shop.wma doces

Transcrição

shop.wma doces
VidaBosch
Anetta
Fevereiro | Março | Abril de 2009 • nº 17
Criando
um novo mundo
Com técnica que
une agricultura
a arquitetura, lar
vira ecossistema
sustentável
Para gostar de ler
Projetos públicos
e privados tentam
zerar o número
de cidades
sem biblioteca
Vida a um
Como quem
mora sozinho
pode tornar o
apartamento
mais confortável
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Maecenas quis purus. Curabitur nisl.
editorial
20 26
Preservando
o mundo e as
futuras gerações
Preservação ambiental é um principio
empresarial da Bosch. É por isso que
muitas das 14 patentes que a Bosch registra diariamente contribuem para o
desenvolvimento de energias renováveis, redução de emissões e economia de
combustível. Sustentabilidade e redução
de impactos ambientais são vistas não
como atitudes isoladas, mas como práticas diárias do nosso trabalho, envolvendo cada vez mais nossos colaboradores,
fornecedores, clientes e todos aqueles
que têm algum tipo de relacionamento
com a marca Bosch nesse contexto mais
amplo que é a sustentabilidade.
Em uma das reportagens especiais desta edição, falamos da prática da permacultura, um sistema diferente de pensar
o design de uma plantação, de forma a
não desperdiçar terra e usar o mínimo
de energia.
Em Brasil cresce, destacamos um setor
que vem se expandindo no país e que
vive justamente de “fazer mais”: o de alimentos funcionais — aqueles aos quais
são acrescentados nutrientes saudáveis,
como fibras e ômega 3. E, por falar em
saúde, na seção saudável e gostoso mostramos os benefícios do chá e trazemos
informações sobre como prepará-lo na
temperatura ideal. Além disso, em aquilo
deu nisso contamos um pouco história
do banho.
Aproveite mais um exemplar da Vida Bosch
na sua vida — e até a próxima edição!
Ellen Paula
32 38
Sumário
02 viagem | Cachoeiras e trilhas do Rio que não deságuam num mar de gente
08 eu e meu carro | No do carro, Zezé Polessa canta e se diverte, sem representar
10 torque e potência | Como pavimentar o caminho para o fim dos buracos
14 casa e conforto | Ambientes unidos facilitam a vida de quem vive sozinho
20 saudável e gostoso | Por que o chá é a terceira bebida mais consumida do mundo
26 tendências | Na permacultura, casa e lavoura viram ecossistema sustentável
30 grandes obras | Como atravessar a floresta com 58 mil dutos
32 Brasil cresce | Alimentos funcionais têm mais nutrientes e mais vendas
38 atitude cidadã | Nenhuma cidade sem biblioteca é a meta deste ano
42 aquilo deu nisso | Banho já foi sinônimo de reza e de encontro social
46 áudio | Viaje nas trilhas sonoras para rodar pelas estradas do Brasil
Expediente
VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing Corporativo (MKC).
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Jaime Spitzcovsky (DRT-SP 26479)
2 | VidaBosch |
viagem
O lado verde do Rio
Flávio Veloso/Opção Brasil Imagens
Trilhas entre árvores da Floresta da Tijuca, cachoeiras e até praias
quase desertas — tudo isso em plena capital fluminense
| Por Malu Toledo
4 | VidaBosch |
viagem
viagem | VidaBosch | 5
Carlos Secchin/Opção Brasil Imagens
Wagner Santos/Kino.com.br
Quasebart
O Parque
Nacional da
Tijuca conta
com a
exuberância
da Pedra da
Gávea (à esq.),
a adrenalina dos
saltos na Pedra
Bonita (à dir.) e
a beleza da
queda da
Cascatinha
(pág. ao lado)
D
estino turístico mais procurado do
país, o Rio de Janeiro tem muito mais
a oferecer do que samba, futebol e a praia de
Copacabana. Com uma natureza extasiante,
a cidade cartão-postal abriga não só uma,
mas duas das maiores florestas urbanas do
mundo. O Parque Nacional da Tijuca, com
3.972 hectares (maior que a ilha de Fernando de Noronha), perde em tamanho para o
Parque Estadual da Pedra Branca, na zona
oeste, com 12.500 hectares (maior que 641
municípios brasileiros). Ganha, porém, na
preferência de aventureiros.
Localizado na parte central do município, o parque nacional faz limite com os
bairros de Botafogo, Jardim Botânico, Gávea, São Conrado, Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Grajaú, Vila Isabel, Rio Comprido e
Laranjeiras.Divide-se em quatro setores,
ilhas verdes no oceano urbano: a Floresta da Tijuca, onde fica a administração; a
Serra da Carioca, que engloba Corcovado,
Paineiras, Sumaré, Dona Marta e Parque
Lage; a Pedra Bonita e da Gávea, voltadas
para a Barra da Tijuca; e Pretos Forros e
Covancas, que não recebem visitação.
Criado em 1961, o parque abriga um vasto patrimônio natural, com cerca de 600
espécies vegetais, entre nativas da Mata
Atlântica e exóticas, e mais de 300 espécies
de animais. O local, cuja gestão é compartilhada entre a prefeitura do Rio e o Ibama,
recebe cerca de 1,7 milhão de visitantes
por ano. A grande maioria — mais de 1,2
milhão — é atraída pelo Cristo Redentor. A
visão do alto do Corcovado é de fato deslumbrante, mas por que se restringir a ela?
O parque tem 69 elevações geológicas, 42
vales, 43 córregos e rios, 43 cascatas e cachoeiras, dois lagos, 19 pequenas represas
e 61 grutas e cavernas. Atualmente, há 99
trilhas sinalizadas.
A Floresta da Tijuca, que concentra
passeios ecológicos e históricos, é o cenário perfeito para praticar caminhadas,
ciclismo e montanhismo. O caminho para
se chegar às cachoeiras, grutas e picos é
percorrido ao som do canto dos pássaros
e sob a sombra de árvores monumentais,
onde se avistam animais como saguis.
Tanta exuberância pode dar a impressão de que a floresta é um recanto intocado no meio da metrópole, mas a área é
fruto de reflorestamento. Após anos de
desmatamento intenso, com a ocupação
de chácaras e o plantio de cana-de-açúcar
e café, Dom Pedro 2º a desapropriou em
1861; 13 anos depois, já haviam sido plantadas 100 mil mudas de espécies nativas
da Mata Atlântica.
O resultado está na atmosfera, no ar
puro que se respira antes mesmo da chegada à entrada principal, no Alto da Boa
Vista (praça Afonso Vizeu, logo depois do
Corpo de Bombeiros para quem sobe pela
Barra da Tijuca). No centro de visitantes,
é possível obter informações sobre as trilhas. Quem não tem experiência ou quer
explorar caminhos mais tortuosos deve ir
acompanhado por guias turísticos. Marco
Antonelli, coordenador de ecoturismo do
parque, diz que, para segurança dos pró-
O Parque Nacional da Tijuca abriga
600 espécies vegetais e mais de
300 espécies de animais. Tem
43 córregos e rios, 43 cascatas e
cachoeiras e 61 grutas e cavernas
prios visitantes, é pedido que avisem na
guarita aonde pretendem ir (importante:
o celular não pega em alguns pontos).
A área fica aberta ao público todos os
dias, das 8h às 18h, e a entrada é gratuita.
A estrada asfaltada que atravessa a Floresta é compartilhada por carros, ciclistas e
pedestres. Por ela, o visitante logo chega
ao largo da Cascatinha, onde ficava a casa do pintor francês Antonie Taunay (avô
do escritor Visconde de Taunay). O banho
é proibido na Cascatinha, mas a visita à
queda d’ água de quase 30 metros de altura é recompensada pela grande beleza
do lugar.
O caminho bucólico da estrada leva à capela Mayrink, do século 19. A igrejinha rosa,
restaurada nos anos 1930, foi adornada com
pinturas de Cândido Portinari; o jardim foi
projetado por Burle Marx. Os casamentos
que ainda são realizados ali dão um toque
ainda mais pitoresco ao local, que parece
extraído de um conto de fadas.
O passeio pode continuar pelo circuito das grutas, que começa e termina nos
restaurantes A Floresta e Esquilos, que
ocupam casarões antigos. A trilha circular interna passa por oito grutas. A mais
imponente é a do Morcego, que tem cerca de 20 metros de altura e 100 metros de
comprimento. Nos dias ensolarados, o estreito espaço entre as rochas é iluminado
por um foco de luz.
Outra pedida é tirar o dia para subir até
o Pico do Papagaio, a 989 metros de altitude, onde é possível praticar rapel. Durante
a caminhada, feita quase toda na sombra,
há pequenos mirantes de onde se veem
trechos da cidade maravilhosa. A trilha é
leve só até chegar a uma bifurcação, onde
se entra à esquerda. Quem pega a direi-
ta chega ao Pico da Tijuca, o mais alto do
parque, a 1.022 metros de altitude — de lá,
contempla-se uma das mais espetaculares
vistas: as praias, a Pedra da Gávea, o Maracanã, a Baia da Guanabara, as cidades
serranas e Niterói.
Algumas empresas de ecoturismo oferecem esses e outros roteiros. No site da
Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (www.abeta.
com.br), é possível verificar quais operadoras fazem parte do programa Aventura
Segura, do Ministério do Turismo.
Para quem tem pouco tempo, uma boa
opção é aproveitar as cachoeiras do Horto,
muito frequentadas pelos cariocas. O acesso é fácil e, melhor, o banho é permitido e
relaxante. As cachoeiras do Quebra e do
Chuveiro têm belas piscinas naturais. A trilha sai da estrada Dona Castorina, no fim da
rua Pacheco Leão, no Jardim Botânico.
No Maciço da Gávea, a emoção continua
com escaladas íngremes e voos livres. O
melhor caminho é a estrada das Canoas, em
6 | VidaBosch |
viagem
viagem | VidaBosch | 7
Fotos Sérgio Soares
Ponte Pres. Costa E. Silva
Bento Ribeiro
Baía de
Guanabara
Rio de
Janeiro
101
Niterói
RJ
Parque Estadual
da Pedra Branca
Pedra da
Tartaruga
e Praia do
Perigoso,
onde pode se
praticar rapel
São Conrado. O trecho até a Pedra Bonita
não é tão arborizado quanto o da Floresta, mas o percurso é tranquilo e leva a um
dos mirantes mais incríveis do Rio. De lá, é
possível descer de asa-delta ou parapente
até a praia de São Conrado e do Pepino, na
Barra. Quem tiver mais prática e fôlego pode se aventurar a subir a Pedra da Gávea, a
842 metros de altura. A caminhada puxada é recompensada pela vista panorâmica
que se tem de um outro ângulo da cidade:
as praias, o Pão de Açúcar, o Corcovado.
Em um trecho mais inclinado do trajeto,
é preciso usar pés, mãos e equipamentos
de segurança para subir. Cercado de misticismo, o local é um dos mais procurados
do parque. A estimativa é que cerca de 80
Tijuca
Parque Nacional
da Tijuca
Barra da Tijuca
O Parque Estadual da Pedra Branca, a maior
unidade de conservação do município, que
engloba diversos bairros — como Recreio
dos Bandeirantes, Vargem Pequena, Guaratiba e Jacarepaguá —, ainda é desconhecido por muitos cariocas e praticamente
intocado. Criado em 1974, tem vegetação
típica da Mata Atlântica e abriga o ponto
mais alto da capital, o Pico da Pedra Branca, com 1.024 metros de altitude. As duas
principais entradas do parque são a Sede
do Pau da Fome, na Taquara, e a da Estrada do Camorim, abertas das 8h às 17h.
da Prainha, no final do Recreio. Cercado de montanhas cobertas de vegetação
nativa, o santuário ecológico de apenas
700 metros de extensão atrai muita gente. A vizinha Grumari, área de proteção,
também é muito frequentada por surfistas por causa das grandes ondas. O ideal
é chegar por trilhas às cinco praias, tão
belas quanto pouco frequentadas, conhecidas como Selvagens: Funda, do Inferno,
do Meio, do Perigoso e dos Búzios. Meio,
do Perigoso e dos Búzios. Com tantas opções ainda pouco exploradas da cidade
maravilhosa, as belas — porém lotadas —
praias de Copacabana, Ipanema e Leblon
podem ficar, se ainda sobrar fôlego, para
depois das trilhas.
Sinal verde para o sistema elétrico
Antes de passear de carro para conhecer o
lado verde do Rio de Janeiro, é recomendável
que o sistema elétrico tenha passado por
manutenção periódica, especialmente em
épocas de calor e chuva, como o verão.
Nessa revisão, é importante verificar o motor de partida, ou de arranque. Trata-se
de um pequeno motor elétrico cuja função
é dar força inicial para o motor principal
(aquele a combustão) entrar em ação. Ele
é acionado assim que o motorista vira a
chave do carro. A partir daí, o equipamento transforma a energia elétrica da bateria
em energia mecânica, que fará o motor a
combustão girar até alcançar a rotação mínima para funcionar sozinho.
A atuação do motor de partida, portanto,
dura pouco — de 2 a 5 segundos, em média,
o motor a combustão já atinge o nível de
rotação necessário para a autonomia. No
entanto, ele é fundamental: sem o dispositivo o carro simplesmente não liga.
A entrada de resíduos (poeira, areia, ou água)
pode danificar os contatos elétricos e comprometer a movimentação de algumas de
suas peças. Por isso, em uma revisão periódica (veja o período exato no manual de
seu carro), convém checar os componentes
do motor de partida, como as buchas, mais
expostas aos resíduos do ambiente.
A revisão também pode incluir o alternador — sem o qual não funcionam os equipamentos elétricos do automóvel (vidro,
limpador de para-brisa, ajustes automáticos, sistema de ignição, etc.). Para garantir
Pedra Branca — e alta
Lagoa Rodrigo
de Freitas
Parque da Cidade
Para as caminhadas de longas distâncias é
necessário pedir autorização à Fundação
Instituto Estadual de Florestas (IEF), que
administra o local.
O conselho é seguir sempre com guia
especializado. Um dos passeios mais procurados é a trilha com vegetação densa
até o Açude do Camorim, um grande lago
localizado a 436 metros de altitude.
Segundo o guia de turismo Fernando
Teixeira, a melhor época para qualquer uma
dessas atividades é entre maio e setembro:
não está tão quente, o céu fica mais limpo
e há menor possibilidade de chuvas.
