégias e exemplos de atividades de desenvolvimento apropriadas.
Um outro livro, Educar pelo Espírito: Sim, Vocês Podem ser os Pais que Deus Designou dá
especial atenção aos pais solteiros. Este livro é incluído porque conforme foi relatado no Jornal
Semanal Centro Médico da Universidade de Vanderbilt, publicado a 11 Jan., 2008, “as taxas de
divórcio eram de 10.8 por cento no grupo de população que não tem crianças incapacitadas, e 11.25
por cento nas famílias de crianças com vários tipos de defeitos congénitos de nascença.” É
importante lembrar, incluir, orar, amar e ajudar os muitos pais solteiros Cristãos que são desafiados
para educar espiritualmente os seus filhos com incapacidades sem a ajuda de um cônjuge.
No que diz respeito à Educação espiritual excecional, há dois livros que vêm à minha mente
como uma saída para famílias e igrejas que os podem usar para ajudar as crianças com
incapacidades a conhecerem o seu Salvador. Um deles é “Special Needs Special Ministry for
Children’s Ministry”, e o outro é Special Needs Smart Pages – ambos os livros estão belissimamente
escritos por Joni Eareckson Tada.
Muitas pessoas já ouviram falar desta mulher corajosa que ficou fisicamente incapacidade
quase na totalidade, enquanto adolescente. A sua vida foi retratada em livro e em filme. As suas
incapacitadas não a impediram de seguir a Deus, uma vez que continua a cantar, a pintar, a
escrever, a prestar aconselhamento, e a ministrar a pessoas de todas as idades e quadrantes.
[83]
Atividade
Leiam o seguinte e escrevam individualmente o que pensam ser a melhor resposta a esta
criança e sua mãe, de um destes pontos de vista: do pastor da igreja, da secretária de igreja, de
membro de igreja, monitor ou líder da Escola Sabatina. Quando terminarem de escrever, juntem-se
em grupos de quatro e partilhem as vossas ideias.
À medida que o Seth crescia, as suas incapacidades alteraram-se. Ele estava médica e
educacionalmente identificado como tendo incapacidades de aprendizagem severas, e sua
linguagem era extremamente limitada, e estava a ficar estrábico, por isso a visão estava a tornar-se
também ela um problema. Como acontece frequentemente em famílias que têm crianças com
incapacidades, a sua mãe e o seu pai foram-se afastando mais e mais, até que se divorciaram
quando ele tinha cinco anos. Os avós do Seth passaram a fazer parte da sua vida de uma forma
muito ampla – especialmente o avô, depois do pai sair de cena. A sua mãe queria continuar a fazer
parte da igreja; contudo, estando sozinha com uma criança que tinha incapacidades, ela sentiu que
não havia lugar para ela e para o seu filho na igreja. À medida que ir à igreja se tornou cada vez
mais desconfortável, iam cada vez menos, até que deixaram de ir. Ninguém lhes ligou quando isso
aconteceu. Contudo, ela ainda queria que o filho compreendesse quem era Jesus; e precisava
desesperadamente de amigos Cristãos. Quando ela e o seu filho visitavam igrejas Adventistas
perguntavam-lhe em que ano estava o seu filho, mas ele estava em turmas de educação especial.
Era difícil, para dizer o mínimo, ele frequentar uma classe infantil de Escola Sabatina apropriada
porque ele não conseguia fazer a maior parte das coisas que as outras crianças faziam na Escola
Sabatina. Ele tinha dificuldade em pintar dentro dos contornos, em cortar pelas linhas, em ler ou
escrever, em memorizar/repetir versos áureos. Consequentemente, ela ensinou o seu filho em casa
usando vídeos e música temática (desenhos animados Cristãos e hinos correspondentes), livros
coloridos, livros para pintar, figuras das personagens bíblicas, e tudo o que conseguisse encontrar
que pudesse usar para ensinar o seu filho acerca de Jesus. Continuar a crescer em Cristo, mas não na
Igreja Adventista do Sétimo Dia.
[84]
Parte III
Advocacia, Mandatos, Leis: O que dizer da Educação Adventista do Sétimo Dia?
É importante que pais Cristãos de crianças com incapacidades aprendam tudo o que podem
sobre leis estatais que assegurem “uma educação pública gratuita e apropriada para todas as
crianças com incapacidades” (Public Law 94-142/IDEA/EHA). Existem muitas leis nos Estados Unidos
que ajudam os pais a defenderem os seus filhos. Um bom sítio para se começar com o básico pode
ser encontrado num artigo, escrito em 2010, por Laurie McGarry Klose, doutorada, intitulado
Educação Especial: Um Guia Básico para Pais. Também existem muitos websites que podem ajudar
os pais a compreenderem os seus direitos e os direitos dos seus filhos com necessidades especiais.
Um destes websites é:
http://www.understandingspecialeducation.com/
A maior parte dos pais são os melhores advogados dos seus filhos. Um advogado é alguém
que argumenta a favor de algo, como uma causa ou ideia. Ser advogado do seu filho com
incapacidades significa que irá apoiar ativamente a satisfação plena das necessidades especiais do
seu filho – na escola, na igreja, no acampamento de verão, ou no recreio – em todo o lado.
Os pais Adventistas do Sétimo Dia que gostariam de ver os seus filhos educados numa
escola Adventista do Sétimo Dia têm agora a oportunidade de pedir um programa da Divisão Norte
Americana chamado REACH – Alcançar a Educação de Todas as Crianças Rumo ao Céu. Este recurso
maravilhoso para professores também está disponível para os pais, para ser utilizado com a ajuda de
um
professor
ou
em
casa.
Podem
encontra-lo
online
em
http://circle.adventist.org/browse/resource.phtml?leaf=8127
A força motriz da Comissão para a Inclusão, à data em que este recurso foi escrito
originalmente, e mais uma vez na nova edição de 2011 é “…a opinião de que todo o estudante deve
experimentar o sucesso.” A filosofia da Divisão Norte Americana, afirmada pelo programa REACH,
continua a ser:
A finalidade da Educação Adventista do Sétimo Dia é ensinar os estudantes a amarem e a
servirem a Deus e aos outros. Toda a instrução e aprendizagem deve ser direcionada tendo
em vista este objetivo. Isto pode ser melhor conseguido através de um plano estratégico
proactivo K-12, motivado por um espírito inclusivo de ajustamento, modificação, e apoio
que pretenda ir ao encontro das necessidades de todos os estudantes. Estudantes que
desejem uma educação Adventista do Sétimo Dia merecem ter essa oportunidade. Esperase que os professores, apoiados pelos pais, pastores, membros de igreja, e administradores,
sob a direção Divina, façam todos os esforços para satisfazer as necessidades físicas,
intelectuais, sociais e espirituais dos estudantes. Isto é consistente com o ministério de
Jesus e os ideais da Igreja Adventista da Sétimo Dia.
[85]
No livro Testemunhos para a Igreja, Vol 3, Ellen White (1948) afirma, “Vi que é pela
providência de Deus que viúvas e órfãos, cegos, surdos, coxos, e pessoas afligidas de muitas formas,
têm sido colocados em contacto Cristão muito próximo com a Sua igreja; é para provar o Seu povo e
desenvolver o seu verdadeiro caráter. Anjos de Deus estão a observar para ver como tratamos estas
pessoas que necessitam da nossa solidariedade, amor e benevolência desinteressada. Este é o
tested Deus ao nosso caráter” (pp. 511-512). Como estão vós, enquanto membros de igreja,
pastores, amigos ou pais, a demonstrar o caráter que Deus vos concedeu?
Para além disso, somos relembrados em II Coríntios 12:9, “E disse-me: A minha graça te
basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas
minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. ” Não somos nós, mas Cristo que nos
torna fortes, a Sua força é revelada nos nossos momentos de maior desafio e de maior fraqueza.
Ao educarmos todos os filhos de Deus, necessitamos ter em atenção a admoestação de Cristo
em Lucas.
Jesus não se ficou pelo simples convite de Lucas 14:21; O Seu imperativo é especificamente
urgente. Ele ordena ao Seu servo “força-os a entrar” (verso 23). Perante estas palavras,
como podemos dar-nos ao luxo de negar a qualquer estudante a educação que lhe alimente
a alma assim como a mente. Não temos desculpa para não proporcionar uma Educação
Cristã apropriada às nossas crianças, incluindo aquelas com incapacidades. As escolas
cristãs, acima de todas as outras, deveriam ser conhecidas pelo seu apoio a todos os
estudantes. Quando um professor adequa o ensino ao nível da capacidade de cada criança e
ao seu estilo de aprendizagem, então não há incapacidades— apenas dons, talentos,
“habilidades,” que devem ser nutridas e desenvolvidas até ao seu exponente máximo. Este é
o nosso desafio enquanto Educadores Cristãos (Tucker, 2001, pp309-325).
Atividade
Em grupos de dois (você e o seu cônjuge, ou um/a amigo/a), debatam como é que vocês,
enquanto pais de uma criança com incapacidades, lidariam com o vosso filho, em idade escolar, a
quem tivessem diagnosticado alguma incapacidade. Que passos dariam para envolver o vosso filho
com a igreja e com a Escola Sabatina, matriculá-lo numa escola Adventista do Sétimo Dia, e
manterem a vossa vida espiritual, pessoal e familiar, viva e vibrante?
À medida que as necessidades do Seth foram mudando, a sua mãe descobriu que era
necessário encontrar ajudas em serviços de apoio estatais. Estas eram boas e más notícias. As boas
notícias eram todos os fantásticos serviços estatais à disposição dos pais que tinham filhos com
incapacidades. A presentaram-na a diversos tipos de especialistas. Especialistas em comportamento
ensinaram-na como podia ajudar o Seth a controlar o seu comportamento. Professores de Educação
especial ensinaram a sua mãe tanto quanto ensinaram o Seth (talvez até mais). Fisioterapeutas e
médicos puderam fornecer ensinamentos excelentes sobre como lidar com as “necessidades
[86]
especiais” do seu filho. Contudo, as más notícias eram que esses especialistas, oriundos de todo o
estado, lhe disseram, sendo que ele era sistematicamente “diagnosticado” com vários atrasos no
desenvolvimento, que ele nunca seria capaz de manter um emprego, nunca seria capaz de
atravessar a rua sozinho, nunca leria ou escreveria… a lista podia continuar. Ele só tinha 4 anos! Isto
partia o coração para lá do que possamos imaginar. O desafio de criar uma criança com este tipo de
incapacidades era aterrador, uma vez que a sua mãe continuava a sentir-se muito só, e continuava a
questionar Deus, vez após vez. Para piorar a coisas, não existia nenhuma orientação espiritual, nem
do pastor, nem da igreja, e nenhuma escola da igreja em que ele e a sua mãe fossem acolhidos de
braços abertos. O Seth e a sua mãe andaram de escola Adventista em escola Adventista, procurando
uma educação Cristã inclusiva para o Seth. Não a encontraram. Cada escola Adventista estipulava
que ela necessitaria de levar o Seth para a “escola pública ao fundo da rua para obter a educação
que o Seth necessitava.” Nunca ninguém respondeu ao facto de que a sua mãe queria que o Seth
uma educação e amigos Cristãos, Adventistas do Sétimo Dia, inclusivos. O Seth e a sua mãe
debateram-se com a sua fé, e com a igreja. Porquê? Onde estava o sistema de apoio da escola e da
igreja, para uma mãe sozinha com uma criança com incapacidades, e onde estava Deus?
