Fellowes óleo pro pingo

Transcrição

Fellowes óleo pro pingo
OGLOBO
Irineu Marinho (1876-1925)
ESPORTES
GOL DE MÃO ELIMINA O
BRASIL DA COPA AMÉRICA
A seleção brasileira deu
adeus à Copa América ao ser
eliminada pelo Peru com um
gol de mão de Ruidíaz. Há 29
anos o Brasil não era elimina-
do na etapa inicial do torneio
continental. Após campanha
em que a equipe só fez gols
contra o Haiti, Dunga sofre
séria ameaça no cargo.
(1904-2003) Roberto Marinho
RIO DE JANEIRO
oglobo.com.br
Brasileirão
STEVEN SENNE/AP
SEGUNDA-FEIRA, 13 DE JUNHO DE 2016 ANO XCI - Nº 30.261
RODADA RUIM
PARA O RIO
De mão. Ruidíaz completa para o gol de forma ilegal. O árbitro Andrés Cunha levou quatro minutos para validar
Nenhum carioca venceu no
fim de semana: o Fla perdeu
do Figueirense por 1 a 0, em
Santa Catarina. No Raulino,
o Botafogo ficou no 1 a 1
com o Vitória.
MASSACRE NA FLÓRIDA
_
Terror e ódio homofóbico matam
50 no maior ataque a tiros dos EUA
Americano, filho de afegãos, jurou lealdade ao Estado Islâmico e abriu fogo em boate gay em Orlando
JOE RAEDLE/AFP
Número de vítimas é o maior no país desde o 11/9. Grupo jihadista reivindica autoria, mas FBI ainda não confirma. Em seu 16º
pronunciamento à nação após um tiroteio, Obama critica, mais uma vez, o fácil acesso dos americanos às armas
Tragédia. Agentes do FBI procuram vestígios da ação do atirador na parede parcialmente danificada por tiros da boate Pulse, em Orlando, onde Omar Mateen foi abatido após alvejar mais de cem pessoas: segundo o pai, ele era homofóbico
ror. Por meio de uma agência na internet, o Estado Islâmico reivindicou o
ataque, considerado o maior a tiros na
História dos EUA e também o mais
mortífero direcionado a gays. Mas o
FBI não confirmou vínculos entre o
atirador e o grupo jihadista. Segundo
o pai, Mateen não era religioso, mas
demonstrava claros sinais de homo-
MPs agravam contas de Dilma
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU)
classificou como “grave irregularidade” a edição de quatro medidas provisórias, em 2015, que criaram gastos extras de R$ 49,6 bilhões. As MPs não teriam sido
editadas levando em considera-
ção critérios de urgência, imprevisibilidade ou calamidade. O novo parecer integra o processo no
TCU que analisa as contas da presidente afastada, Dilma Rousseff.
O julgamento no plenário da corte de contas ocorrerá na próxima
quarta-feira. PÁGINA 3
fobia. Em seu 16º pronunciamento à
nação após um tiroteio, o presidente
Barack Obama classificou o ato como
de terror e ódio: “Isso mostra como é
fácil que uma pessoa consiga uma arma e dispare dentro de escola, restaurante, cinema ou boate.” O massacre
causou enorme comoção no país e no
mundo. PÁGINAS 20 a 23
PÁGINA 7
O candidato republicano Donald
Trump pode se beneficiar do clima
de medo. Ele acusou o presidente
Barack Obama e a rival, Hillary
Clinton, de serem fracos. PÁGINA 23
Grampeado
entre
Michelzão e
Michelzinho
SEGUNDO CADERNO
CICLOVIA AGORA
TERÁ REFORÇO
Trump aproveita para
atacar democratas
A fera indomada do cinema
CLÁUDIO ASSIS LANÇA NOVO FILME
E DIZ QUE FOI USADO EM POLÊMICA
CHICO
— Meu
filho, um dia
tudo isso
será meu!
ALEXANDRE CASSIANO
Um atirador homofóbico, que jurou
lealdade ao Estado Islâmico, perpetrou o maior ataque terrorista nos
EUA desde o 11 de Setembro, matando 50 pessoas e ferindo 53 na lotada
boate gay Pulse, em Orlando. Filho de
afegãos, Omar Mateen, de 29 anos, fora interrogado em três ocasiões pelo
FBI por possíveis conexões com o ter-
CARLOS TUFVESSON
O massacre atinge todos que
defendem os direitos humanos
universais. PÁGINA 22
MARC BASSETS
Orlando vai pôr o acesso fácil a
armas e o jihadismo no centro da
campanha americana. PÁGINA 22
Sirkis confirma
reunião, mas nega
caixa 2 para Marina
Coordenador da campanha de Marina Silva pelo PV em 2010, Alfredo
Sirkis admitiu ontem encontro com
Léo Pinheiro, então presidente da
OAS, em que pediu doação, mas
negou irregularidades. PÁGINA 6
VOLBEAT REFRESCA
A CENA DO ROCK
Com som melódico e pesado,
disco recém-lançado da
banda desponta entre os
mais vendidos na internet.
2ª Edição • Preço deste exemplar no Estado do Rio de Janeiro • R$ 4,00 • Circulam com esta edição: Segundo Caderno e caderno Esportes
JOSÉ EDUARDO
AGUALUSA
Colunista lista suas livrarias
preferidas pelo mundo.
RAPHAEL MONTES
As regras para se escrever
boas histórias de detetives.
2
l O GLOBO
Segunda-feira 13 .6 .2016
Página 2
Conte algo que não sei
[email protected]
_
RICARDO
NOBLAT
‘O racismo segue vivo e perigoso no Brasil e nos EUA’
_
Ollie Johnson, cientista político
Professor de Estudos Afro-Americanos na Wayne University (Detroit) esteve no Rio para pesquisa e para falar sobre o Partido dos Panteras Negras, em seminário na UFRJ
MÔNICA IMBUZEIRO
“Nasci e cresci em Atlantic
City, Nova Jersey. Eu me
graduei em Estudos
Afro-Americanos e Relações
Internacionais na Brown
University, onde estudei
português. Vim para cá e me
apaixonei pelo país. Fiz
mestrado em estudos
brasileiros e fui à Berkeley,
para mestrado e doutorado
em políticas sociais.”
|
|
“É uma guerra, tem sido uma guerra.”
Michel Temer, presidente interino da República, sobre o
primeiro mês do seu governo.
_
Querida, deu errado!
Primeiramente... Se Dilma tivesse chances de
voltar ao cargo do qual foi afastada, ela não
acenaria, como o fez em entrevista à TV
Brasil, com a proposta de convocação de um
plebiscito para que os brasileiros digam se
são favoráveis a uma eleição presidencial
antecipada. Caso ocorresse, a eleição serviria
à escolha de um presidente para completar o
mandato de Dilma. O que significa...
_
ENTREVISTA A:
SÉRGIO LUZ
[email protected]
ARTE DE ANTONIO LUCENA
Conte algo que não sei.
Os EUA, infelizmente, são um
dos principais patrocinadores do
terrorismo no mundo. Fizeram
intervenções em muitos países
em sua história. E continuam fazendo. Centenas de milhares de
pessoas foram mortas no Iraque,
no Afeganistão, no Oriente Médio. E a maioria era inocente. É
um crime terrível, pelo qual os
EUA não se desculparam ou se
responsabilizaram. Houve muita
violação dos direitos humanos. E
é sobre isso que os Panteras Negras falavam há 50 anos, durante
a Guerra do Vietnã, quando milhões de vietnamitas perderam
suas vidas, sem nunca representar ameaça ao governo ou à população americana. Há 50 anos
era a Guerra Fria. Agora é a Guerra ao Terrorismo.
l
Qual o legado dos Panteras
Negras?
Os Panteras Negras formavam a liderança do movimento
Black Power, entre 1960 e 1970.
l
O movimento dos direitos civis
foi um pouco anterior, entre
1950 e 1960. Ambos foram importantes na luta de libertação
dos negros americanos. E muito veio graças à política de não
violência ligada ao reverendo
Martin Luther King Jr. O principal legado é de coragem, força e crítica à legitimidade do
sistema político americano,
que não era justo ou correto.
Mostraram que brutalidade
policial e pobreza não podiam
ser realidades para as comunidades afro-americanas. É um
legado bem poderoso.
O que mudou na questão do
racismo desde os anos 1960?
Infelizmente, o racismo segue bem vivo e perigoso no
Brasil e nos EUA. Mesmo que
tenha acontecido uma melhora social, a supremacia branca
ainda está presente em todas
as instituições. Você vê isso na
reação policial. Mesmo que estejam integradas racialmente,
l
as forças policiais seguem com
a mentalidade enraizada de
que jovens afro-americanos
representam um perigo maior.
E isso ocorre mesmo no governo de um presidente negro,
com uma família afro-americana residindo na Casa Branca. Os índices sociais e econômicos confirmam que a desigualdade racial ainda é forte
nos EUA. Infelizmente, o presidente Obama foi muito silencioso sobre esse tema. No Sul
dos EUA, há um órgão chamado Southern Poverty Law Center, uma organização de direitos civis do Alabama, que identifica e mapeia grupos racistas
e de ódio. Estão espalhados
por todo o país. É muito triste
que em 2016 a gente tenha
grupos de supremacia racial,
com nomes neonazistas, a Ku
Klux Klan… E um problema
ainda maior são as pessoas poderosas que simpatizam com
essas ideias, como Donald
Trump.
Acha que ele tem chances?
Há muita gente simpática a
seu ponto de vista. Outras se
submetem a seu discurso do
medo. E o medo funciona. São
tempos muito perigosos nos
EUA. Como alguém pode dizer
o que ele diz sobre mexicanos,
muçulmanos? É frustrante que
a gente tenha que seguir lutando essas batalhas. Acho que Hillary será eleita. Mas se ela não o
levar a sério, ele pode vencer.
l
E o que achou da candidatura do Bernie Sanders?
Foi um sopro de ar em nossa
política. Ele tem vigor juvenil,
apesar da idade. Sua plataforma era uma revolução, com ênfase no sistema de saúde e na
educação, para tentar tirar o poder do 1% que controla a riqueza do país. Muita gente apoiou a
mensagem. Mas ele deu de cara
com a máquina dos Clinton.
Contudo, motivou milhões de
pessoas de uma forma que os
outros não conseguiram.
l
Imagem da semana
_
DEFEITO DE
NASCENÇA
NO JOÁ
FOTO
PABLO JACOB
Operários remendam a
pista do novo Elevado
do Joá dez dias depois
da inauguração. Para
especialistas, os
buracos — um deles de
quase um metro
quadrado — surgidos
no asfalto em tão pouco
tempo são resultado de
má qualidade do
material ou falha na
execução da obra,
concebida para ficar
como legado olímpico l
Leia também
_
País
Economia
Em quatro anos, número de prisões por corrupção
aumenta mais de 400%
Governo Temer já tem R$ 500 bilhões em projetos que
devem ser licitados ao setor privado, como campos de
petróleo, rodovias, ferrovias, aeroportos e portos
PÁGINA 5
PÁGINA 15
Rio
Em fim de semana de frio e ressaca, cidade registrou, na
noite de sábado, a menor temperatura do ano: 10,8 graus
Ipiranga compra rede de postos Ale por R$ 2,1 bilhões,
fortalecendo atuação no Nordeste
PÁGINA 17
PÁGINA 14
Loterias
O leitor deve checar os resultados em agências oficiais e no
site da CEF porque, com os horários de fechamento do jornal,
os números aqui publicados, divulgados sempre no fim da
noite pela CEF, podem eventualmente estar defasados.
l
MEGA-SENA
1.827
26 l
33 l
42
l
43 l
53 l
54
l
Acumulado em R$ 5,3 milhões
DUPLA SENA
1.503
01 l
06 l
13 l
23 l
24 l
30
l
2º Sorteio l
01 l
24 l
35 l
38 l
41 l
44
Um ganhador no 1º Sorteio
1º Sorteio
QUINA
4.107
09 l
41 l
44
l
50 l
60
l
Acumulado em R$ 3,8 milhões
QUE DILMA TEM plena consciência de sua impossibilidade de governar até o dia 31 de dezembro de
2018, como deveria. O impeachment passou na Câmara com os votos de 71,5% dos 513 deputados,
obrigando-a a se afastar do cargo. Foi admitido no
Senado com os votos de 67,9% dos 81 senadores.
Esse percentual tem tudo para ser maior no ato final do julgamento dela.
DILMA CAIU PORQUE pedalou contra o Tesouro, fez
um governo desastroso e perdeu apoio político.
Quer voltar por pouco tempo, preocupada apenas
com sua biografia. “Querida, deu errado. Você só
tem de escolher por qual porta sair”, ensinou Lula a
Dilma no dia em que ela se despediu do Palácio do
Planalto. Hoje, refugiada no Palácio da Alvorada,
espera que a sorte mude seu destino.
PARA ELA, BEM QUE os brasileiros poderiam se encantar outra vez com a ideia de Diretas já! Ou seja:
nem Dilma, nem Temer, mas um terceiro. E já! E assim, devolvida temporariamente ao poder, Dilma
sairia mais tarde dali pela porta de quem abdicou
de direito adquirido pensando acima de tudo no
país — Dilma, a generosa; Dilma, a abnegada; Dilma, a estadista.
HAVERIA OUTRA PORTA pela qual a ex-presidente
poderia sair: a do rotundo fracasso do governo provisório de Temer. Ela nunca admitirá que torce para
que Temer fracasse, mas não faz outra coisa, não
deseja outra coisa. Dane-se o país, se esse for o preço a pagar para dar um lustro no que se dirá de Dilma no futuro. Golpeada, Dilma caiu, mas o golpista-mor, também. Vítima e algoz. Lorota!
TEMER É VISTO COM muita desconfiança, e é natural
que seja. Ele é do PMDB, partido tão encrencado na
Lava-Jato quanto o PT. Por duas vezes foi vice de Dilma, responsável, assim como Lula, pela dramática
situação econômica, política e moral que o país atravessa. Temer é uma esfinge. Mas Dilma, não. Decifrada, a maioria dos brasileiros deu-lhe as costas.
LULA ESTÁ PERDIDO. E disso dão testemunho os que
convivem com ele, e os que o escutam falar nos raros
atos públicos a que comparece. No da última sextafeira, que lotou apenas quatro quadras da Avenida
Paulista, no Centro de São Paulo, nem Lula nem ninguém perdeu tempo em comentar a proposta de plebiscito com Diretas já! Daqui a dois anos haverá diretas. Antecipá-las para quê? Para o PT perder?
AGORA A DERROTA SERIA certa. Este ano ou em 2018,
não se sabe se o PT contaria com Lula como candidato. Sérgio Moro deve saber. Ou o ministro Teori
Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. Lula poderá escapar de ser preso para que não se dê ao PT
um aspirante a mártir. Não mais uma jararaca de
vida curta, talvez um São Sebastião flechado. Mas
livrar-se da Lava-Jato, esqueça. Ele não se livrará.
SE TEMER NÃO FOR alvejado por uma bala perdida ou,
pior, certeira, dessas que ultimamente produziram
severo estrago na imagem de influentes caciques do
PMDB, seguirá capengando na direção do seu Santo
Graal — um ajuste nas contas públicas e a aprovação
de algumas reformas econômicas. É pouca ambição?
Não, não é. Nas atuais circunstâncias, é muita.
www.oglobo.com.br/noblat
www.twitter.com/blogdonoblat
www.facebook.com/blogdonoblatoglobo
Segunda-feira 13 .6 .2016
O GLOBO
País
l 3
NOVO ARGUMENTO
Urgência em xeque
_
Ministério Público aponta ‘grave irregularidade’ na edição de MPs que criaram despesas
ANDRÉ COELHO/12-11-2014
VINICIUS SASSINE
[email protected]
-BRASÍLIA- Um parecer do Ministério Público junto
ao Tribunal de Contas da União (TCU) aponta
como “grave irregularidade” a edição de quatro
medidas provisórias em 2015 que criaram gastos extras de R$ 49,6 bilhões, sem levar em conta
critérios de urgência, imprevisibilidade ou calamidade, necessários à proposição de MPs pelo
presidente da República. O parecer integra o
processo no TCU que analisa as contas de 2015
da presidente afastada Dilma Rousseff, e foi encaminhado aos gabinetes dos ministros na última sexta-feira pelo relator do processo, ministro José Múcio Monteiro.
O Ministério Público elencou cinco irregularidades relacionadas às MPs que criaram os créditos extraordinários. Os apontamentos se somam a outros 19 indícios de irregularidades nas
contas de Dilma, listados pela área técnica do
TCU num documento de 117 páginas. Entre esses indícios está a edição de seis decretos autorizando créditos suplementares, sem aval do
Congresso — antes da aprovação da nova meta
fiscal enviada ao Parlamento. Assim, a análise
das contas de 2015 de Dilma pode levar em conta indícios de irregularidades na liberação de
novos créditos tanto por meio de decretos
quanto por meio de MPs, uma novidade até
agora no julgamento das contas pelo TCU.
Múcio poderá submeter 24 indícios de irregularidades à apreciação pelo plenário. Uma primeira análise pelo colegiado está prevista para
ocorrer na quarta-feira, 15. O relator deve dar
um prazo de 30 dias para a presidente apresentar explicações. O ministro decidirá hoje quais
pontos indicados pelos auditores e pelo Ministério Público serão levados à sessão de quarta.
No ano passado, os ministros do TCU aprovaram um parecer pela rejeição das contas de
2014 com base em 13 indícios de irregularidades. A rejeição pode voltar a ocorrer neste ano.
A palavra final é do Congresso. O processo de
impeachment de Dilma, afastada desde 12 de
maio, tem como base a edição de decretos de
créditos suplementares e a prática das “pedaladas” fiscais, presente no julgamento das contas.
“MPS EXPANDIRAM GASTOS EM CENÁRIO ADVERSO”
O parecer que considera irregulares as MPs
686, 697, 702 e 709 de 2015 — todas convertidas em lei — é assinado pelo procurador-geral
do Ministério Público junto ao TCU, Paulo Soares Bugarin. “Além da abertura de créditos
suplementares sem autorização legislativa,
por meio de decretos do Executivo, houve
também a abertura de créditos extraordinários por medida provisória, com inobservância
aos pressupostos constitucionais de imprevisibilidade e urgência”, afirma. “As graves irregularidades cometidas tiveram como consequência a manutenção ou expansão dos gastos públicos em um cenário onde a legislação
orçamentária e fiscal impunha uma maior restrição na execução dos gastos.” Conforme o
Ministério Público junto ao TCU, a abertura de
créditos extraordinários por meio de MPs só é
possível para atender a despesas “imprevisíveis e urgentes”, como em casos de guerra, comoção interna ou calamidade pública.
Uma das MPs abriu crédito de R$ 5,1 bilhões para o Ministério da Educação garantir
Argumentos. José Múcio Monteiro, relator das contas do governo no TCU, decide hoje quais serão os indícios levantados pelo MP que pretende levar ao plenário da corte
a continuidade do Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies); de R$ 4,6 bilhões para o pagamento de auxílio nos juros cobrados pelo
BNDES; e de R$ 35,8 milhões para a aplicação
do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). “Não é possível identificar
nenhum fato imprevisível que justificasse tal
medida”, diz o procurador-geral no parecer.
“Há características de créditos suplementares, apesar de classificados como extraordinários. Assim, as autorizações dessas despesas deveriam ter prévia autorização legislativa”, continua.
O procurador argumenta que aumentos de
despesa devem ser acompanhados de cortes
de outros gastos em valores equivalentes. “O
uso de MP para créditos suplementares burla a exigência de observância da meta fiscal,
macula as estatísticas fiscais, aumentando
valores destinados a créditos extraordinários fictícios, o que atenta contra as normas de
direito financeiro, em especial a lei orçamentária e o adequado controle legislativo”,
cita o parecer.
Outra MP abriu créditos extraordinários de
R$ 2,5 bilhões ao Ministério da Saúde, para
aumento de demandas de média e alta complexidade no SUS; R$ 10,9 bilhões ao Ministério do Trabalho e Emprego, para pagamento de passivos do FGTS; R$ 8,9 bilhões ao Ministério das Cidades, destinado a passivos
do Minha Casa Minha Vida; e R$ 15,1 bilhões
para passivos com o BNDES por conta de auxílios nos juros de financiamentos. O dinhei-
ro destinado à Saúde está de acordo com o
que prevê a Constituição para MPs, segundo
o procurador-geral, “ante a alegada situação
de vulnerabilidade para a ocorrência de surto das epidemias de dengue, zika e chikungunya”. Os outros três casos dizem respeito a
pagamentos de “pedaladas”, o que não deveria ser feito via MP, segundo o MP.
O documento conclui que a abertura de créditos viola a Constituição, normas gerais do direito
financeiro, a lei orçamentária e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Além disso, o Ministério
Público entende que a autorização de operação
de financiamento do projeto de compra de novos
caças para a Aeronáutica infringiu a LRF.
ERROS REPETIDOS EM DOIS ANOS SEGUIDOS
O relatório técnico que embasará o voto de
Múcio considerou ilegal o pagamento das
“pedaladas” feito nos últimos dias de 2015, na
ordem de R$ 74 bilhões. Este registro foi incluído como parte dos indícios de irregularidades nas contas de 2015.
O ex-advogado-geral da União José Eduardo
Cardozo, que faz a defesa da presidente afastada, disse ao GLOBO que os créditos não precisavam passar pelo Congresso, conforme a lei orçamentária.
— As despesas autorizadas não eram incompatíveis com a meta fiscal, uma vez que estavam contingenciadas. O curioso é que o próprio TCU, no período, também pediu um decreto semelhante — disse, por meio de mensagem de celular. l
U
PRINCIPAIS IRREGULARIDADES
MPS: Ministério Público aponta que medidas
provisórias que criaram créditos suplementares
afrontaram a Constituição, a Lei de
Responsabilidade Fiscal e a Lei Orçamentária.
FIES: Abertura de crédito extra para o Fies, com
despesas obrigatórias para mais de dois exercícios,
o que é vedado pela LRF.
CAÇAS. Operação externa de crédito para a compra
dos caças suecos, em desacordo com a LRF.
PLANO SAFRA: Os auditores do tribunal detectaram
irregularidades nas pedaladas para financiar o
plano Safra e juros em créditos do BNDES, além do
pagamento das pedaladas sem a devida
autorização pela Lei Orçamentária. Também
apontaram corte de despesas em valor inferior ao
necessário para cumprir a meta fiscal.
OMISSÃO: De passivos da União, nas estatísticas de
dívida pública, junto a Banco do Brasil, Caixa,
BNDES e FGTS.
REPASSES. Falta de repasses da Infraero para o
Fundo de Aviação Civil e do DPVat para o Fundo
Nacional de Saúde.
CRÉDITO: Operação de crédito irregular envolvendo
União e Banco da Amazônia
Teto de gastos públicos será novo teste para Temer no Congresso
Presidente interino
entregará PEC
pessoalmente na
quarta-feira
CRISTIANE JUNGBLUT
E MARTHA BECK
[email protected]
-BRASÍLIA- Completados 30 dias de
governo provisório, o presidente interino Michel Temer vai pôr
novamente seu prestígio à prova no Congresso. Ele pretende ir
pessoalmente ao Legislativo para entregar a Proposta de
Emenda Constitucional (PEC)
que vai criar um teto para os
gastos públicos. Seu maior problema, no entanto, está dentro
da própria equipe, que diverge
sobre o texto final.
O teto fixaria que as despesas
do governo durante o ano seriam iguais ao orçamento do ano
anterior, mais a inflação. O impasse no governo provisório se
dá devido ao prazo de duração
do teto. De um lado, os ministros políticos defendem um
prazo mais curto para facilitar a
aprovação. Do outro, está a área
econômica, que quer um prazo
de pelo menos dez anos para
mostrar ao mercado um compromisso de longo prazo com o
reequilíbrio fiscal.
Segundo um interlocutor
do Planalto, há propostas de
dois, cinco, sete e até dez
anos. Mas segundo ele, Temer está propenso a fazer
vinculações de tempo a mandatos presidenciais. Assim, o
teto duraria até o fim de 2018,
quando acaba o atual governo, ou até o fim de 2022,
quando seriam sete anos e
dois mandatos presidenciais.
O teto para os gastos será calculado tendo como base inicial as despesas de 2016. A
partir daí, eles só subiriam
com base na inflação registrada no ano anterior.
Temer voltou ontem de São
AFP
Recado. Para Meirelles, teto duradouro será boa sinalização ao mercado
Paulo e se reunirá hoje com os
ministros Eliseu Padilha (Casa
Civil), Henrique Meirelles e
Dyogo de Oliveira (Planejamento). Há chances de o presidente interino optar por um
prazo maior para não desagradar a Meirelles. A ideia é fechar
o texto até esta terça-feira. O
peemedebista pretende ir ao
Congresso no dia seguinte.
DEFESA DA APROVAÇÃO DA DRU
O presidente também defenderá, na Câmara, a aprovação da nova DRU (mecanismo que permite ao governo
mexer livremente em 30% de
suas receitas carimbadas até
2023) no Senado, as Leis das
Estatais e a Lei dos Fundos
de Pensão. Ainda como parte
do esforço para manter positiva a relação com a maioria
no Congresso, Temer continuará os encontros extraagenda com senadores. Ele
trabalha com o placar de 59
votos a favor do afastamento
definitivo da presidente Dilma.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que o governo completa 30 dias com votações importantes no Congresso e com uma maioria expressiva — o que é importante para
manter o placar a favor do impeachment de Dilma.
— Nestes 30 dias, aprovamos
tudo o que precisávamos e com
mais de 2/3 dos votos. Há quanto tempo o governo não conseguia isso? — disse Padilha.
O ministro adotou o discurso
de que o governo Temer já está
levando a uma retomada da
atividade econômica, apesar
dos números ruins, e aproveitou para dizer que a reforma
da Previdência não prejudicará ninguém.
— O governo não tem uma
proposta. Tem muitas. Queremos uma reforma da Previdência juntamente com a visão dos interessados — disse
Padilha. l
4
l O GLOBO
l País l
Efeito cascata
de aumento do
STF passará de
R$ 1 bilhão
EFEITO CASCATA NOS ESTADOS MAIS ENDIVIDADOS
IMPACTO PREVISTO COM AUMENTO DO TETO DO FUNCIONALISMO
ACRE
PERNAMBUCO
CEARÁ
ALAGOAS
O reajuste para
desembargadores e
procuradores seria automático.
Executivo, TJ e MP
não responderam
O aumento de desembargadores
e de conselheiros do Tribunal
de Contas é automático, mas os
dois órgãos não fizeram
estimativas de gastos extras. O
MP não se manifestou
Governo do estado e Tribunal
de Contas não responderam.
Aumentos dos desembargadores
é automático. Ministério Público
não quis se manifestar
RELAÇÃO DÍVIDA X RECEITA
Executivo, Ministério Público e
Tribunal de Contas não
responderam. Para o Judiciário,
é automático, mas o TJ-AL
disse que só fará estimativas se
o reajuste do STF for
sacramentado
62,8%
198,7%
R$ 23,9 milhões
RELAÇÃO DÍVIDA X RECEITA*
96,9%
62,2%
R$ 11,3 milhões
IMPACTO ANUAL
Não calculado
[email protected]
A aprovação do aumento dos salários dos ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF) não trará gastos extras apenas para a União. Em um período de dificuldade até para honrar a folha de pagamento, os estados
também sofrerão as consequências do reajuste. O chamado efeito cascata vai gerar
nos dez estados mais endividados do país um impacto
anual de, pelo menos, R$ 1
bilhão. O valor final pode ser
bem maior, já que apenas São
Paulo e Rio de Janeiro forneceram informações para que
fosse feito um cálculo completo da elevação de despesas. Estados como o Rio
Grande do Sul informaram
que só irão fazer contas se o
aumento realmente entrar
em vigor, o que ainda depende de aprovação pelo Senado.
O efeito cascata acontece
porque os vencimentos do Supremo, segundo a Constituição, servem de teto para o funcionalismo público de todas as
esferas. Muitos servidores do
Executivo, Legislativo e Judiciário estaduais sofrem um corte
no salário por causa dessa regra. Com o aumento no STF,
esse corte fica menor.
Além disso, os salários dos
desembargadores dos tribunais
de Justiça estaduais, dos procuradores dos ministérios públicos e dos conselheiros dos tribunais de contas são equivalentes a 90,25% do salário do STF.
Em alguns estados, esse aumento é automático e em outros dependem da provação de
um projeto de lei. Mas uma liminar conseguida em março do
ano passado pela Associação
dos Magistrados do Brasil
(AMB), no Conselho Nacional
de Justiça (CNJ), determina o
reajuste imediato sempre que
houver aumento para os representantes do Supremo.
— Os estados não podem fazer nada quanto a essa despesa extra. E isso acontece num
momento em que o governo
federal tenta impor restrição
de gastos aos estados durante
a renegociação das dívidas —
-SÃO PAULO-
analisa Roberto Piscitelli, professor de finanças da Universidade de Brasília.
Não são apenas os aumentos
automáticos que preocupam
os governos estaduais. A avaliação é que a elevação do teto
pode fazer com que servidores
reivindiquem reajustes. Em
São Paulo, a Secretaria de Planejamento e Gestão admite
que “talvez ocorra pressão por
parte das carreiras de procurador do estado e defensor público para um ajuste da remuneração base, de forma a adequá-la ao novo teto”.
SP E RIO SE COMPLICAM
A Secretaria da Fazenda paulista estima que se o aumento do
STF entrar em vigor ainda este
mês vai provocar um gasto adicional com a folha de pagamento deste ano de R$ 183,5
milhões para todos os poderes.
Pelo projeto aprovado na
Câmara, os vencimentos dos
representantes do Supremo
passariam de 33.763 para R$
36.703,88, a partir de junho.
Ainda de acordo com a proposta, em janeiro do ano que
vem, o salário subiria novamente, para R$ 39.293,32.
Em 2017, o governo de São
Paulo projeta um impacto de
R$ 508 milhões, quantia suficiente para construir dois hospitais. São Paulo é o quinto estado mais endividado do Brasil.
Com arrecadação em queda, o
estado tem adiado o início de
novas obras, renegociando
contratos para manter os compromissos em dia.
No Rio, onde o governo anunciou semana passada que precisará parcelar os salários dos servidores mais uma vez, o impacto para o Poder Executivo será
de R$ 258 milhões em 2017. O
Tribunal de Justiça, o Ministério
Público e o Tribunal de Contas
projetam um gasto extra de
mais R$ 130 milhões.
Com a segunda maior dívida
entre os estados, o Rio tem estudado medidas como a limitação do uso do bilhete único
aos contribuintes isentos do
imposto de renda. O efeito cascata do aumento dos ministros
do STF seria quase quatro vezes maior do que os R$ 100 milhões economizados com a essa medida. l
Urologia - Sexologia
Dr. Rodolpho Ottoni - CRM 52.11303.0
• Próstata sem cirurgia • DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis)
• DAEM (Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino ou Hipogonadismo)
• Reposição hormonal • Disfunções Sexuais
Laboratório Próprio - Av. N. Sra. Copacabana, 195/809 (garagem)
Tels.: 2247-4995 / Telefax: 2247-1109
acesse
140
SHOPPING BOULEVARD SÃO GONÇALO
Av. Presidente Kennedy, 425
SÃO GONÇALO SHOPPING Av. São Gonçalo, 100
IRAJÁ Av. Monsenhor Felix, 1.154
140
BANGU SHOPPING Rua Fonseca, 240
SHOPPING METROPOLITANO BARRA
Av. Embaixador Abelardo Bueno, 1.300
CASCADURA Av. Dom Helder Camara, 9.783
Classificados do Rio.
Achou de verdade.
classificadosdorio.com.br / 2534-4333
RELAÇÃO DÍVIDA X RECEITA
IMPACTO ANUAL
Não calculado
(Executivo)
(Executivo)
CE
AC
PE
AL
MATO GROSSO DO SUL
GOIÁS
Cerca de 700 servidores ativos
e inativos devem ter benefício
imediato. Aumento de
desembargadores depende de
ato próprio do TJ. Justiça, MP e
Tribunal de Contas não
calcularam impacto
Aumento beneficiaria
imediatamente 105 servidores.
Custo anual de R$ 2,6 milhões
para o Executivo. Aumento
automático para
desembargadores
e para procuradores
GO
MG
MS
RELAÇÃO DÍVIDA X RECEITA
SP
94%
R$ 26,4 milhões
RELAÇÃO DÍVIDA X RECEITA
RJ
98,6%
R$ 2,6 milhões
IMPACTO ANUAL
IMPACTO ANUAL
RS
SÃO PAULO
RIO GRANDE DO SUL
MINAS GERAIS
RIO DE JANEIRO
Procuradores do Estado e
defensores públicos têm
rendimentos vinculados ao
salário dos ministros do STF.
1.294 servidores teriam
aumento. Judiciário, MP e
Tribunal de Contas teriam
aumento automático
Executivo e Judiciário não
estimaram o gasto extra, mas
haverá impacto. No TJ-RS, 103
servidores e magistrados, cujos
salários estão limitados pelo
teto teriam os rendimentos
aumentados imediatamente.
A elevação do salário dos
desembargadores é automática
O Executivo reconhece o
impacto, mas não fez cálculos.
Hoje, 1.400 funcionários têm
salários limitados pelo teto e
teriam aumento imediato.No
Judiciário, o gasto extra é de
98,3 milhões. O MP e o
Tribunal de Contas não
responderam
O governo do estado estima que
3.700 servidores (ativos e
inativos) podem ter aumento.
No Executivo, o extra estimado
é de R$ 258,3 milhões, em
2017. Já no TJ-RJ, no MP e no
Tribunal de Contas, o impacto
seria de R$ 130 milhões
RELAÇÃO DÍVIDA X RECEITA
RELAÇÃO DÍVIDA X RECEITA
IMPACTO ANUAL
Não calculado
IMPACTO ANUAL
RELAÇÃO DÍVIDA X RECEITA
167,8%
216,6%
R$ 508,1 milhões
IMPACTO ANUAL
RELAÇÃO DÍVIDA X RECEITA
201,1%
198,7%
R$ 98,3 milhões R$ 388,3 milhões
IMPACTO ANUAL
Fonte: Consulta aos órgãos estaduais
*Relação dívida/receita no final de 2015
U
Memória
TEMER DEU
AVAL PARA
AUMENTO
O reajuste do Supremo foi
aprovado na Câmara no dia 1º de
junho, com aval do governo, em
um pacote de 14 projetos que
prevem reajustes para o
funcionalismo dos três poderes,
com despesas para a União de
cerca de R$ 50 bilhões, em
quatro anos. Como repercutiu
mal, Michel Temer fez um
pente-fino nos projetos aprovados
e descobriu que alguns foram
incluídos pelos aliados. Temer se
reuniu nessa semana com o
presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Ricardo
Lewandowski, para discutir o
aumento dos vencimentos dos
ministros, de R$ 33,7 mil para R$
39,2 mil. Agora, ministros do
Planalto dizem que são contra a
aprovação do projeto no Senado,
alegando justamente que eles
causarão um efeito-cascata. A
intenção do Planalto, afirmam
esses ministros, é segurar, ao
menos por enquanto, a votação no
Senado.
| Opinião |
GORDURA
MERECE APLAUSOS a promessa do governo do presidente
interino Michel Temer de cortar
4 mil cargos de confiança. Trata-se de importante sinalização
num país em que é vital o ajuste nas contas públicas.
MELHOR QUE Dilma, cuja
promessa neste sentido não foi
cumprida. Mas vale registrar
que a economia será de mero
0,1% da folha da União. E além
disso, o total de cargos comissionados mais bem remunerados, os DAS, é de 24.250. Depois dos cortes e da conversão
de alguns em funções comissionadas, ainda restarão 10.404
QUER DIZER, a gordura continua excessiva.
Programas sociais federais têm repasses atrasados
Manutenção de
centros é uma das
ações ameaçadas
RENATA MARIZ
[email protected]
acesse
RELAÇÃO DÍVIDA X RECEITA
IMPACTO ANUAL
IMPACTO ANUAL
Despesa extra automática ocorre
porque reajuste do Supremo eleva
o teto de funcionários estaduais
SÉRGIO ROXO
Segunda-feira 13 .6 .2016
-BRASÍLIA- A manutenção dos milhares de centros de referência de
assistência social espalhados pelo país, a política de implantação
de cisternas e o programa de
aquisição de alimentos da agricultura familiar estão ameaçados
por falta de recursos. O ministro
do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, confirma que repasses
estão atrasados e que só de débitos acumulados, principalmente
desde 2014, a pasta deve R$ 1,6
bilhão a estados e municípios.
Diferentemente do Bolsa Família, que tem orçamento assegurado na pasta, essas políticas
são pagas com recursos discricionários, que podem ser cortados
pelo governo. E foram. Tal verba
já caiu 38,4%, de R$ 5,25 bi em
2015 para R$ 3,27 bi no orçamento deste ano, em valores nominais. Terra disse que negocia
com a equipe econômica a liberação de dinheiro para quitar os
atrasados antes de pensar novos
compromissos:
— É baque enorme na área social, que vinha sendo desidratada silenciosamente pelo governo
Dilma. Estou conversando com o
presidente para vencermos os
débitos em primeiro lugar.
O maior montante em atraso é
o do Sistema Único de Assistência Social, de R$ 829 milhões, recursos vitais para centros de referência de assistência social (Cras
e Creas), nos estados e municípios, em benefício de idosos, deficientes e moradores de rua.
O segundo programa mais prejudicado é o Plano de Segurança
Alimentar Nutricional. Repasses
atrasados para ações como compra de alimentos da agricultura
familiar para a merenda escolar
já somam R$ 465 milhões. A implantação de cisternas, via Programa de Aceleração do Crescimento, tem R$ 322 milhões a serem quitados.
O orçamento da pasta para
despesas discricionárias, que
bancam tais programas, mas podem ser contingenciadas, vem
caindo desde 2012. A diminuição, entretanto, ficava em torno
de 10% ao ano. A grande tesourada — a queda de quase 40% —
se deu no orçamento sancionado por Dilma neste ano.
Os montantes empenhados
(reservados para pagamento
posterior) e efetivamente pagos
(quando a obra/serviço já foi entregue) também vêm caindo. O
empenho em 2014 (R$ 5,5 bilhões) representou 92,1% do orçamento autorizado. Em 2015,
essa proporção caiu para 73,5%
(R$ 3,8 bilhões). O pago também
caiu: de 80% do total em 2014 para 61,3% no ano seguinte.
As primeiras liberações feitas
por Osmar Terra a 2.650 prefeituras ocorreram semana passada.
O ministério conseguiu pagar
pouco mais de R$ 200 milhões,
referentes a repasses de 2015, do
Brasil Carinhoso. O valor varia
por cada criança do Bolsa Família de 0 a 48 meses matriculadas
em creches. A transferência costumava ser feita no último trimestre de cada ano. Mas, no fim
do ano passado, o governo editou MP modificando as regras.
Tudo isso fez com que a 1ª parcela de 2015, depositada só em
fevereiro passado, somasse R$
406 milhões, ante os R$ 766,1 milhões transferidos no repasse
único de 2014, ano eleitoral.
O governo argumentou, em
dezembro, ao mudar a MP, que
as prefeituras tinham ainda em
conta, em outubro passado, R$
476,3 milhões de saldo — 33% do
que havia sido transferido até então desde o início do Brasil Carinhoso: R$ 1,4 bi. l
l País l
Segunda-feira 13 .6 .2016
O GLOBO
l 5
Prisões por corrupção crescem 438% em 4 anos
Presos por este tipo de crime, no entanto, ainda correspondem a apenas 0,2% da população carcerária
RENATA MARIZ
[email protected]
-BRASÍLIA-. Corromper e ser corrompido têm leva-
do a mais prisões no Brasil. Em quatro anos, a
corrupção passiva cresceu 438,7% entre os crimes cometidos por detidos no país. O censo nacional da população carcerária de 2010, feito
pelo Ministério da Justiça, indicava 93 delitos
dessa natureza. O número saltou para 501 registros na última contagem do governo federal, referente a dezembro de 2014 e concluída recentemente. A corrupção ativa também aumentou
no período: de 575 para 942 ocorrências, alta de
63,8%. Apesar do incremento, os dois crimes
respondem por apenas 0,2% do total contabilizado nas cadeias brasileiras.
A baixa proporção dos crimes de corrupção
dentro do universo da população carcerária,
onde delitos como roubo e furto predominam,
não é exclusividade do Brasil, segundo o subprocurador-geral da República Marcelo Muscogliati. Coordenador da Câmara de Combate à
Corrupção do Ministério Público Federal
(MPF), ele ressalta que a presença de condenados por esse crime é baixa em qualquer parte do
mundo devido à dificuldade de obtenção de
provas. Não importa se o caso é de corrupção
ativa, em que o particular oferece proveito indevido ao funcionário público, ou passiva, quando
o agente do Estado solicita, recebe ou aceita
promessa de vantagem ilegal.
— Quem pratica a corrupção não dá recibo. O
que os números mostram é que tem havido uma
atuação indiscutivelmente mais efetiva na investigação e no processamento dos crimes de
colarinho branco no país — afirma Muscogliati.
MOMENTO É OPORTUNO PARA AMPLIAR AÇÕES
A opinião é unânime entre quem trabalha no
combate à corrupção e estudiosos do tema. Há
consenso também de que há muito a melhorar
no aperfeiçoamento dos instrumentos de investigação e de julgamento. Alterações na legislação e um trabalho mais sintonizado entre os diferentes órgãos de controle são alguns dos pontos levantados. Segundo Valdecir Pascoal, presidente da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil, é preciso aproveitar a
mobilização em torno do assunto para cobrar
mudanças estruturais que não só identifiquem
CRIME E CASTIGO
VEJA A EVOLUÇÃO DAS PRISÕES DE CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1500
575
Corrupção
ativa
1200
Peculato
942
Contrabando
e descaminho
Corrupção
passiva
Concussão e
excesso de exação
1.357
714
574
501
900
600
575
434
285
267
72
93
42
101
50
2010
Fonte: Depen/Ministério da Justiça
a corrupção como evitem que ela ocorra:
— Vivemos uma grande febre nesse campo. Se
olharmos para trás, não há nada parecido na história do Brasil em termos de controle, de liberdade de imprensa, de democracia, com o momento
atual. Temos de aproveitar o impulso — afirma.
Uma das frentes de maior visibilidade atualmente, o pacote anticorrupção — com dez medidas propostas pelo MPF acompanhadas de
milhares de assinaturas de cidadãos — está parado na Câmara. Ele foi apresentado na forma
de um projeto de lei por um conjunto de deputados há mais de dois meses. Mas, para começar
a tramitar, é preciso que o presidente da Casa,
Waldir Maranhão, autorize a criação da comissão especial para analisar a matéria. Maranhão
é um dos investigados na Operação Lava-Jato.
As propostas do pacote vão desde a veiculação
de campanhas custeadas com parte do orçamento
dos governos para publicidade a mudanças na lei
para limitar o uso de recursos protelatórios no Judiciário. Há ainda, entre as dez medidas, a tipificação do crime de enriquecimento ilícito e aumento
2012
300
2014
0
Editoria de Arte
de penas para a corrupção. A punição mínima, hoje de dois anos, passaria a ser de quatro anos. E variaria conforme o valor envolvido no delito, podendo chegar a 25 anos. Procedimentos de investigação seriam simplificados.
— Muitas medidas visam a dar racionalidade às
investigações, sem implicar perda de garantia do
investigado. Hoje, a capacidade de impetração de
habeas corpus, a facilidade com que nulidades
pequenas anulem a operação inteira tornam o
gerenciamento de investigações complexas um
caos — defende o procurador Carlos Fernando
dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava-Jato.
Ele destaca, porém, que nem o pacote de propostas legislativas nem operações bem-sucedidas vão,
isoladamente, reduzir de forma consistente a corrupção no país. Isso só ocorrerá, na sua avaliação, se
o Legislativo aprovar uma reforma política focada
em dois pontos: fim da lista aberta de candidatos e
diminuição do número de partidos políticos.
— São fatores criminógenos. Precisamos, com
listas fechadas, diminuir o preço das campanhas, tornando-as acessíveis a pessoas que não
precisem buscar o apoio empresarial e político
para alcançar um resultado positivo. A simples
extinção da doação empresarial levará ao caixa
2. O país precisa fazer uma reforma completa,
não aos pedaços — afirma.
A incidência de outros crimes contra a administração pública também aumentou nos últimos
anos entre a população carcerária. O registro de
contrabando e descaminho passou de 267 para
714, entre 2010 e 2014. Também subiu de 42 para
51 o número de delitos de concussão e excesso de
exação, que é exigir vantagem em virtude da função pública ou cobrar tributos e contribuições indevidas, ou de forma vexatória quando elas são
devidas. O peculato, caracterizado pela apropriação ou desvio de dinheiro ou bem a que o funcionário público tem acesso por conta do cargo, caiu
de 434 para 285 ocorrências no mesmo período.
O combate maior aos desvios de dinheiro acaba
aumentando a atenção sobre esse tipo de crime. No
último ranking da percepção da corrupção no
mundo, da organização Transparência Internacional em 2015, o Brasil piorou, caindo sete posições
em relação ao levantamento anterior. Está em 76º
lugar entre 168 países avaliados pela entidade.
TRANSPARÊNCIA CONTRIBUI PARA MAIS PRISÕES
Avanços no campo administrativo são apontados como fundamentais para um combate à
corrupção mais eficaz. O canal direto dos órgãos de controle e de investigação com instituições financeiras nacionais e internacionais é
um dos exemplos apontados. Para Muscogliati,
progressos do tipo, que não dependem exclusivamente de mudanças na lei, têm garantido o
desmantelamento de esquemas complexos:
— Quando você questiona os suíços, eles não só
dão as informações sobre contas como mandam
as cópias. Isso não acontecia na década de 1990.
Coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Corrupção da Unesp, a cientista
política Rita Biason aponta que o ambiente cada vez mais pautado pela transparência dos
gastos e dos atos dos agentes públicos contribui
para a identificação de casos de corrupção:
— Não existia Lei de Acesso à Informação ou outros mecanismos de transparência na gestão do
Collor, que precisou da denúncia de um irmão.
Hoje, você não depende de alguém de dentro do
esquema denunciar. Eventualmente, quem está
dentro pode optar por uma delação premiada. l
6
l O GLOBO
l País l
Segunda-feira 13 .6 .2016
Sirkis admite reunião,
Coaf vê operações suspeitas
em conta de presidente do DEM mas nega caixa 2
Agripino Maia é investigado por indícios de receber propina da OAS
AILTON DE FREITAS
CAROLINA BRÍGIDO
[email protected]
THIAGO HERDY
E CRISTIANE JUNGBLUT
[email protected]
-BRASÍLIA-
Investigado. O presidente nacional do Democratas, senador potiguar José Agripino Maia
período da minha vida. A minha família tem loteamentos, como o Alphaville,
e vários empreendimentos imobiliários
dos quais eu tenho participação. Eu tenho o direito de doar aos meus filhos e
também de receber doação da minha
mãe — esclareceu o senador.
Uma das movimentações que intrigaram o Coaf foi o saque de R$ 170 mil de
uma das contas de Agripino. Cerca de
40 dias depois, o dinheiro foi depositado de volta na mesma conta de forma
fracionada. O senador explica:
— É um direito que eu tenho. Eu ia fazer um negócio que, depois, não foi
concretizado.
Outra movimentação suspeita foi o
depósito em espécie de R$ 90 mil em
uma de suas contas. Agripino explicou
que tinha R$ 100 mil em espécie em casa, e que tinha inclusive declarado o
montante no Imposto de Renda do ano
anterior. Portanto, não há qualquer tipo de ilegalidade na operação.