Mesmo no assunto pelo qual o Rio é mais
conhecido — praias — é possível escapar do
burburinho. A melhor opção fica depois
mil pessoas visitem a área por ano, segundo Antonelli.
Morro do
Pão de Açúcar
Jardim
Botânico
São Conrado
Onde ficar
Onde comer
Solar de Santa
Ladeira dos Meirelles, 32.
Santa Teresa • (21) 2221-2117
www.solardesanta.com.br
Os Esquilos
Estrada Barão d’ Escragnolle, s/n., Floresta da Tijuca. • (21) 2492-2197• Das
12h às 18h; fecha às seg.
Katura Garden – Barra de Guaratiba
Est. Barra de Guaratiba, 1245.
(21) 3156-0708
www.katuragarden.com
Aprazível
R. Aprazível, 62. – Santa Teresa
(21) 2508-9174 • Das 12h às 23h (ter.
a sáb.) e 12h/18h (dom.)
Baron Garden
R.Barão de Guaratiba 195,
Glória
www.barongarden.com
Tia Palmira
R. Caminho do Souza, 18. Barra de Guaratiba • (21) 2410-8169 • 11h30 às 17h
(sáb. e dom. até 18h); fecha às seg.
Arquivo Bosch
Dicas do Bosch Service
que o ar-condicionado, por exemplo, resfrie
mesmo sob o calor do Rio, é preciso um
alternador em bom estado.
Esse dispositivo faz o contrário do motor
de partida: transforma a energia do motor
a combustão em energia elétrica — e, assim, alimenta os equipamentos elétricos
do veículo. A manutenção é necessária
para avaliar se há necessidade de reparo
no alternador ou em algum de seus componentes (o rolamento do alternador, por
exemplo, pode se desgastar com a entrada
de resíduos durante as chuvas).
Os carros com injeção eletrônica dependem
de energia para funcionar. Se ele quebrar,
o motorista depende da bateria, que dura
menos do que duas horas. Por isso, ele é
um item essencial para a segurança.
A revisão pode ser feita na rede Bosch Car
Service, que conta com técnicos capacitados para fazer manutenção do sistema
elétrico com a qualidade e a tecnologia da
Bosch. Encontre a oficina mais perto de
você em www.boschservice.com.br
8 | VidaBosch |
eu e meu carro
| Por Mariana Desidério
Para a atriz Zezé Polessa,
dirigir tem de ser prazeroso;
câmbio hidramático, piloto
automático e MP3 player
ajudam nessa tarefa
G
Marino Azevedo/Photocamera
Os prazeres da direção
uiar em velocidade, de preferência
na estrada, enquanto escuta músicas
e canta, evitando o mau humor do trânsito
— tudo isso num carro de câmbio automático, para dispensar até o trabalho de trocar de marchas. Para a atriz Zezé Polessa,
ou Maria José de Castro Polessa, dirigir
tem de ser assim: um momento de prazer
e tranquilidade.
Filha de um protético dentário (que faz
próteses e aparelhos para os dentes), a atriz
vem de uma família sem carros. Quando
estudou e concluiu o curso de Medicina,
não tinha automóvel. Quando, após refletir
muito e optar pela carreira artística (“teve
dúvida, sofrimento, mas, na hora da decisão, a coisa foi como um parto: ninguém
segura”), começou a atuar em peças, filmes
e novelas, fez tudo isso sem ter carro.
Zezé, hoje com 55 anos, só foi assumir o
volante aos 35. Com um filho de cinco anos
e o casamento no final, ela resolveu ficar
independente das caronas. Desde então,
a atriz já gostou tanto dos carros menores
quanto dos robustos 4x4, sua preferência
atual. Ainda assim, até hoje prefere não ir
ao trabalho dirigindo — reserva a tarefa para
compromissos pessoais e viagens.
Na época em que aprendeu a dirigir, Zezé chegou a ser considerada a barbeira do
Rio de Janeiro — não por seu desempenho
na direção, mas por sua atuação na novela
“Top Model” (1989/1990), da Globo, em que
interpretou a desastrada Naná. No comando
de uma Kombi, Naná buscava as crianças na
escola e, de quebra, acabava com o sossego
dos motoristas. Bem humorada, Zezé conta
que no dia seguinte ao primeiro capítulo
da novela já foi reconhecida. O motorista
não teve dúvida: “Cuidado com a barbeira!”, avisou. “Ele já tinha visto a novela e
eu já era a barbeira da cidade”, lembra a
atriz, que atualmente está em cartaz com
a peça “Não sou feliz, mas tenho marido”
e cujo último trabalho na televisão foi a
novela “Beleza Pura”, na Globo.
Ela confessa que, na vida real, também é
um pouco distraída, principalmente quando
está acompanhada e conversando. Mas se
apressa em ressaltar: “Nunca bati. Só um
amassadinho às vezes, mas nada sério.” Trocar de marcha era um problema. “Chegava
uma hora que, na minha distração, eu não
sabia mais em que marcha estava. Ficava
‘já passei a quarta? Estou na terceira? Na
quinta?’”. Não por acaso, seu automóvel
atual, um Honda CR-V, é automático. “Agora
acho que marcha é uma coisa esquisitíssima, totalmente desnecessária”, conta Zezé,
que se prepara para um novo trabalho no
cinema — “O Bem Amado”, que deve estrear
no segundo semestre de 2009.
Além de livrar a atriz das dificuldades
com as marchas, os recursos automáticos
foram importantes por desempenharem
outro trabalho sujo: regular o acelerador
nas estradas. Zezé, que gosta de velocidade, lamenta que nas rodovias brasileiras os
limites não permitam grandes ousadias, e
conta que, agora, é o piloto automático que
limita a velocidade quando ela está viajando. “Uso na estrada. É maravilhoso”.
Já que a troca das marchas e a regulação
da velocidade não são mais problemas, a
atriz pode se ocupar com coisas que tornam
sua direção ainda mais prazerosa: ouvir e
cantar músicas e distribuir gentilezas pelo trânsito. Em seu carro, ouve-se de pop
(Amy Winehouse, ultimamente) a música
clássica, passando por MPB. A música pode
vir tanto do MP3 de seu telefone, que ela
liga no aparelho de som, quanto das rádios,
que prefere quando dirige na cidade, para
ouvir músicas novas e notícias.
Quem acompanhar Zezé no trânsito também poderá ouvi-la falando com os outros
motoristas e testemunhar seu bom humor
ao dirigir. “Eles não ouvem, mas eu falo.
Quando me dão passagem é ‘ô fofinha, muito
obrigada, lindinha!’” A gentileza da atriz
também aparece quando é ela que precisa
ajudar os outros carros. “Dou passagem
quando é táxi, sei que o cara roda aí o dia
inteiro. Também deixo ônibus passar, porque
está levando 50 pessoas e eu estou sozinha
no carro, é justo que ele passe na frente.
Eu não discuto no trânsito.”
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
Ligação direta com o celular
O hábito de usar recursos do celular para ouvir música no carro,
como faz Zezé Polessa, é recente.
Os telefones mais modernos podem transmitir o áudio dos arquivos
MP3 diretamente para o som do
automóvel, sem a necessidade de
fios. Isso, entretanto, só é possível
nos sons automotivos mais atualizados, como o Hamburg MP68,
lançado em 2008 pela Blaupunkt,
marca do Grupo Bosch. O responsável pela conexão entre os dois é o
bluetooth, um sistema de transmissão de dados por pequenas ondas
de rádio que também deve estar
presente no celular com a função
audio streaming.
A tecnologia bluetooth permite também acessar a agenda do telefone
pelo rádio e, ainda, fazer e receber
ligações. Para atender enquanto
estiver guiando, basta apertar o
botão verde, no lado esquerdo do
autorrádio. O Hamburg MP68 conta
com um microfone de ambiente, o
que melhora a nitidez na captação
de voz e evita ecos. Na hora de fazer
a chamada, além dos números da
agenda, o som automotivo tem um
teclado alfanumérico para discar
diretamente do aparelho.
Quem não tem um celular com
bluetooth, mas também quer cantar no carro, ainda pode usar a
entrada USB do Hamburg para
acessar as músicas do pendrive,
tocar arquivos de MP3 guardados
em CDs ou acoplar um acessório
à entrada auxiliar do rádio para
executar as canções armazenadas
em um MP3 player.
torque e potência
| Por Manuel Alves Filho
Shutterstock
10 | VidaBosch |
Saindo do buraco
Concreto e asfalto podem ser usados para abrir novas estradas ou reparar
as já existentes; a escolha depende do volume e do tipo do tráfego
A
última pesquisa rodoviária promovida pela Confederação Nacional
do Transporte (CNT), de 2007, apurou
que mais da metade (54,5%) da malha
de estradas brasileiras analisada apresentava pavimento em estado regular,
ruim ou péssimo, o que corresponde a
47.700 quilômetros com algum grau de
deficiência. Desses, 16.300 quilômetros
apresentavam predominância de defeitos como afundamentos, ondulações e
buracos ou encontravam-se totalmente
destruídos. Além de representar um risco
à segurança dos usuários, o mau estado de
conservação das estradas traz impactos
ao bolso de todos, contribuindo para o
encarecimento dos custos com transporte – que são transferidos ao preço final
de vários produtos.
Portanto, que as pistas brasileiras precisam de reparos não se discute. Quando
se pensa em restaurar ou abrir novas estradas, secretários de obras se deparam
com uma questão: massa asfáltica (asfalto)
ou concreto? Qual desses dois materiais
é o mais adequado para recuperar as velhas rodovias e abrir novas estradas no
país, acabando com a buraqueira? Para
especialistas de diferentes áreas, desde
que dentro das especificações e que sejam
usados seguindo recomendações técnicas, os dois tipos de pavimento podem ser
eficientes em situações diferentes.
As diferenças
A escolha entre o asfalto (chamado de pa-
vimento flexível) e o concreto (pavimento
rígido) depende, em primeiro lugar, das
características da estrada, explica Mario Sérgio Escudeiro, gerente de projetos
da Engelog, empresa que integra a Companhia de Concessão Rodoviária (CCR),
responsável pela administração de 1.484
quilômetros de rodovias no Brasil, entre
elas o Sistema Anhanguera/Bandeirantes.
“Por ser mais resistente, o concreto é recomendado para rodovias que recebem
tráfego pesado e lento. Esse tipo de pavi-
mento, quando bem aplicado, não sofre
deformações nessas condições”, afirma.
Outra característica positiva do pavimento
rígido, acrescenta, é o seu tempo de vida
útil, que pode superar 30 anos.
O concreto, entretanto, também apresenta desvantagens quando comparado
com o asfalto, destaca Escudeiro. Ele exige maior cuidado técnico no momento
da execução e tem um custo inicial mais
elevado. A diferença de preço, informa o
especialista, varia bastante e depende de
fatores como distância das usinas de concreto, poder de negociação dos executores da obra e variação do preço do petróleo, matéria-prima do asfalto. O concreto,
de acordo com Escudeiro, também pode
oferecer menor conforto ao usuário, pois
exige a presença de juntas de dilatação,
pequenos cortes na pista que permitem
a contração e a expansão do material em
razão da mudança de temperatura. É comum o motorista sentir um solavanco ao
passar com o veículo sobre esses pontos.
torque e potência
torque e potência | VidaBosch | 13
Clóvis Ferreira/Digna Imagens
Nas rodovias
Anhanguera
e Bandeirantes,
tanto o asfalto
quanto o
concreto são
utilizados
Quanto ao asfalto, prossegue o gerente da
Engelog, ele é indicado para rodovias com
trânsito leve e rápido. “O tempo de vida
útil é menor [de três a dez anos, de acordo com os fabricantes do produto], mas,
em compensação, o asfalto é mais barato.
Além disso, é bem mais fácil e custa menos
fazer reparos”, pondera Escudeiro.
Defensora do uso de concreto, a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP),
representante da indústria do cimento (um
dos componentes do concreto) no Brasil,
concorda que os dois materiais devem conviver nas rodovias brasileiras, mas destaca
vantagens relacionadas à segurança quando o material escolhido é o que produz. “As
rodovias alemãs, as chamadas autobans,
consideradas as melhores do mundo, são
feitas em concreto. Esse tipo de material,
além de mais resistente, oferece maior segurança e conforto aos motoristas. Há um
melhor escoamento da água da chuva, em
função das ranhuras existentes no piso, o
que evita a aquaplanagem”, afirma Ronaldo
Vizzoni, gerente nacional de infraestrutura
da entidade. O diretor da ABCP acrescenta
O concreto é mais indicado para
recuperar rodovias com trânsito
intenso e pesado; o asfalto
serve a estradas com tráfego
leve e a vias urbanas
que o concreto permite maior aderência dos
pneus, fazendo com que os veículos precisem de menos espaço para frenagem. “Não
podemos esquecer, ainda, que o concreto é
um pavimento claro, e por isso reflete melhor a luz. Isso amplia o campo de visão do
motorista e reduz os investimentos em iluminação pública.” Sobre as desvantagens
relacionadas ao custo inicial do concreto,
Vizzoni argumenta: “Graças ao aprimoramento tecnológico, essa diferença caiu muito
nos últimos anos. Ela está em apenas 5%.
Entretanto, essa margem desaparece com
o tempo, pois o concreto praticamente não
exige manutenção”.
As diferenças entre os materiais não
são tão flagrantes assim para o diretor
técnico da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfalto (Abeda),
Raymundo Costa Pereira. Ele afirma que
o pavimento flexível pode ser empregado
com igual sucesso em uma estrada vicinal de pouco movimento ou em uma autopista com trânsito intenso e pesado. “O
concreto é mais eficiente se utilizado em
rodovias de plataformas amplas, com mais
de duas faixas de rolamento e com tráfego
intenso, pesado e canalizado. Nos demais
tipos de rodovia, ele perde em eficiência
para o asfalto. Nesse caso, eficiência deve
ser entendida como um fator que abrange
economicidade e praticidade de aplicação
e manutenção”, defende.
Qualidade em qualquer pavimento
“O concreto é mais indicado para rodovias
com trânsito intenso e pesado, corredores de
ônibus e estacionamentos para caminhões.
O asfalto serve a estradas com tráfego leve
e a vias urbanas. Não há uma solução universal”, avalia o professor Cássio Eduardo
Lima de Paiva, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O especialista em dimensionamen-
to e manutenção de pavimentos rígidos e
flexíveis avalia que outras vantagens são
“pouco palpáveis”. Ele afirma desconhecer
estudos científicos que apontem que este
ou aquele evite a aquaplanagem ou que um
ou outro seja mais eficiente em relação à
reflexão de luz.