[87]
Parte IV
A Continuação da História
O que se segue? Como se pode identificar mais com pais Cristãos que tenham filhos com
incapacidades por forma a ajudar as suas famílias a ultrapassar os desafios e a saborearem as
alegrias de serem pais de uma criança com incapacidades? Se é um membro de igreja, pastor, amigo
ou professor, como podemos ser capazes de mostrar Cristo através dos nossos atos num ambiente
Adventista inclusivo para esta família?
O Seth aprendeu tudo o que podia em escolas não-Adventistas (uma vez que foi recusado
devido às suas incapacidades) e através da sua mãe, em casa. Eles continuaram a visitar igrejas de
vez em quando. Quando ele tinha 12 anos, ele insistiu para assistir a uma série de estudos sobre as
terras bíblicas numa igreja Adventista local, onde após várias semanas de frequência, lhe foi dado
um bloco de notas com imagens dos estudos, ele escolheu ir até à frente da todos aceitar Cristo e ser
batizado, para espanto da sua mãe, em lágrimas. Esta pequena igreja Adventista local, tinha um
pastor muito inclusivo que trouxe tanto o Seth como a sua mãe de volta à Fé. A sua história não
termina aqui. Ele foi a razão pela qual a sua mãe continuou os seus estudos e agora defende pessoas
com incapacidades dentro da igreja Adventista do Sétimo Dia. Ele e a sua mãe continuam a ser
membros fervorosos da igreja, e empenhado no seu amor por Cristo e pelas pessoas. O Seth tornouse um homem bonito, doce e trabalhador. Embora nunca lhe tenham concedido a oportunidade de
frequentar uma escola da igreja Adventista do Sétimo Dia, a sua mãe continua a trabalhar em prol
do dia em que TODAS as crianças, com e sem incapacidades, que queiram uma educação adventista,
sejam alegremente convidadas a participar de um sistema educacional Cristão verdadeiramente
inclusivo.
Referências
Boyle, C., Boulet, S., Schieve, L., Cohen R., Blumberg, S., Yeargin-Allsopp, M., Visser, S.,
Kogan, M. (2011). Trends in the Prevalence of Developmental Disabilities in US
Children, 1997-2008. Pediatrics Vol. 127 No. 6 June 1, 2011 pp. 1034 -1042. (doi:
10.1542/peds.2010-2989)
Centers for Disease Control (2012). Prevalence of Autism Spectrum Disorders — Autism and
Developmental Disabilities. Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR),
March
30,
2012
/
61(SS03);1-19.
Retrieved
from
http://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/ss6103a1.htm?s_cid=ss6103a1_w
Durbin, Kara G. (2001). Parenting With Scripture a topical guide for teachable moments.
Moody Publishers.
[88]
Eareckson-Tada, J. (2003). Special needs, special ministry. Group Publishing Inc.
Gillespie, V. (2001). Keeping the faith: A guidebook for spiritual parenting. Hancock Center
Publications.
Habenicht, D. J. (1999). Ten Christian values every kid should know. Review and Herald
Publishing.
Hohnberger, S. (2004). Parenting by the Spirit. Pacific Press Publishing.
Joni & Friends (2009). Special needs smart pages: Advice, answers, and articles about
teaching Children with special needs. Regal Books.
Klose, L.M. (2010). Special education: A basic guide for parents. Texas State University –
San Marcos. National Association of School Psychologists.
REACH Resource Manual (2011). North American Division Office of Education, Adventist
Education.
http://www.nadeducation.org/client_data/reach/files/59_2011reachmanual2ndedi
tion.pdf
Tucker, J. A. (2001). Pedagogical application of the Seventh-day Adventist philosophy of
education. Journal of Research on Christian Education, Vol. 10, Special Edition, 309325.
White, E.G. (1948). Testimonies for the church, Vol. 3. Pacific Press.
White, E.G. (2004). To be like Jesus, daily devotional, Review and Harold, p. 205.
_____________________________________________
Denise Dunzweiler, Doutorada, é Reitora numa escola de graduação, o Instituto Internacional
Adventista de Estudos Avançados em Silang, Cavite, Filipinas.
[89]
Seminário - Solteiro, outra vez
Por Alanzo Smith
A maior parte das pessoas quando se casam fazem um voto que diz, “Até que a morte nos separe.”
Contudo, de acordo com alguns estudos, estes votos raramente duram. As alegrias da felicidade da
boda precipitam-se frequentemente nos desgostos do tribunal de divórcios. Os Estados Unidos
possuem a taxa mais elevada de divórcios do mundo. Metade dos casamentos realizados acaba em
divórcio, assim como também dois terços dos segundos casamentos (Bart, 1998). O sofrimento
emocional de passar por um divórcio é tão profundo quanto duradouro e tem um impacto, não
apenas no casal que se divorcia mas noutros membros da família, amigos, igreja e também na
sociedade.
Muitos teóricos ligaram o fim da unidade nuclear da família a uma morte; alguns até dizem que é
pior do que a morte. Porque na morte há um funeral, flores, palavras de solidariedade, abraços,
conversas sobre memórias felizes. Os amigos e as famílias reúnem-se e fazem o luto com aquele que
permanece vivo. Num divórcio, sofre-se sozinho. Forrest (1981) descreve a sua dor emocional logo
depois de ter ficado solteira outra vez:
O Dusk estava a ir embora enquanto eu destrancava a porta da entrada e entrava na sala de
estar daquela que tinha sido a nossa casa. Fiquei ali, a segurar a minha pasta, a tentar
compreender o que tinha acontecido. Esta casa onde me encontrava, a minha casa, estava à
venda. Para onde iria? Não havia nenhum familiar que me pudesse acolher. Eu tinha perdido
a minha própria família por causa do divórcio. Olhando para baixo para a pasta que tinha
levado para o hospital três semanas antes, abanei a cabeça como que tentando acordar de
um pesadelo. Isto não tinha mesmo acontecido comigo ou tinha? (p. 59)
Forrest (1981), relembra a sua primeira noite sozinha após o divórcio. De acordo com o que ela diz,
já tinha estado sozinha em casa antes, mas essas eram Alturas em que o seu marido estava fora, ou
em negócios ou a visitar familiares e ela tinha a certeza de que ele voltaria. Ela diz que aquela noite
foi diferente, ele não voltaria, nunca mais! A realidade de estar solteira novamente pode ser
horrivelmente assustadora e dolorosa exceto para aqueles que se sentiram emancipados em
resultado do divórcio, e mesmo nesses casos, existe uma mistura de sentimentos, especialmente
quando caem na realidade.
Grollman e Sams (1978), captaram os sentimentos de devastação quando alguém subitamente fica
solteiro outra vez:
Ninguém me quer. Quem poderia amar-me? Sentes-te rejeitado, posto de lado, descartado,
só, nu, desprotegido. O tempo arrasta-se, os dias são longos, as noites ainda mais. Não tens
prazer em nada nem com ninguém. És inútil. Vazio. E o mundo à tua volta também. (p. 45)
[90]
Durante este período de ambivalência nesta busca de si próprio, a pessoa tem que se agarrar à
realidade de que não se é só solteiro novamente mas que se é agora um “Ex-companheiro,” “Examante,” “Ex-marido,” “Ex-mulher.” Encarar esta realidade faz a pessoa sofrer não só por causa das
consequências físicas e emocionais diretas do episódio que a vitimizou, mas por causa das respostas
de desaprovação e de rotulação dos outros. Infelizmente, ao longo dos anos poucos grupos
demográficos têm permanecido imunes à separação matrimonial. A formação académica, o estatuto
social, a idade, as finanças, a raça, a religião e a existência de crianças não têm sido capazes de
diminuir a taxa de divórcio ou separações.
Ficar solteiro outra vez pode acontecer, não só pela perda do cônjuge devido a divórcio ou
separação. Muitas pessoas passam pela infeliz experiência de perder os seus cônjuges através da
morte. Isto pode dever-se a uma experiência súbita ou imprevista ou devido a doença terminal.
Quando alguém fica solteiro por viuvez isto pode exigir um maior ajuste de vida.
Uma pessoa que fica solteira por causa da morte do cônjuge tem um dilema duplo. Ele/ela está a
lidar com o desgosto e a perda do cônjuge ao mesmo tempo que tem reorganizar e reestruturar a
forma de gerir a sua vida. Se há filhos envolvidos, o ficar solteiro por viuvez pode ser avassalador. Os
filhos irão necessitar de se adaptar às mudanças que serão necessárias para a sobrevivência da
família.
A dinâmica dos ajustes familiares pode complicar-se ainda mais se o cônjuge que sobrevive começa
a namorar pouco depois da morte do seu companheiro/a.
Frequentemente, quando há crianças envolvidas, estas interpretam isto como uma deslealdade ao
falecido e podem desenvolver um sentimento de ressentimento em relação ao/à pai/mãe. Esta
tensão pode gerar um ciclo de relacionamentos que se podem tornar conflituosos, levando deste
modo a disfunções familiares.
De maneira a compreendermos completamente o impacto de uma separação e o comportamento
humano que lhe está associado, devemos entender primeiro os desafios de se ser solteiro. Embora
os cônjuges possam ter antecipado que o divórcio ou a separação acabaram com os problemas, é
provável que descubram que estão num estado de luta constante com o seu Ex. A realidade é que,
com um divórcio, normalmente também não há flores, postais e um pouco de apoio. As pessoas
solteiras são muitas vezes ostracizadas, criticadas e rejeitadas. Isto torna tudo muito doloroso para
eles, e em resultado disto eles próprios podem ver o ser solteiro como uma disfunção.
Será que ser solteiro é uma Disfunção?
Então está solteiro outra vez, será que agora é disfuncional? Será que perderam a capacidade de
superar, sobreviver, avançar, de brilhar? Eu fiz o meu estágio clinico no Hospital de Brooklyn em
Brooklyn, Nova Iorque. Foi durante os longos meses de teoria e prática que eu desenvolvi a
utilização obrigatória do livro Manual de Estatística e Diagnóstico para Perturbações Mentais
frequentemente utilizado por profissionais da saúde mental. Uma das coisas que observei neste
[91]
manual de diagnóstico é que ser solteiro não está listado como sendo uma disfunção. Logo é correto
concluir que ser solteiro não é em e por si só uma disfunção, nem é patológico.
Infelizmente, existem alguns solteiros que se comportam de forma disfuncional. Tomam decisões
impetuosas, são hipócritas, teimosas, coniventes, argumentativos, e triangulam negativamente
outros relacionamentos. Tristemente, alguns homens solteiros também alcançaram a reputação de
serem astutos, enganadores, desonestos, abusadores e tóxicos e não vivem á altura do seu
potencial.
Deixem que os registos demonstrem, contudo, que a maioria dos solteiros não se comporta assim.
Em vez disso, existem homens e mulheres solteiros que se comportam de uma forma decente,
íntegra, honesta e vertical. Estes solteiros devem ser respeitados e apreciados por quem são. São
bem-sucedidos, equilibrados, progressistas, ambiciosos, efervescentes e dão um grande contributo
à família, igreja, escola e sociedade. Não são disfuncionais porque ser solteiro não é uma disfunção.