Agripino admitiu que recebeu dinheiro da OAS, mas de forma legítima,
na forma de doação para campanha,
conforme foi declarado à Justiça Eleitoral. Ele acredita que os dados bancários
e fiscais, dos quais Barroso já pediu a
quebra dos sigilos em abril, esclarecerão a legalidade das operações financeiras. Além de Agripino, tiveram os sigilos quebrados o filho dele, o deputado Felipe Maia (DEM-RN), e de mais 14
pessoas. Os dados já foram encaminhados ao STF e estão sob sigilo. l
U
PMDB CONTRA-ATACA
GEDDEL: HOUVE ‘ATAQUE
AO PROCESSO POLÍTICO’
Na semana em que Rodrigo Janot pediu a
prisão preventiva de quatro dirigentes do
PMDB, o ministro peemedebista Geddel
Vieira Lima (Secretaria de Governo)
reinterpretou o ato como um “ataque ao
processo político brasileiro”. A expressão
foi usada por Geddel no programa “Preto no
branco”, apresentado pelo colunista do
GLOBO Jorge Bastos Moreno no Canal
Brasil. A entrevista foi ao ar ontem à noite.
Ao ser perguntado se o pedido de prisão
preventiva dos senadores Renan Calheiros e
Romero Jucá (por obstrução da Lava-Jato),
do ex-senador José Sarney, e do deputado
afastado Eduardo Cunha (por operar para
impedir sua cassação) havia “abalado a
estrutura” do governo interino, Geddel
respondeu: “Evidente que um caso desse
impacto causa estupefação, causa surpresa,
e causa sobretudo perguntas. O que gerou
isso? O que levou isso? O que está por trás
disso? Apenas a busca do combate à
corrupção? Há algo mais do ponto de vista do
que pode ser encarado como um ataque ao
processo político brasileiro. Essas respostas
vão surgir a medida que o supremo tribunal
federal se manifeste a respeito das razões que
levaram a esse pedido”.
-SÃO PAULO E BRASÍLIA- Um dos coordenadores da campanha de Marina Silva em 2010, o ex-deputado federal do PV pelo Rio de Janeiro Alfredo Sirkis negou ontem
ter havido caixa 2 para a candidata na disputa daquele ano. Ele
confirma, porém, ter se reunido
com o então presidente da OAS,
Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, e o candidato a vice-presidente de Marina, Guilherme
Leal, para pedir uma colaboração para a campanha.
Segundo informação publicada pelo colunista Lauro Jardim, na edição do GLOBO de
ontem, Pinheiro prometeu aos
procuradores da Lava-Jato falar sobre um pedido de contribuição para a disputa de 2010,
que teria sido feito por Leal e
paga fora da contabilidade oficial apresentada à Justiça Eleitoral. Pinheiro tenta fechar um
acordo de delação premiada.
Sirkis afirma que, depois do encontro, Pinheiro fez duas doações, a seu pedido, de R$ 200 mil
— a primeira em agosto e a segunda em setembro de 2010, totalizando R$ 400 mil. Os repasses
foram registrados no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) como
contribuições para o Comitê Financeiro Único do PV no Rio de
Janeiro, em vez do comitê da
campanha nacional.
“As doações serviram para
apoiar a campanha presidencial
no Estado do Rio de Janeiro, a de
governador, de deputados federais e estaduais, que funcionaram naquela eleição
com uma logística unificada (material, pesquisas,
rádio e TV)”, escreveu Sirkis, em
nota divulgada também ontem.
“Não cabe a insinuação de que
a campanha de Marina tenha recebido quaisquer doações ilegais”, completou.
Sirkis também deu mais detalhes sobre o encontro: “Houve a
reunião em São Paulo (...). Foi a
partir de iniciativa do sr. Léo Pinheiro, que tinha interesse em
conhecer as ideias da campanha presidencial de Marina pelo PV. A reunião foi curta e consistiu principalmente de perguntas do sr. Léo Pinheiro sobre
nossas posições em relação à
economia brasileira e questões
ambientais”, relatou Sirkis. De
acordo com os registros do TSE,
os R$ 400 mil da OAS foram gastos pelo PV do Rio com pessoal
e impressão de materiais diversos para o partido.
Líderes partidários na Câmara
e no Senado receberam com
cautela a informação de que
Marina Silva recebeu recursos
da OAS. Nos bastidores, ironizaram que Marina é uma das maiores críticas dos partidos e da
política de doações.
O líder do PSDB na Câmara,
deputado Antônio Imbassahy
(BA), disse que a citação a Marina surpreende e que é preciso verificar se a informação se
confirmará.
— Mas a simples citação é algo
novo, porque até aqui ela não
estaria envolvida em nenhum
processo — disse Imbassahy.
Já o líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), criticou o fato de Marina sempre estar atacando os
demais partidos e políticos.
— Agora, ela que caiu na rede.
É preciso separar o que é doação
e o que é dinheiro de corrupção.
No caso dela, que se julga a fada
da floresta, que fica criticando todo mundo, é complicada (a citação)
—
disse
Pauderney. l
Na rede. Marina
Silva entra no radar
da Lava-Jato com
revelação de
ex-presidente da
OAS, que tenta
fechar acordo de
delação premiada
PEDRO KIRILOS/7-6-2016
Com a ajuda de parentes, assessores e empresas com as quais tem ligação, o presidente do DEM, senador José
Agripino Maia (RN), teria realizado operações suspeitas no valor de R$ 15,9 milhões entre dezembro de 2011 e novembro de 2014. O indício é de que houve lavagem de dinheiro. A informação está em
um relatório do Conselho de Controle de
Atividades financeiras (Coaf) e integra inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar o parlamentar.
Agripino é investigado sob suspeita de
ter recebido o dinheiro como propina da
OAS, uma das empreiteiras alvo da LavaJato. Em troca, o senador teria viabilizado a liberação de recursos do BNDES para a empreiteira, para financiar a construção do estádio Arena das Dunas, em
Natal, construído para a Copa de 2014.
Segundo parecer da Polícia Federal
inserido no inquérito, a movimentação
financeira suspeita foi realizada “exatamente em épocas de campanhas eleitorais (2010 e 2014), fornecendo mais
um indício de que os pedidos de doações eleitorais feitos pelo parlamentar
à OAS foram prontamente atendidos, e
podem ter-se constituído em forma
dissimulada de repasse de propina”.
Para a PF, os elementos da investigação até agora fornecem “reluzentes indícios de que, de fato, as obras referentes à
Arena das Dunas em Natal, entre 2011 e
2014, passou por diversos entraves perante os órgãos de controle e o próprio
banco público financiador do empreendimento, o que corrobora a suspeita de
que José Agripino Maia efetivamente
atuou com a finalidade de auxiliar a empresa, destinatária do financiamento, na
superação dessas dificuldades”. Entre os
elementos que confirmam a tese estão
diálogos registrados no celular de Léo
Pinheiro, ex-presidente da OAS.
Os investigadores também estão convencidos de que o doleiro Alberto
Youssef e os operadores Rafael Angulo
Lopez e Adarico Negromonte Filho foram a Natal em mais de uma oportunidade, entre 2011 e 2014, para abastecer
o caixa dois da OAS.
A defesa de Agripino entregou uma
petição ao ministro Luís Roberto Barroso, relator do inquérito, explicando que
não há nada de suspeito na movimentação bancária do senador. O dinheiro
seria fruto de dividendos da rede de comunicação e também de loteamentos
da família Maia. Além disso, na mesma
época, o senador teria recebido doações da mãe (no nome de quem estão
os empreendimentos imobiliários) e
teria feito transferências financeiras
para os dois filhos na mesma época.
— Esse dinheiro se refere a um longo
PSDB vê acusação
com cautela; para
líder do DEM, ‘ela
agora caiu na rede’
SAÚDE A JATO
VINICIUS SASSINE
[email protected]
-BRASÍLIA-
O
bancário aposentado Osmar Teroço, de 60 anos,
consultou sua posição na
lista de espera por um fígado na última sexta-feira e constatou
que era o quinto na fila. No começo da
manhã de ontem, numa nova consulta
na internet, Teroço viu que saltara para
a primeira posição. Uma hora depois,
pelo telefone, chegou a boa notícia do
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal do Ceará (UFC): um fígado saudável foi ofertado a Fortaleza. O
órgão chegou a tempo, graças ao novo
protocolo adotado por decreto do presidente interino Michel Temer, após série de reportagens de O GLOBO revelar
a recusa de pedidos de transporte por
falta de aeronaves em solo.
O órgão só não foi implantado por
razões puramente médicas. O fígado
não era compatível, fator que acompanha a angústia de quem está na fila de espera. Outro órgão, que não
chegou pela FAB, estava sendo
transplantado ontem à noite.
Desta vez, o transporte não foi um
impeditivo ao transplante. A Força
Aérea Brasileira (FAB) transportou o
órgão de Natal à capital cearense no
fim da tarde de ontem. Teroço seria o
primeiro a fazer uma cirurgia, recebendo um órgão transportado pela
FAB, depois do decreto presidencial
Com novo protocolo, FAB
transporta órgão ao Ceará
Fígado chegou a tempo em Fortaleza, mas não foi implantado por incompatibilidade
que reserva pelo menos uma aeronave
da FAB exclusivamente ao transporte de
órgãos destinados ao transplante. O decreto foi assinado na última segunda-feira, um dia depois da reportagem do
GLOBO revelar que a Aeronáutica recusou pedidos para transportar 153 corações, fígados, pulmões, pâncreas, rins e
ossos entre 2013 e 2015. Nos mesmos dias das recusas, a FAB atendeu a 716 requisições de transporte de autoridades.
Um decreto de 2002 obriga o atendimento a ministros e presidentes de poderes. O deslocamento de órgãos era
assegurado apenas por acordo de cooperação com o Ministério da Saúde. O
decreto publicado na terça-feira tem
força de lei e determinou que a FAB
“manterá permanentemente disponível, no mínimo, uma aeronave que servirá exclusivamente a esse propósito
(transporte do órgão ou do paciente,
dependendo do caso)”.
O fígado que surgiu em Natal, e foi descartado, não teria chances de chegar a Fortaleza, uma distância de 532 quilômetros,
DIVULGAÇÃO/FAB
Via aérea. Militar da FAB entrega a um técnico a caixa com o fígado para o transplante
se não fosse por meio de um avião da
FAB. A central de transplantes constatou existir voos comerciais apenas pela
manhã e, então, acionou a Aeronáutica. A instituição colocou à disposição
um Bandeirante C-95. A aeronave partiu de Recife para Natal e, já com o fígado embarcado, de Natal a Fortaleza.
Pousou às 18h30m na capital cearense.
Este foi o segundo transporte de órgão
após o decreto. O primeiro buscou um
fígado em Salvador e o levou a Recife,
na noite de quinta-feira, mas o transplante também não foi realizado por
conta das condições do órgão.
OTIMISMO ATÉ O CONTRATEMPO
A cirurgia de Teroço começou às 19h
de ontem e duraria mais de cinco horas. A cirurgia foi interrompida e retomada com a chegada do novo órgão. O
bancário tem uma cirrose grave, que
resultou em câncer no fígado. Saiu com
a mulher do Paraná para fazer o tratamento em Fortaleza.
— Há três anos estamos nessa caminhada toda. Alugamos uma quitinete perto do hospital. A espera na fila é muito difícil e angustiante — diz a
costureira Sandra Aniceto, 47 anos,
mulher de Teroço.
O bancário tem três filhos e integrava a fila de quase cem pacientes à espera de um fígado no HC. Para a produção da série de reportagens, O
GLOBO esteve no ambulatório, coordenado pelo médico José Huygens
Garcia. l
Segunda-feira 13 .6 .2016 2ª Edição
O GLOBO
Rio
l 7
SOLUÇÃO APÓS TRAGÉDIA
Reforço só agora
_
Recuperação de trecho de ciclovia que desabou prevê estrutura mais resistente às ondas
MÁRCIA FOLETTO
Recuperação. O costão do Vidigal , nas proximidades da Gruta da Imprensa, local do acidente ocorrido em abril. Trecho terá reforço estrutural para resistir ao impacto das ondas. Previsão é que pista seja reaberta em agosto
U
O PROJETO PARA A CICLOVIA
LUIZ ERNESTO MAGALHÃES
[email protected]
O plano de recuperação do trecho da Ciclovia
Tim Maia que desabou no dia 21 de abril, na Avenida Niemeyer, provocando a morte de duas pessoas, prevê reforço da estrutura e amarração dos
pilares ao tabuleiro (pista) e às rochas nas imediações da Gruta da Imprensa. De acordo com o
projeto, a que O GLOBO teve acesso, agora o estudo levará em conta também a ação da chamada
onda centenária, ou seja, o maior registro dos últimos cem anos, como deveria ter ocorrido no
projeto original. Detalhes da reconstrução deverão ser anunciados hoje pela prefeitura.
Para resistir à ação das ondas, a pista sobre a
Gruta da Imprensa — trecho onde houve o desabamento — deverá ser apoiada em três novos
pilares, bem mais robustos em comparação aos
que existiam (que serão demolidos). Eles também serão cravados na rocha, o que dará mais
resistência à estrutura.
O cronograma prevê que as obras terminem
em agosto, mas não há certeza se haverá tempo de concluir as intervenções antes da Olimpíada do Rio, que acontecerá de 5 a 21 de agosto, porque o ritmo das obras também dependerá das condições do mar. Por questões de
segurança, parte dos trabalhos não poderá ser
feita em dias de ressaca.
Segundo o dossiê para a reconstrução da via,
o consórcio Contemat-Concrejato será responsável por refazer o trecho acidentado, bem como pelo desenvolvimento dos projetos de recuperação. O consórcio é o mesmo que foi contratado pela prefeitura para a execução das obras.
As técnicas de reconstrução a serem empregadas seguirão recomendações feitas pela Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em
Engenharia (Coppe/UFRJ) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH), contratados pela prefeitura, depois do acidente, para uma perícia independente.
FISCALIZAÇÃO EXTERNA
Mas qualquer intervenção só será executada
com a aprovação do município, num processo
que envolverá ainda um terceiro personagem. A
prefeitura decidiu contratar uma outra empresa
para executar perícias nos projetos desenvolvidos pelo consórcio, para atestar se as soluções
técnicas desenvolvidas são de fato as melhores.
Essa consultoria especializada executará o que
é conhecido no jargão das empreiteiras como
CQP (Controle de Qualidade de Projeto).
Em maio, o INPH já havia antecipado alguns
detalhes sobre a necessidade de implantar uma
Memória
CÁLCULO ESTRUTURAL FOI BASEADO NA OCORRÊNCIA DAS ONDAS DOS ÚLTIMOS 100 ANOS
Concretagem
local
CICL
OVIA
Novos pilares
AV.
NIE
MEY
ER
Concretagem
local
No trecho da queda, os três
pilares antigos serão demolidos
e reconstruídos. Antes mediam
70cm por 70cm e agora terão
60cm por 2m
Ancoragem
Os três pilares
reconstruídos serão
ancorados na rocha
Nova pista da ciclovia
Será concretada nos
pilares, formando uma
estrutura única
Reforço
Serão reforçados um
pilar de cada lado do
trecho onde a pista caiu
Editoria de Arte
estrutura mais resistente no trecho onde houve
o acidente. Segundo estimativas da entidade, a
ciclovia no trecho que desabou era capaz de suportar um impacto de apenas 0,55 tonelada por
metro quadrado. A pressão exercida pela onda
que atingiu a ciclovia chegou a 3 toneladas por
metro quadrado — quase seis vezes aquela que
poderia suportar. Na época, o INPH estimou
que a nova pista teria que aguentar uma pressão
de pelo menos 6,6 toneladas por metro quadrado. A entidade também avaliou que, com as mudanças, a ciclovia seria segura. Mas recomendou à prefeitura que não permitisse a passagem
de ciclistas em dias de ressaca mais forte. Quando a pista for reaberta,a prefeitura adotará
um sistema de alerta para interditar a área em
caso de ressacas violentas.
A Coppe e o INPH também são responsáveis
por revisar o projeto da ciclovia que integra o
projeto do novo Joá, entre a Barra e São Conrado. O município aproveitou a construção de
duas novas pistas no elevado para também
criar uma ligação entre as ciclovias da Zona
Oeste e da Zona Sul da cidade. Nesse caso, os
estudos — que começaram após o desabamento — ainda não terminaram. Por isso, ainda não há prazo para a ciclovia ser aberta ao
público, apesar de as pistas terem sido liberadas ao tráfego no dia 28 de maio.
Os documentos obtidos pelo GLOBO não
deixam claro se a estatal Geo-Rio vai continuar a fiscalizar a execução dos serviços no com-
plexo cicloviário após a tragédia. Outra informação que não consta dos relatórios é se haverá necessidade de reforço estrutural em outros
trechos da ciclovia. Procurado, o município
informou que todos os detalhes sobre a recuperação serão explicados hoje à tarde numa
apresentação que será feita pelo prefeito Eduardo Paes e por especialistas da Coppe e do
INPH no Centro de Operações.
CICLOVIA CONTINUA INTERDITADA
Enquanto as obras de recuperação não começam, o trecho da ciclovia que contorna o costão
do Vidigal permanece interditado aos ciclistas
com faixas da Defesa Civil e cavaletes. Apenas
um pequeno trecho entre o Leblon e o Vidigal
(que já servia para circulação de ciclistas antes
do acidente) se encontra aberto aos usuários.
Equipes da Guarda Municipal fazem plantões
em pontos estratégicos do trecho interditado
para impedir que o bloqueio seja desrespeitado.
Dias após o acidente, a Justiça chegou a determinar a interdição total da ciclovia, mas, posteriormente, reconsiderou a decisão, permitindo
um bloqueio apenas parcial. Há duas semanas,
operários do Consórcio Contemat-Concrejato
retornaram aos canteiros para retirar estruturas
que ficaram danificadas no fim de maio e remover outros materiais. No início da tarde da última sexta-feira, por exemplo, havia pelo menos
30 operários no local. Parte das equipes trabalhava próximo à Gruta da Imprensa. l
ACIDENTE PROVOCOU A
MORTE DE DUAS PESSOAS
O acidente na Ciclovia Tim Maia ocorreu
no dia 21 de abril, feriado de Tiradentes. Um
trecho de quase 20 metros da pista acima da
Gruta da Imprensa, no Costão do Vidigal,
desabou durante uma ressaca. O engenheiro
Eduardo Marinho Albuquerque, de 54 anos,
e o gari Ronaldo Severino da Silva, de 60,
que caminhavam pelo local, foram
arrastados pelas ondas e morreram. O
acidente colocou em xeque a qualidade do
projeto. Uma sequência de erros contribuiu
para a tragédia. O projeto só levou em conta
o impacto das ondas nos pilares de
sustentação e não no tabuleiro, com força de
baixo para cima, como O GLOBO revelou.
Em maio, peritos do Instituto de
Criminalística Carlos Éboli (ICCE)
divulgaram laudo confirmando a informação
divulgada pelo jornal e concluíram que o
trecho caiu porque a pista não era fixada aos
pilares, ficando apenas apoiada sobre eles.
No dia do acidente, uma onda bateu na
encosta da Gruta da Imprensa, ganhou força
e subiu, levantando e derrubando a pista.
Segundo o laudo, o trecho onde ocorreu o
acidente foi atingido por ondas de até quatro
metros, com velocidade de até 65 Km/h. O
laudo também divulgou informações sobre a
quantidade e a qualidade dos materiais
empregados no projeto. Cita, por exemplo,
que faltavam parafusos sob o tabuleiro.
— Houve um erro primário. Analisamos as
memórias de cálculo e só encontramos o
estudo das marés em relação aos pilares —
declarou o diretor do ICCE, Sérgio William
Silva, ao divulgar o laudo.
As causas da tragédia também foram alvo
de investigação do Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro
(Crea-RJ). A entidade também concluiu que
houve falha na elaboração do projeto, devido
à ausência de estudos sobre o impacto das
ondas no local. Para o Crea, outro problema
foi o fato de a Geo-Rio não ter experiência
para licitar e fiscalizar a obra. A entidade
também decidiu instaurar sindicância para
investigar as responsabilidades de pelo
menos dez profissionais — os nomes são
mantidos em sigilo. Eles podem ser punidos
com penas que variam da simples
advertência sigilosa à perda do registro.
A obra da ciclovia custou R$ 44,7 milhões
e teve financiamento do BNDES.
8
l O GLOBO
l Rio l
Cultura na UTI
Segunda-feira 13 .6 .2016
A falta de recursos fez a
Orquestra Sinfônica Brasileira
cancelar 11 apresentações da
temporada 2016.
Segundo a direção da OSB, a
medida é para preservar a
qualidade artística. Todos os
concertos de série com venda
antecipada de assinaturas serão
mantidos, com o remanejamento
das datas de quatro espetáculos.
ANCELMO
GOIS
Cinco obras de arte de Tomie Ohtake
(1913-2015), a artista plástica japonesa
naturalizada brasileira, serão leiloadas, dias 5
e 6 de julho, por Evandro Carneiro em evento
coordenado por Soraia Cals. Veja, ao lado,
uma das peças.
São todas de uma coleção paulista. Os
preços variam entre R$ 350 mil e R$ 550 mil.
ANA CLÁUDIA GUIMARÃES,
DANIEL BRUNET E TIAGO ROGERO
FILIPE CEROLIM
Outra...
Dava pena ver o estande do Brasil
na Feira do Livro de Lisboa, que
acaba hoje.
Trata-se de uma casinha de dois
metros quadrados sem a menor
graça e com livros da Fundação
Alexandre Gusmão, do Itamaraty,
sobre política exterior.
Vira essa boca para lá
Zika: um em um milhão
Devo mil reais
O Ministério da Saúde calculou o
risco de contrair zika nos Jogos. Para o
estudo, a possibilidade é de 1,8 em 1
milhão. Como são esperados 500 mil
turistas, a chance de alguém pegar zika
no Rio é de 0,9. Ou seja, menos de um
turista pode ser contaminado. Além
disso, os casos já caíram 90%, no Rio.
Eram 2.116 casos, em fevereiro, e, em
maio, foram 208. É. Pode ser.
O Serviço Central de Proteção ao
Crédito do CDLRio ouviu 500
inadimplentes: 28,9% devem menos
de R$ 1 mil. O descontrole financeiro
(17,8%) e o desemprego (15,8%) são as
razões mais apontadas para o calote.
E o que essa turma mais deixou de
pagar foram o cartão de crédito (26,7%)
e o cartão da própria loja (11,1%).
Já...
Acredite. Há sombrias estimativas
do Ministério da Fazenda sobre o
Brasil até o Natal.
Numa delas, o desemprego
subiria de 11,2% para 14% na virada
do ano. Seriam quase mais três
milhões de pessoas na rua.
Um pouco menos otimista é o
estudo do professor Eduardo Massad,
da USP. Ele calculou em 15 o número
de visitantes que podem contrair zika
durante a Rio-2016.
Não é só aqui...
Não vai ficar pronto
A Flórida, nos EUA, já registra 162
casos de zika, sendo 38 em grávidas.
Palco de provas de velocidade no
ciclismo, o Velódromo da Barra, no
Rio, não ficará 100% pronto até a
Rio-2016. Os problemas começaram
com a recuperação judicial da
empresa que venceu a licitação.
U
Zona Franca
O juiz Pedro Henrique, da Infância, atingiu, após
No mais
No fim de semana houve briga
entre torcedores ingleses e russos,
na França, cenário de atentados
terroristas recentes, e, em Orlando,
nos EUA, foram assassinados a
cantora Christina Grimmie, 22
anos, e, no dia seguinte, 50 pessoas
numa boate gay.
O mundo anda inóspito, inclusive
o Brasil, palco de tantas desgraças
recentes.
Não está fácil para ninguém.
DIVULGAÇÃO
Obras de Ohtake
www.oglobo.com.br/ancelmo
DESORDEM URBANA
Parece até piada de mau gosto. Veja só esse contêiner abandonado na altura do
Posto 2 do Aterro do Flamengo, no Rio. Trata-se, acredite se quiser, de um antigo
posto da Secretaria municipal de... Ordem Pública, aquela que deveria, ao menos
na teoria, cuidar para que o espaço público não fosse ocupado irregularmente l
campanha, a meta de 317 adoções, em maio.
Hoje, o desembargador Antônio Carlos Amorim festeja aniversário em família.
Mara Mac Dowell desfila coleção Oceanos,
quinta, no Píer Mauá.
José Lavaquial, da Hubs, empresa de inovação,
está na Lacu Workshop Week, na Finlândia.
Martie lança álbum “Quem te viu” com participação de Menescal, quarta, no Solar de Botafogo.
O Buonasera U.N.O., em São Francisco, lança
o doce uruguaio Chajá.
Sergio Mauricio recebe a Medalha Albert
Sabin, no plenário da Câmara de Niterói.
Marcela Flórido abre exposição, amanhã, no
Espaço Cultural do Ibeu, em Copacabana.
Leão fecha o cerco
A Receita identificou 8.843 pessoas
físicas que não pagaram, em 2011, o
carnê-leão, obrigatório para quem mora
aqui e recebe rendimentos de outra
pessoa física ou do exterior. O valor total
das multas é de uns R$ 175 milhões. No
primeiro dos 11 lotes de investigados,
mil pessoas foram autuadas.
Alegria, alegria
A coleguinha Ana Arruda Callado
chorou ao tomar posse, quarta passada,
na Academia Carioca de Letras, quando
seu paraninfo, Cícero Sandroni, citou o
jornal alternativo dos anos 1960 “O sol”,
que a então jovem jornalista dirigia. É
aquele da famosa citação de Caetano, em
1967: “...o Sol na banca de revista me
enche de alegria e preguiça...”, parte da
música “Alegria, alegria”, que inaugurou a
guitarra elétrica nos festivais de MPB.
No país da Lava-Jato
Na missa de ontem, no Convento de
Santo Antônio, no Rio, o frei Neylor
brincou com os fiéis: “Fui convidado para
participar de um ato ecumênico,
amanhã, na Transpetro. Espero que o juiz
Sérgio Moro não mande me prender.
Impulsionado pelos
Jogos, Rio tem um
boom de 5 estrelas
MÁRCIA FOLETTO
Número de quartos em hotéis de luxo cresceu, em 5
anos, 33%. Suítes chegam a custar R$ 34 mil por dia
SELMA SCHMIDT
[email protected]
O Rio já tem uma paisagem
que é um luxo e, ultimamente,
tem oferecido aos turistas que
não abrem mão do belo na hora de se hospedar cada vez
mais opções. O número de
quartos em hotéis cinco estrelas passou, entre 2010 e abril
deste ano, de 4,2 mil para 5,6
mil, um aumento de 33,3%. O
crescimento, impulsionado
pela lei, sancionada há seis
anos, que concede benefícios
fiscais para facilitar a construção de acomodações para a
Olimpíada do Rio, vai ganhar
um impulso ainda maior no
segundo semestre, quando a
previsão é que a cidade ostente
6,9 mil suítes com o número
máximo de estrelas (aumento
de 64,2% em relação ao 2010),
segundo dados da Rio Negócios, agência da prefeitura.
É claro que o luxo tem um
preço salgado. Na penthouse
do novo Grand Hyatt Rio de Janeiro — em frente à Praia da
Barra e ao lado da reserva e da
Lagoa de Marapendi — o hóspede precisa pagar US$ 10 mil
dólares (cerca de R$ 34 mil)
por dia. A penthouse é maior
do que a maioria dos apartamentos cariocas: tem 308 metros quadrados, 113 deles só de
varanda. O turista que se hos-
pedar nela pode nadar numa
piscina privativa de borda infinita e tem à disposição um elevador exclusivo, roupas de cama de 800 fios, além de adega e
serviços que incluem fazer e
desfazer malas. Quem opta pela suíte presidencial, também
no sétimo e último andar do
hotel, pagará pelo menos US$
6.200 por dia (cerca de R$ 21
mil) para ficar num apartamento menor, embora com espaço igualmente generoso —
165 metros quadrados — e
com mordomias semelhantes,
à exceção da piscina.
MIMOS PARA CONQUISTAR
O Grand Hyatt foi inaugurado
em março e é um dos 17 cinco
estrelas da cidade, que deve ter
20 até o final do ano (em 2010,
eram 14). É claro que, na hora
de conquistar os clientes mais
exigentes, eles têm sido obrigados a caprichar na criatividade
e mimos. O novo Hilton Barra,
com os seus 298 quartos, aceita
até dois cachorros, com 34 quilos cada (do porte de um labrador), por apartamento. E oferece um colchão exclusivo da rede: o Suite Dreams, importado,
que melhora a circulação e ajuda a ter uma noite de sono tranquila. As roupas de cama e banho são Trousseau Hotel Collection, e os banheiros têm kits
da francesa L’Occitane.
O Windsor Marapendi é outro cinco estrelas já inaugurado. Já o sofisticado Emiliano,
ainda em construção no Posto
6, em Copacabana, vai abrir
parcialmente para a Olimpíada. Dos 98 quartos, a expectativa é de que 30 estejam operando em agosto. Lá, a diária na
suíte mais cara — a master,
com 120 metros quadrados —
sai por R$ 9.910. Uma atração
são as suítes spa (R$ 5.726, por
dia), onde o hóspede encontra
de tudo para relaxar: sauna, jacuzzi, chuveiro especial e sala
privativa para massagens.
Com 13 andares, o Emiliano
Rio foi construído em terreno
que, de 1927 até 2009, abrigou
mansão do Consulado da Áustria. O imóvel foi arrematado
por R$ 40 milhões em um leilão, em 2012.
O Trump, na Barra, e o Nacional, em São Conrado, engrossam a lista dos cinco estrelas
que correm contra o tempo para inaugurar, pelo menos parcialmente, até agosto. Fechado
desde 1995, o Nacional — que
vai virar o Grand Meliá Rio de
Janeiro Hotel Nacional — tem
1.200 operários que trabalham
em dois turnos nos 34 andares
de sua torre redonda.
— Não há a menor possibilidade de o Nacional não abrir para os Jogos. Pode não funcionar
integralmente, mas vai abrir.
Seus quartos estão reservados
para a família olímpica — garante Alfredo Lopes, presidente da
Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ).
Independentemente de tamanha correria, o Rio já superou com folga o número de aco-
Na orla. As obras do Emiliano, na Avenida Atlântica: hotel vai abrir parcialmente 30 dos seus 98 quartos em agosto
O SALTO DA HOTELARIA
CRESCIMENTO DA OFERTA DE ACOMODAÇÕES
Quartos totais
(inclui hotéis, albergues, pousadas, aparts e motéis)
60
49.600
(+56,4%)
50
52.300
(+64,9%)
40
31.700
30
20
2010
Fim de abril de 2016
2º semestre de 2016
19,8 mil
33,4 mil (+68.7%)
35,8 mil (+80,8%)
5 estrelas 4,2 mil
5,6 mil (+33,3%)
6,9 mil (+64,2%)
4 estrelas 7,2 mil
12,4 mil (+72%)
12,7 mil (+76,3%)
Hotéis
Fonte: Prefeitura do Rio
modações necessárias para a
Olimpíada do Rio. A meta prevista no dossiê de candidatura
da cidade para os Jogos era contar com pelo menos 40 mil
quartos. E, segundo dados da
Rio Negócios, até o fim de abril
eles somavam 49.600 unidades,
Editoria de Arte
sendo 33.400 em hotéis e 16.200
em aparts, motéis, pousadas e
albergues. Mas, levando em
consideração as obras em andamento, poderão chegar a
52.300 quartos (35.800 em hotéis), um crescimento de 65%
em relação a 2010.
— Construímos muito mais
quartos do que os dez mil necessários — comenta Alfredo
Lopes. — Dos hotéis que projetamos, 98% foram construídos.
Pela lei de incentivos, os investidores tinham de obter o habite-se do hotel até 31 de maio
(prazo já com prorrogação) para
assegurar os benefícios. Um decreto do prefeito Eduardo Paes,
de 3 de junho, no entanto, facilitou a vida de quem já tinha o habite-se provisório: deu mais 30
dias para obter a documentação
exigida para conseguir o certificado definitivo. Segundo a Secretaria municipal de Urbanismo, 50 hotéis obtiveram o habite-se definitivo e há outros 15
com certificado provisório.
O boom hoteleiro movimentou a economia fluminense:
— Os resultados do setor hoteleiro somam investimentos
na ordem de R$ 6 bilhões, com
criação de 15 mil novos postos
de trabalho diretos e 45 mil indiretos, além da atração de novos grupos para a cidade e do
estímulo à ampliação de investimentos de bandeiras que já
estavam presentes no Rio —
diz Marcelo Haddad, presidente da Rio Negócios. l
l Rio l
Segunda-feira 13 .6 .2016
PAPRICA FOTOGRAFIA
BELEZA
NA FESTA
DA FIRMA
Rosanne
Mulholland, 35
anos, é clicada
nos bastidores
do filme “Festa
da firma”, de
André Pellenz,
que está sendo
rodado no Rio.
Na comédia, a
atriz é Aline,
namorada de
Vlad (Marcos
Veras)
O GLOBO
l 9
Buracos e remendos no
caminho do BRT Transoeste
Para especialista, problema ocorre por falha no projeto de drenagem
DOMINGOS PEIXOTO
CRISTINA GRANATO
ALEGRIA E
SOTAQUE
Ricardo Pereira,
36 anos, e
Francisca Pinto
Pereira, 32,
distribuíram
sorrisos na 1ª
Festa dos Santos
Populares
Portugueses, no
Paço Imperial,
no Rio
FOTO DE ARQUIVO
U
Ponto Final
Este brasilianista Thomas Skidmore, que faleceu,
sábado, aos 83 anos, estava no lugar certo na
hora certa. Na noite de 30 de março de 1964,
véspera do golpe, enquanto Jango discursava no
Automóvel Clube, o embaixador americano Lincoln Gordon
recebia na sala de sua casa, na Rua São Clemente, no Rio,
Thomas Skidmore e a mulher dele, Felicity, cujo pai era amigo
do embaixador. Gordon atendeu o telefonema do então
secretário de Estado americano Dean Rusk (1909-1994), que
queria saber como estavam as coisas. Pouco depois, Rusk
telefonou ao presidente Lyndon Johnson (1908-1973)
aconselhando-o a deixar o rancho onde estava, no Texas, e viajar
para Washington, porque o bicho estava pegando no Brasil.
e-mail: [email protected]
Fotos: [email protected]
POLUIÇÃO DAS LAGOAS
DIVULGAÇÃO/MARIO MOSCATELLI
Lixo flutuante. Jacaré se movimenta envolvido por sacos plásticos
Quem tem boca
vai ao Vaticano
Biólogo tenta levar ao
Papa problema
ambiental do Rio
SIMONE CANDIDA
[email protected]
C
omo última cartada
para conseguir recursos parar salvar
o sistema lagunar
da Baixada de Jacarepaguá, o
biólogo Mário Moscatelli decidiu apelar ao Papa. Literalmente. No dia 21, Moscatelli
terá uma audiência com o arcebispo do Rio, Dom Orani
Tempesta, e irá pedir ajuda ao
cardeal para conseguir um encontro com o Papa Francisco,
no Vaticano, para tratar do
problema ambiental.
Mas, antes disso, o ambientalista pretende recorrer a poderes mais próximos: quer
tentar se reunir com o presidente interino Michel Temer, a
quem deseja entregar um dossiê que lista graves problemas
de poluição dos quatro rios
(Anil, Rio das Pedras, Pavuna e
Pavuninha) que desembocam
nas lagoas de Jacarepaguá e
Barra. Com 15 páginas, o documento traz imagens impressionantes, como as de um
jacaré envolvido num saco
plástico na Lagoa da Tijuca,
de cotias dividindo espaço
com lixo na Lagoa de Jacarepaguá e da mancha de esgoto
in natura sendo despejado no
Arroio Pavuninha, ao lado do
Parque Olímpico.
— Do ponto de vista ambiental, estes serão os Jogos
Olímpicos do fiasco. A despoluição destes rios e das lagoas
faziam parte do pacote olímpico. Quando a cidade se
candidatou a sede, a prefeitura e o estado se comprometeram com despoluição do sistema lagunar e dos rios que
desembocam nas lagoas da
região. — diz Moscatelli, que
espera contar com a ajuda da
Arquidiocese, já que a Campanha da Fraternidade deste
ano tem o foco na foco no saneamento básico, no desenvolvimento, na saúde integral
e na qualidade de vida. — Estamos a menos de 60 dias das
Olimpíadas e a situação é vergonhosa.
Para o ambientalista, é preciso correr contra o tempo.
— A Baía de Guanabara já
não tem mais jeito, mas as lagoas e rios da Baixada de Jacarepaguá, se forem feitos investimentos agora, podem ser
restaurados em cinco anos. l
Asfalto irregular: ônibus trafega pelo corredor exclusivo, tomado por buracos: para evitar remendos, alguns motoristas dirigem fora da pista
LUIZ GUSTAVO SCHMITT
[email protected]
Calombos, remendos e muitos, muitos buracos. Esse foi o cenário encontrado anteontem pelo GLOBO ao longo dos 52 quilômetros de extensão do
BRT Transoeste, que liga o Terminal
Alvorada a Campo Grande e Santa
Cruz. Primeiro dos quatro corredores
exclusivos para ônibus no Rio, o sistema foi inaugurado há quatro anos.
Em todo o caminho, o quadro mais crítico é entre as estações Mato Alto e Pingo
D'Água, em Guaratiba. Ali, não faltam crateras. No ponto de ônibus em frente à estação Mato Alto, no sentido Campo Grande,
o asfalto cedeu tanto que é possível observar vergalhões expostos. Também havia
calombos no asfalto na pista sentido Barra, em frente à Cidade das Artes, na entrada do Terminal Alvorada. Lá, há um trecho
em obras, que é a segunda fase do corredor viário, que será prolongado até o Jardim Oceânico, onde se encontrará com a
Linha 4 do metrô (Ipanema-Barra).
OBRA FICOU PRONTA EM 2012
O Transoeste foi anunciado em 2009, um
dia depois de o Rio ter sido escolhido sede
das Olimpíadas. A obra ficou pronta quatro meses antes da reeleição do prefeito
Eduardo Paes, em junho de 2012. A precariedade na qualidade do asfalto não é uma
particularidade do BRT: o Elevado do Joá,
recém-entregue, já passou por uma operação tapa-buracos, na semana passada.
Representante da Associação Brasileira
de Pontes e Estruturas (ABPE) no Conselho Regional de Engenheria e Agronomia
(Crea), o engenheiro Antonio Eulalio Pedrosa Araujo disse que os buracos no cor-
redor do BRT ocorrem por causa de falhas pelo recuo e seguiam pela faixa dos carros
no projeto de drenagem da pista.
de passeio.
— O problema foi a falta de um projeConsiderado um dos legados das obras
to adequado de drenagem e o dimensi- da Copa de 2014 e da Olimpíada, o BRT
onamento das camadas finais da terra- recebeu seus primeiros retoques na pista
planagem do pavimento. O ideal seria em janeiro de 2013, sete meses após o inírebaixar o lençol freático para aumen- cio de sua operação. Os buracos da época
tar a capacidade de suporte da pista. causaram mal-estar e levaram a um bateNo Joá também houve problema de boca entre a construtora Sanerio e o predrenagem, mas é pontual — disse Pe- feito. Paes disse que a obra estava malfeita.
drosa. — Essas deformações
A empresa argumentou que os
U
ocorreriam até mesmo se a pisproblemas ocorreram por causa
ta tivesse sido feita de concreto,
Números da entrega às pressas antes da
que também acaba rachando
eleição.
por falta de suporte da base. Os
Até hoje a situação persiste e reproblemas de projetos no BRT
R$ 900 prises de cenas de recapeamento
são típicos de obras feitas às
de buracos se sucedem no correMILHÕES
pressas e cujo andamento não
dor. Entre os usuários, o BRT não
É o custo que
é regido pela boa técnica, mas
a obra do BRT é só elogios. Embora passageiros
pela pressão de entregar no
reconheçam que houve redução
já consumiu.
prazo político.
do tempo de deslocamento entre
Diretora técnica da Associaa Barra e Campo Grande, não falção Brasileira de Pavimentatam críticas relacionadas ao esta214
ção, Luciana Dantas afirma que
do da pista e à superlotação.
MIL
não é normal haver buracos
— A pista está muito esburacaÉ o número de
numa obra viária de grande
da. É difícil manter o equilíbrio
passageiros
porte nos primeiros anos.
transportados para quem viaja em pé, já que o
— No início não é para apareônibus está sempre lotado. Já vi
por dia no
cer nada. O normal seria haver
muita gente se machucar — discorredor que
fissuras e trincas pequenas e
se a usuária Bruna Oliveira.
liga a Barra
não buracos. Mas isso depois de
A Secretaria de Conservação e
a Campo
quatro ou cinco anos de uso. A
Grande desde Serviços Públicos informou que
falta de uma boa drenagem poexecuta rotineiramente serviços
2012.
de causar defeitos prematuros.
de manutenção no Transoeste.
No percurso do BRT, a equipe de repor- Em 2016, um trecho de 12 quilômetros,
tagem do GLOBO se deparou com alguns em ambos os sentidos do corredor, passou
ônibus trafegando fora do corredor exclu- por fresagem e recapeamento. Entre as essivo, que é a essência desse sistema de tações do Magarça e do Mato Alto foi fretransporte. No trecho entre as estações sado outro trecho de oito quilômetros que
Mato Alto e Magarça, no sentido Santa aguarda condições climáticas favoráveis
Cruz, a pista do corredor teve que ser fre- para aplicação do asfalto e finalização dos
sada, o que impedia a circulação dos veí- serviços. O Consórcio BRT informou que
culos. Mais adiante, mesmo nos trechos até o fim de julho serão acrescentados 158
onde não havia recapeamento, mas sobra- ônibus à frota, a maior parte com 23 mevam ondulações na pista segregada, os tros de comprimento e capacidade para
motoristas dos coletivos evitavam retornar transportar 220 pessoas cada. l
Horário e trajeto do VLT são ampliados
GABRIEL DE PAIVA/6-6-2016
A partir de hoje, sistema
funciona das 11h às 16h e
inclui Parada dos Navios
GUILHERME RAMALHO
[email protected]
O horário de funcionamento e o trajeto
do VLT serão ampliados a partir de hoje. Em sua segunda semana de operação, os bondes circularão das 11h às
16h, entre o Aeroporto Santos Dumont
e a Parada dos Navios, próxima ao terminal de cruzeiros, na altura do Armazém 4. Na primeira semana, a operação
foi feita das 12h às 15h, do aeroporto
até a Praça Mauá.
No mês passado, antes de a inauguração do VLT ser adiada de 22 de maio para
5 de junho, a prefeitura divulgou o plano
operacional do novo transporte, informando que, até agosto, o serviço seria
ampliado progressivamente, em oito etapas, cada uma com duração média de
uma semana. No entanto, o secretário
executivo de governo, Rafael Picciani,
afirma que o planejamento está passando por ajustes e algumas etapas serão
aglutinadas. Pelo plano apresentado, o
Bonde. Em julho, começará cobrança da passagem, que deve diminuir o número de passageiros
horário de funcionamento da segunda
semana seria ampliado em apenas uma
hora, e o trajeto inicial seria mantido.
Picciani disse ainda que pretende colocar mais bondes em circulação para amenizar a superlotação (estão sendo usados
três VLTs, não dois como previsto). Até o
dia 30, as viagens serão gratuitas. No dia
1º de julho, começará a cobrança de tarifa
(R$ 3,80). A recarga do Bilhete Único ou
compra do cartão VLT poderá ser feita,
em dinheiro ou cartão de débito, em máquinas automáticas, em cada uma das
paradas. A validação terá que ser feita voluntariamente dentro das composições.
Haverá, no entanto, fiscais da concessionária e guardas municipais conferindo se
os passageiros fizeram o pagamento.
— Agora que é novidade todo mundo
está querendo conhecer. Tem gente
que fica durante toda a operação indo e
voltando só para andar de VLT. Quando
a operação comercial começar, acho
que os vagões não vão ficar tão cheios.
Será mais fácil se deslocar dentro do
trem — acredita Picciani. l
10
l O GLOBO
l Rio l
RIO
Previsão
Ar seco polar deixa o temo firme no
Rio. O dia começa frio e com
névoa, mas logo cedo o sol
reaparece. Mesmo assim, não vai
fazer calor. O tempo esquenta ao
longo da semana.
HOJE
Ontem
Mínima
Máxima
11,2˚
Alto da Boa vista
21˚
Vila Militar
ZONA
SUL
ZONA
NORTE
ZONA
OESTE
SENSAÇÃO
TÉRMICA/RIO
PROBABILIDADE
DE CHUVA
11°/20°
10°/23°
12°/22°
10°/20°
Baixa
10°/22°
9°/25°
11°/24°
9°/25°
Baixa
24°
13°/23°
12°/26°
14°/25°
12°/26°
Baixa
11°
Santo Antônio
11°
de Pádua
QUINTA
15°/24°
14°/27°
16°/26°
14°/27°
Baixa
SEXTA
16°/26°
15°/29°
17°/28°
15°/30°
Baixa
SÁBADO
18°/26°
17°/29°
19°/28°
17°/30°
Baixa
DOMINGO
19°/27°
18°/30°
20°/29°
18°/30°
Baixa
9° do Sul
13° Visconde
1°
Marés
RIO DE JANEIRO
Baixa
Alta
Baixa
Alta
Hora 4h32m 8h27m 16h54m 21h14m
0,9m
0,4m
0,9m
Altura 0,6m
ANGRA DOS REIS
Baixa
Hora 3h25m
Altura 0,6m
Alta
Baixa
Alta
9h23m 16h16m 23h01m
0,8m
0,5m
0,8m
CABO FRIO
Baixa
Hora 3h41m
Altura 0,6m
de Mauá
Alta
Baixa
Alta
9h03m 16h05m 22h26m
0,8m
0,4m
0,9m
Valença
18° Volta
17°
37˚/40˚
6°
23°
Teresópolis
SERRANA
14°
Nova
Friburgo 4°
Santa Maria
Madalena
24°
Casimiro 24°
de Abreu 13°
13°
24°
12°
MUNDO
11°
AMÉRICA DO SUL Mín. Máx.
São Francisco
de Itabapoana
NORTE
São Fidélis
6°
Vento de sudoeste, entre 15km/h e
40km/h. Pressão atmosférica de
1.030hPa.
Ondas de 2,5 a 3,0m. Ondulação de
sul. Melhores locais: Grumari, canto do
Recreio e Copacabana (informações
Ricosurf).
TEMPERATURAS MÁXIMAS
Acima
de 40˚
16°
Itaperuna
Campos
S
S
S
S
S
S
S
S
C
Assunção
Bogotá
Buenos Aires
Caracas
La Paz
Lima
Montevidéu
Quito
Santiago
23°
13°
23°
São João
24° da Barra 12°
13°
3°
4°
8°
19°
-3°
18°
3°
12°
8°
20°
16°
14°
26°
11°
24°
14°
22°
18°
Amanhã
Mín. Máx.
S
S
S
C
S
S
S
S
C
7°
3°
10°
20°
-2°
17°
6°
11°
8°
0h
22°
15° -2h
0h
14°
26° -1,5h
11° -1h
25° -2h
0h
16°
22° -2h
0h
16°
AMÉRICA DO NORTE/CENTRAL
18°
7°
Macaé
BRASIL
Ar polar deixa o dia muito
São Paulo
3°/ 17°
Porto Alegre
2°/ 16°
Hoje
22°
20°
Redonda Barra
22° Cachoeiras
24° Rio das
6°
frio no Sul e em quase todo o
Resende
Petrópolis 15°
do Piraí 7°
11° de Macacu
6°
Sudeste e Centro-Oeste. Faz
13° Ostras
5°
18° Barra SUL
frio pela manhã também no
Silva Jardim 23°
21°
Mansa
6°
23° Duque
14°
sul da Amazônia. Tempo
Búzios
12°
LAGOS
de Caxias
21°
chuvoso no sul da Bahia e
23°
12°
21°
Niterói 12°
Araruama
Cabo Frio 21°
pancadas de chuva no
13°
10° Mangaratiba
23° Rio de
12°
restante do país.