Alheio às discussões técnicas, quem vive
rodando pelas estradas avalia que as diferenças entre os materiais são mínimas. “O
único aspecto que percebemos claramente
é que os governos, tanto federal quanto estaduais, deram uma demonstração de que
não têm capacidade técnica e financeira
para cuidar das nossas rodovias. Chegamos à triste conclusão de que é melhor que
sejam entregues à iniciativa privada. Nosso cuidado vai ser lutar para que a tarifa
de pedágio não seja tão elevada quanto é
hoje”, lamenta Diumar Bueno, presidente
da Federação Interestadual dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens
(Fenacam), que representa os caminhoneiros de todo o país, exceto os de São Paulo,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A avaliação do dirigente sindical faz sentido, segundo o professor Cássio Paiva. Ele
considera que o mau estado de conservação
das rodovias, principalmente as que estão
sob a responsabilidade da administração
pública, é resultado de um longo período
sem investimentos em obras de recuperação e preservação. “Deixaram os dentes
estragar para fazer a dentadura”, compara.
“As obras têm sido feitas muito mais para
dar funcionalidade às estradas do que para restaurá-las. Ações como as chamadas
operações tapa-buraco, por exemplo, não
são duradouras”, acrescenta. Outro fator
que concorre para a deterioração dos pavimentos é a falta de controle em relação
ao excesso de carga dos caminhões. Essa
prática pode fazer com que a vida útil do
pavimento seja reduzida em até 25%. Contribuem ainda para o desgaste precoce das
estradas os erros técnicos de construção
(relativos à compactação do solo, espessura do pavimento, entre outros) e o emprego de materiais de baixa qualidade, de
acordo com o especialista.
Em 2007, antes da crise financeira global, o Ministério dos Transportes lançou o
Plano Nacional de Logística e Transportes
(PNLT) com o objetivo de pautar políticas
dos próximos quatro Planos Plurianuais
(PPAs), de 2008 a 2023. O PNLT prevê investimentos de R$ 172,4 bilhões nesse período. Destes, R$ 74,2 bilhões (43%) estão
destinados à recuperação e manutenção
da malha rodoviária nacional. Mas até que
as estradas estejam em boas condições
de uso, os brasileiros continuarão enfrentando gastos e riscos. Dados do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
apontam que as rodovias em mau estado de conservação são responsáveis por
um aumento de 38% no custo de manutenção dos veículos e de 58% no consumo de
combustíveis. Também respondem pela
metade dos acidentes de trânsito registrados no Brasil, que impõem um custo
social e econômico ao país de R$ 24,6 bilhões ao ano. São dados concretos e que,
infelizmente, não estão sujeitos a simples
recapeamentos.
A Bosch na sua vida
Pronto para qualquer estrada
Para motoristas que fazem longas viagens, manter o veículo sempre em ordem é essencial, pois o uso frequente gera
desgastes e prejudica a regulagem dos componentes do caminhão. Quando é preciso enfrentar estradas em mau estado
de conservação, sejam elas de asfalto ou concreto, os danos
podem chegar mais rapidamente, e a atenção com a manutenção preventiva deve ser redobrada.
Onde quer que estejam, os caminhoneiros podem recorrer ao
Bosch Truck Service para ajustar seus veículos e consertar
componentes com problemas. São 415 oficinas espalhadas
por todos os Estados do Brasil, que oferecem serviços de
diagnóstico e reparo de sistemas elétricos, manutenção de
injeção, direção hidráulica e filtros, entre outras peças.
O sistema de injeção, por exemplo, sofre desgaste natural
com o tempo e perde a calibragem. As oficinas Bosch Truck
Service contam com aparelhos de diagnóstico para detectar
eventuais falhas. Devidamente regulado, o sistema de injeção
faz o motor render mais e poluir menos.
É também importante revisar, a cada 10 mil quilômetros, o
filtro de óleo diesel, que precisa estar em bom estado para
que componentes do motor não sejam danificados. O mesmo
Arquivo Bosch
12 | VidaBosch |
é indicado em relação ao filtro de ar, importante no caminhão
para evitar que impurezas e umidade tragam danos ao intercooler (equipamento que resfria e comprime o ar, aumentando
a quantidade de oxigênio e melhorando a combustão). Se o
filtro não funcionar, pode haver oxidação das peças e perda
de rendimento do motor. Para saber onde você pode fazer a
revisão de seu veículo, acesse www.boschservice.com.br
14 | VidaBosch |
casa e conforto
| Por Tiago Mali
Aprender a ser só
Divulgação
Portas de correr, móveis baixos e cortinas que vão para a máquina de lavar
podem tornar mais agradável a vida de quem mora sozinho
16 | VidaBosch |
casa e conforto
casa e conforto | VidaBosch | 17
Fotos Marcos Pinto
Shutterstock
Cozinha
e sala podem
perder as
portas para
aumentar a
sensação de
espaço
Q
uando o jornalista Athos Sampaio
saiu do apartamento em que vivia
com um amigo para morar sozinho, em maio
de 2003, teve de se acostumar com algumas
novidades: ter menos espaço, arcar com
mais despesas e enfrentar a solidão. Como
ele, mais de 6 milhões de brasileiros (que
ocupam 1 de cada 10 domicílios no país)
não dividem seus tetos. Por opção ou necessidade, adotam um estilo de vida mais
prático, o que muitas vezes significa morar
em casas ou apartamentos pequenos.
“Hoje, tenho só dois ambientes: uma sala,
que também é cozinha, e um banheiro, que
também é lavabo”, conta Sampaio, que vive
numa quitinete de 30 m2 no centro de São
Paulo. Nisso, ele não está só, segundo o arquiteto Antonio Ferreira Jr. “Cerca de 90%
dos nossos clientes que moram sozinhos
vivem em espaços reduzidos. É importante
aproveitar cada canto”, afirma.
Além de ajudar a reduzir despesas, morar em um imóvel pequeno também ajuda
a combater a solidão. “Uma pessoa nessa
situação não quer morar [num lugar] grande
porque fica uma sensação de vazio. Locais
menores trazem conforto e aconchego — o
que temos de fazer é tentar anular a sensa-
ção de sufoco que pode vir deles”, assinala
a arquiteta de interiores Mariza Freitas.
Sem divisão
Quebrar as paredes para unir cômodos é
uma recomendação de consenso entre os
especialistas quando a ideia é evitar o sentimento de clausura. “As pessoas querem
transformar a casa em um lugar prazeroso
para receber os amigos. A integração permite que todos estejam no mesmo ambiente. Pode-se cozinhar enquanto se conversa
com alguém na sala, por exemplo”, diz a
arquiteta Walléria Teixeira, responsável
pela elaboração de um flat para solteiros
na Casa Cor 2008, em Brasília. A arquiteta
Flávia Martins usou e abusou da ideia em
um projeto de 37 m2 no Rio de Janeiro, no
qual ela uniu sala, quarto e cozinha. A especialista trocou o banheiro - que ficava
no meio do caminho - de lugar e fez com
que o quarto fosse separado da sala por
um móvel vazado (os buracos permitem
enxergar o outro lado e ampliam a sensação de espaço). Não usada pela cliente de
Flávia, a área de serviço virou uma outra
parte da cozinha. Além dos móveis vazados,
Walléria Teixeira sugere, para aumentar es-
paço, instalar portas de correr, que juntam
ou separam os ambientes de acordo com
a situação. Ela indica, em especial, as que
têm trilhos do tipo TPD — que permitem
que todas as partes (folhas) de uma porta
fiquem juntas quando ela está aberta, ao
invés de um conjunto ficar do lado direito
e o outro, do lado esquerdo.
Portas de correr têm uma grande vantagem em ambientes pequenos: desobstruem
as passagens e aumentam a área útil. “Em
todo o raio de uma porta comum você não
pode colocar nenhum objeto. Perde espaço
onde já não se tem muito”, observa Mariza.
Colocado em estantes, o artifício pode ser
usado para organizar mais o lar, segundo
o designer de interiores Apoena Parente.
“Estantes fechadas com portas de correr
criam uma sensação de ordem maior. Esconder um pouco a bagunça é importante
quando o ritmo de vida não nos permite
organizar objetos e livros em prateleiras e
armários”, explica o arquiteto, que passou
nove de seus 32 anos morando sozinho.
Usar cada espaço
Parente começou a conhecer em profundidade o tema quando se mudou para Bra-
sília, em 2001. O arquiteto manauense, por
questões financeiras, decidiu ficar em um
apartamento de 30 m2, “nove passos de uma
extremidade à outra do imóvel”. Colocando
em prática seus conhecimentos, tentou tornar o ambiente mais agradável e passou a
indicar suas soluções aos clientes. “Sempre
aconselho, por exemplo, a comprar poucos
e pequenos móveis. Em espaços reduzidos,
móveis volumosos prejudicam muito a circulação. Mesas de seis lugares ou geladeiras
grandes dão a sensação de que o espaço é
menor ainda”. Outra boa ideia, sugere, são
os móveis que o morador pode deslocar ou
transformar conforme a situação, como puffs e sofá-cama. Além disso, fica bem uma
mesa de canto que vira mesa de centro para
receber amigos, ou racks com rodinhas –
que ajudam na hora da faxina.
Athos Sampaio aprendeu da pior forma: Hoje, só uso móveis pequenos e que se
A Bosch na sua vida
Onde há coifa não há fumaça
Integrar vários ambientes, como sugerem arquitetos e decoradores, exige cuidado redobrado para que cozinhar não
signifique encher todos os cômodos da
casa de fumaça.
Para evitar isso, uma coifa silenciosa
e que tenha grande poder de exaustão é imprescindível. A Coifa Curva da
Bosch alia essas duas características
à praticidade: seus filtros de alumínio
não são descartáveis e podem ser facilmente limpos em uma lava-louça e
depois recolocados no equipamento, o
que, além de proporcionar economia, é
ambientalmente sustentável.
Além disso, o aparelho tem design di­
fe­renciado (foge do modelo retangular
convencional) e duas opções de tamanho: 90 e 60 centímetros – este ideal
para fogões de quatro bocas.
O máximo poder de sucção do equipamento é obtido quando a coifa é ligada
a uma tubulação que conduza a fumaça
para fora do ambiente. Entretanto, se
não for possível a instalação dos dutos, o produto pode funcionar como
um depurador.
A coifa conta com duas lâmpadas ha­
ló­genas (que dão mais visibilidade) e
três velocidades – o que pode ser útil
para quem só precisa fazer comida para
Arquivo Bosch
uma pessoa. Se a intenção for cozinhar
pouco e sem excesso de gordura, usar
uma velocidade inferior faz com que o
aparelho funcione com nível de ruído
ainda menor.
18 | VidaBosch |
casa e conforto
Fotos Andrea Marques/Fotonauta
casa e conforto | VidaBosch | 19
Ao integrar a sala com a
cozinha, é necessário ter uma
coifa eficiente para não permitir
que todo o ambiente acabe
ficando engordurado
encaixam. “Mas, antes, comprei uma mesa de computador que entulhou o apartamento. Ainda mais depois que passei a
ter um laptop”, lamenta. Em casos como o
dele, a tecnologia também pode dar uma
mão. Da mesma forma que o laptop torna
desnecessária uma mesa especial para o
um computador, há televisores de LCD que
podem ser plugados diretamente ao PC,
dispensando o monitor, e videogames (ou
notebooks) que, ligados à TV, fazem o papel
do aparelho de DVD. Essa integração pode
ajudar na criação de home office dentro da
sala, economizando mais espaço.
Cozinha menor
A união entre ambientes, no entanto, pode
trazer inconvenientes. Para evitar que o
cheiro da cozinha se espalhe, Parente recomenda caprichar na coifa. Se ela não for
boa, “o cheiro e a gordura da comida, além
do barulho, podem passar mais facilmente
de um cômodo a outro”, destaca.
O arquiteto Antônio Ferreira Jr. chama
ressa, convém escolher luz amarela para
cobrir tudo isso, ao invés da branca. “Ela
mostra as cores de forma mais real, tem capacidade de iluminação igual e proporciona
um conforto maior,” indica Parente.
Praticidade
O conforto para os olhos pouco adianta se
não for combinado com praticidade, avisam
os especialistas. Uma pessoa que mora sozinha, com pouco tempo para se dedicar à
faxina, agradece se os materiais usados no
lar forem fáceis de limpar. Nesse sentido, os
arquitetos sugerem porcelanato (mais resistente) ou carpete de madeira (mais barato)
para o piso; tintas acetinadas (não sujam tão
facilmente) para as paredes e laminados
(que imitam madeira, mas são mais fáceis
de desengordurar) para os móveis da cozinha. Cortinas de voile, um tecido fino e
leve, também são preferíveis: “é mandar
para a máquina de lavar e depois estender
de novo no trilho”, diz Ferreira Jr.
Ao economizar tempo em tarefas como
limpar o lar, é possível aproveitar melhor
o que Sampaio — que vive sozinho há quase seis anos — considera uma das grandes
vantagens da situação: “A liberdade. De não
dar satisfação, de tomar decisões e de trazer quem você quiser, na hora que quiser,
para a sua casa”.
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
A arquiteta Flávia Martins integrou todos os ambientes para fazer este apartamento de 37m2 no Rio de Janeiro ficar mais amplo
a atenção para a possibilidade de reduzir
espaços na cozinha. “Quem mora sozinho
não precisa de muitos armários, tem poucas
panelas e, no máximo, uns 12 pratos. Pode
fazer um balcão mais profundo para guardar
as panelas e ficar com elas sempre à mão, e
uma dispensa que comporte alimentos para
uma semana — convenhamos, solteiro não
faz grandes compras.” Quando o espaço é
muito pequeno, acrescenta Parente, uma
mesa dobrável que se abre na hora de comer também pode ser uma solução.
Walléria também sugere ter móveis menores na cozinha. Em seu projeto para a Casa
Cor de Brasília, preferiu o mobiliário baixo
para ampliar a sensação de espaço. “Uma
altura pequena pode também ser adotada
no rack da televisão e na mesa de centro,
por exemplo. Mas isso significa usar menos
o espaço, guardar menos coisas,” alerta.
Outro truque que dá a impressão de estar em um lugar maior são móveis transparentes, de vidro ou acrílico, e os espelhos.