Embora seja verdade que tornar-se solteiro novamente marca a perda de um “estatuto socialmente
valorizado,” a pessoa solteira deve perceber que este acontecimento não é a perda de um “eu
socialmente valorizado.” Nunca somos um “Ex Filho de Deus”. “ (…) De um modo terrível e tão
maravilhoso fui formado” (Salmos 139:14) e isto é razão suficiente para continuar a cuidar de si.
Enfrentem a vossa realidade com determinação, ousadia e dignidade.
As Emoções resultantes de Nos Tornarmos Solteiros Novamente
Tristeza Indiferenciada: é o resultado da perda de um relacionamento ou de alguém que amamos.
Alguns solteiros tentam bloquear a tristeza através de atividade excessiva, apenas para descobrir
que a tristeza emerge em alturas bizarras. O nível de diferenciação de um solteiro irá determinar o
grau de tristeza vivido.
Episódios de raiva: é vivido esporadicamente após um divórcio /separação e por vezes pela morte
de um cônjuge. Quando a raiva é contida, pode levar á depressão ou ao suicídio. A raiva exterior,
contudo, é direcionada ao cônjuge, por vezes aos filhos, aos membros da família, amigos, igreja e
até mesmo a Deus.
Sentimentos de solidão: Ir para a cama uma noite, com um companheiro na nossa vida e acordar no
dia a seguir e descobrir que se está sozinho é assustador. Os amigos e a família podem ajudar mais
na solidão social do que na solidão emocional.
Desespero irracional: um fator que torna tão stressante a experiência de ser solteiro de repente, é o
sentimento de desespero e por vezes de impotência. Quando os solteiros olham para cada situação
como se esta fosse terrível e isto torna-os inválidos, deste modo desqualificam o positivo e
absorvem o negativo.
[92]
Choque e pavor: Solteiros que estavam em negação da realidade dos seus problemas matrimoniais,
ou estavam a passar por uma pseudo reciprocidade, frequentemente passam mais por este choque
e pavor depois do seu divórcio /separação.
Preocupação com fantasias de vingança: as separações dolorosas conduzem frequentemente a um
desejo de vingança ao ponto de desenvolvermos aquilo a que se chama de “fantasias de vingança”.
Pensamentos como, “Se ao menos o/a pudesse magoar da mesma forma que ele/a me magoou.”
“Ficaria feliz por vê-lo/a sofrer”. A Bíblia providencia ajuda para esta fantasia disfuncional: “Não vos
vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu
recompensarei, diz o Senhor.” (Romanos 12:19).
Culpa ou ressentimentos excessivos: Culpa ou ressentimento em excesso é patológico. A culpa
surge quando um solteiro sente que ele ou ela não fez o suficiente para suster a relação ou que é
culpa sua o facto da relação se ter deteriorado ou da pessoa ter morrido. O ressentimento surge da
ausência de um processo de cura ou devido a assuntos inacabados.
Aumento ou diminuição do senso de espiritualidade: Não invulgar que a religiosidade da pessoa se
intensifique depois de uma grave perda. Por exemplo, um solteiro cujo casamento fracassou, pode
dizer algo como isto, “Senhor, se Tu restaurares o meu casamento, eu prometo que te serei fiel.”
Eles oram frequente e exaustivamente, alguns até jejuam e aderem a grupos de estudo.
Infelizmente, estes episódios em que regateiam com Deus raramente funcionam.
Afastamento social: Situações que produzam ansiedade podem criar uma fobia social. Depois de um
relacionamento desfeito, os solteiros podem tornar-se tão absorvidos pela sua dor ou
desapontamento que recusam participar em qualquer atividade social.
Comportamento alienado: Não é invulgar que pessoas que passam pela experiência de ficar
solteiros outra vez se tornem dispersos e se esqueçam de datas importantes, eventos e tarefas.
Muitas vezes as suas mentes estão preocupadas com a memória da perda, a dor da separação, a
vergonha da situação ou a apreensão em relação ao futuro.
Gerir as Emoções que advêm de ficar solteiro subitamente
Tenham tempo para fazer o luto: Em termos psicológicos existe algo que é o luto normal.
Clinicamente, 14 dias são considerados suficientes para voltar ao funcionamento básico, como
voltar ao trabalho, à escola e à realização tarefas domésticas e pessoais básicas. Compreendam
porém, que devem dar a vós mesmos tempo para o luto.
Reconhecer os vossos sentimentos emocionais: Não disfarcem as coisas. A primeira tarefa a
cumprir para sarar a dor do divórcio, separação ou morte de um cônjuge é aceitar que as coisas
aconteceram. Não deveria haver nenhuma racionalização, justificação, supressão de emoções,
pensamentos distorcidos, sobrecarga ou negação. Por exemplo, não se vejam como uma má pessoa
[93]
porque se sentem zangados; lembrem-se que a Bíblia diz, “Irai-vos e não pequeis” (Efésios 4:26).
Reconheçam o sentimento de maneira a conseguirem geri-lo.
Trabalhar a Dor da Perda
Explorar estilos de defesa e superação: Existem muitos mecanismos de defesa e são muitas vezes
usados em momentos convenientes para obscurecer a realidade ou para distorcer comportamentos.
Por exemplo, os solteiros com filhos podem inconscientemente recorrer á transferência. Isto é,
podem transferir sentimentos e emoções desconfortáveis para o vosso filho, e gritar com ele/ela
porque eles são indefesos e menos ameaçadores do que o cônjuge no qual os sentimentos tiveram
origem.
Aceitem as Circunstâncias da vossa Nova Situação
Encontrem significado para a perda: Existe um texto na Bíblia que diz: “todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto.”
(Romanos 8:28). O texto não diz que todos os infortúnios são para o nosso bem, pelo contrário, o
texto diz que Deus está connosco em todas as situações, boas ou más, para o nosso bem. Isto é, não
importa qual seja a luta, a dor, a dor de coração, perda e desapontamento, Deus está connosco e
irá, em último caso, resolver as coisas para nosso bem.
Deixe-se ir e Deixe Deus Trabalhar
Retire a energia emocional das circunstâncias da separação e reinvista essa energia em si e em Deus.
Isto faz-nos “partir para outra.” Partir para outra pode incluir desenvolver uma relação romântica no
futuro, desenvolver autonomia pessoal e resiliência individual.
Em última análise Deus tem o controlo sobre a nossa vida, deixe-se ir e Deixe-O tomar a dianteira. A
certeza que Ele nos dá é que, “Quando passares pelas águas, estarei contigo (…)” (Isaías 43:2) a
magnitude da separação não importa, nunca estão sós, porque Deus está convosco. Ele prometeu
“Não te deixarei, nem te desampararei.” (Hebreus 13:5).
Identifique a Patologia e Obtenha Ajuda Profissional
Não vão conseguir mitigar todas as situações sozinhos. Por vezes vão ter de arranjar ajuda e não
uma ajuda qualquer, por vezes ajuda profissional.
Melhore as Competências Sociais
Se, enquanto solteiro/a, sente que tem competências sociais deficientes, isso pode inibir a sua
capacidade de iniciar e manter relacionamentos consentidos saudáveis após a vossa perda. Os
solteiros deveriam buscar desenvolver competências sociais, através da autoestima,
autoafirmação e autoconfiança.
[94]
Recasar ou Abrasar-se
Recasar, quando feito da forma correta e em harmonia com a palavra de Deus, é um presente
curador de Deus. Contudo, os solteiros deviam estar atentos a recaídas rápidas, oportunistas,
falsidades e o desejo de compensar a apreensão imediata da pessoa. Estatisticamente falando,
os segundos casamentos ocorrem mais rapidamente do que os primeiros.
O apóstolo Paulo afirma no Novo Testamento: “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é
bom se ficarem como eu. Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que
abrasar-se.” (1 Coríntios 7:8-9). A preocupação de Paulo é com o casamento ou com o ser-se
solteiro? Eu presume que a maior preocupação de Paulo era o elevado ideal para os solteiros. O
desejo de Paulo é o de que alguns Cristãos permaneçam solteiros, para ele este é um ideal a
atingir. Ele dá várias razões, mas a preocupação principal é à luz da “Perousa” (a segunda vinda
de Cristo). Paulo está a dizer que, se os Cristãos não conseguem chegar a este elevado ideal
espiritual, então seria melhor para eles que se casassem, porque é melhor casar-se do que
abrasar-se.
Recasar ou Coabitar
No registo bíblico da Mulher apanhada em adultério, é dito que ela foi casada cinco vezes,
contudo, ela não estava casada com o homem com quem viva na altura. A coabitação foi, de certa
forma, considerada tabu pela sociedade muito antes do encontro desta mulher com Jesus. Contudo,
em anos mais recentes, a sociedade parece ter alterado a sua posição e tornou-se mais tolerante. O
Departamento de Censos dos Estados Unidos indica que desde 1997, um pouco mais do que quatro
milhões de casais estão a viver juntos, e um grande número deles estão a criar filhos. Apesar deste
número elevado, o facto de viverem juntos antes do casamento não garante o sucesso matrimonial.
A coabitação vai contra a vontade de Deus e continua a ser considerado pecado. Por isso, recasar é
sempre uma hipótese, coabitar não.
Encarar a realidade e avançar, independentemente do estado civil de cada um, é o que todos os
indivíduos devem fazer para fazer o melhor uso do dom da vida que Deus dá. Se foram casados e
perderam o vosso cônjuge pela morte, separação ou divórcio é algo que acontece. Contudo, vós não
sois um fracasso; o fracasso é um acontecimento, não uma pessoa. Aceitem a vossa porção e
coloquem-se no centro da vontade de Deus. Protejam e guardem a vossa saúde mental e emocional
mantendo-vos positivos, otimistas e esperançosos. Façam novos amigos, melhorem o cuidado por
vós mesmos e sintam-se bem em relação às oportunidades inexploradas que estão diante de vós.
Referências
Bart, M. (1998). Counseling Today. American Counseling Association.
Forrest, S. (1981). When my world crashed. Washington, DC: Review and Herald Pub.
Grollman, E., & Sams, M. (1978). Living through Your divorce. Boston: Beacon Press.
[95]
_____________________________________________
Alanzo Smith, EdD é o Conselheiro Familiar na Conferência dos Adventistas do Sétimo Dia de Nova
Iorque em Manhasset, Nova Iorque, EUA.
[96]
Ficha 1
Problemas Enfrentados pelos Solteiros
Os problemas enumerados abaixo não são exclusivos das pessoas solteiras, contudo, estes
inserem-se entre as maiores preocupações dos solteiros. A lista não é exaustiva, nem todos os
problemas se aplicam de uma assentada a todas as pessoas.
 Problemas com a valorização pessoal
 Problemas com a solidão
 Problemas de identidade e rumo
 Problemas com o desejo sexual
 Problemas com sentimentos de rejeição & desespero
 Problemas de insegurança financeira
 Problemas com o desejo de querer ter filhos
 Problemas em relação às expetativas da sociedade
 Problemas em relação às expetativas da igreja
 Problemas com pessoas casadas
 Problemas em encontrar companheiros ambiciosos e honestos
 Tentação para comprometer valores
 Problemas com pressões para voltar a casar
O que podem os solteiros fazer



















Desenvolver uma forte autoestima.
Saber que ser solteiro não é patológico.
Assumir o controlo da sua vida.
Desenvolver uma rede de amigos fantásticos.
