58 Que gay sou eu? Corpos e sujeitos em praias gays do Rio

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58 Que gay sou eu? Corpos e sujeitos em praias gays do Rio
Ludere Revista da Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRuralRJ
Volume 1, n. 1, outubro de 2014
Que gay sou eu?
Corpos e sujeitos em praias gays do Rio de Janeiro
Alexandre Gaspari1
Resumo
Este artigo apresenta as primeiras observações do projeto de pesquisa cujo campo de estudo é um trecho
de praia da cidade do Rio de Janeiro considerado “amigável” a homossexuais: a Farme, em Ipanema. O
objetivo é apontar a multiplicidade de “subcategorias” que se esconde sob a categoria “homossexual”,
bem como as tensões que se estabelecem entre essas “subcategorias” a partir de aproximações e
diferenças de corpo e performance entre gays do sexo masculino neste espaço de interação e relacional.
Se as identidades, conforme Hall (2007), formam-se a partir das diferenças, segundo Goffman (2011),
estas diferenças se aproximam e se repelem a partir das representações dos vários atores que interagem na
Farme e seus arredores. E as fachadas estabelecem na praia um espaço territorializado de conflitos e
transições, pondo em jogo o capital simbólico do que é ser “o” gay.
Palavras-chave: Homossexualidade. Corporeidade. Territorialidade.
Abstract
This article presents first impressions of research has made in one of gay beaches in Rio de Janeiro:
Farme, in Ipanema. It intends showing the multiplicity of “subcategories” behind the category
“homosexual” and tensions among these “subcategories”, as well as approaches and differences of bodies
and performances between gay men in this interaction and relational territory. If identities are building
with differences, according Hall (2007), in Farme these differences approach and repulse the actors and
their representations, according Goffman (2011), creating a territory for conflicts and transitions, a space
fights for “the real gay man” symbolic capital.
Keywords: Homosexuality. Corporeality. Territoriality.
1
Jornalista pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestrando do Programa de Pós-Graduação em
Ciências Sociais (PPGCS) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
E-mail: [email protected].
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Introdução
A praia, em um país tropical e de litoral extenso como o Brasil, é um importante
espaço de lazer e contato social. E na cidade do Rio de Janeiro ela tem um poder
simbólico particular. Ainda que Ventura (1994) aponte para uma “cidade partida”, um
Rio desigual social e economicamente, as praias cariocas são consideradas um espaço
relacional “democrático”, para todas as classes. Conforme Farias (2002, p. 263), “parece
que há um ‘consenso sensível’ sobre o tipo de experiência que é ir à praia no Rio de
Janeiro (grifo meu)”.
Talvez seja a praia o lugar mais central do Rio de Janeiro, para todas as
camadas sociais, sendo um lugar de representação e de reprodução ritual
ideal miniaturizada da sociedade carioca. [...] No Rio de Janeiro, o culto ao
corpo bronzeado atinge o paroxismo; e a praia é o lugar por excelência da
prática de bronzeamento que criará o corpo idealmente carioca, ou seja, o
corpo bronzeado, por oposição ao corpo branco idealmente almejado em
outras grandes cidades brasileiras (GONTIJO, 2002, p. 51).
No entanto, não é novidade que este espaço “democrático” é permeado por
diferenciações, exclusões e territorialidades. Se num aspecto macrossocial as praias
cariocas são a “experiência do corpo” – de qualquer corpo –, esta experiência é marcada
por fragmentações, que se refletem como um “dever ser” desses corpos, tanto em nível
físico quanto de performance. Como frisa Julia O´Donnel em entrevista à Revista O
Globo (2013), “o acesso à praia é democrático, mas a gestão do espaço não é”. Ou seja,
embora sejam espaços públicos, as praias do Rio são o palco comum de múltiplas
identidades, que “repartem” o território de ocupação desse espaço “democrático”. Um
espaço de interseccionalidades, onde classe, raça, gênero e sexualidade estabelecem
marcações no corpo, na interação, na performance, no território.
Assim, a praia adquire configurações, conforme os “corpos” que a frequentam,
criando “microcampos” distintos. E dentro desses “microcampos” – um deles são as
praias gays – é possível verificar novas clivagens e representações.
Este artigo apresenta parte da pesquisa que tem como campo principal uma das
praias gays do Rio: a Farme, em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e as relações
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estabelecidas entre homossexuais do sexo masculino neste espaço. Se a Farme é uma
espécie de “território conquistado”, por ser um trecho “amigável ao comportamento
homossexual” localizado em uma praia heterossexual “por natureza”2, dentro desta
mesma praia verificam-se novas territorialidades e variadas identidades, estabelecendose assim, na definição de Becker (2012), novos outsiders entre outsiders, e com eles