“Mas tem de ter cuidado. Se você coloca
os espelhos em frente ao seu mobiliário,
dobra todas as informações dos objetos e
cria a sensação de que o lugar está carregado”, ressalva Parente. “Uma boa alternativa
pode ser fixá-los em um estreitamento do
apartamento ou até no corredor”.
Como não é apenas espaço o que inte-
Até a área de serviço fica limpa
Três tarefas atormentam o cotidiano das pessoas que moram sozinhas: lavar, secar
e passar. Sem ter com quem dividir as outras tarefas do lar, elas não podem perder
muito tempo colocando roupas na máquina, esperando-as secar e montando o cavalete para passá-las com ferro. A lavadora Lava e Seca da Bosch, com capacidade
para 5 quilos, é feita para dar uma mão em todos esses momentos.
Ela economiza espaço na área de serviço ao reunir, em um único produto, as funções
de lavar e secar — dispensa não só outra máquina, mas também o varal. Além disso,
é o aparelho mais compacto do mercado, secando até 2,5 quilos de cada vez.
Ao contrário de 98% das máquinas de lavar disponíveis no Brasil, na Lava e Seca o
tambor fica na horizontal, o que ajuda a diminuir os danos às roupas e evita atrito
entre os tecidos na hora da lavagem. Chamado de sistema de tombamento, esse
mecanismo também evita a formação de rugas, o que ajuda na tarefa de passar.
A Lava e Seca também contorna um outro obstáculo – o custo. Primeiro, porque
sai mais barato comprar a Lava e Seca do que uma máquina de lavar e outra de
secar do mesmo nível. Depois, porque é o equipamento de sua categoria que mais
economiza água por ciclo de lavagem.
20 | VidaBosch |
casa e conforto
| Por Maria Eduarda Mattar
Khoo Eng Yow
Novo
em
folhas
Dusan Zidar
Opções geladas
e benefícios
como retardar
o envelhecimento
ajudam a manter
o chá na posição
de terceira bebida
mais consumida
no mundo
22 | VidaBosch |
saudável e gostoso
saudável e gostoso | VidaBosch | 23
Jason Rothe
Arteretum
Chá,
originalmente,
era o termo
usado para
definir
somente as
infusões feitas
das folhas da
planta Camelia
sinensis
origem é chinesa, a tradição é inglesa e seus principais consumidores,
indianos. É a terceira bebida mais consumida do planeta, atrás somente da água e
do leite. Dono de tantos predicados internacionais, o chá, nos últimos 20 anos, foi
renovado e ainda mais difundido, com a
divulgação de propriedades que ajudam
a retardar o envelhecimento, a popularização das versões geladas e sua aplicação
nas dietas de emagrecimento.
A versão mais aceita sobre o surgimento do chá conta que, na China do século 27
a.C., o imperador Shen Nung fervia a água
que consumia, por perceber que, assim,
menos doenças eram transmitidas. Numa
tarde, uma folha caiu no copo que segurava,
mudando a cor e o sabor da água quente.
A folha era da planta Camelia sinensis e
aquela mistura seria o primeiro chá. Por
isso, a rigor, chá engloba somente as bebidas
derivadas da Camelia sinensis: os famosos
chás verde e preto e os, um pouco menos
badalados, chás branco e Oolong. Eles se
diferenciam em função da parte do vegetal
utilizada e dos processos de tratamento
(oxidação, fermentação, etc.) empregados.
Com o tempo, no entanto, a palavra chá
passou a ser usada para denominar outras
misturas de água quente com ervas, folhas
e até frutas e sementes.
Propagação
O chá foi levado à Europa, por volta do século 17, por holandeses ou portugueses —
há versões conflitantes sobre os responsáveis. Mas teria sido a princesa portuguesa
Catarina de Bragança a responsável por
levar o hábito de tomar as infusões aos
bretões quando se casou com o rei Carlos II, da Inglaterra. Lá, a bebida ganhou
um status de ritual — às cinco da tarde, ou
em qualquer horário.
Hoje, ele é degustado em todo o mundo,
abastecido pela produção de China e Índia
(metade do chá consumido no mundo vem
dos dois países). Em 2007, o consumo de
chá só foi superado pelo de água e pelo
de leite — deste, no entanto, não se sabe o
quanto foi tomado em forma de bebida e
o quanto foi usado em lacticínios. As informações são do relatório “The Global
Multiple Beverage Marketplace”, da consultoria especializada em bebidas Beverage
Marketing Group.
As folhas cultivadas em Darjeeling, cidade situada em uma das montanhas do
Himalaia, no nordeste indiano, são consideradas as melhores do mundo. A altitude
é importante: quanto mais alto o local, melhor a folha. “O tempo de colheita também
influencia. A da primavera é a melhor”,
completa Elizeth van der Vorst, consultora
de chás, diretora do site Amigos do Chá.
No Brasil, segundo ela, a infusão vem
ganhando paladares. “Quinze anos atrás,
quando comecei a introduzir alguns chás no
Brasil, a cultura sobre a bebida não era tão
difundida”, lembra a especialista. Lellington
Lobo Franco, autor do livro “100 chás e seus
benefícios” (Ed. Elevação), vai além e afirma
acreditar “que os chás começam a ganhar
status semelhante ao do vinho no país”.
Como o vinho, o chá conta com um ritual,
cercado de regras, para o consumo. A temperatura da água é a principal delas. “A água
não pode ferver. Não pode ultrapassar 85
graus, para não queimar as folhas e fazê-las
perderem as propriedades. Quando começarem a subir as bolinhas, deve-se desligar
o fogo”, ensina, enfaticamente, Elizeth.
Devem-se evitar chaleiras de servir em
ferro ou aço, optando pelas de porcelana ou
vidro. “Além de conservarem as propriedades das folhas e infusões, embelezam a
bebida, permitem que se veja a cor”, destaca Elizeth. O tempo de infusão também
modifica sabores e aromas, porém é uma
escolha mais pessoal. A regra geral indica
que os chás verde e preto devem ficar no
máximo três minutos, para não amargar, e
as infusões de frutas, oito. “O aconselhável
é obedecer o tempo de infusão impresso na
própria etiqueta e a quantidade por xícara”,
aconselha Elizeth. Para acompanhar, salgados como quiches, sanduíches leves, bolos
e doces são uma boa combinação.
Há muitos que descartam o ritual de
aquecimento. Há cerca de duas décadas,
o consumo das versões geladas começou
a se popularizar. No Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Indústrias
de Refrigerantes e Bebibas Não-alcóolicas
(Abir), entre 2005 e 2007, o consumo de
O consumo de chá
gelado no Brasil
teve crescimento médio anual
de 10%, entre 2005 e 2007
chá gelado teve um crescimento médio
anual de 10%.
Nos EUA, principal mercado da versão
gelada, o consumo, em valor, cresceu 47%
nos últimos dez anos, segundo o Beverage Marketing Group. “Chás prontos para
consumo experimentaram um crescimento
sólido nos EUA porque são uma opção de
bebida saudável e refrescante”, escreve
Gary Hemphill, da consultoria. Para ele,
isso se deve, em grande parte, a muitas
“inovações na categoria, com novos sabores e tipos de chá — por exemplo, o chá
verde gelado”.
A possibilidade de consumo a qualquer
hora e o fato de representar uma alternativa
saudável, em tempos de estresse e preocupações com o bem-estar e dietas, contribuem para a escalada do chá gelado. Além
disso, o hábito de tomar a bebida não fica
prejudicado nos meses de verão, época em
que se registra a melhor performance dos
iced teas no mercado.
Inúmeros são os estudos que associam a
bebida – especialmente os tipos derivados
da Camellia sinensis — a impactos positivos
na saúde. “São vários benefícios. O principal
é eliminar as toxinas do corpo”, diz Carlos
Alves Soares, autor do livro “A cura que
vem dos chás” (Ed. Vozes). Ele estima que
as variedades da bebida ajudam a curar em
torno de 80% de problemas do dia-a-dia.
“Resolvem problemas de azia, má digestão
de origem estomacal, gases e problemas
em todo o trato intestinal”, completa. Os
derivados de cafeína ajudam a manter a
pessoa desperta, “mas podem provocar
insônia em pessoas sensíveis à cafeína”,
adverte Lellington Lobo Franco.
Quanto a doenças mais graves, pesquisas
indicam o auxílio da bebida na prevenção de
inúmeros males, de problemas de coração
até câncer, passando por doenças da pele.
Os chás verde e preto são duas das vedetes dos estudiosos. Ambos, por conterem
catequinas (substâncias antioxidantes),
são relacionados ao efeito de retardar o
envelhecimento. O chá verde também ajuda a regular a flora intestinal e virou peça
central nas dietas de emagrecimento. O
aconselhável, para perder alguns quilos, é
beber de três a quatro xícaras diariamente,
de acordo com Lelington Lobo Franco. Já o
preto, queridinho dos britânicos, reduz o
estresse e controla o colesterol ruim. Depois
de milênios da invenção da bebida, essas
novas propriedades descobertas mostram
que, quente ou frio, motivo é o que não falta
para continuar tomando chá.
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
A
Dicas para o consumo
Chá quente sem fogo
Uma tecnologia recém-chegada ao Brasil pode fazer a água do chá atingir o ponto ideal até duas vezes
mais rápido. A Bosch trouxe ao país o Cooktop por Indução, que, diferentemente de outros aparelhos,
não aquece usando resistência elétrica ou gás. O calor, nesse equipamento, é gerado pela ação de um
campo magnético em uma panela de material magnético.
“O diferencial é o fato de o produto funcionar apenas com uma panela posicionada sobre a zona de cocção e não gerar aquecimento excessivo em sua superfície”, afirma Rodrigo Locatelli, gerente de produtos
do marketing da Bosch Eletrodomésticos. Para ele, o grande benefício está na rapidez de aquecimento
aliada à segurança e à facilidade na limpeza.
Como o novo equipamento desliga quando se retira a panela, evitam-se queimaduras e acidentes. Controlar a intensidade do calor para tirar a água do chá na hora certa também fica mais fácil com os 17 níveis
diferentes de aquecimento do aparelho. Além disso, aquele leite que insiste em derramar quando é fervido
pode ser limpado sem sofrimento. Mesmo fazendo os alimentos na panela atingirem a mesma temperatura
que uma boca de fogão convencional, a superfície de vidro do aparelho não passa de 90ºC, impedindo que
o tal leite vire o uma crosta difícil de remover e aumentando ainda mais a segurança para o uso.
24 | VidaBosch |
saudável e gostoso
saudável e gostoso | VidaBosch | 25
Xícara principal
O chá é um dos maiores atrativos de um bistrô em Curitiba que serve 12 variedades
da bebida – muitas criadas pela chef da casa, Geraldine Miraglia
C
erta vez, na praia, ela juntou mel, gengibre e limão para matar a sede da família. Geraldine Miraglia não imaginou que
aquele preparado se tornaria o sucesso de
seu restaurante. Hoje, chamada de chá Oli,
a composição é uma das atrações principais
do Oli Gastronomia, bistrô da chef em Curitiba. “Quando passei a oferecê-lo no bistrô,
muitos vinham pelo chá. Tenho clientes até
de Brasília que levam garrafas do chá em
um isopor”, conta Geraldine, que guarda a
receita do preparado em segredo.
Prestes a fazer 40 anos, a fonoaudióloga
decidiu fazer um curso de gastronomia, hobby
apreciado desde pequena. Matriculou-se,
então, nas aulas do pâtissière francês Laurent Grouleaux, então dono e chef do restaurante L’Opera, em Curitiba. Em 2003, com
o curso terminado, foi convidada a participar de um bazar de Natal de Curitiba. “Para
isso, desenvolvi alimentos que poderiam
ser oferecidos como presentes, com belas
embalagens e pouco perecíveis.”
As receitas fizeram sucesso e ela passou
a receber encomendas. Era o embrião do
bistrô, inaugurado dois anos depois. Com o
sucesso do empreendimento, um segundo
restaurante, o Oli Café e Empório, também
foi aberto em um shopping. Os chás têm lugar de destaque no cardápio das casas: são
12 variedades, boa parte de misturas criadas especialmente por ela. “Muitos querem
sabores mais digestivos, outros optam pela experiência olfativa e gustativa, outros
pelo aspecto saudável”, elenca Geraldine,
que revela estar desenvolvendo novos sabores – “mas ainda são segredo”.
Dicas de acompanhamentos, ela tem aos
montes — um deles a chef ensina a fazer
abaixo, junto com a receita de dois chás.
Fotos Daniel Sviech/Imagem Ideal Fotografia
Chá gelado de limão e menta
Ingredientes
500 ml de água
2 colheres (sopa) de chá de limão
(preparado com folhas e cascas secas)
2 colheres (chá) de chá de menta
6 a 8 rodelas de limão
Modo de fazer
Aqueça a água até que comece a ferver.
Acrescente as folhas de chá (com o fogo já
desligado), tampe e cubra com um pano,
deixando em infusão por 5 minutos. Coe
o chá e deixe-o esfriar. Sirva em copos,
com gelo e rodelas de limão.
Salgados, como quiches e sanduíches com
toques mais fortes, como mostarda, vinagre
e ervas, podem ser contrastados com doces,
de bolos e biscoitos mais básicos aos ricos
em cremes e sofisticados. “Me surpreendo
com o número de clientes que saboreiam o
chá Oli durante almoços e jantares”.
Ela cultiva o chá como um ritual — o que
inclui a escolha da xícara, que depende do
tipo de chá e da chaleira. “Gosto de uma frase
do escritor inglês Henry Fielding: ‘amor e
escândalos são os melhores adoçantes para
o chá’. Humor à parte, ilustra um pouco o
que penso sobre o chá: é um programa, não
apenas uma bebida”, resume.
Os chás
têm lugar
de destaque
nos dois
restaurantes
da chef
Oli Gastronomia
Rua Senador Saraiva, 209, | São Francisco |
Curitiba | Tel.: (41) 3016-8696
www.oligastronomia.com.br
Sanduíche de pera, roquefort e agrião
Chá de laranja e cravo
Ingredientes
3 a 4 colheres de chá de laranja (feito
com folhas e cascas secas da fruta)
250 ml de água quente
1 laranja seca, com a casca lavada,
cortada em gomos de 1 cm
Cravos inteiros
Modo de fazer
Prepare, para cada xícara, um gomo de
laranja, colocando cravos na sua casca.
Aqueça a chaleira e as xícaras com água
quente e seque-as. Coloque as folhas de
chá na chaleira e acrescente a água quente.