Fazer uso de serviços e recursos.
Participar de grupos de apoio e retiros para solteiros.
Planear atividades sociais para si /aderir a atividades com outras pessoas.
Tomar consciência do ambiente que os rodeia e fazer uso das oportunidades.
Participar ativamente nos programas e cargos na igreja.
Estimar os amigos que são otimistas e partilham um elevado nível de espiritualidade.
Ser cuidadoso e atento: Não permitir que vos tomem como garantidos.
Não se deixarem intimidar pelo mundo empresarial, baterem-se pelos vossos direitos.
Serem otimistas e realistas, evitarem ideias irracionais.
Terem cautela com os segundos casamentos. Explorar todas as implicações das famílias
compostas.
Estarem atentos a lobos vestidos de cordeiros. Não se deixarem enganar por passes de
romance. Manterem-se focados.
Desenvolverem os vossos próprios interesses; não se sintam entediados com a vossa
vida. Tirem férias; visitem outros lugares, igrejas, reuniões sociais, etc. Não sejam
solitários.
Se estão interessados em educar um filho, explorem a hipótese da adoção.
Desenvolvam uma vida de oração rica e uma fé ativa em Deus.
Desfrutem do companheirismo participando e assistindo aos serviços da igreja
regularmente.
[97]
Ficha 2
Doze Passos a dar para a Auto preservação e Crescimento
1. Não alimentem as múltiplas emoções da raiva, rejeição, culpa, vergonha, sentimentos de
fracasso e medo. Estas emoções não são eternas, não as tornem anuais, nem mesmo
perenes. Por isso aceitem que existe esperança depois de um divórcio ou da morte de
um cônjuge. Lembrem-se, não se vão sentir assim para sempre.
2. Criem uma rede de familiares e amigos que podem ter uma influência positiva em vós.
3. Evitem pessoas que sejam amuadas, pessimistas, vingativas, mentirosas, coniventes,
dissimuladas ou aquelas que só vos vão dizer aquilo que vocês querem ouvir.
4. Associem-se a pessoas qua são capazes de vos ajudar face à vossa realidade.
5. Nunca se vejam como vítimas. Vejam-se como sobreviventes e sejam determinados em
apanhar os cacos. Sabem, as vítimas mergulham num desamparo aprendido; os
sobreviventes são conquistadores e superadores.
6. Estabeleçam um discurso pessoal positivo; convençam-se de que são capazes e
habilitados para viver uma vida de sucesso enquanto solteiros, a par de muitos
indivíduos que nunca casaram.
7. Reivindiquem as promessas de Deus para que vos proteja e vos sustente e nunca vos
abandone ou esqueça.” (Hebreus 13:5)
8. Se tiverem filhos pequenos, estabeleçam uma rotina e tanto quanto possível mantenham
as suas vidas tão estáveis quanto conseguirem. Se possível, mantenham-nos na mesma
escola onde já têm a sua rede social. Decidam quem vão ser os prestadores de cuidados
aos vossos filhos e tenham sempre um plano alternativo na retaguarda.
9. Se possível, estabeleçam e mantenham um relacionamento civilizado e uma
comunicação aberta com o/a pai/mãe acerca de questões e preocupações que se
relacionem com as crianças.
10. Permitam-se seguir em frente: não tenham medo de partir para outra, mas estejam
atentos a repercussões muito rápidas.
11. Encarem a vossa realidade: Estão divorciados, não mortos. Se a perda do vosso cônjuge
vos faz sentir despojados do vosso estatuto social ou benefícios, então, não percam o
vosso precioso tempo a sonhar acordados com essa perda. Criem uma nova regra.
Concentrem-se, reagrupem e revejam as vossas opções.
12. Repitam para vós mesmos: o luto e a perda são naturais depois de um divórcio.
Permitam-se chorar a perda do vosso casamento, a possível perda de família alargada e
amigos mas vejam isto como uma possibilidade para uma nova construção.
Envolvam-se em hobbies e atividades com significado; deixem que as idas à igreja e a
participação se tornem parte da vossa nova regra. Lembrem-se, um casamento fracassado é
apenas um acontecimento; vocês não são um fracasso! Deus está à espera para vos fazer
companhia face a novas portas abertas. Abandonem as emoções negativas e peçam a Deus para
vos perdoar por aquilo que possa ter sido a vossa contribuição para o fracasso do vosso
casamento. Mais importante ainda, perdoem-se e ao vosso ex-cônjuge, perdoem em prol da paz
da vossa própria alma, perdoem porque o passado é passado e acima de tudo, perdoem porque
[98]
Deus já vos perdoou. Sim! “Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida; o
choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” (Salmos 30: 5). Existe vida depois
do divórcio e se for a vontade de Deus e vosso desejo, não tenham medo de partir para outra, no
futuro.
[99]
Crianças - Fé e Um Pacote de Cereais
Por Elaine Oliver e Rosemay Cangy
Para esta lição objetiva vão precisar de:
Uma caixa de cereais grande, cheia (escolham uma que seja familiar para as crianças)
Uma caixa de cereais grande vazia com lápis de cor lá dentro (uma caixa pequena de lápis de cor
também serve)
2 Tigelas de cereais
Um saco de compras
Antes da lição, coloquem os três itens no saco de compras.
Devagar, retirem do saco das compras a caixa de cereais que contém os lápis e mostrem-no às
crianças. Até podem abanar um pouco a caixa.
Digam às crianças: Se conseguirem adivinhar o que está dentro desta caixa, levantem a mão.
Permitam que as crianças respondam.
Retirem uma tigela de cereais do saco das compras e depois, deliberada e cuidadosamente deitem
os lápis de cor na tigela.
Façam um ar de surpresa: O quê? Não são cereais?
Digam: O que aconteceu?
Peçam a uma das crianças que saiba ler para dizer o que está no rótulo da caixa.
Perguntem: O que está aí escrito? Deixem a criança responder.
Digam: Diz que é cereais, o barulho parece ser de cereais. Os nossos olhos e os nossos ouvidos
disseram-nos que eram cereais mas não eram.
Agora retirem a outra caixa de cereais.
Digam: Eu tenho outra caixa. Parecem cereais, o barulho também parece ser de cereais (abanem a
caixa) mas vamos descobrir para ter a certeza de que são realmente cereais.
Retirem a outra tigela e peçam a uma criança mais velha para ajudar uma criança mais pequena a
deitar os cereais na tigela seguinte.
Pareçam aliviados e digam: Ó, que bom, esta caixa tem mesmo cereais.
Digam: Por vezes as coisas não são bem o que parecem e não podemos ter a certeza de que os
nossos olhos e ouvidos estão verdadeiramente a ver e a ouvir as coisas como elas são. Há uma coisa
da qual podemos ter sempre a certeza, do amor de Deus por cada um de nós. A Bíblia diz-nos em
Hebreus 11:1 que a fé é a certeza das coisas que não vimos. Deus é tão certo como a caixa de
cereais de pequeno-almoço que tem sempre cereais dentro. Quando têm fé em Deus, podem
confiar n’Ele e acreditar que Ele irá cuidar sempre de vocês.
Oração: Querido Jesus, queremos ter fé em Ti. Ensina-nos a acreditar em Ti e a confiar em Ti mesmo
se não podemos ver-te. Agradecemos-Te por nos amares sempre.
______________________________________________
[100]
Elaine Oliver, MA, CFLE, é Diretora Associada do Departamento dos Ministérios da Família na Sede Mundial da
Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Silver Spring, Maryland, EUA.
Rosemay Cangy, é Assistente Editorial do Departamento dos Ministérios da Família na Sede Mundial da
Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Silver Spring, Maryland, EUA.
[101]
Crianças - Como o Jeff Testemunhou durante o
Fogo Florestal
O Jeff Crandall apoiou-se na sua enxada. Mais uma fila e meia de feijão-verde redondo, e ele
teria o jardim livre de ervas daninhas durante pelo menos duas semanas. Ouviu o ruído de um avião mais
acima. Ele olhou para a ondulante nuvem de fumo que se formava, quente e brilhante. Estava atrás de
Rattlesnake Ridge apenas a três quilómetros de distância.
O vento soprou no sentido ascendente, espalhando pó pelo jardim seco. O Jeff sabia que tais
brisas atiçavam o fogo e lançavam-no através de estradas e rios que o deveriam ter parado. 24 mil acres
de pomares de peras e maçãs já tinham sido consumidos.
O sol batia nas costas descobertas do Jeff. Ele limpou a sua testa com as costas da mão e
terminou os metros que restavam daquela fila. Depois arrastou a mangueira e deu às plantas em aflição
um pouco de água fresca.
Bem, já chega, pensou o Jeff para si mesmo. Entrou em casa para jantar. Lavou as suas mãos no
lavatório da cozinha. Então, inclinando-se sobre a torneira, ele lavou o seu rosto e pescoço.
O fogo estava na mente de todos à mesa do jantar. O irmão mais novo do Jeff, o Eric, olhou para
o Pai com um olhar enorme e assustado e perguntou se estava mais perto.
"É difícil dizer, filho," respondeu o Pai. "Mas se chegar mais perto, alguém nos vai avisar antes
que se torne demasiado perigoso.” Disse Ele fazendo uma festa ao cabelo do Eric. "Não te preocupes,
filho. Deus vai cuidar de nós."
"Bem, talvez consigamos escapar ao fogo," disse o Jeff, "mas se ele subir a nosso colina, não
poderemos fazer muito para o impedir de queimar a nossa casa."
"Tens razão, Jeff, mas não nos serve de nada ficarmos preocupados com isso agora. Lembremse, `Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus.' "
No culto familiar daquela noite, mesmo antes de irem dormir, a família Crandall orou para que
Deus os protegesse do fogo. O Jeff permaneceu acordado na cama muito mais tempo do que o habitual,
pensando nas chamas grassando pela frágil vegetação rasteira apenas a três quilómetros de distância.
Parecia-lhe a ele que mal tinha mergulhado no sono quando o Pai lhe abanou o ombro. "O fogo
está a aproximar-se demasiado," disse ele. "Temos de ir."
[102]
O Jeff saltou da cama e enfiou umas calças de ganga por cima do pijama. Pegou no seu casaco e
seguiu o Pai pelo corredor até à sala de estar, onde a Mãe ajudava o Eric a abotoar a sua camisola. O Pai
abriu a porta da frente. A família ensonada saiu e dirigiu-se ao carro. Um pouco mais à frente da colina o
Jeff podia ver a primeira linha de fogo a começar a queimar os arbustos, pouco mais do que dois
quarteirões à frente.
"Vai queimar a nossa casa, Pai?" perguntou ele quando o pai entrou para trás de si.
"Nós limpámos a maior parte das ervas daninhas à volta da casa," disse o Pai, "mas o Carvalho
grande que está ao pé da casa arder, podemos estar em apuros."
O Pai ligou o carro e andou até ao fundo da colina em direção da vila. "Para onde iremos?"
perguntou o Eric.
"A Cruz Vermelha providenciou para que as pessoas fiquem no ginásio do liceu," disse o Pai.
"Teremos de ali ficar o resto da noite, pelo menos."
Quando chegaram à escola, estavam outras famílias a encher o ginásio. Estava uma senhora à
porta, a escrever os nomes num quadro. No interior, havia catres em filas direitinhas, e ao fundo do
ginásio, os voluntários serviam sumo de frutas e donuts.