22°
Janeiro
Saquarema
23°Maricá
10°
13°
Angra
21°
13°
METROPOLITANA
Macapá
Fortaleza
dos Reis
Boa Vista
10°
20°
24° / 36°
23°/ 30°
Natal
23°/ 29°
Paraty
9°
22°/ 31°
São Luís
Belém
24°/ 31°
Manaus
João
Sol
23°/ 33°
24°/ 32°
Pessoa
Nascente
Poente
20°/ 31°
Porto Velho
Teresina
6h31m
17h15m
Recife
18°/ 28°
22°/ 32°
20°/ 30°
Palmas
Rio Branco
Maceió
23°/ 34°
21°/ 31°
15°/ 27°
Aracaju
Salvador
Brasília
Cuiabá
22°/ 30°
23°/ 28°
11°/ 25°
13°/ 26°
Vitória
Campo Grande
17°/ 24°
7°/ 21°
Belo Horizonte
10°/ 21°
Goiânia
Rio de Janeiro
12°/ 29°
Ondas
Ventos
10°/ 23°
18°
Impróprias (informações Inea): Flamengo,
Botafogo, Urca, Ipanema, Leblon, Vidigal,
São Conrado, Barra e Pontal.
Bom Jesus do
Itabapoana
QUARTA
Lua
Praias
21°
Porciúncula 10°
AMANHÃ
21° Paraíba
Crescente Cheia Minguante Nova
12/6
20/6
27/6
4/7
2ª Edição Segunda-feira 13 .6 .2016
Florianópolis
4°/ 18°
Cid. do México
Havana
Los Angeles
Miami
Montreal
Nova York
Orlando
Washington DC
C
C
S
C
C
S
C
S
13°
25°
13°
25°
10°
12°
24°
14°
22°
35°
22°
34°
20°
25°
34°
28°
C
C
S
C
S
S
C
S
11°
24°
14°
26°
6°
12°
25°
17°
24°
39°
24°
34°
23°
26°
33°
24°
-3h
-1h
-4h
-1h
-1h
-1h
-1h
-1h
C
S
S
C
C
C
C
S
C
S
S
C
S
14°
18°
16°
13°
13°
12°
9°
18°
12°
17°
8°
12°
18°
17°
31°
26°
20°
18°
19°
18°
24°
18°
31°
18°
19°
23°
C
C
S
C
C
C
C
S
C
S
S
C
S
13°
18°
14°
11°
12°
11°
8°
14°
12°
14°
7°
11°
18°
17°
27°
26°
22°
19°
18°
18°
25°
18°
30°
21°
18°
23°
+5h
+6h
+5h
+5h
+5h
+5h
+5h
+4h
+4h
+5h
+6h
+5h
+5h
EUROPA
Amsterdã
Atenas
Barcelona
Berlim
Bruxelas
Frankfurt
Genebra
Lisboa
Londres
Madri
Moscou
Paris
Roma
ÁSIA
Jerusalém
Pequim
Tóquio
S 21° 36°
C 17° 32°
C 18° 20°
S 23° 37° +5h
C 17° 29° +11h
S 17° 24° +12h
S 22° 40°
C 6° 9°
S 23° 42° +5h
S 6° 16° +5h
Sydney
S 9°
S 9°
S: sol
N: nublado
ÁFRICA
Cairo
Johannesburgo
OCEANIA
18°
C: chuvoso
19° +14h
Ne: neve
Mais informações sobre o tempo
NA INTERNET
Curitiba
-2°/ 13°
oglobo.com.br/servicos/tempo/
PREVISÃO
34˚/36˚
31˚/33º
28˚/30˚
25˚/27˚
22˚/24˚
18˚/21˚
13˚/17˚
Abaixo
de 12˚
Sol
Parcialmente
nublado
Nublado
Sol com pancadas
de chuva
Polícia busca mais imagens de adolescente
REPRODUÇÃO
Ideia é descobrir se jovem
sumida no Tom Jobim
deixou local acompanhada
RODRIGO BERTHONE EVERA ARAÚJO
[email protected]
A investigação sobre o desaparecimento da jovem Sarah Neves Mamede, de
15 anos, continua a mobilizar agentes
da Polícia Civil. A adolescente sumiu
na última quarta-feira no Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha, enquanto esperava, com os pais, um voo
para Fortaleza, onde mora. Ela disse à
família que iria ao banheiro procurar
um documento que havia perdido — e
não foi mais vista. Policiais da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), responsável pelo caso, solicitaram
novas imagens do circuito de segurança do aeroporto a fim de descobrir se a
jovem deixou o local acompanhada.
Registros já obtidos pela polícia mostram a menina entrando e saindo do
banheiro sozinha. Sarah voltava de
uma viagem de férias para Foz do Iguaçu, onde permaneceu por quatro dias
com os pais. A família estava no Rio para fazer conexão até Fortaleza.
MORANDO NUMA COMUNIDADE
Dois dias depois do desaparecimento, a jovem fez contato com um amigo através de uma rede social. Na
mensagem, Sarah, que nunca tinha
visitado o Rio, disse estar bem e contou estar morando com uma família
em uma comunidade carioca. Desde
então, não há informações sobre o
paradeiro dela.
— Não consigo dormir desde o dia
em que ela sumiu. Por enquanto, estamos esperando infor mações da
polícia, mas ainda não nos temos nada concreto. Espero receber um tele-
Sarah: jovem de 15 anos está desaparecida
“Acho que minha filha foi
por conta própria ao
encontro de alguém que
conheceu pela internet,
mas acredito que agora
esteja sendo mantida
em cárcere privado.”
Aluízio Mamede
Pai de Sarah
LARGURA
JORGE KOELER PEREIRA DA SILVA
Missa 7º dia
Mabity, Tomaz, Fernanda e Diana; Doda,
Tininha, Pedro e Duda; Fernando, Luciana,
Juliana e Luis Felipe, convidam para MISSA
DE 7º DIA a ser celebrada dia 14/06 (3ª feira)
às 18:00h, na Igreja Sagrado Coração de
Jesus na Universidade PUC na Gávea.
1
1
1
2
2
2
2
2
3
3
3
3
col.
col.
col.
col.
col.
col.
col.
col.
col.
col.
col.
col.
(4,6 cm)
(4,6 cm)
(4,6 cm)
(9,6 cm)
(9,6 cm)
(9,6 cm)
(9,6 cm)
(9,6 cm)
(14,6 cm)
(14,6 cm)
(14,6 cm)
(14,6 cm)
fonema dizendo que eu posso ir ao
Rio para buscar a minha filha. Só vou
me conformar quando receber uma
boa notícia — diz G ecilda Neves,
mãe da menina, afirmando que sempre teve um bom relacionamento
com a filha. — A nossa relação é boa,
Sarah é muito amada e sentimos o
mesmo da parte dela.
CONTATO COM MORADOR DO RIO
Aluizio Mamede, pai da jovem, contou que a filha vinha mantendo contato através da internet há pelo menos
dois meses com uma pessoa do Rio, e
acredita que a suposta fuga do aeroporto possa ter sido premeditada.
— Acho que minha filha foi por
conta própria ao encontro de alguém
que conheceu pela internet, mas
acredito que neste momento ela esteja sendo mantida em cárcere privado por esta pessoa. Estou tentando
ser otimista e pensar positivo, mas
estou preparado emocionalmente
para qualquer notícia, seja boa ou
ruim — diz o pai da jovem.
Esta não é a primeira vez que Sarah
some sem avisar a família. Segundo
Inês Mamede, tia da jovem, ela já desapareceu em outras ocasiões:
—Ela já teve alguns sumiços, mas
sempre foram aqui em Fortaleza e as
amigas sabiam onde ela estava. Dessa
vez é diferente, porque além de ser em
outro estado, ninguém sabe onde ou
com quem ela está.
A Fundação para a Infância e Adolescência fez um cartaz com a foto de
Sarah para ajudar na localização dela. A jovem estava vestida com calça
e jaqueta jeans, tênis bege e carregava uma mochila colorida quando sumiu. Informações podem ser enviadas para os telefones (21) 2286-8337
/ 2334-8000 / 98596-5296, ou para o
Disque-D enúncia no número 21
2253-1177. l
ALTURA
R$
R$
3 cm
4 cm
5 cm
3 cm
4 cm
5 cm
7 cm
8 cm
4 cm
6 cm
7 cm
10 cm
1.125,00
1.500,00
1.875,00
2.250,00
3.000,00
3.750,00
5.250,00
6.000,00
4.500,00
6.750,00
7.875,00
11.250,00
1.518,00
2.024,00
2.530,00
3.036,00
4.048,00
5.060,00
7.084,00
8.096,00
6.072,00
9.108,00
10.626,00
15.180,00
2534-4333
• Para outros formatos consulte:
, de 2ª a 6ª feira, das 8 às 20h.
• Loja: Rua Irineu Marinho, 35, Cidade Nova, de 2ª a 6ª feira, das 9 às 18h.
• Plantão final de semana / feriados: 2534-5501, Sábado, das 10 às 17h.
Sábado, das 10 às 16h para demais dias. Domingo, das 16 às 19h.
Pa amento à vista somente em dinheiro ou che ue.
Nublado
com chuvas
Chuvas com
trovoadas
Geada
PM é morto em tentativa
de assalto no Cachambi
Policial, que saía de casa
para ir trabalhar e foi
atingido por mais de dez
disparos, deixa três filhos
REPRODUÇÃO
GUSTAVO CUNHA
[email protected]
Um policial militar morreu na
manhã de ontem durante uma
tentativa de assalto no Cachambi, na Rua Honório, por
volta das 6h30m. Alvarani de
Sousa Dutra, do 9º BPM (Rocha Miranda), era 2º sargento
da Polícia Militar. Testemunhas contaram à polícia que a
vítima viu um conhecido sendo assaltado e tentou reagir, já
que estava com uma pistola, e
houve tiroteio.
Durante os disparos, Alvarani tentou se esconder em uma
vila, mas se deparou com outros suspeitos armados. O
agente foi atingido por mais de
dez disparos. Ele era casado e
deixa três filhos.
Uma das filhas da vítima,
Kelly Cristina Dutra, de 23
anos, disse querer a apuração
do fato.
— Meu pai estava com a
marmita na mão. Ele iria para
o Fórum de Madureira, onde
faz um trabalho adicional. Ao
que tudo indica, os bandidos
reconheceram que ele era policial por causa da calça dele.
Foi uma covardia o que fizeram. Meu pai era muito tranquilo — lamentou.
Segundo a PM, “de acordo
com informações do 3º BPM
(Méier), na madrugada deste
Vítima. Alvarani de Sousa Dutra
domingo, um policial lotado
no 9º BPM (Rocha Miranda) foi
morto em uma tentativa de assalto. Ele estava saindo de sua
casa no Cachambi, quando foi
rendido por criminosos” .
De acordo com moradores
do bairro, assaltos são rotina
na Rua Honório há cerca de
dois anos. Alguns deixam de
sair de casa por conta da insegurança. Uma padaria, por
exemplo, alterou seus horários
de funcionamento após sofrer
dois assaltos numa mesma semana, recentemente.
— No sábado, assaltaram a
padaria às 9h. Na quarta-feira,
quando o dono resolveu reabrir o estabelecimento, um
grupo de bandidos entrou no
lugar de novo — conta um morador, que pede para não ser
identificado. — Está muito difícil viver aqui. Foi-se o tempo
de tranquilidade neste bairro.
Tenho medo até de ter filho,
com essa situação. l
Segunda-feira 13 .6 .2016
O GLOBO
Dos Leitores
|
oglobo.com.br/participe
Eu-repórter
l 11
|
Das redes sociais
facebook.com/jornaloglobo
facebook.com/jornaloglobo
DIVULGAÇÃO
twitter.com/jornaloglobo
REPRODUÇÃO
“A invasão ocorre há pelo menos
dois anos, mas agora está pior. Há
pilhas de pneus, carros velhos,
entulhos. Cadê a fiscalização?”
ELZA FIÚZA | AGÊNCIA BRASIL
Vera Marconi,
sobre a apropriação da calçada,
pelo morador de uma casa, na
Avenida Irene Lopes, entre as ruas
Cícero Barreto e Dr. Cássio Rothier
do Amaral, em Itaipu, Região
Oceânica de Niterói. A prefeitura
diz que será aberto um processo
administrativo na Secretaria de
Ordem Pública para que o Departamento de Fiscalização de Postura realize fiscalização no local.
|
“Eles já têm memória
muscular”
“Intolerância, ódio,
homofobia. Por um
mundo de paz!”
Gustavo Giovanella
Em reality, personal
trainers engordam para
emagrecer com participantes
Cartas e e-mails
“Tá difícil encontrar um
político verdadeiro”
@josemarcelobh
Alexandre Oliveira
Suposto atirador jurou
lealdade ao Estado Islâmico
Em delação, Léo Pinheiro
diz que campanha de Marina
Silva teve caixa dois
|
As cartas, contendo telefone e endereço do autor, devem ser dirigidas à seção Dos Leitores. O GLOBO, Rua Irineu Marinho 35, CEP 20233-900. Pelo fax, 2534-5535 ou pelo e-mail [email protected]
_
A PIOR CRISE
a O Brasil atravessa a pior das
crises: a falência da credibilidade
das autoridades. Um princípio de
liderança diz que o exemplo deve
vir de cima. Um chefe só tem moral
para exigir algo de subordinados se
der o exemplo, ou seja, se cumprir
aquilo que está exigindo. No nosso
país, os maiores corruptos estão
entre membros dos poderes, em
especial, no Legislativo. Todos os
dias sabemos de envolvimento de
autoridades, que deveriam servir de
exemplo, em situações desonestas.
Como consequência, a sociedade
passa a encarar esses fatos como
normais, agindo com naturalidade
ao se envolver em falcatruas. Vai ser
difícil mudar esse cenário, pois não
sabemos em quem confiar.
GILBERTO PEREIRA
RIO
_
HOLOCAUSTO POLÍTICO
a Políticos sentem vergonha? Têm
consciência dos ilícitos praticados,
das transgressões, ou ainda riem
desavergonhadamente? Mas se o
riso deles ainda não cessou em
breve cessará. Os que riram e
debocharam do Brasil e seu povo
sofrido estão sendo exterminados, e
os poucos que ainda riem em breve
não rirão mais.
MARCO ANTONIO PINTO REIS
RIO
_
a Depois das notícias bombásticas a
que os brasileiros tiveram acesso, o
que acontecerá? Com um sistema
político falido, como será o
recomeço? Será que estamos diante
de um novo Brasil? Que os culpados
continuem sendo punidos e a
população possa ver uma luz no fim
desse túnel negro que levou nosso
país ladeira abaixo. Vamos
continuar policiando e torcendo!
ARMINDA ALBUQUERQUE
RIO
_
VÃO FALTAR ALGEMAS
a O Legislativo foi composto por
nossos votos, isto é, pela sociedade
a que pertencemos e com gente
com o mesmo DNA que temos.
Assim foi, também, o Executivo. O
Judiciário, indiretamente, idem.
Ninguém discute que assaltante de
cofres públicos deve ir para a
cadeia. Mas esse clima que evolui
para a escassez de algemas sugere
GIL PORTELLA SANTOS
RIO
_
PETROBRAS FALIU SOZINHA
JOSÉ ALVES DE FRANÇA
RIO
MEU PIRÃO...
a Séculos de falta de justiça fizeram
com que confundíssemos justiça
com o que é bom para nós. Injusto é
o que é ruim. Assim, vimos o fim do
Ministério da Cultura ser atacado
por artistas. Todos achávamos o
número de ministérios exagerado,
mas que se reduzam os dos outros.
Cientistas querem o de Ciências e
Tecnologia de volta. Dizem que sem
ciências não existe Viagra. Deve ter
orçamento pífio, também. Os
pescadores devem fazer greve para
ressuscitar o da Pesca. Sem pesca
não existe salada de frutos do mar e
o orçamento também era pífio.
Políticos não querem perder votos, e
o povo é quem paga, portanto... 250
ministérios. Meu pirão primeiro.
OSWALDO CRUZ GRIBEL
MAR DE ESPANHA, MG
a Convido um parlamentar fichalimpa que queira liderar a formação
de um frente para a extinção desta
anomalia que é o foro privilegiado.
É sabido que uma quantidade
ínfima (5%) de casos é julgada no
STF. Os demais acabam
prescrevendo ou são esquecidos.
Convido OAB e movimentos sociais
a participarem. Recuso-me a crer
que não haja senadores ou
deputados que tenham ilibada
conduta para assumir essa luta.
Quem não deve não teme.
HÉLIO ORLANDI
RIO
JOSÉ CARLOS SARAIVA DA COSTA
BELO HORIZONTE, MG
a Pesquisadores dos EUA tentam
desenvolver órgãos humanos em
animais, após manipulação
genética com células-tronco
humanas. O objetivo é fazer com
que os animais se tornem
fornecedores de órgãos para
transplantes em humanos. Como as
pesquisas são caras e demoradas,
talvez fosse mais eficiente, mais
rápido e menos custoso realizar
ampla campanha nos meios de
comunicação para incentivar que as
pessoas sejam doadoras de órgãos.
FLÁVIO GÜTTLER
RIO
_
_
LIÇÕES ENGANOSAS
a É absurda a avalanche de
requerimentos ao STF por quem
tem foro privilegiado, levando-se
em conta o número de ministros
que integram a Corte. Os processos
são formados e sorteados, cabendo
a cada ministro sua relatoria, que
não se resume a um simples sim ou
não, mas ao seu convencimento, à
profunda análise jurídica e à
consulta jurisprudencial aos demais
ministros. Vale notar a quantidade
de laudas de cada voto, antes de o
tema ser debatido em plenário.
Então, para cobrarmos rapidez nos
julgamentos seria necessário que se
a Ora apresentam benesses que a
regulamentação dos jogos de azar
trarão ao país, ora alardeiam a
abundante colheita de impostos
com a legalização da maconha. Por
trás dessas teses ilusórias estão
espertalhões que não desistem de
tentar ensinar que virtude e vício se
confundem. Sêneca, um dos mais
célebres intelectuais do Império
Romano, nos ensinou a desprezar
essas enganosas lições: “Os vícios
são aprendidos sem mestre.”
NARISH KEITH
RIO
_
DESRESPEITO
a Não é possível que seja normal
sermos perturbados, diariamente,
com sucessivos telefonemas,
inclusive nos fins de semana e a
qualquer hora, com gravações ou
representantes oferecendo serviços
que, muitas vezes, já possuímos. O
dia apenas começou e já recebi três
ligações de companhia telefônica,
todas com o mesmo propósito. A
prática desse expediente e a
omissão dos legisladores quanto a
isso são um desrespeito ao cidadão.
MARCIO AGUIAR
RIO
_
FARÓIS ACESOS
a Em relação à carta do leitor Fran-
cisco Estado (5/6), não só concordo
como acrescento que num país
com sol na maior parte do ano e do
território, acender farol de dia não
aumentará a visibilidade de outro
veículo. Quem não vê um carro de
dia na estrada nem deve dirigir.
Mas há uma agravante, não sei se
considerada. Ao acender o farol, na
maioria dos carros a luminosidade
do painel é reduzida, pois o sistema
entende que estamos em área de
baixa luminosidade, ou de noite.
Dirigir ao sol sem termos os
instrumentos legíveis é mais
perigoso que com farol apagado.
ALBERTO CHINICZ
RIO
_
‘LEGADO’ OLÍMPICO
a O prefeito Eduardo Paes deveria
rever a contratação de empreiteiras
responsáveis por essas obras ditas
“legado olímpico”. Primeiro foi a
ciclovia na Avenida Niemeyer.
Agora, a duplicação do Elevado do
Joá, que dez dias depois de
inaugurado já apresentava um
buraco de quase dois metros
quadrados na saída do túnel, em
São Conrado. E não podemos
esquecer que, após a inauguração
do BRT Transoeste, em 2012, as
pistas não suportaram o trânsito e
apareceram crateras. Tem algo de
podre no reino da Dinamarca!
FERNANDA FIGUEIREDO
RIO
_
ALIMENTAR POMBOS
a Em nome de uma pseudoassepsia, aumenta-se o preconceito com
uma ave que há muito o homem
inseriu em solo brasileiro e agora
quer se livrar dela a qualquer custo.
Qualquer dejeto pode conter um
fator patológico. É fato. Mas, ao que
tudo indica, há exagero no que diz
respeito aos pombos, pois se fosse
tão perigoso todos os garis do Rio
estariam contaminados, e também
a minha mãe, uma idosa que há seis
anos tem satisfação de alimentá-los
na janela de seu quarto e que até
agora, felizmente, só tem recebido
um retorno positivo, inclusive uma
interação difícil de imaginar.
ROSANGELA MOTA PEIXOTO
RIO
_
ASFALTO RUIM
a O carioca que circula pela Barra
exclama impropérios impublicáveis,
sempre que seu carro entra e sai de
alguma cratera. O asfalto e a mão de
obra são da pior qualidade. As
principais avenidas parecem
colchas de retalho: asfalto com
colorações diferentes tapam os
buracos, alguns já conhecidos e dos
quais se desvia, e superfícies
desniveladas. Prefeito, passe pela
Linha Amarela e observe o que é
um bom trabalho feito com asfalto.
Pena que esse tapete esteja entre
duas avenidas destruídas: a Brasil e
a das Américas.
ANTONIO SERGIO M. SANTOS
RIO
_
a Estranha como está sendo feita a
obra de recapeamento nas avenidas
Vieira Souto e Delfim Moreira, em
Ipanema e Leblon: retiram uma
camada maior de asfalto do que
colocam, deixando perigosos
desníveis, com tampões e bueiros
mais altos. Vamos torcer para que
dure pelo menos até a Rio-2016, o
que não acredito, considerando o
que estamos vendo no novo
Elevado do Joá.
ARNALDO GORIN
RIO
_
DESORDEM URBANA
a Repete-se o clima festivo da inauguração do BRT, que logo depois
virou BRTrem, com ambulantes,
pregadores religiosos, pedintes,
gente sem camisa, de sunga e
pranchas, estações depredadas,
pessoas invadindo pistas para não
pagar passagem, uma bagunça. É o
que vai acontecer com o VLT. É só
aguardar. Bem-vindo, VLTrem!
HUMBERTO CONTINENTINO NAGEL
RIO
Há 50 anos 13 de junho de 1966
CHICO CARUSO/6-1-2011
CONFERÊNCIA RIO+20: DIVERGÊNCIAS
Encontro da ONU sobre desenvolvimento
sustentável começou em 13/6/2011 no Rio.
Barragens no país
REPRESAS COM REJEITOS TÓXICOS
Há 500 barragens com rejeitos: a maioria de
mineração; as de restos industriais vêm depois.
acervo.oglobo.globo.com
a Ninguém foi responsável pela
compra de Pasadena, ou pelo
fracasso do Comperj, ou pela ruína
da Rnest, ou pela destruição da
Petrobras. O ex-presidente Lula; a
presidente afastada, Dilma
Rousseff; o presidente do Senado,
Renan Calheiros; o presidente
afastado da Câmara, Eduardo
Cunha; o senador Fernando Collor
de Mello e tantos outros repetem
continuamente que não sabiam de
nada e que não participaram de
qualquer esquema de corrupção.
Percebemos que ninguém pode ser
responsabilizado pelo colapso
financeiro da maior estatal
brasileira. Portanto, os delatores da
Lava-Jato estão mentindo. A
Petrobras se autogerenciou.
TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS
FORO PRIVILEGIADO
Futuro do planeta
DOIS ANOS SEM MARLENE, ‘A MAIOR’
A “favorita da Aeronáutica”, cantora morreu,
aos 91 anos, no dia 13 de junho de 2014.
_
_
_
Hoje no
Acervo O GLOBO
Era do Rádio
aumentasse o número de ministros
ou se reduzissem os beneficiários
do tal foro privilegiado.
exagero. Parece que alguns do
Judiciário vieram de outra galáxia.
Enquanto isto, toda a sociedade é
punida, com a economia paralisada
e esperando o dia seguinte.
Musa da posse
‘PMDB: ATAQUE TEMERÁRIO’
Na charge, Marcela aparece entre
Mantega e o marido, Michel Temer.
Manifesto contra divórcio
tem 300 mil assinaturas
Salva menina com botão de
sapato alojado no pulmão
Depois da assinatura de Pelé, o manifesto contrário ao divórcio e a outros
dispositivos referentes à família, contidos no projeto do Código Civil, ganhou ontem o apoio do General Dióscoro Gonçalves Vale, Comandante-Geral da PM mineira. O manifesto
já foi assinado por 300 mil pessoas,
entre elas, Ministro Juraci Magalhães,
do Exterior; Governador Negrão de
Lima, da Guanabara; Sr. Lino Sá Pereira, Procurador-Geral da Guanabara; Desembargador Rafael Monteiro,
Presidente do TJ de São Paulo, e 19
desembargadores da Justiça paulista.
Um botão de sapato foi aspirado pela
menina Tânia Maria Teixeira Teles, de
seis anos, indo alojar-se em seu pulmão esquerdo. Graças a uma operação de emergência praticada pelo médico Pinto de Castro no Hospital Moncorvo Filho, a menina escapou de
morrer, tal como ocorreu há dias com
o menino Temístocles de Carvalho,
que teve a traquéia obstruída por uma
tampa de caneta esferográfica. O botão foi retirado por meio de um broncoscópio. O médico teve de abrir a
garganta da menina para facilitar-lhe
a respiração e pô-la fora de perigo.
12
l O GLOBO
Segunda-feira 13 .6 .2016
OGLOBO
Tema em discussão
|
|
Legalização do jogo para o país aumentar a arrecadação
|
Nossa opinião
|
|
Outra opinião
|
Ideia danosa
Façam as apostas
contumaz o uso que se faz da liberação ideia. Obstinado no ideário de enfrentar a crise
do jogo como moeda de troca em diver- fiscal sem recorrer a remédios amargos, duros
sas demandas do país. Já foi oferecida mas necessários, o lulopetismo segurou-se na
como antídoto contra o desemprego, possibilidade de combater a crise com mágicas,
estímulo para desenvolver o turismo e até mes- um terreno fértil para propostas mirabolantes. E
mo como ação para reduzir a criminalidade mesmo nos primeiros dias do governo do presi(neste caso, pela visão reducionista de que, ao se dente interino, Michel Temer, houve vozes do
tirar uma atividade da clandestinidade, seus as- primeiro escalão defendendo o indefensável,
pectos deletérios desapareceriam).
sempre ao som do mesmo mantra dos supostos
Num momento como este de descontrole or- benefícios, para os cofres públicos, da legalização
çamentário (regado pelos equívocos do lulope- dos jogos de azar.
tismo), que arrasta o Brasil para a mais grave criÀ parte a realidade de que cassinos e roletas
se econômica de sua história, era
alimentam redes de lavagem de dinheiro — o que, neste aspecto, faria
previsível que também neste camA atividade
a legalização, em lugar de abastecer
po a jogatina chegasse ao balcão
abastece
os cofres do Estado, azeitar ainda
de propostas salvacionistas. Não
lavanderias de
mais a já eficiente engrenagem clandeu outra.
destina montada pelos chefes da
O tema, com maior ou menor
dinheiro,
contravenção —, o jogo não pode
insistência, é recorrente no Conestimula o
ser analisado sem se levar em conta
gresso, espaço de pressões. O
endividamento
seus outros elementos deletérios.
lobby do jogo é conhecidamente
Em si, eles são fonte de desequilíum dos mais atuantes no Legislae incrementa a
brio para famílias, uma vez que dívitivo. De tal modo que, ao longo
violência
das de jogos são uma das mais nocidos anos, não se atravessou uma
vas causas de endividamento. Há
única legislatura sem que estivesse (como agora) em tramitação ao menos um ainda o grave aspecto criminal que o cerca: da
projeto em favor da legalização de apostas e se- clandestinidade, os chefões que controlam as
melhantes. Agora, a cantilena voltou a soar mais apostas no país recorrem a práticas violentas, à
forte, cevada pelo argumento de que, liberada, a maneira das máfias internacionais (e, de resto,
atividade carrearia para o caixa do Estado que- com elas mantêm ligações), para impor seu poder. A legalização do jogo é danosa em todos os
brado um reforço substancial de arrecadação.
No auge do colapso econômico da gestão Dil- aspectos, pois dela só se beneficiam os que o
ma, ano passado, o canto da sereia chegou a em- controlam e seus prepostos, em especial os que
balar ouvidos no Planalto. Pelo menos um minis- atuam junto às instituições para mudar as leis do
tro, na época, aproximou-se de apadrinhar a país em favor dessa condenável atividade. l
zinho arrecadou US$ 5 milhões em impostos
oriundos do jogo. Enquanto isso, o Brasil recebe
urante a década de 1940, os cassi- apenas 6 milhões de turistas, número bem abainos atraiam frequentadores que xo do seu potencial. Em Las Vegas, então, os núiam jogar e assistir aos shows. Foi a meros são estratosféricos. São milhares de visiépoca em que o glamour do Rio ga- tantes anuais, com um faturamento anual de binhou fama.
lhões de dólares.
O Cassino do Hotel Quitandinha levava a PeOs críticos da liberação argumentam que o jotrópolis visitantes, alavancando a atividade eco- go favorece a lavagem de dinheiro e o crime ornômica da cidade, assim como ocorria, por ganizado. Curiosamente, esses são problemas
exemplo, em Poços de Caldas e Lambari. En- que, mesmo sem a liberação, vemos todos os diquanto ajudava a construir a imagem turística as nas páginas dos nossos jornais. Aliás, usando
do país, o jogo era responsável por
mais uma vez o Uruguai como
40 mil empregos diretos, quando a
exemplo, lá as estatísticas de criA vocação
população brasileira era de cerca
minalidade são bem menores do
turística de
de 40 milhões de pessoas. A partir
que as nossas. Aqui, temos um Esvários estados
de 1946, com a proibição dos chatado paternalista, querendo nos
mados jogos de azar, o Brasil viu
conduzir.
do Brasil
desaparecerem não apenas esses
Com uma taxa de desemprego
levaria, com o
postos de trabalho, como também
de 10,2% da população ativa, não
jogo, ao início
podemos nos dar ao luxo de abrir
muitos outros indiretos. Vale lemmão do jogo. A vocação turística
brar que o país tinha, então, setenta
de um ciclo
de vários estados do Brasil facilicassinos em funcionamento.
virtuoso
taria, a curto prazo, a chegada de
É preciso, entretanto, não perderinvestimentos, a construção de
mos de vista o contexto histórico
dos anos 40, marcados pelo moralismo, com o hotéis, ou seja, o início de um ciclo virtuoso.
O que estamos esperando? A cada ano perdeEstado sendo um orientador dos costumes.
Hoje, quase 70 anos depois, essa proibição mos milhões de empregos em nome de um prenão faz mais qualquer sentido. Abrir mão do jo- conceito sem sentido. Em pleno século XXI, já é
go é abrir mão de um excelente instrumento de mais do que hora de deixarmos para trás os
progresso. Para que possamos quantificar a nos- anos 40, pois o futuro não perdoa quem não resa perda, vale registrar que o Uruguai inaugurou conhece o momento de mudar. l
em Rivera um novo cassino, com investimento
de US$ 33 milhões, expandindo seu potencial Pedro Fernandes é deputado estadual (PMDB) e
turístico. Só na última alta temporada nosso vi- presidente da Comissão de Orçamento da Alerj
É
PEDRO FERNANDES
D
DENIS LERRER ROSENFIELD
Mentalidades
Brasil vive um processo
particularmente complexo
de transição de uma mentalidade patrimonialista,
“aprimorada” em seu caráter bolchevique graças aos governos petistas,
para uma mentalidade moderna,
própria de um Estado em que começa a vigorar o império da lei. Ou seja,
estamos presenciando uma difícil
transição do governo de uma classe
política acostumada a manipular leis
e instituições, como se estas devessem estar a seu serviço e proveito,
para um governo ancorado em instituições, cujo validade transcende à
ação direta dos políticos.
As gravações do ex-senador Sérgio
Machado com os senadores Renan
Calheiros, Romero Jucá e José Sarney são, neste sentido, particularmente ilustrativas. Com efeito, elas
exibem intenções e tentativas de
manipulação das leis e instituições,
como se ações junto a ministros e
juízes fossem de natureza, por si sós,
a alterarem todo um processo judicial. De fato, estavam e estão acostumados a um tipo de comportamento
que se espelha em uma concepção
patrimonialista, como se a coisa pública não estivesse a serviço da coletividade, mas de seu proveito próprio e pessoal.
Não se trata, aqui, somente da
questão de se tal comportamento
configura ou não um crime determinado como obstrução de Justiça,
mas de um tipo de atitude que se
pauta, como se fosse seu direito próprio, em considerar leis e instituições como se pudessem ser modificadas a seu bel-prazer. Mais especificamente, habituaram-se à impunidade como se as leis a eles não se
aplicassem. Espantam-se com o que
O
está acontecendo, pois não perceberam que o país está mudando, e esta
mudança está fortemente ancorada
em uma sociedade que está dando
um basta a esta mentalidade.
Caberia aqui uma observação relativa ao suposto “patrimonialismo”
petista. Lê-se frequentemente, inclusive em intelectuais de esquerda, que
o PT teria incorrido nas práticas dos
partidos políticos tradicionais, como
se, em sua pureza, ele tivesse sido seduzido pelo atraso. Os petistas procuram se desresponsabilizar do que fizeram, dizendo ter feito somente
mais do mesmo. Igualam-se para se
eximirem de sua própria culpa. Tal
posicionamento tem ainda o objetivo
de manter a pureza da ideia de esquerda, como se esta pudesse simplesmente ser recuperada sem nada
reconhecer de feito próprio.
Ora, a corrupção petista é fruto do
aparelhamento partidário do Estado,
com o intuito de, progressivamente,
levar a cabo uma transformação socialista da sociedade brasileira. Ela é
bolchevique. Para eles, esse aparelhamento e a sua corrupção seriam meros meios de uma progressiva mudança revolucionária. Ou seja, a corrupção, para além dos benefícios pessoais, seria um instrumento de captura da sociedade e de controle, para isto, de seus meios de comunicação
privados. Nesta perspectiva, a corrupção petista, de caráter político revolucionário, inscreve-se na tradição
patrimonialista para dela tirar proveito. A corrupção e o aparelhamento
partidário do Estado pertencem à
própria ideia de esquerda, fazem parte de sua essência.
O que é particularmente interessante no cenário político atual é a clivagem estabelecida entre a sociedade
Fale com O GLOBO
PRESIDENTE
Roberto Irineu Marinho
VICE-PRESIDENTES
João Roberto
Marinho - José Roberto Marinho
_
OGLOBO
é publicado pela Infoglobo Comunicação e Participações S.A.
DIRETOR - GERAL: Frederic Zoghaib Kachar
_
DIRETOR DE REDAÇÃO E EDITOR RESPONSÁVEL
AGÊNCIA O GLOBO DE NOTÍCIAS
Venda de noticiário: (21) 2534-5656
Banco de imagens: (21) 2534-5777
Pesquisa: (21) 2534-5779
Atendimento ao estudante:
(21) 2534-5610
PUBLICIDADE
Noticiário: (21) 2534-4310
Classificados: (21) 2534-4333
MARCELO
Corrupção petista,
de caráter político
revolucionário, inscreve-se
na tradição patrimonialista
para dela tirar proveito
e a classe política. A primeira se caracteriza por valores não patrimonialistas, exigindo de seus representantes um comportamento condizente
com a proteção pública dos recursos
públicos. Não mais admite que os recursos da saúde, da educação, do saneamento, da habitação, entre outros,
sejam drenados pela corrupção, desviados de seus objetivos específicos.
Ela abomina o fisiologismo, a barganha de cargos e todo esse espetáculo explícito de negociação ou de negociatas de posições, emendas e ou-
Geral e Redação (21) 2534-5000
Jornais de Bairro: (21) 2534-4355
Missas, religiosos e fúnebres:
(21) 2534-4333. Plantão nos fins de
semana e feriados: (21) 2534-5501
Loja: Rua Irineu Marinho 35,
Cidade Nova
International sales: Multimedia,
Inc. (USA). Tel: +1-407 903-5000
E-mail: [email protected]
tras benesses em detrimento do bem
público. Para isto, foi às ruas e criou
as condições do impeachment. A sociedade brasileira não se deixou corromper, e talvez seja este o nosso maior ativo, um patrimônio propriamente nacional. Ela clama, portanto, por
um novo Estado, livre do patrimonialismo histórico brasileiro e de sua vertente petista. Ela já efetuou uma mudança de mentalidade, que não ocorreu ainda na classe política, que dela
fica a reboque.
A operação Lava-Jato, por sua vez, é
a expressão desta nova mentalidade
que já opera no nível propriamente
estatal. Ela começa a fazer valer o governo das leis e instituições, resgatando a ideia propriamente republicana
de coisa pública. Sua tradução mais
imediata é a punição de poderosos,
daqueles que viviam à margem da lei,
Classifone (21) 2534-4333
Relacionamento com o Assinante:
www.portaldoassinante.com.br
ou pelos telefones 4002-5300 (capitais e
grandes cidades) e 0800-0218433 (demais
localidades), de 2ª a 6ª feira, das 6h30m às
19h, e aos sábados, domingos e feriados, das
7h às 12h
Twitter: @falecom_OGLOBO.
Facebook: facebook.com/clubeoglobo
Assinatura mensal com débito automáti-
desrespeitando as instituições e considerando a coisa pública como se
fosse privada. A impunidade, graças a
ela, está sendo progressivamente
abolida, trazendo agentes políticos e
empresariais às suas respectivas culpas e responsabilidades. Tudo isto,
evidentemente, surpreende, precisamente por revelar o surgimento de
uma nova mentalidade em um setor
da burocracia estatal, no caso no Judiciário, no Ministério Público e na Polícia Federal.
A sociedade se sente na Lava-Jato
representada. Na verdade, esta não
teria condições de ser bem-sucedida
se não contasse com esse imenso
apoio social. O país se modernizou
socialmente. Goza de uma ampla liberdade de expressão, com jornais independentes, investigativos e de opinião, em linhas gerais em defesa do
avanço da democracia. Para todos os
efeitos, não se trata de um movimento social dirigido contra um partido
determinado, mas de afirmação de
novos valores e princípios, voltandose contra qualquer partido que não
seguir esses novos valores. Ontem o
PT foi o foco principal, hoje é o
PMDB, talvez amanhã seja o PSDB ou
qualquer outro partido. A moralidade
pública tornou-se um princípio da
sociedade, e esta exige que a classe
política se paute por este novo padrão
político.
A ética na política é atualmente um
bandeira social. Exige a prudência
que a classe política e o novo governo
entrem em sintonia com uma sociedade portadora de uma nova mentalidade. l
Denis Lerrer Rosenfield é professor de
Filosofia na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
Para assinar (21) 2534-4315 ou oglobo.com.br/assine
co no cartão de crédito, ou débito em contacorrente (preço de segunda a domingo), para
RJ/MG/ES:
normal, R$ 125,66; promocional, R$ 89,90
VENDA AVULSA/Estados
Dias úteis: RJ, MG e ES: R$ 4,00;
SP e DF: 4,00; demais estados: 5,50;
Domingos: RJ, MG e ES: R$ 5,00;
SP: R$ 5,50; DF: 7,00; demais estados: 10,00
Carga tributária federal aproximada de 20%
ATENDIMENTO AO LEITOR
De 2ª a 6ª feira, das 6h30m às 19h, e aos
sábados, domingos e feriados,
das 7h às 12h, Tel: (21) 2534 5200
oglobo.com.br/faleconosco
O GLOBO é associado:
ANJ - IVC - GDA - SIP - WAN
Ascânio Seleme
EDITORES EXECUTIVOS
Chico Amaral, Paulo Motta
e Silvia Fonseca
_
Rua Irineu Marinho 35 - Cidade Nova - Rio de Janeiro, RJ
CEP 20.230-901 Tel: (21) 2534-5000 Fax: (21) 2534-5535
_
Princípios editoriais do Grupo Globo: http://glo.bo/pri_edit
a EDITORES - País: Alan Gripp - [email protected] Rio: Rolland Gianotti - [email protected] Economia: Flávia Barbosa - [email protected] Mundo: Sandra Cohen [email protected] Sociedade: William Helal [email protected] Segundo Caderno: Fátima Sá - [email protected] Esportes: Márvio dos Anjos - [email protected] Fotografia: Claudio Versiani - [email protected] Arte: Rubens Paiva - [email protected]
Opinião: Aluizio Maranhão - [email protected] Acervo e Qualificação: Gustavo Villela - [email protected] a SUPLEMENTOS - Boa Viagem: Léa Cristina - [email protected] Rio Show: Inês Amorim - [email protected]
Ela: Renata Izaal - [email protected] Revista O GLOBO: Ana Cristina Reis - [email protected] Bairros: Milton Calmon Filho - [email protected] Site: Eduardo Diniz - [email protected] Videojornalismo: Roberto
Maltchik - [email protected] Desenvolvimento de Plataformas: Maíra Carvalho - [email protected] a SUCURSAIS - Brasília: Sergio Fadul - [email protected] São Paulo: Aguinaldo Novo - [email protected]
O GLOBO
Segunda-feira 13 .6 .2016
l 13
OGLOBO
PAULO GUEDES
_
Onde o
povo está
P
or que nunca antes, em qualquer lugar
do mundo, houve um programa de
combate à inflação que durasse décadas? Por que estaríamos condenados à
mais longa sequência de bilionários escândalos
políticos da História? “Enormes somas passando pelas mãos do Estado”, diria Marx. “Impunidade”, diriam Barbosa e Moro. “Faltou a dimensão fiscal”, diria o Prêmio Nobel em Economia
de 2011, Thomas Sargent. Estariam todos certos.
A ininterrupta escalada dos gastos públicos
como porcentagem do PIB foi um problema estrutural herdado do antigo regime militar e
agravado por sucessivos governos de uma obsoleta social-democracia, que lubrifica fisiológicas
alianças com o descontrole de gastos. Foi essa
falta de compromisso com o controle dos gastos
públicos o calcanhar de aquiles de todos os nossos programas de estabilização. Levando sempre ao aumento dos juros e à elevação dos impostos na tentativa de frear a aceleração inflacionária, derrubou investimentos e nossa dinâmica de crescimento a longo prazo.
A corrupção na política e a armadilha do baixo
crescimento na economia são as duas faces de
um governo central hipertrofiado e disfuncional.
A proposta de emenda constitucional para o con-
trole dos gastos públicos federais é fundamental
para escaparmos a essa armadilha. As degeneradas práticas políticas sob investigação da Lava-Jato estão também associadas à concentração de
poder no Executivo federal, à hipertrofia da engrenagem estatal e à centralização administrativa.
São legítimas as ampliações de gastos de uma
democracia emergente em saúde, educação e
A implementação descentralizada
das políticas públicas é
uma exigência e também
uma garantia de serviços
mais eficientes
RAUL VELLOSO
Para viver às próprias custas
P
or envolver uma mistura de aspectos
conjunturais e estruturais, o tema das
dívidas estaduais tem recebido tratamento inadequado. O fato é que, tanto a
União como os estados tiveram de lidar com a
brutal queda de receita que a maior recessão de
nossa história lhes causou, sem dispor dos instrumentos de ajuste que só o setor privado detém. Ao mesmo tempo, cabe enfrentar um problema financeiro estrutural que vem se agravando nas contas estaduais, e que se manifesta
pela inviabilidade de eles continuarem pagando o serviço da dívida renegociada nas bases estabelecidas mais recentemente pela União.
No setor privado, sabe-se o que ocorre nas recessões: demissões, reestruturações etc. É a lei
da sobrevivência. O espaço para demitir pessoas no setor público é, contudo, mínimo. Aumentar impostos em épocas como a atual cheira a suicídio político. O Banco Central tende a financiar os déficits da União inicialmente emitindo moeda, e depois procura enxugar a liquidez adicional via títulos de curtíssimo prazo para não pagar juros escorchantes.
Num segundo momento, a União apresenta um
programa de ajuste para compensar o aumento
da dívida pública. Sem essa válvula de financiamento, os estados, que se tornaram meros departamentos financeiros subordinados à União (veja
mais sobre isso em raulvelloso.com.br), correm
atrás de receitas extraordinárias e adiam pagamentos, na esperança de que a recessão acabe logo. O Estado do Rio teve o efeito adicional da forte
queda do preço externo do petróleo, que reduziu
outra fonte importante: os royalties. Daí deter o
maior buraco financeiro do momento.
Assim, da mesma forma que o Banco Central
foi chamado a emitir moeda para financiar os
déficits primários gigantescos da União em
2015 (R$ 117 bilhões) e o que se projeta para
2016 (R$ 170 bilhões), algo análogo terá de ser
feito como forma de dar tratamento isonômico
aos entes subnacionais. E também para evitar
uma total desorganização das respectivas administrações. Se a União os colocou num cercado
em que comanda todos os seus atos financeiros
relevantes e toma uma plêiade de decisões que
atinge frontalmente seus orçamentos — tais como o recente reajuste do teto do STF ou o aumento do piso dos professores —, não pode deixar de socorrê-los do furacão devastador causado pela gestão Dilma Rousseff, e deve, obviamente, explicar tudo isso à sociedade.
ANDRÉ MELLO
ALFREDO GUARISCHI
R
Além de não poderem inclusive tocar nas receitas cativas transferidas aos respectivos Judiciário, Legislativo, Ministério Público e Defensoria Pública, ou mexer nos gastos vinculados à
educação, saúde etc, o que resta é pouco. Ao final, os estados são instados a atrasar, sistematicamente, pagamentos de salários, aposentadorias e outros dispêndios críticos, que abocanham a quase totalidade de seus orçamentos,
algo que já vem ocorrendo, e que a União, graças à “maquininha do BC”, não precisou fazer.
Há pouco, viu-se, no Rio, que o IML parou pela
segunda vez de receber cadáveres, e é dramática
a imagem de velhinhos na TV mostrando longas
prescrições de remédios que não conseguem
mais pagar por não receberem em dia.
A saída óbvia é dispensar os estados de efetuar o
pagamento do serviço da dívida à União em 2016 e
2017, admitindo dois anos de recessão brava, e
aproveitar para corrigir a inviabilidade do último
esquema de renegociação de dívidas efetuado em
1998-2000, que, entre outras coisas, exige um pagamento mensal da ordem de 13% das receitas estaduais, algo que, na prática, se mostrou inviável.
Cabe, agora, recalcular a dívida estadual com essa
carência e no mesmo prazo original (ou seja, não
deve haver extensão de prazo), com Tabela Price e
juros compostos de IPCA mais 4% (algo já de consenso), mas admitindo um pagamento máximo de
anteriores. Ou seja, não havia um vínculo com o
projeto de governo. Enquanto Lula manteve esse
time, as coisas funcionaram. O problema é que a
política adotada naqueles anos não tinha nada a
ver com o partido. Quando o PT começou a dar as
cartas, em meados da década, o barco do país começou a desandar — e, quando assumiu de vez o
controle, o barco naufragou. Treze anos depois, o
que tínhamos no começo de 2016? Falta de liderança, de equipe, de projeto e de rumo. A ideia de
que as experiências de FHC e de Lula/Dilma se
igualam é um completo equívoco.
Insisto para que o leitor faça os devidos paralelos. De um lado, o que temos? Ex-autoridades que
podem ir a qualquer lugar, têm seu papel reconhecido e formaram um elenco estelar de craques que
honrariam qualquer equipe. E do outro? Um exministro da Fazenda que teve que sair do governo
duas vezes por fatos que não conseguia explicar;
outro que não consegue sair para a rua sem passar
por constrangimentos por ter levado o país à maior crise da sua história; uma penca de membros
do “alto generalato” partidário espalhados pelas
prisões do país; e o vazio mais absoluto.