novas relações de hierarquia e poder a partir da interação entre os sujeitos. Da mesma
forma, se os gays são “uma discrepância específica entre a identidade social virtual e a
identidade social real” (GOFFMAN, 2004, p. 6), considerando que a identidade social
virtual é heterossexual, entre os gays do sexo masculino criam-se novos estigmas, novas
tensões e novas significações do que é ser homossexual, ressignificações que se baseiam
no corpo e na performance, mas também em termos de classe social e outros
marcadores sociais da diferença.
Bolsa e Farme: entre “ursos” e “barbies”
Geograficamente, a Farme está localizada em um trecho da praia de Ipanema
localizado em frente à rua Farme de Amoedo. Embora não tenha uma fronteira física,
esse trecho tem cerca de 150 metros de extensão. Sabe-se que é uma praia amigável a
homossexuais porque algumas das barracas de comidas e bebidas do local – seis delas –
hasteiam a bandeira do arco-íris, símbolo mundial do movimento LGBT3. Ou seja, tais
bandeiras funcionam como um marcador identitário gay, embora não restrinja o espaço
para a frequência somente de homossexuais.
Contudo, para entender o que ocorre atualmente na Farme é necessário resgatar a
história de uma outra praia gay carioca: a Bolsa de Valores, ou apenas Bolsa, trecho da
O uso do termo “por natureza” visa simplificar o conceito de “heterossexualidade compulsória” e os
padrões heteronormativos estabelecidos a partir dela. Para maior aprofundamento sobre estes temas, ver
as obras de Gayle Rubin (O tráfico de mulheres: notas sobre a “economia política” do sexo, 1993) e
Judith Butler (Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do sexo, 2007).
3
Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais. A fim de ampliar direitos políticos e de cidadania, os
movimentos de defesa de direitos homossexuais vêm utilizando a sigla LGBTTTI – Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Transexuais, Travestis, Transgêneros e Intersex.
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praia de Copacabana, com cerca de 250 metros de extensão, situado nas imediações do
hotel Copacabana Palace, um dos mais antigos e tradicionais hotéis do Rio de Janeiro.
Figari (2007) relata que a Bolsa surgiu nos anos 50 do século XX. Na época, este
era o point principal para reunião dos grupos gays de praia, um dos “espaços
transicionais, entre o público/privado e o moral/devasso (FIGARI, 2007, p. 394)”. E
“era denominada ‘Bolsa de Valores’ pois constituía o ponto privilegiado para ver e ser
visto, de algum modo “cotar-se” no “mercado” dos corpos varonis que se exibiam nessa
parte da praia de Copacabana (Ibid, 2007, p. 550, nota de rodapé 11)”.
Segundo o site “Praias do Rio de Janeiro”,
Esse espaço existe desde meados da década de 50 e é local de encontros e,
quem sabe, namoro, frequentado principalmente por gays, travestis e
transexuais4. Conhecido como a Bolsa de Valores, ou simplesmente a Bolsa.
O lugar foi apelidado assim, desde os anos 50, pois, na época, era local dos
encontros e flertes dos gays, travestis e michês. Estes mostravam seus
corpos para os turistas hospedados no tradicionalíssimo e elegante
Copacabana Palace. (PRAIA DA BOLSA, s.d., s.p.).
Hoje, sessenta anos após seu surgimento, a Bolsa apresenta novas configurações.
Em pesquisas de campo constata-se que ela já não é o lugar de “ver e ser visto” em nível
de status, de importância social, como descrito por Figari (2007). Uma possível
explicação para isso pode ser o fato de Copacabana ter deixado de ser um bairro “de
elite” e se transformado num bairro de “classe média” e “popular”, tendo essa imagem
de elite se transferido para Ipanema – onde fica a Farme – e o Leblon.
A frequência habitual atualmente observável na Bolsa é majoritariamente de
“ursos”, e em menor grau, de travestis e transexuais.
O termo “urso” é a metáfora de um homem gay muitas vezes grande ou
gordo e sempre peludo. Entretanto, na autodefinição que os gays fazem no
Brasil, o termo urso está ressignificado como uma forma de vida na qual cada
um pode e tem que ser como quer e se sente bem em sê-lo (FIGARI, 2007, p.
464).
Tanto Figari (2007) quanto o site “Praias do Rio de Janeiro” não citam homossexuais do sexo feminino,
embora sua presença tanto nesta quanto em outras praias gays do Rio é observável, ainda que em número
aparentemente bem menor. As possíveis explicações para a ausência dessa menção não serão tratadas
neste artigo, por não se tratar de seu tema.
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A ressignificação apontada por Figari (2007) traz novas identidades e
representações dentro da categoria “urso”. Tal categoria é ampliada não somente por
características corporais, mas também de performance sexual, de masculinidade, de
geração e até mesmo de raça.
Exemplo disso pode ser observado no site Cerrado Bears (2011), que trata do
que o próprio site chama de “cultura ursina”. Nele são apresentadas subdivisões dessa
categoria, chamando-as de “tipos de ursos”:

Bear/urso: homem peludo mais ou menos grande;

Cub/filhote: homem jovem (sic) peludo, mais ou menos grande;

Chubby bear/gordinho peludo: homem gordo grande e peludo;

Chubby/gordinho: homem grande/gordo com pouco ou nada de pelos
corporais;

Polar bear/urso polar: homem maduro peludo e de pelos brancos;

Daddy/papai: homem maduro, coroa, pode ou não ser um urso;

Otters/lontras: homem peludo, nem grande nem gordo;

Chaser/caçador: homem que só gosta de ursos, filhotes, papai ou
gordinhos;

Admirer/admirador: homem que gosta do “mundo dos ursos”;

Leather bear: um bear que também se assume como leather (ou seja,
associado à prática do uso de roupas de couro e de postura
sadomasoquista);

Grizzly bear: ursos corpulentos, bem proporcionados e peludos. Não
necessariamente gordos, tem uma atitude de dominação.

Black bears: ursos de pele negra;

Koala bears: ursos de origem australiana;

Urso pardo: urso de origem hispânica ou latina;

Urso panda: urso de origem asiática.
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Ainda de acordo com o Cerrado Bears, há as subdivisões pocket bear, que
seriam ursos de pequena estatura, abaixo de 1,70 metro; hirsute, urso com quantidade
excessiva de pelos no corpo; e ursófilo, jovem homossexual sem pelos mas que se sente
atraído por ursos, de acordo com o site.
Atualmente na Bolsa se vê muitos homens mais “velhos”, com idade aparente de
50 anos ou mais (o que o Cerrado Bears chama de “ursos polares”), cuja aparência não
se assemelha ao que conforme a estética predominante nas sociedades ocidentais é
chamado de “boa forma”, conforme Goldenberg e Ramos (2002). Não são homens
musculosos, nem depilados, nem com muitas tatuagens aparentes, características que se
encaixariam em um padrão estético corporal de “boa forma”. As barrigas são
proeminentes. O traje de banho geralmente utilizado é o sungão, com poucas ou
nenhuma estampa.
Contudo, alguns destes “ursos” estão acompanhados de homens mais “jovens” –
aparentando 30 anos ou menos – e cujos corpos estão em “boa forma”. Seriam, assim,
os “caçadores”, na definição do Cerrado Bears.
Além dos “ursos”, a Bolsa também é frequentada por travestis e transexuais.
Entretanto, essas categorias não costumam partilhar de um mesmo espaço, tanto físico
quanto simbólico, fragmentando aquele trecho da praia de Copacabana em
territorialidades distintas. Travestis e transexuais costumam ser encontrados no espaço
de uma das cinco ou seis barracas de comidas e bebidas que são montadas na Bolsa –
justamente na única que hasteia a bandeira do arco-íris e cuja proprietária é lésbica. Já
os “ursos” se concentram entre duas ou três barracas que exibiam a “bandeira dos
ursos”: idêntica à bandeira do arco-íris, mas com cores diferentes: de cima para baixo,
marrom escuro, marrom claro, amarelo-ovo, creme, branco, cinza claro e preto. No
canto esquerdo superior, a sombra de uma pata de um urso.
Em uma das idas a campo, um barraqueiro da Bolsa afirmou que a praia
(enquanto point gay) estaria acabando. Narrou que perdera dez clientes no ano anterior,
que morreram, e que até os garotos de programa (os “michês”), que costumavam
frequentar o local em busca de clientes, estavam indo agora para outro local: a Farme.
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O “point” gay de Ipanema começou a aparecer como tal nos anos 90, como um
espaço frequentado por “barbies”. Figari (2007) e Gontijo (2004) usam o termo
“barbie”5 para identificar um padrão corporal que se tornou “marca registrada” dessa
praia. “No universo gay brasileiro, ‘barbie’ é ressignificada para a beleza masculina,