Os Crandalls descobriram quatro catres vazios e prepararam-se para passar ali o resto da noite.
"Pai," perguntou o Jeff, "Deus vai cuidar da casa, não vai?"
"Se for o melhor para nós, vai sim, Jeff."
"Bem, como é que perder a casa, e tudo o que está lá dentro, poderia ser o melhor para nós?"
O Pai sorriu. "Nem é sempre fácil para nós entendermos, filho, mas temos de nos lembrar que
Deus pode transformar coisas más em coisas boas."
"Porque não oramos para que Deus tome conta da nossa casa esta noite," sugeriu a Mãe. Então
os Crandall inclinaram, juntos, as suas cabeças ali mesmo no ginásio do liceu, e cada um falou com Deus,
à vez.
Quando o Pai terminou a última oração, o Jeff enfiou-se debaixo do cobertor no seu catre. Só
então, ele reparou noutro rapaz mais ou menos da sua idade acordado, deitado apenas a três catres de
distância. O rapaz parecia assustado. Ele estava a observar o Jeff como se quisesse fazer-lhe uma
pergunta mas estava receoso de o fazer.
[103]
O Jeff abriu o seu cobertor, levantou-se e foi junto do catre do rapaz. "Olá," disse ele. "Eu sou o
Jeff. Como te chamas?"
"Kevin," murmurou o rapaz. "Eu não queria olhar fixamente. O que estavam vocês a fazer?"
"Ah, referes-te a quando estávamos a orar? Estávamos a pedir a Deus para tomar conta da nossa
casa esta noite e para a manter a salvo do fogo."
"Achas mesmo que orar adianta alguma coisa?"
"Claro que sim," disse o Jeff.
"Bem, poderias orar a Deus por mim e pedir-lhe para proteger também a minha casa?"
"Claro, mas não há nada que saber. Podes faze-lo tu, sabes."
"Preferia que fizesses tu."
Os dois rapazes inclinaram as suas cabeças, e o Jeff orou pela proteção da casa do Kevin.
Quando terminaram a oração, o novo amigo do Jeff sorriu timidamente. "Obrigado," disse ele.
"Eu nunca tinha orado antes."
"Bem, escuta," disse o Jeff. "Gostavas de ir comigo à igreja um dia destes? Acho que ias gostar."
"Terei de pedir ao meu Pai," disse o Kevin, apontando para o seu Pai a dormir no catre ao lado.
"Mas acho que ele não se ia importar."
Finalmente os dois rapazes deitaram-se nos seus catres. O relógio de parede do ginásio marcava
3:00 da manhã e os olhos do Jeff ficaram muito pesados, e ao fim de pouco tempo ele estava a dormir.
Quando o Jeff acordou de manhã, o Kevin já estava acordado e estava a dobrar o seu cobertor. A
over o Jeff a pé, ele foi junto dele e disse, "O Pai diz que não há problema em eu ir à igreja contigo um
dia destes."
"Fantástico," sorriu o Jeff. Trocaram números de telefone. Só então o pai do Jeff o chamou para
partirem.
[104]
Quando estavam a sair para o carro, o Jeff estava a pensar no Kevin. "Sabes, Pai," disse ele,
"Acho que agora compreendo o que a Bíblia quer dizer quando lemos, `Todas as coisas contribuem para
o bem daqueles que amam a Deus.' Eu estava preocupado por a nossa poder arder, mas se não fosse
pelo fogo, eu nunca teria conhecido o Kevin. Fiz um amigo novo e tive a oportunidade de lhe falar de
Jesus."
"Bem," disse o Pai, "então fomos duplamente abençoados. O agente da polícia que nos disse que
podíamos regressar a casa disse que o fogo poupou a nossa casa."
__________________________________________
Adaptado por Swanson, G. (1991). “Famílias que alcançam Famílias”, Manual de Recursos dos
Ministérios da Família, Divisão Norte Americana dos Adventistas do Sétimo Dia
[105]
Crianças - Laços Familiares
Para esta lição objetiva irão necessitar de:




Um novelo de lã ou cordel
Um par de tesouras redondas
Uma pequena imagem de Jesus
Um assistente adulto
Perguntem às crianças, “Quem faz parte da vossa família?”
(Puxem pelas suas respostas, fazendo comentários como, “Sim, têm um pai na vossa família:
uma mãe, uma irmã, um irmão.” Tenham cuidado ao formular as vossas frases para que tornem
implícito que todas as famílias são iguais, i.e. que todas têm um pai, mãe, filhos. Na verdade, seria
bom ao longo da conversa fazer o reparo de que as famílias são diferentes. É importante manterem
comentários positivos, i.e., “Tu e a tua avó compõem a tua família,”. Seria muito nocivo realçar que
uma criança em particular não tem pai. A determinada altura podem ter de ajudá-los a pensar para
além da casa em que vivem para que incluam membros da família alargada, e.g., avó, avô, tias, tios,
primos, etc.)
(Ao solicitarem respostas, precisarão da ajuda de um adulto para criar a lição objetiva. Este
deve criar uma rede de fios entre si e cada uma das crianças para representar os relacionamentos
familiares. No final, segurará as pontas de cada fio, e cada criança segurará a outra ponta do fio na
sua mão. À medida que as crianças pensam em diversos membros das suas famílias, peça ao seu
ajudante para cortar uma extensão apropriada de fio para ligá-lo a cada uma das crianças. Segure as
suas pontas de fio debaixo do polegar, por detrás da imagem de Jesus sem deixar que as crianças
vejam a imagem, enquanto o vosso ajudante corta uma extensão apropriada de fio e coloca a outra
ponta na mão da criança para representar a relação com um membro da família. Usem o maior
número de fios necessários para representar irmãs, irmãos, tias, tios, primos, etc. para que quando
terminarem, cada criança esteja a segurar um fio.)
Vejam! Estamos todos ligados! Não importa a vossa idade, ou a vossa cor, ou ainda se são
ricos ou pobres, altos ou baixos, seja o que for. A Bíblia diz que todos fazemos parte da família. Deus
coloca-nos em famílias para que nos amemos e cuidemos uns dos outros. Ele colocou-nos em
famílias para que nos pudéssemos divertir e aprender como nos devemos tratar uns aos outros com
respeito e bondade. Ele sabia que nós iríamos precisar de alguém que nos ajudássemos de vez em
quando. Ele sabia que a família é o melhor lugar para aprender sobre Deus. E Ele deseja que as
nossas famílias mostrem o Seu amor ao mundo. Foi por isso que Ele te fez parte de uma família em
casa, e parte da Sua grande família aqui na igreja.
[107]
Sabem quem é que nos mantém juntos? A Bíblia diz que Jesus é quem une as famílias.
(Levantem a imagem de Jesus para que as crianças vejam, enquanto continua a segurar todos os fios
por trás dela.) Jesus é Aquele que faz com que todos sejamos parte da família de Deus também.
Estou feliz por fazer parte da minha família. Estou especialmente feliz porque todos fazemos parte
da grande família de Deus por causa de Jesus. E vocês?
___________________________________________
História adaptada de Flores, K. (2001). “Famílias de Fé”, Planbook dos Ministérios da Família,
Departamento dos Ministérios da Família, Divisão Norte Americana dos Adventistas do Sétimo Dia
[108]
Recurso para Líderes
A Família e as Escolas Adventistas de Mãos Dadas
por Sally Lam-Phoon
“Os nossos ideais assemelham-se às estrelas, que iluminam a noite.
Nunca ninguém lhes conseguirá tocar.
Mas os homens que, como os marinheiros no oceano,
as tomam como guias,
Irão indubitavelmente atingir o seu objetivo."i
O autor da citação acima, Carl Schurz (1829-1906), que viveu na mesma altura de Ellen G.
White, foi um legislador, reformador e jornalista germano-americano. Durante toda a sua vida, ele
expressou os seus ideais através de discursos públicos assim como através da escrita. Sim, os nossos
ideais parecem tão inatingíveis como as estrelas mas se definirmos o nosso rumo através destas
“estrelas”, estaremos no caminho certo. Nesta imperfeição, a vida transitória na terra o melhor que
podemos fazer para alcançar estes ideais na educação Adventista; mantê-los em perspetiva para
podermos determinar o nosso caminho.
Este trabalho apresenta um desses ideais— uma estreita relação entre a família e a
educação Adventista. Estas duas instituições andam de mãos dadas em colaboração na Educação
das nossas crianças não apenas para esta vida, mas também para a vida do porvir onde o ideal pode
estar ao nosso alcance. Sim, podemos ter pouco pessoal e excesso de trabalho, e dizermos, “Por
favor, mais uma coisa a ajudar, não!” Oxalá o seguinte nos permita traçar um rumo e ter tempo para
nos focarmos no ideal que manterá as nossas famílias e escolas no caminho certo.
Na Criação, o sistema de educação ideal estabelecido no Jardim do Éden estava centrado na
família em que Deus e os pais eram os principais instrutores. Depois da queda, quando os pais “se
tornaram indiferentes à sua obrigação para com Deus, indiferentes à sua obrigação para com os
seus filhos” (White, 1942, p. 45), as escolas dos profetas foram estabelecidas para deter a maré do
mal. Isto certamente que se parece com a nossa realidade atual.
A atração exercida pelo secularismo nas famílias Cristãs está a ameaçar destruir a própria
cidadela para a proteção e cuidado dos mais novos. Satanás descobriu quão eficazes os seus
esquemas podem ser se forem direcionados na fragmentação da família, mantendo os pais tão
ocupados na demanda por uma “vida melhor” para a família que não têm tempo para a sua
principal prioridade – a obra de moldar o caráter dos seus filhos, passando tempo precioso com a
sua família e a estabelecer fundações fortes para a altura em que os filhos deixam o lar para irem
para a escola.
Para estes pais assediados com excesso de trabalho e pressão, quando as crianças atingem a
idade escolar respiram fundo de alívio porque o seu pesado fardo finalmente chegou ao fim e
podem relegar a formação dos seus filhos àqueles que são habilitados profissionalmente para isso
(pensam eles) nas escolas.
Com este desencontro entre família e escola, muitos pais não têm ideia do que está a
acontecer aos seus filhos até receberem um recado (normalmente por mau comportamento) da
escola. Isto requer uma curta visita ao gabinete do diretor, para reparar rapidamente o facto e
colocar a criança no bom caminho até receberem novo recado.
Para além disso, os pais Adventistas que apoiam uma educação Cristã e enviam os seus
filhos para escolas Cristãs frequentemente presume que a salvação dos seus filhos é assegurada
[109]
porque agora a escola irá assumir a responsabilidade do desenvolvimento espiritual, académico e
social dos seus pequenos.
Logo o fardo colocado nos ombros das escolas Adventistas é pesado. As expetativas são
altas, e muitas vezes perguntamo-nos se é assim que deve ser. Dadas as circunstâncias atuais das
famílias a desintegrarem-se, os educadores Adventistas descobrem que têm de investir uma grande
fatia de tempo a atender as necessidades de crianças que vêm de famílias disfuncionais. Os
professores afirmam muitas vezes, “Sentimos que temos de acumular a função de assistentes sociais
para além do nosso papel de professores.”