Liderança, equipe, projeto, rumo. Havia no passado; deixou de haver depois. Em momentos em
que o país precisa reencontrar o caminho do progresso, é bom estabelecer as diferenças. A formação da equipe de Temer, nesse sentido, dá espaço
para recuperar certo otimismo. l
Fabio Giambiagi é economista
Alfredo Guarischi é médico
serviço da ordem de 6% das receitas, segundo
meus cálculos (para reconhecer a dificuldade estrutural), e não os 13% anteriores. Chega-se, então,
ao novo estoque, abaix o do atual em x% e variando conforme o caso.
Até poderíamos jogar o problema para debaixo
do tapete. Só que os mercados sabem que ele
existe, e colocam esse efeito em seus cálculos. O
importante é condicionar qualquer socorro à
adoção de políticas que, em conjunto com as que
a União já está preparando, ponham um ponto de
parada na evolução futura da razão dívida pública
total/PIB. Sugiro a leitura de minha proposta de
remanejar recursos dos orçamentos estaduais, via
um fundo de estabilização previdenciária, na minha página da internet anteriormente referida.
Temo que o governo aceite enfrentar o financiamento do buraco pelo caminho acima sugerido,
mas empurre para a frente o problema estrutural da
dívida mal dimensionada, por temer uma repercussão negativa do tipo: “Estão mais uma vez perdoando dívida de gastadores” etc. Entendo, contudo, que
estamos diante de uma oportunidade única de preparar os entes subnacionais para uma nova etapa
em que, sujeitos a salvaguardas, possam se libertar
do paternalismo da União à custa de assumir a responsabilidade de viver às próprias custas. l
Raul Velloso é economista
Os pingos nos is
V
Risco real e
percebido
isco aceitável é o que vale a
pena.
Viajar de avião ou ser operado são missões que podem
ser cumpridas de forma segura, porém o desfecho exato será conhecido
a posteriori. Variando o contexto —
viajar no Oriente Médio ou cirurgia de
urgência —, a imprevisibilidade aumenta. A segurança não é um termo
matemático: “Quantos quilos de risco
é aceitável?”
A percepção incorreta do risco deve-se à falta de informações, de experiência ou por interferências externas. Não há custo em segurança, e
sim investimento, mais barato que o
acidente.
Também não há acidentes sem precedentes, pois diversos fatores contribuem para sua gênese e inexiste
uma causa raiz. Cada fator tem sua
dinâmica, inter-relacionamentos e linha de tempo. Todos têm importância, mas alguns parecem ter maior relevância, porém, isoladamente, não
causariam o evento adverso; deve-se
buscar entender não apenas quem
estava envolvido, mas por que e como
o fato se desenvolveu. Atribuir ao
acaso um acidente é uma forma simplista de não se aprofundar na análise
da sua dinâmica.
Um ato terrorista não é um acidente.
Em Bruxelas, após o atentado ao aeroporto, emitiu-se um alerta para fechar o metrô. Usaram o e-mail errado.
Falhou a comunicação. DesNão há
a
acidentes sem consideraram
experiência do
precedentes, massacre de Papois diversos ris, ocorrido
quatro meses
fatores
antes. Os rescontribuem
ponsáveis belgas
pela segurança
para sua
foram questiogênese
nados por menosprezarem as
ameaças conhecidas e não terem treinado contingências para mitigar as
consequências de atos terroristas.
O treinamento com foco na missão
cria sinergismo, mitiga o conflito nas
relações humanas e desenvolve o significado de decisão compartilhada —
um por todos, todos por um! Esse modelo de treinamento diminui o distanciamento entre a alta gestão (estratégica) e o profissional operacional (no “olho do furacão”), contribuindo para a liderança situacional diante da incerteza — na qual o operacional assume o controle e é seguido
pela equipe, não sendo sua atitude
confundida como desvio de protocolo ou insubordinação.
Katzenbach e Smith, no livro “A virtude das equipes”, afirmam que “equipes não buscam o consenso, mas a
melhor resposta”, e atribui-se ao talentoso jogador de basquete Michael
Jordan a frase “Talento ganha jogo,
mas trabalho de equipe e inteligência
ganham campeonatos”.
A avaliação do risco na guerra contra
o terrorismo globalizado está em sua
infância, mas, nesse contexto, os órgãos
de segurança pública brasileiros vêm
realizando treinamentos intensos e
contínuos. O sistema de saúde pré-hospitalar, com os bombeiros à frente, estão bem treinados.
Mas o final da linha é nos hospitais,
cujos gestores públicos deveriam promover mais treinamentos dos times
multidisciplinares — equipes —, dessa
forma diminuindo a distância entre o
risco percebido e o real. l
FABIO GIAMBIAGI
olto aqui a lidar com as questões nacionais. Não tenho procuração para defender a gestão FHC. Embora tenha
exercido uma função subalterna no
governo dele em 1995, seria despropositado me
considerar parte da sua equipe. Feito o esclarecimento inicial, o leitor que porventura tiver
acompanhado meus artigos nos últimos 20
anos sabe da minha identificação com as políticas implementadas por FHC, cujo governo defendi, sem ter me furtado na época, entretanto,
a criticar a política fiscal implementada até
1998. Além disso, estou ligado, por comunhão
de ideias e vínculos de amizade, a boa parte das
pessoas que ocuparam posições de destaque na
equipe econômica naqueles anos.
Por isso, incomoda-me a postura falsamente
neutra que tende a colocar no mesmo nível a gestão de governo 1995-2002 com o que aconteceu
depois. Ao dizer isto, quero ressaltar o papel que
uma boa equipe, competente e honesta representa para o desempenho de um governo. Só para citar os casos mais conhecidos, vou lembrar
nomes cujo espírito público, dedicação ao trabalho e qualidade técnica seriam reconhecidos em
qualquer burocracia pública das mais avançadas
do mundo: Malan, Gustavo Franco, Arminio Fraga, Amaury Bier, Bacha, Lara Resende, Mendonça
de Barros, Pérsio Arida, Gustavo Loyola, Murilo
Portugal, E. Amadeo, Eduardo Guimarães, Fabio
Barbosa, Eduardo Guardia, Martus Tavares, Pedro Parente, Guilherme Dias, Reichstul, Francis-
previdência. É meritória a democratização
dos orçamentos públicos com programas de
transferência de renda. Mas a implementação descentralizada das políticas públicas é
uma exigência e também uma garantia de
serviços mais eficientes. Controles locais,
menos corrupção.
O povo vive nos estados e nos municípios, e
não em Brasília. O dinheiro da saúde, da segurança, do saneamento e da educação precisa ir aonde o povo está. A reforma administrativa do Estado para enxugamento radical
do número de ministérios e descentralização
de recursos fiscais para estados e municípios,
apoiada por um pacto federativo, torna possível essa troca de eixo na sustentação parlamentar e na gestão dos recursos públicos. l
co Gros, Elena Landau e os diretores do Banco
Central naqueles anos fariam bonito em qualquer país. Todos se destacaram no governo FHC;
todos tinham um nome profissional prévio; todos
saíram da função pública sem maiores problemas quando as circunstâncias assim o requereram, dando mostras de que não tinham interesse
no cargo em si — e todos voltaram à planície e
continuaram se destacando nas suas respectivas
áreas. Ainda que com todos os problemas de um
país difícil de governar e com as tensões inerentes a qualquer grupo — administradas com maestria por FHC —, eles deram uma colaboração
decisiva para vencer a hiperinflação, revezaramse para “tocar o barco” durante oito anos, legaram um país com a economia essencialmente estabilizada — noves fora a bagunça de 2002, associada às estripulias da campanha eleitoral — e
depois foram cuidar da vida, com pleno sucesso.
Eles tinham o sentimento de ajudar o país, senso
de pertencimento a uma equipe e cumpriram
com zelo a sua missão. Eram anos em que havia
liderança, equipe, projeto e rumo.
O que veio depois? Aqui é preciso fazer uma distinção. Na equipe de Lula em 2003 e nos primeiros
anos, havia nomes com algumas daquelas características: Henrique Meirelles, Joaquim Levy, Marcos Lisboa, Roberto Rodrigues e a ótima equipe de
diretores do Banco Central. Eles tinham dois denominadores em comum: 1) a competência; e 2) a
ausência de identificação com o PT ou com as
ideias por este defendidas ao longo dos 20 anos
14
l O GLOBO
l Rio l
Segunda-feira 13 .6 .2016
Com dois anos de atraso,
terceiro piscinão é inaugurado
RIO10,8°
DOMINGOS PEIXOTO
Paes alerta que enchentes só terminarão após desvio do Rio Joana
MÁRCIA FOLETTO
MARCO STAMM
[email protected]
O reservatório de águas pluviais da nova Praça Varnhagen, na Tijuca, com capacidade para 43 milhões de litros de
água, foi inaugurado ontem. É o terceiro “piscinão” do Programa de Controle
de Enchentes da Grande Tijuca, que só
deve ser concluído em julho, quando
terminarem as obras de canalização e
de desvio do Rio Joana. Toda a obra
custará R$ 460 milhões.
O Rio Joana, que foi desviado da
Praça da Bandeira, passará por baixo
do Morro da Mangueira e da Quinta
da Boa Vista, desaguando na Baía da
Guanabara. Cerca de 90% dos trabalhos já foram executados. No entanto,
antes do término da canalização do
rio não é possível garantir o fim de
enchentes na região, como a que
aconteceu em março.
— A garantia que eu tenho dos técnicos de drenagem, repito, eu não sou
um, é que, estando tudo pronto, isso
não vai encher mais, mas quando a
obra do Rio Joana estiver concluída —
afirmou o prefeito Eduardo Paes.
Além do piscinão da Praça Varnhagen,
já foram inaugurados os reservatórios da
Praça da Bandeira e da Praça Niterói. Juntos, eles têm capacidade para armazenar
119 milhões de litros de água, número
42,3% menor do que os 281 milhões planejados inicialmente. A obra teve atraso
de 25 meses na entrega, prevista para
maio de 2014, ainda para atender à Copa
do Mundo, de acordo com os contratos
Frio e ressaca. Homem se protege do vento na orla da Zona Sul
Cidade bate recorde
de frio este ano
Onda alcançou ciclovia
do Leblon e deixou um
buraco na orla
RODRIGO BERTHONE
Piscinão. Reservatório inaugurado na Praça Varnhagen pode armazenar 43 milhões de litros
originais arquivados no Tribunal de Contas do Município.
— Eu diria que está muito mais atrasada, porque desde que o Rio é Rio a
gente sabe que alaga tudo isso aqui. Então, está muito mais atrasado do que
desde a Copa — disse Paes.
CUSTO SERÁ 48% ACIMA DO PREVISTO
O custo final dos três reservatórios e do
desvio do Rio Joana será de R$ 460 milhões, um valor 48% acima dos R$ 310
milhões estimados inicialmente para
os 281 milhões de litros, conforme
consta nos contratos.
— A gente está implantando um sistema que é o recomendado. Teve al-
gumas mudanças ao longo do projeto, em razão até de desapropriações,
e essas mudanças atenderam àquilo
que os técnicos determinaram — disse o prefeito.
Do projeto inicial, já está descartada
a construção do piscinão no Grajaú. Já
o reservatório da Rua Heitor Beltrãodeverá ter o projeto concluído e licitado
ainda este ano.
Junto com o piscinão, foi entregue ontem a reforma da Praça Varnhagen. Ela
foi reurbanizada e passa a contar com
parquinho infantil, área para ginástica,
mesas de jogos e fraldários. Na próxima
semana, deve ser instalada uma academia da terceira idade no local. l
[email protected]
A
cidade do Rio registrou, na noite de
sábado, recorde de
frio no ano. Os termômetros marcaram 10,8°C
no Alto da Boa Vista, às
22h30m, de acordo com o
sistema Alerta Rio, da prefeitura. O recorde anterior era
de 11,3°C, registrado às 5h de
sexta-feira, no mesmo bairro.
Além de derrubar a temperatura, a frente fria que
chegou ao Rio veio acompanhada de ressaca na orla da
cidade. Na madrugada de
ontem, grandes ondas foram registradas na praia do
Leblon: a água alcançou a
ciclovia, e um buraco chegou a aparecer próximo às
obras dos novos quiosques.
No sábado, o Centro de Hidrografia da Marinha registrou uma onda de 6 metros
na Baía de Guanabara. Segundo o Instituto Climatempo, ondas fortes ainda
devem atingir a orla do Rio
até a noite de hoje. A Marinha recomenda que seja
evitado o banho de mar em
áreas que estejam em condições de ressaca. Os frequentadores da orla também devem seguir as orientações das equipes do Corpo de Bombeiros, e não é recomendado que pescadores naveguem durante o período de ressaca. l
Hoje
na web
oglobo.com.br/rio
l RIO 2016: Saiba
tudo sobre a
preparação para as Olimpíadas.
oglobo.com.br/rio/rio-2016
l ZIKA: As verdades e as
mentiras sobre a doença
http://glo.bo/1QfTAEH
Saiba
como colaborar com o
conteúdo do GLOBO.
oglobo.globo.com/rio/
saiba-como-colaborar-comconteudo-do-jornal-globo-peloaplicativo-whatsapp-15952193
l WHATSAPP:
l EU-REPÓRTER: Envie
seu
flagrante. Ele pode virar notícia.
oglobo.com.br/participe
l TWITTER: Siga
as notícias de
Rio no microblog.
twitter.com/OGlobo_Rio
l FACEBOOK: Confira as notícias
do GLOBO na rede social.
www.facebook.com/jornaloglobo
l GOOGLE+: Acompanhe
perfil do GLOBO.
o
l O GLOBO NO CELULAR:
Confira as notícias de Rio
onde você estiver.
oglobo.mobi/rio.
acesse
140
SÃO JOÃO DO MERITI (SHOPPING GRANDE RIO)
Estrada Antonio Sendas, 111
SHOPPING VIA PARQUE Av. Ayrton Senna, 3.000
AMÉRICAS SHOPPING Av. das Américas, 15.500
acesse
140
JACAREPAGUÁ (PREZUNIC CENTER)
Estr. Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes, 906
MADUREIRA SHOPPING Estrada do Portela, 222
TIJUCA Rua Conde de Bonfim, 604
ITABORAÍ SHOPPING Rod. Gov. Mario Covas, BR 101, KM 205
Segunda-feira 13 .6 .2016
O GLOBO
Economia
HERMES DE PAULA
HERMES DE PAULA
Mercado de combustíveis
l 15
Restituição do IR
PÁG. 17
PÁG. 18
IPIRANGA COMPRA
REDE ALE POR R$ 2,1 BI
DINHEIRO EXTRA PARA
ACERTAR AS CONTAS
Distribuidora do grupo Ultrapar se consolida como
segunda maior do país e reforça presença no Nordeste
Devolução de imposto pode ajudar a pagar dívidas, dizem
analistas. Jorge Henrique Silva (foto) vai quitar financiamento
INFRAESTRUTURA
R$ 500 bilhões em projetos
_
Programa de parcerias de Temer prevê campos de petróleo, portos, aeroportos, ferrovias e rodovias
PAULO FRIDMAN/BLOOMBERG NEWS/23-7-2015
GERALDA DOCA
[email protected]
DANILO FARIELLO
[email protected]
-BRASÍLIA- Na tentativa de atrair o setor privado e ge-
rar empregos, o governo do presidente interino
Michel Temer está correndo para fechar a carteira
de projetos do Programa de Parceiras e Investimentos (PPI), batizado de Crescer, com valores estimados em R$ 500 bilhões para os próximos dois
anos. A principal estrela do portfólio é a área de
petróleo e gás, com ênfase na exploração do présal: serão 20 projetos, considerando estudos em
andamento, com perspectiva de investimentos de
US$ 120 bilhões (R$ 408 bilhões). São campos em
alto mar, na altura do Estado do Rio, com projeções para criar 11 mil postos de trabalho diretos e
outros 195 mil indiretos em toda a cadeia, segundo
dados da secretaria responsável pelo programa.
Também vão migrar para o programa as concessões no setor de infraestrutura, que foram lançadas pelo governo do PT no chamado Programa de
Investimentos em Logística (PIL), mas com uma
nova roupagem, regras menos intervencionistas e
maiores taxas de retorno para os investidores. Ao
todo são 19 rodovias, incluindo cinco novos trechos, e mais seis renovações (Nova Dutra, nova subida para Petrópolis e a chamada Rodovia do Aço),
com investimentos estimados em R$ 49 bilhões.
No setor aeroportuário, a novidade é a concessão de Cuiabá (MT), que não fazia parte da terceira rodada de privatização (Fortaleza, Salvador,
Porto Alegre e Florianópolis). Entre as ferrovias, terão prioridade as linhas Transnordestina, NorteSul e a chamada Ferrogrão, entre Lucas do Rio Verde (MT) e o Porto de Miritituba (PA). O programa
contempla, ainda, três renovações com América
Latina Logística (ALL); MRS Logística S.A e VLI.
PREVISÃO DE US$ 228 BI EM ROYALTIES E IMPOSTOS
Também farão parte do portfólio 50 áreas em portos, sendo seis no Pará, novas áreas em Santos,
mais arrendamentos e terminais de uso privado.
No setor de energia, o projeto mais avançado é a
licitação da distribuidora goiana Celg, com previsão de R$ 5 bilhões de investimentos. Outros ativos poderão entrar na lista de projetos.
Uma equipe de 15 pessoas, somando técnicos e
especialistas de diversas áreas, agências reguladoras e do mercado, participa de força-tarefa para
identificar as travas de cada projeto e os problemas
de marco regulatório. Licitações marcadas foram
suspensas e serão relançadas dentro de uma nova
concepção, como foi o caso das seis áreas no porto
do Pará. A ordem é passar um pente fino nos estudos de concessão já realizados, a fim de identificar
se todas as recomendações do Tribunal de Contas
da União (TCU) foram acatadas e acelerar os novos.
A força-tarefa criada para destravar as concessões já apontou problemas em estudos ou
editais de vários projetos que estavam em anda-
Gargalo logístico. Caminhões em fila para entrar no Porto de Santos. Áreas no terminal e no Pará estão nos 50 projetos do setor que o governo pretende levar a leilão
mento. Entre eles estão rodovias como a BR-364
(GO-MG); BR-476 (PR-SC); BR-364/060 (MTGO) e BR-163 (MT-PA). Entre as alternativas
propostas estão revisão de tarifas, mudanças
em prazos para aumento de investimentos e inclusão de novos riscos nos projetos. Além disso,
os estudos da BR 101 (RJ, BA, SC) terão de ser revistos em função de prazos.
Na concessão de ferrovias, os técnicos apontam a necessidade de resolver o problema da
travessia do Parque de Jiamanxin para tirar do
papel a Ferrogrão e acertar a modelagem econômica para renovar contratos com concessionários atuais.
Na nova rodada de privatização dos aeroportos,
os investidores deverão ser dispensados de construir a segunda pista de Salvador, em área de dunas. Também será preciso resolver o problema do
acesso ao aeroporto de Florianópolis por causa
de uma área de mangue próxima. Para os portos,
o desafio é rever as regras para atrair interessados.
Na área de petróleo e gás, os técnicos listaram
ainda a necessidade de renovar o Repetro — regime especial de importação de equipamentos de
exploração — e regulamentar a unitização (acordo
entre concessionárias de diferentes áreas no caso
em que as reservas de petróleo são interligadas).
O chefe do PPI, Moreira Franco, se diz entusiasmado com o potencial da área de petróleo e gás
— setor afetado pelos impactos da Operação Lava Jato. A revisão das regras de exploração do présal é um dos motivos de atração dos investidores
estrangeiros, na avaliação do governo.
— Eu vejo esse setor como fundamental para
movimentar a economia do Rio de Janeiro e tirar
o Estado da crise, gerar empregos e aumentar a
renda — disse Moreira Franco.
ABERTURA DO SETOR DE GÁS É INCENTIVO À INDÚSTRIA
De acordo com projeções utilizadas pelo governo, os investimentos nas reservas já conhecidas
têm potencial para produzir 10 bilhões de barris
e gerar uma receita governamental, incluindo
royalties e impostos, da ordem de US$ 228 bilhões. O primeiro passo para tornar os números
realidade, segundo Moreira, é votar na Câmara
projeto aprovado pelo Senado que retira da Petrobras a obrigatoriedade de entrar na exploração do pré-sal, entre outras medidas.
Além dos potenciais investidores, quem se ani-
ma com a perspectiva de novos investimentos no
setor de óleo e gás é a indústria. Para os consumidores intensivos de energia, um acesso mais barato e facilitado a esses combustíveis poderá aumentar a competitividade da produção nacional.
Na próxima quinta-feira, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Abrace (Associação
dos Grandes Consumidores de Energia) realizarão em Brasília um seminário para demonstrar o
potencial de impulso à indústria brasileira com
um mercado mais competitivo do gás. Segundo
Camila Stocchi, gerente de energia da Abrace, a
indústria pode ter aumentos significativos de
competitividade com maior transparência e uma
expansão da oferta desse mercado.
Segundo ela, a magnitude desse retorno pode
ser tomada a partir das consequências da redução do preço de 20% adotado pela Comgás,
anunciado nas últimas semanas, que implicará
em redução de custos de cerca de R$ 1 bilhão ao
ano pelas empresas paulistas. Ela destaca, porém, que, para o mercado de gás deslanchar, são
necessários ajustes em normas federais e estaduais — uma vez que os estados legislam sobre
a distribuição de gás. l
Fundos de investimento se preparam para disputar leilões de infraestrutura
Grupos nacionais e
estrangeiros já
dispõem de US$ 5 bi
em caixa para o setor
ROBERTA SCRIVANO
[email protected]
-SÃO PAULO- Com a crise econômi-
ca e o baque das investigações
da Operação Lava Jato sobre as
grandes empreiteiras do país, o
setor de infraestrutura espera
uma drástica mudança na composição dos consórcios que disputarão os projetos que devem
ser licitados pelo governo, tão
logo o ambiente político se estabilize. As grandes empreiteiras
tendem a deixar de ser as protagonistas nesses processos, dando lugar aos fundos de investimento e de private equity.
Fundos nacionais como o
Pátria Investimentos e Vinci
Partners, a americana Hamilton Lane e a australiana Mac-
quaire são alguns dos grandes
gestores de recursos que já se
movimentam para disputar os
novos projetos de infraestrutura que serão concedidos. Juntos, esses grupos já dispõem de
pelo menos US$ 5 bilhões (cerca de R$ 18 bilhões) em caixa
para aplicar em novas concessões de infraesturura.
Venilton Tadini, presidente
executivo da Abdib, associação
que reúne as indústrias de base
e infraestrutura, confirma a crescente importância dos fundos
de investimentos e de private
equity para destravar o novo ciclo de privatizações no setor.
‘MOMENTO DE TRANSIÇÃO’
Tanto é assim que, conta ele,
um fundo exclusivo de infraestrutura foi criado recentemente pelo Pátria Investimentos.
Rapidamente, esse fundo captou US$ 2 bilhões e tornou-se
um associado da Abdib.
— A entrada forte dos fundos
nos projetos de infraestrutura
ocorreria em algum momento,
porque é uma tendência global.
Mas a Lava Jato está precipitando
essa mudança. Esse é um momento de transição — diz Tadini.
A Vinci Partnes também constituiu um novo fundo focado em
infraestrutura. Ainda em fase de
capitalização, esse fundo já conta com US$ 700 milhões em caixa. José Guilherme Souza, sócio
da Vinci, diz que a crise nas
construtoras está abrindo “uma
oportunidade de investimentos
em infraestrutura sem precedentes”. Ele conta ainda que está
trabalhando com um grupo europeu que tem interesse específico em disputar novas concessões de aeroportos aqui.
— São ativos de infraestrutura de alta qualidade, que terão
bom retorno — observa Souza,
revelando que, além dos aeroportos, a gestora também olha
com atenção oportunidades
no setor de energia.
A gestora global de private
equity Hamilton Lane, que admi-
“A entrada forte dos
fundos nos projetos
de infraestrutura
ocorreria em algum
momento, porque é
uma tendência
global. Mas a Lava
Jato está
precipitando essa
mudança”
Venilton Tadini
Presidente executivo da Abdib
nistra US$ 260 bilhões em seu
portfólio e mantém escritório no
Rio, também está avaliando os
projetos de energia e aeroportos
em elaboração no governo. Segundo Ricardo Fernandez, diretor executivo para América Latina da Hamilton, a gestora está
“monitorando muito de perto o
setor de infraestrutura brasileiro”.
A companhia considera haver
uma oportunidade “enorme
para fundos que têm capacidade de investir nos ativos” de elevado valor. Fontes do mercado
afirmam que a gestora já teria
reservado pelo menos US$ 1 bilhão para investir na infraestrutura brasileira nos próximos 12
meses. O executivo, no entanto,
não confirma a informação.
— Estamos ativamente buscando investimentos em infraestrutura no país — frisou.
Adriano Pires, presidente do
Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), conta que ter fundos
na liderança de consórcios já é
prática em diversos países. E
confirma que, na expectativa de
uma nova onda de privatização,
fundos estrangeiros bem capitalizados de fato se preparam para
entrar nas próximas rodadas. Pires cita, por exemplo, o fundo
soberano de Abu Dhabi, Mubadala, e o canadense Brookfield
entre os que avaliam ativamente
as oportunidades no país.
LÁ FORA, EMPREITEIRA NÃO LIDERA
A gestora canadense Brookfield, aliás, ofereceu US$ 5,2 bilhões pela Nova Transportadora do Sudeste (NTS), a divisão
de operação de oleodutos da
Petrobas. Em dois meses, concluída a auditoria para avaliar
os ativos e a contabilidade
(due diligence) da NTS, o negócios deve ser fechado.
— Só no Brasil há essa anomalia de haver construtora como cabeça de consórcio. No mundo todo o fundo é o líder e, depois de
vencer o leilão, contrata a construtora que ele julgar interessante
para o projeto — disse. l
16
l O GLOBO
l Economia l
Segunda-feira 13 .6 .2016
FMI alerta para risco de elevada
dívida corporativa na China
[email protected]
GEORGE
VIDOR
Endividamento é de 145% do PIB e estatais têm grande participação
|
|
CARRO CHEFE
Indústria automobilística foi uma das molas
propulsoras da economias, mas é possível
que o mercado não volte a crescer tanto
O
automóvel foi, sem dúvida, uma das molas
propulsoras da economia brasileira no governo Lula. Em dez anos (2004-2014), a frota
se expandiu em 20 milhões de veículos. Havia uma
demanda reprimida, pois o carro exerce uma fascinação sobre o ser humano difícil de ser explicada.
Milhões de famílias sonhavam em ter o próprio carro. Talvez seja pelo desejo de liberdade que todos temos instintivamente: o automóvel dá a sensação que
se pode ir a qualquer lugar. Ao menos em tese.
Mesmo em áreas periféricas, como é o caso da
Baixada Fluminense, a motorização se tornou um
fenômeno (Japeri tem hoje um automóvel para cada sete habitantes. Há dez anos, era um carro para
cada 30 moradores). O automóvel ajudou a eleger e
a reeleger Dilma.
Mas não só grande parte dessa demanda foi atendida
como a vida nas cidades se tornou caótica, com congestionamentos que levam qualquer um ao desespero.
Crédito mais escasso, juros mais altos, salários encolhendo, tudo isso provocou uma queda vertiginosa nas
vendas. E o pé no freio na indústria provocou um efeito
dominó que tem se refletido em diversas áreas. A siderurgia, por exemplo, vem capengando porque o aço é
um dos principais insumos do automóvel.
É pouco provável que esse mercado volte a curto
— e mesmo a médio — prazo ao período da bonança. Os investimentos em transporte público de alta
capacidade começaram a dar resultados e muita
gente se sente aliviada em não ficar mais presa ao
automóvel. A economia brasileira terá de buscar
outros caminhos para ganhar novo impulso.
-SHENZHEN (CHINA)- Em missão na
China, o vice-diretor-gerente do
Fundo Monetário Internacional
(FMI), David Lipton, alertou
para o elevado endividamento
corporativo no país asiático,
disse que este é um problema
sério e defendeu que a questão
precisa ser tratada de forma rápida e efetiva, ou corre o risco
de se deteriorar. O número dois
do Fundo destacou que dificuldades em uma economia como
a chinesa podem repercutir em
todo o mundo e citou as instabilidades do mercado financeiro
chinês em 2015.
— Aprendemos nos últimos
20 anos como rupturas na economia e no mercado de um país
podem reverberar mundialmente, como vimos na repentina instabilidade do mercado
Seu
espaço
0800 707 3487
regus.com.br
LICITAÇÃO
PREGÃO PRESENCIAL
Nº. 15/000010-PG – COOKTOP E FORNO ELÉTRICOS
A ESCOLA SESC DE ENSINO MÉDIO comunica a realização da licitação acima.
O Edital está disponível no site: www.escolasesc.com.br (licitações).
140
GUANABARA (SHOPPING GUANABARA BARRA)
Av. das Américas, 3.501
PARQUE SHOPPING SULACAP
Av. Marechal Fontenelle, S/N
CAMPOS DE GOYTACAZES (BOULEVARD SHOP. CAMPOS)
Av. Jornalista Roberto Marinho, 221
140
COPACABANA Rua Barata Ribeiro, 181
DUQUE DE CAXIAS (PREZUNIC CENTER)
Rua José de Alvarenga, 95
NOVA IGUAÇU Av. Nilo Peçanha, 639
SULACAP (PARQUE SHOPPING SULACAP)
Av. Marechal Fontenele, s/nº
MINISTÉRIO DE
MINAS E ENERGIA
AVISO DE LICITAÇÃO
Pregão Eletrônico nº. 078/2016
PREGÃO ELETRÔNICO – Objeto: Contratação de empresa especializada na
prestação de serviços de vigilância ostensiva para execução nas dependências
localizadas em Manaus, pertencentes à Amazonas Distribuidora de Energia S/A.
Edital disponível no site: www.comprasnet.gov.br. Entrega das propostas: a partir
de 13.06.2016 às 08h00 no site www.comprasnet.gov.br. Abertura das Propostas:
23.06.2016 às 10h00 (horário de Brasília no site: www.comprasnet.gov.br).
DIEGO SOUSA DA LUZ
Pregoeiro
acesse
acesse
_
oglobo.globo.com/
blogs/vidor
acesse
acesse
Correndo atrás
A Espanha conquistou a pole position no reino da
gastronomia europeia, o que fica evidente no número de restaurantes estrelados que existe por lá. As regiões competem entre elas e hoje o País Basco (em
torno de San Sebastián) se destaca mais que a Catalunha. O fluxo de turistas para lá já era significativo e
foi reforçado pelos que viajam motivados pela gastronomia. Portugal está entrando por esse caminha.
A cozinha portuguesa tem se renovado pelas mãos
de um grupo de novos chefs (José Avilez, do Belcanto
e Café Lisboa), Rui Paula (do DOP no Porto e DOC
em Peso da Régua, região do Douro, e que abriu também um restaurante em Recife) e de iniciativas como
a área voltada exclusivamente para esse fim no Mercado da Ribeira — a Cadeg de lá — em Lisboa. O turismo gastronômico é uma via que precisamos valorizar mais no Brasil. No blog, em breve, escreverei
mais detalhes sobre os restaurantes citados. l
O escritório que você
precisa no momento
necessário•
Escritórios Mobiliados
Escritórios Virtuais
Coworking
Salas de Reunião
Business Lounges
_
‘Gastroturismo’
‘PROBLEMA SÉRIO E CRESCENTE’
Além disso, Lipton defendeu
que tanto credores quanto endividados devem fazer parte da
solução do problema, ou seja,
tanto bancos quanto as companhias. E que é preciso agir também para acabar com os problemas de governança nos setores bancário e corporativo.
— A China enfrenta um conjunto extraordinário de desafios.
O crescimento está desacelerando, mas para uma velocidade
que seria invejada por qualquer
economia avançada. No entanto, dívida corporativa permanece um problema sério e crescente que precisa ser tratado imediatamente e com compromisso
com reformas — disse.
Lipton ponderou, no entanto, que a China demonstrou
uma enorme capacidade de
adaptação e evolução na última geração. Assim, afirmou,
“há toda razão para acreditar
que pode fazer esta transição e
assegurar que o novo normal
da economia chinesa é um desenvolvimento sustentável que
beneficie tanto a China quanto
o mundo”. l
Escolha a melhor localização para sua
empresa no Rio de Janeiro, ou conheça nossa
rede global com mais de 3000 centros
de negócios, incluindo 11 cidades do Brasil.
Quem paga
E por falar em custos, em tempos de vacas magras, as
empresas de médio e grande porte têm de buscar soluções inovadores para poupar tempo e dinheiro. A
terceirização tem sido uma saída natural, ainda que
sempre surjam riscos de questões trabalhistas ou interpretação equivocada da Justiça em relação a esses
contratos. Mas é possível “terceirizar” serviços dentro de uma mesma organização, por meio de um
centro de serviços compartilhados separado das unidades de negócios principais da empresa. Há menos
de dez anos os “CSC” começaram a ser adotados no
Brasil por companhias que competem com multinacionais. Mas é ainda uma experiência que não se disseminou entre gestores, embora a Coppead tenha incorporado o tema a seus cursos. De lá se formaram
os primeiros profissionais especializados na montagem de CSC (a maioria englobando folha de pagamento, contabilidade, contas a pagar e serviços similares). É o caso da jovem engenheira Vanessa Saavedra Frederico, que se juntou a outros colegas para
criar o Instituto de Engenharia de Gestão.
Vanessa escreveu e publicou um livro sobre os
CSC em 2014, pioneiro no tema, no Brasil.
experiências do passado.
Entre as lições mais importantes, destacou ele, estão o fato de que o problema da dívida
corporativa deve ser tratado de
forma rápida e efetiva. As dívidas de empresas de hoje podem se tornar um problema
sistêmico de dívida amanhã,
que levaria a um crescimento
econômico mais lento ou a
uma crise bancária, ou ambos.
Conheça as nossas soluções flexíveis de
espaços de trabalho para facilitar a abertura,
expansão ou realocação de sua empresa.
_
A ANS, agência reguladora dos planos de saúde, tem
um “estoque” de R$ 1 bilhão em multas. O valor é desproporcional aos fatores que os geraram. Se a agência
considerar que o plano rejeitou indevidamente parte
de uma despesa, mesmo que a diferença seja de R$
300, a multa pode chegar a R$ 80 mil. Contestar as
multas na Justiça obriga os administradores de planos
de saúde a depositar em juízo os valores contestados,
o que compromete o capital de giro, tão precioso nesses tempos de crise. Então, acaba sendo financeiramente mais fácil negociar o pagamento das multas
em 60 prestações. Isso vira despesa administrativa e,
de certa forma, é transferido para o que será cobrado
dos segurados. É o famoso “custo Brasil”.
chinês no ano passado. A questão é que qualquer discussão de
desenvolvimento sustentável
deve levar em consideração as
vulnerabilidades de uma economia sistemicamente importante — apontou Lipton.
Hoje, o endividamento corporativo na China corresponde
a 145% do Produto Interno Bruto (PIB), nível que ele considera
elevado, seja qual for a medida
usada. Estimativas do FMI
apontam que as empresas estatais respondem por cerca de
55% desse endividamento, bem
mais que os 22% que representam da economia chinesa.
Ele afirmou que, embora reconheça que a China é única
em muitos aspectos, não é o
primeiro país a enfrentar dívidas. E é possível aprender com
140
CENTRO - RJ Av. Passos, 42, 44 e 46
SHOPPING JARDIM GUADALUPE Av. Brasil, 22.155
CABO FRIO (SHOPPING PARK LAGOS CABO FRIO)
Av. Henrique Terra, 1.700
140
BOULEVARD RIO SHOPPING
Rua Barão de São Francisco, 236
SHOPPING NOVA AMÉRICA
Linha Amarela, Saída 5 e Metrô Del Castilho
GUANABARA ALCÂNTARA
Av. Jornalista Roberto Marinho, 221
l Economia l
Segunda-feira 13 .6 .2016
O GLOBO
Ipiranga
compra
rede Ale por
R$ 2,1 bilhões
l 17
HERMES DE PAULA
Com aquisição, distribuidora
passa a ter 25% do mercado e
reforça sua presença no Nordeste
RAMONA ORDOÑEZ
[email protected]
RONALDO D’ERCOLE
[email protected]
Em meio à crise
econômica e à queda no consumo de combustíveis, cujas
vendas recuaram 5% este ano
até abril, o grupo Ultrapar decidiu ampliar sua posição no
setor de distribuição no país. O
grupo informou ontem que
sua subsidiária Ipiranga fechou a compra da distribuidora de combustíveis Ale por R$
2,17 bilhões. Segundo analistas, a operação tem como principal atrativo fortalecer a presença da Ipiranga no Nordeste.
No mercado de combustíveis,
já se sabia que a Ale era uma
“candidata à venda”. Quarta colocada no ranking de distribuidoras do país — porém, bem
atrás de BR Distribuidora, Ipiranga e Raízen — a Ale chegou
a ser negociada em diferentes
ocasiões nos últimos três anos.
Com o negócio, a Ipiranga
consolidou sua posição como a
segunda maior distribuidora do
-RIO E SÃO PAULO-
país, atrás da BR Distribuidora,
passando a ter agora 25,8% do
mercado de venda de gasolina,
contra os 20,4% anteriores, segundo dados consolidados do
último relatório da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A BR,
da Petrobras, tem 29% de participação. Com um faturamento
da ordem de R$ 300 bilhões
anuais, cada 1% de mercado de
combustíveis representa um ganho de cerca de R$ 3 bilhões de
participação de mercado.
A Ale possui uma rede de
aproximadamente 2 mil postos
e 260 lojas de conveniência,
enquanto a Ipiranga detém
7.241 postos e rede de 1.919 lojas. Segundo um executivo do
setor, a venda da Ale já estava
sendo aguardada.
— A empresa (Ale) estava
grande demais para ser regional, mas era pequena para ter
uma atuação forte a nível nacional. Estava no meio do caminho e precisava definir seu futuro. Já a Ipiranga reforça sua
posição no Nordeste, onde tinha uma atuação mais fraca —
destacou o executivo.
Nova direção. Carro abastece no Ale da Gávea. Rede é a quarta maior do país, com 2 mil postos e 260 lojas de conveniência. Negócio depende de aval do Cade
“A rede Ale, com sede em Natal (RN), tem forte presença no
Nordeste e complementa geograficamente a rede de postos
da Ipiranga, que possui menor
participação nesses mercados
em relação ao restante do país
e tem focado seus investimentos nessa região”, disse a Ultrapar em comunicado.
A Ale tem participação de
7,3% nas vendas de combustíveis no Nordeste que, somados
aos 13,8% da Ipiranga, permitirá à rede do grupo Ultra elevar
para 21,1% sua fatia na região.
NO SUDESTE, 34,7% DO MERCADO
Segundo uma fonte próxima
do negócio, o Nordeste é considerado estratégico às grandes redes porque é um mercado que, além do potencial de
crescimento, perde menos
vendas em períodos de crise
como o atual, e cresce mais
fortemente em momentos de
expansão econômica.
No Sudeste, segundo dados
da ANP, ao incorporar os 5,2%
de participação da Ale na região aos seus 29,5%, a Ipiranga
passará a ter 34,7% do mercado, encostando nos 36,6% da
BR, líder no setor.
O negócio está sujeito à aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)
e de acionistas da Ultrapar.
O valor a ser pago aos vendedores terá a dedução da dívida líquida da Ale, em 31 de dezembro
de 2015, e será sujeito a ajustes de
capital de giro e endividamento
líquido na data do fechamento
da transação. O endividamento
líquido da Ale era de R$ 737 milhões no fim de dezembro de
2015. A Ale encerrou 2015 com
receita de R$ 11,4 bilhões e lucro
antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de
R$ 275 milhões de reais.
A Alesat Combustíveis S.A.,
controladora da rede Ale de
distribuição de combustíveis,
foi criada há 20 anos com a
união da distribuidora de óleo
diesel ALE Combustíveis, controlada pelo grupo mineiro
Asamar, com a Satélite Distribuidora de Petróleo, do empresário Marcelo Alecrim, do
Rio Grande do Norte.
A Alesat também tem como
sócio o fundo americano
Darby Overseas Investments,
que tem um braço de private
equity na Amércia Latina.
Além da Ipiranga, a Ultrapar
atua em várias áreas de varejo, como na distribuição de
GLP, o gás de botijão, por
meio da Ultragaz, que é líder
do mercado. O grupo atua
também na indústria de especialidades químicas e petroquímica, por meio da Oxiteno, com presença nos Estados
Unidos, no Uruguai, no México e na Venezuela. l
U
Números
29
POR CENTO
É a participação de mercado da
BR Distribuidora na venda de
gasolina.
20,4
POR CENTO
É a fatia de mercado da Ipiranga.
Com os 5,4% da Ale, terá 25,8%.
17,9
POR CENTO
É a parcela da Raízen na venda
de gasolina.
14,3
POR CENTO
É a fatia da Ipiranga no total de
postos no país. A Ale tem 3,8%.
18
l O GLOBO
l Economia l
Segunda-feira 13 .6 .2016
Você investe
Restituição do IR
é ajuda extra para
pagar as dívidas
HERMES DE PAULA
Especialistas sugerem usar valor para quitar ou
renegociar débitos. Quem puder, deve investir
COMO USAR O DINHEIRO
VEJA SIMULAÇÕES DE APLICAÇÕES PARA A RESTITUIÇÃO
(Foi considerado valor de R$ 1.549,97 para período de dois anos)
Rendimento líquido
em 2 anos
Aplicação
Valor final
1.931,47
1.910,58
1.895,78
1.885,14
1.870,41
1.810,67
24,61%
23,27%
22,31%
21,62%
20,67%
16,82%
1 CDB pós (114% do CDI)
2 Tesouro IPCA* (janeiro 2019) ***
3 Tesouro prefixado (janeiro 2019)***
4 Fundo renda fixa (taxa de adm. de 0,7% a.a.)
5 Fundo DI (taxa de adm. de 0,3% a.a.)
6 Poupança**
Estimativas consideram projeção da Órama de CDI médio até junho de 2018 em 11,8%. * Prevê inflação média
de 0,53% ao mês até junho de 2018 ** Remuneração média de 0,65% a.m. *** Não considera custos
Fonte: Alexandre Espírito Santo, economista da Órama
Editoria de Arte
RENNAN SETTI
[email protected]
JÚLIA COPLE*
[email protected]
Pouco mais de 1,6 milhão de brasileiros acordará na próxima quarta-feira com um dinheiro extra na conta. No primeiro lote de restituição do
Imposto de Renda (IR) 2016, a Receita Federal
depositará um total de R$ 2,65 bilhões para os
contribuintes que foram mais ligeiros na hora
de ajustar as contas com o Leão e também para
idosos, deficientes e portadores de doenças graves. Ninguém vai ficar rico com o dinheiro, é
claro, já que o valor médio das restituições desse lote será de R$ 1.549,97. Mas em um país onde 40% da população adulta tem o “nome sujo”,
sua chegada é no mínimo oportuna.
Para especialistas, mesmo que a restituição
não permita quitar todos os débitos, deve ser
um ponto de partida para uma renegociação.
Para aqueles contribuintes que, na contramão
das probabilidades, atravessam incólumes a
crise, o valor devolvido pela Receita pode ser a
chance de dar o troco nos juros elevados que
têm apertado o orçamento, por meio de investimentos que acompanham as taxas.
— Dada a situação econômica em que estamos, para quem tem dívida, a prioridade é quitá-la. Se não puder quitá-la inteiramente, o ideal é fazer a quitação parcial. Outra boa opção é
pagar antecipadamente alguma dívida que ainda não está em atraso. Nesse caso, deve-se pedir
o desconto — recomendou Lélio Braga Calhau,
promotor de Justiça do Consumidor no Ministério Público de Minas Gerais e responsável pelo
site Educação Financeira Para Todos.
Simulações do economista Alexandre Espírito
Santo, da distribuidora de fundos de investimento Órama, mostram que se desfazer das dívidas com o valor da restituição evitará uma bola de neve nos débitos futuros. Uma dívida de
cartão de crédito hoje com o exato valor da restituição média de IR (R$ 1.549,97), por exemplo,
se transformará em R$ 8.301,33 daqui a um ano.
No cheque especial, o valor saltaria para R$
5.698,31; no caso de dívida contraída no comércio, iria para R$ 3.055,92. Os cálculos usaram
como base as taxas de juros médias de cada linha de crédito apuradas em abril pela Anefac,
associação que reúne executivos de finanças.
— Embora a taxa de referência, a Selic, tenha
se estabilizado, os juros das linhas de crédito sobem porque a inadimplência também cresceu.
Como isso é custo, os bancos e financeiras repassam para o consumidor — explicou Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.
O contingente de brasileiros com dívidas subiu 8,1% em um ano, de 55,5 milhões para 60
milhões em março passado. Em junho de 2012,
somavam 50,2 milhões, de acordo com a Serasa
Experian. Segundo Rabi, a principal razão para
o crescimento não é a Selic estar no maior patamar em dez anos (14,25%), mas o desemprego.
— Embora a inflação já comece a cair e o Banco
Central ameace reduzir a Selic, o desemprego deve
continuar subindo. Assim, o número de inadimplentes continuará aumentando — lamentou Rabi.
|
HOJE - FOCUS: O Banco Central (BC) divulga esta manhã sua pesquisa semanal
com economistas do mercado financeiro, que traz
previsões para os principais indicadores.
BOVESPA SAL. MÍNIMO SAL. MÍNIMO
(FEDERAL)*
(RJ)**
TR
07/06 0,2259% 08/06 0,2177% 09/06 0,2110%
Selic: 14,25%
Correção da Poupança
Até 03/05/12
25/06
26/06
27/06
28/06
29/06
30/06
01/07
02/07
03/07
04/07
05/07
06/07
07/07
08/07
09/07
A partir de 04/05/12
ÍNDICE
0,6872%
0,6634%
0,6685%
0,6547%
0,7053%
0,7053%
0,7053%
0,6963%
0,6642%
0,6272%
0,6562%
0,7269%
0,7270%
0,7188%
0,7121%
DIA
25/06
26/06
27/06
28/06
29/06
30/06
01/07
02/07
03/07
04/07
05/07
06/07
07/07
08/07
09/07
ÍNDICE
0,6872%
0,6634%
0,6685%
0,6547%
0,7053%
0,7053%
0,7053%
0,6963%
0,6642%
0,6272%
0,6562%
0,7269%
0,7270%
0,7188%
0,7121%
Obs: Segundo norma do Banco Central, os
rendimentos dos dias 29, 30 e 31 correspondem ao
dia 1º do mês subsequente.
Dezembro
-3,9%
Janeiro
-6,79%
Fevereiro +5,91%
Março
+16,9%
Abril
+7,7%
Maio
-10,1%
R$ 788
R$ 788
R$ 880
R$ 880
R$ 880
R$ 880
R$ 953,47
R$ 1.052,34
R$ 1.052,34
R$ 1.052,34
R$ 1.052,34
R$ 1.052,34
Obs: * O valor do salário mínimo a partir de 1º de
janeiro de 2016 é de R$ 880. ** Piso para
empregado doméstico, entre outros.
IMPOSTO DE RENDA
IR NA FONTE JUNHO 2016
Base de cálculo
R$ 1.903,98
De R$ 1.903,99 a 2.826,65
De R$ 2.826,66 a 3.751,05
De R$ 3.751,06 a 4.664,68
Acima de R$ 4.664,68
Alíquota Parcela a deduzir
Isento
7,5%
15%
22,5%
27,5%
—
R$ 142,80
R$ 354,80
R$ 636,13
R$ 869,36
15/6 - EUA: O Federal Reserve
(BC dos EUA) divulga sua
decisão sobre os juros do país, o evento mais importante
da semana para os mercados globais. Espera-se que as
taxas fiquem inalteradas.
