edição 3 - Portal dos Jornalistas

Transcrição

edição 3 - Portal dos Jornalistas
Abril 2014
Marca do Davi Negri
PIRA
CICAB
A
PIRACICAB
CICABA
Newton de Almeida Mello
Numa saudade que punge e mata
Que sorte ingrata! – longe daqui,
Em um suspiro triste e sem termo
Vivo no ermo, dês que parti.
Estribilho
Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,
Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!
Em outras plagas, que vale a sorte?
Prefiro a morte junto de ti.
Amo teus prados, os horizontes,
O céu e os montes que vejo aqui.
Só vejo estranhos, meu berço amado,
Tendo a teu lado o que perdi...
Pouco se importam com teu encanto
Que eu amo tanto, dês que nasci...
Texto extraído do Livro: Carrilhões, 1ª Edição, 1957.
Marca da Poesia – “a cultura caipira sem fronteiras”
Marca Editorial
Poeta, jornalista, jornaleiro, lixeiro,
jardineiro, carpinteiro, doceiro...
A vida é mesmo de obreiro!
A primeira edição deste suplemento impulsionou o nosso mês de
março. Fomos para as ruas entregar exemplares de mão a mão. Sentimos o pulsar alegre dos leitores.
Agradecemos o apoio dos patrocinadores. Pronto: cá está o segundo número de Marca da Poesia - "a
cultura caipira sem fronteiras". Vale
a felicidade da feitura, a consciência e inquietude ante nossas imperfeições. Afinal, o que queremos é
contar boas histórias e, se algo tem
de ser feito, que seja pela graça da
palavra pictórica a alimentar livremente almas. Então sigamos firmes
e fortes no front dessa soma de expressões artísticas. Cabe aqui
transcrever o apropriado texto de
Monteiro Lobato intitulado O Livreiro. Assim escreveu ele:
"Entre os mais humildes comércios do mundo está o do livreiro. Embora sua mercadoria seja base da
civilização, pois que é nela que se
fixa a experiência humana, o livro
não interessa ao nosso estômago
nem a nossa vaidade. Não é, portanto, compulsoriamente adquirido.
- O pão diz ao homem: ou me compras ou morres de fome; - o batom
diz à mulher: ou me compras ou te
acharão feia. E ambos são ouvidos.
Mas se o livro alega que sem ele a
ignorância se perpetua, os ignorantes dão de ombros, porque é próprio da ignorância sentir-se feliz em
si mesma, como o porco com a
lama. E, pois o livreiro vende o artigo mais difícil de vender-se. Qualquer outro lhe daria maiores lucros;
ele o sabe e heroicamente permanece livreiro. E é graças a esta generosa abnegação que a árvore da cultura vai aos poucos aprofundando as
suas raízes e dilatando a sua fronde.
Suprimam-se o livreiro e estará morto o livro - e com a morte do livro
retrocederemos à idade da pedra,
transfeitos em tapuias comedores
de bichos de pau podre. A civilização vê no livreiro o abnegado zelador da lâmpada em que arde e perpetua a trêmula chamazinha da cultura".
Portanto, caríssimos, suprimam-se o jornaleiro e estará morto
o jornal.
Boa leitura!
Expediente:
Marca da Poesia - "a cultura caipira sem fronteiras". Diretor de conteúdo: Esio Antonio Pezzato. Jornalista responsável: Paulo de Tarso Porrelli
- MTb: 20.042/SP. Diagramador: Sidnei Borges. É um suplemento mensal
de fomento cultural cujos dois mil exemplares têm distribuição gratuita.
É impresso pelo matutino A Tribuna Piracicabana - jornal fundado em 1°
de agosto de 1974; sob direção de Evaldo Vicente e Astir Vallim Vicente.
Divulgue a sua marca através do Marca da Poesia "a cultura caipira sem fronteiras".
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2
Marca do Conto
Ocaso
Myria Machado Botelho
Armando estranhou o silêncio. Depois de todo aquele alarido, feito pelas
crianças e pelos jovens que há pouco se
haviam retirado, a solidão lhe doeu com
maior intensidade. Encheu novamente o
copo de cerveja, fixando os olhos na espuma desaparecendo vagarosa. O pensamento depressivo quis infiltrar-se, mas
ele procurou fugir. Olhou para a frente.