mas conservando sua rigidez, sua normatividade corporal e um determinado cânone
estético” (FIGARI, 2007, p. 460). Gontijo (2004), ao falar de um “modelo Ipanema”,
também cita tal padrão corporal como uma característica de homogeneização verificável
na Farme.
A representação da Farme, portanto, formou-se a partir de um corpo
diferenciado em relação aos “ursos” ou aos corpos “comuns”, padronizado em uma
linha estética. Associadas a esse corpo há outras marcas simbólicas: sungões
estampados e coloridos, preferencialmente de grifes internacionais, um indicativo de
maior poder econômico; tatuagens, a maior parte delas com motivos “tribais” (ou
melhor, o que se convencionou chamar “motivo tribal”), de tamanho suficiente para
serem vistas a certa distância, desenhadas sobre braços musculosos, panturrilhas
trabalhadas em academias de ginástica e peitos pronunciados; piercings no peito, no
umbigo, na orelha; ausência quase total de pelos nas partes visíveis do corpo – uma
contraposição à estética “ursina” tradicional e a um padrão de masculinidade muito
comum nos anos 70 e 80, quando ter pelos era marca de “ser homem”.
No entanto, as pesquisas de campo mostram que a Farme vem sendo
“repovoada”, descentrando a identidade “d@s garot@s de Ipanema” que marcou seu
surgimento. Nos cerca de 150 metros de extensão da praia identificáveis pela bandeira
do arco-íris e seu entorno mais próximo (vale lembrar que as fronteiras não são rígidas)
as “barbies” já não são a frequência concentrada e homogênea apontada por Gontijo
(2004). Um informante disse até estranhar quando mencionei que a Farme era o lugar
das “barbies”.
A apropriação desse termo pelos gays do sexo masculino em “boa forma” está associada à boneca
americana Barbie. A publicidade da boneca nos anos 80 e 90 usava como slogan a expressão “Barbie,
tudo o que você sempre quis ser”. Assim, na ressignificação dada ao termo pelos homens gays, o padrão
“barbie” se tornou o padrão corporal desejado por homossexuais do sexo masculino.
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O que aparentemente vem acontecendo em Ipanema é que os gays que não
conseguiram “ser” uma “barbie” – ou seja, adquirir padrões físicos, estéticos e de
performance das “barbies” – ressignificaram esse desejo para “ter” uma “barbie”, ainda
que apenas em seu campo visual. Passa-se do “ver e ser visto” para um “mais ‘ver’ do
que ‘ser visto’”. Dessa forma, homossexuais do sexo masculino que não adotam o
padrão de “boa forma” corporal, das mais variadas idades, classes e locais, passaram a
frequentar com mais assiduidade a badalada praia gay, trazendo com isso uma nova
ressignificação daquele espaço. Muito dessa migração foi facilitada pela chegada do
metrô a Ipanema, com a inauguração da estação General Osório no final de 2009, bem
como de pontos de ônibus oriundos das regiões do Centro e da Zona Norte do Rio na
mesma praça que abriga a estação do metrô.
Essa multiplicação de identidades e representações observável na Farme não se
dá sem conflitos e reações. Afinal, “uma prática inicialmente nobre pode ser
abandonada pelos nobres – e isso ocorre com frequência – tão logo seja adotada por
uma fração crescente da burguesia e da pequena burguesia, e logo das classes
populares” (BOURDIEU, 2008, p. 17).
Os efeitos sobre os antigos habitués da Farme podem ser comprovados pela fala
de um dos informantes da pesquisa que frequenta essa praia. Ele tem origem no
subúrbio, mas hoje mora em Ipanema – e não se encaixaria no padrão estético “barbie”:
Essa ‘New Generation’ são pessoas mais simples e menos afortunadas de
beleza, com comportamentos algumas vezes desapropriados, que o metrô