Deduções: a) R$ 189,59 por dependente; b) dedução
especial para aposentados, pensionistas e
transferidos para a reserva remunerada com 65 anos
ou mais: R$ 1.903,98; c) contribuição mensal à
Previdência Social; d) pensão alimentícia paga devido
a acordo ou sentença judicial.
Obs: Para calcular o imposto a pagar, aplique a
alíquota e deduza a parcela correspondente à faixa.
Esta nova tabela só vale para o recolhimento do IRPF
este ano.
A correção da terceira parcela do IRPF de 2016, que
vence no dia 30 de junho, é de 2,11%.
Salário de contribuição (R$)
Até 1.556,94
de 1.556,95 a 2.594,92
de 2.594,93 a 5.189,82
Alíquota (%)
8
9
11
Obs: Percentuais incidentes de forma não cumulativa
(artigo 22 do regulamento da Organização e do
Custeio da Seguridade Social).
Trabalhador autônomo
Para o contribuinte individual e facultativo, o valor da
contribuição deverá ser de 20% do salário-base.
Contribuição mensal mínima de R$ 176,00 (para o piso
de R$ 880,00) e máxima de R$ 1.037,96 (para o teto de
R$ 5.189,82)
Junho
R$ 1,0641
Obs: foi extinta
RENEGOCIAÇÃO PODE GARANTIR DESCONTO
Mesmo quem não perdeu o emprego tem visto
sua renda afetada pela crise e, por consequência, contraiu dívidas. É o caso do executivo de
vendas Jorge Henrique Silva, cuja restituição representa entre 5% e 10% do seu salário:
— A restituição vai ajudar porque as vendas
caíram até 40%. Quero usá-la para pagar o cartão de crédito e o financiamento do carro.
Para quem vai aceitar o conselho dos especialistas e encerrar dívidas, a recomendação é se
desfazer primeiro das dívidas com juros maiores,
como rotativo do cartão de crédito e cheque especial. Caso o valor da restituição seja menor que
o da dívida, a saída é tentar renegociar. O promotor Lélio Calhau lembrou que, na Defensoria Pública do Rio, há um núcleo de defesa do consumidor (o telefone é 2868-2100, ramais 121 e 307).
Segundo Luiz Rabi, nos feirões de renegociação
promovidos pela Serasa, os consumidores conseguem descontos de até 90% junto aos credores. Os
especialistas afirmam que, como a inadimplência
está pressionando o caixa dos bancos, eles têm se
mostrado mais abertos para renegociar valores.
Para os consumidores sem dívida, o alerta é para
não usar a restituição como entrada em novo empréstimo ou deixar o dinheiro parado no banco.
15/6 - SERVIÇOS: O IBGE libera
às 9h a Pesquisa Mensal de
Serviços (PMS), que trará
dados sobre o desempenho
do setor em abril. Analistas
esperam tombo de 4,7% ante
o mesmo mês de 2015.
UFIR/RJ
Junho
R$ 3,0023
IPCA (IBGE)
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
4493,17
4550,23
4591,18
4610,92
4639,05
4675,23
Obs: A Unif foi extinta em 1996. Cada Unif vale 25,08
Ufir (também extinta). Para calcular o valor a ser
pago, multiplique o número de Unifs por 25,08 e
depois pelo último valor da Ufir (R$ 1,0641). (1 Uferj
= 44,2655 Ufir-RJ)
No ano Últ. 12meses
0,96% 10,67%
1,27% 1,27%
0,90% 2,18%
0,43% 2,62%
0,61% 3,25%
0,78% 4,05%
10,48%
10,67%
10,71%
9,39%
9,28%
9,32%
Índice Variações percentuais
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
617,044
624,060
632,114
635,349
637,434
642,651
No mês
No ano Últ. 12meses
0,49% 10,54%
1,14% 1,14%
1,29% 2,44%
0,51% 2,97%
0,33% 3,30%
0,82% 4,15%
10,54%
10,95%
12,08%
11,56%
10,63%
11,09%
IGP-DI (FGV)
Índice Variações percentuais
(8/94=100)
UNIF
No mês
IGP-M (FGV)
(8/94=100)
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
610,128
619,476
624,366
627,060
629,345
636,468
(*) Estagiário sob supervisão de Rennan Setti
16/6 - ATA: O BC divulga a ata
da última reunião do Comitê
de Política Monetária (Copom), realizada na semana
passada, quando a taxa básica de juros foi mantida em
14,25% ao ano.
16/6 - ATIVIDADE: O BC libera o
IBC-Br de abril, indicador
que mede a atividade econômica e é considerado uma
prévia do PIB. Ele vem de
sua 15ª queda seguida, mas
agora espera-se estabilidade.
CÂMBIO
BOLSA DE VALORES: Informações sobre
cotações diárias de ações e evolução dos
índices Ibovespa e IVBX-2 podem ser
obtidas no site da Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa), www.bovespa.com.br
CDB/CDI/TBF: As taxas de CDB e CDI
podem ser consultadas nos sites de
Anbima (www.anbima.com.br) e Cetip
(www.cetip.com.br). A Taxa Básica
Financeira (TBF) está disponível
no site do Banco Central (www.bc.gov.br).
Para visualizá-la, clicar em “Economia e
finanças” e, posteriormente, em “Séries
temporais”
FUNDOS DE INVESTIMENTO:
Informações disponíveis no site da
Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais
(Anbima), www.anbima.com.br. Clicar em
“Fundos de investimento”
IDTR: Pode ser consultado no site da
Federação Nacional das Empresas de
Seguros Privados e de Capitalização
(Fenaseg), www.fenaseg.org.br. Clicar na
barra “Serviços” e, posteriormente, em
FAJ-TR. Selecionar o ano e o mês desejados
ÍNDICE DE PREÇOS: Outros indicadores
podem ser consultados nos sites da
Fundação Getulio Vargas (FGV, www.fgv.br),
do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, www.ibge.gov.br) e da
Anbima (www.anbima.com.br)
DÓLAR
Índice Variações percentuais
(12/93=100)
— O momento oferece uma excelente oportunidade de investimento pré-fixado (quando a
rentabilidade final é conhecida desde o momento da aplicação) — recomendou Espírito
Santo, da Órama, sugerindo que o contribuinte
fuja da baixa rentabilidade da poupança e evite
o clima instável da Bolsa de Valores. — Os juros
da Selic devem começar a cair em agosto e, caso
o economia melhore como esperado, fecharão
2017 em 10,5%. Logo, quem aplicar em prefixado hoje terá taxas extraordinárias que não existirão mais no futuro. É a melhor aplicação hoje.
Simulações de Espírito Santo mostram que, ao investir uma restituição de R$ 1.549,97, o contribuinte
conseguirá rentabilidade líquida acima de 20% em
um período de dois anos entre as aplicações mais
populares. O maior ganho seria o de um CDB pósfixado, que transformaria o dinheiro em R$ 1.931,47
no período, já descontados os impostos.
Mas o CDB é um título privado e oferece algum
risco de calote. Entre os títulos públicos, considerados mais seguros, a melhor opção é o Tesouro
IPCA (que rende uma taxa pré-fixada mais a inflação do período) com vencimento em janeiro de
2019. Em dois anos, a aplicação se transformaria
em R$ 1.910,58. A caderneta de poupança, por sua
vez, devolveria R$ 1.810,67. Alexandre Tavares, de
26 anos, usará a primeira restituição da vida (equivalente à metade do seu salário) para investir.
— Meu primo aplica em um fundo de investimentos, então vou usar a restituição para seguir
o seu exemplo — disse o engenheiro. l
|
INFLAÇÃO
Trabalhador assalariado
UFIR
Segundo a Serasa, o brasileiro tem, em média,
quatro dívidas em atraso. Entre as dívidas bancárias (prestações de casa e carro, empréstimos,
cheque especial etc.), o valor médio do débito é
de R$ 1.300; entre as não-bancárias (água, luz e
telefone), deve-se, na média, R$ 370.
Fique de olho
INSS/JUNHO
ÍNDICES
Indicadores
DIA
AMANHÃ - COMÉRCIO: O IBGE
informa o desempenho das
vendas do varejo em abril.
Analistas estimam que o
segmento cresceu 0,5% naquele mês, contra recuo de
0,9% em março.
Poupança. Alexandre Tavares vai usar dinheiro liberado na restituição do Imposto de Renda para investir num fundo
No mês
No ano Últ. 12meses
1,19% 10,21%
0,44% 10,70%
1,53% 1,53%
0,43% 2,78%
0,36% 3,15%
1,13% 4,32%
10,64%
10,70%
11,65%
11,07%
10,46%
11,26%
Dólar comercial (taxa Ptax)
Paralelo (São Paulo/CMA)
Diferença entre paralelo e comercial
Dólar-turismo esp. (Banco do
Brasil)
Dólar-turismo esp. (Bradesco)
EURO
Euro comercial (taxa Ptax)
Euro-turismo esp. (Banco do Brasil)
Euro-turismo esp. (Bradesco)
Compra R$
Venda R$
3,4255
3,32
-3,08%
3,34
3,4261
3,56
3,91%
3,52
3,20
3,64
Compra R$
Venda R$
3,8636
3,7572
3,62
3,8650
3,9670
4,12
OUTRAS MOEDAS
Cotações para venda ao público (em R$)
Franco suíço
Iene japonês
Libra esterlina
Peso argentino
Yuan chinês
Peso chileno
Peso mexicano
Dólar canadense
3,55008
0,0320117
4,88185
0,247838
0,521693
0,00506528
0,183618
2,67752
FONTE: MERCADO
Obs: As cotações de outras moedas estrangeiras
podem ser consultadas nos sites www.xe.com/ucc e
www.oanda.com.
l Economia l
Segunda-feira 13 .6 .2016
O GLOBO
NOVO APP
INSPIRAÇÃO
PARA INOVAR
na palma da sua mão
A qualquer hora do dia, uma seleção
das notícias mais relevantes
Acesso à edição mensal da revista,
aos es eciais e edições anteriores
Reportagens organizadas por assuntos
Uma nova experiência de leitura e
navegação adaptada à sua tela
EDIÇÃO
DE JUNHO
GRÁTIS!
BAIXE GRÁTIS. DISPONÍVEL PARA
APP.EPOCANEGOCIOS.GLOBO.COM
l 19
20
l O GLOBO
MATANÇA
NA BOATE GAY
3ª Edição Segunda-feira 13 .6 .2016
Mundo
“Este é um dia especialmente
doloroso para nossos amigos e
colegas gays, lésbicas,
transgêneros e bissexuais. É
um ataque contra todos nós”
Barack Obama
Presidente dos EUA
REPRODUÇÃO DE TWITTER
“Todos esperamos que maneiras
possam ser encontradas, o mais rápido
possível, para identificar e contrastar as
causas dessa violência terrível e
absurda, que perturba o desejo de paz
de toda a Humanidade”
Papa Francisco
STEVE NESIUS/REUTERS
Terrorista e homofóbico
Dor. Amigos e familiares de vítimas do atentado na boate Pulse se abraçam do lado de fora da central de polícia de Orlando. Ataque foi classificado pelo Papa Francisco como “violência terrível e absurda, que perturba desejo de paz”
Atirador que jurou lealdade ao Estado Islâmico faz o maior ataque nos EUA desde o 11/9
Um ato de terror e ódio.
Com essas palavras, o presidente americano, Barack Obama, classificou o ataque na
boate gay Pulse, em Orlando, na Flórida,
como o maior atentado realizado no país
desde o 11 de Setembro. Durante o massacre, que deixou 50 mortos e 53 feridos na
madrugada de ontem, o atirador, identificado como Omar Mateen, um americano
de 29 anos, de origem afegã, teria ligado
para a polícia e jurado lealdade ao Estado
Islâmico (EI) antes de ser abatido. O EI reivindicou a autoria do atentado, referindose a Mateen como “um soldado do califado", mas o FBI ainda não confirmou as ligações do atirador com o grupo jihadista.
— O massacre é um lembrete de que os
ataques a qualquer americano, independentemente de raça, etnia, religião ou orientação sexual, são ataques contra todos
nós — afirmou o presidente.
Pela 16ª vez em sete anos o presidente se
viu obrigado a realizar um pronunciamento à nação após um tiroteio:
— Isso mostra como é fácil que uma
pessoa consiga uma arma e dispare dentro
de uma escola, restaurante, cinema ou boate. Isso poderia acontecer em qualquer
uma de nossas comunidades.
Nascido em 1986 em Nova York, Omar
Mateen foi descrito por seus pais, imigrantes afegãos, como “muçulmano, mas
não muito religioso”. Apesar do juramento de lealdade ao EI e do reconhecimento
por parte do grupo, o pai do atirador, Mir
Seddique, afirmou que o atentado — o
maior contra a comunidade LGBT na
História do país — não teve motivações
religiosas, destacando que o filho demonstrava sinais claros de homofobia.
— Uma ocasião estávamos em Bayside, no centro de Miami. Ele viu dois homens se beijando e se enfureceu— afirmou Seddique à rede NBC. — “Veja isso”, ele dizia. “Fazem isso na frente do
meu filho”.
Mateen trabalhou como segurança
num estabelecimento para delinquentes juvenis. Desde 2007 era funcionário
da empresa GS4. Tinha um histórico vi-
REPRODUÇÃO
-ORLANDO, FLÓRIDA-
REPRODUÇÕES DO FACEBOOK
Edward
Sotomayor Jr.
O agente de
turismo tinha
34 anos e se
descrevia como
disciplinado
Stanley
Almodovar III.
Técnico de
farmácia, tinha
23 anos e levou
três tiros
.
Luis Omar
Ocasio-Capo.
Vítima do
atirador tinha
apenas 20 anos
“Instável”. Omar Mateen, de 29 anos, foi descrito por familiares como homofóbico e violento
olento, conforme definiu a uzbeque Sitora Alisherzoda Yusufiy, que foi casada com ele entre 2009 e 2011. Ela afirmou que o ex-marido não era “mentalmente estável”.
— Ele era abusivo. Chegava em casa e
me batia se eu não tivesse terminado de
lavar as roupas — contou Sitora, que conheceu Mateen pela internet e se mudou
para a Flórida para casar-se com ele.
Segundo Sitora, foi necessária a ajuda
dos sogros para que ela pudesse abandonar o marido. Após o divórcio, Mateen se casou novamente e teve um filho, hoje com 3 anos.
O EI também persegue homossexuais
nos territórios que domina. Vídeos gravados em Raqqa, capital do autoproclamado califado do grupo na Síria, mostram gays sendo atirados do alto de
prédios pelos jihadistas.
No mês passado, o diretor do FBI, James
Comey, afirmou que a agência investigava
cerca de mil casos de pessoas que teriam
sido radicalizadas on-line, 80% delas ligadas ao EI. O agente especial Ronald Hop-
per afirmou que Mateen despertou o interesse da agência em 2013, após comentários inflamados a colegas de trabalho, e no
ano seguinte, por ligações com um radical
americano que viajara para a Síria. De
acordo com Hopper, Mateen foi interrogado pelo FBI em três ocasiões.
JOVENS ENTRE VÍTIMAS
Aos poucos, as histórias das vítimas começam a surgir. Até a noite de ontem, oito
haviam sido identificadas: Edward Sotomayor Jr., de 34 anos; Stanley Almodovar
III, 23; Luis Omar Ocasio-Capo, 20; Juan
Ramon Guerrero, 22; Eric Ivan Ortiz-Rivera, 36; Peter O. Gonzalez-Cruz, 22; Luis S.
Vielma, 22, e Kimberly Morris, 37.
Almodovar foi descrito por parentes
como uma alma boa. O técnico de farmácia foi atingido três vezes, uma delas no peito, e morreu no Orlando Regional Medical Center. Sotomayor trabalhava em uma agência de viagens especializada em público gay. Seu patrão
postou no Facebook que ontem era um
dos dias mais tristes de sua vida.
Ontem, na Califórnia, um homem
identificado como James Howell foi detido pela polícia do condado de Los Angeles em um veículo repleto de armas e materiais explosivos, pouco antes da tradicional Parada do Orgulho Gay, em Santa
Mônica. Segundo policiais, ele afirmou
que tinha planos de atingir o público do
evento. Mas a polícia acredita que não
haja ligações entre os dois casos.
A matança na boate Pulse causou comoção no país e no mundo. Chefes de Estado e governo, ativistas e celebridades se
solidarizaram. Vigílias em homenagens às
vítimas se repetiram em Tel Aviv, Paris e
Roma, entre outras cidades. Em comunicado, o Papa Francisco classificou o massacre como “violência terrível e absurda,
que perturba tão profundamente o desejo
de paz do povo americano e de toda a Humanidade de forma eficaz.” l
NA WEB
glo.bo/1rkqJc1
Fotogaleria: as imagens da
tragédia em Orlando
TESTEMUNHAS
DO HORROR
“Por volta das 2h,
alguém começou a
atirar. As pessoas
se jogaram no
chão. Havia
sangue por toda
parte”
Ricardo Negron
Estava dentro
da boate
“Não sei se ele foi
baleado. Ele me
mandou uma
mensagem
dizendo que o
atirador estava
no banheiro, e
que ia morrer”
Mina Justice
Mãe de rapaz feito
refém dentro da boate
“Por favor, avisem
aos policiais
que estamos
escondidos
no camarim”
Usuário do Twitter
@GoEmili0
Estava dentro
da boate
l Mundo l
Segunda-feira 13 .6 .2016 2ª Edição
MATANÇA
REPRODUÇÃO DE TWITTER
“Quero lamentar a tragédia
nos que vitimou dezenas de
norte-americanos. Expresso a
solidariedade brasileira às
famílias das vítimas”
NA BOATE GAY
O GLOBO
“Nada pode justificar matar civis.
Meus pensamentos estão com as
famílias, com as vítimas, assim
como com o povo e com o
governo americanos”
Michel Temer
Ashraf Ghani
Presidente interino do Brasil
Presidente do Afeganistão
O QUE ACONTECEU NA
MADRUGADA DE TERROR
Antes de 2h
(hora local)
O cidadão americano
Omar Mateen, nascido
em 1986, em Nova York
e morador de Port St.
Lucie, na Flórida, uma
cidade a 193 km de
Orlando, estacionou sua
van do lado de fora da
boate Pulse
Maiores tiroteios em massa dos EUA
Número de pessoas mortas e feridas nos 25 ataques mais mortíferos
Mortos
Orlando
FLÓRIDA
Boate Pulse
Orlando
Feridos
Boate Pulse, 2016
50
53
Instituto Politécnico e Universidade Virginia Tech, 2007
33
23
Escola Newtown, 2012
28
Port St. Lucie
Às 2h02m
Ele entrou na boate armado com um rifle de assalto
tipo AR-15, uma pistola, várias cargas de munição
e abriu fogo, disse o chefe de polícia de Orlando,
John Mina. Um policial armado que trabalhava na
segurança da boate trocou tiros com Mateen
24
20
McDonald´s de San Isidro, 1984
22
19
Escola Columbine, 1999
A BOATE PULSE
15
24
Serviço Postal dos EUA, 1986
Considerada um local emblemático para a
causa gay. Frequentada por jovens e muitos
latinos, foi fundada em 2004 por Barbara
Poma e Ron Legler. Barbara perdeu o irmão
John em 1991 para a Aids, e faz parte da
comunidade engajada na luta por direitos LGBT
Aeroporto
International
Orlando
15
6
Cidade de San Bernardino, 2015
14
21
Cidade de Birghamton, 2009
14
4
Base militar de Fort Hood, 2009
13
5 km
58
12
8
Escola de Red Lake, 2005
10
O LOCAL DO ATAQUE
5
Prédio da General Motors, 1990
10
4
Cidade de Atlanta, 1999
Segundo andar
9
13
Revista Standard Gravure, 1989
9
Em algum momento depois do início do tiroteio,
Mateen foi para fora da boate e em seguida retornou
para o interior, pegando algumas pessoas como
reféns. A polícia chamou a Swat
12
Faculdade Umpqua Community, 2015
Primeiro andar
9
9
Prédio 101 da Rua Califórnia, 1993
9
Pátio
Às 3h
Um post foi publicado na página da boate no
Facebook: "Todos saiam da Pulse e continuem
correndo". Do lado de fora, a polícia ouviu que havia
pelo menos 15 pessoas escondidas em um banheiro
6
Shopping Westroads, Nebraska, 2007
9
Entrada
4
Distribuidora de Cerveja Hartford, 2010
9
2
Igreja Charleston, 2015
Às 5h
9
Estacionamento
1
Igreja Batista Wedgwood, 1999
8
W
7
Casa de repouso para idosos Carthage, 2009
Es t
he
rS
t re
et
A LIGAÇÃO PARA O 911
12
Prédio da Marinha, 2013
Walt Disney
World Resort
A polícia e a Swat começaram a resgatar os reféns.
Um policial foi baleado na cabeça e salvo por seu
capacete, segundo o chefe de polícia
30
Cinema Aurora, 2012
ORLANDO
O rifle é o mesmo tipo de arma usada nos ataques de
Aurora, Newtown e San Bernardino. Nos últimos dez
anos, o armamento foi usado em 14 massacres, e
metade desses aconteceu no último ano
2
Cafeteria Luby, 1991
Residência
de Mateen
FLÓRIDA
O atirador ligou para o 911 durante o ataque,
prometeu lealdade ao Estado Islâmico e mencionou
o atentado da Maratona de Boston, segundo o FBI
ORA
VENUE
NGE A
8
3
Oficina de soldagem em Miami, 1982
8
3
Salão de beleza em Seal Beach, 2011
8
1
Fonte: O GLOBO com sites e agências internacionais
Editoria de Arte
STEVEN FERNANDEZ/AP
Tiros e
sangue na
noite de
diversão
Sobreviventes
contam como se
esconderam durante
ataque à boate Pulse
-ORLANDO, EUA- Pouco depois das 2h da manhã de ontem (hora local), a noite dedicada a ritmos latinos na Pulse, principal
boate gay de Orlando, se aproximava de
seu fim, quando o DJ Ray Rivera, presença constante na programação do clube,
ouviu o que pensou serem fogos de artifício na pista de dança. Poucos segundos
depois, no entanto, Rivera entendeu o
que acontecia. Armado com um fuzil
AR-15 e uma pistola, Omar Mir Seddique
Mateen, de 29 anos, disparava contra frequentadores, nos momentos iniciais daquele que se tornaria o maior ataque terrorista com armas de fogo na História dos
EUA, superando a chacina no Instituto
Politécnico da Virgínia, no qual o estudante Seung-Hui Cho abriu fogo matando 32 pessoas e ferindo outras 23, em
abril de 2007.
— Ouvi barulhos, então abaixei o volume da música e vi pessoas correndo
para todos os lados — contou o DJ. —
Foi completamente caótico.
Rivera conseguiu se esconder em sua
cabine e fugir da boate, assim como
Christopher Hansen, que se mudou há
dois meses para a Flórida e teve que engatinhar até a saída traseira do clube.
— Ouvi o barulho dos tiros, mas cheguei a pensar que fizessem parte da
música — diz Hansen. — Quando cheguei à rua, havia sangue por toda parte.
Vi um homem caído e não tinha certeza
l 21
TESTEMUNHAS
DO HORROR
“Vi corpos por
toda parte. No
estacionamento,
as pessoas eram
marcadas com
cores diferentes,
para que
paramédicos
pudessem saber
a quem ajudar
primeiro”
Christopher Hansen
Estava dentro
da boate
Resgate. Ferido é carregado após atentado na boate Pulse na madrugada de ontem. Policias usaram blindado para entrar no clube a alvejar atirador
se ele estava morto ou não. Tirei minha
bandana e tentei estancar o sangue que
saía do ferimento a bala em suas costas.
Mateen abriu fogo dentro da boate e
trocou tiros com um segurança. Em algum momento ele saiu brevemente e retornou, mantendo frequentadores do
clube como reféns. Foi feito um cerco e
por volta das 5h a Swat — o esquadrão especial da polícia — usou um veículo blindado para arrombar as portas da Pulse,
abater o atirador e libertar cerca de dez
pessoas que permaneciam sob a mira de
suas armas. Cerca de 20 minutos após os
disparos iniciais, o terrorista ligou para a
polícia, jurando lealdade a Abu Bakr alBaghdadi, líder do Estado Islâmico, e
mencionando os irmãos Tsarnaev, responsáveis pelo atentado a bomba na Maratona de Boston de 2013. Antes de morrer, trocando tiros com policiais, o terrorista matou 50 pessoas e feriu outras 53.
Menos de dez minutos após o início do
tiroteio, a página da Pulse no Facebook
divulgou uma mensagem urgente, na
qual instruía frequentadores a “sair da
boate e continuar correndo”. Horas mais
tarde, Mina Justice, uma moradora de Orlando, revelou a troca de mensagens de
texto com seu filho, Eddie, que se escondeu num banheiro durante o atentado.
Ele a informava sobre o ataque à Pulse e
pedia que ela chamasse a polícia, antes
de afirmar: “Ele está vindo. Vou morrer”.
Até a noite de ontem, a polícia de Orlando não havia conseguido informar se
Eddie Justice estava ou não entre as vítimas do ataque à boate.
Localizado no nº 1912 da Avenida South Orange, a Pulse ocupa uma casa relativamente pequena numa rua repleta de
lanchonetes e shopping centers, próxima ao centro e a menos de 30 quilômetros do complexo de parques de diversão
da Disney. A boate é dividida em três
ambientes, cada um deles com sua própria decoração temática e seleção musical. Vídeos gravados antes do ataque
mostram frequentadores bebendo e se
divertindo sob as luzes de neon ao som
de reggaeton, merengue e salsa.
MEDIDAS EXTREMAS
Luis Burbano, que também conseguiu
escapar da Pulse logo após o início do
tiroteio, conta que aproveitou o primeiro intervalo nos disparos para correr
até porta, e no caminho viu funcionários e clientes escondidos num vestiário
“esperando por um milagre”. Do lado
de fora do clube, Burbano ajudou a
conter hemorragias de dois homens
baleados, usando sua camiseta.
Entre 3h e 5h, policiais cercaram o clube e se comunicaram com Mateen, embora o conteúdo das conversas não tenha sido divulgado. Usando um blindado, a equipe de operações especiais da
polícia abriu espaço, derrubando um
pedaço da parede e entrando no clube.
— Sempre que tivermos uma situação com reféns, definitivamente usaremos medidas extremas para garantir que tenhamos uma equipe de resposta à altura — afirmou o chefe da
polícia de Orlando, John Mina.
Mais de uma dezenas de policiais apontaram suas armas para Mateen, que disparou, atingindo o capacete de um agente.
Um grupo de cerca de 20 pessoas tinha se
escondido num cômodo, e o atirador
mantinha outro grupo menor numa sala.
Ao lado de Mateen estava um pacote de
baterias que os policiais temiam fazer parte de um artefato explosivo. Foi necessário
o isolamento do local e o uso de um robô
para que as autoridades pudessem examinar o local do crime. Enquanto isso, amigos e familiares de frequentadores do clube se amontoavam do lado de fora, em
busca de informações.
“Estou assustado, nervoso e preocupado com todos aqueles que estavam
na boate”, escreveu no Facebook Brian
Reagan, gerente da Pulse, que estava na
boate durante o ataque. “Por favor, rezem. Isso não pode ser verdade”. l
NA WEB
glo.bo/tqAOGi
Artistas manifestam apoio às
vítimas do ataque
“Achei que o
barulho fosse parte
da música, até
que vi fogo saindo
de uma arma”
Rosie Feba
Estava dentro
da boate
“Eu vi o garoto
caído e falei para
ele se levantar.
Estava ferido no
braço e tórax. Fiz
um torniquete e
continuei falando
para mantê-lo
acordado. Um
outro cara estava
voltando para
achar um amigo,
mesmo com um
ferimento de tiro”'
Luis Burbano
Estava dentro
da boate
22
l O GLOBO
MATANÇA
NA BOATE GAY
l Mundo l
REPRODUÇÃO DE TWITTER
“É um momento traumático e
emotivo para muitas pessoas.
Sonho que o mundo reflita
sobre o que podemos fazer
para mudar essa violência”
Lady Gaga
Segunda-feira 13 .6 .2016
“No mínimo, rifles de assalto
automáticos e aqueles que podem
ser transformados em armas de
assalto com grandes pentes
devem ser banidos”
Cher
Cantora
Cantora
Vítimas são homenageadas em paradas gays
Homossexuais lamentam massacre e destacam importância de superar ódio e limitações a direitos
-ORLANDO E LOS ANGELES- O massacre
em Orlando jogou uma sombra
sobre os desfiles de orgulho gay
que ocorreram ontem em cidades como Los Angeles e
Washington. Um forte esquema
de segurança foi montado para
garantir as celebrações. A indignação com o atentado — o maior contra a comunidade gay no
país — e a homenagem às vítimas do atentado marcaram todos os discursos.
— É claro que estamos de luto
e com raiva e precisamos expressar isso — disse Lorri Jean,
diretora-executiva do Centro
LGBT de Los Angeles. — Não
podemos permitir que este incidente de ódio nos silencie.
O presidente da parada gay
na cidade, Chris Classen, destacou os efeitos da tragédia em
um comunicado: “Estamos de
coração partido porque perdemos muitos de nossos irmãos,
irmãs e aliados nesta tragédia
(em Orlando). Vamos fazer um
momento de silêncio para eles,
mas continuaremos exibindo
nosso orgulho, e não apenas
hoje, como todos os dias”.
Em Washington, Craig
Baldwin, diretor da
Shakespeare Theater Company,
distribuía adesivos que diziam
“Shakespeare — Meninos beijam meninos desde 1592”:
— Um incidente como este
traz o ódio que existe lá fora
para o primeiro plano — lamentou. — É um lembrete do
que temos de fazer para espalhar amor, não ódio.
Junho é o mês do orgulho gay
nos EUA, em homenagem a
um motim realizado em 28 de
junho de
1969, quando homossexuais
denunciaram policiais por
maus-tratos em Nova York. Na
semana passada, o presidente
Barack Obama recebeu 300
homossexuais na Casa Branca.
DECISÃO HISTÓRICA
Em 26 de junho do ano passado, por cinco votos a quatro, a
Suprema Corte legalizou o casamento entre pessoas do
mesmo sexo em todo o país,
uma medida
que ainda era proibida em 14
estados. Ainda assim, os homossexuais sofrem resistências — dois meses depois, um
caso em Kentucky ganhou repercussão nacional, em que a
escrivã Kim Davis recusou-se a
emitir certidões de casamento
a dois gays, alegando que tal
união não é permitida por
Deus. Kim foi presa por descumprir a decisão judicial.
A decisão acompanhou a mudança da opinião pública ao
longo dos últimos 20 anos. Em
1996, de acordo com pesquisa
do instituto Gallup, apenas
27% dos americanos apoiavam
a união entre homossexuais. No
ano passado, eram 61%.
Devido à urgência em atender os feridos do atentado, a
Administração de Alimentos e
Medicamentos dos EUA (FDA)
aboliu temporariamente a restrição à doação de sangue por
homossexuais. Até agora, os
gays apenas poderiam doar se
não tiveram relações sexuais
nos últimos 12 meses. A alegação é que os exames que permitem a detecção do vírus HIV só
podem encontrar infecções depois de uma janela de 25 dias. l
JESSICA KOURKOUNIS/AFP
Vigilância ampliada. Policiais de Filadélfia fazem a proteção da parada gay: conquistas recentes, como a decisão da Suprema Corte a favor da união de pessoas do mesmo sexo, ainda enfrentam fortes resistências nos Estados Unidos
Artigos
Intolerância nossa de cada dia
CARLOS TUFVESSON
O
massacre de ódio
e terror ocorrido
na boate gay de
Orlando não pode ser limitado à territorialidade dos EUA. Atinge a todos que defendem os direitos humanos universais, lutam contra o discurso de
ódio e se unem na defesa
dos direitos das minorias.
Esse massacre, esse ato
de ódio, ocorre exatamente
no mês que o mundo celebra a origem das paradas
do orgulho LGBT — o levante de Stonewall, no dia
28 próximo.
O autor do massacre,
Omar Mateen, não é um
rosto desconhecido. Ele representa todos aqueles que
realizam deliberadamente
o discurso de ódio em nosso dia a dia, e lá como aqui
são corresponsáveis pelo
assassinato desses cidadãos. A homossexualidade
não é uma doença, mas a
homofobia, sim, e nós, cidadãos de bem, precisamos ser protegidos dessas
pessoas que chegam ao ponto
de cometer o maior atentado
contra cidadãos nos EUA desde o 11 de Setembro!
E as vítimas não são apenas a
comunidade LGBT e nossas famílias, mas todos nós cidadãos
de bem, seres humanos que
acreditamos num mundo melhor onde os direitos de todos e
todas sejam igualmente respeitados.
Cabe à sociedade se indignar
e não permitir ser usada por
pessoas que, deliberadamente
de má-fé, distorcem a luta pelos direitos humanos em nosso
país, com o intuito de semear o
medo e incitar ao ódio, deturpando informações para usar
cidadãos de bem e de boa-fé!
Se nós não nos indignarmos,
a violência de hoje amanhã se
voltará contra nós, não só restrita aos LGBT, pois tudo será
uma razão ou causa para praticar a intolerância!
Toda pessoa que é homofóbica também é machista, é racista. Eles professam, na verdade, a violência contra quem
pensa “diferente”, e essa é
uma questão inaceitável num
país tão etnicamente pluri-
cultural como o nosso.
Daí a importância e a
obrigação de o poder público não permitir a impunidade no nosso país contra
crimes de ódio que, infelizmente, vêm numa grande
crescente há dez anos, apesar do conhecimento do
governo federal, que possui
tais índices e praticamente
nada faz, permitindo que
politicas públicas pedagógicas de combate ao preconceito e à intolerancia
sejam sistematicamente
barganhadas e boicotadas!
Um LGBT é assassinado no
Brasil a cada 23 horas, e os
rostos dos assassinos são os
mesmos conhecidos de todos nós, representado hoje
pelo autor do massacre. Até
quando?
Denuncie! Ajude a reverter
a escalada dessa violência
que atinge minorias em nosso país.
Se um de nós não tem direitos civis, nenhum de nós
tem direitos civis.
Estilista e militante de direitos
civis e humanos há 21 anos.
Ódio e armas: conjunção letal nos EUA
MARC BASSETS
A
matança homofóbica que aconteceu em Orlando, na madrugada de domingo, foi classificada como o maior ataque
terrorista em solo americano desde o 11 de setembro de 2001, e também como o mais trágico ataque
com armas de fogo em toda a História do país.
Nas próximas horas, o debate será entre dois aspectos principais — primeiro,
de que os EUA são o país
com mais armas de fogo per
capita e, entre os desenvolvidos, aquele com mais violência armada. Além disso,
a possibilidade permanente de que lá residam cidadãos americanos simpatizantes ao terrorismo jihadista, e dispostos a perpetrar atentados ao menos
inspirados pelo Estado Islâmico (EI).
Não sabemos, por enquanto, qual a procedência
da arma usada no massacre
da boate Pulse. E também
não são oficiais as motivações
do criminoso. É, portanto, hora de cautela. O medo permite
a confluência, perfeita e letal,
dos dois aspectos citados.
Poucos países oferecem tantas
armas — são mais de 300 milhões disponíveis — e também
um acesso tão fácil a elas (que
é um direito consagrado pela
Constituição americana, pela
interpretação vigente).
Os EUA, além disso, estão
em guerra com o EI e são inimigos históricos do jihadismo.
Nos últimos meses, derrotas
impostas aos terroristas na Síria e no Iraque têm levado o EI
a tentar expandir a guerra aos
países ocidentais. Depois dos
atentados de 2001, quando
mais de três mil pessoas morreram, a entrada de estrangeiros nos EUA ficou bem mais
difícil. Por isso, um ataque como os realizados contra as
Torres Gêmeas e o Pentágono,
com vários terroristas infiltrados e uma complexa logística,
que exigiu anos de preparação, dificilmente se repetirá.
Da mesma forma os cenários mais apocalípticos de ataques com armas biológicas ou
pequenos artefatos nucleares tampouco se tornaram
realidade. Tem sido dito frequentemente que o próximo
ataque será feito por alguém
que viva legalmente nos Estados Unidos, e com recursos bastante rudimentares —
como um rifle ou uma simples pistola.
A matança de Orlando
chega em um momento de
máxima tensão na política
americana. O direito de portar armas tem sido debatido
na campanha para as eleições presidenciais de 8 de
novembro. A novidade é que,
agora, há um candidato à Casa Branca que tem alertado
— e com êxito — sobre atentados jihadistas.
O republicano Donald
Trump, rival da democrata
Hillary Clinton, tem falado
em registrar os muçulmanos
que residem nos EUA e em
proibir a entrada de outros
fiéis desta religião. Orlando
vai pôr à prova os dois candidatos a governar o país mais
poderoso do planeta.
Do “El País”
l Mundo l
Segunda-feira 13 .6 .2016 3ª Edição
MATANÇA
NA BOATE GAY
O GLOBO
REPRODUÇÃO DE TWITTER
“Horrorizado com os relatos
do massacre desta noite em
Orlando. Meus pensamentos
estão com as vítimas e com
suas famílias”
David Cameron
l 23
“Em nome do povo e do governo
israelenses, apresento minhas
mais sinceras condolências ao
povo americano após o horrível
ataque desta noite”
Benjamin Netanyahu
Primeiro-ministro britânico
Primeiro-ministro israelense
Medo pode favorecer campanha de Trump
Republicano já havia crescido nas pesquisas após ataques de Paris, San Bernardino e Bruxelas
ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP
HENRIQUE GOMES BATISTA
Correspondente
[email protected]
-WASHINGTON- O republicano Donald Trump
aproveitou o massacre de Orlando para atacar
os democratas. Com um discurso duro, ele se
antecipou inclusive às investigações, indicando que se tratava de um ataque terrorista, e reforçou sua proposta de proibir que muçulmanos entrem nos Estados Unidos. A ideia é repetir o que ocorreu após os ataques de Paris e
San Bernardino, em 2015, e Bruxelas, em março passado, quando o magnata subiu nas pesquisas na onda do medo dos eleitores. Já Hillary Clinton agiu com mais cautela, mas também aproveitou para defender sua bandeira
de restrição às armas.
Oficialmente, ambos os candidatos suspenderam suas campanhas em respeito às vítimas
do atentado e a seus familiares. Mesmo longe
dos comícios, no entanto, eles aproveitaram as
redes sociais e os comunicados oficiais para
tentar fisgar o eleitor, que nesses momentos fica mais inseguro e tende a um comportamento mais conservador e defensivo, o que favorece os republicanos. Por outro lado, ataques
muito fortes e conclusões apressadas podem
soar como oportunistas e demonstrar insensibilidade dos políticos.
“O que aconteceu em Orlando é apenas o
começo. Nossa liderança é fraca e ineficaz”,
afirmou Trump em sua conta no twitter. “Incidente horrível na Flórida. Orando por todas as vítimas e suas famílias. Quando isso
vai parar? Quando ficaremos fortes, inteligentes e vigilantes?”.
Sua campanha enviou uma mensagem informando que este havia sido o segundo ataque de radicais islâmicos em seis meses. “Em
seu discurso de hoje, o presidente Obama se
recusou até mesmo a dizer as palavras ‘radicalismo islâmico’. Por isso, ele deveria renunciar. E se Hillary Clinton, após este ataque,
ainda não consegue dizer as duas palavras,
‘islã radical’, ela deve sair da corrida presidencial”, disse a mensagem assinada pelo
candidato republicano.
GANHO DE ATÉ CINCO PONTOS PERCENTUAIS
O comunicado chamava o atirador Omar Mateen de terrorista e lembrava que ele é filho de
um imigrante afegão. “De acordo com o Pew
Research, 99% das pessoas no Afeganistão apoiam a opressiva sharia. Nós recebemos mais de
cem mil imigrantes do Oriente Médio a cada
ano. Desde o 11 de Setembro, centenas de imigrantes e seus filhos têm sido implicados com o
terrorismo nos Estados Unidos”, disse ele, que
lembrou que Hillary quer aumentar “drasticamente” essa imigração.
Dados da época dos três ataques indicam
que Trump ganhou até cinco pontos percentuais nas simulações de enfrentamento com Hillary Clinton. Foi justamente após os 130 mortos na França que o magnata fez a polêmica
proposta de fechar o país aos islâmicos. Ele
Vigília. Ativistas e simpatizantes da causa LGBT se reuniram ontem em frente à Casa Branca, com bandeira a meio pau em luto pelas vítimas do massacre em Orlando
U
proposta de evitar armas em mãos de “terroristas e criminosos violentos”. Ela afirmou que é o
momento de todos ficarem juntos e que rezava
pelas vítimas e seus familiares.
EXTREMISMO
MODO DE VIDA OCIDENTAL COMO ALVO
Separadas por um oceano, Paris
e Orlando mostram uma
indesejável caraterística em
comum: as duas cidades foram
alvo de um extremismo que não
suporta a tolerância, a liberdade
e a alegria de viver.
Na capital francesa, terroristas
do Estado Islâmico foram à zona
boêmia e abriram fogo contra
restaurantes, o Stade de France
e a casa de shows Bataclan —
locais onde a juventude
parisiense se diverte. No fundo, o
objetivo dos atentados de 13 de
novembro do ano passado era
atingir o modo de vida ocidental.
Deixaram mais de 130 mortos,
mas não dobraram o espírito da
cidade, determinada a continuar
com sua rotina, apesar do
aumento da segurança.
Em Orlando, o ataque a uma
boate no mês do Orgulho Gay não
parece ser ao acaso. O grupo
extremista tem um histórico de
também usou o medo do terrorismo externo
para reforçar sua proposta de muro na fronteira com o México, que seria feito para barrar
imigrantes ilegais mas que, de quebra, evitaria
a entrada de terroristas.
Já no lado democrata, Hillary anunciou o cancelamento do comício que faria no Wisconsin,
na quarta-feira. E aproveitou para defender
FOTO DE DIIVULGAÇÃO
execução de homossexuais nas
áreas sob seu domínio. Passando
nos últimos tempos de alvos
militares a civis, teria novamente na
mira locais marcados pela
tolerância.
No caso da Pulse, o objetivo se
torna ainda mais visível não só por
ser uma casa noturna, mas também
por estar ligada à defesa dos direitos
da comunidade LGBT — algo que
parece ser incompreensível para os
membros do Estado Islâmico.
uma de suas principais bandeiras: o aumento
do controle de armas no país. Ela também mandou mensagens de apoio à comunidade gay.
“O atirador atacou uma discoteca LGBT durante o Mês do Orgulho Gay. Por favor, saibam
que vocês tem milhões de aliados em todo o
nosso país, eu sou um deles”, disse ela em um
comunicado, acrescentando uma defesa para a
O clima foi de luto durante a 16ª edição da Parada LGBT de Madureira, que reuniu milhares de pessoas
na tarde de ontem na Zona Norte do Rio. A festa teve um minuto de silêncio pelos 50 mortos no massacre
na boate gay Pulse, em Orlando (EUA). Ativistas como Renata Frisson, Lauren Alexander, Carlos
Tufvesson, David Brasil e Juju Maravilha (foto) destacaram a importância de que seja mantida a luta
pelos direitos LGBT e contra a homofobia. O coordenador do Programa Estadual Rio Sem Homofobia,
Cláudio Nascimento, declarou que “a comunidade LGBT está de luto”. Em São Paulo, cerca de cem
pessoas participaram de uma vigília na Avenida Paulista com velas, cartazes e bandeiras LGBT.
“Massacre em Orlando assusta a Copa América”,
no Caderno de Esportes
Brasileiro: ataque provocou mobilização popular
Morador da cidade
destaca esforços para
atendimento a feridos;
consulado fez plantão
SOLIDARIEDADE NO RIO E EM SÃO PAULO
NRA: AR-15 CLASSIFICADO COMO ARMA DE CAÇA
A defesa democrata de mais restrições às armas
não é aceita pelos republicanos. Após os ataques de San Bernardino, Hillary e o presidente
Obama correram para atacar o episódio como
mais um dos recorrentes tiroteios entre americanos, mas depois ficou provado que o ato que
resultou em 14 mortes foi uma ação terrorista
orquestrada pelo Estado Islâmico.
No Twitter, apoiadores da democrata lembraram que Trump tem o apoio formal da Associação Nacional de Rifles (NRA, na sigla em inglês),
lobistas pró-armas. A revista “Slate” lembrou
que a NRA afirma que o rifle AR-15 usado no
ataque de Orlando é classificado como “para caça e defesa pessoal”.
O senador Bernie Sanders, que segue na disputa pela indicação democrata, apesar da confirmação numérica da candidatura de Hillary,
escreveu em sua conta do twitter que “todos os
americanos estão horrorizados, revoltados e
tristes com a atrocidade terrível em Orlando.” l
-ORLANDO E WASHINGTON- O brasiliense Thiago Zveiter, que mora a
poucos metros da boate Pulse,
garante que “todo mundo já foi
lá”. Para o jovem de 29 anos, o
atirador poderia ter escolhido
outros locais que ele frequenta.
— Para os homossexuais, a
boate é um espaço de afirmação
de identidade, de liberdade, a
balada onde nós podemos ser
nós mesmos — define, emocionado. — Muitos dizem que esta
tragédia pode ter ligação com o
terrorismo, mas também é uma
amostra de como existe um ódio
tão forte contra uma minoria.
Zveiter avalia que o atentado
deixou os moradores da cidade
mais unidos. Há, segundo ele,
uma mobilização para o atendimento a feridos e suas famílias:
— Ainda há algumas pessoas
sobre as quais não temos informação. Não sabemos se estão
entre os mortos, os feridos, ou na
polícia prestando depoimento. É
uma situação muito chocante.
O Consulado-Geral do Brasil
em Miami fez regime de plantão
para receber informações sobre
brasileiros que estariam na boate no momento do atentado. O
Itamaraty, porém, não foi procurado até ontem à noite. Em nota,
o governo brasileiro afirmou
“seu mais firme repúdio a todo e
qualquer ato de terrorismo. Nenhuma motivação, nenhum argumento justifica o recurso a semelhante barbárie assassina”.
INVESTIMENTO EM TURISMO
Os parques temáticos fizeram
de Orlando um dos destinos
mais populares dos EUA. Entre
as atrações como a clássica Disney World e a reprodução dos
cenários da franquia Harry Potter, a cidade receberá novas
atrações ainda este ano, como o
Sea World e a montanha-russa
Mako, com 61 metros de altura
e que atingirá até 118km/h.
A International Drive, que ganhou o apelido “Estrada da diversão”, testemunhou nos últimos anos a multiplicação de hotéis, lojas e restaurantes ao longo
de seus 20 quilômetros. Este é o
endereço do Museu Madame
Tussauds e da roda-gigante Orlando Eye. Outro ponto popular
é o Titanic, the Experience, que
reconstitui a viagem do transatlântico, onde visitantes ganham
cartão de embarque com identificação de classe da tarifa. A
mesma interatividade pode ser
vista em CSI: The Experience,
inspirado no seriado de TV, onde o objetivo é analisar cenas de
crimes, das impressões digitais
aos exames de DNA.
A casa de ponta-cabeça do
WonderWorks e a casa torta de
Rypleys’s Believe it or not! são
pontos populares há mais de 20
anos. Enquanto o Rypley’s surpreende os visitantes com curiosidades como um autorretrato
de Van Gogh pintado em esmalte de unha e um painel gigante
com o perfil de Jimi Hendrix feito com cartas de baralho, o
WonderWorks apresenta máquinas e brinquedos interativos
de um playground indoor.
Após investimentos de mais de
US$ 5 bilhões, o Visit Orlando, escritório oficial da cidade, estimase que são necessários 77 dias
para ver todas as suas atrações. O
objetivo é fazer com que os visitantes voltem com frequência cada vez maior. l
Colaborou Henrique Gomes
Batista, de Washington
24
l O GLOBO
Segunda-feira 13 .6 .2016
Sociedade
MEDICINA
Fronteiras
entre a mente
e o cérebro
_
CESAR BAIMA
Enviado especial
[email protected]
-BUENOS AIRES- Há mais coisas entre a
mente e o cérebro do que supõe nossa
vã filosofia. E, para muitos especialistas, é justamente nesta interseção entre
a biologia e nossos comportamentos,
emoções e reações que está o futuro
para a maior compreensão e melhor
tratamento de transtornos psíquicos.