Como se isto não fosse suficiente, uma multidão de adolescentes estão a deixar a igreja
depois do liceu. Líderes Cristãos preocupados estão a chamar a atenção para a chocante realidade
da espiritualidade das famílias e que está a ter um sério impacto na Igreja Cristã em geral. Josh
McDowell (2006) reporta que a partir de uma sondagem feita com líderes denominacionais, cerca
de 94% dos adolescentes deixam a igreja depois do liceu (p.13). O Valuegenesis I, um estudo feito
num período de 10 anos (que começou com 1,500 sujeitos e terminou com 783 sujeitos ao fim de 10
anos) (Dudley, 2000) sobre o porquê que os adolescentes deixam a igreja e descobriu que mais de
50% da juventude Adventista deixam a igreja na casa dos 20.ii Na Coreia, onde a educação Cristã e as
escolas Adventistas estão a prosperar, existe um abandono da igreja estimado em 70% depois dos
estudantes se formarem nos liceus e universidades Adventistas. George Barna (2002) reportou que
70% dos adolescentes deixam a igreja depois de saírem de casa dos pais (p. 110).
Onde é que errámos na educação religiosa dos nossos filhos e na passagem da educação
Adventista? Quando é que começámos a escorregar por esta colina escorregadia em que perdemos
os nossos jovens para o mundo mesmo depois de terem crescido numa família Adventista e de
terem ido fielmente à igreja semana após semana? Mesmo depois de terem passado pelas nossas
escolas onde a Bíblia é ensinada? As razões atribuem-se a múltiplos fatores – o aumento da
influência desmoralizadora do secularismo sobre os nossos jovens, os efeitos corrosivos de lares
desfeitos, falta de orientação parental apropriada, falta do culto familiar no lar, membros de igreja
críticos, etc.
Larry Fowler (2009), uma influência chave nos ministérios da criança a nível mundial, atribui
a raiz do problema pelo qual as crianças deixam a igreja na adolescência às fracas bases espirituais
que a criança recebeu até aos 12 anos. Ele refere que os primeiros doze anos da vida da criança é “a
janela crítica de oportunidade tanto para o desenvolvimento de uma visão global como para a
criança reagir ao evangelho e colocar a sua fé em Cristo” (p. 32). Infelizmente a maior parte dos pais
esquecem-se que tudo o que foi aprendido nos primeiros 12 anos tem um impacto nas escolhas de
vida da criança ao longo da vida.
Isto não devia constituir surpresa para os Adventistas que creem nos conselhos de Ellen
White (1954) em relação à primeira educação que a criança recebe no seio da família. Ela escreveu:
“As lições que a criança aprende durante os primeiros sete anos de vida têm mais que ver
com a formação do seu caráter que tudo que ela aprenda em anos posteriores. Nem as
crianças, nem os bebês, nem os jovens devem ouvir uma palavra impaciente do pai, da
mãe, ou de qualquer membro da família; pois muito cedo na vida recebem as impressões,
e aquilo que os pais deles fazem hoje, eles serão amanhã, e no dia seguinte, e no
imediato. As primeiras lições impressas na criança raras vezes são esquecidas.” (pp. 193,
194).
Deuteronómio 6:4-7 é frequentemente referido como um mandamento para a educação
Cristã que tem a sua base em casa onde os pais são os principais disciplinadores. Os pais são
inteiramente responsáveis pela Educação religiosa dos seus filhos. Para fortalecer ainda mais estas
[110]
bases, a igreja e a escola surgem como disciplinadores secundários das jovens mentes. Ellen White
(1943) enfatiza isto:
É na escola do lar que nossos meninos e meninas se preparam para frequentar a escola da
igreja. Os pais devem ter isso constantemente em vista e, como professores no lar,
consagrar a Deus todas as faculdades de seu ser, para que possam cumprir sua elevada e
santa missão. A instrução diligente e fiel no lar, é o melhor preparo que as crianças podem
receber para a escola da vida. Os pais sábios auxiliarão seus filhos a compreender que na
escola da vida, como no lar, devem esforçar-se por agradar a Deus, a fim de Lhe serem
uma honra. (p. 150)
Sob inspiração, Ellen White (1943) sublinha a imensidão da influência que pode ser impressa
na criança tanto em relação às coisas temporais como às eternas nos primeiros doze ou quinze anos
na formação do caráter. Mais à frente, ela condena o facto de se obter meramente “conhecimento
dos livros” mas enfatiza a integração do conhecimento na vida prática (p. 195).
Se as nossas escolas Adventistas permanecem fiéis ao adágio de que “a redenção e a
Educação são uma só” e se estas têm a um papel a desempenhar na educação dos nossos jovens e
de todos os que entram pelos seus portões, então as nossas escolas necessitam de buscar a parceria
da família de forma a atingir integralmente os seus propósitos. Quão triste é quando as crianças
começam a frequentar a escola, e a maior parte dos pais presume que o seu trabalho está feito e
que é então responsabilidade da escola assumir o seu cuidado e desenvolvimento.
Ellen White (1923) atribui muitos dos problemas disciplinares detetados nas escolas a lares
onde há “uma educação superficial” (p. 65). Ela diz sem equívocos que se os pais falharem em
moldar os carateres dos seus filhos com disciplina amorosa nos primeiros anos das suas vidas, então
não podemos esperar que os professores sejam eficazes na sala de aula (p. 69).
A realidade hoje em dia é que os pais esperam que a escola faça maravilhas em termos de
disciplinar, orientar e corrigir os seus filhos. Alguns pais Adventistas encaram as nossas escolas
internas como reformatórios quando têm dificuldade em controlar os seus filhos em casa. O que é
interessante é que, num estudo que durou 10 anos, sobre os adolescentes e os motivos que os
levam a deixar a igreja, Dudley (2000, p.73) chega à conclusão que os colégios internos não parecem
contribuir para manter as nossas crianças na igreja. Shane Anderson (2009) no seu livro controverso,
Como matar a Educação Adventista (e como lhe dar uma oportunidade!), acredita que se os jovens
não foram disciplinados e formados nos seus primeiros 14 anos de vida, “a maior parte dos
internatos não conseguem simplesmente inverter a maré e produzir os cidadãos exemplares que os
seus pais idealizaram” (p.47).
Aos olhos de muitos pais, a escola assume o papel principal de disciplinador das suas
crianças quando estas atingem a idade escolar. Assim sendo, é sábio por parte da escola educar os
pais em relação ao seu papel principal enquanto disciplinadores, é de importância vital que a escola
atraia a família para um esforço de cooperação na educação dos seus filhos.
Até alguns educadores seculares reconhecem isto como um elemento essencial para o
sucesso escolar. Gary Marx (2006), no seu livro, Liderança Focada, cita Jim Sweeney, um professor
na Universidade Estatal de Iowa que filtrou 10 fatores essenciais para um “ambiente escolar
vencedor” recolhidos em pesquisas feitas em centenas de escolas. Entre estes 10 fatores está a
proximidade dos pais e da comunidade (p. 147).
Dennis Littky (2004) é outro líder educacional de sucesso que acredita neste conceito. A
ligação entre a escola e a família é a chave para o sucesso de Littky em escolas em apuros. Este
conceito é imbuído na cultura da escola. “Desde o dia em que decidem matricular os seus filhos na
[111]
nossa escola, as famílias da Met sabem que queremos e precisamos da sua contribuição mesmo
para além da graduação” (p. 137).
Numa das suas escolas, o Centro Técnico e Profissional Regional Metropolitano (O Met) o
mote é: “Nós envolvemos as famílias.” Littky acredita que quando as crianças ingressam numa
escola, os seus pais também se deveriam inscrever porque deveriam ser uma grande parte da
aprendizagem do seu filho/a, ser os mentores e conselheiros do seu filho. Na sua escola, os pais são
convidados a visitar a escola frequentemente, a assistir às aulas, a servir de juízes nas exposições, a
irem em visitas de estudo, etc. Levam muito a sério o envolvimento familiar. Ele escreve no seu
livro, O Panorama Global: A Educação é Assunto de Todos:
Primeiro, tornam-se membros da Equipa que elabora o Plano de Aprendizagem do seu filho.
Cada momento em que servem como membros do júri na exposição dos seus filhos e lhes é
pedido que deem um feedback crítico sobre os progressos dos seus filhos. Finalmente ao
fim dos quatro anos, exaustos e eufóricos da sua intensa participação, os pais levantam-se
perante a escola e assinam o diploma dos filhos, juntamente com o diretor, o presidente do
conselho diretivo e o comissário de estado da educação. (p. 147)
Ele continua a dizer, “Ainda sou, frequentemente, considerado um rebelde no que toca a
lutar pela inclusão dos pais na educação dos filhos.” Enquanto pensamos que os profissionais são
aqueles que trabalham nas escolas e que são eles que sabem o que é melhor para as crianças, ele
replica: “Quem somos nós para decidir sobre os filhos dos outros?” Ele acredita firmemente que
comprometer as famílias na educação é a chave para ativar “um sistema de apoio embutido que
funciona para ajudar tanto os estudantes como os professores a fazerem um trabalho melhor” (p.
144).
Se os líderes educacionais seculares acreditam em laços íntimos entre o lar e a escola, não
deveriam as escolas adventistas ser ainda mais entusiastas no acolher desta íntima relação?
Particularmente agora que o Inimigo está a apertar o seu cerco com ataques ainda mais ferozes às
almas das nossas crianças, precisamos de ser ainda mais vigilantes. O toque de clarim encontra-se
em Malaquias 3:24, a Mensagem de Elias, cujo propósito é fortalecer a família nos últimos dias. A
Bíblia “The Message” diz desta forma: “Ele fará com que os pais se reconciliem com os filhos e os
filhos com os pais. Caso contrário, virei castigar e condenar a terra à destruição.”
A ordem do Senhor é clara – os pais são chamados a servir como os principais
disciplinadores dos seus filhos. Se é nossa função ajudar a formar carateres que podem resistir ao
teste do tempo, eles têm de ser capacitados para serem discípulos de Jesus Cristo. O seu
compromisso, salvação e relacionamento com o Salvador não pode ser um vicário alcançado através
dos pais. Os pais têm a responsabilidade de guiar os seus filhos para que tenham um
relacionamento pessoal direto com Cristo e a tornarem-se Seus discípulos. Quando as crianças
desenvolvem a sua experiência de fé pessoal, a possibilidade de permanecerem na igreja ao longo
das suas vidas pode ser aumentada.
O Estudo Dudley citado anteriormente chegou a uma conclusão assinalável sobre a fé
nutrida na família. Descobriu que a influência do exemplo parental na sua vida espiritual é um dos
fatores mais significativos na manutenção da nossa juventude comprometida com a igreja. Contudo,
ele alerta para que não tiremos a conclusão precipitada de que todos os adolescentes que provêm
de lares com uma orientação espiritual forte serão igualmente fieis mas a probabilidade é real de
que se os pais são espiritualmente ativos na igreja e comprometidos com o seu casamento, existe
uma forte probabilidade que os seus adolescentes e jovens permaneçam na igreja.
Sabendo disto, é vital que a escola, que é uma fazedora de discípulos secundária, una
esforços com os pais, os principais fazedores de discípulos, que desejam que os seus filhos atinjam o
melhor desfecho para o seu crescimento espiritual, mental e social.