trouxe ao nosso convívio. Esse eu diria que foi o momento de radical
mudança na frequência. Porque antes os suburbanos e moradores da
Baixada que frequentavam a área eram como nós6, que apesar de termos
origem humilde sempre almejamos morar aqui pela Zona Sul e por isso
sempre soubemos nos comportar para frequentar e passar desapercebido
entre eles. Não fazíamos notar nossas diferenças, pois o nosso desejo era
pertencer a esse mundo bacana e legal de coisas boas e gente bonita. Com a
vinda do metrô fodeu. TODOS os gays que antes queriam mas não tinham
tanta determinação passaram a ter um fácil acesso. Aí degringolou de vez.
Passamos a conviver com pessoas que gritam, correm, jogam areia umas nas
6
Sou nascido em São João de Meriti e morei em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por 28 anos.
Desde 2001 moro no Rio de Janeiro, inicialmente em Copacabana, posteriormente em Santa Teresa e
novamente em Copacabana, onde moro atualmente. O informante tinha essas informações por ser meu
conhecido.
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outras, e isso incomodou muito e fez com que muitos se mudassem da área
próxima à Farme.
A chegada do metrô – e dos gays “suburbanos”, “sem modos”, com outros
padrões estéticos –, portanto, vem mudando o perfil da Farme. Mais do que isso, vem
deslocando a sua representação original, de point das “barbies”, para outro trecho de
praia. De acordo com reportagem de Ramiro Costa (s./d.) no site “Time Out”, uma nova
praia gay estaria surgindo no Rio: o Coqueirão, também em Ipanema.
“A Farme saiu de moda". A frase é de um advogado ao se referir ao trecho da
Praia de Ipanema, próximo da animada rua Farme de Amoedo, tradicional
reduto gay. O jovem de 23 anos dispara: "Na Farme, agora só tem garoto de
programa e turista estrangeiro. O resto migrou para o Posto 9 e mais para
Aníbal de Mendonça".
Pois é. Há muito tempo a famosa Farme de Amoedo já não reina mais
absoluta na cotação do público gay no Rio de Janeiro. A explicação é
simples: fugir da confusão deste ponto, que ficou muito popular com o passar
dos anos, principalmente no verão (COSTA, s.d., s.p.).
O novo trecho de praia, segundo a matéria, estaria reunindo os gays mais
“bonitos” e “refinados” – e também economicamente mais “abastados” – que
frequentavam a “Farme”, mas que, pelo aumento de uma frequência mais “popular”,
“migraram” para um outro trecho de praia. Como disse o mesmo informante do
depoimento anterior, “elas (as ‘barbies’) nunca se misturam”. O que se observa, assim, é
a que as “barbies” que criaram a identidade primeira da Farme agora buscam outro local
como forma de diferenciação em relação aos outros padrões gays – e de manutenção do
poder simbólico apontado por Bourdieu (2001).
Há, contudo, uma ressalva em relação ao local apontado pela matéria da “Time
Out” como o “novo point gay das pessoas bonitas”. O trabalho de campo tem mostrado
que a concentração das “barbies” não se deslocou da forma como o referido texto tenta
apontar – em termos de distância, o “Coqueirão”, de acordo com a matéria, estaria a
cerca de 200 metros da Farme. O que se percebe é que as “barbies” se concentram agora
em um local que poderíamos considerar como a “borda direita” da Farme. Dessa forma,
além de evitar o contato com as categorias homossexuais mais “populares”, a
performance gay seria tolerada sem maiores problemas, por estar em uma área que, em
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tese, ainda estaria sob influência da praia gay. Afinal, a “democracia da praia carioca”
delimitou claramente o espaço em que os gays podem se comportar como tais sem