A tarde morria, depois de um esplendor desusado; as cores douradas apagavam-se lentamente, e toda a criação,
antes tão ruidosa, silenciava.
De vez em quando, um balido triste e um grasnar estridente quebravam
a quietude. Os marrecos retiravam-se,
enfileirados, do grande lago, que substituíra sua roupagem de prata cintilante por um manto azul-anil.
Toda a exuberância de há pouco: vida,
luz, odores penetrantes de animais e de
plantas lavadas pela chuva recente, ruídos perturbadores, tudo aquilo marcavalhe a alma, entrava-lhe no corpo como as
cutiladas de um algoz, implacável e invisível. Sentia-se como um ser em decomposição, desafinando a harmonia da natureza. O crepúsculo, menos hostil e acintoso, se casava melhor com ele. Poderia
dar as costas àquele sol rubro, que desaparecia cheio de grandeza e magnificência, como um soberano invencível.
Ingeriu num gole o líquido do copo e
tornou a enchê-lo, fazendo transbordar a
espuma branca, mais branca no claro-escuro. Sobre sua cabeça, as primaveras
do caramanchão também pareciam mais
alvas e lembravam grinaldas de noivas.
Anamaria! Ela seria uma noiva radiosa se o mundo a preservasse! Por que
tudo lhe recordava Anamaria? Tinha na
retina aquela figura de cabelos pretos e
lisos, emoldurando um rosto de madona.
Porém seus olhos envolventes escapavam às apreciações superficiais. Havia
neles uma força indefinível, uma determinação indestrutível e aliciadora. Ela se
fizera mulher com a pureza da criança;
seus transbordamentos alegravam a vista e o coração. Viu-a correndo no gramado, afagando o cão, prendendo nos
cabelos uma flor, segurando um coelhinho, provando um maracujá. Ainda ouvia
o som de suas risadas e da voz musical.
Aquela presença, entretanto, também
o molestava, apontando-lhe o que deveria ter procurado e o que poderia ter sido.
Através das névoas etílicas que já
baralhavam suas lembranças, via o jovem educado no culto do físico, depois
o cirurgião famoso, sem crença e sem
ideal, despido de curiosidades espiritu-
ais, entregue às dissipações e inconsequências. Nada o interessava, senão o
prazer material, a satisfação da carne,
a mulher-fêmea. Quantas desrespeitara e corrompera, quantas destruíra! Orgulhava-se de sua virilidade, de seu domínio. De cada vez que vencia uma convicção mais firme, comemorava a vitória
de forma original; nas orgias procurava
derivativos para a saturação, e nos vícios amortecia algumas teimosias morais.
Mas depois começou a derrocada. A
saúde comprometida, o desprestígio profissional, a insônia, os pesadelos noturnos
povoados de avejões, os delírios marcados
de prostrações extremas, sobretudo a tremenda solidão, imensa, incomensurável!
Tinha medo de si próprio, da consciência
da própria frustração, e sempre, e cada vez
mais se atolava no poço viscoso, que mais
parecia uma fera insaciável, exigindo vítimas e cobrando resgates dolorosos!
Levantou-se. Desejou movimentar,
espalhar o corpo no gramado. Deu alguns
passos, mas o chão lhe fugia dos pés,
enroscando-se cambaleantes. Precisava dizer a Anamaria que tinha fome de
sua presença, necessidade de um esclarecimento: o segredo de sua força.
Chegou até o "Land Rover" com dificuldade. Deu um arranco no motor e saiu
em vertiginosa carreira. O ar, quase frio,
limpou-lhe a mente, desencorajando-o da
resolução anterior. Freou violentamente o
carro, procurando ordenar os pensamentos. Precisava acabar de vez com aquela
crueldade. Ele se encontrava desprotegido de qualquer socorro, encarcerado em si
próprio. Ninguém no mundo o libertaria daquele jugo sem cadeias, nem mesmo Anamaria com toda sua piedade para com ele.