Pensando nisto, há 12 anos um grupo
se reuniu para criar um evento multidisciplinar que juntasse de neurocientistas a terapeutas para apresentar e
discutir os avanços nesta busca, que está apagando as fronteiras entre a ciência básica e a prática clínica. Devidamente batizado como “Congresso
mundial sobre cérebro, comportamento e emoções”, este ano ele começou
ontem e vai até quarta-feira na capital
argentina, com a participação de mais
de três mil pesquisadores, psiquiatras,
neurologistas e psicólogos, entre outros
profissionais da área.
— Na verdade, mente e cérebro estão
sendo vistos cada vez mais como a
mesma coisa — conta o psiquiatra Pedro do Prado Lima, integrante do Instituto do Cérebro da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(InsCer-PUCRS), um dos idealizadores
do evento e copresidente da edição
deste ano. — Trazendo juntas estas diferentes visões biológicas e psicológicas, ciência básica e prática clínica, visamos não só a doença, mas também a
neurociência da vida cotidiana, do
amor, da raiva, da tomada de decisões,
da ética e de todos os tipos de comportamentos. Desde o primeiro momento
buscamos uma real integração destes
vários assuntos, procurando as interfaces que existem entre eles, as explicações diferentes para os mesmos fenômenos mentais.
Evento reúne de neurocientistas a clínicos para
melhor compreender os transtornos mentais
LATINSTOCK
“Estudos mostram que
quem tem depressão
crônica também tem
uma chance grande,
em torno de 40%, de
ter um infarto ou ficar
diabético”
Pedro do Prado Lima
Psiquiatra
Segundo Lima, esta crescente integração entre os estudos do cérebro e da
mente com a prática clínica deverá render muitos frutos, como a descoberta
de biomarcadores e outras pistas físicas
que possam servir de indicadores para
a predisposição a alguns distúrbios
mentais muito comuns, como depressão e bipolaridade.
— A busca por estes marcadores é
meio como um Santo Graal para a psiquiatria, tanto que estamos à procura
deles há décadas — considera. — Por
enquanto, porém, a variabilidade nestes indicadores é muito grande, o que
Neurônios. Especialistas acreditam que a solução para distúrbios psíquicos pode estar na interseção entre biologia e comportamento
faz com que tenham validade nas pesquisas, mas ainda não na clínica, para
beneficiar um paciente. Um dia isso
virá, mas hoje não é o caso. Estamos
vivendo uma era em que todo o funcionamento de um cérebro normal está
sendo destrinchado, e isso vai nos informar muito sobre doenças mentais.
Para Lima, tal avanço se mostra ainda
mais fundamental diante da grande prevalência de distúrbios psiquiátricos na
sociedade atual e seu alto custo social.
De acordo com ele, os gastos com essas
doenças superam em muito os com problemas cardíacos, câncer ou outros, o
que faz com que os investimentos em
neurociência, em especial os voltados à
psiquiatria, sejam os mais importantes a
serem feitos na medicina.
— As doenças psiquiátricas afetam
muita gente. Só a depressão pega 20%
da população, o transtorno bipolar, 5%,
transtorno obsessivo-compulsivo,
2,5%, personalidade borderline 3% da
população, e assim por diante — enumera. — E são doenças que, além de serem extremamente prevalentes, pegam
pessoas jovens, no auge de sua vida
produtiva, à diferença de áreas como a
cardiologia ou a oncologia, em que a
grande maioria das pessoas que ficam
doentes são idosas. E isso traz um enorme custo social.
Lima também lembra que algumas
condições psiquiátricas, como a depressão, também levam ao aparecimento de outras doenças por meio de
mecanismos inflamatórios, o que multiplica seu fardo para a sociedade.
— Estudos mostram, por exemplo,
que quem tem depressão crônica também tem uma chance grande, em torno de 40%, de desenvolver placas nas
artérias coronárias e ter um infarto, ou
ficar diabético — aponta. — Por isso
as doenças psiquiátricas são caríssimas, uma verdadeira tragédia para a
saúde pública. Se os governos fizessem as contas, eles colocariam muitos
recursos em pesquisas nesta área,
pois sua repercussão, seus resultados,
podem fazer com que a sociedade
economize muito dinheiro e fique
mais produtiva.
Este trabalho de unir mente e cérebro, claro, não vai ser simples, reconhece Lima. Além de genética e epigenética, isto é, natureza e criação,
ambiente, hoje se sabe que o desenvolvimento de transtorno psiquiátricos envolve outras partes do corpo,
como as glândulas, o que exige a atração de geneticistas e endocrinologistas, por exemplo, para este esforço.
— Este campo é muito maior do
que se imaginava, de uma complexidade extrema, e por isso será um
avanço complicado — admite. — Por
outro lado, pensando na psicofarmacologia, o desenvolvimento de
um novo medicamento é muito caro,
e estas pesquisas estão trazendo novos paradigmas para isso. Estamos
descobrindo substâncias que têm
efeitos diferentes dos que estamos
acostumados. Não estamos mais
presos àquela história de serotonina,
dopamina e outros mecanismos em
que estão envolvidos neurotransmissores para uma abordagem mais
ampla graças a estes novos entendimentos. E esta é a função da ciência,
trazer visões novas e conhecimento
para este desenvolvimento. l
*O repórter viajou a convite da CCM,
empresa organizadora do evento
[email protected]
E
m filmes cujos professores são os protagonistas, é comum eles serem retratados como personagens inspiradores,
detentores de uma espécie de dom natural
para ensinar seus alunos. É normal em se tratando de ficção. O problema é que esse imaginário é também bastante frequente no senso comum. Ensinar, porém, é uma tarefa
complexa, que exige preparo e constante suporte ao trabalho em sala de aula.
Em sua mais recente edição, a revista “The
Economist” tratou do tema em reportagem
de capa. O texto cita estudos recentes que
mostram que professores que tiveram apoio
constante de colegas mais experientes designados para avaliar seu trabalho e dar orientações precisas sobre o que fazer obtiveram resultados melhores para seus alunos do que
os demais. A matéria também destaca que
em países ou estados com melhores resultados em educação — caso de Finlândia, Cingapura e Xangai — esta cultura de colaboração entre professores é bastante presente.
Neste ponto, a reportagem da “The Economist” vai na mesma linha de livros, estudos e
relatórios internacionais que têm destacado
cada vez mais a necessidade de criar ambientes profissionais de apoio ao professor em sala de aula. Esta prática é particularmente im-
ANTÔNIO
GOIS
EDUCAÇÃO
Olhar a sala de aula
Novos estudos mostram a importância de dar apoio ao trabalho do professor e
criar uma cultura de colaboração nas escolas
portante numa profissão em que a maior parte
do trabalho acontece de forma isolada dos demais colegas, dentro de sala de aula.
No livro “Professores Excelentes”, por exemplo, Barbara Bruns e Javier Luque descrevem
num dos capítulos os resultados de um estudo
do Banco Mundial que observou mais de 15 mil
salas de aula em sete países da América Latina e
Caribe, incluindo o Brasil. Um dos indicadores
utilizados para avaliar a qualidade da aula foi o
tempo que os professores efetivamente conse-
guiam usar para ensinar os alunos, sem interrupções por causa de tarefas burocráticas, atrasos ou indisciplina. Em muitas escolas, foi observada grande discrepância na qualidade da
aula entre professores do mesmo colégio. O livro cita como exemplo uma escola em Minas
Gerais onde havia um professor que conseguia
dedicar 80% do tempo de aula para o ensino,
enquanto outro, no mesmo estabelecimento,
aproveitava apenas 20%.
Uma maneira de interpretar este resultado é
concluir que o professor que dedicava apenas 20% do tempo para ensinar era negligente com seus alunos, e o melhor a fazer seria
afastá-lo da sala de aula, para que não prejudicasse mais os estudantes. Pode ser verdade
em alguns casos, pois há bons e maus profissionais em qualquer área. Outra conclusão
possível é de que aquele mesmo professor estava tentando fazer o melhor que podia. Sem
oferecer a ele apoio e uma orientação clara
sobre como melhorar, ele continuará tendo
dificuldades, por mais que se esforce.
Um indicador do quanto os professores estão recebendo suporte e apoio para melhorar é
perguntar a eles com que frequência costumam observar outros colegas em sala de aula,
para dar ou receber algum retorno sobre seu
trabalho. Num estudo da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico
publicado em 2014, o Brasil apareceu, numa
lista de 32 países, como uma das nações em
que isso era menos frequente, com 77% dos
docentes afirmando que nunca faziam isso,
ante uma média de 45% em todos os países do
levantamento. O dado indica que ainda há
muito a avançar no Brasil para garantir boas
condições de trabalho que permitam estabelecer uma cultura de apoio e trocas frequentes
entre professores, em benefício dos alunos. l
ESPORTES
OGLOBO
Fla: disposição sem conclusão
Fernando Calazans PÁGINA 2
EDUARDO VALENTE/FRAMEPHOTO
SEGUNDA-FEIRA 13.6.2016 2ª EDIÇÃO
oglobo.com.br
ALAN PATRICK
DERROTA EM
FLORIPA
PÁGINA 3
Sempre pode piorar
NA ASA DO PERU
Gol de mão elimina um Brasil que não soube concluir. Dunga está sob risco
U
STEVEN SENNE/AP
m bom primeiro
tempo, uma queda
de rendimento diante da marcação
mais dura do Peru
e a eliminação em
um gol de mão, validado por grande
equívoco do árbitro uruguaio Andrés Cunha. Com o 1 a 0 no estádio Foxborough, o Brasil está
eliminado da Copa América na
primeira fase, o que não acontecia desde 1987. A pressão sobre
o técnico Dunga deve chegar ao
máximo nos próximos dias, a
menos de dois meses para os Jogos Olímpicos, tratados como
prioridade pela CBF, que preferiu poupar Neymar para o Rio. E
a verdade é que o Brasil só fez
gols contra o semiamador Haiti.
Para piorar o cenário, a seleção atualmente ainda está fora
da zona de classificação para a
Copa do Mundo de 2018 nas eliminatórias sul-americanas.
— O meu sentimento é mesmo do torcedor o que todos viram. Se não tiver as imagens,
não tem como mudar aquilo
que todo mundo viu — afirmou
Dunga, que atribuiu a derrota
apenas ao erro do árbitro. —
Não deu para entender porque
levaram quatro minutos para
confirmar o gol. Não tem como
técnico ter influência sobre isso.
ESCALAÇÃO OUSADA
Dunga levou a campo uma escalação com duas mudanças esperadas e uma surpresa. Na zaga,
Miranda, recuperado de lesão,
retomou a vaga de Marquinhos,
enquanto no ataque se confirmou que Gabriel é o novo titular
no lugar de Jonas. A ousadia do
treinador foi a escolha do substituto do suspenso Casemiro.
Em vez de Wallace, do Grêmio,
de estilo mais marcador, Dunga
optou por Lucas Lima.
Com seis jogadores que tratam bem a bola do meio para a
frente (Elias, Renato Augusto,
Lucas Lima, William, Phillippe
Coutinho e Gabriel), o Brasil foi
um time que trocou passes e
ATUAÇÕES
aa B R A S I L
Alisson 5,5.
Tranquilo. Praticamente assistia ao jogo
até levar o gol, em que não teve culpa.
Daniel Alves 5.
Comedido. Com Filipe Luís no ataque, se
preocupou mais em compôr a defesa.
Gil 5.
Esforçado. Teve algum trabalho. No final,
tentou ajudar o ataque.
Miranda 5.
Sereno. Tinha uma noite tranquila até o
ataque peruano que terminou no gol da noite.
Filipe Luís 6,5.
Avançado. Foi uma das mais importantes
peças ofensivas da seleção, mas o lance do
gol saiu pelo seu lado.
Elias 6.
Teve a chance. Era o volante que melhor
distribuía a partida na primeira etapa. Depois
do intervalo teve mais dificuldades. Perdeu
uma oportunidade na cara do gol no fim.
Renato Augusto 5,5.
Altos e baixos. Boas inversões de jogo,
mas, imprudente, cometeu um pênalti não
assinalado pelo árbitro na primeira etapa.
Lucas Lima 5,5.
Pouco. Espetava-se mais do camisa 10.
Perdeu uma bola na saída de bola que
resultou em uma falta próximo à área.
Willian 5,5.
Vagalume. Fez um primeiro tempo
apagado, embora tenha participado de uma
boa chance de gol. Alternou momentos de
brilho com sumiço em campo.
Philippe Coutinho 6,5.
Criativo. Melhor jogador do time na
primeira etapa, fez boas jogadas no ataque.
Caiu com a equipe no segundo tempo.
Gabriel 5,5.
Dois tempos. Se movimentou bem e
quase marcou um gol no primeiro tempo.
Desapareceu depois do intervalo e foi
substituído.
Hulk 4,5.
Devendo. Entrou com a missão de chutar
a gol e nada conseguiu fazer.
Dunga 5.
Para frente. Ousou ao optar por Lucas
Lima e Gabriel. O time, porém, pouco chutou.
aa P E R U
Aposta de risco. Gareca segurou o
empate enquanto pôde e apostou num único
golpe. Teve sucesso com um gol de mão.
aa A R B I T R AG E M
Atrapalhado. O uruguaio Andrés Cunha
Mão do adeus. O atacante Ruidíaz usa a mão para fazer o gol que eliminou o Brasil da Copa América na primeira fase, o que não acontecia desde 1987
controlou a partida por todo o
tempo até o intervalo. Se não foi
brilhante, foi superior e impôs
seu estilo. Com a marcação adiantada em alguns momentos,
conseguiu roubar bolas no campo de ataque. Chances reais de
gol não foram muitas, e o goleiro
peruano Gallese apareceu bem
em dois chutes perigoso de Gabriel, que foi mais ativo do que
Jonas vinha sendo. A saída de
bola com Elias e Renato Augusto
foi ágil, e o time contou com boa
presença ofensiva dos laterais.
Como ponto negativo, a mania de tentar cavar um pênalti,
ignorada pelo menos três vezes
pelo árbitro. No seu melhor jogo, porém, o Brasil só não foi para o intervalo perdendo justamente por um erro de Cunha.
Numa rara ofensiva do Peru,
que não conseguiu nenhuma finalização no primeiro tempo,
Flores foi derrubado por Renato
Augusto dentro da área, mas o
árbitro não marcou o pênalti.
DEMORA PARA SUBSTITUIR
Com uma postura um pouco
mais agressiva no segundo tempo, tentando marcar um pouco
mais à frente, a seleção do Peru
dificultou o jogo para o Brasil.
Os meio-campistas brasileiros
já não encontraram tanto espaço para trocar passes. O Perupouco chegava à frente, mas,
com o passar do tempo e a perspectiva de que um gol significaria a eliminação, a partida foi
ganhando contornos tensos para o Brasil. Dunga hesitava em
mexer — a única substituição,
de Gabriel por Hulk, só aconteceu aos 26 minutos.
Três minutos depois, aconteceu o que se temia. Numa rara
escapada pela ponta direita,
Andy Polo foi à linha de funda
pela direita, às costas de Filipe
Luís, invadiu a área e cruzou para Ruidíaz completar para o gol.
Como só ficaria claro no replay,
o atacante peruano usou a mão
para fazer o gol. O árbitro uruguaio ainda demorou quase
quatro minutos para validar o
gol, conversou com os auxiliares, mas confirmou o 1 a 0.
Restavam pouco mais de 15
minutos. Na melhor chance criada, aos 46 minutos, Elias não
conseguiu concluir o cruzamento cara a cara. Há 31 anos, o
Brasil não perdia do Peru. Aconteceu. Agora é esperar. l
deixou de pênalti para as duas equipes e
demorou para dar o gol marcado com mão.
Brasil
Peru
0 1
Brasil: Alisson, Daniel Alves, Gil, Miranda e
Filipe Luís; Elias, Renato Augusto, Lucas
Lima, Willian, Phillipe Coutinho ; Gabriel
(Hulk).
Peru: Pedro Gallese, Aldo Corzo, Christian
Ramos, Balbín (Yotún), Alberto Rodríguez e
Trauco; Andy Polo, Óscar Vilchez e Cueva
(Tapia); Édison Flores (Ruidíaz) e Paolo
Guerrero.
Gol: No 2T, Ruidíaz aos 29.
Cartões: Lucas Lima
Juiz: Andrés Cunha (URU).
Público pagante: 36.187 pessoas.
Local: Foxborough, nos Estados Unidos.
Massacre em Orlando assusta Copa América; Grupo C decide 1º lugar
EDUARDO MUNOZ ALVAREZ/AFP
Lateral da Argentina lembra
que alguns jogadores levaram
a família aos EUA.
Se, há algumas semanas, atos
de terrorismo eram uma das
principais preocupações para
os organizadores da Eurocopa,
que está sendo realizada na
França, foi nos Estados Unidos, sede da Copa América,
que a barbárie se fez presente,
ainda que em evento sem relação com a competição. O ataque que matou 50 pessoas na
boate Pulse, em Orlando, na
madrugada de ontem, levou
preocupação à organização e a
jogadores da Copa América.
A cidade foi uma das sedes
do torneio, mas já não havia
mais outros jogos programados para a cidade.
No primeiro jogo da noite de
ontem, foi realizado um minu-
Respeito. Equatorianos se abraçam antes do minuto de silêncio. A equipe se classificou ao bater o Haiti por 4 a 0
to de silêncio antes de a bola
rolar para a vitória do Equador
sobre o Haiti, por 4 a 0, em jogo
disputado em Nova Jersey. Os
gols equatorianos foram marcados por Enner Valencia, Noboa, Ayoví e Antonio Valencia.
O lateral-esquerdo titular da
Argentina, Marcos Rojo, resumiu ontem a apreensão que
tomou conta dos jogadores:
— Isso nos assusta, claro.
Muitos jogadores trouxeram as
famílias para o torneio, não sa-
bemos o que pode acontecer.
Claro que não é bom, nos preocupa — disse. A classificada
Argentina é líder do grupo D e
joga amanhã contra a eliminada Bolívia, quando Chile e Panamá lutarão por vaga.
Até a noite de ontem, a organização da Copa América ainda não havia emitido comunicado oficial sobre o massacre.
JOGOS DE HOJE
A eliminação do Paraguai na
primeira fase causou o pedido
de demissão do seu técnico, o
argentino Ramón Díaz. Nas
eliminatórias sul-americanas,
o Paraguai é sétimo, com os
mesmos nove pontos do Brasil, em sexto. Os dois jogos de
hoje, pelo Grupo C, servem para decidir quem fica em primeiro. Já classificados, México
e Venezuela se enfrentam em
Houston, às 21h (no Sportv 2).
Os mexicanos jogam pelo empate. Depois, às 23h (Sportv),
Uruguai e Jamaica se despedem, em Santa Clara. l
Leia mais sobre o massacre em
Orlando nas páginas 20 a 23
Copa América
CLASSIFICAÇÃO
EQUIPE
P J V SG
1
2
2
4
6
6
0
0
México
Venezuela
Uruguai
Jamaica
2
2
2
2
2
2
0
0
4
2
-3
-3
P - Pontos ganhos; J - Jogos; V - Vitórias;
SG - Saldo de gols
TERCEIRA RODADA
HOJE
21h
23h
México
Uruguai
x Venezuela
x Jamaíca
QUARTAS DE FINAL
16/6
17/6
18/6
18/6
EUA
Peru
1ºD
MEX ou VEN
x
x
x
x
Equador
Colômbia
MEX ou VEN
2ºD
l O GLOBO
2
l Esportes l
EUROCOPA
[email protected]
FERNANDO
CALAZANS
|
2ª Edição Segunda-feira 13 .6 .2016
Início sofrido
|
Os mesmos erros
O time do Flamengo parece continuar o
mesmo, com todos os técnicos que passaram
por lá ultimamente. Como aconteceu ontem
também, na segunda derrota seguida, desta
vez para o Figueirense, por 1 a 0. Um time
que busca o ataque, que pode até chegar à
área, mais aí sofre com a dificuldade para
concluir, finalizar a jogada na direção do gol.
No caso de ontem, com domínio do campo,
sobretudo no segundo tempo.
M
esmo com um início tumultuado, com
muitas faltas, algumas violentas, e com o
árbitro Leandro Vuaden assistindo a tudo
e apitando burocraticamente — mesmo assim, o
jogo atingiu a marca louvável de 65 por cento de
bola rolando. Padrão europeu.
O Flamengo já começou partindo para cima do
Figueirense com disposição, mas com poucas finalizações, mostrando que o ataque é o mesmo com
ou sem Guerrero. O Figueirense também atacava e,
de um lado de outro, apareciam os goleiros atuando com segurança: Gatito Fernández, do Figueirense, e Alex Muralha, do Flamengo.
Até que chegou a hora de um chute realmente indefensável. Foi de Rafael Moura, um tiro enviesado, muito forte, bem no ângulo. O chute do gol e da
vitória. O Flamengo chutava mais, mas quem decidiu foi o Figueirense.
No segundo tempo, o Flamengo apertou ainda
mais o cerco, mas esbarrou nos pés de seus atacantes, que erravam muito, ou nas mãos de Gatito, que
defendia tudo. As substituições feitas por Zé Ricardo foram compreensíveis, mas não deram certo,
porque os reservas erraram tanto quanto os titulares. Cirino e Gabriel não acertaram nada, assim como Everton e Ederson no primeiro tempo. Nem
passe, nem drible, nem gol.
O zagueiro Rafael Vaz se destacou na defesa, ainda mais considerando que foi uma estreia precipitada, poucos dias após sua chegada ao Flamengo.
_
Ataque sem gols
Em sete rodadas do Campeonato Brasileiro, o Botafogo não fez mais do que 4 gols. O quarto gol foi ontem, mas não foi suficiente para ganhar do Vitória,
que empatou nos acréscimos (1 a 1). Foi também o
quarto jogo sem vitória do time. O número 4 parece
estar perseguindo o Botafogo.
O jogo foi muito ruim, interrompido a cada minuto por causa da avalanche de faltas, sem contar
aquelas tantas que o árbitro Ricardo Marques Ribeiro deixou de marcar. Jogo truncado, com pouco
tempo de bola rolando.
Ficou claro mais uma vez o problema capital do
Botafogo: o ataque improdutivo. Com seis minutos
de jogo, o time já tinha desperdiçado duas oportunidades. E, a partir de então, o Vitória equilibrou as
ações, desperdiçando também as suas. No segundo
tempo, logo no início, Sassá entrou para fazer o gol
que os titulares não faziam, e, no fim, nos acréscimos, o Vitória, que já pressionava o Botafogo, empatou com Victor Ramos.
A impressão que se tem, ainda que na fase inicial
da competição, é que o único objetivo do Botafogo,
sua única ambição, é não ser rebaixado outra vez.
Pelo menos é isso que a falta de qualidade do time
sugere. Os jovens do ataque, como Ribamar, Neilton, Sassá, Gegê e outros podem até se afirmar
mais adiante, mas, por enquanto, não podem formar o setor ofensivo de um time como o Botafogo.
_
O recorde perdido
O sábado não bom foi para os cariocas. Nem para o
Vasco na Segunda Divisão, nem para o Fluminense
na Primeira. A sorte não atuou a favor do Vasco, como o time merecia. No único jogo que faltava para
igualar o recorde de 35 partidas de invencibilidade
marcado pelo clube nos anos 40 — recorde estabelecido pelo time chamado de Expresso da Vitória —
o Vasco perdeu de 2 a 1 para o Atlético Goianiense.
Agora, mesmo sem um time da qualidade do Expresso, o Vasco cumpre uma campanha digna da
grandeza do clube. Foram 34 jogos sem derrota,
numa série que teve início em novembro do ano
passado. Sete meses sem perder e um título de
campeão estadual. Um time, no mínimo, bem armado, com jogadores aplicados, empenhados em
cumprir dentro de campo as instruções do técnico
Jorginho. Não custava nada que a sorte lhe concedesse pelo menos um empatezinho, para realizar o
sonho de repetir o feito de um dos melhores — se
não o melhor — time da história do clube.
O Fluminense abusou das bolas altas no empate
de 1 a 1 com o Grêmio: foram quase 30. Algo estranho para um time treinado por Levir Culpi, técnico
estudioso e atualizado. Será que ele está mudando
de filosofia? Com um homem a mais desde o primeiro tempo, o time só chegou ao empate aos 30
minutos do segundo, com o gol de Marcos Júnior. O
ataque, com o estreante Maranhão e o jovem Richarlison, não funcionou. l
AP
A MARCA
DO SETE
Schweinsteiger entra no fim e faz
segundo gol da Alemanha na estreia
dos tetracampeões do mundo
MARCELO ALVES
[email protected]
torno, depois de tantas semanas para voltar à boa forma —
disse Joachim Löw.
A convocação de Bastian
Schweinsteiger para a Euroco- DECISÃO NA QUINTA
pa foi uma surpresa. Depois de Na próxima rodada, na quintauma temporada irregular no feira, a Alemanha enfrentará a
Manchester United, em que Polônia, no Estádio da França,
sofreu uma lesão séria no joe- em Saint Denis, em jogo decisilho direito, ao final de março, a vo para a primeira colocação do
expectativa era que o meia de grupo C. Ontem, os poloneses
31 anos ficaria fora do torneio derrotaram a Irlanda do Norte
na França. Mas o técnico Joa- por 1 a 0, gol do jovem atacante
chim Löw resolveu dar um vo- Milik, do Ajax, da Holanda.
to de confiança ao jogador e o
Com 14 remanescentes do tíchamou para a competição.
tulo mundial conquistado no
E logo na estreia, Schweins- Brasil há dois anos, a Alemateiger mostrou
nha tenta voltar a
que a escolha do
conquistar a Eurotreinador foi acercopa depois de 20
A RODADA
tada. O camisa 7
anos. O último típrecisou de apetulo foi em 1996,
Ontem
nas três minutos
na Inglaterra.
para provar o seu
Para Löw, o time
valor na difícil vialemão está mais
GRUPO C: Polônia
tória alemã sobre a
experiente e tem
1x0 Irlanda do Norte;
Ucrânia por 2 a 0,
chances de interAlemanha 2x0
em Villeneuveromper o jejum. Já
Ucrânia
d’Ascq, na estreia
o meia Toni Kroos
da equipe.
acredita que a seGRUPO D: Turquia
—É um sentileção alemã preci0x1 Croácia
mento ótimo. Clasa jogar com intero que para mim é
ligência para venHoje
mais importante o
cer o torneio.
fato de termos
— Precisamos
vencido e conser um pouco
GRUPO D: Espanha x
quistado os três
mais inteligentes
Rep. Tcheca, 10h
pontos. Mas óbvio
se quisermos venque ter feito um
cer esse torneio.
GRUPO E: Irlanda x
gol é ainda meMas eu estou conSuécia, 13h; Bélgica
lhor. Me dá muita
fiante que serex Itália, 16h
confiança. Mas a
mos — analisou.
próxima partida
Kroos foi um dos
será mais difícil, contra a Polô- destaques da partida em uma
nia. Temos que ver como va- Eurocopa que está exibindo os
mos jogar contra eles — disse o jogadores do Real Madrid, atuvolante alemão.
al campeão europeu, como
Schweinsteiger entrou aos 44 destaques de suas seleções.
minutos do segundo tempo e
Ontem, por exemplo, Luka
marcou o segundo gol da equi- Modric fez o gol da vitória da
pe aos 47, depois de um con- Croácia sobre a Turquia por 1 a
tra-ataque alemão. No fim da 0, no Parque dos Príncipes, em
jogada, Özil tocou na área para Paris. O atacante Gareth Bale já
o meia, que bateu de primeira havia sido decisivo na vitória
estufando a rede do goleiro de País de Gales sobre a EsloPyatov. O primeiro gol foi mar- váquia por 2 a 1.
cado por Mustafi, de cabeça,
— Todos os jogadores do Reaos 19 minutos do primeiro al Madrid vieram muito emtempo, após cruzamento do polgados para a Eurocopa devolante Toni Kroos.
pois de conquistar a Liga dos
— Eles realmente nos agredi- Campeões. É incrível que eu
ram na área, mas defendemos possa ter contribuído para a vimelhor no segundo tempo, e tória, mas não ganhamos nada
Bastian Schweinsteiger teve o ainda. Foi apenas o primeiro
prazer de fazer um grande re- jogo — disse Kroos. l
Pronto. Schweinsteiger comemora seu gol, o segundo da Alemanha na Euro
Espanha, Itália e Suécia exibem
suas armas na rodada de hoje
Em 2008, os alemães perderam
a decisão para a Espanha, atual bicampeã europeia e que estreia hoje na competição, contra a República Tcheca. O jogo
válido pelo grupo D será disputado às 10h (de Brasília).
Alemães e espanhóis são os recordistas de títulos da competição, com três taças.
A principal dúvida espanhola é no gol, com chance para
De Gea, do Manchester United, em vez do eterno capitão
Iker Casillas, do Porto.
Às 13h, a Suécia de Zlatan
Ibrahimovic, ex-astro do PSG,
estreia no Estádio da França,
em Paris, contra a Irlanda, pelo
chamado grupo da morte, o E.
Logo depois, às 16h, pelo
mesmo grupo, a Itália dos brasileiros Thiago Motta e Eder
enfrentará em Lyon a perigosa
Bélgica do craque Eden Hazard, atacante do Chelsea. O
Sportv e a Band transmitem todas as partidas do dia. l
Uefa ameaça excluir times de torcidas violentas
ALAIN JOCARD/AFP
Três cidades francesas
já tiveram confrontos
entre hooligans. Dez
foram presos até ontem
O primeiro fim de semana da
Eurocopa terminou com a
sombra do hooliganismo, demonstrações de violência entre torcedores que se tornaram
comuns nas competições europeias entre seleções. Houve
confrontos em pelo menos três
cidades francesas desde a última quinta, véspera do início
da Euro. Até a tarde de ontem,
dez pessoas continuavam presas — incluindo torcedores ingleses e russos, cujas seleções
foram ameaçadas até de exclusão pela Uefa, caso as cenas de
violência se repitam.
O comitê executivo da entidade, responsável pela organização da Eurocopa, pediu às federações de Inglaterra e Rússia
Segurança. Torcedor da Croácia é revistado antes do jogo contra a Turquia
que convoquem seus torcedores para se comportarem “de
forma responsável e respeitosa”.
Ingleses e russos se enfrentaram nas ruas de Marselha no
sábado e dentro do estádio Vélodrome, logo após o apito final.
Pelo menos 35 pessoas ficaram
feridas e um inglês foi hospitalizado em estado crítico — ontem, sua condição era “estável”.
A chance de novos problemas, contudo, é real. Um russo
que retornou a Moscou no sábado, identificado apenas como Vladimir, declarou à agência de notícias France-Presse
que as brigas são motivadas
por questões de “honra”.
— Lutei contra sujeitos tatuados que tinham entre 40 e 50
anos. Todos viemos para isso.
Fazemos isso por esporte, perder contra eles representa perder nossa honra — afirmou.
ALEMÃES PRESOS
Em Lille, onde a Alemanha
venceu a Ucrânia por 2 a 0, horas antes da partida, alemães e
ucranianos se envolveram em
um confronto nas ruas da cidade. Ninguém foi preso.
Em Nice, onde a Polônia
venceu a Irlanda do Norte ontem por 1 a 0, houve confusão
na noite de sábado. Um grupo
de franceses provocou torcedores norte-irlandeses, dando
início a uma troca de agressões
em região repleta de bares. Sete pessoas ficaram feridas, segundo a prefeitura de Nice.
Ontem, o ministro do Interior,
Bernard Cazeneuve, anunciou a
proibição da venda de bebidas
alcoólicas em vésperas e dias de
jogos em regiões de risco. l
Com agências internacionais
l Esportes l
Segunda-feira 13 .6 .2016
O GLOBO
l 3
BRASILEIRO
VAZ JOGA, RÉVER NO BANCO
Ontem, sem César Martins
suspenso e Juan lesionado, Zé
Ricardo entrou em campo com
Rafael Vaz ao lado de Léo Duarte. Sem ritmo de jogo, Réver
ficou no banco. Momentos antes do jogo, o técnico ficou sem
Fernandinho que sofreu uma
trauma no joelho direito e deu
lugar a Ederson no time titular.
Apesar de atuar fora de casa,
o Flamengo fez um bom primeiro tempo, especialmente
Fred estreia
com gol, mas
Atlético-MG
perde clássico
Cruzeiro vence por 3 a 2, de
virada. Em São Paulo,
Palmeiras bate Corinthians
típico clássico mineiro, cheio de gols, expulsões e provocações, o atacante Fred estreou no AtléticoMG, como sempre fez na carreira: balançando as redes. Porém, não foi o suficiente para
impedir a vitória do Cruzeiro
por 3 a 2, ontem, no Independência. Com o triunfo, o time
saiu da zona de rebaixamento,
com oito pontos, deixou lá o
arquirrival, com sete.
— Dentro do possível, pessoalmente, foi bom — disse Fred.
Com a camisa 99, a expectativa era se Fred comemoraria
um gol no time de coração. O
atacante não teve muitas
chances no primeiro tempo, e
viu o Atlético-MG abrir o placar com Rafael Carioca. O Cruzeiro empatou depois, com
Alisson. Logo no início da etapa final, Riascos virou o placar.
O ex-jogador do Fluminense
empatou aos 10 minutos, após
jogada de Robinho e vibrou
muito com a nova torcida.
Porém, pouco fez no restante
do jogo e Bruno Rodrigo marcou o da vitória, logo após as
expulsões do atleticano Marcos Rocha e do cruzeirense
Bryan. O Cruzeiro ainda perderia mais um jogador, o lateral Lucas.
Na Arena Palmeiras, os donos da casa derrotaram o Corinthians, por 1 a 0, ontem,
com gol de Cleiton Xavier, no
início do segundo tempo. Foi a
primeira vitória sobre o rival
no estádio.
O resultado levou o Palmeiras à segunda colocação, com
15 pontos, atrás do Internacional. O Corinthians, que lutava
para manter a liderança do
Brasileiro, caiu para a quarta
colocação, com 13. l
EDUARDO VALENTE/FRAMEPHOTO
Interino mesmo
ATUAÇÕES
aa F L A M E N G O
VAI PASSAR
Alex Muralha 6.
Sem culpa. Havia feito uma ótima defesa
antes de sofrer o gol, em chute difícil.
Rodinei 5,5.
Constância. Foi sempre ao ataque, mas
errou muitos cruzamentos.
Léo Duarte 5,5.
Seguro. Não enfeitou e afastou a bola
sempre que chegou ao seu setor.
Zé Ricardo perde segunda no comando do
Flamengo e está garantido só até quarta-feira
Rafael Vaz 5.
Altos e baixos. Teve boas antecipações e
viradas de jogo. Mas deixou um buraco na
defesa ao se lançar sem necessidade para
dar combate na lateral, no lance do gol.
Jorge 5.
Irregular. Outro que não esteve numa boa
tarde tecnicamente. Mas não se omitiu.
Márcio Araújo 4.
Perdido. Foi envolvido algumas vezes na
marcação. Com a bola, foi pouco útil.
Mancuello 5.
Burocrático. Melhorou um pouco o toque
de bola no meio. Quando chegou ao ataque,
não conseguiu ajudar muito.
Willian Arão 6.
O de sempre. É um jogador atento e com
boa dinâmica no meio. Desta vez, não
conseguiu aparecer na área rival.
Alan Patrick 6,5.
Toque de qualidade. Deu nova mostra
de ser o mais habilidoso do Fla. É dos
poucos a conseguir abrir espaços na defesa
rival com dribles. Arriscou chutes de fora.
Éverton 4.
Corre mais do que pensa. Foi veloz,
mas quase sempre tomou a decisão errada.
Marcelo Cirino 4.
À altura. Manteve o padrão de Éverton.
Éderson 4,5.
Deslocado. Depois de um bom início,
Numa fria. Em Florianópolis, o técnico Zé Ricardo observa a derrota para o Figueirense. O Flamengo arriscou chutes de fora, mas não teve sucesso
nos primeiros 20 minutos,
quando arriscou muitos chutes de fora da área, com Alan
Patrick, Rodinei e Jorge. A estratégia deixou o Figueirense
acuado mesmo em casa.
A melhor chance do Flamengo não veio em chute de longe.
Aos 13, Felipe Vizeu na área recebeu na área, mas seu chute
fez curva contrária à direção
do gol. Aos poucos, a pressão
diminuiu. Aos 27, Alex Muralha espalmou para escanteio
uma tentativa perigosa de Dudu, de bicicleta.
Aos 41, Carlos Alberto teve
tranquilidade para aproveitarse da marcação à distância de
Rafael Vaz e passar com categoria para Rafael Moura na
área. O atacante chutou de primeira, por cima de Alex Muralha, para fazer 1 a 0.
MANCUELLO NO 2º TEMPO
Após o intervalo, o Flamengo
voltou com uma mudança. Zé
Ricardo tirou Márcio Araújo e
colocou Mancuello. Aos oito,
Alan Patrick chutou para boa
defesa de Fernández. Na sobra,
Vizeu demorou para finalizar e
foi desarmado.
Smartphone Galaxy A7 Duos*
SAMSUNG
Android 5.5, processador Octa Core
de 1.5 GHz, memória interna de 16 GB,
câmera principal de 13 MP, câmera
frontal de 5 MP, Micro SD de até 64 GB,
tela de 5.5”, 4 G, dourado
Com o Figueirense já recuado e apostando em contra-ataques, Zé Ricardo fez duas mudanças antes dos 30 minutos.
Primeiro, tirou Everton, que
saiu chateado, para a entrada
de Marcelo Cirino. Depois, tirou o apagado Ederson para a
entrada de Gabriel.
No fim, sem tanta técnica, o
Flamengo quase chegou ao empate. Nos dez minutos finais,
Rafael Vaz teve duas chances,
mas foi Gatito Fernández quem
apareceu melhor. O goleiro ainda cortou um cruzamento na
cabeça de Vizeu. l
sumiu. Não tem estilo para jogar pela ponta.
Figueirense Flamengo
1
0
Gabriel 6.
Faísca. Levou perigo em alguns lances.
Felipe Vizeu 4.
Era Guerrero? Perdeu lance fácil. que fez
Figueirense: Gatito Fernández, Ayrton,
Marquinhos, Bruno Alves e Marquinhos
Pedroso; Elicarlos, Ferrugem e Carlos
Alberto (Bady); Dudu, Gustavo Ermel (Lins)
e Rafael Moura (Guilherme Queiroz).
Flamengo: Muralha, Rodinei, Rafael Vaz, Léo
Duarte e Jorge; Márcio Araújo (Mancuello),
William Arão, Alan Patrick e Everton
(Marcelo Cirino); Ederson (Gabriel) e Vizeu.
Gol: No 1T, Rafael Moura aos 41.
Juiz: Leandro Vuaden (FIFA-RS)
Amarelos: Marquinhos, Dudu e Everton.
Público pagante: 10.948 (11.556 presentes)
Renda: R$ 357.270,00.
Local: Orlando Scarpelli, em Florianópolis.
Áudio conferência de mesa com fio
INTELBRAS
Com identificação de
chamadas, função
flash programável
Cód. 678183
Cód. 679152
R$
-BELO HORIZONTE-Num
1.299,00
à vista
6x
ou em
sem juros
nos cartões
Calculadora financeira 12C Gold
HP
Cód. 158100
R$
00
2.199,
10x
à vista
ou em
R$
sem juros
nos cartões
00
279,
3x
à vista
ou em
sem juros
nos cartões
Agenda diária Sidney 2016
POMBO
Suporte Post-it pop-up
3M
Mais 1 Kit com 4 blocos
de 100 folhas cada
Marron
Cód. 009589
Cód. 024619
R$
21,50
R$
à vista
à vista
pac. c/ 1 unid.
pac. c/ 1 unid.
VENDAS PARA
EMPRESAS
26,00
GRANDE SÃO PAULO
OUTRAS LOCALIDADES
11 3347-7000 0800-0195566
Não abrimos embalagens.
Ofertas válidas até 19.6.2016
ou enquanto durarem nossos estoques.
As ofertas anunciadas terão validade em nossas lojas, na Internet e no Televendas. No caso de promoções que envolvam
trocas, a apresentação de NF e outras similares terão validade apenas em nossas lojas. Garantimos o estoque de 40 unidades
de cada produto ofertado na rede até o término desta promoção ou enquanto durarem nossos estoques. No Televendas,
exclusivamente para a capital de São Paulo e Grande Rio de Janeiro, o frete é grátis para compras acima de R$ 250,00. Para
os pedidos abaixo desse valor, o frete será por conta do cliente. Promoção para todos os tipos de mercadorias. Para vendas
a prazo em cheque, com ou sem juros, somente com aprovação cadastral. Apresentação de CPF, RG, referências pessoais,
comprovantes de residência e de rendimentos para Pessoa Física. Para Pessoa Jurídica, acrescer CNPJ, documentos dos sócios,
referências comerciais e bancárias. As parcelas mínimas em cheques são de R$ 30,00 cada. SACK - Serviço de Atendimento
*Linha completa de Smartphones na Kalunga.com. Consultar disponibilidade nas lojas.
ao Cliente Kalunga: 11 3346-9966
140
lembrar os piores momentos do peruano.
Zé Ricardo 4.
Remediou. Consertou no 2º tempo o erro
de escalação. O time não conseguiu reagir.
aa F I G U E I R E N S E
Herói. Num time de pouca técnica, Rafael
Moura, o He-Man, garantiu a vitoria.
aa A R B I T R AG E M
Impreciso. Leandro Vuadem (RS) não
influenciou o placar, mas cometeu vários
pequenos erros técnicos.
Flu aposta
nos jovens na
era pós Fred
Fotos meramente ilustrativas.
-FLORIANÓPOLIS- O Flamengo bem
que tentou, arriscou chutes de
fora, mas não teve forças para
vencer o Figueirense longe de
casa neste domingo. A derrota
para o time catarinense por 1 a
0, no Orlando Scarpelli, foi a
segunda seguida de Zé Ricardo
depois de iniciar sua trajetória
com duas vitórias. A partir de
hoje, com a volta do presidente
Eduardo Bandeira de Mello ao
Rio, decisões mais importantes devem ser tomadas. Ontem, o vice de futebol Flavio
Godinho garantiu o técnico até
quarta-feira, contra o Cruzeiro, no Mineirão.
— Zé Ricardo está confirmado para quarta-feira. Temos de
contratar mais um zagueiro e,
se precisar, mais reforços – afirmou Godinho ao Globoesporte.
Além das definições sobre o
comandante, o Flamengo está
perto de anunciar o ex-jogador
Mozer como gerente de futebol. Ontem, após a derrota, Zé
Ricardo falou sobre sua situação no clube, em que não sabe
se será efetivado ou se vira
uma auxiliar da comissão.
— O resultado faz diferença
em todos os esportes. Eu mantenho que estou tranquilo,
desde o primeiro jogo contra a
Ponte Preta — disse. — Os atletas compraram a ideia. Evoluímos em alguns pontos. Infelizmente, hoje (ontem), a questão circunstancial foi a bola
não entrar.
Apesar de o discurso ser de vida que segue, o Fluminense
não vai se esquecer de Fred tão
facilmente. Após o empate em
1 a 1 com o Grêmio, sábado,
em Volta Redonda, o assunto
não poderia ser outro. Jogadores e o técnico Levir Culpi falaram pela primeira vez sobre a
saída do atacante.
O treinador disse que caberá
aos jovens assumir o espaço
no ataque, principalmente a
Richarlison, de 19 anos.
— Ele (Fred) comandava o time, tinha o monopólio. Apesar
da idade, ainda joga em alta
qualidade e preocupa o sistema defensivo do adversário.
Agora temos os jovens como
Richarlison, Marcos Júnior,
Scarpa... Eles vão ter de criar o
espaço deles, criar respeito. É o
caminho natural das coisas.
Uns saem, outros chegam. l
Vasco aguarda
retorno de
Martín Silva
Como a seleção uruguaia já está eliminada da Copa América,
tendo apenas a partida contra
a Jamaica hoje para cumprir, o
técnico Jorginho espera ter o
goleiro titular nos treinos a
partir desta quarta-feira, com
vistas ao jogo contra o Paysandu. Antes, na terça-feira, o Vasco enfrenta o Náutico, às
19h15, em São Januário.
Jorginho fez questão de dar
força ao goleiro Jordi, isentando-o de qualquer falha na derrota de sábado para o AtléticoGO, em Cariacica.
— Jordi fez excelentes partidas. Se ele trabalhar algumas
coisas tenho certeza que vai se
tornar um dos melhores goleiros do futebol brasileiro. Parabéns para ele. Não vi falha dele. Acho que eles foram muito
felizes naquele momento. l
4
l O GLOBO
l Esportes l
Segunda-feira 13 .6 .2016
BRASILEIRO
Deu azia
Botafogo
INDIGESTÃO MATINAL
1
SUSTO MÉDICO NO VITÓRIA
A partida começou com um
grande susto de razões médicas. Logo aos cinco minutos, o
volante Flávio, do Vitória, levou a pior num choque com
Bruno Silva e caiu desacordado no gramado. Levado pela
maca com o nariz sangrando,
foi atendido pelo médico à beira do campo, já com a lucidez
recuperada. Com o risco de ter
havido uma concussão cerebral, o médico do time baiano
ordenou a substituição, o que
irritou Flávio, que pedia para
voltar à partida, numa cena
que chamou a atenção. Depois, ele reconheceu que o melhor foi ter saído.
Retomada a partida, o Botafogo foi melhor que o Vitória.
GUITO MORETO
Frustração. Sassá se abraça às redes após perder um gol ontem, em Volta Redonda. O atacante botafoguense marcou ontem depois de sair do banco, mas o Vitória conseguiu evitar a derrota no fim
GOL DA RODADA
ATUAÇÕES
aa B OTA FO G O
Clássica
jogada de
escanteio,
dessas que
quebram uns
galhos desde
sempre. E
sim, Ricardo
Gomes
precisa de
soluções
como essa.
Gegê cobra
fechado, e
Luís Ricardo
desvia de
cabeça. Na
segunda
trave, Sassá
entra
fechando e
abre o placar.
Organizado na defesa a ponto
de não dar espaços ao contraatque rival, o alvinegro desperdiçou as três melhores chances
que criou na etapa, com Anderson Aquino, Ribamar e
Bruno Silva.
O começo do segundo tempo foi um bom momento do
Botafogo. O time havia acabo
de ter ótima oportunidade em
jogada de Luís Ricardo quando
abriu o placar em lance de bola
parada. Em escanteio da esquerda, a bola foi desviada no
primeiro pau, e Sassá, que havia entrado no lugar de Ribamar no intervalo, completou
para as redes: era 1 a 0.
Foi justamente depois que
saiu na frente que o Botafogo
passou a jogar pior. Sem convicção para continuar mantendo a bola no campo ofensivo,
viu o Vitória passar a controlar
a posse de bola e tentava esporadicamente os contra-ata-
Brasileiro - Série A
16
15
14
13
10
10
10
10
10
10
10
9
9
8
8
7
7
5
5
5
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
5
5
4
4
3
3
3
3
3
2
2
2
2
2
2
2
1
1
1
1
1
0
2
1
1
1
1
1
1
4
4
3
3
2
2
1
4
2
2
2
1
2
1
2
3
3
3
3
3
1
1
2
2
3
3
4
2
4
4
4
8
14
11
10
9
7
6
7
7
11
6
7
8
11
8
10
10
8
6
4
3
7
5
5
6
7
6
9
10
9
6
7
10
9
11
13
13
12
11
9
P - Pontos ganhos; J - Jogos; V - Vitórias; E - Empates;
D - Derrotas; GP - Gols pró; GC - Gols contra; N - Não jogou
V
D
V
V
D
V
V
D
V
E
V
D
E
E
E
D
E
D
E
D
V
V
D
V
D
V
D
V
D
V
E
V
D
D
V
D
E
V
D
D
D
V
V
V
V
D
V
D
V
E
E
D
V
D
D
D
E
E
V
D
V
V
E
D
V
D
D
V
V
D
E
V
E
D
V
V
D
D
D
E
SÁBADO
Cansou. O melhor do meio-campo alvinegro
até sair por cansaço.
jogadas e participou do lance do gol.