[112]
O sistema educacional Adventista cresceu no sentido de incluir todo o tipo de escolas—
escolas de igreja em que a maior parte dos estudantes vêm de lares Adventistas; escolas-missão em
que a maioria dos estudantes não são Adventistas; escolas Adventistas de segundas oportunidades
onde muitos estudantes em risco buscam a esperança de uma reviravolta (por vezes por escolha
própria; outras vezes forçados pelos pais). Em todas estas escolas temos estudantes que vêm de
lares disfuncionais, lares que podem encontrar a resposta aos seus problemas de vida se, enquanto
escola, virmos a necessidade de ajudar os pais nas suas aflições. Que melhor maneira de partilhar o
Evangelho do que respondendo a necessidades reais no nosso meio. Isto é a missão no seu melhor!
Se abrirmos os nossos corações e lares aos princípios de vida divinos transformar-nos-emos
em canais de um poder vivificador. A partir dos nossos lares fluirão correntes de cura,
trazendo vida, beleza e fecundidade onde agora existe pobreza e carência. (White, 1942, p.
355)
Considerando tudo o que no prato, já está cheio a transbordar; a questão é o que podemos
fazer mais? A maior parte dos pais não tem o tempo ou a energia para se ligar com a escola mas
pelo menos for feita uma tentativa, existe a possibilidade de ajudar um jovem ou uma família neste
percurso. Talvez se tentarmos atingir o ideal e fizermos um esforço, mesmo que não o atinjamos
pelo menos estaremos a progredir na direção certa.
Aqui estão algumas recomendações sobre a ligação da escola com a família, para vossa
consideração e diálogo:
1.
Orem por uma mudança de mentalidades a começar pelos líderes, que trabalharão em
conjunto com a faculdade em relação à religação entre a família e a escola. Eduquem a vossa
faculdade e pessoal para que invistam neste ideal e se comprometam pessoalmente com esta
nova cultura escolar.
2.
Comecem por estabelecer uma “cultura familiar” que envolva as famílias, não apenas os
estudantes.
3.
Criem uma base de dados com informações sobre cada família e disponibilizem-na ao pastor
da igreja, ao capelão e aos professores.
4.
Partilhem isto com o pastor para que este envolva a igreja no apoio a esta nova cultura
escolar. Membros de igreja que sejam profissionais em aconselhamento ou a família podem
ser listados para ajudar.
5.
Entusiasmem o pastor para que ele pregue sermões sobre Educação Cristã regularmente e
para que encoraje a congregação a enviar as suas crianças e jovens para a escola Adventista.
6.
Envolvam os pais em eventos da escola, projetos escolares e convidem-nos a aparecer e a
visitar, a sentarem-se numa sala de aula, a ajudar na biblioteca, a servir de juízes no
espetáculo anual de talentos.
7.
Concebam os eventos escolares de forma a integrar a família sempre que possível. Integrem
as famílias em ambientes sociais como o dia da família, piqueniques, acampamentos ou uma
tarde do chá.
8.
Partilhem o plano espiritual em termos simples com os pais periodicamente para que eles
possam reforçar periodicamente em casa o que a escola está a fazer.
9.
Enviem recados para casa sempre que as crianças se saem bem, não apenas para realçar o
comportamento negativo. Usem veículos modernos de comunicação— através de um blogue,
uma página web, SMS, Facebook, etc.
10. Sempre que possível, os professores poderiam visitar os lares para conhecerem melhor as
famílias.
11. Conduzam seminários sobre a família à medida que as necessidades forem surgindo para
ajudarem os pais a terem um melhor desempenho na educação dos seus filhos.
[113]
12.
Realcem o papel dos pais enquanto principais disciplinadores dos seus filhos.
Quando as famílias se tornam parte da cultura escolar, as bênçãos são tremendas. Terão
mais mãos para ajudar uma vez que os pais que têm tempo, energia e recursos entram em campo
para ajudar em visitas de estudo, na biblioteca, como conselheiros de acordo com as suas
habilitações. Os vossos pais tornam-se nos vossos agentes de publicidade mais eficazes uma vez que
trocam histórias com outras famílias. Pais com recursos tornar-se-ão os vossos maiores
contribuidores quando se depararem com a necessidade de equipamentos, espaços e edifícios.
No livro, Nós Conseguimos mantê-los na Igreja, Noelene Johnsson (2004) conta a história de
uma criança desaparecida nos milheirais do Midwest durante uma tempestade de neve. As buscas
pela criança foram um fracasso. Quando a busca estava prestes a ser dada como concluída, os pais
imploraram por uma última tentativa. Sugeriram que todos dessem as mãos e que assim
percorressem o milheiral mais uma vez. Encontraram a criança mas, tarde demais. Se ao menos
tivessem dado as mãos mais cedo! (p. 114)
Os nossos filhos estão no meio de uma grande batalha, uma batalha pelas suas mentes. A
escola, a família e a igreja precisam dar as mãos para contra-atacarem esta investida nas nossas
crianças. Acredito firmemente que quando as escolas de Deus voltarem ao ideal que o Senhor
estabeleceu para a educação, Ele abençoará de forma especial as nossas escolas. Serão luzes
exemplares num mundo de trevas. As famílias Adventistas erguer-se-ão como faróis de esperança
para uma sociedade em que a família está a desmoronar-se. Dando as mãos, a nossa escola, as
famílias e a igreja testificarão da influência prática do evangelho, serão testemunhos vivos muito
mais eficazes do que e pregação de mil sermões.
Recursos
Anderson, S. (2009). How to kill Adventist education (and how to give it a fighting chance!).
Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association.
Barna, G. (2002). The state of the church: 2002. Ventura, CA: Issachar Resources.
Dudley, R. (2000). Why our teenagers leave the church. Washington, DC: Review and Herald
Publishing Association.
Fowler, L. (2009). Raising a modern-day Joseph: A timeless strategy for growing great kids.
Colorado Springs, CO: David C. Cook.
Littky, D., & Grabelle, S. (2004). The big picture: Education is everybody’s business.
Alexandria, VA: The Association for Supervision and Curriculum Development.
Marx, G. (2006). Focused leadership. Alexandria, VA: The Association for Supervision and
Curriculum Development.
McDowell, J. (2006). The last Christian generation. Holiday, FL: Green Key.
Tetz, M., & Hopkins, G. (compilers) (2004). We can keep them in the church. Mountain View,
CA: Pacific Press Publishing Association.
White, E. G. (1954). Child guidance. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing
Association.
White, E. G. (1943). Counsels to parents, teachers, and students. Mountain View, CA: Pacific
Press Publishing Association.
White, E. G. (1903). Education. Mountain View, CA: Pacific Press Publishing Association.
White, E. G. (1923). Fundamentals of Christian education. Nashville, TN: Southern Publishing
Association.
White, E. G. (1942). The ministry of healing. Mountain View, CA: Pacific Press Publishing
Association.
_____________________________________________
[114]
Sally Lam-Phoon, PhD. É a Diretora do Departamento dos Ministérios da Família na Divisão Norte da
Ásia-Pacífico dos Adventistas do Sétimo Dia em Koyang City, Kyonggi-do, República da Coreia.
i
ii
http://www.germanheritage.com/biographies/mtoz/schurz.html (accessed March 8, 2010).
http://kidsindiscipleship.org/about/why_children/ (accessed March 8, 2010).
[115]
Recurso para Líderes
Ministérios da Família (de Deus) - Nutrir e Ligar
Por Kathleen Beagles, Lea Danihelova
Introdução
Deus abençoou-nos com três metáforas para designar a igreja. Nós (a igreja) somos designados
como o corpo de Cristo, a noiva de Cristo e a família de Deus. Cada metáfora é útil para nos ajudar a
compreender tanto a relação com a Trindade como uns com os outros. As seguintes reflexões,
contudo, nascem do conceito da igreja enquanto família de Deus.
Dois conceitos que estão a merecer especial atenção hoje em dia por parte da organização da igreja
são os conceitos de cuidado e conservação dos membros de igreja. Uma recente e cuidada auditoria
aos registos da igreja em todo o mundo indicam que o número de batismos na família de Deus
raramente coincide com o número de novos membros que são acompanhados e conservados no
seio da família. Cuidar, claro, é uma palavra que se associa bem ao conceito de família. Os conceitos
entrelaçados de natureza e cuidado certamente podem ser observados quando novos membros se
unem à família de Deus e são acarinhados por outros membros da família na direção de uma nova
vida em Cristo e longe da sua natural herança pecaminosa.
A palavra conservação, contudo, está ligeiramente mais longe da conotação de família. Conservação
é uma palavra muitas vezes usada em relação ao serviço a clientes. A conservação de clientes é um
conceito válido se estamos a tentar conservar consumidores de uma marca em particular de bens e
serviços religiosos. Contudo, a palavra afeição talvez seja um termo mais amigo da família para o
fenómeno relacional que pretendemos atingir com os nossos companheiros irmãos de igreja.
“Afeição é um laço emocional com outra pessoa. O Psicólogo John Bowlby foi o primeiro teórico
sobre este tema, descrevendo a afeição como um ‘laço psicológico duradouro entre seres humanos’
(Bowlby, 1969, p. 164)” (About.com). Talvez conservemos melhor os membros na família de Deus
quando eles sentem que a igreja é um porto seguro, um alicerce seguro, uma entidade que, tal
como o Próprio Deus, está sempre lá para eles.
Afeição e Cuidado num Contexto Pós-moderno
A Igreja Adventista, à semelhança de outras denominações Cristãs, está a perder cerca de 50% dos
seus jovens. Alguns investigadores declaram números ainda mais elevados. As formas instituídas de
como vivemos a igreja, a evangelização e o Cristianismo não parecem ser satisfatórias para grande
parte da geração pós-moderna. Existem muitas razões para que a situação seja negra. O contexto
pós-moderno para os jovens inclui uma taxa mais elevada de famílias desfeitas; desapontamento
com práticas legalistas da igreja; fé dos pais estagnada ou quase não existente; influência dos meios
de comunicação e dos pares; globalização crescente; afastamento das raízes e valores morais;
individualismo crescente, conformismo, mas ao mesmo tempo uma necessidade crescente de
relacionamentos autênticos que não é saciada pela frieza artificial dos relacionamentos na igreja;
materialismo crescente causado em muitos casos pelos pais que se sentem culpados por não passar
tempo com os seus filhos; e o relativismo da verdade (Dudley, 2000; Cunningham, 2009).
[116]
Sabemos que estamos incumbidos, como a família Adventista do Sétimo Dia de Deus, de apresentar
Cristo às pessoas e cuidar delas para que cresçam como Seus seguidores. Contudo, parece evidente
que precisamos de ser mais intencionais. Isto não se refere a empacotar a nossa mensagem como
verdades proposicionais ou crenças fundamentais que apelarão aos consumidores que tentamos
conservar, mas também no contexto vivido de “Família de Deus” a quem eles podem afeiçoar-se
com segurança e onde são cuidados com amor. De acordo com G. T. Ng, secretário da igreja
mundial, "’Ir, batizar e ensinar contribui para a realização da comissão, mas não é um fim em si
mesmo’" (Brauner, 2009).
O cuidado e a afeição (ligação) deveria continuar fortemente depois da pessoa se unir à família da
igreja. O processo de discipulado, a caminhada intencional “ao lado de outros discípulos para que se
encorajem, equipem, e desafiem uns aos outros em amor para crescerem em maturidade em
Cristo” (Ogden, 2003, p. 129) é uma parte inevitável de um cenário maior dos Ministérios da Família
(de Deus) — ou discipulado. O discipulado é um assunto que interessa a cada membro da família
que segue o Senhor e Salvador, Jesus Cristo, ao Ele moldar diariamente a vida de cada um em
comunidade, para que um discípulo faça outro discípulo e assim por diante.