Cubra com um pano e deixe em infusão por
5 minutos. Coloque um gomo de laranja já
preparado no fundo de cada xícara. Sirva
o chá sobre os gomos.
Ingredientes
4 fatias de pão de centeio
sem as cascas
1 xícara de folhas pequenas de agrião
2 peras maduras fatiadas
30 g de queijo roquefort
(ou gorgonzola)
Pimenta do reino
Alface roxo
Modo de fazer
Coloque as fatias de pera sobre cada fatia
de pão. Cubra-as com o queijo. Leve ao
forno pré-aquecido até que o queijo derreta.
Tempere com um pouco de pimenta moída
na hora. Acrescente o agrião sobre o
queijo. Decore o prato com a folha de
alface roxa.
26 | VidaBosch |
tendências
| Por Lia Melo
Construindo o Jardim do Éden
Permacultura, a “cultura da permanência”, une agricultura, arquitetura e filosofia para
tentar transformar casas e propriedades agrícolas em exemplos de sustentabilidade
Fotos Shutterstock
I
magine viver em uma casa sem contas de luz, água ou gás, sem gastos com
alimentação e sem gerar qualquer tipo de
poluição. Uma utopia? Um futuro distante
e impossível? Não, longe disso. É algo que
alguns brasileiros colocam em prática há
mais de 15 anos. O nome? Permacultura.
Permacultura (termo cunhado pelos australianos David Holmgren e Bill Mollison)
significa, literalmente, cultura da permanência — um conceito que começou na agricultura, jogando fora a ideia de rotação de
solos (troca de cultura a cada novo plantio).
A cultura da permanência prevê a organização do ambiente de maneira que não seja
necessário substituí-lo, uma organização
baseada nos ecossistemas naturais, que
evite o esgotamento de uma região. Nas
palavras do próprio Mollison: “uma tentativa de criar um Jardim do Éden”.
A chave é usar não uma única espécie,
mas uma grande biodiversidade de plantas
e animais diferentes que, com um desenvolvimento coordenado, mantenham a terra
fértil e produtiva. Cada elo da corrente da
permacultura, pela teoria, sustenta outro
elo. O mantra que norteia a organização
dessa intrincada rede é “controlar o consumo, compartilhar os excedentes”.
O conceito surgiu na Austrália, em me-
ados da década de 70. Depois, foi levado
do campo para dentro de casa. “Porque
nem só de pão vive o homem”, brinca o
bioarquiteto e permacultor Sérgio Pamplona, de Brasília. “A permacultura passou
a abranger tudo de que o ser humano necessita para uma existência digna, dentro
de uma perspectiva de design do espaço,
ou do planejamento, voltado para a sustentabilidade”, descreve.
Pouco depois, o conceito entrou no mundo
da arquitetura e inspirou projetos de casas
“independentes”. O esgoto não é jogado
fora para que o Estado lhe dê algum destino desconhecido, mas tratado por plantas,
sem emissões de gases nocivos. A água não
surge magicamente das torneiras; ela vem
da chuva e é reaproveitada. A energia tampouco é coisa que vem de fora para dentro;
ela pode surgir de unidades eólicas e solares
ou da decomposição de dejetos de animais
de criação. O aquecimento no inverno e o
resfriamento no verão são efeitos não de
máquinas modernas, mas da disposição estratégica de janelas e telhados. O lar em si se
transforma em um ecossistema fechado.
Na casa da professora e permacultora
Suzana Martins Maringoni, em Florianópolis (SC), a meta é “emissão zero”. Para
obter água, ela colocou calhas no telhado
que recolhem a chuva e a leva a uma cisterna, protegida do sol. A água é depois
bombeada para a caixa d’água e de lá distribuída pelas torneiras. “A água da chuva
é potável, a não ser em lugares com chuva
ácida. E mesmo nesses locais, depois de
10 minutos de chuva, ela fica limpa”, diz a
professora. Até o esgoto é tratado em casa,
separado em águas cinzas (a simples água
suja, usada nas pias e chuveiros) e negras
(as do vaso sanitário). Para obter energia,
Suzana usa painéis solares. Para esquentar a água no banho, a opção escolhida foi
fazer uma “conexão” com o fogão.
Mas a permacultura não parou por aí.
Depois de estrear na agricultura e ir para
a arquitetura, ampliou-se. “Hoje dizemos
(e isso ainda é resumido e vago) que é um
sistema de planejamento de assentamentos
humanos sustentáveis”, diz Pamplona. “Mas
também é um movimento e um conjunto
de princípios de ação no dia-a-dia.”
Suzana concorda. “A permacultura não
é um pacote tecnológico, nem uma técnica. Entra neste contexto em que vivemos,
usando conceitos extraídos da ecologia,
como a observação dos sistemas naturais,
e usando conteúdos e técnicas propostas
pela agricultura natural, pela arquitetura
vernácula [mais simples] e pelos estudos de
tendências
tendências | VidaBosch | 29
Fotos Suzana Maringoni
“Ele não gasta, por exemplo, nunca mais
com fertilizantes ou pesticidas. E tem um
produto diferenciado que pode ser a chave
do sucesso em um mercado competitivo”,
acredita o professor.
Os permacultores concordam. “Há um
limite para os projetos de desenvolvimento
ecológico, e estudos já comprovaram isso: o
espaço. Depois que a iniciativa atinge certo
tamanho, é difícil manter a sustentabilidade”, reconhece Bastos. “As grandes cidades são o limite. Elas não são sustentáveis,
nem para a permacultura nem para modelo
nenhum. Nem no [videogame] ‘Sin City’
uma megacidade funciona”, afirma Suzana
Maringoni. Ela come principalmente alimentos orgânicos, comprados em feiras de
produtores em Florianópolis e evita viajar
de avião, veículo que emite muitos poluentes. Mas tem um carro 93 a diesel — Suzana
está tentando usar biodiesel.
Ainda assim, os adeptos pregam que
os obstáculos não impedem que o planeta todo seja capaz de viver de permacultura. Exigiria uma mudança completa de
Técnicas
sustentáveis
de construção
na Estação de
Permacultura
em São Pedro
de Alcântara
(SC), à esq.,
e sistema de
coleta de água
da chuva no
Sitio Raízes, em
São jose do
Cerrito (SC)
Conceito foi criado na Austrália,
na década de 70. Um dos
precursores veio ao Brasil para
participar dar Rio-92 e ajudou a
disseminar a prática por aqui
energias alternativas. Com isso, ela passa a
propor a construção de novos paradigmas
para a vida humana”, apregoa.
A proposta correu o mundo e chegou ao
Brasil em 1992, ano da Rio-92, conferência
ambiental na qual representantes de quase
todos os países se reuniram no Rio de Janeiro
para discutir ações em prol do desenvolvimento sustentável. Mollison desembarcou
fervilhando de propostas verdes e ofereceu
seu curso sobre o assunto. “De lá saíram as
sementes dos primeiros centros e institutos
brasileiros, o Ipers [Instituto de Permacultura
do Rio Grande do Sul] e o IPB [Instituto de
Permacultura da Bahia]”, conta Pamplona.
“Daí a coisa foi só crescendo”.
“Como a permacultura é interdisciplinar,
pessoas de diferentes áreas começam a vê-la
como um bom caminho para soluções à crise
de recursos naturais”, afirma Suzana.
No final dos anos 90, um grupo de permacultores de Santa Catarina, organizados no Instituto de Permacultura AustroBrasileiro, deram um novo passo: criaram
a Rede Permear, reunindo os esforços e
organizando as atividades dos praticantes
dessa filosofia de todo o Brasil.
O trabalho dos permacultores, de lá para
cá, tem sido de formiguinha. Em seus projetos espalhados pelas regiões Nordeste, Sul,
Sudeste e Centro-Oeste, eles têm martelado
seu ideal: permacultura não se aplica apenas à agricultura; aplica-se a tudo.
Para Pamplona, o conceito pode ser
aplicado em todos os setores. “Mas isso
implica sempre em uma mudança de atitude
que as pessoas nem sempre estão dispostas a ter”, propala. “Agora essa mudança é
facultativa, mas em um futuro não muito
distante acabará sendo não só obrigatória,
mas urgente e emergencial”, acredita.
O fotógrafo e permacultor paulista Marco Aurélio Tavares Bastos concorda. “A
permacultura é a única alternativa viável
para que possamos continuar a viver neste
planeta a longo prazo”.
Problema de escala
A Bosch na sua vida
Na avaliação do agrônomo Francisco Câmara, professor do departamento de Produção Vegetal da Universidade Estadual
Paulista (Unesp), o conceito é muito bom
para pequenos proprietários de terras, mas
praticamente impossível de ser utilizado
em escala planetária.
“É uma atividade sustentável que tem
aspectos muito interessantes do ponto de
vista ecológico”, reconhece Câmara. “Um
dos principais é o estímulo à biodiversidade das espécies vegetais”, afirma. “Mas há
um senão, um único senão: não é possível
fazê-la funcionar em larga escala. Ela atinge seu ápice nas pequenas propriedades
de terra”, explica. “É fácil colocar um permacultor para cuidar de uma área de dois,
três, até cinco hectares. Mas mil hectares,
não. Precisaria de um exército de permacultores, e seria praticamente impossível
conseguir organizar todos os intrincados
elos que a atividade exige”, diz.
Para o pequeno produtor, no entanto, a
técnica traz benefício certo. “A economia
é imediata, instantânea”, afirma Câmara.
Bons ventos sustentáveis
Bons ventos são capazes de prover eletricidade sustentável a quem pretende aderir
à permacultura. A força do ar em movimento, base da energia eólica, é uma fonte
limpa e renovável, que tanto pode gerar energia para consumo de larga escala, em
parques eólicos, quanto para pequenas comunidades que escolherem minimizar
seus impactos no meio ambiente.
A geração depende da movimentação das hélices de moinhos de vento, que acionam os geradores. Cada gerador conta com três pás que giram em torno do próprio
eixo, inclinadas ao sentido do vento, e recebem de frente a corrente de ar. O ritmo
do giro também deve ser constante, mesmo que a velocidade do vento oscile.
Para garantir o funcionamento desse complexo sistema, a Bosch Rexroth, empresa
do Grupo Bosch, desenvolveu um equipamento hidráulico capaz de ajustar o posicionamento da hélice, o ângulo das pás e a rotação do gerador. Sem essas funções,
seria impossível aproveitar todo o potencial energético que o vento pode proporcionar,
explica Pedro Aoki, tecnólogo de vendas da Rexroth. Além de sistemas hidráulicos,
a empresa também fornece transmissões mecânicas para geradores eólicos.
A Rexroth conta com duas fábricas no Brasil — uma localizada em Atibaia (SP) e
outra em Pomerode (SC) — e também fornece soluções industriais para outros setores. A empresa atua ainda nas áreas hidráulica industrial e móbil, pneumática,
acionamentos elétricos e controles, tecnologias de acionamento linear, montagem
e Service (reparo de componentes; montagens de grande e pequeno porte de tubulações hidráulicas e pneumáticas e treinamentos padrão e específico, de acordo
com a necessidade do cliente).
atitude e um mundo de pessoas vivendo
em pequenas propriedades, consumindo
apenas o necessário para a sobrevivência
e ligadas à natureza. Difícil? Sem dúvida.
Mas, para eles, não impossível.
“A crise ambiental está tão maluca, o
planeta tão ferido e machucado, que ou fazemos algo ou as baratas vão ver a gloriosa
raça humana sucumbir. A vida continua,
mas, e nós?”, questiona Suzana. “Permacultura não é o único caminho, mas é um
bom caminho. Seja permacultura, seja o
que for, temos que construir outras maneiras de sobreviver e usar os recursos
que temos. Neste ritmo de consumo a coisa
não é possível”, acredita ela.
“Os verdadeiros limites são as mentalidades conservadoras e os limites de criatividade”, afirma Pamplona. Mas é possível subsistir de permacultura? “Subsistir,
sim. Não viver com os excessos que vemos
hoje como normais”. “Subsistir sim, com
alegria, abundância e qualidade de vida.
Mas com uma mudança profunda na nossa
perspectiva de vida. Acredito nisso”.
Arquivo Rexroth
28 | VidaBosch |
grandes obras
| Por Alexandre Ribeiro
Agência Petrobras
Selva
de
dutos
Três fases
Construção
de gasoduto
Urucu-Coari-Manaus,
no meio da Floresta
Amazônica, tem de
usar 471 embarcações
e dois helicópteros
para transportar os
58 mil tubos da obra
P
ara uma companhia como a Petrobras,
que já construiu o gasoduto BolíviaBrasil, de mais de 3.100 quilômetros, tirar
do papel um duto de pouco mais de 661 km
não seria um grande problema. Isso se o
novo gasoduto não estivesse encravado no
coração da Amazônia, atravessando grandes rios e igarapés, passando pela floresta,
em área de alta sensibilidade ambiental, e
sujeito a vários meses de chuvas torrenciais
e solo úmido e instável. Todos esses fatores
tornam a construção do gasoduto UrucuCoari-Manaus um grande desafio.
A previsão é que esses obstáculos sejam
superados até setembro, quando o gasoduto deve entrar em funcionamento, mais de
três anos após o início de sua construção
(julho de 2006). Com a obra, será possível
levar o gás natural de Urucu à capital do
Amazonas e, por meio de sete ramais, aos
municípios de Coari, Codajás, Anori, Anamã,
Caapiranga, Manacapuru e Iranduba.
Inicialmente, serão transferidos 5,5
milhões de metros cúbicos diários de gás
Outro desafio é fazer materiais de construção, equipamentos e trabalhadores chegarem à obra. Serão usados 58 mil tubos,
471 embarcações para transporte de material e de pessoas e dois helicópteros para mover tubos até o local. Para alojar os
funcionários, 29 clareiras foram abertas
e 16 acampamentos instalados na selva.
Ao final dos trabalhos, a obra vai gerar 7
mil empregos diretos, 70% deles ocupados por moradores da região, e quase 20
mil indiretos.
A construção do gasoduto foi dividida em
três grandes trechos: o trecho A, de 279
quilômetros, entre Urucu e Coari; o trecho B1, de 196 quilômetros, entre Coari e
Anamã e o trecho B2, de 186 quilômetros,
entre Anamã e Manaus.
No trecho A, um duto de transporte de
gás de cozinha com cerca de 200 quilômetros, será convertido para conduzir todo o
gás natural. Além disso, um novo duto de
gás de cozinha (ou por gás liquefeito de
petróleo, GLP), será construído.