Salgueiro 5.
um gol perdido.
Leandrinho 6.
Emerson Silva 5,5.
Taciturno. Pouco fez em campo.
Seguro. Atuação regular e sem comprometer.
Renan Fonseca 4,5.
Atabalhoado. Errou jogadas e se enrolou em
Gegê 4.
Trágico. Um jogo apagado e ainda perdeu a
bola na jogada do gol do Vitória.
alguns lances nos ataques do Vitória.
Diogo Barbosa 5.
Anderson Aquino 4.
Que fase. Errou passes, perdeu um gol, e
e foi regular na defesa.
Ribamar 5.
Discreto. Pouco apareceu no apoio ao ataque
levou um cartão amarelo. Não foi um bom dia.
Airton 6.
Bem. Correu muito e até criou no ataque.
Fernandes 5.
Sumido. Entrou e nada acrescentou.
Bruno Silva 5.
Susto. Apareceu pelo choque com Flávio e
Regular. Lutou perdeu um gol e saiu.
Sassá 6,5.
Decisivo. Entrou bem e fez o gol.
Ricardo Gomes 6,5.
Mexeu bem. Foi feliz ao mudar o ataque,
mas o time acabou sendo castigado.
aa V I TÓ R I A
aa A R B I T R AG E M
Ensaboado. Marinho incomodou a defesa do
Foi bem. Ricardo Marques Ribeiro não
comprometeu o resultado.
Botafogo. Fernando Miguel também esteve bem.
pela esquerda, Diego Renan
cruzou no segundo pau, a zaga
teve uma pane coletiva, e o zagueiro rubro-negro Victor Ramos mandou para o gol.
— Infelizmente, acontece.
Foi uma fatalidade. Mas sei
que vai melhorar. Nosso time é
bom — acredita Sassá. l
ques. Na primeira boa investida do Vitória, Kieza quase empatou em driblar Emerson Silva e bater na trave.
Mesmo sofrendo um pouco,
o time conseguiu levar a vitória
parcial até o fim da partida,
mas o que todos temiam acabou acontecendo. Em lance
Internacional
Ponte Preta
Fluminense
São Paulo
3x1
2x1
1x1
1x2
América-MG
Chapecoense
Grêmio
Atlético-PR
Botafogo
Coritiba
Palmeiras
Atlético-MG
Figueirense
Santa Cruz
1x1
3x2
1x0
2x3
1x0
0x2
Vitória
Sport
Corinthians
Cruzeiro
Flamengo
Santos
ONTEM
OS ARTILHEIROS
CLASSIFICAÇÃO
6 gols
Grafite (Santa Cruz)
e Bruno Rangel (Chapecoense)
EQUIPE
5 gols
Rafael Moura (Figueirense)
4 gols
Diego Souza (Sport), Luan
(Grêmio), Felipe Azevedo (Ponte
Preta), Kieza (Vitória) e Gabriel
Jesus (Palmeiras)
3 gols
Kleber (Coritiba), Fred (AtléticoMG), Aylon (Internacional) e
Vitor Bueno (Santos)
Série A
Internacional
Palmeiras
Grêmio
Corinthians
Santos
Flamengo
São Paulo
Ponte Preta
Atlético-PR
Chapecoense
Fluminense
Figueirense
Vitória
Santa Cruz
Cruzeiro
Coritiba
Atlético-MG
Sport
América-MG
Botafogo
SÉTIMA RODADA
P J V E D GP GC ÚLTIMOS JOGOS
OITAVA RODADA
QUARTA
19:30
19:30
19:30
21:00
21:00
21:00
21:45
21:45
São Paulo
Chapecoense
Ponte Preta
Botafogo
Santos
Santa Cruz
Cruzeiro
Coritiba
x
x
x
x
x
x
x
x
Vitória
Grêmio
Atlético-PR
América-MG
Sport
Figueirense
Flamengo
Palmeiras
QUINTA
19:30 Internacional
20:00 Fluminense
x Atlético-MG
x Corinthians
6
gols
Grafite,
Santa Cruz
Rebaixamento
Libertadores
Rebaixamento
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Sidão 6.
Alívio. Estreia segura. Não teve culpa no gol.
Luis Ricardo 6,5.
Voluntarioso. Aparece bem no ataque, criou
Série B
CLASSIFICAÇÃO
EQUIPE
1
Botafogo: Sidão, L. Ricardo, Emerson Silva,
R. Fonseca e Diogo; Airton (Fernandes),
Bruno Silva, Leandrinho (Salgueiro) e Gegê;
Anderson Aquino e Ribamar (Sassá).
Vitória: Fernando Miguel; Norberto, Victor
Ramos, Ramon e Diego Renan; Amaral
(Alípio), Willian Farias e Flávio (Tiago Real);
Marinho, Dagoberto (Vander) e Kieza.
Cartões: Aquino, Airton, Marinho e Sassá.
Gols: 2T: Sassá aos 6M,V. Ramos aos 46M
Juiz: Ricardo Marques Ribeiro (Fifa-MG)
Público pagante: 1.203 pagantes.
Renda: R$ 28.340.
Local:: Estádio Raulino de Oliveira.
Para Ricardo Gomes, empate sofrido pelo Botafogo nos acréscimos e que o mantém na lanterna é ‘difícil
de engolir’. Alvinegro agora enfrenta o América-MG, também em casa, já com obrigação de vencer
-VOLTA REDONDA- Mesmo sem fazer
uma grande partida, o Botafogo dominava o Vitória e vencia
merecidamente até o fim do
jogo por 1 a 0, resultado que o
levaria para fora da zona de rebaixamento. Com uma bobeada defensiva nos acréscimos,
veio o gol de empate e tudo se
perdeu: com cinco pontos, o
alvinegro segue na lanterna. O
resultado é preocupante porque o rubro-negro baiano é
um dos times que devem brigar na parte de baixo da tabela,
um potencial rival direto se o
Botafogo não conseguir grande evolução logo.
Diante do menor público do
Brasileiro (1.203 pagantes), na
manhã de ontem, em Volta Redonda, o Botafogo repetiu erros como a dificuldade de fazer
gols (é o pior ataque da competição). A próxima partida é a
oportunidade ideal para voltar
a vencer: o alvinegro receberá
o América-MG, novamente em
Volta Redonda, na quarta-feira, às 21h.
— É difícil de engolir este gol
no fim. O segundo tempo foi
muito abaixo, perdemos Aírton, Leandro. O time caiu, tivemos dificuldades. Temos que
trabalhar. Ainda tem muita para acontecer. Faltam 31 rodadas, muitos pontos a serem
disputados. Estou muito confiante apesar do início complicado. Tivemos muitas lesões —
lamentou o técnico Ricardo
Gomes, ainda chateado como
o gol sofrido no fim. — Perdemos a bola no meio no campo,
o time ainda estava saindo, se
arrumando. A experiência tem
um peso importante em qualquer situação do esporte. Foi o
preço que pagamos. Quartafeira temos mais uma chance
de recuperação.
Vitória
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Vasco
Atlético-GO
Bahia
Náutico
Brasil
Criciúma
Ceará
CRB
Luverdense
Oeste
Londrina
Avaí
Paraná
Joinville
Bragantino
Vila Nova
Goiás
Paysandu
Sampaio Corrêa
Tupi
OITAVA RODADA
P J V E D GP GC ÚLTIMOS JOGOS
19
19
17
16
14
13
13
12
12
12
12
10
10
9
8
7
6
6
4
3
8
8
8
8
8
8
8
8
8
8
8
8
8
8
8
8
8
8
8
8
6
6
5
5
4
4
4
4
3
3
3
3
2
2
2
2
1
1
1
1
1
1
2
1
2
1
1
0
3
3
3
1
4
3
2
1
3
3
1
0
1
1
1
2
2
3
3
4
2
2
2
4
2
3
4
5
4
4
6
7
16
10
14
18
8
9
13
9
10
8
6
10
6
5
4
9
6
7
5
7
6
5
5
6
6
5
12
13
9
7
5
9
10
8
8
11
11
16
18
10
E
D
E
E
V
V
V
V
V
E
E
D
E
V
E
D
D
D
E
D
P - Pontos ganhos; J - Jogos; V - Vitórias; E - Empates;
D - Derrotas; GP - Gols pró; GC - Gols contra; N - Não jogou
V
V
V
V
E
D
V
D
E
V
V
V
E
D
D
E
D
D
D
D
V
E
V
V
D
V
V
V
D
V
D
D
E
D
V
V
D
D
D
D
D
V
V
V
V
D
D
D
V
E
V
D
D
V
E
D
E
E
V
D
10/6
Bahia
S. Corrêa
Goiás
3x0 CRB
1x0 Criciúma
1x1 Oeste
Náutico
Brasil
Avaí
Londrina
Atlético-GO
Bragantino
Luverdense
5x1
1x0
0x1
1x0
2x1
0x0
2x0
SÁBADO
Paraná
Tupi
Joinville
Vila Nova
Vasco
Paysandu
Ceará
NONA RODADA
AMANHÃ
19:15
19:15
19:15
19:15
19:15
19:15
19:15
21:30
21:30
21:30
Oeste
Vila Nova
Vasco
Tupi
Joinville
Paraná
Criciúma
Ceará
CRB
Paysandu
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Londrina
S. Corrêa
Náutico
Luverdense
Atlético-GO
Goiás
Bahia
Brasil
Bragantino
Avaí
l Esportes l
Segunda-feira 13 .6 .2016
Pit Stop
|
O GLOBO
l 5
|
CELSO ITIBERÊ
DEIXOU CHEGAR
A
Ferrari mostrou no Canadá que finalmente conseguiu levar seu motor ao
patamar dos Mercedes, embora saiba
que isso pode lhe custar muito caro até o fim
da temporada. Vettel aproveitou a ligeira hesitação de Hamilton e Rosberg na largada e
como um foguete assumiu a liderança. O
inesperado toque de roda entre os dois prateados na entrada da primeira curva lhe permitiu ligeira vantagem, mas não foi o bastante. Se a equipe italiana acertou no V6, por outro lado arriscou demais na estratégia e tirou
de Seb a possibilidade de ganhar a corrida.
Hamilton, por sua vez, se bobeou na largada foi absolutamente perfeito no resto da
corrida. Fez durar o mais tempo possível os
pneus ultramacios, para fazer uma só parada
e chegar ao fim com os macios. Sabia que isso iria depender de impor ritmo forte, mas
sem qualquer senão que pudesse comprometer a durabilidade dos pneus. Foi perfeito.
Evitou o travamento de rodas e conseguiu alguns décimos de segundo por volta para minimizar as perdas de borracha. Recebeu a
bandeirada sem ter sido ameaçado.
Interrupção necessária. Achei lindo ele dedicar a vitoria a Muhammad Ali e o melhor
de tudo foi repetir a frase do ídolo: “Flutuar
como uma borboleta, picar como uma abelha”, repetindo a coreografia do ídolo, com direito a dancinha e o movimento de braços.
Hamilton definitivamente não faz parte do
“microuniverso robótico”.
Voltando à corrida,. A Ferrari não contava
com essa esperteza do inglês. Por isso, alguma voltas depois da troca de Lewis, sob o regime do “virtual safety car” chamou Vettel
para uma segunda parada, dando-lhe pneus
mais velozes, os supermacios.
Tática suicida? Não achei. O erro grosseiro
ocorreu na previsão de durabilidade. Vettel,
o líder, parou antes de Hamilton e recebeu
supermacios, o que automaticamente jogava
[email protected]
GEOFF ROBINS/AFP
RESULTADO DO GP DO CANADÁ
CLASSIFICAÇÃO
1. Lewis Hamilton (Mercedes)
2. Sebastian Vettel (Ferrari)
3. Valtteri Bottas (Williams)
4. Max Verstappen (RBR)
5. Nico Hosberg (Mercedes)
18. Felipe Nars (Sauber)
20. Felipe Massa (Williams)
a Ferrari para duas paradas. Por quê? Porque
pelos cálculos de seus estrategistas não seria
possível fazer as 70 voltas com apenas uma parada. Estavam convencidos de que a Mercedes
daria o mesmo passo.
Quando viram que Lewis recebeu macios sentiram que ele tentaria levá-los até o fim e aí jogaram bola ou búrica, entregando ao alemão
pneus mais velozes, que permitiriam recuperar
terreno e estar em condições de ultrapassar o
Mercedes quando Hamilton ficasse com os
pneus desgastados. Em outras palavras: não foi
suicídio, mas tentativa de corrigir o equívoco.
O alemão fez corrida espetacular, com voltas
mais rápidas em sucessão e foi se aproximando.
A diferença caiu de 9s6 para menos de 5s, mas aí
o pneu acabou, perdeu aderência e o obrigou a
levantar o pé. Tinha 13 voltas a menos que os de
Hamilton, que continuavam firmes. Se me pedissem para dar notas, daria 10 para os dois.
CÁLCULO E AUTOCONFIANÇA
O roteiro da corrida foi simples. Largada
surpreendente, definição de posições, Vettel na
liderança e pressionado por Hamilton até sua
segunda parada e a partir dela a perseguição
alucinante do carro vermelho ao prateado, com
a diferença caindo vagarosamente.
Para Hamilton, a vitória de número 45 e a
quinta em Montreal tem dois significados.
Fortaleceu sua posição psicológica em relação a
Nico e diminuiu de 24 para 9 pontos a vantagem
do companheiro na luta pelo Mundial.
Na caminhada para subir na tabela contou com
a ajuda de Verstappen, que aproveitou as
dificuldades de Ricciardo para deixá-lo para
trás e nas últimas voltas defendeu com técnica,
coragem e aguerrimento ao ataque de Rosberg
em busca da terceira posição.
Alguma aconteceu com o F16 de Kimi, que
durante a corrida balançava o carro a fim de
conseguir aquecê-los e ganhar aderência. Foi
isso que o fez entrar uma segunda vez nos boxes
MUNDIAL DE PILOTOS
PONTUAÇÃO
1. Nico Rosberg (Mercedes)
2. Lewis Hamilton (Mercedes)
3. Sebastian Vettel (Ferrari)
4. Daniel Ricciardo (RBR)
5. Kimi Räikkönen (Ferrari)
6. Max Verstappen (Toro Rosso)
7. Valtteri Bottas (Williams)
8. Felipe Massa (Williams)
9. Sergio Pérez (Force India)
10. Daniil Kvyat (Toro Rosso)
21. Felipe Nasr (Sauber)
e, mais tarde, entregar sem luta a posição a
Rosberg. Sexto lugar foi pouco.
A Force India de novo ficou com seus pilotos
entre os dez, mas isso não me parece muito
dispondo do motor Mercedes. Merece mais
Carlos Sainz que largou em 20º e terminou em
9º. Seu Toro usa o V6 Ferrari de 2015.
FERRARI: O BOM E O RUIM
Para a Fórmula-1 a corrida de Montreal traz
promessas. A melhor delas é a de maior
competição, porque a Ferrari mostrou que, em
andamento de corrida, conseguiu encostar nos
Mercedes. O motor empata em cavalaria e
confiabilidade e já tinha mostrado isso na
classificação, em que Vettel ficou a apenas 0s178
do pole Hamilton.
Não dá para dizer o que vai acontecer
domingo que vem em Baku, no Azerbaijão,
circuito que ninguém conhece, mas dá para
apostar que na Áustria a guerra vai se repetir.
Difícil é saber se essa evolução do V6
permitirá à Ferrari continuar competitiva até
o fim da temporada. A FIA disponibilizou 32
“tokens de desenvolvimento” e na busca de
competitividade, promovendo evoluções a
cada corrida, já usou 28. Provavelmente os
últimos quatro estão reservados para o GP
da Itália, em Monza. Já os adversários
contam com muito mais folga. No ranking
das fichas para gastar a Renault tem 11, a
Honda 20 e a Mercedes 21.
TURFE
Warriors perdem Green para 5º jogo da final
AFP
Time da Califórnia pode
conquistar
bicampeonato sobre
Cleveland Cavaliers
-OAKLAND, EUA-
UM A MENOS NO BANCO
Apesar da suspensão e de não
poder entrar em quadra, ele
será inscrito para o jogo. Isso
significa que o técnico Steve
Kerr terá onze jogadores no
banco de reservas, um a menos do que o máximo permitida. Ainda assim, ele acredita
na vitória.
— Em casa, nós temos um
chance de fechar (a série final).
Não acho que precisamos de
mais uma vantagem psicológica, o jogo nos dá a maior motivação. Temos versatilidade e
eu acho que vamos conseguir
(superar a perda de Green) —
afirmou Kerr ontem.
Sem o mesmo histórico, Le-
116
107
78
72
69
50
44
37
24
22
0
Na briga. Hamilton salta na comemoração da vitória
BASQUETE
Os Golden State
Warriors podem se sagrar bicampeões da NBA nesta noite.
Assim como no ano passado, o
time dos astros Stephen Curry,
melhor jogador da temporada
regular, e Klay Thompson enfrentam os Cleveland Cavaliers, de LeBron James. A partida
é a quinta da decisão em melhor de sete jogos liderada por
3 a 1 pelos Cleveland. O jogo
será em Oakland, na Califórnia, às 22h (horário de Brasília). A ESPN transmite.
Ontem à tarde, a NBA anunciou a suspensão do ala-pivô
Draymond Green por uma
partida. No jogo 4, ele se estranhou com LeBron. O lance foi
considerado uma falta flagrante passível de punição posterior ao jogo. Como já tinha um
histórico de punições, inclusive em uma das partidas finais
da Conferência Oeste, quando
deu um chute em Steven
Adams, de Oklahoma City
Thunder, Green foi punido.
1 h31m05s296
a 5s011
a 46s422
a 53s020
a 1m02s093
a duas voltas
abandonou
Eficaz. Green foi titular em 21 jogos de mata-matas, com média de 15 pontos
Jogadores se
provocam o tempo
todo. Estou
chocado que
alguns levem isso
de forma pessoal.
Klay Thompson
Ala do Golden State Warriors
Bron foi punido apenas como
uma falta técnica e está garantido na partida de hoje. Técnico dos Cavaliers, Tyronn Lue
foi multado em US$ 25 mil (R$
85,5 mil) por críticas que fez
contra os árbitros do jogo.
Curiosamente, LeBron e
Green podem ser companheiros de equipe na seleção americana que estará nos Jogos
Olímpicos do Rio. Eles estão
na pré-lista de convocados e
não foram um dos oito atletas
que já anunciaram ter desistido da competição, como
Curry, Russell Westbrook e James Harden.
A imprensa americana deu
grande atenção à forte discus-
são com LeBron. Embora tenha elogiado a competitividade de Green, o ala do Cavaliers
reclamou por ter sido zingado
e pelo adversário ter tentado
acertá-lo entre as pernas após
uma disputa de bola. Ontem,
Klay Thompson criticou a forma como o assunto foi tratado.
— Jogadores se provocam na
liga o tempo todo. Eu estou
chocado que algumas pessoas
levem isso de forma pessoal. É
uma liga de homens. Eu já escutei muitas coisas ruins em
quadra e, no fim, isso fica na
quadra. Nós somos todos competitivos. Provocação é parte
do jogo. É parte de qualquer
esporte, especialmente competitivos como este — afirmou
Thompson.
A perda de Green não é trivial. Embora Curry e Thompson
tenham os holofotes sobre si, a
eficiência do ala-pivô ajudou o
time a bater o recorde de vitórias em um temporada regular
— os Warriors venceram 73
dos 82 jogos. Nos playoffs,
Green atuou 21 partidas, sempre como titular, com médias
de 37,7 minutos, 15 pontos
marcados, 9,7 rebotes e 5,9 assistências por partida.
Na vitória sobre os Cavaliers
no jogo 2, quando Curry e
Thompson não brilharam como de costume, o ala-pivô foi o
melhor jogador da partida,
com 28 pontos.
BRASILEIROS NOS WARRIORS
Convocados por Rubén Magnano para os Jogos Olímpicos
do Rio, Leandrinho e Anderson Varejão têm a chance de
conquistar o título da NBA. No
ano passado, o ala já havia
vencido com os Warriors. Já
Varejão, vice no ano passado
com o Cleveland, tem a chance
de conquistar seu primeiro título. Mesmo se perder a decisão, ele poderá receber o anel
de campeão. A decisão é da direção do Cavaliers, onde ele jogou metade da temporada. l
HERMES DE PAULA
Campeões. My Cherie Amour e Wesley Cardoso na arrancada da vitória
My Cherie Amour vence GP
Brasil no Dia dos Namorados
J. Ricardo é o segundo
com Energia Guest.
Favorita, a égua Daffy
Girl fica apenas em 12ª
Realizado no Dia dos Namorados, o Grande Prêmio
Brasil de turfe teve um vencedor cujo apelido parece
adequado para a data: o cavalo My Cherie Amour
(“meu querido amor”, em
tradução livre).
Montado pelo jóquei Wesley da Silva Cardoso, de 22
anos, o cavalo do treinador
Venâncio Nahid arrancou
nos metros finais e tirou a vitória de Energia Guest,
montado pelo experiente J.
Ricardo, que terminou em
segundo no Hipódromo da
Gávea, no Rio.
Nahid conquistou seu quinto GP Brasil, o segundo consecutivo — seu cavalo Barolo,
montado por Waldomiro Blandi, foi o campeão em 2015. Já
Wesley, natural de Magé, na região metropolitana do Rio, comemorou sua primeira vitória
no GP Brasil.
O cavalo Benggala, que pulou na frente no início da prova
e depois perdeu desempenho,
acabou chegando na terceira
colocação. Perfectly Associat e
Chicão completaram a lista
dos cinco primeiros.
Única fêmea no páreo, a
égua Daffy Girl chegou ao GP
Brasil como favorita, mas terminou apenas na 12ª posição.
A montaria do jóquei V. Gil vinha acompanhando o pelotão
de frente, mas não conseguiu
arrancar na reta final e ficou
para trás. l
l O GLOBO
l Esportes l
Revezamento da tocha
FOGO OLÍMPICO CHEGA A
SÃO LUÍS DO MARANHÃO
Segunda-feira 13 .6 .2016
Polo aquático
FERNANDO SOUTELLO/RIO2016
6
BRASIL ENCERRA LIGA
MUNDIAL EM ÚLTIMO
No 41º dia do revezamento, o símbolo das
Olimpíadas chegou à capital maranhense com
direito a danças e figurinos de bumba-meu-boi
na praça Dom Pedro II, no centro histórico,
onde fica a prefeitura. O percurso total em São
Luís é de 40km e foi adornado com temas
populares da cultural local. A primeira
condutora foi a menina Jaqueline Caldas, de 12
anos, que joga futebol num projeto social da
cidade desde os 7 anos. Pelo lado dos atletas,
os mais marcantes foram José Carlos Moreira,
o Codó, velocista dos 100m que vai participar
de sua terceira edição olímpica, Ana Paula
Rodrigues, da seleção de handebol, e Iziane,
jogadora de basquete que, aos 34 anos,
continua a ser um dos principais nomes da
seleção de Antonio Carlos Barbosa.
— Cada edição dos Jogos é muito diferente
da outra. Nesta, a torcida vai ser um empurrão
a mais — afirmou Codó, que também é o nome
de seu município maranhense de nascença.
Detentor de um ouro e uma prata no
revezamento 4x100m em Pans, ele participou
do desafio Mano a Mano disputado na semana
passada com o astro americano Justin Gatlin,
na Quinta da Boa Vista, no Rio. Terminou em
quarto lugar, com o tempo de 10s60.
Numa quadra de escola pública, Ana Paula
Rodrigues começou uma carreira que lhe
rendeu o Mundial de handebol em 2013, além
de dois ouros em Pans, na equipe treinada pelo
dinamarquês Morten Soubak.
Mas não foram só atletas da atual delegação
que fizeram parte do revezamento
maranhense. O dirigente José Emílio Moreira,
que foi chefe de delegação de judô nos Jogos
de Atlanta, também se emocionou ao conduzir
a chama em sua cidade. Andressa Sheron, líder
da Amattra, uma ONG de políticas LGBT
fundada por ela e por sua mãe, também
mostrou orgulho como portadora do símbolo
olímpico. O mais inusitado foi um pedido de
casamento, em pleno Dia dos Namorados,
feito por Romeu Mattos para Samya Silva.
Um dia antes, em Palmas, uma alteração no
percurso criou um mal-estar entre prefeitura,
governo do estado de Tocantins e o Comitê
Rio-2016. A prefeitura manifestou insatisfação
com a eliminação do bairro Jardim Taquari e
retirou a Guarda Municipal e a Secretaria de
Trânsito do evento, atribuindo a decisão ao
governo do estado, que negou ter decidido. O
Comitê afirmou que desviou o percurso devido
a questões de segurança.
FIVB/DIVULGAÇÃO
Freguesia. Natália sobe contra o bloqueio duplo da Sérvia, que nunca derrotou o Brasil na história dos confrontos. Seleção feminina encerra etapa do Rio com três vitórias
Limada
MAIS UM CORTE
Técnico Zé Roberto dispensa a central Carol, que não se recuperaria de lesões a tempo.
Seleção derrota Sérvia por 3 sets a 0 na Barra e encerra primeira fase do GP invicta
A seleção brasileira feminina de vôlei sofreu a
segunda baixa a menos de dois meses dos Jogos
Olímpicos. Na briga por uma vaga na equipe, a
central Carol, de 25 anos, foi cortada ontem pelo
técnico José Roberto Guimarães. Durante os
treinos, ela sofreu duas lesões: uma nas costas e
outra no tornozelo esquerdo, que a tirou das
partidas do Grand Prix, no Rio, como a vitória
de ontem sobre a Sérvia por 3 sets a 0 (25/20, 25/
18 e 25/18), na Arena Carioca 1, no Parque
Olímpico na Barra da Tijuca.
Zé Roberto alegou que não haveria tempo hábil para esperar a recuperação da jogadora e poder testá-la. Ela disputava o lugar de terceira
central com Adenízia e Juciely. As duas outras
vagas são das bicampeãs olímpicas Fabiana e
Thaísa. Ao todo, o técnico chamou 19 atletas para selecionar as 12 que farão parte do grupo
olímpico em agosto.
— Não dá tempo de recuperar. Ela torceu o pé,
mas teve um problema nas costas antes. Teve de
parar. Agora, voltou e torceu o pé. Ela iria começar a ser liberada na segunda-feira. Para colocar
em forma de novo e começar a jogar, só na terceira ou quarta semana. Não dava para fazer isso. Infelizmente. Não dava. O tempo corria contra ela. Precisamos pensar em montar o time,
A seleção brasileira feminina de polo aquático
ficou em oitavo na Super Final da Liga
Mundial, o último grande teste antes da
Olimpíada de 2016. A despedida aconteceu
com derrota para o Canadá por 12 a 6, placar
que confirmou o Brasil na última colocação do
torneio. Com isso, as brasileiras deixam a
Super Final sem vitórias: na fase de grupos, a
seleção havia acumulado derrotas para EUA,
Espanha e o próprio Canadá.
As campeãs foram as americanas, que
venceram a Espanha na final por 13 a 9. O
pódio foi completo pela Austrália, que ficou
com o bronze ao vencer a China por 10 a 3.
DIVULGAÇÃO/FINA
trocar uma ou outra peça. Se eu ficar revezando,
não vou conseguir montar uma unidade de time — explicou o treinador.
Carol ficou com o grupo até sábado à noite,
depois de conversar com o técnico. A despedida
foi dolorosa, segundo Zé Roberto.
— Ela sentiu, chorou. Mas ela entendeu. Depois, ficou até o jantar. Para a gente, é muito duro. Ela estava na briga. Ela tem coisas importantes. Carol tem um saque fantástico e bloqueio.
Mas ela estava correndo contra o tempo. Infelizmente, aconteceu em um momento complicado — disse ele, que já havia perdido a oposta
Monique, que pediu dispensa por problemas
pessoais.
Sem a central no grupo, a seleção encerrou a
primeira etapa do Grand Prix invicta, antes de
seguir viagem para Macau. O destaque foi a
ponteira Gabi, que preocupava Zé Roberto por
causa das dores no tornozelo esquerdo nos últimos meses. Ontem, ela ficou o tempo todo em
quadra, ao contrário das últimas partidas,
quando entrou apenas para sacar.
O Brasil não levou sustos durante todo o jogo
e fechou os três sets com facilidade. Com o melhor público da Arena Carioca 1 — que receberá
os jogos de basquete durante os Jogos —, o momento mais emocionante ocorreu no intervalo
para o terceiro set. Algumas jogadores que participaram de edições dos Jogos Olímpicos foram homenageadas. Vera Mossa, Ida e Sandra,
estrelas dos anos 80 e 90, até as campeãs olímpicas em Pequim e em Londres, como Walewska e
Paula Pequeno, receberam medalha da CBV.
Na etapa carioca, o Brasil já havia vencido a
Itália e o Japão. Na segunda rodada, na China, a
seleção enfrentará a Sérvia, a Bélgica e as donas
de casa. No encerramento da fase de classificação, as meninas vão jogar contra Itália, Bélgica e
Turquia, na cidade turca Ankara. As finais serão
em Bangcoc, na Tailândia, d 6 a 10 de julho.
RESSACA ATINGE ARENA DO VÔLEI DE PRAIA
Após ser embargada pela prefeitura do Rio de
Janeiro por falta da licença da secretaria municipal de meio ambiente, parte da obra da arena
olímpica do vôlei de praia foi invadida pelo mar.
A ressaca na praia de Copacabana atingiu as
grades de proteção do equipamento olímpico,
que foram derrubadas pela força das águas.
Apesar da paralisação, operários do Rio-2016repararam os estragos ontem e disseram que a estrutura principal não foi afetada.
A arena é a maior montada na praia de Copacabana, com 21 metros de altura e 62 metros
quadrados. Além do local de competição, a estrutura montada para a mídia, no posto 5, também teve as grades de proteção arrancadas pela
ressaca. Os organizadores não temem atrasos
nas obras. l
BARILOCHE
TEMPORADA DE NEVE
BARILOCHE
HOTEL BELLAVISTA
6 DIAS
Inclui passagem aérea
e hospedagem.
VALE MUITO E CUSTA POUCO
4.146 ou
10x sem juros 414,60 reais
À vista R$
ENCONTRE A CVC MAIS PRÓXIMA DE VOCÊ NO WWW.CVC.COM.BR/LOJAS, CONSULTE SEU AGENTE DE VIAGENS OU ACESSE O SITE.
BARRA SHOPPING I .........................................................2126-8100
BARRA SHOPPING II ....................................................... 2142-9900
BOTAFOGO......................................................................3265-4646
CARIOCA ..........................................................................3391-1880
CENTER SHOPPING JACAREPAGUÁ ................................. 3392-0658
COPACABANA I ................................................................2142-1888
ILHA DO GOVERNADOR ...................................................2462-3388
IPANEMA ........................................................................ 3988-5005
LARANJEIRAS ................................................................. 2225-7722
NORTE SHOPPING ...........................................................2126-7200
SHOPPING VIA BRASIL.....................................................2471-2513
SHOPPING GRANDE RIO ................................................. 2656-9106
SHOPPING RIO SUL ..........................................................2126-2000
SHOPPING TIJUCA .......................................................... 2126-8300
TIJUCA II ......................................................................... 3264-0317
SHOPPING NOVA AMÉRICA .............................................3083-1071
GÁVEA TRADE CENTER ................................................... 3495-2294
SHOPPING DOWNTOWN .................................................3139-4226
VIA PARQUE ....................................................................3328-2980
ITABORAÍ PLAZA ............................................................ 3785-8666
NILÓPOLIS....................................................................... 3039-0001
FREGUESIA.......................................................................3627-1557
ITAIPAVA................................................................. (24) 2222-6882
GUANABARA ALCÂNTARA .............................................. 3710-8079
PARQUE SHOPPING SULACAP .........................................3107-8227
CVC AMÉRICAS SHOPPING ............................................. 2442-9540
MADUREIRA SHOPPING ..................................................3197-3223
NOVA IGUAÇU ................................................................ 3844-7923
GALERIA CATETE ............................................................ 2555-9463
WEST SHOPPING ............................................................ 3156-4770
SHOPPING GUADALUPE ..................................................3178-8832
ITAIPU MULTICENTER ......................................................2608-2217
MÉIER .............................................................................2593-4048
PARK SHOPPING CAMPO GRANDE ..................................3394-4741
Prezado cliente: preço por pessoa, em apartamento duplo, com saída do Rio de Janeiro, em voo em classe econômica. Preço e data de saída sujeitos a reajuste e disponibilidade. Condições de pagamento com parcelamento 0+10 vezes sem juros no cartão de crédito ou 1+9 no boleto
bancário. Sujeito a aprovação de crédito. Cartão de crédito CVC: sujeito a análise de crédito e critério de elegibilidade pelo banco emissor. Taxas de embarque cobradas pelos aeroportos não estão incluídas nos preços e deverão ser pagas por todos os passageiros. Preços calculados
com câmbio CVC em 9/6/2016 US$ 1,00 = R$ 3,39. Pacotes devem ser calculados com câmbio do dia da compra. Base do pacote Bariloche: US$ 1.158.
cvc.com.br
SEGUNDO
CADERNO
OGLOBO
Uma livraria para
passar o resto
dos meus dias:
a Altair, em
Barcelona
pág. 2
JOSÉ EDUARDO AGUALUSA
VOLBEAT BANDA
AREJA A CENA DO ROCK
SEGUNDA-FEIRA 13.6.2016
oglobo.com.br
pág. 6
DIRETOR PERNAMBUCANO LANÇA ‘BIG JATO’ E RECLAMA QUE FOI USADO EM POLÊMICA SOBRE MACHISMO
ALEXANDRE CASSIANO
QUEM NÃO
REAGE
RASTEJA
CLÁUDIO ASSIS
ANDRÉ MIRANDA
[email protected]
A
história do menino que enfrenta a vontade
paterna e deixa a origem humilde em busca
de sonhos mais altos na cidade grande é a
mesma de milhões de brasileiros, inclusive Xico Sá
e Cláudio Assis. Baseado no livro homônimo em
que Xico resgatou suas memórias de infância, Assis lança nesta quinta-feira o longa-metragem ‘‘Big
Jato’’, o quarto depois de ‘‘Amarelo manga’’ (2002),
‘‘Baixio das bestas’’ (2006) e ‘‘A febre do rato’’
(2011). Com Matheus Nachtergaele, Marcela Cartaxo, Jards Macalé e os jovens Francisco de Assis
(filho de Cláudio) e Rafael Nicácio, a produção
venceu o último Festival de Brasília, mas também
se viu em polêmica. Cláudio foi vaiado no palco do
festival por, dias antes, ter sido acusado de machista no Recife, quando ele e Lírio Ferreira perturbaram uma sessão de ‘‘Que horas ela volta?’’, de Anna
Muylaert, na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
Em entrevista ao GLOBO, ele aceita o rótulo, mas
diz denunciar o machismo em seus filmes. E reclama que o usaram para ‘‘vender ingressos’’.
Como você chegou ao livro do Xico Sá?
A gente é amigo, ele é padrinho do meu filho.
Ele é do Ceará, de Crato, e foi estudar no Recife,
nos conhecemos na faculdade. A primeira entrevista que eu dei querendo ser cineasta foi para o Xico querendo ser jornalista.
l
É muito parecida, sim, eu saí com 17 anos. Saí
sozinho. Em Recife, fiz dois anos e meio de faculdade de Economia e depois fui para Comunicação Social. Mas, antes, eu já trabalhava com
cinema. Fiz um cineclube em Caruaru com
amigos. A gente alugava uns filmes em Recife,
voltava de ônibus para Caruaru e projetava lá.
É a história de muitos nordestinos, não?
Tem uma hora no filme em que o Matheus (Nachtergaele) olha para a câmera e diz: ‘‘Sertanejo forte é o que parte, não o que fica’’. Costuma-se dizer
que o sertanejo forte é aquele que fica. Mas eu não
acho isso, não. Sertanejo forte é o que vai embora.
Como alguém pode ficar morrendo na miséria? É
uma necessidade do ser humano de correr atrás de
uma coisa melhor. É recorrente, vai acontecer sempre. É a aventura, o homem é movido pela conquista. Esses lugares, por mais que hoje você possa ter
internet, ainda são muito diminutos para o anseio
da juventude. Então, quando pode, o jovem parte.
l
No livro, a frase escrita no para-choque do
caminhão é ‘‘Dirigido por mim, guiado por
Deus’’. No filme, você colocou ‘‘Quem não reage rasteja’’. Por quê?
É uma frase que eu falo sempre. Eu usei no
‘‘Crime delicado’’, do Beto Brant, em que eu fui
ator e me deixaram falar o que quisesse. Acho
que tem tudo a ver com a história de ‘‘Big Jato’’.
l
No filme, o Matheus interpreta dois irmãos
quase antagônicos, o bruto e o poeta. A ideia
era dar a mesma cara para essas duas personalidades complementares?
No início eu pensei fazer com quatro atores.
l
Essa história que o Xico conta no livro e que
você adaptou, do garoto amadurecendo para
decidir sair da cidade de interior é a sua história também? Você saiu assim de Caruaru?
l
DIVULGAÇÃO
Dois fariam um irmão. Eu queria o Matheus, o
Irandhir (Santos), o Júlio (Andrade) e o João Miguel. Mas pessoal falou que eu era louco, que o
filme era um baixo orçamento, não tinha como
pegar quatro atores. Então de quatro para fazer
dois virou um para fazer dois. Foi ótimo, e Matheus foi fantástico.
Seu cinema sempre lidou com esse encontro
de brutalidade e poesia.
É do ser humano. O ser humano é a porra de
um animal que foi enquadrado. Botaram a gente
aqui, mas a fera não foi completamente domada.
l
A carreira de ‘‘Big Jato’’ começou agitada. No Festival de Brasília, você foi vaiado pelo que
havia acontecido no Recife. O
NA WEB
que houve de fato?
facebook.com/
É verdade que a gente perturjornaloglobo
bou a sessão. Mas a Anna e eu
Veja entrevista éramos amigos, a gente teve até
ao vivo, às 15h, um namoro anos atrás. E eu
com Matheus
acompanhei tudo do filme, ela
Nachtergaele
me ligava para contar os problemas. Quinze dias antes daquela
exibição na Fundaj, jantei com ela e seu marido.
Depois da sessão, a gente jantou também. Digo
isso para você entender o grau de amizade. E o
que aconteceu foi que brinquei com o maquiador
Marcos Freire, que é meu amigo há anos. E chamei a Regina Casé de ‘‘gorda’’ porque tinham me
contado que a própria Regina criou caso porque
se achou gorda no filme.
Eu peguei o microfone e pedi para todo mundo se sentar. Eu não sou santinho. Mas, pô, se
você vai apresentar seu filme e chega um mané
qualquer e diz para você se sentar, você aceita?
Acontece que a gente era amigo! Agora vem dizer que eu fui escroto? É para vender ingresso, é
para ir para o Oscar?
Você fala como se tivesse rompido com a Anna.
Pô, ela chegou em todo o canto e disse que o
cinema pernambucano é machista. Se o filme
dela fosse sobre isso... Mas nem é. Ela entrou
numa onda errada para vender ingresso. Me fudeu para vender ingresso. Achei desnecessário.
l
l
l
Falaram que você foi machista com a Anna.
ENTRE A POESIA
E A MATEMÁTICA
No filme ‘‘Big Jato’’, Matheus Nachtergaele
interpreta dois personagens, o pai e o tio do
protagonista Francisco: o primeiro percorre a cidade
com o caminhão Big Jato limpando fossas e quer
que o filho estude matemática; enquanto que
o segundo é radialista e incentiva o sobrinho
a seguir seus sonhos de poeta.
Mas tem gente que rotula seu cinema como
machista. Você tem essa consciência?
Tenho.
l
Você se considera machista?
Todos nós somos, a sociedade brasileira é
machista. Temos o machismo imbuído na gente, eu sou. Mas no meu cinema eu tento denunciar o machismo. Aquela cena em que o avô
vende a neta no ‘‘Baixio das bestas’’ eu vi quando criança. Era uma denúncia.
l
As vaias em Brasília te incomodaram?
Eu errei e pedi desculpas. Mas esse erro me impede de falar ao apresentar meu filme? Em vez de
vir me vaiar porque não vão fazer plantão na
frente da casa da secretária de Mulheres do governo Temer que é contra o aborto? Atrapalhar a
sessão de pré-estreia de uma amiga faz de você
um monstro? Se quiserem discutir machismo
comigo, eu discuto. Mas fazer ‘‘úúúúú’’, aí não.l
l
l O GLOBO
2
l Segundo Caderno l
[email protected]
JOSÉ
EDUARDO
AGUALUSA
|
|
Segunda-feira 13 .6 .2016
Gente
Boa
CLEO GUIMARÃES
Email: [email protected] e Blog: http://blogs.oglobo.globo.com/gente-boa/
COM MARIA FORTUNA E FERNANDA PONTES
|
As livrarias da minha vida
Durante muitos anos, sempre que viajava
para o Rio, escolhia o hotel em função da
proximidade com a Livraria da Travessa, em
Ipanema. Hoje em dia frequento mais a
Travessa do Shopping Leblon. É lá que
combino todos os meus encontros. Sou
pontual. Infelizmente a pontualidade é, de
entre todas as virtudes, aquela que mais se
parece com um defeito. Sobretudo no Rio de
Janeiro. Se um amigo me convida para jantar
em sua casa às 21 horas, eu apareço às 21
horas. Com amigos cariocas muitas vezes fui
recebido com indisfarçada desconfiança.
TEATRO LADO B
Hooligans na mira
Jorge Farjalla fala sobre suas peças e de novo
projeto: transformar Letícia Spiller em Hamlet
MARCOS RAMOS
JOSÉ
EDUARDO
AGUALUSA
3ª
MARCUS
FAUSTINI
4ª
5ª
6ª
FRED
FLÁVIA ZÉLIA
COELHO OLIVEIRA DUNCAN
SAB
MARCIO
TAVARES
D'AMARAL
DOM
FERNANDO
GABEIRA
A Secretaria Extraordinária de Segurança
de Grandes Eventos — Sesge, para os
íntimos — já recebeu fotos e informações
de pessoas procuradas em mais de cem
países. Impressionou a quantidade de
hooligans, os violentos torcedores de
futebol da Inglaterra. Eles são muitos e
vão merecer uma atenção toda especial.
Aliás e a propósito
O esquema de segurança dos Jogos
promete trabalhar com o conceito de
“baixa ostensividade”. Para não passar um
clima de guerra aos cariocas e turistas,
somente os policiais militares e oficiais do
exército trabalharão uniformizados e com
armas aparentes. O resto dos 85 mil
homens, a maioria deles da Força
Nacional de Segurança, ficará à paisana.
Almeidinha pelo mundo
“V
O Baile do Almeidinha, que costuma
lotar o Circo Voador, vai atravessar o
oceano e fazer suas primeiras
apresentações internacionais. Hamilton
de Holanda e sua orquestra Magnífica
estarão no Montreux Jazz Festival, na
Suíça, dia 10 de julho e, seis dias depois,
fazem o baile queridinho dos cariocas na
estreia do festival Mimo, em Amarante,
Portugal. A noite terá a participação da
catalã Silvia Pérez Cruz.
Efeito VLT
O estilo dele. Jorge Farjalla: diretor aposta em espetáculos ousados e fora do lugar comum
J
orge Farjalla estreou na direção de
grandes atrizes no teatro mostrando
a que veio. É dele a sugestão da nudez elegante de Letícia Spiller e também
a desconstrução de Rosamaria Murtinho — irreconhecível — em “Dorotéia”.
l
A peça comemora 60 anos de carreira de
Rosamaria e está em turnê pelo Brasil.
Assim como neste espetáculo, as montagens anteriores do diretor foram ousa-
das, com o nu sempre presente. Em
“Dante’s inferno” todo o elenco ficava
pelado. “Há um porquê nas minhas exposições do corpo. O desnudamento
vem de dentro, o físico é consequência”.
l
“Gratuito ou não, sempre há algo a dizer
com isso”, continua. Farjalla já tem um
novo trabalho com Letícia Spiller engatilhado: o texto “hamletmaschine”, de Heiner Müller — à sua maneira, claro.
UMA PONTE MUSICAL PARIS-RIO
ERIC GARAULT / DIVULGAÇÃO
A chegada do VLT e do Museu do
Amanhã à agora movimentada Praça
Mauá está provocando mudanças
significativas no comércio do Centro. O
restaurante Mosteiro, por exemplo, vai
passar a abrir para almoço aos sábados e
domingos — o que nunca aconteceu em
seus 52 anos de funcionamento em
frente ao Mosteiro de São Bento.
Comer bem
O ponto onde funcionava o Botequim
Informal, na Praça Nossa Senhora da Paz,
em Ipanema, vai virar uma trattoria
italiana. No Leblon, a loja onde se instalou
a reencarnação do Garcia & Rodrigues, na
Dias Ferreira, será ocupada em breve pelo
vizinho Stuzzi, gastrobar moderninho
que vai dobrar de tamanho.
A Suderj informa
Mudança no elenco de “Herivelto como
conheci”. Totia Meireles fará o papel que
foi de Marília Pêra até 2014 na nova
temporada do espetáculo de Cacau
Hygino e Yaçanã Martins.
Rio $urreal
Uma empada no boteco Cabidinho, em
Botafogo, está custando R$ 13.
‘O Schwarzenegger é um
grande amigo’, diz brasileira
DIVULGAÇÃO
ocê?! Não disse às 21?!”
“São 21!”
“Exatamente. Você chegou muito cedo. Cara, que saco!, você chega sempre cedo demais.”
A verdade — juro! — é que faço um enorme esforço para chegar atrasado, mas nunca consigo.
Sempre acontece alguma coisa — calha-me na
sorte um taxista que gosta de velocidade, ou então é o trânsito que subitamente se abre para que
nós passemos, como o Mar Vermelho diante de
Moisés —, e eu acabo chegando à hora aprazada.
Geralmente, antes. Assim, passei a combinar todos os meus encontros na Travessa do Shopping
Leblon. Enquanto os meus amigos não chegam,
vou me informando sobre os novos lançamentos
e namorando títulos. O pior que pode acontecer,
caso os amigos se atrasem muito, é eu comprar
mais livros do que aqueles que o meu orçamento
permite. Talvez eu leia um pouco acima das minhas possibilidades.
Gosto muito da Travessa, como gosto, em São
Paulo, da Livraria da Vila, não apenas pelo motivo
óbvio, por causa dos livros, mas porque são espaços charmosos e acolhedores. Contudo, se tivesse
de escolher uma livraria, no mundo, onde passar
o resto dos meus dias, escolheria a Altair, em Barcelona. A Altair junta livros e viagens e só isso já
justificaria a escolha. Mas tem mais. Muito mais.
Em primeiro lugar a Altair não expõe apenas alguns livros de viagens. Estão todos lá. Ou assim
parece ser. São milhares e milhares de títulos, em
vários idiomas, além de mapas dos lugares mais
improváveis e inexplorados. Logo à entrada da livraria, que se distribui por dois andares, numa
área enorme, existe uma parede onde qualquer
viajante pode deixar notas. Há leitores que deixam as suas impressões e sugestões de viagem e
outros que buscam parceiros de aventura; uns
que alugam quartos em cidades de que nunca ouvimos falar, e outros que procuram um livro raro,
num idioma obscuro. A livraria oferece ainda um
espaço para leitura, com cadeirões confortáveis.