Aos poucos, desvendou-se-lhe o segredo daquela mulher, dona de absoluta harmonia interior. Sua bondade era disciplinada por um conhecimento profundo e natural dos homens e das coisas. O aspecto
frágil e infantil escondia uma noção aperfeiçoada do dever, da prudência, do respeito
aos outros e a si própria. Ela sabia moderar os prazeres, ela confiava no seu Deus.
Inútil procurar atraí-la!
Um sorriso cruel caricaturou-lhe o rosto,
ao sentir a ironia da situação, o derradeiro
apelo de um sentimento que abortava, fruto
de uma alma e de um corpo impotentes!
Levantou os olhos, estranhando o
lugar onde se encontrava. O acostamento ali era mais largo, debruçado sobre
uma plantação, irreconhecível àquela
hora. Uma brisa fresca recendendo hortelã, esfriou lhe o rosto latejante.
O sol se escondera de todo, deixando no céu quase sombrio, os vestígios de
sua indestrutível e sempiterna grandeza!
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Marca da Poesia – “a cultura caipira sem fronteiras”
Marca Lírica
O Sermão da Montanha
Esio Antonio Pezzato
3
Marca do Bolão
Cigana
Romualdo Peixoto e Paulo Roberto
Eu te encontrei na minha vida um dia
- "Aventurado seja o de espírito pobre,
Porque o reino do céu com ternuras o cobre;
Aventurado seja o que caminha aflito,
Pois consolo terá ao ser chamado bendito;
Num vestido de louca fantasia
Ó cigana das tribos vagabundas
Os teus olhos cansados de cismar
Eram duas estrelas a brilhar
Dentro da noite das olheiras fundas
Aventurado seja o pobre, o humilde e o manso,
Infundias terror a toda gente
Que a eles Deus dará seu mais fértil remanso;
Desvendando o futuro claramente
Aventurado seja o que padece em fome,
Porque no céu será chamado pelo nome;
Aventurado seja o que clama a justiça,
Invadindo as paragens do divino
Teu olhar que falava sem sorrir
Mergulhava nas trevas do porvir
E trazia os segredos do destino
Porque a sede de amor, no Eterno, também viça;
Eu também quis saber da minha sorte
Aventurado sempre o misericordioso,
Se era a vida risonha ou se era a morte
O que iria encontrar na minha estrada
Porque em misericórdia irá viver glorioso;
E dei-te a mão e as nossas mãos tremeram
Aventurado seja o de espírito puro,
Teus olhos nos meus olhos se perderam
Pois viverá em Deus, nos dias do futuro;
Eu fiquei mudo... E não disseste nada
Aventurado sempre o que põe paz no mundo,
Depois sorriste e eu te chamei: querida
Porque, filho de Deus, terá o amor profundo;
Unimos nossas vidas numa vida
E desfez-se o mistério do teu porte
Aventurado em luz quem vive perseguido,
Mas não perdeste o teu poder divino
Porque terá na terra o caminho florido;
Na minha mão não leste o meu destino
Aventurado todo o que recebe ofensa,
Porque terá de Deus, sublime recompensa!"
Porque está nas tuas mãos a minha sorte
Antonio Carlos Fioravante, o Bolão, é seresteiro piracicabano
e todo mês publica aqui letras de canções eternas
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Marca da Poesia – “a cultura caipira sem fronteiras”
4
Marcas Poéticas
Infantilidade
Gulosos
História de um
amor 002
Carla Ceres
Newman Simões
(para Manoel de Barros)
Minhas desequilibradas palavras
são o luxo do meu silêncio.
(Clarice Lispector)
Feio, eu? Mamãe não acha.
Feios são só meus irmãos,
Dois passarinhos gulosos
Competindo por minhocas,
Migalhas de velhos pães
E bolinhas de ração
Roubadas do gato gordo
Que namora nossa mãe.
palárvores
balançam ao vento
e cumprem a impermanência
de não serem elas mesmas
apoemando-se
metaforadamente.
Gatos são muito fofinhos.
Mamãe disse que o vizinho
Tem gatos de estimação.