maiores problemas. E a concessão de novos espaços para que tal performance possa ser
assumida sem maiores percalços não é tão simples. Se as “barbies” precisam de um
novo espaço para se diferenciar dos “ursos” e de todas as outras categorias “nãobarbies”, elas também precisam negociar com a heteronormatividade imperativa em um
novo espaço para si.
As identidades: entre o desvio e o estigma
Como citado na introdução deste artigo, as praias gays são uma espécie de local
de “desvio”, um espaço para outsiders, “permitido” ou tolerado pela maioria
heterossexual. Conforme Becker (2012), outsider é a pessoa que infringiu uma regra
imposta por um grupo social. Contudo, ele frisa que “aquele que infringe a regra pode
pensar que seus juízes são outsiders” (BECKER, 2012, p. 15).
Mas o que é “desvio”? A concepção sociológica de desvio como “falha em
obedecer a regras do grupo” (BECKER, 2012, p. 21) parece apropriada. Contudo,
Becker a aponta como uma definição simplista. Afinal,
Uma sociedade tem muitos grupos, cada qual com seu próprio conjunto de
regras, e as pessoas pertencem a muitos grupos ao mesmo tempo. Uma
pessoa pode infringir as regras de um grupo pelo próprio fato de ater-se às
regras de outro. Nesse caso, ela é desviante? (BECKER, 2012, p. 21)
As praias ou “point” gays são o lócus do “desvio” da homossexualidade na praia
heterossexual “compulsória”, e onde exercer performances e representações
homossexuais é tolerado sem causar maiores problemas com a performance
heterossexual. Isso não significa, obviamente, que homossexuais não sejam encontrados
em qualquer outro trecho de praia. Contudo, a “geografia da interação homossexual”
deve estar circunscrita aos “points” gays: manifestações de carinho e afeto entre pessoas
do mesmo sexo podem ser explicitadas em qualquer local, mas somente nas áreas gays
elas não serão vistas com estranheza e não vão despertar reações contrárias – ao menos
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teoricamente. Comentários de reprovação feitos, sobretudo por homens que formavam
grupos em pleno espaço considerado amigável aos gays já foram ouvidos durante o
trabalho de campo.
No caso acima, o desvio se define na contraposição entre os grupos (e porque
não entre as identidades) heterossexual e homossexual. Contudo, como os desvios
variam conforme os grupos, as praias gays se desdobram em desvios dentro do desvio –
os outsiders dentro dos outsiders.
Na Bolsa, a concentração de travestis e transexuais em um local e de “ursos” em
outro são prova de que se forma uma política da diferença citada por Hall (2007),
diferença esta que aponta como desviantes ou outsiders as travestis e transexuais, que
são em menor número. Na Farme, o apontamento do desvio pelo grupo “estabelecido” –
as “barbies” – extrapola-se na construção de uma nova geografia: em não podendo
deslocar os outsiders de seu espaço, os “estabelecidos” se deslocam para outro trecho da
praia. A violência simbólica (BORDIEU, 2001) é, assim, mantida – embora limitada
pelo poder simbólico dos heterossexuais em sua concessão (ou não) de novos espaços
para o “desvio homossexual” na praia “heterossexual”.
A noção de estigma de Goffman (2004) também pode ser utilizada para
demonstrar essas diferenças. Expor publicamente a homossexualidade e as relações nela
inscritas pode ser considerado um estigma, uma discrepância, fora da Bolsa, da Farme
ou de qualquer outra praia ou “point” gay, mas não o é nesses locais. Contudo, ser uma
travesti na Farme pode ser um estigma nesse “point”, embora ele seja um local gay7.
Entretanto, o estigmatizado pode escamotear sua situação, para evitar ser