Discipulado em comunidade
O processo de fazer discípulos reflete Deuteronómio 6:4-9. A Shema dirige-se a discípulos adultos—
não apenas a pais— numa comunidade religiosa específica a quem é ordenado que tenham Deus
nos seus corações e depois que se sentem, caminhem, se deitem e levantem tendo sempre em
mente o discipulado intencional. Na Revista de Investigação Religiosa referia-se que “de facto ‘é
preciso uma vila’ para socializar religiosamente uma criança” (Boyatzis & Janicki, 2003, p. 252), mas
que a família é a primeira vila. Smith e Denton (2005) afirmam que “muitas das pesquisas na
sociologia da religião sugerem que a influência social mais importante na modelagem das vidas
religiosas dos jovens é o exemplo de vida religiosa que lhes é ensinado pelos pais ensinado” (p. 56).
Eles concluíram, “Logo, em suma, pensamos que a melhor regra geral, e que pode ser utilizada pelos
pais para antever o desfecho religioso mais provável para os seus filhos, é a de que: ‘Vão ter o que
são’” (p. 57).
Se a primeira vila na socialização religiosa dos jovens é a família, o resto da vila é a igreja e todos os
que a ela estão associados. Goodliff diz que a sociedade pós-moderna “a família é uma instituição
demasiado frágil para carregar o fardo da responsabilidade que colocamos sobre ela” (Collinson,
2004, p. 194). Collinson continua a citar e a comentar o que diz Goodliff em relação ao papel da
igreja em face ao desmoronamento da família na sociedade.
“A igreja, não a família, é a principal instituição para a canalização da graça de Deus e é a
comunidade à qual primeiro devemos a nossa fidelidade.” A sua crença apoia fortemente a
nossa alegação de que o lar da fé, a comunidade discipuladora, está idealmente apta para a
tarefa de cuidar do desenvolvimento espiritual dos seus membros, independentemente da
natureza do seu lar ou ambiente familiar. À medida que a comunidade de fé, com a sua
multiplicidade de dons, leva a cabo a missão de levar Cristo ao mundo, esta pode
providenciar um ambiente eficaz no qual as crianças e os adultos são acarinhados para
crescerem e desenvolverem os seus potenciais ao máximo. (194)
[117]
A Dinâmica Familiar da Igreja
“Qualquer igreja é mais do que uma coleção de membros individuais. As pessoas da igreja, como em
qualquer grupo, estão intrinsecamente interligadas. Existem num sistema que é muito maior e mais
poderoso que os membros individuais. Cada pessoa influencia tanto quanto é influenciada pelos
outros” (Richardson, 1996, p. 26). As pessoas na igreja são parte de uma família; pertencer a uma
família significa ter o mesmo ADN. Pertencer á família da igreja significa ter o AND de Deus, tornarse um filho de Deus. O âmago do AND de Deus, o âmago do AND de cada filho de Deus, é o amor.
Neste contexto, os ministérios da família não deviam ser vistos apenas como mais um ministério ou
programa que a igreja oferece. A igreja deve tornar-se uma família.
Algumas igrejas compreenderam que este é um chamado a eliminar todos os programas
segmentados por idades e a criar programas intergeracionais que integrem a família e onde esta
seja o foco. Os lares tornam-se os lugares base de carinho e evangelismo onde o discipulado é vivido
no dia-a-dia dos membros da família.
Outras igrejas responderam ao chamado dos ministérios da família adaptando o modelo com base
na família que mantém os programas segmentados por faixas etárias mas que enfatizam o papel da
família. A família é, física e espiritualmente, a base de cada ministério da igreja e o lugar de cuidado
e carinho. O desenvolvimento da fé não ocorre através de programas isolados mas através dos
ministérios da família que agrega todos os ministérios. Um dos aspetos importantes desta
abordagem é a formação intencional dos pais e mentores espirituais.
O terceiro modelo dos ministérios da família, proposto por Timothy Paul Jones e Randy Stinson, é
um modelo que capacita a família. Os ministérios e programas segmentados por faixa etária são
vistos como importantes, mas são reajustados para refletirem o novo foco nos pais como os
primeiros discipuladores dos seus filhos. Este modelo sublinha o papel da igreja assim como o dos
pais na provisão espiritual dos crentes. No caso de famílias desfeitas e lares disfuncionais, o papel
dos pais é assumido por membros de igreja que se tornam “pais espirituais” dos novos crentes
(Nelson & Jones, 2010).
A vossa pode ser bem-sucedida ao utilizar um destes modelos ou poderão ter um modelo original
que se adapte às necessidades únicas da vossa congregação. Não fazendo menção do modelo
utilizado para os vossos ministérios da família, é importante lembrar que para fixar e cuidar de uma
pessoa na igreja — criar um filho de Deus e ajudá-lo/a a desenvolver e a manter um relacionamento
crescente com Deus— não é papel dos pais, pastores, grupos de jovens, dos ministérios da igreja ou
mesmo dos ministérios da família. A transformação da pessoa é obra do Espírito Santo. Contudo,
Deus decidiu partilhar connosco a alegria que advém de nutrir as pessoas e de as ajudar a
aprofundar a sua fé. Ele confiou-nos esta obra sagrada. O perigo da responsabilidade coletiva, o
perigo das palavras “nós,” “a gente,” “povo,” “comunidade” reside no facto de que é
frequentemente entendido como “tu,” “ele,” “ela.” As questões essenciais são: quem são as pessoas
que devem ser acarinhadas? E, quem as deve acarinhar?
Paulo alega nesta carta aos Romanos que “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus, ” e todos precisam de ser “justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há
em Cristo Jesus,” (Romanos 3:23-24). Isto significa que vós “vos vestistes do novo, que se renova
para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; ” (Colossensses 3:10). Todos
[118]
necessitamos que nos ministrem, que nos acarinhem, de sermos renovados através do melhor
conhecimento de Deus, e de vivenciarmos o Seu amor expresso nos atos amorosos dos Seus filhos.
Mas quem nos deve ministrar? Tentemos colocar a questão de uma forma mais específica. Quem
deve ministrar às crianças pequenas? Quem deve ministrar aos solteiros, às famílias, aos doentes,
aos idosos? Claro que, existe um lugar para os ministérios individuais e dons pessoais que vão ao
encontro de necessidades específicas de grupos específicos. Contudo, se a essência do carinho é o
amor ativo, podemos delegar o amor a um departamento, a um ministério ou mesmo a uma pessoa
em particular? Posso eu amar as crianças, deixando o amor pelos adolescentes e por todos os outros
grupos existentes na igreja para outra pessoa?
Amar alguém não é igual à ausência de ódio por essa mesma pessoa. Não se consegue através da
indiferença, nem o demonstramos simplesmente através de sentimentos de amor. Amar alguém
significa estar ativa e sinceramente preocupado e envolvido na sua vida. Amar não significa
preencher todas as necessidades da pessoa a toda a hora, mas significa sim estar disponível para
essa pessoa, reparar nela e mostrar amor sempre que se possa. “E nós conhecemos e cremos no
amor que Deus nos tem. Deus é amor e quem está em amor está em Deus, e Deus, nele.” (1 João
4:16). Um dos mistérios de Deus é que amando os nossos irmãos e irmãs, alcançando os membros
do corpo de Cristo, podemos alcançar o próprio Cristo e ser mudados para a eternidade.
Conclusão
No seu livro, Maravilhosa Graça, Ellen White (1973) afirma,
“Encontrem tempo para confortar um outro coração qualquer, para abençoar com uma
palavra amável, motivadora, alguém que esteja a lutar com a tentação e talvez em
sofrimento. Ao abençoarem outros com palavras animadoras e esperançosas, apontando-os
Àquele que suporta todos os fardos, poderão inesperadamente encontrar paz, felicidade, e
consolação para vós mesmos.” (p. 120)
Enquanto líderes dos ministérios da família e membros do corpo de Cristo, somos antes de mais
responsáveis por ministrar a outros, de dar um exemplo de amor. Contudo, Deus deu-nos dons
especiais e chamados especiais para ajudarmos a criar um espaço onde se cuide e fixe todos os
membros da família de Deus, para ajudarmos a criar um lugar onde as crianças são bem-vindas,
onde os jovens podem abrir as suas asas em segurança, onde as famílias são capacitadas, onde os
mais idosos são valorizados — simplificando, um lugar onde todos se sintam em casa. Todos
precisamos de ser acarinhados. Ao mesmo tempo, todos devemos acarinhar os outros. Só então a
igreja se tornará funcional como família de Deus — um porto seguro, um lugar onde cada um é
amado e pode amar de volta. Um lugar onde todos são fixados e acarinhados.
Em resultado disto, a família de Deus será “preparada para a comunhão celestial porque terá o céu
nos seus corações” (White, 1900, p. 421).
Referências
About.com. “What is Attachment?”
http://psychology.about.com/od/loveandattraction/a/attachment01.htm (accessed
June 3, 2013).
[119]
Boyatzis, C. J., & Janicki, D. L. (2003). Parent-child communication about religion:
Survey and diary data on unilateral transmission and bi-directional reciprocity styles.
Review of Religious Research, 44(3), 252-270.
Brauner, Megan. (2009). “Baptism not the end of the road, Adventist Church leader
says.”
In
Adventist
Network
News,
April
20,
2009.
http://news.adventist.org/archive/articles/2009/04/20/baptism-not-the-end-ofthe-road-adventist-church-leader-says (accessed Sept. 23, 2012).
Collinson, S.W. (2004). Making disciples: The significance of Jesus’ educational
methods for today’s church. Eugene, OR: Wipf and Stock Publishers.
Cunningham, S. (2009). Dear church: Letters from a disillusioned generation. Grand
Rapids, MI: Zondervan.
Dudley, R.L. (2000). Why our teenagers leave the church: Personal stories from a 10year study. Hagerstown, MD: Review and Herald Pub. Associatio.
Nelson, B., & Jones, T. (2010). The problem and the promise of family ministry.
Journal Of Family Ministry, 1(1), 36-43.
Odgen, G. (2003). Transforming discipleship: Making disciples a few at a time.
Downers Grove, IL: IVP Books.
Richardson, R. W. (1996). Creating a healthier church: Family system theory,
leadership, and congregational life. Minneapolis, MN: Fortress Press.
Smith, C., & Denton, M. L. (2005). Soul searching: The religious and spiritual lives of
American teenagers. New York: Oxford University Press.
White, E. (1973). God’s amazing grace. Washington, DC: Review and Herald.
White, E. (1900). Christ’s object lessons. Mountain View, CA: Pacific Press.
______________________________________
Kathleen Beagles, Phd, é Professora Assistente de Educação Religiosa e Diretora do Currículo para o
Mestrado em Educação Religiosa no Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia da Universidade
de Andrews em Berrien Springs, Michigan, USA.
Lea Danihelov, MA, é o Revisor Especialista das admissões e licenciaturas no Seminário Teológico
Adventista do Sétimo Dia da Universidade de Andrews em Berrien Springs, Michigan, USA.
[120]
[121]

Documentos relacionados