Meu sonho é ficar bem grande,
Voar feito um gavião,
Deixar de ser avezinha,
Transformar-me em avião,
Desses que voam bem alto.
aguando desertos
passarando árvores
pedrando córregos limpos
arvorando ruas
barulhando silêncios
florando securas dessa mina de afetos
doçando o sal que abrasa mares
aforando de interiores escuros,
solarando tristezas
domingando quaresmas
argilando sonhos
sapando brejos
pirilampando espaços desluados
vidrando transparências
marmorando seixos
janelando paisagens pálidas
granitando silêncios
num pacto com a mudez
carinhando carícias
noitando tardes que não querem
deixar o dia
parindo sonhos de sonos apertados
entre cansadas vias.
Depois, planar sobre os asfalto,
Dar rasante no gatil,
Pegar um gato só meu,
Trazer comigo pro ninho,
Pra depois comer sozinho
Meu lindo gato com pão.
vou arquitetando passos
(sem entregar minha vida
ao passante tempo)
e metaforando olhares,
por esta
infantilente.
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Samantha Rios
Ele me disse: –” Chega, vou-me embora,
Mulheres como tu acho às dezenas...
Não é preciso, não, armares cenas,
Pois bem sei que é chegada, enfim, minha hora.
“Espera-me vestir, não há demora,
Não quero ouvir de ti frases obscenas,
Eu já vou indo, adeus... espero apenas
Que não me mostres um olhar que chora...
“Eu não aguento mais ver-te ao meu lado,
Esqueça que já fui o teu amado
E que o meu coração te pertenceu...”
– Assim falou, depois bateu a porta...
Desde esse dia tenho a vida morta
E, sem ele, nem sei quem mais sou eu...
De papel pardo
Angelina do Céu
Saquinho de papel pardo
O trabalho é mesmo duro assim por toda parte tão árduo
E de tanto arder as minhas mãos parecem de novo pro mundo florescer
A cada amanhecer vejo-o pelo buraco da fechadura guardado quieto no cofre sagrado dos
desejos do bem maior
Saquinho amigo - fé coragem serenidade sutileza harmonia gentileza fantasia
Preserve nossa força boa, Deus dos trovões protetor benfeitor Thor
Preciosidade sabe que guarda você Saquinho de Papel Pardo
Então parto e reparto a cada instante os meus sentires
Ouço atento o som magnânimo dos tambores celestiais
Aprecio a beleza das catedrais
Mas não me iludo com o brilho das necessárias moedas
Porque linda é sim a chama da lareira e o filete de luz da vela
Abençoados sejam seus segredos Saquinho de Papel Pardo
Reunamo-nos em cânticos
Abracemo-nos românticos
Amém!
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Marca do Entrevistado
Um maestro batuta
Jonson Sarapu de Oliveira
Arquivo Pessoal
comércio e prestação de serviços de informática.
Dedicado e atento às causas
sociais, maestro Jonson segue fazendo escola na direção do Projeto Música para Todos, cuja sede
funciona no centro da cidade. Ali,
há seis profícuos anos, crianças
e jovens aprendem gratuitamente violino, flauta transversal, piano, violão, percussão e canto coral. "A linguagem musical é uma
arte Divina e dela suscita um poder transformador para o lapidar
da índole de cada indivíduo", entoa o maestro. Mais de 300 cidadãos se alfabetizaram pelas
Maestro Jonson em Canary Wharf, Londres
Por Paulo de Tarso Porrelli
Aos treze anos ele já tocava
saxofone na Banda da Guarda
Mirim de Piracicaba e noutros grupos e orquestras da cidade. Menino predestinado a fazer o bem,
sempre fez da música uma eficaz
ferramenta de inclusão social. Foi
discípulo de Cadmo Fausto no
curso de Regência Coral do respeitado e quase bicentenário Conservatório Dramático e Musical
"Dr. Carlos de Campos" de Tatuí,
SP. E cedo encarou também o
batente como funcionário do Grupo Dedini. Casou-se com a sansei
mãos voluntárias do Projeto Música para Todos. Outro viés prático desse animador exemplo de
iniciativa privada no terceiro setor piracicabano é o Coral Nova
Vida. Com ele, Jonson e parceiros levam a alegria do canto para
dependentes químicos em clínicas; fazem apresentações em
hospitais, presídios e praças públicas da região. Em 2012 o Coral Nova Vida recebeu o 'Prêmio
Mário Covas' da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária, pelos trabalhos nas unidades
paulistas. "A música torna melhor
toda gente", pontua o maestro.