enquadrado nessa condição. Entre os homossexuais do sexo masculino – e tal
observação extrapola os limites geográficos das praias gays – há quem adote padrões e
comportamentos heteronormativos, conforme Butler (2007), a fim de evitar não se
7
É possível questionar a relação entre travestis e homossexualidade. As travestis envolvem, além da
sexualidade, a questão da identidade de gênero. Neste artigo, porém, essa situação não está sendo
analisada. O que se verificou em campo até este momento da pesquisa é que há um estigma aparente em
relação a travestis na Farme, pelo fato de a travesti se situar numa fronteira, num “entre-lugar” entre
homo e heterossexualidade, entre masculino e feminino, criando a possibilidade de um múltiplo estigma.
Talvez por essa razão, seja incomum vê-las nesse trecho da praia de Ipanema, ao contrário do que ocorre
na Bolsa.
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encaixar na identidade social virtual – heterossexual – projetada para ele. E se por um
lado isso livra um homossexual de um possível estigma por parte de heterossexuais, por
outro cria estigma entre ele e outros homossexuais que fugiriam de uma fachada (face)
heteronormativa, tomando aqui outro conceito de Goffman (2011) ao tratar das
representações. A fala abaixo, citada por um informante de Goffman (2004), é um
exemplo disso:
Encontrei um homem que havia sido meu colega de escola... Ele, é claro, era
homossexual e tomou como certo que eu o era também. Eu estava surpreso e
bastante impressionado. Ele não se parecia nem um pouco com a imagem
popular de um homossexual, pois era de boa compleição, viril e estava
sobriamente vestido. [...] Embora eu estivesse perfeitamente preparado para
admitir que poderia haver amor entre homens, sempre senti uma repulsa
pelos homossexuais declarados que havia encontrado, devido à sua futilidade,
sua maneira afetada e sua tagarelice sem fim. Compreendi, então, que esses
formavam somente uma pequena parte do mundo homossexual, embora a
mais fácil de ser percebida... (GOFFMAN, 2004, p. 36, grifos meus).
No parágrafo acima, os grifos nas expressões “esses”, “pequena” e “mundo
homossexual” foram feitos para mostrar outra condição em torno do estigma: os
desacreditáveis e os desacreditados. “Esses” e “pequena” deixam claro a referência na
fala acima aos desacreditados, aqueles que, de acordo com Goffman (2004), são
completamente identificáveis como sujeitos estigmatizados. Ao se referir ao “mundo
homossexual”, porém, o interlocutor deixa claro que este é formado por outras
categorias. Ele, por exemplo, se enquadraria no grupo desacreditável, também citado
por Goffman (2004) – aquele sobre o qual não se tem certeza se o estigma se encaixa.
Nas praias gays, a travesti seria o exemplo mais extremo do que seria o
desacreditado, ao lado de homossexuais com performance (fala, gestos, modo de andar)
“afeminada”, segundo padrões heteronormativos, e corpo fora da “boa forma”. As
“barbies” que adotam comportamento mais “masculino” ocupariam, assim, a outra
ponta da escala, o desacreditável. Entre esses extremos vão se estabelecendo outros
estigmas, construídos a partir dessas identidades e seu habitus.
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De outra maneira, poderíamos dizer que as “barbies” seriam a representação de
uma masculinidade hegemônica, conforme Almeida (1995), que é a cerca de
masculinidades periféricas com quem se relaciona e estabelece hierarquias e poder.
Conforme Zago:
A masculinidade gay hegemônica será cúmplice da masculinidade
heterossexual porque faz desta a sua norma, ao mesmo tempo em que produz
masculinidades gays marginalizadas e subordinadas. O modelo