O GLP é apenas uma parte do gás natu-
natural, que vão, prioritariamente, abastecer sete termelétricas com o objetivo
de gerar energia para a região. A capacidade do duto, contudo, pode chegar a 10
milhões de metros cúbicos diários de gás,
com a instalação de estações de compressão ao longo do percurso. Essas estações,
porém, estão condicionadas à ampliação
da demanda por gás natural nas regiões
por onde o duto passa.
A chegada do gás a Manaus vai fazer
com que deixem de ser consumidas anualmente 737 mil toneladas de óleo combustível usados em usinas termelétricas,
segundo a Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel). Além do ganho ambiental
— a queima do óleo gera muito mais emissões atmosféricas que a do gás natural —,
a substituição vai gerar uma economia de
R$ 1,2 bilhão anuais para os consumidores
de eletricidade.
Apesar disso, levar o gás natural de Urucu
a Manaus implicará custos altos. A Petrobras estima que o investimento total seja de
R$ 3,5 bilhões. Essa cifra, segundo a companhia, equivale a mais que o dobro do
que seria aplicado em projeto semelhante
no Sudeste. O custo também é quase 50%
maior do que o inicialmente previsto pela
petroleira: R$ 2,4 bilhões.
Obra difícil
Construir um gasoduto rasgando a Floresta
Amazônica exige técnicas avançadas para
cumprir as determinações do Instituto de
Proteção Ambiental do Estado do Amazonas
(Ipaam). A principal delas é o uso do furo
direcional, procedimento normalmente
aplicado em áreas densamente povoadas e
na produção de petróleo no fundo do mar.
Com a tecnologia, busca-se um percurso
para o gás que fuja de barreiras naturais no
trajeto. Na obra de Urucu-Coari-Manaus,
esses furos — 19 ao todo — são fundamentais
para não prejudicar cursos de água. Com o
procedimento, os tubos estão sendo instalados a 15 metros abaixo do leito dos rios,
reduzindo o impacto ambiental.
ral. Pela tubulação antiga, ele era levado
até Coari, às margens do rio Solimões, e
de lá seguia em grandes balsas para abastecer a população de Manaus e de outras
capitais do Nordeste, como São Luís, no
Maranhão. Sem alternativa de transporte,
outras frações do gás natural eram reinjetadas no reservatório de Urucu. Uma dessas frações é o metano, que representa de
80% a 90% do gás natural e que pode ser
queimado para gerar energia elétrica ou
abastecer veículos movidos a gás natural
veicular (GNV).
O trecho B1, entre Coari e Anamã, embora não seja o de maior extensão, é considerado o mais complexo. Isso porque a
região concentra a maior parte de área
alagável do gasoduto. Por esse motivo, o
B1 será o último trecho a ter todos os seus
tubos enterrados.
Já os 186 km entre Anamã e Manaus
registram o maior número de rodovias
próximas à faixa do gasoduto, o que facilita bastante o trabalho dos construtores.
Ainda assim, é necessário o uso de balsas
para transportar equipamentos e tubos
para algumas áreas.
A Bosch na sua vida
Como “parafusar” 58 mil tubos?
Não são poucos os parafusos que sustentam os mais de 600
quilômetros de dutos. A junção de grandes tubulações, como a
do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, pode provocar intenso desgaste nas ferramentas. Sabendo disso, um dos equipamentos
escolhidos foi a Chave de Impacto Pneumática de 1 polegada
da Bosch – uma espécie de “parafusadeira de mais torque e
maior resistência”, segundo o consultor técnico comercial da
Divisão de Ferramentas da Bosch, Maximiliano Martins.
O equipamento tem um motor que captura o ar e aperta o parafuso usando um golpe de ar comprimido. “A junção é mais
firme e tem menos desgaste. Como é só o ar passando, é menor
o consumo da máquina”, explica Maximiliano. Por se tratar de
dutos que transportam gás, as áreas em que os tubos se unem
merecem atenção redobrada, para evitar acidentes. A chave de
impacto oferece precisão a esse procedimento.
Outra vantagem é que o aparelho não precisa ser plugado na
tomada. Ele funciona com uma mangueira ligada a um compressor de ar — o conjunto pode ser transportado pela obra. Isso
é importante em locais onde é difícil contar com rede elétrica.
Arquivo Bosch
30 | VidaBosch |
Depois da junção, os tubos são soldados e o acabamento é feito
com as esmerilhadeiras GWS 21-180 e GWS 7-115 da Bosch.
Outras ferramentas da empresa, como a Serra Circular GKS
7 ¼ polegadas, que corta os moldes em madeira usados para
montar as estruturas de concreto que sustentam os tubos e a
Serra Policorte GCO 14-2, que faz acabamentos como os da
esmerilhadeira, mas mais pesados, estão sendo utilizadas.
32 | VidaBosch |
brasil cresce
| Por Dayanne Sousa
Alimentos aditivados
Digitalife
Setor de comidas funcionais – aquelas que podem prevenir o colesterol,
beneficiar os dentes ou o intestino – cresce cerca de 10% ao ano
34 | VidaBosch |
F
brasil cresce
Fotos Shutterstock
ornecer energia e substâncias essenciais para o corpo continuar funcionando. Resumidamente, é para isso que
servem os alimentos. Já proteger os dentes, tornar regular o intestino e diminuir
o colesterol é coisa só de remédio, certo?
Errado. É cada vez mais comum encontrar
nas prateleiras de supermercados os alimentos funcionais, aqueles que, além das
funções nutricionais básicas, são incrementados para produzir efeitos metabólicos ou
fisiológicos benéficos à saúde. Nos últimos
dois anos, o setor registrou crescimento
anual de aproximadamente 10%, de acordo
com a Associação Brasileira das Indústrias
da Alimentação (Abia). A entidade estima
que o setor, no Brasil, tenha faturamento
de cerca de US$ 1 bilhão por ano, ou em
torno de R$ 2,4 bilhões (no câmbio de 30
de dezembro de 2008).
Embora pareça alto, o valor ainda não
chega a 1% do volume total de vendas do
setor alimentício: R$ 268 bilhões, também
brasil cresce | VidaBosch | 35
de acordo com estimativa da Abia. O segmento é uma pequena parte da gigantesca indústria de alimentos, mas seu rápido
crescimento já chama atenção dos empresários, de acordo com Carlos Eduardo Gouvêa, presidente da Associação Brasileira
da Indústria de Alimentos Dietéticos e para Fins Especiais (Abiad). “Houve grande
evolução [no setor] apenas nessa década,
de uns três ou quatro anos pra cá.” Para
Gouvêa, o espaço cada vez maior que os
supermercados dedicam para sucos com
soja, iogurtes com fibras e barras de cereal
é uma das maiores provas desse sucesso.
“A indústria é pressionada pelo varejo a
surgir com novidades e desenvolve cada
vez mais variedades”, acrescenta.
Os iogurtes funcionais representam a
fatia do setor que mais vende. Segundo a
Associação Brasileira de Supermercados
(Abras), 15% dos domicílios brasileiros compram esses iogurtes cerca de duas vezes
por mês. O apelo do produto está no uso
Linhas de
alimentos
funcionais
incluem
bolachas,
chicletes,
cereais e
óleos
de fibras e probióticos, micro-organismos
como os lactobacilos, que auxiliam no funcionamento do intestino, uma preocupação frequente para as mulheres, ressalta
pesquisa feita pela entidade.
Dentre os alimentos de propriedade funcional reconhecida, se destacam os produtos
com ômega 3. Capaz de prevenir doenças
cardíacas, esse tipo de substância aparece
em margarinas, leites longa-vida enriquecidos e óleos de peixe. Outra linha, a dos
sucos à base de soja, teve um desempenho
surpreendente: o consumo, diz a Abras, saltou 3% em 2006 e 18% em 2007, segundo
os dados mais recentes. Além disso, a soja,
que pode ajudar a reduzir o colesterol, e as
fibras, que atuam no intestino, já se tornam
ingredientes da hora do lanche, quando
aparecem nas barrinhas de cereal ou em
biscoitos. Até mesmo os chicletes já surfam na onda do saudável. Os que contêm
xilitol, uma espécie de álcool que substitui
o açúcar, evitam os danos aos dentes.
Consumidores
Pesquisas de mercado explicam que o sucesso desses produtos se deve a uma crescente
preocupação da população com a saúde.
Em 2006, um levantamento da consultoria
de consumo domiciliar LatinPanel mostrou
que 18% das donas de casa entrevistadas
decidem suas compras preocupadas com
saúde e meio ambiente. Embora boa parte
dos brasileiros ainda desconheça o que são
os funcionais (segundo a Abiad, 44% não
sabe o que o termo significa), o fato de se
preocuparem com a saúde já faz com que
as indústrias levem em consideração, cada vez mais, o consumidor de produtos
saudáveis, segundo Gouvêa.
Quase todos os ingredientes que fazem
a diferença nos funcionais são encontrados na natureza. O ômega 3 está nos peixes, as fibras, nas frutas e cereais, e a soja
pode ser cozida ou consumida no leite e
carne fabricados com o alimento. A praticidade de encontrar vários benefícios à
Para conseguir vender um
alimento com o rótulo de
funcional, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária exige testes
que comprovem a presença de
ingredientes benéficos à saúde
saúde em um produto, porém, parece ser
irresistível.
Nos Estados Unidos, esse tipo de consumo
é muito forte. Estudo do Conselho Internacional de Informação Alimentar (IFIC, na
sigla em inglês) mostra que nove em cada
dez consumidores norte-americanos sabe
nomear um tipo de alimento e associá-lo
à sua propriedade funcional. A pesquisa
que coletou opiniões de mil consumidores em 2007 também revela que 65% dos
entrevistados acreditam ter um “grande
controle” sobre sua saúde e, desses, 70%
declararam que a alimentação tem papel
fundamental nisso.
“O segmento dos funcionais é um mercado próprio de países emergentes ou desenvolvidos”, avalia o economista da Abia
Denis Ribeiro. “No Brasil, [essa área] ainda
tem muito para crescer.” Para o economista, as expectativas nacionais para os próximos anos só não são maiores por conta
da crise financeira global, que deve fazer
o crescimento do setor atingir não mais
que 8% em 2009.
Saúde
Antes de associar as descrições no rótulo
a vantagens imediatas, é importante estar
atento. Mais do que conferir se um alimento tem algum ingrediente com propriedade funcional, é preciso ver se a fórmula
não inclui outros elementos que possam
ser danosos à saúde, alerta José Alfredo
Arêas, professor de nutrição da Universidade de São Paulo (USP). “Um salgadinho
cheio de gordura poderia ser considerado
funcional se ele tivesse 2% de fibra. É um
36 | VidaBosch |
brasil cresce
brasil cresce | VidaBosch | 37
O fato de algum alimento
trazer ingredientes com
propriedades funcionais não
garante que faça bem à saúde ­—
ele pode ter outros
componentes não-saudáveis
exemplo absurdo, mas ilustra o que pode
acontecer.”
Para conseguir vender um alimento com
o rótulo de funcional, é preciso obter autorização da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). São exigidos dos fabricantes documentos que comprovem a presença
de ingredientes como o ômega 3, fibras e
outros componentes reconhecidos como
benéficos à saúde. Desde que a fórmula
contenha as quantidades pré-estabelecidas
do ingrediente, essas qualidades podem
ser destacadas na embalagem.
O maior desafio das indústrias é não só
desenvolver alimentos que incluam essas
substâncias adicionais, mas também construir fórmulas livres dos malefícios que
um produto processado pode ter: excesso
de sal, de açúcar ou de gordura, defende
Arêas. O professor trabalha há mais de 12
anos criando salgadinhos enriquecidos com
ferro e livres de gorduras saturadas e tem
a patente desse tipo de produto. Denis Ribeiro, da Abia, afirma que desenvolver algo
novo exige tempo e dinheiro para pesquisas:
“para um alimento funcional, leva certamente o dobro do tempo normal.”
Apesar disso, o presidente da Abiad destaca que, uma vez que uma grande indústria
realize os testes necessários e comprove a
eficácia de um produto, empresas menores podem desenvolver a mesma ideia e
garantir a competitividade de preços. Na
Anvisa, a partir do momento em que um
ingrediente se torna reconhecido, é mais
fácil alegar a funcionalidade de um produto
que contenha fórmula semelhante.
Remédio ou alimento?
“Que teu alimento seja teu medicamento”,
disse Hipócrates, cerca de 400 anos antes
de Cristo. A relação entre boa saúde e boa
alimentação é tão antiga quanto a frase,
frisa Arêas. O professor adverte que, por
conta de os funcionais atuarem no limite
entre medicina e nutrição, é necessário
bastante atenção na hora de comprar. Assim como um remédio pode favorecer um
aspecto da saúde e desfavorecer outro, o
funcional também pode ser muito bom
para um determinado efeito, mas sozinho
não é completo, lembra o especialista. A
Anvisa ressalta que apenas credencia produtos que incluam a mensagem de que as
propriedades dos alimentos diferenciados só são eficazes se forem associadas a
uma alimentação e a hábitos de vida saudáveis. O professor Arêas não descarta a
importância da ressalva: “o segredo está
no equilíbrio”.
Pacotes selados e seguros
A embalagem é especialmente importante para um alimento funcional, já que é
pelo rótulo que o consumidor pode se informar e ser atraído pelos benefícios desses produtos. Entretanto, além de chamar atenção para as qualidades do alimento,
quando se trata de barras de cereais e biscoitos funcionais, a embalagem precisa
ser bem lacrada e impedir a entrada de ar para mantê-los crocantes e conservar o
sabor. As embaladoras do tipo Flowpack 203, produzidas pela Bosch, fazem pacotes herméticos, com selagem que impede o contato do alimento com o ar exterior. Impedir a entrada ou saída de ar na embalagem é um dos fatores mais significativos para manter a integridade do produto e protegê-lo de contaminação por
micro-organismos. Em casos que requerem ainda mais proteção, é possível optar
por embalagens múltiplas. A capacidade de trabalhar com invólucros rígidos ou
soltos, de formatos e tamanhos diferentes, faz com que a Flowpack 203 também
possa embalar chocolates e outros doces em barra, sabonetes e até ataduras.
A velocidade da máquina permite que ela seja usada em empresas com grande
produção de alimentos, diz Elaine Firmino, assistente de vendas e marketing da
Divisão de Tecnologia de Embalagem da Bosch. “Dependendo do produto, ela
pode fazer até 400 pacotes por minuto, já o modelo Flowpack 203HS pode alcançar até 600 pacotes por minuto.”