Arquivo Pessoal
Lídia Yoshioka dos Santos Oliveira e com ela partiu do Brasil em
busca de novos conhecimentos humanos e profissionais. Ambos trabalharam seis anos em Nagoya,
região central do Japão. Ao lado
do oceano Pacífico, Jonson montou o primeiro coral de brasileiros
residentes no arquipélago japonês
e atuou no campo da cultura na
Associação Nipo-Brasileira. Do
Oriente, Jonson e Lídia trouxeram
preciosas sabedorias para
Piracicaba.
Cientes
da
aplicabilidade do que aprenderam lá fora, se estabeleceram
em nossa Noiva da Colina no
Alunos do Projeto Música para Todos
Projeto Música para Todos: Rua Alferes José Caetano, 1368. Fone: 19 3422.3930.
Deseja
Feliz Páscoa a todos
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Marca do Nonno
Marcas Soltas
"Sou assim... Quem pode,
pode... Eu vivo minha
vida... Quem não pode,
'num pode'".
Chiquinha Gonzaga
"A fita é crepe"
Do caipira
"A natureza é o laboratório
natural mais perfeito que
existe no planeta".
Walter Radamés Accorsi
"Aquilo que nunca pode
ser feito não existe".
Enedir Brusantin e
Chico Coelho
Cultura caipiracicabana - fomentando e exportando manifestações artísticas.
"Piracicaba é honrosamente reconhecida como berço das artes; celeiro cultural de grande expressão mundial. Cidade que projeta e acolhe artistas de toda parte. Neste primeiro mandato,
trago comigo a música que cultivo desde jovem. E continuarei atento às iniciativas artísticoculturais que requerem apoio e incentivo... 'Piracicaba que eu adoro tanto, cheia de flores,
cheia de encanto'... E repleta de artes mil!". Vereador Pedro Cruz (PSDB).
Marca da Poesia – “a cultura caipira sem fronteiras”
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Marca da Crônica
Mercadores
Caçadores de autógrafos
Paulo de Tarso Porrelli e Maria Esperança Marianno
O mais atilado ou despercebido dos seres sabe que da vida o que se
leva são especiarias do coração acondicionadas nos armazéns da alma.
No atacado ou varejo, as necessidades de nós são semelhantes nos cantos tantos deste planeta - distinguem-se, volta e meia, algumas poucas
convenções. No entanto, fibra e altruísmo são ingredientes essenciais ao
bem-viver... Pura filosofia esse nariz de cera todo!
Bem! Vamos lá: alegre, iluminado, saudável, cheio de cheiros atraentes, agregador e colorido. Dentro dele, do que tem não falta nada. E foi
pelas mãos de vanguardistas como Prudente de Moraes que o Mercado
Municipal de Piracicaba estratificou-se, para conforto de todos, no centro
da cidade. Há 126 anos o nosso Mercadão segue firme e forte no mesmo
front a comercializar bens; razão esta do surgimento dos mercados mundiais desde as primeiras feiras medievais.
O MMP é um local de prestação de serviços indispensáveis à socialização. Tanto que garante batente a gente que gosta de lidar com gente e
que sabe madrugar, para fornecer saúde e alegria. Lá pessoas se encontram, se reencontram, proseiam - de domingo a domingo.
O espírito mercador foi fortemente demarcado nas cruzadas, depois
da derrocada do feudalismo europeu. Esse movimento ajudou a alavancar
e expandir atividades comerciais, fortalecendo toda riqueza em circulação
do oriente ao ocidente e vice-versa. Séculos à frente, Piracicaba se fez
mais forte na geopolítica e economia regional justamente ao construir e
manter em suas cercanias o seu celeiro de mercadorias e provimentos;
hoje Patrimônio Histórico do Município.
Entretanto, voltemos a nossa conversa a granel sobre quitutes; pimentas; massas; doces; pamonhas; sucos; carnes; queijos; peixes; flores;
utensílios para casa; fumos de corda; coadores de pano; chapéus de palha; materiais de jardinagem; cordas; hortifrutigranjeiros; ervas; frutas secas; sementes e tantas deliciosas maravilhas lá do Mercadão de Pira.