paradigmático que está em disputa dá a possibilidade de habitar a norma em
seu conforto, usando seus lucros culturais e políticos, garantidos pela
sincronicidade heteronormativa (ZAGO, 2010, p. 389-390).
Considerações finais
Considerada uma das principais marcas identitárias do Rio de Janeiro, a praia é
vista, no imaginário não somente carioca como do Brasil e até do mundo, como um
espaço simbólico de uma cidade unificada. Neste espaço todas as diferenças, seja de
qual tipo forem, desaparecem num ato comum: a exposição pública do corpo de uma
forma única, exposição esta que permite a exibição de detalhes corporais não
perceptíveis em outras situações ou outros espaços. E também permite a aquisição de
um “corpo bronzeado”, em contraposição a um “corpo branco”.
No entanto, a praia carioca apresenta clivagens que derrubam em definitivo o
mito de uma praia não partida. Esse aspecto relacional entre os frequentadores se dá em
diversos níveis, e um deles é a sexualidade. No Rio existem “praias gays”, espécies de
“territórios conquistados” pelos homossexuais localizadas em “praias não gays”.
Nas praias gays, a performance homossexual é o primeiro fator diferenciador.
No entanto, esta performance se desdobra em diversas outras representações, conforme
a praia na qual se está, estabelecendo novos campos dentro de um mesmo campo, novas
identidades dentro de uma “macro” identidade, novos desvios e estigmas dentro de
“macros” desvios e estigmas, masculinidades hegemônicas e periféricas.
As fachadas e os corpos fabricados, a partir ou por elas, criam geografias de
identidade e interação, permeáveis, mas simbolicamente fechadas. Na Bolsa, em
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Copacabana, e na Farme, em Ipanema, as marcas simbólicas dos diferentes grupos –
“ursos” na primeira, “barbies” na segunda – criam padrões corporais e de performance
que determinam a inclusão ou a exclusão desses grupos. Uma “barbie” pode ir à Bolsa e
um “urso” pode ir à Farme. Entretanto, ao fazerem isso, poderão ter de ressignificar
suas performances e representações, ainda que essa ressignificação nem sempre produza
o efeito desejado de inclusão.
É preciso lembrar, porém, que se hoje a Bolsa é o local dos “ursos”, quando ela
surgiu, nos anos 1950, era um lugar para “ver e ser visto”, um lugar onde os corpos
fisicamente mais atraentes se destacavam. Característica que nos anos 1990 acabou se
deslocando para a Farme, o lugar das “barbies” e seus corpos trabalhados em academias
de ginástica, deslocamento que coincidiu com mudança de status de “bairro de elite” de
Copacabana para Ipanema.
Atualmente, contudo, a Farme já atrai vários “tipos” de homossexuais, inclusive
aqueles cujos padrões corpóreos se assemelham aos “ursos”. “Garot@s de Ipanema” e
seus corpos musculosos passaram a atrair “garotos” de todos os tipos, que se não podem
“ter” uma “barbie”, na Farme podem ao menos vê-la. Sobretudo após a chegada do
metrô ao famoso bairro carioca, que permitiu maior possibilidade de acesso aos
públicos do subúrbio do Rio de Janeiro e de municípios da Baixada Fluminense.
A chegada de outros “tipos” à Farme tem motivado as “barbies” a escolher outro
local na própria praia de Ipanema. A fim de manter sua distinção de “populares” e
“michês”, as “barbies” começaram a ocupar um trecho da praia próximo à Farme, mas
sem identificações simbólicas de um lugar LGBT. Assim, para manter seu poder
simbólico sobre o que é ser homossexual, @s “garot@s de Ipanema” buscam manter
fronteiras de diferenciação, ainda que estas sejam simbólicas.
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