O equipamento pode incluir acessórios como o emendador automático de filme
(dispositivo que dispensa parar a produção quando é necessário trocar a bobina
do material usado para embalar o produto) e outros aparelhos adicionais que detectam e rejeitam produtos ou pacotes defeituosos, sem parar o processo de embalagem. “Esta máquina produz 24 horas por dia, sem interrupção, parando apenas
para manutenções preventivas”, acrescenta Elaine.
Fotos Arquivo Bosch
15% dos
domicílios
brasileiros
compram
iogurtes
funcionais
cerca de
duas vezes
por mês
Beata Becla
A Bosch na sua vida
38 | VidaBosch |
atitude cidadã
| Por Mariana Desidério
Vladimir Nikitin
Nanka (Kucherenko Olena)
Para
formar
um
país
de
leitores
Projetos que promovem
o acesso público à leitura
pretendem zerar o número
de cidades sem bibliotecas
até o fim de 2009 e melhorar
a qualidade e a quantidade
de livros disponíveis
atitude cidadã
atitude cidadã | VidaBosch | 41
“U
m país se faz com homens e livros”,
dizia Monteiro Lobato, criador de
personagens como Emília, Visconde de Sabugosa e Dona Benta, fundamentais para a
vida literária de muitas crianças brasileiras. Não foi só ele que se expressou sobre
a importância dos livros para sociedade.
A Organização das Nações Unidas para a
Educação (Unesco) publicou, em 1994, um
manifesto pela biblioteca pública e, cinco
anos depois, documento semelhante em favor das bibliotecas escolares. Este defende
o acesso aos livros como “a possibilidade
de [os alunos] se tornarem pensadores
críticos e efetivos usuários da informação,
em todos os formatos e meios”.
Apesar do consenso sobre o papel de
destaque da leitura no desenvolvimento
dos cidadãos, em muitos lugares do Brasil
o acesso a livros de qualidade ainda é escasso. De acordo com dados do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), em 2006, apenas 22% das
escolas públicas de ensino fundamental do
país tinham biblioteca. O quadro é pior no
Norte (11%) e no Nordeste (10%).
Para combater esse problema, são desenvolvidos projetos como o Programa
Nacional Biblioteca da Escola, do Ministério da Educação (MEC), e a campanha
“Biblioteca Escolar: Construção de uma
Rede de Informações para o Ensino Público”, do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), em prol da qualidade das
bibliotecas escolares.
O programa do ministério foi criado em
1997 para enviar acervos com obras de referência às escolas. De 2005 a 2008, foram
distribuídos mais de 22 milhões de exemplares, pouco menos que o total de alunos
matriculados no ensino fundamental (29,8
milhões em 2006). Em 2008, foram 9 milhões
de livros, distribuídos para cerca de 230
mil escolas de ensino infantil, fundamental e médio — uma média de 39 exemplares
por escola. Para isso, foram gastos R$ 65
milhões na compra desses acervos, o que
dá uma média de R$ 7 por exemplar.
Mas não só de volumes se faz uma biblioteca. “Muitas delas acabam se tornando depósitos de livros, porque não existe
um cuidado”, afirma a presidente do CFB,
Nêmora Rodrigues. Segundo Nêmora, ape-
A Bosch na sua vida
Amontoado, só de conhecimento
Projetos que envolvem criação e melhoria de bibliotecas estão dentro do leque de
ações do Instituto Robert Bosch, que tem como objetivo principal promover a educação. Por meio de consultoria social, a entidade desenvolve iniciativas na área não
apenas para a Bosch, mas também para fornecedores da empresa que participam do
Fit for Global Approach (programa da Bosch que oferece capacitação a seus fornecedores locais, para que eles possam se tornar fornecedores mundiais da Bosch).
A consultoria oferecida à companhia Rudolph, especializada em usinagem e fornecedora da Bosch, já deu frutos: o Projeto Escola Cidadã. Desenvolvida na Escola de
Ensino Fundamental Clara Donner, em Timbó (SC), onde fica a sede da Rudolph.
A ação já levou à escola uma sala de informática e reformou sua biblioteca. Com
a reforma, o espaço, que mal comportava uma turma de alunos, ganhou estrutura
apropriada. Os livros, antes amontoados, agora são visíveis tanto para os pequenos
da primeira série quanto para os maiores, da oitava. “A biblioteca era um depósito de
livros, agora os alunos podem utilizar o espaço para ler e pesquisar”, conta a assistente técnica pedagógica, Adriana Vinter Bächtold, que acompanhou o processo.
Junto com a organização do espaço, a biblioteca recebeu mesas para estudo e
cerca de 500 livros. Ela atende, hoje, todos os 210 alunos da escola e é fonte de
pesquisa para ex-alunos (já que a instituição de ensino médio mais próxima fica
a sete quilômetros dali) e para a comunidade. Wolfgang Rudolph, presidente da
empresa, comenta que, com acesso aos livros, os beneficiados “podem ver adiante”. “Queremos incluir essas pessoas entre aquelas que podem ser o presidente
da república”, completa.
De 2005
a 2008,
o Ministério
da Educação
distribuiu mais
de 22 milhões
de livros para
bibliotecas
de escolas
públicas
nas 2% das bibliotecas de escolas públicas
contam com um funcionário que se declara bibliotecário, o que torna mais difícil
a convivência dos alunos com o espaço.
“Normalmente, quem trabalha nas bibliotecas são professores em desvio de função, que não têm capacidade de regência
de classe. Se eles já têm essa dificuldade,
vão ter também dificuldade de tratar com
o público”, pondera Nêmora.
Além da falta de bibliotecários, para a
presidente da CFB o fato de as bibliotecas,
muitas vezes, não fazerem parte do projeto
pedagógico das escolas também dificulta o
contato dos alunos com os livros. A coordenadora do MEC aponta problema semelhante:
“No Brasil, muitas escolas, ainda que recebam os acervos, não colocam à disposição
de seus alunos e professores; existe um cuidado excessivo com o livro. É um problema
muito sério, porque como é que você forma
leitor, se o leitor não tem acesso ao livro?”
A solução está, para Jane, nos programas
de formação de professores.
Apenas 22% das escolas
públicas de ensino fundamental do
Brasil tinham biblioteca em 2006
Se o governo e a sociedade organizada
têm projetos voltados ao acesso a livros, a
iniciativa privada também exerce um papel
importante, segundo Zoara Failla, diretora
de projetos do Instituto Pró-Livros, entidade financiada pelas editoras para promover o acesso à leitura e ao livro. Para
ela, que trabalha com educação há mais
de dez anos, a importância da iniciativa
privada se dá pela falta de recursos estatais e por trazer uma visão diferente da
governamental. “Juntar as duas experiências é saudável”, afirma.
Bibliotecas públicas
Todos esses programas ajudam as bibliotecas das escolas a dar acesso aos livros.
Porém, para quem já passou da fase escolar,
ou para o estudante que deseja ir além do
acervo da instituição de ensino, é preciso
recorrer às bibliotecas públicas. O local
deve dar “as condições básicas para uma
tomada de decisão independente e para o
desenvolvimento cultural dos indivíduos e
dos grupos sociais”, de acordo com o manifesto da Unesco. Diferente das coleções
escolares — direcionadas a um público de
estudantes —, as bibliotecas públicas devem ter em seus acervos exemplares sobre
diversos assuntos, que atendam todos os
campos do conhecimento.
Conhecida como a cidade natal de Lampião, Serra Talhada (PE) não tinha uma biblioteca pública até dezembro de 2006. Há
16 anos na área de biblioteconomia, Norma
Lúcia Gonçalves, diretora da atual biblioteca, conta que, antes, os 76 mil habitantes
precisavam usar o acervo da Faculdade de
Formação de Professores da cidade, que o
disponibilizava a não-alunos de segunda a
sexta-feira das 16h20 às 19h. Hoje, a biblioteca pública municipal Vereador Cecílio
Tiburtino de Lima fica aberta ao público
das 8h às 22h, de segunda a sexta, e com
planos de abrir aos fins de semana.
O espaço, que antes era um estacionamento no piso térreo da Câmara de Vereadores
do município, recebe hoje, mensalmente,
quase 2 mil usuários (na maioria jovens),
especialmente em época de provas. “As
pessoas acolheram muito bem a biblioteca.
Além do acervo do governo, a própria população doou exemplares”, conta a diretora.
Como Serra Talhada, outros 829 municípios
que não possuíam biblioteca pública foram
contemplados pelo Programa Livro Aberto
do governo federal entre 2004 e 2007. Até
2009, o programa pretende zerar os municípios sem biblioteca pública.
Biblioteca do século 21
Além da carência de livros em acervos públicos, existe outra carência a ser combatida: a dos cidadãos que não têm acesso
a conteúdos digitais, seja por não saber
como acessá-los, seja pela falta de disponibilidade. Instituições mais modernas,
Arquivo Bosch
40 | VidaBosch |
como a Biblioteca Nacional de Brasília, projetada por Oscar Niemeyer e inaugurada
em dezembro de 2008 já incorporam essa
demanda. A biblioteca coloca à disposição
os acervos digitais das 10 mil maiores instituições de ensino superior do mundo e
das 300 maiores do Brasil, de acordo com
a representante do Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia para
os projetos de inclusão digital da biblioteca,
Cecília Leite de Oliveira. Além de disponibilizar os acervos, a biblioteca tem diversas atividades voltadas à inclusão digital.
Entre elas, acesso gratuito à internet, salas para minicursos de capacitação digital e um espaço infantil para a alfabetização digital de crianças a partir dos cinco
anos.“Hoje, com a busca por conteúdos
digitais cada vez maior e a necessidade
dos jovens de conhecer as tecnologias, a
biblioteca, como agente transformador e
espaço do saber, não pode estar distante
desta realidade, que é uma demanda de
todo usuário”, afirma Cecília.
aquilo deu nisso
| Por Maria Cecília Maciel
Jose AS Reyes
42 | VidaBosch |
A
brir a torneira e deixar um jato de
água cair sobre o corpo não é um costume ligado apenas à higiene. Rituais religiosos, tratamentos de saúde e formas de
convivência já estiveram — ou ainda estão
— relacionados ao ato de banhar-se.
Não se sabe quando o ser humano começou com essa prática. Há registros de
construções feitas pelo homem ainda na
pré-história para se lavar. O banho como
Banho de cultura
O costume de banhar-se, antes ligado a reuniões sociais e rituais religiosos, volta-se ao prazer
individual, com tecnologias de controle preciso de temperatura, massagem e cromoterapia
ritual era praticado no Egito antigo, quando água e diferentes óleos eram usados em
cerimônias para divindades. Dentro das
pirâmides, havia uma espécie de banheiro
para os faraós. Escavações também indicam
que substâncias à base de detergentes, anteriores a 2.800 a.C., podem ter sido usadas
na Babilônia para limpeza dos cabelos.
Ainda hoje permanecem rituais envolvendo o banho, como o dos hindus — que,
banhar-se ocorreu durante as civilizações
grega e romana. Técnicas de distribuição
de água encontradas em construções feitas na Grécia entre 1.700 a.C. e 1.200 a.C
ainda surpreendem. Tudo era razão para os gregos se banharem: saúde, higiene,
espiritualidade, relaxamento após as práticas esportivas, ou mero prazer. Apesar
dos primeiros banhos romanos datarem
de 300 a.C., há relatos de que foi o médico
a cada ano, mergulham no rio Ganges, na
Índia, para participar de uma celebração
de purificação — ou o dos japoneses, que
tomam banho coletivo. Entretanto, dos ritos de purificação antigos aos dispositivos
tecnológicos que controlam a temperatura
do banho hoje, muitas águas rolaram.
Termas
Um grande desenvolvimento na forma de
grego Asclepíades de Bitínia, no século 1
a.C., o grande incentivador das famosas
termas. Ele acreditava que o desequilíbrio
do corpo tinha relação direta com as doenças e tratava seus pacientes com terapias
naturais, dietas, exercícios, massagens e,
principalmente, banhos.
Nessa época, os romanos já contavam
com uma engenharia bem desenvolvida
nessa área. Todos os cômodos das termas
eram aquecidos por meio de um sistema
chamado hipocausto (do grego “está aceso
por baixo”), que consistia em câmaras ocas,
sob os pavimentos, por onde circulava o ar
quente produzido numa fornalha. As águas
das piscinas eram esquentadas em caldeiras e chegavam por canos de chumbo. Os
locais dispunham de um espaço onde os
banhistas se despiam; uma sala de banhos
frios; uma sala de transição entre os banhos
aquilo deu nisso
frios e quentes; e a sala de banhos quentes,
para transpirar e eliminar toxinas.
Aonde o Império Romano chegou na Europa, foram construídas estações próximas
a fontes de águas consideradas medicinais, como Aim-lé-Bains e Vichy, na França,
Wiesbaden e Baden Baden, na Alemanha, e
Bath, na Inglaterra. Esses templos da água
também serviam para encontros sociais,
políticos, artísticos e espirituais — a deusa
Minerva e outros deuses eram representados por estátuas, pinturas e mosaicos.
Banho de gato
cerimônia islâmica do banho, era capaz
de estimular a imaginação de muitos ocidentais, com belas mulheres se banhando
e se embelezando, num ambiente adornado com luxo. Para os árabes, no entanto,
lavar -se e perfumar-se para a oração era
meditar sobre os pecados do corpo e fazer
a limpeza do espírito. No Brasil de 1500,
os portugueses ficaram admirados com a
quantidade de vezes por dia que os índios
entravam nos rios e no mar. E acabaram
aderindo ao saudável costume.
O banho frequente só foi, definitivamente reestabelecido no ocidente quando o
cientista francês Louis Pasteur (1822-1895)
mostrou a importância da higiene na saúde.
Seus estudos levaram à conclusão de que
a maior causa de morte entre os doentes
eram as infecções provocadas pela falta de
asseio dos próprios médicos e hospitais.
Chuveiro a lenha
Com essa mudança de percepção, o banho
voltou à rotina dos europeus no século 20,
dessa vez acompanhado de várias novidades em equipamentos, utensílios e cosmé-
As novas salas de banho podem ser
equipadas com hidromassagem para
várias pessoas, TV de plasma, piso
aquecido, som ambiente e espelho
com sistema antiembaçante
designs, que não deixam a fiação aparente, trazem vários tipos de jatos, inclusive
“massagem”, display de temperatura em
LCD, cano incorporado e até resistência
em forma de refil – que pode ser trocada
quando se queima.