Gosto de me sentar num deles como se estivesse
em casa — na casa que sempre quis ter — enquanto decido que livros levarei. Na Altair funciona ainda uma agência de viagens especializada
em roteiros exóticos. Assim, o leitor-viajante pode
adquirir os livros, mapas e ainda as passagens para o destino dos seus sonhos.
Em Lisboa há também uma livraria de viagens
de que gosto muito, a Palavra de Viajante, a qual,
embora pequena, é muito simpática e acolhedora.
Cuidado para não entrar, logo na porta ao lado, na
livraria da Chiado Editora. A primeira vez que isso
me aconteceu julguei ter transposto um portal para um universo paralelo. Ali estava eu numa livraria portuguesa, rodeado de estantes por todos os
lados, mas não era capaz de identificar um único
autor. Todos os títulos me eram estranhos. Saí. Voltei a entrar, mas os estranhos livros continuavam
lá. Só mais tarde percebi que tinham todos a mesma chancela. A Chiado Editora deve ser a editora
de língua portuguesa que mais títulos publica. É
também a menos conhecida. Os autores pagam
para serem publicados — e logo esquecidos. Os livros da Chiado raramente surgem em qualquer
outra livraria. É, com certeza, um excelente negócio para a editora. Não para os escritores.
Ainda em Lisboa aconselho uma visita à Bertrand, no Chiado, quanto mais não seja por ostentar o título de livraria mais antiga do mundo. A Ler
Devagar, no espaço da Lx Factory, instalada numa
antiga tipografia, tem sido considerada uma das
mais bonitas do mundo por publicações como
“New York Times”, “The Guardian” e muitos outros. Mais do que bonita, é um espaço originalíssimo e um paraíso para quem procura publicações
raras e mais antigas. Bonita, sim, sem qualquer dúvida, é a Lello, na cidade do Porto. O esplendor da
escadaria em madeira, que leva ao segundo andar,
é de tirar o fôlego. J.K. Rowling viveu no Porto durante alguns anos. Diz-se que a Lello inspirou a escritora britânica para criar a livraria na qual Harry
Potter e os seus colegas adquirem os livros de magia. Pode ser. Magia não lhe falta. l
2ª
|
Bom de som. Fernando Del Papa: canção de seu primeiro CD solo toca em rádio francesa
C
antor e cavaquinista, Fernando
Del Papa espalha música brasileira pela Europa desde 2000,
quando chegou à capital francesa e fundou o Club du Choro de Paris. Lá ele
também criou a Orquestra do Fubá, que
toca forró na noite parisiense, e a Asso-
ciation Roda do Cavaco, que reúne seus
alunos franceses. “Eles têm grande admiração pela nossa música, mas são
exigentes”. Fernando foca agora na carreira solo, com seu primeiro CD, “Eu
também”, que já bomba na rádio francesa Fip e está sendo lançado aqui.
U
Marcelo Gun
‘As empresas estão muito adultas’
Um dos poucos latinos convidados pela
Nasa para estudar possíveis problemas
do futuro, na Singularity University, na
Califórnia, o comediante Murilo Gun faz
sucesso no Brasil com palestras corporativas, que misturam humor, criatividade e universo empresarial.
Ele falou à coluna.
Como as empresas podem
usar o humor a seu favor?
A palavra não é humor, mas
infantilidade, criancice. Não no
sentido de bobo, mas de pensar como
criança, que imagina universos, cria cenários. As empresas se tornaram adultas demais, e adultos imaginam pouco.
l
l
Então a noção de que o ambiente de
trabalho combina com seriedade está com os dias contados?
Ainda se vive o modelo “5x2”: cinco
dias sofridos para dois felizes na semana. Criou-se a ideia de que o trabalho é
a parte ruim da vida, e aí o “eu criança” não vem. Mas empresas
inovadoras estão criando ambientes infantis. Não é só videogame, mas a consequência
de uma cultura que estimula
criatividade e imaginação.
Em suas palestras, quais as maiores
frustrações que você percebe?
A falta de clareza da cultura da empresa para a equipe. O funcionário não
sabe quem ele é, o que o move. Com os
dois sabendo disso, vêm o match.
l
Ela é carioca. Ana Leal: sócia do ator americano
A empresária carioca Ana Leal acaba de
voltar da África do Sul, onde acompanhou
uma edição do Arnold Classic. Ela é sócia
do ator e ex-governador da Califórnia,
Arnold Schwarzenegger, e responsável
pelo evento de fisiculturismo no Brasil. “Ele
se importa com as pessoas, é generoso e
tem ótimo senso de humor”, diz Ana, a
mulher por trás também da Rio Sports
Show, feira de negócios fitness, que
aconteceu até anteontem, na Marina.
U
Curtinhas
Marcela Flórido, artista plástica carioca radicada em Nova York, abre exposição no Espaço
Cultural do IBEU, em Copacabana, amanhã, 17h.
Haras Equiprime, em Teresópolis, recebe o
concurso internacional de hipismo The Number
One, de quinta a domingo.
Carlos Vergara e Natacha Fink desenvolveram
com a Jeffrey uma edição limitada de cervejas. A
degustação será no sábado, na Villa Aymoré.
Luiz Haroldo Pereira, cirurgião plástico, agora
atende também no Americas Medical City, na Barra.
l Segundo Caderno l
Segunda-feira 13 .6 .2016
O GLOBO
l 3
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA NO CELULAR
OU ACESSE NO SITE: rioshow.com.br
OS DESTAQUES DE HOJE DA PROGRAMAÇÃO CULTURAL
Cinema ‘Lolo, o filho da minha namorada’
Show Bernardo Diniz e Iara Ferreira
Havia um filho no caminho
Uma parceria pela
música brasileira
ONDE: Casa do Choro. Rua da Carioca 38, Centro (2242-9947).
QUANDO: Seg e ter, às 18h30m. QUANTO: R$ 30.
CLASSIFICAÇÃO: Livre.
Show ‘Gala di voce’
A atriz e cineasta francesa Julie Delpy (foto)
entrou para o imaginário dos cinéfilos de todo
o mundo em 1995, quando estrelou “Antes do
amanhecer”, de Richard Linklater (“Boyhood”),
ao lado de Ethan Hawke. Depois do filme, que
gerou duas continuações, acompanhando os
encontros e desencontros do casal Celine e
Jesse, Delpy estreou na direção com “Looking
for Jimmy” (2002).
Hoje, em quatro salas da cidade, o Festival
Varilux de Cinema Francês exibe o sexto longa
da realizadora, “Lolo, o filho da minha namorada”. Na comédia, Violette (a própria Delpy),
A diferença em relação
à mesmice que impera
no estilo está nos
ângulos inusitados e na
movimentação de
câmera de James Wan,
que domina a linguagem cinematográfica e
transforma os espectadores em voyeurs.
Carlos Helí de Almeida
Mario Abbade
DRAMA
COMÉDIA DRAMÁTICA
‘Paz para nós
em nossos
sonhos’
No recital “Gala di voce”,
as sopranos Marina Cyrino e Anna Hannickel,
acompanhadas pela pianista Mirna Rubim, interpretam obras de Chiquinha Gonzaga e VillaLobos, entre outros.
ONDE, QUANDO E QUANTO: Espaço Itaú de Cinema, às 15h25m
(R$ 25). Cine Maison, às 18h (Grátis). Cine Joia, às 15h25m (R$ 24).
Cinemark Downton, às 16h15m (R$ 18). CLASSIFICAÇÃO: 12 anos.
ONDE: Teatro Fashion Mall. Fashion Mall, 2º piso. Estrada da Gávea
899, São Conrado (2422-9800). QUANDO: Seg, às 21h.
QUANTO: R$ 60. CLASSIFICAÇÃO: Livre.
‘Invocação
do mal 2’
Nelson Xavier, em caracterização particularmente difícil, consegue
transmitir a sabedoria e
o senso de humor de
seu personagem. O filme
ganhou os prêmios de
direção, ator, atriz (Juliana Paes) e fotografia no
Festival de Gramado.
Entre o clássico e o popular
uma parisiense que trabalha no mundo da moda, se envolve com Jean-René (Dany Boon), um
aficionado por computadores que decide ir a
Paris pelo relacionamento. O conto de fadas,
contudo, cai por terra quando ele conhece Lolo
(Vincent Lacoste), o mimado filho de sua namorada, que fará de tudo para romper com o relacionamento do casal.
TERROR
‘A despedida’
Os artistas apresentam as canções do
disco de estreia da
dupla, “Bené e Iáiá”, lançado no ano passado.
Além de faixas como “Wannabe”, “Jogo de
cena” e “Clichê”, o duo toca músicas inéditas.
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
O Bonequinho viu
DRAMA
‘Casamento de
verdade’
Este raro representante
do cinema da Lituânia
em nossas telas tem sua
beleza. Prestigiado em
festivais internacionais,
o filme pode sensibilizar os espectadores
envolvidos por sua
atmosfera de extremo
pessimismo.
O inferno está cheio
de boas intenções,
comprova “Casamento
de verdade”, um drama lésbico que parece
ter sido feito para
“educar” aqueles que
relutam em aceitar a
união entre pessoas
do mesmo sexo.
Susana Schild
Carlos Helí de Almeida
Artes visuais
A POESIA
DESVELADA
NA OBRA DE
ARNALDO
ANTUNES
DIVULGAÇÃO
Herdeiro da tradição visual concreta,
o músico e artista tira a palavra de
seu lugar comum na mostra em que
apresenta 30 anos de sua trajetória
Crítica
“PALAVRA EM MOVIMENTO”
ONDE: Centro Cultural Correios — Rua Visconde de Itaboraí 20
(2253-1580). QUANDO: Ter. a dom., das 12h às 19h. Até 17/7.
QUANTO: Grátis. CLASSIFICAÇÃO: Livre.
“Objeto A”. Olhar pop na colagem feita a partir da da observação das imagens e subversão do uso do alfabeto
LUISA DUARTE
[email protected]
A
exposição “Palavra em movimento”, de
Arnaldo Antunes, com curadoria de Daniel Rangel, traz a produção visual desse
artista múltiplo. Conhecido popularmente por
seus anos como integrante dos Titãs e, posteriormente, por suas parcerias com Marisa Monte,
Arnaldo, desde antes dos anos da banda de
rock, e até hoje, sempre foi poeta. Um artista pa-
ra quem a palavra está no eixo do jogo que busca
dar outros sentidos para o mundo e à forma com
que nos relacionamos com ele. E se a linguagem
das palavras é a principal entre todas para que essa relação ocorra, realizar torções nesse lugar é alterar percepções fundamentais e cotidianas.
Herdeira da tradição da poesia concreta, a poesia visual do artista lida com questões que fa-
zem da dimensão imagética e objectual tão ou
mais importante do que a sua face narrativa,
bem como encontra-se ali uma subversão do
uso do alfabeto tal como o conhecemos a fim
de instaurar rotas inauditas para a criação. Assim, trata-se de fazer da forma o depositário do
que se quer dizer, e não mero instrumento de
comunicação de algo que lhe é exterior.
A Galeria de Arte Ibeu (3816-9473)
inaugura às 19h a exposição “Sinais
de amor e pinturas recentes”, da
artista Marcela Flórido, com curadoria
de Gaby Collins-Fernandez.
l
QUARTA, DIA 15
A Galeria Mercedes Viegas
(2294-4305) exibe a partir das 15h a
produção recente de Vânia Mignone. A
artista apresenta colagens, pinturas
sobre MDF e técnica mista sobre
papel, num total de 28 trabalhos.
l
QUINTA, DIA 16
O Museu de Arte Contemporânea
— MAC (2620-2400), em Niterói,
reabre ao público, às 18h, após 18
meses em obras., com três
exposições: “Ephemera: diálogos
entre-vistas”, exibe obras da coleção
MAC-Sattamini, com curadoria de
Luiz Guilherme Vergara; “A arte de
contar histórias” reúne obras de
l
artistas brasileiros e estrangeiros, com
curadoria da norueguesa Selene Wendt;
e a individual “Da escuta da matéria aos
escombros do ser”, instalação sonora do
artista Marcelo Armani.
l A Galeria Monique Paton
(2283-0560) inaugura às 19h a
exposição “Desejo inverso”, com
desenhos e pinturas do paulista Sidnei
Amaral. Curadoria de Mariana Coggiola.
SEXTA, DIA 17
Simone Cupello inaugura às 19h, no
Centro Cultural Justiça Federal
(3261-2550) a mostra “Olhares
privados”. A artista exibe fotografias
apresentadas, em sua maioria, na forma
de esculturas fotográficas.
l Como parte do FotoRio, Marcelo
Macedo exibe a partir das 18h, no Espaço
Sérgio Porto (2535-3846), a mostra
“Travessia”. O fotógrafo garimpou em feira
de antiguidades álbuns familiares que
serviram de base para intervenções
gráficas. Curadoria de Julieta Roitman.
l
SÁBADO, DIA 18
O evento “Permanências e
destruições”, programa de arte pública
do Oi Futuro, ocupa a Torre H (Avenida
das Américas 1.245), projetada por
Oscar Niemeyer na Barra da Tijuca, e
jamais concluída. Das 10h às 16h, os
artistas Angelo Venosa, Daniel
Albuquerque, Janaina Wagner, Igor
Vidor, Anton Steenbock e a dupla This
Land Your Land fazem performances,
instalações e intervenções no prédio.
l O Arte Clube Jacarandá abre ao
público, a partir das 15h, um novo
espaço, o Jacarandá, na Villa Aymoré, na
Glória, com a exposição “Do clube para a
praça”. Organizada por Luisa Duarte, a
mostra reúne obras de 26 artistas, entre
eles Carlito Carvalhosa, Cadu, Carlos
Vergara, Cabelo, Daniel Senise, Everardo
Miranda, Luiz Zerbini, Marcos Chaves,
Vicente de Mello, Raul Mourão e
Waltercio Caldas. Na ocasião, será
lançado o número 2 da revista
“Jacaranda”.
l
DE UM OBJETO DO COTIDIANO, “MAR MEL”
No pequeno objeto intitulado “Mar Mel”
(2008), testemunha-se muitas das estratégias
utilizadas pelo artista ao longo de sua trajetória.
Dois maços de cigarros, Marlboro e Camel, foram apropriados. Em seguida, cada um deles
foi seccionado de maneira a termos a metade
de cada um formando um só maço feito da junção de ambos. Da decomposição do primeiro
restou uma das mais belas palavras da língua
portuguesa, mar. Do segundo, mel. De dois maços de cigarro, objetos do cotidiano que costumam passar completamente desapercebidos,
vítimas do hábito que entorpece o olhar, Arnaldo encontra a possibilidade de construção poética. E não somente isso,acha ali, em entes associados a um universo bruto, a suavidade, a
delicadeza e a promessa de conforto guardadas
nas palavras mar e mel. Ou seja, o avesso do
que aqueles maços fadados ao esquecimento
originalmente transmitiam ao mundo.
Esse exemplo de subversão que desvela o
mais próximo em sua insuspeita face poética
ocorre em vários outros trabalhos da exposição. Na porta que nos faz chegar onde já estávamos, no guarda-chuva que torna-se sol, nos
letreiros das cidades tornados poemas. “Palavra em movimento” é uma mostra que traz a
produção de mais de 30 anos de um de nossos
maiores artistas. Com Arnaldo Antunes aprendemos achar o novo, de novo, para usar uma
expressão de Tunga, seu amigo e parceiro. l
Em Nova York
Agenda da semana
AMANHÃ
Ao longo da exposição testemunhamos essa
intenção poética de linhagem concreta, mas
também pop e punk, ocorrendo em inúmeros
meios. Vídeo, fotografia, instalação, objeto,
monotipias, som, voz. Se a palavra é o denominador comum, os meios para provocá-la a
sair de seu lugar comum são vários.
Desde as colagens da série “Oráculo”, de 1981,
vê-se a obsessão de Arnaldo em dar materialidade à palavra escrita, desconstruindo-a para
construir novamente. Vê-se igualmente aqui um
olho já pop e punk, característica que dará uma
visualidade familiar aos seus trabalhos, pois aliada a uma dimensão da indústria cultural e de
uma esfera popular do consumo de imagens.
O artista japonês Masao Yamamoto
faz sua primeira exposição no novo
espaço da galeria Marcelo Guarnieri
(2523-6157), das 11h às 17h, com três
séries de fotografias: “A box of Ku”,
“Nakazora” e “Kawa=Flow”. Ele
apresenta ainda cinco “caixas-poemas”
— cada uma tem em seu interior uma
série de fotografias e um haikai — e
pequenos livros produzidos à mão. O
texto do catálogo é de Agnaldo Farias.
l Às 17h, a artista visual Odaraya Mello,
autora de “Fagun”, um livro de poemas
e origamis, é a convidada da roda de
ativação da mostra “Leituras para
mover o centro”, de Ana Hupe, no
CCBB (3808-2020). Entrada franca.
l
DOMINGO, DIA 19
Às 14h, o Museu de Arte do Rio —
MAR (3031-2741) realiza a atividade
educativa “Mínimo necessário para”. Já
às 15h, acontece a conversa de galeria
especial com um convidado do
programa Vizinhos do MAR.
l
De Fortaleza
MoMA celebra Lloyd Vigor da Coleção
Wright em 2017
Edson Queiroz
O MoMA de Nova York vai homenagear os 150 anos de nascimento de Frank Lloyd Wright,
em 2017, com uma grande exposição sobre o arquiteto americano, um dos nomes mais relevantes da área no século XX. A mostra, a ser inaugurada em junho
com 450 obras, pretende estimular um debate crítico sobre o designer e intelectual que utilizou
novas tecnologias e materiais,
antecipando teorias relacionadas à natureza, ao planejamento
urbano e a políticas sociais.l
A Fundação Edson Queiroz,
de Fortaleza, abre nesta quinta uma exposição portentosa,
com 250 obras dos principais
nomes da arte brasileira, com
curadoria de Fábio Magalhães, José Roberto Teixeira e
Max Perlingeiro. Um recorte
da coleção também será exibido a partir do dia 26 na
Fundação Iberê Camargo, em
Porto Alegre: “Arte moderna
na Coleção da Fundação Edson Queiroz” reúne 76 obras
do modernismo brasileiro.l
4
l O GLOBO
l Segundo Caderno l
Segunda-feira 13 .6 .2016
Os destaques de hoje na TV
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
Paramount Channel, 22h
Com sotaque inglês
Criador de “Downton Abbey”,
Julian Fellowes assina “Doctor Thorne”, série de três
episódios sobre a
história de Mary
Thorne (Stefanie
Martini), moça que
cresce sob a tutela do
avô (Tom Hollander).
Natalia Castro
natalia.castro@
oglobo.com.br
Nat Geo, 22h45m
Globo, 8:50m
Discovery, 21h30m
Record, 22h30m
‘Férias na prisão’
‘Mais você’
‘Guerra ao tráfico’
‘Xuxa Meneghel’
A décima temporada da
série começa com o drama
real de Tabitha Ritchie, canadense de 28 anos que vai
para a Colômbia atrás de
uma vida nova e se dá mal
ao se meter com drogas.
O matinal de Ana Maria
Braga inicia nova temporada do “Jogo de panelas”, em
que cinco anônimos revelam suas habilidades gastronômicas na busca do prêmio de R$ 10 mil.
São nove episódios que
mostram as operações da
polícia internacional para
evitar que carregamentos de
drogas cheguem a seu destino final. O primeiro episódio é no Panamá.
A apresentadora recebe os
comediantes Fábio Porchat,
Luis Lobianco e Tati Lopeso,
todos do “Porta dos fundos”,
para falar sobre a repercussão do vídeo em que Xuxa
faz participação especial.
Horóscopo
POR CLAUDIA LISBOA
(21/3 a 20/4)
Elemento: Fogo. Modalidade:
Impulsivo. Signo complementar:
Libra. Regente: Marte.
Em tempos de crise e de tensão, é
preciso respeitar tudo o que, dentro
e fora de si, foge ao seu controle. É
tempo de compreender que o que
dói pode ser transformado em
experiência e maturidade.
LIBRA
(23/9 a 22/10)
Elemento: Ar. Modalidade:
Impulsivo. Signo complementar:
Áries. Regente: Vênus.
O desejo de viver intensamente
evita que os relacionamentos se
tornem superficiais. É tempo de
confiar na potência dos encontros
capazes de produzir mudanças
profundas no seu modo de ser.
TOURO
(21/4 a 20/5)
Elemento: Terra. Modalidade: Fixo.
Signo complementar: Escorpião.
Regente: Vênus.
Ao utilizar a imaginação, é possível
captar os recursos que necessita
para levar adiante as suas realizações. É tempo de dar um voto de
confiança à intuição e usufruir os
bons resultados obtidos.
ESCORPIÃO
(23/10 a 21/11)
Elemento: Água. Modalidade: Fixo.
Signo complementar: Touro.
Regente: Plutão.
Você pode ser invadido pela sensação de frustração, ainda que não
exista algum fato contribuindo para
isso. É tempo de focar nas questões
internas para ter equilíbrio para
lidar com os problemas externos.
GÊMEOS
(21/5 a 20/6)
Elemento: Ar. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Sagitário.
Regente: Mercúrio.
Mesmo que você tenha excelentes
ideias, a arte de viver bem também inclui a possibilidade de
realizá-las. É tempo de dar vida de
forma prática às ideias que já
foram elaboradas no plano mental.
SAGITÁRIO
(22/11 a 21/12)
Elemento: Fogo. Modalidade:
Mutável. Signo complementar:
Gêmeos. Regente: Júpiter.
Acreditar que tudo vai dar certo
sem agir para que algo aconteça
pode provocar revezes. É tempo
de acolher as frustrações e ser
hábil para aprender tanto com os
acertos quanto com os erros.
CÂNCER
LEÃO
(21/6 a 22/7)
Elemento: Água. Modalidade:
Impulsivo. Signo complementar:
Capricórnio. Regente: Lua.
(23/7 a 22/8)
Elemento: Fogo. Modalidade: Fixo.
Signo complementar: Aquário.
Regente: Sol.
É admirável a prudência que,
entre outras coisas, significa
responder pelos próprios atos. É
tempo de medir com cuidado
cada ação para ter a consciência
das possíveis consequências.
Estilo é uma marca registrada que
você imprime no que produz e na
forma como se relaciona. É tempo
de se organizar para não deixar
que a falta de atenção ofusque
sua singularidade.
CAPRICÓRNIO
(22/12 a 20/1)
Elemento: Terra. Modalidade:
Impulsivo. Signo complementar:
Câncer. Regente: Saturno.
AQUÁRIO
Quando o que você faz não o
realiza, é preciso visualizar alguma
mudança que permita a abertura
de novas possibilidades. É tempo
de poder interferir no desconforto
sem destruir o que está saudável.
(21/1 a 19/2)
Elemento: Ar. Modalidade: Fixo.
Signo complementar: Leão.
Regente: Urano.
Cultivar a disciplina pode ser um
bom modo de facilitar a expressão
da criatividade. É tempo de se
organizar para tornar a vida mais
prática, respeitando, entretanto, a
manutenção da liberdade.
Logodesafio
POR SÔNIA PERDIGÃO
VIRGEM
(23/8 a 22/9)
Elemento: Terra. Modalidade:
Mutável. Signo complementar:
Peixes. Regente: Mercúrio.
O que se pode obter no futuro
depende das ações no presente,
garantindo, assim, um resultado
mais previsível. É tempo de caminhar passo a passo, até conseguir
realizar as metas estabelecidas.
PEIXES
(20/2 a 20/3)
Elemento: Água. Modalidade:
Mutável. Signo complementar:
Virgem. Regente: Netuno.
É possível que os sentimentos
mudem repentinamente, dando
lugar a desejos estranhos à sua
rotina. É tempo de acolher as
experiências que possibilitem a
vivência de novas emoções.
Foram encontradas 19 palavras: 8 de 5 letras, 7 de
6 letras, 3 de 7 letras, 1 de 8 letras, além da palavra
original. Com a sequência de letras SO foram
encontradas 16 palavras.
Instruções: Encontrar a palavra original utilizando
todas as letras contidas apenas no quadro maior.
Com estas mesmas letras formar o maior número
possível de palavras de 5 letras ou mais. Achar
outras palavras (de 4 letras ou mais) com o auxílio
da sequência de letras do quadro menor. As letras
só poderão ser usadas uma vez em cada palavra.
Não valem verbos, plurais e nomes próprios.
Solução: dente, dever, entre, pente, rente, tripé, verde, vinte; dentre, inerte, perene,
pivete, revide, vedete, ventre; pedinte, repente, vidente; evidente; PREVIDENTE. Com a
sequência de letras SO: denso, diverso, inverso, peso, piso, preso, pretenso, riso, sopé,
sorte, sorvete, soviete, tenso, teso, verso, visor.
ÁRIES
Expediente
EDITORA: FÁTIMA SÁ [email protected] l EDITORES ASSISTENTES: CRISTINA FIBE [email protected],
EDUARDO FRADKIN [email protected], EDUARDO RODRIGUES [email protected], GABRIELA GOULART
[email protected], HELENA ARAGÃO [email protected] l DIAGRAMAÇÃO: MARIANA MORGADO, PAULA
FABRIS E TOMÁS BREVES l TELEFONES: REDAÇÃO: 2534-5703 l PUBLICIDADE: 2534-4310 [email protected] l
CORRESPONDÊNCIA: Rua Irineu Marinho 35, 2º andar. CEP: 20233-900
l Segundo Caderno l
Segunda-feira 13 .6 .2016
[email protected]
PATRÍCIA
KOGUT
FALAM
DE AMOR
Bruna Lombardi vai reviver o
programa “Gente de expressão”, que
foi ao ar na Manchete e na
Bandeirantes nos anos 90. Ela fará
isso num portal que prepara para
lançar em breve. A bela produzirá
novas entrevistas, que ficarão junto
com o material de arquivo.
10
0
Para Marisa Orth, pela
Francesca de “Haja coração”,
novela de Daniel Ortiz
dirigida por Fred Mayrink. A
atriz, muito mais vista
fazendo personagens
cômicos, está bem neste
papel dramático.
Para certos letreiros em
programas populares. Eles
ultrapassam até os limites de
tais programas. Por exemplo,
numa entrevista de Sabrina
Boing Boing ao “TV Fama”,
lia-se: “Vai explodir!”. Ui.
DIVULGAÇÃO
Caminho de volta
Ainda ‘Rocky story’
Depois de muitos anos na
Record, Rocco Pitanga vai
fazer novela na Globo. Ele
será o advogado do
personagem de Vladimir
Brichta em “Rock story”, nova
trama das 19h.
E falando na história de Maria
Helena Nascimento, Ana
Beatriz Nogueira foi
convidada por Dennis
Carvalho — e aceitou. Ela será
a mãe do personagem de
Rafael Vitti.
DE CARA
NOVA
Maria Beltrão
posa
no novo cenário
do “Estúdio i”,
programa que
apresenta na
GloboNews.
Entre as
novidades,
haverá quatro
monitores de
TV mostrando a
participação
dos internautas
nas redes
sociais
ENTREVISTA Ted Sarandos
‘QUEREMOS INVESTIR
NO CINEMA BRASILEIRO’
Executivo-chefe de conteúdo da Netflix diz mirar mercado nacional
e afirma que a curto prazo não haverá publicidade em séries e filmes
ANDRÉ MIRANDA
[email protected]
A
Netflix divulgou na semana passada uma
nova pesquisa sobre os hábitos de consumo entre seus assinantes, dividindo as séries exibidas entre “devoradas” e “saboreadas”.
Na primeira categoria se enquadram as que são
assistidas em pouco tempo pelo espectador, sobretudo suspenses (como “Breaking bad”) e terrores (“The walking dead”), enquanto na segunda estão programas vistos paulatinamente, como comédias (“BoJack Horseman”) e dramas
políticos (“House of cards”). Nenhum desses
exemplos, contudo, ainda é originalmente falado em português. Mas isso pode mudar.
Em entrevista ao GLOBO, o executivo-chefe de
conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, diz que a empresa planeja investir na produção brasileira. Atualmente a Netflix produz no Brasil a série “3%”,
com direção de Cesar Charlone, ainda sem data
de estreia, e já anunciou que vai se reunir com o
cineasta José Padilha para a discutir a série que o
diretor brasileiro prepara sobre a Operação LavaJato. Para Sarandos, o potencial é grande num país em que a série mais ‘‘saboreada’’ é “House of
cards” (no mundo é “BoJack Horseman”) e a mais
“devorada” é “The fall” (a mesma no mundo).
Existe algum equilíbrio ideal entre as séries
‘‘devoradas’’ e ‘‘saboreadas’’? Alguma é melhor do que a outra para os negócios?
Eu acho que as pessoas assistem a uma mistura
delas. Uma das grandes mudanças é que as pessoas passaram a ver uma série inteira antes de assistir a outra. Em vez de você ver uma série na
noite de quarta, uma na quinta e outra no sábado,
você prefere uma maratona inteira de “Breaking
bad’’ e só depois parte para o próximo programa.
O que nós fazemos é ter as opções que se enquadrem em todos os gêneros.
l
A Netflix é conhecida pelo uso constante de dados estatísticos para determinar os gostos dos assinantes e então tomar decisões sobre a produ-
l
l 5
PAULO SEVERO
Eis o elenco de “A reunificação das duas Coreias”: Marcelo
Valle, Bianca Byington, Gustavo Machado, Solange Badim,
Verônica Debom, Reiner Tenente e Louise Cardoso. A
peça estreia no dia 24, com direção de João Fonseca
COM FLORENÇA MAZZA, ANNA LUIZA SANTIAGO
E RAFAELA SANTOS
EXPRESSÃO ETERNA
O GLOBO
ção ou exibição do conteúdo. Mas e a intuição? Ela não exerce papel na empresa?
Nós usamos algoritmos para determinar
as possibilidades econômicas de uma série, mas não na decisão criativa de qual série produzir. Definitivamente o que fazemos é mesclar os dados e a intuição. É
um modelo que tem se mostrado bemsucedido até agora.
O quanto o Brasil é importante para os negócios da Netflix? Sei que
vocês não costumam dizer números de assinantes, mas eu preciso
perguntar: quantos assinantes há
no país?
Não posso abrir os números do Brasil, mas é um dos nossos mercados
que mais crescem. Foi um dos nossos
primeiros territórios internacionais, e
acho que ter chegado cedo aí nos ajudou a desenvolver boas estratégias
de programação; boas relações bancárias, o que faz com que os pagamentos com cartão de crédito funcionem bem; e um melhor conhecimento do gosto dos brasileiros. E
também acho que vamos bem no
Brasil porque, antes de a Netflix
chegar, havia um limite de escolhas. Nós trouxemos mais opções.
JOÃO COTTA/ TV GLOBO
PRESTE
ATENÇÃO
Autor da peça “Cartola, o musical. O mundo é um moinho”, Artur Xexéo
com Nilcemar Nogueira, neta do compositor, e Flávio Bauraqui, que o
interpretará. O elenco foi escolhido depois de testes em São Paulo
SEM
TEMPO
Passarela
Uma saudade
João Vicente de Castro,
que fez sucesso no Baile
da Vogue, foi escalado
pelo GNT para fazer a
cobertura do desfile de
abertura do Rio Moda Rio,
amanhã, no Píer Mauá. No
time titular, estarão Lilian
Pacce, Mariana Weickert e
Caio Braz.
Na próxima sexta, quando
faz dez anos da morte de
Bussunda, o Viva exibirá um
especial. Os amigos e
companheiros no “Casseta
& Planeta” Hélio de la Peña,
Cláudio Manoel, Beto Silva
e Marcelo Madureira
gravaram depoimentos que
serão misturados ao
material de arquivo.
Por
incompatibilidade de
agendas,
Nuno Leal
Filho não
poderá fazer
“Haja
coração”. Ele
foi convidado
para o papel
que seria
inicialmente
de Leopoldo
Pacheco. A
produção
ainda está
à procura
de um ator
para o
personagem,
um
cinquentão
que tem
Transtorno
Obsessivo
Compulsivo.
Sobe
A audiência de “Êta mundo
bom!”, no ar há quatro
meses, é motivo de festa nos
bastidores da Globo. A
média de maio (PNT) foi de
30 pontos, cinco a mais do
que no mês da estreia. Esse
crescimento é no país todo.
Em Porto Alegre, por
exemplo, a novela subiu de
24, em janeiro, para 34. Nas
mídias sociais, a trama
também é sucesso. Até o
burro Policarpo aparece nos
trending topics do Twitter
com regularidade.
Exportação.
Para Sarandos,
a série brasileira
“3%” “vai viajar
bem para todo o
mundo”
Independente
A produtora Giros começará
a gravar em julho “De mala
e cuia”, uma série
documental infantil. Em 13
episódios, a atração
acompanhará uma criança
na terra natal de seu avô
imigrante, descobrindo as
raízes de sua família.
NA WEB
patriciakogut.com
O mundo da televisão passa
por aqui. Visite.
contato e nossa relação foi parar em ‘‘Narcos’’ e depois no projeto em que ele trabalha agora. Já ‘‘3%’’
é bem diferente, é voltada para um público mais
jovem, é uma ficção científica distópica. É uma série feita no Brasil, em português e acho que vai viajar bem para todo o mundo.
Mas existe uma meta para a produção de séries originais no Brasil?
Não temos uma meta definida, mas é importante dizer que também não temos um limite
para o que podemos produzir no Brasil. Estamos atrás de boas séries e bons roteiristas, e o
Brasil está cheio deles.
l
E quanto à produção de filmes? Existe algo
em vista para o Brasil?
Queremos investir no cinema brasileiro. Há tão
ANA B
poucos filmes brasileiros que viajam para
RANCO
fora do Brasil e alcançam uma audiência global. Então a gente vê isso
como uma oportunidade com a
qual pretendemos trabalhar.
l
Recentemente foram publicadas notícias de que a
Netflix realizou testes para a inserção de publicidade...
Isso não é verdade.
l
l
l Atualmente vocês têm uma série original sendo produzida no
Brasil, a ‘‘3%’’, e anunciaram uma
outra, que será dirigida pelo José
Padilha. Há mais a caminho?
A beleza do Brasil é que se trata
de um mercado maravilhoso,
com grandes contadores de história, e já com uma boa infraestrutura de produção. José foi uma das
primeiras pessoas que eu conheci
quando estava pesquisando sobre
o mercado brasileiro, mantivemos
Mas é uma notícia recorrente. São comuns
os boatos sobre a Netflix começar a vender
espaço publicitário.
As pessoas espalham
esses boatos porque
odeiam a possibilidade.
Mas, a curto prazo, nós
não planejamos colocar
propaganda na Netflix.
l
l Muitos diretores de
cinema produziram ou
anunciaram parcerias
com a Netflix. O que faz
os cineastas deixarem
de lado o lançamento
no cinema e aceitarem a
ideia do streaming?
Os diretores querem
que seus filmes sejam
culturalmente relevantes.
Antigamente isso significava estar num cinema,
mas hoje a Netflix oferece
essa relevância cultural.
Por exemplo, em dezembro todo o mundo falou
sobre nossa série “Making
a murderer”. Nós conseguimos fazer de um filme um
assunto global. Sua exibição no
cinema não chega perto disso. l
6
l O GLOBO
l Segundo Caderno l
E
E-mail: [email protected]
m 1928, o escritor e crítico
americano S. S. Van Dine,
criador do detetive Philo
Vance, publicou sua lista de
20 regras para escrever um
bom romance policial. Como sabemos, listas costumam ser reducionistas e
mais atrapalham do que ajudam, principalmente
quando o assunto é literatura. São raras as regras
para se escrever boa literatura, se é que elas existem. De todo modo, para os interessados no gênero policial, a lista de Van Dine tem relevância
histórica e ajuda a entender alguns elementos da
literatura policial hoje. Abaixo, escolhi e comentei algumas regras (ficaria enorme se comentasse
todas), mostrando que poucas ainda são pertinentes — a maioria perdeu sentido e chega a ser
engraçada ou patética. Vale conhecer:
1.
O leitor deve ter oportunidade igual a
do detetive de solucionar o mistério. Todas as pistas devem ser claramente descritas
e enunciadas.
Para o leitor da Era de Ouro, o romance policial era, antes de tudo, um torneio intelectual,
uma espécie de “livro-jogo” que o desafiava.
Whodunit (quem matou?) era tanto o gênero
quanto o objetivo do leitor ao buscar esses romances. Não bastava ler, era preciso desvendar
o quebra-cabeças também. Assim, leitor e detetive deveriam ter acesso às mesmas informações
na “disputa” de quem desvendaria o final primeiro. A meu ver, é uma regra ainda válida:
apenas nos romances policiais ruins o autor surge com um elemento que não havia aparecido
antes e resolve toda a situação.
2.
Nenhum truque ou tapeação proposital
deve ser utilizado pelo autor, senão os
RAPHAEL MONTES
AS REGRAS DO MISTÉRIO
que tenham sido legitimamente empregados
pelo criminoso contra o próprio detetive.
Naturalmente, “tapeações” narrativas e de linguagem são muitíssimo interessantes. Há ótimos
livros policiais que se utilizam da perspectiva do
personagem (normalmente, em primeira pessoa) para fazer o leitor tomar um partido ou
acreditar em uma versão dos fatos.
3.
Não deve haver interesse amoroso no entrecho. Trazer amor à cena é atravancar a
obra puramente intelectual com sentimentos
que não vêm ao caso. A questão a ser deslindada é a de levar o criminoso ao tribunal e não a de
levar um casal enamorado ao altar.
A regra não faz mais sentido. No estilo clássico,
os personagens não mereciam grandes aprofundamentos psicológicos e serviam de peças ao “livro-jogo”. Nesse contexto, entrechos amorosos
não tinham mesmo vez. Hoje em dia, há vários
romances policiais românticos e que exploram
justamente a intriga amorosa.
4.
Jamais o detetive ou algum investigador
deve ser o culpado. Isso seria tapeação a
mais deslavada, correspondente a oferecer a
alguém uma moeda de níquel, nova e luzidia,
em troca de uma moeda de ouro maciço. Seria
impostura.
Na época de sua publicação, a lista de Van Dine ficou tão famosa que diversos autores trataram de escrever romances que quebrassem suas
regras. Agatha Christie, Edgar Wallace, Erle
Stanley Gardner escreveram livros em que o assassino era o investigador.
5.
O culpado deve ser identificado mediante
deduções lógicas e não por acidente, coincidência ou confissão forçada. O contrário disso
seria mostrar ao leitor que todo o seu trabalho
de dedução foi inútil, pois o tempo todo tinha o
nome do criminoso escondido na manga do paletó. O autor assim não passa de um brincalhão.
Assino embaixo. A base do romance policial é a
trama bem arquitetada, com sequências lógicas e
personagens fortes, como reafirma a regra 10.
10.
O culpado sempre deve ser uma pessoa
que tenha desempenhado um papel
mais ou menos importante na história, isto é, alguém que o leitor conheça e o interesse. Acusar
do crime, no último capítulo, uma personagem
DINAMÁ
QUINA
Vo
C
v
de pes endas e fech lbeat refresc om peso e m
a
os pes
a
m
ados c egafestiv o rock, bom elodia,
omo Bla
al na B
élg ba nas
ck Sab
bath e ica ao lado
Iron Ma
iden
DIVULGAÇÃO/NATHAN GALLAGHER
Segunda-feira 13 .6 .2016
que acaba de introduzir ou que desempenhou
na intriga um papel completamente insuficiente seria, da parte do autor, confessar sua incapacidade de medir-se com o leitor.
11.
O autor nunca deve escolher o criminoso entre o pessoal doméstico, tais
como criado, mordomo, lacaio, crupiê, cozinheiro ou outros. Há nisso uma objeção de
princípio, pois é uma solução fácil demais. O
culpado deve ser alguém que valha a pena.
A regra é absurda, claro, mas traz uma curiosidade: no fim da época vitoriana na Inglaterra,
quando o gênero policial nascia, alguns autores
apontavam, de preferência, elementos da criadagem como criminosos. Na época, G. Bernard
Shaw chegou a comentar que “a aristocracia inglesa é tão esnobe e preguiçosa que até para cometer um crime manda que seu mordomo o faça”. Daqui, surgiu o senso comum de que o mordomo é sempre o culpado.
15.
A verdade do problema deve estar
bem à vista em todos os momentos
da narrativa. O leitor tem que ser arguto para
perceber. Quando o leitor, chegando à última
página, recomeça a leitura deve pensar: Puxa, por que eu não percebi isso? O leitor tem
que se convencer que não é tão arguto quanto o detetive. Uma novela de mistério nunca
será de mistério para todos os leitores, pois
alguns deles descobrirão o assassino antes
do detetive.
Hoje em dia, há diversos romances policiais
sem o elemento “final surpresa” — acredito
que esta seja uma tendência do policial contemporâneo. Ainda assim, é uma delícia chegar ao final de um mistério e perceber que foi
enganado o tempo todo, não? Boa leitura a
todos! l
O BALÉ DOS BALÉS,
EM MOMENTO
SUBLIME DA ARTE
Dança
Crítica
“O LAGO DOS CINES”
ONDE: Teatro Municipal — Praça Floriano
s/n, Centro (2299-1711). QUANDO: 14, 15, 17 e
18 de junho, às 20h. QUANTO: De R$ 36 a
R$ 600. CLASSIIFICAÇÃO: Livre.
COTAÇÃO: Ótimo
ADRIANA PAVLOVA
[email protected]
N
Sucesso. Jon Larsen (à esquerda), Michael Poulsen e Rob Caggiano: o Volbeat chegou ao terceiro lugar da iTunes Store, em meio a ícones do pop
BERNARDO ARAUJO
[email protected]
O
tradicional festival Graspop, na
Bélgica, que começa na próxima sexta-feira, é o sonho dourado de qualquer metaleiro: entre as
principais atrações estão o Black Sabbath, em sua turnê de despedida, e o
Iron Maiden; logo abaixo, Slayer, Megadeth, Anthrax, Ghost, King Diamond...
o povo de Belzebu todo estará lá. No
meio de tantos dinossauros, chama a
atenção exatamente o headliner do sábado, dia 18, que se apresenta depois
do rolo compressor do Slayer.
— É uma honra, estamos muito orgulhosos — diz Michael Poulsen, dinamarquês de 41 anos, cantor, guitarrista e
principal compositor do Volbeat. — Sabemos que, hoje, não somos uma banda
lendária como tantas que estão no festival. É uma grande satisfação estar ao lado do Black Sabbath, que vai se aposentar, e seguir carregando a bandeira.
Fundado em 2001 quando Poulsen se
cansou de fazer death metal com a banda Dominus, o Volbeat, que tem Jon Larsen na bateria e Rob Caggiano (ex-Anthrax) na guitarra, não é exatamente
uma banda de heavy metal. Apesar das
guitarras de chumbo, a banda tem influências como o rock tradicional de Elvis
Presley e Johnny Cash — o que ajuda a
explicar seu sucesso: o seu disco recémlançado, “Seal the deal & let’s boogie”, estava, no fim da semana passada, em terceiro lugar na lista dos mais vendidos da
iTunes Stores, no meio de Beyoncés,
Nicks Jonases e Drakes. No Spotify, suas
cinco músicas mais populares somam
mais de 130 milhões de execuções. Parece incrível: uma banda de rock de sucesso em pleno 2016.
— O importante, para mim, é sempre a
melodia — diz Poulsen, que calcula ter
composto 95% do novo disco. — Tiramos um ano de folga, e fiquei compondo
em casa. No meio de uma tonelada de
material, fui reunindo as músicas que tinham mais a ver umas com as outras. A
influência do heavy metal é clara, mas
acho que fizemos um disco de rock.
DE MARIE A MARY JANE
Aos 15 anos de carreira, o Volbeat já tem
uma história. Ao longo dela, são frequentes os nomes de mulheres nas músicas,
como no sucesso “Lola Montez” e nas novas “Marie Laveau” e “Mary Jane Kelly”.
— Eu gosto de mergulhar nas histórias
das pessoas — diz ele. — Mary Jane Kelly
foi a última vítima de Jack, o Estripador, e
pouco se sabe sobre ela; Mary Laveau é
mais conhecida, era uma praticante de
vodu em Nova Orleans. São personagens
fascinantes e inspiradoras.
Além de pequenas aulas de história,
“Seal the deal...” traz sabores de bandas
como Metallica (com quem o Volbeat já
viajou em turnê) e Ramones.
— Gravamos “Rebound”, música da
banda americana Tennage Bottlerock,
que amamos, e cujo baterista, Brandon
Carlisle, morreu de repente em 2015 —
conta ele. — É uma banda punk com
influência do rock dos anos 1950 e 60,
como os Ramones e os Misfits.
Cantando, ele demonstra ainda menos sotaque do que conversando em
inglês. Menos no refrão de “For evigt”.
— Gostamos de gravar versos em dinamarquês, fazemos isso desde o começo — explica ele. — Pode ser até que
um dia faça uma canção inteira na minha língua, mas o idioma do rock é
mesmo o inglês. l
ão é por acaso que “O lago dos cisnes” é chamado de balé dos balés. A
obra — que teve estreia oficial
em 1877 na Rússia dos czares
mas que só foi ter notoriedade
de fato ao ser remodelada em
1895 com o Balé Mariinsky — é
um daqueles momentos sublimes da arte em que todos os
elementos se encaixam com
perfeição. A música inspiradora
de Tchaikovsky, cujos temas
grudam como chiclete nos ouvidos, é guia para uma coreografia não menos potente. Os
solistas estão lá para brilhar em
pas-de-deux repletos de técnica
e romantismo, enquanto o corpo de baile exibe sua versatilidade e competência em danças
de caráter (folclóricas), variações e, sobretudo, na sutileza
dos atos brancos, chamados assim por acontecerem no mundo dos sonhos.
Portanto, nada mais acertado
do que o Balé do Teatro Municipal do Rio, companhia clássica
mais importante do país, celebrar seus 80 anos de história
apresentando “O lago dos cisnes”, com a orquestra da casa regida por Javier Logioia Orbe. E,
para sorte e prazer da plateia,
dançando o balé dos balés de
maneira impecável, exibindo a
melhor forma de solistas e corpo de baile, e assim garantindo
uma verdadeira experiência artística ao público.
Nos quatro atos, é possível
perceber a mão firme das atuais
diretoras da companhia, as primeiras bailarinas Ana Botafogo
e Cecília Kerche, que desde que
assumiram o cargo têm feito um
trabalho exemplar. Apoiadas
numa equipe de ensaiadores
que reúne estrelas que ajudaram
a fazer a fama do Balé do Municipal, como Norma Pinna, Teresa Augusta, Áurea Hammerli e
Marcelo Misailidis, as diretoras
deram novo fôlego à companhia
e isto está claro em cena.
ESTRUTURA TÉCNICA BEM USADA
Tudo conspira a favor dessa remontagem de “O lago dos cisnes”, que segue a versão concebida 2006 pela russa Yelena
Pankova, a partir do desenho
coreográfico original de Marius
Petipa e Lev Ivanov. Cláudia
Mota (que volta à cena no dia
15) honra o título de primeira
bailarina do Municipal, num
equilíbrio perfeito entre a pureza e delicadeza da princesa-cisne Odette com a sensualidade e
determinação da rival Odile,
neste papel duplo que é chave
para mostrar a maturidade de
uma grande intérprete. Outro
destaque é Cícero Gomes como
Bobo da Corte, que de novo se
ajusta na medida a um personagem que une a técnica apurada à verve cômica.
Em meio a tantos acertos, é
importante ressaltar ainda a riqueza dos figurinos e cenários,
além do cuidado com os mínimos detalhes da produção.
Se bem usada, a estrutura técnica do Teatro Municipal do Rio
tem seu lugar de excelência. l
DIVULGAÇÃO/JULIA RÓNAI
NA WEB
VÍDEO
oglobo.com.br/cultura
Veja o videoclipe
de “The devil’s bleeding crown”, do Volbeat
Destaque. Primeira bailarina, Cláudia Mota une delicadeza e sensualidade