Pensamos até ser impossível existir um piracicabano, nato ou não e em
sã consciência, que fique muito tempo sem os pasteis de queijo e o
cafezinho de bule que, bem sabemos, somente lá encontramos.
Ademais, degustar iguarias assim é tão pitorescamente romântico
quanto saborear um pastel de Santa Clara e tomar uma "bica" numa
esplanada à beira do Tejo Lisboeta.
Ser Mercador no Mercado Municipal de Piracicaba é questão de estilo.
Ora, pois!
Armando Alexandre dos Santos, historiador e jornalista,
é membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Um dos pesos que irremediavelmente carregam as pessoas que
conseguem vencer a barreira do anonimato e chegar aos galarins da fama
é ter que suportar os caçadores de autógrafos.
São uma praga... Chegam a constituir um verdadeiro martírio para
o grande homem - ou a grande mulher - que deseja preservar um pouco
sua privacidade e não gosta de ser reconhecido em público.
Marie Curie (1867–1934), a famosa cientista polonesa que,
juntamente com seu marido Pierre Curie, descobriu a radioatividade,
detestava os caçadores de autógrafos. Chegava a ser “inimiga íntima” de
tal espécie de gente.
Pois um desses colecionadores queria a todo custo ter uma
assinatura dela. E imaginou um meio que julgou infalível.
Escreveu a ela uma carta, dizendo que acompanhava com interesse
suas atividades científicas, que era grande admirador dela, e que tomava
a liberdade de encaminhar uma modesta contribuição para ajudar suas
pesquisas, etc. etc.
A carta ia acompanhada de um cheque nominal de um valor que,
sem ser muito alto, não era desprezível... Evidentemente, Madame Curie
endossaria o cheque e o descontaria. E o emitente do cheque o recuperaria
depois no banco, guardando o cobiçado autógrafo.
Entretanto, Madame Curie não caiu na armadilha. Na semana
seguinte, o caçador de autógrafos recebeu uma carta muito amável,
assinada pela secretária da cientista. Explicava inicialmente que Madame
Curie havia recebido a carta, que ficara muito sensibilizada pela generosa
oferta, que mandava agradecer penhoradamente, etc. etc.
Depois, em post-scriptum, informava que Madame Curie não iria
descontar o cheque, porque era colecionadora de autógrafos e não queria
perder a oportunidade de conservar aquele autógrafo de um seu admirador
tão simpático e generoso.
O tiro saiu pela culatra, pois...
Já idoso, São João Bosco fez uma viagem à França, e foi recebido
com indescritível entusiasmo pelos parisienses. Sua fama era muito grande
em toda a Europa, de modo que centenas de pessoas acorreram à casa
em que ele estava hospedado, e não queriam deixá–lo em paz enquanto
não obtivessem uma lembrança ou uma relíquia dele.
Não era possível atender a todos, obviamente.
Depois de uma longa espera na fila, afinal chegou a vez de uma
idosa marquesa, muito conhecida por sua imensa fortuna e por sua ainda
maior caridade.
Sentando-se diante de São João Bosco, ela afirmou peremptória:
- Dom Bosco, daqui não saio enquanto o Sr. não me entregar um
autógrafo seu, como lembrança.
- Não seja por isso, Senhora Marquesa!
E, tomando uma folha de papel, o santo escreveu:
“Recebi da Sra. Marquesa Dona Fulana de Tal a quantia de mil
francos como donativo para as obras de caridade da Arquidiocese de
Paris”. E assinou.
Quando a marquesa recebeu o autógrafo, sorriu, abriu a bolsa e
entregou os mil francos...
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Castelinho, Piracicaba - Tel. 19 3402-4721
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Piracicaba/SP. Fone: 19 3402-1000
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Marca da Poesia – “a cultura caipira sem fronteiras”
Marca do Edu Grosso
8
Marca da Alma
"Temos de aprender a melhor
maneira de exercitar as
nossas diferenças; de perdoar;
porque mágoas são a fonte
dos males do corpo".
Selma de Aguiar Ferrato

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