Mesmo em tempos de sustentabilidade,
o chuveiro elétrico pode ser boa opção:
exige menos vazão de água, comparado
a outros modelos; esquenta mais rápido,
desperdiçando menos água, e usa a principal fonte de energia brasileira, que é limpa
e não polui o ar. Para esse tipo de chuveiros, há dois cuidados importantes a serem
tomados, de acordo com Sérgio Luiz Pereira, professor da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo. “O consumidor só deve comprar chuveiros elétricos
de fabricantes preocupados com a eficiência dos seus equipamentos. A correta
instalação elétrica também é fundamental
para segurança pessoal e patrimonial.”
Sérgio ainda destaca a necessidade de
consumo sustentável por parte de cada
cidadão, usando energia e água com responsabilidade.
ticos. O primeiro sabonete produzido em
larga escala é de 1925. Seguindo a tendência, o banheiro, que ficava do lado de fora
da casa, foi para dentro, conferindo mais
comodidade à família. A velha banheira
de ferro esmaltado passou a ser feita de
louça e fixada na alvenaria e o chuveiro
ganhou o box.
Aliás, o imprescindível chuveiro já foi
aquecido por meio da queima de lenha,
antes de funcionar a gás, a partir da década de 20. O modelo elétrico só começou a
ser fabricado no Brasil na década 40. No
começo, esses equipamentos não eram
tão seguros. A isolação dos condutores
era mal feita e a carcaça metálica deixava a resistência elétrica entrar em contato com a água, o que gerava choques ao
abrir a torneira. Bem diferente dos novos
Zsolt Nyulaszi
Esse banho coletivo foi abolido na Idade Média, marcada pelo poder da Igreja Católica.
Era relacionado ao pecado: ali, as pessoas
poderiam ver-se nuas. O banho frequente,
mesmo que solitário, também não escapou:
“amolece a alma”, era uma das crenças da
época — o que só fez aumentar as pestes e
as epidemias. A roupa era usada até ficar
muito suja ou apenas sacudida e encharcada
de perfume. Não se lavavam as mãos, nem
o rosto — isso “desgastava a pele”.
Nesse período, a prática do hamman,
aquilo deu nisso | VidaBosch | 45
Banheira de
hidromassagem
é umas das
opções modernas
para recriar,
em ambiente
privado, o
requinte das
termas
Novas opções
Não foi apenas o chuveiro elétrico que evoluiu. Atualmente, existem as salas de banho, cômodos projetados exclusivamente
para proporcionar a melhor experiência
durante o ato de banhar-se. Além de grandes banheiras (que podem ser projetadas
para comportar toda a família), elas podem ser equipadas com TV de plasma, piso
aquecido, som ambiente, ar-condicionado, espelho com sistema antiembaçante
e até acesso à internet. Dentre as opções
luxuosas, há, ainda, o chuveiro que reúne
princípios de cromoterapia (terapia que,
por meio de cores, trata dos males físicos
e mentais das pessoas). Cada um dos furos
do aparelho é iluminado por um sistema
de fibras óticas que proporciona sete cores diferentes.
A imersão pode ser feita em uma banheira hidromassagem — aquela que funciona
com uma bomba que suga a água da banheira, devolvendo-a pressurizada através
de bocais fixados na superfície interna,
massageando o corpo e proporcionando
relaxamento. Há também a renovada opção
do ofurô (banheira, de madeira ou fibra,
com no mínimo 60 cm de profundidade,
para que a pessoa, sentada, possa ficar coberta por água até os ombros). Quando se
trata de variação de temperatura no ofurô
(controlada, hoje, com precisão), ela pode
ser pensada para causar efeitos diversos:
a água fria estimula o metabolismo e aumenta a imunidade e a água quente serve para os músculos doloridos e renova
o corpo após exercícios físicos intensos.
Para os dois casos, há possibilidade de
potencializar os benefícios com o uso de
essências aromatizantes, flores, frutas e
leite durante o banho.
Também há a opção da banheira SPA,
uma hidromassagem maior e mais profunda
com sistema de filtragem para reutilização
da água. Além dos jatos, o aparelho traz
iluminação sub-aquática e aquecimento
elétrico ou a gás. A ideia de integrar quarto
e banheiro, para otimizar espaços pequenos, também é possível com as banheiras
autoportantes, que dispensam estrutura
de alvenaria, podendo ser colocadas facilmente em vários espaços da casa.
A Bosch na sua vida
Águas (quentes) passadas
Assim como o banho, a experiência da
Bosch Termotecnologia na fabricação de
aquecedores também remonta a tempos
antigos. A companhia que deu origem ao
setor da Bosch é a responsável pela invenção e produção do primeiro aquecedor de água a gás do mundo.
Se hoje podemos contar com banho
aquecido por gás no inverno, devemos
agradecer ao Sr. Junkers, o inventor do
calorímetro, um aparelho para medir o
poder calorífico dos combustíveis. Logo
se percebeu que o calorímetro também
poderia ser usado para coordenar quanto gás usar no aquecimento da água do
banho: nascia, em 1895, o aquecedor
de água a gás.
Na época da invenção, foi fundada a Junkers
S.A., que, em 1932, foi comprada pela
Bosch e transformada em sua divisão de
termotecnologia. Com mais de cem anos
de experiência e desde 1963 no Brasil, a
divisão hoje é a maior fabricante de aquecedores domésticos do mundo.
Além do primeiro aquecedor de água a gás,
a Bosch também é pioneira no aquecedor
com hidrogerador, lançado em 2000. Na
era da consciência ecológica, o produto
dispensa pilhas e energia elétrica. Seu
hidrogerador funciona como uma miniusina hidrelétrica, aproveitando a energia
mecânica da passagem da água e transformando-a na energia elétrica necessária
para o funcionamento do aparelho. Hoje,
o hidrogerador pode ser encontrado no
modelo GWH 420 CODH.
A economia de energia proporcionada pelo
aparelho vai além. O aquecedor também
ajusta a sua potência automaticamente,
de acordo com a vazão de água, e conta
com sete posições no regulador de gás,
permitindo um ajuste mais preciso da
temperatura da água.
Arquivo Bosch
44 | VidaBosch |
46 | VidaBosch |
áudio
| Por Ricardo Ditchun
O caminho
se faz cantando
Da MPB ao rock, vasta produção musical parece ter
sido feita para entrar em trilhas sonoras de viagens
de carro; confira dicas para fazer uma boa seleção
Anthony Harris
S
e o carro já inspira liberdade, a combinação automóvel, música e estrada
surge como uma definição muito próxima
desse ideal. A relação é largamente explorada em road movies e romances. Mas a
produção maior, claro, fica no universo
musical. São canções e mais canções que
parecem ter sido planejadas para o papel
de companheiras de viagem. Reunidas de
acordo com os mais variados critérios, se
transformam em trilhas personalizadas.
O recurso é usado desde o início dos
anos 60, com a invenção das fitas cassete. Até então, dependia-se do gosto das
emissoras de rádio. As fitas magnéticas
levaram para dentro do carro álbuns inteiros e, melhor, seleções que revelavam
muito do estilo e da personalidade de seus
autores. Quem foi jovem até os anos 80,
deve guardar boas recordações das caixas
produzidas para acomodar 10 ou 20 fitas.
A importância delas era de tal ordem que
boa parte dos motoristas, com medo de
furtos, não se esquecia de carregar as arcas de tesouros musicais para o trabalho,
cinemas e lanchonetes. O mesmo ritual se
repetia com os CDs, tecnologia surgida no
começo dos anos 80, que decretou o desaparecimento das fitinhas. Dessa vez, eram
os compact discs que vinham e voltavam
dos automóveis acondicionados em cases.
Mas, desde o fim da década de 90, ganha
espaço o MP3, um tipo de compressão de
arquivos de áudio que apresenta mais
praticidade em relação aos discos e que
é – por enquanto – o melhor dos mundos
para quem adora ouvir trilhas musicais
enquanto dirige seu automóvel.
O som de cada destino
Escolher bem as listas musicais que vão
preencher CDs ou dispositivos de MP3 depende de sensibilidade. As trilhas podem
ser programadas em razão dos destinos e
dos trajetos. Se a intenção é ir para alguma
praia em busca de sol e de contato com a
natureza, há vasta produção que tem esses temas como foco (Beach Boys, Tom Jobim, Dorival Caymmi, The Ventures, The
Surfaris, Dick Dale, entre outros). A idéia
é seguir rumo ao interior? Ouça música de
raiz, sertaneja, caipira, cabocla... Ou, ainda,
as muitas manifestações estrangeiras que
tratam do assunto como o blues norte-americano, a produção da banda inglesa Led
Zeppelin – influenciada pela música celta
e pelo folk – e a mistura estilística do Manu
Chao. No Brasil, para ambas as situações,
vale uma dica infalível: Tim Maia.
“Praia e campo pedem sons diferentes,
mas prefiro evitar associações óbvias. Numa viagem ao litoral, caem bem Sly & The
Family Stone, Red Hot Chili Peppers, Van
Halen”, sugere o tradutor Alysson Navarro.
Navarro, um apaixonado por música, é veterano em fazer trilhas para viagens e para
áudio
A trilha pode variar de acordo com
o destino. Vai para a praia? Inclua
Dorival Caymmi ou Beach Boys. Vai
ao interior? Toque música caipira
os amigos desde pequeno. A publicitária
Jane Fernandes, também aficionada por
música e listas, afirma que faz sua seleção
influenciada pelo destino, pela companhia
e até mesmo pelo humor no momento da
viagem. “Quando vou para a praia, gosto
de ouvir rock americano, surf music e tecno, além de Jack Johnson e Bob Marley. Já
quando o interior é o destino, prefiro rock
clássico e country americano”, elenca.
O básico das estradas
Música, como se sabe, é como religião e
política. Cada um tem as suas preferências
e qualquer imposição costuma resultar em
conflito. Mas cabem sugestões dentro da
relação entre canções e estrada. Uma, muito
óbvia, mas que não pode ser esquecida, é
a trilha sonora do longa-metragem “Sem
Destino” (“Easy Rider”, 1969), dirigido por
Dennis Hopper. O roteiro musical do filme
contém a obra mais emblemática para quem
comunga dos princípios libertários, seja
sobre duas rodas – como fazem os personagens de Peter Fonda e Dennis Hopper –,
ou em um carro. Da trilha do filme, “Born to
Be Wild”, da banda Steppenwolf, é perfeita para trajetos longos. Diz a letra: “Deixe
seu motor funcionando / Dirija-se para a
autoestrada / Em busca da aventura”. Mais
estradeiras? “Proud Mary”, do Creedence
Clearwater Revival, “Day Tripper”, de John
Lennon e Paul McCartney, “A Little Less
Conversation”, na voz de Elvis, e muita coisa
de Bob Dylan e Simon & Garfunkel.
Boa parte das melhores músicas desse tipo, aliás, são dos Estados Unidos. A
explicação é simples: paixão por automóveis, vasto território repleto de diferenças
sociais, culturais e geográficas e uma profusão de estradas impecáveis. O assunto
é tão presente por lá que o departamento
de transportes do país mantém uma página de internet com uma listagem de 1.590
músicas relacionadas às estradas. Vale a
pena conferir no site (www.fhwa.dot.gov/
infrastructure/lyrics.cfm).
No Brasil, o tamanho do país também
favorece essa tendência. Como companhia,
dá para ouvir quase toda a produção do
Clube da Esquina (“Eu já estou com o pé
na estrada / Qualquer dia a gente se vê /
Sei que nada será como antes, amanhã”),
os clássicos de viagem de Roberto e Erasmo Carlos (“Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo / Se confunde em minha
mente”), as canções do trio Sá, Rodrix &
Guarabyra e boa parte do bom repertório
sertanejo e nordestino.
Para uma boa seleção
Buscar músicas para uma viagem longa pode
levar muito tempo. Antes de cada partida,
Jane Fernandes gasta pelo menos duas horas
com a preparação do roteiro musical. Para
ela, que conta com um grande acervo digital,
ter em cada arquivo as informações sobre
o artista, gênero e álbum agiliza o processo.
“Tenho cerca de 6 mil músicas arquivadas,
todas separadas por estilo”, conta.
Além de um acervo musical organizado,
Alysson Navarro considera que o melhor
para montar uma boa trilha é seguir as dicas
do personagem Rob Gordon – uma enciclopédia ambulante de música pop – do livro
(e do filme homônimo) “Alta Fidelidade”.
“Ele fala sobre a importância da primeira
música, das letras e da seqüência. Acho que
é por aí. Tem de entrar no clima da viagem,
do motivo dela, da companhia... Assim, uma
música vai pedindo a outra. Só não dá para começar com ‘The End’, do The Doors
(risos) [“Este é o fim / Caro amigo / Este é
o fim / Meu único amigo, o fim”]. É pedir
pra nem ouvir o resto”, conclui.
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
48 | VidaBosch |
Mandando o CD passear
Quando se pensa em preparar a trilha
sonora para viajar, muitos já começam
a selecionar CDs em um estojo grande para levar no carro ou a compilar
as músicas para gravar os “discos da
viagem”. Todo esse trabalho já não é
mais necessário. Com o MP3, centenas de arquivos podem ser guardados
em pequenos aparelhos — não é mais
preciso malabarismo para trocar CD e
dirigir ao mesmo tempo. O auto-rádio
Melbourne SD27, que traz o design retrô só como um diferencial, é pioneiro
nessa tendência: foi o primeiro aparelho
da Blaupunkt, marca do Grupo Bosch,
a eliminar o drive de CD. No lugar, a
conectividade com MP3 players ou iPods e com cartões SD (aqueles também
usados em máquinas fotográficas digitais). Dessa forma, é só organizar a
biblioteca musical em listas de reprodução e acelerar para a viagem. Ligar
o MP3 player é fácil: basta conectá-lo
por um cabo P2 à entrada na frente
do rádio e selecionar as canções. Da
mesma forma, é só inserir o pequeno
cartão SD para reproduzir arquivos do
tipo MP3 ou WMA.
Integrado com a tecnologia bluetooth,
o aparelho ainda possibilita transmitir
áudio sem fios (por uma interface opcional) e atender ligações sem tocar no
celular. O Melbourne e outros produtos
da Blaupunkt podem ser encontrados
em vários pontos de venda pelo Brasil.
Para achar o mais próximo, acesse www.
blaupunkt.com.br.

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